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1 INTRODUÇÃO
2 JUSTIFICATIVA
3 REFERENCIAL TEÓRICO
Em alguns tecidos como nervos, cristalino, rins, e vasos sangüíneos, que não necessitam
de insulina para o transporte da glicose, a hiperglicemia acarreta um aumento na glicose
intracelular. A glicose em excesso é metabolizada para sorbitol, que é um poliol, pela enzima
aldose redutase e, finalmente, para frutose. O sorbitol e a frutose acumulados dão origem a um
aumento da osmolaridade intracelular e ao influxo de água e, finalmente, a uma lesão celular
osmótica. O acúmulo de sorbitol está associado com uma redução no conteúdo de mioinositol,
resultando em queda no metabolismo do fosfoinositídeo e menor atividade do diacilglicerol,
proteína cinase C e Na+/K+ ATPase. Esse mecanismo pode ser responsável pelo dano da célula
de Schwann e dos pericitos dos capilares retinianos, com subseqüente neuropatia periférica e
microaneurismas retinianos, respectivamente.
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Antes do advento da terapia com insulina, a prevalência das piodermites comuns como
as furunculoses, as carbunculoses e as erisipelas, era muito maior nos diabéticos do que nos
seus correspondentes não-diabéticos (GREENWOOD, 1927). Porém, não está claramente
demonstrado que os pacientes diabéticos bem equilibrados sejam mais susceptíveis às infecções
cutâneas bacterianas comuns, comparando com a população não-diabética. Hoje, essas
infecções não parecem resultar em muita morbidade, contudo existem várias outras que
ocorrem caracteristicamente em pessoas com diabetes, e algumas ameaçam a vida e o membro
acometido. Por isso, é necessário que todo diabético conserve uma barreira mucocutânea
intacta. As dermatofitoses não parecem ser tão freqüentes, mas podem servir de porta de
entrada para outros agentes infecciosos, o que justifica o seu pronto diagnóstico e tratamento
cuidadoso.
Figura 3: Intertrigo por Candida. Fase aguda com maceração do espaço interdigital.
Estão presentes pústulas nas bordas.
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Contudo, muito mais comum que a otite externa maligna é a infecção por Pseudomonas
dos espaços interdigitais dos pés ou a colonização sob a unha dos pés (Figura 7).
Freqüentemente, as pessoas que possuem onicomicoses desenvolvem uma elevação da superfície
da unha em seu leito (onicólise) e assim, o espaço resultante pode se tornar colonizado por
Pseudomonas levando a uma coloração esverdeada no local. O diagnóstico diferencial inclui
candidíase e dermatofitose, mas o exame com a lâmpada de Wood freqüentemente produz uma
fluorescência esverdeada que confirma o dignóstico de infecção por Pseudomonas. Colocar
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compressas de vinagre diluído pode erradicar a infecção superficial, mas para uma celulite mais
avançada, a ciprofloxacina oral parece ser o tratamento de escolha.
Figura 7: Infecção dos espaços interdigitais por Pseudomonas aeruginosa. Pele hiperceratótica
verde e macerada em um espaço interdigital do pé. O preparado com KOH era negativo, bem como
o exame com a lâmpada de Wood; P aeruginosa foi isolado na cultura.
3.2.5 Dermatofitoses
Ainda que as infecções por dermatófitos não sejam provavelmente as mais comuns na
população diabética (ALTERAS, 1979), elas merecem uma atenção especial. As infecções nos
espaços interdigitais podem levar a inflamação e fissuras que podem servir de porta de entrada
para infecções bacterianas num pé diabético comprometido (Figura 8). A demanda de oxigênio
da inflamação subsequente pode exceder a habilidade da microcirculação diabética, levando à
gangrena. É por esta razão que a tinea pedis deve ser manuseada agressivamente em pacientes
com comprometimento neurovascular (Figura 9).
Figura 8: Tinea pedis, interdigital. A área atingida está macerada, com escamas brancas opacas e
algumas erosões.
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Figura 8: Tinea pedis, interdigital. A área atingida está macerada, com escamas brancas opacas e
algumas erosões.
Figura 9: Tinea pedis, tipo mocassim. Eritema, descamação branca e fina das superfícies plantar e
lateral dos pés e ceratodermia (espessamento da camada de ceratina); o padrão arciforme da descamação
é típico. As inúmeras máculas marrons são achados incidentais e são caudadas pela púrpura pigmentosa
(doença de Schamberg).
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O envolvimento das unhas dos pés por dermatófitos (onicomicoses) é comum entre os
diabéticos mais idosos assim como ocorre na população como um todo. Apenas a infecção traz
pequenas conseqüências, mas a distrofia da unha resultante pode tornar difícil a limpeza da
unha pelo paciente (Figura 10). O tratamento vai desde o uso de anti-micóticos tópicos até anti-
fúngicos em pulsoterapia.
Figura 10: Onicomicose das unhas dos pés. Hiperceratose subungueal distal e onicólise envolvendo a maior
parte do leito ungueal do hálux.
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3.3.1 Macroangiopatia
Figura 11: Gangrena diabética. Alteração de coloração negro-azulada do quarto pododáctilo, com
rubefação, inflamação de circunscrição nítida das adjacências, estrias linfangíticas no dorso do pé.
3.3.2 Microangiopatia
poros menores que 7 microns. A luz de alguns capilares pode ser tão estreita quanto 3 microns e
as células vermelhas normais deveriam se alongar como salsichas para atravessar. Membranas
rígidas vão certamente inibir ou limitar esta passagem. Além disso, os diabéticos possuem uma
maior concentração plasmática de fibrinogênio e débito capilar levando a uma perda de albumina
e água. Assim, há uma tendência aumentada para a agregação plaquetária. O resultado final é um
aumento total de sangue ou da viscosidade plasmática, contribuindo para uma microcirculação
lentificada.
A lenta microcirculação resultando em uma dilatação micro-venular é considerada
“funcional” desde que possa ser revertida com o controle do diabetes (HUNTLEY, 1995). As
manifestações clínicas associadas incluem dilatação venosa retiniana, face vermelha e
telangiectasia periungueal, todas as quais podem ser bem precoces na doença e que podem
melhorar com o controle do diabetes. Em suma, parece que esta microangiopatia pode ser
atribuída tanto a anormalidades estruturais como funcionais nestes vasos.
A microangiopatia é detectada clinicamente por um exame de fundo de olho que
demonstra a presença de microaneurismas. Envolvimentos mais severos podem demonstrar
hemorragias, exsudatos e até algumas áreas desvascularizadas. São exemplos de algumas
manifestações cutâneas que podem estar ligadas a esta microangiopatia: dermopatia diabética,
púrpura pigmentosa, rubeosis facei, telangiectasia periungueal e eritema tipo erisipela.
3.3.3 Neuropatia
Neuropatia Autonômica
Foi sugerido por MARTIN (1953) que fibras nervosas não mielinizadas, assim como
aquelas do sistema nervoso autonômico, são talvez as primeiras a serem afetadas no diabetes.
Na prática clínica, a evidência da neuropatia autonômica é comum quando manifestada por
distúrbios do suor (geralmente anidrose) nos pés. Geralmente os pacientes se queixam de
excesso de sudorese em outras partes, mostrando um mecanismo compensatório para a perda da
capacidade de regular a temperatura na área afetada. Também foi observado por KENNEDY
(1984) que a neuropatia autonômica diabética (medida como o grau de deficiência na sudorese)
se correlaciona bem com a severidade da neuropatia sensorial. Assim, pode-se assumir que os
pacientes que têm neuropatia sensorial também têm um envolvimento autonômico associado.
As manifestações clínicas de neuropatia autonômica-sensorial varia desde a ausência de
sintomas até queixas de pés anormalmente frios, queimação, ou prurido. A perspiração dos pés
mantém a hidratação do estrato córneo, desse modo, como ocorre no diabético, calosidades sem
hidratação tendem a se tornarem frágeis e podem fissurar servindo de porta de entrada para a
infecção. Quando esta se instala, a sua debelação torna-se difícil, pois os reflexos vasomotores à
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Neuropatia Motora
A neuropatia motora afeta mais comumente os pés, e causa algumas das deformidades
geralmente vistas nos diabéticos. Apresenta-se clinicamente por destruição dos músculos
interósseos dos pés, resultando em dois maiores problemas mecânicos: O pé em garra por
dorsiflexão e subluxação dos artelhos, e o pé em cavo, resultado da atrofia dos músculos
plantares. Os dedos dos pés tendem a se elevar e a gordura plantar se move para trás deixando as
cabeças metatarsianas se impactarem com a pele plantar sem o benefício do coxim plantar. Estas
deformidades resultam em uma distribuição anormal do peso do corpo sobre o pé, o que faz com
que a sobrecarga de algumas áreas (ex.: as cabeças dos metatarsianos) leve a calosidades
plantares e à destruição progressiva das pequenas articulações do antepé.
A neuropatia motora pode aparecer subitamente ou ocorrer gradualmente durante vários
anos. A neuropatia motora aguda e reversível pode seguir a um episódio de cetoacidose
(BROWN, 1984), ou como o resultado de um excesso de insulina. Mais comumente, ocorre
como uma progressão insidiosa da deterioração do nervo motor por muitos anos.
A neuropatia motora no diabetes mellitus é quase sempre acompanhada de um
envolvimento sensorial. Mudanças na forma do pé se segue a um desequilíbrio na sua
musculatura interna e resulta em “sapatos que calçam mal”. Se as mudanças não são notadas, o
pacientes podem continuar a calçar sapatos que podem agora traumatizar o pé. Por causa da
associação com a perda sensorial, calosidades e eventuais ulcerações resultam da pele
sobrecarregada ou da pele atritada por “sapatos que agora calçam mal” (úlceras neuropáticas). A
presença de neuropatia motora no pé geralmente necessita do uso de sapatos especiais,
amoldados para redistribuir o peso do corpo, acomodar e proteger o pé comprometido.
Neuropatia Sensorial
Os diabéticos geralmente desenvolvem a neuropatia sensorial nos pés, especialmente na
doença de longa data (MOREIRA, 1985). A degeneração lenta e irreversível das fibras faz com
que o diabético não mais sinta dor, nem extremos de temperatura. As conseqüências são
facilmente percebidas: o diabético pode traumatizar gravemente o pé, e nem se aperceber disto.
A apresentação clínica usualmente envolve queimação ou parestesias, e dormência que se
inicia nos dedos dos pés. O nível de neuropatia pode variar desde uma dormência suave dos
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dedos do pés até uma profunda anestesia e úlceras neuropáticas. A sensibilidade térmica também
é afetada. Esta hipostesia dos pés causa lesões características da neuropatia: a úlcera neuropática
(mal perfurante) e a artropatia de Charcot.
O mal perfurante é uma lesão comum: uma úlcera sempre indolor, arredondada,
profunda, de bordas calosas, invariavelmente aparecendo em regiões de pressão ou atrito (ex.:
sob a cabeça do primeiro ou quinto metatarsianos ou na borda medial do hálux). Pode envolver
ossos, articulações e tendões, e sangra facilmente à manipulação (Figura 12). Estas úlceras
podem permanecer abertas durante meses e até anos, sem causar desconforto ao seu portador, ou
evoluir para osteomielite.
Figura 12: Úlcera plantar em polineuropatia diabética.Nas faces plantares dos pododáctilos 1-3 à
esquerda, ulcerações rasas, sem irritação, secas com borda saliente periférica. Sobre o hálux à direita
uma úlcera de 2 cm, em forma de cratera, não-dolorosa, com base amarelada-saniosa, sem granulação
recente. Hiperceratose nítida na circunvizinhança. Glicemia de jejum 195 mg%. Poliparestesia das
extremidades distais inferiores.
A artropatia de Charcot é um quadro clínico raro, mas típico. Os traumas repetidos sobre
um pé anestesiado resultam em microfraturas, subluxações e destruição progressiva dos tecidos
de sustentação dos pés, principalmente das articulações do tarso e metatarso. Os pés se achatam e
se deformam, assumindo uma forma arredondada (Figura 13). Em casos extremos, o pé parece
um “saco de ossos”, sem consistência ao exame físico.
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Os pacientes neuropáticos que andam descalços podem sofrer danos durante a marcha
diária de rotina pois eles têm uma resposta de retirada do pé inadequada quando encontram
estímulos nocivos.
Pacientes com neuropatia sensorial precisam ser instruídos para terem certeza de que
seus sapatos estejam livres de objetos estranhos antes que sejam calçados. Tão simples como
parece, os pacientes que não seguem esta regra ocasionalmente sofre danos severos calçando
sapatos que, sem que eles saibam, contém objetos no seu interior (especialmente brinquedos).
Pacientes com diabetes mellitus possuem geralmente a pele mais espessa que os seus
correspondentes não diabéticos e observa-se que este fato se exacerba com a idade, mostrando
uma provável associação com a duração da doença. A etiopatogenia dessas manifestações ainda
é hipotética, mas inclui mecanismos como a neuropatia, a microangiopatia afetando os capilares
dérmicos e arteríolas, e anormalidades qualitativas do colágeno. O evento básico fisiopatológico
que causa as complicações vasculares no diabetes é a glicosilação não-enzimática das proteínas
que provocam a constricção progressiva da luz dos vasos, tanto nos grandes como nos pequenos.
Com a disfunção das células endoteliais, ocorre um aumento na permeabilidade vascular
irreversível que reflete de modo permanente nos componentes da matriz extra-celular. O
colágeno fica então susceptível à digestão pela colagenase e à glicosilação não-enzimática,
levando a uma diminuição na renovação das proteínas em prol do acúmulo aumentado de novas
proteínas. A importância do processo de glicosilação não-enzimática no paciente diabético
explica, para alguns pesquisadores, as modificações conjuntivas observadas.
Síndrome esclerodermiforme
A síndrome esclerodermiforme acomete cerca de 30% dos diabéticos tipo 1, e
aproximadamente 50% de pacientes diabéticos adolescentes (tipo 1 ou tipo 2) com mais de 5
anos de doença (BRIK, 1994). Parece que está relacionada muito mais com o tempo de doença
do que com o controle glicêmico ou fatores genéticos. A importância em se encontrar esta
síndrome em pacientes diabéticos jovens repousa na possível relação com sérias complicações
microvasculares do diabetes, especialmente a retinopatia e a neuropatia.
Consiste em uma infiltração das extremidades dando o aspecto de pele de cera (esclerose
digital), geralmente associada com um enrijecimento e mobilidade limitada das articulações. É
um processo doloroso porém não é incapacitante. Começa tipicamente no quinto dedo e se
estende radialmente, afetando as articulações interfalangeanas, as metacarpo-falangeanas até as
médias articulações. O paciente fica então incapacitado de juntar as mãos (sinal da prece). O
espessamento pode ser demonstrado em pacientes com diabetes tipo 1 e tipo 2 usando a técnica
da palpação e/ou pinçando a área do dorso das mãos.
Outros sinais desta síndrome inclui as múltiplas pequenas pápulas (Figura 14) nas regiões
articulares e periungueais (pápulas de Huntley). As contraturas de Dupuytren, que consistem na
contratura progressiva do tecido fibroso da fáscia palmar no lado ulnar (medial) da mão, são
também mais comuns nos diabéticos.
Figura 14: Pápulas de Huntley. Espessamento papilomatoso da pele dos nós dos dedos (granulação do
dedo do diabético).
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Scleredema adultorum
O escleredema do adulto diabético é uma síndrome menos comum caracterizada por um
aumento marcante da espessura da derme predominando na porção superior do dorso, no
pescoço e nos ombros (Figura 15). Ocorre com mais freqüência em pacientes obesos, do sexo
masculino, de meia-idade e sem controle da doença. É mais comum em pacientes com diabetes
tipo 2 e ocorre com uma prevalência de 2,5% nos pacientes com esse tipo de diabetes (COLE,
1983). Histologicamente, encontra-se a derme espessada com feixes largos de colágeno que são
separados por espaços vazios e claros. Há relatos de quantidades aumentadas, normais e
diminuídas de glicosaminoglicanos na derme afetada (HUNTLEY, 1989). Nesses pacientes com
escleredema, parece haver correlação moderada com retinopatia e macroangiopatia (TOYOTA,
1983).
Um estudo sugere que o controle rígido da glicemia é o principal fator no tratamento da
pele espessa (HUNTLEY, 1989). Lieberman e colaboradores relataram 4 pacientes diabéticos
com pele espessa que diminuíram esta espessura com a administração constante de insulina e a
execução de rígido controle da doença. Neste estudo, a espessura da pele era medida por
ultrasson em seis áreas do corpo, e a soma destas medidas antes e após o tratamento foi
comparada. Contudo, não se discutiu a espessura da pele em outras áreas. Assim, não há
tratamento conhecido para estas síndromes.
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LITHNER (1976) notou que os pacientes diabéticos tendem a ter as unhas amareladas.
No entanto, isto também é visto em grupo controle de pacientes idosos e em alguns outros
pacientes com onicomicoses.
Clinicamente, a cor amarelada das unhas dos pacientes diabéticos não é geralmente o
resultado de uma dermatofitose. Semelhante à coloração amarela da pele diabética, isto
representa provavelmente os produtos finais da glicosilação, apesar desta teoria não estar ainda
confirmada. Enquanto que a queratina da epiderme está presente apenas durante um mês, aquela
da superfície ungueal pode ficar presente por mais de um ano. Então, a reação proteína-glicose
continua presumivelmente a evoluir na porção de unha mais antiga, resultando em um pigmento
mais amarelo na porção distal (Figura 16).
Figura 16: Unhas amareladas. Comparação entre uma unha de paciente não diabético
apresentando coloração normal e outra de um paciente diabético com a coloração amarelada,
predominantemente na porção distal.
Este fenômeno sobre as unhas é melhor evidenciado na porção distal da unha do hálux,
por ser a unha de crescimento mais lento. O envolvimento pode ser desde um sutil amarelamento
distal da unha, até uma marcante descoloração amarelo-canário de todas as unhas dos pés e
mãos.
Não se sabe ainda as implicações que estes achados podem trazer para o paciente
diabético e quando podem ser usadas como um indicador quantitativo confiável do grau de
glicosilação não-enzimática em outros tecidos do corpo.
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Figura 17: Acantose nigricante. A pele do pescoço e axilas possui textura aveludada típica, é
marrom e hiperceratótica com alterações verrucosas.
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3.4.4 Lipodistrofia
derme. Trata-se então de um bom marcador para o estado metabólico do paciente diabético
(PEREZ, 1994).
O aparecimento espontâneo de bolhas que estão geralmente confinadas nas mãos e nos
pés é um achado raro, mas específico no diabetes mellitus. Estas bolhas não resultam de
traumatismos ou de infecções e tendem a curar sem tratamento (HUNTLEY, 1989). Podem
medir desde alguns milímetros a vários centímetros e são geralmente recorrentes (HUNTLEY,
1989). Tipicamente, a bolha se inicia como uma lesão firme, mas com o tempo torna-se flácida
(Figura 22).
Dentre os três tipos de bulose diabética, o mais comum é espontâneo e não deixa
cicatrizes. Neste tipo, as bolhas são claras, estéreis, curam espontaneamente em cerca de duas a
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cinco semanas e são mais comumente localizadas na ponta dos dedos. Estes pacientes tendem a
ter neuropatia periférica e uma boa circulação local. No exame histopatológico existe uma
fenda intra-epidérmica sem acantólise.
O segundo tipo se caracteriza por bolhas hemorrágicas que curam deixando cicatrizes e
atrofia. Aqui, a fenda está abaixo da junção dermo-epidérmica, e ocorre destruição das fibrilas
de ancoragem.
O terceiro tipo envolve múltiplas bolhas na pele exposta ao sol ou muito bronzeada e
que tendem a não deixar cicatrizes. À microscopia eletrônica observa-se que a fenda plana se
localiza na lâmina lúcida.
A bulose diabética é vista freqüentemente em pacientes diabéticos insulino-dependentes
de longa data que possuem neuropatia periférica. A patogênese destas bolhas ainda não está
bem estabelecida, mas a neuropatia parece ter um papel dominante (PIÉRARD-
FRANCHIMONT, 1996).
A necrobiose lipoidica pode ser vista como um marcador cutâneo para o diabetes
mellitus, apesar de apenas 0,3% de todos os pacientes com diabetes possuírem tal manifestação
(MULLER, 1966). Isto pode ser explicado levando-se em conta que 60% dos pacientes com
necrobiose lipoídica são diabéticos e 20% possuem intolerância à glicose ou história familiar de
diabetes mellitus (MULLER, 1966). É três vezes mais comum em mulheres do que em homens
e está associado à todos os tipos de diabetes, podendo preceder o início da doença (BARNES,
2000). Desse modo, qualquer paciente que se apresenta com necrobiose lipoídica deve ser
examinado para o diabetes. Pode ocorrer em qualquer idade, sendo que é mais comum o
aparecimento por volta dos 30 anos. Não há predomínio de raça, sendo relatada em todos os
tipos.
A necrobiose lipoídica é um distúrbio de degeneração do colágeno com uma resposta
granulomatosa, espessamento da parede dos vasos e deposição de gordura. A exata causa da
patologia é desconhecida, mas existem teorias de que esteja enfocada na microangiopatia
diabética, visto que as alterações diabéticas no rim e na vascularização ocular são semelhantes
às mudanças vistas na necrobiose lipoídica: deposição de glicoproteína nas lesões (PEREZ,
42
1994). Outras teorias sugerem como provável causa: traumas, etiologia metabólica ou
inflamatória.
Geralmente, o paciente relata uma história de placas brilhantes assintomáticas que
aumentam lentamente de tamanho ao longo dos meses e anos. Estas placas são inicialmente
eritematosas e progridem para placas atróficas, deprimidas e amareladas (Figura 23). Podem
ocorrer ulcerações dolorosas tipicamente após traumatimos, porém a queixa principal do
paciente é a aparência pouco estética da lesão (Figura 24).
uso de esteróides nas lesões atróficas pode causar ainda mais atrofia. Outros agentes relatados
incluem pentoxifilina, alta dose oral de nicotinamida , aspirina e dipiridamol. Atualmente, a
terapêutica mais eficaz pode ser o uso de corticóides orais. Cinco semanas de corticóide oral
resultou, em estudos demonstrativos de PETZELBAUER (1992), na completa interrupção da
doença em todos os 6 pacientes tratados. Como a fisiopatologia da necrobiose não está
esclarecida, é difícil estabelecer uma terapia racional. O objetivo da farmacoterapia é reduzir a
morbidade e prevenir as complicações. A prevenção de ulcerações é essencial protegendo-se as
pernas de traumas com meias elásticas e posições adequadas.
A púrpura pigmentosa é uma condição que envolve a pele das extremidades inferiores,
caracterizada por múltiplas pequenas máculas que vão do castanho ao avermelhado (as
chamadas manchas de pimenta de Cayenna) e que coalescem em máculas que vão do castanho
ao alaranjado. Geralmente se estende para baixo envolvendo o tornozelo e o dorso dos pés
(Figura 28).
É resultante da fragilidade aumentada dos capilares provocando um extravasamento de
células vermelhas sangüíneas do plexo vascular superficial, com sinais discretos de vasculite
linfocitária. O fator precipitante para o surgimento da púrpura é freqüentemente a
descompensação cardíaca com edema dos membros inferiores, devido à diminuição de sangue
nas porções mais distais (LITHNER, 1976).
É clinicamente consistente com a doença de Schamberg, exceto pela freqüente
associação com a dermopatia diabética.
Observa-se nos pacientes diabéticos uma hiperemia reacional que determina na face um
aspecto rosado bem característico, que pode atingir outras partes da pele (Figura 29). O
envolvimento facial é o protótipo da microangiopatia funcional e a intensidade da coloração
avermelhada que pode ser vista na pele do indivíduo se dá em função do grau de obstrução
funcional do plexo venoso superficial (DITZEL, 1968). A hiperglicemia predispõe à
lentificação da microcirculação e ao desenvolvimento de uma microangiopatia funcional em
pacientes afetados que se traduz clinicamente por dilatação venosa. Esta dilatação pode ser
demonstrada no fundo de olho e na pele. Pode ser evidente em diabéticos diagnosticados
recentemente e, felizmente, pode se normalizar quando a glicemia é controlada. Esta alteração
cutânea poderia ser um excelente marcador para a microangiopatia funcional, no entanto,
devido à variação normal da coloração da pele dos diversos pacientes, ficaria difícil distinguir o
rubor facial da tonalidade normal própria de cada indivíduo.
tortuosidades mas com uma porção venosa dilatada. Com o controle da glicemia, esta dilatação
pode se normalisar. Por outro lado, um paciente diabético de longa data com pobre controle há
vários anos, mas que agora possui um rígido controle da glicemia, pode exibir uma tortuosidade
venosa sem dilatação.
3.5.2 Insulinoterapia
A lipoatrofia induzida pela insulina é a perda da gordura nos locais da injeção, e aparece
6 a 24 meses após o início da insulino-terapia (Figura 35). A causa pode estar associada a
componentes lipolíticos de algumas insulinas ou a um processo inflamatório mediado por
imunocomplexos com a liberação de enzimas lisossomais (EDIDIN, 1985). É raro o
desaparecimento espontâneo da lipoatrofia induzida pela insulina após a mudança do local da
injeção. A lipoatrofia, muito freqüente antes de 1980, tornou-se rara depois da utilização de
insulinas altamente purificadas (PIÉRARD-FRANCHIMONT, 1996). Injeções de insulina
altamente purificadas ou recombinantes na periferia da área atrófica pode melhorar a aparência
da lesão (EDIDIN, 1985). Para se evitar esta complicação, é necessário variar os locais de
aplicação da insulina desde o início de seu uso.
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4 OBJETIVOS
5 METODOLOGIA
Este trabalho é do tipo descritivo e consiste em um estudo transversal, tendo como área
de pesquisa o bairro Cidade Nova, coberta pelas equipes de Saúde da Família (PSF) n° 50 e 22,
no município de Maracanaú-CE.
6 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Ausência de Presença de
lesões; 45; lesões; 45;
50% 50%
Gráfico1
De acordo com o Gráfico 2, pôde-se verificar que 70,5% dos pacientes com lesões
cutâneas tinham menos de 5 anos de doença diagnosticada, corroborando com o fato de que
muitas vezes o paciente tem seu diagnóstico de diabetes a partir de uma queixa dermatológica,
ou ainda foram deixados de ser diagnosticados para as manifestações cutâneas que têm a sua
maior incidência com diabetes de longa data, mas que não são familiares ao médico generalista,
mostrando mais uma vez a importância do exame dermatológico na atenção primária.
80% 70,5%
lesões cutâneas
Diabéticos com
40% 25,0%
4,5%
0%
5 anos 10 anos 15 anos
Tempo de doença
Gráfico 2
A porcentagem de compensados e descompensados com lesões cutâneas se mantém em
torno de 50% independente do tempo de doença (Gráfico 3).
30%
20% 13,6%
11,4%
10% 4,5%
0,0%
0%
5 anos 10 anos 15 anos
Diabéticos descompensados
Diabéticos compensados Tempo de doença
Gráfico 3
60
75,6%
80%
66,7%
Diabéticos
40%
20,0% 17,7% 17,8%
15,6%
0%
Hip Ins Die
Diabéticos com og ul i ta
lice na
Lesões mi
an
Diabéticos sem t es
lesões Or Tratamento
ais
Gráfico 4
Ao analisar o Gráfico 5, observa-se que os pacientes diabéticos que apresentaram lesões
dermatológicas (n=45), 17 (37,8%) apresentaram candidoses (14 pacientes com candidose vulvo-
vaginal e 3 pacientes com intertrigo), 16 (35,6%) tiveram pelo menos um episódio infeccioso
(sendo 9 pacientes com infecções em MMII e 7 com impetigo), 14 (31,1%) com dermatofitoses
(sendo 9 pacientes masculinos com tinea pedis e 5 pacientes, principalmente mulheres, em outras
apresentavam-se com rachaduras e calosidades nos pés, e 2 pacientes (4,4%) tiveram otite
externa. Pode-se observar que as infecções fúngicas se deram mais comuns como candidoses
levando ainda em conta que a maioria dos processos infecciosos e a neuropatia periférica
40,0% 37,8%
35,6%
31,1%
26,7%
Diabéticos
20,0%
15,6%
4,4%
0,0%
se
s es se
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n di d In fe
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it e
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Ca r m Ne r Ot
D e se
Gráfico 5 a de
id Dermatoses
al os
C
Gráfico 5
62
7 CONCLUSÃO
Diabetes mellitus é uma das doenças mais comuns, sendo a mais comum das doenças
endócrinas. Assim, todas as suas manifestações devem ser cuidadosamente levadas em
consideração, principalmente as cutâneas, não só pelo grande impacto das alterações
metabólicas do diabetes sobre a pele, mas, pela alta prevalência dessas manifestações.
A causa básica para todos esses distúrbios cutâneos está na glicosilação não enzimática
das proteínas que, por terem as suas estruturas alteradas, modificam também as suas funções,
tornando-se potencialmente patogênicas. A maior parte das manifestações clínicas ao nível da
pele dos pacientes diabéticos correspondem a uma patologia das membranas basais vasculares,
a uma coesão aumentada das fibrilas de colágeno e a um déficit do processo imperceptível da
descamação fisiológica da pele.
Assim, o atendimento clínico do paciente com diabetes mellitus pode ser otimizado e
mais facilmente conduzido se for levado em conta o exame da pele, que se for feito com
critério, pode evidenciar as possíveis complicações próprias do diabetes, além de se poder ter
bom indício do estado metabólico da doença.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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mellitus. http://care.diabetesjournals.org/content/vol26/suppl_1/
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ANEXO 1
Formulário utilizado na coleta de dados dos prontuários dos pacientes diabéticos das
Nome:_________________________________________ Pront.:____________n°:_______
Endereço:______________________________________________ ACS.:_______________
___________________________________________________________________________
GRÁFICO 2. Relação entre os diabéticos das áreas 22 e 50 (Bairro Cidade Nova) do município
de doença
Hipoglicemiante.
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 2. Paroníquia, oníquia e onicólise causadas por Candida. FITZPATRICK, Thomas, et al.
Dermatologia: Atlas e Texto. 3 ed. Rio de Janeiro: McGrawHill, 1997.
FIGURA 4. Vulvite por Candida. FITZPATRICK, Thomas, et al. Dermatologia: Atlas e Texto. 3
ed. Rio de Janeiro: McGrawHill, 1997.
FIGURA 5. Infecção secundária em paciente diabético. Cortesia de Dr. Josivan Lima, Chefe do serviço de
endocrinologia CEN em Natal-RN.
FIGURA 7. Infecção dos espaços interdigitais por Pseudomonas aeruginosa. FITZPATRICK, Thomas,
et al. Dermatologia: Atlas e Texto. 3 ed. Rio de Janeiro: McGrawHill, 1997.
FIGURA 9. Tinea pedis, tipo mocassim. FITZPATRICK, Thomas, et al. Dermatologia: Atlas e
Texto. 3 ed. Rio de Janeiro: McGrawHill, 1997.
FIGURA 10. Onicomicose das unhas dos pés. FITZPATRICK, Thomas, et al. Dermatologia: Atlas e
Texto. 3 ed. Rio de Janeiro: McGrawHill, 1997.
FIGURA 13. Artropatia de Charcot. Cortesia de Dr. Josivan Lima, Chefe do serviço de endocrinologia CEN
em Natal-RN.
FIGURA 14. Pápulas de Huntley. WHITE, Gary. Atlas Colorido de Dermatologia. 2 ed.São
Paulo:Artes Médicas, 2000.
FIGURA 15. Escleredema do Adulto. WHITE, Gary. Atlas Colorido de Dermatologia. 2 ed.São
Paulo:Artes Médicas, 2000.
FIGURA 16. Unhas amareladas. HUNTLEY, Arthur C. Diabetes Mellitus: Review. Dermatology
Online Journal. v 1, n 2, 1995.
FIGURA 17. Acantose nigricante. FITZPATRICK, Thomas, et al. Dermatologia: Atlas e Texto. 3
ed. Rio de Janeiro: McGrawHill, 1997.
FIGURA 18. Acantose nigricante. Cortesia de Dr. Josivan Lima, Chefe do serviço de endocrinologia CEN em
Natal-RN.
FIGURA 21. Xantomas eruptivos. FITZPATRICK, Thomas, et al. Dermatologia: Atlas e Texto. 3
ed. Rio de Janeiro: McGrawHill, 1997.
FIGURA 24. Necrobiose lipoídica, tardia, ulcerativa. WHITE, Gary. Atlas Colorido de
Dermatologia. 2 ed.São Paulo:Artes Médicas, 2000.
FIGURA 27. Dermopatia diabética. Cortesia de Dr. Josivan Lima, Chefe do serviço de endocrinologia CEN em
Natal-RN.
FIGURA 28. Púrpura pigmentosa. FITZPATRICK, Thomas, et al. Dermatologia: Atlas e Texto. 3
ed. Rio de Janeiro: McGrawHill, 1997.
FIGURA 34. Reação semelhante à Doença do Soro. WHITE, Gary. Atlas Colorido de Dermatologia.
2 ed.São Paulo:Artes Médicas, 2000.