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Bolacha completa - Matita Perê (1973)

Antônio Carlos Jobim - Matita Perê (1973)

Paulo César Pinheiro, parceiro na letra da canção Matita Perê, já comentou que:

a divisão entre o Tom da bossa-nova e o posterior, talvez se deva à leitura dele.Sua música estava
agora mais voltada para a literatura. O papo era o sertão, as cores, os rios. Ele tinha
conhecimento das folhas, das flores, dos pássaros. Em Matita, ele faz no piano o canto do
pássaro. Entrou nesse mundo mágico dos escritores e a música se voltou para isso. Tom era um
descobridor, um inventor. O sentido do seu trabalho havia mudado. Uma espécie de traço de
união entre os dois trabalhos foi Matita Perê, uma história, uma espécie de filme – um curta. É
uma música meio sinfônica, com um tempo muito grande para o rádio – quase dez minutos de
gravação. Quando disse pra ele que ‘essa música não vai ser tocada no rádio’, ele me respondeu:
‘Mas essa música não é para agora. É para adiante.

A internet aqui caindo, e uma certa preguiça de uns dias baianos, tudo junto instala a
contraditória necessidade de deixar alguma coisa em comemoração ao aniversário do Tom e a
sensação de que não tenho a energia de fazer como deveria. Chico deu a Jobim seu melhor
epíteto, "maestro soberano". Escolho esse disco porque, antes de mais nada, é o meu preferido,
mas não tenho dúvida que muitos poderão colocá-lo entre os melhores do Tom, os melhores da
música brasileira, os melhores da música popular. Inspiradamente compostos, magnificamente
arranjado, soberbamente gravado. E de lambuja tem "Águas de março", a canção em cujas águas
nos banhamos e nunca mais somos os mesmos. Lendo o bem cuidado texto do professor
Roberto Muggiati - posso dizer que foi lendo seu espertíssimo Rock, o grito e o mito que dei os
primeiros passos no caminho de escrever sobre música popular - fiquei sabendo do ensaio do
Kiko Continentino que estou lendo enquanto produzo essa postagem [completo, aqui]. Assim,
creio ser mais prudente e alinhado à minha disposição momentânea citá-lo porque me parece
um texto a ser difundido e reverenciado por ser escrito com "conhecimento de causa". Ele se
debruça no contexto de criação das canções e do álbum, conta a lenda do pássaro, fala dos
arranjos e das gravações, esmiuça canção por canção, explora com cuidado cada lado do disco.
Sua conclusão muito bem urdida merece ser citada por extenso:

Alguma coisa nesse trabalho me soa épico. Não parece a história de uma vida, apenas. Encontra-
se ali a essência de um povo, de uma civilização cercada por belezasnaturais. A narrativa se
desenvolve em um mundo dos sonhos, fantástico. Mas que na realidade sempre esteve ali,
muito vivo. O conflito está presente. As incertezas, a insegurança, a “mania de perseguição”.
Tudo traduzido em notas musicais – as mais belas o possível. A paisagem social, geográfica e
comportamental é observada sob a grande angular poética de um sonhador. Um músico meio
louco e misterioso, um compositor matreiro, talentoso e estudioso ao extremo, teimoso e
persistente; mas, acima de tudo, com um apego incomum por sua terra, sua gente. Esse amor
infindo e todo um trabalho árduo de pesquisa, construção e acabamento possibilitaram a
existência de Matita Perê, assim como é: Fundamental; muito bem arquitetado. Um disco que
entra pela porta da frente da história. “Uma música que não é para agora”. Mas fica para a
eternidade.

No livro O Cancioneiro Jobim (citado no texto de Continentino) há um depoimento do Tom


falando de suas impressões sobre o Matita:

“É um negócio engraçado. Estou realmente entusiasmado com esse disco. É um material novo,
enxuto, que revela muitas coisas que estavam dentro de mim há muito tempo. Coisas que foram
amadurecidas e curtidas lá dentro, que eu queria dizer, mas não tinha os meios. É um problema
conseguir botar na pauta algo que já está lá dentro da alma da gente. Como dizer, por exemplo,
Matita Perê? Estou fazendo letras, coisa que nunca fiz com essa força. Fiz letras, sim, mas
falando de Corcovado, etc. ‘Matita’ fala outra linguagem, não é música romântica, não tem amor
nem mulher. Também foi importante fazer a letra de ‘Águas de Março’. Aí falo de um troço que
estou vendo, que é mesmo, sem mentira. Claro que esta linguagem eu devo a muitas pessoas
que admiro, a Guimarães Rosa, a Drummond, a Mário Palmério. Mas só se pode roubar a quem
se ama”.

.:interlúdio:. Tom Jobim: Matita Perê

AUTHORPQPBACHPOSTED ON17 DE ABRIL DE 201911 COMMENTS

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IM-PER-DÍ-VEL !!!

Tom inventou Matita Perê e começou a gravá-lo no Rio. Não estava gostando do resultado.
Achou que precisava de melhores músicos e maior qualidade de gravação.

(Ouvindo o disco, você logo entende que a exigência era enorme. O álbum alterna canções com
música instrumental, indo com naturalidade do popular ao erudito).
Foi para Nova Iorque com os poucos brasucas que se salvaram da experiência carioca, bancou
tudo do próprio bolso e fez um dos melhores álbuns de música brasileira de todos os tempos.
Estava com 46 anos e tinha todo o prestígio e consideração do mundo.

Os temas escolhidos por Jobim para Matita Perê passam da leveza e doçura, das praias,
barquinhos e garotas, para a natureza e lendas do um Brasil profundo, sertanejo. Ele compõe a
partir de suas observações e da leitura de autores como Guimarães Rosa e dos poetas Carlos
Drummond de Andrade e Mário Palmério.

Para o crítico musical Zuza Homem de Mello, “Matita Perê é um disco que pouco a pouco foi
sendo compreendido, entendido e principalmente admirado. É um marco na carreira de Tom
Jobim”.

A faixa de abertura traz aquele que se tornaria um dos maiores clássicos do compositor, Águas
de março, cujo título foi retirado de poema de Olavo Bilac.

Já a faixa-título, uma suíte, cita o folclore e nasce de suas leituras, em especial do conto Duelo de
Guimarães Rosa, que contou com a colaboração de Paulo César Pinheiro na letra.

Paulo César Pinheiro falou sobre a parceria: “O Tom me procurou, porque eu tinha uma música
no Festival da Canção chamada Sagarana, parceria com o João de Aquino. Tom ouviu, ficou
impressionado e me ligou dizendo que tinha ideias semelhantes àquelas”.

(Quando vocês se depararem com a próxima lista de Melhores Canções Brasileiras de Todos os
Tempos, procurem por uma chamada Matita Perê. Se ela não estiver presente, abandonem a
lista e falem mal do criador dela).

Matita Perê marca o início da temática ecológica na obra de Tom Jobim, que seguiria com força
em discos como Urubu (1975), Terra Brasilis (1980) e Passarim (1987).

Ao mesmo tempo, evidencia-se o Jobim sinfônico, claramente influenciado por Villa Lobos, em
faixas como Crônica da casa assassinada, baseada no romance de Lúcio Cardoso, outra suíte com
quase 10 minutos de duração, feita para a trilha do filme de Paulo César Sarraceni.

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