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A CHINA E OS CEMITÉRIOS...

O QUE TEM A
VER?

“A pobreza não é causa da violência. Mas quando aliada


à dificuldade dos governos em oferecer melhor distribuição
dos serviços públicos, torna os bairros mais pobres mais
atraentes para a criminalidade e a ilegalidade.”
Luís Antônio Francisco de Souza
Sociólogo

Lembro-me, de alguns anos atrás, mais precisamente nos idos


de 2003 a 2004, ter-se iniciado uma onda de roubos de objetos de
ferro-fundido tais como tampas de bueiros, grades de bueiros, tampas
de inspeção de esgoto, de telefonia, de instalações elétricas e demais
artigos de ferro usados nas ruas, estradas e avenidas de todas as
cidades. E, na ocasião, tais fatos eram divulgados em jornais e na
mídia, levantando-se uma questão intrigante. Que motivos levariam
pessoas a roubarem estes objetos públicos e particulares? Estaria a
miséria da pobreza grassando sobre famílias sedentas e famintas?
Falta de emprego? Desagregação familiar? Para consumo de drogas?
Todos estes fatores, com certeza, podem fazer parte de um todo em
particular e também das dificuldades em se coibir tais crimes; de se
identificar tais meliantes, também associados a sucateiros que não se
interessam em tomar conhecimento das origens desta sucata e de
uma falta de controle natural e dificultoso das ações de compra e
venda e do tráfego destes produtos.
Agora aqui caberia uma pergunta: como tais atividades
começaram de repente e depois de alguns poucos anos pararam? O
interesse era somente com objetos e artigos de ferro. Por quê?
Resposta: a República Popular da China, emergindo das brumas como
o mais novo tigre asiático. Como? Necessidade de sucata de ferro
para a sua indústria metalúrgica. A China começou a comprar, em
todos os países deste nosso planeta, sucata para dar início à
produção de ferro e aço, em uma nova usina siderúrgica sendo
construída, ou melhor, remontada no delta do rio Yang-tse-kiang, na
cidade de Jinfeng. E os preços de mercado de sucata de ferro foram
inflacionados pela alta demanda, atingindo níveis nunca antes
alcançados.
Anos antes, mais precisamente em meados do ano 2000, um
chinês forte, de grandes mãos, com a companhia de sua comitiva
técnica, fechou o contrato de compra da Usina Siderúrgica Hoerde, da
Thysen-Krupp, na cidade de Dortmund, Alemanha, no vale do rio
Ruhr, apenas um mês depois da grande fábrica encerrar suas
atividades, e a preços de sucata. Sim, a preços de sucata, devido às
dificuldades financeiras por baixo níveis dos preços do aço no
mercado mundial. E a China tinha fome, fome de ferro e aço, para
suas indústrias que começavam a ser criadas. Esta fábrica Alemâ,
antiga por idade, mas não velha, muito ferro e aço em chapas
forneceu para as grandes fábricas de veículos da própria Alemanha e
de todo o mundo, inclusive às do Brasil, no tempo do “milagre”
econômico da década de 70, no século passado.
Batalhões de um “exército” de chineses, desmontaram,
encaixotaram e transportaram por navios e remontaram aquela usina
siderúrgica nas areias brancas do vale do rio Yang-tsé-kiang, tal com
a Fênix renascendo das cinzas. A companhia chinesa que comprara a
grande fábrica de Dortumund, chamava-se Shagang, “Aço de areia”,
devido às características do lugar onde surgira, como uma oficina de
ferro e aço de aldeia, em 1975. Em 2005/2006, esta usina siderúrgica
começa a produzir aço e ferro em valores iguais, ou mesmo
superiores à produção da China em 1975. Estes foram os motivos de
tantos roubos de tampas de bueiros, não só no Brasil, mas como em
todo o mundo.
E o que tem a ver cemitérios com China? Não estariam agora os
chineses ávidos por sucatas de cobre e outros artefatos de ligas
metálicas compostas por cobre?
Qual família já não teve a surpresa de ver seus túmulos serem
depredados por motivo de roubo de placas, vasos, alças e até
imagens de bronze ou cobre? Não estariam todos pensando e
achando: “Ah!... este país não tem jeito mesmo, até objetos de
túmulos o brasileiro anda roubando?” É meu povo, roubos em
cemitérios estão acontecendo em todo o mundo. É só pesquisar em
jornais e noticiários pela grande rede mundial de computadores, a tal
da internete ou será InterNet? “Inter” de “international”, palavra
inglesa que significa – internacional e “Net” que significa – Rede.
Portanto, “InterNet” significando – Rede Internacional ou Rede
Mundial, tanto faz.
Em nota do “Chicago Tribune” – A Tribuna de Chicago, um
jornal de grande circulação da cidade de Chicago, Estados Unidos da
América, publicou em 02 de abril a condenação de um meliante
americano de 51 anos, por ter roubado vasos de cobre e bronze,
pegando cinco anos de cadeia. Este ladrão já tinha várias
condenações por roubo e era procurado pela polícia de Chicago.
Em Portugal, no cemitério da cidade de Braga, notícia publicada
em www.destak.pt, diz “Roubos no cemitério visam mercado negro
do cobre e do bronze”. Notícias como esta ecoam em todos os cantos
do mundo, também no Brasil e em nossos municípios vizinhos e até
dos mais distantes. Alguma coisa está acontecendo. Mas o que? Será
que estamos vivendo uma outra onda de roubos provocada por uma
demanda exagerada e ávida de sucatas de cobre dentro do mercado
interno chinês? Há uma lenda antiga que relata uma exclamação do
Imperador Napoleão Bonaparte de França, em relação à China,
quando de suas andanças pelo mundo, que diz: “Não acordem este
gigante adormecido, pois que ele poderá um dia fazer tremer o
mundo!”. Não se tem comprovação da veracidade desta afirmação,
mas se for, foi uma verdadeira profecia de Napoleão.
Não se quer aqui condenar a China e o seu povo por tais atos
de roubos no cemitério de nossa querida Santo Anastácio. Sim,
porque os índices de roubo em nosso cemitério estão aumentando dia
após dia. A curva é ascendente e alguma coisa precisamos fazer. Com
resposta estão os poderes municipais, a polícia, a comunidade enfim.
Que devemos fazer? Que atitudes poderemos tomar? Que estratégias
ou providências devem ser acionadas? Alguém tem uma resposta?
Poderemos até receber como resposta que temos coisas mais
importantes e urgentes com que nos preocuparmos. Isto também é
verdade. Mas isto não se deve constituir em um impedimento
imperativo e mandatório.
Não deveríamos pensar, quem sabe, na criação de uma Guarda
Municipal que tenha como objetivo a preservação e segurança dos
prédios públicos, das escolas, do comando e controle do tráfego de
veículos, e porque não, do cemitério? Não seria esta Guarda um
coadjuvante importante na vigilância e no combate à criminalidade e
no tráfego e uso de drogas? Vigias noturnos? Que podemos fazer?
Pensemos todos...
Talvez alguns possam achar que somente os ricos é que
tenham objetos de valor nos túmulos de seus entes queridos. Mas isto
não se constitue numa verdade plena e simples. Os roubos atingem a
todos, sem discriminação. Famílias humildes poupam, de seus
escassos provimentos, uma parte para a aquisição de placas
sepulcrais que lembrem a todos. os nomes de seus entes queridos e
já falecidos, como lembrança e última homenagem para a
perpetuação futura de suas presenças entre nós, quando vivos, ou
mesmo para quem não os conheceram. Uma verdadeira memória
familiar encontra-se ali perpetuada e deve, como ponto de honra, ser
preservada e cuidada.

POST SCRIPTUM
1) Nem só os cemitérios são vítimas, se podemos assim dizer, mas
também outras empresas e autarquias, que o digam a Sabesp, as
empresas de distribuição de energia, de telefonia e outras.
2) Consulte o site: http://www.viaseg.com.br/ ou faça uma consulta
em seu buscador Google ou Yahoo, digitando “roubos de fios de
cobre”. O volume de cobre roubado cresceu de 2004 para 2005 em
cerca de 215%, pulando de 289,8 para 912,3 toneladas, provocado
pelo aumento de 88% no mesmo período, no preço do mercado
internacional de cobre. Ou seja: a forte demanda inflaciona os preços
e incetiva os roubos.
3) A impunidade por tais atos incentiva também o crime.
4) Casos isolados e não importantes, como no caso dos roubos em
cemitérios, que não são investigados, favorecem mais roubos pela
certeza da impunidade ou da não averiguação do crime. Peritos em
criminologia nos dizem que se a relação entre o risco [prisão] e o
benefício [venda do resultado da ação] for baixo, o índice de
criminalidade aumenta. Ou seja: a impunidade perante o crime,
provoca aumento deste crime.
5) Só os grandes casos criminais são investigados e resultam em
prisão, e mesmo assim, em muitos casos, a punição às vezes não se
concretiza a contento.
6) Mas... de grão em grão a galinha enche o papo, diz o ditado
popular. E um dia... o papo pode explodir. E aí todos seremos
atingidos...

José Carlos Ramires


Jc_ramires@hotmail.com
Maio/2008

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