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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA

GABRIELLE REGINATTO DO CARMO

Relatório de obra da unidade IV

Rio de Janeiro
2019
Relatório de obra da unidade IV:
DARNTON, Robert. O Iluminismo como negócio: História da publicação da
“Enciclopédia” 1775-1800. São Paulo, Companhia das Letras, 1996.
1. O Autor
Robert Darnton é um intelectual e jornalista norte-americano formado em
História pela Universidade de Harvard e mestre e doutor em História pela
universidade de Oxford, tendo sido professor da univesidade de Princeton, colunista
no jornal The New York Times e dirigente da biblioteca de Harvard a partir de 2007.
O nova-iorquino segue as correntes historiográficas das História social e História das
ideias, com ênfase na história dos livros e preocupa-se em demonstrar como a
análise não somente da leitura, mas também de todos os agentes por trás dos livros,
em determinados períodos, é capaz de fornecer um entendimento sobre os mais
diversos estratos sociais e políticos da época. O importante, então, é compreender
como o microcosmos do livro influencia o macrocosmos do momento em que foi
produzido até sua publicação. Dessa ideia, nasceram obras como “The Case for
Books: Past, Present and Future” (2009) e “O Beijo da Lamourette – Mídia, Cultura e
Revolução” (1990), marcando sua passagem pela historiografia através de diversos
estudos sobre o domínio cultural dos livros na França.
2. A obra e sua problemática
Ao analisar o capítulo final de “O Iluminismo como negócio: História da
publicação da Enciclopédia1775-1800”, é preciso ter em mente que o autor se
propõe à fazer uma análise da expansão do mercado produtor e consumidor dos
livros na era moderna e sua relação com o processo revolucionário francês. Mais do
que isso, ele procura relacionar o contexto que permitiu o surgimento de uma nova
sociedade consumidora com o movimento Iluminista. Para isso, seu ponto de partida
é a Enciclopédia original e suas versões posteriores, preocupando-se em entender
como ela “representou o Iluminismo, de corpo e alma” (p. 402,1996).
A Enciclopédia, sendo mais do que um objeto material, foi principalmente um
veículo de ideias. Os autores de seu primeiro tomo datado de 1751, Jean
D’Alembert1 e Denis Diderot2, redigiram-na a partir dos mais variados verbetes
explicativos, contendo escritos sobre as mais variadas ciências e artes. Não foi

1 Intelectual francês atuante nas áreas da Filosofia, Matemática e Física durante parte do século XVIII.
2 Escritor e filósofo francês atuante nas áreas da Literatura e da tradução de livros durante o século XVIII.
somente uma reunião de conceitos, mas também de críticas formuladas por aqueles
que contribuíram com o livro, o que nos mostra como foi um produto genuíno de seu
tempo, principalmente se nos atentarmos que paralelamente o Iluminismo está
transformando valores, comportamentos, atitudes e tradições por meio de um
movimento de ideias filosóficas que usufruem da razão para darem explicações aos
fenômenos sociais e científicos.
A segunda publicação estudada pelo autor é a Enciclopédia Metódica,
elaborada por Charles-Joseph Panckoucke 3 no ano de 1784. Nela, há mudanças
significativas se compararmos com a primeira, já que estão presentes separações
por categorias do conhecimento, como Filosofia, Política, Ciências Naturais e
Humanas, e também o acréscimo do vocabulário político da época. As
transformações em questão fazem parte da ligação entre o mercado editorial e o
funcionamento do mercado consumidor, pois a nova edição procurou ampliar o
mercado consumidor, dando margem a pensarmos nos editores como
empreendedores (DARNTON, 1996, p. 411). É nesse viés que conseguimos
compreender a atuação do Estado diante disso tudo, já que há diversas posições
assumidas por ele durante o processo. Passando de proibidor para contribuidor, o
Estado francês passou também a enxergar a obra como um empreendimento,
dentro do processo de ampliamento do público leitor, tendo dentro dele oficiais do
governo, oficiais régios, conselheiros do parlamento, militares e a burguesia.
A análise de Darnton vai além da preocupação com o conteúdo e com o que
as ideias presentes no livro propunham: o autor preocupa-se em entender como o
mercado editorial e consumidor entenderam essa movimentação, já que para ele “o
material com que se fabricava a página era tão importante quando a mensagem nela
impressa” (p. 402). O caminho percorrido pelo livro, no momento de sua produção
até sua compra, é significativo, pois nos elucida sobre as intencionalidades dos
autores e vendedores, e também sobre as condições econômicas e sociais do
público leitor. Dessa forma, ele traça a questão da presença do capitalismo no
processo de produção e venda, defendendo que a comercialização adentrou à lógica
do capital, e virou um verdadeiro negócio.
Tendo em vista que o mercado editorial era plástico e conseguia adentrar
diversas esferas de poder, o autor nos atenta à recepção de um público leitor
específico: a burguesia. Para ele, é difícil relacionar a leitura da Enciclopédia ao

3 Escritor e editor francês do século XVIII.


processo revolucionário, uma vez que o contato com a obra foi muito mais por conta
do interesse de mercado do que para a vontade de quebra de tradição e status quo.
Darnton não nega que a difusão das ideias Iluministas tenham estado presentes no
cerne da Revolução Francesa, mas defende que “em 1789 havia tanta coisa
acontecendo que não se pode reconstituir as ligações entre a explosão
revolucionária e as vendas da Enciclopédia” (p. 416). Tendo provocado uma
Revolução Cultural, a Enciclopédia foi muito mais um produto de sua época,
portanto portadora de ideais filosóficas transgressoras à ordem social e política do
Antigo Regime na França, do que a precursora das movimentações iniciadas em
1789.
3. Bibliografia
DARNTON, Robert. O Iluminismo como negócio: História da publicação da
“Enciclopédia” 1775-1800. São Paulo, Companhia das Letras, 1996.

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