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Seminário dos ratos – Vestibular 2020

Prof. Dalmir B. Seraphim


Autor Lygia Fagundes Telles
Ano 1977
Escola literária 3ª fase – 45 – pós-moderno - Literatura Contemporânea
Gênero Literário Épico/narrativo
Gênero textual Conto – fantástico
Temática Crítica às relações entre governantes e governados
Enredo Linear – Exposição – complicação – clímax – desfecho
Tempo Cronológico – uma noite
Espaço Um casarão reformado para o Seminário – fora da cidade
Narrador 3ª pessoa – onisciente
Ponto de vista – foco narrativo 3ª pessoa
Personagens
Chefe das Relações Públicas Jovem de baixa estatura, atarracado, sorriso e olhos
extremamente brilhantes, tem problema de audição.
Cozinheiro Aparece correndo, sem gorro e de avental rasgado. Traz
as mãos sujas de tomate que limpa no peito, a cor
vermelha lembra sangue. O cozinheiro foge dos ratos
que atacaram a cozinha, devorando tudo o que
encontravam pela frente. Ele e Euclides, sua ajudante,
por pouco não foram devorados pelos ratos.
Diretor das Forças Conservadoras Homem descorado e flácido, de calva úmida e mãos
armadas e desarmadas acetinadas. Voz branda, com um leve acento lamurioso.
O Seminário Palavra que tem o mesmo radical de semente, de sêmen.
É uma reunião para se discutir o problema dos ratos que
infestaram as cidades do país.
O casarão O local onde se realizará o Seminário localiza-se fora da
cidade. É um casão antigo que foi reformado para o
evento. Fica numa área rural, bucólica.
Os participantes Há representantes de muitos lugares, parece que não só
do Brasil. O bueno, do secretário pode ser um índice que
haja representantes da América Latina. Os Estados
Unidos foram convidados para trazer conhecimentos e
tecnologia.
Os quartos e suas cores O Secretário distribuiu os quartos relacionando a cor
com o comportamento de cada delegação. Assim, os
americanos ficaram no quarto azul; os conservadores, no
quarto cinza [mistura de branco com preto, indefinido,
em cima do muro.]
O pé do Diretor O Diretor está enfermo, sofre da gota, no pé esquerdo.
Sua deficiência física tira-lhe a pompa do poder, não
consegue calçar sapato no maldito pé. Por isso fica
recluso no quarto.
A crítica ao Seminário Há críticas ao Seminário, que já é o sétimo e até agora
nada resolveu. Além disso, a reforma do casarão custou
milhões, poderiam ter usado um dos tantos prédios
públicos que estão desocupados.
A alegoria Os personagens não têm nome, são citados apenas por
suas funções. Cada um destes personagens representa
uma função social da realidade. Todas juntas, numa
alegoria, formam o Brasil da época em que o conto foi
escrito. A autora tece uma crítica social bastante ácida
contra os governantes da época da ditadura. Há, neste
sentido, semelhança a Revolução dos Bichos, Georg
Orwel.
Os níveis de texto Há diferentes níveis de leitura:
1º o nível da fábula, Secretário e Diretor, e outros,
prepararam um Seminário para discutir como eliminar os
ratos que ultrapassaram o número de habitantes na
proporção de 100 por 1.
2º a relação do fantástico com o mundo real. O
Seminário é dos ratos metáfora de dirigentes corruptos,
ou dos ratos, para eliminar a invasão dos ratos; ou, ainda,
dos ratos, dos bichos, que depois de eliminar o homem,
deliberam sobre o que fazer.
1º o Seminário
2º desvelando as metáforas
Golpe de Estado Há critica sobre o momento histórico de repressão
política no país. Ao longo da narrativa os ratos invadem
e devastam a casa onde acontece o VII Seminário dos
Roedores. O Secretário faz alusão a dois momentos de
golpe no Brasil: 32 e 64.
Simbologia do pé O pé significa o poder. O poder de estar de pé. De ir e
vir. Calçado com sapato, o pé torna-se instrumento de
opressão. Pisar. Chutar. Com o pé doente, perde o poder,
inferioriza-se.
Simbologia das músicas Lata d’água na cabeça – o trabalho, a vida difícil da
favelada Maria, tudo por amor a uma criança.
Gota d’água – Chico Buarque – ditadura – pedindo para
deixar em seu coração, que está transbordando de dor, de
mágoa, que qualquer desatenção pode ser a gota
d’água[que encherá o copo/coração]
Lata d’água na cabeça
Lata D'Água
Marlene
Lata d'água na cabeça
Lá vai Maria
Lá vai Maria
Sobe o morro e não se cansa
Pela mão leva a criança
Lá vai Maria

Maria
Lava roupa lá no alto
Lutando
Pelo pão de cada dia
Sonhando
Com a vida do asfalto
Que acaba
Onde o morro principia.
Lata d'água na cabeça...

Gota d’água Gota d'água


Chico Buarque

Já lhe dei meu corpo, minha alegria


Já estanquei meu sangue quando fervia
Olha a voz que me resta
Olha a veia que salta
Olha a gota que falta pro desfecho da festa

Por favor
Deixe em paz meu coração
Que ele é um pote até aqui de mágoa
E qualquer desatenção, faça não
Pode ser a gota d'água

Deixe em paz meu coração


Que ele é um pote até aqui de mágoa
E qualquer desatenção, faça não
Pode ser a gota d'água

Já lhe dei meu corpo, minha alegria


Já estanquei meu sangue quando fervia
Olha a voz que me resta
Olha a veia que salta
Olha a gota que falta pro desfecho da festa

Por favor
Deixe em paz meu coração
Que ele é um pote até aqui de mágoa
E qualquer desatenção, faça não
Pode ser a gota d'água
Pode ser a gota d'água

A imprensa A imprensa, chamada de marrom, representa a crítica, a


não aceitação dos atos do poder. Ela dá vida ao povo,
porque serve de porta-voz do povo. Noticia as mazelas
do povo. Que os ratos roeram o pé de uma criança.
O povo O povo não existe, é uma abstração, que se transforma
em realidade quando os ratos começam a expulsar os
favelados de suas casas.
O duplo O jogo do duplo aparece em:
conflito norte-sul;
conservadores e revolucionários;
o pé bom x pé doente;
o público e o privado;
o real e o fictício;
o humano [racional e o animal [irracional];
a crítica política x a ficção, apenas;
a ordem [maquiada] x o caos [inexorável];
um Diretor do Bem-Estar que está mal [do pé]
A epígrafe Irônica, Edifício Esplendor, quando o esplendor acaba
ruindo, ficando nas mãos dos ratos.
A safra do vinho Numa referência irônica, o chefe das relações públicas
diz que o vinho será chileno, da safra Pinochet, nome do
presidente que deu um golpe no governo Salvador
Alliende.
Intertextualidades O flautista de Hamelin, que conduz os ratos para fora da
cidade, aqui os ratos vêm para a cidade. Chico Buarque
= Gota d’água. Drummond = Edifício Esplendor.
A manipulação da verdade Os ratos já se encontram sob controle. Sem detalhes,
enfatize apenas isto, que os ratos estão sob inteiro
controle. Disse o Secretário para seu assessor de
imprensa.
A balança e a espada da justiça A balança com um dos pratos empoeirados, sinal de
injustiças no Brasil; a espada, símbolo dos regimes
diurnos, que pode cortar o mal.
Carlos Drummond de Andrade (Edifício Esplendor)

Na areia da praia
Oscar risca o projeto.
Salta o edifício
da areia da praia

No cimento, nem traço


da pena dos homens.
As famílias se fecham
em células estanques.

O elevador sem ternura


expele, absorve
num ranger monótono
substância humana.

Entretanto há muito
se acabaram os homens
ficaram apenas
tristes moradores.

II
A vida secreta da chave.
Os corpos se unem e
bruscamente se separam.

O copo de uísque e o blue


destilam ópios de emergência.
Há um retrato na parede,
um espinho no coração
uma fruta sobre o piano
e um vento marítimo com cheiro
de peixe, tristeza, viagens…
Era bom amar, desamar,
morder, uivar, desesperar
era bom mentir e sofrer
Que importa a chuva no mar?
a chuva no mundo? o fogo?
Os pés andando, que importa?
Os móveis riam, vinha a noite,
o mundo murchava e brotava
a cada espiral de abraço.

E vinha mesmo, sub-reptício,


em momentos de carne lassa,
certo remorso de Goiás.
Goiás, a extinta pureza…

O retrato cofiava o bigode.

III

Oh que saudades não tenho


de minha casa paterna.
Era lenta, calma, branca,
tinha vastos corredores
e nas suas trintas portas
trinta crioulas sorrindo,
talvez nuas, não me lembro.

E tinha também fantasmas,


mortos sem extrema-unção,
anjos da guarda, bodoques
e grandes tachos de doce
e grandes cismas de amor,
como depois descobrimos.

Chora, retrato, chora.


Vai crescer a tua barba
neste medonho edifício
de onde surge tua infância
como um copo de veneno.

IV

As complicadas instalações do gás,


úteis para suicídio,
o terraço onde as camisas tremem,
também convite à morte,
o pavor do caixão
em pé no elevador,
O estupendo banheiro
de mil cores árabes,
onde o corpo esmorece
na lascívia frouxa
da dissolução prévia.
Ah, o corpo, meu corpo,
que será do corpo?
Meu único corpo,
aquele que eu fiz
de leite, de ar,
de água, de carne,
que eu vesti de negro,
de branco, de bege,
cobri com chapéu,
calcei com borracha,
cerquei de defesas,
embalei, tratei?
Meu coitado corpo
tão desamparado
entre nuvens, ventos,
neste aéreo living!

Os tapetes envelheciam
pisados por outros pés.

Do cassino subiam músicas


e até o rumor de fichas.

Nas cortinas, de madrugada,


a brisa pousava. Doce.

A vida jogada fora


voltava pelas janelas.

Meu pai, meu avô, Alberto…


Todos os mortos presentes.

Já não acendem a luz


com suas mãos entrevadas.

Fumar ou beber: proibido


Os mortos olham e calam-se.

O retrato descoloria-se,
era superfície neutra.

As dívidas amontoavam-se.
A chuva caiu vinte anos.

Surgiram costumes loucos


e mesmo outros sentimentos.

Que século, meu Deus! Diziam os ratos.


E começavam a roer o edifício

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