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Desenvolvimento Sustentável

Neide Armiliato

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

2018
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Desenvolvimento Sustentável

UNIVERSIDADE DO CONTESTADO –UnC

SOLANGE SALETE SPRANDEL DA SILVA


Reitora

LUCIANO BENDLIN
Vice-Reitor e Pró-Reitor de Administração e Planejamento

GABRIEL BONETTO BAMPI


Pró-Reitor de Pesquisa / Pós Graduação e Extensão

MARILENE TERESINHA STROKA


Pró-Reitora de Ensino

Elaboração do conteúdo
Neide Armiliato

Coordenação Editorial
Neide Maria Favretto
Irineu José Vieira Júnior

Diagramação
Neide Maria Favretto
Irineu José Vieira Júnior

Capa
Camila Candeia Paz Fachi
Janice Adriana Becker

Equipe Técnico-Pedagógica
Neide Maria Favretto
Irineu José Vieira Júnior

Catalogação na fonte - Biblioteca Universitária – UnC


S587s Armiliato, Neide
Desenvolvimento Sustentável / Neide
Armiliato.
Concórdia, SC : Universidade do Contestado –
UnC / NEAD, 2018.
55 p.
............................................................ CDD 301

Bibliotecária: Josiane Liebl Miranda CRB 14/1023

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Desenvolvimento Sustentável

SUMÁRIO

UNIDADE 1 - INTRODUÇÃO AO DESENVOLVIMENTO


SUSTENTÁVEL ............................................................................... 05
Seção 1 – Conceitos e Princípios da Sustentabilidade ................................... 07
Seção 2 – Fundamentos do Desenvolvimento Integrado e Sustentável ..... 13
Seção 3 – Causas do Subdesenvolvimento ...................................................... 19

UNIDADE 2 – QUALIDADE DE VIDA E SUSTENTABILIDADE


............................................................................................................ 27
Seção 1 – Consciência Ambiental e Qualidade de Vida ................................ 29
Seção 2 – Impactos Ambientais ........................................................................ 32
Seção 3 – Contribuições do Terceiro Setor para a Sustentabilidade............ 35

UNIDADE 3 – INTRODUÇÃO À TECNOLOGIA E


CONCEPÇÕES ÉTICAS AMBIENTAIS ........................................ 42
Seção 1 – Produção mais Limpa ....................................................................... 44
Seção 2 – Ética Ambiental ................................................................................. 49

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Desenvolvimento Sustentável

Introdução ao
Desenvolvimento
Sustentável

Após a leitura e o estudo dos conteúdos você


será capaz de:
 Apresentar os princípios e os conceitos do
Desenvolvimento
 Sustentável, para fundamentar o processo de ensino-
aprendizagem da disciplina.
 Reconhecer os fundamentos do desenvolvimento
integrado sustentável.
 Discutir e contextualizar aspectos relacionados ao
subdesenvolvimento.

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SEÇÃO 1 – CONCEITOS E PRINCÍPIOS DA
SUSTENTABILIDADE
SEÇÃO 2 – FUNDAMENTOS DO DESENVOLVIMENTO
INTEGRADO E SUSTENTÁVEL
SEÇÃO 3 – CAUSAS DO SUBDESENVOLVIMENTO

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Desenvolvimento Sustentável

Prezados alunos, prezadas alunas,


Convido vocês para conhecer e caminhar no universo do mundo do
desenvolvimento sustentável. A partir de agora vamos conhecer seus
conceitos, seus princípios e, principalmente, como construir um mundo
melhor a partir da aplicação deste conhecimento.
Para que pudéssemos estar discutindo “desenvolvimento
sustentável”, várias reuniões da cúpula mundial já ocorreram, muitas
discussões e vários documentos foram redigidos. Abaixo descreveremos as
principais discussões em ordem cronológica.

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Desenvolvimento Sustentável

SEÇÃO 1 – CONCEITOS E PRINCÍPIOS DA


SUSTENTABILIDADE

Estocolmo (1972) - 1ª reunião internacional para discutir o meio


ambiente global. Resultado: criação P.N.U.M.A. (Programa das Nações
Unidas sobre Meio Ambiente). Uma nova visão de meio ambiente com
diversas conferências mundiais sobre alimentação, moradia, população,
direitos humanos, biodiversidade planetária e a mulher na sociedade.
Nairobi (1982) - Foi formada uma comissão mundial de meio ambiente e
desenvolvimento.

Relatório Brundtland (1987) – Reconheceu que para buscar soluções para


o desenvolvimento sustentável seria imprescindível tomar consciência do
fato de que os problemas sociais e ambientais são interconectados e
reconhecer que as perturbações ambientais não são restritas a propriedades
particulares ou limites geográficos, que catástrofes experimentadas em uma
determinada região do mundo, consequentemente, afetam o bem-estar de
pessoas em todas as localidades e que apenas sobre abordagens sustentáveis
do desenvolvimento se poderá proteger o frágil ecossistema do planeta e
promover o desenvolvimento da humanidade.

Rio de Janeiro (1992) – Conhecida como Rio – 92. Gerou os seguintes


documentos: Agenda 21: programa de ação global: 21 metas de proteção
ambiental global assinada por 188 países. Declaração do Rio: interação
homem/planeta. Declaração dos princípios florestais. Convenções:
diversidade biológica e mudanças climáticas.

Berlim (1995) - 1ª conferência das partes – COP 1 (1ª conferência das


partes).

Genebra (1996) - 2ª conferência das partes – COP 2 (2ª conferência das


partes).

Kyoto (1997) - 5 anos após a conferência do Rio de Janeiro criou-se o


Protocolo de Kyoto, onde estabeleceu a redução das emissões em 5,2%
entre 2008 e 2012. Foi criado a M.D.L. (Mecanismo de Desenvolvimento
Limpo) que permite a troca entre os países, ou seja, os países que não
conseguem reduzir emissão de carbono compram esta redução a 10 a 100
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Desenvolvimento Sustentável

dólares por tonelada de países com condições de manter projetos agro-


florestais ou outros projetos como utilização de metano.

Johanesburgo (2002) - 150 países reuniram-se para a Cimeira Mundial de


Desenvolvimento Sustentável, para rever as metas da Rio – 92 e apresentar
resultados concretos. Resultado: Diversidade de opiniões e posturas
conflitantes. Ex: o Brasil apresentou a proposta de substituir matrizes
energéticas poluidoras (petróleo) em 10% até 2010 por fontes renováveis de
energia: energia solar, eólica, pequenas hidrelétricas e biomassa. Nem
mesmo a aproximação do Brasil com a União Européia impediu a derrota
para países grandes produtores de petróleo, como: Árabes, Japão, Canadá,
Austrália, e é claro sob a liderança dos americanos.

Curitiba (2006) - COP 8 (Rotulagem de transgênicos, e panorama da


biodiversidade global) ocorreu de 13 à 17 de março de 2006, com países
membros do Protocolo de Cartagena.

Conhecida como a cúpula da Terra ou Rio – 92 gerou os seguintes


documentos: Agenda 21: programa de ação global: 21 metas de proteção
ambiental global assinada por 188 países. Declaração do Rio: interação
homem/planeta. Declaração dos princípios florestais. A partir da Rio – 92,
as declarações e as convenções reúnem-se sistematicamente a cada 2 ou 5
anos para avaliação e novas decisões a serem tomadas a nível mundial
dentre os temas específicos, sempre sobre a coordenação da ONU (Araújo,
2010).
Vamos apresentar uma série de definições e princípios, que
embasam a questão do Desenvolvimento Sustentável, com a finalidade de
construir uma base conceitual, que permitirá uma discussão mais ampla e
aprofundada dos conceitos relacionados ao Desenvolvimento Sustentável

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Desenvolvimento Sustentável

Começaremos nosso trabalho apresentando as definições do que é


Desenvolvimento Sustentável, na visão de três estudiosos do assunto
(Bonacini, 2008):
Amartya Sen: é o crescimento das sociedades com o intuito de aumentar
as liberdades fundamentais, em que o crescimento econômico é só parte
geral imprescindível do processo. E para que ele ocorra é necessário que se
removam as principais fontes de privação da liberdade: pobreza e tirania,
carência de oportunidades econômicas e destituição social, negligência do
serviço público e intolerância ou interferência de Estados repressivos.
Korten: é um processo por meio do qual os membros de uma sociedade
incrementam suas capacidades pessoais e institucionais, para mobilizar e
maximizar recursos para produzir com sustentabilidade e distribuir, com
justiça, estes incrementos em suas qualidades de vida, coerentemente com
suas próprias aspirações.
Souza: é um processo de aprimoramento (gradativo ou, também, através de
bruscas rupturas) das condições gerais de viver em sociedade, em nome de
uma maior felicidade individual e coletiva. É um movimento sem fim, ou
seja, sem “estágio final” ou mesmo direções concretas pré-determinadas ou
previsíveis, e que não poderá jamais ser declarado como “acabado”; e
sujeito a retrocessos em cuja esteira uma sociedade torna-se mais justa e
aceitável para os seus membros.
Lendo e analisando estes três conceitos é fácil perceber que não há
consenso a respeito do que é Desenvolvimento Sustentável!! Vocês
perceberam?
Para Sen a base de tudo é a liberdade, para Korten o foco é a
produtividade e a distribuição justa da renda, e para Souza é a melhoria
da qualidade de vida.
E se citarmos outros autores, encontraremos conceitos diferentes e
outros entendimentos; logo, é possível perceber que Desenvolvimento
Sustentável é um conceito amplo, que está relacionado diretamente com a
visão e formação do autor, e com a realidade em que ele está inserido.
Uma gradativa tomada de consciência global está sendo tomada
neste início de Século XXI, onde dois aspectos são especialmente relevantes

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Desenvolvimento Sustentável

e especialmente recomendados quando considerarmos os conceitos de


Desenvolvimento Sustentável de Korten e Souza (Bonacini, 2008):
1. O meio ambiente está seriamente ameaçado e pode chegar a um ponto
tal que a degradação não possa ser revertida, principalmente na
questão do aumento da temperatura média da Terra e da escassez da água
potável; e
2. A concentração de renda está tão elevada, que países e comunidades
pobres entrarão em um estágio de convulsão social – a exemplo do Haiti e
de Timor Leste, em que a instabilidade levará a degradação institucional e a
queda da qualidade de vida.
Os países desenvolvidos, frente a esta realidade,
compulsoriamente, buscam estabelecer estratégias para apoiar a
regeneração ambiental e a estabilidade social dos países ditos do 3º
Mundo. Consideramos que estes investimentos devem gerar resultados
estáveis e duradouros, o que na prática se chama de Desenvolvimento
Sustentável!

A este Desenvolvimento Sustentável devemos considerar que ele


seja Integrado, isto é, que seja dada atenção simultaneamente às dimensões
Humana, Econômica, Social e Ambiental!
A Constituição Federal de 1988, na sua essência almeja a
harmonização do desenvolvimento econômico-social com a preservação da
qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico. Todos têm direito ao
meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e
essencial a qualidade de vida impondo-se ao poder público e a coletividade
o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
O desenvolvimento sustentável deve refletir a exploração
equilibrada dos recursos naturais, nos limites da satisfação das necessidades
e do bem estar da presente geração, assim como da sua conservação
considerando as gerações futuras. Apesar de o homem reconhecer suas
obrigações e direitos, sua visão sobre o mundo está condicionada pelo
interesse individual e mercadológico. Em mercados competitivos
alicerçados no capitalismo e lucro, as responsabilidades ambientais e sociais
são negligenciadas. Quando ocorre a venda de um automóvel o custo da
poluição gerada por ele, e que afeta a coletividade, não está incluída no seu
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Desenvolvimento Sustentável

preço, nem faz parte do universo do contrato de compra e venda. As


obrigações geradas daquela relação não incluem a responsabilidade com os
terceiros acerca da qualidade do ar.
Temos o desafio em reverter um modelo econômico, legitimado
pelo direito, que abstrai o custo coletivo surgido das relações privadas sem
violar a liberdade dos indivíduos. Como a sociedade não é composta de
indivíduos centrados no seu absoluto, sem correlação com os demais e sim
é composta prioritariamente, pelas relações desses indivíduos. Existe nesse
momento um confronto entre a liberdade individual e a necessidade
coletiva. Já que na busca de satisfazer as necessidades individuais fatalmente
se irá perturbar o equilíbrio do meio natural. Sabe-se, porém, que não tocar
na natureza é querer o impossível, pois o ser humano busca na natureza as
condições de sobrevivência, satisfazendo suas crescentes necessidades
básicas. É relevante a necessidade de alterar o nosso discurso e a prática
utilitarista para a consciência dos efeitos e o modelo de exploração.
Devemos considerar a atividade econômica, meio ambiente e bem-estar
social, esta composição compõe a idéia de desenvolvimento sustentável.
O conceito de desenvolvimento sustentável, considerando os
conceitos já discutidos pelos autores, não diz respeito apenas ao impacto da
atividade econômica no meio ambiente, mas refere-se principalmente às
consequências dessa relação na qualidade de vida e no bem estar da
sociedade, tanto presente quanto futura. A aplicação do conceito à realidade
requer, no entanto, uma série de medidas tanto pôr parte do poder público
como da iniciativa privada. Em função de um contexto tão amplo, a
formação de profissionais qualificados para atuar nesta área é determinante
para o sucesso dos programas de desenvolvimento internacionais, nacionais
ou privados.
Assim estudiosos entendem que o conceito de desenvolvimento
sustentável envolve uma nova consciência dos gestores de políticas
públicas, os quais devem observar os limites e as fragilidades dos
ecossistemas globais, enfocando o desenvolvimento socioeconômico com
equilíbrio ecológico, orientando-o para a satisfação das necessidades básicas
e reconhecendo o papel fundamental que a autonomia cultural desempenha
nas comunidades locais. Na operacionalização do desenvolvimento

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Desenvolvimento Sustentável

sustentável, é necessário garantir qualidade de vida para as populações


locais, removendo obstáculos políticos e institucionais à sua inserção social,
garantindo sua participação nas estratégias de desenvolvimento, ao mesmo
assegurando a manutenção do estoque de capital natural. E assim,
estaremos realizando o sonho de transformar nosso planeta em um lugar
mais humano e habitável!

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Desenvolvimento Sustentável

SEÇÃO 2 – FUNDAMENTOS DO DESENVOLVIMENTO


INTEGRADO E SUSTENTÁVEL

As quatro dimensões do desenvolvimento sustentável


O surgimento do conceito de desenvolvimento sustentável, que se
tornou rapidamente uma unanimidade em todos os segmentos da
sociedade, ocasionou o aprofundamento da discussão acerca do seu real
significado teórico e prático. Um dos resultados atuais desse
aprofundamento é a avaliação do processo de desenvolvimento a partir de
diferentes dimensões. As ideias do ecodesenvolvimento e o conceito de
sustentabilidade acrescentaram ao conceito de desenvolvimento algumas
dimensões que não eram normalmente observadas quando se pretendia
avaliar este processo.
O desenvolvimento sustentável passou a ser a questão principal de
política ambiental, somente, a partir da Conferência das Nações Unidas
sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92). A Organização das
Nações Unidas, através do relatório Nosso Futuro Comum, publicado pela
Comissão Mundial para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento em 1987
definiu desenvolvimento sustentável como sendo aquele que busca as
necessidades presentes sem comprometer a capacidade das gerações futuras
de atender suas próprias necessidades.

Desde aquela época esta definição ganhou inúmeras citações na


literatura. Porém, mais tarde ela passou a ser interpretada em um sentido
excessivamente amplo. Embora tenha esse momento como marco de sua
conceituação, a noção de desenvolvimento sustentável representou uma
evolução de conceitos anteriormente elaborados, sendo o inicial, o
"ecodesenvolvimento", o qual vinha sendo defendido desde 1972, ano de

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Desenvolvimento Sustentável

realização da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente, em


Estocolmo (SACHS, 2004, p. 36).
Porém, existe um grande consenso de que, em função da praticidade
e efetividade, é preferível medir a sustentabilidade a partir de suas
dimensões. A utilização de dimensões, ou grupos de indicadores agrupados,
pode facilitar o emprego de medidas que estão além dos fatores puramente
econômicos e incluir um balanço de sinais que derivam do bem-estar
humano e ecológico.
A seguir vamos fazer uma breve descrição do que engloba cada uma
das dimensões:

1. Dimensão humana

Nos projetos e programas elaborados há algumas décadas atrás


(entre 1960 e 1980), a partir de uma visão tecnicista, o ser humano era
somente o meio pelo qual se realizavam as ações e se alcançavam metas e
objetivos. Atualmente o ser humano aparece de forma destacada em um
programa de Desenvolvimento Sustentável, sendo levado em consideração
do princípio ao fim em todo o planejamento, na busca de resultados
consistentes e duradouros. A valorização da dimensão humana passa pelo
desenvolvimento das habilidades e das competências, e pela ampliação dos
conhecimentos – tanto acadêmicos como tradicionais; com a finalidade
permitir às pessoas o acesso a oportunidades de maior remuneração e a
realização de seus projetos pessoais (Bonacini, 2008). Este conhecimento a
ser desenvolvido, deve fundamentalmente estar embasado na prática e na
aplicabilidade, e construído no alicerce da moral e da ética.
Chacon (2007) enfatiza ainda que é necessário ponderar, ao longo
do processo de definição de políticas, as características e influências locais
tanto quanto as gerais, advindas do ambiente externo ao âmbito direto das

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Desenvolvimento Sustentável

políticas. E assim definir o peso da participação de cada instância, não se


podendo, a priori, determinar o papel que o local e o global podem exercer
no sucesso de uma política. É preciso, portanto, conhecer bem as pessoas e
o lugar que serão alvo das políticas, sem, no entanto, negligenciar o todo em
que se insere o local. No fundamento da ideia dominante de
desenvolvimento está o grande paradigma ocidental do progresso. O
desenvolvimento deve assegurar o progresso, o qual deve assegurar o
desenvolvimento. O desenvolvimento tem dois aspectos. De um lado, é um
mito global no qual as sociedades industrializadas atingem o bem-estar,
reduzem suas desigualdades extremas e dispensam aos indivíduos o máximo
de felicidade que uma sociedade pode dispensar. De outro, é uma
concepção redutora, em que o crescimento econômico é o motor necessário
e suficiente de todos os desenvolvimentos sociais, psíquicos e morais. O
pesquisador ressalta que grande parte das pessoas e o próprio ambiente
natural foram excluídos pelo sistema econômico e social vigente e pela sua
própria história. Porém, sofrem as consequências negativas da intervenção
de políticas públicas inadequadas à realidade local, que a autora acredita
estarem equivocadas, por tender a repetir, sem reflexão, modelos de
desenvolvimento aplicados a outras regiões.

2. Dimensão econômica

A dimensão econômica está relacionada diretamente ao trabalho e


suas várias formas de organização, e a partir dele devem derivar: a geração
digna de renda, a produção de alimentos saudáveis, o lucro para
reinvestimentos, a formação de novos profissionais e a identificação de
novas oportunidades de desenvolvimento. E quando se fala em organização
da produção, entram vários aspectos, tais como: integração da produção

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Desenvolvimento Sustentável

agropecuária, verticalização da produção, logística, planejamento, controle


físico e financeiro, agroindustrialização, certificação, divulgação, vendas, e
tantas outras ações relativas à operacionalização das cadeias produtivas
agroalimentares. O cerne está em saber usar os recursos do planeta, com a
utilização eficiente de recursos naturais inserido num contexto de mercado
competitivo, buscando a internacionalização de custos ambientais e/ou
reformas fiscais. Assim, a sustentabilidade seria alcançada pela
racionalização econômica local, nacional e planetária. Para se implementar a
sustentabilidade necessário seria a racionalização econômica local e nacional
(Rattner, 1999).

3. Dimensão Social

A sustentabilidade observada na perspectiva social, a ênfase é dada à


presença do ser humano na ecosfera. A preocupação principal, dentro dessa
linha, é a condição humana e os meios utilizados para aumentar a qualidade
de vida. Para Sachs (1997), a sustentabilidade social refere-se a um processo
de desenvolvimento que leve a um crescimento estável com distribuição
equitativa de renda, gerando, com isso, a diminuição das atuais diferenças
entre os diversos níveis na sociedade e a melhoria das condições de vida das
populações.
A dimensão social enfoca as pessoas e as relações entre elas, sejam
profissionais, familiares, religiosas, políticas ou educativas. E estas relações
podem ser informais ou institucionalizadas, no entanto a base aglutinadora
de tudo é a confiança! Se as pessoas confiam entre si toda a relação é
saudável, e está pautada na reciprocidade e na complementaridade – o que
gera uma espiral ascendente de desenvolvimento e novos laços de relações.

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Desenvolvimento Sustentável

E na visão ampliada deste conceito, ainda existe a questão da


cidadania, que é a expansão das relações em comunidade. Além de salários
justos e estar adequado à legislação trabalhista, é preciso pensar em outros
aspectos como o bem estar dos seus funcionários, propiciando, por
exemplo, um ambiente de trabalho agradável, pensando na saúde do
trabalhador e da sua família. Além disso, é imprescindível ver como a
atividade econômica afeta as comunidades ao redor (Bellen, 2010). Nesse
item, está contido também problemas gerais da sociedade como educação,
violência e até o lazer.

4. Dimensão Ambiental

A dimensão ambiental é a discussão mais complexa, pois


caracteriza-se como a base de sustentação da vida. Refere-se ao capital
natural de um empreendimento ou sociedade. Aqui assim como nos outros
itens, é importante pensar em longo, médio e pequeno prazo.
A princípio, praticamente toda atividade econômica tem impacto
ambiental negativo. Há aqueles que acreditam que o crescimento sustentável
é algo impossível afirmando que, para haver sustentabilidade prescinde de
uma economia estacionária, preferencialmente com crescimento nulo Daly
(2004). Defendendo a ideia de conceber-se uma escala ótima de
crescimento, argumentou que a economia pode crescer até o momento em
que não mais interfira na renovação dos sistemas naturais, bem como que a
exploração dos recursos finitos deveria ser parcimoniosa. Neste ponto,
existe uma a defesa da substituição do uso de recursos não-renováveis pela
produção/utilização de recursos renováveis, integrando as dimensões
econômica e ecológica (Daly, 2004; Rattner, 1999; Sachs, 1993).
Desenvolvimento local integrado e sustentável é a única maneira de
extinguir as diferenças sociais a fome, a miséria e a pobreza. Tal combate,
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Desenvolvimento Sustentável

frente à complexidade brasileira, só seria possível com o desenvolvimento,


que não necessariamente necessita de crescimento econômico, apesar de ser
desejável. Para que isso ocorra, há que se considerar a vulnerabilidade e
exclusão, heranças históricas de desigualdades sociais e regionais brasileiras
e características de concentração de renda, riqueza, conhecimento e poder.
(Franco, 1999).
Em resumo, o desenvolvimento sustentável força a sociedade a
pensar em termos de longo prazo e a reconhecer o seu lugar dentro da
biosfera. O conceito fornece uma nova perspectiva de observar o mundo e
essa nova maneira tem mostrado que o estado atual da atividade humana é
inadequado para preencher as necessidades vigentes. Além disso, está
ameaçando seriamente a perspectiva de vida das futuras gerações.

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Desenvolvimento Sustentável

SEÇÃO 3 – CAUSAS DO SUBDESENVOLVIMENTO

Numa visão simplista e reduzida da realidade, podemos considerar


que a pobreza, como fator principal do subdesenvolvimento, tem como
causa somente a “falta de dinheiro”. Porém, devemos desenvolver uma
visão diferenciada, numa ótica ampliada, onde é necessário acrescentar à
“falta de dinheiro” outros aspectos como: discriminação, opressão política,
analfabetismo, doenças crônicas e/ou endêmicas, desnutrição, habitações
subumanas, falta de acesso a informações e ausência de documentação
básica.
Temos dificuldade em problematizar, analisar e discutir as causas do
subdesenvolvimento, em função da banalização das mortes pela fome, pelas
guerras e pelas catástrofes ambientais. Normalmente o nosso olhar é sobre
seus efeitos, e isso ocorre pela dificuldade em problematizar as situações
e os cenários que nos são apresentados. Como exemplo, temos a violência,
que tem sua origem no analfabetismo, no desemprego, na discriminação, na
miséria e na fome, e é tratada simplesmente como um “caso de polícia”.
Um indivíduo envolvido nestas condições associadas, apenas e
simplesmente subsiste, não pode ser chamado de cidadão. Logo podemos
avaliar que o desenvolvimento para ser sustentável deve ser de caráter
inclusivo. Para elucidarmos e embasarmos esta questão vamos elencar as
cinco principais causas do subdesenvolvimento, na ótica do pesquisador da
FAO / ONU Wajih D. Maalouf. São elas: Pobreza; Disponibilidade
limitada de água; Degradação do solo; Esgotamento de outros recursos
naturais; Crescimento rápido da população e diminuição da força do
trabalho agrícola (Maalouf, 1993).

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Desenvolvimento Sustentável

A problematização e o entendimento das consequências de


alterações no ambiente permitem compreendê-las como algo produzido
pela mão humana, em determinados contextos históricos, e comportam
diferentes caminhos de superação. Dessa forma, o debate na comunidade e
na escola pode incluir a dimensão política e a perspectiva da busca de
soluções para situações como a sobrevivência de pescadores na época da
desova dos peixes, a falta de saneamento básico adequado ou as enchentes
que tantos danos trazem à população. A solução dos problemas ambientais
tem sido considerada cada vez mais urgente para garantir o futuro da
humanidade e depende da relação que se estabelece entre
sociedade/natureza, tanto na dimensão coletiva quanto na individual
(BRASIL, 1998).

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Desenvolvimento Sustentável

REFERÊNCIAS

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http://www.institutounipac.com.br/aulas/2010/1/ubagr09i1/001278/000a
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30/07/2016.

BELLEN, Hans Michael van. (2010). As Dimensões do Desenvolvimento:


um estudo exploratório sob a perspectiva das ferramentas de avaliação.
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http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=273519445007ISSN 1516-3865.
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BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs). Introdução. Ensino


Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998.

CHACON, S. S. (2007). O Sertanejo e o caminho das águas: políticas


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Pós-Graduação e Pesquisa em ambiente e sociedade – ANPPAS, 2004. p.
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FRANCO, A. de. Somente o desenvolvimento sustentável pode superar a


pobreza no Brasil. In: Revista da Promoção da Saúde. Brasília, ano 1, n. 2,
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KORTEN, D. Getting to the 21st century: voluntary action and global


agenda. In: DIAS, Marcelo Miná (org). Glossário de termos utilizados em
desenvolvimento rural. Rio de Janeiro: Instituto Souza Cruz. 2006, p 23.

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Desenvolvimento Sustentável

MAALOUF, W. Recursos humanos e desenvolvimento agrícola sustentado.


São Paulo: Fundação Salim Farah Maluf, 1993. 47 p.

RATTNER, H. Sustentabilidade: uma visão humanista. In: Ambiente e


Sociedade, jul/dec. 1999, n. 5, p. 233-240.

SACHS, I. Desenvolvimento Sustentável, Bio-Industrialização


Descentralizada e Novas Configurações Rural-Urbanas. Os casos da Índia e
do Brasil. In: VIEIRA, P. F.; WEBER, J. (Orgs.) Gestão de Recursos
Naturais Renováveis e Desenvolvimento: novos desafios para a pesquisa
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SACHS, I. Desenvolvimento: includente, sustentável, sustentado. Rio de


Janeiro: Garamond, 2004.

SACHS, I. Estratégias de transição para o século XXI: desenvolvimento e


meio ambiente. São Paulo: Nobel, 1993.

SEN, A. K. Desenvolvimento como liberdade. São Paulo: Companhia das


Letras, 2000.

SOUZA, M.L. Algumas notas sobre a importância do espaço para o


desenvolvimento social. In: DIAS, Marcelo Miná (org). Glossário de termos
utilizados em desenvolvimento rural. Rio de Janeiro: Instituto Souza Cruz.
2006, p.

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Desenvolvimento Sustentável

(Não Obrigatório)

Para que você continue a aprofundar o estudo do assunto, seguem


agora alguns questionamentos:

1. Em relação aos conceitos apresentados das quatro dimensões do


desenvolvimento integrado e sustentável, qual(is) você discorda?
Justifique:
________________________________________________________
________________________________________________________
________________________________________________________
________________________________________________________

2. A partir do contexto da região em que você mora, quais são as


premissas básicas de maior relevância, para elaboração de um
projeto de desenvolvimento integrado e sustentável? Cite pelo
menos cinco, e justifique.
________________________________________________________
________________________________________________________
________________________________________________________
________________________________________________________
________________________________________________________

3. Na sua opinião, o que propiciou o nascimento do discurso da


sustentabilidade?
________________________________________________________
________________________________________________________
________________________________________________________
________________________________________________________

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Desenvolvimento Sustentável

4. Baseado na sua experiência de vida, qual dos conceitos de


desenvolvimento sustentável você considera mais adequado?

5. Qual dimensão de sustentabilidade você considera mais importante?


Por quê?

6. Além das causas que foram apresentadas no texto, quais outras


causas você identifica para o subdesenvolvimento? Justifique.
________________________________________________________
________________________________________________________
_______________________________________________________

7. Que iniciativas, públicas e/ou privadas, de apoio ao


desenvolvimento sustentável você conhece? Qual a sua avaliação a
respeito desta(s) iniciativa(s): é positiva ou negativa? Justifique.
________________________________________________________
________________________________________________________
________________________________________________________

24
Desenvolvimento Sustentável

 Para você conhecer mais, consulte o material indicado a seguir:


BETTINE DE ALMEIDA. M. et al Qualidade de vida: definição, conceitos
e interfaces com outras áreas de pesquisa
http://each.uspnet.usp.br/edicoes-each/qualidade_vida.pdf

GUEVARA, A. J. H. et al (orgs). Educação para a Era da Sustentabilidade.


São Paulo: Saint Paulo, 2011.

SACHS, Ignacy. Desenvolvimento humano, trabalho decente e o futuro dos


empreendedores de pequeno porte no Brasil. Brasília: SEBRAE, 2002. 200
p.

 Se você quiser conhecer sites relacionados ao assunto desta unidade:


Educação ambiental - http://www.icmbio.gov.br

Educar na cidade - http://www.educarnacidade.org.br/

Eco Futuro - www.ecofuturo.org.br

Library: http://www.ulb.ac.be/ceese/sustvl.html - permite o acesso a


inúmeros outros sites sobre Desenvolvimento Sustentável, inclusive da
ONU, com os documentos da Rio’ 92.

VALENTE, Jonas. Pesquisa revela crescimento na consciência ambiental


dos brasileiros. 2006. Disponível em:
<http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaImprimir.cfm?materia_id
=11241>. Acesso em: 29/07/2016.

CEPEA / Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada:


www.cepea.esalq.usp.br

IPEA / Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada: www.ipea.gov.br

25
Desenvolvimento Sustentável

FBDS/ Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável:


http://www.fbds.org.br/

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Desenvolvimento Sustentável

Qualidade de Vida e
Sustentabilidade

Após a leitura e o estudo dos conteúdos você


será capaz de:
 Avaliar criticamente e contextualizar sua realidade, de
modo a conceber e implementar ações de melhoria da
qualidade de vida nas comunidades, dentro de sua área de
atuação profissional.

SEÇÃO 1 – CONSCIÊNCIA AMBIENTAL E QUALIDADE DE

2
VIDA

SEÇÃO 2 – IMPACTOS AMBIENTAIS

SEÇÃO 3 – CONTRIBUIÇÕES DO TERCEIRO SETOR PARA A


SUSTENTABILIDADE
27
Desenvolvimento Sustentável

Caros alunos e alunas, como vimos no módulo 1, tivemos um


marco no processo de debates sobre as relações entre as questões
ambientais e o desenvolvimento, o chamado Relatório Brundtland. Este
documento faz um alerta para a necessidade das nações se unirem na busca
de alternativas para os rumos vigentes do desenvolvimento, sem a
destruição dos nossos recursos naturais e considerando a qualidade de vida
das pessoas. Declara também, que o crescimento econômico que não
melhora a qualidade de vida das pessoas e das sociedades não poderia ser
considerado desenvolvimento. O relatório também mostra que seria
possível alcançar um maior desenvolvimento, conciliando crescimento
econômico com conservação ambiental.
Com a constatação da inevitável interferência que uma nação exerce
sobre outra por meio das ações relacionadas ao meio ambiente, a questão
ambiental passa a compor a lista dos temas de relevância internacional
(Brasil, 1998).

28
Desenvolvimento Sustentável

SEÇÃO 1 - CONSCIÊNCIA AMBIENTAL E QUALIDADE DE


VIDA

A Constituição Brasileira, no seu artigo 225, promulgada em 1988,


sintetizou a preocupação com a preservação ambiental: “Todos têm direito
ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo
e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à
coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras
gerações”. Percebemos uma forte influência do conceito de
Desenvolvimento Sustentável, de Brundtland, na formulação do artigo 225
(Nascimento, 2008).
Com o objetivo de discutir questões relacionadas ao
Saiba mais: Agenda 21 Global
desenvolvimento e meio ambiente, foi realizada na cidade do Rio de Documento gerado a parti r da
Janeiro, no ano de 1992 a “Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Eco-92, ou Rio-92, e assinado

Ambiente e Desenvolvimento”, conhecida também como Cúpula da Terra por 179 países, que assumiram
o compromisso de elaborar e
ou Rio-92. Esta conferencia também foi considerada um marco importante
implementar sua própria
no sentido de discutir e apresentar propostas de mitigação dos impactos
Agenda 21 nacional. Fonte:
ambientais decorrentes do desenvolvimento. Como resultado, tivemos dois Brasil (2008a).
importantes documentos: a Carta da Terra e a Agenda 21. Estes encontros
mostraram que, no final do século XX e início do século XXI, e localizadas,
a responsabilidade e consciência ambiental e social passou a ser uma
preocupação muito séria da humanidade. A década de 90 foi marcada por
eventos instigam as pessoas a de questionar e se preocupar mais em manter
o equilíbrio ambiental e a entender que o efeito nocivo de um resíduo Conheça a Carta da Terra na
íntegra acessando:
ultrapassa os limites da área em que foi gerado ou disposto.
http://www.mma.gov.
Desta forma, ocorreu uma mudança de pensamento em relação a
br/estruturas/agenda21/_arqui
gestão ambiental. O foco passou a ser a otimização de todo o processo vos/carta_terra.doc.
produtivo, buscando reduzir o impacto ambiental como um todo.
Difundiu-se o conceito de prevenção, fazendo uso de tecnologias mais
29
Desenvolvimento Sustentável

limpas, menos poluentes ou perigosas, assim como o conceito do “ciclo de


vida” do produto, que é a busca por tornar-se ecologicamente correto,
desde o seu nascimento até o seu descarte ou reaproveitamento. A
introdução de novos conceitos, como Certificação Ambiental, Atuação
Responsável e Gestão Ambiental, modifica a postura reativa que marcava,
até recentemente, o relacionamento entre as empresas e os órgãos de
fiscalização e as ONG’s. Uma nova postura, baseada na responsabilidade
solidária, começa a deixar em segundo plano as preocupações com multas e
autuações, que vão sendo substituídas por um maior cuidado com a imagem
da empresa (Nascimento, 2008).
Essa preocupação permitiu que uma nova consciência e
responsabilidade ambiental se desenvolvesse nas pessoas, individual e
coletivamente. Percebemos que a qualidade de vida está intimamente ligada
ao respeito e a um desenvolvimento considerando as quatro dimensões da
sustentabilidade, humana, social, econômica e ambiental. É imprescindível
que haja um equilíbrio no meio ambiente para que o homem possa dizer
que tem uma boa qualidade de vida. O resultado de múltiplas ações
convergentes, quando promovido respeitando as dimensões da
sustentabilidade, é capaz de promover o desenvolvimento econômico, a
qualidade de vida e uma gestão pública mais eficiente.

Para o autor Batusich (apud Rabelo, 2008) o Desenvolvimento


Sustentável precisa ser:
 economicamente sadio, socialmente justo, ambientalmente
responsável e politicamente fundamentado na participação da
sociedade, isto é:
 mais crescimento e mais riqueza, compartilhados por todos;
 modernização produtiva e competitividade, além da inserção mais
ampla dinâmica, nacional e internacional;

30
Desenvolvimento Sustentável

 mais educação e qualificação e mais saúde e habitação, para uma


vida mais produtiva e para mais bem-estar;
 menos pobreza e menos desigualdade, condições para mais
liberdade, mais democracia, mais justiça social; e
 mais desenvolvimento hoje e mais amanhã, ou seja,
desenvolvimento ambiental e culturalmente sustentável.
Embora ainda seja pequena a percentagem dos cidadãos que estão
atuando como consumidores conscientes, pode-se dizer que estes possuem
um forte poder de influência, pois muitos são formadores de opinião, no
Brasil e no mundo. Algumas atitudes de pessoas engajadas que acontecem
no mundo podem ter influência sobre os hábitos de pessoas pouco
engajadas no Brasil. Este processo de conscientização e de mudança de
hábitos é muito dinâmico e pode desenvolver-se mais rápido do que se
imagina (Nascimento, 2008)
A atividade econômica, meio ambiente e bem-estar da sociedade
formam o tripé básico, fundamental, no qual se apoia a ideia de
desenvolvimento sustentável. Porém, a aplicação do conceito à realidade
requer uma série de medidas tanto por parte do poder público como da
iniciativa privada, assim como exige um consenso e uma tomada de
decisões, responsáveis e conscientes, a nível nacional e internacional.
Segundo Crespo (2000, p. 225), as sociedades sustentáveis combatem o
desperdício, levam em conta o processo coletivo e o bem comum sem
violar os direitos individuais de seus membros.

Para que você amplie o seu conhecimento a respeito da Agenda 21, 2008a

sugerimos que acesse o seguinte site:

Ministério do Meio Ambiente Disponível em: <http://www.mma.gov.

br>.

31
Desenvolvimento Sustentável

SEÇÃO 2 – IMPACTOS AMBIENTAIS

Nesta seção vamos estudar alguns dos principais impactos


ambientais presentes em nosso planeta. Devemos lembrar que os impactos
podem ser locais, regionais ou globais. Temos o Efeito Estufa e a
Destruição da Camada de Ozônio, como principais fenômenos que
possuem efeitos globais.
Objetivando reduzir os gases causadores do efeito estufa, foi
ratificado o Protocolo de Quioto, que é uma inovadora, mas também
contestada forma de tentar resolver este problema.
O Efeito Estufa é termo dado ao aquecimento do planeta Terra
devido ao espessamento da camada de gases localizada na atmosfera. Trata-
se de um processo natural e importante para manter a vida na Terra, mas
nas últimas décadas houve um aumento desta camada de gases,
provenientes das emissões dos automóveis (CO2), das indústrias e
queimadas, entre outros. O resultado disto é que parte dos raios
infravermelhos refletidos pela superfície da Terra é absorvida por esta
camada e parte é refletida novamente para a terra, aumentando assim a
temperatura do planeta.
Pesquisadores, governantes nacionais e internacionais preocupados
com as consequências do aquecimento global reuniram-se para realizar um
acordo das nações em relação a emissão de gases de efeito estufa. Foi
realizado então, o Protocolo de Quioto, um acordo internacional criado no
âmbito da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças
Climáticas, aprovado na cidade de Quioto, no Japão, em 1997 e que entrou
em vigor em 16 de fevereiro de 2005. Seu principal objetivo é estabilizar a
emissão de gases de efeito estufa na atmosfera e assim frear o aquecimento

32
Desenvolvimento Sustentável

global e seus possíveis impactos. Ao todo, 184 países ratificaram o tratado


até o momento (BRASIL, 2010).
Alguns dos principais efeitos adversos sinalizados e já percebidos
são: -aumento do nível do mar; -alteração no suprimento de água doce; -
maior número de ciclones; -tempestades de chuva e neve fortes e mais
frequentes; e -forte e rápido ressecamento do solo. Dados obtidos em
amostras de árvores, corais, glaciares e outros métodos indiretos sugerem
que as atuais temperaturas da superfície da Terra estão mais quentes do O
Protocolo estabelece ainda medidas necessárias ao cumprimento das metas,
atribuindo ênfase às obrigações por parte das nações industrializadas, as
quais, por sua vez, requereram garantia de participação significativa dos
países em desenvolvimento. O Protocolo de Quioto inclui três mecanismos
de flexibilização a serem utilizados para cumprimento dos compromissos da
Convenção: Implementação Conjunta, Comércio de Emissões e Mecanismo
de Desenvolvimento Limpo MDL (BNDES, 1999).
O Relatório de Desenvolvimento Humano (2007-2008), faz um
mapeamento da ameaça representada pelas mudanças climáticas e afirma
que o mundo caminha para um ponto em que os países e as pessoas mais
pobres podem ficar permanentemente aprisionados num ciclo de pobreza.
O estudo recomenda que as emissões de gases do efeito estufa, em
2050, sejam reduzidas em pelo menos 80% em relação a 1990. A publicação
traz também o ranking do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), em
que pela primeira vez o Brasil aparece entre os países de alto
desenvolvimento humano (PNUD, 2007-2008).

A *Destruição da Camada de Ozônio foi discutida e analisada no


Protocolo de Montreal. Este Protocolo foi adotado em 16 de setembro de
1987. As substâncias controladas pelo Protocolo são: clorofluorcarbono
33
Desenvolvimento Sustentável

(CFC’s), Halogênios (brometos, cloretos e iodetos), Tetraclorometano, *Destruição da Camada


hidrofluorcarboneto (HCFC), hidrobromofluorcarboneto (HBFC), de Ozônio – processo de

Brometo de metila e Metilclorofórmio. Estas substâncias/gases são fracionamento do gás


ozônio por meio da
destruidores da camada de ozônio.
combinação do oxigênio
A Camada de Ozônio (O3), localizada na estratosfera entre 15 e 50 com outros elementos
km de altitude, forma um escudo invisível que protege a superfície do químicos, principalmente o
planeta contra os raios ultravioleta vindos do Sol. Esta radiação UV que cloro. É causada pelas

bronzeia, seca e envelhece a pele, é nociva aos animais e plantas, emissões de substâncias
como o CFC e outras que
principalmente porque pode danificar o DNA (ácido desoxirribonucléico),
contém cloro, e tem como
levando eventualmente a um crescimento tumoroso como, por exemplo, o consequência uma maior
câncer de pele, problemas nas córneas e fragilizar o sistema imunológico. incidência de raios
Essa destruição ocorre em razão de fenômenos naturais, como as erupções ultravioleta na superfície

vulcânicas, mas também devido à ação do homem. Os principais gases terrestre, causando danos à
saúde e ao meio ambiente.
destruidores da Camada de Ozônio eram utilizados em refrigeradores,
Fonte: Kirchhoff (2000).
sprays, condicionadores de ar e equipamentos industriais, dentre outros
(Nascimento, 2012).

34
Desenvolvimento Sustentável

SEÇÃO 3 – CONTRIBUIÇÕES DO TERCEIRO SETOR PARA A


SUSTENTABILIDADE

Terceiro setor, entre todas as expressões em uso, é o termo que


vem encontrando maior aceitação para designar o conjunto de iniciativas
provenientes da sociedade, voltadas, segundo aponta Fernandes (1994), à
produção de bens públicos, como, por exemplo, a conscientização para os
direitos da cidadania, a prevenção de doenças transmissíveis ou a
organização de ligas esportivas. Apesar de tender a prevalecer, no Brasil a
expressão divide o palco com uma dezena de outros: não-governamental,
sociedade civil, sem fins lucrativos, filantrópicas, sociais, solidárias,
independentes, caridosas, de base, associativas, dentre outras.
O termo sustentável fornece ao desenvolvimento uma
caracterização bastante ampla, transcendendo a perspectiva meramente
econômica, que prevalecia anteriormente. Sachs (2000) esclarece que o
conceito de desenvolvimento sustentável apresenta as interdependências
entre diferentes dimensões da realidade social e, por isso, exige abordagem
pluridisciplinar. Em seus critérios de sustentabilidade, o autor inclui as
dimensões social, cultural, ecológica/ambiental, territorial, econômica e
política (nacional e internacional).
Segundo Sachs (2000), as estratégias de desenvolvimento sustentável
não podem ser impostas de cima para baixo. Devem ser concebidas e
aplicadas em conjunto com a população, ajudadas por políticas eficazes de
responsabilização. Esclarece também, o papel do território e da comunidade
local no processo de desenvolvimento, em que a interação com o local visa
trabalhar as potencialidades internas da região e suas peculiaridades. Novos
campos interdisciplinares tais como: a sociologia econômica, a economia
geográfica e a geografia sócio-econômica, são analisadas a partir do
enraizamento das atividades produtivas no território. Essa análise emerge
35
Desenvolvimento Sustentável

com bastante força, por meio de investigações e pesquisas desenvolvidas


(ANDION, 2003).

(Não Obrigatório)

Preparamos para você algumas atividades com o objetivo de revisar


e recordar o conteúdo estudado nesta Unidade. Em caso de dúvida, não
hesite em fazer contato com seu tutor.

1 – “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado


[...]” (Artigo 225 da Constituição Brasileira). Você acredita que este
artigo da Constituição Brasileira está sendo respeitado? Justifique sua
resposta dando exemplos com casos da seu município ou região.
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2 – Quais impactos ambientais você considera mais relevantes? Que


medidas/ações poderiam ser realizadas para minimizá-los ou solucioná-
las.
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Desenvolvimento Sustentável

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3 – Em relação às medidas para reduzir os impactos ambientais que


você
mencionou na questão anterior, quais seriam as eventuais dificuldades
para a sua implantação? Que alternativas você sugere para superar estas
dificuldades?
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4- De acordo com Batusich, Rabelo o Desenvolvimento Sustentável


precisa ser repensado e apresenta algumas propostas de como deveria
ser. Escolha três proposições que você considera necessárias e justifique
a sua escolha.
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5 – Com base nos conhecimentos estudados nesta unidade, quais as


características que um consumidor consciente deve
ter/praticar/disseminar?
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Desenvolvimento Sustentável

6 - Identifique uma ação, programa ou projeto na sua localidade,


município ou região que você considera sustentável, considerando as 4
dimensões da sustentabilidade e outra(o) que seja insustentável.
Justifique suas respostas.

7- Segundo Sachs (2000), as estratégias de desenvolvimento sustentável


não podem ser impostas de cima para baixo. Comente esta afirmativa
relacionando-a ao terceiro setor.
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Para uma boa leitura, consulte o material indicado a seguir:

BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs). Introdução. Ensino


Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998.

BRASIL, Saiba mais sobre o Protocolo de Quioto. Disponível em:


http://www.brasil.gov.br/meio-ambiente/2010/11/protocolo-de-quioto.
Acesso em 30/07/2016.
38
Desenvolvimento Sustentável

CABRAL, G. Camada de Ozônio. [2008]. Disponível em:


<http://www.brasilescola.com/geografia/camada-de-ozonio.htm>. Acesso
em: 04/07/2016.

CONSUMO Responsável: As regras do jogo. Revista Amanhã, Porto


Alegre, n. 206, encarte 3, março 2005.

JARDIM, J.de S. Desenvolvimento Sustentável, Desenvolvimento como


Liberdade e a Construção da Cidadania na Perspectiva Ambiental. Revista
do Programa de Mestrado em Direito do UniCEUB, Brasília, v. 2, n. 1, p.
189-201, jan./jun. 2005.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA −


IBGE. Indicadores de Desenvolvimento Sustentável: Brasil tem melhora na
qualidade do ar, mas continuam intensos o desflorestamento e o uso de
fertilizantes e agrotóxicos. Disponível em: ttp://www.ibge.gov.br/home/
presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=247>. Acesso em:
30/07/.

POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE. Disponível em: <htt


p://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6938. htm>. Acesso em:
30/07/2016.

39
Desenvolvimento Sustentável

REFERÊNCIAS

ANDION, C. Análise de redes de desenvolvimento local sustentável.


Revista de Administração Pú- blica. v. 37, n. 5, p. 1033-54, set/out 2003.

BNDES, 1999. Disponível em :


http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/export/sites/default/bndes_pt/Ga
lerias/Arquivos/conhecimento/especial/clima.pdf. Acesso em
30/07/2016.

BRASIL. Agenda 21 Global. [2008a]. Disponível em: Acesso em: 29/07/


2016.

CRESPO, S. Educar para a sustentabilidade: a educação ambiental no


programa da agenda 21. In: NOAL, F. O.; REIGOTA, M.; BARCELOS, V.
H. L. (Org.). Tendências da educação ambiental brasileira. Santa Cruz do
Sul: EDUNISC, 2000.

FERNANDES, R. C., Privado Porém Público: O Terceiro setor na


América Latina, Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 1994.

KIRCHHOFF, V. W. J. H. Camada de Ozônio: A Guerra Continua. 2000.


Disponível em: <http://www.cetesb.sp.gov.br/userfiles/file/
mudancasclimaticas/prozonesp/file/noticias/2000/2000.pdf>. Acesso em:
23/07/ 2016.

NASCIMENTO, L.F. Gestão ambiental e a sustentabilidade. Universidade


Aberta do Brasil. 2008.

NASCIMENTO, L. F. 2012. Gestão ambiental e sustentabilidade.


Florianópolis: Departamento de Ciências da Administração / UFSC;
[Brasília]: CAPES: UAB,148p.: il.

PNDU, 2007-2008. Disponível em: http://www.pnud.org.br/rdh/. Acesso


em 30/07/2016.

40
Desenvolvimento Sustentável

RABELO, L. Indicadores de Sustentabilidade: a possibilidade do


Desenvolvimento Sustentável. Fortaleza: Prodema, UFC, 2008.

SACHS, I. Caminhos para o desenvolvimento sustentável. Rio de Janeiro:


Garamond, 2000.

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Desenvolvimento Sustentável

Introdução à
Tecnologia e
Concepções Éticas
Ambientais

Após a leitura e o estudo dos conteúdos você


será capaz de:
 Compreender os benefícios e as possibilidades de
aplicação da Produção Mais Limpa.
 Desenvolver uma visão crítica acerca do aproveitamento
de tecnologias limpas para manutenção de um
desenvolvimento sustentável.
 Reconhecer as concepções de ética ambiental.

3
SEÇÃO 1 – PRODUÇÃO MAIS LIMPA

SEÇÃO 2 – ÉTICA AMBIENTAL

42
Desenvolvimento Sustentável

Caros alunos e alunas!!!!


Prontos para uma nova caminhada? Esperamos que sim e desejamos
que vocês tenham muita dedicação, empenho e entusiasmo nos estudos.
Nesta unidade apresentaremos tecnologias para Produção Mais
Limpa, abordando o seu conceito e os passos para sua implementação.
Estudaremos também os princípios éticos e morais relacionados ao meio
ambiente.
Bons estudos!

43
Desenvolvimento Sustentável

SEÇÃO 1 - PRODUÇÃO MAIS LIMPA

As empresas de grande porte passaram a incluir a questão do


ambientalismo em sua agenda. As nações industrializadas têm respondido à
degradação ambiental em quatro passos sucessivos: ignorar, diluir, controlar
e prevenir. Nesse sentido, cada passo pode ser entendido como uma
“solução paliativa” para os problemas que não poderiam ser resolvidos com
a estratégia do estágio anterior (Nascimento, 2012). A produção limpa
passou a ter destaque nas discussões das nações, com foco em tecnologias
de Produção Mais Limpa, ou seja, de como produzir e não devolver para o
ambiente resíduos poluentes e contaminantes no solo, na água e no ar.
A Produção Mais Limpa é a aplicação contínua de uma estratégia
ambiental preventiva e integrada, nos processos produtivos, nos produtos e
nos serviços, para reduzir os riscos relevantes aos seres humanos e ao
ambiente natural. São ajustes no processo produtivo que permitem a
redução da emissão/geração de resíduos diversos, podendo ser feitas desde
pequenas reparações no modelo existente até a aquisição de novas
tecnologias – simples e/ou complexas. Uma abordagem preventiva é
utilizada em resposta à responsabilidade financeira adicional, trazida pelos
custos de controle da poluição e dos tratamentos de final de tubo. Em
relação ao desenho dos produtos, busca direcionar o design para a redução
dos impactos negativos do ciclo de vida, desde a extração da matéria prima
até a disposição final. Direciona para a economia de matéria-prima e
energia, a eliminação do uso de materiais tóxicos e a redução nas
quantidades e toxicidade dos resíduos e emissões (Nascimento, 2012).

44
Desenvolvimento Sustentável

A Produção mais Limpa está alicerçada no fato de que o meio mais


eficiente em termos de custos ambientais para a redução da poluição e
contaminação dos ambientes é analisar o processo na origem da produção e *Housekeeping – em

eliminar o problema na sua fonte. português, boas práticas ou


Método 5S, foi a base da
Conforme sintetiza Wilkinson (1991), a redução na fonte é mais do
implantação do Sistema de
que um incentivo econômico ou uma exigência regulatória. Trata-se de uma
Qualidade Total (SQT) nas
prioridade da gestão ambiental que tem de ser medida continuamente. empresas do Japão nos anos
Diversos estudos realizados mostraram que as empresas podem melhorar 50 e 60, na chamada crise de

sua eficiência econômico-ambiental com a prevenção, principal objetivo da competitividade; havia muita
sujeira nas fábricas,
Produção mais Limpa. Um desses estudos, conhecido por PRISMA, foi
necessitando uma
feito pela Organização de Avaliação Tecnológica Holandesa, em 1988. A
reestruturação e uma
Organização estudou as possibilidades de prevenção da poluição em dez “limpeza”. Com o sucesso, o
companhias típicas (pequenas empresas a subsidiárias de multinacionais). O programa foi adotado em

estudo apresentou que as empresas se tornaram competitivas com uso de vários países; no Brasil,
chegou em 1991. São cinco
tecnologias modernas, e tiveram um benefício ambiental com a redução de
conceitos que fazem a
cerca de 30 a 60% da poluição (Schmidheiny, 1992).
diferença no SQT: Seiri
O aspecto mais importante da Produção Mais Limpa é que a mesma (senso de utilização); Seiton
requer não somente a melhoria tecnológica, mas a aplicação de know-how (arrumação); Seiso (limpeza);

(eficiência) e a mudança de atitudes. Esses três fatores reunidos é que fazem Seiketsu (saúde e higiene);
Shitsuke autodisciplina). O
o diferencial em relação às outras técnicas ligadas a processos de produção.
Método visa a: combater
A aplicação de know-how significa melhorar a eficiência.
eventuais perdas e
É necessário também dotar melhores técnicas de gestão, fazendo desperdícios nas empresas;
alterações por meio de práticas de housekeeping* (limpeza) (Nascimento, educar a população e o

2012). pessoal envolvido diretamente


para aprimorar e manter o
Como afirma Granda et al. (2006), o 5S (housekeeping) é um programa
Sistema de Qualidade na
de qualidade total que trata da acomodação, da ordem, da limpeza, do asseio
produção. Fonte: AnViSA
e da disciplina dos funcionários de uma organização, visando a qualidade de (2005).
vida do indivíduo e combinando os recursos disponíveis e as atividades
desenvolvidas.
É uma proposta de espaço de trabalho e visa aumentar a eficiência
ou soluções caseiras, revisando políticas e procedimentos quando
necessário. E mudar atitudes significa e implica em responsabilidade e
competência para encontrar e adotar uma nova abordagem para o
relacionamento entre a indústria e o ambiente, é repensar um processo
industrial ou um produto, com geração de melhores resultados, sem
45
Desenvolvimento Sustentável

requerer novas tecnologias, considerando o desenvolvimento sustentável


em todas as suas etapas de implantação.
De acordo com Pimenta e Gouvinhas (2007), a Produção Mais
Limpa, apresenta-se como uma ferramenta favorável ao desempenho das
empresas de forma preventiva em relação aos seus aspectos ambientais,
através da minimização de impactos associados à diminuição de custo e
otimização de processos, recuperação e otimização do uso de matérias-
primas e energia, tendo de forma geral ganho de produtividade a partir de
um controle ambiental preventivo.

Com isso, a estratégia geral para alcançar os objetivos é de sempre


mudar as condições na fonte em vez de lutar contra os sintomas, é analisar e
buscar soluções, é analisar o problema e considerar a proteção dos
ambientes naturais. Para a melhoria contínua dos processos industriais e
produtos e serviços, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
de 1994, recomenda:
 Reduzir o uso de recursos naturais;
 Prevenir na fonte a poluição do ar, da água, e do solo; e
 Reduzir a geração de resíduos na fonte, visando reduzir os riscos aos
seres humanos e ao ambiente natural (Nascimento, 2012).
Na sequência vamos apresentar um fluxograma da Produção Mais
Limpa, com as etapas do processo (Figura 1).

Observação: A aplicação da metodologia da produção mais limpa, representada na Figura


1, resultará na geração de menor impacto ambiental.

46
Desenvolvimento Sustentável

Figura 1 - Fluxograma para o Estabelecimento de Prioridades na Identificação de


Oportunidades de Produção Mais Limpa num Processo Produtivo. CNTL, 1999 (apud
Madruga, 2000, p. 24).

De acordo com o fluxograma, busca-se prioritariamente a prevenção


por meio da redução de resíduos, efluentes e emissões na fonte (nível 1).
Aqueles resíduos que não podem ser evitados podem ser reintegrados ao
processo de produção (nível 2). Na impossibilidade de reutilização dos
resíduos, medidas para a reciclagem externa devem ser adotadas (nível 3).
As etapas de implantação da Produção Mais Limpa, segundo
Perretti et al. (2007) requer um monitoramento através de indicadores
ambientais e de processo e proporcionem resultados relacionados ao uso
ecoeficiente de recursos, ocasionando um completo entendimento do
sistema de gerenciamento da empresa.
De uma forma mais exemplificada temos a implantação da
Produção Mais Limpa em dezoitos etapas, de acordo com Diniz (2007), são
elas:
a. Comprometimento da direção da empresa; b. Sensibilização dos
funcionários; c. Formação do Ecotime: responsável por impregnar a
metodologia aos demais colegas e fazer; d. Apresentação da metodologia:
em reuniões técnicas, com a finalidade de apresentar os objetivos de cada
fase da implantação da metodologia; e. Pré-avaliação: do licenciamento
ambiental, da área externa e interna; f. Elaboração dos fluxogramas do
processo: processo linear, processo em rede, fluxograma qualitativo global e
fluxograma qualitativo intermediário; g. Definição de Indicadores; h.

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Desenvolvimento Sustentável

Avaliação dos dados coletados; i. Barreiras; j. Seleção do foco de avaliação e


priorização das ações; k. Balanço de massa e/ou energia; l. Avaliação de
causas de geração dos resíduos; m. Geração de opções de melhorias; n.
Avaliação técnica, ambiental e econômica; o. Seleção da opção; p.
Implementação; q. Plano de monitoramento e continuidade.
Segundo Elias, Prata e Magalhães (2004), para a implantação da
Produção Mais Limpa, é necessário o planejamento e coordenação do fator
mais relevante, que na etapa inicial é o comprometimento da gerência.
Deste modo, com a perspectiva de garantir o desenvolvimento
sustentável e enfrentar novos caminhos, a estratégia de estruturar um
Sistema de Gestão Ambiental nas organizações pode ser considerada como
uma fonte de oportunidades e não como um obstáculo.
Essa estratégia pode ser um importante instrumento para a
formação de econegócios, devido aos valores e princípios que começam a
fazer parte das organizações que a implementam. Um Econegócio, “é todo
e qualquer empreendimento que se preocupa com as variáveis ambiental,
social e econômica, e que seja proativo em criar mecanismos de proteção,
preservação ou conservação dos recursos, tanto naturais quanto culturais,
desde a concepção dos produtos até a sua disposição final” (Lemos, 2002).

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Desenvolvimento Sustentável

SEÇÃO 2 – ÉTICA AMBIENTAL

A dissociação entre o homem e a natureza, a fez ser reduzia a um


objeto, num processo de despotencialização de seu significado e de seus
fenômenos na vida cotidiana. Isso a faz perder a força para ser um sujeito
de direitos e um suporte de valores (Gomez-Heras, 1997, p.17-90).
Segundo Kant, as condutas do homem para com a natureza têm sua
essência na moral, vez que a escolha entre o que se pode fazer (que é
técnica) e o que se deve fazer é uma questão de ética (Kant, 2001).
A racionalidade baseada na produção de riqueza apenas condiciona
a uma perda do referencial de valor moral que vê a natureza não como
fonte de produção. Nesse sentido, percebe-se a total conexão entre a
racionalidade científica e a destruição de certos valores morais. É como se a
objetivação da vida proporcionada pelos avanços da ciência, ocasionassem
um processo de substituição do mundo natural por uma estrutura artificial
de conhecimentos formais (Husserl, 2002).
Porém percebe-se uma arbitrariedade de condutas irresponsáveis,
nas quais a exploração da natureza é realizada demonstrando a perversa
racionalidade humana que respeita apenas os valores econômicos e
tecnológicos.
Similar situação foi anunciada por Habermas, como um momento
em que a técnica e a economia, elevadas a ideologias, não apenas teriam se
diferenciado da razão moral, mas também ignorado esta como princípio
legitimador de condutas (Habermas, 1994).
Portanto, o problema, ainda recai sobre a questão da ética; sobre o
que é o ético. A ética ambiental seria um novo paradigma construído sob
suporte das ciências naturais, biologia, ecologia, geologia, geografia, dentre
outras. Porém, aplicar essa ética propõe a identificação da relação de
dependência entre homem e natureza, deslocando-se aquele da função de
explorador para a função de protetor. Uma ética ambiental pressupõe negar
a noção da ética antropocentrista, esclarecendo de que além de agente
criador, o homem é também paciente e que há instancias que transcendem
seu poder e controle. A ética ambiental, portanto, admite a relação de
dependência para com a natureza, relação que até pouco tempo atrás se
baseava no paradigma da dominação (Rovano, 2016).
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Desenvolvimento Sustentável

O autor refere-se à natureza como um todo, englobando toda a


comunidade biótica, em cujo equilíbrio se fundamenta o fundamento da
ética. A ética do meio ambiente reconhece nos seres vivos um valor de
dignidade, de respeito aos valores da natureza enquanto bens em si
mesmos. Esses valores existiriam independentemente da necessidade e do
interesse da espécie humana (Callicott, 1979, p.71-81; 1984, p.299-309).
Portanto, a crise ambiental, produz críticas ao desenvolvimentismo e
seus limites. Fato é que o sistema vigente de produção de bens de consumo
necessita ser analisado de forma crítica, a partir de valores superiores ao
mero consumismo. Espera-se a superação da noção de que o ser humano
deve produzir eficientemente e consumir vorazmente, vez que nesse
binômio, segundo Kant, a dignidade pessoal e autônoma de ser humano é
perdida (Kant, 2001).
Logo, não se trata de cessar o progresso ou de estancar os avanços
tecnológicos. O que a ética ambiental se propõe é alertar que uma visão
acrítica desses fenômenos pode ser fatal ao futuro da humanidade. Não
existe, portanto, no caminho para o progresso, condutas ou decisões
inevitáveis. A ética permite que se avalie criticamente o meio em que se vive
e a forma como as decisões são tomadas (Rovani, 2016).

(Não Obrigatório)

1 – Qual seu entendimento sobre Produção Mais Limpa? Quais são os


benefícios para o desenvolvimento sustentável quando utilizada essa
tecnologia?
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Desenvolvimento Sustentável

2 – Qual o aspecto mais importante que deve ser considerado na


aplicação da Produção Mais Limpa? Explique por quê?

3 – O que o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente de


1994, recomenda para a melhoria contínua dos processos industriais e
produtos e serviços? Qual deles você considera mais importante?
Explique.

4 – Você considera a Produção Mais Limpa uma possível estratégia para


garantir o desenvolvimento sustentável? Por quê? Em sua opinião ela
poderia ser utilizada por todos os segmentos produtores?

5- A afirmativa do autor Gomez-Heras, de 1997, “a dissociação entre o


homem e a natureza, a fez ser reduzia a um objeto, num processo de
despotencialização de seu significado e de seus fenômenos na vida
cotidiana. Isso a faz perder a força para ser um sujeito de direitos e um
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Desenvolvimento Sustentável

suporte de valores”. Considerando que se passaram-se 19 anos da


publicação do autor, mesmo assim o sentido da frase pode ser apliado
aos dias atuais. Você concorda? Comente a frase do autor e justifique.
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6. O que você entende por ética ambiental? Comente baseado na leitura


da unidade.
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Se você quiser saber mais, consulte o material indicado a seguir:

SCHIMDHEINY, S. et al. Mudando o rumo: uma perspectiva empresarial


global sobre desenvolvimento e meio ambiente. Rio de Janeiro: Fundação
Getulio Vargas, 1992.

CNTL. Implementação de programas de Produção Mais Limpa. Apostila.


Porto Alegre, 2003

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Desenvolvimento Sustentável

PEREIRA, P. H. S. Como se chegar a uma solução para os problemas


ambientais? ln: Jornal Folha das Vertentes. Ano IV, n° 89. Primeira
quinzena de novembro de 2007.

SANTOS, A. S. R. dos. Direito Ambiental: Surgimento, Importância e


Situação Atual. ln: BITTAR, Eduardo C. 8. (org.) História do Direito
Brasileiro: leituras de ordem jurídica nacional. São Paulo: Atlas, 2006.

Você também pode consultar os sites:

http://www.fiesp.com.br/agenda/8o-premio-fiesp-conservacao-e-reuso-
da-agua/

http://www.aedb.br/seget/arquivos/artigos09/306_306_PMaisL_Conceito
s_e_Definicoes_Metodologicas.pdf

http://www7.fiemg.com.br/Cms_Data/Contents/central/Media/Docume
ntos/Produtos/Cartilha-Producao-Mais-Limpa.pdf

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Desenvolvimento Sustentável

REFERÊNCIAS

CALLICOTT, J. B. Elements of an Environmental Ethic: Moral


Considerablity and the Biotic Community. Environmental Ethics.v. 1 1979,
p.71-81.

DINIZ, A. G. F. Produção mais Limpa: uma metodologia para o


desenvolvimento sustentável, 2007, 98p. Dissertação (Engenharia de
Produção), Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Ponta Grossa,
2007.

ELIAS, S. J. B.; PRATA, A. B.; MAGALHÃES, L. C. Experiência de


implantação da Produção mais Limpa: estudo de múltiplos casos. In: XXIV
Encontro Nacional de Engenharia de Produção, Florianópolis, Santa
Catarina, novembro, 2004.

GRANDA, M. A. et al. Programa 5S na fábrica: um programa para


implantação do Sistema de Gestão Integrada, 2006, p.55. Monografia
(Gestão e Tecnologia da Qualidade), CEFET-MG, Belo Horizonte, 2006.

GÓMEZ-HERAS. Ética del medio ambiente: problema, perspectivas,


história. Madrid: Editorial Tecnos, S.A., 2001. Una ética para la civilización
tecnológica: la propuesta de H. Jonas, p.128-144

HABERMAS, J. Ciencia y tecnica como ideologia. Madrid: Tecnos. 1994.

HUSSERL, E. A crise da humanidade europeia e a filosofia. Porto Alegre:


EDIPUCRS. 2002.

KANT, I. Crítica da razão pura. São Paulo: Martin Claret. 2001.

LEMOS, Econegócios: Como administrar organizações sustentáveis do


ponto de vista social, ambiental e econômico? Palestra proferida em: 20 de
abril de 2002, na FARGS. Porto Alegre, 2002.

MADRUGA, K. C. R. Produção mais limpa na indústria automotiva: um


estudo de fornecedores no estado do Rio. 2000. 114 f. Dissertação
(Mestrado em Administração) - Programa de Pós-Graduação em
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Desenvolvimento Sustentável

Administração, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Rio Grande do


Sul, 2000.

NASCIMENTO, L.F. Gestão ambiental e a sustentabilidade. Universidade


Aberta do Brasil. 2008

PERRETTI, G. A. et al. Vantagens da Implantação da Produção mais


Limpa. In: 1st International Workshop Advances in Cleaner Production,
novembre, 2007.

PIMENTA, H. C.; GOUVINHAS, R. P. Implementação da produção mais


limpa na indústria de panificação de Natal – RN. In: XXVII Encontro
Nacional de Engenharia de Produção, Foz do Iguaçu, Paraná, outubro,
2007.

ROVANO, A. Ética Ambiental. A problemática concepção do homem em


relação à natureza. Disponível em: http://www.ambito-
juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=8
050. Acesso em 30.07.2016.

SCHIMDHEINY, S. et al. Mudando o rumo: uma perspectiva empresarial


global sobre desenvolvimento e meio ambiente. Rio de Janeiro: Fundação
Getúlio Vargas, 1992.

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