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Lei Uniforme relativa aos Cheques

Convenção de Genebra de 19 de Março de 1931


Ratificada em Portugal pelo Decreto nº 23.721, de 29 de Março de 1934

Artigo 1.º - Requisitos do cheque


Artigo 2.º - Falta de algum dos requisitos
Artigo 3.º - Provisão
Artigo 4.º - Proibição de aceite
Artigo 5.º - Modalidades quanto ao beneficiário
Artigo 6.º - Modalidades do saque
Artigo 7.º - Nulidade da estipulação de juros
Artigo 8.º - Cheque pagável no domicílio de terceiro
Artigo 9.º - Divergências sobre o montante
Artigo 10.º - Validade das assinaturas
Artigo 11.º - Representação sem poderes ou com excesso de poder
Artigo 12.º - Responsabilidade do sacador
Artigo 13.º - Violação do pacto de preenchimento
Artigo 14.º - Formas de transmissão
Artigo 15.º - Modalidades do endosso
Artigo 16.º - Forma do endosso
Artigo 17.º - Efeitos do endosso. Endosso em branco
Artigo 18.º - Responsabilidade do endossante
Artigo 19.º - Requisitos da legitimidade do portador
Artigo 20.º - Endosso ao portador
Artigo 21.º - Direitos do detentor
Artigo 22.º - Excepções inoponíveis ao portador
Artigo 23.º - Endosso por mandato
Artigo 24.º - Endosso após protesto
Artigo 25.º - Funções do aval
Artigo 26.º - Forma do aval
Artigo 27.º - Direitos e obrigações do avalista
Artigo 28.º - Pagamento à vista
Artigo 29.º - Prazo para apresentação a pagamento
Artigo 30.º - Data de emissão no caso de divergência de calendários
Artigo 31.º - Apresentação à câmara de compensação
Artigo 32.º - Revogação do cheque
Artigo 33.º - Morte ou incapacidade do sacador
Artigo 34.º - Direitos do sacado
Artigo 35.º - Obrigação de verificar a regularidade da sucessão de endossos
Artigo 36.º - Moeda de pagamento
Artigo 37.º - Cheque cruzado. Modalidades do cruzamento
Artigo 38.º - Pagamento do cheque cruzado
Artigo 39.º - Cheque a levar em conta
Artigo 40.º - Acção por falta de pagamento
Artigo 41.º - Prazo para protesto
Artigo 42.º - Aviso da falta de pagamento
Artigo 43.º - Cláusula de dispensa do protesto
Artigo 44.º - Responsabilidade solidária
Artigo 45.º - Direitos do portador
Artigo 46.º - Direitos do pagador
Artigo 47.º - Direito à entrega do cheque pago
Artigo 48.º - Prorrogação dos prazos em caso de força maior
Artigo 49.º - Pluralidade de exemplares
Artigo 50.º - Efeito do pagamento de um dos exemplares
Artigo 51.º - Consequências da alteração do texto
Artigo 52.º - Prazo de prescrição
Artigo 53.º - Interrupção da prescrição
Artigo 54.º - Significado da palavra banqueiro
Artigo 55.º - Prorrogação do prazo que finde em dia feriado
Artigo 56.º - Contagem do prazo
Artigo 57.º - Inadmissibilidade de dias de perdão
Capítulo I
Da emissão e forma do cheque
Artigo 1.º
Requisitos do cheque O cheque contém:
1.º A palavra "cheque" inserta no próprio texto do título e expressa na língua
empregada para a redacção desse título;
2.º O mandato puro e simples de pagar uma quantia determinada;
3.º O nome de quem deve pagar (sacado);
4.º A indicação do lugar em que o pagamento se deve efectuar; 5.º A
indicação da data em que e do lugar onde o cheque e passado; 6.º A
assinatura de quem passa o cheque (sacador).
Artigo 2.º
Falta de algum dos requisitos
O título a que faltar qualquer dos requisitos enumerados no artigo precedente não
produz efeito como cheque, salvo nos casos determinados nas alíneas seguintes.
Na falta de indicação especial, o lugar designado ao lado do nome do sacado
considera-se como sendo o lugar de pagamento. Se forem indicados vários lugares
ao lado do nome do sacado, o cheque e pagável no lugar primeiro indicado.
Na ausência destas indicações ou de qualquer outra indicação, o cheque e pagável
no lugar em que o sacado tem o seu estabelecimento principal.
O cheque sem indicação do lugar da sua emissão, considera-se passado no lugar
designado ao lado do nome do sacador.
O cheque sem indicação do lugar da sua emissão, considera-se passado no lugar
designado ao lado do nome do sacador.
Artigo 3.º
Provisão
O cheque é sacado sobre um banqueiro que tenha fundos à disposição do sacador
e em harmonia com uma convenção expressa ou tácita, segundo a qual o sacador
tem o direito de dispor desses fundos por meio de cheque. A validade do título como
cheque não fica, todavia, prejudicada no caso de inobservância destas prescrições.
Artigo 4.º
Proibição de aceite
O cheque não pode ser aceite. A menção de aceite lançada no cheque considerase
como não escrita.
. Reclamação de créditos: - citação dos credores por via do 786/1 b) cpc; - prazo
para a citação dos credores reclamantes: 786º nº9, 5 dias a contar do termo do prazo
de que o executado dispõe para deduzir oposição à penhora (artigo 785º nº1 cpc);- se
não for citado o credor reclamante: 788º nº3 e 786 nº6 cpc
- requisitos para se poder reclamar um crédito: (1) ser credor com garantia real; (2)
a reclamação ter por base título exequível (e se não o tiver, por ex., no caso de quem
tem direito de retenção, tal título exequível poderá ser obtido – artigo 792/1 cpc; (3)
prazo de 15 dias a contar da citação do reclamante (788 nº2); (4) exige-se que a
obrigação seja certa e líquida (788 nº7), não tendo de ser exigível. Se a obrigação for
incerta ou ilíquida, tem o credor a prerrogativa de a torna certa e líquida. Se for
inexigível, há benefício da antecipação e consequente desconto (791/3 cpc).- a
reclamação de créditos corre no processo declarativo, por apenso ao processo
executivo (788/1 cpc);- verificação e graduação dos créditos (791º cpc- possibilidade
de os credores impugnarem os créditos uns dos outros (789º cpc). Fim do doc

Artigo 5.º
Modalidades quanto ao beneficiário
O cheque pode ser feito pagável:
A uma determinada pessoa, com ou sem cláusula expressa "à ordem";
A uma determinada pessoa, com a cláusula "não à ordem", ou outra equivalente;
Ao portador.
O cheque passado a favor duma determinada pessoa, mas que contenha a menção
"ou ao portador", ou outra equivalente, é considerado como cheque ao portador.
O cheque sem indicação do beneficiário é considerado como cheque ao portador.
Artigo 6.º
Modalidades do saque O
cheque pode ser passado à ordem do próprio sacador.
O cheque pode ser sacado por conta de terceiro.
O cheque não pode ser passado sobre o próprio sacador, salvo no caso em que se
trate dum cheque sacado por um estabelecimento sobre outro estabelecimento,
ambos pertencentes ao mesmo sacador.
Artigo 7.º
Nulidade da estipulação de juros
Considera-se como não escrita qualquer estipulação de juros inserta no cheque.
Artigo 8.º
Cheque pagável no domicílio de terceiro
O cheque pode ser pagável no domicílio de terceiro, quer na localidade onde o
sacado tem o seu domicílio, quer numa outra localidade, sob a condição no entanto
de que o terceiro seja banqueiro.
Artigo 9.º
Divergências sobre o montante
O cheque cuja importância for expressa por extenso e em algarismos vale, em caso
de divergência, pela quantia designada por extenso.
O cheque cuja importância for expressa várias vezes, quer por extenso, quer em
algarismos, vale, em caso de divergência, pela menor quantia indicada.
Artigo 10.º
Validade das assinaturas
Se o cheque contém assinaturas de pessoas incapazes de se obrigarem por
cheque, assinaturas falsas, assinaturas de pessoas fictícias, ou assinaturas que por
qualquer outra razão não poderiam obrigar as pessoas que assinaram o cheque, ou
em nome das quais ele foi assinado, as obrigações dos outros signatários não deixam
por esse facto de ser válidas.
Artigo 11.º
Representação sem poderes ou com excesso de poder
Todo aquele que apuser a sua assinatura num cheque, como representante duma
pessoa, para representar a qual não tinha de facto poderes, fica obrigado em virtude
do cheque, e, se o pagar, tem os mesmos direitos que o pretendido representado. A
mesma regra se aplica ao representante que tenha excedido os seus poderes
Artigo 12.º
Responsabilidade do sacador
O sacador garante o pagamento. Considera-se como não escrita qualquer
declaração pela qual o sacador se exima a esta garantia.
Artigo 13.º
Violação do pacto de preenchimento
Se um cheque incompleto no momento de ser passado tiver sido completado
contrariamente aos acordos realizados, não pode a inobservância desses acordos ser
motivo de oposição ao portador, salvo se este tiver adquirido o cheque de má-fé, ou,
adquirindo-o, tenha cometido uma falta grave.
Capítulo II
Da transmissão
Artigo 14.º
Formas de transmissão
O cheque estipulado pagável a favor de uma determinada pessoa, com ou sem
cláusula expressa "à ordem", é transmissível por via de endosso.
O cheque estipulado pagável a favor de uma determinada pessoa, com a cláusula
"não à ordem" ou outra equivalente, só é transmissível pela forma e com os efeitos
duma cessão ordinária.
O endosso pode ser feito mesmo a favor do sacador ou de qualquer outro
coobrigado. Essas pessoas podem endossar novamente o cheque.
Artigo 15.º
Modalidades do endosso
O endosso deve ser puro e simples. Considera-se como não escrita qualquer
condição a que ele esteja subordinado.
É nulo o endosso parcial.
É nulo igualmente o endosso feito pelo sacado.
O endosso ao portador vale como endosso branco.
O endosso ao sacado só vale como quitação, salvo no caso de o sacado ter vários
estabelecimentos e de o endosso ser feito em benefício de um estabelecimento
diferente daquele sobre o qual o cheque foi sacado.
Artigo 16.º
Forma do endosso
O endosso deve ser escrito no cheque ou numa folha ligada a este (anexo). Deve
ser assinado pelo endossante.
O endosso pode não designar o beneficiário ou consistir simplesmente na
assinatura do endossante (endosso em branco). Neste último caso o endosso, para
ser válido, deve ser escrito no verso do cheque ou na folha anexa.
Artigo 17.º
Efeitos do endosso. Endosso em branco O
endosso transmite todos os direitos resultantes do cheque.

Se o endosso é em branco, o portador pode:


1.º Preencher o espaço em branco, quer com o seu nome, quer com o nome de
outras pessoas;
2.º Endossar o cheque de novo em branco ou a outra pessoa;
3.º Transferir o cheque a um terceiro sem preencher o espaço em branco nem o
endossar.
Artigo 18.º
Responsabilidade do endossante
Salvo estipulação em contrário, o endossante garante o pagamento.
O endossante pode proibir um novo endosso, e neste caso não garante o
pagamento às pessoas a quem o cheque for posteriormente endossado.
Artigo 19.º
Requisitos da legitimidade do portador
O detentor de um cheque endossável é considerado portador legítimo se justifica o
seu direito por uma série ininterrupta de endossos, mesmo se o último for em branco.
Os endossos riscados são, para este efeito, considerados como não escritos. Quando
o endosso e em branco é seguido de um outro endosso, presumese que o signatário
deste adquiriu o cheque pelo endosso em branco.
Artigo 20.º
Endosso ao portador
Um endosso num cheque passado ao portador torna o endossante responsável nos
termos das disposições que regulam o direito à acção, mas nem por isso converte o
título num cheque à ordem.
Artigo 21.º
Direitos do detentor
Quando uma pessoa foi por qualquer maneira desapossada de um cheque, o
detentor a cujas mãos ele foi parar - quer se trate de um cheque ao portador, quer se
trate de um cheque endossável em relação ao qual o detentor justifique o seu direito
pela forma indicada no artigo 19.º - Não é obrigado a restituí-lo, a não ser que o tenha
adquirido de má-fé, ou que, adquirindo-o, tenha cometido uma falta grave.
Artigo 22.º
Excepções inoponíveis ao portador
As pessoas accionadas em virtude de um cheque não podem opor ao portador as
excepções fundadas sobre as relações pessoais delas com o sacador, ou com os
portadores anteriores, salvo se o portador ao adquirir o cheque tiver procedido
conscientemente em detrimento do devedor.
Artigo 23.º
Endosso por mandato
Quando um endosso contém a menção "valor a cobrar" (valeur en recouvrement),
"para cobrança" (pour encaissement), "por procuração" (par procuration), ou qualquer
outra menção que implique um simples mandato, o portador pode exercer todos os
direitos resultantes do cheque, mas só pode endossá-lo na qualidade de procurador.
Os co-obrigados neste caso só podem invocar contra o portador as excepções que
eram oponíveis ao endossante.
O mandato que resulta de um endosso por procuração não se extingue por morte
ou sobrevinda incapacidade legal do mandatário.
Artigo 24.º
Endosso após protesto
O endosso feito depois de protesto ou duma declaração equivalente, ou depois de
terminado o prazo para apresentação, produz apenas os efeitos de uma cessão
ordinária.
Salvo prova em contrário, presume-se que um endosso sem data haja sido feito
antes do protesto ou das declarações equivalentes, ou antes de findo o prazo indicado
na alínea precedente.
Capítulo III
Do aval
Artigo 25.º
Funções do aval
O pagamento dum cheque pode ser garantido no todo ou em parte do seu valor por
um aval.
Esta garantia pode ser dada por um terceiro, exceptuado o sacado, ou mesmo por
um signatário do cheque.
. 8- Graduação:Importa aferir a ordem de concurso, entre os direitos caducados nos
termos do artigo 824º nº2 + 604º CC.1º - pagamento dos direitos reais de garantia
reclamados, ordenados entre si pela sentença de graduação de créditos, incluindo,
por conseguinte, o arresto, a penhora de terceiro ou hipoteca judicial posteriores à
penhora;2º - pagamentos dos direitos reais menores de gozo e locação, “pela ordem
decorrente das datas de constituição (ou registo)3º - pagamento de eventual
remanescente sobrante ao executado
Regras especiais de graduação (apenas as regras mais comuns nos exames):
[IMPORTANTE PARA EVITAR CONFUSÕES: A Graduação faz-se bem a bem!
Nada de misturas]a) Prevalência, sobre todas as garantias, dos privilégios por
despesas de justiça (746º CC);b) Direito de retenção sobre coisa imóvel (759 nº1 e nº2
CC) – o titular deste direito de retenção, enquanto não entregar a coisa retida, tem a
faculdade de a executar, nos mesmos termos que o credor hipotecário, e de ser pago
com preferência aos demais credores do devedor, prevalecendo neste caso sobre a
hipoteca, ainda que tenha sido registada anteriormente. Em sede de reclamação de
créditos, exige-se que haja título executivo, pelo que o credor terá de usar da
faculdade do 792/1 cpc. A teleologia da prevalência da retenção à hipoteca é a de
proteção dos consumidores. c) Direito de retenção sobre coisa móvel (artigo 758º
CC) – tem direito a reclamar o seu crédito em ação executiva, e tem um direito real de
garantia que lhe permite ser pago com preferência. Contudo, não se prevê uma
prevalência face aos outros direitos reais de garantia, como sucede na retenção de
imóveis, pelo que o critério será a data de constituição da garantia;d) A hipoteca
é uma garantia real que está sujeita a forma legal (714º CC), pelo que só por si vale
como título executivo (703/1 b) CPC). Esta confere ao credor o direito de ser pago
pelo valor de certas coisas imóveis, ou equiparadas, com preferência sobre os demais
credores que não gozem de privilégio ou prioridade de registo; e) O penhor (666º
CC) confere ao credor o direito à satisfação do seu crédito, bem como da totalidade
dos juros devidos, se os houver, com preferência sobre os demais credores, pelo valor
de certa coisa móvel, ou pelo valor de créditos ou outros direitos não suscetíveis de
hipoteca, pertencentes ao devedor ou a terceiro. Valerá neste caso, também, a regra
da data de constituição para aferir da sua prevalência face a outros direitos reais de
garantia.
Artigo 26.º
Forma do aval
O aval é dado sobre o cheque ou sobre a folha anexa.
Exprime-se pelas palavras "bom para aval", ou por qualquer outra forma
equivalente; é assinado pelo avalista.
Considera-se como resultando da simples aposição da assinatura do avalista na
face do cheque, excepto quando se trate da assinatura do sacador.
O aval deve indicar a quem é prestado. Na falta desta indicação considera-se
prestado ao sacador.
Artigo 27.º
Direitos e obrigações do avalista
O avalista é obrigado da mesma forma que a pessoa que ele garante.
A sua responsabilidade subsiste ainda mesmo que a obrigação que ele garantiu
fosse nula por qualquer razão que não seja um vício de forma.
Pagando o cheque, o avalista adquire os direitos resultantes dele contra o garantido
e contra os obrigados para com este em virtude do cheque.
Capítulo IV
Da apresentação e do pagamento
Artigo 28.º
Pagamento à vista
O cheque é pagável à vista. Considera-se como não escrita qualquer menção em
contrário.
O cheque apresentado a pagamento antes do dia indicado como data de emissão
é pagável no dia da apresentação.
Artigo 29.º
Prazo para apresentação a pagamento
O cheque pagável no país onde foi passado deve ser apresentado a pagamento no
prazo de oito dias.
O cheque passado num país diferente daquele em que é pagável deve ser
apresentado respectivamente num prazo de vinte dias ou de setenta dias, conforme o
lugar de emissão e o lugar de pagamento se encontram situados na mesma ou em
diferentes partes do mundo.
Para este efeito os cheques passados num país europeu e pagáveis num país à
beira do Mediterrâneo, ou vice-versa, são considerados como passados e pagáveis
na mesma parte do mundo.
Os prazos acima indicados começam a contar-se do dia indicado no cheque como
data da emissão.
Artigo 30.º
Data de emissão no caso de divergência de calendários
Quando o cheque for passado num lugar e pagável noutro em que se adopte um
calendário diferente, a data da emissão será o dia correspondente no calendário do
lugar do pagamento.
. 1-Legitimidade: A ilegitimidade é fundamento de oposição à execução (artigo
729º c) cpc);Entre o credor e devedor primários? Fiador? – É aplicável o artigo 53º
cpc;
Sucessão Mortis Causa / Sucessão por cessão de créditos ou transmissão de dívidas
/ Endosso? – artigo 54º/1 cpc; Garantia real sobre bens de terceiro? – artigo 54 nº2 e
nº3 cpc. Se o terceiro que constitui garantia sobre a dívida do executado não for
demandado, o seu bem dado como garantia não pode ser indicado à penhora, porque
este não é executado (735/2 cpc). Se se proceder à penhora de bens de terceiro, a
penhora é ilegal, podendo o terceiro deduzir embargos (342º cpc), ação de
reivindicação (1311º CC), enquadrando-se ainda a hipótese de protesto (840º cpc) e,
para além do mais, no caso das coisas móveis não sujeitas a registo, é possível a
oposição mediante requerimento (764/3 cpc);
Se o terceiro que constituiu garantia sobre a dívida do executado não for
demandado, tal não implica a renuncia, por parte do exequente, à garantia;Este
terceiro garante só pode ser demandado se houver título executivo para tal (703º/1
cpc). No caso da hipoteca, haverá sempre título executivo atendendo à forma desta
(artigo 714º cc), já por exemplo no caso do penhor, como este pode ser dado sem
observância de forma, há que aferir se há ou não título executivo para demandar o
terceiro. A penhora não tem de começar pelo bem dado como garantia por terceiro,
visto não se aplicar o 752/1cpc a essa situação. há um arrendatário ou comodatário
com posse? – é possível traze-lo à ação executiva pelo artigo 54/4 cpc. Se este for
trazido à ação executiva, deixa de poder deduzir embargos de terceiro (342º cpc),
podendo, contudo, opor-se à execução e à penhora; Efeito da sentença condenatória
sobre o terceiro adquirente: artigo 55º cpc;
Litisconsórcio necessário? (atender à doutrina de RP, de obrigatoriedade de
litisconsórcio necessário dos cônjuges – artigo 34º nº1 e nº3 – no caso de dívidas
comuns. Vício que é sanável, e que portanto pode não implicar a procedência do
fundamento de oposição à execução do 729 c)). Litisconsórcio voluntário? Se existe
possibilidade, (por ex., através dos desvios à legitimidade do artigo 54º, que permitem
que se demande também terceiro) indicar sempre o artigo 32º cpc.
2- Exequibilidade: Exequibilidade extrínseca (artigo 703º/1 CPC): há um título
executivo que incorpore uma obrigação exigível em sede de ação executiva?Verificar
sempre os artigos 703º até 711º cpc para aferir da exequibilidade extrínseca.
Exequibilidade intrínseca (artigo 713º CPC): certeza, liquidez e exigibilidade da
obrigação representada pelo título executivo.
Certeza:a obrigação é genérica? – artigo 539º e 542º CC para que haja
concentração da obrigação, porque caso contrário será incerta e não haverá
exequibilidade intrínseca;a obrigação é alternativa? – artigo 543º cc e 714º CPC para
que seja feita a escolha da prestação, porque caso contrário será incerta e não haverá
exequibilidade intrínseca;É dinheiro que está em causa? – artigo 550º CC, princípio
do nominalismo. A prestação exigida é certa.
Exigibilidade:obrigação pura? – artigo 777º/1 CC não se interpelou o devedor
antes da execução? interpela-se já na ação executiva artigo 610/2 b) cpcobrigação
cum potuerit? – artigo 778/1 CC depende de prova de que o devedor pode
cumprir;obrigação cum valuerit? – artigo 778/2 CC o devedor só paga quando
quiser;obrigação com prazo certo? – artigo 805º/2 a) CC – mora e exigibilidade
independentemente de interpelação;obrigações futuras ou eventuais? – Em ação
executiva só são admitidas no âmbito do artigo 707º CPC (contratos quoad
constitutionem, como mútuos);obrigação dependente de condição ou prestação? –
artigo 715º cpc;obrigação liquidável em prestações? – artigo 781 vs. 934º CC + prova
em ambos os casos, por aplicação analógica do 715º CPC;
Liquidez:- simples cálculo aritmético? (por ex., uma soma? Uma contagem de juros,
ex do 806º CC?) – artigo 716/1 CPC; título extrajudicial + liquidação que não depende
de simples cálculo aritmético? – 716/4 cpc, sendo o executado citado a contestar;título
judicial + liquidação que não depende de simples cálculo aritmético + não se exigir
que se proceda a liquidação no processo declarativo? – artigo 716 nº5 e nº4 Iliquidez
+ Universalidade? – artigo 716º nº8 e nº9 Título judicial de condenação genérica,
porque não havia elementos para fixar o objeto ou a quantidade + liquidação que não
dependente de simples cálculo aritmético + obrigação de liquidação no processo
declarativo? – 704/6 CPC + possibilidade de incidente de liquidação póstuma (ver 358
nº1 e nº2, 359º nº1 e 556º cpc);
3- oposição á execução É um incidente declarativo;impede a produção de efeitos
pelo titulo executivo e extingue a execução se procedente (artigo 732º nº4 cpc);é uma
ação constitutiva, pois visa extinguir o efeito pretendido pela execução e título
executivo. Há, contudo, quem defenda que é uma ação de simples apreciação
negativa de um pressuposto processual; Fundamentos quando o titulo executivo é
uma sentença: 729º CPC [fundamentos taxativos];Fundamentos quando o título
executivo é extrajudicial: 731º + 729º;Fundamentos quando o titulo é de injunção: 857º
cpc + 729º cpc. Por força da inconstitucionalidade do nº1 do 857º, são também
admitidos os fundamentos do 731º cpc (acórdão TC 264/2015 + artigo 20º da
Constituição)Pressupostos para deduzir oposição à execução (artigo 728º CPC): (1)
ser executado; (2) prazo de 20 dias após citação no processo ordinário (neste âmbito
ver ainda: artigos 191º cpc, 138º nº1, 732º nº1 a) cpc, e o disposto quanto ao processo
sumário (886/2 cpc); (3) fundamento do 729 se sentença, ou 729 e 731 se extrajudicial
ou injunção; Pode haver indeferimento liminar (732/1 cpc);O exequente pode contestar
(732/2 cpc). Há confissão dos factos não contestados (ver ainda assim o disposto para
revelia inoperante), quando estes não estejam em contradição com o disposto no
requerimento do exequente (artigo 732/3 cpc); Discussão em torno do caso julgado da
oposição à execução: 732/5 cpc. MTS e LEBRE DE FREITAS consideram haver caso
julgado material, atendendo à letra do 732/5 + 619º e 621º cpc e 91/2 cpc.
possibilidade de suspensão da execução – 733º cpcdisposição quanto à casa de
habitação efetiva do embargante (733/5 cpc);
4- Oposição á penhora: incidente declarativo, funcionalmente acessório da ação
executiva; Ação constitutiva (pedido de revogação da penhora de um bem do
executado) – artigo 785º/6 cpc; prazo: 785/1 cpc, 10 dias a contar da notificação do
ato de penhora. Se estiver em causa processo sumário, a citação tem lugar no ato de
penhora, 856/2 cpc; funciona em torno das impenhorabilidades do objeto (artigos 735º
a 739º cpc) determina o levantamento do bem penhorado (785º cpc)
5- embargos de 3º (342º e seguintes, cpc): Ação declarativa de oposição à penhora,
que corre por apenso à ação executiva (artigo 344/1 cpc);conceito de terceiro para os
embargos (342/1 cpc), “quem não é parte na causa”;fundamento (342/1 cpc): (1) a
penhora ofende a posse; (2) há um direito incompatível com a penhora. Um direito de
terceiro será incompatível com a penhora se esse direito for suscetível de impedir a
realização da venda executiva ou se não se extinguir com essa venda. O terceiro pode
deduzir embargos contra a penhora se o direito de que for titular sobre o bem
penhorado for suscetível de impedir a venda executiva ou não se extinguir com essa
venda; O direito incompatível ou posse têm de ser constituídos antes da penhora
(artigo 819º cc);prazo: 30 dias subsequentes à penhora ou ao posterior conhecimento
do embargante (344/2 cpc);são deduzidos contra o exequente e executado (348/1
cpc), e há fase contraditória; referência à fase introdutória (345º a 347º cpc); efeito da
procedência dos embargos: 349º cpc – é determinado o levantamento da penhora;
forma-se caso julgado material; suspendem a execução quanto aos bens que dizem
respeito (artigo 347º cpc), bem como a restituição provisória da posse;
6. Ação de reivindicação (1311º CC): ação declarativa comum, autónoma face à
ação executiva;legitimidade ativa do titular do direito real, que seja ofendido pela
penhora (artigo 1311º e 1315º cc);a ação de reivindicação é aplicável à proteção de
todo o direito real (artigo 1315º cc); a sua procedência leva a (1) um reconhecimento
do direito real de gozo; (2) à restituição do bem – artigo 1311/1 cc a sua procedência
leva à anulação da venda executiva (artigo 839º nº1 d) cpc); se a reivindicação for
feita antes da venda (protesto prévio) ou antes da entrega dos bens móveis ao
comprador – artigos 840º e 841º cpc;Sendo a ação de reivindicação uma ação
declarativa autónoma, não suspende a execução, sem prejuízo do que decorre do
protesto (artigo 840 cpc);
Nota: EMBARGOS DE TERCEIRO VS. AÇÃO DE REIVINDICAÇÃO
Sob pena de exceção de litispendência ou caso julgado, há que recorrer
alternativamente aos embargos de terceiro ou à ação de reivindicação. Apenas
poderiam ser usados cumulativamente se os embargos de terceiro se fundassem na
posse.
Artigo 31.º
Apresentação à câmara de compensação
A apresentação do cheque a uma câmara de compensação equivale à
apresentação a pagamento.
Artigo 32.º
Revogação do cheque
A revogação do cheque só produz efeito depois de findo o prazo de apresentação.
Se o cheque não tiver sido revogado, o sacado pode pagá-lo mesmo depois de
findo o prazo.
Artigo 33.º
Morte ou incapacidade do sacador
A morte do sacador ou a sua incapacidade posterior à emissão do cheque não
invalidam os efeitos deste.
Artigo 34.º
Direitos do sacado
O sacado pode exigir, ao pagar o cheque, que este lhe seja entregue munido de
recibo passado pelo portador.
O portador não pode recusar um pagamento parcial.
No caso de pagamento parcial, o sacado pode exigir que desse pagamento se faça
menção no cheque e que lhe seja entregue o respectivo recibo.
Artigo 35.º
Obrigação de verificar a regularidade da sucessão de endossos
O sacado que paga um cheque endossável é obrigado a verificar a regularidade da
sucessão dos endossos, mas não a assinatura dos endossantes.
Artigo 36.º
Moeda de pagamento
Quando um cheque é pagável numa moeda que não tem curso no lugar do
pagamento, a sua importância pode ser paga, dentro do prazo da apresentação do
cheque, na moeda do país em que é apresentado, segundo o seu valor no dia do
pagamento. Se o pagamento não foi efectuado à apresentação, o portador pode, à
sua escolha, pedir que o pagamento da importância do cheque na moeda do país em
que é apresentado seja efectuado ao câmbio, quer do dia da apresentação, quer do
dia do pagamento.
A determinação do valor da moeda estrangeira será feita segundo os usos do lugar
de pagamento. O sacador pode, todavia, estipular que a soma a pagar seja calculada
segundo uma taxa indicada no cheque.
As regras acima indicadas não se aplicam ao caso em que o sacador tenha
estipulado que o pagamento deverá ser efectuado numa certa moeda especificada
(cláusula de pagamento efectivo numa moeda estrangeira).
Se a importância do cheque for indicada numa moeda que tenha a mesma
denominação mas valor diferente no país de emissão e no de pagamento, presumese
que se fez referência à moeda do lugar de pagamento.
Capítulo V
Dos cheques cruzados e cheques a levar em conta
Artigo 37.º
Cheque cruzado. Modalidades do cruzamento
O sacador ou o portador dum cheque podem cruzá-lo, produzindo assim os efeitos
indicados no artigo seguinte.
O cruzamento efectua-se por meio de duas linhas paralelas traçadas na face do
cheque e pode ser geral ou especial.
O cruzamento é geral quando consiste apenas nos dois traços paralelos, ou se entre
eles está escrita a palavra "banqueiro" ou outra equivalente; é especial quando tem
escrito entre os dois traços o nome dum banqueiro.
O cruzamento geral pode ser convertido em cruzamento especial, mas este não
pode ser convertido em cruzamento geral.
A inutilização do cruzamento ou do nome do banqueiro indicado considera-se como
não feita.
Artigo 38.º
Pagamento do cheque cruzado
Um cheque com cruzamento geral só pode ser pago pelo sacado a um banqueiro
ou a um cliente do sacado.
Um cheque com cruzamento especial só pode ser pago pelo sacado ao banqueiro
designado, ou, se este é o sacado, ao seu cliente. O banqueiro designado pode,
contudo, recorrer a outro banqueiro para liquidar o cheque.
Um banqueiro só pode adquirir um cheque cruzado a um dos seus clientes ou a
outro banqueiro. Não pode cobrá-lo por conta de outras pessoas que não sejam as
acima indicadas.
Um cheque que contenha vários cruzamentos especiais só poderá ser pago pelo
sacado no caso de se tratar de dois cruzamentos, dos quais um para liquidação por
uma câmara de compensação.
O sacado ou o banqueiro que deixar de observar as disposições acima referidas é
responsável pelo prejuízo que daí possa resultar até uma importância igual ao valor
do cheque.
.Tese do mero quirógrafo: uma linha jurisprudencial maioritária propugna que o
credor possa executar já não a obrigação cartular mas a obrigação subjacente fazendo
uso do mesmo documento, agora como simples reconhecimento particular de dívida,
nos termos do artigo 458.º CC. Naturalmente que se exigem certos pressupostos. a.
Um pressuposto formal: uma letra prescrita pode valer como título executivo desde
que satisfaça os requisitos dos outros escritos particulares, i.e., do artigo 46.º, n.º1,
alínea c), em sede de Código velho, máxime, estar assinado pelo devedor; b. Dois
pressupostos materiais objetivos: Enunciação da concreta e determinada relação
causal ou subjacente – a obrigação de pagamento – i.e., que contenha ou represente
um ato jurídico por virtude do qual alguém se tenha constituído em obrigação de pagar
determinada quantia a outrem, no título de crédito ou, ao menos, por alegação no
requerimento executivo. Natureza não formal da relação subjacente, uma vez que
sendo a causa do negócio jurídico um seu elemento essencial se o título prescrito não
seguir a forma devida não poderá constituir título executivo.
Em suma: haveria que ter em conta e, conjugar entre si, os próprios requisitos de
exequibilidade de um reconhecimento de dívida e ainda se o negócio é formal ou não.
Com bem sintetiza o Ac. STJ 27 novembro 2007: «Extinta, por prescrição, a
obrigação cambiária incorporada no cheque, este pode continuar a valer como título
executivo, enquanto documento particular assinado pelo devedor, no quadro das
relações credor originário/devedor originário e para execução da respetiva obrigação
subjacente ou fundamental, desse que, nesse caso, o exequente haja alegado, no
requerimento executivo, esta obrigação (a relação causal) e que esta não constitua
um negócio jurídico formal».
Na doutrina, depois de Alberto dos Reis, Anselmo de Castro veio defender que a
exequibilidade subsiste, ainda depois da extinção da relação cartular quanto à relação
subjacente. Mais recentemente, Lebre de Freitas seguiu no mesmo sentido,
escrevendo que o preenchimento à ordem ou a entrega ao portador tem implícita a
constituição ou o reconhecimento duma dívida, a satisfazer através da cobrança dum
crédito (cedido), contra a instituição bancária. Prosseguindo, se o próprio título de
crédito mencionar a causa da obrigação, o exequente poderia apresentar a letra
prescrita como título executivo. Aqui a letra prescrita assinada pelo devedor vale como
quirógrafo de uma obrigação e funciona como documento particular,
independentemente de a causa ser solene ou não. Apenas, se a letra não fizesse
referência à causa da relação jurídica, é que haveria que aferir se a obrigação resulta
de um negócio jurídico formal, tendo em linha de consideração que a causa do negócio
é um elemento essencial deste (artigos 221.º, n.º1 e 223.º, n.º1 CC). No mesmo
sentido vão, no essencial, Remédio Marques e Amâncio Ferreira. Por seu turno,
Abrantes Geraldes defende que atento o regime prescrito pelo artigo 458.º CC e a
conexão existente entre ónus de alegação e o ónus da prova não há fundamento para
impor ao credor, tanto numa ação declarativa, como numa ação executiva, o ónus de
invocar a causa pois só faz sentido impor esse ónus sobre quem recai
simultaneamente o ónus da prova. Ora visto que aquele artigo faz presumir a
existência de causa para o credor, dispensado está este daqueles dois ónus.
Suficiente e necessário é, porém, que do texto do documento cartular resulte a
assunção de uma obrigação de pagamento da quantia nele inscrita de que seja
beneficiária a pessoa nele indicada.
Artigo 39.º
Cheque a levar em conta
O sacador ou o portador dum cheque podem proibir o seu pagamento em
numerário, inserindo na face do cheque transversalmente a menção "para levar em
conta", ou outra equivalente.
Neste caso o sacado só pode fazer a liquidação do cheque por lançamento de
escrita (crédito em conta, transferência duma conta para a outra ou compensação). A
liquidação por lançamento de escrita vale como pagamento.
A inutilização da menção "para levar em conta" considera-se como não feita.
O sacado que deixar de observar as disposições acima referidas e responsável pelo
prejuízo que daí possa resultar até uma importância igual ao valor do cheque.
Capítulo VI
Da acção por falta de pagamento
Artigo 40.º
Acção por falta de pagamento
O portador pode exercer os seus direitos de acção contra os endossantes, sacador
e outros co-obrigados, se o cheque, apresentado em tempo útil, não for pago e se a
recusa de pagamento for verificada:
1.º Quer por um acto formal (protesto);
2.º Quer por uma declaração do sacado, datada e escrita sobre o cheque, com a
indicação do dia em que este foi apresentado;
3.º Quer por uma declaração datada duma câmara de compensação, constatando
que o cheque foi apresentado em tempo útil e não foi pago.
. Posição: negação do valor executivo: com o devido respeito, não se vislumbra
como se possa aderir a este doutro e dominante entendimento. Parece-nos abusivo
afirmar uma vontade negocial de reconhecimento da dívida subjacente. A assinatura
da letra, livrança ou cheque é somente constitutiva da respetiva obrigação, sendo uma
ordem de pagamento ao sacado, no caso do cheque. Atribuir-se uma vontade de
reconhecer uma dívida equivale a ultrapassar os limites e inerentes seguranças do
título de crédito e dos seus limites temporais. Nada no título permite a afirmação
expressa de uma vontade negocial de reconhecimento da obrigação subjacente.
Trata-se de uma ficção doutrinal e jurisprudencial afirmar o contrário. Seguimos,
assim, Lopes Cardoso para quem o credor perde o título e, como não contém a causa
da obrigação, nem sequer como reconhecimento de dívida subjacente pode
sobreviver. Na verdade, a letra prescrita (e, mutatis mutandis, os demais títulos
cartulares) não pode continuar a titular por si só, a obrigação originária, sob pena de
ficar totalmente inútil a lei que estabelece a prescrição. O título prescrito não é sequer
documento suficiente para provar por si só a obrigação subjacente: com ele o autor
apenas provará a sua emissão, cumprindo-lhe provar ainda, além da existência da
obrigação que a fez nascer, entre outros elementos. Repare-se que a sujeição do
credor ao ónus probatório comum – ónus que é invertido na doutrina dominante – é
razoável, atenta a circunstância dele ter deixado correr os prazos de caducidade. Ora,
esse ónus não poder ser cumprido em ação executiva; apenas em ação declarativa
autónoma. Por outras palavras: não pode o credor alegar os factos constitutivos da
obrigação subjacente e juntar prova ao mesmo. O requerimento executivo tem como
função apresentar um título à execução; não, constituir o título da execução. Esta
posição tem um eco na jurisprudência, embora restrito: Ac. RL 27 março 2001.
Artigo 41.º
Prazo para protesto
O protesto ou a declaração equivalente deve ser feito antes de expirar o prazo para
a apresentação.
Se o cheque for apresentado no último dia do prazo, o protesto ou a declaração
equivalente pode ser feito no primeiro dia útil seguinte.
Artigo 42.º
Aviso da falta de pagamento
O portador deve avisar da falta de pagamento o seu endossante e o sacador dentro
dos quatro dias úteis que se seguirem ao dia do protesto, ou da declaração
equivalente, ou ao dia da apresentação se o cheque contiver a cláusula "sem
despesas". Cada um dos endossantes deve por sua vez, dentro dos dois dias úteis
que se seguirem ao da recepção do aviso, informar o seu endossante do aviso que
recebeu, indicando os nomes e endereços dos que enviaram os avisos precedentes,
e assim sucessivamente até se chegar ao sacador. Os prazos acima indicados
contam-se a partir da recepção do aviso precedente.
Quando, em conformidade com o disposto na alínea anterior, se avisou um
signatário do cheque, deve avisar-se igualmente o seu avalista dentro do mesmo
prazo de tempo.
No caso de um endossante não ter indicado o seu endereço, ou de o ter feito de
maneira ilegível, basta que o aviso seja enviado ao endossante que o precede.
A pessoa que tenha de enviar um aviso pode fazê-lo por qualquer forma, mesmo
pela simples devolução do cheque.
Essa pessoa deverá provar que o aviso foi enviado dentro do prazo prescrito. O
prazo considerar-se-á como tendo sido observado desde que a carta contendo o aviso
tenha sido posta no correio dentro dele.
A pessoa que não der o aviso dentro do prazo acima indicado, não perde os seus
direitos. Será responsável pelo prejuízo, se o houver, motivado pela sua negligência,
sem que a responsabilidade possa exceder o valor do cheque.
Artigo 43.º
Cláusula de dispensa do protesto
O sacador, um endossante ou um avalista pode, pela cláusula "sem despesas",
"sem protestos", ou outra cláusula equivalente, dispensar o portador de estabelecer
um protesto ou outra declaração equivalente para exercer os seus direitos de acção.
Essa cláusula não dispensa o portador da apresentação do cheque dentro do prazo
prescrito nem tão-pouco dos avisos a dar. A prova da inobservância do prazo incumbe
àquele que dela se prevaleça contra o portador.
Se a cláusula for escrita pelo sacador, produz os seus efeitos em relação a todos
os signatários do cheque; se for inserida por um endossante ou por um avalista, só
produz efeito em relação a esse endossante ou avalista. Se, apesar da cláusula escrita
pelo sacador, o portador faz o protesto ou a declaração equivalente, as respectivas
despesas serão de conta dele. Quanto a cláusula emanar de um endossante ou de
um avalista, as despesas do protesto, ou da declaração equivalente, se for feito,
podem ser cobradas de todos os signatários do cheque.
Artigo 44.º
Responsabilidade solidária
Todas as pessoas obrigadas em virtude de um cheque são solidariamente
responsáveis para com o portador.
O portador tem o direito de proceder contra essas pessoas, individual ou
colectivamente, sem necessidade de observar a ordem segundo a qual elas se
obrigaram.
O mesmo direito tem todo o signatário dum cheque que o tenha pago.
A acção intentada contra um dos co-obrigados não obsta ao procedimento contra
os outros, embora esses se tivessem obrigado posteriormente àquele que foi
accionado em primeiro lugar.
Artigo 45.º
Direitos do portador
O portador pode reclamar daquele contra o qual exerceu o seu direito de acção:
1.º A importância do cheque não pago;
2.º Os juros à taxa de 6 por cento desde o dia da apresentação;
3.º As despesas do protesto ou da declaração equivalente, as dos avisos feitos e
as outras despesas.
Artigo 46.º
Direitos do pagador
A pessoa que tenha pago o cheque pode reclamar daqueles que são responsáveis
para com ele:
1.º A importância integral que pagou;
2.º Os juros da mesma importância, à taxa de 6 por cento, desde o dia em que a
pagou;
3.º As despesas por ele feitas.
Artigo 47.º
Direito à entrega do cheque pago
Qualquer dos co-obrigados, contra o qual se intentou ou pode ser intentada uma
acção, pode exigir, desde que reembolse o cheque, a sua entrega com o protesto ou
declaração equivalente e um recibo.
Qualquer endossante que tenha pago o cheque pode inutilizar o seu endosso e os
endossos dos endossantes subsequentes.
Artigo 48.º
Prorrogação dos prazos em caso de força maior
Quando a apresentação do cheque, o seu protesto ou a declaração equivalente não
puder efectuar-se dentro dos prazos indicados por motivo de obstáculo insuperável
(prescrição legal declarada por um Estado qualquer ou outro caso de força maior),
esses prazos serão prorrogados.
O portador deverá avisar imediatamente do caso de força maior o seu endossante
e fazer menção datada e assinada desse aviso no cheque ou na folha anexa; para o
demais aplicar-se-ão as disposições do artigo 42.º
Desde que tenha cessado o caso de força maior, o portador deve apresentar
imediatamente o cheque a pagamento e, caso haja motivo para tal, fazer o protesto
ou uma declaração equivalente.
Se o caso de força maior se prolongar além de quinze dias a contar da data em que
o portador, mesmo antes de expirado o prazo para a apresentação, avisou o
endossante do dito caso de força maior, podem promover-se acções sem que haja
necessidade de apresentação, de protesto ou de declaração equivalente.
Não são considerados casos de força maior os factos que sejam de interesse
puramente pessoal do portador ou da pessoa por ele encarregada da apresentação
do cheque ou de efectivar o protesto ou a declaração equivalente.
Oposição á execução, tratando-se de chegue de garantia competirá ao executado
alegar e provar que a relação fundamental que se pretendeu garantir não tem causa
ou fundamento ou se extinguiu ou se modificou. Cabe ao embargante, subscritor do
cheque exequendo, emitido com data em branco e posteriormente completado pelo
tomador ou a seu mando, o ónus da prova da existência de acordo de preenchimento
e da sua inobservância. No cheque de conta coletiva, cada titular será único exclusivo
sacador nos cheques que emitiu, obrigando-se cambiariamente com a aposição da
sua assinatura, enquanto os restantes titulares não passaram a ter a qualidade de
sacadores, nem se obrigaram cambiariamente
Capítulo VII
Da pluralidade dos exemplares
Artigo 49.º
Pluralidade de exemplares
Exceptuado o cheque ao portador, qualquer outro cheque emitido num país é
pagável noutro país ou numa possessão ultramarina desse país, e vice-versa, ou
ainda emitido e pagável na mesma possessão ou em diversas possessões
ultramarinas do mesmo país, pode ser passado em vários exemplares idênticos.
Quando um cheque é passado em vários exemplares, esses exemplares devem ser
numerados no texto do próprio título, pois de contrário cada um será considerado
como sendo um cheque distinto.
. Cheque como título executivo - 8 dias para apresentação a pagamento, contados
a partir da data nele indicado como data de emissão (29/1 LUC). O sacado (banco)
pode paga-lo mesmo depois do prazo de 8 dias (32/2 LUC), O sacador (devedor) pode
revogar o cheque unilateralmente, obstando o pagamento depois do prazo de 8 dias
(32/1 LUC) Se o cheque apresentado no prazo de 8 dias não for pago por falta de
provisão (art. 40 LUC), devera ser feito um protesto pelo credor indicando o dia em
que o cheque foi apresentado e não foi pago. A ausência de protesto, pela recusa de
pagamento, dentro do prazo determina que este não pode valer como título executivo.
O protesto deve ser feito dentro do prazo, ou no 1º dia útil, se o cheque for apresentado
no último dia para pagamento (41/2 LUC). A ação cambiaria prescreve passado 6
meses contados a partir do dia do termo do prazo de apresentação (art. 52/2 – 2ª parte
LUC), dando-se a prescrição do cheque como título cambiário, prescrevendo o título
de crédito, pode ainda valer como título executivo enquanto documento particular
(mero quirografo).
Teses Maioritária: o credor pode executar como título de crédito prescrito a
obrigação subjacente, como simples reconhecimento particular de divida, art. 458 CC,
mas já não servira para executar a obrigação cartolar.
Exigem-se como pressupostos: Formal: estar assinado pelo devedor; Material
objetivo: a relação subjacente deve constar do título de crédito ou do requerimento
executivo. E que, a relação subjacente tenha natureza não foral (este pressuposto não
vale como condição para o prof. Lebre de Freitas). Uma coisa é a relação cambial
outra coisa é a relação que lhe deu causa. Nos títulos de crédito está incorporada a
obrigação cambiaria. Assim prescrita a obrigação cartolar constante do cheque, pode
esta ainda valer como título executivo da obrigação subjacente. Temos um título
executivo segundo art. 703/1 c) e 40 da LUC. Se fosse um contrato compra e venda
de um imóvel a resposta seria a mesma porque nestes casos a relação jurídica
subjacente é irrelevante. Posso executar o cheque porque foi sacado (assinado) e
porque o mesmo esta em meu nome, sendo eu o beneficiário.Para que o cheque
possa ser apresentado como título na ação executiva, art. 40 LUC deve o cheque ser
apresentado em tempo útil de 8 dias, não ter sido pago e existir protesto da falta de
provisão no prazo de 6 meses. (Se faltar protesto por falta de pagamento o cheque
não vale como título executivo).

Artigo 50
Efeito do pagamento de um dos exemplares
O pagamento efectuado contra um dos exemplares é liberatório, mesmo quando
não esteja estipulado que este pagamento anula o efeito dos outros.
O endossante que transmitiu os exemplares do cheque a várias pessoas, bem como
os endossantes subsequentes, são responsáveis por todos os exemplares por eles
assinados que não forem restituídos.
. (caso 5- títulos de crédito) Pedro teria 8 dias para a apresentação a pagamento,
que começam a contar desde a data que consta no cheque como como data de
emissão, segundo o art.29º/1. Findo o prazo de 8 dias o cheque não prescreve, mas
possibilita a revogação por parte do devedor. A prescrição só acontece passados 6
meses, a contar do termo do prazo de apresentação, a contar dos 8 dias (art
52º/1LUC). No caso já passaram os 6 meses e o cheque já prescreveu, no entanto, a
obrigação subjacente (a do pagamento) subsiste.
Cabe verificar o cumprimento dos pressupostos do art 713º CPC, para avaliar a
exequibilidade do cheque (se ainda pode ser executado). Terá então de ser uma
obrigação certa, o que se verifica, é uma obrigação de pagamento de quantia certa,
20.000.00 euros. Quanto a exigibilidade, o cheque foi passado a 3 de abril, e pedro
teria 8 dias para levá-lo a pagamento, como referido de acordo com o art 29º\1 LUC.
Havendo prescrição pode no entanto ainda o cheque valer como titulo executivo,
enquanto documento particular da divida, de acordo com o acórdão do STJ de 20-2-
2014,Serra Baptista, que passo a citar, “extinta a obrigação cartolar incorporada em
título de crédito, o mesmo mantêm a sua natureza de título executivo, desde que os
factos constitutivos essenciais da relação causal subjacente constem do próprio
documento ou sejam alegados no requerimento executivo, conforme al. c), do nº1, do
art. 703º, do CPC;”
Este é também o entendimento maioritário da doutrina. Para que tal aconteça, é
preciso que se encontrem preenchidos alguns pressupostos: Pressuposto formal- tem
que satisfazer o previsto na alínea c) do nº1 do art 703º.Requisito material- o título de
crédito tem que mencionar a causa jurídica subjacente á obrigação de pagamento. O
que decorre do cheque, ou seja, Raquel obrigou-se a pagar determinada quantia a
Pedro. O negócio em causa não pode ser solene, não se exige forma especial. (1143º).
E o reconhecimento da divida só vale nas relações imediatas entre sacador e
beneficiário.
Tem ainda de haver liquidez, o que acontece, a obrigação encontra-se líquida,
no valor de 20.000.00 euros. Há, portanto, título executivo O prof não concorda, Não
se pode dizer que há uma vontade negocial de reconhecimento de divida subjacente
na assinatura de um cheque. Não podendo um cheque prescrito continuar a tutelar a
obrigação originaria em consequência de esvaziar o conteúdo da prescrição. O título
prescrito não é suficiente para provar a obrigação subjacente. Seguiu este
entendimento o acórdão da relação de lisboa de 27-3- 2001 que passo a citar: “a
subscrição de um cheque não demonstra, só por si, o reconhecimento de uma
obrigação…” A emissão de um cheque a favor de terceiro apenas enuncia uma ordem
de pagamento ao estabelecimento bancário, não constitui qualquer fonte de
obrigações nem meio de as reconhecer. Não reconhece, portanto, o valor executivo
do cheque.
Portanto o reconhecimento da divida só vale para as relações imediatas entre
sacador e beneficiário, só vale então para a relação entre Pedro e Raquel. Portanto
quina não poderia utilizar o cheque como título executivo, uma vez que seria uma 3º
na relação.
Capítulo VIII
Das alterações
Artigo 51.º
Consequências da alteração do texto
No caso de alteração do texto de um cheque, os signatários posteriores a essa
alteração ficam obrigados nos termos do texto alterado; os signatários anteriores são
obrigados nos termos do texto original.
Capítulo IX
Da prescrição
Artigo 52.º
Prazo de prescrição
Toda a acção do portador contra os endossantes, contra o sacador ou contra os
demais co-obrigados prescreve decorridos que sejam seis meses, contados do termo
do prazo de apresentação.
Toda a acção de um dos co-obrigados no pagamento de um cheque contra os
demais prescreve no prazo de seis meses, contados do dia em que ele tenha pago o
cheque ou do dia em que ele próprio foi accionado.
Artigo 53.º
Interrupção da prescrição
A interrupção da prescrição só produz efeito em relação à pessoa para a qual a
interrupção foi feita.
Capítulo X
Disposições gerais
Artigo 54.º
Significado da palavra banqueiro
Na presente lei a palavra "banqueiro" compreende também as pessoas ou
instituições assimiladas por lei aos banqueiros.
Artigo 55.º
Prorrogação do prazo que finde em dia feriado
A apresentação e o protesto dum cheque só podem efectuar-se em dia útil.
Quando o último dia do prazo prescrito na lei para a realização dos actos relativos
ao cheque, e principalmente para a sua apresentação ou estabelecimento do protesto
ou dum acto equivalente, for feriado legal, esse prazo é prorrogado até ao primeiro dia
útil que se seguir ao termo do mesmo. Os dias feriados intermédios são
compreendidos na contagem do prazo.
Artigo 56.º
Contagem do prazo
Os prazos previstos na presente lei não compreendem o dia que marca o seu início.
. Substituição processual do exequente pelo reclamante – art 763.º, n.º4 CPC.
Qualquer credor reclamante naqueles pressupostos pode substituir-se ao exequente
na prática do ato que ele tenha negligenciado desde que tenham passado três meses
sobre o início da atuação negligente do exequente e enquanto não for requerido o
levantamento da penhora. Neste caso, aplica-se, com as necessárias adaptações, o
n.º3 do artigo 850.º CPC até que o exequente retome a prática normal dos atos
executivos subsequentes; ou seja: a execução prossegue, como o reclamante
podendo praticar os atos processuais próprios na posição de exequente, mas apenas
quanto aos bens sobre que incida a garantia real invocada pelo reclamante
requerente. Portanto, diferentemente do que se passa na renovação da execução
(artigo 850.º, n.º2 e 3 CPC), no artigo 763.º, n.º4 CPC o reclamante fica legalmente
legitimado para praticar um ato processual em representação do exequente. Deste
modo, evita que, por inação do exequente, sobrevenha deserção da instância e,
concomitante, extinção (artigos 277.º, n.º1, alínea c) e 281.º, n.º1 CPC): após seis
meses da falta negligente de impulso processual (artigo 281.º, n.º5 CPC). De contrário,
com bem motiva o Ac. RL 20 abril 2006, o credor reclamante ficaria impedido de
diligênciar pela cobrança do seu crédito, pelo menos com a celeridade devida, pois
que por um lado, a sua própria execução está sustada, não a podendo impulsionar,
por outro, teria que aguardar a extinção da instância da execução onde reclamou o
seu crédito e em que a penhora é anterior para a poder renovar, o que atentaria, além
do mais, contra
o princípio da economia processual e contra o direito de, em prazo razoável, obter
a realização coerciva do seu direito.

Artigo 57.º
Inadmissibilidade de dias de perdão

Não são admitidos dias de perdão, quer legal quer judicial.

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