Академический Документы
Профессиональный Документы
Культура Документы
LEGISLAÇÃO
MUNICIPAL
CABO-VERDIANA
2 a EDIÇÃO
2010
1
Constituição da República de Cabo Verde
NOTA INTRODUTÓRIA
FRANCISCO TAVARES
Presidente do Conselho Directivo da ANMCV
2
Constituição da República de Cabo Verde
3
Constituição da República de Cabo Verde
4
Constituição da República de Cabo Verde
5
Constituição da República de Cabo Verde
6
Constituição da República de Cabo Verde
7
Constituição da República de Cabo Verde
Artigo 227º
(Categorias de autarquias locais)
As autarquias locais são os municípios, podendo a lei estabelecer outras categorias
autárquicas de grau superior ou inferior ao município.
Artigo 228º
(Solidariedade)
1. O Estado promove a solidariedade entre as autarquias, de acordo com as particula-
ridades de cada uma e tendo em vista a redução das assimetrias regionais e o desenvolvi-
mento nacional.
2. A administração central, com respeito pela autonomia das autarquias, garante a es-
tas, nos termos da lei, apoio técnico, material e em recursos humanos.
Artigo 229º
(Património e finanças das autarquias)
1. As autarquias locais têm finanças e património próprios.
2. A lei define o património das autarquias locais e estabelece o regime das finanças
locais, tendo em vista a justa repartição de recursos públicos entre o Estado e as autarquias,
bem como os demais princípios referidos neste título.
3. As autarquias locais podem dispor de poderes tributários, nos casos e nos termos
previstos na lei.
4. A lei regula a participação dos municípios nas receitas fiscais.
Artigo 230º
(Organização das autarquias)
1. A organização das autarquias locais compreende uma assembleia eleita, com pode-
res deliberativos e um órgão colegial executivo responsável perante aquela .
2. A assembleia é eleita pelos cidadãos eleitores residentes na circunscrição territorial
da autarquia, segundo o sistema de representação proporcional.
Artigo 231º
(Poder regulamentar)
As autarquias locais gozam de poder regulamentar próprio, nos limites da Constitui-
ção, das leis e dos regulamentos emanados das autarquias de grau superior ou das autori-
dades com poder tutelar.
Artigo 232º
(Tutela)
1. A tutela administrativa sobre as autarquias locais consiste na verificação do cumpri-
mento da lei pelos órgãos autárquicos e é exercida nos casos e nos termos da lei.
8
Constituição da República de Cabo Verde
9
Constituição da República de Cabo Verde
10
Constituição da República de Cabo Verde
II - ELEIÇÕES
11
Constituição da República de Cabo Verde
12
Lei n.º 92/V/99, de 8 de Fevreiro
CÓDIGO ELEITORAL
LEI N.º 92/V/99
de 8 de Fevereiro1
(…)
TÍTULO VI
DISPOSIÇÕES ESPECIAIS APLICÁVEIS À ELEIÇÃO
DOS TITULARES DOS ÓRGÃOS MUNICIPAIS
CAPÍTULO I
CAPACIDADE ELEITORAL ACTIVA
Artigo 407º
(Capacidade eleitoral activa)
1. São eleitores dos titulares dos órgãos electivos dos municipios os cidadãos cabo-
verdianos de ambos os sexos, maiores de dezoito anos, recenseados no território nacional.
2. São ainda eleitores dos titulares dos órgãos electivos dos municípios os estrangeiros
e apátridas de ambos os sexos, maiores de dezoito anos, recenseados no território nacional
e com residência legal e habitual em Cabo Verde há mais de três anos.
3. São também eleitores dos titulares dos órgãos electivos dos municípios os cidadãos
lusófonos legalmente estabelecidos, nas mesmas condições que os cidadãos nacionais.
CAPÍTULO II
CAPACIDADE ELEITORAL PASSIVA
Artigo 408º
(Capacidade eleitoral passiva)
1. São também elegíveis para os órgãos dos municípios os eleitores estrangeiros e apá-
tridas com residência legal e habitual em Cabo Verde há mais de cinco anos.
2. São ainda elegíveis para os órgãos dos municípios os cidadão lusófonos legalmente
estabelecidos, nas mesmas condições que os cidadãos nacionais.
CAPÍTULO III
INELEGIBILIDADES
Artigo 409º
(Inelegibilidades)
Para além das inelegibilidades gerais previstas neste Código, são ainda inelegíveis
para os órgãos municipais:
a) Os devedores em mora do município e respectivos garantes;
b) Os que tenham contrato administrativo com o município ainda que irregular-
mente celebrado;
1 Esta lei contem alterações constantes da Lei nº 17/VII/2007, de 22 de Junho e Lei nº 118/V/2000,de 24 de Abril
13
Lei n.º 92/V/99, de 8 de Fevreiro
14
Lei n.º 92/V/99, de 8 de Fevreiro
CAPÍTULO VI
ESTATUTO DOS CANDIDATOS
Artigo 416º
(Suspensão de funções)
Os Presidentes das Câmaras Municipais que se candidatarem às eleições suspendem as
suas funções com trinta dias de antecedência em relação ao dia das eleições, sem prejuízo
dos direitos e regalias inerentes ao cargo.
CAPÍTULO VII
ORGANIZAÇÃO DO COLÉGIO ELEITORAL
Artigo 417º
(Círculos eleitorais)
1. Para efeitos de eleições dos titulares dos órgãos municipais, o círculo eleitoral cor-
responde ao território do município respectivo.
2. A cada círculo eleitoral corresponde um colégio eleitoral constituído pelo conjunto
dos eleitores nele inscritos.
CAPÍTULO VIII
REGIME DE ELEIÇÃO
Artigo 418º
(Modo de eleição)
1. As eleições dos membros dos órgãos municipais colegiais faz-se por lista plurinomi-
nal, dispondo o eleitor de um voto singular de lista.
2. As listas apresentadas por grupos de cidadãos, nos termos dos artigos 414º e 415°,
não podem conter eleitores filiados em partidos políticos, sob pena de inelegibilidade ou
perda de mandato.
15
Lei n.º 92/V/99, de 8 de Fevreiro
Artigo 419º
(Organização das listas)
1. As listas propostas às eleições devem conter a indicação de candidatos efectivos em
número igual ao dos mandatos atribuídos ao respectivo colégio eleitoral, e de candidatos
suplentes em numero não inferior a três nem superior ao dos efectivos.
2. Os candidatos de cada lista consideram-se ordenados segundo a sequência constante
da respectiva declaração de candidatura e os mandatos são atribuídos pela referida ordem
de precedência.
Artigo 420º
(Representação de ambos os sexos)
1. As listas propostas às eleições devem conter uma representação equilibrada de am-
bos os sexos.
2. Por subvenção eleitoral do Estado serão premiados, nos termos da lei, os partidos
políticos ou coligações de partidos políticos e as candidaturas apresentadas por grupos de
cidadãos em cujas listas se façam eleger, a nível municipal, pelo menos, vinte e cinco por
cento de candidatos do sexo feminino.
Artigo 421º
(Listas apresentadas por grupo de cidadãos)
1. As listas apresentadas por grupos de cidadãos são identificadas por uma denomina-
ção, por uma sigla constituida por não mais de cinco letras e por um símbolo, que não se
confundam com os dos partidos políticos.
2. Cada denominação, sigla e simbolo de lista apresentada por grupo de cidadãos só
pode ser usada numa únicas eleições, não podendo ser repetida nas eleições subsequentes,
no mesmo ou noutro círculo eleitoral.
Artigo 422º
(Critério de eleição)
1. A conversão dos votos em mandatos para o órgão deliberativo municipal faz-se em
obediência ao método de representação proporcional correspondente à média mais alta de
Hondt, nos termos aplicáveis á eleição dos deputados.
2. A conversão dos votos em mandatos para o órgão executivo colegial municipal, faz-
se nos termos do nº1, salvo se uma das listas concorrentes obtiver a maioria absoluta dos
votos validamente expressos, caso em que lhe será conferida a totalidade dos mandatos.
3. A conversão dos votos em mandatos para o órgão executivo singular municipal faz-
se pelo sistema maioritário a uma volta.
16
Lei n.º 92/V/99, de 8 de Fevreiro
CAPÍTULO IX
CAMPANHA ELEITORAL
SECÇÃO I
PRINCÍPIOS GERAIS
Artigo 423º
(Período de campanha)
O período de campanha eleitoral inícia-se no décimo sétimo dia anterior ao dia desig-
nado para as eleições e finda às vinte e quatro horas da antevéspera do dia marcado para
as eleições.
SECÇÃO II
PROPAGANDA ELEITORAL
Artigo 424º
(Tempo de antena)
O disposto neste Código relativamente aos tempos de antena não se aplica às eleições
municipais.
(…)
17
Lei n.º36/V/97, de 25 de Agosto
18
Lei n.º36/V/97, de 25 de Agosto
19
Lei n.º36/V/97, de 25 de Agosto
cedidos ao investidor nacional, estando também sujeito às mesmas obrigações que o inves-
tidor nacional.
Artigo 12º
(Isenção de taxas e impostos)
1. O cidadão lusófono é isento de taxas e impostos nos mesmos termos e condições em
que o cidadão nacional também o seja.
2. O cidadão lusófono é isento do pagamento de quaisquer garantias, à excepção das
correspondentes ao custo dos impressos, para legalização ou regularização da sua situação
junto dos serviços de emigração.
3. Fica o Governo autorizado a inserir nos locais próprios das leis tributárias a isenção
de impostos estabelecida no N.º 1.
Artigo 13º
(Acesso a serviços públicos)
1. O cidadão lusófono com domicílio em Cabo Verde e os familiares dependentes que
com ele coabitem, têm acesso aos serviços públicos designadamente de saúde, de formação
e de educação a todos os níveis e à justiça nos mesmos termos que os cidadãos nacionais.
2. O cidadão lusófono com domicílio em Cabo Verde tem acesso ao crédito e à habita-
ção económica e social nos mesmos termos que o cidadão nacional.
Artigo 14º
(Transferência de rendimentos)
1. O cidadão lusófono tem, nos termos da legislação cambial, o direito de receber em
Cabo Verde pensão, subvenção ou rendimentos constituídos em qualquer país, desde que
lhe sejam transferidos.
2. O cidadão lusófono tem, nos termos da legislação cambial, o direito de transferir,
para qualquer Estado membro da CPLP em que passe a residir habitualmente, qualquer
pensão, subvenção ou rendimentos constituídos em Cabo Verde.
Artigo 15º
(Cartão especial de Identificação)
O cidadão lusófono com domicílio legalmente reconhecido tem direito, mediante pa-
gamento da mesma quantia exigida para o bilhete de identidade de cidadão nacional, a
cartão especial de identificação, de modelo a definir pelo Governo, que o identificará para
todos os efeitos legais em Cabo Verde.
Artigo 16º
(Não limitação)
O disposto na presente lei não prejudica, nem limita ou restringe outros direitos e isen-
ções conferidos ao cidadão lusófono pelas leis aplicáveis aos cidadãos estrangeiros.
20
Lei n.º36/V/97, de 25 de Agosto
Artigo 17º
(Desenvolvimento e regulamentação)
O Governo desenvolverá e regulamentará a presente lei.
Artigo 18º
(Entrada em vigor)
A presente lei entra em vigor a 1 de Novembro de 1997.
Aprovado em 10 de Julho de 1997.
O Presidente da Assembleia Nacional, António do Espírito Santo Fonseca.
Promulgada em 8 de Agosto de 1997.
Publique-se.
O Presidente da República, António Manuel Mascarenhas Monteiro.
Assinada em 12 de Agosto de 1997
O Presidente da Assembleia Nacional, António do Espírito Santo Fonseca.
21
Lei n.º36/V/97, de 25 de Agosto
22
Lei n.º36/V/97, de 25 de Agosto
23
Constituição da República de Cabo Verde
24
Lei nº 63/VI/2005, de 9 de Maio
25
Lei nº 63/VI/2005, de 9 de Maio
Artigo 5 º
(Composição da comissão instaladora)
1. A gestão administrativa, financeira e patrimonial do Município da Ribeira Grande de
Santiago cabe a uma Comissão Instaladora até a data de instalação dos órgãos eleitos.
2. A Comissão Instaladora é composta por cinco membros, designados por resolução
do Conselho de Ministros, sob proposta do membro do Governo de tutela das autarquias lo-
cais, e escolhidos tendo em consideração os resultados eleitorais obtidos pelas forças políti-
cas nas últimas eleições para os titulares dos órgãos municipais no município de origem.
3. O Presidente da Comissão Instaladora é nomeado por resolução do Conselho de
Ministros de entre os membros da Comissão.
Artigo 6º
(Prazo da constituição)
A Comissão Instaladora será constituída no prazo de noventa dias, a contar da data da
entrada em vigor do presente diploma.
Artigo 7º
(Competência da Comissão Instaladora)
1. Compete à Comissão Instaladora:
a) Exercer as competências que, por lei, cabem à câmara municipal;
b) Aprovar o orçamento e o plano de actividades do novo Município;
c) Aprovar o relatório de actividades e a conta de gerência do novo Município;
d) Exercer os poderes tributários conferidos, por lei, ao Município;
e) Deliberar sobre a aplicação ou substituição dos regulamentos da ou das autar-
quias locais de origem e proceder à respectiva alteração;
f) Elaborar o relatório referido no nº 1 do artigo 16º;
g) Promover, junto do Serviço Nacional de Cartografia e Cadastro, a delimitação
territorial do Município da Ribeira Grande de Santiago e proceder à respectiva
demarcação;
h) Aprovar o mapa de pessoal previsto no artigo 19º;
i) Deliberar em matérias da competência das assembleias municipais, desde que
razões de relevante interesse público municipal o justifiquem.
2. A Comissão Instaladora pode delegar no seu presidente a prática dos actos da sua
competência, nos casos e nos termos em que a câmara municipal o pode fazer no presidente
respectivo.
26
Lei nº 63/VI/2005, de 9 de Maio
Artigo 8º
(Competência do Presidente da Comissão Instaladora)
1. Cabe, em especial, ao Presidente da Comissão Instaladora:
a) Coordenar a actividade da Comissão e cumprir e fazer cumprir as suas delib-
erações;
b) Proceder à instalação da primeira Assembleia Municipal eleita.
2. O Presidente da Comissão Instaladora detém também as competências do presidente
da Câmara Municipal.
3. O Presidente da Comissão Instaladora pode delegar ou subdelegar nos restantes
membros a prática de actos da sua competência própria ou delegada.
4. Das decisões dos membros da Comissão Instaladora, ao abrigo de poderes delegados
por esta, cabe recurso para o plenário da Comissão, sem prejuízo de recurso contencioso.
Artigo 9º
(Impugnação contenciosa)
Os actos praticados pela Comissão Instaladora e pelo seu Presidente no exercício de
competências próprias são passíveis de impugnação contenciosa, segundo os termos legais
em que são recorríveis os actos dos órgãos das autarquias locais.
Artigo 10º
(Cessação do mandato da Comissão Instaladora)
O mandato da Comissão Instaladora cessa na data da instalação dos órgãos eleitos do
Município da Ribeira Grande de Santiago.
Artigo 11º
(Estatuto dos membros da Comissão Instaladora)
1. O Presidente da Comissão Instaladora exerce as funções em regime de tempo intei-
ro.
2. Ao regime de funções dos restantes membros aplica-se o previsto na lei.
3. Os membros da Comissão Instaladora são equiparados aos membros das Câmaras
Municipais para todos os efeitos legais, incluindo direitos e deveres, responsabilidades,
impedimentos e incompatibilidades.
Artigo 12º
(Transferências financeiras)
Enquanto, por falta de elementos de informação oficial, não for possível calcular, com
rigor, a participação do Município da Ribeira Grande de Santiago na repartição dos recur-
sos públicos referidos na lei das finanças locais, a inscrever no Orçamento do Estado, as
27
Lei nº 63/VI/2005, de 9 de Maio
28
Lei nº 63/VI/2005, de 9 de Maio
29
Lei nº 63/VI/2005, de 9 de Maio
que venham a ser transmitidos para o Município da Ribeira Grande de Santiago, ficando
aquela entidade com o direito de regresso sobre este relativamente àqueles respeitantes a
dívidas vencidas posteriormente à data da criação deste Município.
3. Para efeitos do disposto no número anterior, consideram-se unicamente vencidas as
dívidas por trabalhos ou serviços efectivamente prestados após a data da criação do Mu-
nicípio da Ribeira Grande de Santiago, não sendo este responsável por mora imputável ao
Município da Praia ou atrasos imputáveis aos empreiteiros e fornecedores, que decorram,
nomeadamente, da falta de medição dos referidos trabalhos.
Artigo 18º
(Suspensão de prazos)
1. Até à entrada em funcionamento dos serviços do Município da Ribeira Grande de
Santiago, cabe à Câmara Municipal da Praia prestar o apoio técnico indispensável à apre-
ciação das pretensões dos particulares, devendo fazê-lo de molde que a Comissão Instala-
dora delibere sobre essas pretensões nos prazos legais.
2. Nos processos respeitantes a pretensões dos particulares, a contratos ou a paga-
mentos cujos documentos devam ser objecto de transferência do Município da Praia, con-
sideram-se suspensos todos os prazos legais ou regulamentares desde a data do início da
produção de efeitos do diploma de criação do Município da Ribeira Grande de Santiago,
até à recepção dos documentos pelos serviços deste Município.
3. A suspensão em causa vigora pelo período máximo de um ano, a contar da data do
início da produção de efeitos do diploma de criação do novo Município.
Artigo 19º
(Mapa de pessoal)
1. A dotação do pessoal que se prevê necessária para funcionamento dos serviços do
Município da Ribeira Grande de Santiago, consta de mapa de pessoal a elaborar e aprovar
pela Comissão Instaladora e a ratificar pelo membro do Governo de tutela das autarquias
locais.
2. A previsão de lugares de pessoal dirigente, de chefia ou outro, no mapa referido deve
ser devidamente justificada e corresponder, em nível e número, às reais necessidades de
funcionamento dos serviços.
3. O mapa de pessoal vigora até aprovação do quadro de pessoal pelos órgãos eleitos.
Artigo 20º
(Repartição de recursos humanos)
1. A integração do mapa de pessoal a que se refere o artigo anterior é feita prioritaria-
mente, com recurso aos funcionários e agentes do Município da Praia, em termos a acordar
entre os dois Municípios.
30
Lei nº 63/VI/2005, de 9 de Maio
31
Lei nº 63/VI/2005, de 9 de Maio
32
Lei nº 63/VI/2005, de 9 de Maio
33
Lei nº 64/VI/2005, de 9 de Maio
34
Lei nº 64/VI/2005, de 9 de Maio
35
Lei nº 64/VI/2005, de 9 de Maio
36
Lei nº 64/VI/2005, de 9 de Maio
37
Lei nº 64/VI/2005, de 9 de Maio
rarão, no prazo de noventa dias, relatório discriminando, por categoria, os bens, as univer-
salidades, os direitos e as obrigações que devam ser objecto de transmissão.
2. Os relatórios devem conter explicitações, suficientemente precisas, dos critérios de
imputação utilizados, relativamente a cada um dos grupos referidos.
3. Compete a uma comissão constituída por um representante do membro do Governo
de tutela das autarquias locais, que preside, pelo Presidente da Câmara Municipal de Santa
Cruz e pelo Presidente da Comissão Instaladora a elaboração de proposta final sobre a ma-
téria, com respeito pelo disposto nos artigos 13º, 14º e 15º, do presente diploma.
4. A proposta final constante do número anterior deverá ser aprovada pela Câmara Mu-
nicipal de Santa Cruz e pela Comissão Instaladora no prazo máximo de trinta dias.
5. A não aprovação da proposta final por qualquer uma das partes envolvidas pode ser
suprida por despacho devidamente fundamentado do membro do Governo que tutela as
autarquias locais.
6. A transmissão dos bens, universalidades, direitos e obrigações para o Município
de S. Lourenço dos Órgãos efectua-se por força da lei e o respectivo registo, quando a ele
houver lugar, depende de simples requerimento, com isenção de taxas e emolumentos.
Artigo 16º
(Prestação de serviços públicos)
1. O processo de criação e implantação dos serviços do Município de S. Lourenço dos
Órgãos na fase de instalação não pode pôr em causa a prestação de serviços aos cidadãos,
devendo ser assegurados, pelo Município de Santa Cruz, os níveis existentes à data da
criação do novo Município.
2. Até à aprovação da proposta final a que se refere o artigo anterior, cabe à Câmara
Municipal de Santa Cruz a satisfação de todos os pagamentos relativos a bens e forne-
cimentos que venham a ser transmitidos para o Município de S. Lourenço dos Órgãos,
ficando aquela entidade com o direito de regresso sobre o Município de S. Lourenço dos
Órgãos, relativamente àqueles respeitantes a dívidas vencidas posteriormente à data da
criação deste município.
3. Para efeitos do disposto no número anterior, consideram-se unicamente vencidas as
dívidas por trabalhos ou serviços efectivamente prestados após a data da criação do Mu-
nicípio de S. Lourenço, não sendo este responsável por mora imputável ao Município de
Santa Cruz ou atrasos imputáveis aos empreiteiros e fornecedores, que decorram, nomea-
damente, da falta de medição dos referidos trabalhos.
Artigo 17º
(Suspensão de prazos)
1. Até à entrada em funcionamento dos serviços do Município de S. Lourenço, cabe
à Câmara Municipal de Santa Cruz prestar o apoio técnico indispensável à apreciação das
38
Lei nº 64/VI/2005, de 9 de Maio
pretensões dos particulares, devendo fazê-lo de molde que a Comissão Instaladora delibere
sobre essas pretensões nos prazos legais.
2. Nos processos respeitantes a pretensões dos particulares, a contratos ou a pagamen-
tos cujos documentos devam ser objecto de transferência do Município de Santa Cruz,
consideram-se suspensos todos os prazos legais ou regulamentares desde a data do início
da produção de efeitos do diploma de criação do Município de S. Lourenço dos Órgãos, até
à recepção dos documentos pelos serviços deste Município.
3. A suspensão em causa vigora pelo período máximo de um ano, a contar da data do
início da produção de efeitos do diploma de criação do novo Município.
Artigo 18º
(Mapa de pessoal)
1. A dotação do pessoal que se prevê necessária para funcionamento dos serviços do
Município de S. Lourenço dos Órgãos consta de mapa de pessoal a elaborar e aprovar
pela Comissão Instaladora e a ratificar pelo membro do Governo de tutela das autarquias
locais.
2. A previsão de lugares de pessoal dirigente, de chefia ou outro, no mapa referido deve
ser devidamente justificada e corresponder, em nível e número, às reais necessidades de
funcionamento dos serviços.
3. O mapa de pessoal vigora até aprovação do quadro de pessoal pelos órgãos eleitos.
Artigo 19º
(Repartição de recursos humanos)
1. A integração do mapa de pessoal a que se refere o artigo anterior é feita prioritaria-
mente, com recurso aos funcionários e agentes do Município de Santa Cruz., em termos a
acordar entres os dois Municípios.
2. A repartição efectua-se dando prioridade aos interessados na transferência para o
Município de S. Lourenço dos Órgãos e rege-se, neste caso, pelo princípio da maior anti-
guidade na função pública, na carreira e na categoria ou cargo, sucessivamente, dentro de
cada um dos grupos da seguinte ordem de preferência:
a) Interessados que residam na área territorial do Município de S. Lourenço dos
Órgãos;
b) Outros interessados.
3. A transferência de outros funcionários ou agentes rege-se pelo princípio da menor
antiguidade na função pública, na carreira e na categoria ou cargo, sucessivamente.
4. A recusa de transferência, quando não fundamentada ou considerada como tal, cons-
titui grave desinteresse pelo cumprimento dos deveres profissionais, para efeitos disciplina-
res, a apreciar pelos órgãos competentes do município de origem.
39
Lei nº 64/VI/2005, de 9 de Maio
Artigo 20º
(Recrutamento de recursos humanos)
1. A Comissão Instaladora pode recrutar, nos termos da lei geral e dentro das dotações
fixadas no mapa a que se refere o artigo anterior, os recursos humanos necessários.
2. O pessoal não vinculado à função pública é sempre recrutado para categoria de
ingresso.
3. O pessoal a que se refere a presente disposição exerce as funções em regime de
contrato administrativo de provimento ou de contrato de trabalho a termo, precedido de
concurso ou, sendo funcionário, em regime de comissão ordinária de serviço, se a isso
se não opuserem as formas de provimento da categoria do interessado, ficando sujeito ao
regime de promoção e progressão estabelecido na lei geral ou no estatuto das respectivas
carreiras.
4. A comissão ordinária de serviço a que se refere o número anterior não carece de
autorização do serviço de origem do nomeado.
Artigo 21º
(Transição do pessoal para o quadro)
1. Sem prejuízo do regime de estágio, o pessoal integrado no mapa de pessoal transita
em regime de nomeação definitiva, se a isso se não opuserem as formas de provimento da
categoria do interessado, para o quadro do pessoal a que se refere o n.º 3 do artigo 18º, na
mesma carreira, categoria ou cargo e escalão.
2. Exceptua-se do disposto do número anterior o pessoal que seja considerado dispen-
sável, caso em que o visado regressa ao lugar de origem ou vê cessada a comissão ordinária
de serviço ou denunciado ou rescindido o seu contrato, com pré-aviso de sessenta dias, sem
prejuízo, nestes dois últimos casos, das compensações legais a que houver lugar.
3. O desempenho de funções pelo tempo legalmente previsto dispensa a realização de
estágio, desde que este não se deva traduzir, nos termos da lei, na obtenção de uma qualifi-
cação ou habilitação profissional.
4. A integração no quadro implica a exoneração dos funcionários, no quadro de origem.
5. A promoção ou progressão dos funcionários integrados no mapa de pessoal produz
efeitos no quadro de pessoal aprovado, bem como no quadro de origem do interessado,
considerando-se, neste caso, criados os lugares indispensáveis, a extinguir quando vaga-
rem.
Artigo 22º
(Eleições)
A primeira eleição dos titulares dos órgãos do Município de S. Lourenço dos Órgãos
terá lugar com as primeiras eleições municipais gerais que ocorrerem após a sua criação.
40
Lei nº 64/VI/2005, de 9 de Maio
Artigo 23º
(Instalação da Assembleia Municipal Eleita)
Cabe ao Presidente da Comissão Instaladora ou, na sua falta e em sua substituição,
qualquer outro membro da Comissão Instaladora, proceder à instalação da Assembleia
Municipal de São Lourenço dos Órgãos eleita, no prazo e termos previstos na lei, após o
apuramento definitivo dos resultados eleitorais.
Artigo 24º
(Entrada em vigor)
A presente lei entra imediatamente em vigor.
Aprovada em 25 de Fevereiro de 2005.
O Presidente da Assembleia Nacional, Aristides Raimundo Lima.
Promulgada em 19 de Abril de 2005.
Publique-se.
O Presidente da República, PEDRO VERONA RODRIGUES PIRES
Assinada em 20 de Abril de 2005.
O Presidente da Assembleia Nacional, Aristides Raimundo Lima.
41
Lei nº 64/VI/2005, de 9 de Maio
42
Lei nº 65/VI/2005, de 9 de Maio
43
Lei nº 65/VI/2005, de 9 de Maio
cais, e escolhidos tendo em consideração os resultados eleitorais obtidos pelas forças políti-
cas nas últimas eleições para os titulares dos órgãos municipais do Município de origem.
3. O Presidente da Comissão Instaladora é nomeado por resolução do Conselho de
Ministros de entre os membros da Comissão.
Artigo 5º
(Prazo da constituição)
A Comissão Instaladora será constituída no prazo de noventa dias a contar da data da
entrada em vigor do presente diploma.
Artigo 6º
(Competência da Comissão Instaladora)
1. Compete à Comissão Instaladora:
a) Exercer as competências que, por lei, cabem à câmara municipal;
b) Aprovar o orçamento e o plano de actividades do novo Município;
c) Aprovar o relatório de actividades e a conta de gerência do novo Município;
d) Exercer os poderes tributários conferidos, por lei, ao Município;
e) Deliberar sobre a aplicação ou substituição dos regulamentos da ou das autar-
quias locais de origem e proceder à respectiva alteração;
f) Elaborar o relatório referido no nº 1 do artigo 15º;
g) Promover, junto do Serviço Nacional de Cartografia e Cadastro, a delimitação
territorial do Município de São Salvador do Mundo e proceder à respectiva
demarcação;
h) Aprovar o mapa de pessoal previsto no artigo18º;
i) Deliberar em matérias da competência das assembleias municipais, desde que
razões de relevante interesse público municipal o justifiquem.
2. A Comissão Instaladora pode delegar no seu presidente a prática dos actos da sua
competência, nos casos e nos termos em que a câmara municipal o pode fazer no presidente
respectivo.
Artigo 7º
(Competência do presidente da Comissão Instaladora)
1. Cabe, em especial, ao Presidente da Comissão Instaladora:
a) Coordenar a actividade da Comissão e cumprir e fazer cumprir as suas delib-
erações;
b) Proceder à instalação das primeiras assembleia e câmara municipais eleitas.
2. O Presidente da Comissão Instaladora detém também as competências do presidente
da câmara municipal.
44
Lei nº 65/VI/2005, de 9 de Maio
45
Lei nº 65/VI/2005, de 9 de Maio
Artigo 15º
(Transmissão de bens, direitos e obrigações)
1. Para efeitos de transmissão de bens, direitos e obrigações para o Município de
São Salvador do Mundo, a Câmara Municipal de Santa Catarina e a Comissão Instaladora
46
Lei nº 65/VI/2005, de 9 de Maio
47
Lei nº 65/VI/2005, de 9 de Maio
à apreciação das pretensões dos particulares, devendo fazê-lo de molde que a Comissão
Instaladora delibere sobre essas pretensões nos prazos legais.
2. Nos processos respeitantes a pretensões dos particulares, a contratos ou a pagamen-
tos cujos documentos devam ser objecto de transferência do Município de Santa Catarina,
consideram-se suspensos todos os prazos legais ou regulamentares desde a data do início
da produção de efeitos do diploma de criação do Município de São Salvador do Mundo, até
à recepção dos documentos pelos serviços deste Município.
3. A suspensão em causa vigora pelo período máximo de um ano a contar da data do
início da produção de efeitos do diploma de criação do novo município.
Artigo 18º
(Mapa de pessoal)
1. A dotação do pessoal que se prevê necessária para o funcionamento dos serviços
do Município de São Salvador do Mundo consta de mapa de pessoal a elaborar e aprovar
pela Comissão Instaladora e a ratificar pelo membro do Governo de tutela das autarquias
locais.
2. A previsão de lugares de pessoal dirigente, de chefia ou outro, no mapa referido deve
ser devidamente justificada e corresponder, em nível e número, às reais necessidades de
funcionamento dos serviços.
3. O mapa de pessoal vigora até aprovação do quadro de pessoal pelos órgãos eleitos.
Artigo 19º
(Repartição de recursos humanos)
1. A integração do mapa de pessoal a que se refere o artigo anterior é feita prioritaria-
mente, com recurso aos funcionários e agentes do Município de Santa Catarina, em termos
a acordar entres os dois Municípios.
2. A repartição efectua-se dando prioridade aos interessados na transferência para o
Município de São Salvador do Mundo e rege-se, neste caso, pelo princípio da maior anti-
guidade na função pública, na carreira e na categoria ou cargo, sucessivamente, dentro de
cada um dos grupos da seguinte ordem de preferência:
a) Interessados que residam na área territorial do Município de São Salvador do
Mundo;
b) Outros interessados.
4. A transferência de outros funcionários ou agentes rege-se pelo princípio da menor
antiguidade na função pública, na carreira e na categoria ou cargo, sucessivamente.
5. A recusa de transferência, quando não fundamentada ou considerada como tal, cons-
titui grave desinteresse pelo cumprimento dos deveres profissionais, para efeitos disciplina-
res, a apreciar pelos órgãos competentes do Município de origem.
48
Lei nº 65/VI/2005, de 9 de Maio
Artigo 20º
(Recrutamento de recursos humanos)
1. A Comissão Instaladora pode recrutar, nos termos da lei geral e dentro das dotações
fixadas no mapa a que se refere o artigo anterior, os recursos humanos necessários.
2. O pessoal não vinculado à função pública é sempre recrutado para categoria de
ingresso.
3. O pessoal a que se refere a presente disposição exerce as funções em regime de
contrato administrativo de provimento ou de contrato de trabalho a termo, precedido de
concurso ou, sendo funcionário, em regime de comissão ordinária de serviço, se a isso
se não opuserem as formas de provimento da categoria do interessado, ficando sujeito ao
regime de promoção e progressão estabelecido na lei geral ou no estatuto das respectivas
carreiras.
4. A comissão ordinária de serviço a que se refere o número anterior não carece de
autorização do serviço de origem do nomeado.
Artigo 21º
(Transição do pessoal para o quadro)
1. Sem prejuízo do regime de estágio, o pessoal integrado no mapa de pessoal transita
em regime de nomeação definitiva, se a isso se não opuserem as formas de provimento da
categoria do interessado, para o quadro do pessoal a que se refere o n.º 3 do artigo 17.º, na
mesma carreira, categoria ou cargo e escalão.
2. Exceptua-se do disposto do número anterior o pessoal que seja considerado dis-
pensável, caso em que o mesmo regressa ao lugar de origem ou vê cessada a comissão de
serviço ou denunciado ou rescindido o seu contrato, com pré-aviso de sessenta dias, sem
prejuízo, nestes dois últimos casos, das compensações legais a que houver lugar.
3. O desempenho de funções pelo tempo legalmente previsto dispensa a realização de
estágio, desde que este não se deva traduzir, nos termos da lei, na obtenção de uma qualifi-
cação ou habilitação profissional.
4. A integração no quadro implica a exoneração dos funcionários, no quadro de ori-
gem.
5. A promoção ou progressão dos funcionários integrados no mapa de pessoal produz
efeitos no quadro de pessoal aprovado, bem como no quadro de origem do interessado,
considerando-se, neste caso, criados os lugares indispensáveis, a extinguir quando vaga-
rem.
Artigo 22º
(Eleições)
A primeira eleição dos titulares dos órgãos do Município de São Salvador do Mundo
terá lugar com as primeiras eleições municipais gerais que ocorrerem após a sua criação.
49
Lei nº 65/VI/2005, de 9 de Maio
Artigo 23º
(Instalação da Assembleia Municipal)
Cabe ao Presidente da Comissão Instaladora ou, na sua falta e em sua substituição,
qualquer outro membro da Comissão Instaladora, proceder à instalação da assembleia mu-
nicipal de São Salvador do Mundo eleita, no prazo e termos previstos na lei, após o apura-
mento definitivo dos resultados eleitorais.
Artigo 24º
(Entrada em vigor)
A presente lei entra imediatamente em vigor.
Aprovada em 28 de Fevereiro de 2005.
O Presidente da Assembleia Nacional, Aristides Raimundo Lima.
Promulgada em 19 de Abril de 2005.
Publique-se.
O Presidente da República, PEDRO VERONA RODRIGUES PIRES
Assinada em 20 de Abril de 2005.
O Presidente da Assembleia Nacional, Aristides Raimundo Lima.
50
Lei nº 65/VI/2005, de 9 de Maio
51
Lei nº 66/VI/2005, de 9 de Maio
Lei nº 66/VI/2005
de 9 de Maio
Por mandato do Povo, a Assembleia Nacional decreta, nos termos da alínea b) do arti-
go 174º da Constituição, o seguinte:
Artigo 1º
(Criação e sede)
1. É criado, na ilha do Fogo, o Município de Santa Catarina do Fogo.
2. O Município de Santa Catarina do Fogo tem a sua sede na Vila de Cova da Figueira
Artigo 2º
(Limites do município)
1. O Município de Santa Catarina do Fogo compreende as localidades da Freguesia do
mesmo nome.
2. Os limites do Município de S. Filipe, com sede na Cidade de S. Filipe, passam a ter
como território as delimitações da freguesia de S. Lourenço e de Nossa Senhora da Con-
ceição.
Artigo 3º
(Regime de instalação)
1. O Município de Santa Catarina do Fogo está sujeito ao regime de instalação desde
a publicação do presente diploma até ao início de funções dos órgãos eleitos, gozando,
nesta qualidade, de autonomia administrativa e financeira com as limitações previstas no
presente diploma.
2. A legislação condicionante da actividade e da responsabilidade dos municípios, dos
seus órgãos e respectivos titulares é igualmente aplicável ao Município de Santa Catarina
do Fogo, em regime de instalação, com as especificidades e adaptações necessárias.
3. Ao departamento governamental de tutela do poder local competirá assegurar as
instalações e os meios materiais e financeiros necessários à actividade da Comissão Insta-
ladora.
Artigo 4 º
(Composição da comissão instaladora)
1. A gestão administrativa, financeira e patrimonial do Município de Santa Catarina do
Fogo cabe a uma Comissão Instaladora até a data de instalação dos órgãos eleitos.
2. A Comissão Instaladora é composta por cinco membros, designados por resolução
do Conselho de Ministros, sob proposta do membro do Governo de tutela das autarquias lo-
52
Lei nº 66/VI/2005, de 9 de Maio
cais, e escolhidos tendo em consideração os resultados eleitorais obtidos pelas forças políti-
cas nas últimas eleições para os titulares dos órgãos municipais no município de origem.
3. O Presidente da Comissão Instaladora é nomeado por resolução do Conselho de
Ministros de entre os membros da Comissão.
Artigo 5º
(Prazo da constituição)
A Comissão Instaladora será constituída no prazo de noventa dias, a contar da data da
entrada em vigor do presente diploma.
Artigo 6º
(Competência da Comissão Instaladora)
1. Compete à Comissão Instaladora:
a) Exercer as competências que, por lei, cabem à câmara municipal;
b) Aprovar o orçamento e o plano de actividades do novo Município;
c) Aprovar o relatório de actividades e a conta de gerência do novo Município
d) Exercer os poderes tributários conferidos, por lei, ao Município;
e) Deliberar sobre a aplicação ou substituição dos regulamentos da ou das autar-
quias locais de origem e proceder à respectiva alteração;
f) Elaborar o relatório referido no nº 1 do artigo 15º;
g) Promover, junto do Serviço Nacional de Cartografia e Cadastro, a delimitação
territorial do Município de Santa Catarina do Fogo e proceder à respectiva
demarcação;
h) Aprovar o mapa de pessoal previsto no artigo 18º;
i) Deliberar em matérias da competência das assembleias municipais, desde que
razões de relevante interesse público municipal o justifiquem.
2. A Comissão Instaladora pode delegar no seu Presidente a prática dos actos da sua
competência, nos casos e nos termos em que a câmara municipal o pode fazer no presidente
respectivo.
Artigo 7º
(Competência do Presidente da Comissão Instaladora)
1. Cabe, em especial, ao Presidente da Comissão Instaladora:
a) Coordenar a actividade da Comissão e cumprir e fazer cumprir as suas delib-
erações;
b) Proceder à instalação da primeira Assembleia Municipal eleita.
2. O Presidente da Comissão Instaladora detém também as competências do presidente
da câmara municipal.
53
Lei nº 66/VI/2005, de 9 de Maio
54
Lei nº 66/VI/2005, de 9 de Maio
55
Lei nº 66/VI/2005, de 9 de Maio
56
Lei nº 66/VI/2005, de 9 de Maio
ciação das pretensões dos particulares, devendo fazê-lo de molde que a Comissão Instala-
dora delibere sobre essas pretensões nos prazos legais.
2. Nos processos respeitantes a pretensões dos particulares, a contratos ou a paga-
mentos cujos documentos devam ser objecto de transferência do Município de São Filipe,
consideram-se suspensos todos os prazos legais ou regulamentares desde a data do início
da produção de efeitos do diploma de criação do Município de Santa Catarina do Fogo, até
à recepção dos documentos pelos serviços deste Município.
3. A suspensão em causa vigora pelo período máximo de um ano, a contar da data do
início da produção de efeitos do diploma de criação do novo Município.
Artigo 18º
(Mapa de pessoal)
1. A dotação do pessoal que se prevê necessária para o funcionamento dos serviços do
Município de Santa Catarina do Fogo consta de mapa de pessoal a elaborar e aprovar pela
Comissão Instaladora e a ratificar pelo membro do Governo de tutela dos municípios.
2. A previsão de lugares de pessoal dirigente, de chefia ou outro, no mapa referido deve
ser devidamente justificado e corresponder, em nível e número, às reais necessidades de
funcionamento dos serviços.
3. O mapa de pessoal vigora até aprovação do quadro de pessoal pelos órgãos eleitos.
Artigo 19º
(Repartição de recursos humanos)
1. A integração do mapa de pessoal a que se refere o artigo anterior é feita prioritaria-
mente, com recurso aos funcionários e agentes do Município de São Filipe, em termos a
acordar entre os dois Municípios.
2. A repartição efectua-se dando prioridade aos interessados na transferência para o
Município de Santa Catarina do Fogo e rege-se, neste caso, pelo princípio da maior anti-
guidade na função pública, na carreira e na categoria ou cargo, sucessivamente, dentro de
cada um dos grupos da seguinte ordem de preferência:
a) Interessados que residam na área territorial do Município de Santa Catarina do
Fogo;
b) Outros interessados.
3. A transferência de outros funcionários ou agentes rege-se pelo princípio da menor
antiguidade na função pública, na carreira e na categoria ou cargo, sucessivamente.
4. A recusa de transferência, quando não fundamentada ou considerada como tal, con-
stitui grave desinteresse pelo cumprimento dos deveres profissionais, para efeitos disciplin-
ares, a apreciar pelos órgãos competentes do Município de origem.
57
Lei nº 66/VI/2005, de 9 de Maio
Artigo 20º
(Recrutamento de recursos humanos)
1. A Comissão Instaladora pode recrutar, nos termos da lei geral e dentro das dotações
fixadas no mapa a que se refere o artigo anterior, os recursos humanos necessários.
2. O pessoal não vinculado à função pública é sempre recrutado para categoria de
ingresso.
3. O pessoal a que se refere a presente disposição exerce as funções em regime de
contrato administrativo de provimento ou de contrato de trabalho a termo, precedido de
concurso ou, sendo funcionário, em regime de comissão ordinária de serviço, se a isso
se não opuserem as formas de provimento da categoria do interessado, ficando sujeito ao
regime de promoção e progressão estabelecido na lei geral ou no estatuto das respectivas
carreiras.
4. A comissão ordinária de serviço a que se refere o número anterior não carece de
autorização do serviço de origem do nomeado.
Artigo 21º
(Transição do pessoal para o quadro)
1. Sem prejuízo do regime de estágio, o pessoal integrado no mapa de pessoal transita
em regime de nomeação definitiva, se a isso se não opuserem as formas de provimento da
categoria do interessado, para o quadro do pessoal a que se refere o n.º 3 do artigo 19.º, na
mesma carreira, categoria ou cargo e escalão.
2. Exceptua-se do disposto do número anterior o pessoal que seja considerado dispen-
sável, caso em que o mesmo regressa ao lugar de origem ou vê cessada a comissão ordiná-
ria de serviço ou denunciado ou rescindido o seu contrato, com pré-aviso de sessenta dias,
sem prejuízo, nestes dois últimos casos, das compensações legais a que houver lugar.
3. O desempenho de funções pelo tempo legalmente previsto dispensa a realização de
estágio, desde que este não se deva traduzir, nos termos da lei, na obtenção de uma qualifi-
cação ou habilitação profissional.
4. A integração no quadro implica a exoneração dos funcionários, no quadro de ori-
gem.
5. A promoção ou progressão dos funcionários integrados no mapa de pessoal pro-
duz efeitos no quadro de pessoal aprovado, bem como no quadro de origem do interessado,
considerando-se, neste caso, criados os lugares indispensáveis, a extinguir quando vagarem.
Artigo 22º
(Eleições)
A primeira eleição dos titulares dos órgãos do Município de Santa Catarina do Fogo
terá lugar com as primeiras eleições municipais gerais que ocorrerem após a sua criação.
58
Lei nº 66/VI/2005, de 9 de Maio
Artigo 23º
(Instalação da Assembleia Municipal)
Cabe ao presidente da Comissão Instaladora ou, na sua falta e em sua substituição,
qualquer outro membro da Comissão Instaladora, proceder à instalação da Assembleia Mu-
nicipal de Santa Catarina do Fogo no prazo e termos previstos na lei, após o apuramento
definitivo dos resultados eleitorais.
Artigo 24º
(Entrada em vigor)
A presente lei entra imediatamente em vigor.
Artigo 24º
(Entrada em vigor)
A presente lei entra imediatamente em vigor.
Aprovada em 28 de Fevereiro de 2005.
O Presidente da Assembleia Nacional, Aristides Raimundo Lima.
Promulgada em 19 de Abril de 2005.
Publique-se.
O Presidente da República, PEDRO VERONA RODRIGUES PIRES
Assinada em 20 de Abril de 2005.
O Presidente da Assembleia Nacional, Aristides Raimundo Lima.
59
Lei nº 66/VI/2005, de 9 de Maio
60
Lei nº 67/VI/2005, de 9 de Maio
61
Lei nº 67/VI/2005, de 9 de Maio
tos e oitenta e seis metros e chega a Assomada de Mancebo. Sempre pela linha
da cumeada, sobe acima da cota dos mil metros em Monte Deserto, a mont-
ante da Ribeira dos Calhaus galga a Monte Gordo, na cota dos mil trezentos
e doze metros. Continuando pela crista, depois desce para leste pela cumeada
entre Caldeirinha e Pico Caldeirinha, segue pela cumeada, acima do Caminho
Novo, até Chã de Caldeira, e sobe ao Alto António Miguel. Daqui passa pelo
Morro Cone Rocha, a setecentos e nove metros e chega à linha de cumeada em
Cinta de Alberto, donde continuando na rota para SSE, sobe à Assomada de
Cachacinho, passa por Chã de Portela na cota dos seiscentos e um metros, seg-
uindo por Tope de Vermelinho na cota dos seiscentos e sessenta e nove metros,
vai pela cumeada da cordilheira, passando por Tope de Mesa nos 765 metros,
flecte para W para a Caldeirinha de Majolo Grande, nos 693 metros, sobe ao
Tope de Guincho, continua por Chã de Alecrim donde desde à cota dos 484
metros. Daqui o limite sobe ao Morro Alto, segue a Leste de Lombo Largo,
continua pela cumeada nas cotas dos 529 metros e 456 metros em Caldeirinha
do Ladrão, sobe ao Marcelada na cota dos 489 metros, continua pelo monte
com 518 metros, segue em direcção a Chão Bonito, onde passa pelo marco
geodésico com a cota de 539 metros e desce pela cumeada entre Covoadinha
e Rocha Alta na cota de 459 metros, passa em Portal nos 386 metros. Daqui
desce ao Fio de Rocha Alta, desvia para leste vai até Fonte, desce para Curral
Ponta de Água e passa pelo marco geodésico da Vermelharia indo terminar em
Portelo.
Artigo 5º
(Regime de instalação)
1. O Município do Tarrafal de São Nicolau está sujeito ao regime de instalação desde
a publicação do presente diploma até ao início de funções dos órgãos eleitos, gozando,
nesta qualidade, de autonomia administrativa e financeira com as limitações previstas no
presente diploma.
2. A legislação condicionante da actividade e da responsabilidade dos municípios, dos
seus órgãos e respectivos titulares é igualmente aplicável ao Município do Tarrafal de São
Nicolau, em regime de instalação, com as especificidades e adaptações necessárias.
3. Ao departamento governamental de tutela do poder local competirá assegurar as
instalações e os meios materiais e financeiros necessários à actividade da Comissão Insta-
ladora.
Artigo 6 º
(Composição da comissão instaladora)
1. A gestão administrativa, financeira e patrimonial do Município do Tarrafal de São
Nicolau cabe a uma Comissão Instaladora até a data de instalação dos órgãos eleitos.
62
Lei nº 67/VI/2005, de 9 de Maio
63
Lei nº 67/VI/2005, de 9 de Maio
64
Lei nº 67/VI/2005, de 9 de Maio
65
Lei nº 67/VI/2005, de 9 de Maio
66
Lei nº 67/VI/2005, de 9 de Maio
à apreciação das pretensões dos particulares, devendo fazê-lo de molde que a Comissão
Instaladora delibere sobre essas pretensões nos prazos legais.
2. Nos processos respeitantes a pretensões dos particulares, a contratos ou a pagamen-
tos cujos documentos devam ser objecto de transferência do Município da Ribeira Brava,
consideram-se suspensos todos os prazos legais ou regulamentares desde a data do início
da produção de efeitos do diploma de criação do Município do Tarrafal de São Nicolau, até
à recepção dos documentos pelos serviços deste Município.
3. A suspensão em causa vigora pelo período máximo de um ano, a contar da data do
início da produção de efeitos do diploma de criação do novo município.
Artigo 20º
(Mapa de pessoal)
1. A dotação do pessoal que se prevê necessária para o funcionamento dos serviços
do Município do Tarrafal de São Nicolau, consta de mapa de pessoal a elaborar e aprovar
pela Comissão Instaladora e a ratificar pelo membro do Governo de tutela das autarquias
locais.
2. A previsão de lugares de pessoal dirigente, de chefia ou outro, no mapa referido deve
ser devidamente justificada e corresponder, em nível e número, às reais necessidades de
funcionamento dos serviços.
3. O mapa de pessoal vigora até aprovação do quadro de pessoal pelos órgãos eleitos.
Artigo 21º
(Repartição de recursos humanos)
1. A integração do mapa de pessoal a que se refere o artigo anterior é feita prioritaria-
mente, com recurso aos funcionários e agentes do Município da Ribeira Brava, em termos
a acordar entre os dois Municípios.
2. A repartição efectua-se dando prioridade aos interessados na transferência para o
Município do Tarrafal de São Nicolau e rege-se, neste caso, pelo princípio da maior anti-
guidade na função pública, na carreira e na categoria ou cargo, sucessivamente, dentro de
cada um dos grupos da seguinte ordem de preferência:
a) Interessados que residam na área territorial do Município do Tarrafal de São
Nicolau;
b) Outros interessados.
3. A transferência de outros funcionários ou agentes rege-se pelo princípio da menor
antiguidade na função pública, na carreira e na categoria ou cargo, sucessivamente.
4. A recusa de transferência, quando não fundamentada ou considerada como tal,
constitui grave desinteresse pelo cumprimento dos deveres profissionais, para efeitos disci-
plinares, a apreciar pelos órgãos competentes do município de origem.
67
Lei nº 67/VI/2005, de 9 de Maio
Artigo 22º
(Recrutamento de recursos humanos)
1. A Comissão Instaladora pode recrutar, nos termos da lei geral e dentro das dotações
fixadas no mapa a que se refere o artigo anterior, os recursos humanos necessários.
2. O pessoal não vinculado à função pública é sempre recrutado para categoria de
ingresso.
3. O pessoal a que se refere a presente disposição exerce as funções em regime de
contrato administrativo de provimento ou de contrato de trabalho a termo, precedido de
concurso ou, sendo funcionário, em regime de comissão ordinária de serviço, se a isso
se não opuserem as formas de provimento da categoria do interessado, ficando sujeito ao
regime de promoção e progressão estabelecido na lei geral ou no estatuto das respectivas
carreiras.
4. A comissão ordinária de serviço a que se refere o número anterior não carece de
autorização do serviço de origem do nomeado.
Artigo 23º
(Transição do pessoal para o quadro)
1. Sem prejuízo do regime de estágio, o pessoal integrado no mapa de pessoal transita
em regime de nomeação definitiva, se a isso se não opuserem as formas de provimento da
categoria do interessado, para o quadro de pessoal a que se refere o n.º 3 do artigo 20.º, na
mesma carreira, categoria ou cargo e escalão.
2. Exceptua-se do disposto do número anterior, o pessoal que seja considerado dis-
pensável, caso em que o agente regressa ao lugar de origem ou vê cessada a comissão de
serviço ou denunciado ou rescindido o seu contrato, com pré-aviso de sessenta dias, sem
prejuízo, nestes dois últimos casos, das compensações legais a que houverem lugar.
3. O desempenho de funções pelo tempo legalmente previsto dispensa a realização de
estágio, desde que este não se deva traduzir, nos termos da lei, na obtenção de uma qualifi-
cação ou habilitação profissional.
4. A integração no quadro implica a exoneração dos funcionários, no quadro de ori-
gem.
5. A promoção ou progressão dos funcionários integrados no mapa de pessoal produz
efeitos no quadro de pessoal aprovado, bem como no quadro de origem do interessado,
considerando-se, neste caso, criados os lugares indispensáveis, a extinguir quando vaga-
rem.
Artigo 24º
(Eleições)
A primeira eleição dos titulares dos órgãos do Município do Tarrafal de São Nicolau
terá lugar com as primeiras eleições municipais gerais que ocorrerem após a sua criação.
68
Lei nº 67/VI/2005, de 9 de Maio
Artigo 25º
(Instalação da Assembleia Municipal)
Cabe ao presidente da Comissão Instaladora ou, na sua falta e em sua substituição,
qualquer outro membro da Comissão Instalador, proceder à instalação da Assembleia Mu-
nicipal do Município do Tarrafal de São Nicolau no prazo e termos previstos na lei, após o
apuramento definitivo dos resultados eleitorais.
Artigo 26º
(Entrada em vigor)
A presente lei entra imediatamente em vigor.
Aprovada em 28 de Fevereiro de 2005.
O Presidente da Assembleia Nacional, Aristides Raimundo Lima.
Promulgada em 19 de Abril de 2005.
Publique-se.
O Presidente da República, PEDRO VERONA RODRIGUES PIRES
Assinada em 20 de Abril de 2005.
O Presidente da Assembleia Nacional, Aristides Raimundo Lima.
69
Lei nº 67/VI/2005, de 9 de Maio
70
Lei nº 11/V/96, de 11 de Novembro
71
Lei nº 11/V/96, de 11 de Novembro
72
Lei nº 11/V/96, de 11 de Novembro
73
Lei nº 96/IV/93, de 31 de Dezembro
74
Lei nº 96/IV/93, de 31 de Dezembro
75
Lei nº 23/IV/91, de 30 de Dezembro
76
Lei nº 23/IV/91, de 30 de Dezembro
Artigo 7º
1. Pertencem ao Município dos Mosteiros os rendimentos Municipais cobrados no seu
território ou com referência a bens actividades sediadas no seu território, a partir de 1 de
Janeiro de 1992.
2. O Município dos Mosteiros será tido em conta no rateio da comparticipação dos
Municípios nos impostos directos e indirectos inscritos no Orçamento Geral do Estado
para 1992.
Artigo 8º
1. Transitam para o Município dos Mosteiros :
Os imóveis do património municipal localizado na Freguesia de Nossa Senhora da
Ajuda;
Os móveis e semoventes do património municipal à data afectos à actividade munici-
pal na Freguesia de Nossa Senhora da Ajuda ;
Os funcionários e agentes municpais à data residentes e afectos às actividades mu-
nicipais de Nossa Senhora da Ajuda, salvo se optarem diferentemente até 30 dias após a
entrada em vigor da presente lei.
2. Os bens referidos nas alíneas a) e b) do n.º1 constarão de termo de entrega devida-
mente documentado.
Artigo 9º
Fica o Governo autorizado a adoptar as providências normativas, administrativas e
financeiras indispensáveis à instalação do Município dos Mosteiros e à execução do que no
presente diploma se estabelece
Artigo 10º
A presente lei entra em vigor no dia 2 de Janeiro de 1992.
Aprovada em 27 de Novembro de 1991.
O Presidente da Assembleia Nacional, Amílcar Fernandes Spencer Lopes .
Promulgada em 18 de Dezembro de 1991.
Publique-se.
O Presidente da República, ANTÓNIO MANUEL MASCARENHAS GOMES MON-
TEIRO
77
Decreto-Lei n° 93/82, de 6 de Novembro
3 Durante a década de noventa, com o advento do Poder Local, o principio da classificação dos Municípios não só caiu em
desuso como, também, tem sido contrariado pelo legislador que coloca todos os Municípios em pé de igualdade.
78
Decreto-Lei n° 93/82, de 6 de Novembro
79
Decreto-Lei n° 93/82, de 6 de Novembro
80
Lei n.º 134/IV/95, de 03 de Julho
81
Lei n.º 134/IV/95, de 03 de Julho
82
Lei n.º 134/IV/95, de 03 de Julho
4. O ímpeto verificado junto de algumas comunidades locais no sentido de se criarem novos Municípios explica por si só a
urgente necessidade de definir o regime jurídico da criação, modificação e extinção das Autarquias Locais. Caso contrário
a satisfação das reivindicações da população num ou noutro caso assentará sempre sobre critérios de mera oportunidade
política. De registar que, em boa hora, no passado mês de Março de 2003, durante o encontro Governo/Municípios, o primeiro
apresentou e discutiu com aos Autarcas uma proposta de lei neste sentido.
5. O regime de autonomia financeira consta essencialmente da Lei de Finanças Locais (Lei n.º 79/VI/2005, de 5 deSetembro).
6 No exercício do poder regulamentar próprio, alerta-se os Municípios para o disposto no Decreto-Lei n.º 52/99, de 16 de
Agosto, que aprova o processo de elaboração e identificação bem como o formulário das posturas e regulamentos policiais
dimanados dos órgãos municipais.
83
Lei n.º 134/IV/95, de 03 de Julho
Artigo 6º
(Autonomia organizativa)
O Município goza de autonomia organizativa que lhe permite criar, organizar e fiscali-
zar serviços destinados a assegurar a prossecução das suas atribuições.
Artigo 7º
(Independência)
Os órgãos municipais são independentes no âmbito da sua competência e as delibera-
ções ou decisões só podem ser suspensas, modificadas, revogadas ou anuladas pela forma
prevista na lei.
Artigo 8º
(Especialidade)
Os órgãos municipais só podem deliberar ou decidir no âmbito da sua competência e
para a realização das atribuições dos respectivos Municípios.
Artigo 9º
(Descentralização)
O Município pode transferir para as fundações, associações de caracter económico,
social, cultural ou desportivo ou sociedades a prossecução de atribuições que lhe são pró-
prias, sempre que se mostrar necessário para melhorar a eficácia e eficiência dos serviços
públicos, salvo disposição legal expressa em contrario, reservando-se o direito de fiscali-
zação e controlo7.
Artigo 10º
(Desconcentração)
O Município deve aproximar a administração das populações, organizando os serviços
de maneira a que tenham capacidade de decisão a nível das freguesias, dos bairros, povo-
ados e zonas.
Artigo 11º
(Acção Popular)8
1. Qualquer cidadão recenseado e residente no Município, pode em matéria de inte-
resse municipal:
a) Intentar acção judicial no interesse do Município para manter, reivindicar e reaver
bens ou direitos desta que hajam sido usurpados ou de qualquer modo lesados;
6. O principio da subsidariedade deve também funcionar entre o Município e a sociedade civil organizada no seu território
municipal., desde que tenham capacidade técnica e material para assumir determinadas responsabilidades do âmbito das
atribuições municipais.
7. A acção popular é um direito de valor constitucional e permite a “todos os cidadãos, individual ou colectivamente,
apresentar, por escrito, aos órgãos de soberania ou do Poder Local e quaisquer autoridades, petições, queixas, reclamações
ou representações para defesa dos seus direitos, da Constituição, das leis ou do interesse geral e bem assim o direito de serem
informados em prazo razoável sobre os resultados da respectiva apreciação (art.º 58º CRCV)”. Apesar da importância deste
mecanismo de participação e exercício da cidadania a matéria não está regulamentada.
84
Lei n.º 134/IV/95, de 03 de Julho
b) Recorrer das deliberações e decisões tomados por órgãos dos Municípios que
tenha por ilegais e lesivas do interesse colectivo.
2. A acção referida na alínea a) do numero anterior só pode ser intentada no caso de o
cidadão ter previamente notificado o órgãos executivo competente do direito que pretende
fazer valer e de esse órgão não ter proposto a acção adequada no prazo de um mês.
3. A acção popular será regulamentada por Decreto Regulamentar, tem caracter urgen-
te, o seu processamento deverá ser baseado no principio da sumariedade e está isento do
imposto de justiça, salvo ocorrência de má fé.
Artigo 12º
(Iniciativa Popular)9
Qualquer cidadão recenseado tem o direito de iniciativa popular em matéria de interes-
se municipal nos termos que forem regulamentados10.
Artigo 13º
(Responsabilidade civil)
O Município responde civilmente perante terceiros pelas ofensas dos direitos destes
ou pela violação das disposições legais destinadas a proteger os seus interesses, resultantes
das acções ou omissões ilícitas praticadas com dolo ou mera culpa pelos respectivos órgãos
e agentes administrativos, no exercício das suas funções e por causa desse exercício nos
termos e forma prescrita na lei.
Artigo 14º
(Participação dos particulares)
Os órgãos municipais devem assegurar a participação dos particulares na formação das
decisões que lhes disserem respeito, nos termos da Lei.
Artigo 15º
(Participação do Município)
1. O Município participa na definição das políticas públicas especificas respeitantes ao
seu território municipal e às respectivas populações.
2. O Município participa ainda nas negociações de acordo de cooperação internacio-
nal, que directamente lhe digam respeito.
Artigo 16º
(Transparência)
Os órgãos e serviços municipais devem actuar e organizar com transparência perante
a comunidade e os munícipes.
85
Lei n.º 134/IV/95, de 03 de Julho
Artigo 17º
(Celeridade)
Os órgãos municipais devem providenciar pelo rápido e eficaz andamento das solici-
tações dos munícipes, quer recusando e evitando tudo o que for impertinente ou dilatório,
quer ordenando e promovendo tudo o que for necessário a uma rápida decisão.
Artigo 18º
(Legalidade)
Os órgãos municipais devem actuar em obediência à Constituição, aos preceitos legais
e regulamentares e aos princípios gerais de direito, dentro dos limites dos poderes que lhes
estejam atribuídos e em conformidade com os fins para que os mesmos poderes lhes foram
conferidos.
Artigo 19º
(Fundamentação)
As decisões e deliberações dos órgãos municipais que afectam direitos ou interesses
legalmente protegidos ou imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções, são expres-
samente fundamentadas nos termos da lei geral.
Artigo 20º
(Audição prévia)11
Os órgãos municipais devem ser obrigatoriamente ouvidos sempre que se pretenda de-
cidir ou legislar sobre matéria que respeite exclusiva ou principalmente a um determinado
Município ou grupo de Municípios.
Artigo 21º
(Liberdade de Associação)
Os Municípios podem associar-se para a defesa e realização de interesses comuns e
integração das políticas publicas compreendidas nas suas atribuições numa base regional
ou nacional consoante as suas necessidades.
Artigo 22º
(Liberdade de geminação e cooperação)12
1. O Município pode estabelecer livremente relações de geminação e de cooperação
com Municípios de países estrangeiros com os quais Cabo Verde mantém relações diplo-
máticas e com organizações não governamentais reconhecidas em Cabo Verde.
11. A audição prévia é um dos corolários do princípio constitucional da participação democrática que impõe a consulta e
participação dos órgãos das Autarquias Locais nos assuntos que lhes afectam directamente ou, de alguma forma, lhes dizem
respeito.
12. Com o financiamento do Banco Mundial, o Governo promoveu a realização de um estudo e, em consequência, a elaboração
de uma proposta de lei de enquadramento jurídico da Cooperação Descentralizada, recentemente validada pelos Municípios
Lei n.º 106/IV/94, de 5 de Setembro, “isenta de direitos, de imposto de consumo e de emolumentos gerais, a importação de
mercadorias oferecidas ou financiadas, no quadro da cooperação internacional ou por entidades ou organizações de cabo-
verdianos no exterior, ao Estado ou a outras entidades públicas, no âmbito de projecto de desenvolvimento nacional, regional
ou municipal ou para fazer face às necessidades da população”.
86
Lei n.º 134/IV/95, de 03 de Julho
2. Tratando-se de Municípios de países com os quais Cabo Verde não tem relações
diplomáticas é necessário parecer favorável do Governo.
Artigo 23º
(Publicidade)
1. As reuniões da Assembleia Municipal são publicas, podendo ser directamente trans-
mitidas pela rádio e pela Televisão e nelas haverá sempre um período de intervenção aberto
ao publico.
2. A Assembleia Municipal poderá, por maioria absoluta dos seus membros, deliberar
reunir-se á porta fechada, sempre que o interesse publico ou a defesa de direitos fundamen-
tais dos cidadãos estiverem em causa.
3. A nenhum cidadão é permitido, sob qualquer pretexto, intrometer-se nas discussões
ou manifestar-se nas sessões sobre os assuntos em discussão, quer aplaudindo quer repro-
vando as opiniões emitidas, as votações feitas ou as deliberações tomadas.
Artigo 24º
(Símbolos)13
1. O Município dispõe de bandeira, armas e selos que devem ser respeitados por todos
os munícipes.
2. Os símbolos municipais são utilizados conjuntamente com os correspondentes sím-
bolos nacionais e com a salvaguarda da procedência e do destaque que a estes são devi-
dos.
3. O disposto nos números anteriores será regulamentado tendo como base os símbolos
nacionais.
Artigo 25º
(Delegação de atribuições)
O Governo pode delegar atribuições do Estado a um ou mais Municípios, mediante
acordo que especificará, nomeadamente, o alcance, conteúdo, condições e duração dessa
delegação.
CAPITULO II
Das atribuições
Artigo 26º
(Atribuições)
1. Constitui atribuição do Município tudo o que respeita aos interesses próprios, co-
muns e específicos das populações respectivas, designadamente14 as matérias constantes
dos artigos seguintes.
13. O Decreto-Lei n.º 8/2000, de 28 de Agosto, regula o uso, ordenação e processo de constituição dos símbolos heráldicos
municipais. Este diploma veio revogar expressamente o Decreto-Regulamentar n.º 25/99, de 30 de Dezembro que padecia
de vários erros e imprecisões, embora o conteúdo seja basicamente o mesmo.
14. Trata-se de uma enumeração meramente exemplificativa das atribuições dos Municípios
87
Lei n.º 134/IV/95, de 03 de Julho
2. São ainda confiadas aos Municípios as atribuições que em virtude da lei não perten-
cem à Administração Central.
3. A prossecução das atribuições dos Municípios concretiza-se no respeito pelo prin-
cipio da unidade do Estado, expressão do caracter uno e indivisível da soberania nacional
e pelo regime legalmente definido de delimitação e coordenação de actuações da Adminis-
tração Central e Local em matéria de investimentos públicos.15
Artigo 27º
(Administração de bens)
No domínio da administração de bens é, nomeadamente, atribuição do Município o
que respeite a:
1. Administração e gestão dos bens do domínio publico16 e privado municipal.
2. Gestão local de bens do domínio público ou privado do Estado situados no
território municipal, salvo nos casos expressamente excluídos por lei, deliber-
ação ou decisão dos órgãos competentes do Estado.
3. Participação em sociedades de capitais públicos ou em outras empresas cujo objecto
seja do interesse do Município e se enquadre no âmbito das suas atribuições, salvo dispo-
sição legal expressa em contrário.
Artigo 28º
(Planeamento)
No domínio do planeamento é, nomeadamente, atribuição do Município o que respeite a:
1. Participação dos seus órgãos na elaboração, execução e controlo do Plano Na-
cional de Desenvolvimento e de outros planos de caracter regional ou sectorial
que interessem a vida das respectivas populações.
2. Elaboração, aprovação e execução do Plano Municipal de Desenvolvimento e
dos respectivos planos anuais e plurianuais de investimentos.
Artigo 29º
(Saneamento básico)
No domínio do saneamento básico e salubridade é, nomeadamente, atribuição do Mu-
nicípio o que respeite a:
a) Estabelecimento e gestão do sistema municipal de abastecimento de água, nos
termos da lei;
15. Acerca da delimitação de atribuições e competências entre a Administração Central e Local em matéria de investimentos
públicos, ver anotações ao artigo 44º do Estatuto dos Municípios.
16. Sobre os bens do domínio público e privado das Autarquias locais ver nesta colectânea o D.Leg. n.º 2/2007, de 19 de
Julho.
88
Lei n.º 134/IV/95, de 03 de Julho
89
Lei n.º 134/IV/95, de 03 de Julho
Artigo 32º
(Habitação)
1. No domínio da habitação é, nomeadamente, atribuição do Município o que respeite a:
a) Elaboração da política municipal de habitação;
b) Promoção de programas de construção de moradias sociais;
c) Promoção de programas de habitação parta funcionários públicos como incen-
tivo a fixação na periferia;
d) Promoção da habitação própria permanente, da habitação social e de progra-
mas de auto-construcão e bem assim promoção e apoio a cooperativas de hab-
itação;
e) Construção e gestão de equipamento urbano e de edifícios para a instalação de
serviços e empresas municipais;
f) Construção e gestão de edifícios para uso residencial;
g) Definição de cadastro habitacional;
h) Denominação de vias, praças e ruas e numeração das habitações.
2. A política municipal de habitação deverá ser articulada com a política de habitação
das entidades competentes da Administração Central.
Artigo 33º
(Transportes rodoviários) 17
No domínio dos transportes é, nomeadamente, atribuição do Município o que respeite
a:
a) Exercício de autoridade rodoviária nas estradas municipais;
b) Planeamento e implementação do sistema de transportes de passageiros, com-
preendendo a organização do transporte publico de passageiros, as vias de
circulação e sua sinalização, bem como o transporte de cargas;
c) Ordenamento e sinalização do transito e estacionamento de veículos au-
tomóveis nos aglomerados urbanos;
d) Concessão da exploração do serviço de transporte colectivos urbanos, prece-
dida de concurso aberto a todos os operadores que preencham os requisitos
exigidos;
e) Colaboração com outras entidades competentes na fixação de tarifas ou lim-
ites máximos de preço a cobrar nos transportes públicos, mediante emissão de
pareceres previstos na lei;
17. V. nesta colectânea o Decreto-Lei n.º 68/94, de 5 de Dezembro, sobre a descentralização das competências no domínio
do transporte colectivo rodoviário e respectivos comentários.
90
Lei n.º 134/IV/95, de 03 de Julho
91
Lei n.º 134/IV/95, de 03 de Julho
92
Lei n.º 134/IV/95, de 03 de Julho
Artigo 38º
(Turismo) 18
No domínio do turismo é, nomeadamente, atribuição do Município o que respeite a:
a) Construção, equipamento e manutenção de parques de campismo;
b) Construção, equipamento, gestão e manutenção de centros de férias para tra-
balhadores e de infra-estruturas vocacionadas para o turismo interno;
Artigo 39º
(Ambiente) 19
No domínio do ambiente é, nomeadamente, atribuição do Município o que respeite a:
a) Promoção de medidas, acções e programas de protecção e conservação da
natureza; 20
b) Promoção de acções, campanhas e programas de arborização e reflorestacão e
de criação de espaços verdes; 21
c) Protecção e conservação do património paisagístico e urbanístico municipal;
d) Promoção e apoio de medidas de protecção dos recursos hídricos e de con-
servação do solo e da água;
e) Disciplina e controle de acções e actividades susceptíveis de emitir fumos,
gazes e cheiro, de produzir ruídos, ou de constituir factores de insalubridade;
f) Medidas tendentes á formação e educação para o ambiente.
Artigo 40º
(Comercio Interno)
No domínio do comercio interno é, nomeadamente, atribuição do Município o que
respeite a:
a) Construção, equipamento, gestão, e manutenção de feiras e mercados e de
postos de venda de produtos locais ou de primeira necessidade;
b) Construção, equipamento, gestão e manutenção de matadouros, talhos, lotas e
similares;
18. A propósito da gestão das zonas turísticas especiais, que muita celeuma tem levantado, tem-se concluído pela necessidade
de rever a legislação por formar a facultar um maior grau de intervenção dos Municípios no domínio do turismo.
19. V. a Lei n.º 86/IV/93, de 26 de Julho, que define as bases da política do ambiente. Este diploma foi desenvolvido através
do Decreto-Legislativo n.º 14/97, de 1 de Julho.
20. V. o Decreto-Lei n.º 69/97, de 31 de Novembro, que proíbe a extracção e exploração da areia nas dunas, nas praias e
aguas interiores.
21.A Lei n.º 48/V/98, de 6 de Abril, confere aos Municípios Algumas atribuições no domínio da actividade florestal.
93
Lei n.º 134/IV/95, de 03 de Julho
22. Ver Decreto-Lei n.º 5/99, de 1 de Fevereiro, que define o regime jurídico do sector do comércio (inclui comércio retalhista
e ambulante).
23. V. Lei n.º 100/V/99, de 19 de Abril, que estabelece as bases gerais da protecção civil.
94
Lei n.º 134/IV/95, de 03 de Julho
24. V. o Decreto n.º 112/90, de 8 de Dezembro, regula o destacamento de pessoal com funções policiais para prestar serviço(s)
aos Municípios, enquanto não for organizado o corpo da policia municipal.
25. Matéria por regulamentar.
26. Tem-se debatido repetidas vezes a urgência em se adoptar o país de uma lei de delimitação e coordenação de competências
em matéria de investimentos públicos entre a Administração Central e Administração Local . Aliás, para além de constar
expressamente da alínea d) do art. 156º do Estatuto dos Municípios, como carecendo de regulamentação, o n.º 3 do art.
26º do mesmo diploma estabelece claramente que “a prossecução das atribuições dos Municípios concretiza-se pelo
regime legalmente definido de delimitação e coordenação de actuações da Administração Central e Local em matéria de
investimentos publicas”.
27. Este artigo tem a redacção dada pelo artigo 1º da Lei n.º 147/IV/95, de 7 de Novembro. Discute-se na doutrina se este
artigo, ao prever três órgãos municipais, contraria ou não a Constituição da República de Cabo Verde que, no seu art. 230º n.º
1, dispõe o seguinte: “A organização das Autarquias Locais compreende uma assembleia eleita, com poderes deliberativos
e um órgão colegial executivo responsável perante aquela”. Ou seja, a dúvida está em se saber se a figura do Presidente da
Câmara Municipal, enquanto órgão executivo singular, tem ou não cobertura constitucional. Entendemos que sim. A CRCV
quis salvaguardar, como mínimo, a existência de um órgão executivo colegial e um órgão deliberativo.
95
Lei n.º 134/IV/95, de 03 de Julho
Artigo 47º
(Quorum)
1. Os órgãos municipais só podem funcionar e deliberar em primeira convocação com
a presença da maioria do número legal dos seus membros.
2. Não comparecendo a maioria do número legal dos seus membros, será convocada
uma nova reunião, com o intervalo de , pelo menos 48 horas, com a presença de qualquer
número de membros, desde que superior a um terço.
3. Pode ainda a assembleia deliberar validamente se iniciada a reunião nos termos do
número 1 deste artigo deixar de existir quorum no decurso da mesma por abandono de uma
parte dos membros.
4. Para efeito de determinação do quorum não se contam os membros impedidos nos
termos da lei.
Artigo 48º
(Deliberação)
As deliberações dos órgãos municipais são tomadas por pluralidade de votos.
Artigo 49º
(Actas)
1. Será lavrada acta que registe o que de essencial se tiver passado nas reuniões , no-
meadamente as faltas verificadas, as deliberações tomadas, os resultados das votações, os
votos de vencido e qualquer outra matéria imposta pelo regimento.
2. Quando assim for deliberado pelo órgão, as deliberações mais importantes poderão
constar de simples minutas aprovadas no termo da reunião e assinadas pelos membros
presentes.
3. As actas das reuniões das Assembleias Municipais são públicas, podem ser con-
sultadas por qualquer cidadão no local em que funcionar a assembleia e uma certidão das
mesmas podem ser passadas a qualquer munícipe recenseado.
4. As actas das reuniões do Presidente da Câmara não são públicas, mas podem ser
passadas certidões a quem demonstrar ter interesse legitimo na sua obtenção.
Artigo 50º
(Auto de não - realização)28
Se não for possível efectuar uma reunião o Secretário lavrará auto de não realização na
qual consigna as razões determinantes desse facto, os membros que faltaram e o mais que
o regimento determinar.
28. Correntemente designada por acta negativa, o auto de não realização tem importantes efeitos na organização e
funcionamento dos órgãos municipais.
96
Lei n.º 134/IV/95, de 03 de Julho
Artigo 51º
(Reunião fora da sede)
Os órgãos municipais podem reunir-se em qualquer ponto do território municipal,
mediante aviso prévio nos órgãos de comunicação social.
Artigo 52º
(Impedimento)
1. Os titulares dos órgãos municipais não podem intervir em assuntos que lhes digam
respeito ou ao seu cônjuge ou ainda aos seus parentes e afins em linha recta ou ate ao quarto
grau da linha colateral.
2. Verificando o caso previsto no número anterior os membros dos órgãos municipais
não podem estar presentes no momento da discussão nem no momento da votação.
Artigo 53º
(Continuidade do mandato)
1. Os titulares dos órgãos municipais servem pelo período do respectivo mandato e
mantém-se em actividade até a sua substituição, salvo disposição legal em contrário.
2. Os titulares cessantes dos órgãos municipais prestarão aos novos eleitos os esclare-
cimentos sobre os processos pendentes e sobre o estado geral da administração municipal.
Artigo 54º
(Renúncia do mandato)
1. Os titulares dos órgãos municipais gozam do direito de renúncia ao respectivo man-
dato.
2. A renúncia deverá ser comunicada, por escrito, ao Presidente do órgão respectivo
e torna-se efectiva com a entrada em funções do substituto ou dos membros da comissão
administrativa especial, nos termos do artigo 62º.
3. A comunicação ao membro substituto compete ao presidente do órgão e deverá ter
lugar imediatamente, sem prejuízo da ratificação pelo plenário do órgão na reunião seguinte.
Artigo 55º
(Renúncia do Presidente da Câmara Municipal)
A renúncia do Presidente da Câmara Municipal torna-se efectiva com a sua comunica-
ção ao Presidente da Assembleia Municipal.
Artigo 56º
(Renúncia do Presidente da Assembleia Municipal)
A renúncia do Presidente da Assembleia Municipal torna-se efectiva com a sua comu-
nicação ao plenário.
97
Lei n.º 134/IV/95, de 03 de Julho
Artigo 57º
(Efeitos da renúncia)29
Os membros dos órgãos municipais que renunciarem ao mandato, não podem concor-
rer as eleições subsequentes que se destinam a completar o mandato dos anteriores eleitos
nem nas eleições que iniciem o novo mandato.
Artigo 58º
(Suspensão)
1. Os membros dos órgãos municipais poderão solicitar a suspensão do respectivo
mandato sempre que, por motivos relevantes, estejam impossibilitados de participar nos
trabalhos e de desempenhar cabalmente as suas funções por período superior a sessenta
dias.
2. O pedido de suspensão, devidamente fundamentado, deverá ser endereçado ao Pre-
sidente que decidirá, imediatamente, sem prejuízo da submissão a ratificação pelo plenário
do órgão respectivo na reunião seguinte.
3. O Presidente do órgão respectivo deverá sempre convocar o membro substituto para
a próxima sessão ou reunião
4. A suspensão não poderá ultrapassar 365 dias no decurso do mandato, sob pena de se
considerar como perda de mandato 30.
Artigo 59º
(Perda do mandato)31
1. Perdem o mandato os titulares de órgãos municipais que:
a) Após a eleição, sejam identificados como portadores de alguma incapacidade
eleitoral passiva;
b) Não tomem assento no respectivo órgão durante três sessões ou cinco reu-
niões diárias consecutivas ou quinze interpoladas, salvo motivo justificado
aceite pelo plenário do órgão;
c) Incorram por acção o omissão em ilegalidade grave ou numa continuada
pratica de actos ilícitos, verificados em inspecção, inquérito ou sindicância,
ou expressamente reconhecidas por sentença judicial definitiva;
d) Recusem três vezes seguidas ou cinco interpoladas, a desempenhar cargos
ou funções para que sejam designados pela Assembleia ou pela Câmara, des-
de que essa recusa seja considerada injustificada pelo órgão a que pertence;
29. É preciso salvaguardar, quanto aos efeitos, que a renúncia de mandato não prejudica a possibilidade de instauração ou
prossecução de eventuais processos de perda de mandato, por actos praticados no decurso do mandato electivo para evitar a
fuga à responsabilidade.
30. Quanto aos efeitos, v. art. 59º, n.º 1, alínea g), dos Estatutos dos Municípios.
31. O processo de perda de mandato consta do Decreto-Regulamentar n.º 2/98, de 2 de Março.
98
Lei n.º 134/IV/95, de 03 de Julho
e) Forem condenados por crime punível com pena de prisão cujo limite máximo
seja superior a dois anos;
f) Após a eleição se integrem em formação diversa daquela pela qual tenham
sido apresentados ao sufrágio;
g) Suspenderem o mandato por mais de 365 dias.
2. Constitui ainda causa de perda de mandato a verificação, em momento posterior ao
da eleição de pratica por acção ou omissão, de ilegalidade grave ou de prática continuada
de irregularidade, em mandato imediatamente anterior exercido em qualquer órgão de
qualquer Município.
Artigo 60º
(Competência e processo)
1. Compete aos Tribunais declarar a perda de mandato precedida obrigatoriamente de
audiência do interessado.
2. A interposição de recurso em caso de declaração de perda de mandato implica a
suspensão do mandato do recorrente ate a decisão final.
3. O processo de perda de mandato será regulamentado por Decreto-Regulamentar,
tem caracter urgente, deve ser baseado no principio da sumariedade e está isento do impos-
to de justiça, salvo ocorrência de má-fé.
Artigo 61º
(Efeitos da perda do mandato)32
Os membros dos órgãos municipais que perderem o mandato nos termos da alínea e)
do artigo 59º ficam impossibilitados de exercer cargos políticos por um período de cinco
anos.
Artigo 62º
(Comissão administrativa especial)33
1. Se a alteração da composição de um órgão municipal for de molde a que não esteja
em efectividade de funções a maioria absoluta dos seus membros, o Governo nomeará uma
comissão administrativa especial composta de três a sete membros, ouvidas as formações
políticas representadas no órgão em causa, para exercer a respectiva competência, limitada
aos actos estritamente necessários à gestão corrente dos negócios públicos e à administra-
ção ordinária, incluindo o exercício de poderes funcionais de cumprimento impreterível.
32. Este preceito deve ser compatibilizado com os artigos 410º e 411º do Código Eleitoral, aprovado pela Lei n.º 92/V/99, de
8 de Fevereiro, onde estão previstas situações de incompatibilidade aplicáveis aos eleitos municipais.
33. Redacção dada pelo artigo 1º da Lei n.º 147/IV/95, de 7 de Novembro.
99
Lei n.º 134/IV/95, de 03 de Julho
34. Ver o Estatuto dos Eleitos Locais, aprovado pela Lei n.º 14/III/91, de 30 de Dezembro (art. 4º), bem como o Código
Eleitoral aprovado pela Lei n.º 92/V/99, de 8 de Fevereiro, designadamente os seus artigos 407º a 412º).
35 Redacção dada pelo artigo 1º da Lei n.º 147/IV/95, de 7 de Novembro. Parece ser uma norma desconhecida de muitos
eleitos municipais, não havendo noticias da sua invocação em situações de crise no funcionamento dos órgãos autárquicos e
relacionamento entre os eleitos.
100
Lei n.º 134/IV/95, de 03 de Julho
101
Lei n.º 134/IV/95, de 03 de Julho
Artigo 71º
(Substituição do Presidente)
O Presidente da Assembleia será substituído, nas suas faltas ou impedimentos, pelo
vice-presidente ou, na falta ou impossibilidade deste, pelo membro mais idoso presente.
Artigo 72º
(Secretário a tempo inteiro )
A Assembleia poderá deliberar o exercício de funções do Secretário, a tempo inteiro
ou a meio tempo, consoante as suas necessidades objectivas.
Artigo 73º
(Espaço físico)
A mesa e os grupos políticos constituídos no seio da Assembleia, tem direito a utiliza-
ção de um espaço, preferencialmente no edifício em que funcionar a Câmara, onde poderão
reunir-se e receber os Munícipes que queiram apresentar as suas queixas, reclamações,
protestos, propostas e sugestões ou, de uma maneira geral, opinar sobre a gestão de interes-
ses municipais, salvo no caso de a Assembleia Municipal possuir edifício próprio.
Artigo 74º
(Alteração da composição da Assembleia)
1. Em casos de morte, renúncia, suspensão ou perda de mandato de algum dos mem-
bros da Assembleia Municipal, este será substituído por um dos suplentes da lista respecti-
va, em conformidade com a ordenação constante da mesma lista .
2. Esgotada a possibilidade de substituição prevista no número anterior e desde que
não esteja em efectividade de funções a maioria absoluta dos membros que constituem a
assembleia, o Presidente comunicará o facto ao Governo no prazo de 48 horas, para que
este marque no prazo de trinta dias novas eleições.
3. As novas eleições realizar-se-ão no prazo máximo de 90 dias a contar da recepção
da comunicação referida no número anterior para renovação total dos titulares desse órgão
e destinam-se a completar o mandato dos eleitos.
Artigo 75º
(Sessão ordinária)
1. A Assembleia Municipal terá uma sessão ordinária por trimestre devendo ser con-
vocada obrigatoriamente nos meses abaixo indicados para apreciação das seguintes maté-
rias:
a) No mês de Fevereiro, para apreciação do relatório escrito das actividades dos
órgãos executivos municipais;
b) No mês de Abril, para apreciação das contas de gerência;
c) No mês de Novembro, para aprovação do Plano de actividades e do orçamento
para o ano seguinte;
102
Lei n.º 134/IV/95, de 03 de Julho
2. A não realização das sessões nos termos das alíneas a) e b) do número anterior cons-
titui grave ilegalidade36.
3. Os assuntos que não forem incluídos na ordem do dia só podem ser objecto de apre-
ciação e deliberação se, pelo menos, a maioria absoluta dos membros reconhecem urgência
na sua apreciação e deliberação .
Artigo 76º
(Sessão extraordinária)
1. A Assembleia Municipal reúne-se extraordinariamente sempre que necessário não
podendo, porem, em caso algum, tratar de assuntos para os quais não tenha sido expressa-
mente convocada.
2. São nulas as deliberações sobre assuntos não compreendidos na convocatória.
Artigo 77º
(Convocação das sessões )
1. As sessões ordinárias são convocadas pelo Presidente por sua livre iniciativa.
2. As sessões extraordinárias são convocadas pelo presidente por sua livre iniciativa,
ou solicitação:
a) Da Câmara Municipal;
b) Da maioria absoluta dos membros da Assembleia;
c) Do membro de Governo responsável pelo departamento governamental que
exerce poderes de tutela sobre os Municípios;
d) De um número de cidadãos eleitores inscritos no recenseamento eleitoral
equivalente a quinze vezes o número de membros da Assembleia Municipal.
3. O membro de Governo referido na alínea c) do n.º 2 do artigo anterior pode fazer-se
representar na reunião por um alto funcionário da Administração Pública com direito ao
uso da palavra sobre matéria objecto da convocatória.
4. A Assembleia Municipal pode ser convocada, em caso de urgência com pelo menos
vinte e quatro horas de antecedência.
Artigo 78º
(Participação da Câmara)
1. Em todas as sessões da Assembleia Municipal a Câmara Municipal far-se-á repre-
sentar obrigatoriamente pelo Presidente, que poderá intervir nos debates, sem direito a
voto, devendo nas reuniões ordinárias, informar verbalmente a Assembleia das actividades
desenvolvidas desde a reunião anterior.
36. As consequências estão previstas no artigo 133º do presente diploma.
103
Lei n.º 134/IV/95, de 03 de Julho
104
Lei n.º 134/IV/95, de 03 de Julho
37. Quanto à competência para alienar imóveis, ver o n.º 6 do art. 92º deste diploma.
105
Lei n.º 134/IV/95, de 03 de Julho
106
Lei n.º 134/IV/95, de 03 de Julho
Artigo 86º
(Câmara cessante)39
1. A Câmara Municipal cessante assegura a gestão corrente dos assuntos municipais
até à substituição dos seus titulares.
2. A Câmara Municipal cessante limitar-se-á à prática de actos estritamente neces-
sários à gestão corrente dos negócios públicos e à administração ordinária, incluindo o
exercício de poderes funcionais de cumprimento impreterível.
Artigo 87º
(Informação aos vereadores)
Os Vereadores tem direito a obter directamente dos serviços municipais todas as infor-
mações necessárias para um bom desempenho das suas funções.
Artigo 88º
(Vereadores em regime de permanência)
Quando as necessidades da gestão municipal o justifiquem, poderá a Assembleia Mu-
nicipal, sob proposta da Câmara, fixar o número de Vereadores que exercem funções a
tempo inteiro ou a meio tempo e estabelecer a sua remuneração40, que não pode ser, em
caso algum, igual ou superior à do Presidente da Câmara.
Artigo 89º
(Alteração da composição da Câmara)
1. Em casos de morte, renúncia, suspensão ou perda de mandato de algum membro
da Câmara Municipal em efectividade de funções, este será substituído por um dos candi-
datos não eleitos ou suplentes da respectiva lista, pela ordem por que nela constam, o qual
completará o mandato do substituído.
2. Desde que não esteja em efectividade de funções mais de metade dos Vereadores,
o Presidente da Câmara comunicará o facto ao membro do governo que exerce poderes de
tutela sobre os Municípios, no prazo de 48 horas para que, no prazo máximo de 30 dias a
contar da comunicação, sejam marcadas novas eleições.
3. As novas eleições realizar-se-ão no prazo máximo de noventa dias a contar da re-
cepção da comunicação referida no número anterior para renovação total dos titulares desse
órgão e destinam-se a completar o mandato dos eleitos
Artigo 90º
(Instalações)
A instalação da Câmara Municipal compete ao Presidente da Assembleia Municipal,
far-se-á no prazo de quinze dias a contar da proclamação dos resultados das eleições e nos
termos do número 2 do artigo 67º.
Artigo 91º
39. Redacção dada pelo artigo 1º da Lei n.º 147/IV/95, de 7 de Novembro.
40. A remuneração dos titulares de cargos políticos, entre eles os Vereadores, foi fixado pela Lei n.º 28/V/97, de 23 de Junho.
107
Lei n.º 134/IV/95, de 03 de Julho
(Reuniões)
1. A Câmara Municipal terá uma reunião ordinária quinzenal.
2. A Câmara Municipal poderá estabelecer dia e hora certos para as reuniões ordiná-
rias, devendo neste caso publicar editais que dispensarão outras formas de convocação.
3. Poderá a Câmara Municipal reunir-se extraordinariamente por iniciativa do Pre-
sidente ou a pedido da maioria dos Vereadores, não podendo, neste caso, ser recusada a
convocatória.
4. As reuniões serão convocadas e dirigidas pelo Presidente.
Artigo 92º
(Competência)
1. A Câmara Municipal executa o plano de actividades aprovado pela Assembleia Mu-
nicipal e vela pelo cumprimento das deliberações desse órgão deliberativo.
2. Compete à Câmara Municipal, no âmbito da organização e funcionamento dos seus
serviços, bem como no da gestão corrente:
a) Elaborar e aprovar posturas sobre matérias da sua competência própria ou
delegada;
b) Fixar o horário de funcionamento dos serviços municipais, nos termos da lei;
c) Fixar o horário de funcionamento dos serviços comerciais e dos locais de
diversão nocturna;
d) Nomear, contratar, assalariar, promover, transferir, aposentar e exonerar o
pessoal, salvo disposição legal em contrário;
e) Organizar os serviços municipais, fixar os respectivos quadros de pessoal e
estabelecer as normas necessárias ao seu bom funcionamento;
f) Designar o pessoal dirigente dos serviços autónomos e empresas municipais;
g) Fixar tarifas pela prestação de serviços ao público;
h) Aceitar doações, legados e heranças;
i) Adquirir bens semoventes e imóveis necessários ao funcionamento regular
dos serviços, onerá-los quando se justifique e dispor dos que se tornem dispen-
sáveis, quando for caso disso;
j) Autorizar o Presidente da Câmara a confessar, desistir ou transigir em juízo se
não houver ofensa de direitos de terceiros;
k) Negociar empréstimo e outorgar os respectivos contratos nos termos da lei;
l) Conceder a exploração de bens e serviços e resgatar a concessão, mediante
autorização da Assembleia, quando for caso disso;
108
Lei n.º 134/IV/95, de 03 de Julho
109
Lei n.º 134/IV/95, de 03 de Julho
41. No que concerne especificamente à autorização para alienar imóveis, com este dispositivo fica irremediavelmente
prejudicado o disposto na alínea h), n.º 2, do artigo 81º do presente diploma.
110
Lei n.º 134/IV/95, de 03 de Julho
42. Entendemos que, salvo nos casos de impossibilidade, a lei devia prever expressamente a obrigatoriedade do Presidente
da Câmara designar o seu substituto para evitar dúvidas e incertezas.
43. Em coerência com a solidariedade na responsabilidade financeira reintegratória e valorização do papel dos Vereadores,
parece-nos elementar que se fixe um montante limite até o qual o Presidente da Câmara Municipal poderá autorizar o
pagamento das despesas orçamentadas. No direito comparado, este mecanismo foi introduzido em Portugal ainda nos finais
dos anos setenta, através do Decreto-Lei n.º 211/79, de 12 de Julho.
111
Lei n.º 134/IV/95, de 03 de Julho
112
Lei n.º 134/IV/95, de 03 de Julho
113
Lei n.º 134/IV/95, de 03 de Julho
Artigo 104º
(Recursos)
2. Dos actos do Presidente da Câmara Municipal e bem assim dos vereadores, no uso
de competência delegada ou subdelegada, cabe recurso necessário para a entidade delegan-
te, com efeito suspensivo.
Artigo 105º
(Coordenação dos serviços desconcentrados)44
(...)
CAPITULO IV
Da organização dos serviços municipais
Artigo 106º
(Princípios gerais)
A organização e a gestão dos serviços do Município devem ser feitas de acordo com
as necessidades das respectivas populações e as exigências do desenvolvimento local e
regional, obedecendo, nomeadamente, aos seguintes princípios:
114
Lei n.º 134/IV/95, de 03 de Julho
115
Lei n.º 134/IV/95, de 03 de Julho
Artigo 112º
( Secretario Municipal)52
1. Sob a orientação directa do Presidente da Câmara Municipal funcionará um Secre-
tário Municipal com funções definidas na lei e no regulamento de organização e funciona-
mento dos serviços municipais.
2. O Secretário Municipal é provido em comissão de serviço pela Câmara Municipal,
sob proposta do respectivo Presidente.
3. A remuneração e o perfil do Secretário Municipal serão definidos por Decreto-
Regulamentar.
Artigo 113º
(Horário de funcionamento)53
O horário de funcionamento dos serviços municipais será fixado por cada Município,
nos termos da lei, de acordo com as suas características próprias, visando uma melhor
prestação de serviço à comunidade.
Artigo 114º
(Serviços municipalizados)54
O Município poderá automatizar serviços ou criar empresas municipais para satisfação
de necessidades colectivas das populações respectivas, quando sejam de interesse relevan-
te para a colectividade municipal, a iniciativa privada os não preveja satisfatoriamente a
gestão autónoma se mostra mais eficiente.
Artigo 115º
(Proposta fundamentada)
A autonomização de serviços e a criação de empresas municipais55 far-se-ão mediante
proposta fundamentada da Câmara Municipal, demostrando, nomeadamente, a sua viabili-
dade nos aspectos económico, financeiro e técnico.
Artigo 116º
(Modo de gestão)
52. V. o Decreto-Lei n.º 5/98, de 9 de Março, que define o perfil e a remuneração do Secretário Municipal. Quis o legislador
que o Secretário Municipal fosse um “verdadeiro gestor, capaz de tomar decisões no âmbito das competências próprias,
delegadas ou subdelegadas”, com o objectivo de “liberar o executivo municipal das questões administrativas quotidianas,
criando as condições para o pleno exercício das suas funções política e de representação, sem prejuízo do funcionamento da
máquina administrativa local”. Por isso, exige-se um perfil eminentemente técnico e nomeação pela Câmara Municipal, sob
proposta do seu Presidente.
53. V. Portaria n.º 4/2000, de 6 de Março que fixa o horário de trabalho na Administração Municipal.
54. A Lei n.º 96/V/99, de 22 de Março estabelece o regime jurídico dos Serviços Autónomos, Fundos Autónomos e Institutos
Públicos. Reveste-se também de algum interesse para os Municípios o regime especial das Empresas Públicas de serviço
publico, constante do Decreto-Lei n.º 16/2000, de 27 de Março.
55. Sobre a criação de empresas municipais ver a Lei n.º 104/V/99, de 12 de Julho e a Lei. 47/VII/2009, de 7 de Dezembro.
116
Lei n.º 134/IV/95, de 03 de Julho
117
Lei n.º 134/IV/95, de 03 de Julho
çamento municipal, que consagrará uma rubrica respeitante à administração municipal des-
concentrada.
Artigo 122º
(Investimentos Obrigatórios)
A Câmara Municipal inscreverá no orçamento municipal o mínimo de 5% da previsão
de cobrança de receitas para os investimentos a realizar por cada delegação municipal.
Artigo 123º
(Organização do poder nos bairros e povoados)
1. Em cada bairro ou povoado poderá ser organizado uma representação da Câmara
Municipal, singular ou colegial, que velará pela satisfação das necessidades dos munícipes
e cuidará da gestão dos interesses municipais.
2. A Câmara Municipal deve assegurar a participação das populações na selecção e
controlo da actuação dos seus representantes e o desenvolvimento activo e voluntário da
comunidade nas actividades públicas.
3. Os órgãos executivos municipais podem delegar tarefas administrativas nas organi-
zações comunitárias que não envolvam o exercício de poderes de autoridades.
4. A Assembleia Municipal poderá atribuir incentivos aos Munícipes que assumirem
as responsabilidades referidas no número um.
CAPITULO VI
Relações entre o Estado e o Município
Artigo 124º
(Tutela inspectiva)59
1. O Governo fiscaliza a gestão administrativa, patrimonial e financeira do Município,
com vista à verificação do cumprimento da lei.
2. No exercício da tutela inspectiva estabelecida no número antecedente cabe ao Go-
verno, designadamente:
a) Ordenar inspecções, inquéritos, sindicâncias e averiguações aos órgãos e
serviços municipais;
b) Solicitar e obter dos órgãos municipais informações, documentos e esclareci-
mentos que permitam o acompanhamento eficaz da gestão municipal.
Artigo 125º
(Competência do Governo)
59. Os actos geradores de despesas públicas estão sujeitos à fiscalização jurisdicional do Tribunal de Contas, podendo ser
exercida preventiva e/ou sucessivamente, sem prejuízo das competências da Inspecção Geral de Finanças que, regularmente
e mediante calendários previamente definidos, pode realizar as inspecções que entender adequadas.
118
Lei n.º 134/IV/95, de 03 de Julho
60. Com a extinção da Inspecção da Administração Local, afecta ao departamento governamental responsável pelas relações
com os Municípios, nos últimos 8 anos não se registaram quaisquer acções de inspecção administrativa. Contudo, é evidente
a necessidade da sua reactivação sobretudo quando encarada como um instrumento essencialmente pedagógico.
61. V. o Decreto-Regulamentar n.º 7/98, de 7 de Dezembro, que regula o dever de informar o Governo.
119
Lei n.º 134/IV/95, de 03 de Julho
Carecem de aprovação do Governo, para serem eficazes, os actos dos órgãos munici-
pais que tenham por objectivo lançar impostos e adicionais municipais.
Artigo 130º
(Regime de aprovação tutelar)
1. Nos casos legalmente previstos para a aprovação tutelar, uma certidão ou cópia
certificada do acto sujeito à tutela será remetida pelo Presidente da Câmara Municipal à
entidade tutelar, no prazo máximo de 5 dias62.
2. A aprovação tutelar só pode ser recusada com fundamento em ilegalidades do acto
sujeito à aprovação ou na sua desconformidade com os planos e programas a que o Muni-
cípio esteja vinculado nos termos da lei.
3. A aprovação tutelar poderá ser parcial, quando se refira a uma parte autónoma de
um acto susceptível de decisão sem alteração do seu conteúdo.
4. A aprovação tutelar poderá ser concedida sob condição suspensiva ou resolutiva
tendente a garantir a conformidade do acto sujeito a tutela com a legalidade e o planea-
mento.
5. A aprovação tutelar considera-se tacitamente concedida se, no prazo de 60 dias a
contar da data da recepção da certidão ou cópia referida no número 1 do presente artigo
não for comunicada, por escrito, a sua denegação expressa, total ou parcial, pelo órgão
tutelado.
Artigo 131º
(Reclamação e recurso) 63
1. Da aprovação tutelar ou da sua recusa cabem reclamação graciosa ou recurso con-
tencioso com fundamento em ilegalidade, nos termos gerais de direito.
2. Têm legitimidade para a reclamação graciosa e o recurso contencioso previsto no
artigo anterior:
a) Os cidadãos que neles tenham interesse directo, pessoal e legítimo;
b) O órgão tutelado, nos casos de recusa de aprovação e de aprovação parcial ou
sob condição.
Artigo 132º
(Ano de eleições gerais)
Nos doze meses anteriores à data das eleições municipais gerais, não podem ser reali-
62] Se atendermos às características geográficas do país e à rede de transportes de ligação entre as ilhas temos que concluir
pela necessidade de alargar os prazos legais, como este em análise, no sentido adaptá-los à nossa realidade. Na verdade, 5
dias parece-nos manifestamente insuficiente para fazer chegar os documentos originais ou cópias certificadas à tutela.
63]V. Decreto-Legislativo n.º 16/97, de 10 de Novembro, que estabelece o regime geral das reclamações e recursos
administrativos não contenciosos.
120
Lei n.º 134/IV/95, de 03 de Julho
Artigo 135º
(Competência)
A dissolução dos órgãos municipais é da competência do Governo, reunido em Conse-
lho de Ministros e assume a forma de resolução.
Artigo 136º
(Conteúdo da resolução)
Da resolução devem constar:
64] O art. 134º enumera as ilegalidades graves que dão lugar à dissolução.
121
Lei n.º 134/IV/95, de 03 de Julho
a) Os fundamentos da dissolução;
b) A designação da comissão administrativa que substituirá os órgãos dissolvi-
dos até à posse dos titulares dos novos órgãos eleitos;
c) A data para a realização das novas eleições, que se realizarão nos cento e vinte
dias seguintes e pela lei eleitoral vigente ao tempo da dissolução, sob pena de
inexistência jurídica;
d) O mandato dos novos eleitos destina-se a completar o mandato dos anteriores.
Artigo 137º
(Composição da comissão administrativa)
A comissão administrativa terá de três a cinco membros, não podendo em caso algum
fazer parte dela os titulares dos órgãos dissolvidos.
Artigo 138º
(Efeitos da dissolução)
1. Os membros de órgãos municipais objecto de dissolução, não podem fazer parte da
comissão administrativa prevista no artigo anterior, nem ser candidatos nos actos eleitorais
destinados a completar o mandato interrompido, nem nos subsequentes que venham a ter
lugar no período de tempo correspondente a novo mandato completo, em qualquer órgão
municipal.
2. Exceptuam-se do disposto no número anterior os membros que demostrarem não
terem cometido ilegalidades que provocou a dissolução.
Artigo 139º
(Delegação de poderes pelo Governo)
Pode o Governo delegar poderes de representação a nível do Município no Presidente da
respectiva Câmara Municipal quando tais poderes não estejam cometidos por lei a outro órgão.
Artigo 140º
(Patrocínio judiciário)
O Município e a Associação de Municípios são patrocinados em Juízo pelo represen-
tante do Ministério Público na Comarca.
CAPÍTULO VII
Dos actos municipais
Artigo 141º
(Regulamentos municipais)
São regulamentos dos órgãos municipais a postura e o regulamento policial. 65
65] Ver o Capítulo I do Decreto-Legislativo n.º 15/97, de 10 de Novembro (regime geral dos regulamentos e actos
administrativos).
122
Lei n.º 134/IV/95, de 03 de Julho
Artigo 142º
(Posturas)
Revestem a forma de posturas, salvo disposição especial da lei, os regulamentos dima-
nados dos órgãos municipais competentes e adoptados por sua iniciativa sobre matéria das
atribuições municipais.
Artigo 143º
(Regulamento policial)
Revestem a forma de regulamento policial, salvo disposição da lei, os regulamentos
dimanados dos órgãos municipais em consequência de competência especialmente confe-
rida por determinada lei ou regulamento do Governo para a execução das suas normas.
Artigo 144º
(Publicidade dos actos)
1. Os regulamentos municipais, as deliberações e decisões de interesse geral, sobretu-
do os destinados a ter eficácia externa, serão afixados em todas as circunscrições territoriais
nos lugares mais frequentados e publicados gratuitamente no Boletim Oficial, sob pena de
inexistência jurídica.
2. Os órgãos dos municípios promoverão a criação de um sistema adequado de infor-
mação sobre actividade pública municipal.
Artigo 145º
(Vigência)
1. Os regulamentos municipais, as deliberações e decisões começam a vigorar na data
por elas designada, nunca inferior a oito dias contados da afixação ou publicação.
2. As deliberações e decisões que tenham destinatário certo e determinado produzirão
efeitos a partir da notificação do interessado ou, na impossibilidade de o fazer, cinco dias
depois da sua afixação nos lugares mais frequentados.
3. Excepcionalmente, por motivo de urgente necessidade e interesse público devida-
mente fundamentada, poderá ser determinada a vigência ou eficácia imediata dos regula-
mentos, deliberações ou decisões.
4. Verificando-se o disposto no número anterior, os prazos de impugnação serão conta-
dos a partir da notificação ou afixação referidas nos números antecedentes.
Artigo146º
(Indeferimento tácito)66
1. Os serviços municipais são obrigados a pronunciar-se sobre os requerimentos e
petições que lhes sejam apresentados em matéria da respectiva competência, no prazo de
66] Obriga os órgãos municipais a pronunciarem-se sobre as solicitações e requerimentos que lhes são submetidos pelos
utentes ou munícipes, sob pena de sofrer as consequências legais.
123
Lei n.º 134/IV/95, de 03 de Julho
trinta dias contados da data da entrada do requerimento ou petição, salvo se outro prazo
especial for estabelecido por lei.
2. A ausência de resposta no prazo estabelecido no número anterior equivale, para efei-
tos de recurso, a indeferimento tácito da pretensão, salvo disposição expressa em contrário,
e sem prejuízo de ulterior deferimento expresso do pedido.
Artigo 147º
(Executoriedade dos actos)
1. As deliberações dos órgãos municipais tornam-se executórias depois de aprovadas
as respectivas actas ou depois de assinadas as respectivas minutas quando assim tenha sido
deliberado , salvo nos casos sujeitos à tutela correctiva.
2. As actas ou minutas referidas no número antecedente são documentos autênticos,
fazendo prova plena nos termos da lei.
3. As certidões das actas devem ser passadas, independente de despacho, pelo secre-
tário do órgão, nos oito dias seguinte, à entrada do respectivo requerimento, podendo ser
substituídas por fotocópias certificadas.
Artigo 148º
(Revogação, reforma e conversão dos actos )
As deliberações e decisões dos órgãos municipais podem ser por eles revogados, re-
formadas ou convertidas nos seguintes termos:
Se não forem constitutivas de direitos, em todos os casos e a todo o tempo;
Se forem constitutivas de direitos, apenas quando ilegais e dentro do prazo fixado na
lei para o recurso contencioso deste.
Artigo 149º
(Nulidade dos actos)
1. São nulas as deliberações e decisões dos órgãos municipais:
a) Que forem estranhas às atribuições municipais;
b) Que tiverem sido tomadas sem quorum ou sem os votos da maioria legalmente
estabelecidas;
c) Que lancem impostos ou criem taxas não previstos na lei;
d) Que careçam em absoluto de forma legal;
e) Que sejam declarados como tal na lei geral.
2. As deliberações nulas são impugnáveis sem dependência de prazo, por via de recur-
so ou de defesa em qualquer processo administrativo ou judicial.
Artigo 150º
124
Lei n.º 134/IV/95, de 03 de Julho
125
Lei n.º 134/IV/95, de 03 de Julho
126
Lei n.º 134/IV/95, de 03 de Julho
127
Decreto Regulamentar n.º 7/98, de 7 de Dezembro
128
Decreto Regulamentar n.º 7/98, de 7 de Dezembro
129
Decreto Regulamentar n.º 7/98, de 7 de Dezembro
Artigo 9º
(Outros pedidos de informação)
1. Qualquer outro pedido de informação deverá ser satisfeito no prazo máximo de 15
dias, a contar da data da recepção do pedido.
2. O prazo referido no número anterior poderá ser reduzido até 5 dias quando a tutela,
expressamente, o indique no pedido e invoque razões atendíveis.
Artigo 10º
(Certificação)
As cópias a remeter à tutela, nos termos do presente diploma, devem conter a menção
do número de páginas que as compõem autenticadas em conformidade com os originais
existentes nos arquivos do Município e da identificação do arquivo em que os mesmos se
encontram, subscritas pelo Secretário Municipal.
Artigo 11º
(Modo de remessa)
1. A remessa de documentos a que se refere o presente diploma deve ser feita por
correio registado com aviso de recepção ou mediante entrega a coberto de protocolo que
identifique bem o documento.
2. Sem prejuízo do disposto no n.º 1, a remessa poderá ser feita cumulativamente e pre-
viamente via fax ou por correio electrónico, quando o destinatário possua equipamento de
recepção adequado e em funcionamento, o que o remetente verificará antecipadamente.
Artigo 12º
(Documentos e informações confidenciais)
A tutela garante a confidencialidade dos documentos e outras informações recebidas
das Autarquias Locais, quando os órgãos municipais manifestem tal vontade.
Artigo 13º
(Entrada em vigor)
O presente diploma entra imediatamente em vigor.
Visto e aprovado em Conselho de Ministros.
Carlos veiga – António Gualberto do Rosário
Promulgado em 25 de Novembro de 1998.
O Primeiro Ministro, Carlos Veiga.
Publique-se.
O Presidente da República, ANTONIO MANUEL MASCARENHAS GOMES MON-
TEIRO
130
Decreto-Regulamentar n.º 8/2000, de 28 de Agosto
131
Decreto-Regulamentar n.º 8/2000, de 28 de Agosto
Artigo 2º
(Símbolos heráldicos Municipais)
1. Os símbolos heráldicos municipais são, nos termos da lei, os brasões de arma, as
bandeiras e os selos.
2. O Município exerce sobre os seus símbolos heráldicos todos os direitos correspon-
dentes à propriedade intelectual.
3 - Os símbolos heráldicos municipais devem ser respeitados por todos no território
municipal.
Artigo 3º
(Direito ao uso dos símbolos)
1. Têm direito ao uso dos símbolos heráldicos municipais:
a) Os Municípios e outras Autarquias Municipais;
b) As Cidades;
c) As Vilas.
2. As armas da República de Cabo Verde não podem ser incluídas nos símbolos herál-
dicos municipais.
3. O disposto no número anterior não prejudica a inclusão nos símbolos heráldicos mu-
nicipais de elementos das armas nacionais, nas condições previstas no presente diploma.
Artigo 4º
(Processo de aquisição do direito)
1. O direito ao uso de símbolos heráldicos municipais com determinada ordenação é
adquirido pelo Município, por deliberação da Assembleia Municipal, por uma maioria de
2/3, depois do parecer obrigatório do Instituto da Promoção Cultural.72
2. É obrigatório o registo, no Ministério da Justiça, e publicação dos símbolos herál-
dicos municipais no Boletim Oficial, a pedido do titular do direito, sob pena de inoponibi-
lidade a terceiro.
3. Todas as ordenações publicadas no Boletim Oficial são oficiosamente registadas no
departamento governamental que tutela as Autarquias Locais e entidades competentes.
Artigo 5º
(Modificação)
Os símbolos heráldicos municipais podem ser modificados pelo aditamento às orde-
nações primitivas de peças honrosas, motes e condecorações, desde que concedidas pela
autoridade competente.
132
Decreto-Regulamentar n.º 8/2000, de 28 de Agosto
Artigo 6º
( Extinção)
A extinção do direito aos símbolos heráldicos municipais processa-se automaticamen-
te com a do seu titular.
Artigo 7º
(Descrição dos símbolos)
A descrição oficial do símbolo heráldicos municipais deve ser sintética, completa e
unívoca e feita de acordo com as regras gerais da heráldicos.
CAPÍTULO II
Ordenação dos símbolos heráldicos
Secção I
Regras gerais
Artigo 8º
(Regras de ordenação)
A ordenação dos símbolos heráldicos municipais deve obedecer à seguintes regras:
a) Simplicidade, excluindo os elementos supérfluos e utilizando apenas os
necessários;
b) Univocidade, não permitindo que os símbolos heráldicos, ordenados nos ter-
mos deste diploma, se confundam com outros já existentes, designadamente,
símbolos nacionais ou dos partidos políticos;
c) Genuinidade, respeitando na simbologia o carácter e a especificidade do seu
titular e muito especialmente a emblemática que já tenha usado;
d) Estilização, empregando os elementos usados na forma que melhor sirva à
intenção estética da heráldica e não na sua forma naturalista;
e) Proporção, relacionando as dimensões dos elementos utilizados com as do
campo do círculo, ou da bandeira, segundo as regras heráldicas;
f) Iluminura - juntando pele com pele, pele com metal, ou pele com cor, e não
metal com metal, ou cor com cor.
Artigo 9º
(Brasões de armas)
1. Os brasões de armas, previstos na presente lei, são constituídas por círculo ladeado
por dez estrelas, um listel sotoposto, com uma legenda ou mote e pequenos elos entrelaça-
dos, podendo eventualmente constar da sua ordenação a condecoração de grau mais eleva-
do com que o titular tenha sido agraciado.
133
Decreto-Regulamentar n.º 8/2000, de 28 de Agosto
134
Decreto-Regulamentar n.º 8/2000, de 28 de Agosto
135
Decreto-Regulamentar n.º 8/2000, de 28 de Agosto
Secção II
Processo de ordenação dos símbolos
Artigo 18º
(Elementos do processo)
1. A ordenação dos símbolos heráldicos municipais tem por base um processo do qual,
sempre que possível, devem constar:
a) A notícia histórica sobre o Município interessado;
b) A cópia da deliberação da Assembleia Municipal relativa à ordenação da sua
simbologia;
c) A reprodução da simbologia ou emblemática usada pelo interessado no pre-
sente e no passado.
2. O processo a que se refere o número anterior deve ser remetido, através do depar-
tamento governamental que tutela os Municípios, ao Instituto da Promoção Cultural que
deverá emitir um parecer e propor uma ordenação73, cuja observância, no que se refere à
matéria heráldica, é obrigatória.
3. Juntos o parecer e a proposta referidos no número anterior, o processo é devolvido,
pela mesma via, ao Município interessado, para que a Assembleia Municipal, por dois ter-
ços dos seus membros, delibere sobre a ordenação dos símbolos heráldicos municipais.
4. O teor da deliberação tomada pela Assembleia Municipal deve ser comunicada ao
departamento governamental que tutela as Autarquias Locais.
Artigo 19º
(Registo em armorial)
Fixada a ordenação dos símbolos heráldicos municipais nos termos do artigo 18º, deve
o seu registo ser oficiosamente feito em armorial próprio, periodicamente publicado pelo
departamento governamental que tutela as autarquias locais.
Artigo 20º
(Reprodução dos símbolos heráldicos)
A reprodução para fins comerciais ou outros, dos símbolos heráldicos municipais care-
ce de autorização da respectiva Câmara Municipal.
Artigo 21º
(Uso como elemento decorativo da bandeira e do brasão de armas)
1. A bandeira e o brasão de armas poderão ser utilizados como elemento decorativo
na via pública, recintos público, residências ou estabelecimentos privados, desde que tal
73. O parecer do Instituto da Promoção Cultural, em matéria de ordenação dos símbolos heráldicos, deve basear-se
fundamentalmente nos princípios vazados no artigo 8º.
136
Decreto-Regulamentar n.º 8/2000, de 28 de Agosto
137
Decreto-Lei n.º 52/99, de 16 de Agosto
138
Decreto-Lei n.º 52/99, de 16 de Agosto
Artigo 2º
(Identificação)
As posturas e os regulamentos policiais são identificados:
a) Pelo número e pela data de aprovação, podendo ser acrescentada designação
que traduza sinteticamente o seu objectivo; e
b) Pelas letras iniciais do respectivo Município a acrescentar à indicação do ano,
de acordo com o quadro anexo.
Artigo 3º
(Numeração)
Haverá uma numeração distinta para cada uma das categorias de regulamentos muni-
cipais.
Artigo 4º
(Formulário)
1. No início de cada postura indicar-se-á o órgão municipal e, além do artigo 257º
da Constituição, a correspondente disposição da lei geral ao abrigo da qual é aprovada,
dizendo-se:
“A Assembleia Municipal (ou a Câmara Municipal) delibera, nos termos do artigo 257º
da Constituição, conjugado com o 142º da Lei nº 134/IV/95, de 3 de Julho, o seguinte:”
2. No início de cada regulamento policial indicar-se-á o órgão Municipal e, além do
artigo 257º da Constituição, a correspondente disposição da lei específica que define a com-
petência subjectiva ou objectiva para a sua emissão, ou que visa regulamentar, dizendo-
se:
“A Assembleia Municipal (ou a Câmara Municipal) delibera, nos termos do artigo
257º da Constituição e do artigo 143º da Lei nº 134/IV/95, de 3 de Julho, conjugado com o
artigo... da... (lei que define a competência subjectiva ou objectiva para a sua emissão, ou
que visa regulamentar), o seguinte:”
Artigo 5º
(Menções após o texto)
Nas Posturas ou Regulamentos Policiais, após o texto, seguir-se-á a menção da data da
aprovação e a assinatura do Presidente do órgão responsável pela sua aprovação.
Artigo 6º
(Preâmbulo e articulados)
As Posturas e Regulamentos Policiais podem conter preâmbulo e devem ser articula-
dos, podendo os artigos serem divididos em números e alíneas.
139
Decreto-Lei n.º 52/99, de 16 de Agosto
Artigo 7º
(Rectificação)
1. As rectificações dos erros materiais provenientes de divergências entre o texto ori-
ginal e o texto impresso de qualquer regulamento municipal afixado em editais e publicado
no Boletim Oficial devem ser feitas nos mesmos termos, pelo próprio órgão que aprovou
o texto original.
2. As rectificações de regulamentos municipais só serão admitidas até 60 dias após a
publicação do texto original.
Artigo 8º
(Entrada em vigor)
Este diploma entra em vigor trinta dias após a sua publicação.
Visto e aprovado em Conselho de Ministros
Carlos Veiga – Simão Monteiro
Promulgado em 3 de agosto de 1999.
Publica-se.
O Presidente da Republica, ANTÓNIO MANUEL MASCARENHAS GOMES MON-
TEIRO.
Referendado em 5 de Agosto de 1999.
O Primeiro-Ministro, Carlos Veiga.
ANEXO
Município Letras iniciais
Porto Novo MPN
Ribeira Grande MRG
Paúl MPa
S.Vicente MSV
S.Nicolau MSN
Sal MSa
Boa Vista MBV
Maio MM
Praia MPr
S.Domingos MSD
Santa Catarina MSCa
Tarrafal MT
Santa Cruz MSCr
S.Miguel MSM
S.Filipe MSF
Mosteiros MMo
Brava MB
140
Decreto-Lei n.º 52/99, de 16 de Agosto
141
Lei n.º 85/III/90, de 6 de Outubro
142
Lei n.º 85/III/90, de 6 de Outubro
143
Lei n.º 85/III/90, de 6 de Outubro
144
Lei n.º 85/III/90, de 6 de Outubro
145
Lei nº 14/III/91, de 30 de Dezembro
147
Lei nº 14/III/91, de 30 de Dezembro
Artigo 7º
(Direitos do Presidente da Câmara)
a) O Presidente da Câmara Municipal tem especialmente os seguintes direitos:
b) A uso e porte de arma de defesa independentemente de licença;
c) A abono para despesas de representação;
d) A uso pessoal de viatura oficial;
e) A residência oficial condignamente mobilada ou a um subsídio de renda de
casa e ao pagamento pelo Município das suas despesas de telefone, consumo
de água energia eléctrica.
Artigo 8º
(Remuneração)
1. O vencimento do Presidente da Câmara Municipal é fixado por lei.
2. Os vencimentos dos vereadores são fixados pela Assembleia Municipal, sob propos-
ta da Câmara Municipal.
Artigo 9º
(Subsídio de Reintegração)
O Presidente da Câmara Municipal e os Vereadores em regime de permanência a tem-
po inteiro têm direito a um subsídio de reintegração nos termos que vieram a ser regula-
mentados por decreto.
Artigo 10º
(Direito do Presidente da Assembleia Municipal)
O Presidente da Assembleia Municipal tem, além dos direitos gerais dos eleitos muni-
cipais, o direito a abono para despesas de representação.
Artigo 11º
(Pagamento das despesas de transporte)
Os membros da Assembleia Municipal que residem fora do Município para cujo órgão
foram eleitos têm direito ao pagamento das despesas realizadas em transporte com o objec-
tivo de participarem nas reuniões desse órgão.
148
Lei nº 14/III/91, de 30 de Dezembro
Artigo 12º
(Prisão preventiva)
O Presidente da Câmara Municipal, o Presidente da Assembleia Municipal e os Ve-
readores não podem ser detidos sem culpa formada, salvo em caso de flagrante delito e se
crime couber pena igual ou superior a dois anos de prisão.
Artigo 13º
(Responsabilidade civil e criminal)
Os membros dos órgãos autárquicos são civil e criminalmente responsáveis pelos ac-
tos que praticarem ou legalizarem.
Artigo 14º
(Apoio em processo judiciais)
As despesas provenientes de processos judiciais em que os eleitos municipais sejam
parte são suportadas pelos Municípios, desde que tais processos tenham tido como causa o
exercício das respectivas funções e não se prove dolo ou negligencia por parte dos eleitos.
Artigo 15º
(Garantia de direitos)
1. Os eleitos municipais não podem ser prejudicados na respectiva colocação ou em-
prego por virtude de desempenho dos seus mandatos.
2. Durante o exercício do respectivo mandato não podem os eleitos municipais ser
prejudicados no que respeita a promoções, concursos, regalias, gratificações, benefícios
sociais ou qualquer outro direito adquirido de carácter pecuniário.
3. Os funcionários e agentes do Estado ou de quaisquer pessoas colectivas de direito
público e de empresas públicas que desempenham as funções de Presidente da Câmara Mu-
nicipal ou de Vereador a tempo inteiro consideram-se em comissão ordinária de serviço.
Artigo 16º
(Encargos)
1. As remunerações, compensações e demais encargos previstos na presente lei são
suportados pelo orçamento do respectivo Município.
2. A suspensão do exercício dos mandatos dos eleitos municipais em regime de perma-
nência faz cessar o processamento das remunerações e compensações, salvo quando aquela
se fundamente em doença devidamente comprovada.
Artigo 17º
(Comissão administrativa)
As normas da presente lei aplicam-se aos membros das comissões administrativas no-
meadas na sequência de dissolução de órgãos autárquicos.
149
Lei nº 14/III/91, de 30 de Dezembro
Artigo 18º
(Entrada em vigor)
Esta lei entra em vigor na data da sua publicação no Boletim Oficial.
Aprovada em 20 de Novembro de 1991.
O Presidente da Assembleia Nacional Popular, Amílcar Fernandes Spencer Lopes.
Promulgada em 18 de Dezembro de 1991.
Publique-se.
O Presidente da República, ANTÓNIO MASCARENHAS GOMES MONTEIRO.
150
Lei nº 28/V/97, de 23 de Junho
151
Lei nº 28/V/97, de 23 de Junho
CAPÍTULO II
Presidente da Republica
Artigo 5º
(Remuneração do Presidente da República)
O vencimento mensal do Presidente da República é fixado por lei.
CAPÍTULO III
SECÇÃO I
Presidente da Assembleia Nacional
O presidente da Assembleia Nacional recebe mensalmente um vencimento corres-
pondente a 95% do vencimento do Presidente da República.
SECÇÃO II
Artigo 7º
(Remuneração dos Deputados)
1. Os deputados que exerçam a tempo inteiro as funções de Vice-Presidente da As-
sembleia Nacional e do Presidente dos Grupos Parlamentares recebem mensalmente um
vencimento correspondente a 85% do vencimento do Presidente da República.
2. Os Deputados que exerçam a tempo inteiro as funções de Secretário de Mesa da
Assembleia Nacional, de Presidente das Comissões Especializadas ou quaisquer outras
funções a tempo inteiro, recebem mensalmente um vencimento correspondente a 80% do
vencimento do Presidente da República.
CAPÍTULO IV
Membros do Governo
SECÇÃO I
Artigo 8º
(Remuneração do Primeiro Ministro)
O Primeiro-ministro recebe mensalmente um vencimento correspondente a 95% do
vencimento do Presidente da República.
SECÇÃO II
Artigo 9º
(Remuneração dos Vice-Primeiros Ministros)
Os Vice-Primeiros Ministros recebem mensalmente um vencimento correspondente a
90% do vencimento do Presidente da República.
152
Lei nº 28/V/97, de 23 de Junho
SECÇÃO III
Artigo 10º
(Remuneração dos Ministros)
Os Ministros recebem mensalmente um vencimento correspondente a 85% do venci-
mento do Presidente da República.
SECÇÃO IV
Artigo 11º
(Remuneração dos Secretários de Estado)
Os Secretários de Estado percebem mensalmente um vencimento correspondente a
80% do vencimento do Presidente da República
CAPÍTULO V
Presidente da Câmara Municipal e Vereadores
Artigo 12º
(Remuneração dos Presidentes das Câmaras e Vereadores)
1. Os Presidentes da Câmara recebem mensalmente um vencimento correspondente a
80% do vencimento do Presidente da República.
2. Os Vereadores que exerçam funções a tempo inteiro não podem receber mensalmen-
te vencimento superior a 90% do vencimento do Presidente da Câmara.
3. Os Vereadores que exerçam funções a meio tempo não podem receber mensalmente
vencimento superior a 60% do vencimento do Presidente da Câmara.
CAPÍTULO IV
Presidente da Assembleia Municipal
Artigo 13º
(Gratificação de função)
1. O presidente da Assembleia Municipal percebe mensalmente uma gratificação de
funções fixada pela Assembleia Municipal cujo montante máximo não pode ser superior a
20% do vencimento mensal do Presidente da Republica.
2. Exclui-se a aplicação do disposto no número anterior, se o Presidente da Assembleia
Municipal exercer qualquer cargo político remunerado.
CAPÍTULO VII
Artigo 14º
(Abono para despesas de representação)
Têm direito a um abono de despesas de representação:
a) O Presidente da República;
b) O Presidente da Assembleia Nacional;
153
Lei nº 28/V/97, de 23 de Junho
154
Lei nº 28/V/97, de 23 de Junho
155
Decreto-Lei nº 36/99, de 27 de Maio
156
Decreto-Lei nº 36/99, de 27 de Maio
157
Decreto-Lei nº 36/99, de 27 de Maio
2. Exceptuam-se do disposto no nº 1:
a) O Primeiro- Ministro e o Vice Primeiro Ministro aos quais o alojamento e a
alimentação são assegurados em estabelecimentos ou instalações de primeira
categoria;
b) Os demais membros do Governo que acompanhem o Presidente da República,
o Primeiro Ministro ou o vice Primeiro Ministro, aos quais o alojamento e a
alimentação são assegurados no mesmo estabelecimento ou instalações desti-
nadas às entidades que acompanhem;
c) Os Ministros e Secretários de Estado, fora dos casos da alínea antecedente, os
Governadores Civis e os Presidentes das Assembleias ou Câmaras Municipais,
aos quais o alojamento e a alimentação são assegurados em estabelecimentos
ou instalações de nível acima da média.
3. Excepcionalmente, por razões de segurança ou outras relevantes, poderão os demais
agentes políticos não referidos no nº 2 ser autorizados pelos Presidentes dos respectivos ór-
gãos a beneficiar de alojamento e alimentação em estabelecimento ou instalações de nível
acima da média.
Artigo 7º
(Abono de ajuda de custo)
1. O abono de ajudas de custo traduz-se no pagamento ao agente político de uma parte
da importância diária legalmente fixada ou da sua totalidade, conforme o disposto nos nú-
meros seguintes.
2. Nas deslocações diárias dentro da ilha em que o agente político exerce funções,
são-lhe garantidos a alimentação e o alojamento para dormida, este quando o agente seja
obrigado a pernoitar por não dispor de transporte seguro que lhe permita regressar ao seu
domicílio até às vinte e três horas.
3. Nas deslocações por dias sucessivos é abonada ajuda de custo diária completa por
cada dia que durar a deslocação, salvo o disposto nos números seguintes.
4. No dia de partida para deslocações por dias sucessivos, a ajuda de custo é reduzida:
a) De vinte e cinco por cento se a partida ocorrer depois das treze horas;
b) De cinquenta por cento se a partida ocorrer depois das vinte e quatro horas.
5. No dia do regresso das deslocações por dias sucessivos, a ajuda de custo é reduzida:
a) De setenta e cinco por cento se a chegada ocorrer até às vinte e duas horas;
a) De cinquenta por cento, se a chegada ocorrer depois das vinte e duas horas.
6. Quando ao agente político deslocado seja assegurado a alimentação nos termos do
artigo 6º, a ajuda de custo diário a abonar, fora dos dias de partida e regresso, é reduzida de
vinte e cinco por cento.
158
Decreto-Lei nº 36/99, de 27 de Maio
7. O abono de ajudas de custo não pode ultrapassar trinta dias sucessivos, salvo auto-
rização excepcional do Primeiro Ministro.
Artigo 8º
(Acompanhantes)
O Ministro, o Secretário de Estado, o Governador Civil e o Autarca deslocado em
missão oficial que dirija uma delegação poderá, para se assegurar o mínimo de acompanha-
mento, autorizar que um membro da delegação se instale no mesmo estabelecimento que
lhe seja destinado e, em consequência, receba ajudas de custo do montante adequado ao
aumento de encargos que por ventura disso decorra.
Artigo 9º
(Remissão para o regime geral dos agentes públicos)
Em tudo o que não estiver expressamente regulado no presente diploma, é aplicável às
deslocações dos agentes políticos em missão oficial o disposto no regime geral de desloca-
ções em serviço dos agentes públicos.
Artigo 10º
(Tabelas de ajudas de custo)
As tabelas de ajudas de custo diárias dos agentes políticos deslocados são fixadas e
anualmente actualizadas por Decreto Regulamentar.
Artigo 11º
(Entrada em vigor)
Este diploma entra em vigor a partir de 1 de Junho de 1999.
Visto e aprovado em Conselho de Ministros.
Carlos Veiga – Rui Figueiredo Soares – José Ulisses Correia e Silva.
Promulgado em 17 de Maio de 1999.
Publica-se.
O Presidente da República, ANTÓNIO MANUEL MASCARENHAS GOMES MON-
TEIRO.
Referendado em 21 de Maio de 1999.
O Primeiro Ministro,
Carlos Alberto Veiga.
Secretaria-Geral de Governo, 4 de Junho de 1999. – O Secretário-Geral, Hélio San-
ches.
159
Decreto-Regulamentar nº 8/99, de 19 de Julho
160
Decreto-Regulamentar nº 8/99, de 19 de Julho
EUROPA
Suiça
A1 Reino Unido 12 500.00
Áustria
França
Bélgica
Luxemburgo
Suécia
Holanda
A2 Restantes Países 10 000.00
ÁFRICA
Nigéria
B1 Angola 12 500.00
Moçambique
Etiópia
Chade
Egipto
Tanzânia
Rep. Dem. Do Congo
Congo Brazaville
Zâmbia
B2 Restantes Países 10 000.00
AMÉRICA
EUA
C1 Brasil 12 500.00
Argentina
Jamaica
Canada
Venezuela
C2 Restantes Países 10 000.00
161
Decreto-Regulamentar nº 8/99, de 19 de Julho
MÉDIO ORIENTE
Arábia Saudita
D1 Iraque 12 500.00
Koweit
Em. Árab. Unidos
ÁSIA OCEANIA
Outros 4 000.00
162
Lei nº 68/V/98, de 17 de Agosto
163
Decreto-Lei n.º 2/96, de 5 de Fevereiro
SUBSIDIO DE REINTEGRAÇÃO
Decreto-Lei n.º 2/96
de 5 de Fevereiro
Em desenvolvimento do estatuto no artigo 9º da Lei 14/IV/91, de 30 de Dezembro;
Ouvidas as Câmaras Municipais e,
No uso da faculdade conferida pela alínea c) do nº 2 do artigo 216º da Constituição, o
Governo decreta o seguinte:
Artigo 1º
1. O Presidente da Câmara Municipal e o vereador em regime de permanência a tempo
inteiro têm direito a um subsidio de reintegração quando cessem definitivamente exercício
dessas funções, desde que nelas tenham permanecido por tempo não inferior a um ano.
2. O direito ao subsidio de reintegração não se constitui quando a cessação do exer-
cício de funções ocorra por virtude de perda ou renuncia de mandato, salvo o disposto no
número 3.
3. A renuncia de mandato não obsta à constituição do direito ao subsidio de reintegra-
ção quando se fundamente em:
a) Doença impeditiva, devidamente comprovada;
b) Candidatura a outro cargo político electivo, incompatível com o exercício do
mandato;
c) Provimento em cargo político incompatível com o exercício do mandato.
Artigo 2º75
“Artigo 20º
(Subsídio de reintegração)
1. O Deputado, que haja cessado o mandato tem direito a um subsídio de reintegração.
Artigo 3º
O presente decreto-lei tem efeito retroactivo à data da entrada em vigor da Lei nº 14/
IV/91, de 30 de Dezembro.
75. O subsídio de rientegração dos eleitos municipais é igual ao dos deputados nacionais, por força do artigo 1º da lei
68/V/98, de 17 de Agosto, transcrito em itálico.
164
Decreto-Lei n.º 2/96, de 5 de Fevereiro
165
Lei nº 139/IV/95, de 31 de Outubro
166
Lei nº 139/IV/95, de 31 de Outubro
167
Lei nº 139/IV/95, de 31 de Outubro
168
Lei nº 139/IV/95, de 31 de Outubro
superior da moldura penal de metade da sua duração máxima, sendo o limite mínimo da
indemnização correspondente ao triplo do montante previsto no número anterior.
5. Consideram-se criminalmente responsáveis pelos crimes previstos no presente ar-
tigo:
a) O autor da publicação;
b) O requerente da certidão salvo se provar qualquer causa de justificação do
facto ou de exclusão da culpa, nos termos da lei penal;
c) Outros criminalmente responsáveis nos termos da lei de imprensa.
Artigo 9º
Os titulares de cargos políticos a data da entrada em vigor do presente diploma apre-
sentarão a respectiva declaração de património e rendimentos dentro do prazo máximo de
60 dias a contar dessa data.
Artigo 10º
É revogado a Lei nº 55/II/83, de 2 de Abril.
Aprovada em 5 de Outubro de 1995.
O Presidente da Assembleia Nacional, Amílcar Fernandes Spencer Lopes.
Promulgada em 31 de Outubro de 1995.
Publique-se.
O Presidente da República, ANTÓNIO MANUEL MASCARENHAS GOMES MON-
TEIRO.
Assinada em 31 de Outubro de 1995.
Pel’O Presidente da Assembleia Nacional, António do Espírito Santo Fonseca.
169
Lei nº 85/VI/2005, de 26 de Dezembro
CRIMES DE RESPONSABILIDADE
DOS TITULARES DE CARGOS POLÍTICOS
Lei nº 85/VI/2005
de 26 de Dezembro
Por mandato do Povo, a Assembleia Nacional decreta, nos termos da alínea b) do arti-
go 174º da Constituição, o seguinte:
CAPÍTULO I
Disposições Gerais
Artigo 1º
(Objecto)
A presente lei define e estabelece os crimes de responsabilidades que titulares de car-
gos políticos cometam no exercício das suas funções e por causa delas, e, bem assim, as
sanções que lhes são aplicáveis e os seus efeitos.
Artigo 2º
(Cargos políticos)
São cargos políticos, para efeitos do disposto na presente lei:
a) O de Presidente da República;
b) O de Presidente da Assembleia Nacional;
c) O de Primeiro- Ministro;
d) O de deputado à Assembleia Nacional;
e) O de membro do Governo;
f) O de membro ou titular de órgão electivo de autarquia local;
g) O de embaixador ou de representante diplomático de Cabo Verde;
h) O que por lei vier a ser equiparado a titular de cargo político.
Artigo 3º
(Noção de crimes de responsabilidades e agravação especial da pena)
1. São crimes de responsabilidade os que se encontram especialmente tipificados na
presente lei e os previstos na lei penal geral, com expressa referência ao exercício de fun-
ções por parte de titulares de cargos políticos ou por funcionários ou pessoa equiparada a
funcionário para efeitos da aplicação daquela lei geral, e, ainda, os cometidos com grave e
flagrante desvio ou abuso da função.
2. A pena aplicável aos crimes previstos na lei geral e qualificados como crimes de
responsabilidade, nos termos e limites do número anterior, que tenham sido cometidos por
titulares de cargos políticos, será agravada de um terço nos seus limites mínimo e máximo,
170
Lei nº 85/VI/2005, de 26 de Dezembro
salvo se o tipo de crime exigir já a qualidade de funcionário, caso em que será aplicável a
pena prevista para este, agravada de um terço no seu limite mínimo.
3. Aplica-se, correspondentemente, o disposto na parte final do número anterior, quan-
do o tipo de crime prevê uma agravação da pena para o funcionário.
Artigo 4º
(Punibilidade da tentativa)
Nos crimes previstos na presente lei, a tentativa é punível independentemente da me-
dida legal da pena.
Artigo 5º
(Atenuação livre da pena em casos especiais)
A pena aplicável aos crimes de responsabilidade, nos termos da presente lei, poderá ser
livremente atenuada quando o titular do cargo político tenha agido para salvaguardar bens
ou valores constitucionalmente relevantes, ou quando for reduzido o grau de responsabili-
dade funcional do agente e não haja lugar à exclusão da ilicitude ou da culpa, nos termos
gerais.
Artigo 6º
(Aplicação subsidiária do Código Penal)
Em tudo quanto não estiver especialmente previsto no presente diploma, aplicam-se,
com as devidas adaptações, as disposições do Código Penal vigente.
CAPÍTULO II
Dos crimes em especial
Artigo 7º
(Atentado contra a Constituição)
O titular de cargo político que, no exercício das suas funções, atente contra a Consti-
tuição da República, visando alterá-la ou suspendê-la por forma violenta ou por recurso a
meios que não os democráticos nela previstos, será punido com prisão de 5 a 15 anos.
Artigo 8º
(Atentado contra o Estado de Direito)
1. O titular de cargo político que, com flagrante desvio ou abuso das suas funções, ou
com grave violação dos respectivos deveres, atentar contra o Estado de direito democrático
constitucionalmente estabelecido:
a) Proibindo, suspendendo ou limitando fora dos casos permitidos pela Constitu-
ição o pluralismo de expressão e de organização política democrática;
b) Proibindo, suspendendo ou impedindo o exercício de direitos fundamentais
do cidadão, sem recurso legítimo aos estados de sítio ou de emergência ou
com violação grave das regras de execução desses estados declarados;
171
Lei nº 85/VI/2005, de 26 de Dezembro
172
Lei nº 85/VI/2005, de 26 de Dezembro
entregues, estiverem na sua posse ou lhe forem acessíveis em razão das suas funções, será
punido com pena de prisão até 2 anos ou multa de 100 a 200 dias.
Artigo 13º
(Abuso de poder)
1. O titular de cargo político que violar os deveres inerentes às suas funções com a in-
tenção de obter, para si ou para terceiro, um benefício ilegítimo ou de causar um prejuízo a
outrem, será punido com prisão de seis meses a três anos ou multa de 50 a 200 dias, se não
lhe couber pena mais grave, por força de outro preceito legal.
2. Incorre nas penas previstas no número anterior o titular de cargo político que efec-
tuar, fraudulentamente, concessões ou celebrar contratos em benefício de terceiro e em
prejuízo do Estado.
Artigo 14º
(Violação de segredo)
1. O titular de cargo político que, não estando para tal autorizado, revelar segredo de
que tenha tido conhecimento ou lhe tenha sido confiado no exercício das suas funções, com
a intenção de obter, para si ou para outrem, um benefício ilegítimo ou de causar um prejuí-
zo do interesse público ou de terceiros, será punido com prisão de seis meses a três anos.
2. Ocorrendo a prática deste crime em situação de guerra ou de acção armada contra
Cabo Verde, aplica-se a pena prevista no número anterior, agravada de um terço.
3. A violação de segredo prevista neste artigo será também punida nos casos em que
tenha lugar após o infractor ter deixado de exercer as suas funções.
Artigo 15º
(Recusa da apresentação de declaração de interesses, património e rendimentos)
1. O titular de cargo político que se recusar a apresentar declaração de interesses, pa-
trimónio e rendimentos, prevista na lei, será punido com a pena de multa de 100 a 300 dias,
se ao facto não couber pena mais grave por força de outra disposição legal.
2. Considera-se recusa da apresentação da declaração prevista no número anterior
quando o titular de cargo político não a tiver apresentado nos prazos estabelecidos na lei e,
notificado pela entidade competente para a sua apresentação, não o tenha feito dentro do
prazo fixado.
Artigo 16º
(Omissão ou retardamento de publicação de actos legislativos,
resoluções ou regulamentos)
O titular de cargo político que ilegitimamente omitir ou retardar dolosamente a pu-
blicação de actos legislativos, resoluções ou regulamentos emanados de órgão de Poder
Político, será punido com a pena de prisão até 6 meses ou multa de 100 a 300 dias.
173
Lei nº 85/VI/2005, de 26 de Dezembro
CAPÍTULO III
Dos efeitos das penas
Artigo 17º
(Efeitos das penas aplicáveis ao Presidente da República)
A condenação definitiva do Presidente da República por crime de responsabilidade
cometido no exercício das suas funções implica imediata perda do mandato e destituição
do cargo e a impossibilidade de ser reeleito, independentemente de outra sanção que ao
caso couber, mediante verificação, nos termos da lei, dos correspondentes pressupostos
constitucionais e legais.
Artigo 18º
(Efeito das penas aplicáveis a outros titulares de cargos políticos de base electiva)
Implica a perda do respectivo mandato a condenação definitiva por crime de responsa-
bilidade cometido no exercício das funções de:
a) Presidente da Assembleia Nacional;
b) Deputado à Assembleia Nacional;
c) Membro ou titular de órgão electivo de autarquia local.
Artigo 19º
(Efeitos das penas aplicáveis aos membros do Governo)
A condenação definitiva do Primeiro-Ministro ou de qualquer outro membro do Go-
verno, por crime de responsabilidade, implica a respectiva demissão.
Artigo 20º
(Incapacidade temporária de exercício de cargo político)
1. Sem prejuízo do disposto nos artigos 17º, 18º e 19º da presente lei e das disposições
constantes da lei geral ou de outra lei especial sobre penas acessórias, o titular de cargo
político definitivamente condenado por crime de responsabilidade que implique perda do
mandato ou demissão do cargo fica impossibilitado de ser reeleito ou exercer qualquer ou-
tro cargo político num período de dois a cinco anos.
2. O tribunal competente decidirá tendo em conta a gravidade do facto punível, as
circunstâncias que acompanharam a prática do crime, a conduta anterior e a projecção do
facto na idoneidade cívica e política do agente e o seu grau de culpa.
CAPÍTULO IV
Normas especiais de processo
Artigo 21º
(Princípio geral)
À instrução e julgamento dos crimes de responsabilidade previstos na presente lei
aplicam-se as normas gerais de competência e de procedimento, com as especialidades
constantes dos artigos seguintes.
174
Lei nº 85/VI/2005, de 26 de Dezembro
Artigo 22º
(Normas especiais de processo aplicáveis ao Presidente da República)
1. Pelos crimes de responsabilidade praticados no exercício das suas funções, o Presi-
dente da República responde perante o Plenário do Supremo Tribunal de Justiça.
2. Cabe à Assembleia Nacional requerer ao Procurador-Geral da República o exercício
da acção penal contra o Presidente da República, por proposta de vinte e cinco deputados e
deliberação aprovada por maioria de dois terços dos Deputados em efectividade de funções.
Artigo 23º
(Normas especiais de processo aplicáveis a deputados à Assembleia Nacional)
1. Pelos crimes de responsabilidade praticados no exercício das suas funções o Depu-
tado responde perante o Supremo Tribunal de Justiça.
2. Nenhum Deputado pode ser detido ou preso sem autorização da Assembleia Nacio-
nal, salvo em caso de flagrante delito por crime a que corresponda pena de prisão cujo limi-
te máximo seja superior a dois anos e fora de flagrante delito, por crime a que corresponda
pena cujo limite máximo seja superior a oito anos de prisão.
3. Salvo o caso previsto na segunda parte do número anterior, movido procedimen-
to criminal contra qualquer Deputado e pronunciado este definitivamente, a Assembleia
Nacional decide se o mesmo deve ou não ser suspenso para efeitos de prosseguimento do
processo.
Artigo 24º
(Normas especiais de processo aplicáveis a membro do Governo)
1. Pelos crimes de responsabilidade praticados no exercício das suas funções. O mem-
bro do Governo responde perante o Supremo Tribunal de Justiça.
2. Tratando-se de crimes previstos nas alíneas a) e b) do número 1 do artigo 198º da
Constituição, cabe à Assembleia Nacional requerer ao Procurador-Geral da República o
exercício da acção penal contra o membro do Governo.
3. Pronunciado o membro do Governo definitivamente, nos termos da alínea b) do
número 1 do artigo 198º da Constituição, o Presidente da República suspendê-lo-á imedia-
tamente das suas funções, para efeito do disposto no número anterior.
Artigo 25º
(Normas especiais de processo aplicáveis a membro
ou titular de órgão de autarquia local)
1. Pelos crimes de responsabilidade praticados no exercício das suas funções, o mem-
bro ou titular de órgão de autarquia local responde perante o Supremo Tribunal de Justiça.
175
Lei nº 85/VI/2005, de 26 de Dezembro
2. Nenhum membro ou titular de órgão de autarquia local pode ser detido ou preso sem
culpa formada, salvo em caso de flagrante delito e se ao crime couber pena de prisão cujo
limite máximo seja igual ou superior a dois.
Artigo 26º
(Legitimidade activa)
Nos crimes a que se refere a presente lei, têm legitimidade para promover o processo
penal, sem prejuízo das regras especialmente previstas no presente capítulo, o Ministério
Público e, em subordinação a este:
a) O cidadão ou a entidade directamente ofendidos pelo acto considerado del-
ituoso;
b) Qualquer membro de assembleia deliberativa autárquica relativamente aos
eleitos autárquicos;
c) Entidades a quem incumba a tutela sobre as autarquias locais, relativamente
aos crimes imputados a membro ou titular de órgão de autarquia local.
Artigo 27º
(Processo em separado)
A instrução e o julgamento de processos relativos a crimes de responsabilidade de
titular de cargo político cometido no exercício de suas funções e por causa delas far-se-ão,
por razões de celeridade, em separado dos relativos a outros co-responsáveis que não sejam
também titulares de cargos político.
Artigo 28º
(Liberdade de alteração do rol de testemunhas)
Nos processos relativos a crimes de responsabilidade de titular de cargo político come-
tido no exercício das suas funções são lícitas a alteração do rol de testemunhas e a junção de
novos documentos até três dias antes do dia designado para o início do julgamento, sendo
irrelevante, para este efeito, o adiantamento desse início.
Artigo 29º
(Denúncia caluniosa)
1. Da decisão que absolver o acusado por crime de responsabilidade cometido por ti-
tular de cargo político no exercício das suas funções ou que o condene com base em factos
diversos dos constantes da denunciam será imediatamente dado conhecimento ao Ministé-
rio Público, para efeito de eventual procedimento por crime de denúncia caluniosa, se a ele
houver nos termos da lei penal geral.
2. As penas cominadas por efeito da denúncia caluniosa serão agravadas, nos termos
gerais, em razão do acréscimo da gravidade que empresta à natureza do crime a qualidade
doo ofendido.
176
Lei nº 85/VI/2005, de 26 de Dezembro
CAPÍTULO V
Da responsabilidade civil emergente de crime
responsabilidade de titular de cargo político
Artigo 30º
(Princípio geral)
1. São aplicáveis as disposições da lei civil à indemnização por perdas e danos emer-
gentes de crime responsabilidade cometido por titular de cargo político.
2. Pelas perdas e danos respondem solidariamente o Estado e o titular de cargo político
que tiver cometido a infracção.
3. Ao Estado assiste o direito de regresso contra o titular de cargo político de quem
resulte o dever de indemnização.
4. O Estado ficará sub-rogado no direito do lesado à indemnização, nos termos gerais,
até ao montante que tiver satisfeito.
Artigo 31º
(Direito de indemnização em caso de absolvição)
A absolvição pelo tribunal criminal não extingue o dever de indemnização não conexo
com a responsabilidade criminal, nos termos gerais de direito, podendo a correspondente
indemnização ser pedida através do tribunal de comarca.
Artigo 32º
(Arbitramento oficioso de reparação)
1. Não tendo sido deduzido pedido de indemnização civil no processo penal respectivo
ou em acção cível separada, nos termos da lei processual penal, o juiz arbitrará na sentença,
ainda que absolutória, uma quantia a título de reparação dos danos causados, quando:
a) Ela se imponha para uma protecção razoável dos interesses do lesado;
b) O lesado a ela se não oponha;
c) Do julgamento resulte prova suficiente dos pressupostos e do quantitativo da
reparação a arbitrar, segundo os critérios da lei civil.
2. No caso previsto no número antecedente o juiz assegurará, no que respeita à produ-
ção de prova, o respeito pelo contraditório.
Artigo 33º
(Regime de prescrição)
O direito à indemnização prescreve nos mesmos prazos do procedimento criminal.
Aprovada em 25 de Novembro de 2005.
177
Lei nº 85/VI/2005, de 26 de Dezembro
178
Decreto Regulamentar n.º 2/98, de 2 de Março
179
Decreto Regulamentar n.º 2/98, de 2 de Março
Artigo 5º
(Prazo)
A perda de mandato pode ser promovida a todo o tempo, no decurso do exercício do
mandato electivo municipal daquele contra quem o pedido é formulado.
Artigo 6º
(Processo)
1. O processo de perda de mandato tem carácter urgente.
2. O processo de perda de mandato assume a forma de acção administrativa e segue os
termos do processo civil sumário, independentemente do valor da causa, com as modifica-
ções constantes dos números seguintes.
3. O prazo supletivo previsto, respectivamente, nos artigos 159º e 166º do Código de
Processo Civil é de três dias para os actos do Juiz e vinte e quatro horas para o expediente
de Secretaria.
4. À petição inicial é aplicável o disposto no artigo 793º do Código do Processo Civil,
sendo o Réu citado para contestar dentro de oito dias sob pena de ser declarada a perda de
mandato.
5. Não haverá lugar a audiência preparatória, nem a despacho saneador, especificação
e questionário.
6. O prazo para o cumprimento das cartas que não sejam para citação ou notificação
não é superior a dez dias improrrogáveis.
7. A discussão será sempre escrita, aplicando-se-lhe, bem como à produção da prova,
o disposto para o processo de recurso contencioso.
8. A audiência de discussão e julgamento é marcada para dentro de oito dias e, no caso
de adiamento, deve efectuar-se num dos cinco dias imediatos, não sendo admitido segundo
adiamento, salvo se não for possível constituir o Tribunal.
9. A sentença é proferida dentro de cinco dias.
10. Os recursos tem efeito meramente devolutivo.
11. No Tribunal superior, os autos vão com vista ao Ministério Público, por três dias,
a cada um dos juízes adjuntos por cinco dias e ao relator por dez dias, sendo mandados
submeter a julgamento na sessão imediata.
12. O processo de perda de mandato está isento de imposto de justiça, salvo ocorrência
de má fé.
Artigo 7º
(Má fé e denúncia caluniosa)
Em caso de má fé ou denúncia caluniosa, o autor fica sujeito a responsabilidade pro-
cessual, civil, disciplinar e criminal, nos termos da lei.
180
Decreto Regulamentar n.º 2/98, de 2 de Março
Artigo 8º
(Entra imediatamente em vigor)
A presente lei entra imediatamente em vigor.
Visto e aprovado em Conselho de Ministros.
Carlos Veiga – António Gualberto do Rosário – Simão Monteiro.
Promulgado em 16 de Fevereiro de 1998.
Publique-se.
O Presidente da República, ANTONIO MANUEL MASCARENHAS GOMES MON-
TEIRO.
Referendado em 18 de Fevereiro de 1998.
O Primeiro Ministro, Carlos Veiga.
181
Decreto Regulamentar n.º 2/98, de 2 de Março
182
Decreto Regulamentar n.º 2/98, de 2 de Março
183
Constituição da República de Cabo Verde
184
Lei nº 78/V/98, de 7 de Dezembro
185
Lei nº 78/V/98, de 7 de Dezembro
186
Lei nº 78/V/98, de 7 de Dezembro
O deficit do Orçamento do Estado financiado com recursos internos não poderá exce-
der 3% do Produto Interno Bruto (PIB).
Artigo 7º
Orçamento bruto
1, Todas as receitas são inscritas no Orçamento do Estado pela importância em que
foram avaliadas, sem dedução alguma para encargos de cobrança ou qualquer outra natu-
reza.
2. Todas as despesas são inscritas no Orçamento pela sua importância integral, sem
dedução de qualquer espécie.
3. Na elaboração do Orçamento do Estado deve obedecer – se rigorosamente os prin-
cípios da transparência e da integralidade na dotação das receitas e despesas.
Artigo 8º
Não consignação
1. No Orçamento do Estado não pode afectar-se o produto de quaisquer receitas à co-
bertura de despesas específicas.
2. Exceptuam-se do disposto no número anterior os casos em que, por virtude de auto-
nomia financeira ou de outra razão especial, a lei determine expressamente a afectação de
certas receitas a determinadas despesas.
3. As receitas consignadas só poderão ser utilizadas para liquidação e pagamento das
despesas na medida das disponibilidades existentes e proporcionadas pela cobrança efecti-
va das receitas, confirmada pela sua entrada na Caixa do Tesouro.
4. As receitas consignadas deverão constar de um mapa informativo, com a indicação
das respectivas contrapartidas em despesas, sejam elas de funcionamento ou de investi-
mentos.
5. As despesas resultantes da consignação de receitas deverão ser orçamentadas nos
respectivos mapas a que se refere o artigo 18º da presente lei, assim como as receitas que
as dão origem.
Artigo 9º
Especificação
1. O Orçamento do Estado deve especificar claramente as receitas nele previstas e as
despesas nele fixadas.
2. Será inscrita no orçamento do Ministério das Finanças uma dotação provisional
destinada a fazer face a despesas não previstas e inadiáveis.
3. O Governo regulamentará o regime de utilização da dotação provisional e sua forma
de contabilização.
187
Lei nº 78/V/98, de 7 de Dezembro
São nulos os créditos orçamentais que possibilitem a existência de dotações para utili-
zação confidencial ou para fundos secretos, sem prejuízo dos regimes especiais legalmente
previstos de utilização de verbas que excepcionalmente se justifiquem por razoes pondero-
sas de interesse público, designadamente segurança nacional, aprovadas pela Assembleia
Nacional, sob proposta de Governo.
Artigo 10º
Classificação das receitas e despesas
1. A especificação das receitas rege-se por um código de classificação económica, o
qual as agrupa em correntes, de capital, créditos internos e externos e donativos.
2. A especificação das despesas rege-se por códigos de classificação orgânica, funcio-
nal e económica mesmo no caso de o Orçamento ser estruturado, no todo ou em parte, por
programas.
3. A estrutura dos códigos de classificação referidos nos números anteriores é definida
por decreto-lei.
CAPITULO II
Elaboração, organização e estrutura do Orçamento do Estado
Secção I
Artigo 11º
Elaboração da proposta de orçamento
1. O Governo deve apresentar à Assembleia Nacional, uma proposta de Orçamento
para o ano económico seguinte, de acordo com a data fixada no Regimento da Assembleia
Nacional.
2. O Orçamento do Estado pode ser apresentado sob forma de Orçamento – Programa,
englobando as receitas e as despesas, o qual deverá reflectir as politicas, os objectivos, as
metas e as actividades a serem desenvolvidas de acordo com o plano Nacional de Desen-
volvimento.
3. Sem prejuízo do disposto no nº 1 do artigo 2º da presente Lei, o Orçamento-Pro-
grama pode ser apresentado sob a forma de orçamento plurianual, abrangendo o período
de execução do Plano, não devendo em caso algum ultrapassar o período da legislatura em
curso.
4. São definidas as seguintes etapas e calendários para a preparação do Orçamento do
Estado, a serem executados anualmente:
a) Elaboração pelo departamento governamental responsável pelo Planeamento
governamental responsável pelo Planeamento do documento preliminar de
análise da conjuntura económico a que refere o Orçamento do Estado, até ao
dia 31 de Março.
188
Lei nº 78/V/98, de 7 de Dezembro
189
Lei nº 78/V/98, de 7 de Dezembro
190
Lei nº 78/V/98, de 7 de Dezembro
SECÇÃO II
Artigo 14º
Estrutura e organização do Programa Plurianual de Investimentos Públicos (PPIP)
1. O orçamento de investimentos é apresentado sob a forma de programas e sub-pro-
gramas, para o exercício económico a que se refere o Orçamento do Estado e para os anos
seguintes correspondentes ao período de execução do PND, não devendo ultrapassar em
caso algum o período da legislatura em curso.
2. O PPIP é elaborado de harmonia com as Grandes Opções do Plano e o Plano Nacio-
nal de Desenvolvimento (PND).
3. O orçamento deve apresentar fichas de programa e sub-programa que integram o
PPIP.
4. As fichas devem conter de forma resumida e clara os seguintes elementos:
a) Descrição sumária, objectivos, metas, principais políticas e medidas e a estru-
tura de gestão de cada programa e o respectivo orçamento plurianual;
b) Objectivos, metas, principais políticas e medidas, indicadores de resultados de
cada sub-programa e respectivo orçamento plurianual.
c) A Lei de Bases do Planeamento regulamentará o processo de preparação, ex-
ecução e avaliação do PPIP.
Artigo 15º
Projectos
1. A execução do PPIP é feita através da realização de projectos.
2. Os projectos deverão estar enquadrados nos programas e sub-programas do PND
e deverão conter todos os elementos que permitam a sua avaliação para financiamento e
avaliação da sua execução, nomeadamente a coerência com as politicas, objectivos e metas
dos programas e sub-programas em que se integram, os custos directos e recorrentes, a pro-
gramação física e financeira das actividades a desenvolver e os indicadores de resultados.
3. Cada projecto deverá indicar obrigatoriamente as fontes de financiamento e todas as
informações relevantes para um adequado enquadramento, classificação e execução orça-
mental e financeira da despesas, nos termos a regulamentar pelo Governo.
SECÇÃO III
Artigo 16º
Conteúdo da proposta de orçamento
A proposta do orçamento deve conter o articulado da respectiva proposta de lei e os
mapas orçamentais, incluindo as fichas de programa do PPIP e ser acompanhada de anexos
informativos.
191
Lei nº 78/V/98, de 7 de Dezembro
Artigo 17º
Conteúdo do articulado da proposta de lei
O articulado da proposta de lei deve conter:
1. As condições de aprovação dos mapas orçamentais e as normas necessárias
para orientar a execução orçamental.
2. A indicação das fontes de financiamento que acresçam as receitas efectivas,
bem como a indicação do destino a dar aos fundos resultantes de eventual
excedente.
3. O montante e as condições gerais de recurso ao crédito público, interno e ex-
terno.
4. A indicação do limite dos avales a conceder pelo Governo durante o exercício
orçamental.
5. O montante de empréstimos a conceder e de outras operações activas a re-
alizar pelo Estado e pela Segurança Social, incluindo os serviços e fundos
autónomos desde que não sejam de dívida flutuante.
6. Todas as outras medidas que se revelem indispensáveis à correcta gestão orça-
mental do Estado para o ano económico a que o Orçamento se destina.
Artigo 18º
Estrutura dos mapas orçamentais
Os mapas orçamentais a que se refere o artigo 16º da presente lei são os seguintes:
a) Mapa I – Receitas correntes e de capital do Estado, excluindo os impostos lo-
cais, segundo uma classificação económica, especificada por capítulos, grupos
e artigos;
b) Mapa II – Despesas de funcionamento do Estado, especificadas segundo uma
classificação económica e orgânica;
c) Mapa III – Despesas funcionamento e de investimentos do Estado, especifica-
das segundo uma classificação funcional;
d) Mapa IV – Receitas globais dos serviços e fundos autónomos, segundo uma
classificação orgânica e económica;
e) Mapa V – Despesas globais dos serviços e fundos autónomos, especificadas
segundo uma classificação económica e orgânica;
f) Mapa VI – Despesas globais dos serviços e fundos autónomos, especificadas
segundo uma classificação funcional;
g) Mapa VII – Orçamento consolidado das receitas correntes e de capital e das
despesas de funcionamento da Administração Central, segundo uma classifi-
cação económica;
192
Lei nº 78/V/98, de 7 de Dezembro
193
Lei nº 78/V/98, de 7 de Dezembro
194
Lei nº 78/V/98, de 7 de Dezembro
195
Lei nº 78/V/98, de 7 de Dezembro
196
Lei nº 78/V/98, de 7 de Dezembro
Artigo 25º
Administração orçamental e contabilidade pública
1. A aplicação das dotações orçamentais e o funcionamento da administração orça-
mental obedecem às normas de contabilidade pública.
2. A vigência do Orçamento do Estado obedece ao regime do ano económico.
SECÇÃO VI
Artigo 26º
Alterações orçamentais
São da competência do Governo as seguintes alterações orçamentais:
a) As transferências de dotações inscritas a favor de serviços que, no decorrer do
ano transmitem de um ministério ou departamento para outro ainda que haja
alteração da designação de serviço ou do ministério;
b) As inscrições ou reforços de verbas, com contrapartida em dotação provi-
sional inscrita no orçamento do Ministério das finanças e para as finalidades
previstas no nº 4 do artigo 9º da presente Lei;
c) As inscrições ou reforços de verbas, com contrapartida em dotação provi-
sional com o pessoal previstos no nº 3 do artigo 13º da presente Lei;
d) A inscrição de dotações orçamentais relativos a donativos e empréstimos ex-
ternos que venham a ser disponibilizados ou utilizados durante o período de
execução orçamental para o financiamento de programas e projectos de in-
vestimentos e que à data da aprovação do Orçamento do Estado não estavam
efectivamente garantidos;
e) As alterações nos orçamentos dos serviços e fundos autónomos que não envolvam
recurso ao crédito para além dos limites fixados na lei anual do orçamento.
2. O Governo poderá suspender ou condicionar a execução das despesas orçamentais
da administração central, dos serviços e fundos autónomos, se a situação financeira do país
o justificar.
3. As alterações previstas na alínea d) do nº 1 do presente artigo, deverão ser comuni-
cadas à Assembleia Nacional no prazo de 60 dias a contar da sua ocorrência.
4. As alterações previstas nas alíneas a), b) e c) do nº 1 do presente artigo, deverão ser
publicadas por portaria do membro do Governo responsável pelas Finanças, no período
máximo de 90 dias.
5. As alterações previstas na alínea e) do nº 1 do presente artigo, deverão ser publi-
cadas por portaria conjunta dos membros do Governo responsáveis pelas finanças e pela
superintendência do serviço cujo orçamento foi alterado, no período máximo de 90 dias.
197
Lei nº 78/V/98, de 7 de Dezembro
Artigo 27º
Orçamento rectificativo
1. Salvo os casos previstos no artigo anterior, as alterações ao Orçamento do Estado só
poderão ser efectuadas através de orçamento rectificativo, proposto pelo Governo e apro-
vado pela Assembleia Nacional.
2. O orçamento rectificativo destina-se a modificar, em caso de necessidade de introdu-
ção de alterações que ultrapassam as competências do Governo previstas no artigo anterior,
o orçamento inicialmente aprovado.
3. O orçamento rectificativo deverá conter imperativamente, no que respeita às modifi-
cações introduzidas, a mesma estrutura de apresentação dos mapas orçamentais aprovados
pelo Orçamento.
CAPÍTULO IV
Fiscalização e responsabilidade orçamentais
SECÇÃO VII
Artigo 28º
Fiscalização orçamental
1. A fiscalização administrativa da execução orçamental compete, além da própria en-
tidade responsável pela gestão e execução, a entidades hierarquicamente superiores de tu-
tela e a órgãos de inspecção e de controlo administrativo, devendo ser efectuada nos termos
da legislação aplicável.
2. A Inspecção Geral das Finanças procederá trimestralmente À fiscalização admi-
nistrativa de execução orçamental das receitas e das despesas previstas no Orçamento do
Estado e sua adequação às normas e procedimentos legais, produzindo os respectivos re-
latórios.
3. A fiscalização jurisdicional da execução orçamental compete ao Tribunal de Contas
e é efectuada nos termos da legislação aplicável.
Artigo 29º
Responsabilidade pela execução orçamental
1. Os titulares de cargos políticos respondem politica, civil e criminalmente pelos actos
e omissões que pratiquem no âmbito do exercício das suas funções de execução orçamen-
tal, nos termos da legislação aplicável, que tipificará a natureza e efeitos das infracções,
conforme sejam ou não cometidas com dolo.
2. Os funcionários e agentes do Estado e das demais entidades públicas são responsá-
veis civil, criminal e disciplinarmente pelas suas acções e omissões de que resulte violação
das normas de execução orçamental, nos termos do artigo 265º da Constituição e da legis-
lação aplicável.
198
Lei nº 78/V/98, de 7 de Dezembro
Artigo 30º
Informações a prestar à Assembleia Nacional
1. O Governo deve informar trimestralmente a Assembleia Nacional acerca do mon-
tante, condições, entidades financiadoras e utilização de todos os empréstimos contraídos,
bem como acerca do montante, condições e entidades beneficiárias de empréstimos e ou-
tras operações activas concedidas pelo Governo.
2. O Governo deve enviar regularmente à Assembleia Nacional os balancetes trimes-
trais relativos à execução orçamental elaborados pelos serviços da Contabilidade Pública.
SECÇÃO VIII
Artigo 31º
Contas públicas
1. O resultado da execução orçamental consta das contas provisórias trimestrais e da
Conta do Estado.
2. O Governo deve publicar contas provisórias trimestrais, 45 dias após o termo do
mês a que se referem.
3. O Governo deve apresentar à Assembleia Nacional a Conta do Estado e a conta da
Segurança Social de acordo com a data fixada na Constituição da Republica.
4. Compete à Assembleia Nacional a remessa ao Tribunal de Contas da conta do Esta-
do e da Segurança Social para parecer.
5. A Assembleia Nacional aprecia e aprova a Conta do Estado, incluindo a da Seguran-
ça Social, precedendo parecer do Tribunal de Contas, até 180 dias a contar da data referida
no nº 3. No caso de não aprovação, determina, se a isso houver lugar, a efectivação da
correspondente responsabilidade.
6. O parecer do Tribunal de Contas será acompanhado das respostas dos serviços e
organismos às questões que esse órgão lhe formular.
Artigo 32º
Âmbito da conta do Estado
A Conta do Estado abrange as contas de todos os organismos da administração central
que não tenham natureza, forma e designação de empresa pública e a conta da Segurança
Social.
Artigo 33º
Princípios fundamentais
1. A conta do Estado deve ter uma estrtura idêntica a do Orçamento do Estado, sendo
elaborada com clareza, exactidão e simplicidade, de modo a possibilitar a sua análise eco-
nómica e financeira.
3. A conta poderá ser apresentada também sob a forma consolidada
199
Lei nº 78/V/98, de 7 de Dezembro
Artigo 34º
Princípios fundamentais
A Conta do Estado compreende:
I O relatório do Ministro das finanças sobre os resultados da execução orçamental;
II A conta da Assembleia Nacional;
III O mapa da conta geral dos fluxos financeiros do Estado;
IV Os mapas referentes à execução orçamental, de acordo com a organização e
estrutura prevista no artigo 18º da presente Lei;
V Os mapas relativos à Situação de Tesouraria:
1. Fundos saídos para pagamento das despesas públicas orçamentais
2. Reposições abatidas nos pagamentos por ministério
3. Conta Geral de operações de tesouraria e transferência de fundos
4. Conta Geral, por cofres, de todo o movimento de receita e despesa e res-
pectivos saldos existentes no início e final do ano.
VI Os mapas relativos a situação Patrimonial:
1. Aplicação do produto de empréstimo
2. Movimento da Dívida pública
3. Balanço da Segurança Social
Artigo 35º
Apresentação por programas
As contas referentes as despesas do Estado e dos serviços e fundos autónomos serão
apresentadas por programas quando se verificar a situação prevista no nº 2 do artigo 11º da
presente lei.
Artigo 36º
Anexos informativos
O Governo deve remeter à Assembleia Nacional com o relatório e os mapas a que se
refere o artigo 34º, todos os elementos necessários a justificação da conta apresentada e,
designadamente, os seguintes mapas:
a) Despesas com investimentos do PPIP;
b) Despesas excepcionais;
c) Relação nominal dos beneficiários dos avales do Estado.
200
Lei nº 78/V/98, de 7 de Dezembro
CAPÍTULO V
Disposições finais e transitórias
Artigo 37º
Orçamento do Estado para 1999
1. A presente Lei aplica-se à elaboração e aprovação do Orçamento do Estado para 1999
e seguintes.
2. Exceptuam-se do disposto no número anterior quando ao Orçamento do Estado para
1999, os prazos previstos no nº 4 do artigo 11º da presente Lei.
3. Exceptua-se ainda do disposto no nº 1, quanto ao Orçamento do Estado para 1999,
o disposto no nº 3 do artigo 6º.
Artigo 38º
Revogação
É revogada a Lei nº 86/IV/93, de 29 de Novembro.
Artigo 39º
Entrada em vigor
A presente Lei entra em vigor imediatamente.
Aprovada em 30 de Outubro de 1998.
O Presidente da Assembleia Nacional, em exercício José Maria Pereira Neves.
Promulgada em 3 de Dezembro de 1998.
Publique-se.
O Presidente da Republica, ANTÓNIO MANUEL MASCARENHAS GOMES MON-
TEIRO.
Assinada em 3 de Dezembro de 1998.
O Presidente da Assembleia Nacional, em exercício José Maria Pereira Neves.
201
Lei nº 79/VI/2005, de 5 de Setembro
202
Lei nº 79/VI/2005, de 5 de Setembro
203
Lei nº 79/VI/2005, de 5 de Setembro
CAPÍTULO II
Receitas Municipais
Artigo 5º
(Receitas municipais)
Constituem receitas do Município:
a) O produto da cobrança do Imposto Único sobre o Património (IUP), liquidado
no respectivo território;
b) O produto da cobrança do Imposto Municipal sobre os Veículos Automóveis;
c) A comparticipação de 49% no produto da venda de terrenos estaduais incluí-
dos nas Zonas Turísticas Especiais (ZTE) que se situem no respectivo ter-
ritório, depois de deduzidas as percentagens estabelecidas na lei;
d) Uma comparticipação no produto da renda paga pela entidade concessionária
das Zonas de Desenvolvimento Industrial ou de Parques Industriais que se
situem no respectivo território;
e) O produto das derramas lançadas, nos termos do artigo 7º da presente lei;
f) A participação do Fundo de Financiamento dos Municípios, nos termos da
presente lei;
g) O produto da cobrança das taxas e das tarifas ou preços por serviços munici-
pais;
h) A participação no lucro das empresas municipais;
i) O rendimento dos serviços municipais administrados directamente e a renda
dos dados em concessão;
j) O rendimento dos bens do domínio público ou privado municipal;
k) O produto de heranças, legados, doações e outras liberalidades;
l) Os subsídios e as comparticipações do Estado e de outras entidades públicas,
e bem assim os obtidos no âmbito de programas e projectos da cooperação
internacional descentralizada;
m) O produto da alienação de bens do património municipal;
n) O produto de empréstimos contraídos, incluindo o lançamento de obrigações
municipais;
o) O produto da cobrança de encargos de mais-valias destinadas por lei aos mu-
nicípios;
p) O produto das coimas aplicadas pelos seus órgãos ou que por lei ou regula-
mento para ele revertam;
204
Lei nº 79/VI/2005, de 5 de Setembro
205
Lei nº 79/VI/2005, de 5 de Setembro
206
Lei nº 79/VI/2005, de 5 de Setembro
Secção II
Artigo 7º
(Derrama)
1. Os Municípios podem lançar, anualmente, uma derrama até o máximo de 10% da
colecta do Imposto Único sobre os Rendimentos (IUR) das pessoas colectivas que propor-
cionalmente corresponda ao rendimento gerado no respectivo território por sujeitos passi-
vos que nele exerçam uma actividade de natureza comercial ou industrial.
2. A derrama só pode ser lançada para ocorrer ao financiamento de investimentos im-
portantes para o desenvolvimento do Município ou da recuperação ou reconstrução de
infra-estruturas sociais e económicas fundamentais danificados ou destruídos em situações
de calamidade pública ou, ainda, no quadro de contratos de reequilíbrio financeiro.
3. A deliberação sobre o lançamento de derrama é da competência da Assembleia Mu-
nicipal, aprovada por maioria de dois terços, sob proposta da Câmara Municipal, ouvidos
o Governo e as associações empresariais com actividade no território do Município ou
grupos de empresários locais, na ausência daquelas, e deve ser tomada até 15 de Setembro
do ano económico anterior ao da sua aplicação.
4. A deliberação de lançamento da derrama e o respectivo processo devem ser comuni-
cados, até 30 de Setembro, ao membro do Governo responsável pela área das Finanças.
5. A deliberação de lançamento da derrama deve ser comunicada pela Câmara Muni-
cipal ao serviço central de contribuições e impostos e ao serviço central de tutela sobre os
municípios, até 31 de Outubro do ano anterior ao da sua aplicação, para efeitos de divul-
gação, cobrança e transferência da respectiva receita por parte dos serviços competentes
da administração fiscal do Estado, sob pena de a derrama não poder ser liquidada nem
cobrada.
6. Para efeitos de aplicação do disposto no nº 1, considera-se que o rendimento é gera-
do no município onde se situa a sede ou a direcção efectiva do sujeito passivo ou, tratando-
se de sujeitos passivos considerados para fins fiscais como não residentes em território
nacional, no Município em que se situa o estabelecimento estável onde esteja centralizada
a respectiva contabilidade.
7. Nos casos não abrangidos pelo número anterior, sempre que os sujeitos passivos
tenham estabelecimentos estáveis ou representações em mais de um município, a colecta
do IUR relativa ao rendimento gerado no território de cada município é determinada pela
proporção da massa salarial correspondente ao estabelecimento ou representação que o
sujeito passivo nele possua na massa salarial global, correspondente à totalidade dos seus
estabelecimentos ou representações no território nacional.
8. Entende-se por massa salarial, para efeitos do presente artigo, o valor das despesas
efectuadas com o pessoal e escrituradas no exercício a título de remunerações, ordenados
ou salários.
207
Lei nº 79/VI/2005, de 5 de Setembro
208
Lei nº 79/VI/2005, de 5 de Setembro
209
Lei nº 79/VI/2005, de 5 de Setembro
210
Lei nº 79/VI/2005, de 5 de Setembro
Artigo 11º
(Fundo Municipal Comum)
O FMC é uma verba na qual todos os Municípios participam nos seguintes termos:
a) 20 % Repartidos igualmente por todos os Municípios;
b) 50 % Repartidos na razão directa da população residente de cada Município;
c) 15% Repartidos na razão directa da população infanto-juvenil residente, dos
zero aos dezassete anos, de cada Município;
d) 15% Repartidos na razão directa da superfície do território de cada Município.
Artigo 12º
(Fundo de Solidariedade Municipal)
1. O FSM visa reforçar a coesão municipal, promovendo a correcção de assimetrias em
benefício dos Municípios mais pobres.
2. No FSM só participam os Municípios que tenham um nível de capitação média dos
impostos municipais inferior à média nacional e que tenham uma proporção de população
de pobres distantes da linha de pobreza superior ou igual à média nacional, à luz dos crité-
rios estabelecidos pelo Instituto Nacional de Estatística.
3. A repartição do FSM faz-se com base nos índices de insuficiência fiscal e de pobreza
referidos no nº 2 e nas fórmulas indicadas nos números seguintes.
4. A distribuição da verba do FSM pelos Municípios com direito a nele participar
efectua-se de conformidade com a fórmula:
CF = Pm*(Cni-Cmi)
5. Na fórmula prevista no número anterior, CF é o valor da correcção fiscal do Muni-
cípio, Pm é a população residente no Município, Cni é a capitação nacional de impostos
municipais e Cmi é a capitação em impostos municipais do Município.
6. O montante do FSM remanescente depois da repartição referida no nº 4 é repartido
em conformidade com a fórmula:
vi
P = ---------
∑vi
211
Lei nº 79/VI/2005, de 5 de Setembro
Artigo 13º
(Garantia de crescimento mínimo e máximo
da transferência para os Municípios)
1. Quando da aplicação dos critérios estabelecidos nos artigos 11º e 12º resultar valor
do FFM inferior ao do ano anterior, este é corrigido para igual montante.
2. A diferença apurada entre o valor total obtido pela aplicação do número anterior e
o total do FFM previsto é deduzida proporcionalmente pelo FFM de cada Município que
tenha um aumento em relação ao ano anterior superior à média geral de crescimento.
3. O disposto nos números anteriores não é aplicável quando haja alteração significati-
va e cumulativa dos indicadores referidos nas alíneas b), c) e d) do artigo 11.º
Artigo 14º
(Tarifas e preços de serviços)
e) Transporte escolar;
212
Lei nº 79/VI/2005, de 5 de Setembro
Artigo 15º
(Cooperação técnica e financeira)
1. O Governo e os Municípios poderão, mediante acordos específicos e dentro dos
limites e condições estabelecidos no presente artigo, cooperar técnica e financeiramente na
realização das respectivas atribuições, designadamente:
a) Na modernização administrativa dos Municípios;
b) No processo de transferência de novas atribuições e competências para os
Municípios;
c) Na execução descentralizada do Programa Plurianual de Investimentos Públi-
cos;
d) Na execução de projectos municipais relevantes para o desenvolvimento re-
gional ou local;
e) Na liquidação e cobrança de impostos, taxas e outras receitas municipais.
2. A cooperação técnica e financeira prevista na presente lei está sujeita, nomeadamen-
te, aos princípios da igualdade, da imparcialidade, da justiça e da transparência.
3. Não são permitidas quaisquer formas de subsídios ou comparticipações financeiras
aos Municípios por parte do Estado, dos serviços e fundos autónomos, das empresas pú-
blicas, das empresas mistas ou das empresas concessionárias de serviços públicos, salvo o
disposto na presente lei.
4. Poderão ser excepcionalmente inscritas no Orçamento do Estado verbas para o fi-
nanciamento de projectos dos Municípios de grande relevância para o desenvolvimento
regional ou local quando se verifique a sua urgência e a manifesta e comprovada incapaci-
dade financeira dos Municípios interessados em os realizar.
5. O Governo pode ainda tomar providências orçamentais para conceder auxílios fi-
nanceiros aos Municípios, nos seguintes casos:
a) Calamidade publica;
b) Instalação de novas autarquias locais;
c) Recuperação de áreas degradadas ou renovação urbana, quando o peso do
investimento ultrapasse a capacidade de financiamento municipal;
d) Desencravamento de povoações;
e) Resolução de bloqueamentos graves que afectem de modo relevante o fun-
cionamento dos serviços municipais, nomeadamente os de saneamento bási-
co, de protecção civil, de transporte colectivo de passageiros, de produção e
distribuição de energia eléctrica e de abastecimento de água;
213
Lei nº 79/VI/2005, de 5 de Setembro
214
Lei nº 79/VI/2005, de 5 de Setembro
Artigo 17º
(Regime geral dos impostos municipais)
1. São impostos municipais:
a) O Imposto Único sobre o Património (IUP);
b) O Imposto Municipal sobre Veículos Automóveis;
c) Outros que venham a ser criados como tais.
2. Os impostos municipais são criados pela Assembleia Nacional nos termos previstos
na Constituição e na lei.
3. Na criação de impostos municipais são tidos em conta os princípios gerais do siste-
ma fiscal e do regime de finanças locais estabelecidos na Constituição e no Código Geral
Tributário (CGT).
4. As taxas dos impostos municipais podem ser alteradas pela lei do Orçamento do
Estado ou por lei específica.
5. Podem ser concedidas isenções, reduções de taxas ou outros benefícios fiscais rela-
tivamente aos impostos municipais em casos de reconhecido interesse económico, social
ou cultural, nos termos e formas previstas no Código Geral Tributário (CGT), com as ne-
cessárias adaptações quanto ao processo administrativo.
6. À reclamação graciosa ou impugnação judicial da liquidação de impostos munici-
pais, bem como das taxas, encargos de mais-valias e demais receitas municipais de nature-
za fiscal, e às infracções às respectivas normas reguladoras aplicam-se as normas do CGT e
do Código de Processo Tributário (CPT), salvo disposição expressa em contrário.
Artigo 18º
(Liquidação e cobrança dos impostos municipais)
1. A liquidação e cobrança dos impostos municipais incumbe aos serviços municipais,
salvo o disposto no presente artigo.
2. A Câmara Municipal pode, por acordo com o Estado, delegar nos serviços fiscais
da administração central a liquidação e cobrança dos respectivos impostos municipais, me-
diante uma comissão que não poderá exceder 5% dos montantes liquidados ou cobrados,
respectivamente.
3. Nos casos referidos no número anterior, a receita dos impostos municipais cobrados
é transferida para os respectivos municípios até ao fim do mês seguinte ao da cobrança,
deduzida da comissão.
Artigo 19º
(Compensação por benefícios fiscais)
Os Municípios têm direito a ser compensados, através de verba a inscrever no Orça-
mento de Estado, pelo montante de receita perdida em virtude de isenções ou reduções de
impostos municipais concedidas pelo Estado no ano anterior.
215
Lei nº 79/VI/2005, de 5 de Setembro
Artigo 20º
(Execução fiscal municipal)
1. A cobrança coerciva de créditos do Município é feita mediante processo de execu-
ção fiscal municipal e mediante reclamação de créditos em processo de execução que não
seja fiscal.
2. O processo de execução fiscal municipal destina-se à cobrança coerciva dos créditos
do Município por:
a) Impostos e taxas municipais e respectivos juros e demais encargos legais;
b) Encargos de mais valias;
c) Reembolsos e reposições;
d) Coimas fixadas em decisões, sentenças ou acórdãos relativos a contra-orde-
nações fiscais, salvo quando aplicadas pelos tribunais comuns;
e) Outras dívidas, que não provenham de contrato, cuja obrigação de pagamento
tenha sido reconhecida por deliberação da Câmara Municipal.
3. O processo de execução fiscal municipal segue os termos do processo de execução
fiscal regulado no CPT, com as seguintes adaptações:
a) A execução fiscal corre pela secretaria municipal, salvo o disposto no n.º 5;
b) Tem legitimidade para promover a execução fiscal o Presidente da Câmara
Municipal ou vereador em quem tenha delegado tal competência, salvo o dis-
posto no n.º 5;
c) As competências atribuídas ao membro do Governo responsável pela área das
finanças, à Direcção Geral das Contribuições e Impostos ou ao seu Director
Geral, são exercidas pelo Presidente da Câmara Municipal ou por Vereador
em quem tenha delegado;
d) As competências atribuídas ao chefe da repartição de finanças e à repartição
de finanças são exercidas pelo secretário municipal e pela secretaria munici-
pal, salvo o disposto no n.º 5;
e) As competências atribuídas ao representante da Fazenda Pública e à Fazenda
Pública são exercidas pelo tesoureiro municipal;
f) As funções de escrivão do processo e de oficial de diligências são exercidas
por funcionários ou agentes municipais designados como tais pela Câmara
Municipal, salvo o disposto no n.º 5.
4. Poderá o Município, em alternativa ao regime estabelecido no número anterior, criar
um serviço autónomo encarregado da cobrança coerciva dos créditos municipais.
216
Lei nº 79/VI/2005, de 5 de Setembro
217
Lei nº 79/VI/2005, de 5 de Setembro
218
Lei nº 79/VI/2005, de 5 de Setembro
219
Lei nº 79/VI/2005, de 5 de Setembro
220
Lei nº 79/VI/2005, de 5 de Setembro
rior será inscrita no orçamento como encargos provisionais com o pessoal através de uma
rubrica própria.
3. As despesas com o pessoal, incluindo os encargos provisionais com o pessoal, não
podem exceder 50% das receitas correntes previstas no orçamento.
Artigo 33º
(Dotação provisional)
Poderá ser inscrita uma dotação provisional para servir exclusivamente de contrapar-
tida de reforços ou de inscrições de verbas determinadas pela necessidade de acorrer a
despesas inadiáveis insuficientemente dotadas ou não previstas.
Artigo 34º
(Estruturas e organização do orçamento de investimento)
1. O orçamento de investimentos é apresentado sob a forma de programas, sub-progra-
mas e projectos, podendo ser plurianual.
2. O orçamento de investimentos é elaborado de acordo com o plano de actividades
do Município.
3. O orçamento de investimentos deve apresentar fichas de programa, sub-programa e
projectos que deverão conter de forma resumida e clara os seguintes elementos:
a) Descrição sumária, objectivos, metas, principais políticas e medidas e a estru-
tura de gestão de cada programa e o respectivo orçamento;
b) Objectivos, metas, principais políticas e medidas de indicadores de resultados
de cada sub-programa e respectivo orçamento;
c) Projectos enquadrados nos programas e sub-programas contendo todos os
elementos que permitam a sua validação para financiamento e avaliação da
sua execução, nomeadamente a coerência com as políticas, objectivos e me-
tas dos programas e sub-programas em que se integram, os custos directos e
correntes, a programação física financeira das actividades a desenvolver e os
indicadores de resultados.
4. Cada projecto deve indicar, obrigatoriamente, as fontes de financiamento e todas
as informações relevantes para um adequado enquadramento, classificação e execução or-
çamental das despesas correspondentes.
SECÇÃO II
Artigo 35º
(Conteúdo da proposta de orçamento)
A proposta do orçamento a submeter à aprovação da Assembleia Municipal deve con-
ter o articulado da respectiva proposta de deliberação, os mapas orçamentais e ser acompa-
nhada de anexos informativos.
221
Lei nº 79/VI/2005, de 5 de Setembro
Artigo 36º
(Conteúdo do articulado da proposta de deliberação)
O articulado da proposta de deliberação deve conter:
a) As condições de aprovação dos mapas orçamentais e as normas necessárias
para orientar a execução orçamental;
b) A indicação das fontes de financiamento que acresçam as receitas efectivas
municipais, nomeadamente no que se refere a financiamentos previstos at-
ravés de acordos de geminação e outros, bem como a indicação do destino a
dar a esses fundos;
c) O montante, as condições gerais e a aplicação prevista de financiamentos a
obter junto de instituições de crédito, nos termos do artigo 8º da presente lei;
d) Todas as outras medidas que se revelem indispensáveis à correcta gestão orça-
mental do Município para o ano económico a que o orçamento se destina.
Artigo 37º
(Estrutura dos mapas orçamentais)
1. Os mapas orçamentais a que se refere o artigo 35º da presente lei são os seguintes:
a) Mapa I - Receitas correntes e de capital do Município, especificadas segundo
uma classificação económica e orgânica;
b) Mapa II - Despesas de funcionamento e de investimento do Município, espe-
cificadas segundo uma classificação económica e orgânica;
c) Mapa III- Despesas de funcionamento e de investimento do Município, espe-
cificadas segundo uma classificação funcional;
d) Mapa IV - Receitas dos serviços autónomos municipais, segundo uma clas-
sificação orgânica e económica;
e) Mapa V - Despesas dos serviços autónomos municipais, especificadas seg-
undo uma classificação económica e orgânica;
f) Mapa VI - Despesas dos serviços autónomos municipais, especificadas seg-
undo uma classificação funcional;
g) Mapa VII - Orçamento consolidado das receitas correntes e de capital e das
despesas de funcionamento do Município e dos serviços autónomos munici-
pais, segundo uma classificação económica;
h) Mapa VIII - Orçamento consolidado das receitas correntes e de capital e das
despesas de funcionamento do Município e dos serviços autónomos munici-
pais, segundo uma classificação orgânica;
222
Lei nº 79/VI/2005, de 5 de Setembro
223
Lei nº 79/VI/2005, de 5 de Setembro
224
Lei nº 79/VI/2005, de 5 de Setembro
225
Lei nº 79/VI/2005, de 5 de Setembro
226
Lei nº 79/VI/2005, de 5 de Setembro
227
Lei nº 79/VI/2005, de 5 de Setembro
228
Lei nº 79/VI/2005, de 5 de Setembro
229
Lei nº 79/VI/2005, de 5 de Setembro
230
Lei nº 79/VI/2005, de 5 de Setembro
Artigo 58º
(Elaboração, apresentação, apreciação e aprovação)
1. A conta de gerência é elaborada pelo competente serviço municipal sob a responsa-
bilidade do Presidente da Câmara, que a submeterá a Câmara Municipal para aprovação até
o dia 1 de Março do ano seguinte a que respeitar.
2. A Câmara Municipal aprovará e apresentará a conta de gerência até final do mês de
Março do ano seguinte àquele a se respeitar.
3. A Assembleia Municipal apreciará a conta de gerência na secção ordinária de
Abril.
4. A conta de gerência será submetida, independentemente da sua apreciação pela As-
sembleia Municipal, a julgamento do Tribunal de Contas até ao final de Junho do ano se-
guinte àquele a que respeitarem.
5. No caso previsto no nº 2 ao artigo 53º, a respectiva conta de gerência será enviada
ao Tribunal de Contas conjuntamente com a conta de gerência anual.
Artigo 59º
(Julgamento das contas)
O Tribunal de Contas julgará a conta de gerência dentro do prazo estipulado na lei e
remetê-la-á, com o seu acórdão, à Assembleia Municipal, bem como uma cópia ao depar-
tamento governamental que tutela os municípios.
CAPÍTULO VII
Operações de tesouraria
Artigo 60º
(Operações de tesouraria)
1. São operações de tesouraria os movimentos excepcionais de fundos efectuados nos
cofres de tesouraria municipal que não se encontrem sujeitos a disciplina do orçamento
municipal, bem como as restantes operações escriturais com eles relacionados.
2. As operações de tesouraria são passivas e activas, correspondendo as activas à en-
trada de fundos nos cofres da tesouraria municipal e as passivas à saída de fundos daquele
cofre.
Artigo 61º
(Finalidades)
As operações de tesouraria têm por finalidades:
a) Antecipar receitas orçamentais cuja cobrança está prevista para o ano económico;
b) Colocar junto de instituições, designadamente do sistema bancário ou afins,
eventuais disponibilidade de tesouraria;
c) Assegurar a gestão de fundos a cargo da tesouraria municipal.
231
Lei nº 79/VI/2005, de 5 de Setembro
Artigo 62º
(Proibição)
É proibido realizar despesas orçamentais por operações de tesouraria.
Artigo 63º
(Regularização orçamental)
1. As operações de tesouraria referidas na alínea a) do artigo 61º deverão ser regulari-
zadas no ano económico em que tiverem lugar, por via orçamental.
2. A regularização, no caso de operações activas, far-se-á por conta das dotações or-
çamentais.
3. Exceptuam-se do disposto no nº 1 do presente artigo:
a) O produto de empréstimo que não tenha sido utilizado para cobertura das ne-
cessidades de financiamento decorrentes da execução orçamental;
b) Outras situações devidamente justificadas que tenham consagração na lei.
4. Os saldos das contas de operações de tesouraria referidos nas alíneas b) e c) do arti-
go 61º podem transitar para os anos seguintes, não devendo ser ultrapassados, caso houver
saldos activos, o limite a fixar anualmente na deliberação que aprovar o orçamento pela
Assembleia Municipal.
Artigo 64º
(Competência)
Compete exclusivamente ao Presidente da Câmara Municipal autorizar e ordenar a
realização de operações de tesouraria nos termos do artigo 61º.
Artigo 65º
(Fiscalização)
As operações de tesouraria estão sujeitas à fiscalização do Tribunal de Contas, dos
órgãos de inspecção e de controlo administrativo do Estado.
CAPÍTULO XIII
Relações entre a Administração Central e os Municípios
Artigo 66º
(Transmissão mútua de informações)
1. A transmissão de informações entre a Administração Central e os Municípios e
vice-versa, nas áreas de finanças e conexas, deve fazer-se utilizando a rede informática do
Estado, salvo não havendo conexão entre as partes através dessa rede.
2. Para efeitos do disposto na primeira parte do número anterior, o Governo instalará
em todos os Municípios os equipamentos e software necessários e prestar-lhes-á assistência
técnica adequada à sua manutenção e operacionalização.
232
Lei nº 79/VI/2005, de 5 de Setembro
Artigo 67º
(Acompanhamento das finanças locais)
Para efeitos de uma adequada definição das políticas globais da natureza económica e
financeira, compete aos departamentos governamentais responsáveis pela tutela dos Mu-
nicípios e pelas Finanças acompanhar a evolução da situação económica e financeira dos
Municípios, em termos a definir por lei.
Artigo 68º
(Informações de natureza estatística,
orçamental e financeira)
1. O Estado e qualquer dos seus serviços e fundos autónomos, ainda que personaliza-
dos, estão isentos do pagamento de todos os impostos, taxas e encargos devidos aos Mu-
nicípios, nos termos da presente lei, com excepção do Imposto Único sobre o Património
incidente em imóveis do domínio privado do Estado não afectos a actividades de interesse
público e das tarifas e preços referidos no artigo 14º.
2. O Município e qualquer dos seus serviços e fundos autónomos, ainda que persona-
lizados, estão isentos de quaisquer impostos, taxas e encargos devidos ao Estado, excepto
quando exerçam actividades de natureza empresarial, designadamente comercial, indus-
trial, agrícola, piscatória ou de prestação de serviços.
233
Lei nº 79/VI/2005, de 5 de Setembro
Artigo 70º
(Dívidas dos Municípios)
Quando o Município tenha, para com o Estado, dívida certa e líquida, pode o respec-
tivo montante de capital e de juros moratórios ser deduzido nas transferências financeiras
não consignadas, que o Município tenha de receber do Estado, até ao limite de 15% do
montante global da transferência devida.
CAPÍTULO IX
Regime financeiro dos serviços
Artigo 71º
(Concessão de Autonomia Financeira)
1. Por deliberação da Assembleia Municipal poderá ser atribuída aos serviços munici-
pais autonomia financeira para actos de gestão corrente.
2. Os serviços dotados de autonomia financeira possuem orçamento e contabilidade
privativos, com afectação de receitas próprias às despesas próprias, quer os respectivos
movimentos se façam pelos seus cofres, quer se façam transitando pelos cofres municipais,
competindo aos seus dirigentes autorizar a realização de despesas e o seu pagamento, po-
dendo, nesse âmbito, realizar actos definitivos e executórios.
3. A competência da Câmara Municipal ou a do Presidente da Câmara Municipal inclui
sempre os necessários poderes de direcção, supervisão e inspecção, bem como a prática dos
actos que excedam a gestão corrente.
4. Para efeito deste diploma, actos de gestão corrente são todos aqueles que integra
a actividade que os serviços desenvolvem para a prossecução das suas atribuições, com
excepção dos que envolvam opções fundamentais de enquadramento da actividade dos ser-
viços e designadamente, que se traduzem na aprovação dos planos de actividade e respec-
tivos relatórios de execução ou na autorização para a realização de despesas cujo montante
ou natureza ultrapassem a normal execução dos planos aprovados.
Artigo 72º
(Conservação de autonomia financeira)
1. A autonomia financeira dos serviços municipais só poderá ser conservada se as suas
receitas próprias atingirem um mínimo de dois terços das suas despesas totais.
2. Para efeitos do número anterior, não são considerados como receitas próprias as
resultantes de transferências correntes e de capital do orçamento do município ou do orça-
mento do Estado ou de quaisquer pessoas colectivas públicas.
Artigo 73º
(Cessação de autonomia financeira)
1. A não verificação dos requisitos previstos no nº 1 do artigo anterior durante dois
anos consecutivos determinará a cessação do respectivo regime financeiro e a aplicação do
regime geral da autonomia administrativa.
234
Lei nº 79/VI/2005, de 5 de Setembro
2. A constatação da situação prevista no número anterior será feita com base no exer-
cício dos anos anteriores e a cessação do regime de autonomia administrativa e financeira
será efectivada mediante deliberação da Assembleia Municipal, produzindo os seus efeitos
a partir do início do ano económico seguinte ao da publicação.
Artigo 74º
(Controlo de gestão orçamental dos serviços dotados
de autonomia financeira)
1. Sobre os serviços municipais dotados de autonomia financeira, será efectuado um
controlo sistemático sucessivo da gestão orçamental, o qual incluirá a fiscalização da con-
formidade legal e regularidade financeira das despesas efectuadas, abrangendo ainda a aná-
lise da sua eficiência e eficácia.
2. O controlo referido no número anterior será feito com base nos mapas justificativos
e na documentação de despesas remetidos e poderá envolver uma verificação directa da
contabilidade dos próprios serviços.
3. Será ainda assegurado o julgamento das contas pelo Tribunal de Contas.
CAPÍTULO X
Contabilidade Municipal
Artigo 75º
(Contabilidade municipal)
1. A contabilidade municipal baseia-se no Plano Nacional de Contabilidade Pública e
rege-se pelos princípios e regras da contabilidade pública definidos por lei.
2. Tendo em conta a necessidade de assegurar a plena harmonização das regras e pro-
cedimentos contabilísticos, bem como a integração orçamental do Sector Público Adminis-
trativo, as Câmaras Municipais tomam as medidas necessárias para que a adaptação dos
planos de contas municipais e as regras e procedimentos contabilísticos se conformem ao
disposto no número anterior.
3. Para o efeito, o Governo e a Associação Nacional dos Municípios Cabo-Verdianos
criam uma equipa de acompanhamento, com a finalidade de implementar todas as fases
necessárias ao processo de adaptação da contabilidade municipal às exigências do Plano
Nacional de Contabilidade Pública.
4. Cabe ao Governo realizar os investimentos necessários em equipamentos e sistemas
informáticos necessários à integração dos Municípios na rede informática do Estado, bem
como assegurar a formação de pessoal dos municípios nas aplicações informáticas de ges-
tão contabilística e orçamental, por forma a assegurar que a transição para o sistema con-
tabilístico da Administração Pública se faça, nos Municípios, directamente por processos
informáticos.
235
Lei nº 79/VI/2005, de 5 de Setembro
236
Decreto-Lei nº 68/2009, de 28 de Dezembro
237
Decreto-Lei nº 68/2009, de 28 de Dezembro
238
Decreto-Lei nº 68/2009, de 28 de Dezembro
239
Decreto-Lei nº 68/2009, de 28 de Dezembro
Artigo 12º
Financiamento do Fundo
1. O Fundo é financiado através de recursos provenientes do Orçamento de Estado,
consignados para o efeito, bem como de financiamentos externos mobilizados, no âmbito
de cooperação internacional.
2. A verba a que se refere o número anterior só pode ser utilizada para a finalidade pre-
vista, sem que haja a transferência de saldo para o ano seguinte, caso não seja utilizada.
Artigo 13º
Administração
1. A gestão do Fundo é da competência da Direcção Geral do Tesouro (DGT).
2. A execução financeira dos contratos a que se refere o artigo 5º é efectuada pelas
Direcção Geral Autarquias Locais (DGAL) e Direcção Geral do Património, Orçamento e
Gestão (DGPOG) do departamento governamental responsável pela descentralização.
3. A DGAL envia anualmente à Assembleia Nacional e à Associação Nacional de Mu-
nicípios Cabo-verdianos um relatório sobre a gestão do Fundo e respectiva aplicação.
CAPÍTULO IV
Disposições finais
Artigo 14º
Entrada em vigor
O presente diploma entra em vigor no dia seguinte ao da sua publicação.
Visto e aprovado em Conselho de Ministros.
José Maria Pereira Neves - Manuel Inocêncio Sousa - Basílio Mosso Ramos - Cristina
Isabel Lopes da Silva Monteiro Duarte - Lívio Fernandes Lopes - Maria Madalena Brito
Neves - José Maria Fernandes da Veiga - Sara Maria Duarte Lopes
Promulgado em 23 de Dezembro de 2009
Publique-se.
O Presidente da República, PEDRO VERONA RODRIGUES PIRES
Referendado em 23 de Dezembro de 2009.
O Primeiro-Ministro, José Maria Pereira Neves
240
Decreto-Lei n.º 47/80, de 2 de Julho
CONTABILIDADE MUNICIPAL
Decreto-Lei n.º 47/80,
de 2 de Julho 76
1. A prática vem demonstrando que as disposições vigentes sobre o orçamento e conta-
bilidade municipal encontram-se manifestamente desactualizadas, sob todos os aspectos.
2. A reforma do orçamento e da contabilidade municipal que vinha sendo bastante
sentida pelos titulares dos órgãos e agentes da administração municipal tornou-se uma
exigência nos termos do artigo 12º do Decreto-Lei n.º 41/80, de 2 de Julho.
3. Assim, pelo presente diploma opera-se a reforma do orçamento e contabilidade mu-
nicipal, aperfeiçoando os instrumentos de gestão financeira municipal, reforçando os siste-
mas de fiscalização administrativa e responsabilizando os titulares dos órgãos e agentes da
administração municipal pelos actos que originem despesas.
4. No uso da faculdade conferida pelo n.º 3 do artigo 15º da Lei sobre a organização
política do Estado, de 5 de Julho de 1975, o Governo decreta e eu promulgo o seguinte:
CAPÍTULO I
Do orçamento municipal 77
…………………………………………………………………………………………
CAPÍTULO II
Da contabilidade Municipal 78
SECÇÃO I
Livros de Contabilidade
Artigo 45º
(Livros fundamentais) 79
1. Para a contabilidade das receitas haverá, nas secretarias os seguintes livros funda-
mentais:
a) Diário das receitas;
b) Livro das contas das receitas cobradas;
76 Alterado pelo Decreto n.º 17/84, de 18 de Fevereiro (artigos 30º, 36º e 72º).
77 Todo o capítulo I encontra-se revogado tacitamente pelo Regime Financeiro das Autarquias Locais aprovado pela Lei n.º
76/V/98, de 7 de Dezembro, e alterado pela Lei n.º 79/VI/2005, de 5 de Setembro. .
78 A utilização das novas tecnologias e ferramentas de gestão requerem, como aliás tem sido constantemente repisado em
várias frentes, a modernização do regime de contabilidade municipal em ordem a facilitar o processo de informatização da
execução orçamental e, consequentemente, a elaboração da conta de gerência, sendo certo que esta constitui uma prioridade
para os Municípios.
79 O Decreto-Lei n.º 22/99, de 26 de Abril, propositadamente aprovado para o efeito, face à constatação de situações
irregulares, veio dar cobertura legal à utilização de meios informáticos na contabilidade municipal.
241
Decreto-Lei n.º 47/80, de 2 de Julho
242
Decreto-Lei n.º 47/80, de 2 de Julho
Artigo 51º
(Forma de escrituração dos livros)
1. A escrituração dos livros far-se-á sem entrelinhas, rasuras ou transporte para as
margens.
2. Se se houver cometido erro ou omissão em qualquer registo, será ressalvado por
meio de estorno ou efectuado o lançamento omitido.
Artigo 52º
(Modelos de livros e sua escrituração)
Por portaria do Secretario de Estado da Administração Interna, Função Publica e Tra-
balho serão aprovados os modelos de livros e demais impressos a utilizar nos serviços de
contabilidade dos Municípios e as instruções sobre a escrituração dos livros e o preenchi-
mento dos impressos.
SECCÃO II
Da competência dos Secretários Administrativos e Tesoureiros Municipais
Artigo 53º
(Competência dos Secretários Administrativos)
Compete aos Secretários Administrativos:
a) Fiscalizar os actos e a escrita do Tesoureiro promovendo sempre que julgue
conveniente a verificação das operações de receita e despesa, a contagem de
fundos em cofre e a organização da escrita nos livros e impressos regulamen-
tares;
b) Escriturar ou mandar escriturar e orientar a arrumação dos livros de contabili-
dade;
c) Conservar sob a sua guarda os livros de termos de balanço e manter em boa
ordem o arquivo dos documentos e restantes livros de contabilidade da sua
secretaria;
d) Assinar, previamente, todos os documentos de receita a arrecadar e despesa a
efectuar e submeter à autorização do Delegado do Governo os documentos de
despesas a pagar;
e) Conferir e visar os balancetes trimestrais, a conta das cobranças e a dos paga-
mentos mensais;
f) Passar recibo na guia de transferência mensal da tesouraria para a secretaria
dos documentos de despesa pagos, das guias e dos conhecimentos de cobrança
de receitas virtuais, depois de verificar a sua exactidão e devolver o dupli-
cado ao Tesoureiro dentro de 24 horas seguintes. A guia original e documentos
serão convenientemente arquivados para efeitos subsequentes;
243
Decreto-Lei n.º 47/80, de 2 de Julho
244
Decreto-Lei n.º 47/80, de 2 de Julho
245
Decreto-Lei n.º 47/80, de 2 de Julho
2. Nos dias de balanço, o expediente das Tesourarias estará encerrado durante o tempo
necessário à sua preparação e execução.
Artigo 57º
(Movimento de Fundos na Tesouraria)
É expressamente proibida a entrada, nos cofres da tesouraria, de qualquer importância
que não seja acompanhada de guias ou de conhecimento, assim como a saída de dinheiros
sem as competentes ordens de pagamento ou levantamento elaborados nos termos regula-
mentares.
Artigo 58
(Caução)
1. Os Tesoureiros são considerados exactores e obrigados a prestar caução por meio
de depósito em dinheiro, letras, hipoteca, ou ainda, a requerimento dos interessados, por
descontos mensais sucessivos e ininterruptos nos seus vencimentos, de montante corres-
pondente a 10% desses vencimentos, até perfazerem a importância total da caução80.
2. A caução será prestada dentro de 60 dias contados da posse.
3. Os quantitativos das cauções são fixadas por Portaria do Secretario de Estado da
Administração Interna, Função Publica e Trabalho, tendo em atenção o movimento da Te-
souraria.
CAPÍTULO III
Das contas de gerência
Artigo 59º
(Prestação de contas) 81
…………………………………………………………………………………………
Artigo 60º
(Contas do Tesoureiro)
1. A conta do tesoureiro compreenderá o saldo da gerência anterior, a receita cobrada,
a despesa efectuada e o saldo, se o houver, durante o ano económico ou o período de tempo
correspondente à sua gerência, no caso de transição.
(…)
Artigo 61º
(Saldos orçamentais)
1. Os saldos apurados nas contas de anos económicos anteriores poderão ser utilizados
na realização de quaisquer despesas devendo inscrever-se nas receitas correntes como con-
trapartida as importâncias correspondentes a retirar da soma dos mesmos saldos.
80 A Portaria n.º 60/79, de 30 de Junho, fixa a caução que devem prestar os Tesoureiros municipais.
81 Este artigo ficou alterado pelos arts. 53º a 59º da Lei n.º 79/VI/2005, de 5 de Setembro.
246
Decreto-Lei n.º 47/80, de 2 de Julho
247
Decreto-Lei n.º 47/80, de 2 de Julho
tivo ou Tesoureiro;
d) Em qualquer ocasião que for julgado conveniente a verificação das operações
e a contagem de fundos em cofre, pela administração municipal;
e) Nas visitas de inspecção;
2. Os balanços serão dados pelo Secretário Administrativo com a assistência do Dele-
gado do Governo ou de quem suas vezes fizer.
Artigo 67º
(Alcance)
1. Os Tesoureiros consideram-se em alcance:
a) Quando não tenham em cofre ou com a saída devidamente documentada,
qualquer quantia ou documento de despesa paga, que, pelo exame ou balanço
nele devia existir;
b) Quando nas condições da alínea anterior, lhes faltem ou não apresentem doc-
umentos de cobrança ou outros valores à sua guarda por que tenham sido
debitados e cuja falta não permita fazer o balanço e exame da escrita da sua
responsabilidade.
2. Pela importância dos alcances em que, por qualquer modo, forem encontrados os
Tesoureiros ou responsáveis por dinheiros pertencentes ao Município serão processados
contas correntes que demonstrem o saldo liquido a favor do Município, as quais serão ime-
diatamente enviadas ao Ministério Público, para os devidos efeitos.
3. Os Tesoureiros ou responsáveis alcançados poderão dar entrada, por deposito, no
cofre da Tesouraria, das quantias em dinheiro dos seus alcances, ficando dependentes da
entidade competente o exame e julgamento definitivo da responsabilidade.
4. Todos os funcionários a quem compete a fiscalização e inspecção dos serviços de
contabilidade, orçamento e tesouraria, ficarão solidariamente responsáveis para com o Mu-
nicípio se, tendo conhecimento do alcance, não comunicarem o facto ao Ministério Públi-
co.
5. A fim de assegurar os interesses do Município e evitar a fuga dos responsáveis, todo
o funcionário que encontrar alcance, caso o responsável não entrar, acto continuo, com a
importância do mesmo alcance, poderá requerer imediatamente a qualquer autoridade com-
petente à detenção do responsável até que esteja ultimado o processo referido no n.º 2.
Artigo 68º
(Co-responsabilidade do Secretário Administrativo)
Os Secretários Administrativos serão co-responsáveis com os Tesoureiros, no caso de
alcance, para todos os efeitos penais:
a) Quando por desleixo ou má fé, descurem a vigilância e fiscalização que lhes
incumbe;
248
Decreto-Lei n.º 47/80, de 2 de Julho
b) Quando deixem de proceder aos balanços nos termos do n.º 1 do artigo 66º;
c) Quando não tenham em condições regulares a escrita de Tesouraria.
Artigo 69º
(Falsidade de documentos de cobrança e pagamento)
Será imediatamente suspenso e processado disciplinarmente o Tesoureiro que tenha
em seu poder documentos de cobrança e de pagamento sem formalidades legais, sendo
aqueles documentos considerados falsos.
Artigo 70º
(Procedimento penal)
Se por virtude de balanço ou inspecção à Tesouraria ou por qualquer outro meio, forem
encontrados em poder do Tesoureiro documentos de cobrança ou de pagamento falsificados
ou viciados, ou descobrir qualquer outro acto criminoso o Secretário Administrativo ou o
visitador, sob sua responsabilidade, dará logo conta desse facto ao Delegado do Governo e
apreenderá os documentos que enviará ao Ministério Público acompanhados do respectivo
auto para procedimento criminal.
Artigo 71º
(Processo disciplinar)
1. Se nas visitas de inspecção forem apuradas infracções a este diploma por parte dos
funcionários, ser-lhes-à instaurado processo disciplinar com base em artigos de acusação
extraídos dos relatórios de inspecção.
2. O processo disciplinar será mandado instaurar pela Direcção Geral da Administra-
ção Interna.
Artigo 72º 86
(Responsabilidade do Delegado do Governo)
………………….………………………………………………………………………
CAPÍTULO V
Artigo 73º
(Dos fundos extra-municipais)87
…….……………………………………………………………………………………
Artigo 78º
(Dúvidas)
Quaisquer dúvidas suscitadas pela aplicação do presente diploma serão esclarecidas por
despacho do Secretario de Estado da Administração Interna, Função Publica e Trabalho.
Artigo 79º
86 O art. 11º da Lei n.º 85/VI/2005, de 26 de Dezembro, prevê a responsabilidade criminal para quem autorizar(titular do
órgão municipal para o caso) os encargos proibidos por lei e ou sem o visto do Tribunal de Contas quando legalmente exigido.
87 O art. 23º da Lei n.º 79/VI/2005, de 5 de Setembro, pretende acabar com fundo extra-municipal regulado nos arts. 73º a 76º.
249
Decreto-Lei n.º 47/80, de 2 de Julho
(Instruções)
A Direcção Geral da Administração Interna expedirá as instruções necessárias à boa
execução deste diploma.
Artigo 80º
(Revogação)
Ficam revogadas a Parte IV da reforma Administrativa Ultramarina e as Portarias nú-
meros 5/78, 24/78, 72/78, respectivamente, de 28 de Janeiro, 11 de Março e 21 de Outu-
bro.
Pedro Pires – José Luís Fernandes Lopes
Promulgado em 12 de Março de 1980.
Publique-se
O Presidente da República, ARISTIDES MARIA PEREIRA.
ANEXO
Mapa I
Classificação económica das receitas ordinárias e extraordinárias
Receitas correntes
1. Impostos directos.
2. Impostos indirectos- taxas, licenças e outros serviços gerais pagos por empresas.
3.Taxas, multas e outras penalidades.
4. Rendimentos de propriedades:
Juros;
Dividendos;
Participação nos lucros dos serviços municipalizados, associação dos municípios e
empresas municipais;
Rendas do terreno;
Outros;
5. Transferências correntes.
6. Vendas de bens duradouros.
7. venda de serviços e bens não duradouros.
8. Rendas de habitação:
250
Decreto-Lei n.º 47/80, de 2 de Julho
251
Decreto-Lei n.º 47/80, de 2 de Julho
4. Representação.
5. Horas extraordinárias.
6. Senhas de presença.
7. Subsídios de residência.
8. Participações e prémios.
9. Deslocações.
10. Telefones individuais.
11. Alimentação e alojamento- em numerário
12. Alimentação e alojamento- em espécie
13. Alimentação e alojamento- compensação de encargos.
14. Vestuários e artigos pessoais- em numerário
15. Vestuários e artigos pessoais- em espécie .
16. Vestuários e artigos pessoais- compensação de encargos.
17. Remunerações por serviços auxiliares.
18. Remunerações diversas- em numerário.
19. Remunerações diversas- em espécie.
20. Remunerações diversas- previdência social.
21. Remunerações diversas- compensações de encargos .
22. Classes inactivas- pensões de aposentação e invalidez.
23. Classes inactivas- pensões de sobrevivência.
24. Classes inactivas- outras despesas.
25. Abono de família.
26. Bens duradouros:
Construções e grandes reparações;
Material de alojamento;
Material de educação, cultura e recreio;
Material fabril, oficinal e de laboratório;
Material honorifico e de representação;
Equipamento de secretária;
Outros bens duradouros;
252
Decreto-Lei n.º 47/80, de 2 de Julho
Despesas de capital:
32. Investimentos:
Terrenos;
Habitações;
Edifícios;
Construções diversas;
Melhoramento fundiários;
Plantações;
Material de transporte;
Maquinaria e equipamento;
253
Decreto-Lei n.º 47/80, de 2 de Julho
Animais;
Estradas e pontes;
Portos;
33. Transferências de capital.
34. Activos financeiros.
35. Passivos financeiros.
36. Outras despesas de capital.
Despesas correntes:
1. Remuneração em numerário.
2. Remunerações em espécie.
3. Previdência social.
4. Compensação de encargos.
5. Bens duradouros.
6. Bens não duradouros.
7. Aquisição de serviços.
8. Transferências.
9. Outras despesas correntes.
Despesas de capital:
10 Investimentos.
11. Transferências.
12. Activos financeiros.
13. Passivos financeiros.
14. Outras despesas de capital.
254
Decreto-Lei nº 22/99, de 26 de Abril
255
Decreto-Lei nº 29/2001, de 19 de Novembro
256
Decreto-Lei nº 29/2001, de 19 de Novembro
257
Decreto-Lei nº 29/2001, de 19 de Novembro
Artigo 2º
(Princípios orientadores)
1. A actividade financeira pública rege-se nomeadamente pelos princípios da prossecu-
ção do interesse público, legalidade, transparência, responsabilização, controlo financeiro,
separação e segregação de funções e da boa gestão dos recursos públicos.
2. A gestão do património público orienta-se pelo princípio da economicidade tendo
por base um sistema de cadastro, inventariação e uma política de capitalização.
3. Todos os actos de gestão orçamental, financeira, patrimonial, contingencial bem
como as operações de regularização baseiam-se em documentos idóneos que comprovem
as operações e seus registos na contabilidade.
Artigo 3º
(Designações)
Para efeitos deste diploma, a referência a:
a) “serviços autónomos” visa os serviços públicos dotados apenas de autonomia
administrativa;
i) “serviço ordenador” visa o serviço responsável pelo início e autorização das
operações de execução de receitas quando da sua própria iniciativa bem como
de despesas, podendo haver um ordenador principal com a faculdade de del-
egar poderes em um ou mais ordenadores secundários;
c) “controlador financeiro” visa a pessoa encarregada de proceder ao controlo
prévio e concomitante da legalidade e regularidade financeira das operações
de receitas e despesas;
d) “administração financeira do Estado” visa tanto a parte administrativa do Di-
reito Orçamental e da Contabilidade Pública, constituída por normas, procedi-
mentos, operações e órgãos que possibilitam a obtenção de recursos públicos,
sua gestão e aplicação para a realização das finalidades públicas, como o Es-
tado em sentido estrito, compreendendo os seus serviços e fundos autónomos
e os institutos públicos, à excepção das empresas públicas;
e) “unidade orçamental” visa uma unidade funcional de serviços subordinados a
um mesmo órgão a que são consignadas dotações próprias.
Artigo 4º
(Objectivos)
O presente diploma visa no âmbito da Administração Central:
a) Garantir a aplicação dos princípios orientadores da actividade financeira pú-
blica indicados no art. 2º;
258
Decreto-Lei nº 29/2001, de 19 de Novembro
259
Decreto-Lei nº 29/2001, de 19 de Novembro
seus dirigentes para autorizar a realização de despesas e o seu pagamento e para praticar
nesse âmbito actos administrativos definitivos e executórios.
2.A gestão corrente integra a actividade desenvolvida pelos serviços para a normal
prossecução das suas atribuições, sem prejuízo dos poderes de direcção, supervisão e ins-
pecção do membro do Governo da área.
3.Excluem-se do âmbito da gestão corrente:
a) Os actos que envolvam opções fundamentais de enquadramento das activi-
dades dos serviços e organismos, nomeadamente os planos e programas de
actividades;
c) Os actos relativos a despesas de capital, sem prejuízo do que vier a ser regula-
mentado por Portaria do membro do Governo responsável pelas Finanças;
d) Os actos relativos a recrutamento, desenvolvimento profissional e mobilidade
do pessoal da Administração Pública.
e) Os actos relativos a transferência de verbas.
f) Os actos de montante e natureza excepcionais, os quais serão determinados no
decreto-lei de execução orçamental.
4. Os actos praticados no âmbito da autonomia administrativa na gestão corrente e
incidentes na autorização de despesas e autorização do respectivo pagamento são por si
susceptíveis de execução, não carecendo de confirmação, autorização, homologação, ratifi-
cação ou qualquer outra espécie de reforço hierárquico ou de superintendência.
5. A prática de actos que excedem a gestão corrente é da competência do Governo.
Artigo 8º
(Descrição e registo das operações)
As operações financeiras e contabilísticas resultantes da execução orçamental são des-
critas e registadas obedecendo às normas gerais do sistema contabilístico, em conformida-
de com o disposto no Capítulo VII, e são da responsabilidade dos serviços Ordenador, de
Contabilidade e do Tesouro Público.
Artigo 9º
(Controlador financeiro)
O controlador financeiro encarrega-se de proceder ao controlo prévio e concomitante
da legalidade e regularidade financeira das operações de receitas e despesas, podendo-se
ocupar de determinados departamentos governamentais em conformidade com portaria do
membro do Governo responsável pelas Finanças.
Artigo 10º
(Serviço ordenador)
O Serviço Ordenador é o responsável pelo início e autorização das operações de exe-
cução de receitas, quando da sua própria iniciativa, bem como de despesas, verificando
sempre a correcção jurídico-financeira das mesmas.
260
Decreto-Lei nº 29/2001, de 19 de Novembro
261
Decreto-Lei nº 29/2001, de 19 de Novembro
Artigo 15º
(Classificação das Receitas)
As receitas classificam-se por categorias económicas em receitas correntes e receitas
de capital e distribuem-se de acordo com o classificador económico das receitas.
a) As receitas correntes compreendem:
b) As receitas fiscais, constituídas pelas receitas coactivas, sem contrapartida
nem reembolso, arrecadadas e geridas pela administração financeira;
c) As receitas não fiscais, constituídas pelas receitas que têm como contrapartida
uma prestação de serviço bem assim as transferências obtidas e que resultem
de uma prestação unilateral para a administração financeira.
d) As receitas de capital compreendem:
e) As resultantes da alienação de bens de investimento;
f) As transferências de capital recebidas;
g) As provenientes da constituição da dívida fundada;
h) Os reembolsos relativos aos activos financeiros;
i) Outras previstas por lei.
Artigo 16º
(Cobrança das receitas)
A cobrança de todas as receitas por quaisquer serviços da Administração Central dota-
dos de autonomia administrativa, bem como as de origem externa destinadas ao Estado de
Cabo Verde compete, em regra, ao Tesouro Público.
2. Todos os serviços da Administração Central dotados de autonomia administrativa
e que forem legalmente autorizados a arrecadar receitas estão obrigados a proceder à sua
imediata transferência, sem deduções ou retenções, para o serviço do Tesouro Público,
salvo por força de lei especial.
3. Por portaria conjunta do membro do Governo responsável pelas Finanças e do mem-
bro do Governo da área poderão ser previstos casos especialmente justificados de consig-
nação de receitas.
Artigo 17º
(Processamento das receitas)
As receitas públicas processam-se através da liquidação e posterior cobrança.
Artigo 18º
(Liquidação)
1.bA liquidação é o acto pelo qual a administração financeira determina o montante
exacto do valor a ser arrecadado pelo Estado provenientes da dívida do contribuinte, do
utente ou de outro valor em benefício do Estado.
262
Decreto-Lei nº 29/2001, de 19 de Novembro
263
Decreto-Lei nº 29/2001, de 19 de Novembro
264
Decreto-Lei nº 29/2001, de 19 de Novembro
b) Regularidade financeira;
c) Economia, eficiência e eficácia.
2. Por conformidade legal entende-se a prévia existência de lei que autorize a despesa
e por regularidade financeira a inscrição orçamental, o correspondente cabimento e a ade-
quada classificação da despesa.
3. Na realização de despesas ter-se-á em vista a obtenção dos melhores resultados com
o mínimo de custos,tendo em conta a utilidade e prioridade da despesa e o acréscimo de
produtividade daí decorrente.
Artigo 28º
(Classificação)
1. As despesas públicas classificam-se por categorias económicas, orgânicas e funcio-
nais.
2. Por categorias económicas as despesas subdividem-se em despesas correntes e des-
pesas de capital e distribuem-se de acordo com o classificador económico das despesas.
3. As despesas correntes compreendem:
a) Os gastos do funcionamento dos serviços públicos, constituídos nomeada-
mente pelos encargos com o pessoal, aquisição de materiais, produtos e peque-
nos equipamentos, fornecimentos e serviços externos;
b) Os juros da dívida pública;
c) As transferências correntes concedidas, constituídas pelos gastos sem qualquer
contrapartida directa em bens ou serviços com a finalidade de satisfazer neces-
sidades correntes da entidade que as recebe.
4.As despesas de capital compreendem:
a) A aquisição de bens de investimento;
b) As transferências de capital concedidas;
c) A amortização da dívida pública fundada;
d) Empréstimos de retrocessão concedidos;
e) Outras previstas por lei.
5. Por categorias orgânicas as despesas distribuem-se por unidades orçamentais em
conformidade com a lei do Orçamento do Estado.
6. Por categorias funcionais as despesas traduzem as grandes opções políticas secto-
riais, através das funções geral, social, económica e outras de acordo com o classificador
funcional.
265
Decreto-Lei nº 29/2001, de 19 de Novembro
Artigo 29º
(Processamento de despesas)
1. As despesas processam-se através das fases do cabimento, do compromisso, da li-
quidação e do pagamento.
2. O procedimento normal relativo à realização das despesas públicas é o seguinte:
a) O serviço ordenador procede à determinação do saldo orçamental disponível
na rúbrica orçamental apropriada, e, tendo em consideração o regime duodeci-
mal, se ao caso couber, e a programação da tesouraria, estabelece a data da sua
realização;
b) Estabelecida a referida data, o serviço ordenador assume determinado com-
promisso através do qual vincula o Estado a uma provável obrigação de paga-
mento;
c) Realizada a verificação da legalidade e do cabimento pelo controlador finan-
ceiro, o serviço ordenador procede à liquidação da despesa, isto é, à verifi-
cação da comprovação do direito do beneficiário e à determinação do seu
montante exacto após a constatação do serviço feito e a comprovação do di-
reito do beneficiário e emite uma ordem de pagamento;
d) Posteriormente o serviço do Tesouro Público faculta o meio de pagamento
adequado ao beneficiário.
3. Não há lugar ao disposto no número anterior quando:
a) As despesas parcelares provindas de uma mesma causa constituírem despesas
fixas mensais da Administração e tiverem já sido inicialmente objecto do pro-
cedimento normal na sua globalidade;
b) As despesas forem urgentes e inadiáveis, sem prejuízo do seu registo conta-
bilístico;
c) As despesas assumirem carácter confidencial, sem prejuízo do seu registo
contabilístico.
Artigo 30º
(Autorização da despesa e assunção de compromissos)
1. Os poderes dos ordenadores principais para assumir compromissos e autorizar des-
pesas no âmbito da gestão corrente variam em função do valor destas, nos termos que
vierem a ser definidos por lei.
2. A competência a que se referem os números anteriores pode ser delegada e subdele-
gada, nos termos do nº 5 do artº 10º.
Artigo 31º
(Autorização de despesas fora da gestão corrente)
A autorização de actos que excedam o âmbito da gestão corrente compete ao Governo,
em função dos valores que vierem a ser definidos por lei.
266
Decreto-Lei nº 29/2001, de 19 de Novembro
Artigo 32º
(Duplo cabimento)
Quando os serviços e organismos dispuserem de receitas consignadas, os pagamentos
a efectuar por conta destas ficam condicionados não só aos créditos orçamentais como ain-
da ao montante global da receita arrecadada.
Artigo 33º
(Prazos para a autorização)
A autorização de despesas por conta do orçamento do Estado deve ocorrer em data que
permita o compromisso, a liquidação e o pagamento nos prazos fixados no decreto-lei de
execução orçamental.
Artigo 34º
(Despesas urgentes e imprevistas)
As despesas urgentes, imprevistas e inadiáveis são autorizadas pelo membro do Go-
verno responsável pelas Finanças e suportadas pela verba provisional inscrita no orçamento
do Ministério das Finanças, devendo as mesmas serem comunicadas à Assembleia Nacio-
nal nos termos da lei.
Artigo 35º
(Despesas confidenciais)
1. São despesas de carácter confidencial as realizadas no interesse da segurança do
Estado e da manutenção da ordem política e social, que forem definidas por lei da Assem-
bleia Nacional.
2. As despesas confidenciais dependem de autorização da Assembleia Nacional e se-
guirão o regime que vier a ser definido por lei desta.
Artigo 36º
(Compromisso)
O compromisso é o acto pelo qual a administração financeira assume uma obrigação
de que resultará uma dívida provável.
Artigo 37º
(Encargos plurianuais)
1. Os compromissos contratuais que impliquem assunção de encargos com reflexo em
mais de um ano económico são parcialmente imputados aos anos em que se procederá ao
reembolso.
2. A assunção de encargos plurianuais é feita através de portaria conjunta do membro
do Governo responsável pelas Finanças e do ministro competente para o departamento a
que pertence o respectivo serviço ou organismo, salvo quando tais encargos resultarem da
execução de planos plurianuais já aprovados.
267
Decreto-Lei nº 29/2001, de 19 de Novembro
Artigo 38º
(Liquidação)
1. A liquidação é o acto pelo qual a administração financeira determina o montante
exacto da obrigação assumida após constatação do serviço feito e comprova o direito do
beneficiário, tendo por base um título por este apresentado.
2. A cada despesa liquidada é atribuído um número de código que servirá para a sua
identificação.
3. Cada liquidação deve ser devidamente registada segundo normas gerais da conta-
bilidade pública definidas por este diploma e complementadas por portaria do membro do
Governo responsável pelas Finanças.
Artigo 39º
(Competência do controlador financeiro)
1. O controlador financeiro procede à fiscalização da correcção jurídico-financeira, nos
termos do artigo 9º.
2. Salvo o disposto nos artigos 34º e 35º, nenhuma ordem de pagamento pode ser emi-
tida sem o visto prévio do controlador financeiro.
Artigo 40º
(Requisitos do beneficiário)
1. As pessoas jurídicas ou empresas beneficiárias dalgum pagamento por parte da ad-
ministração financeira pública terão de estar regularmente inscritas na administração tribu-
tária e ter o correspondente número de identificação fiscal.
2. As entidades privadas beneficiárias de transferências públicas, para além do dispos-
to no número anterior, devem estar minimamente organizadas e ter apresentado as suas
contas relativas a transferências anteriormente recebidas.
3. Compete ao membro do Governo responsável pelas Finanças regulamentar os ins-
trumentos de prestação de contas pelas entidades privadas que recebam transferências pú-
blicas.
Artigo 41º
(Meios de pagamento)
Os meios de pagamento a emitir pela administração financeira pública são o cheque do
Tesouro, a transferência bancária ou outros aprovados por portaria do membro do Governo
responsável pelas Finanças.
Artigo 42º
(Compensação de créditos)
No caso de o credor ter dívida perante o Estado certificada por decisão judicial defini-
tiva, poderá o serviço proceder à compensação dos créditos, devendo porém a escrituração
contabilística reflectir os créditos pelo seu valor bruto.
268
Decreto-Lei nº 29/2001, de 19 de Novembro
Artigo 43º
(Prazos de pagamento)
Por portaria do membro do Governo responsável pelas Finanças poderão ser fixados
prazos de pagamento a partir da assunção dos compromissos.
Artigo 44º
(Despesas militares)
As regras relativas ao compromisso, liquidação e ordem de pagamento de despesas
ligadas ao armamento militar do Estado, deverão ser estabelecidas por portaria conjunta
dos membros do Governo responsáveis pelas Finanças e pela Defesa, em obediência aos
princípios definidos neste diploma.
Artigo 45º
(Despesas de pequeno montante)
1. Para a realização de despesas de pequeno montante podem ser constituídos fundos de
maneio em nome dos serviços respectivos, nos termos que vierem a ser definidos por lei.
2. A competência para a realização e pagamento de despesas por conta de fundo de
maneio cabe ao responsável pelo mesmo.
Artigo 46º
(Despesas em moeda estrangeira)
A realização de despesas em moeda estrangeira está sujeita ao cumprimento das for-
malidades especiais constantes da legislação cambial.
Artigo 47º
(Despesas de anos anteriores)
1. As despesas dos anos anteriores devidamente registadas serão satisfeitas por conta
do orçamento em vigor na data do pagamento.
2. É aplicável o regime geral previsto na lei civil para a prescrição, sua suspensão e
interrupção, salvo se prazos mais curtos não resultarem da lei.
Artigo 48º
(Restituições)
1. Devem ser restituídas as importâncias que tiverem dado entrada nos cofres do Esta-
do sem direito a essa cobrança.
2. Se as receitas tiverem sido cobradas por meios coercivos, devem restituir-se também
as custas dos respectivos processos.
3. O direito à restituição prescreve no prazo de cinco anos a partir da entrada nos cofres
do Estado das respectivas quantias, salvo se for legalmente aplicável prazo mais curto.
4. É aplicável o regime geral previsto na lei civil para a suspensão e interrupção da
prescrição.
269
Decreto-Lei nº 29/2001, de 19 de Novembro
SECÇÃO IV
Operações da tesouraria
Artigo 49º
(Noção)
1. São operações de tesouraria os movimentos excepcionais de fundos nas contas fi-
nanceiras do Tesouro que não se encontrem sujeitos à disciplina orçamental bem como as
restantes operações escriturais com eles relacionados.
2. As operações de tesouraria são activas e passivas, correspondendo as activas à entra-
da de fundos e as passivas à saída de fundos nas contas financeiras do Tesouro
Artigo 50º
(Finalidades)
As operações de tesouraria têm por finalidade:
a) Antecipar receitas orçamentalmente previstas que se espera cobrar durante o
ano;
b) Colocar junto de instituições, designadamente do sistema bancário ou afins,
eventuais disponibilidades de tesouraria;
c) Assegurar a gestão de fundos a cargo do serviço do Tesouro.
Artigo 51º
(Proibição)
1. Salvo o disposto no número seguinte, é proibido o pagamento de quaisquer despesas
por operações de tesouraria.
2. Podem ser realizadas operações de tesouraria previstas na lei a título provisório e
por antecipação, garantindo-se no entanto a sua regularização e imputação às contas orça-
mentais.
Artigo 52º
(Competência)
1. Compete exclusivamente ao membro do Governo responsável pelas Finanças auto-
rizar e ordenar a realização de qualquer operação de tesouraria.
2. Compete ao serviço do Tesouro Público a execução das operações de tesouraria.
SECÇÃO V
Outras operações
Artigo 53º
(Operações diversas)
1. Além das indicadas nas secções anteriores, existem ainda as seguintes operações:
a) As operações de contingências;
b) As operações de regularização contabilística.
270
Decreto-Lei nº 29/2001, de 19 de Novembro
271
Decreto-Lei nº 29/2001, de 19 de Novembro
2. A constatação da situação prevista no número anterior será feita com base em ins-
pecção ou auditoria realizada pela Inspecção Geral de Finanças e a cessação do regime de
autonomia administrativa e financeira será efectivada através de portaria conjunta do mem-
bro do Governo responsável pelas Finanças e do Ministro da tutela que produzirá efeitos a
partir de 01 de Janeiro do ano económico seguinte ao da sua publicação.
3. Poderá, no entanto, ser mantida a autonomia financeira por portaria conjunta a que
se refere o número anterior se o relatório da Inspecção Geral de Finanças constatar uma
evolução positiva da gestão do serviço ou organismo autónomo que aponte para uma pos-
sível realização do requisito previsto na alínea b) do numero 1 do artigo anterior.
Artigo 57º
(Autonomia patrimonial)
1. Os serviços e entidades referidos no artigo 54º, dispõem de autonomia patrimonial.
2. O património é constituído pelos bens, direitos e obrigações recebidos ou adquiridos
para o exercício da sua actividade.
3. A alienação de bens e a realização de despesas de capital serão objecto de regula-
mentação pelos respectivos estatutos.
4. Poderão ainda os serviços e entidades referidos no artigo 54º administrar bens do
domínio público ou privado do Estado que lhes forem afectos nos termos da lei.
Artigo 58º
(Receitas)
1. São receitas próprias dos serviços e entidades referidos no artigo 54º :
a) As receitas provenientes da sua actividade específica;
b) O rendimento de bens próprios e bem assim o produto da sua alienação;
c) As doações, heranças e legados que lhes sejam destinados;
d) Quaisquer outros rendimentos que por lei ou contrato lhes devam pertencer.
2. As receitas próprias são classificadas e distribuídas de acordo com o Classificador
Económico, nos termos do nº 1 do artigo 15º.
3. Para além das receitas próprias, os serviços e entidades referidos no artigo 54º be-
neficiam ainda, nos termos da lei, de comparticipações, transferências e subsídios prove-
nientes do Orçamento do Estado ou de outras entidades públicas ou privadas.
4. Compete aos dirigentes dos serviços e entidades referidos no artigo 54º autorizar o
lançamento, a liquidação e a cobrança das receitas.
5. Os serviços e entidades referidos no artigo 54º estão obrigados por lei a depositar o
produto proveniente das receitas próprias arrecadadas em contas especificamente abertas
no Tesouro Público.
272
Decreto-Lei nº 29/2001, de 19 de Novembro
Artigo 59º
(Despesas)
1. Constituem despesas próprias dos serviços e entidades referidos no artigo 54º os
encargos com o seu funcionamento e os inerentes à realização das suas atribuições, bem
como os custos de aquisição, manutenção e conservação dos bens, equipamento de serviço
de que careça para o efeito.
2. As despesas próprias são classificadas e distribuídas de acordo com os classificado-
res económico e funcional, nos termos dos nºs 2 e 6 do artigo 28º.
3. Compete aos dirigentes dos serviços e entidades referidos no artigo 54º autorizar
o cabimento, o compromisso, a liquidação das suas despesas e ordenar o respectivo paga-
mento.
Artigo 60º
(Separação e segregação de funções)
1. Os serviços e entidades referidos no artigo 54º devem observar o princípio da se-
paração e segregação de funções na realização das operações de execução do orçamento,
operações de tesouraria e respectiva contabilização.
2. A segregação de funções a que se refere o número anterior deve estabelecer-se entre
diferentes serviços ou entre diferentes pessoas do mesmo serviço.
Artigo 61º
(Organização, gestão e controlo)
1. Na óptica da procura de uma melhor gestão pública, serviços e entidades referidos
no artigo 54º deverão adequar as suas estruturas por forma a:
a) Assegurar o cabimento, o compromisso, a liquidação e o pagamento das suas
despesas e bem assim a liquidação e cobrança das suas receitas;
b) Implementar um sistema adequado de contabilidade, nos termos do Capítulo
VII, e assegurar a sua tempestividade e supervisão por técnico de contas;
c) Possibilitar um controlo eficaz da sua gestão, nos termos do Capítulo VIII;
d) Assegurar uma visão de conjunto da Administração Central.
2. A gestão económica e financeira dos serviços e entidades referidos no artigo 54º é
disciplinada nomeadamente pelos seguintes instrumentos de gestão previsional:
a) Plano de actividades;
b) Orçamentos de exploração, investimento e de tesouraria;
c) Demonstração de resultados previsionais;
d) Balanço previsional;
e) Anexos ao balanço e demonstração de resultados previsionais.
273
Decreto-Lei nº 29/2001, de 19 de Novembro
274
Decreto-Lei nº 29/2001, de 19 de Novembro
Artigo 65º
(Serviço do Tesouro Público)
1. Sem prejuízo do disposto em lei ou regulamento, compete ao serviço do Tesouro
Público nomeadamente:
a) Administrar o sistema de caixa única da Administração Central, dando ao
BCV, sem prejuízo da autonomia deste, as orientações que se mostrarem per-
tinentes;
b) Executar e centralizar as operações de tesouraria;
c) Gerir a dívida pública e proceder ao reembolso dos respectivos títulos, en-
quanto não for criada a entidade referida no nº 2 do artigo 75º;
d) Guardar e conservar os títulos e valores da Administração Central a seu cargo;
e) Coordenar o funcionamento e exercer supervisão técnica sobre todas as uni-
dades ou serviços de tesouraria do sector público;
f) Programar a tesouraria, anual e periódica, e realizar o seguimento e sua av-
aliação, sem prejuízo do disposto no artigo seguinte;
g) Centralizar a cobrança das receitas da Administração Central, distribuí-las,
nos termos da lei e da programação financeira, e proceder ao pagamento de
todas as despesas resultantes da execução do Orçamento do Estado;
h) Elaborar e actualizar as reconciliações bancárias;
i) Elaborar os relatórios de gestão da tesouraria.
2. O Serviço do Tesouro Público é ainda responsável:
a) Pela cobrança das ordens de recebimento enviadas pelo serviço ordenador,
dos proveitos originados por contrato e dos demais proveitos dos organismos
públicos, previstos na lei;
b) Pelo pagamento de todas as despesas originadas por ordens de pagamento
emitidas pelo serviço ordenador, pelas operações de tesouraria e pela con-
servação do arquivo relativo às operações do fluxo de tesouraria.
Artigo 66º
(Programação anual da tesouraria)
A elaboração do programa anual da tesouraria é realizada conjuntamente pelos servi-
ços do Tesouro e do Planeamento e pelo Banco de Cabo Verde.
Artigo 67º
(Composição)
Funcionam como agentes do Tesouro Público todos os serviços e organismos que ar-
recadem receitas públicas ou procedam a pagamentos em conformidade com a lei e regu-
275
Decreto-Lei nº 29/2001, de 19 de Novembro
276
Decreto-Lei nº 29/2001, de 19 de Novembro
Artigo 73º
(Nulidade)
São nulos os actos de alienação do património público que lesem de forma objectiva
os superiores interesses do Estado, sem prejuízo da responsabilidade das pessoas que os
realizarem.
CAPÍTULO VI
Crédito Público
SECÇÃO I
Disposições Gerais
Artigo 74º
(Composição)
Constituem o crédito público a dívida pública activa e a dívida pública passiva.
Artigo 75º
(Serviço do Crédito Público)
Artigo 76º
(Obrigatoriedade de publicitação)
277
Decreto-Lei nº 29/2001, de 19 de Novembro
SECÇÃO II
Dívida Pública Activa
Artigo 77º
(Composição)
1. Constituem dívida pública activa:
a) As receitas públicas, fiscais e não fiscais, liquidadas e não cobradas até fim de
cada exercício financeiro;
b) Os empréstimos de retrocessão concedidos pelo Estado aos sectores público e
privado, para a prossecução do interesse público e realização de projectos de
desenvolvimento nas condições definidas nos respectivos acordos subsidiários
de crédito.
2. Compete ao membro do Governo responsável pelas Finanças fixar por portaria as
condições e requisitos a observar pelos acordos subsidiários.
SECÇÃO III
Dívida Pública Passiva
Artigo 78º
(Objectivos)
1. O recurso ao crédito pelo Estado tem por objectivos a captação de meios para a reali-
zação de investimentos ou para o atendimento de casos de flagrante necessidade nacional.
2. O recurso ao crédito não poderá ser utilizado para custear despesas correntes, salvo
para socorrer a dificuldades de tesouraria.
Artigo 79º
(Formas de endividamento)
1. Para efeitos deste diploma a dívida pública classifica-se em dívida flutuante e dívida
fundada, directa e indirecta, interna e externa.
2.A dívida flutuante é constituída pelos encargos financeiros, traduzidos no principal e
nos juros, advenientes de empréstimos a curto prazo contraídos para resolver dificuldades
de tesouraria, antecipações de receitas e restos a pagar.
3. A dívida fundada é aquela que é constituída por encargos financeiros, traduzidos no
principal e nos juros, resultantes de empréstimos de médio e longo prazos.
4. Por dívida directa entende-se aquela assumida pelo Estado na posição de devedor
principal.
5. A dívida indirecta é aquela assumida pelo Estado na posição de devedor secundário
ou acessório em virtude de garantia prestada.
278
Decreto-Lei nº 29/2001, de 19 de Novembro
279
Decreto-Lei nº 29/2001, de 19 de Novembro
CAPITULO VII
Sistema de Contabilidade
SECÇÃO I
Disposições Gerais
Artigo 85º
(Objectivos e âmbito da contabilidade)
1.O Sistema da Contabilidade Pública integra um conjunto de princípios, órgãos, nor-
mas e procedimentos técnicos com a finalidade de:
a) Registar sistematicamente todas as operações que afectam ou podem afectar a
situação económico financeira e patrimonial dos organismos;
b) Processar e produzir informação financeira para a tomada de decisão dos res-
ponsáveis da condução das finanças públicas e para terceiros interessados;
c) Apresentar as informações contabilísticas e os respectivos documentos de
apoio ordenados de forma a facilitar as tarefas de controle e auditoria interna
ou externa.
2. A contabilidade abrange as áreas orçamental, financeira, patrimonial e contingen-
cial, podendo haver uma contabilidade analítica em função da natureza e especifidades
própria de cada organismo público.
3. A contabilidade pública, para cada organismo e de forma consolidada, organiza-se
de modo a permitir:
a) O conhecimento e o controle das operações de execução orçamental e da mo-
vimentação financeira;
b) O conhecimento da situação patrimonial;
c) O conhecimento das relações com terceiros e consequentemente do stock da
dívida pública activa e passiva;
d) O conhecimento das responsabilidades por avales e demais garantias presta-
das pelo Estado;
e) O conhecimento dos custos da prestação de serviços;
f) A determinação, análise e interpretação dos resultados anuais económicos e
financeiros;
g) A integração das operações nas contas nacionais;
h) O conhecimento e acompanhamento da situação perante as Finanças de todos os
serviços e entidades que arrecadam receitas, efectuam despesas e administram ou
guardam bens àquelas pertencentes ou que lhes tenham sido confiados;
280
Decreto-Lei nº 29/2001, de 19 de Novembro
281
Decreto-Lei nº 29/2001, de 19 de Novembro
Artigo 90º
(Arquivo)
1. Todos os actos de gestão orçamental, financeira ou patrimonial devem ser supor-
tadas por peças justificativas previstas na nomenclatura que comprove a operação e seu
registo na contabilidade.
2. As peças justificativas das operações servirão de justificação das receitas, despesas,
operações de tesouraria, operações financeiras e patrimoniais sobre que incidirá a Conta
Geral do Estado e o respectivo parecer do Tribunal de Contas.
3. A regulamentação do arquivo, nomeadamente das peças justificativas, formas de
conservação, nomenclatura e as condições em que se processa a sua substituição ou des-
truição, será efectuada através de portaria do membro do Governo responsável pelas Fi-
nanças.
4. Compete aos serviços ordenadores e de Contabilidade Pública organizar um adequa-
do sistema de arquivo e conservação de toda a documentação e informação contabilística
por forma a garantir a sua integridade física e a sua célere colocação à disposição dos ór-
gãos de controlo.
5. O prazo para a conservação das peças justificativas corresponde ao prazo de prescri-
ção da responsabilidade financeira.
6. Findo o prazo a que se refere o número anterior, os documentos com valor histórico
serão encaminhados à entidade responsável pelo Arquivo Histórico Nacional.
SECÇÃO II
Organização contabilística
Artigo 91º
(Organização)
A Contabilidade Pública compreende uma contabilidade orçamental, uma contabili-
dade geral e, conforme as necessidades e especificidades de cada organismo público, uma
contabilidade analítica e módulos auxiliares de contabilidade, nomeadamente, os módulos
das existências, de terceiros, do imobilizado, de recursos humanos e de contingências.
Artigo 92º
(Contabilidade orçamental)
1. A contabilidade orçamental é o sistema que tem por objecto a descrição, o conheci-
mento, o acompanhamento e o controlo:
a) Da previsão das receitas, suas alterações e modificações bem como da sua
liquidação e recebimento.
b) Da dotação inicial das despesas, suas alterações e modificações, seu cabimento,
compromisso, liquidação e pagamento.
282
Decreto-Lei nº 29/2001, de 19 de Novembro
283
Decreto-Lei nº 29/2001, de 19 de Novembro
284
Decreto-Lei nº 29/2001, de 19 de Novembro
285
Decreto-Lei nº 29/2001, de 19 de Novembro
SECÇÃO III
Exercício financeiro
Artigo 104º
(Exercício financeiro)
O exercício financeiro do sector público administrativo começa no primeiro dia de
Janeiro e termina no último dia de Dezembro de cada ano.
Artigo 105º
(Âmbito)
1. Pertencem ao exercício financeiro:
a) Todas as receitas públicas, fiscais e não fiscais, nele liquidadas;
b) Todas as despesas nele liquidadas;
c) Todas as operações de tesouraria feitas as longo do ano bem como as opera-
ções de regularização.
2. Consideram-se restos a pagar as despesas liquidadas mas não pagas até ao dia 31 de
Dezembro, distinguindo-se as operações orçamentais das operações de tesouraria.
3. A execução orçamental tem por base o regime puro de caixa, considerando no pe-
ríodo financeiro como receitas as entradas efectivas e como despesas as saídas efectivas,
de modo a que o resultado orçamental corresponda à diferença entre entradas e saídas de
caixa.
4. O resultado económico corresponde à diferença entre as receitas e as despesas liqui-
dadas, tendo por base o regime do exercício.
SECÇÃO IV
Prestação de contas
Artigo 106º
(Demonstrativos da Gestão)
1. Os resultados de gestão dos serviços com autonomia administrativa e fundos autó-
nomos e institutos públicos serão enviados ao Serviço de Contabilidade Pública mensal e
trimestralmente através de balancetes, e, anualmente, mediante balanços e demonstração
de resultados completados por anexos analíticos das operações.
2. Sem prejuízo do referido no número anterior, a gestão poderá ser acompanhada
mensalmente através de demonstrativos parciais organizados e consolidados pelo Serviço
da Contabilidade Pública.
3. As contas do exercício constituem-se fundamentalmente:
a) Do balanço orçamental em conformidade com a Lei de Enquadramento Orça-
mental;
286
Decreto-Lei nº 29/2001, de 19 de Novembro
287
Decreto-Lei nº 29/2001, de 19 de Novembro
Artigo 110º
(Objectivos gerais e formas de controlo)
1. O controlo financeiro tem por objectivos gerais a apreciação da conformidade legal
e da regularidade financeira bem como da economia, eficiência e eficácia da gestão numa
visão da melhoria da organização e actividade da Administração Pública.
2. A gestão orçamental de todos os serviços, fundos e institutos públicos abrangidos
pelo presente diploma está sujeita às seguintes formas de controlo:
a) Autocontrolo pelos órgãos competentes dos próprios serviços, fundos e insti-
tutos públicos e em particular pelo controlador financeiro;
b) Controlo interno, sucessivo e sistemático, designadamente através de audito-
rias, por órgãos especializados da Administração, para além do próprio Min-
istério das Finanças, nos termos dos artigos 114º a 118º;
c) Controlo externo, nos termos dos artigos 119º a 122º.
3. Cada departamento governamental elaborará anualmente um relatório anual de ac-
tividades e gestão que englobará todos os serviços e organismos que o integram, tanto os
com autonomia administrativa como os com autonomia administrativa e financeira e que
servirá de base à elaboração da Conta Geral do Estado.
Artigo 111º
(Exercício, instrumentos e divulgação)
1. O controlo financeiro deve ser actual, exercido com objectividade e isenção e incidir
preferencialmente sobre os actos com maior expressão financeira.
2. Os instrumentos do controlo financeiro são essencialmente a prestação de contas,
o acompanhamento da execução dos programas de trabalho e a realização de auditorias,
inquéritos e outras inspecções, nos termos regulados por lei.
3. Os resultados do controlo financeiro devem ser objecto de divulgação pública, sal-
vaguardando-se sempre a intimidade das pessoas envolvidas.
Artigo 112º
(Dever de colaboração)
Todos os serviços da Administração Pública estão sujeitos ao dever de colaboração para
com os órgãos de fiscalização encarregues tanto do controlo interno como do externo.
SECÇÃO II
Auto-controlo
Artigo 113º
(Competência)
O auto-controlo é exercido pelos ordenadores e pelos controladores financeiros.
288
Decreto-Lei nº 29/2001, de 19 de Novembro
SECÇÃO III
Controlo interno
Artigo 114º
(Âmbito do controlo interno)
1. O controlo interno é exercido sobre todas as unidades administrativas dos Poderes
Legislativo, Executivo e Judicial do Estado.
2. Os serviços especializados existentes ou que venham a existir nos departamentos
governamentais e que se encarreguem do controlo interno devem ser devidamente capaci-
tados.
3. Os órgãos do controlo interno devem ser tecnicamente independentes.
4. Estão sujeitos ao controlo interno:
a) Os serviços ordenadores e do Tesouro Público bem como agentes ou gestores
que arrecadem receitas resultantes da execução orçamental ou de operações
de tesouraria ou que tenham sob sua guarda ou administração bens, numerá-
rios ou outros valores públicos;
b) Os servidores do Estado, serviços e fundos autónomos e dos institutos públi-
cos que derem causa a perda, extravio, dano ou destruição de bens, numerários
ou outros valores pelos quais respondam;
c) As entidades privadas beneficiárias de transferências públicas.
Artigo 115º
(Objectivos específicos)
O controlo interno, sucessivo e sistemático da gestão, designadamente através de au-
ditorias, obedecerá de um modo geral aos seguintes objectivos:
a) Criar as condições indispensáveis para assegurar a eficácia ao controlo externo;
b) Verificar a regularidade na cobrança da receita bem como na realização das
despesas abarcando os aspectos económicos, financeiros, patrimoniais e con-
tingenciais;
c) Acompanhar a execução dos orçamentos e dos programas de trabalho;
d) Avaliar os resultados alcançados da execução de programas e projectos tendo
por base os critérios de economia, eficácia e eficiência;
e) Verificar a fidelidade dos agentes responsáveis por bens, numerários e valores.
Artigo 116º
(Órgãos de controlo interno)
1. São competentes para o desempenho do controlo interno:
a) A Inspecção-Geral de Finanças;
289
Decreto-Lei nº 29/2001, de 19 de Novembro
290
Decreto-Lei nº 29/2001, de 19 de Novembro
Artigo 121º
(Dever de colaboração)
1. Os órgãos de fiscalização encarregues do controlo interno, nomeadamente as inspec-
ções-gerais, estão sujeitos a um dever especial de colaboração com o Tribunal de Contas.
2. O dever de colaboração referido no número anterior compreende:
a) A comunicação prévia ao Tribunal dos seus programas, anuais e plurianuais,
de actividades e respectivos relatórios de actividades;
b) O envio dos relatórios das suas acções sempre que tenham interesse para a
acção do Tribunal;
c) A realização de acções de fiscalização a solicitação do Tribunal.
Artigo 122º
(Auditoria externa)
1. O controlo externo pode ainda ser exercido através de auditorias realizadas por em-
presas especializadas que serão previamente seleccionadas mediante concurso público.
2. Compete ao Governo, através do membro do Governo responsável pelas Finanças,
solicitar a realização de auditorias externas.
CAPÍTULO IX
Responsabilidade
Artigo 123º
(Responsabilidade financeira)
1. O não cumprimento do disposto neste diploma pode determinar responsabilidade
financeira, nos termos da lei aplicável.
2. O não cumprimento reiterado do dever de colaboração a que se refere este diploma
faz o infractor incorrer em responsabilidade financeira sancionatória, nos termos do artº 35º
da Lei nº 84/IV/93, de 12 de Julho.
3. A responsabilidade financeira reintegratória prescreve no prazo de dez anos a contar
da ocorrência dos factos que lhe dão origem.
Artigo 124º
(Responsabilidade civil)
1. Determina a obrigação de indemnizar o Estado pelos prejuízos sofridos:
a) A falta de produção da documentação necessária à comprovação de qualquer
acto de gestão orçamental, financeira ou patrimonial;
b) A omissão do registo contabilístico de qualquer acto ou operação relativos à
gestão orçamental, financeira ou patrimonial;
291
Decreto-Lei nº 29/2001, de 19 de Novembro
c) A emissão de qualquer ordem, ainda que verbal, de que resulte prejuízo pú-
blico.
2. Incorre na responsabilidade civil referida no número anterior quem, independente-
mente da posição ou cargo assumido, se encontrava funcionalmente obrigado a produzir tal
documentação, a efectuar tal registo ou a emitir ordem em conformidade com a lei.
3. Incumbe ao devedor provar que o não cumprimento ou o cumprimento defeituoso
do disposto no número 1 não procede de culpa sua.
Artigo 125º
(Responsabilidade solidária)
1. Os membros dos órgãos colegiais são solidariamente responsáveis pelos prejuízos
ou danos causados ao Estado por deliberação tomada.
2. A responsabilidade solidária só é afastada quando se demonstrar que determinado
membro de órgão colegial não tomou parte na deliberação ou, tendo tomado parte, votou
contra a posição que fez vencimento.
Artigo 126º
(Responsabilidade penal)
A prossecução de interesse privado em detrimento do interesse público determina res-
ponsabilidade penal, nos termos de lei penal aplicável.
CAPITULO X
Normas finais e transitórias
Artigo 127º
(Criação de órgãos do controlo interno)
Enquanto não forem criados e não estiverem em funcionamento os órgãos a que se
refere o n.º 2 art.º 114º e o n.º 2 do art.º 116º, o controlo interno da Administração Pública
será exercido pela Inspecção Geral de Finanças.
Artigo 128º
(Informatização e formação)
1. A reforma da contabilidade pública baseia-se na informatização de um sistema
integrado de gestão da Administração Pública bem como na formação do pessoal nela en-
volvido.
2. Os serviços e organismos existentes deverão prosseguir e concluir em prazo razo-
ável a informatização do seu sistema de contabilidade e a formação do seu pessoal com o
apoio técnico de serviço especializado no âmbito da reforma da administração financeira
do Estado.
292
Decreto-Lei nº 29/2001, de 19 de Novembro
Artigo 129º
(Revogação)
1. São revogados o Regulamento Geral da Fazenda de 1901 e todos os diplomas que
sucessivamente lhe introduziram alterações.
2. É revogado o disposto no artigo 90º do Diploma legislativo nº 74, de 25/02/1928.
Artigo 130º
(Período transitório)
A transição para o novo regime previsto no presente diploma far-se-á durante os anos
de 2002 e 2003.
Artigo 131º
(Entrada em vigor)
O presente diploma entra em vigor no dia 01 de Janeiro de 2002.
Visto e aprovado em Conselho de Ministros.
José Maria Pereira Neves - Carlos Augusto Duarte de Burgo.
Promulgado em 14 de Novembro de 2001.
Publique-se.
O Presidente da República, PEDRO VERONA RODRIGUES PIRES.
Referendado em 15 de Novembro de 2001.
O Primeiro-Ministro, José Maria Pereira Neves.
293
Lei n.º 79/V/98, de 7 de Dezembro
294
Lei n.º 79/V/98, de 7 de Dezembro
295
Lei n.º 79/V/98, de 7 de Dezembro
89 Por regulamentar.
296
Lei n.º 79/V/98, de 7 de Dezembro
297
Lei n.º 79/V/98, de 7 de Dezembro
Artigo 17º
(Disposições transitórias)
1. O factor de actualização matricial e a taxa para despesas de conservação serão fixa-
dos no Orçamento do Estado de 1999.
2. Os factores de conversão do rendimento colectável da contribuição predial Autár-
quica em valor patrimonial fiscal serão publicadas no orçamento de Estado para 1999 de
acordo com o número anterior deste artigo.
3. Até à transferência de competência na gestão de impostos municipais em sede do
IUP aos Municípios a informação referida no n.º 2 do artigo 15º deverá ser remetida ao
Chefe de Repartição de Finanças da área fiscal onde as entidades desenvolvem a sua acti-
vidade.
Artigo 18º
(Entrada em vigor)
A presente Lei entra em vigor no dia 1 de Janeiro de 1999.
Aprovado em 30 de Outubro de 1998.
O Presidente da Assembleia Nacional, em exercício, José Maria Pereira neves.
Promulgado em 19 de Novembro de 1998.
Publica-se.
O Presidente da Republica, ANTÓNIO MANUEL MASCARENHAS GOMES MON-
TEIRO.
Assinada em 30 de Novembro de 1998.
O Presidente da Assembleia Nacional, em exercício, José Maria Pereira Neves.
298
Decreto-Lei n.º 18/99, de 26 de Abril
299
Decreto-Lei n.º 18/99, de 26 de Abril
do ano de 1998, onde a taxa da contribuição predial autárquica passou de 15% para 3% e
o imposto municipal de sisa passou a tributar os factos sujeitos à aquele imposto de taxa
de 2%.
As funções de administração tributária local, previstas no IUP, serão transferidas para
os municípios como sujeitos activos da relação jurídica tributária municipal.
O imposto único sobre o património vai regular-se essencialmente pelos princípios da
simplicidade e equidade de forma a facilitarem o cumprimento das obrigações tributárias.
Por outro lado com a efectivação da transferência legal das atribuições de cobrança tributá-
ria para os municípios, permite-se uma maior aproximação do facto gerador do imposto ao
sujeito da relação tributária – as autarquias locais – com uma previsível melhoria no con-
trolo das situações de evasão e fraude fiscais, com especial reflexo no aumento das receitas
camarárias e, em consequência, do incremento do nível de vida do cidadão-contribuinte
através da melhor prestação de serviços da sua Câmara Municipal.
A nível das garantias dos contribuintes, os sujeitos passivos autárquicos podem utilizar
plenamente todos os regimes previstos no Código Geral Tributário e no Código de processo
Tributário, sejam graciosos ou judiciais com recurso ao Tribunal Fiscal e Aduaneiro.
Assim, o presente diploma vem regulamentar os princípios estatuídos na Lei de Bases
do IUP, definindo com clareza as regras de incidência, da determinação da matéria colec-
tável, liquidação e cobrança deste imposto, em especial nos aspectos relativos à tributação
dos prédios, face à desactualizarão e ao desuso do mecanismo das avaliações tributárias.
Nestes termos,
Ao abrigo do disposto no artigo 2º da Lei n.º 79/V/98, de 7 de Dezembro;
No uso da faculdade conferida pela alínea c) do n.º 2 do art. 216º da Constituição, o
Governo decreta o seguinte:
Artigo 1º
(Aprovação)
É aprovado o Regulamento do Imposto Único sobre o Património (IUP), que baixa,
anexo ao presente decreto-lei, de que faz parte integrante, assinado pelo Ministro das Fi-
nanças.
Artigo 2º
(Entrada em vigor)
O presente decreto-lei entra imediatamente em vigor.
Visto e aprovado em Conselhos de Ministros.
Carlos Veiga – José Ulisses Correia e silva.
300
Decreto-Lei n.º 18/99, de 26 de Abril
301
Decreto-Lei n.º 18/99, de 26 de Abril
onde se encontrem implantados, embora situados numa fracção de território que constitua
parte integrante de um património diverso ou não tenha natureza patrimonial.
3. Os edifícios ou construções, ainda que imóveis por natureza, serão havidos como
tendo carácter de permanência quando afectos a fins não transitórios.
4. Presume-se tal carácter de permanência quando se acharem assentes no mesmo local
por um período superior a um ano.
5. Para efeitos do IUP, cada fracção autónoma, no regime de propriedade horizontal,
será havida como constituindo um prédio.
Artigo 3º
(Prédios rústicos)
1. São prédios rústicos os terrenos situados fora de um aglomerado urbano que não
sejam de classificar como terrenos para construção, desde que:
a) Estejam afectos ou, na falta de concreta afectação, tenham como destino nor-
mal uma utilização geradora de rendimentos agrícolas, tais como são consid-
erados para efeitos do Imposto Único sobre os Rendimentos (IUP);
b) Não tendo a afectação indicada na alínea a) não se encontrem constituídos ou
disponham apenas de edifícios ou de construções de carácter acessório sem
autonomia económica e traduzido valor.
2. São também prédios rústicos os terrenos situados dentro de um aglomerado urbano,
desde que, por força de disposição legalmente aprovada, não possam ter utilização gerado-
ra de quaisquer rendimentos ou só possam ter utilização geradora de rendimentos agrícolas
e estejam a ter, de facto. esta afectação.
3. São ainda prédios rústicos:
a) Os edifícios e construções directamente afectos à produção de rendimentos
agrícolas, quando situados nos terrenos referidos nos números anteriores;
c) As plantações nas situações a que se referem os números 1 e 2 do artigo 2º.
4. Para efeitos deste Regulamento, consideram-se aglomerados urbanos, além dos si-
tuados dentro de perímetros legalmente fixados, os núcleos com um mínimo de dez fogos
servidos por infra-estruturas de equipamento urbano.
Artigo 4º
(Prédios urbanos)
Prédios urbanos são todos aqueles que não devam ser classificados como rústicos, sem
prejuízo do disposto no artigo seguinte.
Artigo 5º
(Prédios mistos)
1. Sempre que um prédio tenha partes rústica e urbana será classificado, na íntegra, de
acordo com a parte principal.
302
Decreto-Lei n.º 18/99, de 26 de Abril
2. Se nenhuma das partes puder ser classificada como principal, o prédio será havido
como misto.
Artigo 6º
(Espécies de prédios urbanos)
1. Os prédios urbanos dividem-se em:
a) Habitacionais;
b) Comerciais, Industriais ou de serviços ou para o exercício de trabalho inde-
pendente ou profissão liberal.
c) Terrenos para construção;
d) Outros.
2. Entende-se por habitacionais, comerciais, industriais ou de serviços ou para o exer-
cício de trabalho independente ou profissão liberal, os edifícios ou construções para tal
licenciados ou, na falta de licença, que tenham como destino normal cada um destes fins.
3. Entende-se por terrenos para construção, os terrenos, situados dentro ou fora de um
aglomerado urbano para os quais tenha sido concedida licença de construção e ainda aque-
les que assim tenham sido declarados no título aquisitivo.
4. Enquadram-se na previsão de “outros” os terrenos situados dentro de um aglomera-
do urbano que não sejam terrenos de construção nem se encontrem abrangidos pelo dispos-
to no n.º 2 do artigo 3º e ainda os edifícios e construções licenciados ou, na falta da licença,
que tenham como destino normal outros fins que não os referidos no n.º 2 do presente
artigo.
CAPÍTULO II
Dos outros factos tributáveis
Artigo 7º
(Transmissões gratuitas)
As transmissões por morte, por partilhas ou por testamento e as doações gratuitas
desde que se verifique a transferência real de bens imóveis, são sujeitos a IUP, de acordo
com as regras do presente Regulamento e desde que os vens se situem no território cabo-
verdiano.
Artigo 8º
(Transmissões onerosas)
São sujeitas a IUP todas as transmissões onerosas de bens imóveis, nomeadamente:
a) As transmissões por compra e venda, troca, renda perpetua, renda vitalícia,
arrematação por acordo ou decisão judicial, constituição de usufruto, uso e
habitação, direito de superfície e servidão;
303
Decreto-Lei n.º 18/99, de 26 de Abril
304
Decreto-Lei n.º 18/99, de 26 de Abril
305
Decreto-Lei n.º 18/99, de 26 de Abril
4. O valor patrimonial fiscal correspondente a 25% do valor atribuído aos prédios pela
Comissão Permanente de Avaliações ou pela entidade que vier a ser determinada pelo Re-
gulamento das Avaliações Tributárias.
Artigo 12º
(Valor tributável dos outros factos tributários)
1. O valor tributável nas transmissões gratuitas e nas transmissões onerosas previstas
nos artigos 7º e 8º é determinado segundo a declaração do adquirente dos bens, mediante
modelo a aprovar por despacho do membro do Governo responsável pela área das finan-
ças, a apresentar junto da identidade competente para a realização do acto notarial ou de
registo.
2. Nas transmissões gratuitas, o IUP incide sobre os valores dos bens declarados pelo
sujeito passivo, comprovados por documentos emitidos por entidades competentes.
3. Nas transmissões onerosas de bens imóveis, o IUP incide sobre o valor declarado
pelo sujeito passivo, constante dos respectivos contratos ou de avaliação efectuada pelo
serviço de administração fiscal municipal, quando haja indícios sérios e razoáveis de que o
valor declarado não corresponde ao real.
4. O serviço de administração fiscal municipal após a recepção da cópia do modelo
referido no número anterior, através da fiscalização local, poderá alterar os valores, funda-
mento a decisão, notificando os adquirentes para a autoliquidação do imposto a pagar.
5. No serviço de administração fiscal municipal não se poderá efectuar alterações às
matrizes sem previamente se mostrar pago o IUP devido por essas alterações.
6. Nos bens sujeitos a mais valias a declaração referida no número 1 é apresentada pelo
vendedor.
Artigo 13º
(Sujeitos passivos)
1. O IUP é devido pelo proprietário do prédio em 31 de Dezembro do ano a que a
mesma respeitar.
2. No caso de usufruto, o IUP será devido pelo usufrutuário.
3. N caso da propriedade resolúvel, o IUP será devida por quem tenha o uso e fruição
do prédio.
4. Presume-se proprietário ou usufrutuário, para efeitos fiscais, quem como tal figure
ou deva figurar na matriz na data referida no n.º 1 ou, na falta de inscrição, quem em tal
data tenha a posse do prédio.
5. Nas transmissões gratuitas ou onerosas o sujeito passivo é o adquirente dos bens
sujeitos a tributação.
306
Decreto-Lei n.º 18/99, de 26 de Abril
6. Nas mais valias o sujeito passivo é devido por quem transmite os bens.
7. Nas operações societárias previstas na alínea a) do n.º 1 do artigo 9º, o sujeito passi-
vo é o sócio que passa a deter pelo menos 75% do capital social ou os sócios que passem
a deter a totalidade do capital, sendo marido e mulher casados em regime de comunhão de
bens ou de adquiridos.
8. Nas operações societárias previstas nas alíneas b), c), d) e e) do n.º 1 do artigo 9º, o
sujeito passivo é a sociedade para a qual os bens se transmitem.
Artigo 14º
(Inicio da sujeição a imposto)
1. O IUP é devido a partir:
a) Do ano, inclusive, em que a fracção de território e demais elementos referidos
no artigo 2º devam ser classificados de prédios;
b) Do ano seguinte ao do termo da situação da isenção;
c) Do ano, inclusive, da conclusão das obras de edificação, de melhoramento
ou de outras alterações que hajam determinado a variação do valor tributável
de um prédio, ou da respectiva classificação, quando qualquer destes factos
tenham ocorrido até 30 de Junho;
d) Do ano seguinte, inclusive, à verificação dos factos descritos na alínea ante-
rior, quando estes se tenham verificado posteriormente a 30 de Junho;
e) Do quinto ano seguinte, inclusive, à aquele em que um terreno para construção
tenha passado a figurar no activo de uma empresa que tenha por objecto a con-
strução de edifício para venda;
f) Do terceiro ano seguinte, inclusive, à aquele em que um prédio tenha passado
a figurar nas existências de uma empresa que tenha por objecto a sua venda.
2. Nas situações previstas nas alíneas e) e f) do número anterior, caso ao prédio seja
dada diferente utilização, liquidar-se-á o IUP por todo o período decorrido desde a sua
aquisição.
3.Na situação prevista na alínea f) do número anterior, o imposto será ainda devido a
partir do ano, inclusive, em
que a venda do prédio tenha sido retardada por facto imputável ao respectivo sujeito
passivo.
4. Nas transmissões gratuitas ou onerosas e nos ganhos por mais valias, determinados
nos termos deste Regulamento, o IUP é devido no mês seguinte ao da transmissão real e
efectiva, sob pena de impedimento da realização do acto notarial ou de registo.
5. Nas situações previstas no n.º 1, do artigo 9º, o IUP é devido na data do registo.
307
Decreto-Lei n.º 18/99, de 26 de Abril
Artigo 15º
(Data da conclusão dos prédios urbanos)
1. Os prédios urbanos presumem-se concluídos ou modificados nas mais antigas das
seguintes datas:
a) Em que for concedido certificado de habitabilidade passado pela Câmara Mu-
nicipal;
b) Em que for apresentada a declaração para inscrição na matriz;
c) Em que se verificar uma qualquer utilização, desde que a título não precário;
d) Em que se tornar possível a sua normal utilização para os fins a que se des-
tina.
2. O Chefe do serviço de administração fiscal municipal da área da situação dos pré-
dios fixará, em despacho fundamentado, a data da conclusão ou modificação dos mesmos
nos casos não previstos no número anterior e naqueles em que as presunções nele enuncia-
das não devam relevar, com base em elementos de que disponha, designadamente os for-
necidos pelos serviços de fiscalização, pela Câmara Municipal ou resultante de reclamação
dos sujeitos passivos.
CAPITULO IV
Benefícios fiscais
Artigo 16º
(Isenções)
1. Estão isentos de IUP o Estado e as Autarquias Locais.
2. Estão ainda, isentos de IUP os prédios que hajam sido classificados monumentos
nacionais ou imóveis de interesse público, nos termos da legislação aplicável.
3. Os benefícios fiscais a que se refere o número anterior, iniciam-se no ano, inclusive,
em que os prédios sejam classificados como monumentos nacionais ou imóveis de interesse
público.
4. Mantêm-se em vigor os benefícios fiscais previstos em diplomas especiais, bem
como os resultantes de acordo entre o Estado e qualquer pessoa de direito público ou priva-
do ou convicção internacional, nos termos dos diplomas que as autorizaram.
CAPÍTULO V
Matrizes prediais
Artigo 17º
(Conceito de matrizes prediais)
1. As matrizes prediais são registos de que constam, designadamente, a caracterização
dos prédios e do seu valor tributável, a identidade dos proprietários e sendo caso disso, dos
usufrutuários.
308
Decreto-Lei n.º 18/99, de 26 de Abril
91 Actualização das matrizes, mais do que uma obrigação legal, é uma necessidade, pois, pode ser um dos mecanismos do
aumento das fontes de receitas municipais.
309
Decreto-Lei n.º 18/99, de 26 de Abril
Artigo 19º
(Organização das matrizes)
As normas relativas á organização e actualização das matrizes e as entidades para tal
competentes constarão de diploma especial.
CAPITULO VI
Taxas
Artigo 20º
(Taxas)
A taxa do IUP é de 3 %.
CAPÍTULO VII
Liquidação
Artigo 21º
(Competência para liquidação)
1. O IUP é liquidado anualmente, em relação a cada Município pelo serviço de ad-
ministração fiscal municipal, com base nos valores e aos sujeitos passivos constantes das
matrizes em 31 de Dezembro do ano a que a mesma respeita.
2. Nas transmissões gratuitas, onerosas ou nas mais valias o IUP é auto-liquidado por
declaração de contribuinte, no mês seguinte aos actos de transmissão, sem prejuízo da
revisão oficiosa pelo serviço de administração fiscal municipal nos termos deste Regula-
mento.
Artigo 22º
(Transmissão de prédios em processo judicial)
Quando um prédio possa vir a ser objecto de transmissão em processo judicial onde
deve haver a graduação de créditos, a entidade responsável pelo processo, notificará a di-
recção-geral das Contribuições e Impostos e o serviço de administração fiscal municipal,
para estes lhe certificarem os montantes totais em dívida e ainda o que deverá ser liquidado
com referência ao ano em curso, por aplicação das taxas em vigor, caso a transmissão pre-
sumivelmente venha a acontecer após o termo desse ano.
Artigo 23º
(Revisão oficiosa da liquidação)
1. As liquidações serão oficiosamente revistas:
a) Quando por atraso da actualização das matrizes, a contribuição tenha sido
liquidada por valor diverso do legalmente devido ou em nome de outrem que
não o sujeito passivo;
b) Em resultado de nova avaliação;
310
Decreto-Lei n.º 18/99, de 26 de Abril
c) Quando tenha havido erro de que tenha resultado colecta de montante difer-
ente do legalmente devido;
d) Em resultado das visitas da fiscalização local nas transmissões gratuitas, on-
erosas ou nas mais valias, quando exista alterações de valores.
2. Quando a avaliação de prédio, melhoramentos ou outras alterações omissos se tor-
nem definitivos, efectuar-se-á uma liquidação referente ao período da omissão, com obser-
vância do disposto no n.º 1 do artigo seguinte.
Artigo 24º
(Caducidade do direito a liquidação)
1. Só poderão ser efectuadas ou corrigidas liquidações, ainda que adicionais, nos cinco
anos seguintes àquele a que a contribuição respeita.
2. No caso previsto no n.º 2 do artigo 15º, o prazo de caducidade do direito à liquidação
conta-se a partir do ano em que a prédio seja dada diferente utilização.
3. Só poderá proceder-se a anulação oficiosa, ainda que parcial, de uma liquidação, se
ainda não tiverem decorrido cinco anos contados da data de pagamento da contribuição.
4. Não haverá lugar a qualquer liquidação ou anulação sempre que o montante da
contribuição a cobrar ou restituir for igualou inferior a 500$00.
CAPITULO VIII
Pagamento
Artigo 25º
(Nota de cobrança)
1.O serviço de administração fiscal municipal enviará a cada sujeito passivo, até ao fim
do mês anterior ao do pagamento, a competente nota de cobrança, com discriminação dos
prédios, suas partes susceptíveis de utilização independente, respectivo valor tributável e
colecta;
2. No mesmo período estarão disponíveis, no serviço de administração fiscal munici-
pal, listas contendo os elementos referidos no número anterior, que poderão ser aí consul-
tadas pelos interessados;
3. Caso o contribuinte não receba a nota mencionada no n.º 1, deverá solicitar à repar-
tição municipal de finanças da área da situação dos prédios, uma 2ª via.
Artigo 26º
(Prazo e forma de pagamento do IUP sobre os prédios)
1. O IUP será pago durante o mês de Abril, podendo o pagamento ser efectuado em
duas prestações iguais, com vencimento em Abril e em Setembro, quando o montante da
colecta for superior a 5.000$00.
311
Decreto-Lei n.º 18/99, de 26 de Abril
2. O pagamento pode ser realizado por qualquer das formas previstas no Código Geral
tributário e no Código de processo Tributário, com as necessárias adaptações.
3. Sempre que a liquidação deva ter lugar fora do prazo normal e nos casos de liqui-
dação adicional, o sujeito passivo será notificado para proceder ao pagamento, que deverá
ter lugar até ao fim do mês seguinte ao da notificação, findo o qual passarão a ser devidos
juros de mora.
4. Sempre que num mesmo ano, por motivos imputáveis ao serviço de administração
fiscal municipal, seja liquidado o IUP respeitante a dois ou mais anos e o montante total a
cobrar seja superior a 10.000$00, pode o sujeito passivo proceder ao pagamento da contri-
buição, relativa a cada um dos anos em atraso com intervalos de três meses, corresponden-
do cada pagamento à contribuição mais antiga.
5. No caso previsto no número anterior, o não pagamento de uma anuidade no prazo
estabelecido implica o imediato vencimento.
CAPITULO IX
Fiscalização
Artigo 27º
(Poderes de fiscalização)
1. O cumprimento das obrigações previstas neste diploma será assegurado, em ge-
ral, pela aplicação das normas correspondentes do Imposto Único sobre os Rendimentos
(IUR), com as necessárias adaptações.
2. Aos Municípios compete em geral a fiscalização do IUP, sem prejuízo da colabora-
ção técnica por parte da DGCI.
Artigo 28º
(Entidades públicas)
1. As entidades públicas ou que desempenhem funções públicas que intervenham em
actos relativos à constituição, transmissão, registo ou litígio de direitos sobre prédios exi-
girão a exibição de documentos comprovativos da inscrição do prédio na matriz ou, sendo
omisso, de que foi apresentada a declaração para inscrição.
2. Sempre que o cumprimento do disposto no n.º 1 deste artigo se mostre impossível,
far-se-á expressa menção do facto e das razoes dessa impossibilidade.
3. As entidades referidas no n.º 1 não poderão proceder aos actos ali indicados se não
for efectuada prova de pagamento do IUP devido nos termos deste Regulamento.
Artigo 29º
(Entidades fornecedores de água, energia e telecomunicações)
As entidades fornecedores de água, energia e telecomunicações devem comunicar ao
serviço de administração fiscal municipal das ligações domiciliárias efectuadas, através de
um documento no qual se identificará o prédio, fracção ou parte e o respectivo proprietário
ou usufrutuário.
312
Decreto-Lei n.º 18/99, de 26 de Abril
Artigo 30º
(Pagamento de indemnizações)
Não serão pagas quaisquer indemnizações por expropriação sem se mostrarem pagas
ou garantidas todas as anuidades vencidas do IUP.
CAPÍTULO X
Garantias dos contribuintes
Artigo 31º
(Garantias da legalidade)
Os sujeitos passivos do imposto, para além do disposto no tocante às avaliações, po-
dem socorrer-se de todos os meios de garantia da legalidade previstos no Código Geral
Tributário e no Código de processo Tributários.
Artigo 32º
(Reclamações das matrizes)
1. O sujeito passivo ou qualquer titular de um interesse directo, pessoal e legítimo
pode consultar ou obter documento comprovativo dos elementos constantes das inscrições
matriciais.
2. Os sujeitos referidos no número anterior poderão, a todo o tempo, reclamar de incor-
recções nas inscrições matriciais.
CAPÍTULO XI
Disposições diversas e transitórias
Artigo 33º
(Serviço competente)
Os actos tributários a que o presente regulamento se refere consideram-se praticados
no serviço de administração fiscal municipal da área da situação dos prédios.
Artigo 34º
(Regulamento das Avaliações Tributárias)
1. O Regulamento das Avaliações Tributárias será aprovado no prazo de 180 dias, con-
tados após a entrada em vigor deste diploma.
2. Até à entrada em vigor do Regulamento das Avaliações Tributárias mantêm-se em
vigor as normas sobre esta matéria estatuídos no Regulamento da Contribuição Predial
Autárquica.
Artigo 35º
(Declaração anual do património)
1. Os sujeitos passivos de IUP apresentarão durante o mês de Julho uma declaração de
património, segundo modelo a aprovar por despacho do membro do Governo responsável
pela área das finanças, no serviço de administração fiscal municipal da área de sua residên-
313
Decreto-Lei n.º 18/99, de 26 de Abril
314
Decreto-Lei nº 84/79, de 13 de Outubro
315
Decreto-Lei nº 84/79, de 13 de Outubro
93 Os arts. 3º, 4º e 5º foram revogados pelo n.º 4 do art. 11º da Lei n.º 61/IV/92, de 30 de Dezembro
316
Decreto-Lei nº 84/79, de 13 de Outubro
Artigo 7.º
(Como, quando e onde é pago o imposto)
1. O imposto de Circulação de veículos automóveis, devido por inteiro em cada ano
civil, é pago por meio de aquisição de dísticos modelo n.º 4 das taxas correspondentes,
durante os meses de Janeiro e Fevereiro, em qualquer recebedoria de Finanças94.
2. Nos casos em que o imposto se torne devido somente a partir do período referido no
numero anterior, o seu pagamento efectua-se nos seguintes prazos:
a) Tratando-se de veículos adquiridos novos ou usados, no prazo de oito dias a
contar da data da aquisição devidamente documentada, salvo o caso referido
no n.º 3 do artigo 1.º;
b) Tratando-se de veículos nas condições referidas no n.º 2 do artigo 1.º, no prazo
de oito dias a contar do termo do período de noventa dias,
c) Tratando-se de Veículos recuperados ou restaurados, antes de entrarem em
circulação ou estacionarem nas vias ou recintos públicos, salvo o caso referido
no n.º 3 do artigo 1.º;
3. No caso de o dístico adquirido ser de taxa inferior á devida, podem ser adquiridos
outros dísticos para completar a taxa do imposto correspondente ao veículo.
4. O imposto é pago por meio de guia quando, em consequência de auto de transgres-
são, o pagamento se efectue em ano posterior aquele a que o imposto respeita.
5. Os dísticos modelo n.º 4, depois de devidamente preenchidos pelos interessados,
são registados em qualquer repartição de finanças nos prazos fixados para o pagamento do
imposto, em face da declaração modelo n.º 5 apresentada pelo contribuinte, em triplicado.
Artigo 8.º
(Como se prova o pagamento ou isenção do imposto)
1. A prova do pagamento ou da isenção do imposto é feita por meio dos dísticos mode-
los nºs 2 e 4 que, depois de devidamente preenchidos e registados:
a) Tratando-se de automóveis – serão afixados no canto superior direito do pára-
brisas;
b) Tratando-se de motociclos – estarão sempre em poder do condutor juntamente
com o livrete.
2. A afixação ou exibição dos dísticos modelos n.ºs 2 e 4 não prejudica a obrigatorie-
dade de apresentação, pelos condutores dos veículos, do duplicado da declaração modelo
n.º 5 ou do duplicado da requisição modelo n.º 1.
94 Este imposto passou a ser pago na Câmara Municipal ao abrigo do art. 1º do Decreto-Lei n.º 68/94,de 5 de Dezembro
317
Decreto-Lei nº 84/79, de 13 de Outubro
3. A prova das isenções de que tratam os n.ºs 2 e 3 do artigo 4.º é feita por meio do do-
cumento a que se refere o n.º 4 do artigo 5.º, do qual os condutores dos respectivos veículos
serão sempre portadores.
4. No caso referido no n.º 3 do artigo 1.º, os condutores dos veículos devem ser sempre
portadores, no decurso do respectivo ano, do documento comprovativo da data da aquisi-
ção.
5. Em qualquer tribunal ou repartição pública só é admitida prova documental, que
pode ser feita por qualquer dos seguintes documentos:
a) Duplicado da declaração modelo n.º 5, devidamente autenticado pela repar-
tição de finanças;
b) Duplicado da requisição modelo n.º 1, devidamente averbado do despacho
nela proferido;
c) Documentos a que se referem os nºs 3 e 4 deste artigo;
d) Certidão comprovativa do registo da declaração modelo n.º 5.º ou da req-
uisição modelo n.º 1 e despacho nesta proferido.
Artigo 9.º
(A quem incumbe a fiscalização)
1. O cumprimento das obrigações impostas por este regulamento é fiscalizado, em
geral, por todas as autoridades, na esfera da sua competência, e, em especial, pelo pessoal
da Direcção-Geral de Finanças, do serviço Nacional de Viação, das Alfândegas, da Policia
de Ordem Pública, da Policia Económica Fiscal e da Policia de Fronteira.
Artigo 10.º
(Levantamento dos autos de transgressão e participação das infracções)
1. Os funcionários a quem, nos termos, do artigo anterior, compete especialmente a
fiscalização, sempre que verifiquem a existência de qualquer infracção ás disposições deste
regulamento, devem, se para tal tiverem competência, levantar o respectivo auto de trans-
gressão, remetendo-o imediatamente á repartição de finanças da área da residência ou sede
do transgressor.
2. Os funcionários não incumbidos especialmente da fiscalização ou que não tenham
competência para levantar o auto de transgressão, quando verificarem a existência de qual-
quer infracção, devem participa-la ao chefe da repartição de finanças referida no numero
anterior, para os efeitos do único do artigo 10.º do Regulamento do Contencioso das Con-
tribuições e Impostos.
3. A apresentação do auto de transgressão, bem como de quaisquer documentos que
devem acompanhá-lo, pode, se nisso houver conveniência, ser feita na repartição de finan-
ças da área do posto ou serviço a que o autuante pertença, ou noutra que lhe seja mais aces-
318
Decreto-Lei nº 84/79, de 13 de Outubro
sível, neste caso, a repartição de finanças onde forem apresentados os documentos referidos
remetê-los-á, findos oito dias a que se refere o artigo 21.º, á repartição de finanças da área
da residência ou sede do transgressor.
Artigo 11.º
(Reclamação contra o imposto pago; quem pode reclamar; prazos)
1. Os contribuintes e as pessoas solidária ou subsidiariamente responsáveis pelo paga-
mento do imposto podem reclamar por qualquer erro ou ilegalidade, nos termos do Regu-
lamento do Contencioso das Contribuições e Impostos.
2. As reclamações devem ser apresentadas na repartição das finanças onde os dísticos
tiverem sido registados, contando-se o prazo da data do registo do dístico, a qual consta da
declaração do modelo n.º 5.
Artigo 12.º
(Multa por falta do pagamento do imposto; responsabilidade)
1. A circulação ou estacionamento nas vias ou recintos públicos de qualquer veículo
compreendido no artigo 1.º, sem o pagamento do imposto, quando devido, são punidos com
multas iguais ao dobro do imposto.
2. O condutor do veículo é solidariamente responsável pelo pagamento da multa.
3. Presume-se, até prova em contrário, não estar pago o imposto, sempre que nos auto-
móveis não se encontrarem afixados os dísticos modelos nºs 2 e 4 ou sempre que estes não
estejam em poder dos condutores dos motociclos.
Artigo 13.º
(Multa por falta de afixação ou exibição dos dísticos)
1. A falta de afixação, no lugar indicado na alínea a) do n.º 1 do artigo 8.º, dos dísticos
comprovativos do pagamento do imposto ou da isenção é punida com multa igual a 25%
do imposto correspondente ao veiculo, não podendo ser inferior a 100$.
2. A multa estabelecida no número anterior é igualmente aplicável quando os conduto-
res dos motociclos não se façam acompanhar dos respectivos dísticos.
Artigo 14.º
(Multa por afixação ou exibição dos dísticos respeitantes a veiculo diferente)
1. A afixação dos dísticos modelos nºs 2 e 4, em veículo diferente daquele a que res-
peita, é punido com multa igual a cinco vezes o imposto correspondente ao veículo em que
tiver sido afixado ou colocado o dístico, no mínimo de 1000$.
2. A multa estabelecida no número anterior é também aplicável no caso de os conduto-
res de motociclos exibirem dísticos respeitantes a veículo diferente.
319
Decreto-Lei nº 84/79, de 13 de Outubro
Artigo 15.º
(Multa por apresentação da declaração e registo do dístico fora dos prazos legais)
1. A apresentação da declaração modelo n.º 5 e subsequente registo do dístico modelo
n.º 4, fora dos prazos estabelecidos no artigo n.º 7.º, é punida com multa igual a 25% do
imposto correspondente, no mínimo de 100$.
2. A multa a aplicar é igual ao imposto, caso a apresentação da declaração se verifique
depois de decorridos sessenta dias a contar do termo dos prazos referidos no número an-
terior.
Artigo 16.º
(Apresentação da requisição para isenção e levantamento
do dístico fora dos prazos legais)
A apresentação da requisição modelo n.º 1 e o subsequente levantamento na recebedo-
ria de finanças do dístico modelo n.º 2, fora dos prazos estabelecidos no artigo 7.º, é punido
nos termos do artigo anterior.
Artigo 17.º
(Multa por falta de exibição de documentos á fiscalização; responsabilidade)
1. A falta de apresentação dos documentos que devam ser exibidos no acto da fiscali-
zação, quando o condutor do veiculo declare estar a situação tributaria do mesmo devida-
mente regularizada, é punida com multa igual a 50% do imposto corresponde, no mínimo
de 500$.
2. se a apresentação dos documentos vier a fazer-se na repartição de finanças compe-
tente para a instauração do respectivo auto de transgressão no prazo concedido ao trans-
gressor, nunca superior a cinco dias, a multa será reduzida a metade, no mínimo de 250$.
3. O condutor do veiculo é o único responsável pelo pagamento da multa fixada neste
artigo, cuja aplicação não prejudica o procedimento penal contra os responsáveis por outras
transgressões.
Artigo 18.º
(Multa por falsificação de dísticos e dos documentos comprovativos da isenção)
1. A falsificação ou viciação de qualquer dístico, bem como de documento compro-
vativo da isenção ou da não sujeição a imposto é punida com multa igual a vinte vezes o
imposto correspondente ao veiculo para que foi feita a fiscalização ou viciação, no mínimo
de 5000$, sendo o condutor do veiculo solidariamente responsável pelo seu pagamento.
2. A aplicação da multa referida no número anterior não prejudica o procedimento
criminal contra o autor ou autores da fiscalização ou viciação.
Artigo 19.º
(Multa por qualquer infracção não prevista)
Qualquer infracção ás disposições deste regulamento, não especialmente referida nos
artigos anteriores, é punida com a multa de 100$, tratando-se de motociclos, e de 500$,
tratando-se de automóveis.
320
Decreto-Lei nº 84/79, de 13 de Outubro
Artigo 20.º
(Aplicação e pagamento das multas)
1. A aplicação das penalidades previstas neste regulamento é feita em processo de
transgressão, instaurado na repartição de finanças competente nos termos do Regulamento
do Contencioso das Contribuições e Impostos.
2. O pagamento das multas pode ser feita voluntariamente antes da instauração do
processo de transgressão, de harmonia com o disposto no artigo seguinte.
Artigo 21.º
(Pagamento do Imposto e multas antes de instaurado o processo de transgressão)
1. O transgressor, pode, querendo, antes de instaurado o processo de transgressão,
efectuar o pagamento do imposto em falta e da multa, seja no caso da verificação de trans-
gressão seja nos oitos dias seguintes, conforme nota a entregar pelo autuante; não havendo
falta de pagamento do imposto, o pagamento de qualquer multa só pode efectuar-se nos
oito dias seguintes ao da verificação da transgressão.
2. O pagamento no acto da verificação da transgressão é feito ao autuante, que passará
recebido provisório cujo duplicado, acompanhado da respectiva importância e do auto de
transgressão, será apresentado na repartição de finanças competente para a instauração do
processo ou, se nisso houver conveniência, em repartição que ao autuante for mais acessí-
vel; a repartição de finanças onde der entrada a importância paga promoverá a sua imediata
arrecadação nos termos estabelecidos no n.º 4 deste artigo.
3. O pagamento nos oito dias seguintes ao da verificação de transgressão é sempre
efectuado na repartição de finanças onde, de harmonia com os n.ºs 1 e 3 do artigo 10.º, o
auto de transgressão for apresentado pelo autuante, que disso fará referencia na nota a que
se refere o n.º 1 deste artigo.
4. No pagamento a efectuar nos termos dos números anteriores, observam-se as se-
guintes regras:
1.ª A repartição de finanças onde for entregue a importância ou solicitado o paga-
mento processará guias modelo B para arrecadação da respectiva importância
na recebedoria de finanças, convertendo-se a parte correspondente ao imposto
no dístico modelo n.º 4.
2.ª Se a repartição de finanças através da qual se efectuar o pagamento não for a
competente para a instauração do processo de transgressão, deve ser remetido
imediatamente a esta o auto de transgressão, juntando-se-lhe, no caso do n.º
2, o dístico modelo n.º 4 para ser entregue ao transgressor ou proprietário do
veiculo.
3.ª Os dísticos em que se converter a importância do imposto serão sempre regis-
tados na respectiva repartição de finanças em face da declaração modelo n.º 5
a apresentar pelo transgressor ou proprietário do veículo.
321
Decreto-Lei nº 84/79, de 13 de Outubro
322
Decreto-Lei nº 84/79, de 13 de Outubro
Artigo 24º.
(Efeitos do Pagamento do imposto em falta)
O pagamento do imposto em falta susta a apreensão de veiculo ou, quando tenha ha-
vido, faz cessar todos os seus efeitos, competindo, neste caso, á repartição de finanças
competente restituir a documentação apreendida ao transgressor ou proprietário de veiculo
e comunicar o facto ao Serviço Nacional de Viação.
Artigo 25.º
(Responsabilidade pela multa no caso de o infractor ser pessoa colectiva)
1. Se o transgressor for uma pessoa colectiva, respondem pelo pagamento da multa,
solidariamente com ela, os directores, gerentes, membros do Conselho Fiscal, liquidatários
ou administradores da massa falida, quem tenham praticado ou sancionado os actos a que
respeita a transgressão.
2. Uma vez extinta a pessoa colectiva responsável pelo pagamento da multa, respon-
dem solidariamente entre si as restantes pessoas referidas no número anterior.
Artigo 26.º
(Responsabilidade pelas multas no caso de veículos a entidades isentas)
Quando os veículos pertençam a entidades que beneficiem de isenção de imposto, são
responsáveis pelo pagamento das multas ou do imposto eventualmente devido os directo-
res, chefes ou outros dirigentes dos serviços a que os veículos estão afectos.
Artigo 27.º
(Limitação ao levantamento de novo auto pela mesma infracção)
Verificada qualquer infracção aos preceitos deste regulamento e levando o respectivo
auto de transgressão, a mesma infracção não pode, nos quinze dias seguintes, ser objecto
de nova autuação, desde que o transgressor exiba a nota de levantamento de auto que obri-
gatoriamente lhe é entregue pelo autuante.
Artigo 28.º
(Consequência da falta de dísticos ou documentos de isenção)
Os veículos que beneficiam das isenções previstas nos artigos 3.º e 4.º, consideram-se
sujeitas a imposto enquanto os seus proprietários não estiverem munidos dos respectivos
dísticos ou documentos comprovativos da isenção.
Artigo 29.º
(Extravio ou utilização de documentos ou dísticos)
1. No caso de extravio ou inutilização por qualquer motivo de documentos ou dísticos
respeitantes ao pagamento ou á isenção do imposto, observa-se o seguinte:
a) Tratando-se do duplicado da declaração modelo n.º5 ou da requisição modelo
n.º 1, ou do documento comprovativo da isenção, podem os interessados re-
323
Decreto-Lei nº 84/79, de 13 de Outubro
quer que lhes seja passada certidão comprovativa do registo do dístico modelo
n.º 4 ou de despacho que autorizou quer o fornecimento do dístico n.º 2, quer
a passagem de documento comprovativo da isenção;
b) Tratando-se de dísticos modelos nºs 2 e 4 podem os interessado se requer
que lhes seja permitida a aquisição do dístico especial modelo n.º 6, que será
fornecido pela recebedoria de finanças mediante nota a passar pela respectiva
repartição de finanças.
2. A regra estabelecida na alínea b) do numero anterior é aplicável ao caso de se terem
praticado erros, emendas ou rasuras no preenchimentos do dístico modelo n.º 4, o qual
terá de ser junto ao pedido para ser inutilizado pela repartição de finanças com a nota de
“NULO”.
3. A certidão referida na alínea a) do n.º 1 deste artigo bem como o disto especial mode-
lo n.º 6 substituem, para todos efeitos, o documento ou o dístico extraviado ou inutilizado.
Artigo 30.º
(Veículos novos adquiridos a partir de 1 de Outubro)
Em relação aos veículos novos transaccionados, em cada ano, a partir de 1 de Outubro,
os vendedores entregarão ao adquirente, obrigatoriamente, factura ou documento compro-
vativo da aquisição, para os efeitos do disposto no n.º 3 do artigo 8.º.
Artigo 31.º
(Privilégio mobiliário especial sobre os veículos)
O Estado goza de privilégio mobiliário especial sobre os veículos automóveis pata o
pagamento do imposto de circulação e das multas aplicadas nos termos deste regulamento,
e, bem assim, para o pagamento da indemnização a que se refere o n.º 5 do artigo 23.º
Artigo 32.º
(Não revalidação de importação de importação temporária
sem pagamento de imposto)
Os serviços das Alfandegas não podem conceder a revalidação da importação tem-
porária dos veículos automóveis sem que os interessados façam prova do pagamento do
respectivo imposto.
Artigo 33.º
(Elementos a fornecer pelas Alfandegas e pelo serviço Nacional de Viação)
Os serviços das Alfandegas e, bem assim, o serviço Nacional de Viação devem enviar,
nos primeiros quinze dias de cada trimestre, á Direcção-Geral de Finanças, fichas de mode-
lo n.º 7 de todos os veículos automóveis que no trimestre anterior tenham sido objecto de
despacho ou matricula.
324
Decreto-Lei nº 84/79, de 13 de Outubro
Artigo 34.º
(Elementos a fornecer pelos serviços do Estado e outros entidades isentas)
1. Os departamentos administrativos do Estado e bem assim todos os serviços, orga-
nismos e entidades referidas nas alíneas a), b) e c) do n.º 1 do artigo 3 enviarão á Direcção-
Geral de Finanças, até 31 de Março de 1980, relação de todos os veículos automóveis ao
seu serviço e em circulação no dia 1 de Janeiro do mesmo ano, especificando-se os depar-
tamentos ou serviços a que os veículos se encontram afectos, com indicação do numero de
matricula, marca, tipo de combustível usado e cilindrada de cada veiculo.
2. Até 28 de Fevereiro de cada ano e com referência a 1 de Janeiro, serão comunicados
os abates e aditamentos ocorridos para actualização da relação inicial.
Artigo 35.º
(Elementos a enviar ao Serviço Nacional de Viação)
As repartições de finanças enviarão semestralmente ao Serviço Nacional de Viação os
duplicados da declaração modelo n.º 5 e os triplicados das requisições modelo n.º 1, que
tenham sido apresentados no semestre anterior.
Artigo 36.º
(Custo de impressos e dísticos modelo n.º 6)
O custo dos Impressos e do dístico especial modelo n.º 6 será fixado por portaria do
Secretário de Estado das Finanças.
Artigo 37º
(Fornecimento de dísticos ás repartições de finanças)
Os Dísticos serão fornecidos ás repartições de finanças nos mesmos termos em que é
feito o fornecimento de valores selados.
Artigo 38.º
Este diploma entra em vigor no dia 1 de Janeiro de 1980
Visto e aprovado em Conselho de Ministros.
Pedro Pires – Abílio Duarte – Silvino da Luz – Carlos Reis – Herculano Vieira – João
Pereira Silva – Silvino Lima – David Almada.
Promulgado em 24 de Julho de 1979.
Publique-se.
O Presidente da República, ARISTIDES MARIA PEREIRA
Para ser presente a Assembleia Nacional Popular.
325
Portaria n.º 1/93, de 1 de Fevereiro
Taxas
Grupos por Cilindrada
1.º Escalão 2.º Escalão 3.º Escalão
Cilindrada – Centímetros
Natureza do Veiculo Até 5 anos Mais de 5 anos Mais de 10 anos
cúbicos
A Até 900$00 500$00 300$00
Mais de 3500
326
Decreto-Lei nº 22/2000, de 22 de Maio
Artigo 1º
(Objecto)
O presente diploma regula a transferência para as Câmaras Municipais, à excepção da
Praia que já beneficia dessa medida e a vem implementando, as competências para a admi-
nistração (incluindo as de liquidação e cobrança) dos seguintes impostos municipais:
a) Imposto Único sobre o Património (IUP);
b) Imposto Único sobre os Rendimentos (IUR) do comércio informal;
c) Impostos sobre circulação de veículos automóveis.
Artigo 2º
(Comissão de transição)
1. Por despacho do membro do Governo responsável pelas Finanças será criada uma
comição de transição constituída por elementos da Direcção-Geral das Contribuições e
Impostos e de cada uma das Câmaras MUNicipais abrangidas, de forma a aseegurar toda a
segurança e fiabilidade técnica do processo de transferência de competências.
2. A comissão de transição deverá, entre outras actividades e tarefas que se mostrarem
necessárias ou forem definidas pelo membro do Governo responsável pelas finanças:
a) Arrolar os conhecimentos de cobrança de contribuição predial autárquica ex-
istentes no cofre da tesouraria de finanças, quer em fase de cobrança vol-
untária como em cobrança coerciva;
327
Decreto-Lei nº 22/2000, de 22 de Maio
328
Decreto-Lei nº 22/2000, de 22 de Maio
Artigo 6º
(Contrato-Programa)
O Governo, através do Ministério das Finanças, celebrará um contrato-programa com
as Câmaras Municipais, no sentido de apoiar a instalação da repartição de administração
fiscal municipal, nas seguintes áreas:
a) Informatização das matrizes prediais;
b) Informatização do sistema de liquidação e cobrança do IUP, sobre o valor
patrimonial;
c) Informatização do sistema de liquidação e cobrança do imposto municipal de
veículos;
d) Informatização do serviço de avaliações;
e) Assessoria jurídico – tributária com especial relevância na elaboração dos
regulamentos necessários à implementação da Repartição de Administração
Fiscal municipal, nomeadamente, orgânica dos serviços, regulamentos inter-
nos, estatuto pessoal.
Artigo 7º
(Dever de informação)
As Câmaras Municipais enviarão à DGCI as informações consideradas necessárias ao
desencadear de acções de inspecção tributária, à elaboração de estatística, ao controlo das
isenções reconhecidas ou outras que venham a considerar pertinentes, nos termos a regula-
mentar pelo Ministro das Finanças.
Artigo 8º
(Entrada em vigor)
O presidente diploma entra imediatamente em vigor.
Visto e aprovado em Conselho de Ministros.
Carlos Veiga – José Ulisses Correia e Silva.
Promulgado em 12 de Maio de 2000.
Publique-se.
O Presidente da República, ANTÓNIO MANUEL MASCARENHAS GOMES MON-
TEIRO.
Referendado em 15 de Maio de 2000.
O Primeiro Ministro, Carlos Veiga.
329
Decreto n.º 163/85, de 30 de Dezembro
95 A referência à autorização da Assembleia Municipal introduzida pelo Decreto-Lei n.º 13/93, de 15 de Março, foi alterada
pelos n.ºs 7 e 8 do art. 8º da lei n.º 79/VI/2005, de 5 de Setembro
96 O n.º 1 desta norma encontra-se revogado pelo art. 8º da lei n.º 79/VI/2005, de 5 de Setembro, que permite a contracção e
empréstimos perante quaisquer instituições de crédito, incluindo estrangeiras nas condições aí estabelecidas.
97 Redacção dada pelo Decreto-Lei n.º 13/93, de 15 de Março.
330
Decreto n.º 163/85, de 30 de Dezembro
Artigo 3º
Empréstimo a curto prazo98
(…)
Artigo 4º
Finalidades a médio e longo prazos99
(…)
Artigo 8º
Aval do Estado
1.Os encargos resultantes de bonificação dos empréstimos pelo Estado.
2.Pelo aval, o Estado assume a obrigação de liquidar as prestações de capital e juros
e os demais encargos vencidos a que os Municípios mutuários se obrigarem nos contratos
de empréstimos.
(…)100
Artigo 11º
Contagem do prazo
O prazo dos empréstimos a contrair pelos Municípios conta-se a partir da data fixada
no respectivo contrato e termina na data estipulada para a liquidação final e integral das
operações de crédito
(…)101
Artigo 16º
Inscrição Orçamental dos Encargos
Os Municípios inscreverão obrigatóriamente nos seus orçamentos ordinários a verba
necessária para amortização do capital mutuado e pagamento dos juros e demais encargos.
Pedro Pites – Osvaldo Lopes da Silva – Júlio de Carvalho
Promulgado em 30 de Dezembro de 1985.
Publique-se
O Presidente da República, ARISTIDES MARIA PEREIRA.
98 Este artigo foi alterado pelo n.º 3 do art.8º da lei n.º 79/VI/2005, de 5 de Setembro.
99 Esta norma foi alterada tacitamente pelos n.ºs 4 e 5 do art. 8º da lei n.º 79/VI/2005, de 5 de Setembro.
100 Os arts. 9º e 10º foram tacitamente revogados pelo art. 8º da lei n.º 79/VI/2005, de 5 de Setembro.
101 Os arts. 12º e 16º foram tacitamente revogados entre outros pelos n.ºs 13, 14, do art. 8º e n.º 1 do art. 31º da lei n.º 79/
VI/2005, de 5 de Setembro.
331
Decreto n.º 163/85, de 30 de Dezembro
332
Decreto n.º 163/85, de 30 de Dezembro
333
Lei n.º 96/V/99, de 22 de Março
334
Lei n.º 96/V/99, de 22 de Março
335
Lei n.º 96/V/99, de 22 de Março
e dotados, nos termos da lei, de autonomia administrativa e financeira, mas não de perso-
nalidade jurídica própria;
2. A denominação dos fundos autónomos devem incluir a expressão «fundo autóno-
mo» ou ser
seguida de uma sigla identificadora que exprima e publicite a sua natureza e a pessoa
colectiva em que se integre, nos termos que forem regulamentados pelo Governo.
Artigo 5º
(Institutos públicos)
1. Consideram-se institutos públicos os organismos dotados de personalidade colectiva
pública e inerente autonomia administrativa financeira e patrimonial criadas para assegurar
o desempenho de funções administrativas não empresariais determinadas, pertencentes ao
Estado ou a outra pessoa colectiva pública.
2. Os institutos públicos classificam-se em serviços personalizados, fundações públi-
cas e estabelecimentos públicos.
3. São serviços personalizados os serviços administrativos a que seja atribuída, nos
termos da lei, personalidade colectiva pública.
4. São fundações públicas os patrimónios dotados, nos termos da lei, de personalidade
colectiva pública, afectados à prossecução de fins públicos especiais.
5. São estabelecimentos públicos as instituições dotadas de personalidade colectiva
pública, organizadas como serviços abertos ao público e destinadas a efectuar prestações
individuais de carácter formativo, cultural ou social à generalidade dos cidadãos que delas
careçam.
6. O diploma de criação de instituto público deve enquadrá-lo numa das espécies
indicadas no número 2.
7. A denominação dos institutos públicos deve incluir a expressão «instituto» ou con-
forme couber, «serviço personalizado», «fundação pública» ou «estabelecimento pública»
ou ainda ser seguida de uma sigla identificadora que exprime e publicite a sua natureza e
espécie, bem como a pessoa colectiva a que respeite, nos termos que forem regulamentados
pelo Governo.
8. A denominação dos institutos públicos que tenham por objecto a promoção do in-
vestimento, turismo ou exportações pode não incluir qualquer das expressões referidas no
número anterior, e pode ser objecto de tradução para língua estrangeira ou de adaptação
para fins de promoção no estrangeiro102.
102 Aditamento feito pelo Decreto-Lei nº 2/2005, de 10 de Janeiro que começou a produzir efeitos a 1 de Agosto
de 2004
336
Lei n.º 96/V/99, de 22 de Março
Artigo 6º
(Competência e pressupostos para criação de serviços
e fundos autónomos e de institutos públicos)
1. A competência para a criação, modificação ou extinção de serviços e fundos autóno-
mos e de institutos públicos do Estado, pertence ao Governo, por resolução do Conselho de
Ministros, sob proposta fundamentada do Membro do Governo responsável pela área em
que o organismo se integra. Os estatutos dos serviços e fundos autónomos e dos institutos
públicos do Estado são aprovados e alterados por decreto regulamentar.
2. A competência para a criação, modificação ou extinção de serviços e fundos autó-
nomos e de institutos públicos do município, bem como para a aprovação e alteração dos
respectivos estatutos, pertence à respectiva Assembleia Municipal, sob proposta funda-
mentada da correspondente Câmara Municipal e estão sujeitas a aprovação tutelar.
3. Um fundo autónomo só poderá ser criado quando sejam, simultaneamente criados
mecanismos que garantam o seu auto - financiamento.
4. Um instituto público ou um serviço autónomo só poderá ser criado quando estudos
de viabilidade financeira demonstrem que a actividade administrativa a desenvolver gerará
receitas correntes próprias equivalentes a pelo menos metade das suas despesas correntes
devendo tal circunstância ser obrigatoriamente referida no preâmbulo da resolução.
5. O requisito estabelecido no número 4 poderá ser dispensado ou reduzido para os
estabelecimentos públicos, por resolução do Conselho de Ministros, fundamentada em mo-
tivos de interesse público.
6. Por decreto-lei serão regulados os pressupostos, a competência e as condições para
a criação, modificação e extinção de serviços de fundos autónomos e de institutos públicos
de outras pessoas colectivas públicas, bem como para aprovação e alteração dos respecti-
vos estatutos.
Artigo 7º
(Órgãos próprios de direcção e gestão)
1. Os órgãos próprios de direcção e gestão dos serviços e fundos autónomos e dos
institutos públicos compreendem o órgão deliberativo colegial, que poderá incluir elemen-
tos exteriores aos quadros do pessoal do serviço, fundo ou instituto e um órgão executivo
singular, que pode ser o presidente do órgão deliberativo colegial.
2. Ao órgão deliberativo colegial incumbirá, nomeadamente, aprovar os projectos de
instrumentos de gestão previsional, de regulamentos internos e de documentos de prestação
de contas.
3. Ao órgão executivo singular incumbirá nomeadamente, propor e executar os instru-
mentos de gestão provisional e os regulamentos internos, assegurar a gestão do serviço,
fundo ou instituto e prestar contas.
337
Lei n.º 96/V/99, de 22 de Março
338
Lei n.º 96/V/99, de 22 de Março
entidades idóneas e com capacidade para realizar com qualidade e a custos aceitáveis às
tarefas e funções necessárias e alcançar os resultados desejados pela administração, salvo
se o interesse público justificar solução diversa.
4. Os serviços e fundos autónomos e os institutos públicos deverão, designadamente, pro-
mover, incentivar e privilegiar a aquisição de bens e serviços por contrato para a realização de
obras públicas, o fornecimento contínuo de bens e serviços, a prestação de serviços auxiliares,
de distribuição de correspondência, de reprografia e cópia de documentos bem como de segu-
rança de instalações e edifícios públicos e a prestação de assistência técnica.
Artigo 10º
(Regime de funcionamento e actividade)
1.O funcionamento e actividade dos serviços e fundos autónomos e dos institutos pú-
blicos regem-se pelo direito administrativo, salvo disposição legal em contrário.
2. A actividade dos serviços e fundos autónomos e dos institutos públicos respeita o
Programa do Governo e o Plano Nacional de Desenvolvimento, sendo enquadrada e orien-
tada pelos seguintes instrumentos de gestão previsional:
a) Programas de actividades anual e pluri-anual;
b) Orçamento - programa privativo anual;
c) Programa financeiro de desembolso.
3. Os projectos de instrumentos de gestão previsional referidos no número 2 e relativos
a cada ano aprovados pelo órgão deliberativo colegial devem ser submetidos a apreciação e
decisão final, conforme couber, do Governo ou da Assembleia Municipal, neste caso atra-
vés da Câmara Municipal, nos termos e prazos que forem regulamentados.
4. Os modelos de instrumentos de gestão previsional são estabelecidos por diploma
regulamentar do Governo.
Artigo 11º
(Regime de pessoal)
O pessoal dos serviços e fundos autónomos rege-se pelo estatuto da função pública e é
provido, nos termos da lei, conforme couber:
a) Pelo membro do Governo que dirija superiormente o departamento governa-
mental a que o serviço ou fundo autónomo respeite;
b) Pela câmara municipal do município a que o serviço ou fundo autónomo re-
speite, sob proposta dos órgãos próprios deste, competentes, nos termos dos
respectivos Estatutos.
2. O pessoal dos institutos públicos está sujeito ao regime jurídico geral das relações de
trabalho e é recrutado pelos órgãos próprios de direcção de gestão dos mesmos, nos termos
dos respectivos estatutos.
339
Lei n.º 96/V/99, de 22 de Março
«Artigo 11º-A103
Comissão de serviço e garantia de direitos
1. Os funcionários e agentes do Estado podem exercer funções nos órgãos próprios
de direcção e gestão dos institutos públicos, em regime de comissão de serviço, mantendo
todos os direitos inerentes ao seu quadro de origem, incluindo os benefícios de aposentação
ou reforma e sobrevivência, considerando-se todo o período da comissão como serviço
prestado nesse quadro.
2. Os trabalhadores dos institutos públicos podem exercer, em comissão de serviço,
funções dirigentes na Administração Pública, mantendo todos os direitos inerentes ao seu
estatuto profissional no seu quadro de origem, considerando-se todo o período da comissão
como serviço prestado na empresa de origem.
3. Os funcionários e agentes do Estado, e bem assim os trabalhadores em comissão de
serviço, nos termos dos números anteriores, podem optar pelo vencimento correspondente
ao seu quadro de origem ou pelo correspondente às funções que vão desempenhar.
4. O vencimento e demais encargos dos funcionários e agentes do Estado, bem como
dos trabalhadores em comissão de serviço são da responsabilidade da entidade onde se
encontrem a exercer funções.
Artigo 12º
(Regime financeiro)
1. A gestão financeira dos serviços e fundos autónomos e dos institutos públicos re-
gem-se pelas leis da contabilidade pública.
2. Os serviços autónomos dotados de autonomia financeira, os fundos autónomos e os
institutos públicos têm orçamento privativo e receitas próprias para a realização das suas
despesas próprias.
3. Constituem designadamente, receitas próprias dos serviços e fundos autónomos e
dos institutos públicos previstos no número 2:
a) O produto da venda dos bens e serviços que produzam;
b) Os rendimentos de bens próprios quando possuam património privativo;
c) Os donativos que lhes sejam atribuídos por quaisquer entidades públicas ou
privadas, nacionais, estrangeiras ou internacionais;
d) Quaisquer outras receitas provenientes da sua actividade ou que por lei, pelos
seus estatutos ou por contrato, lhe devam pertencer.
103 Aditamento introduzido pelo Decreto-Lei nº 2/2005, de 10 de Janeiro, que teve efeitos a 1 de Agosto
de 2004
340
Lei n.º 96/V/99, de 22 de Março
341
Lei n.º 96/V/99, de 22 de Março
342
Lei n.º 96/V/99, de 22 de Março
343
Lei n.º 96/V/99, de 22 de Março
344
Lei n.º 96/V/99, de 22 de Março
345
Lei n.º 96/V/99, de 22 de Março
346
Decreto-Regulamentar nº 6/2005, de 18 de Julho
347
Decreto-Regulamentar nº 6/2005, de 18 de Julho
Artigo 1º
Alteração dos estatutos
São alterados os estatutos do Fundo Autónomo de Desenvolvimento Municipal
(FADM), aprovados pelo Decreto-Regulamentar n.º 6/2003, de 6 de Outubro.
Artigo 2º
Atribuições
1. O FADM tem por finalidade captar recursos financeiros a serem canalizados para o
financiamento de projectos de desenvolvimento local.
2. As principais atribuições típicas do FADM são as seguintes:
a) Conceder crédito a uma taxa de juro não superior à taxa de redesconto do
Banco de Cabo Verde para a realização de projectos de desenvolvimento lo-
cal e regional promovidos pelos Municípios, suas Associações ou empresas,
incluindo as iniciativas promovidas em parceria com a iniciativa privada;
b) Conceder crédito a uma taxa zero, com um prazo máximo de amortização
nunca superior a dez anos, a fixar no contrato de concessão, atendendo ao
montante e natureza do projecto em causa;
c) Financiar, a título não reembolsável, os projectos dos Municípios, suas as-
sociações e organização da sociedade civil convencionadas nos termos da lei,
ao abrigo de acordos de créditos ou donativos, incluindo a ajudar alimentar,
disponibilizados ao país pela cooperação internacional, através do mecanismo
de ajuda orçamental.
3. O FADM pode ainda conceder crédito para financiar, nas condições a acordar com
o Governo e os beneficiários, acções e medidas credíveis que visem promover o restabele-
cimento do equilíbrio financeiro estrutural e a prevenção de situações de ruptura financeira
em que, eventualmente, se encontrem os municípios.
Artigo 3º
Cooperação técnica e harmonização
1. A Associação Nacional dos Municípios de Cabo Verde (ANMCV) promove o apoio
técnico na gestão e execução dos projectos, designadamente nos seguintes aspectos:
a) Traduzir os planos em programas e estes em projectos;
b) Prestar assessoria técnica na organização de concursos, na gestão financeira,
na elaboração e harmonização dos relatórios financeiros e de progresso, na
concepção de fichas de projectos e cronogramas de trabalho, entre outros;
c) Elaboração de fichas de projectos;
d) Monitorização dos projectos;
e) Facilitar a comunicação entre a Administração Central e Local.
348
Decreto-Regulamentar nº 6/2005, de 18 de Julho
349
Decreto-Regulamentar nº 6/2005, de 18 de Julho
Artigo 9º
Entrada em vigor
O presente diploma entra em vigor no dia seguinte ao da sua publicação.
Visto e aprovado em Conselho de Ministros.
José Maria Pereira Neves - João Pinto Serra - Júlio Lopes Correia
Promulgado em 10 de Julho de 2005.
Publique-se.
O Presidente da Republica, PEDRO VERONA RODRIGUES PIRES
Referendo em 10 de Julho de 2005.
O Primeiro-Ministro, José Maria Pereira Neves
ESTATUTOS DO FUNDO AUTÓNOMO
DE DESENVOLVIMENTO MUNICIPAL
CAPÍTULO I
Denominação, natureza e objecto e atribuições
Artigo 1º
Denominação e Natureza
O Fundo Autónomo de Desenvolvimento Municipal (FADM), é um fundo do Estado,
dotado de autonomia administrativa e financeira, funcionando sob a direcção superior do
membro do Governo responsável pela área das Finanças e Planeamento.
Artigo 2º
Objecto
O FADM tem por objecto o reforço da cooperação técnica e financeira entre a Admi-
nistração Central e as Autarquias Locais, bem como favorecer o desenvolvimento regional
e local.
Artigo 3º
Atribuições
1. O FADM tem por finalidade captar recursos financeiros a serem canalizados para o
financiamento de projectos de desenvolvimento local.
2. As principais atribuições típicas do FADM são as seguintes:
a) Conceder crédito a uma taxa de juro não superior à taxa de redesconto do
Banco de Cabo Verde para a realização de projectos de desenvolvimento lo-
cal e regional promovidos pelos municípios, suas associações ou empresas,
incluindo as iniciativas promovidas em parceria com privados;
b) Conceder crédito a uma taxa zero;
350
Decreto-Regulamentar nº 6/2005, de 18 de Julho
351
Decreto-Regulamentar nº 6/2005, de 18 de Julho
352
Decreto-Regulamentar nº 6/2005, de 18 de Julho
353
Decreto-Regulamentar nº 6/2005, de 18 de Julho
Artigo 13º
Competências
1. Compete, nomeadamente, ao Director Executivo:
a) Executar as deliberações do Conselho de Administração;
b) Assegurar a gestão quotidiana do FADM;
c) Elaborar, propor e executar os instrumentos de gestão previsional;
d) Elaborar os instrumentos de prestação de contas e submetê-los ao Conselho de
Administração;
e) Elaborar as minutas dos contratos de mútuo ou concessão de financiamento
em observância das normas pertinentes;
f) Receber e analisar os pedidos de concessão de crédito ou financiamento do
ponto de vista da sua regularidade formal e material com as normas aplicáveis
e solicitar os elementos em falta, antes da sua submissão à decisão do Con-
selho de Administração;
g) Acompanhar a execução dos acordos de financiamento, qualquer que ele seja,
e diligenciar no sentido do seu integral cumprimento;
h) Efectuar as transferências bancárias decorrentes dos créditos ou financiamen-
tos concedidos, mediante prévia autorização do Conselho de Administração;
i) Receber e analisar os relatórios de progresso e prestação de contas, em articu-
lação com os sectores competentes e a ANMCV;
j) Manter actualizada a contabilidade do FADM, bem como um banco de dados
com todos os elementos sobre o desbloqueamento e justificação de verbas, o
tempo e a regularidade da amortização do crédito concedido;
k) Propor ao Presidente do Conselho de Administração a requisição da inter-
venção da fiscalização interna sempre que razões ponderosas o exijam;
l) Participar, prestar informação e secretariar as reuniões do Conselho de Ad-
ministração.
2. No exercício das competências previstas nas alíneas f) e i) do número anterior o
Director Executivo elabora ou providencia a elaboração do competente parecer fundamen-
tado e submete-o à apreciação e decisão do Conselho de Administração.
Artigo 14º
Nomeação
1. O Director Executivo é nomeado em comissão ordinária de serviço ou contratado
pelo membro do Governo responsável pelas áreas das finanças, de entre técnicos superio-
res vinculados à função pública central ou local, com grau de licenciatura e reconhecida
354
Decreto-Regulamentar nº 6/2005, de 18 de Julho
capacidade e experiência profissional de pelo menos cinco anos, sob proposta do Conselho
de Administração.
2. O Director Executivo exerce funções em regime de tempo inteiro.
Artigo 15º
Duração de funções de Director Executivo
1.As funções de Director Executivo têm a duração de três anos, renovável expressa-
mente por igual período.
2. As funções de Director Executivo cessa automaticamente, sem direito a qualquer
indemnização, com a perda da qualidade de membro do Conselho de Administração, quais-
quer que sejam os motivos.
Artigo 16º
Incompatibilidades
O cargo de Director Executivo é incompatível com o de eleito municipal.
Sub-Secção III
Conselho Consultivo
Artigo 17º
Natureza e composição
1. O Conselho Consultivo é um órgão de consulta, coordenação e expressão dos di-
versos interesses legítimos, públicos e privados, que se manifestam e se interpenetram no
âmbito das atribuições do FADM.
2. O Conselho Consultivo integra um representante de cada um dos seguintes serviços
ou instituições:
a) Direcção-Geral do Orçamento;
b) Sectores governamentais competentes em razão da matéria relativamente a
projectos financiados através do mecanismo de ajuda orçamental;
c) Associação Nacional dos Municípios de Cabo Verde;
d) Município convidado de forma rotativa, sob proposta da Associação Nacional
dos Municípios de Cabo Verde;
e) Plataforma das Organizações não Governamentais (ONGs);
f) Parceiros de cooperação internacional, quando se preveja discutir matéria ati-
nente a projectos por eles financiados.
2. Os membros do Conselho Consultivo elegem entre si o Presidente cujo mandato é
de dois anos.
3. Nas reuniões do Conselho Consultivo participam, sem direito a votos, os membros
do Conselho de Administração e o Director Executivo que prestarão toda a informação que
entenderem ser pertinente e que for solicitada.
355
Decreto-Regulamentar nº 6/2005, de 18 de Julho
Artigo 18º
Reuniões e funcionamento
1. O Conselho Consultivo tem uma reunião ordinária trimestralmente e, extraordinaria-
mente, sempre que necessário, por iniciativa do seu Presidente ou a pedido do Presidente do
Conselho de Administração ou da Associação Nacional dos Municípios de Cabo Verde.
2. As convocatórias são entregues aos membros com a antecedência mínima de sete
dias úteis e indicam os membros convocados, a ordem do dia, a data, hora e local da reu-
nião e anexam, quando o haja, cópia do expediente relevante para deliberação.
3. Para a validade das deliberações exige-se a presença da maioria do número legal dos
seus membros, desde que um dos membros seja o Presidente ou o seu substituto.
4. As deliberações são aprovadas por maioria absoluta de votos dos presentes, tendo o
Presidente ou quem o substitua, em caso de empate, voto de qualidade.
5. As deliberações do Conselho Consultivo devem constar de acta, devidamente la-
vrada, aprovada e assinada pelos membros que estiverem presentes naquela reunião, cuja
cópia deve ser remetida sempre ao Conselho de Administração e ao Membro do Governo
responsável pelas áreas das finanças.
6. No início de cada reunião é indicado um membro encarregue de lavrar a respectiva
acta.
7. O Conselho Consultivo aprova o seu Regimento Interno de funcionamento.
Artigo 19º
Competência
Compete, nomeadamente, ao Conselho Consultivo:
a) Salvaguardar a expressão dos legítimos interesses públicos e privados, bem
como a transparência e equidade na repartição dos fundos postos à disposição
do FADM;
b) Acompanhar as actividades do FADM e apresentar propostas concretas, com
vista à melhoria da qualidade e eficácia da sua actividade;
c) Debater e emitir pareceres fundamentados referentes aos assuntos que lhe se-
jam especialmente submetidos, bem assim a definição de prioridades quanto
aos projectos a financiar.
Secção II
Serviços de Apoio
Artigo 20º
Serviços técnicos e administrativos
1. O apoio técnico, administrativo e financeiro de que o FADM necessitar na prosse-
cução dos seus objectivos são assegurados pelo departamento governamental responsável
356
Decreto-Regulamentar nº 6/2005, de 18 de Julho
pela área das Finanças e Planeamento, especialmente através da Direcção Geral do Plane-
amento e da Direcção-Geral do Tesouro.
2. Mediante prévia autorização do Conselho de Administração, o Director Executivo
pode adquirir no mercado bens e serviços de que necessite o FADM para a prossecução
das suas atribuições, mediante contrato de direito privado ou administrativo, desde que em
qualidade e custos aceitáveis.
3. Exceptua-se do número anterior, os serviços considerados urgentes e inadiáveis,
os quais podem ser contratados e adquiridos e submetidos posteriormente à ratificação do
Conselho de Administração na primeira reunião seguinte.
Artigo 21º
Secretário
1. O FADM dispõe de um Secretário a quem compete coadjuvar o Director Executivo
no exercício das suas funções.
2. O Secretário é escolhido por mecanismos de mobilidade interna ou nomeado nos
termos da lei, a quem cabe, nomeadamente, o seguinte:
a) Organizar e manter actualizado o arquivo do FADM:
b) Realizar a contabilização diária de todos os movimentos financeiros efectua-
dos;
c) Executar as actividades de recepção, triagem, controlo e expedição de corre-
spondências e documentos.
CAPÍTULO III
Gestão Económica e Financeira
Artigo 22º
Autonomia administrativa e financeira
O FADM goza de autonomia administrativa e financeira e, como tal, dispõe de orça-
mento privativo e em cuja execução arrecada as suas receitas e efectua as suas despesas.
Artigo 23º
Receitas
1. Constituem receitas do FADM as dotações para o efeito inscritas anualmente no
Orçamento de Estado, designadamente:
a) Os recursos afectos à concessão de crédito;
b) As verbas provenientes da cooperação internacional, através do mecanismo
de ajuda orçamental, e destinadas ao financiamento de projectos;
c) Os recursos indispensáveis à cobertura das despesas do seu próprio funciona-
mento.
357
Decreto-Regulamentar nº 6/2005, de 18 de Julho
358
Decreto-Regulamentar nº 6/2005, de 18 de Julho
359
Decreto-Regulamentar nº 6/2005, de 18 de Julho
CAPÍTULO IV
Direcção do Governo
Artigo 30º
Poderes
1. No exercício dos poderes de direcção, compete especialmente ao Membro do Go-
verno responsável pela área das Finanças:
a) Definir a orientação das actividades a desenvolver pelo FADM;
b) Solicitar e obter as informações e documentos julgados necessários;
c) Ordenar inspecções e inquéritos ao funcionamento do FADM, sempre que tal
se mostrar necessário;
d) Exercer os demais poderes que lhe são atribuídos por lei.
2. Estão ainda sujeitos à homologação da entidade que exerce os poderes de di-
recção:
d) Os programas de actividades anual e plurianuais;
b) O orçamento anual;
e) Os regulamentos internos.
O Ministro da Administração Interna, Júlio Lopes Correia.
360
Decreto nº 113/90, de 8 de Dezembro
361
Decreto nº 113/90, de 8 de Dezembro
Artigo 3º
(Modo de gestão)
Os serviços municipais autónomos são geridos em termos empresariais, por conta e
risco do município, gozando de autonomia administrativa e financeira, dentro da adminis-
tração municipal.
Artigo 4º
(Órgãos de gestão)
1. A gestão de cada serviço municipal autónomo compete a um conselho de gestão
composto por um presidente e dois vogais designados pelo conselho municipal de entre
pessoas de reconhecida idoneidade e capacidade, por um ano, prorrogável.
2. Quando for julgado conveniente pelo conselho municipal, poderá um mesmo con-
selho de gestão gerir dois ou mais serviços autónomos do município. Nas hipóteses deste
número, poderá a constituição do conselho de gestão ser aumentada até cinco membros.
3. A orientação técnica e a direcção administrativa do serviço autónomo poderão ser
confiada pelo conselho municipal a um director-delegado, sob proposta fundamentada do
respectivo conselho de gestão e mediante contrato.
Artigo 5º
(Conselho de gestão)
1. Compete ao conselho de gestão:
a) Aprovar o respectivo regimento;
b) Submeter à apreciação do conselho municipal os projectos de programa de
actividades, de regulamentos do serviço autónomo, de orçamento, de tarifas,
de quadro de pessoal e regime remuneratório e bem assim o relatório da ex-
ploração e resultados, com o inventário, balanço e contas respectivas;
c) Propor ao conselho municipal as medidas tendente a melhorar a organização
e o funcionamento do serviço;
d) Fiscalizar e superintender na actuação do director-delegado.
2. Das deliberações do conselho de gestão cabe recurso para o conselho municipal.
Artigo 6º
(Director-delegado)
1. O director-delegado é responsável perante o conselho de gestão por tudo o que res-
peite ao regular funcionamento do serviço, competindo-lhe praticar todos os actos de ges-
tão administrativa, de pessoal, técnico e económico-financeiro necessários ou convenientes
a esse fim e nomeadamente:
a) Recrutar24, exercer acção disciplinar pessoal;
b) Elaborar os projectos, relatório, inventário, balanços e contas referidos no nº
1.b) do artigo 5º;
362
Decreto nº 113/90, de 8 de Dezembro
363
Decreto nº 113/90, de 8 de Dezembro
364
Decreto nº 113/90, de 8 de Dezembro
365
Lei nº 104/V/99, de 12 de Julho
366
Lei nº 47/VII/2009, de 7 de Dezembro
367
Lei nº 47/VII/2009, de 7 de Dezembro
368
Lei nº 47/VII/2009, de 7 de Dezembro
369
Lei nº 47/VII/2009, de 7 de Dezembro
370
Lei nº 47/VII/2009, de 7 de Dezembro
Secção III
Outras disposições
Artigo 13º
Função accionista do Estado
1. Os direitos do Estado como accionista são exercidos através da Direcção-Geral do
Tesouro, sob a direcção do membro do Governo responsável pela área das Finanças, que
pode delegar, em conformidade com as orientações previstas no artigo seguinte e mediante
a prévia coordenação, por despacho conjunto, com o ministro responsável pelo sector.
2. Os direitos de outras entidades públicas estaduais como accionistas são exercidos
pelos órgãos de gestão ou de administração respectivos, com respeito pelas orientações
decorrentes da superintendência e pela tutela que sobre elas sejam exercidas.
3. Os direitos referidos nos números anteriores podem ser exercidos indirectamente,
através de sociedades de capitais exclusivamente públicos.
4. As entidades responsáveis pelo exercício da função accionista, nos termos do pre-
sente artigo, devem estar representadas no órgão de gestão ou de administração das em-
presas públicas, através de um membro não executivo, ou, caso a estrutura de gestão da
empresa não preveja a existência destes membros, no respectivo órgão de fiscalização.
Artigo 14º
Orientações de gestão
1. Com vista à definição do exercício da gestão das empresas públicas, são emitidas
orientações estratégicas de carácter plurianual destinadas à globalidade do Sector Empre-
sarial do Estado, através de Resolução do Conselho de Ministros.
2. Com a mesma finalidade, podem ainda ser emitidas as seguintes orientações:
a) Orientações gerais, definidas através de despacho conjunto do membro do
Governo responsável pela área das Finanças, e do ministro responsável pelo
sector de actividade e destinadas a um conjunto de empresas públicas no mes-
mo sector de actividade;
b) Orientações específicas, definidas através de despacho conjunto do membro
do Governo responsável pela área das Finanças e do ministro responsável
pelo sector de actividade ou de deliberação accionista, consoante se trate de
entidade pública empresarial ou de sociedade, respectivamente, e destinadas
individualmente a uma empresa pública.
3. As orientações previstas nos números anteriores reflectem-se nas deliberações a
tomar em assembleia geral pelos representantes públicos ou, tratando-se de entidades pú-
blicas empresariais, na preparação e aprovação dos respectivos planos de actividades e de
investimento, bem como nos contratos de gestão a celebrar com os gestores públicos, nos
termos da lei.
371
Lei nº 47/VII/2009, de 7 de Dezembro
372
Lei nº 47/VII/2009, de 7 de Dezembro
373
Lei nº 47/VII/2009, de 7 de Dezembro
d) Quando for caso disso, as funções exercidas por qualquer membro dos órgãos
de gestão ou de administração noutra empresa;
e) Os processos de selecção dos gestores profissionais independentes, quando
existam;
f) Informação sobre o modo e as condições de cumprimento, em cada exercício,
de funções relacionadas com a gestão de serviços de interesse geral, sempre
que esta se encontre cometida a determinadas empresas, nos termos dos arti-
gos 32º a 34º;
g) Informação sobre o efectivo exercício de poderes de autoridade por parte de
empresas que sejam titulares desse tipo de poderes, nos termos previstos no
artigo 19º;
h) A indicação do número de reuniões do órgão de gestão ou de administração,
com referência sucinta às matérias versadas;
i) Os montantes das remunerações dos membros do órgão de gestão ou de admi-
nistração e o modo como são determinados, incluindo todos os complementos
remuneratórios de qualquer espécie, os regimes de previdência, bem como o
custo total para a empresa dos encargos respeitantes à função de administra-
ção e o peso de cada membro no custo total, em cada exercício;
j) Os relatórios de auditoria externa;
k) A indicação das pessoas e das entidades encarregues da auditoria externa;
l) A indicação dos administradores executivos e não executivos.
Artigo 18º
Obrigação de informação
1. O órgão de gestão ou de administração das empresas públicas dá a conhecer, anu-
almente, em aviso a publicar no Boletim Oficial, as seguintes informações, sem prejuízo de,
por despacho do membro do Governo responsável pela área das Finanças, se determinar as
condições da sua divulgação complementar:
a) A estrutura e a composição dos órgãos sociais da empresa;
b) Os principais elementos curriculares e as qualificações dos membros do órgão
de gestão ou de administração das empresas;
c) Quando seja o caso, os cargos ocupados pelos membros do órgão de gestão ou
de administração noutras empresas;
d) As remunerações totais, variáveis e fixas auferidas, seja qual for a sua nature-
za, atribuídas a cada membro do órgão de gestão ou de administração distin-
374
Lei nº 47/VII/2009, de 7 de Dezembro
375
Lei nº 47/VII/2009, de 7 de Dezembro
376
Lei nº 47/VII/2009, de 7 de Dezembro
Artigo 26.º
Mesa da assembleia geral
1. A mesa da assembleia geral deve ser composta por um presidente e por um secre-
tário.
2. O secretário da mesa é um colaborador interno ou externo da empresa, individual ou
em representação de uma sociedade de advogados.
Artigo 27.º
Órgão de fiscalização
1. O órgão de fiscalização pode assumir a forma de conselho fiscal, composto por um
presidente e dois vogais efectivos, devendo um deles ser um contabilista ou auditor certi-
ficado.
2. Quando o órgão de fiscalização assumir a figura de fiscal único, deve observar os
termos previstos pelo Código das Empresas Comerciais.
Artigo 28º
Representante do Estado
1. Compete ao representante do Estado na assembleia geral zelar e assegurar que as
orientações estratégicas são executadas de forma racional.
2. O representante do Estado é o elo privilegiado de comunicação entre as empre-
sas públicas sob a forma societária e o Governo, sem prejuízo de o membro do Governo
responsável pelo sector de actividade onde a empresa se insere e o membro do Governo
responsável pela área das finanças poderem criar estruturas específicas de supervisão e
avaliação da actividade das empresas.
Artigo 29º
Dissolução do órgão de gestão e administração
das empresas públicas
1. Os órgãos de gestão ou de administração das empresas públicas podem ser dissol-
vidos em caso de:
a) Grave violação, por acção ou omissão, da lei ou dos estatutos da empresa;
b) Não observância, nos orçamentos de exploração e investimento, dos objecti-
vos fixados pelo accionista de controlo ou pela tutela;
c) Desvio substancial entre os orçamentos e a respectiva execução;
d) Grave deterioração dos resultados do exercício ou da situação patrimonial, quan-
do não provocada por razões alheias ao exercício das funções pelos gestores.
2. A dissolução compete aos órgãos de eleição ou de nomeação dos gestores, requer audi-
ência prévia, pelo menos, do presidente do órgão e é devidamente fundamentada.
377
Lei nº 47/VII/2009, de 7 de Dezembro
378
Lei nº 47/VII/2009, de 7 de Dezembro
379
Lei nº 47/VII/2009, de 7 de Dezembro
Artigo 35º
Participação dos utentes
1. O Estado promove o desenvolvimento de formas de concertação com os utentes ou
organizações representativas destes, bem como da sua participação na definição dos objec-
tivos das empresas públicas encarregadas da gestão de serviços de interesse geral.
2. O direito de participação dos utentes na definição dos objectivos das empresas pú-
blicas encarregadas da gestão de serviços de interesse económico geral é regulado por
decreto-lei.
CAPÍTULO III
Entidades públicas empresariais
Artigo 36º
Direito aplicável
Regem-se pelas disposições do presente capítulo e, subsidiariamente, pelas restantes
normas deste diploma as pessoas colectivas de direito público, com natureza empresarial,
criadas pelo Estado e doravante designadas “entidades públicas empresariais”.
Artigo 37º
Criação
1. As entidades públicas empresariais são criadas por decreto-lei, o qual aprova tam-
bém os respectivos estatutos.
2. A denominação das entidades públicas empresariais deve integrar a expressão «En-
tidade Pública Empresarial» ou as iniciais «E. P. E.».
3. As entidades empresariais podem iniciar o seu funcionamento em regime de insta-
lação, nos termos da lei geral.
4. A criação de uma entidade pública empresarial será sempre precedida de um estudo
sobre a sua necessidade e implicações financeiras e sobre os seus efeitos relativamente ao
sector em que vai exercer a sua actividade.
Artigo 38º
Autonomia e capacidade jurídica
1. As entidades públicas empresariais são dotadas de autonomia administrativa e finan-
ceira e têm património próprio, não estando sujeitas às normas da contabilidade pública.
2. A capacidade jurídica das entidades públicas empresariais abrange todos os direitos
e obrigações necessários ou convenientes à prossecução do seu objecto.
Artigo 39º
Capital
1. As entidades públicas empresariais têm um capital, designado «capital estatutário»,
detido pelo Estado e destinado a responder às respectivas necessidades permanentes.
380
Lei nº 47/VII/2009, de 7 de Dezembro
2. O capital estatutário pode ser aumentado ou reduzido nos termos previstos nos es-
tatutos.
3. A remuneração do capital estatutário é efectuada de acordo com o regime previsto
para a distribuição dos lucros do exercício nas sociedades anónimas.
Artigo 40º
Órgãos
1. A administração e a fiscalização das entidades públicas empresariais devem estru-
turar-se segundo as modalidades e com as designações previstas para as sociedades anóni-
mas.
2. Os órgãos de administração e fiscalização têm as competências genéricas previstas
na lei comercial, sem prejuízo do disposto no presente diploma.
3. Os estatutos podem prever a existência de outros órgãos, deliberativos ou consulti-
vos, definindo as respectivas competências.
4. Os estatutos regularão, com observância das normas legais aplicáveis, a competência
e o modo de designação dos membros dos órgãos a que se referem os números anteriores.
Artigo 41º
Registo comercial
As entidades públicas empresariais estão sujeitas ao registo comercial nos termos ge-
rais, com as adaptações que se revelem necessárias, com isenção de todas as taxas ou
emolumentos.
Artigo 42º
Tutela
1. A tutela económica e financeira das entidades públicas empresariais é exercida pelo
membro do Governo responsável pela área das Finanças e pelo ministro responsável pelo
respectivo sector de actividade de cada empresa, sem prejuízo do respectivo poder de su-
perintendência.
2. A tutela abrange:
a) A aprovação dos planos de actividades e de investimento, orçamentos e con-
tas, assim como de dotações para capital, subsídios e indemnizações compensa-
tórias;
b) A homologação de preços ou tarifas a praticar por empresas que explorem
serviços de interesse geral ou exerçam a respectiva actividade em regime de
exclusivo, salvo quando a sua definição competir a outras entidades indepen-
dentes;
c) Os demais poderes expressamente referidos nos estatutos.
381
Lei nº 47/VII/2009, de 7 de Dezembro
Artigo 43º
Regime especial de gestão
1. Em circunstâncias excepcionais devidamente justificadas, podem as entidades pú-
blicas empresariais ser sujeitas a um regime especial de gestão, por prazo determinado que
não exceda dois anos, em condições fixadas mediante Resolução do Conselho de Ministros.
2. A Resolução prevista no número anterior determina a cessação automática das fun-
ções dos titulares dos órgãos de administração em exercício.
Artigo 44º
Plano de actividades e orçamento anual
1. As entidades públicas empresariais preparam para cada ano económico o orçamento
anual, o qual deve ser completado com os desdobramentos necessários para permitir a des-
centralização de responsabilidades e o adequado controlo de gestão.
2. Os projectos do orçamento anual, do plano de actividades e dos planos de inves-
timento anuais e plurianuais e respectivas fontes de financiamento são elaborados com
respeito pelos pressupostos macroeconómicos, pelas orientações estratégicas previstas no
artigo 14º e pelas directrizes definidas pelo Governo, bem como, quando for caso disso, por
contratos de gestão ou contratos-programa celebrados com o Estado, e devem ser remeti-
dos para aprovação, até 30 de Novembro do ano anterior, ao membro do Governo respon-
sável pela área das Finanças e ao Ministro responsável pelo respectivo sector de actividade.
3. O orçamento anual deve ser objecto de aprovação expressa, através de despacho
conjunto dos membros do Governo responsáveis pela área das Finanças e pelo sector de
actividade de cada empresa, consagrando deste modo a autorização para a realização das
actividades e respectivos custos previstos.
4. Em casos especiais, pode o prazo referido no número 2 ser antecipado através de
despacho conjunto dos membros do Governo responsáveis pela área das Finanças e pelo
sector de actividade de cada empresa.
Artigo 45º
Prestação de contas
1. As entidades públicas empresariais devem elaborar, com referência a 31 de Dezem-
bro do ano anterior, os documentos de prestação de contas, remetendo-os à Inspecção-Geral
das Finanças e à Direcção-Geral do Tesouro, nos prazos em que nas sociedades anónimas
se deve proceder à disponibilização daqueles documentos aos accionistas.
2. Os documentos referidos no número anterior são aprovados pelos membros do Go-
verno responsáveis pela área das Finanças e pelo sector de actividade de cada empresa.
Artigo 46º
Transformação, fusão e cisão
A transformação das entidades públicas empresariais bem como a respectiva fusão ou cisão
operam-se, em cada caso, através de decreto-lei e nos termos especiais nele estabelecidos.
382
Lei nº 47/VII/2009, de 7 de Dezembro
Artigo 47º
Extinção
1. Pode ser determinada por decreto-lei a extinção de entidades públicas empresariais,
bem como o subsequente processo de liquidação.
2. Não são aplicáveis as regras gerais sobre dissolução e liquidação de sociedades, nem
as dos processos especiais de recuperação e falência, salvo na medida do expressamente
determinado pelo decreto-lei referido no número anterior.
CAPÍTULO IV
Disposições finais e transitórias
Artigo 48º
Alteração dos estatutos
1. Quando os estatutos das empresas públicas sejam aprovados ou alterados por acto
legislativo, devem os mesmos ser republicados em anexo ao referido acto legislativo.
2. A alteração de estatutos de empresas públicas sob forma societária pode ser efec-
tuada nos termos da lei comercial, carecendo de autorização prévia mediante despacho
conjunto dos membros do Governo responsáveis pela área das Finanças e pelo sector de
actividade de cada empresa.
Artigo 49º
Extensão a outras entidades
1. Os direitos de accionista do Estado ou de outras entidades públicas estaduais a que
se refere o presente diploma, nas sociedades em que, mesmo conjuntamente, não detenham
influência dominante, são exercidos, respectivamente, pela Direcção-Geral do Tesouro ou
pelos órgãos de gestão ou de administração das entidades titulares.
2. As sociedades em que o Estado exerça uma influência significativa, seja por deten-
ção de acções que representam mais de 10 % do capital social, seja por detenção de direi-
tos especiais de accionista, devem apresentar na Direcção-Geral do Tesouro a informação
destinada aos accionistas, nas datas em que a estes deva ser disponibilizada, nos termos da
legislação aplicável às sociedades comerciais.
3. Os direitos referidos nos números anteriores podem ser exercidos, indirectamente,
nos termos previstos no número 3 do artigo 13º.
4. Às empresas privadas encarregadas da gestão de serviços de interesse geral, por for-
ça de concessão ou da atribuição de direitos especiais ou exclusivos, é aplicável o disposto
nos artigos 12º, 15º e 16º e no capítulo II.
5. Podem ser sujeitas ao regime estabelecido no presente diploma, no todo ou em parte,
com excepção do constante do seu capítulo III, as empresas nas quais o Estado ou outras en-
tidades públicas disponham de direitos especiais, desde que os respectivos estatutos assim o
prevejam.
383
Lei nº 47/VII/2009, de 7 de Dezembro
Artigo 50º
Constituição de sociedades e aquisição ou alienação de partes de capital
1. Sem prejuízo do disposto em legislação especial, a participação do Estado ou de
outras entidades públicas estaduais, bem como das empresas públicas, na constituição de
sociedades e na aquisição ou alienação de partes de capital está sujeita a autorização me-
diante despacho conjunto dos membros do Governo responsáveis pela área das Finanças e
pelo sector de actividade de cada empresa, excepto nas aquisições que decorram de dação
em cumprimento, doação, renúncia ou abandono.
2. Para efeitos do disposto no número anterior, o pedido de autorização deve ser acompa-
nhado por um estudo demonstrativo do interesse e viabilidade da operação pretendida.
3. O incumprimento do disposto no número 1 determina a nulidade do negócio jurí-
dico em causa.
Artigo 51º
Orientações estratégicas de gestão e contratos de gestão
1. Por ocasião das assembleias gerais ordinárias realizadas até ao ano de 2011 são aprovadas as
primeiras orientações estratégicas de gestão a que se refere o artigo 14º.
2. Devem celebrar-se contratos de gestão envolvendo metas quantificadas, entre os ges-
tores públicos e o Estado, sempre que estes forem considerados necessários, expressamente
previstos no despacho conjunto emitido pelos membros do Governo responsáveis pela área das
Finanças e pelo sector de actividade de cada empresa, onde se define as orientações de gestão
especificas e os objectivos.
Artigo 52º
Desenvolvimento e regulamentação
1. O Governo desenvolve e regulamenta o presente diploma no prazo de um ano após a
sua entrada em vigor.
2. Compete ainda ao Governo aprovar o diploma referente ao Estatuto do Gestor Pú-
blico e a resolução relativa aos Princípios de Bom Governo aplicáveis às empresas públi-
cas, no prazo de 120 dias após a entrada em vigor do presente diploma.
Artigo 53º
Revisão e adaptação
1. Os estatutos de empresas públicas que contrariem o disposto no presente diploma
devem ser revistos e adaptados em conformidade com o mesmo, no prazo máximo de seis
meses após o início da sua vigência.
2. O disposto no presente diploma prevalece sobre os estatutos das entidades referi-
das no número anterior que, decorrido o prazo aí mencionado, não tenham sido revistos e
adaptados.
384
Lei nº 47/VII/2009, de 7 de Dezembro
Artigo 54º
Revogação
1. É revogada a Lei nº 104/V/99, de 12 de Julho, sem prejuízo do disposto no número
3.
2. As remissões constantes de quaisquer diplomas, legais ou regulamentares, para o
regime da Lei nº 104/V/99, de 12 de Julho, entendem-se feitas para as disposições do pre-
sente diploma.
3. Até à entrada em vigor do diploma que regula as empresas públicas municipais,
mantém-se transitoriamente em vigor a Lei nº 104/V/99, de 12 de Julho, em relação às
mesmas.
Artigo 55º
Entrada em vigor
O presente diploma entra em vigor no prazo de 60 dias a contar da sua publicação.
Aprovada em 30 de Outubro de 2009.
O Presidente da Assembleia Nacional, Aristides Raimundo Lima
Promulgada em 19 de Novembro de 2009
Publique-se.
O Presidente da República, PEDRO VERONA RODRIGUES PIRES
Assinada em 23 de Novembro de 2009
O Presidente da Assembleia Nacional, Aristides Raimundo Lima
385
Lei nº 104/V/99, de 12 de Julho
386
Lei nº 104/V/99, de 12 de Julho
387
Lei nº 104/V/99, de 12 de Julho
388
Lei nº 104/V/99, de 12 de Julho
Artigo 9º
(Capital estatutária)
O capital da empresa pública é fixado no respectivo estatuto.
Artigo 10º
(Estatuto e responsabilidades dos administradores)
O estatuto dos administradores de empresa pública é o dos administradores de socie-
dade comercial cuja forma aquela assuma.
Os administradores das empresas públicas respondem civilmente perante estas pelos
prejuízos que lhes causem em virtude de incumprimento dos deveres da função, sem preju-
ízo da responsabilidade criminal e disciplinar em que eventualmente incorram.
Artigo 11º
(Principio de gestão)
A gestão de empresa pública deve ser conduzida de forma a assegurar a sua viabilida-
de económica e o seu equilíbrio financeiro, com respeito pelo seguinte principio:
a) Adaptação da oferta à procura economicamente rentável, excepto quando se-
jam acordado com Estado ou município especiais obrigações de interesse pú-
blico.
b) Obtenção de custos que permitam o equilíbrio da gestão a médio prazo;
c) Obtenção de índices de produtividade compatíveis com as exigências de
desenvolvimento local, regional e nacional;
d) Evolução da massa salarial adequada aos ganhos de produtividade, ao equilí-
brio financeiro da empresa e à politica de rendimento e preços;
e) Subordinação dos investimentos a critérios de gestão empresarial, nomeada-
mente em termos da taxa de rendibilidade, período de recuperação do capital e
grau de risco, excepto quando tenham, excepcional e fundamentalmente, sido
acordado outros critérios com o Governo ou o município;
f) Adequação dos recursos financeiros à natureza dos activos a financiar;
g) Compatibilização da estrutura financeira com a rendibilidade da exploração e
com o grau de risco da actividade;
h) Adopção progressiva de uma gestão por objectivos, assente na desconcen-
tração e delegação de responsabilidade e adaptação à dimensão da empresa.
Artigo 12º
(Empréstimo)
As empresas públicas podem contrair empréstimos a curto, médio e longo prazo,
em moeda nacional e estrangeira, bem como emitir obrigações.
389
Lei nº 104/V/99, de 12 de Julho
Artigo 13º
(Subsidio e empréstimo sem juros)
1. O Estado, o Município respectivo e outras entidades públicas podem conceder sub-
sídio ou empréstimo sem juros a empresas públicas, em contrapartida de imposições espe-
ciais de politica pública económica e sociais.
2. A concessão de subsídio e empréstimo sem juros nos termos do presente artigo é
precedida, obrigatoriamente, de rigorosa quantificação das imposições especiais.
Artigo 14º
(Contrato-programa)
Sempre que o Governo ou município determinar à empresa pública a prossecução de
objectivos sectoriais específicos, deve estabelecer com ela o respectivo contrato-programa,
no qual serão definidas as obrigações recíprocas e o plano de actividade de empresa para o
período a que respeita.
Artigo 15º
(Auditoria e fiscalização)
As empresas pública estão sujeitas a auditoria e fiscalização económico-financeira do
departamento governamental das Finanças, o qual poderá, para o efeito recorrer aos servi-
ços de auditoria extremos idóneos.
Artigo 16º
(Prestação de contas)
1. As empresas públicas devem elaborar, com referência ao último dia de cada ano
económico-fiscal, os documentos de prestação de contas.
2. Os documentos de prestação de contas devem ser enviadas ao ministro ou ministros
responsáveis pelo sector correspondente ao objecto da empresa e aos ministros responsá-
veis pelas áreas das finanças e do planeamento, até quarenta e cinco dias após do termo do
ano económico fiscal a que respeitam.
3. Tratando-se de empresas publicas municipais, os documentos de prestação de con-
tas são enviadas as respectivas câmara municipal e assembleia municipal bem como aos
ministros referidos no nº 2 e ao membro do Governo que exerce a tutela sobre os municí-
pios.
4. As empresas públicas devem, a expensas próprias, promover a auditoria externa
das suas contas e gestão, por sociedade revisora de contas idóneas. O relatório de auditoria
deve, obrigatoriamente, ser apenso aos documentos de prestação de contas.
5. As contas das empresas públicas são, depois de aprovadas, publicadas no Boletim
oficial e em um dos jornais mais lido do país, a expensas da empresa.
6. A não apresentação de documentos de prestação de contas no prazo e forma devidos
é sancionada disciplinarmente e, quando reiterada, implica a demissão da administração da
empresa.
390
Lei nº 104/V/99, de 12 de Julho
Artigo 17º
(Agrupamento, fusão e cisão)
1. O Governo ou Município podem:
a) Agrupar duas ou mais empresas públicas ou estabelecer outras formas de co-
operação entre elas;
b) Fundir duas ou mais empresas públicas, quer por incorporação numa delas,
quer mediante a criação de uma nova empresa;
c) Extinguir uma empresa pública e dividir o respectivo património, passando
cada uma das partes resultantes a constituir uma nova empresa pública.
d) Destacar parte do património de uma empresa pública já existente, que se
mantém em funcionamento, e integrar a parte destacada em empresa já ex-
istente ou com ela criar uma nova empresa pública.
2. O agrupamento, a função a cisão-extinção e a cisão sem extinção prevista no nº 1
são determinados por decreto- regulamentar ou por deliberação da assembleia municipal
sujeita a aprovação tutelar nos mesmos termos do nº 3 do artigo 4º devendo tais instrumen-
tos, também, conforme o caso.
a) Definir os órgãos de coordenação de agrupamento, bem como o grau de inte-
gração funcional das empresas agrupadas.
b) Alterar os estatutos da empresa incorporante ou aprovar os estatutos da nova
empresa resultante da fusão.
c) Regular a repartição ou o destaque do activo e passivo da empresa cindida.
Artigo 18º
(Extinção – liquidação)
1. O Governo ou o município pode extinguir empresa pública que possua pondo termo
às suas actividades, com liquidação dos respectivos patrimónios.
2. A extinção e entrada em liquidação são determinadas por decreto regulamentar ou
por deliberação da assembleia municipal, sob proposta da câmara municipal.
3. A empresa extinta mantém a personalidade e capacidade jurídica para efeitos de
liquidação, até a aprovação final das contas pela comissão liquidatária.
4. O Governo regula por Decreto-Lei a composição e a competência da comissão liqui-
datária, bem como o processo de verificação do passivo, realização do activo e pagamento
dos credores das empresas públicas extintas com liquidação do respectivo património.
Artigo 19º
(Privatização)
As empresas públicas podem ser privatizadas, por alienação das participações so-
ciais do Estado ou do município ou por cessão da sua exploração a entidades privadas, nos
termos da lei de privatização.
391
Lei nº 104/V/99, de 12 de Julho
Artigo 20º
(Não aplicação)
As formas de extinção de empresas públicas são unicamente as previstas nos artigos
17º a 19º do presente diploma, não se lhes aplicando as regras sobre dissolução e liquidação
de sociedades, nem os institutos da falência e da insolvência.
Artigo 21º
(Desenvolvimento e regulamentação)
O Governo desenvolve e regulamenta a presente lei, designadamente no que se
refere a elaboração e apresentação de instrumentos de gestão previsional, contabilidade,
provisões e reavaliações, reservas e documentos de prestação de contas.
Artigo 22º
(Adaptação de estatutos)
As empresas públicas já existentes devem, no prazo de noventa dias a contar da pu-
blicação da presente lei, apresentar ao Governo ou a respectiva Câmara Municipal proposta
de novos estatutos, adaptados às normas do presente lei.
Artigo 23º
(Revogação)
São revogados, a lei nº 63/III/89, de 30 de Dezembro, o Decreto nº 115/90, de 8 de
Dezembro, o Decreto-Lei nº 196/91, de 30 de Dezembro, Decreto-Lei nº 148/92, de 30 de
Dezembro, o Estatuto do Gestor Público aprovado pelo Decreto-Lei nº 15-B/90, de 30 de
Março, salvo quando ao disposto nos artigos 20º, 21º e 22º e toda a legislação que contraria
o disposto na presente Lei.
Artigo 24º
(Entrada em vigor)
A presente lei entra em vigor trinta dias pós a sua publicação.
Aprovada em 26 de Abril de 1999.
O Presidente da Assembleia Nacional, em exercício, José Maria Pereira Neves.
Promulgada em 15 de Junho de 1999.
Publique-se.
O Presidente da República, ANTÓNIO MANUEL MASCARENHAS GOMES
MONTEIRO.
Assinada em 16 de Junho de 1999.
O Presidente da Assembleia Nacional, em exercício, José Maria Pereira Neves.
392
Decreto-Lei nº 16/2000, de 27 de Março
393
Decreto-Lei nº 16/2000, de 27 de Março
394
Decreto-Lei nº 16/2000, de 27 de Março
395
Decreto-Lei nº 26/2006, de 6 de Março
396
Decreto-Lei nº 26/2006, de 6 de Março
397
Decreto-Lei nº 26/2006, de 6 de Março
398
Decreto-Lei nº 26/2006, de 6 de Março
2. Aos portos de pesca ou de recreio e outros sem tráfego comercial, que não
sejam servidos por Estradas Nacionais de classe superior;
3. Aos locais estratégicos de interesse nacional, que não sejam servidos por Es-
tradas Nacionais de classe superior.
Artigo 8º
Estradas Municipais
Consideram-se nesta classe, todas as vias de comunicação que estabelecem a ligação
aos restantes aglomerados populacionais, aos sítios de interesse turístico que não sejam
servidas por outra estrada de classe superior e áreas de menor acessibilidade.
Artigo 9º
Aplicação e Definições
1. Entende-se por pólos de grande interesse turístico, as localidades turísticas que apre-
sentam uma elevada concentração turística, superior a mil camas.
2. Entende-se por locais de grande interesse turístico, as restantes localidades turísti-
cas, com uma capacidade consolidada entre quinhentas a mil camas.
3. Entende-se por sítios de interesse turístico, as localizações de elementos históricos,
patrimoniais, culturais e naturais/paisagísticos, a serem objecto de classificação por parte
das respectivas Câmaras Municipais.
4. Entende-se por portos de pesca ou de recreio os portos naturais ou artificiais que
servem de base a pelo menos vinte embarcações de pesca artesanal ou de recreio, ou que
possuem uma instalação industrial ligada à pesca.
5. Nos casos em que uma mesma estrada serve ligações classificadas em diferentes
níveis, prevalece a classe de nível superior.
6. Nos casos em que se apresentam várias alternativas de ligação, prevalece a ligação
que apresente melhores condições de circulação, mesmo que a distância seja maior.
Artigo 10º
Código
1. A classe de estradas é identificada por um código próprio constituído nos termos de
artigo 11º.
2. O código de identificação de uma estrada nacional é constituído pela abreviatura
da respectiva categoria e classe, EN1 para as estradas nacionais de 1ª classe, EN2 para as
estradas de 2ª classe, EN3 para as estradas de 3ª classe, seguido da abreviatura do nome da
ilha onde a mesma se situa, mais o respectivo número de ordem.
3. O código de identificação de estradas municipais é constituído pela abreviatura da
respectiva categoria EM, seguida da abreviatura do nome do concelho onde a mesma se
situa, mais o respectivo número de ordem.
399
Decreto-Lei nº 26/2006, de 6 de Março
Artigo 11º
Abreviaturas
1. As abreviaturas correspondentes a cada ilha são as seguintes:
a) Santo Antão (SA);
b) São Vicente (SV);
c) São Nicolau (SN);
d) Sal: (SL);
e) Boavista (BV);
f) Maio (MA);
g) Santiago (ST);
h) Fogo (FG);
i) Brava (BR);
j) Santa Luzia (SZ).
2. As abreviaturas dos nomes dos concelhos ou localidades onde se situa a sede de
município são as seguintes:
a) Porto Novo (PN);
b) Ribeira Grande (RG);
c) Paul (PL);
d) São Vicente (SV);
e) Ribeira Brava (RB);
f) Tarrafal (SN);
g) Sal (SL);
h) Boavista (BV);
i) Maio (MA);
j) Praia (PR);
k) Ribeira Grande ST (RE);
l) Santa Catarina ST (SC);
m) S.Salvador do Mundo (SS);
n) Santa Cruz (SR);
o) S.Lourenço dos Orgãos (OR);
p) Tarrafal ST (TF);
q) São Miguel (SM);
400
Decreto-Lei nº 26/2006, de 6 de Março
401
Decreto-Lei nº 26/2006, de 6 de Março
Artigo 16º
Enquadramento técnico-normativo
As principais características técnicas, dinâmicas e ambientais das estradas dependem
dos níveis de serviço e constarão da portaria do membro do Governo responsável pela área
das infra-estruturas.
Artigo 17º
Revogação
É revogado o Decreto nº 429/70, de 23 de Janeiro de 1971.
Artigo 18º
Entrada em vigor
O presente diploma entra em vigor no dia seguinte ao da sua publicação.
Visto e aprovado em Conselho de Ministros.
José Maria Pereira Neves - Manuel Inocêncio Sousa
Promulgado em 17 de Janeiro de 2005.
Publique-se.
O Presidente da República (Interino), ARISTIDES RAIMUNDO LIMA
Referendado em 17 de Janeiro de 2005.
O Primeiro-Ministro, José Maria Pereira Neves.
402
Decreto-Lei nº 26/2006, de 6 de Março
EM-SF-01 Vale dos Cavaleiros - Praia Ladrão Vale dos Cavaleiros - Praia Ladrão
EM-SF-02 Brandão -Cidreira Brandão -Cidreira
EM-SF-03 Vicente Dias - Miguel Gonçalves Vicente Dias-Miguel Gonçalves
EM-SF-04 Forno - Alfarrobeira Forno - Alfarrobeira
EM-SF-05 Forno - Monte Genebra Forno - Monte Genebra
EN1-FG-01 - Nossa Senhora do
EM-SF-06 Socorro EN1-FG-01-Nossa Senhora do Socorro
EM-SF-07 Patim - Monte Genebra Patim - Monte Genebra
EM-SF-08 Patim - Batente Patim - Batente
S. Filipe
Brava
403
Decreto-Lei nº 26/2006, de 6 de Março
EN3-ST-09 São Domingos – Monte Tchota São Domingos – Rui Vaz - Monte Tchota
404
Decreto-Lei nº 26/2006, de 6 de Março
405
Decreto-Lei nº 26/2006, de 6 de Março
ANEXO II
Quadro 2. Estradas Municipais, a que se refere o artigo 4º
406
Decreto-Lei nº 26/2006, de 6 de Março
Boa Vista
Maio
407
Decreto-Lei nº 26/2006, de 6 de Março
408
Decreto-Lei nº 26/2006, de 6 de Março
EM-SC-01 EN3-ST-17 - Entre Picos de Reda EN3-ST-05 - Palha Carga - Entre Picos de Reda
EM-SC-02 Chã-De-Tanque - Mato Sancho Chã-De-Tanque - Mato Sancho
EM-SC-03 Tomba Touro - Mato Sancho Tomba Touro - Mato Sancho
EM-SC-04 Ribeirão Isabel - Boa Entradinha Ribeirão Isabel - Boa Entradinha
EM-SC-05 EN1-ST-01 - Pau Verde EN1-ST-01 - Gil Bispo - Pau Verde
EM-SC-06 Ponta Boa Entrada - Simão Nunes Ponta Boa Entrada - Djulandji - Simão Nunes
EM-SC-07 Ribeira da Barca - Achada Leite Ribeira da Barca - Achada Leite
Santa Catarina
409
Decreto-Lei nº 26/2006, de 6 de Março
EM-SF-01 Vale dos Cavaleiros - Praia Ladrão Vale dos Cavaleiros - Praia Ladrão
EM-SF-02 Brandão -Cidreira Brandão -Cidreira
EM-SF-03 Vicente Dias - Miguel Gonçalves Vicente Dias-Miguel Gonçalves
EM-SF-04 Forno - Alfarrobeira Forno - Alfarrobeira
EM-SF-05 Forno - Monte Genebra Forno - Monte Genebra
EN1-FG-01 - Nossa Senhora do
EM-SF-06 Socorro EN1-FG-01-Nossa Senhora do Socorro
EM-SF-07 Patim - Monte Genebra Patim - Monte Genebra
EM-SF-08 Patim - Batente Patim - Batente
S. Filipe
Brava
20LQLVWURGH(VWDGRHGDV,QIUDHVWUXWXUDVH7UDQVSRUWHV0DQXHO,QRFrQFLR6RXVD
410
Decreto-Lei nº 26/2006, de 6 de Março
X - ASSOCIAÇÃO DE MUNICÍPIOS
411
Decreto-Lei nº 26/2006, de 6 de Março
412
Lei nº 50/VI/2004, de 13 de Setembro
413
Lei nº 50/VI/2004, de 13 de Setembro
414
Lei nº 50/VI/2004, de 13 de Setembro
Artigo 12º
Entrada em vigor
A presente lei entra em vigor no dia seguinte ao da sua publicação.
Aprovada em 27 de Julho de 2004.
O Presidente da Assembleia Nacional, Aristides Raimundo Lima.
Promulgada em 17 de Agosto de 2004
Publique-se.
O Presidente da República, PEDRO VERONA RODRIGUES PIRES
Assinada em 23 de Agosto de 2004.
O Presidente da Assembleia Nacional, Aristides Raimundo Lima.
415
Decreto-Lei n.º 106/90, de 8 de Dezembro
416
Decreto-Lei n.º 106/90, de 8 de Dezembro
Artigo 3º
(Processo de constituição)
1. Compete aos Conselhos Municipais dos Municípios interessados promover diligên-
cias necessárias à constituição da associação, por iniciativa própria ou recomendação da
Assembleia Municipal.
2. Concluído o processo de negociação e acordado entre os Conselhos Municipais
um projecto de estatutos da associação, cada um submetê-lo-á à apreciação da respectiva
Assembleia Municipal.
3. Aprovado o projecto de estatutos por todas as Assembleias Municipais, a associação
constituir-se-á por escritura pública a lavrar pelo Notário do Município da sede da mesma,
sendo outorgantes os Presidentes dos Conselhos Municipais interessados.
4. A constituição da associação será comunicada ao Ministro de tutela pelo Município
em cujo território a associação tenha a sua sede, para efeitos de registo.
Artigo 4º
(Estatutos)
1. Os estatutos da associação devem designar a sua sede, objecto e composição, fixar
a sua duração, no caso de não ser constituída por tempo indeterminado, a contribuição de
cada Município para as despesas comuns, a competência dos seus órgãos e, bem assim,
estabelecer todas as demais disposições necessárias ao seu bom funcionamento.
2. Os estatutos devem ainda fixar as condições de ingresso de novos associados e tam-
bém as de abandono por parte dos Municípios que integrar a associação.
3. Os estatutos podem ser modificadas por acordo dos Municípios associados, obser-
vando-se, para o efeito, as disposições estabelecidas no presente diploma para a respectiva
aprovação.
4. Os estatutos da Associação e suas modificações serão publicados gratuitamente no
Boletim Oficial.
Artigo 5º
(Órgãos da Associação)
São órgãos da Associação:
a) A Assembleia Intermunicipal;
b) O Conselho de Administração 106:
106 A terminologia utilizada em todas as Associações de Municípios, incluindo a Nacional, é o Conselho Directivo.
417
Decreto-Lei n.º 106/90, de 8 de Dezembro
Artigo 6º
(Assembleia Intermunicipal)
1. A Assembleia Intermunicipal é o órgão deliberativo da associação e é constituída
pelos presidentes ou seus substitutos e por três conselheiros de cada um dos conselhos
associados.
2. Os Presidentes dos Conselhos dos Municípios associados são obrigatoriamente
membros da Assembleia Intermunicipal, podendo, no entanto, delegar a sua representação
em qualquer conselheiro municipal.
3. A duração do mandato dos membros da Assembleia Intermunicipal é igual à do
mandato para os órgãos do Município, salvo se, por qualquer motivo, o membro deixar de
pertencer ao órgão do Município que representa, caso em que é eleito novo membro que,
completará o mandato do anterior titular.
4. A Assembleia Municipal reunirá ordinariamente uma vez por trimestre, e extraordi-
nariamente sempre que necessário a pedido de qualquer dos Municípios associados.
5. Os trabalhos da Assembleia Intermunicipal são dirigidos por uma mesa constituída
por um Presidente e dois Secretários, a eleger de entre os seus membros.
6. A Assembleia Intermunicipal só pode deliberar estando presentes pelo menos 2/3
dos seus membros em efectividade de funções.
Artigo 7º
(Conselho de Administração)
1. O Conselho de Administração é o órgão executivo da associação e é composto por
três representantes dos Municípios associados, eleitos pela Assembleia Intermunicipal de
entre os seus membros.
2. Os membros do Conselho de Administração escolherão entre si o Presidente.
3. A duração do mandato do Conselho de Administração é de um ano, tacitamente re-
novável, se na primeira Assembleia Intermunicipal que se realizar depois do seu termo não
se proceder à eleição de novo Conselho Administrativo.
4. No caso de vacatura do cargo por parte de qualquer membro do Conselho de Admi-
nistração, deve o novo membro ser eleito na primeira reunião da Assembleia Intermunici-
pal que se realizar após a verificação da vaga e completar o mandato do anterior titular.
5. Os membros do Conselho de Administração cessam funções se, por qualquer moti-
vo, deixarem de pertencer ao órgão do Município que representam.
6. É obrigatoriamente eleito novo Conselho de Administração no início de cada man-
dato do Conselho Municipal.
7. O Conselho de Administração terá uma reunião mensal e as extraordinárias que o
Presidente entender convocar para o bom funcionamento da Associação.
418
Decreto-Lei n.º 106/90, de 8 de Dezembro
419
Decreto-Lei n.º 106/90, de 8 de Dezembro
420
Decreto-Lei n.º 106/90, de 8 de Dezembro
2. Sempre que as necessidades do serviço o exijam, pode ser criado um quadro de pes-
soal próprio da Associação, cabendo à Assembleia Intermunicipal a sua fixação.
3. O regime jurídico do pessoal da Associação é o mesmo que o previsto na lei para o
pessoal dos quadros municipais.
Artigo 17º
(Tutela)
As Associações de Municípios estão sujeitas à tutela legalmente prevista para os Mu-
nicípios.
Artigo 18º
(Continuidade do mandato)
A Assembleia Intermunicipal e o Conselho de Administração servem pelo período do
mandato e mantém-se em actividade até serem estatutáriamente substituídas.
Artigo 19º
(Extinção da Associação)
1. A Associação extingue-se pelo decurso do prazo, se não tiver sido constituída por
tempo indeterminado, pelo preenchimento do seu fim ou por deliberação de todos os Mu-
nicípios associados.
2. Se os estatutos não dispuserem diversamente, o património da Associação, no caso
de extinção, é repartido entre os Municípios, na proporção da respectiva contribuição para
as despesas da Associação, ressalvados os direitos de terceiros.
Artigo 20º
(Vigência)
Este Decreto entra em vigor no 30º dia a contar do dia seguinte ao da sua publicação.
Visto e aprovado em Conselho de Ministros.
Pedro Pires- JoãoPereira Silva- Arnaldo França.
Promulgado em 27 de Novembro de 1990.
Publica-se.
O Presidente da Republica, ARISTIDES MARIA PEREIRA.
421
Decreto-Lei n.º 106/90, de 8 de Dezembro
422
Decreto-Lei n.º 106/90, de 8 de Dezembro
XI - CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
423
Lei nº 17/VII/2007, de 10 de Setembro
424
Lei nº 17/VII/2007, de 10 de Setembro
425
Lei nº 17/VII/2007, de 10 de Setembro
426
Lei nº 17/VII/2007, de 10 de Setembro
427
Lei nº 17/VII/2007, de 10 de Setembro
428
Lei nº 17/VII/2007, de 10 de Setembro
Artigo 18.º
Certificação
1. A UGA só pode iniciar as suas funções, após verificação, por parte da entidade regu-
ladora, de que possui a capacidade adequada.
2. No caso da entidade reguladora verificar que a UGA possui pessoal suficientemente
apto e experiente em aquisições para promover um concurso, emite, por escrito, um certi-
ficado, no qual especifica:
a) A entidade ou entidades adquirentes em relação às quais a UGA está qualifi-
cada para promover concursos;
b) O valor e complexidade das aquisições em relação às quais a UGA se mostra
qualificada para promover concursos, considerando a formação e experiência
em aquisições do seu pessoal.
3. Periodicamente, tendo por base as verificações efectuadas, a entidade reguladora
pode:
a) Certificar outras UGA perante outras entidades adquirentes, indicando as
aquisições para as quais se encontram habilitadas;
b) Promover ou desqualificar uma UGA, delimitando o âmbito dessa decisão.
Artigo 19.º
Pessoal
1. As UGAs devem ser integradas por técnicos com competência e experiência nos
domínios técnicos, económicos, jurídicos e de mercados públicos na área de aquisições,
e, quando necessário, pelo pessoal administrativo, e de suporte e dirigida por pessoa com
experiência em procedimentos de aquisição.
2. Conforme as circunstâncias a entidade adquirente em relação às quais a UGA se
encontra certificada para conduzir as aquisições, pode designar funcionários de entre o
seu pessoal com experiência em aquisições, sem prejuízo da sua certificação pela entidade
reguladora.
3. A UGA, mediante autorização da entidade reguladora, pode solicitar o acompanha-
mento da condução dos concursos por outros peritos de outras entidades adquirentes ou por
outros consultores.
Artigo 20.º
Funções
1. A UGA desenvolve todas as actividades conducentes à realização das aquisições
públicas, tal como definidas nos capítulos seguintes, em todas as suas fases, até à apresen-
tação de uma proposta de adjudicação junto da entidade adquirente.
429
Lei nº 17/VII/2007, de 10 de Setembro
2. O exercício das funções cometidas à UGA deve ser desenvolvido de acordo com
o presente diploma e as directivas da entidade reguladora, a quem devem ser fornecidos
todos os relatórios e informação sobre os concursos e aquisições.
CAPÍTULO iII
Tipos e escolha de procedimentos
SECÇÃO I
Tipos de procedimentos
Artigo 21.º
Tipos
1. A aquisição pública, a concessão de obras públicas e a concessão de serviços públi-
cos, devem ser precedidas de um dos seguintes procedimentos:
a) Concurso público;
b) Concurso limitado por prévia qualificação;
c) Aquisição competitiva;
d) Ajuste directo;
e) Administração Directa.
2. No concurso público qualquer interessado que reúna os requisitos exigidos no pre-
sente diploma e nos termos a regulamentar pode apresentar uma proposta.
3. No concurso limitado por prévia qualificação, apenas os seleccionados pela UGA,
na fase de candidatura, podem apresentar propostas.
4. A aquisição competitiva implica o convite a pelo menos três interessados, devendo
a adjudicação ser feita ao candidato que apresente o preço mais baixo para os bens, obras
ou serviços a adquirir.
5. O ajuste directo não implica a consulta a vários fornecedores de bens, serviços ou
obras.
6. Na administração directa, a entidade adquirente utiliza pessoal e equipamento pró-
prio, nos termos a regulamentar.
SECÇÃO II
Concurso público
Artigo 22.º
Concurso público
1. O concurso público deve ser o método privilegiado em todas as aquisições públicas.
2. Os outros métodos devem ser utilizados tendo em consideração a complexidade téc-
nica e os montantes mínimos e máximos estabelecidos nos termos regulamentar ou quando
a segurança pública interna ou externa o aconselhe.
430
Lei nº 17/VII/2007, de 10 de Setembro
Artigo 23.º
Concurso público numa fase
Os procedimentos de concurso público numa fase são executados de acordo com o dis-
posto no Capítulo IV deste diploma, sendo aplicáveis a todos os interessados que reúnam
os requisitos para apresentação de propostas.
Artigo 24.º
Concurso público em duas fases
1. O método do concurso público em duas fases é obrigatoriamente seguido, com a
tramitação constante do artigo 59.º, nos seguintes casos:
a) Aquisições “chave-na-mão” ou aquisições para grandes e complexos estabel-
ecimentos ou obras, incluindo complexa tecnologia de informática e comuni-
cação;
b) Outras aquisições em que, pela sua complexidade técnica, não seja aconsel-
hável ou razoável preparar, antecipadamente, a totalidade das especificações
técnicas;
c) Concessões de obras públicas e concessões de serviços públicos.
Artigo 25.º
Dispensa de concurso público
Independentemente do valor, o concurso público é dispensado quando, verificada a
conveniência para o interesse do Estado, ocorra um dos seguintes casos:
a) Quando a segurança pública interna ou externa o aconselhe;
b) Os procedimentos de concurso público e de concurso limitado por prévia
qualificação não tenham dado lugar à apresentação de qualquer proposta, em
condições de poder conduzir a uma adjudicação.
SECÇÃO III
Outros métodos para aquisição de bens, obras e serviços
Artigo 26.º
Concurso limitado por prévia qualificação
O concurso limitado por prévia qualificação pode ter lugar, sempre que:
a) Os bens, obras e serviços possam ser adquiridos junto de entidades pré-quali-
ficadas;
b) Os bens, obras e serviços possam ser objecto de uma identificação precisa e
clara, contendo todas as suas especificações;
c) O valor estimado não seja superior ao valor máximo de aplicação deste mé-
todo, nos termos a regulamentar.
431
Lei nº 17/VII/2007, de 10 de Setembro
Artigo 27.º
Aquisição competitiva
A aquisição competitiva pode ter lugar, sempre que:
a) Os bens, obras e serviços a serem adquiridos encontrem-se disponíveis no mer-
cado e correspondam a um padrão específico, não especialmente produzido ou
fornecido de acordo com indicações particulares da entidade adquirente;
b) Existam no mercado pelo menos, três interessados e em condições de for-
necerem os bens ou serviços ou executar as obras;
c) O valor estimado não seja superior ao valor máximo de aplicação deste mé-
todo, nos termos a regulamentar.
Artigo 28.º
Ajuste directo
1. O ajuste directo pode ter lugar, quando o valor estimado não seja superior ao valor
máximo de aplicação deste método, nos termos a regulamentar e sempre que:
a) Se trate de empreitada, bem, serviço, concessão de obras públicas ou con-
cessão de serviços públicos para a qual um único fornecedor possua as quali-
ficações exigidas e que tenha uma patente, uma licença, ou direitos exclusivos
e nenhuma alternativa exista para a sua substituição;
b) Se trate de serviços complementares não incluídos no contrato inicial, mas
que, na sequência de circunstâncias imprevisíveis, não possam ser técnica ou
economicamente separados sem graves inconvenientes para a entidade adju-
dicante;
c) Se trate de entregas complementares destinadas à substituição parcial de bens
fornecidos ou de instalações de uso corrente ou à ampliação de fornecimentos
ou de instalações existentes, desde que, cumulativamente:
(i) A mudança de fornecedor obrigue a entidade adjudicante a adquirir material
de técnica diferente que origine uma incompatibilidade ou dificuldades técni-
cas desproporcionadas de utilização e manutenção;
(ii) A adjudicação seja feita ao fornecedor inicial;
d) Se trate de novos serviços que consistam na repetição de serviços similares
confiados ao prestador de serviços a quem foi adjudicado o contrato anterior
pela mesma entidade adjudicante;
e) Os procedimentos de concurso público e de concurso limitado por prévia
qualificação não tenham dado lugar à apresentação de qualquer proposta, em
condições de poder conduzir a uma adjudicação;
432
Lei nº 17/VII/2007, de 10 de Setembro
433
Lei nº 17/VII/2007, de 10 de Setembro
434
Lei nº 17/VII/2007, de 10 de Setembro
435
Lei nº 17/VII/2007, de 10 de Setembro
Artigo 33.º
Caderno de encargos
1. O caderno de encargos é o documento que contém, ordenados por artigos numera-
dos, as cláusulas jurídicas e técnicas, gerais e especiais, a incluir no contrato a celebrar.
2. Havendo caderno de encargos tipo, devidamente aprovado para a categoria de con-
trato posto a concurso, deve o caderno de encargos conformar-se com o tipo legal, apenas
com as cláusulas especiais indicadas para o caso e com as alterações nas cláusulas gerais
permitidas pela própria fórmula ou que sejam aprovadas pela autoridade que haja firmado
o acto ou referendado o acto pelo qual se tornou obrigatória a fórmula típica.
Artigo 34.º
Especificações técnicas
1. As especificações técnicas definem as características exigidas de um produto, tais
como os níveis de qualidade ou de propriedade de utilização, a segurança, as dimensões,
incluindo as prescrições aplicáveis ao produto, no que respeita ao sistema de garantia de
qualidade, à terminologia, aos símbolos, aos ensaios e métodos de ensaio, à embalagem,
à marcação e à rotulagem, e que permitem caracterizar objectivamente um material, um
produto ou um bem a fornecer, de maneira a que corresponda à utilização a que é destinado
pela entidade adquirente.
2. As especificações técnicas podem ser completadas por um protótipo do material ou
do elemento, devendo o mesmo ser expressamente identificado nos documentos que ser-
vem de base ao procedimento.
3. As especificações técnicas devem descrever, de forma clara, imparcial e precisa, o
trabalho a ser executado e o seu local, os bens a serem fornecidos, o local de entrega ou ins-
talação, os prazos de entrega ou conclusão, exigências mínimas para a execução, e quais-
quer termos e condições pertinentes, incluindo a definição de quaisquer testes, padrões e
métodos a serem utilizados para julgar a conformidade do equipamento a ser entregue ou
as obras a serem executadas.
4. Os desenhos têm de ser consistentes com o texto das especificações e estas têm de
definir a ordem de precedência entre os desenhos e textos, no caso de existirem divergên-
cias.
5. Não é permitido fixar especificações técnicas que mencionem produtos de uma dada
fabricação ou proveniência ou mencionar processos de fabrico particulares, cujo efeito seja
o de favorecer ou eliminar determinadas empresas ou produtos, sendo igualmente proibido
utilizar marcas, patentes ou tipos de marca ou indicar uma origem ou produção determi-
nada, salvo quando haja impossibilidade na descrição das especificações, caso em que é
permitido o uso daqueles, acompanhados da expressão “ou equivalente”.
6. O cumprimento por parte dos concorrentes de todas as especificações técnicas pre-
vistas no caderno de encargo não os inibe do dever de apresentação do bem ou serviço a
adquirir de forma que sirvam o fim a que se destina.
436
Lei nº 17/VII/2007, de 10 de Setembro
Artigo 35.º
Esclarecimentos e modificações dos documentos de concurso
1. Os esclarecimentos sobre os documentos de concurso devem ser submetidos, por
escrito, à UGA competente, para o endereço indicado no programa do concurso, até à data
limite fixada no programa de concurso.
2. A UGA deve responder por escrito, no prazo de 10 dias úteis, sem contudo identi-
ficar quem solicitou os esclarecimentos, sendo a resposta enviada a todos os concorrentes
que tenham recebido os documentos de concurso.
3. Se a resposta da UGA não puder ser recebida por todos os concorrentes antes do prazo
fixado para a apresentação das propostas para a pré-qualificação ou concurso, aquele prazo
deve ser prorrogado, de modo a que os concorrentes tenham tempo para considerar aquela
resposta na preparação das suas propostas para a pré-qualificação ou para o concurso.
4. Em qualquer momento, antes do prazo para apresentação das propostas para a pré-
qualificação ou para o concurso, a UGA competente pode, por sua própria iniciativa ou em
resposta a um pedido de esclarecimento, modificar os documentos de concurso, emitindo
uma adenda, que deve ficar a fazer parte integrante dos mesmos.
5. Qualquer adenda deve ser comunicada imediatamente a todos os concorrentes que
tenham solicitado os documentos de concurso.
6. Se uma adenda levar à necessidade da prorrogação do prazo para apresentação das
propostas, a UGA deve notificar desse facto todos os concorrentes que tenham solicitado
os documentos de concurso.
SECÇÃO II
Regras de participação
Artigo 36.º
Concorrente
É concorrente a entidade, pessoa singular ou colectiva, com personalidade jurídica,
que participa em qualquer concurso ou procedimento previsto no presente diploma.
Artigo 37.º
Requisitos gerais de elegibilidade
1. Os procedimentos para a admissão e exclusão de concorrentes devem ser especifi-
cados nos termos a regulamentar.
2. Não podem ser concorrentes as entidades que:
a) Se encontrem em estado de insolvência ou situação de falência, de liquidação,
de cessação de actividade, sujeitas a qualquer meio preventivo de liquidação
de patrimónios ou em qualquer situação análoga;
437
Lei nº 17/VII/2007, de 10 de Setembro
438
Lei nº 17/VII/2007, de 10 de Setembro
439
Lei nº 17/VII/2007, de 10 de Setembro
CAPÍTULO V
Procedimentos de aquisição
Artigo 40.º
Procedimentos do concurso
1. Os procedimentos especificados neste capítulo devem ser seguidos em todos os
concursos e têm o seu desenvolvimento nos termos a regulamentar.
2. No caso de se verificar divergência entre os procedimentos fixados neste Capítulo e
outros requisitos dos procedimentos de aquisição autorizado ou com os regulamentos, são
os primeiros que prevalecem.
Artigo 41.º
Planeamento das aquisições
1. Com seis meses de antecedência relativamente ao encerramento de cada ano, cada
entidade adquirente prepara e submete à entidade responsável pela aquisição de bens do
Estado e à UGA competente o seu plano de aquisições para o ano seguinte, o qual deve ser
objecto de publicação.
2. O plano de aquisições pode mediante fundamentada justificação, ser objecto de,
pelo menos, uma alteração.
3. O plano de aquisições deve identificar as aquisições necessárias, as UGA a serem
designadas para cada aquisição, e o procedimento de aquisição a ser utilizado.
4. O plano de aquisições deve ser elaborado de modo a evitar a subtracção à utilização
de um método apropriado, através do fraccionamento do valor das aquisições.
5. As autarquias locais podem escolher serem assessoradas pela entidade responsável
pela aquisição de bens comuns, caso em que têm que submeter o plano anual de aquisições
àquela entidade.
6. As UGA´s e a entidade responsável pelas aquisições dos bens do Estado, sob pro-
posta das entidades adquirentes, podem no decurso da execução do plano de aquisições,
propor, mediante justificação adequada, as alterações necessárias à prossecução dos objec-
tivos do plano anual previamente aprovado.
Artigo 42.º
Atribuição de meios de financiamento
A decisão de contratar não pode ser tomada sem que a respectiva despesa esteja orça-
mentada ou que, comprovadamente, exista uma expectativa razoável e justificada de que os
financiamentos necessários se encontram garantidos.
Artigo 43.º
Comunicações e língua do concurso
1. Salvo qualquer disposição em contrário na presente Lei, nos documentos de con-
curso ou no contrato, as comunicações entre concorrentes, fornecedores e contratantes e
440
Lei nº 17/VII/2007, de 10 de Setembro
as UGA’s, entidades adquirentes e entidade reguladora, devem ser efectuadas por escrito e
enviadas em mãos, correio, fax, correio electrónico, disco de computador ou disquete ou
outra forma de comunicação electrónica.
2. Os documentos de concurso podem ser enviados electronicamente desde que se
verifiquem os seguintes pressupostos:
a) Os convites para a pré-qualificação ou para participação no concurso previa-
mente, especifiquem que os documentos de concurso possam ser enviados aos
interessados por meios electrónicos;
b) Os interessados não tenham requerido o seu envio por correio normal;
c) Os documentos de concurso tenham sido enviados aos interessados que ten-
ham requerido o seu envio por correio normal;
d) O sistema electrónico apresente níveis de segurança adequados, capazes de
evitar modificações não autorizadas, sem restringir o acesso dos interessados
aos documentos de concurso.
3. Os documentos de concurso devem ser redigidos na língua oficial de Cabo Verde ou,
não o sendo, devem ser acompanhados de tradução devidamente legalizada e em relação à
qual o concorrente declara aceitar a prevalência, para todos os efeitos, sobre os respectivos
originais.
4. Excepcionalmente, outra língua pode ser utilizada com dispensa de tradução, desde
que no programa de concurso se especifique os documentos e os idiomas admitidos.
5. As comunicações que precisem e não incluam assinatura original têm de ser con-
firmadas por escrito, com assinatura, em data não posterior à do envio da comunicação
original.
Artigo 44.º
Indivisibilidade das aquisições
1. A aquisição de bens, obras, ou serviços só pode ser objecto de adjudicações separa-
das quando o objecto da contratação tiver natureza divisível, e desde que não haja prejuízo
para o conjunto a ser adquirido, nas condições definidas nos termos a regulamentar.
2. Nenhuma aquisição pode ser dividida em lotes com o fim de evitar a aplicação de
um determinado método de aquisição, sendo proibido o fraccionamento da despesa com
intenção de a subtrair ao regime previsto no presente diploma.
Artigo 45.º
Aquisições conjuntas de bens e serviços
1. Após a recepção dos planos de aquisições, a entidade responsável pelas aquisições
de bens do Estado pode agregar as aquisições de bens e serviços, tendo em atenção a sua
natureza e as necessidades das entidades adquirentes.
441
Lei nº 17/VII/2007, de 10 de Setembro
442
Lei nº 17/VII/2007, de 10 de Setembro
Artigo 48.º
Revisão das especificações
A UGA pode, precedendo consulta à entidade adquirente, solicitar revisões às especi-
ficações e definições dos trabalhos.
CAPÍTULO VI
Proposta
Artigo 49.º
Conceito de proposta
A proposta é a declaração pela qual o concorrente manifesta à entidade adjudicante a
sua inequívoca vontade de contratar.
Artigo 50.º
Documentos da proposta
1. A proposta é constituída pelos seguintes documentos:
a) Declaração do concorrente de aceitação dos termos e condições constantes do
caderno de encargos;
b) Documentos exigidos no programa de concurso que, em função do objecto
do contrato a celebrar e dos aspectos do caderno de encargos, contenham os
termos e condições em que o concorrente se dispõe a contratar.
2. Integram também a proposta quaisquer outros documentos que o concorrente apre-
sente por os considerar indispensáveis para o efeito da parte final da alínea b) do número
anterior.
3. A declaração referida na alínea a) do n.º 1 deve ser assinada pelo concorrente ou por
representante que tenha poderes para o obrigar.
Artigo 51.º
Propostas não admitidas e rescisão de contratos
1. A UGA ou a entidade adjudicante não deve admitir as propostas ou promover a
rescisão de contratos já celebrados se, após os procedimentos previstos nos termos a regu-
lamentar, se apurar que a decisão de adjudicação foi influenciada por um concorrente ou
um contratante que tiver:
a) Oferecido, directa ou indirectamente, a qualquer actual ou antigo funcionário
ou agente da Administração Pública uma gratuidade, por qualquer forma, em-
prego, ou qualquer outra coisa ou serviço de valor para influenciar um acto
ou decisão de um procedimento seguido pelas entidades interessadas, em con-
exão com os procedimentos de aquisição ou execução do contrato;
b) Deturpado ou omitido factos ou qualquer forma de conluio com outros con-
correntes, a fim de influenciar um processo de aquisição ou a execução dum
contrato, estabelecer preços artificiais ou falsear as regras da concorrência;
443
Lei nº 17/VII/2007, de 10 de Setembro
444
Lei nº 17/VII/2007, de 10 de Setembro
Artigo 54.º
Funcionamento
1. O júri do concurso inicia o exercício das suas funções no dia útil subsequente ao do
envio do anúncio para publicação.
2. O júri só pode funcionar quando o número de membros presentes na reunião corres-
ponda ao número de membros efectivos.
3. As deliberações do júri, que devem ser sempre fundamentadas, são tomadas por
maioria de votos, não sendo admitida a abstenção.
4. Nas deliberações em que haja voto de vencido de algum membro do júri, deve cons-
tar da acta as razões da sua discordância.
Artigo 55.º
Competência
Compete nomeadamente ao júri do concurso:
a) Presidir ao acto público;
b) Proceder à qualificação dos concorrentes admitidos;
c) Proceder à apreciação formal das propostas admitidas.
CAPÍTULO VIII
Apresentação, análise das propostas e adjudicação
Artigo 56.º
Acto público do concurso
1. As propostas apresentadas devem ser abertas, em acto público, no local, data e hora
designados no programa de concurso, nos termos definidos nos regulamentos, sendo, em
voz alta, identificados os concorrentes, lido o preço das propostas e das propostas com va-
riantes, se as houver e outra informação considerada relevante.
2. Nos concursos públicos em duas fases a leitura do preço das propostas tem lugar,
apenas, na segunda fase.
3. Após a abertura das propostas, a informação relativa ao exame, esclarecimentos,
avaliação e recomendação para adjudicação não pode ser divulgada, até ao anúncio da
adjudicação.
Artigo 57.º
Exame e avaliação das propostas
1. A avaliação das propostas deve ser efectuada pelo júri nomeado pela UGA compe-
tente, de acordo com os regulamentos.
445
Lei nº 17/VII/2007, de 10 de Setembro
2. O Júri pode ser assessorado por entidades externas às UGA’s, quando estas não dis-
puserem de pessoal com os conhecimentos e experiência suficiente ou quando possa existir
um conflito de interesses.
3. Os critérios de avaliação constantes dos documentos de concurso devem ser objec-
tivos e de modo a permitir a sua quantificação.
4. Nenhum critério não especificado nos documentos de concurso pode ser usado na
avaliação.
5. Após completar o exame, avaliação e comparação das propostas e das qualificações
dos concorrentes, de acordo com os procedimentos e critérios estabelecidos nos documen-
tos de concurso, o júri notificará a entidade adquirente:
a) Do relatório sobre o exame, comparação e avaliação das propostas e as quali-
ficações dos concorrentes;
b) Da recomendação quanto ao concorrente a quem deve ser adjudicado o con-
trato.
Artigo 58.º
Pós-qualificação
1. Quando se julgar apropriado um procedimento de pós-qualificação, este tem como
objectivo determinar se o concorrente que apresentou a proposta melhor classificada tem a
capacidade e os recursos necessários à execução do contrato.
2. Sempre que o concorrente não preencher os requisitos de qualificação:
a) A proposta deve ser rejeitada;
b) A pós-qualificação deve ser iniciada em relação à proposta classificada imedi-
atamente a seguir.
3. O júri e a UGA devem assegurar que a documentação relativa a todas as pós-quali-
ficações constituem parte dos procedimentos de aquisição e que foram submetidos à enti-
dade adquirente e a entidade reguladora.
4. Quando um concorrente tenha participado numa pré-qualificação, uma comple-
ta pós-qualificação pode ser considerada desnecessária, mas os documentos submetidos
aquando da pré-qualificação devem ser objecto de verificação.
5. A UGA deve considerar os seguintes factores:
a) Quaisquer alterações materiais ocorridas desde a submissão da informação no
procedimento de pré-qualificação;
b) Qualquer informação que tenha ficado disponível desde a pré-qualificação e
que, no critério da UGA, afecte materialmente a capacidade do concorrente
para executar o contrato.
446
Lei nº 17/VII/2007, de 10 de Setembro
447
Lei nº 17/VII/2007, de 10 de Setembro
Artigo 60.º
Condições especiais no concurso limitado por prévia qualificação
1. No concurso limitado por prévia qualificação, a UGA avalia as qualificações dos
interessados de acordo com os critérios e procedimentos estabelecidos nos documentos de
pré-qualificação e de apresentação de proposta.
2. A qualificação depende do interessado reunir o nível mínimo de qualificação baseado
no critério aceite/não-aceite e na experiência, capacidades pessoais e de equipamento, recur-
sos financeiros e outras matérias relevantes especificadas nos documentos de concurso.
3. O relatório de avaliação, com a devida fundamentação, deve ser submetido à en-
tidade adquirente para confirmação, a fim de prosseguir com a aquisição, sendo também
remetido à entidade reguladora, a título informativo.
Artigo 61.º
Critério de adjudicação
1. O critério no qual se baseia a adjudicação é o da proposta economicamente mais van-
tajosa, devendo ter por base factores objectivos e quantificáveis em termos monetários.
2. O preço apresentado deve conter todos os custos relativos ao fornecimento de bens
ou serviços ou execução da obra, incluindo custos incidentais, tais como taxas, seguros e
transporte.
3. O critério de adjudicação não pode ter por base, unicamente, o preço.
4. Na fixação do critério de adjudicação a entidade adquirente deve ponderar outros
factores variáveis, para além do preço, designadamente:
a) Prazo de execução;
b) Custo de utilização;
c) Rendibilidade;
d) Valia técnica da proposta;
e) Serviço pós-venda e de assistência técnica;
f) Garantias prestadas.
CAPÍTULO IX
Celebração do contrato
Artigo 62.º
Aprovações necessárias antes da celebração do contrato
Os regulamentos devem prever as aprovações que têm de ser obtidas antes da celebra-
ção do contrato.
448
Lei nº 17/VII/2007, de 10 de Setembro
Artigo 63.º
Celebração do contrato
1. Após terem sido obtidas as aprovações necessárias nos termos do artigo anterior e
antes de terminar o prazo de validade do concurso, a entidade adquirente deve prontamente
notificar, por escrito:
a) A UGA, da homologação da sua decisão;
b) O concorrente escolhido, especificando:
i) A data em que qualquer procedimento que seja exigido para execução do con-
trato ou as garantias previstas no programa de concurso devam ser apresenta-
das;
ii) A data na qual a entidade adquirente se propõe a assinar o contrato;
c) Todos os outros concorrentes, indicando:
i) O nome do concorrente escolhido;
ii) A data na qual o contrato é assinado;
iii) Que qualquer concorrente que queira conhecer os motivos pelos quais a
sua proposta não foi escolhida pode solicitar um esclarecimento à UGA,
a qual deve ser prestada, no prazo de 5 dias úteis, por escrito ou em audi-
ência, de acordo com indicação da UGA;
iv) Que qualquer reclamação contra a decisão tomada deve ser apresentada
no prazo de cinco dias úteis a contar da publicação da notificação da pro-
posta de adjudicação, nos termos previstos do número 2 deste artigo ou
do esclarecimento prestado nos termos do parágrafo iii) da alínea b) deste
número, o que ocorrer mais tarde.
2. A notificação da proposta de adjudicação deve ser publicada nos termos previstos
no artigo 64.º.
3. A entidade adjudicante deve assinar o contrato com o concorrente escolhido após
recepção da garantia de execução requerida ou nos cinco dias úteis após a publicação pre-
vista no número 2 deste artigo ou da notificação da proposta de adjudicação, o que ocorrer
mais tarde.
4. O contrato entra em vigor na data da sua assinatura.
5. Se a entidade adjudicante decidir não assinar o contrato com o concorrente escolhi-
do, deve comunicar tal posição à UGA, a qual deve conter:
a) Uma detalhada e razoável explicação, por escrito, justificando a sua decisão;
b) Uma recomendação para subsequente acção na aquisição em questão.
449
Lei nº 17/VII/2007, de 10 de Setembro
6. A notificação efectuada nos termos do número anterior deve ser incluída no registo
de aquisições constante do presente diploma.
CAPÍTULO X
Transparência e publicidade
Artigo 64.º
Publicações
1. As UGA’s devem publicitar, de forma adequada, todos os documentos de concurso
e suas alterações, quaisquer outras recomendações relacionadas com aquisições futuras e
todos os contratos celebrados, através da sua colocação no website da entidade reguladora
na Internet e no Boletim Oficial nos casos em que a lei determine.
2. As UGA’s devem, ainda, colocar a informação prevista no número 1 deste artigo,
nos seus boletins informativos, bem como promover a sua divulgação nos boletins infor-
mativos das entidades adquirentes e num dos jornais de maior divulgação no país.
3. No caso de se tratar de um concurso internacional, a UGA deve, ainda, submeter a
informação para publicação em dois jornais técnicos de tiragem internacional.
4. A entidade reguladora também deve publicar e divulgar, através de subscrição ou
qualquer outro meio, incluindo publicação no seu website da internet:
a) Todos os documentos tipo a ser usados pelas UGA em conexão com as
aquisições;
b) Todas as alterações ao presente diploma, regulamentos e quaisquer matérias
que afectem as aquisições;
c) O seu relatório anual a Assembleia Nacional e ao Conselho de Ministros.
Artigo 65.º
Registos
1. As UGA’s e as entidades adquirentes devem manter um registo detalhado das suas
aquisições, de modo à entidade reguladora poder verificar o cumprimento das disposições
do presente diploma.
2. Para cada aquisição o registo deve conter, como especificações mínimas:
a) Informação acerca dos bens, obras ou serviços adquiridos;
b) Os nomes dos concorrentes;
c) As minutas da acta de abertura do concurso;
d) Nome do contratante ao qual o contrato foi outorgado;
e) O valor do contrato;
f) Cópias dos documentos de concurso;
450
Lei nº 17/VII/2007, de 10 de Setembro
451
Lei nº 17/VII/2007, de 10 de Setembro
452
Lei nº 17/VII/2007, de 10 de Setembro
Artigo 76.º
Publicação de relatórios
Os relatórios respeitantes às auditorias efectuadas devem ser publicados nos termos
previstos no artigo 64.º do presente diploma.
CAPÍTULO XIII
Disposições transitórias
Artigo 77º
Entidade responsável pelas aquisições dos bens do Estado
Para efeitos da condução dos processos previstos no artigo 45º do presente diploma, a
entidade responsável pelas aquisições dos bens do Estado é a Direcção Geral do Património
do Estado devidamente capacitada com recursos técnicos e humanos que para o efeito será
dotada.
Artigo 78.º
Comissão independente para as aquisições públicas
1. Enquanto não for criada a entidade reguladora, algumas das atribuições serão desem-
penhadas por uma comissão independente de aquisições públicas abreviadamente designa-
da CIAP, constituída por três a cinco membros designados por Conselho de Ministros.
2. São atribuições da CIAP:
a) Elaborar normas técnicas e directivas para boa execução das aquisições pú-
blicas;
b) Zelar para uma adequada formação dos funcionários e agentes;
c) Difundir informação;
d) Conduzir as auditorias previstas no artigo 75º da presente lei;
e) Preparar os cadernos sobre cláusulas administrativas gerais e coordenação da
redacção dos cadernos de cláusulas técnicas gerais;
f) Elaborar e apresentar os relatórios.
CAPÍTULO XIV
Disposições finais
Artigo 79.º
Regulamentos
1. O Governo aprova os regulamentos necessários à boa execução do presente diploma.
2. Os regulamentos devem ser aprovados no prazo de três meses.
Artigo 80.º
Aquisições electrónicas
1. As trocas de informações ocorridas na sequência da aplicação do presente diploma
podem ser objecto de uma transmissão pela via electrónica nas condições fixadas por via
regulamentar.
453
Lei nº 17/VII/2007, de 10 de Setembro
454
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro
455
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro
456
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro
457
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro
458
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro
459
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro
460
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro
461
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro
3. Sem prejuízo do disposto nos números antecedentes, a entidade que deva fixar um
prazo de dias fá-lo-á através de marcação de data certa, desde que tal não possa trazer in-
certezas ou eventual prejuízo ao respectivo beneficiário.
SECÇÃO II
Proibições
Artigo 3º
Contratos mistos
1. Apenas é permitida a celebração de contratos cujo objecto abranja, simultaneamen-
te, prestações típicas de vários dos contratos a que se aplica o presente Regulamento, se
tais prestações forem técnica ou funcionalmente incindíveis ou, embora o não sejam, se
demonstrar que, pela complementaridade ou acessoriedade da prestação de menor valor, a
sua separação causaria graves inconvenientes para a Entidade Adjudicante.
2. Na realização de despesas e na contratação pública que abranja, simultaneamente,
empreitadas de obras públicas e aquisição de bens e serviços nos termos do número 1 ante-
cedente, aplica-se o regime previsto para a componente de maior expressão financeira.
Artigo 4º
Proibição de fraccionamento das aquisições
1. É estritamente proibido fraccionar ou subdividir o valor dos contratos ou a execução
de um projecto com a intenção de iludir os tipos de procedimentos estabelecidos na Lei das
Aquisições Públicas e no presente Regulamento.
2. Considera-se que há intenção de iludir os tipos de procedimentos estabelecidos nes-
ta lei quando:
a) Os bens, obras ou serviços objecto do contrato se adquiram ou executem sepa-
radamente em parcelas, etapas, partes ou lotes de menor valor, sendo suscep-
tíveis de entrega ou execução programada por um montante maior; ou
b) As prestações complementares à provisão de bens ou execução de obras que
representem em valor uma percentagem inferior ao objecto principal do con-
trato se efectuem em um ou mais contratos separados do contrato respeitante
ao objecto principal.
Artigo 5º
Casos em que não se considera existir fraccionamento
Não se considera que existe fraccionamento:
a) Quando, com o objectivo de aumentar o número de ofertantes, ou por razões
de complexidade ou financiamento da provisão do bem ou execução da obra,
devidamente ponderadas pela Convocante, um concurso público seja progra-
mado e executado por etapas, partes, pacotes ou lotes. Nestes casos, a proi-
462
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro
463
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro
Artigo 8º
Fins da ARAP
São fins da ARAP:
a) Assegurar, como última instância administrativa na matéria e dentro das suas
atribuições, a boa gestão dos dinheiros públicos empregues na aquisição de
bens e serviços, bem como na concessão de obras e serviços públicos e ainda
na contratação de empreitadas de obras públicas;
b) Assegurar para que os processos aquisitivos referidos na alínea a) se desen-
volvam de acordo com os princípios da legalidade, liberdade de acesso aos
procedimentos, economia e eficiência, interesse público, igualdade, propor-
cionalidade, transparência, publicidade e outros previstos na Lei;
c) Assegurar que nos procedimentos de aquisição pública e na formação e
execução dos subsequentes contratos, sejam tidos em conta os vectores de
produção, contratação e indústria de serviços em Cabo Verde, em conformi-
dade com a Lei;
d) Assegurar que nos procedimentos de aquisição pública, bem como na for-
mação e execução dos subsequentes contratos sejam tidos em conta o desen-
volvimento económico, o respeito pelas políticas de natureza social levadas a
cabo pelas instituições públicas e o respeito pela qualidade e preservação do
ambiente;
e) Contribuir, de forma pedagógica, para o incremento de uma cultura de boas
práticas de aquisições públicas entre os funcionários e agentes das entidades
Adjudicantes e das UGA, tal como definidas na Lei;
f) Zelar pela garantia da sã concorrência entre todas as pessoas, físicas ou ju-
rídicas, efectiva ou potencialmente Concorrentes aos processos de aquisições
públicas; e
g) Zelar, atenta e permanentemente, de forma preventiva e não só, no sentido de
detectar, esclarecer e combater quaisquer sinais de corrupção que ameacem
afectar, ainda que de modo circunstancial, o sistema de aquisições públicas.
Artigo 9º
Atribuições e competências da ARAP
São atribuições e competências da ARAP:
a) Elaborar e emitir normas técnicas e directivas destinadas a garantir o melhor
funcionamento das UGA e dos júris no cumprimento das funções que legal-
mente lhes cabem e todo o processo de aquisições públicas;
b) Acompanhar e supervisionar todo o processo de aquisições públicas, para que
as mesmas se processem em conformidade com as normas, procedimentos e
464
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro
465
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro
466
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro
467
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro
Artigo 16º
Simplificação e Modernização Administrativa
O acesso aos procedimentos e trâmites derivados de contratações públicas será sim-
ples e transparente, sob regras gerais, objectivas e claras, removendo-se toda a burocracia
que não se mostre necessária.
Artigo 17º
Princípio da imparcialidade
1. Nos procedimentos devem ser ponderados todos os interesses públicos e privados
relevantes, uns com os outros e entre si.
2. Os programas de concurso, cadernos de encargos e outros documentos que servem
de base ao procedimento não podem conter qualquer cláusula que vise favorecer ou preju-
dicar certo interessado ou categoria de Interessados em Contratar, nem tão pouco é permi-
tida, na sua aplicação, qualquer interpretação que contrarie esse princípio.
Artigo 18º
Princípio da protecção do ambiente
Na formação e execução dos contratos públicos as entidades públicas e privadas en-
volvidas devem, nos limites do possível e razoável, priorizar aquisições, obras, soluções
e actuações ecológicas, entendendo-se como tal as que melhor contribuam para a redução
dos impactos ambientais negativos e evitar as actuações contrárias.
Artigo 19º
Princípio do desenvolvimento da produção,
contratação e indústria de serviços
Nos procedimentos de aquisição, na formação e aquisição dos contratos, devem ser
ponderados todos os factores que permitam desenvolver os vectores da produção, contrata-
ção e indústria de serviços em Cabo Verde.
Artigo 20º
Princípio da boa fé
1. Na formação e execução dos contratos, as entidades públicas e privadas devem agir
segundo as exigências de identidade, autenticidade e veracidade na comunicação.
2. Os programas de concurso, cadernos de encargos e outros documentos que servem de
base ao procedimento, bem como os contratos, devem conter disposições claras e precisas
Artigo 21º
Princípio da concorrência
Na formação dos contratos deve garantir-se aos Interessados em Contratar o mais am-
plo acesso aos procedimentos e em cada procedimento deve ser consultado o maior número
de interessados, no respeito pelo número mínimo que a lei imponha.
468
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro
Artigo 22º
Economia e eficiência
1. Na formação e execução dos contratos, as entidades Adjudicantes devem optimizar
a utilização dos recursos disponíveis e satisfação das necessidades colectivas que a lei de-
fine como suas atribuições
2. As entidades Adjudicantes obrigam-se a planear e programar suas contratações de
modo que as necessidades públicas se satisfaçam com a oportunidade, a qualidade e o custo
que assegurem ao Estado Cabo-verdiano as melhores condições, sujeitando-se a disposi-
ções de racionalidade, austeridade e disciplina orçamental.
Artigo 23º
Princípio da programação anual
1. Os processos de contratação devem ser programados e planificados através da ela-
boração de planos anuais de aquisições e de outros instrumentos e meios previstos no sis-
tema regulado de contratações públicas.
2. Deve ser evitada, quanto possível, a contratação avulsa pelas diversas entidades Ad-
judicantes, que possa facilitar procedimentos de contratação de menor visibilidade pública,
afastamento injustificado do método do concurso público através das aquisições urgentes
ou do fraccionamento das aquisições.
Artigo 24º
Princípio da estabilidade
1. Salvo nas circunstâncias específicas previstas neste regulamento, os programas de
concurso, cadernos de encargo e outros documentos que servem de base ao procedimento
devem permanecer inalterados durante a pendência dos respectivos procedimentos.
2. Nos procedimentos em que não esteja prevista qualquer negociação, as propostas
apresentadas pelos Concorrentes são inalteráveis até à Adjudicação.
3. Efectuada a Adjudicação, podem ser introduzidos, por acordo entre as partes, ajusta-
mentos à proposta escolhida, desde que as alterações digam respeito a condições acessórias
e sejam inequivocamente em benefício da Entidade Adquirente.
4. Quando já tenham sido apresentadas propostas, a Entidade Adjudicante não pode
desistir de contratar, Salvo nas circunstâncias específicas previstas neste regulamento.
SECÇÃO II
Objectivos do sistema; Sistema de Informação
Electrónica como meta a atingir
Artigo 25º
Objectivos do sistema
O Sistema Regulado de Contratações Públicas prossegue os seguintes objectivos ba-
silares:
a) Assegurar a boa gestão dos dinheiros públicos no processo de contratação
pública;
469
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro
470
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro
CAPÍTULO III
Fase administrativa da formação dos contratos
SECÇÃO I
Disposições gerais
Artigo 29º
Conformidade orçamental
As operações de contratação pública que as Entidades Adjudicantes realizem deverão
ajustar-se:
a) Às previsões e políticas para a aplicação de recursos contemplados no Orçamento
Geral do Estado vigente ou no Orçamento Municipal correspondente; e
b) Ao cronograma de recursos orçamentais, atendendo à sua efectiva disponibi-
lidade, de acordo com o plano de tesouraria respectivo.
Artigo 30º
Condições prévias ao início do procedimento
1. Como condição prévia para iniciar qualquer procedimento de contratação segundo
a natureza do projecto, as Entidades Adquirentes deverão contar com o estudo, desenhos,
incluídos planos e cálculos, especificações gerais e técnicas, devidamente concluídas, e em
todos os casos, com a programação, os orçamentos e demais documentos que se conside-
rem necessários, exceptuando-se apenas as aquisições Chave-na-Mão, em que o desenho é
responsabilidade do Contratado.
2. Só poderá comprometer-se ao pagamento que se encontre expressamente previsto
no Orçamento Geral do Estado ou no Orçamento Municipal respectivo ou determinado
em lei ou resolução posterior; e somente se poderá adjudicar ou contratar aquisições e
serviços quando se conte com saldo disponível na correspondente categoria orçamental,
salvo autorização prévia do Ministério que se ocupe da área das finanças públicas, ou da
Assembleia Municipal, conforme couber, devendo-se, nesses casos, assinalar nos anúncios
editais que a validade da contratação ficará sujeita à aprovação da categoria orçamental
correspondente.
3. No caso de o financiamento obtido deixar de estar disponível ou de ocorrerem cir-
cunstâncias excepcionais que possam resultar na impossibilidade de a Entidade Adquirente
contratar, esta informará, de forma expedita, a UGA, solicitando a interrupção dos proce-
dimentos de aquisição.
Artigo 31º
Estimativa de custo
1. Partindo da estimativa de custo de cada contrato as Entidades Adquirentes provi-
denciarão a atribuição específica das verbas orçamentais e, com as UGA, determinarão o
procedimento de contratação a seguir, em conformidade com as disposições da Lei e do
presente diploma.
471
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro
472
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro
473
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro
Artigo 35º
Planos Provisórios de Aquisições Agrupadas (PPAA)
1. Recebidos das Entidades Adquirentes os respectivos Planos Anuais de Aquisições,
a UGAC procede ao exame comparativo dos mesmos no sentido de formar uma convic-
ção provisória acerca das possibilidades de agrupamentos de aquisições e elabora logo
os competentes Planos Provisórios de Aquisições Agrupadas (abreviadamente, “PPAA”)
constituídos por mapas provisórios de aquisições agrupadas, no que couber e por docu-
mentos anexos àqueles contendo as características identificadoras de cada bem ou serviço
a adquirir no conjunto agrupado, de acordo com as identificações a que se refere o número
1 do artigo 34º.
2. Os PPAA são remetidos até 31 de Julho às UGA a que respeitam as respectivas
aquisições.
3. Se durante o exame a que se refere o número 1 a UGAC concluir que para o fim em
vista se mostra necessária ou conveniente alguma harmonização, ou uniformização, nas
características de certos bens ou serviços a adquirir, elaborará logo uma proposta de ajus-
tamentos, a apresentar às UGA juntamente com os PPAA.
4. Com a remessa dos PPAA às UGA, a UGAC informará a estas dos contactos refe-
ridos no n.º 2 do art. 34º e, para efeitos do disposto no número 4 do artigo 36º, designará
logo para cada agrupamento uma UGA a quem incumbe da coordenação dos processos de
harmonização aí previstos e da elaboração dos documentos consensuais que os reflictam,
podendo a própria UGAC coordenar o processo quanto às aquisições agrupadas em que
participe o Ministério da área das finanças.
Artigo 36º
Elaboração e harmonização dos documentos das aquisições
1. Recebido da respectiva Entidade Adquirente o Plano Anual de Aquisições a que
se refere o artigo 34º, n.º 1, cada UGA elabora documentos contendo as especificações
técnicas, os termos de referência ou cadernos de encargos concernentes aos diversos bens
ou serviços a adquirir, ou obras a realizar ou concessões a contratar, incluindo o programa
respeitante a cada aquisição em concreto, nomeadamente quantidades, faseamentos, datas
e o mais que se mostrar pertinente, em aprofundamento dos elementos fornecidos pela
Entidade Adquirente.
2. Recebidos os PPAA, cada UGA envia imediatamente à UGAC e às outras UGA do
mesmo agrupamento o trabalho efectuado em conformidade com o número 1, o qual deverá
estar completo, embora sujeito a posteriores ajustamentos.
3. Se, entretanto, a UGA entender que, por razões especiais e ponderosas, a aquisi-
ção agrupada do algum bem ou serviço traria inconvenientes à Entidade Adquirente, sem
maiores benefícios para o conjunto, assim informará logo à UGAC, apresentando as suas
razões.
474
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro
475
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro
Secção III
476
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro
477
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro
478
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro
479
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro
Artigo 48º
Ética das Entidades do Sistema
1. As Entidades do Sistema e respectivos agentes envolvidos nos processos de contra-
tação pública devem agir com lisura e honestidade na sua relação com todos os intervenien-
tes nos procedimentos.
2. As Entidades Adquirentes e as UGA devem conduzir os processos de contratação
com absoluta integridade, de forma a merecerem a confiança e respeito dos Interessados
em Contratar, abstendo-se em cada momento de actos que possam causar equívoco sobre a
sua isenção e autonomia.
3. Todas as Entidades do Sistema envolvidos num certo procedimento de aquisição de-
vem mencionar, por escrito, qualquer interesse pessoal que possa ter derivado de ligações
especiais com algum Concorrente ou potencial Concorrente envolvido no mesmo, pedindo
escusa no caso de terem tal interesse.
4. Todas essas ocorrências devem constar no processo individual do funcionário e no
ficheiro do processo.
Artigo 49º
Sanções por actuação antiética
1. A violação as regras do artigo 48º é considerada falta grave e deve levar à desqua-
lificação, pela ARAP, de membros da UGA e da UGAC envolvidos e ao afastamento de
quaisquer processos de contratação pública futuros dos funcionários ou agentes das Enti-
dades Adjudicantes que por ela sejam responsáveis
2. As sanções e medidas previstas no número 1 podem se tomadas a título cautelar,
devendo então revestir carácter reservado, enquanto não decorrer processo com audiência
prévia do interessado, em que este possa produzir prova e não for proferida a decisão, em
conformidade com regulamento a estabelecer pela ARAP.
Artigo 50º
Exclusão de Concorrentes e rescisão de contratos por razão ética
1. A UGA deve excluir qualquer Adjudicatário se, na sequência de processo conforme
regulamentação a instituir pela ARAP, se apurar que tiver:
a) Oferecido, directa ou indirectamente, a qualquer Entidade do Sistema
ou agente relevante, uma gratuidade por qualquer forma, seja emprego ou
qualquer coisa ou serviço de valor, para influenciar, a seu favor ou a favor de
alguém a quem esteja ligado por interesses ou amizade, um acto ou decisão
num procedimento de contratação pública;
b) Deturpado ou omitido factos ou entrado em conluio com outros Concorrentes
a fim de influenciar negativamente um processo de contratação, nomeada-
480
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro
481
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro
482
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro
criminal que ao caso couber, para o que será dado conhecimento ao Ministério Público,
impossibilitado de, durante dois anos, concorrer a procedimentos abertos pela Entidade
Adjudicante, para além da sanção referida no número 2 antecedente.
4. O processo para a comprovação a que se refere o número 3 é o do artigo 51º, com as
necessárias adaptações, conforme regulamento aprovado pela ARAP.
Artigo 54º
Lista de entidades não elegíveis
1. A ARAP deve manter uma lista de entidades impossibilitadas de concorrer nos ter-
mos do número 3 do artigo 53º e inelegíveis nos termos das alíneas do número 1 do artigo
52º, a qual será transmitida às UGA, para efeitos de controlo.
2. A lista referida no número 1 antecedente deve conter os motivos da inclusão de cada
entidade e o período de inelegibilidade, se for o caso, bem como qualquer outra informação
considerada pertinente, devendo ser actualizada pelo menos uma vez por mês e publicada.
Artigo 55º
Agrupamento de Concorrentes
1. É permitida a apresentação de propostas ou candidaturas por um agrupamento de
Concorrentes, o qual deve assumir a forma jurídica exigida, quando lhe for adjudicado o
contrato e aquela forma seja necessária à boa execução do mesmo.
2. Cada uma das entidades que compõe o agrupamento deve apresentar os documentos
que são exigidos para acompanhar as propostas ou candidaturas.
3. As entidades que constituem o agrupamento terão de designar um representante
comum com poder amplo e suficiente para tratar de tudo o que esteja relacionado com o
procedimento, constituem um domicílio único e assumem solidariamente as obrigações
emergentes da apresentação da oferta.
4. O agrupamento deve apresentar:
a) Nome e domicílio das pessoas integrantes, bem como os documentos que at-
estam a sua qualidade legal;
b) Nome dos representantes de cada um dos membros do agrupamento, bem
como os documentos que atestam os seus poderes de representação;
c) Descrição das partes objecto do contrato que a cada membro caberá cumprir;
d) Estipulação expressa de que cada um dos assinantes ficará obrigado de for-
ma conjunta e solidária com os demais integrantes, para comprometer-se por
qualquer responsabilidade derivada do contrato que se firme; e
e) O mais que a Convocante estime necessário, de acordo as particularidades do
concurso.
483
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro
Secção II
Capacidades exigíveis dos Concorrentes
Artigo 56º
Habilitações profissionais
1. Quando legalmente exigido, os Concorrentes devem ser titulares de habilitações ou
autorizações profissionais específicas ou membros de determinadas organizações profissio-
nais para poderem prestar determinado serviço.
2. Pode ser exigida, a qualquer momento, prova das situações previstas no número 1
antecedente, devendo, para o efeito, ser fixado um prazo razoável.
Artigo 57º
Capacidade financeira
1. Para avaliação da capacidade financeira dos Concorrentes, pode ser exigida a apre-
sentação dos seguintes documentos:
a) Declarações bancárias adequadas ou prova da subscrição de um seguro de
riscos profissionais;
b) No caso de pessoas colectivas, documentos de prestação de contas dos três
últimos exercícios findos ou dos exercícios findos desde a constituição, caso
esta tenha ocorrido há menos de três anos;
c) No caso de pessoas singulares, declarações do IUR apresentadas nos três últi-
mos anos; e
d) Declaração do Concorrente na qual indique, em relação aos três últimos anos,
o volume global dos seus negócios e dos fornecimentos de bens ou serviços
objecto do procedimento.
2. Podem, excepcionalmente, ser exigidos ainda outros elementos probatórios, desde
que os mesmos interessem especialmente à finalidade do contrato.
3. Quando o Concorrente, justificadamente, não estiver em condições de apresentar os
documentos exigidos, pode provar a sua capacidade financeira através de outros documen-
tos, desde que estes sejam aceites pela entidade competente para a admissão das propostas
ou candidaturas.
4. Para efeitos do disposto no número anterior, pode o interessado solicitar informa-
ções à entidade competente para a admissão das propostas ou candidaturas, sendo aplicável
o regime previsto na Lei, relativo ao pedido e prestação de esclarecimentos.
Artigo 58º
Capacidade técnica
1. Para a avaliação da capacidade técnica dos Concorrentes, incluindo a conformidade
das soluções técnicas propostas com as características do fornecimento dos bens ou servi-
484
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro
ços, pode ser exigida, de acordo com a natureza, quantidade e finalidade do fornecimento,
a apresentação dos seguintes documentos:
a) Lista dos principais bens ou serviços fornecidos nos últimos três anos, respec-
tivos montantes, datas e destinatários, a comprovar por declaração destes ou,
na sua falta e tratando-se de destinatários particulares, por simples declaração
do Concorrente;
b) Descrição do equipamento técnico utilizado pelo Concorrente;
c) Indicação dos técnicos ou dos órgãos técnicos integrados ou não na empresa e,
mais especificamente, daqueles que têm a seu cargo o controlo de qualidade,
bem como das habilitações literárias e profissionais desses técnicos, especial-
mente dos afectos ao fornecimento dos bens ou serviços;
d) Indicação do pessoal efectivo médio anual do Concorrente nos últimos três
anos;
e) Descrição dos métodos adoptados pelo Concorrente para garantia da quali-
dade e dos meios de estudo e investigação que utiliza;
f) Certificado emitido por instituto ou serviço oficial incumbido do controlo da
qualidade, com competência reconhecida e que ateste a conformidade dos
bens devidamente identificados, mediante referência a certas especificações
ou normas; e
g) Certificado emitido por organismos independentes para a certificação da con-
formidade do prestador de serviços com determinadas normas de garantia da
qualidade.
2. Se os bens ou serviços a fornecer forem complexos ou se, excepcionalmente, se
destinarem a um fim especial, pode a Entidade Adjudicante efectuar um controlo relativo
à capacidade de produção do fornecedor de bens ou à capacidade técnica do prestador de
serviços.
3. Se necessário, o controlo previsto no número anterior pode ainda abranger os meios
de estudo e de investigação que o fornecedor de bens ou serviços utilize, bem como as
medidas adoptadas para controlo da qualidade.
4. Para efeitos do disposto nos números 2 e 3, pode a Entidade Adjudicante recorrer a
um organismo oficial competente do país onde o fornecedor está estabelecido, sob reserva
do acordo desse organismo.
5. É aplicável à comprovação da capacidade técnica dos Concorrentes o disposto nos
números 2 a 4 do artigo anterior.
485
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro
SECÇÃO III
Cauções e direitos com elas relacionados
Artigo 59º
Modos de prestação das cauções
1. As cauções exigidas no presente diploma podem ser prestadas por depósito em di-
nheiro ou em títulos emitidos ou garantidos pelo Estado, ou mediante garantia bancária ou
seguro-caução, conforme escolha do Concorrente, Adjudicatário ou Contratado.
2. O depósito de dinheiro ou títulos efectua-se numa instituição de crédito, à ordem
da entidade previamente indicada nos documentos que servem de base ao procedimento,
devendo ser especificado o fim a que se destina.
3. Se o Concorrente, o Adjudicatário ou o Contratado prestarem a caução mediante
garantia bancária, devem apresentar um documento pelo qual um estabelecimento bancário
legalmente autorizado assegure, até ao limite do valor da caução, o imediato pagamento
de quaisquer importâncias exigidas pela Entidade Adjudicante, por simples alegação de
incumprimento das obrigações.
4. Tratando-se de seguro-caução, o Concorrente, Adjudicatário ou Contratado devem
apresentar apólice pela qual uma entidade legalmente autorizada a realizar esse seguro
assuma, até ao limite do valor da caução, o encargo de satisfazer de imediato quaisquer
importâncias exigidas pela Entidade Adjudicante, por simples alegação de incumprimento
das obrigações.
5. Das condições da garantia bancária ou da apólice de seguro-caução não pode, em
caso algum, resultar uma diminuição das garantias da Entidade Adjudicante, nos moldes
em que são asseguradas pelas outras formas admitidas de prestação da caução, ainda que
não tenha sido pago o respectivo prémio.
6. Todas as despesas derivadas da prestação da caução são da responsabilidade do
Adjudicatário.
Artigo 60º
Garantia de manutenção da proposta
1. O anúncio público do concurso deve especificar a garantia a ser prestada para a ma-
nutenção da proposta, nos prazos referidos no artigo 88º.
2. A não apresentação da garantia implica a não aceitação da proposta.
3. A garantia será considerada perdida se o Concorrente, após a abertura das propostas,
retirar a sua proposta antes de terminar o período de manutenção das propostas, ou não
apresentar qualquer garantia solicitada para efeitos de outorga do contrato.
4. Não será exigida a prestação da garantia de manutenção da proposta para a aquisição
de serviços de Consultoria, nem para a aquisição de bens e serviços de uso comum, salvo,
neste caso, se a Entidade Adquirente, por fundamentadas razões, o entender conveniente e
fizer constar do anúncio de concurso.
486
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro
487
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro
2. O fundo formado nos termos do número antecedente pode ser substituído por uma
apólice de seguro a contento do dono da obra.
3. O prazo de reembolso estabelecido no número 1 pode ser ampliado em até no máxi-
mo trinta dias, segundo as características da obra executada.
Artigo 64º
Pagamentos parciais e adiantamentos caucionados
1. De acordo com as condições contratuais fixadas e sem prejuízo da existência de
adiantamentos, podem ser efectuados pagamentos parciais por conta do valor total do con-
trato, desde que os bens já entregues ou os serviços prestados sejam de valor igual ou
superior aos pagamentos.
2. Podem ser autorizados adiantamentos por conta de bens a entregar ou serviços a
prestar quando, cumulativamente:
a) O valor dos adiantamentos não seja superior a 30% do montante total do con-
trato, incluindo o IVA;
b) Seja prestada caução de valor igual ou superior aos adiantamentos efectuados; e
c) O contrato seja integralmente executado no ano económico em que a realiza-
ção da despesa foi autorizada, sem prejuízo da existência de eventuais garan-
tias.
3. Quando a despesa dê lugar a encargo orçamental em mais de um ano económico,
podem ser autorizados adiantamentos desde que, cumulativamente:
a) O valor dos adiantamentos não seja superior a 30% do montante fixado no
contrato, incluindo o IVA, relativamente a pagamentos a efectuar no ano
económico em que se procede aos adiantamentos;
b) Seja prestada caução de valor igual ou superior aos adiantamentos efectuados; e
c) No ano económico em que são efectivados os adiantamentos sejam entregues
bens ou prestados serviços de montante igual ou superior aos valores adiantados.
4. Os adiantamentos só podem ser autorizados em casos devidamente fundamentados
e efectivados desde que tenham sido previstos nas condições contratuais fixadas.
5. Em casos excepcionais e devidamente fundamentados podem ser autorizados adian-
tamentos maiores e sem que estejam reunidas todas as condições previstas nos números 2
e 3, desde que obtida a anuência do Ministro das Finanças.
6. A obtenção da anuência a que se refere o número antecedente cabe ao órgão compe-
tente para autorizar a respectiva despesa.
7. Nas Consultorias individuais só pode ser exigida caução para adiantamentos corres-
pondentes ao mínimo de 20% do valor total, incluindo o IVA.
488
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro
Artigo 65º
Redução da caução por adiantamentos
1. O reembolso dos adiantamentos faz-se por dedução nos pagamentos, de acordo com
as condições contratuais fixadas.
2. A pedido do Contratado, a caução deve ser reduzida à medida que se procede à dedu-
ção nos pagamentos ou quando aquele forneça bens ou serviços de valor igual ou superior
ao montante da redução sem que se tenha procedido ao respectivo pagamento.
3. Ocorrendo a situação prevista no número anterior, a caução deve ser reduzida ou to-
talmente liberada nos 30 (trinta) dias subsequentes ao pedido apresentado, sendo aplicável
o disposto no n.º 3 do artigo 62º
Artigo 66º
Não celebração do contrato em trinta dias após prestação da caução
1. Sem prejuízo da fixação de um prazo diferente e excepcional, devidamente justifi-
cado nos documentos que servem de base ao procedimento, o contrato deve ser celebrado
no prazo máximo de 30 (trinta) dias a contar da prova da prestação da caução de boa exe-
cução.
2. O Adjudicatário não é obrigado a prover os bens, a prestar o serviço ou executar a
obra, se a Entidade Adquirente, por causas a si própria imputáveis, não subscrever o con-
trato dentro do prazo indicado no número precedente.
3. O atraso da Entidade Adquirente na formalização dos respectivos contratos, ou na
entrega de adiantamentos, prorroga em igual prazo a data de cumprimento das obrigações
assumidas por ambas as partes.
4. Não havendo lugar à prestação de caução, o prazo fixado no número 1 conta-se a
partir da aceitação da minuta ou, consoante o caso, do conhecimento da decisão sobre a
reclamação contra aquela.
5. A entidade pública Contratante deve comunicar ao Adjudicatário com a antecedên-
cia mínima de cinco dias a data, hora e local da celebração do contrato.
Artigo 67º
Liberação da caução e desvinculação da proposta pelo Adjudicatário
por atraso da Entidade Adquirente na assinatura do contrato
Se a Entidade Adquirente não celebrar o contrato no prazo fixado, nem apresentar
uma explicação credível para o atraso, pode o Adjudicatário desvincular-se da proposta,
libertando-se da caução que haja sido prestada, sendo reembolsado de todas as despesas
e demais encargos decorrentes da prestação da caução, sem prejuízo de direito a justa in-
demnização.
489
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro
Artigo 68º
Execução da caução e Adjudicação do contrato a outro Concorrente
1. Se o Adjudicatário não assinar o contrato, por causas a si imputáveis, dentro do
prazo do número 1 do artigo 66º, a Convocante pode, sem necessidade de um novo proce-
dimento, adjudicar o contrato ao Concorrente que tenha apresentado a proposta classificada
em segundo lugar, em conformidade com o estabelecido na decisão de Adjudicação, e as-
sim sucessivamente, caso o segundo não aceite a Adjudicação, sempre que a diferença de
preço em relação à proposta que inicialmente tenha sido ganhadora não seja superior a dez
por cento ou o Concorrente aceite reduzir sua oferta até essa percentagem.
2. No caso referido no número antecedente a UGA promoverá a execução da garantia
de manutenção de oferta que o Adjudicatário ou Contratado houver apresentado e avisa do
facto à ARAP.
SECÇÃO IV
Tipos de procedimentos
Artigo 69º
Enumeração e caracterização geral
1. Salvo quando realizadas por administração directa, a aquisição pública de bens ou
serviços, a concessão de obras públicas e a concessão de serviços públicos, devem ser pre-
cedidas de um dos seguintes procedimentos:
a) Concurso público;
b) Aquisição competitiva; ou
c) Ajuste directo.
2. No concurso público qualquer interessado que reúna os requisitos previstos na Lei
e no presente diploma pode apresentar uma proposta, nos termos do anúncio público para
o efeito efectuado.
3. A aquisição competitiva implica o convite a pelo menos três interessados, devendo
a Adjudicação ser feita ao Candidato que apresente o preço mais baixo para os bens, obras
ou serviços a adquirir.
4. O ajuste directo não implica a consulta a vários fornecedores de bens, serviços ou
obras.
Artigo 70º
Limitação do concurso público por qualificação prévia
Nas circunstâncias do artigo 80º, o concurso público pode, entretanto, ser precedido
de duma prévia qualificação dos Candidatos, nos termos dos artigos 81º e 96º, limitando-se
então o direito de apresentação de propostas aos Candidatos pré-qualificados.
490
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro
Artigo 71º
Concurso público restrito numa segunda fase
Nas circunstâncias do artigo 84º, o concurso público desenvolve-se obrigatoriamente
em duas fases, nos termos do artigo 97º, sendo a segunda fase limitada aos Candidatos
cujas propostas foram seleccionadas na primeira.
Artigo 72º
Determinação do procedimento em função do valor da contratação
Salvo nas circunstâncias previstas no presente regulamento em que se deva ou possa
aplicar um método específico, independentemente do valor, aplica-se:
a) O concurso público quando:
i) O custo estimado da contratação seja igual ou superior a 10.000 contos,
tratando-se de empreitada ou concessão de obras ou serviços públicos;
ou
ii) O custo estimado da aquisição seja igual ou superior a 5.000 contos, tratando-
se de contratação para aquisição ou fornecimento de bens ou serviços;
b) A aquisição competitiva quando custo estimado da contratação seja:
i) Igual ou superior a 3.500 contos e inferior a 10.000 contos, tratando-se de
empreitada ou concessão de obras ou serviços públicos; ou
ii) Igual ou superior a 2.000 contos e igual e inferior a 5.000 contos, tratan-
do-se de aquisição ou fornecimento de bens ou serviços; e
c) O ajuste directo quando o custo estimado seja inferior a qualquer dos valores
referidos nas alíneas antecedentes, respeitantes a empreitadas ou aquisição ou
fornecimento de bens ou serviços.
Artigo 73º
Concurso público em casos de valor inferior a 10.000 contos
Sendo o valor inferior a 10.000 contos, a entidade competente para autorizar a despesa
pode decidir-se pelo concurso púbico, desde que ao caso não caiba ajuste directo em virtu-
de de razão prevista neste regulamento que seja diferente do valor e que na circunstância
torne absolutamente inadequado o concurso público.
Artigo 74º
Dispensa do concurso público, independentemente do valor
1. Independentemente do valor, o concurso público deve ser dispensado, por despacho
da autoridade competente para autorizar a despesa e verificada a conveniência para o inte-
resse do Estado, nas seguintes circunstâncias:
a) Quando a segurança pública interna ou externa aconselhe a aquisição com-
petitiva ou o ajuste directo;
491
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro
492
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro
b) Nos casos da alínea b) do número 1 do artigo 74º, em que seja possível a Ad-
judicação a um ex-Concorrente;
c) Nos casos da alínea c) do número 1 artigo 74º;
d) Nos casos da alínea d) do número 1 do artigo 74º;
e) Nos casos em que ocorra, desde logo, uma situação em que o concurso públi-
co poderia ser cancelado, nos termos da alíneas b) e c) do número 3 do artigo
103º;
f) Quando se trate de empreitada, aquisição de bem ou serviço, concessão de
obras públicas ou concessão de serviços públicos para os quais um único
fornecedor possua as qualificações exigidas e que tenha uma patente, uma
licença, ou direitos exclusivos e nenhuma alternativa exista para a sua substi-
tuição;
g) Quando se trate de serviços complementares não incluídos no contrato inicial,
mas que, na sequência de circunstâncias imprevisíveis, não possam ser técni-
ca ou economicamente separados sem graves inconvenientes para a Entidade
Adjudicante;
h) Quando se trate de entregas complementares destinadas a substituição parcial
de bens fornecidos ou de instalações de uso corrente ou a ampliação de for-
necimentos ou de instalações existentes, desde que, cumulativamente:
(i) A mudança de fornecedor obrigue a Entidade Adjudicante a adquirir material
de técnica diferente que origine uma incompatibilidade ou dificuldades técni-
cas desproporcionadas de utilização e manutenção; e
(ii) A Adjudicação seja feita ao fornecedor inicial;
i) uando se trate de novos serviços que consistam na repetição de serviços simi-
lares confiados ao prestador de serviços a quem foi adjudicado o contrato
anterior pela mesma Entidade Adjudicante;
j) Quando o procedimento de concurso público não tenham dado lugar a apre-
sentação de qualquer proposta, em condições de poder conduzir a uma Ad-
judicação, ou quando, tendo sido declarado deserto um concurso público, a
Entidade Adquirente tenha optado logo pelo ajuste directo, nos termos da
alínea a) do presente artigo;
k) Quando se encontrar em vigor um contrato celebrado com uma Entidade Ad-
quirente relativamente a um bem de uso comum ao abrigo do qual aquisições
de outras Entidades Adquirentes possam ser adicionadas;
l) Na medida do estritamente necessário, por motivos de urgência imperiosa,
quando:
493
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro
(i) As circunstancias invocadas não possam ser controladas pela UGA ou pela
Entidade Adquirente e não lhes sejam, em caso algum imputáveis; e
(ii) O recurso ao ajuste directo não seja utilizado como modo de evitar o respeito
pelos princípios da igualdade e transparência.
2. Nos casos a que se refere a alínea k) as Entidades Adquirentes deverão notificar a
ARAP, para que publicite o contrato existente nos termos do artigo 64º da Lei.
Artigo 78º
Administração directa
1. Pode adoptar-se a administração directa quando, em obras públicas, a Entidade Ad-
quirente possa utilizar o seu próprio pessoal e equipamento.
2. A administração directa só pode ser usada:
a) No que respeita a obras de pequena dimensão, ou em locais pouco
acessíveis;
b) Em trabalhos que tenham de ser efectuados sem causar a interrupção de oper-
ações correntes;
c) O pessoal e equipamento da Entidade Adquirente garantam um menor grau de
interrupções inevitáveis dos trabalhos; ou
d) Em situações de emergência, que justifiquem uma pronta actuação.
CAPÍTULO VI
Concurso público
SECÇÃO I
Nacional e internacional
Artigo 79º
Concursos públicos nacionais e internacionais
1. Os concursos públicos são nacionais quando neles somente possam participar pes-
soas físicas ou jurídicas domiciliadas no país e que reúnam os requisitos legais para as
práticas dos actos a que respeita o concurso;
2. Os concursos públicos são internacionais quando neles possam participar tanto pes-
soas físicas ou jurídicas domiciliadas no país, quanto aquelas que o não estejam.
3. Podem ser realizados concursos públicos internacionais, nos seguintes casos, se não
se impuserem razões legais para um ajuste directo:
a) Quando seja obrigatório, conforme o estabelecido em tratados internacionais
de que a República de Cabo Verde seja parte;
b) Quando assim se houver estipulado em acordos de empréstimo subscritos com
organismos internacionais multilaterais, ou acordos de cooperação bilateral;
494
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro
495
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro
496
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro
497
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro
498
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro
2. Assim que as propostas apresentadas nos termos previstos no número 1 deste artigo
sejam recebidas pela UGA, devem ser colocadas em local fechado cuja chave ou combina-
ção deve ficar na posse do responsável da UGA ou de quem, em situações de ausência ou
impedimento, legalmente o substitua.
3. A UGA deve manter um registo das propostas apresentadas.
Artigo 88º
Prazo para apresentação de propostas
Os prazos mínimos para a apresentação de propostas nos concursos públicos são os
seguintes, contados a partir da data da última publicação do acto convocatório:
a) Concurso público nacional:
i) Vinte dias, no caso de empreitadas de valor estimado até cinco mil con-
tos; e
ii) Trinta e cinco dias no caso de empreitadas de valor estimado superior a
cinco mil contos.
b) Concurso público internacional: quarenta e cinco dias.
Artigo 89º
Prazo de manutenção das propostas
1. Sem prejuízo da fixação de um prazo superior nos documentos que servem de base
ao procedimento, nos concursos de grande complexidade como os destinados às conces-
sões de certas obras públicas, os Concorrentes ficam obrigados a manter as suas propostas
durante um período de 60 (sessenta) dias contados da data limite para a sua entrega, deven-
do essa obrigação ser garantida por caução.
2. O prazo de manutenção das propostas considera-se prorrogado por iguais períodos,
para os Concorrentes que nada requererem em contrário.
SECÇÃO III
Júri do concurso
Artigo 90º
Júri
1. Salvo no caso de ajuste directo, os procedimentos são conduzidos por um júri, de-
signado pela Entidade Adjudicante ou pela UGA, composto, em número impar, por pelo
menos três membros efectivos, um dos quais preside e dois suplentes.
2. O júri do concurso é nomeado pela UGA competente, podendo ser de entre os seus
membros, ou pessoal técnico capaz da Entidade Adjudicante.
Artigo 91º
Funcionamento
1. O júri só pode funcionar quando o número de membros presentes na reunião corres-
ponda ao número de membros efectivos.
499
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro
2. As deliberações do júri, que devem ser sempre fundamentadas, são tomadas por
maioria de votos, não sendo admitida a abstenção.
3. Nas deliberações em que haja voto de vencido de algum membro do júri, deve cons-
tar da acta as razões da sua discordância.
Artigo 92º
Competência
Compete essencialmente ao júri do concurso:
a) Presidir ao acto público do concurso;
b) Proceder a qualificação dos Concorrentes admitidos; e
c) Proceder a apreciação formal das propostas admitidas.
Artigo 93º
Esclarecimentos
1. O júri, por iniciativa própria ou por solicitação dos interessados, desde que apresen-
tada até ao final do primeiro terço do prazo para apresentação das propostas, deve prestar os
esclarecimentos necessários à boa compreensão e interpretação dos elementos expostos.
2. Os esclarecimentos são prestados por escrito até ao fim do segundo terço do prazo
fixado para a entrega das propostas, sem identificação de quem os solicitou e deles juntar-
se-á cópia às peças patentes em concurso, devendo ser comunicados a todos os interessados
que procederam ou venham a proceder ao levantamento dos documentos que servem de
base ao concurso e publicitados pela UGA pelos meios julgados mais convenientes e pela
ARAP.
3. Em qualquer momento, dentro do prazo para prestar os esclarecimentos, a UGA
competente pode, por sua própria iniciativa ou em resposta a um pedido de esclarecimento,
modificar os documentos de concurso, emitindo uma adenda, que deve passar a fazer parte
integrante dos mesmos.
4. Se em função da resposta ou da adenda se mostrar adequado algum alargamento
do prazo para a apresentação das propostas, aquele prazo deve ser prorrogado, de modo a
que os Concorrentes tenham tempo para considerar aquela resposta na preparação das suas
propostas para a pré-qualificação ou para o concurso.
5. Qualquer adenda deve ser comunicada imediatamente a todos os Concorrentes que
tenham solicitado os documentos de concurso.
6. Se uma adenda levar à necessidade da prorrogação do prazo para apresentação das
propostas, a UGA deve notificar desse facto todos os Concorrentes que tenham solicitado
os documentos de concurso.
500
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro
Artigo 94º
Acto público do concurso
1. As propostas apresentadas devem ser abertas, em acto público, no local, data e hora
designados no programa de concurso, nos termos definidos nos regulamentos sendo, em
voz alta, identificados os Concorrentes, lido o preço das propostas e das propostas com
variantes, se as houver, e outra informação considerada relevante.
2. Nos concursos públicos em duas fases a leitura do preço das propostas tem lugar
apenas na segunda fase.
3. Após a abertura das propostas, a informação relativa ao exame, esclarecimentos,
avaliação e recomendação para Adjudicação não pode ser divulgada, até ao anúncio da
Adjudicação.
Artigo 95º
Princípio orientador da formulação dos critérios de avaliação
Os critérios de avaliação e Adjudicação são estabelecidos de forma precisa, mas têm a
necessária maleabilidade para que, sem prejuízo para a segurança e previsibilidade na for-
mulação das propostas, não resulte nunca uma situação artificial em que fique desprezado
ou deficientemente valorado o contributo de qualquer aspecto para a especial qualidade de
uma proposta, seja um aspecto particular ou uma tónica geral resultante de vários factores
inter-cruzados.
Artigo 96º
Critério de avaliação na qualificação prévia
1. No concurso limitado por prévia qualificação, a UGA avalia as qualificações dos
interessados de acordo com os critérios e procedimentos estabelecidos nos documentos de
pré-qualificação e de apresentação de proposta.
2. A qualificação depende de o interessado reunir o nível mínimo de qualificação ba-
seado no critério de aceite ou não aceite e na experiência, capacidades pessoais e de equi-
pamento, recursos financeiros e outras matérias relevantes especificadas nos documentos
de concurso.
3. O relatório de avaliação, com a devida fundamentação, deve ser submetido a En-
tidade Adquirente para confirmação, a fim de prosseguir com a aquisição, sendo também
remetido entidade reguladora, a título informativo.
4. As Entidades Adquirentes devem, no prazo de 5 dias úteis, informar a UGA sobre
as circunstâncias e fundamentação para o caso de decidirem não avançar com os procedi-
mentos de Aquisição.
Artigo 97º
Condições especiais do concurso público em duas fases
1. O concurso público em duas fases previsto no artigo 84º, inclui, numa primeira eta-
pa, um anúncio, publicado nos termos do disposto no artigo 64º da Lei, para apresentação
501
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro
502
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro
5. Não obstante o disposto no número 3 deste artigo, o Júri deve corrigir puros erros
aritméticos detectados durante o exame das Propostas, desde que tais correcções não alte-
rem a posição das propostas em relação às demais.
6. No caso de proceder às correcções previstas no número anterior, o Júri deve notifi-
car, imediatamente, todos os Concorrentes, devendo essas correcções constar dos registos
da aquisição.
7. As propostas dos concorrentes devem ser analisadas em função dos critérios esta-
belecidos nos documentos de concurso, tendo sempre em conta o disposto no artigo 95º
e devendo o Júri considerar propostas que, embora contendo pequenas incorrecções, não
afectem a sua validade nem constituam um desvio ao princípio da concorrência.
Artigo 99º
Critério de Adjudicação
1. O critério em que se baseia a Adjudicação é o da proposta técnica e economicamen-
te mais vantajosa, podendo também ser, em certas circunstâncias, o da melhor proposta
técnica economicamente aceitável. Em qualquer dos casos deverá ter por base factores
de ponderação quanto possível objectivos e quantificáveis, que tenham em conta as duas
variáveis.
2. O preço apresentado deve conter todos os custos relativos ao fornecimento de bens
ou serviços ou execução da obra, incluindo custos incidentais, tais como taxas, seguros e
transporte.
3. Na fixação do critério de Adjudicação a Entidade Adquirente deve ponderar outros
factores variáveis, para além do preço, designadamente:
a) Prazo de execução;
b) Custo de utilização;
c) Rendibilidade;
d) Valia técnica da proposta;
e) Serviço pós-venda e de assistência técnica; e
f) Garantias prestadas.
Artigo 100º
Relatório de avaliação e recomendações
1. Após completar o exame, avaliação e comparação das propostas e das qualificações
dos Concorrentes, o júri entregará à UGA:
a) O relatório sobre o exame, comparação e avaliação das propostas e as qualifi-
cações dos Concorrentes; e
503
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro
504
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro
6. Nos casos referidos no número antecedente, a UGA pode recomendar uma decisão
de não Adjudicação a um Concorrente que considere não possuir a capacidade ou recursos
para executar o contrato.
SECÇÃO IV
Cancelamento do concurso
Artigo 103º
Declaração de deserção e cancelamento do concurso
1. As Entidades Adquirentes e as UGA podem decidir não admitir qualquer das pro-
postas e cancelar o concurso quando:
a) Não tenha sido apresentada oferta alguma;
b) Todos os preços apresentados excederem o financiamento disponível; ou
c) Nenhuma das ofertas reúna as condições exigidas no anúncio do concurso, ou
todas se tenham distanciado substancialmente delas;
2. Uma vez declarado deserto o concurso público, a UGA e a Entidade Adquirente
poderão rever as causas justificativas da deserção e ponderar se é, ou não, necessária a re-
visão das especificações ou modificação do projecto, antes de ser efectuado novo concurso
público.
3. Declarado deserto o concurso público, a UGA e a Entidade Adquirente podem, em
alternativa à actuação conforme o número antecedente, agir pelo processo seguinte:
a) Proceder a novo concurso público nacional, desde que haja razão objectiva,
que é logo explicitada, para se prever que a repetição possa trazer novos Con-
correntes e não se aproxime uma data limite que, em caso de falha da previsão,
torne urgente o ajuste directo;
b) Proceder logo a um concurso público, agora de carácter internacional, se for
previsível que o concurso internacional será frutífero e não se verificar o con-
dicionalismo da alínea a) antecedente para o concurso nacional; ou
c) Optar logo pelo ajuste directo, caso não se verifiquem os condicionalismos
para o concurso público.
4. Nos casos de concurso nacional previstos no número 2 e na alínea a) do número 3,
as propostas dos participantes do primeiro concurso ficam expostas à consulta pública dos
eventuais outros Concorrentes durante o decurso do prazo para apresentação das propostas,
a menos que todos os Concorrentes iniciais tenham declarado não desejar concorrer e a
partir do momento em que o façam.
Artigo 104º
Cancelamento do concurso por razão diferente da deserção
1. O concurso pode também ser cancelado quando:
a) Ocorrer caso fortuito ou força maior que a isso obrigue;
505
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro
506
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro
507
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro
508
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro
CAPÍTULO VIII
Concessões de obras e de serviços públicos
Artigo 113º
Regime dos contratos de concessão
Os contratos de concessão regem-se pela Lei, pelo presente diploma e pelo disposto no
Dedreto-Lei n.º 35/2005, de 30 de Maio.
Artigo 114º
Aprovação prévia do Ministro responsável pela área das Finanças
1. Em relação à outorga de Concessões de Serviços Públicos, a Entidade Adquirente
deve, previamente ao início dos procedimentos, obter a aprovação do Ministro responsável
pela área das Finanças sobre a viabilidade técnica e financeira do projecto e sobre a estrutu-
ra do projecto em simultâneo com o esboço dos termos contratuais subjacentes, bem como
as garantias a serem dadas pela Entidade Adquirente ou pelo Governo, ou o apoio finan-
ceiro directo ou o pagamento de qualquer natureza a ser feito pela Entidade Adquirente ou
pelo Governo.
2. A aprovação do Ministro responsável pela área das Finanças deve também ser so-
licitada para todas as aquisições que envolvam a transferência de fundos públicos para o
Contratado, na medida em que a gestão de tais fundos públicos seja da responsabilidade do
Contratante.
Artigo 115º
Especificidades do procedimento
1. Os procedimentos para as Concessões devem ser conduzidos de acordo com os
procedimentos do concurso público em duas fases, antecedidos de uma pré-qualificação
destinada a identificar interessados que possam oferecer adequadas garantias técnicas e
financeiras e demonstrem capacidade de assegurar o funcionamento contínuo do serviço
público que lhes será delegado e do bem do domínio público envolvido.
2. A selecção do Concessionário pode implicar, entretanto, várias fases para se chegar
a uma combinação óptima dos critérios de avaliação, tais como o custo e a importância do
financiamento oferecido, as especificações das instalações oferecidas, o valor cobrado ao
utilizador ou ao Estado, outras despesas a suportar pelo Estado pela instalação, bem como
o período da amortização da instalação.
CAPÍTULO IX
Contratação de serviços de Consultoria
SECÇÃO I
Disposições gerais
Artigo 116º
Tipos de Consultoria
Para efeitos do presente diploma, os serviços de Consultoria, que são os prestados por
Consultores individuais sem relação de trabalho subordinado com a entidade a quem são
509
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro
prestados e por firmas credenciadas para o efeito, em qualquer caso sem poderes de repre-
sentação jurídica daquela entidade, podem consistir:
a) Na prestação pelo Consultor de um trabalho determinado, de carácter jurídico,
técnico, artístico, intelectual ou científico, a traduzir-se num resultado especí-
fico esperado, nomeadamente, os contratos que tenham por objecto:
i) Realizar estudos, planos, projectos de carácter técnico, organizativo, económi-
co, financeiro, ambiental ou social; assessoria em matéria de políticas; refor-
mas institucionais; identificação, preparação e execução de projectos e out-
ros;
ii) Serviços de direcção, supervisão e controle da execução e manutenção de
obras, instalações e implementação de projectos de informática;
iii) Recolha de dados, investigação e outros; e
iv) Quaisquer outros serviços directa ou indirectamente relacionados com
os referidos e nos quais também predominem as prestações de carácter
intelectual; ou
b) Na prestação pelo Consultor de serviços de natureza semelhante aos da alínea
a) precedente, em que também predominem as prestações de carácter intelec-
tual, mas traduzindo-se em trabalhos continuados no tempo, ainda que de pra-
zo determinado, da mesma ou semelhante natureza, nomeadamente de acom-
panhamento e aconselhamento, sem um resultado pré-determinado a cargo do
Consultor.
Artigo 117º
Recurso a firmas ou a Consultores individuais
A opção pelo recurso a firmas ou a Consultores individuais determina-se salvo casos
especiais, devidamente justificados que imponham outra actuação, pelo critério seguinte:
a) Firmas de Consultoria: quando o trabalho envolver a aplicação de conheci-
mentos multi-disciplinares ou, pelo seu volume ou complexidade, ou por out-
ros factores, exija o apoio de uma organização com pessoal dotado de for-
mação adequada; ou
b) Consultores individuais: nos casos em que a experiência e um conhecimento
individual qualificado em determinada área possam melhor corresponder ao
objecto da Consultoria.
SECÇÃO II
Pré-qualificação de firmas Consultoras
Artigo 118º
Necessidade e objectivos da pré-qualificação
1. O concurso público para a contratação de firmas Consultoras para valor estimado
superior a 4.000.000$00 é precedido de uma pré-qualificação em que se qualificarão não
510
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro
menos de três e não mais de seis das melhores firmas com pontuação, sob um sistema de
pontuação que meça objectivamente os requisitos da pré-qualificação.
2. A pré-qualificação de firmas Consultoras deve basear-se unicamente na capacidade
dos possíveis ofertantes para executar satisfatoriamente o contrato de que se trate, tendo
em conta:
a) A experiência da firma e cumprimentos anteriores em relação a contratos simi-
lares; e
b) A capacidade do pessoal da firma.
Artigo 119º
Convite à pré-qualificação e envio de Documentos
do Convite às firmas interessadas
1. O procedimento de pré-qualificação inicia-se com a difusão do Convite no Sistema
de Informação Electrónica e a publicação de tal Convite num jornal de circulação nacional
durante 2 (dois) números consecutivos.
2. O Convite deve conter o seguinte:
a) A fixação do prazo para manifestar interesse em participar no procedimento de
pré-qualificação, não inferior a 5 (cinco) dias úteis desde a última publicação; e
b) Descrição sucinta do alcance da Consultoria.
3. Às firmas Consultoras que manifestem seu interesse em participar no processo de
pré-qualificação, são enviados os Documentos do Convite que contém uma descrição de-
talhada do alcance da Consultoria e dos produtos pretendidos, uma clara definição dos
requisitos necessários para pré-qualificar e da documentação necessária a apresentar, bem
como o prazo em que a mesma deve ser apresentada.
Artigo 120º
Prazo para a presentação da documentação pelas firmas interessadas
1. O prazo estipulado para a apresentação da documentação pelas firmas interessadas
não é inferior a 10 (dez) dias úteis.
2. Uma vez findo o prazo para a recepção das solicitações de pré-qualificação, passa-se
ao exame das que se tenha recebido até essa data, avaliadas em conformidade com regras
estabelecidas nos Documentos do Convite.
Artigo 121º
Comunicação e convite após pré-qualificação
1. A lista de firmas pré-qualificadas deve ser comunicada a todos os participantes da
pré-qualificação, com as pontuações correspondentes.
2. As firmas pré-qualificadas são convidadas a participar do procedimento de selecção
da firma que executará o contrato.
511
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro
Artigo 122º
Métodos de selecção de firmas Consultoras
Para a selecção das ofertas utilizam-se os seguintes métodos:
a) Selecção baseada em qualidade e custo;
b) Selecção baseada em qualidade;
c) Selecção a orçamento fixo;
d) Selecção baseada em preço; e
e) Selecção baseada nos antecedentes da firma Consultora.
SECÇÃO III
Selecção de firmas Consultoras baseada em qualidade e custo
Artigo 123º
Em que consiste o método
1. Para a contratação de serviços de Consultoria utiliza-se preferencialmente o método
de selecção baseado na qualidade e custo.
2. A selecção baseada na qualidade e custo é um processo competitivo em que a pon-
deração que se atribua à qualidade e ao custo se detalha no Convite e se determina em cada
caso de acordo com a natureza do trabalho a realizar, sendo que, normalmente, a pondera-
ção a atribuir à qualidade e ao custo é de 70% (setenta) a 80% (oitenta) e de 30% (trinta) a
20% (vinte), respectivamente.
Artigo 124º
Convite
1. O Convite deve conter a seguinte informação:
a) Uma definição precisa dos objectivos, produtos e extensão dos trabalhos a en-
comendar, que deverá estar reflectido nos Termos de Referência correspond-
entes, que serão anexados; e
b) A informação básica que facilite aos Consultores a preparação de suas pro-
postas. Tal informação incluirá elementos tais como descrição do projecto,
se houver; organização da Contratante; contactos com a Contratante; apoio
logístico ao Consultor, como escritórios, computadores, entre outros.
2. Se um dos objectivos for o treino ou a transferência de conhecimentos, é preciso
descrevê-lo especificamente e dar detalhes sobre o número de funcionários que vão receber
treino e outros dados similares, a fim de permitir às firmas Consultoras estimar os recursos
que são necessários.
512
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro
Artigo 125º
Recepção das propostas
1. As propostas técnicas e de preço devem ser apresentadas ao mesmo tempo, em en-
velopes fechados e separados, e devidamente identificados, não se aceitando emendas após
o prazo para sua apresentação.
2. As propostas de preço permanecem fechadas e ficam depositadas em poder da Con-
vocante até que se proceda à abertura em público.
Artigo 126º
Duas etapas na avaliação das propostas
1. A avaliação das propostas é efectuada em duas etapas: primeiro a qualidade e depois
o custo.
2. Os encarregados de avaliar as propostas técnicas não têm acesso às propostas de
preço até que a avaliação técnica tenha sido concluída.
Artigo 127º
Avaliação da Qualidade
1. O Júri avalia cada proposta técnica tendo em conta, entre outros, os seguintes cri-
térios:
a) A experiência específica da Consultora em relação à tarefa por atribuir;
b) A qualidade da metodologia proposta e/ou plano de trabalho proposto;
c) As qualificações profissionais do pessoal chave proposto; e
d) A transferência de conhecimentos, se for aplicável.
2. Cada critério é qualificado conforme uma escala de 1 a 100 e depois pondera-se cada
qualificação, o que dará uma pontuação. Para salvaguardar a qualidade técnica da proposta,
estabelece-se uma pontuação mínima necessária para que a proposta seja considerada na
comparação final, não inferior a 70 (setenta) pontos sobre cem.
Artigo 128º
Avaliação do custo
1. Uma vez terminada a avaliação da proposta técnica, a Convocante notifica as firmas
Consultoras do resultado de tal avaliação, indicando expressamente, para aquelas que não
tenham obtido a pontuação mínima, que suas ofertas de preço lhes vão ser devolvidas sem
abrir, depois de terminado o processo de selecção.
2. Na mesma comunicação, a Convocante informa a data e hora fixadas para abrir as
propostas de preço daquelas firmas que tenham sido qualificadas tecnicamente.
3. A data de abertura é entre 2 (dois) e 10 (dez) dias úteis após a data de notificação.
513
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro
514
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro
ras proponham soluções novas e criativas nas suas ofertas, tais como planos
maestros de urbanização, reformas do sector financeiro, estudos de viabilidade
multi-sectoriais, desenhos de plantas de despoluição e redução de resíduos
perigosos;
b) Quando a Convocante estima que a qualidade do trabalho e o produto da Con-
sultora possam ter importantes repercussões futuras;
c) Trabalhos em que seja indispensável contar com os melhores especialistas; e
d) Trabalhos que se podem executar de formas substancialmente distintas, de
maneira que as ofertas não sejam comparáveis.
2. Ao realizar a selecção na base da qualidade, pode-se pedir apenas a apresentação
de uma oferta técnica (sem uma oferta de preço), ou a apresentação simultânea de ofertas
técnicas e de preço, mas em envelopes separados.
3. No Convite pode ser fornecida uma estimativa do tempo de trabalho do pessoal cha-
ve, especificando, entretanto, que essa informação somente se dá a título indicativo e que
os Consultores podem propor suas próprias estimativas.
4. Caso somente se convide a apresentar propostas técnicas, depois de avaliar tais ofer-
tas utilizando a mesma metodologia que para o sistema de selecção baseada em qualidade e
custo, a Convocante pede à firma Consultora cuja proposta se classifique em primeiro lugar
que apresente uma oferta de preço detalhada, após o que a Convocante e a firma Consultora
acordam o preço e os termos do contrato.
5. Todos os demais aspectos do processo de selecção são idênticos aos da selecção
baseada na qualidade e no custo.
6. Caso se tenha pedido às firmas Consultoras que apresentem inicialmente ofertas de
preço juntamente com as ofertas técnicas, tomam-se medidas a fim de assegurar-se de que
somente se abre o envelope com os preços da oferta seleccionada e que os demais envelo-
pes são devolvidos sem abrir, depois de alcançado o acordo.
7. Caso não se consiga acordo com a firma classificada em primeiro lugar, passa-se a
procurar um acordo com a seguinte em graduação.
Artigo 131º
Selecção para casos de orçamento fixo
1. Utiliza-se este método quando o orçamento é fixo e se possa definir com precisão.
2. No Convite deve indicar-se o orçamento disponível e pedir às firmas Consultoras
que apresentem, em envelopes separados, suas melhores propostas técnicas e confirmar que
o trabalho é feito dentro dos limites do orçamento.
3. O Convite é preparado com especial cuidado a fim de garantir que o orçamento seja
suficiente para que as Consultoras realizem as tarefas previstas.
515
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro
4. Todas as ofertas técnicas são avaliadas e a firma com maior pontuação que tenha
aceite o trabalho pelo valor estabelecido é seleccionada.
Artigo 132º
Selecção baseada em preço
1. Pode-se utilizar o método de selecção baseada no preço para seleccionar Consulto-
ras que devam realizar trabalhos de tipo estandardizado ou de rotina (auditorias, desenho
técnico de obras simples, serviços de supervisão e outros similares), para os quais existam
práticas e normas bem estabelecidas.
2. Nesse método estabelece-se um requisito de qualificação para a qualidade elevada,
preferentemente não inferior a 85 pontos sobre cem.
3. Convidam-se as Consultoras a apresentar propostas em dois envelopes separados.
Primeiro abrem-se os envelopes com as propostas técnicas, que se avaliam. Aquelas que
obtiverem menos que a pontuação mínima serão rejeitadas e os envelopes com as ofertas
financeiras das Consultoras restantes são abertas em público. De seguida selecciona-se a
firma Consultora que ofereça o preço mais baixo.
4. No método previsto neste artigo a qualificação mínima é estabelecida, tendo presen-
te que todas as propostas que excedam o mínimo competem somente em relação ao custo.
A qualificação mínima é indicada no Convite.
Artigo 133º
Selecção baseada nos antecedentes dos Consultores
1. O método de selecção baseada nos antecedentes dos Consultores pode utilizar-se
para contratações iguais ou inferiores a 4.000.000$00, para as quais não se justifica nem a
preparação nem a avaliação de ofertas competitivas.
2. Em tais casos, a Convocante prepara os termos de referência e elabora uma lista
curta de firmas, de não menos de três, sem necessidade de realizar uma pré-qualificação
pública.
3. São solicitadas às firmas que integram a lista manifestações de interesse e informa-
ção sobre a experiência e a competência dos seus Consultores em relação ao trabalho; e é
seleccionada a firma Consultora que tenha as qualificações e as referências mais apropria-
das.
4. A firma seleccionada apresenta uma oferta técnica conjuntamente com uma oferta de
preço e são negociados os termos do contrato.
SECÇÃO V
Contratação de Consultores individuais
Artigo 134º
Âmbito de aplicação
1. Sem prejuízo do disposto no número seguinte, à contratação de Consultores indivi-
duais aplicam-se as regras da contratação de firmas, com as necessárias adaptações.
516
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro
517
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro
518
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro
2. A cópia poderá ser remetida também pelo fax ou correio electrónico indicado pelos
interessados, nos termos a regular pela ARAP.
Artigo 141º
Audiência de partes
1. Após a apresentação do recurso, a Comissão pode notificar as partes, no prazo de 5
dias, para a realização de uma audiência, se entender que a questão não pode eventualmente
ser resolvida com segurança sem tal audiência, caso em que aguardará pelo pronunciamen-
to dos interessados antes de deliberar pela realização ou não da audiência.
2. Em qualquer procedimento perante a Comissão as partes podem intervir pessoal-
mente ou através de representante mandatado para o efeito, nos termos legais.
Artigo 142º
Desistência
1. O reclamante pode desistir do recurso, a todo o tempo até à decisão.
2. A desistência deve ser feita através de requerimento dirigido à Comissão de Reso-
lução de Conflitos.
3. Se a desistência ocorrer durante a audiência, esta pode ser feita por declaração di-
tada para a acta.
4. A desistência do recurso deve ser, imediatamente, comunicada à contraparte e outros
interessados, mediante envio de cópia do requerimento de desistência ou do extracto da
acta da audiência em que tenha sido apresentada a desistência.
Artigo 143º
Procedimentos na audiência
1. O quórum da Comissão obtém-se com a presença de três dos seus membros.
2. Na audiência, a Comissão deve designar um dos seus membros para assumir a fun-
ção de presidente.
3. As decisões da Comissão de Resolução de Conflitos são tomadas por maioria.
4. A decisão tomada em audiência deve ser registada em acta, mas se um membro não
concordar com a deliberação tomada pode emitir voto de vencido, através de declaração
escrita, que ficará a constar da acta.
Artigo 144º
Simplicidade e eficiência dos procedimentos em audiência
1. A Comissão pode conduzir a audiência do modo que entender mais adequado, com
respeito pelas disposições da Lei e dos seus regulamentos de execução.
519
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro
520
Decreto-Lei nº 4/2010, de 8 de Março
521
Decreto-Lei nº 4/2010, de 8 de Março
José Maria Pereira Neves - Cristina Isabel Lopes da Silva Monteiro Duarte
Promulgado em, 25 de Fevereiro de 2010.
Publique-se.
O Presidente da República, PEDRO VERONA RODRIGUES PIRES
Referendado em 25 de Fevereiro de 2010.
O Primeiro-Ministro, José Maria Pereira Neves
REGULAMENTO DA UNIDADE DE GESTÃO DAS AQUISIÇÕES
CAPÍTULO I
Disposições Gerais
Artigo 1º
Objecto
O presente regulamento estabelece o processo de criação, o funcionamento e a com-
posição das Unidades de Gestão de Aquisições (UGA), incluindo da Unidade de Gestão
de Aquisições Centralizadas (UGAC), definindo as respectivas atribuições, a organização
interna, o perfil dos integrantes, bem como a certificação, promoção e desqualificação das
UGA ou dos seus integrantes.
Artigo 2º
Criação e proposta de certificação
1. Avaliadas as necessidades, quer em termos quantitativos, quer em termos de com-
plexidade de tarefas, e verificada a disponibilidade de pessoal, o responsável máximo da
entidade adquirente, define o número de integrantes da UGA a criar para o efeito, até o
máximo de 5 (cinco) elementos, e estabelece a logística adequada desta, bem como, se for
o caso, as funções auxiliares ao trabalho da UGA.
2. O responsável máximo pela entidade adquirente deve ainda definir, para efeitos de
criação da UGA:
a) Perfil profissional dos integrantes da UGA;
b) Identificação das categorias de bens ou serviços a abranger;
c) Identificação do volume de despesa relativa a cada categoria a integrar na compe-
tência da UGA.
3. Uma vez decidido em conformidade com o disposto nos números antecedentes, o
responsável máximo pela entidade adquirente selecciona criteriosamente uma lista de no-
mes a submeter à Autoridade Reguladora das Aquisições Pública (ARAP), para efeito de
certificação, devendo essa lista ser constituída pelo número de integrantes da UGA mais
um suplente.
522
Decreto-Lei nº 4/2010, de 8 de Março
Artigo 3º
Certificação da UGA
1. Recebida a proposta da entidade adquirente, com os elementos pertinentes do artigo
2º, nomeadamente os do n.º 2, a ARAP, em conformidade com os procedimentos internos
aprovados e publicados no seu website, procede aos necessários exames para efeitos de
verificação das competências e demais requisitos dos elementos propostos e comunica á
entidade adquirente a sua decisão.
2. A comunicação a que se refere o número anterior é feita à entidade proponente, no
prazo máximo de 15 (quinze) dias úteis, equivalendo o silêncio a deferimento tácito, a me-
nos que a ARAP tenha informado, à entidade adquirente, dentro do referido prazo, de que,
por qualquer razão ponderável, prorrogará a sua decisão por um período não superior a 15
(quinze) dias úteis, findo o qual se aplica a regra do deferimento tácito.
3. Sem prejuízo do simples deferimento habilitar a UGA a funcionar com os elementos
certificados, a ARAP emite um certificado individual a favor de cada elemento qualificado
num prazo máximo de 30 (trinta) dias após comunicação da decisão, ou deferimento tácito.
4. Caso a ARAP recuse a certificação aos elementos propostos ou a qualquer deles, deve
fundamentar a sua decisão em termos gerais, mas com suficiente precisão para que, se for o
caso, seja possível ao elemento recusado superar as insuficiências justificadoras da recusa.
5. Recusado algum elemento, é proposto com urgência outro elemento, a menos que
o elemento recusado dê prova de superação das razões da recusa, caso em que pode ser
proposto novamente.
Artigo 4º
Publicação
1. Certificados os integrantes da UGA, a entidade adquirente profere despacho em que,
atestando a prévia certificação por parte da ARAP, designa os integrantes da UGA e define
a competência desta conforme alíneas b) e c) do n.º 2 do artigo 2º, podendo ainda estabele-
cer determinações quanto a logística ou outras pertinentes.
2. O despacho referido no número antecedente é publicado no Boletim oficial.
3. ARAP não publica no seu website os nomes recusados.
Artigo 5º
Promoção
1. Cabe à ARAP promover qualquer UGA ou seus integrantes, certificando-os para
aquisições de nível superior ou diferente.
2. A promoção é requerida, no caso das UGA, pelo responsável máximo da entidade
adquirente, mediante proposta do responsável máximo do serviço em que a UGA se enqua-
dre e, no caso de qualquer integrante de uma UGA, pela pessoa interessada.
523
Decreto-Lei nº 4/2010, de 8 de Março
524
Decreto-Lei nº 4/2010, de 8 de Março
525
Decreto-Lei nº 4/2010, de 8 de Março
526
Decreto-Lei nº 4/2010, de 8 de Março
Artigo 11º
Organização interna das UGA
Para a prossecução e desenvolvimento das actividades inerentes às suas atribuições
e objectivos, as UGA, incluído a UGAC, podem organizar-se em centros de competên-
cias adequados ao cabal desempenho de tais funções, nomeadamente planeamento, gestão de
aquisições, monitorização e controlo.
Artigo 12º
Apoio técnico especializado às UGA e às Entidades Adquirentes
Nos casos em que a UGAC ou a UGA considerem necessário, pode ser colocada à
Entidade Adquirente ou seu agrupamento a opção de contratação de assessoria técnica para
apoio ao processo contratual, cabendo as diligências de contratação à UGAC ou UGA.
O Primeiro-Ministro, José Maria Pereira Neves.
527
Decreto-Lei nº 15/2008, de 8 de Maio
528
Decreto-Lei nº 15/2008, de 8 de Maio
CAPÍTULO I
Criação e disposições gerais
Artigo 1º
Criação e natureza jurídica
1. É criada a Autoridade Reguladora das Aquisições Públicas, abreviadamente desig-
nada por ARAP, prevista na Lei nº 17/VII/2007, de 10 de Setembro, e são aprovados os
respectivos estatutos, que se regem pelos artigos seguintes.
2. A ARAP é uma autoridade administrativa independente, de base institucional, dota-
da de personalidade jurídica, com autonomia administrativa, financeira e patrimonial.
Artigo 2º
Definições
Para efeitos do disposto no presente diploma entende-se por:
a) “Lei”: a lei das aquisições públicas – Lei n.º 17/VII/2007, de 10 de Setem-
bro;
b) “Regulamento”: o regulamento da lei das aquisições públicas;
c) “UGA”: As Unidades de Gestão das Aquisições, criadas pelas entidades adju-
dicantes, previstas na Lei com competência para preparar e conduzir os pro-
cedimentos de aquisição pública, desenvolvendo todas as actividades condu-
centes à aquisição;
d) “Entidades Adjudicantes”: As entidades públicas a quem se aplica a Lei e
que celebram necessariamente os contratos de aquisição pelos processos na
mesma previstos;
e) “Júri”: o júri do concurso, previsto na Lei, designado pela entidade adjudi-
cante ou pela UGA.
Artigo 3º
Sede e Âmbito territorial
1. A ARAP tem sede na cidade da Praia e exerce as suas competências em todo o ter-
ritório nacional.
2. A ARAP pode designar pontos focais ou agentes, em qualquer parte do território
nacional, devidamente credenciados, sempre que tal se mostre indispensável para o cum-
primento das suas atribuições.
Artigo 4º
Localização sectorial
O relacionamento do Governo com a ARAP é efectuado através do Primeiro-Ministro,
que pode delegar em outro membro do Governo.
529
Decreto-Lei nº 15/2008, de 8 de Maio
Artigo 5º
Regime
A ARAP rege-se pelo disposto na Lei nº 20/VI/2003, de 21 de Abril, que define o Re-
gime Jurídico das Agências Reguladoras Independentes, pela Lei nº 17/VII/2007 de 10 de
Setembro que aprova a Lei das Aquisições Públicas, pelos presentes estatutos, pelo Regula-
mento e, ainda, em tudo o que neles não esteja especialmente previsto, pelo regime jurídico
aplicável aos institutos públicos, ressalvadas as regras incompatíveis com a sua natureza.
Artigo 6º
Independência Funcional
A ARAP é independente no desempenho das suas funções e não se encontra submetida
à superintendência nem à tutela do Governo no que respeita às funções reguladoras, sem
prejuízo dos poderes atribuídos ao Governo em matéria de orientações políticas e de gestão
previstas na lei.
Artigo 7º
Princípio da especialidade
A capacidade jurídica da ARAP abrange exclusivamente a prática dos actos jurídicos,
o gozo dos direitos e a sujeição às obrigações necessários à prossecução das suas atribui-
ções.
Artigo 8º
Cooperação com Outras Entidades
A ARAP pode estabelecer relações de cooperação com outras entidades, públicas ou
privadas, nacionais ou estrangeiras, quando isso se mostre necessário ou conveniente para
a prossecução das suas atribuições.
CAPÍTULO II
Fins, atribuições e competências
Artigo 9º
Fins da ARAP
São fins da ARAP:
a) Assegurar, dentro das suas atribuições, a boa gestão dos dinheiros públicos
empregues na aquisição de bens e serviços, bem como na concessão de obras
e serviços públicos e ainda na contratação de empreitadas de obras públicas;
b) Assegurar que os processos aquisitivos referidos na alínea a) se desenvolvam
de acordo com os princípios da legalidade, liberdade de acesso aos procedi-
mentos, economia e eficiência, interesse público, igualdade, proporcionali-
dade, transparência, publicidade e outros previstos na Lei;
530
Decreto-Lei nº 15/2008, de 8 de Maio
531
Decreto-Lei nº 15/2008, de 8 de Maio
532
Decreto-Lei nº 15/2008, de 8 de Maio
533
Decreto-Lei nº 15/2008, de 8 de Maio
534
Decreto-Lei nº 15/2008, de 8 de Maio
535
Decreto-Lei nº 15/2008, de 8 de Maio
Artigo 22º
Responsabilidade dos membros
Os membros do Conselho de Administração são solidariamente responsáveis pelos
actos praticados no exercício das suas funções, ficando porém isentos de responsabilidade
aqueles que tiverem manifestado o seu desacordo de modo inequívoco e documentalmente
comprovado.
Artigo 23º
Dissolução
O Conselho de Administração só pode ser dissolvido por resolução do Conselho de
Ministros por causas graves de responsabilidade colectiva apurada em inquérito realizado
por entidade independente.
SECÇÃO III
Conselho Fiscal
Artigo 24º
Composição
O exercício das funções de fiscalização compete a um Conselho Fiscal composto por
um Presidente e dois vogais nomeados pelo Conselho de Ministros, devendo um dos vogais
ser auditor especializado em finanças, contabilidade ou revisor oficial de contas.
Artigo 25º
Competências e funcionamento
As competências e o funcionamento do Conselho Fiscal são as previstas no Regime
Jurídico das Agências Reguladoras Independentes.
Artigo 26º
Poderes
Para o exercício das suas funções o Conselho Fiscal tem direito a:
a) Obter do Conselho de Administração as informações e esclarecimentos que
repute necessários;
b) Ter livre acesso a todos os serviços e documentação da ARAP, podendo req-
uisitar a presença dos respectivos responsáveis e solicitar os devidos esclare-
cimentos;
c) Tomar ou propor as demais providencias que considere indispensáveis ao ca-
bal desempenho das suas funções.
Artigo 27º
Fiscal Único
1. O Conselho de Ministros pode determinar que o Conselho Fiscal seja substituído
por um Fiscal Único.
536
Decreto-Lei nº 15/2008, de 8 de Maio
537
Decreto-Lei nº 15/2008, de 8 de Maio
538
Decreto-Lei nº 15/2008, de 8 de Maio
CAPÍTULO V
Regime de pessoal
Artigo 35º
Pessoal
1. A ARAP dispõe de pessoal técnico e administrativo que integra o seu quadro de
pessoal, com tabela remuneratória própria.
2. O pessoal da ARAP está sujeito ao Regime Geral do Contrato Individual de Traba-
lho, estando abrangido pelo regime de previdência social dos trabalhadores por conta de
outrem.
3. Os funcionários da Administração directa ou indirecta do Estado, das autarquias
locais, podem ser chamados a desempenhar funções na ARAP em regime de requisição ou
de comissão de serviço, com garantia do lugar de origem e dos direitos nele adquiridos,
considerando-se o período de requisição ou de comissão como tempo de serviço prestado
nos quadros de que provenham, suportando a ARAP as despesas inerentes.
Artigo 36º
Incompatibilidades
A adaptação do regime do contrato individual de trabalho não dispensa nos termos
da Constituição, a aplicação dos requisitos e limitações decorrentes da prossecução do
interesse público, nomeadamente os respeitantes a acumulações e incompatibilidades para
funcionários e agentes administrativos.
CAPÍTULO VI
Responsabilidade e controlo judicial
Artigo 37º
Relatório ao Governo e à Assembleia Nacional
e audições parlamentares
1. A ARAP deve enviar anualmente ao Governo e à Comissão Especializada compe-
tente da Assembleia Nacional, um relatório sobre as suas actividades de regulação, o qual
é igualmente publicado.
2. Sempre que tal lhe seja solicitado, o Presidente do Conselho de administração da
ARAP deve apresentar-se perante a Comissão Especializada competente da Assembleia
Nacional, para prestar informações ou esclarecimentos sobre as suas actividades.
Artigo 38º
Responsabilidade disciplinar, financeira, civil e penal
A ARAP, bem como os titulares dos seus órgãos e os seus trabalhadores respondem
civil, criminal, disciplinar e financeiramente pelos actos e omissões que pratiquem no exer-
cício das suas funções, nos termos da Constituição e demais legislação aplicável.
539
Decreto-Lei nº 15/2008, de 8 de Maio
Artigo 39º
Controlo judicial
1. As actividades da ARAP de natureza administrativa ficam sujeitas à jurisdição ad-
ministrativa, nos termos da respectiva legislação.
2. Das decisões proferidas no âmbito da resolução de litígios cabe recurso para os tri-
bunais judiciais ou arbitrais, nos termos previstos na lei.
Artigo 40º
Fiscalização do tribunal de Contas
1. A ARAP está sujeita à jurisdição do Tribunal de Contas, nos termos da legislação
competente.
2. Os actos e contratos da ARAP não estão sujeitos a visto prévio do Tribunal de
Contas, sendo, no entanto, obrigatória a apresentação das contas anuais para efeitos de
julgamento.
CAPÍTULO VII
Dispodições transitórias e finais
Artigo 41º
Organização dos serviços
1. A ARAP funcionará pelo período de um ano em regime de instalação.
2. Durante o período de instalação o Conselho de Administração será constituído ne-
cessariamente por três membros, podendo um novo Presidente ser nomeado após o decurso
desse período.
3. Durante o período de instalação o Conselho de Administração poderá desempenhar
as funções próprias da Comissão de Resolução de Conflitos.
4. No período da instalação o Conselho de Administração elaborará e submeterá à
aprovação do Governo um regulamento interno que define a sua estrutura orgânica, as
funções e competências dos serviços que a integram, os respectivos quadros de pessoal, as
normas gerais a observar no desenvolvimento das actividades a seu cargo e tudo o mais que
se torne necessário para o adequado funcionamento da agência.
Artigo 42º
Entrada em vigor
O presente diploma entra em vigor no dia seguinte ao da sua publicação.
Visto e aprovado pelo Conselho de Ministros.
José Maria Pereira Neves - Cristina Duarte
Promulgado em 7 de Maio de 2008.
Publique-se.
O Presidente da República, PEDRO VERONA RODRIGUES PIRES
Referendado em 8 de Maio de 2008.
O Primeiro-Ministro, José Maria Pereira Neves.
540
Decreto-Legislativo n.º 17/97, de 10 de Novembro
CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
Decreto-Legislativo n.º 17/97
de 10 de Novembro
Pretende o Governo dar continuidade ao processo iniciado com o Decreto-Legislativo
2/95, gradualmente reunindo, modernizando e clarificando as normas e princípios hoje
dispersos sobre aspectos homogéneos da actividade, procedimento e organização da Admi-
nistração Pública, até que seja possível reunir num único Código Administrativo o funda-
mental do direito administrativo cabo-verdiano.
Assim, ao abrigo da autorização legislativa concedida pelo artigo 2º c) da Lei n.º
23/V/97, de 27 de Maio, e
No uso da faculdade conferida pela alínea b) do n.º 2 do artigo 216º da Constituição, o
Governo decreta o seguinte :
Artigo 1º
(Objecto)
O presente Decreto-Legislativo estabelece as bases do regime jurídico dos contratos
administrativos.
Artigo 2º
(Principio geral)
Na prossecução das atribuições da pessoa colectiva em que se integram, os órgãos
administrativos podem celebrar contratos administrativos, salvo se outra coisa resultar da
lei ou da natureza das relações a estabelecer.
Artigo 3º
(Conceito)
1. Contrato administrativo é o acordo de vontades pelo qual é constituída, modificada
ou extinta uma relação jurídica administrativa.
2. São administrativos, designadamente, os contratos de:
a) Empreitada de obras públicas, pelo qual uma pessoa se encarrega de execu-
tar uma obra publica de construção, reconstrução, restauro, reparação, con-
servação ou adaptação de bens imóveis que corram, total ou parcialmente, por
conta do Estado ou de outro ente publico, mediante retribuição;
b) Fornecimento de obras públicas, pelo qual uma pessoa se obriga à entrega de
materiais ou bens móveis que se destinem a ser incorporados ou a comple-
mentar uma obra publica, mediante retribuição ;
c) Concessão de obras públicas, pelo qual a Administração transfere para outra
pessoa o poder de, por conta própria e com os seus próprios recursos, executar
e explorar temporariamente uma obra pública, cobrando uma taxa de utiliza-
ção aos respectivos utentes;
541
Decreto-Legislativo n.º 17/97, de 10 de Novembro
542
Decreto-Legislativo n.º 17/97, de 10 de Novembro
b) Concurso limitado por prévia qualificação, ao qual somente podem ser admiti-
das as entidades seleccionadas pelo órgão administrativo adjudicante;
d) Concurso limitado sem apresentação, ao qual apenas são admitidas as enti-
dades convidadas, sendo o convite feito de acordo com o conhecimento e a
experiência que o órgão administrativo adjudicante tenha daquelas entidades;
e) O ajuste directo, que deve ser precedido de consulta feita pelo menos a três
entidades.
2. Os contratos administrativos devem, em regra, ser precedidos de concurso público,
o qual só pode ser dispensado por proposta fundamentada do órgão competente que mereça
a concordância expressa, consoante os casos, do órgão superior da hierarquia ou do órgão
de tutela.
3. Sem prejuízo do número anterior, a realização ou dispensa de concurso público ou
limitado, bem como o ajuste directo dependem da observância das normas que regulam a
realização de despesas publicas.
Artigo 6º
(Forma)
Os contratos administrativos são sempre celebrados por escrito, salvo se a lei estabe-
lecer outra forma.
Artigo 7º
(Regime de invalidade)
1. Os contratos administrativos são nulos ou anuláveis, nos termos do presente diplo-
ma, quando forem nulos ou anuláveis os actos administrativos de que haja dependido a sua
celebração.
2. São aplicáveis a todos os contratos administrativos as disposições do Código Civil
relativas à falta e vícios da vontade.
3. Sem prejuízo do disposto no n.º 1, à invalidade dos contratos administrativos, apli-
cam-se os seguintes regimes :
a) Quanto aos contratos administrativos com objecto passível de acto adminis-
trativo, o regime de invalidade do acto administrativo;
b) Quanto aos contratos administrativos com objecto passível de contrato de di-
reito privado, o regime de invalidade do negócio jurídico previsto no Código
Civil.
Artigo 8º
(Actos opinativos)
1. Os actos administrativos que interpretem cláusulas contratuais ou que se pronun-
ciem sobre a respectiva validade não são definitivos e executórios.
543
Decreto-Legislativo n.º 17/97, de 10 de Novembro
544
Decreto-Legislativo n.º 17/97, de 10 de Novembro
545
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio
546
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio
Artigo 6º
(Obras que podem ser feitas por preço global)
Só poderão ser contratadas por preço global as obras relativamente às quais seja
possível calcular, sobre o projecto, com pequena probabilidade de erro, a natureza e as
quantidades dos trabalhos a executar e os custos dos materiais e da mão de obra a empregar.
Artigo 7º
(Definição do objecto da empreitada)
O dono da obra definirá, com a maior precisão, nos elementos escritos e desenhados
do projecto e no caderno de encargos, as características da obra e as condições técnicas da
sua execução, bem como a qualidade dos materiais a aplicar e as quantidades dos trabalhos
a executar.
Artigo 8º
(Apresentação do projecto base pelos concorrentes)
1. Quando se trata de obras de complexidade técnica e elevado grau de especialização, o
dono da obra posta a concurso deverá definir um programa base, com a necessária precisão,
os objectivos que deseja atingir, especificando os aspectos que considere vinculativos,
deixando aos concorrentes a apresentação do projecto base.
2. Escolhido no concurso um projecto base, servirá este de base a elaboração, pelo
empreiteiro, do projecto que, depois de aprovado, ficará a obrigar as duas partes.
3. O dono da obra poderá fixar, no programa do concurso, prémios a atribuir aos
autores dos projectos base melhores classificados, seguindo a ordem de classificação
estabelecida pelo júri podendo decidir não atribuir qualquer prémio, total ou parcialmente,
se os trabalhadores forem considerados não satisfatórios.
Artigo 9º
(Variantes do projecto)
1. O dono da obra pode prever, no programa, a apresentação, pelos concorrentes, de
variantes ao projecto ou a parte dele, sem prejuízo do dever de apresentação da proposta
para a execução da empreitada, tal como foi posta a concurso.
2. A variante aprovada substitui, para todos os efeitos, o projecto do dono da obra na
parte respectiva.
Artigo 10º
(Elementos e métodos de cálculo do projecto base e variantes)
Os projectos base e as variantes da autoria do empreiteiro deverão conter todos os
documentos necessários para a sua perfeita apreciação e para a justificação do método de
cálculo utilizado, podendo o dono da obra exigir quaisquer esclarecimentos, pormenores,
planos e desenhos explicativos.
547
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio
Artigo 11º
(Reclamações quanto a erros e omissões do projecto)
1. No prazo de 90 dias ou no que for para o efeito estabelecido no caderno de encargos,
não inferior a 30 dias, contados da data da consignação, o empreiteiro poderá reclamar:
a) Contra erros ou omissões do projecto, relativo à natureza ou volume dos
trabalhos, por se verificarem diferenças entre as condições locais existentes e
as previstas ou entre os dados em que o projecto se baseia e a realidade;
b) Contra erros de cálculos, erros materiais e outros erros ou omissões no mapa
de medições, por se verificarem divergências entre este e o que resulta das
restantes peças do projecto.
2. Depois de findo o prazo estabelecido no número anterior, admitir-se-ão ainda
reclamações com fundamento em erros ou omissões nos dez dias subsequentes ao da
verificação, o empreiteiro demonstre que lhe era impossível descobri-lo mais cedo.
3. Na reclamação prevista nos dois números anteriores, indicará o empreiteiro o
valor que atribui aos trabalhos a mais ou a menos resultantes da rectificação dos erros ou
omissões arguidos.
4. O dono da obra deverá pronunciar-se sobre as reclamações no prazo de trinta dias,
contando da data da sua apresentação.
5. Se o dono da obra verificar, em qualquer altura da execução dela, que houve erros ou
omissões no projecto devidos a causas cuja previsão ou descoberta fosse impossível mais
cedo, deverá notificar dos mesmos o empreiteiro, indicando o valor que lhes atribui.
6. Sobre a interpretação e valor dados pelo dono da obra aos erros ou omissões a que
alude o número anterior pode o empreiteiro reclamar no prazo de dez dias.
Artigo 12º
(Rectificação de erros ou omissões do projecto)
1. Rectificado qualquer erro ou emissão do projecto, o respectivo valor será acrescido
ou deduzido ao preço da adjudicação.
2. No caso de o projecto ou variante ter sido da sua autoria, o empreiteiro suportará
os danos resultantes de erros ou omissões do projecto ou dos mapas de medições, excepto
se os erros ou omissões resultarem de deficiências de dados fornecidos pelo dono da obra.
Artigo 13º
(Valor das alterações do projecto)
1. A importância dos trabalhos a mais ou a menos que resultar das alterações ao projecto
será respectivamente adicionada à importância primitiva da empreitada, ou dela diminuída.
548
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio
___________________
1 Nesta parte a redacção devia ser «será dividida pelas prestações que se vencerem posteriormente ao respectivo apuramento,
salvo estipulação em contrário», mas a publicação no B.O. saiu com gralha.
549
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio
Artigo 18º
(Projecto ou variante do empreiteiro)
1. Havendo lugar a apresentação de projecto base pelos concorrestes, ao empreiteiro
adjudicatário competirá a elaboração do projecto de execução, tal como estabelecido para
a empreitada por preço global.
2. O empreiteiro poderá apresentar variantes ao projecto de execução, nos termos
estabelecidos para a empreitada por preço global, determinando aquelas a alteração do
projecto, quando aprovadas.
3. O concorrente apresentará com o projecto base ou variante a previsão das espécies e
quantidades dos trabalhos necessários para execução da obra e a respectiva lista de preços
unitários.
4. Os trabalhos correspondentes ao projecto ou variantes serão executados em regime
de preço global se o empreiteiro, em tal hipótese, um plano de pagamentos do preço global,
calculando-se este pela aplicação dos preços unitários às quantidades previstas.
Artigo 19º
(Cálculo de pagamentos)
Periodicamente proceder-se-á à medição dos trabalhos executados de cada espécie
para o efeito de pagamento das quantidades apuradas às quais serão aplicados os preços
unitários.
Secção IV
Disposições comuns às empreitadas por preço global e por série de preços
Artigo 20º
(Especificações técnicas)
1. Não é permitida a introdução no caderno de encargos de uma empreitada de
especificações técnicas que mencionem produtos de fabrico ou proveniência determinada
ou de processos especiais que tenham por efeito favorecer ou eliminar determinadas
empresas, salvo em casos excepcionais justificados pelo objecto da empreitada.
2. É designadamente proibida a indicação de marcas comerciais ou industriais, de
patentes ou modelos ou de uma origem ou produção determinadas, sendo, no entanto,
autorizadas tais indicações quando acompanhadas da menção “ou equivalente”, sempre
que não seja possível proceder à descrição do pretendido na execução da empreitada com
recurso a especificações suficientemente precisas e inteligíveis por todos os interessados.
Artigo 21º
(Lista de preço unitário)
Os concorrentes apresentarão com as suas propostas as listas de preços unitários que
lhes hajam servido de base.
550
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio
Artigo 22º
(Encargos dos empreiteiros)
Constitui encargo do empreiteiro, salva estipulação em contrário, o fornecimento dos
aparelhos, instrumentos, ferramentas, utensílios e andaimes indispensáveis à boa execução
da obra.
Artigo 23º
(Trabalhos acessórios)
1. O Empreiteiro tem obrigação, salva estipulação em contrário, de realizar à sua
custa todos os trabalhos que, por natureza ou segundo o uso corrente, a execução da obra
implique como preparatórios ou acessórios.
2. Constitui, em especial, obrigação do empreiteiro, salvo estipulação em contrário, a
execução dos seguintes trabalhos:
a) A construção do estaleiro de obra;
b) Os necessários para garantir a segurança das pessoas empregadas na obra e
do público em geral, para evitar danos nos prédios vizinhos e para satisfazer
os regulamentos de segurança e de policia de vias públicas;
c) O restabelecimento, por meio de obras provisórias, de todas as servidões e
serventias que seja necessário alterar ou destruir para a execução dos trabalhos
e para evitar a estagnação de água que os mesmos trabalhos possam originar;
d) A construção dos acessos ao estaleiro e das serventias internas deste.
Artigo 24º
(Servidões e ocupação de prédios particulares)
Será de conta do empreiteiro, salvo estipulação em contrário, o pagamento das
indemnizações devidas pela constituição de servidões ou pela ocupação temporária de
prédios particulares, necessárias à execução dos trabalhos adjudicados.
Artigo 25º
(Execução de trabalhos a mais)
1. O empreiteiro é obrigado a executar a mais ou de espécie diversa dos previstos no
contrato desde que se destinem à realização da mesma empreitada, lhe sejam ordenados por
escrito pelo dono da obra e o fiscal da obra lhe forneça os planos, desenhos, perfis, mapa
da natureza e volume dos trabalhadores e demais elementos técnicos indispensáveis para a
sua perfeita execução e para a realização das medições.
2. A obrigação cessa quando o empreiteiro opte por exercer o direito de rescisão
ou quando, sendo os trabalhos a mais de espécie diferente dos previstos no contrato, o
551
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio
empreiteiro alegue, dentro de 110 dias após a recepção da ordem, e a fiscalização verifique,
que não possui o equipamento indispensável para a sua execução.
3. O projecto de alteração deve ser entregue ao empreiteiro com a ordem escrita de
execução.
4. Do projecto de alteração não poderão constar, a não ser que outra coisa haja sido
anteriormente estipulada, preço diferente dos contratuais ou dos já acordados para trabalhos
da mesma espécie e a executar nas mesmas condições.
5. Quando, em virtude do reduzido valor da alteração ou por outro motivo justificado,
não exista ou se não faça projecto, deverá a ordem de execução conter, além da discriminação
dos trabalhos a executar e os preços unitários daqueles para que não existam ainda preços
contratuais ou acordados por escrito.
6. Havendo acordo entre as partes, poderão os trabalhos ser executados em regime de
percentagem.
7. A ordem de execução deverá ser averbada ao contrato como suplemento deste,
oficiosamente ou a requerimento do empreiteiro.
Artigo 26º
(Execução de obras complementares)
1. Sempre que nas empreitadas de valor superior a 100.000 contos haja lugar a
execução de obras complementares e o seu montante exceda 40% do valor da adjudicação,
o dono da obra procederá à abertura de novo concurso nas modalidades e regime previstos
no presente diploma.
2. São consideradas obras complementares todas aquelas que, na sequência de uma
circunstância imprevista, se tenham tornado necessárias à execução da obra:
a) Quando essas obras não possam ser técnica ou economicamente separadas
do contrato da empreitada principal, sem inconveniente grave para a entidade
adjudicante;
b) Quando essas obras, ainda que separáveis da execução do contrato inicial,
sejam estritamente necessárias ao seu acabamento.
3. O montante estabelecido no nº 1 poderá ser actualizado por despacho do Ministro
das Infraestruturas e Transportes, a publicar no Boletim Oficial.
Artigo 27º
(Supressão de trabalhos)
Fora dos casos previstos no artigo anterior, o empreiteiro só deixará de executar
quaisquer trabalhos incluídos no contrato desde que, para o efeito, o fiscal, da obra lhe dê
ordem por escrito e que da ordem constem especificamente os trabalhos suprimidos.
552
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio
Artigo 28º
(Inutilização de trabalhos já executados)
Se das alterações impostas resultar inutilização de trabalhos já feitos, de harmonia
com o contrato ou com as ordens recebidas, não serão eles deduzidos no montante da
empreitada e terá ainda o empreiteiro direito à importância despendida com as demolições
a que houver procedido.
Artigo 29º
(Fixação de novos preços)
1. O empreiteiro poderá reclamar contra os novos preços constantes do projecto de
alteração ou dos indicados na ordem de execução, apresentando simultaneamente a sua
lista de preços no prazo de 20 dias, a contar, respectivamente, da data da recepção do
projecto ou da data da ordem.
2. Quando a complexidade do projecto de alteração o justifique, poderá o empreiteiro
pedir a prorrogação do prazo referido no número anterior por período não superior a 20
dias.
3. O fiscal da obra decidirá a reclamação em 30 dias implicando a falta de decisão
tempestiva a aceitação dos preços da lista do empreiteiro, salvo se, dentro do referido prazo,
o fiscal da obra lhe comunicar, por escrito e fundamentadamente, que carece de maior lapso
de tempo para se pronunciar, dispondo então de mais 20 dias.
4. Enquanto não houver acordo sobre todos ou alguns preços, ou não estiverem estes
fixados por arbitragem ou judicialmente, os trabalhos respectivos liquidar-se-ão, logo que
medidos, com base nos preços unitários constantes do projecto de alteração ou da ordem
de execução.
5. Logo que, por acordo, por arbitragem ou judicialmente, ficarem determinados os
preços definitivos, serão pagas ao empreiteiro as diferenças existentes a seu favor relativas
aos trabalhos já realizados.
6. Se do projecto ou da ordem não constarem os preços unitários, apresentará o
empreiteiro a sua lista no prazo estabelecido no nº 1, e por ela se liquidarão os trabalhos
medidos até serem fixados os preços definitivos.
7. À decisão do dono da obra sobre a lista de preços do empreiteiro aplicar-se-á o
disposto no nº 3, devendo as diferenças que se apurarem, relativamente aos trabalhos
já medidos e pagos, entre os preços da lista e os que vierem a ser a final fixados, ser
compensadas, pagando ou recebendo o empreiteiro, consoante couber.
8. Quando não haja sido previsto preço unitário para algumas das espécies do trabalho
a mais, será esse afixado por acordo entre as partes ou, no caso de estas não chegarem a
acordo, por arbitragem entregue a três peritos, sendo um designado pelo dono da obra,
outro pelo empreiteiro e o terceiro pelo Conselho de Obras Públicas.
553
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio
Artigo 30º
(Alteração propostas pelo empreiteiro)
1. Em qualquer momento da realização dos trabalhos, poderá o empreiteiro propor ao
dono da obra variantes ou alterações ao projecto relativamente a parte ou partes por ele
ainda não executadas.
2. Tais variantes ou alterações obedecerão ao que ficou disposto sobre os projectos ou
variantes apresentadas pelo empreiteiro, mas o dono da obra poderá ordenar a sua execução
desde que aceite o preço global ou os preços unitários propostos pelo empreiteiro, ou com
este chegue a acordo sobre os mesmos.
3. Se da variante aprovada resultar economia sem decréscimo de utilidade, duração e
solidez da obra, o empreiteiro terá direito a metade do respectivo valor.
Artigo 31º
(Direito de rescisão por parte do empreiteiro)
1. Quando o valor acumulado dos trabalhos a mais ou a menos, resultantes de ordem
dada pelo dono da obra para execução de outros, da supressão parcial de alguns, da
rectificação de erros e omissões do projecto ou de alterações neste introduzidas, atingir o
quinto do preço da adjudicação, terá o empreiteiro o direito de rescindir o contrato.
2. O empreiteiro tem também o direito de rescisão sempre que da variante ou alteração
ao projecto provindas do dono da obra resulte substituição de trabalhos incluídos no
contrato por outros de espécie diferente, embora destinados ao mesmo fim, desde que o
valor dos trabalhos substituídos represente um quarto, pelo menos, do valor da empreitada.
3. O facto de o empreiteiro não exercer o direito de rescisão com base em qualquer
alteração, ordem ou rectificação não o impede de exercer tal direito a propósito de alterações,
ordens ou rectificações subsequentes.
4. Para efeitos do disposto no nº 1 consideram-se compensados os trabalhos a menos
com trabalhos a mais, salvo se estes últimos não se destinarem à realização da empreitada
que é objecto de contrato.
Artigo 32º
(Prazo do exercício do direito de rescisão)
O direito de rescisão deverá ser exercido no prazo improrrogável de 30 dias, que se
contará:
a) Da data em que o dono da obra notifique o empreiteiro da sua decisão sobre
a reclamação quanto a erros e omissões do projecto ou do 30º dia posterior
ao da apresentação dessa reclamação, no caso de o dono da obra não se haver
entretanto pronunciado sobre ela;
554
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio
555
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio
Artigo 35º
(Correcção de preços)
1. Quando a assinatura do contrato tenha lugar decorridos mais de 180 dias sobre
a data da apresentação da proposta por causa não imputável ao adjudicatário, poderá o
adjudicatário, antes de assinar o contrato, propor a correcção do preço ou dos preços de
acordo com a formula de revisão contratualmente prevista.
2. No caso de não ser admitida a correcção, o adjudicatário poderá desistir da
empreitada.
Artigo 36º
(Indemnização por redução do valor total de trabalhos)
1. Sempre que, em consequência de alteração ao projecto ou de rectificação de erros de
previsão, ou de supressão de trabalhos nos termos do artigo 27º, o empreiteiro execute um
volume total de trabalhos de valor inferior aos que foram objecto de contrato, terá direito à
indemnização correspondente a 10% do valor da diferença verificada.
2. A indemnização será liquidada na conta final.
Artigo 37 º
(Esgotos e demolições)
Quaisquer esgotos ou demolições de obras que houver necessidade de fazer e que não
tenham sido previstos no contrato serão sempre executados pelo empreiteiro em regime de
percentagem.
Artigo 38º
(Responsabilidades por erros de execução)
1. O empreiteiro é responsável por todas as deficiências e erros relativos à execução
dos trabalhos ou à qualidade, forma e dimensões dos materiais aplicados, quer quando o
projecto não fixe as normas a observar, quer quando sejam diferentes dos aprovados.
2. A responsabilidade do empreiteiro cessa quando os erros e vícios de execução hajam
resultado de obediência a ordens ou instruções escritas transmitidas pelo fiscal da obra ou
que tenham obtido a concordância expressa deste.
Artigo 39º
(Responsabilidade por erros de concepção da obra)
1. Pelas deficiências técnicas e erros de concepção dos projectos e dos restantes
elementos patenteados no concurso ou em que posteriormente se definam os trabalhos
a executar responderão o dono da obra ou o empreiteiro, conforme aquelas peças sejam
apresentadas pelo primeiro ou pelo segundo.
2.Quando o projecto ou variante for da autoria do empreiteiro, mas estiver baseado
em dados de campo, estudos ou previsões fornecidos, sem reservas, pelo dono da obra,
556
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio
será este responsável pelas deficiências e erros do projecto ou variante que derivem da
inexactidão dos referidos dados, estudos ou previsões.
Artigo 40º
(Efeitos de responsabilidade)
A responsabilidade estabelecida nos dois artigos anteriores traduz-se em serem de
conta do responsável as obras, alterações e reparações necessárias à adequada supressão das
consequências da deficiência ou erro verificado, bem com a indemnização pelos prejuízos
sofridos pela outra parte ou por terceiros.
Secção V
Da empreitada por percentagem
Artigo 41º
(Conceito)
Diz-se empreitada por percentagem o contrato pelo qual o empreiteiro assume a
obrigação de executar a obra por preço correspondente ao seu custo, acrescido de uma
percentagem destinada a cobrir os encargos de administração e a remuneração normal da
empresa.
Artigo 42º
(Custo dos trabalhos)
1. O custo dos trabalhos será o que resultar da soma dos dispêndios correspondentes
a materiais, pessoal, direcção técnica, estaleiros, transportes, seguros, encargos inerentes
ao pessoal, depreciação e reparação de instalações, de utensílios e de máquinas, e a tudo o
mais necessário para a execução dos trabalhos desde que tais dispêndios sejam feitos com
o acordo do dono da obra, nos termos estabelecidos no caderno de encargos.
2. Não se inclui no custo qualquer encargo puramente administrativo.
Artigo 43º
(Encargos administrativos e lucros)
A percentagem para cobertura dos encargos administrativos e remuneração do
empreiteiro será a que, para caso, se fixar no caderno de encargos.
Artigo 44º
(Trabalhos a mais ou a menos)
Aplica-se a este contrato o disposto nos artigos 27º, 31º a 34º e 36º, mas nos casos do
nº 1 do artigo 31º o empreiteiro só terá direito a rescisão quando o valor acumulado dos
trabalhos a mais ou a menos atingir um quarto do valor dos que foram objecto de contrato.
557
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio
Artigo 45º
(Pagamentos)
1. Salva estipulação em contrário, os pagamentos serão feitos mensalmente, com
base em facturas apresentadas pelo empreiteiro, correspondente ao custo dos trabalhos
executados durante o mês anterior, acrescido da percentagem para cobertura de encargos
administrativos e remuneração do empreiteiro a que se refere o artigo 43º.
2. A factura discriminará todas as parcelas que se incluem no custo dos trabalhos e será
acompanhada dos documentos justificativos necessários.
3. Os pagamentos sofrerão o desconto para garantia nos termos gerais.
Artigo 46º
(Regime subsidiário)
São aplicáveis subsidiariamente a este contrato, e em particular à responsabilidade
pela concepção e execução da obra, as disposições respeitantes às outras modalidades de
empreitada que não forem incompatíveis com a sua natureza.
CAPÍTULO II
Da formação do contrato
Secção I
Disposições gerais
Artigo 47º
(Formação e forma de contrato)109
1. A celebração do contrato de empreitada de obras públicas será precedida de concurso
público ou de concurso limitado, salvo nos casos em que a lei permita o ajuste directo, com
ou sem consultas, ou a dispensa de concurso e este seja decidida pela entidade competente.
2. A realização de concurso público ou limitado poderá ser dispensada, independente-
mente do seu valor, quando, verificada a conveniência para o interesse do Estado, ocorra
alguma das seguintes circunstâncias:
a) Quando a obra só possa ser feita por determinada entidade em consequência do
contrato anterior com o Estado ou aptidão especial comprovada em obras de que
as novas sejam complemento, salvo nos casos previstos no nº 1 do artigo 26º;
b) Quando a segurança pública interna ou externa o aconselhe;
c) Quando o último concurso aberto para o mesmo fim e pelo mesmo organismo,
tenha ficado deserto ou quando, através dele, só tenham sido recebidas
propostas consideradas inaceitáveis;
d) Quando anteriormente tenha sido efectuado concurso com apresentação de
projecto base pelos concorrentes, nos termos do artigo 8º do presente diploma.
3. Quando for dispensado o concurso público nos termos do nº 2 deverá ser realizado
concurso limitado.
109 Os procedimentos pré-contratuais previstos neste artigo e no art. 105º foram alterados pelos previstos no art. 21º da Lei
nº 17/VII/2007 de 10 de Setmbro e art. 69º do Decreto-Lei nº 1/2009 de 5 de Janeiro.
558
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio
559
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio
560
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio
Secção II
Do concurso público
Subsecção I
Conceito, projecto, caderno de encargos e programa do concurso
Artigo 54º
(Conceito)
O concurso diz-se público quando possam apresentar proposta todas as empresas que
se encontrem nas condições gerais estabelecidas por lei.
Artigo 55º
(Elementos que servem de base ao concurso)
1. O concurso terá por base um projecto, um caderno de encargos e um programa de
concurso, emanados do dono da obra.
2. O projecto, o caderno de encargos e o programa do concurso devem estar patentes
nos serviços respectivos, para consulta dos interessados, desde o dia da publicação do
anúncio até ao dia e hora do acto público do concurso.
3. Os interessados poderão solicitar que lhe sejam fornecidas pelo dono da obra cópias
devidamente autenticadas dos elementos patenteados.
4. Quando o projecto base deva ser elaborado pelo concorrente, o projecto e o caderno
de encargos serão substituídos, na fase inicial do concurso, pelos elementos escritos e
desenhados necessários para definir com exactidão o fim das características fundamentais
da obra posta a concurso.
Artigo 56º
(Peças do projecto)
1. As peças do projecto a patentear no concurso serão as suficientes para definir a obra,
incluindo a sua localização, o volume dos trabalhos, o valor para efeitos do concurso, a
natureza do terreno, o traçado geral e os pormenores construtivos.
2. Das peças escritas devem constar, além de outros elementos reputados necessários,
os seguintes:
a) Memória ou nota descritiva;
b) Mapa de medições, contendo a previsão da qualidade e quantidade dos
trabalhos necessários para a execução da obra;
c) Programa de trabalhos, quando tiver carácter vinculante.
3. Das peças desenhadas devem constar, além de outros elementos reputados
necessários, a planta de localização, as plantas, alçados, cortes e pormenores indispensáveis
para uma exacta e pormenorizada definição da obra e ainda, quando existirem, a planta de
sondagens e os perfis geológicos.
561
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio
562
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio
563
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio
564
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio
3. Quando não existir preço base, o dono da obra atenderá ao valor provável dos
trabalhos a adjudicar para efeitos de observar os limites fixados no número anterior.
Artigo 63º
(Acto público do concurso)
1. O acto público do concurso deverá ser fixado. Em regra, para o primeiro dia útil que
se seguir ao termo do prazo indicado no anúncio para a apresentação das propostas.
2. Se, por motivo justificado, não for possível realizar o acto público do concurso na
data fixada no anúncio, o dono da obra publicará aviso a fixar a data da realização, mas
nunca depois de 30 dias decorridos sobre o termo do prazo do concurso.
Subsecção IV
Dos concorrentes
Artigo 64º
(Alvarás)
1. Sem prejuízo do disposto no artigo seguinte, só serão admitidos como concorrentes
as empresas titulares de alvará de empreiteiro de obras públicas contendo as autorizações
da natureza indicada no anúncio e no programa do concurso e da classe correspondente ao
valor da proposta.
2. A titularidade do alvará prova-se pela indicação na proposta do respectivo número,
natureza e classe e, no caso de ser exigida, pela exibição dele, no prazo de 48 horas, a
contar da correspondente notificação.
3. Serão admitidos concorrentes estrangeiros quando o aviso de abertura o preveja e os
concorrentes reúnem as condições do artigo 66º.
Artigo 65º
(Obras para que não seja exigido alvará)
1. Quando o valor da empreitada não imponha posse de alvará, poderá ser exigida no
programa do concurso declaração do concorrente da qual conste o equipamentos e pessoal
de que dispõe para a execução da obra.
2. Quando, apesar do valor, a natureza especializada da obra justifique, pode o dono
da obra exigir no anúncio e no programa do concurso, como condição de admissão, a
titularidade do alvará contendo a autorização correspondente, sem prejuízo do disposto no
nº 1 do artigo 67º quanto a concorrentes sedeados no estrangeiro.
Artigo 66º
(Concorrentes estrangeiros)
1. Poderão ser admitidas ao concurso, quando as características da obra o justificarem,
empresas estrangeiras, mediante despacho do Ministro das Infra-estruturas e Transportes.
565
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio
566
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio
567
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio
568
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio
569
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio
3. De tudo o que ocorrer no acto do concurso será lavrada acta por um funcionário
designado para servir de secretário da comissão, a qual será subscrita por este e assinada
pelo presidente.
Artigo 78º
(Leitura do anúncio do concurso e dos esclarecimentos publicados
e lista dos concorrentes)
1. O acto inicia-se pela leitura do anúncio do concurso e bem assim dos esclarecimentos
prestados pelo dono da obra sobre interpretação do projecto e caderno de encargos,
declarando-se as datas em que foram publicados.
2. Em seguida elaborar-se á, pela ordem de entrada das propostas, a lista dos
concorrentes, fazendo-se a sua leitura em voz alta.
Artigo 79º
(Reclamação e interrupção do acto do concurso)
1. Finda a leitura, os concorrentes poderão reclamar sempre que:
a) Se verificarem divergências entre o programa do concurso, o anúncio ou os
esclarecimentos lidos e a cópia que dos respectivos documentos lhe haja sido
entregue, ou o constante das respectivas publicações;
b) Não haja sido publicado aviso sobre qualquer esclarecimento de que se tenha
feito leitura ou menção;
c) Não tenha sido tornado público e junto às peças patenteadas qualquer
esclarecimento por escrito a outro ou outros concorrentes;
d) Se haja cometido qualquer infracção dos preceitos imperativos deste diploma.
2. Se for formulada reclamação por não inclusão na lista dos concorrentes, proceder-
se-á, do seguinte:
a) O presidente de comissão interromperá a sessão para averiguar do destino que
teve o sobrescrito contendo a proposta e documentos do reclamante, podendo
se o julgar conveniente, adiar o acto do concurso para outro dia e hora a fixar
oportunamente;
b) Se apurar que o sobrescrito foi tempestivamente entregue no local indicado
no anúncio do concurso, mas não houver sido encontrado, a comissão fixará
ao reclamante, no próprio acto, um prazo para apresentar segunda via da sua
proposta e documentos exigidos, avisando todos os concorrentes da data e
hora a que deverá ter lugar a continuação do acto público do concurso;
c) Se antes da reabertura do concurso for encontrado o sobrescrito do reclamante,
juntar-se-á ao processo para ser aberto na sessão pública, dando-se imediato
conhecimento do facto ao interessado;
570
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio
571
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio
Artigo 82º
(Abertura das propostas)
1. Procede-se em seguida à abertura dos sobrescritos que contêm as propostas dos
concorrentes admitidos e pela ordem por que estes se encontrem mencionados na respectiva
lista.
2. Lidas as propostas, a comissão proceder-se-á ao seu exame formal, que poderá
ocorrer em sessão secreta, e decidirá se as admite ou não, atento o disposto no artigo 76º.
3. Da decisão que admite uma proposta pode qualquer outro interessado reclamar.
4. As propostas, bem como os elementos juntos pelos concorrentes, serão rubricadas
por todos os membros da comissão.
5. A comissão fixará um prazo durante o qual os concorrentes ou seus legítimos
representantes podem examinar qualquer proposta e os respectivos documentos.
Artigo 83º
(Registo das exclusões e admissões)
Na lista dos concorrentes far-se-á menção da exclusão de qualquer proposta e das
razões que a fundamentaram, do preço total constante de cada uma das propostas admitidas
e de tudo o mais que a comissão julgue conveniente.
Artigo 84º
(Encerramento da sessão)
Cumprido o que se dispõe nos artigos anteriores, a comissão mandará proceder à
leitura da acta, decidirá quaisquer reclamações que sobre esta forem apresentadas e dará
em seguida por findo o acto público do concurso.
Artigo 85º
(Reclamações)
Todas as reclamações formuladas pelos concorrentes no acto público do concurso
serão exaradas na acta.
Artigo 86º
(Deliberações da comissão)
1. As deliberações da comissão serão tomadas por maioria de votos, prevalecendo, em
caso de empate, o voto do presidente.
2. A comissão poderá, quando considere necessário, reunir em sessão secreta, para
deliberar sobre qualquer reclamação deduzida, interrompendo para esse efeito o acto
público.
3. As deliberações que se tomem sobre reclamações serão fundamentadas e exaradas
na acta.
572
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio
573
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio
574
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio
Artigo 92º
(Minuta do contrato)
1. A minuta do contrato será remetida antes da adjudicação ao concorrente cuja proposta
haja sido preferida, para sobre ela se pronunciar no prazo de 5 dias úteis.
2. Se no prazo referido não se pronunciar, considerar-se-á aprovada a minuta.
Artigo 93º
(Reclamações contra a minuta)
1. Só são admissíveis reclamações contra a minuta de contrato quando dela resultem
obrigações que se não contenham nas peças escritas e desenhadas patentes no concurso, na
proposta ou nos esclarecimentos que sobre esta o concorrente tenha prestado por escrito ao
dono da obra.
2. No prazo máximo de 10 dias a entidade que receber a reclamação comunicará
ao concorrente o que houver decidido sobre ela, entendendo-se que a defere se não se
pronunciar no referido prazo.
3. Da decisão proferida não haverá recurso, mas, se a reclamação não for aceite, total
ou parcialmente, o concorrente ficará desobrigado de contratar, desde que, no prazo de 3
dias, contados da data em que tome conhecimento da decisão do dono da obra, comunique
a este que desiste da empreitada.
Artigo 94º
(Conceito e notificação da adjudicação)
1 A adjudicação é a decisão pela qual o dono da obra aceita a proposta de concorrente
preferido.
2. A adjudicação será notificada ao concorrente preferido, determinando-lhe logo que
preste, no prazo de 8 dias, a caução, cujo valor expressamente se indicará.
3. A adjudicação, será também, comunicada aos restantes concorrentes, logo que se
comprove a prestação da caução.
4. A entidade adjudicante facultará, no prazo de 15 dias a contar da recepção do
respectivo pedido, aos concorrentes que o solicitarem, a acta do acto público do concurso e
o relatório da decisão tomada, sem prejuízo do carácter secreto dos trabalhados da comissão.
Subsecção VIII
Da caução
Artigo 95º
(Função da caução)
1. O adjudicatário garantirá, por caução, o exacto e pontual cumprimento das obrigações
que assume com a celebração do contrato de empreitada.
575
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio
576
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio
577
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio
4. Quando o dono da obra não seja nenhuma das entidades referidas no número anterior,
o contrato será celebrado por escritura pública.
5.Apôs a assinatura do contrato, o empreiteiro receberá duas cópias autênticas do
mesmo e de todos os elementos que dele façam parte integrante.
6. As despesas e encargos inerentes à celebração do contrato serão da conta do
empreiteiro.
7. No livro em que estiver registado ou exarado o contrato serão averbados os
suplementos e contratos adicionais que posteriormente venham a modificá-lo e que deverão
ser celebrados pela mesma forma.
Artigo 102º
(Representação do dono da obra)
1. A representação do Estado e outras entidades públicas na outorga dos contratos,
cabe ao Ministro das Infra-estruturas e Transportes, ou a funcionário por si designado.
2. Nos serviços dotados de autonomia administrativo e financeira cuja gestão esteja
confiada a um órgão colegial ou a um conselho, a representação pertencerá ao presidente
respectivo, seja qual for o valor da despesa é a entidade a competente para a autorizar.
3. A legitimidade dos poderes para a outorga em representação do Estado ou outra
entidade pública será conferida no despacho que aprovar a minuta.
Artigo 103º
(Conteúdo do contrato)
1. O contrato deverá conter:
a) A identificação dos outorgantes, com a menção do despacho que conferiu
poderes ao representante do dono da obra;
b) A especificação da obra que for objecto da empreitada;
c) Menção do despacho que autorizou a celebração do contrato e do que aprovou
a minuta;
d) A menção do despacho de adjudicação, bem como da despesa do concurso,
quando for caso;
e) O valor da adjudicação, a identificação da lista contratual dos preços unitários
e ainda o encargo total resultante do contrato e a classificação orçamental da
dotação por onde será satisfeito;
f) O teor das condições da proposta, sempre que se trate de proposta condicionada;
g) O prazo de execução da obra, com as datas previstas, de início e termo;
578
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio
579
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio
580
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio
Artigo 109º
(Prazos)
1. Nos concursos sem apresentação de candidaturas o prazo de apresentação das
propostas será livremente fixado pelo dono da obra.
2. Nos concursos com apresentação de candidaturas o prazo para a apresentação do
pedido de participação não poderá ser inferior a 20 dias, contados da publicação do anúncio.
3. O prazo de apresentação das propostas será fixado pelo dono da obra não podendo
ser inferior a 20 dias a contar da data de recepção do convite.
4. Os pedidos de participação e os convites para apresentação das propostas podem ser
efectuados por carta, telegrama, telex, telefax ou telefone, devendo o pedido de participação
ser confirmado por carta no prazo do nº 1 do presente artigo se o meio utilizado não tiver
sido este.
Artigo 110º
(Acto público de concurso)
No acto público do concurso será feita a leitura do anúncio e do convite ou circular
enviada aos concorrentes, consoante os casos.
Artigo 111º
(Critérios de adjudicação)
1. No concurso limitado sem apresentação de candidaturas, quando se trate de
propostas não condicionadas, a adjudicação será obrigatoriamente feita à proposta de mais
baixo preço.
2. No concurso limitado com apresentação de candidaturas e no concurso sem
apresentação de candidaturas quando se trate de propostas condicionadas, a adjudicação
far-se-á nos termos estabelecidos para o concurso público.
3. É aplicável ao concurso limitado o disposto nos números 3 e 6 do artigo 89º.
Secção IV
Do ajuste directo
Artigo 112º
(Conceito)
A empreitada diz-se celebrada por ajuste directo quando o empreiteiro é escolhido
independentemente de concurso.
Artigo 113º
(Modo de celebração)
Se não for dispensado contrato formal, este celebrar-se-á nos termos estabelecidos
para os contratos precedidos de concurso.
581
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio
Secção V
Disposições relativas à empreitada por percentagem
Artigo 114º
(Formação do contrato)
A formação do contrato de empreitada por percentagem rege-se pelo disposto nas
secções anteriores, em tudo quanto não contrarie a sua natureza e o estabelecido no artigo
seguinte
Artigo 115º
(Conteúdo do contrato)
1. O título contratual deverá conter:
a) A identificação dos outorgantes, com menção do despacho que conferiu
poderes ao representante do dono da obra no contrato;
b) A especificação dos trabalhos que constituem objecto do contrato, com
referencia ao respectivo projecto, quando exista;
c) A indicação do diploma ou do acto que haja autorizado a adjudicação, quando
tal autorização seja legalmente necessária;
d) O valor máximo dos trabalhos a realizar;
e) O prazo máximo dos trabalhos a realizar;
f) O prazo dentro do qual os trabalhos deverão ficar concluídos;
g) As percentagens para encargos de administração própria e lucro do
empreiteiro;
h) As percentagens para depreciação de utensílios e de máquinas e as quantias
destinadas a instalação de estaleiros;
i) As estipulações especiais sobre forma de pagamento, se a elas houver lugar.
2. O contrato será nulo quando não contiver as especificações indicadas nas alíneas a),
b), e), f), g) e h) do nº 1.
CAPÍTULO III
Da execução da empreitada
SECÇÃO I
Disposições gerais
Artigo 116º
(Notificações relativas à execução da empreitada)
1. As notificações das resoluções do dono da obra ou seu do seu fiscal serão sempre
feitas por escrito, assinadas pelo fiscal da obra, ao empreiteiro ou seu representante.
582
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio
583
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio
584
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio
585
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio
586
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio
prazo ser alterado, por acordo entre o dono da obra e o empreiteiro, em correspondência
com os volumes de trabalho a realizar a partir dessa data.
Artigo 129º
(Retardamento da consignação)
1. O empreiteiro pode rescindir o contrato:
a) Se não for feita consignação no prazo de seis meses, contados da data em que
deveria efectuar-se;
b) Se, havendo sido feitas uma ou mais consignações parciais, o retardamento
da consignação ou consignações subsequentes acarretar a interrupção dos
trabalhos por mais de seis meses seguidos ou interpolados.
2. Todo o retardamento das consignações de que resulte interrupção da obra ou
perturbação do normal desenvolvimento do plano de trabalhos e que não seja imputável ao
empreiteiro dá a este direito de ser indemnizado pelos danos sofridos como consequência
necessária desse facto.
3. Se, nos casos dos dois números anteriores, o retardamento da consignação for devido
a caso imprevisto ou de força maior, a indemnização a pagar ao empreiteiro limitar-se-á aos
danos emergentes.
Artigo 130º
(Auto de consignação)
1. Da consignação será lavrado auto, no qual se fará referência ao contrato e se
mencionarão:
a) As modificações que, em relação ao projecto, se tenham dado no local em que
os trabalhos hão de ser executados e que possam influir no seu custo;
b) As operações executadas, tais como restabelecimento de traçados,
implantações de obras e colocação de referencias;
c) Os terrenos e construções de que se dê posse ao empreiteiro;
d) Quaisquer peças escritas ou desenhadas, complementares do projecto, que no
momento foram entregues ao empreiteiro;
e) As reclamações ou reservas apresentadas pelo empreiteiro relativamente ao
acto de consignação e os esclarecimentos que forem prestados pelo delegado
do dono da obra.
2. O auto de consignação será lavrado em duplicado e assinado pelo delegado do dono
da obra que fizer a consignação e pelo empreiteiro ou representante deste.
3. Nos casos de consignação parcial lavrar-se-ão tantos autos quantas as
consignações.
587
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio
Artigo 131º
(Modificação das condições locais e suspensão da consignação)
1. Quando se verifiquem, entre as condições locais existentes e as previstas no projecto
ou os dados que serviram de base à sua elaboração, diferenças que possam determinar a
necessidade de um projecto de alteração, a consignação será suspensa, podendo, no entanto,
prosseguir quanto às zonas da obra que não sejam afectadas pelo projecto de alteração,
desde que se verifiquem as condições estabelecidas para a realização de consignações
parciais.
2. A consignação suspensa só poderá prosseguir depois de terem sido notificadas ao
empreiteiro as alterações introduzidas no projecto.
Artigo 132º
(Reclamação do empreiteiro)
1. O empreiteiro deverá fazer exarar as suas reclamações no próprio auto de consignação,
podendo, porém limitar-se a anunciar o seu objecto e reservar-se a apresentar por escrito
exposição fundamentada, dentro do prazo de 10 dias.
2. Se o empreiteiro não proceder como se dispõe no número anterior, tornar-se-ão
como definitivos os resultados do auto, sem prejuízo, todavia, da possibilidade de reclamar
contra erros ou emissões do projecto, se for caso disso.
3. A reclamação exarada ou anunciada no auto será decidida pelo dono da obra no
prazo de 20 dias, a contar da data do auto ou da entrega da exposição, conforme os casos,
e com essa decisão terá o empreiteiro de conformar-se para efeitos de prosseguimento dos
trabalhos, sem prejuízo do direito de impugnação pelos meios legais, a qual não terá efeito
suspensivo.
4. Atendida pelo dono da obra a reclamação, ou se a mesma não for decidida no prazo
fixado no número anterior, considerar-se-á como não efectuada a consignação na parte
abrangida pela reclamação.
Artigo 133º
(Indemnização)
1. Se, no caso de o empreiteiro querer usar o direito de rescisão por retardamento da
consignação, ou em seguimento de suspensão da consignação, esse direito lhe for negado
pelo dono da obra e posteriormente se verificar, pelos meios competentes, que tal negação
era ilegítima, deverá o dono da obra indemnizá-lo dos danos resultantes do acto de não
haver podido exercer o seu direito oportunamente.
2. A indemnização limitar-se-á às perdas e danos emergentes do cumprimento do
contrato que não derivem de originaria insuficiência dos preços unitários da proposta ou
dos erros desta, e só será devida quando o empreiteiro, na reclamação formulada no auto
da consignação, tenha manifestado expressamente a sua vontade de rescindir o contrato,
especificando o fundamento legal.
588
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio
SECÇÃO III
Do plano de trabalhos
Artigo 134º
(Objecto e aprovação do plano de trabalhos)
1. O plano de trabalhos destina-se à fixação da ordem, prazo, e ritmo de execução
de cada uma das espécies de trabalhos que constituem a empreitada e á especificação dos
meios com que o empreiteiro se propõe executá-los, sendo necessariamente acompanhado
do plano de pagamentos com a previsão do esclarecimento e periodicidade dos pagamentos
a efectuar durante o prazo contratual.
2. No prazo estabelecido no caderno de encargos ou no contrato e que não poderá
exceder 90 dias, contados da data da consignação, o empreiteiro apresentará ao fiscal da
obra, para aprovação, o seu plano definitivo de trabalhos.
3. O dono da obra pronunciar-se-á sobre o plano de trabalhos no prazo máximo de
30 dias, podendo introduzir-lhe modificações considerados convenientes, não lhe sendo,
contudo, permitido alterá-lo nos pontos que hajam constituído condição essencial da
validade da proposta do empreiteiro, salvo acordo prévio com o empreiteiro.
4. Aprovado o plano de trabalhos, com ele se deverá conformar a execução da obra.
Artigo 135º
(Modificação do plano de trabalhos)
1. O dono da obra poderá alterar, em qualquer momento, o plano de trabalhos em vigor,
ficando o empreiteiro com direito a ser indemnizado dos danos sofridos em consequência
dessa alteração.
2. O empreiteiro pode, em qualquer momento, propor modificações ao plano de
trabalhos ou apresentar outro para substituir o vigente, justificando a sua proposta, sendo
a modificação ou novo plano aceites desde que deles não resulte prejuízo para a obra ou
prorrogação dos prazos de execução.
Artigo 136º
(Atraso no cumprimento do plano de trabalhos)
1. Se o empreiteiro, injustificadamente, retardar a execução dos trabalhos previstos
no plano em vigor, de modo a pôr em risco a conclusão da obra dentro do prazo resultante
do contrato, o fiscal da obra, poderá notificá-lo para apresentar, nos quinze dias seguintes
o plano dos diversos trabalhos que em cada um dos meses seguintes conta executar, com
indicação dos meios de que se vai servir.
2. Se o empreiteiro não cumprir a notificação prevista no número anterior, ou se a
resposta for dada em termos pouco precisos ou insatisfatórios, o fiscal da obra, quando,
devidamente autorizado, elaborará novo plano dos trabalhos, acompanhado de uma
memória justificativa da sua validade, e notificá-lo-á ao empreiteiro.
589
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio
590
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio
multa por cada dia de atraso, correspondente ao período de adjudicação, se outro montante
não estiver estabelecido no caderno de encargos.
4. No caso de ser rescindido o contrato serão aplicáveis as normas prescritas para a não
comparência do empreiteiro ao acto de consignação.
Artigo 138º
(Elementos necessários para a execução e medição dos trabalhos)
1. Nenhum elemento da obra será começado sem que ao empreiteiro tenham sido
entregues, devidamente autenticados, os planos, perfis, alçados, cortes, cotas de referência
e demais indicações necessárias para perfeita identificação e execução da obra de acordo
com o projecto ou suas alterações e para a exacta medição dos trabalhos quando estes
devam ser pagos por medições.
2. Serão demolidos e reconstruídos pelo empreiteiro à sua custa, sempre que isso seja
ordenado por escrito, todos os trabalhos que tenham sido realizados com infracção do
disposto no nº 1 deste artigo ou executados em desconformidade com os elementos nele
referidos.
Artigo 139º
(Demora na entrega dos elementos necessários
para a execução e medição dos trabalhos)
Se a demora na entrega dos elementos técnicos mencionados no nº 1 do artigo anterior
implicar a suspensão ou interrupção dos trabalhos ou o abandono do ritmo da sua execução,
proceder-se-á segundo o disposto para os casos de suspensão dos trabalhos pelo dono da
obra.
Artigo 140º
(Objectos de arte e antiguidades)
1. Todos os objectos de arte, antiguidades, moedas e quaisquer substâncias minerais
ou de outra natureza, com valor histórico, arqueológico ou cientifico, encontrados nas
escavações ou demolições serão entregues pelo empreiteiro ao fiscal da obra, por auto
donde conste especificamente a natureza da entrega.
2. Quando a extracção ou desmontagem do objecto envolverem trabalhos,
conhecimentos ou processos especializados, o empreiteiro comunicará o achado ao fiscal
da obra e suspenderá a execução da obra até receber as instruções necessárias.
3. O descaminho ou destruição de objectos compreendidos entre os mencionados neste
artigo serão participados pelo fiscal ou pelo dono da obra ao agente do Ministério Público
da Comarca competente para procedimento criminal.
4. De todos os achados dará o dono da obra conhecimento ao departamento
governamental que integra os serviços de protecção do património.
591
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio
SECÇÃO V
Dos materiais
Artigo 141º
(Especificações)
1. Todos os materiais que se empreguem nas obras terão a qualidade, dimensões,
forma e demais características designadas no respectivo projecto, com as tolerâncias
regulamentares ou admitidas no caderno de encargos.
2. Sempre que o empreiteiro julgue que as características dos materiais fixadas no
projecto ou no caderno da encargos não são tecnicamente aconselháveis ou as mais
convenientes, comunicará o facto ao fiscal da obra e fará uma proposta fundamentada
de alteração a qual será acompanhada de todos os elementos técnicos necessários para a
aplicação dos novos materiais e execução dos trabalhos correspondentes, bem como da
alteração de preços a que a aplicação daqueles materiais possa dar lugar e do prazo em que
o dono da obra deve pronunciar-se.
3. Se o dono da obra não se pronunciar sobre a proposta no prazo nela indicado e
não ordenar por escrito a suspensão dos respectivos trabalhos, utilizará o empreiteiro os
materiais previstos no projecto ou no caderno de encargos.
4. Sempre que o projecto ou caderno de encargos ou o contrato não fixem as
características dos materiais, será o empreiteiro livre de decidir como melhor entender,
respeitando, no entanto, as respectivas normas oficiais em vigor e as características
habituais em obras análogas.
5. Qualquer especificação do projecto ou cláusula do caderno de encargos ou do
contrato em que se estabeleça que incumbirá ao dono da obra ou ao fiscal a fixação das
características técnicas dos materiais será nula.
6. O aumento ou diminuição de encargos resultante da alteração das características
técnicas materiais será, respectivamente, acrescido ou deduzido ao preço da empreitada.
Artigo 142º
(Exploração de pedreiras, saibreiras, areeiros e semelhantes)
1. Os materiais a aplicar na obra, provenientes da exploração de pedreiras, saibreiras,
areeiros ou semelhantes, serão em regra extraídos nos locais fixados no projecto no caderno
de encargos ou no contrato, e, quando tal exploração não for especificamente imposta,
noutros que mereçam a preferência do empreiteiro, sendo neste caso, a aplicação dos
materiais precedida de aprovação do fiscal da obra.
2. Se o empreiteiro aceitar a extracção dos materiais nos locais fixados no projecto,
caderno de encargos ou no contrato e se, durante a execução da obra e por exigências desta,
for necessário que passe a explorar todos ou alguns deles em lugares diferentes, proceder-
592
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio
se-á rectificação dos custos dos trabalhos onde esses materiais são aplicados, aumentando-
se ou deduzindo-se o acréscimo ou a redução de encargos consequentes da transferência
dos locais de extracção.
3. Quando a extracção dos materiais for feita em locais escolhidos pelo empreiteiro,
a sua transferência não determinará qualquer alteração do custo dos trabalhos, salvo nos
casos previstos nos artigos seguintes ou se resultar da imposição pelo dono ou pelo fiscal
da obra da aplicação de materiais com características diferentes das fixadas no projecto ou
no caderno de encargos.
4. Para rectificação do custo dos trabalhos seguir-se-á o disposto relativamente às
alterações do projecto.
Artigo 143º
(Expropriação)
1. Quando no projecto, no caderno de encargos ou no contrato se não fixarem
pedreira, saibreiras, ou areeiros donde o empreiteiro possa extrair os materiais precisos
para a construção, terá direito a obter expropriação por utilidade pública urgente e a
utilizar os meios legais para as explorar à sua custa em prédios particulares, mediante justa
indemnização e reparando todos os prejuízos a que der causa pela extracção, transporte e
depósito dos materiais. Neste caso, deverá apresentar, quando lhe seja exigido pelo dono
da obra os seus agentes, os contratos ou ajustes que, para aquele efeito, tiver celebrado com
os proprietários.
2. Enquanto durarem os trabalhos da empreitada, os terrenos por onde haja de fazer-se
o conveniente acesso aos locais de exploração de pedreiras, saibreiras ou areeiros, ficam
sujeitos ao regime legal de servidão temporária.
Artigo 144º
(Novos locais de exploração)
Se, durante a execução dos trabalhos, o dono da obra, por motivos alheios a esta,
tiver necessidade ou conveniência de aplicar materiais provenientes de locais diversos
dos fixados no projecto, no caderno de encargos ou no contrato, ou dos escolhidos pelo
empreiteiro, poderá ordená-lo, desde que proceda à rectificação do custo dos trabalhos
onde esses materiais sejam aplicados.
Artigo 145º
(Materiais pertencentes ao dono da obra ou provenientes
de outras obras ou demolições)
1. Se o dono da obra julgar conveniente empregar nela materiais que lhe pertençam
ou provenientes de demolições ou de outras obras, será o empreiteiro obrigado a fazê-lo,
descontando-se se for caso disso, no preço da empreitada o respectivo custo ou rectificando-
se o preço dos trabalhos em que devam aplicar-se, seguindo-se, no que for aplicável, o
disposto no artigo 29º.
593
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio
594
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio
595
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio
SECÇÃO VI
Da fiscalização
Artigo 153º
(Agentes da fiscalização)
1. A execução dos trabalhos será fiscalizada pelos representantes do dono da obra que
este para tal efeito designe.
2. Quando a fiscalização seja constituída por dois ou mais agentes, o dono da obra
designará um deles para chefiar, como fiscal da obra e, sendo um só, a este caberá as
funções de fiscal da obra.
3. A obra e o empreiteiro ficam também sujeitos à fiscalização que, nos termos de
legislação especial, incumbir a outras entidades devendo essa fiscalização ser porém,
exercer-se de modo que:
a) Seja dado prévio conhecimento ao fiscal da obra da efectivação de qualquer
diligência no local de trabalhos;
b) Sejam, imediatamente e por escrito, comunicadas ao fiscal da obra todas
as ordens dadas e notificações feitas ao empreiteiro que possam influir no
normal desenvolvimento dos trabalhos.
Artigo 154º
(Função da fiscalização)
À fiscalização incumbe vigiar e verificar o exacto cumprimento do projecto e suas
alterações, do contrato, cadernos de encargos e do plano de trabalhos e, designadamente.
a) Verificar a implantação da obra, de acordo com referências necessárias
fornecidas ao empreiteiro;
b) Verificar a exactidão ou o erro eventual das previsões do projecto, em especial,
e com a colaboração do empreiteiro, no que respeita às condições do terreno;
c) Aprovar os materiais a aplicar;
d) Vigiar os processos de execução;
e) Verificar as características dimensionais da obra;
f) Verificar em geral, o modo como são executados os trabalhos;
g) Verificar a observância dos prazos estabelecidos;
h) Proceder às medidas necessárias e verificar o estado de adiantamento dos
trabalhos;
i) Averiguar se foram infringidas quaisquer disposições do contrato e das leis e
regulamentos aplicáveis;
596
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio
597
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio
Artigo 156º
(Modo de actuação da fiscalização)
1. Para realizações das atribuições, a fiscalização dará ao empreiteiro ordens, far-lhe-á
avisos e notificações, procederá às verificações e medições e praticará todos os demais
actos necessários;
2. Os actos referidos no número anterior só poderão prover-se, contra ou a favor do
empreiteiro, mediante documento escrito.
3. A fiscalização deverá processar-se sempre de modo a não perturbar o andamento
normal dos trabalhos e sem anular a iniciativa e correlativa responsabilidade do empreiteiro.
Artigo 157º
(Reclamação contra ordens recebidas)
1. Se o empreiteiro reputar ilegal, contrária ao contrato ou perturbadora da ordem dos
trabalhos qualquer ordem recebida, deverá apresentar ao fiscal da obra, no prazo de 5 dias,
a sua reclamação, em cujo duplicado será passado recibo.
2. Se a ordem não tiver da autoria do fiscal da obra, encaminhará este imediatamente a
reclamação para entidade competente, pedindo as necessárias instruções.
3. O fiscal da obra notificará a decisão tomada ao empreiteiro no prazo de 30 dias,
equivalendo o seu silêncio ao deferimento da reclamação.
4. Em caso de urgência ou de perigo iminente, poderá o fiscal da obra confirmar por
escrito a ordem de que penda reclamação, exigindo o seu imediato cumprimento.
5. Nos casos do número anterior, e bem assim quando a reclamação for indeferida, será
o empreiteiro obrigado a cumprir prontamente a ordem, ficando, porém, liberto de toda a
responsabilidade civil ou criminal que desse cumprimento resultar e tendo direito a ser
indemnizado do prejuízo e do aumento de encargos que suporte, se vier a ser reconhecida
a procedência da sua reclamação
Artigo 158º
(Falta de cumprimento da ordem)
1. Se o empreiteiro não cumprir ordem legal, dimanada do fiscal da obra, dada por
escrito sobre matéria relativa à execução, nos termos contratuais da empreitada, e não
houver sido absolutamente impedindo de o fazer por caso de força maior, assistirá ao dono
da obra o direito de, se assim entender, rescindir o contrato por culpa do empreiteiro.
2. Se o dono da obra não rescindir o contrato, ficará o empreiteiro responsável pelos
danos emergentes da desobediência.
598
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio
SECÇÃO VII
Da suspensão dos trabalhos
Artigo 159º
(Suspensão dos trabalhos pelo empreiteiro)
1. O empreiteiro só poderá suspender a execução dos trabalhos por mais de 10 dias, se
tal tiver sido previsto no plano de trabalhos em vigor ou resulte:
a) Da ordem ou autorização do dono da obra ou seus agentes ou de facto que
lhes seja imputável;
b) De caso de força maior;
c) Da falta de pagamento das prestações devidas por força do contrato, ou
dos trabalhos executados, quando hajam decorrido 3 meses sobre a data do
vencimento;
d) Da impossibilidade de prossecução dos trabalhos por falta de fornecimento
de elementos técnicos;
e) De disposição do presente diploma;
2. O exercício da faculdade de suspensão da execução dos trabalhos prevista no número
anterior, deverá ser antecedida de comunicação ao dono da obra, por notificação judicial ou
carta registada, com menção expressa dos aspectos fundamentais da decisão.
Artigo 160º
(Suspensão dos trabalhos pelo dono da obra)
1. Sempre que circunstâncias especiais impeçam que os trabalhos sejam executados
ou progridam em condições satisfatórias, e bem assim quando o imponham o estudo de
alterações e introduzir no projecto, o fiscal da obra poderá, obtida a necessária autorização,
suspendê-los temporariamente, no todo ou em parte.
2. No caso de qualquer demora na suspensão envolver perigo iminente ou prejuízos
graves para o interesse público, a fiscalização poderá ordenar, sob sua responsabilidade,
a suspensão imediata dos trabalhos, informando imediatamente do facto o dono da obra.
Artigo 161º
(Autos de suspensão)
1. Tanto nos casos previstos no artigo anterior com em qualquer outro em que o
dono da obra ordene a suspensão, a fiscalização, com a assistência do empreiteiro ou seu
representante, lavrará auto, em duplicado, que ambos assinarão, no qual fiquem exaradas
as causas que a determinam, a decisão superior que a autorização ou as razões de perigo
iminente ou prejuízo grave que conduziram a proceder sem autorização, os trabalhos que
abrange e o prazo de duração previsto.
599
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio
600
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio
601
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio
602
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio
603
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio
4. Dos autos e notificações referidos nos números 1 e 2 deste artigo pode o empreiteiro
reclamar, e, se os trabalhos de demolição e reconstrução forem de apreciável valor ou
puderem atrasar a execução do plano, poderá requerer que a presunção da existência dos
defeitos seja confirmada por uma vistoria feita por três peritos, um de sua nomeação,
outro indicado pelo dono da obra e o terceiro designado pelo director do Laboratório de
Engenharia de Cabo Verde.
Artigo 174º
(Multa por violação dos prazos contratuais)
1. Se o empreiteiro não concluir a obra no prazo contratualmente estabelecido,
acrescido de prorrogações graciosas ou legais, ser-lhes-á aplicada, até ao fim dos trabalhos
ou à rescisão do contrato, a seguinte multa diária, se outra não for fixada no caderno de
encargos:
a) 1 por mil do valor da adjudicação, no primeiro período correspondente a um
décimo do referido prazo;
b) Em cada período subsequente de igual duração a multa sofrerá um aumento
de 0,5 por mil até atingir um máximo de 5 por mil.
2. Se o empreiteiro não cumprir prazos parciais vinculativos, quando existam, ser-
lhe-á aplicável multa de percentagem igual à metade da estabelecida no número anterior e
calculada da mesma forma sobre o valor dos trabalhos em atraso.
3. A requerimento do empreiteiro ou por iniciativa do dono da obra, as multas contratuais
poderão ser reduzidas a montantes adequados, sempre que se mostrem desajustadas em
relação aos prejuízos reais sofridos pelo dono da obra foram bem executadas quando se
verifique que as obras foram bem executadas e que os atrasos no cumprimento de prazos
parciais foram recuperados, tendo a obra sido concluída dentro do prazo global do contrato.
4. Caso já tenha havido recepção provisória de parte da empreitada, as multas
contratuais a que se refere o nº 1 serão aplicadas na base do valor dos trabalhos ainda não
recebidos.
5. A aplicação de multas contratuais nos termos dos números anteriores será precedida
de auto lavrado pela fiscalização, do qual o dono da obra enviará uma cópia ao empreiteiro,
notificando-o para, no prazo de 10 dias deduzir a sua defesa ou impugnação.
CAPÍTULO IV
Dos pagamentos
SECÇÃO I
Do pagamento por medição
Artigo 175º
(Periodicidade e formalidades da medição)
1. Sempre que deva proceder-se à medição dos trabalhos efectuados, realizar-se-á esta
mensalmente, salvo estipulação em contrário.
604
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio
605
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio
elaborados anteriormente ou que tenham sido considerados outros que ele não reconheça,
ou ainda haja formulado reservas nos documentos que instruírem as situações de trabalho,
deverá apresentar, nos 10 dias subsequentes, reclamação em que especifique a natureza dos
vícios, erros ou faltas e os correspondentes valores a que se acha com direito.
2. Se no prazo fixado, no número anterior o empreiteiro não apresentar reclamação,
entender-se-á que se conforma com as condições dos autos e os resultados dos documentos
que instruem a situação dos trabalhos.
3. Apresentada a reclamação, considerar-se-á a mesma deferida se o dono da obra não
se pronunciar sobre ela no prazo de 30 dias a não ser que haja de proceder-se a ensaios
laboratoriais, exames ou verificações que demandem maior lapso de tempo que, naquele
prazo se comunicará ao empreiteiro.
4. As despesas com a realização de medições especiais para julgamento de reclamações
do empreiteiro serão suportadas por este caso se reconheça que as medições impugnadas
estavam certas.
Artigo 180º
(Liquidação e pagamento)
1. Após a assinatura pelo empreiteiro dos documentos que constituem a situação
de trabalhos, promover-se-á a liquidação do valor correspondente a todos os trabalhos
medidos sobre os quais não haja divergências, depois de deduzidos os descontos a que
houver lugar nos termos contratuais, notificando-se o empreiteiro dessa liquidação para
efeitos de pagamento.
2. Quando não forem liquidados todos os trabalhos medidos, mencionar-se-á o facto,
mediante nota explicativa inserta na respectiva conta corrente.
3. Logo que sejam resolvidas as reclamações deduzidas, proceder-se-á a rectificação
da conta corrente, liquidando-se ao empreiteiro a importância apurada a seu favor.
4. se o julgamento das reclamações conduzir ao reconhecimento de que houve
pagamento de quantias não devidas, deduzir-se-á no primeiro pagamento a efectuar, ou no
depósito de garantia, se a reclamação respeitar ao último pagamento, a importância que se
reconheça ter sido paga a mais.
Artigo 181º
(Situações provisórias)
1. Quando a distância o difícil acesso ou a multiplicidade das frentes, a própria natureza
dos trabalhos ou outras circunstâncias impossibilitarem eventualmente a realização da
medição mensal e bem assim quando a fiscalização, por qualquer motivo, a deixe de fazer,
606
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio
apresentará o empreiteiro, até ao fim do mês seguinte, o mapa dos trabalhos efectuados no
mês anterior, com os documentos respectivos.
2. Apresentado o mapa e visado pela fiscalização, no prazo de 5 dias úteis, só para o
efeito de comprovar a verificação de algumas das condições que nos termos do número
anterior justifiquem o procedimento, será considerado como situação provisória de
trabalhos e proceder-se-á como se de situação de trabalhos se tratasse.
3. A exactidão das quantidades inscritas nos mapas será verificada no primeiro auto de
medição que se efectuar, com base no qual se procederá às rectificações a que houver lugar.
4. Se o empreiteiro dolosamente inscrever no seu mapa trabalhos não efectuados,
sujeitar-se-á às penas de burla, aplicáveis em função do valor dos trabalhos dolosamente
inscritos, e o facto será comunicado à Comissão de Alvarás de Empresas de Obras Públicas
e Particulares.
Artigo 182º
(Situação final)
1. Ao assinar a conta corrente e demais documentos relativos à última situação de
trabalhos, deverá o empreiteiro declarar, por escrito, se mantém ou não as reclamações que
tenha apresentado no decurso da empreitada e que ainda não se encontrem definitivamente
resolvidas.
2. Entender-se-á que o empreiteiro desiste das reclamações que não declare
expressamente manter nos termos do número anterior.
SECÇÃO II
Do pagamento em prestações
Artigo 183º
(Pagamento em prestações fixas)
Quando o pagamento houver de ser feito em prestações fixas, o empreiteiro apresentará,
para obter um mapa que defina o estado de adiantamento, dos trabalhos em relação às
previsões do plano em vigor, o qual será verificado pela fiscalização, no prazo de 5 dias
úteis, lavrando-se auto da respectiva diligência.
Artigo 184º
(Pagamento em prestações variáveis)
Quando o pagamento houver de ser feito em prestações variáveis em função das
quantidades de trabalho executadas, observar-se-á em tudo quando for aplicável, o regime
da medição dos trabalhos nas empreitadas por série de preços.
607
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio
SECÇÃO III
Disposições gerais
Artigo 185º
(Desconto para garantia)
1. Das importâncias que o empreiteiro tiver a receber em cada um dos pagamentos
parciais serão deduzidas para garantia do contrato, em reforço da caução, 5 por cento, salvo
se outra percentagem se fixar no caderno de encargos, no qual também poderá estabelecer-
se um limite máximo para importância da garantia.
2. O disposto no número anterior aplica-se aos pagamentos respeitantes a trabalhos a
mais e a revisão de preços, sendo, no entanto, a percentagem a deduzir a que corresponder
à soma das fixadas para a caução e seus reforços.
3. As importâncias deduzidas serão imediatamente depositadas numa instituição
bancária.
4. O desconto pode ser substituído por depósito de títulos, por garantia bancária ou por
seguro caução, nos mesmos termos que a caução.
Artigo 186º
(Prazos de pagamentos)
1. Os contratos devem precisar os prazos em que o dono da obra deve proceder ao
pagamento dos trabalhos executados e das respectivas revisões e eventuais acertos, os
quais não poderão exceder 60 dias, contados, consoante os casos:
a) Das datas dos autos medição a que se refere o artigo 175º;
b) Das datas de apresentação dos mapas de trabalhos previstos no artigo 134º;
c) Das datas em que os acertos sejam decididos.
2. Nos casos em que os contratos não precisem de prazos a que se refere o número
anterior, entender-se-á que serão de 60 dias.
Artigo 187º
(Mora no pagamento)
1. O empreiteiro terá direito a juro pela demora no pagamento das contas aprovadas,
se essa demora exceder a data contratualmente fixada, caso em que se lhe abonará o juro
calculado a uma taxa igual à taxa básica de desconto do Banco de Cabo Verde, adicionada
de 1 por cento, contando desde a data da notificação ou do vencimento contratual da
prestação fixa.
2. Se o atraso na realização de qualquer pagamento se prolongar por mais três meses,
terá o empreiteiro direito a suspender os trabalhos, com os encargos por conta do dono da
obra, sendo o prazo contratual prorrogado por período igual ao da suspensão.
608
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio
609
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio
2. Nos casos previstos no nº 5 do artigo 188º, a garantia bancária prestada será extinta
na parte em que o adiantamento deva considerar-se suficientemente assegurado pelo
privilégio, logo que os materiais e equipamentos entrem na posse do empreiteiro.
3. Sem prejuízo do disposto no nº 2 e à medida que for reembolsado o adiantamento, o
dono da obra deverá libertar a parte correspondente da garantia prestada.
CAPÍTULO V
Da recepção e liquidação da obra
SECÇÃO I
Da recepção da obra
Artigo 191º
(Vistoria)
1. Logo que a obra esteja concluída, proceder-se-á, a pedido do empreiteiro ou por
iniciativa do dono da obra, à sua vistoria para efeitos de recepção provisória.
2. A vistoria será feita por representantes do dono da obra, com a assistência do
empreiteiro ou seus representantes, lavrando-se autos por todos assinados.
3. O fiscal da obra convocará, por escrito, o empreiteiro para a vistoria com a
antecedência mínima de 5 dias úteis, e, se este não comparecer nem justificar a falta,
realizar-se-á a diligência com a intervenção de duas testemunhas idóneas, notificando-se
de imediato ao empreiteiro o conteúdo do auto, para os efeitos dos números 3 e seguintes
do artigo seguinte.
4. Se o dono da obra não proceder à vistoria nos 30 dias subsequentes ao pedido do
empreiteiro e não for impedido de o fazer por caso de força maior ou em virtude da própria
natureza e extensão da obra, considerar-se-á esta, para todos os efeitos, recebida no termo
desse prazo.
Artigo 192º
(Deficiência de execução)
1. Se por virtude das deficiências encontradas, que hajam resultados de infracção às
obrigações contratuais e legais do empreiteiro, a obra não estiver, no todo ou em parte, em
condições de ser recebida, o representante do dono da obra especificará essas deficiências no
auto, exarando ainda neste a declaração de não recepção e a notificação ao empreiteiro para,
em prazo razoável que logo seja designado, proceder às modificações ou representações
necessárias.
2. Pode o dono da obra fazer a recepção provisória da parte dos trabalhos que estiver
em condições de ser recebida.
3. Contra o conteúdo do auto e a notificação feita pode o empreiteiro reclamar no
próprio auto ou nos 10 dias subsequentes, devendo o dono da obra pronunciar-se sobre a
reclamação no prazo de 30 dias.
610
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio
4. Quando o empreiteiro não reclame ou seja indeferida a sua reclamação e não faça
nos prazos marcados as modificações ou reparações ordenadas, assistirá ao dono da obra
o direito de as mandar efectuar por conta do empreiteiro, debitando a este as importâncias
despendidas.
5. Cumprida a notificação prevista no nº 1, proceder-se-á a nova vistoria para efeitos
de recepção provisória.
Artigo 193º
(Recepção provisória)
1. Verificando-se, pela vistoria realizada, que a obra está, no seu todo ou em parte, em
condições de ser recebida, isso mesmo será declarado no auto, considerando-se efectuada a
recepção provisória em toda a extensão da obra que não apresente deficiência apontada nos
termos do artigo anterior e contando-se desde então, para os trabalhos recebidos, o prazo
de garantia fixado no contrato.
2. O empreiteiro poderá deduzir reclamações relativamente a qualquer facto ou
circunstâncias consignados no auto, exarando-as nele ou apresentando as por escrito nos
10 dias subsequentes.
3. O dono da obra deverá pronunciar-se sobre a reclamação no prazo de 30 dias, salvo
se, tornando-se indispensável a realização de quaisquer ensaios, carece de maior lapso
de tempo para a decidir, caso em que, dentro daquele prazo, deverá comunicar o facto ao
empreiteiro fixando desde o período adicional de que necessita e que não será superior ao
requerido para a realização e apreciação de tais ensaios.
4. A falta de decisão de dono da obra, dentro dos prazos resultantes do número anterior,
implica o deferimento da reclamação.
SECÇÃO II
Da liquidação da empreitada
Artigo 194º
(Elaboração da conta)
1. Em seguida à recepção provisória proceder-se-á, no prazo de 60 dias, à elaboração
da conta da empreitada.
2. Os trabalhos e valores relativamente aos quais existam reclamações pendentes serão
liquidados à medida que aqueles forem definitivamente decididos.
Artigo 195º
(Elementos da conta)
A conta da empreitada constará dos seguintes elementos:
a) Uma conta corrente à qual serão levados, por verbas globais, os valores de
todas medições e revisões ou acertos, das reclamações já decididas e dos
prémios vencidos;
611
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio
612
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio
Artigo 198º
(Publicidade dos éditos)
1. Os presidentes da câmaras, recebida aquela comunicação, mandarão afixar, nos
lugares do estilo, éditos de 20 dias, chamando todos os interessados para, até 10 dias
depois do termo do prazo dos éticos, apresentarem na secretaria municipal, por escrito
e devidamente fundamentadas e documentadas, quaisquer reclamações por falta de
pagamento de ordenados, salários e materiais, ou de indemnizações a que se julguem com
direito, e bem assim do preço de quaisquer trabalhos que o empreiteiro haja mandado
executar por terceiros.
2. A fixação pode ser substituída por duas publicações feitas, com uma semana de
intervalo, num jornal local com expansão no concelho, contando-se o prazo de dez dias
para a apresentação de reclamações, a partir da data da segunda publicação.
3. Não serão consideradas as reclamações apresentadas fora do prazo estabelecido nos
éditos.
Artigo 199º
(Processos de reclamações)
1. Findo o prazo para a respectiva apresentação, os presidentes das câmaras municipais
enviarão, dentro de 10 dias, ao serviço que estiver encarregado da liquidação as reclamações
recebidas.
2. O serviço liquidatário notificará, por carta registada com aviso de recepção, o
empreiteiro e as instituições de crédito que haja garantido as obrigações em causa para,
no prazo de 20 dias, contestarem as reclamações recebidas, com a cominação de, não o
fazendo, serem havidas por aceites e deferidas.
3. Havendo contestação, dela será dado conhecimento aos reclamantes dos créditos
contestados, avisando-os de que serão retiradas as quantias reclamadas caso no prazo de
30 dias seja proposta acção no tribunal competente para as exigir e ao serviço liquidatário
seja enviada, nos 15 dias seguintes à propositura da acção, certidão comprovativa do facto.
SECÇÃO IV
Do prazo de garantia
Artigo 200º
(Duração do prazo)
1. O prazo de garantia deverá ser estabelecido no caderno de encargos, tendo em
atenção a natureza dos trabalhos.
2. No silêncio do caderno de encargos, o prazo de garantia é de um ano.
613
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio
SECÇÃO V
Da recepção definitiva
Artigo 201º
(Vistorias)
1. Findo o prazo de garantia, e por iniciativa do dono da obra ou a pedido do empreiteiro,
proceder-se-á a nova vistoria das obras de toda a empreitada.
2. Se pela vistoria se verificar que as obras não apresentam deficiências, deteriorações,
indícios de ruínas ou falta de solidez pelos quais deva responsabilizar-se o empreiteiro,
proceder-se-á à recepção definitiva.
3. Serão aplicáveis à vistoria e ao auto de recepção os preceitos correspondentes da
recepção provisória.
Artigo 202º
(Deficiências de execução)
1. Se em consequência da vistoria se verificar que existem deficiências, deteriorações
indícios de ruína ou falta de solidez, de responsabilidade do empreiteiro, somente se
receberão os trabalhos que se encontrarem um bom estado e que sejam susceptíveis de
recepção parcial, procedendo o representante do dono da obra, em relação aos restantes,
nos termos previstos para ocaso análogo na recepção provisória.
2. A responsabilidade do empreiteiro só existe desde que as deficiências ou vícios
encontrados lhe sejam imputáveis e que, se resultarem do uso para que as obra haviam sido
destinadas, não constituam depreciação normal consequente desse uso.
SECÇÃO VI
Da restituição dos depósitos de garantia e quantias retidas,
da extinção da caução e das liquidações eventuais
Artigo 203º
(Restituição dos depósitos e quantias e extinção da caução)
1. Feita a recepção definitiva de toda a obra, serão restituídas ao empreiteiro as quantias
retidas como garantia ou a qualquer outro título a que tiver direito, e promover-se-á, pela
forma própria, a extinção da caução prestadas.
2. A demora superior a 30 dias na restituição das quantias referidas e na extinção
da caução, dá ao empreiteiro o direito de exigir do dono da obra juro das respectivas
importâncias calculado sobre o tempo decorrido desde dia seguinte ao da expiração do
referido prazo, nos termos seguintes:
a) A taxa básica de desconto do Banco de Cabo Verde adicionada de 1 por
cento tratando-se de quantias retidas, ou de caução prestada por depósito em
dinheiro;
614
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio
615
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio
Artigo 206º
(Deduções a fazer)
Se por qualquer razão legal ou contratualmente prevista houver de fazer se alguma
dedução nos depósitos de garantia, ou de exigir-se responsabilidades a satisfazer por
aqueles ou pelos bens do empreiteiro, proceder-se-á à liquidação das quantias a deduzir ou
do montante de responsabilidade.
SECÇÃO VII
Da liquidação e pagamento das multas e prémios
Artigo 207º
(Da liquidação das multas e prémios)
1. As multas contratuais aplicadas ao empreiteiro e os prémios a que tiver direito no
decurso da execução da obra até à recepção provisória serão descontados ou acrescidos no
primeiro pagamento contratual que se lhe seguir.
2. As multas contratuais aplicadas e os prémios concedidos posteriormente è recepção
provisória serão liquidados e pagos nos termos estabelecidos para as deduções ou
pagamentos nesse período.
3. Nenhuma sanção se considerará definitivamente aplicada sem que o empreiteiro
tenha tido conhecimento dos motivos de aplicação e ensejo de deduzir a sua defesa.
4. O prémio relativo à conclusão antecipada só se pagará depois da recepção provisória.
CAPÍTULO VI
Da rescisão e da resolução convencional da empreitada
Artigo 208º
(Efeitos da rescisão)
1. No caso da rescisão por conveniência do dono da obra, ou do exercício do direito
pelo empreiteiro, terá este direito a ser indemnizado pelos danos emergentes e do lucros
cessantes.
2. Se o empreiteiro preferir, poderá, em vez de aguardar a liquidação das perdas e
danos sofridos, receber desde logo, como única indemnização, a quantia correspondente
a 10 por cento da diferença entre o valor dos trabalhos executados e o valor dos trabalhos
adjudicados.
3. Se a rescisão for decidida pelo dono da obra a título de sanção aplicável por lei ao
empreiteiro, este suportará inteiramente as respectivas consequências naturais e legais.
4. A rescisão não produz, em regra, efeito retroactivo.
5. A falta de pagamento da indemnização prevista no nº 2 dentro do prazo de 60 dias
contados da data em que o seu montante se encontre definitivamente apurados confere ao
empreiteiro o direito a juros de mora sobre a respectiva importância, nos termos do nº 1 do
artigo 187º.
616
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio
Artigo 209º
(Rescisão pelo dono da obra)
1. Pertencendo o direito de rescisão do dono da obra, será o empreiteiro notificado da
intenção do seu exercício, dando-se-lhe prazo não inferior a 5 dias para contestar as razões
apresentadas, salvo se houver abandonado a obra ou paralisado os trabalhos.
2. Esgotado que esteja o prazo para contestação ou, após a recepção desta, se as razões
nela invocadas forem julgadas improcedentes, o dono da obra procederá à rescisão do
contrato e tomará posse administrativa dos trabalhos nos termos do artigo seguinte.
Artigo 210º
(Posse administrativa)
1. O dono da obra tomará imediatamente posse administrativa dos trabalhos em
curso que se consumará através de auto lavrado no local da obra, pelo fiscal desta, com
assistência do empreiteiro ou seu representante, que será convocado para o efeito, sendo o
auto assinado por ambos.
2. Não comparecendo o empreiteiro ou seu representante, o auto será firmado pelo
fiscal da obra e por três testemunhas idóneas que, confirmarão o teor do mesmo.
3. Havendo trabalhos em curso da mesma obra em diversos locais o dono da obra
tomará as necessárias providências para que a posse seja conferida em dias sucessivos,
quando não possam, ter lugar no mesmo dia, fazendo guardar desde logo os locais para que
deles não possam ser indevidamente desviados quaisquer bens do empreiteiro.
4. No auto far-se-á inventariação das obras, incluindo terrenos consignados ou
ocupados, materiais, edificações próprias ou arrendadas, estaleiros, ferramentas, máquinas
e veículos afectos à obra.
5. Se algum dos presentes apresentar inventário recente, digno de crédito, será este
conferido e apenso ao auto, com os aditamentos e correcções convenientes, dispensando-se
nova inventariação.
6. Quando o inventário não possa ficar concluído num só dia, será logo tomada a posse,
prosseguindo a inventariação nos dias seguintes.
7. No acto poderá o empreiteiro, ou seu representante, formular reclamações, mas
unicamente quando considere indevidamente inventariada alguma coisa.
8. Nos 30 dias seguintes ao encerramento do auto o dono da obra decidirá as
reclamações, mandando ou não restituir as coisas inventariadas, presumindo-se, na falta de
decisão, o indeferimento.
Artigo 211º
(Prossecução da obra pelo dono)
1. O dono da obra poderá utilizar na execução dos trabalhos as máquinas, materiais,
ferramentas, utensílios, edificações, estaleiros e veículos de que tomou posse mediante
617
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio
618
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio
5. Autorizada pelo juiz a suspensão dos trabalhos, o empreiteiro fica com direito a
retirar da obra as máquinas, veículos, utensílios e materiais não afectos a qualquer garantia,
devendo propor a competente acção de rescisão contra o dono da obra dentro do prazo de
3 meses.
Artigo 213º
(Rescisão pelo empreiteiro)
1. Quando a rescisão for resultante do exercício de direito do empreiteiro, o dono
da obra tomará posse desta e dos materiais, ferramentas, utensílios e edificações que lhe
pertencerem, mediante auto de inventário os bens, no qual figurarão as medições dos
trabalhos executados.
2. Nos casos previstos no número anterior o dono da obra é obrigado:
a) A comprar, pelos preços convencionados ou que resultarem da arbitragem ou
decisão judicial, as máquinas, ferramentas, utensílios, edificações e estaleiros
adquiridos e aprovados para a execução das obras e com os quais o empreiteiro
não quiser ficar;
b) A comprar pelos preços de factura, os materiais aprovados existentes na obra,
e bem assim os que, embora se não achem ao pé da obra, se aprove terem
sido para ela adquiridos pelo empreiteiro, desde que reúnem as qualidades
necessárias para poderem ser aceites e não excedam as quantidades precisas.
3. O empreiteiro poderá sempre, se o preferir, ficar com todos ou algum dos materiais
e equipamentos referidos no número anterior, devendo, nesse caso, removê-los do local
dos trabalhos no prazo razoável que lhe for marcado, sob pena de tal remoção ser feita pelo
dono da obra, mas debitando o custo do transporte ao empreiteiro.
Artigo 214º
(Resolução convencional do contrato)
1. O dono da obra e o empreiteiro podem, por acordo e em qualquer momento, resolver
o contrato.
2. Os efeitos da resolução do contrato serão fixados no acordo.
Artigo 215º
(Liquidação final)
1. Em todos os casos de rescisão, resolução convencional ou caducidade do contrato se
procederá à liquidação final, reportada à data em que se verifiquem.
2. Havendo danos a indemnizar que não possam determinar-se desde logo com
segurança, far-se-á a respectiva liquidação em separado, logo que o seu montante for
tornado certo por acordo ou por decisão judicial ou arbitral.
3. O saldo da liquidação será retido pelo dono da obra, como garantia, até se apurar a
responsabilidade do empreiteiro.
619
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio
Artigo 216º
(Pagamento da indemnização devida ao dono da obra)
1. Sendo a rescisão imposta pelo dono da obra, logo que esteja fixada a responsabilidade
do empreiteiro será o montante respectivo deduzido dos depósitos, garantias e quantias
devidas, pagando-se-lhe o saldo, se existir.
2. Se os depósitos, garantias devidas não chegarem para integral cobertura das
responsabilidade do empreiteiro, poderá este ser executado nos bens e direitos que
constituírem o seu património.
CAPÍTULO VII
Do contencioso dos contratos
Artigo 217º
(Tribunais competentes)
1. As questões que se suscitem sobre interpretação, validade ou execução do contrato
de empreitada de obras públicas, que não sejam dirimidas por meios graciosos, poderão ser
submetidas aos tribunais.
2. Os tribunais competentes são os como tal considerados na legislação sobre a
organização judiciária.
3. Todavia, poderão as partes acordar em submeter o litígio a um tribunal arbitral.
Artigo 218º
(Formas do processo)
1. As decisões ou deliberações proferidas pelo dono da obra após a celebração do
contrato, sobre matéria deste, não são susceptíveis de recurso contencioso.
2. Revestirão a forma de acção as questões submetidas a julgamento dos tribunais
sobre interpretação, validade ou execução do contrato.
Artigo 219º
(Prazo de caducidade)
As acções deverão ser propostas, quando outro prazo não esteja fixado na lei, dentro
do prazo de 180 dias, contados desde a data da notificação ao empreiteiro da decisão ou
deliberação do órgão competente para praticar actos definidos, em virtude do qual seja
negado algum direito ou pretensão do empreiteiro ou o dono da obra se arrogue direito que
a outra parte não considere fundado.
Artigo 220º
(Aceitação do acto)
1. O cumprimento ou acatamento pelo empreiteiro de qualquer decisão tomada pelo
dono da obra ou pelos seus agentes não se considera aceitação tácita da decisão acatada.
620
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio
621
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio
Artigo 225º
(Matéria regulamentar)
As disposições do presente diploma referentes ao processo do concurso, à selecção de
concorrentes em concurso limitado com apresentação de candidaturas, à consignação e ao
plano de trabalhos, podem ser regulamentadas por portaria do Ministro das Infra-estruturas
e Transportes.
Artigo 226º
(Fornecimentos de obras públicas e projectos de obra)
1. O regime deste diploma é aplicável, com as necessárias adaptações, aos fornecimentos
de obras públicas, entendendo-se como tal, os contratos em que uma das partes se obriga
perante a outra, à entrega de materiais ou bens móveis que se destinem a ser incorporados
ou a complementar uma obra pública, mediante um preço e em determinado prazo.
2. É igualmente aplicável, com as necessárias adaptações, aos projectos, ainda que não
integrados em qualquer processo de concurso para a execução de obras públicas.
Artigo 227º
(Revogação)
São revogados o Decreto-Lei nº 48.871 de 19 de Fevereiro de 1969, a Portaria nº 555/71
de 23 de Outubro, o Decreto-Lei 52/75 de 31 de Maio bem como todas as disposições
legais que contrariem o presente diploma.
Artigo 228º
(Vigência)
O presente diploma entra em vigor 60 dias após a sua publicação e será aplicável às
obras postas a concurso posteriormente a essa data, aplicando-se as disposições do capítulo
VII às empreitadas em curso.
Visto e aprovado em Conselho de Ministros.
Carlos Veiga – Teófilo de Figueiredo Silva
Promulgado em 20 de Abril de 1994.
Publique-se.
O Presidente da República, ANTÓNIO MANUEL MASCARENHAS GOMES
MONTEIRO.
Referendado em 20 de Abril de 1994.
O Primeiro-Ministro, Carlos Veiga.
622
Decreto Regulamentar nº 6/94, de 2 de Maio
623
Decreto Regulamentar nº 6/94, de 2 de Maio
624
Decreto-Legislativo nº 1/2006, de 13 de Fevereiro
625
Decreto-Legislativo nº 1/2006, de 13 de Fevereiro
626
Decreto-Legislativo nº 1/2006, de 13 de Fevereiro
627
Decreto-Legislativo nº 1/2006, de 13 de Fevereiro
Dos elementos recolhidos dos diversos Instrumentos de Política e das conclusões ex-
traídas dos já referidos fora resultam as seguintes opções de política legislativa consubs-
tanciadas no diploma:
- A LBOTPU deve espelhar uma Política Nacional de Ordenamento do Ter-
ritório, enformada por um conjunto de processos interdependentes entre si que
atenda aos solos, sua vocação e sustentabilidade; aos interesses económicos,
sociais, culturais; à solidariedade e compromisso inter-geracionais, ao desen-
volvimento equilibrado das regiões e à justa repartição da riqueza nacional;
- A LBOTPU deve permitir e facilitar Políticas Locais de Ordenamento do Ter-
ritório e Planeamento Urbanístico que promovam a requalificação urbana, a
beleza das cidades e outros aglomerados urbanos, facilite a circulação viária
e o saneamento básico e promova os demais interesses locais sem quaisquer
constrangimentos que não os ditados por superiores interesses nacionais;
- Como tal a LBOTPU deve espelhar o princípio da descentralização adminis-
trativa como factor do reforço do Poder Local;
- O ordenamento do território deve assentar-se num Sistema Integral de Gestão
do Território que atenda ao território nacional na sua totalidade, conserve a
sua unidade, respeite a diversidade territorial e a biodiversidade, mantenha
uma articulação constante e permanente com o interesses do Ambiente e out-
ros sectores de desenvolvimento;
- A LBOTPU deve espelhar uma cultura de participação activa das populações,
de articulação, concertação, coordenação e de complementaridade, por parte
de todos os agentes e sectores envolvidos, assim como implementar um sis-
tema de procedimentos que privilegie o nível decisório mais próximo dos ci-
dadãos (princípio da subsidiariedade);
- O ordenamento do Território deve constituir um importante instrumento de
luta contra a pobreza e a exclusão social, de facilitação do acesso das regiões
e populações às Novas Tecnologias de Informação e Comunicação, do acesso
ao conhecimento e à cultura, de difusão de elementos culturais autóctones na
sua mais ampla diversidade, como factor de enriquecimento espiritual e de
valorização da caboverdianidade;
- A LBOTPU deve permitir a adopção de planos especiais que protejam a bio-
diversidade nacional, as zonas com especial vocação turística ou industrial,
a orla marítima, as bacias hidrográficas e outros espaços naturais de modo a
impedir a sua degradação e a promover a sua melhor utilização;
- Além dos planos referidos no item anterior, a LBOTPU deve permitir a ex-
istência de instrumentos adequados de gestão territorial que incluam uma es-
tratégia de organização do espaço territorial, organizem a ocupação humana e
628
Decreto-Legislativo nº 1/2006, de 13 de Fevereiro
629
Decreto-Legislativo nº 1/2006, de 13 de Fevereiro
630
Decreto-Legislativo nº 1/2006, de 13 de Fevereiro
631
Decreto-Legislativo nº 1/2006, de 13 de Fevereiro
632
Decreto-Legislativo nº 1/2006, de 13 de Fevereiro
633
Decreto-Legislativo nº 1/2006, de 13 de Fevereiro
634
Decreto-Legislativo nº 1/2006, de 13 de Fevereiro
635
Decreto-Legislativo nº 1/2006, de 13 de Fevereiro
636
Decreto-Legislativo nº 1/2006, de 13 de Fevereiro
637
Decreto-Legislativo nº 1/2006, de 13 de Fevereiro
638
Decreto-Legislativo nº 1/2006, de 13 de Fevereiro
b) Resolução conjunta dos membros do Governo responsáveis pela tutela dos in-
teresses a proteger ou das actividades a disciplinar, no caso de plano especial
de ordenamento do território;
c) Decisão do Departamento competente da Administração Central, no caso de
planos sectoriais.
2. A elaboração dos instrumentos de ordenamento e desenvolvimento é acompanhada
por uma comissão constituída por representantes das entidades públicas interessadas nesse
plano.
3. A comissão de acompanhamento dos instrumentos de ordenamento e desenvol-
vimento integra obrigatoriamente representantes das câmaras municipais dos concelhos
abrangidos por esse plano, ou organismo que as represente.
4. A aprovação prévia da proposta da Directiva Nacional de Ordenamento do Território
é da competência do Conselho de Ministros.
5. A aprovação prévia das demais figuras de planos de ordenamento do território é da
competência do membro do Governo responsável pelo sector do ordenamento territorial e
urbano.
6. Quando a proposta de figura de plano de ordenamento do território suscita objecções
das assembleias municipais fundamentadas no previsível prejuízo de interesses essenciais
do município, o membro do Governo responsáve1 pelo sector do ordenamento territorial e
urbano determina a abertura de um período de conciliação, destinado a permitir a remode-
lação dessa proposta.
7. A aprovação final das figuras de plano é da competência:
a) Do Parlamento, no caso da Directiva Nacional de Ordenamento do Ter-
ritório;
b) Do Conselho de Ministros, no caso do Esquema Regional de Ordenamento do
Território;
c) Dos membros do Governo responsáveis pela tutela dos interesses a proteger
ou das actividades a disciplinar, no caso de plano especial de ordenamento do
território e de planos sectoriais.
8. Com o acto de aprovação final da figura de plano de ordenamento do território são
publicados a carta de ordenamento e o regulamento desse plano.
BASE XVII
Elaboração e aprovação dos instrumentos
de planeamento territorial
1. A elaboração do plano urbanístico é determinada mediante:
a) Deliberação da assembleia municipal, no caso do plano director municipal e
dos planos de desenvolvimento urbano;
639
Decreto-Legislativo nº 1/2006, de 13 de Fevereiro
640
Decreto-Legislativo nº 1/2006, de 13 de Fevereiro
641
Decreto-Legislativo nº 1/2006, de 13 de Fevereiro
BASE XXI
Participação das entidades públicas e dos particulares
1. As entidades públicas e privadas podem dirigir ao órgão competente para a elabora-
ção de instrumentos de gestão territorial as sugestões, observações e objecções que enten-
derem formular sobre as previsões e disposições a adoptar nesse plano.
2. O órgão competente para a elaboração de um instrumentos de gestão territorial pode
promover a reunião das entidades que manifestem divergências sobre as principais solu-
ções a adoptar nesse plano.
3. A câmara municipal, as entidades públicas e os privados podem elaborar cenários
de desenvolvimento urbano destinados a servir de base à elaboração e execução de instru-
mentos de gestão territorial.
4. As entidades públicas e os privados, mediante protocolo de colaboração celebrado
com as autarquias locais, podem elaborar propostas de planos de desenvolvimento urbano,
excepto da sede do Município, e de planos detalhados.
BASE XXII
Efeitos dos planos
1. As figuras de planos de ordenamento aprovados nos termos da presente lei são pú-
blicos.
2. As figuras de planos de ordenamento são plenamente eficazes uma vez publicado:
a) O acto de aprovação final, no caso dos instrumentos de ordenamento e desen-
volvimento territorial;
b) O acto de homologação, no caso dos planos urbanísticos.
3. A Administração e os administrados ficam obrigados ao cumprimento das disposi-
ções das figuras de planos de ordenamento plenamente eficazes.
4. Os efeitos do plano de ordenamento cessam no termo do respectivo prazo de vigência.
BASE XXIII
Direito de preferência
1. A câmara municipal goza do direito de preferência nas transmissões por título one-
roso, entre particulares, de terrenos:
a) Reservados para infra-estruturas e equipamentos públicos por plano de desen-
volvimento urbano ou por plano detalhado eficaz;
b) Abrangidos por plano urbanístico detalhado eficaz.
2. O direito de preferência exerce-se tanto por tanto.
642
Decreto-Legislativo nº 1/2006, de 13 de Fevereiro
BASE XXIV
Suspensão das figuras de planos e apoio aos municípios
1. As disposições das figuras de planos de ordenamento podem ser total ou parcial-
mente suspensas pelo Governo, quando esteja em causa interesses nacionais, regionais ou
municipais.
2. As câmaras municipais, nos prazos fixados pelo Governo, devem promover a elabo-
ração, alteração ou revisão:
a) Dos planos urbanísticos considerados necessários por plano de ordenamento
do território;
b) Dos planos urbanísticos suspensos.
3. No caso de incumprimento dos prazos para elaboração, alteração ou revisão dos
planos referidos no número anterior, por insuficiência de meios materiais, humanos e finan-
ceiros o governo assumirá a responsabilidade pela elaboração.
BASE XXV
Actualização e interpretação das figuras de planos
1. Os órgãos competentes para a elaboração das figuras de planos de ordenamento
devem promover a reformulação, a alteração e a revisão dos planos em vigor, por forma a
assegurar a coerência das normas de ordenamento aplicáveis na mesma área e a atender às
novas condições e circunstâncias.
2. As resoluções interpretativas das figuras de planos de ordenamento são sempre fun-
damentadas e, quando tenham alcance geral, devem ser publicadas.
BASE XXVI
Vinculação dos Instrumentos de Gestão Territorial
1. Os instrumentos de gestão territorial vinculam as entidades públicas.
2. Os planos municipais e especiais de ordenamento do território são ainda vinculati-
vos para os particulares.
BASE XXVII
Garantias dos Particulares
1. Os particulares têm direito à informação tanto nos procedimentos de elaboração e
alteração como após a publicação dos instrumentos de gestão territorial, podendo consultar
o respectivo processo, adquirir cópias e obter certidões.
2. São reconhecidas aos titulares de direitos e interesses lesados por instrumentos de
gestão territorial vinculativos dos particulares as garantias gerais dos administrados nome-
adamente:
a) O direito de promover a respectiva impugnação;
643
Decreto-Legislativo nº 1/2006, de 13 de Fevereiro
644
Decreto-Legislativo nº 1/2006, de 13 de Fevereiro
645
Decreto-Legislativo nº 1/2006, de 13 de Fevereiro
646
Decreto-Legislativo nº 1/2006, de 13 de Fevereiro
647
Decreto-Legislativo nº 1/2006, de 13 de Fevereiro
648
Decreto-Legislativo nº 1/2006, de 13 de Fevereiro
649
Decreto-Legislativo nº 1/2006, de 13 de Fevereiro
BASE XLVI
Revisão
Os instrumentos de gestão territorial vinculativos dos particulares são obrigatoriamen-
te revistos no prazo e condições legalmente previstos.
BASE XLVII
Avaliação do Estado do Ordenamento do Território
1. O Governo apresenta de dois em dois anos à Assembleia Nacional um Relatório
sobre o Estado do Ordenamento do Território, no qual é feito o balanço da execução da Di-
rectiva Nacional de Ordenamento do Território e são discutidos os princípios orientadores
e as formas de articulação das políticas sectoriais com incidência territorial.
2. A Câmara Municipal apresenta à Assembleia Municipal um Relatório bianual sobre
a execução dos planos urbanísticos de ordenamento do território e a sua articulação com a
estratégia de desenvolvimento municipal, sendo igualmente apreciada a eventual necessi-
dade de revisão ou alteração dos planos.
BASE XLVIII
Regulamentação
No prazo de seis meses a contar da aprovação deste diploma, o Governo desenvolve,
por Decreto - Lei, o Regulamento Nacional do Ordenamento do Território e Planeamento
Urbanístico.
BASE XLIX
Disposições transitórias
1. Nas áreas não abrangidas por plano urbanístico, a câmara municipal apenas pode
autorizar a realização:
a) De obras de benfeitoria, reabilitação e ampliação de construções existentes;
b) De edificações e instalações de carácter provisório;
c) De novos edifícios vinculados ao uso tradicional da área em que se inserem;
d) De edifícios e instalações necessários à realização de obras públicas, à ex-
ploração de serviços públicos e à gestão de redes de infra-estruturas;
I De edifícios e instalações que pelas suas características devam ser localizados
fora dos núcleos de povoamento.
2. Os planos de ordenamento do território podem delimitar ou identificar áreas em que
as actuações referidas no número anterior ficam sujeitas a prévia autorização dos serviços
do Estado, mediante pedido da câmara municipal fundamentado no interesse local.
650
Decreto-Legislativo nº 1/2006, de 13 de Fevereiro
BASE L
Entrada em Vigor
O presente diploma entra em vigor no prazo de seis meses a contar da data da sua
publicação.
Visto e aprovado em Conselho de Ministros.
José Maria Pereira Neves - Manuel Inocêncio Sousa - Júlio Lopes Correia - Ilídio Ale-
xandre da Cruz - João Pinto Serra
Promulgado em 20 de Janeiro de 2006.
Publique-se.
O Presidente da República (Interino), ARISTIDES RAIMUNDO LIMA
Referendado em 20 de Janeiro de 2006.
O Primeiro-Ministro, José Maria Pereira Neves.
651
Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro
652
Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro
653
Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro
654
Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro
655
Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro
656
Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro
657
Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro
Artigo 13º
Pedido de autorização para demolir
Os pedidos de autorização para demolir deverão conter, pelo menos, os seguintes ele-
mentos:
a) Planta de localização à escala 1/500 ou 1/100, com orientação e limites do ter-
reno;
b) Alçado principal do edifício existente à escala 1/100 ou 1/50;
c) Nota justificativa da demolição, indicando o programa alternativo.
Artigo 14º
Alinhamento e cota de nível
As obras relativas a novas edificações, a reconstruções, a ampliação e a alterações,
não poderão ser iniciadas sem que pela respectiva Administração Municipal sejam fixados,
sempre que for necessário, os alinhamentos e a cota de nível.
Artigo 15º
Periodicidade das reparações
1. As edificações e suas construções complementares deverão ser reparadas e benefi-
ciadas, pelo menos uma vez, em cada período de oito anos, com o fim de reparar as dete-
riorações inerentes a uma prudente utilização, e de as manter em boas condições, sob todos
os aspectos de que trata o presente regulamento.
2. O órgão municipal competente poderá autorizar a prorrogação do prazo referido
no número anterior, ou impedir a execução da obra de reparação e beneficiação, nos casos
especiais definidos nos seus regulamentos.
Artigo 16º
Obras preventivas
1. O órgão municipal competente deverá, em qualquer altura e com vistoria prévia,
realizada nas condições estabelecidas nos seus regulamentos, determinar, nas edificações
existentes, a execução de obras necessárias para corrigir as más condições de habitabilida-
de, de salubridade, de solidez ou de segurança contra o risco de incêndio e outros sinistros,
independentemente das obras periódicas de conservação a que se refere o número 1 do
artigo anterior.
2. O órgão municipal competente ordenará, precedendo vistoria, a beneficiação ou a
demolição total ou parcial das construções que ameaçam ruína ou oferecem perigo para a
saúde pública.
3. As decisões tomadas, de acordo com o disposto neste artigo, serão notificadas ao
proprietário do prédio, pelo órgão municipal competente, no prazo de trinta dias, a contar
da data de aprovação ao auto de vistoria.
658
Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro
Artigo 17º
Obras de emergência
1. Será ordenada pelo órgão municipal competente, independentemente de vistoria, a exe-
cução de obras de reparação urgente, como as relativas a deficiências de cobertura ou a roturas,
obstrução e mau funcionamento das instalações de água, de esgoto, de gás e de electricidade e
ainda, as relativas ao funcionamento e garantia dos elevadores e montacargas.
2. Compete ao órgão municipal competente, de acordo com as disposições ao Titulo
VII, a definição das penas a aplicar no caso de incumprimento das determinações no nú-
mero 1 deste artigo.
Artigo 18º
Imposição de obras
Sempre que determinadas obras de reparação sejam impostas por determinado serviço pú-
blico, a notificação ao interessado deve ser realizada através do órgão municipal competente.
Artigo 19º
Regime das habitações evolutivas
1. Os casos de habitação evolutiva serão objecto de regulamentação municipal.
2. Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido nos regulamentos municipais, relativos à
habitação evolutiva, os projectos serão apresentados com indicações precisas e convencio-
nadas, a critério do profissional responsável, de modo a facilitar a identificação das diversas
fases da construção.
3. O processo de licenciamento das habitações evolutivas será faseado, com base no
estabelecido no número anterior, e de acordo com as disposições especiais do presente re-
gulamento relativas à habitação evolutiva.
Artigo 20º
Regime das casas degradadas, antigas ou espontâneas
1. Os casos de recuperação de casas degradadas e antigas serão objecto de regulamento
municipal.
2. Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido nos regulamentos municipais, relativos
à recuperação de bairros de natureza espontânea ou de centros históricos, deverão ser ob-
servada as disposições dos regulamentos municipais estabelecidas pelo Município ou pelo
Ministério da Administração Local e Urbanismo, que contenham padrões sub-regulamen-
tares sobre a matéria.
Artigo 21º
Destinos das edificações
Nos projectos de novas edificações, de reconstrução, de ampliação e de alteração das
existentes serão sempre indicados o seu destino e a utilização prevista para os diferentes
compartimentos.
659
Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro
TÍTULO I
Da Implantação e da Integração Urbana
CAPÍTULO I
Disposições gerais
Artigo 22º
Condições de implantação, da tipologia e do fim das edificações
1. O tipo de edificação, a actividade principal a que se destinar, bem como as suas
principais características dimensionais, de implantação e de acesso, devem ser determina-
dos por plano urbanístico ou por loteamento aprovado. Quando não existam, devem essas
características, ser baseadas em estudo urbanístico preliminar da responsabilidade dos ser-
viços municipais ou do Ministério da Administração Local e Urbanismo.
4. Quando não se verifiquem as situações previstas no número anterior, as edificações
devem respeitar as seguintes condições, sem prejuízo de outras apresentadas pelo órgão
competente:
a) Não serão permitidas construções, em locais insalubres ou inseguros, en-
quanto as condições propiciadoras de insalubridade ou de insegurança não
forem, comprovadamente, eliminadas, nem em locais onde não seja possível
o abastecimento de água por gravidade a partir de sistema construído, ou com
projecto aprovado;
b) Da edificação proposta não devem resultar prejuízos para o bem comum, devi-
damente comprovados pelos serviços competentes, designadamente pela de-
sadequação estética ou funcional das soluções gerais propostas às condições
físicas existentes ao lote da construção e sua envolvente;
c) As densidades de construção propostas não devem conduzir a situações ex-
tremas de rotura de escala, por brusco e isolado aumento dessa densificação
ou, invés, por injustificada redução, podendo implicar um mau aproveitamen-
to das infra-estruturas urbanísticas.
Artigo 23º
Das condições para implantação no lote de construção não planeadas
1. A implantação das construções no respectivo lote, quando não for definida em plano
urbanístico ou em loteamento aprovado, deve ser de molde a satisfazer as condições de
programa e a respeitar, ainda, as seguintes condições:
a) Facilitar, em segurança, as condições de acessibilidade de pessoas e veículos,
bem como, permitir o estacionamento determinado pelo município;
b) Minimizar a modificação da morfologia natural do terreno;
c) Facilitar as ligações às redes públicas e, particularmente, dar escoamento, por
gravidade, à evacuação de águas servidas e à drenagem de águas pluviais;
660
Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro
661
Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro
enxugo ou desvio de águas pluviais, de modo a que a edificação venha a ficar preservada
da humidade.
Artigo 27º
Lixeiras
Em terrenos onde se tenham feito depósitos ou despejos de imundices, ou de águas
sujas provenientes de usos domésticos ou de industrias, nocivas à saúde, não se poderá
executar qualquer construção, sem que, previamente se proceda à limpeza e beneficiação
completas desses terrenos.
Artigo 28º
Zonas poluídas
Nas zonas urbanas não poderão executar-se quaisquer construções ou instalações,
onde possam depositar-se imundices, tais como, cavalariças, currais, vacarias, pocilgas,
lavadouros, fábricas de produtos corrosivos ou prejudiciais à saúde pública e estabeleci-
mentos semelhantes, sem que, os respectivos pavimentos fiquem perfeitamente impermeá-
veis, e se adoptem as demais medidas próprias para evitar a poluição do terreno e das águas
potáveis.
Artigo 29º
Construção próximas de cemitérios
Em terrenos próximos de cemitérios não se poderá construir qualquer edificação, sem
se realizarem as obras necessárias para os tornar inacessíveis às águas de infiltração prove-
nientes do cemitério.
CAPITULO III
Integração urbana
Artigo 30º
Estética em geral
1. Seja qual for a sua natureza e o fim a que se destinam, as novas construções exis-
tentes, deverão ser delineadas, executadas e mentidas de forma a que contribuam para a
dignificação e a valorização estética do conjunto em que venham a integrar-se.
2. Não poderão erigir-se quaisquer construções susceptíveis de comprometer, pela lo-
calização, pela aparência ou pelas proporções, o aspecto das povoações ou dos conjuntos
arquitectónicos, dos edifícios e locais de reconhecido interesse histórico ou artístico, ou de
prejudicar a beleza das paisagens.
Artigo 31º
Zonas de protecção de monumentos nacionais
1. Nas zonas de protecção dos monumentos nacionais e dos imóveis de interesse pú-
blico que venham a ser legalmente classificados não pode o órgão municipal competente
662
Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro
663
Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro
664
Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro
665
Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro
Artigo 41º
Distância entre fachadas posteriores e logradouros
1. As edificações pata habitação multifamiliar ou colectiva deverão dispor-se nos res-
pectivos lotes de forma que o menor intervalo entre fachadas posteriores esteja de acordo
com o estabelecido no artigo 37º.
2. Para efeitos do disposto neste artigo, sempre que não tenha sido organizado logra-
douro público que assegure a condição nele estabelecida, toda a largura do lote e com fácil
acesso do exterior desde que seja comum, no todo ou em parte.
3. O logradouro, a que se refere o n.º anterior, deverá ter em todos os seus pontos pro-
fundidade não inferior a metade da altura correspondente da fachada adjacente, medida na
perpendicular a esta fachada no ponto mais desfavorável, com o mínimo de 6m e sem que
a área livre e descoberta seja inferior a 40m2.
4. Quando entre dois edifícios com fachadas posteriores fronteiras existir um logra-
douro pertencente a ambos, a sua profundidade mínima será definida pela média da altura
dessas fachadas e nunca inferior a 8m.
5. Nas edificações situadas junto a gaveto, poderá dispensar-se a condição de profundidade
mínima, desde que fiquem satisfatoriamente asseguradas a iluminação e a ventilação naturais, e
a insolação, nos locais em que tal se justifique, no próprio edifício e dos edifícios contíguos.
Artigo 42º
Casos excepcionais
1. O órgão municipal competente não poderá consentir qualquer tolerância quando ao
disposto nos artigos anteriores deste capítulo, a não ser que reconhecidamente se justifi-
quem por condições excepcionais e irremediáveis criadas antes da publicação deste regula-
mento, ou quando se trate de edificações cuja natureza, destino ou carácter arquitectónico
requeiram disposições especiais, e em qualquer caso, se ficarem garantidas em condições
suficientes, a ventilação e iluminação naturais do próprio edifício e dos edifícios vizinhos,
em todos os seus pisos habitáveis.
2. As excepções previstas neste artigo devem ser baseadas em parecer favorável do
órgão municipal competente.
3. Em qualquer dos casos, o parecer municipal deve conter um estudo urbanístico su-
mário que permita a verificação das condições previstas no n.º 1.
TITULO III
Dos edifícios
CAPÍTULO I
Disposições gerais
Artigo 43º
Adequação funcional e ambiental dos edifícios e dos espaços
1. O tipo de edifício e a organização dos seus espaços devem adequar-se aos principais
tipos de actividades dos futuros utilizadores e aos costumes locais de utilização do espaço.
666
Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro
667
Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro
Artigo 50º
Logradouros privados e comuns
1. Os espaços não ocupados com construção em cada lote, apenas podem constituir, ou
logradouros privados das habitações situadas ao nível do solo, ou logradouros comuns em
continuidade com os espaços exteriores públicos adjacentes.
2. O disposto no número anterior não se aplicará aos lotes situados em conjuntos de
habitações, quando exista conveniência em aplicar critérios anteriormente adoptados para
esses conjuntos.
CAPÍTULO II
Qualidade ambiental
Artigo 51º
Pé-direito mínimo
1. A altura mínima, piso a piso, em edificação destinada à habitação é de 2,70m (27m),
não podendo ser o pé-direito livre mínimo inferior a ,40m (24m).
2. Excepcionalmente, em vestíbulos, corredores, instalações sanitárias, despensas e
arrecadações será admissível que o pé-direito se reduza ao mínimo de 2,40 (24m).
3. O pé-direito livre mínimo dos pisos destinados a estabelecimentos comerciais é de
3m (30m).
4. Nos tectos com vigas, inclinados, abobadados ou, em geral, contendo superfícies
salientes, a altura, piso a piso, e o pé-direito mínimo definidos nos n.º 1 e 3, devem ser
mantidos, pelo menos, em 80% da superfície do tecto, admitindo-se na superfície restante
que o pé-direito possa descer até ao mínimo de 2,20m ou 2,70m, nos casos de edificações
destinadas a habitação e ao comércio, respectivamente.
Artigo 52º
Iluminação e ventilação das habitações
1. Os compartimentos das habitantes, referidas no n.º 1 do artigo 71º serão iluminados
e ventilados por um ou mais vãos praticados nas paredes, em comunicação directa com o
exterior e cuja área total será inferior a um décimo da área do compartimento.
2. Os vãos exteriores, designadamente os mais expostos a insolação directa, devem, em
regra, ser protegidos por dispositivos que assegurem privacidade no inferior e redução de
iluminação natural, mas que favoreçam a ventilação, nomeadamente quando se pratiquem
vãos que conduzam a áreas superiores ao mínimo definido no n.º 1 do presente artigo.
3. Os corredores e vestíbulo, quando não possam receber luz directa do exterior, deve-
rão ser suficientemente iluminados por meios de vãos envidraçados que comuniquem com
compartimentos que recebem luz directa abundante.
4. As instalações sanitárias terão a renovação de ar assegurada por sistema de ven-
tilação natural, contínua e eficiente, e a iluminação por vãos abertos directamente para o
668
Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro
exterior da edificação, os quais deverão ter uma área total nunca inferior a 0,30m2, com
uma parte de abrir de, pelo menos 0,15m2.
5. Só excepcionalmente, em casos de força maior devidamente justificados e com pa-
recer favorável do órgão municipal competente, se poderão dispensar vãos nas retretes e
nas casas de banho, nomeadamente, quando verifiquem em relação a estas, as seguintes
condições, cumulativamente:
a) Não utilização de combustíveis de qualquer natureza;
b) Existência de iluminação eléctrica de utilização permanente e;
c) Garantia da renovação, constante e suficiente, de ar, exclusivamente por ven-
tilação natureza natural;
6. Poderão ser dispensados os vãos de iluminação e a ventilação nas despensas, copas
ou arrecadações, desde que a área das mesmas não exceda 2m2, e sejam ventiladas através
de outros compartimentos.
7. As frestas praticadas em paredes confiantes com terrenos ou prédios contíguos não
são consideradas vãos de iluminação ou ventilação para os fins do disposto neste artigo.
Artigo 53º
Comunicação de retretes com outros compartimentos
As instalações sanitárias, onde existam bacias de retretes, não deverão, em regra, ter
qualquer comunicação directa com os compartimentos habitáveis.
Poderá, todavia, consentir-se tal comunicação, desde que se adoptem nas medidas ne-
cessárias para que esse facto não resulte difusão de maus cheiros nem prejuízo para a sa-
lubridade dos compartimentos comunicantes, nomeadamente a sala, a cozinha, a copa, ou
a despensa.
Artigo 54º
Instalações sanitárias exteriores à habitação
1. As instalações sanitárias das habitações serão normalmente incorporadas na perife-
ria da construção nas condições fixadas ao artigo 52º.
2. No casos da habitação unifamiliar, evolutivas e de reconstrução de edifícios, as
instalações sanitárias poderão dispor-se, em espaço contíguos à habitação, de acesso fácil
e abrigado, por forma a que não prejudique o aspecto exterior da edificação, desde que não
seja possível ou conveniente dispô-las conforme o preceituado no número anterior.
Artigo 55º
Proibição de aparelhos de combustão nas instalações sanitárias
Nas instalações sanitárias não poderão existir aparelhos de aquecimento por combus-
tão, designadamente esquentador a gás.
669
Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro
Artigo 56º
Ventilação transversal das habitações
Deverá ficar assegurada a ventilação natural cruzada do conjunto de cada habitação,
em regra por meio de janelas dispostas em duas fachadas opostas.
Artigo 57º
Pátios interiores
1. Nos edifícios de habitação que possuam pátios interiores, constituindo espaços para
a iluminação e ventilação, a sua dimensão será condicionada pela altura H, medida entre o
piso da habitação de nível mais baixo e a linha de coroamento, real ou convencionada, das
paredes que limitam esses pátios e pela sua largura mínima de tal modo que:
Nestes pátios se possa inscrever um cilindro recto de eixo vertical com um diâmetro
igual ou superior H/4, com um mínimo de 3m, sempre que da iluminação e da ventilação
propiciadas por esse pátio dependa a habitabilidade dos compartimentos constantes no ar-
tigo 71º, com excepção apenas de edifícios até 3 pisos e moradias de largura inferior a 4m
em que essa dimensão pode reduzir-se até 2m;
Nesses espaços se possa inscrever um cilindro recto de eixo vertical com um diâmetro
igual ou superior a H/8, com um mínimo de 2m, sempre que da iluminação e da ventilação
desse pátio dependam compartimentos não habitáveis comuns;
Quando as construções que ladeiam o pátio tiveram alturas diferentes, H será a altura
média desses corpos e medidas do mesmo modo. Não se contam para a altura as constru-
ções que estejam abaixo de uma linha recta que faça 45º com o plano horizontal, traçada a
partir de qualquer ponto da referida linha coroamento;
Quando H for maior que a menor largura do pátio, em edifícios multifamiliares, aque-
le deve ser provido de uma admissão de ar inferior com uma secção proporcional à dimen-
são do pátio, mas sempre igual ou superior a 0,050m2.
2. As dimensões da largura constantes do n.º 1 respeitam apenas a pátios cujos vãos
situados ao mesmo nível pertencem à mesma habitação, nas restantes situações essa largura
é determinada pelo n.º 2 do artigo 39º.
3. Sempre que nos pátios inferiores sejam construídas varandas ou quaisquer outras
construções salientes das paredes, as distâncias indicadas neste artigo serão contadas a
partir do limite mais avançado dessas construções.
Artigo 58º
Disposição de vãos em paredes exteriores
1. Os vãos de compartimentos habitáveis devem estar dispostos de modo a que o seu
afastamento de muros obstáculos fronteiros, medido perpendicularmente do plano do vão,
não seja inferior à metade de altura desses obstáculos acima do nível do piso do comparti-
mento, com o mínimo de 2,5m. Com o muro ou obstáculo fronteiros não poderá coexistir
qualquer obstáculo lateral, senão a um dos lados do vão, e nunca a menos de 2 metros do
670
Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro
seu eixo, devendo garantir-se esta distância mínima em toda a profundidade até ao obstá-
culo fronteiro.
2. Quando as situações descritas no n.º 1 correspondam a um pátio inferior ou quando
existam obstáculos fronteiriços e de ambos os lados dos vãos, em extensão superior a 1,0m,
será aplicado o disposto no artigo 57º.
3. O disposto no n.º 1 não é aplicável aos vãos de compartimentos cujas condições re-
gulamentares de iluminação e ventilação estejam já asseguradas por outro ou outros vãos.
4. Não é também aplicável o disposto na segunda parte do número 1 quando na área
do vão existente se puder inserir a área mínima do vão regulamentar, de modo que o eixo
deste fique à distância estipulada de, pelo menos 2m.
Artigo 59º
Ocupação de logradouros
A ocupação de logradouros, pátios ou recantos das edificações com qualquer construção,
designadamente telheiros e coberturas, e o pejamento dos mesmos locais com materiais ou
volumes de qualquer natureza só podem ser efectuados com expressa autorização do órgão
municipal competente e, quando se verifique não advir daí prejuízo para o bom aspecto e para
a salubridade e segurança de todas as edificações directa ou indirectamente afectadas.
Artigo 60º
Varandas e outras construções sobre logradouros
Sempre que nas fachadas sobre logradouros ou pátios haja varandas, alpendres ou
quaisquer outras construções salientes das paredes, susceptíveis de prejudicar as condições
de iluminação ou ventilação, a distâncias ou dimensões mínimas fixadas no artigo 58º para
um determinado vão serão contadas a partir do limites extremos dessas construções anexas
a esse vão designadamente quando contenham guardas ou palas opacas.
Artigo 61º
Condições de habitabilidade dos sótãos
1. Os sótãos, águas-furtadas e mansardas só poderão Ter acesso pela escada principal
da edificações quando satisfaçam às condições mínimas de habitabilidade fixadas neste
regulamento.
2. é interdita a construção de cozinhas ou retretes nesses locais quando neles não se
reuna as demais condições de habitabilidade.
CAPÍTULO III
Espaços comuns
Artigo 62º
Escadas e rampas
1. Nas edificações com uma mais de um piso existirão escadas ou rampas de acesso
aos andares, em número e largura proporcionados às necessidades de utilização e segurança
na evacuação.
671
Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro
672
Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro
Artigo 64º
Número e localização das escadas de acesso comum
1. Os edifícios podem ser servidos por uma única escada de acesso comum quando a
distância a percorrer entre a porta de qualquer habitação ou compartimento habitável e o
acesso à escada não exceder 15m, de contrário, o edifício terá de ser servido por mais de
uma escada, as quais devem ser interligadas por comunicações horizontais comuns.
2. Nos edifícios, que, por força do disposto no número anterior, tenham de ser servidos
por duas ou mais escadas de acesso comum o número de escadas a prever a e sua localiza-
ção devem satisfazer às condições seguintes:
A distância a percorrer entre o acesso à caixa de uma escada e o acesso à caixa da
escada mais próxima não deve exceder 45m, descontados os percursos no ar livre, nem ser
inferior a 10m.
A distância a percorrer entre a porta de qualquer habitação ou compartimentos habitá-
vel servidos por um prolongamento da comunicação horizontal comum entre escadas e o
acesso à caixa da escada mais próxima não deve ser superior a 15m.
A distância a percorrer entre a porta de qualquer habitação servida por um ramal deri-
vado da comunicação horizontal comum entre escadas e o ponto de derivação desse ramal
não deve ser exceder 10m.
Artigo 65º
Características das escadas de acesso comum
1. Nas escadas de acesso comum os lanços e patamares devem assegurar, em todo o
seu desenvolvimento, uma passagem mínima de 0,90m de largura totalmente desimpedida
de elementos salientes fixos e não comprometida por elementos móveis para o seu interior
até uma altura de 2m.
2. Estas escadas devem ser providas de corrimão, não interrompido nos patamares, e,
sempre, que possível ter lanços rectos; o número de degraus por lanços deve ser, no míni-
mo, de três, e os degraus devem ter espelho.
3. Estas escadas devem dar acesso directo à cobertura do edifício, quer pelo seu pro-
longamento até esse entre o patamar que serve o último piso habitado e a cobertura. Este
acesso deve ser condicionado de modo a limitar o risco de utilização em situações de
emergência.
Artigo 66º
Requisitos das escadas de acesso comum exteriores
ou interiores do edifício
1. As escadas de acesso comum exteriores aos edifícios ao ar livre ou dispondo de
amplas aberturas, devem satisfazer as condições seguintes:
673
Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro
674
Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro
2. Para efeitos deste artigo são consideradas edificações com características especiais
as seguintes:
b) Instalações hospitalares;
e) Recinto de espectáculos;
f) Complexos escolares;
Artigo 69º
Meios mecânicos de transporte vertical em edifícios não destinados à habitação
Artigo 70º
Compartimentos de lixos
1. Em todas as edificações com mais de quatro pisos, incluindo-se cave e sótão, sempre
que habitáveis não se preveja outro sistema mais aperfeiçoado de evacuação de lixos, deve,
pelo menos, existir um espaço confinado ou compartimento facilmente acessível, destinado
a nele se depositarem contentores dos lixos dos diversos pisos.
CAPÍTULO IV
Habitações
Artigo 71º
Número e áreas mínimas dos compartimentos habitáveis
1. Os compartimentos habitáveis não devem ser em número e área inferiores aos indi-
cadores no quadro seguinte:
675
Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro
2 3 4 5 6 7 8 Mais de 8
TO T1 T2 T3 T4 T5 T6 T+6
Áreas em metros quadrados
2. O tipo de fogo é definido pelo número de quarto de dormir e para a sua identificação
utiliza-se símbolo Tx, em que X representa o número de quarto de dormir.
3. No número de compartimentos referidos no n.º 1 não se incluem vestíbulos, instala-
ções sanitárias, arrumos e outros compartimentos de função similar.
4. O suplemento de área obrigatório referido no nº3 não pode dar origem a um espaço
autónomo e encerrado, devendo distribuir-se pela cozinha e sala, e Ter uma sua parcela
afectada ao tratamento de roupa, na proporção que estiver mais de acordo com os objecti-
vos da solução do projecto.
5. Quando o tratamento de roupa se fizer em espaços delimitado, a parcela do suple-
mento de área referido no n.º 4, destinada a essa função, não deve ser inferior a 2m.
Artigo 72º
Áreas brutas mínimas dos fogos
1. As áreas brutas dos fogos terão os seguintes valores mínimos:
676
Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro
677
Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro
2. Nas habitações T3 e T4, deve existir, pelo menos, duas instalações sanitárias, uma,
satisfazendo às condições definidas no nº1,e outra, com área não inferior a 1,5m2 e provida
com bacia de retrete e lavatório.
3. Nas habitações T5 e T6, deve existir, pelo menos, duas instalações sanitárias, cada
uma quais satisfazendo às condições definidas no nº1.
4. Admite-se, nos termos do artigo 20º, a existência temporária de uma instalação sani-
tária com as características da segunda instalação definidas no nº2, ou, em situações espe-
ciais, designadamente por escassez de água, que serão definidas em regulamento municipal
, o recurso a solução especiais como latrinas secas.
Artigo 74º
Dimensões dos comportamentos habitáveis
1. As dimensões dos compartimentos habitáveis referidas no nº1 do artigo 71º obede-
cerão aos seguintes requisitos:
a) Quando a respectiva área for menor que 9,5m2, e menor que 2,10m;
b) Quando respectiva área for maior ou igual a 9,5m2 e menor que 12m2, deverá
inscrever-se neles um circuito de diâmetro não inferior a 2,40;
c) Quando a respectiva área for maior ou igual a 12m2 e menor que 15m2, de-
verá inscrever-se neles um circuito de diâmetro não inferior a 2,70m;
d) Quando a respectiva área for maior ou igual a 15m2 o comprimento não pod-
erá exceder o dobro da largura média, ressalvando-se as situações em que nas
duas paredes opostas mais afastadas se pratiquem vãos, sem prejuízo de que
possa inscrever-se nessa área um circuito de diâmetro não inferior a 2,80m.
2. Quando um compartimento se articular em dois espaços não autónomos, a dimensão
horizontal que define a sua comunicação nunca será inferior a dois terços da dimensão mí-
nima admitida será de 1,70m, sem prejuízo de que a distância livre entre bancadas situadas
em paredes opostas seja de 12,10m.
3. Exceptua-se ao preceituado no número anterior, o compartimento destinado a cozi-
nha, em que a dimensão mínima admitida será de 1,70m, sem prejuízo de que a distância
livre entre bancadas situadas em paredes opostas seja de 1.10m.
Artigo 75º
Dimensões dos espaços de entrada, vestíbulos e corredores
1. Os espaços de entrada ou os corredores a seguir à porta de entrada na habitação e na
extensão mínima de 2.00m terão a largura mínima de 1,10m.
2. Os restantes corredores terão a largura mínima de 0,90m.
3. Os vestíbulos de entrada, quando existam, devem Ter a dimensão horizontal mínima
de 1,50m.
678
Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro
Artigo 76º
Habitação em cave
1. Só é permitida a construção de caves destinadas à habitação em casos excepcionais,
em que a orientação e o desafogo do local permitam assegurar-lhes boas condições de ha-
bitabilidade, reconhecidas pelo órgão municipal competente, devendo, neste caso, todos os
compartimentos satisfazer as condições especificadas neste regulamento para os andares de
habitação e ainda os seguintes:
a) A cave deverá Ter, pelo menos, uma parede exterior completamente desafoga-
da a partir de 0,20m a 0,50m abaixo do nível do pavimento interior de acordo
com as condições do terrenos e drenagem superficial;
b) Todos os compartimentos habitáveis referidos no n.º 1 do artigo 71º, deverão
ser contíguos à fachada completamente desafogada;
c) Serão adoptada todas as disposições construtivas necessárias para garantir a
defesa da cave contra as infiltrações de águas superficiais subterrâneas pen-
etrem no seu interior;
d) O escoamento dos esgotos deverá ser conseguido por gravidade.
2. No caso de habitações unifamiliares isoladas que tenham uma fachada completa-
mente desafogada e, pelo menos, duas outras também desafogadas, só a partir de 1m de
altura acima do pavimento interior, poderão dispor-se compartimentos habitacionais contí-
guos a qualquer destas últimas fachadas. Para o caso de habitações unifamiliares gemina-
das, exigir-se-á, para este efeito, além de uma fachada completamente desafogada, apenas
uma outra desafogada, nos termos já referidos para a outra variante.
3. Se da construção da cave resultar a possibilidade de se abrirem janelas sobra as ruas
ou sobre os terrenos circundante, não poderão aquelas, em regra, ter os seus peitoris a me-
nos de 0,60m acima do nível exterior.
Artigo 77º
Caves para arrecadação
1. Poderá autorizar-se a construção de caves que sirvam exclusivamente de arrecada-
ção para uso dos ocupantes do prédio desde que sejam suficientemente arejadas e conve-
nientemente protegidos contra a humidade e que nelas não existem cozinhas nem instala-
ções sanitárias.
2. Nos prédios de utilização colectiva estas caves devem ter pé-direito mínimo de
2,20m e não possuir comunicação interior directa com pisos, de habitação.
3. Nas instalações unifamiliares, o pé-direito mínimo pode ser reduzido a 2m.
4. O órgão municipal competente poderá ainda fixar outras disposições especiais a que
devem obedecer as arrecadações nas caves, tendentes a impedir a sua utilização eventual
para fins de habitação.
679
Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro
Artigo 78º
Habitação em sótão
Os sótãos, águas-furtadas e mansardas só poderão ser utilizadas para fins de habitação
quando satisfaçam a todas as condições de salubridade e isolamento térmico previstas neste
regulamento. Poderá ser permitido que os respectivos compartimentos tenham o pé-direito
mínimo regulamentar só em metade da sua área.
CAPÍTULO V
Espaços não-habitacionais
Artigo 79º
Instalações comuns de serviço
Os edifícios não-habitacionais, e os espaços não-habitacionais, ainda que localizados
em edifícios de habitação, serão dotados de instalações comuns de serviço, tais como ins-
talações sanitárias, vestiários, refeitórios, adequados e proporcionados à natureza e ao nú-
mero previsível de utentes, sem prejuízo do disposto no artigo 81º.
Artigo 80º
Zonas de acesso ao público
1. Nos edifícios e espaços não habitacionais e nas zonas de acesso ao público, tais
como edifícios administrativos, saúde, escolas, bares, átrios, corredores, escadas, instala-
ções sanitárias e vestuários, devem ser localizados, conformados e dimensionados de forma
a terem fácil acesso a utilização, de acordo com o seu número previsível de ocupantes.
Artigo 81º
Habitação multifamiliar
Quando os edifícios de habitação multifamiliares integrarem nos pisos térreos, áreas
destinadas a actividades comercial ou industrial ou de serviços, tais espaços devem respei-
tar os seguintes requisitos:
a) As áreas destinadas a essas actividades, devem ser compartimentadas de for-
ma a constituírem fracções autónomas aptas para a sua exploração;
b) Estas fracções autónomas devem ter, em princípio, acesso directo para o ex-
terior, independente do acesso às habitações, quando este for constituído por
espaços encerrados. Em qualquer dos casos, o acesso do público e de viaturas
e estas áreas, não deve ser de molde a prejudicar o acesso dos moradores e a
utilização dos espaços exteriores junto do edifício;
c) Cada uma das fracções autónomas compreenderá, apenas, um espaço princi-
pal para subdivisão posterior, e uma das mais instalações sanitárias, que serão
dimensionadas em função da área da fracção e, relativamente a estas últimas,
da sua susceptibilidade de utilização pelo público;
680
Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro
681
Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro
682
Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro
vagens. As paredes acima desta altura serão rebocadas e pintadas ou, pelo menos, caiadas,
desde que a caiação seja mantida em condições de eficácia. O revestimentos do solo será
sempre executado de forma a impedir a infiltração ou a estagnação de líquidos e a assegurar
a sua pronta drenagem para uma caldeira de escoamento, ligada por intermédio de um sifão
à tubagem de evacuação dos esgotos do prédio.
2. Quando haja em vista o ulterior aproveitamento dos líquidos acima referidos, o seu
escoamento poderá fazer-se para depósitos distantes das habitações, solidamente construídos e
perfeitamente estanques, cuja exploração só será permitida em condições de rigorosa garantia
da salubridade pública e quando não haja dano para os moradores dos prédios vizinhos.
Artigo 89º
Localização de estrumeiras ou nitreiras
1. Nas cavalariças, vacarias, currais e instalações semelhantes serão adoptadas medidas
para facilitar a retirada frequente dos estrumes, a fim de que estes possam ser prontamente
conduzidos para longe das áreas habitadas, dos arruamentos e logradouros públicos, e bem
assim das nascentes, poços, cisternas ou outras origens ou depósitos de águas potáveis e
das respectivas condutas.
2. Nas zonas rurais onde seja autorizado do depósito dos estrumes em estrumeiras ou
nitreiras, por não haver prejuízo para a salubridade pública, estas estrumeiras ou nitreiras
devem ficar afastadas das habitações ou locais públicos, e serão construídas de modo que
delas possam advir infiltrações prejudiciais ao terreno e fiquem asseguradas, em condições
inofensivas, a evacuação dos líquidos exsudados ou a recolha destes em fossas que satisfa-
çam às condições referidas no n.º 2 do artigo anterior.
Artigo 90º
Precauções contra insectos
Serão sempre tomadas precauções rigorosas para impedir que as instalações ocupadas
por animais e as estrumeiras ou nitreiras possam favorecer a propagação de moscas ou
mosquitos.
TITULO IV
Da construção
CAPITULO I
Disposições gerais
Artigo 91º
Qualidade da construção
1. As edificações, seja qual for a sua natureza, deverão ser construídas em concordân-
cia com as melhores normas de arte de construir, e com todos os requisitos necessários para
que lhes fiquem garantidas, de modo duradouro, as condições de segurança, de habitabili-
dade, de salubridade e de aspecto mais adequadas á sua utilização e à sua função urbana.
683
Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro
684
Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro
685
Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro
686
Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro
687
Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro
688
Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro
689
Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro
690
Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro
que lhes são transmitidas pelos elementos da construção, nas condições de utilização mais
desfavoráveis.
Artigo 115º
Fundações contínuas
Quando as condições de terreno e as características da edificações permitam a funda-
ção contínua, observar-se-ão os seguintes requisitos:
a) Os caboucos penetrarão no terreno firma até à profundidade de, pelo menos,
0,50m, excepto quando se trate de rocha dura, onde esta poderá ser menor.
A profundidade deve, em todos os casos, ser suficiente para assegurar a dis-
tribuição, quando possível, regular das pressões na base do alicerce;
b) A espessura da base dos alicerces ou a largura das sapatas, quando requeridas,
serão fixadas por forma que a pressão no fundo dos caboucos não exceda a
tensão de segurança à rotura admissível para o terreno de fundação;
c) Os alicerces serão construídos de modo a que a humidade do terreno não se
comunique às paredes de edificação, devendo, sempre que necessário, interca-
lar-se entre eles e as paredes uma camada hidrófuga.
d) Os alicerces e as paredes, até uma altura entre 0,20m e 0,50m acima do terreno
exterior, a estabelecer conforme a humidade habitual deste, serão executados
com materiais rijos e não porosos e com aglomerados hidráulicos, de modo a
constituírem maciços resistentes e impermeáveis;
e) Nos alicerces construídos por camadas de diferentes larguras, a saliência de
cada degrau, desde que o contrário se não justifique por cálculos de resistên-
cia, não excederá a sua altura.
Artigo 116º
Fundações especiais
Quando as condições de terreno ou as características da edificação não aconselham a
fundação contínua, adoptar-se-ão processos especiais adequados de fundação com obser-
vância, além das disposições gerais aplicáveis do artigo anterior, de prescrições especial-
mente estabelecidas para garantir a segurança da construção.
Artigo 117º
Estudo geológicos e justificação da fundação adoptada
O órgão municipal competente deve definir as áreas onde se torne obrigatória a apre-
sentação de estudo suficientemente pormenorizado do terreno de fundação e das próprias
fundações, subscrito por técnico qualificado, para o licenciamento de obras que, pelas suas
naturezas, importância e demais condições particulares, assim justifiquem.
691
Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro
Artigo 118º
Afectação de construções por execução de fundações
A realização de importantes movimentos de terras ou de fundações profundas, bem
como a execução de fundações envolvendo meios de percussão, devem ser mencionadas
claramente nos projectos, devendo o órgão municipal competente condicioná-los ou mes-
mo não autorizá-los sempre que possam afectar construções vizinhas.
CAPÍTULO VI
Paredes
Artigo 119º
Generalidades
As paredes das edificações serão construídas tendo em vista as diversas funções destes
elementos de construção e atendendo, não só às exigências de segurança, como também às
de salubridade e habitabilidade, especialmente no que respeita à protecção contra a humi-
dade, às variações de temperatura e à propagação de ruídos e vibrações.
Artigo 120º
Materiais
Na construções das paredes de edificações de carácter permanente, utilizar-se-ão ma-
teriais adequados à natureza, à importância, ao carácter, ao destino e à localização dessas
edificações, os quais devem oferecer, em todos os casos, suficientes condições de seguran-
ça, habitabilidade e durabilidade.
Artigo 121º
Resistência
1. Quando às condições de resistência, as paredes das edificações correntes, quando
construídas de alvenaria de pedra irregular, do tijolo ou de blocos de betão, devem ser di-
mensionadas de modo que a tensão de compressão, consideradas uniformemente distribuí-
da na sessão mais carregada de alvenaria, não exceda os valores fixados no número 4.
2. No caso de paredes suportado cargas excêntricas, admite-se que a tensão máxima de
compressão no bordo mais carregada da sessão mais solicitada da alvenaria possa exceder
de 25% os valores da tensão de segurança indicados na tabela. Numa tal sessão sujeita à
compressão é, desprezada por si zona submetida a tracções, suficiente para segurar a re-
sistência da parede sem que seja excedida a tensão máxima de compressão admitida e, em
todo o caso, desde que a distância da resultante das cargas actuantes ao bordo comprido da
sessão seja sempre superior a 1/6 da largura da sessão.
3. Nas zonas das paredes de alvenaria onde se descarreguem cargas concentradas,
nomeadamente de vigamentos ou de pilares, poderá admitir-se que a tensão máxima de
compressão local exceda de 50% os valores da tensão definidos na tabela.
4. Os valores referidos no número 1, são os constantes da tabela seguintes;
692
Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro
10 2,5 6
10 7
20 2,5 6
10 8
30 2,5 8
10 10
50 2,5 10
10 15
80 10 20
120 10 25
Estes valores são estabelecidos em função das tensões de rotura à compressão dos
elementos de alvenaria e das argamassas empregadas, e da esbelteza da parede, definida
como a relação entre a menor dimensão livre da parede - espaçamento dos elementos de
travamento lateral, quer horizontais, como pavimentos rígidos ou cintas de betão armado,
quer verticais, como pilares ou paredes concorrentes e a sua espessura nominal, incluindo
rebocos.
Artigo 122º
Espessuras mínimas
1. No caso de edificação destinadas a habitação de tipo corrente e com o máximo de
três pisos, cujas paredes sejam construídas de alvenaria de pedra irregular, de tijolo de
0,22m x 0,70m ou de bloco de betão, podem adoptar-se para estas paredes, sem prejuízo de
outras disposições aplicáveis e com dispensa de justificações complementares, as espessu-
ras mínimas fixadas na tabela constante no número 10.
2. Quando se empreguem tijolos de dimensões diferentes das referidas na tabela admi-
tir-se-á tolerância até 10% nas espessuras correspondentes às indicações da tabela para as
paredes de tijolo.
3. A alvenaria de pedra irregular deve ser construída por pedra com uma tensão de
rotura à compressão de, pelo menos, 20Mpa.
4. O tijolo a usar na constituição das alvenarias deve ter, pelo menos, uma tensão de
rotura individual mínima à compressão de 10 Mpa para o tijolo maciço ou perfurado, e de
3 MP a para o tijolo furado.
693
Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro
5. Os blocos de betão a usar na constituição das alvenarias devem Ter, pelo menos,
uma de rotura individual mínima à compressão de 7 MP a para os blocos maciços e de PMa
para os blocos furados.
6. A argamassa a usar na construção das paredes deve ter resistência pelo menos equi-
valente à de traço 1:2.8, em volume, de cimento, cal e areia.
7. As paredes com a espessura mínima tabelada deverão ter travamento laterais, quer
verticais, por paredes ou pilares, quer horizontais, por pavimentos rígidos ou por cintas
armadas, que, num ou noutro sentido, não fiquem espaçadas de mais 3,50m.
8. As paredes com a espessura mínima tabelada não devem suportar pavimentos com
sobrecarga superior a 3KN/m2 ou submetidos a acções dinâmicas, nem receber o apoio de
mais de 4m2 de pavimento por metro linear de parede.
9. O órgão municipal competente poderá incluir nos seus regulamentos próprios tabela
organizadas como a presente e com o mesmo campo de aplicação para tradição e experiên-
cias locais especificado na alínea a) do artigo 115º
10. As espessuras mínimas referidas no número 1, são as que constam da tabela se-
guinte:
Ordem Paredes suportando cargas de pavimentos e coberturas Paredes sem carga além do peso próprio
dos
pisos a Fachada e empenas Paredes de separação entre Paredes
Paredes
contar habitações e de caixas de interiores Empenas
interiores
do piso escadas
superior Alvenaria de Alvenaria de Alvenaria de Alvenaria de Alvenaria de
Pedra Tijolo Blocos Pedra Tijolo Blo- Pedra Tijolo Blocos Pedra Tijolo Blocos Tijolo Blocos
irre- (vezes) de irre- (vezes) cos de irre- (vezes) de irre- (vezes) de (vezes) de betão
gular betão gular betão gular betão gular betão (m)
(m) (m) (m) (m) (m) (m) (m) (m)
1 0,40 1 0,20 0,40 1 0,20 0,40 1/2 0,20 0,40 1 0,20 1/2 0,15
(b) (d) (b) (d) (a) © (b) (d) (b) (d)
Artigo 123º
Isolamento hidrotérmico
1. As paredes exteriores das edificações de carácter permanente, destinadas a habitação
semelhante, devem, no que respeita à sua função de protecção contra as variações térmicas
e contra a humidade, ser equivalentes, pelo menos, à parede de alvenaria de blocos furados
de betão com 0,20m de espessura, rebocada em ambos os parâmetros. Em qualquer caso
desde que se trate de paredes de alvenaria, de blocos de betão ou de tijolo, o seu coeficiente
de transmissão térmica não deve ser superior a 2,5 w/m 2.0C.
2. Admite-se, em alternativa, que as paredes exteriores sejam realizadas em alvenaria
de pedra com uma espessura mínima de 0,40m.
694
Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro
Artigo 124º
Isolamento acústico
As paredes de separação entre habitações ou de caixas de escadas, nas edificações de
carácter permanente, destinada à habitação ou com utilização semelhante, devem, no que
respeita à sua função de protecção contra a transmissão de ruídos e vibrações, ser equi-
valentes, pelo menos, à parede de alvenaria de blocos de betão com 0,20m de espessura,
rebocada em ambos os parâmetros, com uma massa unitária não inferior a 250kgm2, ou
correspondente, caracterizar-se por um índice de isolamento sonoro para os sons de condu-
ção aérea não inferior a 48Db.
Artigo 125º
Espessuras inferiores mínimos previstos
1. Em edificações de carácter permanente a construção de paredes com constituição dife-
rente das consideradas no artigo 122º só será autorizada, pelo órgão municipal competente, se
a equivalência das suas características resistentes e funcionais com as daquelas for demons-
trada por ensaios realizados em laboratórios competente oficialmente designado na resistên-
cia verificada do materiais empregues e pela demonstrações das características de protecção
contra a humidade, variações de temperatura e transmissão de ruídos e vibrações.
2. A mesma justificação é exigida também quando as paredes, embora com a consti-
tuição das consideradas no artigo 122º tenham espessura inferior ou esbelta superior aos
limites consignados na tabela referida nesse artigo
Artigo 126º
Paredes de caves
1. A construção das paredes das caves que ficarem em contacto com o terreno exterior
obedecerá ao especificado na alínea a) do artigo 115º.
2. Nas caves consideradas habitáveis, sempre que as condições do terreno o justifi-
quem, as paredes em contacto com o terreno exterior deverão ter condições do ponto de
vista da salubridade da habitação, pelo menos equivalentes às de uma parede de alvenaria
hidráulica de pedra rija e não porosa, com 0,60m de espessura, guarnecida exteriormente,
numa, altura entre 0,20m e 0,50m acima do nível do terreno, a estabelecer conforme a
humidade habitual destes, revestimentos impermeável resistentes sem prejuízo de outras
precauções e consideradas para evitar a humidade no interior das habitações.
Artigo 127º
Revestimento de paredes em elevação
1. Todas as paredes em elevação, quando não sejam construídas com material prepara-
do para ficar à vista, serão guarnecidas, tanto interior como exteriormente, com revestimen-
tos apropriados, de natureza, qualidade e espessura tais que, pela sua resistência à acção
do tempo, garantam a manutenção das condições iniciais de salubridade e o bom aspecto
da edificação.
695
Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro
696
Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro
CAPITULO VII
Pavimentos
Artigo 132º
Generalidades
Os pavimentos das edificações serão constituídos tendo em vista as diversas funções
destes elementos de construção e atendendo, não só às exigências de segurança, como tam-
bém às de salubridade e habitabilidade, especialmente no que respeita à protecção contra a
humidade e à propagação de ruídos de vibrações.
Artigo 133º
Estruturas
1. Na constituição dos pavimentos de edificações de carácter permanente, utilizar-se-
ão materiais adequados à natureza à importância, ao carácter, em todos os caos, suficientes
condições de segurança, habitabilidade e durabilidade.
2. As estruturas dos pavimentos serão construídas com betão armado, aço, madeira ou
outros materiais apropriados à satisfação das exigências enunciadas no n.º 1. As secções
dos respectivos elementos serão justificadas pelo cálculo ou por ensaios, devendo atender-
se, para este fim, à disposição daqueles elementos, à capacidade de resistência dos mate-
riais empregues e às acções inerentes à utilização da estrutura.
Artigo 134º
Isolamento acústico
Os pavimentos elevados das edificações de carácter permanente destinadas a habita-
ção, devem, no que respeita à sua função de protecção contra a transmissão de ruídos e
vibrações, ser equivalentes, pelo menos, ao pavimento constituído os revestimentos, não
inferior a 250Kg/m2, ou, correspondentemente, por um índice de isolamento sonoro para
2324«@ sons de condução aérea não inferior a 48 D.B.
Artigo 135º
Pavimento de madeira
1. Nas estruturas de pavimentos de madeira das edificações correntes, destinadas à
habitação, e cujo vão não exceda 4m, poderão empregar-se, sem outra justificação, peças
com as secções já experimentadas pelo uso para idênticos vãos e cargas.
2. Todas as peças de madeira a empregar nas estruturas dos pavimentos, devem ser
previamente tratadas para se obter a sua imunização eficaz ao ataque de fungos e insectos.
3. As entradas das vigas das estruturas dos pavimentos, nas paredes de alvenaria, serão
sempre preservadas da humidade, quer por disposição construtivas que permitem a sua
ventilação, quer por revestimento ou induto apropriado.
697
Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro
Artigo 136º
Apoios das estruturas
As estruturas dos pavimentos devem ser devidamente assentes nos elementos o terreno
de apoio e construídas de modo que estes não fiquem sujeitos a esforços horizontais exces-
sivos, salvo se para lhes resistirem e se se tomarem as disposições apropriadas.
Artigo 137º
Pavimentos térreos
1. O pavimento dos andares térreos, quando assente directamente sobre o terreno e
sempre que as condições deste o justifiquem, deve ser convenientemente protegido contra
a eventual ascensão da humildade do solo, mediante a interposição duma camada imperme-
ável ou que assegura a drenagem eficiente dessa humidade.
2. Quando o pavimento dos andares térreos, quando assente sobre a caixa de ar, esta
deverá ser, sempre que possível ventilada por circulação de ar perfeitamente assegurada
por aberturas praticadas nas paredes. As aberturas nas paredes exteriores terão dispositivos
destinadas a impedir a passagem de objectos ou animais. A caixa de ar deverá ser deixada
regularizada e limpa antes de concluído o pavimento que a ela se sobrepõe.
Artigo 138º
Locais húmidos
1. Os pavimentos das instalações sanitárias, copas, cozinhas e de outros locais suscep-
tíveis de infiltrações, serão construídas por estruturas imputrescíveis e com revestimentos
impermeáveis, apresentados, apresentando uma superfície plana, lisa e facilmente lavável.
2. Admite-se que, nos termos do artigo 19º, seja temporariamente no processo dispen-
sado o n.º 1 no que se refere às características do revestimento.
CAPÍTULO VIII
Cobertura
Artigo 139º
Generalidades
As coberturas das edificações serão construídas tendo em vista as diversas funções
destes elementos de construção e atendendo, não só às exigências de segurança, como
também às de habitabilidade, especialmente no que respeita à protecção contra a água da
chuva e contra a radiação solar.
Artigo 140º
Estruturas
As estruturas das coberturas das edificações devem cumprir, no que respeita aos mate-
riais de construção, os requisitos de segurança e durabilidade, os critérios gerais de dimen-
sionamento e as disposições constantes do artigo 133º, com as devidas adaptações.
698
Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro
Artigo 141º
Protecção térmica
1. As coberturas das edificações devem, por si só, ou conjuntamente com o tecto do an-
dar subjacente, garantir a protecção térmica adequada ao fim a que se destina a edificação.
2. As coberturas dos edifícios de habitação devem, no que respeita à sua função de
protecção térmica, em especial contra a radiação solar, ser equivalentes, pelo menos, a um
cobertura inclinada, revistada com telha de betão e com desvão ventilado na não utilização
sobre a laje de esteira maciça ou aligeirada com 0,10m de espessura.
3. Em qualquer caso, as coberturas devem apresentar um coeficiente de transmissão
térmica médio, em condições de fluxo descendente, não superior a 2,5W/m2.0c, e, pelo
menos, protecção solar média.
Artigo 142º
Requisitos dos materiais de revestimentos
As coberturas das edificações devem ser revestidas com materiais impermeáveis e
resistentes ao fogo e à acção dos agentes atmosféricos.
Artigo 143º
Armação de madeira
Nas armações de madeira para coberturas inclinadas, com inclinação compreendida
entre 20º e 45º, poderão empregar-se, sem outra justificação, peças com as secções míni-
mas seguintes ou suas equivalentes em resistência e rigidez, desde que não se excedam as
distâncias máximas indicadas:
Artigo 144º
Apoios, preservação e protecção contra a humidade
As estruturas das coberturas devem cumprir, no que respeita às condições de apoio, e à
protecção contra a humidade, as disposições constantes dos artigos 135º, nºs 2 e 3 e 136º.
Artigo 145
Terraços
1. Nas coberturas em terraços, utilizar-se-ão materiais e processos construtivos que
lhes assegurem a impermeabilidade adequada às condições pluviométricas e à protecção
contra as variações térmicas exteriores, particularmente as restantes da acção da radiação
solar termos do disposto do artigo 141º.
2. Tendo em conta o disposto no n.º 1, as coberturas, em terraço devem ser providas
dum revestimentos de protecção de cor clara ou, de referência, dum revestimento de som-
breamento superior, definido um espaço subjacente fortemente ventilado.
699
Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro
Artigo 146º
Algerozes
1. Os algerozes dos telhados serão realizados com materiais apropriados para impedir
infiltrações para o interior das edificações. As dimensões dos algerozes serão proporciona-
das à extensão da cobertura. O seu declive, no sentido longitudinal, será o suficiente para
assegurar o rápido escoamento das águas que receberem e nunca inferior a 3mm, por metro.
A área útil da secção transversal será , pelo menos, de 3cm2 por cada metro quadrado de
superfície coberta horizontal.
2. Tomar-se-ão as disposições necessárias para assegurar, nas condições menos noci-
vas possível, a extravasão das águas dos algerozes, no caso de entupimento acidental de
um tubo de queda.
TITULO V
Das instalações
CAPITULO I
Disposições gerais
Artigo 147º
Condições gerais
1. Em cada regra, os edifícios devem dispor de instalações adequadas às exigências
dos utentes que, em cada caso, importa satisfazer no quadro dos condicionalismo locais.
2. Aos edifícios destinados à habitação e, dado o seu grande número nos aglomera-
dos urbanos, aplicar-se-ão as disposições específicas constantes nos capítulos seguintes:
Artigo 148º
Definição genérica
1. As instalações, aludidas no antigo anterior, abrangem, nomeadamente:
a) A disponibilidade de água, de energia eléctrica e de gás combustível;
b) A evacuação de esgotos domésticos e pluviais;
c) A ventilação, salubridade e conforto térmico;
d) A evacuação de fumos;
e9 Transporte em elevadores eléctricos
3. Tais instalações devem ser estabelecidas, de acordo com as disposições das regu-
lamentação específicas e, na falta delas, de acordo com as recomendações das entidades
responsáveis pela sua exploração em condições de segurança, e das regras da arte.
700
Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro
CAPÍTULO II
Instalações de água
Artigo 149º
Abastecimento de água
1. As habitações devem normalmente ter assegurado o seu abastecimento em água
potável na qualidade bastante para a alimentação e a higiene dos seus ocupantes.
2. Salvo os casos de isenção legal, os prédios situados em locais servidos por rede
pública de abastecimento de água serão providos de sistemas de canalizações interiores de
distribuição, ligadas àquela rede por meio de ramais privativos, devendo dar-se, a uns e
outros, traçados e dimensões tais que permitem o abastecimento directo e contínuo.
Artigo 150º
Natureza e concepção das redes de água potável
1. As canalizações, os dispositivos de utilização e os acessórios de qualquer natureza
das instalações de água potável dos prédios serão estabelecidos e explorados tendo em
atenção as disposições do presente regulamento, de forma a que possam rigorosamente
assegurar a protecção da água contra a contaminação ou a simples alteração das suas qua-
lidades.
2. As instalações de distribuição de água potável serão inteiramente distintas de qual-
quer outra instalações de distribuição de água ou de drenagem. As canalizações de água
manter-se-ão isoladas das canalizações de esgoto em todo o seu traçado e sem possibilidade
de haver refluxo de águas servidas para aquelas canalizações de água.
3. É admissível a existência, em casos especiais devidamente justificados, e sob regime
de controlo sanitário assegurado, de rede privada de água não potável ligada a depósito pri-
vado e totalmente separada da rede privada de água potável, não devendo porém tomadas
de águas das duas redes servir o mesmo dispositivos de utilização. Além destas precauções,
as tomadas de água não potável devem estar assinaladas como tal e ser distintas, à vista,
das de água potável.
4. A alimentação, pela instalações de água potável, de bacias de retrete, urinóis ou
quaisquer outro recipientes ou canalizações insalubres só poderá ser feita mediante inter-
posição de um dispositivo isolador adequado.
5. Nas instalações de água potável devem ser empregues materiais adequados cuja
qualidade será regulada por disposições gerais.
Artigo 151º
Depósito interposto nas redes
1. Sem prejuízo do n.º 2 do artigo 149º, as instalações de distribuição de água potável
devem estabelecer-se de modo que ela siga directamente da origem da acção de água po-
701
Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro
tável devem estabelecer-se abastecimento do prédio até aos dispositivos de utilização, sem
retenção, sem retenção prolongada em quaisquer reservatórios.
2. Quando seja manifestamente indispensável o emprego de depósito de água potável,
terão estes disposições que facilitem os seus esvaziamento total e limpeza frequentes. De-
verão obedecer às disposições legais aplicáveis e ser instalados em locais salubres e are-
jados, distintas das embocaduras dos tubos de ventilação dos esgotos e protegidos contra
o calor. Quando necessário, serão ventilados, mas sempre protegidos eficazmente contra a
sua eventual poluição provocada pela entrada de mosquitos, de poeira ou de outras matérias
nocivas.
3. Desde que se trata de edifícios especiais ou de habitação multifamiliares, o acesso
aos depósitos só deve ser facultado que serviços públicos responsáveis ou entidades por
eles reconhecidas que se encarregarão da respectiva manutenção.
Artigo 152º
Poços e cisternas
1. É interdita abertura de poços e a construção de cisterna sem prévia autorização dos
serviços públicos competentes.
2. Os poços de cisternas deverão ficar afastados de origem de possíveis conspurcações
da água. Tomar-se-ão, além disso, as precauções necessárias para impedir a infiltração de
águas superficiais, assegurar conveniente ventilação e opor-se à entrada de mosquitos, po-
eiras ou de quaisquer outras matérias nocivas. Para extrair a água apenas se poderão utilizar
sistemas que não possam ocasionar a sua inquinação.
Artigo 153º
Paredes dos poços
1. As paredes dos poços serão guarnecidas de revestimentos impermeável nos primei-
ros metros abaixo da superfície do terreno e, em geral, ficarão elevadas de, pelo menos
0,50m acima desta superfície. Em qualquer caso, deverá evitar-se infiltração de água suja
protegendo com revestimento estanque o terreno adjacente à boca do poço, numa faixa de
largura nunca inferior a 1,50m com declive para a periferia.
2. Os poços terão sempre cobertura que será estanque e resistente. Qualquer aber-
tura de ventilação deve obedecer às exigências constantes na última parte do número
2 do artigo 151º.
Artigo 154º
Cisternas
Será proibida a utilização de poços ou cisternas para o abastecimento de água de ali-
mentação sempre que se verifiquem condições de deficiente segurança contra quaisquer
possibilidades de contaminação.
702
Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro
Artigo 155º
Requisitos das cisternas
1. As cisternas deverão ser providas de dispositivos eficazes que impeçam a recolha
das primeiras águas caídas nas coberturas do prédio e que retenham a todo momento quais-
quer matéria sólida arrastadas pela água.
2. Apenas poderá ser considerada como água potável a que seja recolhida de cober-
turas inclinadas e desde que cumpridas as regras técnicas aplicáveis, designadamente que
a cobertura da cisterna seja rigorosamente estanque e tenha qualquer abertura para os seu
arejamento, que deverá ser protegido contra a entrada de mosquitos, poeiras ou outras ma-
térias nocivas.
CAPÍTULO III
Instalações de esgotos
Artigo 156º
Equipamento sanitários mínimos
1. O equipamento mínimo das instalações sanitárias a prever em cada fracção autóno-
ma, a que se refere o artigo 47º, deve ser constituído por uma bacia de retrete, um lavatório,
uma tomada de água e um ralo de esgoto no piso provido de sifão, sem prejuízo no disposto
no artigo 73º, para as habitações, devendo esses aparelhos ser ligados a sistemas individu-
ais ou colectivos de abastecimento de água e de evacuação de esgoto.
2. Outros tipos de equipamentos mínimo serão aceites apenas nos casos especiais de-
finidos nos artigos 19º e 20º.
Artigo 157º
Bacias de sifão e autoclismo
Onde existe rede pública de distribuição de água será obrigatória a instalação de auto-
clismo de capacidade conveniente ou de outros dispositivo que assegure a rápida remoção
das matérias depositadas na bacia de retrete.
Artigo 158º
Urinóis
Serão aplicáveis aos urinóis as disposições deste regulamento relativas às condições
de salubridade das bacias de retrete, devendo ser obrigatoriamente providas de sifão indi-
vidual.
Artigo 159º
Canalização de esgotos
As canalizações de esgotos dos prédios serão delineadas e estabelecidas de maneira a
assegurar em todas as circunstâncias a boa evacuação de matérias recebidas. Deverão ser
acessíveis e facilmente inspeccionáveis, tanto quanto possível, em toda a sua extensão, sem
703
Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro
prejuízo do bom aspecto exterior da edificação. Nas canalizações dos prédios devem ser
empregues tubagens de matérias adequadas cuja qualidade seja contemplada por regula-
mentação aplicável.
Artigo 160º
Esgotos pluviais
1. Será assegurado o rápido e completo escoamento das águas pluviais caídas em qual-
quer local do prédio.
2. As redes de esgoto doméstico e pluvial dos edifícios devem ser sempre separadas,
ainda que a rede pública seja unitária.
3. A rede pluvial domiciliaria pode ser conduzida para cisternas possuindo paredes
resistentes e lisas e devidamente protegidas da contaminação e da entrada de sujidade, em-
bora com acesso para inspecção e limpeza. Estas cisternas poderão ser drenadas mas não
poderão ser ligadas a uma rede pública de água potável.
Artigo 161º
Sifonagem da rede de esgotos
Serão tomadas as disposições necessárias para a rigorosa defesa da habitação contra
emanações dos esgotos, susceptíveis de prejudicar a saúde ou a comodidade dos ocupantes.
Qualquer aparelho ou orifício de escoamento, sem excepção, desde que possa estabelecer
comunicação entre canalizações ou reservatórios de águas servidas ou de dejecto e a ha-
bitação, incluindo os escoadouros colocados nos logradouros ou outro qualquer local do
prédio, será ligado ao ramal da evacuação por intermédio de um sifão acessível e de fácil
limpeza e em condições que garantem a vedação hidráulica efectiva e permanente.
Artigo 162º
Ventilação
1. Serão adoptadas disposições tendentes a assegurar a ventilação das canalizações de
esgoto e a impedir o esvaziamento, mesmo que temporário, dos sifões e consequente des-
continuidade da vedação hidráulica.
2. Os tubos de queda de água residuais dos prédios serão sempre prolongadas além da
ramificação mais elevada, sem diminuição da secção, abrindo livremente na atmosfera a,
pelo menos, 0,30m acima do telhado ou, quando a cobertura formar terraço, a 2m acima do
seu nível a em acima de qualquer vão ou simples em comunicação com os locais de habita-
ção quando situados a uma distância horizontal inferior a 4m da desembocadura do tubo.
Artigo 163º
Ligação à rede pública
1. Os dejectos e águas servidas devem ser removidas das edificações prontamente e de
forma a não originar quaisquer condições de insalubridade.
704
Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro
705
Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro
sárias, que para garantir o perfeito escoamento e impedir acumulação de matérias sólidas
depositadas, quer para obstar ao retrocesso dos esgotos para as edificações, especialmente
em zonas inundáveis.
CAPÍTULO IV
Instalações de gás
Artigo 168º
Habitação unifamiliar
Cada habitação deve dispor de uma instalação de utilização de gás ligada a um posto
de garrafas privativo, localizado no exterior de edifício ou em local encerrado e altamente
ventilado.
Artigo 169º
Habitação multifamiliar
1. Os edifícios de habitação multifamiliares devam, sempre que possível, dispor de
instalações de gás constituídas de instalações de utilização das habitações, uma por habi-
tação, com contagens localizadas nos espaços comuns do edifício junto da entrada de cada
habitação, servidas por uma instalação colectiva ligada a um posto de garrafas privativo,
localizado no exterior de edifício.
2. No caso de ser possível a concretização do disposto no número anterior, a instalação de
gás do edifício reduzir-se-á ao conjunto das instalações de utilização de gás das habitações, as
quais serão servidas por postos de garrafas privativos de cada habitação, localizados do interior
das habitações, em espaço próprio e arejado através de abertura directa para o exterior.
Artigo 170º
Torneiras de serviço
A instalação de utilização de gás de cada habitação deve servir duas torneiras de serviço
localizadas na cozinha, uma para ligação de um esquentador, outra para a ligação de um fogão.
As referidas torneiras devem ficar localizadas de modo a garantir que entre o esquentador e o
fogão mede um espaço livre na vertical de largura igual a 0,40m, pelo menos.
Artigo 171º
Evacuação de produtos
A evacuação dos produtos da combustão de gás ficará assegurada por qualquer dos
dois processos de ventilação referidas no Capítulo V do presente Título.
CAPÍTULO V
Instalação de ventilação e de evacuação de fumos
Artigo 172º
Processo de ventilação das habitações
1. Para satisfação das exigências da salubridade dos utentes, a ventilação das habita-
ções deve realizar-se a um ritmo não inferior a uma renovação por hora.
706
Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro
707
Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro
por uma conduta de evacuação por tiragem térmica com rejeição acima da
cobertura do edifício;
b) Nas habitações com ventilação conjunta de todos os compartimentos, através
da abertura de saída do ar viciado da cozinha.
Artigo 177º
Processo de evacuação dos produtos de combustíveis fumígenos
1. A evacuação dos produtos da combustão, provenientes de aparelhos de aquecimento
que queimam combustíveis fumígenos, nomeadamente, carvão e lenha, instalados na cozi-
nha, deve, nas habitações com ventilação separadas por compartimentos, ser realizada nos
termos do artigo anterior.
2. Nas habitações com ventilação conjunta de todos os compartimentos não é permi-
tida a utilização de aparelhos de aquecimento deste tipo.
Artigo 178º
Condutas de evacuação de fumos
A conduta deve ser a cozinha das habitações, com ventilação separada por comparti-
mentos, pode ser individual ou colectiva sendo esta recomendada para edifícios de sete ou
mais piso.
Artigo 179º
Traçado das condutas individuais
As condutas individuais devem desenvolver-se na vertical, podendo no entanto inte-
grar um troço inclinado, mas só um, desde que o desvio de verticalidade desse troço não
exceda 20º, valor que pode ir até 45º se a altura da conduta não for superior a 5m.
Artigo 180º
Traçado das condutas colectivas
As condutas colectivas são constituídas por um colector com ramais de altura igual à
distância entre pisos, pelo menos, e devem desenvolver-se na vertical até à sua emergência
na cobertura e só a partir deste nível o colector pode integrar um troço inclinado desde que
o desvio verticalidade desse troço não exceda 20º.
Artigo 181º
Secção das condutas individuais e colectivas
As condutas individuais e o colector das condutas colectivas devem ter secção não in-
ferior a 0,040 m2, e a menor dimensão da secção não deve ser inferior a 0016m; os ramais
das condutas colectivas devem ter secção não inferior a 0,125m2, e a menor dimensão da
secção não deve ser inferior a 0,125m.
708
Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro
Artigo 182º
Cota das condutas individuais e colectivas
A abertura superior das condutas deve situar-se a 0,50m, pelo menos acima de qual-
quer parte da edificação ou edificações vizinhas situadas num raio de 10m centrado no
ponto de emergência das condutas; contudo, quando as coberturas são horizontais ou tem
pequena inclinação, a referida abertura pode situar-se 1,20m, pelo menos, acima do ponto
de emergência e 1,50m, pelo menos, acima da guarda da cobertura sempre que esta tenha
altura superior a 0,20m.
Artigo 183º
Ventilador estático
A abertura superior das condutas deve ser equipada com um ventilador estático capaz
de, por acção do vento, criar, no nível da abertura uma depressão que se oponha utilmente
a eventuais depressões existentes ao nível da janela da cozinha.
Artigo 184º
Contrato de conservação
A operacionalidade das instalações de ventilação mecânica conjunta, para todos os
compartimentos das habitações, ficará sujeita a contrato de conservação, a estabelecer entre
o proprietário do edifício e o serviço competente que realize actividades desta natureza. Na
ausência ou na cessão do contrato de conservação não será permitida a utilização dessas
instalações.
CAPITULO VI
Instalações eléctricas
Artigo 185º
Generalidades
Nas localidades servidas por rede de distribuição de energia eléctrica os edifícios de-
vem dispor de instalações eléctricas destinadas a satisfazer as necessidades dos utentes.
Artigo 186º
Habitações unifamiliares
Os edifícios de habitação unifamiliares devem dispor de uma instalação de utilização
de energia eléctrica ligada à rede de distribuição, com contagem localizada no exterior
junto da entrada do edifício.
Artigo 187º
Habitação multifamiliares
Os edifícios de habitação multifamiliares devem dispor de uma instalação colectiva,
de instalação de utilizações das habitações com contagem localizadas nos espaços de uso
comum junto da porta de cada habitação e de uma instalação de utilização dos servidos
709
Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro
comuns do edifício com contagem dentro de compartimento reservado com acesso directo
aos espaços de uso comum.
Artigo 188º
Pontos de utilização em aparelhos de iluminação servidos nos espaços comuns
A instalação de utilização de cada habitação de cada habitação deve servir os pontos
de utilização e os aparelhos de iluminação a seguir indicados:
a) Caixas para ligação de aparelhos de iluminação localizadas na sala, nos quar-
tos, na cozinha, nas instalações sanitárias, na despensa, nos corredores e nos
vestíbulos, à razão de uma caixa por cada um dos espaços referidos;
b) Tomadas de uso geral para ligação de aparelhos, electrodomésticos localiza-
dos na sala, nos quartos e na cozinha, à razão de duas tomadas por cada 8m
destes espaços, e nas instalações sanitárias, nos corredores e nos vestíbulos, à
razão de uma tomada por cada dos espaços referidos;
c) Tomadas para ligação de máquinas de lavar roupa e da máquina de lavar loiça
localizados nos espaços destinados a estas máquinas, à razão de uma tomada
por máquina;
d) Aparelhos de iluminação fixos localizados no exterior da habitação junto a
porta de entrada, à razão de um por habitação, e em varandas que venham a
ser utilizadas como zonas de estar ou de trabalho, à razão de um por varanda.
Artigo 189º
Pontos de utilização e aparelhos de iluminação servidos nos espaços comuns
A instalação de utilização dos serviços comuns de edifício deve servir os aparelhos de
iluminação e os pontos de utilização a seguir indicados:
a) Aparelhos de iluminação fixos localizados nos espaços comuns dos edifíci-
os, nomeadamente, nas comunidades horizontais e nas escadas; o número de
aparelhos a instalar deve ser, no mínimo, de um átrio da entrada do edifício, de
um por cada patamar de escada e por cada patamar de elevador, quando distin-
tos, e de um por cada 6m de compartimento da comunicação horizontal;
b) Caixas para ligação de instalação de telecomando, nomeadamente, para in-
stalações de chamada por compainha, instalação de inter-comunicação entre
o exterior do edifício e o interior das habitações e instalação de comando de
trinco da porta de entrada do edifício, eventualmente existentes, localizadas
junto do quadro dos serviços comuns do edifício;
c) Caixas para ligação de equipamentos electromecânicos, nomeadamente, de
transporte de pessoas, de ventilação mecânica, de sobrepressão de água e de
bombagem de esgotos, eventualmente existentes, localizadas junto das má-
quinas dos equipamentos referidos;
710
Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro
d) Aparelhos de iluminação fixos localizados nas casas das máquinas dos equi-
pamentos referidos na alínea anterior e em outros compartimentos de serviço,
nomeadamente, cubículo para utensílio de limpeza e local para recolha de
lixos, eventualmente existentes, à razão de um compartimentos;
e) Aparelho de iluminação fixos localizados em dependência dos fogos, nome-
adamente, arrecadações exteriores, eventualmente existentes, em número a
definir em função das dimensões e arranjo exterior desses espaços.
Artigo 190º
Iluminação de espaços exteriores privativos e instalação
de chamada por campainha nas instalações e unifamiliares
Nos edifícios de habitação unifamiliares, a instalação de cada habitação deve, em com-
plemento do referido artigo 188º, assegurar a iluminação de espaços exteriores privativos
do edifício e o fornecimento de energia eléctrica a uma instalação de chamada por campai-
nha accionada por botões localizados no exterior, um junto da porta de entrada no espaço
exterior privativo, caso exista, outro junto da porta de entrada da habitação.
Artigo 191º
Instalações de chamada por compainha nas habitações multifamiliares
Nos edifícios de habitação multifamiliares, quando o acesso ao edifício não é protegi-
do por porta, a instalação de cada habitação deve, em complemento do referido no artigo
188º, assegurar o fornecimento de energia a uma instalação de chamada por campainha
accionada por botão localizado no exterior junto da porta de entrada da habitação.
Artigo 192º
Instalação do comando do trinco da porta de entrada
Nos edifícios de habitação multifamiliares, Quando o acesso ao edifício é protegido
por porta, a instalação de utilização dos serviços comuns do edifício deve, conforme o
disposto do artigo 189º, alínea b), assegurar o fornecimento de energia a uma instalação de
chamada por campainha, accionada por botoneira localizada no exterior do edifício, junto
da porta de entrada, e por botões, um por habitação, localizados no exterior das habitações,
junto da porta de entrada respectiva; além disso, a instalação de utilização dos serviços
comuns do edifício deve, de acordo com a mesma referência, assegurar o fornecimento de
energia a uma instalação de intercomunicação entre o exterior do edifício, junto da porta de
entrada, e o interior de cada entrada do edifício, accionada por botões, um por habitação,
junto da porta de entrada respectiva.
CAPÍTULO VII
Instalação de elevadores eléctricos
Artigo 193º
Obrigatoriedade de instalação de elevadores eléctricos
Os edifícios devem ser dotados de elevadores eléctricos sempre que o número de pisos
susceptíveis de ocupação permanente, situados acima do piso de entrada do edifício, seja
711
Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro
superior a três, ou que a entrada do último piso seja superior a 9m, relativamente ao piso
de entrada do edifício.
Artigo 194º
Número e dimensão das cabines
O número de elevadores a prever em cada caso a as dimensões das cabines dependem
do tipo de ocupação, do porte, e do desenvolvimento em planta do edifício; contudo, nos
edifícios de habitação até seis pisos acima do piso de entrada no edifício e cuja lotação glo-
bal estimada não exceda 200 pessoas, bastará em regra um elevador de 4 pessoas (300kg).
Artigo 195º
Contrato de conservação
A operacionalidade das instalações de elevadores ficará sujeito a contrato de conser-
vação, a estabelecer entre o proprietário do edifício e o serviço competente que realize
actividades desta natureza. Na ausência ou na cessação do contrato de conservação não será
permitida a utilização dos elevadores.
TITULO VI
Das disposições técnicas
CAPÍTULO I
Segurança nas obras
Artigo 196º
Segurança do público e dos operários
1. Durante a execução de obras de qualquer natureza serão obrigatoriamente adop-
tadas as precauções e as disposições necessárias para garantir a segurança do público e
dos operários, para salvaguardar, quanto possível, as condições normais do trânsito na via
pública e, bem assim, para evitar danos materiais, mormente os que possam afectar os bens
do domínio público do Estado ou dos Municípios, as instalações de serviços públicos e os
imóveis de valor histórico ou artístico.
2. Serão proibidos quaisquer processos de trabalho susceptíveis de comprometer o
exacto comprimento do disposto no número anterior.
Artigo 197º
Vedação dos estaleiros das obras
1. Os estaleiros das obras de construção, demolição ou outras que interessem à segu-
rança dos transeuntes, deverão salvo casos especiais devidamente justificados, ser localiza-
dos, no interior do lote correspondente e fechados ao longo dos arruamentos ou logradou-
ros públicos por vedação do tipo fixado pelo órgão municipal competente, tendo em vista a
natureza da obra e as características do espaço público confinantes.
2. Nos casos especiais referidos no n.º 1 poderão ser impostas disposições adequadas
que garantem a segurança pública e o trânsito na via pública.
712
Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro
3. Não poderá ser permitida a instalação de estaleiros na via pública sem serem total-
mente isoladas por vedação eficazes.
Artigo 198º
Andaimes, escadas e outros dispositivos de trabalho
1. Os andaimes, escadas e pontes de serviço, passadiços, aparelhos de elevação de
materiais e, de um modo 303 oral, todas as construções auxiliares e dispositivos de trabalho
utilizados para a execução de obras, deverão ser construídos e conservados em condições
de perfeita segurança para os operários e para o público e de forma que constituam o menor
embaraço possível para o trânsito podendo o órgão municipal competente exigir a apresen-
tação do referido projecto devidamente justificado.
2. O órgão municipal competente poderá impor medidas especiais, no que se refere à
constituição e ao modo de utilização dos andaimes e outros dispositivos em instalações acessó-
rias das obras, tendo em vista a salvaguarda do trânsito nas artérias mais importantes.
Artigo 199º
Escoamentos
Na execução de terraplanagens, abertura de poços, galerias, valas o caboucos, ou ou-
tros trabalhos de natureza semelhante, os revestimentos e escoamentos deverão ser cuida-
dosamente construídos e conservados, adoptando-se as demais medidas necessárias para
impedir qualquer acidentes, tendo em atenção a natureza do terreno as condições do traba-
lho do pessoal e a localização da obra em relação aos prédios vizinhos.
Artigo 200º
Outras medidas de segurança nos estaleiros
1. Além das medidas de segurança referidas no presente capítulo, poderá o órgão mu-
nicipal competente, tendo em vista a comodidade e a higiene públicas e dos operários,
definir outros relativas à organização dos estaleiros.
2. Logo que a altura da elevação dos materiais desde o seu local de depósito até ao da
aplicação excede 4m, deverá, em regra, essa elevação fazer-se exclusivamente por meios
mecânicos.
TITULO VII
Das Sanções
CAPÍTULO ÚNICO
Artigo 201º
Competência dos órgãos municipais
1. Os órgãos municipais terão competência para definir as penalidades a serem aplica-
das aos infractores do presente regulamento de acordo com os limites impostos nos artigos
seguintes.
713
Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro
2. Poderão esses mesmos órgãos tomar as providências necessárias para dar execução
às suas posturas.
Artigo 202º
Multas
1. A execução de obras em violação às disposições deste regulamento, ou em desacor-
do com o projecto ou com as condições aprovadas, e a falta do cumprimento das intimações
ou notificações, serão punidas com a pena de multa de 30.000$00 a 1.200.000$00.
2. A não observância do disposto no artigo 21º, serão aplicadas multas por cada utili-
zação não licenciada das fracções autónomas da edificação.
Artigo 203º
Embargo
1. O órgão municipal competente poderá embargar, independentemente da cominação
de multas, as obras executadas em violação do disposto no artigo 1º a 13º.
2. Do auto de embargo constará, minuciosamente, o estado de adiantamento das obras
e, se possível, a determinação da notificação dos interessados.
3. A continuação da obra embargada será punida com pena de multa a fixar dentro dos
limites impostos no n.º 1 do artigo anterior, sem prejuízo da responsabilidades criminal que
ao caso couber.
Artigo 204º
Despejo sumário
1. O órgão municipal competente poderá ordenar o despejo sumário das edificações
utilizadas sem as respectivas licenças ou em desconformidade com elas.
2. Quando não se disponha de elementos suficientes para verificar a falta de ou sua
inobservância mas se reconheça objectivamente que o prédio não possui, no todo ou em
parte, as condições de habitabilidade, será o facto notificado ao proprietário e, este ficará
impedido, a partir das data da notificação, de renovar ou de celebrar contrato de arredamen-
to, ou de consentir a sublocação para habitação das independências condenadas, sob pena
de se ordenar o despejo.
A notificação será precedida de vistoria obrigatória, a realizar nos termos do artigo
83º, n.º 2.
3. Nos casos em que for ordenado o despejo, os inquilinos e os sublocatários terão di-
reito a uma indemnização correspondente a doze meses de renda mensal, a pagar, respecti-
vamente, pelo senhorio e pelo inquilino. Salvo se estes lhes facultarem casa correspondente
à que ocupavam.
4. O despejo sumário deverá ser ratificado judicialmente e, terá lugar no prazo de 60
dias após a ratificação
714
Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro
5. O despejo sumário será ordenado também, pelo órgão referido no n.º 1 nos seguintes
casos:
a) Dos prédios, ou partes deles, cuja demolição, reparação ou beneficiação tenha
sido ordenada;
b) Quando houver risco iminente de desmoronamento ou perigo para a saúde
pública;
&1.º - Nos casos de simples reparação ou de beneficiação, o despejo só poderá ser
ordenado se de acordo com o parecer dado pelos peritos, se revelar indispensável, para a
execução das respectivas obras, e para a própria segurança e comodidade dos ocupantes.
&2.º - Fica salvaguardado, aos inquilinos, o direito à reocupação dos prédios uma vez
realizadas as obras de reparação ou de beneficiação, mediante aumento de renda.
Artigo 205º
Demolição
O órgão municipal competente poderá ordenar a demolição das obras realizadas com
a violação a disposto nos artigos 1º a 13º.
Artigo 206º
Oposição à execução de obras intimadas
A oposição dos inquilinos e sublocatários à execução das obras intimadas, será punida
com apenas de multa de 40.000$00 a 600.000$00, sempre que tenham sido notificado pre-
viamente. Incorrem na mesma pena, os proprietários que tendo sido previamente notifica-
dos, se opuserem à realização das obras intimadas.
Artigo 207º
Substituição do proprietário
1. Quando o proprietário não iniciar as obras de reparação, de beneficiação ou de de-
molição, referidas nos artigos 15º, 16º e 205º ou não as incluir nos prazos fixados, poderá
o órgão municipal competente ocupar o prédio para o efeito de mandar proceder à sua
execução imediata, à custa do proprietário.
2. Na falta de pagamento voluntário das despesas, proceder-se-á à cobrança coerciva,
servindo de título executivo a certidão passada pelo órgão municipal competente da qual
conste o quantitativo global das despesas.
Artigo 208º
Infracção cometidas pelo técnicos
1. Independentemente de outras responsabilidades que ao caso couberem, as infrac-
ções cometidas pelo técnicos contra o disposto nos artigos 12º, serão punidos, pelo órgão
municipal competente, com pena de multa de 40.000$00 a 60.000$00, podendo os mesmos
715
Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro
ser interditos pelo prazo mínimo de 2 anos, de realizar projectos ou de dirigir obras à apro-
vação do órgão municipal competente.
2. As sanções referidas no número anterior só poderão ser aplicadas, tendo em conside-
ração prévia a gravidade e a frequência das faltas, escalonadas e definidas nos regulamen-
tos municipais, de acordo com o preceituado no artigo 1º, n.º 3.
TITULO VIII
Disposição finais e transitórias
Artigo 209º
Programa de alojamento
Os serviços do Estado, do Município e outras que intervenham em programas de re-
alojamento devem comunicar ao órgão municipal competente, antes da efectivação do re-
alojamento, os nomes e as moradas dos respectivos beneficiários, para que se verifiquem,
em relação às casas por eles desocupadas, a conformidade das licenças concedidas e as
condições de habitabilidade, e deverão agir de harmonia com as disposições.
Artigo 210º
Dúvidas e casos omissos
As dúvidas e os casos omissos serão resolvidos por despacho conjunto do Ministro da
Administração Local e Urbanismo e do Ministro das Obras Públicas.
Ministério de Administração Local e Urbanismo,
O Ministro, Tito Ramos.
716
Decreto-Legislativo n.º 2/93,de 01 de Fevereiro
717
Decreto-Legislativo n.º 2/93,de 01 de Fevereiro
112 A sujeição das Associações de Municípios à tutela de legalidade implica a aplicação, com as necessárias adaptações, do
regime jurídico previsto na lei para os seus associados.
113 Tendo em conta a sua importância para o desenvolvimento do país, a criação das zonas turísticas especiais é admitida
pacificamente, mas a sua gestão e administração exclusiva pelo Estado, através da Agência Caboverdeana de Investimento,
tem sido alvo de profundas criticas, designadamente por parte dos Autarcas.
718
Decreto-Legislativo n.º 2/93,de 01 de Fevereiro
2. Sem prejuízo do disposto no número anterior, poderão ser realizadas as obras infra-
estruturais e as construções necessárias para a promoção e desenvolvimento turístico do
País.
3. Poderão ainda realizar-se nas ZDTI as obras públicas das infra-estruturas de trans-
porte e comunicações ou outras exigidas pelo interesse geral ou necessárias para a pro-
moção e desenvolvimento turístico do País, mediante autorização expressa do Instituto
Nacional do Turismo.
4. Nas ZDTI não poderão ser erigidas construções de altura total superior a três pisos,
medida em cada ponto do terreno, salvo autorização do Governo.
5. O uso e ocupação do solo permitidos dentro das ZDTI terão sempre como limite a
obrigatoriedade de preservar a qualidade da paisagem em que as referidas infra-estruturas
e construções se vão situar, as quais deverão adaptar-se e integrar-se perfeitamente naquela
paisagem.
Artigo 8º
(Gestão e administração)114
1. A gestão e a administração das ZDTI pertencem exclusivamente ao Estado, sem
prejuízo da competência municipal no que diz respeito à prestação de serviços urbanos.
2. As competências referidas na alínea anterior serão concretizadas e exercidas através
do Instituto Nacional do Turismo que deverá compartilhá-las com outros organismos cen-
trais do Estado com responsabilidade especifica sobre o património natural.
3. Nas ZDTI, competem ao Instituto Nacional de Turismo115 a aquisição, gestão, ad-
ministração e alienação do solo, a elaboração e execução dos Planos de Ordenamento Tu-
rístico, a aprovação e execução dos projectos de ordenamento detalhado, a aprovação dos
projectos de obras e edificação e o acompanhamento e fiscalização dos mesmos, bem como
outras matérias constantes dos respectivos estatutos.
4. O Instituto Nacional de Turismo procurará a máxima colaboração das entidades
municipais, às quais deverão ser informados e ouvidos sobre as actuações relativas aos
terrenos situados nos concelhos respectivos.
114 Foram declaradas zonas turísticas especiais nas ilhas de Santiago, São Vicente, Sal, Boa Vista e Maio, através dos
seguintes diplomas legais: Decreto-Regulamentar n.º 7/94, de 23 de Maio; Decreto-Regulamentar n.º 18/97, de 30 de
Dezembro; Decreto-Regulamentar n.º 8/98, de 31 de Dezembro.
115 “É imperiosa a necessidade de rever o actual regime jurídico das zonas turísticas especiais, prevendo uma gestão
compartilhada entre a administração central e local, respeitando os princípios da autonomia municipal e da subsidariedade.
Em consequência devem ser liminarmente expurgadas da lei todas as normas que, em matéria de administração e gestão,
limitam a autonomia do Poder Local” “ in Declaração de São Nicolau do Conselho geral da ANMCV, Ribeira Brava, Março
de 2002.
719
Decreto-Legislativo n.º 2/93,de 01 de Fevereiro
SECÇÃO III
Zonas de Reserva e Protecção Turística
Artigo 9º
(Definição)
1. Constituem-se Zonas de Reserva e Protecção Turística:
a) As áreas contíguas às ZDTI e dotadas de alto valor natural e paisagístico e
cuja preservação seja necessária para assegurar a competitividade do produto
turístico de Cabo Verde, a curto e médio prazo;
b) As outras áreas que, possuindo também alto valor natural e paisagístico, de-
verão manter-se em reserva para serem posteriormente declaradas ZDTI.
2. A declaração de áreas como Zonas de Reserva e Protecção Turística compete ao
Governo.
Artigo 10º
(Declaração)
As ZRPT serão declaradas por Decreto-Regulamentar, competindo ao ministério res-
ponsável pelo turismo a organização dos processos de declaração e a sua apresentação ao
Governo, depois de ouvidas as respectivas Câmaras Municipais.
Artigo 11º
(Efeitos)
A declaração de uma área como Zona de Reserva e Protecção Turística determina
como efeito automático a proibição absoluta de qualquer actividade extractiva na totalida-
de dos terrenos, costas e praias da mesma, nomeadamente a extracção de areia, cascalho e
outros inertes.
Artigo 12º
(Uso e ocupação do solo)
1. O uso e ocupação do solo das ZRPT far-se-ão de acordo com os respectivos Planos
de Ordenamento Turístico.
2. Ficam, contudo, expressamente proibidos nas ZRPT todo o uso e ocupação, distintos
dos seus actuais uso e ocupação agro-pecuários, que alterem ou possam alterar fisicamente
a paisagem das mesmas, ou que causem dano, directa ou indirectamente ou que impliquem
ameaça para os valores naturais e ambientais das ditas zonas ou prejuízo dos mesmos.
3. Não poderão ser realizados em qualquer lugar das ZRPT movimentos de terras, ex-
tracções de areias, cascalho e outros inertes, instalações de qualquer tipo, nem edificações
ou alteração das mesmas de qualquer natureza, salvo autorização expressa do Governo.
720
Decreto-Legislativo n.º 2/93,de 01 de Fevereiro
721
Decreto-Legislativo n.º 2/93,de 01 de Fevereiro
722
Decreto-Legislativo n.º 2/93,de 01 de Fevereiro
Artigo 18º
(Avaliação dos terrenos)
A avaliação dos prédios objecto de expropriação será efectuada em função da natureza
rústica ou urbana dos mesmos, independentemente das expectativas criadas pela declara-
ção de ZDTI ou motivadas pela criação de infra-estruturas e serviços não custeados pelo
expropriado.
Artigo 19º
(Pagamento das indemnizações)
As indemnizações por expropriação por utilidade pública são pagas em dinheiro ou
pela entrega de terrenos urbanos para usos complementares da ZDTI, através da constitui-
ção a favor dos expropriados de direitos de superfície, ou ainda, pela cedência de outros
terrenos fora da zona.
SECÇÃO II
Cedência e promoção de terrenos
Artigo 20º
(Cedência)
1. Com o fim de fomentar a execução e edificação de ZDTI, o Instituto Nacional de Tu-
rismo poderá ceder terreno das mesmas em propriedade plena ou ceder direito à utilização
dos ditos terrenos mediante a constituição do direito de superfície ao promotor.
2. A alienação ou cessão nos termos do número anterior deverá efectuar-se após veri-
ficação prévia quer da experiência do promotor quer da sua capacidade técnica e suas ga-
rantias financeiras, bem com a aceitação do compromisso prévio de cumprir as obrigações
legais que lhe sejam impostas dentro dos prazos marcados.
Artigo 21º
(Aviso para a cedência de terrenos)
1. Do aviso que for expedido para alienação ou cessão das ZDTI constarão as caracte-
rísticas gerais da zona ou sector da mesma, e o seu aproveitamento, os compromissos gerais
da promoção e os incentivos fiscais financeiros.
2. O não cumprimento das obrigações da promoção determinará a reversão dos ter-
renos à titularidade do Instituto Nacional de Turismo e a perda por parte do promotor das
quantias entregues a título de pagamento e dos investimentos realizados.
Artigo 22º
(Cedência de lotes com fins especiais)
Os lotes destinados a habitação individual isolada, lojas, bares, oficinas de reparação
ou instalações análogas poderão ser cedidos pelos promotores sem qualquer formalidade
723
Decreto-Legislativo n.º 2/93,de 01 de Fevereiro
724
Decreto-Legislativo n.º 2/93,de 01 de Fevereiro
CAPÍTULO IV
Disposições diversas, transitórias e finais
Artigo 25º
(Embargo)
O Instituto Nacional de Turismo é competente para embargar as obras de urbanização
ou construção executadas com desrespeito das disposições deste diploma.
Artigo 26º
(Demolição)
1. O Instituto Nacional de Turismo ordena a demolição das obras referidas no artigo
anterior e a reposição do terreno nas condições em que se encontrava antes da infracção,
fixando, para efeito, o respectivo prazo.
2. Decorrido o prazo referido no número anterior sem que a ordem se mostre cumprida
o Instituto Nacional de Turismo procede à demolição da obra e á reposição do terreno por
conta do infractor.
3. A ordem de demolição ou de reposição é antecipada da audição do interessado, a
fim de este, no prazo de dez dias contados da notificação, se pronunciar sobre o conteúdo
da mesma.
Artigo 27º
(Outras penalidades)
1. Todo aquele que extrair ou mandar extrair areia, cascalho ou outros inertes nas zonas
turísticas especiais será punido com a multa de 5 a 100 contos.
2. O proprietário do veículo que transportar os materiais referidos no número anterior
será punido com multa de 100 a 500 contos, sendo apreendido o respectivo veículo até que
a multa se mostre paga.
3. As multas aplicadas nos termos dos números anteriores destinam-se ao Fundo de
Desenvolvimento Turístico.
4. As pessoas que derem parte das infracções referidas neste artigo têm direito a com-
participar nas multas, nos termos a definir em Decreto-Regulamentar.
Artigo 28º
(Competência para fiscalizar)
1. Compete ao Instituto Nacional de Turismo, com a colaboração das autoridades mu-
nicipais, policiais, florestais e marítimas, fiscalizar o cumprimento deste diploma.
2. O Instituto Nacional de Turismo poderá solicitar a colaboração ou auxílio de outros
organismos da Administração Central para a cabal fiscalização e vigilância das zonas tu-
rísticas especiais.
725
Decreto-Legislativo n.º 2/93,de 01 de Fevereiro
Artigo 29º
(Restrições)
1. A partir da entrada em vigor deste diploma ficam revogadas todas as licenças para
extracção de areia, cascalho e outros inertes em todos os terrenos, costas e praias das zonas
turísticas especiais.
2. A partir da entrada em vigor deste diploma fica indefinidamente suspensa a con-
cessão de licenças e autorizações municipais de obras nos terrenos das zonas turísticas
especiais, bem como qualquer operação municipal de aloteamento ou cedência, a qualquer
título, de terrenos nas mesmas zonas.
3. São nulos e de nenhum efeito os actos jurídicos concluídos com violação ao disposto
no número anterior.
Visto e aprovado em Conselho de Ministros.
Carlos Veiga – Manuel Chantre – António Gualberto do Rosário – Teófilo Figueiredo
Silva.
Promulgada em 25 de Janeiro de 1993.
Publica-se.
O Presidente da Republica, ANTÓNIO MANUEL MASCARENHAS GOMES MON-
TEIRO.
Referendado em 27 de Janeiro de 1993.
O Primeiro Ministro, Carlos Veiga.
726
Decreto-Lei n.º 43/99, de 6 de Julho
727
Decreto-Lei n.º 43/99, de 6 de Julho
Artigo 3º
(Regularização da situação dos bens)
Todos os actos necessários à regularização da situação dos bens ou direitos dos expro-
priados, nomeadamente em termos registrais ou matriciais, são praticadas oficiosamente
pelas autoridades e serviços competentes mediante simples comunicação efectuada pela
Direcção Geral do Património do Estado, donde constem os elementos legalmente necessá-
rios para o efeito, ficando os mesmos isentos de quaisquer taxas ou emolumentos.
Artigo 4º
(Integração do domínio privado do Estado)
Os bens imóveis expropriados nos termos deste diploma considerar-se-ão imediata-
mente integrados no domínio privado do Estado, ficando afectados ao desenvolvimento
turístico e cabendo ao PROMEX o exercício dos direitos da sua utilização, gestão e admi-
nistração.
Artigo 5º
(Entrada em vigor)
Este diploma entra imediatamente em vigor.
Visto e aprovado em Conselho de Ministros.
Carlos Veiga – Simão Monteiro – José Ulisses Correia Silva – Maria Helena Semedo.
Promulgado em 21 de Junho de 1999.
Publica-se.
O Presidente da República, ANTÓNIO MANUEL MASCARENHAS GOMES MON-
TEIRO.
Referendado em 21 de Junho de 1999.
O Primeiro Ministro, Carlos Veiga.
728
Decreto-Legislativo nº 2/2007, de 19 de Julho
729
Decreto-Legislativo nº 2/2007, de 19 de Julho
730
Decreto-Legislativo nº 2/2007, de 19 de Julho
TÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
CAPÍTULO I
Princípios Fundamentais
Artigo 1º
Objecto
O presente diploma estabelece os princípios e normas de utilização dos solos, tanto
pelas entidades públicas como pelas entidades privadas.
Artigo 2º
Política de solos
1. O Estado e os Autarquias locais devem prosseguir uma política de uso dos solos, em
conformidade com os objectivos e princípios constitucionalmente consagrados e de harmo-
nia com as normas internacionais recebidas na ordem jurídica cabo-verdiana.
2. A lei sanciona as acções ou omissões que comprometam a utilização sustentada dos
solos e reorienta os comportamentos humanos em atenção ao fim a que se destinam.
Artigo3º
Função dos solos
1. Os solos, factor constitutivo da identidade cabo-verdiana, têm uma função sócio-
económica e ecológica, sendo um recurso e espaço vital para pessoas, animais, plantas e
micro-organismos e para o desenvolvimento socio-económico e cultural.
2. Os solos devem ser utilizados de forma sustentada em todas as suas componentes de
uso e ocupação, designadamente nos domínios do ordenamento do território, do urbanismo
e dos transportes, da energia, da agricultura, da exploração das matérias-primas, da indús-
tria, do turismo, da protecção da natureza e da preservação da paisagem, da gestão da água
e dos resíduos e da qualidade do ar.
3. O Governo desenvolve planos ou programas com vista a uma utilização moderada
e prudente dos solos.
Artigo 4º
Protecção dos solos
Em caso de risco de dano grave e persistente à capacidade e vocação dos solos, as
medidas de protecção prevalecem sobre as de utilização.
Artigo 5º
Propriedade privada
1. O direito à propriedade privada sobre o solo confere ao seu proprietário os poderes
de usar, fruir e dispor dos terrenos de que é titular, com exclusão dos demais e bem assim o
direito de recorrer a todos os meios legais para promover a sua defesa.
731
Decreto-Legislativo nº 2/2007, de 19 de Julho
732
Decreto-Legislativo nº 2/2007, de 19 de Julho
TÍTULO II
BENS PÚBLICOS DOMINIAIS
E PATROMONIAIS
CAPÍTULO II
Domínio Publico do Estado
Artigo 10º
Terrenos pertencentes ao domínio público
1. Sem prejuízo do estabelecido noutra legislação e na medida em que não contrarie o
presente diploma, pertencem ao domínio público do Estado:
a) Os leitos e subsolos das águas interiores, das águas arquipelágicas, do mar
territorial, bem como a plataforma continental e a zona económica exclusiva;
b) Os espaços aéreos sobrejacentes às áreas de soberania nacional acima do lim-
ite reconhecido ao proprietário;
c) Os jazigos e jazidas minerais, as águas subterrâneas, bem como as cavidades
naturais, existentes no subsolo;
d) Os montes, as crateras de vulcões, extintos ou em actividade, e os seus ter-
renos circundantes até ao limite de 50 metros em torno do respectivo diâmetro,
quando declarados por lei;
e) As praias, estradas e caminhos públicos;
f) Os terrenos situados numa zona considerada continuamente e no contorno da
orla marítima, designadamente de quaisquer baías, estuários e esteiros, até
80 metros medidos no plano horizontal, a partir da linha das máximas preia-
mares;
g) Os terrenos situados numa faixa circundante dos planaltos integrados em so-
los urbanos até uma profundidade de 30 metros medidos continuamente a
partir das cristas de coroamento;
h) As zonas territoriais reservadas para a defesa militar.
2. Pertencem ainda ao domínio público do Estado:
a) Os terrenos dos ilhéus, ilhotas ou mouchões existentes ou que venham a for-
mar-se junto à costa marítima;
b) Os terrenos ocupados por aeroportos, aeródromos e cais acostáveis.
3. No caso de existência de cais, molhes, muros ou suporte de aterros ou de a costa
ter conformação que impeça a determinação da linha das máximas preia-mares, os 80m a
que se refere a alínea f) do nº 1 serão contados a partir das cristas de coroamento ou da orla
acessível do terreno litoral, conforme os casos.
733
Decreto-Legislativo nº 2/2007, de 19 de Julho
734
Decreto-Legislativo nº 2/2007, de 19 de Julho
CAPÍTULO III
Do domínio privado
Artigo 15º
Domínio privado do Estado
1. Pertencem ao domínio privado do Estado os terrenos que não tenham entrado defi-
nitivamente no regime do domínio público ou no regime de propriedade privada dos parti-
culares ou autarquias locais.
2. O domínio público a que se refere este artigo abrange tanto o domínio público do
Estado como o domínio público autarquias locais.
Artigo 16º
Domínio privado autarquias locais
Considera-se propriedade privada autarquias locais os terrenos, que, por qualquer títu-
lo legítimo, pertençam às mesmas e não estejam integradas no domínio público ou afectos
a um fim de utilidade pública.
Artigo 17º
Domínio privado dos particulares
Artigo 18º
Utilidade pública
1.A afectação de um solo privado, quer pertença a particulares, quer pertença às autar-
quias locais, a um fim de utilidade pública não tem como consequência necessária a auto-
mática declaração de utilidade pública desse solo para efeitos de expropriação.
735
Decreto-Legislativo nº 2/2007, de 19 de Julho
TÍTULO II
DA CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS
CAPÍTULO I
Classificação dos solos
Artigo 20º
Solos urbanos e rústicos
1. Os solos classificam-se, para efeitos de utilização, em dois grupos:
a) Solo urbano
b) Solo rústico
2. Os solos urbanos são os afectos às povoações ou destinados à sua expansão.
3. São solos rústicos os não incluídos na definição anterior.
4. A qualificação dos solos em atenção ao seu uso dominante rege-se pela Lei de Bases
do Ordenamento do Território e seus regulamentos.
Artigo 21º
Condições de ocupação dos solos urbanos
As condições de ocupação dos solos urbanos são as fixadas nos planos de Ordenamen-
to do Território e Plano Urbanístico de harmonia com a Lei das Bases do Ordenamento do
Território e Planeamento Urbanístico e seus regulamentos.
Artigo 22º
Condições de ocupação dos solos rústicos
1.Os solos rústicos devem ser destinados a utilização adequada às suas capacidades de
uso e aptidão.
2. A utilização dos solos para fim agrícola, silvícola, pecuário, ou de turismo rural é
objecto de legislação especial.
CAPÍTULO II
Das reservas
Artigo 23º
Classificação
1. Denominam-se reservas as terrenas excluídas do regime geral de uso ou ocupação,
tendo em vista fins especiais.
2. Consideram-se integrais as reservas em que não é permitido qualquer uso ou ocu-
pação por entidades públicas ou particulares, salvos os necessários à conservação das re-
servas ou à sua exploração para efeitos científicos ou outros fins de interesse público, nos
termos da lei.
736
Decreto-Legislativo nº 2/2007, de 19 de Julho
737
Decreto-Legislativo nº 2/2007, de 19 de Julho
Artigo 27º
Inclusão de propriedade privada nas reservas
1. A inclusão total ou parcial de qualquer propriedade privada nas reservas não impli-
ca, como consequência necessária, a sua automática declaração de utilidade pública, nem
a constituição de servidões administrativas, mas o diploma que constituir a reserva poderá
fixar as restrições que se justificarem para que a reserva cumpra o seu fim social.
2. Os particulares cujas propriedades tenham sido abrangidas pela reserva têm a fa-
culdade de optar pela venda, arrendamento, constituição do direito de superfície ou pela
participação, como accionistas, nas sociedades que vierem constituir-se para a exploração
de actividades relacionadas com a respectiva reserva.
3. A participação de cada proprietário ou grupo de proprietários nas sociedades de
economia mista será função do valor das respectivas propriedades, fixadas em harmonia
com os critérios do mercado para os terrenos daquela localização e natureza no momento
da realização do investimento.
4. O proprietário pode optar pela participação parcial, recebendo o remanescente em
numerário, de acordo com o valor acordado.
Artigo 28º
Regime
1. As reservas são declaradas e constituídas por Decreto-Lei.
2. Cada reserva será delimitada geográfica, orográfica e topograficamente, conforme
os casos e a respectiva área.
3. O diploma que cria a reserva deve ainda:
a) Nomear a entidade administradora da Reserva;
b) Enunciar a finalidade da reserva e modo de uso;
c) Enunciar as actividades proibidas no interior da reserva, definir as que ficam sujei-
tas a autorização e bem assim a entidade competente para dar a autorização;
d) Definir as actividades que constituam contra-ordenação, as sujeitas a coima e
outras sanções quando contrárias aos interesse da reserva;
e) Definir os actos sujeitos ao regime de invalidade, seja nulidade, seja anulabi-
lidade;
f) A entidade competente para exercer as funções de polícia e fiscalização da
reserva.
4. A constituição de uma reserva não prejudica os direitos constituídos anteriormente,
mas pode implicar a caducidade das autorizações para uso ou ocupação a título precário e
cessar as situações jurídicas precárias, na medida em que não sejam conformes com os fins
da reserva.
738
Decreto-Legislativo nº 2/2007, de 19 de Julho
Artigo 29º
Orgânica e funcionamento da reserva
O diploma que constituir a reserva determina a sua orgânica e funcionamento.
Artigo 30º
Áreas cativas
1. Além das reservas a que se reporta o presente capítulo, o Governo poderá declarar
cativa uma determinada área de terrenos, para efeitos de exploração de matérias primas,
rochas para fins ornamentais ou outras de idêntico valor, com expressa ressalva dos direitos
adquiridos.
2. As áreas declaradas cativas poderão ser licenciadas para exploração, observando-se
o seguinte condicionalismo:
a) Apresentação de um plano de exploração e programa detalhados de trabal-
hos que mostrem claramente o máximo aproveitamento do recurso, nomeada-
mente, a utilização dos resíduos da exploração;
b) Um estudo técnico-económico do empreendimento;
c) Estudo de impacte ambiental de harmonia com as regras estabelecidas pela
Lei do Ambiente e seus regulamentos ou pela Lei das Bases do Ordenamento
do Estado e Planeamento Urbanístico e respectivos regulamentos;
c) A indicação do director técnico, responsável pela condução dos trabalhos, o
qual deverá ser ter titular do grau de licenciatura, equivalente ou superior no
domínio a que o empreendimento respeita;
d) Prova de capacidade financeira ou da garantia de obtenção de financiamento
para levar a bom termo os trabalhos de exploração.
Artigo 31º
Levantamento das reservas
As reservas podem ser levantadas pela entidade que as constituiu quando não se justi-
fique a sua manutenção.
TÍTULO III
DISPOSIÇÃO DOS SOLOS PELO ESTADO
E PELAUTARQUIAS LOCAIS
CAPÍTULO I
Formas de disposição
Artigo 32º
Modalidades
Os solos do Estado e autarquias locais podem ser objecto de:
a) Atribuição do direito de superfície;
b) Aforamento;
739
Decreto-Legislativo nº 2/2007, de 19 de Julho
c) Venda;
d) Arrendamento;
e) Autorização de uso ou ocupação a título precário.
Artigo 33º
Ocupação a título precário
Podem ser usados ou ocupados a título precário, mediante licença especial:
a) Os solos do domínio público, cuja natureza o permita;
b) Os solos destinados à exploração de pedreiras;
c) Os solos adjacentes a jazigos minerais necessários à sua pesquisa ou ex-
ploração;
d) Quaisquer outros solos necessários para fins específicos, não enquadrados nas
disposições desta lei ou sempre que a duração da ocupação prevista não justi-
fique outra forma de disposição.
Artigo 34º
Ocupação para fins de interesse público
1. Os solos ocupados ou a ocupar para fins de interesse público serão entregues aos
serviços públicos interessados, incluindo os dotados de personalidade jurídica, para que
estes os possam utilizar de acordo com a sua destinação especial.
2. A ocupação por terceiros, a título gratuito ou oneroso, dos solos referidos no número
anterior é sempre precária e depende de autorização especial.
Artigo 35º
Limite das áreas a conceder
O limite máximo das áreas de solos urbanos ou de interesse urbano que qualquer pes-
soa singular ou colectiva pode adquirir e bem assim o limite máximo das áreas concedíveis
por arrendamento a uma pessoa singular ou colectiva será fixado por portaria do ministro
responsável pelo ordenamento do território, ouvidas autarquias locais interessadas.
Artigo 36º
Legitimidade para adquirir direitos sobre terrenos
1. Podem adquirir direitos sobre terrenos ou obter licença especial para a sua ocupação
ou aproveitamento do direito de superfície:
a) As pessoas singulares de qualquer nacionalidade, salvas as limitações legais;
b) As pessoas colectivas cabo-verdianas com capacidade de gozo do direito de
propriedade sobre imóveis;
740
Decreto-Legislativo nº 2/2007, de 19 de Julho
741
Decreto-Legislativo nº 2/2007, de 19 de Julho
2. Os solos referidos no número anterior não devem ser alienados devendo antes ser
cedido o direito à sua utilização, mediante a constituição do direito de superfície.
3. Exceptua-se do disposto no número anterior a alienação de terrenos destinados:
a) À realização de empreendimentos de entidade públicas;
b) À construção de habitação integrada em operações e programas de promoção
social.
c) À instalação de equipamentos comerciais e actividades produtivas;
d) À regularização de estremas;
f) Ao pagamento, em espécie, de indemnizações devidas em transacções pelo
Estado ou pelautarquias locais.
Artigo 39º
Prazo
1. O direito de superfície é constituído por prazo não inferior a cinquenta anos, tendo
em conta as características do edifício a erigir ou da actividade a instalar, do período neces-
sário para a amortização do capital a investir e da sua adequada remuneração.
2. O superficiário pode alienar ou onerar o seu direito por acto inter-vivos gozando o
proprietário do direito de preferência na alienação.
3. O direito de superfície extingue-se:
a) Por decurso do prazo, salvo prorrogação consentida por lei;
b) Por denúncia do contrato, quando a câmara municipal necessite do terreno para
realização de obras privadas em programa municipal de atenção urbanística;
c) Por ocorrência de alguma causa de caducidade.
SECÇÃO II
Aforamento
Artigo 40º
Regime jurídico
O aforamento rege-se pelos preceitos do regime de enfiteuse previsto no Código Civil
e legislação complementar.
SECÇÃO III
Venda
Artigo 41º
Regime jurídico
1. A venda de solos do Estado e autarquias locais é feita, em regra, mediante hasta
pública.
742
Decreto-Legislativo nº 2/2007, de 19 de Julho
2. A venda é resolúvel se, no prazo fixado no respectivo contrato ou, na falta deste,
decorridos um prazo razoável sobre a data da adjudicação, o comprador, a tanto obrigado,
não fizer prova de aproveitamento do terreno adquirido.
3. Em caso algum o prazo fixado no número anterior pode ultrapassar cinco anos.
4. Resolvida a venda o interessado é notificado para proceder ao levantamento das
benfeitorias que tiver realizado no terreno, fixando-se-lhe um prazo razoável, findo o qual
se consideram perdidas a favor do Estado ou da autarquia local, conforme couber.
5. A resolução da venda não dá direito a qualquer indemnização, mas a mesma pode
ser impugnada nos termos gerais de Direito.
6. O disposto no número 1 deste artigo não é aplicável aos terrenos destinados a casas
de habitação, devendo, neste caso, o Estado ou a autarquia local, conforme couber, fixar
um preço justo e acessível às camadas mais desfavorecidas, por ajuste directo e, nos demais
casos, abrir licitação entre quem:
a) Oferecer melhor preço;
b) Garantir melhor volume de investimentos;
c) Assegurar maiores benefícios para as populações locais envolvidas;
Artigo 42º
Poder regulamentar autarquias locais
1. Autarquias locais poderão estabelecer, por regulamentos próprios, os critérios e con-
dições de disposição dos terrenos de que sejam proprietárias, observando-se os princípios
estabelecidos no presente diploma.
2. No exercício da faculdade conferida no número anterior, a autarquia local deve ob-
servar as seguintes regras:
a) Todos os interessados devem ser tratados com igualdade, não podendo nen-
hum ser atendido na sua pretensão em detrimento do outro, salvo razões de
interesse público devidamente fundamentadas e comprovadas.
b) Para a observância do disposto no número anterior, todos os pedidos de ter-
renos deverão numerados por ordem de entrada nos serviços municipais com-
petentes, valendo a numeração de entrada como ordem obrigatória de prefer-
ência no atendimento;
c) Todos os pedidos de terrenos devem ser objecto de registo informático, com a
indicação, entre outros elementos, do nome do interessado, da localidade em
que pretende adquirir terreno, da dimensão do lote solicitado e do fim a que o
lote se destina;
d) A autarquia local pode estabelecer modelos para utilização on line pelos po-
tenciais interessados, devendo a página Web do serviço ser organizada de
743
Decreto-Legislativo nº 2/2007, de 19 de Julho
744
Decreto-Legislativo nº 2/2007, de 19 de Julho
Artigo 46º
Prazo
1. O prazo de concessão por arrendamento deve ser fixado no respectivo contrato, não
podendo exceder vinte e cinco anos.
2. O prazo das renovações sucessivas não deve exceder, para cada uma, dez anos.
Artigo 47º
Solo rústico
O arrendamento de solos rústicos rege-se pelas disposições aplicáveis ao arrendamento
de terrenos urbanos ou de interesse urbano, com ressalva do disposto no artigo seguinte.
Artigo 48º
Renda e prazo
1. A renda pode ser paga de uma só vez ou em prestações anuais, de harmonia com o
que estiver estabelecido no respectivo contrato.
2. A renda deve ser actualizada no termo de cada um dos períodos fixados no contrato
ou quando for autorizado outro tipo de exploração.
3. O prazo do arrendamento deve ser fixado no respectivo contrato, não podendo ex-
ceder cinquenta anos.
4. O prazo das renovações não deve exceder, para cada uma, quinze anos.
5. Para o efeito da actualização da renda, os prazos de arrendamento podem ser divi-
didos em períodos.
SECÇÃO V
Concessões gratuitas
Artigo 49º
Beneficiários
1. Só podem receber concessões gratuitas de solos:
a) Autarquias locais;
b) As pessoas colectivas de utilidade pública.
2. A extinção, por qualquer causa, das pessoas referidas no número anterior implica a re-
versão dos terrenos concedidos gratuitamente para o património da entidade concedente, sem
prejuízo do levantamento ou indemnização das benfeitorias eventualmente realizadas.
Artigo 50º
Regime jurídico
1. As concessões gratuitas regem-se pelos preceitos especiais que lhes respeitem, pelas
cláusulas dos respectivos contratos e, subsidiariamente, pelas disposições aplicáveis ao
arrendamento com fins idênticos.
2. Os direitos dos adquirentes não podem ser onerados ou alienados sem autorização
da entidade concedente.
745
Decreto-Legislativo nº 2/2007, de 19 de Julho
Artigo 51º
Limite de área
As áreas dos solos a conceder gratuitamente devem circunscrever-se ao estritamente
indispensável para a realização dos fins em vista, não podendo exceder os limites estabe-
lecidos nesta lei.
Artigo 52º
Caducidade
As concessões gratuitas caducam:
a) Quando a utilização dos terrenos se afaste dos fins para que foram concedidos
ou estes não estejam, em qualquer momento, a ser prosseguidos;
b) Quando o aproveitamento não se concretize no prazo fixado, salvo se o for por
motivo não imputável ao adquirente e que o Governo considere justificativo.
Artigo 53º
Conversão
1. As concessões gratuitas podem ser convertidas em concessões onerosas, passando
o adquirente a pagar, a partir da conversão, o preço do domínio útil ou a renda que resultar
do acordo das partes.
2. Na falta de acordo aplica-se o estabelecido para as situações de venda ou arrenda-
mento de terrenos para fins idênticos.
3. O disposto neste artigo não é aplicável às autarquias locais.
SECÇÃO VI
Licença de ocupação
Artigo 54º
Finalidade
A licença destina-se a permitir a ocupação temporária de terrenos nas situações em se
revele inconveniente a utilização de outras formas de disposição.
Artigo 55º
Prazo
1. Salvo decisão em contrário, a licença de ocupação é outorgada pelo período de um
ano e renova-se automaticamente, sem dependência de outras formalidades, mas a entidade
concedente poderá por termo à concessão notificando o beneficiário com 60 dias de ante-
cedência antes do termo do prazo.
2. A renovação da licença pode ser condicionada à actualização da taxa e à revisão das
condições de ocupação.
746
Decreto-Legislativo nº 2/2007, de 19 de Julho
Artigo 56º
Taxa
1. A taxa é fixada em atenção aos interesses do empreendimento e aos rendimentos que
produzir.
2. A taxa de ocupação é paga, mediante guia, transferência bancária ou outro modo de
pagamento, no local e pelas formas e prazo indicados no título de ocupação.
3. O não pagamento da taxa no prazo fixado no título de ocupação determina a co-
brança de um acréscimo dos juros de mora no valor de desconto fixado pelo Banco de
Cabo Verde, mas poderá igualmente determinar o cancelamento da licença se a situação de
incumprimento subsistir por um período igual ou superior a metade do período de licença
de ocupação.
4. O título de ocupação vale, para efeitos de execução, como título executivo.
Artigo 57º
Natureza das construções
1. Nos solos ocupados mediante licença só podem ser realizadas construções ou insta-
lações de carácter precário.
2. Nesses solos não é permitido, sem expressa autorização, depositar matérias insalu-
bres, tóxicas, incómodas ou perigosas.
Artigo 58º
Cancelamento
A licença poder ser cancelada antes do seu termo normal por acto unilateral da entida-
de concedente, com fundamento em inobservância do estabelecido nas suas cláusulas.
Artigo 59º
Benfeitorias
1. Findo o período da licença ou tendo esta sido cancelada, o ocupante tem direito de
levantar as benfeitorias introduzidas no terreno ou a ser indemnizado por elas, qualquer que
seja o motivo do termo da ocupação, podendo ser ainda reembolsado da importância da
taxa correspondente ao tempo por que ainda teria direito a ocupar o terreno.
2. A entidade concedente poderá ainda proceder à compensação do valor das benfei-
torias com as taxas devidas, e gozará sobre aquelas do direito de retenção enquanto estas
não forem pagas.
CAPITULO IV
Direitos e deveres do adquirente
Artigo 60º
Aceitação de plano ou programa
O adquirente de solos está sujeito às prescrições de qualquer plano ou programa que
vigore na zona onde o solo concedido se encontre situado e a observar as demais condi-
747
Decreto-Legislativo nº 2/2007, de 19 de Julho
ções que lhe forem impostas para a racional utilização dos recursos naturais do terreno
concedido.
Artigo 61º
Servidões
O adquirente é obrigado a conservar as servidões que existam no terreno e constem da
respectiva planta ou processo e a dar passagem aos vizinhos para qualquer centro popula-
cional ou vias de comunicação próximas, quando não disponham de acesso mais fácil ou
cómodo.
Artigo 62º
Conservação de marcos
O adquirente deve manter de forma bem visível o contorno dos terrenos adquiridos e
conservar em bom estado os marcos perimetrais e respectiva numeração e ainda os marcos
de triangulação ou nivelamento que nele porventura nele se encontrem.
Artigo 63º
Dever de aproveitamento
O adquirente deve cumprir as prescrições legais e contratuais respeitantes ao aprovei-
tamento do solo nomeadamente, a execução do plano de exploração aprovado ou, na falta
deste, a utilização exigida pela natureza do terreno em causa, pelo contrato ou pela legisla-
ção aplicável aos terrenos da sua natureza.
Artigo 64º
Condições de aproveitamento
1. As condições de aproveitamento dos solos adquiridos para construção de prédios
urbanos serão fixadas no respectivo título de aquisição.
2. Se o título de aquisição for omisso, devem ser observados os seguintes prazos má-
ximos:
a) Para a apresentação do projecto de arquitectura, 6 meses contados da data da
celebração do contrato;
b) Para a apresentação do projecto de estruturas, dois meses contados da notifi-
cação da aprovação do projecto de arquitectura;
c) Para o início das obras, noventa dias após a notificação da aprovação do pro-
jecto definitivo;
d) Para a conclusão das obras, o prazo estabelecido na licença da construção.
3. A inobservância dos prazos previstos no número anterior sujeita o adquirente às
penalidades estabelecidas no respectivo contrato.
4. A rejeição do projecto de arquitectura ou de estruturas interrompe a contagem do
prazo para os efeitos do disposto no número anterior.
748
Decreto-Legislativo nº 2/2007, de 19 de Julho
749
Decreto-Legislativo nº 2/2007, de 19 de Julho
TÍTULO IV
AQUISIÇÃO DE SOLOS PELO ESTADO
E PELAUTARQUIAS LOCAIS
CAPÍTULO I
Modos de aquisição
Artigo 68º
Modalidades
O Estado e as autarquias locais podem adquirir solos, designadamente, pelas seguintes
vias:
a) Contrato de compra e venda;
b) Permuta de solos;
c) Associação com proprietário;
d) Posse de áreas dotacionais;
e) Exercício do direito de preferência;
f) Expropriação por utilidade publica;
g) Declaração legislativa da dominialidade;
h) Reversão de concessões dominiais ou patrimoniais.
Artigo 69º
Terrenos vagos
1.Os terrenos vagos e sem dono conhecido pertencem ao Estado, sendo a respectiva
posse adquirida por via administrativa, nos termos da lei.
2. Sem prejuízo do disposto no número anterior, as autarquias locais e bem assim os
particulares podem invocar a todo o tempo, mediante justificação notarial ou judicial, nos
termos da lei, a titularidade da propriedade dos solos que julgam pertencer-lhes.
3. Nas justificações referidas no número 2 são permitidas todas as provas admitidas
em direito.
Artigo 70º
Proibição de usucapião e prescrição
Fica proibida a aquisição de terrenos e direitos patrimoniais do Estado por usucapião
ou prescrição.
Artigo 71º
Remissão
A lei estabelece o regime das aquisições previstas no artigo 69º, não reguladas no
presente diploma.
750
Decreto-Legislativo nº 2/2007, de 19 de Julho
CAPÍTULO II
Permuta de solos
Artigo 72º
Admissibilidade de troca
É permitida a permuta de solos entre entidades públicas e, reciprocamente, entre enti-
dades públicas e particulares.
Artigo 73º
Regime
1. A permuta de solos entre entidades públicas e particulares orientar-se-á pela preva-
lência do interesse público e será precedida de avaliação dos terrenos em causa, aplicando-
se em tal caso, com as devidas adaptações, o regime da arbitragem previsto na Lei de
expropriação por utilidade pública.
2. Quando em resultado da avaliação se verificar que os bens trocados apresentam di-
ferença de valor, as partes poderão acordar ou na entrega de outros terrenos que equilibrem
as prestações ou no pagamento do valor correspondente à diferença.
Artigo 74º
Prova de direitos
As entidades particulares ou públicas devem juntar ao processo documento comprova-
tivo dos seus direitos sobre os terrenos que se propõem dar em troca, e bem assim certidão
dos encargos ou responsabilidades que recaíam sobre os mesmos.
CAPÍTULO III
Direito de preferência
Artigo 75º
Exercício da preferência
È reconhecido as autarquias locais o direito de preferência nas transmissões a título
oneroso, entre particulares, dos solos situados em áreas compreendidas num plano deta-
lhado devidamente aprovado ou em área delimitada pelo programa municipal de actuação
urbanística.
TÍTULO V
CADASTRO E REGISTO PREDIAL E MATRICIAL
Artigo 76º
Remissão
1. A delimitação dos terrenos realiza-se através do cadastro, que se rege por legislação
especial.
2. O registo predial rege-se igualmente por legislação especial.
751
Decreto-Legislativo nº 2/2007, de 19 de Julho
TITULO V
SANÇÕES
Artigo 77 º
Utilização indevida dos solos do domínio público do Estado
1. Sem prejuízo da aplicação de outra sanções, nomeadamente, no que respeita ao
financiamento da actividade municipal, à suspensão da execução de planos urbanísticos,
e à invalidação de actos administrativos, a autarquia local ou qualquer outra pessoa ou
entidade de direito público ou privado que autorizar ou executar sem licença quaisquer
construções ou alterações ao uso dos solos pertencentes ao domínio público a utilização de
solos pertencentes ao domínio público do Estado ou qualquer outra forma da sua utilização
sem que para tanto se acha legalmente habilitado, fica sujeita à coima nunca inferior ao
dobro do benefício obtido com a utilização indevida dos referidos bens.
2. A tentativa e a reincidência são igualmente puníveis, neste último caso, multipli-
cando-se pelo número de reincidências a coima aplicada em consequência da primeira
infracção.
3. Provando-se má-fé do beneficiário da obra ou construção, este será solidariamente
responsável com a autarquia local no pagamento da coima aplicada, nos termos deste arti-
go, além da sanção acessória de interdição de obtenção de licenças e autorizações para rea-
lização de outras obras e outras implantações imobiliárias por um período de 3 a 5 anos.
4. A aplicação das sanções previstas no presente artigo é da competência do membro
do Governo responsável pelo ordenamento do território e poderá ser desencadeada por
denúncia de qualquer cidadão ou grupo de cidadãos, residentes ou não na localidade onde
se verificou a infracção.
5. A denúncia a que se reporta o número anterior serve de auto de notícias.
Artigo 78º
Restituição e responsabilidade criminal
1 Além da sanção prevista no artigo anterior, a pessoa ou entidade pública ou privada
que praticar ou autorizar a prática dos actos descritos nesse artigo, fica obrigada a promo-
ver, a expensas próprias, a restituição dos solos integrados no domínio público na situação
em que se encontravam antes da prática da infracção.
2. O membro do Governo responsável pelo ordenamento do território fixa um prazo dentro
do qual se deve proceder à reconstituição referida no número 1, findo o qual, sem que esta seja
concluída, o responsável pela inexecução incorrerá em crime de desobediência.
3. É correspondentemente aplicável o disposto nos números 4 e 5 do artigo anterior.
Artigo 79º
Utilização indevida do domínio público da autarquia local
São aplicáveis, com as devidas adaptações, o disposto nos dois artigos anteriores às situa-
ções de utilização indevida dos bens pertencentes ao domínio público autarquias locais.
752
Decreto-Legislativo nº 2/2007, de 19 de Julho
Artigo 80º
Alienação de solos dos particulares
1. Sem prejuízo da declaração de nulidade da venda, a entidade pública que alienar
solos de particulares apresentando-se como proprietária, quando não dispõe de nenhum
titulo de aquisição, fica sujeita à coima igual ao dobro do valor recebido pela venda de
terreno alheio.
2. Presume-se que o vendedor e o comprador actuaram de má fé, para efeitos de apli-
cação das normas de direito civil sobre venda de bens alheios, quando o terreno vendido
esteja inscrito na matriz ou no registo predial em nome de outra pessoa ou quando no terre-
no existam benfeitorias, construções ou nele estejam a ser praticados outros actos materiais
que permitam supor que o terreno vendido pertence a outra pessoa.
3. É correspondentemente aplicável o disposto nos números 4 e 5 do artigo 77º.
Artigo 81º
Falsos proprietários
Aquele que se fizer passar por proprietário e vender terreno alheio, para além dos
efeitos civis e criminais que o caso der lugar, fica sujeito à coima equivalente ao dobro do
benefício auferido com a venda.
Artigo 82º
Comunicação de actos notariais
1. Sem prejuízo das demais formalidades previstas na lei, os notários devem comu-
nicar ao Ministério Público, antes da realização do respectivo acto, todas as justificações
notariais sobre terrenos omissos na matriz predial de modo a permitir-lhe a defesa dos
interesses do Estado e autarquias locais.
2. Os notários são obrigados a comunicar ao Ministério Público e a Direcção Geral do
Património do Estado, informando-os, no prazo de cinco dias, de todos os actos notariais
relativos a solos do Estado ou autarquias locais, para que deles conheçam no domínio das
respectivas competências.
3. A inobservância do disposto nos números anteriores constitui infracção disciplinar
muito grave.
TÍTULO VII
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
Artigo 83º
Aplicação a situações já iniciadas
A aplicação da presente lei a situações iniciadas antes da sua entrada em vigor subor-
dinar-se-á ao disposto nos artigos seguintes.
753
Decreto-Legislativo nº 2/2007, de 19 de Julho
Artigo 84º
Caducidade da concessão
1. Todas as concessões de terrenos, sejam provisórias, sejam definitivas, feitas ao abri-
go do Regulamento de Concessão e Ocupação de Terrenos, aprovado pelo Decreto nº.
43894 de 6 de Setembro de 1961 e demais diplomas complementares caducam com a en-
trada em vigor deste diploma.
2. Os actuais concessionários deverão, no prazo de um ano, a contar da entrada em vi-
gor deste diploma, promover junto dos serviços competentes a obtenção de um novo título
de ocupação dos terrenos concedidos, sob pena da sua reversão para o Estado ou para a
autarquia local, conforme o caso.
3. A reversão de terrenos nos termos do número anterior não dá direito a qualquer in-
demnização, mas o interessado poderá proceder ao levantamento das benfeitorias que tiver
introduzido no terreno.
Artigo 85º
Ocupações por licença
As ocupações por licença, autorizadas antes da entrada em vigor desta lei, passam a
reger-se pelas suas disposições, sem dependência de substituição do título.
Artigo 86º
Transferência de competências
1. Toda a competência atribuída ao Governo nos termos do presente diploma conside-
ra-se transferida para a autarquia local quando tenha sido operada a transferência de solos
do Estado, seja qual for o seu regime, para o domínio privado daquela.
2. Na situação prevista no número anterior, compete à autarquia local fixar em cada caso
qual o serviço competente para exercer as atribuições a que se reporta o presente diploma.
Artigo 87º
Reservas
1. São mantidas as actuais reservas delimitadas sobre terrenos do domínio privado,
seja do Estado, dos particulares ou autarquias locais, denominadas Zonas de Desenvolvi-
mento Turístico Integral, criadas pelo Decreto Legislativo nº. 2/93, de 1 de Fevereiro.
2. A Direcção-Geral do Património do Estado em colaboração com os serviços compe-
tentes da Agricultura e do Cadastro promoverão novas representações gráficas e definição
de coordenadas hectométricas de acordo com os preceitos deste diploma.
Artigo 88º
Poder regulamentar autarquias locais
1. No prazo de 90 dias a contar da data de aprovação deste diploma, todas as au-
tarquias locais deverão adoptar regulamentos específicos relativos à disposição dos
754
Decreto-Legislativo nº 2/2007, de 19 de Julho
755
Lei nº 42/VII/2009 de 27 de Julho
756
Lei nº 42/VII/2009 de 27 de Julho
XIII-ATRIBUIÇÕES E COMPETÊNCIAS
ESPECIFICAMENTE DESCENTRALIZADAS
757
Lei nº 42/VII/2009 de 27 de Julho
758
Decreto–Lei n.º 68/94, de 5 de Dezembro
117 A Portaria nº 25/93 de 26 de Abril, regula o concurso para concessão da exploração do serviço de transportes colectivos
urbanos. Ver nº 2 do art. 18º do Decreto-Lei 9/2006 de 30 de Janeiro, sobre a competência da Câmara Municipal na concessão
de licenças de exploração de automóveis.
759
Decreto–Lei n.º 68/94, de 5 de Dezembro
Artigo 2º
É transferido para a titularidade dos Municípios, passando a constituir receitas muni-
cipais, o produto das taxas e multas cobradas nos termos do artigo 1º.
Artigo 3º
1. A transferência estabelecida no artigo 1º será formalizada mediante Protocolo entre
um representante do departamento governamental responsável pelo sector dos transportes
rodoviários e um representante do Município.
2. O exercício da competência transferida nos termos do artigo 1º obedecerá a um Ma-
nual de Procedimentos aprovado pelo departamento governamental encarregado do sector
de transportes rodoviários e fornecido gratuitamente aos Municípios.
3. As Câmaras Municipais fornecerão, mensalmente, ao departamento governamental
encarregado dos transportes rodoviários uma informação sobre licenças de aluguer, nos
termos estabelecido no Protocolo.
Artigo 4º
O presente Decreto-Lei entra em vigor 30 dias após a sua publicação.
Visto e aprovado em Conselho de Ministros.
Carlos Veiga – Mário Silva – Teofilo Figueiredo Silva – Ulpio Napoleão Fernandes.
Promulgado em 28 de Novembro de 1994.
Publique-se:
O Presidente da República, ANTÓNIO MANUEL MASCARENHAS GOMES MON-
TEIRO.
Referendado em 28 de Novembro de 1994.
O Primeiro-Ministro, Carlos Veiga.
760
Decreto-Lei n.º 5/99, de 1 de Fevereiro
761
Decreto-Lei n.º 5/99, de 1 de Fevereiro
762
Decreto-Lei n.º 5/99, de 1 de Fevereiro
Artigo 6º
(Coexistência)
No exercício da actividade comercial coexistirão o sector privado e, supletivamente,
o sector público.
Artigo 7º
(Defesa do consumidor)
1. O Governo, na definição da sua política comercial geral, tem como parâmetro a
promoção e a defesa dos interesses dos consumidores , em especial no que respeita à se-
gurança no abastecimento de bens essenciais, à formação e à fiscalização dos preços e à
prevenção e ao combate às infracções antieconómicas e contra a saúde pública.
2. Para efeitos do disposto no número anterior, o Governo apoia a criação e o desen-
volvimento de associações de consumidores.
Artigo 8º
(Controle de qualidade)
1. A política comercial do Governo tem como preocupação fundamental assegurar um
rigoroso controle de qualidade dos produtos comercializados, seja de produção nacional ou
importados, e quer destinem a consumo interno ou à exportação.
2. As medidas de inspecção e de controle de qualidade e de protecção da saúde públi-
ca, e as formas de obtenção dos respectivos certificados serão reguladas em decreto-lei.
Artigo 9º
(Protecção do ambiente)
Na definição da sua política comercial geral, o Governo terá particular atenção às
suas consequências a nível do ambiente, de acordo com os princípios da Lei de Bases do
Ambiente e legislação complementar, e em particular no que respeita à protecção do patri-
mónio nacional, da fauna e da flora.
Artigo 10º
(Compromissos internacionais)
A política comercial do Governo pauta-se pelo respeito integral pelos tratados e acor-
dos internacionais recebidos na ordem jurídica cabo-verdiana.
CAPÍTULO III
Actividade comerciais
SECÇÃO I
Tipos de actividades comerciais
Artigo 11º
(Actividades comerciais)
1. Para efeitos de aplicação das disposições legais relativas ao exercício de actividade co-
mercial, são consideradas as actividades de comércio por grosso e de comércio a retalho.
763
Decreto-Lei n.º 5/99, de 1 de Fevereiro
764
Decreto-Lei n.º 5/99, de 1 de Fevereiro
765
Decreto-Lei n.º 5/99, de 1 de Fevereiro
2. As actividades comerciais compreendidas nos tipos definidos nos artigo 12º, 13º
e 14º poderão abranger uma ou mais capítulos de produtos, desde que não vedados nos
termos dos artigos seguintes.
Artigo 18º
(Vedações e acumulações para o importador)
1. É vedado ao importador acumular com a sua actividade e de feirante, de vendedor
ambulante ou de negociante.
2. O importador acumula com a sua actividade própria a de grossista, por inerência,
sem necessidade de autorização específica.
3. A acumulação das actividades de importador e retalhista só é permitida havendo uma
nítida separação das duas actividades nos aspectos contabilísticos e de estabelecimento.
Artigo 19º
(Vedações para o exportador)
É vedado ao exportador acumular com a sua actividade própria a de feirante, de ven-
dedor ambulante ou de negociante.
Artigo 20º
(Vedações e acumulações para o grossista)
1. É vedado ao grossista ou armazenista acumular com a sua actividade própria a de
feirante, de vendedor ambulante ou de negociante.
2. Ao grossista ou armazenista aplica-se, com as necessárias adaptações, o disposto no
n.º 3 do artigo 18º.
Artigo 21º
(Vedações e acumulações para o vendedor ambulante)
1. É vedado ao vendedor ambulante acumular com a sua actividade própria a de im-
portador, de exportador, de grossista, de retalhista ou de agente comercial.
2. A acumulação das actividades de vendedor ambulante e feirante é regulada, em
cada concelho, pela respectiva câmara municipal.
Artigo 22º
(Vedações e acumulações para o feirante)
1. É vedado ao feirante acumular com a sua actividade própria a de importador, de
exportador, de grossista, de retalhista ou de agente comercial.
2. A acumulação das actividades de feirante é regulada, em cada concelho, pela respec-
tiva câmara municipal.
Artigo 23º
(Vedações e acumulações para o negociante)
1. É vedado ao negociante acumular com a sua actividade própria a de importador, de
exportador, de grossista, de retalhista ou de agente comercial.
766
Decreto-Lei n.º 5/99, de 1 de Fevereiro
767
Decreto-Lei n.º 5/99, de 1 de Fevereiro
768
Decreto-Lei n.º 5/99, de 1 de Fevereiro
769
Decreto-Lei n.º 5/99, de 1 de Fevereiro
770
Decreto-Lei n.º 5/99, de 1 de Fevereiro
771
Decreto-Lei n.º 5/99, de 1 de Fevereiro
772
Decreto-Lei n.º 5/99, de 1 de Fevereiro
773
Decreto-Lei n.º 5/99, de 1 de Fevereiro
4. Decorridos que sejam 180 dias sem que estejam supridas as deficiências a que se
refere a parte final do n.º 1 serão os processos considerados nulos.
Artigo 38º
(Certificado de autorização)
1. No caso de deferimento do requerimento, a autoridade competente entregará ao
requerente o certificado a que se refere o artigo 28º.
2. Se a decisão de conceder ou denegar a autorização prévia não for tomada dentro do
prazo referido nos nºs 1 e 2 do artigo anterior, entende-se que o interessado está autorizado
a exercer a actividade, funcionando como certificado, para todos os efeitos, o duplicado do
requerimento devidamente rubricado pelo serviço onde foi entregue.
Artigo 39º
(Causas de revogação)
1. A autorização para o exercício da actividade comercial será revogada e apreendido
o certificado:
Quando o exercício da actividade se não inicie no prazo de um ano a contar da autori-
zação prévia, salvo impedimento devidamente comprovado;
a) Pela morte ou interdição que envolva a impossibilidade de exercício do comér-
cio, decorridos os prazos a que se refere o artigo 43º;
b) Pela dissolução da pessoa colectiva;
c9 Às entidades a que se refere o n.º 4 do artigo 2º quando percam essa quali-
dade;
d) Pelo exercício de actividade comercial, quando se verifique uma situação de
inibição por ter sido decretada a falência;
e) Pelo encerramento voluntário do estabelecimento/ loja ou do armazém du-
rante um ano, salvo impedimento comprovado e consideradas as característi-
cas locais de exercício do comércio;
f) Pelo trespasse ou qualquer outra forma de transmissão definitiva, gratuita
ou onerosa, da propriedade ou do usufruto do estabelecimento/loja ou do ar-
mazém;
g) Pelo efectivo exercício da actividade comercial por entidade diversa do titular
da respectiva autorização prévia;
h) Pela perda de requisitos gerais referidos no nº1 do artigo 32.
774
Decreto-Lei n.º 5/99, de 1 de Fevereiro
Artigo 40º
(Causas de suspensão)
A autorização para o exercício da actividade comercial será suspensa até um ano e
apreendido o certificado, quando se verifique uma das seguintes situações:
a) Condenação em medida de segurança de interdição do exercício de qualquer das
actividades indicadas no artigo 2º pelo período de aplicação daquela medida;
b) Cessão temporária do usufruto ou de exploração do estabelecimento/loja ou
do armazém pelo período de cessão;
c) Pela falta de cumprimento das obrigações fiscais inerentes ao exercício da
actividade;
d) Exercício de actividade diversa daquela por que se encontra inscrito enquanto
a situação se não mostrar regularizada;
e) Pelo não pagamento das taxas devidas nos termos do artigo 45º;
f) Quando deixam de preencher os requisitos do artigo 32º.
Artigo 41º
(Comunicação nos casos de revogação ou suspensão de autorização prévia)
1. Sempre que os agentes de fiscalização tenham conhecimento de qualquer situação
que seja causa de revogação ou de suspensão da autorização prévia para o exercício da
actividade, comunicará o facto ao serviço competente no prazo de 10 dias.
2. De todas as decisões do serviço competente que determinem a revogação ou sus-
pensão da autorização prévia será dado conhecimento à Inspecção-Geral das Actividades
Económicas no prazo de 10 dias e ainda às entidades competentes que tenham organizado
o processo de autorização prévia.
3. Logo que cesse a suspensão, o serviço competente devolverá o cartão aprendido ao
seu titular, comunicando tal devolução à Inspecção-Geral das Actividades Económicas no
prazo de 10 dias e ainda às entidades competentes que tenham organizado o processo de
autorização prévia.
Artigo 42º
(Apreensão de cartões)
Nos casos previstos nos artigos 39º e 40º compete à Inspecção-Geral das Actividades
Económicas, a solicitação do serviço competente, apreender os cartões e remetê-los ao
mesmo serviço.
Artigo 43º
(Prazos para apresentação de novos requerimentos)
1. Quando ocorram factos inerentes às entidades referidas no artigo 2º que impliquem
quaisquer substituições nas autorizações prévias em vigor, é concedido o prazo de 90 dias,
contados a partir da data da ocorrência dos mesmos, para a respectiva regularização.
775
Decreto-Lei n.º 5/99, de 1 de Fevereiro
776
Decreto-Lei n.º 5/99, de 1 de Fevereiro
SECÇÃO III
Requisitos especiais para autorização prévia
SUBSECÇÃO I
Importador
Artigo 49º
(Indicação dos requisitos)
1. Só podem exercer a actividade de importador os sujeitos que, além dos requisitos
gerais referidos no artigo 32º, preencham os seguintes requisitos especiais:
a) Ter um capital mínimo afectado à actividade comercial cujo montante será
definido em portaria do membro do Governo responsável pela área do comér-
cio;
b) Possuir armazém adaptado ao ramo do comércio e volume de negócio e com
os demais requisitos legais;
c) Ter contabilidade organizado de acordo com as exigências do Plano Nacional
de Contabilidade, sob responsabilidade de um técnico de contas nos termos da
lei;
2. O membro do Governo responsável pela sector do comércio poderá, por despacho
fundamentado, autorizar o exercício da actividade de importador com capital mínimo fi-
xado nos termos do ponto 3.
Artigo 50º
(Prova dos requisitos)
1. A prova dos requisitos referidos na alínea a) do n.º 1 do artigo anterior faz-se me-
diante a apresentação de certidão de matrícula no registo comercial de que conste o capital
do comerciante em nome individual ou da sociedade comercial ou de informação sobre a
sua capacidade financeira prestada por uma instituição de crédito, parabancária ou outra
idónea que indique poder o requerente dispor do mínimo do capital exigido.
2. A prova dos requisitos referidos na alínea b) do n.º 1 do artigo anterior faz-se me-
diante a apresentação de título de propriedade ou de outro direito que confira ao requerente
o uso e fruição de armazém por período não inferior a dois anos, sem prejuízo do disposto
no artigo 33º.
3. A prova dos requisitos referidos na alínea c) do n.º 1 do artigo anterior faz-se pela
apresentação de :
a) Plano de contas a adoptar pelo interessado;
b) Termo de responsabilidade pela montagem do citado plano de contas assumi-
do por um técnico de contas ou empresa especializada que dele se vai encar-
regar;
777
Decreto-Lei n.º 5/99, de 1 de Fevereiro
778
Decreto-Lei n.º 5/99, de 1 de Fevereiro
SUBSECÇÃO V
Venda ambulante
Artigo 54º
(Vendedores ambulantes)
Consideram-se vendedores ambulantes todos os que:
a) Transportando as mercadorias do seu comércio, por si ou por qualquer meio
adequado, as vendam ao público consumidor pelos lugares do seu trânsito;
b) Fora dos mercados municipais em locais fixos, demarcados pelas câmaras mu-
nicipais, vendam a mercadorias que transportam, utilizando na venda os seus
meios próprios ou outros, que à sua disposição sejam postos pelas referidas
Câmaras;
c) Transportando a sua mercadoria em veículos, neles efectuem a respectiva ven-
da, quer pelos lugares do seu trânsito, quer em locais fixos, demarcados pelas
câmaras municipais competentes fora do mercado;
d) Utilizando veículos automóveis ou reboques, neles confeccionem na via pú-
blica ou em locais fixos, determinados pelas câmaras municipais, refeições
ligeiras ou outros produtos comestíveis preparados de forma tradicional.
Artigo 55º
(Exercício de venda ambulante)
1. O exercício da venda ambulante é vedado às sociedades comerciais, aos mandatá-
rios e aos que exerçam actividade comercial por conta de outrém, não podendo ainda ser
praticado por interposta pessoa.
2. Exceptuam-se do âmbito de venda ambulante:
a) A distribuição domiciliária efectuada por conta de comerciante com estabel-
ecimento/loja fixo;
b) A venda de lotarias, jornais e outras publicações periódicas;
c) A venda directa ao consumidor transeunte de produtos agrícolas feito pelo
respectivo agricultor em locais à beira das estradas ou caminhos públicos
Artigo 56º
(Produtos proibidos ao comércio ambulante)
1. Fica proibido o comércio ambulante dos produtos constantes de lista a ser aprovada
por portaria do membro do Governo responsável pela área do comércio.
2. A proibição a que se refere o número anterior não se aplica aos comerciantes de car-
nes que tenham instalações fixas e estejam devidamente inscritas no registo prévio, desde
que o comércio ambulante seja feito em veículo próprio e com condições sanitárias e seja
extensão do comércio já autorizado.
779
Decreto-Lei n.º 5/99, de 1 de Fevereiro
Artigo 57º
(Interdição aos vendedores ambulantes)
É interdito aos vendedores ambulantes:
a) Impedir ou dificultar por qualquer forma o trânsito nos locais destinados à
circulação de veículos e peões;
b) Impedir ou dificultar o acesso aos meios de transporte público e às paragens
dos respectivos veículos;
c) Impedir ou dificultar o acesso a monumentos e a edifícios públicos ou priva-
dos, bem como o acesso ou exposição dos estabelecimentos comerciais ou
lojas de venda ao público;
d) Lançar no solo quaisquer desperdício, restos, lixo ou outros materiais suscep-
tíveis de pejarem ou conspurcarem a via pública;
e) Vender a menos de 50 metros de estabelecimentos que comercializem idênti-
cos produtos.
Artigo 58º
(Boletim de sanidade)
1. Os intervenientes no acondicionamento, transporte ou venda de produtos alimen-
tares serão obrigatoriamente portadores de boletim de sanidade, nos termos da legislação
em vigor.
2. Sempre que se suscitem dúvidas sobre o estado de sanidade do vendedor ou qual-
quer dos indivíduos referidos no número anterior, serão estes intimados a apresentar-se à
autoridade sanitária competente, para inspecção.
Artigo 59º
(Medidas higieno-sanitárias)
1. No transporte, arrumação, exposição e arrecadação dos produtos é obrigatório se-
parar os alimentos consoante a sua natureza, bem como, de entre cada um deles, os que de
algum modo possam ser afectados pela proximidade dos outros.
2. Quando não estejam expostos para venda, os produtos alimentares devem ser guar-
dados em lugares adequados à preservação do seu estado, e, bem assim, em condições
higieno-sanitárias que os protejam de poeiras, contaminações ou contactos que, de qual-
quer modo, possam afectar a saúde dos consumidores.
3. O vendedor, sempre que lhe seja exigido, terá de indicar às entidades competentes
para a fiscalização o lugar onde guarda a sua mercadoria, facultando o acesso ao mesmo.
4. Na embalagem ou acondicionamento de produtos alimentares só pode ser usado
papel ou outro material que ainda não tenha sido utilizado e que não contenha desenhos,
pinturas ou dizeres impressos ou escritos na parte interior.
780
Decreto-Lei n.º 5/99, de 1 de Fevereiro
Artigo 60º
(Competência especificas das Câmaras Municipais)
Compete especificamente às Câmaras Municipais:
a) Restringir, condicionar ou proibir a venda de produtos, tendo em atenção os
aspectos higieno-sanitárias, estéticos e de comodidade para o público;
b) Interditar zonas ao exercício do comércio ambulante, atendendo às necessi-
dades de segurança e de trânsito de peões e veículos, ouvidas as competentes
autoridades policiais;
c) Estabelecer zonas e locais fixos para neles ser exercida, com meios próprios ou
fornecidos pelas câmaras municipais, a actividade de vendedor ambulante;
d) Delimitar locais ou zonas a que terão acesso os veículos ou reboques utiliza-
dos na venda ambulante;
e) Estabelecer zonas e locais especialmente destinados ao comércio ambulante
de certas categorias específicas;
f) Emitir e renovar o cartão para o exercício da venda ambulante;
g) Fixar os casos de apreensão dos instrumentos da infracção, móveis ou im-
óveis, os quais caucionarão a responsabilidade do infractor;
Artigo 61º
Localização das actividades de vendedor ambulante
1. Nas localidades dotadas de mercados com instalações próprias só será permitido o
exercício da actividade de vendedor ambulante de produtos que se vendem nesses merca-
dos quando neles não existirem lugares vagos para a venda fixa desses produtos.
2. Havendo lugares nos mercados referidos no número anterior, mas verificando-se em
determinadas áreas insuficiente abastecimento do público, poderão as câmaras municipais
fixar lugares ou zonas, dentro das mesmas áreas, para o exercício do comércio ambulante
limitado no número anterior.
Artigo 62º
Cartão de vendedor ambulante
O vendedor ambulante deverá fazer-se acompanhar, para a apresentação imediata às
entidades competentes para fiscalização, do cartão de vendedor a
Artigo 63º
(Registo camarário)
As Câmaras Municipais deverão organizar um registo dos vendedores ambulantes que
se encontrem autorizados a exercer a sua actividade na área do respectivo concelho, do qual
enviarão copia à Inspecção Geral das Actividades económicas, e, bem assim, das respec-
tivas actualizações.
781
Decreto-Lei n.º 5/99, de 1 de Fevereiro
Artigo 64º
(Produção própria)
A venda de artigos de artesanato, frutas, produtos hortícolas ou quaisquer outros e
fabrico ou produção próprios fica sujeita às disposições desta subsecção.
SUBSECÇÃO VI
Feirante
Artigo 65º
(Autorização)
1. No uso das respectivas atribuições, compete às câmaras municipais autorizar a re-
alização de feiras e mercados, quando os interesses das populações o aconselhem e tendo
em conta os equipamentos comerciais existentes, ouvidos os sindicatos e as associações e
as associações e as associações patronais e as associações de consumidores.
2. Quando as circunstâncias o justifiquem, poderá ainda ser ouvido o departamento
governamental responsável pelo sector comercial.
Artigo 66º
(Proibição)
Nas feiras e mercados apenas poderão exercer actividade comercial os titulares de
cartão de feirante.
Artigo 67º
(Competência específica das Câmaras Municipais)
Compete especificamente às câmaras municipais:
a) Emitir e renovar o cartão para exercício da venda em feira;
b) Fixar a periodicidade e horário das feiras e mercados, o respectivo local e
realização;
c) Fixar as condições de concessão e ocupação de lugares de venda, o número
máximo destes e as taxas a pagar.
Artigo 68º
(Cartão de feirante)
1. O feirante deverá fazer-se acompanhar, para a apresentação imediata às entidades
competentes para fiscalização, do cartão de feirante devidamente actualizado.
2. O cartão de feirante é válido apenas para a área do respectivo concelho e para o
período de um ano, a contar da data da emissão ou renovação.
3. O cartão de feirante será pessoal e intransmissível.
4. O modelo do cartão de feirante será aprovado por portaria do membro do Governo
responsável pela área do comércio.
782
Decreto-Lei n.º 5/99, de 1 de Fevereiro
Artigo 69ºº
(Registo camarário)
As Câmaras Municipais deverão organizar um registo dos feirantes que se encontrem
autorizados a exercer a sua actividade na área do respectivo concelho, do qual enviarão
cópia à Inspecção Geral das Actividades Económicas, e, bem assim, das respectivas actu-
alizações.
Artigo 70º
(Medidas higieno-sanitárias)
1. No transporte, arrumação, exposição e arrecadação dos produtos é obrigatório se-
parar os alimentos consoante a sua natureza, bem como, de entre cada um deles, os que de
algum modo possam ser afectados pela proximidade dos outros.
2. Quando não estejam expostos para venda, os produtos alimentares devem ser guar-
dados em lugares adequados à preservação do seu estado, e, bem assim, em condições hi-
gieno-sanitárias que os protejam de poeiras, contaminações ou contactos que, de qualquer
modo, possam afectar a saúde do consumidor.
3. O vendedor, sempre que lhe seja exigido, terá de indicar às entidades competentes
para a fiscalização o lugar onde guarda a sua mercadoria, facultando o acesso ao mesmo.
4. Na embalagem ou acondicionamento de produtos alimentares só pode ser usado
papel ou outro material que ainda não tenha sido utilizado e que não contenha desenhos,
pinturas ou dizeres impressos ou escritos na parte interior.
Artigo 71º
(Boletim de sanidade)
1. Os intervenientes no acondicionamento, transporte ou venda de produtos alimenta-
res serão obrigatoriamente portadores de boletim de sanidade, nos termos da legislação em
vigor.
2. Sempre que se suscitem dúvidas sobre o estado de sanidade do vendedor ou qual-
quer dos indivíduos referidos no número anterior, serão estes intimados a apresentar-se à
autoridade sanitária competente, para inspecção.
Artigo 72º
(Venda proibida)
É proibida a venda em feiras e mercados de todos os produtos cuja legislação especi-
fica assim o determine.
Artigo 73º
(Produção própria)
A venda em feiras e mercados de artigos de artesanato, frutas, produtos hortícolas ou quais-
quer outros de fabrico ou produção próprias fica sujeita ás disposições desta subsecção.
783
Decreto-Lei n.º 5/99, de 1 de Fevereiro
SUBSECÇÃO VII
Agente comercial
Artigo 74º
(Indicação dos requisitos)
1. A actividade de agente comercial é exercida mediante contrato de agência ou repre-
sentação e, quando for em nome de entidade estrangeira, só pode sê-lo junto dos importa-
dores.
2. Só podem exercer a actividade de agente comercial para produtos importados os
sujeitos que, além dos requisitos gerais previstos no artigo 32º, preencham os seguintes
requisitos:
a) Ser empresa singular ou colectiva de nacionalidade cabo-verdiana;
b) Ter domicílio em Cabo Verde;
c) Possuir escritório adequado para atendimento de clientes;
d) Ter contabilidade organizado de acordo com as exigências do Plano Nacional
de Contabilidade, sob responsabilidade de um técnico de contas nos termos da
lei.
3. As empresas estrangeiras poderão exercer a actividade de agente comercial em
Cabo Verde desde que o façam através de sucursal, delegação ou outra forma de represen-
tação que preencha os seguintes requisitos:
a) Estar matriculada no registo comercial cabo-verdiano;
b) Possuir escritório adequado para atendimento de clientes;
c) Ter contabilidade organizado de acordo com as exigências do Plano Nacional
de Contabilidade, sob responsabilidade de um técnico de contas idóneo.
Artigo 75º
(Prova de requisitos)
1. Á prova dos requisitos referidos nas alíneas a) e b) do n.º 2 e na alínea a) do n.º 3 do
artigo anterior faz-se por certificados das entidades oficiais competentes.
2. Á prova dos requisitos referidos nas alíneas c) e d) do n.º 2 e nas alíneas b) e c), do
n.º 3 do artigo anterior aplica-se, com as necessárias adaptações, o disposto nos n.º 2 e 3
do artigo 50º.
Artigo 76º
(Outras condições)
1. A localização do escritório de agente comercial e as representações de que seja titu-
lar devem, a requerimento do interessado, ser averbados no alvará ou licença.
784
Decreto-Lei n.º 5/99, de 1 de Fevereiro
785
Decreto-Lei n.º 5/99, de 1 de Fevereiro
786
Decreto-Lei n.º 5/99, de 1 de Fevereiro
2. O exercício de qualquer das actividades referidas no artigo 28º por parte de enti-
dades que não se encontrem devidamente autorizadas é punido com coima de 5 000$00
a 1 000 000$00.
3. O não cumprimento do disposto no n.º 1 do artigo 43º é punido com coima de
5 000$00.
Artigo 85º
(Competência para fiscalização)
A prevenção e acção correctiva sobre as infracções às normas previstas neste diplo-
ma, bem como da respectiva regulamentação e legislação conexa, são da competência da
Inspecção Geral das Actividades Económicas, da Inspecção Geral do Trabalho, da Policia
de Ordem Pública, da Guarda Fiscal, da Policia judiciaria e das autoridades sanitárias, ad-
ministrativas e fiscais.
Artigo 86º
(Competência para aplicação das coimas)
São competentes para a aplicação de coimas:
a) Na actividade de comércio grossista, o dirigente máximo do serviço do depar-
tamento governamental responsável pelo sector do comércio;
b) Na actividade de comércio a retalho, o presidente da Câmara Municipal no
concelho onde é exercida a actividade.
Artigo 87º
(Receitas)
A receita de coimas aplicadas nos termos do presente diploma tem a seguinte distri-
buição:
a) Para o participante;
b) Para o Orçamento do Estado ou Orçamento do Município, conforme os casos.
CAPÍTULO VI
Disposição finais transitórias
Artigo 88º
(Cartão de identificação profissional)
É obrigatória para todas as pessoas que exerçam actividade comercial a posse de um
cartão de identificação profissional, bem com a exibição quando solicitada pelos agentes
de fiscalização, sob as penas da lei.
Artigo 89º
(Grandes superfícies comerciais)
O procedimento de instalação das grandes superfícies comerciais será objecto de di-
ploma especial.
787
Decreto-Lei n.º 5/99, de 1 de Fevereiro
Artigo 90º
(Autorização emitida ao abrigo da legislação anterior)
As autorizações emitidas ao abrigo do Decreto-Lei n.º 135/85, de 6 de Dezembro man-
têm-se válidas com as adaptações devidas decorrentes da vigência do presente diploma, até
serem substituídas nos termos do artigo seguinte.
Artigo 91º
(Substituição do alvará ou licença)
1. O alvará ou licença emitidos ao abrigo do Decreto-Lei n.º 135/85, de 6 de Dezem-
bro serão substituídos por cartões comprovativos da autorização prévia a requerimento
dos interessados, remetido directamente ao serviço competente ou através de associação
empresarial, acompanhado dos seguintes documentos:
a) Alvará ou licença anterior;
b) Fotocópia do documento comprovativo do pagamento do Imposto Único so-
bre os Rendimentos ou da não atribuição de colecta no ano em causa.
2. O serviço competente fixará e divulgará o calendário das substituições a que se re-
fere o número anterior, o qual não deverá exceder, na totalidade, o prazo de dois anos após
a entrada em vigor deste diploma.
3. Decorridos os prazos fixados no calendário a que se refere o número anterior sem
que tenham sido apresentados os requerimentos, considerar-se-ão como sem efeito o alvará
ou licença, salvo se, dentro de 4 meses, a contar do decurso daqueles prazos, for devida-
mente justificado o motivo da não apresentação atempada do requerimento.
4. Efectuada a substituição, serão os respectivos cartões remetidos ao interessado ou á
associação empresarial nos casos em que o pedido de substituição tenha sido enviado por
estas.
5. Por substituição do alvará ou licença emitidas ao abrigo do Decreto-Lei n.º 135/85,
de 6 de Dezembro, não serão devidas quaisquer taxas.
Artigo 92º
(Processos pendentes)
Os pedidos de alvará ou licença ao abrigo do Decreto-Lei n.º 135/85, de 6 de Dezem-
bro cujos processos estejam pendentes por falta de apresentação de documentos solicitados
oportunamente serão considerados nulos se não forem supridas no prazo de noventa dias a
contar da entrada em vigor do presente diploma.
Artigo 93º
(Regulamentação)
1. O membro do Governo responsável pelo sector do comércio regulamentará este
diploma por portaria.
788
Decreto-Lei n.º 5/99, de 1 de Fevereiro
789
Decreto-Lei n.º 5/99, de 1 de Fevereiro
790
Decreto-Lei nº 30/2009, de 17 de Agosto
791
Lei nº 42/VII/2009 de 27 de Julho
792
Decreto-Legislativo nº 13/97, de 1 de Julho
PESSOAL DIRIGENTE
Decreto-Legislativo nº 13/97
De 1 de Julho
Ao abrigo da autorização legislativo conferida pelo artigo 6º da lei nº 4/V/96, de 2 de
Julho e
No uso da faculdade conferida pela alínea b) do artigo 216º da Constituição, o Gover-
no decreta o seguinte.
CAPITULO I
Disposições gerais
Artigo 1º
(Âmbito)
1. O presente diploma estabelece o estatuto do pessoal dirigente da Função Pública e
equiparado.
2. O presente diploma aplica-se ao pessoal dirigente dos serviços civis simples da Ad-
ministração Central, dos Serviços personalizados do Estado e de outras pessoas colectivas
públicas cujo pessoal esteja sujeito ao regime da Função Pública.
3. O presente diploma é ainda aplicável, com as necessárias adaptações, ao pessoal
dirigente da Administração Autárquica em tudo quanto não esteja especialmente regulado
na legislação respectiva.
Artigo 2º
(Pessoal dirigente)
1. São considerados cargos de pessoal dirigente os de118:
a) Secretário Geral do Governo (nível VI);
b) Secretário Geral (nível V);
c) Director-Geral (nível IV);
d) Inspector-Geral (nível IV);
e) Director de serviço (nível III).
2. São ainda considerados cargos de pessoal dirigente os de titular de órgão singular de
cúpula ou de presidente de órgão colegial de cúpula dos serviços personalizados do Estado
e de outras pessoas colectivas públicas cujo pessoal esteja sujeito ao regime da Função
Pública.
3. São equiparados a pessoa dirigente os que como tal sejam considerados pelos res-
pectivos estatutos privativos.
118 Redação dada pelo Decreto-Legislativo n.º 4/98, de 19 de Outubro
793
Decreto-Legislativo nº 13/97, de 1 de Julho
Artigo 3º
(Recrutamento)119
1. O recrutamento do pessoal dirigente dos níveis IV, V, VI, é feito nos termos do artigo
39º do Decreto-Lei n.º 86/92, de 16 de Julho.
2. O recrutamento do pessoal dirigente de nível III, é feito por escolha do membro
do Governo que superintende ou exerça tutela sobre o serviço ou pessoa colectiva a que o
cargo pertença sob a proposta do dirigente de nível IV, V ou VI de que aquele dependa di-
rectamente, de entre os melhores classificados em concurso de provas práticas específicas,
a regular por Decreto–Regulamentar que ainda não tenham sido recrutados.
3. Na falta de candidatos classificados em concurso, o recrutamento de pessoal diri-
gente de nível III poderá ser feito nos termos referidos no nº 1 do presente artigo.
Artigo 4º
(Provimento)
1. O pessoal dirigente é provido por contrato de gestão ou em comissão ordinária de
serviço, salvo disposição legal expressa em contrário.
2. Nos casos do nº 3 do artigo 3º o provimento far-se-á, obrigatoriamente por contrato
de gestão.
Artigo 5º
(Contrato de gestão)
1. Contrato de gestão, para efeito do presente diploma é o acordo pelo qual uma pessoa
se obriga, mediante retribuição, a exercer cargo de pessoal dirigente.
2. O dirigente contratado fica sujeito ao estatuto legal de gestor público em tudo quanto
não seja regulado no presente diploma.
3. O contrato é escrito, sendo a Administração representada pelo membro do Gover-
no da área do serviço interessado, está sujeito a parecer prévio dos membros do Governo
responsável pela área das Finanças e da Administração Pública e a visto de concordância
do Primeiro-Ministro, bem como as formalidades de provimento em cargo público, salvo o
visto prévio do Tribunal de Contas, incluindo a publicação em Boletim Oficial.
4. Do contrato devem, obrigatoriamente, constar a identificação das partes, a referên-
cia às disposições legais que o permitem e ao preenchimento pelo contratado dos requisitos
legais de recrutamento, o objecto, a retribuição e a duração bem como em anexo o progra-
ma de trabalho a cumprir pelo contratado120.
5. O contrato de gestão tem a duração máxima de três anos, prorrogáveis. Exceptuam-
se os casos previstos no nº 3 do artigo3º em que o contrato terá a duração máxima de um
ano, prorrogável, se mantiver a situação que justificou, até o total de três anos.
119 A redacção dos n.ºs 1 e 2 foi dada pelo Decreto-Legislativo n.º 4/98, de 19 de Outubro.
120 Redacção dada pela Lei n.º 37/VII/2009, de 2 de Março
794
Decreto-Legislativo nº 13/97, de 1 de Julho
6. O contrato pode ser rescindido por qualquer das partes a todo o tempo com pré-aviso
mínimo de noventa dias ou com fundamento em justa causa que inviabilize a continuação
da relação laboral.
7. Constituem nomeadamente, justa causa de rescisão por parte da Administração:
a) Reiterada falta de interesse na promoção do correcto atendimento dos utentes
do serviço;
b) Não comprovação superveniente da capacidade de executar e garantir a ex-
ecução das orientações superiormente traçadas;
c) Não realização dos objectivos fixados;
d) Necessidade de imprimir nova orientação à gestão do serviço, de modificar as
politicas a prosseguir por este ou de tornar mais eficaz a sua actuação;
e) Não prestação de informação ou não prestação das mesmas quando considera-
das essenciais para o cumprimento da politica global do Governo.
f) Aplicação da sanção disciplinar.
8. O contrato cessa automaticamente:
a) Pela tomada de posse do contratado noutro cargo ou função, salvo nos
casos em que for permitida a acumulação de funções;
b) Por extinção ou reorganização da respectiva unidade orgânica;
c) Nos casos da mudança do membro do Governo de que o contratado de-
pende. Se no prazo máximo de 60 dias a contar da tomada de posse o
novo titular o não reconduzir no cargo.
9. Nos casos da rescisão pela Administração sem fundamento em violação grave de de-
veres, poderá ela prescindir do pré-aviso, desde que pague ao contratado importância cor-
respondente à remuneração pelo tempo que faltar para ao termo de contrato, em qualquer
caso nunca superior a três meses de retribuição ilíquida, sobre o qual serão descontados os
impostos devidos.
10. Se o contratado, findo o contrato, regressa ao seu quadro de origem em organismo
publico ou estabelecer relação de emprego com qualquer serviço, organismo ou empresa
públicos ou de capitais públicos ou maioritariamente públicos, a importância a pagar pela
Administração nos casos previstos no nº 8 corresponderá ao diferencial de retribuição entre
o cargo dirigente e o cargo para que o contratado regressa ou em que ingressa.
11. O disposto no nº 9 e 10 aplica-se nos casos de cessação do contrato previsto no nº 8.
12. Por Decreto-Lei será desenvolvido o regime jurídico de contrato de gestão de pes-
soal dirigente.
795
Decreto-Legislativo nº 13/97, de 1 de Julho
Artigo 6º
(Comissão ordinária de serviço)121
1. O provimento de cargos de pessoal dirigente de nível IV, V e VI em comissão ordi-
nária de serviço faz-se por Resolução do Conselho de Ministros, sob proposta do membro
do Governo que superintenda ou exerça tutela no serviço ou pessoa colectiva a que o cargo
pertence.
2. O provimento de cargos do pessoal dirigente de nível III em comissão ordinária de
serviço faz-se por despacho do membro do governo que superintenda ou exerça tutela no
serviço ou pessoa colectiva a que o cargo pertence, sob proposta do dirigente de nível IV,
V ou VI de que o provendo irá depender directamente .
3. A comissão ordinária em cargo de pessoal dirigente tem a duração de três anos e é
renovável por iguais períodos
4. A comissão de serviço pode ser dada por finda pela Administração a todo o tempo,
com pré-aviso mínimo de quarenta e cinco dias ou com fundamento em justa causa que
inviabiliza a continuação da relação laboral.
5. Constituem nomeadamente, justa causa de cessação da comissão de serviço de pes-
soal dirigente os factos referidos no artigo 29º do Estatuto Disciplinar dos Agentes da Ad-
ministração Pública e no nº 7 do artigo 5º do presente diploma.
6. A comissão de serviço cessa automaticamente:
Pela tomada de posse do dirigente noutro cargo ou função, salvo nos casos em que for
permitida a acumulação de funções;
Por extinção ou reorganização da respectiva unidade orgânica;
Nos casos de mudança do membro do Governo de que o dirigente depende, se no prazo
máximo de 60 dias a contar da tomada de posse o novo titular o não reconduzir no cargo;
7. Nos casos em que a comissão seja dada por finda sem fundamento em justa causa,
deverá pagar ao comissionado uma importância correspondente a remuneração pelo tempo
que faltar para ao termo da comissão, em qualquer caso nunca superior a três meses de
retribuição ilíquida, sobre qual serão descontados os impostos devidos.
8. Se o comissionado, finda a comissão, regressa ao seu quadro de origem em organis-
mo público ou estabelecer relação de emprego com qualquer serviço, organismo ou em-
presa públicos ou de capitais públicos ou maioritariamente públicos, a importância a pagar
pela Administração nos casos previstos no nº 7 corresponderá ao diferencial de retribuição
entra o cargo dirigente e o cargo para que o comissionado regressa ou em que ingressa.
9. O disposto no nº 7 e 8 aplica-se nos casos de cessação da comissão de serviço pre-
visto no nº 6.
121 A redacção dos n.ºs 1 e 2 foi dada pelo Decreto-Legislativo n.º 4/98, de 19 de Outubro.
796
Decreto-Legislativo nº 13/97, de 1 de Julho
10. Quando a comissão seja dada por finda a pedido do comissionado, poderá a Admi-
nistração prescindir do pré-aviso previsto no nº 4 e não ficará obrigada a pagar as impor-
tâncias previstas nos números 7 e 8.
Artigo 7º
(Substituição)
1. Salvo disposição legal expressa em contrário, os cargos dirigentes podem ser exer-
cidos em regime de substituição, por funcionário ou agente que preencha os requisitos a
que se refere o artigo 3º, enquanto durar a vacatura do lugar, por não provimento inicial ou
subsequente, bem como em caso de ausência ou impedimento do respectivo titular.
2. A substituição só é autorizada nos casos em que se preveja a duração dos condicio-
nalismos referidos no número anterior por período superior a sessenta dias, sem prejuízo
de, em todos os casos, deverem ser asseguradas as funções atribuídas ao cargo vago ou aos
dirigentes ausentes ou impedidos.
3. O prazo máximo de validade da substituição é de seis meses, podendo, porém, em
casos excepcionais ser prorrogado, mediante despacho conjunto do Primeiro-Ministro e do
Ministro que superintende ou exerce a tutela no serviço ou pessoa colectiva a que o cargo
pertence, até ao limite máximo de um ano.
4. A substituição cessa na data em que o cargo for provido por titular efectivo ou em
que o titular do cargo reinicie as suas funções ou, a qualquer momento, por decisão do Mi-
nistro referido no número anterior, ou ainda a pedido do substituto.
5. A substituição confere ao substituto os mesmos direitos e regalias atribuídos pelo
exercício do cargo ao substituído, incluindo a totalidade dos vencimentos e demais abonos
e impõe o cumprimento dos mesmos deveres enquanto durar a substituição.
6. A cessação da substituição não confere ao substituto o direito ao pagamento das
importâncias previstas nos artigos 5º e 6º por rescisão ou cessação de contrato ou comissão
de serviço.
Artigo 8º
(Comissão eventual de serviço)
A comissão eventual de serviço do dirigente por período superior a sessenta dias impli-
ca a caducidade do contrato de gestão ou da comissão ordinária de serviço.
Artigo 9º
(Garantia da imparcialidade)
O pessoal dirigente exerce funções em regime de exclusividade, aplicando-se-lhe o re-
gime de impedimento, suspeições, incompatibilidade e demais garantias de imparcialidade
em outras situações de conflito de interesse previsto no Decreto-Legislativo nº 2/95, de 20
de Junho, para os titulares de altos cargos públicos na Administração pública.
797
Decreto-Legislativo nº 13/97, de 1 de Julho
Artigo 10º
(Estabilidade do emprego)
O pessoal dirigente não pode ser prejudicado no seu emprego público ou privado,
sendo-lhe assegurado o direito a:
a) Contagem do tempo de serviço como dirigente, para todos os efeitos, no quad-
ro de origem;
b) Progressão e promoção na carreira de origem, independentemente de con-
curso, enquanto durar o contrato de gestão ou a comissão de serviço;
Regressar ao lugar de origem ou aquele para que tiver progredido ou sido promovido
nos termos da alínea b), findo o contrato de gestão ou a comissão de serviço.
Artigo 11º
(Isenção do horário)
1. O pessoal dirigente é isento de horário de trabalho, não lhe sendo por isso devida
qualquer remuneração por trabalho prestado fora do horário normal.
2. A isenção prevista no número anterior implica a obrigatoriedade de, a qualquer
momento, comparecer ao serviço quando chamado e não dispensa a observância do dever
geral de assiduidade e pontualidade, nem o cumprimento da duração normal de trabalho.
Artigo 12º
(Retribuição)
O vencimento do pessoal dirigente deve atender às particulares exigências e responsa-
bilidades do cargo e os seus diferentes níveis.
Artigo 13º
(Secretário)
O pessoal dirigente de nível IV e V tem direito a um secretário escolhido de entre os
funcionários ou agentes da Administração pública, ao qual será abonada uma gratificação
mensal de quinze por cento sobre o respectivo vencimento.
Artigo 14º
(outros direitos e regalias)122
1. O pessoal dirigente de nível III, em efectividade de funções, tem direito a:
a) Ajudas de custos de deslocação compatíveis com a especial dignidade e re-
sponsabilidade do cargo;
b) Cartão especial de identificação;
c) Passaporte de serviço nas deslocações em missão oficial de serviço ao es-
trangeiro;
122 A redacção dos n.ºs 1, 2 e 3 foi dada pelo Decreto-Legislativo n.º 4/98, de 19 de Outubro.
798
Decreto-Legislativo nº 13/97, de 1 de Julho
799
Decreto-Legislativo nº 13/97, de 1 de Julho
800
Decreto-Legislativo nº 13/97, de 1 de Julho
801
Decreto-Legislativo nº 13/97, de 1 de Julho
2. O pessoal dirigente responde pelo bom funcionamento dos serviços que dirige e pela
imparcialidade e legalidade dos actos que praticar.
3. O pessoal dirigente de nível IV, V, VI é ainda responsável pela execução das direc-
tivas da acção administrativa emanadas do Conselho de Ministros e do respectivo Minis-
tro123.
CAPÍTULO II
Competências
Artigo 20º
(Competência genérica)
1. Ao pessoal dirigente compete, genericamente o planeamento, a organização, a di-
recção e o controle de todos os recursos, designadamente humanos, financeiros e materiais
da unidade orgânica e seu cargo.
2. No exercício da sua competência de planeamento, incumbe ao pessoal dirigente,
nomeadamente:
Contribuir para a elaboração do plano e dos programas anuais do departamento gover-
namental em que se insere;
a) Elaborar e submeter a aprovação do respectivo superior hierárquico os progra-
mas anuais ou pluri-anuais de actividades da sua unidade orgânica, bem como
os respectivos relatórios de execução, nos termos do artigo 16º v) do presente
diploma;
b) Elaborar e apresentar a proposta do orçamento da sua unidade orgânica, bem
como participar na elaboração do orçamento anual do departamento governa-
mental em que se insere, de acordo com as directivas recebidas do respectivo
membro do Governo;
c) Elaborar os relatórios de execução do plano relativo ao sector respectivo.
3. No exercício das suas competências de organização, incumbe ao pessoal dirigente,
nomeadamente:
Assegurar uma divisão equilibrada do trabalho e responsabilidade entre membros da
sua unidade orgânica;
Promover una coordenação efectiva entre os membros da sua unidade orgânica e com
os responsáveis das outras unidades orgânicas do mesmo departamento governamental e de
outros serviços públicos, tendo em vista o funcionamento integrado da organização;
Estudar e propor regulamentos para o bom funcionamento dos serviços.
802
Decreto-Legislativo nº 13/97, de 1 de Julho
803
Decreto-Legislativo nº 13/97, de 1 de Julho
804
Decreto-Legislativo nº 13/97, de 1 de Julho
805
Decreto-Legislativo nº 13/97, de 1 de Julho
806
Decreto-Legislativo nº 13/97, de 1 de Julho
807
Decreto-Legislativo nº 13/97, de 1 de Julho
808
Decreto-Lei nº 15-B/90 de 30 de Março
GESTOR PÚBLICO
Decreto-Lei nº 15-B/90
de 30 de Março
Ao abrigo da autorização legislativa concedida pelo artigo 6º da Lei nº 63/III/89, de
30 de Dezembro;
No uso da faculdade conferida pela alínea f) do nº 1 do artigo 75º da Constituição, o
Governo decreta o seguinte:
Artigo 1º
(Aprovação)
É aprovado o Estatuto do Gestor Público que faz parte integrante deste diploma.
Artigo 2º
(Entrada em vigor)
O presente diploma entra em vigor no dia 1 de Julho de 1990.
Visto e aprovado em Conselho de Ministros.
Pedro Pires – João Pereira Silva – Osvaldo Lopes da Silva – Adão Rocha – Arnaldo
França.
Promulgado em 26 de Março de 1990.
Publique-se.
O Presidente da República, ARISTIDES MARIA PEREIRA.
Para ser presente à Assembleia Nacional Popular:
Estatuto do Gestor Público
CAPÍTULO I
Disposições gerais
…...…………………………………………………………………………………..126
Artigo 20º
(Proibição de exercício de actividades)
Os gestores públicos não podem por si ou interposta pessoa:
a) Exercer qualquer actividade privada remunerada ainda que em regime lib-
eral;
b) Ser director, gerente ou administrador de empresas comerciais, industriais ou
de serviços;
126 Os artigos que não constam deste diploma foram revogados pela Lei 104/V/99 de 12 de Julho.
809
Decreto-Lei nº 15-B/90 de 30 de Março
810
Decreto-Lei nº 21/99, de 26 de Abril
811
Decreto-Lei nº 21/99, de 26 de Abril
812
Decreto-Lei nº 21/99, de 26 de Abril
813
Decreto-Regulamentar nº 3/98, de 2 de Março
814
Decreto-Lei nº 5/98, de 9 de Março
815
Decreto-Lei nº 5/98, de 9 de Março
Artigo 3º
(Provimento)
1. O Secretário Municipal é nomeado por deliberação da Câmara Municipal, em co-
missão de serviço por três anos, sob proposta do Presidente da Câmara Municipal, de entre
os indivíduos que preencham cumulativamente os seguintes requisitos:
a) Ser habilitado com curso superior, que confira ou não grau de licenciatura;
b) Possuir idoneidade moral e experiência profissional documentalmente com-
provada em gestão administrativa, financeira e patrimonial.
2. Excepcionalmente, o Secretário Municipal pode ser recrutado de entre os funcioná-
rios ou agentes da Administração do Estado ou da Administração Municipal:
a) Com categoria não inferior a oficial principal ou equiparado e, pelo menos,
sete anos de exercício de funções de gestão administrativa, financeira ou patri-
monial com avaliação de desempenho não inferior a Bom em todos os anos;
b) Com formação técnico-profissional específica e não menos de quatro anos de
experiência em Administração Municipal, com avaliação de desempenho não
inferior a Bom em todos os anos.
3. A nomeação do Secretário Municipal está sujeita a visto do Tribunal de Contas.
4. Do processo de nomeação deverão constar documentos comprovativos dos requisi-
tos referidos nos números 1 ou 2, sob pena de não poder ser concedido o visto.
5. A comissão de serviço do Secretário Municipal é livremente renovável, cessando
automaticamente com o fim do mandato, com a dissolução da Câmara Municipal e com a
perda de mandato do Presidente da Câmara municipal.
6. Nos casos de cessação automática de funções prevista no número anterior, o Secre-
tário Municipal cessante manter-se-á em funções até à nomeação do seu substituto.
Artigo 4
(Remuneração
1. A remuneração base do Secretário Municipal é fixada pela Assembleia Municipal,
sob proposta da Câmara Municipal, não podendo ser superior à de pessoal de quadro espe-
cial de nível IV.
2. A remuneração base do Secretário Municipal é automaticamente actualizada sempre
que o seja a do pessoal de quadro especial nível IV e em idêntica percentagem.
Artigo 5º
(Disposição transitória)
Os actuais Secretários Municipais que não preencham os requisitos estabelecidos no
artigo 3º poderão manter-se em funções pelo período máximo de um ano a contar da entra-
da em vigor do presente diploma, sem prejuízo do disposto no nº 5 do referido artigo 3º.
816
Decreto-Lei nº 5/98, de 9 de Março
Artigo 6º
(Entrada em vigor)
O presente diploma entra em vigor.
Visto e aprovado em Conselho de Ministros.
Carlos Veiga – António Gualberto do Rosário – José António Mendes dos Reis.
Promulgado em 27 de Fevereiro de 1998.
Publica-se.
O Presidente da República, ANTÓNIO MANUEL MASCARENHAS GOMES MON-
TEIRO.
Promulgado em 4 de Março de 1998.
O Primeiro Ministro, Carlos Veiga.
817
Decreto-Lei nº 5/98, de 9 de Março
818
Decreto-Lei nº 5/98, de 9 de Março
819
Decreto-Lei nº 5/98, de 9 de Março
820
Decreto-Legislativo n.º 3/95, de 20 de Junho
821
Decreto-Legislativo n.º 3/95, de 20 de Junho
3. A requisição para cargo de quadro especial não está sujeita aos prazos estabelecidos
na lei geral.
Artigo 5º
1. O pessoal de quadro especial exerce funções no gabinete do titular de cargo político
de que depende, assistindo-o, directa e pessoalmente no desempenho das suas funções, nos
termos livremente estabelecidos pelo mesmo.
2. Ao pessoal de quadro especial de nível IV ou superior poderão ser delegadas fun-
ções de representação, de acompanhamento, articulação ou coordenação de serviços e
funções de gestão administrativa corrente.
Artigo 6º
O pessoal do quadro especial está sujeito aos deveres gerais dos funcionários e agentes
do Estado, incumbindo-lhe, em especial:
a) Cumprir e fazer cumprir a Constituição, as leis e os regulamentos em vigor;
b) Exercer o cargo com zelo, dedicação, criatividade, iniciativa e lealdade;
c) Promover e defender o prestigio e a autoridade do Estado e das suas institu-
ições;
d) Concorrer aos actos e solenidade oficiais em que deva estar presente por dever
da função;
e) Guardar segredo de Estado;
f) Guardar sigilo relativamente a factos de que tenha conhecimento no exercício
do cargo ou por causa dele, salvo autorização expressa do titular de cargo
político de que depende;
g) Declarar as situações legais de incompatibilidade, de impedimento ou de con-
flito de interesses em que se encontre e outras que possam comprometer a sua
isenção no exercício do cargo, abstendo-se de intervir nessas situações.
h) Não usar o cargo, nem informações a que tenha acesso no ou pelo exercício
do cargo, nem invocar a sua titularidade para favorecer interesses particulares
ilegítimos, próprios ou de terceiros;
i) Estar permanentemente disponível para as tarefas que lhe sejam cometidas,
ainda que fora do horário normal;
j) Proceder na vida pública e privada de modo a dignificar o cargo e a prestigiar
o Estado de Cabo Verde e o exercício da função política e pública.
Artigo 7º
1. O pessoal de quadro especial exerce funções em regime de exclusividade, não po-
dendo desempenhar quaisquer outras funções públicas ou privadas, a título remunerado,
nem funções de representação profissional.
822
Decreto-Legislativo n.º 3/95, de 20 de Junho
823
Decreto-Legislativo n.º 3/95, de 20 de Junho
Artigo 13º
O pessoal de quadro especial tem ainda direito a:
a) Ajudas de custo compatíveis com a especial dignidade do cargo, fixados por
decreto regulamentar, nas deslocações em missão oficial;
b) Cartão de identificação profissional;
c) Transporte entre a residência e o local de trabalho;
d) Passaporte de serviço quando em missão oficial no estrangeiro;
e) Ao mais favorável regime de previdência social da função pública, salvo opção
expressa pelo regime de que o agente beneficiava no seu quadro de origem.
Artigo 14º
1. O pessoal de quadro especial, cuja comissão ou contrato cesse por iniciativa da Ad-
ministração ou por cessação de mandato ou funções do respectivo titular de cargo político,
tem direito a:
a) Remuneração mensal completa do cargo, no mês em que ocorrer o fim da
comissão ou do contrato;
b) Compensação de valor correspondente à última remuneração mensal com-
pleta percebida.
2. A compensação prevista na alínea b) do n.º 1 será excluída se o agente for, até ao
termo do mês subsequente àquele em que tiver sido dada por finda a comissão ou contrato,
provido em cargo público cuja remuneração mensal seja igual ou superior ao montante da
referida compensação.
3. Se, até ao termo do mês subsequente àquele em que tiver sido dada por finda a co-
missão ou contrato, o agente for provido em cargo público cuja remuneração mensal seja
inferior à referida compensação, o montante desta será reduzida proporcionalmente.
Artigo 15º
1. Os militares investidos em cargos militares de quadro especial consideram-se, para
todos os efeitos, em comissão normal de serviço e em funções de Estado-Maior e são li-
vremente escolhidos pelo titular de cargo político respectivo de entre os militares com a
patente mínima estabelecida no quadro anexo I.
2. Para efeitos do disposto no presente diploma os cargos para que exigem as patentes
de major, capitão e tenente são equiparados aos níveis IV, III e II, respectivamente.
Artigo 16º
O disposto no presente diploma não prejudica outros direitos ou regalias do pessoal de
quadro especial estabelecidos por lei especial.
824
Decreto-Legislativo n.º 3/95, de 20 de Junho
Artigo 17º
É revogado o artigo 41º do Decreto-Lei 86/92, de 16 de Julho.
Artigo 18º
O presente diploma entra imediatamente em vigor.
Visto e aprovado em Conselho de Ministros.
Carlos Veiga — Mário Silva — António Gualberto do Rosário.
Promulgado em 20 de Junho de 1995.
O Presidente da República, ANTÓNIO MANUEL MASCARENHAS GOMES MON-
TEIRO.
Referendado em 20 de Junho de 1995.
O Primeiro Ministro, Carlos Veiga.
ANEXO I128
Cargos de quadro especial
CARGOS CIVIS
Cargo Nível
825
Decreto-Legislativo n.º 3/95, de 20 de Junho
CARGOS MILITARES
826
Decreto-Lei nº 39/95, de 17 de Julho
827
Lei nº 42/VII/2009 de 27 de Julho
828
Lei nº 42/VII/2009 de 27 de Julho
829
Lei nº 42/VII/2009 de 27 de Julho
830
Lei nº 42/VII/2009 de 27 de Julho
831
Lei nº 42/VII/2009 de 27 de Julho
CAPÍTULO II
Princípios estruturantes da Função Pública
Artigo 4º
Missão da função pública
1. É missão da função pública:
a) A prestação de serviço à Nação, em conformidade com o disposto na lei;
b) A obtenção de maiores níveis de eficiência e eficácia da Administração Pú-
blica, dando uma maior atenção à cidadania e optimizando os recursos dis-
poníveis;
i A consideração do utente do serviço público como colaborador directo dos
funcionários no desempenho das tarefas comunitárias.
2. A função pública é desempenhada por um corpo de profissionais que, com subordi-
nação à hierarquia e disciplina, mediante retribuição, exercem funções próprias do serviço
de natureza permanente, sujeitos ao regime de direito público, ou transitórias, sujeitos ao
regime do contrato individual de trabalho.
Artigo 5º
Princípios de ordenação da função pública
A ordenação da função pública rege-se pelos seguintes princípios:
a) Actuação da Administração e dos seus órgãos e agentes ao serviço da cidada-
nia e do interesse público;
b) Submissão plena à lei e ao Direito;
c) Igualdade, mérito e capacidade no ingresso à função pública e no desenvolvi-
mento profissional;
d) Eficácia no planeamento e gestão dos recursos humanos;
e) Desenvolvimento e qualificação profissional permanente dos funcionários;
f) Avaliação e responsabilidade na gestão;
g) Ética profissional no desempenho do serviço público;
h) Continuidade e responsabilidade na prestação de serviços;
i) Eficácia e eficiência no serviço;
j) Gestão por objectivos;
k) Racionalização na utilização dos recursos;
l) Hierarquia na atribuição, ordenação e desempenho de funções e tarefas;
832
Lei nº 42/VII/2009 de 27 de Julho
833
Lei nº 42/VII/2009 de 27 de Julho
g) A racionalidade;
h) A proporcionalidade;
i) A não discriminação;
j) A segurança jurídica;
k) A responsabilidade profissional;
l) O respeito pelos direitos e interesses legalmente protegidos e a garantia da
ampla defesa dos particulares.
2. A Administração Pública fomenta modelos de conduta dos funcionários que inte-
grem os valores éticos referidos no número anterior e, bem assim, o profissionalismo e
a urbanidade no desempenho do serviço público, em particular nas suas relações com os
cidadãos.
Artigo 8°
Deontologia do funcionário
1. No exercício das suas funções, os funcionários estão exclusivamente ao serviço do
interesse público, definido pelos órgãos competentes e subordinados à Constituição e à lei,
devendo agir com especial respeito pelos princípios de justiça, imparcialidade e proporcio-
nalidade, na observância pelos direitos e interesses legalmente protegidos dos particulares
e igualdade de tratamento de todos os utentes, bem como ter uma conduta responsável e
actuar com observância dos valores éticos referidos no artigo anterior, de forma a assegurar
o respeito e confiança da sociedade.
2. A vinculação exclusiva ao interesse público não afecta ou limita a vida privada do fun-
cionário ou o exercício dos seus direitos quando fora do exercício das respectivas funções.
3. O funcionário, porque integrado numa estrutura administrativa, deve ter sempre
presente que isso o vincula à função pública e o obriga a prestigiá-la e a defendê-la, desig-
nadamente na preservação dos seus valores éticos e da sua coesão, unidade e disciplina.
CAPÍTULO III
Princípios sobre garantias de imparcialidade
Artigo 9º
Finalidade e modalidade
1. As garantias de imparcialidade visam salvaguardar o exercício independente de uma
função pública, evitando que do seu exercício possam decorrer suspeições de favorecimen-
to na actuação do funcionário.
2. Os funcionários, bem como o pessoal dirigente e do quadro especial, estão sujeitos ao
regime de incompatibilidades, impedimentos e suspeições previstos nas disposições regulado-
ras de conflitos de interesses resultantes do exercício de funções públicas definidas em lei.
834
Lei nº 42/VII/2009 de 27 de Julho
Artigo 10º
Regime de exclusividade e da não acumulação de funções públicas
1. As funções públicas são, em regra, exercidas em regime de exclusividade.
2. O exercício de funções apenas pode ser acumulado com o de outras funções públicas
quando haja na acumulação manifesto interesse público, não exista incompatibilidade entre
elas e, em regra, não sejam remuneradas.
3. As acumulações remuneradas dependem de despacho do Primeiro-Ministro, me-
diante proposta conjunta dos dirigentes máximos dos órgãos responsáveis pelos respecti-
vos serviços em acumulação.
Artigo 11º
Acumulação com funções privadas
A título remunerado ou não, o exercício de funções públicas, não pode ser acumulado
com funções ou actividades privadas concorrentes com aquelas ou que com elas sejam
conflituantes, ainda que por interposta pessoa, mesmo quando estas últimas sejam não re-
muneradas.
Artigo 12º
Interesse no procedimento
1. Os funcionários não podem prestar a terceiros, por si ou por interposta pessoa, em
regime de trabalho autónomo ou subordinado, serviços no âmbito do estudo, preparação
ou financiamento de projectos, candidaturas ou requerimentos que devam ser submetidos à
sua apreciação ou decisão ou à de órgãos ou unidades orgânicas colocados sob sua directa
influência.
2. Os funcionários não podem beneficiar, pessoal e indevidamente, de actos ou tomar
parte em contratos em cujo processo de formação intervenham órgãos ou unidades orgâni-
cas colocados sob sua directa influência.
CAPÍTULO IV
Princípios de direcção, gestão e coordenação
da função pública
Artigo 13º
Direcção da função pública
O Governo exerce a direcção superior da função pública, cabendo-lhe, nessa qualida-
de, nomeadamente:
a) Definir políticas gerais de recursos humanos para a Administração Pública;
b) Definir políticas de remuneração para os funcionários;
c) Estabelecer os critérios técnicos e financeiros, no âmbito das negociações
colectivas.
835
Lei nº 42/VII/2009 de 27 de Julho
Artigo 14º
Gestão da função pública
1. No exercício da função pública, o Governo pratica todos os actos administrativos
respeitantes aos funcionários da Administração Directa do Estado, sem prejuízo da compe-
tência conferida por lei aos demais Órgãos de Soberania.
2. Compete aos titulares dos cargos de direcção superior da Administrações Pública,
independentemente do exercício dos poderes que neles forem delegados, gerir os recursos
humanos da função pública nos termos estabelecidos por lei ou acto normativo do Governo
e, nomeadamente, praticar:
a) Actos que constituem mera disciplina do exercício de direitos conferidos le-
galmente;
b) Actos que postulam o contacto directo com o funcionário;
c) Actos que, ainda, surgem como mera consequência de outros actos jurídicos
cuja competência própria pertence ao Governo.
Artigo 15º
Coordenação das administrações
Em ordem a garantir o exercício harmónico de suas atribuições em matéria de função pú-
blica, o Estado e as Autarquias Locais devem actuar de acordo com os seguintes princípios:
a) Respeito pelo exercício de respectivas atribuições;
b) Coordenação;
c) Cooperação, assistência e reciprocidade;
d) Intercâmbio de informação.
Artigo 16º
Comissões paritárias consultivas
Devem ser instituídas Comissões Paritárias, de natureza consultiva, para a gestão de
assuntos que digam respeito, nomeadamente, ao acesso, mobilidade e à disciplina dos fun-
cionários, em ordem à efectiva promoção da participação destes nas tomadas de decisão
sobre assuntos que respeitem ao seu vínculo na relação de emprego público.
CAPÍTULO V
Responsabilidades e garantias
Artigo 17º
Princípios gerais de amovibilidade e responsabilidade
1. Os funcionários são, em regra, livremente amovíveis, em função do interesse públi-
co, nos termos da lei.
836
Lei nº 42/VII/2009 de 27 de Julho
837
Lei nº 42/VII/2009 de 27 de Julho
sejam imputáveis e que hajam praticado com infracção dos deveres gerais ou especiais
estabelecidos nas leis e disposições aplicáveis.
2. O funcionário condenado por facto criminal, sem relação com as respectivas fun-
ções públicas que exerce, não deve ser igualmente passível de sanções disciplinares por
esse mesmo facto, a menos que tal ponha em causa a sua idoneidade para o exercício das
respectivas funções, enquanto funcionário.
3. O poder disciplinar deve ser exercido de acordo com os seguintes princípios:
a) Princípio de legalidade e tipicidade das sanções, através da pré-determinação
normativa;
b) Princípio de atipicidade das faltas;
c) Princípio de irretroactividade das disposições sancionadoras não favoráveis e
de retroactividade das favoráveis ao presumível infractor;
d) Princípio de proporcionalidade, aplicável tanto à classificação das infracções
e sanções como à sua aplicação;
e) Princípio de culpabilidade;
f) Princípio de presunção da inocência.
2. O processo disciplinar estrutura-se atendendo aos princípios de eficácia, celeridade
e economia processual, com pleno respeito aos direitos e garantias de defesa do presumível
responsável, bem como pelo princípio de separação entre a fase instrutora e a fase sancio-
nadora, a cargo de órgãos distintos.
3. As penas são sempre aplicadas precedendo apuramento dos factos em processo dis-
ciplinar, salvo nos casos de aplicação de penas leves, neste caso preservado o princípio do
contraditório.
4. O alcance de cada pena estabelece-se tendo em conta o grau de intencionalidade,
a negligência que se revele na conduta, o dano ao interesse público, a reincidência, assim
como o grau de participação.
5. O regime de infracções disciplinares, as penas e os seus efeitos, a competência
disciplinar, a prescrição das faltas e sanções e os processos disciplinares, de inquérito, de
sindicância e de meras averiguações são estabelecidas na lei.
CAPÍTULO VI
Princípios sobre negociação colectiva
e a participação
Artigo 20º
Direitos de negociação colectiva e de participação
1. São reconhecidos aos funcionários os direitos de negociação colectiva e de partici-
pação, através das suas associações sindicais, na fixação ou alteração do seu estatuto, bem
como no acompanhamento da sua execução.
838
Lei nº 42/VII/2009 de 27 de Julho
839
Lei nº 42/VII/2009 de 27 de Julho
840
Lei nº 42/VII/2009 de 27 de Julho
3. Quando previsto em lei especial, nos termos nela estabelecidos, a não reunião super-
veniente de qualquer dos requisitos previstos nos números anteriores faz cessar a relação
jurídica de emprego na Função Pública.
Artigo 27º
Exercício de funções públicas por cidadãos estrangeiros e apátridas
1. As funções públicas de carácter predominantemente técnico podem ser exercidas
por cidadãos estrangeiros e apátridas, nas condições definidas na lei.
2. Para efeitos do disposto no número anterior, consideram-se funções de carácter
predominantemente técnico aquelas que exigem habilitação profissional ou académica
especializada, desde que não existam, na ocasião do recrutamento para o seu exercício,
nacionais com semelhantes aptidões e não se destinem ao desempenho de funções de au-
toridade.
Artigo 28º
Idade máxima de ingresso e permanência
na função pública
1. Os indivíduos que tenham completado 35 anos de idade não podem ingressar na
função pública para serem providos em lugares correspondentes a categoria inferior ao de
pessoal da carreira técnica ou equiparada, salvo se à data da constituição da relação jurídica
de emprego já desempenhavam outras funções no Estado ou noutras pessoas colectivas de
direito público com direito à aposentação, com idade inferior àquela e desde que a transição
se faça sem interrupção de serviço.
2. Não podem continuar a exercer funções públicas os funcionários que completem 65
anos de idade.
Artigo 29º
Modificação e suspensão da relação jurídica
de emprego público
A relação jurídica de emprego pode, a todo o tempo e sem prejuízo das situações fun-
cionais de origem, ser modificada ou suspensa, nos termos da lei.
Artigo 30º
Extinção da relação jurídica de emprego público
A relação jurídica de emprego público dos funcionários cessa nos termos da lei.
Artigo 31º
Conservação de direitos à contagem de tempo de serviço
A cessação definitiva de funções, mesmo que imposta com fundamento em infracção
disciplinar, não determina a perda de direitos à contagem do tempo de serviço anterior para
efeitos de aposentação.
841
Lei nº 42/VII/2009 de 27 de Julho
CAPÍTULO VIII
Situações administrativas decorrentes
da relação de emprego na função pública
Artigo 32º
Situações administrativas
1. Os funcionários podem encontrar-se, relativamente à função pública que exercem,
nas seguintes situações:
a) Actividade no quadro;
b) Actividade fora do quadro;
c) Inactividade no quadro;
d) Inactividade fora do quadro;
e) Disponibilidade;
f) Pré-aposentação;
g) Aposentação.
2. O funcionário na situação de disponibilidade transita para o quadro de supranumerá-
rio, a criar no departamento governamental responsável pela Administração Pública.
3. O funcionário afecto ao quadro supranumerário pode ter um dos seguintes destinos:
a) Passagem à actividade;
b) Reconversão ou reclassificação;
c) Opção por medidas excepcionais de descongestionamento da função pública:
i) Aposentação voluntária;
ii) Pré-aposentação;
iii) Desvinculação da função pública mediante indemnização;
iv) Desvinculação da função pública mediante integração em programa de
qualificação profissional para o desenvolvimento do sector público;
v) Licença especial.
CAPÍTULO IX
Contrato de prestação de serviço
Artigo 33º
Prestação de serviço
1. Podem ser celebrados contratos de prestação de serviço, sujeitos ao regime previsto
no Código Civil para o exercício de actividades da competência de órgãos e serviços da
Administração.
842
Lei nº 42/VII/2009 de 27 de Julho
843
Lei nº 42/VII/2009 de 27 de Julho
844
Lei nº 42/VII/2009 de 27 de Julho
Artigo 36º
Direitos individuais exercidos colectivamente
1. Os funcionários têm os seguintes direitos individuais exercidos colectivamente:
a) A liberdade sindical;
b) A actividade sindical;
c) A negociação colectiva e à participação na fixação ou alteração do seu es-
tatuto;
d) De reunião e manifestação;
e) Ao exercício do direito à greve, com a garantia de manutenção dos serviços
mínimos à comunidade;
f) Participação na composição dos órgãos de direcção das instituições de seg-
urança social e da acção social complementar;
g) Aos demais, expressamente reconhecidos pela lei.
2. É reconhecida às associações sindicais dos funcionários, legitimidade processual
para defesa dos direitos e interesses colectivos e para a defesa colectiva dos direitos e inte-
resses individuais legalmente protegidos dos funcionários que representem;
3. A defesa colectiva dos direitos e interesses individuais legalmente protegidos pre-
vista no número anterior não pode implicar limitação da autonomia individual dos funcio-
nários.
Artigo 37º
Princípios de actuação
Sem prejuízo do disposto em outras leis, os funcionários actuam de acordo com os
seguintes princípios:
a) Legalidade, consubstanciada na adequação da sua conduta para o respeito à
Constituição e pelas leis, agindo no cumprimento dos procedimentos admin-
istrativos no estrito respeito às disposições legais e regulamentares;
b) Probidade, consistente na actuação com rectidão, honradez e honestidade,
procurando satisfazer o interesse geral e prescindindo-se de todo o ilegítimo
proveito ou vantagem pessoal, obtido por si ou por interposta pessoa;
c) Eficiência, consistente em imprimir qualidade em cada uma das funções a seu
cargo, procurando obter uma capacitação sólida e permanente;
d) Idoneidade, consistente na aptidão técnica, legal e moral para o exercício da
função pública, e na permanente capacitação para o adequado cumprimento
de suas funções;
845
Lei nº 42/VII/2009 de 27 de Julho
846
Lei nº 42/VII/2009 de 27 de Julho
destinem a ser do domínio público, sem prejuízo das normas que regulam a
administração aberta e a guardar segredo profissional nos termos estabeleci-
dos na lei;
f) Da justiça, consistente em não adoptar represálias de qualquer tipo, nem ex-
ercer coacção alguma contra os outros funcionários ou contra os utentes da
Administração e os cidadãos em geral, no exercício das suas funções;
g) Do uso adequado de bens públicos, consistente em proteger e conservar os
bens do Estado, devendo utilizar de maneira racional os que lhe forem confia-
dos para o desempenho das suas funções, evitando o seu abuso, esbanjamento
ou desperdício, não empregar ou permitir que outros empreguem tais bens
para fins particulares ou outros que não sejam aqueles para os quais tiverem
sido especificamente destinados;
h) Dever de responsabilidade, consistente em desenvolver suas funções de forma
rigorosa e integral, assumindo com pleno respeito a sua função pública;
i) Dever de assiduidade, consistente em comparecer regular e continuamente ao
serviço;
j) Dever de pontualidade, consistente em comparecer ao serviço dentro das ho-
ras que lhes forem designadas;
k) Dever de facilitação da comunicação, consistente em atender o utente na lín-
gua oficial ou na língua materna, conforme lhe for solicitado;
l) Dever de urbanidade, consistente em tratar com respeito quer os utentes dos
serviços públicos, quer os próprios colegas e, quer ainda, os superiores hierár-
quicos e subordinados;
m) Dever de zelo, consistente em conhecer as normas legais e regulamentares e as
instruções dos seus superiores hierárquicos, bem como possuir e aperfeiçoar
os seus conhecimentos técnicos e métodos de trabalho de modo a exercer as
suas funções com eficiência e correcção.
2. O dever de obediência cessa sempre que o cumprimento das ordens ou instruções
implique a prática de qualquer crime ou contra-ordenação.
3. O dever de discrição cessa quando estiver em causa a defesa dos funcionários e em
processo disciplinar ou judicial e em matéria relacionada com o próprio processo.
4. Em situações extraordinárias ou excepcionais, os funcionários podem realizar tare-
fas que, por sua natureza ou modalidades, não sejam as estritamente inerentes ao seu cargo,
sempre que elas forem necessárias para mitigar, neutralizar ou superar as dificuldades que
se enfrentem no serviço.
5. Os funcionários têm domicílio na localidade que for fixada para exercerem per-
manentemente as funções dos seus cargos, podendo, contudo, os superiores hierárquicos
847
Lei nº 42/VII/2009 de 27 de Julho
autorizar que residam noutro lugar, quando a facilidade de comunicações permita a rápida
deslocação entre a residência e a sede dos serviços.
Artigo 39º
Proibições éticas
1. Os funcionários estão proibidos de:
a) Manter interesses em conflito, consistente em manter relações ou aceitar sit-
uações em cujo contexto os seus interesses pessoais, laborais, económicos
ou financeiros possam entrar em conflito com o cumprimento dos deveres e
funções a seu cargo;
b) Obter vantagens indevidas, consistente em obter ou procurar benefícios, para
si ou para outrem, mediante o uso de seu cargo, autoridade, influência ou
aparência de influência;
c) Realizar actividades de proselitismo político, consistente em realizar activi-
dades políticas através da utilização de suas funções ou por intermédio da
utilização de infraestruturas, bens, ou recursos públicos, a favor ou contra
partidos, organizações políticas ou candidatos;
d) Fazer mau uso de informação privilegiada, consistente em participar em
transacções e operações financeiras, utilizando informação privilegiada da
entidade a cujo serviço se encontram ou que poderiam ter acesso por causa do
ou no exercício das suas funções, bem como permitir o uso impróprio de tal
informação para beneficiar algum interessado;
e) Pressionar, ameaçar e ou assediar, consistente em exercer pressões, fazer ameaças
ou assédio sexual contra outros funcionários ou subordinados, que possam afectar
a dignidade da pessoa ou induzir à realização de acções dolosas.
2. Aos funcionários é, ainda, proibido referirem-se de modo depreciativo, em informa-
ção, parecer e despacho, às autoridades e actos da Administração Pública, ou censurá-los
perante os órgãos de comunicação social, sem prejuízo, porém, do direito de criticá-los do
ponto de vista doutrinário ou da organização do serviço em trabalho assinado.
CAPÍTULO XI
Princípios gerais sobre gestão
SECÇÃO I
Disposições gerais
Artigo 40º
Política de emprego
1. As políticas de emprego devem ser formuladas e prosseguidas global e sectorial-
mente.
848
Lei nº 42/VII/2009 de 27 de Julho
849
Lei nº 42/VII/2009 de 27 de Julho
850
Lei nº 42/VII/2009 de 27 de Julho
851
Lei nº 42/VII/2009 de 27 de Julho
2. O quadro de pessoal não pode conter categorias ou carreiras não previstas na lei
geral ou na legislação específica do próprio serviço ou organismo.
SECÇÃO IV
Ingresso e acesso
Artigo 49º
Obrigatoriedade de concurso para ingresso e acesso
1. É obrigatório o concurso para ingresso e acesso na função pública.
2. O ingresso na função pública pode ser condicionado à frequência com aproveita-
mento de estágio probatório, em termos a regulamentar, devendo nestes casos o concurso
preceder o estágio.
Artigo 50º
Ingresso de funcionários nacionais
de Organismos Internacionais
Pode ser permitido o ingresso ou o acesso directo na função pública de funcionários
provenientes de Organismos Internacionais, de nacionalidade Cabo-verdiana, de reconhe-
cida idoneidade, experiência, habilitações académicas e capacidades profissionais, com
isenção da realização de processo selectivo exigível para o desempenho do cargo.
Artigo 51º
Recrutamento excepcional
Excepcionalmente, em casos devidamente fundamentados, podem ser recrutados, me-
diante concurso externo, directamente, para o ingresso em lugares de acesso vagos, indi-
víduos que possuam qualificação e experiência profissionais superiores à que em regra é
exigida para a sua ocupação por funcionários da carreira respectiva.
Artigo 52º
Concurso de pessoal em regime de carreira
1. O concurso de pessoal em regime de carreira obedece aos princípios de liberdade de
candidatura, de igualdade de condições e de oportunidade para todos os candidatos.
2. Para respeito dos princípios referidos no número anterior são garantidos:
a) A simplicidade e celeridade de procedimento;
b) A publicidade do aviso de abertura de concurso;
c) A adequação entre o conteúdo do concurso e as funções ou as tarefas a desen-
volver;
d) A divulgação atempada dos métodos de selecção a utilizar, do programa das
provas de conhecimento e do sistema de classificação final;
e) Transparência;
852
Lei nº 42/VII/2009 de 27 de Julho
853
Lei nº 42/VII/2009 de 27 de Julho
Artigo 56º
Reclassificação e reconversão
1. Podem dar lugar à reclassificação ou reconversão profissionais, uma das seguintes
situações:
a) A alteração das atribuições e competências dos organismos e serviços da Ad-
ministração Pública;
b) A alteração de funções ou a extinção de postos de trabalho, originadas, desig-
nadamente, pela introdução de novas tecnologias e métodos ou processos de
trabalho;
c) A desadaptação ou a inaptidão profissional para o exercício das funções iner-
entes à carreira e categoria que detém;
d) A aquisição de novas habilitações académicas e ou profissionais, desde que
relevantes para as áreas de especialidade enquadráveis nas atribuições e com-
petências dos organismos e serviços da Administração Pública;
e) O desajustamento funcional, caracterizado pela não coincidência entre o con-
teúdo funcional da carreira de que o funcionário é titular e as funções efecti-
vamente exercidas;
f) Incapacidades permanentes para o exercício das funções, decorrentes de
doença ou acidente mas que o não inabilite para o desempenho de outras
funções;
g) Outras situações legalmente previstas.
2. A reclassificação e a reconversão dependem da existência de vagas e disponibilidade
orçamental.
SECÇÃO V
Formação e estágio profissionais
Artigo 57º
Formação profissional
1. A formação profissional na Administração Pública desenvolve-se num quadro inte-
grado de gestão e de racionalização dos meios formativos existentes.
2. A Administração Pública fomenta e apoia iniciativas e desenvolve programas de
formação profissional com carácter sistemático, articulando as prioridades de desenvolvi-
mento dos serviços com os planos individuais de carreira.
3. A formação profissional da função pública pode enquadrar iniciativas com universi-
dades, institutos superiores de formação, politécnicos, agentes sociais, associações públi-
cas e sindicais, de forma a promover o diálogo social e optimizar os meios e os recursos
afectos.
854
Lei nº 42/VII/2009 de 27 de Julho
855
Lei nº 42/VII/2009 de 27 de Julho
856
Lei nº 42/VII/2009 de 27 de Julho
857
Lei nº 42/VII/2009 de 27 de Julho
858
Lei nº 42/VII/2009 de 27 de Julho
859
Lei nº 42/VII/2009 de 27 de Julho
Artigo 72º
Faltas
1. Em cada ano civil os funcionários têm direito a faltar ao serviço por motivos justi-
ficados constantes da lei.
2. As faltas contam-se, em regra, por dias inteiros nos termos estabelecidos por diplo-
ma a regulamentar.
Artigo 73º
Licenças
1. Os funcionários consideram-se na situação de licença, quando, mediante autoriza-
ção, deixem de exercer, regularmente, as suas funções, de acordo com os pressupostos,
requisitos, efeitos e duração estabelecidos na lei.
2. No âmbito do incentivo à formação profissional e à superação de conhecimentos
académicos dos funcionários, a lei deve prever licenças para estudo de curta e média dura-
ção, tanto no País como no estrangeiro.
CAPÍTULO XVI
Princípios de segurança social
SECÇÂO I
Disposições gerais
Artigo 74º
Princípio geral
1. Em todas as situações decorrentes das relações de emprego público, os funcionários
e respectivas famílias têm efectivo direito à segurança social, nos termos da lei.
2. A segurança social é de carácter contributivo e visa a protecção de situações decor-
rentes de doença, invalidez, velhice, orfandade, viuvez e de outras vicissitudes da vida dos
funcionários ou dos seus familiares, nos termos da lei.
3. O regime de aposentação dos funcionários, tendo em conta o tempo de serviço pres-
tado e o limite de idade para o exercício das funções públicas, é estabelecido por Decreto-
lei de desenvolvimento.
SECCÃO II
Aposentação antecipada
Artigo 75º
Aposentação antecipada requerida pelo funcionário
Os funcionários integrados em carreiras ou categorias que vierem a constar anualmen-
te de Decreto-lei de execução do Orçamento do Estado que contem, pelo menos, 34 anos
de serviço podem, independentemente da idade ou de submissão à competente Comissão
de Verificação de Incapacidade, requerer a aposentação antecipada.
860
Lei nº 42/VII/2009 de 27 de Julho
Artigo 76º
Aposentação antecipada no interesse da Administração
1. A Administração Pública, por despacho do Primeiro Ministro, precedendo proposta
fundamentada dos membros de Governo responsáveis pelas áreas das finanças e da admi-
nistração pública e audição do membro de Governo de que depende o interessado, pode,
por sua iniciativa e mediante acordo, aposentar funcionários integrados em carreiras ou
categorias que vierem a constar anualmente de Decreto-lei de execução do Orçamento do
Estado.
2. Na aposentação antecipada, pode ser concedida aos funcionários referidos no núme-
ro anterior uma bonificação da respectiva pensão.
Artigo 77.º
Extinção de lugares
Os lugares vagos deixados pelos funcionários beneficiários de aposentação antecipada
consideram-se extintos.
Artigo 78.º
Outros condicionalismos da aposentação antecipada
Os demais requisitos e condições para o benefício da aposentação antecipada referida
nos artigos 75.º e 76.º são estabelecidos por Decreto-lei de desenvolvimento.
Artigo 79.º
Aposentação antecipada de quadro supranumerário
Os funcionários afectos ao quadro supranumerário e integrados em carreiras ou cate-
gorias constantes anualmente de Decreto-lei de execução do Orçamento do Estado, com
o número de anos de serviço que vier a ser estabelecido em diploma de desenvolvimento,
podem requerer aposentação, independentemente da idade e da submissão à Comissão de
Verificação de Incapacidade, tendo direito a uma bonificação a determinar no mesmo diplo-
ma de desenvolvimento, sem prejuízo, porém, do limite máximo da mesma corresponder a
34 anos de serviço e da aplicação do regime da pensão unificada.
Artigo 80º
Pré-aposentação
1. Os funcionários afectos ao quadro supranumerário, bem como os funcionários in-
tegrados em carreiras que vierem a constar anualmente de Decreto-lei de execução do
Orçamento do Estado que contem um mínimo de idade e de tempo de serviço que vier a ser
determinado em diploma de desenvolvimento, podem requerer a pré-aposentação.
2. A situação de pré-aposentação, nos termos do número anterior, traduz-se na sus-
pensão do respectivo vínculo à função pública, com direito a uma pensão de aposentação
proporcional, imediata, e à pensão de aposentação por inteiro, após completar o limite de
idade para o exercício da função pública.
861
Lei nº 42/VII/2009 de 27 de Julho
862
Lei nº 42/VII/2009 de 27 de Julho
Artigo 83º
Herdeiros hábeis
São herdeiros hábeis dos subscritores:
a) Os cônjuges e os conviventes de uniões de facto reconhecíveis, sobrevivos;
b) Os filhos menores, incluindo os nascituros e os adoptados;
c) Os netos menores que se encontrarem sob a exclusiva dependência económica
do subscritor à data da morte deste;
d) Os pais e os avós que se encontrarem sob a exclusiva dependência económica
do subscritor à data da morte deste.
SECÇÃO V
Assistência médica, hospitalar e medicamentosa,
compensação dos encargos familiares
e outras prestações complementares
Artigo 84º
Regime dos benefícios
1. Os funcionários e os aposentados, bem como os respectivos familiares, têm direito
à assistência médica, hospitalar e medicamentosa, à compensação dos encargos familiares
e a outras prestações complementares previstas na lei.
2. Os direitos referidos no número anterior coincidem em cada momento com os da
mesma natureza que vigora para os trabalhadores por conta de outrem.
CAPÍTULO XVII
Princípios sobre o regime de acção social
complementar
Artigo 85º
Finalidade
1. A acção social complementar integra o conjunto de prestações complementares de
protecção social dos funcionários que se destinem à prevenção, redução ou resolução de
problemas decorrentes da sua situação laboral, pessoal ou familiar que não sejam atendí-
veis através dos regimes gerais de protecção social.
2. A acção social complementar obedece aos seguintes princípios:
a) Adequação, que se concretiza em respostas oportunas e eficazes, de forma
personalizada, às carências detectadas, de acordo com as disponibilidades fi-
nanceiras;
b) Não cumulação, que assegure não serem as prestações da acção social com-
plementar cumulável com outras de idêntica natureza e finalidade, desde que
plenamente garantidas pelos regimes de protecção social;
863
Lei nº 42/VII/2009 de 27 de Julho
864
Lei nº 42/VII/2009 de 27 de Julho
Artigo 91º
Missão e carta de missão
1. É missão do pessoal dirigente garantir a prossecução das atribuições cometidas ao
respectivo serviço, assegurando o seu bom desempenho através da optimização dos re-
cursos humanos, financeiros e materiais e promovendo a satisfação dos destinatários da
sua actividade, de acordo com a lei, as orientações contidas no Programa do Governo e as
determinações recebidas do respectivo membro do Governo.
2. No momento de provimento, o membro do Governo competente e o pessoal de
direcção superior assinam uma carta de missão que constitui um compromisso de gestão
onde, de forma explícita, são definidos os objectivos devidamente quantificados e calen-
darizados, a atingir no decurso de exercício de funções, bem como a previsão, nos termos
a definir em Decreto-lei, de atribuição de prémios de gestão para o serviço ou organismo e
para o titular do cargo, em função do progressivo cumprimento dos objectivos definidos.
3. A não realização dos objectivos constantes da carta de missão determina a não reno-
vação da comissão de serviço ou a respectiva cessação antecipada, nos termos da lei.
4. O pessoal dirigente fica sujeito à avaliação de desempenho segundo os critérios de
eficácia e eficiência, responsabilidade por sua gestão e controlo de resultados em relação
aos objectivos constantes da carta de missão.
Artigo 92º
Princípios de gestão
1. Os titulares dos cargos dirigentes devem promover uma gestão orientada para re-
sultados, de acordo com os objectivos anuais a atingir, definindo os recursos a utilizar e
os programas a desenvolver, aplicando de forma sistemática mecanismos de controlo e
avaliação dos resultados.
2. A actuação dos titulares de cargos dirigentes deve ser orientada por critérios de
qualidade, eficácia e eficiência, simplificação de procedimentos, cooperação, comunicação
eficaz e aproximação ao cidadão.
3. Na sua actuação, o pessoal dirigente deve liderar, motivar e empenhar os seus fun-
cionários para o esforço conjunto de melhorar e assegurar o bom desempenho e imagem
do serviço.
4. Os titulares dos cargos dirigentes devem adoptar uma política de formação que
contribua para a valorização profissional dos funcionários e para o reforço da eficiência no
exercício das competências dos serviços no quadro das suas atribuições.
Artigo 93º
Recrutamento para os cargos de direcção
1. Os titulares dos cargos de direcção superior são recrutados, por escolha, de entre
indivíduos habilitados com curso superior, vinculados ou não à Administração Pública, que
865
Lei nº 42/VII/2009 de 27 de Julho
866
Lei nº 42/VII/2009 de 27 de Julho
habilitados com curso superior que confira ou não licenciatura, vinculados ou não à Ad-
ministração Pública, que possuam competência técnica, aptidão, experiência profissional e
formação adequadas ao exercício das respectivas funções.
Artigo 98º
Indemnização
O pessoal do quadro especial cuja comissão de serviço ou contrato cesse por iniciativa
da Administração Pública ou por cessação de mandato ou funções do titular de cargo polí-
tico de que depende tem direito a uma indemnização.
CAPÍTULO XXI
Disposições finais e transitórias
Artigo 99°
Funcionário em exercício de cargo electivo ou no Governo
É garantido ao funcionário em exercício de mandato electivo por sufrágio directo, se-
creto e universal ou de cargos no Governo o direito de, por iniciativa própria ou dos servi-
ços, evoluir na carreira no seu quadro de origem, durante o exercício de mandato em cargo
electivo ou de funções no Governo, independentemente de abertura de concurso, desde que
exista vaga e, bem assim, regressar ao quadro de origem, terminado ou cessado o mandato
ou o exercício de funções governamentais.
Artigo 100º
Salvaguarda de direitos e de regimes especiais
1. As medidas que, em execução da presente Lei, vierem a ser tomadas em matéria
da relação jurídica de emprego público não prejudicam a situação que os funcionários ou
agentes já detêm, sem prejuízo do disposto nos artigos 101º e 102º.
2. Em caso algum pode resultar da introdução do novo sistema retributivo redução
da remuneração que o funcionário ou agentes já aufere ou diminuição das expectativas de
evolução decorrentes da carreira em que se insere.
3. As disposições da presente Lei sobre relação jurídica de emprego não prejudicam
regimes que prevejam a eleição como forma de provimento.
Artigo 101º
Conversão das actuais nomeações e contratos
administrativos de provimento
1. Os funcionários em regime de nomeação que não possuam habilitações académicas
e profissionais adequadas para transitarem para o novo regime de carreira, previsto no pre-
sente diploma, devem ser submetidos a um programa especial de formação a ser criado pelo
Governo, mantendo-se, entretanto, o seu actual estatuto de cargos, carreiras e salários.
2. Os funcionários que vierem a ser declarados inaptos, na formação a que se refere o
número anterior, passam à situação de supranumerários prevista no presente diploma.
867
Lei nº 42/VII/2009 de 27 de Julho
868
Lei nº 102/IV/93, de 31 de Dezembro
130 O contrato administrativo de provimento foi revogado pelo nº 1 do art. 25º, arts. 101º e 104º da Lei nº 42/VII/2009 de
27 de Julho.
869
Lei nº 102/IV/93, de 31 de Dezembro
SECÇÂO II
Condições gerais para a constituição da relação jurídica de emprego.
Artigo 4º
( Condições Gerais )
Pode adquirir a qualidade de funcionário ou agente administrativo, o cidadão nacional
ou estrangeiro e apátrida, nos termos a que se refere o artigo 23º da Constituição da Repú-
blica, que reuna as seguintes condições:
a) Maioridade;
b) Habilitações literárias ou qualificações profissionais legalmente exigidas para
desempenho do cargo;
c) Idoneidade civil;
d) Capacidade profissional;
e) Aptidão física:
2. As habilitações referidas na alínea b) do nº 1 do presente artigo são exigidas ainda
que os agentes sejam remunerados por verbas globais.
Artigo 5º
(Ingresso na Administração Pública)
1. Os indivíduos que tenham completado 35 anos de idade não podem ser providos
em lugares de acesso de categoria inferior ao de pessoal da carreira técnica ou equiparado,
salvo se a data de constituição da relação jurídica de emprego já desempenhavam outras
funções no Estado ou nos municípios, com direito a aposentação, com idade inferior aquela
e desde que a transição se faça sem interrupção de serviço.
2. Para efeitos do numero anterior considera-se lugar de acesso todo aquele que, fazen-
do parte de uma hierarquia, dá ao seu titular a possibilidade de promoção ou progressão.
Artigo 6º
(Idoneidade civil)
A idoneidade civil prova-se por certificado do registo criminal que mostre não ter o
indivíduo sido condenado pelos crimes de furto, roubo, burla, abuso de confiança, provo-
cação público ao crime, peculato, suborno, corrupção, inconfidência, incitamento a indisci-
plina, bem como outros crimes considerados desonrosos.
Artigo 7º
( Capacidade profissional)
Não têm capacidade profissional, os funcionários na situação de licença de longa du-
ração, os aposentados ou reformados e os demitidos durante os cinco anos a contra da data
da publicação da pena.
870
Lei nº 102/IV/93, de 31 de Dezembro
Artigo 8º
(Aptidão física)
A aptidão física prova-se por atestado passado por autoridade sanitária local, em que se
declare que o indivíduo interessado tem robustez necessária para o desempenho do cargo.
Artigo 9º
(Sanção pela preterição das condições gerais)
A constituição da relação jurídica de emprego efectuada com preterição das condições
legais considera-se nula.
SECÇÃO III
Nomeação
SUB-SECÇÃO I
Artigo 10º
( Noção)
1. A nomeação é um acto unilateral da Administração pelo qual se preenche um lugar
do quadro e se visa assegurar, de modo profissionalizado, o exercício de funções próprias
do serviço público que revistam carácter de permanência.
2. Para efeitos de número anterior, considera-se funções próprias do serviço público
aquelas cujo exercício corresponda a necessidades permanentes e próprias dos serviços e
que exija a qualificação técnica, técnico-profissional ou formação especifica
3. É obrigatória a nomeação dos candidatos aprovados em concurso para as quais
existam vagas que tenham sido postas á concurso, salvo ocorrência de factos impeditivos
supervenientes.
Artigo 11º
( Efeitos)
A nomeação produz efeitos com a tomada de posse do nomeado e confere ao interes-
sado a qualidade de funcionário.
Artigo 12º
( Modalidade)
1. A constituição da relação judicial de emprego por nomeação reveste as modalidades de:
a) Nomeação por tempo indeterminado, adiante designada por nomeação;
b) Nomeação em comissão de serviço.
Artigo 13º
( Nomeação)
1.A nomeação é provisória durante o período probatório e, no seu termo, converte-se
automaticamente em definitiva, independentemente de quaisquer formalidades.
871
Lei nº 102/IV/93, de 31 de Dezembro
872
Lei nº 102/IV/93, de 31 de Dezembro
873
Lei nº 102/IV/93, de 31 de Dezembro
Artigo 19º
(Recusa ilegítima)
1. A entidade competente para conferir a posse não pode recusar-se a fazê-lo, sob pena
de incorrer em responsabilidade civil e disciplinar.
2. A recusa de aceitação por parte do nomeado implica a renúncia ao direito de ocupa-
ção do lugar, sem prejuízo dos efeitos previstos em legislação especial.
SECÇÂO IV
Contrato Administrativo de Provimento131
Artigo 20º
( Noção)
(…)
SECÇÂO V
(Contrato de trabalho a termo)
Artigo 24º
(Noção e efeitos)
1. O contrato de trabalho a termo é acordo bilateral pelo qual uma pessoa não integrada
nos quadros assegura, com carácter de subordinação, a satisfação de necessidade transitó-
rias dos serviços de duração determinada.
A relação jurídica do emprego para os cargos com referência igual ou inferior a 5
constitui-se sempre por contrato de trabalho.
a) O contrato de trabalho, pode ainda ser celebrado nos seguintes casos:
b) Substituição temporária de funcionário ou agente;
c) Actividades sazonais;
d) Desenvolvimento de projectos não inseridos nas actividades dos serviços.
e) Aumento excepcional e temporário de actividade do serviço.
4. Para efeitos da alínea b) no número anterior entende-se por actividade sazonal aque-
la que, por ciclo da natureza sé se justifica em determinadas épocas de cada ano.
5. O contrato de trabalho a termo não confere a qualidade de agente administrativo e
rege-se pela lei geral sobre contratos individuais de trabalho.
Artigo 25º
(Recrutamento de candidatos)
A oferta de emprego deve ser comunicado aos Centros de Emprego e publicitada por
meio adequado, designadamente em jornal de expansão nacional, incluindo obrigatoria-
131 O contrato administrativo de provimento foi revogado pelo nº 1 do art. 25º, arts. 101º e 104º da Lei nº 42/VII/2009 de
27 de Julho..
874
Lei nº 102/IV/93, de 31 de Dezembro
mente, para além de outros aspectos considerados relevantes, a referência ao tipo de con-
trato a celebrar, o serviço a que se destina, a função a desempenhar, o prazo de duração e a
proposta de remuneração a atribuir.
Artigo 26º
(Limite à celebração)
A celebração de contratos de trabalho é obrigatoriamente comunicada aos departamen-
tos responsáveis pela Administração Pública e pelas Finanças, sob pena de ineficácia.
CAPÌTULO III
Modificação da relação jurídica de emprego
Artigo 27º
(Modificação da relação)
1.A relação jurídica de emprego pode, a todo o tempo e sem prejuízo das situações
funcionais de origem, ser modificada através de:
a) Nomeação em substituição;
b) Nomeação em comissão de serviço;
c) Requisição, destacamento, transferência ou permuta.
2. As formas de modificação da relação jurídica de emprego público são reguladas por
diploma especial.
CAPÌTULO IV
Extinção da relação de emprego
Artigo 28º
(Causas de extinção aplicáveis aos funcionários)
1. A relação jurídica de emprego dos funcionários cessa por:
a) Aplicação de pena disciplinar expulsiva;
b) Desligação de serviço para efeitos de aposentação;
c) Mútuo acordo entre o interessado e a Administração;
d) Exoneração;
e) Perda das condições gerais prevista nas alíneas c) e d) do artigo 4º.
2. A exoneração denomina-se voluntária quando a vacatura do lugar é determinada
por pedido do funcionário e obrigatório quando resultar de imposição da Administração,
durante o período probatório.
3. A exoneração voluntária está sujeita a um pré-aviso de 30 dias e poderá ser indefe-
rida por virtude de sério inconveniente de serviço, devendo ser concedida logo que cesse a
causa impeditiva ou decorrido o prazo de 60 dias, a contar da data do pré-aviso.
875
Lei nº 102/IV/93, de 31 de Dezembro
876
Lei nº 102/IV/93, de 31 de Dezembro
trato quando no próprio serviço não existam funcionário ou agentes, em número suficiente,
com as qualificações adequadas ao exercício das funções de avença.
Artigo 34º
(Aspecto específicos do contrato de avença)
1. O contrato de avença pode ser feito cessar a todo o tempo, por qualquer das partes,
com aviso prévio de 60 dias e sem obrigação de indemnizar.
2. Os serviços prestados em regime de contrato de avença serão objectos de remune-
ração certa mensal a qual não poderá, em caso algum ultrapassar a remuneração do técnico
superior da referência 15-A.
CAPÍTULO VI
Acumulação de funções
Artigo 35º
(Princípio de exclusividade de funções públicas)
1 Não é permitida a acumulação de funções ou cargos público remunerados, salvo
quando devidamente fundamentada em motivo de interesse público ou no disposto no nú-
mero seguinte.
2. Há lugar a acumulação de funções ou cargos públicos nos seguintes casos:
a) Inerência de funções;
b) Actividade de representação de departamentos governamentais ou de serviço
públicos;
c) Actividades de carácter ocasional e temporário que possam ser consideradas
como complemento do cargo ou função;
d) Actividades docentes ou equiparadas.
3. O disposto no n.º 1 não é aplicável ás remunerações provenientes de:
a) Criação artística e literária, realização de conferência, palestras, acções de
formação de curta duração e outras de idêntica natureza;
b) Participação em comissões ou grupos de trabalho, quando criados por resolução
do Concelho de Ministro ou determinação do Primeiro Ministro;
c) Participação em Conselho Consultivos Comissões de Fiscalização ou outros
órgãos, quando previstos na lei e no exercício de fiscalização ou controlo de
dinheiros públicos.
4. A acumulação prevista nas alíneas b) e c) do n.º 2 é autorizada por despacho do
membro do Governo competente.
5. No caso previsto na alínea d) do n.º 2, a acumulação depende de requerimento do
interessado e só pode ser autorizada se o horário a praticar como docente for compatível
com o que competir ao cargo ou função principal.
877
Lei nº 102/IV/93, de 31 de Dezembro
878
Lei nº 102/IV/93, de 31 de Dezembro
Artigo 39º
(Conversão da nomeação provisória)
O pessoal nomeado provisoriamente há mais de um ano transita automaticamente para
a situação de nomeação definitiva.
Artigo 40º
( Conversão de nomeação interina)
As nomeações interinas em vigor são convertidas em contratos individuais de trabalho
a termo.
Artigo 41º
( Transição do pessoal assalariado)
1. O pessoal que à data de entrada em vigor do presente esteja provido por contrato de
assalariamento permanente transita, independentemente de quaisquer formalidades, para a
situação de contratados em regime de contrato administrativo de provimento.
2. O pessoal que à data de entrada em vigor do presente diploma esteja provido por
contrato de assalariamento eventual transita, independentemente de quaisquer formalida-
des, para a situação de contratado em regime de contrato individual de trabalho a termo.
Artigo 42º
O pessoal provido em regime de contrato administrativo de provimento mantém-se na
mesma situação.
Artigo 43º
(Transição do pessoal em situação irregular)
1. É contratado em regime de contrato administrativo de provimento o pessoal sem
titulo jurídico válido que à data de entrada em vigor do presente diploma conte mais de três
anos de exercício de funções nos serviços e organismos a que se refere o artigo 2º, com
sujeição á disciplina e hierarquia e com horário de trabalho completo.
2. O pessoal que à data de entrada em vigor do presente diploma esteja a prestar servi-
ço nos termos do número anterior e possua menos de três anos de serviço ou não desempe-
nhe funções em regime de tempo completo é contratado em regime de contrato de trabalho
a termo certo.
3. O contrato administrativo de provimento previsto no n.º 1º faz-se na categoria de
ingresso da carreira correspondente ás funções desempenhadas, sem prejuízo das habilita-
ções literárias e profissionais legalmente exigidas.
4. Ao pessoal referido no n.º 1 que não possua as habilitações literárias e profissionais
legalmente exigidas é concedido prazo de três anos, a contar da data de entrada em vigor
do presente diploma, para adquirir essas habilitações.
879
Lei nº 102/IV/93, de 31 de Dezembro
880
Decreto-Lei nº 86/92, de 16 de Julho
881
Decreto-Lei nº 86/92, de 16 de Julho
Artigo 2º
Âmbito
1.O presente diploma aplica-se ao pessoal dos serviços da Administração Pública Cen-
tral e Local, podendo, ainda aplicar-se ao pessoal dos institutos públicos que revistam a
natureza de serviços personalizados do Estado.
2.Excluem-se do âmbito deste diploma os magistrados.
Artigo 3º
Conceito
Para efeito deste diploma, considera-se:
a) Cargo – conjunto de funções e responsabilidades cometidas a determinado
funcionário;
b) Promoção – mudança do funcionário de um cargo para o imediatamente supe-
rior daquele que detêm dentro de uma carreira;
c) Progressão – mudança do funcionário de um escalão para o imediatamente
superior dentro da mesma referência;
d) Referência – constitui agrupamento de cargos submetidos a um mesmo
salário.
e) Escalão - representa cada uma das posições remuneratório criadas no âmbito
de cada referência;
f) Tabela Salarial – conjunto dos valores salariais das referências e respectivos
escalões;
g) Concurso interno condicionado – é o concurso aberto os funcionários do or-
ganismo promotor do concurso;
h) Concurso interno – é o concurso aberto aos funcionários e agentes da Admin-
istração Pública;
i) Concurso externo - é o concurso aberto a todos os cidadãos, estejam ou não
vinculados aos serviços ou organismo da Administração Pública;
j) Qualificação profissional – é conjunto de requisitos exigíveis para o ingresso
de desenvolvimento na carreira;
k) Quadro especial – elenco de lugares distribuídos por cargos de assessoria pes-
soal ou apoio pessoal e directo a titular de cargos políticos;
CAPITULO II
Dos princípios gereis
Artigo 4º
Carreira e emprego
1.Os cargos públicos podem ser assegurados em regime de carreira ou em regime de
emprego.
882
Decreto-Lei nº 86/92, de 16 de Julho
883
Decreto-Lei nº 86/92, de 16 de Julho
Artigo 9º
Estruturação de carreiras
A organização e o desenvolvimento dos cargos que integram as carreiras da função
pública far-se-ão de acordo com os princípios e regras definidos no presente diploma. Só
podendo essa estruturação seguir uma ordenação própria quando, atenta a natureza e espe-
cificidade de funções, confirmadas pela análise de conteúdos funcionais, se conclua pela
necessidade de um regime especial.
Artigo 10º
Análise de funções
1.A criação de carreiras não previstas no presente plano, bem como a reestruturação
das já existentes deverão ser acompanhadas pelas descrições, nos correspondentes diplo-
mas do respectivo conteúdo funcional feita através da enumeração das tarefas e responsa-
bilidades que lhes são cometidas e dos requisitos exigível para o seu exercício.
2.A discrição de funções não pode, em caso algum prejudicar a atribuição aos funcio-
nários de tarefas complexidade e responsabilidade equiparáveis, não expressamente men-
cionadas.
Artigo 11º
Tipos de quadros
Os efectivos de pessoal da função pública podem ser organizados em:
a) Quadros comuns, quando as funções exijam, na generalidade, a mesma formação
e ou especialização, qualquer que seja o departamento governamental;
b) Quadro privativo, quando haja exigência de especialização que apenas inter-
esse a um determinado departamento governamental.
Artigo 12º
Intercomunicabilidade
Qualquer funcionário que possua qualificação profissional legalmente exigida pode
ser opositor a concurso para lugar de acesso da carreira diversa em eu se encontra provido,
desde que:
a) Ao cargo a que se candidata corresponda, na estrutura dessa carreira, referên-
cia igual ou imediatamente superior a que se encontra provido;
b) Se trata de carreira inserida na mesma área funcional.
Artigo 13º
Enriquecimento funcional
As funções que exigem aptidões idênticas ou semelhantes deverão ser agregadas, aglu-
tinando-as numa única denominação, com vista à permanente actualização da estrutura
884
Decreto-Lei nº 86/92, de 16 de Julho
885
Decreto-Lei nº 86/92, de 16 de Julho
3.No caso de não haver funcionários ou agentes para prover todas as vagas por concur-
so interno condicionado serão revertidas para provimento mediante concurso externo.
Artigo 18º
Remuneração
Aos cargos do pessoal do quadro comum corresponderá a mesma remuneração qual-
quer que seja o departamento governamental em que se encontra provido.
CAPITULO III
Do desenvolvimento profissional
Artigo 19º
Instrumentos
A evolução e o desenvolvimento profissional dos funcionários e agentes da Adminis-
tração Pública efectuam-se através da:
a) Promoção;
b) Progressão.
Artigo 20º
Promoção
1.A promoção depende da verificação cumulativa dos seguintes requisitos:
a) Existência de vagas;
b) Tempo mínimo de serviço efectivo e ininterrupto no cargo imediatamente in-
ferior, de acordo com regime legalmente estabelecido;
c) Avaliação de desempenho, nos termos a regulamentar;
d) Aprovação em concurso;
Formação, quando a lei o exija.
2.Sempre que a promoção corresponda a ascensão do funcionário para referência não
imediatamente superior a integração na referência de acesso far-se-á no escalão a que cor-
responde índice imediatamente superior ao detido no cargo de origem.
3.Quando a promoção corresponde a ascensão do funcionário para referência imedia-
tamente superior a integração far-se-á no mesmo escalão do cargo anteriormente ocupado.
Artigo 21º
Progressão
1.O acesso aos diferentes escalões da mesma referência nas carreiras horizontais da
função pública efectua-se verificado que sejam os seguintes requisitos:
a) Quatro anos de serviço efectivo e ininterrupto no escalão imediatamente anterior;
b) Avaliação de desempenho de satisfatório, nos termos a regulamentar.
886
Decreto-Lei nº 86/92, de 16 de Julho
2.Para além do disposto na alínea b) do número anterior, o acesso aos diferentes esca-
lões da mesma referência nas carreiras verticais está condicionada a permanência de três
anos de serviço no escalão imediatamente anterior.
3.A contagem de tempo de serviço para efeitos de progressão é suspensa quando o
desempenho for considerado deficiente, nos termos regulamentar.
Artigo 22º
Quotas de Progressão
Anualmente, só poderão evoluir, mediante progressão, até um terço do total dos fun-
cionários de cada escalão da referência correspondente ao cargo, que preencham os requi-
sitos a que se refere o artigo 21º.
Artigo 23º
Formação
1. Com vista a capacitação e à melhoria do desempenho funcional dos funcionários e
agentes a Administração deverá desenvolver acções de formação profissional, bem assim
acções de aperfeiçoamento e reciclagem permanentes.
2. A formação deve adequar-se ao regime de carreira, visando aumentar a eficácia e
eficiência dos serviços, através da articulação das prioridades de desenvolvimento dos ser-
viços com os planos individuais de carreira.
3. Ao funcionário que obtenha uma formação complementar especializada de duração
mínima de dois anos lectivos, oficialmente reconhecida, é reduzido de um ano o tempo de
serviço para efeito de promoção ou progressão, consoante se trate de cargos integrados em
carreira verticais ou de cargos, exclusivamente estruturados em carreira horizontais.
Artigo 24º
Financiamento da formação
Para a concretização do disposto no número anterior, deve o órgão central de gestão
dos recursos humanos, em colaboração com os respectivos órgãos sectoriais, elaborar pro-
gramas anuais de formação para os quais serão previstos recursos nas dotações orçamentais
do pessoal correspondente a pelo menos 2% do seu total.
CAPITULO IV
Da estrutura dos órgãos
Artigo 25º
Estrutura de cargos
Os cargos efectivos da função pública estruturam-se em:
a) Pessoal do quadro comum;
b) Pessoal do quadro privativo.
887
Decreto-Lei nº 86/92, de 16 de Julho
Artigo 26º
Pessoal do quadro comum
O pessoal do quadro comum agrupa-se em:
a) Pessoal técnico;
b) Pessoal técnico auxiliar;
c) Pessoal administrativo;
d) Pessoal operário;
e) Pessoal auxiliar;
f) Pessoal de prevenção, fiscalização e inspecção.
Artigo 27º
Pessoal do quadro privativo
1.Sem prejuízo da criação de novos cargos estruturados em quadro de pessoal privati-
vo, integram o pessoal do quadro privativo:
a) Pessoal de arte gráficas;
b) Pessoal diplomático
c) Pessoal docente;
d) Pessoal judiciário;
e) Pessoal marítimo e de farolagem;
f) Pessoal dos registos e do notariado;
g) Pessoal técnico-aduaneiro.
2.Integra ainda o quadro privativo o pessoal a que se refere o artigo 55º do Decreto-Lei
nº 64/92 de 5 de Junho, com as adaptações constantes do presente diploma.
CAPITULO V
Da estrutura de carreira do quadro comum
Artigo 28º
Carreira técnica
1. A carreira do pessoal técnico integra os seguintes cargos:
a) Técnico-adjunto;
b) Técnico-adjunto principal;
c) Técnico superior;
d) Técnico superior de primeira;
e) Técnico superior principal.
888
Decreto-Lei nº 86/92, de 16 de Julho
889
Decreto-Lei nº 86/92, de 16 de Julho
890
Decreto-Lei nº 86/92, de 16 de Julho
891
Decreto-Lei nº 86/92, de 16 de Julho
b) Secretário-Geral;
c) Inspector-Geral;
d) Presidentes de Instituto Público;
e) Director de Serviço.
2.São cargos de chefia operacional do quadro comum os de:
a) Chefe de Divisão;
b) Chefe de Secção.
Artigo 39º
Recrutamento dos cargos dirigentes
1. O recrutamento para os cargos dirigentes é feito por escolha, de entre indivíduos
habilitados com curso superior que confira o grau de licenciatura, vinculados ou não a Ad-
ministração Pública, e que possuam aptidão adequada ao exercício das respectivas funções.
2. A área de recrutamento para os cargos referidos no número anterior pode ser alarga-
da aos indivíduos habilitados com curso superior que não confira grau de licenciatura e que
tenham, pelo menos, quatro anos de experiência profissional ou, ainda funcionário público
que na estrutura de carreira, exerçam cargos de nível equiparados ao exercido pelos fun-
cionários ou agentes referidos no número 1 ou na primeira parte do nº2 do presente artigo.
3. Nos casos em que as leis orgânicas expressamente o prevejam, o recrutamento para
os cargos de pessoal dirigente poderá também ser feito de entre funcionários integrados em
carreira de regime especial dos respectivos serviços ou organismos, ainda que não possui-
dores de curso superior.
Artigo 40º
Recrutamentos dos cargos de chefia operacional
1.O recrutamento para o cargo de chefe de divisão faz-se de entre indivíduos a que se
referem os números 1 e 2 do artigo anterior.
2.O recrutamento para o cargo de chefe de secção é feito, preferencialmente, de entre
o pessoal pertencente à carreira do pessoal administrativo ou categoria de tesoureiro com
conhecimentos técnicos específicos das atribuições da respectiva unidade orgânica.
Artigo 41º
Quadro especial
.……...............……………………………………………………………………….133
133 O art. 41º foi revogado pelo Decreto-Legislativo n.º 3/95, de 20-6
892
Decreto-Lei nº 86/92, de 16 de Julho
Artigo 42º
Direito à carreira
1. Salvo disposição legal expressa em contrário, o tempo de serviço prestado no exer-
cício de cargos em comissão conta para todos os feitos legais, designadamente para evolu-
ção nas careiras em que cada funcionário se encontra integrado.
2. Os funcionários nomeados para cargos em comissão têm direito, finda a comissão
de serviço de regressarem ao cargo de origem devendo ser enquadrados em escalão corres-
pondente ao número de anos de exercício continuado do cargo, independente da avaliação
de desempenho e do disposto no artigo 22º
3. O disposto no número anterior não prejudica o direito de os funcionários que exer-
çam cargos em comissão se candidatarem aos concursos de promoção que ocorrem na
pendência da respectiva comissão.
Artigo 43º
Remuneração
A remuneração do pessoal dirigente, bem como dos cargos a estes equiparados, con-
forme os mapas XVI e XVII, é o constante da tabela a que se refere o anexo III e que faz
parte integrante do presente diploma.
CAPITULO VII
Do Pessoal do Quadro Privativo
Artigo 44º
Pessoal de Arte Gráficas
1. O pessoal de artes gráficas integra os cargos a que se refere o mapa VI em anexo ao
presente diploma.
2. As condições de ingresso e acesso do pessoal de arte gráficas serão reguladas por
diploma especial.
Artigo 45º
Pessoal diplomático
.....................................................................................................................................134
2. As condições de ingresso e acesso do pessoal diplomático e consular serão reguladas
por diploma especial.
Artigo 46º
Pessoal Docente
...............................................................................................................................135
2. As condições de ingresso e acesso do pessoal docente serão reguladas por diploma
especial.
134 Revogado pelo Estatuto do pessoal diplomático
135 Revogado pelo Estatuto do pessoal docente
893
Decreto-Lei nº 86/92, de 16 de Julho
Artigo 47º
Pessoal judiciário
.....................................................................................................................................136
2. As condições de ingresso e acesso do pessoal judiciário são regulados por diploma
especial.
Artigo 48º
Pessoal marítimo e de farolagem
....................................................................................................................................137.
2. As condições de ingresso e acesso do pessoal marítimo e farolagem são reguladas
por diploma especial.
Artigo 49º
Pessoal técnico aduaneiro
.....................................................................................................................................138
2. As condições de ingresso e acesso do pessoal técnico aduaneiro são reguladas por
diploma especial.
Artigo 50º
Pessoal do registo e do notariado
.....................................................................................................................................139
2. As condições de ingresso e acesso do pessoal dos registos e do notariado são regu-
lados por diploma especial.
Artigo 51º
Do pessoal de inspecção-geral de finanças
.....................................................................................................................................140
2. As condições de ingresso e acesso do pessoal de inspecção-geral de finanças são
regulados por diploma especial.
CAPITULO VIII
Das remunerações
Artigo 52º
O sistema retributivo da função pública é composto pela:
a) Remuneração base;
b) Suplemento.
136 Revogado pelo Estatuto do pessoal oficial de justiça
137 Revogado pelo quadro privativo do pessoal da marinha e portos
138 Revogado pelo quadro privativo de finanças
139 Revogado pelo Estatuto do pessoal dos Registos e Notariado
140 Revogado pelo Estatuto do pessoal da inspecção de finanças
894
Decreto-Lei nº 86/92, de 16 de Julho
Artigo 53º
Estrutura da remuneração base
1. A estrutura da remuneração base da função pública integra:
a) Tabela salarial para cargos efectivos;
b) Tabela salarial para cargos em comissão.
2. As tabelas a que se refere o número anterior constam dos anexos II e II do presente
diploma e fazem parte integrante do mesmo.
Artigo 54º
Remuneração base
1. A remuneração base passa a corresponder um índice para qual se obtém a expressão
monetária através da sua multiplicação pelo montante atribuído ao respectivo índice 100.
2. O valor do índice 100 é fixado por Decreto do Governo.
3. A remuneração base integra a remuneração do cargo e a remuneração de exercício.
4. A remuneração do cargo é igual a cinco sextos da remuneração base.
5. A remuneração de exercício é igual a um sexto da remuneração base.
Artigo 55º
Suplementos
1. Os suplementos são atribuídos em função das particularidades especificas da presta-
ção de trabalho e só podem ser considerados os que se fundamentem em:
a) Trabalho extraordinário;
b) Trabalho nocturno;
c) Abono para falha;
d) Trabalho em dia de descanso semanal ou feriado;
e) Trabalho prestado em condições de risco. Penosidade ou insalubridade;
f) Subsidio de dedicação exclusiva;
g) Subsidio de deslocação;
g) Incentivo à fixação em zonas de periferia;
i) Trabalho em regime de turno;
j) Participação em comissão ou grupo de trabalho;
k) Participação em custas ou multas.
2. O subsídio de dedicação exclusiva deverá ser objecto de incorporação, nos termos
a definir, nas futuras reestruturações das carreiras de regime especial que auferem gratifi-
cação de exclusividade.
895
Decreto-Lei nº 86/92, de 16 de Julho
896
Decreto-Lei nº 86/92, de 16 de Julho
897
Decreto-Lei nº 86/92, de 16 de Julho
Artigo 66º
Escriturários-dactilógrafos
1. A partir da data de entrada em vigor do presente diploma, não poderão prever-se nos
novos quadros de pessoal, lugares de Escriturários-dactilógrafos.
2. O preenchimento de lugares vagos de Escriturários-dactilógrafos que se mostrar
necessário far-se-á de entre funcionário com habilitação correspondente a quatro anos de
escolaridade e conhecimentos comprovados de dactilografia, mediante recurso aos instru-
mentos de mobilidade interna.
Artigo 67º
Extinção de categorias
1. São extintas as seguintes categorias:
a) Continuo, porteiro, zelador, seladeira, servente e vigilante;
b) Impressor, compositor, encadernador, compositor linotipista, desenhador
montador, gravador transportador, fotografo retocador, chefe de serviços téc-
nicos, chefe de impressão tipográfica, chefe de oficina de impressão tipográ-
fico, chefe de oficina de litografia, chefe de oficina de composição tipográfica,
chefe de armazém e depósitos e chefe de secção de contabilidade.
2. O pessoal titular das categorias extintas transita de acordo com as seguintes regras:
a) Para o cargo de ajudante de serviços gerais, os titulares das categorias referi-
das na alínea a) do número anterior;
c) Para o cargo de oficial de arte gráfica, os actuais impressores, encadernadores,
compositores, linotipistas, desenhadores, montadores, gravadores transporta-
dores e fotógrafos retocadores.
d) Para o cargo de oficial de arte gráfica principal, os actuais chefes de serviços
técnicos, chefes de oficina de impressão tipográfica, chefes de oficina de lito-
grafia e chefes de oficina de composição tipográfica;
e) Para o cargo de oficial administrativo principal os actuais chefes de armazém
e depósitos e chefes de secção de contabilidade.
Artigo 68º
Extinção de categorias mediante vacatura
1. São extintas à medida que os respectivos lugares forem vagando, as seguintes cate-
gorias:
a) Directores da carreira administrativa, da carreira de finanças e da carreira das
alfandegas;
b) Sub-inspector, amanuense, governanta, ajudante de carcereiro, ajudante e auxiliar
do pessoal operário não qualificado, cozinheiro, cozinheiro chefe e costureira.
2. Os actuais directores da carreira administrativa, da carreira de finanças e da carreira das
alfândegas que possuem licenciatura poderão transitar para a carreira de pessoal técnico.
898
Decreto-Lei nº 86/92, de 16 de Julho
Artigo 69º
Regulamentação
Os requisitos de ingresso e acesso dos cargos que integram as carreiras de regime
especial poderão, nos termos dos artigos 9º e 10º do presente diploma era definidos por
diploma específico.
Artigo 70º
Reconversão do pessoal técnico-profissional
1. Os actuais técnicos profissionais de primeiro nível, com habilitação correspondente
a nove anos de escolaridade ou formação equivalente e curso do CENFA, que estejam a
exercer funções de conteúdos equiparável às descritas para o cargo que integram a carreira
administrativa transitarão para a administrativa no cargo de oficial administrativo.
2. Em execução do número anterior, os serviços em futuras reestruturações dos seus
quadros de pessoal deverão extinguir os lugares de carreira e criar, na carreira administra-
tiva, os lugares necessários à reconversão.
Artigo 71º
Reclassificação dos assistentes sociais licenciados
1. Os actuais assistentes sociais habilitados com curso superior de serviço social de
nível de licenciatura transitam para a carreira técnica a que se refere o artigo 27º, de acordo
com as seguintes regras:
a) Técnico de 3ª e 2ª classe na referencia 13, escalão A do cargo de técnico superior;
b) Técnico de 1ª classe na referencia 13, escalão B do cargo de técnico superior;
c) Técnico principal na referencia 13, escalão C do cargo de técnico superior;
2. Para efeito de acesso na carreira técnica releva, no cargo para que se opera a transi-
ção, todo o tempo prestado na categoria de origem.
Artigo 72º
Formalidade de transição
1. As transições determinadas pelo presente diploma efectuar-se-ão automatica-
mente, mediante lista nominativa a publicar pela Direcção-Geral da Administração
Pública, não carecendo, para o efeito, do Visto do Tribunal de Contas, de posse ou
demais formalidades.
2. Para efeito do número anterior, cada departamento governamental deverá submeter
à Direcção Geral da Administração Pública as respectivas listas nominativas do pessoal
com as transições a que se refere o presente diploma.
Artigo 73º
Adaptação do quadro de pessoal
Os serviços e organismos públicos a que se refere o artigo 1º devem adaptar o res-
pectivo quadro de pessoal ao disposto no presente diploma.
899
Decreto-Lei nº 86/92, de 16 de Julho
Artigo 74º
Concursos pendentes
Os concursos cujos avisos de abertura se encontrem publicados à data da entrada
em vigor do presente diploma mantêm em vigor, sendo os respectivos candidatos seleccio-
nados, providos na referência e ou escalão a que lhes corresponderiam, caso detivessem o
cargo a que ascendem por força da promoção à data da aprovação do presente diploma.
Artigo 75º
Congelamento de escalão
Fica congelado até 31 de Julho de 1993 o desenvolvimento mediante progressão dos
cargos que envolvem na vertical e na horizontal.
Artigo76º
Classificação de serviço
1. Enquanto não for aprovado o novo instrumento de avaliação de desempenho aplica-
se o regime legal da classificação de serviço.
2. A determinação dos efectivos a evoluir, nos termos do artigo 22º do presente diplo-
ma, far-se-á mediante a graduação da classificação de serviço atribuída aos candidatos.
3. Em caso de empate procede-se à selecção dos que detém a maior antiguidade.
Artigo 77º
Revogação
São revogados os Decreto-Lei nº 152/79 de 31 de Dezembro, o Decreto-Lei nº 154/81
de 31 de Dezembro, o Decreto-Lei nº 28/83 de 23 de Abril, o Decreto-Lei nº 74/86 de 25 de
Outubro, o artigo 3º, o nº 2 do artigo 6º do Decreto-Lei nº 31/89 e Decreto-Lei nº 11/90 de 4 de
Março.
Artigo 78º
Entrada em vigor
O presente diploma entra em vigor a 1 de Agosto de 1992.
Carlos Veiga – Jorge Carlos Fonseca – Eurico Correia Monteiro -José Tomás Veiga –
António Gualberto do Rosário – Manuel de Jesus Chantre – Teófilo Figueiredo -Manuel
Faustino – Rui Figueiredo Soares – Leão Lopes -Alfredo Teixeira.
Promulgado em 13 de Junho de 1992.
Publique-se.
O Presidente da República, interino, AMILCAR FERNANDES SPENCER LOPES.
900
Decreto-Lei nº 86/92, de 16 de Julho
ANEXO Nº I
MAPAI
PESSOAL AUXILIAR
Pagador
Auxiliar Administrativo
Condutor-Auto de Ligeiro
Condutor-Auto de Pesados
Ajudante de Serviços Gerais
Recepcionista
Telefonista
Agente Sanitário
MAPA II
Pessoal operário
1. De controle
Chefe de Trabalho
Supervisor de Oficinas
1.1.Qualificado
Inclui nomeadamente:
Bate-Chapas
Electricistas
Mecânicos
Soldador e Electrotécnico
1.2. Semi-qualificado
Inclui nomeadamente:
Canalizador
Carpinteiro
Maquinista
Operador de Maquinas Pesadas
Pintor-Auto
Serralheiro Civil
Serralheiro Mecânico
Tractorista
901
Decreto-Lei nº 86/92, de 16 de Julho
902
Decreto-Lei nº 86/92, de 16 de Julho
MAPA XIV
Pessoal dirigente de chefia operacional
Director-Geral
Secretário-Geral
Inspector-Geral
Presidente de Instituto Público
Director de Serviços
Chefe de Divisão
Chefe de Secção
ANEXO II
Tabela de cargos efectivos
Índice
Referencia Escalão
A B C D E F G H I
17 640 730 820 900
16 570 610 650 700 750
15 510 540 570 600 630
14 460 490 520 550 580
13 420 400 480 510 520 540
12 390 410 430 450 470 490
11 340 360 380 400 420 440
10 250 270 300 320 340 360 390
9 225 245 260 275 300 320 340 355
8 200 220 240 250 265 280 300 320
7 185 195 205 215 230 250 260 270
6 160 175 185 200 215 225 240 255
5 150 160 175 190 205 220 235 245
4 145 155 170 185 195 205 215 225 235
3 140 145 155 165 175 185 195 210 225
2 125 135 145 155 165 175 180 185 195
1 100 110 120 130 140 150 160 170 180
903
Decreto-Lei nº 86/92, de 16 de Julho
ANEXO III
ANEXO Nº V
ANEXO Nº IV
Anexo de enquadramento – Cargos efectivos
13
Este anexo foi revogado pelos diplomas sobre : quadro privativo de marinha e portos; organização e gestão do
Estabelecimentos do Ensino Secundário; Estatuto do pessoal oficial de Justiça; quadro privativo de finanças
Estatuto do pessoal da Inspecção de Finanças; Estatuto do pessoal diplomático
904
Decreto-Lei nº 86/92, de 16 de Julho
905
Decreto-Lei nº 86/92, de 16 de Julho
906
Decreto-Lei nº 86/92, de 16 de Julho
907
Decreto-Lei nº 86/92, de 16 de Julho
908
Decreto-Lei nº 86/92, de 16 de Julho
909
Decreto-Legislativo nº 4/95, de 20 de Junho
910
Decreto-Regulamentar nº 13/93, de 30 de Agosto
911
Decreto-Regulamentar nº 13/93, de 30 de Agosto
912
Decreto-Regulamentar nº 13/93, de 30 de Agosto
Artigo 5º
O direito à remuneração pelo novo escalão verifica-se no mês seguinte à selecção do
avaliado de acordo com o disposto no artigo 3º, dependendo o processamento de vencimen-
to da publicação do acto no Boletim Oficial.
Artigo 6º
A progressão ocorre no mês de Março de cada ano, reportando-se à média da avaliação
de desempenho relativo aos anos de serviço relevantes para a progressão.
Artigo 7º
As progressões que se vierem a verificar no corrente ano produzem efeitos a 1 de
Agosto.
Artigo 8º
Para efeitos do disposto no nº 3 do artigo 3º, os técnicos profissionais de primeiro nível
a que se refere o artigo 70º do Decreto-Lei nº 86/92 de 16 de Julho que ainda não tenham
transitado para a carreira administrativa serão avaliados conjuntamente com os oficiais
administrativos.
Artigo 9º
Para assegurar a execução do presente diploma, o Ministro da Administração Pública
e dos Assuntos Parlamentares poderá emitir as orientações e directivas que julgar conve-
nientes.
Artigo 10º
Este diploma entra em vigor a 1 de Agosto de 1993.
Visto e aprovado em Conselho de Ministros.
Eurico Monteiro – Alfredo Teixeira.
Promulgado em 5 de Agosto de 1993.
Publique-se.
O Presidente da República, ANTÓNIO MANUEL MASCARENHAS GOMES MON-
TEIRO.
Referendado em 13 de Agosto de 1993.
O Primeiro Ministro interino,
Eurico Correia Monteiro.
913
Decreto-Lei nº 10/93, de 8 de Março
CONCURSO DE ACESSO
Decreto-Lei nº 10/93
de 8 de Março
Com a aprovação do Decreto Lei nº 86/92 de 16 de Julho, torna-se necessário rever o
Decreto nº 98/87, de 14 de Setembro, que regula os concursos de acesso.
Aliás, a extensão das mudanças introduzidas com o Decreto-Lei nº 86/92, de 16 de
Julho, obriga a que se faça um novo diploma legislativo sobre os concursos de acesso, e se
revogue, por inteiro, o Decreto nº 98/87.
Ainda que se mantenham os métodos de selecção estabelecidos no Decreto 98/87,
outros são os institutos de desenvolvimento profissional dos funcionários e, na perspectiva
de simplificação, outros devem ser os procedimentos para a organização dos concursos,
designadamente com a eliminação dos circuitos supérfluos e a redução de vários dos prazos
estabelecidos.
Assim, este diploma introduz significativas alterações nos processos de concurso, das
quais cabe realçar:
- A transferência para os dirigentes dos serviços de administração geral da com-
petência para a abertura de concursos;
- A introdução do princípio da liberdade de candidatura;
- A simplificação dos procedimentos administrativos, o que permitirá reduzir de
três a quatro meses o prazo médio para a organização e realização dos concur-
sos;
- A eliminação da exigência da publicação das listas provisórias e, nos casos em
que o número de candidatos é inferior a 10, das listas definitivas;
- A maior co-responsabilização dos serviços administrativos dos Ministérios na
organização e realização dos concursos;
- A adequação do sistema de ponderação.
No uso da faculdade conferida pela alínea a) do nº 2 do artigo 218º da constituição, o
Governo decreta o seguinte:
CAPÍTULO I
Disposições gerais
Artigo 1º
(Objecto)
O presente diploma define os princípios gerais de organização e realização dos concur-
sos de acesso dos agentes da administração pública.
914
Decreto-Lei nº 10/93, de 8 de Março
Artigo 2º
(Âmbito)
O presente diploma aplica-se ao pessoal dos serviços civis da Administração Pública
Central e Local, devendo, ainda, aplicar-se ao pessoal dos institutos públicos que revistam
a natureza de serviços personalizados do Estado.
Artigo 3º
(Princípios do Concurso)
A realização dos concursos obedece aos seguintes princípios:
a) Igualdade de condições e de oportunidades;
b) Divulgação antecipada dos métodos de selecção, dos programas das provas,
dos elementos curriculares, do sistema de ponderação;
c) Aplicação de métodos e critérios objectivos na avaliação;
d) Liberdade de candidatura;
e) Neutralidade e imparcialidade;
f) Direito de recurso.
Artigo 4º
(Requisitos de promoção)
1. A promoção depende da verificação cumulativa dos seguintes requisitos:
a) Existência de vagas;
b) Tempo mínimo de serviço efectivo e ininterrupto no cargo imediatamente in-
ferior, de acordo com o regime legalmente estabelecido;
c) Enquadramento, no mínimo, no escalão B da referência do cargo que ocupa;
d) Avaliação de desempenho, nos termos a regulamentar;
e) Aprovação em concurso;
f) Formação, quando a lei o exija.
2. Os requisitos para a admissão ao concurso poderão verificar-se até à data do encer-
ramento deste.
Artigo 5º
(Concurso)
O concurso é feito mediante aplicação de métodos de selecção.
915
Decreto-Lei nº 10/93, de 8 de Março
Artigo 6º
(Intercomunicabilidade horizontal)
1. Qualquer funcionário que possua qualificação profissional legalmente exigida po-
derá ser opositor a concurso para lugar de acesso de carreiras integradas no mesmo grupo
de pessoal, desde que:
Ao cargo a que se candidata corresponda, na estrutura dessa carreira, referência igual
ou imediatamente superior a que se encontra provido;
Exista identidade ou afinidade de funções definidas para uma e outra carreira.
2. A identidade ou afinidade de funções referidas na alínea b) do número anterior são
determinadas pelo júri com base na declaração passada pelo serviço a que pertence o can-
didato, donde conste a descrição do conjunto de funções inerentes ao cargo em que o can-
didato se encontre provido.
3. A verificação de inexistência ou afinidade de funções pelo júri dos concursos cons-
titui fundamento de exclusão dos candidatos.
4. Os funcionários públicos pertencentes aos grupos de pessoal do quadro comum po-
derão ainda ser opositores a concurso para lugar vagos no cargo imediatamente superior da
mesma carreira, seja qual for o departamento governamental promotor do concurso, desde
que preencham os requisitos exigidos para o cargo a prover.
Artigo 7º
(Intercomunicabilidade vertical)
Qualquer funcionário que possua qualificação profissional legalmente exigida poderá
ser opositor a concurso para lugar de acesso de carreiras de um grupo de pessoal diferente,
desde que:
Ao cargo a que se candidata corresponda, na estrutura dessa carreira, referência igual
ou imediatamente superior a que se encontra provido;
Se trate de carreiras inseridas na mesma área funcional.
CAPÍTULO II
Dos métodos de selecção
Artigo 8º
(Métodos)
1. Os métodos da selecção referidos no artigo 5º do presente diploma correspondem:
a) A avaliação curricular;
b) As provas de conhecimento.
2. Sempre que a complexidade, a responsabilidade e as exigências do cargo o reque-
riam, poderão ser utilizadas entrevistas, a título complementar.
916
Decreto-Lei nº 10/93, de 8 de Março
Artigo 9º
(Avaliação curricular)
1. A avaliação curricular consiste na análise de um conjunto de elementos que permi-
tem apreciar o desempenho funcional, bem como a preparação técnico-científica para o
exercício das funções do cargo a que o funcionário se candidata.
2. Caberá ao candidato a preparação de todos os elementos que constituem o currículo
individual.
Artigo 10º
(Elementos curriculares)
1. Os currículos devem conter, entre outros, os seguintes elementos:
a) Descrição das actividades desenvolvidas no exercício do cargo em que candi-
dato se encontra provido;
b) Indicação de seminários, estágios ou cursos de aperfeiçoamento em que o
candidato tenha tomado parte;
c) Projectos, pareceres, informações e outros trabalhos realizados no serviço ou
fora dele desde que, neste último caso, revelem, de algum modo, identidade
funcional com o cargo em que o candidato se encontra provido;
d) Trabalhos técnico-científicos publicados, relacionados com as funções do car-
go em que o candidato se encontra provido.
2. A média aritmética das notas obtidas na avaliação de desempenho durante aos anos
do exercício do cargo em que o candidato se encontra provido será obrigatoriamente pon-
derado no âmbito da avaliação curricular.
Artigo 11º
(Determinação de elementos curriculares)
De conformidade com a complexidade, o grau de responsabilidade e as exigências dos
cargos que integram as diferentes carreiras, os serviços interessados determinarão sistemas
de ponderação.
Artigo 12º
(Provas de conhecimentos)
1. As provas de conhecimentos consistem no conjunto de operações destinado a ava-
liar, relativamente a cada candidato, o grau de capacitação e de qualificação profissionais
considerados fundamentais para o desempenho do cargo a prover.
2. As provas poderão ser gerais ou específicas, orais ou escritas consoante as exigên-
cias e requisitos do cargo a prover.
Artigo 13º
(Entrevistas)
A entrevista é um método de selecção complementar que consiste na avaliação par-
ticular de elementos comportamentais e outros, insusceptíveis de serem abrangidos pelas
provas de conhecimento e avaliação curricular.
917
Decreto-Lei nº 10/93, de 8 de Março
Artigo 14º
(Aplicação dos métodos de selecção)
Aos cargos que correspondam a níveis inferiores à referência 11 da estrutura do Plano
de Cargos, Carreiras e Salários deverão ser aplicadas, em regra, como método essencial de
selecção, as provas de conhecimento.
CAPÍTULO III
Da ponderação e classificação
Artigo 15º
(Sistema de ponderação)
1. A cada um dos métodos de selecção aplicados deverá ser atribuído um peso de acor-
do com o grau de complexidade, responsabilidade e exigências considerados necessários
para o exercício do cargo e nos limites estabelecidos no presente diploma.
2. As provas de conhecimento deverão diminuir gradualmente o seu peso à medida que
se progride na carreira considerada.
3. A avaliação curricular deverá aumentar gradualmente o seu peso à medida que se
progride na carreira considerada.
4. A entrevista, quando utilizada, deverá ser atribuído um peso de 10% no sistema de
ponderação estabelecido, salvo disposição especial em contrário.
5. A nota final do processo de selecção é expressa de acordo com uma escala gradativa
de 0 a 20 valores e é o resultado da média ponderada das notas parciais atribuídas a cada
um dos métodos de selecção aplicados, sem prejuízo do disposto na alínea a) do nº 1 do
artigo 17º.
Artigo 16º
(Classificação parcial)
A classificação obtida em cada um dos métodos de selecção deverá ser o resultado na
média aritmética das notas atribuídas por cada membro do júri.
Artigo 17º
(Classificação final)
1. A classificação final do candidato, no quadro do sistema de ponderação estabelecido,
será determinada de forma seguinte:
a) Nos concursos de acesso aos cargos de nível inferior ou igual a referência 11
de estrutura do Plano de Cargos, Carreiras e Salários, será o resultado da soma
de 70% da classificação obtida nas provas de conhecimento com 30% da mé-
dia aritmética das notas obtidas na avaliação de desempenho durante os anos
de exercício do cargo imediatamente inferior;
918
Decreto-Lei nº 10/93, de 8 de Março
919
Decreto-Lei nº 10/93, de 8 de Março
920
Decreto-Lei nº 10/93, de 8 de Março
Artigo 24º
(Competência)
1. Compete ao júri decidir sobre a selecção dos concorrentes, sua classificação final e
ordenação.
2. O júri poderá solicitar aos serviços a que pertençam os requerentes os elementos
constantes dos respectivos processos individuais que se mostrarem necessários ao cabal
cumprimento das suas funções.
Artigo 25º
(Funcionamento)
1. O júri poderá funcionar se estiverem presentes todos os seus membros, devendo as
suas deliberações serem tomadas por maioria.
2. Das reuniões do júri serão lavradas actas das quais constarão os fundamentos das
deliberações adoptadas.
3. O secretariado do júri poderá ser assegurado por um funcionário a designar para o
efeito.
CAPÍTULO VI
Da tramitação processual
SECÇÃO
Do requerimento, admissão e prazos
Artigo 26º
(Requerimento)
1. Os requerimentos de admissão ao concurso, bem como toda a documentação neces-
sária para efeito deverão dar entrada no departamento governamental promotor do concur-
so no prazo de 15 dias a contar da data da publicação do aviso de abertura.
2. Os documentos poderão ser enviados pelo correio, via fax ou, ainda, através de
procurador.
3. No acto de entrega, o funcionário responsável pela recepção dos documentos de-
verá conferir os mesmos e, caso não detecte nenhuma irregularidade, passar de imediato o
recibo.
4. Quando os documentos referidos no nº 1 deste artigo forem enviados via correio ou
fax, os serviços administrativos deverão utilizar a mesma via para enviar o recibo.
5. Quando os elementos referidos no nº 1 forem remetidos pelo correio, consideram-se
entregues dentro do prazo se tiverem sido expedidos com o aviso de recepção até ao termo
do prazo fixado.
921
Decreto-Lei nº 10/93, de 8 de Março
Artigo 27º
(Requisitos)
São requisitos de admissão ao concurso:
a) Tempo de serviço no cargo em que os candidatos se encontram providos
necessários para a promoção, nos termos da lei;
b) A formação, quando a lei exige;
c) Avaliação de desempenho, em termos a regulamentar.
Artigo 28º
(Admissão)
1. O dirigente dos serviços de administração geral do departamento governamental
promotor do concurso, no prazo de 5 dias a contar do termo do prazo referido no nº 1 do
artigo 26º deste diploma, com base na apreciação dos requisitos legais para a admissão ao
concurso, decidirá sobre a admissão ou exclusão dos candidatos devendo sempre funda-
mentar a sua decisão.
2. Quando houver lugar a apreciação da identidade funcional, os respectivos processos
deverão ser enviados ao júri, que deverá comunicar a sua decisão no prazo de três dias a
contar da data da recepção dos processos.
3. Em caso de exclusão de algum candidato, os serviços administrativos do departa-
mento governamental promotor do concurso deverão comunicar o facto ao respectivo can-
didato, pela via mais expedita, no prazo máximo de 5 dias, a contar da data da decisão.
4. No prazo de 10 dias a contar do termo do prazo referido no número anterior, os
candidatos poderão recorrer para o Membro do Governo responsável pelo sector promotor
do concurso.
5. Decorridos os prazos referidos nos nºs 4 e 5 do presente artigo os serviços adminis-
trativos, no prazo máximo de 5 dias, introduzirão as correcções que se vierem a mostrar
necessárias, elaborarão a lista definitiva dos candidatos admitidos a concurso, e remeterão
todos os processos ao júri.
Artigo 29º
(Avaliação curricular)
Se o concurso consistir apenas na avaliação curricular, decorridos que estejam todos os pra-
zos legais previstos no presente diploma, o júri reunir-se-á no prazo máximo de 10 dias a contar
da data da recepção da lista definitiva, para apreciação dos elementos curriculares.
Artigo 30º
(Entrevista)
No caso do concurso implicar a utilização de entrevista como um dos métodos de se-
lecção, os serviços administrativos deverão enviar ao júri, no prazo máximo de 48 horas a
contar da data da sua realização, a classificação atribuída ao candidato.
922
Decreto-Lei nº 10/93, de 8 de Março
Artigo 31º
(Conclusão)
1. Os concursos deverão estar concluídos no prazo de 20 dias a contar da elaboração
da lista definitiva.
2. Após o aviso de abertura do concurso, se houver atrasos na realização dos concursos
por razões imputáveis à administração, os candidatos seleccionados para as vagas exis-
tentes no momento da abertura do concurso consideram-se promovidos na data em que o
concurso devia estar concluído.
SECÇÃO II
Da ordenação dos candidatos
Artigo 32º
(Classificação parcial)
Aos resultados de cada um dos métodos de selecção corresponderá uma classificação
expressa em valores quantitativos, numa escala gradativa de zero a vinte.
Artigo 33º
(Classificação final)
1. Obtidos os resultados parciais o júri deliberará sobre a classificação final a atribuir
a cada candidato nos termos do artigo 16º do presente diploma
2. Consideram-se excluídos os candidatos que tiverem obtido classificação final infe-
rior a 10 valores.
Artigo 34º
(Preferências)
1. Tendo em atenção a classificação obtida por cada candidato, o júri procederá à orde-
nação dos candidatos na lista de classificação final.
2. Em igualdade de classificação preferem, sucessivamente, os candidatos:
a) Com melhor desempenho;
b) Do departamento governamental promotor de concurso;
c) Mais antigos no cargo;
d) Mais antigo na carreira;
e9 Mais antigos na Função Pública.
3. A classificação final, bem como a sua fundamentação, deverão ser elaborados no
prazo máximo de 5 dias a contar do termo de selecção e ser submetida a homologação do
dirigente dos serviços de administração geral do departamento governamental promotor do
concurso, que, por sua vez, decidirá no mesmo prazo.
923
Decreto-Lei nº 10/93, de 8 de Março
Artigo 35º
(Publicação na lista de classificação final)
1. Quando o número de candidatos for superior a 10, a lista homologada deverá ser
publicada no Boletim Oficial no prazo máximo de 8 dias.
2. Nos casos em que o número de candidatos for inferior a 10 é dispensada a publica-
ção, devendo os serviços administrativos comunicar individualmente a cada candidato o
seu posicionamento na lista bem como a respectiva fundamentação.
3. Da homologação cabe reclamação no prazo de 15 dias a contar da data de publica-
ção da lista ou da notificação a que se refere o nº 2 sem prejuízo do recurso contencioso nos
termos da lei vigente.
Artigo 36º
(Ordem de provimento)
Os candidatos aprovados em concurso serão providos nos lugares vagos em conformi-
dade com a lista de ordenação dos candidatos.
CAPÍTULO VII
Das disposições finais e transitória
Artigo 37º
(Da regulamentação)
1. O conteúdo e o tipo de provas, os elementos que integram a avaliação curricular,
o método e o conteúdo das entrevistas, bem como o sistema de ponderação deverão ser
objecto de regulamentação por parte dos departamentos governamentais promotores do
concurso, em conformidade com o conteúdo funcional, exigências e requisitos do cargo a
prover.
2. A regulamentação prevista no presente artigo deve ser publicado sob a forma de
portaria, precedendo parecer do departamento governamental que superintende na Admi-
nistração Pública.
Artigo 38º
(Membros do Governo)
São providos independentemente do concurso os funcionários que, à data da realização
do mesmo, estiverem exercendo funções como membro do Governo e tiverem preenchido
os requisitos legais.
Artigo 39º
(Quadros dirigentes)
As provas de conhecimento dos funcionários exercendo funções de quadro dirigente e
equiparados, em qualquer sector da administração pública, poderão consistir, sempre que
924
Decreto-Lei nº 10/93, de 8 de Março
o requeiram, em trabalho individual de tema de sua livre escolha desde que integrado no
ramo técnico a que pertençam e obedeça a requisitos de qualidade e dimensão fixados pelo
Membros do Governo competente.
Artigo 40º
(Especialidades médicas e doutoramento)
1.Enquanto não forem reunidas as condições para a constituição de júri ao nível técni-
co referido, os diplomas devidamente reconhecidos dispensam os seus titulares das provas
de conhecimento.
2. O disposto no número antecedente não se aplica quando o método de selecção se
referir a cargos cujo provimento o seu estatuto específico exija concurso público.
Visto e aprovado em Conselho de Ministros.
Carlos Veiga – Alfredo Teixeira.
Promulgado em 18 de Fevereiro de 1993.
O Presidente da República, António Manuel Mascarenhas Gomes Monteiro.
Referendado em 18 de Fevereiro de 1993.
O Primeiro- Ministro.
Carlos Veiga,
925
Portaria nº 34/93, de 31 de Maio
926
Portaria nº 34/93, de 31 de Maio
927
Portaria nº 34/93, de 31 de Maio
928
Portaria nº 34/93, de 31 de Maio
929
Portaria nº 34/93, de 31 de Maio
930
Portaria nº 34/93, de 31 de Maio
Cargo: Tesoureiro
Conteúdo funcional:
Coordenar os trabalhos de uma tesouraria, tendo a responsabilidade dos valores da
caixa que lhe estão confiados, efectuando todo o movimento de liquidação de despesas, de
vencimentos e outros valores, para o que procede a levantamentos, conferências, registos
e pagamentos.
Cargo: Fiel de armazem
Conteúdo funcional:
Coordenar as entradas e saídas de material, alertar e providenciar pela manutenção de
stocks mínimos. Organizando e mantendo actualizado um ficheiro de artigos e zelar pela
arrumação e conservação dos materiais existentes.
931
Decreto-Regulamentar nº 19/93, de 27 de Setembro
932
Decreto-Regulamentar nº 19/93, de 27 de Setembro
933
Decreto-Regulamentar nº 19/93, de 27 de Setembro
934
Decreto-Regulamentar nº 19/93, de 27 de Setembro
935
Decreto-Regulamentar nº 19/93, de 27 de Setembro
este depende que o seu processo seja submetido a comissão técnica de avaliação, para
efeitos de parecer.
2 O parecer da comissão técnica de avaliação deve ser submetido no prazo máximo de
cinco dias úteis.
Artigo 15º
Elementos de apreciação
1. A comissão técnica de avaliação poderá solicitar ao avaliador ou avaliado os ele-
mentos que julgar importantes para a apreciação do pedido.
2. A comissão técnica de avaliação poderá, ainda, solicitar a presença de outros funcio-
nários da unidade orgânica para esclarecimentos.
Artigo 16º
Decisão definitiva
Ao órgão competente para homologar caberá a decição definitiva.
CAPÍTULO IV
Disposições transitórias e finais
Artigo 17º
Aplicação supletiva
Enquanto não for aprovado o instrumento de avaliação de desempenho do pessoal
integrado em carreiras de regime especial, é aplicável o presente diploma, com as devidas
adaptações.
Artigo 18º
Revogação
É revogado o Decreto nº 38/79, de 21 de Maio.
Artigo 19º
Entrada em vigor
O presente diploma entra em vigor a 1 de Agosto de 1993.
Visto e aprovado em Conselho de Ministros.
Eurico Correia Monteiro – Alfredo Teixeira.
Promulgado em 19 de Agosto de 1993.
O Presidente da República, ANTÓNIO MANUEL MASCARENHAS GOMES MON-
TEIRO.
Referendado em 25 de Agosto de 1993.
O Primeiro Ministro, Carlos Veiga.
936
Decreto-Regulamentar nº 19/93, de 27 de Setembro
MODELO I
Ministério ________________________________________________________
Secretário de Estado _______________________________________________
Direcção-Geral ____________________________________________________
Nome do Funcionário ______________________________________________
Cargo ____________________________ Referência _______ Escalão _______
Período a que se refere a avaliação ___/____/_____
937
Decreto-Regulamentar nº 19/93, de 27 de Setembro
AVALIADOR
Nome _______________________________________________________________
Função ______________________________________________________________
Data ____/____/_____
Assinatura ______________________
Data da entrevista _____/____/_____
Assinatura do avaliado _________________________________________________
HOMOLOGANTE
Nome _______________________________________________________________
Função ______________________________________________________________
Data ____/____/_____
Assinatura __________________________
938
Decreto-Regulamentar nº 19/93, de 27 de Setembro
Apreciação Geral
COMENTÁRIOS DO AVALIADOR:
A. Aspectos sobre os quais o funcionário deve receber uma atenção particular no
próximo ano.
COMENTÁRIOS DO HOMOLOGANTE:
939
Decreto-Regulamentar nº 19/93, de 27 de Setembro
2. Competência técnica: Não possui conhecimentos Ainda tem muito que Tem conhecimentos Tem um alto nível de
Leva em conta o nível de 1,5 técnicos suficientes para aprender para ser teóricos suficientes para conhecimentos técnicos e teóricos.
conhecimentos técnicos resolução de problemas considerado um elemento atender às dificuldades do Consegue, com extrema facilidade
teóricos bem como o relativos às tarefas que lhe com conhecimentos dia-a-dia no exercício do obter pleno êxito na resolução
seu aproveitamento na são confiadas. básicos suficientes para cargo. Com mais algum de qualquer problema de ordem
resolução de situações 5 x ... = o bom andamento do tempo, terá uma excelente prática que surja no seu trabalho.
práticas de trabalho. trabalho do dia-a-dia. preparação profissional. Sabe resolver sozinho graças às
Revela certas lacunas na Consegue resolver suas aptidões profissionais as
sua aptidão profissional. sozinho os problemas com dificuldades técnicas da sua tarefa
10 x ... = uma explicação mínima. sem explicação prévia.
15 x ... = 20 x ... =
3. Experiência prática: Falta-lhe a mínima Tem uma experiência Tem uma prática anterior A grande segurança que evidencia
Diz respeito ao nível de 1, 0 vivência dos problemas prática necessária, mas adequada e suficiente na actuação profissional é
vivência profissional e que deve resolver. Parece insuficiente para o bom para o bom desempenho resultante e prática anterior na sua
traduz a capacidade de mesmo que nunca desempenho das suas das suas funções. Já especialidade, Sua função não tem
aquisição de experiências trabalhou na função em funções. Precisa conviver acumula uma vivência segredos para ele.
do trabalho. que está. A sua experiência mais com o seu trabalho de trabalho significativa 20 x ... =
anterior em nada o ajuda para adquirir maior e indispensável às
no desempenho de suas tarimba profissional. exigências do cargo que
funções. 10 x ... = ocupa.
5 x ... = 15 x ... =
4. Planificação e É incapaz de organizar Ainda não está totalmente Procura melhorar os É um verdadeiro organizador,
organização do trabalho: 1,5 sozinho o seu trabalho capacitado para organizar métodos de execução do capaz de fazer face às situações
Avalia o modo como o quotidiano. Não distingue sozinho o seu próprio seu trabalho. Organiza o difíceis mesmas imprevistas.
avaliado está preparado a importância relativa trabalho, mas com um seu próprio trabalho de Pode-se lhe confiar os trabalhos
para conduzir o seu dos trabalhos. Precisa ser pouco de empenho é maneira que consegue não correntes que serão sempre
trabalho, empregando constantemente guiado. possível superar esta absorver a maior parte dos correctamente executados, sem
métodos adequados. 5 x ... = deficiência. trabalhos não correntes. que isso perturbe a execução de
10 x ... = 15 x ... = suas responsabilidades.
20 x ... =
5. Respeito dos prazos e O avaliado nunca executa Pode-se confiar na O avaliado está às vezes O avaliado está muitas vezes
cumprimento das tarefas: 2,0 o trabalho exigido no prazo execução do trabalho adiantado na execução avançado na execução do seu
Avalia o grau de respeito estabelecido. Requer muito exigido. Porém, às do seu trabalho. Organiza trabalho. Termina as suas tarefas
que o avaliado apresenta tempo suplementar para vezes é necessário uma eficazmente o emprego do ou as operações mais importantes
no cumprimento das suas terminar seu trabalho. chamada de atenção em seu tempo de trabalho. no tempo ou antes da expiração
tarefas. 5 x ... = relação aos prazos. 15 x ... = dos prazos.
10 x ... = 20 x ... =
6.Responsabilidade: Atribui a outras pessoas Evita tanto quanto Responde bem ao nível Tem notável coragem ao assumir
Maneira como assume 1,0 responsabilidades que, possível situações nas de responsabilidade toda e qualquer consequência das
o cargo, respondendo pela natureza do cargo quais lhe é solicitado solicitado pelo cargo que medidas que toma. Assume de
pelas consequências das que ocupa, deveriam ser responder por alguma ocupa. Consegue assumir forma clara as responsabilidades,
atitudes que toma. somente suas. Não sabe até coisa. Sente-se avaliado as consequências de suas despertando nas pessoas que com
que ponto é responsável quando outros assumem acções. É reconhecido ele trabalha absoluta confiança.
por aquilo que faz. por ele consequências de como pessoa responsável. 20 x ... =
5 x ...= suas próprias atitudes. 15 x ... =
10 x ... =
7. Espírito de equipa: Vive criando situações Tem limitações Manifesta espírito de Possui um espírito de equipe tão
Leva em conta o nível em 1,0 difíceis quando precisa pessoais ao desenvolver equipa. Sabe como bem desenvolvido que evidencia
que o avaliado consegue trabalhar em grupo actividades de trabalho conduzir-se quando as uma diplomacia a toda prova
desenvolver atitudes de com colegas e demais em equipe. Faz esforços solicitações de trabalho para evitar atritos e contornar
trabalho em grupo e em pessoas. Revela grandes evidentes para superar exigem actuação em situações quando trabalha com
que medida isso está dificuldades em colocar as suas deficiências, mas grupo. Procura entender pessoas. Sua forma de actuação
contribuindo para sua suas opiniões. Não ouve nem sempre o consegue. as razões de seus facilita uma melhor integração dos
adaptação à equipe de nem acede as opiniões 10 x ...= companheiros quando companheiros.
trabalho. alheias. Sua adaptação trabalha em conjunto. 20 x ... =
ao grupo é severamente 15 x ...=
comprometida.
5 x ... =
940
Decreto-Regulamentar nº 19/93, de 27 de Setembro
MODELO II
Ministério ________________________________________________________
Secretário de Estado _______________________________________________
Direcção-Geral ____________________________________________________
Nome do Funcionário ______________________________________________
Cargo ____________________________ Referência _______ Escalão _______
Período a que se refere a avaliação ___/____/_____
941
Decreto-Regulamentar nº 19/93, de 27 de Setembro
AVALIADOR
Nome _______________________________________________________________
Função ______________________________________________________________
Data ____/____/_____
Assinatura ______________________
Data da entrevista _____/____/_____
Assinatura do avaliado _________________________________________________
HOMOLOGANTE
Nome _______________________________________________________________
Função ______________________________________________________________
Data ____/____/_____
Assinatura __________________________
942
Decreto-Regulamentar nº 19/93, de 27 de Setembro
Apreciação Geral
COMENTÁRIOS DO AVALIADOR:
A. Aspectos sobre os quais o funcionário deve receber uma atenção particular no
próximo ano.
Habilidades a melhorar Conhecimentos a adquirir
COMENTÁRIOS DO HOMOLOGANTE:
943
Decreto-Regulamentar nº 19/93, de 27 de Setembro
2. Quantidade do trabalho: Seu nível de produtividade Trata-se de um indivíduo Possui um ritmo de Utiliza todos os recursos
Responde ao nível de 2,0 é inadequado para as cuja quantidade de actividade que permite pessoais para produzir
produção que consegue actividades que deve trabalho é imprevível. apresentar um nível de o máximo possível.
atingir tendo em vista as desenvolver. Sua Deixa dúvidas quanto produtividade adequado Pode-se estar tranquilo
expectativas para o cargo. morosidade no trabalho ao tempo que demorará em relação ao montante quando se se lhe atribui
faz com que não consiga para executar as de trabalho. Não perde um trabalho com
desenvenciliar-se nem tarefas que lhe são tempo com detalhes urgência. Revela grande
das suas tarefas diárias. entregues. Conhece suas desnecessários. Tem habilidade na execução
5 x ... = deficiências e esforça-se condições pessoais para das tarefas.
por superá-las. apresentar índices mais 20 x ... =
10 x ... = elevados de produção.
15 x ... =
3. Conhecimentos Tem conhecimentos Ainda tem muito que Tem conhecimentos Tem um alto nível de
profissionais: Considera- 2, 0 fortemente limitados aprender para ser práticos e teóricos conhecimentos teóricos
se o conhecimento e a na teoria e na prática. considerado um elemento suficientes para atender e práticos. Consegue
compreensão dos princípios As lacunas dos com conhecimento às dificuldades do con extrema facilidade
básicos, teóricos e práticos seus conhecimentos básico suficente para dia a dia no exercício atingir pleno êxito na
do trabalho. constituem uma grande o bom andamento da do cargo. Com mais resolução de qualquer
limitação para a resolução prática do dia-a-dia. algum tempo, terá uma problema de ordem
dos problemas correntes 10 x ... = excelente preparação prática.
das suas tarefas. profissional. 20 x ... =
5 x ... = 15 x ... =
4. Iniciativa: Desembaraço Falta-lhe iniciativa para Demonstra empenho Consegue reagir Destaca-se pela
para resolver problemas 1,5 solucionar as dificuldades em solucionar as acertadamente face às capacidade de tomar
que surjam no seu seio. que ocorrem. Interrompe dificuldades que surgem dificuldades encontradas. as melhores resoluções
os companheiros para no seu trabalho. Por Suas decisões não em face de problemas
pedir ajuda mesmo em não possuir traquejo comprometem o bom que ocorrem. Sua
situações habituais. suficiente inspira ainda andamento do serviço. facilidade em decidir
5 x ... = cuidados em relação às 15 x ... = acertadamente serve
iniciativas que toma. de base aos demais,
10 x ... = quando requer iniciativa
especializada.
20 x ... =
5. Responsabilidade: Falta-lhe habilidade para Inspira cuidados em Mostra-se responsável. Destaca-se pela discrição
Seriedade com que o 1,0 discriminar os assuntos relação à seriedade É discreto e mantém o com que trata assuntos
funcinário encara seu confidencias, não lhe como encara o seu necessário sigilo sobre sigilosos e pelo sentido
trabalho, sabendo agir podendo ser confiado trabalho. Não é pessoa os serviços confidencias de responsabilidade que
de maneira discreta com documentos ou materias a quem se possa confiar que estão sob sua norteia sua conduta no
relação a assuntos que sobre os quais se exija documentos sigilosos ou responsabilidade. trabalho. É elemento de
esijem confidencialidade. sigilo. confidenciais. É arriscado 15 x ... = toda confiança.
5 x ... = indicá-lo para tarefas que 20 x ... =
exijam responsabilidade.
10 x ... =
6.Relações humanas no Revela grandes Desinteressa-se pelos Quer em situações de Utiliza a sua
trabalho: Trata-se da maior 1,0 dificuldades em objectivos fixados pelo trabalho, quer fora delas, grande facilidade
ou menor facilidade em relacionar compessoas e seu superior hierárquico tem-se saído bem quanto de relacionamento
estabelacer relacinamento vive criando problemas e pelos resultados dos ao relacionamento com interpessoal como
interpessoal adequado e com os outros. A sua problemas dos outros. pessoas. Pode-se estar instrumento necessário à
produtivo. falta de sociabilidade Não sabe desenvolver tranquilo que não criará resolução de dificuldades
chega a prejudicar o bom relacionamento humano nenhuma dificuldade funcionais. É estimado
andamento do trabalho. adequado quando se séria neste sentido. por todos e goza de
5 x ...= trata de resolver uma 15 x ... = excelente estima entre
dificuldade funcional. os colegas.
10 x ... = 20 x ... =
944
Decreto-Regulamentar nº 19/93, de 27 de Setembro
MODELO III
Ministério ________________________________________________________
Secretário de Estado _______________________________________________
Direcção-Geral ____________________________________________________
Nome do Funcionário ______________________________________________
Cargo ____________________________ Referência _______ Escalão _______
Período a que se refere a avaliação ___/____/_____
945
Decreto-Regulamentar nº 19/93, de 27 de Setembro
AVALIADOR
Nome _______________________________________________________________
Função ______________________________________________________________
Data ____/____/_____
Assinatura ______________________
Data da entrevista _____/____/_____
Assinatura do avaliado _________________________________________________
HOMOLOGANTE
Nome _______________________________________________________________
Função ______________________________________________________________
Data ____/____/_____
Assinatura __________________________
946
Decreto-Regulamentar nº 19/93, de 27 de Setembro
Apreciação Geral
COMENTÁRIOS DO AVALIADOR:
A. Aspectos sobre os quais o funcionário deve receber uma atenção particular no
próximo ano.
Habilidades a melhorar Conhecimentos a adquirir
COMENTÁRIOS DO HOMOLOGANTE:
947
Decreto-Regulamentar nº 19/93, de 27 de Setembro
1. Atenção e qualidade 3,5 Seu trabalho é de Precisa sentir que está É cuidadoso no A qualidade do trabalho
do trabalho: Considera qualidade inaceitável sendo controlado para desempenho das que apresenta é perfeita.
o cuidado com o qual o por falta absoluta de apresentar melhor actividades que Revela uma habilidade
avaliado desempenha suas atenção. Falta-lhe qualidade de trabalho. executa. A qualidade do fora do comum para
tarefas. Leva em conta o qualidades pessoais Deve exercitar-se muito trabalho que apresenta executar actividades
resultado final. para que possa melhorar para aproximar seu nível é boa tendo em vista os que exijam cuidado e
. futuramente a qualidade de atenção na realização padrões estabelecidos atenção.
do seu trabalho. de suas tarefas. para o desempenho do 20 x ... =
5 x ... = 10 x ... = cargo.
15 x ... =
2. Quantidade do trabalho: 2,5 É excessivamente lento, Ritmo de trabalho Mantém um ritmo de Seu ritmo de trabalho
Montante de trabalho não atingindo os limites relativamente lento, em trabalho que atende às é bastante rápido,
executado co relação ao mínimos exigidos para o comparação ao que se expectativas do dia-a-dia sendo capaz de
tempo gasto. desempenho do cargo. poderia esperar. de trabalho. Faz o que dar conta mesmo
5 x ... = 10 x ... = pode para produzir mais. quando o volume
15 x ... = de serviço aumenta
inesperadamente.
20 x ... =
3. Responsabilidade e 2, 0 Esquece-se com Revela falta de rigor no Sente-se responsável Assume integralmente
dedicação: Procura avaliar facilidade das suas seu trabalho. Falta-lhe pelo que faz. Dá valor suas responsabilidades
a dedicação, o cuidado e o obrigações de trabalho. maturidade exigida para e desenvolve com de trabalho. É
valor que seu subordinado É omisso ao dedicar- cumprir as obrigações dedicação e cuidado as extremamente
atribui às actividades pelas se às suas actividades. sob sua responsabilidade. actividades que tem a cuidadoso naquilo
quais é responsável Não atende às Evita comprometer- seu encargo. Tem boa que faz. Valoriza tanto
responsabilidades de se e assumir vontade em sanar suas suas atribuições que
trabalho. responsabilidades. eventuais falhas e não seu entusiasmo chega
5 x ... = 10 x ... = repetir os mesmos erros. a motivar os demais
15 x ... = colegas.
20 x ... =
4. Relações humanas no 2,0 Cria sérios problemas de Tem limitações pessoais Faz o possível para Tem grande facilidade
trabalho: Leva-se em conta relacionamento humano. no tratamento com ser agradável na de relacionamento com
todo tipo de contacto pessoal É inoportuno e tem colegas e superiores. É convivência com chefes supervisores e colegas,
com supervisor e colegas no dificuldades em conviver necessário recomendar- e colegas. Reconhece sendo simpático e
trabalho. com as pessoas. lhe mais cuidado nesse que é importante ter bom querido por todos.
5 x ... = assunto. relacionamento. 20 x ... =
10 x ... = 15 x ... =
948
Decreto-Regulamentar nº 19/93, de 27 de Setembro
MODELO IV
Ministério ________________________________________________________
Secretário de Estado _______________________________________________
Direcção-Geral ____________________________________________________
Nome do Funcionário ______________________________________________
Cargo ____________________________ Referência _______ Escalão _______
Período a que se refere a avaliação ___/____/_____
949
Decreto-Regulamentar nº 19/93, de 27 de Setembro
AVALIADOR
Nome ___________________________________________________________
Função __________________________________________________________
Data ____/____/_____
Assinatura ______________________
Data da entrevista _____/____/_____
Assinatura do avaliado ______________________________________________
HOMOLOGANTE
Nome ___________________________________________________________
Função __________________________________________________________
Data ____/____/_____
Assinatura __________________________
950
Decreto-Regulamentar nº 19/93, de 27 de Setembro
Apreciação Geral
COMENTÁRIOS DO AVALIADOR:
COMENTÁRIOS DO HOMOLOGANTE:
951
Decreto-Regulamentar nº 19/93, de 27 de Setembro
COEFI-
FACTORES 1ª GRADUAÇÃO 2ª GRADUAÇÃO 3ª GRADUAÇÃO 4ª GRADUAÇÃO
CIENTE
2,0 É muito vagaroso para Tem um ritmo de É rápido e activo no Demonstra um ritmo
1. Produção e a função exercida. Não trabalho relativamente desempenho de suas de trabalho rápido
rendimento: consegue produzir mais lento em comparação tarefas. e produtivo. Revela
depressa ao esperado para a 15 x ... = grande eficiência e
Compra a quantidade 5 x ... = função. Precisa que se dispõe sempre de
de trabalho apresentada lhe lembre e estimulado recursos para a execução
com aquela que é para que produza mais do trabalho mesmo que
esperada para a função. depressa. haja aumento inesperado
10 x ... = de serviço.
20 x ... =
2. Atenção e qualidade 2,0 Executa seu trabalho sem A qualidade do seu Realiza seu trabalho Todo o trabalho que
do trabalho: Considera atenção. É descuidado trabalho é irregular com atenção. Procura, executa prima pela boa
o cuidado com o qual com máquinas, . precisa que se lhe ser cuidadoso ao qualidade e atenção com
o operário desempenha ferramentas e matérias- lembre do cuidado com a desempenhar as duas que é feito. Conserva a
sua tarefas, levando em primas. O trabalho final é maquinaria, ferramentas tarefas. A qualidade do maquinaria, ferramentas
conta o resultado final. cheio de imperfeição e matérias-primas. Seu seu trabalho satisfaz. e material em perfeitas
5 x ... = trabalho é passível de 15 x ... = condições.
imperfeições.
10 x ... = 20 x ... =
3. Conhecimento do 1,5 Ainda não sabe Precisa ser acompanhado Domina o seu trabalho O conhecimento que
Trabalho: Verifica trabalhar. Precisa de perto quando surgem de modo a não tem das suas tarefas é
o grau de domínio ser constantemente dificuldades fora da preocupar o supervisor. tal que já lhe podem ser
dos serviços sob sua controlado. rotina de trabalho. O Quando sente alguma confiadas outras tarefas
responsabilidade. 5 x ... = pouco domínio do seu dificuldade solicita, mais complexas e fora
trabalho não lhe permite espontaneamente, a da rotina. Chega mesmo
ter iniciativas próprias. orientação necessária. a ajudar os colegas a
10 x ... = 15 x ... = superar dúvidas.
20 x ... =
4. Agilidade física e 1,5 A sua falta de agilidade Tem dificuldades de Tem agilidade de Seu bom estado
mental: Considerar a não só prejudica o locomover-se agilmente. movimentos suficientes físico e agilidade de
rapidez e a coordenação trabalho, mas também Falta lhe coordenação para o bom desempenho movimentos aceleram
de movimentos no poderá algum dia de movimentos. Num de suas tarefas. Sente sua produtividade e
desenvolvimento do precipitar algum acidente trabalho manual sente facilidade em executar o colocam a salvo de
trabalho. . grande dificuldade de tarefas que exigem qualquer acidente.
5 x ... = executá-lo. destreza manual . Tendo enorme agilidade
10 x ... = 15 x ... = manual
20 x ... =
5. Normas de segurança 2,0 Não conhece as normas Expõe-se a situações Conhece e observa Conhece e domina as
no trabalho: Confirma de segurança. É perigosas, necessitando atentamente as normas regras para preveni
até que ponto o operário descuidado no trabalho, ser lembrado delas. de segurança. acidente. Está
conhece e pratica as colocando em risco a A qualquer momento 15 x ... = constantemente atento
regras de prevenção de sua vida e/ou dos demais poderá sofrer um consigo, com o material
acidente. operários. Já sofreu e/ou acidente. e o equipamento. Nunca
provocou acidentes. 10 x ... = sofreu acidente por
5 x ... = causa disto.
20 x ... =
6. Relacionamento 1,0 Tem dificuldades Indivíduo que procura Nunca chegou a criar Tem um modo tão
interpessoal: Caracteriza de relacionamento evitar contactos sociais problemas por causa adequado de se
o tipo de relacionamento com pessoas. Sua com outras pessoas. Não do seu relacionamento relacionar com as
que mantém com as sociabilidade com é capaz de se adaptar interpessoal. É visto pessoas que todos o vêem
pessoas com as quais relação a outras pessoas aos outros e espera que com simpatia e a maioria com grande simpatia. É
trabalha. é tão inadequada que os outros se adaptem a das pessoas que o cercam do tipo de pessoa que
chega a criar problemas. ele. Precisa aprender a lhe querem bem. enfrenta com facilidade
5 x ...= viver em grupo. 15 x ... = qualquer situação de
10 x ... = relacionamento humano.
20 x ... =
952
Decreto-Lei nº 108 – E/92, de 24 de Setembro
953
Decreto-Lei nº 108 – E/92, de 24 de Setembro
954
Decreto-Lei nº 108 – E/92, de 24 de Setembro
versão profissional, consideram-se exonerados dos lugares que vem ocupando, com efeito
reportados à data de posse no novo cargo.
2.A posse do novo cargo constitui acto declarativo da exoneração, devendo o respec-
tivo termo ser enviado, no prazo de cinco dias, ao Tribunal de Contas para junção ao pro-
cesso individual do funcionário.
3.Sempre que o titular de cargo dirigente ou de chefia for nomeado para exercer em co-
missão outro cargo da mesma natureza considera-se automaticamente exonerado do cargo
de que era anteriormente ocupante.
4.O provimento em determinado cargo em comissão ordinária de serviço faz cessar a
comissão anterior relativa ao mesmo cargo.
Artigo 7º
(Dispensa de anotação)
Os despachos de demissão, exoneração, passagem à situação de licença limitada,
licença registada, rescisão de contratos ou assalariamentos e, de um modo geral todos os
actos que aumento de vencimento, nem mudança de verba por onde se efectua o pagamen-
to, não estão sujeitos a anotação do Tribunal de Contas.
Artigo 8º
(Revogação)
São revogados os artigos 13º, alínea d) do Decreto-Lei nº 96/86, de 3 de Dezembro,
12º, §5º e 8º de Estatuto do Funcionalismo.
Visto e aprovado em Conselho de Ministros.
Carlos Veiga – Jorge Carlos Fonseca – Eurico Correia Monteiro -José Tomás Veiga
– António Gualberto do Rosário – Manuel de Jesus Chantre – Teófilo Figueiredo -Manuel
Faustino – Rui Figueiredo Soares – Leão Lopes -Alfredo Teixeira.
Promulgado em 23 de Setembro de 1992.
Publique-se.
O Presidente da República, ANTONIO MANUEL MASCARENHAD GOMES MON-
TEIRO.
955
Decreto n.º 14/77, de 5 de Março
956
Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio
4. DISCIPLINA
957
Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio
958
Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio
959
Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio
960
Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio
Artigo 6º
(Prescrição da responsabilidade disciplinar)
1. ...
2. Aplicam-se aos procedimentos disciplinares os prazos de prescrição na lei penal
superiores aos fixados nos números antecedentes quando a infracção disciplinar do agente
for também criminalmente punível.
3. Suspendem o prazo de prescrição, a instauração do processo de sindicância e do
mero processo de averiguações e a dos processos de inquérito e disciplinar mesmo que não
tenham sido dirigidos contra o agente a quem a prescrição interessa mas nos quais venham
a apurar-se faltas de que seja responsável. A prescrição recomeçará a correr passados os
prazos estabelecidos neste Estatuto para a decisão dos processos referidos na primeira parte
deste número.
4. Se no decurso dos prazos referidos no nº 1 alguns actos de instrução com efectiva
incidência no apuramento dos factos forem praticados, a prescrição conta-se desde o dia em
que tiver sido praticado o último acto.
Artigo 22º
(Competência disciplinar sobre os agentes da administração local)
1. A competência disciplinar sobre os agentes dos quadros privativos das autarquias
locais e sobre os agentes da Aministração-Central afectados ao serviço das autarquias lo-
cais pertence aos respectivos órgãos executivos colegiais, salvo o disposto nos números
seguintes.
2. É da competência do membro do Governo que exerce a tutela sobre as autarquias
locais a aplicação das penas das alíneas d) a f) do artigo 14º aos agentes da Administração
Central, quando afectados nas autarquias locais.
3. O presidente do órgão executivo da autarquia local tem competência para aplicação das
penas de censura escrita, multa e de suspensão a todos os agentes ao serviço da autarquia.
Artigo 25º
(Negligência e má compreensão dos deveres funcionais)
1. Aos agentes que revelarem negligência ou má compreensão dos deveres funcionais
será aplicada a pena de multa.
2. A pena referida no número anterior, será nomeadamente, aplicada aos agentes que:
a) Não observarem as normas ou instruções na arrumação dos livros, documen-
tos, e outros objectos a seu cargo desde que disso não resultem prejuízos para
o serviço ou para terceiros;
b) Cometerem erros por negligência na escrituração dos livros e documentos desde
que da falta não tenha resultado prejuízo para o serviço ou para terceiros;
961
Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio
962
Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio
963
Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio
964
Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio
965
Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio
966
Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio
Artigo 43º
(Nulidades)
1. É insuprível a nulidade resultante da falta de acusação escrita, deduzida nos termos
prescritos no artigo 61º.
2. ......
3. ........
Artigo 44º
(Recursos hierárquicos de decisão que recuse a realização de diligências)
1. Do despacho que indefira o pedido de quaisquer diligências probatórias cabe recurso
hierárquico para o dirigente do serviço por onde corre o processo, a interpor no prazo de
três dias úteis.
2. .....
3. .......
Artigo 48º
(Início e termo de instrução)
1. A instrução do processo disciplinar deve iniciar-se no prazo máximo de três dias
úteis, contados da data da notificação ao instrutor do despacho que o nomeou, e ultimar-se
no prazo de trinta dias, prorrogável uma única vez, por um período, não superior a trinta
dias, a fixar por despacho da entidade que o mandou instaurar, sob proposta fundamentada
do instrutor, nos casos de grande complexidade.
2. Na falta de fixação expressa, o prazo de prorrogação considera-se de quinze dias.
3. .....
4. ......
5. ......
Artigo 51º
(Nomeação do instrutor)
1. A entidade que instaurar processo disciplinar deve nomear um instrutor, o qual po-
derá ser escolhido:
a) de entre os agentes do mesmo serviço, de referência igual ou superior à do
arguido; ou
b) De entre agentes pertencentes a serviços diferentes do arguido, de referência igual
ou superior à dele, requisitado, destacado ou deslocado para o efeito; ou
c) De fora de Administração Pública, mediante contrato de prestação de
serviço.
967
Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio
968
Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio
969
Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio
Artigo 73º
(Parecer)
Antes da tomada de decisão e sem prejuízo do prazo estabelecido no artigo anterior,
poderá a entidade com competência para julgar o processo solicitar os pareceres que enten-
der convenientes.
Artigo 74º
(Fundamentação)
A decisão será sempre fundamentada quando não concordante com as conclusões for-
muladas no relatório do instrutor.
Artigo 80º
(Falta de assiduidade)
Será levantado pelo superior hierárquico auto por falta de assiduidade ao agente que,
sem justificação, tenha faltado ao serviço durante:
a) Cinco dias úteis seguidos ou oito interpolados, no mesmo ano civil;
b) Oito dias úteis seguidos ou doze interpolados, no mesmo ano civil.
Artigo 81º
(Abandono de lugar)
1. Sempre que o agente faltar ao serviço durante doze dias úteis seguidos, sem dar
notícia ao respectivo superior hierárquico, presume-se que tenha abandonado o lugar, sem
necessidade de qualquer processo disciplinar.
2. A presunção referida no número anterior pode ser ilidida se o agente demonstrar que
esteve temporariamente impedido de comunicar-se com o serviço e que o fez logo que tal
se tornou possível.
3. Sem prejuízo do disposto nos números anteriores, sempre que o agente, sem justi-
ficação atendível, tiver faltado ao serviço, durante doze dias úteis seguidos ou quinze dias
interpolados, no mesmo ano civil, ou vinte e cinco dias interpolados em vinte e quatro me-
ses, o respectivo superior hierárquico levantar-lhe-á auto por abandono de lugar.
Artigo 82º
(Tramitação)
1. Sem prejuízo dos disposto no artigo 81º, os autos por falta de assiduidade ou por
abandono de lugar servirão de base a processo disciplinar, que seguirá os trâmites do pro-
cesso por infracção disciplinar directamente constatada estabelecido nos artigos 78º e 79º,
com as especificidades previstas nos números seguintes.
2. ....
3......
970
Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio
Artigo 83º
(Espécie de recurso)
1. Da decisão proferida em processo disciplinar pode caber recurso hierárquico e re-
curso contencioso.
2. cabe recurso hierárquico necessário das decisões em processo disciplinar que não
tenham sido proferidas por membro do Governo ou pelos órgãos executivos superiores das
autarquias locais, dos serviços personalizados do Estado ou de outras pessoas colectivas de
direito público.
3. Cabe recurso contencioso nos termos gerais das decisões proferidas em processo
disciplinar por membro do Governo ou pelos órgãos executivos superiores das autarquias
locais, dos serviços personalizados do Estado ou de outras pessoas colectivas de direito
público.
Artigo 84º
(Recurso hierárquico)
1. Sem prejuízo dos prazos especiais referidos neste diploma, o recurso hierárquico
interpõe-se directamente para o membro do Governo competente, no prazo de quinze dias,
a contar da data em que o recorrente tiver sido notificado da decisão ou da publicação do
aviso referido no artigo 77º.
2. Na administração autárquica, nos serviços personalizados do Estado ou outras pes-
soas colectivas de direito público, o recurso hierárquico referido no número anterior será
interposto para o respectivo órgão executivo máximo.
3. ....
4. .....
Artigo 85º
(Recurso de despacho interlocutórios)
Dos despachos proferidos em processo disciplinar que não sejam de mero expidiente cabe
recurso hierárquico, a interpor no prazo de três dias úteis a partir do seu conhecimento.
Artigo 86º
(Outros meios de prova no recurso hierárquico)
1. ....
2. As diligências referidas no número anterior serão realizadas no prazo máximo de
quinze dias.
Artigo 92º
(Decisão sobre o requerimento)
1. Recebido o requerimento, juntar-se-á ao processo cuja revisão se pede e será subme-
tido à entidade competente para proferir decisão.
971
Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio
972
Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio
973
Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio
974
Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio
mas, adoptando o procedimento legal que lhes seja mais favorável, não lhes
exigindo formalidades ou pagamento não impostos expressamente por lei ou
regulamento e não lhes provocando incómodos, perdas de tempo ou gastos
desnecessários;
j) Dar prioridade, no atendimento, às pessoas idosas, doentes ou com deficiência,
às grávidas, aos menores e a outras pessoas em situação de vulnerabilidade;
k) Agir com correcção e consideração para com os superiores hierárquicos, cole-
gas e subordinados;
l) Guardar segredo profissional relativamente aos assuntos de que tenham con-
hecimento em virtude do exercício das suas funções e sobre os quais não ten-
ham autorização do respectivo superior hierárquico para a sua revelação ao
público, sem prejuízo do direito dos cidadãos a serem informados sobre o
andamento dos processos em que sejam directamente interessados e do direito
de acesso dos cidadãos a arquivos e registos administrativos, nos termos das
leis e regulamentos;
m) Proceder disciplinarmente nos termos da lei, relativamente às infracções prati-
cadas pelos seus subordinados e participar superiormente as que exijam inter-
venção de outras autoridades;
n) Avaliar o desempenho dos seus subordinados e informar a respeito dos mes-
mos, com rigor, isenção e justiça;
o) Aperfeiçoar a sua formação profissional, nomeadamente, no que respeita às
matérias que interessam às funções que exerçam;
p) Não solicitar, nem retirar vantagens de qualquer natureza das funções que
desempenham e agir com independência e isenção em relação aos interesses e
pressões particulares;
q) Agir, na sua vida pública e privada, com probidade de modo a não desprestig-
iar a função que exerce.
Artigo 4º
(Infracção disciplinar)
Constitui infracção disciplinar a conduta do agente, ainda que meramente culposa,
quer consista em acção, quer em omissão, com violação de quaisquer dos deveres gerais ou
especiais decorrentes da função que exerce, independentemente da produção de resultado
danoso para o serviço.
Artigo 5º
(Sujeição ao poder disciplinar)
1. Os agentes ficam sujeitos ao poder disciplinar desde a data de posse, ou se esta não
for exigida, desde a data do início de funções.
975
Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio
976
Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio
977
Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio
978
Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio
Artigo 15º
(Registo e publicidade)
1. As penas disciplinares são sempre registadas no processo individual dos agentes.
2. Serão objecto de publicação no Boletim Oficial as penas de aposentação compulsiva
e de demissão.
Artigo 16º
(Caracterização das penas)
1. A pena de censura escrita consiste em mera advertência pela falta praticada.
2. A pena de multa consiste na fixação de uma quantia certa que não poderá exceder
o montante correspondente a vinte dias de totalidade das remunerações mensais certas e
permanentes à data da notificação da decisão condenatória, excluído o abono de família.
3. As penas de suspensão e de inactividade consistem no afastamento completo do
agente do serviço durante o período da pena.
4. A pena de suspensão pode ser, de acordo com a gravidade do caso:
a) De vinte e um a noventa dias;
b) De noventa e um dias a cento e vinte e um dias.
5. A pena de inactividade não pode ser inferior a seis meses nem superior a dezoito
meses.
6. A pena de suspensão compulsiva consiste na imposição da passagem do agente à
situação de aposentado.
7. A pena de demissão consiste no afastamento definitivo do agente do serviço, cessan-
do o vínculo funcional.
8. A pena de cessação de comissão de serviço consiste na cessação compulsiva de
cargos dirigentes ou equiparados.
Artigo 17º
(Efeitos das penas)
1. As penas disciplinares produzem unicamente os efeitos declarados na lei.
2. A pena de suspensão determina:
a) A perda, para efeitos de remuneração, antiguidade e aposentação, de tantos
dias quantos tenha durado a suspensão;
b) A impossibilidade de gozo de férias pelo período de um ano, contando desde o
termo do cumprimento da pena, ressalvando o direito ao gozo de dez dias para
os agentes punidos com suspensão igual ou inferior a noventa dias;
979
Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio
980
Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio
CAPÍTULO III
Competência disciplinar
Artigo 20º
(Princípio geral)
A competência disciplinar dos superiores hierárquicos envolve sempre a dos inferiores
hierárquicos dentro do serviço.
Artigo 21º
(Competência disciplinar sobre os agentes)
1. A pena de censura escrita é da competência de todos os agentes em relação aos que
lhes sejam subordinados.
2. A aplicação das penas de multa e de suspensão é da competência do pessoal dirigen-
te ou equiparado.
3. A competência referida no número anterior é atribuída aos dirigentes dos serviços
personalizados do Estado e de outras pessoas colectivas de direito público.
4. A aplicação das penas de inactividade, aposentação compulsiva e demissão é da
competência exclusiva dos membros do Governo.
Artigo 22º
(Competência disciplinar sobre os agentes da administração local)
1. A competência disciplinar sobre os agentes dos quadros privativos das autarquias
locais e sobre os agentes da Aministração-Central afectados ao serviço das autarquias lo-
cais pertence aos respectivos órgãos executivos colegiais, salvo o disposto nos números
seguintes.
2. É da competência do membro do Governo que exerce a tutela sobre as autarquias
locais a aplicação das penas das alíneas d) a f) do artigo 14º aos agentes da Administração
Central, quando afectados nas autarquias locais.
3. O presidente do órgão executivo da autarquia local tem competência para aplicação
das penas de censura escrita, multa e de suspensão a todos os agentes ao serviço da autar-
quia.
Artigo 23º
(Dever de aplicação das penas)
As autoridades com competência disciplinar fixadas por este diploma devem sempre
pronunciar-se sobre os processos que lhes forem submetidos, para aplicarem as penas que
estiverem dentro da sua competência ou para a declinarem, se as penas propostas ou que
entenderem propor, estiverem fora dela.
981
Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio
CAPÍTULO IV
Da aplicação e extinção das penas
Artigo 24º
(Faltas leves)
Por faltas leves que não tragam prejuízos para os serviços ou para terceiros será apli-
cável a pena de censura escrita e sempre com o objectivo do aperfeiçoamento profissional
do agente.
Artigo 25º
(Negligência e má compreensão dos deveres funcionais)
1. Aos agentes que revelarem negligência ou má compreensão dos deveres funcionais
será aplicada a pena de multa.
2. A pena referida no número anterior, será nomeadamente, aplicada aos agentes que:
a) Não observarem as normas ou instruções na arrumação dos livros, documen-
tos, e outros objectos a seu cargo desde que disso não resultem prejuízos para
o serviço ou para terceiros;
b) Cometerem erros por negligência na escrituração dos livros e documentos
desde que da falta não tenha resultado prejuízo para o serviço ou para tercei-
ros;
c) Deixarem de participar atempadamente às autoridades competentes as in-
fracções disciplinares ou contra-ordenações de que tiverem conhecimento no
exercício das suas funções;
d) Violarem, pela primeira vez e sem gravidade relevante, o dever de correcção
e consideração para com os superiores hierárquicos, colegas ou subordinados,
ou o dever de urbanidade, respeito e prestabilidade para com os utentes dos
serviços públicos;
e) Violarem, pela primeira vez e sem gravidade relevante, o dever de atendi-
mento prioritário a pessoas em situação de vulnerabilidade;
f) Demonstrarem falta de zelo, pelo defeituoso cumprimento ou desconhecimen-
to das disposições legais e regulamentares ou das ordens superiores legíti-
mas;
g) Deixarem atrasar, sem motivo justificado, os serviços de modo que não este-
jam concluídos nos prazos que forem estabelecidos;
h) Manifestarem falta de cuidado no tratamento e conservação dos materiais a
seu cargo;
i9 Se ausentarem do local de trabalho sem licença da autoridade competente.
982
Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio
Artigo 26º
(Negligência grave ou grave desinteresse pelo cumprimento
dos deveres profissionais)
1. Aos agentes que revelarem negligência grave e bem assim aos que demonstrarem
grave desinteresse pelo cumprimento dos deveres será aplicada a pena de suspensão.
2. A pena referida no número anterior será, nomeadamente, aplicada aos agentes que:
a) Derem informação errada em matéria de serviço a superior hierárquico por
falta de cuidado;
b) Desobedecerem, pela primeira vez e sem consequências graves, às ordens e
instruções dos superiores hierárquicos;
c) Violarem, com gravidade, o dever de correcção e consideração para com os
superiores hierárquicos, colegas ou subordinados, ou o dever de urbanidade,
respeito e prestabilidade para com os utentes dos serviços públicos;
d) Violarem, com gravidade, o dever de atendimento prioritário a pessoas em
situação de vulnerabilidade;
e) Minutarem, sem a competente autorização, requerimento ou petição de tercei-
ro que tenha de ser informado, expedido ou resolvido pelos próprios agentes
ou por superior hierárquico;
f) Adquirirem serviços, bens e equipamentos para o serviço público sem ob-
servância das disposições legais aplicáveis;
g) Deixarem de pensar dentro dos prazos legais, sem justificação bastante, cer-
tidões que lhes sejam requeridas;
h) Realizarem despesas sem a existência de receitas que garantam o seu paga-
mento ou não previstas nos orçamentos ou excedendo as dotações orçamen-
tais;
i) Assumirem compromissos financeiros ou contraírem dívidas em nome da Ad-
ministração, sem a devida autorização orçamental para execução de despe-
sas;
j9 Manifestarem incompetência profissional de que não tenha resultado prejuízo
grave para a Administração ou para terceiros;
k) Prejudicarem gravemente o interesse da Administração e de terceiros, por
falta de cuidado, nomeadamente bloqueando sem justificação e por qualquer
forma, o tratamento de processos a seu cargo;
l) Derem cinco faltas seguidas ou oito interpoladas, sem justificação atendível,
no mesmo ano civil;
983
Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio
984
Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio
985
Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio
k) Derem, sem justificação, doze faltas seguidas ou quinze interpoladas, sem jus-
tificação atendível, no mesmo ano civil;
l) Demonstrarem intolerável falta de assiduidade ao serviço público, provada
com o facto de haverem dado, sem justificação atendível, um total de vinte e
cinco faltas interpoladas em vinte e quatro meses de serviço;
m) Violarem segredo profissional ou cometerem inconfidências de que resultem
graves prejuízos materiais ou morais para a Administração ou para terceiros;
n) Forem encontrados em alcance ou desvios de dinheiro público;
n) Manifestarem, reiteradamente, incompetência profissional susceptível de
causar graves prejuízos ao serviço;
o) Com intenção de obterem para si ou para terceiro benefício económico ilícito,
lesarem, em negócio jurídico ou por mero acto material, designadamente pela
destruição, adulteração ou extravio de documentos, os interesses patrimoniais
que, no todo ou parte, lhes cumpre administrar, fiscalizar, defender ou reali-
zar;
p) Reiterarem na prática de infracções previstas no artigo 27º.
3. A pena de aposentação compulsiva só será aplicada verificados os requisitos exigi-
dos pela legislação sobre a aposentação, com dispensa do requisito da incapacidade física,
fora desse casos aplicando-se pena de demissão.
Artigo 29º
(Cessação da comissão de serviço)
1. A pena de cessação da comissão de serviço será aplicada ao pessoal dirigente ou
equiparado e aos demais titulares de altos cargos públicos que:
a) Com violação grave dos deveres da função, se abstenham de agir em situação
em que a sua acção se imponha;
b) Não procedam disciplinarmente contra os agentes seus subordinados pelas
infracções de que tenham conhecimento;
c) Não participem criminalmente infracção disciplinar que revista carácter penal
de que tenham conhecimento no exercício das suas funções;
d) Com violação grave do dever de imparcialidade e isenção, façam discrimi-
nação na atribuição de emprego público, ou na atribuição de bens, serviços ou
prestações públicos;
e) Violem gravemente as incompatibilidades e vedações de actividade estabel-
ecidas por lei;
f) Violem, gravemente, os deveres de lealdade institucional, de rigoroso apartid-
arismo político no exercício de funções e de sigilo profissional;
986
Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio
987
Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio
Artigo 32º
(Circunstâncias agravantes)
1. São circunstâncias agravantes da infracção disciplinar:
a) A vontade determinada de, pela conduta seguida, produzir resultados prejudi-
ciais ao serviço, ao interesse geral ou a terceiros, independentemente de estes
se verificarem;
b) A produção efectiva de resultados prejudiciais ao serviço público, ao inter-
esses geral ou a terceiros, nos casos em que o agente pudesse prever essa
consequência como efeito necessário da sua conduta;
c) A premeditação;
d) O conluio com outros indivíduos para a prática da infracção;
e) O facto de ser cometida durante o cumprimento de pena disciplinar ou en-
quanto decorrer o período de suspensão da pena;
f) A reincidência;
g) A acumulação de infracções;
h) A responsabilidade do cargo e o nível intelectual do infractor;
i) A advertência por outro agente de que o acto constitui infracção;
j) A intenção dolosa.
2. A premeditação consiste no desígnio formado 24 horas antes, pelo menos, da prática
da infracção.
3. A reincidência dá-se quando a infracção é cometida antes de decorrido um ano
sobre o dia em que tiver findado o cumprimento da pena imposta por virtude de infracção
anterior.
Artigo 34º
(Suspensão das penas disciplinares)
1. As penas disciplinares de multa e de suspensão podem ser suspensas, ponderados
o grau de culpabilidade e o comportamento do arguido, bem como as circunstâncias da
infracção.
2. O tempo de suspensão não será inferior a um ano nem superior a três, contando-se
estes prazos desde a data da notificação ao arguido da respectiva decisão.
3. Relativamente à censura por escrito, poder-se-á, atendendo os elementos referidos
ao nº 1, suspender o registo respectivo.
4. A suspensão caducará se o agente vier a ser, no seu decurso, punido novamente em
virtude de processo disciplinar.
988
Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio
Artigo 35º
(Extinção das penas disciplinares)
1. As penas disciplinares extinguem-se:
a) Pelo cumprimento;
b) Pela caducidade da punição condicional;
c) Pela revogação da decisão punitiva;
d) Pela revisão do processo disciplinar;
e) Pela amnistia;
f) Pelo indulto ou comutação da pena;
g) Pela reabilitação;
h) Pela prescrição;
i) Pela morte do infractor.
2. As penas disciplinares prescrevem nos prazos seguintes, contados da data em que a
decisão se tornou irrecorrível:
a) Seis meses para as penas de censura escrita e multa;
b) Três anos para as penas de suspensão e de inactividade,
c) Cinco anos para as penas de aposentação compulsiva e demissão.
3. A amnistia não destrói os efeitos já produzidos pela aplicação da pena, devendo ser
averbada no respectivo processo individual.
CAPÍTULO V
Processo disciplinar
SECÇÃO I
Disposições gerais
Artigo 36º
(Características do processo disciplinar)
O processo disciplinar é sumário, não depende de formalidades especiais e deve ser
conduzido de modo a levar rapidamente ao apuramento da verdade, dispensando-se tudo o
que for inútil, impertinente ou dilatório.
Artigo 37º
(Formas de processo disciplinar)
1. O processo disciplinar pode ser comum ou especial.
2. O processo especial aplica-se aos casos expressamente designados na lei e o proces-
so comum a todos os casos a que não corresponda processo especial.
989
Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio
990
Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio
ao primeiro, ficando a sua instrução e relatório final a cargo do instrutor do processo mais
antigo.
Artigo 43º
(Nulidades)
1. É insuprível a nulidade resultante da falta de acusação escrita, deduzida nos termos
prescritos no artigo 61º.
2. A nulidade resultante da falta de competência para aplicação da pena é sanada por
despacho da autoridade competente para impô-la.
3. As restantes nulidades consideram-se supridas se não forem reclamadas pelo argui-
do até à decisão final.
Artigo 44º
(Recursos hierárquicos de decisão que recuse a realização de diligências)
1. Do despacho que indefira o pedido de quaisquer diligências probatórias cabe recurso
hierárquico para o dirigente do serviço por onde corre o processo, a interpor no prazo de
três dias úteis.
2. O recurso a que se refere o número anterior subirá imediatamente nos próprios au-
tos, considerando-se procedente se, no prazo de dez dias, não for proferida decisão.
3. A decisão que negue provimento ao recurso previsto no presente artigo só pode ser
impugnada no recurso interposto da decisão final.
Artigo 45º
(Admissão a concurso e mudança de situação do arguido)
Será admitido às provas dos concursos, o agente arguido em processo disciplinar que
a elas tenha direito de concorrer, ainda que preventivamente suspenso, mas as provas serão
anuladas se vier ser imposta pena que tenha o efeito de fazer perder ao candidato a antigui-
dade necessária para admissão ao concurso.
Artigo 46º
(Isenção de custas e selos)
Nos processos disciplinares bem como nos de meras averiguações, de inquérito, de
sindicância e de revisão, não são devidos selos e custas.
SECÇÃO II
Processo disciplinar comum
Subsecção I
Instrução do processo
Artigo 47º
(Participação de infracção disciplinar)
1. Todos os que tiverem conhecimento de que um agente praticou infracção disciplinar
poderão participá-la a qualquer superior hierárquico do infractor.
991
Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio
992
Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio
993
Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio
Artigo 54º
(Impedimentos do instrutor)
1. Nenhum agente poderá funcionar como instrutor no processo disciplinar:
Quando tiver sido directamente ofendido pela infracção;
Quando tiver tido intervenção no processo como perito ou defensor;
Quando tiver deposto ou tiver de depor no processo como testemunha.
2. Os impedimentos devem ser declarados oficiosamente pelo instrutor ou deduzidos
pelo arguido, em qualquer altura do processo e até decisão final.
3. Declarado ou deduzido o impedimento disciplinar o processo subirá à entidade que
tiver mandado instaurar o qual decidirá em despacho fundamentado no prazo de cinco
dias.
Artigo 55º
(Suspeição do instrutor)
1. O arguido e o participante poderão deduzir a suspeição do instrutor do processo,
com qualquer dos seguintes fundamentos:
a) Se o instrutor tiver sido indirectamente ofendido pela infracção;
b) Se o instrutor for parente na linha recta ou até o terceiro grau da linha colateral
ou cônjuge do arguido ou do participante, ou de qualquer agente ou particular
ofendido ou de alguém que com o referido indivíduo viva em economia co-
mum;
c) Se houver inimizade grave ou grande intimidade entre o arguido e o instrutor,
ou entre este e o participante ofendido;
d) Quando estiver pendente em Tribunal, processo criminal ou civil em que o
instrutor e o arguido ou participante sejam partes;
e9 Se o instrutor for credor ou devedor do arguido do participante.
2. A suspensão deverá ser deduzida no prazo de cinco dias a contar da data em que o
arguido ou o participante tiverem conhecimento do fundamento da suspeição.
3. Aplica-se à suspeição o disposto no nº 3 do artigo anterior.
Artigo 56º
(Suspensão preventiva do agente)
1. O agente arguido em processo disciplinar pode, sob proposta devidamente funda-
mentada da entidade que instaurar o processo ou do instrutor, ser preventivamente suspen-
so do serviço pelo membro do Governo ou órgão executivo autárquico competente, sem
perda de vencimento, ou com perda de vencimento de exercício, enquanto durar a instrução
994
Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio
e até decisão final, mas nunca por prazo superior a noventa dias, sempre que a sua presença
se revele inconveniente para o serviço e para o apuramento da verdade.
2. A suspensão preventiva só poderá ter lugar em caso de infracção punível com a pena
de suspensão ou superior.
3. A perda do vencimento do exercício será reparada ou levada em conta na decisão
final do processo.
4. A suspensão preventiva com violação do disposto no número 1 é susceptível de
impugnação contenciosa pelo arguido.
Artigo 57º
(Instrução do processo)
1. O processo terá como peças instrutórias obrigatórias:
a) O despacho que mandou instaurar o processo, se não tiver sido proferido di-
rectamente sobre qualquer das peças referidas em b);
b) A participação, queixa, auto, oficio, documento ou processo com base no qual
foi proferido o despacho referido em a);
c9 O certificado do registo biográfico e disciplinar do arguido.
2. O instrutor procederá à investigação dos factos e circunstâncias do caso, podendo,
sempre que o julgue conveniente, ouvir em declarações o participante, o arguido, teste-
munhas e declarantes, acareá-los e promover exames e quaisquer diligências que possam
esclarecer a verdade.
3. Durante a fase de investigação, poderão o participante e o arguido solicitar ao ins-
trutor que realiza o promova diligências que considerem essenciais para o apuramento da
verdade.
4. O instrutor apenas dará seguimento ao pedido referido no número anterior quando
julgue insuficiente a prova produzida, devendo, contudo, juntar aos autos todos os papéis
recebidos do participante ou do arguido que respeitem ao processo.
5. As diligências que tiverem que ser feitas fora da localidade onde correr o processo
disciplinar, podem ser requisitadas à respectiva autoridade administrativa, sem prejuízo do
instrutor e o respectivo secretário poderem deslocar-se quando isso se torne absolutamente
necessário para a boa instrução do processo.
6. Os depoimentos e declarações na fase de investigação não carecem de ser reduzidas
a escrito, podendo ser prestados oralmente e gravados em suporte magnético áudio ou ví-
deo. Poderão também ser prestados através da entrega pelo respectivo autor de documento
escrito legível donde constem, assinado pelo mesmo.
995
Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio
Artigo 58º
(Acusação de incompetência profissional)
1. Quando ao agente seja imputada a incompetência profissional, poderá o instrutor
convidá-lo a executar quaisquer trabalhos de harmonia com o programa traçado por dois
peritos, que darão depois os seus laudos sobre as provas prestadas e a competência do ar-
guido.
2. Os peritos a que se refere o número anterior serão pela entidade que tiver mandado
instaurar o processo disciplinar e os trabalhos a fazer pelo arguido serão da natureza dos
que habitualmente competem a agentes com as mesmas funções e categorias.
Artigo 59º
(Testemunhas na fase de instrução)
1. Na fase da instrução do processo o número de testemunhas é ilimitado.
2. O instrutor pode, porém, indeferir o pedido de inquirição de novas testemunhas
quando julgar suficiente a prova produzida, ou quando entender que o assunto sobre o qual
o arguido deseja que sejam ouvidas é impertinente.
Artigo 60º
(Conclusão da instrução)
1. Concluídas as investigações, se o instrutor entender que os factos constantes dos
autos não constituem infracção, ou que não é de exigir responsabilidade disciplinar por
virtude de prescrição ou outro motivo, elaborará, no prazo de cinco dias úteis, o seu rela-
tório e remetê-lo-á, com o respectivo processo, à entidade que o tiver mandato instaurar,
propondo, fundamentadamente, o arquivamento do mesmo.
2. No caso contrário, deduzirá, no prazo de cinco dias úteis, a acusação, discriminando
as infracções que reputar provadas, com referência aos correspondentes preceitos legais e
às penas aplicáveis, e arrolando as testemunhas e declarantes de acusação.
Artigo 61º
(Conteúdo da acusação)
1. A acusação deverá conter a indicação dos factos constitutivos de cada infracção,
bem como as circunstâncias de tempo, modo e lugar da infracção e as atenuantes e agravan-
tes, mencionando sempre os preceitos legais respectivos e as penas aplicáveis.
2. A não inclusão na acusação das circunstâncias agravantes, exceptuando as previstas nas
alíneas e), f) e g) do artigo 32º, impede que sejam consideradas no despacho punitivo.
Subsecção II
Da defesa do arguido
Artigo 62º
(Notificação de acusação ao arguido)
1. Da acusação extrair-se-á cópia, no prazo de quarenta e oito horas, a qual será entre-
gue ao arguido mediante a sua notificação pessoal, ou, não sendo esta possível, remetida
996
Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio
pelo correio com aviso de recepção, marcando-se-lhe um prazo entre dez a vinte dias para
apresentar a sua defesa escrita.
2. Quando o processo seja complexo, pelo número e natureza das infracções ou por
abranger vários arguidos, poderá o instrutor conceder prazo superior ao do número antece-
dente, até ao limite de 45 dias.
3. A notificação referida no nº 1 será remetida para o serviço a que o arguido, ou para
a sua residência no caso de não estar ao serviço, devendo, em qualquer caso, ser respeitada
a escolha do domicílio feita pelo arguido para receber notificações.
Artigo 63º
(Notificação a arguidos ausentes em parte incerta)
Se não for possível a notificação pessoal, nem a remessa pelo correio, nomeadamente,
por o arguido se encontrar ausente em parte incerta, será publicado aviso no Boletim Oficial
e num dos jornais de maior circulação, citando-o para apresentar a sua defesa em prazo não
inferior a trinta dias nem superior a quarenta e cinco dias, contados do oitavo dia posterior
à data de publicação.
Artigo 64º
(Defesa do arguido impossibilitado por doença)
1. Se o arguido estiver impossibilitado de organizar a sua defesa por motivo de doença
ou incapacidade física, devidamente comprovada, poderá nomear um representante espe-
cialmente mandatado para esse efeito.
2. No caso de o arguido não poder exercer o direito referido no número anterior, o
instrutor imediatamente nomeará um curador, preferindo a pessoa a quem competir a tutela
no caso de interdição, nos termos da lei civil.
3. A nomeação referida no número antecedente é restrita ao processo disciplinar e aos
recursos e revisão, podendo o representante ou curador usar de todos os meios de defesa
facultados ao arguido.
Artigo 65º
(Defesa do arguido impossibilitado por anomalia mental)
1. Se o agente estiver impossibilitado de organizar a sua defesa por motivo de anoma-
lia mental, devidamente comprovada, aplicar-se-ão as normas relevantes da lei processual
penal, com as devidas adaptações e com efeitos restritos ao processo disciplinar.
2. O incidente de alienação mental poderá ser suscitado pelo instrutor do processo,
pelo próprio arguido ou por qualquer familiar seu.
Artigo 66º
(Exame do processo)
Durante o prazo para apresentação de defesa pode o arguido, seu representante ou
curador nos termos dos artigos 64º e 65º ou defensor constituído por qualquer deles, exa-
minar o processo dentro das horas do expediente.
997
Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio
Artigo 67º
(Apresentação de defesa)
1. A resposta à acusação será sempre assinada pelo arguido, por qualquer dos seus
representantes ou defensor constituído e apresentada no lugar onde o processo tiver sido
instaurado.
2. Com a resposta, pode o arguido apresentar o rol de testemunhas, juntar documentos
e requerer quaisquer diligências que considere úteis para a sua defesa, as quais podem ser
recusadas, em despacho fundamentado, quando manifestamente impertinentes ou desne-
cessárias.
3. Não podem ser ouvidas, por cada facto, mais de três testemunhas devidamente iden-
tificadas pelo arguido, com a indicação dos pontos precisos sobre os quais cada uma deve
ser ouvida.
4. O instrutor poderá recusar a inquirição das testemunhas, quando considere suficien-
temente provados os factos alegados pelo arguido.
Artigo 68º
(Resposta do arguido)
1. Na resposta deve o arguido expor com clareza e concisão os factos e as razões da
sua defesa.
2. Se a resposta contiver expressões desrespeitosas tirar-se-á dela cópia e instaurar-
se-á novo processo disciplinar, que correrá por apenso ao primeiro, sem prejuízo da sanção
penal que ao caso couber.
Artigo 69º
(Falta de resposta à acusação)
A falta de resposta, no prazo marcado, vale como efectiva audiência do arguido, para
todos os efeitos legais.
Artigo 70º
(Produção da prova oferecida pelo arguido)
1. O instrutor deverá, no prazo de dez dias úteis, inquirir as testemunhas e declarantes
e reunir os demais elementos de prova oferecidos pelo arguido, podendo o prazo ser pror-
rogado, por despacho fundamentado da entidade que tiver instaurado o processo, até vinte
dias úteis, desde que razões ponderosas o justificarem.
2. Finda a produção de prova produzida pelo arguido, pode ainda o instrutor ordenar,
em despacho fundamentado, novas diligências que se mostrem indispensáveis para o com-
pleto esclarecimento da verdade, designadamente a redução a escrito dos depoimentos e
declarações das testemunhas e declarantes de acusação, se o não tiverem sido na fase de
investigação.
998
Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio
999
Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio
Artigo 73º
(Parecer)
Antes da tomada de decisão e sem prejuízo do prazo estabelecido no artigo anterior,
poderá a entidade com competência para julgar o processo solicitar os pareceres que enten-
der convenientes.
Artigo 74º
(Fundamentação)
A decisão será sempre fundamentada quando não concordante com as conclusões for-
muladas no relatório do instrutor.
Artigo 75º
(Pluralidade de arguidos)
1. Quando vários agentes, embora de diversos quadros mas pertencentes ao mesmo
serviço, forem arguidos da prática do mesmo facto ou de factos entre si conexos, a entida-
de que tiver competência para punir o agente de maior categoria, decidirá relativamente a
todos os arguidos.
2. Se os arguidos pertencerem a serviços diferentes, a decisão pertencerá aos respecti-
vos membros do Governo ou órgãos executivos competentes, consoantes os casos.
Artigo 76º
(Notificação da decisão)
1. A decisão será notificada ao arguido, observando-se o disposto nos artigos 61º e 62º
com as devidas adaptações.
2. Tratando-se de decisão que se traduza na mera concordância com a solução pro-
posta, o arguido deverá ser notificado não só da decisão, mas também dos fundamentos da
mesma.
3. A decisão será comunicada ao instrutor e ainda notificada ao participante que o
requeira.
4. A entidade que tiver decidido o processo poderá autorizar que a notificação do argui-
do seja adiada pelo prazo máximo de trinta dias, verificadas cumulativamente as condições
seguintes:
Implicar a pena suspensão ou cessação do exercício de funções por parte do infractor;
Resultarem da execução da decisão disciplinar inconvenientes mais graves para o ser-
viço do que os decorrentes da permanência do arguido punido no desempenho do cargo.
Artigo 77º
(Início de produção de efeitos das penas)
As decisões que apliquem penas disciplinares começam a produzir os seus efeitos no
dia seguinte ao da notificação do arguido ou, não podendo este ser notificado, quinze dias
após a publicação no Boletim Oficial do aviso sobre a resolução final do processo, não
devendo no aviso ser feita a menção do teor da punição.
1000
Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio
SECÇÃO III
Dos processos especiais
Subsecção I
Processo por infracção directamente constatada
Artigo 78º
(Acusação e defesa)
1. O superior hierárquico que presenciar infracção disciplinar cometida por subordina-
do seu, articulará no prazo máximo de quarenta e oito horas, acusação escrita contra ele.
2. A acusação mencionará os factos que constituírem a infracção disciplinar, o dia,
hora e local, as circunstâncias em que foi cometida, o nome e demais elementos de identifi-
cação do funcionário ou agente visado, da entidade que a presenciou e, se for possível, pelo
menos duas testemunhas que possam depor sobre esses factos e, havendo-os, documentos
ou suas cópias autênticas que possam demonstrá-los.
3. O prazo para defesa não poderá ser superior a cinco dias e, deduzida ela, imediata-
mente o superior hierárquico, em despacho fundamentado, imporá a pena se estiver dentro
da sua competência.
4. Se o superior hierárquico for incompetente para a aplicação da pena, relatará o pro-
cesso, enviando-o pela via hierárquica à entidade competente para a sua aplicação.
5. No caso de à infracção corresponderem as penas das alíneas e) e f) do artigo 14º
haverá sempre lugar à instauração do processo disciplinar comum.
Artigo 79
(Diligências de prova solicitadas pelo arguido
1. Se o infractor apresentar rol de testemunhas, serão estas ouvidas imediatamente, no
caso de residirem na localidade. Se residirem fora dela, aplicar-se-á o disposto no nº 5 do
artigo 57º.
2. Se o infractor pedir o exame de documentos ou a junção de certidões, o superior
hierárquico, se o entender necessário, requisitará estas e ordenará o exame daqueles por
agentes competentes ou procederá directamente a ele, lavrando-se do exame auto que será
assinado por quem o houver feito.
Subsecção II
Processo por falta de assiduidade e abandono do lugar
Artigo 80º
(Falta de assiduidade)
Será levantado pelo superior hierárquico auto por falta de assiduidade ao agente que,
sem justificação, tenha faltado ao serviço durante:
a) Cinco dias úteis seguidos ou oito interpolados, no mesmo ano civil;
b) Oito dias úteis seguidos ou doze interpolados, no mesmo ano civil.
1001
Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio
Artigo 81º
(Abandono de lugar)
1. Sempre que o agente faltar ao serviço durante doze dias úteis seguidos, sem dar
notícia ao respectivo superior hierárquico, presume-se que tenha abandonado o lugar, sem
necessidade de qualquer processo disciplinar.
2. A presunção referida no número anterior pode ser ilidida se o agente demonstrar que
esteve temporariamente impedido de comunicar-se com o serviço e que o fez logo que tal
se tornou possível.
3. Sem prejuízo do disposto nos números anteriores, sempre que o agente, sem justi-
ficação atendível, tiver faltado ao serviço, durante doze dias úteis seguidos ou quinze dias
interpolados, no mesmo ano civil, ou vinte e cinco dias interpolados em vinte e quatro me-
ses, o respectivo superior hierárquico levantar-lhe-á auto por abandono de lugar.
Artigo 82º
(Tramitação)
1. Sem prejuízo dos disposto no artigo 81º, os autos por falta de assiduidade ou por
abandono de lugar servirão de base a processo disciplinar, que seguirá os trâmites do pro-
cesso por infracção disciplinar directamente constatada estabelecido nos artigos 78º e 79º,
com as especificidades previstas nos números seguintes.
2. Desconhecendo-se o paradeiro do arguido e cumprido o disposto no nº 1 do artigo
63º, será logo remetido o processo à entidade competente para decidir, sendo proferida a
decisão sem mais trâmites.
3. A pena de demissão será notificada ao arguido por aviso, se continuar a ser des-
conhecido o seu paradeiro, podendo ele, no prazo máximo de 60 dias após a publicação,
impugná-la ou requerer a reabertura do processo.
SECÇÃO IV
Recursos
Artigo 83º
(Espécie de recurso)
1. Da decisão proferida em processo disciplinar pode caber recurso hierárquico e re-
curso contencioso.
2. cabe recurso hierárquico necessário das decisões em processo disciplinar que não
tenham sido proferidas por membro do Governo ou pelos órgãos executivos superiores das
autarquias locais, dos serviços personalizados do Estado ou de outras pessoas colectivas de
direito público.
3. Cabe recurso contencioso nos termos gerais das decisões proferidas em processo
disciplinar por membro do Governo ou pelos órgãos executivos superiores das autarquias
1002
Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio
1003
Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio
Artigo 88º
(Regime de subida dos recursos)
1. Os recursos das decisões que não ponham termo ao processo só subirão com a deci-
são final, se dela se recorrer, salvo o disposto nos números seguintes.
2. Sobem imediatamente e nos próprios autos, os recursos hierárquicos que, ficando
retidos, percam, por esse facto, o efeito útil.
3. Sobem imediatamente e nos próprios autos, os recursos hierárquicos interpostos
do despacho que não admita a dedução de impedimentos ou suspeição do instrutor ou não
aceite ou fundamentos invocados para a mesma.
Artigo 89º
(Efeitos da amnistia no andamento do recurso)
A publicação de amnistia abrangendo a pena imposta a um agente não impedirá o nor-
mal andamento dos recursos interpostos por ele nos termos do presente Estatuto.
SECÇÃO V
Revisão dos processos disciplinares
Artigo 90º
(Requisitos de revisão)
1. É admitida a revisão dos processos disciplinares, a todo o tempo, quando se veri-
fiquem circunstâncias ou meios de prova susceptíveis de demonstrar a inexistência dos
factos que influíram decisivamente na punição e que não pudessem ter sido utilizados pelo
arguido no processo.
2. A simples alegação de ilegalidade, de forma ou de fundo do processo e da decisão,
de amnistia ou de prescrição não constituem fundamento para a revisão.
3. Na decisão final do processo de revisão pode anular-se ou reformular-se a pena pri-
mitivamente imposta, não podendo esta, em caso algum, ser agravada.
Artigo 91º
(Legitimidade)
1. O interessado na revisão de um processo disciplinar ou, na situação prevista nos ar-
tigos 63º e 64º, o seu representante ou curador, apresentarão requerimento nesse sentido ao
membro do Governo ou órgão executivo máximo da administração municipal, dos serviços
personalizados do Estado ou de outras pessoas colectivas de direito público.
2. O requerimento referido no número anterior conterá a indicação das circunstâncias
ou dos meios de prova não considerados no processo disciplinar que ao requerente pareçam
justificar a revisão e será instruído com os documentos indispensáveis.
1004
Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio
Artigo 92º
(Decisão sobre o requerimento)
1. Recebido o requerimento, juntar-se-á ao processo cuja revisão se pede e será subme-
tido à entidade competente para proferir decisão.
2. Do despacho ou da deliberação que não conceder a revisão cabe recurso contencioso
nos termos gerais.
Artigo 93º
(Tramitação)
1. Se for concedida a revisão a entidade competente nomeará um instrutor diferente
do primeiro, que marcará ao interessado prazo não inferior a dez dias nem superior a vinte
dias para responder por escrito aos artigos de acusação constantes do processo a rever,
seguindo-se os ulteriores termos.
2. Instruído e relatado, o processo será decidido pela entidade a quem o pedido foi
endereçado, no prazo máximo de trinta dias.
Artigo 94º
(Efeitos de procedência da revisão)
1. Julgada procedente a revisão, será revogada ou alterada a decisão proferida no pro-
cesso revisto.
2. A revogação produzirá os seguintes efeitos:
a) Cancelamento do registo da pena no processo individual do agente;
Ib9 Anulação dos efeitos da pena.
3. Serão respeitadas as situações criadas a outros agentes pelo provimento das vagas
abertas em consequência da pena imposta, mas sempre sem prejuízo da antiguidade do
agente punido à data de aplicação da pena.
4. Em caso de revogação ou alteração de pena expulsiva, o agente terá direito a ser
provido em lugar de categoria igual ou equivalente, ou não sendo possível, à primeira vaga
que ocorrer na categoria correspondente, exercendo transitoriamente na situação de dispo-
nibilidade, nos termos da lei.
5. O disposto no número anterior é aplicável aos agentes da função pública em regime
de emprego com as devidas adaptações.
6. O agente tem direito, em caso de revisão procedente, à reconstrução da carreira,
devendo ser consideradas as expectativas legítimas de promoção que não se efectivarem
por efeitos de punição, sem prejuízo de indemnização a que ele tenha direito, nos termos
gerais, pelos danos morais e materiais sofridos.
1005
Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio
7. O despacho que decidir pela procedência da revisão da aplicação das penas de apo-
sentação compulsiva ou demissão será publicado no Boletim Oficial.
SECÇÃO VI
Reabilitação
Artigo 95º
(Regime aplicável)
1. Os agentes condenados em penas de aposentação compulsiva ou de demissão pode-
rão ser reabilitados independentemente da revisão do processo disciplinar, sendo compe-
tente para esse efeito a entidade que aplicou a respectiva pena.
2. A reabilitação será concedida a quem a tenha merecido pela boa conduta, podendo
para esse fim o interessado utilizar todos os meios de prova admitidos em direito.
3. A reabilitação pode ser requerida pelo interessado ou seu representante, decorridos
cinco anos sobre a aplicação ou o cumprimento da pena.
4. A reabilitação faz cessar as incapacidade e demais efeitos ainda subsistentes, deven-
do ser registada.
5. A concessão da reabilitação não atribui ao agente a quem tenha sido aplicada pena
expulsiva o direito de reocupar, por esse facto, um lugar ou cargo na Administração, sendo
para todos os efeitos legais considerados como não vinculado à função pública.
6. Só é admissível o recurso contencioso do acto administrativo que indefira o pedido
de reabilitação com fundamento em desvio de poder.
7. O despacho que conceder a reabilitação será publicado no Boletim Oficial.
CAPÍTULO VI
Dos processos de inquérito e da sindicância
Artigo 96º
(Finalidade)
O inquérito tem por fim apurar factos determinados e os respectivos agentes responsáveis,
a sindicância destina-se a uma averiguação geral acerca do funcionamento dos serviços.
Artigo 97º
(Competência)
1. Os membros do Governo podem ordenar inquéritos ou sindicâncias aos serviços
sob sua dependência e bem assim aos serviços personalizados do Estado e outras pessoas
colectivas de direito público sob sua tutela.
2. O Primeiro Ministro pode ordenar inquéritos ou sindicâncias sobre quaisquer servi-
ços da Administração-Central, bem como sobre quaisquer organismos ou pessoas colecti-
vas de direito público sujeitos a poderes tutelares do Governo.
1006
Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio
1007
Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio
1008
Estatuto do Funcionalismo Ultramarino
1009
Decreto-Lei nº 54/2009, de 7 de Dezembro
1010
Decreto-Lei nº 54/2009, de 7 de Dezembro
5. MOBILIDADE PESSOAL
1011
Decreto-Lei nº 54/2009, de 7 de Dezembro
1012
Decreto-Lei nº 54/2009, de 7 de Dezembro
1013
Decreto-Lei nº 54/2009, de 7 de Dezembro
1014
Decreto-Lei nº 54/2009, de 7 de Dezembro
para outro lugar vago do quadro de outro serviço, ou de outra pessoa colectiva pública,
variação transitória ou duradoura, nos termos do presente diploma e demais legislação
aplicável.
Artigo 4º
Instrumentos de mobilidade
1. A mobilidade de funcionários da administração pública opera-se mediante instru-
mentos de mobilidade geral e de mobilidade especial relativa ao pessoal em situação de
disponibilidade.
2. São instrumentos de mobilidade geral:
a) A transferência;
b) A permuta;
c) A requisição;
d) O destacamento;
e) A reclassificação e reconversão profissional;
f) A afectação específica;
g) A cedência para entidade pública e organismo internacional; e
h) Cedência especial para o sector privado.
3. São instrumentos de mobilidade especial:
a) A reafectação; e
b) O reinício de funções.
CAPITULO II
Mobilidade geral
Artigo 5º
Transferência
1. A transferência consiste na mudança do funcionário, sem prévia aprovação em con-
curso, para lugar vago do quadro de outro serviço:
a) Da mesma categoria e carreira;
b) De carreira diferente desde que os requisitos habilitacionais exigíveis sejam
idênticos e haja identidade ou afinidade de conteúdo funcional entre as car-
reiras.
2. Da transferência não pode resultar o preenchimento de vagas postas a concurso à
data da emissão do despacho que a defere ou determina.
1015
Decreto-Lei nº 54/2009, de 7 de Dezembro
1016
Decreto-Lei nº 54/2009, de 7 de Dezembro
1017
Decreto-Lei nº 54/2009, de 7 de Dezembro
1018
Decreto-Lei nº 54/2009, de 7 de Dezembro
1019
Decreto-Lei nº 54/2009, de 7 de Dezembro
1020
Decreto-Lei nº 54/2009, de 7 de Dezembro
1021
Decreto-Lei nº 54/2009, de 7 de Dezembro
CAPITULO III
Mobilidade Especial
SECÇÃO I
Procedimentos
Artigo 15º
Enumeração
1. Os funcionários dos serviços que sejam objecto de extinção, fusão e reestruturação
ou de racionalização de efectivos, podem ser sujeitos a instrumentos de mobilidade geral
ou de mobilidade especial, em conformidade com os procedimentos previstos nos artigos
16º a 22º do presente diploma.
2. O disposto no número anterior é igualmente aplicável quando o objecto das mo-
dalidades de reorganização de serviços sejam subunidades orgânicas que se integrem em
serviço ou dele dependam, e no caso de racionalização de efectivos, os recursos humanos
integrados no mesmo grupo de pessoal, na mesma carreira ou na mesma área funcional.
3. Para efeitos do presente capitulo, considera-se serviço integrador aquele que integre
atribuições ou competências transferidas de outro serviço ou pessoal que, por mobilidade
especial, lhe é reafecto.
4. Nos casos previstos nos n.ºs 1 e 2, e durante o decurso dos respectivos processos,
o regime da colocação em situação de mobilidade especial constante da presente Secção
não impede a opção voluntária por essa situação, desde que obtida anuência do dirigente
máximo do serviço.
Artigo 16.º
Procedimentos em caso extinção
1. O procedimento regulado no presente artigo aplica-se aos casos de extinção de ser-
viços.
2. O pessoal do serviço extinto que exerça funções noutro serviço em regime de co-
missão de serviço ou de instrumento de mobilidade geral, a título transitório, mantém-se
no exercício dessas funções, excepto se também este serviço tiver sido extinto ou nele tiver
sido sujeito a instrumento de mobilidade ou colocado em situação de disponibilidade.
3. O pessoal do serviço extinto que se encontre em qualquer situação de licença sem
vencimento mantém-se nessa situação, aplicando-se-lhe o respectivo regime e sendo colo-
cado em situação de mobilidade especial quando cessar a licença.
4. Concluído o processo de extinção, o membro do Governo responsável pela área em
que estava integrado serviço extinto aprova, por despacho publicado no Boletim Oficial,
a lista nominativa do pessoal que, não tendo obtido colocação por aplicação dos instru-
mentos de mobilidade geral e nem se encontrando em regime comissão de serviço ou de
instrumento de mobilidade geral, a título transitório, no serviço extinto ou noutro serviço, é
1022
Decreto-Lei nº 54/2009, de 7 de Dezembro
1023
Decreto-Lei nº 54/2009, de 7 de Dezembro
1024
Decreto-Lei nº 54/2009, de 7 de Dezembro
1025
Decreto-Lei nº 54/2009, de 7 de Dezembro
1026
Decreto-Lei nº 54/2009, de 7 de Dezembro
Artigo 23º
Métodos de selecção
1. Para selecção do pessoal a reafectar ou a colocar em situação de disponibilidade,
aplica-se o seguinte critério:
a) Avaliação do desempenho dos últimos dois anos;
b) Habilitação adequada às funções a desempenhar;
c) Formação e qualificação profissional adequada às funções a desempenhar.
2. O procedimento de selecção é aberto por despacho do dirigente responsável pelo
processo de reorganização, o qual fixa o universo de pessoal a ser abrangido e o seu âmbito
de aplicação, bem como os prazos para a sua condução e conclusão e a fórmula de pondera-
ção, sendo publicitadas em locais próprios previamente anunciados, as listas nominativas,
por ordem decrescente de resultados.
3. Em caso de empate, o pessoal é ordenado em função de antiguidade, sucessivamen-
te, na categoria, na carreira e na função pública, da maior para a menor antiguidade.
4. A identificação e ordenação de pessoal são feitas em função do âmbito fixado nos
termos do n.º 2, distinguindo as situações de funcionário em regime de carreira do funcio-
nário em regime de emprego.
5. O resultado final de cada funcionário e o seu posicionamento na respectiva lista são
lhes dados a conhecer por documento escrito.
6. A reafectação do pessoal segue a ordem constante das listas, começando-se pelas
que dizem respeito aos funcionários em regime de carreira e, esgotadas estas, recorrendo-se
aos outros funcionários de forma que o número de efectivos que sejam reafectos correspon-
da ao número de postos de trabalho identificados.
7. A colocação de pessoal em situação de disponibilidade segue a ordem inversa da
constante das listas, começando-se pelas que dizem respeito aos funcionários em regime
de emprego e, esgotadas estas, recorrendo-se à respeitantes aos funcionários em regime de
carreira, de forma que o número de efectivos que se mantenham em exercício de funções
corresponda ao número de postos de trabalho identificados.
8. Na falta de avaliação do desempenho ou insuficiência das demais informações
previstas no n.º 1, nomeia-se um júri para efeitos de selecção, que integra sempre os
dirigentes dos serviços objecto de extinção, fusão, reestruturação e do pessoal objecto
de racionalização.
9. Para efeitos do disposto no número anterior os dirigentes que integram o júri devem
fornecer informações detalhadas e por escrito sobre as funções de cada funcionário e o grau
de desempenho, na base das quais o júri delibera.
1027
Decreto-Lei nº 54/2009, de 7 de Dezembro
SECÇÃO II
Reafectação
Artigo 24º
Regime
1. A reafectação consiste na integração de funcionário em outro serviço, a título tran-
sitório ou por tempo indeterminado, neste caso em lugar vago nos termos previstos nos
artigos 17.º e 18.º
2. A reafectação é feita sem alteração de vínculo e, sendo o caso, de instrumento de
mobilidade ao abrigo do qual o funcionário exercia transitoriamente funções, operando-se
para a mesma carreira e categoria.
SECÇÃO III
Colocação em situação de disponibilidade
Artigo 25º
Forma de colocação em situação de disponibilidade
1. Sem prejuízo do disposto nos n.ºs 1 e 2 do artigo 15º, n.ºs 4 e 5 do artigo 16º e nos
nºs 2, 3 e 5 do artigo 19º, a colocação em situação de disponibilidade, faz-se por lista nomi-
nativa que indique o vinculo, carreira e categoria dos funcionários, aprovada por despacho
do dirigente responsável pelo processo de reorganização, e publicada no Boletim Oficial.
2. Sem prejuízo das disposições legais ressalvadas no número anterior, a lista nomina-
tiva produz efeitos no dia seguinte ao da sua publicação.
Artigo 26°
Processo
O pessoal colocado em situação de disponibilidade é enquadrado num processo que
compreende as seguintes fases:
a) Fase de transição;
b) Fase de requalificação;
c) Fase de compensação.
Artigo 27 º
Fase de transição
1. A primeira fase, que corresponde à fase de transição, decorre num período de 6
(seis) meses, seguidos ou interpolados, após a colocação do funcionário em situação de
disponibilidade.
2. A fase de transição destina-se a permitir que o funcionário reinicie funções ou que
a Direcção Geral da Administração Pública proceda às diligências necessárias para efeitos
da sua reafectação.
1028
Decreto-Lei nº 54/2009, de 7 de Dezembro
1029
Decreto-Lei nº 54/2009, de 7 de Dezembro
b) Se aposente;
c) Se desvincule voluntariamente mediante compensação, ou mediante uma
compensação articulada com um programa de inserção no mercado de tra-
balho privado;
d) Beneficie de aposentação antecipada ou pré-aposentação; ou
e) Seja punido com pena disciplinar expulsiva da Administração Publica.
2. O regime e o consequente procedimento previsto no número anterior suspendem-se,
em relação a cada funcionário, quando:
a) Reinicie o exercício de funções a título transitório;
b) Passe à situação de licença extraordinária.
3. Quando cessar qualquer das situações previstas no número anterior, o funcionário é
recolocado na fase e no momento em que se encontrava quando a iniciou, salvo se durante
aquele período tenha sido integrado em serviço.
SECÇÃO III
Situação de disponibilidade
Artigo 32º
Princípios
1. O pessoal em situação de disponibilidade mantém, sem prejuízo de ulteriores alte-
rações, a natureza do vínculo, carreira e categoria detidas, no serviço de origem, à data da
colocação naquela situação.
2. Para efeitos do disposto no número anterior, não são considerados os cargos, catego-
rias ou funções exercidos a título transitório, designadamente em regimes de comissão de
serviço, de requisição, de afectação específica ou de estágio de ingresso em carreira, bem
como em comissão de serviço para ingresso no quadro.
3. O pessoal em situação de disponibilidade não perde essa qualidade quando exerça
funções a título transitório, designadamente através dos instrumentos aplicáveis de mobi-
lidade geral, ou em cargo ou função que, legalmente, só possam ser exercidos transitoria-
mente.
Artigo 33º
Direitos
1. O pessoal em situação de disponibilidade que não se encontre no exercício de fun-
ções tem direito:
a) À remuneração mensal fixada nos termos da Secção anterior e do artigo 36º;
b) Às prestações sociais, nos termos legais aplicáveis;
c) Às licenças, nos termos legais aplicáveis;
1030
Decreto-Lei nº 54/2009, de 7 de Dezembro
1031
Decreto-Lei nº 54/2009, de 7 de Dezembro
1032
Decreto-Lei nº 54/2009, de 7 de Dezembro
1033
Decreto-Lei nº 54/2009, de 7 de Dezembro
6. Para efeitos de contagem dos períodos de tempo referidos no número anterior adi-
ciona-se a duração de todas as licenças extraordinárias que o funcionário tenha gozado.
7. Se, no momento em que requerer a licença, a remuneração estiver reduzida por apli-
cação do disposto nos n.ºs 7 a 9 do artigo 34º, é tomada em conta apenas durante o período
de 1 (um) ano, para base de cálculo da subvenção mensal.
8. Na situação de licença, o funcionário apenas pode exercer actividade profissional
remunerada fora das modalidades previstas nos artigos 37º e 39º.
9. O exercício de qualquer actividade profissional remunerada fora das modalidades
previstas nos artigos 37º a 39º constitui infracção disciplinar grave, punível com pena de
demissão, a aplicar mediante procedimento disciplinar.
10. O exercício de actividade a que se refere o número anterior faz incorrer quem o
autorizou em responsabilidade civil e, sendo o caso, disciplinar, constituindo infracção
disciplinar grave, punível com pena de demissão ou de cessação da comissão de serviço,
ou equiparadas, a aplicar mediante procedimento disciplinar.
11. Ao pessoal em situação de licença extraordinária é aplicável, para efeitos de pro-
tecção social designadamente de aposentação e assistência médica e medicamentosa o re-
gime do pessoal em situação de licença sem vencimento de longa duração podendo, porém,
fazer a opção a que se refere a excepção prevista no n.º 3 do artigo 33º.
12. A concessão da licença extraordinária compete aos membros do Governo respon-
sáveis pelas Finanças e pela Administração Pública.
SECÇÃO VI
Destino do pessoal em situação de disponibilidade
Artigo 37º
Reinício de funções em serviço
1. O pessoal em situação de disponibilidade pode reiniciar funções em qualquer ser-
viço, a título transitório ou por tempo indeterminado, desde que reúna os requisitos legal-
mente fixados para o efeito.
2. Quando não se trate de cargo ou função que legalmente, só possam ser exercidos
transitoriamente, o exercício de funções a título transitório pelo prazo de 1 (um) ano de-
termina, por opção do interessado, a sua conversão automática em exercício por tempo
indeterminado, em lugar vago, ou a criar e a extinguir quando vagar, do quadro de pessoal
do serviço onde exerce funções com a natureza do vínculo e na carreira e categoria que o
funcionário detinha na origem.
Artigo 38º
Selecção para reinício de funções em serviço
1. A selecção de pessoal em situação de disponibilidade para reinício de funções em
serviço, a título transitório ou por tempo indeterminado, é efectuada através de adequado
procedimento.
1034
Decreto-Lei nº 54/2009, de 7 de Dezembro
1035
Decreto-Lei nº 54/2009, de 7 de Dezembro
Artigo 41º
Reclassificação e reconversão
O pessoal em situação de disponibilidade pode reiniciar funções, ao abrigo do artigo
11º, desde que haja autorização dos membros do Governo responsáveis pela Administração
Pública e do serviço integrador que dispense a selecção prevista no artigo 38º.
Artigo 42º
Aposentação antecipada e pré-aposentação
O funcionário em situação de disponibilidade pode optar pela aposentação antecipada
ou pré-aposentação reunidos os requisitos legais previstos nos artigos 80º a 83º da Lei n.º
42/VII/2009, de 27 de Julho, que estabelece as bases da Função Pública, sem prejuízo do
disposto em lei especial.
Artigo 43º
Desvinculação voluntária
O funcionário em situação de disponibilidade pode optar pela desvinculação da Ad-
ministração Pública, por mútuo acordo, mediante compensação ou mediante compensação
articulada com um programa de inserção no mercado de trabalho privado, a definir em
diploma próprio.
SECÇÃO VII
Gestão do pessoal em situação de disponibilidade
Artigo 44º
Afectação
1. O pessoal em situação de disponibilidade é afecto ao serviço de gestão dos recursos
humanos do ministério em que se integrava o último serviço no qual exerceu funções.
2. Compete ao serviço da gestão dos recursos humanos referido no número anterior:
a) Proceder ao pagamento das remunerações e eventuais suplementos; e
b) Praticar os demais actos de administração relativos àquele pessoal.
Artigo 45º
Entidade gestora de mobilidade
1. A entidade gestora da mobilidade é a Direcção Geral da Administração Pública.
2. À entidade gestora da mobilidade especial compete, designadamente:
a) Promover ou acompanhar estudos de avaliação das necessidades de recursos
humanos da Administração Publica;
b) Acompanhar e dinamizar o processo relativo ao pessoal em situação de mo-
bilidade especial, seguir e zelar pela aplicação de critérios de isenção e trans-
1036
Decreto-Lei nº 54/2009, de 7 de Dezembro
parência e procurar assegurar que o reinício de funções tenha lugar nas fases
mais precoces daquele processo, e designadamente:
i) Transmitir informações aos interessados quanto aos procedimentos de se-
lecção abertos;
ii) Promover oficiosamente a candidatura dos interessados aos procedimen-
tos de selecção referidos no artigo 38º quando se verifiquem as condições
previstas no n.º 4 do artigo 34º, independentemente do cumprimento do
correspondente dever que sobre ele recai;
iii) Promover a sua capacitação dos interessados para o reinício de funções
nos termos do artigo 30º.
c) Fiscalizar o cumprimento do disposto no artigo 46º;
d) Fiscalizar a aplicação dos critérios de legalidade, isenção e transparência na
execução dos procedimentos de selecção referidos no artigo 38º designada-
mente efectuando as necessárias acções de auditoria aos serviços;
e) Praticar, quando necessário nos termos da presente lei, os actos relativos ao
reinício de funções e à cessação de funções exercidas a título transitório;
f) Informar os serviços dos recursos humanos da prática dos actos referidos na
alínea anterior relativamente ao pessoal que lhes esteja afecto.
CAPÍTULO VI
Disposições finais e transitórias
Artigo 46 °
Procedimento prévio de recrutamentos
1. Nenhum serviço da administração directa e indirecta do Estado e da administração
autárquica incluindo a sua administração indirecta, pode recrutar pessoal por tempo inde-
terminado que não se encontre integrado no quadro e na carreira para os quais se opera o
recrutamento, antes de executado o procedimento referido no artigo 38º.
2. Não é aplicável o disposto no número anterior quando não exista pessoal em situa-
ção de disponibilidade:
a) Na carreira ou categoria em causa, conforme os casos;
b) Em carreira ou categoria diferentes, que permita a satisfação da necessidade
de efectivos através do recurso à reclassificação ou reconversão profissional.
3. O recrutamento de pessoal que segue o previsto no n.º 1 faz referência à data em que
ocorreu a publicação da lista do pessoal em situação de disponibilidade.
4. O recrutamento de pessoal não antecedido do previsto no n.º l faz referência à data
em que se verificou a inexistência referida no n.º 2.
1037
Decreto-Lei nº 54/2009, de 7 de Dezembro
Artigo 47º
Sucessão nas atribuições
1. Os contratos de trabalho celebrados por entidades públicas transmitem-se aos sujei-
tos que venham a prosseguir as respectivas atribuições nos termos previstos para a trans-
missão de empresa ou de estabelecimento.
2. O disposto no número anterior aplica-se, nomeadamente, nos casos em que haja
transferência de responsabilidade pela gestão do serviço público para entidades privadas
sob qualquer forma.
3. No caso de transferência ou delegação de parte e atribuições da pessoa colectiva
para outras entidades, apenas se transmitem os contratos de trabalho afectos às actividades
respectivas.
Artigo 48º
Extinção da pessoa colectiva pública
A extinção da pessoa colectiva pública a que o trabalhador se encontra vinculado de-
termina a caducidade dos contratos de trabalho nos termos da lei.
Artigo 49°
Revogação
É revogado o Decreto-Lei n.º 87/92, de 16 de Julho.
Artigo 50°
Entrada em vigor
O presente diploma entra em vigor no dia seguinte ao da sua publicação.
Visto e aprovado em Conselho de Ministros
José Maria Pereira Neves - Maria Cristina Lopes Almeida Fontes Lima - Cristina Isa-
bel Lopes da Silva Monteiro Duarte
Promulgado em 12 de Novembro de 2009
Publique-se
O Presidente da República, PEDRO DE VERONA RODRIGUES PIRES
Referendado em 16 de Novembro de 2009
O Primeiro-Ministro, José Maria Pereira Neves
1038
Decreto nº 149/79, de 31 de Dezembro
1039
Decreto nº 149/79, de 31 de Dezembro
Artigo 6º
As dúvidas ou casos omissos, serão resolvidos por despacho conjunto dos Secretários
de Estado da Administração Interna, Função Pública e Trabalho e das Finanças, ouvidos os
serviços competentes.
Artigo 7º
Este diploma entra imediatamente em vigor.
Pedro Pires – Abílio Duarte – Silvino da Luz – Carlos Reis – Herculano Vieira – João
Pereira Silva – Silvino Lima – David Almada.
Promulgado em 3 de Dezembro de 1979.
Publique-se.
O Presidente da República, ARISTIDES MARIA PEREIRA.
1040
Decreto-Lei nº 101-D/90, de 23 de Novembro
1041
Decreto-Lei nº 101-D/90, de 23 de Novembro
1042
Decreto-Lei nº 101-D/90, de 23 de Novembro
Artigo 7º
(Graduação dos incentivos de natureza pecuniária)
A graduação dos incentivos de natureza pecuniária a atribuir pode variar em função do
município em que o serviço é prestado.
Artigo 8º
(Incentivos de natureza não pecuniária)
Os incentivos de natureza não pecuniária abrangem:
a) A garantia de transferência escolar dos filhos de qualquer dos cônjuges;
b) A preferência de colocação do cônjuge funcionário ou agente em serviço no
organismo sito na localidade do trabalho do funcionário deslocado, ou no con-
celho em que se integra aquela localidade;
c) A preferência a atribuir ao cônjuge não funcionário, em caso de igualdade de
classificação obtida em concurso face aos demais candidatos não vinculados
no sector público, no ingresso para serviço ou organismo sito na localidade de
trabalho do funcionário deslocado ou no concelho em que se integra aquela
localidade;
d) A concessão de facilidades para efeitos de frequência, de acções de formação
e aperfeiçoamento profissional.
Artigo 9º
(Definições das zonas)
Para efeitos do disposto no presente diploma são consideradas três zonas, A,B e C com
diferentes níveis de isolamento e qualidade de vida, poder atractivo e custo de vida.
Artigo 10º
(Período de garantia)
A atribuição dos incentivos referidos nos artigos 5º e 6º obriga ao exercício de funções
no respectivo município por períodos mínimos a fixar nos termos da regulamentação a este
diploma.
Artigo 11º
(Sanções)
A inobservância dos períodos de garantia a fixar nos termos do número anterior ou das
condições previstas no artigo 10º implica a reposição dos montantes recebidos a título de
subsídios para a fixação na periferia.
Artigo 12º
(Encargos)
A satisfação dos encargos decorrentes dos incentivos previstos nos artigos 5º e 6º é da
responsabilidade dos respectivos municípios.
1043
Decreto-Lei nº 101-D/90, de 23 de Novembro
Artigo 13º
(Regulamentação)
Por portaria conjunta do Primeiro- Ministro e dos Ministros da Administração Interna
e das Finanças serão estabelecidos:
a) Os municípios a integrar cada uma das zonas;
b) O regime e as condições de atribuição dos incentivos;
c) O valor ou valores de cada subsídio, quando for caso disso;
d) Os períodos mínimos a que se refere o artigo 10º.
Artigo 14º
(Vigência)
O presente diploma entra em vigor no dia 1 de Janeiro de 1991.
Visto e aprovado em Conselho de Ministros.
Pedro Pires – João Pereira Silva – Arnaldo França.
Promulgado em 23 de Novembro de 1990.
Publique-se.
O Presidente da República, ARISTIDES MARIA PEREIRA
1044
Decreto nº 112/90, de 8 de Dezembro
1045
Decreto nº 112/90, de 8 de Dezembro
1046
Decreto nº 112/90, de 8 de Dezembro
1047
Decreto nº 112/90, de 8 de Dezembro
1048
Decreto-Lei nº 3/2010, de 8 de Março
1049
Decreto-Lei nº 3/2010, de 8 de Março
1050
Decreto-Lei nº 3/2010, de 8 de Março
Decreto-Lei nº 3/2010
de 8 de Março
O presente diploma legal sobre férias, faltas e licenças decorre, em primeira linha,
da Lei n.º 42/VII/2009, de 27 de Junho que define as bases em que assenta o regime da
Função Pública, que introduziu novas opções de políticas públicas para a Administração
Pública que necessitam, naturalmente, de serem desenvolvidas e concretizadas através de
novos instrumentos legislativos, mas também de outras alterações legislativas com impacto
directo no sistema de gestão dos recursos humanos do Estado, designadamente a Lei n.º
131/V/2001, de 22 de Janeiro, o Decreto-Lei n.º 21/2006, de 27 de Fevereiro, alterado pelo
Decreto-Lei n.º 40/2006, de 17 de Julho, o Decreto-Lei n.º 5/2004, de 16 de Fevereiro, alte-
rado pelo Decreto-Lei n.º 51/2005, de 25 de Julho, diplomas que regulam o novo modelo de
protecção social dos trabalhadores por conta de outrem, sejam eles do Estado ou do sector
privado, com soluções inovadoras nos pressupostos das prestações sociais, na gestão dos
recursos e nos circuitos e procedimentos.
Assim, nos termos dos artigos 71º a 73º da Lei nº 42/VII/2009, de 27 de Julho que
define as bases em que assenta o regime da Função pública;
1051
Decreto-Lei nº 3/2010, de 8 de Março
CAPÍTULO I
Objecto e âmbito
Artigo 1º
Objecto e âmbito de aplicação
1. O presente diploma estabelece o regime de férias, faltas e licença dos funcionários da
Administração Pública.
2. O presente diploma aplica-se aos funcionários dos serviços civis da administração
central, da administração local autárquica e ainda aos funcionários dos institutos públicos
e de outras pessoas colectivas cujo estatuto de pessoal esteja expressamente sujeito ao re-
gime de direito público.
CAPÍTULO II
Férias
Artigo 2º
Direito a férias
1. O Direito a férias adquire-se com a constituição da relação jurídica de emprego
público.
2. O direito a férias deve efectivar-se de modo a possibilitar a recuperação física e psí-
quica dos funcionários e assegurar-lhes as condições mínimas de disponibilidade pessoal,
de integração na vida familiar e de participação social e cultural.
3. O pessoal abrangido pelo presente diploma tem direito em cada ano civil a um perí-
odo de 22 (vinte e dois) dias úteis de férias.
4. O direito a férias vence no dia 1 de Janeiro de cada ano e reporta-se, em regra, ao
serviço prestado no ano civil anterior.
5. O direito a férias é irrenunciável e imprescritível e o seu gozo efectivo não pode ser
substituído por qualquer compensação económica, ainda que com o acordo do interessado,
salvo nos casos expressamente previstos nos nº 7 e 8 do artigo 8º e n.º 3 do artigo 49º.
6. As férias podem ser gozadas em meios-dias, no máximo de 5 (cinco) meios-dias,
seguidos ou interpolados, por exclusiva iniciativa do funcionário ou por conveniência da
Administração Pública.
7. Durante as férias não pode ser exercida qualquer actividade remunerada, na Admi-
nistração Pública, salvo se a mesma já vinha sendo legalmente exercida.
Artigo 3º
Antecipação do gozo de férias referentes ao primeiro ano de serviço
No ano civil de ingresso, a partir dos 90 (noventa) dias de prestação efectiva de servi-
ço, o funcionário pode gozar antecipadamente 6 (seis) ou 5 (cinco) dias úteis de férias, por
cada 3 (três) meses completos de serviço até 31 de Dezembro desse ano.
1052
Decreto-Lei nº 3/2010, de 8 de Março
Artigo 4º
Vencimento durante as férias
Durante o período de férias, o funcionário tem direito aos seus vencimentos certos,
como se encontrasse em serviço efectivo, mas não as gratificações, abonos por inerência
ou por acumulação.
Artigo 5º
Marcação das férias
1. As férias podem ser gozadas seguidas ou interpoladamente, não podendo ser goza-
das, seguidamente, mais dias úteis do que o previsto no n.º 3 do artigo 2º, sem prejuízo dos
direitos já adquiridos, pelo pessoal abrangido pelo presente diploma, nem, no caso de gozo
interpolado, um dos períodos ser inferior a 11 (onze) dias, salvo o disposto no artigo 3º.
2. Sem prejuízo do disposto no número anterior e salvo os casos de conveniência de
serviço devidamente fundamentada, não pode ser imposto ao funcionário o gozo interpola-
do das férias a que tem direito.
3. As férias devem ser marcadas de acordo com os interesses das partes, sem prejuízo
de se assegurar, em todos os casos, o regular funcionamento dos serviços.
4. Até 31 de Janeiro de cada ano, devem os funcionários ou agentes indicar o período
do ano em que preferem gozar as férias.
5. Na falta de acordo, as férias são fixadas pelo dirigente competente para o período
entre 1 de Maio e 31 de Outubro.
6. Sem prejuízo do disposto no n.º 3, aos cônjuges e unidos de facto que trabalhem no
mesmo serviço ou organismo, é dada preferência na marcação de férias em período coin-
cidente.
Artigo 6º
Mapa de férias
1. Até 31 de Março de cada ano, os serviços devem elaborar o mapa de férias e dele dar
conhecimento aos respectivos funcionários.
2. Salvos os casos resultantes de conveniência de serviço, devidamente fundamentada,
o mapa de férias só pode ser alterado posteriormente a 31 de Março por acordo entre os
serviços e os interessados.
Artigo 7º
Gozo de férias
1. As férias devem ser gozadas no decurso do ano civil em que se vencem, salvo se, por
motivo de serviço, não puderem ser gozadas nesse ano, caso em que pode haver acumula-
ção de férias para o ano seguinte.
2. Por ocasião do gozo de férias, o funcionário deve indicar, sempre que possível, ao
respectivo serviço a forma como pode eventualmente ser contactado.
1053
Decreto-Lei nº 3/2010, de 8 de Março
Artigo 8º
Suspensão e alteração de férias
1. As férias são suspensas por motivo de maternidade, paternidade ou adopção, poden-
do o seu gozo ter lugar em momento a acordar com o serviço.
2. As férias são igualmente, suspensas por doença, e para a assistência inadiável e
imprescindível a familiares doentes, situações em que se aplica, com as necessárias adap-
tações, o regime das faltas por doença.
3. Ultrapassado o prazo de 5 (cinco) dias úteis previsto no nº 2 do artigo 22º, as férias
são suspensas a partir da data da entrada no serviço do documento comprovativo da doença.
4. Os restantes dias de férias são gozados em momento a acordar com o dirigente do
serviço, até ao termo do ano civil imediato ao do regresso ao serviço.
5. Por razões imperiosas e imprevistas decorrentes do funcionamento do serviço, pode
ainda ser determinada a suspensão das férias por despacho fundamentado do dirigente que
autorizou o seu gozo, podendo o período correspondente à suspensão ser gozado, nos ter-
mos do número anterior.
6. A suspensão das férias dos dirigentes máximos dos serviços, nas condições previstas
no número anterior é determinada por despacho fundamentado do respectivo membro do
Governo.
7. Nos casos previstos nos nºs 5 e 6, o funcionário tem direito a ser compensado pro-
porcionalmente pelos dias de férias não gozados, sem prejuízo de outra compensação mais
elevada que, em face das circunstâncias, se impuser, desde que tal fique demonstrado de
forma inequívoca.
8. O disposto nos nºs 5 e 6 é aplicável às situações de adiamento de férias, por conve-
niência de serviço, para além de um ano.
Artigo 9º
Impossibilidade do gozo de férias
1. O disposto no n.º 4 do artigo anterior é aplicável aos casos em que o funcionário não
possa gozar, no respectivo ano civil, a totalidade ou parte de férias já vencidas nomeada-
mente por motivo de maternidade, paternidade, adopção ou doença.
2. O período de suspensão de férias, por motivo de maternidade, paternidade, adopção
ou doença, dá direito aos subsídios previstos na lei e ao vencimento parcial que corres-
ponde à diferença entre o vencimento líquido a que teria direito e o subsídio pago pela
previdência social.
3. Cabe ao serviço de administração dos recursos humanos da entidade onde está afec-
to o funcionário remeter oficiosamente as provas referentes à interrupção de férias ao Ins-
tituto Nacional da Previdência Social para efeitos de subsídio.
1054
Decreto-Lei nº 3/2010, de 8 de Março
Artigo 10º
Férias em caso de cumprimento de serviço militar
Se o funcionário estiver a cumprir serviço militar obrigatório sem que tenha gozado
as férias vencidas, tem direito a gozar as respectivas férias no próprio ano de regresso ao
serviço, após a prestação do serviço militar.
Artigo 11º
Férias em caso de cedência especial para o sector privado
1. Se a cedência especial do funcionário, nos termos da mobilidade, ocorrer antes do
gozo de férias já vencidas, o gozo das mesmas resultam de acordo celebrado.
2. Na ausência de acordo, o funcionário tem direito a receber a remuneração corres-
pondente ao período de férias, bem como ao correspondente subsídio, caso houver.
Artigo 12º
Férias em caso de cessação definitiva de funções
1. Se a cessação definitiva de funções ocorrer antes do gozo de férias já vencidas, o
funcionário tem direito a receber a remuneração correspondente ao período de férias, bem
como ao correspondente subsídio, caso houver.
2. Se a cessação ocorrer antes de gozado, total ou parcialmente, o período de férias
vencido em 1 de Janeiro desse ano, o funcionário tem ainda direito à remuneração cor-
respondente ao período de férias relativo ao tempo de serviço prestado no ano em que se
verificar a cessação de funções.
3. O período de férias a que se referem os números anteriores, ainda que não gozado,
conta para efeitos de antiguidade, salvo disposição legal em contrário.
CAPÍTULO III
Faltas
Secção I
Disposições gerais
Artigo 13º
Conceito de falta
1. Considera-se falta a ausência do funcionário durante a totalidade ou parte do período
diário de presença obrigatória no serviço, bem como a não comparência no local a que o mesmo
deva apresentar-se por motivo de serviço.
2. No caso de horários flexíveis, considera-se ainda como falta o período de tempo em
débito apurado no final de cada período de aferição.
3. As faltas contam-se por dias inteiros, salvo quando a lei estabelecer regime
diferente.
1055
Decreto-Lei nº 3/2010, de 8 de Março
4. A ausência por períodos inferiores ao período normal de trabalho é adicionada para de-
terminação dos períodos normais de trabalho diário em falta, nas seguintes condições:
a) São equiparados a meio período diário os tempos de ausência a ele inferiores;
b) São equiparados a um período diário os tempos de ausência superiores a meio
período diário.
Artigo 14º
Tipos de faltas
As faltas podem ser justificadas ou injustificadas.
Secção II
Faltas justificadas
Artigo 15º
Faltas justificadas
1. Consideram-se justificadas as seguintes faltas:
a) Até 6 (seis), por ocasião do casamento devendo o facto ser comunicado ao
superior hierárquico imediato do funcionário com uma antecedência mínima
de 15 (quinze) dias;
b) Até 8 (oito), por motivo de falecimento do cônjuge, unidos de facto ou de
parente ou afim no 1º grau da linha recta;
c) Até 3 (três), por falecimento de parente ou afim em qualquer outro grau da
linha recta e no 2º e 3º graus da linha colateral;
d) Até 3 (três) consecutivas, por motivo de doença comprovada por declaração
médica, ou de técnicos das instituições destinadas a reabilitar a toxicodepen-
dência ou alcoolismo, certificada pelo serviço respectivo;
e) Mais de 3 (três) e até 30 (trinta) consecutivas, por motivo de doença compro-
vada por atestado médico;
f) Duas por cada prova ou exame que o funcionário tenha que prestar, sendo
uma no dia da realização da prova e outra no dia imediatamente anterior, bem
assim as dadas na estrita medida das necessidades impostas pelas deslocações
para prestar provas de exame ou de avaliação de conhecimento;
g) As dadas para prestação de provas de concurso público no âmbito dos serviços
abrangidos pelo artigo 1º do presente diploma;
h) Duas por ocasião do nascimento de um filho, devendo o facto ser comunicado
ao serviço no próprio dia em que ocorrer o nascimento ou, excepcionalmente,
no dia seguinte, e justificada por escrito logo que o funcionário se apresente
ao serviço;
1056
Decreto-Lei nº 3/2010, de 8 de Março
1057
Decreto-Lei nº 3/2010, de 8 de Março
3. Nos casos a que se refere a alínea e), quando a ausência exceder o período de 30
(trinta) dias, é superiormente determinada a apresentação a Comissão de Verificação de
Incapacidades.
4. O funcionário que ao abrigo da alínea o) pretenda faltar ao serviço deve participar
essa intenção ao respectivo dirigente, por escrito, na véspera ou, se não for possível, no
próprio dia, oralmente, podendo este recusar a autorização por conveniência de serviço.
5. A participação oral a que se refere na alínea anterior deve ser reduzida a escrito no
dia em que o funcionário regressar ao serviço.
Artigo 16º
Efeitos das faltas justificadas
1. As faltas justificadas não interrompem a efectividade do serviço, nem determinam a
perda de remunerações ou de quaisquer direitos ou regalias salvo o disposto nos números
seguintes.
2. As faltas previstas nas alíneas d), e), i), j), e t) do n.º 1 do artigo anterior implicam
sempre a perda parcial das remunerações correspondentes aos dias de ausência, com direito
a subsídios previstos no sistema de previdência social.
3. A remuneração parcial prevista no número anterior é igual à diferença entre a remu-
neração líquida a que o funcionário teria direito e o subsídio pago pela previdência social.
4. As faltas dadas no exercício de direito da greve implicam sempre a perda de remu-
nerações correspondentes aos dias de ausência, mas não descontam para efeitos de antigui-
dade.
5. As faltas por motivo de prisão preventiva implicam a perda do vencimento de exer-
cício.
6. A perda do vencimento de exercício decorrente prisão preventiva é reparada em caso
de revogação, de absolvição ou de condenação em pena diversa da pena de prisão efectiva.
7. O cumprimento da pena de prisão por funcionário implica a perda total do venci-
mento e da contagem do tempo de serviço para qualquer efeito.
Artigo 17º
Maternidade
1. A funcionária tem direito a uma dispensa por maternidade de 60 (sessenta) dias a
serem gozadas consecutivamente a seguir ao parto, salvo o disposto no n.º 3.
2. No caso de nascimentos múltiplos, o período de licença previsto no número anterior
é acrescido de 10 (dez) dias por cada gemelar além do primeiro.
3. Em caso de situação de risco clínico que importa o internamento hospitalar, à dis-
pensa por maternidade acresce um período anterior ao parto, pelo período indicado no
documento médico adequado.
1058
Decreto-Lei nº 3/2010, de 8 de Março
1059
Decreto-Lei nº 3/2010, de 8 de Março
Artigo 22º
Justificação da doença
1. A doença deve ser comprovada, nos termos da alínea d) e e) do artigo 15º, mediante apre-
sentação de atestado médico ou declaração médica passada por estabelecimento hospitalar
ou centro de saúde ou ainda por técnico das instituições destinadas a reabilitar a toxicode-
pendência ou alcoolismo.
2. O funcionário impedido de comparecer por motivo de doença deve, por si ou por
interposta pessoa, comunicar o facto ao serviço, indicando o local onde se encontra e apre-
sentar o documento comprovativo no prazo de 5 (cinco) dias úteis.
3. A não comunicação do facto nos termos da primeira parte do número anterior implica,
se não for devidamente fundamentada, a injustificação das faltas dadas até à data da entrada do
documento comprovativo nos serviços.
4. Os documentos comprovativos da doença podem ser entregues directamente nos
serviços ou enviados aos mesmos através do correio, devidamente registados, relevando,
neste último caso, a data da respectiva expedição, caso a sua entrada nos serviços for pos-
terior ao limite dos referidos prazos.
Artigo 23º
Meios de prova
1. O atestado médico deve ser passado sob compromisso de honra, indicando o local
de trabalho do médico, o número da sua inscrição na Ordem dos Médicos de Cabo Verde, o
número do bilhete de identidade ou passaporte do funcionário ou agente e a menção expres-
sa da impossibilidade de comparência deste ao serviço e da duração previsível da doença.
2. A declaração de doença deve ser devidamente autenticada e assinada pelo médico,
devendo dela constar, além dos elementos referidos no número anterior, o facto de ter ou
não havido lugar a internamento.
3. Quando tiver havido lugar a internamento e este cessar, o funcionário deve apresen-
tar-se ao serviço, com o respectivo documento de alta ou, no caso de ainda não estar apto
a regressar, proceder à comunicação e apresentar documento comprovativo da doença nos
termos do disposto no artigo anterior, contando-se os prazos respectivos a partir do dia em
que tiver alta.
4. Cada atestado médico ou declaração de doença é válido pelo período que o médico indi-
car como duração previsível da doença, o qual não pode exceder 30 (trinta) dias.
Artigo 24º
Doença ocorrida no estrangeiro
1. O funcionário que adoeça no estrangeiro deve, por si ou por interposta pessoa, co-
municar o facto ao serviço no prazo de 7 (sete) dias úteis.
1060
Decreto-Lei nº 3/2010, de 8 de Março
1061
Decreto-Lei nº 3/2010, de 8 de Março
1062
Decreto-Lei nº 3/2010, de 8 de Março
mesma entidade que o considere apto a retomar a actividade, parecer que pode ser obtido a
requerimento do interessado, apresentado, para esse efeito, no respectivo serviço.
2. Para efeitos do número anterior a intervenção da CVI considera-se de manifesta
urgência.
Artigo 32°
Cômputo do prazo de faltas por doença
Para efeitos do limite máximo do número de faltas por doença previsto no nº1 do artigo
27º contam-se sempre, ainda que relativos a anos civis diferentes:
a) Todas as faltas por doença, seguidas ou interpoladas, quando entre elas não mediar
um intervalo superior a 30 (trinta) dias no qual não se inclui o período de férias;
b) As faltas justificadas por doença correspondentes aos dias que medeiam entre o ter-
mo do período de 30 (trinta) dias consecutivos de faltas por doença e o parecer da CVI que
considere o funcionário capaz para o serviço.
Artigo 33º
Fim do prazo de faltas por doença
1. Findo o período máximo de faltas por doença, o funcionário, pode, sem prejuízo do
disposto no artigo 37º:
a) Requerer, no prazo de 30 (trinta) dias, e através do respectivo serviço, a sua
apresentação à CVI, reunidas que sejam as condições mínimas para a aposen-
tação;
b) Requerer a passagem à situação de licença sem vencimento por um ano ou de
longa duração, independentemente do tempo de serviço prestado.
2. No caso previsto na alínea a) do número anterior e até à data da decisão da CVI, o
funcionário é considerado na situação de faltas por doença, com todos os direitos e deveres
à mesma inerentes.
3. O funcionário que não requerer, no prazo previsto, a sua apresentação à CVI passa
automaticamente à situação de licença sem vencimento de longa duração.
4. O funcionário que não reunir os requisitos para apresentação à CVI para efeitos de
aposentação, deve ser notificado pelo respectivo serviço para, no dia imediato ao da noti-
ficação, retomar o exercício de funções, sob pena de ficar abrangido pelo disposto na parte
final do número anterior.
5. Passa igualmente à situação de licença sem vencimento de longa duração o funcio-
nário que, tendo sido considerado apto pela CVI, volte a adoecer sem que tenha prestado
mais de 30 (trinta) dias de serviço consecutivos, nos quais não se incluem as férias.
6. O funcionário está obrigado a submeter-se aos exames clínicos que a CVI determinar,
implicando a recusa da sua realização a injustificação das faltas dadas desde que a data para a
respectiva apresentação lhe tenha sido comunicada com antecedência mínima de 5 (cinco) dias.
1063
Decreto-Lei nº 3/2010, de 8 de Março
1064
Decreto-Lei nº 3/2010, de 8 de Março
1065
Decreto-Lei nº 3/2010, de 8 de Março
Artigo 41º
Impossibilidade de determinação do termo do período
de isolamento
1. Se o médico do organismo gestor da segurança ou a autoridade sanitária não puder
determinar data certa para o termo do período de isolamento por entender ser necessária a
realização de exames laboratoriais ou de outra natureza, deve estabelecer, na própria decla-
ração, prazo para apresentação, pelo interessado, dos resultados desses exames.
2. A mesma autoridade ou médico deve comunicar ao funcionário ou agente e ao ser-
viço de que este dependa a data certa para termo do período de isolamento logo que sejam
apresentados os resu1tados dos exames.
3. O prazo a que se refere o n.º 1 pode ser prorrogado tendo em consideração a marca-
ção e obtenção dos exames necessários.
Artigo 42º
Não justificação de faltas
1. A não apresentação da declaração da autoridade sanitária ou médico do organismo
da segurança social no prazo e nos termos estabelecidos determina a injustificação de todas
as faltas dadas ao serviço até à data da apresentação da mesma, salvo nos casos imputáveis
àquela entidade.
2. São igualmente consideradas injustificadas as faltas dadas entre o termo do prazo
determinado pela autoridade sanitária para apresentação dos resultados dos exames referi-
dos no artigo 41º e a data de apresentação dos mesmos, quando o atraso for da responsabi-
lidade do funcionário.
Secção III
Faltas injustificadas
Artigo 43º
Faltas injustificadas e respectivos efeitos
1. Consideram-se injustificadas:
a) Todas as faltas dadas por motivos não previstos no n.º 1 do artigo 15º;
b) As faltas dadas ao abrigo do artigo 15º não justificadas nos termos do presente
capítulo, designadamente, quando não seja apresentada prova ou quando o
motivo invocado seja comprovadamente falso.
2. As faltas injustificadas, para além das consequências disciplinares a que possam dar
lugar, não contam para efeitos de antiguidade e implicam a opção entre a perda das remu-
nerações correspondentes aos dias de ausência, ou o seu desconto nas férias.
1066
Decreto-Lei nº 3/2010, de 8 de Março
CAPÍTULO IV
Licenças
Secção I
Licença
Artigo 44º
Conceito de licença
1. Considera-se licença a ausência prolongada do serviço, mediante autorização.
2. A concessão de licença depende do pedido do interessado e do despacho da autori-
dade competente, sem prejuízo do disposto na lei sobre o deferimento tácito.
Artigo 45º
Tipos de licenças
1. As licenças podem revestir as seguintes modalidades:
a) Licença sem vencimento até 90 (noventa) dias;
b) Licença sem vencimento até 3 (três) anos;
c) Licença sem vencimento de longa duração;
d) Licença sem vencimento para acompanhamento do cônjuge colocado no es-
trangeiro;
e) Licença sem vencimento para exercício de funções em organismos internacio-
nais;
f) Licença extraordinária;
g) Licença para formação.
2. A concessão de licenças depende sempre de prévia ponderação da conveniência de
serviço.
3. O tempo de serviço como contratado é computado para perfazer o necessário à
concessão de licenças desde que tenha sido imediatamente seguido de situação que permita
gozar a espécie de licença considerada.
Subsecção I
Licença sem vencimento até noventa dias
Artigo 46º
Regime
1. O funcionário com mais de um ano de serviço efectivo pode requerer licença sem
vencimento com a duração mínima de 30 (trinta) dias e máxima de 90 (noventa) dias a
gozar seguida ou interpoladamente.
1067
Decreto-Lei nº 3/2010, de 8 de Março
2. O funcionário a quem tenha sido concedida licença sem vencimento, nos termos do
número anterior, não pode, nos 2 (dois) anos seguintes, requerer a mesma licença.
3. O lugar desocupado pelo funcionário a quem tenha sido concedida licença sem ven-
cimento, pode ser preenchido mediante contrato a prazo, e caduca automaticamente com o
regresso do respectivo titular.
4. O funcionário a quem tenha sido concedida licença, pode requerer o regresso ante-
cipado ao serviço.
Artigo 47º
Efeitos da licença
1. A licença sem vencimento implica a perda total das remunerações e o desconto na
antiguidade para todos os efeitos legais.
2. Quando o início e o fim da licença ocorram no mesmo ano civil, o funcionário tem
direito, no ano seguinte, a um período de férias proporcional ao tempo de serviço prestado
no ano da licença.
3. Quando a licença abranja dois anos civis, o funcionário tem direito, no ano de re-
gresso e no seguinte a um período de férias proporcional ao tempo de serviço prestado,
respectivamente, no ano de suspensão de funções e no ano de regresso à actividade.
Subsecção II
Licença sem vencimento até três anos
Artigo 48º
Regime
1. O funcionário com mais de 3 (três) anos de serviço efectivo pode requerer licença
sem vencimento pelo período de 1 (um) ano, renovável até ao limite de 3 (três) anos.
2. A licença é concedida pelo membro do Governo de que dependa o funcionário, a
requerimento deste devidamente fundamentado.
3. Ao preenchimento do lugar desocupado e ao regresso de licença aplica-se o disposto nos
n.ºs 3 e 4 do artigo 46º.
Artigo 49º
Efeitos da licença
1. A licença prevista nesta subsecção não conta para efeitos de antiguidade e implica a
perda total das remunerações.
2. O funcionário deve gozar as férias a que tem direito, no ano civil de passagem à
situação de licença sem vencimento, antes do início da mesma, sob pena da sua acumulação
ou de receber, no prazo de 60 (sessenta) dias a contar do início de licença, a remuneração
correspondente ao período de férias não gozado.
1068
Decreto-Lei nº 3/2010, de 8 de Março
1069
Decreto-Lei nº 3/2010, de 8 de Março
1070
Decreto-Lei nº 3/2010, de 8 de Março
Artigo 57º
Duração da licença
1. A licença tem a duração do tempo de serviço do cônjuge no estrangeiro, sem preju-
ízo do disposto nos números seguintes.
2. A licença pode iniciar-se em data posterior à do início das funções do cônjuge no
estrangeiro e pode terminar em data anterior ao término das funções do cônjuge no estran-
geiro, desde que o interessado alegue conveniência nesse sentido.
Artigo 58º
Requerimento para regressar ao serviço
Finda a licença, o funcionário deve requerer ao dirigente máximo do respectivo servi-
ço o regresso à actividade, no prazo máximo de 90 (noventa) dias, sob pena de exoneração.
Artigo 59º
Situação após o termo da licença
Ao regresso da situação de licença para acompanhamento do cônjuge colocado no es-
trangeiro é aplicável o disposto nos nºs 3 a 5 do artigo 53º, com as necessárias adaptações.
Subsecção IV
Licença sem vencimento para exercício de funções
em organismos internacionais
Artigo 60º
Princípios gerais
Quando razões de interesse público o aconselharem, pode ser concedida a funcionários
de nomeação definitiva, licença sem vencimento para o exercício de funções em organis-
mos internacionais, revestindo, conforme os casos, uma das seguintes modalidades:
a) Licença para o exercício de funções com carácter precário ou experimental com
vista a uma integração futura no respectivo organismo;
b) Licença para o exercício de funções na qualidade de funcionário ou agente do
quadro de um organismo internacional.
Artigo 61º
Licença para exercício de funções com carácter precário ou experimental em orga-
nismo internacional
1. A licença prevista na alínea a) do artigo anterior tem a duração máxima de 2 (dois)
anos e não determina a abertura de vagas, mas implica a cessação da requisição e comissão
de serviço.
2. A licença implica a perda total da remuneração contando, porém, o tempo de serviço
respectivo para todos os efeitos legais, sem prejuízo do disposto no n.º 3.
1071
Decreto-Lei nº 3/2010, de 8 de Março
1072
Decreto-Lei nº 3/2010, de 8 de Março
1073
Decreto-Lei nº 3/2010, de 8 de Março
1074
Decreto-Lei nº 3/2010, de 8 de Março
1075
Decreto-Lei nº 3/2010, de 8 de Março
2. O funcionário referido no número anterior tem direito em cada ano civil a gozar
seguida ou interpoladamente 10 (dez) dias úteis de licença, com desconto no vencimento,
mas sem perda de qualquer outra regalia, desde que o requeiram nos seguintes termos:
a) Com 2 (dois) dias de antecedência no caso de pretenderem um dia de licença;
b) Com 5 (cinco) dias de antecedência no caso de pretenderem 2 (dois) a 5 (cinco)
dias de licença;
c) Com 30 (trinta) dias de antecedência caso de pretenderem mais de 5 (cinco) dias
de licença.
3. O funcionário referido no n.º 1 tem direito à dispensa, sem perda de vencimento e antigui-
dade, de 6 (seis) dias úteis para pesquisas, com vista à apresentação de trabalhos académi-
cos ou outros devidamente fundamentados.
4. O disposto no n.º 3 aplica-se aos funcionários docentes a tempo inteiro ou por acu-
mulação que precisam de fazer pesquisas no estrangeiro ou no país desde que não cause
inconveniência para o serviço.
Artigo 78º
Situação de licença sem vencimento de longa duração
1. Os funcionários actualmente em regime de licença sem vencimento de longa du-
ração, nos termos do Decreto-legislativo n.º 3/93, de 5 de Abril, e que ainda não tenham
completado dois anos nesta situação, podem no prazo de 60 (sessenta) dias, a contar da
entrada em vigor do presente diploma, requerer ao membro do Governo de que dependem
o imediato regresso ao cargo de origem, caso em que não havendo vaga se mantém em
situação de licença até completarem aquele mencionado tempo.
2. Decorridos 2 (dois) anos na situação de licença de longa duração aplica-se integral-
mente aos funcionários referidos no número anterior o novo regime estabelecido para o
efeito, no presente diploma.
3. Fica sem efeito a pena de extinção do vínculo com a Função Pública prevista no nº
2, do artigo 48º, do Decreto-Legislativo n.º 3/93, de 5 de Abril, aplicando-se integralmente
ao pessoal abrangido o regime de licença sem vencimento de longa duração estabelecido
no presente diploma.
Artigo 79º
Situações de licença ilimitada
As situações de licença ilimitada existentes à data da entrada em vigor do Decreto-
Legislativo n.º 3/93, de 5 de Abril, passam doravante a reger-se pela legislação ao abrigo
da qual foram concedidas, ficando sem efeito a pena de extinção do vínculo com a Função
Pública prevista no artigo 69º daquele diploma.
1076
Decreto-Lei nº 3/2010, de 8 de Março
Artigo 80º
Entidades competentes na administração autárquica
Sem prejuízo do disposto no Estatuto dos Municípios, as competências que no presen-
te diploma são cometidas ao membro ou membros do Governo, enquanto responsáveis pelo
serviço a que o funcionário pertença, devem ser entendidas, na Administração autárquica,
como referidas ao Presidente da Câmara Municipal.
Artigo 81º
Agentes administrativos
Aos actuais agentes administrativos é aplicável o presente diploma com as necessárias
adaptações.
Artigo 82º
Junta de Saúde
Onde se faz a referência à Comissão de verificação de incapacidade deve entender-se
por Junta de Saúde relativamente aos funcionários e agentes da Administração Pública
providos até 31 de Dezembro de 2005.
Artigo 83º
Revogação
É revogado o Decreto-Legislativo n.º 3/93, de 5 de Abril.
Artigo 84º
Entrada em vigor
O presente diploma entra em vigor 30 (trinta) dias após sua publicação no Boletim
Oficial.
Visto e aprovado em Conselho de Ministros.
José Maria Pereira Neves - Manuel Inocêncio Sousa - Basílio Mosso Ramos - Maria
Cristina Lopes de Almeida Fontes Lima - José Brito - Cristina Duarte - Lívio Fernandes
Lopes - Marisa Helena do Nascimento Morais - Fátima Maria Carvalho Fialho - Maria
Madalena Brito Neves - Sidónio Fontes Lima Monteiro - José Maria Veiga - Sara Maria
Duarte Lopes - Manuel Veiga - Vera Valentina Benrós de Melo Duarte Lobo de Pina - Ja-
nira Fonseca Hopffer Almada
Promulgado em, 25 de Fevereiro de 2010.
Publique-se.
O Presidente da República, PEDRO VERONA RODRIGUES PIRES
Referendado em 25 de Fevereiro de 2010.
O Primeiro-Ministro, José Maria Pereira Neves
1077
Despacho
Despacho
Orientações Genéricas para a Elaboração de Instrumentos de Gestão da Assiduidades.
1. Dispõe o artigo 67º do diploma legislativo nº 3/93 de 5 de Abril que, para efeitos
de gestão da assiduidade e apuramento de dados estatísticos, cada serviço público deverá
elaborar no fim de cada mês e em cada ano uma relação das faltas e licenças dos seus
funcionários ou agentes.
2. Essas relações serão elaboradas através de mapas individuais de dimensão A4
e segundo os modelos constantes dos anexos I e II que fazem parte integrante destas
orientações.
3. Os mapas serão preenchidos nos fins de cada mês e ano pelas unidades administrativas
que superintendem a área dos recursos humanos.
4. O mapa mensal de assiduidade será elaborado em duplicado servindo um deles de
base á elaboração das folhas de vencimento sendo o outro arquivado no processo individual
dos funcionários ou agente.
5. O mapa anual de assiduidade será elaborado em duplicado servindo de apoio ao
cálculo dos dias de férias a que o funcionário ou agente tem direito no ano seguinte e a
elaboração das listas de antiguidade.
6.Na impossibilidade de explicitar a natureza de cada falta ou licença legalmente
previstas e tendo em conta também a necessidade de agrupar algumas delas de natureza e
regime semelhantes numa mesma designação, criou-se código constante do anexo III que
servirá de referência ao preenchimento dos mapas mensais e anuais de assiduidade.
Gabinete do Ministro da Administração Pública e Assuntos Parlamentares na Praia, 14
de Fevereiro de 1994. – A Ministra, Ondina Ferreira.
ANEXO III
Código de faltas e licenças
F1 – Faltas por doença
F2 - » por nojo
F3 - » autorizadas pelo dirigente
F4 - » por incapacidade de trabalho devido a acidente de trabalho ou por
reabilitação profissional
F5 - » para assistência a membros do agregado familiar e tratamento
Ambulatório de cônjuge, descendentes, etc.
F6 - » por conta do período de férias
1078
Despacho
1079
MINISTÉRIO: ________________________________________________________________
SECRETARIA DE ESTADO:_____________________________________________________
SERVIÇO:____________________________________________________________________
NEXO I
MAPA ANUAL DE ASSIDUIDADE
NOME:____________________________________________
CARGO: ___________________________________________
ANO: ___________
FALTAS LICENÇAS
MESES F1 F2 F3 F4 F5 F6 F7 F8 F9 F10 F11 F12 F13 14 F15 F16 FI FII TOTAL L1 L2 L3 L4 L5 TOTAL
JAN
FEV
1080
MAR
Despacho
ABR
MAI
JUN
JUL
AGO
SET
OUT
NOV
DEZ
TOTAL
MINISTÉRIO: ___________________________________________________________________________
SECRETARIA DE ESTADO:________________________________________________________________
SERVIÇO:___________________________________________________________________
ANEXO II
MAPA MENSAL DE ASSIDUIDADE
NOME:_________________________________________________________________________________ ANO: ______________
CARGO: ___________________________________
MÊS: __________
FALTAS LICENÇAS
MESES F1 F2 F3 F4 F5 F6 F7 F8 F9 F10 F11 F12 F13 14 F15 F16 FI FII TOTAL L1 L2 L3 L4 L5 TOTAL
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
1081
Despacho
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31
TOTAL
Despacho
1082
Despacho
7 - FERIADOS
1083
Despacho
1084
Lei nº 16/IV/91, de 30 de Dezembro
1085
Lei nº 95/V/99, de 22 de Março
1086
Lei nº 69/VI/2005, de 31 de Maio
1087
Lei nº 69/VI/2005, de 31 de Maio
1088
Lei nº 69/VI/2005, de 31 de Maio
1089
Lei nº 69/VI/2005, de 31 de Maio
1090
Decreto-Lei nº 1/87, de 10 de Janeiro
1091
Decreto-Lei nº 1/87, de 10 de Janeiro
1092
Decreto-Lei nº 1/87, de 10 de Janeiro
1093
Decreto-Lei nº 1/87, de 10 de Janeiro
estágio não podendo nunca ser inferior a 1 ano sob pena de indemnizar o Estado de todas
as despesas que tenha ocasionado com essa valorização profissional.
2. Consideram-se meses completos, para efeitos deste artigo, as fracções de meses
superiores a quinze dias.
3. Se o beneficiário de qualquer das situações a que se refere o nº 1 deste artigo não
perfizer completamente o tempo que se comprometeu a servir por sua iniciativa ou culpa,
mas apenas uma parte dele, indemnizará o Estado proporcionalmente, da parte restante.
4. Determinado o montante de reembolso, por despacho do Ministério das Finanças
sob proposta da Secretaria de Estado da Administração Pública, será o beneficiário notifica-
do para, dentro do prazo que lhe for assinado, e pela forma especificada no despacho, pro-
ceder voluntariamente à entrega. Se não efectuar voluntariamente o reembolso proceder-
se-á contra ele, nos termos legais, por dívidas ao Estado, servindo da base à execução, com
força do título exequível, a certidão passada pelos serviços de contabilidade do organismo
que patrocinou a formação donde consta a importância da dívida a cobrar.
5. A simples aceitação do benefício da formação vincula o beneficiário ao disposto
neste artigo.
Artigo 14º
1. O funcionário apresentará ao serviço a que pertence dentro de trinta dias subsequen-
tes ao seu regresso um relatório escrito contendo uma avaliação técnica da formação de que
beneficiou, elaborado de molde a que contenha os seguintes elementos:
Informação técnica sobre a formação recebida;
Observações sobre a adequação da formação às necessidades do serviço;
Observações e sugestões dela decorrentes que possam contribuir para a melhoria dos
serviços
CAPÍTULO IV
Do processo
Artigo 15º
Compete ao membro do Governo de que depende o organismo público que promove
a formação proceder à selecção dos candidatos, devendo comunicar a decisão à Secretaria
de Estado da Administração Pública no prazo mínimo de trinta dias antes da data prevista
para o embarque.
Artigo 16º
1. A selecção para acções de especialização e de pós-graduação far-se-á mediante con-
curso promovido pelo organismo que oferece a bolsa em que informará sobre os direitos e
regalias concedidos e outros elementos necessários à sua apreciação pelos interessados.
1094
Decreto-Lei nº 1/87, de 10 de Janeiro
1095
Decreto-Lei nº 1/87, de 10 de Janeiro
Artigo 21º
…………………………………………………………………………………………
(Revogado pelo D.Legislativo n.º 3/93, de 5 de Abril)
Artigo 22º
À licença para formação de duração superior a 12 meses aplica-se o regime da licença
ilimitada.
Artigo 23º
Este diploma aplica-se aos processos pendentes.
Artigo 24º
Aplica-se o presente diploma, com as necessária adaptações a todos os casos em que
as acções de formação se realizarem no próprio país.
Artigo 25º
É revogada toda a legislação em contrário, designadamente a Portaria nº 46/76 e o
artigo 44º do Estatuto do Funcionalismo.
Visto e aprovado em Conselho de Ministros.
Pedro Pires – Arnaldo França.
1096
Resolução n.º 10/III/87 de 22 de Agosto
1097
Resolução n.º 10/III/87 de 22 de Agosto
1098
Resolução n.º 10/III/87 de 22 de Agosto
9. AJUDAS DE CUSTO
1099
Decreto nº 204/91, de 30 de Dezembro
1100
Decreto nº 204/91, de 30 de Dezembro
AJUDAS DE CUSTO
Decreto nº 204/91
de 30 de Dezembro
As ajudas de custo pelas deslocações em serviço público no território nacional e ao
estrangeiro encontram-se desajustadas face ao aumento do custo de vida verificado nos
últimos anos no país e no estrangeiro. Deste modo, convindo proceder a actualização das
ajudas de custo e bem assim, a reformulação geral de legislação em vigor.
No uso da faculdade conferida pelo artigo 77º da Constituição, o Governo decreta o
seguinte:
Artigo 1º
1. Tem direito ao abono de ajudas de custo diárias os funcionários ou agentes da admi-
nistração, quando deslocados do seu domicílio profissional por motivo de serviço público.
2. O pessoal a que se refere o artigo 2º do Decreto-Lei nº 154/81 de 31 de Dezembro,
será abonado de ajudas de custo diárias de quantitativo igual ao previsto para os funcioná-
rios incluídos nas categorias correspondentes as letras «A» e «E» da tabela.
3. Aos funcionários que se desloquem ao exterior em missão de nível ministerial, che-
fiando delegações em substituição de um membro de Governo, serão abonados de ajudas de
custo diárias de quantitativo igual ao previsto para os membros do Governo.
Artigo 2º
(Autorização para deslocações que tem direito a ajudas de custos)
1. Toda deslocação ao exterior que dê direito a ajudas de custo deverá efectuar-se,
mediante despacho de autorização do membro do Governo competente.
2. Para o efeito referido no número anterior devem os serviços interessados apresentar
ao Ministério das Finanças e do Plano a proposta relativa a cada missão, devidamente,
fundamentada referindo, designadamente, o objecto, duração, encargos financeiros e res-
pectiva cobertura orçamental.
Artigo 3º
(Condições de atribuições)
1. As ajudas de custo diárias são concedidas por cada dia de afastamento nos termos
do artigo 1º.
2.Nos dias em que o funcionário não pernoitar fora do seu domicílio profissional é-lhe
devido apenas metade das ajudas de custo diárias.
Artigo 4º
Quando uma missão integre funcionários de diversas categorias e que deverão se ins-
talar no mesmo estabelecimento hoteleiro, o valor das respectivas ajudas de custo será
idêntico ao auferido pelo funcionário de mais elevada categoria.
1101
Decreto nº 204/91, de 30 de Dezembro
Artigo 5º
(Reposição)
1. Aquele que receber ajudas de custo diárias e que por qualquer motivo, não realizar a
missão, fica obrigado a reposição integral do montante recebido no prazo máximo de cinco
dias.
2. O funcionário que, por motivo qualquer, regressar ao seu domicílio profissional
antes do prazo previsto para o termo da missão restituirá a quantia recebida em excesso, no
prazo a que se refere o número anterior.
3. O funcionário que tenha recebido indevidamente quaisquer abonos de ajudas de
custo fica obrigado a sua reposição, independentemente da responsabilidade disciplinar
que ao caso couber.
Artigo 6º
(Redução das ajudas de custo)
1. Nas deslocações em que sejam garantidos, oficialmente o alojamento e a alimenta-
ção, o funcionário terá direito a um terço da totalidade das ajudas de custo.
2. No caso de lhe ser garantida somente uma das prestações a que se refere o número
anterior o funcionário terá direito a dois terços da totalidade das ajudas de custo.
Artigo 7º
(Tabelas)
As tabelas de ajudas de custo diárias por deslocações em missão oficial de serviço
dentro do país e ao exterior passam a ser as constantes dos mapas anexos.
Artigo 8º
(Revogação)
São revogados os Decretos-Leis números 44/85 de 27 de Abril e 13/90 de 4 de Março.
Artigo 9º
As tabelas de ajudas de custo diárias deverão ser actualizadas anualmente por portaria
conjunta dos responsáveis pela área da Administração Pública e das Finanças.
Artigo 10º
(Disposição final e transitória)
Enquanto não houver diploma especial que regula a atribuição das ajudas de custo
aos membros do Governo, bem como aos elementos dos respectivos gabinetes o presente
decreto será aplicado aos mesmos.
Artigo 11º
Este diploma entra em vigor a partir de 2 de Janeiro de 1992.
Carlos Veiga – Eurico Monteiro – José Tomás Veiga – Alfredo Teixeira.
1102
Decreto nº 204/91, de 30 de Dezembro
ZONA C – América (N e S)
C1 EUA, Canadá 15.000$00 12.000$00 10.500$00 9.500$00
1103
Decreto nº 204/91, de 30 de Dezembro
1104
Decreto nº 204/91, de 30 de Dezembro
1105
Lei nº 44/V/98, de 9 de Março
1106
Lei nº 44/V/98, de 9 de Março
1107
Lei nº 44/V/98, de 9 de Março
Artigo 4º
(Duração diária do trabalho)
1. É de oito horas o limite máximo de duração diária do trabalho nos serviços abran-
gidos pela presente lei.
2. Podem ser fixado pelo Governo regime de duração diária inferior ao previsto no nº
1, quando a penosidade, perigosidade ou outras características específicas da actividade
exercida o justifiquem.
3. Podem ser fixados pelo Governo regime de duração diária superior ao previsto no
nº 1, relativamente a trabalhadores cuja actividade seja acentuadamente intermitente ou de
simples presença, não devendo ultrapassar o limite máximo de 12 horas diárias.
Artigo 5º
(Descanso)
1.Os funcionários e os agentes da Administração Pública têm direito a um dia de des-
canso semanal, que deve, em princípio, coincidir com o domingo.
2.Poderá também ser concedido pelo Governo, facultativamente, um dia de descanso
complementar que em princípio, deve coincidir com o sábado.
3.Nos casos do nº 5 do artigo 3º e do nº 3 do artigo 4º, o período normal de trabalho
estabelecido deve respeitar um período de repouso de doze horas consecutivas.
Artigo 6º
(Controlo da assiduidade e pontualidade)
1. Os funcionários e os agentes da Administração Pública devem comparecer regularmente
ao serviço e ai permanecer continuamente, trabalhando, dentro do horário estabelecido, não
podendo ausentar-se salvo motivo justificado e de licença do superior hierárquico competente.
2. Não é admitida, com carácter generalizado e de habitualidade, a tolerância na hora
de inicio do trabalho, devendo ser disciplinarmente punido os superiores hierárquicos que
a pratiquem.
3. Os cumprimentos dos deveres de assiduidade e pontualidade e do período de traba-
lho devido é verificado e controlado por um sistema de registo estabelecido pelo Governo.
3. Fora do caso previsto no nº 1, considera-se falta injustificada toda a ausência do
funcionário ou agente, depois de feito o registo de entrada.
CAPÍTULO III
Horário de trabalho
Artigo 7º
(Disposição Geral)
O horário de trabalho deve estabelecer as horas de início e termo do período normal
de funcionamento de serviço, quando couber, o intervalo para descanso dos funcionários
e agentes.
1108
Lei nº 44/V/98, de 9 de Março
Artigo 8º
(Período normal de funcionamento)
1. Entende-se por período normal de funcionamento o período diário durante o qual os
serviços exercem a sua actividade.
2. O período normal de funcionamento pode ser estabelecido entre as sete horas e
trinta minutos e as dezoito horas e trinta minutos.
3. Quando o interesse público, nomeadamente a comunidade dos utentes, o justificar, pode-
rá o Governo, fundamentando, fixar períodos diferentes do funcionamento dos serviços.
Artigo 9º
(Modalidade)
1.Em função da natureza das suas actividades, aos serviços pode ser estabelecida uma
ou, simultaneamente, mais do que uma das seguintes modalidades de horário de trabalho.
a) Horário normal;
b) Trabalho por turnos;
c) Horário especial.
2. Salvo determinação em contrário da autoridade competente, mediante autorização
prévia nos termos da presente lei, os funcionários e agentes da Administração Pública estão
sujeitos ao horário normal.
3. O horário de trabalho deve respeitar os limites de duração semanal e diário do tra-
balho e do período normalmente de funcionamento.
Artigo 10º
(Horário normal)
O horário normal reparte-se por dois períodos diários separados por um intervalo para
descanso e com horas fixas de início e fim.
Compete ao Governo estabelecer, por Resolução do conselho de Ministros, o horário
normal dos serviços do Estado em todo o País.
Compete às Câmaras Municipais estabelecer, por Regulamento policial, o horário
normal dos serviços municipais em todo o respectivo território municipal, em articulação
com os serviços desconcentrados do Estado no correspondente Concelho, tendo em vista a
comodidade dos utentes e a eficiência e eficácia do serviço público.
Artigo 11º
(Trabalho por turno)
1.A prestação de trabalho por turnos obedece aos seguintes parâmetros:
a) A duração do trabalho de cada turno não excederá o limite estabelecido no nº
1 do artigo 4º da presente lei;
1109
Lei nº 44/V/98, de 9 de Março
1110
Lei nº 44/V/98, de 9 de Março
2. Poderá ainda por despacho conjunto dos membros de Governo responsáveis pelo
sector em que o serviço se intrega, pela Administração Pública e pela Finanças e desde
que haja disponibilidade orçamental para o efeito ser estabelecida isenção de horário de
trabalho temporário ou permanente, total ou parcial, para funcionários e agentes que exer-
çam funções de fiscalização, de protocolo, de apoio a reuniões de órgãos colegiais ou que
exijam, permanente ou regularmente, disponibilidade mais frequente que a normal.
3.Os titulares de isenção de trabalho não estão sujeitos aos limites máximos de duração
diária e semanal do trabalho e não têm direito a remuneração por trabalho extraordinário
ou nocturno.
4.A isenção de horário de trabalho não despensa o funcionário ou agente da obser-
vância do dever geral da assiduidade e do cumprimento da duração semanal de trabalho
legalmente estabelecida.
5.A isenção de horário de trabalho confere aos titulares referidos no nº2 o direito a uma
retribuição adicional a estabelecer pelo Governo, não superior a um terço da remuneração
de base.
CAPÍTULO IV
Trabalho extraordinário, nocturno, em feriado ou em dia de descanso
SECÇÃO I
Trabalho extraordinário
Artigo 14º
(Regime geral)
1.Considera extraordinário o trabalho que, por determinação superior, for prestado fora
do período de trabalho diário e não estiver abrangido por isenção de horário de trabalho.
2.O trabalho extraordinário só é admitido quando as necessidades do serviço exigirem,
em virtude de acumulação anormal de trabalho ou da urgência na realização de tarefas
determinadas.
3. A prestação de trabalho extraordinário é determinada por despacho escrito e funda-
mentado do dirigente superior do serviço ou equiparado e é condicionada à existência de
verba disponível para a respectiva remuneração adicional.
4. A prestação de trabalho extraordinário determinada nos termos do nº 3 é obrigatória
para os funcionários ou agentes designados no despacho, salvo o disposto no nº 5.
5. O funcionário ou agente pode ser dispensado de prestar trabalho extraordinário
quando invoque motivo atendível, designadamente os relacionados com as condições par-
ticulares de deficiência de que sejam portadores, a gravidez avançada e a guarda de filhos
com idade inferior a um ano.
6. O trabalho extraordinário não pode exceder duas horas por dia, nem determinar um
período de trabalho diário superior a dez horas e nem, ultrapassar cento e vinte horas por
ano, salvo em caso especial expressamente estabelecido por diploma próprio.
1111
Lei nº 44/V/98, de 9 de Março
1112
Lei nº 44/V/98, de 9 de Março
2. No caso de alínea b) do nº1, o acréscimo pode ser feito nas férias do ano seguinte,
se razões de serviço impedirem o gozo de férias no ano de prestação de trabalho extraor-
dinário.
SECÇÃO II
Trabalho nocturno e em dia de descanso semanal ou feriado
Artigo 17º
(Trabalho nocturno)
1. Considera-se nocturno o trabalho prestado no período que decorre entra as vinte e
duas horas de um dia e seis horas do dia seguinte.
2. A prestação de trabalho nocturno é aplicável, com as necessárias adaptações, o dis-
posto nos nºs 2 a 7 do artigo 14º.
3. O trabalho nocturno pode ser normal ou extraordinário.
4. O trabalho nocturno é retribuído como acréscimo de 50% sobre a remuneração do
trabalho prestado por período diurno.
Artigo 18º
(Trabalho em dia descanso semanal ou feriado)
A prestação de trabalho em dia de descanso semanal ou feriado é aplicável, com as
necessárias adaptações, o disposto nos números 2 a 7 de artigo 14º.
Exceptua-se do disposto nº3 do artigo 14º a prestação de trabalho em dia feriado em
organismo que por virtude da actividade exercida, laborem normalmente nesse dia.
O trabalho em dia de descanso semanal ou feriado é retribuído com um acréscimo de
100% sobre a remuneração do trabalho em outro dia normal da semana.
SECÇÃO III
Disposições comuns
Artigo 19º
(Cumulação de acréscimo)
Os acréscimos de retribuição estabelecidos na presente lei por trabalho extraordinário,
trabalho nocturno e trabalho em dia de descanso semanal ou feriado cumulam-se quando os
respectivos pressupostos se verifiquem simultaneamente numa mesma situação.
Artigo 20º
(Responsabilização)
1. O pessoal dirigente deve limitar ao estritamente indispensável a determinação da
prestação das modalidades de trabalho previstas no presente capítulo.
2. O pessoal dirigente é responsável pela reposição de quaisquer abonos recebidos
indevidamente pelos funcionários ou agente, por virtude, da prestação de trabalho que por
1113
Lei nº 44/V/98, de 9 de Março
1114
Decreto-Lei nº 70/97, de 10 de Novembro
1115
Decreto-Lei nº 70/97, de 10 de Novembro
Artigo 4º
(Regimes especiais)
1. Por Resolução do Conselho de Ministros, sob proposta do ministro responsável pela
área da Administração Pública, poderão ser fixados períodos especiais de trabalho diário
e semanal inferior ao normal, se a penosidade, perigosidade ou outras características da
actividade exercida o justificarem.
2. O regime de turno é estabelecido por portaria conjunta dos ministros responsável
pela área da Administração Pública e do ministro responsável pela área em que se integra
o serviço interessado.
3. O estabelecimento do horário especial em qualquer parte do país depende de auto-
rização do Governo dada por Resolução, sob proposta conjunta do Ministro responsável
pela área da Administração Pública e do Ministro responsável pela área em que se integra o
serviço municipal, sob proposta o Ministro que exerce a tutela sobre os municípios.
4. O disposto no presente diploma não prejudica os regimes especiais de trabalho le-
galmente estabelecidos para o pessoal docente, o pessoal dos serviços de saúde e o pessoal
civil dos serviços das Forças Armadas e da Policia.
Artigo 5º
(Verificação)
1. O cumprimento, com assiduidade e pontualidade, do período e horário deve ser
verificado, em todos os serviços abrangidos pelo presente diploma, através de sistema de
registo automático, mecânicos ou informáticos, ou por portaria do membro do governo res-
ponsável pela área da Administração Pública, numerado e autenticado, no qual os agentes
assinarão à entrada e à saída, no início e fim cada período de trabalho.
2. Os suportes de registo de entrada e saída e o livro de ponto serão encerrados pelo
agente mais categorizado do serviço a que o registo ou livro se refere e entregues ao diri-
gente directo do mesmo, na posse de quem se conservarão até à hora da saída.
3. Nenhum agente pode, salvo motivo justificado e licença do respectivo chefe, inter-
romper o seu trabalho depois de feito o registo ou assinado o livro de ponta à entrada.
Artigo 6º
(Entrada em vigor)
O presente diploma entra em vigor a 1 de Janeiro de 1998.
Visto e aprovado em Conselho de Ministros.
Carlos Veiga – António Gualberto do rosário – José Luís Livramento Monteiro de Bri-
to – José António Mendes dos Reis – Úlpio Napoleão Fernandes – Simão Monteiro – João
Medina.
1116
Decreto-Lei nº 70/97, de 10 de Novembro
1117
Resolução nº 56/97, de 22 de Dezembro
1118
Portaria nº 4/2000, de 6 de Março
1119
Decreto-Lei nº 46/89, de 26 de Junho
1120
Decreto-Lei nº 46/89, de 26 de Junho
1121
Decreto-Lei n.º 26/96, de 12 de Agosto
1122
Decreto-Lei n.º 26/96, de 12 de Agosto
FISCALIZAÇÃO PREVENTIVA
MONTANTE A PARTIR DO QUAL OS CONTRATOS
DE FORNECIMENTOS DE BENS E SERVIÇOS ESTÃO SUJEITOS
A VISTO DO TRIBUNAL DE CONTAS
Decreto-Lei n.º 26/96
de 12 de Agosto
A Lei n.º 84/IV/93, de 12 de Julho, dispõe no seu artigo 13º n.º 1 alínea b), a necessida-
de de fixação por Decreto-Lei do montante das minutas de contratos sujeitos à fiscalização
preventiva do Tribunal de Contas
Assim,
Considerando a faculdade permitida pela lei acima referida e a necessidade de agilizar
procedimentos administrativos que se prendem com os fornecimentos de bens e prestação
de serviço à Administração Pública até determinado montante
Ao abrigo da alínea a) do n.º 2 do art. 216º da Constituição, o Governo decreta o se-
guinte,
Artigo 1º
É fixado em 7.500 contos o montante a partir do qual as minutas de contratos de for-
necimento de bens e serviços à Administração Pública são remetidos ao Tribunal de Contas
para fiscalização preventiva.
Artigo 2º
Entrada em vigor
O presente diploma entra imeditamente em vigor.
Visto e aprovado em Conselho de Ministros, em 8 de Julho de 1996.
Carlos Veiga – António Gulaberto do Rosário – Simão Gomes Monteiro
Promulgado em 9 de Agosto de 1996
Publique-se.
O Presidente da República, ANTÓNIO MANUEL MASCARENHAS GOMES MON-
TEIRO
Referendado em 12 de Agosto de 1996
O Primeiro-Ministro, Carlos Veiga .
1123
Decreto-Lei nº 46/89, de 26 de Junho
1124
Decreto-Lei nº 46/89, de 26 de Junho
144 1 Grupo I – Secretários Gerais, funcionários do quadro comum e dos quadros privativos incluídos actualmente na letra A
e os que sejam expressamente equiparados a Secretário Geral. Grupo II – Directores Gerais, funcionários do quadro comum
ou dos quadros privativos incluídos actualmente na letra B com excepção do Ministro Plenipotenciário, e os que sejam
expressamente equiparados a Director Geral (ver mapa anexo ao Decreto-Lei n.º 154/81, de 31 de Dezembro)
1125
Decreto-Lei nº 46/89, de 26 de Junho
1126
Decreto-Lei nº 46/89, de 26 de Junho
Artigo 9º
147 Redacção dada pela Lei nº 77/III/90, de 29 de Junho
1127
Decreto-Lei nº 46/89, de 26 de Junho
(Visto tácito)
Decorrido o prazo de 30 dias sobre a data de entrada no Tribunal de Contas dos con-
tratos de empreitada de obras públicas, empréstimos, concessão, fornecimento ou outros de
natureza administrativa não relativos a pessoal, ou de respostas a pedido de elementos ou
esclarecimentos solicitados pelo Tribunal, presume-se a concessão do visto.
Artigo 10º
(Responsabilidade)
1. Sem prejuízo de eventual responsabilidade disciplinar, criminal ou civil, o desres-
peito das normas previstas no presente diploma acarreta responsabilidade financeira das
entidades ou funcionários cuja actuação seja lesiva dos interesses financeiros do Estado.
2. A instrução deficiente e repetida dos actos sujeitos a fiscalização preventiva, por
parte dos serviços, poderá ser objecto de multa a arbitrar pelo Tribunal.
3. A multa a arbitrar, conforme as circunstâncias a ponderar pelo Tribunal, não deverá
ser inferior a 1/6, nem superior a 1/3 do vencimento do responsável pelo seu pagamento
que é o dirigente do serviço, a identificar no respectivo processo.
Artigo 11º
(Prova)
O Tribunal de Contas pode requisitar aos serviços remetentes de processos de visto
quaisquer documentos que entenda indispensáveis.
Artigo 12º
(Anotação)
.....................................................................................................................................148
Artigo 13º
(Instrução de processos de provimento)
1. O provimento dos lugares do quadro dos serviços é feito através de diploma indivi-
dual de provimento.
2.Os processos de visto na âmbito do primeiro provimento ou da admissão de pessoal
devem ser instruídos e enviados ao Tribunal de Contas com os seguintes documentos:
a) Os diplomas de provimento149 completa e correctamente preenchidos, design-
adamente com indicação da legalidade geral e da legislação especial que funda-
mentam o provimento;
b) Declaração do director-geral de administração ou, na sua falta, do responsável
máximo do serviço, de que foram cumpridas as formalidades legalmente ex-
igidas para o provimento;
c) Certidão de idade;
148 o art. for revogado pelo art. 7º do Dec. Lei nº 108-E/92, de 24 de Setembro
149 O Diploma de Provimento foi revogado pelo art. 45º da Lei nº 102/IV/93, de 31 de Dezembro
1128
Decreto-Lei nº 46/89, de 26 de Junho
1129
Decreto-Lei nº 46/89, de 26 de Junho
1130
Decreto-Lei nº 46/89, de 26 de Junho
1131
Decreto-Legislativo nº 11/93, de 26 de Julho
1132
Lei nº 84/IV/93, de 12 de Julho
1133
Lei nº 84/IV/93, de 12 de Julho
1134
Lei nº 84/IV/93, de 12 de Julho
1135
Lei nº 84/IV/93, de 12 de Julho
Artigo 12º
(Conteúdo da fiscalização preventiva)
1. A fiscalização preventiva tem por fim verificar se os diplomas, despachos, contratos
e outros documentos a ela sujeitos estão conformes às leis em vigor e se os encargos têm
cabimento em verba orçamental própria.
2. A fiscalização preventiva é exercida através do visto e da declaração de conformi-
dade.
Artigo 13º
(Âmbito da fiscalização preventiva)
1. Devem ser remetidos ao tribunal de Contas, para efeitos de fiscalização preventiva:
a) Os contratos, de qualquer natureza quando celebrados pelas entidades sujeitas
à jurisdição do Tribunal;
b) As minutas dos contratos de valor igual ou superior a um montante a fixar por
decreto-lei;
c) A minutas de contratos de qualquer valor que venham a celebrar-se por es-
critura pública e cujos encargos tenham de ser satisfeitos no acto da sua cel-
ebração;
d) Os diplomas e despachos relativos às admissões de pessoal não vinculado à
função pública, bem como todas as admissões em categorias de ingresso na
administração central e local.
2. Só devem ser remetidos ao Tribunal de Contas, para efeito de fiscalização preventi-
va, os contratos celebrados pelas autarquias locais e associações de municípios que exce-
dam um valor superior a um montante a definir por lei.
Artigo 14º
(Fiscalização preventiva: isenções)
1. Excluem-se do disposto no artigo anterior:
a) Os actos administrativos de provimento dos membros do Governo e do pes-
soal dos respectivos gabinetes;
b) Os contratos de cooperação;
c) Os contratos celebrados no âmbito de programas financiados por organizações
financeiras internacionais;
d) Os actos administrativos sobre a concessão de vencimentos certos ou even-
tuais resultantes do exercício de cargo por inerência legal expressa, com ex-
cepção dos que concederem gratificação;
e) Os actos sobre abonos a pagar por verbas globais e referentes a salários do
pessoal operário;
1136
Lei nº 84/IV/93, de 12 de Julho
1137
Lei nº 84/IV/93, de 12 de Julho
2. Com vista ao julgamento das contas e à emissão dos pareceres sobre a Conta Geral
do Estado, e sobre documentos de despesas dos serviços simples, pode o Tribunal proceder,
em qualquer momento, à fiscalização sucessiva da legalidade da arrecadação das receitas e
da realização das despesas dos serviços e organismos sujeitos à sua jurisdição.
3. Compete ainda ao Tribunal de Contas julgar:
a) Os processos para aplicação de multas e outras penas decorrentes de respon-
sabilidade por actos financeiros;
b) Os processos de fixação de débito dos responsáveis quando haja omissão de
contas;
c) Os processos de impossibilidade de julgamento de contas;
d) Os embargos à execução dos seus acórdãos ou decisões;
e) Os processos de anulação das suas decisões ou acórdãos já transitados em
julgado, proferidas em matéria de contas;
f) As contas cujo julgamento, em 1ª instância, não pertença, por lei, a qualquer
outra entidade;
4. Para efeitos de julgamento de contas, pode o Tribunal investigar tudo o que se rela-
cione com as finanças e o património das entidades sujeitas à sua jurisdição, podendo requi-
sitar à Inspecção Geral das Finanças ou a algum outro órgão de controlo financeiro interno
a realização de quaisquer averiguações, inquéritos e sindicâncias que julgar necessários.
5. As contas de valor inferior a certo montante a fixar por Decreto-Lei, uma vez ana-
lisados pela Direcção de Serviços, quando sejam consideradas em termos, podem ser sim-
plesmente devolvidas e posteriormente avocadas, salvo prescrição.
Artigo 16º
(Entidades Sujeitas a Prestação de Contas)
Ficam sujeitas à prestação de contas as seguintes entidades:
a) Presidência da República;
b) Assembleia Nacional;
c) Serviços do Estado, personalizados ou não, dotados de autonomia administra-
tiva e financeira, incluindo os fundos autónomos;
d) Os exactores da Fazenda Pública;
e) Os conselhos administrativos de todas as unidades militares, bem como os
órgãos de gestão financeira das Forças Armadas;
f) Os Municípios;
g) Os organismos e serviços em regime de instalação no término do período de
instalação ou término do período de cada ano económico;
1138
Lei nº 84/IV/93, de 12 de Julho
1139
Lei nº 84/IV/93, de 12 de Julho
1140
Lei nº 84/IV/93, de 12 de Julho
CAPÍTULO IV
Dos Juízes do Tribunal de Contas
Artigo 24º
(Nomeação e exoneração do Presidente)
O Presidente do Tribunal de Contas é nomeado pelo Presidente da República, sob
proposta do Governo.
Artigo 25º
(Nomeação dos Juízes)
1. Os juízes do Tribunal de Contas são nomeados pelo Presidente da República, em
comissão especial de serviço, pelo período de cinco anos renovável, sob proposta do Go-
verno de entre pessoas licenciadas em Direito, Economia, Administração Pública, Finanças
ou Organização e Gestão, de reconhecida idoneidade e com competência.
2. O tempo de serviço dos juízes que na altura do provimento tenham vínculo à função
pública considera-se, para todos os efeitos, como prestado nos lugares de origem.
Artigo 26º
(Posse)
O Presidente e os juízes do Tribunal de Contas tomam posse e prestam juramento pe-
rante o Presidente da República.
Artigo 27º
(Prerrogativas)
1. Os juízes do Tribunal de Contas têm honras, direitos categorias, tratamento, remu-
neração, deveres, regalias, e demais prerrogativas iguais aos juízes conselheiros do Supre-
mo Tribunal de Justiça.
2. O Presidente do Tribunal de Contas tem as honras e regalias atribuídas ao Procura-
dor-Geral da república.
3. As férias dos juízos são fixados de modo a garantir que o visto, nos processos de
fiscalização preventiva, seja permanentemente assegurado.
Artigo 28º
(Regime Disciplinar)
1. Compete exclusivamente ao Tribunal de Contas em plenário, o exercício do poder
disciplinar sobre os seus juízes, ainda que a acção disciplinar respeite a actos praticados no
exercício de outras funções cabendo-lhe, designadamente, instaurar o processo disciplinar,
nomear o respectivo instrutor de entre os seus membros, deliberar sobre a eventual suspen-
são preventiva e julgar definitivamente.
2. Salvo o disposto no número anterior, aplica-se aos juízes do Tribunal de Contas o
regime disciplinar estabelecido na lei para os magistrados judiciais.
1141
Lei nº 84/IV/93, de 12 de Julho
Artigo 29º
(Responsabilidade Civil e Criminal)
São aplicáveis aos juízes do Tribunal de Contas, com as necessárias adaptações, as
normas relativas à efectivação das responsabilidades civil e criminal dos Juízes Conselhei-
ros do Supremo Tribunal de Justiça.
Artigo 30º
(Incompatibilidade)
1. As funções de juiz do Tribunal de Contas são incompatíveis com o exercício de
quaisquer outras funções públicas ou privadas.
2. Exceptuam-se do número anterior, as funções de docência, a actividade literária,
artística e científica e bem assim actividades públicas ou privadas não remuneradas que não
afectem a sua isenção e independência.
Artigo 31º
(Inamovibilidade)
Os juízes do Tribunal de Contas são inamovíveis, não podendo ser dada por finda a
respectiva comissão de serviço antes do termo desta, salvo a seu pedido ou por imposição
legal decorrente de pena disciplinar.
Artigo 32º
(Proibição de actividade política)
Os juízes em efectividade de funções não podem estar filiados em partidos ou associa-
ções políticas, nem de qualquer modo dedicar-se a qualquer actividade politico-partidária.
Artigo 33º
(Impedimentos e suspeições)
1. É aplicável aos juízes do Tribunal de Contas o regime de impedimentos e suspeições
dos magistrados judiciais.
2. A verificação do impedimento e a apreciação da suspeição competem ao Tribunal.
CAPÍTULO V
Do Ministério Público
Artigo 34º
(Intervenção do Ministério Público)
1. O Ministério Público é representado junto do Tribunal de Contas pelo Procurador-
Geral da República, que pode delegar suas funções num procurador regional colocado na
Região Judicial da Praia.
2. O Ministério Público actua oficiosamente e goza de poderes e faculdades estabele-
cidos nas leis de processo.
1142
Lei nº 84/IV/93, de 12 de Julho
1143
Lei nº 84/IV/93, de 12 de Julho
1144
Lei nº 84/IV/93, de 12 de Julho
Artigo 39º
(Execução e vinculação)
1. As decisões ou acórdãos condenatórios do Tribunal de Contas constituem título
executivo, nos termos do Código do Processo Tributário.
2. As decisões e acórdãos definitivos do Tribunal de Contas devem ser prontamente
cumpridos por todos os serviços e agentes administrativos e por todas as autoridades pú-
blicas.
3. A execução das decisões e acórdãos condenatórios do Tribunal de Contas e a co-
brança coerciva dos seus emolumentos são da competência do Tribunal Fiscal e Aduaneiro
sedeado no Concelho da Praia.
CAPÍTULO VII
Da Administração e Gestão do Tribunal de Contas
Artigo 40º
(Autonomia administrativa)
1. O Tribunal de Contas é dotado de autonomia administrativa.
2. O Tribunal elabora um projecto do seu orçamento apresentando-o nos prazos deter-
minados para a elaboração da proposta da lei do Orçamento do Estado.
Artigo 41º
(Poderes Administrativos do Tribunal)
Compete ao Tribunal:
a) Aprovar o projecto do seu orçamento anual;
b) Apresentar sugestões de providências legislativas necessárias ao funciona-
mento do Tribunal e dos seus serviços de apoio;
c) Definir as linhas gerais de organização e funcionamento dos seus serviços de
apoio.
Artigo 42º
(Poderes administrativos do presidente)
Compete ao Presidente do Tribunal, com a faculdade de delegação no Director-Geral:
a) Superintender e orientar os serviços de apoio e gestão financeira do Tribunal
exercendo em tais domínios, incluindo a gestão do pessoal, poderes idênticos
aos que integram a competência ministerial;
b) Orientar a elaboração do projecto de orçamento e das propostas de alteração
orçamental;
c) Dar aos serviços de apoio as ordens e instruções que, para melhorar execução
das orientações definidas pelo Tribunal e seu eficaz funcionamento, se rev-
elem necessárias.
1145
Lei nº 84/IV/93, de 12 de Julho
CAPÍTULO VIII
Dos serviços de apoio ao Tribunal de Contas
Artigo 43º
(Princípios orientadores)
1. O Tribunal de Contas dispõe de serviços de apoio Técnico e Administrativo integra-
dos no gabinete do presidente, nos gabinetes dos juízes e nas Direcções de Serviços e que
compõe o seu quadro privativo de pessoal definido por lei.
2. São princípios orientadores da estrutura, atribuições e regime do pessoal dos servi-
ços de apoio:
a) A estrutura desses serviços deve permitir o eficaz exercício das competências
cometidas ao Tribunal;
b) O provimento do pessoal dirigente, Técnico Superior e Técnico com funções
inspectivas terá sempre em conta as qualidades e mérito profissionais destes;
c) O seu estatuto remuneratório deve ser compatível com as funções dos
serviços da Administração Pública incumbidos de inspecção no quadro do
sistema retributivo da Função Pública.
Artigo 44º
(Direcções e serviços)
1. O Tribunal de Contas é apoiado técnica e administrativamente por duas Direcções
de Serviços às quais incumbem designadamente:
a) O registo e exame preparatório e instrução dos processos relativos ás contas
sujeitas a julgamento do Tribunal;
b) O exame, preparação, ordenação e instrução dos processos relativos às contas
sujeitas a julgamento do Tribunal;
c) Realizar os trabalhos preparatórios destinados ao relatório e parecer sobre a
Conta Geral do Estado;
d) Preparar e instruir quaisquer processos ou deliberações da competência do
Tribunal;
e) Exercer as funções normalmente atribuídas por lei aos serviços centrais de
administração geral;
f) Executar ou promover a execução das decisões e deliberações do Tribunal de
Contas;
g) O mais que lhe for cometido por lei, regulamento ou pelo Presidente do Tribu-
nal de Contas.
1146
Lei nº 84/IV/93, de 12 de Julho
1147
Lei nº 84/IV/93, de 12 de Julho
1148
Decreto-Lei nº 33/89, de 3 de Junho
FISCALIZAÇÃO SUCESSIVA
Decreto-Lei nº 33/89
de 3 de Junho
O presente diploma pretende acolher a resposta ao disposto no nº 8 do artigo 1º da Lei
nº 44/III/88 que autoriza o Governo a emitir, sob a forma de decreto-lei, as normas regula-
doras da apresentação de contas sujeitas a julgamento do Tribunal de Contas.
Como se vê do articulado, aqui se incluem, apenas, os princípios gerais em matéria de
prestação de contas. No que diz respeito a instruções propriamente ditas, fica a sua emissão
a cargo do Tribunal, em resultado de conhecimento concreto da Administração Pública
respectivas peculiaridades que necessariamente resultam da sua actividade.
Por outro lado, constituindo a prestação de contas o elemento fulcral para a aprecia-
ção da responsabilidade financeira, aqui se incluem alguns princípios fundamentais nesta
matéria.
Assim, ao abrigo da autorização legislativa concedida pelo nº 8 do artigo 1º da Lei nº
44/III/88, de 27 de Dezembro.
No uso da faculdade conferida pela alínea f) do nº 1 do artigo 75º da Constituição, o
Governo decreta o seguinte:
Artigo 1º
(Âmbito)
1. Estão sujeitas a julgamento as contas dos municípios, dos institutos públicos e dos
serviços autónomos em geral, qualquer que seja o grau da sua autonomia, ainda que as suas
despesas sejam parcial ou totalmente cobertas por receitas próprias ou que, umas e outras,
não constem do Orçamento Geral do Estado.
2. Estão ainda sujeitas a julgamento do Tribunal de Contas:
a) As contas de todos os exactores da Fazenda Pública;
b) As contas de responsabilidade, por material, mobília e os outros equipamentos
de repartições e outros estabelecimentos e residências do Estado;
c) As contas dos serviços e organismos do Estado no estrangeiro;
d) As contas dos organismos cujo julgamento em primeira instância não esteja
atribuída, por diploma legal, a outra entidade.
3. O julgamento das contas compreende também a fiscalização de modo como quais-
quer entidades dos sectores cooperativo e privado aplicam os montantes obtidos do sector
público ou com a intervenção deste através de doações, subsídios, empréstimos ou avales.
4. O Julgamento das contas consiste na apreciação da legalidade, incluindo a da gestão
económico-financeira e patrimonial das entidades sujeitas a prestação de contas.
1149
Decreto-Lei nº 33/89, de 3 de Junho
Artigo 2º
(Isenção)
Estão isentos de prestação de contas os organismos e serviços cuja despesa anual não
exceda cem mil escudos.
Artigo 3º
(Período a que se refere as contas)
Salvo disposição legal em contrário ou substituição total dos responsáveis, as contas
são prestadas por anos económicos.
Artigo 4º
(Prazos)
1. O Prazo para apresentação das contas é de seis meses contados do último dia do
período a que dizem respeito.
2. O requerimento dos interessados que invoquem motivo justificado, o Tribunal po-
derá fixar prazo diferente.
3. O Tribunal poderá, excepcionalmente, relevar a falta de cumprimento dos prazos
referidos nos números anteriores.
Artigo 5º
(Instruções)
O Tribunal emitirá instruções de execução obrigatória, sobre a forma como devem ser
prestadas as contas e os documentos que devem acompanhá-las.
Artigo 6º
(Documentos, informações e diligências complementares)
A prestação de contas pela forma que estiver determinada não prejudica a faculdade
de o Tribunal exigir de quaisquer entidades documentos e informações necessários, bem
como de requisitar à Inspecção Geral de Finanças ou à Inspecção Geral do Ministério da
Administração Local e Urbanismo, as diligências que julgar convenientes.
Artigo 7º
(Responsabilidade financeira)
1. Os responsáveis dos serviços e organismos obrigados a prestação de contas respon-
dem, pessoal e solidariamente, pela reintegração dos fundos desviados da sua afectação
legal ou cuja utilização tenha sido realização irregularmente, salvo se o Tribunal considerar
que lhes não pode ser imputada a falta.
2. Os responsáveis de facto referidos no número anterior estão também obrigados a
prestação de contas e assumem a responsabilidade da sua gestão.
3. Fica isento de responsabilidade o dirigente que houver manifestado, por forma ine-
quívoca, oposição aos actos que a originaram.
1150
Decreto-Lei nº 33/89, de 3 de Junho
4. Implica responsabilidade a violação com culpa grave das regras de gestão racional
dos bens e fundos públicos.
5. O acórdão definirá expressamente, quando for caso disso, a responsabilidade previs-
ta nos números anteriores, podendo ainda conter juízos de censura.
6. A responsabilidade inclui os juros de mora legais sobre as respectivas importâncias,
contadas desde o tempo do período a que se refere a prestação de contas.
7. O disposto nos números anteriores não prejudica o apuramento de outras responsa-
bilidades perante os tribunais ou entidades competentes para o efeito.
Artigo 8º
(Não prestação de contas ou prestação irregular)
Sempre que a falta de prestação de contas ou a sua prestação de forma irregular invia-
bilizem o conhecimento do modo como foram utilizados os fundos ou o seu destino, o Tri-
bunal decretará a responsabilidade individual ou colegial, conforme os casos, nos termos
do artigo anterior.
Artigo 9º
(Sanções)
1. A falta de apresentação das contas no prazo legal, a sua apresentação de forma ir-
regular e o não fornecimento de informações ou documentos solicitados são punidos com
multa a aplicar pelo Tribunal mediante processo próprio.
2. A aplicação da sanção cominada no número anterior não prejudica o apuramento de
outras responsabilidades perante as entidades ou tribunais competentes para o efeito.
3. A multa a arbitrar, conforme circunstâncias a ponderar pelo Tribunal, não deverá ser
inferior a 1/6 nem superior a 1/3 do vencimento.
4. O pagamento da multa arbitrada é da responsabilidade pessoal das entidades referi-
das no artigo 7º.
5. Quando a responsabilidade pelo pagamento da multa recaia sobre entidades sem
direito a vencimento, o quantitativo a arbitrar, conforme as circunstâncias a ponderar pelo
Tribunal, não deverá ser inferior a dois mil e quinhentos escudos, nem superior a vinte mil
escudos.
Artigo 10º
(Prazo do julgamento das contas)
1. O prazo para o julgamento das contas é de um ano.
2. O prazo suspende-se pelo tempo que for necessário para obter informações ou do-
cumentos ou para efectuar investigações complementares.
1151
Decreto-Lei nº 33/89, de 3 de Junho
Artigo 11º
(Vigência)
O presente diploma entra imediatamente em vigor.
Visto e aprovado em Conselho de Ministros.
Pedro Pires – David Hopffer Almada – Arnaldo França.
Promulgado em 20 de Maio de 1989.
Publique-se.
O Presidente da República, ARISTIDES MARIA PEREIRA.
1152
Decreto-Lei nº 47/89, de 26 de Junho
Publique-se.
1153
Decreto-Lei nº 47/89, de 26 de Junho
1154
Decreto-Lei nº 47/89, de 26 de Junho
Artigo 5º
(Sessões)
1. O Tribunal de Contas funciona em conferência, com intervenção de pelo menos dois
juízes, salvo no que respeita ao visto, em que a sua competência pode ser exercida apenas
por um juíz.
2. O Tribunal de Contas reúne, em conferência, pelo menos uma vez por semana, em
sessão ordinária.
3. Extraordinariamente, o Tribunal de Contas reúne-se, mediante convocação do Pre-
sidente, por iniciativa própria ou a requerimento dos vogais.
Artigo 6º
( «Quórum» e deliberações)
1. O Tribunal de Contas, quando no exercício de competência que deva ser exercida
em conferência, só pode funcionar estando presente pelo menos dois dos seus membros.
2. As deliberações são tomadas à pluralidade de votos dos membros presentes.
3. Cada juíz dispõe de um voto e o presidente, ou o vogal que o substitua, dispõe de
voto de qualidade.
4. Os juízes têm o direito de fazer declarações de voto.
Artigo 7º
(Participação do Ministério Público)
O Ministério Público participa em todas as reuniões, podendo usar da palavra e reque-
rer o que achar conveniente.
Artigo 8º
(Férias)
1. O Tribunal de Contas funciona ininterruptamente, sem prejuízo do direito a férias
dos juízes.
2. Compete ao presidente organizar a escala de férias dos juízes por forma a garantir o
funcionamento do Tribunal.
3. Os juízes do Tribunal de Contas têm direito a um período de férias igual ao atribuído
aos juízes conselheiros do Supremo Tribunal da Justiça.
Artigo 9º
(Secretário do Tribunal)
1. Além das demais funções previstas na lei, o director de Serviços é o Secretário do
Tribunal.
2. Nas sessões do Tribunal, o Secretário poderá intervir para prestar quaisquer in-
formações que lhe sejam solicitadas pelo presidente, por iniciativa deste ou a pedido dos
vogais.
1155
Decreto-Lei nº 47/89, de 26 de Junho
1156
Decreto-Lei nº 47/89, de 26 de Junho
Artigo 15º
(Relatores)
1. Para efeitos de distribuição e substituição de relatores, a ordem dos juízes é sorteada
na primeira sessão anual.
2. Ao Presidente, em regra, apenas são distribuídos processos de visto.
Artigo 16º
(Audiência dos responsáveis)
O Tribunal pode proceder sempre à audição dos responsáveis, mesmo nos casos em
que não é obrigatória, salvo no processo de elaboração do parecer sobre a conta Geral do
Estado.
Artigo 17º
(Citação e notificação)
A citação e a notificação são feitas nos termos da lei de processo civil, podendo o Tri-
bunal ou o relator determinar que sejam efectuadas por agente da autoridade administrativa
ou policial.
Artigo 18º
(Falta de remessa de elementos)
1. Verificando-se a falta injustificada de remessa de elementos com relevância para a
decisão de processo, o Tribunal aprecia livremente essa conduta, para efeitos probatórios,
sem prejuízo de eventual instauração de processo de multa e da comunicação às entidades
competentes para o apuramento de responsabilidade.
2. A multa a arbitrar, pela falta referida anteriormente, conforme as circunstâncias a
ponderar pelo Tribunal, não deverá ser inferior a 1/6 nem superior a 1/5 do vencimento
do responsável pelo seu pagamento, que é o dirigente do serviço em falta, a identificar no
respectivo processo.
Artigo 19º
(Discussão)
1. Os julgamentos em sessão iniciam-se com a leitura do projecto de acórdão, após o
que se procederá à respectiva discussão.
2. Na discussão participarão o representante do Ministério Público e os juízes até à
respectiva aprovação.
3. Quando o relator se declarar vencido, será o processo distribuído ao juíz seguinte.
Artigo 20º
(Execução dos acórdãos condenatórios)
Os acórdãos condenatórios devem ser executados, quando for caso disso, no prazo de
30 dias após a notificação.
1157
Decreto-Lei nº 47/89, de 26 de Junho
Artigo 21º
(Provas)
Nos processos de competência do Tribunal de Contas só serão admitidas a prova por ins-
pecção, a prova documental e, quando o Tribunal o considere necessário, a prova pericial.
Artigo 22º
(Audiência de Técnicos)
1. Quando num processo se devam resolver questões que pressuponham conhecimen-
tos especializados, pode o Tribunal determinar a intervenção de técnico, que poderá ser
ouvido na discussão.
2. Nas condições do número anterior, o representante do Ministério Público pode tam-
bém ser assistido por técnico, que será ouvido na discussão quando o Tribunal o considerar
conveniente.
SECÇÃO II
Processo de visto
Artigo 23º
(Distribuição dos processos de visto)
1. A distribuição dos processos de visto faz-se atribuindo a um juíz todos os processos
de visto que deram entrada no decurso da quinzena.
2. As quinzenas contam-se a partir de 1 a 16 de cada mês.
Artigo 24º
(Sequência da instauração dos processos)
1. A instauração dos processos faz-se pela ordem de registo de entrada, salvo nos casos
de urgência.
2. Por iniciativa própria ou a requerimento de qualquer entidade, o Presidente do Tri-
bunal ou o juíz que o substitua podem em despacho fundamentado, declarar a urgência de
qualquer processo.
Artigo 25º
(Recurso do Ministério Público)
Todas as decisões do juíz singular em matéria de visto serão notificadas ao represen-
tante do Ministério Público no prazo de 24 horas.
Artigo 26º
(Prazos)
1. A concessão do visto deverá ter lugar no prazo de oito dias, salvo se forem soli-
citados elementos ou informações complementares ou se o processo for remetido para a
conferência.
1158
Decreto-Lei nº 47/89, de 26 de Junho
1159
Decreto-Lei nº 47/89, de 26 de Junho
1160
Decreto-Lei nº 47/89, de 26 de Junho
1161
Decreto-Lei nº 47/89, de 26 de Junho
Artigo 46º
(Legitimidade)
1. Têm legitimidade para recorrer:
a) O Ministério Público;
b) O membro do Governo de que depende o funcionário ou serviço;
c) O serviço interessado através do seu dirigente máximo;
d) Os responsáveis dirigentes condenados ou objecto de juízo de censura;
e) Os que forem condenados em processo de multa;
f) As entidades competentes para praticar o acto ou outorgar no contrato objecto
de visto.
2. O funcionário ou agente interessado em acto a que tenha sido recusado o visto pode
requerer, no prazo de dez dias à entidade com competência para a prática do acto a inter-
posição de recurso.
3. O funcionário ou agente interessado em acto a que tenha sido recusado o visto, não
fica impedido de interposição directa do recurso se a entidade referida no número anterior
não o fizer no prazo de dez dias a contar da data da entrega do seu pedido para o fazer.
Artigo 47º
(Forma)
Os recursos são interpostos mediante requerimento que conterá as alegações.
Artigo 48º
(Emolumentos)
1. Nos recursos não há lugar a preparos, sendo os emolumentos contados a final.
2. Nos recursos em que o Tribunal considere ter havido má fé os emolumentos podem
ser agravados até ao dobro.
Artigo 49
(Efeitos de recursos)
1. Os recursos ordinários das decisões finais têm sempre efeito suspensivo, salvo em
matérias de visto.
2. Os recursos de outras decisões só podem ser apreciados no acórdão final.
Artigo 50º
(Tramitação)
1. Distribuído e autuado o processo, o relator mandará informar o pedido à Direcção de
Serviços, se o julgar necessário, e proferirá despacho liminar de admissão do recurso.
1162
Decreto-Lei nº 47/89, de 26 de Junho
1163
Decreto-Lei nº 47/89, de 26 de Junho
CAPÍTULO III
Disposições finais
Artigo 55º
(Coadjuvação de outras autoridades)
No exercício das suas funções o Tribunal de Contas tem direito à coadjuvação de todas
as autoridades públicas.
Artigo 56º
(Documentos e informações)
No exercício da sua competência, o Tribunal de Contas tem o direito de exigir de
quaisquer entidades os documentos e informações necessários, bem como o direito de aces-
so às bases de dados informatizadas das entidades sob a sua jurisdição.
Artigo 57º
(Publicação das decisões)
1. São publicadas no Boletim Oficial as seguintes decisões:
- Parecer sobre a Conta Geral do Estado
- Acórdãos de julgamento de contas quando condenatórios;
- Acórdãos que dêem provimento ao recurso extraordinário de revisão.
2. Podem ainda ser publicadas outras decisões sempre que o Tribunal o considere
conveniente.
O Ministro Adjunto do Ministro das Finanças, Arnaldo França.
1164
Resolução nº 01/94,
1165
Resolução nº 01/94,
que vai ser ocupado pelo contrato (condição necessária para todo e qualquer provimento
no quadro);
12. Demonstrar ter sido dado cumprimento, tratando-se de contrato de trabalho a ter-
mo, ao disposto no artº 25º da Lei nº 102/IV/93;
13. Demonstrar, tratando-se de contrato de trabalho a termo, que se verifica alguma das
situações previstas nos nºs 2 e 3 do artº 24 da Lei nº 102/IV/93;
14. Demonstrar, tratando-se de contrato de tarefa, que se verificam os seus requisitos
(cumulativos) – artº 33º, nº 2, da Lei nº 102/IV/93, a saber:
Tratar-se de trabalhos de natureza excepcional, que não se enquadrem nas atribuições
e funções correntes e normais dos respectivos serviços;
Prestação de trabalho com autonomia, isto é, inexistência de subordinação hierárquica
entre o contratado e os dirigentes do serviço contratante;
Execução de trabalhos específicos, de natureza especial que exigem habilitações pró-
prias e que por isso não podem ser realizados pela generalidade das pessoas;
Inexistência no serviço contratante de funcionários ou agentes com as qualificações e
em número suficiente para satisfação de necessidades transitórias acrescidas e capazes de
exercer as funções objecto da tarefa.
15. Demonstrar, tratando-se do contrato de avença, que se verificam os requisitos in-
dicados no ponto 14, bem assim que o contratado irá prestar os trabalhos específicos e
especializados objecto do contrato no exercício de determinada profissão liberal e que a
remuneração acordada não ultrapassa a do técnico superior da referência 15,A (artºs. 33º,
nº 3 e 34º, nº 2 da Lei nº 102/IV93);
16. Prestar informação sobre a inscrição orçamental (rubrica) em que a despesa possa
ser classificada ou compreendida e cabimento na respectiva dotação no próprio documento
(contrato) a submeter a visto, com indicação do saldo disponível antes da assumpção de
cargo e da identificação da entidade competente que subscreve a informação devidamente
datada (artºs. 16º, nº 2, al. h) e 15º, nº 1, do D.L. nº 46/89;
17. Declarar por escrito a urgente conveniência de serviço pela entidade competente,
por forma a que o contrato possa excepcionalmente produzir efeitos à data da sua celebra-
ção e antes do visto do TC e da respectiva publicação oficial ( artº 8º, nºs. 1 e 4, do D.L. nº
46/89);
18. Demonstrar que, tratando-se de primeira admissão na Administração Pública (seja
na Directa ou Indirecta, bem assim na Administração Local), se verifica alguma das situa-
ções previstas no artigo 2º da Lei nº 95/IV/93, de 31 de Dezembro (Lei do Orçamento do
Estado para 1994).
Publique-se no Boletim Oficial, ao abrigo do disposto no artº 48º, nº 2 da Lei nº 84/
IV/93.
Tribunal de Contas, na Praia, 24 de Fevereiro de 1994. – Os Juízes Conselheiros do
Tribunal de Contas, - Anildo Martins, (Presidente) e Daniel Pereira Barros.
1166
Resolução nº 01/94,
XVI – DIVERSOS
1167
Resolução nº 01/94,
1168
Lei nº 42/VI/2004, de 10 de Maio
1169
Lei nº 42/VI/2004, de 10 de Maio
CAPÍTULO II
Arquivos
SECÇÃO I
Conceito e classificação de arquivos
Artigo 4º
Arquivos
1. Os arquivos são constituídos pelo conjunto de documentos, quaisquer que sejam a
sua natureza, a data, a forma e o suporte material, produzidos ou recebidos, por uma pessoa
singular ou colectiva, pública ou privada, no quadro de suas actividades e destinados para
fins utilitários.
2. Os documentos a que se refere o n.º 1 têm a qualidade de arquivos a contar da data
da sua criação.
Artigo 5º
Classificação dos arquivos
Os arquivos, quanto à sua finalidade, classificam-se em:
a) Arquivos correntes ou administrativos, aqueles que se consideram de uso fre-
quente para a entidade que os produziu ou recebeu;
b) Arquivos intermédios, aqueles que perderam interesse corrente para a enti-
dade que os produziu ou recebeu mas que conservam um interesse potencial
para a gestão;
c) Arquivos definitivos ou históricos, aqueles que já não têm interesse para a
gestão mas que respeitam a factos cuja memória deve ser preservada, design-
adamente pelo seu valor histórico.
SECÇÃO II
Prazos de Conservação de Documentos de Arquivos
Artigo 6º
Conceito de prazo
Prazo de conservação de documentos de arquivos é o período de tempo durante o qual
esses documentos devem ser conservados nos serviços ou instituições a que pertençam
antes da sua transferência para os serviços de pré-arquivagem, para o Instituto do Arquivo
Histórico Nacional ou para os arquivos concelhios.
Artigo 7º
Prazos de conservação
1. Os arquivos correntes ou administrativos podem ser conservados, até o máximo de
cinco anos, junto da entidade que os produziu ou recebeu antes da sua transferência para os
serviços de pré-arquivagem.
1170
Lei nº 42/VI/2004, de 10 de Maio
1171
Lei nº 42/VI/2004, de 10 de Maio
1172
Lei nº 42/VI/2004, de 10 de Maio
SECÇÃO IV
Serviços de pré-arquivagem
Artigo 15º
Serviços de pré-arquivagem
1. Integrados nos serviços do Estado, das autarquias locais e das demais pessoas co-
lectivas de direito público existirão serviços de pré-arquivagem para a conservação dos
arquivos intermédios.
2. Os serviços de pré-arquivagem asseguram a guarda dos documentos de arquivos
que aí são depositados, assim como a conservação e a salvaguarda desses acervos que
constituem uma documentação administrativa importante a qual convém conservar durante
dez anos antes de ser transferida para o Instituto do Arquivo Histórico Nacional ou para os
arquivos concelhios.
Artigo 16º
Organização e apoio
1. A organização e funcionamento dos serviços de pré-arquivagem serão objecto de
diploma especial.
2. Incumbe ao Instituto do Arquivo Histórico Nacional apoiar a criação e a organiza-
ção dos serviços de pré-arquivagem, através de visitas periódicas e da verificação do cum-
primento dos prazos de conservação intermédia e dos prazos de transferência.
Artigo 17º
Elo de ligação
Os serviços de pré-arquivagem da Presidência da República, da Assembleia Nacional,
dos Ministérios e do Município da Praia e das pessoas colectivas de direito público, sedea-
das no Concelho da Praia, são o elo de ligação entre esses serviços e o Instituto do Arquivo
Histórico Nacional.
CAPÍTULO III
Arquivos concelhios
Artigo 18º
Arquivos concelhios
1. Em cada sede de concelho deverá existir um arquivo concelhio para a conservação
de arquivos definitivos criados após a Independência Nacional.
2. O arquivo concelhio da Praia é assegurado pelo Instituto do Arquivo Histórico
Nacional.
Artigo 19º
Função
Os arquivos concelhios asseguram a guarda dos documentos de arquivos que aí foram
transferidos, assim como a conservação e salvaguarda desse acervo que constitui uma do-
cumentação cultural importante referente a esses concelhos.
1173
Lei nº 42/VI/2004, de 10 de Maio
Artigo 20º
Organização e apoio
1. A organização e o funcionamento dos Serviços de Arquivos Concelhios são confia-
dos aos funcionários das administrações das autarquias locais, caso ainda não disponham
de um arquivista na área.
2. Incumbe ao Arquivo Histórico Nacional apoiar, na medida do possível, a criação
e a organização dos serviços de Arquivos Concelhios, através de visitas periódicas e da
verificação do respeito dos prazos de transferência e de conservação.
CAPÍTULO IV
Documentos de arquivos do Estado, das autarquias locais
e das demais pessoas colectivas públicas
Artigo 21º
Subtracção de documentos à sua destinação e salvaguarda
1. Os documentos de arquivos pertencentes aos serviços do Estado, das autarquias
locais e das demais pessoas colectivas de direito público só podem ser subtraídos á sua
destinação nas modalidades definidas pelas leis que lhes digam respeito.
2. Em situações ponderosas, o Instituto do Arquivo Histórico Nacional pode tomar
medidas administrativas justificadas para a salvaguarda dos documentos de arquivos per-
tencentes aos serviços referidos no número anterior.
3. Toda a acção de salvaguarda é objecto de um relatório detalhado do Instituto do
Arquivo Histórico Nacional, o qual deverá ser enviado ao membro do Governo de quem
depende.
Artigo 22º
Recurso
Das decisões e deliberações do Instituto do Arquivo Histórico Nacional cabe recurso,
nos termos legais.
Artigo 23º
Documentos na posse de terceiros
1. Quando o Instituto do Arquivo Histórico Nacional sabe ou constata que documentos
pertencentes aos serviços do Estado, das autarquias locais e das demais pessoas colectivas
de direito público se encontram na posse de terceiros, informará o serviço interessado para
que tome medidas necessárias à defesa dos seus direitos e notificará simultaneamente o
detentor que fica na obrigação de restituir esses documentos ao serviço interessado.
2. Os documentos recuperados são submetidos à análise conjunta dos serviços a que
pertencem os documentos e do Instituto do Arquivo Histórico Nacional
1174
Lei nº 42/VI/2004, de 10 de Maio
CAPÍTULO V
Documentos de arquivos de pessoas colectivas de utilidade pública
Artigo 24º
Documentos na posse de terceiros
Os serviços competentes do Instituto do Arquivo Histórico Nacional quando consta-
tam que documentos de arquivos pertencentes a pessoas colectivas de utilidade pública se
encontram na posse de terceiros devem informar os serviços interessados para que tomem
medidas necessárias à salvaguarda dos seus direitos e notificam simultaneamente o deten-
tor que fica na obrigação de restituir os documentos de arquivos aos seus donos.
Artigo 25º
Depósito
1. As pessoas colectivas de utilidade pública são obrigadas a depositar no Instituto do
Arquivo Histórico Nacional cópia dos seus documentos de arquivos anteriores à Indepen-
dência Nacional.
2. São também obrigadas a enviar ao Instituto do Arquivo Histórico Nacional um
exemplar de suas publicações periódicas e não periódicas oficiais.
Artigo 26º
Recolha
Os documentos de arquivos das pessoas colectivas de utilidade pública relativos a
assuntos fechados, com mais de vinte e cinco anos de idade e considerados de um grande
interesse histórico, são recolhidos no Instituto do Arquivo Histórico Nacional
Artigo 27º
Inventário
1. Os documentos de arquivos reunidos nos serviços de pré-arquivagem das pessoas
colectivas de utilidade pública devem ser classificados e inventariados.
2. Duas cópias do inventário são enviadas ao Instituto do Arquivo Histórico Nacional.
Artigo 28º
Direito de consultar e de fotocopiar documentos
As pessoas colectivas de utilidade pública têm o direito de consultar e tirar fotocópias dos
documentos de arquivos por elas depositados no Instituto do Arquivo Histórico Nacional.
Artigo 29º
Depósito no Instituto do Arquivo Histórico Nacional
Em casos de extinção de pessoas colectivas de utilidade pública, os seus documentos de
arquivos são depositados no Instituto do Arquivo Histórico Nacional a não ser que a transferên-
cia, de todo ou uma parte desses arquivos, a outros serviços públicos seja necessária.
1175
Lei nº 42/VI/2004, de 10 de Maio
CAPÍTULO VI
Documentos de arquivos de pessoas privadas
Artigo 30º
Vigilância do Estado
O Estado exerce vigilância sobre os documentos de arquivos julgados de interesse
histórico cujos proprietários, detentores ou possuidores, a qualquer título, são pessoas pri-
vadas.
Artigo 31º
Comunicação obrigatória
1. As pessoas privadas, proprietárias, detentoras ou possuidoras, a qualquer título, de
documentos de arquivos com mais de setenta anos de idade são obrigadas a comunicar a
sua existência ao Instituto do Arquivo Histórico Nacional.
2. Nos sessenta dias seguintes à comunicação o Instituto do Arquivo Histórico Nacional
analisa os documentos de arquivos e pronuncia sobre o interesse histórico dos mesmos.
3. Na hipótese afirmativa, o Instituto do Arquivo Histórico Nacional comunicará
o facto ao interessado que adoptará as disposições referidas no n.º 1 do artigo 32º e no
artigo 33º.
Artigo 32º
Declaração de grande interesse histórico
1. O Governo ouvido o Instituto do Arquivo Histórico Nacional pode declarar de gran-
de interesse histórico os documentos de arquivos, de datas mais recentes, de que são pro-
prietários, detentores ou possuidores, a qualquer título, as pessoas privadas.
2. Na hipótese do número anterior, o Instituto do Arquivo Histórico Nacional adoptará
as disposições referidas no n.º 1 do artigo 32º e no artigo 33º.
3. Um exemplar da declaração de grande interesse histórico e a lista descritiva dos
documentos de arquivos é enviado ao ficheiro do Património Arquivístico Nacional.
4. A declaração referida no n.º 1 não afecta o direito de propriedade, mas a destruição sujei-
ta o proprietário, o detentor ou o possuidor às obrigações previstas no artigo 34º desta lei.
Artigo 33º
Documentos secretos
O Instituto do Arquivo Histórico Nacional, ouvido o proprietário, detentor ou possui-
dor, deve fazer com que a comunicação dos documentos de arquivos julgados secretos seja
reservada até à altura em que eles atinjam setenta anos de idade, sob condição de confi-
dencialidade de documentos relativos à vida privada e aos interesses económicos dessas
pessoas.
1176
Lei nº 42/VI/2004, de 10 de Maio
Artigo 34º
Obrigação de pessoas detentoras ou possuidoras de documentos de arquivos
As pessoas privadas, proprietárias, detentoras ou possuidoras, a qualquer título, de
documentos de arquivos são obrigadas a:
a) Conservar os seus documentos de arquivos convenientemente e com todos os
cuidados devidos;
b) Proceder à sua classificação e ao inventário, ajudados em caso de necessidade
pelos serviços competentes do Instituto do Arquivo Histórico Nacional;
c) Autorizar a comunicação, no local, de seus documentos de arquivos aos
pesquisadores que fazem o pedido, a não ser que o carácter secreto tenha sido
reconhecido pelos serviços competentes do Instituto do Arquivo Histórico Na-
cional e conforme as disposições do artigo 33º;
d) Comunicar ao Instituto do Arquivo Histórico Nacional a perda, a destruição
total ou parcial de seus documentos de arquivos, assim como a sua transferên-
cia para outro lugar, nos trinta dias subsequentes;
e) Proceder ao restauro dos seus documentos de arquivos que estão deteriorados
ou permiti-lo aos seus serviços competentes do Instituto do Arquivo Histórico
Nacional;
f) Não transferir, a título oneroso ou gratuito, a propriedade, a detenção ou a pos-
sessão de seus documentos de arquivos sem informar previamente o Instituto
do Arquivo Histórico Nacional;
g) Não exportar do território nacional os seus documentos de arquivos sem au-
torização dos serviços competentes;
h) Manter a classificação de seus documentos de arquivos que devem ser conser-
vados no respeito do seu carácter orgânico;
i) Permitir aos funcionários do Instituto do Arquivo Histórico Nacional proceder
a visitas para verificar o cumprimento das obrigações definidas pelo presente
diploma.
Artigo 35º
Solicitação de depósito
As pessoas privadas, proprietárias, detentoras ou possuidoras, a qualquer título, de do-
cumentos de arquivos podem solicitar o seu depósito nos armazéns do Instituto do Arquivo
Histórico Nacional.
Artigo 36º
Facilitação dos depósitos voluntários
O Instituto do Arquivo Histórico Nacional facilita, por todos os meios, depósitos vo-
luntários e, caso haja lugar, deve:
a) Atribuir ao depositante um certificado honorífico;
1177
Lei nº 42/VI/2004, de 10 de Maio
1178
Lei nº 42/VI/2004, de 10 de Maio
CAPÍTULO VIII
Comunicação e publicidade de documentos de arquivos
Artigo 42º
Prazo geral de comunicação
Os documentos de arquivos conservados no Instituto do Arquivo Histórico Nacional
são livremente comunicáveis a toda a pessoa, vinte e cinco anos após o encerramento do
assunto aos quais eles se referem.
Artigo 43º
Prazos especiais
Sem prejuízo do disposto em legislação especial, o acesso aos documentos a seguir
indicados, faz-se nos seguintes prazos:
a) Os documentos de carácter militar e os relacionados com a política externa,
cinquenta anos a partir da data da sua criação;
b) Os documentos das pessoas privadas, setenta anos a partir da data da sua cri-
ação;
c) Os documentos que contenham informações de foro médico, setenta e cinco
anos a partir da data da sua criação;
d) Os processos individuais, os processos judiciais, os documentos de registo
civil e os que contenham informações recolhidas através de inquérito ou re-
censeamento, cem anos a partir da data do seu termo.
Artigo 44º
Prorrogação de prazos
No caso de alguns documentos de arquivos julgados particularmente secretos, os pra-
zos referidos nos artigos anteriores podem ser, excepcionalmente, prorrogados pelo Insti-
tuto do Arquivo Histórico Nacional, no interesse da política interna, externa, da defesa do
Estado e da vida privada dos cidadãos.
Artigo 45º
Comunicação para fins utilitários
O Instituto do Arquivo Histórico Nacional pode autorizar a comunicação para fins uti-
litários de séries de documentos de arquivos, mesmo antes da expiração dos prazos legais
de comunicação indicados no artigo 42º, sob condição de confidencialidade.
CAPITULO IX
Reprodução de documentos de arquivos
Artigo 46º
Reprodução de documentos
É livre, em regra, a reprodução dos documentos de arquivos conservados no Instituto
do Arquivo Histórico Nacional, desde que para fins de investigação, excepto nas situações
previstas na lei.
1179
Lei nº 42/VI/2004, de 10 de Maio
Artigo 47º
Proibição de reprodução
1. Não é permitida a reprodução integral de unidades arquivísticas, tais como: caixa,
pasta, maço, dossier, códice, livro de registo, etc.
2. As espécies arquivísticas só poderão ser reproduzidas com recurso à microfilmagem,
ficando o negativo na posse do Instituto do Arquivo Histórico Nacional ou dos arquivos
definitivos públicos municipais.
Artigo 48º
Reprodução com fins comerciais
1. A reprodução com objectivos comerciais será objecto de contrato prévio.
2. Os emolumentos a cobrar pelas certidões e cópias são os constantes das tabelas
oficiais a aprovar por portaria dos membros do Governo responsáveis pelas finanças e pelo
património arquivístico.
3. Os preços a pagar pelas fotocópias ou microfilmes de documentos existentes no Ins-
tituto do Arquivo Histórico Nacional constarão da tabela a fixar pelo regulamento interno
do mesmo.
CAPÍTULO X
Transferência de informação
Artigo 49º
(Transferência de informação)
A transferência de informação contida em documentos produzidos e ou recebidos por
serviços públicos e privados sob a forma de suporte tradicional (papel) para novos suportes
tais como microfilme e disco óptico faz-se nos termos dos artigos seguintes.
Artigo 50º
(Âmbito)
O disposto no presente capítulo aplica-se a:
a) Serviços da administração directa e indirecta do Estado;
b) Serviços de administração autónoma;
c) Outras entidades públicas ou privadas detentoras de arquivos que forem de-
clarados de relevante interesse histórico-arquivístico por despacho do mem-
bro do Governo responsável pela área da Cultura.
Artigo 51º
(Utilização do microfilme e do disco óptico)
1. Os organismos e serviços da administração directa e indirecta do Estado e dos muni-
cípios são autorizados a utilizarem microfilmagem e disco óptico para todos os documentos
que, nos termos da lei, acordo, tratado ou convenção, devam manter-se em arquivo.
1180
Lei nº 42/VI/2004, de 10 de Maio
1181
Lei nº 42/VI/2004, de 10 de Maio
Artigo 56º
(Critérios de segurança)
Prerrogativas
1. Aos depositantes, aos doadores e às pessoas que deixarem herança ou legado ou
venderem documentos de arquivos ao Instituto do Arquivo Histórico Nacional reserva-se
a possibilidade de obterem reproduções e de interditar a comunicação de todo ou de parte
dos documentos de arquivos, que julgarem secretos, enquanto não tiverem setenta anos de
idade.
2. A não comunicabilidade não se aplica aos herdeiros das pessoas referidas no número
anterior quando esses documentos de arquivos dizem respeito aos bens patrimoniais adqui-
ridos pelos herdeiros.
CAPÍTULO XII
Requisição de documentos de arquivos por utilidade pública
Artigo 57º
Requisição por utilidade pública
1. Quando as pessoas privadas, proprietárias, detentoras ou possuidoras de documen-
tos de arquivos declarados de um grande interesse histórico não respeitam as obrigações
referidas no artigo 34º, o Instituto do Arquivo Histórico Nacional concede-lhes o prazo de
um ano para se conformarem àquelas disposições.
2. Passado esse prazo, se as obrigações não forem cumpridas, os documentos de arqui-
vos podem ser objecto de requisição por utilidade pública, nos termos da lei, mediante o
pagamento da justa indemnização.
3. Nos casos em que o Instituto do Arquivo Histórico Nacional estima que há perigo
imediato, fundado e real de dispersão ou de deterioração, o prazo referido no n.º 1 é redu-
zido a quinze dias.
CAPÍTULO XIII
Disposições finais
Artigo 58º
Revogação
Fica revogada toda a legislação em contrário designadamente os artigos 495º e 496º do
Estatuto do Funcionalismo Ultramarino.
Artigo 59º
Entrada em vigor
O presente diploma entra em vigor no prazo de sessenta dias sobre a data da sua pu-
blicação.
1182
Lei nº 42/VI/2004, de 10 de Maio
1183
Decreto-Lei n.º 25/99, de 10 de Maio
1184
Decreto-Lei n.º 25/99, de 10 de Maio
Paradoxalmente, em Cabo Verde, foi a partir de 1975 que o aforamento ganhou ex-
pressão significativa, passando a ser o regime regra da atribuição de lotes de terrenos para
construção urbana por parte dos municípios. Razões de ordem ideológica e também de
democratização e facilitação do acesso a esses terrenos e a habitação e da urbanização de
aglomerados populacionais estão na base de tal preferência.
Todavia, se ainda hoje a figura pode facilitar o acesso a terrenos parta edificações, não
parece que, construído edifício, ela continue a desempenhar qualquer função social útil.
Pois, por um lado, não se justifica, em termos filosóficos e até ética social, que tendo
os beneficiários realizado o aproveitamento para que os terrenos lhes foram concedidos –
no caso, a construção do prédio urbano – continuem a estar sujeitos aos ónus inerentes ao
desmembramento do seu direito de propriedade, pagando um tributo a quem nada fez para
esse aproveitamento só pelo facto de ser, formal, passiva e parasitariamente, o titular de um
domínio virtual sobre o terreno. Especialmente não parece razoável manter-se na titularida-
de de entidades públicas terrenos sobre os quais tenham sido regularmente erguidas cons-
truções privadas estáveis e duradouras, tendencialmente perpétuas, albergando actividades
privadas de relevante e relevado interesse geral. Mesmo do ponto de vista de gestão dessas
entidades públicas é duvidoso que tal situação se justifique, na medida em que, amiúde, o
custo administrativo da cobrança do foro ultrapassada as receitas deles provenientes.
Por outro lado, em muitas ilhas do Pais, os terrenos transformaram-se em bens muito
escasso que condicionam, de maneira particularmente forte, projectos de investimentos
estruturantes de que Cabo Verde precisa.
Acresce que regime da enfiteuse ou aforamento, (i) por impor fortes restrições nos
direitos sobre o prédio, (ii) por obrigar ao ónus de um tributo por longos anos e cujo valor
é em regra fixada unilateralmente pelo senhorio, (iii) por implicar, em termos formais, dois
titulares sobre o mesmo prédio (o senhorio e o foreiro) e, ainda, (iv) por ser, nos tempos
modernos, praticamente desconhecido em outras ordens jurídicas, contribui para criar um
ambiente que não favorece a imagem de facilidades e incentivos de atracção do investi-
mentos para Cabo Verde.
A agravar a situação, alguns senhorios começam, ilegitimamente, a inserir nos contac-
tos de aforamento cláusulas de caducidade em caso de alienação das edificações implanta-
das nos terrenos, obrigando os adquirentes a efectuar a compra do terreno, por preços fre-
quentemente especulativos, dificultando sem motivo forte a liberdade do comercio privado
imobiliário e até programas públicas.
Pretende-se ultrapassar este estado de coisas, em que uma visão imediatista ou de curto
prazo e uma excessiva lógica de tesouraria estão a constituir obstáculo ao investimento útil
ou mesmo necessário ao desenvolvimento do pais no ritmo desejável, dificultando a dispo-
nibilização oportuna e a justo preço de terrenos para a implantação de infra-estruturas e a
realização de actividades económicas e sociais de interesse geral.
1185
Decreto-Lei n.º 25/99, de 10 de Maio
Não estando criadas todas as condições para a extinção pura e simples da figura de
aforamento, a solução passa pela facilitação da remição do foro, propiciando a unificação
na mesma pessoa – o foreiro ou enfiteuta – dos dois domínios, directo e útil, antes desmem-
brados, fazendo dela o único e pleno proprietário do prédio e ultrapassando o facto de dois
direitos incidindo sobre o mesmo bem serem fonte de potenciais conflitos e de insegurança
jurídica.
Na verdade, a lei permite que o foreiro, pagando de uma só vez, um certo número de
foros (20), reúna, na sua titularidade, os dois domínios em que o aforamento faz desdo-
brar o direito de propriedade. Nisto consiste a remição do foro, prevista nos artigos 1484º
c), 1494º e 1495º do Código Civil. Prevista também, quanto aos terrenos, no artigo do
ROCT.
Trata-se de um direito potestativo, ou seja de um direito cuja efectivação depende da
vontade unilateral do foreiro, não podendo a outra parte ( o senhorio) opor-se ou impedir
que produza os efeitos legalmente estabelecidos (no caso, a reunificação dos dois domínios
na titularidade do foreiro).
Simplesmente, a lei, em todos os casos, condiciona o exercício do direito de remição
do foro a alguns pressupostos. Exige-se que o aforamento tenha durado mais de 40 anos,
susceptíveis de ser elevados para 60 anos (artigo 1494º do Código Civil). Relativamente a
terrenos exige-se, além disso, que estejam verificadas as condições respeitantes ao comple-
to aproveitamento do terreno e á existência nele das construções indispensáveis ao perfeito
funcionamento da exploração (artigo 110º do ROCT).
O presente diploma – considerando desejável a tendência para reunificar e clarificar as
situações de desmembramento dos direitos e poderes inerentes a direitos reais, designada-
mente o da propriedade – dispensa, para efeito de remição do foro, o requisito de duração
do aforamento, quando incida sobre prédio urbano ou sobre chão para edificar no qual
tenha sido construído prédio urbano, permitindo que ela se concretize a todo o tempo, se o
registo estiver feito, os foros vencidos pagos e a desafectação do prédio do domínio público
considerada de interesse relevante.
Nestes termos e,
No uso da faculdade conferida pela alínea a) do nº 2 do artigo 216º da Constituição, o
Governo decreta o seguinte:
Artigo 1º
(objecto)
O presente Decreto-Lei regula o direito á remição do foro de que goza foreiro ou titular
de domínio útil sobre prédio urbano ou sobre chão para edificar no qual tenha sido cons-
truído prédio urbano.
1186
Decreto-Lei n.º 25/99, de 10 de Maio
Artigo 2º
(Direito à remição)
1. O foreiro de prédio urbano ou de chão para edificar no qual tenha sido construído
prédio urbano tem direito à remição do foro a todo o tempo, quer o respectivo senhorio seja
pessoa pública ou privada, desde que:
a) O domínio útil esteja inscrito e o prédio urbano descrito no registo predial;
b) Os foros vencidos tenham sido integralmente pagos ou depositados em juízo
à ordem do senhorio que se tenha recusado a recebê-los;
2. A prova dos requisitos referidos no nº 1 faz-se, respectivamente, por certidão do
registo, por recibo comprovativo do pagamento do último foro vencido ou por documento
comprovativo do depósito em juízo.
Artigo 3º
(Exercício do direito á remição)
1. O direito à remição do foro exerce-se mediante declaração escrita da intenção de
remir feita pelo foreiro ao senhorio com a solicitação de indicação do lugar e modalidade
de pagamento do preço da remição.
2. A declaração a que se refere o nº 1 deve ser acompanhada dos documentos que fa-
çam prova bastante dos requisitos do artigo 2º deste diploma.
3. Se, no prazo de quinze dias a contar da recepção da declaração, o senhorio não co-
municar, por escrito, o lugar e a modalidade de pagamento do preço da remição ao foreiro,
tem este direito a proceder ao deposito da totalidade ou da primeira e subsequentes presta-
ções do preço à ordem do tribunal da comarca onde se situa o prédio urbano e requerer a
notificação judicial do deposito da totalidade ou do da primeira prestação ao senhorio.
4. Quando o senhorio seja pessoa colectiva, o prazo estabelecido no nº 3 conta-se da
data de entrada da declaração nos respectivos serviços.
Artigo 4º
(Preço da remição)
1. O preço da remição é pago em dinheiro e corresponde a vinte vezes o ultimo foro
anual vencido.
2. O foreiro pode optar por efectuar o pagamento do preço da remição no máximo de
vinte prestações anuais, declarando-o por escrito ao senhorio.
3. A mora no pagamento de qualquer das prestações implica o pagamento da mesma
em dobro mas não o vencimento da totalidade do preço da remição.
1187
Decreto-Lei n.º 25/99, de 10 de Maio
Artigo 5º
(Recibo de pagamento)
1. O recibo de pagamento ou documento equivalente deve conter as seguintes menções
expressas:
a) Identificação precisa do prédio, incluindo, designadamente a sua localização,
descrição física, numero de inscrição matricial e de descrição predial;
b) A identificação do titulo de constituição da enfiteuse e a indicação do numero
de inscrição do direito no registo predial;
c) A identificação do senhorio e do foreiro;
d) O preço da remição do foro e a data do seu pagamento;
e) O numero e valor das prestações do preço e as datas dos respectivos venci-
mentos, quando o foreiro tiver optado pelo pagamento em prestações.
2. A guia de depósito do preço ou da prestação da remição do foro, bem como o re-
querimento para a sua notificação judicial ao senhorio devem também conter as menções
referidas no nº 1 do presente artigo.
Artigo 6º
(Efeitos)
1. A remição do foro tem por efeitos a atribuição ao foreiro do direito de propriedade e
a extinção da enfiteuse sobre o prédio nos termos do artigo 1496º a) do Código Civil.
2. Os efeitos da remição do foro produzem-se com o pagamento ou com a notificação
judicial do depósito do respectivo preço.
Artigo 7º
(Registo)
A remição do foro está sujeita registo predial.
Artigo 8º
(Casos omissos)
Nos casos omissos é aplicável o regime geral da enfiteuse estabelecido no Código
Civil, bem como, com as necessárias adaptações e o disposto no regulamento de Ocupação
e Concessão de Terrenos aprovado pelo Decreto nº 43 894. de 6 de Setembro de 1961, apli-
cável por força da portaria nº 24 229, de 9 de Agosto de 1969.
Artigo 9º
(Domínio público)
1. Goza do direito de remição, nos termos do no presente diploma, com as necessárias
adaptações, o foreiro ou detentor, mediante qualquer forma de renda, de terreno do domínio
1188
Decreto-Lei n.º 25/99, de 10 de Maio
publico onde tenha sido construído prédio urbano, desde que além dos requisitos previstos
no artigo 2º, a construção do prédio e a remição tenham sido declaradas de relevante inte-
resse público económico, social ou cultural.
2. A declaração a que se refere o nº 1 compete ao Governo, por resolução, e determina
a automática desafectação do prédio do dominó público e sua transferência para o domínio
privado disponível da pessoa colectiva a cuja titularidade o prédio pertence.
3. Presume-se o relevante interesse público a que se refere o nº 1, quando o prédio
urbano:
a) Tenha sido incluído em programa de privatização ou em zona de desenvolvi-
mento turístico, industrial ou outro;
b) Seja objecto de acto ou contrato de privatização ou de qualquer forma de al-
ienação a entidade privada;
c) Se encontre na posse ou fruição de empresa pública ou de pessoa de direito
privado, há mais de cinco anos, por virtude de contrato administrativo, ou
ainda de contrato civil de locação, de comodato ou outro que proporcione o
gozo temporário do prédio para fins turísticos ou culturais.
d) Seja objecto de promessa tendo em vista os efeitos referidos em c).
Artigo 10º
(Entrada em vigor)
O presente decreto-lei entra imediatamente em vigor.
Visto e aprovado em Conselho de Ministros.
Promulgado em 15 de Abril de 1999.
1189
Decreto-Legislativo nº 9/95, de 27 de Outubro
1190
Decreto-Legislativo nº 9/95, de 27 de Outubro
Artigo 2º
(Princípio da legalidade)
Só será punido como contra-ordenação o facto descrito e declarado passível de coima
por lei anterior ao momento da sua prática.
Artigo 3º
(Aplicação no tempo)
1. A coima aplicável é a estabelecida pela lei vigente no momento da prática do facto
ou do preenchimento dos pressupostos de que depende.
2. Se a lei vigente ao tempo da prática do facto for posteriormente modificada, aplicar-
se-á a lei mais favorável ao arguido, salvo se já tiver transitado em julgado a decisão da
autoridade administrativa ou do tribunal.
3. Não se aplica o disposto na parte final do número anterior, se a lei posterior mais
favorável ao arguido se traduzir na eliminação do facto do número de infracções cominadas
com uma coima.
4. O disposto no número 2 deste artigo não se aplica às leis temporárias, salvo se estas
determinarem o contrário.
5. O regime previsto nos números anteriores aplica-se, com as devidas adaptações, aos
efeitos das contra-ordenações.
Artigo 4º
(Aplicação no espaço)
A presente lei é aplicável:
a) A factos praticados em território nacional, independentemente da nacionali-
dade do agente;
b) A factos praticados a bordo de navios ou aeronaves nacionais, salvo tratado ou
convenção em contrário.
Artigo 5º
(Momento da prática do facto)
O facto considera-se praticado no momento em que o agente actuou ou, no caso de
omissão, deveria ter actuado, independentemente do momento em que o resultado típico se
tenha produzido.
Artigo 5º
(Lugar da prática do facto)
O facto considera-se praticado no lugar em que, total ou parcialmente e sob qualquer
forma de comparticipação, o agente actuou ou, no caso de omissão, devia ter actuado, bem
como naquele em que o resultado típico se tenha produzido.
1191
Decreto-Legislativo nº 9/95, de 27 de Outubro
CAPÍTULO II
Contra-ordenação
Artigo 7º
(Comissão por acção e por omissão)
1. Quando, num tipo legal no qual se comine uma coima, se preveja um certo resulta-
do, o facto abrange não só a acção adequada a produzi-lo, como a omissão da acção ade-
quada a evitá-lo, salvo se outra for a intenção da lei.
2. A comissão de um resultado por omissão só é punível quando sobre o omitente re-
cáia um dever jurídico que pessoalmente o obrigue a evitar esse resultado.
3. No caso do número anterior, atendendo as circunstâncias concretas do caso, a coima
poderá ser livremente atenuada.
Artigo 8º
(Responsabilidade das pessoas colectivas ou equiparadas)
1. As coimas podem aplicar-se tanto às pessoas singulares como às pessoas colectivas,
bem como às associações ou outros organismos sem personalidade jurídica.
2. As pessoas colectivas ou equiparadas serão responsáveis pelas contra-ordenações
praticadas pelos seus órgãos no exercício das suas funções.
Artigo 9º
(Dolo e negligência)
Só é punível o facto praticado com dolo ou, nos casos especialmente previstos na lei,
com negligência.
Artigo 10º
(Erro sobre as circunstâncias de facto)
O erro sobre elementos descritivos ou normativos do tipo, ou sobre um estado de coi-
sas que, a existir, afastaria a ilicitude do facto, exclui o dolo.
Artigo 11º
(Erro sobre a ilicitude)
1. Age sem culpa quem actua sem consciência da ilicitude do facto, se o erro não lhe
for censurável.
2. Se o erro for censurável, a coima poderá ser livremente atenuada.
3. O regime previsto no número 1 é aplicável em caso de erro sobre um estado de coi-
sas que, a existir afastaria a culpa do agente.
Artigo 12º
(Inimputabilidade em razão da idade)
Para efeitos do presente diploma, consideram-se inimputáveis os menores de 16 anos.
1192
Decreto-Legislativo nº 9/95, de 27 de Outubro
Artigo 13º
(Inimputabilidade em razão de anomalia psíquica)
1. É inimputável quem, por força de uma anomalia psíquica, é incapaz, no momento da
prática do facto, de avaliar a ilicitude ou de se determinar de acordo com essa avaliação.
2. Pode ser declarado inimputável quem, por força de uma anomalia psíquica grave
não acidental e cujos efeitos não domina, sem que por isso possa ser censurado, tem no mo-
mento da prática do facto a capacidade para avaliar a ilicitude deste ou para se determinar
de acordo com essa avaliação sensivelmente diminuída.
3. A imputabilidade não é excluída quando a anomalia psíquica tiver sido provocada
pelo próprio agente com intenção de cometer o facto.
Artigo 14º
(Actos preparatórios)
Os actos preparatórios não são puníveis, salvo disposição da lei em contrário.
Artigo 15º
(Tentativa)
1. Há tentativa quando o agente pratica actos de execução de uma contra-ordenação
que decidiu cometer sem que esta chegue a consumar-se.
2. São actos de execução:
a) Os que preenchem um elemento constitutivo de um tipo de contra-orde-
nação;
b) Os que são idóneos a produzir o resultado típico;
c) Os que, segundo a experiência comum e salvo circunstâncias imprevisíveis,
são de natureza a fazer esperar que se lhes sigam actos das espécies indicadas
nas alíneas anteriores.
Artigo 16º
(Punibilidade da tentativa)
1. A tentativa só é punível quando a lei expressamente o determinar.
2. Em caso de tentativa punível, a coima será, salvo disposição da lei em contrário,
livremente atenuada.
Artigo 17º
(Desistência em caso de tentativa)
1. A tentativa não é punível quando o agente voluntariamente desiste de prosseguir na
execução da contra-ordenação ou impede a consumação ou, não obstante a consumação,
impede a verificação do resultado não compreendido no tipo da contra-ordenação.
1193
Decreto-Legislativo nº 9/95, de 27 de Outubro
1194
Decreto-Legislativo nº 9/95, de 27 de Outubro
Artigo 24º
(Concurso de infracções)
Se o mesmo facto constituir simultaneamente crime e contra-ordenação, será o agente
punido a título de crime, sem prejuízo da aplicação das sanções acessórias previstas para a
contra-ordenação.
CAPÍTULO III
Coima e sanções acessórias
Artigo 25º
(Montante da coima)
1. Se o contrário não resultar da lei, o montante mínimo da coima aplicável às pessoas
singulares será de 3.000$00 e o máximo de 300.000$00.
2. Se a lei, relativamente ao montante máximo, não distinguir o comportamento doloso
do negligente, este só poderá ser sancionado até metade do montante máximo da coima
prevista.
3. Se o contrário não resultar da lei, as coimas aplicadas às pessoas colectivas ou equi-
paradas poderão elevar-se até aos montantes máximos de:
a) 4.000.000$00, em caso de dolo;
b) 2.000.000$00, em caso de negligência.
Artigo 26º
(Determinação da medida da coima)
1. A determinação da medida concreta da coima far-se-á em função da gravidade da
ilicitude, da culpa e da situação económica do agente.
2. Sem prejuízo dos limites máximos fixados no artigo anterior, a coima deverá, sem-
pre que possível, exceder o benefício económico que o agente retirou da prática da contra-
ordenação.
Artigo 27º
(Sanções acessórias)
1. A lei pode, simultaneamente com a coima, determinar as seguintes sanções acessó-
rias:
a) Apreensão de objectos;
b) Privação do direito a subsídio ou benefício outorgado por entidades ou serviços
públicos;
c) Privação do direito de participar em feiras, mercados competições desporti-
vas, ou de entrada em recintos ou áreas de acesso reservados;
1195
Decreto-Legislativo nº 9/95, de 27 de Outubro
1196
Decreto-Legislativo nº 9/95, de 27 de Outubro
1197
Decreto-Legislativo nº 9/95, de 27 de Outubro
1198
Decreto-Legislativo nº 9/95, de 27 de Outubro
2. As provas que colidam com a reserva da vida privada, bem como os exames corporais e
a prova de sangue, só serão admissíveis mediante o consentimento de quem de direito.
Artigo 40º
(Testemunhas)
As testemunhas não serão ajuramentadas.
Artigo 41º
(Exame dos autos e dos objectos apreendidos)
1. Se o processo couber às autoridades competentes para a instrução criminal, poderão
as autoridades administrativas normalmente competentes examinar os autos, bem como os
objectos apreendidos.
2. Os autos e os objectos serão examinados no serviço onde se encontrarem, salvo se
razões ponderosas justificarem o seu envio às autoridades administrativas.
Artigo 42º
(Comunicação de decisões)
1. Todas as decisões, despachos e demais medidas proferidas e tomadas pelas autori-
dades administrativas no processo das contra-ordenações serão comunicados às pessoas a
quem se dirigem.
2. Tratando-se de decisões, despachos ou medidas que admitam impugnação sujeita a pra-
zo, a comunicação revestirá a forma de notificação, a qual deverá conter os esclarecimentos
necessários sobre a admissibilidade, prazo e forma de impugnação, sob pena de nulidade.
Artigo 43º
(Notificações)
1. As notificações serão dirigidas ao arguido ou ao seu representante legal, quando este
exista, bem como ao defensor escolhido e cuja procuração conste dos autos ou ao defensor
nomeado.
2. Se uma notificação tiver de ser feita a várias pessoas, o prazo da impugnação só
começa a correr depois de notificada a última pessoa.
Artigo 44º
(Direitos e deveres das autoridades administrativas)
No processo de aplicação da coima, as autoridades administrativas competentes go-
zam dos mesmos direitos e estão sujeitas aos mesmos deveres das entidades competentes
para instrução criminal, sempre que contrário não resulte do presente diploma.
Artigo 45º
(Direito subsidiário)
Ao processo das contra-ordenações aplica-se subsidiariamente o disposto no Código
de Processo Penal, com as devidas adaptações.
1199
Decreto-Legislativo nº 9/95, de 27 de Outubro
CAPÍTULO II
Acção e competência
Artigo 46º
(Legalidade da acção)
A toda contra-ordenação corresponde uma acção, que será exercida nos termos das
disposições da Parte II deste diploma e demais legislação aplicável.
Artigo 47º
(Competência das autoridades administrativas)
O processamento das contra-ordenações e a aplicação das coimas competem às autori-
dades administrativas, ressalvadas as particularidades previstas no presente diploma.
Artigo 48º
(Competência do Ministério Público e das entidades competentes
para a instrução criminal)
1. Quando se verifique concurso de crime e contra-ordenação, o processamento da
contra-ordenação caberá à autoridade competente para a instrução criminal.
2. Quando, pelo mesmo facto, uma pessoa deva responder a título de crime e outra a
título de contra-ordenação e razões de economia processual ou relativas à prova assim o
justificarem, poderá a autoridade competente para a instrução criminal chamar a si o pro-
cesso da contra-ordenação, desde que ainda não tenha havido lugar à aplicação da coima.
3. Quando, nos casos previstos nos números anteriores, o Ministério Público arquivar
o processo criminal, mas entender que subsiste a responsabilidade pela contra-ordenação,
remeterá o processo à autoridade administrativa competente.
4. A decisão do Ministério Público sobre se um facto deve ou não ser processado como
crime vincula as autoridades administrativas.
Artigo 49º
(Competência do tribunal)
Nos casos referidos nos nºs 1 e 2 do artigo anterior a aplicação da coima caberá ao juiz
competente para o julgamento do crime.
Artigo 50º
(Competência em razão da matéria)
1. A competência em razão da matéria pertencerá às autoridades determinadas pela lei
que prevê e sanciona as contra-ordenações.
2. No silêncio da lei serão competentes os serviços designados pelo membro do Go-
verno responsável pela tutela dos interesses que a contra-ordenação visa defender ou pro-
mover.
1200
Decreto-Legislativo nº 9/95, de 27 de Outubro
3. Os dirigentes dos serviços aos quais tenha sido atribuída a competência a que se
refere o número anterior podem delegá-la, nos termos gerais, nos dirigentes de grau hierar-
quicamente inferior, salvo disposição expressa em contrário.
Artigo 51º
(Competência territorial)
1. A competência territorial cabe à autoridade administrativa em cuja área de actuação:
a) A infracção foi praticada ou descoberta;
b) O arguido tem a sua residência ao tempo do início ou durante qualquer fase do
processo.
2. Se a infracção for cometida a bordo do navio ou aeronave nacional, fora do âmbito de
eficácia espacial deste diploma, será competente a autoridade nacional em cuja circunscrição se
situe o porto ou aeroporto que primeiro for escalado depois do cometimento da infracção.
Artigo 52º
(Competência por conexão)
1. Em caso de concurso de contra-ordenações será competente a autoridade a quem,
segundo as disposições anteriores, incumba processar qualquer das contra-ordenações.
2. O disposto no número anterior aplica-se, igualmente, aos casos em que um mesmo
facto torna várias pessoas passíveis de uma coima.
Artigo 53º
(Conflitos de competência)
1. Se das disposições anteriores resultar a competência cumulativa de várias autorida-
des, o conflito será resolvido a favor da autoridade que, por ordem de prioridades:
a) Tiver primeiro ouvido o arguido ou em caso de comparticipação, um dos ar-
guidos pela prática da contra-ordenação;
b) Tiver primeiro requerido a sua audição pelas autoridades policiais;
c) Tiver primeiro recebido das autoridades policiais os autos de que conste a
audição do arguido.
2. As autoridades competentes poderão, todavia, por razões de economia, celeridade
ou eficácia processuais, acordar em atribuir a competência a autoridade diversa da que re-
sultaria da aplicação do disposto no número anterior.
CAPÍTULO III
Fase de instrução
Artigo 54º
(Iniciativa do processo)
O processo da contra-ordenação iniciar-se-á oficiosamente, desde que as autoridades
administrativas competentes tenham conhecimento do facto constitutivo da contra-ordena-
1201
Decreto-Legislativo nº 9/95, de 27 de Outubro
1202
Decreto-Legislativo nº 9/95, de 27 de Outubro
1203
Decreto-Legislativo nº 9/95, de 27 de Outubro
1204
Decreto-Legislativo nº 9/95, de 27 de Outubro
Artigo 65º
(Processo de advertência)
1. Em caso de contra-ordenação ligeira poderão as autoridades administrativas compe-
tentes decidir por uma mera advertência, acompanhada da exigência do pagamento de uma
soma pecuniária nunca superior a 5000$00.
2. Este processo só terá lugar quando o arguido, informado do direito de o recusar,
com ele se conformar e dispuser a pagar a respectiva soma pecuniária imediatamente ou no
prazo máximo de cinco dias.
3. Nos casos referidos nos números 1 e 2 não pode o facto voltar a ser apreciado e
sancionado como contra-ordenação.
CAPÍTULO V
Fase de recurso
Artigo 66º
(Forma e prazo)
1. A decisão da autoridade administrativa que aplica uma coima, com ou sem sanção
acessória, é susceptível de impugnação judicial.
2. A impugnação judicial poderá ser interposta pelo arguido ou pelo seu defensor com
poderes bastantes e tem efeito suspensivo.
3. O recurso será formulado em requerimento dirigido ao juiz do tribunal competente
e apresentado na secretaria da autoridade administrativa que aplicou a coima, no prazo de
oito dias.
4. O prazo referido no número anterior conta-se a partir do conhecimento pelo arguido
da decisão que aplicou a coima.
5. O requerimento de impugnação judicial deverá conter as alegações sumárias de
facto e de direito, as respectivas conclusões, bem como a indicação ou junção de todos
os meios de prova disponíveis que, comprovadamente, não lhe foi possível apresentar em
instância administrativa.
Artigo 67º
(Tribunal competente)
Salvo disposição da lei em contrário, é competente para conhecer do recurso o tribunal de
comarca com jurisdição em matéria crime na área territorial onde se tiver aplicado a coima.
Artigo 68º
(Envio dos autos ao tribunal)
1. Recebido o recurso, deve a autoridade administrativa remeter os autos ao tribunal
competente, no prazo de quarenta e oito horas.
1205
Decreto-Legislativo nº 9/95, de 27 de Outubro
2. Até à remessa dos autos ao tribunal competente para conhecer do recurso, pode a
autoridade administrativa revogar a decisão de aplicação da sanção acessória.
Artigo 69º
(Rejeição do recurso)
O juiz rejeitará, por meio de despacho fundamentado, o recurso interposto fora do
prazo ou sem observância dos requisitos de forma.
Artigo 70º
(Remessa dos autos ao Ministério Público)
1. Admitido o recurso, o Juiz ordenará a remessa dos autos ao Ministério Público para
realizar as diligências requeridas pelo arguido, nos termos do número 5 do artigo 66º ou,
não as havendo, para simples parecer.
2. As diligências referidas no número anterior serão realizadas no prazo máximo de 8
dias.
Artigo 71º
(Parecer do Ministério Público)
Recebido o processo ou concluídas as diligências a que se refere o artigo anterior,
havendo-as, o Ministério Público elaborará o seu parecer no prazo de cinco dias e ordenará
a remessa dos autos ao Juiz.
Artigo 72º
(Desistência do recurso)
O recorrente poderá desistir do recurso até à decisão final.
Artigo 73º
(Âmbito de prova)
Compete ao Juiz determinar o âmbito da prova a produzir, recusando a aceitação de
meios de prova que julgue desnecessários à formação da sua convicção.
Artigo 74º
(Decisão do recurso)
1. A decisão do Juiz será proferida no prazo de 8 dias.
2. A decisão poderá ordenar o arquivamento do processo, absolver o arguido, manter
ou alterar a decisão proferida na instância administrativa.
3. O Juiz deverá fundamentar sumariamente a sua decisão, tanto no que concerne aos
factos como ao direito aplicado e às circunstâncias que determinam a medida da sanção.
1206
Decreto-Legislativo nº 9/95, de 27 de Outubro
CAPÍTULO VI
Processo de contra ordenação e Processo Criminal
Artigo 75º
(Conversão em processo criminal)
1. O tribunal não está vinculado à apreciação do facto como contra-ordenação, po-
dendo, oficiosamente ou a requerimento do Ministério Público, converter o processo em
processo criminal.
2. A conversão do processo determinará a interrupção da instância e a remessa dos
autos ao Ministério Público, para efeitos de instauração de corpo delito, aproveitando-se na
medida do possível, as provas já produzidas.
3. A decisão de conversão do processo deve ser comunicada á autoridade administrati-
va que seria competente para promover a instauração do processo de contra-ordenação.
Artigo 76º
(Conhecimento da contra-ordenação no processo criminal)
1. O tribunal poderá apreciar como contra-ordenação uma infracção que foi acusada
como crime.
2. No caso referido no número anterior o juiz julgará a contra-ordenação, aplicando-se
as disposições do presente diploma.
3. A decisão a que se refere o número anterior deve ser comunicada à autoridade ad-
ministrativa que seria competente para promover a instauração do processo de contra-or-
denação.
Artigo 77º
(Processo relativo a crimes e contra-ordenações)
1. Se o mesmo processo versar sobre crimes e contra-ordenações, havendo infracções
que devam apenas considerar-se como contra-ordenações, aplicar-se-ão, quanto a elas, as
disposições dos artigos 38º a 41º e 61º do presente diploma.
2. Quando, nos casos previstos no número anterior, se interpuser simultaneamente re-
curso em relação a contra-ordenação e a crime, os recursos subirão em simultâneo.
3. O recurso subirá nos termos do Código de Processo Penal, não se aplicando o dis-
posto nos artigos 66º a 74º do presente diploma.
CAPÍTULO VII
Caso julgado e revisão
Artigo 78º
(Alcance do caso julgado)
1. O trânsito em julgado da decisão da autoridade administrativa ou da decisão judicial
sobre o facto julgado como contra-ordenação ou como crime preclude a possibilidade de
novo conhecimento de tal facto como contra-ordenação.
1207
Decreto-Legislativo nº 9/95, de 27 de Outubro
1208
Decreto-Legislativo nº 9/95, de 27 de Outubro
CAPÍTULO VIII
Execução
Artigo 82º
(Pagamento voluntária das quantias fixadas na decisão)
1. É exequível toda a decisão que haja trânsito em julgado há, pelo menos, duas sema-
nas.
2. O pagamento voluntário da coima e das custas do processo, quando estas forem
devidas, deverá ser efectuado no prazo referido no número anterior, contra recibo, cujo
duplicado será entregue à autoridade administrativa ou ao tribunal que tiver proferido a
decisão.
3. Sempre que a situação económica do arguido o justifique e a requerimento deste, a
autoridade administrativa ou o tribunal poderá autorizar que o pagamento da coima e das
custas se efectue dentro de um prazo não superior a um ano ou em prestações não exceden-
tes a vinte e quatro meses, sem prejuízo do disposto no número seguinte.
4. A autoridade administrativa ou o tribunal poderá, também, condicionar o pagamen-
to da coima no prazo e condições previstos no número anterior à liquidação imediata das
custas.
5. O pagamento autorizado nos termos do número 3 deste artigo será, por ordem de
prioridades, levado à conta da coima e, por último, das custas.
6. No caso de pagamento a prestações, a falta de pagamento de uma delas implica o
vencimento de todas as outras e sua exigibilidade imediata.
7. Dentro dos limites referidos no número 3 deste artigo, quando motivos superve-
nientes o justifiquem, os prazos e os planos de pagamento inicialmente fundamentado do
arguido.
Artigo 83º
(Execução)
1. O não pagamento voluntário de coima e das custas, em conformidade com o dispos-
to no artigo anterior, dará lugar à execução, a qual será promovida pelo Ministério Público
perante o tribunal competente previsto no artigo 67º.
2. A execução terá por base a decisão que aplicou a coima, que constitui título execu-
tivo.
3. Quando a execução deverá ter por base uma decisão da autoridade administrativa,
esta remeterá ao Ministério Público junto do Tribunal competente uma cópia autenticada
dessa decisão, para efeitos da sua promoção.
4. A execução abrange todas as quantias pecuniárias constantes da decisão exequenda.
1209
Decreto-Legislativo nº 9/95, de 27 de Outubro
Artigo 84º
(Tramitação)
1. A execução obedecerá aos termos da execução por custas, aplicando-se, com as ne-
cessárias adaptações, o disposto no artigo 640º do Código de Processo Penal.
2. Para efeitos de execução é dispensável a petição inicial, bastando a simples promo-
ção do Ministério público, a qual será sempre acompanhada do título executivo.
Artigo 85º
(Suspensão e extinção da execução)
1. Suspender-se-á a execução quando, após o trânsito em julgado da decisão da auto-
ridade administrativa que aplicou a coima, foi dada acusação em processo criminal pelo
mesmo facto.
2. A execução extingue-se com a morte do arguido.
3. O tribunal da execução deverá, oficiosamente ou a requerimento do Ministério Pú-
blico ou do arguido, pronunciar-se expressamente sobre todas as questões a que se refere o
artigo 81º, quando elas não tiverem sido conhecidas no processo criminal, de acordo com
o número 4 daquele artigo.
Artigo 86º
(Incidentes)
O tribunal perante o qual se promove a execução será o competente para decidir sobre
os incidentes e questões suscitados na pendência da execução, nomeadamente:
a) A admissibilidade da execução;
b) As decisões tomadas pelas autoridades administrativas em matéria de facili-
dades de pagamento;
c) A suspensão e a extinção da execução.
CAPÍTULO IX
Custas
Artigo 87º
(Princípios gerais)
1. Em processo das contra-ordenações as custas regular-se-ão, com as necessárias
adaptações, pelo disposto nos artigos 159º a 197º, 205º 229º do Código das Custas Judi-
ciais e pelo disposto na Portaria nº 53-A/85, de 20 de Setembro, sem prejuízo da aplicação
de disposição legal em contrário.
2. As decisões da autoridade administrativa proferidas sobre a matéria do processo
das contra-ordenações deverão fixar o montante das custas e determinar quem as deve
suportar.
1210
Decreto-Legislativo nº 9/95, de 27 de Outubro
3. Sem prejuízo do disposto no número seguinte, as custas serão suportadas pelo argui-
do em caso de aplicação da coima pela autoridade administrativa ou pelo tribunal e, ainda,
em casos de desistência ou de rejeição da impugnação judicial.
4. Em caso da não aplicação da coima, a autoridade administrativa deverá reembolsar
ao arguido, pelos seus cofres, as despesas que, comprovadamente, tenha realizado com o
processo, designadamente os honorários ao seu defensor.
Artigo 88º
(Âmbito das custas)
1. As custas abrangem o imposto de justiça, o imposto de selo e os encargos.
2. Para efeitos do presente diploma, consideram-se encargos:
Os reembolsos ao cofre da autoridade administrativa ou do tribunal, por gastos com
papel, franquias postais, expediente e outras despesas realizadas;
Os pagamentos devidos aos serviços ou quaisquer entidades pelo custo de certidões,
salvo as extraídas oficiosamente pela autoridade administrativa ou pelo tribunal, documen-
tos, pareceres, plantas, outros elementos de informação ou de prova e serviços que a auto-
ridade administrativa ou o tribunal tenha requisitado;
Retribuição, custo de transporte ou indemnização às pessoas com intervenção aciden-
tal no processo ou que colaboram com a autoridade administrativa ou o tribunal, designa-
damente as testemunhas e os peritos;
O custo da publicação de anúncios, de comunicações telefónicas, telegráficas e postais
e de transporte de bens apreendidos;
As despesas que o arguido tiver despendido com o processo, em caso da não aplicação
da coima;
Os caminhos devidos pelas diligências realizadas na área territorial sob jurisdição da
autoridade administrativa ou do tribunal;
Outras despesas relacionadas com o processo.
Artigo 89º
(Isenções)
O Estado, as autoridades administrativas e o Ministério Público são isentos de custas.
Artigo 90º
(Impostos de justiça e preparo inicial)
1. O processo das contra-ordenações que corre perante as autoridades administrativas
não está sujeito ao pagamento do imposto de justiça e do preparo inicial.
2. Não é, igualmente, devido o imposto de justiça na impugnação judicial de qualquer
decisão das autoridades administrativas.
1211
Decreto-Legislativo nº 9/95, de 27 de Outubro
1212
Decreto-Lei nº 67/2009, de 28 de Dezembro
1213
Decreto-Lei nº 67/2009, de 28 de Dezembro
Artigo 2º
Situação de calamidade pública
A situação de calamidade pública pode ser declarada, no território nacional, sempre
que ocorrer um acontecimento ou uma série de acontecimentos graves, de origem natural
ou tecnológica, com efeitos prolongados no tempo e no espaço, em regra previsíveis, sus-
ceptíveis de provocarem elevados prejuízos materiais e, eventualmente, vítimas, afectando
intensamente as condições de vida e o tecido socio-económico em áreas extensas do terri-
tório nacional.
Artigo 3º
Competência
1. A declaração da situação de calamidade pública é da competência do Governo e
reveste a forma de Resolução do Conselho de Ministros.
2. Tem iniciativa para a propor:
a) O Conselho de Ministros;
b) O membro do Governo responsável pela área da protecção civil, ouvido o
Serviço Nacional de Protecção Civil; e
c) O membro do Governo responsável pela área da descentralização, ouvidos os
autarcas, quando esteja em causa a área da respectiva autarquia.
Artigo 4º
Âmbito da Resolução
1. Devem, expressamente, constar da resolução que declarar a situação de calamidade
pública os seguintes elementos:
a) O acontecimento que originou a situação declarada;
b) O âmbito temporal e territorial;
c) A estrutura de coordenação e controlo que, face aos prejuízos inventariados,
faz a gestão global dos apoios a que houver lugar, de acordo com os critérios
a estabelecer; e
d) A especificação dos possíveis apoios a conceder pelo Governo, suas cara-
cterísticas, quantificação e respectiva cobertura financeira.
2. Os critérios de atribuição de apoios, a tramitação dos respectivos pedidos e a indica-
ção dos departamentos governamentais, e respectivos serviços, intervenientes na instrução
dos processos, com vista à qualificação dos sinistrados e à determinação da sua capacidade
de resposta, são regulamentados por despacho conjunto do membro do Governo responsá-
vel pela área das Finanças e a estrutura referida na alínea c) do número anterior, no prazo
máximo de 30 (trinta) dias consecutivos, contados a partir da data da declaração de cala-
midade pública.
1214
Decreto-Lei nº 67/2009, de 28 de Dezembro
Artigo 5º
Gestão dos apoios
Todos os apoios a conceder por organismos ou departamentos do Estado são integrados
no âmbito das acções geridas pela estrutura referida na alínea c) do nº1 do artigo anterior.
Artigo 6º
Fixação dos montantes
1. O Governo fixa, para cada caso, o montante dos apoios a conceder, tendo em conta a
avaliação dos danos verificados, conjugada com a capacidade efectiva dos sinistrados para,
pelos seus próprios meios, superarem a situação.
2. Não são objecto de auxílio financeiro por parte do Estado os prejuízos resultantes
da ocorrência de riscos que, pela sua natureza, sejam susceptíveis de cobertura através de
contrato de seguro e desde que os montantes do respectivo prémio não sejam considerados
excessivos pela estrutura de coordenação e controlo a ser criado pelo Governo, ouvido o
Banco de Cabo Verde.
Artigo 7º
Declaração de calamidade pública nacional
A declaração de situação de calamidade pública que afecta uma ou mais ilhas não pre-
judica o pedido ou a declaração da situação de calamidade pública nacional.
Artigo 8º
Entrada em vigor
O presente diploma entra em vigor no dia seguinte ao da sua publicação.
Visto e aprovado em Conselho de Ministros.
José Maria Pereira Neves - Manuel Inocêncio Sousa - Basílio Mosso Ramos - Cristina
Isabel Lopes da Silva Monteiro Duarte - Lívio Fernandes Lopes - Maria Madalena Brito
Neves - José Maria Fernandes da Veiga - Sara Maria Duarte Lopes
Promulgado em 23 de Dezembro de 2009
Publique-se.
O Presidente da República, PEDRO VERONA RODRIGUES PIRES
Referendado em 23 de Dezembro de 2009
O Primeiro-Ministro, José Maria Pereira Neves
1215
Decreto-Lei nº 29/2009, de 17 de Agosto
1216
Decreto-Lei nº 29/2009, de 17 de Agosto
1217
Decreto-Lei nº 29/2009, de 17 de Agosto
1218
Decreto-Lei nº 29/2009, de 17 de Agosto
1219
Decreto-Lei nº 29/2009, de 17 de Agosto
Artigo 7.º
Obrigatoriedade da inscrição cadastral
1. A inscrição dos prédios no cadastro é obrigatória e condição indispensável para a
prática de qualquer acto jurídico relativo aos prédios rústicos e urbanos, podendo ser feita
oficiosamente ou a pedido dos particulares.
2. Nenhum prédio rústico ou urbano pode ser inscrito no cadastro sem a apresentação
da respectiva planta cadastral.
3. Os modelos de requerimentos de inscrição e alteração de dados dos prédios no
cadastro são definidos por Portaria do membro do Governo responsável pela área do ca-
dastro.
CAPÍTULO II
Caracterização e identificação dos prédios
Artigo 8.º
Caracterização dos prédios
Para efeitos do cadastro, a caracterização de um prédio é dada através da sua localiza-
ção administrativa e geográfica, configuração geométrica e área.
Artigo 9.º
Localização administrativa
1. A localização administrativa de um prédio é determinada:
a) Pelo Município em que se encontra a totalidade ou a maior parte da sua área
ou, em zonas urbanas, onde se situa a sua serventia principal;
b) Pela localidade e rua em que se situa a sua entrada principal, número de polí-
cia atribuído e especificações que permitam distingui-lo de outros, quando
estes elementos existirem.
2. Acessoriamente, pode a localização referir o local em que o prédio se situa ou a
designação pela qual é conhecido.
Artigo 10.º
Localização geográfica
A localização geográfica de um prédio é determinada pelo posicionamento das suas
estremas no sistema de coordenadas adoptado.
Artigo 11.º
Configuração geométrica
1. A configuração geométrica de um prédio é estabelecida pela representação geográfi-
ca das suas estremas, unidas através de uma linha poligonal fechada, e dos limites das áreas
sociais, quando existam, unidos da mesma forma.
1220
Decreto-Lei nº 29/2009, de 17 de Agosto
1221
Decreto-Lei nº 29/2009, de 17 de Agosto
1222
Decreto-Lei nº 29/2009, de 17 de Agosto
entidade pública dotada de autonomia que vier a ser especialmente criada pelo Governo
para assumir aquelas atribuições.
2. Incumbe ao serviço central do cadastro, designadamente:
a) Estabelecer as directrizes técnicas que garantem a qualidade e homogeneidade
da informação contida no cadastro predial;
b) Realizar os processos de fiscalização necessários para garantir o cumprimento
adequado das leis e dos regulamentos, bem como as directrizes referidas na
alínea anterior;
c) Assumir, directamente ou através de contratos celebrados com entidades pri-
vadas, a realização dos trabalhos cadastrais, nos termos da presente lei e re-
spectiva regulamentação;
d) Emitir a cédula cadastral, nos termos do número 4 do artigo 15º.
e) Garantir o bom funcionamento, a qualidade e a permanente actualização do
Registo Informatizado contendo informações sobre todos os prédios cadastra-
dos no território nacional.
3. As directrizes técnicas a que se refere a alínea a) do número anterior são aprovadas
por Portaria do membro do Governo responsável pela área de cadastro.
Artigo 18.º
Registo, Notariado e Identificação Civil
Compete ao serviço central responsável pelo Registo, Notariado e Identificação Civil:
a) Assegurar o acesso à informação constante do registo predial, em especial no
decurso da operação de execução do cadastro, fornecendo informação sobre
o carácter omisso ou a descrição dos prédios abrangidos pela operação de ex-
ecução do cadastro e a identificação dos titulares de direitos de propriedade e
de outros direitos reais;
b) Apoiar no âmbito das suas competências a operação de execução cadastral;
c) Comunicar à equipa de apoio técnico ou entidade executora a apresentação
de pedidos de registo relativamente a prédios incluídos na área de execução
do cadastro, a partir do momento em que esta operação se inicia e até à sua
conclusão;
d) Desencadear a rectificação dos elementos e dados cadastrais, caso assim se
justifique em caso de alteração da situação jurídica dos prédios constante do
registo predial.
Artigo 19.º
Equipa de apoio técnico
1. Por cada área geográfica, objecto da operação de execução do cadastro, deve ser
criada uma equipa de apoio técnico.
1223
Decreto-Lei nº 29/2009, de 17 de Agosto
1224
Decreto-Lei nº 29/2009, de 17 de Agosto
1225
Decreto-Lei nº 29/2009, de 17 de Agosto
momento, pelo serviço central do cadastro ou outra entidade pública designada pelo Gover-
no, que tem o direito à obtenção das informações necessárias ao cabal cumprimento da sua
missão, bem como à consulta da documentação relativa aos trabalhos realizados.
2. Na sequência de uma inspecção, pode o serviço central do cadastro, sem prejuízo
das consequências legais que ao caso couber, determinar as instruções que julgar necessá-
rias para a rigorosa observância das normas legais.
3. As instruções emitidas nos termos previstos no número anterior são de cumprimento
obrigatório.
CAPÍTULO IV
Exercício de actividades cadastrais
por entidades privadas
Artigo 22.º
Âmbito
1. As pessoas singulares e colectivas, com reconhecida competência técnica e profis-
sional, podem realizar trabalhos no domínio do cadastro predial, desde que possuam auto-
rização e respectivo alvará emitido pelo serviço central do cadastro.
2. Os contratos celebrados entre as entidades públicas e as pessoas singulares ou co-
lectivas privadas incluem uma cláusula de rescisão em caso de incumprimento das normas
relativas ao cadastro, sob pena de nulidade do respectivo contrato.
3. Os pressupostos e o procedimento de concessão da autorização são regulados por
Decreto-Regulamentar.
Artigo 23.º
Dever de sigilo
As entidades detentoras de autorização e os técnicos acreditados estão obrigados a
guardar sigilo sobre a informação que obtenham no decurso da sua actividade no domínio
do cadastro.
Artigo 24.º
Homologação
Os trabalhos de execução e renovação do cadastro são homologados pelos serviços
centrais do cadastro.
CAPÍITULO V
Execução, renovação e conservação do cadastro
SECÇÃO I
Execução do Cadastro
Artigo 25.º
Publicitação
O início dos trabalhos de execução do cadastro é anunciado pelo serviço competente,
com pelo menos 2 (dois) meses de antecedência, por meio de editais a afixar nos locais de
1226
Decreto-Lei nº 29/2009, de 17 de Agosto
estilo, nas sedes dos Municípios e das Freguesias abrangidos e contíguos, e de anúncios
a publicar em dois dos jornais mais lidos, sem prejuízo da utilização de outros meios de
informação.
Artigo 26.º
Demarcação dos prédios
Os proprietários ou usufrutuários de prédios localizados em zonas abrangidas por uma
operação de execução do cadastro devem proceder, no prazo indicado nos editais mencio-
nados no artigo anterior, à sua demarcação, bem como participar no período de exposição
e consulta pública a fim de validar a informação recolhida.
Artigo 27.º
Trabalhos de campo
1. O pessoal responsável pela elaboração dos trabalhos cadastrais, quando no exercício
das suas actividades, tem direito a:
a) Recorrer ao auxílio de qualquer entidade pública ou privada, incluindo as au-
toridades policiais;
b) Aceder às áreas não edificadas de prédios e de serventia das edificações e
instalar os seus equipamentos e demais instrumentos de trabalho, pelo tempo
estritamente necessário ao desempenho da sua missão;
c) Solicitar e recolher de quaisquer entidades, públicas ou privadas, as infor-
mações de que careça;
d) Consultar e extrair cópias de livros e documentos públicos que contenham
informações necessárias, sem prejuízo das disposições especiais previstas no
Código do Registo Predial;
e) Cartão de identificação, cujo modelo será aprovado por Portaria do membro
de governo responsável pela área do cadastro.
2. Se as actividades desenvolvidas nos termos da alínea b) do número anterior causa-
rem danos na propriedade, o proprietário será indemnizado pela entidade pública compe-
tente, nos termos gerais.
3. Sempre que os proprietários ou usufrutuários dos prédios se oponham ao exercício
do disposto na alínea b) do n.º 1 do presente preceito, aplica-se ao respectivo prédio o dis-
posto no artigo seguinte.
Artigo 28.º
Áreas de cadastro diferido
1. Mostrando-se infrutíferas, no todo ou em parte, as diligências relativas à execução
do cadastro numa determinada zona é considerada como área de cadastro diferido.
1227
Decreto-Lei nº 29/2009, de 17 de Agosto
1228
Decreto-Lei nº 29/2009, de 17 de Agosto
1229
Decreto-Lei nº 29/2009, de 17 de Agosto
1230
Decreto-Lei nº 29/2009, de 17 de Agosto
José Maria Pereira Neves - Manuel Inocêncio Sousa - Maria Cristina Lopes Almeida
Fontes Lima - Cristina Isabel Lopes da Silva Monteiro Duarte - Lívio Fernandes Lopes -
Marisa Helena do Nascimento Morais - José Maria Fernandes da Veiga - Sara Maria Duarte
Lopes
Promulgado em 12 de Agosto de 2009
Publique-se.
O Presidente da República, PEDRO VERONA RODRIGUES PIRES
Referendado em 13 de Agosto de 2009
O Primeiro-Ministro, José Maria Pereira Neves
1231
Decreto-Lei n.º 52/95, de 26 de Setembro
1232
Decreto-Lei n.º 52/95, de 26 de Setembro
1233
Decreto-Lei n.º 52/95, de 26 de Setembro
mentos autorizados para o efeito, poderão ser proibidos pela autoridade sanitária do conce-
lho, ouvida a respectiva câmara municipal, em caso de epidemia ou de emergência sanitária
declarada pelo Conselho de Ministros.
3. A exposição, manipulação e fornecimento ao público de géneros de consumo ime-
diato, de água para beber ou de gelados em contravenção ao disposto nos números ante-
cedentes são punidos com multa de 1 000$ a 15 000$ e apreensão do produto, que será
destruído.
4. Os manipuladores de géneros de consumo imediato para consumo publico, mesmo
que confeccionados em casa por encomenda, devem ser portadores de cartão de sanidade
válido, sob pena de multa de 1 000$ a 7 500$.
Artigo 9º
1. São proibidos, nos mercados:
a) A permanência de crianças na companhia de vendedores nos locais de venda;
b) A exposição no chão de produtos alimentares para venda;
c) O uso dos locais de venda para armazenagem de produtos fora das horas de
funcionamento do mercado.
2. A violação ao disposto no n.º 1 antecedente é punido com multa de 1 000$ a 7 500$,
podendo, em caso de reincidência, ser cancelada a licença de venda do infractor.
Artigo 10º
1. A moldura das multas previstas nos artigos antecedentes passa a ser de 25 000$ a
250 000$, quando a infracção tenha sido praticada em estabelecimentos comerciais, indus-
triais, hoteleiros e similares ou em instalações de serviços públicos.
2. Nos casos do n.º 1 é pessoalmente responsável pela infracção e pelo pagamento da
multa o gerente, chefe ou dirigente do estabelecimento ou serviço legal ou especificamente
encarregado da sua limpeza, higiene e fiscalização sanitária ou, quando não exista, o chefe
ou dirigente máximo do estabelecimento ou serviço.
Artigo 11º
1. Os estabelecimentos comerciais, industriais, hoteleiros e similares e os serviços
públicos que não se encontrem em estado de devido asseio ou não obedeçam às condições
higiénico-sanitárias estabelecidas pela autoridade sanitária do concelho, ouvida a respec-
tiva câmara municipal, estão sujeitos a multa de 25 000$ a 100 000$ e ficam obrigados a
providenciar pelo suprimento das falhas, no prazo fixado pela autoridade competente que
as tiver detectado, sob pena de encerramento do estabelecimento ou serviço, até que as
mesmas tenham sido supridas.
2. Quando a falta de asseio ou das condições higiénico-sanitárias for de molde a colo-
car em grave perigo a saúde publica, poderá a autoridade sanitária do concelho determinar
1234
Decreto-Lei n.º 52/95, de 26 de Setembro
1235
Decreto-Lei n.º 52/95, de 26 de Setembro
remetendo os autos às entidades competentes quando lhes não incumba a aplicação das
correspondentes sanções, efectuar as apreensões e adoptar outras medidas cautelares ou
urgentes que se imponham.
3. A aplicação das sanções previstas no presente diploma compete ao Presidente da
Câmara Municipal e ao Delegado de Saúde no concelho onde a infracção tiver ocorrido.
4. A competência referida no nº 3 pode ser delegada, respectivamente, em vereadores
ou em pessoal técnico da delegacia de saúde.
Artigo 15º
O presente diploma entra imediatamente em vigor.
Visto e aprovado em Concelho de Ministros
Carlos Veiga — Mário Silva — António Gualberto do Rosário — Helena Semedo —
Teófilo Figueiredo Silva — José António Pinto Monteiro — João Medina.
Promulgado em 20 de Setembro de 1995.
Publique-se.
O Presidente da República, ANTÓNIO MASCARENHAS GOMES MONTEIRO.
Referendado em 20 de Setembro de 1995.
O Primeiro Ministro, Carlos Veiga.
1236
Decreto-Lei n.º 52/95, de 26 de Setembro
ÍNDICE
1237
Decreto-Lei n.º 52/95, de 26 de Setembro
1238
Decreto-Lei n.º 52/95, de 26 de Setembro
1239
Decreto-Lei n.º 52/95, de 26 de Setembro
1240
Decreto-Lei n.º 52/95, de 26 de Setembro
1241
Decreto-Lei n.º 52/95, de 26 de Setembro
1242