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FUNDAMENTOS DE ELETROFISIOLOGIA:
POTENCIAIS DE MEMBRANA
Edson Delattre
Delattre E. Fundamentos de eletrofisiologia: potenciais de membrana. Medicina (Ribeirão Preto) 2007; 40 (3):
378-93, jul./set.
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Medicina (Ribeirão Preto) 2007; 40 (3): 378-93, jul./set. Fundamentos de eletrofisiologia: potenciais de membrana
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Fundamentos de eletrofisiologia: potenciais de membrana Medicina (Ribeirão Preto) 2007; 40 (3): 378-93, jul./set.
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termina a excitabilidade neuromuscular. Alguns estu- dos músculos lisos e estriados, a eletrofisiologia cardí-
dos demonstraram uma associação positiva entre die- aca e a função tubular renal, dentre outras aplicações.
tas ricas em potássio e o controle da pressão arterial, Obviamente, não se pretende abranger todo o
assim como a prevenção de acidentes vasculares ce- assunto, mas sim fornecer os fundamentos indispen-
rebrais11. Igualmente, o potássio está implicado na ati- sáveis à continuidade desse estudo.
vidade marca-passo cardíaca e na fisiologia de mús-
culos lisos, bem como é fundamental para a homeos- 3- OBJETIVOS OPERACIONAIS
tase glicêmica. O potássio exerce ações hepáticas e
integra uma alça de retroalimentação negativa, que Ao final do estudo, o usuário será capaz de:
controla a secreção pancreática de insulina, bem como
a atividade da bomba de Na+/K+ATPase, nas células em a) Esquematizar e explicar a geração de potenciais
geral. Por outro lado, também atua na síntese protéica de difusão.
e participa de reações enzimáticas12. Alterações no b) Esquematizar e explicar o desenvolvimento, a ma-
gradiente de potássio, tipicamente resultantes de mu- nutenção e o significado conceitual do equilíbrio
danças no potássio extracelular, podem ser extrema- eletroquímico de um íon.
mente importantes, tanto fisiologicamente, quanto cli- c) Esquematizar e explicar o surgimento e a manu-
nicamente 3 . tenção de um potencial de equilíbrio eletroquímico
O sódio é fundamental no controle da osmotici- de um íon.
dade, além de participar na geração da atividade elé- d) Explicar o princípio da eletroneutralidade nas cé-
trica em diferentes tecidos excitáveis. Já o cloreto é lulas, na geração de potenciais elétricos.
bombeado ativamente para compor o suco gástrico, e) Utilizando as figuras deste estudo, explicar de que
além de participar, tanto do controle da pressão forma alterações das concentrações iônicas, intra
osmótica dos líquidos extracelulares, quanto da pres- e extracelulares de potássio, sódio e cloreto inter-
são arterial. ferem no potencial de equilíbrio eletroquímico de
Os íons fluem através das membranas, em gran- cada íon.
de parte, percorrendo diferentes canais. Os canais f) Aplicar a equação de Nernst e explicar o seu sig-
iônicos estão presentes nos seres vivos, de bactérias nificado prático.
até mamíferos. São responsáveis pela transmissão elé- g) Aplicando a equação de Nernst, explicar as alte-
trica em todo o sistema nervoso e participam de inú- rações do potencial de membrana após aumento
meros processos fisiológicos e bioquímicos, como con- ou redução das concentrações iônicas, nos líqui-
tração muscular, secreção de neurotransmissores e dos extra e intracelulares.
hormônios, dentre muitos outros13. h) Aplicar a equação do campo constante de
A utilização de novas técnicas e ferramentas Goldman, Hodgkin e Katz (equação de Goldman),
avançadas de Biofísica, Eletrofisiologia e Biologia no cálculo de potenciais de membrana.
Molecular permitiu que se conhecesse a estrutura e o i) Aplicando as equações de Nernst e de Goldman,
funcionamento dos canais iônicos, base molecular e determinar os efeitos de alterações da temperatu-
fundamental para a ocorrência dos fenômenos eletro- ra nos potenciais de equilíbrio eletroquímico de íons,
fisiológicos. Não obstante, o conhecimento da essên- bem como nos potencias de membrana.
cia dos fenômenos elétricos nos seres vivos depende j) Explicar a razão das diferenças de valores dos po-
do entendimento de processos e conceitos básicos, tais tenciais de membrana, em diferentes células.
como: potenciais de difusão; equilíbrio eletroquímico; l) Explicar por que o potencial de membrana de as-
potenciais de equilíbrio eletroquímico e potenciais de trócitos apresenta valor igual àquele do potencial
membrana, além dos potenciais de ação, não tratados de equilíbrio eletroquímico do potássio.
neste estudo. m) Explicar por que o potencial de membrana de neu-
rônios e células musculares apresenta valor próxi-
2- OBJETIVO GERAL mo àquele do potencial de equilíbrio eletroquímico
do potássio.
Enfocar os princípios físico-químicos da Eletro- n) Explicar por que o potencial de membrana das
fisiologia, fornecendo a base para se estudar a neuro- células em geral apresenta valor igual àquele do
fisiologia, a atividade elétrica das células endócrinas e potencial de equilíbrio eletroquímico do íon cloreto.
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o) Explicar, com base nos gradientes químicos de (a) o alcance deste estudo e (b) algumas das possíveis
potássio, por que as alterações de concentração aplicações dos conhecimentos obtidos na Eletrofisio-
desse cátion, nos líquidos extra e intracelulares, logia básica.
provocam mudanças no potencial de membrana. Diversos insets são incluídos, visando reforçar
p) Calcular os valores do potencial de membrana, si- conceitos essenciais, bem como destacar aspectos
mulando alterações das concentrações do potás- interessantes sobre o tema.
sio. O gabarito das questões e as referências bi-
q) Simulando alterações da permeabilidade da mem- bliográficas encerram o estudo. Por se tratar de um
brana aos íons sódio e potássio, calcular os poten- instrumento de ensino-aprendizagem e, não, de uma
ciais de membrana resultantes. simples avaliação, cada resposta deve ser conferida
r) Explicar por que o potencial de membrana é um e, eventualmente, reavaliada após a análise de cada
potencial dissipativo, ao contrário dos potenciais de questão.
equilíbrio eletroquímico. Para efeitos didáticos, são aqui consideradas
s) Justificar a importância dos gradientes iônicos atra- padrões as concentrações extracelulares de K+ = 4 mM;
vés da membrana plasmática, para a homeostase Na+ = 140 mM e Cl- = 130 mM, bem como os valo-
celular e orgânica. res intracelulares de K+ = 140 mM; Na+ = 15 mM e
t) Explicar a atuação da bomba de Na+/K+ATPase na Cl- = 10 mM.
manutenção dos gradientes iônicos transmem-
branares. 5- INSTRUMENTO
u) Explicar os efeitos celulares da ativação ou inibi- Condição I: Uma célula teórica (I), cuja
ção da bomba de Na+/K+ATPase , por diferentes fa- membrana plasmática é permeável unicamente ao K+,
tores (v.g. íons, hormônios, baixas temperaturas, apresenta um gradiente transmembranar desse íon, de
anóxia, fármacos, venenos metabólicos). 140 mM (intracelular) para 4 mM (extracelular).
v) Aplicar os fundamentos da eletrofisiologia na ex- Ambos os compartimentos são eletroneutros. Para
plicação de: simplificação didática, os ânions (contra-íons) e os
v1) certas alterações fisiopatológicas (v.g. no dia- demais cátions foram omitidos.
betes mellitus; na insuficiência renal crônica).
v2) determinados fenômenos celulares (v.g. inati- [K+]i = 140 mM
vação de canais de K+ATP para a secreção de
insulina pelas células beta; ativação farmacoló- [K+]e = 4 mM
gica desses canais).
Partindo-se da situação hipotética em que não
4- PLANO GERAL DO INSTRUMENTO há diferenças de cargas elétricas entre o intra e o ex-
O presente estudo consiste, basicamente, de tracelular a diferença de potencial é zero , per-
uma seqüência lógica, articulada e hierarquizada de gunta-se:
questões objetivas de múltipla escolha, de resposta 1- O fluxo inicial resultante de K+ para fora da célula,
única, que visam estimular o estudante a descobrir, por difusão, é determinado, essencialmente, pelo
por meio do raciocínio lógico-dedutivo, as bases físi- gradiente do potencial:
co-químicas da geração e manutenção dos potenciais a) Elétrico.
de membrana. Trata-se de uma proposição delibera- b) Químico (i.e. gradiente de concentração).
damente elementar, mas que visa apresentar, precisa- c) Eletroquímico.
mente, os fundamentos da Eletrofisiologia, de manei- A difusão de íons a favor de gradientes de concen-
ra a serem mais facilmente compreendidos. O instru- tração é a mais importante causa de manifestação
mento inclui questões redundantes ou verificadoras, elétrica em sistemas biológicos4.
em ciclos, que permitem retomar, reavaliar e consoli-
dar aspectos já enfocados, em momentos anteriores. 2- A carga elétrica resultante, no interior da célula,
Na sua parte final, são apresentadas questões com o passar do tempo será:
específicas, de cunho prático, em referência a varia- a) Nula.
dos setores da Fisiologia. São enfocados aspectos fi- b) Positiva.
siopatológicos e farmacológicos, visando demonstrar: c) Negativa.
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Apesar da separação de cargas capacitância da Em conjunto, as forças dos gradientes de potencial quí-
membrana plasmática, o princípio da neutralidade elé- mico e de potencial elétrico somam-se algebricamente,
trica não é violado, já que o volume citoplasmático e o resultando no que se conhece como gradiente eletro-
fluido extracelular são eletricamente neutros, com químico.
igual número de cargas positivas e negativas. A sepa-
ração de cargas ocorre somente em uma região muito 5- O gradiente de potencial elétrico crescerá até que:
estreita, com menos de 1 µm de espessura, em ambos a) As concentrações de K+ se igualem, através da
os lados da membrana (nuvem iônica superficial). Além membrana.
disso, o número de cargas separadas representa uma b) Ocorra a inversão das concentrações de K+,
fração insignificante do total de cargas positivas e ne- através da membrana.
gativas intracelulares14. c) A força do gradiente de potencial químico exis-
tente seja contrabalançada pela força do gradi-
3- A força que se opõe à saída de K+ resulta do gra- ente de potencial elétrico.
diente de potencial:
O gradiente de potencial elétrico, criado pela difusão
a) Elétrico
b) Químico do K+, impede a continuação desse processo de difusão,
c) Eletroquímico sendo atingido rapidamente um equilíbrio, no qual a
força de difusão, no sentido do meio extracelular, cria-
A combinação de gradientes iônicos transmembrana- da pela diferença de concentração, é equilibrada por
res com permeabilidade diferencial a íons é a base para uma força elétrica, agindo no sentido oposto. A quanti-
a geração de diferenças de voltagem. dade de íon que se move através da membrana iso-
Potencial de difusão é a diferença de voltagem origi- lante dielétrico é balanceada por uma quantidade
nada da separação de cargas resultante da difusão de igual do contra-íon, no outro lado da membrana. A mem-
partículas carregadas em uma solução. brana é literalmente carregada ao potencial de equilí-
brio e age como um capacitor15.
Membranas biológicas comportam-se como capacitores
elétricos porque separam e acumulam cargas elétri- 6- O estado atingido, quando a força do gradiente de
cas5. potencial elétrico chega ao seu máximo, denomi-
na-se equilíbrio:
3a- Faça quatro esquemas semelhantes àquele da fi- a) Químico.
gura acima (célula teórica I). No 1° esquema, indi- b) Elétrico.
que a situação inicial (tempo = zero). No 4°, indi- c) Eletroquímico.
que a situação de equilíbrio. Em cada esquema,
indique: (a) as alterações progressivas de carga A quantidade de K+ que deixa a célula, para produzir o
elétrica, no intra e no extracelular; (b) usando ve- potencial de equilíbrio, é tão pequena que não pode ser
tores traçados em diferentes padrões ou cores, medida quimicamente, apesar do substancial efeito elé-
indique as forças dos dois gradientes, bem como a trico que provoca. Assim, basta que apenas 1/100 000
força resultante, para difusão do potássio; (c) in- (i.e., 0,001%) do K+ intracelular se difunda através da
dique, para cada esquema, um valor arbitrário e membrana celular para estabelecer o potencial de equi-
coerente de potencial membranar resultante, no líbrio eletroquímico (EK+) (v.g. 90 a −100mV). Para
intervalo entre zero e −95 mV. alterar o potencial de membrana em 100 mV, há neces-
sidade de um aumento de apenas cerca de 6000 cargas
4- Na questão 3, o gradiente de potencial elétrico cres- positivas em um lado da membrana e de 6000 cargas
ce, a partir do instante zero, porque: negativas do outro lado, por micrometro quadrado15,16.
a) Parte dos ânions intracelulares ficam sem os
seus contra-íons (princípio da eletroneutrali- 7- Nesse equilíbrio, medindo-se os fluxos de difusão
dade). do potássio através da membrana, constata-se que:
b) O gradiente de potencial químico, i.e., gradien- a) A sua saída da célula (efluxo) é maior que a
te de concentração, decresce rapidamente. entrada (influxo).
c) O gradiente de potencial químico decresce len- b) Entrada e saída se equivalem.
tamente. c) A entrada na célula é maior que a saída.
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No meio extracelular, a quantidade de cátions excede a atividades que, no conjunto, representam a energética
de ânions em apenas 1 picomol, ocorrendo o inverso no celular. Preservar essas diferenças de distribuição
meio intracelular. Tal quantidade de cátions de um lado iônica significa manter a capacidade de a célula gerar
da membrana, e igual quantidade de ânions do outro potenciais de difusão, potenciais de membrana e, no
lado, representa a distância, em relação à eletroneu- caso das células excitáveis, potenciais de ação. Assim,
tralidade, de cada lado da membrana15. os gradientes iônicos são a base físico-química dos fenô-
menos elétricos celulares.
8- A diferença de potencial que pode ser medida nes-
A quantidade de íons (Na+ ou K+) segregada em um dos
sa condição de equilíbrio é denominada potencial
lados da membrana pode ser comparada ao reservató-
de equilíbrio:
rio de água represada por uma barragem de usina hi-
a) Químico.
drelétrica. Quanto maior a quantidade (concentração)
b) Elétrico.
armazenada e, portanto, maior o gradiente, maior é o
c) Eletroquímico.
potencial. Se a quantidade armazenada se reduz, dimi-
Quando a membrana se encontra no potencial de equi- nui a capacidade de geração energética. O gradiente
líbrio eletroquímico de um íon, embora não haja fluxo representa o potencial energético. Por conseguinte, a
resultante desse íon, o mesmo se difunde continua- magnitude do potencial de membrana será tanto maior
mente através da membrana, nos dois sentidos. quanto maiores forem a concentração e o gradiente
químico do íon mais permeante através da membrana.
9- Se, de alguma forma, a partir do estado de equilí-
Em analogia com a barragem e as comportas de uma
brio eletroquímico do K+, elevássemos instanta-
usina hidrelétrica, nas células tudo se passa como se a
neamente a quantidade de cargas negativas den-
membrana plasmática normalmente represasse as cor-
tro da célula (hiperpolarizássemos a célula), os flu-
rentes iônicas e controlasse precisamente o fluxo por
xos de K+, transitoriamente, sofreriam as seguin-
meio da seleção dos íons que passam pelos canais.
tes alterações:
a) Redução do influxo e aumento do efluxo.
b) Aumento do influxo e redução do efluxo. Condição II: Acrescentando, a partir de ago-
c) Aumento do influxo e manutenção do efluxo. ra, uma outra célula teórica (II), permeável unica-
mente ao K+, que apresenta um gradiente desse íon,
Potenciais bioelétricos podem ser tanto a causa quanto de 140 mM (intracelular) para 8 mM (extracelular),
o resultado dos processos de transporte iônico10. pergunta-se:
É importante notar que, ao se ajustar o potencial celu-
lar para um valor maior do que o potencial de equilíbrio [K+]i = 140 mM
eletroquímico do íon, o fluxo resultante do íon se inver-
[K+]e = 8 mM
te, ocorrendo do compartimento onde está menos con-
centrado para aquele de maior concentração, sendo
11- O maior gradiente de potencial químico é encon-
esse fluxo ascendente determinado pela força elétrica
trado na célula teórica:
imposta.
a) II.
b) I.
10- Se, de alguma forma, a partir do estado de equilí-
c) Não há diferença de gradiente.
brio eletroquímico do K+, reduzíssemos a quanti-
dade de cargas negativas dentro da célula (des-
12- Sendo assim, na situação de equilíbrio, a força do
polarizássemos a célula), os fluxos de K+, transi-
gradiente de potencial elétrico será maior na célu-
toriamente, sofreriam as seguintes alterações:
la teórica:
a) Manutenção do influxo e aumento do efluxo.
a) I.
b) Aumento do influxo e redução do efluxo.
b) II.
c) Redução do influxo e aumento do efluxo.
c) Não haverá diferença nessa força.
O acúmulo relativo de íons K+ no interior das células,
bem como a relativa exclusão do Na+ desse comparti- 13- Como conseqüência, a célula teórica que apre-
mento, originam um potencial químico, crucial para as sentará maior polaridade será a:
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30- As células em geral estão, constantemente, ga- Quando as células excitáveis (v.g. neurônios, miócitos,
nhando Na+ por difusão (influxo maior que efluxo), células endócrinas inter alia) estão quiescentes, o seu
porque apresentam um potencial de membrana: potencial de membrana (Vm) apresenta valor constan-
a) Próximo do potencial de equilíbrio eletroquími- te, sendo denominado potencial de repouso.
co do Na+.
b) Igual ao potencial de equilíbrio eletroquímico 34- No potencial de repouso celular (potencial de
do Na+. membrana) das células em geral, a força elétrica
c) Distante do potencial de equilíbrio eletroquími- é suficiente para impedir que haja uma saída re-
co do Na+. sultante de K+, por difusão?
a) Não é suficiente.
31- As células, em geral, estão permanentemente, b) É exatamente suficiente.
perdendo K+ e ganhando Na+, por difusão. Entre- c) É mais do que suficiente.
tanto, os gradientes iônicos não se alteram, ao longo
do tempo, porque:
a) A bomba de Na+/K+ATPase repõe os íons que Condição IV: Considerando a célula teóri-
fluem por difusão. ca abaixo (IV), permeável unicamente ao Cl- , per-
b) O número de íons que flui por difusão é despre- gunta-se:
zível.
c) Sais de Na+ e de K+ se dissociam e repõem os [Cl- ]i = 10 mM
íons livres que se difundem.
[Cl- ]e = 130 mM
A bomba de Na+/K+ATPase é mais ativa quando aumentam
as concentrações extracelulares de potássio e/ou as
35- O fluxo resultante de Cl- através da membrana
concentrações intracelulares de Na+.
plasmática determinará, com o tempo, o apareci-
Clampear a voltagem significa, por meio da injeção de mento de um valor de potencial de membrana:
corrente elétrica, manter constante a diferença de vol- a) Positivo.
tagem transmembranar. b) Negativo.
c) De equilíbrio químico.
32- Se, experimentalmente, por meio de um clampea-
mento de voltagem, fizermos com que o potencial 36- A partir do início da difusão de Cl-, a força que se
de membrana de uma célula real se torne igual ao opõe a esse fluxo é resultante do gradiente de
potencial de equilíbrio eletroquímico do K+, a difu- potencial:
são resultante desse íon: a) Elétrico.
a) Ocorrerá de fora para dentro da célula. b) Químico.
b) Ocorrerá de dentro para fora da célula. c) Eletroquímico.
c) Será nula.
37- O fluxo resultante de Cl-, através da membrana,
33- Se, por meio de um clampeamento de voltagem, ocorrerá até:
fizermos com que o potencial de membrana de a) O equilíbrio químico.
uma célula real se torne mais negativo que o po- b) O equilíbrio elétrico.
tencial de equilíbrio eletroquímico do K+, a difu- c) Que as forças devidas ao gradiente de poten-
são resultante desse íon: cial químico e ao gradiente de potencial elétri-
a) Será nula. co sejam iguais e de sentidos opostos.
b) Ocorrerá de fora para dentro da célula.
c) Ocorrerá de dentro para fora da célula. 38- Utilizando a equação de Nernst, o potencial de
equilíbrio eletroquímico do cloro (ECl ), calculado
A força do gradiente de potencial elétrico é capaz de para a temperatura de 37 °C, será:
promover a difusão de um íon do meio onde ele está a) 68,5 mV.
menos concentrado para o meio de maior concentração b) 68,5 mV.
desse íon. c) 64,6 mV.
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a) Persistem os fluxos resultantes desses íons. o potencial de equilíbrio eletroquímico do íon (Eíon).
b) Ocorrem, apenas, trocas equivalentes de Na+ Comparando os valores, pode-se concluir que,
e K +. quando a membrana é permeável a um único íon,
c) Com o passar do tempo, os gradientes quími- o potencial de membrana é:
cos sofrem aumento. a) Maior que o Eíon.
b) Menor que o Eíon.
O potencial dado pela equação de Goldman é um poten- c) Igual ao Eíon.
cial dissipativo, que envolve fluxo difusional de íons,
com redução da energia livre do sistema. Se o sistema Enquanto no potencial de equilíbrio eletroquímico de
for abandonado, ele evoluirá para uma condição de mí- um íon há equivalência entre influxo e efluxo iônico, o
nima energia livre. Se a membrana for permeável a potencial de membrana é um potencial dissipativo, no
todos os íons, o potencial final será igual a zero. Caso qual os processos de difusão de K+ e de Na+ apresentam
haja íons impermeantes, poderá ocorrer equilíbrio, com fluxo resultante, em um dos sentidos da membrana.
potencial final diferente de zero4.
55- A bomba de Na+/K+ATPase transporta:
52- No potencial de repouso (Vm), a força gerada pelo a) Na+ para dentro e K+ para fora da célula.
gradiente de potencial elétrico é suficiente para b) Na+ para fora e K+ para dentro da célula.
impedir a difusão resultante de Na+ ? c) Na+ e K+ para dentro ou para fora, dependen-
a) Sim. do dos gradientes químicos de cada íon.
b) Não.
c) Parcialmente. Aumento da concentração extracelular de K+ (hiperca-
lemia) e/ou aumento da concentração intracelular de
O potencial de membrana nas células animais é gerado Na+ estimulam a bomba de Na+/K+ATPase.
em grande parte pelo efluxo de K+ através da membra-
na plasmática10. 56- A função da bomba de Na+/K+ATPase é:
a) Manter os gradientes de potenciais químicos do
53- O potencial de membrana de diversos tipos celu- Na+ e do K+.
lares se aproxima do valor do potencial de equilí- b) Manter a eletroneutralidade nos meios intra e
brio eletroquímico do K+, porque: extracelular.
a) A permeabilidade relativa da membrana ao K+ c) Contrapor-se à manutenção de um potencial
é a maior, dentre os íons permeantes. de repouso da membrana.
b) O gradiente de potencial químico do K+ é o
maior, dentre os três principais íons. 57- Nas células que têm bomba de Na+/K +ATPase
c) Ambas as razões acima. eletrogênica, esta bomba transporta:
a) Dois Na+ para fora e três K+ para dentro da
Nas células musculares esqueléticas o potencial de célula.
membrana é controlado principalmente pelo gradiente b) Dois K+ para dentro e três Na+ para fora.
de concentração de K+. Nessas células e, nas células c) Dois Na+ para fora e um K+ para dentro.
em geral, o Cl- ajusta passivamente suas concentra-
ções no meio intracelular e extracelular, de acordo com Os potenciais elétricos presentes nos seres vivos são,
o nível de potencial existente na membrana, i.e., a dis- na maioria dos casos, gerados através de membranas,
tribuição transmembranar do Cl- é uma conseqüência por mecanismos de difusão (potenciais de difusão),
do potencial celular e, não, o oposto14,20. transportes ativos (potenciais de bombas eletrogênicas)
ou ambos.
54- Utilizando a equação de Goldman, considere uma
situação especial em que a membrana seja per- 58- A bomba de Na+/K+ATPase, de muitas células, é
meável a um único íon (permeabilidade = 1), sen- eletrogênica porque:
do impermeável aos demais (permeabilidades = a) Cria ou intensifica uma diferença de potencial
zero). Calcule o potencial de membrana (Vm). Em através da membrana.
seguida, calcule, utilizando a equação de Nernst, b) Mantém os gradientes iônicos.
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66- A explicação de Prosser, para as ondas lentas 68- Redução da concentração de K+ no LEC (hipo-
(ritmo elétrico básico, com despolarizações perió- calemia) pode provocar fraqueza muscular, câim-
dicas) da musculatura lisa intestinal, baseia-se em bras e até paralisia. Tal fato pode ocorrer durante
uma flutuação, determinada geneticamente, de pro- o uso de certos diuréticos (v.g. furosemida), caso
cessos de oxi-redução, ligados ao Ciclo de Krebs, não se reponha o K+, eliminado em excesso, na
provocando redução do ATP disponível para a urina. Durante aquela redução, as células apre-
bomba de Na+/K+ATPase. O funcionamento dessa sentam:
bomba eletrogênica altera o potencial de mem- a) Despolarização.
brana, de tal maneira que: b) Hiperpolarização.
a) Inibição da bomba despolariza a membrana, até c) Estabilização do potencial de repouso.
gerar potenciais de ação (spikes).
b) Inibição da bomba estabiliza o potencial de 69- Em hemocentros, as bolsas de sangue são estoca-
membrana, gerando spikes. das em temperaturas entre 1º C e 6º C. Em con-
c) Reativação da bomba despolariza a membra- seqüência, é razoável esperar-se que ocorra:
na, até gerar spikes. a) Despolarização da membrana plasmática, nos
elementos figurados (células).
67- A insuficiência renal crônica pode ser fatal, dian- b) Redução da concentração extracelular de K+.
te da menor excreção de potássio na urina. A c) Hiperpolarização celular.
morte decorre da:
a) Hiperpolarização das células do nodo sino-atrial. 70- O aumento da temperatura das bolsas de sangue,
b) Ativação da bomba de Na+/K+ATPase, provoca- antes de uma transfusão, provoca:
da pelas alterações iônicas no LEC. a) Aumento do Na+ intracelular.
c) Despolarização das células do miocárdio. b) Aumento do K+ extracelular.
c) Repolarização celular.
Na década de 50, do século passado, quando ainda não
se fazia hemodiálise, tentava-se salvar o doente forne-
cendo-lhe chicletes e aspirando-se o grande volume de
saliva secretado.
GABARITO
1. b 11. b 21. c 31. a 41. a 51. a 61. c
2. c 12. a 22. a 32. c 42. c 52. b 62. a
3. a 13. a 23. b 33. b 43. b 53. c 63. c
4. a 14. b 24. a 34. a 44. a 54. c 64. a
5. c 15. b 25. b 35. b 45. b 55. b 65. b
6. c 16. a 26. c 36. a 46. c 56. a 66. a
7. b 17. c 27. b 37. c 47. b 57. b 67. c
8. c 18. a 28. c 38. a 48. a 58. a 68. b
9. b 19. b 29. a 39. c 49. c 59. b 69. a
10. c 20. b 30. c 40. a 50. c 60. b 70. c
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Fundamentos de eletrofisiologia: potenciais de membrana Medicina (Ribeirão Preto) 2007; 40 (3): 378-93, jul./set.
Delattre E http://www.fmrp.usp.br/revista
[K+]e = 4 mM
Inicialmente (tempo = zero), a força do gradiente de potencial elétrico é zero. Sendo assim, a força resultante é igual à
força do gradiente de potencial químico.
tempo = 1
[K ]i = 140 mM
+ _ 30 mV
_ _ _ _ K+ _
+ + + + +
+ +
[K ]e = 4 mM K
O efluxo resultante de K+ (efluxo menos influxo) deixa seus contra-íons (negativos) no interior da célula, gerando a força
do gradiente de potencial elétrico, de fora para dentro da célula (30 mV). A força resultante sofre redução. O efluxo de
K+ é maior que o seu influxo.
tempo = 2
+
[K ]i = 140 mM _ 60 mV
_ _ _ _ _ _ _ _ _ K+ _
+ + + + + + + + +
[K+]e = 4 mM K+
A continuidade do efluxo resultante de K+, embora de valor decrescente, promove aumento da força do gradiente do
potencial elétrico (60 mV). A força resultante é progressivamente menor.
(Equilíbrio) tempo = 3
[K ]i = 140 mM
+ _ 95 mV
_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ K+ _ _
+ + + + + + + + + + + + + + + +
[K+]e = 4 mM K +
A força do gradiente do potencial elétrico atinge seu valor máximo (95 mV) e contrabalança a força do gradiente do
potencial químico. A força resultante torna-se nula e se estabelece o equilíbrio eletroquímico. O valor do potencial de
equilíbrio eletroquímico do K+ (EK+) é 95 mV. Efluxo e influxo de K+ se igualam.
Fluxos de
K+
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Medicina (Ribeirão Preto) 2007; 40 (3): 378-93, jul./set. Fundamentos de eletrofisiologia: potenciais de membrana
http://www.fmrp.usp.br/revista Delattre E
Delattre E. Eletrophysiology fundamentals: membrane potentials. Medicina (Ribeirão Preto) 2007; 40 (3):
378-93, july/sept.
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