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Sabe escrever à máquina?

Senhor presidente,
Quando uma jovem se licencia e começa a procurar emprego, confronta-se normalmente com uma
experiência frustrante e mesmo aviltante. Se entrar num escritório, para ter uma entrevista, a primeira pergunta que
lhe fazem é: “Sabe escrever à máquina?”
Por detrás dessa pergunta, espreita em silêncio todo um sistema de preconceitos. Por que motivo é aceitável
que as mulheres sejam secretárias, bibliotecárias ou professoras, mas já é totalmente inaceitável que sejam gestoras,
administradoras, médicas, advogadas ou congressistas?
O pressuposto nunca mencionado é o de que as mulheres são diferentes. Não têm competência
administrativa, não têm um espírito ordenado, falta-lhes estabilidade, não têm capacidades diretivas, além de serem
excessivamente emocionais.
Já houve quem observasse que, durante muito tempo, a sociedade discriminou outra minoria, os negros, com
base nos mesmos pressupostos – de que eles são diferentes e inferiores. […]
Como negra que sou, não desconheço os preconceitos da raça. A verdade, porém, é que o mundo político, fui
muito mais vezes discriminada por ser mulher do que por ser negra.
Os preconceitos contra negros estão a tornar-se inaceitáveis, embora me pareça que vão ser necessários
muitos anos para os eliminar. Mas acabarão por sê-lo, porque a América está lentamente a começar a admitir que
esses preconceitos existem. Já os preconceitos contra as mulheres continuam a ser inaceitáveis. Ainda não há grande
perceção da imoralidade que rege a existência de uma dupla escala remuneratória, bem como a classificação da
maioria dos melhores empregos como empregos “só para homens”.
[…] É por esta razão que desejo apresentar hoje uma proposta que foi apresentada a todos os congressistas
nos últimos 40 anos e que, mais cedo ou mais tarde, terá de se tronar lei neste país – a emenda com vista à igualdade
de direitos.
Permitam-me que refira, e que procure refutar, dois dos argumentos mais comummente apresentados contra
a aprovação desta proposta. Um é o de que as mulheres já se encontram protegidas pela lei, não precisando por isso de
mais legislação. As leis vigentes não chegam para garantir a igualdade de direitos às mulheres. Prova disto é a
concentração de mulheres em cargos de baixa remuneração, em empregos servis e pouco compensadores, e a
incompreensível ausência das mesmas mulheres dos empregos de nível superior. Se as mulheres já são iguais, por que
motivo é um acontecimento uma delas ser eleita para o congresso?
É óbvio que a discriminação existe. As mulheres não têm as mesmas oportunidades que os homens. E as
mulheres que não se conformam com o sistema, que tentam ir de encontro aos padrões estabelecidos, são
estigmatizadas, consideradas “esquisitas”, “pouco femininas”. O facto é que uma mulher que aspire a ser diretora, ou
deputada, o faz exatamente pelas mesmas razões por que um homem o faz. Basicamente, porque acha que consegue
desempenhar esse cargo, e está interessada em tentar.
Um segundo argumento que muitas vezes se ouve contra a aprovação da emenda com vista à igualdade de
direitos é o de que eliminaria a legislação que muitos Estados, bem como o governo federal, aprovaram já – legislação
essa que confere especial proteção às mulheres – e lançaria o caos sobre as leis do casamento e do divórcio.
Quanto às leis do casamento, bem precisam de uma grande reforma, e um excelente começo seria eliminar
por completo as que estão em vigor. Quanto à proteção especial a conferir às mulheres que trabalham, não consigo
compreender a sua necessidade. As mulheres não precisam de mais proteção que os homens. Aquilo de que temos
necessidade é de leis que protejam quem trabalha, para garantir salários justo, condições de trabalho seguras, proteção
contra a doença e os despedimentos, previsão de reforma dignas e confortáveis. E tanto os homens como as mulheres
precisam destas coisas. A ideia de que um dos sexos precisa de ser mais protegido do que o outro é um mito da
supremacia masculina, tão ridículo e absurdo como os mitos de supremacia branca de que a sociedade está atualmente
a tentar libertar-se.
Shirley Chisholm, discurso dirigido à Camara dos Representantes, em maio de 1969 (texto com supressões)

Nota:
Shirley Chisholm nasceu a 30 de novembro de 1924, em Nova Iorque. Cursou sociologia e educação infantil e foi diretora do Hamilton Madison Child
Care Center, antes de se dedicar à política. Em 1969, veio a ser a primeira congressista negra, tendo apiado a Emenda com vista á Igualdade de
direitos. Morreu a 1 de janeiro de 2005.
Sabe escrever à máquina?

Senhor presidente,
Quando uma jovem se licencia e começa a procurar emprego, confronta-se normalmente com uma
experiência frustrante e mesmo aviltante. Se entrar num escritório, para ter uma entrevista, a primeira pergunta que
lhe fazem é: “Sabe escrever à máquina?”
Por detrás dessa pergunta, espreita em silêncio todo um sistema de preconceitos. Por que motivo é aceitável
que as mulheres sejam secretárias, bibliotecárias ou professoras, mas já é totalmente inaceitável que sejam gestoras,
administradoras, médicas, advogadas ou congressistas?
O pressuposto nunca mencionado é o de que as mulheres são diferentes. Não têm competência
administrativa, não têm um espírito ordenado, falta-lhes estabilidade, não têm capacidades diretivas, além de serem
excessivamente emocionais.
Já houve quem observasse que, durante muito tempo, a sociedade discriminou outra minoria, os negros, com
base nos mesmos pressupostos – de que eles são diferentes e inferiores. […]
Como negra que sou, não desconheço os preconceitos da raça. A verdade, porém, é que o mundo político, fui
muito mais vezes discriminada por ser mulher do que por ser negra.
Os preconceitos contra negros estão a tornar-se inaceitáveis, embora me pareça que vão ser necessários
muitos anos para os eliminar. Mas acabarão por sê-lo, porque a América está lentamente a começar a admitir que
esses preconceitos existem. Já os preconceitos contra as mulheres continuam a ser inaceitáveis. Ainda não há grande
perceção da imoralidade que rege a existência de uma dupla escala remuneratória, bem como a classificação da
maioria dos melhores empregos como empregos “só para homens”.
[…] É por esta razão que desejo apresentar hoje uma proposta que foi apresentada a todos os congressistas
nos últimos 40 anos e que, mais cedo ou mais tarde, terá de se tronar lei neste país – a emenda com vista à igualdade
de direitos.
Permitam-me que refira, e que procure refutar, dois dos argumentos mais comummente apresentados contra
a aprovação desta proposta. Um é o de que as mulheres já se encontram protegidas pela lei, não precisando por isso de
mais legislação. As leis vigentes não chegam para garantir a igualdade de direitos às mulheres. Prova disto é a
concentração de mulheres em cargos de baixa remuneração, em empregos servis e pouco compensadores, e a
incompreensível ausência das mesmas mulheres dos empregos de nível superior. Se as mulheres já são iguais, por que
motivo é um acontecimento uma delas ser eleita para o congresso?
É óbvio que a discriminação existe. As mulheres não têm as mesmas oportunidades que os homens. E as
mulheres que não se conformam com o sistema, que tentam ir de encontro aos padrões estabelecidos, são
estigmatizadas, consideradas “esquisitas”, “pouco femininas”. O facto é que uma mulher que aspire a ser diretora, ou
deputada, o faz exatamente pelas mesmas razões por que um homem o faz. Basicamente, porque acha que consegue
desempenhar esse cargo, e está interessada em tentar.
Um segundo argumento que muitas vezes se ouve contra a aprovação da emenda com vista à igualdade de
direitos é o de que eliminaria a legislação que muitos Estados, bem como o governo federal, aprovaram já – legislação
essa que confere especial proteção às mulheres – e lançaria o caos sobre as leis do casamento e do divórcio.
Quanto às leis do casamento, bem precisam de uma grande reforma, e um excelente começo seria eliminar
por completo as que estão em vigor. Quanto à proteção especial a conferir às mulheres que trabalham, não consigo
compreender a sua necessidade. As mulheres não precisam de mais proteção que os homens. Aquilo de que temos
necessidade é de leis que protejam quem trabalha, para garantir salários justo, condições de trabalho seguras, proteção
contra a doença e os despedimentos, previsão de reforma dignas e confortáveis. E tanto os homens como as mulheres
precisam destas coisas. A ideia de que um dos sexos precisa de ser mais protegido do que o outro é um mito da
supremacia masculina, tão ridículo e absurdo como os mitos de supremacia branca de que a sociedade está atualmente
a tentar libertar-se.
Shirley Chisholm, discurso dirigido à Camara dos Representantes, em maio de 1969 (texto com supressões)

Nota:
Shirley Chisholm nasceu a 30 de novembro de 1924, em Nova Iorque. Cursou sociologia e educação infantil e foi diretora do Hamilton Madison Child
Care Center, antes de se dedicar à política. Em 1969, veio a ser a primeira congressista negra, tendo apiado a Emenda com vista á Igualdade de
direitos. Morreu a 1 de janeiro de 2005.

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