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“Quer, quer, todo mundo


quer Umbanda, mas ninguém
sabe o que é Umbanda!”
Ponto Cantado de Pai Antônio,
Zélio de Moraes

A identificação com a Umbanda basta


para criar esta pertença umbandista,
com ou sem ritual de batismo, sendo ou
não médium de incorporação, qualquer
um pode se identificar com este universo
e assumir esta identidade, afirmar “sou
umbandista”, e de fato é e ninguém
pode negar isso.

Um simples frequentador (consulente) pode se considerar “um-


bandista praticante” e “religioso umbandista”. Mesmo aquele
que crê em seus valores (da Umbanda) e não frequenta nenhum
templo de Umbanda pode se dizer “umbandista não praticante”.

Frequentar um templo, mesmo que apenas para assistir ou tomar


um passe já lhe faz praticante.

A palavra do caboclo, o cachimbo do preto velho, o doce da criança


são sua “comunhão com o sagrado”, sua “hóstia consagrada” para
falar uma linguagem mais “católica”. Sua frequência, sua reza, sua
vela e sua fé colocada em prática lhe faz “religioso”, de uma nova
e libertadora religiosidade, a “religiosidade umbandista”.
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Por isso é tão fácil ser umbandista, mas não é tão fácil entender a
Umbanda e seus fundamentos.

Além das diversas dificuldades em adquirir o saber ou conheci-


mento umbandista, era comum o frequentador, fiel, praticante
ou médium ser confrontado com um subterfúgio, um adágio da
ignorância, as frases que não calavam nunca:

Era muito comum ouvir


“Não é hora estas duas frases da boca
de você saber!” de um dirigente espiritual,
quase sempre ao questio-
nar o porque da “Doutrina
“Você não e Ritual de Umbanda”.
está pronto.”
O ar de mistério, o olhar
inquisidor e a postura de superioridade deveriam emoldurar o qua-
dro em que um dirigente tenta subjugar um adepto da Umbanda.
Apenas com esta postura contraria a tudo na lei do aprendizado,
conhecer e multiplicar.

Afinal, conhecimento só tem valor quando a gente expande por


meio da transmissão ao maior número de pessoas. Na verdade o
que acontece quase sempre é que o dirigente do dirigente, ou seja
aquele que deveria lhe ter preparado já se utilizava deste adágio
de que você não está pronto, não é sua hora ainda.
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Muitos morreram repetindo isso e seus discípulos mesmo sem ter


as respostas repetem a velha afirmação, fazendo caras e bocas
como se fossem portadores de um segredo fechado a sete chaves,
uma para cada linha claro.

No entanto, Umbanda não é religião de segredos e aqueles que


são adeptos do segredo, na Umbanda, só tem a esconder a sua
própria ignorância.
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Muitos médiuns e dirigentes de
Umbanda acreditam que basta
incorporar seus Guias para que eles
comecem a trabalhar no atendimento
às pessoas que vão aos centros em busca de auxílio.

Mas isso não é verdade e antes de um


médium começar a dar atendimento ele
deve firmar seus Guias nos seus campos de
atuação, sob a irradiação dos Orixás que os
regem e sustentam seus trabalhos.

Mesmo que um médium já esteja incorpo-


rando muito bem seus Guias, ainda assim
é preciso que ele firme todos antes de
começar a dar passes e consultas e, em
hipótese alguma, deve deixar para depois
estes procedimentos básicos e indispensá-
veis a um bom trabalho de atendimento às
pessoas necessitadas.

Sim! Sem estar com todas as suas forças espirituais muito bem
identificadas e firmadas em seus campos vibratórios, de já terem
seus colares ou guias de trabalho cruzadas e consagradas, de já
terem riscado seus pontos de firmeza, não se deve permitir a um
médium novo que dê atendimento às pessoas dentro de um centro.

E isso por duas razões:


1ª- Só com as forças devidamente firmadas poderão fazer um bom
trabalho para os necessitados, por que contarão com a cobertura
dos Orixás que regem o campo em que atuam.
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2ª- Só com suas forças espirituais
bem firmadas um médium pode mexer
com certas forças que entram com as
pessoas que precisam ser ajudadas.

Se dou esse alerta é porque já estou cansado de ver médium ficar


1, 2, 3 anos frequentando os centros, girando e ajudando os traba-
lhos sem que tenham ido à natureza
firmar corretamente as suas forças
espirituais, que querem trabalhar,
mas não podem mexer com coisas
pesadas porque seus médiuns não
têm o preparo necessário.

Durante o desenvolvimento, sem


pressa e só após o Guia se identificar,
é dever, é obrigação do médium
firma-lo em seu campo vibratório
na natureza (e fazer bem feito essa
firmeza), dando ao Guia os recursos necessários para que ele tenha
meios de ajudar as pessoas necessitadas.

Mas não adianta ‘só ir’ à natureza e dar uma oferenda ao Guia que
tudo estará resolvido. Não mesmo! É preciso que a firmeza seja
feita dentro de certos procedimentos para que tenha validade.

Procedimentos para firmar


a força de um Preto Velho (a) no Campo Santo:
1º – Adquirir todos os elementos necessários: Comidas e bebidas
de Preto Velho, velas e flores de crisântemos brancos.
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Comidas: Bolo de
fubá, arroz doce, can-
jica, pipocas estoura-
das e sem sal.

Bebidas: Café, água,


vinho licoroso branco,
água de côco.
Tudo em acordo com o que o Guia pedir
ou intuir ao seu médium.

Velas: 7 velas brancas para o círculo da oferenda. Mais uma vela


branca para Pai Obaluayê, uma vermelha para Pai Ogum Megê e
uma amarela para Mãe Iansã que deverão ser acesas em triân-
gulo (antes de se fazer a oferenda ao Preto Velho), na frente do
Cruzeiro das Almas, e dentro dele o médium deve colocar uma
vela branca para si e pedir a benção e a proteção destes Orixás.

2º – Após firmar os Orixás em triângulo, o médium os saúda, pede-


lhes a benção e a proteção. Depois pede licença para firmar seu
Preto Velho no Campo Santo.

3º – Depois recua 7 passos largos para traz dando o primeiro com


o pé direito e também o sétimo. Ajoelha, cruza o solo com a mão
direita, saúda seu Preto Velho ou sua Preta Velha e lhe pede licença
para firmar ali, diante do Cruzeiro das Almas, a sua força.

4º – A seguir, pega os elementos e começa a fazer a firmeza: acende


as velas brancas em círculo, coloca um pedaço de pano branco
sobre o solo e deposita em cima dele um alguidar ou um prato de
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papelão com as pipocas, cruza-as
com o mel; a seguir coloca os ramos de
crisântemos brancos entre as velas, e com as flores viradas para
o lado de fora do círculo de velas. A seguir, coloca as comidas e
as bebidas ao redor do alguidar, com cada um dos elementos
acondicionados dentro de um recipiente adequado e biodegra-
dável (os vasilhames usados para leva-los devem ser recolhidos
pelo médium).
5º – Após fazer a firmeza o médium deve cantar pontos ao seu Preto
Velho (a) ou fazer uma oração, pedindo lhe que firme suas forças
no Campo Santo, para que possa, já firmado, incorporar no Centro
e fazer a caridade espiritual ajudando os necessitados.
6º – Caso o Preto Velho incorpore, o cambone ou a pessoas que
estiverem o acompanhando devem atendê-lo, conversar com ele
e servi-lo com o que ele pedir.
7º – Depois, o médium dever pedir a benção e o axé dele, dar 7
passos para trás e se retirar.

Observação: O médium deve pedir licença


na porteira para entrar e para sair do Campo
Santo e sua firmeza deve ser feita com res-
peito, reverência e muito amor no coração,
pois é um ritual sagrado de Umbanda essa
firmeza de forças e, assim como ele é neces-
sário, ele também trará inúmeros benefícios
para o médium que o fizer.

Texto extraído do livro “Rituais Umbandistas:


Oferendas, firmezas e assentamentos”,
de Rubens Saraceni. Editora Madras.
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As pessoas não imaginam como é
grande a influência espiritual nos
encarnados, em todos os sentidos, desde o excesso de bebida
alcóolica, sexo, doenças mentais e físicas.

Durante um passeio de automóvel, Yedda estava calada, deixando


transparecer alguma preocupação. Pensei ser algum problema na
escola, onde era a diretora. Quebrei o silêncio:

- O que te preocupa? – perguntei.

- É uma professora – esclareceu.

- Encrenca? – arrisquei.

Ela me contou a razão de sua tristeza. Na escola uma das profes-


soras estava passando por um problema enorme. A professora,
ainda bem jovem, morava com sua irmã, casada.

Há algum tempo, o cunhado começou a demonstrar ciúmes


dela, não a deixando sair com amigos, vigiando seus passos,
aliás, comportamento totalmente estranho e inadequado para a
situação, até que o inevitável aconteceu: declarou seu amor por
ela, sua cunhada.

Não havia outra maneira a não ser ter que se mudar, extremamente
magoada, diante do absurdo deste amor. Como contar à sua irmã?
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Deveria esclarecer a razão de sua
saída, ou, para não magoa-la, esconder
esta faceta suja daquele que era seu marido?

À medida que minha mulher relatava a situação, eu ia tendo uma


intuição muito forte. Perguntei:

- A moça é uma chinesa, alta, bonita, com cabelos pretos, longos


e bem tratados?

- A descrição se encaixa, exceto a nacionalidade. Não é chinesa,


mas seu apelido é China – esclareceu.

- Diga para a moça ter paciência que, provavelmente, poderemos


resolver. Do lado dela está o espírito de um moço moreno, por ela
apaixonado, que se en-
volve em seus cabelos e
tenta um relacionamento
sexual – esclareci.

- Mas como pode um es-


pírito ter relacionamento
desta espécie?

- Ele não pode, e aí é que


existe o perigo. O espírito tem a emoção e precisa provocar o
relacionamento para se embriagar no êxtase.

Ele obsidiou o cunhado da moça, influenciando sua cabeça e des-


pertando esta paixão que não existia nele, e sim no próprio espírito.
Se acontecer o relacionamento, ele será, com certeza, um parceiro
na cama do casal. Mas vamos torcer para reverter este quadro.

O médium, em ocasiões como esta, e também em algumas até


de forma inconsciente, atrai para si a energia do espírito obsessor,
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neutralizando temporariamente
a ação dele no obsediado.

Na sessão seguinte preparei-me para atrair o espírito. Mentalizei a


conversa com a Yedda na cena vista intuitivamente.

Não demorou muito, um dos médiuns de nossa corrente incorporou


a entidade. Gritava e afirmava não se afastar de onde estava. Às
vezes dizia estar envolvido naqueles cabelos negros e longos. Era
o amor que procurava. Ninguém iria prejudicá-lo ou desviá-lo de
seu intento, já quase conquistado.

Ele esqueceu-se da força de Jesus. Nós, simples médiuns, cheios


de defeitos, mas imbuídos da vontade de ajudar nossos seme-
lhantes, conseguimos, com a graça de Deus, afastar a entidade
e encaminhá-la, através dos nossos Guias, para um hospital do
espaço. Foi concluído o trabalho. No dia seguinte, minha mulher
dava a notícia.

A professora estava radiante. Seu


cunhado rogou-lhe para não sair
de casa e jurou-lhe todo o respeito
que sempre lhe dedicou. Não sabia
como chegou aquele ponto, quase
de loucura. Mas caiu na realidade e
não sabia como se desculpar.

Afirmou amar a sua irmã e não sabe


o que lhe tinha acontecido. Ele não
sabia, mas nós tínhamos a consci-
ência do afastamento do obsessor pecaminoso. Até hoje a moça
desconhece a realização do trabalho deste grupo espírita que
atuou no anonimato.
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No caso anterior, o espírito sabia
estar desencarnado e tinha
conhecimento de como manipular as energias da matéria.

Não era ruim, apenas perdido, sem orientação e voltado para as


banalidades de uma vida comum e devassa, e não tinha nenhuma
ligação com a família na qual, vibratoriamente, ligou-se. Espíritos
desse tipo, como também os espíritos familiares, são fáceis de
serem encaminhados.

O Terreiro do Pai Maneco foi fundado por


Pai Fernando de Ogum, (Fernando Macedo
Guimarães) em 1987 e pratica a Umbanda Pés
no Chão, sem misticismos.
E, mesmo após o seu desencarne em 2012,
a casa continua a ter como premissas a obe-
diência aos espíritos, o respeito à natureza
e ao livre arbítrio. Não permite a cobrança
por atendimentos, não faz amarrações,
adivinhações, tampouco usa sangue em
seus trabalhos.

O texto “Obsessão” faz parte do excelente livro


“Grifos do Passado” de autoria do Pai Fernando Guimarães
e que pode ser baixado gratuitamente no site:

www.paimaneco.org.br
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“A Umbanda é como
a água, que pode ser
colocada nas mãos
quando dobradas em
formato de concha.

Porém, basta o mo-


vimento de fechar os
dedos e ela já se es-
vai... a mediunidade de
incorporação é a própria fluidez dessa água, é como um rio: você
nunca passa pelo mesmo lugar, pela mesma água; cada experiên-
cia é única e diferente. Não podemos capturar essa água, não po-
demos capturar um pedaço desse rio, apenas podemos viver esse
fenômeno, sabendo que a uma experiência não é igual a outra.”

O conceito acima pertence a Pai Alexandre Cumino e compõe um


dos capítulos do livro Médium: Incorporação não é possessão (Ed.
Madras), e foi escrito baseado em uma das falas de Dra. Patrícia
Ricardo de Souza (primeiro trecho) durante aula de curso superior
em Ciências da Religião.

Começamos a leitura de hoje com a reflexão desse trecho da obra


de Pai Alexandre, pois é imprescindível entender que a experiência
mediúnica é algo muito particular e na Umbanda ela acontece com
mais proeminência por meio da incorporação dos Guias/Mestres –
espíritos humanos e/ou dos Orixás – seres naturais pertencentes
a outra dimensão.
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ORIXÁS NATURAIS
Bom, como o tema do nosso texto de hoje é a fundamentação da
incorporação dos Orixás na Umbanda, vamos nos propor a explicar
sobre esse fenômeno e como os seres naturais são conceituados
na obra de Pai Rubens Saraceni.
No livro Os Arquétipos da Umbanda (Ed. Madras),
Pai Rubens explica que tudo é gerado por Deus e
dentro disso encontramos as naturezas dos seres,
dentre elas a divina, natural e a espiritual.
A distinção entre as naturezas acontece, pois cada
forma de vida é gerada por padrões vibratórios
diferentes. Em um comparativo com a realidade
desse plano, poderíamos pontuar essas naturezas
como as “raças” dos povos.
Os padrões vibratórios das naturezas, por sua vez,
sempre estarão ligados aos Orixás Maiores (indi-
vidualizações de Deus) e é a partir da imantação
dessas divindades que se formam as hierarquias divinas dos
Seres Naturais.
Nessa forma de se estudar a Teogonia de Umbanda chamamos
as individualizações ou qualidades de Deus como Orixás Maiores,
Orixás Fatorais, Divindades ou simplesmente Orixás. Entretanto, é
importante que se entenda que todas essas formas de tratamento
se referem aos Orixás regentes do primeiro plano da vida, que estão
na base divina, do lado interno de Deus, regendo todas as faixas
vibratórias existentes, vigiando e sustentando o universo, e que se
diferem dos Orixás Intermediários ou Seres Naturais.
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Aos Orixás Intermediários, a literatura
de Rubens Saraceni fundamenta
o conceito de que estes são seres de uma das dimensões que
desembocam no nosso planeta pertencentes ao mesmo estágio
da vida que nós (Plano Natural), que fazem parte de uma hierarquia
ligada a um dos Orixás Maiores e que em um comparativo com os
Guias estão em um estágio evolutivo de maior ascensão.

“Os seres de natureza divina, denominados Orixás, não são in-


corporados por ninguém. Eles são divindades. Os seres naturais
membros das suas hierarquias, estes incorporam e estão ligados
aos seus médiuns; não costumam falar e se comunicam com os
encarnados por gestos e sons monossilábicos.
- Pai Rubens Saraceni

Portanto, esses seres não são humanos, possuem outra natureza


e vivem em uma dimensão energeticamente pura, ou seja, estão
em contato direto com um dos mistérios de Deus. Por exemplo,
um intermediário de Oxalá conhece apenas a energia desse Orixá,
diferente de nós que estamos sob a regência dos entrecruzamen-
tos dos Orixás recebendo a influência do magnetismo de todos
os Orixás.

“Da mesma forma que nós temos ancestralidade nos


Orixás, da mesma maneira que as falanges de enti-
dades humanas se agrupam sob a imantação de um
Orixá, isso ocorre entre os seres encantados ou Orixás
Intermediários, porém na dimensão em que vivem se
relacionam apenas com uma regência.”
- Pai Rodrigo Queiroz
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Pai Rodrigo Queiroz explica ainda que
a mediunidade e o culto religioso criam
essa ponte de conexão com esses seres vindos de outra dimensão
e por isso, quando incorporam-se Orixás na Umbanda, é com a
manifestação dessa forma de vida que nos relacionamos e somos
imantados.
Os Orixás Intermediá-
rios passam pelo mes-
mo processo evolutivo
ao qual nós estamos
passando e, para eles,
se relacionar com a
nossa realidade é a
oportunidade de inte-
ragir com as energias
e sentidos nunca antes
vivenciados nessa di-
mensão.

Pai Alexandre Cumino explica no episódio 16 da Jornada Teológica


de Umbanda 2017 que mesmo que existam terreiros de Umbanda
que não comportem a chamada de Orixás, isso não diminui a le-
gitimidade dessa experiência na religião, e que para cada um dos
Orixás Maiores existem seres naturais que correspondem àquele
mistério, ao qual estamos ligados por meio de nossa hereditarie-
dade divina.

“O fato de você não ver, o fato de você não sentir ou ter


um dirigente espiritual que não acredita nisso, não faz com
que não seja verdade.”
- Pai Alexandre Cumino em
Jornada Teológica de Umbanda 2017
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Ele também salienta


durante a explicação
que a incorporação
de Orixá na Umbanda
não é a incorporação
de Orixá no Candom-
blé e que as formas
de se relacionar com
essas manifestações
são compreendidas
e vivenciadas de ma-
neiras distintas.

No Candomblé, por exemplo, é comum que se proponha o ideal


de que o Orixá está dentro do seu Ori o tempo todo.

“Só faz sentido para eles quem você é, qual a sua ener-
gia e quando eles entram em nossa realidade também
recebem algo, porque há coisas aqui que não tem lá, há
coisas lá que não tem aqui.”
- Pai Alexandre Cumino em
Jornada Teológica de Umbanda 2017
25

Casa do
COLABORE COM A

Zezinho
Desde nossa fundação, somos um espaço
de oportunidades para jovens e crianças em
situação de alta vulnerabilidade social.
Para continuar a prática de um trabalho efetivo
de educação precisamos do seu apoio.

Projeto Aprender Brincando Projeto Educação de Jovens para o Século XXI


26

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Amor, ô assunto complicado, né?
Todos nós encarnados passamos toda a nossa vida em busca do
amor em diversas formas, mas na maioria das vezes esse amor
machuca e faz mal, mas por quê? Vamos falar hoje da história de
uma Preta Velha que conheci que fala sobre isso.

Ela disse que em vida


morava na África, em
sua tribo, que não era
muito grande, mas fe-
liz e em comunhão. Ela
era esposa do líder, um
homem forte e justo e
seu coração era feliz por
tê-lo ao lado. Até que um
dia a aldeia foi invadida e
eles todos foram feitos escravos. Tamanha foi a dor dessa mulher
que foi desgarrada de sua família, humilhada, remanejada como
um objeto e vomitada em terras estranhas.

Ela disse que alegria não mais tinha. Podiam fazer dela o que qui-
sessem, seu amado não estava mais com ela, não fazia diferença
seu destino. Cuidou, amamentou e apanhou de nhonhô. Apanhou
muito de nhonhô, do pai e do nhozinho a quem cedeu seu leite na
infância. A idade chegou e com ela a serenidade do Tempo, da
paciência e da sabedoria. Sempre confiante e com fé!

Continuava escrava dos homens, mas há muito liberta da alma.


Sabia que a fé em seus Orixás jamais deixou as correntes dos seus
pulsos alcançar seu coração.
29
Tinha fé que um dia sua mãe Oxum
ia lhe fazer reencontrar, mesmo depois
do desencarne, com seu grande amor.

Fora desse mundo como uma rolinha que despenca dos céus sobre
um manto de folhas, nada sentiu até acordar em uma planície de
águas claras onde se encontrou com sua mãe.

“Oxum, minha rainha, estamos juntas. Mas, mamãe Oxum, cadê


meu amor?” Oxum apontou para ela e nada respondeu. Logo
vieram outros espíritos de luz para auxiliá-la. Ela disse que muito
tempo depois ela entendeu o que sua mãe quis dizer.

“Onde está meu


amor? Ele sempre es-
teve comigo, e a força
dele não me deixou
desistir da vida e
cumprir meu carma.
Oxum fora sábia, pois
sabia que para amar o
outro precisava amar,
aceitar e respeitar a
mim mesma.”

A Preta Velha é da
falange das Cambin-
das e disse que tempos depois soube que seu amor entrara para
a falange de Pai Joaquim de Angola e que nunca mais o viu, mas
que a paz de sempre desejar-lhe o melhor a fez seguir até esse
caminho de caridade.
32
Um dia, assisti a uma palestra pelo
YouTube, proferida por Alexandre Cumino
com o título “A Umbanda é Simples”.
Essa palestra ocorreu aqui em Salvador, Bahia, no CUMOA – Centro
de Umbanda Mística Oxum Apará, e as palavras do nosso irmão
causaram um verdadeiro furor em meu espírito.
Realmente, a Um-
banda é simples e
eu, após tanto tem-
po vivendo essa ex-
periência mágica,
comecei a perceber
que o verdadeiro
segredo desta nos-
sa fé reside em sua
simplicidade.
Algo que vem da
raiz, do nascimento,
do afloramento das nossas emoções, dos nossos estudos, da
nossa vida.
A Umbanda nos ensina que a caridade e a simplicidade é que nos
conduz, é a força motriz que coloca a máquina humana no seu
trilho seguro.
Que ao saudarmos o congá com um simples meneio na cabeça,
estamos reverenciando, nos entregando e nos colocando à dis-
posição dos Guias, mentores, guardiões da casa para servi-la, da
forma mais pura e tranquila possível.
33
Se os irmãos de fé observarem bem
as palavras e os conselhos dos nossos
Pretos Velhos, Caboclos, Baianos, Marujos, Crianças e Exus, verão
que ali estão expostos segredos e experiências vividas por esses
seres de luz que querem, a todo o tempo, nos mostrar que o ca-
minho secreto é o caminho do amor.

Ao acender as velas, precisamos compreender que ali é a luz, o


caminho, o brilho que está nos olhos dos Orixás, a luminosidade
que nos eleva, que nos desloca para um mundo diferente, para o
astral, para a nossa Aruanda, casa espiritual dos nossos irmãos,
e para onde vamos quando desdobrados do nosso corpo físico.

É entender que quando a Gira começa,


nosso mundo gira e somos desperta-
dos para o trabalho do amor, para a
tomada de consciência que tem que
acontecer, dando-nos o entendimento
que, apesar dos sofrimentos momen-
tâneos, o mundo gira, e um novo mo-
mento vai acontecer, purificando-nos,
nos trazendo paz e alegria, sempre.

A Umbanda é isso: simplicidade, ma-


gia, mistério sim, mas sem ser misteriosa, no sentido oculto da
palavra, até por que ela proporciona, através dos estudos, e das
mais profundas publicações existentes, a possibilidade de nos
esclarecer, de ter o entendimento, a luz (sabedoria).

Olha a vela do conhecimento sendo acesa! Essa é a nossa fé, a


nossa Umbanda, a Umbanda de todos nós, que nos revela e vela,
para que não nos percamos em nossos caminhos.
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35
“Com tua força tamanha, oh
Urso, me ajude a derrubar
as barreiras da vida que
eu venha encontrar.”
Cacau – Uma prece

Buscando um tema para tratar esta sema-


na, em meio a tantos que surgem, fiz uma
concentração para receber orientação dos
meus espíritos auxiliares e o que chegou
como solicitação foi falar sobre a força
do Urso nos processos de descoberta da
nossa missão de vida.
A Roda da Vida, Roda de Cura ou as Quatro
Direções no Xamanismo representam qua-
tro caminhos ou quatro fases do mesmo
caminho. Se levarmos em conta a forma
dos povos Iroqueses (seneca, cayuga,
onondaga, oneida, mohawk e tuscarora)
de trabalhar a Roda, iniciamos a jornada
da vida pelo Leste, local onde nascemos,
passamos pela infância, representada
pelo portal Sul, chegamos à vida adulta
no portal Oeste e partimos para junto de
nossos ancestrais no portal Norte.
Analisando a Roda por esta perspectiva, o
portal Oeste, representado pela cor preta,
é o momento de receber a força da Ursa,
é o momento da vida em que paramos
para responder a questões relacionadas
a nossa missão pessoal:
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– O que estou fazendo da minha vida?
– O que vim fazer aqui neste mundo?
– Qual é a minha missão de vida?
– Quais são e como são as minhas atitudes?
Quando nascemos, estamos trabalhando e buscando através dos
sentidos, sobretudo da visão, responder a questão “Onde estou?”
Na infância vamos trabalhar as emoções, na descoberta de “quem
sou?” e na vida adulta a alma procura compreender, a princípio,
através do intelecto, o que veio fazer aqui, qual seu papel neste
momento, neste planeta. Trabalhar com o portal Oeste é olhar para
o seguinte questionamento:

Qual é a minha missão


nesta vida, neste planeta?
(Não se apresse em responder;
se já tem uma resposta, repense)

Para saber se está no


caminho certo, isto é, na
senda que se propôs trilhar,
é preciso confrontar:

O QUEM VIM FAZER


X
O QUE VENHO FAZENDO
37
Certamente, colocar em conflito
esses dois questionamentos causa
um desconforto, senão uma crise, porque em primeiro lugar, nem
sempre temos a clareza do que viemos fazer, tampouco do que
estamos fazendo de nossas vidas. O portal Oeste é a casa da
Ursa, animal que traz a medicina do silêncio, da introspecção e
da Unidade.
Para conhecer sua missão, é preciso
fazer silêncio, buscar momentos de
pacificação de mente corpo e espírito,
criando uma rotina em que estar na
própria companhia disponibilizando
momentos de autorreflexão e autoa-
nálise se torna uma constante neces-
sária à saúde, em todos os aspectos.
Adentrar o portal Oeste, portanto,
significa criar espaço em sua vida, para
um momento de silêncio.
O portal Oeste é também o lugar da morte, porque está oposto ao
Leste, a casa da vida. É no oeste, no colo da Ursa, que pedimos o
amparo desta força feminina, do acolhimento do útero materno,
para conseguirmos, mais uma vez, nascer para a vida, que agora,
é a vida adulta.
Sair da infância/adolescência e partir para a vida adulta, admitindo
uma linguagem xamânica, é sair do Sul e adentrar o Oeste. Neste
momento paro de me perguntar quem eu sou e passo a me per-
guntar o que vim fazer. Lembrando que aqui, essa passagem não
ocorre necessariamente por volta dos 20 anos, pode ocorrer com
30, 40, 50 ou nunca ocorrer. Quantas pessoas conhecemos que per-
maneceram para sempre no limiar entre a infância e a vida adulta?
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Para nascer é preciso introspecção,
silêncio e reclusão, por este motivo
passamos nove meses no ventre da mamãe. Nascer para a vida
adulta requer um processo muito parecido, e quando nos recusa-
mos a fazê-lo buscamos diversão e entretenimento o tempo todo,
pois assim permanecemos longe do anúncio da morte daquela
criança que fomos um dia, e é tão bom ser criança.
O fato é que ninguém quer encarar um Urso sozinho, mas este é
o grande processo iniciático da vida: ter de encontrar o mais pro-
fundo silêncio e solidão para deixar morrer uma parte da criança
e fazer nascer o adulto, responsável por suas escolhas, por sua
vida, por suas dores.
Comece pela pergunta:
o que vim fazer?
E então passe para:
o que venho fazendo?
Perceba se há correspondência entre
ambas. A pior coisa que você pode
fazer é mentir para si mesmo ao
responder estas questões. Portanto,
SEJA SINCERO. E procure ajustar sua
missão ao seu modo de vida.
Diversão e entretenimento são coisas boas e têm sua função, mas
uma vida dedicada a isso pode sinalizar que algo não vai bem
internamente e que existe um medo terrível de olhar para dentro
e de crescer, e é isso que o Animal de Poder Urso nos ajuda a
fazer. Por isso:
Em momentos em que o medo de crescer for maior, faça silêncio,
recolha-se por uns dias, chame pela força da Mãe Ursa, para que
ela te dê suporte neste processo.
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A palavra compromisso, de cara,
lembra casamento. E não é à toa.
O casamento talvez seja um dos primeiros
compromissos verdadeiros de uma pessoa na vida.

No mais (e antes disso) usamos a palavra para designar uma tarefa


a ser feita, um encontro com um cliente, ou até para dar desculpas
a alguém: “Desculpe, mas já tenho compromisso”!

Na Umbanda, assim
como na vida, o meca-
nismo é o mesmo: muitos
usam esta palavra, mas
outros tantos ainda não
entenderam o seu sig-
nificado.

Compromisso, na Um-
banda, para muitos, é
‘bater cartão’ em toda
Gira, se consultar com
os Guias e voltar para casa. É correto frequentar seu Terreiro, mas
isso é apenas parte do que se espera. Na realidade, ser umban-
dista por inteiro é sentir que a Umbanda é o seu lugar. A Gira, os
Pontos, as orações, os Guias, o ambiente do Terreiro, a ritualística,
os livros, os cursos, enfim, sentir-se acolhido ao lidar com tudo o
que envolve a religião.

O passo seguinte é olhar um pouco além da estrutura física do


Terreiro para entender porque, afinal de contas, você está ali, toda
semana ou quinzena, naquele lugar? Quais são as suas expectati-
vas? Elas estão sendo atendidas?
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Hoje, queremos destacar algo além.
Qual é o seu real compromisso com
a sua fé? Se você não for atendido prontamente pelos
Guias e Orixás logo desiste e abandona a Umbanda?

Faz um curso presencial ou online, acha meio complicado e de-


siste? Colabora para a manutenção do seu Terreiro num mês e no
outro deixa para lá porque esqueceu ou porque a situação apertou?

Se isso já aconteceu ou tem acontecido com frequência, é impor-


tante repensar a sua relação com a Umbanda.

Compromisso é sinal de fé. Fé na religião, em seus fundamentos e


nas pessoas que dedicam parte de suas vidas a levar “ao mundo
inteiro a bandeira de Oxalá”, como diz o hino.

Quer fazer mais? Pergunte ao dirigente do seu Terreiro como ajudar.


Quando lhe perguntarem, diga que é sim umbandista e explique
um pouco da beleza que é fazer parte desta religião. Apoie, incen-
tive, se envolva com as pessoas e com o mundo que o cerca. Seja
positivo, esteja pronto para ajudar e abrace os princípios de amor
com a mente e com o coração. Seja Umbanda por inteiro!
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