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Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas

Proc. nº 2084075-79.2016.8.26.0000
Turma Especial - Público
Relator : Des. Erbetta Filho
Requerente: MUNICÍPIO DE JAHU
Requerida: REGINA MARIA RODRIGUES PARICE
Origem: 3ª Vara Cível da Comarca de Jaú
MANIFESTAÇÃO DA PROCURADORIA DE JUSTIÇA CÍVEL

Egrégio Tribunal,
Colenda Câmara,

1.) Trata-se de requerimento de instauração de


Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas com fundamento no artigo
976 e seguintes, do Código de Processo Civil, tendo como caso-piloto o
processo nº 1009916-86.2015.8.26.0302 (Anulação de Débito Fiscal), em
trâmite pela 3ª Vara Cível da Comarca de Jaú.

O requerente alega repetitividade de processos,


envolvendo questão unicamente de direito (art. 976, I, CPC), consistente na
constitucionalidade ou não da taxa de conservação de vias e logradouros
públicos instituída pelo art. 99 do Código Tributário Municipal de Jaú (Lei nº
2.288/89). Alega, ainda, risco de ofensa à isonomia e à segurança jurídica,
decorrente da existência de entendimentos divergentes entre as decisões de
primeira instância da Comarca de Jaú e o posicionamento atual do Supremo
Tribunal Federal (art. 976, II, CPC). Ao final, requer a instauração do incidente
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e a definição da tese jurídica pela constitucionalidade da taxa de conservação
de vias e logradouros públicos municipal.

2.) Da reserva de plenário

Salvo melhor juízo, diante da norma prevista pelo art. 97,


da Constituição Federal1, o presente requerimento de instauração de Incidente
de Resolução de Demandas Repetitivas para definição de tese jurídica sobre a
constitucionalidade de lei municipal deve ser julgado pelo Órgão Especial deste
Egrégio Tribunal de Justiça.

O art. 97, da Constituição Federal é norma que define


competência absoluta e, portanto, deve ser observada. Nesse sentido, ainda, é
o teor da Súmula Vinculante 10, do Supremo Tribunal Federal, que dispõe:

“Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, artigo 97) a decisão de


órgão fracionário de Tribunal que embora não declare expressamente a
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder público, afasta
sua incidência, no todo ou em parte”.

Requeremos, portanto, a remessa deste incidente ao


Egrégio Órgão Especial do Tribunal de Justiça, órgão constitucionalmente
competente para a sua apreciação.

1 Art. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do
respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato
normativo do Poder Público.
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3.) Da inadmissibilidade do Incidente de Resolução de
Demandas Repetitivas

O Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas deve


ser indeferido, na medida em que ainda não houve sequer julgamento pela
primeira instância do processo referido na inicial. O Incidente de Resolução de
Demandas Repetitivas é técnica processual criada pelo Código de Processo
Civil de 2015, voltada à geração de precedente vinculante a todo âmbito da
justiça local, a partir do julgamento de um caso concreto (causa-piloto).

Nesse sentido, ensina Alexandre Câmara:

“porque “o processo em que tal instauração ocorra será afetado


para julgamento por órgão a que se tenha especificamente
atribuído a competência para conhecer o incidente, o qual
julgará o caso concreto como uma verdadeira causa-piloto,
devendo o julgamento desse caso concreto ser, além da
decisão do caso efetivamente julgado, um precedente que
funcionará como padrão decisório para outros casos,pendentes
ou futuros (...) Esse órgão colegiado, competente para fixar o
padrão decisório através do IRDR, não se limitará a
estabelecer a tese. A ele competirá, também, julgar o caso
concreto (recurso, remessa necessária ou processo de
competência originária do tribunal), nos termos do art. 978,
parágrafo único. Daí razão pela qual se tem, aqui, falado que o
processo em que se instaura o incidente funciona como
verdadeira causa-piloto” (CÂMARA, Alexandre Freitas. O novo
processo civil brasileiro. São Paulo: Atlas,2015, p.479) (grifo
nosso).

No caso em tela, o processo selecionado pelo


requerente não pode servir de causa-piloto, na medida em que ainda não
julgado em primeira instância (cf. se depreende de consulta ao andamento d
processo respectivo em Primeiro Grau – Proc. 1009916-86.2015.8.26.0302)

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e, portanto, ainda não remetido para este Egrégio Tribunal de Justiça para
apreciação de eventual recurso voluntário ou mesmo remessa necessária. A
indicação pelo requerente de processo ainda em curso em primeiro grau de
jurisdição para servir como causa-piloto impossibilita a instauração de Incidente
de Resolução de Demandas Repetitivas, da forma como disciplinada pelo
legislador processual. Isso porque o incidente configura um mecanismo de
criação de precedente vinculante a casos presentes e futuros pelo julgamento
de causa pendente.

Tanto é verdade o asseverado acima, que o art. 978,


§ único, do CPC, prevê que:

“Art. 978. (...). Parágrafo único. O órgão colegiado incumbido


de julgar o incidente e de fixar a tese jurídica julgará igualmente
o recurso, a remessa necessária ou o processo de
competência originária de onde se originou o incidente” (grifo
nosso)”.

Em interpretação do parágrafo único do art. 978, o


Fórum Permanente de Processualistas Civis editou o enunciado 344, que
dispõe: “A instauração do incidente pressupõe a existência de processo
pendente no respectivo tribunal”. Inadmissível, portanto, o incidente, quando
requerido em demanda ainda em curso em primeiro grau de jurisdição.

No caso em tela, ainda não julgado o processo pela


Comarca de Jaú, não é admissível o incidente. Nada obsta, porém, que o
requerimento seja realizado por outras partes interessadas, em outros casos
em curso neste Tribunal.

***

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4.) Ante o exposto e o constante dos autos, o nosso
parecer é pelo indeferimento do Incidente de Resolução de Demandas
Repetitivas requerido pelo MUNICÍPIO DE JAHU.

São Paulo, 13 de julho de 2016.

José Luís Alicke


Procurador de Justiça
Secretário Executivo da
Procuradoria de Justriça Cível

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