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CURSO DE DIREITO

IMPACTOS AMBIENTAIS E JURÍDICOS DOS


ALIMENTOS TRANSGÊNICOS

Raimundo Rodrigues da Rocha Filho

Orientadora: Roberta Farias Cyrino

Fortaleza-Ce
Novembro, 2010
FAECE
RAIMUNDO RODRIGUES DA ROCHA FILHO

IMPACTOS AMBIENTAIS E JURÍDICOS DOS


ALIMENTOS TRANSGÊNICOS

Monografia apresentada como exigência para


obtenção do título de Bacharel em Direito, pela
Faculdade de Ensino e Cultura do Ceará - Faece,
sob a orientação da Profª Roberta Cyrino.

FORTALEZA – CE
2010
Agradecimentos

A Deus.
Desde o início de minha vida tu estavas
comigo. Dias e noites se passaram, vitórias
foram conquistadas. Derrotas foram
superadas, conhecimentos foram
adquiridos... e agora que alcancei meu
objetivo, te louvo... te agradeço e te ofereço
humildemente a vitória deste momento.
Agradeço!

A todos os professores da FAECE, que


durante todo o curso, nos passaram seus
conhecimentos com competência e
dedicação.
Dedico
De forma especial a minha esposa Elenice,
pela dedicação e incentivo em todos os
momentos da minha vida e aos meus filhos
Rodrigo e Rodolfo, para que o meu
exemplo lhes sirvam de estimulo para a
batalha da vida deles

Ao meu pai: Raimundo e à minha mãe


Nenzinha (in memorian) que me deram à
vida e me ensinaram a vivê-la com
dignidade, iluminando os caminhos
obscuros com afeto e dedicação.
A Meus irmãos e irmãs junto com meu
círculo de amigos que me ajudaram no
decorrer dos anos.
Minha melhor gratidão é trazer um pouco
de cada um deles dentro de mim e levar os
frutos de suas sementes para minha vida,
meu trabalho e minhas obras.
IMPACTOS AMBIENTAIS E JURÍDICOS DOS
ALIMENTOS TRANSGÊNICOS

DATA DA APROVAÇÃO:___/___/_____

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________
Profª Esp. RobertaFarias Cyrino
Orientadora/FAECE

__________________________________________
Profª Me. Silvia Paula de Alencar Diniz
Membro/ FAECE

__________________________________________
Prof. Dr. Frederico Jorge da Costa
Membro/ FAECE
Sumário
INTRODUÇÃO 11
1. Os Transgênicos 13
1.1. Conceito 13
1.2. Curiosidades 15
2. Aspectos ambientais 20
2.1. Conceito de meio ambiente 20
2.2. Princípios do Direito Ambiental 23
2.3. O Princípio de Precaução e os Transgênicos 28
2.4. Estudo de Impacto Ambiental e os transgênicos 31
3. Aspectos Legais 35
3.1. Os direitos da personalidade 41
3.1.1. Os Direitos à informação como direito da personalidade 43
3.2. Legislações sobre Direito ambiental 45
4. A polêmica em torno dos transgênicos 46
4.1. A posição da comunidade científica. 47
4.2. Aspectos negativos e positivos dos transgênicos 49
CONCLUSÃO 50
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 53
Resumo

A ciência evoluiu e com elas surgiram novas tecnologias, e uma dessas novas
técnicas científicas tem causado grande polemica entre nós: os alimentos
transgênicos. As discussões sobre sua segurança, seus riscos e benefícios,
bem como os aspectos éticos envolvidos na liberação comercial de cada
espécie de transgênico ocupam espaços importantes na imprensa, nas
universidades e no meio científico, nos parlamentos e, aos poucos, no
cotidiano da população. De repente o que parecia ficção virou realidade, agora
podemos modificar as espécies, através da manipulação dos seus códigos
genéticos, criando, assim, novos organismos ou novos seres e, por
conseguinte, novos produtos. Nesse contexto o principio da precaução é de
vital importância, pois ele norteará as discussões sobre o assunto, não
impedindo o avanço da biotecnologia, mais determinado parâmetros para o uso
dela em beneficio das pessoas. A grande questão é saber se há efeitos
negativos possíveis, o que a ciência atual não pode responder com absoluta
certeza. Isso tem gerado grandes polêmicas nos mais diversos setores da
sociedade, pois envolve interesses políticos, econômicos e jurídicos,
principalmente no que tange aos aspectos fundamentais da personalidade,
como é o caso à informação ao consumidor. Os que são a favor dizem que
esta tecnologia resolverá os problemas na agricultura criando espécies mais
resistentes, aumentando a produtividade e diminuindo, em conseqüência, a
fome no mundo. Os que são contra alegam que os impactos ambientais
advindos dessa nova tecnologia perda da biodiversidade, aparecimento de
super pragas etc. A posição da comunidade científica tem-se sido de cautela e
não tem uma opinião única a respeito do tema. No Brasil, marco inicial da
regulamentação dos organismos geneticamente modificados foi estabelecido
pela Constituição Federal (CF) de 1988. Em resumo, para o consumidor e para
as autoridades dos órgãos regulatórios, os Organismos Geneticamente
Modificados, (OGM) devem ser seguros, a informação deve ser adequada, o
monitoramento do ambiente e da saúde deve ser cuidadoso, as autorizações
de liberação comercial devem ser limitadas no tempo, às preocupações dos
consumidores devem ser levadas em conta, devendo estes devem ter livre
escolha sobre os produtos que desejam consumir.

Palavras chave: Alimentos Transgênicos; Aspectos positivos, negativos,


sociais, políticos, econômicos, jurídicos; Personalidade; Direito à Informação.
INTRODUÇÃO

O mundo está preocupado com os alimentos transgênicos. E por


este estar em constante evolução obriga o direito a evoluir, adaptando-se para
resolver novos problemas como é o caso do comércio de alimentos ou produtos
transgênicos.
Devido tratar-se de um tema novo, e ser escassa a literatura
sobre o assunto tivemos que pesquisar em jornais, revistas, doutrinas jurídicas,
periódicos de Direito ambiental, Direito Civil e do consumidor, além de sites da
internet.
No Capitulo I, do nosso trabalho fizemos uma abordagem do que
venha ser transgênicos ou organismos geneticamente modificados (OGMs).
Para isso buscamos a conceituação dada por quem trabalha diretamente no
assunto, quais sejam: pesquisadores, doutrinadores, empresas publicas e
privadas que pesquisam e atuam no setor, onde todos são unânimes em afirmar
que Transgênico são seres vivos criados em laboratório a partir do cruzamentos
que jamais aconteceriam na natureza, como de planta com bactéria, animal com
inseto, bactéria com vírus, etc. Ainda nesse capitulo mostraremos algumas
curiosidades sobre os transgênicos, assim como sua utilização no cenário
mundial, quem os produz e quem os consome.
O Capitulo II, abordaremos os aspectos ambientais, conceituando
o meio ambiente em suas mais variadas formas e os seus princípios mais
importantes, merecendo um enfoque especial no Principio da Precaução e suas
relações com os transgênicos. Encerro o capitulo falando a respeito do Estudo
de Impacto Ambiental e os transgênicos.
No Capitulo III, tratamos dos aspectos legais com todo arcabouço
jurídico, composto de leis, decretos, resoluções, medidas provisórias, etc. Neste
capitulo nos detivemos a dois princípios dando-lhes uma atenção especial que
foram: Os direitos da personalidade, pois sabemos ser a dignidade humana um
dos princípios fundamentais em qualquer parte do mundo e o direito a
informação como direito de personalidade, onde cada pessoa tem o direito a
informação daquilo que irá consumir, cabendo-lhe o direito de escolha.
No Capitulo IV, em seu inicio mostramos a polemica que os
transgênicos tem provocado, tanto na sociedade civil provocado pela
desinformação a que estamos submetidos. Por outro lado a comunidade
cientifica tem uma posição cautelosa, mas entre os cientistas encontramos
posições favoráveis e contra os transgênicos.
Concluímos o trabalho com algumas certezas e uma delas é que não
devemos frear o progresso cientifico, pois não estamos questionando a ciência
mais como será usada essa tecnologia. Em relação aos transgênicos, eles
precisam ser bem pesquisados, analisado, antes que os ofereçamos a
população.
Quanto aos impactos Jurídicos provocado pelos transgênicos listamos
três pontos importantes a serem observados:
1 - o principio da Precaução é o fundamento principal para as normas de
biossegurança;
2 - é essencial o Estudo de Impacto Ambiental para avaliarmos os riscos que os
transgênicos podem causar ao meio ambiente;
3 - a informação deve chegar ao consumidor de forma clara e objetiva, para que
ele possa decidir aquilo que vai consumir.
A sociedade deve participar do debate sobre os transgênicos,
mas para que possa fazê-lo com um mínimo de pertinência, ela deve ser
informada, com o máximo de imparcialidade sobre as pesquisas relativas aos
transgênicos que estão sendo feitas no Brasil e no mundo.
1. Os Transgênicos

1.1. Conceito

De acordo com a definição legal, trazida pelo art. 3º, IV da Lei número 8.974 de
05 de janeiro de 1995, “organismo geneticamente modificado é o organismo cujo
material genético (ADN/ARN) tenha sido modificado por qualquer técnica de
engenharia genética”).
Segundo definição da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária -
EMPRAPA,
plantas transgênicas são plantas que contém um ou mais genes
introduzidos por meio da técnica de transformação genética. Através
desta técnica, um ou mais genes são isolados bioquimicamente e
inseridos numa célula. Em seguida, esta célula se multiplica e origina
uma nova planta, carregando cópias idênticas do gene. As plantas
transgênicas são também chamadas de organismos geneticamente
modificados (OGM) (EMPRAPA, 2001).
Aluízio Borém (2003, p.12) conceitua os Organismos geneticamente
modificado, conhecido como OGM ou transgênico assim: “é aquele cuja genética
foi aprimorada pela inclusão entre seus milhares de genes, de um ou mais
genes copiados de outro organismo, o que faz com que ele ganhe novas
características.”

A geração de transgênicos visa organismos com características novas


ou melhoradas relativamente ao organismo original. Resultados na área de
transgenia já são alcançados desde a década de 1970, na qual foi
desenvolvida a técnica do DNA recombinante.

O Greenpeace (online), assim conceitua os transgênicos:

plantas criadas em laboratório com técnicas de engenharia genética


que permitem ‘cortar e colar’ genes de um organismo para outro,
mudando a forma do organismo e manipulando sua estrutura natural
a fim de obter características específicas. Não há limite para esta
técnica; por exemplo, é possível criar combinações nunca
imaginadas como animais com plantas e bactérias.
A manipulação genética recombina características de um ou mais
organismos de uma forma que provavelmente não aconteceria na natureza.
Por exemplo, podem ser combinados os DNAs de organismos que não se
cruzariam por métodos naturais.
Apesar de serem usados como sinônimos os termos “geneticamente
modificado” e “trangenico” existe uma diferença entre eles conforme Silvio Valle
e José Luis Telles (2003, p.48)

Todo transgênico é um OGM, mas nem todo OGM é um transgênico.


Isso ocorre porque se considera transgênico o organismo cujo
material genético (genoma) foi alterado por meio da tecnologia do
DNA recombinante.

1.2. Curiosidades

O assunto sobre os transgênicos tem despertado grandes interesses e


incertezas junto ao consumidor brasileiro e mundial. Devido a falta de
informação ao consumidor tem gerado entre as pessoas o medo e a
desconfiança que se analisado com frieza os fastos faz com que tenhamos
medo não da tecnologia em si, mais de quem vai manipulá-la em uso próprio
ou coletivo e de que forma a mesma será usada, se em beneficio da
humanidade ou contra ela. O medo de alguns é que uns poucos detenham
essa tecnologia e a explore como lhe convier.
Conforme o INSTITUTO ECOLOGICO AQUALUNG (online), podemos
destacar alguns números mundiais relativos aos produtos de origem
transgênica.
Os transgênicos são consumidos por 2,5 bilhões de pessoas no mundo
e ocupa uma área de 283 mil quilômetros quadrados uma área equivalente ao
Estado do Rio Grande do Sul.
As principais culturas transgênicas plantadas no mundo são: a soja, o
milho, canola e batata.
Nos Estados Unidos, sessenta por cento dos alimentos industrializados
produzidos contêm algum tipo de transgênico em sua composição.
Estados Unidos, Canadá, México, Argentina, China e Austrália são os maiores
produtores de transgênicos no mundo.
Em 1983 foi o ano em que foi criada a primeira planta transgênica: um
tabaco resistente a antibiótico.
A Monsanto, uma das precursoras e líder na plantação e
comercialização de transgênicos no mundo possuem cerca 22,3 milhões de
hectares plantada com semente transgênicas..
Ainda citando a publicação (online), do INSTITUTO ECOLOGICO
AQUALUNG, aproximadamente 81 milhões de hectares foram plantados em
2004 com transgênicos em 17 países, de acordo com dados do Serviço
Internacional para a Aquisição de Aplicações em Agrobiotecnologia. Os
Estados Unidos respondem por cerca de 59% da produção, seguidos de
Argentina (20%), Canadá (6%), Brasil (6%), China (5%), Paraguai (2%), Índia
(1%) e África do Sul (1%). O Brasil cultivou 5 milhões de hectares de soja
transgênica em seu segundo ano de plantio, um aumento de 66% em relação a
2003.

De acordo com o "Relatório ISAAA 2008 (International Service for the


Acquisition of Agri-biotech Applications): A Situação Global das Lavouras
Transgênicas" em 2009, a área global de plantações geneticamente
modificadas cresceu 10,7 milhões de hectares, ou 9,4%, de 2007 para 2008.
No final do ano passado, a área ocupada por lavouras transgênicas chegou a
1.2.2. Utilização de produtos transgênicos no cenário mundial

Conforme o site da internet “Jardim de Flores”, em sua publicação


online, a modificação genética já ocorria em tempos remotos. Em 1719,
ocorreu o primeiro registro de planta híbrida e logo após, em 1799, o registro
do primeiro cereal híbrido. Os primeiros experimentos, que deram origem à
genética, realizados pelo monge austríaco Gregorio Mendel, aconteceram em
1860. Na ocasião o monge cruzou ervilhas rugosas e lisas, desvendando as
regras de hereditariedade ou transmissão de características genéticas e em
1866, Mendel publicou seu trabalho sobre cruzamento de ervilhas.
Ainda na evolução histórica, encontra-se a elucidação do código do DNA
(ácido desoxirribonucléico) por James Watson e Francis Crick, em 1953. Foi
com essa descoberta que os cientistas entenderam como as informações
constantes do DNA (os genes), são duplicadas e transmitidas de geração a
geração.
A engenharia genética nasceu em 1970 com a recombinação de trechos
de DNA de uma bactéria, após ter sido incluído um gene de sapo. Surge com
ela, pela técnica de isolar genes do DNA, o organismo transgênico
Em 1980, foi registrada a primeira patente de um ser vivo. A Suprema
Corte norte-americana decidiu que uma linhagem de bactérias capazes de
digerir petróleo derramado em acidentes é patenteável.
O primeiro organismo geneticamente modificado (OGM) ou transgênico
criado foi à bactéria Escherichia coli, que sofreu adição de genes humanos
para a produção de insulina na década de 1980.
Alguns cientistas produziram em 1981, na Universidade de Ohio, o
primeiro animal transgênico, transferindo genes de outros animais para um
rato.
Uma linhagem de tabaco resistente a antibióticos foi desenvolvida em
1983 como sendo primeira planta geneticamente modificada
A primeira vacina geneticamente modificada criada1984, contra a
hepatite
Em 1985 as plantas geneticamente modificadas resistentes a insetos,
vírus e bactérias foram testadas em campo pela primeira vez.
Em 1987, no Reino Unido, foram adicionados genes em plantas de
batata para que estas produzissem mais proteínas e aumentassem o seu valor
nutricional.
No ano de1989, nos EUA, cinco mil pessoas ficaram doentes, 37
pessoas morreram e 1.500 ficaram inválidas após consumir um suplemento
alimentar feito a partir de uma bactéria modificada geneticamente, produzido
pela empresa japonesa Showa Denko.
Em 1990, o governo norte-americano aprova o primeiro produto
alimentício modificado geneticamente, uma enzima para fazer queijo. Nesse
mesmo ano foi criada a primeira vaca transgênica para produzir leite com
proteínas do leite humano para crianças.
O primeiro experimento bem-sucedido em campo ocorreu em 1990 pela
empresa Calgene com plantas de algodão geneticamente modificadas
resistentes ao herbicida Bromoxynil.
No ano de 1994, foi aprovado para a comercialização o primeiro produto
destinado á alimentação proveniente da biotecnologia vegetal: o tomate
transgênico Flavr Savr TM, que tem seu amadurecimento retardado. Foi
também aprovada em 1994 a primeira planta transgênica, desenvolvida pela
Monsanto, uma variedade de soja designada Roundup Ready TM, resistente a
um herbicida (glifosato).
Em1997 foi desenvolvido o milho híbrido mais rico em vitamina A, zinco
e ferro.
Em 1998, o Brasil aprovou o plantio experimental de transgênicos em 48
áreas de São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul. Nesse mesmo
ano a Monsanto do Brasil obteve autorização para plantio comercial da soja
Roundup Ready. Entretanto, uma liminar concedida pela Justiça proibiu a
liberação do produto para consumo antes de estudo de seu impacto ambiental
Em 1999, a canola transgênica produziu 55% a 68% mais gorduras
benéficas. A Universidade de São Paulo (USP) e Universidade de Campinas
(Unicamp) desenvolveram milho com gene humano; o governo britânico
estende até 2002 moratórias sobre cultivo de transgênico. Parlamentares
propuseram uma legislação que obriga a rotulagem de transgênico nos
Estados Unidos da América (EUA), e em conferência de biodiversidade da
Organização das Nações Unidas (ONU), em Cartagena Colômbia, 170 países
não chegaram a um consenso sobre um Protocolo de Biossegurança.
No ano 2000 a Monsanto fez canola enriquecida com betacaroteno,
precursor da vitamina A; pesquisadores desenvolveram arroz com
betacaroteno; a Embrapa produziu feijão resistente a vírus do mosaico
dourado; a Alemanha proibiu o plantio e a venda de milho geneticamente
modificado da Novartis AG; delegados de mais de 130 países assinam em
Montreal, no Canadá, o Protocolo de Biossegurança que prevê rótulos nos
carregamentos de grãos, indicando que eles "podem conter" alimentos
transgênicos e o arroz dourado, enriquecido com betacaroteno, foi
desenvolvido na Alemanha.
Os Estados Unidos é o maior produtor de organismos geneticamente
modificados e seu principal defensor. Segundo a ISAAA (Serviço Internacional
para a Aquisição de Aplicações de Agrobiotecnologia), os EUA respondem por
dois terços das áreas cultivadas no mundo, com ênfase em milho, soja,
algodão e canola. Eles foram a primeira nação a plantar OGMs
comercialmente, em 1996, e são os que mais exportam e consomem: a chance
de comer um transgênico em território norte-americano é mais do que a
metade.
O país é sede de três das cinco maiores empresas do setor de
biotecnologia: Du Pont, Dow Chemical e Monsanto. As outras duas
multinacionais ficam na Europa: a Novartis localiza-se na Suíça e a Aventis, na
França.
A Argentina é o segundo pais em produção de organismos
geneticamente modificados: em 2002, ele correspondia a 23% da área total no
mundo com plantações transgênicas, de acordo com a ISAAA. Toda a soja
cultivada na Argentina é modificada. Segundo o Departamento de Agricultura
dos EUA, a produtividade da soja argentina na safra 2002/2003 é igual à obtida
na de 1997/1998, antes da adoção dos transgênicos.
Os produtores argentinos desenvolveram a soja apelidada de
'Maradona' - adaptada da Roundup Ready da Monsanto - que foi importada
ilegalmente para o Sul por agricultores brasileiros. Apesar da importância dos
OGMs no país, a rotulagem de bens não é obrigatória.
Na Europa, o velho continente possui uma posição mais cautelosa em
relação aos transgênicos, em especial os países que compõem a União
Européia. A legislação do bloco é a mais rigorosa do mundo em relação aos
OGMs: qualquer carregamento ou produto que contenha pelo menos 0,9% de
ingredientes transgênicos em sua composição deve ser rotulado.
Essa posição causou rusgas com o governo norte-americano, maior
exportador mundial de OGMs. Porém, a exigência é feita não apenas pelos
órgãos de fiscalização, mas pelos consumidores: uma pesquisa realizada no
continente em 2001 mostrou que 94% dos europeus querem ter o direito de
escolher e 70% deles não querem comer transgênicos.
A China é atualmente o quarto maior produtor mundial de organismos
geneticamente modificados, atrás apenas de Estados Unidos, Argentina e
Canadá. No país, o algodão Bt, resistente a insetos, ultrapassou a produção da
variedade convencional.
A China é um dos países em desenvolvimento que mais investem em
biotecnologia: calcula-se um aumento de 400% no orçamento de pesquisa no
setor até 2005. Atualmente, o governo chinês é o maior importador mundial de
soja e, ainda que não tenha restrições quanto aos transgênicos, ele exige a
certificação de procedência do produto. O país é o centro de origem da planta e
quer evitar que variedades selvagens sofram contaminação genética.
Quanto a posição do Brasil dados 2009 o colocam como o segundo
país que mais usa produtos agrícolas geneticamente modificados no mundo,
atrás apenas dos Estados Unidos, de acordo com informações do ISAAA,
órgão internacional que acompanha a adoção de produtos transgênicos.
O Brasil plantou no ano passado 21,4 milhões de hectares com produtos
transgênicos, apenas 100 mil hectares a mais do que a Argentina, disse o
presidente da ISAAA, Clive James, em teleconferência. Os EUA lideram com
folga a adoção de produtos alterados geneticamente, com 64 milhões de
hectares.
2. Aspectos ambientais

De acordo com a ISO (International Organization for Standardization)


14001, aspectos ambientais são "componentes das atividades, produtos
serviços de uma organização que venham a interagir com o meio ambiente".
Entende-se com isto que aspectos ambientais, se dão quando
realizamos qualquer intervenção, seja ela direta ou indireta nas atividades de
serviço de uma organização sobre o meio ambiente quer seja adversa ou
benéfica.

2.1. Conceito de meio ambiente

O conceito de meio ambiente foi primeiramente trazido pela Lei


6.938/81, no seu artigo 3º, I, conhecida como Lei da Política Nacional do Meio
Ambiente, o qual dispõe:
Art. 3°.
I- meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e
interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga
e rege a vida em todas as suas formas.

A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 225, tutelou o direito de


todos a ter um meio ambiente equilibrado, mas não tratou de conceituar o meio
ambiente, senão vejamos:
Art. 225 - Todos têm direito ao meio-ambiente ecologicamente
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia
qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o
dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras
gerações.

Édis Milaré (2008, p. 93) conceitua o meio ambiente como:


o complexo de princípios e normas reguladoras das atividades
humanas que, direta ou indiretamente, possam afetar a sanidade
do ambiente em sua dimensão global, visando à sua
sustentabilidade para as presentes e futuras gerações.

Podemos ainda conceituá-lo de acordo com a Constituição Federal, que


em vários momentos em seus artigos e incisos tratam do assunto, conforme
veremos a seguir.
Meio ambiente natural (ou físico) é aquele constituído pelo solo, água, ar
atmosférico, flora e fauna. Está presente no artigo 225, § 1º, I,III e VII da
Constituição Federal de 1988. É a natureza como ela se apresenta, sem a
intervenção humana, chamada de antropização. Quando ocorre a substituição
de uma vegetação nativa por uma espécie cultivada, temos um exemplo de
antropização do meio ambiente, como é o caso da criação de pastagens e dos
alimentos transgênicos, objeto de nosso estudo. Vejamos as disposições legais
citadas:
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia
qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o
dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras
gerações.
§ 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder
Público:
I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover
o manejo ecológico das espécies e ecossistemas;
II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do
País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação
de material genético;
III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais
e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a
alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada
qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que
justifiquem sua proteção;
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas
que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção
de espécies ou submetam os animais a crueldade.

O Meio ambiente artificial é aquele que é alterado pelo homem, mas


continua sendo meio ambiente. É o meio ambiente artificializado, mudado.
Podemos compreendê-lo pelo espaço urbano construído, consistindo no
conjunto de edificações (chamado espaço urbano fechado) e pelos
equipamentos públicos (espaço urbano aberto). Tem como disposição legal os
artigos 182 e 225, III, CF, senão vejamos:
Art. 182, CF: A política de desenvolvimento urbano, executada pelo
Poder Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei,
tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções
sociais da cidade e garantir o bem- estar de seus habitantes.
§ 1º - O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório
para cidades com mais de vinte mil habitantes, é o instrumento
básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana.
§ 2º - A propriedade urbana cumpre sua função social quando
atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade
expressas no plano diretor.
§ 3º - As desapropriações de imóveis urbanos serão feitas com
prévia e justa indenização em dinheiro.
§ 4º - É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica
para área incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal,
do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não
utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena,
sucessivamente, de:
I - parcelamento ou edificação compulsórios;
II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana
progressivo no tempo;
III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida
pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com
prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e
sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros
legais.

Art. 225.
III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais
e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a
alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada
qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que
justifiquem sua proteção.
(...)

O patrimônio cultural de um povo faz parte do chamado meio ambiente


cultural e este conceito está expresso no artigo 216, da Constituição da
República Federativa do Brasil, o qual dispõe:
Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de
natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em
conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória
dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais
se incluem:
I - as formas de expressão;
II - os modos de criar, fazer e viver;
III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços
destinados às manifestações artístico-culturais;
V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico,
artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.
§1° - O Poder Público, com a colaboração da comunidade,
promoverá e protegerá o patrimônio cultural brasileiro, por meio de
inventários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e de
outras formas de acautelamento e preservação.

A conceituação de meio ambiente do trabalho é dada pela Constituição


Federal em seus artigos art.7, XXII e art. 200, VIII como sendo um conjunto de
condições existentes no local de trabalho relativos à qualidade de vida do
trabalhador.
Art. 7º - XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de
normas de saúde, higiene e segurança;
Art. 200 - VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele
compreendido o do trabalho.
2.2. Princípios do Direito Ambiental

Nesse tópico sobre os princípios do Direito Ambiental mostraremos a


visão de alguns autores sobre os principais princípios e veremos que em
grande maioria são os mesmos, diferindo muito pouco entre eles.
Segundo Celso Antonio Pacheco Fiorillo (2009, p.26) conceitua a
palavra princípio significa “o alicerce ou fundamento do direito”.. Trata-se
de um vocábulo de origem latina e tem o sentido de aquilo que se torna
primeiro.
No âmbito do Direito Ambiental, os princípios também desempenham
essas mesmas funções de interpretação das normas legais, de integração e
harmonização do sistema jurídico e de aplicação ao caso concreto.
De acordo com Paulo de Bessa Antunes (2005, p. 16.), temos que:
São de dois tipos os princípios do Direito Ambiental: os explícitos e
os implícitos. Os explícitos são aqueles que se encontram
positivados nos textos legais e na Constituição Federal, e os
implícitos são aqueles depreendidos do ordenamento jurídico
constitucional. É claro que tanto os princípios explícitos quanto os
implícitos encontram aplicabilidade no sistema jurídico brasileiro,
pois os princípios não precisam estar escritos para serem dotados de
positividade.

Dentre os princípios ligados ao Direito Ambiental, Vicente Gomes da


Silva (2004, p.26) assim dispôs sobre o princípio do poluidor-pagador: todo
aquele que lesar o meio ambiente é obrigado a reparar o dano.
A Declaração do Rio de Janeiro sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento também dispôs sobre o princípio do poluidor-pagador ao
estabelecer no Princípio 16 que:
Tendo em vista que o poluidor deve, em princípio, arcar com o custo
decorrente da poluição, as autoridades nacionais devem procurar
promover a internacionalização dos custos ambientais e o uso de
instrumentos econômicos, levando na devida conta o interesse
público, sem distorcer o comércio e os investimentos internacionais.

A Lei n° 6.938/81, que trata da Política Nacional do Meio Ambiente, em


seu artigo 4o caput e no inciso VII, relata-nos o seguinte:
Art.4º - “A Política Nacional do Meio Ambiente visará”:
VII – a imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de
recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário da.
Paulo de Bessa Antunes (2002, p.41) faz distinção entre o princípio do
poluidor-pagador e o do usuário-pagador, nos seguintes termos:
o princípio usuário-pagador contém também o princípio poluidor-
pagador, isto é, aquele que obriga o poluidor a pagar a poluição que
pode ser causada ou que já foi causada. O uso gratuito dos recurso
naturais tem representado um enriquecimento ilegítimo do usuário,
pois a comunidade que não usa do recurso ou que o utiliza em menor
escala fica onerada. O poluidor que usa gratuitamente o meio
ambiente para nele lançar os poluentes invade a propriedade pessoal
de todos os outros que não poluem, confiscando o direito de
propriedade alheia.

O que Bessa Antunes quis mostrar é que o elemento que diferencia o


Princípio do Poluidor Pagador do da responsabilidade é que ele busca afastar o
ônus do custo econômico das costas da coletividade e dirigi-lo diretamente ao
utilizador dos recursos ambientais. Ele não pretende recuperar um bem
ambiental que tenha sido lesado, mas estabelecer um mecanismo econômico
que impeça o desperdício de recursos ambientais, impondo-lhes preços
compatíveis com a realidade.
Conforme Paulo de Bessa Antunes (2005, p. 30) “O princípio da
prevenção é aplicado em relação aos impactos ambientais conhecidos e dos quais se
possam estabelecer as medidas necessárias para prever e evitar os danos
ambientais”
Paulo de Bessa Antunes (2008, p.26) em sua abordagem sobre o
principio da prevenção diz:
O principio da prevenção é próximo ao principio da precaução,
embora com ele não se confunda. O principio da prevenção aplica-se
a impactos ambientais já conhecidos e dos quais se possa, com
segurança, estabelecer um conjunto de nexos da causalidade
suficientes para identificação dos impactos futuros mais prováveis.

A cerca do principio da prevenção Edis Milaré (2009, p. 823) diz que:

Aplica-se esse principio, quando o perigo é certo e quando se tem


elementos seguros para afirmar eu uma determinada atividade é
efetivamente perigosa.
Também podemos encontrar diferenças entre o princípio da prevenção e
do princípio da precaução, lendo o princípio 15, da Declaração Rio-92, senão
vejamos:
Rio-92 – Princípio 15 - De modo a proteger o meio ambiente, o
princípio da precaução deve ser amplamente observado pelos
Estados, de acordo com as suas necessidades. Quando houver
ameaça de danos sérios ou irreversíveis, a ausência de absoluta
certeza científica não deve ser utilizada como razão para postergar
medidas eficazes e economicamente viáveis para prevenir a
degradação ambiental.
Segundo Paulo de Bessa Antunes (2005. p. 28.):
O impedimento de uma determinada atividade com base no princípio
da precaução somente deve ocorrer se houver uma justificativa
técnica fundada em critérios científicos aceitos pela comunidade
internacional, já que por vezes opiniões isoladas e sem embasamento
têm sido utilizadas como pretexto para a interrupção de experiências
e projetos socialmente relevantes.
O Princípio da educação visa promover a conscientização coletiva em
torno da necessidade de preservação do meio ambiente e ele está normatizado
na Constituição Federal em seu artigo 225, § 1º, inciso VI:
Art. 225 § 1º- VI – promover a educação ambiental em todos os
níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do
meio ambiente

No que diz respeito à Educação Ambiental no Brasil, em todos os níveis, foi


instituída a Lei n° 9.795/99, que criou a Política Nacional de Educação Ambiental –
PNEA.
O Princípio da função social da propriedade está garantido no nosso
ordenamento jurídico, tanto na Constituição Federal como no Código Civil de
2002, senão vejamos:
Art.5º, Constituição Federal - Todos são iguais perante a lei [...], nos
termos seguintes:
XXII - é garantido o direito de propriedade
XXIII – a propriedade atenderá a sua função social.
Art. 1.228 § 1º, Código Civil - o direito da propriedade deve ser
exercitado em consonância com as finalidades econômicas e sociais
e de modo que sejam preservados, de conformidade com o
estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o
equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como
evitada a poluição do ar e das águas

Sobre a função Social da propriedade Edis Milaré (1998, p.144) explica o


seguinte:
A propriedade, de acordo com a constituição atual deve cumprir com
sua função social (182, § 2'.), alem de ter A função social, ela ainda,
possui a função ambiental que toda a propriedade deve ter, em
preservar a flora, fauna, belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o
patrimônio histórico e artístico, bem como evitar a poluição do ar e
das águas. A função social da propriedade rural, de sua parte,
encontra qualificação no art. 186 da mesma Carta, que a tem por
cumprida quando atende, entre outros requisitos, à utilização
adequada dos recursos naturais disponíveis e à preservação do
meio ambiente.

Ainda citando Edis Milaré (2009, p. 831) quando este fala da função
social da propriedade, explica que as duas, tanto a rural como a urbana tem a
sua função social.
Pelo Princípio da participação comunitária e cooperação temos que
todos devem participar tanto o poder público quanto a coletividade. Todos
devem primar pela construção de valores sociais e iniciativas voltadas para o
meio ambiente.
Segundo Edis Milaré (2009, pág. 833):
o principio da participação comunitária, que não é exclusivo do
Direito Ambiental, expressa a idéia de que para a resolução dos
problemas do ambiente deve ser dada especial ênfase à cooperação
entre o Estado e a sociedade, através da participação dos diferentes
grupos sociais na formulação e na execução da política ambiental.
Este principio ainda é tutelado na Declaração do Rio, de 1922 como o
Princípio 10.
Princípio 10 - O melhor modo de tratar as questões ambientais é
com a participação de todos os cidadãos interessados, em vários
níveis No plano nacional, toda pessoa deverá ter acesso adequado à
informação sobre o ambiente de que dispõem as autoridades
públicas incluídas a informação sobre os materiais e as atividades
que oferecem perigo em suas comunidades, assim como a
oportunidade de participar dos processos de adoção de decisões Os
Estados deverão facilitar e fomentar a sensibilização e a participação
do público, colocando a informação à disposição de todos Deverá
ser proporcionado acesso efetivo aos procedimentos judiciais e
administrativos, entre os quais o ressarcimento dos danos c os
recursos pertinentes.
Pelo Princípio da participação comunitária e cooperação temos que
todos devem participar tanto o poder público quanto a coletividade. Todos
devem primar pela construção de valores sociais e iniciativas voltadas para o
meio ambiente.
De acordo com o Princípio do desenvolvimento sustentável, o
desenvolvimento econômico e meio ambiente devem se compatibilizar a
preservação e meio ambiente explorá-lo forma equilibrada, para que não ocorra
o esgotamento dos recursos naturais existentes, e isso é que encontramos na
legislação que se segue:
Constituição Federal:
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia
qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o
dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras
gerações.
Art. 170 - A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho
humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência
digna, conforme os ditames da justiça social, observados os
seguintes princípios:
I - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento
diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços
e de seus processos de elaboração e prestação;
Lei nº 9.638/1981
Art 4º - A Política Nacional do Meio Ambiente visará:
I - à compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a
preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio
ecológico;

Celso Antonio Pacheco Fioillo (2009, p.60) faz o seguinte comentário


sobre o principio da Ubiqüidade:

Este princípio vem evidenciar que o objeto de proteção do meio


ambiente, localizado no epicentro dos direitos humanos, deve ser
levada em consideração toda vez que uma política, atuação,
legislação sobre qualquer tema, atividade, obra etc. tiver que ser
criada e desenvolvida. Isso porque, na medida em que possui como
ponto cardeal de tutela constitucional a vida e a qualidade de vida,
tudo que se pretende fazer, criar ou desenvolver deve antes passar
por uma consulta ambiental, enfim, para saber se há ou não a
possibilidade de que o meio ambiente seja degradado

2.3. O Princípio de Precaução e os Transgênicos

O Principio da precaução tem o seu fundamento legal no artigo. 225 da


Constituição Federal de 1988, inciso. VI.que diz ” promover a educação
ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a
preservação do meio ambiente’’
e na Lei 9.605/1998
Art. 54. Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais
que resultem ou possam resultar em danos à saúde humana,
ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição
significativa da flora:
§ 3º Incorre nas mesmas penas previstas no parágrafo anterior
quem deixar de adotar, quando assim o exigir a autoridade
competente, medidas de precaução em caso de risco de dano
ambiental grave ou irreversível.

Este principio tem por objetivo principal a adoção de medidas para evitar
a destruição do meio ambiente no futuro, sendo considerado por muitos
autores como um dos mais importantes princípios relacionados à
biossegurança. Ele veda intervenções no meio ambiente, salvo se houver a
certeza que as alterações não causaram reações adversas, pois a ciência pode
dar as respostas conclusivas sobre a tecnologia ou produto se é prejudicial ao
meio ambiente e conseqüentemente as pessoas.
No Novo dispositivo legal de Biossegurança (Lei n° 11.105 de 24 de
março de 2005), no artigo 1°, há a previsão do princípio da precaução
relacionada com os transgênicos, como vemos a seguir:

Art. 1°. Esta Lei estabelece normas de segurança e mecanismos de


fiscalização sobre a construção, o cultivo, a produção a manipulação,
o transporte, a transferência, a importação, a exportação, o
armazenamento, a pesquisa, a comercialização, o consumo, a
liberação no meio ambiente e o descarte de organismos
geneticamente modificados – OGM e seus derivados, tendo como
diretrizes o estímulo ao avanço científico na área de biossegurança e
biotecnologia, a proteção à vida e à saúde humana, animal e vegetal,
e a observância do principio da precaução para a proteção do meio
ambiente.

Esse princípio está expresso no artigo 225 da Constituição Federal e


serve de base para o ordenamento jurídico de proteção ao meio ambiente.
Art. 225 - Todos têm direito ao meio-ambiente ecologicamente
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia
qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o
dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras
gerações.

Ainda encontramos o principio da precaução expresso no principio 15 da


Declaração do Rio/92, que dispõe:
“Para que o ambiente seja protegido, serão aplicados pelos Estados,
de acordo com as suas capacidades, medidas preventivas. Onde
existam ameaças de riscos sérios e irreversíveis não será utilizada a
falta de certeza cientifica total como razão para o adiamento de
medidas eficazes em termo de custo para evitar a degradação
ambiental.”

Também o encontramos em jurisprudencia do Tribunal Regional Federal


(TFR)
EMENTA:CONSTITUCIONAL E PROCESSUAL CIVIL - AÇÃO
CAUTELAR - LIBERAÇÃO DO PLANTIO E COMERCIALIZAÇÃO
DE SOJA GENÉTICAMENTE MODIFICADA (SOJA ROUND UP
READY), SEM O PRÉVIO ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL -
ART. 225. § 1º, IV, DA CF/88 C/C ARTS. 8º, 9º E 10º, § 4º, DA LEI
Nº 6.938/81 E ARTS 1º, 2º, CAPUTE E § 1º, 3º, 4º E ANEXO I, DA
RESOLUÇÃO CONAMA Nº 237/97 - INEXISTÊNCIA DE NORMA
REGULAMENTADORA QUANTO À LIBERAÇÃO E DESCARTE, NO
MEIO AMBIENTE, DE OGM - PRINCÍPIO DA PRECAUÇÃO E DA
INSTRUMENTALIDADE DO PROCESSO CAUTELAR - PRESENÇA
DO FUMUS BONI IURIS E DO PERICULUM IN MORA - PODER
GERAL DE CAUTELA DO MAGISTRADO IN MORA - PODER
GERAL DE CAUTELA DO MAGISTRADO - INEXISTÊNCIA DE
JULGAMENTO EXTRA PETITA - ART. 808, III, DO CPC -
INTELIGÊNCIA.
I - Improcedência da alegação de julgamento extra petita, mesmo
porque, na ação cautelar, no exercício do poder geral de cautela,
pode o magistrado adotar providência não requerida e que lhe
pareça idônea para a conservação do estado de fato e de direito
envolvido na lide.
II - A sentença de procedência da ação principal não prejudica ou faz
cessar a eficácia da ação cautelar, que conserva a sua eficácia na
pendência do processo principal - e não apenas até a sentença –
mesmo porque os feitos cautelar e principal têm natureza e objetivos
distintos. Inteligência do art. 808, II, do CPC.
III - Se os autores só reconhecem ao IBAMA a prerrogativa de
licenciar atividades potencialmente carecedoras de degradação
ambiental, não há suporte à conclusão de que a mera expedição de
parecer pela CNTBio, autorizando o plantio e a comercialização de
soja transgênica, sem o prévio estudo de impacto ambiental, possa
tornar sem objeto a ação cautelar, na qual os autores se insurgem,
exatamente, contra o aludido parecer.
IV - O art. 225 da CF/88 erigiu o meio ambiente ecologicamente
equilibrado "a bem de uso comum do povo e essencial à sadia
qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o
dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras
gerações", incumbindo ao poder Público, para assegurar a
efetividade desse direito, "exigir, na forma da lei, para instalação de
obra ou atividade potencialmente causadora de significativa
degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental,
a que se dará publicidade"(art. 225,§ 1º, IV, da CF/88).
V - A existência do fumus boni iuris ou da probabilidade de tutela, no
processo principal, do direito invocado, encontra-se demonstrada
especialmente: a) pelas disposições dos arts. 8º, 9º e 10º, § 4º, da
Lei nº 6.938, de 31/08/81 - recepcionada pela CF/88 - e dos arts. 1º,
2º, caput e § 1º, 3º, 4º e Anexo I da Resolução CONAMA nº 237/97,
à luz das quais se infere que a definição de "obra ou atividade
potencialmente causadora de significativa degradação do meio
ambiente", a que se refere o art. 225, § 1º, IV, da CF/88,
compreende "a introdução de espécies exóticas e/ou genéticamente
modificadas", tal como consta do Anexo I da aludida Resolução
CONAMA nº 237/97, para a qual, por via de coseqüência, necessário
o estudo prévio de impacto ambiental, para o plantio, em escala
comercial, e a comercialização de sementes de soja geneticamente
modificadas, especialmente ante séria dúvida quanto à
Constitucionalidade do art.2º, XVI, do Decreto nº 1.752/95, que
permite à CNTBio dispensar oprévio estudo de impacto ambiental -
de competência do IBAMA - em se tratando de liberação de
organismos geneticamente modificados, no meio ambiente, em face
do veto presidencial à disposição constante do projeto da Lei nº
8.974/95, que veiculava idêntica faculdade outorgada à CNTBio.
Precedente do STF (ADIN nº 1.086-7/SC, Rel. Min. Ilmar Galvão, in
DJU de 16/09/94, pág. 24.279); c) pela vedação contida no art. 8º,
VI, da Lei 8.974/95, diante da qual se conclui que a CNTBio deve
expedir, previamente, a regulamentação relativa à liberação e
descarte, no meio ambiente, de organismos geneticamente
modificados, sob pena de se tornarem ineficazes outras disposições
daquele diploma legal, pelo que, à máquina de norma
regulamentadoras a respeito do assunto, até o momento presente,
juridicamente relevante é a tese de impossibilidade de autorização
de qualquer atividade relativa à introdução de OGM no meio
ambiente; d) Pelas
disposições dos arts. 8º, VI, e 13, V, da Lei nº 8.974/95, que
sinalizam a potencialidade lesiva de atividade cujo descarte ou
liberação de OGM, no meio ambiente, sem a observância das
devidas cautelas regulamentares, pode causar, desde incapacidade
para as ocupações habituais por mais de 30 dias e lesão corporal
grave, até a morte, lesão ao meio ambiente e lesão grave ao meio
ambiente, tal como previsto no art. 13, §§ 1º a 3º, da Lei nº 8.974/95,
tipificando-se tais condutas como crimes e impondo-lhes severas
penas.
IV - A existência de uma situação de perigo recomenda a tutela
cautelar, no intuíto de se evitar - em homenagem ao princípios da
precaução e da instrumentalidade do processo cautelar -, até o
deslinde da ação principal, o risco de dano irreversível e irreparável
ao meio ambiente e à saúde pública, pela utilização de engenharia
genética no meio ambiente e em produtos alimentícios, sem a
adoção de rigorosos critérios de segurança. VII - Homologação do
pedido de desistência do IBAMA para figurar no polo ativo da lide,
em face da superveniência da Medida Provisóra Nº 1.984-18, de
01/06/2000.
VIII - Preliminares rejeitadas, Apelações e remessa oficial, tida como
interposta, improvidas.
APELAÇÃO CIVEL – 01000146611 Processo:200001000146611 UF:
DF Órgão Julgador: SEGUNDA TURMA. Documento:
TRF100108082 DJ DATA: 15/03/2001 PAGINA: 84 RELATORA:
JUIZA ASSUSETE MAGALHÃES

Encontramos também jurisprudencia sobre o assunto também nos


Tribunais de Justiça dos estados como é o caso do Tribunal de Justiça do Rio
Grande do Sul:
EMENTA: ADMINISTRATIVO. MEIO AMBIENTE. SAUDE.
CULTIVO DE ORGANISMO GENETICAMENTE MODIFICADO.
OMG. CTNBIO. SOJA TRANSGENICA ROUNDUP READY. LEI N°
8.974/95. NOTIFICACAO. AUTORIDADE ESTADUAL. INTERDICAO
DA ATIVIDADE. 1.O USO DE TECNICAS DE ENGENHARIA
GENETICA NA CONSTRUCAO, CULTIVO, MANIPULACAO,
TRANSPORTE, COMERCIALIZACAO, CONSUMO, LIBERACAO E
DESCARTE DE ORGANISMO GENETICAMENTE MODIFICADO
DEPENDE (I) DE AUTORIZACAO DO PODER PUBLICO FEDERAL
(MINISTERIOS DA SAUDE, DO MEIO AMBIENTE, DA
AGRICULTURA E DA REFORMA AGRARIA) E DE (II)
LICENCIAMENTO PELO ORGAO AMBIENTAL COMPETENTE.
ART.7° DA LEI FEDERAL N° 8.974/95 E ART.11 DO DECRETO N°
1.752/95. 2.O PARECER TECNICO CONCLUSIVO SOBRE
REGISTRO, USO, TRANSPORTE, ARMAZENAMENTO,
COMERCIALIZACAO, CONSUMO, LIBERACAO E DESCARTE DE
ORGANISMO GENETICAMENTE MODIFICADO OU DERIVADOS
DA COMPETENCIA DA COMISSAO TECNICA NACIONAL DE
BIOSSEGURANCA - CTNBIO - ORGAO DO MINISTERIO DA
CIENCIA E DA TECNOLOGIA - DESTINA-SE A INSTRUIR O
PEDIDO DE AUTORIZACAO DIRIGIDO AOS MINISTERIOS DA
SAUDE, DO MEIO AMBIENTE E DA AGRICULTURA, NAO
SUPRINDO A EXIGENCIA DO LICENCIAMENTO AMBIENTAL A
CARGO DA AUTORIDADE COMPETENTE. POR ISSO, O
PARECER CONCLUSIVO FAVORAVEL DA CTNBIO NAO
FACULTA O EXERCICIO DE ATIVIDADE RELACIONADA COM
ORGANISMO GENETICAMENTE MODIFICADO. ART.7°, INCISOS
III E IV, DA LEI FEDERAL N° 8.974/95 E ART.2°, INCISO XII, DO
DECRETO N° 1.752/95, LEI N° 6.938/81 E RESOLUCAO 237/97 DO
CONAMA. 3.O CULTIVO DE ORGANISMO GENETICAMENTE
MODIFICADO PARA COMERCIALIZACAO SEM EXPRESSA
AUTORIZACAO E REGISTRO DO PRODUTO PELO PODER
PUBLICO FEDERAL, LICENCA AMBIENTAL DO ORGAO
COMPETENTE E NOTIFICACAO PREVIA DO EXECUTIVO
EXIGIDA PELA LEI ESTADUAL CONSTITUI-SE EM ATIVIDADE
ILEGAL SUJEITA A INTERDICAO. HIPOTESE EM QUE A
SANCAO, A PAR DE LEGAL, EVIDENCIA-SE INDISPENSAVEL
PARA FAZER CESSAR A ILEGALIDADE QUE POE EM RISCO A
SAUDE E O MEIO AMBIENTE. RECURSO DO IMPETRANTE
DESPROVIDO. RECURSO DO ESTADO PROVIDO. (14 FLS)
(Mandado de Segurança Nº 70000027425, Segunda Câmara Cível,
Tribunal de Justiça do RS, Relator: Maria Isabel de Azevedo Souza,
Julgado em 06/10/1999)
Muitos autores asseveram que o princípio da precaução não se
confunde com o da prevenção ao dano ambiental. No entanto, existe uma
grande semelhança entre os dois princípios, pois o primeiro é apontado como
um aperfeiçoamento do segundo. Prova disso é que os instrumentos da
Política Nacional do Meio Ambiente que se presta a efetivar a prevenção são
apontados também como instrumentos que se presta a efetivar a precaução
De acordo com o Greenpeace, em sua pagina online, em seu artigo de
titulo “O Princípio de Precaução e os Transgênicos: uma abordagem científica
do risco” assim o define:
Precaução pretende ser uma regra geral em situações onde existam
ameaças sérias e irreversíveis à saúde e ao meio ambiente e
requeiram uma ação para evitar tais ameaças, mesmo que ainda não
exista prova definitiva de dano. Este Princípio não permite que a
ausência de certeza científica seja usada para atrasar uma ação
preventiva. O Princípio de Precaução é muitas vezes criticado como
sendo não científico e por engessar o progresso. Por isso é que
explicamos porque a precaução é tão vital em relação aos
transgênicos, uma vez que demanda uma avaliação científica mais
rigorosa e traz mais democracia às decisões sobre a aceitação ou
não de riscos.
Pelo que constatamos o Princípio de Precaução não está ai para impedir
o progresso, mas para coibir os abusos praticados em nome dele.
Segundo Edis Milaré (2009, p.824):
a omissão na adoção de medidas de precaução, em caso de risco de
dano ambiental grave ou irreversível, foi considerada pela Lei
9.605/1988 (Lei dos Crimes Ambientais) como circunstancia capaz
de sujeitar o infrator a reprimenda mais severa, idêntica a do crime
de poluição qualificado pelo resultado.

Com a revolução provocada pela biotecnologia e os avanços cada vez


maiores na agricultura muitas incertezas e duvidas tem povoado a cabeça tanto
de consumidores como de cientistas da área de pesquisa, sendo os alimentos
transgênicos os que mais preocupam a sociedade, pois estão cercados de
duvidas, não podemos em nenhum momento esquecer que se trata de uma
nova tecnologia com o uso ainda limitado no mundo, havendo ausência de
informações concretas sobre os seus efeitos atuais ao meio ambiente e à
diversidade biológica bem como seus potenciais efeitos a saúde humana.
Diante disso tudo o principio da precaução vem ganhando mais força
como norteador das decisões a avaliações desse tipo de problema que envolva
riscos a saúde humana e ao meio ambiente..
Não se tratar de atrapalhar a revolução biotecnologia, devemos sim,
pesquisar e descobrir novos meios de produzir mais, porém só devemos utilizar
estes meios quando forem realmente seguro e após vasta pesquisa,
experiências, testes de impactos ambientais, tudo de modo a assegurar a
sobrevivência e bem estar das pessoas.

2.4. Estudo de Impacto Ambiental e os transgênicos

Edis Milaré (2008, p.384) assim conceitua o Estudo de impacto


ambiental: pela lei o Estudo de Impacto Ambiental (EIA)l é;
Qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas
do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou
energia resultante das atividades humanas, que diretamente afetam:
a saúde, a segurança e o bem estar da população; as atividades
sociais e econômicas; a biota; as condições estéticas e sanitárias do
meio ambiente humanas um estudo das possíveis modificações nas
diversas características sócio-econômicas.' e biofísicas do meio
ambiente que podem resultar de um projeto proposto.
Pela Resolução do CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) n°
01/86, em seu artigo 1º, define impacto ambiental, senão vejamos:

Art. 1° - Para efeitos desta Resolução, considera-se impacto


ambiental qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e
biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria
ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou
indiretamente, afetam:
I - a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
II - as atividades sociais e econômicas;
III - a biota;
IV - as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;
V - a qualidade dos recursos ambientais.

Ainda sobre a Resolução 1/86 - conama Paulo Afonso Leme Machado


(2003, p.72) diz que:
O Estudo de Impacto Ambiental desenvolverá a análise dos impactos
ambientais do projeto e de suas alternativas, através de identificação,
previsão da magnitude e interpretação da importância dos prováveis
impactos relevantes, discriminando: ... os impactos positivos e negativos
(benéficos e adversos), diretos e indiretos, imediatos e a médio e longo
prazo; temporários e permanentes; seu grau de reversibilidade; suas
propriedades cumulativas e sinérgicas; a distribuição dos ônus e benefícios
sociais (art. 6e, II).

É um instrumento da política nacional do meio ambiente, de acordo com


o que preceitua o artigo 9o, III da Lei n° 6.938/1981. “Art. 9º - São instrumentos
da Política Nacional do Meio Ambiente:II - a avaliação de impactos ambientais”;
O conceito de impacto ambiental refere-se exclusivamente aos efeitos
da ação humana sobre o meio ambiente. Portanto, fenômenos naturais, como:
tempestades, enchentes, incêndios florestais por causa natural, terremotos e
outros, apesar de poderem provocar as alterações ressaltadas, não se
caracterizam como impacto ambiental.
De acordo com o artigo 3o, inciso II, da Lei n° 6.938/81, degradação da
qualidade ambiental é a alteração adversa das características do meio
ambiente, senão vejamos:
;
Para que possamos medir a causa dos eventuais impactos ao meio
ambiente, diagnosticando danos potenciais e medidas que venham a diminuir
os danos ambientais, além de ser uma oportunidade para que o público afetado
possa participar do processo, é necessário que seja feito o Estudo de Impacto
Ambiental (EIA) e o Relatório de Impacto sobre o Meio Ambiente (RIMA).
Para entendermos melhor os dois relatórios é necessário que façamos
algumas considerações sobre os mesmos. Inicialmente diremos que O Estudo
dos Impactos ambientais e o Relatório dos Impactos ambientais formam um
conjunto de relatórios que serviram para analisar os impactos ambientais
provocados pela instalação de um empreendimento, monitorar os seus
impactos.

O EIA pode ser definido como um conjunto de estudos, realizado por


especialistas de diversas áreas (equipe multidisciplinar) com dados técnicos
detalhados e acesso restrito, segundo disposto nos artigos 7° e 8°, da
Resolução do CONAMA n°01/86.
Artigo 7º - O estudo de impacto ambiental será realizado por equipe
multidisciplinar habilitada, não dependente direta ou indiretamente do
proponente do projeto e que será responsável tecnicamente pelos
resultados apresentados.
Artigo 8º - Correrão por conta do proponente do projeto todas as
despesas e custos referentes á realização do estudo de impacto
ambiental”
O RIMA é uma síntese dos estudos e tem um formato menos técnico,
mais simples e compreensível e de acesso publico

. O EIA deve ser anterior à autorização da obra ou atividade; deve ser


obrigatoriamente exigido pelo Poder Público, mas de acordo com a
Constituição Federal de 1988,(artigo 225, §1°, IV) o EIA/RIMA só é exigido
quando houver significativa de gradação ambiental para a instalação de obra e
para o funcionamento da atividade que possa vir a causar essa degradação
Art. 225. § 1º - IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou
atividade potencialmente causadora de significativa degradação do
meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará
publicidade;
Vejamos algumas considerações com base na resolução do CONAMA
n° 01/86 sobre os dois institutos:
Artigo 5º O estudo de impacto ambiental, além de atender à
legislação, em especial os princípios e objetivos expressos na Lei de
Política Nacional do Meio Ambiente, obedecerá às seguintes
diretrizes gerais:
I - Contemplar todas as alternativas tecnológicas e de localização de
projeto, confrontando-as coma hipótese de não execução do projeto;
II - Identificar e avaliar sistematicamente os impactos ambientais
gerados nas fases de implantação e operação da atividade ;
III - Definir os limites da área geográfica a ser direta ou indiretamente
afetada pelos impactos, denominada área de influência do projeto,
considerando, em todos os casos, a bacia hidrográfica na qual se
localiza;
lV - Considerar os planos e programas governamentais, propostos e
em implantação na área de influência do projeto, e sua
compatibilidade.
Parágrafo único. Ao determinar a execução do estudo de impacto
ambiental o órgão estadual competente, ou o IBAMA ou, quando
couber, o Município, fixará as diretrizes adicionais que, pelas
peculiaridades do projeto e características ambientais da área, forem
julgadas necessárias,
Artigo 6º – O estudo de impacto ambiental desenvolverá, no mínimo,
as seguintes atividades técnicas;
I – Diagnóstico ambiental da área de influência do projeto completa
descrição e análise dos recursos ambientais e suas interações, tal
como existem, de modo a caracterizar a situação ambiental da área,
antes da implantação do projeto, considerando:
a) o meio físico – o subsolo, as águas, o ar e o clima, destacando os
recursos minerais, a topografia, os tipos e aptidões do solo, os
corpos d’água, o regime hidrológico, as correntes marinhas, as
correntes atmosféricas;
b) o meio biológico e os ecossistemas naturais – a fauna e a flora,
destacando as espécies indicadoras da qualidade ambiental, de
valor científico e econômico, raras e ameaçadas de extinção e as
áreas de preservação permanente;
c) o meio sócio-econômico – o uso e ocupação do solo, os usos da
água e a sócio-economia, destacando os sítios e monumentos
arqueológicos, históricos e culturais da comunidade, as relações de
dependência entre a sociedade local, os recursos ambientais e a
potencial utilização futura desses recursos.
II – Análise dos impactos ambientais do projeto e de suas
alternativas, através de identificação, previsão da magnitude e
interpretação da importância dos prováveis impactos relevantes,
discriminando: os impactos positivos e negativos (benéficos
e adversos), diretos e indiretos, imediatos e a médio e longo prazos,
temporários e permanentes; seu grau de reversibilidade; suas
propriedades cumulativas e sinérgicas; a distribuição dos ônus e
benefícios sociais.
III – Definição das medidas mitigadoras dos impactos negativos,
entre elas os equipamentos de controle e sistemas de tratamento de
despejos, avaliando a eficiência de cada uma delas.
lV – Elaboração do programa de acompanhamento e monitoramento
dos impactos positivos e negativos, indicando os fatores e
parâmetros a serem considerados.
(...)

O estudo de impacto ambiental em relação aos produtos transgênicos é


uma novidade no Brasil passa por rigorosos protocolos de biossegurança, para
que sejam liberadas sementes ou qualquer organismo geneticamente
modificado.
As empresas sejam publicas ou privadas que queira pesquisar,
comercializar produtos de origem transgênica passam por uma rigorosa
fiscalização. O processo de avaliação e controle de risco ambiental do ponto de
vista da biossegurança de OGMs, tem que ser rigorosamente seguido pelo
solicitante de autorização para experimentos com organismos transgênicos, é
definido nas Instruções Normativas da Comissão Técnica Nacional de
Biossegurança (CTNBio). Estas normas de avaliação detalham o controle de
risco ambiental, bem como de riscos para a saúde humana e animal pelo uso
de organismos transgênicos, e são equivalentes ao estudo de impacto
ambiental. Além da CTNBio, temos ainda como órgãos fiscalizadores a
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o Instituto Brasileiro de Meio
Ambiente (Ibama), o Ministério do Meio Ambiente (MMA) e o Conselho
Nacional de Meio Ambiente (Conama).

Conforme Celso Antonio Pacheco Fiorillo (2009, p.142) o Relatório de


Ausência de Impactos Ambientais – “RAIAS é uma espécie de EIA, pois deverá
conter informações de técnicos habilitados que justifiquem a desobrigação de se fazer o
estudo prévio de impacto ambiental. O RAIAS deverá possuir o conteúdo mínimo do
EIA”.

3. Aspectos Legais

A Lei Federal Nº. 8.974/1995 - (Lei de Biossegurança),


regulamenta os incisos II e V do § 1º do art. 225 da Constituição Federal,
estabelecem normas para o uso das técnicas de engenharia genética e
liberação no meio ambiente de organismos geneticamente modificados,
autoriza o Poder Executivo a criar, no âmbito da Presidência da República, a
Comissão Técnica Nacional de Biossegurança. Esse órgão é vinculado ao
Ministério da Ciência e Tecnologia e é responsável pela biossegurança no pais
alem de fazer a apreciação dos pedidos das empresas para testes e plantios
de organismos transgênicos em solo brasileiro. Destacamos os seguintes
aspectos:
– o estabelecimento de mecanismos de fiscalização das atividades que utilizam
técnicas de engenharia genética;
– a abrangência de atividades: construção, cultivo, manipulação, transporte,
comercialização, consumo, liberação e descarte de OGMs;
– a atribuição de competências específicas aos órgãos de fiscalização dos
Ministérios da Saúde, do Meio Ambiente e da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento;
– o estabelecimento das vedações referentes às atividades relacionadas à
OGMs, das infrações e dos crimes decorrentes da inobservância dos preceitos
fixados, bem como a previsão de penalidades aplicáveis a cada caso;
– a criação da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) e o
estabelecimento de suas competências e composição.
– o estabelecimento de mecanismos de fiscalização das atividades que utilizam
técnicas de engenharia genética;
– a abrangência de atividades: construção, cultivo, manipulação, transporte,
comercialização, consumo, liberação e descarte de OGMs;
– a atribuição de competências específicas aos órgãos de fiscalização dos
Ministérios da Saúde, do Meio Ambiente e da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento;
– o estabelecimento das vedações referentes às atividades relacionadas à
OGMs, das infrações e dos crimes decorrentes da inobservância dos preceitos
fixados, bem como a previsão de penalidades aplicáveis a cada caso;
– a criação da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) e o
estabelecimento de suas competências e composição.
Verifica-se da leitura da Lei n. 8.974/95 e do Decreto n. 1.752/95 que os
eventuais riscos inerentes às inovações científicas, a partir de modificações
genéticas, ao homem, aos animais, aos vegetais e ao equilíbrio do ecossistema
estão entre as principais preocupações do legislador.
Lei de Patentes, a necessidade dessa Lei de deu em face da não
apreciação de organismos vivos pela Lei de Patentes (Lei n.º 9.279/96), que
regulamenta os direitos e obrigações relativos à propriedade industrial, mas
não faz qualquer menção a esse tipo de criação tecnológica.
Lei de Proteção de Cultivares
A propriedade da tecnologia que permite a uma empresa produzir
determinado OGM levou à elaboração da Lei de Proteção de Cultivares (Lei nº.
9.456/97), em cujo texto está a autorização do registro de propriedade do novo
cultivar pela pessoa física ou jurídica que o obtiver , fazendo com que um
organismo, após sofrer suas modificações genéticas, passe a ser visto como
um objeto ou uma propriedade intelectual qualquer, não como um ser natural
em sua essência.
A Lei nº 9.605/98, Lei dos Crimes Ambientais, dispõe sobre as sanções
penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio
ambiente, e dá outras providências.
A lei 11.105/2005 (lei ordinária) 24/03/2005 - regulamenta os incisos II,
IV e V do § 1o do art. 225 da Constituição Federal, estabelece normas de
segurança e mecanismos de fiscalização de atividades que envolvam
organismos geneticamente modificados – OGM e seus derivados, cria o
Conselho Nacional de Biossegurança – CNBS, reestrutura a Comissão Técnica
Nacional de Biossegurança – CTNBio, dispõe sobre a Política Nacional de
Biossegurança – PNB, revoga a Lei no 8.974, de 5 de janeiro de 1995, e a
Medida Provisória no 2.191-9, de 23 de agosto de 2001, e os arts. 5o, 6o, 7o,
8o, 9o, 10 e 16 da Lei no 10.814, de 15 de dezembro de 2003, e dá outras
providências.
A lei N.º11.105, de 24 de março de 2005 , que regulamenta os incisos II,
IV e V do § 1º, do art. 225 da Constituição Federal, estabelecendo normas para
o uso das técnicas de engenharia genética e liberação no meio ambiente de
organismos geneticamente modificados, define os alimentos transgênicos da
seguinte forma:
"Art. 3o Para os efeitos desta Lei, considera-se:
[...]
V – organismo geneticamente modificado - OGM:
organismo cujo material genético – ADN/ARN tenha sido
modificado por qualquer técnica de engenharia genética";
Hoje, pode-se produzir alimentos geneticamente modificados
introduzindo-se genes, inclusive de outros organismos vegetais e animais para
o cultivo da soja, milho, cana de açúcar, dentre outros como canola, feijão e
batatas.
Esse tipo de alimento já é uma realidade cotidiana, vem sendo usados
no preparo de bolachas, cereais, óleo de soja, pães, massas, maionese,
mostarda e papinhas para crianças, ocupado prateleiras de supermercados e
disponíveis em nossas mesas para o consumo.
Apesar dessa proximidade, às vezes assustadora, não se descarta
possíveis conseqüências na vida humana, pois resta ainda uma boa sombra de
dúvidas e incertezas sobre o tema.
O Decreto 1.752/95 - Art. 2° II - emitir parecer técnico prévio conclusivo
sobre registro, uso, transporte, armazenamento, comercialização, consumo,
liberação e descarte de produto contendo OGM ou derivados, encaminhando-o
ao órgão de fiscalização competente; XIV - exigir como documentação
adicional, se entender, necessário Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e
respectivo Relatório de Impacto no Meio Ambiente (RIMA) de projetos e
aplicação que envolva a liberação de OGM no meio ambiente, além das
exigências específicas para o nível de risco aplicável;
A Lei Federal Nº. 9.974/2000 - altera a Lei nº. 7.802, de 11 de julho de
1989, que dispõe sobre a pesquisa, a experimentação, a produção, a
embalagem e rotulagem, o transporte, o armazenamento, a comercialização, a
propaganda comercial, a utilização, a importação, a exportação, o destino final
dos resíduos e embalagens, o registro, a classificação, o controle, a inspeção e
a fiscalização de agrotóxicos, seus componentes e afins, e dá outras
providências.
O Decreto Federal Nº. 3.871/2001 - Disciplina a rotulagem de alimentos
embalados que contenham, ou seja, produzidos com organismo geneticamente
modificados, e dá outras providências. A rotulagem dos alimentos está prevista
no Código de Defesa do Consumidor (Lei n° 8.078, de 11/09/90 – art. 6° III e
art. 8°).
ART. 6º – São direitos básicos do consumidor:
III – a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e
serviços, com especificação correta de quantidade, características,
composição, qualidade e preço, bem como sobre os riscos que
apresentem;
ART. 8º – Os produtos e serviços colocados no mercado de
consumo não acarretarão riscos à saúde ou segurança dos
consumidores, exceto os considerados normais e previsíveis em
decorrência de sua natureza e fruição, obrigando-se os
fornecedores, em qualquer hipótese, a dar as informações
necessárias e adequadas a seu respeito.
Trata-se de uma norma para garantir ao cidadão a informação sobre um
produto, permitindo-lhe o direito de escolha. Além disso, ela possibilita a
rastreabilidade, pois, em casos de efeitos na saúde humana, os produtos
rotulados seriam facilmente identificados e recolhidos.
O Decreto Federal Nº. 4.680/2003 - Regulamenta o direito à informação,
assegurado pela Lei nº. 8.078, de 11 de setembro de 1990, quanto aos
alimentos transgênicos sem prejuízo do cumprimento das demais normas
aplicáveis. Esse decreto revogou o decreto Nº. 3.871/2001 passando a
regulamentar a rotulagem de alimentos e ingredientes alimentares que
contenham, ou seja, produzidos a partir de OGMS, destinados ao consumo
humano e animal.
O decreto determina ainda que produtos que tenham sido fabricados a
partir de transgênicos, mesmo que não contenham o DNA transgênico em sua
composição final, devem trazer a frase "fabricado a partir de (produto)
transgênico" em seu rótulo. Isso porque o DNA da matéria-prima de muitos
produtos é destruído durante a fabricação, o que inviabiliza a detecção do gene
transgênico. É o caso dos óleos, das margarinas e das lecitinas de soja, entre
outros. Além disso, os produtos de animais alimentados com transgênicos -
como pode ser o caso de leite, ovos e carne - também devem trazer no rótulo a
informação "produto de animal alimentado com transgênico".
Outro tema abordado quando se discute os alimentos transgênicos é o
da rotulagem dos produtos. Todo o cidadão tem o direito de saber o que irá
consumir. Por isto, a descrição da composição do alimento e o gene que foi
inserido no produto, devem ser informados. Além dos rótulos dos produtos
nacionais é necessário que sejam analisados os produtos importados
produzidos através da biotecnologia.
No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e
o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) são
competentes para regular a rotulagem dos alimentos em geral e editar normas
que determinam as informações e especificações que devem estar contidas em
estar contidas em sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação
correta de quantidade, características, composição, qualidade e preço, bem
como sobre os riscos que apresentem;
ART. 9º – O fornecedor de produtos e serviços cada produto,
atendendo assim as determinações constitucionais e do Código de
Defesa do Consumidor, como adiante se verá.
A Medida Provisória Nº. 113/2003 - Estabelece normas para a
comercialização da produção de soja da safra de 2003 e dá outras
providências. O fato da edição das Medidas Provisórias nº. 113/2003 e
131/2003 comprovam a atuação do Estado tentando controlar o cultivo e
comercialização dos transgênicos, inclusive com a realização de termos de
compromisso, responsabilidade e ajustamento de conduta instituído pelo
Decreto n.º 4.846, de 25 de setembro de 2003, que regulamentava o art. 3º da
MP 131/03.
A Lei Federal Nº. 11.105/2005 - Regulamenta os incisos II, IV e V do §
1° do art. 225 da Constituição Federal, estabelece normas de segurança e
mecanismos de fiscalização de atividades que envolvam organismos
geneticamente modificados - OGM e seus derivados, cria o Conselho Nacional
de Biossegurança - CNBS, reestrutura a Comissão Técnica Nacional de
Biossegurança - CTNBio, dispõe sobre a Política Nacional de Biossegurança -
PNB, revoga a Lei n° 8.974, de 5 de janeiro de 1995, e a Medida Provisória no
2.191-9, de 23 de agosto de 2001, e os arts. 5°, 6°, 7°, 8°, 9°, 10 e 16 da Lei n°
10.814, de 15 de dezembro de 2003, e dá outras providências.
Instruções Normativas da CTNBio; Código de Defesa do Consumidor -
Lei nº 8.078/90 (especialmente, artigos 6º, II e III, 9º, 31, 66), Dos Direitos
Básicos do Consumidor
ART. 6º – São direitos básicos do consumidor:
II – a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos
produtos e serviços, asseguradas a liberdade de escolha e a
igualdade nas contratações;
III – a informação adequada e clara potencialmente nocivos ou
perigosos à saúde ou segurança deverá informar, de maneira
ostensiva e adequada, a respeito da sua nocividade ou
periculosidade, sem prejuízo da adoção de outras medidas cabíveis
em cada caso concreto.
ART. 31 – A oferta e a apresentação de produtos ou serviços devem
assegurar informações corretas, claras, precisas, ostensivas e em
língua portuguesa sobre suas características, qualidade, quantidade,
composição, preço, garantia, prazos de validade e origem, entre
outros dados, bem como sobre os riscos que apresentam à saúde e
segurança dos consumidores;
ART. 66 – Fazer afirmação falsa ou enganosa, ou omitir informação
relevante sobre a natureza, característica, qualidade, quantidade,
segurança, desempenho, durabilidade, preço ou garantia de
produtos ou serviços:
Pena – Detenção de três meses a um ano e multa.
§ 1º – Incorrerá nas mesmas penas quem patrocinar a oferta.
§ 2º – Se o crime é culposo:
Pena – Detenção de um a seis meses ou multa

3.1. Os direitos da personalidade

Para Paulo de Bessa Antunes (2008, p.24) “a dignidade da pessoa


humana é um dos princípios fundamentais da Nossa Republica, do
ponto de vista jurídico ambiental”.
Por isso é que o artigo 11 do Código Civil define os direitos da
personalidade como sendo o direito irrenunciável e intransmissível de que
todo indivíduo tem de controlar o uso de seu corpo, nome, imagem, aparência
ou quaisquer outros aspectos constitutivos de sua identidade.

Art. 11. Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da


personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o
seu exercício sofrer limitação

Varias são as denominações que o definem: direitos da pessoa, direitos


humanos, direitos fundamentais, liberdades públicas, direitos essenciais. Todas
essas expressões são sinônimas, mas que no fundo têm apenas uma idéia
central em comum: a liberdade.
Com o avanço do progresso cientifico e tecnológico tornou-se
imperioso proteger-se a dignidade da pessoa humana, A Constituição Federal
Brasileira de, 1988 em seu artigo 1º, III, tratou do assunto. Era preciso proteger
a honra, a reputação, a imagem, o nome e os atributos humanos, a afetividade,
a sexualidade, a integridade física e psíquica, todos os fatores fisiológicos,
psicológicos e emocionais decisivos para a felicidade e o bem-estar do homem.
Também o artigo art. 5º, incisos X e XLI da carta, tutelaram os direitos
da personalidade,
Art. 5º, X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a
imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano
material ou moral decorrente de sua violação;
Art. 5º, XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos
direitos e liberdades fundamentais;
Tratado como um dos temas mais importante o Principio da Dignidade
humana foi contemplado pelo Código Civil de 2002, com 11 artigos, agrupados
em um capítulo denominado: Dos Direitos da Personalidade.
Tratou o Código Civil Brasileiro, especificamente, do direito ao corpo
vivo ou morto, em seus artigos 13 a 15:
Art. 13. Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do
próprio corpo,quando importar diminuição permanente da integridade
física, ou contrariar os bons costumes.
Parágrafo único. O ato previsto neste artigo será admitido para fins de
transplante,na forma estabelecida em lei especial.
Art. 14. É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a disposição o
gratuita do próprio corpo, no todo ou da parte, para depois da morte.
Parágrafo único. O ato de disposição pode ser livremente revogado a
qualquer tempo.
Art. 15. Ninguém pode ser constrangido a submeter-Se, com risco de
vida, a tratamento médico ou a intervenção cirúrgica
do direito ao nome, nos artigos 16 a 19;
Art. 16. Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o
prenome e o sobrenome.
Art. 17. O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em
publicações ou representações que a exponham ao desprezo público,
ainda quando não haja intenção difamatória.
Art. 18. Sem autorização, não se pode usar o nome alheio em
propaganda comercial.
Art. 19. O pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da
proteção que se dá ao nome.
do direito à imagem, no artigo 20:
Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da
justiça ou à manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a
transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização
da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento
e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra,
a boa fama ou a respeitabilidade, ou se destinarem a fins comerciais.
Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de ausente, são partes
legítimas para requerer essa proteção o cônjuge, os ascendentes ou
os descendentes.
e do direito à privacidade, no artigo 21:
Art. 21. A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz, a
requerimento do interessado, adotará as providências necessárias
para impedir ou fazer cessar ato contrário a esta norma.

3.1.1. Os Direitos à informação como direito da personalidade

O direito a informação é imprescindível em qualquer atividade que se


vá se realizar, pois ele é à base de tudo, no caso do direito do consumidor ele é
essencial, pois sem ele o consumidor não poderá exercer o seu direito de
escolha, por isso o legislador pátrio o inseriu no TÍTULO II
Dos Direitos e Garantias Fundamentais em seu art. 5º, XIV, onde diz que todos
têm acesso a informação.
O Direito do Consumidor no Brasil ancora-se nos seguintes princípios
que servem de base e norteiam o microssistema jurídico :princípio da
vulnerabilidade do consumidor (art.4º, I ,CDC)

Art. 4º - I - reconhecimento da vulnerabilidade do


consumidor no mercado de consumo;
Considerado como o princípio dos princípios, não é uma presunção
legal, não se admite prova em contrário, mas de pressuposto fático necessário
à justa equação das relações de consumo.
O consumidor já por definição é vulnerável, sendo, pois, esta a sua
característica imanente, sua qualidade intrínseca e indissociável
Princípio do dever governamental (art. 4º, II,VI e VII, CDC): é da
responsabilidade do Estado, enquanto organizador/regulador da sociedade ( poder de
polícia , p.ex.), promover meios para a efetiva proteção do consumidor, inclusive
diante do próprio Estado (enquanto fornecedor);

II - ação governamental no sentido de proteger efetivamente o


consumidor:
a) por iniciativa direta;
b) por incentivos à criação e desenvolvimento de associações
representativas;
c) pela presença do Estado no mercado de consumo;
d) pela garantia dos produtos e serviços com padrões adequados de
qualidade, segurança, durabilidade e desempenho.
VI - coibição e repressão eficientes de todos os abusos praticados no
mercado de consumo, inclusive a concorrência desleal e utilização
indevida de inventos e criações industriais das marcas e nomes
comerciais e signos distintivos, que possam causar prejuízos aos
consumidores;
VII - racionalização e melhoria dos serviços públicos;
Princípio da garantia de adequação (art.4º, caput ) : é direito do
consumidor a plena adequação dos produtos e serviços ao binômio da
segurança/qualidade. É um dos fins deste microssistema de proteção, sendo
dever dos fornecedores e do Estado enquanto fiscal ;
Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo
o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua
dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses
econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a
transparência e harmonia das relações de consumo, atendidos os
seguintes princípios:
Princípio da boa-fé nas relações de consumo (art.4º, III) : um dos mais
antigos principia geral de Direito, mas agora positivado.
Art. 4º III - harmonização dos interesses dos participantes das
relações de consumo e compatibilização da proteção do consumidor
com a necessidade de desenvolvimento econômico e tecnológico, de
modo a viabilizar os princípios nos quais se funda a ordem econômica
sempre com base na boa-fé e equilíbrio nas relações entre
consumidores e fornecedores;
Ao analisarmos aos princípios ancorados no Código de Defesa do
Consumidor (CDC), podemos verificar que há todo um sistema de defesa e
proteção do consumidor brasileiro, pronto, moderno e eficaz para enfrentar o
avançado problema dos transgênicos também não podemos negar a existência
de um risco potencial na produção e consumo destes alimentos, sendo um
direito de todos o acesso a tais informações, inclusive para que possa ser
exercido dignamente o direito de escolha, daí ser o direito à informação um
direito da personalidade.
Logo o princípio da dignidade da pessoa humana é o fundamento para
todos os demais direitos da personalidade, inclusive o direito à informação,
principalmente nas relações de consumo.

3.2. Legislações sobre Direito ambiental

A Lei nº 6.938/81 - Lei da Política Nacional do Meio Ambiente. Com a


edição da Lei nº. 6.938/81 o país passou a ter formalmente uma Política
Nacional do Meio Ambiente, uma espécie de marco legal para todas as
políticas públicas de meio ambiente a serem desenvolvidas pelos entes
federativos. Porém, a partir desse momento começou a ocorrer uma integração
e uma harmonização dessas políticas tendo como norte os objetivos e as
diretrizes estabelecidas na referida lei pela União. Veremos nesse tópico os
aspectos gerais da Política Nacional do Meio Ambiente, o conceito, o objetivo,
os princípios, os instrumentos e o Sistema Nacional do Meio Ambiente.
O marco inicial da regulamentação dos organismos geneticamente
modificados foi estabelecido pela Constituição Federal (CF) de 1988.
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia
qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o
dever defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao poder
público:
II – preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do
país e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação
de material genético;
V – controlar a produção, a comercialização e o emprego de
técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a
qualidade de vida e o meio ambiente;

4. A polêmica em torno dos transgênicos

Devido a múltiplas abordagens e aos desafios impostos, é fundamental


que a discussão se dê de forma objetiva e desapaixonada, com base em
informações claras e precisas, o que nem sempre tem ocorrido. Os debates
têm-se desviado, em muitas circunstâncias, para o campo ideológico, onde
grupos antagônicos taxam de obscurantistas aqueles que divergem de sua
opinião, o que empobrece a discussão e acirra ainda mais a polêmica.
Diante disto, o jurista encontra nos dias atuais, cada vez mais
freqüentemente, sérios obstáculos que tem de enfrentar quando pretende
analisar uma realidade social nova, sobretudo, quando sua instauração é
condicionada de forma decisiva pelos avanços científicos e tecnológicos. É
necessário que ele tenha um conhecimento, ou seja, do assunto que é objeto
da apreciação jurídica. Entretanto, com relação às inovações biotecnológicas
ou as descobertas científicas, corre o risco o operador do direito de fracassar
em sua análise, caso não realize um esforço adicional de captar pelo menos os
aspectos mais importantes dessas inovações ou descobertas e como atuam
nas relações humanas.
Portanto, dar ciência ao consumidor do que está sendo utilizado para a
produção dos alimentos e produção de outros produtos com a utilização de
biotecnologia, ou seja, discriminar o princípio ativo dos genes e seus efeitos,
em rótulos nos produtos, não é uma ofensa, e sim um direito. Cabe a cada um
procurar os seus direitos.
“Prevenir a não violação de seus direitos, descartando o mau negócio, é
melhor do que remediá-lo na Justiça”. Como a Justiça brasileira é morosa,
antes de se dar motivo para que o consumidor procure os seus direitos, em
virtude da má informação, cabe a cada produtor-empresa ter como meta a
qualidade de seus produtos ou serviços, para que não sejam mais tarde,
molestados em decorrência da própria Justiça.
Ainda, considerando o exposto sobre transgênicos, direitos dos
consumidores e biossegurança, há necessidade de se estabelecer, entre a
comunidade cientifica e a sociedade, uma comunicação clara e consciente. É
essencial a divulgação das pesquisas de avaliação dos impactos dos
transgênicos sobre a saúde do homem e o meio ambiente e, além, da
transparência nos processos de liberação dos produtos geneticamente
modificados pelos órgãos competentes.
4.1. A posição da comunidade científica.

Não existe no meio acadêmico a unanimidade, e entre os transgênicos


não seria diferente, o que existe é uma intensa polêmica em que se observa
componentes de saúde pública, de proteção ao meio ambiente e de segurança
alimentar, além de relevantes aspectos econômicos.
Em diversos países, a comunidade científica tem-se mostrado cautelosa
e não tem uma opinião única a respeito do tema e vem alertando os
respectivos governos para os riscos que a libertação dos OGM no ambiente e a
sua introdução na alimentação.
Mostraremos a seguir o que pensam alguns cientistas, pesquisadores e
entidades medicas sobre o assunto.como por exemplo a Associação Medica
Americana (AMA) citada por Borem(2003, P.37):
E política da AMA apóia e implementar programas que irão convencer
o publico e agentes governamentais de que a manipulação genética
não inerentemente perigosas e que os benefícios do DNA
recombinante, tanto em termos econômicos como para saúde,
excedem em muito qualquer risco anunciado para sociedade.

Outra entidade citada por Borem (2003, p.38) é a Academia de Ciências


do Vaticano que também emitiu sua opinião sobre o assunto declarando “que a
tecnologia pode contribuir para uma diminuição da fome no mundo, e que
os países em desenvolvimento devem ter acesso a essa tecnologia”
O professor Rubens Nodari da Universidade Federal de Santa Catarina,
no seminário "Riscos e Impactos das Plantas Transgênicas no Ambiente e na
Agricultura", promovido pela Comissão de Agricultura e Política Rural,
acontecido em Santa Catarina em 2003, advertiu para os riscos do consumo de
produtos ainda não testados, cujos efeitos são desconhecidos da ciência. E
pôs em dúvida a redução do uso de agrotóxicos, prevendo que alguns deles
ainda terão de ser usados.
Nodari afirma em seu livro Biossegurança e novas tecnologias na
sociedade de risco: aspectos jurídicos, técnicos e sociais (2007, p. 18):
É discutível esse menor uso de agrotóxicos, porque um transgênico
pode resistir a uma praga, mas não a todas. Para plantar uma
espécie que enfrenta muitas pragas, o agricultor terá de continuar
usando agrotóxicos.
Em sua opinião os transgênicos podem prejudicar a biodiversidade, por
três motivos: o uso elevado e contínuo de agrotóxicos, a contaminação
genética fruto da polinização cruzada e a uniformização genética resultante do
plantio extensivo de monoculturas de variedades geneticamente alteradas.
Com os transgênicos, há um risco enorme de poluição genética pois se
alguma variedade geneticamente modificada é liberada na natureza, ela pode
alcançar sucesso evolutivo e causar a extinção de espécies nativas.
O professor Nodari (2007, p.19) ainda alerta que “as frutas
transgênicas podem conter genes de resistência a antibióticos,
criando problemas para o combate a algumas doenças, para ele o
risco à saúde é praticamente certo, como riscos de alergia”.
Contudo o mais temido dano que os transgênicos podem causar à
saúde do homem reside na transferência da sua resistência para
microorganismos patológicos, como bactérias que causam infecções. Não há
notícias de que isto tenha ocorrido de fato, mas especialistas não descartam
esta hipótese.
Nodari (2007, p.19) afirmou que “Nós temos evidências de que os
transgênicos rendem menos que os convencionais e aumentam o custo de
produção porque exigem certificados, pagam taxas tecnológicas, os
royalties das patentes” .
O professor aposentado de Genética da Universidade de São Paulo
(USP) Ernesto Paterniani, defendeu os transgênicos, no Seminário "Riscos e
Impactos das Plantas Transgênicas no Ambiente e na Agricultura", promovido
pela Comissão de Agricultura e Política Rural, em Santa Catarina, afirmando
que eles terão um papel importante na alimentação mundial, por permitirem
maior produtividade além de evitar o uso de agrotóxicos e não trazer prejuízos
comprovados à saúde nem ao meio ambiente.
Paterniani afirma que os “transgênicos têm sido avaliados com muito
mais rigor do que todas as centenas de milhares de alimentos novos colocados
no mercado. E todas as avaliações mostram que eles são tão ou mais seguros
que os tradicionais. Como reduzem o uso de inseticidas, garante uma planta
menos atacada por insetos. Por isso, há um ganho na produtividade, de
importância muito grande para o agricultor, que economiza com a redução do
uso de inseticida”.
4.2. Aspectos negativos e positivos dos transgênicos

Existem correntes a favor e contra o uso dos transgênicos. Esta


segunda corrente argumenta que o cultivo de OGM’s pode causar impactos no
meio ambiente, como a perda da biodiversidade, pois de acordo com os críticos
só poderemos avaliar as conseqüências nocivas dessa tecnologia daqui a
muitos anos. Segundo esses cientistas, haverá um empobrecimento da
biodiversidade, que certamente terá influência negativa no equilíbrio ecológico
e na segurança alimentar.
A utilização de transgênicos com resistência a herbicidas na agricultura
pode levar ao aparecimento de “super pragas“ e também ao surgimento de
“super ervas daninhas” próximas à plantação, correndo-se o risco dessas ervas
ficarem resistentes ao próprio herbicida que deveria matá-las. Outro risco
apontado consiste na possibilidade de resistência de insetos e pesticidas, que
evoluiriam e se tornariam imunes à resistência dos transgênicos, gerando com
isso um desequilíbrio ecológico do solo, além da contaminação do solo e dos
lençóis de água, devido ao uso intensificado de agrotóxicos. Como o mercado
de sementes é controlado por cinco empresas (DuPont, ICI ,Syngenta,
Novartis, e Agrevo) corre-se o risco dessas empresas estabeleceram uma
relação entre os transgênicos e o agroquímico específico para a sua proteção,
vendidos sob a forma de um pacote pelas empresas, que são detentoras da
patente das sementes, podendo passar a cobrar royalties das outras empresas
que fizerem uso das sementes. Isso tudo traria com conseqüência posterior a
provável exclusão dos pequenos produtores.
A corrente que defende o uso dos transgênicos afirma que eles trarão
muitas vantagens e entre estas podemos citar as seguintes:
a) aumento da produtividade das colheitas, pois, conforme resultado de alguns
experimentos, os OGMs são produzidos em maior escala, mais que os
alimentos convencionais;
b) aumento da produção de fármacos em plantas e animais geneticamente
modificados. Nesse sentido, citamos a produção de insulina como sendo o
medicamento mais conhecido produzido por transgênicos. Esse tipo de uso da
transgenia, o uso confinado, não representa um perigo ao meio ambiente.
c) aumento do potencial nutricional dos alimentos. A engenharia genética tem
se preocupado com a questão da desnutrição no planeta. A melhoria do
conteúdo nutricional, desenvolvimento de nutricênicos (alimentos que teriam
fins terapêuticos); maior resistência e durabilidade na estocagem e
armazenamento são alguns de seus objetivos.
d) maior segurança alimentar para os consumidores, porque as culturas usarão
menos defensivos agrícolas e maior qualidade nutritiva. Com isso, os
produtores rurais se beneficiarão economicamente, pois os custos de produção
cairão substancialmente com a diminuição da aplicação de inseticidas e,
conseqüentemente, haverá a diminuição de pragas e doenças, além da maior
produtividade na lavoura e aumento da produção de alimentos.
As pesquisas sobre os transgênicos precisam ser aprofundadas, para
que possamos comprovar sua segurança, pois estamos tratando com a saúde
humana. E como ainda não temos uma informação precisa sobre os resultados
positivos ou negativos do uso dos alimentos geneticamente modificados, temos
que nos precaver quanto aos possíveis problemas, tais como: o aumento da
resistência a antibióticos e o aparecimento de novos vírus, mediante a
recombinação de vírus, produto da engenharia genética, com outros já
existentes. É por conta disso que o Princípio da Precaução tem que ser
usadocomo forma de proteger as pessoas contra esses prováveis riscos.
CONCLUSÃO

Concluímos que alimento transgênico ou organismo geneticamente modificado


é qualquer alimento que tenha sofrido alterações em sua estrutura genética através da
manipulação do homem.
A sua evolução se deu a partir da experiência de Gregório Mendel, com
ervilhas em 1860; posteriormente com o americano James Watson e o inglês Francis
Crick, que em 1962 descobriram a molécula do DNA, possibilitando, a partir de 1986 a
realização de experimentos com alimentos, modificando sua genética para fins de
melhoria em sua qualidade, durabilidade e resistência. De lá pra cá, vêm sendo
produzidos em diversos países do mundo, inclusive no Brasil.
De acordo com o que vimos, conforme as mais variadas opiniões, seja de
especialista, de entidades governamentais ou privadas, que atuam na pesquisa e
comércio dos transgênicos, não existe uma unanimidade sobre o assunto. Segundo
esses estudiosos, existem pontos negativos e positivos sobre o uso dos transgênicos.
Alguns aspectos negativos apontados por eles são: a possibilidade de aumentar
alergias; desenvolvimento, ou transmissão a outras espécies, de resistência a
agrotóxicos e ou a antibióticos; aparecimento de novos vírus; empobrecimento da
biodiversidade com a eliminação de insetos e microorganismos que sustentam o
equilíbrio ecológico; o desconhecimento das conseqüências em longo prazo das
modificações genéticas, bem como o desenvolvimento de super-ervas daninhas que
podem semear doenças e provocar desequilíbrio na natureza.
Do outro lado, estão os que vêem os pontos positivos e assim os enumeram:
as plantas transgênicas terão maior produtividade, além de evitar o uso de agrotóxicos
e não trazer prejuízos comprovados à saúde nem ao meio ambiente.
Quanto aos impactos jurídicos que podemos citar em relação aos transgênicos,
enumeramos três importantes:
1 - O princípio da precaução é o fundamento básico para as normas de biossegurança
no mundo e, portanto, não pode ser esquecido ou abandonado no debate sobre
segurança alimentar ou prevenção de riscos ambientais no Brasil. Com a aplicação do
princípio da precaução no ordenamento jurídico, entre os princípios gerais do direito
ambiental, ele passou a exercer influência sobre a interpretação e a aplicação de
todas as normas do sistema jurídico ambiental em vigor, com repercussões diretas,
evidentemente, na aplicação udicial do direito ambiental.
2 – Como forma de dar ao princípio da precaução aplicação direta e certa, não se
pode prescindir do Estudo de Impacto Ambiental para avaliar os potenciais riscos da
liberação de OGM no meio ambiente.
3- O consumidor tem direito a uma informação clara e objetiva sobre aquilo que vai
consumir, em atendimento ao princípio da informação, que norteia o Direito do
Consumidor, por isso a rotulagem dos produtos transgênicos é importante e nela deve
conter as características transgênicas dos alimentos.
Em resumo, para o consumidor e para as autoridades dos órgãos regulatórios,
os OGM devem ser seguros, a informação deve ser adequada, o monitoramento do
ambiente e da saúde deve ser cuidadoso, as autorizações de liberação comercial
devem ser limitadas no tempo, as preocupações dos consumidores devem ser levadas
em conta, devendo estes terem livre escolha sobre os produtos que desejam
consumir.
Devemos agir com prudência e devem ser intensificadas as pesquisas para
aumentar a compreensão sobre o assunto, informando melhor a população sobre os
benefícios e os riscos dos transgênicos. As autoridades brasileiras e as instituições
públicas de pesquisa devem assumir, neste caso, posições de cautela, algo como um
juízo arbitral, imparcial entre posições e interesses envolvidos. Para isso, o governo
brasileiro possui empresas de pesquisa com reconhecimento mundial, como a
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA e a Fundação Instituto
Osvaldo Cruz – FIOCRUZ, que possuem em seus quadros cientistas capacitados que
poderão dar uma grande coklaboração nesse sentido.
A sociedade como maior interessada deve participar pertinência, ela deve ser
bem informada, com o máximo de imparcialidade mais desse debate. Mas para que
possa fazê-lo com um mínimo de possível, sobre as pesquisas relativas aos
transgênicos que estão sendo feitas no Brasil e no mundo. Não deve ser manipulada
por ideologias, nem das empresas que atuam no setor que só visam o lucro fácil, nem
por algum ecologista extremado.
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RELATÓRIO DE ATIVIDADES 2006 – EMBRAPA


AGROINDUSTRIA DE ALIMENTOS

RELATÓRIO FINAL DA SUBCOMISSÃO ESPECIAL


DESTINADA A ANALISAR A SITUAÇÃO DOS
ALIMENTOS TRANSGÊNICOS Centro de Documentação e
Informação Coordenação de Publicações BRASÍLIA – 2004

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