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O culto em Corinto
eo
Nosso Culto
Direitos Reservados
O Semeador
São Paulo, 1992
4
Ao leitor
O presente estudo resulta de trabalho em simpósios de
pastores e presbíteros; por isto vai compacto e de5idrarado.
com maior intenção de provocar estudo que de ensinar. Há
detalhes em que os textos examinados admitem emendimen-
Lo diverso do que ofereço; contudo. não cheguei a minhas pró-
prias conclusões apressadamente. Socorri-me do lexicon. de
Bauer-Gingrich-Ar nt e do Dictionary de K ittel, além de per-
correr os Comentários usuais e monografias. No cntendimen·
to das "línguas" de Corinto não me foi possível acompanhar
o mestre Antonio Almeida, que concorda com C. Hodge (Co-
mentáric 1 aos Corintios); lamento, porque não é fácil afas·
tar-se alguém de A ntonio A lmeida. Pretendo oferecer uma sé-
rie, acompanhando os Simpósios; o segundo será apresentado
no Simpósio de Piratininga, na lgreja de Santo Amaro, em
outubro de 92, uma proposta de i ntrodução ao EsLUdo da H is-
tória da Igreja em Seminários Brasileiros.
iii
Índice
I- Introdução: um critério .................................................................
2. Eventos ................................................................................................. 3
Conclusão .............................................................................................. 31
vi
O culto em Corinto e o nosso culto
Boanerges Ribeiro
/ - Introdução: Um critério
Os eventos narrados nos A cos dos Apóscolos não fixam
normas para a igreJa.
É a doulrina de CrisLo e dos apóstolos que estabelece
normas para a Igreja.
Os evemos. registrados sob a inspiração do Espírito San-
to. infalível. ilustram as normas: porque cada cvcmo é smgu
lar. i.e., possui certas características próprias. exclusivas. que
não se repetem.
A doutrina afirma verdades que poderão manifestar-se
em diferentes situações particulares. 1.e.. em diferentes eventos.
João 14: 16: " ... outro Consolador, para que fique
convosco para sempre."
At. 1:5: " ... vós sereis batizados com o Espírito San·
to ... "
[Cor. 3: 16: "Não sabeis que sois o templo de Deus,
e o Espírito de Deus habita em vós?"
[ Cor. 12: 13: "Todos nós fomos batizados com um
Espírito * para formar um corpo. quer judeus, quer
gregos. quer servos. quer livres, e todos temos bebi·
do de um Espírit0." * (ou por um Espírito; ou em
um Espírito).
Ef.4:4-6: .. Há um só corpo e um só Espírito. como
também fostes chamados em uma só esperança da
vossa vocação; um só Senhor. uma só fé, um só ba·
tismo: um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre
todos, e por Lodos e em todos.··
2
A divisão em capítulos e versículos que, como sabemos.
não faz parte do texto onginal. aqui confunde. O que Paulo diz é:
2. Eventos
As circunstâncias variam mas há uma constante: os cren·
tes em Cristo recebem o Espírito Santo; há uns paucos casos
em que esse recebimento está implícito; menciono·os. e. dei-
xo ao leitor o julgamento.
3
b) Houve fenómenos diversos:
- auditivo: som veemente de vento 2:2;
- visual: línguas como de fogo são vistas 2:3;
- mental: começam a falar nas línguas dos forasteiros
ali presentes: 2:4, 6, 8, 11: ''noutras línguas''; "cada um os ou-
via falar no seu próprio dialeto''; ··cada um em nosso próprio
dialeto em que somos nascidos"; "nossas próprias línguas".
Não falam a esmo: magnificam a Deus, i.e., sua mente se apli-
ca à glória de Deus. É evidente que usam línguas e/ou diale-
tos inteligíveis a grupos presentes, e o foco do pensamento de-
les é religioso: magnificam a Deus.
- Não há batismo de água.
c) A reação imediata dos circunstantes:
- alguns maravilhavam-se. estavam suspensos e intriga-
dos. 2:12;
- outros caçoavam e diziam que aquilo era bebedeira. 2:13.
d) O discurso de Pedro. É objetivo. racional; concatena
eventos históricos e eira tempestivamente trechos diversos do
Antigo Testamento. Ao iniciar, "levantou a voz", donde se se-
gue que antes, se Pedro falava, não era em voz alta. Pede que
prestem atenção a suas p a l é J v r a ~ .
5
- "então lhes impuseram as mãos, e receberam o Espíri·
to Santo". 8: 17.
- Não se relaciona manifestação sensível ou subjetiva.
7
rou·lhe sua visão e declarou se pronlo, com lodos os presentes.
para receber de Pedro a mensagem de Deus. 10:33.
1) Pedro inicia uma exposição do Evangelho. Mas esta
va ainda no começo (Al. 11: 15), "quando comecei a falar",
"caiu o Espírilo Sanlo sobre todos os que ouviam a palavra",
10:44.
j) Falavam línguas. e magnificavam a Deus, 10:46. 1.e.:
um fenômeno mental: as línguas parece que eram mteligive1s
pois Pedro e seus companheiros sabiam que eles magnificavam
a Deus. e Pedro entende que se dava com os gentios o mes-
mo que se dera com os 120 em Pentecostes: (inlelcctual. falar
línguas inteligíveis: religioso, magnificar a Deus). caiu sobre
eles "o Espírito Santo, como também sobre nós ao princípio".
Al. 11:17, "Deus lhes deu (édoken. aorislo, ação comple-
ta no passado) o mesmo dom (dôreán. dádiva) que deu a nós
que "éramos crenles", ou, "que tínhamos crido", pisceúsasm,
particípio ativo aoristo: o particípio aoristo denota ação ante-
rior à do verbo principal. que no caso é "deu". subentendido:
isto é. "o mesmo presente Deus deu a eles, o qual (deu) tam-
bém a nós que éramos crentes no Senhor Jesus Cristo"
Pedro. pois. considera que Cornélia e os seus ··receberam
como nós o Espírito Santo" 10:47. e manda batizá-los. 10:48.
*Os 18 de Éfeso. At. 19:1 7.
8
no passado); "e falavam imperfeito pretérito, ação contínua
no passado) línguas e profetizavam", (imperfeito, ação contí·
nua no passado).
d) "falavam línguas" - não é explícito se inteligíveis ou não.
e) "e profetizavam" inteligivelmente, é claro, de outro
modo, como se saberia que o que diziam era profecia?
Narram-se, pois, eventos em que os que crêem recebem
o Espírito Santo, em circunstâncias diversas: antes do batis-
mo da água: depois do batismo da água: sem o batismo da
água. Com marcantes resultados emocionais; mentais; e até
auditivos (vento ouvido, som). e visuais (línguas como que de
fogo, vistas). Depois de ouvirem toda a pregação e de serem
exortados: no começo da pregação: em grupo: sozinhos; na ci·
dade; na estrada; sem registro de reações emocionais ou men·
tais aparentes: ou com registro de uma ou de outra dessas re·
ações. ou de ambas.
Mas sempre, em todas as circunstâncias, os que crêem
em Cristo recebem como presente do Senhor o Espírito San·
to e passam a integrar a Igreja. Esse presente , (dôreán}, é o
próprio Espírito Santo.
Os "dons do EspirilO ··, c a r i s m ~ . 111anifest.ações da graça,
\ são concedidos pelo m e s m o ~ r i t o aos que Õ receberãiilco- -
_mo presente, dádiva de Deus. Carismas são dons da graça que
o Espírito Santo, o dom de Deus aos que crêem. lhes conce-
de conforme quer. sempre visando a edificação da igreja, e
não a gratificação do indivíduo.
II - O caso de Corinto
1 - Paulo em Corinto: um cronograma possível.
* Sua presença na cidade
9
b) Retira se e eventualmente estabelece residência em
Éfeso. de onde escreve a atual l aos Coríntios.
c) Faz rápida visita a Corinto "em tristeza". 11 Cor. 2: 1;
(e conferir li Cor. 13: l. onde fala de uma "terceira visita" que
planeja fazer).
dl Encerra seu trabalho em Éfeso; escre'c a atual li Cor.
provavelmente da Macedônia: depois vai a Corinto onde fica
3 meses. At. 20: 1-3. ("a Grécia" é provavelmente Corinto).
a) Uma 1ª. perdeu-se. l aos Cor. 5:9 (..Já por carta vos
tenho escrito''.).
bl A 2.J. é a atual l aos Corintios. escrita em Éfeso, +
ou - 55 A.O .. 1 Cor. 16:8. Responde a perguntas de crentes
corintios e corrige erros da Igreja, relatados por visitantes.
c) A 3~. uma admoestação severa. perdeu-se; (há quem
considere li Cor. 10-13 como parte desta). II Cor. 2:4. 7:8.
d) A .+.ª é a nossa U aos Coríntios, que registra a aceita-
ção pelos corint1os da autoridade e do ensino de Paulo: lI Cor.
7: 6-16.
11
no caso de abandono do lar por cônjuge pa-
gão. I Cor. 7:10: l Cor. 7:15.
13
lo menciona, como comnbu1ções oferecidas desordenadamen-
le pelos crentes nas reuniões, 1 Cor. 14:26,
- Salmo,
- Ensino,
- Revelação
- Língua
- lnterpretação.
Aqui não arrola profecia nem oração: já as tinha meneio·
nado, contudo, no contexto da insatisfação das mulheres com
sua condição subordinada , I Cor. 1l :3-16.
- As "línguas" cinham papel preponderante e apresenta·
vam-se em discursos, cânticos e orações:
1
- A "língua" pela "língua" - Talvez o que pretenderia
ser um discurso. Ver I Cor. 14:16, em que Paulo substitui as
"línguas" por revelação, conhecimento, profecia e ensino, lo-
dos passiveis de exposição no discurso inteligível.
- No salmo em "língua·· (um salmo poderia ser canta·
do ou recitado) 1 Cor. 14: 15. Paulo não menciona a opção de
haver intérprete para o salmo mas determina que o salmo se·
ja inteligivel, inclusive para quem o apresenta, o que indica
que ele não admite o cântico "em língua". Aquilo que era can-
tado devia ser entendido pelos oulros crentes e por quem esca-
va cantando: "cantarei com o espírito mas também cantarei
com o entendimento", 1 Cor. 14:15 b.
- Na oração em ''língua". inclusive a oração de ação
de graças, I Cor. 14:14-17. Também não ordena interpretação
de "oração em língua"; faz ver que ela é inútil para a Igreja,
e determina que quem ora entenda o que diz e seja entendi-
do pela Igreja, l Cor. 14: 15, "orarei com o espírito mas tam-
bém orarei com o entendimen to".
- As mulheres intervinham livremente, aparentemente
para interromper com perguntas, l Cor. 14:34-35. Nas reuniões
(de culto, ao que parece), elas relutavam em aceitar posição
subordi nada, fosse quando oravam e profetizavam (1 1:5-6, JO,
13, 15), fosse quando outros falavam, e elas interrompiam com
14
questões, 14:34-35. Paulo não parece certo de ser atendido,
ao tratar de eliminar esses aspectos da presença de mulheres
na Igreja, 14:38. A questão, parece, já chegava ao confronto,
JJ: 16, o que não costumava acontecer nas "igrejas de Deus".
15
aos sem-fé, como testemunho inteligível de Cristo para a con-
versão deles; e o mesmo para os não familiarizados. idiôtai,
1Cor. 14: 16, 24-25. E que edifique também os não carismáticos;
- que haja ordem e decência no culto. (Dá a especiifica
ção de como fazer: 14:27-31):
- que falar "lingua s" fique condicionado à presença de
1 intérprete, 14:27: "e J interprete". usa numeral e não art1
go: e não diz vagamente "haja intérprete", mas: "e 1 interpre -
te" (verbo e não substantivo: numeral. 1. e não anigo).
- que as mulheres devem abster-se de interromper o cul-
to com questões, 14:34-35.
- A disciplina no exercício do ministério carismático
no culto público abrange tanto o dom de línguas como o da
profecia. Abrange realmente todo o culto. onde deve haver
ordem sempre, 14:40.
Dom de língua
- Não é necessário (ou indispensável) ao culto. 14:27.
"se alguém fala língua", presente do indicati vo ativo, ação
em andamemo no presente. "se alguém costuma falar" (mas,
com o se condicional, optativ o portanto: caso haja alguém
que fale língua).
- Limita a parucípação a 2 ou quando muico três. Ca-
da um fale por sua vez. (não mais de um ao mesmo tempo).
- 1 interprete os dois ou três que falam língua. i.e., ex-
plique o que se passa com eles. presente do imperativo ativo
de diermenéuo. Este verbo tanto pode significar traduzir (At.
9:36), como explicar (Luc. 24:27). É provável que ao intérpre-
te coubesse explicar aos presentes o que se passava com o ir-
mão. ou os irmãos que em êxtase pronunciavam fonemas inin-
teligíveis.
- Mas não oferece a solução de 1 interpretar, para o ca-
so do cântico em língua e da oração em língua; exclui tanto
um corno a outra do culto público: 1 Cor. 14:14-17.
16
.. Porque se eu orar em língua. o meu espírito ora,
mas o meu entend imento fica sem fruto.
"Que farei, pois? (grifo meu) Orarei com o e.spínto
mas também orarei com o entendimento: cantarei
com o espirito, mas também cantarei com o enten-
dimento.
"Doutr a maneira. se tu bendisseres com o espirito.
como dirá o que ocupa o lugar do indout o o Amém
sobre a tua ação de graças, visto que não sabe o
que dizes? Porque realmente tu dás bem as graças
mas o outro não é edificado."
Dom de profecia
- É útil: 14:29, "falem ": (não há o condicional "se al-
J guém fala", da "lmgua ") Também limita a "dois ou três profe-
tas". mas a seguir admite "Todos podereis proíeuzar. uns de-
pois dos outros··, 14:29. 31
- As profecias dos profetas de Corint o devem ser "ava-
liadas" pelos outros (profetas?) 14:28. isto poderá significar
17
que não são infaliveis, ou que têm valor desigual - ou am-
bos. Isto é: não eram palavra de Deus infalivelmente inspira-
da mas valiosos testemunhos de Jesus.
- Ficava de pé o que falava; os outros, assentados, 14:30,
o que era parte da boa ordem.
- Se algum dos "assentados" recebesse revelação, o que
falava devia ceder-lhe a palavra, 14:30.
Dessas profecias não nos ficou registro. Seriam, pois, des-
tinadas àquela igreja local e não à igreja universal.
- As mulheres (casadas?) não devem interromper o cul-
to; devem manter-se em silêncio. 14:34-35.
19
O nosso culto
Q culto cristão é a dedicação de nós mesmos a Deus com
aceitação de Sua paternidade. soberania e misericórdia. e exul
tante reconhecimento de Sua glória. majestade e graça. O cul
to cristão é prestado cspiricualmente. com o auxílio do Espíri-
to Santo: tem Jesus Cristo como úmco mediador. e base1a·sc
no conhecimento verdadeiro de Deus.
1 - Dedicação a Deus. Não é introspecção. Destina-se a
Deus. que não é eu. nem nós. Não se destina a qualquer que
pretenda assumir o lugar de Deus. mas única e exclusivamen
te a Deus. Mat. 4: 10: "Ao Senhor teu Deus adorarál.. e só a
Ele servirás". Também não é comunicação de uns fiéis com
outros fiéis. ou de um fiel com outro fiel: é a dedicação de
um fiel. e de todos os fiéis, ao único Deus verdadeiro. É cer
to que a participação espiritual na adoração une e edifica os
fiéis. Rom. 15:2. 5-6.
2 - Dedicação de nós mesmos - o apóstolo di1. Rom. 12: 1.
"que apresenteis os vossos corpos. num sacrifício vivo. santo
e agradável a Deus". Hebr. 10:5-10· o culto perfeito que esta-
beleceu a Nova Aliança. foi o sacrifício do própno corpo de
Cristo. e é pelo uso dedicado a Deus de nosso corpo que O
adoramos ("lábios que confessam o Seu nome". Hebr. 13: 15);
3 - Com aceitação de Sua paternidade, soberania e misericórdia.
"Vós orareis assim. Pai nosso que estás nos céus··: ..SCJJ
feita a Tua vontade"; "perdoa-nos as nossas dh idas" Mat
6: 10. 12a e Hebr. 4.16;
4 - e exultante reconhecimento de Sua glória. "Ofereçamos
sempre por Ele (Cnsto) a Deus sacnfício de louvor." tHebr
13:15) E Rom. 15:9 li.
Ma1esrade, Ap 19·5 6 "o S1.:nhor Todo-Poderoso reina".
e graça. Hebr. 4: 16 "cheguemos pois com confiança ao trono
da graça".
5 - É prestado espiritualmente João 4:24: "Deus é espíno
21
e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em
verdade."
1. Não se vincula a lugares, João 4:21: "Nem em Jerusa -
lém nem neste monte";
2. Nem a objetos, Hebr. 9:8- 12, 13-15, 24.
3. Nem a liturgias fixas, Hebr. 13: 10-16: ·Temos um al-
tar de que não têm direito de comer os que servem ao taberná-
culo".
6 - Com o auxílio do Espirito Santo Rom. 8:26-27: (Tomo
a liberdade de oferecer uma paráfrase; de qualquer forma, con-
fira com seu texto): "O próprio Espírito ajuda nossa fraqueza.
pois não sabemos o que orar como convém, mas o mesmo Es-
pírito intercede com gemidos que não podem expressar-se em
palavras; mas o que examina os corações conhece o modo de
pensar do Espírito, e é o Espírito que, em acordo com Deus,
fala pelos santos."
7 - Tem Jesus Cristo como mediador - l Tim. 2:5. "Há
um só Deus e um só mediador emre Deus e os homens. Jesus
Cristo homem."
8 - E baseia-se no conhecimento verdadeiro de Deus - João
4:24, conf. João 4:22; João 16: 13: "... em Espírito e em verda-
de": "nós adoramos o que sabemos": "... aquele Espírito de
verdade, Ele vos guiará em toda a verdade." Esse conhecimen-
to vem aos fiéis da leitura, pregação e ensino da Palavra de
Deus, recebida com iluminação do Espírito Santo.
23
li O Novo culto é inteligente
24
do cenmomal mosaico permaneceram no culto da Igreja dos
judeus com expressão variável (At. 2J :20, 25) até que o Tem-
plo foi destruído.
O cântico, tantas vezes presente no V.T., encontramo-lo
tanto entre judeus-cristãos como entre gemios·cristãos.
A páscoa era uma refeição celebrada em casa. com a fa.
mília. ou com um grupo de amigos. (0 cordeiro, porém, devia
ser morto no Templo). Ela possuía limrgia própria, com ora·
ções. libações, instruções aos mais jovens sobre o significado
dessa refeição. e o cântico de Salmos. Após a destruição do
Templo a páscoa continuou a ser celebrada, mas sem o cordeiro.
Naturalmente a páscoa judaica desapareceu nas celebra-
ções cristãs. Cristo é nossa páscoa.
Ao ar livre celebravam-se cerimônias festivas, comemo-
rando atos da graça e do poder de Deus na história de lsrael.
ou eventos do calendário judaico, ou um ato marcante como
a ascençào de um novo rei. Marcavam-nas procissões; músi-
ca campal e um estado de espírito na maioria dos casos, des-
contraído. Tinham duplo cenário: o ar livre e o Templo. Mes·
mo nas mais descontraídas, havia limites: 1 Cron. 16:42; Sal-
mo 92:3 especifica-se a qualidade da música a usar no culto,
"instrumentos de música de Deus"; 92: 1, "Bom é louvar ao
Senhor..." v. 3,b "sobre a harpa com som solene''.
As festas de lsrael desapareceram na Igreja Cristã, não
apenas por circunstâncias históricas (o Templo desapareceu),
mas porque a Igreja Cristã não é a continuação histórico-polí-
tica da nação judaica. Col. 2: 16-17, "ninguém vos julgue pe·
lo comer. ou pelo beber ou por causa dos dias de festa, ou
da lua nova, ou dos sábados. que são sombras das coisas fuLU-
ras, mas o corpo é de Cristo". A epístola aos Hebreus demons-
tra como o culto do Templo se tornou obsoleto com a encarna·
ção. expiação e a glorificação de Cristo. Resumindo, o culto
no Templo e as festas de Israel desapareceram na Igreja Cris-
tã; mesmo o que persistiu na Igreja de Jerusalém foi temporá-
rio e também desapareceu. (Mas infiltrou-se um sacerdotalis-
mo de casta: isto. porém, é outro tema.)
25
2. A Sinagoga
(Resumo aqui as informações de Eduard Lohse, The New Tes-
cament Environment).
26
mos são elementos fragmentárias de culto público e de expres-
são devocional, e instruções às igrejas e pastores. Isto não sig-
nifica que a ordem do culto é irrelevante; creio que sinaliza
o fato de que não há na Igreja uma ordem de culto fixa para
todos os tempos e lugares. Contudo, os elementos do culto
constantes de instruções apostólicas sempre devem compor
nossa liturgia. Distinguimos o que nos surge como narrativa
inspirada de eventos do que vem como doutrina apostólica.
É a doutrina que nos cumpre acatar nos termos de nossa épo-
ca e lugar. Mas veremos também eventos. que ilustram aspec-
tos da doutrina.
1. Eventos de culto na Igreja aposcólica
a) Cantava-se, e muito, ao que parece. Atos 16:25; Ap.
5:9; Ap. 14:3; Ap. 15:3.
Estudiosos sugerem que certos textos podem ser fragmen-
tos de hinos da Igreja Apostólica; é uma hipótese que não ob-
tem unanimidade. Contudo. eis alguns textos sugeridos: 1Tim.
3:16b; Filip. 2:6-11; Col. 1:15-20.
b) Ensinava-se e se pregava. At. 2: 14; 2:42. Col. 3: 16.
c) Orava-se: At. 2:42. At. 16: 16.
dl Cultivava-se a Palavra de Deus escrita. o Velho Testa-
mento. e os ensinos de Cristo e dos apóstolos ainda não reuni-
dos em escritos canônicos. (Ver as constantes citações do Ve-
lho Testamento em discursos e epístolas e também pelo Se-
nhor Jesus. Confira Ef. 1: J3.)
e) Celebrava-se a ceia do Senhor. I Cor. 10:16-17. 21;
11 :17-34; At. 2:42.
1) Batizavam-se os novos membros. At. 16: 14. 15; 32-33.
27
se o Novo TesLamenlo. a Jgreja Apostólica cultivava a palavra
escrita. O Velho Testamento; bem como repelia o ensino de
Jesus e dos apóstolos que recebera oralmence dos mesmos após-
tolos.
a) Palavra escrita: l Tim. 4: 13. "persiste em ler". Como
essa recomendação vem imediatamente seguida de "exonar"
e "ensinar". ambas evidentemencc atividades públicas ( e não
parucularesl. é justo encender a leitura também como públi
ca. dirigida à igreja. A Palavra deve ser hda. explicada e seu
ensmo aplicado à vida dos fiéis: "ler. exonar. ensinar".
li Tim. 4:2, "que pregues a palavra" - o que pode in-
cluir tanto a Escritura do Velho Testamento como a Palavra
recebida do apóstolo.
Col. 4: 16 - que leiam as epistolas de Paulo, o modo de
recomendação sugere leitura na congregação. l Tess. 5:27.
Os textos em que se encarece o insubstituível valor
das Escnturas são numerosos. tanto em pronuncia-
mentos de Cristo como dos apóstolos. E o Velho
Testamento é constantemente citado como Palavra
de Deus.
bl As palavras ainda (então) não escritas de Cristo e dos
apóstolos: 11 Tess. 2: 15 "retende as tradições que vos foram
ensinadas. seja por palavra. seja por epistola nossa". Não se
trata de tradição eclesiâstica. mas os ensino de Cristo e do após
tolo comunicado por palavra dele, ou por epistola dele. 1 Tess.
2: 13, ..... a palavra da pregação de Deus. a recebestes não co
mo palavra de homens. mas. segundo é na verdade. como Pa
lavra de Deus". E ver 1 Cor. 11 :23: "Porque eu recebi do Se
nhor o que também vos ensmei". E o evangelho é imutável
(embora ai nda não estivesse então escrito), Gal. l :8-9; Ef 1: 13.
cl Pelo que se pode concluir (l Tim. 4: 13, II Tim. 4:2) a
leitura da Palavra devia ser acompanhada de explicação e apli·
cação à vida dos fiéis ("exortar e ensmar", "instes a tempo e
fora de tempo, redarguas. repreendas. exortes").
Creio que aqui cabe a profecia presente em Corinto e
nas Igrejas Apostólicas.
28
Faço distinção entre profecia aposlólica. registrada no
Canon do Novo Testamento com o caráter da inspiração infa-
lível do Espírito Santo; e profecia não-apostólica, não infalível
mas útil à edificação da igreja onde o profeta servia a Cristo;
eventos são mencionados. mas o teor das profecias não é regis-
trado. exceto nos dois casos de Agabo, que veremos. Digna
de todo acaLamento 1 Tess. 5:20, e 1 Cor. 14. Subordinada.
contudo. ao ensino apostólico, I Cor. 14:37.
Lembre-se a "Introdução" deste estudo. onde se observa
que eventos da história eclesiástica, mesmo apostóli.ca e regis-
trados por inspiração do Espírito Santo, não são normativos.
isto é. não é nosso dever tentar reproduzi-los. A doutrina do
Senhor e dos apóst0los é normativa. e devemos acatá-la e apli-
cá la a nossas circunstâncias e culto. Cabe reconhecer que nem
sempre é fácil (ou mesmo possível) separar referência a even-
to de enunciado doutrinário. Ef. 3: 1-7.
' * Vejamos os eventos. ou referências a profetas ou profecia:
- QuaLro filhas donzelas de Filipe o Evangelista profeti·
zavam. At. 21 :9.
- Em Antioquia da Síria havia profetas na Igreja. At. 13.1 .
- Na Igreja de Jerusalém havia profetas. A t. 11 :28 e
At. 21: 10. Observe-se que nos dois casos um profeta fez predi-
ções e o resultado foi a motivação de determinada ação ética.
"mandar socorro", At. 11 :29-30 ou estado de espírito também
ético. "Faça-se a vontade do Senhor". At. 21:13-14. Aliás, so-
mente nesses casos de Agabo se registra o conteúdo das profe-
cias de profeLa não-apóstolo: registra-se também, o resultado
.. na vida dos crenLes.
- Judas e Silas "que também eram profetas" exortaram
e confirmaram os irmãos, At. 15:32. Embora não registre os
termos de suas profecias. comudo parece indicar que. sendo
profetas. motivaram os de Antioquia à vida cristã ("exorta-
ram") e os encorajaram a perseverar nela ("confirmaram'')
- Profetizar vem uma vez como um dos resultados ime-
diatos do balismo do Espírilo Santo. At. 19:6: "Falavam lín-
gua<; e profetizavam".
29
- Timóteo foi objeto de profecias; relacionam-se com a
boa luta de fidelidade a Cristo e de pura consciência cristã,
mas não conhecemos o teor dessas profecias, nem se seriam
predições ou exortações: I Tim. 1:18.
- Também "o dom'' em Timóteo relacionava-se com pro-
fecia e com a imposição das mãos do presbitério (e de Paulo)
1 Tim. 4: 14; 11 Tim. 1:6. Novamente, não conhecemos o teor
da profecia; podemos, creio, supor (mas apenas supor) que vi-
saria à exortação e encorajamento do jovem Timóteo quanto
ao exercício de seu ministério.
- Há também o caso de Corinto, já examinado. Ali não
se registra, também, o teor das profecias. Mas Paulo nota que
a profecia (e ele fala no contexto do culto público) com ordem
e decência promove melhor conhecimento; motiva à vida cris-
tã e encoraja para enfrentar esta vida presente: 1 Cor. J4:3,
31. A palavra do profeta era na lingua corrente e, pois, inteli-
gível não só para os crentes, mas para os não crentes, para
os não-familiarizados com a igreja e para os não-carismáticos:
l Cor. 14:24-25. Torna-se evideme que a manifestação "em lín-
gua" não era profecia pois a "língua" era ininteligível: "Não
fala aos homens'', "ninguém o entende", 1 Cor. 14:2.
A doutrina apostólica sobre dom de profecia (carisma)
não é detalhada; além dos benefícios acima mencionados, re-
sulcantes de seu exercício no culto, temos, sobre sua natureza:
- Em Apoc. 19:10c um relance, "porque o testemunho
de Jesus é o espírito da profecia". O anjo proferiu essas pala-
vras no contexto de um falso culto: o vidente caíra aos pés
do anjo, e este contrapôs a esse ato de culto à criatura um ele-
mento do culto a Deus em espírito e em verdade: "o testemu-
nho de Jesus", presente no dom de profecia.
Em outra ocasião João se prostrou aos pés de um anjo,
e novamente o anjo lembrou-lhe os profetas da igreja, "teus
irmãos os profetas", Apoc. 22:9.
- Profetas se encontram entre os ministros dados por
Cristo à igreja para que os crentes sejam bem preparados pa-
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ra o ministério (deles, crentes): Ef. 4: 11-16, "E Ele mesmo
(Cristo) deu (à Igreja) uns para apóstolos. e outros para profe-
tas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e mes-
tres, querendo o aperfeiçoamento dos san tos para a obra do
ministério, para a edificação do corpo de Cristo", - etc., até
o v. 16. YeJa-se também 1 Cor 12:28: Rom. 12:4-8.
Em resumo: A Palavra de Deus está presente na
vida e no culto da Igreja Apostólica. Por ela o Se-
nhor aperfeiçoa os crentes para exercerem, cada
um, seu ministério, pois na Igreja Apostólica nós te-
mos o ministério universal dos cremes: não há uma
casta ministerial, mas todos os crentes são ministros
de Cristo. cada um servindo o Senhor com seu dom
(ou seus dons). Um grupo de pessoas é dado por
Cristo ã l greja para, manejando bem a Palavra da
Verdade: dando claro e fiel testemunho do Senhor
Jesus Cristo; interpretando o Evangelho para os
que amda não crêem: cuidando das almas e ensinan-
do a Palavra, prepararem bem todos os fiéis para
que todos e cada um exerçam bem seu mmistério.
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Palavra de Deus com clareza inteligível até para os nào·cren·
Les; e compreendem a verdade de Deus. Devem receber (ter
recebido) o sinal da Aliança da Graça (o batismo). e dar fre·
qüente expressão à sua união com Cristo Redentor (Ceia do
Senhor).
Nossa liturgia deve aplicar essas instruções ao tempo
atual compondo a ordem do culto de modo que ele seja ao
mesmo tempo jubiloso e ordeiro; nele todos os fiéis participem
espiritualmente e os não-crentes possam chegar ao conheci-
mento do Evangelho.
O culto da Nova Aliança celebra-se na tensão entre a
boa ordem e a vibração espiritual; ambas devem estar presen·
tes: "Sirvamos a Deus agradavelmente, com reverência e pie-
dade, porque o nosso Deus é um fogo consumidor", Hebr.
12:28-29. "Sirvamos", latréuomen que pode traduzir-se adoremos.
Da liturgia de nosso culto devem constar, de forma e
em hora convenientes. os elementos recomendados por Jesus
Cristo e por seus apóstolos:
1. A Palavra de Deus, sua leitura bem feita, seu ensino,
o testemunho de Jesus que nela encontramos. Enriquece oco-
nhecimento que a igreja tem de Deus, anima-a e ensina-lhe
como dedicar-se ao Senhor. Seu ensino realmente interpreta·
do, deve ser aplicado à vida atual da congregação. Receber.
aceitar e acatar a Palavra de Deus faz parte do culto que ren-
demos a Ele, é expressão de nossa dedicação a Deus. Rom. 12: 1.
2. Orações, em que as ações de graças sejam eminentes
e constantes, com o pedido de perdão, as intercessões, o lou-
vor e a santa apresentação a Deus de nossas carências, rogan-
do-lhe que no-las supra. Nas orações. nossa dedicação a Deus,
Rom. 12: 1. Os cânticos ou são orações ou são expressão do
testemunho de Jesus; devem ser modelados estritamente con·
forme a doutrina bíblica a ser expressivos do júblico da No-
va Aliança em Cri5LO.
3. Batismos, que se realizam no culto, e são sinal e selo
da Aliança da Graça, Gal. 3:27-29,. afirmação da Promessa
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da Graça em Cristo feita a nós e a nossos filhos, com dedica
ção nossa e de nossos filhos a Deus, Rom. 12: 1; At. 2:38-39.
4. Ceia do Senhor. partilhada em comunhão. na consc1ên-
c1a de que ao recebê-la anunciamos a morte do Senhor que é
a nossa justiça, nosso perdão, nos::,a paz com Deus. Ao rece-
bê-la, manifestamos a dedicação de nossa vida ao Redentor.
Rom. 12:1.
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