Comparação dos modelos Majoritário e Consensual na Democracia
Representativa
Douglas Oliveira Dias 70593
Viçosa (MG)
Janeiro/ 2014 Análise Comparativa
Comparando-se os modelos de democracia representativa majoritária e consensual,
podemos escolher casos em que esses modelos são extremos para evidenciar suas diferenças como a Inglaterra/Reino Unido com o majoritário, e a Suíça com o consensual. Cabe lembrar que no Brasil e EUA, mantêm-se características de ambos os sistemas. Separa-se então a comparação em duas dimensões, a primeira chamada de Executivo-Partidos e a segunda de Federal-Unitário.
Na dimensão: Executivo-Partidos, podemos notar as seguintes diferenças entre os dois
modelos:
1. No modelo majoritário o poder executivo é concentrado em gabinetes
monopartidários de maioria enquanto no consensual ele é partilhado em amplas coalizões multipartidárias (Brasil – PT e PMDB a exemplo). 2. No modelo majoritário o poder executivo é dominante enquanto no consensual há um equilíbrio entre Executivo e Legislativo. 3. No modelo majoritário utiliza-se o bipartidarismo (dois partidos que são hegemônicos na preferência do eleitorado e o ponto de discordância entre estes se refere em sua maior parte nas políticas econômicas), já no consensual utiliza- se o multipartidarismo. 4. Quanto ao sistema eleitoral, é majoritário no modelo de mesmo nome (utiliza-se maioria simples para definir o ganhador da eleição), enquanto no consensual é proporcional (divide-se o total de votos pelo número de cadeiras, é por legenda) 5. Existe um forte pluralismo dos grupos de interesse (grupos organizados que exercem pressão sobre o governo) no sistema majoritário enquanto no consensual há um pacto social, através do corporativismo (organizações das forças sociais menos intensa). Na dimensão Federal-Unitário, notam-se as diferenças: 1. Governo unitário e centralizado no sistema majoritário e governo federal e descentralizado no consensual. 2. Concentração do Poder Legislativo numa legislatura unicameral no modelo majoritário e divisão do Poder Legislativo em duas casas/ câmaras igualmente fortes mas constituídas de formas diferentes no modelo consensual. 3. Constituições flexíveis que podem receber emendas por simples maioria no modelo majoritário e rigidez constitucional no modelo consensual onde emendas só podem ser feitas por maioria extraordinária. 4. No modelo majoritário há ausência de revisão judicial (as legislaturas tem a palavra final sobre a constitucionalidade da legislação) enquanto no consensual as leis estão sujeitas à revisão judicial de sua constitucionalidade por uma corte suprema ou judicial. 5. No modelo majoritário o Banco Central é controlado pelo Executivo enquanto no consensual, ele é independente de qualquer poder político.
Para Arend Lipjhart, o modelo consensual é o mais democrático. Em sociedades
divididas, com características plurais, somente um modelo que privilegie o consenso e a inclusão pode se efetivar como mecanismo essencial de governabilidade. Sartori ressalta que há uma tendência histórica nos EUA do aumento de atribuições ao Executivo, sendo este o principal responsável por decisões relacionadas às políticas públicas e isso é uma tendência mundial (sobreposição do executivo sobre o legislativo). No Brasil, com o presidencialismo de coalisão, não há acordo entre Legislativo e Executivo, tendo o último o controle das agendas do País e têm-se a coalisão como garantia de funcionamento político do mesmo, a fim de evitar uma paralisia decisória, ocasião que resultou no golpe militar de 1964.