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A análise do discurso.

História e práticas
de Francine Mazière
São Paulo: Parábola, 2007.

Maurício Pedro da Silva


Doutor e mestre em Letras;
Professor de Literatura brasileira – Uninove.
São Paulo – SP [Brasil]
maurisil@gmail.com

Não há como negar o avanço dos estudos Nesse sentido, a autora começa afirmando
realizados com base nos princípios metodológicos que o sintagma “análise do discurso” refere-se a um
propostos pela análise do discurso no ocidente, em campo de estudos que se desenvolveu na França nas
particular no Brasil, onde começou a ser divulgado décadas de 1960-1970, com base nas pesquisas do
nas décadas de 1970 e 1980, ganhando mais con- lingüista norte-americano Z. S. Harris. Competindo
sistência a partir do século XXI. O resultado dessa com outras áreas de estudo da linguagem, os es-
tendência pode ser verificado tanto por meio da pecialistas em análise do discurso reivindicam um
contínua publicação de artigos acerca desse assunto campo próprio de atuação, pois consideram a lin-
quanto pela formação de grupos de estudos e defesa guagem como algo “real” e por isso incorporam, em
suas pesquisas, um complexo universo de conceitos
de dissertações e teses sobre o tema.
e práticas, que vai das gramáticas e dos corpora até
Apesar disso, não são muitos os estudos que
as reflexões histórica e filosófica. Na sua linhagem
tratam, por meio de uma linguagem simples e, ao
francesa, portanto, a análise do discurso comparti-
mesmo tempo, abalizada, de um conceito tão amplo
lha tanto da herança estruturalista de um Althusser
como o de análise do discurso, sobretudo buscan-
e Lacan quanto das considerações de Foucault,
do conciliá-lo com outras áreas do conhecimento
acerca do discurso, passando ainda pelos estudos
humano, em geral, e dos estudos lingüísticos, em
lingüísticos de Saussure, Chomsky e Harris.
particular, mobilizando, para tanto, conceitos como
Para o analista do discurso, um enuncia-
os de condições de produção, sujeito do discurso, re- do só adquire sentido pleno desde que em um
flexividade, enunciação e outros. contexto discursivo específico, refletindo sobre
Esse parece ser o papel desempenhado por como a interdiscursividade pode afetar o sentido
Francine Mazière em sua mais recente obra publi- de um termo e/ou sobre as propriedades desse
cada no Brasil (A análise do discurso. História e termo num dado contexto lingüístico e social:
práticas. São Paulo: Parábola, 2007), em que a pes- “(A análise do discurso) não separa o enunciado
quisadora francesa procura, antes de tudo, refazer o nem de sua estrutura lingüística, nem de suas
percurso histórico dessa disciplina tanto na Europa condições de produção, de suas condições histó-
quanto em outros continentes. ricas e políticas, nem das interações subjetivas,

Dialogia, São Paulo, v. 6, p. 159-160, 2007. Resenhas

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visando permitir uma interpretação” (p. 13). da Análise do Discurso conceitos retirados de pen-
Desse modo, pode-se afirmar que, em sua ativi- sadores como Althusser, Foucault e Lacan. Nesse
dade analítica, o analista do discurso concebe o sentido, um dos aspectos mais relevantes da análise
discurso como um produto, trabalhando a partir do discurso é a pluridisciplinaridade, pois mantém
de um determinado corpus (“[...] dispositivo de relações estreitas com a sociologia, a psicanálise, a
observação apto a revelar, a permitir apreender o história, a antropologia e outros ramos do conheci-
objeto discurso”, p. 15). mento humano.
Considerando que a língua não é algo trans- Afirmando-se, na verdade, mais como uma
parente, isto é, um instrumento que transmite um obra sobre a “história” da análise do discurso, com
sentido dado anteriormente à discursivização, a incursões em reflexões acerca de seus conceitos fun-
análise do discurso trabalha com conceitos diversos, damentais e suas práticas, o novo livro de Francine
tais como o de reflexividade, sujeito e enunciação. Mazière é, como a própria autora sugere, um inven-
Adotadas pela primeira vez, por Jean Dubois, as téc- tário de autores, obras e tendências ligadas à análise
nicas lingüísticas da análise do discurso seguem um do discurso servindo, assim, de manual de introdu-
longo percurso histórico entre as décadas de 1960 ção tanto para quem quer dedicar-se ao assunto, o
e 1970, até serem repensadas por outros lingüistas, que não lhe tira o mérito, quanto para aqueles que
como Michel Pêcheux, Denise Maldidier e Antoine desejam dar seus primeiros passos num universo tão
Culioli, que incorporaram nos métodos vigentes variado como o da análise do discurso.

Dialogia, São Paulo, v. 6, p. 159-160, 2007.

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