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Formação Presencial

REGIME ESPECIAL DE TRIBUTAÇÃO


DOS GRUPOS DE SOCIEDADES

Seg2217

DUARTE NUNO ARAÚJO

Abril 2017
ESTRUTURA E CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

1. INTRODUÇÃO
2. COLIGAÇÃO DE SOCIEDADES NO CSC
3. INVESTIMENTOS EM PARTES DE CAPITAL NO SNC
4. ENQUADRAMENTO TEÓRICO DO RETGS
5. ÂMBITO E CONDIÇÕES DE APLICAÇÃO DO RETGS
6. REGRAS DE APURAMENTO E PAGAMENTO DO IMPOSTO
7. INCIDÊNCIAS CONTABILÍSTICAS DO RETGS
8. VIRTUDES E VICISSITUDES DO RETGS
9. TÓPICOS DE REFLEXÃO E DESENVOLVIMENTOS RECENTES NA EU
10. INFORMAÇÃO ESTATISTICA
11. PERGUNTAS FREQUENTES

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1. INTRODUÇÃO
1.1 Nota de enquadramento

Com o desenvolvimento das economias e a crescente globalização, as sociedades


comerciais, em resposta à escassez da procura interna e à abertura dos mercados
internacionais, têm necessidade de expandirem as suas actividades.

Os modelos de expansão evoluem na maior parte das vezes para estruturas societárias
complexas, que na sua génese constitutiva poderão estar os seguintes fundamentos:
 Operacionais e de gestão: Com o propósito de garantir uma determinada segregação das
actividades ou áreas de negócio, subordinadas à mesma política comercial, económica e financeira;

 Legais: Em resposta ao cumprimento de requisitos legais e/ou de licenciamento para


desenvolvimento de actividades;

 Fiscais: Em resposta ao quadro fiscal em vigor e visando a minimização da carga fiscal.

Independentemente da complexidade das estruturas societárias, as decisões de gestão


são tomadas numa lógica individual (visão da sociedade e dos negócios que
desenvolve) e numa lógica grupal (visão do grupo económico e do plano estratégico
global).

A nível grupal, o processo de agregação da informação económico-financeira é o


denominado de "consolidação contabilística“.

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1. INTRODUÇÃO
1.1 Nota de enquadramento

É de todo pertinente a existência de um regime que permita aos grupos de sociedades


poderem ser tributados de acordo com a sua realidade económica grupal (capacidade
contributiva única).

Perante estes factos, tem constituído preocupação do legislador fiscal, prever um


regime de tributação que ponderasse os resultados conjuntos apurados pelas sociedades
pertencentes ao grupo, reconhecendo os grupos societários como uma realidade jurídico-
tributária autónoma.

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1. INTRODUÇÃO
1.2 Nota do autor

Nos últimos anos, a influência das regras fiscais na vida das empresas não tem
cessado de crescer. Cada vez mais as empresas necessitam de estarem bem
assessoradas. O CC deve ser capaz de dar a resposta certa no momento apropriado.

Uma das matérias que é fonte de complexidade aparente é o RETGS. Também aqui o
CC deve estar preparado para elucidar e aconselhar.

O presente do documento tem por objetivo principal tratar e enquadrar o regime


especial de tributação dos grupos de sociedades em Portugal (abreviadamente
denominado de RETGS).

Para além da vertente formativa, este documento visa proporcionar um conjunto de


instrumentos e ferramentas que permitam dar as respostas corretas às incertezas e
dúvidas presentes no RETGS.

Por fim, são apresentadas alguns tópicos de reflexão relacionados com a disciplina
restritiva que este regime impõe, incluindo os desenvolvimentos mais recentes a nível
comunitário.

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2. COLIGAÇÃO DE SOCIEDADES NO CSC
2.1 Tipologias de coligação

O CSC reconhece e disciplina em concreto os fenómenos de interligação de sociedades, e


utiliza a expressão sociedades coligadas para abranger as coligações societárias. Esta
disciplina encontra-se vertida nos artigos 481º a 508º do CSC, desdobrada pelas
seguintes formas de coligação:
 As sociedades em relação de participação;

 As sociedades em relação de grupo (entre as quais, em princípio, não existe o fenómeno de


participação de uma sociedade na outra).
SOCIEDADES COLIGADAS (CSC)

Simples participação [artigo 483º]

Relação de Participação Participações recíprocas [artigo 485º]

Simples domínio [artigo 486º]

Sociedades Coligadas Inicial [artigo 488º]

Domínio total

Superveniente [artigo 489º]


Relação de Grupo Grupo Paritário [artigo 492.º]

Subordinação [artigo 493.º]

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2. COLIGAÇÃO DE SOCIEDADES NO CSC
2.2. Elemento chave na distinção entre relação de participação e de grupo

O elemento chave das sociedades em relação de participação é a existência de uma


interacção de capital de uma sociedade na outra. As sociedades estão coligadas porque
uma detém participação financeira (neste caso o capital) da outra.

Na relação de grupo, pelo contrário, as várias sociedades estão ligadas entre si, porque
se submetem à orientação de uma delas (ou de uma terceira sociedade). Ou seja, várias
sociedades estão em relação de grupo quando uma delas (ou uma terceira sociedade)
tem o poder de direcção unitária.

Há que notar que as normas do CSC aplicam-se às sociedades por quotas, sociedades
anónimas e sociedades em comandita por acções que se encontrem num destes tipos de
relações. Ficam de fora do âmbito da aplicação as sociedades em nome coletivo, as
sociedades em comandita simples, as sociedades civis sob a forma civil, empresas
públicas e cooperativas.

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2. COLIGAÇÃO DE SOCIEDADES NO CSC
2.3. Sociedades coligadas em relação de participação
2.3.1. Sociedades em relação de simples participação

São dois os pressupostos cumulativos que permitem a verificação de sociedades em


relação de simples participação (artigos 483º e 484º do CSC):
1. Participação de pelo menos 10% no capital social de outra.
2. Não se enquadre noutra forma jurídica de coligação.

Trata-se da mais linear relação de coligação, frequentemente embrionária a servir


outras mais intensas no futuro. Na contabilização do mínimo de 10% de participações
detidas são também imputadas as participações indiretas.
RELAÇÃO DE SIMPLES PARTICIPAÇÃO

A 100% B 5% C

5%

O CSC procura, uma vez verificada a relação de simples participação, garantir a


publicidade e transparência das participações, colocando de prevenção os sócios e
credores sociais da participada. Para além dos deveres de comunicação impostos pelo
artigo 484º do CSC, a sociedade participante terá de respeitar o disposto no artigo 448º
do CSC e gozará do acesso à informação privilegiada nos termos do artigo 291º do CSC.

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2. COLIGAÇÃO DE SOCIEDADES NO CSC
2.3. Sociedades coligadas em relação de participação
2.3.2. Sociedades em relação de participações recíprocas

Tal como nas relações de simples participação, tem por pressuposto a detenção de
participação em pelo menos 10%, e não enquadramento noutras formas de coligação. A
diferença é que, desta feita, a participação de uma sociedade na outra pressupõe que esta
também participe naquela (ex: a sociedade A detém 12% da sociedade B que, por sua vez,
detém 20% da primeira).
RELAÇÃO DE PARTICIPAÇÕES RECIPROCAS

12%
A B
20%

Esta realidade afeta a consistência do capital social, que fica reduzido nos seus termos reais por
ser menor do que aparenta, colocando em risco o princípio da intangibilidade do capital
social.
Estas sociedades ficam sujeitas a deveres de comunicação e às cominações da proibição de
compra de participações e do bloqueamento do exercício dos direitos sociais que lhes
são inerentes. Uma vez que há sempre participações acima dos 10%, as sociedades estão
obrigadas a comunicá-lo. A última sociedade que o comunique, fica vedada de adquirir mais
participações e vê bloqueado o exercício dos direitos sociais inerentes às participações que
excedem os 10% do capital e os seus administradores podem responder civil e penalmente
pelos prejuízos causados.

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2. COLIGAÇÃO DE SOCIEDADES NO CSC
2.3. Sociedades coligadas em relação de participação
2.3.3. Sociedades em relação de domínio

Existe uma relação de domínio quando uma sociedade comercial – dominante – pode
exercer, direta ou indiretamente, uma influência dominante sobre outra sociedade – a
dependente. A possibilidade de participação indireta pode estender-se, virtualmente, até
ao infinito e são múltiplas as vezes em que as participações atingem vários graus.
O conceito chave para se determinar uma relação de domínio é a influência dominante.
O n.º 2 do artigo 486º do CSC prevê determinadas situações em que se presume existir
uma influência dominante e, subsequentemente, uma relação de domínio, a saber:
 Detém uma participação maioritária no capital;
 Dispõe de mais de metade dos votos;
 Tem a possibilidade de designar mais de metade dos membros do órgão de administração ou do órgão de
fiscalização.

RELAÇÃO DE DOMÍNIO INDIRETO

A 60% B 55% C

Neste exemplo, a sociedade A não só mantém uma relação de domínio com a sociedade
B, como também o faz, indiretamente, face à sociedade C.

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2. COLIGAÇÃO DE SOCIEDADES NO CSC
2.4. Sociedades em relação de grupo
2.4.1. Sociedades em relação de domínio total

Estamos diante de um instrumento de formação de grupos de sociedades que implica a


titularidade de 100% do capital social da participada. O domínio total pode ser
originário ou superveniente.

No domínio total originário, a sociedade constituída para deter o domínio é designada


por sociedade subsidiária integral.

O domínio total superveniente pode surgir direta ou indiretamente, por aplicação do


n.º1 do artigo 489.º e do n.º2 do artigo 483.º do CSC:
 Domínio total superveniente direto: Quando apenas a sociedade dominante resta como sócia da
dominada.

 Domínio total superveniente indireto: Quando o capital acaba por ser integralmente detido pela
sociedade dominante e outras sociedades dependentes da dominante que com ela estejam em
relação de grupo, ou por pessoas que agem por conta dessas sociedades.

O domínio total superveniente pode resultar da aquisição de participações sociais pela


dominante, através de uma OPA, ou de uma aquisição potestativa (490º CSC).
Geralmente representativo do culminar de várias etapas, o regime das aquisições
tendentes ao domínio total aplica-se às situações em que a sociedade consegue atingir o
patamar dos 90% de participação, caso em que tem o direito (ou o dever) de adquirir o
restante, compensando os alienantes.

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2. COLIGAÇÃO DE SOCIEDADES NO CSC
2.4. Sociedades em relação de grupo
2.4.2. Contrato de grupo paritário

Nos contratos de grupo paritário há duas ou mais sociedades independentes mas que se
encontram subjugadas a uma direcção unitária e comum, sem que nenhuma das sociedades
contratantes esteja em domínio ou em dependência de outra. Trata-se de uma situação de
escassa ou nula aplicação prática e sem um regime jurídico específico.
RELAÇÃO DE GRUPO PARITÁRIO

DIREÇÃO COMUM

Contrato de grupo paritário

A B C

Do contrato não nasce uma subordinação, mas apenas uma direcção, através da constituição de
um órgão comum de direcção e coordenação com uma participação paritária das sociedades
integrantes. Este órgão é extra-societário, atípico e limita-se a exercício da gestão.
Desta feita não estão previstos o direito de oposição dos sócios minoritários, o direito de
alienação das participações, o direito de garantia de lucros, nem qualquer outro mecanismo de
protecção de sócios ou credores sociais.

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2. COLIGAÇÃO DE SOCIEDADES NO CSC
2.4. Sociedades em relação de grupo
2.4.3. Contrato de subordinação

O contrato de subordinação consiste na subordinação da gestão da sociedade subordinada à


direcção da sociedade diretora. Há uma direcção unitária mas com autonomia jurídica das
várias entidades.
O poder de direcção consiste na faculdade de dar instruções diretas e vinculativas, ainda que
prejudiciais, à administração da sociedade subordinada. O poder de direcção da gestão é
amplamente configurado, mas contrabalançado com a tutela dos sócios minoritários e
credores sociais:
 Sócios minoritários: Protegidos por três vias. Possibilidade (i) de alienar as participações sociais que detêm
da sociedade dependente, (ii) de convencionar o direito à garantia de lucros, ou ainda, (iii) de deduzir
oposição judicial ao contrato de subordinação.
 Credores sociais: Até ao termo do contrato de subordinação, a sociedade diretora responde perante os
credores da subordinada por todas as suas obrigações, ainda que nada tenha que ver com instruções dadas,
gozando do respetivo direito de regresso. A responsabilidade abrange as dívidas constituídas durante a
subordinação, bem como as dívidas anteriores.
CONTRATO DE SUBORDINAÇÃO

Contrato de subordinação

A B

Além disso, o CSC responsabiliza a sociedade diretora por perdas anuais da subordinada,
permitindo-lhe ser compensada quando as reservas constituídas não forem suficientes.

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3. INVESTIMENTOS EM PARTES DE CAPITAL NO SNC
3.1. Codificação e classificação contabilística

Uma participação financeira detida a longo prazo, também designada


permanente ou não corrente, é uma participação financeira que não é corrente ou
temporária, ou seja, que se deseja manter por um período superior a um
ano. No SNC, estas participações integram a conta "41 – Investimentos
financeiros", estando subdividida da seguinte forma:
41 INVESTIMENTOS FINANCEIROS
411 Investimentos em subsidiárias
4111 Participações de capital - método da equivalência patrimonial
4112 Participações de capital - outros métodos
4113 Empréstimos concedidos
… …
412 Investimentos em assoc iadas
413 Investimentos em entidades c onjuntamente c ontroladas
414 Investimentos noutras empresas
415 Outros investimentos financ eiros
419 Perdas por imparidade ac umuladas

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3. INVESTIMENTOS EM PARTES DE CAPITAL NO SNC
3.1. Codificação e classificação contabilística

A estrutura de codificação da conta "41 – Investimentos financeiros" em articulação com


as NCRF's, pressupõe assim quatro níveis de participações financeiras ou investidas:
CLASSIFICAÇÃO DAS PARTICIPAÇÕES SOCIAIS (SNC)

Empresa mãe
Grupo
Subsidiária
Associada
Participações sociais
Empreendimento conjunto

Outras

 Subsidiárias: Existe um controlo exclusivo do investidor (maioria dos direitos de voto e controlo
do órgão de gestão);
 Associadas: Existe influência significativa do investidor (poder de participar/influenciar nas
decisões das políticas de gestão);
 Empreendimentos conjuntos: Operações, activos ou entidades conjuntamente controladas. São
participações onde existe um controlo partilhado (típico nas joint-ventures; implica a existência de
um acordo contratual);
 Outras: Categoria residual. São entidades onde não se verifica uma das três situações anteriores.

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3. INVESTIMENTOS EM PARTES DE CAPITAL NO SNC
3.2. Influência e controlo no órgão de gestão

O conceito de grupo no plano contabilístico é muito mais vasto que o consagrado no


CSC, incluindo entidades não constituídas sob formas de sociedade.
A nível de influência e de controlo que a investidora exerce no órgão de gestão da
participada constitui o elemento chave na classificação das participações sociais no plano
contabilístico.
 Controlo do órgão de gestão: O controlo é definido pelo §9 da NCRF14 como o poder de gerir as
políticas financeiras e operacionais de uma entidade ou de uma actividade económica a fim de
obter benefícios da mesma. Presume-se a existência de controlo quando a investidora adquire mais
de metade dos direitos de voto (+50%). No entanto mesmo sem essa metade o controlo pode ser
obtido através de:
1) Poder sobre mais de metade dos direitos de voto da outra entidade em virtude de um acordo
com outros investidores; ou
2) Poder para gerir as políticas financeiras e operacionais da outra entidade segundo uma
cláusula estatutária ou um acordo; ou
3) Poder para nomear ou demitir a maioria dos membros do órgão de gestão da outra entidade;
ou
4) Poder de agrupar a maioria de votos nas reuniões do órgão de gestão da outra entidade.

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3. INVESTIMENTOS EM PARTES DE CAPITAL NO SNC
3.2. Influência e controlo no órgão de gestão

 Influência significativa no órgão de gestão: Influência significativa é definida pelo §4 da


NCRF13 como o poder de participar nas decisões das políticas financeira e operacional da investida
ou de uma actividade económica mas que não é controlo nem controlo conjunto sobre essas
políticas. A influência significativa pode ser obtida por posse de acções, estatuto ou acordo.
De acordo com a NCRF13 (§19 a §22) se o investidor detiver, direta ou indiretamente (por
exemplo, através de subsidiárias), 20 % ou mais do poder de voto na investida, presume-se que
tem influência significativa, a menos que o contrário possa ser claramente demonstrado.
A existência de influência significativa por parte de um investidor é geralmente evidenciada por
uma ou mais das seguintes formas:
1) Representação no órgão de direcção ou órgão de gestão equivalente da investida;
2) Participação em processos de decisão de políticas, incluindo a participação em decisões sobre
dividendos e outras distribuições;
3) Transacções materiais entre o investidor e a investida;
4) Intercâmbio de pessoal de gestão; ou
5) Fornecimento de informação técnica essencial.
Conforme refere o §64 da NCRF13, o reconhecimento da parte do investidor nos resultados e nas
alterações dos capitais próprios na investida é determinada pela propriedade efetiva e não reflete
os potenciais direitos de voto.

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3. INVESTIMENTOS EM PARTES DE CAPITAL NO SNC
3.2. Influência e controlo no órgão de gestão

 Controlo conjunto do órgão de gestão: É a partilha de controlo, acordada contratualmente, de


uma actividade económica, e existe apenas quando as decisões estratégicas financeiras e
operacionais relacionadas com a actividade exigem o consentimento unânime das partes que
partilham o controlo (os empreendedores).
Um acordo contratual pode ser evidenciado por contrato entre as partes, actas ou outros meios.
Em regra resulta de um contrato escrito e trata assuntos tais como (§7 da NCRF13):
1) A actividade, duração e obrigações de relato do empreendimento conjunto;
2) A nomeação do órgão de direcção ou órgão de gestão equivalente do empreendimento
conjunto e os direitos de voto dos empreendedores;
3) Contribuições de capital pelos empreendedores;
4) A partilha dos empreendedores na produção, nos rendimentos, nos gastos ou nos resultados
do empreendimento conjunto.
Conforme refere o §59 da NCRF13, o reconhecimento da parte do investidor nos resultados e nas
alterações dos capitais próprios na investida é determinada pela propriedade efetiva e não reflete
os potenciais direitos de voto.
 Sem influência ou controlo do órgão de gestão (simples participação): A contrario, quando
não se verifica uma das três situações anteriores, presume-se que não existe qualquer influência
sobre a sociedade participada decorrente dessa participação e de outros factos que originem
influência, designadamente os contratos referidos anteriormente.

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3. INVESTIMENTOS EM PARTES DE CAPITAL NO SNC
3.3. Percentagem de interesse e de controlo

A percentagem de interesse resulta dos direitos das participações detidas de forma


direta e de forma indireta, sendo estas obtidas pelo processo da multiplicação sucessiva
das percentagens de participação em cada um dos níveis.
Já a percentagem de controlo resulta da capacidade efetiva de determinar as políticas
financeiras e operacionais, de nomear ou demitir os membros dos diversos órgãos,
independentemente de ter mais de metade dos direitos de voto ou não. A percentagem
de controlo é calculada pela adição das percentagens das sociedades controladas,
quebrando-se a cadeia de controlo quando perante uma posição minoritária.
Exemplo 1 Exemplo 2 Exemplo 3 Exemplo 4

A A A A

90% 60% 15%


C C C

25% 100% 90% 70%


B B B 10% B 40%
% Interesse 25% % Interesse 90% % Interesse 64% % Interesse 51%
% Controlo 25% % Controlo 100% % Controlo 100% % Controlo 40%

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3. INVESTIMENTOS EM PARTES DE CAPITAL NO SNC
3.3. Percentagem de interesse e de controlo

Quando existem participações recíprocas, as partes de capital das filiais na sociedade


mãe ou entre elas, equiparam-se a acções/quotas próprias, não relevando para efeitos
dos direitos a elas associadas (com excepção dos aumentos de capital), onde se
compreende o direito de voto.
Suponhamos o seguinte exemplo: PARTICIPAÇÕES RECIPROCAS

80%
A B
10%

1 - A sociedade A detém uma participação de 80% no capital social da sociedade B


2 - A sociedade B detém uma participação de 10% no capital social da sociedade A

GRUPO = % de participação real em A <=> A = 0,10xB + 0,9xA <=> A = 0,10x(0,7826) + 0,9x(0,7826) <=> A = 0,9783

B = % de participação do grupo em B <=> B = 0,80xA <=> B = 0,7826 <=> B = 0,7826

Uma das formas para calcular a percentagem de interesse da Sociedade A na Sociedade


B é através da equação abaixo (outros métodos poderão ser utilizados em situações
ainda mais complexas, nomeadamente os que recorrem ao cálculo matricial) onde é
introduzida a entidade fictícia GRUPO (G) relação com as restantes sociedades (A e B).
 Percentagem de interesse do grupo na sociedade B = 97,826% x 80% = 78,26%;
 Percentagem de controlo do grupo na sociedade B = 80%.

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3. INVESTIMENTOS EM PARTES DE CAPITAL NO SNC
3.4. Mensuração das partes de capital

Tendo em conta a influência e controlo nas políticas de gestão, e tal como previsto nas
NCRF13, NCRF15 e NCRF27, as bases de mensuração aplicáveis a cada um das
tipologias de participação financeira, são as seguintes:

INVESTIDA DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS INDIVIDUAIS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS CONSOLIDADAS

MEP MEP
§8 §10
Subsidiária
NCRF15 NCRF15
Método do custo [A] Método do custo [A]

MEP MEP
§44 §44
Associada
NCRF13 NCRF13
Método do custo [A] Método do custo [A]

Consolidação proporcional (recomendado), ou


Controlo §31 §30
Consolidação proporcional
conjunto NCRF13 NCRF13
MEP (alternativo)

Justo valor (se fiável), ou Justo valor (se fiável), ou


§11 a §19 §11 a §19
Outras
NCRF27 NCRF27
Modelo do custo Modelo do custo
[A] - A aplicar apenas (i) se existirem restrições severas e duradouras que prejudiquem substancialmente o exercício pela investidora dos seus direitos sobre o
património ou a gestão dessa entidade, (ii) se as participações no capital da empresa associada não forem materialmente relevantes para a realização do objetivo
de as demonstrações financeiras darem uma imagem verdadeira e apropriada, e (iii) se trate de um caso, extremamente raro, em que as informações necessárias
não podem ser obtidas sem custos desproporcionados ou sem demora injustificada.

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3. INVESTIMENTOS EM PARTES DE CAPITAL NO SNC
3.5. Consolidação de contas
3.5.1. Conceito

A consolidação de contas é um processo complexo que se desenvolve


extracontabilísticamente e que permite agregar as demonstrações financeiras
de uma empresa-mãe com as suas subsidiárias, de modo a que as contas
resultantes representem a situação financeira e os resultados das operações
do grupo como se de uma única entidade se tratasse.
 Técnica de natureza contabilística;

 Agregação das demonstrações financeiras de uma empresa-mãe com as suas


subsidiárias;

 Grupo como entidade única.

Considerada uma poderosa ferramenta de gestão quer para os Grupos


económicos quer para fins externos permitindo concluir sobre a performance
de cada unidade de negócio e o seu contributo para o resultado, para as
necessidades de financiamento, para o cash-flow gerado, entre outros.

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3. INVESTIMENTOS EM PARTES DE CAPITAL NO SNC
3.5. Consolidação de contas
3.5.2. Enquadramento legal

A consolidação de contas, de aplicação obrigatória em Portugal desde 1991 (resultante


da publicação do Decreto-Lei n.º 238/91, de 2 de Julho).
O artigo 6.º do Decreto-Lei n.º 158/2009, de 13 de Julho (SNC), estabelece que
«qualquer empresa mãe (…) é obrigada a elaborar demonstrações financeiras
consolidadas do grupo constituído por ela própria e por todas as sociedades» se
ultrapassar durante dois exercícios consecutivos dois dos três limites seguintes:
 Total do balanço: 6 000 000 €uros;
 Total das vendas líquidas e outros rendimentos: 12 000 000 €uros;
 Número de trabalhadores empregados em média durante o exercício: 50.

Se não ultrapassar estes limites está dispensada. É ainda dispensada da obrigação de


elaborar contas consolidadas qualquer empresa mãe que seja também uma subsidiária,
quando a sua própria empresa mãe esteja subordinada à legislação de um Estado
membro da EU (desde que R&C e CLC publicados e em língua portuguesa).
Situações de exclusão previstas:
 A entidade a consolidar não seja materialmente relevante;
 Restrições severas e duradouras prejudiquem substancialmente o exercício pela empresa mãe dos seus
direitos sobre o património ou a gestão dessa entidade;
 As partes de capital desta entidade tenham sido adquiridas para cessão posterior, e enquanto se
mantenham classificadas como detidas para venda;
 Sempre que se trate de um caso em que as informações necessárias para elaborar as demonstrações
financeiras consolidadas não podem ser obtidas sem custos desproporcionados ou sem demora injustificada.

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3. INVESTIMENTOS EM PARTES DE CAPITAL NO SNC
3.5. Consolidação de contas
3.5.3. Etapas do processo de consolidação

O processo de consolidação de contas (i) deve ser cuidadosamente organizado, uma


vez que envolve muitas pessoas e empresas e os prazos são normalmente apertados, e
(ii) exige os seguintes trabalhos preparatórios:
1. Determinação do perímetro de consolidação: O perímetro de consolidação corresponde à identificação
concreta de quais as empresas a incluir no processo de consolidação;
2. Escolha do método de consolidação: A escolha do método deve refletir a natureza e o nível de controlo do
investimento:
Integração
Natureza investimento Método
Lógica Coeficiente
Subsidiárias M étodo de consolidação integral Linha a linha 100%

Empreendimento conjunto M étodo de consolidação proporcional Linha a linha % detida

Associadas M étodo de equivalência patrimonial Valor e variações patrimoniais % detida

Outras Justo valor ou Custo de aquisição - -

3. Obtenção das demonstrações financeiras individuais: As demonstrações financeiras a integrar deverão ter a
mesma data de reporte, sendo admissível o uso de demonstrações financeiras com datas diferentes, desde
que não excedam 3 meses;
4. Conversão das demonstrações financeiras para a moeda de relato da empresa mãe: Quando o perímetro de
consolidação englobar demonstrações financeiras que estejam expressas em moeda diferente da moeda de
relato da sociedade-mãe, verifica-se a necessidade de converter os valores para a moeda em que vão ser
apresentadas as contas consolidadas;
5. Harmonização das políticas contabilísticas: As políticas contabilísticas deverão ser consistentes, caso
contrário deverão ser harmonizadas.

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3. INVESTIMENTOS EM PARTES DE CAPITAL NO SNC
3.5. Consolidação de contas
3.5.4. Consolidação integral

Trata-se do método de consolidação por excelência, pois consiste na


integração nas demonstrações financeiras da investidora, através da soma linha a
linha, de todos os elementos das demonstrações financeiras das subsidiárias
(activos, passivos, rendimentos e gastos).
Posteriormente são operados um conjunto de ajustamentos e procedimentos
de consolidação, sinteticamente resumidos abaixo
N.º Procedimento
1 Combinação (soma linha-a-linha) dos elementos das demonstrações financeiras da empresa-mãe e suas subsidiárias

2 Efetuar ajustamentos referentes a harmonia temporal, políticas contabilísticas e conversão/transposição de demonstrações financeiras em moeda estrangeira

3 Eliminação das participações financeiras da empresa-mãe nas subsidiárias incluídas na consolidação

3.1 Identific aç ão e tratamento da diferenç a de aquisiç ão

3.2 Diferenç a imputável a ativos e passivos identific áveis

3.3 Tratamento c ontabilístic o do goodw ill positivo ou da diferenç a negativa

4 Identificação dos interesses minoritários nos ativos líquidos das subsidiárias consolidadas

4.1 Nos ativos líquidos das subsidiárias c onsolidadas

4.2 Nos resultados das subsidiárias c onsolidadas

5 Anulação dos saldos resultantes de operações intra-grupo

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3. INVESTIMENTOS EM PARTES DE CAPITAL NO SNC
3.5. Consolidação de contas
3.5.5. Consolidação proporcional

Consiste na integração nas demonstrações financeiras da investidora, através da soma


linha a linha, de todos os elementos das demonstrações financeiras das subsidiárias
(activos, passivos, rendimentos e gastos), na fracção que proporcionalmente lhe é
atribuída.
Contrariamente à consolidação integral, onde são reconhecidos interesses minoritários,
na consolidação proporcional, porque apenas é integrado os elementos patrimoniais na
proporção detida, não existe lugar ao reconhecimento de interesses minoritários.
Mantêm-se válidos para a consolidação proporcional os ajustamentos e procedimentos de
consolidação aplicáveis à consolidação integral, com as devidas adaptações.
A nível fiscal, de acordo com o n.º 8 do artigo 18º do CIRC, os rendimentos e gastos,
assim como quaisquer outras variações patrimoniais, relevados em consequência
aplicação do método de consolidação proporcional aos empreendimentos conjuntos, não
concorrem para a determinação do lucro tributável, devendo os rendimentos
provenientes dos lucros distribuídos ser imputados ao período de tributação em que se
adquire o direito aos mesmos.

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3. INVESTIMENTOS EM PARTES DE CAPITAL NO SNC
3.5. Consolidação de contas
3.5.6. Método de equivalência patrimonial

O método de equivalência patrimonial é um método de contabilização pelo qual o


investimento ou interesse é inicialmente reconhecido pelo custo e posteriormente
ajustado pelas alterações ocorridas no capital próprio da investida (na proporção do
capital detido).
O investimento evidenciado no balanço da investidora está sempre de acordo com a
quota-parte da investidora nos capitais próprios da investida (excluídos os créditos).
A aplicação deve ser descontinuada quando a investidora perde a influência
significativa sobre a investida e existem restrições severas e duradouras que
prejudiquem significativamente a capacidade de transferência de fundos para
investidora.
Por lado, se o investimento na associada (ou subsidiária) é detido para venda ele deverá
ser mensurado nos termos da NCRF8, (pelo o menor valor entre a quantia escriturada e
o justo valor menos os custos de vender) e não com base na NCRF13.
Depois de o interesse do investidor ser reduzido a zero, as perdas adicionais são tidas
em conta mediante o reconhecimento de um passivo (ou provisão), só na medida em
que o investidor tenha incorrido em (i) obrigações legais ou construtivas ou (ii) tenha
feito pagamentos a favor da associada.
Os rendimentos e gastos, assim como quaisquer outras variações patrimoniais
relacionados com o MEP não concorrem para a determinação do lucro tributável.

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3. INVESTIMENTOS EM PARTES DE CAPITAL NO SNC
3.5. Consolidação de contas
3.5.6. Método de equivalência patrimonial

Na aplicação do método de equivalência patrimonial deve-se ter especial atenção a:


(i) harmonização das políticas contabilísticas, (ii) anulação de resultados não realizados,
(iii) diluição ou aumento da participação por aumentos de capital, (iv) concordância das
datas de relato da investidora e da investida (permitido um desvio temporal até 3
meses), e (v) existência de obrigações para além do capital investido pela investidora.

N.º Operação Finalidade e metodologia Débito Crédito

1.1 Lucro do exercício (quota-parte) Reconhecimento da quota-parte do lucro da investida nos resultados da investidora 41 785

1.2 Prejuízo do exercício (quota parte) Reconhecimento da quota-parte do prejuízo da investida nos resultados da investidora 685 41

Reconhecimento de outras variações patrimoniais Reconhecimento da quota-parte de outras variações patrimoniais ocorridas no período (para além do
2 41 5713
(quota-parte) lucro/prejuízo) investida nos capitais próprios da investidora
A quota-parte da investidora no lucro da investida, reconhecida pelo método de equivalência patrimonial,
representa um lucro contabilístico que não está realizado financeiramente. No ano seguinte ao do
3. Aplicação do ganho de equivalência patrimonial 56 5712
reconhecimento dos lucros por equivalência patrimonial, a investidora deverá transferir o lucro para a conta
SNC «5712 - Lucros não atribuídos»
Pela saída de património da investida (em favor da investidora) a qualidade do ativo altera-se. Deixamos de ter
12 41
partes de capital e passamos a ter meios financeiros líquidos
4. Distribuição de dividendos Os lucros da investida inicialmente classificados como «Lucros não atribuídos» e que agora foram distribuídos
deverão ser reclassificados para a conta SNC «56 - resultados transitados», ficando disponíveis para distribuição 5712 56
aos sócios/acionistas.
Esta operação altera o património líquido da investida, e a qualidade dos ativos da investidora (Deixamos de ter
5.1 Aumentos de capital em dinheiro 41 12
meios financeiros líquidos e passamos a ter partes de capital).
Esta operação não altera o património líquido da investida, pelo que não gera qualquer ajustamento na
5.2 Aumentos de capital por incorporação de reservas - -
investidora.

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3. INVESTIMENTOS EM PARTES DE CAPITAL NO SNC
3.6. Diferenças de aquisição

Regra geral o valor de aquisição da participação ("Preço de compra") não coincide com o
valor do capital próprio da fracção adquirida e o justo valor líquido da quota-parte do investidor
nos activos, passivos e passivos contingentes identificáveis. Essa diferença, tecnicamente
denominada de Goodwill ou Negative Goodwill corresponde à parte da diferença de aquisição
que não é imputável a qualquer elemento patrimonial.
Preço de compra Negative Goodwill
EXEMPLO 1
Justo valor dos Ativos e Passivos identificáveis

Preço de compra
EXEMPLO 2
Justo valor dos Ativos e Passivos identificáveis Goodwill

 O Goodwill deve ser registado como um ativo amortizável, nos termos da NCRF6, no período da sua vida
útil (ou no prazo de 10 anos, caso a sua vida útil não possa ser estimada com fiabilidade). Além disso, o
Goodwill deve ser sujeito a testes de imparidade se os acontecimentos ou circunstâncias indicarem que pode
estar com imparidade, de acordo com a NCRF12.
 O Negative Goodwill deve ser reconhecido imediatamente nos resultados ("Rendimento") após se
(re)confirmar o justo valor dos activos, passivos e passivos contingentes e o custo de aquisição.
O Goodwill adquirido (aquisições em ou após 1 de Janeiro de 2014) numa concentração de
actividades empresariais e que não respeite a participações sociais, passou a ser aceite como
gasto fiscal, em partes iguais, durante os primeiros 20 períodos de tributação após o
reconhecimento inicial.
Sempre que se apure um Negative Goodwill, o mesmo será tributado no período de
reconhecimento em resultados.

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4. ENQUADRAMENTO TEÓRICO DO RETGS
4.1. Breve resenha histórica
4.1.1. Regime de tributação pelo lucro consolidado

Até ao ano 2000, inclusive, vigorou o "Regime de tributação pelo lucro


consolidado", o qual foi introduzido pelo Decreto-Lei n.º 414/87 de 31 de Dezembro,
ainda na vigência do Código da Contribuição Industrial.

Em traços gerais, este regime tributava os grupos económicos, com base no lucro
consolidado apurado de acordo com as normas contabilísticas.

Contudo, este regime de tributação foi abandonado, por força da acumulação de um


conjunto de factores, nomeadamente:
 Elevada complexidade associada;

 Ausência de conhecimentos avançados em matéria de consolidação de contas;

 Custos administrativos significativos (exigências de informação e de controlo extra


contabilístico, para efeitos de apuramento do resultado fiscal e contabilístico);

 Dificuldades da ATA em controlar a totalidade dos ajustamentos efetuados pelos sujeitos


passivos (contabilísticos e fiscais);

 Afastamento relativamente a alguns regimes em vigor nas principais economias europeias.

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4. ENQUADRAMENTO TEÓRICO DO RETGS
4.1. Breve resenha histórica
4.1.2. Regime especial de Tributação dos Grupos de Sociedadess

Com a aprovação da Lei 30-G/2000, de 29 de Dezembro, a vigorar para os


exercícios iniciados em 2001, foi introduzido um novo regime tributação
de grupos de denominado "Regime especial de Tributação dos Grupos de
Sociedades" (RETGS).
Este novo regime afasta-se definitivamente do exercício de consolidação
de contas e da tributação pelo lucro consolidado, e aproxima-se do sistema
britânico do tax relief onde, num grupo de sociedades, as sociedades que
têm créditos fiscais (prejuízos) podem cedê-los às sociedades do
grupo que têm lucros, passando a tributar os grupos económicos, através
da soma simples dos lucros tributáveis e dos prejuízos fiscais apurados nas
declarações periódicas individuais de cada uma das sociedades.

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4. ENQUADRAMENTO TEÓRICO DO RETGS
4.2. Princípios subjacentes ao RETGS

 Princípio da neutralidade: É um dos fundamentos justificativos pela Tributação dos


Grupos de Sociedades, no qual, independentemente das estruturas societárias
utilizadas para o exercício das actividades económicas, o sistema fiscal tributa o
rendimento da mesma forma. Este, é de resto um dos princípios gerais que os
sistemas fiscais procuram garantir.
 Princípio da capacidade contributiva: Também conhecido como princípio da
equidade (como concretização do princípio da igualdade). A tributação das empresas
incide fundamentalmente sobre o seu rendimento real (104º do CRP), ou seja, sobre
a capacidade contributiva das empresas. Na mesma medida, em lógica de grupo, a
capacidade contributiva do grupo deverá prevalecer sobre a capacidade individual.
 Princípio da territorialidade: Em conformidade com este princípio, os Estados
exercem o seu poder de jurisdição fiscal sobre todos os bens, pessoas e transações
conectados com o seu território. Este princípio está presente no RETGS quando exige
que sociedades pertencentes ao grupo têm de ter sede e direção efetiva em território
português.
 Princípio da liberdade de organização empresarial: Na génese deste princípio, o
legislador não deve impor condições restritivas ao livre exercício da liberdade da
empresa, mas deve adoptar medidas que promovam o seu exercício e não afetem as
decisões quanto à forma de organização empresarial (80º da CRP e 43º e 48º do
TCE).

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5. ÂMBITO E CONDIÇÕES DE APLICAÇÃO DO RETGS
5.1. Corpo legislativo aplicável

A essência do RETGS está disciplinada no CIRC, através dos artigos 69.º a 71.º, com a
redacção que lhes foi dada pela Lei n.º 82-C/2014, de 31 de Dezembro. Existem no
entanto, outras normas avulsas e dispersas pelo CIRC que completam a disciplina do
regime.
Fonte N.º Assunto
CIRC 67º Limitação à dedutibilidade de gastos de financiamento
CIRC 69º Âmbito e condições de aplicação do RETGS
CIRC 69º-A Sociedade dominante com sede ou direção efetiva noutro Estado membro da UE ou do EEE
CIRC 70º Determinação do lucro tributável do grupo
CIRC 71º Regime específico de dedução de prejuízos fiscais
CIRC 75º, n.º 6 Transmissibilidade dos prejuízos fiscais
CIRC 81º, n.º 2 Englobamento para efeitos de tributação dos sócios em resultado da partilha
CIRC 87º-A, n.º3 Derrama estadual
CIRC 88º, n.º 20 Taxas de tributação autónoma
CIRC 90º, n.º 6 Procedimento e forma de liquidação do IRC
CIRC 97º, n.º 1, alínea e) Dispensa de retenção na fonte dos rendimentos gerados dentro do grupo
CIRC 105º, n.º 5 a n.º 7 Cálculo dos pagamentos por conta
CIRC 105º-A, n.º 4 Cálculo do pagamento adicional por conta
CIRC 106º, n. 12 a n.º 13 Pagamento especial por conta
CIRC 115º Responsabilidade pelo pagamento no RETGS
CIRC 120º, n.º 6 Envio da declaração periódica de rendimentos
CIRC 130º, n.º 3 Processo de documentação fiscal
RFALEI 18º, n.º 8 Base de incidência da Derrama
CFI 29º, n.º 4 Dedução por lucros retidos e reinvestidos

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5. ÂMBITO E CONDIÇÕES DE APLICAÇÃO DO RETGS
5.2. Âmbito e condições de aplicação
5.2.1. Requisitos de acesso ou aplicação

Um dos principais elementos caracterizadores deste regime reside no facto de


ser um regime de aplicação facultativa (n.º 1 do artigo 69º do CIRC).
Requisitos de acesso ou aplicação:
 Relação intersocietária: A noção de grupo de sociedades é delimitada pela detenção direta ou
indireta, pela sociedade dominante, de pelo menos 75% (90% até 2013) do capital das sociedades
dominadas, desde que esta participação lhe confira mais de 50% dos direitos de voto (n.º 2 do
artigo 69º do CIRC).

 Antiguidade da relação intersocietária: A sociedade dominante deverá deter as participações


há mais de um ano, com referência à data em que se inicia a aplicação do RETGS (alínea b) do n.º
2 do artigo 69º do CIRC). Este requisito não será aplicável caso se trate de sociedades constituídas
pela sociedade dominante há menos de um ano.

Exemplo: Caso uma sociedade dominante adquira em 30/01/2015 uma participação que lhe permita
cumprir com os requisitos para inclusão no perímetro, essa sociedade apenas poderá ser incluída no
perímetro como sociedade dominada em 01/01/2017, uma vez que em 01/01/2016 a sociedade dominante
não detinha a participação há mais de um ano. Se em alternativa, nessa mesma data tivesse sido
constituída uma sociedade, a mesma poderia ser incluída no perímetro como sociedade dominada em
01/01/2016, considerando que se aplica a exceção do n.º13 do artigo 69.º do CIRC.

Nos casos em que a participação tiver sido adquirida no âmbito de processo de fusão, cisão ou
entrada de activos, considera-se o período durante o qual a participação tiver permanecido na
titularidade das sociedades fundidas, cindidas ou da sociedade contribuidora, respetivamente.

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5. ÂMBITO E CONDIÇÕES DE APLICAÇÃO DO RETGS
5.2. Âmbito e condições de aplicação
5.2.1. Requisitos de acesso ou aplicação

 Ausência de domínio (elegível) da sociedade dominante por outra sociedade: A


sociedade dominante não pode ser considerada dominada de outra sociedade residente
em território português que reúna as condições para ser qualificada como sociedade
dominante (alínea c) do n.º 2 do artigo 69.º do CIRC). Neste caso, a opção pelo regime
deverá ser adoptada pela sociedade que reúna os requisitos para tal.
 Harmonização e normalidade do regime de tributação: De acordo com este
requisito, a totalidade dos rendimentos das sociedades que integram o perímetro deverá
estar enquadrada no regime normal de tributação em IRC, e sujeita à taxa mais elevada
(alínea a) do n.º 3 do artigo 69.º do CIRC) No entanto, o legislador estabeleceu a
possibilidade de as sociedades sujeitas a taxas inferiores à mais elevada renunciarem à
sua aplicação, de modo a poderem integrar o perímetro (alínea d) do n.º 4 do artigo 69º
do CIRC).
Alerta: Com a entrada em vigor do OE 2016 (Lei n.º 7-A/2016, de 30 de março), esta renúncia à
taxa de IRC inferior à taxa normal, deve ser mantida por um período mínimo de três anos.
 Forma societária: Este requisito limita a forma jurídica das sociedades passíveis de
integrarem o REGTS, limitando-a ao tipo de sociedades por quotas, sociedades
anónimas ou sociedades em comandita por acções (alínea g) do n.º4 do artigo 69º do
CIRC). Parece ser intenção do legislador excluir outras formas societárias, tais como
ACE, cooperativas, sociedades em comandita simples, entre outras.
Alerta: A ATA tem permitido o acesso ao RETGS de entidades com forma jurídica distinta às
referidas na alínea g) do n.º4 do artigo 69º do CIRC (ex: Cooperativas), desde que as entidades
integrantes estejam sujeitas ao regime e taxa normal de IRC.

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5. ÂMBITO E CONDIÇÕES DE APLICAÇÃO DO RETGS
5.2. Âmbito e condições de aplicação
5.2.1. Requisitos de acesso ou aplicação

 Ausência de renúncia anterior ao RETGS: O acesso ao RETGS pressupõe que a


sociedade dominante não tenha renunciado à aplicação do regime nos três anos
anteriores, com referência à data em que se inicia a aplicação do regime (alínea d)
do n.º2 do artigo 69º do CIRC).
 Localização territorial: Todas as sociedades que integram o perímetro deverão ter
sede e direção efetiva em território português (alínea a) do n.º 3 do artigo 69.º do
CIRC).
Quanto a este requisito, a integração e harmonização europeia têm introduzido
alguns desenvolvimentos nesta e noutras matérias. A partir de 2014, inclusive, para
a determinação do nível de participação exigido de, pelo menos, 75%, passaram a
considerar-se as participações detidas diretamente ou indiretamente através de
sociedades residentes noutro Estado membro da UE ou do EEE, neste caso desde que
exista obrigação de cooperação administrativa no domínio da fiscalidade equivalente
à estabelecida no âmbito da União Europeia, que sejam detidas, direta ou
indiretamente, em, pelo menos, 75% pela sociedade dominante.

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5. ÂMBITO E CONDIÇÕES DE APLICAÇÃO DO RETGS
5.2. Âmbito e condições de aplicação
5.2.1. Requisitos de acesso ou aplicação

 Localização territorial (Continuação): Mais recentemente, e no seguimento do


processo SCA Holding (C-40/13), em que Tribunal de Justiça da União Europeia
considerou existir violação do princípio da liberdade de estabelecimento, nos casos
em que sejam excluídas do regime da consolidação fiscal, sociedades irmãs
residentes (dominadas), e que a sociedade-mãe não tenha a sua sede nesse Estado-
membro, nem aí disponha de um estabelecimento estável, o CIRC foi alterado, sendo
possível, a partir de 1 de Janeiro de 2015, a opção pelo RETGS por uma sociedade
dominante que não tenha sede ou direção efetiva em território português, desde que
preencha cumulativamente as seguintes condições:
 Seja residente de um Estado membro da UE ou do EEE que esteja vinculado a cooperação
administrativa no domínio da fiscalidade equivalente à estabelecida no âmbito UE;
 Detenha a participação nas sociedades dominadas há mais de um ano, com referência à data em que
se inicia a aplicação do regime;
 Não seja detida, direta ou indiretamente, pelo menos, em 75% do capital, por uma sociedade residente
em território português que reúna os requisitos previstos no RETGS para ser qualificada como
dominante, desde que tal participação lhe confira mais de 50% dos direitos de voto;
 Não tenha renunciado à aplicação do regime nos três anos anteriores, com referência à data em que se
inicia a aplicação do regime;
 Esteja sujeita e não isenta de um imposto referido no artigo 2.º da Directiva n.º 2011/96/UE, do
Conselho, de 30 de Novembro, ou de um imposto de natureza idêntica ou similar ao IRC;
 Revista a forma de sociedade de responsabilidade limitada;
 Quando detenha um estabelecimento estável em território português através do qual sejam detidas as
participações nas sociedades dominadas e não se verifique relativamente a este qualquer das situações
previstas nas alíneas a), c), d) ou e) do n.º 4 do artigo 69.º do CIRC, com as necessárias adaptações.

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5. ÂMBITO E CONDIÇÕES DE APLICAÇÃO DO RETGS
5.2. Âmbito e condições de aplicação
5.2.2. Lista de verificação dos requisitos de acesso ou aplicação

Perímetro potencial
N.º Requisitos de acesso ou aplicação do RETGS em 2016 - Check list CIRC
Soc iedade A … Soc iedade Z

1 A Sociedade dominante detém (direta e indiretamente) pelo menos 75% do capital social da sociedade dominada 69.º, n.º2

2 A participação detida pela sociedade dominante confere mais de 50% dos direitos de voto 69.º, n.º2

3 A sociedade tem sede e direção efetiva em território Português 69.º, n.º3, a)

4 Totalidade dos rendimentos da sociedade está sujeita ao regime geral de IRC, à taxa mais elevada 69.º, n.º3, a)

A sociedade é detida pela sociedade dominante há mais de um ano face a 01/01/2016 (aquisição dos 75% anterior a 31/12/2015, 69.º, n.º3, b)
5
inclusive), exceto se constituída pela sociedade dominante ou dominada há menos de um ano e n.º13

6 A sociedade dominante não é considerada dominada por outra sociedade 69.º, n.º3, c)

7 A sociedade dominante não renunciou à aplicação do RETGS nos três anos anteriores 69.º, n.º3, d)

8 A sociedade mão se encontra inativa há mais de um ano e não se encontra dissolvida 69.º, n.º4, a)

9 A sociedade não se encontra em processo especial de recuperação de empresa nem foi decretada insolvência 69.º, n.º4, b)

A sociedade não regista prejuízos fiscais nos três períodos anteriores a 2016 (31/12/2013), exceto se dominada e respectiva
10 69.º, n.º4, c)
participação detida há mais de 2 anos

11 A sociedade adota o mesmo período de tributação da sociedade dominante 69.º, n.º4, e)

12 A sociedade assume a forma jurídica de Sociedade por Quotas, Sociedade Anónima ou Sociedade em comandita por ações 69.º, n.º4, g)

O nível de participação exigido não é obtido indiretamente através de entidade que não reúne os requisitos para fazer parte do
13 69.º, n.º5
grupo (sociedade externa à EU ou EEE em determinados casos)

14 Data de aquisição da participação quando adquirida no âmbito de processo de fusão, cisão ou entrada de ativos 69.º, n.º14

A sociedade dominante, não sendo residente no território português, é residente um Estado membro da UE ou do EEE que esteja
15 vinculado a cooperação administrativa no domínio da fiscalidade equivalente à estabelecida no âmbito da EU, e preenche 69º-A, n.º1
cumulativamente as condições previstas no n.º 1 do artigo 69º-A do CIRC

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5. ÂMBITO E CONDIÇÕES DE APLICAÇÃO DO RETGS
5.2. Âmbito e condições de aplicação
5.2.3. Exclusões ao perímetro

Mesmo cumprindo os requisitos de acesso, não podem fazer parte do grupo as


sociedades que, no início ou durante a aplicação do regime, se encontrem nas situações
abaixo (n.º4 do artigo 69º do CIRC):
 Estejam inactivas há mais de um ano ou tenham sido dissolvidas;

 Tenha sido contra elas instaurado processo especial de recuperação ou de falência em que
haja sido proferido despacho de prosseguimento da acção;

 Registem prejuízos fiscais nos três exercícios anteriores ao do início da aplicação do regime,
excepto (i) no caso das sociedades dominadas, se a participação já for detida pela sociedade
dominante há mais de dois anos, e (ii) quando se trate de sociedades constituídas pela sociedade
dominante, ou por outra sociedade que integre o grupo há menos de um ano, desde que o nível de
participação exigido seja detido desde a data da constituição.

 Estejam sujeitas a uma taxa de IRC inferior à taxa normal mais elevada e não renunciem à
sua aplicação;

 Adoptem um período de tributação não coincidente com o da sociedade dominante;

 Não assumam a forma jurídica de sociedade por quotas, sociedade anónima ou sociedade
em comandita por acções, salvo no caso de se tratar de entidades públicas empresariais, que
satisfaçam os requisitos aqui invocados relativamente à qualidade de sociedade dominante.

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5. ÂMBITO E CONDIÇÕES DE APLICAÇÃO DO RETGS
5.2. Âmbito e condições de aplicação
5.2.3. Exclusões ao perímetro

EXEMPLO ILUSTRATIVO

Soc iedade dominante

90,0% 90,0% 80,0%


A B C
% Direta % Co ntro lo RETGS % Direta % Co ntro lo RETGS % Direta % Co ntro lo RETGS
90,0% 90,0% Sim 90,0% 90,0% N ão 80,0% 80,0% N ão
Data aquisiç ão jul-14 Data aquisiç ão mai-14 Data aquisiç ão jan-15
2013 LT 100 2013 PF 100 2013 LT 300
2014 LT 200 2014 PF 300 2014 LT 300
2015 PF 400 2015 PF 200 2015 LT 300

LT - Lucro tributável
PF - Prejuízo fiscal

A sociedade dominante pretender optar pelo RETGS a partir do exercício de 2016


(01/01/2016):
 Todas as sociedades cumprem o requisito de participação;
 Relativamente à antiguidade mínima de participação, a Sociedade C não cumpre o requisito
(antiguidade inferior a 1 ano). As demais sociedades cumprem este requisito;
 No tocante aos prejuízos fiscais (situação de exclusão), como a Sociedade B regista prejuízos
fiscais nos três exercícios anteriores ao do início de aplicação do regime (e antiguidade da
participação é inferior a 2 anos), ficará excluída;
 Apenas a sociedade A reúne os requisitos de participação.

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5. ÂMBITO E CONDIÇÕES DE APLICAÇÃO DO RETGS
5.3. Percentagem de participação e de controlo
5.3.1. Conceito de grupo de sociedades

A delimitação de grupo apresentada pelo legislador fiscal, na actual redacção, é mais


abrangente do que aquele que é definida pelo CSC (o conceito de relação de grupo por
domínio total obriga a uma participação no capital de 100%), mas mais restrita que a
estabelecida pelo SNC, conforme se resume de seguida:

Ótica Pressupostos

Domínio total (100% do capital social e 100% dos direitos de voto)

CSC Contrato de grupo paritário

Contrato de subordinação

SNC Mais de 50% dos direitos de voto

RETGS Mais de 75% do capital social e mais de 50% dos direitos de voto

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5. ÂMBITO E CONDIÇÕES DE APLICAÇÃO DO RETGS
5.3. Percentagem de participação e de controlo
5.3.2. Cálculo da percentagem de participação

Uma das dificuldades mais comuns está relacionada com o cálculo da percentagem de
participação indireta e da percentagem de controlo (direitos de voto) das sociedades
dominadas, pela sociedade dominante.

O n.º 6 do artigo 69º do CIRC determina que, quando a participação é detida de


forma indireta, a percentagem de participação efetiva (ou dos direitos de voto) é obtida
pelo processo da multiplicação sucessiva das percentagens de participação em cada um
dos níveis e, havendo participações numa sociedade detidas de forma direta e indireta, a
percentagem de participação efetiva (ou dos direitos de voto) resulta da soma das
percentagens das participações.

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5. ÂMBITO E CONDIÇÕES DE APLICAÇÃO DO RETGS
5.3. Percentagem de participação e de controlo
5.3.2. Cálculo da percentagem de participação

EX EMPLOS ILUSTRATIV OS
1 2 3

A A A

76,0% 80,0% 40,0%


B B B
% Direta % Co ntro lo RETGS % Direta % Co ntro lo RETGS % Direta % Co ntro lo RETGS
76,0% 76,0% Sim 80,0% 80,0% Sim 40,0% 40,0% N ão

90% 80%
C 20% C
% Direta % Co ntro lo RETGS % Direta % Co ntro lo RETGS
- 72,0% N ão - 52,0% N ão

 Exemplo 1: A sociedade A é dominante de um grupo de sociedades em que a sociedade B é


considerada sociedade dominada, considerando que a percentagem de participação efetiva é
superior a 75%;
 Exemplo 2: A sociedade A pode ser considerada sociedade dominante de B mas não de C. A
sociedade C fica assim excluída do RETGS, considerando que a percentagem de participação efetiva
é inferior a 75%;
 Exemplo 3: A sociedade A não pode ser considerada sociedade dominante de B nem de C e por
conseguinte não existe um grupo de sociedades para efeitos fiscal, considerando que a
percentagem de participação efetiva é inferior a 75%.

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5. ÂMBITO E CONDIÇÕES DE APLICAÇÃO DO RETGS
5.3. Percentagem de participação e de controlo
5.3.2. Cálculo da percentagem de participação

Em estruturas societárias bastante complexas, com participações recíprocas,


cruzadas e acções próprias, a aplicação do método indicado no n.º 6 do artigo 69º do
CIRC, poderá revelar-se morosa e complicada. Neste caso, e mantendo intacta a relação
de equivalência matemática com o método de cálculo algébrico indicado no n.º 6 do
artigo 69º do CIRC, sugerimos o recurso ao método de cálculo matricial (mais fiável
e de aplicação simples), cuja apresentação se enquadra na resolução do exemplo
seguinte, onde entre parêntesis são apresentadas as acções ou quotas próprias:
MÉTODO DE CÁLCULO MATRICIAL

Soc iedade dominante


(10%)

68,0% 30,0%
B D
21% 40%
(1%) (10%)
% Direta % Indireta RETGS % Direta % Indireta RETGS
68,0% ? ? 30,0% ? ?

88%
C
(2%)
% Direta % Indireta RETGS
0,0% ? ?

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5. ÂMBITO E CONDIÇÕES DE APLICAÇÃO DO RETGS
5.3. Percentagem de participação e de controlo
5.3.2. Cálculo da percentagem de participação

Pressupostos a assumir na aplicação do método de cálculo matricial (*):


 A sociedade mãe considera-se que se detém a ela própria a 100%, representada na matriz por
"Acc A";
 O total de participações de uma sociedade não pode ultrapassar 100% (a soma de cada coluna da
matriz não pode ultrapassar esse valor);
 Utilizamos a matriz para representar todas as relações de participação, diretas, indiretas,
recíprocas, circulares e próprias;
 O cálculo é efetuado pela aplicação da seguinte fórmula, através do recurso a ferramentas
informáticas (Microsoft Excel): B x [ ( I - A ) ^-1 ], em que:
A- Representa a matriz das participações com as relações existentes entre as diversas sociedades;

B- Representa a matriz com as mesmas dimensões da matriz "A" em que todos os termos, são nulos
com excepção dos primeiro e últimos da diagonal;

I- Representa a matriz unitária com as mesmas dimensões das matrizes anteriores.

O método requer a separação da matriz X em duas matrizes A e B de tal modo que X = A


+ B. Assim, a determinação das percentagens de participação pela sociedade-mãe e fora
do grupo resulta do cálculo de B x [ ( I - A ) ^-1 ].
(*) - Vide Titre IV – Opérations de consolidation, Chapitre 11 - Mise en ouvre des méthodes de consolidation,
Section III - Détermination du pourcentage d’intérêts, Lefebvre, F (1999) - Arrêté des Comptes 1999, Paris,
Editions Francis Lefebvre, pp 256-268

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5. ÂMBITO E CONDIÇÕES DE APLICAÇÃO DO RETGS
5.3. Percentagem de participação e de controlo
5.3.2. Cálculo da percentagem de participação

Matriz Matriz
Ac c A A B C D Out Ac c A A B C D Out
A I
Ac c A 0% 90% 0% 0% 0% 0% Ac c A 1 0 0 0 0 0
A 0% 10% 68% 0% 30% 0% A 0 1 0 0 0 0
B 0% 0% 1% 88% 40% 0% B 0 0 1 0 0 0
C 0% 0% 21% 2% 0% 0% C 0 0 0 1 0 0
D 0% 0% 0% 0% 10% 0% D 0 0 0 0 1 0
Out 0% 0% 10% 10% 20% 0% Out 0 0 0 0 0 1
Chec k 0% 100% 100% 100% 100% 0% Chec k 1 1 1 1 1 1

Matriz Matriz
Ac c A A B C D Out Ac c A A B C D Out
I-A B
Ac c A 1,00 -0,90 0,00 0,00 0,00 0,00 Ac c A 1 0 0 0 0 0
A 0,00 0,90 -0,68 0,00 -0,30 0,00 A 0 0 0 0 0 0
B 0,00 0,00 0,99 -0,88 -0,40 0,00 B 0 0 0 0 0 0
C 0,00 0,00 -0,21 0,98 0,00 0,00 C 0 0 0 0 0 0
D 0,00 0,00 0,00 0,00 0,90 0,00 D 0 0 0 0 0 0
Out 0,00 0,00 -0,10 -0,10 -0,20 1,00 Out 0 0 0 0 0 1
Chec k 1,00 0,00 0,00 0,00 0,00 1,00 Chec k 1 0 0 0 0 1
Função XLS =MATRIZ.DETERM(matriz)-MATRIZ.DETERM(matriz)

Matriz Matriz
Ac c A A B C D Out Ac c A A B C D Out
B * (I-A)^-1 (I-A)^-1
Ac c A 100,00% 100,00% 84,85% 76,19% 71,04% 0,00% Ac c A 1,00 1,00 0,85 0,76 0,71 0,00
A 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% A 0,00 1,11 0,94 0,85 0,79 0,00
B 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% B 0,00 0,00 1,25 1,12 0,55 0,00
C 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% C 0,00 0,00 0,27 1,26 0,12 0,00
D 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% D 0,00 0,00 0,00 0,00 1,11 0,00
Out 0,00% 0,00% 15,15% 23,81% 28,96% 100,00% Out 0,00 0,00 0,15 0,24 0,29 1,00
Chec k 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 Função XLS =MATRIZ.INVERSA(matriz)
Função XLS =MATRIZ.MULT(matriz1;matriz1)

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5. ÂMBITO E CONDIÇÕES DE APLICAÇÃO DO RETGS
5.3. Percentagem de participação e de controlo
5.3.2. Cálculo da percentagem de participação

MÉTODO DE CÁLCULO MATRICIAL

Soc iedade dominante


(10%)

68,0% 30,0%
B D
21% 40%
(1%) (10%)
% Direta % Indireta RETGS % Direta % Indireta RETGS
68,0% 84,8% Sim 30,0% 71,0% N ão

88%
C
(2%)
% Direta % Indireta RETGS
0,0% 76,2% Sim

Aplicando este método, as respetivas percentagens de participação são as seguintes: (i)


sociedade B, 84,85%; (ii) sociedade C, 76,19%; (iii) sociedade D, 71,04%.

Verifica-se assim que a sociedade A pode ser considerada sociedade dominante de B e C,


mas não relativamente a D. No caso da sociedade D, apesar da percentagem de
participação ser bastante superior a 50%, não atinge os 75% exigidos pelo n.º 2 do
artigo 69º do CIRC

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5. ÂMBITO E CONDIÇÕES DE APLICAÇÃO DO RETGS
5.4. Comunicações obrigatórias
5.4.1. Comunicação inicial

A opção pela aplicação do RETGS, requer a comunicação à ATA, pela


sociedade dominante, até ao fim do terceiro mês do período de tributação em
que se pretende iniciar a aplicação do regime, mediante envio, por
transmissão eletrónica de dados, da competente declaração prevista no artigo
118.º do CIRC.
Exemplo: Caso se pretenda iniciar a aplicação do regime com referência a 01/01/2017, a
comunicação deverá ser efetuada até 31/03/2017, pela sociedade dominante.

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5. ÂMBITO E CONDIÇÕES DE APLICAÇÃO DO RETGS
5.4. Comunicações obrigatórias
5.4.2. Comunicações posteriores

 Entrada de novas sociedades: Até ao fim do 3.º mês do período de tributação em que deva ser
efetuada a inclusão das novas sociedades, nos termos da alínea b) do n.º7 do artigo 69º do CIRC;
Exemplo: Caso uma sociedade dominante adquira em 30/01/2015 uma participação que lhe
permita cumprir com os requisitos para inclusão no perímetro, essa sociedade apenas poderá ser
incluída no perímetro como sociedade dominada em 01/01/2017, pela comunicação de alteração à
composição do grupo que deverá ser efetuada até 31/03/2017 (+ 3 meses).
Alerta: A partir de 2014, a não comunicação de alterações na composição do grupo deixa de ter
como efeito a cessação automática do regime. A falta de comunicação de entradas e saídas passa a
passa a ser punida com coima variável entre 500 €uros e 22 500 €uros.
 Saída de sociedades por cessação da actividade: Até ao final do prazo previsto para a entrega
da correspondente declaração de cessação, nos termos da alínea b) do n.º7 do artigo 69º do CIRC,
e apenas nos casos em que esta cessação não deva ser comunicada na Conservatória do Registo
Comercial. Nos casos contrários, não será necessário é bastante a comunicação na Conservatória
do Registo Comercial;
 Saída de sociedades por outros motivos: Até ao fim do 3.º mês do período de tributação
seguinte àquele em que ocorra a saída da sociedade (por alienação da participação ou por
incumprimento das demais condições, ou outras alterações na composição do grupo motivadas
nomeadamente por fusões ou cisões), nos termos da alínea b) do n.º7 do artigo 69º do CIRC;
Exemplo: No caso de alienação, se esta ocorrer em 15/12/2016, a comunicação de alteração
deverá ser efetuada até 31/03/2017 (que corresponde ao fim do 3.º mês do período de tributação
seguinte àquele em que ocorreu a saída da sociedade do perímetro).

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5. ÂMBITO E CONDIÇÕES DE APLICAÇÃO DO RETGS
5.4. Comunicações obrigatórias
5.4.2. Comunicações posteriores

 Renúncia ao regime: Até ao fim do terceiro mês do período de tributação em que


se pretende renunciar à aplicação do regime;

 Cessação da aplicação do regime: Até ao fim do terceiro mês do período de


tributação seguinte;

 Opção pela continuidade da aplicação do RETGS quando a sociedade


dominante passe a ser dominada de outra sociedade residente em território
português: Até ao fim do terceiro mês do período de tributação seguinte à data em
que a sociedade dominante passe a ser dominada pela outra sociedade (nova
sociedade dominante), nos termos do n.º 10 do artigo 69º do CIRC;

 Opção pela aplicação dos limites à dedutibilidade dos gastos líquidos de


financiamento em lógica grupal: Até ao fim do 3.º mês do período de tributação
em que se pretende iniciar a respetiva aplicação, nos termos do n.º 7 do artigo 67º
do CIRC.

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5. ÂMBITO E CONDIÇÕES DE APLICAÇÃO DO RETGS
5.5. Cessação do regime

Em conformidade com o n.º 8 do artigo 63º do CIRC, a aplicação do RETGS


cessa quando:
 A sociedade dominante passe a ser considerada dominada de uma outra sociedade,
excepto se essa nova sociedade dominante residir em território português e reunir os
requisitos para ser qualificada como dominante, e optar pela continuidade da aplicação do
RETGS até ao fim do terceiro mês do período de tributação seguinte à data em que se
verifique esse facto;
 A sociedade dominante fique inactiva (por um período superior a um ano) ou tenha sido
dissolvida;
 A sociedade dominante esteja em processo especial de recuperação ou de falência em
que haja sido proferido despacho de prosseguimento da acção;
 A sociedade dominante passe a beneficiar de uma taxa de IRC inferior à taxa normal
mais elevada e não renuncie à sua aplicação;
 A sociedade dominante deixe de ter a forma jurídica de sociedade por quotas,
sociedade anónima ou sociedade em comandita por acções;
 O lucro tributável de qualquer das sociedades do grupo seja determinado com recurso à
aplicação de métodos indiretos.

Alerta: A partir de 2014, não comunicação de alterações na composição do grupo deixa de ter como
efeito a cessação automática do regime. A falta de comunicação de entradas e saídas passa a passa a
ser punida com coima variável entre 500 €uros e 22 500 €uros.

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6. REGRAS DE APURAMENTO E PAGAMENTO DO IMPOSTO
6.1. Regras de apuramento do imposto
6.1.1. Determinação do lucro fiscal tributável do grupo

O RETGS consubstancia-se numa lógica de tributação agregada segundo a qual um


determinado grupo de sociedades é tributado, para efeitos de IRC, pelo seu resultado
agregado (com algumas excepções), como se de uma só entidade se tratasse. De facto,
prevê o artigo 70º do CIRC que o lucro tributável do grupo é calculado, pela
sociedade dominante, através da soma algébrica dos lucros tributáveis e dos prejuízos
fiscais apurados nas declarações periódicas individuais de cada uma das sociedades
pertencentes ao grupo, corrigido, sendo caso disso, do efeito da aplicação da opção
prevista no n.º 5 do artigo 67.º do CIRC
 Opção 1: Limite à dedutibilidade dos gastos de financiamento aplicado a cada uma das
sociedades;

 Opção 2: Limite à dedutibilidade dos gastos de financiamento, corresponde a 1 000 000 €uros
(independentemente do número de sociedades pertencentes ao grupo) ou, quando superior, a 30%
do EBITDA agregado (EBITDA consolidado para 2014) relativo à totalidade das sociedades que o
compõem.

Os efeitos tributários pré-RETGS relacionadas com gastos de financiamento líquidos de sociedades


do grupo - gastos de financiamento líquidos ainda não deduzidos e "folga" a reportar -, continuam
a ser imputados à sociedade a que respeita e deverão ser calculados individualmente.

A aplicação desta opção exige a manutenção desta opção por um período mínimo de 3
anos, a contar da data de início de aplicação.

RETGS ABRIL 2017 © ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 52


6. REGRAS DE APURAMENTO E PAGAMENTO DO IMPOSTO
6.1. Regras de apuramento do imposto
6.1.1. Determinação do lucro fiscal tributável do grupo

Em conformidade com o disposto no n.º 6 do artigo 120º CIRC, cada uma das sociedades
do grupo, dominante e dominadas, deve enviar a sua declaração periódica de
rendimentos, como se aquele regime não fosse aplicável, devendo ainda, a sociedade
dominante apresentar a declaração periódica de rendimentos relativa ao lucro
tributável do grupo.

Em face do exposto, junta-se alguns tópicos de interrogação e reflexão:


 Partindo deste novo conceito de lucro tributável, será que se pode afirmar que, quando seja
aplicável o RETGS, por interpretação do artigo 70º do CIRC, os conceitos de matéria coletável e
coleta apenas existem formalmente, na sociedade dominante?

 É a declaração periódica de rendimentos do grupo, apresentada pela sociedade dominante, que é


liquidável e não as declarações das sociedades dominadas, apesar de cada uma das sociedades
incluídas no perímetro ter o dever de submeter uma declaração periódica de rendimentos
individual, que não produz efeitos de liquidação, conforme o nº 6 do artigo 120º do CIRC.

RETGS ABRIL 2017 © ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 53


6. REGRAS DE APURAMENTO E PAGAMENTO DO IMPOSTO
6.1. Regras de apuramento do imposto
6.1.2. Determinação da matéria coletável do grupo

A matéria coletável do grupo, calculada na declaração Modelo 22 de IRC do grupo, no


quadro 09, no campo 311, obtém-se pela dedução ao lucro tributável inscrito no campo
382, dos montantes constantes nos campos 309 e 310, que, correspondem aos prejuízos
fiscais e aos benefícios fiscais, respetivamente.

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6. REGRAS DE APURAMENTO E PAGAMENTO DO IMPOSTO
6.1. Regras de apuramento do imposto
6.1.3. Dedução dos prejuízos fiscais

Ao regime específico de dedução de prejuízos fiscais, aplicável ao RETGS, previsto no artigo


71º do CIRC, dever-se-á aplicar, com as devidas adaptações, as regras do regime geral de dedução
de prejuízos fiscais previsto no artigo 52º do CIRC, nomeadamente a limitações impostas à sua
dedução.
 Prejuízos fiscais gerados durante a aplicação do regime: Os prejuízos fiscais gerados no
grupo fiscal só podem ser deduzidos em cada exercício de tributação aos lucros tributáveis do
grupo (alínea b), do n.º 1, do artigo 71º do CIRC).
Esta é uma das principais "vantagens" imputáveis a este regime, que reside no facto de a
tributação do grupo ser efetuada como se uma única entidade se tratasse (comunicação
perfeita).
 Prejuízos fiscais gerados em períodos anteriores à aplicação do regime: Os prejuízos
fiscais das sociedades do grupo referentes a exercícios anteriores ao do início de aplicação do
regime só podem ser deduzidos ao lucro tributável do grupo até à concorrência do lucro
tributável da sociedade a que respeitam. Adicionalmente, deve ser respeitada a regra de
antiguidade na dedução de prejuízos fiscais (alínea a) do n.º 1, do artigo 71º do CIRC).
Exemplo: : A sociedade A, sociedade dominada de um grupo fiscal liderado pela sociedade
dominante B. A sociedade A tem prejuízos fiscais gerados antes da entrada no RETGS no
montante de 10 000 €uros e apurou no exercício lucro tributável individual de 5 000 €uros. A
sociedade B, apurou no exercício, um lucro tributável individual de 15 000 €uros.
O grupo fiscal apurará um lucro tributável de 16 500 €uros, conforme se segue: (5 000 + 15
000) - (5 000 x 70%)= 16 500.

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6. REGRAS DE APURAMENTO E PAGAMENTO DO IMPOSTO
6.1. Regras de apuramento do imposto
6.1.3. Dedução dos prejuízos fiscais

 Prejuízos fiscais das sociedades fundidas gerados em períodos anteriores ao


do início do regime: De acordo com o disposto no nº 2 do artigo 71º do CIRC,
quando, durante a aplicação do regime, ocorram fusões entre sociedades do grupo
ou uma sociedade incorpore uma ou mais sociedades não pertencentes ao grupo, os
prejuízos das sociedades fundidas verificados em exercícios anteriores ao do início do
regime podem ser deduzidos ao lucro tributável do grupo até ao limite do lucro
tributável da nova sociedade ou da sociedade incorporante, desde que a essas
operações seja aplicado o regime especial de neutralidade fiscal estabelecido no
artigo 74º e nos termos e condições previstos no artigo 75.º do CIRC.
Alerta: Até à entrada em vigor da Lei n.º 2/2014, de 16 de Janeiro, em caso de fusão, a transmissão dos
prejuízos fiscais exigia a obtenção prévia de autorização pelo Ministro das Finanças, mediante requerimento
dos interessados entregue na DGCI até ao fim do mês seguinte ao do pedido do registo da fusão.

Esta autorização prévia deixa agora de ser exigida. Parece-nos no entanto, que continua válido o limite
imposto pelo n.º 4 do artigo 75º do CIRC: por cada período de tributação, o valor correspondente à
proporção entre o valor do património líquido da sociedade fundida e o valor do património líquido de todas
as sociedades envolvidos na operação de fusão, determinados com base no último balanço anterior à
operação.

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6. REGRAS DE APURAMENTO E PAGAMENTO DO IMPOSTO
6.1. Regras de apuramento do imposto
6.1.3. Dedução dos prejuízos fiscais

 Prejuízos fiscais após a saída do regime: Tal como já anteriormente referido, o


legislador não deixou quaisquer dúvidas, quando na alínea b) do nº 1 do art.º 71º do
CIRC refere que os prejuízos gerados no regime só podem ser deduzidos no grupo.
Havendo cessação, importa distinguir:
 Prejuízos individuais (gerados antes do regime), caso ainda existam e não tenha sido
deduzidos - Podem as sociedades do grupo deduzir os prejuízos anteriores, nos termos e
condições do regime geral previsto no nº 2 do artigo 52º do CIRC, desde que não tenham sido
ainda utilizados;
 Prejuízos “consolidados” (gerados no regime) - Ficam definitivamente perdidos, conforme já
anteriormente referido
Exemplo: A sociedade A, sociedade dominada de um grupo fiscal liderado pela sociedade dominante B. O RETGS
tinha apurado até ao exercício N-1 prejuízos fiscais no montante de 10 000 €uros, dos quais 2 000 €uros
correspondiam à quota-parte dos prejuízos do grupo gerados pela sociedade A. Durante o exercício N a sociedade
A saiu do grupo fiscal. Após a sua saída, esta perde a possibilidade de dedução da quota-parte de prejuízos do
grupo, considerando que os mesmos, tendo sido gerados no grupo, não lhe pertencem individualmente. Por sua
vez o grupo fiscal ficará apenas com 8 000 €uros (10 000 €uros – 2 000 €uros) de prejuízos fiscais para dedução
em exercícios futuros.
Considerando ainda o exemplo anterior, a sociedade A, após a saída do perímetro, desde que cumprindo os
demais requisitos, poderá reunir condições para integrar outro perímetro fiscal. A limitação a que se refere a
alínea c) do nº 4 do artigo 69º do CIRC não será aplicável, pelo que, os prejuízos fiscais, ao terem sido gerados
no âmbito de um RETGS, pertencem a este e não à sociedade A, perdendo-se definitivamente nos termos das
alíneas b) e c) do nº 1 do art.º 71º do CIRC, saindo a sociedade do grupo sem prejuízos fiscais acumulados.
Saliente-se que este entendimento foi já validado pela ATA, através de informação vinculativa (Processo n.º
3089/2005 da DSIRC, com Despacho do Subdirector-Geral de 31 de Março de 2006).

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6. REGRAS DE APURAMENTO E PAGAMENTO DO IMPOSTO
6.1. Regras de apuramento do imposto
6.1.3. Dedução dos prejuízos fiscais

Com a entrada em vigor da Lei n.º 2/2014, de 16 de Janeiro, o legislador passou a


disciplinar os seguintes factos até aqui negligenciados:
 Entrada de nova sociedade dominante: Quando a nova sociedade dominante opte pela
continuidade da aplicação do RETGS nos termos do n.º 10 do artigo 69º do CIRC, os prejuízos
fiscais do grupo verificados durante os períodos de tributação anteriores em que o regime se
aplicou podem, em casos de reconhecido interesse económico e mediante requerimento a
apresentar à ATA com aquela comunicação, ser dedutíveis ao lucro tributável do novo grupo, desde
que seja obtida autorização do membro do Governo responsável pela área das finanças.
 Sociedade dominante de um grupo de sociedades adquire o domínio de uma sociedade
dominante de um outro grupo de sociedades:
 Opção pela continuidade do RETGS do "grupo" da anterior sociedade dominante - Se a nova
sociedade dominante optar pela continuidade da aplicação do RETGS relativamente a último grupo
(nos termos do n.º 10 do artigo 69º do CIRC), as quotas-partes dos prejuízos fiscais do grupo
imputáveis às sociedades do grupo da nova sociedade dominante e que integrem o grupo da anterior
sociedade dominante são dedutíveis nos termos da alínea a) do n.º 1 do artigo 71º do CIRC (até ao
limite do lucro tributável das sociedades a que respeitam), desde que, em casos de reconhecido
interesse económico e mediante requerimento a apresentar à ATA com aquela comunicação, seja
obtida autorização do membro do Governo responsável pela área das finanças.
 Opção pela inclusão no RETGS do "grupo" da anterior sociedade dominante - Se a nova
sociedade dominante optar pela inclusão das sociedades pertencentes ao grupo da anterior sociedade
dominante, as quotas-partes dos prejuízos fiscais do grupo da anterior sociedade dominante
imputáveis às sociedades que integrem o grupo da nova sociedade dominante são dedutíveis nos
termos da alínea a) do n.º 1 do artigo 71º do CIRC (até ao limite do lucro tributável das sociedades a
que respeitam).

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6. REGRAS DE APURAMENTO E PAGAMENTO DO IMPOSTO
6.1. Regras de apuramento do imposto
6.1.3. Dedução dos prejuízos fiscais

EXEMPLO ILUSTRATIVO

GRUPO 1 GRUPO 2

Soc iedade dominante [NOV A] 10 0 % Soc iedade dominante [ANTERIOR]

10 0 ,0 % 10 0 ,0 %

A X

10 0 ,0 % 10 0 ,0 %

B Y

Prejuízos fiscais RETGS 400 Prejuízos fiscais RETGS 500

OPÇÕES DA NOV A SOCIEDADE DOMINANTE:


1. Opç ão pela c ontinuidade da aplic aç ão do RETGS do GRUPO 2 (n.º 10, artigo 69º):
O GRUPO 1 cessa a sua tributação como grupo, mantendo-se o RETGS do GRUPO 2, o qual passa a incluir o GRUPO 1.
A s quotas-partes dos prejuízos fiscais do GRUPO 1 (400), são dedutíveis nos termos da alínea a) do n.º 1 do artigo 71º do CIRC, caso seja obtida autorização do
membro do Governo responsável pela área das finanças

2. Opç ão pela inc lusão do GRUPO 2 no RETGS do GRUPO 1 (subalínea 1), alínea b) do n.º 7, artigo 69.º):
O GRUPO 2 cessa a sua tributação como grupo, mantendo-se o RETGS do GRUPO 1, o qual passa a incluir o GRUPO 2.
A s quotas-partes dos prejuízos fiscais do GRUPO 2 (500) são dedutíveis nos termos da alínea a) do n.º 1 do artigo 71º do CIRC

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6. REGRAS DE APURAMENTO E PAGAMENTO DO IMPOSTO
6.1. Regras de apuramento do imposto
6.1.4. Gastos de financiamento líquidos

De acordo com a nova redacção do artigo 67º do CIRC, os gastos de financiamento líquidos
são dedutíveis até ao maior dos seguintes limites:
 1 000 000 €uros (3 000 000 €uros para 2013); ou
 30% do resultado antes de depreciações, gastos de financiamento líquidos e impostos, tecnicamente
denominado de EBITDA.
A Lei n.º 66-B/2012, de 31 de Dezembro (OE 2013), no seu artigo 192º, estabelece um
período transitório relativamente à percentagem do EBITDA a considerar no cálculo do limite.
De acordo com esta disposição, a percentagem é de 70% em 2013, 60% em 2014, 50%
em 2015, 40% em 2016 e 30% em 2017 (fim do período transitório).
O referido artigo 67º do CIRC, no seu n.º 2, prevê também um mecanismo de reporte para os
gastos de financiamento considerados excessivos num determinado período de tributação,
os quais poderão ser dedutíveis nos 5 períodos de tributação seguintes, desde que,
conjuntamente com os gastos de financiamento desse mesmo período, não sejam ultrapassados
os limites já referidos.
Nas situações em que o montante dos gastos de financiamento líquidos deduzidos seja
inferior a 30% do EBITDA, a parte não utilizada deste limite ("folga") é adicionada ao limite
máximo dedutível nos termos do n.º1 do artigo 67º do CIRC, em cada um dos cinco períodos
de tributação posteriores, até à sua integral utilização (reporte da "folga").
Alerta: O valor de referência para o cálculo desta "folga" é sempre, independentemente do período de tributação,
o que corresponde a 30% do EBITDA, não se aplicando para estes efeitos as percentagens definidas no n.º 2 do
artigo 192.º da Lei n.º 66-B/2012, de 31 de Dezembro (que estabelece o período transitório relativamente à
percentagem do EBITDA a considerar no cálculo do limite dos gastos de financiamento líquidos).

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6. REGRAS DE APURAMENTO E PAGAMENTO DO IMPOSTO
6.1. Regras de apuramento do imposto
6.1.4. Gastos de financiamento líquidos

Exemplo de cálculo do limite dos "Gastos de financiamentos líquidos"


2013 2014 2015 2016 Notas
dedutíveis e do "excesso" a reportar

EBITDA 200 200 200 200 A


Gastos de financiamentos líquidos 50 40 80 100 B
Artigo 67º, n.º1, a) Valor 3 3 3 3 C
% 70% 60% 50% 40% D
Artigo 67º, n.º1, b)
Valor 140 120 100 80 E=DxA
Identificação do % 30% 30% 30% 30% F
Artigo 67º, n.º3
limite Valor 60 60 60 60 G=FxA
Excesso a reportar Valor 10 20 - - H=G-B, se >0
Excesso reportado do ano anterior Valor - 10 30 30 I=ΣH em N-1
Limite Valor 140 130 130 110 J=E+I
Valor aceite fiscalmente 50 40 80 100 K
Saldo do ano Valor 10 20 - - H=G-B, se >0
Apuramento do
Saldo anos anteriores Valor - 10 30 10 L
excesso
Excesso a reportar Valor 10 30 30 10 M
 Ano 2013: O montante dos GFL (50) é totalmente dedutível e uma vez que é inferior (em 10) ao limite de
30% do EBITDA, o montante de 10 é reportado para 2014;
 Ano 2014: O montante dos GFL (40) continua a ser inferior ao limite. Em consequência, é totalmente
dedutível e a diferença para o limite de 30% do EBITDA (20) vai ser reportada para o exercício seguinte. A
"folga acumulada para a ser de 30 (10 em 2013 e 20 em 2014):
 Ano 2015: O limite máximo dedutível é de 50% do EBITDA, ou seja 100. Em consequência, os GFL
contabilizados no ano (80) são dedutíveis fiscalmente na totalidade. Embora os GFL contabilizados em 2015
sejam inferiores ao limite previsto na b) do n.º1 do artigo 67º do CIRC, são superiores a 30% do EBITDA
(n.º 3 do artigo 67º do CIRC), pelo que neste exercício não é gerada qualquer "folga".
 Ano 2016: O limite máximo dedutível é de 40% do EBITDA, ou seja 80, acrescido da "folga" (30), o que
perfaz 110. Mas como os GFL contabilizados no ano são de 100, apenas é dedutível este montante,
reportando para 2017 a "folga" de 10.

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6. REGRAS DE APURAMENTO E PAGAMENTO DO IMPOSTO
6.1. Regras de apuramento do imposto
6.1.4. Gastos de financiamento líquidos

Para 2013 foi estabelecido que a disciplina fiscal relativa à dedutibilidade dos gastos de
financiamento líquidos era aplicável a cada uma das sociedades do grupo (lógica
individual).

A partir de 2014, inclusive, e com a aprovação da Lei n.º2/2014, de 16 de Janeiro, no


âmbito do RETGS, passa a ser possível deduzir os gastos de financiamento líquidos numa
lógica de grupo, tendo por base o EBITDA agregado (EBITDA consolidado para 2014),
desde que esta opção (i) seja mantida por um período mínimo de 3 anos (a contar da
data de início da sua aplicação) e (ii) seja requerida, por transmissão eletrónica de
dados, até ao fim do 3.º mês do período de tributação em que se pretende iniciar a sua
aplicação. No entanto, o legislador, resolveu salvaguardar as seguintes situações pré-
RETGS:
 Gastos de financiamento líquidos de sociedades do grupo relativos aos períodos de
tributação anteriores à aplicação do regime e ainda não deduzidos: Deverão ser calculados
e considerados individualmente (sociedade a que respeitam);

 "Folga" a reportar e imputável a sociedades do grupo em períodos de tributação


anteriores à aplicação do regime: Apenas pode ser acrescida, nos termos do n.º 3 do artigo 67º
do CIRC, ao montante máximo dedutível dos gastos de financiamento líquidos da sociedade a que
respeita, calculado individualmente (sociedade a que respeitam).

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6. REGRAS DE APURAMENTO E PAGAMENTO DO IMPOSTO
6.1. Regras de apuramento do imposto
6.1.4. Gastos de financiamento líquidos

Relativamente aos gastos de financiamento líquidos de sociedades do grupo, bem


como a parte do limite não utilizado a que se refere o n.º3 do artigo 67º do CIRC,
relativos aos períodos de tributação em que seja aplicável o regime, só podem ser
utilizados pelo grupo, independentemente da saída de uma ou mais sociedades do grupo
(tal como nos prejuízos fiscais).

Por fim, de sublinhar que, em caso de alteração da titularidade de mais de 50% do


capital social ou da maioria dos direitos de voto do sujeito passivo, perde-se o direito
de reporte previsto nos n.ºs 2 e 3 do artigo 67º do CIRC, excepto (i) no caso de ser
aplicável o disposto no n.º 9 do artigo 52.º (casos particulares de alterações 50% do
capital que são fiscalmente admitidas) ou (ii) obtida autorização do membro do Governo
responsável pela área das finanças em caso de reconhecido interesse económico,
mediante requerimento a apresentar na ATA.

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6. REGRAS DE APURAMENTO E PAGAMENTO DO IMPOSTO
6.1. Regras de apuramento do imposto
6.1.5. Benefícios fiscais e dedução à coleta

As deduções ao lucro tributável obedecem à hierarquia preconizada nos artigos 15.º e 52.º do
CIRC. A matéria coletável obtém-se pela dedução, ao lucro tributável, dos prejuízos fiscais e
dos benefícios fiscais eventualmente existentes.
Após estas deduções é calculada a coleta, a qual pode ser objeto de dedução até à sua
concorrência quanto à dupla tributação internacional, benefícios fiscais e pagamento especial
por conta, a efetuar no quadro 10 da declaração Modelo 22 de IRC 22 do grupo.

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6. REGRAS DE APURAMENTO E PAGAMENTO DO IMPOSTO
6.1. Regras de apuramento do imposto
6.1.5. Benefícios fiscais e dedução à coleta

Por regra, os benefícios fiscais à coleta, mesmo que atribuídos individualmente, são
dedutíveis até à concorrência da coleta do grupo (contrariamente aos benefícios fiscais
de dedução ao lucro tributável), nos termos do n.º 6 do artigo 90º do CIRC, com exceção
para os casos particulares do Crédito Fiscal Extraordinário ao Investimento e da
Dedução por Lucros Retidos e Reinvestidos.

No caso particular do Crédito Fiscal Extraordinário ao Investimento regulado pela


Lei n.º49/2013, de 16 de Julho, e aplicando-se o RETGS, a dedução de 20 % das
despesas de investimento elegíveis, que não tenha sido utilizada em 2013, poderá sê-lo
nos cinco períodos de tributação subsequentes. Tal dedução é efetuada à coleta do
grupo, até ao limite de:
 70% dessa coleta; e

 Não pode ultrapassar, em relação a cada sociedade e por cada exercício, o limite de 70 % da coleta
que seria apurada pela sociedade que realizou as despesas elegíveis, caso não se aplicasse o
RETGS.

Relativamente à Dedução por Lucros Retidos e Reinvestidos, benefício regulado pela


Lei n.º 44/2014, de 11 de Julho, quando se aplique o RETGS, esta deve ser efetuada até
ao limite de 25% da coleta do grupo, não podendo, no entanto, ultrapassar o limite de
25% da coleta individual apurada pela sociedade que realizou as despesas elegíveis.

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6. REGRAS DE APURAMENTO E PAGAMENTO DO IMPOSTO
6.1. Regras de apuramento do imposto
6.1.6. Derrama municipal

Com a Lei das Finanças Locais, introduzida pela Lei nº 2/2007 de 15 de Janeiro, foi
alterado o método aplicável ao cálculo da derrama incidente sobre as entidades
residentes, para efeitos fiscais, a partir de 1 de Janeiro de 2007. A derrama passou a
ser deliberada por cada município e liquidada sobre o valor do lucro tributável do IRC,
até ao limite máximo de 1,5% do mesmo, nos termos do n.º1 do artigo 14º da referida
Lei das Finanças Locais.

Posteriormente, a ATA emitiu o Ofício-Circulado nº 20 132 de 14/04/2008,


esclarecendo o cálculo do apuramento da coleta. De acordo com o referido
entendimento, a derrama deverá ser apurada pela soma algébrica das derramas
calculadas individualmente por cada uma das sociedades do RETGS.

Perante esta posição da ATA, rapidamente surgiram as primeiras litigâncias. Os


fundamentos apresentados, genericamente basearam-se (i) no caracter acessório da
derrama (imposto acessório do IRC, que não apresenta regras específicas que permitam
o apuramento da respetiva base de incidência, pelo que deverá a mesma assumir as
regras do imposto principal), e (ii) no pressuposto de que é a declaração periódica de
rendimentos do grupo que é liquidável e não as declarações das sociedades dominadas,
sendo estas apenas entregues para efeitos declarativos e de controlo, pelo que é o lucro
tributável apurado na declaração de rendimentos do grupo, que deverá relevar, para
efeitos de apuramento da derrama.

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6. REGRAS DE APURAMENTO E PAGAMENTO DO IMPOSTO
6.1. Regras de apuramento do imposto
6.1.6. Derrama municipal

Não obstante a existência de contencioso em curso sobre o entendimento da


ATA vertido no polémico Ofício-Circulado nº 20132 de 14/04/2008, veio o
legislador, através da Lei n.º 64-B/2011, de 30 de Dezembro, que aprovou
o OE para 2012, aditar um novo número ao polémico artigo 14º referida Lei
das Finanças Locais, passando a consagrar o entendimento veiculado pelo
Ofício-Circulado supra referido, ou seja, que o cálculo da derrama incide
sobre o lucro tributável individual de cada uma das sociedades do grupo.
Com a aprovação do novo Regime Financeiro das Autarquias Locais e
das Entidades Intermunicipais (que revoga a Lei das Finanças Locais),
através da Lei n.º 73/2013, de 3 de Setembro (com entrada em vigor em 1
de Janeiro de 2014), foi mantida (e reforçada) a disciplina de calculo
individual da derrama municipal em contexto de aplicação de RETGS.
«Artigo 18.º - Derrama

(…) 8 - Quando seja aplicável o regime especial de Tributação dos Grupos de Sociedades, a derrama
incide sobre o lucro tributável individual de cada uma das sociedades do grupo, sem prejuízo do
disposto no artigo 115.º do Código do IRC. (…)»

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6. REGRAS DE APURAMENTO E PAGAMENTO DO IMPOSTO
6.1. Regras de apuramento do imposto
6.1.7. Derrama estadual

A derrama estadual incide sobre o lucro tributável apurado na declaração periódica


individual de cada uma das sociedades do grupo, incluindo a sociedade dominante. Esta
efetua o somatório das derramas estaduais individualmente apuradas, indicando-o na
declaração do grupo, no campo 373 do Quadro 10 da referida declaração. É à sociedade
dominante que compete pagar este imposto.
Taxas Derrama estadual
Lucro tributável
2016 2015 2014

De mais de 1 500 000 €uros até 7 500 000 €uros 3% 3% 3%

De mais de 7 500 000 €uros até 35 000 000 €uros 5% 5% 5%

Superior a 35 000 000 €uros 7% 7% 7%

Esta disciplina mantém-se para o pagamento adicional por conta (artigo 105.º-A do
CIRC).

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6. REGRAS DE APURAMENTO E PAGAMENTO DO IMPOSTO
6.1. Regras de apuramento do imposto
6.1.8. Tributação autónoma

As tributações autónomas previstas no artigo 88º do CIRC, são calculadas


por natureza de despesa suportada individualmente (base de incidência
individual).
Relativamente ao agravamento da taxa de tributação autónoma,
previsto no artigo 88º, n.º 14, do CIRC, nas situações de apuramento de
prejuízo fiscal relativamente a um grupo de sociedades abrangido, foi já
esclarecido por Despacho da ATA (Processo n.º 4399/2011), que deve ser
considerado o lucro tributável ou prejuízo fiscal apurado na declaração do
grupo e não o lucro tributável ou o prejuízo fiscal apurado por cada uma das
sociedades que integram o perímetro de consolidação. Através do OE 2016
(Lei n.º 7-A/2016, de 30 de março), este entendimento fiscal adquiriu força
de lei, passando a integrar o artigo 88º do CIRC (Taxas de tributação
autónoma), mediante a inclusão do n.º 20 a esse artigo.

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6. REGRAS DE APURAMENTO E PAGAMENTO DO IMPOSTO
6.2. Regras de pagamento do imposto
6.2.1. Responsabilidade pelo pagamento final do imposto

A responsabilidade pelo pagamento do imposto é da sociedade


dominante, recaindo nas sociedades dominadas a responsabilidade solidária
por este pagamento, sem prejuízo do posterior direito de regresso pela parte
que a cada uma das sociedades diga efetivamente respeito (artigo 115º
CIRC).
Note-se a forma vincada como o regime de responsabilidade solidária foi
introduzida pelo legislador. Com este regime, as sociedades dominadas,
assumem perante a ATA a responsabilidade do cumprimento integral das
prestações que lhe sejam devidas, liberando as demais, não sendo lícito a
qualquer uma delas opor o benefício da divisão e, ainda que chame as outras
sociedades à demanda, nem por isso se libera da obrigação de efetuar a
prestação em falta por inteiro.

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6. REGRAS DE APURAMENTO E PAGAMENTO DO IMPOSTO
6.2. Regras de pagamento do imposto
6.2.2. Pagamentos por conta

Como regra geral, o cálculo e entrega das importâncias devidas a título de


pagamentos por conta cabem à sociedade dominante, tendo por base os
elementos da declaração periódica relativa ao lucro tributável do grupo do
período anterior, cálculo esse que deverá ser determinado nos termos do
artigo 105º do CIRC.
Apesar de omisso quanto à responsabilidade da entrega das importâncias
pela sociedade dominante (nº 5 a 7 do artigo 105º do CIRC), ao contrário do
que acontece com o pagamento especial por conta (nº 12 do artigo 106º do
CIRC), este entendimento não tem levantado grandes questões por parte da
ATA.

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6. REGRAS DE APURAMENTO E PAGAMENTO DO IMPOSTO
6.2. Regras de pagamento do imposto
6.2.2. Pagamentos por conta

Como regras específicas, temos as seguintes situações:


 Primeiro exercício de vigência do regime: Os pagamentos por conta são calculados
individualmente por cada uma das sociedades pertencentes ao perímetro, incluindo a sociedade
dominante, como se não estivesse a ser aplicado o referido regime, bem como o pagamento deverá
ser efetuado por cada uma das sociedades, sendo o valor desses pagamentos dedutível à coleta do
grupo no final do exercício (nº 5 do artigo 105º do CIRC).
Alerta: Da análise desta norma, conclui-se que a sua aplicação restringe-se apenas ao primeiro ano de aplicação
do RETGS, não sendo aplicável ao alargamento do regime a novas sociedades. Nestes casos, teremos de nos
socorrer novamente dos princípios orientadores consagrados quer nos princípios fiscais, quer na interpretação do
espírito do legislador (artigo 11º da LGT e artigo 9º do CC), pelo que em situações de alargamento, será plausível
que, o cálculo do pagamento por conta seja efetuado de acordo com a regra geral para todas as sociedades já
pertencentes ao perímetro, adicionado do montante que seria calculado individualmente pela nova sociedade que
incorpora o regime, sendo a entrega efetuada pela sociedade dominante. Contudo, nem sempre, tem sido este o
entendimento de alguns serviços da ATA.
 Cessação do regime: Conforme disposto no nº 7 do artigo 105º do CIRC observa-se o seguinte:
(i) os pagamentos por conta a efetuar serão calculados com base no imposto que lhes teria sido
liquidado no exercício anterior, caso estas não estivessem abrangidas pelo regime, sendo a entrega
da responsabilidade de cada uma das sociedades; (ii) os pagamentos por conta já efetuados pela
sociedade dominante à data da cessação do regime serão tidos em consideração para efeitos do
cálculo da diferença que tiver a pagar ou a ser-lhe reembolsada nos termos do artigo 104º do CIRC
(com a apresentação da declaração periódica de rendimentos); e (iii) no pagamentos por conta a
efetuar no exercício seguinte ao fim da aplicação do regime, será efetuado por cada uma das
sociedades nos termos gerais, de acordo com o artigo 105º do CIRC, com base no imposto que
lhes teria sido liquidado relativamente ao exercício anterior se não estivessem abrangidas pelo
regime (n.º 6 do artigo 105.º do CIRC).

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6. REGRAS DE APURAMENTO E PAGAMENTO DO IMPOSTO
6.2. Regras de pagamento do imposto
6.2.2. Pagamentos por conta

Recentemente, com a entrada em vigor da Lei n.º 82-C/2014, de 31 de Dezembro,


passou a estar previsto que, no caso em que uma sociedade (nova sociedade
dominante) adquira o domínio de uma sociedade dominante de um grupo de
sociedades (anterior sociedade dominante), os pagamentos por conta relativos ao
primeiro período de tributação em que as sociedades do grupo da anterior sociedade
dominante sejam incluídas no grupo da nova sociedade dominante são calculados nos
termos normais com base na soma do imposto liquidado à nova sociedade dominante, ou
ao respetivo grupo, e ao grupo da anterior sociedade dominante, relativamente ao
período de tributação imediatamente anterior (n.º 8 do artigo 105º do CIRC ).

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6. REGRAS DE APURAMENTO E PAGAMENTO DO IMPOSTO
6.2. Regras de pagamento do imposto
6.2.3. Pagamento especial por conta

No tocante às regras do pagamento especial por conta no âmbito do RETGS, a questão


tem sido bem menos pacífica.

Inicialmente, o legislador apenas estabelecia no n.º 12 do artigo 106º do CIRC que seria
devido um PEC por cada sociedade do grupo, incluindo a dominante, e cuja entrega é
da responsabilidade desta última, não esclarecendo de forma cabal a forma de dedução
dos pagamentos por conta respetivos (base individual ou base grupal).

Contudo, esta norma sofreu uma posterior alteração com a aprovação da Lei nº 66-
B/2012 de 31 de Dezembro, que aprovou o Orçamento do Estado para 2013, no qual o
cálculo do pagamento especial por conta no âmbito do RETGS, continua a ser
determinado numa base individual e entregue pela sociedade dominante, passando a ser
considerado como montante a deduzir, o valor dos pagamentos por conta (PEC
individuais "virtuais") que seriam devidos se o regime não fosse aplicável.

Torna-se pertinente analisar e identificar a disciplina de dedução aplicável aos PEC


efetuados por uma sociedade nos cenários onde a letra da lei não é totalmente
esclarecedora.

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6. REGRAS DE APURAMENTO E PAGAMENTO DO IMPOSTO
6.2. Regras de pagamento do imposto
6.2.3. Pagamento especial por conta

Socorrendo-nos dos princípios fiscais subjacentes ao RETGS, da interpretação do espírito


do legislador e de alguma doutrina já divulgada, poderemos ter as seguintes situações e
enquadramentos:
Momento da Momento da
Disciplina de dedução
entrega do PEC dedução do PEC

Durante a
Apesar de omisso na lei, tem-se entendido que a dedução dos PEC deva e possa ser efetuada ao nível
aplicação do
Antes da do grupo
RETGS
aplicação do
RETGS A dedução deverá ser efetuada ao nível individual nos termos gerais, pois foram efetuados pela
Após a cessação do
sociedade a título individual antes da aplicação do regime, correspondem a direitos da própria
RETGS
sociedade

Durante a Parece-nos que a dedução dos PEC deverá ser efetuada pelo grupo, perdendo a sociedade dominada o
Após a cessação do
aplicação do direito à sua dedução após a saída do perímetro. Ao contrário dos prejuízos fiscais não há a perda do
RETGS
RETGS direito à dedução dos mesmos por parte do grupo

De acordo com Informação vinculativa da AT (Processo: 3724/2003) a dedução deverá ser efetuada a
No exercício de nível individual e não é dedutível à coleta do grupo. Todavia, a sociedade dominante atua como
Após a cessação do
cessação do representante do grupo e, portanto, é, no conjunto das sociedades, o "sujeito passivo de facto".
RETGS
RETGS Assim, os pedidos de reembolso feitos, oportunamente, pelas sociedades dominadas que saem do
grupo, são concretizados na esfera da sociedade dominante

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6. REGRAS DE APURAMENTO E PAGAMENTO DO IMPOSTO
6.2. Regras de pagamento do imposto
6.2.4. Pagamento adicional por conta

No que se refere às regras aplicáveis ao PAC, o nº 4 do artigo105º-A do CIRC estabelece


que o referido pagamento é calculado individualmente e devido por cada uma das
sociedades pertencentes ao perímetro do grupo, incluindo a sociedade dominante.

A entrega dos pagamentos adicionais por conta é efetuada pela sociedade


dominante, numa única guia de pagamento, com o valor do somatório dos pagamentos
adicionais por conta de cada uma das sociedades do grupo.

Importa referir que este pagamento constitui pagamento por conta da derrama estadual
e que no seu cálculo dever-se-á aplicar, com as respetivas adaptações, o disposto quanto
aos pagamentos por conta.

Tendo em conta que a redacção do normativo previsto para o PAC foi introduzida pela Lei
nº 12-A/2010 de 30 de Junho, é facilmente perceptível as opções que têm vindo a ser
seguidas pelo legislador, ao estabelecer a obrigatoriedade do cálculo do referido
pagamento numa base individual, indiciando uma preocupação com objetivos
financeiros em detrimento dos princípios fiscais que lhe deveriam estar subjacentes,
sendo de resto notório que essas opções foram sendo alargadas a outras normas do
regime, em prejuízo dos benefícios do mesmo.

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6. REGRAS DE APURAMENTO E PAGAMENTO DO IMPOSTO
6.2. Regras de pagamento do imposto
6.2.5. Retenções na fonte

Não existe a obrigação de efetuar a retenção na fonte quando esta


tenha a natureza de pagamento por conta, relativamente a rendimentos
obtidos por sociedades tributadas segundo o RETGS, de que seja devedora
sociedade do mesmo grupo abrangida por esse regime, desde que esses
rendimentos respeitem a períodos a que o mesmo seja aplicado e, quando se
trate de lucros distribuídos, estes sejam referentes a resultados obtidos em
períodos em que tenha sido aplicado aquele regime. Em bom rigor, esta
dispensa de retenção apenas se aplica aos rendimentos distintos dos lucros
(ex: prediais, capitais, ...), uma vez que os lucros já beneficiam da eliminação
da dupla tributação económica prevista no artigo 51º do CIRC.
As retenções na fonte efetuadas por terceiros (a deduzir ao imposto
liquidado) correspondem à soma algébrica das retenções na fonte sofridas por
cada uma das sociedades.

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6. REGRAS DE APURAMENTO E PAGAMENTO DO IMPOSTO
6.3. Síntese das principais incidências fiscais no apuramento e pagamento do imposto

Lógica de Responsabilidade
Incidência fiscal Regras gerais Referencial normativo Fórmula de cálculo
apuramento de pagamento
O lucro tributável do grupo é apurado pela sociedade dominante, através da soma algébrica dos lucros tributáveis e dos prejuízos fiscais apurados nas
LTg = ∑LTi - ∑PFi + ∑GFL
Lucro tributável declarações periódicas individuais de cada uma das sociedades pertencentes ao grupo, corrigido, sendo caso disso, do efeito da aplicação da opção Artigo 70º do CIRC "Consolidada" N/a
(opc ional)
prevista no n.º 5 do artigo 67º do CIRC (Gastos líquidos de financiamento em lógica grupal).
N.º8 do artigo 18º da Lei
Quando seja aplicável o regime especial de tributação dos grupos de sociedades, a derrama incide sobre o lucro tributável individual de cada uma das
Derrama n.º 73/2013, de 3 de Dg = ∑Di Individual Sociedade dominante
sociedades do grupo, sendo preenchido, também individualmente, o Anexo A, se for caso disso.
Setembro (RFALEI)

Incide sobre o lucro tributável apurado na declaração periódica individual de cada uma das sociedades do grupo, incluindo a sociedade dominante. Esta N.º 3 do Artigo 87º-A do
Derrama estadual DEg = ∑DEi Individual Sociedade dominante
efetua o somatório das derramas estaduais individualmente apuradas, indicando-o na declaração do grupo. CIRC

Os pagamentos por conta são calculados individualmente por cada uma das sociedades pertencentes ao perímetro, incluindo a sociedade dominante,
N.º 5 do artigo 105º do Cada uma das
Ano 1 como se não estivesse a ser aplicado o referido regime, bem como o pagamento deverá ser efetuado por cada uma das sociedades, sendo o valor desses PCg = ∑PCi Individual
CIRC sociedades
pagamentos dedutível à coleta do grupo no final do exercício.

PCg = Regras PC aplic adas


Nos exercícios seguintes o pagamento é efetuado pela dominante, tendo por base os elementos declarados na Modelo 22 "consolidada" do exercício N.º 1 do artigo 105º do
Anos seguintes à Modelo 22 c onsolidado "Consolidada" Sociedade dominante
imediatamente anterior. CIRC
Pagamento por do exerc íc io anterior
conta
Os pagamentos por conta a efetuar por cada uma das sociedades do grupo são calculados nos termos gerais com base no imposto que lhes teria sido
No exercício que liquidado relativamente ao período de tributação anterior se não estivessem abrangidas pelo regime. Observa-se ainda o seguinte:
deixe de haver (a) Os pagamentos por conta a efetuar após a cessação são realizados por cada uma das sociedades do grupo e calculados nos termos do n.º 1 do artigo N.º 6 e 7.º do artigo 105º Cada uma das
PCi Individual
tributação pelo 105.º do CIRC. do CIRC sociedades
RETGS (b) Quanto aos pagamentos por conta já efetuados pela sociedade dominante nessa data, os mesmos serão tidos em consideração para efeitos do cálculo
da diferença que tiver a pagar ou a ser-lhe reembolsada nos termos do artigo 104.º do CIRC.

O pagamento especial por conta deve ser efetuado pela sociedade dominante e corresponde ao somatório dos pagamentos especiais por conta apurados
N.º 12 do artigo 106º do
Pagamento especial por conta individualmente, incluindo a sociedade dominante. Esta deverá proceder à sua entrega, deduzindo ao valor global dos pagamentos especiais por conta o PECg = ∑PECi Individual Sociedade dominante
CIRC
montante dos pagamentos por conta respetivos.

Calculado individualmente e devido por cada uma das sociedades pertencentes ao perímetro do grupo, incluindo a sociedade dominante. Nº 4 do artigo105º-A do
Pagamento adicional por conta PACg = ∑PACi Individual Sociedade dominante
A entrega dos pagamentos adicionais por conta é efetuada pela sociedade dominante, numa única guia de pagamento. CIRC

N.º 6 do artigo 90º do


Retenções na fonte Apuradas pela entidade devedora de rendimentos de acordo com a legislação em vigor. RFg = ∑RFi Individual N/a
CIRC

N.º 1 do artigo 67º do


Limitação à Regra geral Limite à dedutibilidade dos gastos de financiamento aplicado a cada uma das sociedades. GFLg = ∑GFLi Individual N/a
CIRC
dedutibilidade de
G F Lg = 1 0 0 0 0 0 0 €uro s , o u
gastos de Limite à dedutibilidade dos gastos de financiamento, corresponde a 1 000 000 €uros (independentemente do número de sociedades pertencentes ao N.º 5 do artigo 67º do qua ndo s upe rio r, a 3 0 % do
Opcional "Consolidada" N/a
financiamento grupo) ou, quando superior, a 30% do EBITDA agregado (EBITDA consolidado para 2014) relativo à totalidade das sociedades que o compõem. CIRC E B IT D A a gre ga do ( E B IT D A
c o ns o lida do pa ra 2 0 14 )

Gerados antes do Alínea a) do n.º 1, do


Só podem ser deduzidos ao lucro tributável do grupo até à concorrência do lucro tributável da sociedade que os gerou. N/a Individual N/a
RETGS artigo 71º do CIRC
Prejuízos fiscais
Gerados durante o Alínea b) do n.º 1, do
Só podem ser deduzidos aos lucros tributáveis do grupo (comunicabilidade dentro do grupo). N/a "Consolidada" N/a
RETGS artigo 71º do CIRC
Legenda:
i - Individual
g - Grupo
N/a - Não aplicável

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6. REGRAS DE APURAMENTO E PAGAMENTO DO IMPOSTO
6.4. Processo de documentação fiscal

As sociedades a que seja aplicado o RETGS são obrigadas a proceder à entrega do


processo de documentação fiscal ("Dossier Fiscal") conjuntamente com a declaração
anual de informação contabilística e fiscal (integrada na "IES").
Conforme estabelecido na Portaria n.º 92-A/2011, de 28 de Fevereiro, o "Dossier Fiscal"
integra os elementos resumidos no quadro abaixo, sendo de destacar o caso particular
do "Mapa de controlo de prejuízos no Regime Especial de Tributação de Grupos
de Sociedades":
N.º Documentos
1 Relatório de gestão, parecer do conselho fiscal e documento de certificação legal de contas quando legalmente exigidos
2 Lista e documentos comprovativos dos créditos incobráveis
3 Mapa, de modelo oficial, de provisões, perdas por imparidade em créditos e ajustamentos em inventários
4 Mapa, de modelo oficial, das mais-valias e menos-valias
5 Mapa, de modelo oficial, das depreciações e amortizações
6 Mapas, de modelo oficial, das depreciações de bens reavaliados ao abrigo de diploma legal
7 Mapa do apuramento do lucro tributável por regimes de tributação
8 Mapa de controlo de prejuízos no Regime Especial de Tributação de Grupos de Sociedades (artigo 71º do CIRC)
9 Mapa de controlo das correcções fiscais decorrentes de diferenças temporais de imputação entre a contabilidade e a fiscalidade
Outros documentos mencionados nos Códigos ou em legislação complementar que devam integrar o processo de documentação fiscal, nomeadamente, nos termos:
a) Dos artigos 38.º, 49.º, 63.º, 64.º, 66.º, 67.º, 78.º e 120.º do Código do IRC;
10 b) Do artigo 78.º do Código do IVA;

c) Do artigo 5.º do Decreto-Lei n.º 159/2009, de 13 de Julho;

d) Do artigo 10.º do Decreto Regulamentar n.º 25/2009, de 14 de Setembro

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6. REGRAS DE APURAMENTO E PAGAMENTO DO IMPOSTO
6.5. Síntese das alterações legislativas
6.5.1. Em vigor a partir de 2014

 Relação intersocietária: É reduzida de 90% para 75% a percentagem mínima de


participação para a integração de uma sociedade no perímetro do grupo, desde que a
referida participação confira à sociedade dominante mais de 50% dos direitos de
voto;

 Localização territorial: Para determinação do nível de participação exigido, passam


a considera-se as participações detidas direta ou indiretamente através de
sociedades residentes noutro Estado Membro da EU ou do EEE, neste caso desde que
exista obrigação de cooperação administrativa no domínio da fiscalidade equivalente
à estabelecida no âmbito da UE, que sejam detidas direta ou indiretamente em, pelo
menos, 75% pela sociedade dominante;

 Alteração da sociedade dominante: Passa a existir a possibilidade de manutenção


do regime caso se verifique a alteração da sociedade dominante, mediante uma
comunicação à ATA nos 30 dias seguintes à data em que se verifique esse facto;

 Alterações na composição do grupo: A não comunicação de alterações na


composição do grupo deixa de ter como efeito a cessação automática do regime. A
falta de comunicação de entradas e saídas passa a passa a ser punida com coima
variável entre 500 €uros e 22 500 €uros;

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6. REGRAS DE APURAMENTO E PAGAMENTO DO IMPOSTO
6.5. Síntese das alterações legislativas
6.5.1. Em vigor a partir de 2014

 Cálculo dos pagamentos especiais por conta: Esclarece-se que, para efeitos do cálculo
dos pagamentos especiais por conta, o montante a considerar é o correspondente à soma
dos pagamentos especiais por conta de todas as sociedades do grupo, incluindo a sociedade
dominante, cabendo a esta última a responsabilidade da entrega do valor global;
 Regime específico de dedução de prejuízos fiscais: Fica estabelecido que nas
situações em que ocorram operações de fusão entre sociedades do grupo ou uma sociedade
incorpore uma ou mais sociedades durante a aplicação do RETGS, os prejuízos das
sociedades fundidas, verificados em períodos de tributação anteriores ao do início do
regime, podem ser deduzidos ao lucro tributável do grupo, até ao limite do lucro tributável
da nova sociedade, ou da sociedade incorporante, desde que a essas operações seja
aplicado o regime de neutralidade fiscal e nos termos e condições definidos para a
transmissibilidade de prejuízos ao abrigo do regime da neutralidade.
 Limitação à dedutibilidade de gastos de financiamento: Nos casos de aplicação do
RETGS, a sociedade dominante pode optar pela aplicação do limite aos gastos de
financiamento líquidos do grupo, ao invés da sua aferição ser efetuada numa base
individual. Neste caso, os limites são calculados com base no resultado antes de
depreciações, amortizações, gastos de financiamento líquidos e impostos consolidado,
relativo à totalidade das sociedades que o compõem.
Esta opção deve ser mantida por um período mínimo de três anos e deverá ser comunicada
à ATA até ao fim do 3.º mês do período de tributação em que se pretenda iniciar a
respetiva aplicação.

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6. REGRAS DE APURAMENTO E PAGAMENTO DO IMPOSTO
6.5. Síntese das alterações legislativas
6.5.2. Em vigor a partir de 2015

Em 12 Junho de 2014, no âmbito do processo SCA Holding (C-40/13), o Tribunal de Justiça da União
Europeia considerou existir violação do princípio da liberdade de estabelecimento, nos casos em que
sejam excluídas do regime da consolidação fiscal, sociedades irmãs residentes (dominadas), e que a
sociedade-mãe não tenha a sua sede nesse Estado-membro, nem aí disponha de um estabelecimento
estável.
No seguimento, a Lei n.º 82-C/2014, de 31 de Dezembro, veio alterar o CIRC, transpondo a Directiva
n.º 2014/86/UE, do Conselho, de 8 de Julho, que altera a Directiva n.º 2011/96/UE relativa ao regime
fiscal comum aplicável às sociedades-mãe e sociedades afiliadas de Estados membros diferentes e
adequando o regime especial de tributação de grupos de sociedades à referida jurisprudência:
 Localização da sociedade dominante: A sociedade dominante passa a poder ter sede efetiva
noutro Estado-membro da UE ou EEE (nos casos em que existe obrigação de cooperação
económica e administrativa), desde que:
 Detenha a participação nas sociedades dominadas há mais de um ano, com referência à data em que se
inicia a aplicação do regime;
 Não seja detida, direta ou indiretamente, pelo menos, em 75% do capital, por uma sociedade residente em
território português que reúna os requisitos previstos no RETGS para ser qualificada como dominante, desde
que tal participação lhe confira mais de 50% dos direitos de voto;
 Não tenha renunciado à aplicação do regime nos três anos anteriores, com referência à data em que se
inicia a aplicação do regime;
 Esteja sujeita e não isenta de um imposto referido no artigo 2.º da Directiva n.º 2011/96/UE, do Conselho,
de 30 de Novembro, ou de um imposto de natureza idêntica ou similar ao IRC;
 Revista a forma de sociedade de responsabilidade limitada;
 Quando detenha um estabelecimento estável em território português através do qual sejam detidas as
participações nas sociedades dominadas e não se verifique relativamente a este qualquer das situações
previstas nas alíneas a), c), d) ou e) do n.º 4 do artigo 69.º do CIRC, com as necessárias adaptações.

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6. REGRAS DE APURAMENTO E PAGAMENTO DO IMPOSTO
6.5. Síntese das alterações legislativas
6.5.2. Em vigor a partir de 2015

EXEMPLO ILUSTRATIVO
EM EU / EEE

A
Outro

Até 2014 Não


Após 2015 Não

B
Até 2014 Sim
Após 2015 Sim
Portugal

D E C
Até 2014 Sim Até 2014 Sim Até 2014 Não
Após 2015 Sim Após 2015 Sim Após 2015 Sim

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6. REGRAS DE APURAMENTO E PAGAMENTO DO IMPOSTO
6.5. Síntese das alterações legislativas
6.5.2. Em vigor a partir de 2015

 Representação fiscal no caso de a sociedade dominante ter sede noutro


Estado-membro da UE ou EEE: Será necessário designar uma sociedade com sede
e direção efetiva em Portugal para assumir as responsabilidades pelo cumprimento
de todas as obrigações que incumbem à sociedade dominante. Nos casos em que a
sociedade dominante possua um estabelecimento estável em território português
através do qual sejam detidas as participações nas sociedades dominadas, as
responsabilidades pelo cumprimento de todas as obrigações que incumbem à
sociedade dominante são asseguradas por este;

 Gastos de financiamento líquidos: O limite dos gastos de financiamento líquidos


dedutíveis, nos casos em que é aplicável o RETGS, passa a ser calculado com base
na soma algébrica (versão agregada) dos resultados antes de depreciações,
amortizações, gastos de financiamento líquidos e impostos das sociedades que
integram o grupo, ao invés da versão consolidada prevista para 2014. Importa
recordar que, o calculo agregado (anteriormente consolidado) continua a ser uma
opção a exercer pela sociedade dominante;

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6. REGRAS DE APURAMENTO E PAGAMENTO DO IMPOSTO
6.5. Síntese das alterações legislativas
6.5.2. Em vigor a partir de 2015

 Prazos de comunicação: A comunicação da opção pela continuidade no REGTS nos


casos em que a sociedade dominante passe a ser considerada dominada de uma
outra sociedade residente, passando esta a ser qualificada como dominante, passa a
ter de ser feita até ao fim do 3.º mês do período de tributação seguinte à data em
que se verifique esse facto, passando aquele grupo a incluir a nova sociedade
dominante. Antes o prazo era de 30 dias após a data da verificação do facto.

Por outro lado, no caso de alteração ao perímetro pela cessação de actividade de


uma sociedade, esta apenas deve ser comunicada nos casos em que a cessação em
causa não deva ser comunicada na Conservatória do Registo Comercial.

 Pagamentos por conta: No caso em que uma sociedade (nova sociedade


dominante) adquira o domínio de uma sociedade dominante de um grupo de
sociedades (anterior sociedade dominante), os pagamentos por conta relativos ao
primeiro período de tributação em que as sociedades do grupo da anterior sociedade
dominante sejam incluídas no grupo da nova sociedade dominante são calculados
nos termos normais com base na soma do imposto liquidado à nova sociedade
dominante, ou ao respetivo grupo, e ao grupo da anterior sociedade dominante,
relativamente ao período de tributação imediatamente anterior.

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6. REGRAS DE APURAMENTO E PAGAMENTO DO IMPOSTO
6.5. Síntese das alterações legislativas
6.5.3. Em vigor a partir de 2016

O OE 2016 (Lei n.º 7-A/2016, de 30 de março) não introduziu alterações substanciais ao


RETGS. De sublinhar apenas as seguintes atualizações pontuais:

 Renúncia à taxa de IRC inferior à taxa normal: O requisito de acesso e aplicação


que exigia a renúncia à taxa de IRC inferior à taxa normal passou a vigorar por um
período mínimo de três anos. Até aqui, o regime fiscal era omisso nesta matéria.

 Agravamento da taxa de tributação autónoma: Para efeitos de determinação do


agravamento da taxa de tributação autónoma, previsto no artigo 88º, n.º 14, do
CIRC, o entendimento sancionado pela ATA (Processo n.º 4399/2011), que pondera o
lucro o lucro tributável ou prejuízo fiscal apurado na declaração do grupo e não o
lucro tributável ou o prejuízo fiscal apurado por cada uma das sociedades que
integram o perímetro de consolidação, adquiriu força de lei, passando a integrar o
artigo 88º do CIRC (Taxas de tributação autónoma), mediante a inclusão do n.º 20 a
esse artigo.

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6. REGRAS DE APURAMENTO E PAGAMENTO DO IMPOSTO
6.5. Síntese das alterações legislativas
6.5.4. Em vigor a partir de 2017

O OE 2017 (Lei n.º 42/2016, de 28 de dezembro) também não introduziu alterações


substanciais ao RETGS. De sublinhar apenas as seguintes atualizações pontuais:

 Dedução de prejuízos fiscais: São revogadas as regras de utilização de prejuízos


fiscais que preveem a dedução, em primeiro lugar, daqueles que foram gerados
também em primeiro lugar (critério FIFO). Esta revogação visa acautelar as situações
de perda de prejuízos fiscais decorrentes da redução de 12 para 5 anos do período
de reporte (em vigor para os prejuízos gerados a partir de 1 de janeiro de 2017),
permitindo-se a dedução em primeiro lugar daqueles prejuízos cujo período de
reporte se esgota primeiro.

 Adicional ao IMI: É contemplada a introdução de um adicional ao IMI, do qual são


sujeitos passivos as pessoas singulares ou coletivas proprietárias, usufrutuárias ou
superficiárias de prédios urbanos situados em território português a 1 de Janeiro do
ano a que o adicional ao IMI respeita. No caso de grupos de sociedades abrangidos
pelo RETGS deve ser considerado como sujeito passivo a sociedade dominante.

O valor tributável corresponde ao somatório dos VPT dos prédios urbanos detidos por
cada sujeito passivo, reportados a 1 de janeiro de cada ano, ao qual se aplica a taxa
de 0,3%. No caso dos grupos de sociedades, o valor tributável corresponde ao
somatório dos VPT dos prédios urbanos de todas as sociedades integrantes do grupo,
estando a dedução limitada a 600 000 €uros.

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6. REGRAS DE APURAMENTO E PAGAMENTO DO IMPOSTO
6.6. Síntese das obrigações declarativas

Obrigação associada Prazo


N.º Facto relevante Entidade
Natureza CIRC Data relevante Limite
responsável

1 Opção pela aplicação do RETGS Comunicação Sociedade dominante 69º, n.º7, a) Início do período de tributação do RETGS Data relevante + 3 meses

69º, n.º7, b), Início do período de tributação do RETGS de


2 Entrada de novas sociedades Comunicação Sociedade dominante Data relevante + 3 meses
1) ingresso da nova sociedade

Saída de sociedades por cessação da atividade, nos casos em que esta cessação não 69º, n.º7, b), Data limite para entrega da declaração de
3 Comunicação Sociedade dominante Data relevante
deva ser comunicada na Conservatória do Registo Comercial 2) cessação

69º, n.º7, b), Início do período de tributação seguinte àquele


4 Saída de sociedades por outros motivos Comunicação Sociedade dominante Data relevante + 3 meses
2) em que ocorre a saída

Início do período de tributação em que se


5 Renúncia à aplicação do RETGS Comunicação Sociedade dominante 69º, n.º7, c) Data relevante + 3 meses
pretende renunciar

Início do período de tributação seguinte àquele


6 Cessação do RETGS Comunicação Sociedade dominante 69º, n.º7, d) em que se deixe de verificar as condições de Data relevante + 3 meses
aplicação do RETGS

Opção pela continuidade da aplicação do RETGS quando a sociedade dominante Nova sociedade Início do período de tributação seguinte à data
7 Comunicação 69º, n.º10 Data relevante + 3 meses
passe a ser dominada de outra sociedade residente em território português dominante em que ocorreu o facto

Transmissão dos prejuízos fiscais em caso de opção pela continuidade da aplicação


Nova sociedade 69º, n.º10 Data em que a sociedade dominante passe a ser
8 do RETGS quando a sociedade dominante passe a ser dominada de outra sociedade Requerimento Data relevante + 30 dias
dominante 70º, n.º4 dominada de outra sociedade
residente em território português

Opção pela aplicação dos limites à dedutibilidade dos gastos líquidos de Início do período de tributação em que se
9 Comunicação Sociedade dominante 67º, n.º7 Data relevante + 3 meses
financiamento em lógica grupal pretende aplicar

Transmissão dos prejuízos fiscais em caso de fusão que envolva a totalidade das Data de pedido do registo da fusão na
10 Requerimento Sociedade dominante 75º, n.º6 Data relevante + 90 dias
sociedades abrangidas pelo RETGS Conservatória do Registo comercial

Cada uma das 120º, n.º2 e


11 Declaração de rendimentos individual (como se o RETGS não fosse aplicável) Declaração Fim do período de tributação Data relevante + 5 meses
sociedades do grupo n.º6

120º, n.º2 e
12 Declaração de rendimentos do grupo Declaração Sociedade dominante Fim do período de tributação Data relevante + 5 meses
n.º6

Cada uma das 117º, n.º1, b)


13 Declaração anual de informação contabilística e fiscal Declaração Fim do período de tributação Data relevante + 7 meses + 15 dias
sociedades do grupo 121º, n.º3

Cada uma das


14 Processo de documentação fiscal («Dossier Fiscal») Entrega 130º, n.º3 Fim do período de tributação Data relevante + 7 meses + 15 dias
sociedades do grupo

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6. REGRAS DE APURAMENTO E PAGAMENTO DO IMPOSTO
6.7. Síntese legislativa e doutrinária

Fonte N.º Assunto


CIRC 67º Limitação à dedutibilidade de gastos de financiamento
CIRC 69º Âmbito e condições de aplicação do RETGS
CIRC 69º-A Sociedade dominante com sede ou direção efetiva noutro Estado membro da UE ou do EEE
CIRC 70º Determinação do lucro tributável do grupo
CIRC 71º Regime específico de dedução de prejuízos fiscais
CIRC 75º, n.º 6 Transmissibilidade dos prejuízos fiscais
CIRC 81º, n.º 2 Englobamento para efeitos de tributação dos sócios em resultado da partilha
CIRC 87º-A, n.º3 Derrama estadual
CIRC 88º, n.º 20 Taxas de tributação autónoma
CIRC 90º, n.º 6 Procedimento e forma de liquidação do IRC
CIRC 97º, n.º 1, alínea e) Dispensa de retenção na fonte dos rendimentos gerados dentro do grupo
CIRC 105º, n.º 5 a n.º 7 Cálculo dos pagamentos por conta
CIRC 105º-A, n.º 4 Cálculo do pagamento adicional por conta
CIRC 106º, n. 12 a n.º 13 Pagamento especial por conta
CIRC 115º Responsabilidade pelo pagamento no RETGS
CIRC 120º, n.º 6 Envio da declaração periódica de rendimentos
CIRC 130º, n.º 3 Processo de documentação fiscal
RFALEI 18º, n.º 8 Base de incidência da Derrama
CFI 29º, n.º 4 Dedução por lucros retidos e reinvestidos
Circular 4/2001, de 14.02 Opção pelo RETGS
Ofício-Circulado 20041/2001, de 16.03 Declaração de opção
Ofício-Circulado 5/2002, de 02.04 Regime transitório dos grupos de sociedades
Circular 19/2002, de 28.06 Declaração de alterações no RETGS
Circular 8/2004, de 30.03 Contagens dos prazos de detenção das participações
Circular 11/2004, de 18.05 Reserva fiscal para investimento
Despacho 3724/2003, de 13.10 Restituição do PEC em caso de saída de sociedades do grupo
Despacho 3089/2005, de 31.03.2006 Aplicação da limitação prevista no nº8 do artigo 47º do CIRC aos prejuízos
Circular 6/2007, de 13.03 Obrigações declarativas
Ofício-Circulado 20132/2008, de 14.04 Liquidação de Derrama
Despacho 1641/2008, de 28.05.2009 Exclusão de uma sociedade do RETGS em caso de perda do direito ao reporte
Ofício-Circulado 20150/2011, de 21.02 Liquidação da Derrama Estadual
Despacho 4902/2012, de 21.02.2013 Sociedades em Processo Especial de Revitalização
Despacho 3499/2011, de 30.03.2012 Viaturas ligeiras de passageiros ou mistas: dedutibilidade fiscal das rendas e tributação autónoma dos encargos associados a contratos de renting
Circular 6/2013, de 17.07 Crédito fiscal extraordinário ao investimento
Circular 7/2013, de 19.08 Limitação à dedutibilidade de gastos de financiamento

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7. INCIDÊNCIAS CONTABILÍSTICAS DO RETGS
7.1. Caso particular da poupança fiscal implícita na aplicação do RETGS

O RETGS ao determinar que o lucro tributável do grupo é o que resulta da soma dos
lucros tributáveis e prejuízos fiscais apurados individualmente por cada uma das
sociedades pertencentes ao grupo fiscal, faz com que daí resulte, naturalmente, o
apuramento de uma matéria coletável, e consequentemente uma coleta, inferior àquela
que seria apurada, caso o regime não fosse aplicável. Constituindo esta realidade um
benefício de poupança fiscal, face à comparação com a realidade individual de cada
uma das sociedades. Neste contexto, importa aferir sob a melhor forma de
repartição e imputação dessa poupança fiscal.
Três perspetivas possíveis na atribuição desta poupança:
 Perspetiva jurídica: A poupança fiscal pertence à sociedade dominante, dado que a possibilidade
de dedução dos prejuízos aos lucros tributáveis só é possível pelo facto da sociedade dominante
constituir um "grupo fiscal". Por esse motivo o apuramento, bem como o direito à utilização dos
prejuízos fiscais, pertence à sociedade dominante.
 Perspetiva económica (ótica do gerador): A poupança fiscal pertence às sociedades que
geraram prejuízos, utilizáveis no exercício, para o apuramento do lucro tributável do grupo. Este
argumento assenta no pressuposto que o grupo apenas obteve a poupança fiscal devido aos
prejuízos de algumas sociedades e dessa forma deverão ser essas a serem beneficiadas, desde que
exista a possibilidade de os recuperar nos 5 anos seguintes.
 Perspetiva económica (ótica do utilizador): A poupança fiscal pertence às sociedades que
contribuíram com lucros tributáveis, pois só dessa forma é que o grupo pôde utilizar os prejuízos
fiscais e obter poupança fiscal.

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7. INCIDÊNCIAS CONTABILÍSTICAS DO RETGS
7.1. Caso particular da poupança fiscal implícita na aplicação do RETGS

Perante a dispersão dos entendimentos e perspetivas quanto à lógica de atribuição


e repartição da poupança fiscal, e na ausência de orientações contabilísticas claras (no
quadro do SNC) quanto ao reconhecimento deste activo, parece-nos que será necessário
recuperar os principais conceitos subjacentes à preparação e apresentação das
demonstrações financeiras e presentes na Estrutura Conceptual, com especial enfoque
para (i) a definição de activo, (ii) o pressuposto do regime de acréscimo (periodização
económica) e (iii) a característica qualitativa da substância sobre a forma.
 Activo: Para além da probabilidade de ocorrência dos influxos e da possibilidade de mensuração
com fiabilidade, o controlo sobre o recurso (poupança fiscal) é um elemento chave no
reconhecimento de um activo. Se em termos jurídicos é a sociedade dominante que controla esse
recurso, na medida em que as sociedades dominadas, para efeitos formais, não apuram matéria
coletável, nem coleta (apenas para efeitos declarativos), no plano económico parece-nos ser a
sociedade dominada (geradora dos prejuízos fiscais).
 Regime de acréscimo (periodização económica): Este pressuposto exige que os factos
patrimoniais sejam relatados nas demonstrações financeiras a que respeitam e nos períodos com
os quais se relacionem, pelo que atrai claramente o reconhecimento do recurso (poupança fiscal)
para a sociedade dominada (geradora dos prejuízos fiscais).
 Substância sobre a forma: Esta característica admite portanto, a possibilidade da substância das
transacções ou de outros acontecimentos nem sempre serem consistentes com a sua forma legal, e
consequentemente atrai o reconhecimento do recurso (poupança fiscal) para a sociedade dominada
(geradora dos prejuízos fiscais).

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7. INCIDÊNCIAS CONTABILÍSTICAS DO RETGS
7.1. Caso particular da poupança fiscal implícita na aplicação do RETGS

Por outro lado, acresce referir que, e apesar de esta matéria não ser concretamente
tratada pelo SNC, a "Directriz contabilística n.º 28 - Impostos sobre o
rendimento", no seu parágrafo 46, prescrevia um tratamento contabilístico semelhante
ao que preconizamos, a saber:
 Se uma filial tiver prejuízos num dado período apenas deve registar na conta "25 - Accionistas"
o montante correspondente aos que vierem a ser compensados pelos lucros das demais sociedades
do grupo.

 Os prejuízos não deduzidos devem ser reconhecidos como activos por impostos diferidos apenas
se for previsível que a filial se mantenha no grupo em anos futuros e este venha, em tal período, a
obter lucros que permitam a dedução daqueles prejuízos.

Parece-nos portanto, que os argumentos que atraem o reconhecimento do recurso


(poupança fiscal) para a sociedade dominada (geradora dos prejuízos fiscais)
são os que proporcionam melhor defesa e compreensão técnica à luz do normativo
contabilístico.

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7. INCIDÊNCIAS CONTABILÍSTICAS DO RETGS
7.2. Proposta de tratamento contabilístico

Parece-nos que a lógica de contabilização dos impostos deverá manter-se em cada uma das
sociedades (impostos correntes e diferidos), como se o RETGS não se aplicasse, reforçando a
visibilidade e a fiabilidade das demonstrações financeiras individuais. Para o efeito, deverá o grupo de
sociedades manter um controlo do contributo de cada sociedade para o imposto "consolidado",
desdobrado por natureza (lucro tributável, prejuízo fiscal, benefícios fiscais à coleta,…), por sociedade
geradora, por sociedade beneficiária e por ano:
Sociedade beneficiária
Sociedades dominada Sociedade dominante
Principais incidências contabilísticas (dominada ou dominante)
Débito Crédito Débito Crédito Débito Crédito

Pagamentos por conta - Anos seguintes

Pagamento por conta imputável à sociedade dominada 241PPC 268RETGS 268RETGS 11/12

Pagamentos adicionais por conta

Pagamento adicionar por conta devido pela sociedade dominada 241PAC 268RETGS 268RETGS 11/12

Pagamentos especiais por conta

Pagamento especial por conta imputável à sociedade dominante 241PEC 268RETGS 268RETGS 11/12

Prejuízos fiscais utilizados por sociedade diferente

Transferência para a sociedade que utiliza os prejuízos fiscais 268RETGS 2741IDA-PF 241IE 268RETGS

Benefícios fiscais utilizados por sociedade diferente

Transferência para a sociedade que utiliza os benefícios fiscais 268RETGS 2741IDA-PF 241IE 268RETGS

Imposto corrente

Pagamento do imposto corrente das sociedades dominadas 241IE 268RETGS 268RETGS 11/12

Reembolso do imposto corrente das sociedades dominadas 268RETGS 241IE 11/12 268RETGS

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8. VIRTUDES E VICISSITUDES DO RETGS
8.1. Vantagens identificadas

 Comunicabilidade perfeita dos prejuízos fiscais durante o período de aplicação do


regime: Os prejuízos fiscais gerados individualmente no período de aplicação do RETGS
podem ser deduzidos aos lucros tributáveis agregados das restantes empresas (o que
equivale à utilização antecipada dos prejuízos fiscais).

 Maximização dos gastos de financiamento líquidos de sociedades: A partir de 2014,


e com a aprovação da Lei n.º2/2014, de 16 de Janeiro, no âmbito do RETGS, passa a ser
possível aplicar a disciplina fiscal relativa à dedutibilidade dos gastos de financiamento
líquidos numa lógica de grupo, tendo por base o EBITDA agregado (EBITDA consolidado
para 2014).

 Maximização dos benefícios fiscais: Aproveitamento de benefícios fiscais de dedução à


coleta de empresas deficitárias (com a limitação imposta pelo n.º 1 do artigo 92.º do
CIRC).

 Dispensa de retenção na fonte: Os rendimentos gerados dentro do grupo (alínea e) do


n.º 1 do artigo 97.º do CIRC) ficam dispensados de retenção na fonte.

 Pagamentos por conta: Possibilidade, em determinados casos, de reduzir ou suspender


os pagamentos por conta.

 Preços de transferência: Reduz o risco de correcção por parte da ATA dos débitos entre
sociedades do grupo, considerando que os ajustamentos correlativos estão implícitos no
RETGS. Aplicável apenas às sociedades do grupo empresarial que integram o RETGS.

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8. VIRTUDES E VICISSITUDES DO RETGS
8.2. Desvantagens identificadas

 Responsabilidade solidária: As sociedades agrupadas passam a ser, responsáveis


solidárias pelo pagamento do imposto consolidado tal como previsto no artigo 115º
do CIRC.

 Perda de reporte fiscal: Sempre que ocorra a saída de uma sociedade do


perímetro de tributação pelo RETGS, o reporte da quota-parte do prejuízo não poder
ser utilizado pelo grupo e individualmente pela sociedade que o gerou.

 Processo de documentação fiscal: As entidades a que seja aplicado o RETGS são


obrigadas a proceder à entrega (ao invés de o manter centralizado) do processo de
documentação fiscal conjuntamente com a declaração anual. Trata-se de um encargo
burocrático adicional.

 Formalidades: São exigidas formalidades e obrigações legais complementares, o


que requer a disponibilidade e consumo adicional de recursos.

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9. TÓPICOS DE REFLEXÃO E DESENVOLVIMENTOS RECENTES NA UE

Atendendo (i) às regras fiscais que disciplinam a aplicação e funcionamento


do RETGS e (ii) às mais recentes orientações nacionais e comunitárias em
matéria de tributação de grupos de sociedades, sumariamos abaixo os
principais pontos de reflexão, os quais deverão impactar o
desenvolvimento futuro deste regime:
 Critério de participação para acesso ao RETGS: Acesso restrito a participadas
detidas a mais de 75% e com direitos de voto superior a 50% (até 2013, inclusive
este limite de participação era de 90%). Excluídas as sociedades do grupo com
participação superior a 50% e inferior a 75%, mesmo que sediadas em Portugal.
 Critério de histórico de prejuízos fiscais: As sociedades não podem registar
prejuízos fiscais nos 3 exercícios anteriores, excepto se detidas há mais de 2 anos.
Normalmente, as sociedades dominantes em Portugal são SGPS, que em grande
parte das situações não apresentam lucro tributável (por força da actividade
desenvolvida). Constitui um forte entrave à aplicação do RETGS.

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9. TÓPICOS DE REFLEXÃO E DESENVOLVIMENTOS RECENTES NA UE

 Princípio da capacidade contributiva: Não existe uma coerência quanto à


propriedade e usufruto dos factos patrimoniais tributários gerados nas sociedades
que integram um grupo de sociedades, facto que poderá colidir com o principio da
capacidade contributiva – a capacidade contributiva grupal deverá prevalecer sobre a
capacidade individual -, senão vejamos alguns exemplos:

1. Prejuízos fiscais: Os prejuízos fiscais gerados antes do ingresso no RETGS são


individuais e apenas poderão ser utilizados pela sociedade que os gerou (lógica
individual). Já os prejuízos fiscais gerados na aplicação do RETGS são grupais e
apenas poderão ser utilizados pelo grupo (lógica grupal);

2. Derrama municipal e estadual: As derramas municipal e estadual são sempre


calculadas de individualmente (lógica individual);

3. Benefícios fiscais: Os benefícios fiscais de dedução ao lucro tributável são sempre


deduzidos individualmente (lógica individual). Já os benefícios fiscais de
dedução à coleta, por regra, são deduzidos à coleta do grupo (lógica grupal);

4. Tributação autónoma: Para efeitos de agravamento da taxa, o que releva é o


lucro ou prejuízo fiscal apurado pelo grupo (lógica grupal).

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9. TÓPICOS DE REFLEXÃO E DESENVOLVIMENTOS RECENTES NA UE

 Critério de localização: Acesso restrito a entidades com sede e direção efetiva em


território português. Excluídas as sociedades do grupo com sede na União Europeia,
facto gerador de constrangimentos em contexto de harmonização fiscal da União
Europeia (vide Acórdãos ICI e Marks & Spencer).

A partir de 2014, para determinação do nível de participação exigido, passam a


considera-se as participações detidas direta ou indiretamente através de sociedades
residentes noutro Estado Membro da EU ou do EEE.

Em 12 Junho de 2014, no âmbito do processo SCA Holding (C-40/13), o Tribunal de


Justiça da União Europeia considerou existir violação do princípio da liberdade de
estabelecimento, nos casos em que sejam excluídas do regime da consolidação fiscal,
sociedades irmãs residentes (dominadas), e que a sociedade-mãe não tenha a sua
sede nesse Estado-membro, nem aí disponha de um estabelecimento estável.

No seguimento, a Lei n.º 82-C/2014, de 31 de Dezembro, veio alterar o CIRC,


tornando possível, a partir de 1 de Janeiro de 2015 e em determinadas situações, a
opção pelo RETGS por uma sociedade dominante que não tenha sede ou direção
efetiva em território português (sede noutro Estado-membro da UE ou EEE, nos
casos em que existe obrigação de cooperação económica e administrativa).

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9. TÓPICOS DE REFLEXÃO E DESENVOLVIMENTOS RECENTES NA UE

 Desenvolvimentos recentes na UE: Ao nível da UE, as restrições e a (não) aplicação de alguns


dos princípios fiscais subjacentes a estes regimes têm levantado alguns problemas. Refira-se
alguns dos casos mais mediáticos, como o "Caso Marks & Spencer", o "Processo X-Holding", o
"Caso Papillon", nos quais o TJUE considerou que determinadas restrições, impostas pela legislação
dos Estados-Membro, são contrárias ao princípio da liberdade de estabelecimento (TCE e TFUE).
As empresas transfronteiriças podem ter de seguir 28 normas distintas e de tratar com 28
administrações fiscais diferentes. Está em discussão uma proposta de Directiva relativa a uma
matéria coletável comum consolidada (CCCTB - Common Consolidated Corporate Tax Base):
 O objetivo desta proposta é reduzir significativamente os custos administrativos, custos de conformidade e
incertezas jurídicas que as empresas enfrentam actualmente na EU;
 Visa resolver ineficiências fiscais relacionadas com impossibilidade de compensar as perdas sofridas num Estado-
Membro com os ganhos obtidos noutro, oferecendo às empresas um conjunto único de regras de cálculo da
sua matéria coletável e a possibilidade de preencherem (contribuinte principal) uma declaração fiscal
única e consolidada perante uma só administração fiscal;
 Será de aplicação facultativa para as empresas, mas exige a integração total (all-in all-out);
 A base de tributação do grupo, corresponderá ao somatório dos resultados fiscais individuais, estando
prevista a eliminação das operações internas;
 Não está prevista qualquer limitação temporal relativamente à dedução de prejuízos fiscais, sendo que
em caso de saída de uma sociedade, não se perde a quota-parte dos prejuízos gerados durante a aplicação do
regime, podendo-os ser utilizados pela sociedade que os gerou.
A Comissão Europeia parece (i) estar atenta aos fenómenos de concentração empresarial
transfronteiriço e sensível aos constrangimentos que a diversidade de regimes fiscais actual impõe
e (ii) querer evoluir para uma harmonização fiscal ao nível da Tributação dos Grupos de
Sociedades.

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9. TÓPICOS DE REFLEXÃO E DESENVOLVIMENTOS RECENTES NA UE

Regime após a Lei n.º 2/2014, de 16 de


Regime anterior à Lei n.º 2/2014, de
Critérios-chave Janeiro e Lei n.º 82-C/2014, de 31 de Proposta de Directiva da UE - (CCCTB)
16 de Janeiro
Dezembro

Agregação de resultados fiscais, com eliminação


Base de incidência Agregação de resultados fiscais Agregação de resultados fiscais
das transações internas

Participação social >90% e Participação social > 75% e Participação social > 75% e
Definição de grupo
direitos de voto > 50% direitos de voto > 50% direitos de voto > 50%

Residentes, com (i) permissão de sociedades


intermediárias não residentes (apenas da UE ou
do EEE com tratado de troca de informações), e Residentes na UE ou sucursais/ filiais de não
Critério de localização Residentes
(ii) opção pelo RETGS por sociedades dominantes residentes na EU
não residentes (apenas da UE ou do EEE com
tratado de troca de informações)

Voluntária, mas obriga à integração total das Voluntária, mas obriga à integração total das Voluntária, mas obriga à integração total das
Tipo de adesão
sociedades do grupo (all-in all-out ) sociedades do grupo (all-in all-out ) sociedades do grupo (all-in all-out )

Sociedade responsável pela opção Dominante Dominante Dominante

Desvinculação Livre Livre Mínimo 5 anos de permanência no regime

Anteriores à aplicação Até à concorrência do lucro tributável da Até à concorrência do lucro tributável da Até à concorrência do lucro tributável da
do regime sociedade a que respeitam sociedade a que respeitam sociedade a que respeitam
Dedução de
Durante a aplicação do Reportáveis nos restantes exercícios
prejuízos Repostáveis nos 5 exercícios posteriores Repostáveis nos 12 exercícios posteriores
regime posteriores
fiscais
Após a aplicação do
Extinguem-se os prejuízos Extinguem-se os prejuízos Podem ser utilizados pela sociedade que os gerou
regime

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10. INFORMAÇÃO ESTATISTICA

De acordo com informação disponibilizada no website da ATA, o número de declarações


submetidas em 2015 (último ano com informação disponível) enquadradas no RETGS
ascendeu a 4 101, o que reflete uma evolução crescente e consistente desde 2005, onde
atingiu as 2 010 declarações. Já o número de grupos que aplicaram o RETGS, passou de 288
em 2005, para 548 em 2015.
Estes dados estatísticos são reveladores da importância crescente que este regime assume na
tributação dos grupos económicos em Portugal, conforme quadro abaixo:
Número de declarações por
2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
regime de tributação

Total 360 299 373 021 379 772 388 958 390 498 393 891 419 546 421 430 429 148 440 168 429 148

Regime geral 306 852 323 286 325 096 329 923 350 775 362 513 397 753 415 076 424 913 421 737 433 719

Regime de isenção definitiva 3 625 3 722 3 814 3 958 3 748 3 626 12 480 14 218 18 288 19 377 20 772

Regime de isenção temporária 3 597 3 657 3 378 3 144 2 937 2 419 2 518 756 882 957 1 095

Regime de redução de taxa 28 809 32 537 36 065 40 666 27 509 25 588 18 267 5 607 3 689 2 397 1 908

Regime simplificado 26 978 19 476 20 072 21 664 8 565 2 608 39 Nd Nd 15 465 16 562

Transparência fiscal 3 764 3 983 4 159 4 374 4 398 4 573 4 727 4 829 5 349 9 018 9 227

Grupo de sociedades 2 010 2 187 2 350 2 609 2 943 3 127 3 300 3 495 3 516 3 902 4 101
Nd - Não disponível

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10. INFORMAÇÃO ESTATISTICA

Número de declarações por tipo


2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
de declaração

Total 360 299 373 021 379 772 388 958 390 498 393 891 419 546 421 430 429 148 440 168 452 683

Declaração normal 339 029 347 387 337 868 347 173 351 683 355 923 374 888 379 053 383 026 395 293 403 632

Declaração do período de cessação 11 472 13 150 11 935 12 509 12 108 11 121 12 619 14 098 12 535 11 712 13 201

Antes da alt eração do perí odo especial de tributação 84 57 29 47 48 32 53 60 86 113 186

Após a alteração do período especial de tributação 278 300 326 338 360 358 369 365 392 413 448

Exercício de início de actividade 9 148 11 800 29 264 28 525 25 885 26 030 31 148 27 365 32 610 32 118 34 668

Declaração de Grupo 288 327 350 366 414 427 469 489 499 519 548

Dimensão média dos Grupos de


2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
sociedades

Universo de declarações em regime


2 010 2 187 2 350 2 609 2 943 3 127 3 300 3 495 3 516 3 902 4 101
de Grupo de sociedades

Número de declarações de Grupo 288 327 350 366 414 427 469 489 499 519 548

Média 7,0 6,7 6,7 7,1 7,1 7,3 7,0 7,1 7,0 7,5 7,5

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10. INFORMAÇÃO ESTATISTICA

Esta adesão e importância crescente que o RETGS está a merecer nos grupos
empresariais, apresentam a seguinte configuração gráfica:

Por fim, de sublinhar que a dimensão média dos grupos de sociedades é constante e
aproxima-se das 7-8 sociedades.

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11. PERGUNTAS FREQUENTES
11.1.Autoridade Tributária e Aduaneira
11.1.1. Obrigações de pagamento

Como é calculado e por quem é efetuado o pagamento especial por conta no


caso de aplicação do regime especial de Tributação dos Grupos de Sociedades?

Nos termos do n.º 12 do artigo 106.º do CIRC, quando seja aplicável o regime especial
de Tributação dos Grupos de Sociedades, é devido um pagamento especial por conta por
cada uma das sociedades do grupo, incluindo a sociedade dominante, cabendo a esta
última as obrigações de determinar o valor global do pagamento especial por conta,
deduzindo o montante dos pagamentos por conta que seria devido por cada uma das
sociedades do grupo se este regime não fosse aplicável, e de proceder à sua entrega. Ou
seja, embora a obrigatoriedade deste pagamento no âmbito do grupo de sociedades
caiba à sociedade dominante, o montante devido é previamente calculado
individualmente por cada uma das sociedades integradas no grupo incluindo a sociedade
dominante, cabendo a esta determinar e entregar o somatório daqueles pagamentos
especiais por conta que seriam devidos por cada uma das sociedades do grupo se este
regime não fosse aplicável.

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11. PERGUNTAS FREQUENTES
11.1.Autoridade Tributária e Aduaneira
11.1.1. Obrigações de pagamento

Como é calculado e por quem é efetuado o pagamento por conta no caso de aplicação
do regime especial de Tributação dos Grupos de Sociedades?
Nos termos do n.º 5 do artigo 105.º do CIRC, tratando-se de sociedades de um grupo a que
seja aplicável pela primeira vez o regime especial de Tributação dos Grupos de Sociedades, os
pagamentos por conta relativos ao primeiro período de tributação são efetuados por cada uma
dessas sociedades e calculados nos termos do n.º 1, sendo o total das importâncias por elas
entregue tomado em consideração para efeito do cálculo da diferença a pagar pela sociedade
dominante ou a reembolsar -lhe, nos termos do artigo 104.º do mesmo Código. Durante os
períodos de aplicação do regime especial de Tributação dos Grupos de Sociedades os
pagamentos por conta são calculados no âmbito do grupo, com base na coleta deste e
entregues pela sociedade dominante.
Como é calculado e por quem é efetuado o pagamento adicional por conta no caso de
aplicação do regime especial de Tributação dos Grupos de Sociedades?
Nos termos do n.º 1 do artigo 105.º - A do CIRC o pagamento adicional por conta (PAC) é
efetuado nos casos em que no período de tributação anterior fosse devida derrama estadual nos
termos referidos no artigo 87.º-A do mesmo Código. Nos termos do n.º 4 daquele artigo,
quando seja aplicável o regime especial de Tributação dos Grupos de Sociedades, é devido
pagamento adicional por conta por cada uma das sociedades do grupo, incluindo a sociedade
dominante sendo o total entregue pela sociedade dominante. Esta regra aplica-se também ao
período em que seja aplicável pela primeira vez o regime especial de Tributação dos Grupos de
Sociedadess.

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11. PERGUNTAS FREQUENTES
11.1.Autoridade Tributária e Aduaneira
11.1.2. Obrigações declarativas

Como comunicar o início, as alterações, cessações e renúncias ao


Regime Especial de Grupos de Sociedades (RETGS)?
De acordo com o estipulado no nº 7 do artº 69º do Código do Imposto Sobre
o Rendimento das Pessoas Colectivas (CIRC) a opção pelo regime Especial
dos Grupos de Sociedades, as alterações, a renúncia ou a cessação da
aplicação deste regime devem ser comunicados à AT pela sociedade
dominante, mediante a apresentação de uma declaração de alterações de
actividade, a ser enviada obrigatoriamente por transmissão electrónica de
dados nos prazos previstos nas alíneas a), b), c) ou d) do nº 7 do artigo 63º
do CIRC. Pode igualmente, nos termos do artº 69-A, uma sociedade
dominante com sede na EU/EEE, através de uma sociedade dominada
designada para assumir todas as responsabilidade que incumbem à sociedade
dominante, optar por este regime (RETGS), desde que reunidos os requisitos
aí estabelecidos.

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11. PERGUNTAS FREQUENTES
11.1.Autoridade Tributária e Aduaneira
11.1.2. Obrigações declarativas

Por quem deve ser apresentada a declaração de alterações ao Regime Especial


de Tributação dos Grupos de Sociedades (RETGS)?

A declaração de alterações deve ser sempre submetida pelo TOC da sociedade dominante
ou da sociedade dominada designada, nos prazos previstos no nº 7 do artº 69º do CIRC
conforme a situação em apreço. Caso o TOC pretenda efectuar outras alterações para
além das relativas aos grupos de sociedades deverá aceder ao Portal das Finanças e
assinalar a opção TOC/Entregar/Declarações/Actividade/Alter.Actividade. Após submissão
da alteração pretendida é questionado sobre se pretende efectuar qualquer alteração no
âmbito do Regime Especial de Tributação dos Grupos de Sociedadess. Em caso afirmativo
são-lhe imediatamente disponibilizados os campos para inserção dessas alterações.
Deste procedimento resulta a impressão de dois documentos comprovativos (duas
declarações de alteração de actividade). Caso pretenda apenas proceder a alterações no
âmbito do RETGS, deverá aceder ao Portal das Finanças e assinalar a opção
TOC/Entregar/Declarações/Actividade/Alter.Actividade/Grupos de Sociedades, indicando
o NIF no campo da Sociedade Dominante ou Sociedade Dominada designada, consoante
se trate de um grupo residente ou não residente em território português, e inserir os
elementos pretendidos. Deste procedimento resulta apenas um documento comprovativo
(uma declaração de alteração de actividade).

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11. PERGUNTAS FREQUENTES
11.1.Autoridade Tributária e Aduaneira
11.1.2. Obrigações declarativas

Como proceder para efectuar a constituição de um grupo de sociedades com


opção pelo RETGS?

Após acesso às declarações de alteração de actividade ou declarações de actividade -


Grupo de Sociedades a sociedade dominante ou sociedade dominada designada poderá
inserir, caso a caso, o NIF das entidades que irão constituir o grupo, bem como indicar a
data a partir da qual as sociedades passaram a estar incluídas no grupo que se está a
constituir (data de inclusão). No caso da sociedade dominante ter sede e direcção
efectiva na EU/EEE, deverá também indicar os dados da sociedade dominante, incluindo
o NIF da EU/EEE. Após indicação destes elementos deverá ser premida a tecla inserir, e
caso não existam constrangimentos à criação daquele grupo, poder-se-á validar e
posteriormente submeter a declaração em causa. Caso tenham sido inseridos dados
incorrectos poderá, após seleccionar a sociedade para o qual os dados estão errados,
corrigir os elementos (data de inclusão ou eliminação da sociedade dominada) devendo
validar e seguidamente submeter a declaração. Quaisquer alterações à constituição de
um grupo (quer por entrada de novas sociedades, quer por saída de sociedades já
existentes ou alteração de sociedade dominante ou dominada designada) podem ser
feitas mediante acesso ao Portal das Finanças e assinalar a opção
TOC/Entregar/Declarações/Actividade/alter.Actividade /GruposdeSociedades.

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11. PERGUNTAS FREQUENTES
11.1.Autoridade Tributária e Aduaneira
11.1.2. Obrigações declarativas

Como efectuar alterações ao Regime Especial de Tributação dos Grupos de


Sociedadess (RETGS)?
Para declarar a saída de determinada sociedade do grupo deve ser seleccionada a
sociedade em causa (é apresentada a lista de todas as sociedades do grupo) e proceder-
se à indicação da data a partir da qual aquela sociedade deixou de reunir condições para
pertencer ao grupo - data da saída. A inclusão de novas sociedades no grupo segue as
mesmas regras de inclusão. Sempre que haja alterações de sociedade dominante (ou
sociedade dominada designada) a nova sociedade dominante (ou sociedade dominada
designada) deverá proceder à indicação desse facto junto da Administração Fiscal. Para o
efeito deverá aceder ao Portal das Finanças e assinalar a opção
TOC/Entregar/Declarações/Actividade/Alter.activ./Grupos de Sociedades e seleccionar a
""opção"" relativa à Alteração de Sociedade Dominante/Sociedade dominada designada.
Após entrada no ecrã de detalhe deve ser indicado o NIF da antiga sociedade
dominante/sociedade dominada designada, bem como assinalar-se se a mesma
permanece como dominada ou se sai do grupo em causa, bem como a data da respectiva
alteração (chama-se a atenção que, nos casos em que a sociedade dominada designada
é um Estabelecimento Estável - NIF 98xx)- nunca pode passar a sociedade dominada do
grupo). Após esta indicação pode validar-se a informação, submetendo-a de seguida.
Posteriormente surgirá no ecrã uma mensagem no sentido de apurar se se pretende
fazer mais alterações à composição do grupo. Em caso afirmativo abre-se novo ecrã pelo
registo das alterações pretendidas.

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11. PERGUNTAS FREQUENTES
11.1.Autoridade Tributária e Aduaneira
11.1.2. Obrigações declarativas

Como proceder para terminar o Regime Especial de Tributação dos Grupos de


Sociedades (RETGS)?

O processo de renúncia ou cessação da aplicação do RETGS deve ser feito pelo TOC da
sociedade dominante ou sociedade dominada designada, sendo que sempre que tenham
ocorrido saídas de sociedades do grupo durante o ano anterior, as mesmas deverão ser
comunicadas previamente. Para o averbamento do fim da opção pelo Regime Especial de
Tributação dos Grupos de Sociedadess devem ser preenchidos os campos relativos à data
da ocorrência dos factos, bem como seleccionado o motivo da cessação do grupo:
Renúncia/Aquisição do grupo por outro grupo dentro do RETGS/Aquisição do grupo por
sociedade fora do RETGS/cessação da aplicação do regime. Após inserção dos elementos
pretendidos os Contribuintes podem verificar a informação através de Informação de
Cadastro disponível no Portal das Finanças através da opçao Serviços Tributários/
Empresas/ Consultar /Situaçao cadastral atual /dados de atividade.

Como obter os comprovativos das alterações ao Regime Especial de Tributação


dos Grupos de Sociedades (RETGS)?

O comprovativo da submissão da declaração de alterações relativa aos grupos de


sociedades pode ser obtido através do acesso ao Portal das Finanças e assinalar a opção
TOC/Obter/Comprovativos/Actividade ou Actividade – Grupos de Sociedades.

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11. PERGUNTAS FREQUENTES
11.2.Informações vinculativas

Se uma sociedade se encontrar em Processo Especial de Revitalização (PER),


pode integrar o RETGS?

De acordo com informação vinculativa emanada pela ATA, não podem fazer parte do
grupo de sociedade tributado pelo RETGS, as sociedades que, no início ou durante a
aplicação do regime, tenham sido objecto de instauração de processos no âmbito do
Código da Insolvência e Recuperação de Empresas em que haja sido proferida sentença
de declaração de insolvência ou, no caso do PER, despacho de nomeação de
administrador judicial provisório.

Mais informa que o momento a partir do qual deve ser contado o prazo de comunicação a
que se refere a subalínea ii), da alínea b) do n.º7 do artigo 69º do CIRC, corresponde ao
momento de notificação ou citação da sentença de declaração de insolvência (artigo 37º
do CIRE) ou no caso do PER, da notificação ou citação do despacho de nomeação de
administrador judicial (n.º4, do artigo 17º do CIRE).

Ver Despacho de 21 de Janeiro de 2013 - Processo: 4209/2012.

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11. PERGUNTAS FREQUENTES
11.2.Informações vinculativas

Para efeitos de exclusão de uma sociedade do RETGS, releva (i) a existência


(factual) de prejuízos fiscais nos três períodos anteriores à aplicação do regime
(independentemente da perda ou não do direito ao reporte) ou (ii) a existência
factual) de prejuízos fiscais nos últimos três períodos anteriores aplicação do
regime e a manutenção do direito ao reporte ?

De acordo com informação vinculativa emanada pela ATA, para efeitos de


enquadramento na exclusão prevista na alínea c) do n.º 4 do artigo 69.º do CIRC, o que
releva é o facto de a sociedade ter obtido prejuízos fiscais anteriores à aplicação do
regime, sendo irrelevante uma eventual perda do direito ao reporte dos prejuízos fiscais,
como por exemplo, por força do disposto do n.º8 do artigo 52º do CIRC.

Ver Despacho de 28 de Maio de 2009 - Processo: 1641/2008.

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11. PERGUNTAS FREQUENTES
11.2.Informações vinculativas

Os prejuízos fiscais apurados por uma sociedade durante a aplicação do RETGS,


relevam para efeitos de exclusão da mesma no âmbito da adesão a um novo
grupo de sociedades ?

De acordo com informação vinculativa emanada pela ATA, o n.º 8 do artigo 47.º do CIRC
(actual artigo 52.º do CIRC) – perda do direito de reporte dos prejuízos fiscais por
alteração o objecto social ou de, pelo menos, 50% do capital social -, só poderá impor
limitações na dedução dos prejuízos fiscais gerados antes da aplicação do regime
especial de Tributação dos Grupos de Sociedades e não aos obtidos durante a aplicação
desse regime, visto que se tratam de prejuízos fiscais do grupo e não da sociedade que
os gerou e apenas nos casos em que a alteração da titularidade do capital tenha ocorrido
após a entrada em vigor da referida lei.

Assim, por analogia, os prejuízos fiscais gerados no âmbito de um RETGS, pertencem ao


grupo e não à sociedade que o apurou, pelo que, a limitação a que se refere a alínea c)
do nº 4 do artigo 69º do CIRC não será aplicável.

Ver Despacho de 31 de Março de 2006 - Processo: 3089/2005.

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11. PERGUNTAS FREQUENTES
11.2.Informações vinculativas

Qual o resultado fiscal relevante (individual ou grupal) relevante em caso de


agravamento da taxa de tributação autónoma nas situações de apuramento de
prejuízo fiscal (no RETGS) ?

De acordo com informação vinculativa emanada pela ATA, para efeitos de aplicação do
disposto no n.º 14 do artigo 88.º do CIRC, nos casos em que os sujeitos passivos
integram um grupo abrangido pelo regime especial de tributação das sociedades
(RETGS), deve ser considerado o resultado (lucro tributável ou prejuízo fiscal) apurado
na declaração do grupo referente ao período de tributação a que respeitem quaisquer
dos factos tributários passíveis de tributação autónoma e não o lucro tributável ou o
prejuízo fiscal apurado por cada uma das sociedades que integram o perímetro de
consolidação abrangido pelo regime.

Ver Despacho de 30 de Março de 2012 - Processo: 3499/2011.

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Obrigado

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