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O conceito de desenvolvimento sustentável e seu contexto histórico


algumas considerações
Tais MartinsTais Martins

Publicado em 07/2004. Elaborado em 12/2003.


DIREITO AMBIENTALPRESERVAÇÃO DO AMBIENTE
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O fito deste artigo é trazer uma reflexão sobre questões ambientais no tocante ao desenvolvimento
sustentável, enquanto o homem pode e deve modificar o ambiente para melhor adaptar-se, mas em
contraponto não pode destruir o meio em que vive, pois a degradação do meio ambiente prejudica a
vida das pessoas (independentemente do cor raça, sexo e ou religião), ademais a proteção ao meio
ambiente é dada pelo própria Constituição Federal e seguindo uma tendência necessária a legislação
sobre o questões ambientais vem sendo discutida com maior empenho por pessoas físicas e jurídicas
frente ao importantíssimo terceiro setor.

1. INTRODUÇÃO
O ordenamento jurídico possui uma responsabilidade compartilhada entre o Estado e os cidadãos na
proteção e preservação do meio ambiente. Pensar sobre o direito ambiental importa em refletir
sobre o solo da vida - o ambiente em seus infinitos ecossistemas e correlações, em cuja totalidade
insere-se a vida humana. É sobre a base da natureza que o homem desenvolve sua atividade
cultural, segundo certos valores, na busca de múltiplos objetivos, cuja a multiplicidade de fatos
constitui a História.

A experiência jurídica é experiência histórico-cultural, em cuja realização o homem altera aquilo


que lhe é "dado", alterando-se a si próprio. Para que a reflexão sobre o direito possa ser
convincente, há que situá-lo onde se encontra no processo histórico global, sem cortes
epistemológicos artificiais, considerando-o criticamente, mediante a sua permanente valoração.

Não pode a pretensão científica do direito sobrepor-se à sua funcionalidade nem tolher a aferição de
sua razoabilidade. É preciso buscar recuperar o sentido do discurso jurídico, apreendendo todas as
suas manifestações, e não apenas de algumas dentre elas, previamente eleitas e determinadas. É a
partir destes pressupostos que conduziremos nossas reflexões sobre o direito ambiental e bem
ambiental.

2. PRESERVAÇÃO AMBIENTAL
O Direito Ambiental surge como uma resposta à necessidade, cada vez mais sentida, de pôr um
freio à devastação do ambiente em escala planetária, embalada por duas ideologias: a do progresso,
derivada do racionalismo iluminista, e a do desenvolvimento econômico, concebida no chamado
Primeiro Mundo, ambas arrimadas na concepção mecanicista da ciência, a qual, mercê dos êxitos
tecnológicos que propiciou, mudou rapidamente a compreensão e a mesma face do mundo. Assim
sendo discutiremos sobre o compartilhamento da responsabilidade de maneira o mais ampla
possível.

3. CONTEXTO HISTÓRICO
A preocupação da comunidade internacional com os limites do desenvolvimento do planeta datam
da década de 60, quando começaram as discussões sobre os riscos da degradação do meio ambiente.
Tais discussões ganharam tanta intensidade que levaram a ONU a promover uma Conferência sobre
o Meio Ambiente em Estocolmo (1972). No mesmo ano, Dennis Meadows e os pesquisadores do
"Clube de Roma" publicaram o estudo Limites do Crescimento. O estudo concluía que, mantidos os
níveis de industrialização, poluição, produção de alimentos e exploração dos recursos naturais, o
limite de desenvolvimento do planeta seria atingido, no máximo, em 100 anos, provocando uma
repentina diminuição da população mundial e da capacidade industrial. O estudo recorria ao neo-
malthusianismo como solução para a iminente "catástrofe". As reações vieram de intelectuais do
Primeiro Mundo (para quem a tese de Meadows representaria o fim do crescimento da sociedade
industrial) e dos países subdesenvolvidos (já que os países desenvolvidos queriam "fechar a porta"
do desenvolvimento aos países pobres, com uma justificativa ecológica).

Em 1973, o canadense Maurice Strong lançou o conceito de eco-desenvolvimento, cujos princípios


foram formulados por Ignacy Sachs. Os caminhos do desenvolvimento seriam seis: satisfação das
necessidades básicas; solidariedade com as gerações futuras; participação da população envolvida;
preservação dos recursos naturais e do meio ambiente; elaboração de um sistema social que garanta
emprego, segurança social e respeito a outras culturas; programas de educação.

Esta teoria referia-se principalmente às regiões subdesenvolvidas, envolvendo uma crítica à


sociedade industrial. Foram os debates em torno do eco-desenvolvimento que abriram espaço ao
conceito de desenvolvimento sustentável.

Outra contribuição à discussão veio com a Declaração de Cocoyok, das Nações Unidas. A
declaração afirmava que a causa da explosão demográfica era a pobreza, que também gerava a
destruição desenfreada dos recursos naturais. Os países industrializados contribuíam para esse
quadro com altos índices de consumo. Para a ONU, não há apenas um limite mínimo de recursos
para proporcionar bem-estar ao indivíduo; há também um máximo.

A ONU voltou a participar na elaboração de um outro relatório, o Dag-Hammarskjöld, preparado


pela fundação de mesmo nome, em 1975, com colaboração de políticos e pesquisadores de 48
países. O Relatório Dag-Hammarskjöld completa o de Cocoyok, afirmando que as potências
coloniais concentraram as melhores terras das colônias nas mãos de uma minoria, forçando a
população pobre a usar outros solos, promovendo a devastação ambiental. Os dois relatórios têm em
comum a exigência de mudanças nas estruturas de propriedade do campo e a rejeição pelos
governos dos países industrializados.

No ano de 1987, a Comissão Mundial da ONU sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento


(UNCED), presidida por Gro Harlem Brundtland e Mansour Khalid, apresentou um documento
chamado Our Common Future, mais conhecido por relatório Brundtland. O relatório diz que
"desenvolvimento sustentável é desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente sem
comprometer a capacidade de as futuras gerações satisfazerem suas próprias necessidades".

O relatório não apresenta as críticas à sociedade industrial que caracterizaram os documentos


anteriores; demanda crescimento tanto em países industrializados como em subdesenvolvidos,
inclusive ligando a superação da pobreza nestes últimos ao crescimento contínuo dos primeiros.
Assim, foi bem aceito pela comunidade internacional.

A Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de
Janeiro, em 1992, mostrou um crescimento do interesse mundial pelo futuro do planeta; muitos
países deixaram de ignorar as relações entre desenvolvimento sócio-econômico e modificações no
meio ambiente. Entretanto, as discussões foram ofuscadas pela delegacão dos Estados Unidos, que
forçou a retirada dos cronogramas para a eliminação da emissão de CO2 (que constavam do acordo
sobre o clima) e não assinou a convenção sobre a biodiversidade.Segundo Hildebrando Accioly, no
Manual de Direito Internacional Público [1]: - Tratado e Convenção podem ser usados como
sinônimos, pois não diferem quanto à estrutura. Para os Estados que assinam o tratado, ele tem
força de lei. - Declaração serve para proclamar princípios de Direito Internacional ou para
esclarecer e interpretar algum ato internacional anterior).

4. COOPERAÇÀO DE ESTADO COM O CIDADADÃO NA PRESERVAÇÃO DO MEIO


AMBIENTE E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
A partir das últimas décadas a questão ambiental tornou-se uma preocupação mundial. A grande
maioria das nações do mundo reconhecem a emergência dos problemas ambientais. A destruição da
camada de ozônio, acidentes nucleares, alterações climáticas, desertificação, armazenamento e
transporte de resíduos perigosos, poluição hídrica, poluição atmosférica, pressão populacional sobre
os recursos naturais, perda de biodiversidade são algumas das questões a serem resolvidas por cada
uma das nações do mundo, segundo suas respectivas especificidades.

Entretanto, a complexidade dos problemas ambientais exige mais do que medidas pontuais que
busquem resolver problemas a partir de seus efeitos, ignorando ou desconhecendo suas causas.

A questão ambiental deve ser tratada de forma global, considerando que a degradação ambiental é
resultante de um processo social, determinado pelo modo como a sociedade apropria-se e utiliza os
recursos naturais. Não é possível pretender resolver os problemas ambientais de forma isolada. É
necessário introduzir um nova abordagem decorrente da compreensão de que a existência de uma
certa qualidade ambiental está diretamente condicionada ao processo de desenvolvimento adotado
pela nações.

O modo como se dá o crescimento econômico, comprometendo o meio ambiente, seguramente


prejudica o próprio crescimento, pois inviabiliza um dos fatores de produção: o capital natural.
Natureza, terra, espaço devem compor o processo de desenvolvimento como elementos de
sustentação e conservação dos ecossistemas. A degradação ou destruição de um ecossistema
compromete a qualidade de vida da sociedade, uma vez que reduz os fluxos de bens e serviços que
a natureza pode oferecer à humanidade. Logo, um desenvolvimento centrado no crescimento
econômico que relegue para segundo plano as questões sociais e ignore as aspectos ambientais não
pode ser denominado de desenvolvimento, pois de fato trata-se de mero crescimento econômico.
Em 1987 a Comissão Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento das Nações Unidas
apresentou ao mundo um relatório (denominado de Relatório Brundland) sobre o tema
desenvolvimento. Esse relatório apresentou o conceito de desenvolvimento sustentável além de
afirmar que um desenvolvimento sem melhoria da qualidade de vida das sociedades não poderia se
considerado como desenvolvimento.

O relatório Brundland definiu desenvolvimento sustentável como um desenvolvimento que satisfaz


as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das futuras gerações de satisfazerem as
suas. Pode-se considerar, portanto, desenvolvimento sustentável como o desenvolvimento que
tratando de forma interligada e interdependente as variáveis econômica, social e ambiental é estável
e equilibrado garantindo melhor qualidade de vida para as gerações presentes e futuras. É certo que
a implementação do desenvolvimento sustentável passa necessariamente por um processo de
discussão e comprometimento de toda a sociedade uma vez que implica em mudanças no modo de
agir dos agentes sociais. No processo de implementação do desenvolvimento sustentável a educação
ambiental torna-se um instrumento fundamental.

O sucesso das ações que devem conduzir ao desenvolvimento sustentável dependerá em grande
parte da influencia da opinião pública, do comportamento das pessoas, e de suas decisões
individuais. Mesmo considerando que existe certo interesse pelas questões ambientais há que
reconhecer a falta de informação e conhecimento dos problemas ambientais. Logo, a educação
ambiental que tenha por objetivo informar e sensibilizar as pessoas sobre os problemas (e possíveis
soluções) existentes em sua comunidade, buscando transformar essas pessoas em indivíduos que
participem das decisões sobre seus futuros, exercendo desse modo o direito a cidadania torna-se
instrumento indispensável no processo de desenvolvimento sustentável.

Uma das formas de levar educação ambiental à comunidade é pela ação direta do professor na sala
de aula e em atividades extracurriculares. Através de atividades como leitura, trabalhos escolares,
pesquisas e debates, os alunos poderão entender os problemas que afetam a comunidade onde
vivem; a refletir e criticar as ações que desrespeitam e, muitas vezes, destroem um patrimônio que é
de todos.

Os professores são a peça fundamental no processo de conscientização da sociedade dos problemas


ambientais, pois buscaram desenvolver em seus alunos hábitos e atitudes sadios de conservação
ambiental e respeito à natureza transformando-os em cidadãos conscientes e comprometidos com o
futuro do país, pois aqueles que lidam com a educação devem conhecer e difundir os três principais
resultados das discussões realizadas na Conferência de Estocolmo, pautadas sob no relatório do
clube de Roma, ressaltando que a data da Conferência originou o Dia Mundial do Meio Ambiente –
5 de junho. Os três aspectos principais da Conferência podem ser assim enumerados:

a-) Criação de um organismo chamado PNUMA (Programa das Nações Unidas) que está vinculado
diretamente a ONU, tendo sua sede em Nairobi capital do Quenia.

b-) A Declaração da ONU foi assinada por mais de 113 países e seu artigo 19 traz as considerações
sobre a educação em questões ambientais como já haviamos salientado anteriormente.

c-) E a criação do PIEA (Programa Internacional de Educação Ambiental) que só teve maior
expressão após a formulação dos seus princípios na Conferência de Belgrado, mas já podemos
adiantar que se trata de uma continuidade, ou uma ampliação do PNUMA (Programa das Nações
Unidas para o Meio Ambiente).

E saindo do prisma dos tratados e conferências é necessário que se faça uma avaliação sob o ponto
de vista constitucional, pois a proteção dada pela Constituição Federal ao meio ambiente ainda é
pequena, diante da infinidade de novas situações jurídicas que se apresentam, mesmo porque o
direito não é estanque, mas sim a têm nos costumes como um dos princípios do direito, e segundo
os costumes e a convivência entre os componentes certamente surgiram novas situações que
precisam ser regradas em alguns casos e protegida em outros.

5. O MEIO AMBIENTE E A QUESTÃO CONSTITUCIONAL


Este foi um dos mais polêmicos títulos ao longo do processo constituinte. Está organizado em
quatro capítulos: Dos Princípios Gerais da Atividade Econômica (artigo 170 a 181), da Política
Urbana (182 e 183), Da Política Agrícola e Fundiária e Da Reforma Agrária (184 a 191) e Do
Sistema Financeiro Nacional (192) distribuídos na Constituição Federal. [2]

Declara a Constituição que a ordem econômica é fundada na valorização do trabalho humano e na


livre iniciativa, tendo por fim assegurar a todos a existência digna, conforme os ditames da justiça
social. Repete-se aqui, pois, a declaração liberal, com. preocupações sociais, que marca o texto
constitucional na dimensão sócio-econômica.

São princípios da ordem econômica: soberania nacional, propriedade privada, função social da
propriedade, livre concorrência, defesa do consumidor, defesa do meio ambiente, redução das
desigualdades regionais e sociais, busca do pleno emprego e tratamento favorecido às empresas
brasileiras de capital nacional de pequeno porte.

A todos é assegurado o exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de


autorização de órgãos públicos, salvo as casos previstos em lei. De imediato é feita a distinção entre
empresa brasileira, aquela constituída sob as leis do País e com sede e administração neste, e
empresa brasileira de capital nacional, aquela cujo controle efetivo esteja, em caráter permanente,
sob a titularidade direta ou indireta de pessoas físicas domiciliadas e residentes no Brasil ou de
entidades de direito público interno. Define-se que o controle efetivo é a titularidade da maioria do
capital votante e o exercício, de fato e de direito, do poder decisório.

À empresa de capital nacional a legislação poderá conceder proteções e benefícios especiais


temporários para desenvolver atividades estratégicas para a defesa nacional ou imprescindíveis ao
desenvolvimento. No campo tecnológico, a concepção de controle poderá ser estendida às
atividades de tecnologia da empresa. O poder público dará tratamento preferencial à empresa de
capital nacional na aquisição de bens e serviços, na forma regulada em lei. O investimento
estrangeiro será também regulado pela legislação, aliás existente no Pais há algumas décadas, a qual
limita a remessa de lucros.

A exploração direta da atividade econômica pelo Estado sofre limitações - segurança nacional ou
relevante interesse coletivo - e as empresas públicas, sociedades de economia mista e entidades
estatais que explorem atividades econômicas sujeitam-se ao regime jurídico próprio das empresas
privadas, inclusive quanto à parte tributaria e trabalhista. Legislações estão previstas para regular o
relacionamento da estatal com a sociedade, o controle do abuso do poder econômico e as manobras
que visem controlar mercados ou eliminar a concorrência de parte das empresas privadas.

A pessoa jurídica passará a ter responsabilidades e punições, além da responsabilidade individual


dos dirigentes, nos atos praticados contra a economia popular e a ordem econômica.

O Estado é proclamado agente normativo e regulador da atividade econômica, exercendo


fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este último determinante para o setor público e
indicativo para o setor privado. O cooperativismo será estimulado pela lei. A atividade garimpeira
será organizada em cooperativas. O ato cooperativo entre a entidade e seu filiado terá tratamento
tributário especial. E o cooperativismo de crédito, que chegou a sofrer severas restrições em
passado recente, é garantido.

A Constituição regula a prestação de serviços públicos diretamente através do Estado ou sob regime
de concessão ou permissão. Legislação disporá sobre o regime de concessões e permissões e o
caráter especial dos contratos a respeito, sobre os direitos dos usuários, a política tarifária e a
obrigação de manter serviço adequado.

Os recursos minerais e os potenciais de energia elétrica constituem propriedade distinta do solo, e


são bens da União para efeito de exploração e aproveitamento, garantida ao concessionário a
propriedade do produto da lavra.

A pesquisa e a lavra de recursos minerais e o aproveitamento dos potenciais energéticos somente


podem ser feitos por brasileiros ou empresas de capital nacional. O proprietário do solo terá
participação no resultado.
As autorizações serão por prazo determinado e não poderão ser cedidas sem prévia autorização da
União. No caso de aproveitamento de potencial energético renovável de capacidade reduzida não
haverá necessidade de autorização.

O petróleo, o gás natural e os hidrocarbonetos fluidos continuam monopólio estatal. O mesmo com
relação à refinação, à importação ou exportação, ao transporte marítimo e às atividades de risco na
exploração do petróleo. Regra transitória excepciona os contratos de risco em vigência na data da
promulgação e as refinarias que existiam quando foi implantado o monopólio.

A pesquisa, lavra, enriquecimento, reprocessamento, industrialização e comércio de minérios e


minerais radioativos são também monopólio da União. Os transportes serão objeto de uma
legislação especifica, levados em conta os acordos internacionais e algumas regras já fixadas no
texto constitucional. Serão brasileiros, por exemplo, os armadores, proprietários, comandantes e
pelo menos dois terços dos tripulantes de embarcações nacionais. Estas serão responsáveis
privativas pela navegação de cabotagem e interior. E previsto tratamento especial, por todas as
esferas de governo, às microempresas e às empresas de pequeno porte.

O turismo deverá ser incentivado. Documentos ou informações comerciais requisitados por


autoridade estrangeira a pessoa física ou jurídica nacional somente serão fornecidos com
autorização do poder competente.

O sistema financeiro nacional será organizado por uma lei complementar que tratará da autorização
para o funcionamento das instituições financeiras, e dos estabelecimentos de seguro e capitalização,
das condições de participação do capital estrangeiro neste tipo de empresas, do funcionamento e
atribuições do Banco Central, da criação de fundo de garantia dos depósitos e aplicações populares,
das restrições à transferência de poupança das regiões de menor renda e do funcionamento das
cooperativas de crédito. As autorizações para agências bancárias e financeiras não mais serão
comercializadas. As taxas de juros reais não poderão ser superiores a cobrança estipulada pelo
Governo, ultrapassar este limite será conceituado como crime de usura e, como tal, punida pela lei.

Após esse panorama geral, a linha principal o fito deste artigo seguirá o disposto no art 170, VI
(defesa do meio ambiente) e por extensão VII da Constituição Federal (redução das desigualdades
regionais e sociais), e a justificativa é simples, pois baseados em conceitos antropológicos o homem
é fruto de meio, e mesmo que essa questão seja passível de discordância, ninguém poderá afirmar
que o homem sobreviveria sem apoiar-se no meio ambiente sem retirar dele matéria prima para
transformá-la em todas as benesses que nos cercam, porém como será exposto no decorrer do
trabalho, nada é inesgotável, principalmente quando falamos em meio ambiente.

E se o desenvolvimento da humanidade não for sustentado pelo meio ambiente o caos estará
formado, pois vai influenciar negativamente a economia na maior parte dos seus seguimentos seja
educacional, seja no tocante a saúde, à igualdade das pessoas, à segurança e também à propriedade
privada.

E desta feita as considerações sobre o Título VII da Ordem Econômica e Financeira, e o


desenvolvimento sustentável, segundo os parâmetros constitucionais e grifos pessoais, traz uma
reflexão mais efetiva sobre a valia do ambiente, a importância de sua proteção e uma legislação
mais severa sobre os crimes ambientais.

A Declaração da ONU sobre o Meio Ambiente consigna em seu Princípio 17 [3]: "Como parte de
sua contribuição ao desenvolvimento econômico e social, devem ser utilizadas a ciência e a
tecnologia para descobrir, evitar e combater os riscos que ameaçam o meio ambiente, para
solucionar os problemas ambientais e para o bem comum da humanidade".

É importante ressaltar que se trata de conceito chave para a construção da proteção ambiental
internacional, que já não opera com o instituto da prevenção do dano, mas com a avaliação do risco
de dano ambiental como fundamento para a instituição de medidas positivas ou negativas.

É vedado que se utilize da incapacidade econômica para que se postergue ou mesmo não se lance
mão de medidas orientadas à prevenção da ameaça de agressividade ao patrimônio ambiental. É no
custo ambiental da medida que será sim, indispensável, a vinculação à capacidade econômica
estatal, que será obrigatoriamente discriminada e diferenciada em atenção à maior ou menor
possibilidade do emprego de tecnologia adequada.

O homem tem o direito fundamental à liberdade, à igualdade e ao desfrute de condições de vida


adequadas, em um meio ambiente de qualidade tal que lhe permita levar uma vida digna e gozar de
bem-estar, e é portador solene da obrigação de proteger e melhorar o meio ambiente, para as
gerações presentes e futuras".

A terminologia utilizada pelo professor Paulo Bonavides [4] (ob. cit., p.p. 364/371). Ao lado da
lesão dos direitos à dignidade da pessoa humana e ao meio ambiente ecologicamente equilibrado,
viola frontalmente o direito fundamental à informação ambiental (derivado mesmo do texto do
caput do art. 37 da Constituição Federal, que faz referência ao princípio da publicidade, que pode
ser c/c o texto do art. 225, inc. IV da carta política pátria), pressuposto de participação do homem
nos processos de decisão política em matéria ambiental, de destacada importância quando sabemos
que interessa imediatamente à política de organização do desenvolvimento de cada Estado
Nacional, que em face da universalidade do princípio da precaução, deverão nortear-se em padrões
transnacionais.

Pensar sobre o direito ambiental importa em refletir sobre o solo da vida - o ambiente em seus
infinitos ecossistemas e correlações, em cuja totalidade insere-se a vida humana. É sobre a base da
natureza que o homem desenvolve sua atividade cultural, segundo certos valores, na busca de
múltiplos objetivos, cuja paulatina textura constitui a História.

A experiência jurídica é experiência histórico-cultural, em cuja realização o homem altera aquilo


que lhe é "dado", alterando-se a si próprio. Para que a reflexão sobre o direito possa ser
convincente, há que situá-lo onde se encontra - no processo histórico global -, sem cortes
epistemológicos artificiais, considerando-o criticamente, mediante a sua permanente valoração.

Não pode a pretensão científica do direito sobrepor-se à sua funcionalidade nem tolher a aferição de
sua razoabilidade. É preciso buscar recuperar o sentido do discurso jurídico, apreendendo todas as
suas manifestações, e não apenas de algumas dentre elas, previamente eleitas e determinadas.

Como escreve Elías Díaz, "não se entende plenamente o mundo jurídico se o sistema normativo
(Ciência do Direito) se isola da realidade social em que nasce e a que se aplica (Sociologia do
Direito) e do sistema de legitimidade que o inspira, o qual deve sempre possibilitar sua crítica
racional (Filosofia do Direito).

Uma concepção totalizadora da realidade jurídica exige a complementaridade... destas três


dimensões, que cabe diferençar quando se fala do direito: perspectiva científico normativa,
sociológica e filosófica.
Rejeitando-se a restrição gnoseológica positivista, segundo a qual a Ciência Jurídica só haveria de
reconhecer o direito que é, mostra-se a ordem jurídica como fruto necessariamente impuro da vida
de relação, refletindo seus confrontos de interesses e de opiniões, vinculada à economia e à política,
traduzindo determinada concepção de vida simplificada por sua formulação ideológica.

É a partir destes pressupostos que conduziremos nossas reflexões sobre o Direito Ambiental e bem
ambiental, cujo surgimento é contemporâneo de uma crise civilizatória sem precedentes, a tal ponto
que um dos pioneiros na luta por uma consciência ambiental, no Brasil, já se perguntava, em 1978,
se estaríamos em face do fim do futuro.

O Direito Ambiental surge como uma resposta à necessidade, cada vez mais sentida, de pôr um
freio à devastação do ambiente em escala planetária, embalada por duas ideologias: a do progresso,
derivada do racionalismo iluminista, e a do desenvolvimento econômico, concebida no chamado
Primeiro Mundo, ambas arrimadas na concepção mecanicista da ciência, a qual, mercê dos êxitos
tecnológicos que propiciou, mudou rapidamente a compreensão e a mesma face do mundo. [5]

A ciência, de cunho físico-matemático, ensejou a criação de um horizonte simultaneamente


ilimitado e sem possibilidade de retorno, em que a descoberta enseja a descoberta, concretizando-se
em miraculosas realizações. Mas, não é menos verdade que, tendo reduzido a natureza ao que é
passível de medida, introduziu uma ruptura que se tem progressivamente aprofundado.

O encobrimento do ambiente, nessa cisão entre ciência e natureza, essa quase substituição da
natureza por sua formalização matemática, acham-se na origem do menosprezo com que se tem
lidado com o solo da vida.

Verdade é que a ciência, em todos os quadrantes, tornou-se arrogante, acreditando os cientistas


serem capazes de resolver todos os problemas presentes e os que futuramente venham a ocorrer.
Observam alguns autores que as ciências da natureza permanecem desprovidas de uma perspectiva
de conjunto, ao passo que às ciências do espírito falta uma concepção humanista.

A crise da ciência não põe em questão seu poder, mas sua significação. Reduz-se ela a uma simples
virtuosidade técnica especializada e, talvez, a um saber de tipo enciclopédico, enquanto a verdadeira
ciência é um saber consciente de suas modalidades e de seus limites.

É mera superstição científica a crença em um saber capaz de tudo realizar e dominar tecnicamente
qualquer dificuldade. Dentre os efeitos nocivos da racionalidade científica e de suas resultantes
tecnológicas, ressaltam aqueles adversos ao ambiente. A degradação inicial, atingindo campos,
bosques, lagos, rios e conglomerados urbanos, foi sucedida, a partir dos anos 80, por grandes
catástrofes locais com amplas conseqüências: Seveso, Bhopal, Three Mile Island, Chernobyl,
secagem do Mar de Aral, poluição do lago Baikal, cidades no limite da asfixia (México, Atenas).

Nos países industrializados, vieram a ocorrer a contaminação das águas, inclusive dos lençóis
freáticos, envenenamento dos solos por excesso de pesticidas e fertilizantes; urbanização maciça de
regiões ecologicamente frágeis (como as zonas costeiras), chuvas ácidas; depósitos de detritos
nocivos.

Nos países não industrializados, sobrevieram desertificação, desmatamento, erosão e salinização


dos solos, inundações, urbanização selvagem de megalópoles envenenadas pelo dióxido de enxofre
(que favorece a asma), o monóxido de carbono (que causa problemas cerebrais e cardíacos), o
dióxido de azoto (imuno depressor).
Problemas globais vieram a manifestar-se no planeta: emissões de CO2, que intensificam o efeito-
estufa, envenenando os microorganismos que efetuam o serviço de limpeza, alterando importantes
ciclos vitais; decomposição gradual da camada de ozônio estratosférica, buraco de ozônio na
Antártida, excesso de ozônio na troposfera. Diante da gravidade de tal quadro, facilmente se
aquilata a importância do Direito Ambiental e da proteção do bem ambiental, pois o
desenvolvimento se faz presente em toda a sociedade, mas é preciso manter o desenvolvimento sem
destruir a natureza., tendo em vista a inexcedível importância dos bens que tutela.

Revelando plena consciência do assunto, dispõe, com exemplar clareza, o art. 225, da Constituição
de 05-10-88: todos têm o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum
do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever
de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

O dispositivo constitucional vem muito a propósito, nesta época de neoliberalismo, em que,


pretendendo-se avançar em nome da modernidade, recobre-se o campo histórico com uma ideologia
que já ocasionou grandes malefícios no século XIX, e que, agora, numa marcha à ré histórica, quer
impor seu pensamento único, desrespeitoso da diversidade e agressivo às conquistas sociais
integrantes do patrimônio político-jurídico da humanidade.

Não é necessário ser particularmente perspicaz para perceber que a representação neoliberal da
realidade, em que do caráter central e prescritivo do mercado decorrem a escala de valores e as
regras segundo as quais os homens devem viver, constitui uma visão unilateral de determinada
categoria de homens, que pretendem fazer passar seus interesses pessoais pelos interesses universais
do gênero humano. Seu efeito mais terrível consiste em afastar da esfera da cidadania uma porção
significativa da população.

O desenvolvimento provou ser um mito global e uma concepção redutora, em que o crescimento
econômico é o motor necessário e suficiente de todos os desenvolvimentos sociais, psíquicos e
morais. Essa concepção tecno-econômica ignora os problemas humanos da identidade, da
comunidade, da solidariedade, da cultura, mostrando-se a noção de desenvolvimento gravemente
subdesenvolvida. Apesar de tudo, a idéia de desenvolvimento continua a permear a legislação e a
influir na interpretação e aplicação do Direito Ambiental. Todavia, a idéia desenvolvimentista, em
sentido econômico, permanece dominante, caracterizando a incidência da ideologia sobre o direito
positivo.

Já a Constituição de 1988, em seu art. 225, não alude à idéia de desenvolvimento. A expressão
desenvolvimento sustentável resultou da percepção dos efeitos perniciosos, quando não
irremissíveis, produzidos pelo núcleo econômico da idéia desenvolvimentista, de modo a
compatibilizá-la com o imperativo da preservação do meio ambiente, consistindo na exploração
equilibrada dos recursos naturais, nos limites da satisfação das necessidades e do bem-estar da
presente geração, assim como de sua conservação no interesse das gerações futuras.

Sendo impossível expungir a legislação ambiental da expressão desenvolvimento, mais vale, do


ponto de vista hermenêutico, entendê-la como utilização sustentável do meio ambiente, uma vez
que o desenvolvimento não é necessariamente um bem, ainda que sustentável. Jamais se explicou
satisfatoriamente porque haver-se-ia de considerar o desenvolvimento uma necessidade permanente
e inelutável.

É impossível ver as normas ambientais como seres em si, sem confrontá-las com os fatos sociais a
reclamar urgentes respostas é preciso desvendar os interesses e ideologias à base das normas e os
objetivos que visam realizar. Assim, perceber-se-á sua vinculação com a política, de modo geral, e
com os dados econômicos emergentes no jogo político ou dele propositadamente subtraídos.

E, no entanto, temos uma Constituição Federal que aborda a questão ambiental com rara
propriedade, apesar das dúvidas que pairam sobre a competência legislativa da União, dos Estados e
dos Municípios, que, com o tempo, deverão ser dirimidas pelos nossos tribunais.

Dentre os princípios constitucionais a serem mediatizados pelo juiz, na interpretação da norma


ambiental, destacamos, dentre os que conformam o Estado Democrático, a dignidade da pessoa
humana (art. 1º, III, Constituição Federal) e, dentre os que configuram os fins do Estado brasileiro,
a promoção do bem de todos ou do bem comum (art. 3º, IV, Constituição Federal).

De extrema relevância para a realização destes são os princípios gerais da atividade econômica,
destinados a assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, para o que se
faz indispensável que a propriedade tenha função social e que seja preservado o meio ambiente (art.
170, III e VI, Constituição Federal). Para que a função social da propriedade rural se possa
concretizar é necessária a utilização adequada dos recursos naturais disponíveis(art. 186, II,
Constituição Federal).

Como se percebe destes dispositivos, os princípios ou valores fundamentais que consagram são
correlativos, isto é, constituem uma estrutura cujas partes são indissociáveis: não pode haver
promoção do bem de todos ou da justiça social sem o respeito da dignidade da pessoa humana, o
que, à sua vez, não se dá sem o reconhecimento da função social da propriedade e sem que a
utilização dos recursos do ambiente seja sustentável.

A agressão egoística ou irresponsável deste, beneficiando apenas os predadores incapazes de


antecipar o futuro, torna impossível cogitar da justiça social ou do bem comum, apontando para o
fim do futuro.

Não resta dúvida que a tutela jurisdicional dos interesses difusos e coletivos - para a qual foi criada
uma nova ação, a "ação civil pública", disciplinada pela Lei n. 7.347, de 24-07-85, põe, in esse uma
nova categoria de julgamento, na qual considerações de natureza sociológica, ecológica, ética e
política não podem ser abstraídas, importando, ao contrário, um juízo concreto de valor, através do
qual se faz o balanceamento entre o que exige a sociedade e aquilo que é salvaguardado
constitucionalmente aos indivíduos e suas entidades associativas.

Se examinarmos a parafernália legislativa do Direito Ambiental, antes e depois da Constituição de


1988... a primeira reação é de perplexidade, perante um fato evidente: a ineficácia dessas normas,
eis que elas simplesmente não são aplicadas... existem milhares de procedimentos administrativos
de imposição de penalidades pecuniárias por infração aos regulamentos, simplesmente aguardando
passar o prazo prescricional. Para isto concorre o formalismo dos procedimentos administrativos e
judiciários, em nome da proteção dos direitos individuais, mas freqüentemente em detrimento dos
direitos da comunidade.

O Direito Ambiental, constituído de normas esparsas por diversos ramos do direito, é formado por
normas imperativas, sobrepostas à vontade dos particulares, tendo em vista a indisponibilidade dos
interesses públicos que regem, pois o homem pode modificar o meio para a sua adaptação, mas em
momento algum pode destruí-lo.

Diante de todo do exposto ao longo deste artigo, podemos sintetizar alguns conceitos básicos, quais
sejam:
1-) Ordem Econômica Constitucional brasileira pode ser designada como parcela da ordem jurídica,
do mundo do dever ser, tido como um complexo de normas reguladoras do fato econômico, de suas
relações e efeitos, norteados pelos princípios da valorização do trabalho humano e o da livre
iniciativa, da soberania nacional, princípio da propriedade privada, seguido da função social da
propriedade, da livre concorrência, da defesa do consumidor, da defesa do meio ambiente, da
redução das desigualdades regionais e sociais, da busca do pleno emprego e do tratamento
favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua
sede e a administração no país.

2-) A atuação estatal na órbita econômica deve se dar na forma do art. 173, caput da Constituição
Federal, pautado pelo princípio da subsidiariedade, só podendo, a intervenção do Estado no e/ou
sobre o domínio econômico ocorrer sobre três prismas, quais sejam, o da intervenção por absorção
ou participação, a intervenção por direção e a intervenção por indução, não se constituindo a
privatização nem a concessão em formas de intervenção do Estado no domínio econômico.

3-) O CADE é uma autarquia que tem por função coibir práticas de abuso contra a ordem
econômica, possuindo competência para o controle de determinados atos da iniciativa privada,
inclusive a execução judicial de suas decisões, não podendo fugir porém, ao controle do poder
judiciário, se provocado pelas pessoas legitimadas para tanto, o controle de quaisquer judicial de
quaisquer atos relativos à infração contra a ordem econômica, seja na forma de revisão das decisões
do CADE, ou para dar cumprimento à estas.

4-) Cumpre também ao judiciário, analisar a constitucionalidade de possíveis interferências do


poder executivo no âmbito do domínio econômico, para regular matéria que não seja de sua esfera e
que não esteja ressalvada pelo art. 173 da Constituição Federal.

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Tais Martins
Tais Martins
Advogada,Professora, mestranda em Direito. Especialista em direito civil e direito processual e
curso de extensão pela Escola da Magistratura do Paraná.

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Informações sobre o texto
Como citar este texto (NBR 6023:2018 ABNT)
MARTINS, Tais. O conceito de desenvolvimento sustentável e seu contexto histórico: algumas
considerações. Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina, ano 9, n. 382, 24 jul. 2004.
Disponível em: https://jus.com.br/artigos/5490. Acesso em: 14 set. 2019.

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