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Benefício de prestação continuada: conceito, previsão normativa e critérios de

concessão.

Caio Luis Prata


Felipe Brandão
Letícia Chioda
Marcelo Eduardo Bisson

INTRODUÇÃO

A Constituição Federal de 1988, inaugurando um Estado Social1, estabelece diretrizes à


atuação dos órgãos do poder público, conformando um modelo ideal de sociedade2.
Como parte de tal fenômeno, , tomou lugar como objetivo fundamental da República, nos
termos estampados pelo artigo 3º, inciso III, da Carta Política, a erradicação da pobreza junto
a redução das desigualdades. Por conseguinte, a Assistência Social, outrora renegada aos
porões do paternalismo, passou a se apresentar como um instrumento de viabilização de um
desígnio jurídico superior, através de mecanismos efetivos de intervenção na realidade e,
consequentemente, correção (ou atenuação) dos abismos sociais.
Em seu bojo se nota que a adoção de políticas públicas por parte do Estado passou a se
orientar no sentido de possibilitar a efetivação de tal propósito da nação, culminando na edição,
em 1993 da Lei 8.742/93, a Lei Orgânica da Assistência Social.
É tal diploma legal que estabelecerá os critérios de eligibilidade do Benefício de Prestação
Continuada, cuja previsão normativa já estava alocada no próprio seio da Lei Maior, embora
tenha sido operacionalizado apenas em 19963.


Graduandos em Direito pela Faculdade de Educação São Luís de Jaboticabal.
1
BONAVIDES, Paulo. Do Estado liberal ao Estado social. 6. ed. São Paulo: Malheiros, 1996, p. 996.
2
BERCOVICI, Gilberto ; MASSONETTO, L. F. . Os Direitos Sociais e as Constituições Democráticas Brasileiras:
Breve Ensaio Histórico. In: David Sánchez Rúbio; Joaquín Herrera Flores; Salo de Carvalho. (Org.). Direitos
Humanos e Globalização: Fundamentos e Possibilidades desde a Teoria Crítica. Rio de Janeiro: Lumen Juris,
2004, p. 250.
3
SILVA, Naiane Louback da. A judicialização do Benefício de Prestação Continuada da Assistência Social. Serv.
Soc. Soc., São Paulo , n. 111, p. 555-575, Sept. 2012 . Available from
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-66282012000300009&lng=en&nrm=iso>.
access on 20 Aug. 2019. http://dx.doi.org/10.1590/S0101-66282012000300009.

1
Tal benefício, inaugurando uma nova forma de compreender a pobreza e seus efeitos no
país, revelou-se como uma das mais importantes ferramentas de efetivação dos Direitos Sociais
da nação.
De tal maneira, nos debruçaremos sobre seu estudo, aplicando, neste breve trabalho de
feição compreensiva, revisão bibliográfica e análise documental4, observando tanto as
disposições normativas a respeito do tema quanto as discussões jurisprudenciais que a seu
respeito já foram instauradas, permitindo, assim, um melhor entendimento do objeto.

1. BENEFÍCO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA: MATRIZ CONSTITUCIONAL E


DISPOSIÇÕES LEGAIS PRIMÁRIAS.

O Benefício de Prestação continuada pode ser definido como um benefício assistencial


equivalente a um salário mínimo, destinado a assegurar o mínimo existencial a determinados
grupos sociais em situação de vulnerabilidade (deficientes e idosos que atendam determinado
critério de renda, como será visto mais à frente).
Sua previsão inicial se encontra no corpo da Constituição Federal de 1988; mais
especificamente no artigo 203, inciso V.
De sua leitura é possível que compreendamos ser, o Benefício de Prestação Continuada
(doravante “BPC”), um direito fundamental5, na esteira de pensamento sustentada pelo
Supremo Tribunal Federal (Vide os autos do Recurso Extraordinário 567.985).
À despeito de sua relevância, porém, o Benefício e questão teve uma regulamentação
tardia, pois seus traços operacionais e critérios de concessão seriam melhor delineados apenas
5 anos após seu surgimento, com a Lei Orgânica da Assistência Social (artigos 20 e 21) e com
o Decreto nº 1.744, de 8 de dezembro de 1992.
Para além, sua implementação fática veio a ser realizada somente em 1996, substituindo

4
REGINATO, Andréa Depieri de A. Introdução à pesquisa documental. In: MACHADO, Maira Rocha. (Org.).
Pesquisar empiricamente o direito. 1ed.São Paulo: Rede de Estudos Empíricos em Direito, 2017, v. 1, p. 189-
224.
5
GABAN, Luiz Fernando Molan. Benefício de prestação continuada: a aplicação do artigo 34, parágrafo único,
da Lei 10.741/2003 como parâmetro complementar do critério da renda per capita e os caminhos para um novo
critério econômico. 2016. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento no Estado Democrático de Direito) -
Faculdade de Direito de Ribeirão Preto, Universidad de São Paulo, Ribeirão Preto, 2016, p. 27.
doi:10.11606/D.107.2017.tde-01092017-082813. Acesso em: 2019-08-20.

2
a Renda Mensal Vitalícia (RMV), instituída pela Lei nº 6.179/1974 e recebida até então por
aqueles que atualmente se enquandram no rol de beneficiários do BPC.

2. DOS BENEFICIÁRIOS

No âmbito da seguridade social e, assim sendo, da própria Assistência, a concepção de


vulnerabilidade é marcada por elementos de natureza econômica, mas também transpassado
por questões de acesso às políticas sociais, vez que no Estado de bem-estar o gozo pleno dos
direitos de traduz como exercício efetivo da humanidade.
Assim, poderá ser definida como “a precariedade no acesso à garantia de direitos e
proteção social, caracterizando a ocorrência de incertezas e inseguranças e o frágil ou nulo
acesso a serviços e recursos para a manutenção da vida com qualidade”6.
No caso do Benefício de Prestação Continuada, os grupos vulnerabilizados a serem
cobertos são idosos e deficientes em situação de miserabilidade, que não tenham condições
de prover sua existência ou de tê-la provida por sua família, como expõe o art. 20 da Lei 8.742
de 1993.
Nesse sentido, para a concessão do benefício é imprescindível a comprovação, de forma
cumulativa, da condição de pessoa idosa (65 anos ou mais, independente se homem ou se
mulher) e de miserabilidade do grupo familiar e da situação de vulnerabilidade.
São, portanto, requisitos para ser beneficiário do BPC, nos termos fixados pela Lei nº
8.742, de 7 de dezembro de 1993 e o Decreto nº 1.744, de 8 de dezembro de 1992: (a)
comprovação da deficiência ou da idade mínima de 65 anos para o idoso não-deficiente; (b)
renda familiar mensal per capita inferior a 1/4 do salário mínimo; (c) não estar vinculado a
nenhum regime de previdência social; (d) não receber benefício de espécie alguma7.

6
CARMO, Michelly Eustáquia do; GUIZARDI, Francini Lube. O conceito de vulnerabilidade e seus sentidos para
as políticas públicas de saúde e assistência social.Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro , v. 34, n. 3, 2018, p. 7.
Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
311X2018000303001&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 21 Ago. 2019.
7
Há de se mencionar, porém, que o BPC pode ser cumulado com outro benefício de assistência médica, bem como
com a pensão especial de natureza indenizatória, como prefixa o § 4º do sobredito artigo 20, com a redação dada
pela Lei 12.435/11. No mais, nos termos do artigo 20, § 9º, o titular deficiente pode receber o BPC
concomitantemente com a remuneração por estágio supervisionado e aprendizagem.
3
O artigo 20, § 12, introduzido pela Lei nº 13.846/19, prevê também a necessidade, para
revisão e manutenção do benefício, do requerente estar inscrito no Cadastro de Pessoas Físicas
(CPF) e no Cadastro único para Programas Sociais

2.1 PESSOAS COM DEFICIÊNCIA E IDOSOS: DELIMITAÇÃO CONCEITUAL

Para os fins de percepção do Benefício de Prestação Continuada, a pessoa com


deficiência é aquela incapacitada para a vida independente e para o trabalho em razão de
anomalias ou lesões irreversíveis de natureza hereditária, congênita ou adquirida. Conforme
explicitada pela Advocacia Geral da União, em seu Enunciado n. 30.
Sobremaneira, tratando-se de pessoa com deficiência, deverá comprovar, de forma
cumulativa, a existência de impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual
ou sensorial, os quais, em interação com uma ou mais barreiras, obstruam sua participação plena
e efetiva na sociedade em igualdade de condição com as demais pessoas, e a condição de
miserabilidade do grupo familiar e da situação de vulnerabilidadE.
Para além, no tocante à idade, a coroar o outro grupo de beneficiários do objeto em
apreço, a Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003 estabelece, em seu artigo 34, o limite-básico
de 65 (sessenta e cinco anos) para caracterização enquanto “idoso”.
Há que se lembrar, contudo, que tais critérios não se firmam sozinhos, sendo exigido
por lei que os sujeitos a serem beneficiados não possuam condições de prover sua subsistência,
nem de tê-la provida por sua família, destacando, ainda, a existência de um critério objetivo,
fundado sobre a renda, mas não à ela limitado.

2.2 A MISERABILIDADE

Para fins de constatação de miserabilidade, prevê o LOAS a necessidade de o grupo


familiar possuir renda per capita de até ¼ do salário mínimo. Destaca-se o fato de que a família
é tida como sendo composta pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência
de um deles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os
menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto.

4
A situação de vulnerabilidade, porém, tem seus aspectos constitutivos não restritos,
todavia, à simples análise da renda-familiar, se revelando, como um fenômeno social, cujas
dimensões e efeitos devem ser, portanto, socialmente analisadas.
Justamente portanto, os critérios para aferição do requisito econômico são polêmicos e
segundo orientação do STJ o magistrado não está sujeito a um sistema de tarifação legal de
provas, motivo pelo qual a delimitação do valor da renda familiar per capita não deve ser tida
como único meio de prova da condição de miserabilidade do requerente (REsp n.
1.112.557/MG, 3a Seção, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, DJe de 20.11.2009).

3. REFORMA DA PREVIDÊNCIA E ALTERAÇÕES

Um dos pontos polêmicos pautados na PEC 6/2019 proposta pelo atual governo,
popularmente conhecida como Reforma da Previdência, é a modificação no Benefício de
Prestação Continuada.
Dentre as principais alterações apresentadas inicialmente, a proposta impunha, por
exemplo, a mudança da idade mínima para que idosos pudessem ser beneficiários, elevando-a
de 65 para 70 anos. Não bastasse, também alterava o valor do benefício, o qual passaria a ser
dividido em duas categorias8.
A justificativa para tais modificações era de que haveria uma economia de
aproximadamente 34,8 bilhões no período de 10 anos para os cofres públicos. Contudo, diante
da reprovação social e parlamentar com o que fora proposto, o relator da reforma da previdência
na Comissão Especial da Câmara dos Deputados, Samuel Moreira (PSDB-SP), retirou as
mudanças inicialmente apresentadas quanto ao Benefício de Prestação Continuada.
Atualmente, resta uma única proposta de mudança ao BPC, consistente na
constitucionalização do critério de elegibildiade ao benefício. A questão se encontra em análise
pelo Senador Tasso Jereissati, na CCJ e, caso aceita, impacto total da reforma cairira R$ 901,1
bilhões em uma década9.

8
Para os idosos que atingirem os 70 anos e possuírem renda familiar mensal de até R$238,00 terão direito ao
recebimento de um salário mínimo, e para aqueles com 60 anos em situação de necessidade, receberão R$400,00
mensais
9
https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,texto-da-previdencia-no-senado-eliminara-mudancas-no-
bpc,70002983826
5

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