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Zé _Falam por falar, mas são boa gente. Todos eles. Tem uns aí que jogam
direitinho. Podem até ir para frente e pegar um time bom. O carvãozinho é
um. Como joga o diabo do crioulinho. Nanico daquele jeito e dribla paca.
Vai longe.
Zé _ Nessa molecada. Eles passam o dia na rua. Os que não derem sorte com
a bola estão lascados! Que nem eu. (MARCOS, 1968, p. 65).
As pausas como uma frequente repetição, mais acentuada na fala de Zé, expressam sua
profunda angústia, em saber as chances mínimas de transmutação da realidade, de
desemprego, da ausência de lar, da incapacidade de propiciar condições dignas de vida para a
esposa.
Se observados os diálogos e como eles estão estruturados no decorrer do texto é permissível
afirmar que Nina é a configuração do silenciar e Zé do vociferar, pois Zé é aquele que sempre
se questiona, e se analisado suas falas, nota-se, que elas são mais extensas, se comparadas
com as falas de Nina, as quais muitas delas têm mais de 10 linhas. Esse fator de construção da
forma demarca e caracteriza as personagens, além de expor a relação de forma e conteúdo
proposto por Antonio Candido (2000).
Referências
GOLDMANN, Lucien. A sociologia do romance. Álvaro Cabral. Rio de Janeiro: Paz e terra,
1976.
MARCOS, Plínio. Navalha na carne, Quando as máquinas param. São Paulo: Global editora
e distribuidora Ltda, 1978.
MARCOS, Plínio. Histórias das quebradas do mundaréu. São Paulo: Mirian Paglia Editora
de Cultura, 2004.