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Ciclos Evolutivos das Telecomunicações

Este tutorial apresenta o desenvolvimento das telecomunicações descrevendo os seus ciclos


evolutivos.

Autor: Paulo Ricardo Guedes Pinheiro

pinheiro@brasiltelecom.com.br

Engenheiro Eletricista (FEJ), com especialização em Ciências da Computação (UFSC) e Técnicas


de Processamento de Sinais Aplicados às Telecomunicações (UFSC).

Há 18 anos atuando em empresas de telecomunicações, nos departamentos de Operação e


Manutenção, Tecnologia da Informação, Planejamento, Projeto e Centro de Gerência Integrada de
Redes.

Atualmente desenvolve atividades como Gerente de Projeto e Implantação de redes corporativas


de comunicação de dados na Brasil Telecom - Filial Santa Catarina. Ministra cursos de
telecomunicações em universidades catarinenses, através de convênios firmados entre estas
entidades e a Brasil Telecom.

Duração estimada: 20 minutos

Publicado em : 07/06/2004

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Introdução

Nesta abordagem, observaremos o universo das telecomunicações, ao longo de sua existência, em


três importantes períodos evolutivos:

1. A invenção e universalização do telefone,


2. a digitalização do sistema de telefonia e
3. a convergência total das plataformas de telecomunicações.

O primeiro ciclo teve como precedente a invenção do telégrafo, em 1837, iniciando-se


efetivamente, em 1876, com a criação do telefone. Com duração de aproximadamente 90 anos, o
primeiro grande ciclo das telecomunicações foi marcado, fortemente, por grandes descobertas e
invenções, encerrando-se com as primeiras ligações DDD (Discagem Direta a Distância), em
1960.

A partir da década de 60, um novo ciclo teve início, estendendo-se até os dias atuais.
Essencialmente voltadas à digitalização dos sistemas de telecomunicações, suas características
principais vêm sendo: a compactação constante do hardware, implicando em equipamentos cada
vez menores, e o aumento crescente do software, acarretando em capacidades de processamento de
informações cada vez maiores. Na figura a seguir, podemos observar os três principais segmentos
das redes de telecomunicações que sofreram diretamente os impactos da digitalização. Nesta fase,
além dos serviços de voz, a comunicação de dados passou, gradativamente, ocupar maior espaço
nas telecomunicações.

Fig.1: Digitalização do sistema de telefonia - os segmentos analógicos de transmissão,


comutação (centrais telefônicas) e redes de acessos (em parte), foram digitalizados ao longo do
segundo ciclo.

O processo de digitalização iniciou, com maior abrangência, sobre os sistemas de transmissão,


utilizando a técnica de digitalização de sinais denominada PCM ( Pulse Code Modulation ). Com
menor intensidade nos primeiros anos, a digitalização foi também, aos poucos, sendo introduzida
no ambiente das centrais telefônicas, através de equipamentos com tecnologia CPA (Controle por
Programa Armazenado). Finalmente, as redes de acesso de última milha, que permaneciam
analógicas quase que em toda extensão, começaram a ser equipadas, parcialmente, com sistemas
digitais. As soluções mais utilizadas são compostas por dispositivos digitais compactos (ópticos e
elétricos) PDH e SDH, modems ópticos e enlaces de rádio digital.

Estas soluções têm possibilitado a digitalização dos meios de acesso para grandes e médios
usuários. Outra forma, que permitiu aumentar o índice de digitalização da rede de acesso de última
milha, foi introduzida através de terminais RDSI (Rede Digital de Serviços Integrados) e, neste

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caso, a solução abrange também clientes de pequeno porte e usuários residenciais, através da linha
telefônica convencional (par metálico trançado). Mais recentemente passamos a conviver com uma
forte tendência de massificação de acessos digitais de última milha, beneficiando ampla faixa de
usuários, incluindo, em grande escala, usuários residenciais. Esta conquista está sendo obtida
através do emprego de tecnologia DSL ( Digital Subscriber Line ), que permite a transmissão de
informações digitais, em alta velocidade, com auxílio de cabos telefônicos comuns, também
conhecida como acesso banda larga sobre par metálico. Algumas das soluções mais comuns que
usam esta tecnologia são: o ADSL ( Asymmetric Digital Subscriber Line ), o SDSL ( Symmetric
Digital Subscriber Line ) e o HDSL (High bit rate Digital Subscriber Line ).

Outra característica marcante desta etapa foi o crescimento das redes de comunicação de dados,
independentes das redes de voz. Embora compartilhem da mesma infra-estrutura de transmissão,
energia, climatização e rede de acesso, os nós de comutação e os sistemas de gerência destas redes
são distintos. Neste ciclo desempenharam importante papel o aperfeiçoamento dos computadores,
a transmissão de sinais por fibra óptica, os algoritmos para tratamento e compactação de sinais de
voz para transmissão em sistemas digitais e a sofisticação dos sistemas de comunicação sem fio
(wireless).

Na década de 90, a explosão comercial da Internet consagrou o IP como protocolo universal de


rede de comunicação de dados, baseado no princípio de comunicação por pacote. A comunicação
de sinais de voz e vídeo através da Internet também despertou maior interesse, devido aos baixos
custos, quando comparados aos sistemas tradicionais. Sem muita qualidade no início, a idéia
ganhou força e, atualmente, muitas soluções de boa qualidade já estão disponíveis.

Estamos neste momento diante de novas transformações, as quais, podemos considerar precursoras
do terceiro ciclo: o ciclo da convergência total das plataformas de telecomunicações. Com foco na
qualidade, custo, quantidade, segurança, flexibilidade e diversificação dos serviços, estamos nos
dirigindo para a convergência total das plataformas de telecomunicações, há muito sonhada e
desejada.

Todos as propostas atuais para esta nova arquitetura, têm como referência redes IP, através das
quais um núcleo comum transporta informações multimídia em modo pacote, servindo de suporte
para todos os serviços de telecomunicações, desde a comunicação de dados tradicional, telefonia
fixa e móvel, até a distribuição de sinais de vídeo multicasting (streaming) e unicasting (on
demand). Essa nova revolução tem como base plataformas NGN (Next Generation Networks), um
dos temas dessa abordagem.

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Grandes Descobertas

Para compreendermos melhor os fantásticos avanços do século XX, precisamos voltar um pouco
no tempo e conhecer mais de perto a base de toda essa evolução: a eletricidade . Toda a
modernidade tecnológica que conhecemos hoje depende, em maior ou menor intensidade, da
energia elétrica. Poucas máquinas modernas funcionariam ou seriam construídas sem o uso dela.

Próximo do ano 600 AC, os gregos descobriram uma peculiar propriedade do âmbar, um mineral
translúcido que ao ser esfregado com um retalho revestido de pelo de animal, desenvolve a
habilidade para atrair pequenos pedaços de plumas. Por séculos essa "inexplicável" propriedade foi
associada unicamente ao âmbar.

Dois mil anos depois, no século XVI, William Gilbert provou que muitas outras substâncias são
"elétricas" (palavra originária do termo em grego para âmbar, elektron ) e que elas podem
apresentar efeitos elétricos. O vidro, quando friccionado com a seda, adquire o que eles chamaram
de "eletricidade vítrea". O que eles descobriram foram as cargas positivas e negativas acumuladas
separadamente nos dois elementos.

Em 1747, Benjamin Franklin na América e William Watson na Inglaterra, isoladamente chegaram


a mesma conclusão: todos os materiais possuem um tipo único de "fluido elétrico" que pode
penetrar no material livremente, mas que não pode ser criado e nem destruído. A ação da fricção
simplesmente transfere o fluido de um corpo para o outro, eletrificando ambos. Franklin e Watson
introduziram o princípio da conservação de carga: a quantidade total de eletricidade em um
sistema isolado é constante.

Os fenômenos elétricos continuavam sendo alvos de pesquisas e puderam ser mais bem
compreendidos através dos estudos de vários cientistas da época, dentre eles, o fisicista francês
Charles A. de Coulomb, cujo nome viria ser usado para designar a unidade de carga elétrica e
Luigi Galvani que, quase por acaso, desencadeou uma seqüência de eventos científicos que
culminaram no desenvolvimento do conceito de voltagem e a invenção da pilha elétrica.

Mesmo sem contar com os atuais benefícios da eletricidade, o homem buscava novas formas para
comunicar-se além dos limites da própria voz, visão e audição. Para se ter idéia, em 1790, Claude
Chappe construiu na França, um conjunto óptico de comunicação que consistia numa cadeia de
torres com sistema de sinalização de braços móveis, um genuíno "sistema de visada direta".

Em 1801, o físico italiano Alexandre Volta , desenvolveu a pilha elétrica, possibilitando o


armazenamento e utilização controlada da eletricidade. Na verdade, ele "empilhou" (daí o nome
"pilha") vários discos de cobre e zinco, separados por discos de papel ou papelão (molhados em
água salgada). Para prender este conjunto utilizou um arame de cobre. Ao fechar o circuito, a
eletricidade podia fluir através da "pilha".

Alguns anos depois, novos estudos levariam a descoberta do eletromagnetismo . Esta, sem
dúvida, é uma das propriedades elétricas que o homem mais utiliza: rádios, televisores celulares,
transformadores, eletrodomésticos, motores elétricos e geradores de eletricidade são algumas das
máquinas que funcionam graças as propriedades do eletromagnetismo. Os estudos mostraram que
campos elétricos e campos magnéticos estão associados através da corrente elétrica. Estas

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descobertas começaram a partir de 1819, quando o fisicista dinamarquês Hans Christian Oersted
observou que uma agulha de bússola era afetada pela passagem de corrente em um fio elétrico
localizado próximo a ela, ou seja, a corrente elétrica que passava pelo fio era capaz de gerar um
campo magnético em torno deste, afetando o funcionamento da bússola. Em 1831, Michael
Faraday na Inglaterra descobriu o fenômeno inverso: o princípio da indução magnética, pelo qual
uma variação do campo magnético produz um campo elétrico, induzindo corrente elétrica em
materiais condutores. Essa descoberta permitiu o início da formulação da teoria eletromagnética de
James Clerk Maxwell. As formulações matemáticas de Maxwell comprovaram teoricamente a
existência das ondas eletromagnéticas, 23 anos antes de serem comprovadas na prática.

Fig.2: A experiência de Oersted - O movimento da agulha da bússola é afetado pela corrente


que circulava no fio próximo a ela.

Ao estudar o eletromagnetismo, Faraday percebeu que ao movimentar um íman, para dentro e


para fora de uma bobina, a variação do campo magnético criada por este movimento, resultava em
circulação de corrente elétrica nos fios da bobina. A primeira aplicação prática deste princípio foi
realizada em 1832 por Nicolas Constant Pixii que construiu o primeiro gerador de indução (um
grande íman em forma de ferradura roda em torno de um eixo e induz um fluxo magnético
variável em duas bobines fixas).

"O desenvolvimento deste aparelho conduziu, em 1867, a um dos feitos altos da história
tecnológica belga: a invenção do dínamo por Zénobe Gramme ".

Fig.3: A experiência de Faraday - o movimento do íman através do núcleo da bobina induz


corrente elétrica nos fios.

E foi usando a eletricidade que, em 1837, Samuel Morse criou o telégrafo, marcando a entrada da
humanidade na era das telecomunicações, permitindo ao homem envio de mensagens a longas
distâncias, quase que instantaneamente. A invenção de Samuel Morse permitia o envio apenas de

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sinais elétricos pulsados. A transmissão da voz necessitaria de um dispositivo mais complexo, só
desenvolvido anos mais tarde. A implantação da primeira linha telegráfica ocorreu em maio de
1844, nos Estados Unidos, interligando Baltimore e Washington. A mensagem inaugural dizia: "
Vede as maravilhas que Deus realiza ". No Brasil, a primeira linha telegráfica seria implantada
oito anos mais tarde.

Em 1861, Philipp Reis, professor alemão, fez as primeiras transmissões de sons musicais por meio
de fios de cobre, através de sinais elétricos. Essas experiências buscavam formas de transmitir
sinais mais complexos, além dos repetitivos códigos do telégrafo. Na verdade, o desejo de
transmitir também sinais de voz, estava presente no pensamento de vários pesquisadores e a
experiência do professor Philipp Reis foi o primeiro passo para a invenção do telefone.

Certamente, foram anos de euforia para as comunicações e, sabemos hoje, tratava-se apenas do
começo de uma nova era de descobrimentos tecnológicos sem precedentes. Nesta mesma época,
mais especificamente em 1863, James Clerk Maxwell, professor de física experimental da
Universidade de Cambridge, Inglaterra, demonstrou teoricamente a existência das ondas
eletromagnéticas. Os estudos de Maxwell seriam de fundamental importância para as descobertas
relativas a transmissão de sinais através de ondas eletromagnéticas, realizadas por Hertz na década
seguinte.

Em 1866, foram realizadas as primeiras transmissões transatlânticas regulares de telégrafo, através


de cabo submarino, interligando a América do Norte à Europa. O Brasil inaugurou seu primeiro
cabo submarino transatlântico em 1874, ligando a América do Sul à Europa. Idealizado por Mauá,
o cabo foi construído pela companhia inglesa British Eastern Telegraph Company e funcionou até
1973. Grandes cidades como Viena, Praga, Munique, Rio de Janeiro, Dublin, Roma, Nápoles,
Milão e Marselha, foram conectadas pelo telégrafo. Iniciava a formação de uma rede mundial e
também a formação de sub-redes para circulação de informações internas. Em 1893 a companhia
inglesa South American Cables Ltd instalou um cabo submarino em Fernando de Noronha.
Posteriormente, em 1914, a concessão deste cabo foi transferida para a França.

Um segundo cabo submarino em Fernando de Noronha foi lançado pelos italianos da Italcable em
1925.

Em meio a euforia causada pela comunicação intercontinental, em 1870, o inglês John Tyndall,
demonstrava ser possível conduzir luz através de um jato de água, baseado no princípio da
reflexão total. Apesar de não ter na época uma aplicação prática aparente, despertou o interesse
também de outros pesquisadores.

Cem anos depois, o mundo passaria a produzir condutores de fibra óptica em escala industrial,
usando o mesmo princípio estudado por Tyndall .

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Fig.4: Princípio da reflexão total - A luz reflete completamente, sendo conduzida através do
meio.

Mesmo com tantas descobertas, a maior revolução no campo das telecomunicações ainda estava
para ser concretizada e só ocorreria em 1876, quando Graham Bell registrou ( US Patent Office nº
174.465 ) e apresentou à comunidade científica sua mais recente invenção: o telefone, fundando
no ano seguinte a Bell Telephone Company. D. Pedro II, que visitava nesta época a Exposição do
Centenário da Independência dos Estados Unidos na Filadélfia, ficou maravilhado com o aparelho
construído por Graham Bell. Este acontecimento contribuiu para que, em 1878, apenas dois anos
após sua invenção, fossem implantadas no Brasil as primeiras linhas telefônicas. No mesmo ano, o
alemão Ludtge e o americano Hughes desenvolveram, quase que simultaneamente, o microfone
de carvã, cujo princípio é utilizado até hoje nos aparelhos telefônicos. No ano seguinte, através do
Decreto Imperial 7.539, foi criada a Companhia Telephônica do Brasil, primeira operadora de
telefonia do país. Em 1882, foi realizada a primeira ligação interurbana no Brasil, entre as
cidades do Rio de Janeiro e Petrópolis. Três anos mais tarde, em 1885, nascia nos Estados Unidos
a AT&T ( American Telephone and Telegraph Company ).

O século XIX pode de fato ser considerado um período "iluminado" na história das descobertas
tecnológicas, e não foi só por causa do telégrafo e do telefone. Precisamente em 21 de outubro de
1879, a primeira lâmpada elétrica, com capacidade de operar por mais de 40 horas, havia sido
construída por Thomas Edison. O semanário The Economist, em sua edição de 20 de maio de
1882, comenta: "A eletricidade e a luz elétrica são, muito provavelmente, as melhores invenções já
feitas até hoje".

Os jornais da época teriam em breve novas e importantes notícias para dar ao mundo: as ondas
eletromagnéticas continuavam sendo estudadas pelo cientista inglês James Clerk Maxwell e pelo
físico alemão Heinrich Hertz . Em 1887, o jovem cientista Hertz, com base nos estudos de
Maxwell, desenvolveu experiências em seu laboratório descobrindo que, ao fazer saltar faíscas
entre duas esferas de cobre de seu aparelho oscilador (transmissor), também saltavam faíscas entre
as pontas de um arco de metal colocado a uma certa distância, denominado ressonador (receptor).
A experiência de Hertz comprovou a existência das ondas eletromagnéticas, previstas
matematicamente por Maxwell anos antes.

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Fig.5: A experiência de Hertz - as centelhas provocadas no aparelho transmissor, provocavam
"no mesmo instante" centelhas no arco metálico que ficava próximo, levando a comprovação
da existência das ondas eletromagnética.

A telefonia estava só iniciando e o estabelecimento de uma ligação era ainda totalmente manual,
realizado pelos funcionários das empresas de telefonia através de mesas operadoras (centrais
telefônicas manuais). Essa situação começaria a mudar a partir 1889, com as primeiras
experiências bem sucedidas, realizadas por Almond Brown Strowger, inventor da central
telefônica automática (eletromecânica). O novo equipamento permitia que seus usuários
realizassem ligações locais sem o auxílio de operadores. Durante a discagem, pulsos elétricos
gerados pelo aparelho telefônico estabeleciam o encaminhamento passo a passo da chamada,
através dos seletores eletromecânicos da central. A primeira central automática foi inaugurada em
3 de novembro de 1892, em La Porte - Indiana, com 56 telefones.

Uma das principais funções das centrais telefônicas é concentrar em um mesmo ponto
determinado número de usuários, permitindo que estes possam comunicar-se entre si através de
único caminho até a central, compartilhando dos recursos disponíveis. De outra forma, sem a
utilização da central telefônica, cada usuário teria de possuir uma conexão com todos os demais, o
que tornaria inviável economicamente as redes e impraticável sua expansão.

Fig.6: Simplificação da rede com uso da central telefônica: cada usuário necessita de uma
única conexão física com a central para ter acesso aos demais.

A centrais telefônicas desta época, a exemplo do telégrafo, eram conectadas através de cabos
metálicos, mas, um passo importante, que possibilitaria a conexão sem fio, estava prestes a ser
dado: a comprovação prática da existência das ondas eletromagnéticas, realizada por Hertz, em
1887, permitiu que em 1895, o italiano Guilherme Marconi viesse requerer a primeira patente de
um aparelho transmissor sem fio. Durante seu experimento, o aparelho transmissor construído

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por Marconi foi instalado a uma milha de distância do receptor, conseguindo enviar sinais sem a
utilização de cabos elétricos. Este transmissor era adequado apenas para transmissão de sinais de
telégrafo. Alguns anos depois iniciava o serviço de telégrafo sem fio entre a França e a Inglaterra.
Em 1901, Marconi realiza a primeira transmissão transatlântica sem fio usando o Código Morse.
"O cientista consegue transmitir entre Poldhu na Comualha britânica e St. John, Newfoundland".

Embora Marconi seja reconhecido oficialmente como criador da telegrafia sem fio, registros
históricos comprovam que, em 1893, o padre e cientista brasileiro Roberto Landell de Moura já
havia realizado a primeira transmissão falada através de ondas eletromagnéticas. Em outra de suas
experiências, transmitiu também por telegrafia sem fio, do alto da avenida Paulista para o alto de
Sant'Ana.

Os equipamentos utilizados foram desenvolvidos pelo próprio Landell de Moura, com patentes
registradas no Brasil (registro nº 3279) em 9 de março de 1901. Em julho deste mesmo ano, o
Padre Landell de Moura, embarcou para os Estados Unidos e em 1904, o The Patent Office at
Washington concedeu-lhe três cartas patentes: para o telégrafo sem fio ( registro 775.846 ), para o
telefone sem fio ( registro 775.337) e para o transmissor de ondas sonoras ( registro 771.917).

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Grandes Invenções

Mesmo com tantas descobertas em tão pouco tempo, uma nova revolução estava a caminho. Em
1904, J. Ambrose Fleming patenteou a válvula eletrônica, dando-lhe o nome de diodo, ou válvula
de dois elementos.

Dois anos depois, uma nova válvula, composta de três elementos foi criada por Lee De Forest e
denominada triodo. Graças a criação e aperfeiçoamento da válvula eletrônica, foi possível
desenvolver e sofisticar equipamentos eletrônicos de grande importância para a evolução, não só
das telecomunicações, mas de vários outros segmentos tecnológicos. Von Lieben, da Alemanha e o
americano Armstrong empregaram o triodo para amplificar e produzir ondas eletromagnéticas de
forma contínua. Os transmissores à centelha de Marconi foram substituídos por essa tecnologia.
Esta nova forma de gerar ondas eletromagnéticas viabilizou também a transmissão de sinais de
voz e de outros sons, permitindo o aparecimento do rádio.

Em pouco tempo, os avanços obtidos pela nova tecnologia, podiam ser observados pela sociedade:
surge na Inglaterra em 1913 a Wireless Society de Londres, tornando-se mais tarde a Radio Society
da Grã-Bretanha. Em 1915, iniciam na Alemanha as primeiras transmissões internacionais de
programas diários de notícias através do rádio. Na França de 1920, são comercializados os
primeiros rádios a pilha, vendidos com outra inovação: fones de ouvido.

Com o fim da 1 a Guerra Mundial (1914 a 1918), a indústria americana Westinghouse ficou com
um grande estoque de aparelhos de rádio fabricados para as tropas na guerra. Instalou-se então
uma antena no pátio da fábrica para transmitir música. Através desse "apelo de venda",
comercializou-se os aparelhos "encalhados" para os habitantes do bairro. Coube desta forma a
Westinghouse Eletric o mérito de ter promovido a conhecida KDKA de Pitisburgh. Ela começou a
funcionar regularmente em 1920. Em 1921 eram apenas 4 emissoras nos Estados Unidos, mas no
final de 1922, os americanos já contavam com 382 emissoras.

Outra novidade apareceu nos Estados Unidos nessa época. O uso regular de radio-comunicação
em viaturas móveis foi pela primeira vez experimentado em 1921, pelo Departamento de Polícia
de Detroit, que enviava ordens do quartel central para seus comandados, nos automóveis. Estes
sistemas operavam na faixa de 2 MHz e eram muito primitivos, se comparados com a tecnologia
atual.

Em 1922, já existiam estações de rádio com programações regulares em quase todo o mundo,
incluindo aí a Argentina, Canadá, União Soviética, Espanha e Dinamarca. Em 7 de setembro deste
ano, o discurso do presidente da República, Epitácio Pessoa, em comemoração ao centenário da
independência do Brasil é transmitido via rádio, trata-se da primeira transmissão oficial pelo novo
veículo de comunicação no Brasil.

Foram importados 80 receptores de rádio especialmente para o evento. O transmissor de 500 watts
foi instalado no alto do Corcovado, pela Westinghouse Electric Co. Em outubro deste ano, nasce a
britânica BBC (Britsh Broadcasting Company ), em paralelo com as primeiras estações de rádio
em Shanghai, na China, e em Cuba. Em 20 de abril de 1923, Edgard Roquete Pinto e Henry
Morize fundaram a primeira estação de rádio brasileira: a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro.

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Dentro do conceito de "rádio sociedade" ou "rádio clube", os ouvintes eram associados e
contribuíam com mensalidades para a manutenção da emissora.

Enquanto as ondas eletromagnéticas do rádio ocupavam cada vez mais o cotidiano das
comunicações mundiais, Lamb realizava na Inglaterra, em 1930, as primeiras experiências de
transmissão de luz em fibras de sílica. Nesta época ainda não era possível avaliar a real dimensão
do que a fibra óptica representaria para as telecomunicações no futuro.

Outra questão que já podia ser percebida naquela época, é que nos serviços de telecomunicações
por rádio, na medida que as necessidades cresciam e avançava a tecnologia, a tendência era de
elevar as frequências de operação: em 1933, a FCC ( Federal Communications Commission )
autorizou a utilização de 4 canais na faixa de 30 a 40 MHz para comunicação móvel. Também na
década de 30, sistemas de rádio VHF ( Very High Frequency - 30 MHz a 300 MHz) passaram a
ser utilizados para comunicação de longa distância ponto a ponto.

No segmento das centrais telefônicas, um novo modelo de comutador (matriz de comutação) com
tecnologia crossbar estava sendo desenvolvido. Foi utilizado pela primeira vez na Suécia e
introduzido no sistema pela Bell Systems em 1938. O sistema crossbar mudaria drasticamente a
forma de construir centrais telefônicas nas décadas seguintes, incluindo seus sistemas de
sinalização, que foram alterados para acompanhar a maior velocidade dos novos seletores de barra.

Fig.7: Funcionamento do comutador crossbar - duas chamadas estão conectadas através dos
contatos formados pelos cruzamentos das barras a-1 e c-3.

A década de 30 ficaria também registrada na história por uma invenção de fato inovadora. É neste
período que um novo marco na história da comunicação humana estava surgindo: a televisão .
Embora os esforços científicos que levariam ao aparecimento da televisão tenham iniciado muitas
décadas antes, as primeiras transmissões oficiais ocorreram em 1935, na Alemanha e ao final deste
mesmo ano, na França, com o transmissor instalado na Torre Eiffel. A televisão da BBC ( Britsh
Broadcasting Company ) de Londres entrou em operação no ano seguinte, utilizando imagens com
405 linhas de resolução. Nos Estados Unidos, as transmissões de televisão iniciaram em 1939,
através da NBC ( National Broadcasting Company ) para cerca de 400 aparelhos da cidade de
Nova Yorque, com resolução de 340 linhas. Aqui no Brasil, a primeira emissora de televisão só
viria a ser inaugurada em 18 de setembro de 1950, quando foi ao ar o primeiro programa da TV
Tupi.

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Outras importantes novidades surgiriam, ainda, durante a segunda guerra (1939 a 1945), entre elas,
novos sistemas de rádio ponto a ponto, operando na faixa de UHF ( Ultra High Frequency - 300
MHz a 3 GHz) . Mas, a grande inovação seria mesmo, o aparecimento do primeiro computador
digital eletrônico , o Eniac, construído pelo engenheiro eletricista John Presper Eckert Jr . e pelo
físico John William Mauchly , na Escola Moore de Engenharia Elétrica, da Universidade da
Pensilvânia, e pelo Laboratório de Pesquisas Balísticas do Exército Americano. Apresentada aos
jornalistas em 15 de fevereiro de 1946, e esta máquina calculava em 20 segundos a trajetória de
um projétil que levava 30 segundos para atingir seu alvo . O computador ocupava uma área de 93
metros quadrados, tinha a altura de dois andares e pesava 30 toneladas. O Eniac possuía um
conjunto de 17.468 válvulas, 70 mil resistores e 10 mil capacitores. Para armazenar cada número
em sua memória, de apenas 100 bytes, eram necessárias mais de 100 válvulas. Apesar de seu
tamanho, o Eniac (sigla, em inglês, para Computador e Integrador Numérico Eletrônico) tinha na
verdade muitos problemas.

Normalmente se passavam apenas alguns minutos de uso, até que uma ou mais válvulas se
queimasse e tivesse que ser substituída. Construído para calcular tabelas de artilharia, o
computador de 450 mil dólares podia realizar 5 mil adições e 3.500 multiplicações por segundo. O
Eniac continuou sendo utilizado até 1954, quando foi "aposentado". "Entre as façanhas do Eniac,
está a de ter ajudado a realizar cálculos para a construção da bomba de hidrogênio". Os
microprocessadores atuais são capazes de realizar algumas dezenas de milhões de operações por
segundo. O Eniac, portanto, era dezenas de milhares de vezes mais lento.

"Há uma grande polêmica envolvendo a invenção do computador eletrônico. John Atanasoff ,
professor da Universidade de Iowa, contou que a idéia de inventar um computador lhe ocorreu
numa hospedaria em Illinois, em 1937. Seria operado eletronicamente e usaria números binários,
em vez dos tradicionais números decimais. Daí a poucos meses, ele e um talentoso ex-aluno,
Clifford Berry, haviam criado um rudimentar protótipo de computador eletrônico, que utilizava
válvulas, tambores rotativos e cartões perfurados para a introdução de dados. A execução do
projeto custou mil dólares. No ano seguinte, John Mauchly, que conhecera Atanasoff num
seminário, foi convidado a conhecer o computador. Depois ficou hospedado vários dias em sua
casa, onde soube de detalhes sobre o projeto. Atanasoff estava para requerer a patente do seu
computador, mas foi convocado a Washington no início da Segunda Guerra Mundial para fazer
pesquisas de física para a Marinha. No mesmo período, Mauchly e Eckert construíram o Eniac. No
verão de 1944, os dois simplificaram sua invenção usando o esquema binário desenvolvido por
Atanasoff. Estava criado assim o Univac, que começou a ser vendido em 1946 e tornou-se o
protótipo dos computadores de grande porte atuais. O primeiro computador brasileiro, o "Patinho
Feio" como era seu apelido, foi construído na Universidade de São Paulo, em 1972".

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Fig.8: O Eniac possuía mais de 17.468 válvulas e ocupava 93 m².
http://www.epub.org.br

Se os anos 30 já foram bons para as telecomunicações, a década de 40 não deixaria por menos,
mais novidades estavam a caminho: enquanto a televisão completava seus 10 primeiros anos de
existência, chamando para si, literalmente, quase todos os "olhares", os laboratórios Bell iniciavam,
em 1945, um programa experimental de telefonia móvel, na faixa de 150 MHz. O Sistema Bell
entrou comercialmente em operação no ano seguinte com poucos canais, na faixa de 35 MHz, em
Winsconsin , e outro, na faixa de 150 MHz no Missouri . Em 1947, foi inaugurado mais um
sistema de telefonia móvel, desta vez, ao longo da rodovia New York - Boston, operando na faixa
de 35 MHz a 44 MHz. "Acreditava-se, na época, que estas frequências mais baixas, seriam
melhores no atendimento a rodovias por terem um alcance maior e "contornarem" melhor os
obstáculos do relevo, o que é verdade. O que não se sabia, é que essas frequências se propagam a
longas distâncias, via reflexão na ionosfera, o que fazia com que as conversações fossem ouvidas a
milhares de quilômetros de distância, causando interferências em outros sistemas. O trabalho de
aperfeiçoamento do sistema continuou nos Laboratórios Bell e também nas empresas operadoras e
fabricantes de equipamentos, visando um melhor desempenho do sistema e também o uso de
frequências cada vez mais elevadas.Também em 1947 surgiu a primeira idéia concreta de
telefonia celular móvel. Pesquisadores discutiram o uso de telefones móveis que usavam
"células" que identificariam o usuário em qualquer região na qual fosse iniciada a chamada. Neste
mesmo ano, a FCC (Federal Communications Commission ) decidiu autorizar freqüências
específicas de rádio para comunicação móvel. A autorização era bastante limitada, pois só permitia
23 chamadas em uma dada área".

No ano seguinte, um novo salto tecnológico de grandes proporções estava para acontecer, trazendo
inúmeros benefícios aos mais variados segmentos tecnológicos: em 1948, o transistor foi lançado
por William Shockley e seu colaboradores John Bardeen e Walter Brattain, nos Estados Unidos.
Utilizando propriedades eletrônicas de materiais como o silício, o transistor realiza as mesmas
funções tradicionais das válvulas a vácuo com importantes vantagens: consome menos energia, é
mais resistente e muito menor, tornado possível construção de aparelhos com dimensões
extremamente reduzidas quando comparado aos seus antecessores valvulados. Os chips atuais são
capazes de conter algumas centenas de milhões de transistores em poucos milímetros de área. Para
se ter uma idéia do que este salto tecnológico representa hoje, a versão de alto desempenho do
Athlon 64, um novo processador para servidores que deverá se chamar AMD Opteron, possui
cerca de 100 milhões de transistores. Considerando que as 17.468 válvulas do Eniac poderiam
ser substituídas pela mesma quantidade de transistores, este processador contém o equivalente a
5724 Eniac.

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Na época que foi construído, essa quantidade de Eniac ocuparia uma área de 532 km²,
aproximadamente. O Athlon 64 deverá ocupar apenas 105 mm².

Fig.9: O transistor lançado em 1948.

No início da década seguinte, os sistemas de rádio ponto a ponto, dariam um novo passo em
direção as frequências ainda mais elevadas, tanto que, em 1951, já estava sendo ativado o primeiro
enlace de rádio microondas SHF ( Super High Frequency - 3 GHz a 30 GHz), operando na faixa
de 4 GHz. Os sistemas SHF de alta capacidade contribuíram fortemente, nas décadas seguintes,
para o crescimento e expansão das telecomunicações em todo o mundo. Não alheias a esses
avanços, mas ainda a passos lentos, novas pesquisas estavam sendo desenvolvidas no campo da
transmissão óptica neste mesmo ano: Heel, Hopkins e Kapany, realizaram na Inglaterra,
experiências de transmissão de imagens através de feixes de fibras ópticas em curta distância.

Nesse ritmo frenético dos avanços tecnológicos, a década de 50 também traria grandes inovações:
em 1957, tiveram início as comunicações por satélite, com o lançamento do Sputnik I, o primeiro
satélite da história, desenvolvido e fabricado na Rússia. "Era um satélite de órbita baixa que podia
ser avistado a olho nu durante a noite, semelhante a uma estrela com brilho intenso". Embora
tenha subsistido por apenas 3 meses representou o ponto de partida para uma extensa série de
novos lançamentos civis e militares. Na figura a seguir é possível identificar algumas das
características destes sistemas.

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Fig.10: Características dos sistemas de satélite.

Foi também no início da era dos satélites, que um dos seus maiores concorrentes terrestres atuais
na área de telecomunicações, as transmissões ópticas, estavam prestes a ganhar importantes
aliados: em 1958, Arthur Schawlow e Charles H. Townes estabeleceram as bases físicas gerais
para obter a amplificação de luz por emissão estimulada de radiação. Neste mesmo ano, Narinder
Singh Kapany apresentou um protótipo de fibra óptica, do tipo utilizado atualmente, composta de
núcleo e casca, para servir como guia da luz.

Ainda era muito incipiente, mas estava nascendo ali uma dupla que seria, em breve, inseparável:
laser e fibra óptica. Logo depois, em julho de 1960, Theodore Maiman, anunciou o funcionamento
do primeiro LASER ( Light Amplification by Stimulated Emission of Radiation ) cujo meio ativo
era um cristal de rubi, "sendo considerado a fonte mais adequada para ser utilizada como emissor
num sistema de transmissão óptico". A partir daí, o laser e as fibras ópticas evoluíram rapidamente,
beneficiando de forma estratégica as telecomunicações digitais nas décadas seguintes.

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O laser a rubi de Maiman.
Fonte: http://www.fisica.ufc.br

De volta ao mundo da telefonia, a década de 50 estava se despedindo e, ao seu final, já era


possível perceber que a tecnologia crossbar estava sendo amplamente empregada. O principal
motivo para isso, era que, as centrais telefônicas equipadas com comutadores croossbar, eram mais
eficientes e mais rápidas que as de seletores rotativos. Em função da maior velocidade dos
comutadores crossbar, um novo modelo de sinalização telefônica foi introduzido no sistema: a
sinalização multifrequencial . A utilização de matrizes de comutação crossbar e sinalização
multifrequencial permitiram a construção de centrais telefônicas eletromecânicas maiores e mais e
rápidas. Eram centrais robustas, construídas para funcionar por mais de 20 anos, tanto que no
Brasil, na década de 90, muitas dassas centrais ainda estavam em operação e poderiam continuar
por muitos anos, não fossem os fortes apelos da digitalização. Por volta de 1960, juntamente com
tantas conquistas realizadas pelo homem, completavam-se as primeiras ligações DDD, e com elas,
o primeiro grande ciclo das telecomunicações estava sendo encerrado. Nesta época, o telefone já
fazia parte do cotidiano das telecomunicações em todo o mundo.

Com o telefone universalizado e com os avanços tecnológicos obtidos até aquela época, a base
necessária para o início do segundo ciclo estava pronta, tanto assim que, logo no início dos anos
60, o novo ciclo estava iniciando: o ciclo da digitalização do sistema, estendendo-se até os dias
atuais.

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O Início da Digitalização

No início da década de 60 nem "todo mundo" possuía um telefone, mas, "o mundo todo" já estava
interligado por ele. O que ocorreu nas décadas seguintes foi um processo gradual de digitalização
do sistema de telecomunicações, até então, completamente analógico.

O ciclo da digitalização teve como conseqüências de fácil observação: o aumento contínuo do


software e a compactação progressiva do hardware. Foi neste período, também, que ocorreram
acentuadamente o crescimento e a evolução das redes de comunicação de dados. Estas redes
passaram a compartilhar da mesma infra-estrutura de transmissão, energia e climatização dos
sistemas tradicionais de telefonia, porém, mantendo características distintas nos nós de acesso e
sistemas de gerência. Em meados de 1960 já surgiam as primeiras idéias de transmissão de dados
por comutação de pacotes. Consideradas radicais na época, hoje são imprescindíveis para muitos
sistemas, incluindo a Internet.

Os grandes avanços nas telecomunicações, diversidade de padrões, quantidade de empresas


prestadoras de serviços e fornecedores, acabaram contribuindo para que, em 27 de agosto de 1962 ,
fosse instituído o Código Nacional de Telecomunicações, através da lei nº 4.117, que passou a
regulamentar este segmento no Brasil a partir daquela data.

Enquanto a telefonia fixa, que estava universalizada, ensaiava seus primeiros passos rumo a
digitalização, a telefonia móvel celular não passava de experiências localizadas, com transmissão
analógica. Em 1964, foi desenvolvido nos Estados Unidos um novo projeto, denominado sistema
MJ, com o objetivo de melhorar a eficiência, reduzir custos e fazer melhor uso dos poucos canais
existentes. Este novo sistema operando em 150 MHz já permitia a seleção automática do canal
vago, eliminando assim a necessidade do push-to-talk. O sistema possibilitava, também, que os
usuários realizassem diretamente a discagem do número desejado.

Em contrapartida, no segmento da telefonia convencional, a primeira central telefônica digital com


tecnologia CPA (Controle por Programa Armazenado) estava sendo construída, em 1965, pela
AT&T (Americam Telephone and Telegraph) . Foram os passos iniciais em direção a um novo
conceito tecnológico no ambiente da telefonia fixa.

Na verdade, as primeiras centrais eram do tipo CPA-A, ou seja, apenas o controle e gerência da
central eram digitais, a matriz de comutação, por onde os sinais de voz trafegam e são conectados
durante uma ligação, permanecia analógica.

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Fig.11: Central CPA-A - controle e gerência digitalizado e matriz de comutação analógica. A
voz não é digitalizada e percorre todo o caminho da ligação na forma analógica.

Foram necessários alguns anos de aprimoramento e desenvolvimento até que novas centrais
telefônicas do tipo CPA-T, capazes de realizar comutação digital temporal, passassem ser
introduzidas no sistema. Neste novo ambiente, todos os processos são digitais, incluindo os sinais
de voz. Juntamente com os avanços para transmissão digital destes sinais, as redes de
telecomunicações seguiram sua jornada rumo a digitalização.

Fig.12: Central CPA-T - controle e gerência digitalizado e matriz de comutação processa a


voz digitalizada.

A voz humana é, por natureza, um sinal analógico. Para que este sinal possa trafegar em uma rede
digital, necessita ser convertido. Para convertê-lo num sinal digital, foi adotado a técnica
denominada PCM ( Pulse Code Modulation ) - Modulação por Código de Pulso. Esta técnica
baseia-se no princípio de amostragem do sinal analógico, seguido da quantização (ajuste e
definição do valor) e representação na forma binária do sinal amostrado. Evidentemente, quanto
maior o número de amostras, maior será a fidelidade na recuperação do sinal original no seu
destino. Para o sistema de telefonia foi adotada a taxa de 8.000 amostras por segundo (8 kHz), ou
seja, quando falamos ao telefone, nossa voz é medida (amostrada) 8.000 vezes por segundo. O
valor obtido, em cada uma das medições, é convertido em um número binário, sendo então,
transmitido digitalmente a uma velocidade de 64.000 bits/s.

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Fig.13: Processo de digitalização do sinal de voz.

Embora o ouvido humano sadio seja capaz de perceber sons no intervalo de frequência que vai de
20 Hz até 20 kHz, e a voz humana seja capaz de emitir sons no intervalo de frequência que vai de
80 Hz até 12 kHz, estudos comprovaram que transmitindo as freqüências dos sinais de voz na
faixa de 300 Hz a 3.400 Hz ( G.132 e G.151 da ITU-T) seria possível um perfeito reconhecimento
das palavras pelo interlocutor (nos Estados Unidos foi adotado o intervalo de 200 Hz a 3200 Hz).
É nesta região que se concentra a maior energia do sinal. Com base neste estudo, os canais de
transmissão de telefonia foram projetados para operar com esta largura de banda, deixando
também um "intervalo de guarda" entre um canal e outro. A largura total da banda do canal de
telefonia foi então padronizada em 4.000 Hz.

O teorema de Nykist demonstra que a frequência de amostragem deve ser igual ou maior a duas
vezes a frequência máxima do sinal amostrado, para que seja possível recuperá-lo. Como vimos
acima, a frequência máxima do canal de telefonia foi padronizada em 4.000 Hz, o que resulta
numa freqüência de amostragem de 8.000 Hz (2 x 4.000 Hz). Cada amostra, após medida e
ajustada (quantizada) e convertida em um número binário de 8 bits. O resultado deste processo é
um fluxo de 64.000 bits/s (8.000 amostras por segundo x 8 bits). Este padrão é utilizado até hoje
nos sistemas de telefonia fixa. Novas técnicas de digitalização e compactação de sinais de voz
foram desenvolvidas, principalmente em razão do advento da telefonia celular e transmissão de
voz sobre IP (VoIP), que buscam maior otimização dos meios utilizados.

Fig.14: Energia do sinal de voz concentrada


na Fig.15: Energia do sinal de voz concentrada
na frequências
frequências mais baixas

Outra questão precisava ser resolvida para viabilizar o transporte das informações digitalizadas de
um ponto a outro da rede. Por razões práticas e econômicas, vários canais de voz precisariam ser

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agrupados e transmitidos, utilizando um único par de transmissores e um único meio de
transmissão. Nos sistemas analógicos, este agrupamento é realizado através de técnicas de
Multiplexação por Divisão de Freqüência - FDM ( Frequency-division Multiplex ), onde diversos
canais são agrupados em um mesmo meio para serem transmitidos, separados em faixas de
freqüências distintas. Na figura a seguir podemos observar a separação em frequência de 12 canais
para formar o que chamamos de grupo primário. Neste mesmo padrão, 5 grupos primários
podem ser reagrupados para formar um grupo secundário com 60 canais (5 x 12). Por último, 16
grupos secundários podem ser reagrupados para formar um supergrupo com 960 canais (60 x 16).

Fig.16: Formação de grupo primário FDM - São reunidos em um único meio 12 canais
analógicos de voz, separados por faixas de frequências distintas.

Fig.17: Formação de grupo secundário FDM - São reunidos em um único meio 5 grupos
primários, totalizando 60 canais de voz separados por faixas de frequências distintas.

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Fig.18: Formação de supergrupo FDM - São reunidos em um único meio 16 grupos
secundários, totalizando 60 canais de voz separados por faixas de frequências distintas.

Para os sistemas digitais, foi adotada a técnica de Multiplexação por Divisão de Tempo - TDM
( Time-division Multiplex ). Esta técnica reserva para cada canal espaços de tempo pré-definidos
( time slots ) para serem transmitidos. No Brasil, que adotou o mesmo padrão europeu para
multiplexação de sinais digitais, são reunidos grupos de 32 canais dos quais, em geral, 30
transportam voz e 2 transportam sinais de sinalização e sincronismo.

A taxa de bits necessária para transportar estes 32 canais será então 2Mbits/s (8.000 amostras por
segundo x 8 bits x 32 canais = 2.048.000 bits/s). Nas figuras a seguir podemos observar a
formação do grupo de primeira ordem TDM utilizado no Brasil e os demais níveis hierárquicos
PDH - Hierarquia Digital Plesiócrona de concentração, desenvolvidos para permitir o
agrupamento de maiores quantidades de canais.

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Velocidade de transmissão: 2Mbits/s
Canal de voz: 64 kbits/s
Amostras por canal de voz: 8000
Canais de voz: 1 a 15 e 17 a 31
Canais 0 e 16: Sincronismo e Sinalização

Fig.19: Formação de um sistema de primeira ordem TDM - Na composição acima, também


conhecida como MCP-30, 30 canais de voz são digitalizados e agrupados em um único meio,
separados em intervalos de tempo de aproximadamente 3,9 m s (time slots).

Fig.20: Processo de multiplexação TDM em seus vários níveis hierárquicos de agrupamento


PDH - Hierarquia Digital Plesiócrona.

Com tantas pesquisas voltadas para os sistemas de telecomunicações, no auge da guerra fria,
também a área de comunicação de dados passa a merecer maior atenção. Com a possibilidade
constante de um conflito nuclear em escala global, havia nos EUA a preocupação em montar um

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sistema logístico auxiliado por computadores que concentrasse toda a informação estratégica, mas
que não fosse vulnerável a um único ataque. A solução encontrada foi distribuir os recursos de
computação por todo o país, mantendo-os interligados na forma de uma grande rede, mas de tal
modo que a destruição de alguns componentes não impedisse o funcionamento dos restantes. Uma
rede de computadores em que nenhum site isoladamente fosse vital para todo o sistema. Foi assim
que, em 1969, o Department of Defence dos EUA inaugurou a Arpanet, uma rede de pacotes
constituída inicialmente de apenas 4 nós, interligando centros de pesquisa, algumas bases militares
e órgãos do governo. A interligação dos nós era realizada através de circuitos de 56 Kbits/s e
utilizava protocolo NCP - Network Control Protocol . Tornou-se popular entre os pesquisadores
devido a facilidade de intercâmbio de informações através de correio eletrônico e outros serviços.

Na rede do ARPA ( Advanced Research Projects Agent ) foi, pela primeira vez, implementada e
experimentada a tecnologia de comutação de pacotes. Outra inovação foi o método de divisão em
camadas funcionais das tarefas de comunicação entre as aplicações residentes em computadores
distintos, interconectados por meio de rede, criando-se o conceito básico de Arquitetura de Rede
de Computadores. O projeto ARPA foi pioneiro na criação de protocolos de transporte. Dentro de
seu escopo foi projetado e implementado o nó de comutação de pacotes e foram elaborados
mecanismos para controle de fluxo, confiabilidade e roteamento.

Nessa época, foram também desenvolvidos e entraram em funcionamento os primeiros protocolos


de aplicação, dentre os quais o protocolo de transferência de arquivos FTP - File Transfer
Protocol e o protocolo de terminal virtual Telnet, ambos amplamente utilizados nos dias atuais.

Já no segmento das comunicações móveis dessa época, a possibilidade de expansão do uso do


serviço móvel celular passou de fato a existir quando, em 1968, grandes companhias propuseram
um sistema similar ao que conhecemos hoje, utilizando várias torres ( estações rádio base ) que
atenderiam os usuários de pequenas áreas ( células ). Quando os usuários se deslocassem de uma
região para outra ( handoff ou roaming ), o sinal seria provido por outra torre mais próxima. Este
modelo, porém, só começaria ser implementado alguns anos mais tarde. Dentro deste conceito, um
conjunto de células adjacentes pode ser controlado por uma única CCC - Central de Comutação e
Controle, conforme ilustrado na figura a seguir.

Fig.21: Topologia celular móvel atual - conjuntos de células são agrupados e controlados por
uma ou mais CCC - Central de comutação e Controle.

Em 1969, as facilidades de seleção automática de canal e de discagem pelo usuário, introduzidas


no sistema móvel MJ (150Mz), foram estendidas para os sistemas que operavam na faixa de 450
MHz, que passaram a ser chamados de sistemas MK. Estes sistemas, o MJ e MK, foram os

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embriões do sistema IMTS ( Improved Mobile Telephone System ). Os sistemas IMTS operavam,
quase todos, segundo alguns padrões que se formaram ao longo do tempo. Esses padrões eram
aproximadamente o seguinte: "um transmissor potente instalado em algum lugar próximo ao
centro da área a ser coberta, em local bem elevado, para que os sinais recebidos dos usuários
móveis estivessem bem acima do nível local de ruído.

Para cada canal a potência de saída do transmissor ficava na faixa de 200 a 250 W, e com o uso de
antenas diretivas, no plano vertical, podia-se elevar a potência efetivamente irradiada para algo da
ordem de 500 W. Tais sistemas tinham uma área de cobertura com raio de 30 a 40 Km e, embora a
esta distância o nível de sinal recebido no móvel fosse muito baixo, era suficiente para interferir
em outro sistema que operasse na mesma faixa de frequências. Desta forma um sistema tinha que
estar afastado dos outros mais de 200 Km e, mesmo assim, só os móveis próximos do transmissor
central podiam se considerar livres de interferência. O grande fator limitador para expansão
sempre foi a escassez de espectro de frequência. Com o espectro disponível até a década de 70,
tínhamos não mais do que 54 canais em todas as faixas de operação, o que não permitia aumentar
as dimensões da rede, o que diminuiria os custos". ( http://www.gta.ufrj.br )

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Crescimento da Telefonia Digital e das Redes de Com. de Dados

Com a digitalização prometendo muitos avanços para a telefonia fixa e móvel, além de outros
segmentos tecnológicos, as pesquisas com sistemas ópticos assumiram definitivamente uma
posição de destaque nos meios científico e industrial. Em 1970, nos laboratórios da empresa
Corning Glass Works, nos Estados Unidos, foram obtidas fibras com atenuação abaixo de
20db/km, muito superior em qualidade aos valores de atenuação obtidos em 1966, que eram da
ordem de 3000db/km. Com tamanha evolução, apesar de ser considerada uma perda ainda elevada,
despertou grande interesse das empresas de telecomunicações. Esta fibra possuía perfil degrau
com comprimento de onda de 0,63 mm.

Em 1972, ano de criação da Telebrás, foi obtida na Inglaterra, fibra óptica de perfil gradual com
atenuação típica de 4 db/km e largura de banda de 1 Ghz.km. Também na Inglaterra, em 1975
iniciaram estudos de novos comprimentos de onda para transmissão óptica. Neste ano teve início
no Brasil, através da Telebrás, pesquisas sobre fibra óptica, objetivando a fabricação com
tecnologia nacional. Nessa época os sistemas de rádio microondas analógicos (SHF), operando
tipicamente em 6GHz e 8GHz já eram bastante utilizados em sistemas de transmissão de longa
distância e alta capacidade, na maioria das regiões.

De volta para os sistemas de comunicação móveis, em 1974, o FCC (Federal Communications


Commission) regulamentou a faixa para telefonia celular. Em 1975 a operadora Illinois Bell
recebeu autorização para desenvolver seu sistema, surgindo então, o AMPS ( Advanced Mobile
Phone System ), que se baseia em um conceito realmente diferente de seus antecessores, o conceito
de sistema celular. O AMPS foi adotado no Brasil pelas operadoras nos primeiros sistemas de
telefonia celular analógica. Neste estágio de evolução da telefonia celular no Brasil, o conceito de
analógico está relacionado somente à voz e restrito ao trecho que compreende a estação rádio base
(torre de transmissão) e o usuário móvel, o qual chamamos de interface aérea. Todos os demais
segmentos são digitais, incluindo a interligação da estação rádio base com a CCC (Central de
Comutação e Controle).

Do outro lado do mundo, em 1978, entra em operação a telefonia celular no Japão. Nos Estados
Unidos o uso comercial só veio de fato acontecer em 1983, em Chicago, quando a empresa
Ameritech disponibilizou o serviço comercialmente.

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Fig.22: Sistema AMPS - controle e gerência digitalizado, matriz de comutação digital e
interface aérea analógica.

No segmento das redes de comunicação de dados, o ARPA ( Advanced Research Projects Agent ),
responsável pelo desenvolvimento do Arpanet, continuava suas pesquisas para desenvolver um
conjunto de protocolos inter-redes, que acabou eventualmente levando ao TCP/IP, em 1974, que
tomou sua forma atual por volta de 1978.

Na mesma época, os grandes fabricantes de equipamentos de processamento de dados criaram seus


próprios métodos para integrar em rede seus respectivos produtos."Surgiram, assim, as chamadas
arquiteturas proprietárias: primeiro, com a IBM, que lançou a arquitetura SNA ( Systems Network
Architecture ); depois, com a Digital e a sua arquitetura Decnet, e várias outras. Para as entidades
especializadas em venda de serviços de telecomunicações abriu-se um novo mercado: a oferta de
serviços de comunicação de dados por meio do fornecimento de uma estrutura de comunicação,
denominada sub-rede, baseada funcionalmente no princípio de comutação de pacotes. O CCITT (
Consultive Committee for International Telegraph and Telephone ) elaborou documentos que
permitiram que esses serviços fossem padronizados, a partir dos quais publicou, em 1976, a
primeira versão da Recomendação X.25, propondo a padronização de redes públicas de pacotes". (
TCP/IP Tutorial e Técnico)

Em 1978, uma abordagem sobre padrões abertos alternativos estava sendo estudada pelo CCITT (
Comitê Consultatif International Telephonique et Telegraphique) e a ISO ( International
Organization for Standardization ). O CCITT tornou-se mais tarde o ITU-T ( International
Telecommunications Union - Telecommunications Standardization Sector ). Este trabalho,
concluído em 1984, resultou no Modelo de Referência OSI ( Open Systems Interconnect ) que
definiu o modelo de sete camadas para comunicação de dados. As camadas estabelecidas são:
física, enlace, rede, transporte, sessão, apresentação e aplicação. Na comunicação entre máquinas,
cada camada desta estrutura "conversa" com sua correspondente, recebendo informações da
camada imediatamente inferior e enviando informações para a camada imediatamente superior. A
figura a seguir ilustra este padrão.

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Fig.23: Modelo OSI ( Open Systems Interconnect ) de sete camadas.

Também estruturado em camadas ( três camadas), em 1979, foi introduzido o padrão IP versão 4
(Ip-v4). Já as primeiras implementações reais da Internet ( interconnected network ) se deram em
1980, quando o ARPA ( Advanced Research Projects Agent ) começou a converter as máquinas da
sua rede de pesquisa (Arpanet) para usar os novos protocolos TCP/IP. Em 1983, terminada a
transição, o ARPA exigiu que os computadores que desejassem se fazer conexão, usassem TCP/IP.
O TCP/IP foi incluído no BSD Unix, que era um sistema operacional utilizado por quase todas as
universidades por ser distribuído para elas quase sem custos. Devido a esta facilidade, as
universidades começaram a se ligar em massa ao Arpanet, que passou a ser a espinha dorsal (
backbone ) deste grande conjunto de redes de computadores, que veio a ser conhecido então como
Internet. Deste ponto em diante a Internet começa a crescer muito rapidamente. Ao final dos anos
80 o ARPA dá por concluída a experiência com o Arpanet. Cabe ao NSF ( National Science
Foundation ) a construção de um novo backbone, mais moderno e com maior capacidade, o
NSFNET. A esta altura, a Internet era predominantemente acadêmica, embora continuasse a ser
utilizada pelas agências governamentais, civis e militares. Milhares de computadores já estavam
conectados à Internet, tornando disponível uma massa inimaginável de dados e informações. Cada
especialista em cada campo científico e tecnológico estava acessível via correio eletrônico, bem
como os dados resultantes de suas pesquisas.

Enquanto protocolos padrões e proprietários disputavam o mercado de comunicação de dados, no


segmento de transmissão óptica de sinais digitais, estavam sendo obtidas no Japão fibras com
atenuação de apenas 0,47 db/km, utilizando comprimento de onda de 1,3 mm. Em 1979, os
japoneses obtiveram um valor de atenuação ainda menor, de apenas 0,2 db/km no comprimento de
onda de 1,55 mm.

Paralelamente ao crescimento da Internet no meio acadêmico, tornam-se disponíveis


comercialmente no Brasil, em 1980, fibras ópticas com atenuação de 3db/km, utilizando
comprimento de onda de 0,85 m m. Dois anos mais tarde, estava sendo implantado o primeiro
enlace óptico no Rio de Janeiro, interligando as estações da Cidade de Deus e Jacarepaguá,
utilizando fibra produzidas nos laboratórios da Telebrás.

Ainda nos anos 80, os avanços das operadoras de telefonia no Brasil passaram a ser mais
acentuados e visíveis no segmento das centrais digitais CPA-T de grande porte, incluindo centrais
trânsito de alta capacidade, responsáveis pela interligação de centrais locais e também de outras
trânsitos. O CPqD, centro de pesquisas da Telebrás, desenvolveu tecnologia nacional para
fabricação de centrais digitais de pequeno porte, Trópico-R, e de grande porte, Trópico-RA. Antes

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do surgimento das centrais Trópico-RA, a grande maioria dos equipamentos fornecidos por
multinacionais eram importados. Um terminal telefônico digital chegava a custar para as
operadoras mais de US$ 1.000,00 (sem a rede de acesso). Com a concorrência da tecnologia
nacional, o preço "desabou" no mercado interno, chegando rapidamente aos de US$ 400,00,
inimagináveis naquela época. Depois disso os preços continuaram caindo, conforme pode ser visto
no gráfico a seguir.

Fig.24: Redução dos preços por acesso digital com a entrada da Trópico-RA
Fonte: FAPESP

Com estes avanços, o sistema de telefonia passou a conviver com um grande número de centrais
analógicas e digitais na mesma rede, até os dias de hoje, num processo gradual de congelamento e
redução das centrais analógicas e de incremento progressivo das centrais digitais. No início,
devido a característica híbrida muito acentuada da rede, uma chamada telefônica sofria seguidas
conversões analógico/didital/analógico para seu estabelecimento, gerando maior degradação no
sinal. Em 2002 o Brasil já contava com 98,3% dos terminais telefônicos conectados a centrais
digitais.

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Fig.25

Até março de 2004, o índice de digitalização alcançado pelo Brasil era de 98,85% da planta
nacional de telefonia (fonte: Anatel). Os principais motivadores para a aceleração do processo de
digitalização das centrais telefônicas foram:

Para as operadoras:

• Redução significativa do espaço necessário para acomodar os equipamentos.


• Maior rapidez no processo de instalação.
• Redução dos preços dos terminais digitais no mercado nacional.
• Ativação de novos serviços e programações por software.
• Liberação de grandes áreas, quando da desativação de equipamentos analógicos.
• Facilidade e redução de custos para operação e manutenção.
• Possibilidade de gerência remota e centralizada.
• Novos serviços agregados, não disponíveis nas analógicas.
• Considerável economia de energia elétrica.

Para os usuários:

• Maior qualidade nas ligações, mesmo de longa distância.


• Maior velocidade na discagem e completamento das chamadas.
• Introdução de novas facilidades, só possíveis anteriormente em PABX digitais a exemplo
do: siga-me, chamada em espera e conferência.

Para compreendermos um pouco mais o ambiente da telefonia, vamos fazer aqui uma "pausa" para
conhecer os tipos de sinalizações que envolvem o completamento de uma chamada telefônica:

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Sinalização interna - corresponde as trocas de informações internas (controle) da central e que em
geral são proprietárias, ou seja, particular de cada fabricante e portanto não será objeto de nossa
avaliação.

Sinalização acústica - corresponde aos sinais (audíveis) fornecidos pela central telefônica que
auxiliam o usuário a iniciar e completar uma chamada telefônica, são elas:

• Tom de discar - sinal senoidal contínuo de 425 Hz - informa ao usuário para iniciar a
discagem.

Fig.26
• Tom de controle de chamada - sinal senoidal intermitente de 425Hz, com duração de 1s e
interrupção de 4s sucessivamente. Informa ao usuário que originou a ligação, que o
telefone do usuário para o qual a ligação foi direcionada esta "tocando".

Fig.27
• Tom de ocupado - sinal senoidal intermitente de 425 Hz, com duração de 250ms e
interrupção de 250ms sucessivamente. Informa ao usuário que originou a ligação que o
telefone do usuário para o qual a ligação se destina está ocupado.

Fig.28

• Tom de número inacessível ou inexistente - sinal senoidal intermitente de 425Hz com


durações alternadas de 750ms e 250ms em intervalos de 250ms, sucessivamente. Informa
ao usuário que efetuou a ligação que o número discado não existe ou esta inacessível
naquele momento.

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Fig.29
• Tom de toque de chamada - sinal elétrico senoidal intermitente de 25Hz e tensão de
75Volts com duração de 1s e intervalo de 4s. - possibilita que o telefone toque.

Fig.30

Para completar o conjunto de sinais acima descritos, será necessário ainda definir os mecanismos
de sinalização que compõem o processo de discagem na telefonia convencional. Existem duas
formas de envio do número discado pelo usuário para a central telefônica:

• Discagem decádica - A discagem com aparelhos telefônicos decádicos é realizada através


de pulsos inseridos na linha, correspondentes as cifras tecladas. Numero 1 - 1 pulso,
número 2 - 2 pulsos e assim sucessivamente. O número zero é enviado através de 10
pulsos.

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Fig.31: Processo de discagem com aparelho telefônico decádico - quando o usuário suspende o
monofone, o contato que fica sob o gancho se fecha, fazendo circular corrente na linha
alimentada com 48 V provenientes da central telefônica. A central conecta o dispositivo
denominado registrador, que é capaz de reconhecer os pulsos decádicos, armazenando os
números discados para processamento da ligação.

• Discagem Multifrequencial - A discagem com aparelhos telefônicos multifrequenciais é


realizada através do envio de pares de freqüências. Cada par de freqüências transmitidas
representa um número do teclado. Na figura a seguir, podem ser observadas as freqüências
correspondentes a cada número. O número 5, por exemplo, no momento que for teclado,
será transmitido sobre a linha através da combinação das freqüências 770Hz e 1336Hz.

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Fig.32: Processo de discagem com telefone multifrequencial - quando o usuário suspende o
monofone, o contato que fica sob o gancho se fecha, fazendo circular corrente na linha
telefônica alimentada com 48V provenientes da central telefônica. A central conecta um
registrador capaz de reconhecer as frequências e armazenar os números teclados.

Para ativar ou utilizar um serviço nas centrais telefônicas digitais, a exemplo de facilidades como o
"siga-me", o usuário necessariamente deverá possuir um aparelho multifrequencial, pois utilizará
também as teclas "* " e "# " que, neste aparelhos, enviam sinais para a central necessários a
programação destes serviços.

Nos aparelhos decádicos, estas teclas possuem apenas funções internas do aparelho: limpeza da
memória e rediscagem do último número discado, respectivamente. Há muito tempo os aparelhos
telefônicos comercializados, possuem uma chave de programação que permite ajustá-lo para
decádico ou multifrequencial.

Sinalização externa - corresponde ao padrão de sinalização necessário à comunicação entre


centrais telefônicas, permitindo o encaminhamento de uma chamada desde a central de origem até
a central de destino. Depois de estabelecido todo o caminho por onde a ligação se completará, o
canal de voz é liberado para conversação entre os usuários. O processo de sinalização ocorre na
verdade em dois estágios distintos:

• Sinalização de Linha - utilizada pela central telefônica para marcação e reserva, conexão e
desconexão ponto a ponto, do canal de voz, em cada trecho da rede. Esta sinalização é
estabelecida através de sinais elétricos, frequências ou pulsos. Serve também para
informar que o assinante atendeu a chamada, disparando a tarifação.

• Sinalização de Registrador - Troca de informação entre as centrais, ponto a ponto, em cada


trecho da rede. Esta sinalização permite que a central de origem informe a central à frente
o número para o qual a ligação se destina. Pode informar também o número de quem esta

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ligando quando solicitado pela central à frente. Esta condição é comum em ligações
interurbanas ou quando o usuário de destino possui identificador de chamada. Cada sinal
ou cifra é representado pela combinação de frequências que são enviadas pelo canal de
voz durante o processo de completamento da ligação.

O Brasil padronizou, em 1968, a sinalização R-2 para utilização na rede nacional. A sinalização R-
2 é do tipo multifrequencial compelida (MF-C). Devido a necessidade de adaptar esse tipo de
sinalização aos equipamentos telefônicos existentes na época, com sinalização multifrequencial
diferente da R-2, foram criadas variantes denominadas 5B e 5C, que permitiram a passagem
gradual dos equipamentos em funcionamento para sinalização R-2. Posteriormente, devido a
utilização de comunicação via satélite na rede nacional de telefonia e com o objetivo de minimizar
os tempo de propagação nos enlaces deste satélites, foi desenvolvida a sinalização 5S que é
basicamente a 5C, diferenciando-se pelo fato da sinalização de registrador não ser compelida.

Com o advento das centrais digitais, desenvolveu-se a sinalização R-2 Digital que mantém as
características da sinalização de registrador da R-2 e utiliza o canal 16 da estrutura multiquadro
para realizar a sinalização de linha. Atualmente é mais comum seu uso na interligação de centrais
públicas de pequeno porte ou PABX-DDR de grande porte à rede pública.

Sinalização por Canal Comum - SS#7 - Especificada pelo CCITT (ITU-T) a partir de 1980
representou sensível evolução no processo de sinalização entre centrais telefônicas. A SS#7 é na
verdade um protocolo de comunicação de dados, especificamente projetado para sinalização
telefônica em redes digitais. Utiliza canais de sinalização 64 Kbits/s, capaz de controlar, na prática,
em torno de 1550 canais de voz. A sinalização por canal comum pode ser utilizada ponto a ponto
ou ser processada através de uma rede específica de sinalização, servindo a todo conjunto de
centrais digitais do sistema de telefonia. O uso da sinalização por canal comum permitiu a
introdução na rede telefônica serviços de rede inteligente (ex: telefone pré-pago e 0800 avançado)
e serviços RDSI - Rede Digital de Serviços Integrados.

Depois desta "breve pausa" para falarmos sobre sinalização telefônica, retomamos nossa jornada
evolucionária a partir da década de 80, quando, em 1984, inicia-se no Brasil a produção de fibras
ópticas com tecnologia (repassada pelo CPqD) e mão de obra totalmente nacionais, através da
ABC-XTAL de Campinas. O modelo produzido apresentava atenuação de 3db/km e largura de
banda maior que 250 MHz.km para comprimento de onda de 0,85 mm.

Com o crescimento da digitalização, surgem também nos anos 80 os primeiros rádios microondas
digitais, utilizando técnicas de modulação de amplitude em quadratura (QAM), operando na faixa
de 5 GHz. Mesmo com o aparecimento de rádios digitais, a transmissão de sinais utilizando como
meio a fibra óptica, tornou-se ao longo dos anos cada vez mais atraente, tanto para curtas como
para longas distâncias. Este fato ocorreu não só pela suas características de imunidade a ruído,
altamente desejado em sistemas digitais, mas principalmente, pelo barateamento dos cabos,
redução da atenuação e o aperfeiçoamento dos acopladores, emissores e receptores ópticos. Este
segmento evoluiu a tal ponto que hoje, a multiplexação de sinais em hierarquias mais elevadas,
ocorre utilizando-se dezenas de comprimentos de onda na mesma fibra, através da multiplexação
por comprimento de onda em alta densidade DWDM ( Dense Wavelenght Division Multiplexing ).

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Cada comprimento de onda é capaz de transportar uma estrutura STM -64 com taxa de 10 Gbits/s,
que correspondente a 129.024 canais telefônicos. Implementações práticas com 80 comprimentos
de onda transportam 800 Gbits/s, ou seja, se fossem utilizados apenas para transmissão de voz,
poderiam transportar 10.321.920 canais de telefonia simultaneamente.

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Digitalização da Última Milha

Com a digitalização a "pleno vapor", entra em operação no Brasil, em 1990, o serviço de telefonia
celular. A primeira cidade a usar o serviço foi o Rio de Janeiro, seguida por Brasília. A telefonia
celular crescia exponencialmente em todo o mundo e o congestionamento de freqüências forçou a
indústria a estudar alternativas tecnológicas. Daí surgiu, em 1991, a tecnologia digital TDMA
Interim Standard 54 ( Time Division Multiple Access ). Outras tecnologias digitais foram
desenvolvidas, como a TDMA IS-136, a CDMA IS-95 ( Code Division Multiple Access ) e a GSM
( Global System for Mobile Communications ), esta última adotada como padrão da União
Européia, ao passo que as duas primeiras são ainda as mais usadas pelos americanos.

Em São Paulo, considerado o último dos grandes mercados do mundo, o serviço móvel celular foi
inaugurado em 6 de agosto de 1993 numa área de concessão que envolveu 620 municípios, sendo
64 em sua região metropolitana e 556 no Interior. Em 1998 entram em operação os primeiros
celulares digitais em São Paulo. Neste mesmo ano, em 29 de Julho, foi realizado leilão da
Telebrás.

Enquanto na área de telefonia, a celular era a nova vedete no Brasil, no mesmo ano de sua
inauguração foi formada a RNP (Rede Nacional de Pesquisa), com o objetivo de coordenar a
construção de um backbone nacional, interligando as maiores universidades brasileiras entre si e a
NSFNET. Foram instalados canais de dados a 64 kbits/s entre as principais universidades,
nascendo assim a Internet acadêmica brasileira. Em 1993 foi lançado o primeiro navegador
gráfico, o Mosaic, que contribuiu ainda mais para atrair usuários da rede devido as facilidades
agregadas pela ferramenta.

Nesta época, os computadores tornavam-se cada vez mais baratos e proliferavam nas
universidades e órgãos governamentais. Conseqüentemente, os custos de manutenção e ampliação
do backbone da NSFNET, tornavam-se cada vez maiores, devido ao crescimento acelerado da
demanda por canais de dados, que pudessem dar vazão ao tráfego da Internet, a ponto de colocar
em risco sua viabilidade. Por outro lado, crescia a pressão das empresas e indivíduos não ligados a
universidades pelo direito ao acesso à Internet. Estudantes habituados a utilizar a Internet perdiam
este recurso valioso ao se formarem. Em maio de 1995, formou-se o Comitê Gestor Internet/Brasil
com a finalidade de coordenar e disciplinar a implantação da Internet comercial no Brasil. Em
função desta abertura, m uito embora a Internet tenha sido desenvolvida com objetivo principal de
promover comunicação aberta entre instituições de pesquisa e acadêmicas, a grande maioria dos
servidores conectada atualmente, é de natureza comercial.

Com a Internet comercial ganhando força e toda a infra-estrutura de telefonia em processo


avançado de digitalização (centrais telefônicas e sistemas de transmissão), os acessos dos usuários
ao sistema (última milha), quase que na totalidade, permaneciam analógicos. Essa situação havia
sido modificada apenas para soluções de atendimento a clientes de grande e médio porte, através
de fibras ópticas e links de rádio digitais. Para os atendimentos com fibra, tornou-se comum o uso
de enlaces PDH, SDH ou de modems ópticos. A solução mais indicada deve levar em conta custo,
capacidade e confiabilidade desejada.

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Os sistemas compactos de SDH, modem-óptico e rádios digitais de baixa capacidade são utilizados
tanto para voz como para comunicação de dados. Sistemas de rádio-modem são direcionados, de
maneira geral, para circuitos de comunicação de dados.

Outra forma de atendimento, que possibilita a comunicação digital de última milha, é a utilização
de terminais RDSI - Rede Digital de Serviços Integrados (ISDN - Integrated Services Digital
Network ). Esta tecnologia permite que centrais digitais sejam equipadas com linhas de assinantes
(acesso básico) com capacidade de transmissão de 2 canais de 64Kbits/s, mais um canal de
sinalização de 16 Kbits/s (2b+d). Equipamentos de maior porte podem ser interligados através de
um ou mais acessos RDSI de 2Mbits/s (acesso primário).

Fig.33: Acesso básico RDSI (Rede Digital de Serviços integrados), simplificado - o usuário tem
a disposição 2 canais de 64 kbits/s, podendo utilizá-los dinamicamente para duas chamadas
telefônicas simultâneas ou, para uma chamada telefônica e uma conexão de dados a 64 kbits/s
ou, até mesmo, para uma conexão de dados a 128 kbits/s utilizando os dois canais disponíveis .

Grandes e novos avanços para a digitalização dos acessos de última milha, foram possíveis graças
ao desenvolvimento da tecnologia DSL - Digital Subscriber Line, viabilizando o uso da rede
metálica existente para transmissão de taxas cada vez mais elevadas. Como exemplo disto, a
introdução de modems HDSL veio permitir às operadoras a digitalização de clientes de médio e
pequeno porte a custos extremamente reduzidos. Na tabela a seguir podemos observar algumas
características dos principais produtos da família DSL.

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Fig.34: Produtos da família DSL Digital Subscriber Line - para cada aplicação uma das
alternativas acima poderá ser utilizada. Na medida em que a distância aumenta, a taxa de
transmissão diminui em relação ao valor máximo informado na tabela.

Outra aplicação, fazendo uso ainda mais intenso da tecnologia DSL pode ser observada através do
aumento crescente dos acessos banda larga através de conexões ADSL, comercializados pelas
operadoras de telecomunicações. Estes acessos permitem potencialmente, além da navegação na
Internet com maior velocidade, a disponibilização de novos serviços multimídia para seus
usuários. Na figura a seguir podemos observar algumas características do padrão DMT - Discrete
MultiTone utilizado nas conexões ADSL.

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Fig.35: Padrão DMT - o ADSL compartilha do mesmo par metálico usado pelo telefone. As
frequências que separam voz e dos dados podem ser visualizadas nesta figura, utilizando aqui
o padrão DMT - Discrete MultiTone. Neste padrão um conjunto dinâmico de subportadoras é
utilizado para transmitir o sinal digital.
Fonte: NEC

Neste ponto encerramos nossa "rápida" reflexão sobre os dois primeiros ciclos evolutivos,
considerando o gigantesco e variado universo de que é formado o segmento das telecomunicações
no mundo. Diante do que vimos podemos dizer que, c om as redes de telecomunicações
digitalizadas quase que na sua totalidade, os principais legados para o próximo ciclo são:

• Uma rede de telefonia fixa de ótima qualidade, altamente confiável e segura, agregando
maior grau de flexibilidade através dos conceitos e serviços de rede inteligente.
• Uma estrutura mundial de comunicação de dados integrada através da Internet, utilizando o
mundialmente aceito protocolo de comunicação de dados IP, que em sua nova versão (Ip-
v6) permitirá também, uma maior capacidade de endereçamento.
• Uma rede de telefonia móvel celular, que no Brasil já supera em quantidade de terminais a
rede fixa, e uma gama sem precedentes de serviços e tecnologias de comunicação de
dados wireless.

Podemos observar ainda que, c om o nível atual de digitalização dos sistemas de


telecomunicações, a separação das redes de comunicação de dados das redes de telefonia, esta
agora apenas no modo de transportar os serviços (circuito na telefonia e pacote na comunicação de
dados), pois em termos de funcionamento, ambas as redes possuem equipamentos digitais
controlados por software. Essa separação torna os custos operacionais mais elevados, porque acaba

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forçando a criação de estruturas separadas também para a gerência, aprovisionamento,
configuração e manutenção dos serviços. Outra questão importante reside nos investimentos para
expansão dos sistemas. Novamente uma multiplicação (ou divisão) de recursos precisa ser
realizada para contemplar dois backbones distintos, além do que, a eventual disponibilidade de
recurso em um backbone não pode ser usada para adequar a deficiência do outro, impedindo um
melhor controle de ociosidade momentânea de recursos. Um exemplo atual desta ociosidade pode
ser observado pela quantidade de linhas telefônicas disponíveis devido a saturação do mercado de
telefonia em algumas regiões. Se estas portas de acesso estivessem alocadas numa rede
multisserviços (estrutura única), poderiam ser utilizadas em outras soluções demandadas pelo
mercado.

No modelo de convergência que se encaminha, a telefonia passará a ser apenas mais um serviço
dentro da estrutura de comunicação de dados, aliás, já há algum tempo estão disponíveis no
mercado soluções localizadas que utilizam voz sobre IP (VoIP) ou voz sobre Frame Relay.

Vamos então dar uma olhada um pouco mais de perto em algumas das características desta nova
arquitetura de rede, que deverá passar por um modelo híbrido até que todos os serviços tenham
convergido, dispensando, no futuro, a utilização de equipamentos intermediários (gateway de
mídia e gateway de sinalização).

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A Nova Rede

A convergência total das redes de telecomunicações tem como base tecnológica plataformas NGN
( Next Generation Networks ). Neste ambiente, todo o transporte de informações utiliza uma só
estrutura de backbone e um só protocolo básico para transmissão de informações na rede. Se as
redes de telefonia fossem criadas hoje, poderiam ser estabelecidas diretamente dentro desta nova
arquitetura, mas, como sabemos, essa não é nossa realidade, as redes de telefonia já estão conosco
há mais de cem anos. Por outro lado, os serviços de comunicação de dados estão completamente
adaptados ao novo modelo e, portanto, apenas seguirão seu curso natural de evolução.

O maior desafio será certamente, transferir, pouco a pouco, o transporte e a gerência das
comunicações que utilizam canais dedicados para as redes de comunicação de pacotes. Novamente
iremos passar por um período híbrido, só que agora num ambiente totalmente digital. A
característica híbrida neste ciclo está localizada na forma de transportar as informações, que ao
final deverá ser somente em modo pacote. Para que isto seja possível, uma arquitetura de NGN
destinada a viabilizar este esforço está sendo proposta e implementada pelas operadoras em todo o
mundo.

Dentro da nova estrutura, cuidados especiais deverão ser tomados para garantir a qualidade dos
serviços disponibilizados, principalmente para aplicações sensíveis a atraso (característico das
redes de pacotes), a exemplo das ligações telefônicas e serviços de vídeo conferência. Novos
conjuntos de protocolos foram especialmente desenvolvidos para permitirem que estes serviços
possam transitar no adequadamente no ambiente NGN, e outros, para permitir a convivência dos
sistemas atuais de telefonia com a nova rede, resultando na estrutura híbrida que mencionamos
anteriormente. A figura a seguir ilustra alguns exemplos de conexões, elementos de rede e
protocolos, desenhados para a plataforma NGN.

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Fig.36: Arquitetura NGN - durante o processo de convergência, as redes de telefonia, fixas e
móveis, poderão integrar-se a nova arquitetura auxiliadas pelas gateways de tronco, gateway
de linha e gateway de sinalização.

Com os atuais níveis de desenvolvimento tecnológico, digitalização dos sistemas de telefonia fixa
e móvel, e principalmente, com o crescimento e padronização mundial das redes de comunicação
de dados, o cenário tecnológico para o ciclo da convergência total está preparado. As questões
agora vão estar mais fortemente ligadas ao mercado e a recuperação dos investimentos já
realizados nas redes atuais, indicando uma transição gradual, tal como foi com a digitalização do
sistema e que levou pouco mais de quarenta anos para chegar aos níveis atuais.

Minha previsão é de que o novo ciclo que começa estará concluído em aproximadamente 14 anos.
Este é apenas um exercício de previsão, com base nos dois ciclos anteriores, conforme demonstra
o gráfico a seguir. Também com base na observação dos ciclos anteriores, podemos prever que a
virada na curva de crescimento (ponto de maior impulso) poderá ocorrer próxima a 2010.

Esta virada na curva de crescimento está relacionada com os seguintes fatores, da mesma forma
como ocorreu no ciclo da digitalização:

• O tempo necessário para maturação da nova tecnologia, envolvendo confiabilidade,


segurança e estabilidade;
• A redução gradual dos preços do hardware e software envolvidos;
• A busca de competitividade e novos serviços pelos provedores;
• O retorno financeiro dos investimentos já realizados com a atual tecnologia;
• Inversão aguda dos custos de manutenção, ou seja, o custo para manter e reparar a nova
rede começa a ficar muito inferior aos custos de manutenção da rede antiga.

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Fig.38: Projeção do terceiro ciclo - Convergência Total Plataformas

Através de estudos mais detalhados e precisos dos ciclos anteriores, da observação individual de
cada um dos fatores acima descritos e do grau de convergência destes fatores (quanto maior, mais
próximo do ponto de impulso), será possível ajustar mais precisamente os diversos pontos chaves
do gráfico, melhorando os resultados teóricos da curva de previsão.

Referências

• TCP/IP Tutorial e Técnico - Martin W. Murhammer - Editora Makron Books;


• Sinalização Telefônica Promom Ed. 1.0, novembro de 1993;
• RTI Redes, Telecom e Instalações - Nº 29 -outubro 2002;
• Siemens Aktiengesellschaft - Equitel - Introdução a Comutação Digital;
• RNT - Revista Nacional de Telecomunicações - Nº 228 - agosto 1998.
http://www.fisica.ufc.br

http://www.radiojornalismo.com

http://www.epub.org.br

http://www.ifi.unicamp.br

http://www.allameda.com.br

http://www.teleco.com.br

http://www.ene.unb.br

http://www.jornalismo.ufsc.br

http://www.cg.org.br

http://www.fisica.ufc.br

http://www.mc.gov.br

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A Nova Rede
Teste seu Entendimento

1) A principal diferença entre uma central CPA-A e outra CPA-T é:

Não existe diferença;

O sinal de voz comutado na CPA-A é analógico e na CPA-T é digital;

A CPA-A é analógica e a CPA-T é digital;

As duas centrais são totalmente analógicas.

2) A Arpanet:

Era uma rede de telefonia analógica;

Era uma rede de telefonia digital;

Era uma rede de comunicação de dados por pacotes;

Não era uma rede.

3) A significativa redução dos preços dos terminais telefônicos digitais ocorrida no Brasil a
partir de 1990 foi devido:

A concorrência internacional das multinacionais do setor;

A desvalorização do dólar;

Não houve redução nesta época;

Pela entrada nas licitações da Trópico-RA com tecnologia nacional desenvolvida no CPqD.

4) Uma das características da NGN é:

Utilizar comutação de pacotes para transporte de informações;

Integrar todos os serviços em uma mesma rede;

Dar maior flexibilidade para criação de novos serviços;

Todas as alternativas acima.

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