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· FÉRIAS E ORÇAMENTO

· Ora muito bem. Presume-se que esta é a época de férias, por excelência, da
maioria dos portugueses. Por força da lei, e salvo alguns casos excepcionais, o
cidadão trabalhador por conta de outrem não pode renunciar aquele santo direito.
Se as goza, como seria normal que o fizesse depois de um ano de trabalho, isso
são outros quinhentos.

· Mas não é a questão legal que hoje aqui nos traz. É a questão económica. Ou
seja, a questão do pilim. O orçamento familiar aguentará as despesas
extraordinárias de umas férias mais ou menos gozadas, para já não dizer “à
grande e à francesa” ?

· Segundo as estatísticas, as férias, em Portugal e às portas do séc. XXI, são


ainda uma miragem para uma grande parte da nossa população. É que o rigor
orçamental doméstico impõe sérias restrições no capítulo das despesas e o ano
ainda vai a meio. A menos que circunstâncias extraordinárias de curtíssimo prazo
possam permitir aliviar um pouco o cinto e fazer umas flores, como seja um
chequezito de reembolso de IRS ou um qualquer subsídio a fundo perdido.

· Se assim não for, o leitor deve habituar-se à ideia que o orçamento familiar tem
regras semelhantes às do orçamento de estado, embora com algumas nuances
perigosas que deve ter presentes antes de se atirar a gastar e para as quais
chamarei a atenção mais à frente.

· É preciso não esquecer que ainda se está a trabalhar para a convergência


nominal, o que faz suar as estopinhas, naturalmente na expectativa fundada de
que um dia teremos uma verdadeira convergência real com a média europeia.
Neste aspecto fará, pois, sentido que sejam feitas hoje algumas renúncias a favor
de um melhor nível e qualidade de vida no futuro. Por exº, renunciar neste
próximo Agosto a uma despesa sumptuária, como gozar férias numa praia
portuguesa de bandeira azul, será com certeza uma decisão razoável tendo em
vista o gozo de umas férias em Cancun quando se reformar aos 68 anos, se for
essa a sua opção de dar descanso ao corpo.
· Então para que não haja surpresas, é necessário que se esteja avisado para
algumas questões.

· Em primeiro lugar, preste atenção ao défice orçamental. Não gaste mais do que
aquilo que espera receber, senão há buraco pela certa. E o buraco só pode ser
tapado se tiver quem se disponibilize a emprestar-lhe cacau que mais tarde vai
ter que ser devolvido e com juros. A menos que tenha uma tia com um coração
d’ouro que o abone das lecas necessárias, tenha alguns bens de que se possa
desfazer ou não tenha vergonha de pôr as gerações futuras - filhos ou netos - a
pagar a factura. Neste aspecto, só o Estado goza do supremo privilégio de gastar
hoje por conta do amanhã.

· Em segundo lugar, e esta é uma diferença substancial, ponha-se a pau com a


sua política fiscal e orçamental. Para o Estado, a política fiscal tem a ver com os
impostos, logo com as receitas a cobrar, e a política orçamental tem a ver com a
gestão dos gastos. No seu caso, presume-se, bem ou mal, que a sua política
fiscal tem a ver com a evasão fiscal, apropriando-se de receitas que não lhe
pertencem efectivamente. Portanto, se quer andar direitinho e de cara levantada,
aproveite os benefícios fiscais e os furos da lei, mas pague se tiver de pagar. Não
conte com o resultado da fuga aos impostos para financiar o orçamento familiar.

· Por último, não entre em parafuso perante a perspectiva de ter um orçamento


deficitário. Mantenha o caco frio. Desde logo, será ilegítimo e até abusivo concluir
seja o que for a respeito da sua honorabilidade. Costuma correr por aí (embora
me pareça ter caído já em desuso) que só quem não tem dívidas é que é
honesto. É preciso que se diga que quem as paga também o é. A regra é : tenha
controle das operações.

· Se o leitor tiver crédito na praça, avance. Vá em frente, homem. Não espere pela
reforma para gozar umas merecidas férias. Mesmo sendo honesto, se lhe
torcerem o nariz para lhe emprestarem umas míseras quinhentas mocas, então
adie e não se meta em alhadas. Espere por dias melhores, pela reforma dos 68
ou, então, pela convergência real.

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