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Cibercultura - 2019/2

Prof. Edna Miola


UTFPR | ComOrg

Nomes:

Exercício 2: Tecnófobos, tecnófilos e críticos

1. Identifique o tema do artigo da revista Scientific American.


2. Faça uma síntese das ideias apresentadas pelo artigo.
3. Identifique se a matéria apresenta (predominantemente) posicionamentos positivos ou negativos a respeito
da tecnologia em questão.
4. Discuta com o grupo e identifique qual é o posicionamento do grupo sobre o tema.

30/08/2019 Peritos avaliam acidente fatal envolvendo carro autônomo da Uber - Scientific American Brasil
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Sumário

Peritos avaliam acidente fatal envolvendo


Notícias carro autônomo da Uber
A empresa de compartilhamento de viagens parou de testar seu veículo autônomo enquanto
se investiga o acidente nos EUA

Um veículo utilitário esportivo autônomo da Uber atingiu e matou um pedestre


na cidade de Tempe, no estado do Arizona, nos Estados Unidos, na noite de

domingo. Elaine Herzberg, 49, estava empurrando uma bicicleta por uma rua
movimentada a 100 metros da faixa de pedestres mais próxima, quando ficou

em frente ao automóvel, que estava a 60 km/h em uma estrada com


velocidade máxima de 56 km/h, disse a chefe de polícia local Sylvia Moir ao

jornal San Francisco Chronicle. O acidente fatal levou a Uber a parar

temporariamente de testar seus veículos autônomos em avenidas públicas nas

cidades norte-americanas de Phoenix, Pittsurgh, São Francisco e Toronto.

A morte de Herzberd é o primeiro acidente reportado de uma pedestre morta

por um carro autônomo, e levanta questões sobre se esses veículos estão

prontos para operar de forma independente em vias públicas. As câmeras e os

outros sensores do veículo não detectaram a vítima, não houve nenhuma


tentativa de desviar dela e o freio não foi acionado. Um empregado da Uber

estava no Volvo XC90 SUC agindo como operador de segurança, mas disse à

polícia que não teve tempo para reagir e evitar o atropelamento de Herzberg.

Carros autônomos dependem de uma combinação de sensores e de sistemas

de dados para funcionar e evitar obstáculos. O veículo normalmente inclui uma

combinação de sistema de posicionamento global (GPS), sensores de

tecnologia óptica de detecção remota (LiDAR), radares, câmeras e outros

equipamentos que ajudam a detectar marcas na pista, bicicletas, veículos e


pedestres. Cada um desses sistemas tem seus pontos fracos e fortes. “Uma

das coisas que percebemos nos acidentes envolvendo carros autômatos é que,

de uma perspectiva humana, eles parecem estranhos; por exemplo, os veículos


não apertam os freios antes de uma colisão, o que é algo que a maioria dos

humanos faz”, diz Bart Selman, um professor de Ciência da Computação na

Universidade Cornell e diretor do Instituto de Sistemas de Informação

Inteligentes. “Isso ocorre porque os veículos tomam decisões baseadas no que

seus sensores detectam. Se seus sensores não detectaram nada, o veículo não

irá reagir”. Isso foi evidente no acidente fatal ocorrido em maio de 2016,
sciam.uol.com.br/peritos-avaliam-acidente-fatal-envolvendo-carro-autonomo-da-uber/ 1/3
30/08/2019 Peritos avaliam acidente fatal envolvendo carro autônomo da Uber - Scientific American Brasil
quando um Tesla Sedan S usando seu piloto automático e assistido por um

motorista não brecou para impedir a colisão com um reboque de trator que
estava fazendo uma curva à esquerda em sua pista, matando o motorista do

Tesla.

Dado a hora que o acidente da Uber aconteceu – 22:00, hora local – é possível

que as câmeras do veículo não tenham visto o pedestre, mas seu LiDAR e seu

radar não deveriam ter sido afetados pela escuridão, diz Ragunathan Rajkumar,

professor de engenharia da computação e elétrica do Instituto de Segurança e

Privacidade CyLab da Universidade Carnegie Mellon.”Veículos autômatos são

treinados para identificar faixas de pedestres e parar para os pedestres


atravessarem”, diz Rajkumar. (Ele ajudou a liderar os esforços de Carneggie

Mellon em desenvolver veículos autômatos incluindo o “Boss” SUV que ganhou

o Desafio Urbano da DARPA em 2007.) Mesmo em um cenário em que alguém

atravessa a rua de forma imprudente [como esse] o veículo ainda assim está

sempre procurando por obstáculos em seu caminho”, então sua falha ao ver a

pedestre é intrigante, ele nota.

A Uber é uma das muitas companhias que desenvolve carros autônomos com o

objetivo de um dia colocar veículos totalmente autônomos em vias públicas. A

Waymo, empresa que, como a Google, é controlada pela Alphabet, está


testando tecnologia similar no Arizona (incluindo na cidade de Tempe), na

Califórnia, em Detroit, em Austin e em outras cidades. A diferença principal é

que a Waymo começou testando carros completamente autônomos – sem nem

mesmo um humano como operador de segurança – no Arizona desde outubro.

O diretor executivo da Tesla, Elon Musk, também têm planos de incluir

tecnologia completamente autônoma nos automóveis da empresa, que

atualmente possuem um recurso de piloto automático para auxiliar o motorista,

mas que ainda precisa de controle humano.

A política da Uber de ter um operador humano a bordo de seus veículos

autônomos “é talvez o aspecto mais interessante desse acidente em particular”,

diz Sabbarao Kambhampati, um professor da Escola de Computação,

Informática e Engenharia de Sistemas da Universidade Estadual do Arizona.

“Diferentemente do Piloto automático da Tesla, que funciona como um ótimo

assistente de motorista, os carros da Uber deveriam ser completamente

autônomos. No entanto, diferentemente dos carros da Waymo, os veículos

autônomos da Uber [na região do vale do leste próximos a Phoenix] sempre


tiveram um condutor – supostamente pronto para interceder em situações

complicadas.”

O Uber tem operadores humanos em seus veículos porque a tecnologia não

está madura o suficiente para ser completamente autônoma, de acordo com

Rajkumar. “O humano tem um papel específico na segurança”, ele diz.

Acontecimentos inesperados, para os quais o software do veículo não está

preparado, podem acontecer na estrada. O veículo se autodirige em muitas

situações, mas não em todas elas. Um motorista humano é mais capaz de ter

controle da situação quando as condições da estrada estão ruins – como

quando o gelo ou neve escondem os marcadores da pista – ou no centro de

sciam.uol.com.br/peritos-avaliam-acidente-fatal-envolvendo-carro-autonomo-da-uber/ 2/3
30/08/2019 Peritos avaliam acidente fatal envolvendo carro autônomo da Uber - Scientific American Brasil
áreas urbanas onde há muitos táxis contornando o trânsito e pessoas andando

de forma descuidada.

Um operador humano precisa assumir de forma proativa as responsabilidades


na direção antes que ele se depare com uma situação crítica, diz Gary

Marchant, um professor de tecnologias emergentes, direito e ética no estado

do Arizona. Mas é improvável que uma pessoa tenha a habilidade de prevenir

uma batida ao tomar o controle do carro no último minuto, porque a maioria

dos acidentes são inesperados e acontecem de repente, diz Marchant.

A Uber divulgou um comunicado no dia 19 de março via Twitter dizendo

“nossos corações estão com a família da vítima. Nós estamos cooperando ao

máximo com a polícia de Tempe e as autoridades locais enquanto eles

investigam o incidente”.

O Conselho Nacional de Segurança no Transporte anunciou na segunda-feira

(19) que estão enviando uma equipe a Tempe para investigar a colisão. “A

investigação avaliará a interação do veículo com o ambiente, outros veículos,

pessoas e bicicletas”, de acordo com o comunicado da agência.

“De algumas formas, uma fatalidade com um carro autônomo era esperada

mais cedo ou mais tarde, era só uma questão de tempo”, diz Kambhampti. “O

estado do Arizona tem sido bastante cortês com as empresas de automóveis


autônomos, e a área do metrô de Phoenixs tornou o local-teste dessa

tecnologia, e tanto a Uber como a Waymo operam em nossos subúrbios”.

Rajkumar concorda que um acidente era iminente, mas também reconhece que

fazer testes nas ruas é a única forma de realmente melhorar a tecnologia de

automóveis autônomos. “Grande parte dos testes é feita através de simulações

computadorizadas, mas só com elas não se pode ir tão longe, porque não é tão

fiel a situações que o veículo irá enfrentar no mundo real”, diz ele. “Esse

[acidente] é o cenário que as pessoas que trabalham com a tecnologia de

carros autônomos sempre temeram. Mas enxergando além, a tecnologia tem o

potencial de salvar muitas vidas com o tempo, ao reduzir o número de batidas,

danos e fatalidades. Nós estamos em um período de transição, e pra mim essa

é o período mais difícil”.

Larry Greenemeier

© 2018 Site Scientific American Brasil • Nastari Editores • Todos os direitos o reservados.

sciam.uol.com.br/peritos-avaliam-acidente-fatal-envolvendo-carro-autonomo-da-uber/ 3/3

30/08/2019 Apesar de polêmicas, estudos com a técnica CRISPR em humanos avançam nos EUA - Scientific American Brasil
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Sumário

Apesar de polêmicas, estudos com a técnica


Notícias CRISPR em humanos avançam nos EUA
A tecnologia de edição genética, que no ano passado causou um escândalo global com um
experimento chinês, entrou em fases de testes clínicos para tratar doenças hereditárias.

Anemia falciforme, vista por um microscópio eletrônico de varredura. Foto: Getty Images

Pesquisadores nos Estados Unidos começaram a editar genes humanos em

adultos com doenças graves, usando uma ferramenta conhecida como CRISPR.

A China já colocou em prática diversos testes em humanos com a mesma


técnica. No ano passado, o pesquisador chinês He Jiankui causou um protesto

global quando usou a ferramenta para editar geneticamente duas bebês

gêmeas, quando ainda eram apenas embriões. Há bem menos preocupação

com outros estudos da CRISPR, seja nos EUA ou na China, em parte porque

mudanças genéticas em adultos não são repassadas a gerações futuras. “Se for
bem feito e de forma cuidadosa, não me preocupa tanto, para ser honesto”, diz

Robin Lovell-Badge, geneticista britânico e cientista de células-tronco, sobre o

uso de CRISPR nesses novos testes.

Mesmo assim, há quem questione se não seria muito cedo para avançar com a

tecnologia. A CRISPR pode, às vezes, editar acidentalmente genes que não

deveriam ser alterados. O medo é de que edições nesses genes “errados”

possam causar outros problemas de saúde, incluindo câncer. Lovell-Badge, líder

sciam.uol.com.br/apesar-de-polemicas-estudos-com-a-tecnica-crispr-em-humanos-avancam-nos-eua/ 1/5
30/08/2019 Apesar de polêmicas, estudos com a técnica CRISPR em humanos avançam nos EUA - Scientific American Brasil
de pesquisa no Instituto Francis Crick, na Inglaterra, diz que erros sempre

podem acontecer, mas a CRISPR foi adequadamente estudada em pesquisas


laboratoriais, e agora é um momento adequado para testá-la em adultos.

“O fato de que a CRISPR tenha passado de uma ideia de laboratório para ser

submetida a avaliações em seres humanos ao longo desta década demonstra a

elegância e versatilidade da tecnologia”, avalia Sam Kulkarni, CEO da empresa

CRISPR Therapeutics, que é um dos dois grupos que testam a edição genética

em pessoas.

O primeiro teste de CRISPR em seres humanos ocorreu na China, em 2016,

quando Lu You, médico da Universidade de Sichuan, colocou células com genes


editados em um paciente com câncer de pulmão. Desde então, outros testes

chineses avançaram, embora não se saiba muito sobre eles.

No começo deste ano, a empresa de Kulkarni, em colaboração com a Vertex

Pharmaceuticals, começou a testar a edição de genes com CRISPR em

pacientes com anemia falciforme e talassemia beta. Os pesquisadores estão

editando genes em células sanguíneas removidas de cada paciente, e

substituindo-as para restaurar a hemoglobina, substância que transporta

oxigênio pelo corpo.

No final de julho, a gigante farmacêutica Allergan e a empresa de edição

genética Editas Medicine anunciaram que estavam prontas para incluir

humanos em ensaios clínicos para tratar uma das formas mais comuns de

cegueira infantil, chamada amaurose congênita de Leber tipo 10. As empresas

alegam que o teste é o primeiro a usar a CRISPR para editar genes dentro do

corpo. O olho é considerado um local relativamente seguro para testar a

tecnologia, porque alterações feitas nessa região não devem afetar outras

áreas.

Diversas outras técnicas de edição genética, além da CRISPR, já receberam

aprovação federal, incluindo a Luxturna, para uma outra forma de amaurose

congênita de Leber; a Zolgensma, para atrofia muscular espinhal — uma

doença muscular degenerativa, muitas vezes fatal; e a Kymriah, que foi

aprovada para alguns tipos de câncer sanguíneos.

Ambas as equipes nos EUA dizem que escolheram a CRISPR porque acreditam

que é a melhor ferramenta para o trabalho. Essencialmente um par de


“tesouras moleculares”, a CRISPR (que significa Repetições Palindrômicas

Curtas Agrupadas e Regularmente Interespaçadas) compreende uma família de

sequências de DNA e enzimas. Bactérias recrutam a CRISPR para cortar o DNA

de vírus invasores. Usando um guia molecular, a ferramenta pode quebrar uma

cadeia de DNA, anulando-a ou forçando uma correção em uma mutação

herdada.

“Temos motivos para acreditar que a abordagem que estamos tomando tem o

potencial de ser algo muito valioso para pacientes”, diz o diretor científico da

Vertex, David Altshuler. “Também continuamos a trabalhar em melhorias em

todos os aspectos do que estamos fazendo.”

sciam.uol.com.br/apesar-de-polemicas-estudos-com-a-tecnica-crispr-em-humanos-avancam-nos-eua/ 2/5
30/08/2019 Apesar de polêmicas, estudos com a técnica CRISPR em humanos avançam nos EUA - Scientific American Brasil
As edições genéticas feitas pela Vertex e pela CRISPR Therapeutics irão

suprimir um gene chamado BCL11A, o que vai reiniciar a produção de

hemoglobina fetal, um tipo de hemoglobina que ajuda o sangue do feto a

manter o oxigênio. Mesmo pessoas que herdam o gene da célula falciforme de


ambos os pais produzem sangue fetal (caso contrário, não teriam sobrevivido

até o nascimento), então a reativação da hemoglobina fetal poderia permitir

que levassem uma vida normal e saudável, diz Altshuler.

Essas edições são feitas em células do sangue que foram removidas do corpo

e, em seguida, são reinseridas no paciente, após um procedimento para

remover células precursoras do sangue doente. A edição genética é transitória,

e as células sanguíneas editadas passam por verificações de qualidade antes de

serem reinseridas, minimizando os riscos de edições não intencionais, diz

Altshuler.

As células editadas crescem e vão até a medula óssea, onde começam a

produzir glóbulos vermelhos saudáveis normais, que não se prendem ao

interior dos vasos sanguíneos, o que corta a circulação e causa crises de dor.

Pessoas que nascem com células falciformes e, ao mesmo tempo, uma doença

genética que permite que elas continuem a produzir hemoglobina fetal não

sofrem da doença, segundo pesquisas. E as células falciformes não voltam a

ocorrer em pacientes que recebem transplantes de medula óssea que lhes

permitem produzir células sanguíneas saudáveis — o que é, atualmente, a


única maneira de curar a doença, mas que só está disponível para apenas uma

pequena minoria de pessoas. Altshuler diz que este resultado dá a ele a

confiança de que edições genéticas potencialmente podem fornecer benefícios

significativos e duradouros para pacientes.

O diretor científico da Editas, Charles Albright, diz que sua empresa também

acredita que será capaz de fornecer um tratamento seguro e eficaz. “Fizemos

vários estudos pré-clínicos que aumentaram nossa confiança de que

entendemos como usar o medicamento e que temos uma boa chance de

proporcionar benefícios terapêuticos”, diz ele, citando um estudo publicado pela

empresa na revista Nature Medicine, no início deste ano.

Como o tratamento é estritamente direcionado para células que percebem a

luz, conhecidas como fotorreceptores, qualquer edição não intencional de

genes não deve causar problemas generalizados, diz Albright. Os pacientes

receberão uma injeção por trás da retina que fornecerá as máquinas de edição

de genes aos fotorreceptores. A edição destina-se a restaurar a função

adequada do gene, e essa correção será transmitida à medida que os

fotorreceptores se dividem e criam células “filhas”.

“Uma das melhores coisas sobre terapia genética e edição de genes é que se

busca precisamente o defeito molecular nos pacientes”, diz Albright. “Se

funcionar, é uma cura. Isso porque estamos indo atrás do exato erro que causa

o problema.”

sciam.uol.com.br/apesar-de-polemicas-estudos-com-a-tecnica-crispr-em-humanos-avancam-nos-eua/ 3/5
30/08/2019 Apesar de polêmicas, estudos com a técnica CRISPR em humanos avançam nos EUA - Scientific American Brasil
Espera-se que a terapia seja menos eficaz em adultos que viveram por anos

com visão limitada; a Editas planeja começar a testar a abordagem em

crianças a partir dos três anos de idade, após provar a segurança do

procedimento. A empresa testará três doses do maquinário de edição de

genes, tratando um olho de cada vez por razões de segurança, para ver qual

dose fornece os melhores resultados e menos efeitos colaterais, explica

Albright.

Há uma série de razões pelas quais esses teste não estejam causando o tipo de

controvérsia que eclodiu ano passado com o caso das meninas gêmeas. Em
primeiro lugar, apenas edições de óvulos, espermatozóides e embriões podem

ser passadas para gerações futuras, de modo que as mudanças feitas para

esses ensaios clínicos serão interrompidas pelo paciente. No controverso

estudo chinês, He Jiankui editou os genes logo após a fertilização, alterando

todas as células do corpo, incluindo as células germinativas, de modo que os

próprios filhos das meninas podem herdar as mutações com as quais

acabaram. (Os cientistas ainda não têm certeza se houve edições não

intencionais ou como as mudanças — que eram imperfeitas e inconsistentes

entre as duas — podem afetar as meninas à medida que crescem.)

Além disso, muitos pesquisadores, incluindo Lovell-Badge, criticaram a decisão

de He de editar o gene CCR5, que pode conferir proteção contra o HIV quando

as pessoas nascem sem as duas cópias. O pai das gêmeas tem HIV, e ele disse

que estava tentando proteger as meninas do desenvolvimento da doença. Mas

há outras maneiras de impedir tal transmissão, diz Lovell-Badge, e as edições

feitas para as meninas não produzem exatamente a mesma sequência genética


que as pessoas nascidas com a mutação dupla. Nos ensaios atuais, ambos os

genes-alvo estão associados a doenças graves, para as quais existem poucas

terapias alternativas boas.

Por fim, Lovell-Badge diz que o trabalho feito pelas duas colaborações foi

cuidadosamente examinado com anos de pesquisa em animais e orientação da

Food and Drug Administration, agência reguladora dos EUA. Em contraste, He

não disse a seu hospital ou instituição de pesquisa que estava conduzindo seus

experimentos — o que é considerado uma grande violação do protocolo

médico. E o consentimento que ele recebeu dos pais dos gêmeos e de outro

casal cujo embrião ele edita o gene não atende aos padrões vigentes, segundo

os pesquisadores.

Testes preliminares sempre carregam algum risco, observa Lovell-Badge. Mas

os principais avanços no tratamento dependem de pacientes dispostos a

assumir esses riscos. “É bom que alguns pacientes sejam corajosos o suficiente

para tentar medidas inovadoras para encontrar curas”, diz ele.

Karen Weintraub

sciam.uol.com.br/apesar-de-polemicas-estudos-com-a-tecnica-crispr-em-humanos-avancam-nos-eua/ 4/5

30/08/2019 Estudo pioneiro manipula o cérebro e cria memória completamente artificial
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Sumário

Estudo pioneiro manipula o cérebro e cria


Notícias memória completamente artificial
Pesquisadores fizeram camundongos se lembrarem de um cheiro que nunca haviam sentido.
Com isso, campo de manipulação de memórias avança e levanta questões éticas e sociais.

Shutterstock

A todo momento, interagimos com o mundo ao nosso redor. Aprendemos com

esse processo, e as memórias dessas experiências ajudam a guiar nosso

comportamento. A experiência e a memória estão inexoravelmente ligadas —


ou pelo menos pareciam estar, antes do surgimento de um recente estudo,

divulgado em abril na revista Nature, envolvendo a formação de memórias

completamente artificiais. Usando animais de laboratório, pesquisadores

fizeram a engenharia reversa de uma determinada memória natural, através do


mapeamento dos circuitos cerebrais responsáveis por sua formação. A seguir,

eles “treinaram” outro animal, estimulando suas células cerebrais num padrão

idêntico ao da memória natural. Esse procedimento resultou no surgimento de

uma memória artificial no segundo animal — artificial porque relativa a algo


que ele não viveu diretamente. Essa memória foi retida e recuperada pelo

animal exatamente do mesmo modo como aconteceria se tivesse sido formada

através de uma interação direta, isto é, naturalmente.

sciam.uol.com.br/estudo-pioneiro-manipula-o-cerebro-e-cria-memoria-completamente-artificial/ 1/4
30/08/2019 Estudo pioneiro manipula o cérebro e cria memória completamente artificial
Memórias são essenciais para o senso de identidade que emerge a partir das

narrativas de experiências pessoais. O novo estudo é notável porque


demonstra que, ao manipular circuitos específicos no cérebro, as memórias

podem ser separadas dessas narrativas e formadas na completa ausência de

experiências reais. O trabalho mostra que os circuitos cerebrais que

normalmente respondem a experiências específicas podem ser artificialmente

estimulados e conectados entre si em uma memória artificial. Essa memória

pode ser provocada por pistas sensoriais apropriadas do ambiente real.

A pesquisa fornece uma compreensão fundamental de como as memórias são

formadas no cérebro, e faz parte de uma ciência crescente de manipulação de


memória que inclui processos como transferência, aprimoramento protético e

apagamento de memórias. Esses esforços têm amplas implicações sociais e

éticas e podem ter um impacto enorme em uma ampla gama de indivíduos,

desde os que sofrem com déficit de memória até os que possuem memórias

traumáticas.

No estudo, a memória natural foi formada treinando camundongos para

associar um odor específico (flores de cerejeira) a um choque nas patas, que

eles aprenderam a evitar ao passar para outra extremidade de uma câmara de

teste, infundida com um odor diferente (alcaravia). O aroma de alcaravia veio


de um produto químico chamado carvona, enquanto o perfume da flor de

cerejeira veio de outro produto químico, a acetofenona. Os pesquisadores

descobriram que a acetofenona ativa um tipo específico de receptor em um tipo

discreto de célula nervosa sensorial olfativa.

Eles então se voltaram para uma técnica sofisticada, chamada optogenética,

para ativar essas células nervosas olfativas. Com a optogenética, proteínas

sensíveis à luz são usadas para estimular neurônios específicos em resposta à

luz fornecida ao cérebro através de fibras ópticas implantadas cirurgicamente.


Nos primeiros experimentos, os pesquisadores usaram animais transgênicos

que produziam a proteína apenas nos nervos olfativos sensíveis à acetofenona.

Ao combinar o choque elétrico do pé com a estimulação da luz nos nervos

olfativos sensíveis à acetofenona, os pesquisadores ensinaram os animais a

associar o choque à atividade desses nervos específicos. Quando, mais tarde,

testaram novamente os camundongos, eles evitaram o odor da flor de

cerejeira.

Esses primeiros passos mostraram que os animais não precisavam de fato

sentir o odor para fazerem uma conexão entre o cheiro e um choque nocivo

nas patas. Mas essa não era uma memória completamente artificial, porque o

choque ainda era bastante real. Para construir uma memória inteiramente

artificial, os cientistas precisavam estimular o cérebro de forma a imitar a

atividade nervosa causada pelo choque.

Estudos anteriores mostraram que as vias nervosas específicas, que levam a

uma estrutura conhecida como área tegmentar ventral (ATV), são importantes

para a natureza aversiva do choque nas patas. Para criar uma memória

verdadeiramente artificial, os pesquisadores precisavam estimular o ATV da

mesma maneira que estimulavam os nervos sensoriais olfativos, mas os


sciam.uol.com.br/estudo-pioneiro-manipula-o-cerebro-e-cria-memoria-completamente-artificial/ 2/4
30/08/2019 Estudo pioneiro manipula o cérebro e cria memória completamente artificial
animais transgênicos produziam apenas as proteínas sensíveis à luz nesses

nervos específicos. Para usar a estimulação optogenética, eles estimularam os

nervos olfativos nos mesmos camundongos geneticamente modificados e

empregaram um vírus para colocar proteínas sensíveis à luz também no ATV.

Daí, estimularam os receptores olfativos com luz para simular o odor das flores

de cerejeira, e a seguir estimularam o ATV para imitar o choque nas patas. Os

animais conseguiram recuperar essa memória artificial, respondendo a um odor

que nunca haviam sentido, evitando um choque que nunca haviam recebido.

Há muito tempo, o modo como as memórias se formam no cérebro é um

mistério, assim como as mudanças físicas no órgão que acompanham essa

formação. Neste estudo, a estimulação elétrica de determinadas regiões

cerebrais específicas que levaram a uma nova memória também ativou outras

áreas conhecidas por estarem envolvidas na formação da memória, incluindo

uma área chamada amígdala basolateral. Como as células nervosas se

comunicam através de conexões chamadas sinapses, presume-se que as

mudanças na atividade sináptica sejam responsáveis pela formação de

memórias.

Em animais simples, como a lesma marinha Aplysia, memórias podem ser

transferidas de um indivíduo para outro usando o RNA extraído daquele que as

experimentou. O RNA contém os códigos para proteínas produzidas nos nervos


do animal associados à memória. Memórias já foram parcialmente transferidas

em roedores usando gravações de atividade elétrica do hipocampo (o centro de

memória do cérebro) de animais treinados para estimular padrões semelhantes

de atividade nervosa em um outro animal receptor.

Esse processo é semelhante ao descrito no novo estudo, em que o estímulo à

atividade elétrica de circuitos neurais específicos é usado para obter uma

memória. No caso da transferência de memória, esse padrão veio de animais

treinados, enquanto no estudo optogenético o padrão de atividade elétrica

associado à memória foi construído novamente no cérebro dos camundongos.

Este é o primeiro relato de uma memória completamente artificial, e pode

ajudar a estabelecer uma compreensão fundamental de como as memórias

podem ser manipuladas.

Pesquisas sobre memórias e esforços para manipulá-las progrediram

rapidamente. Uma “prótese de memória”, projetada para aprimorar sua

formação e recuperação por estimulação elétrica do centro de memória no

cérebro humano, foi desenvolvida com apoio da Agência de Projetos de

Pesquisa Avançada de Defesa (DARPA). Por outro lado, o apagamento de


memórias está sendo desenvolvido para tratar lembranças de dor crônica,

usando o que foi apelidado de medicamento Eternal Sunshine (peptídeo

inibidor de zeta, ou ZIP) — em referência ao filme Eternal Sunshine of the

Spotless Mind (Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças), que trata do

assunto.

sciam.uol.com.br/estudo-pioneiro-manipula-o-cerebro-e-cria-memoria-completamente-artificial/ 3/4
30/08/2019 Estudo pioneiro manipula o cérebro e cria memória completamente artificial
Existem boas razões para esta pesquisa. A memória já foi chamada de “o

escriba da alma” e é a fonte da história pessoal de cada um. Algumas pessoas

podem tentar recuperar memórias perdidas ou parcialmente esquecidas.

Outros, como aqueles que sofrem de transtorno de estresse pós-traumático ou

dor crônica, podem buscar alívio das memórias traumáticas tentando apagá-

las.

Os métodos usados no estudo para criar memórias artificiais não serão

empregados em humanos tão cedo: nós não somos transgênicos como os

animais usados no experimento, nem é provável que aceitemos vários cabos de


fibra ótica implantados e injeções virais. No entanto, à medida que as

tecnologias e estratégias evoluírem, a possibilidade de manipular as memórias

humanas se torna ainda mais real. E o envolvimento de agências militares

como a DARPA invariavelmente torna suspeitas as motivações por trás desses

esforços. Existem coisas que precisamos temer ou que devemos ou não fazer?

As possibilidades distópicas são óbvias.

Criar memórias artificiais nos aproxima de aprender como as memórias se

formam e, em última análise, pode nos ajudar a entender e tratar doenças

terríveis como a doença de Alzheimer. As memórias, no entanto, estão no

âmago da nossa humanidade, e precisamos ficar vigilantes para que qualquer

manipulação seja abordada eticamente.

Robert Martone

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30/08/2019 Maçãs geneticamente modificadas que não escurecem chegam às lojas dos Estados Unidos - Scientific American Brasil
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Maçãs geneticamente modificadas que não


escurecem chegam às lojas dos Estados
Notícias
Unidos
Sucesso poderia anunciar nova onda de alimentos cultivados em laboratório

Neste mês, pela primeira vez sacos contendo maçãs em fatias estarão à venda
em mercados no meio-oeste dos Estados Unidos. Os clientes que comprarem

as maçãs poderão deixar as fatias fora do saco, ao relento, na hora do lanche,


devido a uma façanha da engenharia genética que impede sua polpa de ficar

marrom quando exposta ao ar.

Os frutos da marca “maçã do Ártico” são um dos primeiros alimentos dotados

de alguma característica que visa agradar os consumidores, ao invés dos

produtores, e se junta a um pequeno número de organismos geneticamente


modificados (OGMs) vendidos como um produto inteiro, não um ingrediente.

Desde que a empresa Okanagan Specialty Fruits, localizada em Summerland,

no Canadá, plantou suas primeiras maçã de teste em 2003, a variedade de

alimentos modificados em laboratório cresceu para incluir hambúrgueres sem

carne – feitos com a proteína da soja produzida com fermento recombinante -,


filés de peixe cultivados a partir de células-tronco de frutos do mar e

cogumelos cujos genomas foram editados com tecnologia CRISPR. A maioria

destes itens ainda não chegou ao mercado.

Agora, muitas empresas pequenas de biotecnologia que desenvolvem tais

alimentos estão monitorando o lançamento da maçã do Ártico, ansiosas por

pistas de como será a visão dos consumidores sobre os frutos de seu trabalho.

“Se a maçã vender, abrirá caminho para outros alimentos”, diz Yinong Yang,
patologista de plantas da Universidade Estadual da Pennsylvania em University

Park, que utilizou a técnica CRISPR para construir um cogumelo resistente ao

escurecimento. Ele espera um dia licenciar seu cogumelo para produtores

comerciais.

Mary Maxon, que supervisiona programas de biociências no Laboratório

Nacional Lawrence Berkeley na Califórnia, concorda. “A maçã não é o primeiro

OGM que as pessoas comeriam, mas talvez fosse o primeiro a que

consumidores dariam valor”, ela diz.

sciam.uol.com.br/macas-geneticamente-modificadas-que-nao-escurecem-chegam-as-lojas-dos-estados-unidos/ 1/3
30/08/2019 Maçãs geneticamente modificadas que não escurecem chegam às lojas dos Estados Unidos - Scientific American Brasil
Quando Neal Carter, co-fundador da Okanagan, assumiu o pomar da sua

família em 1995, pensou bastante sobre como conquistar o mercado


estadunidense de lanches. Ele encontrou sua resposta na Austrália, onde

pesquisadores da Organização de Pesquisa Científica e Industrial de Saúde

Comum haviam descoberto como apagar um gene o qual codifica uma enzima

que faz as células das plantas ficarem marrons quando expostas ao oxigênio.

Carter percebeu que suprimir a produção da enzima nas maçãs poderia

permitir que ele as vendesse em fatias sem a necessidade de conservantes.

Só mais tarde ele percebeu que, se os consumidores fossem atraídos para

comprar o produto, a desconfiança dos norte-americanos quantos aos OGMs


precisaria ser superada. Os levantamentos posteriores da Okanagan com

pessoas nos principais estados produtores de maçã dos Estados Unidos – Nova

York e Washington – revelaram que cerca de 20% desconfiavam dos OGMs.

Contudo, a empresa também descobriu que muitas pessoas mudaram de

opinião quando souberam que maçãs eram projetadas para silenciar os genes

que causam o escurecimento e que, depois, sua segurança era testada.

Mike Seldon, co-fundador da Finless Foods, empresa em Nova York que está

desenvolvendo filés de peixe a partir de células-tronco, concorda que dar mais

informações ajuda a conquistar o consumidor. “Não vamos repetir os erros


feitos pela indústria de OGMs no passado e apenas colocar alimentos no

mercado sem conversar com o público”, ele diz. “Se fizermos isso, podemos

esperar uma reação negativa – e isso é garantido.”

Seldon vê um paralelo entre a maçã do Ártico e seus filés: ambos foram

criados com atributos para agradar os consumidores. A Finless Foods, que

desenvolveu protótipos de filés de atum rabilho, espera que as pessoas sejam

conquistadas pela ideia de comer peixe sem ter de se preocupar com pesca

predatória, abate de animais ou poluição ambiental.

Contudo, outras pessoas dizem que a Okanagan não foi suficientemente longe

ao dizer como suas maçãs são feitas. A empresa não menciona OGMs na

embalagem das maçãs; em vez disso, os sacos possuem um código QR – o

qual conecta a informações online quando escaneado por um smartphone.

“Nem todo mundo possui um smartphone e, mesmo que você tenha um, vai

checar cada item com ele?”, diz Bill Freese, analista de ciência política no

Centro de Segurança Alimentar, grupo de advocacia em Washington, D.C. Ele


quer que as maçãs tenham rótulos claros de OGMs.

A reação do consumidor não é a única preocupação para desenvolvedores de

alimentos geneticamente modificados ou feitos em laboratório os quais

desejam vender seus produtos nos Estados Unidos. Um dos principais

obstáculos é o processo regulatório do país, que envolve um complicado

emaranhado de agências federais – e, para muitas empresas, um caminhos

incerto pela frente. Reguladores dos EUA avaliaram a maçã do Ártico por cinco

anos antes de aprová-la para venda, mas gastaram apenas dois anos revisando

uma batata geneticamente modificada que não escurece, desenvolvida pela

empresa agrícola J. R. Simplot de Boise, Idaho.

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30/08/2019 Maçãs geneticamente modificadas que não escurecem chegam às lojas dos Estados Unidos - Scientific American Brasil
Também há o caso do cogumelo feito por CRISPR. O Departamento de

Agricultura dos EUA (USDA, na sigla em inglês) disse, em 2016, que não

avaliaria o produto, o qual foi criado utilizando a técnica CRISPR para apagar

um gene. Isso pareceu abrir o caminho do fungo para o mercado. Porém, Yang
diz que, após a equipe de reportagem da Nature relatar a decisão do USDA, o

FDA o contatou para perguntar se o órgão poderia revisar o cogumelo.

“Concordei, já que isso traria paz aos consumidores”, ele diz.

No que diz respeito aos investidores, a incerteza regulatória pode ser uma

barreira para o sucesso dos alimentos geneticamente modificados do que a

incerteza do consumidor. James Hardiman, sócio do fundo de capital de risco

Data Collective em São Francisco, Califórnia, diz que empresas que

desenvolvem tais alimentos sempre podem colocar alguns anos extras em seus

planos a longo prazo, prevendo reviravoltas no processo regulatório. “A

narrativa pública é muito mais difícil de se controlar”, ele diz. “Sabemos que o

público pode ser irracional.”

Ainda assim, Carter está otimista sobre como sua maçã do Ártico será

recebida. “Raramente recebemos e-mails dizendo que somos o diabo ou coisas

do tipo”, ele diz sobre a empresa. “Agora, temos pessoas nos perguntando

onde podem comprar as maçãs.”

Amy Maxmen, Nature

Este artigo é reproduzido com permissão e foi originalmente publicado em 7 de

novembro de 2017.

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30/08/2019 Mídias sociais mudam reação aos desastres - Scientific American Brasil
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Mídias sociais mudam reação aos desastres


Notícias Congresso americano avalia riscos e benefícios de usar mídias sociais durante emergências

Por Dina Fine Maron

Quando o Furacão Katrina devastou a Costa do Golfo dos Estados Unidos em


2005, o Facebook era uma novidade. Não havia Twitter para atualizar notícias,

e o iPhone ainda não estava em cena.

Quando o Furacão Sandy castigou a costa leste no ano passado, as mídias

sociais haviam se tornado parte da resposta a desastres, preenchendo o vazio

em áreas onde o serviço de telefonia celular foi perdido enquanto milhões de


americanos contavam com Twitter e Facebook, para se manter informados,

localizar entes queridos, notficar autoridades e expressar apoio.

Acabaram-se os dias da comunicação de via única, em que apenas fontes

oficiais fornecem boletins ou notícias sobre desastres.

Agora pesquisadores começaram a publicar dados sobre o uso de mídias sociais

em desastres, e legisladores e especialistas em segurança começaram a avaliar

como a administração de emergências pode se adaptar da melhor maneira

psosível.

“A convergência de redes sociais e de aparelhos móveis jogou o antigo manual

de respostas [a desastres] pela janela”, declarou Michael Beckerman,

presidente e CEO da Internet Association, ao Subcomitê Interno de Prevenção,

Resposta e Comunicações de Emergência em 4 de junho.

O novo manual não eliminará o sistema de transmissão de emergência e outros

esforços governamentais. Ao contrário, ele incorporará novos dados de

pesquisadores, agências federais e sem fins lucrativos que começaram a


revelar o alcance exato de mídias sociais em desastres.

A Agência Federal de Gestão de Emergências (FEMA, em inglês) escreveu em

seu relatório de Prevenção Nacional de 2013, na semana passada, que durante

e imediatamente após o Furacão Sandy, “usuários enviaram mais de 20

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30/08/2019 Mídias sociais mudam reação aos desastres - Scientific American Brasil
milhões de posts de Twitter (ou ‘tweets’) relacionados ao desastre, apesar da

perda de serviço celular durante o pico da tempestade”.

A maior empresa utilitária de Nova Jersey, a PSE&G, declarou durante a

audiência do subcomitê que havia designado funcionários para seus feeds de

Twitter durante o Sandy e para enviar notícias sobre as localizações diárias de

suas tendas e geradores gigantes. “Em um momento durante a tempestade

nós enviamos tantos tweets para alertar nossos clientes que excedemos o

número de tweets permitidos por dia”, contou Jorge Cadenas, vice-presidente

de administração de ativos e serviços centralizados da PSE&G ao subcomitê.

Após as explosões da Maratona de Boston, relata-se que um quarto dos


americanos procurou o Facebook, Twitter e outros sites de redes sociais em

busca de informações, de acordo com o Centro de Pesquisa Pew.

Os sites também formaram uma parte fundamental do ciclo de informações:

quando o Departamento de Polícia de Boston postou seu último tweet sobre a

caçada humana, “CAPTURADO!!!”, mais de 140 mil pessoas o retuítaram.

Por meio de um simples Google Document, membros da comunidade

ofereceram alojamento, comida ou um banho quente a estranhos quando

estradas e hoteis foram fechados. O Google também adaptou o seu Person


Finder (Localizador de Pessoas) para uso em desastres naturais.

Cada desastre cria sua própria rede complexa de troca rápida de informações.

Isso é uma coisa boa, explica Mark Keim, diretor associado de ciências do

Escritório de Emergências Ambientais dos Centros de Controle e Prevenção de

Doenças dos Estados Unidos (CDC). Isso pode tanto melhorar a resposta a

desastres quanto permitir que populações afetadas tomem o controle de sua

situação, além de se sentirem habilitadas.

Produzir uma estratégia eficaz usando mídias sociais e adequá-la a uma

emergência, porém, é uma parte crucial do planejamento de prevenção,

explica a socióloga de desastres Jeannnette Sutton, pesquisadora sênior da

University of Colorado em Colorado Springs, que estuda mídias sociais em

crises e desastres.

Para o incidente da Maratona de Boston, ela não encontrou hashtag consistente

no Twitter, o que pode tornar difícil rastrear informações relevantes. Mesmo


procurar a palavra “Boston” pode ser inadequado, explica ela, porque isso

levaria a assuntos sem relação [com o incidente], como o turismo, ou

fracassaria em encontrar tweets que não incluem a palavra Boston.

De acordo com ela, como parte da prevenção de desastres, seria útil ensinar ao

público como usar mídias sociais de maneira eficaz, como obter informações da

Web e também como publicar informações úteis. “Os tweets fluem tão

rapidamente que é como uma mangueira de incêndio quando você está

tentando extrair informações que são relevantes”.

sciam.uol.com.br/midias-sociais-mudam-reacao-aos-desastres/ 2/3
30/08/2019 Mídias sociais mudam reação aos desastres - Scientific American Brasil
Toda a rápida informação disponível em mídias sociais oferece riscos inerentes

durante situações de emergência. Uma é a rápida disseminação de informações

erradas – como foi o caso após as explosões de Boston com a identificação de

um homem desaparecido como possível suspeito.

Apesar de erros frequentemente serem corrigidos através do ‘efeito Wikipedia’,

em que usuários corrigem os erros uns dos outros, Sutton aponta que

informações falsas podem se tornar virais rapidamente. O Rumor Control,

mantido pela FEMA, tenta cortar a desinformação pela raiz, mas em geral não

há divisões claras sobre quem tem responsabilidade de policiar as informações

de mídias sociais ou como – ou mesmo se – isso poderia funcionar.

Outro risco fundamental é o de golpistas usando mídias sociais para roubar

dinheiro.

Enquanto a Cruz Vermelha dos Estados Unidos provou que novas tecnologias

podem levantar dinheiro de maneira eficaz para assistência humanitária,

gerando mais de US$5 milhões em doações por mensagem de texto nas 48

horas após o terremoto do Haiti em 2010, o FBI alertou que mídias sociais

também podem ser uma plataforma lucrativa para criminosos que surgem após

a tragédia.

Após o tiroteio na escola de Newtown, em Connecticut, por exemplo, o FBI


prendeu uma mulher que alegava ser parente de uma vítima morta e solicitou

dinheiro através do Facebook e de outras fontes.

Frequentemente aponta-se o terremoto do Haiti como sendo o divisor de águas

que mudou como as mídias sociais são usadas em desastres.

Esses recursos evoluíam de maneira independente até 2010, mas o tamanho e

apelo emocional inerente daquele desastre criou o ambiente adequado para

que elas florescessem, explica Keim, do CDC.

“Eu acredito que o que estamos vendo agora é o começo de uma era em que é

muito difícil prever qual será o próximo desastre”, observa ele. “Essas coisas

são espontâneas e preenchem necessidades únicas da mesma maneira que

você não poderia prever qual aplicativo você pode precisar ou querer em seu

celular no ano que vem”.

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30/08/2019 Missão espacial pode ter contaminado Lua com vida terrestre — mas, provavelmente, essa vida já estava lá - Scientific American Brasil
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Sumário

Missão espacial pode ter contaminado Lua


com vida terrestre — mas, provavelmente,
Notícias
essa vida já estava lá
Missão israelense que falhou em pousar na Lua pode ter levado tardígrados para o astro. Mas
é possível que impactos de asteróides já tenham feito o mesmo bem antes.

Uma imagem microscópica de um tardígrado. Foto: Diane Nelson/Diane Nelson, National


Park Service, U.S. Department of the Interior

Nos últimos dias, diversas notícias apontaram para um fato obscuro sobre a

recente missão lunar israelense, que tentou pousar uma nave na Lua. A

iniciativa da organização SpaceIL, que falhou em realizar um pouso suave no


dia 11 de abril de 2019, aparentemente carregava alguns milhares de

tardígrados desidratados como passageiros.

Na verdade, quando a nave Beresheet caiu na superfície lunar, estava trazendo

consigo um novo repositório de informações e história humana, juntamente


com diversas amostras de DNA (na forma de folículos capilares e sangue), e os

tardígrados.

Agora, no entanto, o fantasma da biocontaminação “deliberada” da Lua está

sendo alvo de um certo escrutínio. Tardígrados, os minúsculos “ursos-d’água”,


são formas de vida extraordinariamente resilientes. Para um campo como a

astrobiologia, que procura vida para além da Terra, um dos grandes desafios

em nosso Sistema Solar é evitar criar falsos positivos ao levar biomarcadores

terrestres, ou até mesmo organismos, em ambientes extraterrestres, seja a

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30/08/2019 Missão espacial pode ter contaminado Lua com vida terrestre — mas, provavelmente, essa vida já estava lá - Scientific American Brasil
Lua, Marte ou qualquer outro lugar. Há também um consenso de que não

queremos atrapalhar ecossistemas alienígenas, especialmente se eles forem


delicados e vulneráveis a formas de vida invasivas.

Desde a aurora da era espacial, foram estabelecidos protocolos

internacionalmente controlados e acordos amplos sobre esse tipo de proteção

planetária. Mas é um campo complicado. Sabemos que nossos esforços de

esterilizar naves espaciais são imperfeitos, e sabemos que seres humanos no

espaço são um enorme problema de potencial contaminação cruzada. Na Lua,

já existem cerca de 100 sacolas de cocô de astronautas das missões Apollo. E,

se as vastas ambições do SpaceX forem realizadas, veremos centenas, talvez


milhares, de seres humanos cheios de micróbios na superfície de Marte.

Nada disso parece muito útil do ponto de vista da busca por vida da

astrobiologia. Mas, ao mesmo tempo, sabemos que a natureza vem causando

contaminação cruzada em planetas nos últimos 4 bilhões de anos. E pequenos

animais resistentes, como os tardígrados, provavelmente já foram depositados

para muito além da Terra.

O mecanismo que explica isso envolve impactos de asteróides e algo chamado

“ejeção por impacto”. Existe uma grande literatura, tanto teórica como
experimental, que dá suporte a essas possibilidades. O ponto principal é que

grandes impactos de asteróides (isto é, de aproximadamente 1 quilômetro de

diâmetro ou mais) tendem a fragmentar o material de um planeta e ejetar um

pouco dele para fora, com velocidade de escape ou superior. Além disso, vida

microbiana e organismos resistentes, como os tardígrados, aparentemente têm

uma boa chance de resistir aos extremos de pressão e temperatura durante

esses lançamentos violentos.

Grandes impactos podem enviar bilhões de pedaços da superfície da Terra para

o sistema solar, com escala de centímetros. Algumas desses pedaços podem


levar milhares de anos para chegar em outros corpos planetários, passando por

uma teia invisível de caminhos orbitais, mas eventualmente chegarão a algum

lugar. Na verdade, a modelagem computacional do sistema de ejeção por

impacto sugere que mesmo lugares distantes como Titã, na órbita de Saturno,

possa — embora raramente — ser recipiente de pedaços da Terra ao longo do

tempo. Lugares como Marte ou a Lua recebem muito mais detritos.

Do ponto de vista de buscar pistas para a profunda história da vida na Terra,


esse tipo de “litopanspermia” é fascinante. Pode ser que, espalhados pela

superfície da Lua, estejam amostras semelhantes a fósseis, esporadicamente

levadas ao longo da história da vida terrestre. Também é possível que existam

amostras, mesmo com milhões de anos, que contenham naturalmente animais

desidratados, como tardígrados. É claro que também é possível (embora com

uma probabilidade desconhecida) que exista um ecossistema em Marte,

povoado pelos descendentes da vida terrestre.

Também tem havido muitos debates sobre se a vida na Terra teve suas origens

em outros lugares, antes de ser transportada para cá pelo sistema de ejeção

por impacto. Provavelmente, estamos longe de saber a resposta para isso. Mas
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30/08/2019 Missão espacial pode ter contaminado Lua com vida terrestre — mas, provavelmente, essa vida já estava lá - Scientific American Brasil
é concebível que qualquer vida em nosso sistema solar tenha passado os

últimos bilhões de anos em um divertido jogo de contaminação natural,

misturando-se regularmente.

Isso significa que é uma boa ideia ser despreocupado sobre o lançamento de

vida terrestre em lugares como a Lua? Não. Devemos proceder com muito

cuidado. Mas, como todas as coisas, é necessário um equilíbrio entre grandes

ideisa, exploração, ciência e um senso de ética cósmica.

Caleb A. Scharf

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30/08/2019 Tecnologia desenvolvida pela Nasa ajuda brasileiros a prenderem pedófilos - Scientific American Brasil
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Sumário

Tecnologia desenvolvida pela Nasa ajuda


brasileiros a prenderem pedófilos
Notícias
Cinquenta anos depois da chegada do homem à Lua, as tecnologias da corrida espacial
continuam impactando nossas vidas — incluindo uma criada por um brasileiro que, na
adolescência, hackeou a Nasa

Imagem captada pelo telescópio TESS, da Nasa, que utiliza um tipo de algoritmo para
identificação de planetas e estrelas. Imagem: Nasa

Há 50 anos, o homem pisava pela primeira vez na Lua. A missão Apollo 11 se

consagrou não somente como um marco histórico, mas também tecnológico —

a corrida espacial impulsionou a criação de diversas novas tecnologias, que não

ficaram restritas apenas ao ambiente espacial, mas também começaram a

impactar diretamente nossas vidas.

Entre as tecnologias que vieram do espaço está um algoritmo adaptado por um

brasileiro para detectar pedófilos na internet. Wanderley Abreu Júnior é carioca


e CEO da startup Storm Security, empresa selecionada para prestar serviços

para a Nasa, e usou um algoritmo da agência americana para desenvolver

serviços aqui no Brasil — um para o Ministério Público e outro para empresas

privadas de streaming, para detecção facial e captação de sinais piratas,

respectivamente.

sciam.uol.com.br/tecnologia-desenvolvida-pela-nasa-ajuda-brasileiros-a-prenderem-pedofilos/ 1/4
30/08/2019 Tecnologia desenvolvida pela Nasa ajuda brasileiros a prenderem pedófilos - Scientific American Brasil
O trabalho da Storm é um de vários que serão apresentados no evento Fifty

Years of Apollo 11, promovido pela New York Space Alliance com apoio da Nasa
e do Google, no dia 19 de julho, em Nova Iorque. Segue abaixo uma versão

editada da entrevista com Abreu Júnior.

Scientific American Brasil: Como começou sua relação com a Nasa?

Abreu Júnior: É uma história complicada. Eu trabalhei como estagiário lá, há

muito tempo. Foi em 1997, com 18 anos, tinha acabado de entrar na PUC. Eu

hackeei um site deles. História maluca. Aí me chamaram para fazer um estágio

lá, e explicar melhor o que eu tinha feito e como tinha conseguido. Fui para o

Centro de Voos Espaciais Goddard, no Laboratório de Física Terrestre, e fiquei


lá quase dois meses.

SA: E agora, como CEO da Storm, você faz parte da New York Space

Alliance. O que é exatamente isso?

AJ: A New York Space Alliance é uma instituição sem fins lucrativos que reúne

startups que trabalham para a Nasa no estado de Nova Iorque. É como se

fosse uma associação de startups que têm alguma afinidade com algum

laboratório da Nasa. No nosso caso específico, trabalhamos para três

laboratórios diferentes: o Kennedy Space Center, o Ames e Goddard Space


Flight Center.

SA: Que serviço vocês prestam, exatamente?

AJ: Temos um contrato com a Northrop Grumman Corporation para atuar no

Telescópio James Webb. Na verdade, são diversas empresas diferentes

envolvidas. Os próprios laboratórios se dividem e fazem partes desse projeto.

Um faz a compressão, o outro trabalha na parte de ótica, e o terceiro faz a

parte de transmissão. A Nasa é assim, em um projeto você tem mais de mil


empresas trabalhando. O que nós fazemos, na verdade, é juntar tudo e fazer

os testes de streaming de vídeo, porque o James Webb, além de fotos, vai

enviar também vídeos curtos.

SA: No evento de comemoração dos 50 anos da Apollo 11 da NYSA,

vocês vão falar sobre uma tecnologia desenvolvida ao longo do

programa espacial que é usada na vida cotidiana…

AJ: Na verdade, o evento vai contar com várias atividades. Vai ter uma roda de
perguntas e respostas com astronautas, conversas sobre tecnologias espaciais,

sobre vida no espaço, a história do programa espacial, da Gemini à Apollo,

várias atividades diferentes. No nosso caso, vamos falar sobre nossa

tecnologia. Isso porque a Nasa dá direito a transferência de tecnologia para a

empresas parceiras, e para a utilização delas no cotidiano. São exemplos disso

o teflon, a bicicleta ergométrica e o ecocardiograma, entre outros.

SA: E qual tecnologia vocês desenvolveram?

AJ: Aplicamos uma tecnologia da Nasa de cartografia estelar, ou seja, de

trânsito de planetas, para aumentar o nível de reconhecimento facial em

massa. E então utilizamos isso para a busca de pedófilos na internet.


sciam.uol.com.br/tecnologia-desenvolvida-pela-nasa-ajuda-brasileiros-a-prenderem-pedofilos/ 2/4
30/08/2019 Tecnologia desenvolvida pela Nasa ajuda brasileiros a prenderem pedófilos - Scientific American Brasil
Pegávamos vídeos e fotos de pedofilia e tentávamos encontrar essas crianças

ou os adultos que apareciam nos vídeos em redes sociais. Conseguimos

identificar centenas de pessoas usando esse aplicativo, esse robô de buscas.

Além disso, essa tecnologia hoje é aplicada para busca de sinais piratas de TV.

Vários sites fazem transmissões de vídeo a partir de streamings piratas de

empresas como Globosat Play, Globoplay. A tecnologia busca na internet esses

sinais e os corta. Então, é mais um exemplo de tecnologia que foi desenvolvida

a princípio para o programa espacial, mas que foram aplicadas de forma a

ajudar o ser humano em seu cotidiano.

SA: Os mesmos algoritmos usados para identificar rostos também

servem para procurar streaming pirata?

AJ: Na verdade, são vários algoritmos diferentes. O algoritmo original era para

procurar planetas em trânsito diante de estrelas. O que fazemos é usar esse

algoritmo para procurar padrões. Não interessa qual o padrão, desde que

possamos transformar em matrizes. Matriz de áudio, de vídeo, de rosto, de

qualquer coisa, e procuramos por padrões que se repitam. Por exemplo, você

tem um número muito grande de estrelas, e dentro desse conjunto há

discrepância de shift (desvio) de luz, para vermelho ou para azul. O algoritmo

detecta esse shift. É a mesma coisa com rosto, com vídeo, com qualquer coisa

que você consiga colocar dentro de uma matriz de dados. Esse algoritmo serve
para isso: detecção de padrões em massa. Depois que ele detecta esse padrão,

entram outros algoritmos, específicos para tratar áudio, vídeo, rosto, voz, etc.

No caso do Ministério Público, o que fazíamos era buscar na deep web e dark

web vídeos e fotos de crianças em posições pornográficas. Identificando esses

vídeos, íamos para as etapas de facial recognition e facial detection. Ou seja,

primeiro o computador precisa saber que é um vídeo de pedofilia. Depois de

checar isso, o algoritmo detecta os rostos, e dos rostos ele extrai e começa a

procurar por rostos similares em outros lugares, como redes sociais.

São três estágios diferentes, então. O algoritmo da Nasa entra no segundo

estágio. Depois que é detectado que o vídeo é de fato um vídeo de pedofilia, o

robô extrai os rostos e começa a procura. É um trabalho em massa: são

milhares de rostos diferentes para procurar. O algoritmo então faz uma

classificação por matrizes dos rostos, conforme geometria, forma,

características, etc. Depois, ele faz combinações desse rosto com fotos de

redes sociais e outros sites. E isso aumentou muito a capacidade de

reconhecimento em massa.

SA: Quando tudo isso desenvolvido?

AJ: Eu trabalhei no Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro fazendo essa

mesma coisa, fui chefe da Coordenadoria de Investigações Eletrônicas. O

software já existia, desde 2004, mas ele tinha muitas limitações. Ele precisava

de um ser humano para fazer o matching dos rostos com os rostos da rede,

não trabalhava totalmente automático. O programa só detectava os vídeos.

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30/08/2019 Tecnologia desenvolvida pela Nasa ajuda brasileiros a prenderem pedófilos - Scientific American Brasil
Com nossa entrada nos projetos da Nasa, em 2017, usamos esse algoritmo

para torná-lo totalmente automático e para aumentar a qualidade do processo

de busca.

Essa melhora não foi só por causa do algoritmo, mas também por causa dele.

De 2015 para cá, há uma inflexão enorme na área de inteligência artificial.

Redes neurais convulsionais, clouding, networking, uma capacidade

computacional muito maior para usar esse tipo de algoritmo. E isso também

faz com que esse algoritmo possa ser usado, porque antigamente não havia

capacidade computacional para isso. O que nós fizemos foi anexar a


possibilidade, o que triplicou nossa eficiência, e abriu margem para a gente

utilizar isso em outros mercados também, como o mercado de vídeo. Nesse

caso, é preciso buscar em muitos sites diferentes, e colocar pessoas para fazer

isso é inviável. Uma coisa é você botar policiais para detectar pedofilia, é um

nicho muito específico. Outra coisa é você procurar sinal pirata na internet.

Então, isso tornou possível a gente explorar mercados e combater outros tipos

de crime, de ordem intelectual, nessa mesma ferramenta.

SA: Você já estava fora do Ministério Público em 2017, e mesmo assim

criou esse software para eles?

AJ: Sim. Nós atualizamos o software sempre, e meu acordo é que continuem

atualizando até ad eternum. E sem pagar. É um dever cívico, isso não tem

preço. Eu jamais cobraria para fazer uma coisa dessa. É algo importante, sem

preços. Já que a gente não gasta e podemos usar o software para utilizar em

outras áreas, como a de propriedade intelectual, isso é uma contribuição que


damos para a sociedade.

SA: Qual foi o impacto da aplicação do algoritmo?

AJ: Ao longo desses últimos dois anos, identificamos 1520 vídeos de pedofilia,

isso só no Brasil, sendo que desses, mais de 20 rostos de pedófilos foram

identificados. Antes, a taxa de detecção era muito baixa. Não tenho números,

porque eram pessoas trabalhando, e pessoas não geram acurácia tão grande.

Eu me lembro que na Operação Catedral, que fizemos no Ministério Público,

foram 17 ou 18 pessoas identificadas, e isso foi na época a maior operação de

pedofilia no estado do Rio de Janeiro. E mesmo assim demorou dois anos para

ser concretizada, foi algo muito menor.

Bruno Carbinatto

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30/08/2019 A privacidade está morrendo. Ou já morreu? - Scientific American Brasil
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A privacidade está morrendo. Ou já morreu?


Notícias De 151 leitores questionados sobre o tema, 83 não manifestaram qualquer apreço e até
aplaudiram o fim desse direito

As pessoas utilizam diferentes tecnologias no dia-a-dia sem qualquer cuidado.


A democracia sofre ameaças até em países como os Estados Unidos, onde o

combate ao terrorismo tem criado um clima de quase paranóia, o que aumenta


os riscos à privacidade e aos direitos fundamentais do ser humano.

O mundo tem assistido, estarrecido, a incontáveis exemplos chocantes desse

retrocesso, entre os quais as centenas de prisões ilegais e de telefones

grampeados sem autorização judicial, tanto nos Estados Unidos quanto em

aeroportos europeus. Sem falar na base americana de Guantánamo, ou nas


torturas praticadas por soldados americanos no Iraque.

Jean Paul Jacob, cientista brasileiro que trabalhou mais de 30 anos para a IBM,

diz que uma das conseqüências da revolução digital e, em especial, da

expansão mundial da internet, foi o fim da privacidade. Concordo com a


afirmativa, mas não me conformo com a inconsciência da maioria das pessoas

diante do problema. E pior: esse não é um problema brasileiro, pois nem

mesmo nos Estados Unidos e na Europa o cidadão comum tem lutado por seus

direitos nessa área, ou parece preocupar-se com os riscos à sua privacidade.

A questão se agravou a partir dos ataques de 11 de setembro de 2001, razão

por que as medidas de segurança passaram a infernizar a vida dos passageiros

aéreos – 99,99% dos quais são bons cidadãos e jamais pensariam em ameaçar

a segurança de aviões ou de aeroportos.,Um dos projetos mais recentes é a


identificação automática de qualquer passageiro ao passar no setor de

imigração, por meio de etiquetas inteligentes dotadas de chip embutido no

passaporte, cartão de embarque ou na própria bagagem. São os sistemas de

identificação por radiofreqüência (RFID, do inglês radiofrequency identification


devices), que serão operados em aeroportos pela TSA (Transport Security

Authority), a empresa responsável pela segurança do transporte aéreo nos

Estados Unidos. (Ver vídeo no link: www.spychips.com/ RFIDairport.html)

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A propósito, duas autoras americanas, Katherine Albrecht e Liz McIntyre,

publicaram em 2007 o livro Spychips: how major corporations plan to track


your every move with RFID. A obra pode ser traduzida por Chips espiões: como

as grandes corporações planejam rastrear cada movimento nosso com RFID.

Um dos pontos mais criticados pelo livro é exatamente esse controvertido

sistema de identificação em aeroportos, que rastreia e monitora as pessoas

sem o conhecimento nem a permissão delas. “É algo parecido com o que

acontecia na antiga União Soviética”, acusam Albrecht e McIntyre.

E, na verdade, os chips embutidos nos passaportes e outras peças de

passageiros não nos protegem. “Os passaportes com RFID pouca coisa farão
por nossa segurança” – afirma Katherine Albrecht. “Pelo contrário, impondo-

nos essas etiquetas eletrônicas em nossos documentos de viagem, o governo

está pondo em risco nossas informações pessoais, sem fazer quase nada para

deter os criminosos.”,A cada dia surgem chips mais avançados combinando

poder de processamento embutido dos embbeded systems com a alta

capacidade de memória e a crescente velocidade de transmissão de dados. Um

bom exemplo desse avanço é um novo chip da HP, menor que uma semente de

tomate, com 500 quilobytes de memória e capaz de se comunicar a 10

megabits por segundo.

Um simples anúncio de TV da IBM nos dá hoje idéia do que podem fazer os

sistemas de RFID, mostrando, com bom humor, a chegada de um caminhão a

um posto de fiscalização. Em poucos segundos, a funcionária deixa o motorista

estupefato, dizendo: “OK. Já sei tudo o que o senhor transporta e qual é o

destino de cada item dessa carga”. E descreve com precisão algumas das

mercadorias transportadas, identificadas por etiquetas inteligentes.

Daqui a poucos meses, a nova tecnologia permitirá que um cliente de

supermercado passe com seu carrinho de compras abarrotado pelo caixa, que
identificará, instantaneamente, todos os produtos por meio de etiquetas

inteligentes, e emitirá a nota de compra com o valor final.

Descaso com a Privacidade

Confesso que fiquei chocado ao concluir que sou uma voz quase solitária em

defesa da privacidade, após publicar em 2007 um artigo em O Estado de S.

Paulo, em que pedia a opinião de meus leitores. Concluí que, dos 151 que me

responderam e opinaram sobre o tema, 83 não manifestaram nenhum apreço e


até aplaudiam o fim desse direito. Passei, então, a debater o assunto via

internet.,Destaco aqui três opiniões sobre o tema. A primeira é a de V. D., um

consultor, ex-diretor de uma grande multinacional. Ele se diz admirado que

ainda existam pessoas, como eu, que não perceberam a lenta e inexorável

agonia da privacidade. “Não há mais volta. É hora, portanto, de enfrentar a

realidade das mudanças e não de conjeturar, pois as técnicas modernas da

informação condenaram a privacidade à morte.”

A segunda opinião, igualmente cínica e inteligente, é a de C. B. U., executivo,

PhD pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT), engenheiro, astrônomo

e escritor, que me fulmina logo de cara: “Sim, meu caro, a privacidade já


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morreu. Mas isso não tem a menor importância. Acho muito melhor que

possamos descobrir as intenções recônditas das pessoas. Talvez seus

comportamentos venham até a melhorar”.

Ambos relembram que a tecnologia da informação e as telecomunicações

bisbilhotam nossas finanças, descobrem se emitimos cheques sem fundos ou

se somos maus pagadores. Identificam os lugares onde estivemos ontem ou

onde estamos agora. Avaliam nosso sucesso ou fracasso profissional. Deixam-

nos quase nus diante da sociedade e, em breve, irão revelar nossos segredos

íntimos.

Recordem-se de que os cartões de crédito esquadrinham nossos hábitos de

compra e informam os vendedores, para que nos assediem com ofertas

tentadoras. Lembrem-se de que o Banco Central e o Serasa espalham as piores

coisas sobre nós para todo o mercado.,“Privacidade? – pergunta o consultor. As

próximas gerações vão rir de nós, tal como rimos hoje dos pudores prosaicos

de nossos antepassados. E não lamentem a morte desse suposto direito, pois

isso até poderá ser bom para a sociedade. Duvida? Sem privacidade, não

seremos mais fingidos. Enganaremos menos aos outros.

Teremos mais razões para agir corretamente, para não ter registros negativos.

Num mundo sem privacidade talvez haja menos impunidade – um dos grandes

problemas do Brasil hoje. A justiça e os negócios serão mais rápidos, baseados


em fatos e não em opiniões. Não teremos de esconder nada, pois, como dizia

Goethe, essa preocupação desaparece para quem já tem seu prestígio

arruinado.”

O executivo PhD do MIT minimiza até a revolução da informação, que, para ele,

não tem a importância que lhe atribuímos: “Outras revoluções foram mais

importantes, como a descoberta do eletromagnetismo, a invenção da

linguagem matemática ou da tipografia”. O grande benefício do livro,

argumenta, foi disseminar cultura, controvérsias, espírito crítico. E isso não

produziu nenhuma catástrofe. Mas reconhece que o mundo quase veio abaixo

quando Darwin disse que somos primos dos antropóides.

Só consigo reagir à depressão quando leio a terceira mensagem, de outro

executivo, francês radicado no Brasil, brilhante, racional, realista, que

reconhece logo as ameaças permanentes da tecnologia à privacidade, mas nos

concita a defendê-la em nome da ética.,O franco-brasileiro admite que, em

muitos casos, o fim da privacidade pode até ser positivo para as pessoas e para

a sociedade, mas em circunstâncias muito especiais: “Nossa luta, como

cidadãos, deve ser implacável no sentido de impedir o uso indevido da


informação, como a venda de nossos perfis a terceiros e a apropriação de

nossos dados pela esfera pública para controle dos cidadãos”. E aponta a nova

legislação da União Européia sobre o tema

(www.edps.europa.eu/01_en_presentation.htm).

“A sociedade – exemplifica – precisa de instrumentos eficazes para impedir ou

punir um ministro da Fazenda que tem a ousadia de pedir ou induzir assessores

a abrir os dados sigilosos de um caseiro, contando com conivência e submissão


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de subordinados que cumprem a ordem ilegal e imoral sem esboçar qualquer

reação.”

Nossos dados confidenciais estão cada vez mais vulneráveis diante dos

modernos sistemas de controle social e individual. “Isso é ainda mais sério

numa sociedade como a brasileira – diz o franco-brasileiro – que tolera tantos

desvios e tem sido capaz de eleger verdadeiros delinqüentes como seus

representantes.”

Não chegaria ao extremo de testar a coerência dos que não se importam com o

fim da privacidade, nem aplaudiria a invasão de seus computadores – nem


muito menos os PCs de meus queridos amigos executivos, consultores e PhDs

– porque sei o que significa o furto de senhas, de dados confidenciais, de fichas

médicas e de identidade, por criminosos.

Mesmo diante de tanta evidência, acho que o cidadão do século 21 ainda vai

mobilizar-se em defesa da privacidade.,- É hora de enfrentar a realidade dos

novos tempos e se convencer de que a privacidade não só está ameaçada,

como sua morte já foi decretada.

– Dados confidenciais estão cada vez mais vulneráveis diante dos modernos

sistemas de controle social e individual. Em breve até nossos segredos mais

íntimos se tornarão públicos.

– Em um mundo sem privacidade, onde as verdadeiras intenções são sempre

reveladas, talvez haja menos corrupção, menos impunidade e mais razões para

agir corretamente.
– Os editores,Transparência pública, opacidade privada – O direito como

instrumento de limitação do poder na sociedade de controle. Túlio

Vianna. 1a ed., 232 págs., 2007

Proteção da vida privada e liberdade de informação. René Ariel Dotti.

Editora Revista dos Tribunais, 1980.

Direito à intimidade. Edson Ferreira da Silva. Editora Oliveira Mendes, 1998.

Tutela penal da intimidade. Paulo José da Costa Jr. Editora Revista dos

Tribunais, 1970.

Direito à intimidade e à vida privada. José Adércio Leite Sampaio. Editora

Del Rey, 1998. Sites de Wikipedia em português (www.pt.wikipedia.org ) ou em

inglês: (www. en.wikipedia.org )

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