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1. INTRODUÇÃO
O direito criminal é um ramo jurídico que tem como prioridade o respeito aos
direitos e garantias fundamentais do indivíduo e, dessa forma, possui a
necessidade constante de valorizá-los na aplicação prática das normas penais.
Assim, diante desta prioridade, bem como do excesso de processos que permeiam
o judiciário, é que se faz necessário utilizar de métodos que simplifiquem a
aplicação do direito, tornando-o efetivo e eficaz. Um destes é o modo de
negociação da justiça criminal, o qual permite acordos e disposições acerca da
penalização do indivíduo.
Apesar de compreender que o Estado deve sanar toda e qualquer infração penal
pelo uso da ação penal e seus desdobramentos, passou-se a entender que quando
se trata de infrações de menor potencial ofensivo, a simples solução consensual se
faz mais vantajosa. Deste modo, o Poder Judiciário pode atender com prioridade
as infrações penais mais graves, as quais exigem maior esforço para se solucionar.
Posto isto, pode-se observar que a justiça brasileira buscava uma facilitação do
processo, fazendo-o mais simples, rápido, eficiente, democrático e também mais
próximo da sociedade, tornando o procedimento mais curto.
Dessa forma, os juizados especiais aparecem como a primeira medida tomada pelo
ordenamento jurídico nacional, a fim de cumprir os objetivos de
desburocratização do poder judiciário, os quais se encontram previstos desde 1988
na Carta Magna brasileira em seu artigo 98, I, porém, sem regulamentação
própria.
O processo penal tem por objetivo aplicar a norma penal, existente como forma
punitiva, preventiva e ressocializadora. Neste sentido, a característica punitiva
garante que a norma irá aplicar ao cidadão a consequência por sua atividade
contrária ao ordenamento jurídico, funcionando de maneira preventiva para que
os demais tenham o “exemplo” do que ocorre quando há este descumprimento do
que é disposto. Enquanto a função ressocializadora do processo penal se dá por
meio do cumprimento da pena disposta pela norma, no objetivo de reinserir o
indivíduo de conduta indevida na sociedade a qual ele pertencia.
Ante o exposto, observa-se que, diante da criação da Lei 9.099/95, a criação dos
Juizados Especiais se tornou competência da União e das Unidades Federativas,
visto que o artigo 93 do dispositivo legal apresenta que “lei estadual disporá sobre
o Sistema de Juizados Cíveis e Criminais, sua organização, composição e
competência”. Consequentemente, as matérias relativas à competência,
procedimento e organização judiciária dependem da edição de lei que as
regulamentará.
A Lei dos Juizados Especiais (9.099/95) dispõe ainda, em seu art. 89, a respeito
da suspensão condicional do processo, conhecida como sursis, que possui sua
previsão primordial pelo Código Penal de 1940, em seu artigo 77.
Este método pode ser aplicado tanto aos casos de infrações de menor potencial
ofensivo quanto às demais, desde que cumpridos os requisitos necessários.
Portanto, o instituto do sursis abrange diversos tipos penais, resultando em um
modo de justiça negocial caracterizado pelo desenvolvido originário a partir da lei
dos juizados especiais e que surte efeitos extensivos, além do rol do que deve
dispor.
Tais condições configuram o sursis, por meio do qual o Réu terá seu direito de
liberdade levemente cerceado, comparado à restrição que poderia resultar de uma
pena de reclusão em regime fechado. O efeito danoso causado em decorrência da
conduta do réu deverá ser reparado por este, a menos que seja indisponível. O
indivíduo ficará também impedido de se ausentar da Comarca sem autorização
judicial que lhe permita, bem como não poderá frequentar certos locais e deverá
apresentar mensalmente ao judiciário satisfação sobre seus atos.
Na transação penal o réu tem a seu dispor o direito subjetivo de atender aos
requisitos necessários para a transação penal, sendo decidido pelo Ministério
Público sobre de que forma será o exercício desse direito. No lugar de ocorrer o
cerceamento direto da liberdade do indivíduo, surge a possibilidade de que este
cumpra sua pena através da restrição de direitos ou aplicação de multas, sem a
necessidade de ajuizamento de mais um processo para as filas do poder judiciário.
A Lei 9.099/95, em seu caput, dispõe que são passíveis de transação penal apenas
as infrações de ação penal pública condicionada à representação e as
incondicionadas. Não há, no entanto, menção às de ação penal privada, e há uma
relativização quanto ao princípio da obrigatoriedade da ação penal pública, visto
que, apresentados os requisitos, o Ministério Público deve propor a transação.
LOPES JR (2016), entende que a proposta do acordo para transação penal se
difere da aplicação deste, pois há a necessidade do aceite do réu.
Neste sentido, a transação penal será ofertada por escrito, ou ainda oralmente,
consistindo na aplicação da pena imediatamente, a qual deverá ser especificada na
proposta. Presentes o acusado e seu defensor, caberá a ambos a aceitação da
medida, devendo ser formulada a proposta de forma clara e objetiva que não deixe
dúvidas acerca de sua legitimidade, apresentando ainda todos os detalhes e
informações sobre a transação e a pena a ser estipulada.
Observa-se que a transação penal não surte efeitos que configuram reincidência,
não demonstra reconhecimento de culpa do autor do fato, e faz com que este, após
infringir uma norma, cumpridos os requisitos necessários, possa cumprir pena
sem a inclusão de seu nome no rol dos culpados. A transação, portanto, além de
desabarrotar o poder judiciário, facilita a vida durante e posteriormente à
condenação do réu.
Há críticas ainda que colocam a justiça negocial como um método que pressiona a
vítima a aceitar os acordos propostos e, de certo modo, abrir mão do direito que
foi prejudicado e deveria ser buscado pela justiça criminal. Em suma, a doutrina
contrária à justiça negocial prega que na busca pela celeridade processual o
ordenamento jurídico acaba por prejudicar a eficácia do modelo processual penal
instituído no país, qual seja o do método acusatório, onde figuram o Ministério
Público como acusador e buscador da penalização do indivíduo e o defensor deste
como uma prevenção de excessos da justiça. Entretanto, apesar da parcela
contrária da doutrina, a legislação penal apresenta projetos de mudança que
pretendem democratizar ainda mais o acesso e a inserção do indivíduo no poder
judiciário, dando prosseguimento ao trabalho iniciado pela Lei 9.099/95 e
concedendo mais autonomia aos seus institutos, principalmente, aos juizados.
Este instituto surge diante da ineficaz atividade do Estado no que diz respeito aos
crimes realizados por entidades e organizações criminosas. Sem meios para
proceder à investigação, o poder público opta por abrir mão de parte de seu dever
punitivo em face da resolução do caso como um todo e penalização de todos os
envolvidos.
Ressalta-se, entretanto, que somente a delação não basta para o benefício do réu,
devendo esta surtir efeitos que realmente façam a diferença e auxiliem na
investigação do delito em si e dos demais sujeitos envolvidos. Este método
funciona como uma forma de incentivar a confissão espontânea, e, assim, o
depoimento de um dos agentes criminosos poderá motivar os demais a proceder
da mesma maneira, fazendo com que o delito seja resolvido de forma mais célere e
facilitada do que por meio de uma investigação judicial completa.
Outro ponto importante se faz na localização da vítima com vida. Isto deverá ser
observado em crimes que envolvem pessoas e patrimônio, como é o caso da
extorsão mediante sequestro (art. 159 CP) e, além disso, deverá se recuperar
totalmente ou parcialmente o produto do crime.
Este método de justiça negocial foi o meio encontrado pela justiça para agilizar
esses processos e dar mais efetividade a eles, por meio do qual os entes
responsáveis pelos atos de corrupção delatam seus comparsas, muitas vezes
pessoas de cargos importantes no cenário político nacional, bem como prestam
informações relevantes acerca da realização das atividades ilícitas, em busca de
atenuação da pena a lhes ser atribuída. Além dos requisitos que possibilitam a
diminuição da pena do delator, outro ponto de essencial importância é o perdão
judicial.
No entanto, em casos como o que o país vive, atualmente é que se pode verificar
um dos defeitos desse instituto negocial, pois diante de condições atrativas para
redução da pena, as delações que surgem nem sempre são confiáveis, ou ajudam
na resolução do processo, podendo ainda prejudicar cada vez mais seu trâmite.
Diante disso, é necessário que haja imparcialidade total do julgador acerca destas
ações, e cautela para com as provas testemunhais produzidas pelas inúmeras
colaborações apresentadas.
5. CONCLUSÃO
RERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BECCARIA, Cesare. Dos delitos e das penas. São Paulo: Atena, 1959.
LOPES Jr., Aury. Direito Processual Penal. 13. ed. – São Paulo: Saraiva, 2016.
Autor
Thiago Thiago Vinícius Pondian Caravelo
Vinícius
Pondian
Caravelo
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