“O gosto dos outros”, de Agnès Jaoui. França, 1999, 108 minutos.
Prof.ª Dr.ª Carolina Pulici
No filme “O gosto dos outros” observarmos as questões sobre “apropriação
de obras de arte” que Bourdieu levanta em “O senso da distinção”. Neste texto Bourdieu afirma que a apropriação de uma obra de arte funciona como uma relação de “distinção social”, e também aponta a importância da “posse cultural” de mecanismos de apropriação, destas mesmas obras, sendo que estes funcionam como um “capital”, no caso cultural, e assim também se caracterizam como um “principio de hierarquização”. Ainda em “O senso da distinção” temos em um eixo de representação as pessoas que dispõe de um alto capital cultural e baixo capital econômico, nesta categoria encontramos, por exemplo: os produtores artísticos e intelectuais, entre outros. No filme podemos analisar a personagem Clara, e seu núcleo de amigos, onde ainda em “Bourdieu” há uma “busca do máximo “rendimento cultural” pelo menor custo econômico”. Aqui observamos isso em cenas em que “após a peça, estes vão a um “bar para jantar”, e relativo à questão do alto capital cultural, quando vemos cenas de exposição de quadros e debates sobre autores de teatro”. No outro extremo da categoria, temos o empresário, no filme representado por “Castella”, sendo que este dispõe de “ alto capital econômico, mas baixo capital cultural, aqui nas cenas aonde o personagem vai ao teatro e comenta que o personagem estava engraçado, ou ainda quando diz a “Professora Clara” que leu poucas páginas dos livros emprestados, mostrando pouco interesse sobre a leitura, para Bourdieu os empresários desta categoria “dispõem de remunerações mais elevadas e detêm a competência mais baixa, conhecem um número reduzido de obras musicais e de compositores,[...] orientam suas preferências para obras de cultura burguesa de segunda categoria, desclassificadas ou clássicas...”, e aqui no filme por exemplo vimos “Castella” em sua casa vendo novela com sua mulher Angélique.