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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS


CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO DE PROJETOS

PAULO WESNEY COSTA TAVARES DE OLIVEIRA

ANÁLISE DE RISCO E VIABILIDADE FINANCEIRA DE PROJETOS DE


GERAÇÃO SOLAR FOTOVOLTAICA POR MEIO DE SIMULAÇÃO MONTE
CARLO

FORTALEZA – CEARÁ
2019
PAULO WESNEY COSTA TAVARES DE OLIVEIRA

ANÁLISE DE RISCO E VIABILIDADE FINANCEIRA DE PROJETOS DE GERAÇÃO


SOLAR FOTOVOLTAICA POR MEIO DE SIMULAÇÃO MONTE CARLO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao Curso de Especialização em Gestão de
Projetos do Centro de Ciências Sociais
Aplicadas da Universidade Estadual do Ceará,
como requisito parcial à obtenção da
certificação de especialista em Gestão de
Projetos.

Orientador: Prof. Dr. Lauro Chaves Neto

FORTALEZA – CEARÁ
2019
A Deus.
À minha esposa, Jessica Caluete da Costa.
À minha avó, Maria Ednir da Silva Costa.
Aos meus pais, Dalmo José Tavares de Oliveira
e Regiane Costa Tavares de Oliveira.
A meus irmãos, Lucas Costa Tavares de
Oliveira e Heitor Costa Tavares de Oliveira.
A toda minha família e a todos os meus amigos.
AGRADECIMENTOS

A DEUS, pelo dom da vida.


À Jessica, por ser meu apoio nos momentos difíceis, por todo amor e dedicação.
A minha avó Ednir, por um motivo pelo qual lutar.
A minha mãe Regiane, por todo amor e apoio.
A meu pai Dalmo, por toda sabedoria e direcionamento.
A meu irmão Lucas, por todos os momentos de diversão.
A meu irmão Heitor, por todo carinho.
Ao Prof. Dr. Lauro Chaves, pela orientação e pela disponibilidade.
Aos professores participantes da banca examinadora pelo tempo e pelas valiosas colaborações
e sugestões.
“Por vezes sentimos que aquilo que fazemos
não é senão uma gota de água no mar. Mas o
mar seria menor se lhe faltasse uma gota.”
(Madre Teresa de Calcutá)
RESUMO

A geração de energia por meio de planta solar fotovoltaica vem sendo cada vez mais
desenvolvida e aplicada ao longo dos anos. No entanto, muitas mudanças no cenário (riscos)
desse tipo de geração impacta diretamente na viabilidade financeira desse tipo de projeto. Dessa
forma, este trabalho tem como questão problema: quanto os principais riscos dos projetos
fotovoltaicos podem afetar em sua viabilidade financeira? Para se fazer uma análise financeira
coerente é necessário se conhecer os impactos quantitativos dos riscos envolvidos nesse tipo de
projeto considerando inclusive os diversos cenários possíveis. Dessa forma, este trabalho tem
como objetivo geral a elaboração de uma análise financeira de projeto de geração solar
fotovoltaica por meio de simulação Monte Carlo. Para tanto, este trabalho tem como objetivos
específicos: definir os termos: riscos em projetos, viabilidade financeira de projetos, geração
solar fotovoltaica e simulação Monte Carlo, rastrear os principais riscos que afetam na
viabilidade financeira de projetos de geração solar fotovoltaica e determinar a faixa mais
provável de ocorrência desses riscos e analisar quantitativamente o impacto dos riscos na
viabilidade financeira de um projeto de geração solar fotovoltaica por meio de uma simulação
Monte Carlo. Para construção do modelo e análise dos resultados será utilizada uma planilha
elaborada em Microsoft® Office Excel e um plugin de fabricação Vose® chamado Model Risk.
Inicialmente, será apresentada uma introdução citando os objetivos, motivações e estrutura do
trabalho. Posteriormente, será feito um levantamento bibliográfico necessário para a elaboração
da viabilidade financeira e fundamental construção do modelo. Também serão apresentados os
principais riscos que afetam na viabilidade financeira de projetos de geração solar fotovoltaica.
Após a construção da fundamentação teórica, será apresentada a simulação da análise financeira
por meio do método de Monte Carlo para uma geração solar fotovoltaica de 75kWp no
município de Fortaleza, Ceará. Serão apresentados os principais limites para as entradas do
modelo baseados em bibliografias considerando 100.000 casos. No final, será concluído o
trabalho apresentado os intervalos das saídas com probabilidade de ocorrência de 90%. Será
possível concluir que projetos com potência de geração solar fotovoltaica de 75kWp continuam
economicamente viáveis mesmo considerando os diversos cenários de riscos, por exemplo, as
mudanças no cenário de compensação de energia.

Palavras-chave: Geração Solar Fotovoltaica. Projeto. Riscos. Viabilidade Econômica. Monte


Carlo.
ABSTRACT

Power generation through solar photovoltaic plant has been increasingly developed and
applied over the years. However, many changes in the scenario (risks) of this type of generation
directly impact the financial viability of this type of project. Thus, this paper has as a problem
question: how much can the main risks of photovoltaic projects affect their financial viability?
In order to make a coherent financial analysis it is necessary to know the quantitative impacts
of the risks involved in this type of project considering the various possible scenarios. Thus,
this work has as general objective the elaboration of a financial analysis of photovoltaic solar
generation project through Monte Carlo simulation. To this end, this work has as its specific
objectives: to define the terms: project risks, project financial viability, photovoltaic solar
generation and Monte Carlo simulation, trace the main risks that affect the financial viability
of photovoltaic solar generation projects and determine the range. more likely to occur and to
quantitatively analyze the impact of the risks on the financial viability of a photovoltaic solar
generation project by means of a Monte Carlo simulation. To build the model and analyze the
results will be used a spreadsheet prepared in Microsoft® Office Excel and a Vose®
manufacturing plugin called Model Risk. Initially, an introduction will be presented citing the
objectives, motivations and structure of the work. Subsequently, a bibliographic survey
necessary for the elaboration of the financial viability and fundamental construction of the
model will be made. The main risks affecting the financial viability of photovoltaic solar
generation projects will also be presented. After the construction of the theoretical foundation,
the simulation of the financial analysis by the Monte Carlo method will be presented for a
75kWp photovoltaic solar generation in the city of Fortaleza, Ceará. The main limits for the
model entries based on bibliographies considering 100,000 cases will be presented. At the end,
it will be concluded the work presented the output intervals with probability of occurrence of
90%. It can be concluded that projects with 75kWp photovoltaic solar generation power remain
economically viable even considering the various risk scenarios, for example, changes in the
energy compensation scenario.

Keywords: Photovoltaic Solar Generation. Project. Scratchs. Economic viability. Monte Carlo.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Custo Unitário por estado (R$/kWp) ................................................................. 15


Figura 2 - Relação entre restrições e incertezas em um Projeto ........................................ 18
Figura 3 - Fluxo de caixa convencional ................................................................................ 20
Figura 4 - VPL em função da Taxa de desconto .................................................................. 22
Figura 5 - VPL versus Custo do Capital............................................................................... 23
Figura 6 - Curva I-V resultante de uma associação em série de módulos fotovoltaicos .. 25
Figura 7 - Curva I-V para uma associação em paralelo de módulos fotovoltaicos .......... 26
Figura 8 - Inversor de Ponte Trifásica ................................................................................. 26
Figura 9 - Esquema Reduzido de uma String Box .............................................................. 27
Figura 10 - Suporte e string box usados em parques fotovoltaicos. ................................... 28
Figura 11 - Comparação Entre Simulação Financeira Normal e Simulação de Monte
Carlo ................................................................................................................... 30
Figura 12 - Diminuição percentual do preço dos módulos ................................................. 33
Figura 13 - Irradiação Solar Diária média Mensal [kWh/m².dia] para Fortaleza. .......... 38
Figura 14 - Irradiação Solar para Fortaleza. ....................................................................... 39
Figura 15 – Tarifas ENEL, fevereiro de 2019 ...................................................................... 39
Figura 16 – Taxa de desempenho do sistema. ...................................................................... 44
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Principais riscos em projetos de geração Fotovoltaica. .................................... 19


Tabela 2 - Mudanças no Cenário de Compensação ............................................................ 32
Tabela 3 - Valor do CAPEX conforme bibliografia ............................................................ 36
Tabela 4 - Planilha de Viabilidade de Econômica de Geração Solar Fotovoltaica .......... 46
Tabela 5 - Probabilidade das saídas do modelo ................................................................... 49
LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Número de Micro e Minigeradores Distribuídos ............................................. 14


Gráfico 2 - Parcelas do CAPEX ............................................................................................ 32
Gráfico 3 - Divisão do OPEX. ................................................................................................ 33
Gráfico 4 - Entrada 01 do modelo: CAPEX ........................................................................ 35
Gráfico 5 - Entrada 02 do modelo: Compensação de Energia ........................................... 36
Gráfico 6 - Entrada 03 do modelo: decaimento anual da produção .................................. 37
Gráfico 7 - Entrada 04 do modelo: geração de Energia Estimada .................................... 38
Gráfico 8 - Entrada 05 do modelo: horas de Sol Pleno (HSP) ............................................ 39
Gráfico 9 - Entrada 06 do modelo: OPEX ........................................................................... 38
Gráfico 10 - Entrada 07 do modelo: reajuste anual da taxa de consumo ......................... 41
Gráfico 11 - Entrada 10 do modelo: tarifa de consumo ...................................................... 42
Gráfico 12 - Entrada 09 do modelo: taxa de simulação da análise financeira .................. 43
Gráfico 13 - Entrada 11 do modelo: taxa de desempenho do sistema ............................... 44
Gráfico 14 - Saída 01 do modelo: LCOE .............................................................................. 47
Gráfico 15 - Saída 02 do modelo: Payback .......................................................................... 47
Gráfico 16 - Saída 03 do modelo: TIR .................................................................................. 48
Gráfico 17 - Saída 04 do modelo: VPL ................................................................................. 48
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AMP Association for Project Management


ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica
CAPEX Capital Expenditure
COFINS Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social
CP Consulta Pública
CRESESB Centro de Referência para Energia Solar e Eólica Sérgio Brito
HSP Horas de Sol Pleno
ICMS Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços
IL Índice de Lucratividade
kWh Kilowatt hora
kWp Kilowatt pico
LCOE Livelised Cost of Electricity
OPEX Operational Expenditure
PIS Programa de Integração Social
R$ Reais
SFCR Sistemas Fotovoltaicos Conectados a Rede
TC Transformador de Corrente
TIR Taxa Interna de Retorno
TP Transformador de Potencial
V Volt
VPL Valor Presente Líquido
Wp Watt pico
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................................... 14
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA..................................................................... 18
2.1 RISCOS EM PROJETOS..................................................................................... 18
2.2 VIABILIDADE FINANCEIRA EM PROJETOS................................................ 20
2.3 GERAÇÃO SOLAR FOTOVOLTAICA............................................................. 23
2.4 SIMULAÇÃO DE MONTE CARLO................................................................... 28
2.5 PRINCIPAIS RISCOS QUE AFETAM NA VIABILIDADE FINANCEIRA
DE PROJETOS DE GERAÇÃO SOLAR FOTOVOLTAICA............................. 29
3 DESENVOLVIMENTO E RESULTADOS..................................................... 34
4 CONSINDERAÇÕES FINAIS.......................................................................... 48
REFERÊNCIAS.................................................................................................. 50
14

1 INTRODUÇÃO

A potência instalada de geração de energia elétrica por meio de sistemas


fotovoltaicos vem crescendo consideravelmente nos últimos anos e há previsão de crescer ainda
mais. Estima-se que o número de sistemas fotovoltaicos conectados ao sistema interligado
nacional elétrico mais que duplique nos próximos dois anos, conforme apresentado no Gráfico
1 - Número de Micro e Minigeradores Distribuídos.

Gráfico 1 - Número de Micro e Minigeradores Distribuídos

Fonte: (ANEEL, 2018)

Segundo (MARCHIORO, DAHMER e SOUZA, 2018), têm-se intensificado os


esforços em políticas públicas e privadas para o aumento da produção de energia elétrica com
baixo custo e menor agressão ambiental. Buscando-se cada vez mais o melhor custo-benefício
das fontes de energia, principalmente renováveis.
Tendo em vista o crescimento da importância do sistema fotovoltaico nos últimos
anos e da tendência de crescimento nos próximos anos estimulou-se a escrever este trabalho
que busca a melhor eficiência de sistemas de geração solar fotovoltaica. Para tal, é fundamental
a construção de um estudo de viabilidade financeira assertivo.
Em 30 de maio de 2018 foi aberta a consulta pública 10/2018 da Agência Nacional
de Energia Elétrica (ANELL), com o objetivo de subsidiar o aprimoramento das regras
15

aplicáveis à micro e minigeração distribuída estabelecidas pela Resolução Normativa 482/2012.


Se concretizada a consulta pública pode causar impactos significativos no retorno financeiro
disponibilizado por gerações solares fotovoltaicas instaladas em todo o Brasil. A audiência
pública previa o aumento significativo da potência de geração instalada de sistemas
fotovoltaicos e propunha mudanças significativas no sistema de compensação de energia
elétrica. Um consumidor que antes receberia toda a energia produzida em sua residência como
crédito para abater nas suas próximas contas de energia, a partir da CP 10/2018, receberia uma
porcentagem da sua produção. (ANEEL, 2018)
Além da problemática acerca das mudanças no cenário de compensação de energia
elétrica, diversos outros fatores influenciam no retorno financeiro de um sistema de geração
solar fotovoltaica.
Segundo (DANTAS e POMPERMAYER, 2018), um dos indicadores para se
mensurar a eficiência de um sistema de geração solar fotovoltaica é o custo unitário da
produção, sendo este uma razão entre o custo de implementação e manutenção e a energia
produzida. Esse custo varia de local para local e de acordo com as características dos
equipamentos. A Figura 1 apresenta os custos unitários para alguns locais e para uma das
características do sistema, a quantidade de módulos.

Figura 1 – Custo Unitário por estado (R$/kWp)

Fonte: (DANTAS e POMPERMAYER, 2018)


16

Dessa forma, considerando as incertezas contidas nos projetos de geração solar


fotovoltaica, o problema principal que este trabalho busca resolver é: quanto os principais riscos
dos projetos fotovoltaicos podem afetar em sua viabilidade financeira?
Segundo (DE PAULA, 2014), uma análise probabilística de algum parâmetro pode
ser obtida a partir do método de Monte Carlo utilizando para isso uma sequência aleatória de
números. Aplicando esse método à viabilidade financeira de projetos de geração solar
fotovoltaica, pode-se considerar os parâmetros comuns da viabilidade como VPL, e obter uma
faixa de valores possíveis deste por meio de uma sequência aleatória de custos estimados de
produção unitária, de produção de energia e de uma variação na porcentagem de retorno
financeiro do sistema de compensação. Considerando os limites máximos possíveis para as
sequências aleatórias de entrada do modelo (o custo estimado de produção por exemplo) é
possível se obter a faixa limite para os resultados da viabilidade. Por exemplo, saber quais são
os máximos e mínimos valores de VPL possível para um determinado sistema. Utilizando-se
simulação de Monte Carlo é possível se obter não apenas alguns cenários para a construção da
viabilidade financeira, mas diversos cenários dentro de um intervalo provável. Dessa forma,
pode-se saber quantitativamente como os riscos afetam a análise financeira de projetos de
geração solar fotovoltaica.
Este trabalho tem como objetivo geral a elaboração de uma análise financeira de
projeto de geração solar fotovoltaica por meio de simulação Monte Carlo. Para obter a análise,
serão buscados os seguintes objetivos específicos:
a) Definir os termos: riscos em projetos, viabilidade financeira de projetos, geração
solar fotovoltaica e simulação Monte Carlo.
c) Rastrear os principais riscos que afetam na viabilidade financeira de projetos de
geração solar fotovoltaica e determinar a faixa mais provável de ocorrência desses riscos.
d) Analisar quantitativamente o impacto dos riscos na viabilidade financeira de um
projeto de geração solar fotovoltaica por meio de uma simulação Monte Carlo.
Buscando atender aos objetivos propostos, primeiramente, será feito um
levantamento bibliográfico buscando definir os termos que serão trabalhados ao longo do
trabalho, será dedicado um capítulo desta monografia para a discussão desse assunto. Referente
aos riscos em projetos serão buscadas definições contidas no guia PMBOK e de bibliografias
que interpretam este importante guia para gestão de projetos. Após os riscos serão definidos os
principais conceitos de viabilidade financeira de projetos, as principais saídas: VPL, TIR e
PAYBACK. Serão também definidos os conceitos envoltos nos sistemas de geração solar
fotovoltaica conectados à rede (SFCR), seus principais componentes (inversor, módulos
17

fotovoltaicos e demais componentes elétricos), termos técnicos sobre engenharia solar e


conversão fotoelétrica. Além disso, neste mesmo capítulo, serão levantados os principais riscos
que afetam na viabilidade financeira dos SFCRs. Por exemplo, será definido o custo unitário
das SFCRs e levantado historicamente a faixa de variação desse custo.
Em um outro capítulo, será buscada a elaboração de um modelo de análise
financeira de projetos de geração fotovoltaica, as entradas do modelo serão influenciadas
quantitativamente pelos riscos e as saídas serão os resultados da análise financeira. A esse
modelo será aplicado o método de simulação de Monte Carlo.
Por fim, será concluído este trabalho com a apresentação dos resultados do modelo
e com os resultados da análise financeira dos projetos de geração solar fotovoltaica variando
com os principais riscos conforme o levantamento bibliográfico.
18

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Neste capítulo, são apresentados e definidos os termos fundamentais para o


desenvolvimento deste trabalho. São eles: riscos em projetos, viabilidade financeira de projetos,
geração solar fotovoltaica e simulação Monte Carlo.

2.1 RISCOS EM PROJETOS

Segundo o guia PMBOK, risco é um evento que apresenta incerteza e que tem um
efeito positivo ou negativo em objetivos do projeto. Dessa forma, fugindo do senso comum
risco está associado não somente a ameaças, mas também a oportunidades. (PROJECT
MANAGEMENT INSTITUTE, 2017)
Já a Association for Project Management (AMP), com uma definição bastante
semelhante a do PMI, define risco como: “Risco é um evento incerto ou conjunto de
circunstâncias que, caso ocorra, terá efeito no atingimento de um ou mais objetivos do projeto”.
Sendo esses riscos positivos ou negativos como citado na definição do guia PMBOK. (JOIA,
SOLER, et al., 2013)
Ainda segundo (JOIA, SOLER, et al., 2013), as incertezas, fonte dos riscos, estão
ligadas às restrições do projeto. Se o projeto não apresentasse nenhuma restrição, por exemplo
se não tivesse escopo definido, as incertezas do projeto seriam infinitas. Da mesma forma que
fossem feitas restrições infinitas no projeto de forma que não houvesse nenhum evento no
mesmo que não pudesse não ser rastreado, claro, não haveria incerteza nenhuma no mesmo. A
Figura 2 exemplifica o exposto.

Figura 2 - Relação entre restrições e incertezas em um Projeto

Fonte: (JOIA, SOLER, et al., 2013)


19

Neste trabalho, mais precisamente no Capítulo 3, buscar-se-á o levantamento dos


riscos econômico-financeiros em projetos solares fotovoltaicos. Onde os riscos econômico-
financeiros são formados pelas incertezas contidas na análise financeira do projeto. Riscos que
influenciam, por exemplo no VPL, na TIR e no Payback do projeto. Tais riscos determinam se
o projeto será rentável, apresentará lucratividade ou não.
Conforme (DE OLIVEIRA, 2017), os riscos podem classificados como: riscos
políticos, riscos técnicos, riscos econômicos, riscos no cronograma, riscos legais e riscos
sociais. Para o projeto em questão, como riscos políticos se tem como principal a mudança no
cenário de compensação de energia que será discutido em seções posteriores neste trabalho.
Como riscos técnicos, os principais são os intrínsecos às características dos equipamentos de
geração solar fotovoltaica que resultam na eficiência final do sistema, essa característica afeta
diretament4e na geração de energia do sistema. Como riscos econômicos, tem-se os reajustes
nas tarifas de energia que apresentam um reajuste comumente anual, esse risco impacta
diretamente na geração monetária do sistema de geração de energia através do sistema de
compensação.

Tabela 1 - Principais riscos em projetos de geração Fotovoltaica.

Riscos Tipo Onde Afetam?


Mudanças no sistema de Afetam na remuneração do
Risco Político
compensação de energia sistema de geração
Afetam na geração de
Eficiência do Sistema de
Risco Técnico energia do sistema de
geração solar fotovoltaica
geração
Afetam na compensação
Reajustes nas tarifas de
Risco econômico financeira dos créditos de
energia
energia gerados
Fonte: Elaboração Própria

Em seções posteriores a este trabalho, explorar-se-á mais a fundo os riscos


apres3ntadpos nesta seção.
20

2.2 VIABILIDADE FINANCEIRA EM PROJETOS

Serão apresentados nesta seção os conceitos fundamentais da viabilidade financeira


de projetos. Será apresentado o fluxo de caixa e as principais ferramentas para análise dos
resultados. Ferramentas uteis para a determinação se projetos retornam um bom benefício
financeiro ou se os mesmos causam prejuízo. Com os resultados dessas ferramentas será
possível se declarar se os projetos de geração solar fotovoltaica são economicamente viáveis se
considerados os diversos casos possíveis dos riscos.
Para se estudar a viabilidade financeira de projetos, inclusive os de geração solar
fotovoltaica, é fundamental a construção do fluxo de caixa. Normalmente, um fluxo de caixa é
dividido em duas partes: um investimento inicial e a fase de operação do projeto onde há o
fluxo de caixa líquido que segue uma periodicidade (comumente anual para projetos de geração
solar fotovoltaica). No fluxo de caixa convencional, a seta para baixo representa as saídas ou
as aplicações de caixa negativo, já a seta para cima indica a aplicação de caixa positivo ou as
entradas. A linha horizontal representa o período de ocorrência do investimento ou do projeto.
A Figura 3 apresenta a representação usual do fluxo de caixa.

Figura 3 - Fluxo de caixa convencional

Fonte: (BORDEAUX, 2015)


Para construção de um fluxo de caixa, algumas premissas devem ser levadas em
conta. A primeira delas é o regime de caixa e competência. No entanto, deve-se atentar que os
demonstrativos contábeis devem ser apresentados se apresentarem apenas saídas e ou entradas
realmente ocorridas. Outra premissa é o fluxo de caixa incremental, onde o importante são as
entradas e saídas que são determinados por uma proposta de investimento. A última premissa é
a representação do fluxo de caixa. O fluxo de caixa deve ter uma representação gráfica. Um
21

exemplo dessa representação pode ser conforme Figura 3 - Fluxo de caixa convencional.
(CURY, 2007)
Alguns conceitos importantes estão presentes no fluxo de caixa. Os fluxos de caixa
são alocados em instantes de tempo, seguindo uma convenção de capitalização ao final de um
período, sendo este o primeiro conceito. Os investimentos, normalmente são considerados no
instante zero. A unidade de tempo pode ser anual, mensal, diário... Contanto que a unidade de
tempo seja conveniente ao estudo e que essa unidade seja respeitada do começo ao fim da
análise. Para projetos de geração solar fotovoltaica, normalmente se utiliza anual, já quer o
reajuste da tarifa de energia, em nossa legislação, é anual. Outro conceito é vida útil do projeto,
que leva em consideração a vida econômica ou obsolescência dos equipamentos iniciais do
projeto. Em aplicação de geração solar, normalmente se considera o período de garantia dos
módulos e dos inversores fotovoltaicos estabelecidos pelos fabricantes. Também se tem como
conceito fundamental o custo de oportunidade que é a perda da remuneração por aplicações,
alternativas à aplicação em análise, de recursos dos acionistas. Ainda a taxa mínima de
atratividade que é o custo de capital que corresponde ao custo das fontes de financiamento ou
o custo das oportunidades. Os Fluxos de caixa reais e nominais são as entradas e as saídas do
caixa do projeto. É importante se considerar a projeção das variações de preço dos produtos ou
dos serviços produzidos. No instante zero, há o uma saída de caixa relevante chamada de
investimento inicial que a soma de investimento no ativo somado com as despesas de instalação
do ativo e com a variação do capital circulante líquido. Há os fluxos de caixa operacionais que
são as Entradas de caixa incremental após os impostos. Este é função direta das receitas e dos
custos correspondentes do projeto. E por fim, o fluxo de caixa residual: é o fluxo de caixa não
operacional, após impostos de renda, que ocorre no final do projeto, proveniente da sua
liquidação. O valor residual pode ser calculado com a razão entre o fluxo de caixa líquido e o
custo de capital. (RAMOS e ALVES, 2012)
A seguir são apresentadas as principais técnicas para análise financeira de projetos:
Payback Simples: Indica o tempo de retorno do capital investido. Período de
recuperação do investimento inicial. Não leva em consideração o valor do dinheiro do tempo.
Não leva em conta a distribuição do fluxo de caixa dentro do período de recuperação do
investimento. Não considera os fluxos de caixa após o período de recuperação. Não pode ser
comparado com um padrão de rentabilidade como o custo de capital.
Payback Descontado: é um método similar ao anterior, no entanto o valor do
dinheiro do tempo é considerado. Dessa forma, por definição, payback descontado é o tempo
de retorno de um investimento, à taxa de juros escolhida.
22

Valor Presente Líquido (VPL): Também chamado de fluxo de caixa descontado,


representa a projeção dos fluxos de caixa ao período zero. Sua fórmula é definido como:
𝐹𝐶 𝑉𝑅
Equação 1 𝑉𝑃𝐿 = −𝐼 + ∑𝑛𝑡=1 (1+𝑟)
𝑡
𝑡 + (1+𝑟)𝑛
Fonte: (BORDEAUX, 2015)

Onde:
• “I” é investimento inicial.
• “𝐹𝐶𝑡 ” é o fluxo de caixa líquido na data “t”.
• “r” é o custo de capital definido pela empresa.
• “VR” é o valor residual do projeto ao final do período de análise (n-
ésimo período).
A decisão de investimento por meio do VPL é simples e pode ser resumido: VPL>0,
o projeto é aceito; VPL=0, o projeto é indiferente aceitar ou não; VPL<0, o projeto é rejeitado.
Taxa Interna de Retorno (TIR): É a taxa que torna o VPL nulo. A Figura 4
representa como o VPL se torna nulo quando a taxa de desconto é igual a taxa interna de retorno.

Figura 4 - VPL em função da Taxa de desconto


Fonte: (BORDEAUX, 2015)

Quando a TIR é maior do que o custo de capital o projeto deve ser aceito. Quando
a TIR é igual ao custo de capital então é indiferente o aceite do projeto. Quando a TIR é menor
do que o custo de capital o projeto deve ser rejeitado.
É comum se plotar em um gráfico VPL versus Custo de capital para se comparar
dois investimentos. Tal gráfico indica qual dos investimentos é mais perigoso em relação à
rentabilidade. É claro que quando VPL é zero, o gráfico cruza o eixo x e nesse momento se tem
a TIR. A Figura 5 mostra um exemplo do gráfico.
23

Figura 5 - VPL versus Custo do Capital

Fonte: (CURY, 2007)

Índice de Lucratividade (IL): é definido como a razão entre o valor presente dos
fluxos de caixa e o investimento. Sua fórmula é definido como:
𝑉𝑃𝐿+𝐼
Equação 2 𝐼𝐿 = 𝐼

Fonte: (BORDEAUX, 2015)

IL>1 indica que o investimento será recuperado. Se IL=1, o investimento será


recuperado, mas será remunerado exatamente o investido. IL<1 significa que o investimento
não será recuperado.

2.3 GERAÇÃO SOLAR FOTOVOLTAICA

A geração fotovoltaica é uma forma de transformar, quase que diretamente, a


energia solar em energia elétrica. Esse tipo de geração depende da angulação com que os raios
solares incidem sobre a superfície terrestre e sobre o painel fotovoltaico. Cada região terrestre
terá uma incidência solar diferente e, consequentemente, um potencial de geração fotovoltaica
diferente, para diferentes épocas do ano.
Os principais componentes de uma geração solar fotovoltaica são: módulos
fotovoltaicos, inversores, string box e suportes. A seguir são descritos cada um deles com suas
principais características.
Um módulo fotovoltaico é formado pela união de várias células fotovoltaicas. Cada
célula produz um nível de tensão baixo, em média, menor que 1 V. As células também são
24

frágeis, sendo necessário um encapsulamento mais rígido que proporcione uma proteção
mecânica. O módulo proporciona essa proteção. (CARVALHO, 2012)
Células fotovoltaicas são, basicamente, lâminas de material semicondutor que,
quando associadas de forma adequada, convertem energia luminosa em energia elétrica. Sua
constituição é bem parecida com a de um diodo, constituída de uma camada de material
semicondutor tipo p, uma camada de material semicondutor tipo n e uma junção p-n. A
separação dos portadores de carga pela junção pn dá origem ao efeito fotoelétrico, efeito
responsável por essa conversão de energia. As células que constituem um mesmo módulo
fotovoltaico são produzidas com as mesmas características elétricas, buscando uma
uniformidade, já que células capazes de gerar a menor fotocorrente limita a capacidade de
geração das demais células. (PINHO e GALDINO, 2014)
As células fotovoltaicas, em cada módulo, podem ser associadas em série e em
paralelo, gerando nos terminais de saída do módulo, a tensão mais apropriada para a aplicação
específica do módulo. Para sistemas conectados à rede, é comum se utilizar vários módulos
fotovoltaicos conectados em série para se obter uma tensão apropriada na entrada dos inversores
fotovoltaicos. Normalmente, utiliza-se módulos com tensão nominal de saída de 30V a 120V
associados em série gerando em torno de 1000V na entrada do inversor. Os módulos podem ser
rígidos ou flexíveis. Para uso em parques fotovoltaicos, onde os módulos são fixados em
estruturas metálicas, normalmente se utiliza módulos rígidos, para ajudar na fixação.
Um módulo fotovoltaico é, principalmente, identificado por sua potência elétrica
de pico (Wp). A definição dessa potência é feita nas condições padrões de ensaio (STC), quando
o módulo é atingido por uma irradiação de 1000 W/m², em uma massa de ar AM 1,5 e
temperatura de 25 °C. Outras grandezas que caracterizam um módulo fotovoltaico são a tensão
de circuito aberto (Voc) e a corrente de curto-circuito (Isc). A tensão Voc é encontrada
conectando um voltímetro nos terminais do módulo, quando este é submetido à condição padrão
de ensaio. Já a corrente Isc é encontrada quando se conecta aos terminais do módulo um
amperímetro, quando este também está em condição padrão de ensaio. (PINHO e GALDINO,
2014)
A associação de módulos fotovoltaicos é um ponto importante em um projeto de
uma geração fotovoltaica, pois essa associação determinará a faixa de tensão e a corrente
máxima na entrada do inversor. Essas grandezas determinam o desempenho do inversor e,
consequentemente, o desempenho geral do sistema. Módulos fotovoltaicos podem ser
associados em série ou em paralelo. Quando associados em série, a corrente gerada por cada
25

módulo da associação tem o mesmo valor e a tensão resultante da associação é a soma


das tensões geradas em cada módulo, a curva I-V resultante da associação é apresentada
na
Figura 6 - Curva I-V resultante de uma associação em série de módulos
fotovoltaicos. Quando associados em paralelo, a tensão gerada por cada módulo da associação
tem o mesmo valor e a corrente resultante da associação é a soma das correntes geradas em
cada módulo, como apresenta a Figura 7 - Curva I-V para uma associação em paralelo de
módulos fotovoltaicos. Desse modo, pode-se ajustar a tensão gerada em uma geração
fotovoltaica mudando a quantidade de módulos associados em série. Já a corrente gerada pode
ser ajustada mudando a quantidade de módulos conectados em paralelo. (PINHO e GALDINO,
2014)

Figura 6 - Curva I-V resultante de uma associação em série de módulos fotovoltaicos

Fonte: (PINHO e GALDINO, 2014)


26

Figura 7 - Curva I-V para uma associação em paralelo de módulos fotovoltaicos

Fonte: (PINHO e GALDINO, 2014)

Um inversor fotovoltaico é um dispositivo eletrônico que fornece energia elétrica


em corrente alternada a partir de uma geração fotovoltaica (associação em série e em paralelo
dos módulos fotovoltaicos), que fornece energia em corrente contínua. Para isso, utiliza-se uma
associação de dispositivos semicondutores (chaves) de potência, como MOSFETs e IGBTs. A
Figura 8 apresenta o esquema de um inversor trifásico de ponte completa. (PINHO e
GALDINO, 2014)

Figura 8 - Inversor de Ponte Trifásica


27

Fonte: Elaboração própria


O termo string é comumente usado para denominar uma associação série de
módulos fotovoltaicos. Quando se usa uma associação série-paralelo de módulos fotovoltaicos,
é comum se utilizar string box (caixas que recebem alimentação de uma associação série de
módulos) para compatibilizar as saídas dos módulos com as entradas do inversor. Essas caixas
recebem os cabos das saídas de várias associações em série de módulos fotovoltaicos, e
entregam, em sua saída, uma associação em paralelo dessas associações. Também se
encontram, nas string boxes, dispositivos de proteção e de seccionamento da associação dos
módulos fotovoltaicos. Normalmente, coloca-se um disjuntor bipolar e um DPS na saída das
sting boxes. Também se encontram nestas, os fusíveis de proteção contra corrente reversa da
associação de módulos fotovoltaicos em paralelo. Além disso, é comum se achar dispositivos
de monitoramento, como TCs e TPs que podem se comunicar com uma central de controle ou
até mesmo com o inversor fotovoltaico. A Figura 9 apresenta um esquema reduzido de uma
string box.

Figura 9 - Esquema Reduzido de uma String Box


28

Fonte: Elaboração própria

Outro integrante importante de uma geração fotovoltaica é o suporte para os


módulos fotovoltaicos. Há uma grande possibilidade de tipos de suportes, desde suportes para
se usar no solo até suportes para telhados e lajes. Em parques fotovoltaicos, com grande
potência de geração instalada, é comum se utilizar suportes como o da Figura 10, suportes
metálicos apoiados em bases de concreto que dão sustentação e rigidez suficiente para os
módulos fotovoltaicos. Além da sustentação, os suportes dão a angulação dos painéis,
característica de projeto importante para o desempenho da geração fotovoltaica.

Figura 10 - Suporte e string box usados em parques fotovoltaicos.


29

Fonte: Elaboração própria

2.4 SIMULAÇÃO DE MONTE CARLO

Conforme Halton (1970), a simulação de Monte Carlo é definida como uma técnica
para representar a solução de algum problema (um parâmetro de uma população hipotética),
que usa uma sequência aleatória de números para construir amostras da população. Dessa
forma, estimativas estatísticas desse parâmetro são obtidas. (DE PAULA, 2014)
Em suma, em uma simulação de Monte Carlo há entradas para um determinado
sistema, que entrega uma determinada saída. Na simulação, as entradas são aleatoriamente
escolhidas e todas as saídas possíveis para essas entradas são calculadas, a probabilidade de
ocorrência de cada saída é então registrada.
As entradas podem ser variadas de forma adequada seguindo uma sequência
aleatório, mas que podem seguir uma lógica. Por exemplo, uma distribuição triangular, onde o
valor máximo da distribuição não é o mais provável, da mesma forma o mínimo.
Em uma simulação financeira convencional, são estudados alguns casos,
normalmente os mais prováveis de acontecer. Com a simulação de Monte Carlo, é possível se
estudar diversos casos, dentro de uma faixa mais provável de ocorrência para determinadas
entradas. Figura 11 apresenta um quadro resumo com a comparações dos dois modos de análise
financeira.
30

Figura 11 - Comparação Entre Simulação Financeira Normal e Simulação de Monte


Carlo

Fonte: Elaboração própria

Dessa forma, a simulação de Monte Carlo aplicada a uma análise financeira pode
obter diversos resultados para TIR, VPL e PayBack fazendo com que as entradas incertas da
análise financeira (por exemplo, a mudança no cenário de compensação de energia) sejam
variadas aleatoriamente de forma adequada. As saídas da simulação de Monte Carlo não são
alguns resultados prováveis e sim as probabilidades de uma grande número de casos.

2.5 PRINCIPAIS RISCOS QUE AFETAM NA VIABILIDADE FINANCEIRA DE


PROJETOS DE GERAÇÃO SOLAR FOTOVOLTAICA

Nesta seção é feita uma análise acerca dos principais riscos que afetam na análise
financeira de projetos de geração fotovoltaicas.
O primeiro risco envolve a tarifa de energia, que é o valor que o consumidor final
paga pela energia consumida e custos inerentes ao seu uso. O valor pago pela energia elétrica
não contempla só o valor da aquisição de energia, conforme senso comum, contempla também
o valor da disponibilidade da energia o tempo todo. Em suma, a tarifa é composta por quatro
partes. A primeira dela é o custo com a aquisição da energia elétrica: são resultantes de
31

processos de compra de energia por meio de leilões regulados, onde as concessionárias


compram uma quantidade suficiente para atender os consumidores de sua área. A segunda
representa os custos relativos ao uso do sistema de distribuição e transmissão. Esses valores são
inseridos na tarifa para pagar pelas despesas de capital e pelos custos de operação e manutenção
do transporte da energia até o consumidor. Outra parte representa as perdas elétricas técnicas e
não técnicas: as técnicas proveniente de características intrínsecas do sistema elétrico e as não
técnicas proveniente de furtos ou problemas com os medidores. E por fim, os encargos diversos
e tributos que garantem o equilíbrio econômico-financeiro dos contratos das distribuidoras. Os
tributos incidentes na tarifa são o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS),
o Programa de Integração Social (PIS) e a Contribuição para o Financiamento da Seguridade
Social (Cofins). A incidência de impostos e encargos pode representar mais de 40% do valor
total da tarifa, dependendo do estado. (DANTAS e POMPERMAYER, 2018)
A tarifa de energia é fundamental no estudo de viabilidade de geração fotovoltaica,
já que o sistema de compensação de energia que resulta no retorno financeiro é impactado
diretamente pela tarifa.
A Resolução Normativa ANEEL nº 482/2012 define que o Sistema de
Compensação de Energia Elétrica é um arranjo no qual a energia ativa injetada por unidade
consumidora com micro ou minigeração distribuída é cedida, por meio de empréstimo sem
custo, à distribuidora de energia local e posteriormente compensada com o consumo de energia
elétrica ativa, abatendo em contas de energia futuras da unidade consumidora. (AGÊNCIA
NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2017)
No sistema de compensação, um consumidor de energia elétrica instala pequenos
geradores (por exemplo, geração solar fotovoltaica) em sua unidade consumidora e a energia
gerada é usada para abater o consumo nos próximos meses. Quando a geração for maior que o
consumo, o saldo positivo de energia gerado é utilizado para abater o consumo nas próximas
contas de energia. Os créditos de energia gerados têm validade de 60 meses. O consumidor tem
a possibilidade de utilizar esses créditos em outras unidades previamente cadastradas dentro da
mesma área de concessão, sendo caracterizada como autoconsumo remoto, geração
compartilhada ou integrante de empreendimentos de múltiplas unidades consumidoras.
(AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2017)
Atualmente, está em trâmite, a audiência pública 01/2019 da ANEEL que modifica
a resolução 482/2012 também da ANEEL. Das modificações, a mais significativa é modificação
no sistema de compensação de energia: onde os créditos de energia que antes eram convertidos
integralmente a partir do excedente da energia produzida, agora serão parcialmente convertidos.
32

A audiência apresentou alguns cenários para a energia. A Tabela 2 - Mudanças no Cenário de


Compensação – apresenta os cenários propostos pela audiência.

Tabela 2 - Mudanças no Cenário de Compensação


Cenários % do excedente Convertido em
Créditos
Alternativa 0 100%
Alternativa 1 72%
Alternativa 2 66%
Alternativa 3 59%
Alternativa 4 51%
Alternativa 5 39%
Fonte: (ANEEL, 2018)

Basicamente, a bibliografia apresenta dois custos que são intrínsecos aos projetos
de geração solar fotovoltaica: Capital Expenditure (CAPEX) e Operational Expenditure(
OPEX). O CAPEX representa os gastos com a instalação do sistema fotovoltaico e o OPEX os
gastos com manutenção e operação. (BARBOSA, 2015)
O CAPEX é dividido em basicamente três parcelas: Módulos, Inversores e Balanço
do Sistema (BoS). O Gráfico 2 representa as parcelas percentuais aproximadas do CAPEX para
cada.

Gráfico 2 - Parcelas do CAPEX

Fonte: (BARBOSA, 2015)


33

Ao longo dos anos, tem ocorrido a diminuição dos preços de geração solar
fotovoltaica. A Figura 12 apresenta a diminuição dos preços dos módulos ao longo dos anos,
maior parcela do CAPEX de projetos de geração solar fotovoltaica.

Figura 12 - Diminuição percentual do preço dos módulos

Fonte: (BARBOSA, 2015)

De acordo com (BARBOSA, 2015), o OPEX representa aproximadamente 2% do


CAPEX para usinas de geração solar fotovoltaica com estrutura fixa convencional. O
levantamento do OPEX é complicado, pois representa uma variedade grande de fatores, por
isso, normalmente, ele é definido como uma parcela do CAPEX. (BARBOSA, 2015) também
apresenta que o OPEX pode ser dividido em algumas parcelas conforme apresenta no Gráfico
3 - Divisão do OPEX..

Gráfico 3 - Divisão do OPEX.

Fonte: (BARBOSA, 2015)

Além do CAPEX e do OPEX também há características intrínsecas do sistema


que devem ser levadas em consideração. Dentre elas: eficiências dos módulos fotovoltaicos,
34

eficiência dos inversores, perdas energéticas nos condutores, características solares da


região, topologia da geração fotovoltaica, etc.
Tais características podem ser mensuradas a partir de um índice de desempenho
chamado custo nivelado da energia ou Livelised Cost of Electricity (LCOE). Este é definido
pela expressão a seguir e sua unidade é R$/kWh, indicando dessa forma, quanto rentável é
um empreendimento energético. Basicamente, indica quanto custa para produzir uma
determinada quantidade de energia através de uma determinada fonte. Por meio dele, é
possível se determinar qual fonte gasta mais ou menos para produzir a mesma quantidade de
energia.
𝑇
𝐶𝐴𝑃𝐸𝑋𝑡+𝑂𝑃𝐸𝑋𝑡
𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑎𝑜 𝑙𝑜𝑛𝑔𝑜 𝑑𝑎 𝑣𝑖𝑑𝑎 ú𝑡𝑖𝑙 (1+𝑟)𝑡
Equação 3 𝐿𝐶𝑂𝐸 = =∑ 𝑌𝑓 ∗(1−𝑑)𝑡
𝐸𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 𝐺𝑒𝑟𝑎𝑑𝑎 𝑎𝑜 𝑙𝑜𝑛𝑔𝑜 𝑑𝑎 𝑉𝑖𝑑𝑎 ú𝑡𝑖𝑙
(1+𝑟)𝑡
𝑛=1
Fonte: (BRANKER, PATHAK e PEARCE, 2011)

Onde:
• CAPEX t : é o custo de investimento em um determinado ano “t”. É dado em
R$/Wp.
• OPEX t : é o custo com operação e manutenção em um determinado ano “t”,
também dado em R$/Wp.
• Yf : é a produtividade anual do sistema.
• 𝑑: é a taxa anual de degradação de eficiência dos módulos.
• r: é igual a taxa de desconto, em %.
• T: é igual ao tempo de vida útil do sistema, expressa em em anos.
35

3 DESENVOLVIMENTO E RESULTADOS

Nesta seção é feita uma análise financeira de uma geração solar fotovoltaica de
75kWp instalada no estado do Ceará, município de Fortaleza, por meio de uma planilha em
Microsoft® Office Excel e um plugin de fabricação Vose® chamado Model Risk. Neste, será
feita a simulação de Monte Carlo, serão definidas as entradas e suas variações e suas saídas.
As entradas do modelo serão variadas probabilisticamente de acordo com uma
distribuição triangular, tendo um valor mínimo menos provável, um valor máximo provável e
um valor modal mais provável. Os limites serão escolhidos aproximadamente de acordo com o
levantamento bibliográfico e valores históricos para cada entrada.
Para o estudo em questão, fez-se rodar 100.000 casos distintos no software Model
Risk, as entradas são apresentadas nas figuras a seguir.

Gráfico 4 - Entrada 01 do modelo: CAPEX

Fonte: Elaboração própria


36

Conforme (BARBOSA, 2015) o valor modal do CAPEX foi considerado de acordo


com a tabela a seguir para uma estrutura fixa com inversor string. Para os valores de máximo e
de mínimo foi considerada uma variação de 10% desse valor para mais e para menos.

Tabela 3 - Valor do CAPEX conforme bibliografia


Potência do Custo dos Custo dos BoS (R$/kWp) CAPEX
Sistema (kWp) Módulos Inversores (R$/kWp)
(R$/kWp) (R$/kWp)
75 2990 570 1750 5310
Fonte: (BARBOSA, 2015)

Para o valor do percentual da compensação de energia, consideraram-se as


alternativas definidas pela ANEEL na Tabela 2 - Mudanças no Cenário de Compensação.
Considerou-se que o caso 0 e o caso 1 são os mais prováveis de acontecer. Dessa forma,
escolheu-se um valor de 100% como máximo, 72% para mínimo e 86% como valor modal.

Gráfico 5 - Entrada 02 do modelo: Compensação de Energia

Fonte: Elaboração própria


37

Conforme (BRANKER, PATHAK e PEARCE, 2011), o valor do decaimento da


geração de energia dos módulos varia de 0,5% a 1% ao ano. Dessa forma, escolheu-se como
valor mínimo 0,5% e valor máximo 1%. Como valor modal, escolheu-se 0,75%.

Gráfico 6 - Entrada 03 do modelo: decaimento anual da produção

Fonte: Elaboração própria

A geração de energia por de geração solar fotovoltaica é função basicamente da


potência somada dos módulos fotovoltaicos, da eficiência do sistema e da quantidade de sol
disponível em um dia.

kWh
Equação 4 Geração = PFV ∙ TDestimado ∙ HSP [ dia ]
Fonte: (PINHO e GALDINO, 2014)
Onde:
• PFV: É a soma das potências dos módulos fotovoltaicos
• TDestimado : É a taxa de desempenho do sistema
• HSP: É a quantidade de horas de sol pleno em um dia.
38

Gráfico 7 - Entrada 04 do modelo: geração de Energia Estimada

Fonte: Elaboração própria


As horas de Sol pleno variam de localidade para localidade. Para o estudo em
questão, foi considerada uma usina de geração fotovoltaica instalada em Fortaleza-CE. Para
tanto, utilizaram-se os dados obtidos a partir do software Sundata®. As figuras a seguir
apresentam os dados obtidos.

Figura 13 - Irradiação Solar Diária média Mensal [kWh/m².dia] para Fortaleza

Fonte: (CRESESB, 2019)


39

Figura 14 - Irradiação Solar para Fortaleza

Fonte: (CRESESB, 2019)

Dessa forma, considerou-se 4,86 como valor mínimo e 6,34 como valor máximo,
sendo o valor modal de 5,69.

Gráfico 8 - Entrada 05 do modelo: horas de Sol Pleno (HSP)

Fonte: Elaboração própria


40

Conforme (BARBOSA, 2015), o valor do OPEX equivale a, em torno de, 2% do


CAPEX. Dessa forma, escolheu-se esse valor como modal para o modelo e para valores
máximo e mínimos uma variação de 10% desse valor modal.

Gráfico 9 - Entrada 06 do modelo: OPEX

Fonte: Elaboração própria

Para os valores de tarifa de energia para consumo e para demanda foram


considerados os dados da concessionária local de energia para o estado do Ceará para fevereiro
de 2019, ENEL Ceará. Para o estudo em questão, foi considerado um valor que a tarifa de
energia é do grupo B1, residencial normal. A figura a seguir apresentam as tarifas da
concessionária local. Dessa forma, foi considerado um valor máximo de R$0,75216/kWh e um
valor mínimo de R$0,72872/kWh para o consumo. O valor modal será o de R$0,71327/kWh.
Conforme a ANEEL, o reajuste anual das tarifas de energia elétrica para os
consumidores na área de concessão da ENEL Ceará foi de 7,96% para os consumidores do
grupo B. Dessa forma, esse será o valor modal da entrada do modelo para os reajustes das
tarifas. Para os valores máximos e mínimos considerar-se-á um valor de 10% para mais e para
menos. (ASSESSORIA DE IMPENSA DA ANEEL, 2018)
41

Figura 15 – Tarifas ENEL, fevereiro de 2019

Fonte: (ENEL CEARÁ, 2018)

Gráfico 10 - Entrada 07 do modelo: reajuste anual da taxa de consumo

Fonte: Elaboração própria


42

Gráfico 11 - Entrada 10 do modelo: tarifa de consumo

Fonte: Elaboração própria

Para a taxa de simulação da análise financeira, considerar-se-á uma taxa acima da


taxa Selic. Conforme (BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2019), o valor da última taxa Selic,
vigente desde outubro de 2019, foi de 5,40%a.a. Para o estudo em questão, será considerada
uma taxa de 10% com valores de máximos e mínimos sendo uma variação de 10% desse valor.
43

Gráfico 12 - Entrada 09 do modelo: taxa de simulação da análise financeira

Fonte: Elaboração própria

Para taxa de desempenho do sistema, considerou-se uma variação de 76,99% a


78,01% conforme (BARBOSA, 2015). A figura a seguir apresenta a variação do desempenho
do sistema conforme bibliografia.
44

Figura 16 – Taxa de desempenho do sistema

Fonte: Barbosa
Gráfico 13 - Entrada 11 do modelo: taxa de desempenho do sistema

Fonte: Elaboração própria


45

A partir das entradas, elaborou-se uma planilha com o fluxo de caixa de um projeto
de geração solar fotovoltaica e com os cálculos da viabilidade financeira. A Tabela 4 apresenta
a planilha do estudo.
Na planilha foi incluído um desembolso grande referente aos custos com instalação
do sistema de geração solar fotovoltaico no primeiro ano. Nos demais anos foi considerado
desembolsos referentes a manutenção da planta de geração.
A geração de energia da planta solar foi considerada a partir do segundo ano e,
consequentemente, a geração monetária da planta por meio do sistema de compensação de
energia foi considerada a partir desse período. Sendo esse o embolso principal do sistema.
O fluxo de caixa é então considerado como o somatório dos embolsos e dos
desembolsos apresentados.
Foram considerados os reajustes anuis das tarifas de energia do sistema. Foi
considerado também o reajuste no valor de manutenção e operação da planta de geração solar.
Além disso, foi considerado também a diminuição na geração de energias da planta solar.
Na tabela 4 ainda é possível se vê a “virada” no somatório dos fluxos de caixa
descontados, indicando a ocorrência do payback descontado. Ainda, vale salientar que a tabela
em questão apresenta um exemplo de caso para o sistema em estudo. Com a simulação de
Monte Carlo, conforme apresentado anteriormente, é possível se analisar as saídas
probabilísticas do modelo, os intervalos de maior ocorrência para os parâmetros em estudo.
Com a simulação, são feitas diversas vezes a tabela em questão e apresentadas as porcentagens
de ocorrências para os intervalos de valores das saídas do modelo.
O período considerado para o estudo foi de 20 anos. Período que está dentro dos
valores garantias praticadas no mercado de equipamentos de geração solar fotovoltaica.
Considerou-se ainda que os equipamentos foram instalados no ano de 2019, sendo o início de
operação da planta no ano de 2020.
46

Tabela 4 - Planilha de Viabilidade de Econômica de Geração Solar Fotovoltaica

Fluxo de Caixa
Período Ano TC O&M Invest. Inicial Geração (Kwh/ano) Geração (R$/ano) FC Desc. SALDO
0 2019 0,77 R$0,00 -R$411.740,81 0,0 R$0,00 -R$411.740,81 -R$411.740,81
1 2020 0,83 -R$9.105,25 R$0,00 120342,1 R$85.887,43 R$76.782,17 -R$334.958,63
2 2021 0,89 -R$10.074,75 R$0,00 120342,1 R$91.826,61 R$81.751,86 -R$253.206,77
3 2022 0,96 -R$11.147,47 R$0,00 120342,1 R$98.172,68 R$87.025,21 -R$166.181,56
4 2023 1,04 -R$12.334,42 R$0,00 120342,1 R$104.953,19 R$92.618,77 -R$73.562,79
5 2024 1,11 -R$13.647,74 R$0,00 120342,1 R$112.197,52 R$98.549,78 R$24.986,99
6 2025 1,20 -R$15.100,91 R$0,00 120342,1 R$119.937,05 R$104.836,14 R$129.823,13
7 2026 1,29 -R$16.708,80 R$0,00 120342,1 R$128.205,21 R$111.496,41 R$241.319,54
8 2027 1,39 -R$18.487,89 R$0,00 120342,1 R$137.037,68 R$118.549,79 R$359.869,33
9 2028 1,49 -R$20.456,42 R$0,00 120342,1 R$146.472,49 R$126.016,07 R$485.885,40
10 2029 1,61 -R$22.634,54 R$0,00 120342,1 R$156.550,21 R$133.915,67 R$619.801,07
11 2030 1,73 -R$25.044,59 R$0,00 120342,1 R$167.314,10 R$142.269,51 R$762.070,57
12 2031 1,86 -R$27.711,25 R$0,00 120342,1 R$178.810,26 R$151.099,01 R$913.169,59
13 2032 2,00 -R$30.661,85 R$0,00 120342,1 R$191.087,88 R$160.426,03 R$1.073.595,62
14 2033 2,15 -R$33.926,61 R$0,00 120342,1 R$204.199,34 R$170.272,73 R$1.243.868,34
15 2034 2,31 -R$37.539,00 R$0,00 120342,1 R$218.200,53 R$180.661,53 R$1.424.529,87
16 2035 2,49 -R$41.536,02 R$0,00 120342,1 R$233.150,98 R$191.614,96 R$1.616.144,84
17 2036 2,68 -R$45.958,63 R$0,00 120342,1 R$249.114,16 R$203.155,53 R$1.819.300,36
18 2037 2,88 -R$50.852,14 R$0,00 120342,1 R$266.157,68 R$215.305,54 R$2.034.605,90
19 2038 3,10 -R$56.266,70 R$0,00 120342,1 R$284.353,61 R$228.086,91 R$2.262.692,81
20 2039 3,33 -R$62.257,78 R$0,00 120342,1 R$303.778,71 R$241.520,93 R$2.504.213,75

Fonte: Elaboração própria

Após feita a simulação foram levantadas as saídas do modelo para os 100.000 casos.
As saídas são apresentadas nas figuras a seguir. As saída consideradas foram LCOE, TIR,
Payback e VPL.
47

Gráfico 14 - Saída 01 do modelo: LCOE

Fonte: Elaboração própria

Gráfico 15 - Saída 02 do modelo: Payback

Fonte: Elaboração própria


48

Gráfico 16 - Saída 03 do modelo: TIR

Fonte: Elaboração própria

Gráfico 17 - Saída 04 do modelo: VPL

Fonte: Elaboração própria


49

4 CONSINDERAÇÕES FINAIS

Esse trabalho teve como objetivo geral a elaboração de uma análise financeira de
projeto de geração solar fotovoltaica por meio de simulação Monte Carlo. O objetivo foi
alcançado já que no capítulo 3 deste trabalho foi apresentada a elaboração de uma análise
financeira de um projeto de geração solar fotovoltaica por meio de simulação Monte Carlo.
O primeiro objetivo específico deste trabalho foi definir os termos: riscos em
projetos, viabilidade financeira de projetos, geração solar fotovoltaica e simulação Monte
Carlo. O objetivo foi cumprido já que no capítulo 2 foi apresentada a teoria necessária para
responder à questão geral proposta.
O segundo objetivo específico deste trabalho foi rastrear os principais riscos que
afetam na viabilidade financeira de projetos de geração solar fotovoltaica e determinar a faixa
mais provável de ocorrência desses riscos. Ainda no capítulo 2, foram definidos os principais
riscos que afetam na análise financeira desse tipo de projeto. No capítulo 3 foi apresentado as
faixas mais prováveis de ocorrências dos riscos.
O último objetivo específico deste trabalho foi analisar quantitativamente o impacto
dos riscos na viabilidade financeira de um projeto de geração solar fotovoltaica por meio de
uma simulação Monte Carlo. Esse objetivo foi alcançado no capítulo 3 deste trabalho.
Após a análise dos dados, observaram-se os limites para as saídas do modelo. As
ocorrências mais prováveis para cada saída são apresentadas na Tabela a seguir.

Tabela 5 - Probabilidade das saídas do modelo


Saída Intervalo Probabilidade de Ocorrência
VPL R$ 449.000,00 – 90%
R$ 841.000,00
TIR 20,97% – 28,51% 90%
PAYBACK 5 ou 6 anos 90%
LCOE R$0,34/kWh – 90%
R$0,42/kWh
Fonte: Elaboração própria

Dessa forma, mesmo se implementadas as alternativas para compensação de


energia elétrica conforme apresentado pela ANEEL, os projetos de geração solar fotovoltaica
com potência de 75kWp no estado do Ceará, no município de Fortaleza, continuam viáveis.
Em nenhum dos 100.000 casos simulados na análise de Monte Carlo o Payback foi
superior a 6 anos, tempo menor que a vida útil dos equipamento considerados na simulação.
50

Nos estudos apresentados por (BARBOSA, 2015), foi observado um LCOE dentro
de R$0,329/kWh e R$0,544/kWh, o que está próximo da taxa de variação encontrada neste
trabalho, confirmando assim, o que foi desenvolvido.
Também, foi observado que em nenhum dos casos da simulação foi encontrado
VPL abaixo de zero ou TIR inferiores ao custo de capital, confirmando a viabilidade positiva
dos sistemas de geração solar fotovoltaica estudado.
Este trabalho, limitou-se a análise financeira de projetos de geração solar
fotovoltaica de 75kWp no município de Fortaleza, Ceará.
Como sugestão de temas futuros, aconselha-se expandir os estudos para plantas de
geração solar fotovoltaica com potências superiores a 75kWp. Buscando assim a viabilidade
financeira ou não destas plantas através da simulação de Monte Carlo.
51

REFERÊNCIAS

AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA. Perguntas e Respostas sobre a


aplicação da Resolução Normativa nº 482/2012–atualizado em 25/05/2017. 1ª. ed. [S.l.]:
ANEEL, 2017.

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