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Resumo
As plantas medicinais sempre foram utilizadas, sendo no passado, o principal meio terapêutico conhecido para
tratamento da população. A partir do conhecimento e uso popular, foram descobertos alguns medicamentos
utilizados atualmente na medicina tradicional. O reconhecimento e o resgate da sabedoria popular sobre as
plantas medicinais são fundamentais às famílias rurais, pelo fato da fitoterapia caseira ser uma fonte de cura, e
muitas vezes a única, devido à falta de outros recursos para cuidar da saúde. A partir disso, este trabalho teve
como objetivo avaliar o conhecimento popular sobre o uso de plantas medicinais em diferentes comunidades do
interior da cidade de Nova Petrópolis - RS, a partir de entrevistas realizadas com os moradores locais. Verificou-
se, dessa forma, que a grande maioria das pessoas entrevistadas utiliza as plantas medicinais para prevenir ou
solucionar problemas relacionados à saúde, e que estas geralmente são usadas sob forma de chás e pomadas,
tendo em sua maioria, efeito positivo em suas aplicações, com destaque para dores em geral. Constatou-se que a
técnica para preparação de chás mais utilizada é a infusão, seguida pela decocção, e que a origem do
conhecimento desta população sobre essas plantas é proveniente da cultura familiar, sendo repassado entre as
gerações. Além disso, verificou-se que entre aquelas poucas pessoas que não utilizam plantas medicinais, a
maioria disse que poderia vir a utilizá-las algum dia. Dessa forma, este estudo se mostra válido para
enriquecer o conhecimento cultural da população local quanto às formas de coleta, manuseio e
armazenamento das plantas medicinais utilizadas e sobre a importância da valorização do conhecimento
familiar e cultural das famílias da região.
1
Licenciada em Ciências Biológicas pela Universidade de Caxias do Sul e bolsista de Iniciação
Científica no projeto “Produção de Bioenergia a partir de capim-elefante”, no Instituto de
Biotecnologia da Universidade de Caxias do Sul.
2
Docente de Ciências e Biologia. Especialização em Planejamento Energético e Ambiental,
UCS/UFRGS e MBA em Gestão Escolar, CESF/CNEC. Orientadora do Projeto Nepso.
1
1 Introdução
É cada vez maior o interesse sobre plantas e suas possíveis aplicações terapêuticas. O
repertório de plantas usadas tradicionalmente é rico, predominando as formulações vegetais
sobre os remédios de origem mineral e animal, também muito difundidos nas práticas da
medicina popular brasileira.
O conhecimento sobre plantas medicinais simboliza muitas vezes o único recurso
terapêutico de muitas comunidades e grupos étnicos. O uso de plantas no tratamento e na
cura de enfermidades é tão antigo quanto a espécie humana. Ainda hoje nas regiões mais
pobres do país e até mesmo nas grandes cidades brasileiras, plantas medicinais são
comercializadas em feiras livres, mercados populares e encontradas em quintais residenciais
(López, 2006).
Segundo a Resolução da Diretoria Colegiada No 48/2004 da Agência Nacional
de Vigilância Sanitária – ANVISA, fitoterápicos são medicamentos preparados
exclusivamente com plantas ou partes de plantas medicinais (raízes, cascas, folhas,
flores, frutos ou sementes), que possuem propriedades reconhecidas de cura, prevenção,
diagnóstico ou tratamento sintomático de doenças, validadas em estudos
etnofarmacológicos, documentações tecnocientíficas ou em ensaios clínicos.
Os trabalhos de pesquisa com plantas medicinais originam medicamentos em
menor tempo, com custos muitas vezes inferiores e, consequentemente, mais acessíveis
à população, que, em geral, encontra-se sem condições financeiras de arcar com os
custos elevados da aquisição de medicamentos que possam ser utilizados para as
necessidades de saúde, principalmente porque na maioria das vezes as matérias-primas
utilizadas na fabricação desses medicamentos são importadas. Por esses motivos ou pela
deficiência da rede pública de assistência de saúde, cerca de 80% da população
brasileira não tem acesso aos medicamentos ditos essenciais (Toledo et al., 2003).
O consumo de remédios caseiros à base de plantas é uma realidade assimilada
não só pela indústria farmacêutica, como também pelo poder público. Tanto que
prefeituras de várias capitais e inúmeras cidades do interior já distribuem gratuitamente
estes medicamentos à população nos postos de saúde.
A tendência observada para a fitoterapia é que esta, assim como no passado,
desempenhará um papel cada vez mais importante na assistência à saúde da população.
Desta forma, não se pode negar a importância da avaliação dos efeitos terapêuticos de
2
2 Metodologia
Foram necessários materiais como: revistas e livros para pesquisas sobre o tema,
folhas para a reprodução das entrevistas para os alunos, material escolar cotidiano (canetas,
canetinhas, etc), fotocópias de atividades sobre as etapas do projeto de pesquisa, cartolinas
para confecções de cartazes sobre os resultados, além de materiais para realização de
atividades práticas sobre o tema em estudo.
3 Resultados e Discussões
10%
sim
não
90%
50
Nº de pessoas entrevistadas
45
40
35
30
25
20
15
10
5
0
Camomila Cidreira Marcela Hortelã Babosa
45
Nº de pessoas entrevistadas
40
35
30
25
20
15
10
5
0
Somente como chás Chás e pomadas Somente como Outros
pomadas (compressas,sucos)
plantas medicinais (Figura 5). Grande parte da população também obtêm os medicamentos a
partir de plantas medicinais através da compra e de sua própria produção.
Uma vez que as plantas medicinais são classificadas como produtos naturais, a lei
permite que sejam comercializadas livremente, além de poderem ser cultivadas por aqueles
que disponham de condições mínimas necessárias. Com isto, é facilitada a automedicação
orientada nos casos considerados mais simples e corriqueiros de uma comunidade, o que
reduz a procura pelos profissionais de saúde, facilitando e reduzindo ainda mais o custo do
serviço de saúde pública (Lorenzi e Matos, 2002).
As plantas medicinais, que tem avaliadas a sua eficiência terapêutica e a
toxicologia ou segurança do uso, dentre outros aspectos, estão cientificamente
aprovadas a serem utilizadas pela população nas suas necessidades básicas de saúde, em
função da facilidade de acesso, do baixo custo e da compatibilidade cultural com as
tradições populares (Lorenzi e Matos, 2002).
Outrossim, considerando o fato de grande parte das famílias rurais optarem pelo uso
de medicamentos naturais amplamente disponíveis nas localidades, percebe-se a necessidade
de descobrir a eficácia destes medicamentos utilizados e as diferentes técnicas de uso das
mesmas.
Figura 5: Principais formas de origem das plantas medicinais utilizadas pelos entrevistados
8
A partir dos dados obtidos com a pesquisa, verificou-se que o conhecimento sobre as
plantas medicinais cultivadas e utilizadas provêm principalmente da cultura familiar, ou
seja, o conhecimento popular que passou através das gerações e permanece até os dias atuais
nas comunidades e famílias. Estes dados podem ser observados na Figura 6.
As plantas medicinais sempre foram utilizadas, sendo no passado o principal meio
terapêutico conhecido para tratamento da população. A partir do conhecimento e uso
popular, foram descobertos alguns medicamentos utilizados atualmente na medicina
tradicional. Além disso, é necessário descobrir a origem do conhecimento popular sobre o
uso de plantas medicinais, procurando desmistificar diversos mitos que foram criados e
passados por diversas gerações entre as diferentes comunidades locais, visando o
enriquecimento da cultura sobre a utilização desta prática.
Figura 6: Principais origens do conhecimento sobre plantas medicinais e medicamentos naturais utilizados nas
diferentes comunidades
30
Nº de pessoas entrevistadas
25
20
15
10
0
Até cinco plantas De seis a dez plantas Mais de dez plantas Nenhuma
Figura 7: Faixas das quantidades de plantas medicinais cultivadas nas próprias residências dos entrevistados
Em relação às utilidades dos chás que são cultivados em suas próprias residências, 43
respondentes disseram conhecer todas as utilidades dos mesmos, enquanto 18 pessoas
confirmaram desconhecer todos os usos e finalidades dos chás cultivados (Figura 8).
50
40
30
20
10
0
Sim Não
também para gripes e resfriados, como mostra a Figura 9. Outras situações de uso das
plantas medicinais também foram citadas com menos casos entre a população amostrada.
100
Nº de pessoas entrevistadas
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
dores em geral gripes e alergias e febre calmante viroses em
resfriados ferimentos geral
Conforme mostra a Figura 10, nota-se que entre aquelas pessoas que fazem uso de
plantas medicinais para resolver diferentes tipos de problemas ou doenças, a maioria das
pessoas confirma que, muitas vezes, as plantas medicinais utilizadas têm efeito positivo.
Somente seis pessoas afirmaram que o uso de plantas medicinais apresenta poucas vezes
algum efeito positivo, independente do problema para qual são utilizadas.
40
N° de pessoas entrevistadas
35
30
25
20
15
10
5
0
Sempre Muitas vezes Poucas vezes Nunca
Em casos de urgência, o estudo mostrou que mesmo em casos extremos, 66% das
pessoas entrevistadas fazem uso de algum medicamento natural, antes mesmo de qualquer
outra ação (Figura 11). Somente 34% da população afirmaram que, em casos extremos, não
fazem uso de medicamentos naturais e plantas medicinais, recorrendo primeiramente a
atendimento médico ou uso de medicação industrializada.
34%
sim
não
66%
Em relação às pessoas que não fazem uso de plantas medicinais e/ou medicamentos
naturais, o equivalente a 7 das 68 pessoas entrevistadas, verificou-se que a maioria não faz
uso deste tipo de terapia por não saber preparar tais medicamentos e chás, enquanto que
algumas pessoas alegaram não acreditar nos efeitos, por não conhecer as plantas medicinais
ou por já ter feito uso desta medicação e esta não ter sido eficiente. Estes dados podem ser
observados na Figura 12.
0
Não conhece Já usou mas não Não acredita nos Não sabe preparar
fez efeito efeitos
Figura 12: Motivos pelo não uso de plantas medicinais e/ou medicamentos naturais pela população
12
Sim
Não
Figura 13: Possibilidade de uso de plantas medicinais por aquelas pessoas que não fazem uso
30
25
20
15
10
5
0
Somente com Auto medicação Não poinaram Depende da
receita medica situação
Figura 16: Opinião da população amostrada sobre a importância e satisfação na realização da entrevista
14
4 Considerações finais
Referências Bibliográficas
CALIXTO, J.B. 2000. Efficacy, safety, quality control, marketing and regulatory guidelines
for herbal medicines (phytotherapeutic agents). Braz. J. Med. Biol. Res., 33(2): p.179-189.
TOLEDO, A. C. O., HIRATA, L. L., DA CRUZ, M., BUFFON, M., MIGUEL, M. D.,
MIGUEL, O. G. 2003. Fitoterápicos: uma abordagem farmacotécnica. Revista Lecta,
21(1/2):7-13.
VEIGA, Jr., V. F. E., PINTO, A. C. 2005. Plantas medicinais: cura segura? Química. Nova,
28(3):519- 528. Disponível em:
http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/bem-estar-fitoterapia/fitoterapia
8.php#ixzz1yEp1cZoJ. Acesso em 02 de agosto. 2012.