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CONHECIMENTO POPULAR SOBRE O USO DE PLANTAS MEDICINAIS

Angélica Luisi Scholl1


Kátia Regina Ricardo2

Resumo
As plantas medicinais sempre foram utilizadas, sendo no passado, o principal meio terapêutico conhecido para
tratamento da população. A partir do conhecimento e uso popular, foram descobertos alguns medicamentos
utilizados atualmente na medicina tradicional. O reconhecimento e o resgate da sabedoria popular sobre as
plantas medicinais são fundamentais às famílias rurais, pelo fato da fitoterapia caseira ser uma fonte de cura, e
muitas vezes a única, devido à falta de outros recursos para cuidar da saúde. A partir disso, este trabalho teve
como objetivo avaliar o conhecimento popular sobre o uso de plantas medicinais em diferentes comunidades do
interior da cidade de Nova Petrópolis - RS, a partir de entrevistas realizadas com os moradores locais. Verificou-
se, dessa forma, que a grande maioria das pessoas entrevistadas utiliza as plantas medicinais para prevenir ou
solucionar problemas relacionados à saúde, e que estas geralmente são usadas sob forma de chás e pomadas,
tendo em sua maioria, efeito positivo em suas aplicações, com destaque para dores em geral. Constatou-se que a
técnica para preparação de chás mais utilizada é a infusão, seguida pela decocção, e que a origem do
conhecimento desta população sobre essas plantas é proveniente da cultura familiar, sendo repassado entre as
gerações. Além disso, verificou-se que entre aquelas poucas pessoas que não utilizam plantas medicinais, a
maioria disse que poderia vir a utilizá-las algum dia. Dessa forma, este estudo se mostra válido para
enriquecer o conhecimento cultural da população local quanto às formas de coleta, manuseio e
armazenamento das plantas medicinais utilizadas e sobre a importância da valorização do conhecimento
familiar e cultural das famílias da região.

Palavras-chave: conhecimento popular, plantas medicinais, fitoterapia.

1
Licenciada em Ciências Biológicas pela Universidade de Caxias do Sul e bolsista de Iniciação
Científica no projeto “Produção de Bioenergia a partir de capim-elefante”, no Instituto de
Biotecnologia da Universidade de Caxias do Sul.
2
Docente de Ciências e Biologia. Especialização em Planejamento Energético e Ambiental,
UCS/UFRGS e MBA em Gestão Escolar, CESF/CNEC. Orientadora do Projeto Nepso.
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1 Introdução

É cada vez maior o interesse sobre plantas e suas possíveis aplicações terapêuticas. O
repertório de plantas usadas tradicionalmente é rico, predominando as formulações vegetais
sobre os remédios de origem mineral e animal, também muito difundidos nas práticas da
medicina popular brasileira.
O conhecimento sobre plantas medicinais simboliza muitas vezes o único recurso
terapêutico de muitas comunidades e grupos étnicos. O uso de plantas no tratamento e na
cura de enfermidades é tão antigo quanto a espécie humana. Ainda hoje nas regiões mais
pobres do país e até mesmo nas grandes cidades brasileiras, plantas medicinais são
comercializadas em feiras livres, mercados populares e encontradas em quintais residenciais
(López, 2006).
Segundo a Resolução da Diretoria Colegiada No 48/2004 da Agência Nacional
de Vigilância Sanitária – ANVISA, fitoterápicos são medicamentos preparados
exclusivamente com plantas ou partes de plantas medicinais (raízes, cascas, folhas,
flores, frutos ou sementes), que possuem propriedades reconhecidas de cura, prevenção,
diagnóstico ou tratamento sintomático de doenças, validadas em estudos
etnofarmacológicos, documentações tecnocientíficas ou em ensaios clínicos.
Os trabalhos de pesquisa com plantas medicinais originam medicamentos em
menor tempo, com custos muitas vezes inferiores e, consequentemente, mais acessíveis
à população, que, em geral, encontra-se sem condições financeiras de arcar com os
custos elevados da aquisição de medicamentos que possam ser utilizados para as
necessidades de saúde, principalmente porque na maioria das vezes as matérias-primas
utilizadas na fabricação desses medicamentos são importadas. Por esses motivos ou pela
deficiência da rede pública de assistência de saúde, cerca de 80% da população
brasileira não tem acesso aos medicamentos ditos essenciais (Toledo et al., 2003).
O consumo de remédios caseiros à base de plantas é uma realidade assimilada
não só pela indústria farmacêutica, como também pelo poder público. Tanto que
prefeituras de várias capitais e inúmeras cidades do interior já distribuem gratuitamente
estes medicamentos à população nos postos de saúde.
A tendência observada para a fitoterapia é que esta, assim como no passado,
desempenhará um papel cada vez mais importante na assistência à saúde da população.
Desta forma, não se pode negar a importância da avaliação dos efeitos terapêuticos de
2

cada um destes fitoterápicos, através de estudos envolvendo um número significante de


pessoas (Calixto, 2000).
Algumas características desejáveis das plantas medicinais são sua eficácia, baixo
risco de uso, assim como reprodutibilidade e constância de sua qualidade. Entretanto,
devem ser levados em conta alguns pontos para formulação dos fitoterápicos,
necessitando do trabalho multidisciplinar, para que a espécie vegetal seja selecionada
corretamente, o cultivo seja adequado, a avaliação dos teores dos princípios ativos seja
feita e para que a manipulação e a aplicação na clínica médica ocorram (Toledo et al.,
2003).
O aproveitamento adequado dos princípios ativos de uma planta exige o preparo
correto e uso adequado. Os efeitos colaterais são poucos na utilização dos fitoterápicos,
desde que utilizados na dosagem correta. A maioria dos efeitos colaterais conhecidos,
registrados para plantas medicinais, são extrínsecos à preparação e estão relacionados a
diversos problemas de processamento, tais como identificação incorreta das plantas,
necessidade de padronização, prática deficiente de processamento, contaminação,
substituição e adulteração de plantas, preparação e/ou dosagem incorretas (Veiga Jr. e
Pinto, 2005).
O conhecimento sobre plantas tidas como medicinais na forma de chás e extratos
contribui fundamentalmente para a utilização racional das plantas medicinais e seus
preparados com base na medicina tradicional, cabendo aos profissionais das áreas de
saúde, estarem atentos quanto à orientação de utilização de chás medicinais, bem como
na prática de farmacovigilância (López, 2006).
Neste contexto, o presente trabalho teve como objetivo avaliar o conhecimento
popular sobre o uso de plantas medicinais em diferentes comunidades do interior da
cidade de Nova Petrópolis, além de conhecer a cultura destas comunidades a respeito do
uso de plantas medicinais, identificar as plantas medicinais mais utilizadas nas
comunidades, descobrir os efeitos do uso de tais medicamentos, identificar as doenças
pelas quais as comunidades recorrem ao uso de plantas medicinais e conhecer a origem
(produção e/ou compra) dos medicamentos utilizados.
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2 Metodologia

2.1 População e amostra

O tipo de amostragem realizada foi a amostra não-probabilística. Esta amostra foi


caracterizada por 68 adultos acima de 27 anos, homens e mulheres, das localidades Tirol,
Stille Eck, Bananal (Canto Chuchu), Linha Temerária e Linha Pirajá Baixa, Nova Petrópolis
– RS.
A forma de seleção das amostras foi acidental, uma vez que o objetivo deste trabalho
foi conhecer o conhecimento popular das pessoas, sendo a escolha desta população de forma
aleatória, nas diferentes comunidades em estudo.

2.2 Recursos humanos

Foram utilizados, como recursos humanos, os entrevistadores e as pessoas


entrevistadas, tanto no pré-teste como nas pesquisas definitivas.
Além disso, a pesquisa contou com o apoio da EMATER da cidade de Nova
Petrópolis, para a realização de palestras e cursos práticos sobre o tema em estudo, além da
colaboração da direção da Escola Municipal de Ensino Fundamental para a realização das
tarefas e por disponibilizar espaço físico para as mesmas.

2.3 Recursos materiais

Foram necessários materiais como: revistas e livros para pesquisas sobre o tema,
folhas para a reprodução das entrevistas para os alunos, material escolar cotidiano (canetas,
canetinhas, etc), fotocópias de atividades sobre as etapas do projeto de pesquisa, cartolinas
para confecções de cartazes sobre os resultados, além de materiais para realização de
atividades práticas sobre o tema em estudo.

2.4 Análise e tabulação dos dados

Após a realização dos questionários, foi realizada a contagem, tabulação e análise


dos dados obtidos.
Além disso, a equipe da EMATER da cidade de Nova Petrópolis se disponibilizou
para realizar um curso de técnicas de preparações de chás, xaropes, pomadas e balas
medicinais, onde os alunos puderam aprender na prática o uso correto das plantas medicinais
e todas as suas aplicações em benefício à população.
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3 Resultados e Discussões

A realização dos questionários ocorreu entre os períodos de 17 de maio a 25 de


junho de 2012. Cada aluno ficou responsável pela realização do mesmo número de
questionários nas localidades previamente definidas, no interior da cidade de Nova
Petrópolis. A realização dos questionários foi aleatória, respeitando-se somente o limite de
idade definidos pelos alunos no pré-teste.
Com base nos questionários realizados, verificou-se que 90% da população
amostrada utilizam plantas medicinais para as mais variadas finalidades, enquanto que
somente 10% das 68 pessoas entrevistadas não utilizam nenhuma planta medicinal. Estes
dados estão representados na Figura 1. Entre as inúmeras plantas citadas como as mais
utilizadas entre os entrevistados, destaca-se a camomila, seguida por cidreira, marcela,
hortelã e a babosa. A frequência destes dados pode ser observada na Figura 2.
A origem do uso das plantas medicinais pelo homem já vem desde a pré-história.
Alimentando-se de ervas e raízes, aqueles primatas utilizavam os vegetais por instinto como
medicamento. Segundo os indígenas, a natureza pode curar todas as enfermidades, porém o
homem com sua ganância está destruindo-a e, consequentemente, a sua própria vida. Dessa
forma, a conservação dos recursos naturais é fundamental para conservar a vida no planeta e
também, pela possibilidade de se encontrar princípios ativos em plantas, capazes de sanar
muitos problemas que afligem as populações e que, talvez, ainda não foram descobertas e/ou
estudadas.
Com o desenvolvimento da ciência e da tecnologia, as plantas medicinais estão
tendo seu valor terapêutico pesquisado pela ciência e vem crescendo cada vez mais a sua
utilização recomendada por profissionais de saúde.
5

VOCÊ USA PLANTAS MEDICINAIS?

10%

sim
não

90%

Figura 1: Frequência da utilização de plantas medicinais entre os entrevistados

PLANTAS MEDICINAIS MAIS UTILIZADAS

50
Nº de pessoas entrevistadas

45
40
35
30
25
20
15
10
5
0
Camomila Cidreira Marcela Hortelã Babosa

Figura 2: Plantas medicinais mais utilizadas pela população amostrada

Observando as formas de uso das plantas medicinais citadas, verifica-se que a


maioria das pessoas utiliza as plantas medicinais como chás, e em segundo lugar, também
como pomadas. Algumas outras formas foram citadas, como por exemplo, compressas,
sucos e temperos de condimentos, como pode ser observado na Figura 3.
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COMO VOCÊ UTILIZA ESSAS PLANTAS MEDICINAIS?

45

Nº de pessoas entrevistadas
40
35
30
25
20
15
10
5
0
Somente como chás Chás e pomadas Somente como Outros
pomadas (compressas,sucos)

Figura 3: Principais formas de uso das plantas medicinais

Em relação às formas de uso de plantas medicinais como chás, verificou-se que


diferentes técnicas de preparo foram citadas e são comumente utilizadas, destacando-se a
técnica da infusão, caracterizada pelo uso de água fervente sobre a planta a ser utilizada num
recipiente, tampando-se em seguida este recipiente para evitar a perda dos princípios ativos
da planta por evaporação. Esta e as demais técnicas utilizadas estão representadas na Figura
4.

Figura 4: Técnicas de preparação de chás mais utilizadas

Analisando as origens dos medicamentos naturais utilizados pelas pessoas


entrevistadas, verificou-se que a maioria da população produz seus medicamentos e/ou
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plantas medicinais (Figura 5). Grande parte da população também obtêm os medicamentos a
partir de plantas medicinais através da compra e de sua própria produção.
Uma vez que as plantas medicinais são classificadas como produtos naturais, a lei
permite que sejam comercializadas livremente, além de poderem ser cultivadas por aqueles
que disponham de condições mínimas necessárias. Com isto, é facilitada a automedicação
orientada nos casos considerados mais simples e corriqueiros de uma comunidade, o que
reduz a procura pelos profissionais de saúde, facilitando e reduzindo ainda mais o custo do
serviço de saúde pública (Lorenzi e Matos, 2002).
As plantas medicinais, que tem avaliadas a sua eficiência terapêutica e a
toxicologia ou segurança do uso, dentre outros aspectos, estão cientificamente
aprovadas a serem utilizadas pela população nas suas necessidades básicas de saúde, em
função da facilidade de acesso, do baixo custo e da compatibilidade cultural com as
tradições populares (Lorenzi e Matos, 2002).

Outrossim, considerando o fato de grande parte das famílias rurais optarem pelo uso
de medicamentos naturais amplamente disponíveis nas localidades, percebe-se a necessidade
de descobrir a eficácia destes medicamentos utilizados e as diferentes técnicas de uso das
mesmas.

Figura 5: Principais formas de origem das plantas medicinais utilizadas pelos entrevistados
8

A partir dos dados obtidos com a pesquisa, verificou-se que o conhecimento sobre as
plantas medicinais cultivadas e utilizadas provêm principalmente da cultura familiar, ou
seja, o conhecimento popular que passou através das gerações e permanece até os dias atuais
nas comunidades e famílias. Estes dados podem ser observados na Figura 6.
As plantas medicinais sempre foram utilizadas, sendo no passado o principal meio
terapêutico conhecido para tratamento da população. A partir do conhecimento e uso
popular, foram descobertos alguns medicamentos utilizados atualmente na medicina
tradicional. Além disso, é necessário descobrir a origem do conhecimento popular sobre o
uso de plantas medicinais, procurando desmistificar diversos mitos que foram criados e
passados por diversas gerações entre as diferentes comunidades locais, visando o
enriquecimento da cultura sobre a utilização desta prática.

Figura 6: Principais origens do conhecimento sobre plantas medicinais e medicamentos naturais utilizados nas
diferentes comunidades

A partir de análise dos questionários, observou-se que entre os entrevistados que


utilizam plantas medicinais, um número considerável de plantas é mantido nas residências
para consumo próprio, sendo que a maioria das pessoas possui até cinco plantas em sua casa
para uso, como pode ser observado na Figura 7.
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QUANTAS PLANTAS MEDICINAIS VOCÊ TEM PARA CONSUMO, EM SUA


PRÓPRIA RESIDÊNCIA?

30
Nº de pessoas entrevistadas

25

20

15

10

0
Até cinco plantas De seis a dez plantas Mais de dez plantas Nenhuma

Figura 7: Faixas das quantidades de plantas medicinais cultivadas nas próprias residências dos entrevistados

Em relação às utilidades dos chás que são cultivados em suas próprias residências, 43
respondentes disseram conhecer todas as utilidades dos mesmos, enquanto 18 pessoas
confirmaram desconhecer todos os usos e finalidades dos chás cultivados (Figura 8).

VOCÊ CONHECE TODAS AS UTILIDADES DOS


CHÁS QUE TEM EM CASA?
N° de pessoas entrevistadas

50

40

30

20

10

0
Sim Não

Figura 8: Conhecimento sobre os chás em suas próprias residências

Neste estudo, verificou-se que as plantas medicinais e os medicamentos naturais são


utilizados principalmente para dores em geral (estomacais, de cabeça, intestinais, etc.), e
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também para gripes e resfriados, como mostra a Figura 9. Outras situações de uso das
plantas medicinais também foram citadas com menos casos entre a população amostrada.

EM QUE SITUAÇÕES VOCÊ UTILIZA PLANTAS MEDICINAIS?

100
Nº de pessoas entrevistadas

90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
dores em geral gripes e alergias e febre calmante viroses em
resfriados ferimentos geral

Figura 9: Principais doenças/situações nas quais são utilizadas as plantas medicinais

Conforme mostra a Figura 10, nota-se que entre aquelas pessoas que fazem uso de
plantas medicinais para resolver diferentes tipos de problemas ou doenças, a maioria das
pessoas confirma que, muitas vezes, as plantas medicinais utilizadas têm efeito positivo.
Somente seis pessoas afirmaram que o uso de plantas medicinais apresenta poucas vezes
algum efeito positivo, independente do problema para qual são utilizadas.

AS PLANTAS MEDICINAIS QUE VOCÊ USA TEM EFEITO POSITIVO?

40
N° de pessoas entrevistadas

35
30
25
20
15
10
5
0
Sempre Muitas vezes Poucas vezes Nunca

Figura 10: Efeitos positivos causados pelo uso de plantas medicinais


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Em casos de urgência, o estudo mostrou que mesmo em casos extremos, 66% das
pessoas entrevistadas fazem uso de algum medicamento natural, antes mesmo de qualquer
outra ação (Figura 11). Somente 34% da população afirmaram que, em casos extremos, não
fazem uso de medicamentos naturais e plantas medicinais, recorrendo primeiramente a
atendimento médico ou uso de medicação industrializada.

EM CASOS EXTREMOS, VOCÊ RECORRE


PRIMEIRAMENTE A ALGUM MEDICAMENTO
NATURAL?

34%

sim
não

66%

Figura 11: Uso de medicamentos naturais em casos extremos e problemas graves

Em relação às pessoas que não fazem uso de plantas medicinais e/ou medicamentos
naturais, o equivalente a 7 das 68 pessoas entrevistadas, verificou-se que a maioria não faz
uso deste tipo de terapia por não saber preparar tais medicamentos e chás, enquanto que
algumas pessoas alegaram não acreditar nos efeitos, por não conhecer as plantas medicinais
ou por já ter feito uso desta medicação e esta não ter sido eficiente. Estes dados podem ser
observados na Figura 12.

POR QUE VOCÊ NÃO UTILIZA PLANTAS MEDICINAIS?


(Dados obtidos com as pessoas que não usam plantas
medicinais)
N° de pessoas entrevistadas

0
Não conhece Já usou mas não Não acredita nos Não sabe preparar
fez efeito efeitos

Figura 12: Motivos pelo não uso de plantas medicinais e/ou medicamentos naturais pela população
12

Em relação à possibilidade de vir a utilizar medicamentos naturais para aquelas


pessoas que não utilizam, a maioria afirmou poder vir a utilizar esta terapia algum dia
(Figura 13).
Além disso, observou-se entre toda a população entrevistada, que muitas pessoas
utilizam medicamentos industrializados dependendo da situação, enquanto alguns fazem uso
destes somente sob receita médica. A maioria destas pessoas optou por não opinar nesta
questão (Figura 14).

VOCÊ VIRIA A UTILIZAR MEDICAMENTOS NATURAIS ALGUM DIA?


(Dados obtidos com as pessoas que não usam plantas medicinais)

Sim
Não

Figura 13: Possibilidade de uso de plantas medicinais por aquelas pessoas que não fazem uso

COMO VOCÊ UTILIZA OS MEDICAMENTOS


INDUSTRIALIZADOS?
Nº de pessoas entrevistadas

30
25
20
15
10
5
0
Somente com Auto medicação Não poinaram Depende da
receita medica situação

Figura 14: Formas de utilização dos medicamentos industrializados


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A população amostrada nesta pesquisa foi questionada sobre a possibilidade de


realizar cursos para conhecer e aperfeiçoar o uso da técnica de fitoterapia. Dessa forma,
verificou-se que mais da metade da população entrevistada se especializaria na técnica,
enquanto que a outra metade não faria nenhum curso (Figura 15). Três pessoas não
responderam a questão.
Avaliando a opinião dos entrevistados em relação à importância e realização desta
pesquisa (Figura 16), notou-se que a grande maioria gostou de realizá-la, considerando-a
interessante e de grande relevância. Os que indicaram não ter gostado da pesquisa, alegaram
ser um tema difícil para ser abordado numa entrevista como a que foi aplicada.

Figura 15: Possibilidade de aperfeiçoamento da técnica de fitoterapia entre a população amostrada

Figura 16: Opinião da população amostrada sobre a importância e satisfação na realização da entrevista
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4 Considerações finais

O homem primitivo certamente experimentava as plantas do seu ambiente,


selecionando algumas para sua alimentação, rejeitando outras por serem prejudiciais ou
tóxicas e transmitia a experiência acumulada. Da mesma maneira deve ter experimentado os
vegetais para aliviar seus males ou mesmo seu tédio. Este método de tentativa e erro ou
forma empírica de aquisição de conhecimentos não deve ser desprezado, pois basta lembrar
que assim surgiram descobertas fundamentais para a sobrevivência do homem.
Nesta pesquisa verificou-se que a grande maioria das pessoas entrevistadas utiliza as
plantas medicinais para prevenir ou solucionar problemas relacionados à saúde, e que estas
geralmente são usadas sob forma de chás e pomadas, tendo em sua maioria, efeito positivo
em suas aplicações, com destaque para dores em geral. Constatou-se que a técnica para
preparação de chás mais utilizada é a infusão, que consiste em verter água fervente sobre a
planta e tampá-la logo em seguida para evitar a evaporação dos princípios ativos da planta.
Além disso, técnicas como a decocção também foram citas e são praticadas, embora a
técnica varie conforme a planta medicinal que está sendo utilizada.
A origem do conhecimento desta população sobre essas plantas é proveniente,
principalmente, da cultura familiar, sendo repassado através das gerações. Mesmo assim, a
difusão de informações a partir dos meios de comunicação (TV, rádios, internet, livros) e
palestras também são comuns. Observou-se que entre aquelas poucas pessoas que não
utilizam plantas medicinais, a maioria afirma que poderia vir a utilizá-las algum dia e que
não desfruta da técnica, principalmente, por não saber preparar os chás e medicamentos
corretamente.
O reconhecimento e o resgate da sabedoria popular sobre as plantas medicinais são
fundamentais às famílias rurais, pelo fato da fitoterapia caseira ser uma fonte de cura, e
muitas vezes a única, devido à falta de outros recursos para cuidar da saúde. Outro aspecto
relevante é o cuidado de proceder com cultivo de plantas medicinais em sistemas orgânicos
locais, uma vez que esse sistema é plenamente viável numa horta, nas próprias residências
familiares.
Mesmo a fitoterapia sendo eficaz, cabe aos profissionais de saúde orientar as pessoas
quanto ao uso indiscriminado de algumas plantas medicinais. Dessa forma, este estudo se
mostra válido para enriquecer o conhecimento cultural da população local quanto às
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formas de coleta, manuseio e armazenamento das plantas medicinais utilizadas e sobre a


importância da valorização do conhecimento familiar e cultural das famílias da região.
Os resultados obtidos neste trabalho mostram a importância do uso de plantas
medicinais e a necessidade de manter vivas as tradições do uso popular de plantas
medicinais e medicamentos naturais entre as gerações, principalmente em comunidades
do interior, onde o acesso a este tipo de terapia é facilitado.
Esta pesquisa possibilitará a continuação do trabalho de divulgação dos
resultados para as comunidades amostradas, a fim de informar os resultados obtidos
para as famílias e esclarecer dúvidas típicas em relação às técnicas de amostragem.
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Referências Bibliográficas

CALIXTO, J.B. 2000. Efficacy, safety, quality control, marketing and regulatory guidelines
for herbal medicines (phytotherapeutic agents). Braz. J. Med. Biol. Res., 33(2): p.179-189.

LÓPEZ, C. A. A. Considerações gerais sobre plantas medicinais. Universidade Estadual de


Roraima – UERR. Ambiente: Gestão e Desenvolvimento, 1(1):19-27. 2006

LORENZI, H., e MATOS, F. J. A. 2002. Plantas medicinais no Brasil: nativas e exóticas.


Nova Odesa. Instituto Plantarum. 512p.

TOLEDO, A. C. O., HIRATA, L. L., DA CRUZ, M., BUFFON, M., MIGUEL, M. D.,
MIGUEL, O. G. 2003. Fitoterápicos: uma abordagem farmacotécnica. Revista Lecta,
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VEIGA, Jr., V. F. E., PINTO, A. C. 2005. Plantas medicinais: cura segura? Química. Nova,
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http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/bem-estar-fitoterapia/fitoterapia
8.php#ixzz1yEp1cZoJ. Acesso em 02 de agosto. 2012.

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