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Por ser uma estrutura em que o sentido desliza, o mito tem uma função
importante. A narrativa mítica partirá de uma estrutura simbólica que pode reconstruir
uma série de experiências reais e, mais ainda, passar para a expressão verbal algo
caótico e contraditório que, por ser da ordem do Real, não pode ser resolvido sem o
simbólico (Lévi-Strauss, 1949)
A partir da definição de mito e dos mitemas, neste texto, publicado em 1953,
Lacan vai aprofundar suas relações com o estruturalismo, em especial com
Levi-Strauss e procurar estabelecer um mito que dê conta da neurose como um todo
(histérica, fóbica, obsessiva e mista) para além da triangulação edípica freudiana.
Inicialmente, Lacan vai destacar que a psicanálise deve ser entendida enquanto
arte no sentido que se empregava na idade média, quando se falava das artes liberais:
“A psicanálise é talvez atualmente a única disciplina comparável a estas artes liberais,
pelo que preserva desta relação de medida do homem consigo mesmo - relação interna,
fechada sobre si mesma, inesgotável, cíclica, que comporta, por excelência o uso da
palavra”.
Lacan vai generalizar a assunção do papel sexual do neurótico, que cada vez
que se dá conta da segurança de sua própria manifestação no seu contato social
determinado, o objeto, o parceiro sexual vai se desdobrar sob a forma da mulher rica
ou mulher pobre, tal qual o caso do Homem dos Ratos.
Lacan conclui que:
“É nesta forma muito especial de desdobramento narcísico que reside o drama do
neurótico, em relação ao qual tomam todo o seu valor as diferentes formações
míticas...sob a forma de fantasmas, mas que se podem também reencontrar sob outras
formas, por exemplo nos sonhos”