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Sociologia Política
-Ou seja, durante o último quartel do século XIX, ocorre um processo de autonomização da
Ciência Política (uma vez que esta era assumida como um dos ramos do Direito Constitucional).
-Autonomia – isto é, a criação de uma comunidade de especialistas que determina o
objeto próprio da sua atividade de investigação. Este objeto tem que ser limitado com
rigor e ter indiscutível visibilidade – de modo a que se crie uma identidade disciplinar. O
Objeto da Ciência Política é o Estado.
-Definição de objeto pode ser desvantajoso, uma vez que é redutor da vida política.
-Institucionalização envolve a integração da disciplina nas instituições legitimas,
comunidades científicas, universidades, etc.
-Giovanni Sartori sintetiza as três fases a evolução do objeto do Estado da Ciência Política –
amplificação do objeto político:
2) Sociologia da Política – Poder como objeto de estudo (ciência do poder – conceito mais
amplo e inclusivo).
-Surge com a sedimentação da crítica à tradição analítica, torna-se necessário analisar tanto
as formas políticas como as forças políticas (Ostrognski). Evolução do objeto de Estado para
Poder – cariz mais inclusivo e permite uma contextualização social. Harold Lasswel – Ciência
política é a ciência do Poder e da Destirbuição - Who gets what, when and how?
-Poder também é um conceito ambíguo e redutor – ou seja, pode cair no erro de tornar o
objeto política em algo dependente da sociedade e tratar a visa social como causa e o
político como efeito – variantes sociais sobrepunham-se aos aspetos políticos.
Legitimidade Weberiana
Os Conceitos de Autoridade
-Conceito de poder em esquema de Boneca Russa – Poder (coerção) > Influência (manipulação)
> Autoridade (poder legítimo). A Autoridade é o corolário do poder. Enquanto que o poder
necessita do recurso à coerção, a Autoridade é o poder legitimo.
Legitimidade do Sistema
-A busca pela legitimidade é comum aos sistemas políticas, se um sistema não for legítimo este
não sobrevive – legitimidade garante a sua sobrevivência no tempo. Legitimidade representa o
direito de governar e apoiar aqueles que têm o direito de governar.
-Sociedades modernas a coerção incorpora uma obediência consentida. Há uma pluralidade de
padrões de legitimação, fontes e fundamentos para a legitimidade, potenciando o conflito entre
as diferentes formas.
-Para ser legítima a sociedade necessita que os cidadãos se revejam no quadro de valores desta
mesma sociedade – desta forma, a legitimidade tem quer construída nas sociedades (através da
socialização política e das instituições).
b) Autoridade Racional-Legal
-Princípio legitimador é a razão.
-Os governantes estão submetidos a regras claras e rígidas – implantação do Estado de
Direito.
-Modelo de Organização – Burocracia Moderna, racional, meritocrática.
-Burocracia é a tradução em termos legais da racionalidade de organização nas
sociedades modernas (sentido Weberiano).
c) Autoridade Carismática
-Princípio legitimador é o carisma (carácter excecional).
-Culto de personalidade – weber apresenta três tipos de líderes carismáticos: heróis
militares, o demagogo e o profeta. A autoridade não pode ser separada do líder – cria
um desafio de manutenção de legitimidade.
-Carisma é instável e necessita de ser alimentado ou incorre o risco de desaparecer –
desafio das autoridades carismáticas. Como ocorre a renovação de uma legitimidade?
-A partir de um transporte desse mesmo carisma para outra personalidade, por
norma filhos, e de um bom funcionamento de uma estrutura burocrática nova
e personalizada.
-Relacionada com o conceito de revolução e mudança. Por norma, associado a um
desenho de um novo modelo político legal.
-Modelo de Organização – administração institucionalizada e muito personalizada.
-A legitimidade não é algo que se adquira de uma única vez – tem que ser frequentemente
renovado. Um sistema, sociedade, que queira perdurar não pode deixar de refrescar a sua
legitimidade. Para isso existem diferentes maneiras de renovação da legitimidade:
a) Dimensão Simbólica e Sociológica – através de símbolos nacionais, bandeiras, etc.
b) Desempenho das instituições – as instituições devem corresponder de a cordo com
as expectativas dos cidadãos. Caso contrário, criam um distanciamento face ao
Estado (situação que é facilmente aproveitada por candidatos populistas para efeito
de propagando política).
Sociologia Política | Raquel Lindner Costa
Métodos Comparativos
a) Carácter Heurístico (isto é, de revelação – revelar aquilo que está oculto). Ou seja,
através da comparação conseguimos identificar. Goethe (1970) – Compara-te aos
outros! Vê quem és! (conhece-te a ti próprio, ideia que o conhecimento individual
só é possível através da comparação com o outro). Ao comparar, ganhamos um nível
de compreensão superior.
-A sociedade moderna vai introduzir aquilo que conhecemos como Cidadania – a ideia que
participar na vida política é um direito individual. Ainda que, se reconheça as eleições e
conselhos de representação como anteriores à modernidade, embora não abertos ao público
em geral. Por sua vez, os Partidos são fruto desta modernidade política.
d) Expansão
-Contrariamente às sociedades tradicionais fechadas sobre si mesmas, as sociedades
modernas tendem a ser mais abertas (sociedade estática versus sociedade dinâmica).
-Há um efeito de contágio, um processo mimético, que leva as sociedades menos
modernos a reproduziram as sociedades mais avançadas. Este processo culmina com a
globalização.
-Expansão também tem uma função de difusão interna dentro da própria hierarquia da
sociedade.
Sociologia Política | Raquel Lindner Costa
Eixo 2 – Existem realmente Sociedades do Tipo Moderno? Que requisitos importantes para a
sociedade Moderna? Em que condições uma sociedade se consegue modernizar?
-Paradigma é uma operação intelectual de simplificação, que agrupa visões gerais com pontos
comuns, de modo a consolidar uma estrutura de organização do pensamento.
-As Teorias Clássicas da Modernização pretendem explicar as diferenças culturais e estruturais
entre as sociedades tradicionais e as sociedades modernas. Exemplos de paradigmas clássicos:
Marx, Dukheim, Weber e Zimmel (literatura do pós-segunda guerra mundial).
-Por exemplo, para Weber uma sociedade tradicional é regida por uma autoridade
tradicional, enquanto que uma sociedade moderna é regida por uma autoridade racional-
legal.
Uma outra Teoria invocada na discussão da Modernidade pode ser aquela que é conhecida
como a Teoria da Convergência das Sociedades Industriais:
a) Desafio da Legitimidade
-Modernização implica mudança e rutura com a ordem antes existente. Esta rutura
resulta numa mudança de instituições e de valores, que necessitam de uma legitimidade
e uma construção de confiança. É necessária uma nova relação de confiança entre
governo e governados (uma vez que a legitimidade já não é divina).
-Um mecanismo de legitimação é o processo eleitoral
b) Desafio da Identidade
-Modernização vai a par com o processo de criação da ideia de Estado Nacional,
prendendo-se com a criação de sentimentos de pertença que garantem a coesão e
lealdade de uma comunidade política (de grande importância em sociedades
fragmentadas e heterogenias, como Espanha).
-Para bom funcionamento da comunidade política é necessária lealdade por via da
pertença. Essa pertença ocorre pela língua, mitos, etc.
c) Desafio da Penetração
-Capacidade do Estado em penetrar o território e controlar a população. Esta
capacidade surge, coercivamente, com a nomeação de figuras de autoridade sob
identidades políticas pelo território.
d) Desafio da Participação
-Desafio da inclusão cívica – passagem do súbito a cidadão. A cidadania e a participação
política são uma invenção da sociedade moderna.
-As novas estruturas de participação, desde sindicatos, partidos, coletivos são
características da modernidade e pressupõem uma participação social. Esta
participação concretiza a Democratização.
-Nas sociedades mais desenvolvidos é comum um fenómeno de abstenção que expressa
essencialmente o descontentamento e a desconfiança nas instituições – articulação com
o primeiro desafio, o da legitimidade.
O Conflito
-Numa sociedade moderna, indivíduos cada vez mais diferenciados, alvos de uma lógica de
inclusão cívica cada vez maior – pode resultar num conflito.
-Conflito não tem que ser negativo, contudo, é necessário garantir a regularidade do conflito,
assegurando que as divergências não se traduzam em violência. Recorde-se que para uma
estabilidade a nível da sociedade civil é necessário que as mudanças institucionais acompanhem
as próprias mudanças a nível de comportamento e pensamentos. Estabilidade pressupõem
compromisso sobre determinadas rotinas.
↓
Como Regular o Conflito e fazer com que se desenrole pelas regras corretas?
Sociedade autoritárias (Teorias Monistas) / Sociedades Democráticas (Teorias Pluralistas)
O conflito pode ser visto como um elemento construtor das sociedades modernas – “a
história da política moderna pode ser vista como a história da incorporação dos símbolos e
reivindicações dos movimentos de protesto”, sendo que esta incorporação pode ter sido feita
de forma pacífica ou de forma violenta.
No entanto, apesar desta tendência comum na formação das sociedades modernas, elas
divergem no que toca às “formas simbólicas e institucionais de gerir os problemas comuns às
sociedades modernas”, ou seja, à natureza dos conflitos e ao modo como foram construídos e
incorporados os movimentos de protesto (assim torna-se compreensível a resposta à celebre
pergunta “Porque é que não é socialismo nos E.U.A.?”).
O conflito é deste modo mais uma “prova” da existência de múltiplas modernidades,
pois as diferenças conflituais cunham, por sua vez, diferenças societais. Assim, os temas e
símbolos de protesto transformam-se em elementos básicos do simbolismo social e político das
sociedades, dando origem a padrões culturais e institucionais em permanente mutuação.
“A cena social não é, nem uma guerra de todos contra todos, nem um vazio utópico e sem
ficção onde a luta está definitivamente banida”
(Lewis Coser, 1956)
Deste modo, concluímos que os regimes democráticos são os que se baseiam na regulação do
conflito. Quais são as condições necessárias para uma sociedade diversificada regular o conflito?
Quais as condições para o estabelecimento de uma democracia?
Sociologia Política | Raquel Lindner Costa
A Democracia
Modernidade
↓
Democracia
(ainda que seja falacioso tirarmos a inflexão de um sinónimo entre Democracia e
Modernidade).
"The government of the people, by the people, and for the people" (A. Lincoln, Gettysburg
Address, 1863).
"An institutional arrangement for arriving at political decisions in which individuals [the
elites] acquire the power to decide by means of a competitive struggle for the people's
vote" (J. Schumpeter, Capitalism, Socialism and Democracy, 1943).
Roberth Dahl
-Dahl procura classificar em diferentes graus os níveis de democratização – farol de qualidade
das democracias - através de seis requisitos essenciais para a definição de Democracia, nas
sociedades industriais desenvolvidas.
-Para classificar os diferentes graus, utiliza um tipo ideal de Democracia – Poliarquia. Esta
comparação, com um tipo ideal inatingível, permite uma análise mais real dos graus de
democratização, assim como, a separação entre Democracia ideal e Democracia Real
(classificação pressupõe que a democratização é maior, quanto mais inclusão democrática
popular nas eleições existir).
-Destaca seis condições para se obter uma classificação do grau de Democratização, segundo
um tipo ideal de Democracia, que pode, inclusive, guiar os Estados no sentido de uma maior
Democratização – Poliarquia:
a) Dirigentes eleitos – governantes dos regimes tem que ser eleitos. Representação.
b) Existem eleições livres, justas e frequentes (free and fair elections). Acrescenta uma
ideia de frequentes (que evita abusos de poder).
c) Liberdade de expressão – qualquer expressão sem constrangimentos.
d) Fontes alternativas e independentes de informação sem estarem relacionadas com
um controlo do governo – relacionadas com a liberdade de expressão, que
impulsiona o comportamento cívico.
e) Autonomia de Associação – validade da sociedade civil, formação de partidos,
coletivos e grupos de interesse.
f) Cidadania Inclusiva – não pode ser negado a nenhum individuo que resida
permanentemente no país e que esteja sujeito às suas leis.
Sociologia Política | Raquel Lindner Costa
-Contudo, ressalva-se que a realidade é muito mais completa – não existem apenas regimes
democráticos e autoritários, existem formas híbridas – formas autoritárias que apresentam
características democráticas; e formas democráticas que apresentam resistências aqueles que
poderá ser uma característica de democracia (caso indiano).
2. Arend Lijphart – um dos fatores que enfatiza a explicação de Lipson das condições
favoráveis à Democracia é uma variável explicativa enviesada – sistemas
bipartidários. Estes surgem de um contexto pessoal do autor, de identificação e
associação ao sistema inglês.
-Lijparth defende as democracias consensuais, ou seja, proporcionais,
contrariamente às bipartidárias – o multipartidarismo não inibe a sociedade, pelo
contrário, desenvolve-a e leva a uma regulação do conflito.
-Recorre ainda à ideia de utilização de diversas variáveis – sociais, demográficas.
Sociologia Política | Raquel Lindner Costa
a) Integração.
b) Decisão pelo consenso.
c) Sistemas eleitorais.
d) Separação (Suíça).
a longo prazo, acabou por resultar num forte desenvolvimento económico (que, por sua vez, é
favorável à democracia, tendo em conta que ajuda a reduzir os conflitos sociais e políticos, e
proporciona aos governos o excedente necessário para reinvestir na própria população). Além
disso, o capitalismo de mercado, ao descentralizar muitas das decisões económicas das mãos
do governo, evitam a necessidade de um governo central forte ou até mesmo autoritário
(economias de empresas nacionalizadas sempre estiveram fortemente associadas a regimes
autoritários). Deste modo, uma economia descentralizada que ajuda a criar uma nação de
cidadãos independentes é altamente favorável ao desenvolvimento e à sustentação das
instituições democráticas.
-Por sua vez, devido às desigualdades na distribuição de recursos políticos, alguns cidadãos
adquirem mais influencia do que outros nas decisões políticas e nas ações do governo - cidadãos
sem igualdade política são uma forte violação dos princípios democráticos.
-Qual o futuro das democracias modernas? O autor aponta que certos problemas que os países
democráticos enfrentam atualmente irão permanecer ou até mesmo agravar-se. A natureza e
caraterísticas de democracia no futuro dependem a larga escala da maneria como os cidadãos
e líderes políticos resolverem as seguintes dificuldades:
-Ordem económica – a coabitação entre capitalismo e democracia menciona
anteriormente certamente persistirá. Sejam quais forem os seus defeitos, uma
economia de mercado parece ser a única opção para os países democráticos no novo
século. Assim, o futuro será ditado pelas respostas que forem criadas no sentido de
preservar o potencial económico do capitalismo, paralelamente com o desenvolvimento
de um travão aos seus efeitos nefastos para a preservação da igualdade política.
-Internacionalização – a dificuldade imposta pela internacionalização é garantir que as
práticas democráticas não sejam perdidas quando as decisões passarem a ser tomadas
a nível internacional.
-Diversidade cultural – parece improvável que a diversidade cultural e dificuldades por
ela imposta diminuam no novo século, é bem mais provável que estas aumentem,
crescendo assim igualmente a necessidade de proteger os direitos e interesses de todos
os grupos sociais.
Sociologia Política | Raquel Lindner Costa