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Caderno Judiciário do Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região

DIÁRIO ELETRÔNICO DA JUSTIÇA DO TRABALHO


PODER JUDICIÁRIO REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL

Nº2869/2019 Data da disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019. DEJT Nacional

Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região Recorrente(s): MARILZA LEITE LOYOLA

Advogado(a)(s): LARISSA PORTUGAL GUIMARAES AMARAL


ANA PAULA TAUCEDA BRANCO
VASCONCELOS (ES - 9542)
Desembargadora Presidente e Corregedora
Recorrido(a)(s): PETROLEO BRASILEIRO S A PETROBRAS e

SÔNIA DAS DORES DIONÍSIO MENDES outro

Desembargadora Vice-Presidente Advogado(a)(s): AUGUSTO CARLOS LAMEGO JUNIOR (ES -

17514)
Rua Pietrângelo de Biase, 33 CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
Centro
O presente recurso foi apresentado na vigência da Lei 13.467/2017.
Vitória/ES
Vale registrar que, nos termos do art. 896-A, §1º e incisos da CLT,
CEP: 29010922
incumbe ao Tribunal Superior do Trabalho o exame da
Telefone(s) : (27) 3321-2400 transcendência do recurso de revista.

PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS

Tempestivo o recurso (ciência da decisão em 04/10/2019 - fl(s)./Id


PRESIDÊNCIA 25FD469; petição recursal apresentada em 11/10/2019 - fl(s)./Id
Decisão Monocrática c219448).
Decisão Regular a representação processual - fl(s.)/Id d568f7d.
Processo Nº ROT-0000810-34.2018.5.17.0005
Relator MARCELLO MACIEL MANCILHA A parte recorrente está isenta de preparo, tendo em vista a
RECORRENTE MARILZA LEITE LOYOLA concessão da justiça gratuita (Id. 96f8db6, ff44010).
ADVOGADO LARISSA PORTUGAL GUIMARAES
AMARAL VASCONCELOS(OAB: PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS
9542/ES)
DIREITO CIVIL / Fatos Jurídicos / Prescrição e Decadência.
RECORRIDO FUNDACAO PETROBRAS DE
SEGURIDADE SOCIAL PETROS DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Liquidação /
ADVOGADO CARLOS FERNANDO DE SIQUEIRA
CASTRO(OAB: 12288/ES) Cumprimento / Execução / Valor da Execução / Cálculo /
RECORRIDO PETROLEO BRASILEIRO S A Atualização.
PETROBRAS
ADVOGADO AUGUSTO CARLOS LAMEGO Inviável o recurso quanto à matéria em epígrafe, porque não
JUNIOR(OAB: 17514/ES)
observado o disposto no artigo 896, §1º-A, I, da CLT. Com efeito, a

Intimado(s)/Citado(s): transcrição do tópico inteiro do v. acórdão ou da integralidade da


- FUNDACAO PETROBRAS DE SEGURIDADE SOCIAL análise realizada pela C. Turma, quanto à matéria objeto do
PETROS
- MARILZA LEITE LOYOLA recurso, não atende à exigência do artigo 896, §1º-A, I, da CLT. É
- PETROLEO BRASILEIRO S A PETROBRAS preciso que a parte transcreva o trecho do v. acórdão em que

consta precisamente a tese regional impugnada no recurso de

revista, ou, ao menos, que destaque de forma clara a tese adotada

PODER JUDICIÁRIO e contra a qual se insurge. Nesse sentido:

JUSTIÇA DO TRABALHO "EMBARGOS EM RECURSO DE REVISTA. DECISÃO

EMBARGADA PUBLICADA NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014.


Fundamentação
RECURSO DE REVISTA QUE NÃO APRESENTA A

TRANSCRIÇÃO DO TRECHO DO ACÓRDÃO REGIONAL QUE


RECURSO DE REVISTA
IDENTIFICA O PREQUESTIONAMENTO DA MATÉRIA OBJETO
Lei 13.015/2014
DO APELO. REQUISITO LEGAL INSCRITO NO ARTIGO 896, § 1º-
Lei 13.467/2017

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 2
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

A, I, DA CLT. REDAÇÃO CONFERIDA PELA LEI 13.015/2014. (...) /gr-03

3 - Embora o dispositivo em comento utilize o verbo "indicar", Assinatura

referindo-se ao requisito formal ali inscrito, esta Corte Superior tem VITORIA, 27 de Novembro de 2019

exigido a transcrição do trecho da decisão regional que

consubstancia o prequestionamento da controvérsia objeto do ANA PAULA TAUCEDA BRANCO

apelo, firme no entendimento de que a alteração legislativa Desembargador Federal do Trabalho

empreendida pela Lei 13.015/2014, nesse aspecto, constitui Decisão


Processo Nº ROT-0001806-39.2017.5.17.0014
pressuposto de adequação formal de admissibilidade do recurso de Relator JAILSON PEREIRA DA SILVA
revista e se orienta no sentido de propiciar a identificação precisa da RECORRENTE LUIZ CLAUDIO DA SILVA LEITAO
ADVOGADO ANTONIO AUGUSTO
contrariedade a dispositivo de Lei e a Súmula e do dissenso de DALLAPICCOLA SAMPAIO(OAB:
9588/ES)
teses, afastando-se os recursos de revista que impugnam de forma
RECORRIDO H P HOTEIS E TURISMO LTDA - EPP
genérica a decisão regional e conduzem sua admissibilidade para ADVOGADO MATHEUS PERTENCE COUTO(OAB:
20178/ES)
um exercício exclusivamente subjetivo pelo julgador de verificação e
ADVOGADO JOSE HILDO SARCINELLI
adequação formal do apelo. Assim, a necessidade da transcrição do GARCIA(OAB: 1174/ES)
ADVOGADO JOICE LUGON LIMA
trecho que consubstancia a violação e as contrariedades indicadas, FERNANDES(OAB: 20778/ES)
e da demonstração analítica da divergência jurisprudencial, visa a RECORRIDO HOTEIS ARUAN S A
ADVOGADO MATHEUS PERTENCE COUTO(OAB:
permitir a identificação precisa e objetiva da tese supostamente 20178/ES)
ofensiva a lei, à segurança das relações jurídicas e à isonomia das ADVOGADO JOSE HILDO SARCINELLI
GARCIA(OAB: 1174/ES)
decisões judiciais, de modo que contribua para a celeridade da ADVOGADO JOICE LUGON LIMA
FERNANDES(OAB: 20778/ES)
prestação jurisdicional, possibilite a formação de precedentes como
PERITO LUIZ CARLOS MEDEIROS JUNIOR
elementos de estabilidade e a decisão do TST contribua para a TESTEMUNHA DIEGO RANGEL VIEIRA DE
SANTANA
formação da jurisprudência nacionalmente unificada. (...) (E-ED-RR

- 552-07.2013.5.06.0231, Relator Ministro: Alexandre de Souza Intimado(s)/Citado(s):


Agra Belmonte, Data de Julgamento: 09/06/2016, Subseção I - H P HOTEIS E TURISMO LTDA - EPP
- HOTEIS ARUAN S A
Especializada em Dissídios Individuais, Data de Publicação: DEJT
- LUIZ CLAUDIO DA SILVA LEITAO
17/06/2016)."

No mesmo sentido: ED-AIRR-41600-81.2009.5.01.0050, Rel. Min.

Delaíde Miranda Arantes, 2ª Turma, DEJT 29/04/2016; AIRR -

10356-41.2013.5.15.0039 Data de Julgamento: 25/05/2016, Relator PODER JUDICIÁRIO

Ministro: Alexandre de Souza Agra Belmonte, 3ª Turma, Data de JUSTIÇA DO TRABALHO

Publicação: DEJT 03/06/2016; AIRR-65-63.2014.5.05.0026, Rel.


Fundamentação
Min. Cláudio Mascarenhas Brandão, 7ª Turma, DEJT 12/02/2016;

AIRR-369-66.2014.5.10.0012, Rel. Min. Kátia Magalhães Arruda, 6ª

Turma, DEJT 27/11/2015.

Aposentadoria e Pensão / Complementação de Aposentadoria /

Pensão.
RECURSO DE REVISTA
Remuneração, Verbas Indenizatórias e Benefícios / Salário /
Lei 13.015/2014
Diferença Salarial.
Lei 13.467/2017
Ante o acolhimento da prescrição total, a matéria em epígrafe não
Recorrente(s): LUIZ CLAUDIO DA SILVA LEITAO
foi analisada pela C. Turma, o que obsta o apelo, por ausência de
Advogado(a)(s): ANTONIO AUGUSTO DALLAPICCOLA SAMPAIO
prequestionamento.
(ES - 9588)
CONCLUSÃO
Recorrido(a)(s): HOTEIS ARUAN S A
DENEGO seguimento ao recurso de revista.
Advogado(a)(s): JOICE LUGON LIMA FERNANDES (ES - 20778)
Publique-se.
JOSE HILDO SARCINELLI GARCIA (ES - 1174)
ANA PAULA TAUCEDA BRANCO
MATHEUS PERTENCE COUTO (ES - 20178)
Desembargadora-Presidente
CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 3
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

O presente recurso foi apresentado na vigência da Lei 13.467/2017. recursais, deixando de atender ao exigido pelo artigo 896, §8º, da

Vale registrar que, nos termos do art. 896-A, §1º e incisos da CLT, CLT, impedindo o seguimento do apelo, nesse aspecto.

incumbe ao Tribunal Superior do Trabalho o exame da Com efeito, segundo a sistemática imposta pela Lei 13.015/2014,

transcendência do recurso de revista. cabe à parte demonstrar especificamente onde se situa a alegada

PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS divergência de teses entre o acórdão recorrido e os arestos

Tempestivo o recurso (ciência da decisão em 27/09/2019 - fl(s)./Id apresentados, no exame de casos concretos idênticos ou

B5469AF; petição recursal apresentada em 09/10/2019 - fl(s)./Id semelhantes, ônus do qual não se desincumbiu a parte recorrente.

b8832a6). Vale ressaltar que não atende a essa finalidade a mera transcrição

Regular a representação processual - fl(s.)/Id 77b829a. de arestos em bloco ou a simples apresentação de tabela contendo

A parte recorrente está isenta de preparo, tendo em vista a o trecho do acórdão recorrido e o julgado trazido a confronto.

concessão da justiça gratuita (Id. 725f9ab, 66d2766). Quanto à necessidade do confronto analítico, vale mencionar os

PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS seguintes julgados do TST: E-ED-RR - 552-07.2013.5.06.0231,

DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Atos Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra Belmonte, SBDI-I, DEJT

Processuais / Nulidade / Negativa de Prestação Jurisdicional 17/06/2016; AIRR - 1124-32.2015.5.11.0011, Relator Ministro:

Alegação(ões): Walmir Oliveira da Costa, 1ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR -

- Violação arts. 93, IX CR; 5° XXXV, LIV, LV CR; 832 CLT; 489 CPC 10077-02.2014.5.15.0110 , Relatora Ministra: Delaíde Miranda

- Divergência jurisprudencial Arantes, 2ª Turma, DEJT 03/07/2017; AIRR - 220-

Sustenta a nulidade do julgado, por negativa de prestação 86.2015.5.11.0051 , Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra

jurisdicional, ao argumento de que não realizou análise acerca de Belmonte, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 03/07/2017; AIRR -

todos os pontos omissos apontados pela recorrente, inclusive diante 20027-78.2013.5.04.0012 , Relatora Desembargadora Convocada:

da interposição de embargos declaratórios. Cilene Ferreira Amaro Santos, 4ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR -

Inviável o recurso, contudo, porquanto se verifica que as questões 909-49.2015.5.08.0008, Relator Ministro: Guilherme Augusto

oportunamente suscitadas e essenciais à resolução da controvérsia Caputo Bastos, 5ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR - 47700-

foram analisadas pelo Eg. Regional, de forma motivada, razão por 21.2005.5.01.0041 , Relator Ministro: Aloysio Corrêa da Veiga, Data

que não se vislumbra, em tese, a apontada afronta aos artigos 832 de Julgamento: 30/03/2016, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT

da CLT, 458 do CPC/1973 (489 do CPC/2015) ou 93, IX, da CR/88. 01/04/2016; AIRR - 10565-26.2013.5.03.0077 , Relator Ministro:

Quanto à alegada violação aos demais preceitos, inviável o recurso, Cláudio Mascarenhas Brandão, Data de Julgamento: 09/03/2016, 7ª

ante o entendimento consubstanciado na Súmula 459 do TST. Turma, Data de Publicação: DEJT 18/03/2016; AIRR - 1452-

29.2015.5.14.0091 , Relatora Ministra: Dora Maria da Costa, Data

DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Atos de Julgamento: 10/05/2017, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT

Processuais / Nulidade / Cerceamento de Defesa 12/05/2017.

Alegação(ões):

- divergência jurisprudencial. Remuneração, Verbas Indenizatórias e Benefícios / Adicional /

- Violação arts. 5°, LIV, XXXV CR; 369, 442 CPC Adicional de Insalubridade

O trecho do acórdão transcrito pela recorrente indica que a C. Alegação(ões):

Turma entendeu pela desnecessidade de produção de prova oral - contrariedade à(ao) : Súmula nº 289; Súmula nº 489 do Tribunal

porquanto já haviam sido realizadas perícia técnica quanto à Superior do Trabalho.

doença ocupacional. - violação do(s) inciso XXIII do artigo 5º da Constituição.

Se insurge a recorrente, alegando ter havido cerceamento ao direito - violação da (o) artigo 192 da Consolidação das Leis do Trabalho.

de defesa, pugnando pelo reconhecimento da nulidade. - divergência jurisprudencial.

Ante o exposto, tendo a C. Turma manifestado entendimento no Insurge-se a reclamante contra o acórdão no que tange ao

sentido de que não há falar em cerceio porquanto a prova requerida cabimento do adicional de insalubridade.

se mostrou desnecessária, não se verifica, em tese, a alegada A parte não realizou o confronto analítico entre a tese adotada no

violação, conforme exige a alínea "c" do artigo 896 Consolidado. acórdão recorrido e cada preceito legal ou constitucional dito

A parte não realizou o confronto analítico entre a tese adotada no violado, deixando de atender ao exigido pelo artigo 896, §1º-A, III,

acórdão recorrido e cada ementa transcrita em suas razões da CLT, inviabilizando o seguimento do apelo, nesse aspecto.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 4
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Com efeito, segundo a sistemática imposta pela Lei 13.015/2014, - contrariedade à (ao): Orientação Jurisprudencial nº 125 da SBDI-

cabe à parte indicar especificamente o motivo pelo qual o acórdão, I/TST.

ao adotar determinada fundamentação, incidiu em afronta a cada - violação do(s) inciso III do artigo 1º; inciso IV do artigo 1º; inciso

um dos preceitos ditos violados, sendo inviável a alegação genérica XXX do artigo 7º; inciso XXXI do artigo 7º; inciso XXXII do artigo 7º;

de violações em bloco. artigo 170-C da Constituição.

Ademais, a parte não realizou o confronto analítico entre a tese - violação da (o) artigo 884 do Código Civil; artigo 8º da

adotada no acórdão recorrido e cada súmula supostamente Consolidação das Leis do Trabalho; artigo 9º da Consolidação das

contrariada, deixando de atender ao exigido pelo artigo 896, §1º-A, Leis do Trabalho; artigo 456 da Consolidação das Leis do Trabalho;

III, da CLT, inviabilizando o seguimento do apelo, nesse aspecto. artigo 460 da Consolidação das Leis do Trabalho; artigo 461 da

Com efeito, segundo a sistemática imposta pela Lei 13.015/2014, Consolidação das Leis do Trabalho; artigo 468 da Consolidação das

cabe à parte indicar especificamente o motivo pelo qual o acórdão, Leis do Trabalho; §9º do artigo 896 da Consolidação das Leis do

ao adotar determinada fundamentação, deixou de observar cada Trabalho; artigo 4º da Lei de Introdução ás Normas do Direito

Súmula invocada, sendo inviável a mera alegação genérica de Brasileiro (antiga LICC); artigo 126 do Código de Processo Civil de

contrariedade. 2015.

Quanto à necessidade do confronto analítico, vale mencionar os - divergência jurisprudencial.

seguintes julgados do TST: E-ED-RR - 552-07.2013.5.06.0231, O recorrente insurge-se contra o v. acórdão, no tocante ao

Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra Belmonte, SBDI-I, DEJT indeferimento do pedido de condenação da reclamada ao

17/06/2016; AIRR - 1124-32.2015.5.11.0011, Relator Ministro: pagamento de diferenças salariais decorrentes do acúmulo de

Walmir Oliveira da Costa, 1ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR - função.

10077-02.2014.5.15.0110 , Relatora Ministra: Delaíde Miranda A C. Turma manifestou o entendimento de que o fato de o preposto

Arantes, 2ª Turma, DEJT 03/07/2017; AIRR - 220- da reclamada afirmar que, eventualmente, o autor executava

86.2015.5.11.0051 , Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra funções de mensageiro (ID. db80d82) e, também, o fato de o autor

Belmonte, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 03/07/2017; AIRR - juntar documento o qual registra ter o autor desempenhado tal

20027-78.2013.5.04.0012 , Relatora Desembargadora Convocada: função em 6 dias do mês de outubro/2017 (ID. 210e51c) é

Cilene Ferreira Amaro Santos, 4ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR - insuficiente para autorizar o pagamento de um plus salarial por

909-49.2015.5.08.0008, Relator Ministro: Guilherme Augusto acúmulo de função, pois a atividade de "mensageiro" era

Caputo Bastos, 5ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR - 47700- desempenhada eventualmente pelo autor dentro da jornada de

21.2005.5.01.0041 , Relator Ministro: Aloysio Corrêa da Veiga, Data "porteiro/manobrista". Ante o exposto, não se verifica, em tese, a

de Julgamento: 30/03/2016, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT alegada violação, conforme exige a alínea "c" do artigo 896

01/04/2016; AIRR - 10565-26.2013.5.03.0077 , Relator Ministro: Consolidado.

Cláudio Mascarenhas Brandão, Data de Julgamento: 09/03/2016, 7ª A parte não realizou o confronto analítico entre a tese adotada no

Turma, Data de Publicação: DEJT 18/03/2016; AIRR - 1452- acórdão recorrido e a orientação jurisprudencial supostamente

29.2015.5.14.0091 , Relatora Ministra: Dora Maria da Costa, Data contrariada, deixando de atender ao exigido pelo artigo 896, §1º-A,

de Julgamento: 10/05/2017, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT III, da CLT, inviabilizando o seguimento do apelo, nesse aspecto.

12/05/2017. Com efeito, segundo a sistemática imposta pela Lei 13.015/2014,

A alegação de divergência jurisprudencial não viabiliza o recurso. cabe à parte indicar especificamente o motivo pelo qual o acórdão,

De acordo com o artigo 896, § 8º, da CLT, incluído pela Lei ao adotar determinada fundamentação, deixou de observar a

13.015/2014, a parte que recorre deve mencionar "... as Orientação Jurisprudencial invocada, sendo inviável a mera

circunstâncias que identifiquem ou assemelhem os casos alegação genérica de contrariedade.

confrontados". Não tendo a parte recorrente observado o que Ademais, a parte não realizou o confronto analítico entre a tese

determina o dispositivo legal, é inviável o processamento do recurso adotada no acórdão recorrido e cada ementa transcrita em suas

de revista. razões recursais, deixando de atender ao exigido pelo artigo 896,

§8º, da CLT, impedindo o seguimento do apelo, nesse aspecto.

Contrato Individual de Trabalho / Alteração Contratual ou das De acordo com a sistemática imposta pela Lei 13.015/2014, cabe à

Condições de Trabalho / Acúmulo de Função parte demonstrar especificamente onde se situa a alegada

Alegação(ões): divergência de teses entre o acórdão recorrido e os arestos

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 5
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

apresentados, no exame de casos concretos idênticos ou deixando de atender ao exigido pelo artigo 896, §1º-A, III, da CLT,

semelhantes, ônus do qual não se desincumbiu a parte recorrente. inviabilizando o seguimento do apelo, nesse aspecto.

Vale ressaltar que não atende a essa finalidade a mera transcrição Com efeito, segundo a sistemática imposta pela Lei 13.015/2014,

de arestos em bloco. cabe à parte indicar especificamente o motivo pelo qual o acórdão,

Quanto à necessidade do confronto analítico, vale mencionar os ao adotar determinada fundamentação, deixou de observar cada

seguintes julgados do TST: E-ED-RR - 552-07.2013.5.06.0231, Súmula invocada, sendo inviável a mera alegação genérica de

Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra Belmonte, SBDI-I, DEJT contrariedade.

17/06/2016; AIRR - 1124-32.2015.5.11.0011, Relator Ministro: Por fim, não realizou o confronto analítico entre a tese adotada no

Walmir Oliveira da Costa, 1ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR - acórdão recorrido e a ementa transcrita em suas razões recursais,

10077-02.2014.5.15.0110 , Relatora Ministra: Delaíde Miranda deixando de atender ao exigido pelo artigo 896, §8º, da CLT,

Arantes, 2ª Turma, DEJT 03/07/2017; AIRR - 220- impedindo o seguimento do apelo, nesse aspecto.

86.2015.5.11.0051 , Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra Com efeito, segundo a sistemática imposta pela Lei 13.015/2014,

Belmonte, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 03/07/2017; AIRR - cabe à parte demonstrar especificamente onde se situa a alegada

20027-78.2013.5.04.0012 , Relatora Desembargadora Convocada: divergência de teses entre o acórdão recorrido e os arestos

Cilene Ferreira Amaro Santos, 4ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR - apresentados, no exame de casos concretos idênticos ou

909-49.2015.5.08.0008, Relator Ministro: Guilherme Augusto semelhantes, ônus do qual não se desincumbiu a parte recorrente.

Caputo Bastos, 5ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR - 47700- Vale ressaltar que não atende a essa finalidade a mera transcrição

21.2005.5.01.0041 , Relator Ministro: Aloysio Corrêa da Veiga, Data de arestos em bloco ou a simples apresentação de tabela contendo

de Julgamento: 30/03/2016, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT o trecho do acórdão recorrido e o julgado trazido a confronto.

01/04/2016; AIRR - 10565-26.2013.5.03.0077 , Relator Ministro: Quanto à necessidade do confronto analítico, vale mencionar os

Cláudio Mascarenhas Brandão, Data de Julgamento: 09/03/2016, 7ª seguintes julgados do TST: E-ED-RR - 552-07.2013.5.06.0231,

Turma, Data de Publicação: DEJT 18/03/2016; AIRR - 1452- Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra Belmonte, SBDI-I, DEJT

29.2015.5.14.0091 , Relatora Ministra: Dora Maria da Costa, Data 17/06/2016; AIRR - 1124-32.2015.5.11.0011, Relator Ministro:

de Julgamento: 10/05/2017, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT Walmir Oliveira da Costa, 1ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR -

12/05/2017. 10077-02.2014.5.15.0110 , Relatora Ministra: Delaíde Miranda

Arantes, 2ª Turma, DEJT 03/07/2017; AIRR - 220-

Rescisão do Contrato de Trabalho / Verbas Rescisórias / Aviso 86.2015.5.11.0051 , Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra

Prévio Belmonte, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 03/07/2017; AIRR -

Alegação(ões): 20027-78.2013.5.04.0012 , Relatora Desembargadora Convocada:

- divergência jurisprudencial. Cilene Ferreira Amaro Santos, 4ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR -

- artigos 1º, III e IV; 3º, I, II, III e IV; e 5º, XXIII, todos da CR 909-49.2015.5.08.0008, Relator Ministro: Guilherme Augusto

- art. 9° e art. 488 da CLT, e Súmula 276 do C. TST. Caputo Bastos, 5ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR - 47700-

Sustenta que a simulação de acordo firmada entre a ré e o autor 21.2005.5.01.0041 , Relator Ministro: Aloysio Corrêa da Veiga, Data

diante das circunstâncias fáticas, foi completamente fraudulenta de Julgamento: 30/03/2016, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT

sobre as verbas rescisórias. 01/04/2016; AIRR - 10565-26.2013.5.03.0077 , Relator Ministro:

A parte não realizou o confronto analítico entre a tese adotada no Cláudio Mascarenhas Brandão, Data de Julgamento: 09/03/2016, 7ª

acórdão recorrido e cada preceito legal ou constitucional dito Turma, Data de Publicação: DEJT 18/03/2016; AIRR - 1452-

violado, deixando de atender ao exigido pelo artigo 896, §1º-A, III, 29.2015.5.14.0091 , Relatora Ministra: Dora Maria da Costa, Data

da CLT, inviabilizando o seguimento do apelo, nesse aspecto. de Julgamento: 10/05/2017, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT

Com efeito, segundo a sistemática imposta pela Lei 13.015/2014, 12/05/2017.

cabe à parte indicar especificamente o motivo pelo qual o acórdão,

ao adotar determinada fundamentação, incidiu em afronta a cada Responsabilidade Solidária / Subsidiária

um dos preceitos ditos violados, sendo inviável a alegação genérica Descontos Fiscais

de violações em bloco. Descontos Previdenciários

Ademasi, a parte não realizou o confronto analítico entre a tese As matérias não foram analisadas pelo acórdão, uma vez que

adotada no acórdão recorrido e a súmula supostamente contrariada, restaram prejudicadas, ante a manutenção da improcedência da

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 6
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

demanda, o que obsta o apelo, por ausência de prequestionamento.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Partes e

Procuradores / Sucumbência / Honorários Advocatícios Assinatura

Alegação(ões): VITORIA, 27 de Novembro de 2019

- violação do(s) inciso III do artigo 1º; inciso I do artigo 3º; inciso

XXII do artigo 5º; inciso XXXVI do artigo 5º; inciso LIV do artigo 5º; ANA PAULA TAUCEDA BRANCO

inciso LV do artigo 5º; inciso LXXIV do artigo 5º; §1º do artigo 5º; Desembargador Federal do Trabalho

artigo 133 da Constituição. Decisão


Processo Nº AP-0000686-57.2018.5.17.0003
- violação da (o) artigo 791-A da Consolidação das Leis do Relator WANDA LUCIA COSTA LEITE
FRANCA DECUZZI
Trabalho; §4º do artigo 791-A da Consolidação das Leis do
AGRAVANTE UNIVERSO DE ENSINO NOVO
Trabalho; da Lei nº 13467/2017; artigo 85 do Código de Processo MILENIO LTDA - ME
ADVOGADO CARLA CIBIEN GUAITOLINI(OAB:
Civil de 2015; §1º do artigo 6º da Lei de Introdução ás Normas do 12530/ES)
Direito Brasileiro (antiga LICC); §2º do artigo 6º da Lei de Introdução AGRAVANTE COPASE ARMAZENS GERAIS E
LOGISTICA LTDA - ME
ás Normas do Direito Brasileiro (antiga LICC); §3º do artigo 6º da ADVOGADO JULIANO CARDOSO DE MENEZES
MENDES(OAB: 21809/ES)
Lei de Introdução ás Normas do Direito Brasileiro (antiga LICC).
AGRAVANTE MILENA PARTICIPACOES E
- divergência jurisprudencial. EMPREENDIMENTOS LTDA
ADVOGADO JULIANO CARDOSO DE MENEZES
- Súmula 450, do STF; MENDES(OAB: 21809/ES)
O recorrente insurge-se contra o v. acórdão, no tocante à AGRAVANTE DOMUS ASSESSORIA E
CONSULTORIA DE PROJETOS LTDA
condenação ao pagamento de honorários advocatícios. Requer, - ME
ADVOGADO CARLA CIBIEN GUAITOLINI(OAB:
ainda, a condenação da reclamada ao pagamento de honorários 12530/ES)
advocatícios, uma vez que é beneficiário da justiça gratuita. AGRAVANTE ASSOCIACAO DE ENSINO
SUPERIOR DE CAMPO GRANDE
Primeiramente, eventual contrariedade a Súmula do Supremo LTDA - ME
ADVOGADO CARLA CIBIEN GUAITOLINI(OAB:
Tribunal Federal não se encontra entre as hipóteses de cabimento 12530/ES)
do recurso de revista previstas no artigo 896, alínea "a", da AGRAVANTE UNIAO DE ENSINO DO ESPIRITO
SANTO LTDA - ME
Consolidação das Leis do Trabalho. ADVOGADO CARLA CIBIEN GUAITOLINI(OAB:
12530/ES)
Ademais, tendo a C. Turma dado parcial provimento ao apelo do
AGRAVANTE EDIVALDO COMERIO
reclamante para determinar que seja observado o §4º do art. 791-A ADVOGADO JULIANO CARDOSO DE MENEZES
MENDES(OAB: 21809/ES)
da CLT, não se verifica, em tese, a alegada violação, conforme
AGRAVADO SILVANO CARLOS DE SOUZA
exige a alínea "c" do artigo 896 Consolidado. ADVOGADO RICARDO BARROS BRUM(OAB:
8793/ES)
As ementas colacionadas mostram-se inespecíficas à configuração

da pretendida divergência interpretativa, porquanto não abordam a Intimado(s)/Citado(s):


respeito da ação ter sido proposta após a Lei 13.467/2017 (Reforma - ASSOCIACAO DE ENSINO SUPERIOR DE CAMPO GRANDE
LTDA - ME
Trabalhista) que instituiu o regime de sucumbência recíproca no - COPASE ARMAZENS GERAIS E LOGISTICA LTDA - ME
âmbito do Processo do Trabalho (art. 791-A, da CLT) (S. 296/TST). - DOMUS ASSESSORIA E CONSULTORIA DE PROJETOS
LTDA - ME
Quanto ao pedido de condenação da ré ao pagamento da verba - EDIVALDO COMERIO
honorária verifica-se que ante a reforma da sentença, o autor foi - MILENA PARTICIPACOES E EMPREENDIMENTOS LTDA
- SILVANO CARLOS DE SOUZA
sucumbente quanto ao objeto do pedido, o que atrai a incidência do
- UNIAO DE ENSINO DO ESPIRITO SANTO LTDA - ME
§ 3º do supracitado art. 791-A da CLT. - UNIVERSO DE ENSINO NOVO MILENIO LTDA - ME
CONCLUSÃO

DENEGO seguimento ao recurso de revista.

Publique-se.
PODER JUDICIÁRIO
ANA PAULA TAUCEDA BRANCO
JUSTIÇA DO TRABALHO
Desembargadora-Presidente

/gr-02 Fundamentação

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 7
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

RECURSO DE REVISTA fundamento na inobservância da exigência contida no art. 896, § 1º-

Lei 13.015/2014 A, inc. I, da CLT, deixou de conhecer de arguição de nulidade da

Lei 13.467/2017 decisão proferida pelo Tribunal Regional, por negativa de prestação

Recorrente(s): 1. EDIVALDO COMERIO E OUTROS jurisdicional, suscitada no Recurso de Revista. 2. Pacificou-se, na

2. UNIAO DE ENSINO DO ESPIRITO SANTO LTDA - ME E SDI-1, desta Corte, que, consoante os termos do art. 896, § 1º-A,

OUTROS incs. I, II e III, da CLT, introduzido pela Lei 13.015/2014, afigura-se

Advogado(a)(s): 1. JULIANO CARDOSO DE MENEZES MENDES imprescindível à parte que, em Recurso de Revista, arguir a

(ES - 21809) nulidade da decisão recorrida, por negativa de prestação

2. CARLA CIBIEN GUAITOLINI (ES - 12530) jurisdicional, demonstrar nas razões do seu recurso, mediante a

Recorrido(a)(s): 1. SILVANO CARLOS DE SOUZA transcrição do trecho da petição dos Embargos de Declaração e do

Advogado(a)(s): 1. RICARDO BARROS BRUM (ES - 8793) trecho do acórdão respectivo, a recusa do Tribunal Regional em

apreciar a questão objeto do recurso ou a apreciação de forma

Recurso de: EDIVALDO COMERIO E OUTROS incompleta. 3. A fim de observar o princípio da impugnação

CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES específica e de desincumbir-se do ônus de comprovar a recusa do

O presente recurso foi apresentado na vigência da Lei 13.467/2017. Tribunal em prestar a jurisdição completa, a parte deverá

Vale registrar que, nos termos do art. 896-A, §1º e incisos da CLT, demonstrar, objetivamente, que exigiu dele a apreciação da questão

incumbe ao Tribunal Superior do Trabalho o exame da mediante a oposição dos indispensáveis embargos de declaração

transcendência do recurso de revista. alusivos ao tema objeto da arguição de nulidade. Do contrário, estar

PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS -se-á diante da impugnação genérica da decisão proferida pelo

Tempestivo o recurso (ciência da decisão em 01/10/2019 - fl(s)./Id Tribunal Regional, inviabilizando o exame das violações a que faz

59593ED; petição recursal apresentada em 08/10/2019 - fl(s)./Id referência a Súmula 459 desta Corte". (E-RR - 20462-

1c3978f ). 66.2012.5.20.0004 , Relator Ministro: João Batista Brito Pereira,

Regular a representação processual - fl(s.)/Id ac1e353, c12899e , Data de Julgamento: 16/03/2017, Subseção I Especializada em

ce95916 . Dissídios Individuais, Data de Publicação: DEJT 08/09/2017)

PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS No mesmo sentido: E-RR - 1522-62.2013.5.15.0067, Relator

DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Atos Ministro: Cláudio Mascarenhas Brandão, Data de Julgamento:

Processuais / Nulidade / Negativa de Prestação Jurisdicional. 16/03/2017, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais,

Ao arguir a nulidade do acórdão por negativa de prestação Data de Publicação: DEJT 20/10/2017; E-ED-RR - 543-

jurisdicional, cabe à parte transcrever, em seu apelo, o trecho dos 70.2013.5.23.0005, Relator Ministro: João Batista Brito Pereira,

embargos declaratórios em que foi pedido o pronunciamento do Data de Julgamento: 04/05/2017, Subseção I Especializada em

tribunal sobre questão veiculada no recurso ordinário, bem como o Dissídios Individuais, Data de Publicação: DEJT 12/05/2017.

trecho da decisão regional que rejeitou os embargos quanto ao

pedido, como requer o artigo 896, §1º-A, IV, da CLT, de forma a DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Partes e

viabilizar o cotejo e a verificação, de plano, da ocorrência da Procuradores / Assistência Judiciária Gratuita.

omissão. Não tendo a recorrente se desincumbido de seu ônus, Os recorrentes insurgem-se contra o v. acórdão, no tocante ao

nesse aspecto, inviável o recurso, no particular. indeferimento do pedido de assistência judiciária gratuita.

Registre-se, por oportuno, que tal exigência, inserida Sucessivamente, pleiteiam os recorrentes o deferimento da justiça

expressamente no texto da CLT com o advento da Lei 13.467/2017, gratuita, com a consequente isenção ao depósito recursal e custas,

já estava consagrada na pacífica jurisprudência da Colenda Corte tendo em vista que as partes recorrentes são hipossuficientes e

Revisora, em razão do disposto no artigo 896, §1º-A, da CLT, encontram em situação de dificuldades financeiras, não possuindo

incluído no texto consolidado pela Lei 13.015/2014. Nesse sentido: condições de arcar com as despesas processuais sem prejuízo

"RECURSO DE EMBARGOS. RECURSO DE REVISTA próprio e do sócio da empresa.

INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI 13.015/2014. ART. 896, § 1º- Inviável o recurso quanto à matéria em epígrafe, porque não

A, INCS. I, II E III, DA CLT. ARGUIÇÃO DE NULIDADE DA observado o disposto no artigo 896, §1º-A, I, da CLT. Com efeito, a

DECISÃO RECORRIDA POR NEGATIVA DE PRESTAÇÃO transcrição do tópico inteiro do v. acórdão ou da integralidade da

JURISDICIONAL. REQUISITOS FORMAIS. 1. A Turma, com análise realizada pela C. Turma, quanto à matéria objeto do

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Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

recurso, não atende à exigência do artigo 896, §1º-A, I, da CLT. É DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Liquidação /

preciso que a parte transcreva o trecho do v. acórdão em que Cumprimento / Execução / Desconsideração da Personalidade

consta precisamente a tese regional impugnada no recurso de Jurídica.

revista, ou, ao menos, que destaque de forma clara a tese adotada Os recorrentes pedem que a ação de desconsideração inversa da

e contra a qual se insurge. Nesse sentido: personalidade jurídica seja julgada improcedente.

"EMBARGOS EM RECURSO DE REVISTA. DECISÃO Inviável o recurso quanto à matéria em epígrafe, porque não

EMBARGADA PUBLICADA NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014. observado o disposto no artigo 896, §1º-A, I, da CLT. Com efeito, a

RECURSO DE REVISTA QUE NÃO APRESENTA A transcrição do tópico inteiro do v. acórdão ou da integralidade da

TRANSCRIÇÃO DO TRECHO DO ACÓRDÃO REGIONAL QUE análise realizada pela C. Turma, quanto à matéria objeto do

IDENTIFICA O PREQUESTIONAMENTO DA MATÉRIA OBJETO recurso, não atende à exigência do artigo 896, §1º-A, I, da CLT. É

DO APELO. REQUISITO LEGAL INSCRITO NO ARTIGO 896, § 1º- preciso que a parte transcreva o trecho do v. acórdão em que

A, I, DA CLT. REDAÇÃO CONFERIDA PELA LEI 13.015/2014. (...) consta precisamente a tese regional impugnada no recurso de

3 - Embora o dispositivo em comento utilize o verbo "indicar", revista, ou, ao menos, que destaque de forma clara a tese adotada

referindo-se ao requisito formal ali inscrito, esta Corte Superior tem e contra a qual se insurge. Nesse sentido:

exigido a transcrição do trecho da decisão regional que "EMBARGOS EM RECURSO DE REVISTA. DECISÃO

consubstancia o prequestionamento da controvérsia objeto do EMBARGADA PUBLICADA NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014.

apelo, firme no entendimento de que a alteração legislativa RECURSO DE REVISTA QUE NÃO APRESENTA A

empreendida pela Lei 13.015/2014, nesse aspecto, constitui TRANSCRIÇÃO DO TRECHO DO ACÓRDÃO REGIONAL QUE

pressuposto de adequação formal de admissibilidade do recurso de IDENTIFICA O PREQUESTIONAMENTO DA MATÉRIA OBJETO

revista e se orienta no sentido de propiciar a identificação precisa da DO APELO. REQUISITO LEGAL INSCRITO NO ARTIGO 896, § 1º-

contrariedade a dispositivo de Lei e a Súmula e do dissenso de A, I, DA CLT. REDAÇÃO CONFERIDA PELA LEI 13.015/2014. (...)

teses, afastando-se os recursos de revista que impugnam de forma 3 - Embora o dispositivo em comento utilize o verbo "indicar",

genérica a decisão regional e conduzem sua admissibilidade para referindo-se ao requisito formal ali inscrito, esta Corte Superior tem

um exercício exclusivamente subjetivo pelo julgador de verificação e exigido a transcrição do trecho da decisão regional que

adequação formal do apelo. Assim, a necessidade da transcrição do consubstancia o prequestionamento da controvérsia objeto do

trecho que consubstancia a violação e as contrariedades indicadas, apelo, firme no entendimento de que a alteração legislativa

e da demonstração analítica da divergência jurisprudencial, visa a empreendida pela Lei 13.015/2014, nesse aspecto, constitui

permitir a identificação precisa e objetiva da tese supostamente pressuposto de adequação formal de admissibilidade do recurso de

ofensiva a lei, à segurança das relações jurídicas e à isonomia das revista e se orienta no sentido de propiciar a identificação precisa da

decisões judiciais, de modo que contribua para a celeridade da contrariedade a dispositivo de Lei e a Súmula e do dissenso de

prestação jurisdicional, possibilite a formação de precedentes como teses, afastando-se os recursos de revista que impugnam de forma

elementos de estabilidade e a decisão do TST contribua para a genérica a decisão regional e conduzem sua admissibilidade para

formação da jurisprudência nacionalmente unificada. (...) (E-ED-RR um exercício exclusivamente subjetivo pelo julgador de verificação e

- 552-07.2013.5.06.0231, Relator Ministro: Alexandre de Souza adequação formal do apelo. Assim, a necessidade da transcrição do

Agra Belmonte, Data de Julgamento: 09/06/2016, Subseção I trecho que consubstancia a violação e as contrariedades indicadas,

Especializada em Dissídios Individuais, Data de Publicação: DEJT e da demonstração analítica da divergência jurisprudencial, visa a

17/06/2016)." permitir a identificação precisa e objetiva da tese supostamente

No mesmo sentido: ED-AIRR-41600-81.2009.5.01.0050, Rel. Min. ofensiva a lei, à segurança das relações jurídicas e à isonomia das

Delaíde Miranda Arantes, 2ª Turma, DEJT 29/04/2016; AIRR - decisões judiciais, de modo que contribua para a celeridade da

10356-41.2013.5.15.0039 Data de Julgamento: 25/05/2016, Relator prestação jurisdicional, possibilite a formação de precedentes como

Ministro: Alexandre de Souza Agra Belmonte, 3ª Turma, Data de elementos de estabilidade e a decisão do TST contribua para a

Publicação: DEJT 03/06/2016; AIRR-65-63.2014.5.05.0026, Rel. formação da jurisprudência nacionalmente unificada. (...) (E-ED-RR

Min. Cláudio Mascarenhas Brandão, 7ª Turma, DEJT 12/02/2016; - 552-07.2013.5.06.0231, Relator Ministro: Alexandre de Souza

AIRR-369-66.2014.5.10.0012, Rel. Min. Kátia Magalhães Arruda, 6ª Agra Belmonte, Data de Julgamento: 09/06/2016, Subseção I

Turma, DEJT 27/11/2015. Especializada em Dissídios Individuais, Data de Publicação: DEJT

17/06/2016)."

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 9
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

No mesmo sentido: ED-AIRR-41600-81.2009.5.01.0050, Rel. Min. realizadas através do sistema Bacenjud, nenhuma quantia foi

Delaíde Miranda Arantes, 2ª Turma, DEJT 29/04/2016; AIRR - localizada em suas contas bancárias, situação que comprova o

10356-41.2013.5.15.0039 Data de Julgamento: 25/05/2016, Relator abuso na utilização de pessoas jurídicas. Portanto, a situação

Ministro: Alexandre de Souza Agra Belmonte, 3ª Turma, Data de evidenciada no caso em tela autoriza a aplicação da teoria da

Publicação: DEJT 03/06/2016; AIRR-65-63.2014.5.05.0026, Rel. desconsideração da personalidade jurídica às avessas, sendo, sim,

Min. Cláudio Mascarenhas Brandão, 7ª Turma, DEJT 12/02/2016; possível a execução de bens das empresas das quais o executado

AIRR-369-66.2014.5.10.0012, Rel. Min. Kátia Magalhães Arruda, 6ª é sócio, nos limites de sua participação societária. Assim, não se

Turma, DEJT 27/11/2015. verifica, em tese, a alegada violação, como requer o artigo 896, §

CONCLUSÃO 2.º , da CLT.

DENEGO seguimento ao recurso de revista. CONCLUSÃO

DENEGO seguimento ao recurso de revista.

Recurso de: UNIAO DE ENSINO DO ESPIRITO SANTO LTDA - Publique-se.

ME E OUTROS ANA PAULA TAUCEDA BRANCO

CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES Desembargadora-Presidente

O presente recurso foi apresentado na vigência da Lei 13.467/2017. /gr-03

Vale registrar que, nos termos do art. 896-A, §1º e incisos da CLT, Assinatura

incumbe ao Tribunal Superior do Trabalho o exame da VITORIA, 27 de Novembro de 2019

transcendência do recurso de revista.

PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS ANA PAULA TAUCEDA BRANCO

Tempestivo o recurso (ciência da decisão em 01/10/2019 - fl(s)./Id Desembargador Federal do Trabalho

59593ED; petição recursal apresentada em 10/10/2019 - fl(s)./Id Decisão


Processo Nº ROT-0001508-71.2017.5.17.0006
f02e435). Relator SONIA DAS DORES DIONISIO
MENDES
Regular a representação processual - fl(s.)/Id 7137040, b8a4b6d
RECORRENTE ANATALIO BRAGA FILHO
,b85c1b6, 2adc35a . ADVOGADO ARTHUR DE SOUZA MOREIRA(OAB:
18277/ES)
PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS
ADVOGADO RUDSON ATAYDES FREITAS(OAB:
DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Liquidação / 8035/ES)
ADVOGADO ELISANGELA LEITE MELO(OAB:
Cumprimento / Execução / Desconsideração da Personalidade 7782/ES)
Jurídica. ADVOGADO RODOLFO FERNANDES DO
CARMO(OAB: 13069/ES)
Alegação(ões): ADVOGADO ANDRE LUIZ MOREIRA(OAB:
7851/ES)
- violação do(s) inciso II do artigo 5º da Constituição.
RECORRIDO BANESTES SA BANCO DO ESTADO
- violação da (o) artigo 28 do Código de Defesa do Consumidor; §5º DO ESPIRITO SANTO
ADVOGADO LUANA ASSUNCAO DE ARAUJO
do artigo 28 do Código de Defesa do Consumidor; artigo 50 do ALBUQUERK(OAB: 15866/ES)
Código Civil; §1º do artigo 6º da Lei nº 11101/2005; §2º do artigo 6º ADVOGADO CARLOS EDUARDO AMARAL DE
SOUZA(OAB: 10107/ES)
da Lei nº 11101/2005; §2º do artigo 2º da Consolidação das Leis do

Trabalho; §3º do artigo 2º da Consolidação das Leis do Trabalho. Intimado(s)/Citado(s):


- ANATALIO BRAGA FILHO
- divergência jurisprudencial.
- BANESTES SA BANCO DO ESTADO DO ESPIRITO SANTO
Os recorrentes insurgem-se contra o v. acórdão, no tocante à

determinação de desconsideração inversa da personalidade

jurídica.

Ante a restrição do artigo 896, § 2º, da CLT, descabe análise de PODER JUDICIÁRIO

violação à legislação infraconstitucional e divergência JUSTIÇA DO TRABALHO

jurisprudencial.
Fundamentação
Outrossim, a C. Turma manifestou entendimento no sentido de que
Coordenadoria de Recurso de Revista
o executado Edivaldo Comério participa do quadro societário de

diversas empresas e recebe vultosa quantia a título de quotas


DESPACHO
(declaração de IRPF/2015 - Id 5a67b07). Ocorre que, nas buscas
Considerando o teor da decisão proferida nos autos do processo

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 10
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

eletrônico nº 0003029-32.2014.5.17.0014, em que foi determinado o


PODER JUDICIÁRIO
sobrestamento do aludido feito para fins de uniformização da
JUSTIÇA DO TRABALHO
jurisprudência quanto ao tema "Empresa Pública ou sociedade de

economia mista. Empregado Público. Despedida imotivada. Fundamentação

Possibilidade";

Considerando que foi instaurado, por este Egrégio Regional, o IUJ

nº 0000225-65.2016.5.17.0000 para tal finalidade, determino o

sobrestamento dos presentes autos até o pronunciamento definitivo RECURSO DE REVISTA

do Pleno deste Regional acerca do incidente. Lei 13.015/2014

Sobrevindo a edição de Súmula, em sentido diverso ao Lei 13.467/2017

consubstanciado no acórdão, os autos deverão ser encaminhados Recorrente(s): NIC LOGISTICA LTDA

ao Órgão Julgador que proferiu a decisão, para fins de reapreciação Advogado(a)(s): ALISSON VASCONCELOS TEIXEIRA DE SOUZA

da matéria, na forma do art. 5º da Instrução Normativa nº 37/2015 (MG - 61192)

do Tribunal Superior do Trabalho. Recorrido(a)(s): BRUNO TRANCOSO SANTOS

ANA PAULA TAUCEDA BRANCO Advogado(a)(s): GLENDA GOMES DE SOUZA FONSECA (ES -

Desembargadora-Presidente 22569)

EDILAMARA RANGEL GOMES ALVES FRANCISCO (ES - 9916)

Assinatura CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES

VITORIA, 27 de Novembro de 2019 O presente recurso foi apresentado na vigência da Lei 13.467/2017.

Vale registrar que, nos termos do art. 896-A, §1º e incisos da CLT,

ANA PAULA TAUCEDA BRANCO incumbe ao Tribunal Superior do Trabalho o exame da

Desembargador Federal do Trabalho transcendência do recurso de revista.

Decisão PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS


Processo Nº ROT-0001123-23.2017.5.17.0007
Tempestivo o recurso (ciência da decisão em 09/10/2019 - fl(s)./Id
Relator MARCELLO MACIEL MANCILHA
RECORRENTE ARCELORMITTAL BRASIL S.A. 9541D66 ; petição recursal apresentada em 21/10/2019 - fl(s)./Id
ADVOGADO STEPHAN EDUARD 36f7626 ).
SCHNEEBELI(OAB: 4097/ES)
RECORRENTE NIC LOGISTICA LTDA Regular a representação processual - fl(s.)/Id e78dc1b .
ADVOGADO ALISSON VASCONCELOS TEIXEIRA Satisfeito o preparo - fl(s)./Id e51d87d, 3b1183c, 2458dd2 e
DE SOUZA(OAB: 61192/MG)
RECORRENTE BRUNO TRANCOSO SANTOS 5971417.
ADVOGADO EDILAMARA RANGEL GOMES PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS
ALVES FRANCISCO(OAB: 9916/ES)
ADVOGADO GLENDA GOMES DE SOUZA DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Atos
FONSECA(OAB: 22569/ES)
Processuais / Nulidade / Negativa de Prestação Jurisdicional
RECORRIDO ARCELORMITTAL BRASIL S.A.
ADVOGADO STEPHAN EDUARD Ao arguir a nulidade do acórdão por negativa de prestação
SCHNEEBELI(OAB: 4097/ES)
jurisdicional, cabe à parte transcrever, em seu apelo, o trecho dos
RECORRIDO NIC LOGISTICA LTDA
ADVOGADO ALISSON VASCONCELOS TEIXEIRA embargos declaratórios em que foi pedido o pronunciamento do
DE SOUZA(OAB: 61192/MG)
tribunal sobre questão veiculada no recurso ordinário, bem como o
RECORRIDO BRUNO TRANCOSO SANTOS
ADVOGADO EDILAMARA RANGEL GOMES trecho da decisão regional que rejeitou os embargos quanto ao
ALVES FRANCISCO(OAB: 9916/ES)
pedido, como requer o artigo 896, §1º-A, IV, da CLT, de forma a
ADVOGADO GLENDA GOMES DE SOUZA
FONSECA(OAB: 22569/ES) viabilizar o cotejo e a verificação, de plano, da ocorrência da

omissão. Não tendo a recorrente se desincumbido de seu ônus,


Intimado(s)/Citado(s):
- ARCELORMITTAL BRASIL S.A. nesse aspecto, inviável o recurso, no particular.
- BRUNO TRANCOSO SANTOS Registre-se, por oportuno, que tal exigência, inserida
- NIC LOGISTICA LTDA
expressamente no texto da CLT com o advento da Lei 13.467/2017,

já estava consagrada na pacífica jurisprudência da Colenda Corte

Revisora, em razão do disposto no artigo 896, §1º-A, da CLT,

incluído no texto consolidado pela Lei 13.015/2014. Nesse sentido:

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 11
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

"RECURSO DE EMBARGOS. RECURSO DE REVISTA epígrafe, a parte recorrente transcreveu o seguinte trecho do v.

INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI 13.015/2014. ART. 896, § 1º- acórdão:

A, INCS. I, II E III, DA CLT. ARGUIÇÃO DE NULIDADE DA "Considerando, pois, que a jornada praticada pelo obreiro não se

DECISÃO RECORRIDA POR NEGATIVA DE PRESTAÇÃO encontrava prevista em norma coletiva e configurava turno

JURISDICIONAL. REQUISITOS FORMAIS. 1. A Turma, com ininterrupto, as horas que ultrapassam a 6ª diária e 36ª semanal

fundamento na inobservância da exigência contida no art. 896, § 1º- devem ser remuneradas como extras, ou seja, inclusive a sétima e

A, inc. I, da CLT, deixou de conhecer de arguição de nulidade da oitava, diferentemente do que fora estabelecido pelo juízo de

decisão proferida pelo Tribunal Regional, por negativa de prestação origem.

jurisdicional, suscitada no Recurso de Revista. 2. Pacificou-se, na Pelo exposto, dou provimento ao recurso obreiro para,

SDI-1, desta Corte, que, consoante os termos do art. 896, § 1º-A, reconhecendo o trabalho em turno ininterrupto de revezamento,

incs. I, II e III, da CLT, introduzido pela Lei 13.015/2014, afigura-se condenar a reclamada ao pagamento, como extras, das horas

imprescindível à parte que, em Recurso de Revista, arguir a laboradas após a 6ª hora diária ou 36ª semanal, adotando-se os

nulidade da decisão recorrida, por negativa de prestação demais parâmetros de liquidação estabelecidos na sentença."

jurisdicional, demonstrar nas razões do seu recurso, mediante a Dos fundamentos acima expendidos, verifica-se que, tendo a C.

transcrição do trecho da petição dos Embargos de Declaração e do Turma decidido no sentido de que a prática de jornada superior ao

trecho do acórdão respectivo, a recusa do Tribunal Regional em limite constitucional, sem escora em norma coletiva, implica

apreciar a questão objeto do recurso ou a apreciação de forma pagamento das horas extras a partir da 6a hora diária, verifica-se

incompleta. 3. A fim de observar o princípio da impugnação que a decisão se encontra consonante com a Súmula 423/TST o

específica e de desincumbir-se do ônus de comprovar a recusa do que inviabiliza o recurso, nos termos do disposto no artigo 896, § 7º,

Tribunal em prestar a jurisdição completa, a parte deverá da CLT e Súmula nº 333, do Eg. TST.

demonstrar, objetivamente, que exigiu dele a apreciação da questão CONCLUSÃO

mediante a oposição dos indispensáveis embargos de declaração DENEGO seguimento ao recurso de revista.

alusivos ao tema objeto da arguição de nulidade. Do contrário, estar Publique-se

-se-á diante da impugnação genérica da decisão proferida pelo ANA PAULA TAUCEDA BRANCO

Tribunal Regional, inviabilizando o exame das violações a que faz Desembargadora-Presidente

referência a Súmula 459 desta Corte". (E-RR - 20462- /gr-08

66.2012.5.20.0004 , Relator Ministro: João Batista Brito Pereira,

Data de Julgamento: 16/03/2017, Subseção I Especializada em

Dissídios Individuais, Data de Publicação: DEJT 08/09/2017)

No mesmo sentido: E-RR - 1522-62.2013.5.15.0067, Relator

Ministro: Cláudio Mascarenhas Brandão, Data de Julgamento: Assinatura

16/03/2017, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, VITORIA, 27 de Novembro de 2019

Data de Publicação: DEJT 20/10/2017; E-ED-RR - 543-

70.2013.5.23.0005, Relator Ministro: João Batista Brito Pereira, ANA PAULA TAUCEDA BRANCO

Data de Julgamento: 04/05/2017, Subseção I Especializada em Desembargador Federal do Trabalho

Dissídios Individuais, Data de Publicação: DEJT 12/05/2017. Decisão


Processo Nº ROT-0001203-71.2016.5.17.0152
Relator DANIELE CORREA SANTA
CATARINA
Duração do Trabalho / Turno Ininterrupto de Revezamento
RECORRENTE UBIRATAN MENEZES DE SOUZA
Alegação(ões): JUNIOR
ADVOGADO HELTON FRANCIS MARETTO(OAB:
- Violação arts. 5°, II, 7°, XIV XXVI, 8, ° III CR 14104/ES)
- Divergência jurisprudencial RECORRENTE SAMARCO MINERACAO S.A.
ADVOGADO RODRIGO DE ALBUQUERQUE
- Contrariedade Súmula 423/TST BENEVIDES MENDONCA(OAB:
8545/ES)
Pugna pela reforma do julgado, sustentando serem indevidas as
RECORRIDO SAMARCO MINERACAO S.A.
horas extras a que foi condenado, ao argumento de que há norma ADVOGADO RODRIGO DE ALBUQUERQUE
BENEVIDES MENDONCA(OAB:
coletiva sustentando a jornada praticada. 8545/ES)
No intuito de demonstrar o prequestionamento da matéria em

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 12
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

RECORRIDO UBIRATAN MENEZES DE SOUZA TERCEIRO ELIEMAR CORREIA SANTANA


JUNIOR INTERESSADO
ADVOGADO HELTON FRANCIS MARETTO(OAB: TERCEIRO DATILHO GOMES DE SÁ
14104/ES) INTERESSADO

Intimado(s)/Citado(s): Intimado(s)/Citado(s):
- SAMARCO MINERACAO S.A. - ALBERTO DANTAS DE MORAES
- UBIRATAN MENEZES DE SOUZA JUNIOR - METROPOLITANA TRANSPORTES E SERVICOS S.A.

PODER JUDICIÁRIO PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA DO TRABALHO JUSTIÇA DO TRABALHO

Fundamentação Fundamentação

Coordenadoria de Recurso de Revista

DESPACHO

Considerando que tramita, no E. STF, o ARE 1121633, que trata da

"Validade de norma coletiva de trabalho que limita ou restringe RECURSO DE REVISTA

direito trabalhista não assegurado constitucionalmente"(Tema Lei 13.015/2014

1.046); Lei 13.467/2017

Considerando que, no aludido processo, o Ministro Gilmar Mendes Recorrente(s): METROPOLITANA TRANSPORTES E SERVICOS

determinou (...) "a suspensão de todos os processos pendentes, S.A.

individuais ou coletivos, que versem sobre a questão e tramitem no Advogado(a)(s): VIVIANE SALGADO PERIN (ES - 20825)

território nacional, nos termos do artigo 1035, §5º, do CPC, uma vez Recorrido(a)(s): ALBERTO DANTAS DE MORAES

que o plenário virtual do STF reconheceu a repercussão geral do Advogado(a)(s): PAULA WANESSA LOPES BASTOS (ES - 10024)

tema" (DJE nº167, divulgado em 31/07/2019). CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES

Considerando que, no caso dos autos, referida questão foi O presente recurso foi apresentado na vigência da Lei 13.467/2017.

abordada no acórdão e é objeto de insurgência apresentada no Vale registrar que, nos termos do art. 896-A, §1º e incisos da CLT,

recurso de revista; incumbe ao Tribunal Superior do Trabalho o exame da

Determino a suspensão do presente feito, até ulterior determinação transcendência do recurso de revista.

do STF. PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS

Intimem-se. Tempestivo o recurso (ciência da decisão em 27/09/2019 - fl(s)./Id

28B7A3B; petição recursal apresentada em 08/10/2019 - fl(s)./Id

ANA PAULA TAUCEDA BRANCO 6e38ab2).

Desembargadora-Presidente Regular a representação processual - fl(s.)/Id 059b60d.

Satisfeito o preparo - fl(s)./Id 84d1a5a, e05b239 e 72b2cfe.

Assinatura PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS

VITORIA, 27 de Novembro de 2019 Duração do Trabalho / Intervalo Intrajornada

Quanto à matéria em epígrafe, nego seguimento ao recurso,

ANA PAULA TAUCEDA BRANCO porquanto o recorrente não cuidou de indicar o trecho da decisão

Desembargador Federal do Trabalho recorrida objeto da insurgência, conforme exige o artigo 896, §1º-A,
Decisão I, da CLT (acrescentado pela Lei nº 13.015/2014 publicada no DOU
Processo Nº ROT-0001443-91.2017.5.17.0001
Relator JAILSON PEREIRA DA SILVA de 22.07.2014).
RECORRENTE ALBERTO DANTAS DE MORAES CONCLUSÃO
ADVOGADO PAULA WANESSA LOPES
BASTOS(OAB: 10024/ES) DENEGO seguimento ao recurso de revista.
RECORRIDO METROPOLITANA TRANSPORTES E Publique-se.
SERVICOS S.A.
ADVOGADO VIVIANE SALGADO PERIN(OAB: ANA PAULA TAUCEDA BRANCO
20825/ES)
Desembargadora-Presidente

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Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

/gr-02 Recorrente(s): 1. PLANETA AMBIENTAL - CENTRAL DE

SERVICOS COMPARTILHADOS S/A e outro(s)

Advogado(a)(s): 1. ALESSANDRA BESSA ALVES DE MELO (SP -

130511)

1. MONALIZA FINATTI MANZATTO (SP - 164574)

Assinatura 1. MARIA APARECIDA LACERDA RAMOS (SP - 222586)

VITORIA, 27 de Novembro de 2019 1. FERNANDA BIANCO PIMENTEL (SP - 167810)

1. SANDRO RONALDO RIZZATO (ES - 10250)

ANA PAULA TAUCEDA BRANCO 1. ALEXANDRE DE ALMEIDA CARDOSO (ES - 30340)

Desembargador Federal do Trabalho 1. ANDREA APARECIDA SICOLIN (SP - 135641)


Decisão Recorrido(a)(s): 1. JOSE MARIA DIAS
Processo Nº AP-0000252-92.2014.5.17.0008
Relator SONIA DAS DORES DIONISIO 2. NUTRIGAS S/A
MENDES
3. UNIÃO FEDERAL (PGF)
AGRAVANTE PLANETA AMBIENTAL - CENTRAL
DE SERVICOS COMPARTILHADOS Advogado(a)(s): 1. HIGO LUIZ FERREIRA PEREIRA (ES - 17088)
S/A
ADVOGADO ALESSANDRA BESSA ALVES DE 1. ALEXANDRE ZAMPROGNO (ES - 7364)
MELO(OAB: 130511/SP)
2. ALEXANDRE ICIBACI MARROCOS ALMEIDA (SP - 212080)
AGRAVADO NUTRIGAS S/A
ADVOGADO ANDREA APARECIDA SICOLIN(OAB: 2. ANDREA APARECIDA SICOLIN (SP - 135641)
135641/SP)
PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS
ADVOGADO ALEXANDRE ICIBACI MARROCOS
ALMEIDA(OAB: 212080/SP) Tempestivo o recurso (ciência da decisão em 10/10/2019 - fl(s)./Id
AGRAVADO JOSE MARIA DIAS
6503622; petição recursal apresentada em 18/10/2019 - fl(s)./Id
ADVOGADO ALEXANDRE ZAMPROGNO(OAB:
7364/ES) 51bb12e).
ADVOGADO HIGO LUIZ FERREIRA
PEREIRA(OAB: 17088/ES) Regular a representação processual - fl(s.)/Id 4916479.
AGRAVADO SUATRANS EMERGENCIA S.A. O juízo está garantido - fl/Id. 88c66b0.
ADVOGADO ANDREA APARECIDA SICOLIN(OAB:
135641/SP) PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS
ADVOGADO MONALIZA FINATTI DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Formação,
MANZATTO(OAB: 164574/SP)
ADVOGADO MARIA APARECIDA LACERDA Suspensão e Extinção do Processo / Pressupostos Processuais /
RAMOS(OAB: 222586/SP)
Coisa Julgada.
ADVOGADO FERNANDA BIANCO
PIMENTEL(OAB: 167810/SP) Alegação(ões):
ADVOGADO SANDRO RONALDO RIZZATO(OAB:
10250/ES) - violação do(s) inciso XXXVI do artigo 5º da Constituição.
ADVOGADO ALEXANDRE DE ALMEIDA Suscita a Recorrente violação ao instituto da coisa julgada a que
CARDOSO(OAB: 30340/ES)
ADVOGADO ALESSANDRA BESSA ALVES DE alude o inciso XXXVI do artigo 5º da CR/88.
MELO(OAB: 130511/SP)
Tendo o acórdão regional assentado que o título executivo judicial
TERCEIRO UNIÃO FEDERAL (PGF)
INTERESSADO não tratou dos encargos da mora sobre as contribuições

previdenciárias - e por este motivo - não significa que sobre elas


Intimado(s)/Citado(s):
não haja incidência de juros e atualização porque resultam de lei,
- JOSE MARIA DIAS
- NUTRIGAS S/A não há falar em violação à coisa julgada. Destarte, uma vez
- PLANETA AMBIENTAL - CENTRAL DE SERVICOS incólume a norma tida por violada, inviabilizado está o apelo neste
COMPARTILHADOS S/A
- SUATRANS EMERGENCIA S.A. particular.

CONCLUSÃO

DENEGO seguimento ao recurso de revista.

Publique-se e intimem-se.
PODER JUDICIÁRIO
ANA PAULA TAUCEDA BRANCO
JUSTIÇA DO TRABALHO
Desembargadora-Presidente
Fundamentação /gr-13

RECURSO DE REVISTA Assinatura

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Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

VITORIA, 27 de Novembro de 2019 Vale registrar que, nos termos do art. 896-A, §1º e incisos da CLT,

incumbe ao Tribunal Superior do Trabalho o exame da

ANA PAULA TAUCEDA BRANCO transcendência do recurso de revista.

Desembargador Federal do Trabalho PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS


Decisão Tempestivo o recurso (ciência da decisão em 01/10/2019 - fl(s)./Id
Processo Nº AP-0000405-28.2014.5.17.0008
Relator JAILSON PEREIRA DA SILVA 4DE4DB2; petição recursal apresentada em 09/10/2019 - fl(s)./Id
AGRAVANTE TNL PCS S/A 939e5e7).
ADVOGADO ANDERSON RIBEIRO DE LIMA(OAB:
23110/ES) Regular a representação processual - fl(s.)/Id 4f33f66, 0c75bab.
ADVOGADO BRUNO LA GATTA MARTINS(OAB: PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS
14289/ES)
ADVOGADO NINTHYAIRA DA COSTA DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Jurisdição e
SCABELLO(OAB: 24698/ES)
Competência / Competência.
AGRAVADO TNL PCS S/A
ADVOGADO ANDERSON RIBEIRO DE LIMA(OAB: Responsabilidade Solidária / Subsidiária / Grupo Econômico.
23110/ES)
DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Formação,
ADVOGADO BRUNO LA GATTA MARTINS(OAB:
14289/ES) Suspensão e Extinção do Processo / Suspensão do Processo /
ADVOGADO DECIO FLAVIO GONCALVES
TORRES FREIRE(OAB: 12082/ES) Recuperação Judicial.
AGRAVADO LIDER TELECOM COMERCIO E Inviável o recurso quanto à matéria em epígrafe, porque não
SERVICOS EM
TELECOMUNICACOES LTDA observado o disposto no artigo 896, §1º-A, I, da CLT. Com efeito, a
ADVOGADO GUILHERME LAMBERTI
BARROS(OAB: 20045/ES) transcrição do tópico inteiro do v. acórdão ou da integralidade da
ADVOGADO ALEXANDRE NOBRE XAVIER DE análise realizada pela C. Turma, quanto à matéria objeto do
SOUZA(OAB: 92366/RJ)
ADVOGADO JOSE HENRIQUE CANCADO recurso, não atende à exigência do artigo 896, §1º-A, I, da CLT. É
GONCALVES(OAB: 57680/MG)
preciso que a parte transcreva o trecho do v. acórdão em que
AGRAVADO BENEDITO ANTONIO DE OLIVEIRA
ADVOGADO FILIPE SOARES ROCHA(OAB: consta precisamente a tese regional impugnada no recurso de
17599/ES)
revista, ou, ao menos, que destaque de forma clara a tese adotada

Intimado(s)/Citado(s): e contra a qual se insurge. Nesse sentido:

- BENEDITO ANTONIO DE OLIVEIRA "EMBARGOS EM RECURSO DE REVISTA. DECISÃO


- LIDER TELECOM COMERCIO E SERVICOS EM EMBARGADA PUBLICADA NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014.
TELECOMUNICACOES LTDA
- TNL PCS S/A RECURSO DE REVISTA QUE NÃO APRESENTA A

TRANSCRIÇÃO DO TRECHO DO ACÓRDÃO REGIONAL QUE

IDENTIFICA O PREQUESTIONAMENTO DA MATÉRIA OBJETO

DO APELO. REQUISITO LEGAL INSCRITO NO ARTIGO 896, § 1º-


PODER JUDICIÁRIO
A, I, DA CLT. REDAÇÃO CONFERIDA PELA LEI 13.015/2014. (...)
JUSTIÇA DO TRABALHO
3 - Embora o dispositivo em comento utilize o verbo "indicar",
Fundamentação referindo-se ao requisito formal ali inscrito, esta Corte Superior tem

exigido a transcrição do trecho da decisão regional que


RECURSO DE REVISTA consubstancia o prequestionamento da controvérsia objeto do
Lei 13.015/2014 apelo, firme no entendimento de que a alteração legislativa
Lei 13.467/2017 empreendida pela Lei 13.015/2014, nesse aspecto, constitui
Recorrente(s): TNL PCS S/A pressuposto de adequação formal de admissibilidade do recurso de
Advogado(a)(s): NINTHYAIRA DA COSTA SCABELLO (ES - 24698) revista e se orienta no sentido de propiciar a identificação precisa da
BRUNO LA GATTA MARTINS (ES - 14289) contrariedade a dispositivo de Lei e a Súmula e do dissenso de
ANDERSON RIBEIRO DE LIMA (ES - 23110) teses, afastando-se os recursos de revista que impugnam de forma
DECIO FLAVIO GONÇALVES TORRES FREIRE (ES - 12082) genérica a decisão regional e conduzem sua admissibilidade para
Recorrido(a)(s): BENEDITO ANTONIO DE OLIVEIRA um exercício exclusivamente subjetivo pelo julgador de verificação e
Advogado(a)(s): FILIPE SOARES ROCHA (ES - 17599) adequação formal do apelo. Assim, a necessidade da transcrição do
CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES trecho que consubstancia a violação e as contrariedades indicadas,
O presente recurso foi apresentado na vigência da Lei 13.467/2017. e da demonstração analítica da divergência jurisprudencial, visa a

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Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

permitir a identificação precisa e objetiva da tese supostamente


PODER JUDICIÁRIO
ofensiva a lei, à segurança das relações jurídicas e à isonomia das
JUSTIÇA DO TRABALHO
decisões judiciais, de modo que contribua para a celeridade da

prestação jurisdicional, possibilite a formação de precedentes como Fundamentação

elementos de estabilidade e a decisão do TST contribua para a

formação da jurisprudência nacionalmente unificada. (...) (E-ED-RR RECURSO DE REVISTA

- 552-07.2013.5.06.0231, Relator Ministro: Alexandre de Souza Lei 13.015/2014

Agra Belmonte, Data de Julgamento: 09/06/2016, Subseção I Lei 13.467/2017

Especializada em Dissídios Individuais, Data de Publicação: DEJT Recorrente(s): 1. WILLIAM SILVEIRA BRAGA

17/06/2016)." Advogado(a)(s): 1. LARISSA PORTUGAL GUIMARAES AMARAL

No mesmo sentido: ED-AIRR-41600-81.2009.5.01.0050, Rel. Min. VASCONCELOS (ES - 9542)

Delaíde Miranda Arantes, 2ª Turma, DEJT 29/04/2016; AIRR - Recorrido(a)(s): 1. PETROLEO BRASILEIRO S A PETROBRAS

10356-41.2013.5.15.0039 Data de Julgamento: 25/05/2016, Relator 2. FUNDACAO PETROBRAS DE SEGURIDADE SOCIAL PETROS

Ministro: Alexandre de Souza Agra Belmonte, 3ª Turma, Data de Advogado(a)(s): 1. AUGUSTO CARLOS LAMEGO JUNIOR (ES -

Publicação: DEJT 03/06/2016; AIRR-65-63.2014.5.05.0026, Rel. 17514)

Min. Cláudio Mascarenhas Brandão, 7ª Turma, DEJT 12/02/2016; 2. CARLOS FERNANDO DE SIQUEIRA CASTRO (ES - 12288)

AIRR-369-66.2014.5.10.0012, Rel. Min. Kátia Magalhães Arruda, 6ª CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES

Turma, DEJT 27/11/2015. O presente recurso foi apresentado na vigência da Lei 13.467/2017.

CONCLUSÃO Vale registrar que, nos termos do art. 896-A, §1º e incisos da CLT,

DENEGO seguimento ao recurso de revista. incumbe ao Tribunal Superior do Trabalho o exame da

Publique-se. transcendência do recurso de revista.

ANA PAULA TAUCEDA BRANCO PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS

Desembargadora-Presidente Tempestivo o recurso (ciência da decisão em 01/10/2019 - fl(s)./Id

/gr-03 D0431D9; petição recursal apresentada em 10/10/2019 - fl(s)./Id

Assinatura 71cce40).

VITORIA, 27 de Novembro de 2019 Regular a representação processual - fl(s.)/Id 94f8c18 .

Inexigível a garantia do juízo, uma vez que o presente recurso foi

ANA PAULA TAUCEDA BRANCO interposto pela parte exequente.

Desembargador Federal do Trabalho PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS

Decisão DIREITO CIVIL / Fatos Jurídicos / Prescrição e Decadência.


Processo Nº AP-0000107-81.2019.5.17.0001
Inviável o recurso quanto à matéria em epígrafe, porque não
Relator WANDA LUCIA COSTA LEITE
FRANCA DECUZZI observado o disposto no artigo 896, §1º-A, I, da CLT. Com efeito, a
AGRAVANTE WILLIAM SILVEIRA BRAGA
transcrição do tópico inteiro do v. acórdão ou da integralidade da
ADVOGADO LARISSA PORTUGAL GUIMARAES
AMARAL VASCONCELOS(OAB: análise realizada pela C. Turma, quanto à matéria objeto do
9542/ES)
AGRAVADO FUNDACAO PETROBRAS DE recurso, não atende à exigência do artigo 896, §1º-A, I, da CLT. É
SEGURIDADE SOCIAL PETROS
preciso que a parte transcreva o trecho do v. acórdão em que
ADVOGADO CARLOS FERNANDO DE SIQUEIRA
CASTRO(OAB: 12288/ES) consta precisamente a tese regional impugnada no recurso de
AGRAVADO PETROLEO BRASILEIRO S A
PETROBRAS revista, ou, ao menos, que destaque de forma clara a tese adotada
ADVOGADO AUGUSTO CARLOS LAMEGO e contra a qual se insurge. Nesse sentido:
JUNIOR(OAB: 17514/ES)
"EMBARGOS EM RECURSO DE REVISTA. DECISÃO
Intimado(s)/Citado(s): EMBARGADA PUBLICADA NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014.
- FUNDACAO PETROBRAS DE SEGURIDADE SOCIAL
PETROS RECURSO DE REVISTA QUE NÃO APRESENTA A
- PETROLEO BRASILEIRO S A PETROBRAS TRANSCRIÇÃO DO TRECHO DO ACÓRDÃO REGIONAL QUE
- WILLIAM SILVEIRA BRAGA
IDENTIFICA O PREQUESTIONAMENTO DA MATÉRIA OBJETO

DO APELO. REQUISITO LEGAL INSCRITO NO ARTIGO 896, § 1º-

A, I, DA CLT. REDAÇÃO CONFERIDA PELA LEI 13.015/2014. (...)

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 16
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

3 - Embora o dispositivo em comento utilize o verbo "indicar", Assinatura

referindo-se ao requisito formal ali inscrito, esta Corte Superior tem VITORIA, 27 de Novembro de 2019

exigido a transcrição do trecho da decisão regional que

consubstancia o prequestionamento da controvérsia objeto do ANA PAULA TAUCEDA BRANCO

apelo, firme no entendimento de que a alteração legislativa Desembargador Federal do Trabalho

empreendida pela Lei 13.015/2014, nesse aspecto, constitui Decisão


Processo Nº ROT-0000211-54.2016.5.17.0009
pressuposto de adequação formal de admissibilidade do recurso de Relator JAILSON PEREIRA DA SILVA
revista e se orienta no sentido de propiciar a identificação precisa da RECORRENTE DERVIEN BARCELOS CARAO
ADVOGADO ANTONIO AUGUSTO
contrariedade a dispositivo de Lei e a Súmula e do dissenso de DALLAPICCOLA SAMPAIO(OAB:
9588/ES)
teses, afastando-se os recursos de revista que impugnam de forma
ADVOGADO JOAQUIM AUGUSTO DE AZEVEDO
genérica a decisão regional e conduzem sua admissibilidade para SAMPAIO NETTO(OAB: 9624/ES)
RECORRIDO VALE S.A.
um exercício exclusivamente subjetivo pelo julgador de verificação e
ADVOGADO RODRIGO DE CARVALHO
adequação formal do apelo. Assim, a necessidade da transcrição do ZAULI(OAB: 71933/MG)
ADVOGADO CARLA GUSMAN ZOUAIN(OAB:
trecho que consubstancia a violação e as contrariedades indicadas, 7582/ES)
e da demonstração analítica da divergência jurisprudencial, visa a
Intimado(s)/Citado(s):
permitir a identificação precisa e objetiva da tese supostamente
- DERVIEN BARCELOS CARAO
ofensiva a lei, à segurança das relações jurídicas e à isonomia das - VALE S.A.
decisões judiciais, de modo que contribua para a celeridade da

prestação jurisdicional, possibilite a formação de precedentes como

elementos de estabilidade e a decisão do TST contribua para a


PODER JUDICIÁRIO
formação da jurisprudência nacionalmente unificada. (...) (E-ED-RR
JUSTIÇA DO TRABALHO
- 552-07.2013.5.06.0231, Relator Ministro: Alexandre de Souza

Agra Belmonte, Data de Julgamento: 09/06/2016, Subseção I Fundamentação


Especializada em Dissídios Individuais, Data de Publicação: DEJT

17/06/2016)."

No mesmo sentido: ED-AIRR-41600-81.2009.5.01.0050, Rel. Min.

Delaíde Miranda Arantes, 2ª Turma, DEJT 29/04/2016; AIRR -

10356-41.2013.5.15.0039 Data de Julgamento: 25/05/2016, Relator RECURSO DE REVISTA


Ministro: Alexandre de Souza Agra Belmonte, 3ª Turma, Data de Lei 13.015/2014
Publicação: DEJT 03/06/2016; AIRR-65-63.2014.5.05.0026, Rel. Lei 13.467/2017
Min. Cláudio Mascarenhas Brandão, 7ª Turma, DEJT 12/02/2016; Recorrente(s): DERVIEN BARCELOS CARAO
AIRR-369-66.2014.5.10.0012, Rel. Min. Kátia Magalhães Arruda, 6ª Advogado(a)(s): JOAQUIM AUGUSTO DE AZEVEDO SAMPAIO
Turma, DEJT 27/11/2015. NETTO (ES - 9624)
Aposentadoria e Pensão / Complementação de Aposentadoria / ANTONIO AUGUSTO DALLAPICCOLA SAMPAIO (ES - 9588)
Pensão. Recorrido(a)(s): VALE S.A.
Remuneração, Verbas Indenizatórias e Benefícios / Salário / Advogado(a)(s): CARLA GUSMAN ZOUAIN (ES - 7582)
Diferença Salarial. RODRIGO DE CARVALHO ZAULI (MG - 71933)
Ante a declaração da prescrição total, a matéria em epígrafe não foi CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
analisada pela C. Turma, o que obsta o apelo, por ausência de O presente recurso foi apresentado na vigência da Lei 13.467/2017.
prequestionamento. Vale registrar que, nos termos do art. 896-A, §1º e incisos da CLT,
CONCLUSÃO incumbe ao Tribunal Superior do Trabalho o exame da
DENEGO seguimento ao recurso de revista. transcendência do recurso de revista.
Publique-se. PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS
ANA PAULA TAUCEDA BRANCO Tempestivo o recurso (ciência da decisão em 27/09/2019 - Id
Desembargadora-Presidente D537A57; petição recursal apresentada em 08/10/2019 - Id
/gr-03 0dfdada).

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 17
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Regular a representação processual - Id bbf7b21. abordam situação distinta da dos autos, em que a perda auditiva

A parte recorrente está isenta de preparo, tendo em vista a não gerou qualquer redução da capacidade laborativa (S. 296/TST).

concessão da assistência judiciária/justiça gratuita (Ids. 7183549 e

dea93b9). Responsabilidade Civil do Empregador / Indenização por Dano

PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS Moral / Valor Arbitrado

DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Atos Alegação(ões):

Processuais / Nulidade / Negativa de Prestação Jurisdicional - Violação arts. 5°, V, X, 6°, 7°, XXII, XXVIII CR; 186, 927, 944 CCB

Alegação(ões): Pugna pela reforma do julgado quanto ao valor arbitrado a título de

- Violação arts. 489, §1°, IV CPC; 5° IX, 93 IX CR indenização por danos materiais.

Sustenta nulidade do julgado, por negativa de prestação Ante o exposto, tendo a C. Turma manifestado entendimento no

jurisdicional, ao argumento de que a C. Turma se limitou a expor sentido de que, atento aos princípios da razoabilidade e

fundamentos genéricos, não enfrentando qualquer argumento proporcionalidade, a indenização foi arbitrada em R$15.0000,00,

exposto pelo apelo autoral. não se verifica, em tese, a alegada violação, conforme exige a

Inviável o recurso, contudo, porquanto se verifica que as questões alínea "c" do artigo 896 Consolidado.

oportunamente suscitadas e essenciais à resolução da controvérsia

foram analisadas pelo Eg. Regional, de forma motivada, razão por DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Partes e

que não se vislumbra, em tese, a apontada afronta aos artigos 489 Procuradores / Sucumbência / Honorários Advocatícios

do CPC/2015 e 93, IX, da CF/88. Inviável o recurso quanto à matéria em epígrafe, porque não

Quanto à alegada violação aos demais preceitos, inviável o recurso, observado o disposto no artigo 896, §1º-A, I, da CLT. Com efeito, a

ante o entendimento consubstanciado na Súmula 459 do TST. transcrição do tópico inteiro do v. acórdão ou da integralidade da

análise realizada pela C. Turma, quanto à matéria objeto do

Responsabilidade Civil do Empregador / Indenização por Dano recurso, não atende à exigência do artigo 896, §1º-A, I, da CLT. É

Material preciso que a parte transcreva o trecho do v. acórdão em que

Alegação(ões): consta precisamente a tese regional impugnada no recurso de

- Divergência jurisprudencial revista, ou, ao menos, que destaque de forma clara a tese adotada

- Violação arts. 461, §1° CLT; 186, 927, 944, 950 CCB; 5° V, X, 7°, e contra a qual se insurge. Nesse sentido:

XII, XXVIII CR "EMBARGOS EM RECURSO DE REVISTA. DECISÃO

Sustenta fazer jus à indenização por dano material tendo em vista EMBARGADA PUBLICADA NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014.

alegada perda auditiva com nexo causal com a atividade RECURSO DE REVISTA QUE NÃO APRESENTA A

desempenhada. TRANSCRIÇÃO DO TRECHO DO ACÓRDÃO REGIONAL QUE

Conforme trecho do Acórdão transcrito pela recorrente, a C. Turma IDENTIFICA O PREQUESTIONAMENTO DA MATÉRIA OBJETO

decidiu que: DO APELO. REQUISITO LEGAL INSCRITO NO ARTIGO 896, § 1º-

"objetivando lhe seja concedida indenização por dano material A, I, DA CLT. REDAÇÃO CONFERIDA PELA LEI 13.015/2014. (...)

(pensionamento), com base na "última remuneração do reclamante 3 - Embora o dispositivo em comento utilize o verbo "indicar",

em caráter vitalício ou até que o mesmo atinja 90 (noventa) anos, e referindo-se ao requisito formal ali inscrito, esta Corte Superior tem

que conforme o disposto no art. 950 CC, que esta seja arbitrada e exigido a transcrição do trecho da decisão regional que

fixada em uma única parcela". consubstancia o prequestionamento da controvérsia objeto do

"o i. perito concluiu ter sido agravada a perda auditiva sofrida pelo apelo, firme no entendimento de que a alteração legislativa

trabalhador nos quadros da reclamada" empreendida pela Lei 13.015/2014, nesse aspecto, constitui

Ante o exposto, tendo a C. Turma manifestado entendimento no pressuposto de adequação formal de admissibilidade do recurso de

sentido de que não há falar em indenização por danos materiais já revista e se orienta no sentido de propiciar a identificação precisa da

que não houve perda ou redução da capacidade laborativa, não se contrariedade a dispositivo de Lei e a Súmula e do dissenso de

verifica, em tese, a alegada violação, conforme exige a alínea "c" do teses, afastando-se os recursos de revista que impugnam de forma

artigo 896 Consolidado. genérica a decisão regional e conduzem sua admissibilidade para

As ementas trazidas a cotejo mostram-se inespecíficas à um exercício exclusivamente subjetivo pelo julgador de verificação e

configuração da pretendida divergência interpretativa, porquanto adequação formal do apelo. Assim, a necessidade da transcrição do

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 18
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Intimado(s)/Citado(s):
trecho que consubstancia a violação e as contrariedades indicadas,
- ARCELORMITTAL BRASIL S.A.
e da demonstração analítica da divergência jurisprudencial, visa a - NATHIELLE DE AGUIAR DANIELETO FIORIO
permitir a identificação precisa e objetiva da tese supostamente

ofensiva a lei, à segurança das relações jurídicas e à isonomia das

decisões judiciais, de modo que contribua para a celeridade da


PODER JUDICIÁRIO
prestação jurisdicional, possibilite a formação de precedentes como
JUSTIÇA DO TRABALHO
elementos de estabilidade e a decisão do TST contribua para a

formação da jurisprudência nacionalmente unificada. (...) (E-ED-RR Fundamentação

- 552-07.2013.5.06.0231, Relator Ministro: Alexandre de Souza

Agra Belmonte, Data de Julgamento: 09/06/2016, Subseção I

Especializada em Dissídios Individuais, Data de Publicação: DEJT

17/06/2016)."

No mesmo sentido: ED-AIRR-41600-81.2009.5.01.0050, Rel. Min. RECURSO DE REVISTA

Delaíde Miranda Arantes, 2ª Turma, DEJT 29/04/2016; AIRR - Lei 13.015/2014

10356-41.2013.5.15.0039 Data de Julgamento: 25/05/2016, Relator Lei 13.467/2017

Ministro: Alexandre de Souza Agra Belmonte, 3ª Turma, Data de Recorrente(s): 1. NATHIELLE DE AGUIAR DANIELETO FIORIO

Publicação: DEJT 03/06/2016; AIRR-65-63.2014.5.05.0026, Rel. 2. ARCELORMITTAL BRASIL S.A.

Min. Cláudio Mascarenhas Brandão, 7ª Turma, DEJT 12/02/2016; Advogado(a)(s): 1. JOAQUIM AUGUSTO DE AZEVEDO SAMPAIO

AIRR-369-66.2014.5.10.0012, Rel. Min. Kátia Magalhães Arruda, 6ª NETTO (ES - 9624)

Turma, DEJT 27/11/2015. 2. MANOELA CARDOSO DE ALMEIDA JORGE (ES - 17525)

CONCLUSÃO 2. CARLOS MAGNO GONZAGA CARDOSO (ES - 1575)

DENEGO seguimento ao recurso de revista. 2. FERNANDA MARIA RICHA (ES - 7915)

Publique-se 2. MANUELLA ALVARELLOS PIUMBINI (ES - 20698)

ANA PAULA TAUCEDA BRANCO Recorrido(a)(s): 1. ARCELORMITTAL BRASIL S.A.

Desembargadora-Presidente 2. NATHIELLE DE AGUIAR DANIELETO FIORIO

/gr-08 3. ISABELA COELHO CROESY CHAGAS

Advogado(a)(s): 1. MANOELA CARDOSO DE ALMEIDA JORGE

(ES - 17525)

1. CARLOS MAGNO GONZAGA CARDOSO (ES - 1575)

Assinatura 1. FERNANDA MARIA RICHA (ES - 7915)

VITORIA, 27 de Novembro de 2019 1. MANUELLA ALVARELLOS PIUMBINI (ES - 20698)

2. JOAQUIM AUGUSTO DE AZEVEDO SAMPAIO NETTO (ES -

ANA PAULA TAUCEDA BRANCO 9624)

Desembargador Federal do Trabalho


Decisão Recurso de: NATHIELLE DE AGUIAR DANIELETO FIORIO
Processo Nº ROT-0001565-07.2017.5.17.0001
CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
Relator MARCELLO MACIEL MANCILHA
RECORRENTE NATHIELLE DE AGUIAR DANIELETO O presente recurso foi apresentado na vigência da Lei 13.467/2017.
FIORIO
Vale registrar que, nos termos do art. 896-A, §1º e incisos da CLT,
ADVOGADO JOAQUIM AUGUSTO DE AZEVEDO
SAMPAIO NETTO(OAB: 9624/ES) incumbe ao Tribunal Superior do Trabalho o exame da
RECORRIDO ARCELORMITTAL BRASIL S.A.
transcendência do recurso de revista.
ADVOGADO MANUELLA ALVARELLOS
PIUMBINI(OAB: 20698/ES) PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS
ADVOGADO FERNANDA MARIA RICHA(OAB:
7915/ES) Tempestivo o recurso (ciência da decisão em 09/10/2019 - fl(s)./Id
ADVOGADO CARLOS MAGNO GONZAGA F7D0986 ; petição recursal apresentada em 30/08/2019 - fl(s)./Id
CARDOSO(OAB: 1575/ES)
ADVOGADO MANOELA CARDOSO DE ALMEIDA 7611a5d ).
JORGE(OAB: 17525/ES)
Regular a representação processual - fl(s.)/Id efc032f .
TERCEIRO ISABELA COELHO CROESY
INTERESSADO CHAGAS A parte recorrente está isenta de preparo, tendo em vista a

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 19
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

concessão da justiça gratuita (Id. a65ef80). constante na Súmula n.º 126 da Suprema Corte Laboral, porque a

PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS C. Corte tomou por base os elementos probantes dos autos, o que

Duração do Trabalho / Horas Extras inviabiliza o recurso, no aspecto.

Duração do Trabalho / Horas Extras / Divisor Ademais, a Orientação Jurisprudencial e a Súmula indicada

Alegação(ões): mostram-se inespecíficas à configuração da pretendida divergência

- Violação arts. 818 CLT; 373 CPC; 58, 71 CLT; 74, §2° CLT interpretativa, porquanto não aborda a situação dos autos, em que

- Contrariedade Súmula 338 III TST e OJ 306 SDI as demais provas produzidas não corroboram a alegação autoral (S.

- Divergência jurisprudencial 296/TST).

Pugna pela reforma do julgado sustentando que a recorrente faz jus Quanto ao divisor de horas extras, considerando que a análise da

às horas extras. matéria restou prejudicada, não foi analisada à luz dos fundamentos

No intuito de demonstrar o prequestionamento da matéria em recursais, o que obsta o apelo, por ausência de prequestionamento.

epígrafe, a parte recorrente transcreveu o seguinte trecho do v.

acórdão: Duração do Trabalho / Sobreaviso / Prontidão / Tempo à Disposição

"Por todo exposto, ainda que britânicos os cartões de ponto, o Rescisão do Contrato de Trabalho / Verbas Rescisórias / Multa do

conjunto probatório dos autos não corresponderam às alegações Artigo 477 da CLT

postas à exordial, razão pela qual entendo indevida a condenação Inviável o recurso quanto às matérias em epígrafe, porque não

da ré ao pagamento de horas extras, inclusive a título de intervalo observado o disposto no artigo 896, §1º-A, I, da CLT. Com efeito, a

intrajornada, vez que tal entendimento estaria compatível com o transcrição do tópico inteiro do v. acórdão ou da integralidade da

depoimento das testemunhas de ambas as partes. análise realizada pela C. Turma, quanto à matéria objeto do

A propósito, no que diz respeito ao intervalo intrajornada, ambas as recurso, não atende à exigência do artigo 896, §1º-A, I, da CLT. É

testemunhas patronais, cujos depoimentos foram considerados preciso que a parte transcreva somente o trecho do v. acórdão em

mais consistentes e razoáveis, esclareceram que seria possível a que consta precisamente a tese regional impugnada no recurso de

sua fruição em período integral, sendo que a primeira testemunha revista, ou, ao menos, que destaque de forma clara a tese adotada

ouvida a rogo da reclamada, Sr. Sandro Rodrigues, relatou que, por e contra a qual se insurge, mas somente esta. Nesse sentido:

diversas vezes, teria almoço fora juntamente com a demandante "EMBARGOS EM RECURSO DE REVISTA. DECISÃO

(gravação de audiência aos 24min20s) . EMBARGADA PUBLICADA NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014.

Por fim, oportuno salientar que, nos termos do art. 818 da CLT, RECURSO DE REVISTA QUE NÃO APRESENTA A

cumpria ao reclamante apontar, ainda que por amostragem, a TRANSCRIÇÃO DO TRECHO DO ACÓRDÃO REGIONAL QUE

existência de diferenças de horas extras em seu favor, mediante o IDENTIFICA O PREQUESTIONAMENTO DA MATÉRIA OBJETO

cotejo entre os cartões de ponto e os recibos de pagamento, ônus DO APELO. REQUISITO LEGAL INSCRITO NO ARTIGO 896, § 1º-

do qual não se desvencilhou. A, I, DA CLT. REDAÇÃO CONFERIDA PELA LEI 13.015/2014. (...)

Ainda, infere-se que não há prova dividida quando a prevalência de 3 - Embora o dispositivo em comento utilize o verbo "indicar",

um determinado depoimento se mostra evidente ao magistrado, referindo-se ao requisito formal ali inscrito, esta Corte Superior tem

como corolário de sua persuasão racional, o que reduz a exigido a transcrição do trecho da decisão regional que

necessidade de decidir o litígio com fundamento na distribuição do consubstancia o prequestionamento da controvérsia objeto do

ônus da prova (art. 818, da CLT, e 373, do CPC) e conduz à apelo, firme no entendimento de que a alteração legislativa

solução da controvérsia na direção da prova mais robusta. empreendida pela Lei 13.015/2014, nesse aspecto, constitui

Por todo exposto, dou provimento ao apelo da reclamada para pressuposto de adequação formal de admissibilidade do recurso de

excluir a condenação em horas extras, inclusive a título de intervalo revista e se orienta no sentido de propiciar a identificação precisa da

intrajornada. contrariedade a dispositivo de Lei e a Súmula e do dissenso de

Reformada a decisão de origem neste ponto, restaram prejudicados teses, afastando-se os recursos de revista que impugnam de forma

os tópicos do apelo patronal no que diz respeito à base de cálculo genérica a decisão regional e conduzem sua admissibilidade para

das horas extras e à proporcionalidade da condenação em intervalo um exercício exclusivamente subjetivo pelo julgador de verificação e

intrajornada e reflexos. Ainda, também restou prejudicado o tópico adequação formal do apelo. Assim, a necessidade da transcrição do

do recurso autoral no que diz respeito ao divisor das horas extras." trecho que consubstancia a violação e as contrariedades indicadas,

Pelo exposto, não há como se demover, no caso presente, o veto e da demonstração analítica da divergência jurisprudencial, visa a

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 20
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

permitir a identificação precisa e objetiva da tese supostamente protocolada a partir da vigência da Lei nº 13.467/2017.

ofensiva a lei, à segurança das relações jurídicas e à isonomia das Firmado esse entendimento, observo que a presente demanda foi

decisões judiciais, de modo que contribua para a celeridade da proposta em 25/10/2017, quando ainda não estava vigente a

prestação jurisdicional, possibilite a formação de precedentes como reforma trabalhista.

elementos de estabilidade e a decisão do TST contribua para a Logo, em vista dos fundamentos acima expostos, revela-se

formação da jurisprudência nacionalmente unificada. (...) (E-ED-RR incabível a condenação das partes ao pagamento dos honorários

- 552-07.2013.5.06.0231, Relator Ministro: Alexandre de Souza advocatícios, ainda que sucumbenciais, que permanecem regidos,

Agra Belmonte, Data de Julgamento: 09/06/2016, Subseção I na hipótese específica dos autos, pela Lei nº 5.584/70."

Especializada em Dissídios Individuais, Data de Publicação: DEJT Contudo, o que se depreende do trecho destacado é que a matéria

17/06/2016)." não foi analisada à luz dos fundamentos recursais, tendo se

No mesmo sentido: ED-AIRR-41600-81.2009.5.01.0050, Rel. Min. concentrado na legislação aplicável, o que obsta o apelo, por

Delaíde Miranda Arantes, 2ª Turma, DEJT 29/04/2016; AIRR - ausência de prequestionamento.

10356-41.2013.5.15.0039 Data de Julgamento: 25/05/2016, Relator CONCLUSÃO

Ministro: Alexandre de Souza Agra Belmonte, 3ª Turma, Data de DENEGO seguimento ao recurso de revista.

Publicação: DEJT 03/06/2016; AIRR-65-63.2014.5.05.0026, Rel.

Min. Cláudio Mascarenhas Brandão, 7ª Turma, DEJT 12/02/2016; Recurso de: ARCELORMITTAL BRASIL S.A.

AIRR-369-66.2014.5.10.0012, Rel. Min. Kátia Magalhães Arruda, 6ª CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES

Turma, DEJT 27/11/2015. O presente recurso foi apresentado na vigência da Lei 13.467/2017.

Vale registrar que, nos termos do art. 896-A, §1º e incisos da CLT,

DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Partes e incumbe ao Tribunal Superior do Trabalho o exame da

Procuradores / Sucumbência / Honorários Advocatícios transcendência do recurso de revista.

Alegação(ões): PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS

- Violação arts. 5°, LV CR; 133 CR; 85 CPC Tempestivo o recurso (ciência da decisão em 09/10/2019 - fl(s)./Id

- Contrariedade Súmula 450/STF; 219, III TST F7D0986 ; petição recursal apresentada em 21/10/2019 - fl(s)./Id

- Divergência jurisprudencial 656cc7f ).

Pugna pela reforma, sustentando fazer jus à verba honorária, ao Regular a representação processual - fl(s.)/Id 1d7541d .

argumento de que sua concessão dispensa a assistência pelo Satisfeito o preparo - fl(s)./Id ac0dcc8, 9ecbde8, e5f3f71, a65ef80 e

sindicato de classe. a855974.

No intuito de demonstrar o prequestionamento da matéria em PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS

epígrafe, a parte recorrente transcreveu o seguinte trecho do v. DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Atos

acórdão: Processuais / Nulidade / Negativa de Prestação Jurisdicional

"Ressalta-se que sob a égide da lei nº 5.584/70, os honorários Ao arguir a nulidade do acórdão por negativa de prestação

advocatícios, nas lides decorrentes da relação de emprego, nunca jurisdicional, cabe à parte transcrever, em seu apelo, o trecho dos

eram atribuídos ao autor da ação, apenas ao réu, caso preenchidos embargos declaratórios em que foi pedido o pronunciamento do

determinados requisitos. Assim, no momento em que ajuizada a tribunal sobre questão veiculada no recurso ordinário, bem como o

demanda, antes da entrada em vigor da Lei da Reforma Trabalhista, trecho da decisão regional que rejeitou os embargos quanto ao

o reclamante não corria o risco de ser condenado ao pagamento pedido, como requer o artigo 896, §1º-A, IV, da CLT, de forma a

dessa despesa processual. viabilizar o cotejo e a verificação, de plano, da ocorrência da

Dessa forma, para evitar que a parte seja surpreendida pela omissão. Não tendo a recorrente se desincumbido de seu ônus,

alteração surgida no decorrer do processo, a aplicação das regras nesse aspecto, inviável o recurso, no particular.

de direito intertemporal à Lei nº 13.467/2017 não deve ser realizada Registre-se, por oportuno, que tal exigência, inserida

cegamente, sem temperamentos. Deve, sim, ser feita com expressamente no texto da CLT com o advento da Lei 13.467/2017,

razoabilidade, de maneira justa e ponderada, de modo a preservar a já estava consagrada na pacífica jurisprudência da Colenda Corte

segurança jurídica. Revisora, em razão do disposto no artigo 896, §1º-A, da CLT,

Nessa linha de raciocínio, conclui-se que o disposto no art. 791-A incluído no texto consolidado pela Lei 13.015/2014. Nesse sentido:

deve incidir somente nos casos em que a ação tenha sido "RECURSO DE EMBARGOS. RECURSO DE REVISTA

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 21
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI 13.015/2014. ART. 896, § 1º- Cumprimento / Execução / Valor da Execução / Cálculo /

A, INCS. I, II E III, DA CLT. ARGUIÇÃO DE NULIDADE DA Atualização / Correção Monetária

DECISÃO RECORRIDA POR NEGATIVA DE PRESTAÇÃO Inviável o recurso quanto à matéria em epígrafe, porque não

JURISDICIONAL. REQUISITOS FORMAIS. 1. A Turma, com observado o disposto no artigo 896, §1º-A, I, da CLT. Com efeito, a

fundamento na inobservância da exigência contida no art. 896, § 1º- transcrição do tópico inteiro do v. acórdão ou da integralidade da

A, inc. I, da CLT, deixou de conhecer de arguição de nulidade da análise realizada pela C. Turma, quanto à matéria objeto do

decisão proferida pelo Tribunal Regional, por negativa de prestação recurso, não atende à exigência do artigo 896, §1º-A, I, da CLT. É

jurisdicional, suscitada no Recurso de Revista. 2. Pacificou-se, na preciso que a parte transcreva o trecho do v. acórdão em que

SDI-1, desta Corte, que, consoante os termos do art. 896, § 1º-A, consta precisamente a tese regional impugnada no recurso de

incs. I, II e III, da CLT, introduzido pela Lei 13.015/2014, afigura-se revista, ou, ao menos, que destaque de forma clara a tese adotada

imprescindível à parte que, em Recurso de Revista, arguir a e contra a qual se insurge. Nesse sentido:

nulidade da decisão recorrida, por negativa de prestação "EMBARGOS EM RECURSO DE REVISTA. DECISÃO

jurisdicional, demonstrar nas razões do seu recurso, mediante a EMBARGADA PUBLICADA NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014.

transcrição do trecho da petição dos Embargos de Declaração e do RECURSO DE REVISTA QUE NÃO APRESENTA A

trecho do acórdão respectivo, a recusa do Tribunal Regional em TRANSCRIÇÃO DO TRECHO DO ACÓRDÃO REGIONAL QUE

apreciar a questão objeto do recurso ou a apreciação de forma IDENTIFICA O PREQUESTIONAMENTO DA MATÉRIA OBJETO

incompleta. 3. A fim de observar o princípio da impugnação DO APELO. REQUISITO LEGAL INSCRITO NO ARTIGO 896, § 1º-

específica e de desincumbir-se do ônus de comprovar a recusa do A, I, DA CLT. REDAÇÃO CONFERIDA PELA LEI 13.015/2014. (...)

Tribunal em prestar a jurisdição completa, a parte deverá 3 - Embora o dispositivo em comento utilize o verbo "indicar",

demonstrar, objetivamente, que exigiu dele a apreciação da questão referindo-se ao requisito formal ali inscrito, esta Corte Superior tem

mediante a oposição dos indispensáveis embargos de declaração exigido a transcrição do trecho da decisão regional que

alusivos ao tema objeto da arguição de nulidade. Do contrário, estar consubstancia o prequestionamento da controvérsia objeto do

-se-á diante da impugnação genérica da decisão proferida pelo apelo, firme no entendimento de que a alteração legislativa

Tribunal Regional, inviabilizando o exame das violações a que faz empreendida pela Lei 13.015/2014, nesse aspecto, constitui

referência a Súmula 459 desta Corte". (E-RR - 20462- pressuposto de adequação formal de admissibilidade do recurso de

66.2012.5.20.0004 , Relator Ministro: João Batista Brito Pereira, revista e se orienta no sentido de propiciar a identificação precisa da

Data de Julgamento: 16/03/2017, Subseção I Especializada em contrariedade a dispositivo de Lei e a Súmula e do dissenso de

Dissídios Individuais, Data de Publicação: DEJT 08/09/2017) teses, afastando-se os recursos de revista que impugnam de forma

No mesmo sentido: E-RR - 1522-62.2013.5.15.0067, Relator genérica a decisão regional e conduzem sua admissibilidade para

Ministro: Cláudio Mascarenhas Brandão, Data de Julgamento: um exercício exclusivamente subjetivo pelo julgador de verificação e

16/03/2017, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, adequação formal do apelo. Assim, a necessidade da transcrição do

Data de Publicação: DEJT 20/10/2017; E-ED-RR - 543- trecho que consubstancia a violação e as contrariedades indicadas,

70.2013.5.23.0005, Relator Ministro: João Batista Brito Pereira, e da demonstração analítica da divergência jurisprudencial, visa a

Data de Julgamento: 04/05/2017, Subseção I Especializada em permitir a identificação precisa e objetiva da tese supostamente

Dissídios Individuais, Data de Publicação: DEJT 12/05/2017. ofensiva a lei, à segurança das relações jurídicas e à isonomia das

decisões judiciais, de modo que contribua para a celeridade da

Rescisão do Contrato de Trabalho / Verbas Rescisórias prestação jurisdicional, possibilite a formação de precedentes como

Quanto à matéria em epígrafe, nego seguimento ao recurso, elementos de estabilidade e a decisão do TST contribua para a

porquanto a recorrente não cuidou de indicar o trecho da decisão formação da jurisprudência nacionalmente unificada. (...) (E-ED-RR

recorrida objeto da insurgência, limitando-se a transcrever parte do - 552-07.2013.5.06.0231, Relator Ministro: Alexandre de Souza

julgado que não retrata a tese adotada pela Colenda Turma Agra Belmonte, Data de Julgamento: 09/06/2016, Subseção I

julgadora, conforme exige o artigo 896, §1º-A, I, da CLT Especializada em Dissídios Individuais, Data de Publicação: DEJT

(acrescentado pela Lei nº 13.015/2014 publicada no DOU de 17/06/2016)."

22.07.2014), mas sim apenas parte da sentença de piso. No mesmo sentido: ED-AIRR-41600-81.2009.5.01.0050, Rel. Min.

Delaíde Miranda Arantes, 2ª Turma, DEJT 29/04/2016; AIRR -

DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Liquidação / 10356-41.2013.5.15.0039 Data de Julgamento: 25/05/2016, Relator

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 22
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Ministro: Alexandre de Souza Agra Belmonte, 3ª Turma, Data de


PODER JUDICIÁRIO
Publicação: DEJT 03/06/2016; AIRR-65-63.2014.5.05.0026, Rel.
JUSTIÇA DO TRABALHO
Min. Cláudio Mascarenhas Brandão, 7ª Turma, DEJT 12/02/2016;

AIRR-369-66.2014.5.10.0012, Rel. Min. Kátia Magalhães Arruda, 6ª Fundamentação

Turma, DEJT 27/11/2015.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Partes e

Procuradores / Assistência Judiciária Gratuita

Quanto à matéria em epígrafe, nego seguimento ao recurso, RECURSO DE REVISTA

porquanto a recorrente não cuidou de indicar o trecho da decisão Lei 13.015/2014

recorrida objeto da insurgência, conforme exige o artigo 896, §1º-A, Lei 13.467/2017

I, da CLT (acrescentado pela Lei nº 13.015/2014 publicada no DOU Recorrente(s): 1. SUELI MARA OHNESORG BARBIERI DOS

de 22.07.2014). SANTOS

CONCLUSÃO Advogado(a)(s): 1. DERICK LOUREIRO DEPIZZOL (ES - 18838)

DENEGO seguimento ao recurso de revista. Recorrido(a)(s): 1. ASSOCIACAO BENEFICENTE PRO MATRE DE

Publique-se VITORIA

ANA PAULA TAUCEDA BRANCO 2. IRMANDADE DA SANTA CASA DE MISERICORDIA DE

Desembargadora-Presidente VITORIA

/gr-08 Advogado(a)(s): 1. Klauss Coutinho Barros (ES - 5204)

2. Klauss Coutinho Barros (ES - 5204)

CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES

O presente recurso foi apresentado na vigência da Lei 13.467/2017.

Vale registrar que, nos termos do art. 896-A, §1º e incisos da CLT,

Assinatura incumbe ao Tribunal Superior do Trabalho o exame da

VITORIA, 27 de Novembro de 2019 transcendência do recurso de revista.

PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS

ANA PAULA TAUCEDA BRANCO Tempestivo o recurso (ciência da decisão em 27/09/2019 - Id

Desembargador Federal do Trabalho 9433D5B; petição recursal apresentada em 09/10/2019 - Id

Decisão 0e200f9).
Processo Nº ROT-0001604-04.2017.5.17.0001
Regular a representação processual - Id e111637.
Relator JAILSON PEREIRA DA SILVA
RECORRENTE SUELI MARA OHNESORG BARBIERI Inexigível o recolhimento de custas, uma vez que a parte recorrente
DOS SANTOS
não foi condenada a efetuar o preparo - Id 67a48ba.
ADVOGADO DERICK LOUREIRO DEPIZZOL(OAB:
18838/ES) PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS
RECORRIDO ASSOCIACAO BENEFICENTE PRO
MATRE DE VITORIA DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Atos
ADVOGADO Klauss Coutinho Barros(OAB: Processuais / Nulidade / Negativa de Prestação Jurisdicional
5204/ES)
RECORRIDO IRMANDADE DA SANTA CASA DE Alegação(ões):
MISERICORDIA DE VITORIA
- artigos 832 da CLT, 489, § 1º, IV, do CPC e 93, IX, da CR
ADVOGADO Klauss Coutinho Barros(OAB:
5204/ES) Sustenta a nulidade por negativa de prestação jurisdicional ante a

omissão em manifestar-se a respeito de aspectos fáticos suscitados


Intimado(s)/Citado(s):
- ASSOCIACAO BENEFICENTE PRO MATRE DE VITORIA em seus embargos de declaração.
- IRMANDADE DA SANTA CASA DE MISERICORDIA DE Inviável o recurso, contudo, porquanto se verifica que as questões
VITORIA
- SUELI MARA OHNESORG BARBIERI DOS SANTOS oportunamente suscitadas e essenciais à resolução da controvérsia

foram analisadas pelo Eg. Regional, de forma motivada, razão por

que não se vislumbra, em tese, a apontada afronta aos artigos 832

da CLT, 458 do CPC/1973 (489 do CPC/2015) ou 93, IX, da CF/88.

Duração do Trabalho / Intervalo Intrajornada

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 23
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

ADVOGADO HUGO OLIVEIRA HORTA


Alegação(ões): BARBOSA(OAB: 19769/DF)
RECORRIDO BANCO DO BRASIL SA
- divergência jurisprudencial.
ADVOGADO NATALIA RODRIGUES MARTINS
- Súmula 338, I, do TST ELER(OAB: 25878/ES)

- art. 71 da CLT e arts. 818 da CLT e 373 do CPC


Intimado(s)/Citado(s):
Sustenta que em que pese tenha ficado claro que a Reclamada não
- BANCO DO BRASIL SA
se desincumbiu do ônus de afastar a jornada declinada na inicial, o - FELIPE PONCIO PAIVA
v. acórdão quanto aos intervalos entendeu que o ônus da prova

seria da Reclamante, mesmo a Reclamada não tendo impugnado a

jornada declinada na inicial, tampouco juntado controle de


PODER JUDICIÁRIO
frequência.
JUSTIÇA DO TRABALHO
Tendo a C. Turma decidido no sentido de que são devidas como

extras apenas as horas excedentes à 8ª diária e 44ª semanal, não Fundamentação

se computando na apuração do módulo semanal as horas já RECURSO DE REVISTA

computadas na apuração do módulo diário, sob pena de ensejar Lei 13.015/2014

pagamento dobrado e que a autora não se desincumbiu a contento Lei 13.467/2017

do seu ônus no tocante aos intervalos intrajornada, verifica-se que a Recorrente(s): FELIPE PONCIO PAIVA

decisão se encontra consonante com as Súmulas 308 e 370 do Eg. Advogado(a)(s): HUGO OLIVEIRA HORTA BARBOSA (DF - 19769)

TST, o que inviabiliza o recurso, nos termos do disposto no artigo Lorisse Marcelle Cicatelli Silva (ES - 18236)

896, § 7º, da CLT e Súmula nº 333, do Eg. TST. ISABELLE LYSIANE CICATELLI SILVA (ES - 5402)

CONCLUSÃO RENATA SCHIMIDT GASPARINI (ES - 10131)

DENEGO seguimento ao recurso de revista. JOAQUIM FERREIRA SILVA FILHO (ES - 2814)

Publique-se. ANGELO RICARDO LATORRACA (ES - 6243)

ANA PAULA TAUCEDA BRANCO ARTHUR ZAGO MELO (ES - 20977)

Desembargadora-Presidente GIOVANNA PLESSIS CICATELLI SILVA (ES - 17441)

/gr-02 Recorrido(a)(s): BANCO DO BRASIL SA

Advogado(a)(s): NATALIA RODRIGUES MARTINS ELER (ES -

25878)

CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES

O presente recurso foi apresentado na vigência da Lei 13.467/2017.

Assinatura Vale registrar que, nos termos do art. 896-A, §1º e incisos da CLT,

VITORIA, 27 de Novembro de 2019 incumbe ao Tribunal Superior do Trabalho o exame da

transcendência do recurso de revista.

ANA PAULA TAUCEDA BRANCO PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS

Desembargador Federal do Trabalho Tempestivo o recurso (ciência da decisão em 30/08/2019 - fl(s)./Id

Decisão 07274E0; petição recursal apresentada em 10/09/2019 - fl(s)./Id


Processo Nº ROT-0001646-20.2017.5.17.0012
6ebfbc4).
Relator CLAUDIA CARDOSO DE SOUZA
RECORRENTE FELIPE PONCIO PAIVA Regular a representação processual - fl(s.)/Id a375b79, b4cbc1f.
ADVOGADO GIOVANNA PLESSIS CICATELLI Satisfeito o preparo - fl(s)./Id c5b5dd4,, 2bec08b e da2986f.
SILVA(OAB: 17441/ES)
ADVOGADO ARTHUR ZAGO MELO(OAB: PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS
20977/ES)
Categoria Profissional Especial / Bancários / Cargo de Confiança.
ADVOGADO ANGELO RICARDO
LATORRACA(OAB: 6243/ES) Duração do Trabalho / Horas Extras.
ADVOGADO JOAQUIM FERREIRA SILVA
FILHO(OAB: 2814/ES) Alegação(ões):
ADVOGADO RENATA SCHIMIDT - art. 224, §2º, da CLT
GASPARINI(OAB: 10131/ES)
ADVOGADO ISABELLE LYSIANE CICATELLI - Súmula 102, I, II, do TST
SILVA(OAB: 5402/ES)
Pugna pela condenação do réu ao pagamento das horas extras.
ADVOGADO Lorisse Marcelle Cicatelli Silva(OAB:
18236/ES) Afirma que o autor não exercia cargo de confiança.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 24
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

RECORRIDO AVON COSMETICOS LTDA.


Tendo a C. Turma decidido no sentido de negar provimwento ao ADVOGADO LUIZ CARLOS AMORIM
ROBORTELLA(OAB: 25027/SP)
pedido de horas extras do autor, ao argumento de que é
RECORRIDO JOCILENE DA SILVA SANTOS
incontroverso que o reclamante exerceu a função de "Supervisor de ADVOGADO ANTONIO VALDEMIR PEREIRA
COUTINHO(OAB: 14128/ES)
Atendimento", e que recebia gratificação superior a 1/3 do salário

efetivo, bem como de acordo com a Instrução Normativa 917-1 Intimado(s)/Citado(s):


(Plano de Funções do reclamado), as atribuições inerentes ao cargo - AVON COSMETICOS LTDA.
de Supervisor de Atendimento exigem, efetivamente, a execução de - JOCILENE DA SILVA SANTOS

tarefas dotadas de responsabilidades e poderes maiores que de

empregados comuns, verifica-se que a decisão se encontra

consonante com a Súmula 102,II, do Eg. TST, o que inviabiliza o PODER JUDICIÁRIO
recurso, nos termos do disposto no artigo 896, § 7º, da CLT e JUSTIÇA DO TRABALHO
Súmula nº 333, do Eg. TST.
Fundamentação

RECURSO DE REVISTA
DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Penalidades
Lei 13.015/2014
Processuais / Multa por ED Protelatórios.
Lei 13.467/2017
Alegação(ões):
Recorrente(s): JOCILENE DA SILVA SANTOS
- artigo 1026, § 2º, do CPC
Advogado(a)(s): ANTONIO VALDEMIR PEREIRA COUTINHO (ES -
Insurge-se contra a condenação ao pagamento da multa por ED
14128)
protelatório.
Recorrido(a)(s): AVON COSMETICOS LTDA.
Tendo a C. Turma manifestado entendimento no sentido de que não
Advogado(a)(s): LUIZ CARLOS AMORIM ROBORTELLA (SP -
há omissões no julgado, e, segundo o parágrafo 2º do art. 1.026 do
25027)
CPC, "quando manifestamente protelatórios os embargos de
CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
declaração, o juiz ou tribunal, em decisão fundamentada, condenará
O presente recurso foi apresentado na vigência da Lei 13.467/2017.
o embargante a pagar ao embargado multa não excedente de dois
Vale registrar que, nos termos do art. 896-A, §1º e incisos da CLT,
por cento sobre o valor da atualizado da causa", condenando
incumbe ao Tribunal Superior do Trabalho o exame da
condeno a parte embargante ao pagamento de 2% sobre o valor da
transcendência do recurso de revista.
causa, ante o evidente caráter protelatório dos embargos
PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS
interpostos, não se verifica, em tese, a alegada violação, conforme
Tempestivo o recurso (ciência da decisão em 04/10/2019 - Id
exige a alínea "c" do artigo 896 Consolidado.
B1D8612; petição recursal apresentada em 16/10/2019 - Id
CONCLUSÃO
498572c).
DENEGO seguimento ao recurso de revista.
Regular a representação processual - Id 8e53ce4.
Publique-se .
A parte recorrente está isenta de preparo, tendo em vista a
ANA PAULA TAUCEDA BRANCO
concessão da assistência judiciária gratuita (Id d342a61 e
Desembargadora-Presidente
d50b31e).
/gr-17
PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS
Assinatura
DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Atos
VITORIA, 27 de Novembro de 2019
Processuais / Nulidade / Negativa de Prestação Jurisdicional

Ao arguir a nulidade do acórdão por negativa de prestação


ANA PAULA TAUCEDA BRANCO
jurisdicional, cabe à parte transcrever, em seu apelo, o trecho dos
Desembargador Federal do Trabalho
embargos declaratórios em que foi pedido o pronunciamento do
Decisão
Processo Nº ROT-0000271-47.2018.5.17.0012 tribunal sobre questão veiculada no recurso ordinário, bem como o
Relator MARCELLO MACIEL MANCILHA
trecho da decisão regional que rejeitou os embargos quanto ao
RECORRENTE JOCILENE DA SILVA SANTOS
ADVOGADO ANTONIO VALDEMIR PEREIRA pedido, como requer o artigo 896, §1º-A, IV, da CLT, de forma a
COUTINHO(OAB: 14128/ES)
viabilizar o cotejo e a verificação, de plano, da ocorrência da
RECORRENTE AVON COSMETICOS LTDA.
ADVOGADO LUIZ CARLOS AMORIM omissão. Não tendo a recorrente se desincumbido de seu ônus,
ROBORTELLA(OAB: 25027/SP)
nesse aspecto, inviável o recurso, no particular.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 25
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Registre-se, por oportuno, que tal exigência, inserida 3º da Consolidação das Leis do Trabalho; da Lei nº 4886/1965.

expressamente no texto da CLT com o advento da Lei 13.467/2017, - divergência jurisprudencial.

já estava consagrada na pacífica jurisprudência da Colenda Corte A recorrente pede o reconhecimento do vínculo empregatício com a

Revisora, em razão do disposto no artigo 896, §1º-A, da CLT, reclamada.

incluído no texto consolidado pela Lei 13.015/2014. Nesse sentido: No intuito de demonstrar o prequestionamento da matéria em

"RECURSO DE EMBARGOS. RECURSO DE REVISTA epígrafe, a parte recorrente transcreveu o seguinte trecho do v.

INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI 13.015/2014. ART. 896, § 1º- acórdão:

A, INCS. I, II E III, DA CLT. ARGUIÇÃO DE NULIDADE DA "(...)

DECISÃO RECORRIDA POR NEGATIVA DE PRESTAÇÃO O que distingue a relação de emprego, o contrato de emprego, o

JURISDICIONAL. REQUISITOS FORMAIS. 1. A Turma, com empregado de outras figuras sócio-jurídicas próximas é o modo da

fundamento na inobservância da exigência contida no art. 896, § 1º- prestação dessa obrigação de fazer. A prestação há de se realizar,

A, inc. I, da CLT, deixou de conhecer de arguição de nulidade da pela pessoa física, pessoalmente, sem eventualidade,

decisão proferida pelo Tribunal Regional, por negativa de prestação subordinadamente e sob a cláusula onerosa. Excetuado, portanto, o

jurisdicional, suscitada no Recurso de Revista. 2. Pacificou-se, na pressuposto da pessoa física, todos os demais pressupostos

SDI-1, desta Corte, que, consoante os termos do art. 896, § 1º-A, referem-se ao processo (modus operandi) de realização da

incs. I, II e III, da CLT, introduzido pela Lei 13.015/2014, afigura-se prestação de trabalho.

imprescindível à parte que, em Recurso de Revista, arguir a (...)

nulidade da decisão recorrida, por negativa de prestação A testemunha indicada pela reclamada, por sua vez, que atua como

jurisdicional, demonstrar nas razões do seu recurso, mediante a gerente de setor, disse que os executivos de venda trabalham com

transcrição do trecho da petição dos Embargos de Declaração e do produtos de outras marcas também, não existindo restrição alguma,

trecho do acórdão respectivo, a recusa do Tribunal Regional em em relação a qualquer marca. Disse que as executivas não são

apreciar a questão objeto do recurso ou a apreciação de forma obrigadas a ir em reunião, mas que as reuniões ocorrem de 1 a 2

incompleta. 3. A fim de observar o princípio da impugnação vezes por mês. As reuniões de encontro de negócios são para as

específica e de desincumbir-se do ônus de comprovar a recusa do revendedoras, sendo que a executiva é uma revendedora, quando,

Tribunal em prestar a jurisdição completa, a parte deverá então, se mostra como será a campanha. Confirmou que a

demonstrar, objetivamente, que exigiu dele a apreciação da questão executiva de vendas precisa fazer vendas, porque ela é uma

mediante a oposição dos indispensáveis embargos de declaração revendedora. A executiva de vendas pode ter quantos prepostos

alusivos ao tema objeto da arguição de nulidade. Do contrário, estar quiser, pode ser auxiliada por outras pessoas (inclusive familiares),

-se-á diante da impugnação genérica da decisão proferida pelo sendo que na hora do registro de vendas vai no nome da executiva.

Tribunal Regional, inviabilizando o exame das violações a que faz As executivas têm liberdade de não trabalhar em um ou mais dias

referência a Súmula 459 desta Corte". (E-RR - 20462- se quiserem, até porque elas fazem o seu próprio horário, assim, se

66.2012.5.20.0004 , Relator Ministro: João Batista Brito Pereira, quiserem fazer todas as atividades da campanha em uma semana e

Data de Julgamento: 16/03/2017, Subseção I Especializada em na outra ficar sem fazer nada, não tem problema. Informou que a

Dissídios Individuais, Data de Publicação: DEJT 08/09/2017) executiva de vendas quando entra na AVON recebe bônus de

No mesmo sentido: E-RR - 1522-62.2013.5.15.0067, Relator adesão para ajudar com recarga de celular nas 3 primeiras

Ministro: Cláudio Mascarenhas Brandão, Data de Julgamento: campanhas, salvo engano no valor total de R$ 300,00. Por fim,

16/03/2017, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, afirmou que o aluguel de espaço da reunião, stand, é fechado pela

Data de Publicação: DEJT 20/10/2017; E-ED-RR - 543- gerente de setor. A executiva não tem despesa alguma, a não ser

70.2013.5.23.0005, Relator Ministro: João Batista Brito Pereira, com pedido pessoal.

Data de Julgamento: 04/05/2017, Subseção I Especializada em Reitero que, diante do Princípio da Primazia da Realidade, a análise

Dissídios Individuais, Data de Publicação: DEJT 12/05/2017. da existência do vínculo empregatício em lides de revendedoras e

executivas de produtos se dobra sensivelmente à casuística e à

Contrato Individual de Trabalho / Reconhecimento de Relação de prova produzida nos autos, em especial dos depoimentos

Emprego testemunhas.

Alegação(ões): (...)

- violação do artigo 2º da Consolidação das Leis do Trabalho; artigo No que diz respeito às metas a serem alcançadas pela executiva de

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 26
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

vendas, que eram indicas e requeridas pela gerente por meio de O art. 896, § 1º-A, I, II e III da CLT, aplicável a todos os acórdãos

correspondências eletrônicas, mensagens e reuniões, entendendo regionais publicados a partir de 22/09/2014, prevê os pressupostos

ser inerente a natural a estrutura da relação comercial firmada. Não intrínsecos ao recurso de revista, os quais devem ser cumpridos

faz sentido que a empresa tenha um custo operacional no cadastro "sob pena de não conhecimento" do recurso. II. O

de executivas, revendedoras e na manutenção de todo um sistema prequestionamento é exigível em todas as hipóteses do recurso de

eletrônico de vendas e não estabeleça um patamar mínimo a ser revista (art. 896, a, b e c, da CLT). Logo, para atender ao disposto

atingido. no art. 896, § 1º-A, I, da CLT, é necessário que a parte indique, de

Ressalta-se que a própria testemunha indicada pela reclamante forma clara e precisa, o trecho que consubstancia o

afirma que o valor de meta mínimo era facilmente alcançável, até prequestionamento das teses que pretende debater, não se

para a depoente que tinha um grupo de revendedores cadastrado admitindo transcrição genérica, fora do contexto ou que não

bem menor que a reclamante. Assim, o simples fato de haver metas contemple a delimitação fática que determinou a conclusão. III. O

mínimas a serem atingidas não configura vínculo de emprego. art. 896, § 1º-A, II, da CLT exige que a parte indique, de forma

No mesmo sentido, a possibilidade de descadastramento pelo não explícita e fundamentada, o artigo, o parágrafo, o inciso ou a alínea

cumprimento de alguma regra contratual relativa às vendas também específica da regra de lei ou da Constituição da República que

está relacionada a não razoabilidade de se manterem executivas e entende violada. O mesmo procedimento deve ser adotado quando

revendedoras cadastradas que não realizassem vendas. há indicação de contrariedade a súmula ou orientação

As provas dos autos, portanto, comprovam que: a) não havia jurisprudencial (Súmula 221 do TST). A alegação genérica de

punição pela ausência de comparecimento a reuniões; b) a violação ou contrariedade não atende a esse requisito. IV. O

executiva poderia se fazer substituir por prepostos; c) a executiva cumprimento do art. 896, § 1º-A, III, da CLT se faz com a

tinha a mais plena autonomia para organizar e gerir a sua rotina de demonstração analítica de cada violação ou contrariedade apontada

trabalho. Tais características afastam a existência dos elementos de forma pertinente e vinculada a todos os fundamentos jurídicos da

caracterizadores do vínculo empregatício, em especial a decisão recorrida. A impugnação genérica e a subsistência de

subordinação e a pessoalidade. fundamento independente e suficiente sem impugnação não

Esclarece-se que a valoração das provas é prerrogativa do Juiz e cumprem a referida exigência. V. Na hipótese de alegação de

decorre da observância dos princípios da imediatidade e do livre divergência jurisprudencial, deve ser atendida, ainda, a exigência do

convencimento motivado. O magistrado é diretor do processo, art. 896, § 8º, da CLT. VI. No caso, não foi atendido o art. 896, §§ 1º

sendo certo que, após a formação do seu convencimento, tem a -A, I e III, da CLT. VII. Agravo de instrumento de que se conhece e a

prerrogativa de, conforme seu melhor juízo, julgar a lide. que se nega provimento." ( AIRR - 20027-78.2013.5.04.0012 ,

(...)." Relatora Desembargadora Convocada: Cilene Ferreira Amaro

De acordo com o artigo 896, § 1º-A, inciso II, da CLT, incluído pela Santos, Data de Julgamento: 28/06/2017, 4ª Turma, Data de

Lei 13.015/2014, a parte que recorre deve "indicar, de forma Publicação: DEJT 30/06/2017).

explícita e fundamentada, contrariedade a dispositivo de lei, súmula A parte não realizou o confronto analítico entre a tese adotada no

ou orientação jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho que acórdão recorrido e cada preceito legal dito violado, deixando de

conflite com a decisão regional". atender ao exigido pelo artigo 896, §1º-A, III, da CLT, inviabilizando

Na hipótese, a parte recorrente não observou o inciso, o que torna o seguimento do apelo, nesse aspecto.

inviável o processamento do recurso de revista. Com efeito, segundo a sistemática imposta pela Lei 13.015/2014,

Com efeito, em se tratando de recurso de revista, a alegação de cabe à parte indicar especificamente o motivo pelo qual o acórdão,

violação deve vir acompanhada da indicação expressa do ao adotar determinada fundamentação, incidiu em afronta a cada

respectivo dispositivo legal ou constitucional. Logo, a indicação um dos preceitos ditos violados, sendo inviável a alegação genérica

genérica de violação à Lei nº 4.886/1965, não satisfaz esse de violações em bloco.

requisito. Outrossim, a parte não realizou o confronto analítico entre a tese

Nesse sentido: adotada no acórdão recorrido e a ementa válida transcrita em suas

"AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. razões recursais, deixando de atender ao exigido pelo artigo 896,

ACÓRDÃO REGIONAL PUBLICADO ANTES DA VIGÊNCIA DA LEI §8º, da CLT, impedindo o seguimento do apelo, nesse aspecto.

13.015/2014. TERCEIRIZAÇÃO. RESPONSABILIDADE Com efeito, segundo a sistemática imposta pela Lei 13.015/2014,

SUBSIDIÁRIA DO TOMADOR DE SERVIÇOS. ENTE PÚBLICO. I. cabe à parte demonstrar especificamente onde se situa a alegada

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 27
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

AGRAVANTE CENTRO TERAPEUTICO RIBEIRO E


divergência de teses entre o acórdão recorrido e os arestos CARDIAL LTDA.
ADVOGADO LUIS FILIPE MARQUES PORTO SA
apresentados, no exame de casos concretos idênticos ou PINTO(OAB: 10569/ES)
semelhantes, ônus do qual não se desincumbiu a parte recorrente. AGRAVADO CENTRO TERAPEUTICO LIGHT
HOUSE LTDA - ME
Vale ressaltar que não atende a essa finalidade a mera transcrição ADVOGADO DIEGO LOPES MARTINELLI(OAB:
13405/ES)
de arestos em bloco ou a simples apresentação de tabela contendo
AGRAVADO LUCIANO SOUSA GOMES
o trecho do acórdão recorrido e o julgado trazido a confronto. ADVOGADO DORIO COSTA PIMENTEL(OAB:
5339/ES)
Quanto à necessidade do confronto analítico, vale mencionar os
ADVOGADO SANDRA VIEIRA DUTRA(OAB:
seguintes julgados do TST: E-ED-RR - 552-07.2013.5.06.0231, 18390/ES)
AGRAVADO GABRIEL SANTOS ROCHA
Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra Belmonte, SBDI-I, DEJT
ADVOGADO DIEGO LOPES MARTINELLI(OAB:
17/06/2016; AIRR - 1124-32.2015.5.11.0011, Relator Ministro: 13405/ES)
AGRAVADO DORACI MELO DOS SANTOS
Walmir Oliveira da Costa, 1ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR - ROCHA
10077-02.2014.5.15.0110 , Relatora Ministra: Delaíde Miranda ADVOGADO DIEGO LOPES MARTINELLI(OAB:
13405/ES)
Arantes, 2ª Turma, DEJT 03/07/2017; AIRR - 220-

86.2015.5.11.0051 , Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra Intimado(s)/Citado(s):

Belmonte, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 03/07/2017; AIRR - - CENTRO TERAPEUTICO LIGHT HOUSE LTDA - ME
- CENTRO TERAPEUTICO RIBEIRO E CARDIAL LTDA.
20027-78.2013.5.04.0012 , Relatora Desembargadora Convocada:
- DORACI MELO DOS SANTOS ROCHA
Cilene Ferreira Amaro Santos, 4ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR - - GABRIEL SANTOS ROCHA
909-49.2015.5.08.0008, Relator Ministro: Guilherme Augusto - LUCIANO SOUSA GOMES

Caputo Bastos, 5ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR - 47700-

21.2005.5.01.0041 , Relator Ministro: Aloysio Corrêa da Veiga, Data

de Julgamento: 30/03/2016, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT PODER JUDICIÁRIO


01/04/2016; AIRR - 10565-26.2013.5.03.0077 , Relator Ministro: JUSTIÇA DO TRABALHO
Cláudio Mascarenhas Brandão, Data de Julgamento: 09/03/2016, 7ª
Fundamentação
Turma, Data de Publicação: DEJT 18/03/2016; AIRR - 1452-

29.2015.5.14.0091 , Relatora Ministra: Dora Maria da Costa, Data


RECURSO DE REVISTA
de Julgamento: 10/05/2017, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT
Lei 13.015/2014
12/05/2017.
Lei 13.467/2017
Por fim, a análise de divergência jurisprudencial se restringe aos
Recorrente(s): CENTRO TERAPEUTICO RIBEIRO E CARDIAL
arestos oriundos dos órgãos elencados na alínea "a" do art. 896, da
LTDA.
CLT. Tal comando não foi observado pela parte recorrente (arestos
Advogado(a)(s): LUIS FILIPE MARQUES PORTO SA PINTO (ES -
das Páginas 6-8, Id 498572c), impossibilitando o pretendido
10569)
confronto de teses e, consequentemente, inviabilizando o
Recorrido(a)(s): LUCIANO SOUSA GOMES
prosseguimento do recurso, no aspecto.
Advogado(a)(s): SANDRA VIEIRA DUTRA (ES - 18390)
CONCLUSÃO
DORIO COSTA PIMENTEL (ES - 5339)
DENEGO seguimento ao recurso de revista.
Insurge-se a recorrente contra o v. acórdão que negou provimento
Publique-se.
ao agravo de instrumento por ela interposto.
ANA PAULA TAUCEDA BRANCO
Todavia, o presente apelo não merece seguimento, ante o que
Desembargadora-Presidente
dispõe a Súmula n.º 218, do Colendo TST, in verbis :
/gr-11
"É incabível recurso de revista interposto de acórdão regional
Assinatura
prolatado em agravo de instrumento."
VITORIA, 27 de Novembro de 2019
Cumpre ressaltar, inclusive, que tal entendimento foi ratificado pelo

caput do artigo 896 Consolidado.


ANA PAULA TAUCEDA BRANCO
CONCLUSÃO
Desembargador Federal do Trabalho
DENEGO seguimento ao recurso de revista.
Decisão
Processo Nº AIRO-0000733-72.2018.5.17.0151 Publique-se.
Relator MARCELLO MACIEL MANCILHA
ANA PAULA TAUCEDA BRANCO

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Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Desembargadora-Presidente recorrido.

/gr-08 Todavia, inviável o apelo, nos termos do artigo 893, § 1.º, da CLT,

porquanto a decisão regional, in casu, caracteriza-se como

Assinatura meramente interlocutória, não ensejando, por ora, a interposição de

VITORIA, 27 de Novembro de 2019 recurso de revista, uma vez que não se enquadra nas exceções

previstas na Súmula n.º 214, do E. TST.

ANA PAULA TAUCEDA BRANCO Publique-se.

Desembargador Federal do Trabalho ANA PAULA TAUCEDA BRANCO


Decisão Desembargadora-Presidente
Processo Nº ROT-0001350-28.2017.5.17.0002
Relator JAILSON PEREIRA DA SILVA /gr-02
RECORRENTE NEILSON ESPINOLA DA COSTA
ADVOGADO LILIAN MAGESKI ALMEIDA(OAB:
10602/ES)
RECORRIDO ITAPOA SUPERMERCADO LTDA.
ADVOGADO INGRID SANTOS TERRA(OAB:
13894/ES)
TERCEIRO MARIO LÚCIO VIEIRA Assinatura
INTERESSADO
TERCEIRO MARCELO RODRIGUES LOPES VITORIA, 27 de Novembro de 2019
INTERESSADO
TERCEIRO EDSON TORRES DA COSTA
INTERESSADO ANA PAULA TAUCEDA BRANCO
TERCEIRO ALCINO PEREIRA DOS SANTOS
INTERESSADO Desembargador Federal do Trabalho
TERCEIRO ALCEMYR PEREIRA DOS SANTOS Decisão
INTERESSADO Processo Nº AP-0000163-36.2018.5.17.0006
TERCEIRO WEDSON CARLOS CARDOSO DOS Relator JOSE LUIZ SERAFINI
INTERESSADO SANTOS AGRAVANTE AGNALDO JOSE ALVES BORBA
ADVOGADO SIDNEY FERREIRA
Intimado(s)/Citado(s): SCHREIBER(OAB: 255-B/ES)
- ITAPOA SUPERMERCADO LTDA. AGRAVADO VALE S.A.
- NEILSON ESPINOLA DA COSTA ADVOGADO RODRIGO DE CARVALHO
ZAULI(OAB: 71933/MG)
ADVOGADO CARLA GUSMAN ZOUAIN(OAB:
7582/ES)
ADVOGADO BARBARA BRAUN RIZK(OAB:
13843/ES)
PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA DO TRABALHO Intimado(s)/Citado(s):


- AGNALDO JOSE ALVES BORBA
Fundamentação - VALE S.A.

PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA DO TRABALHO
RECURSO DE REVISTA

Lei 13.015/2014 Fundamentação

Lei 13.467/2017

Recorrente(s): ITAPOA SUPERMERCADO LTDA.

Advogado(a)(s): INGRID SANTOS TERRA (ES - 13894)

Recorrido(a)(s): NEILSON ESPINOLA DA COSTA

Advogado(a)(s): LILIAN MAGESKI ALMEIDA (ES - 10602) RECURSO DE REVISTA

Insurge-se o recorrente contra o acórdão de Id. 4a41c36 que Recorrente(s): VALE S.A.

declarou a nulidade da sentença ID. 37a07c3, afastando a extinção Advogado(a)(s): BARBARA BRAUN RIZK (ES - 13843)

do processo e determinou o retorno dos autos à Vara de Origem CARLA GUSMAN ZOUAIN (ES - 7582)

para regular prosseguimento do feito. Suscita a reforma da decisão RODRIGO DE CARVALHO ZAULI (MG - 71933)

para indeferir a gratuidade à justiça e isenção de custas ao Recorrido(a)(s): AGNALDO JOSE ALVES BORBA

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Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Advogado(a)(s): SIDNEY FERREIRA SCHREIBER (ES - 255) Intimado(s)/Citado(s):


PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS - CAROLINE CARNEIRO SILVA ZAMPROGNO
Tempestivo o recurso (ciência da decisão em 19/08/2019 - fl(s)./Id - EMAR BATALHA COMERCIO DE JOIAS LTDA - EPP

EA755C3; petição recursal apresentada em 27/08/2019 - fl(s)./Id

54a7a8f).

Regular a representação processual - fl(s.)/Id ID. b4a1f56. PODER JUDICIÁRIO


PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS JUSTIÇA DO TRABALHO
DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Liquidação /
Fundamentação
Cumprimento / Execução / Valor da Execução / Cálculo /
RECURSO DE REVISTA
Atualização / Correção Monetária.
Lei 13.015/2014
Alegação(ões):
Lei 13.467/2017
- violação do(s) inciso II do artigo 5º; inciso LIV do artigo 5º da
Recorrente(s): EMAR BATALHA COMERCIO DE JOIAS LTDA -
Constituição Federal.
EPP
- violação da (o) artigo 39 da Lei nº 8177/1991.
Advogado(a)(s): ANA LUIZA BORGES DE CASTRO (ES - 13012)
A recorrente insurge-se contra o v. acórdão, que aplicou o IPCA-E
LUIZ ROBERTO MARETO CALIL (ES - 7338)
como índice de atualização monetária .
Recorrido(a)(s): CAROLINE CARNEIRO SILVA ZAMPROGNO
Tendo a C. Turma manifestado entendimento no sentido de que,
Advogado(a)(s): ANA LUIZA BORGES DE CASTRO (ES - 13012)
para os débitos trabalhistas devidos até o dia 24/3/2015, deve ser
YVES VALE FREIRE (ES - 19884)
mantida a aplicação do índice oficial de remuneração básica da
CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
caderneta de poupança (TRD), e a partir de 25/3/2015, a correção
O presente recurso foi apresentado na vigência da Lei 13.467/2017.
deve ser realizada pelo IPCA-E, não se verifica, em tese, a alegada
Vale registrar que, nos termos do art. 896-A, §1º e incisos da CLT,
violação, conforme exige a alínea "c" do artigo 896 Consolidado.
incumbe ao Tribunal Superior do Trabalho o exame da
CONCLUSÃO
transcendência do recurso de revista.
DENEGO seguimento ao recurso de revista.
PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS
Publique-se e intimem-se.
Tempestivo o recurso (ciência da decisão em 11/09/2019 - fl(s)./Id
ANA PAULA TAUCEDA BRANCO
2EFAAFD; petição recursal apresentada em 20/09/2019 - fl(s)./Id
Desembargadora-Presidente
5d8e0c5).
/gr-13
Regular a representação processual - fl(s.)/Id 4f59ef0.

Satisfeito o preparo - fl(s)./Id 3358efc, 3ad5512, d66d7f8, 00e1b8e e

caa007c ,ed00dc9.

PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS

DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Atos


Assinatura
Processuais / Nulidade
VITORIA, 27 de Novembro de 2019
Alegação(ões):

- divergência jurisprudencial.
ANA PAULA TAUCEDA BRANCO
- art. 5º, XXXV, LV, 93, IX da CR
Desembargador Federal do Trabalho
- art. 465, § 5º; 473 inciso IV e 479 do Código de Processo Civil.
Decisão
Processo Nº ROT-0001768-82.2016.5.17.0007 Requer a declaração de nulidade da r. sentença por negativa de
Relator MARCELLO MACIEL MANCILHA
prestação jurisdicional, determinando o retorno dos autos a vara de
RECORRENTE EMAR BATALHA COMERCIO DE
JOIAS LTDA - EPP origem para realização de nova prova pericial.
ADVOGADO LUIZ ROBERTO MARETO
CALIL(OAB: 7338/ES) A matéria não foi abordada pelo acórdão recorrido, pelo que não
ADVOGADO ANA LUIZA BORGES DE atendida a exigência do prequestionamento, que se erige em
CASTRO(OAB: 13012/ES)
RECORRIDO CAROLINE CARNEIRO SILVA requisito indispensável de recorribilidade em apelo de natureza
ZAMPROGNO
extraordinária, nos termos do disposto na Orientação
ADVOGADO YVES VALE FREIRE(OAB: 19884/ES)
ADVOGADO TAIS OLIVEIRA SMARZARO(OAB: Jurisprudencial nº 62, da SDI-I/TST.
30280/ES)

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 30
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Remuneração, Verbas Indenizatórias e Benefícios adequação formal do apelo. Assim, a necessidade da transcrição do

Remuneração, Verbas Indenizatórias e Benefícios / Comissão trecho que consubstancia a violação e as contrariedades indicadas,

Remuneração, Verbas Indenizatórias e Benefícios / Salário / e da demonstração analítica da divergência jurisprudencial, visa a

Diferença Salarial / Salário por Fora - Integração permitir a identificação precisa e objetiva da tese supostamente

Alegação(ões): ofensiva a lei, à segurança das relações jurídicas e à isonomia das

- artigo 818 da CLT decisões judiciais, de modo que contribua para a celeridade da

- artigo 373, I, do CPC prestação jurisdicional, possibilite a formação de precedentes como

Insurge-se contra a condenação ao pagamento de reflexos sobre o elementos de estabilidade e a decisão do TST contribua para a

pagamento por fora. formação da jurisprudência nacionalmente unificada. (...) (E-ED-RR

Este Regional não adotou tese explícita acerca dos fundamentos - 552-07.2013.5.06.0231, Relator Ministro: Alexandre de Souza

concernentes à discussão do ônus da prova, tornando impossível Agra Belmonte, Data de Julgamento: 09/06/2016, Subseção I

aferir suposta violação aos artigos 818 da CLT e 373, I, do CPC. Especializada em Dissídios Individuais, Data de Publicação: DEJT

17/06/2016)."

Remuneração, Verbas Indenizatórias e Benefícios / Salário / No mesmo sentido: ED-AIRR-41600-81.2009.5.01.0050, Rel. Min.

Diferença Salarial Delaíde Miranda Arantes, 2ª Turma, DEJT 29/04/2016; AIRR -

DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Partes e 10356-41.2013.5.15.0039 Data de Julgamento: 25/05/2016, Relator

Procuradores / Sucumbência / Honorários Periciais Ministro: Alexandre de Souza Agra Belmonte, 3ª Turma, Data de

Rescisão do Contrato de Trabalho Publicação: DEJT 03/06/2016; AIRR-65-63.2014.5.05.0026, Rel.

Inviável o recurso quanto às matérias em epígrafe, porque não Min. Cláudio Mascarenhas Brandão, 7ª Turma, DEJT 12/02/2016;

observado o disposto no artigo 896, §1º-A, I, da CLT. Com efeito, a AIRR-369-66.2014.5.10.0012, Rel. Min. Kátia Magalhães Arruda, 6ª

transcrição do tópico inteiro do v. acórdão ou da integralidade da Turma, DEJT 27/11/2015.

análise realizada pela C. Turma, quanto à matéria objeto do CONCLUSÃO

recurso, não atende à exigência do artigo 896, §1º-A, I, da CLT. É DENEGO seguimento ao recurso de revista.

preciso que a parte transcreva o trecho do v. acórdão em que Publique-se .

consta precisamente a tese regional impugnada no recurso de ANA PAULA TAUCEDA BRANCO

revista, ou, ao menos, que destaque de forma clara a tese adotada Desembargadora-Presidente

e contra a qual se insurge. Nesse sentido: /gr-17

"EMBARGOS EM RECURSO DE REVISTA. DECISÃO Assinatura

EMBARGADA PUBLICADA NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014. VITORIA, 27 de Novembro de 2019

RECURSO DE REVISTA QUE NÃO APRESENTA A

TRANSCRIÇÃO DO TRECHO DO ACÓRDÃO REGIONAL QUE ANA PAULA TAUCEDA BRANCO

IDENTIFICA O PREQUESTIONAMENTO DA MATÉRIA OBJETO Desembargador Federal do Trabalho

DO APELO. REQUISITO LEGAL INSCRITO NO ARTIGO 896, § 1º- Decisão


Processo Nº ROT-0000792-57.2017.5.17.0131
A, I, DA CLT. REDAÇÃO CONFERIDA PELA LEI 13.015/2014. (...) Relator CLAUDIA CARDOSO DE SOUZA
3 - Embora o dispositivo em comento utilize o verbo "indicar", RECORRENTE LARISSA GUIMARAES ANDRADE
ADVOGADO BRUNA MARCHIORI(OAB: 17041/ES)
referindo-se ao requisito formal ali inscrito, esta Corte Superior tem
ADVOGADO THAIS BORELLI THOMAZ(OAB:
exigido a transcrição do trecho da decisão regional que 25340/ES)
ADVOGADO PRISCILLA THOMAZ DE
consubstancia o prequestionamento da controvérsia objeto do OLIVEIRA(OAB: 12448/ES)
apelo, firme no entendimento de que a alteração legislativa ADVOGADO ELIZA THOMAZ DE OLIVEIRA(OAB:
16966/ES)
empreendida pela Lei 13.015/2014, nesse aspecto, constitui ADVOGADO KATIUSCIA OLIVEIRA DE
SOUZA(OAB: 16746/ES)
pressuposto de adequação formal de admissibilidade do recurso de
ADVOGADO FILIPE PANETO SILVESTRE(OAB:
revista e se orienta no sentido de propiciar a identificação precisa da 26389/ES)
ADVOGADO RAFAEL THOMAZ DE
contrariedade a dispositivo de Lei e a Súmula e do dissenso de OLIVEIRA(OAB: 17361/ES)
teses, afastando-se os recursos de revista que impugnam de forma ADVOGADO JOSE IRINEU DE OLIVEIRA(OAB:
4142/ES)
genérica a decisão regional e conduzem sua admissibilidade para ADVOGADO ARLETE AUGUSTA THOMAZ DE
OLIVEIRA(OAB: 4976/ES)
um exercício exclusivamente subjetivo pelo julgador de verificação e

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 31
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

ADVOGADO DAVI ALVES NASCIMENTO(OAB:


15770/ES) ce3a2fa).
RECORRIDO SANTA CASA DE MISERICORDIA DE Regular a representação processual - fl(s.)/Id baaf91a.
CACHOEIRO DE ITAPEMIRIM
ADVOGADO FABRICIO TADDEI CICILIOTTI(OAB: Inexigível o recolhimento de custas, uma vez que a parte recorrente
7807/ES)
não foi condenada a efetuar o preparo - fl(s.)/Ids 7a45c12, cca6f2a
Intimado(s)/Citado(s): e 37b1899.
- LARISSA GUIMARAES ANDRADE PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS
- SANTA CASA DE MISERICORDIA DE CACHOEIRO DE
ITAPEMIRIM Rescisão do Contrato de Trabalho / Justa Causa / Falta Grave.

Alegação(ões):

- violação do inciso LV do artigo 5º da Constituição.

- violação do artigo 482 da Consolidação das Leis do Trabalho;


PODER JUDICIÁRIO
artigo 487-C da Consolidação das Leis do Trabalho; §4º do artigo
JUSTIÇA DO TRABALHO
487 da Consolidação das Leis do Trabalho; artigo 494 da
Fundamentação Consolidação das Leis do Trabalho; inciso II do artigo 373 do
RECURSO DE REVISTA Código de Processo Civil de 2015; inciso II do artigo 473 do Código
Lei 13.015/2014 de Processo Civil de 2015; inciso II do artigo 737 do Código de
Lei 13.467/2017 Processo Civil de 2015.
Recorrente(s): LARISSA GUIMARAES ANDRADE - divergência jurisprudencial.
Advogado(a)(s): DAVI ALVES NASCIMENTO (ES - 15770) - contrariedade à Súmula nº 403, do Excelso do Supremo Tribunal
ARLETE AUGUSTA THOMAZ DE OLIVEIRA (ES - 4976) Federal.
JOSE IRINEU DE OLIVEIRA (ES - 4142) A recorrente pede a reversão da justa causa.
RAFAEL THOMAZ DE OLIVEIRA (ES - 17361) No intuito de demonstrar o prequestionamento da matéria em
FILIPE PANETO SILVESTRE (ES - 26389) epígrafe, a parte recorrente transcreveu o seguinte trecho do v.
KATIUSCIA OLIVEIRA DE SOUZA (ES - 16746) acórdão:
ELIZA THOMAZ DE OLIVEIRA (ES - 16966) "(...)
PRISCILLA THOMAZ DE OLIVEIRA (ES - 12448) Cumpre destacar que o fato de não haver nos autos o aviso de
THAIS BORELLI THOMAZ (ES - 25340) demissão da reclamante é irrelevante para a análise da
BRUNA MARCHIORI (ES - 17041) controvérsia, vez que a demissão por justa causa é incontroversa,
Recorrido(a)(s): SANTA CASA DE MISERICORDIA DE sendo, inclusive, reforçada pelo Termo de Rescisão de Contrato de
CACHOEIRO DE ITAPEMIRIM Trabalho da reclamante juntado aos autos, Id. da2cb74, o qual
Advogado(a)(s): FABRICIO TADDEI CICILIOTTI (ES - 7807) aponta que a causa do afastamento foi a despedida por justa causa,
CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES pelo empregador.
O presente recurso foi apresentado na vigência da Lei 13.467/2017. (...)
Vale registrar que, nos termos do art. 896-A, §1º e incisos da CLT, O depoimento da testemunha da reclamada também confirmou
incumbe ao Tribunal Superior do Trabalho o exame da todos os fatos alegados pela ré, bem como as provas juntadas aos
transcendência do recurso de revista. autos, vejamos:
Postula a parte recorrente a instauração de incidente de Disse que trabalha desde 2009 para a reclamada e, no Banco de
uniformização de jurisprudência, tendo em vista a existência de Sangue, desde 2011; disse que trabalhou junto com a reclamante
decisões atuais e conflitantes entre as turmas deste E. Tribunal quando foi trabalhar no Banco de Sangue, em 2011; confirmou que
quanto ao tema "Imprescindibilidade da tipificação, comunicação e o Setor faz treinamento, capacitação e reuniões periódicas para os
justificação da dispensa por justa causa no ato de informação da funcionários a respeito da segurança dos materiais do sangue;
resolução contratual, como requisito de validade do ato." disse que os POPs ficam disponíveis no Setor para consulta, sendo
Ante a revogação do disposto nos §§3º a 6º do artigo 896 da CLT revisados anualmente, a responsabilidade da reclamante era
pela Lei 13.467/2017, indefiro o pleito. auxiliar e elaborar os manuais de acordo com cada função;
PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS confirmou que a reclamante tinha ciência do conteúdos destes
Tempestivo o recurso (ciência da decisão em 08/10/2019 - fl(s)./Id documentos porque ela os elaborava e/ou revisava, porque era uma
BA03844; petição recursal apresentada em 18/10/2019 - fl(s)./Id atividade que ela executava junto com a depoente e com sua colega

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 32
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

de trabalho, Sra. Letícia; confirmou que em 2015 a reclamante responsável técnica; disse que o controle de qualidade dos

recebeu uma advertência por não apresentar os relatórios reagentes, motivo da suspensão da reclamante, não é revisado por

solicitados pela vigilância sanitária; relatou que a autora recebeu mais ninguém, sendo que, havendo alguma dificuldade, era

uma suspensão depois de voltar das férias, por não ter registrado o passado para ela ou para a médica para tentar resolver; disse que

controle de qualidade mensal dos hemocomponentes e diário dos existiram falhas nos equipamentos, mas tem sempre um plano B,

reagentes, função exclusiva da reclamante, sendo que só tomou que é um procedimento manual, para atender as solicitações da

conhecimento desse fato quando substituiu a autora durante as vigilância sanitária; ao ser perguntada sobre o motivo da

férias; confirmou que esta função estava prevista nas atividades penalização realizada pela vigilância sanitária, respondeu que não

contidas no documento, que lhe foi entregue, que eram atribuições foi uma penalidade, mas sim uma instrução a resolver um

da autora; em relação à justa causa, disse que o motivo foi o problemática com o Hemocentro coordenador, resolvendo o

lançamento dos resultados dos exames sorológicos manual no problema com o equipamento; disse que o reparo da centrífuga não

sistema, mediante um relatório envido pelo laboratório de Vitória; era requerido pela reclamante; ao ser perguntada se no mês de

confirmou que, por ser uma procedimento manual, sempre foi setembro de 2016 tinha se reunido com a médica responsável,

adotada a dupla conferência; em setembro de 2016 foi enviado uma respondeu que não se recordava; disse que os registros ficam

doação que não tinha uma conclusão confirmada, positiva ou arquivados e que ela e a médica tinham acesso, mas não era uma

negativa, e, por segurança, todas as doações com resultado rotina acessar esses registros; relatou que não era sua obrigação

pendente devem ser descartadas, independente do resultado do realizar a conferência dos mapas sorológicos, apenas no caso de

segundo exame, para não ocorrer um risco de liberar um sangue faltar a segunda pessoa que realizava a dupla conferência, poderia

contaminado; disse que o primeiro lançamento no sistema como substituir a segunda pessoas para fazer a conferência; reiterou que

pendente foi realizado pela autora, mas não foi descartado; depois o o material da doação é descartado antes da confirmação do

laboratório solicitou uma nova amostra de sangue, porque já segundo resultado realizado em Vitória; ao ser perguntada se tinha

suspeitavam que se tratava de uma doação reativa; relatou que a acesso à informação no sistema sobre o resultado pendente da

Sra. Letícia lançou no sistema o resultado como positivo, quando, bolsa de sangue, disse que não tinha acesso porque quem fez o

na verdade, não havia conclusão, e a autora confirmou o resultado mapa sorológico foi a Sra. Letícia, informando que a informação

lançado errado; disse que só descobriram isso quando foi feito uma ficava disponível mas que não precisava de uma terceira

conferência de todas as coletas pendentes que foram solicitado conferência a ser realizada por ela ou pela médica responsável pelo

nova amostra, em fevereiro de 2017, sendo iniciada uma setor; ao ser perguntada se a partir de setembro de 2016 houve

investigação, fazendo contato o doador para colher nova amostra, reuniões semanais com a médica para revisar o mapa sorológico,

sendo confirmado o resultado reativo para hepatite B, dando ensejo informou que as reuniões semanais não tinha essa finalidade,

à dispensa pela falha no lançamento e liberação do sangue reativo; sendo que nunca houve a revisão semanal dos mapas sorológicos,

disse que dois pacientes foram contaminados; confirmou que a Sra. reforçando que essas reuniões serviam para resolver dúvidas e

Letícia também foi dispensa por justa causa; confirmou que no setor problemas decorrentes da semana de trabalho, reiterando que o

tinha outros mapas sorológicos que continham a assinatura da procedimento adotado é a dupla conferência, não havendo uma

reclamante e da Sra. Letícia que demonstram a prática da dupla terceira conferência para liberação dos hemocomponentes;

conferência; relatou que cada setor tem um regimento interno do confirmou ser responsável pelo setor, assim como a médica;

setor com as atribuições da cada profissional, para rotina; quando informou que o descarte da bolsa de sangue com resultado

perguntada sobre quais eram suas atribuições, informou que atuava pendente é exigido pelo HEMOES; (inaudível); disse que, da data

como enfermeira supervisora do setor; descrevendo suas funções da liberação da liberação do sangue até a transfusão, ela, a médica

como responsável pela elaboração da jornada de trabalho, e a reclamante continuaram trabalhando normalmente; disse que no

elaboração de projetos, auxilio na compra de equipamentos, período de investigação a reclamante não foi afastada, exercendo

realização da triagem clínica, lançamento e conferência dos mapas as mesmas atividades, cerca de dois meses, porque demoraram

sorológico; bloqueio e desbloqueio de rotulagem de para encontrar o doador para verificar a positividade do teste; disse

hemocomponentes; relatou que se reunia semanalmente com a que a reclamante não foi penalizada enquanto o equipamento

responsável técnica do setor para solucionar dúvidas, resolver estava quebrado; disse que a reclamante recebeu advertência

problemas e outras tarefas pertinentes; disse que realizava a quando o equipamento já tinha sido substituído; em relação à

revisão dos hemocomponentes e depois passava para a suspensão, em que o equipamento estava quebrado, informou que

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 33
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

tinha disponível no laboratório o microscópio que permitia a pela Súmula n.º 337, IV, 'c', da Colenda Corte Revisora.

conferência manual, além do controle de reagentes que não foi feito

no período de três meses. DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Penalidades

(...) Processuais / Multa por ED Protelatórios.

E nem se argumente que houve perdão tácito por parte da Quanto à matéria em epígrafe, nego seguimento ao recurso,

reclamada, tendo em vista que a rescisão do contrato se deu no dia porquanto a recorrente não cuidou de indicar o trecho da decisão

seguinte à confirmação do dano provocado pela negligência da recorrida objeto da insurgência, conforme exige o artigo 896, §1º-A,

reclamante, conforme o resultado do exame, sob requisição de nº I, da CLT (acrescentado pela Lei nº 13.015/2014 publicada no DOU

170351000110 (Id. ad065b8, pág. 334), recebido em 23/03/2017, de 22.07.2014).

que confirmou o resultado reagente para hepatite B do doador da CONCLUSÃO

bolsa de sangue, registrada sob o nº 16005740AA. DENEGO seguimento ao recurso de revista.

(...)." Publique-se.

A parte não realizou o confronto analítico entre a tese adotada no ANA PAULA TAUCEDA BRANCO

acórdão recorrido e cada preceito legal e constitucional dito Desembargadora-Presidente

violados, deixando de atender ao exigido pelo artigo 896, §1º-A, III, /gr-11

da CLT, inviabilizando o seguimento do apelo, nesse aspecto. Assinatura

Com efeito, segundo a sistemática imposta pela Lei 13.015/2014, VITORIA, 27 de Novembro de 2019

cabe à parte indicar especificamente o motivo pelo qual o acórdão,

ao adotar determinada fundamentação, incidiu em afronta a cada ANA PAULA TAUCEDA BRANCO

um dos preceitos ditos violados, sendo inviável a alegação genérica Desembargador Federal do Trabalho

de violações em bloco. Decisão


Processo Nº ROT-0001221-62.2015.5.17.0141
Quanto à necessidade do confronto analítico, vale mencionar os Relator MARCELLO MACIEL MANCILHA
seguintes julgados do TST: E-ED-RR - 552-07.2013.5.06.0231, RECORRENTE SILVANI ANTONIO SOARES
ADVOGADO EZEQUIEL NUNO RIBEIRO(OAB:
Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra Belmonte, SBDI-I, DEJT 7686/ES)
17/06/2016; AIRR - 1124-32.2015.5.11.0011, Relator Ministro: RECORRIDO A MADEIRA INDUSTRIA E
COMERCIO LTDA
Walmir Oliveira da Costa, 1ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR - ADVOGADO ARTENIO MERCON(OAB: 4528/ES)
10077-02.2014.5.15.0110 , Relatora Ministra: Delaíde Miranda ADVOGADO ERICA BLUNCK VALENTIM(OAB:
20047/ES)
Arantes, 2ª Turma, DEJT 03/07/2017; AIRR - 220- PERITO FABIO GIRELI DA SILVA
86.2015.5.11.0051 , Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra PERITO JOSE WALTER NOVAIS RAMOS

Belmonte, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 03/07/2017; AIRR -


Intimado(s)/Citado(s):
20027-78.2013.5.04.0012 , Relatora Desembargadora Convocada: - A MADEIRA INDUSTRIA E COMERCIO LTDA
Cilene Ferreira Amaro Santos, 4ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR - - SILVANI ANTONIO SOARES

909-49.2015.5.08.0008, Relator Ministro: Guilherme Augusto

Caputo Bastos, 5ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR - 47700-

21.2005.5.01.0041 , Relator Ministro: Aloysio Corrêa da Veiga, Data


PODER JUDICIÁRIO
de Julgamento: 30/03/2016, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT
JUSTIÇA DO TRABALHO
01/04/2016; AIRR - 10565-26.2013.5.03.0077 , Relator Ministro:

Cláudio Mascarenhas Brandão, Data de Julgamento: 09/03/2016, 7ª Fundamentação

Turma, Data de Publicação: DEJT 18/03/2016; AIRR - 1452- RECURSO DE REVISTA

29.2015.5.14.0091 , Relatora Ministra: Dora Maria da Costa, Data Lei 13.015/2014

de Julgamento: 10/05/2017, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT Lei 13.467/2017

12/05/2017. Recorrente(s): A MADEIRA INDUSTRIA E COMERCIO LTDA

Outrossim, os arestos transcritos nás Páginas 44-57 (Id ce3a2fa) Advogado(a)(s): ERICA BLUNCK VALENTIM (ES - 20047)

não se revela apto à demonstração da alegada divergência ARTENIO MERCON (ES - 4528)

jurisprudencial, porque não indica a data da respectiva publicação Recorrido(a)(s): SILVANI ANTONIO SOARES

no Diário Eletrônico da Justiça do Trabalho, nos termos exigidos Advogado(a)(s): EZEQUIEL NUNO RIBEIRO (ES - 7686)

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Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES ferrovias, rodovias e aeroportos, remoção de minério de ferro e

O presente recurso foi apresentado na vigência da Lei 13.467/2017. carvão, muros de arrimo e gabiões, reparação de máquinas

Vale registrar que, nos termos do art. 896-A, §1º e incisos da CLT, pesadas e veículos, compra e venda de bens imóveis, locação de

incumbe ao Tribunal Superior do Trabalho o exame da veículos máquinas e equipamentos.

transcendência do recurso de revista. (...)

PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS Nessa esteira, considerando ser o SINTRACONST (Sindicato dos

Tempestivo o recurso (ciência da decisão em 04/10/2019 - fl(s)./Id Trabalhadores na Indústria da Construção Civil, Montagem,

DB83A1B; petição recursal apresentada em 16/10/2019 - fl(s)./Id Estrada, Ponte, Pavimentação e Terraplanagem), e não o

1308dbe). SINDOPEM, o sindicato responsável por representar a categoria

Regular a representação processual - fl(s.)/Id 626298f. profissional em comento, não restam dúvidas de que as convenções

Satisfeito o preparo - fl(s)./Id 7548c19, 2b8271c, 1a36b1c e coletivas a serem aplicadas à relação empregatícia ora em debate

1289987, 74fdc2c e bd48391. são aquelas firmadas entre o SINTRACONST e o SINDUSCON, na

PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS forma pleiteada na inicial.

Direito Coletivo / Enquadramento Sindical A questão, aliás, sequer admite discussão, uma vez que, em

Alegação(ões): demanda judicial proposta pelo SINTRACONST em face do

- violação do inciso LIV do artigo 5º; inciso LV do artigo 5º; inciso SINDOPEM (autos n.º 0112000-13.2006.5.17.0008), restou

XXXV do artigo 5º; inciso XXXXV do artigo 5º; inciso IX do artigo 93 consolidada a representatividade do primeiro sindicado sobre os

da Constituição. empregados da construção pesada - especialmente do ramo de

- violação do §2º do artigo 581 da Consolidação das Leis do estradas, pavimentação e terraplanagem exercido pela ré -, após

Trabalho; §12 do artigo 581 da Consolidação das Leis do Trabalho; decisão transitada em julgado em 26/04/2012 que, com efeitos ex

artigo 611 da Consolidação das Leis do Trabalho; inciso I do §1-A nunc, anulou a alteração estatutária do SINDOPEM que estendia

do artigo 896 da Consolidação das Leis do Trabalho; artigo 897-A sua representação sobre a referida categoria profissional, já

da Consolidação das Leis do Trabalho. abrangida, à época, pelo SINTRACONST.

- divergência jurisprudencial. Pelo exposto, na hipótese vertente, merece reforma a decisão de

O recorrente insurge-se contra o enquadramento sindical dado ao origem, pelo que determino a aplicação das convenções coletivas

reclamante e sustenta que os efeitos do trânsito em julgado da ação firmadas entre o SINTRACONST e o SINDUSCON, instrumentos

nº 00112000-13.2006.5.17.0008 não possuem aplicação imediata e, estes firmados por entidades com poder de representar tanto a

portanto, os instrumentos normativos até então firmados pelo reclamada, quanto os empregados desta.

SINDOPEM e o SINDICOPES permanecem válidos até 31/08/2015. (...)

No intuito de demonstrar o prequestionamento da matéria em Diante disso, dou provimento ao recurso ordinário do reclamante a

epígrafe, a parte recorrente transcreveu o seguinte trecho do v. fim de reconhecer a submissão da reclamada aos termos das CCT's

acórdão: firmadas pelo SINDUSCON, tal como apontado na inicial.

"(...) (...)."

O enquadramento sindical do empregado deve observar a atividade No intuito de demonstrar o prequestionamento da matéria em

preponderante do empregador, exceto no caso de empregados que epígrafe, a parte recorrente transcreveu o seguinte trecho da

pertençam à categoria profissional diferenciada, o que não é o caso decisão de embargos de declaração:

do autor. "(...)

Nos termos do art. 581, §2º, da CLT, "entende-se por atividade No que tange ao pedido de declarar sobre os efeitos do trânsito em

preponderante a que caracterizar a unidade de produto, operação julgado da ação de nº 00112000-13.2006.5.17.0008, saliento que

ou objetivo final, para cuja obtenção todas as demais atividades exorbita a presente demanda, tratando-se, ainda, de questão não

convirjam, exclusivamente, em regime de conexão funcional". suscitada anteriormente - inovação recursal, sobre a qual esta

(...) Turma não deve se manifestar.

Constitui objeto da sociedade a Prestação de Serviços na Do exposto, denota-se que o acórdão foi bastante claro no que

Construção civil, pavimentação, terraplanagem, e construção de pertine à matéria posta em sede de embargos, não havendo

estradas, construção de obras de arte, construção de aeroportos, qualquer omissão sobre qualquer ponto do qual esta Turma deveria

drenagem, reparação, manutenção e conservação de estradas, se pronunciar, ficando prejudicadas, por consequência lógica, a

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 35
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

análise das teses manifestamente contrárias à adotada. Alegação(ões):

Nego provimento." - contrariedade ao: item IV da Súmula nº 85; Súmula nº 444 do

A parte não realizou o confronto analítico entre a tese adotada no Tribunal Superior do Trabalho.

acórdão recorrido e cada preceito legal e constitucional dito - violação do inciso LIV do artigo 5º; inciso XIV do artigo 7º; inciso

violados, deixando de atender ao exigido pelo artigo 896, §1º-A, III, XXVI do artigo 7º; inciso II do artigo 8º; inciso III do artigo 8º da

da CLT, inviabilizando o seguimento do apelo, nesse aspecto. Constituição.

Com efeito, segundo a sistemática imposta pela Lei 13.015/2014, A recorrente sustenta que a jornada praticada pelo reclamante é

cabe à parte indicar especificamente o motivo pelo qual o acórdão, válida, estava prevista em inúmeros instrumentos coletivos e,

ao adotar determinada fundamentação, incidiu em afronta a cada portanto, insurge-se contra a condenação ao pagamento das hora

um dos preceitos ditos violados, sendo inviável a alegação genérica extras e reflexos.

de violações em bloco. No intuito de demonstrar o prequestionamento da matéria em

Outrossim, a parte não realizou o confronto analítico entre a tese epígrafe, a parte recorrente transcreveu o seguinte trecho do v.

adotada no acórdão recorrido e cada ementa transcrita em suas acórdão:

razões recursais, deixando de atender ao exigido pelo artigo 896, "(...)

§8º, da CLT, impedindo o seguimento do apelo, nesse aspecto. Resta incontroverso nos autos que o reclamante cumpriu jornada

Com efeito, segundo a sistemática imposta pela Lei 13.015/2014, sob a escala 12x36 por todo o período trabalhado.

cabe à parte demonstrar especificamente onde se situa a alegada Destarte, uma vez que a compensação de jornada adotada pela

divergência de teses entre o acórdão recorrido e os arestos empresa reclamada não foi autorizada pelas convenções coletivas

apresentados, no exame de casos concretos idênticos ou de trabalho colacionadas pelo autor, a jornada imposta carece de

semelhantes, ônus do qual não se desincumbiu a parte recorrente. respaldo jurídico.

Vale ressaltar que não atende a essa finalidade a mera transcrição (...)

de arestos em bloco ou a simples apresentação de tabela contendo Pelo exposto, dou provimento ao recurso ordinário do reclamante

o trecho do acórdão recorrido e o julgado trazido a confronto. para determinar a condenação da ré ao pagamento das horas

Quanto à necessidade do confronto analítico, vale mencionar os extras não quitadas laboradas além da 8ª diária, nos dias de labor

seguintes julgados do TST: E-ED-RR - 552-07.2013.5.06.0231, em escala 12x36, conforme se apurar em liquidação de sentença,

Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra Belmonte, SBDI-I, DEJT com adicional convencional (CCTs) e, na falta de previsão, o legal

17/06/2016; AIRR - 1124-32.2015.5.11.0011, Relator Ministro: de 50%/100%, com divisor de 220, e os reflexos, dada a

Walmir Oliveira da Costa, 1ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR - habitualidade, nas férias + 1/3, 13º salários, aviso prévio, RSR,

10077-02.2014.5.15.0110 , Relatora Ministra: Delaíde Miranda adicional noturno e FGTS + multa de 40%, conforme pedido 'a' da

Arantes, 2ª Turma, DEJT 03/07/2017; AIRR - 220- exordial."

86.2015.5.11.0051 , Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra No intuito de demonstrar o prequestionamento da matéria em

Belmonte, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 03/07/2017; AIRR - epígrafe, a parte recorrente transcreveu o seguinte trecho da

20027-78.2013.5.04.0012 , Relatora Desembargadora Convocada: decisão de embargos de declaração:

Cilene Ferreira Amaro Santos, 4ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR - "(...)

909-49.2015.5.08.0008, Relator Ministro: Guilherme Augusto A reclamada opõe embargos de declaração apontando omissões no

Caputo Bastos, 5ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR - 47700- v. acórdão no que tange à condenação ao pagamento das horas

21.2005.5.01.0041 , Relator Ministro: Aloysio Corrêa da Veiga, Data extras laboradas após a 8ª hora diária. Alega que o v. acórdão a

de Julgamento: 30/03/2016, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT condenou ao pagamento das horas extras acrescidas do adicional

01/04/2016; AIRR - 10565-26.2013.5.03.0077 , Relator Ministro: de hora extra após a 8ª hora diária.

Cláudio Mascarenhas Brandão, Data de Julgamento: 09/03/2016, 7ª Requer que seja excluída a condenação ao pagamento da hora

Turma, Data de Publicação: DEJT 18/03/2016; AIRR - 1452- normal trabalhada após a 8ª diária, devendo permanecer apenas o

29.2015.5.14.0091 , Relatora Ministra: Dora Maria da Costa, Data adicional da hora extra legal.

de Julgamento: 10/05/2017, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT (...)

12/05/2017. Uma vez invalidado o banco de horas praticado com fulcro nas

normas coletivas suscitadas pela defesa, entendo devidas as horas

Duração do Trabalho / Horas Extras extras que extrapolarem a jornada constitucional de 8 horas diárias.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 36
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Outrossim, não se aplica a parte final do inciso IV da súmula n.º 85 20027-78.2013.5.04.0012 , Relatora Desembargadora Convocada:

do TST - que impõe o pagamento apenas do adicional para as Cilene Ferreira Amaro Santos, 4ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR -

horas extras destinadas à compensação -, tendo em vista a 909-49.2015.5.08.0008, Relator Ministro: Guilherme Augusto

jurisprudência do TST no sentido de que tal regra não se coaduna Caputo Bastos, 5ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR - 47700-

com o regime de banco de horas, que somente pode ser instituído 21.2005.5.01.0041 , Relator Ministro: Aloysio Corrêa da Veiga, Data

por negociação coletiva. de Julgamento: 30/03/2016, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT

(...)." 01/04/2016; AIRR - 10565-26.2013.5.03.0077 , Relator Ministro:

A parte não realizou o confronto analítico entre a tese adotada no Cláudio Mascarenhas Brandão, Data de Julgamento: 09/03/2016, 7ª

acórdão recorrido e cada preceito legal e constitucional dito violado, Turma, Data de Publicação: DEJT 18/03/2016; AIRR - 1452-

deixando de atender ao exigido pelo artigo 896, §1º-A, III, da CLT, 29.2015.5.14.0091 , Relatora Ministra: Dora Maria da Costa, Data

inviabilizando o seguimento do apelo, nesse aspecto. de Julgamento: 10/05/2017, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT

Com efeito, segundo a sistemática imposta pela Lei 13.015/2014, 12/05/2017.

cabe à parte indicar especificamente o motivo pelo qual o acórdão, CONCLUSÃO

ao adotar determinada fundamentação, incidiu em afronta a cada DENEGO seguimento ao recurso de revista.

um dos preceitos ditos violados, sendo inviável a alegação genérica Publique-se.

de violações em bloco. ANA PAULA TAUCEDA BRANCO

Outrossim, a parte não realizou o confronto analítico entre a tese Desembargadora-Presidente

adotada no acórdão recorrido e cada súmula supostamente /gr-11

contrariada, deixando de atender ao exigido pelo artigo 896, §1º-A, Assinatura

III, da CLT, inviabilizando o seguimento do apelo, nesse aspecto. VITORIA, 27 de Novembro de 2019

Com efeito, segundo a sistemática imposta pela Lei 13.015/2014,

cabe à parte indicar especificamente o motivo pelo qual o acórdão, ANA PAULA TAUCEDA BRANCO

ao adotar determinada fundamentação, deixou de observar cada Desembargador Federal do Trabalho

Súmula invocada, sendo inviável a mera alegação genérica de Decisão


Processo Nº ROT-0000084-70.2017.5.17.0013
contrariedade. Relator MARCELLO MACIEL MANCILHA
Por fim, a parte não realizou o confronto analítico entre a tese RECORRENTE FINANCEIRA ALFA S.A. CREDITO,
FINANCIAMENTO E
adotada no acórdão recorrido e cada ementa transcrita em suas INVESTIMENTOS
ADVOGADO LUIS OTAVIO CAMARGO
razões recursais, deixando de atender ao exigido pelo artigo 896, PINTO(OAB: 86906/SP)
§8º, da CLT, impedindo o seguimento do apelo, nesse aspecto. RECORRENTE THAIS CAROLINA MARQUES
ADVOGADO ALEXANDRE MELO BRASIL(OAB:
Com efeito, segundo a sistemática imposta pela Lei 13.015/2014, 7313/ES)
cabe à parte demonstrar especificamente onde se situa a alegada ADVOGADO NICOLI PORCARO BRASIL(OAB:
11101/ES)
divergência de teses entre o acórdão recorrido e os arestos ADVOGADO GABRIEL PORCARO BRASIL(OAB:
15798/ES)
apresentados, no exame de casos concretos idênticos ou
RECORRIDO FINANCEIRA ALFA S.A. CREDITO,
semelhantes, ônus do qual não se desincumbiu a parte recorrente. FINANCIAMENTO E
INVESTIMENTOS
Vale ressaltar que não atende a essa finalidade a mera transcrição ADVOGADO LUIS OTAVIO CAMARGO
PINTO(OAB: 86906/SP)
de arestos em bloco ou a simples apresentação de tabela contendo
RECORRIDO THAIS CAROLINA MARQUES
o trecho do acórdão recorrido e o julgado trazido a confronto. ADVOGADO ALEXANDRE MELO BRASIL(OAB:
7313/ES)
Quanto à necessidade do confronto analítico, vale mencionar os
ADVOGADO NICOLI PORCARO BRASIL(OAB:
seguintes julgados do TST: E-ED-RR - 552-07.2013.5.06.0231, 11101/ES)
ADVOGADO GABRIEL PORCARO BRASIL(OAB:
Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra Belmonte, SBDI-I, DEJT 15798/ES)
17/06/2016; AIRR - 1124-32.2015.5.11.0011, Relator Ministro: TESTEMUNHA FRANCIANE TRANCOSO
PERITO PAULO CESAR LARANJA LEITE
Walmir Oliveira da Costa, 1ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR -

10077-02.2014.5.15.0110 , Relatora Ministra: Delaíde Miranda Intimado(s)/Citado(s):


Arantes, 2ª Turma, DEJT 03/07/2017; AIRR - 220- - FINANCEIRA ALFA S.A. CREDITO, FINANCIAMENTO E
INVESTIMENTOS
86.2015.5.11.0051 , Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra - THAIS CAROLINA MARQUES
Belmonte, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 03/07/2017; AIRR -

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 37
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

dentre outras atribuições.

Ademais, ainda que o rol de tarefas da autora fosse a mesma dos


PODER JUDICIÁRIO
empregados operadores de financiamento, certo é também que o
JUSTIÇA DO TRABALHO
nível de exigência sobre ela não era igual, tendo ambas as

Fundamentação testemunhas confirmado que as metas da reclamante eram bem

RECURSO DE REVISTA inferiores (vide gravação disponível no site do TRT-ES - 9:00 e

Lei 13.015/2014 15:30).

Lei 13.467/2017 (...)

Recorrente(s): THAIS CAROLINA MARQUES Por fim, não prospera a tese de que o serviço desempenhado

Advogado(a)(s): GABRIEL PORCARO BRASIL (ES - 15798) estava fora da sua área de conhecimento (engenharia civil).

NICOLI PORCARO BRASIL (ES - 11101) Primeiro porque é a instituição de ensino a que tem mais aptidão

ALEXANDRE MELO BRASIL (ES - 7313) para fazer tal análise, de modo que, se ela autorizou o estágio, há

Recorrido(a)(s): FINANCEIRA ALFA S.A. CREDITO, se presumir que ela reconheceu uma correlação entre a atividade

FINANCIAMENTO E INVESTIMENTOS desempenhada e a formação da autora.

Advogado(a)(s): LUIS OTAVIO CAMARGO PINTO (SP - 86906) (...)

CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES Segundo porque o ordenamento não impõe que o estágio seja

O presente recurso foi apresentado na vigência da Lei 13.467/2017. necessariamente realizado em atividade fim do curso de formação,

Vale registrar que, nos termos do art. 896-A, §1º e incisos da CLT, bastando apenas que ele sirva como "(...) aprendizado de

incumbe ao Tribunal Superior do Trabalho o exame da competências próprias da atividade profissional", nos termos do art.

transcendência do recurso de revista. 1º, §2º, da Lei n.º 11.788/08, o que, a meu ver, restou atendido na

PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS presente hipótese.

Tempestivo o recurso (ciência da decisão em 04/10/2019 - Id A propósito, basta lembrar que a função da autora envolvia, dentre

6D0A59A; petição recursal apresentada em 16/10/2019 - Id outras atividades, a elaboração de planilhas e realização de

b95929b). cálculos, o que, ao menos aparentemente, se mostra compatível

Regular a representação processual - Id f988166. com a área de engenharia civil.

A parte recorrente está isenta de preparo, tendo em vista a (...)."

concessão da justiça gratuita (Id 1fb3564 e e8d4cef). Ante o exposto, tendo a C. Turma manifestado entendimento no

PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS sentido manter o indeferimento do reconhecimento da relação

Contrato Individual de Trabalho / Reconhecimento de Relação de empregatícia, ao fundamento de que a reclamante desempenhava

Emprego atividades compatíveis com a sua formação e em conformidade

Alegação(ões): com o artigo 1º. §2º, da Lei nº 11.788/2008, não se verifica, em

- violação do inciso IX do artigo 93 da Constituição. tese, a alegada violação, conforme exige a alínea "c" do artigo 896

- violação do §2º do artigo 1º da Lei nº 11788/2008; inciso III do §1º Consolidado.

do artigo 3º da Lei nº 11788/2008; inciso III do §2º do artigo 3º da Ademais, primeira ementa mostra-se inespecífica à configuração da

Lei nº 11788/2008. pretendida divergência interpretativa, porquanto aborda situação em

- divergência jurisprudencial. que os serviços desempenhados pela reclamante eram

A recorrente pede o reconhecimento da relação de emprego, ao incompatíveis com a sua formação profissional , hipótese diversa da

argumento de que decisão está desfundamentada. tratada no caso dos autos, acima descrita em que restou

No intuito de demonstrar o prequestionamento da matéria em demonstrado que a reclamante não desempenhava serviço fora da

epígrafe, a parte recorrente transcreveu o seguinte trecho do v. sua área de conhecimento (S. 296/TST).

acórdão:

"(...) Responsabilidade Civil do Empregador / Indenização por Dano

Nesse sentido, destaco depoimento da testemunha Franciene Moral

Trancoso, segundo a qual, a autora fazia serviços envolvendo Alegação(ões):

venda de créditos consignados, prospecção de clientes, inclusão da - violação do inciso V do artigo 5º; inciso X do artigo 5º da

proposta no sistema, elaboração de defesa para análise de crédito, Constituição.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 38
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

- violação do §1º do artigo 843 da Consolidação das Leis do 10077-02.2014.5.15.0110 , Relatora Ministra: Delaíde Miranda

Trabalho; artigo 186 do Código Civil; inciso II do artigo 932 do Arantes, 2ª Turma, DEJT 03/07/2017; AIRR - 220-

Código Civil; artigo 944-C do Código Civil. 86.2015.5.11.0051 , Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra

A recorrente pede a condenação da reclamada ao pagamento de Belmonte, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 03/07/2017; AIRR -

compensação por dano moral, ao argumento de que houve 20027-78.2013.5.04.0012 , Relatora Desembargadora Convocada:

confissão ficta por parte da empresa. Cilene Ferreira Amaro Santos, 4ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR -

No intuito de demonstrar o prequestionamento da matéria em 909-49.2015.5.08.0008, Relator Ministro: Guilherme Augusto

epígrafe, a parte recorrente transcreveu o seguinte trecho do v. Caputo Bastos, 5ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR - 47700-

acórdão: 21.2005.5.01.0041 , Relator Ministro: Aloysio Corrêa da Veiga, Data

"(...) de Julgamento: 30/03/2016, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT

Embora o art. 843, §1º, da CLT exija que o empregador indique 01/04/2016; AIRR - 10565-26.2013.5.03.0077 , Relator Ministro:

preposto que tenha conhecimento dos fatos relativos à causa, isso Cláudio Mascarenhas Brandão, Data de Julgamento: 09/03/2016, 7ª

não quer dizer que o depoente deva saber a resposta de todas as Turma, Data de Publicação: DEJT 18/03/2016; AIRR - 1452-

perguntas que lhe forem feitas. 29.2015.5.14.0091 , Relatora Ministra: Dora Maria da Costa, Data

Ora, foge à razoabilidade exigir onisciência do preposto quanto a de Julgamento: 10/05/2017, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT

situações particulares ocorridas com a autora. Até porque ela 12/05/2017.

sequer identificou na inicial quem teria sido a pessoa que lhe teria Quanto ao segundo e terceiro arestos transcritos no Id b95929b,

prometido a contratação, sendo absurdo imaginar que o preposto impossível aferir a alegada divergência interpretativa, visto que

deveria saber o teor de todas as conversas mantidas entre a autora descreve conteúdo genérico e exclusivamente de direito, não

e os demais funcionários da empresa. apresentando qualquer dado fático que permitisse estabelecer uma

Assim, não há se falar em confissão ficta na presente hipótese. correlação com a situação dos autos.

(...)." CONCLUSÃO

Ante o exposto, tendo a C. Turma manifestado entendimento no DENEGO seguimento ao recurso de revista.

sentido de manter o indeferimento do pedido de compensação por Publique-se.

dano moral, ao fundamento de que não há que falar em confissão ANA PAULA TAUCEDA BRANCO

ficta, pois o preposto não está obrigado a saber o teor de todas as Desembargadora-Presidente

conversas mantidas entre a reclamante e os demais funcionários da /gr-11

empresa, não se verifica, em tese, a alegada violação (artigo 843, Assinatura

§1º, da CLT), conforme exige a alínea "c" do artigo 896 VITORIA, 27 de Novembro de 2019

Consolidado.

Ademais, a parte não realizou o confronto analítico entre a tese ANA PAULA TAUCEDA BRANCO

adotada no acórdão recorrido e cada preceito legal e constitucional Desembargador Federal do Trabalho

dito violados (artigos 5º, incisos V e X, da CR e 186, 932, inciso III e Decisão
Processo Nº RORSum-0000372-45.2017.5.17.0101
944, caput , do CC), deixando de atender ao exigido pelo artigo 896, Relator JOSE LUIZ SERAFINI
§1º-A, III, da CLT, inviabilizando o seguimento do apelo, nesse RECORRENTE VALDEIR ALTAFIM FERREIRA
ADVOGADO RODRIGO SEBASTIAO SOUZA(OAB:
aspecto. 12700/ES)
Com efeito, segundo a sistemática imposta pela Lei 13.015/2014, ADVOGADO GILDO ABREU(OAB: 21675/ES)
ADVOGADO ELIZA THOMAZ DE OLIVEIRA(OAB:
cabe à parte indicar especificamente o motivo pelo qual o acórdão, 16966/ES)
ao adotar determinada fundamentação, incidiu em afronta a cada ADVOGADO JOSE IRINEU DE OLIVEIRA(OAB:
4142/ES)
um dos preceitos ditos violados, sendo inviável a alegação genérica RECORRIDO FM MINERACAO LTDA - EPP
de violações em bloco. ADVOGADO ERIVELTO ULIANA(OAB: 10656/ES)

Quanto à necessidade do confronto analítico, vale mencionar os


Intimado(s)/Citado(s):
seguintes julgados do TST: E-ED-RR - 552-07.2013.5.06.0231, - FM MINERACAO LTDA - EPP
Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra Belmonte, SBDI-I, DEJT - VALDEIR ALTAFIM FERREIRA

17/06/2016; AIRR - 1124-32.2015.5.11.0011, Relator Ministro:

Walmir Oliveira da Costa, 1ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR -

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Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

foram analisadas pelo Eg. Regional, de forma motivada,


PODER JUDICIÁRIO
constatando-se, inclusive, esclarecimentos prestados quando do
JUSTIÇA DO TRABALHO
julgamento dos embargos declaratórios - IDfe3ad80 -, razão por que
Fundamentação não se vislumbra, em tese, a apontada afronta aos artigos 832 da

CLT, 458 do CPC/1973 (489 do CPC/2015) ou 93, IX, da CR/88.

Duração do Trabalho / Horas Extras.

Quanto à matéria em epígrafe, nego seguimento ao recurso,


RECURSO DE REVISTA porquanto o (a) recorrente não cuidou de indicar o trecho da
Recorrente(s): FM MINERACAO LTDA - EPP decisão recorrida objeto da insurgência, conforme exige o artigo
Advogado(a)(s): ERIVELTO ULIANA (ES - 10656) 896, §1º-A, I, da CLT (acrescentado pela Lei nº 13.015/2014
Recorrido(a)(s): VALDEIR ALTAFIM FERREIRA publicada no DOU de 22.07.2014).
Advogado(a)(s): JOSE IRINEU DE OLIVEIRA (ES - 4142) CONCLUSÃO
ELIZA THOMAZ DE OLIVEIRA (ES - 16966) DENEGO seguimento ao recurso de revista.
GILDO ABREU (ES - 21675) Publique-se.
RODRIGO SEBASTIAO SOUZA (ES - 12700) ANA PAULA TAUCEDA BRANCO
PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS Desembargadora-Presidente
Tempestivo o recurso (ciência da decisão em 13/08/2019 - fl(s)./Id /gr-13
F6EC38A; petição recursal apresentada em 26/06/2019 - fl(s)./Id

b2ccec2).

Regular a representação processual - fl(s.)/Id ID. 6296671.

Satisfeito o preparo - fl(s)./Id ID. e70cf03 e ID. ba67970.

PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS Assinatura


DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Atos VITORIA, 27 de Novembro de 2019
Processuais / Nulidade / Negativa de Prestação Jurisdicional.

Alegação(ões): ANA PAULA TAUCEDA BRANCO


- contrariedade à(ao) : Súmula nº 85 do Tribunal Superior do Desembargador Federal do Trabalho
Trabalho. Decisão
Processo Nº AP-0056600-96.2014.5.17.0181
- violação do(s) inciso IX do artigo 93 da Constituição.
Relator JOSE LUIZ SERAFINI
- violação da (o) artigo 489 do Código de Processo Civil de 2015; AGRAVANTE PROFORTE S/A TRANSPORTE DE
VALORES
artigo 832 da Consolidação das Leis do Trabalho.
ADVOGADO CARLOS ALEXANDRE MOREIRA
Suscita a Reclamada negativa de prestação jurisdicional. WEISS(OAB: 63513/MG)
AGRAVADO JONATHAS MACHADO
Argumenta que "alegou que só pode haver condenação da jornada
ADVOGADO ANTONIO DE OLIVEIRA NETO(OAB:
extraordinária a partir da jornada contratada, das horas que 7745/ES)
AGRAVADO JOSIAS HECKER FINCO
ultrapassam a jornada semanal normal de 44 horas, eis que havia
ADVOGADO ANTONIO DE OLIVEIRA NETO(OAB:
compensação da jornada extraordinária de segunda à sexta-feira, 7745/ES)

aos sábados, o ", tendo o acórdão considerado sobrejornada aquilo Intimado(s)/Citado(s):


que que é incontroverso nos autos excedesse as oito horas diárias. - JONATHAS MACHADO
Assevera que a "compensação da sobrejornada, de 40 minutos - JOSIAS HECKER FINCO
- PROFORTE S/A TRANSPORTE DE VALORES
diários de segunda à sexta-feira, aos sábados é legal e tem

previsão expressa na Cláusula 14ª da CCT (id 073a674) ", sendo

autorizada tal compensação se não ultrapassado o limite previsto no

parágrafo terceiro da cláusula 14ª. Sustenta a legalidade da jornada PODER JUDICIÁRIO

contratada e que o acórdão incorre em violação ao art. 59 da CLT. JUSTIÇA DO TRABALHO

Inviável o recurso, contudo, porquanto se verifica que as questões


Fundamentação
oportunamente suscitadas e essenciais à resolução da controvérsia

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 40
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

RECURSO DE REVISTA Com efeito, segundo a sistemática imposta pela Lei 13.015/2014,

Lei 13.015/2014 cabe à parte indicar especificamente o motivo pelo qual o acórdão,

Lei 13.467/2017 ao adotar determinada fundamentação, incidiu em afronta a cada

Recorrente(s): PROFORTE S/A TRANSPORTE DE VALORES um dos preceitos ditos violados, sendo inviável a alegação genérica

Advogado(a)(s): CARLOS ALEXANDRE MOREIRA WEISS (MG - de violações em bloco.

63513) Quanto à necessidade do confronto analítico, vale mencionar os

Recorrido(a)(s): JOSIAS HECKER FINCO E OUTRO seguintes julgados do TST: E-ED-RR - 552-07.2013.5.06.0231,

Advogado(a)(s): ANTONIO DE OLIVEIRA NETO (ES - 7745) Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra Belmonte, SBDI-I, DEJT

CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES 17/06/2016; AIRR - 1124-32.2015.5.11.0011, Relator Ministro:

O presente recurso foi apresentado na vigência da Lei 13.467/2017. Walmir Oliveira da Costa, 1ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR -

Vale registrar que, nos termos do art. 896-A, §1º e incisos da CLT, 10077-02.2014.5.15.0110 , Relatora Ministra: Delaíde Miranda

incumbe ao Tribunal Superior do Trabalho o exame da Arantes, 2ª Turma, DEJT 03/07/2017; AIRR - 220-

transcendência do recurso de revista. 86.2015.5.11.0051 , Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra

PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS Belmonte, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 03/07/2017; AIRR -

Tempestivo o recurso (ciência da decisão em 24/09/2019 - fl(s)./Id 20027-78.2013.5.04.0012 , Relatora Desembargadora Convocada:

3ED3151 ; petição recursal apresentada em 03/10/2019 - fl(s)./Id Cilene Ferreira Amaro Santos, 4ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR -

24eab23 ). 909-49.2015.5.08.0008, Relator Ministro: Guilherme Augusto

Regular a representação processual - fl(s.)/Id 3bcbd30. Caputo Bastos, 5ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR - 47700-

O juízo está garantido - fl/Id. c5b318a, 2ebbc69. 21.2005.5.01.0041 , Relator Ministro: Aloysio Corrêa da Veiga, Data

PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS de Julgamento: 30/03/2016, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT

DIREITO CIVIL / Fatos Jurídicos / Prescrição e Decadência. 01/04/2016; AIRR - 10565-26.2013.5.03.0077 , Relator Ministro:

Alegação(ões): Cláudio Mascarenhas Brandão, Data de Julgamento: 09/03/2016, 7ª

- contrariedade à(ao) : Súmula nº 114; Súmula nº 327 do Tribunal Turma, Data de Publicação: DEJT 18/03/2016; AIRR - 1452-

Superior do Trabalho. 29.2015.5.14.0091 , Relatora Ministra: Dora Maria da Costa, Data

- violação do(s) inciso LXXVIII do artigo 5º; inciso XXIX do artigo 7º de Julgamento: 10/05/2017, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT

da Constituição. 12/05/2017.

- violação da (o) artigo 878 da Consolidação das Leis do Trabalho;

§1º do artigo 884 da Consolidação das Leis do Trabalho; §1º do DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Formação,

artigo 11-A da Lei nº 13467/2017; §2º do artigo 11-A da Lei nº Suspensão e Extinção do Processo / Pressupostos Processuais /

13467/2017. Coisa Julgada.

- divergência jurisprudencial. Alegação(ões):

- Súmulas 150 e 327, do STF; - violação do(s) inciso XXXVI do artigo 5º da Constituição.

A recorrente insurge-se contra o v. acórdão, no tocante ao - violação da (o) artigo 836 da Consolidação das Leis do Trabalho.

entendimento de que a prescrição total em face da sucessora não - divergência jurisprudencial.

se opera, pois sendo sucessora trabalhista, pode ser incluída A recorrente insurge-se contra o v. acórdão, que afastou a coisa

apenas na fase de execução. julgada.

Sustenta, ainda, que não há falar em impossibilidade de aplicação Ante a restrição do artigo 896, § 2º, da CLT, descabe análise de

da prescrição intercorrente, sob pena de ofensa ao art. 7º, XXIX, da violação à legislação infraconstitucional e divergência

CF/88. jurisprudencial.

Ante a restrição do artigo 896, § 2º, da CLT, descabe análise de Ademais, a parte não realizou o confronto analítico entre a tese

violação à legislação infraconstitucional, contrariedade a Súmulas e adotada no acórdão recorrido e o preceito constitucional dito

divergência jurisprudencial. violado, deixando de atender ao exigido pelo artigo 896, §1º-A, III,

Ademais, a parte não realizou o confronto analítico entre a tese da CLT, inviabilizando o seguimento do apelo, nesse aspecto.

adotada no acórdão recorrido e cada preceito constitucional dito Com efeito, segundo a sistemática imposta pela Lei 13.015/2014,

violado, deixando de atender ao exigido pelo artigo 896, §1º-A, III, cabe à parte indicar especificamente o motivo pelo qual o acórdão,

da CLT, inviabilizando o seguimento do apelo, nesse aspecto. ao adotar determinada fundamentação, incidiu em afronta a cada

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 41
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

um dos preceitos ditos violados, sendo inviável a alegação genérica adotada no acórdão recorrido e cada preceito constitucional dito

de violações em bloco. violado, deixando de atender ao exigido pelo artigo 896, §1º-A, III,

Quanto à necessidade do confronto analítico, vale mencionar os da CLT, inviabilizando o seguimento do apelo, nesse aspecto.

seguintes julgados do TST: E-ED-RR - 552-07.2013.5.06.0231, Com efeito, segundo a sistemática imposta pela Lei 13.015/2014,

Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra Belmonte, SBDI-I, DEJT cabe à parte indicar especificamente o motivo pelo qual o acórdão,

17/06/2016; AIRR - 1124-32.2015.5.11.0011, Relator Ministro: ao adotar determinada fundamentação, incidiu em afronta a cada

Walmir Oliveira da Costa, 1ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR - um dos preceitos ditos violados, sendo inviável a alegação genérica

10077-02.2014.5.15.0110 , Relatora Ministra: Delaíde Miranda de violações em bloco.

Arantes, 2ª Turma, DEJT 03/07/2017; AIRR - 220- Quanto à necessidade do confronto analítico, vale mencionar os

86.2015.5.11.0051 , Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra seguintes julgados do TST: E-ED-RR - 552-07.2013.5.06.0231,

Belmonte, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 03/07/2017; AIRR - Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra Belmonte, SBDI-I, DEJT

20027-78.2013.5.04.0012 , Relatora Desembargadora Convocada: 17/06/2016; AIRR - 1124-32.2015.5.11.0011, Relator Ministro:

Cilene Ferreira Amaro Santos, 4ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR - Walmir Oliveira da Costa, 1ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR -

909-49.2015.5.08.0008, Relator Ministro: Guilherme Augusto 10077-02.2014.5.15.0110 , Relatora Ministra: Delaíde Miranda

Caputo Bastos, 5ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR - 47700- Arantes, 2ª Turma, DEJT 03/07/2017; AIRR - 220-

21.2005.5.01.0041 , Relator Ministro: Aloysio Corrêa da Veiga, Data 86.2015.5.11.0051 , Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra

de Julgamento: 30/03/2016, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT Belmonte, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 03/07/2017; AIRR -

01/04/2016; AIRR - 10565-26.2013.5.03.0077 , Relator Ministro: 20027-78.2013.5.04.0012 , Relatora Desembargadora Convocada:

Cláudio Mascarenhas Brandão, Data de Julgamento: 09/03/2016, 7ª Cilene Ferreira Amaro Santos, 4ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR -

Turma, Data de Publicação: DEJT 18/03/2016; AIRR - 1452- 909-49.2015.5.08.0008, Relator Ministro: Guilherme Augusto

29.2015.5.14.0091 , Relatora Ministra: Dora Maria da Costa, Data Caputo Bastos, 5ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR - 47700-

de Julgamento: 10/05/2017, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT 21.2005.5.01.0041 , Relator Ministro: Aloysio Corrêa da Veiga, Data

12/05/2017. de Julgamento: 30/03/2016, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT

01/04/2016; AIRR - 10565-26.2013.5.03.0077 , Relator Ministro:

DIREITO PROCESSUAL PENAL / Ação Penal / Nulidade / Cláudio Mascarenhas Brandão, Data de Julgamento: 09/03/2016, 7ª

Cerceamento de Defesa. Turma, Data de Publicação: DEJT 18/03/2016; AIRR - 1452-

Alegação(ões): 29.2015.5.14.0091 , Relatora Ministra: Dora Maria da Costa, Data

- violação do(s) inciso II do artigo 5º; inciso LIV do artigo 5º; inciso de Julgamento: 10/05/2017, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT

LV do artigo 5º da Constituição. 12/05/2017.

- violação da (o) inciso I do artigo 566 do Código de Processo Civil

de 2015; artigo 580 do Código de Processo Civil de 2015; §2º do Responsabilidade Solidária / Subsidiária / Sucessão de

artigo 2º da Consolidação das Leis do Trabalho; artigo 10 da Empregadores.

Consolidação das Leis do Trabalho; artigo 448 da Consolidação das Alegação(ões):

Leis do Trabalho; artigo 769 da Consolidação das Leis do Trabalho; - violação da (o) artigo 18 da Lei nº 8883/1994; artigo 10 da

§1º do artigo 229 da Lei nº 6404/1976; parágrafo único do artigo 233 Consolidação das Leis do Trabalho; artigo 448 da Consolidação das

da Lei nº 6404/1976. Leis do Trabalho; artigo 229 da Lei nº 6404/1976.

- divergência jurisprudencial. A recorrente insurge-se contra o v. acórdão, no tocante à

A recorrente insurge-se contra o v. acórdão, no tocante ao determinação de que a reclamada integre o polo passivo da relação

entendimento no sentido de que a participação de empresa jurídica processual executiva, ao fundamento de que a Proforte S/A

sucessora no processo de conhecimento e sua inserção no título Transporte de Valores é sucessora da SEG- Serviços Especiais de

judicial não são condições indispensáveis para a responsabilização Segurança e Transporte de Valores S/A.

da empresa sucedida pelos débitos trabalhista. Ante a restrição do artigo 896, § 2º, da CLT, descabe análise de

Ante a restrição do artigo 896, § 2º, da CLT, descabe análise de violação à legislação infraconstitucional.

violação à legislação infraconstitucional e divergência

jurisprudencial. Responsabilidade Solidária / Subsidiária.

Ademais, a parte não realizou o confronto analítico entre a tese Alegação(ões):

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 42
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

- violação do(s) inciso II do artigo 5º da Constituição. único do artigo 233 da Lei nº 6404/1976.

- violação da (o) artigo 896-C do Código Civil; parágrafo único do A recorrente sustenta que a operação de cisão parcial foi ato

artigo 8º da Consolidação das Leis do Trabalho; artigo 233 da Lei nº jurídico perfeito e acabado.

6404/1976. Ante a restrição do artigo 896, § 2º, da CLT, descabe análise de

A recorrente insurge-se contra o v. acórdão, no tocante à violação à legislação infraconstitucional, contrariedade a Súmulas e

responsabilização solidária decorrente do reconhecimento da divergência jurisprudencial.

sucessão de empregadores. A parte não realizou o confronto analítico entre a tese adotada no

Ante a restrição do artigo 896, § 2º, da CLT, descabe análise de acórdão recorrido e cada preceito constitucional dito violado,

violação à legislação infraconstitucional, contrariedade a Súmulas e deixando de atender ao exigido pelo artigo 896, §1º-A, III, da CLT,

divergência jurisprudencial. inviabilizando o seguimento do apelo, nesse aspecto.

A parte não realizou o confronto analítico entre a tese adotada no Com efeito, segundo a sistemática imposta pela Lei 13.015/2014,

acórdão recorrido e o preceito constitucional dito violado, deixando cabe à parte indicar especificamente o motivo pelo qual o acórdão,

de atender ao exigido pelo artigo 896, §1º-A, III, da CLT, ao adotar determinada fundamentação, incidiu em afronta a cada

inviabilizando o seguimento do apelo, nesse aspecto. um dos preceitos ditos violados, sendo inviável a alegação genérica

Com efeito, segundo a sistemática imposta pela Lei 13.015/2014, de violações em bloco.

cabe à parte indicar especificamente o motivo pelo qual o acórdão, Quanto à necessidade do confronto analítico, vale mencionar os

ao adotar determinada fundamentação, incidiu em afronta a cada seguintes julgados do TST: E-ED-RR - 552-07.2013.5.06.0231,

um dos preceitos ditos violados, sendo inviável a alegação genérica Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra Belmonte, SBDI-I, DEJT

de violações em bloco. 17/06/2016; AIRR - 1124-32.2015.5.11.0011, Relator Ministro:

Quanto à necessidade do confronto analítico, vale mencionar os Walmir Oliveira da Costa, 1ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR -

seguintes julgados do TST: E-ED-RR - 552-07.2013.5.06.0231, 10077-02.2014.5.15.0110 , Relatora Ministra: Delaíde Miranda

Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra Belmonte, SBDI-I, DEJT Arantes, 2ª Turma, DEJT 03/07/2017; AIRR - 220-

17/06/2016; AIRR - 1124-32.2015.5.11.0011, Relator Ministro: 86.2015.5.11.0051 , Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra

Walmir Oliveira da Costa, 1ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR - Belmonte, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 03/07/2017; AIRR -

10077-02.2014.5.15.0110 , Relatora Ministra: Delaíde Miranda 20027-78.2013.5.04.0012 , Relatora Desembargadora Convocada:

Arantes, 2ª Turma, DEJT 03/07/2017; AIRR - 220- Cilene Ferreira Amaro Santos, 4ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR -

86.2015.5.11.0051 , Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra 909-49.2015.5.08.0008, Relator Ministro: Guilherme Augusto

Belmonte, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 03/07/2017; AIRR - Caputo Bastos, 5ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR - 47700-

20027-78.2013.5.04.0012 , Relatora Desembargadora Convocada: 21.2005.5.01.0041 , Relator Ministro: Aloysio Corrêa da Veiga, Data

Cilene Ferreira Amaro Santos, 4ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR - de Julgamento: 30/03/2016, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT

909-49.2015.5.08.0008, Relator Ministro: Guilherme Augusto 01/04/2016; AIRR - 10565-26.2013.5.03.0077 , Relator Ministro:

Caputo Bastos, 5ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR - 47700- Cláudio Mascarenhas Brandão, Data de Julgamento: 09/03/2016, 7ª

21.2005.5.01.0041 , Relator Ministro: Aloysio Corrêa da Veiga, Data Turma, Data de Publicação: DEJT 18/03/2016; AIRR - 1452-

de Julgamento: 30/03/2016, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT 29.2015.5.14.0091 , Relatora Ministra: Dora Maria da Costa, Data

01/04/2016; AIRR - 10565-26.2013.5.03.0077 , Relator Ministro: de Julgamento: 10/05/2017, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT

Cláudio Mascarenhas Brandão, Data de Julgamento: 09/03/2016, 7ª 12/05/2017.

Turma, Data de Publicação: DEJT 18/03/2016; AIRR - 1452-

29.2015.5.14.0091 , Relatora Ministra: Dora Maria da Costa, Data DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Liquidação /

de Julgamento: 10/05/2017, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT Cumprimento / Execução / Preclusão / Coisa Julgada.

12/05/2017. Alegação(ões):

- contrariedade à(ao) : Súmula nº 304 do Tribunal Superior do

DIREITO CIVIL / Fatos Jurídicos / Ato / Negócio Jurídico. Trabalho.

Alegação(ões): - violação da (o) artigo 264 do Código Civil.

- violação do(s) inciso XXXVI do artigo 5º; inciso XXXVI do artigo 35 - divergência jurisprudencial.

da Constituição. - artigo 26 da Lei Falimentar (Decreto-Lei 7661/45) ;

- violação da (o) §1º do artigo 229 da Lei nº 6404/1976; parágrafo A recorrente requer a abertura de prazo para proceder à

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 43
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

impugnação dos valores dela cobrados, já que não teria ficado 077752c, Id 28ccb25, Id ff6209b).

ciente da condenação que está sendo executada. Cuida-se de embargos de declaração opostos em face da decisão

Ante a restrição do artigo 896, § 2º, da CLT, descabe análise de de Id a681092, em que que foi denegado seguimento ao recurso de

violação à legislação infraconstitucional, contrariedade a Súmulas e revista interposto pela reclamada, parte embargante. Sustenta ter

divergência jurisprudencial. havido omissão no que tange ao tópico das horas extras, quanto à

CONCLUSÃO alegação de contrariedade à OJ 415 da SDI-I do TST.

DENEGO seguimento ao recurso de revista. Contudo, ante o disposto no artigo 1º, §1º, da IN 40/TST, depreende

Publique-se. -se que o cabimento dos embargos declaratórios em face de

ANA PAULA TAUCEDA BRANCO decisões de admissibilidade de recurso de revista restringe-se,

Desembargadora-Presidente quanto à alegação de omissão, à hipótese em que esse vício ocorre

/gr-03 no que tange à análise de um ou mais temas objeto do recurso

Assinatura examinado, o que não se coaduna com as alegações da parte

VITORIA, 27 de Novembro de 2019 embargante.

E ainda que assim não fosse, verifica-se, na decisão embargada, o

ANA PAULA TAUCEDA BRANCO registro de que a análise da alegada contrariedade à OJ 415 da SDI

Desembargador Federal do Trabalho -I do TST não foi enfrentada por falta de confronto analítico.
Decisão Inviáveis, portanto, os embargos declaratórios.
Processo Nº ROT-0000938-33.2018.5.17.0012
Relator JOSE CARLOS RIZK Intimem-se.
RECORRENTE JULIANO BARROS DE SOUZA ANA PAULA TAUCEDA BRANCO
ADVOGADO PEDRO RODRIGUES FRAGA(OAB:
19323/ES) Desembargadora-Presidente
ADVOGADO FELIPE GONCALVES /gr-04
CIPRIANO(OAB: 21519/ES)
RECORRIDO SANTA ZITA TRANSPORTES
COLETIVOS LTDA
Assinatura
ADVOGADO MARCO TULIO RIBEIRO
FIALHO(OAB: 14586/ES) VITORIA, 27 de Novembro de 2019

Intimado(s)/Citado(s):
ANA PAULA TAUCEDA BRANCO
- JULIANO BARROS DE SOUZA
- SANTA ZITA TRANSPORTES COLETIVOS LTDA Desembargador Federal do Trabalho
Decisão
Processo Nº ROT-0001670-46.2016.5.17.0121
Relator MARCELLO MACIEL MANCILHA
RECORRENTE TECNOPLANTA SERVICOS
PODER JUDICIÁRIO AGROFLORESTAIS LTDA
JUSTIÇA DO TRABALHO ADVOGADO JULIO FERNANDO WEBBER(OAB:
36784/RS)
ADVOGADO MAURICIO CARLOS LAPOLLI(OAB:
Fundamentação 65694/RS)
RECORRENTE FABIANA FERREIRA DE ARAUJO
ADVOGADO CLAUSNER SILVA DOS
EMBARGOS DECLARATÓRIOS SANTOS(OAB: 14839/ES)
Embargante(s): RECORRIDO TECNOPLANTA SERVICOS
AGROFLORESTAIS LTDA
SANTA ZITA TRANSPORTES COLETIVOS LTDA ADVOGADO JULIO FERNANDO WEBBER(OAB:
36784/RS)
Advogado(a)(s):
ADVOGADO MAURICIO CARLOS LAPOLLI(OAB:
MARCO TULIO RIBEIRO FIALHO (ES - 14586) 65694/RS)
RECORRIDO FABIANA FERREIRA DE ARAUJO
Embargado(a)(s):
ADVOGADO CLAUSNER SILVA DOS
JULIANO BARROS DE SOUZA SANTOS(OAB: 14839/ES)
PERITO LAURO AUGUSTO RODRIGUES
Advogado(a)(s): CHUNQUER
FELIPE GONCALVES CIPRIANO (ES - 21519)
Intimado(s)/Citado(s):
PEDRO RODRIGUES FRAGA (ES - 19323)
- FABIANA FERREIRA DE ARAUJO
Os embargos declaratórios são tempestivos (Id a3f4cd6 e Id - TECNOPLANTA SERVICOS AGROFLORESTAIS LTDA
ccaaee8), e regular se encontra a representação processual (Id

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Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

negado o direito pelo INSS.

Em vista do princípio da dignidade da pessoa humana, do valor


PODER JUDICIÁRIO
social do trabalho e da função social da empresa, não pode a
JUSTIÇA DO TRABALHO
empregadora considerar o empregado inapto e deixá-lo

Fundamentação completamente desamparado enquanto ele tenta uma solução

RECURSO DE REVISTA perante o INSS.

Lei 13.015/2014 Ao assim proceder, a reclamada praticou ato ilícito, sendo

Lei 13.467/2017 facilmente presumível a ocorrência de dano à esfera moral do autor,

Recorrente(s): TECNOPLANTA SERVICOS AGROFLORESTAIS já que o salário constitui a fonte de subsistência do empregado.

LTDA (...)."

Advogado(a)(s): MAURICIO CARLOS LAPOLLI (RS - 65694) Este Regional não adotou tese explícita acerca dos fundamentos

JULIO FERNANDO WEBBER (RS - 36784) concernentes à discussão do ônus da prova, tornando impossível

Recorrido(a)(s): FABIANA FERREIRA DE ARAUJO aferir suposta violação aos artigos 818, caput e incido I, da CLT e

Advogado(a)(s): CLAUSNER SILVA DOS SANTOS (ES - 14839) 373, caput e inciso I, do CPC.

CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES CONCLUSÃO

O presente recurso foi apresentado na vigência da Lei 13.467/2017. DENEGO seguimento ao recurso de revista.

Vale registrar que, nos termos do art. 896-A, §1º e incisos da CLT, Publique-se.

incumbe ao Tribunal Superior do Trabalho o exame da ANA PAULA TAUCEDA BRANCO

transcendência do recurso de revista. Desembargadora-Presidente

PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS /gr-11

Tempestivo o recurso (ciência da decisão em 04/10/2019 - fl(s)./Id Assinatura

08BA065; petição recursal apresentada em 16/10/2019 - fl(s)./Id VITORIA, 27 de Novembro de 2019

35983e0).

Regular a representação processual - fl(s.)/Id b27802f. ANA PAULA TAUCEDA BRANCO

Satisfeito o preparo - fl(s)./Id a3f5818, c85a624 e a8d9aaf, 922615d Desembargador Federal do Trabalho

e a8d9aaf e 1c56da7. Decisão


Processo Nº AP-0000227-94.2014.5.17.0003
PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS Relator JAILSON PEREIRA DA SILVA
Responsabilidade Civil do Empregador / Indenização por Dano AGRAVANTE BRUNO DELLACQUA COUTINHO
ADVOGADO EDUARDO NEVES GOMES(OAB:
Moral. 10064/ES)
Alegação(ões): AGRAVADO AMBEV S.A.
ADVOGADO HENRIQUE CLAUDIO MAUES(OAB:
- violação do inciso I do artigo 818 da Consolidação das Leis do 35707/RJ)
Trabalho; artigo 373-C do Código de Processo Civil de 2015; inciso I ADVOGADO MARCUS VINICIUS CORDEIRO(OAB:
58042/RJ)
do artigo 373 do Código de Processo Civil de 2015. ADVOGADO JOSE MARCIO DA SILVA(OAB:
73916/RJ)
A recorrente insurge-se contra a condenação ao pagamento da
ADVOGADO RODRIGO MAIA RIBEIRO ESTRELLA
compensação por dano moral. ROLDAN(OAB: 103789/RJ)
ADVOGADO FERNANDO GRAUNA DE
No intuito de demonstrar o prequestionamento da matéria em MELO(OAB: 102631/RJ)
epígrafe, a parte recorrente transcreveu o seguinte trecho do v. ADVOGADO JOCIANE BRISTT DA PENHA(OAB:
20350/ES)
acórdão: ADVOGADO CAIO VINICIUS KUSTER
CUNHA(OAB: 11259/ES)
"(...)
TERCEIRO VIVALDO BENEVIDES
No presente caso, conforme já visto em tópico anterior, o INTERESSADO
TERCEIRO Diego Timóteo Santos
reclamante, desde a alta previdenciária, ficou sem receber salários, INTERESSADO
pois ao se submeter ao exame de saúde ocupacional, para retorno TERCEIRO Alex Sandro Sarmento Rodrigues
INTERESSADO
ao labor, foi considerado inapto pelo médico da empresa. TERCEIRO Diego Patricio Dantas
INTERESSADO
O autor, então, caiu no chamado 'limbo previdenciário', ficando sem

receber os salários, porque não lhe foi permitido o retorno ao Intimado(s)/Citado(s):


trabalho e, ao mesmo tempo, sem receber o benefício, porque - AMBEV S.A.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 45
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

- BRUNO DELLACQUA COUTINHO


foram analisadas pelo Eg. Regional, de forma motivada, razão por

que não se vislumbra, em tese, a apontada afronta ao artigo 93, IX,

da CF/88.
PODER JUDICIÁRIO Ademais, ante a restrição do artigo 896, § 2º, da CLT, descabe
JUSTIÇA DO TRABALHO análise de violação à legislação infraconstitucional.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Liquidação /


Fundamentação
Cumprimento / Execução / Valor da Execução / Cálculo /

Atualização / Correção Monetária.


RECURSO DE REVISTA
Alegação(ões):
Lei 13.015/2014
- contrariedade à (ao): Orientação Jurisprudencial nº 300 da SBDI-
Lei 13.467/2017
I/TST.
Recorrente(s): AMBEV S.A.
- violação do(s) artigo 2º; inciso II do artigo 5º; inciso XXXVI do
Advogado(a)(s): CAIO VINICIUS KUSTER CUNHA (ES - 11259)
artigo 5º; inciso LIV do artigo 5º; inciso LV do artigo 5º; artigo 97 da
JOCIANE BRISTT DA PENHA (ES - 20350)
Constituição Federal.
HENRIQUE CLAUDIO MAUES (RJ - 35707)
- violação da (o) §7º do artigo 879 da Consolidação das Leis do
RODRIGO MAIA RIBEIRO ESTRELLA ROLDAN (RJ - 103789)
Trabalho; artigo 39 da Lei nº 8177/1991; da Lei nº 13467/2017.
FERNANDO GRAUNA DE MELO (RJ - 102631)
A recorrente insurge-se contra o v. acórdão, no tocante à
MARCUS VINICIUS CORDEIRO (RJ - 58042)
determinação da aplicação do IPCA-E a partir de 26/03/2015 como
JOSE MARCIO DA SILVA (RJ - 73916)
índice de correção monetária.
Recorrido(a)(s): BRUNO DELLACQUA COUTINHO
Ante a restrição do artigo 896, § 2º, da CLT, descabe análise de
Advogado(a)(s): EDUARDO NEVES GOMES (ES - 10064)
violação à legislação infraconstitucional, contrariedade a Orientação
CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
jurisprudencial e divergência jurisprudencial.
O presente recurso foi apresentado na vigência da Lei 13.467/2017.
Ademais, tendo a C. Turma manifestado entendimento no sentido
Vale registrar que, nos termos do art. 896-A, §1º e incisos da CLT,
de que voltou a prevalecer a decisão do Tribunal Pleno do TST que
incumbe ao Tribunal Superior do Trabalho o exame da
declarou, incidentalmente, a inconstitucionalidade da aplicação da
transcendência do recurso de revista.
TRD, a partir de 25 de março de 2015, e determinou sua
PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS
substituição pelo IPCA-E no Sistema Único de Cálculos da Justiça
Tempestivo o recurso (ciência da decisão em 01/10/2019 - fl(s)./Id
do Trabalho, não se verifica, em tese, a alegada violação, como
9C7C6B4 ; petição recursal apresentada em 09/10/2019 - fl(s)./Id
requer o artigo 896, § 2.º, da CLT.
3f42a58).
CONCLUSÃO
Regular a representação processual - fl(s.)/Id 8f9a1ef.
DENEGO seguimento ao recurso de revista.
O juízo está garantido - fl/Id. e7f52e2, c8b02aa, ec78f39, 39d1ac4 ,
Publique-se.
9e129e, 299a64f , 2ce8a10, 6019be5 .
ANA PAULA TAUCEDA BRANCO
PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS
Desembargadora-Presidente
DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Atos
/gr-03
Processuais / Nulidade / Negativa de Prestação Jurisdicional.
Assinatura
Alegação(ões):
VITORIA, 27 de Novembro de 2019
- violação do(s) inciso IX do artigo 93 da Constituição Federal.

- violação da (o) artigo 832 da Consolidação das Leis do Trabalho;


ANA PAULA TAUCEDA BRANCO
inciso IV do §1º do artigo 489 do Código de Processo Civil de 2015;
Desembargador Federal do Trabalho
artigo 371 do Código de Processo Civil de 2015; §7º do artigo 879
Decisão
da Consolidação das Leis do Trabalho. Processo Nº ROT-0001688-07.2014.5.17.0002
Relator SONIA DAS DORES DIONISIO
Sustenta que o v. acórdão incorreu em negativa de prestação MENDES
jurisdicional, sob a alegação de omissão quanto às matérias RECORRENTE ADEMILSON GONCALO
ADVOGADO GUSTAVO ANGELI STORCH(OAB:
suscitadas em seus embargos declaratórios. 15665/ES)
Inviável o recurso, contudo, porquanto se verifica que as questões ADVOGADO GILSON DE ALMEIDA ROCHA
JUNIOR(OAB: 20248/ES)
oportunamente suscitadas e essenciais à resolução da controvérsia

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 46
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

ADVOGADO ROSEMARY MACHADO DE


PAULA(OAB: 294-B/ES) Emprego.
ADVOGADO GUSTAVO FERREIRA DE Alegação(ões):
PAULA(OAB: 15642/ES)
RECORRIDO IGREJA EVANGELICA BATISTA DE - violação da (o) artigo 3º da Consolidação das Leis do Trabalho;
VITORIA
inciso II do artigo 373 do Código de Processo Civil de 2015.
ADVOGADO AQUILES DE AZEVEDO(OAB:
14834/ES) O recorrente se insurge contra o v. acórdão, em que foi mantida a
TERCEIRO VALDECI SODRÉ
INTERESSADO sentença que julgou improcedente o pedido de reconhecimento do
TERCEIRO JOSÉ MARIA CORDEIRO DE vínculo empregatício.
INTERESSADO QUADROS
TERCEIRO LUIZ CARLOS QUEIROZ DE JESUS Tendo a C. Turma manifestado entendimento no sentido de que o
INTERESSADO
conjunto probatório não comprova os elementos necessários à
Intimado(s)/Citado(s): caracterização da relação de emprego (artigos 2º e 3º, da CLT),
- ADEMILSON GONCALO pois ausentes a subordinação e a não eventualidade, restando
- IGREJA EVANGELICA BATISTA DE VITORIA
demonstrado, por outro lado, o caráter autônomo do serviço

prestado, não se verifica, em tese, a alegada violação, conforme

exige a alínea "c" do artigo 896 Consolidado.


PODER JUDICIÁRIO Ademais, perquirir, como pretende o recorrente, sobre os
JUSTIÇA DO TRABALHO depoimentos prestados, é questão que exige o revolvimento do

contexto fático-probatório dos autos, o que encontra óbice no que


Fundamentação
dispõe a Súmula 126/TST.

CONCLUSÃO

DENEGO seguimento ao recurso de revista.

Publique-se.

ANA PAULA TAUCEDA BRANCO


RECURSO DE REVISTA
Desembargadora-Presidente
Lei 13.015/2014
/gr-14
Lei 13.467/2017

Recorrente(s): ADEMILSON GONCALO

Advogado(a)(s): GUSTAVO FERREIRA DE PAULA (ES - 15642)

ROSEMARY MACHADO DE PAULA (ES - 294)

GILSON DE ALMEIDA ROCHA JUNIOR (ES - 20248)


Assinatura
GUSTAVO ANGELI STORCH (ES - 15665)
VITORIA, 27 de Novembro de 2019
Recorrido(a)(s): IGREJA EVANGELICA BATISTA DE VITORIA

Advogado(a)(s): AQUILES DE AZEVEDO (ES - 14834)


ANA PAULA TAUCEDA BRANCO
CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
Desembargador Federal do Trabalho
O presente recurso foi apresentado na vigência da Lei 13.467/2017.
Decisão
Vale registrar que, nos termos do art. 896-A, §1º e incisos da CLT, Processo Nº ROT-0000139-40.2015.5.17.0191
incumbe ao Tribunal Superior do Trabalho o exame da Relator MARCELLO MACIEL MANCILHA
RECORRENTE SOTEP SOCIEDADE TECNICA DE
transcendência do recurso de revista. PERFURACAO S A
PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS ADVOGADO SILVIO DE MACEDO(OAB: 75156/SP)
ADVOGADO MARCELO GALVAO DE
Tempestivo o recurso (ciência da decisão em 29/08/2019 - fl(s)./Id MOURA(OAB: 155740/SP)
D3C3549 ; petição recursal apresentada em 09/09/2019 - fl(s)./Id ADVOGADO JOAO MARCOS CAVICHIOLI
FEITEIRO(OAB: 307654/SP)
ce203f8). RECORRENTE LUPATECH - PERFURACAO E
COMPLETACAO LTDA
Regular a representação processual - fl(s.)/Id 6481261.
ADVOGADO SILVIO DE MACEDO(OAB: 75156/SP)
A parte recorrente está isenta de preparo, tendo em vista a ADVOGADO MARCELO GALVAO DE
MOURA(OAB: 155740/SP)
concessão da assistência judiciária gratuita (Id e96b7bb, 5771edc,
ADVOGADO JOAO MARCOS CAVICHIOLI
a8be72a). FEITEIRO(OAB: 307654/SP)
RECORRENTE PREST PERFURACOES LTDA
PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS
ADVOGADO SILVIO DE MACEDO(OAB: 75156/SP)
Contrato Individual de Trabalho / Reconhecimento de Relação de

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 47
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

ADVOGADO MARCELO GALVAO DE


MOURA(OAB: 155740/SP) 307654)
ADVOGADO JOAO MARCOS CAVICHIOLI 1. MARCELO GALVAO DE MOURA (SP - 155740)
FEITEIRO(OAB: 307654/SP)
RECORRENTE JOAQUIM DE JESUS PAIVA 1. SILVIO DE MACEDO (SP - 75156)
ADVOGADO ANDRE LUIZ PACHECO 2. JOAO MARCOS CAVICHIOLI FEITEIRO (SP - 307654)
CARREIRA(OAB: 3679/ES)
ADVOGADO RODRIGO BARBOSA 2. MARCELO GALVAO DE MOURA (SP - 155740)
RODRIGUES(OAB: 13556/ES)
2. SILVIO DE MACEDO (SP - 75156)
ADVOGADO MATHEUS PERTENCE COUTO(OAB:
20178/ES) 3. JOAO MARCOS CAVICHIOLI FEITEIRO (SP - 307654)
RECORRIDO JOAQUIM DE JESUS PAIVA
3. MARCELO GALVAO DE MOURA (SP - 155740)
ADVOGADO ANDRE LUIZ PACHECO
CARREIRA(OAB: 3679/ES) 3. SILVIO DE MACEDO (SP - 75156)
RECORRIDO SOTEP SOCIEDADE TECNICA DE
PERFURACAO S A CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
ADVOGADO JOAO MARCOS CAVICHIOLI O presente recurso foi apresentado na vigência da Lei 13.467/2017.
FEITEIRO(OAB: 307654/SP)
ADVOGADO MARCELO GALVAO DE Vale registrar que, nos termos do art. 896-A, §1º e incisos da CLT,
MOURA(OAB: 155740/SP)
incumbe ao Tribunal Superior do Trabalho o exame da
ADVOGADO SILVIO DE MACEDO(OAB: 75156/SP)
RECORRIDO LUPATECH - PERFURACAO E transcendência do recurso de revista.
COMPLETACAO LTDA
PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS
ADVOGADO JOAO MARCOS CAVICHIOLI
FEITEIRO(OAB: 307654/SP) Tempestivo o recurso (ciência da decisão em 04/10/2019 - Id
ADVOGADO MARCELO GALVAO DE
MOURA(OAB: 155740/SP) 7D292CE; petição recursal apresentada em 16/10/2019 - Id
ADVOGADO SILVIO DE MACEDO(OAB: 75156/SP) ed99464).
RECORRIDO PREST PERFURACOES LTDA
Regular a representação processual - Id 85af8ae, f37d30f.
ADVOGADO JOAO MARCOS CAVICHIOLI
FEITEIRO(OAB: 307654/SP) Inexigível o recolhimento de custas, uma vez que a parte recorrente
ADVOGADO MARCELO GALVAO DE
MOURA(OAB: 155740/SP) não foi condenada a efetuar o preparo - Ids ab0b02a e 47d1a06.
ADVOGADO SILVIO DE MACEDO(OAB: 75156/SP) PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS
TERCEIRO ALOIZIO COSME
INTERESSADO Responsabilidade Civil do Empregador
TERCEIRO ORLANDO GOMES BERNARDO Alegação(ões):
INTERESSADO
PERITO MARCOS ANTONIO RUY BUARQUE - violação do inciso I do artigo 20 da Lei nº 8213/1991; inciso II do

artigo 20 da Lei nº 8213/1991; artigo 118 da Lei nº 8213/1991.


Intimado(s)/Citado(s):
- divergência jurisprudencial.
- JOAQUIM DE JESUS PAIVA
- LUPATECH - PERFURACAO E COMPLETACAO LTDA O recorrente insurge-se contra o não reconhecimento da natureza
- PREST PERFURACOES LTDA ocupacional da moléstia a qual padece.
- SOTEP SOCIEDADE TECNICA DE PERFURACAO S A
No intuito de demonstrar o prequestionamento da matéria em

epígrafe, a parte recorrente transcreveu o seguinte trecho do v.

acórdão:
PODER JUDICIÁRIO "(...)
JUSTIÇA DO TRABALHO o reclamante reitera os termos da inicial quanto ao trabalho em

péssimas condições e em jornada exaustiva. Afirma que a


Fundamentação
testemunha ouvida comprovou que o reclamante carregava e
RECURSO DE REVISTA
descarregava material pesado e que a jornada de trabalho era
Lei 13.015/2014
constantemente estendida, o que, certamente, contribuiu para a sua
Lei 13.467/2017
doença. Salienta que as reclamadas não garantiam condições
Recorrente(s): 1. JOAQUIM DE JESUS PAIVA
dignas de trabalho, sendo os empregados obrigados a dormirem e
Advogado(a)(s): 1. MATHEUS PERTENCE COUTO (ES - 20178)
descansarem dentro dos veículos ou no chão, onde também faziam
1. RODRIGO BARBOSA RODRIGUES (ES - 13556)
suas refeições. Por fim, diz que o reclamante foi admitido sem
1. ANDRE LUIZ PACHECO CARREIRA (ES - 3679)
problemas de saúde e que impugnou as conclusões periciais,
Recorrido(a)(s): 1. PREST PERFURACOES LTDA
porquanto não considerou a realidade dos autos, estando
2. SOTEP SOCIEDADE TECNICA DE PERFURACAO S A
dissociada das conclusões dos médicos peritos da INSS.
3. LUPATECH - PERFURACAO E COMPLETACAO LTDA
(...)
Advogado(a)(s): 1. JOAO MARCOS CAVICHIOLI FEITEIRO (SP -

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 48
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Tal vedação à dispensa, vale registrar, não se confunde com a Belmonte, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 03/07/2017; AIRR -

estabilidade acidentária prevista no art. 118 da Lei n.º 8.213/91, 20027-78.2013.5.04.0012 , Relatora Desembargadora Convocada:

visto que, apenas nesta última, será necessário perquirir eventual Cilene Ferreira Amaro Santos, 4ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR -

nexo da doença com as atividades desenvolvidas pelo empregado. 909-49.2015.5.08.0008, Relator Ministro: Guilherme Augusto

Assim, terá direito à reintegração ao emprego o obreiro que Caputo Bastos, 5ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR - 47700-

comprovar que, no momento da sua demissão, encontrava-se 21.2005.5.01.0041 , Relator Ministro: Aloysio Corrêa da Veiga, Data

acometido de doença incapacitante (doença com ou sem origem de Julgamento: 30/03/2016, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT

ocupacional) ou que foi dispensado no curso de período de 01/04/2016; AIRR - 10565-26.2013.5.03.0077 , Relator Ministro:

estabilidade (doença ocupacional), por força do disposto nos artigos Cláudio Mascarenhas Brandão, Data de Julgamento: 09/03/2016, 7ª

818 da CLT e 373, I, do CPC/15. Turma, Data de Publicação: DEJT 18/03/2016; AIRR - 1452-

Na hipótese dos autos, não se discute que o reclamante estava 29.2015.5.14.0091 , Relatora Ministra: Dora Maria da Costa, Data

incapacitado no momento da dispensa, isso porque foi reconhecida de Julgamento: 10/05/2017, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT

a nulidade da dispensa por tal motivo, determinando-se a 12/05/2017.

suspensão do contrato de trabalho até que termine o benefício

previdenciário do reclamante, sem que houvesse recurso das rés a Duração do Trabalho / Intervalo Intrajornada

esse respeito. Alegação(ões):

(...)." - contrariedade ao: item II da Súmula nº 137 do Tribunal Superior do

A parte não realizou o confronto analítico entre a tese adotada no Trabalho.

acórdão recorrido e cada preceito legal dito violado, deixando de - violação do inciso XXVI do artigo 7º da Constituição.

atender ao exigido pelo artigo 896, §1º-A, III, da CLT, inviabilizando - divergência jurisprudencial.

o seguimento do apelo, nesse aspecto. O recorrente pede a condenação das reclamadas ao pagamento

Com efeito, segundo a sistemática imposta pela Lei 13.015/2014, das horas extras decorrentes da inobservância do intervalo

cabe à parte indicar especificamente o motivo pelo qual o acórdão, intrajornada.

ao adotar determinada fundamentação, incidiu em afronta a cada No intuito de demonstrar o prequestionamento da matéria em

um dos preceitos ditos violados, sendo inviável a alegação genérica epígrafe, a parte recorrente transcreveu o seguinte trecho do v.

de violações em bloco. acórdão:

Ademais, a parte não realizou o confronto analítico entre a tese "(...)

adotada no acórdão recorrido e a ementa transcrita em suas razões Na hipótese, em que pese o reclamante afirme que o depoimento

recursais, deixando de atender ao exigido pelo artigo 896, §8º, da testemunhal comprova a ausência do gozo do intervalo intrajornada

CLT, impedindo o seguimento do apelo, nesse aspecto. de uma hora, observo que a testemunha descreve a própria

Com efeito, segundo a sistemática imposta pela Lei 13.015/2014, jornada, com características bem peculiares, não havendo qualquer

cabe à parte demonstrar especificamente onde se situa a alegada afirmação de que o reclamante em específico não gozasse do

divergência de teses entre o acórdão recorrido e os arestos intervalo intrajornada. Ademais, pelo teor do depoimento sequer é

apresentados, no exame de casos concretos idênticos ou possível concluir que a testemunha estivesse presente no momento

semelhantes, ônus do qual não se desincumbiu a parte recorrente. da realização das refeições pelo reclamante. Nesse sentido,

Vale ressaltar que não atende a essa finalidade a mera transcrição vejamos o teor do depoimento colhido quanto ao intervalo

de arestos em bloco ou a simples apresentação de tabela contendo intrajornada:

o trecho do acórdão recorrido e o julgado trazido a confronto. (...) que depoente e reclamante faziam transporte de implementos

Quanto à necessidade do confronto analítico, vale mencionar os da sonda de perfuração e, por essa razão, acompanhava o percurso

seguintes julgados do TST: E-ED-RR - 552-07.2013.5.06.0231, da sonda, seja em São Mateus, Linhares e sul da Bahia; (...) que

Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra Belmonte, SBDI-I, DEJT quando se encontrava na operação utilizava de 10 a 15 minutos

17/06/2016; AIRR - 1124-32.2015.5.11.0011, Relator Ministro: para as refeições; que durante as operações, denominadas DTM,

Walmir Oliveira da Costa, 1ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR - acompanhava as sondas e por isso não tinha condições de utilizar

10077-02.2014.5.15.0110 , Relatora Ministra: Delaíde Miranda do intervalo mínimo de 01hs; que esse fato ocorria no curso de

Arantes, 2ª Turma, DEJT 03/07/2017; AIRR - 220- todos os 7 dias trabalhados, sendo certo que em raras vezes deixou

86.2015.5.11.0051 , Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra de trabalhar no sistema DTM, 1 ou 2 dias, durante as escalas; que o

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 49
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

reclamante e o depoente não contavam com refeitórios para Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra Belmonte, SBDI-I, DEJT

alimentação nos locais onde acompanharam as sondas; que as 17/06/2016; AIRR - 1124-32.2015.5.11.0011, Relator Ministro:

sondas eram 5 de produção e 1 de perfuração; (...) Walmir Oliveira da Costa, 1ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR -

Observa-se que, não obstante o reclamante e a testemunha 10077-02.2014.5.15.0110 , Relatora Ministra: Delaíde Miranda

realizassem, basicamente, o mesmo tipo de serviço, a testemunha Arantes, 2ª Turma, DEJT 03/07/2017; AIRR - 220-

não afirma que realizava o serviço sempre nos mesmos dias e 86.2015.5.11.0051 , Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra

localidades que o reclamante. Há indicação de que o serviço era Belmonte, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 03/07/2017; AIRR -

realizado nas mais diversas localidades (São Mateus, Linhares e 20027-78.2013.5.04.0012 , Relatora Desembargadora Convocada:

Sul da Bahia), sendo que acompanhavam cinco diferentes sondas Cilene Ferreira Amaro Santos, 4ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR -

de produção e uma de perfuração. Nesse sentido, verifica-se que a 909-49.2015.5.08.0008, Relator Ministro: Guilherme Augusto

testemunha apenas disse que ela, raras vezes, não atuava no Caputo Bastos, 5ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR - 47700-

sistema denominado DTM, quando não poderia gozar do intervalo, 21.2005.5.01.0041 , Relator Ministro: Aloysio Corrêa da Veiga, Data

nada dizendo a respeito do reclamante. de Julgamento: 30/03/2016, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT

(...)." 01/04/2016; AIRR - 10565-26.2013.5.03.0077 , Relator Ministro:

A parte não realizou o confronto analítico entre a tese adotada no Cláudio Mascarenhas Brandão, Data de Julgamento: 09/03/2016, 7ª

acórdão recorrido e do preceito constitucional dito violado, deixando Turma, Data de Publicação: DEJT 18/03/2016; AIRR - 1452-

de atender ao exigido pelo artigo 896, §1º-A, III, da CLT, 29.2015.5.14.0091 , Relatora Ministra: Dora Maria da Costa, Data

inviabilizando o seguimento do apelo, nesse aspecto. de Julgamento: 10/05/2017, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT

Com efeito, segundo a sistemática imposta pela Lei 13.015/2014, 12/05/2017.

cabe à parte indicar especificamente o motivo pelo qual o acórdão, CONCLUSÃO

ao adotar determinada fundamentação, incidiu em afronta a cada DENEGO seguimento ao recurso de revista.

um dos preceitos ditos violados, sendo inviável a alegação genérica Publique-se.

de violações em bloco. ANA PAULA TAUCEDA BRANCO

Outrossim, a parte não realizou o confronto analítico entre a tese Desembargadora-Presidente

adotada no acórdão recorrido e cada súmula supostamente /gr-11

contrariada, deixando de atender ao exigido pelo artigo 896, §1º-A, Assinatura

III, da CLT, inviabilizando o seguimento do apelo, nesse aspecto. VITORIA, 27 de Novembro de 2019

Com efeito, segundo a sistemática imposta pela Lei 13.015/2014,

cabe à parte indicar especificamente o motivo pelo qual o acórdão, ANA PAULA TAUCEDA BRANCO

ao adotar determinada fundamentação, deixou de observar cada Desembargador Federal do Trabalho

Súmula invocada, sendo inviável a mera alegação genérica de Decisão


Processo Nº AP-0000391-22.2015.5.17.0101
contrariedade. Relator CLAUDIO ARMANDO COUCE DE
MENEZES
Por fim, a parte não realizou o confronto analítico entre a tese
AGRAVANTE BANCO BRADESCO S.A.
adotada no acórdão recorrido e a ementa transcrita em suas razões ADVOGADO HENRIQUE CLAUDIO MAUES(OAB:
35707/RJ)
recursais, deixando de atender ao exigido pelo artigo 896, §8º, da
ADVOGADO GISELE GONCALVES CARDIM DA
CLT, impedindo o seguimento do apelo, nesse aspecto. SILVA(OAB: 165362/RJ)
ADVOGADO GISELE MOREIRA ROCHA(OAB:
Com efeito, segundo a sistemática imposta pela Lei 13.015/2014, 109116/RJ)
cabe à parte demonstrar especificamente onde se situa a alegada AGRAVADO EMYLI LOVATTI
ADVOGADO Marcilio Tavares de Albuquerque
divergência de teses entre o acórdão recorrido e os arestos Filho(OAB: 17407/ES)
apresentados, no exame de casos concretos idênticos ou ADVOGADO FABIOLA CARVALHO FERREIRA
BORGES(OAB: 17591/ES)
semelhantes, ônus do qual não se desincumbiu a parte recorrente. ADVOGADO ROGERIO FERREIRA BORGES(OAB:
17590/ES)
Vale ressaltar que não atende a essa finalidade a mera transcrição
ADVOGADO DANIEL FERREIRA BORGES(OAB:
de arestos em bloco ou a simples apresentação de tabela contendo 21645/DF)
ADVOGADO VICTOR AUGUSTO ZORZAL(OAB:
o trecho do acórdão recorrido e o julgado trazido a confronto. 14727/ES)
Quanto à necessidade do confronto analítico, vale mencionar os ADVOGADO CAIO DE FREITAS VAIRO(OAB:
17867/ES)
seguintes julgados do TST: E-ED-RR - 552-07.2013.5.06.0231,

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 50
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

ADVOGADO GABRIEL SCHMIDT DA SILVA(OAB:


19092/ES) mantida a aplicação do índice oficial de remuneração básica da
ADVOGADO THATIANA AARAO DE caderneta de poupança (TRD), e a partir de 25/3/2015, a correção
MORAES(OAB: 14184/ES)
deve ser realizada pelo IPCA-E, não se verifica, em tese, a alegada
Intimado(s)/Citado(s):
violação, conforme exige a alínea "c" do artigo 896 Consolidado.
- BANCO BRADESCO S.A.
CONCLUSÃO
- EMYLI LOVATTI
DENEGO seguimento ao recurso de revista.

Publique-se.

ANA PAULA TAUCEDA BRANCO


PODER JUDICIÁRIO
Desembargadora-Presidente
JUSTIÇA DO TRABALHO
/gr-13

Fundamentação
Assinatura

RECURSO DE REVISTA VITORIA, 27 de Novembro de 2019

Recorrente(s): BANCO BRADESCO S.A.

Advogado(a)(s): HENRIQUE CLAUDIO MAUES (RJ - 35707) ANA PAULA TAUCEDA BRANCO

GISELE GONCALVES CARDIM DA SILVA (RJ - 165362) Desembargador Federal do Trabalho

GISELE MOREIRA ROCHA (RJ - 109116) Decisão


Processo Nº ROT-0001351-74.2018.5.17.0132
Recorrido(a)(s): EMYLI LOVATTI Relator WANDA LUCIA COSTA LEITE
FRANCA DECUZZI
Advogado(a)(s): THATIANA AARAO DE MORAES (ES - 14184)
RECORRENTE FUNERARIA PLANO VIDA LTDA -
GABRIEL SCHMIDT DA SILVA (ES - 19092) EPP
ADVOGADO SIMONE AFONSO LARANJA
VICTOR AUGUSTO ZORZAL (ES - 14727) TELES(OAB: 15877/ES)
DANIEL FERREIRA BORGES (DF - 21645) RECORRIDO ROSANGELA JOANA DA SILVA
MARINHO
ROGERIO FERREIRA BORGES (ES - 17590) ADVOGADO DORIAN JOSE DE SOUZA(OAB:
5129/ES)
FABIOLA CARVALHO FERREIRA BORGES (ES - 17591)

Marcilio Tavares de Albuquerque Filho (ES - 17407) Intimado(s)/Citado(s):

CAIO DE FREITAS VAIRO (ES - 17867) - FUNERARIA PLANO VIDA LTDA - EPP
- ROSANGELA JOANA DA SILVA MARINHO
Recurso de: BANCO BRADESCO S.A.

PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS

Tempestivo o recurso (ciência da decisão em 09/08/2019 - fl(s)./Id

392CDE9; petição recursal apresentada em 21/08/2019 - fl(s)./Id PODER JUDICIÁRIO

254c807). JUSTIÇA DO TRABALHO

Regular a representação processual - fl(s.)/Id ID. a2a7a1d.


Fundamentação
O juízo está garantido - fl/Id. ID. a0aa4af e c2744d5.

PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS

DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Liquidação /

Cumprimento / Execução / Valor da Execução / Cálculo /

Atualização / Correção Monetária.


RECURSO DE REVISTA
Alegação(ões):
Lei 13.015/2014
- violação do(s) inciso II do artigo 5º; inciso LIV do artigo 5º da
Lei 13.467/2017
Constituição.
Recorrente(s): FUNERARIA PLANO VIDA LTDA - EPP
- violação da (o) §7º do artigo 879 da Consolidação das Leis do
Advogado(a)(s): SIMONE AFONSO LARANJA TELES (ES - 15877)
Trabalho; artigo 39 da Lei nº 8177/1991.
Recorrido(a)(s): ROSANGELA JOANA DA SILVA MARINHO
A recorrente insurge-se contra o v. acórdão, que aplicou o IPCA-E
Advogado(a)(s): DORIAN JOSE DE SOUZA (ES - 5129)
como índice de atualização monetária .
CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
Tendo a C. Turma manifestado entendimento no sentido de que,
O presente recurso foi apresentado na vigência da Lei 13.467/2017.
para os débitos trabalhistas devidos até o dia 24/3/2015, deve ser
Vale registrar que, nos termos do art. 896-A, §1º e incisos da CLT,

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 51
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

incumbe ao Tribunal Superior do Trabalho o exame da divergência de teses entre o acórdão recorrido e os arestos

transcendência do recurso de revista. apresentados, no exame de casos concretos idênticos ou

PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS semelhantes, ônus do qual não se desincumbiu a parte recorrente.

Tempestivo o recurso (ciência da decisão em 20/08/2019 - fl(s)./Id Vale ressaltar que não atende a essa finalidade a mera transcrição

4F308FE; petição recursal apresentada em 29/08/2019 - fl(s)./Id de arestos em bloco ou a simples apresentação de tabela contendo

8252435). o trecho do acórdão recorrido e o julgado trazido a confronto.

Regular a representação processual - fl(s.)/Id 95750fe. Quanto à necessidade do confronto analítico, vale mencionar os

Satisfeito o preparo - fl(s)./Id 733a3bf, 42f63a3, a9682ec, a4e0291, seguintes julgados do TST: E-ED-RR - 552-07.2013.5.06.0231,

0f87ed4, 508d20c e dffe124, 28ab91e. Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra Belmonte, SBDI-I, DEJT

PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS 17/06/2016; AIRR - 1124-32.2015.5.11.0011, Relator Ministro:

Remuneração, Verbas Indenizatórias e Benefícios / Salário / Walmir Oliveira da Costa, 1ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR -

Diferença Salarial / Salário por Fora - Integração 10077-02.2014.5.15.0110 , Relatora Ministra: Delaíde Miranda

DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Partes e Arantes, 2ª Turma, DEJT 03/07/2017; AIRR - 220-

Procuradores / Sucumbência / Honorários Advocatícios 86.2015.5.11.0051 , Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra

Quanto às matérias em epígrafe, nego seguimento ao recurso, Belmonte, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 03/07/2017; AIRR -

porquanto a recorrente não cuidou de indicar o trecho da decisão 20027-78.2013.5.04.0012 , Relatora Desembargadora Convocada:

recorrida objeto da insurgência, limitando-se a transcrever parte do Cilene Ferreira Amaro Santos, 4ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR -

julgado que não retrata a tese adotada pela Colenda Turma 909-49.2015.5.08.0008, Relator Ministro: Guilherme Augusto

julgadora, conforme exige o artigo 896, §1º-A, I, da CLT Caputo Bastos, 5ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR - 47700-

(acrescentado pela Lei nº 13.015/2014 publicada no DOU de 21.2005.5.01.0041 , Relator Ministro: Aloysio Corrêa da Veiga, Data

22.07.2014) . de Julgamento: 30/03/2016, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT

01/04/2016; AIRR - 10565-26.2013.5.03.0077 , Relator Ministro:

Duração do Trabalho / Sobreaviso / Prontidão / Tempo à Disposição Cláudio Mascarenhas Brandão, Data de Julgamento: 09/03/2016, 7ª

Alegação(ões): Turma, Data de Publicação: DEJT 18/03/2016; AIRR - 1452-

- divergência jurisprudencial. 29.2015.5.14.0091 , Relatora Ministra: Dora Maria da Costa, Data

- Súmula nº 428, do TST. de Julgamento: 10/05/2017, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT

Sustenta a improcedência o pedido de pagamento das horas extras 12/05/2017.

de sobreaviso, quando em horário de sobreaviso. Sustenta que CONCLUSÃO

houve contradição no acórdão de embargos de declaração, e DENEGO seguimento ao recurso de revista.

subsidiariamente requer que sejam compensados todos os valores Publique-se.

pagos a título de horas extras pagos nos contracheques. ANA PAULA TAUCEDA BRANCO

A parte não realizou o confronto analítico entre a tese adotada no Desembargadora-Presidente

acórdão recorrido e a súmula supostamente contrariada, deixando /gr-02

de atender ao exigido pelo artigo 896, §1º-A, III, da CLT,

inviabilizando o seguimento do apelo, nesse aspecto.

Com efeito, segundo a sistemática imposta pela Lei 13.015/2014,

cabe à parte indicar especificamente o motivo pelo qual o acórdão, Assinatura

ao adotar determinada fundamentação, deixou de observar cada VITORIA, 27 de Novembro de 2019

Súmula invocada, sendo inviável a mera alegação genérica de

contrariedade. ANA PAULA TAUCEDA BRANCO

Ademais, não realizou o confronto analítico entre a tese adotada no Desembargador Federal do Trabalho

acórdão recorrido e cada ementa transcrita em suas razões Decisão


Processo Nº AP-0000850-27.2015.5.17.0003
recursais, deixando de atender ao exigido pelo artigo 896, §8º, da Relator CLAUDIO ARMANDO COUCE DE
MENEZES
CLT, impedindo o seguimento do apelo, nesse aspecto.
AGRAVANTE SIDINELIA FERREIRA
Com efeito, segundo a sistemática imposta pela Lei 13.015/2014, ADVOGADO IARA ENCARNACAO MACEDO(OAB:
23085/ES)
cabe à parte demonstrar especificamente onde se situa a alegada

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 52
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

AGRAVADO DACASA FINANCEIRA S/A -


SOCIEDADE DE CREDITO jurisprudencial.
FINANCIAME
Tendo a C. Turma assentado que a Reclamada não impugnou
ADVOGADO STEFANY VIGUINI FERREIRA(OAB:
25856/ES) especificamente o pedido - e que, por este motivo, sobre ela recai a
ADVOGADO FLAVIA QUINTEIRA MARTINS(OAB:
8973/ES) confissão ficta, não elidida por prova em sentido contrário -
ADVOGADO NATHALIA NUNES SOARES remanescem incólumes os díspositivos tidos por violados, o que
LIMA(OAB: 22197/ES)
inviabiliza o apelo, no aspecto.
Intimado(s)/Citado(s):
CONCLUSÃO
- DACASA FINANCEIRA S/A - SOCIEDADE DE CREDITO
FINANCIAME DENEGO seguimento ao recurso de revista.
- SIDINELIA FERREIRA Publique-se.

ANA PAULA TAUCEDA BRANCO

Desembargadora-Presidente

PODER JUDICIÁRIO /gr-13

JUSTIÇA DO TRABALHO
Assinatura
Fundamentação
VITORIA, 27 de Novembro de 2019

RECURSO DE REVISTA
ANA PAULA TAUCEDA BRANCO
Recorrente(s): DACASA FINANCEIRA S/A - SOCIEDADE DE
Desembargador Federal do Trabalho
CREDITO FINANCIAME
Decisão
Advogado(a)(s): NATHALIA NUNES SOARES LIMA (ES - 22197) Processo Nº RORSum-0000730-80.2018.5.17.0131
Relator JOSE LUIZ SERAFINI
FLAVIA QUINTEIRA MARTINS (ES - 8973)
RECORRENTE SINDICATO DOS TRABALHADORES
STEFANY VIGUINI FERREIRA (ES - 25856) NAS INDUSTRIAS DE EXTRACOES,
BENEFICIAMENTO E COMERCIO DE
Recorrido(a)(s): SIDINELIA FERREIRA MARMORE, GRANITOS E CALCARIO
DO ESTADO DO ESPIRITO SANTO
Advogado(a)(s): IARA ENCARNACAO MACEDO (ES - 23085) ADVOGADO GILDO ABREU(OAB: 21675/ES)
PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS ADVOGADO RODRIGO SEBASTIAO SOUZA(OAB:
12700/ES)
Tempestivo o recurso (ciência da decisão em 22/08/2019 - fl(s)./Id ADVOGADO ELIZA THOMAZ DE OLIVEIRA(OAB:
16966/ES)
66EA6B9; petição recursal apresentada em 04/09/2019 - fl(s)./Id
ADVOGADO JOSE IRINEU DE OLIVEIRA(OAB:
900331f). 4142/ES)
RECORRIDO BBS BRASIL GRANITOS LTDA
Regular a representação processual - fl(s.)/Id ID. d03e71e.
ADVOGADO REYNALDO BATISTA PEREIRA(OAB:
O juízo está garantido - fl/Id. ID. 9150758. 25922/ES)
RECORRIDO TEC TEAR GRANITOS LTDA
PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS
ADVOGADO RAFAEL DIAS RAMOS(OAB:
Remuneração, Verbas Indenizatórias e Benefícios / Comissão. 21329/ES)
RECORRIDO GUEDES GRANITOS LTDA. - ME
Alegação(ões):
ADVOGADO THAISA BUSON DE PAULA(OAB:
- violação do(s) inciso LIV do artigo 5º da Constituição Federal. 24987/ES)
RECORRIDO PARATI ADM. SOCIEDADE SIMPLES
- violação da (o) artigo 818 da Consolidação das Leis do Trabalho; LTDA - ME
inciso I do artigo 373 do Código de Processo Civil de 2015.
Intimado(s)/Citado(s):
Condenada a pagar diferenças de comissões, a Reclamada,
- BBS BRASIL GRANITOS LTDA
irresignada, julga violadas as diretrizes em epígrafe. Segundo o - GUEDES GRANITOS LTDA. - ME
arrazoado, o pagamento de parcela variável de fato é incontroverso, - SINDICATO DOS TRABALHADORES NAS INDUSTRIAS DE
EXTRACOES, BENEFICIAMENTO E COMERCIO DE MARMORE,
inclusive por estar previsto em contracheque. No entanto, alegando GRANITOS E CALCARIO DO ESTADO DO ESPIRITO SANTO
- TEC TEAR GRANITOS LTDA
a autora que havia diferenças entre o valor pago e o "devido" dela é

o ônus probatório, do qual não se desincumbiu. Nestes termos, o

acórdão Regional afronta diretamente o art. 818, I da CLT e 373 do

CPC e, sobretudo o art. 5º por rasgar a princípio do devido processo PODER JUDICIÁRIO

legal ao privar a executada LIV da Constituição Federal de seus JUSTIÇA DO TRABALHO

bens sem o devido processo legal. Colaciona arestos ditos


Fundamentação
favoráveis a sua tese para fins de demonstração de divergência

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Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Com efeito, segundo a sistemática imposta pela Lei 13.015/2014,

EMBARGOS DECLARATÓRIOS cabe à parte indicar especificamente o motivo pelo qual o acórdão,

Embargante(s): ao adotar determinada fundamentação, incidiu em afronta a cada

1. SINDICATO DOS TRABALHADORES NAS INDUSTRIAS DE um dos preceitos ditos violados, sendo inviável a alegação genérica

EXTRACOES, BENEFICIAMENTO E COMERCIO DE MARMORE, de violações em bloco.

GRANITOS E CALCARIO DO ESTADO DO ESPIRITO SANTO Quanto à necessidade do confronto analítico, vale mencionar os

Advogado(a)(s): seguintes julgados do TST: E-ED-RR - 552-07.2013.5.06.0231,

1. JOSE IRINEU DE OLIVEIRA (ES - 4142) Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra Belmonte, SBDI-I, DEJT

1. ELIZA THOMAZ DE OLIVEIRA (ES - 16966) 17/06/2016; AIRR - 1124-32.2015.5.11.0011, Relator Ministro:

1. RODRIGO SEBASTIAO SOUZA (ES - 12700) Walmir Oliveira da Costa, 1ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR -

1. GILDO ABREU (ES - 21675) 10077-02.2014.5.15.0110 , Relatora Ministra: Delaíde Miranda

Embargado(a)(s): Arantes, 2ª Turma, DEJT 03/07/2017; AIRR - 220-

1. GUEDES GRANITOS LTDA. - ME 86.2015.5.11.0051 , Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra

2. TEC TEAR GRANITOS LTDA Belmonte, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 03/07/2017; AIRR -

3. BBS BRASIL GRANITOS LTDA 20027-78.2013.5.04.0012 , Relatora Desembargadora Convocada:

4. PARATI ADM. SOCIEDADE SIMPLES LTDA - ME Cilene Ferreira Amaro Santos, 4ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR -

Advogado(a)(s): 909-49.2015.5.08.0008, Relator Ministro: Guilherme Augusto

1. THAISA BUSON DE PAULA (ES - 24987) Caputo Bastos, 5ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR - 47700-

2. RAFAEL DIAS RAMOS (ES - 21329) 21.2005.5.01.0041 , Relator Ministro: Aloysio Corrêa da Veiga, Data

3. REYNALDO BATISTA PEREIRA (ES - 25922) de Julgamento: 30/03/2016, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT

Os embargos declaratórios são tempestivos (Id ae58bed e Id 01/04/2016; AIRR - 10565-26.2013.5.03.0077 , Relator Ministro:

1e9a747), e regular se encontra a representação processual (Id Cláudio Mascarenhas Brandão, Data de Julgamento: 09/03/2016, 7ª

47affae). Turma, Data de Publicação: DEJT 18/03/2016; AIRR - 1452-

Cuida-se de embargos de declaração opostos pelo Sindicato-autor 29.2015.5.14.0091 , Relatora Ministra: Dora Maria da Costa, Data

em face da decisão de Id a931058, em que foi denegado de Julgamento: 10/05/2017, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT

seguimento ao recurso de revista interposto pela parte embargante. 12/05/2017.

Sustenta ter havido omissão quanto à insurgência acerca da multa Assim, conheço dos embargos declaratórios e dou-lhes provimento

convencional. para sanar omissão na admissibilidade a quo do recurso de revista,

Tem razão o embargante, pelo que passo a sanar a omissão quanto não atribuindo, contudo, qualquer efeito modificativo à decisão

ao tema: embargada.

PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS Intimem-se.

Direito Coletivo / Acordo e Convenção Coletivos de Trabalho / Multa Após, à Seção de Protocolo e Expedição de Correspondência de 2ª

Convencional. Instância-SEPEX2.

Alegação(ões): ANA PAULA TAUCEDA BRANCO

- violação aos artigos 5º, LX, 7º, XXVI, 8º, IV, 93, IX, da CR. Desembargadora-Presidente

- violação ao artigo 489 do CPC. /gr-04

Insurge-se o sindicato-autor contra o acórdão, no tocante ao

cabimento da multa convencional por descumprimento de cláusulas Assinatura

da norma coletiva. VITORIA, 27 de Novembro de 2019

Ante a restrição do artigo 896, § 9º, da CLT, mostra-se inviável, em

processos que tramitam sob o rito sumariíssimo, a análise de ANA PAULA TAUCEDA BRANCO

violação à legislação infraconstitucional. Desembargador Federal do Trabalho

A parte não realizou o confronto analítico entre a tese adotada no Decisão


Processo Nº ROT-0000922-13.2017.5.17.0013
acórdão recorrido e cada preceito constitucional dito violado, Relator MARCELLO MACIEL MANCILHA
deixando de atender ao exigido pelo artigo 896, §1º-A, III, da CLT, RECORRENTE ADOBE ASSESSORIA DE SERVICOS
CADASTRAIS S.A.
inviabilizando o seguimento do apelo, nesse aspecto.

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ADVOGADO RICARDO ALVES DA CRUZ(OAB:


31047/RJ) transcendência do recurso de revista.
RECORRENTE CREFISA SA CREDITO PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS
FINANCIAMENTO E
INVESTIMENTOS Tempestivo o recurso (ciência da decisão em 04/10/2019 - Id
ADVOGADO ANTONIO CARLOS COELHO
PALADINO(OAB: 24299/RJ) A97CD6B; petição recursal apresentada em 14/10/2019 - Id
RECORRENTE LORAINE DE JESUS ROZARIO 570543f).
ADVOGADO VANESSA IEZZI DE MORAES(OAB:
28027/ES) Regular a representação processual - Id 994df65 e c77f628.
ADVOGADO MARCOS VINICIUS DE Satisfeito o preparo - Id 838d8c4, 836ec34, a700cfe, 1395bcd e
OLIVEIRA(OAB: 19162/ES)
ADVOGADO FABRÍCIO PIMENTEL DE c00d233.
SIQUEIRA(OAB: 8962/ES)
PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS
RECORRIDO LORAINE DE JESUS ROZARIO
ADVOGADO VANESSA IEZZI DE MORAES(OAB: DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Recurso /
28027/ES)
Repercussão Geral
ADVOGADO MARCOS VINICIUS DE
OLIVEIRA(OAB: 19162/ES) Requer que o Egrégio TRT manifeste-se sobre a ilicitude da
ADVOGADO FABRÍCIO PIMENTEL DE
SIQUEIRA(OAB: 8962/ES) terceirização da atividade-fim, em razão da decisão proferida em
RECORRIDO ADOBE ASSESSORIA DE SERVICOS sede de Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental
CADASTRAIS S.A.
ADVOGADO RICARDO ALVES DA CRUZ(OAB: (ADPF) 324 e o Recurso Extraordinário (RE) 958252.
31047/RJ)
RECORRIDO CREFISA SA CREDITO
FINANCIAMENTO E DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Atos
INVESTIMENTOS
ADVOGADO ANTONIO CARLOS COELHO Processuais / Nulidade / Negativa de Prestação Jurisdicional
PALADINO(OAB: 24299/RJ)
Alegação(ões):
TERCEIRO MAYARA GOMES NASCIMENTO
INTERESSADO - violação do inciso LV do artigo 5º; inciso IX do artigo 93 da
TERCEIRO PAMELLA DA SILVA BATISTA
INTERESSADO STINGHEL Constituição Federal.
TERCEIRO CIELY BARCELOS WASZKEWEIR - violação do artigo 996 do Código de Processo Civil de 2015; artigo
INTERESSADO
932 da Consolidação das Leis do Trabalho; artigo 489 do Código de
Intimado(s)/Citado(s):
Processo Civil de 2015; artigo 1002 do Código de Processo Civil de
- ADOBE ASSESSORIA DE SERVICOS CADASTRAIS S.A.
2015.
- CREFISA SA CREDITO FINANCIAMENTO E INVESTIMENTOS
- LORAINE DE JESUS ROZARIO No intuito de demonstrar o prequestionamento da matéria em

epígrafe, a parte recorrente transcreveu o seguinte trecho da

decisão de embargos de declaração:

"(...)
PODER JUDICIÁRIO
No caso em tela, beira ao absurdo a primeira omissão apontada,
JUSTIÇA DO TRABALHO
atinente à necessidade de manifestação quanto à existência de
Fundamentação 'outro elemento' que tenha motivado à conclusão de existência de
RECURSO DE REVISTA grupo econômico entre as rés, que não aquele indicado no acórdão.
Lei 13.015/2014 Há tese explícita no julgado sobre a matéria, sendo evidente o
Lei 13.467/2017 propósito de reforma da embargante. Vejamos:
Recorrente(s): ADOBE ASSESSORIA DE SERVICOS (...)
CADASTRAIS S.A. E OUTRA No que toca à alegação de confissão real e relativa à prova de
Advogado(a)(s): RICARDO ALVES DA CRUZ (RJ - 31047) propriedade da loja em que a autora laborava, as embargantes
Recorrido(a)(s): LORAINE DE JESUS ROZARIO novamente se utilizam da via estreita dos embargos para manifestar
Advogado(a)(s): FABRÍCIO PIMENTEL DE SIQUEIRA (ES - 8962) nítido inconformismo com a conclusão explicitada no acórdão
MARCOS VINICIUS DE OLIVEIRA (ES - 19162) embargado, lembrando que presente medida não se presta a sanar
VANESSA IEZZI DE MORAES (ES - 28027) eventual error in judicando. A respeito, transcrevo o seguinte trecho
CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES do julgado:
O presente recurso foi apresentado na vigência da Lei 13.467/2017. (...)
Vale registrar que, nos termos do art. 896-A, §1º e incisos da CLT, Em relação à legalidade da terceirização, igualmente não há
incumbe ao Tribunal Superior do Trabalho o exame da omissão a ser suprida, porquanto restou consignado no acórdão o

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 55
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seguinte: fundamento diverso da realização de atividade fim, o que vejo, na

(...) verdade, é que as duas empresas, que pertencem ao mesmo grupo

Desse modo, inexistindo omissões acerca das questões acima econômico, atuavam como uma só, sendo a primeira ré o espaço

ventiladas, não há matéria a ser prequestionada por meio dos físico de atuação da 2ª reclamada no estado.

presentes embargos. Restou incontroversa a ausência de loja física da Crefisa no Estado,

(...)." que atuava no atendimento ao público por meio do espaço físico da

Sustenta que a decisão deixou de sanar omissão apontada em sede Adobe, empresa gerida pelos mesmos administradores. Tanto que o

de embargos de declaração. preposto confirma que os telefones apresentados nas propagandas

Inviável o recurso, contudo, porquanto se verifica que as questões da 2ª ré eram na verdade da 1ª. É nítida, pois, a confusão de

oportunamente suscitadas e essenciais à resolução da controvérsia empregadores.

foram analisadas pelo Eg. Regional, de forma motivada, razão por (...)

que não se vislumbra, em tese, a apontada afronta aos artigos 832 Ainda que assim não fosse, certo é que a exclusividade não é

da CLT, 489 do CPC/2015 ou 93, IX, da CR/88. requisito para caracterização do vínculo de emprego. A exigência é

de pessoalidade, que restou caracterizada na hipótese em comento,

Quanto à alegada violação aos demais preceitos, inviável o recurso, já que a segunda ré esperava da autora que ela prestasse serviços

ante o entendimento consubstanciado na Súmula 459 do TST. pessoalmente, sem se fazer substituir por outro empregado no

Contrato Individual de Trabalho / Reconhecimento de Relação de curso do contrato.

Emprego Dessa forma, não há como negar que a autora, na verdade, era

Direito Coletivo / Enquadramento Sindical subordinada à 2ª reclamada, atuando com pessoalidade, não

Alegação(ões): eventualidade e onerosidade em relação à tomadora, ficando

- contrariedade à: Súmula nº 55; Súmula nº 117; Súmula nº 119; caracterizada a relação empregatícia direta com esta empresa.

Súmula nº 129; Súmula nº 239; item III da Súmula nº 331 do (...)

Tribunal Superior do Trabalho. Na hipótese vertente, é fato incontroverso que a Crefisa seja uma

- contrariedade à: Orientação Jurisprudencial nº 130 da SBDI- financeira, sendo cabível a equiparação da autora aos financiários,

II/TST. não propriamente pela ilicitude da terceirização decorrente do

- violação do inciso II do artigo 5º da Constituição. exercício de atividade fim da tomadora, mas sim por ser empregada

- violação do artigo 17-C da Lei nº 4595/1964; §3º do artigo 5-A da de fato da 2ª ré.

Lei nº 13429/2017; artigo 511-C da Consolidação das Leis do Ante o exposto, nego provimento ao apelo, mantendo a sentença

Trabalho; §1º do artigo 511 da Consolidação das Leis do Trabalho; por fundamento diverso descrito na inicial."

§2º do artigo 511 da Consolidação das Leis do Trabalho; §3º do Quanto à formação de grupo econônico, inviável o recurso quanto à

artigo 511 da Consolidação das Leis do Trabalho; §4º do artigo 511 matéria em epígrafe, porque não observado o disposto no artigo

da Consolidação das Leis do Trabalho; artigo 570-C da 896, §1º-A, I, da CLT. Com efeito, a transcrição do tópico inteiro do

Consolidação das Leis do Trabalho; parágrafo único do artigo 570 v. acórdão ou da integralidade da análise realizada pela C. Turma,

da Consolidação das Leis do Trabalho. quanto à matéria objeto do recurso, não atende à exigência do

- divergência jurisprudencial. artigo 896, §1º-A, I, da CLT. É preciso que a parte transcreva o

- divergência com a decisão proferida no STF, na ADPF nº 324 e trecho do v. acórdão em que consta precisamente a tese regional

RE nº 958.252. impugnada no recurso de revista, ou, ao menos, que destaque de

As recorrentes insurgem-se contra o enquadramento da reclamante forma clara a tese adotada e contra a qual se insurge. Nesse

como financiário e o reconhecimento do vínculo empregatício, bem sentido:

como contra o reconhecimento da existência de grupo econômico. "EMBARGOS EM RECURSO DE REVISTA. DECISÃO

No intuito de demonstrar o prequestionamento da matéria em EMBARGADA PUBLICADA NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014.

epígrafe, a parte recorrente transcreveu o seguinte trecho do v. RECURSO DE REVISTA QUE NÃO APRESENTA A

acórdão: TRANSCRIÇÃO DO TRECHO DO ACÓRDÃO REGIONAL QUE

"(...) IDENTIFICA O PREQUESTIONAMENTO DA MATÉRIA OBJETO

Em relação à alegação inicial de existência de subordinação direta à DO APELO. REQUISITO LEGAL INSCRITO NO ARTIGO 896, § 1º-

tomadora, a corroborar com a tese de fraude na terceirização por A, I, DA CLT. REDAÇÃO CONFERIDA PELA LEI 13.015/2014. (...)

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 56
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

3 - Embora o dispositivo em comento utilize o verbo "indicar", jurisprudencial supostamente contrariadsa, deixando de atender ao

referindo-se ao requisito formal ali inscrito, esta Corte Superior tem exigido pelo artigo 896, §1º-A, III, da CLT, inviabilizando o

exigido a transcrição do trecho da decisão regional que seguimento do apelo, nesse aspecto.

consubstancia o prequestionamento da controvérsia objeto do Com efeito, segundo a sistemática imposta pela Lei 13.015/2014,

apelo, firme no entendimento de que a alteração legislativa cabe à parte indicar especificamente o motivo pelo qual o acórdão,

empreendida pela Lei 13.015/2014, nesse aspecto, constitui ao adotar determinada fundamentação, deixou de observar cada

pressuposto de adequação formal de admissibilidade do recurso de Súmula ou Orientação Jurisprudencial invocada, sendo inviável a

revista e se orienta no sentido de propiciar a identificação precisa da mera alegação genérica de contrariedade.

contrariedade a dispositivo de Lei e a Súmula e do dissenso de Outrossim, a parte não realizou o confronto analítico entre a tese

teses, afastando-se os recursos de revista que impugnam de forma adotada no acórdão recorrido e cada ementa válida transcrita em

genérica a decisão regional e conduzem sua admissibilidade para suas razões recursais, deixando de atender ao exigido pelo artigo

um exercício exclusivamente subjetivo pelo julgador de verificação e 896, §8º, da CLT, impedindo o seguimento do apelo, nesse aspecto.

adequação formal do apelo. Assim, a necessidade da transcrição do Com efeito, segundo a sistemática imposta pela Lei 13.015/2014,

trecho que consubstancia a violação e as contrariedades indicadas, cabe à parte demonstrar especificamente onde se situa a alegada

e da demonstração analítica da divergência jurisprudencial, visa a divergência de teses entre o acórdão recorrido e os arestos

permitir a identificação precisa e objetiva da tese supostamente apresentados, no exame de casos concretos idênticos ou

ofensiva a lei, à segurança das relações jurídicas e à isonomia das semelhantes, ônus do qual não se desincumbiu a parte recorrente.

decisões judiciais, de modo que contribua para a celeridade da Vale ressaltar que não atende a essa finalidade a mera transcrição

prestação jurisdicional, possibilite a formação de precedentes como de arestos em bloco ou a simples apresentação de tabela contendo

elementos de estabilidade e a decisão do TST contribua para a o trecho do acórdão recorrido e o julgado trazido a confronto.

formação da jurisprudência nacionalmente unificada. (...) (E-ED-RR Quanto à necessidade do confronto analítico, vale mencionar os

- 552-07.2013.5.06.0231, Relator Ministro: Alexandre de Souza seguintes julgados do TST: E-ED-RR - 552-07.2013.5.06.0231,

Agra Belmonte, Data de Julgamento: 09/06/2016, Subseção I Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra Belmonte, SBDI-I, DEJT

Especializada em Dissídios Individuais, Data de Publicação: DEJT 17/06/2016; AIRR - 1124-32.2015.5.11.0011, Relator Ministro:

17/06/2016)." Walmir Oliveira da Costa, 1ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR -

No mesmo sentido: ED-AIRR-41600-81.2009.5.01.0050, Rel. Min. 10077-02.2014.5.15.0110 , Relatora Ministra: Delaíde Miranda

Delaíde Miranda Arantes, 2ª Turma, DEJT 29/04/2016; AIRR - Arantes, 2ª Turma, DEJT 03/07/2017; AIRR - 220-

10356-41.2013.5.15.0039 Data de Julgamento: 25/05/2016, Relator 86.2015.5.11.0051 , Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra

Ministro: Alexandre de Souza Agra Belmonte, 3ª Turma, Data de Belmonte, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 03/07/2017; AIRR -

Publicação: DEJT 03/06/2016; AIRR-65-63.2014.5.05.0026, Rel. 20027-78.2013.5.04.0012 , Relatora Desembargadora Convocada:

Min. Cláudio Mascarenhas Brandão, 7ª Turma, DEJT 12/02/2016; Cilene Ferreira Amaro Santos, 4ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR -

AIRR-369-66.2014.5.10.0012, Rel. Min. Kátia Magalhães Arruda, 6ª 909-49.2015.5.08.0008, Relator Ministro: Guilherme Augusto

Turma, DEJT 27/11/2015. Caputo Bastos, 5ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR - 47700-

Em relação ao reconhecimento da relação empregatícia e o 21.2005.5.01.0041 , Relator Ministro: Aloysio Corrêa da Veiga, Data

enquadramento sindical da reclamante, a parte não realizou o de Julgamento: 30/03/2016, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT

confronto analítico entre a tese adotada no acórdão recorrido e cada 01/04/2016; AIRR - 10565-26.2013.5.03.0077 , Relator Ministro:

preceito legal e constitucional dito violados, deixando de atender ao Cláudio Mascarenhas Brandão, Data de Julgamento: 09/03/2016, 7ª

exigido pelo artigo 896, §1º-A, III, da CLT, inviabilizando o Turma, Data de Publicação: DEJT 18/03/2016; AIRR - 1452-

seguimento do apelo, nesse aspecto. 29.2015.5.14.0091 , Relatora Ministra: Dora Maria da Costa, Data

Com efeito, segundo a sistemática imposta pela Lei 13.015/2014, de Julgamento: 10/05/2017, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT

cabe à parte indicar especificamente o motivo pelo qual o acórdão, 12/05/2017.

ao adotar determinada fundamentação, incidiu em afronta a cada Por fim, o aresto transcrito nas Páginas 41-43 transcritos não

um dos preceitos ditos violados, sendo inviável a alegação genérica atende o requisito do confronto de teses, porque não contem a fonte

de violações em bloco. oficial ou o repositório autorizado de jurisprudência em que teriam

Ademais, a parte não realizou o confronto analítico entre a tese sido publicado. Não foram cumpridos os itens I e IV da Súmula 337

adotada no acórdão recorrido e cada súmula e orientação do Tribunal Superior do Trabalho.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 57
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

CONCLUSÃO Advogado(a)(s): 1. ROWENA TABACHI DOS SANTOS (ES -

DENEGO seguimento ao recurso de revista. 14989)

Publique-se. 1. NATHALIA FERNANDA DALCOLMO PINHEIRO (ES - 15285)

ANA PAULA TAUCEDA BRANCO 2. ANDRE LUIS TORRES PESSOA (BA - 19503)

Desembargadora-Presidente 2. NELSON WILIANS FRATONI RODRIGUES (ES - 15111)

/gr-11 2. ELISABETH REGINA VENANCIO (PR - 19387)

Assinatura CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES

VITORIA, 27 de Novembro de 2019 O presente recurso foi apresentado na vigência da Lei 13.467/2017.

Vale registrar que, nos termos do art. 896-A, §1º e incisos da CLT,

ANA PAULA TAUCEDA BRANCO incumbe ao Tribunal Superior do Trabalho o exame da

Desembargador Federal do Trabalho transcendência do recurso de revista.


Decisão PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS
Processo Nº ROT-0000004-24.2017.5.17.0008
Relator JAILSON PEREIRA DA SILVA Tempestivo o recurso (ciência da decisão em 27/09/2019 - fl(s)./Id
RECORRENTE ALEXSANDRO MARTINS RIBEIRO 3A197CE; petição recursal apresentada em 08/10/2019 - fl(s)./Id
ADVOGADO ALISSON AGIB SOUZA
CABRAL(OAB: 15982/ES) bdc025c).
RECORRIDO TELEFONICA BRASIL S.A. Regular a representação processual - fl(s.)/Id 34540ea.
ADVOGADO ELISABETH REGINA
VENANCIO(OAB: 19387/PR) Inexigível o recolhimento de custas, uma vez que a parte recorrente
ADVOGADO NELSON WILIANS FRATONI não foi condenada a efetuar o preparo - fl(s.)/Ids b349414, 3161613.
RODRIGUES(OAB: 15111/ES)
ADVOGADO ANDRE LUIS TORRES PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS
PESSOA(OAB: 19503/BA)
Responsabilidade Solidária / Subsidiária / Tomador de Serviços /
RECORRIDO HALLEN INSTALACOES DE
EQUIPAMENTOS DE Terceirização
TELECOMUNICACOES LTDA
ADVOGADO NATHALIA FERNANDA DALCOLMO Alegação(ões):
PINHEIRO(OAB: 15285/ES)
- arts. 818 inciso II da CLT e 373 inciso II do CPC.
ADVOGADO ROWENA TABACHI DOS
SANTOS(OAB: 14989/ES) - Súmula nº 331, I e III do TST

Sustenta a ilicitude da terceirização e o reconhecimento do vínculo


Intimado(s)/Citado(s):
de emprego.
- ALEXSANDRO MARTINS RIBEIRO
- HALLEN INSTALACOES DE EQUIPAMENTOS DE A C. Turma, ao considerar que a terceirização de atividade-fim não
TELECOMUNICACOES LTDA
é mais determinante para aferir a licitude da contratação havida
- TELEFONICA BRASIL S.A.
entre a tomadora e a prestadora de serviços, e que não é mais

cabível, por conseguinte, o reconhecimento do pacto laboral

diretamente com o tomador de serviços em decorrência dessa


PODER JUDICIÁRIO
discussão, adotou entendimento consonante com o posicionamento
JUSTIÇA DO TRABALHO
firmado pelo STF no julgamento do RE 958.252 e da ADPF 324, em

Fundamentação 30/08/2018. Assim, considerando o efeito vinculante de que trata o

artigo 10, §3º, da Lei 9.882/99, superada a orientação constante da

Súmula n.º 331, I, do TST. Pelo mesmo motivo, e considerando que

o Excelso STF não estabeleceu qualquer restrição (artigo 11 da Lei

9.882/99) à aplicação da decisão por ele proferida na ADPF 324,

RECURSO DE REVISTA exceto a de que a "decisão não afeta automaticamente os

Lei 13.015/2014 processos em relação aos quais tenha havido coisa julgada" , não

Lei 13.467/2017 prospera a alegação da recorrente de que a aludida decisão não

Recorrente(s): 1. ALEXSANDRO MARTINS RIBEIRO deve ser observada no caso dos autos.

Advogado(a)(s): 1. ALISSON AGIB SOUZA CABRAL (ES - 15982) CONCLUSÃO

Recorrido(a)(s): 1. HALLEN INSTALACOES DE EQUIPAMENTOS DENEGO seguimento ao recurso de revista.

DE TELECOMUNICACOES LTDA Publique-se.

2. TELEFONICA BRASIL S.A. ANA PAULA TAUCEDA BRANCO

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 58
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Desembargadora-Presidente 3. SINOR ELETRICIDADE LTDA

/gr-02 Advogado(a)(s): 1. SANDRO VIEIRA DE MORAES (ES - 6725)

2. GABRIELA CASATI FERREIRA GUIMARAES (ES - 12798)

3. WELITON ROGER ALTOE (ES - 7070)

Assinatura Recurso de: SINOR ELETRICIDADE LTDA

VITORIA, 27 de Novembro de 2019 CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES

O presente recurso foi apresentado na vigência da Lei 13.467/2017.

ANA PAULA TAUCEDA BRANCO Vale registrar que, nos termos do art. 896-A, §1º e incisos da CLT,

Desembargador Federal do Trabalho incumbe ao Tribunal Superior do Trabalho o exame da


Decisão transcendência do recurso de revista.
Processo Nº ROT-0001240-64.2015.5.17.0013
Relator WANDA LUCIA COSTA LEITE PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS
FRANCA DECUZZI
Tempestivo o recurso (ciência da decisão em 24/07/2019 - fl(s)./Id
RECORRENTE SINOR ELETRICIDADE LTDA
ADVOGADO WELITON ROGER ALTOE(OAB: 0BE0EC7; petição recursal apresentada em 19/06/2019 - fl(s)./Id
7070/ES)
7aded6e).
RECORRENTE JEFFERSON FLORENCIO CORREIA
ADVOGADO GABRIELA CASATI FERREIRA Regular a representação processual - fl(s.)/Id fcbc853.
GUIMARAES(OAB: 12798/ES)
Satisfeito o preparo - fl(s)./Id 132d319, 99fc544, 0144c8b, 030978d
RECORRENTE EDP ESPIRITO SANTO
DISTRIBUICAO DE ENERGIA S.A. e 88b5e60.
ADVOGADO SANDRO VIEIRA DE MORAES(OAB:
6725/ES) PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS
RECORRIDO SINOR ELETRICIDADE LTDA Duração do Trabalho / Intervalo Intrajornada.
ADVOGADO WELITON ROGER ALTOE(OAB:
7070/ES) Alegação(ões):
RECORRIDO EDP ESPIRITO SANTO - divergência jurisprudencial.
DISTRIBUICAO DE ENERGIA S.A.
ADVOGADO SANDRO VIEIRA DE MORAES(OAB: - art. 62, I, 71, §4º,da CLT
6725/ES)
Insurge-se contra a condenação ao pagamento de horas extras em
RECORRIDO JEFFERSON FLORENCIO CORREIA
ADVOGADO GABRIELA CASATI FERREIRA razão do intervalo intrajornada reduzido.
GUIMARAES(OAB: 12798/ES)
Sucessivamente, pleiteia seja determinando que a recorrente efetue
TERCEIRO ALTEMIR DE SOUZA PEREIRA
INTERESSADO o pagamento apenas do período suprimido, bem como seja

declarada sua natureza indenizatória.


Intimado(s)/Citado(s):
Tendo a C. Turma manifestado entendimento no sentido de que no
- EDP ESPIRITO SANTO DISTRIBUICAO DE ENERGIA S.A.
- JEFFERSON FLORENCIO CORREIA presente caso, ainda que reclamante tenha exercido atividades
- SINOR ELETRICIDADE LTDA externas, poderia a empresa realizar o controle da jornada deste

mediante estipulação de rotas, com a apresentação de relatórios de

cumprimento das ordens de serviço, além do tem utilizado para o

PODER JUDICIÁRIO cumprimento das referidas ordens, bem como que diante da

JUSTIÇA DO TRABALHO possibilidade do controle, devido o pagamento de hora extra em

virtude da supressão parcial do intervalo intrajornada, supressão


Fundamentação
esta que restou devidamente comprovada pela testemunha
RECURSO DE REVISTA
inquirida, que trabalhou para a ré também como eletricista, ao
Lei 13.015/2014
afirmar que em alguns dias da semana não usufruía integralmente
Lei 13.467/2017
do intervalo, depoimento este que deve prevalecer em detrimento
Recorrente(s): 1. SINOR ELETRICIDADE LTDA
dos cartões de ponto, na medida que estes, por serem assinalados
2. JEFFERSON FLORENCIO CORREIA
de forma britânica, principalmente no que diz respeito aos
Advogado(a)(s): 1. WELITON ROGER ALTOE (ES - 7070)
intervalos, são infidedignos, não se verifica, em tese, a alegada
2. GABRIELA CASATI FERREIRA GUIMARAES (ES - 12798)
violação, conforme exige a alínea "c" do artigo 896 Consolidado.
Recorrido(a)(s): 1. EDP ESPIRITO SANTO DISTRIBUICAO DE
A análise de divergência jurisprudencial se restringe aos arestos
ENERGIA S.A.
oriundos dos órgãos elencados na alínea "a" do art. 896, da CLT.
2. JEFFERSON FLORENCIO CORREIA

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 59
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Tal comando não foi observado pela parte recorrente (arestos deste diretamente ligados à atividade-fim da 2ª Reclamada, eis que na

regional), impossibilitando o pretendido confronto de teses e, função de Eletricista A, trabalhava no setor de inspeção, instalação,

consequentemente, inviabilizando o prosseguimento do recurso, no ligação e corte de energia elétrica nas residências ou

aspecto. estabelecimentos dos consumidores, todavia, o Supremo Tribunal

As ementas das 15ª e 23ª Regiões mostram-se inespecíficas à Federal, no julgamento da ADPF n° 324 e do Recurso

configuração da pretendida divergência interpretativa, porquanto Extraordinário n° 958252, em Repercussão geral, publicado no DJe

abordam situação em que não havia a possibilidade de controle, e DOU, de 10/9/2018 (republicado em 04/10/2018), decidiu pela

hipótese diversa da tratada no caso dos autos, acima descrita (S. licitude da terceirização em todas as atividades empresariais, sem

296/TST). discrímen, independentemente de ser realizada na atividade meio,

Quanto ao pagamento apenas do período suprimido e ao caráter ou atividade-fim, ou ainda que a jurisprudência do Supremo Tribunal

indenizatório, a matéria não foi analisada à luz dos fundamentos Federal se encontra pacificada no sentido de ser desnecessário

recursais, o que obsta o apelo, por ausência de prequestionamento. aguardar o trânsito em julgado do acórdão paradigma para fins de

CONCLUSÃO aplicação da tese sufragada na sistemática da repercussão geral,

DENEGO seguimento ao recurso de revista. não se verifica, em tese, a alegada violação, conforme exige a

alínea "c" do artigo 896 Consolidado.

Recurso de: JEFFERSON FLORENCIO CORREIA Impossível aferir a divergência com as ementas das fls. 14-24,

CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES tendo em vista que não mencionam a decisão em repercussão geral

O presente recurso foi apresentado na vigência da Lei 13.467/2017. do STF utilizada como fundamento por este Regional.

Vale registrar que, nos termos do art. 896-A, §1º e incisos da CLT, A análise de divergência jurisprudencial se restringe aos arestos

incumbe ao Tribunal Superior do Trabalho o exame da oriundos dos órgãos elencados na alínea "a" do art. 896, da CLT.

transcendência do recurso de revista. Tal comando não foi observado pela parte recorrente (arestos das

PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS fls.11-12), impossibilitando o pretendido confronto de teses e,

Tempestivo o recurso (ciência da decisão em 24/07/2019 - fl(s)./Id consequentemente, inviabilizando o prosseguimento do recurso, no

0BE0EC7; petição recursal apresentada em 05/08/2019 - fl(s)./Id aspecto.

052084e). A parte não realizou o confronto analítico entre a tese adotada no

Regular a representação processual - fl(s.)/Id 53a1f39. acórdão recorrido e cada ementa transcrita em suas razões

Inexigível o recolhimento de custas, uma vez que a parte recorrente recursais nas fls. 25-26, deixando de atender ao exigido pelo artigo

não foi condenada a efetuar o preparo - fl(s.)/Ids 132d319 , 896, §8º, da CLT, impedindo o seguimento do apelo, nesse aspecto.

030978d. Com efeito, segundo a sistemática imposta pela Lei 13.015/2014,

PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS cabe à parte demonstrar especificamente onde se situa a alegada

Responsabilidade Solidária / Subsidiária / Tomador de Serviços / divergência de teses entre o acórdão recorrido e os arestos

Terceirização / Licitude / Ilicitude da Terceirização. apresentados, no exame de casos concretos idênticos ou

Alegação(ões): semelhantes, ônus do qual não se desincumbiu a parte recorrente.

- divergência jurisprudencial. Vale ressaltar que não atende a essa finalidade a mera transcrição

- arts. 14, 25, 26, §1º, Lei 8.987/95 de arestos em bloco ou a simples apresentação de tabela contendo

- arts. 5º, caput, II, XXXVI, 7º, VI, 21, XII, 37 e 175 da CR o trecho do acórdão recorrido e o julgado trazido a confronto.

- arts. 72, 78, VI, da Lei 8666/93 Quanto à necessidade do confronto analítico, vale mencionar os

- art. 9º da CLT seguintes julgados do TST: E-ED-RR - 552-07.2013.5.06.0231,

- arts. 186, 927 e 942 do CC Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra Belmonte, SBDI-I, DEJT

- art. 6º, da LIDB 17/06/2016; AIRR - 1124-32.2015.5.11.0011, Relator Ministro:

Pugna pela declaração de ilicitude da terceirização e vínculo com o Walmir Oliveira da Costa, 1ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR -

tomador dos serviços. 10077-02.2014.5.15.0110 , Relatora Ministra: Delaíde Miranda

Afirma que a licitude da terceirização afirmada na ADPF 324 não Arantes, 2ª Turma, DEJT 03/07/2017; AIRR - 220-

pode atingir o presente processo. 86.2015.5.11.0051 , Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra

Tendo a C. Turma manifestado entendimento no sentido de que é Belmonte, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 03/07/2017; AIRR -

certo que os serviços desenvolvidos pelo Reclamante estão 20027-78.2013.5.04.0012 , Relatora Desembargadora Convocada:

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 60
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Cilene Ferreira Amaro Santos, 4ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR - do vínculo de emprego diretamente com a 2ª Reclamada.

909-49.2015.5.08.0008, Relator Ministro: Guilherme Augusto

Caputo Bastos, 5ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR - 47700- Responsabilidade Solidária / Subsidiária

21.2005.5.01.0041 , Relator Ministro: Aloysio Corrêa da Veiga, Data Quanto à matéria em epígrafe, nego seguimento ao recurso,

de Julgamento: 30/03/2016, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT porquanto o recorrente não cuidou de indicar o trecho da decisão

01/04/2016; AIRR - 10565-26.2013.5.03.0077 , Relator Ministro: recorrida objeto da insurgência, conforme exige o artigo 896, §1º-A,

Cláudio Mascarenhas Brandão, Data de Julgamento: 09/03/2016, 7ª I, da CLT (acrescentado pela Lei nº 13.015/2014 publicada no DOU

Turma, Data de Publicação: DEJT 18/03/2016; AIRR - 1452- de 22.07.2014) .

29.2015.5.14.0091 , Relatora Ministra: Dora Maria da Costa, Data

de Julgamento: 10/05/2017, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Recurso /

12/05/2017. Sobrestamento

Pugna pelo sobrestamento do presente feito em virtude da

Direito Coletivo / Acordo e Convenção Coletivos de Trabalho. repercussão geral decorrente de recente decisão do STF no

Remuneração, Verbas Indenizatórias e Benefícios / Participação julgamento dos Emb Dcl no AgRg Ag (ARE) 713.211/MG, reautuado

nos Lucros ou Resultados - PLR como RE 958252, e também em virtude da Repercussão Geral nº

Remuneração, Verbas Indenizatórias e Benefícios / Salário / 725, do STF.

Diferença Salarial CONCLUSÃO

Remuneração, Verbas Indenizatórias e Benefícios / Gratificação DENEGO seguimento ao recurso de revista.

Remuneração, Verbas Indenizatórias e Benefícios / Ajuda / Tíquete Publique-se .

Alimentação ANA PAULA TAUCEDA BRANCO

Férias / Abono Pecuniário Desembargadora-Presidente

Remuneração, Verbas Indenizatórias e Benefícios / Abono /gr-17

Responsabilidade Civil do Empregador / Indenização por Dano Assinatura

Moral VITORIA, 27 de Novembro de 2019

Alegação(ões):

- divergência jurisprudencial. ANA PAULA TAUCEDA BRANCO

- arts. 1º, III, IV, 5º, caput, V, X, 7º, XXX, XXXII, 170 da CRFB/88 Desembargador Federal do Trabalho

- art. 9º, 10, 461, da CLT Decisão


Processo Nº AP-0008700-58.2003.5.17.0002
- art. 12, "a", da Lei nº 6.019/74 Relator MARIO RIBEIRO CANTARINO NETO
- OJ nº 383 da SBDI-1 do C. TST AGRAVANTE Jorge Luis dos Santos
ADVOGADO SEDNO ALEXANDRE
- art. 396, 400 do CPC PELISSARI(OAB: 8573/ES)
- arts. 186, 187, 927, 942, caput e parágrafo único, do CC ADVOGADO ANTONIO AUGUSTO
DALLAPICCOLA SAMPAIO(OAB:
- Súmula 331, IV do TST 9588/ES)
ADVOGADO JOAO BATISTA DALLAPICCOLA
Pugna para que, restando configurada a fraude contratual, sejam as SAMPAIO(OAB: 4367/ES)
rés condenadas ao pagamento dos benefícios previstos nos ACT's AGRAVADO COMPANHIA DOCAS DO ESPIRITO
SANTO CODESA
da categoria, firmados entre a 2ª Reclamada (EDP) e o SINERGI - ADVOGADO MILENA GOTARDO COSME(OAB:
19148/ES)
ES, dentre eles: participação nos lucros e resultados, diferenças
ADVOGADO REGIS QUIRINO SOBRINHO(OAB:
salariais em relação ao salário compatível com os empregados da 30890/ES)

EDP ou com base nos pisos salariais, gratificação mensal da função


Intimado(s)/Citado(s):
de Eletricista Motorista, pagamento do programa de refeição e - COMPANHIA DOCAS DO ESPIRITO SANTO CODESA
alimentação, abono de férias, abono indenizatório. - Jorge Luis dos Santos

Pleiteia a condenação das rés ao pagamento da compensação

pelos danos morais sofridos pelo autor diante da terceirização ilícita.

As matérias não foram analisadas à luz dos fundamentos recursais,


PODER JUDICIÁRIO
o que obsta o apelo, por ausência de prequestionamento, tendo em
JUSTIÇA DO TRABALHO
vista o reconhecimento da terceirização como lícita e afastamento

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 61
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Fundamentação oportunamente suscitadas e essenciais à resolução da controvérsia

RECURSO DE REVISTA foram analisadas pelo Eg. Regional, de forma motivada, razão por

Lei 13.015/2014 que não se vislumbra, em tese, a apontada afronta ao artigo 93, IX,

Lei 13.467/2017 da CF/88.

Recorrente(s): 1. Jorge Luis dos Santos Quanto à alegada violação aos demais preceitos constitucionais,

2. COMPANHIA DOCAS DO ESPIRITO SANTO CODESA inviável o recurso, ante o entendimento consubstanciado na Súmula

Advogado(a)(s): 1. JOAO BATISTA DALLAPICCOLA SAMPAIO (ES 459 do TST.

- 4367)

1. ANTONIO AUGUSTO DALLAPICCOLA SAMPAIO (ES - 9588) Rescisão do Contrato de Trabalho / Verbas Rescisórias / Multa de

1. SEDNO ALEXANDRE PELISSARI (ES - 8573) 40% do FGTS

2. REGIS QUIRINO SOBRINHO (ES - 30890) Duração do Trabalho / Horas Extras / Base de Cálculo

2. MILENA GOTARDO COSME (ES - 19148) Inviável o recurso quanto às matérias em epígrafe, porque não

Recorrido(a)(s): 1. COMPANHIA DOCAS DO ESPIRITO SANTO observado o disposto no artigo 896, §1º-A, I, da CLT. Com efeito, a

CODESA transcrição do tópico inteiro do v. acórdão ou da integralidade da

2. Jorge Luis dos Santos análise realizada pela C. Turma, quanto à matéria objeto do

Advogado(a)(s): 1. REGIS QUIRINO SOBRINHO (ES - 30890) recurso, não atende à exigência do artigo 896, §1º-A, I, da CLT. É

1. MILENA GOTARDO COSME (ES - 19148) preciso que a parte transcreva o trecho do v. acórdão em que

2. JOAO BATISTA DALLAPICCOLA SAMPAIO (ES - 4367) consta precisamente a tese regional impugnada no recurso de

2. ANTONIO AUGUSTO DALLAPICCOLA SAMPAIO (ES - 9588) revista, ou, ao menos, que destaque de forma clara a tese adotada

2. SEDNO ALEXANDRE PELISSARI (ES - 8573) e contra a qual se insurge. Nesse sentido:

"EMBARGOS EM RECURSO DE REVISTA. DECISÃO

Recurso de: Jorge Luis dos Santos EMBARGADA PUBLICADA NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014.

CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES RECURSO DE REVISTA QUE NÃO APRESENTA A

O presente recurso foi apresentado na vigência da Lei 13.467/2017. TRANSCRIÇÃO DO TRECHO DO ACÓRDÃO REGIONAL QUE

Vale registrar que, nos termos do art. 896-A, §1º e incisos da CLT, IDENTIFICA O PREQUESTIONAMENTO DA MATÉRIA OBJETO

incumbe ao Tribunal Superior do Trabalho o exame da DO APELO. REQUISITO LEGAL INSCRITO NO ARTIGO 896, § 1º-

transcendência do recurso de revista. A, I, DA CLT. REDAÇÃO CONFERIDA PELA LEI 13.015/2014. (...)

PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS 3 - Embora o dispositivo em comento utilize o verbo "indicar",

Tempestivo o recurso (ciência da decisão em 13/09/2019 - fl(s)./Id referindo-se ao requisito formal ali inscrito, esta Corte Superior tem

A431824; petição recursal apresentada em 25/09/2019 - fl(s)./Id exigido a transcrição do trecho da decisão regional que

a4173b9). consubstancia o prequestionamento da controvérsia objeto do

Regular a representação processual - fl(s.)/Id fc580fa. apelo, firme no entendimento de que a alteração legislativa

PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS empreendida pela Lei 13.015/2014, nesse aspecto, constitui

DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Atos pressuposto de adequação formal de admissibilidade do recurso de

Processuais / Nulidade / Negativa de Prestação Jurisdicional. revista e se orienta no sentido de propiciar a identificação precisa da

Alegação(ões): contrariedade a dispositivo de Lei e a Súmula e do dissenso de

- divergência jurisprudencial. teses, afastando-se os recursos de revista que impugnam de forma

- art. 5º, XXXV, LIV, LV, 93, IX, da CR genérica a decisão regional e conduzem sua admissibilidade para

- art. 489, II, do CPC um exercício exclusivamente subjetivo pelo julgador de verificação e

- art. 832, da CLT adequação formal do apelo. Assim, a necessidade da transcrição do

Ante a restrição do artigo 896, § 2º, da CLT, descabe análise de trecho que consubstancia a violação e as contrariedades indicadas,

violação à legislação infraconstitucional, contrariedade a Súmulas e e da demonstração analítica da divergência jurisprudencial, visa a

divergência jurisprudencial. permitir a identificação precisa e objetiva da tese supostamente

Sustenta que a decisão se encontra omissa quanto às questões ofensiva a lei, à segurança das relações jurídicas e à isonomia das

arguídas em sede de embargos declaratórios. decisões judiciais, de modo que contribua para a celeridade da

Inviável o recurso, contudo, porquanto se verifica que as questões prestação jurisdicional, possibilite a formação de precedentes como

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 62
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

elementos de estabilidade e a decisão do TST contribua para a violação à legislação infraconstitucional, contrariedade a Súmulas e

formação da jurisprudência nacionalmente unificada. (...) (E-ED-RR divergência jurisprudencial.

- 552-07.2013.5.06.0231, Relator Ministro: Alexandre de Souza Tendo a C. Turma manifestado entendimento no sentido de que

Agra Belmonte, Data de Julgamento: 09/06/2016, Subseção I embora a Lei n. 13.467/2017 tenha inserido o § 7º ao art. 879 da

Especializada em Dissídios Individuais, Data de Publicação: DEJT CLT, segundo o qual a atualização dos créditos decorrentes de

17/06/2016)." condenação judicial será feita pela TR, referido preceito faz

No mesmo sentido: ED-AIRR-41600-81.2009.5.01.0050, Rel. Min. remissão expressa à Lei n. 8.177/1991, e assim, a discussão acerca

Delaíde Miranda Arantes, 2ª Turma, DEJT 29/04/2016; AIRR - da aplicação da TR ou do IPCA-E como índice de atualização dos

10356-41.2013.5.15.0039 Data de Julgamento: 25/05/2016, Relator créditos judiciais trabalhistas continua girando em torno da

Ministro: Alexandre de Souza Agra Belmonte, 3ª Turma, Data de constitucionalidade do art. 39 da Lei n. 8.177/1991 e seus

Publicação: DEJT 03/06/2016; AIRR-65-63.2014.5.05.0026, Rel. desdobramentos junto ao STF e ao TST, bem como que em

Min. Cláudio Mascarenhas Brandão, 7ª Turma, DEJT 12/02/2016; 05/12/2017, a Segunda Turma do STF julgou, em análise meritória,

AIRR-369-66.2014.5.10.0012, Rel. Min. Kátia Magalhães Arruda, 6ª improcedente a Reclamação 22012, ajuizada pela Federação

Turma, DEJT 27/11/2015. Nacional dos Bancos (Fenaban) contra a decisão do TST que havia

CONCLUSÃO determinado a adoção IPCA-E no lugar da TRD para a atualização

DENEGO seguimento ao recurso de revista. de débitos trabalhistas, prevalecendo o entendimento de que tal

posicionamento não configura desrespeito ao julgamento das Ações

Recurso de: COMPANHIA DOCAS DO ESPIRITO SANTO Diretas de Inconstitucionalidade 4357 e 4425, que analisaram a

CODESA emenda constitucional sobre precatórios, ou ainda que o Tribunal

CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES Pleno do TST, em sessão de 20 de março de 2017, apreciando os

O presente recurso foi apresentado na vigência da Lei 13.467/2017. embargos de declaração opostos em face do acórdão proferido na

Vale registrar que, nos termos do art. 896-A, §1º e incisos da CLT, ArgInc - 479-60.2011.5.04.0231, decidiu pela modulação da decisão

incumbe ao Tribunal Superior do Trabalho o exame da original, atribuindo efeito modificativo ao julgado, para determinar

transcendência do recurso de revista. que a aplicação do IPCA-E, como índice de correção dos débitos

PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS trabalhistas, produza efeito somente a partir de 25 de março de

Tempestivo o recurso (ciência da decisão em 13/09/2019 - fl(s)./Id 2015, data coincidente com aquela adotada pelo Supremo Tribunal

A431824; petição recursal apresentada em 25/09/2019 - fl(s)./Id Federal no acórdão prolatado na ADI 4.357 e dessa forma,

db2d11e). considerando as decisões proferidas tanto pelo STF como também

Regular a representação processual - fl(s.)/Id e1b553d . pelo TST, os débitos trabalhistas em geral devem ser atualizados

PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS pela TR/FACDT até 24/03/2015 e pelo IPCA-E a partir de

DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Liquidação / 25/03/2015, para que seja resguardada a segurança jurídica, não se

Cumprimento / Execução / Valor da Execução / Cálculo / verifica, em tese, a alegada violação, como requer o artigo 896, §

Atualização / Correção Monetária. 2.º, da CLT.

Alegação(ões): CONCLUSÃO

- divergência jurisprudencial. DENEGO seguimento ao recurso de revista.

- art. 5º, caput, II, XXII, XXXVI, art. 7º, II, XXVIII, 93, IX, da CR Publique-se .

- art. 39 da Lei 8.177/91 ANA PAULA TAUCEDA BRANCO

- § 7º do art. 879 da CLT Desembargadora-Presidente

- OJ nº 124 da SDI-1 do TST /gr-17

- artigo 1º da Resolução 008/2005 do CSJT Assinatura

Pretende seja afastada aplicação do IPCA-E como fator de correção VITORIA, 27 de Novembro de 2019

dos débitos trabalhistas, vez que a Lei 13.467/2017, que trata da

reforma trabalhista, manteve a utilização da TR (Taxa Referencial). ANA PAULA TAUCEDA BRANCO

Sucessivamente, requer a sua limitação entre o período de Desembargador Federal do Trabalho

25/03/2015 a 11/11/2017. Decisão


Processo Nº ROT-0000140-90.2018.5.17.0006
Ante a restrição do artigo 896, § 2º, da CLT, descabe análise de

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Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Relator WANDA LUCIA COSTA LEITE


FRANCA DECUZZI insurgência, conforme exige o artigo 896, §1º-A, I, da CLT
RECORRENTE PEPSICO DO BRASIL LTDA (acrescentado pela Lei nº 13.015/2014 publicada no DOU de
ADVOGADO ALEXANDRE LAURIA DUTRA(OAB:
157840/SP) 22.07.2014).
RECORRIDO DAYANA MACHADO MAGALHAES
ADVOGADO FOUAD ABIDAO BOUCHABKI
FILHO(OAB: 7719/ES) Remuneração, Verbas Indenizatórias e Benefícios / Salário /
TERCEIRO Pauliana Corrêa de Souza Diferença Salarial / Diferenças por Desvio de Função
INTERESSADO
TERCEIRO Vitor Nascimento Fagundes Alegação(ões):
INTERESSADO
- Violação arts. 5°, II CR; 818 CLT; 373 I CPC
Intimado(s)/Citado(s): - Divergências jurisprudenciais.
- DAYANA MACHADO MAGALHAES Pugna pela reforma do julgado que acatou a alegação de desvio de
- PEPSICO DO BRASIL LTDA
função e condenou a recorrente ao pagamento de diferenças

salariais. Restou cabalmente desmontado que a parte Recorrida

exercia apenas e tão somente suas funções de acordo com o


PODER JUDICIÁRIO anotado em CTPS (promotora de vendas),não sendo destacada
JUSTIÇA DO TRABALHO para exercer funções diversas das quais fora contratada.

Conforme trechos transcritos, a C. Turma entendeu que:


Fundamentação
"E aqui começa a ruir o argumento da recorrente de que a

reclamante "confessou" que não vendia produtos novos. A

propósito, a autora afirmou que se dirigia à loja, fazia o

abastecimento dos produtos, verificava a validade, limpava a loja e

fazia a venda, repassando o pedido à ré, que cuidava da emissão


RECURSO DE REVISTA
da nota fiscal.
Lei 13.015/2014
Perquirida de forma insistente acerca da venda de produtos novos,
Lei 13.467/2017
acabou concordando que não a fazia. No entanto, há que se ter em
Recorrente(s): PEPSICO DO BRASIL LTDA
mente que a rota desse canal de vendas não tinha vendedores. É
Advogado(a)(s): ALEXANDRE LAURIA DUTRA (SP - 157840)
dizer, se ela não fizesse a venda dos produtos da reclamada, como
Recorrido(a)(s): DAYANA MACHADO MAGALHAES
a loja não podia pedir diretamente, ninguém faria, o que,
Advogado(a)(s): FOUAD ABIDAO BOUCHABKI FILHO (ES - 7719)
convenhamos, não é razoável e tampouco crível.
CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
E nem se diga que não havia necessidade de vendedor, pois em
O presente recurso foi apresentado na vigência da Lei 13.467/2017.
01/2017, ou seja, um pouco antes da dispensa da reclamante
Vale registrar que, nos termos do art. 896-A, §1º e incisos da CLT,
(ocorrida em 05.04.2017), a ré passou a contar com vendedores no
incumbe ao Tribunal Superior do Trabalho o exame da
canal OTI.
transcendência do recurso de revista.
Em meio a esse contexto, impõe-se reconhecer que a autora se
PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS
desincumbiu a contento do ônus de comprovar que atuou como
Tempestivo o recurso (ciência da decisão em 01/08/2019 - fl(s)./Id
vendedora, sendo devidas as diferenças salariais deferidas."
ACD0B88; petição recursal apresentada em 13/08/2019 - fl(s)./Id
No que tange à comprovação do desvio de função, verifica-se que
9acb565).
as razões recursais direcionam-se ao revolvimento do contexto
Regular a representação processual - fl(s.)/Id 798a299.
fático-probante dos autos, prática insuscetível de ocorrer nesta fase
Satisfeito o preparo - fl(s)./Id 4ebdbe2, ef0bfa1,d090499, 51ff91f,
do processo, nos termos da Súmula 126/TST.
7eeb714, 2eff3b2 e dc9c41f.

PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS
DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Liquidação /
Duração do Trabalho / Trabalho Externo
Cumprimento / Execução / Obrigação de Fazer / Não Fazer
Duração do Trabalho / Intervalo Interjornadas
Alegação(ões):
Duração do Trabalho / Adicional Noturno
- Violação arts. 5°, CR
Quanto às matéria em epígrafe, nego seguimento ao recurso,
A Recorrente sustenta que merece reforma o v. acórdão no que
porquanto a recorrente não cuidou de indicar, em cada tópico, para
tange a determinação de cumprimento de obrigação de fazer,
o devido cotejo analítico, o trecho da decisão recorrida objeto da

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- SINDICATO DOS TRABALHADORES EM EMPRESAS


devendo o pedido ser julgado improcedente. FERROVIARIAS DOS ESTADOS DO ESPIRITO SANTO E MINAS
GERAIS
A C. Turma, conforme trecho do Acórdão transcrito, decidiu no
- VALE S.A.
seguinte sentido:

"Tendo havido apenas a reforma parcial da sentença, mantendo-se

a condenação incidente sobre verbas de natureza salarial, deve ser


PODER JUDICIÁRIO
realizada a comprovação da emissão das informações
JUSTIÇA DO TRABALHO
previdenciárias, como determinado pela Juíza de origem."

Ante o exposto, tendo a C. Turma manifestado entendimento no Fundamentação


sentido de que uma vez mantida a condenação incidente sobre

verbas salariais deve ser comprovada a emissão das informações RECURSO DE REVISTA
previdenciárias, não se verifica, em tese, a alegada violação, Lei 13.015/2014
conforme exige a alínea "c" do artigo 896 Consolidado. Lei 13.467/2017
CONCLUSÃO Recorrente(s): VALE S.A.
DENEGO seguimento ao recurso de revista. Advogado(a)(s): CARLA GUSMAN ZOUAIN (ES - 7582)
Publique-se RODRIGO DE CARVALHO ZAULI (MG - 71933)
ANA PAULA TAUCEDA BRANCO RODOLFO GOMES AMADEO (ES - 12493)
Desembargadora-Presidente Recorrido(a)(s): SINDICATO DOS TRABALHADORES EM
/gr-08 EMPRESAS FERROVIARIAS DOS ESTADOS DO ESPIRITO

SANTO E MINAS GERAIS

Advogado(a)(s): SIDNEY FERREIRA SCHREIBER (ES - 255)

CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
Assinatura O presente recurso foi apresentado na vigência da Lei 13.467/2017.
VITORIA, 27 de Novembro de 2019 Vale registrar que, nos termos do art. 896-A, §1º e incisos da CLT,

incumbe ao Tribunal Superior do Trabalho o exame da


ANA PAULA TAUCEDA BRANCO transcendência do recurso de revista.
Desembargador Federal do Trabalho PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS
Decisão Tempestivo o recurso (ciência da decisão em 09/10/2019 - Id
Processo Nº ROT-0001071-92.2015.5.17.0008
Relator WANDA LUCIA COSTA LEITE 2F95CE4; petição recursal apresentada em 21/10/2019 - Id
FRANCA DECUZZI
631f98a).
RECORRENTE VALE S.A.
ADVOGADO RODOLFO GOMES AMADEO(OAB: Regular a representação processual - Id e324258, e0ea4de.
12493/ES)
Satisfeito o preparo - Id e64194d, 676809f, ecd18ea, 8649c85 e
ADVOGADO RODRIGO DE CARVALHO
ZAULI(OAB: 71933/MG) 0282bfe, 53361bf.
RECORRENTE SINDICATO DOS TRABALHADORES
EM EMPRESAS FERROVIARIAS DOS PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS
ESTADOS DO ESPIRITO SANTO E
MINAS GERAIS Remuneração, Verbas Indenizatórias e Benefícios / Adicional /
ADVOGADO SIDNEY FERREIRA Adicional de Insalubridade.
SCHREIBER(OAB: 255-B/ES)
RECORRIDO VALE S.A. Alegação(ões):
ADVOGADO RODOLFO GOMES AMADEO(OAB: - contrariedade à(ao) : Súmula nº 80; Súmula nº 289 do Tribunal
12493/ES)
ADVOGADO RODRIGO DE CARVALHO Superior do Trabalho.
ZAULI(OAB: 71933/MG)
- violação da (o) inciso II do artigo 191 da Consolidação das Leis do
ADVOGADO CARLA GUSMAN ZOUAIN(OAB:
7582/ES) Trabalho; artigo 192 da Consolidação das Leis do Trabalho; artigo
RECORRIDO SINDICATO DOS TRABALHADORES
EM EMPRESAS FERROVIARIAS DOS 818 da Consolidação das Leis do Trabalho; inciso II do artigo 373
ESTADOS DO ESPIRITO SANTO E
MINAS GERAIS do Código de Processo Civil de 2015.
ADVOGADO SIDNEY FERREIRA - NR 15;
SCHREIBER(OAB: 255-B/ES)
PERITO LAURO MARCIO VIEIRA DE A recorrente insurge-se contra o v. acórdão, no tocante à
ASSUMPCAO
condenação ao pagamento de adicional de insalubridade, pela
Intimado(s)/Citado(s): exposição ao agente ruído, radiação não ionizante, tolueno, óleo

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mineral, hidrocarbonetos e outros compostos de carbono. cabe à parte indicar especificamente o motivo pelo qual o acórdão,

A C. Turma manteve a condenação da reclamada ao pagamento de ao adotar determinada fundamentação, deixou de observar cada

adicional de insalubridade por exposição aos agentes ruído, Súmula invocada, sendo inviável a mera alegação genérica de

radiação não ionizante, tolueno, óleo mineral, hidrocarbonetos e contrariedade.

outros compostos de carbono, ao argumento de que não há Quanto à necessidade do confronto analítico, vale mencionar os

elementos nos autos capazes de infirmar a conclusão do laudo seguintes julgados do TST: E-ED-RR - 552-07.2013.5.06.0231,

pericial, verifica-se que, não obstante a afronta legal aduzida, bem Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra Belmonte, SBDI-I, DEJT

como o dissenso interpretativo suscitado, inviável o apelo, uma vez 17/06/2016; AIRR - 1124-32.2015.5.11.0011, Relator Ministro:

que a matéria, tal como tratada no v. acórdão e posta nas razões Walmir Oliveira da Costa, 1ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR -

recursais, reveste-se de contornos nitidamente fático-probatórios, 10077-02.2014.5.15.0110 , Relatora Ministra: Delaíde Miranda

cuja reapreciação, em sede de recurso de revista, é diligência que Arantes, 2ª Turma, DEJT 03/07/2017; AIRR - 220-

encontra óbice na Súmula 126/TST. 86.2015.5.11.0051 , Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra

Belmonte, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 03/07/2017; AIRR -

DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Liquidação / 20027-78.2013.5.04.0012 , Relatora Desembargadora Convocada:

Cumprimento / Execução / Valor da Execução / Cálculo / Cilene Ferreira Amaro Santos, 4ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR -

Atualização / Correção Monetária. 909-49.2015.5.08.0008, Relator Ministro: Guilherme Augusto

Alegação(ões): Caputo Bastos, 5ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR - 47700-

- contrariedade à(ao) : Súmula nº 381 do Tribunal Superior do 21.2005.5.01.0041 , Relator Ministro: Aloysio Corrêa da Veiga, Data

Trabalho. de Julgamento: 30/03/2016, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT

- violação do(s) artigo 2º; inciso II do artigo 5º; inciso LIV do artigo 01/04/2016; AIRR - 10565-26.2013.5.03.0077 , Relator Ministro:

5º; artigo 92; artigo 97; artigo 114; alínea "a" do inciso I do artigo Cláudio Mascarenhas Brandão, Data de Julgamento: 09/03/2016, 7ª

102 da Constituição. Turma, Data de Publicação: DEJT 18/03/2016; AIRR - 1452-

- violação da (o) §7º do artigo 879 da Consolidação das Leis do 29.2015.5.14.0091 , Relatora Ministra: Dora Maria da Costa, Data

Trabalho; artigo 39 da Lei nº 8177/1991; da Lei nº 13467/2017; de Julgamento: 10/05/2017, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT

artigo 14 do Código de Processo Civil de 2015; artigo 1046 do 12/05/2017.

Código de Processo Civil de 2015. CONCLUSÃO

- divergência jurisprudencial. DENEGO seguimento ao recurso de revista.

A recorrente insurge-se contra o v. acórdão, no tocante à Publique-se.

determinação de que a correção dos créditos executados fosse feita ANA PAULA TAUCEDA BRANCO

mediante aplicação do IPCA-E a partir de 25/03/2015. Desembargadora-Presidente

Tendo a C. Turma determinado a incidência do índice do IPCA-E a /gr-03

partir de 25.03.2015, ao argumento de que é possível concluir que o Assinatura

art. 879, § 7.º, da CLT carece de eficácia normativa, não se verifica, VITORIA, 27 de Novembro de 2019

em tese, a alegada violação, conforme exige a alínea "c" do artigo

896 Consolidado. ANA PAULA TAUCEDA BRANCO

Ademais, a análise de divergência jurisprudencial se restringe aos Desembargador Federal do Trabalho

arestos oriundos dos órgãos elencados na alínea "a" do art. 896, da Decisão
Processo Nº ROT-0000419-09.2014.5.17.0009
CLT. Tal comando não foi observado pela parte recorrente, Relator JAILSON PEREIRA DA SILVA
impossibilitando o pretendido confronto de teses e, RECORRENTE VALE S.A.
ADVOGADO CARLA GUSMAN ZOUAIN(OAB:
consequentemente, inviabilizando o prosseguimento do recurso, no 7582/ES)
aspecto. ADVOGADO BARBARA BRAUN RIZK(OAB:
13843/ES)
Além disso, a parte não realizou o confronto analítico entre a tese RECORRIDO RENATO MAIA
adotada no acórdão recorrido e a súmula supostamente contrariada, ADVOGADO MAIRA DANCOS BARBOSA
RIBEIRO(OAB: 10800/ES)
deixando de atender ao exigido pelo artigo 896, §1º-A, III, da CLT, TERCEIRO CHRISTIANE SALIBA HELMER (CRM
INTERESSADO - 4460).
inviabilizando o seguimento do apelo, nesse aspecto.
TERCEIRO ANDRESSA RONCONI G. PIMENTA
Com efeito, segundo a sistemática imposta pela Lei 13.015/2014, INTERESSADO

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TERCEIRO LUIZ RICARDO CHIABAI LOUREIRO


INTERESSADO - Violação arts. 93 IX CR; 832 CLT; 458 II CLT

Sustenta a nulidade do julgado, por negativa de prestação


Intimado(s)/Citado(s):
jurisdicional, ao argumento de que a C. Turma não se manifestou
- RENATO MAIA
- VALE S.A. quanto a todos os pontos levantados pela recorrente, não obstante

interposição de embargos declaratórios.

Inviável o recurso, contudo, porquanto se verifica que as questões

oportunamente suscitadas e essenciais à resolução da controvérsia


PODER JUDICIÁRIO
foram analisadas pelo Eg. Regional, de forma motivada, razão por
JUSTIÇA DO TRABALHO
que não se vislumbra, em tese, a apontada afronta aos artigos 832
Fundamentação da CLT, 458 do CPC e 93, IX, da CR/88.

Rescisão do Contrato de Trabalho / Reintegração / Readmissão ou

Indenização

Alegação(ões):
RECURSO DE REVISTA - Violação arts. 9°, 476 CLT; 20, 118 L8213/91; 950, 949 CCB
Lei 13.015/2014 - Contrariedade Súmula 378, II TST
Lei 13.467/2017 Pugna pela reforma do julgado para que seja reconehcida a
Recorrente(s): RENATO MAIA nulidade da dispensa e consequentemente o reconhecimento do
Advogado(a)(s): MAIRA DANCOS BARBOSA RIBEIRO (ES - direito à reintegração. Aduz que o autor não se encontrava apto
10800) para as suas atividades laborais. Pugna, ainda, pela concessão de
Recorrido(a)(s): VALE S.A. antecipação de tutela.
Advogado(a)(s): RODRIGO MAIA RIBEIRO ESTRELLA ROLDAN Conforme trecho do Acórdão transcrito pela recorrente em sua peça
(RJ - 103789) recursal, a C. Turma decidiu que:
BARBARA BRAUN RIZK (ES - 13843) "No caso vertente, conquanto o reclamante questione o laudo
CARLA GUSMAN ZOUAIN (ES - 7582) pericial, sua irresignação reflete nada mais do que o habitual
RODRIGO DE CARVALHO ZAULI (MG - 71933) inconformismo da parte com um parecer desfavorável que, carente
SILVIA RODRIGUES DA ROCHA VIEIRA (RJ - 109370) de embasamento científico, não logra êxito em infirmar a prova
JOSE MARCIO DA SILVA (RJ - 73916) técnica.
MARCUS VINICIUS CORDEIRO (RJ - 58042) Portanto, mantém-se a r. sentença quanto ao indeferimento do
HENRIQUE CLAUDIO MAUES (RJ - 35707) pedido de nulidade da dispensa. Em consequência, não procede o
CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES pedido de reintegração.
O presente recurso foi apresentado na vigência da Lei 13.467/2017. Nego provimento."
Vale registrar que, nos termos do art. 896-A, §1º e incisos da CLT, Ante o exposto, tendo a C. Turma manifestado entendimento no
incumbe ao Tribunal Superior do Trabalho o exame da sentido de que não havia incapacidade laboral quando da dispensa,
transcendência do recurso de revista. pelo que não há falar em sua nulidade, não se verifica, em tese, a
PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS alegada violação, conforme exige a alínea "c" do artigo 896
Tempestivo o recurso (ciência da decisão em 27/09/2019 - fl(s)./Id Consolidado.
3124477; petição recursal apresentada em 09/10/2019 - fl(s)./Id No que tange à aptidão ou não do empregado quanto da sua
0cb830c). dispensa, verifica-se que as razões recursais direcionam-se ao
Regular a representação processual - fl(s.)/Id 1c5d95a. revolvimento do contexto fático-probante dos autos, prática
Inexigível o recolhimento de custas, uma vez que a parte recorrente insuscetível de ocorrer nesta fase do processo, nos termos da
não foi condenada a efetuar o preparo - fl(s.)/Ids 61508e6, 989661c. Súmula 126/TST.
PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS Ademais, a Súmula 378 II/TST mostra-se inespecífica à
DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Atos configuração da pretendida divergência interpretativa, porquanto
Processuais / Nulidade / Negativa de Prestação Jurisdicional aborda situação distinta da dos autos, em que não se constatou
Alegação(ões): doença profissional após a despedida que guardasse relação de

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 67
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

causalidade com o emprego (S. 296/TST).

Quanto à antecipação de tutela, a matéria não foi analisada à luz Assinatura

dos fundamentos recursais, o que obsta o apelo, por ausência de VITORIA, 27 de Novembro de 2019

prequestionamento.

ANA PAULA TAUCEDA BRANCO

Responsabilidade Civil do Empregador / Indenização por Dano Desembargador Federal do Trabalho

Material Decisão
Processo Nº ROT-0000463-93.2016.5.17.0191
Pugna pela reforma do julgado para dar provimento ao recurso do Relator SONIA DAS DORES DIONISIO
MENDES
reclamante e julgar procedente o pedido de dano material, pois
RECORRENTE C.S.E. - MECANICA E
existe nexo causal entre a perda auditiva do reclamante e o seu INSTRUMENTACAO S.A.
ADVOGADO GUSTAVO DE PAULI ATHAYDE(OAB:
trabalho e redução da capacidade laborativa. 42164/PR)
Contudo, verifica-se que as razões recursais direcionam-se ao ADVOGADO EDSON FERNANDO HAUAGGE(OAB:
20423/PR)
revolvimento do contexto fático-probante dos autos, prática RECORRENTE HELIOMAR ROSA DA SILVA
insuscetível de ocorrer nesta fase do processo, nos termos da ADVOGADO CLEIVIANE DE SOUZA
SANTOS(OAB: 22436/ES)
Súmula 126/TST. RECORRIDO HELIOMAR ROSA DA SILVA
ADVOGADO CLEIVIANE DE SOUZA
SANTOS(OAB: 22436/ES)
Responsabilidade Civil do Empregador / Indenização por Dano RECORRIDO PETROBRAS TRANSPORTE S.A -
TRANSPETRO
Moral / Valor Arbitrado
ADVOGADO FERNANDO MORELLI
Alegação(ões): ALVARENGA(OAB: 86424/RJ)
RECORRIDO C.S.E. - MECANICA E
- Violação arts. 5°, V CR; 186, 927, 944 CCB INSTRUMENTACAO S.A.
Pugna pela reforma do julgado para que seja majorado o valor ADVOGADO GUSTAVO DE PAULI ATHAYDE(OAB:
42164/PR)
atribuído à indenização por danos morais, que alega ter sido ADVOGADO EDSON FERNANDO HAUAGGE(OAB:
20423/PR)
irrisório.

A C. Turma, conforme trecho transcrito pela recorrente, entendeu Intimado(s)/Citado(s):


que: - C.S.E. - MECANICA E INSTRUMENTACAO S.A.
- HELIOMAR ROSA DA SILVA
"No caso dos autos, restou demonstrado que o autor apresenta um
- PETROBRAS TRANSPORTE S.A - TRANSPETRO
problema auditivo com nexo de causalidade com as atividades

exercidas na reclamada, no entanto, a perda auditiva, de que é

portador, não causa incapacidade para o trabalho na sua função.

Assim, por proporcionalidade e razoabilidade, reduzo a indenização PODER JUDICIÁRIO

por danos morais para R$ 15.000,00 (quinze mil reais). JUSTIÇA DO TRABALHO

Dou parcial provimento ao recurso da reclamada para reduzir a


Fundamentação
indenização do dano moral para R$ 15.000,00 (quinze mil reais)"

Ante o exposto, tendo a C. Turma manifestado entendimento no


RECURSO DE REVISTA
sentido de que o valor foi arbitrado considerando a
Lei 13.015/2014
proporcionalidade e razoabilidade, não se verifica, em tese, a
Lei 13.467/2017
alegada violação, conforme exige a alínea "c" do artigo 896
Recorrente(s): PETROBRAS TRANSPORTE S.A - TRANSPETRO
Consolidado.
Advogado(a)(s): FERNANDO MORELLI ALVARENGA (RJ - 86424)
CONCLUSÃO
Recorrido(a)(s): HELIOMAR ROSA DA SILVA
DENEGO seguimento ao recurso de revista.
Advogado(a)(s): CLEIVIANE DE SOUZA SANTOS (ES - 22436)
Publique-se.
CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
ANA PAULA TAUCEDA BRANCO
O presente recurso foi apresentado na vigência da Lei 13.467/2017.
Desembargadora-Presidente
Vale registrar que, nos termos do art. 896-A, §1º e incisos da CLT,
/gr-08
incumbe ao Tribunal Superior do Trabalho o exame da

transcendência do recurso de revista.

PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 68
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Tempestivo o recurso (ciência da decisão em 04/10/2019 - fl(s)./Id Quanto às matérias em epígrafe, nego seguimento ao recurso,

7E086D7; petição recursal apresentada em 19/08/2019 - fl(s)./Id porquanto a recorrente não cuidou de indicar o trecho da decisão

7e9a9d5). recorrida objeto da insurgência, conforme exige o artigo 896, §1º-A,

Regular a representação processual - fl(s.)/Id 0851a83. I, da CLT (acrescentado pela Lei nº 13.015/2014 publicada no DOU

Satisfeito o preparo - fl(s)./Id 2900ced, c113587, 3dcfd9a e de 22.07.2014) .

858b89e. CONCLUSÃO

PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS DENEGO seguimento ao recurso de revista.

Responsabilidade Solidária / Subsidiária. Publique-se.

Alegação(ões): ANA PAULA TAUCEDA BRANCO

- contrariedade à(ao) : item IV da Súmula nº 331; item V da Súmula Desembargadora-Presidente

nº 331 do Tribunal Superior do Trabalho. /gr-03

- contrariedade à(ao) : Súmula Vinculante nº 10 do Supremo Assinatura

Tribunal Federal. VITORIA, 27 de Novembro de 2019

- violação do(s) artigo 97; §2º do artigo 102 da Constituição.

- violação da (o) artigo 265 do Código Civil; §1º do artigo 71 da Lei ANA PAULA TAUCEDA BRANCO

nº 8666/1993; §2º do artigo 2º da Consolidação das Leis do Desembargador Federal do Trabalho

Trabalho; inciso VI do artigo 485 do Código de Processo Civil de Decisão


Processo Nº RORSum-0000069-67.2019.5.17.0131
2015; inciso XI do artigo 337 do Código de Processo Civil de 2015. Relator WANDA LUCIA COSTA LEITE
FRANCA DECUZZI
- divergência jurisprudencial.
RECORRENTE S. M. D. S.
- art. 10, § 7º, do Dec-lei nº 200/67; decreto nº 2.745/98; ADVOGADO ESTER VIANNA DOS SANTOS(OAB:
17909/ES)
A recorrente insurge-se contra o v. acórdão, no tocante à
RECORRIDO M. T. B. L. -. M.
responsabilização subsidiária lhe imputada. ADVOGADO ANA MARY ZACCHI(OAB: 7681/ES)
Tendo a C. Turma mantido a responsabilização subsidiária da
Intimado(s)/Citado(s):
reclamada, ao fundamento de que, ao se beneficiar de forma direta
- M. T. B. L. -. M.
do trabalho realizado pelo trabalhador, a 2ª Reclamada se obrigou a - S. M. D. S.
fiscalizar o cumprimento das obrigações trabalhistas decorrentes

dos serviços que terceirizou, atraindo a responsabilidade pelo Tomar ciência do(a) Notificação de ID d265b76
adimplemento das obrigações contraídas pela empresa contratada, Decisão
Processo Nº ROT-0001719-29.2016.5.17.0011
pois tal responsabilidade, exsurge da sua culpa nas formas, in Relator WANDA LUCIA COSTA LEITE
FRANCA DECUZZI
eligendo e in vigilando, verifica-se que a decisão se encontra
RECORRENTE CELSO ALVES DE SOUZA
consonante com a item IV da Súmula nº 331 do Eg. TST, o que ADVOGADO VITOR TEIXEIRA RIBEIRO(OAB:
20222/ES)
inviabiliza o recurso, nos termos do disposto no artigo 896, § 7º, da
ADVOGADO GLAUBER ARRIVABENE
CLT e Súmula nº 333, do Eg. TST. ALVES(OAB: 12730/ES)
RECORRIDO BRINK'S SEGURANCA E
TRANSPORTE DE VALORES LTDA
Rescisão do Contrato de Trabalho / Verbas Rescisórias / Multa do ADVOGADO LUCIENE DA SILVA MOREIRA(OAB:
15898/ES)
Artigo 467 da CLT. ADVOGADO GUSTAVO CARDOSO DOYLE
MAIA(OAB: 12544/ES)
Rescisão do Contrato de Trabalho / Verbas Rescisórias / Multa do

Artigo 477 da CLT. Intimado(s)/Citado(s):


Rescisão do Contrato de Trabalho / Verbas Rescisórias / Multa de - BRINK'S SEGURANCA E TRANSPORTE DE VALORES LTDA
40% do FGTS. - CELSO ALVES DE SOUZA

Duração do Trabalho / Horas in Itinere.

A recorrente insurge-se contra o v. acórdão, no tocante à

condenação ao pagamento das multas previstas nos artigos 467 e PODER JUDICIÁRIO
477, da CLT, bem como da multa de 40% sobre o FGTS. Insurge- JUSTIÇA DO TRABALHO
se, ainda, no tocante à condenação ao pagamento das horas in
Fundamentação
itinere.
EMBARGOS DECLARATÓRIOS

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 69
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Lei 13.015/2014 Fundamentação

Embargante(s): BRINK'S SEGURANCA E TRANSPORTE DE

VALORES LTDA

Advogado(a)(s): GUSTAVO CARDOSO DOYLE MAIA (ES - 12544)

LUCIENE DA SILVA MOREIRA (ES - 15898)

Embargado(a)(s): CELSO ALVES DE SOUZA RECURSO DE REVISTA

Advogado(a)(s): GLAUBER ARRIVABENE ALVES (ES - 12730) Lei 13.015/2014

VITOR TEIXEIRA RIBEIRO (ES - 20222) Lei 13.467/2017

Os embargos declaratórios são tempestivos (Id f4df7e3 e 8b1adc8), Recorrente(s): 1. CHOCOLATES GAROTO SA

e regular se encontra a representação processual (Id e6cc091 e 2. THIAGO PEREIRA MARTINS

13be677). Advogado(a)(s): 1. BERESFORD MARTINS MOREIRA NETO (ES -

Cuida-se de embargos de declaração opostos em face da decisão 8737)

que negou seguimento ao recurso de revista interposto pela parte 2. CLAUDIA CARLA ANTONACCI STEIN (ES - 7873)

embargante. Sustenta que houve omissão e contradição na Recorrido(a)(s): Os mesmos

apreciação de diversas matérias. Advogado(a)(s): Os mesmos

Contudo, ante o disposto no artigo 1º, §1º, da IN 40/TST, depreende

-se que o cabimento dos embargos declaratórios em face de Recurso de: CHOCOLATES GAROTO SA

decisões de admissibilidade de recurso de revista restringe-se, CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES

quanto à alegação de omissão, à hipótese em que esse vício ocorre O presente recurso foi apresentado na vigência da Lei 13.467/2017.

no que tange à análise de um ou mais temas objeto do recurso Vale registrar que, nos termos do art. 896-A, §1º e incisos da CLT,

examinado, o que não se coaduna com as alegações da parte incumbe ao Tribunal Superior do Trabalho o exame da

embargante. transcendência do recurso de revista.

Inviáveis, portanto, os embargos declaratórios. PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS

Intimem-se. Tempestivo o recurso (ciência da decisão em 04/09/2019 - fl(s)./Id

ANA PAULA TAUCEDA BRANCO DD01DAA; petição recursal apresentada em 27/03/2019 - fl(s)./Id

Desembargadora-Presidente e5a865b).

/gr-11 Regular a representação processual - fl(s.)/Id af141d8.

Assinatura Satisfeito o preparo - fl(s)./Id 7310ec3, 397e320, ca9c9b3, 6a8d585,

VITORIA, 27 de Novembro de 2019 31d8802, 81c113d, aaecc8b e 96f419b, 6957875.

PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS

ANA PAULA TAUCEDA BRANCO DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Liquidação /

Desembargador Federal do Trabalho Cumprimento / Execução / Valor da Execução / Cálculo /


Decisão Atualização / Correção Monetária
Processo Nº ROT-0001983-55.2016.5.17.0008
Relator JOSE CARLOS RIZK Inviável o recurso quanto à matéria em epígrafe, porque não
RECORRENTE THIAGO PEREIRA MARTINS observado o disposto no artigo 896, §1º-A, I, da CLT. Com efeito, a
ADVOGADO CLAUDIA CARLA ANTONACCI
STEIN(OAB: 7873/ES) transcrição do tópico inteiro do v. acórdão ou da integralidade da
RECORRIDO CHOCOLATES GAROTO SA análise realizada pela C. Turma, quanto à matéria objeto do
ADVOGADO BERESFORD MARTINS MOREIRA
NETO(OAB: 8737/ES) recurso, não atende à exigência do artigo 896, §1º-A, I, da CLT. É

preciso que a parte transcreva o trecho do v. acórdão em que


Intimado(s)/Citado(s):
consta precisamente a tese regional impugnada no recurso de
- CHOCOLATES GAROTO SA
revista, ou, ao menos, que destaque de forma clara a tese adotada
- THIAGO PEREIRA MARTINS
e contra a qual se insurge. Nesse sentido:

"EMBARGOS EM RECURSO DE REVISTA. DECISÃO

EMBARGADA PUBLICADA NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014.


PODER JUDICIÁRIO
RECURSO DE REVISTA QUE NÃO APRESENTA A
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRANSCRIÇÃO DO TRECHO DO ACÓRDÃO REGIONAL QUE

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 70
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

IDENTIFICA O PREQUESTIONAMENTO DA MATÉRIA OBJETO Tempestivo o recurso (ciência da decisão em 04/09/2019 - fl(s)./Id

DO APELO. REQUISITO LEGAL INSCRITO NO ARTIGO 896, § 1º- DD01DAA; petição recursal apresentada em 17/09/2019 - fl(s)./Id

A, I, DA CLT. REDAÇÃO CONFERIDA PELA LEI 13.015/2014. (...) 9379310), tendo em vista ATO TRT 17.ª PRESI N.º 82/2019 que

3 - Embora o dispositivo em comento utilize o verbo "indicar", suspendeu os prazos no dia 06/09/2019.

referindo-se ao requisito formal ali inscrito, esta Corte Superior tem Regular a representação processual - fl(s.)/Id c53f12d.

exigido a transcrição do trecho da decisão regional que Inexigível o recolhimento de custas, uma vez que a parte recorrente

consubstancia o prequestionamento da controvérsia objeto do não foi condenada a efetuar o preparo - fl(s.)/Ids 7310ec3, 31d8802.

apelo, firme no entendimento de que a alteração legislativa PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS

empreendida pela Lei 13.015/2014, nesse aspecto, constitui Responsabilidade Civil do Empregador / Indenização por Dano

pressuposto de adequação formal de admissibilidade do recurso de Moral

revista e se orienta no sentido de propiciar a identificação precisa da Alegação(ões):

contrariedade a dispositivo de Lei e a Súmula e do dissenso de - Violação arts. 1°, III, 5°, X, 7°, XXII CR; 186 CCB

teses, afastando-se os recursos de revista que impugnam de forma - Divergência jurisprudencial

genérica a decisão regional e conduzem sua admissibilidade para Conforme trecho do Acórdão transcrito pela recorrente, a C. Turma

um exercício exclusivamente subjetivo pelo julgador de verificação e entendeu que:

adequação formal do apelo. Assim, a necessidade da transcrição do "No caso vertente, embora a Reclamada tenha sido condenada a

trecho que consubstancia a violação e as contrariedades indicadas, pagar adicional de insalubridade em grau médio (20%) ao

e da demonstração analítica da divergência jurisprudencial, visa a Reclamante, não se entende que tal conduta seja capaz de ensejar

permitir a identificação precisa e objetiva da tese supostamente danos morais.

ofensiva a lei, à segurança das relações jurídicas e à isonomia das Conforme recibo de EPI ao ID. 0083249, ainda que insuficiente,

decisões judiciais, de modo que contribua para a celeridade da verifica-se que a empresa realizou esforços no sentido de minimizar

prestação jurisdicional, possibilite a formação de precedentes como os efeitos da insalubridade, não se verificando conduta ilícita apta a

elementos de estabilidade e a decisão do TST contribua para a ensejar a condenação ao pagamento de indenização pretendida.

formação da jurisprudência nacionalmente unificada. (...) (E-ED-RR Outrossim, não se verifica o nexo causal e o efetivo dano à honra,

- 552-07.2013.5.06.0231, Relator Ministro: Alexandre de Souza intimidade, vida privada e dignidade obreira que ensejasse

Agra Belmonte, Data de Julgamento: 09/06/2016, Subseção I reparação.

Especializada em Dissídios Individuais, Data de Publicação: DEJT Por fim, ressalta-se que permaneceu incólume a condenação da ré

17/06/2016)." no pagamento do adicional de insalubridade me grau médio (20%)

No mesmo sentido: ED-AIRR-41600-81.2009.5.01.0050, Rel. Min. pelo período imprescrito, não havendo falar em reparação adicional

Delaíde Miranda Arantes, 2ª Turma, DEJT 29/04/2016; AIRR - por tal fato."

10356-41.2013.5.15.0039 Data de Julgamento: 25/05/2016, Relator Ante o exposto, tendo a C. Turma manifestado entendimento no

Ministro: Alexandre de Souza Agra Belmonte, 3ª Turma, Data de sentido de que a empresa realizou esforços para minimizar os

Publicação: DEJT 03/06/2016; AIRR-65-63.2014.5.05.0026, Rel. efeitos da insalubridade, pelo que não há falar em dano a honra

Min. Cláudio Mascarenhas Brandão, 7ª Turma, DEJT 12/02/2016; decorrente da exposição ao agente insalubre, não se verifica, em

AIRR-369-66.2014.5.10.0012, Rel. Min. Kátia Magalhães Arruda, 6ª tese, a alegada violação, conforme exige a alínea "c" do artigo 896

Turma, DEJT 27/11/2015. Consolidado.

CONCLUSÃO As ementas trazidas a cotejo mostram-se inespecíficas à

DENEGO seguimento ao recurso de revista. configuração da pretendida divergência interpretativa, porquanto

não abordam situação como a dos autos, em que a reclamada

Recurso de: THIAGO PEREIRA MARTINS entregou EPI, minimizando os efeitos da insalubridade (S.

CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES 296/TST).

O presente recurso foi apresentado na vigência da Lei 13.467/2017. CONCLUSÃO

Vale registrar que, nos termos do art. 896-A, §1º e incisos da CLT, DENEGO seguimento ao recurso de revista.

incumbe ao Tribunal Superior do Trabalho o exame da Publique-se.

transcendência do recurso de revista. ANA PAULA TAUCEDA BRANCO

PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS Desembargadora-Presidente

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 71
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

/gr-08 FERNANDA OLIVEIRA SILVA (RJ - 162291)

FRANCISCO ANTONIO LUIGI RODRIGUES CUCCHI (SP - 35915)

CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES

O presente recurso foi apresentado na vigência da Lei 13.467/2017.

Assinatura Vale registrar que, nos termos do art. 896-A, §1º e incisos da CLT,

VITORIA, 27 de Novembro de 2019 incumbe ao Tribunal Superior do Trabalho o exame da

transcendência do recurso de revista.

ANA PAULA TAUCEDA BRANCO PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS

Desembargador Federal do Trabalho Tempestivo o recurso (ciência da decisão em 02/08/2019 - fl(s)./Id


Decisão 74F34FF; petição recursal apresentada em 14/08/2019 - fl(s)./Id
Processo Nº ROT-0001573-64.2015.5.17.0191
Relator SONIA DAS DORES DIONISIO 6baaa0e).
MENDES
Regular a representação processual - fl(s.)/Id d4d6141.
RECORRENTE KIRTON BANK S.A. - BANCO
MULTIPLO A parte recorrente está isenta de preparo, tendo em vista a
ADVOGADO FRANCISCO ANTONIO LUIGI
RODRIGUES CUCCHI(OAB: concessão da assistência judiciária (Id. bee57bb, 4adb01c).
35915/SP)
PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS
ADVOGADO FERNANDA OLIVEIRA SILVA(OAB:
162291/RJ) Rescisão do Contrato de Trabalho / Reintegração / Readmissão ou
ADVOGADO KARINA GRACA DE
VASCONCELLOS REGO(OAB: Indenização / Dispensa Discriminatória
92896/RJ)
Alegação(ões):
RECORRIDO MARTA PEREIRA RIBEIRO
SALAROLI - divergência jurisprudencial.
ADVOGADO WESLEY PEREIRA FRAGA(OAB:
6206/ES) - artigos 1º e 4º Inciso I, da Lei nº. 9.029/95
ADVOGADO ANA PAULA COLNAGO FRAGA(OAB: - artigos 2º,168, 818 da CLT
19174/ES)
ADVOGADO VILMAR DE OLIVEIRA SILVA(OAB: - Súmula 378, II, do TST
13154/ES)
- art. 373, I, do CPC
ADVOGADO WEBER JOB PEREIRA FRAGA(OAB:
8390/ES) - art. 21, I e 118 da Lei 8.213/91
TERCEIRO BRUNO LIMA BRAZ
INTERESSADO - art. 1º, III, IV,5º, XXIII, 193, da CR
PERITO VALBERT DE MORAES PEREIRA Afirma que a doença que acomete a autora tem relação com o
PERITO JULIANO RODRIGUES DOS SANTOS
trabalho, e, assim, sua dispensa foi discriminatória.

Intimado(s)/Citado(s): Tendo a C. Turma manifestado entendimento no sentido de que de

- KIRTON BANK S.A. - BANCO MULTIPLO acordo com o laudo médico a Autora é portadora de artrose, doença
- MARTA PEREIRA RIBEIRO SALAROLI degenerativa evolutiva e incurável, sendo controlada com exercícios

físicos, e não possui qualquer nexo com o trabalho ou incapacidade

laboral, bem como que não restou comprovada qualquer doença

PODER JUDICIÁRIO ocupacional, não havendo que falar em direito à estabilidade

JUSTIÇA DO TRABALHO provisória prevista no art. 118, da Lei 8.213/91, ou ainda que

estando apto o Reclamante no momento da resilição, o empregador


Fundamentação
continua detentor do direito potestativo de dispensar o trabalhador,
RECURSO DE REVISTA
já que a capacidade laboral no momento do término do contrato de
Lei 13.015/2014
trabalho é suficiente para afastar a nulidade da dispensa, pois a
Lei 13.467/2017
simples doença não incapacitante não é motivo que inviabiliza o
Recorrente(s): MARTA PEREIRA RIBEIRO SALAROLI
término do contrato de trabalho, não se verifica, em tese, a alegada
Advogado(a)(s): WEBER JOB PEREIRA FRAGA (ES - 8390)
violação, conforme exige a alínea "c" do artigo 896 Consolidado.
VILMAR DE OLIVEIRA SILVA (ES - 13154)
Impossível aferir a contrariedade com a Súmula 378, II, do TST,
ANA PAULA COLNAGO FRAGA (ES - 19174)
pois o v. acórdão concluiu que não ficou comprovado doença
WESLEY PEREIRA FRAGA (ES - 6206)
ocupacional acometida à reclamante, estando apta ao trabalho.
Recorrido(a)(s): KIRTON BANK S.A. - BANCO MULTIPLO
A parte não realizou o confronto analítico entre a tese adotada no
Advogado(a)(s): KARINA GRACA DE VASCONCELLOS REGO (RJ
acórdão recorrido e cada ementa transcrita em suas razões
- 92896)

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 72
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

recursais, deixando de atender ao exigido pelo artigo 896, §8º, da danos morais.

CLT, impedindo o seguimento do apelo, nesse aspecto. Tendo a C. Turma manifestado entendimento no sentido de que em

Com efeito, segundo a sistemática imposta pela Lei 13.015/2014, relação a alegada doença ocupacional ou dispensa discriminatória,

cabe à parte demonstrar especificamente onde se situa a alegada nada é devido pois não restou comprovado o nexo causal entre a

divergência de teses entre o acórdão recorrido e os arestos doença da autora e o trabalho e nem qualquer dolo ou culpa da Ré

apresentados, no exame de casos concretos idênticos ou no ato de dispensa da Autora, bem como que no que tange às

semelhantes, ônus do qual não se desincumbiu a parte recorrente. mentas e pressões o ônus de comprovar o assédio moral sofrido é

Vale ressaltar que não atende a essa finalidade a mera transcrição da Reclamante, de cujo encargo não se desincumbiu, pois a prova

de arestos em bloco ou a simples apresentação de tabela contendo produzida nos autos não demonstrou conduta abusiva da Ré, ou a

o trecho do acórdão recorrido e o julgado trazido a confronto. exposição da Autora a situações humilhantes, constrangedoras e

Quanto à necessidade do confronto analítico, vale mencionar os vexatórias, não extrapolando os limites do razoável, não se

seguintes julgados do TST: E-ED-RR - 552-07.2013.5.06.0231, configurando exercício irregular do seu poder diretivo e disciplinar,

Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra Belmonte, SBDI-I, DEJT ou ainda que o fato de haver cobrança para que as metas fosse

17/06/2016; AIRR - 1124-32.2015.5.11.0011, Relator Ministro: atingidas não é suficiente para configurar excesso na conduta

Walmir Oliveira da Costa, 1ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR - patronal, sendo sequer relatado no caso alguma situação específica

10077-02.2014.5.15.0110 , Relatora Ministra: Delaíde Miranda que configurasse assédio moral por abuso ou uso ilegal do poder

Arantes, 2ª Turma, DEJT 03/07/2017; AIRR - 220- diretivo do empregador, não se verifica, em tese, a alegada

86.2015.5.11.0051 , Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra violação, conforme exige a alínea "c" do artigo 896 Consolidado.

Belmonte, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 03/07/2017; AIRR - A parte não realizou o confronto analítico entre a tese adotada no

20027-78.2013.5.04.0012 , Relatora Desembargadora Convocada: acórdão recorrido e cada ementa transcrita em suas razões

Cilene Ferreira Amaro Santos, 4ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR - recursais, deixando de atender ao exigido pelo artigo 896, §8º, da

909-49.2015.5.08.0008, Relator Ministro: Guilherme Augusto CLT, impedindo o seguimento do apelo, nesse aspecto.

Caputo Bastos, 5ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR - 47700- Com efeito, segundo a sistemática imposta pela Lei 13.015/2014,

21.2005.5.01.0041 , Relator Ministro: Aloysio Corrêa da Veiga, Data cabe à parte demonstrar especificamente onde se situa a alegada

de Julgamento: 30/03/2016, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT divergência de teses entre o acórdão recorrido e os arestos

01/04/2016; AIRR - 10565-26.2013.5.03.0077 , Relator Ministro: apresentados, no exame de casos concretos idênticos ou

Cláudio Mascarenhas Brandão, Data de Julgamento: 09/03/2016, 7ª semelhantes, ônus do qual não se desincumbiu a parte recorrente.

Turma, Data de Publicação: DEJT 18/03/2016; AIRR - 1452- Vale ressaltar que não atende a essa finalidade a mera transcrição

29.2015.5.14.0091 , Relatora Ministra: Dora Maria da Costa, Data de arestos em bloco ou a simples apresentação de tabela contendo

de Julgamento: 10/05/2017, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT o trecho do acórdão recorrido e o julgado trazido a confronto.

12/05/2017. Quanto à necessidade do confronto analítico, vale mencionar os

seguintes julgados do TST: E-ED-RR - 552-07.2013.5.06.0231,

DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Liquidação / Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra Belmonte, SBDI-I, DEJT

Cumprimento / Execução / Multa Cominatória / Astreintes 17/06/2016; AIRR - 1124-32.2015.5.11.0011, Relator Ministro:

Requer que, uma vez restabelecida a r.sentença monocrática, Walmir Oliveira da Costa, 1ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR -

quanto ao direito da obreira à reintegração, igualmente deve ser 10077-02.2014.5.15.0110 , Relatora Ministra: Delaíde Miranda

reformado o v. acórdão quanto à aplicação da astreintes, na forma Arantes, 2ª Turma, DEJT 03/07/2017; AIRR - 220-

arbitrada pela Julgadora Monocrática. 86.2015.5.11.0051 , Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra

Belmonte, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 03/07/2017; AIRR -

Responsabilidade Civil do Empregador / Indenização por Dano 20027-78.2013.5.04.0012 , Relatora Desembargadora Convocada:

Moral Cilene Ferreira Amaro Santos, 4ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR -

Alegação(ões): 909-49.2015.5.08.0008, Relator Ministro: Guilherme Augusto

- divergência jurisprudencial. Caputo Bastos, 5ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR - 47700-

- arts. 1º, III, IV, 5º, V, X, da CR 21.2005.5.01.0041 , Relator Ministro: Aloysio Corrêa da Veiga, Data

- arts. 11 a 21 do CC de Julgamento: 30/03/2016, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT

Pugna pela condenação da ré ao pagamento de compensação por 01/04/2016; AIRR - 10565-26.2013.5.03.0077 , Relator Ministro:

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 73
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Cláudio Mascarenhas Brandão, Data de Julgamento: 09/03/2016, 7ª O presente recurso foi apresentado na vigência da Lei 13.467/2017.

Turma, Data de Publicação: DEJT 18/03/2016; AIRR - 1452- Vale registrar que, nos termos do art. 896-A, §1º e incisos da CLT,

29.2015.5.14.0091 , Relatora Ministra: Dora Maria da Costa, Data incumbe ao Tribunal Superior do Trabalho o exame da

de Julgamento: 10/05/2017, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT transcendência do recurso de revista.

12/05/2017. PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS

CONCLUSÃO Tempestivo o recurso (ciência da decisão em 25/09/2019 - fl(s)./Id

DENEGO seguimento ao recurso de revista. 6FD6801; petição recursal apresentada em 07/10/2019 - fl(s)./Id

Publique-se . 0bde97b).

ANA PAULA TAUCEDA BRANCO Regular a representação processual - fl(s.)/Id e5bb4fd.

Desembargadora-Presidente A ausência de comprovação, nos autos, do recolhimento das

/gr-17 custas, conforme condenação imposta à (s) Id. a6b8409, torna o

Assinatura recurso deserto, nos termos do disposto no artigo 899 da CLT, c/c a

VITORIA, 27 de Novembro de 2019 Súmula 128, I e Instruções Normativas 03/93 e 39/2016, do Eg.

TST.

ANA PAULA TAUCEDA BRANCO Saliente-se, por oportuno, que nos termos da OJ 140 da SDI-I do

Desembargador Federal do Trabalho TST, a intimação da parte recorrente para complementar o valor só
Decisão é possível quando o valor realizado se revelar insuficiente, o que
Processo Nº ROT-0001729-51.2017.5.17.0007
Relator GERSON FERNANDO DA SYLVEIRA não se coaduna com a hipótese dos autos, de ausência de
NOVAIS
pagamento.
RECORRENTE LEANDRO CASCARDO BARBOSA
ADVOGADO LETICIA BERGAMINI SOARES(OAB: Nesse sentido, vale transcrever o seguinte julgado:
16645/ES)
"AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA SOB A
ADVOGADO KARINA MENEGHEL
LAURINDO(OAB: 26486/ES) ÉGIDE DA LEI Nº 13.015/2014. DESERÇÃO DO AGRAVO DE
RECORRIDO COMERCIAL RIZK DE
MOTOCICLETAS LTDA INSTRUMENTO. Verifica-se que foi arbitrado à condenação o valor
ADVOGADO STEPHAN EDUARD de R$ 30.000,00 (trinta mil reais). A Reclamada efetuou o depósito
SCHNEEBELI(OAB: 4097/ES)
recursal alusivo ao recurso ordinário no valor de R$ 8.183,06 e,
Intimado(s)/Citado(s): quando da interposição do recurso de revista, no valor de R$
- COMERCIAL RIZK DE MOTOCICLETAS LTDA 16.366,10, sendo que a soma desses valores não atinge o montante
- LEANDRO CASCARDO BARBOSA
total da condenação. Nessa esteira, a teor do art. 899, §7º, da CLT,

cabia à reclamada comprovar o depósito recursal referente ao

agravo de instrumento correspondente a 50% (cinquenta por cento)


PODER JUDICIÁRIO do valor do depósito do recurso que pretendia destrancar ou
JUSTIÇA DO TRABALHO integralizar o montante arbitrado para a condenação, tendo em vista

que a hipótese não se enquadra na exceção prevista no §8º do art.


Fundamentação
899 da CLT. Dessa forma, a interposição do apelo sem o

correspondente depósito recursal implica sua deserção, nos termos

da Súmula 128, I, do TST. Em face da recente alteração na OJ 140

da SBDI-1 do TST, esta passou a preconizar que "em caso de

recolhimento insuficiente das custas processuais ou do depósito


RECURSO DE REVISTA
recursal, somente haverá deserção do recurso se, concedido o
Lei 13.015/2014
prazo de cinco dias previsto no §2º do art. 1.007 do CPC de 2015, o
Lei 13.467/2017
recorrente não complementar e comprovar o valor devido". Frise-se
Recorrente(s): COMERCIAL RIZK DE MOTOCICLETAS LTDA
que a nova redação da OJ 140 da SBDI-1 do TST destina-se
Advogado(a)(s): STEPHAN EDUARD SCHNEEBELI (ES - 4097)
apenas à hipótese na qual houve recolhimento do depósito do
Recorrido(a)(s): LEANDRO CASCARDO BARBOSA
recurso, mas em valor inferior ao correto. Ou seja, a OJ contrasta
Advogado(a)(s): KARINA MENEGHEL LAURINDO (ES - 26486)
com o art. 10, parágrafo único, da IN 39, do TST, apenas no que
LETICIA BERGAMINI SOARES (ES - 16645)
tange à possibilidade de complemento. Tal circunstância, contudo
CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 74
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

ADVOGADO JEFERSON RONCONI DOS


não se aplica aos casos de inexistência do recolhimento, seja de SANTOS(OAB: 22175/ES)
RECORRIDO CRISTIANO OLIVEIRA DOS SANTOS
custas, seja de depósito recursal (principal ou complementar,
ADVOGADO VICTOR SANTOS CALDEIRA(OAB:
quando se trate de atingir o valor da condenação). In casu, não 14562/ES)
ADVOGADO ANDERSON RIBEIRO DA
houve demonstração do recolhimento do depósito do agravo de SILVA(OAB: 13950/ES)
instrumento, assim, não há de se falar em intimação da reclamada
Intimado(s)/Citado(s):
para complementar o valor devido, porquanto, não se trata de
- CLARO S.A.
recolhimento insuficiente de depósito, porém, de ausência total de
- CRISTIANO OLIVEIRA DOS SANTOS
recolhimento do depósito recursal. Agravo de instrumento não - LG2 COMUNICACOES LTDA - ME
conhecido. ( AIRR - 10054-79.2014.5.15.0070 , Relator Ministro:

Augusto César Leite de Carvalho, Data de Julgamento: 27/09/2017,

6ª Turma, Data de Publicação: DEJT 29/09/2017)"


PODER JUDICIÁRIO
CONCLUSÃO
JUSTIÇA DO TRABALHO
DENEGO seguimento ao recurso de revista.

Publique-se. Fundamentação

ANA PAULA TAUCEDA BRANCO

Desembargadora-Presidente

/gr-08

RECURSO DE REVISTA

Lei 13.015/2014

Assinatura Lei 13.467/2017

VITORIA, 27 de Novembro de 2019 Recorrente(s): 1. CRISTIANO OLIVEIRA DOS SANTOS

Advogado(a)(s): 1. ANDERSON RIBEIRO DA SILVA (ES - 13950)

ANA PAULA TAUCEDA BRANCO 1. VICTOR SANTOS CALDEIRA (ES - 14562)

Desembargador Federal do Trabalho Recorrido(a)(s): 1. LG2 COMUNICACOES LTDA - ME

Decisão 2. CLARO S.A.


Processo Nº ROT-0001753-10.2016.5.17.0009
Advogado(a)(s): 1. VLADIMIR CAPUA DALLAPICULA (ES - 5715)
Relator CLAUDIA CARDOSO DE SOUZA
RECORRENTE CLARO S.A. 1. JEFERSON RONCONI DOS SANTOS (ES - 22175)
ADVOGADO CARLOS EDUARDO AMARAL DE 2. TAMMY NORONHA DE MELLO (ES - 20270)
SOUZA(OAB: 10107/ES)
ADVOGADO DYNA HOFFMANN ASSI 2. JOSE HENRIQUE CANCADO GONCALVES (MG - 57680)
GUERRA(OAB: 8847/ES)
2. DYNA HOFFMANN ASSI GUERRA (ES - 8847)
ADVOGADO JOSE HENRIQUE CANCADO
GONCALVES(OAB: 57680/MG) 2. CARLOS EDUARDO AMARAL DE SOUZA (ES - 10107)
ADVOGADO TAMMY NORONHA DE MELLO(OAB:
20270/ES) CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
RECORRENTE LG2 COMUNICACOES LTDA - ME O presente recurso foi apresentado na vigência da Lei 13.467/2017.
ADVOGADO JEFERSON RONCONI DOS
SANTOS(OAB: 22175/ES) Vale registrar que, nos termos do art. 896-A, §1º e incisos da CLT,
RECORRENTE CRISTIANO OLIVEIRA DOS SANTOS incumbe ao Tribunal Superior do Trabalho o exame da
ADVOGADO VICTOR SANTOS CALDEIRA(OAB:
14562/ES) transcendência do recurso de revista.
ADVOGADO ANDERSON RIBEIRO DA PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS
SILVA(OAB: 13950/ES)
RECORRIDO CLARO S.A. Tempestivo o recurso (ciência da decisão em 01/10/2019 - fl(s)./Id
ADVOGADO CARLOS EDUARDO AMARAL DE A8CD9EB; petição recursal apresentada em 11/10/2019 - fl(s)./Id
SOUZA(OAB: 10107/ES)
ADVOGADO DYNA HOFFMANN ASSI f8240e9).
GUERRA(OAB: 8847/ES)
Regular a representação processual - fl(s.)/Id a98f6d2.
ADVOGADO JOSE HENRIQUE CANCADO
GONCALVES(OAB: 57680/MG) Inexigível o recolhimento de custas, uma vez que a parte recorrente
ADVOGADO TAMMY NORONHA DE MELLO(OAB:
20270/ES) não foi condenada a efetuar o preparo - fl(s.)/Ids 4e625c4, df330ad.
ADVOGADO LAILA CHEIM SADER PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS
MALHEIROS(OAB: 31268/ES)
RECORRIDO LG2 COMUNICACOES LTDA - ME Remuneração, Verbas Indenizatórias e Benefícios / Adicional /

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 75
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Adicional de Periculosidade / Base de Cálculo pagamento da bonificação ao obreiro.

Alegação(ões): O patrimônio moral da pessoa contempla, dentre outros valores, o

- Violação arts. 7° XXIII CR equilíbrio psicológico, o bem-estar, a normalidade das coisas, a

- Divergência jurisprudencial. reputação, a liberdade e a convivência social. Revela-se imperiosa,

- Contrariedade OJ 279 SDI portanto, a punição de condutas ilícitas que tenham o condão de

Pugna pela reforma do julgado quanto à base de cálculo do causar ao lesado desequilíbrio psicológico, dor, medo, angústia,

adicional de periculosidade, ao argumento de que deve ser utilizada baixa estima ou dificuldade de relacionamento social, além de

a remuneração. alterações físicas consideráveis.

A C. Turma, conforme trecho do acórdão transcrito pela recorrente, É importante ressaltar que o dano moral pressupõe um ato ilícito

entendeu que: que afete a esfera psíquica do autor, exigindo que a agressão

"In casu, o contrato de trabalho do reclamante iniciou-se em agosto ultrapasse as barreiras da normalidade e dos fatos corriqueiros

de 2015, ou seja, após a promulgação da Lei 12.740/2012, estando, possíveis de acontecimento no cotidiano.

portanto, correta a r. decisão de origem, que determinou o cálculo Assim, conquanto tenha sido deferido ao reclamante, em juízo, "o

do adicional de periculosidade sobre o salário básico do autor. pagamento de bônus de R$ 500,00 (quinhentos reais) durante todo

Por fim, esclareço que o artigo 7º, inciso XXIII, da CF/88, prevê o o contrato de trabalho, com exceção do período em que o

pagamento de adicional de remuneração para as atividades reclamante estava em treinamento", reputo que o só fato de o

penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei, estando a empregador descumprir obrigações contratuais e/ou legais não tem

decisão de origem em perfeita consonância com o preceito o condão de causar dano moral, pois se assim fosse toda e

constitucional, ao determinar o pagamento do adicional de qualquer condenação de ordem material seria acompanhada de

periculosidade, nos termos do artigo 193, inciso I, da CLT" uma condenação por dano moral, o que, por certo, levaria à

Ante o exposto, tendo a C. Turma manifestado entendimento no banalização do instituto."

sentido de que a base de cálculo do adicional de periculosidade, Ante o exposto, tendo a C. Turma manifestado entendimento no

para contratos iniciados após a promulgação da Lei 12740/12, é o sentido de que, não se tratando de dano in re ipsa e não

salário básico e não a remuneração, não se verifica, em tese, a demonstrado que o não cumprimento de determinadas obrigações

alegada violação, conforme exige a alínea "c" do artigo 896 decorrentes do contrato de trabalho importou em lesão aos direitos

Consolidado. da personalidade, não há falar em dano moral, não se verifica, em

A análise de divergência jurisprudencial se restringe aos arestos tese, a alegada violação, conforme exige a alínea "c" do artigo 896

oriundos dos órgãos elencados na alínea "a" do art. 896, da CLT. Consolidado.

Tal comando não foi observado pela parte recorrente,

impossibilitando o pretendido confronto de teses e, Contrato Individual de Trabalho / Alteração Contratual ou das

consequentemente, inviabilizando o prosseguimento do recurso, no Condições de Trabalho / Acúmulo de Função

aspecto. Alegação(ões):

Ademais, a OJ 279/SDI encontra-se cancelada, pelo que não serve - Violação arts. 457, §1° CLT; 373 I CPC; 457, 458, 818 CLT; 884

à demonstração de contrariedade aduzida pela recorrente. CCB

Conforme trecho do Acórdão transcrito pela recorrente, a C. Turma

Responsabilidade Civil do Empregador / Indenização por Dano entendeu que:

Moral "Ao contrário, a direção do veículo da ré, pelo autor, para que

Alegação(ões): pudesse se deslocar até os postos de trabalho, constituiu mera

- Violação arts. 5°, V, X CR; 186 CCB; 8° CLT ferramenta de trabalho, colocada à sua disposição, a fim de

Aduz que merece reforma a decisão para que seja reconhecido o viabilizar a execução da atividade de instalador, para a qual foi

direito à indenização por danos morais. contratado, sobretudo por que informado, quanto à necessidade de

A C. Turma, conforme trecho do Acórdão transcrito pela recorrente, dirigir veículos, desde o momento da contratação.

entendeu que: Nesse contexto, considero que a direção de veículo está inserida

"De início, cumpre esclarecer que a insurgência recursal, referente nas atribuições do cargo para qual o reclamante foi contratado, nos

ao pedido de indenização por danos morais, restringe-se à questão termos do artigo 456, parágrafo único, da CLT, que prevê que à

atinente à alteração unilateral, praticada pela ré, no tocante ao falta de previsão expressa no contrato de trabalho, entende-se que

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 76
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

o empregado se obriga a desempenhar todas as funções O presente recurso foi apresentado na vigência da Lei 13.467/2017.

compatíveis com o cargo por ele ocupado." Vale registrar que, nos termos do art. 896-A, §1º e incisos da CLT,

Ante o exposto, tendo a C. Turma manifestado entendimento no incumbe ao Tribunal Superior do Trabalho o exame da

sentido de que a direção de veículo está inserida nas atribuições do transcendência do recurso de revista.

cargo para qual o reclamante foi contratado e que o empregado se PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS

obriga a desempenhar todas as funções compatíveis com o cargo Tempestivo o recurso (ciência da decisão em 04/10/2019 - fl(s)./Id

por ele ocupado, não se verifica, em tese, a alegada violação, 00B9CCD; petição recursal apresentada em 16/10/2019 - fl(s)./Id

conforme exige a alínea "c" do artigo 896 Consolidado. cb2a794), tendo em vista ATO TRT 17.ª PRESI N.º 82/2019, que

CONCLUSÃO suspendeu os prazos no dia 06/09/2019.

DENEGO seguimento ao recurso de revista. Regular a representação processual - fl(s.)/Id 6cdad53.

Publique-se. A parte recorrente está isenta de preparo, tendo em vista a

ANA PAULA TAUCEDA BRANCO concessão da assistência judiciária gratuita (Id 5f1e072 e bb36216).

Desembargadora-Presidente PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS

/gr-08 Remuneração, Verbas Indenizatórias e Benefícios / Ajuda / Tíquete

Alimentação

Alegação(ões):

- violação do inciso III do artigo 1º; inciso IV do artigo 1º; inciso VII

Assinatura do artigo 170; artigo 193 da Constituição

VITORIA, 27 de Novembro de 2019 - violação do artigo 468 da Consolidação das Leis do Trabalho.

- divergência jurisprudencial.

ANA PAULA TAUCEDA BRANCO O recorrente sustenta que não há autorização para supressão do

Desembargador Federal do Trabalho auxílio alimentação previsto no acordo coletivo, durante o período
Decisão do gozo da aposentadoria por invalidez.
Processo Nº ROT-0000613-58.2018.5.17.0012
Relator MARCELLO MACIEL MANCILHA No intuito de demonstrar o prequestionamento da matéria em
RECORRENTE JAIRO SILVA epígrafe, a parte recorrente transcreveu o seguinte trecho do v.
ADVOGADO ANDRE LUIZ MOREIRA(OAB:
7851/ES) acórdão:
RECORRIDO COMPANHIA DOCAS DO ESPIRITO "(...)
SANTO CODESA
ADVOGADO MILENA GOTARDO COSME(OAB: Nesta toada, à exceção das hipótese já declinadas, a suspensão do
19148/ES)
contrato impede a incidência e a operatividade das cláusulas

Intimado(s)/Citado(s): contratuais, de forma que não são mantidas, nos períodos de

- COMPANHIA DOCAS DO ESPIRITO SANTO CODESA suspensão do contrato, vantagens normativas decorrentes de
- JAIRO SILVA Convenções Coletivas ou Acordos Coletivos, salvo se a própria

norma coletiva estabelecer, explicitamente a benesse para os

períodos de suspensão.

PODER JUDICIÁRIO No caso em voga, não só não há extensão do benefício aos

JUSTIÇA DO TRABALHO períodos de suspensão contratual.

Verifica-se, na verdade, que o acordo coletivo é expresso, taxativo e


Fundamentação
claro ao dispor na cláusula 34a que a ÚNICA hipótese de
RECURSO DE REVISTA
concessão do auxílio alimentação em caso de afastamento é no
Lei 13.015/2014
período de férias gozadas.
Lei 13.467/2017
(...)
Recorrente(s): JAIRO SILVA
Conquanto restem inegáveis razões de cunho moral e humanista,
Advogado(a)(s): ANDRE LUIZ MOREIRA (ES - 7851)
não há fundamento jurídico para a imposição de responsabilidade à
Recorrido(a)(s): COMPANHIA DOCAS DO ESPIRITO SANTO
empresa pelo fornecimento de alimentação para empregado com
CODESA
contrato de trabalho suspenso.
Advogado(a)(s): MILENA GOTARDO COSME (ES - 19148)
(...)
CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 77
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Extrai-se da supracitada cláusula convencional que a obrigação de auxílio alimentação em caso de afastamento no período de gozo de

pagamento do benefício é direcionada aos funcionários da ativa, férias (S. 296/TST).

inexistindo qualquer menção do direito à percepção do auxílio pelos Quanto ao primeiro aresto transcrito na Página 9 (Id cb2a794),

funcionários aposentados por invalidez ou que se encontram com o impossível aferir a alegada divergência interpretativa, visto que

contrato de trabalho suspenso por outro motivo. descreve conteúdo genérico e exclusivamente de direito, não

Assim, enquanto suspenso o contrato de trabalho não tem o apresentando qualquer dado fático que permitisse estabelecer uma

reclamante o direito ao recebimento do auxílio-alimentação correlação com a situação dos autos.

pleiteado seja porque esta cláusula obrigacional se encontra CONCLUSÃO

temporariamente sem efeito, seja por ausência de norma coletiva DENEGO seguimento ao recurso de revista.

expressa de garantia do benefício durante o período de suspensão." Publique-se.

A parte não realizou o confronto analítico entre a tese adotada no ANA PAULA TAUCEDA BRANCO

acórdão recorrido e cada preceito legal e constitucional dito violado, Desembargadora-Presidente

deixando de atender ao exigido pelo artigo 896, §1º-A, III, da CLT, /gr-11

inviabilizando o seguimento do apelo, nesse aspecto. Assinatura

Com efeito, segundo a sistemática imposta pela Lei 13.015/2014, VITORIA, 27 de Novembro de 2019

cabe à parte indicar especificamente o motivo pelo qual o acórdão,

ao adotar determinada fundamentação, incidiu em afronta a cada ANA PAULA TAUCEDA BRANCO

um dos preceitos ditos violados, sendo inviável a alegação genérica Desembargador Federal do Trabalho

de violações em bloco. Decisão


Processo Nº RORSum-0001106-59.2018.5.17.0004
Quanto à necessidade do confronto analítico, vale mencionar os Relator JAILSON PEREIRA DA SILVA
seguintes julgados do TST: E-ED-RR - 552-07.2013.5.06.0231, RECORRENTE LUIZ CARLOS DRUMOND DA
CONCEICAO
Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra Belmonte, SBDI-I, DEJT ADVOGADO SEDNO ALEXANDRE
PELISSARI(OAB: 8573/ES)
17/06/2016; AIRR - 1124-32.2015.5.11.0011, Relator Ministro:
ADVOGADO ANTONIO AUGUSTO
Walmir Oliveira da Costa, 1ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR - DALLAPICCOLA SAMPAIO(OAB:
9588/ES)
10077-02.2014.5.15.0110 , Relatora Ministra: Delaíde Miranda ADVOGADO JOAQUIM AUGUSTO DE AZEVEDO
SAMPAIO NETTO(OAB: 9624/ES)
Arantes, 2ª Turma, DEJT 03/07/2017; AIRR - 220-
RECORRENTE AUREO MARTINS BARBOSA
86.2015.5.11.0051 , Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra ADVOGADO SEDNO ALEXANDRE
PELISSARI(OAB: 8573/ES)
Belmonte, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 03/07/2017; AIRR -
ADVOGADO ANTONIO AUGUSTO
20027-78.2013.5.04.0012 , Relatora Desembargadora Convocada: DALLAPICCOLA SAMPAIO(OAB:
9588/ES)
Cilene Ferreira Amaro Santos, 4ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR - ADVOGADO JOAQUIM AUGUSTO DE AZEVEDO
SAMPAIO NETTO(OAB: 9624/ES)
909-49.2015.5.08.0008, Relator Ministro: Guilherme Augusto
RECORRIDO ORGAO DE GESTAO DE MAO-DE-
Caputo Bastos, 5ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR - 47700- OBRA DO TRAB.PORTUARIO
AVULSO
21.2005.5.01.0041 , Relator Ministro: Aloysio Corrêa da Veiga, Data ADVOGADO NATHALIA NEVES BURIAN(OAB:
9243/ES)
de Julgamento: 30/03/2016, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT

01/04/2016; AIRR - 10565-26.2013.5.03.0077 , Relator Ministro: Intimado(s)/Citado(s):


Cláudio Mascarenhas Brandão, Data de Julgamento: 09/03/2016, 7ª - AUREO MARTINS BARBOSA
- LUIZ CARLOS DRUMOND DA CONCEICAO
Turma, Data de Publicação: DEJT 18/03/2016; AIRR - 1452-
- ORGAO DE GESTAO DE MAO-DE-OBRA DO
29.2015.5.14.0091 , Relatora Ministra: Dora Maria da Costa, Data TRAB.PORTUARIO AVULSO

de Julgamento: 10/05/2017, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT

12/05/2017.

Outrossim, a segunda ementa da Página 9 (Id cb2a794) mostra-se


PODER JUDICIÁRIO
inespecífica à configuração da pretendida divergência interpretativa,
JUSTIÇA DO TRABALHO
porquanto aborda situação em que a não impõe qualquer restrição

aos benefícios previtos nas normas coletivas àqueles cujos Fundamentação

contratos estejam suspensos, hipótese diversa da tratada no caso

dos autos, em que a norma coletiva só garante a manutenção do

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 78
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

recolhimento de imposto de renda sobre férias indenizadas, não se

verifica, em tese, a alegada violação, conforme exige a alínea "c" do

RECURSO DE REVISTA artigo 896 Consolidado.

Lei 13.015/2014 Ademais, a análise de divergência jurisprudencial se restringe aos

Lei 13.467/2017 arestos oriundos dos órgãos elencados na alínea "a" do art. 896, da

Recorrente(s): ORGAO DE GESTAO DE MAO-DE-OBRA DO CLT. Tal comando não foi observado pela parte recorrente,

TRAB.PORTUARIO AVULSO impossibilitando o pretendido confronto de teses e,

Advogado(a)(s): NATHALIA NEVES BURIAN (ES - 9243) consequentemente, inviabilizando o prosseguimento do recurso, no

Recorrido(a)(s): AUREO MARTINS BARBOSA aspecto.

Advogado(a)(s): JOAQUIM AUGUSTO DE AZEVEDO SAMPAIO CONCLUSÃO

NETTO (ES - 9624) DENEGO seguimento ao recurso de revista.

ANTONIO AUGUSTO DALLAPICCOLA SAMPAIO (ES - 9588) Publique-se.

SEDNO ALEXANDRE PELISSARI (ES - 8573) ANA PAULA TAUCEDA BRANCO

CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES Desembargadora-Presidente

O presente recurso foi apresentado na vigência da Lei 13.467/2017. /gr-02

Vale registrar que, nos termos do art. 896-A, §1º e incisos da CLT,

incumbe ao Tribunal Superior do Trabalho o exame da

transcendência do recurso de revista.

PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS Assinatura

Tempestivo o recurso (ciência da decisão em 20/09/2019 - Id VITORIA, 27 de Novembro de 2019

6728A08; petição recursal apresentada em 01/10/2019 - Id

d684416). ANA PAULA TAUCEDA BRANCO

Regular a representação processual - Id 4140ee3. Desembargador Federal do Trabalho

Satisfeito o preparo - Id 08dea9f, f8cc050, 28f1177, b3d8c8b, Decisão


Processo Nº ROT-0000064-76.2017.5.17.0014
7892c1c e a26e139, e33975e, nos termos do artigo 899, §9º, da Relator MARCELLO MACIEL MANCILHA
CLT Id. 42fa3fc. RECORRENTE IMETAME METALMECANICA LTDA
ADVOGADO BRUNO CARLESSO DOS REIS(OAB:
PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS 13507/ES)
DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Liquidação / ADVOGADO CATIA MACHADO PESSOTTI(OAB:
13601/ES)
Cumprimento / Execução / Valor da Execução / Cálculo / ADVOGADO LETICIA PAMELA DE OLIVEIRA
CASTILHO(OAB: 132188/MG)
Atualização / Imposto de Renda
ADVOGADO MARCELO RIBEIRO DE
Alegação(ões): FREITAS(OAB: 18089/ES)
ADVOGADO REGYS BORGES SCAQUETTI(OAB:
- divergência jurisprudencial. 17281/ES)
- art. 2º, I, § 6º, da lei 9.719/98 RECORRENTE GERMANO NUNES BARROS
ADVOGADO GLAUBER ARRIVABENE
- art. 29 da Lei 8.630/93 (atual art. 43 da Lei 12.815/13), e art. 7º, ALVES(OAB: 12730/ES)
XXIV, 153, III, da CF. ADVOGADO VITOR TEIXEIRA RIBEIRO(OAB:
20222/ES)
- artigo 7º da Lei 7713/88 RECORRIDO IMETAME METALMECANICA LTDA
Sustenta que o OGMO, unilateralmente, não pode concluir que o ADVOGADO MARCELO RIBEIRO DE
FREITAS(OAB: 18089/ES)
imposto de renda não incide na fonte sobre o valor pago a título de ADVOGADO REGYS BORGES SCAQUETTI(OAB:
17281/ES)
férias e 1/3, para deixar de promover o desconto, impondo tal
ADVOGADO LETICIA PAMELA DE OLIVEIRA
conclusão à união federal. CASTILHO(OAB: 132188/MG)
ADVOGADO CATIA MACHADO PESSOTTI(OAB:
Tendo a C. Turma manifestado entendimento no sentido de que por 13601/ES)
as férias indenizadas terem natureza indenizatória, não há falar em ADVOGADO BRUNO CARLESSO DOS REIS(OAB:
13507/ES)
incidência de imposto de renda, nos termos do artigo 43 do CTN e RECORRIDO GERMANO NUNES BARROS
da Súmula 125 do STJ, condenando o reclamado a reembolsar (e ADVOGADO GLAUBER ARRIVABENE
ALVES(OAB: 12730/ES)
se abster de novos descontos quanto a eventuais parcelas ADVOGADO VITOR TEIXEIRA RIBEIRO(OAB:
20222/ES)
vincendas) os reclamantes pelos valores retidos a título de

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PERITO LUIZ CARLOS MEDEIROS JUNIOR


viabilizar o cotejo e a verificação, de plano, da ocorrência da
Intimado(s)/Citado(s): omissão. Não tendo a recorrente se desincumbido de seu ônus,
- GERMANO NUNES BARROS nesse aspecto, inviável o recurso, no particular.
- IMETAME METALMECANICA LTDA
Registre-se, por oportuno, que tal exigência, inserida

expressamente no texto da CLT com o advento da Lei 13.467/2017,

já estava consagrada na pacífica jurisprudência da Colenda Corte


PODER JUDICIÁRIO Revisora, em razão do disposto no artigo 896, §1º-A, da CLT,
JUSTIÇA DO TRABALHO incluído no texto consolidado pela Lei 13.015/2014. Nesse sentido:

"RECURSO DE EMBARGOS. RECURSO DE REVISTA


Fundamentação
INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI 13.015/2014. ART. 896, § 1º-
RECURSO DE REVISTA
A, INCS. I, II E III, DA CLT. ARGUIÇÃO DE NULIDADE DA
Lei 13.015/2014
DECISÃO RECORRIDA POR NEGATIVA DE PRESTAÇÃO
Lei 13.467/2017
JURISDICIONAL. REQUISITOS FORMAIS. 1. A Turma, com
Recorrente(s): 1. GERMANO NUNES BARROS
fundamento na inobservância da exigência contida no art. 896, § 1º-
2. IMETAME METALMECANICA LTDA
A, inc. I, da CLT, deixou de conhecer de arguição de nulidade da
Advogado(a)(s): 1. VITOR TEIXEIRA RIBEIRO (ES - 20222)
decisão proferida pelo Tribunal Regional, por negativa de prestação
1. GLAUBER ARRIVABENE ALVES (ES - 12730)
jurisdicional, suscitada no Recurso de Revista. 2. Pacificou-se, na
2. REGYS BORGES SCAQUETTI (ES - 17281)
SDI-1, desta Corte, que, consoante os termos do art. 896, § 1º-A,
2. MARCELO RIBEIRO DE FREITAS (ES - 18089)
incs. I, II e III, da CLT, introduzido pela Lei 13.015/2014, afigura-se
2. LETICIA PAMELA DE OLIVEIRA CASTILHO (MG - 132188)
imprescindível à parte que, em Recurso de Revista, arguir a
2. CATIA MACHADO PESSOTTI (ES - 13601)
nulidade da decisão recorrida, por negativa de prestação
2. BRUNO CARLESSO DOS REIS (ES - 13507)
jurisdicional, demonstrar nas razões do seu recurso, mediante a
Recorrido(a)(s): Os mesmos
transcrição do trecho da petição dos Embargos de Declaração e do
Advogado(a)(s): Os mesmos
trecho do acórdão respectivo, a recusa do Tribunal Regional em

apreciar a questão objeto do recurso ou a apreciação de forma


Recurso de: GERMANO NUNES BARROS
incompleta. 3. A fim de observar o princípio da impugnação
CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
específica e de desincumbir-se do ônus de comprovar a recusa do
O presente recurso foi apresentado na vigência da Lei 13.467/2017.
Tribunal em prestar a jurisdição completa, a parte deverá
Vale registrar que, nos termos do art. 896-A, §1º e incisos da CLT,
demonstrar, objetivamente, que exigiu dele a apreciação da questão
incumbe ao Tribunal Superior do Trabalho o exame da
mediante a oposição dos indispensáveis embargos de declaração
transcendência do recurso de revista.
alusivos ao tema objeto da arguição de nulidade. Do contrário, estar
PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS
-se-á diante da impugnação genérica da decisão proferida pelo
Tempestivo o recurso (ciência da decisão em 04/10/2019 - Id
Tribunal Regional, inviabilizando o exame das violações a que faz
4B23C0C; petição recursal apresentada em 07/10/2019 - Id
referência a Súmula 459 desta Corte". (E-RR - 20462-
645f3c4).
66.2012.5.20.0004 , Relator Ministro: João Batista Brito Pereira,
Regular a representação processual - Id fe91277.
Data de Julgamento: 16/03/2017, Subseção I Especializada em
Inexigível o recolhimento de custas, uma vez que a parte recorrente
Dissídios Individuais, Data de Publicação: DEJT 08/09/2017)
não foi condenada a efetuar o preparo - Ids 25c44eb, 90c2d4e.
No mesmo sentido: E-RR - 1522-62.2013.5.15.0067, Relator
PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS
Ministro: Cláudio Mascarenhas Brandão, Data de Julgamento:
DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Atos
16/03/2017, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais,
Processuais / Nulidade / Negativa de Prestação Jurisdicional.
Data de Publicação: DEJT 20/10/2017; E-ED-RR - 543-
Ao arguir a nulidade do acórdão por negativa de prestação
70.2013.5.23.0005, Relator Ministro: João Batista Brito Pereira,
jurisdicional, cabe à parte transcrever, em seu apelo, o trecho dos
Data de Julgamento: 04/05/2017, Subseção I Especializada em
embargos declaratórios em que foi pedido o pronunciamento do
Dissídios Individuais, Data de Publicação: DEJT 12/05/2017.
tribunal sobre questão veiculada no recurso ordinário, bem como o

trecho da decisão regional que rejeitou os embargos quanto ao


Remuneração, Verbas Indenizatórias e Benefícios / Adicional /
pedido, como requer o artigo 896, §1º-A, IV, da CLT, de forma a

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 80
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Adicional de Insalubridade. CONCLUSÃO

Alegação(ões): DENEGO seguimento ao recurso de revista.

- violação do inciso XXII do artigo 7º da Constituição.

- violação do artigo 157 da Consolidação das Leis do Trabalho; Recurso de: IMETAME METALMECANICA LTDA

artigo 167 da Consolidação das Leis do Trabalho; artigo 189 da CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES

Consolidação das Leis do Trabalho; artigo 190 da Consolidação das O presente recurso foi apresentado na vigência da Lei 13.467/2017.

Leis do Trabalho; artigo 191 da Consolidação das Leis do Trabalho; Vale registrar que, nos termos do art. 896-A, §1º e incisos da CLT,

artigo 192 da Consolidação das Leis do Trabalho; inciso I do artigo incumbe ao Tribunal Superior do Trabalho o exame da

193 da Consolidação das Leis do Trabalho; inciso II do artigo 193 transcendência do recurso de revista.

da Consolidação das Leis do Trabalho; §1º do artigo 193 da PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS

Consolidação das Leis do Trabalho; §2º do artigo 193 da Tempestivo o recurso (ciência da decisão em 04/10/2019 - Id

Consolidação das Leis do Trabalho; §3º do artigo 193 da 4B23C0C; petição recursal apresentada em 15/10/2019 - Id

Consolidação das Leis do Trabalho. 1311682).

- divergência jurisprudencial. Regular a representação processual - Id 79aeddd.

A recorrente pede a condenação da reclamada ao pagamento do Satisfeito o preparo - Id 25c44eb, 4c49502, 3671b08 e 90c2d4e.

adicional de insalubridade. PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS

No intuito de demonstrar o prequestionamento da matéria em Remuneração, Verbas Indenizatórias e Benefícios / Adicional /

epígrafe, a parte recorrente transcreveu o seguinte trecho do v. Adicional de Transferência

acórdão: A análise de divergência jurisprudencial se restringe aos arestos

"(...) oriundos dos órgãos elencados na alínea "a" do art. 896, da CLT.

Com efeito, a perícia realizada no processo deixou claro que o Tal comando não foi observado pela parte recorrente (arestos

reclamante não faz jus ao adicional pretendido, tendo o perito, na transcritos no Id 1311682), impossibilitando o pretendido confronto

ocasião, reconhecido a presença de apenas dois agentes insalubres de teses e, consequentemente, inviabilizando o prosseguimento do

(ruído e radiação não ionizante) acima dos níveis de tolerância, no recurso, no aspecto.

local de trabalho, os quais por sua vez foram neutralizados pelos CONCLUSÃO

EPI's fornecidos pela empregadora. DENEGO seguimento ao recurso de revista.

(...) Publique-se.

No que tange ao protetor auricular, o documento de id. f12c32b (não ANA PAULA TAUCEDA BRANCO

impugnado pelo autor) comprova o fornecimento por duas vezes do Desembargadora-Presidente

referido EPI durante o vínculo, inexistindo elemento nos autos que /gr-11

indique a necessidade de troca mais frequente por parte da Assinatura

empregadora. VITORIA, 27 de Novembro de 2019

(...)."

Pelo exposto, não há como se demover, no caso presente, o veto ANA PAULA TAUCEDA BRANCO

constante na Súmula n.º 126 da Suprema Corte Laboral, porque a Desembargador Federal do Trabalho

C. Corte tomou por base os elementos probantes dos autos, Decisão


Processo Nº ROT-0000962-44.2016.5.17.0008
notadamente a prova pericial e documental, como se verifica no Id Relator GERSON FERNANDO DA SYLVEIRA
NOVAIS
90c2d4e, o que inviabiliza o recurso, no aspecto.
RECORRENTE COMPANHIA DE TRANSPORTES
URBANOS DA GRANDE VITORIA
ADVOGADO LUCIANO KELLY DO
DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Partes e NASCIMENTO(OAB: 5205/ES)
Procuradores / Sucumbência / Honorários Advocatícios RECORRIDO AMAURY ROSA DE SOUZA
ADVOGADO GUSTAVO CARDOSO DOYLE
Quanto à matéria em epígrafe, nego seguimento ao recurso, MAIA(OAB: 12544/ES)
porquanto o recorrente não cuidou de indicar o trecho da decisão
Intimado(s)/Citado(s):
recorrida objeto da insurgência, conforme exige o artigo 896, §1º-A,
- AMAURY ROSA DE SOUZA
I, da CLT (acrescentado pela Lei nº 13.015/2014 publicada no DOU - COMPANHIA DE TRANSPORTES URBANOS DA GRANDE
VITORIA
de 22.07.2014).

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 81
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

IDENTIFICA O PREQUESTIONAMENTO DA MATÉRIA OBJETO

DO APELO. REQUISITO LEGAL INSCRITO NO ARTIGO 896, § 1º-


PODER JUDICIÁRIO
A, I, DA CLT. REDAÇÃO CONFERIDA PELA LEI 13.015/2014. (...)
JUSTIÇA DO TRABALHO
3 - Embora o dispositivo em comento utilize o verbo "indicar",

Fundamentação referindo-se ao requisito formal ali inscrito, esta Corte Superior tem

exigido a transcrição do trecho da decisão regional que

consubstancia o prequestionamento da controvérsia objeto do

apelo, firme no entendimento de que a alteração legislativa

empreendida pela Lei 13.015/2014, nesse aspecto, constitui

RECURSO DE REVISTA pressuposto de adequação formal de admissibilidade do recurso de

Lei 13.015/2014 revista e se orienta no sentido de propiciar a identificação precisa da

Lei 13.467/2017 contrariedade a dispositivo de Lei e a Súmula e do dissenso de

Recorrente(s): AMAURY ROSA DE SOUZA teses, afastando-se os recursos de revista que impugnam de forma

Advogado(a)(s): GUSTAVO CARDOSO DOYLE MAIA (ES - 12544) genérica a decisão regional e conduzem sua admissibilidade para

Recorrido(a)(s): COMPANHIA DE TRANSPORTES URBANOS DA um exercício exclusivamente subjetivo pelo julgador de verificação e

GRANDE VITORIA adequação formal do apelo. Assim, a necessidade da transcrição do

Advogado(a)(s): LUCIANO KELLY DO NASCIMENTO (ES - 5205) trecho que consubstancia a violação e as contrariedades indicadas,

CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES e da demonstração analítica da divergência jurisprudencial, visa a

O presente recurso foi apresentado na vigência da Lei 13.467/2017. permitir a identificação precisa e objetiva da tese supostamente

Vale registrar que, nos termos do art. 896-A, §1º e incisos da CLT, ofensiva a lei, à segurança das relações jurídicas e à isonomia das

incumbe ao Tribunal Superior do Trabalho o exame da decisões judiciais, de modo que contribua para a celeridade da

transcendência do recurso de revista. prestação jurisdicional, possibilite a formação de precedentes como

PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS elementos de estabilidade e a decisão do TST contribua para a

Tempestivo o recurso (ciência da decisão em 25/09/2019 - fl(s)./Id formação da jurisprudência nacionalmente unificada. (...) (E-ED-RR

D159C32; petição recursal apresentada em 30/09/2019 - fl(s)./Id - 552-07.2013.5.06.0231, Relator Ministro: Alexandre de Souza

aaa2c23). Agra Belmonte, Data de Julgamento: 09/06/2016, Subseção I

Regular a representação processual - fl(s.)/Id 49c0425. Especializada em Dissídios Individuais, Data de Publicação: DEJT

Inexigível o recolhimento de custas, uma vez que a parte recorrente 17/06/2016)."

não foi condenada a efetuar o preparo - fl(s.)/Ids 6eecb92, bd38023. No mesmo sentido: ED-AIRR-41600-81.2009.5.01.0050, Rel. Min.

PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS Delaíde Miranda Arantes, 2ª Turma, DEJT 29/04/2016; AIRR -

DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Formação, 10356-41.2013.5.15.0039 Data de Julgamento: 25/05/2016, Relator

Suspensão e Extinção do Processo / Pressupostos Processuais / Ministro: Alexandre de Souza Agra Belmonte, 3ª Turma, Data de

Coisa Julgada Publicação: DEJT 03/06/2016; AIRR-65-63.2014.5.05.0026, Rel.

Inviável o recurso quanto à matéria em epígrafe, porque não Min. Cláudio Mascarenhas Brandão, 7ª Turma, DEJT 12/02/2016;

observado o disposto no artigo 896, §1º-A, I, da CLT. Com efeito, a AIRR-369-66.2014.5.10.0012, Rel. Min. Kátia Magalhães Arruda, 6ª

transcrição do tópico inteiro do v. acórdão ou da integralidade da Turma, DEJT 27/11/2015.

análise realizada pela C. Turma, quanto à matéria objeto do CONCLUSÃO

recurso, não atende à exigência do artigo 896, §1º-A, I, da CLT. É DENEGO seguimento ao recurso de revista.

preciso que a parte transcreva o trecho do v. acórdão ou, ao menos, Publique-se

que o destaque de forma clara, mas se restringindo apenas e ANA PAULA TAUCEDA BRANCO

precisamente ao trecho que representa a tese adotada e contra a Desembargadora-Presidente

qual se insurge no recurso de revista. Nesse sentido: /gr-08

"EMBARGOS EM RECURSO DE REVISTA. DECISÃO

EMBARGADA PUBLICADA NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014.

RECURSO DE REVISTA QUE NÃO APRESENTA A

TRANSCRIÇÃO DO TRECHO DO ACÓRDÃO REGIONAL QUE Assinatura

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 82
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

VITORIA, 27 de Novembro de 2019 que negou seguimento ao recurso de revista interposto pela parte

embargante. Sustenta que não há que falar em deserção, visto que

ANA PAULA TAUCEDA BRANCO a GRU foi preenchida de forma correta.

Desembargador Federal do Trabalho Contudo, ante o disposto no artigo 1º, §1º, da IN 40/TST, depreende
Decisão -se que o cabimento dos embargos declaratórios em face de
Processo Nº ROT-0000217-67.2016.5.17.0007
Relator ANA PAULA TAUCEDA BRANCO decisões de admissibilidade de recurso de revista restringe-se,
RECORRENTE M I SWACO DO BRASIL - quanto à alegação de omissão, à hipótese em que esse vício ocorre
COMERCIO, SERVICOS E
MINERACAO LTDA no que tange à análise de um ou mais temas objeto do recurso
ADVOGADO CARLA OLIVEIRA DOS
SANTOS(OAB: 180090/RJ) examinado, o que não se coaduna com as alegações da parte
ADVOGADO MARIA AUGUSTA BEZERRA embargante.
MOTA(OAB: 153821/RJ)
ADVOGADO SILVIA BATALHA MENDES(OAB: Inviáveis, portanto, os embargos declaratórios.
80989/RJ)
Intimem-se.
ADVOGADO DANILO DOS SANTOS LIMA
XAVIER(OAB: 149154/RJ) ANA PAULA TAUCEDA BRANCO
ADVOGADO CRISTIANO DE LIMA BARRETO
DIAS(OAB: 92784/RJ) Desembargadora-Presidente
ADVOGADO RAFAEL TAVARES THOME(OAB: /gr-11
128864/RJ)
ADVOGADO THIAGO BARBOSA DE Assinatura
OLIVEIRA(OAB: 150234/RJ)
VITORIA, 27 de Novembro de 2019
RECORRIDO MARCELO RODRIGUES
ADVOGADO ROSANGELA COCATE DE SOUZA
LIMA(OAB: 5772/ES)
ANA PAULA TAUCEDA BRANCO

Intimado(s)/Citado(s): Desembargador Federal do Trabalho

- M I SWACO DO BRASIL - COMERCIO, SERVICOS E Decisão


MINERACAO LTDA Processo Nº ROT-0000237-73.2016.5.17.0002
- MARCELO RODRIGUES Relator ANA PAULA TAUCEDA BRANCO
RECORRENTE PEDRO MARTINS FERREIRA
ADVOGADO CLERIA MARIA DE CARVALHO(OAB:
2961/ES)
RECORRIDO MIZU S/A
PODER JUDICIÁRIO ADVOGADO LIZANIA PINTO DE
ALVARENGA(OAB: 17034/ES)
JUSTIÇA DO TRABALHO
ADVOGADO LUANA ARIANE DE ARIMATEA(OAB:
14233/ES)
Fundamentação ADVOGADO GISELLE NARA MERLOS PENNA
FERRARI(OAB: 11871/ES)
EMBARGOS DECLARATÓRIOS
ADVOGADO LUCIANO RODRIGUES
Lei 13.015/2014 MACHADO(OAB: 4198/ES)

Embargante(s): M I SWACO DO BRASIL - COMERCIO, SERVICOS


Intimado(s)/Citado(s):
E MINERACAO LTDA - MIZU S/A
Advogado(a)(s): THIAGO BARBOSA DE OLIVEIRA (RJ - 150234) - PEDRO MARTINS FERREIRA

RAFAEL TAVARES THOME (RJ - 128864)

CRISTIANO DE LIMA BARRETO DIAS (RJ - 92784)

CARLA OLIVEIRA DOS SANTOS (RJ - 180090)


PODER JUDICIÁRIO
MARIA AUGUSTA BEZERRA MOTA (RJ - 153821)
JUSTIÇA DO TRABALHO
DANILO DOS SANTOS LIMA XAVIER (RJ - 149154)
Fundamentação
SILVIA BATALHA MENDES (RJ - 80989)

Embargado(a)(s): MARCELO RODRIGUES


RECURSO DE REVISTA
Advogado(a)(s): ROSANGELA COCATE DE SOUZA LIMA (ES -
Recorrente(s): PEDRO MARTINS FERREIRA
5772)
Advogado(a)(s): CLERIA MARIA DE CARVALHO (ES - 2961)
Os embargos declaratórios são tempestivos (Id ff426ad e 0bb9d07),
Recorrido(a)(s): MIZU S/A
e regular se encontra a representação processual (Id 386c88c e
Advogado(a)(s): LUCIANO RODRIGUES MACHADO (ES - 4198)
dfcbea4).
GISELLE NARA MERLOS PENNA FERRARI (ES - 11871)
Cuida-se de embargos de declaração opostos em face da decisão

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 83
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

LUANA ARIANE DE ARIMATEA (ES - 14233) ANA PAULA TAUCEDA BRANCO

LIZANIA PINTO DE ALVARENGA (ES - 17034) Desembargador Federal do Trabalho

PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS Decisão


Processo Nº ROT-0001691-48.2017.5.17.0004
Tempestivo o recurso (ciência da decisão em 21/10/2019 - fl(s)./Id Relator MARCELLO MACIEL MANCILHA
74F8E17; petição recursal apresentada em 30/10/2019 - fl(s)./Id RECORRENTE ITAPOA SUPERMERCADO LTDA.
ADVOGADO INGRID SANTOS TERRA(OAB:
6fd543a). 13894/ES)
Regular a representação processual - fl(s.)/Id 88cb7db. RECORRENTE ANDERSON DA SILVA ROCHA
ADVOGADO LILIAN MAGESKI ALMEIDA(OAB:
A parte recorrente está isenta de preparo. 10602/ES)
PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS RECORRIDO ANDERSON DA SILVA ROCHA
ADVOGADO LILIAN MAGESKI ALMEIDA(OAB:
Remuneração, Verbas Indenizatórias e Benefícios / Adicional / 10602/ES)
Adicional de Periculosidade. RECORRIDO ITAPOA SUPERMERCADO LTDA.
ADVOGADO INGRID SANTOS TERRA(OAB:
Alegação(ões): 13894/ES)
- contrariedade à(ao) : item I da Súmula nº 364 do Tribunal Superior TERCEIRO EDSON TORRES DA COSTA
INTERESSADO
do Trabalho.

- violação do(s) inciso XXIII do artigo 7º da Constituição. Intimado(s)/Citado(s):


- ANDERSON DA SILVA ROCHA
- violação da (o) artigo 193 da Consolidação das Leis do Trabalho.
- ITAPOA SUPERMERCADO LTDA.
- divergência jurisprudencial.

Volta-se o Reclamante contra o indeferimento do adicional de

periculosidade. Segundo o apelo, a exposição episódica a

condições de risco acentuado não obsta a percpeção do adicional PODER JUDICIÁRIO

em foco. Traz aresto à colação para fins de demonstração de JUSTIÇA DO TRABALHO

divergência jurisprudencial. Reputa violadas as diretrizes em


Fundamentação
epígrafe.
RECURSO DE REVISTA
O aresto trazido a cotejo - TST-E-ED-RR-163100-
Lei 13.015/2014
15.2008.5.15.0130 - revela-se inservível à configuração do dissenso
Lei 13.467/2017
pretoriano porque retrata empregado exposto a condições de risco
Recorrente(s): ANDERSON DA SILVA ROCHA
acentuado de forma eventual, ao passo que o panorama que se
Advogado(a)(s): LILIAN MAGESKI ALMEIDA (ES - 10602)
descortina dos autos revela ausência de exposição.
Recorrido(a)(s): ITAPOA SUPERMERCADO LTDA.
Tendo a C. Turma manifestado entendimento no sentido de
Advogado(a)(s): INGRID SANTOS TERRA (ES - 13894)
ausência de exposição a condições de risco acentuado, verifica-se
CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
que, não obstante a afronta legal aduzida, bem como o dissenso
O presente recurso foi apresentado na vigência da Lei 13.467/2017.
interpretativo suscitado, inviável o apelo, uma vez que a matéria, tal
Vale registrar que, nos termos do art. 896-A, §1º e incisos da CLT,
como tratada no v. acórdão e posta nas razões recursais, reveste-
incumbe ao Tribunal Superior do Trabalho o exame da
se de contornos nitidamente fático-probatórios, cuja reapreciação,
transcendência do recurso de revista.
em sede de recurso de revista, é diligência que encontra óbice na
PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS
Súmula 126/TST.
Tempestivo o recurso (ciência da decisão em 04/10/2019 - fl(s)./Id
CONCLUSÃO
14FFB00; petição recursal apresentada em 16/10/2019 - fl(s)./Id
DENEGO seguimento ao recurso de revista.
97f5083).
Publique-se e intimem-se.
Regular a representação processual - fl(s.)/Id 0573f09.
ANA PAULA TAUCEDA BRANCO
A parte recorrente está isenta de preparo, tendo em vista a
Desembargadora-Presidente
concessão da justiça gratuita (Id 7e2ec7d e 2ec911a).
/gr-13
PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS

DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Atos


Assinatura
Processuais / Nulidade / Negativa de Prestação Jurisdicional
VITORIA, 27 de Novembro de 2019
Alegação(ões):

- violação do inciso XXXV do artigo 5º; inciso XXXVI do artigo 5º;

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 84
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

inciso LV do artigo 5º; inciso IX do artigo 93 da Constituição. há identidade das premissas fáticas entre a decisão recorrida e

- violação do artigo 493-C da Consolidação das Leis do Trabalho; eventuais decisões paradigmas, ante a especificidade e a

inciso II do artigo 494 da Consolidação das Leis do Trabalho. particularidade de cada caso.

- divergência jurisprudencial.

No intuito de demonstrar o prequestionamento da matéria em Contrato Individual de Trabalho / Reconhecimento de Relação de

epígrafe, a parte recorrente transcreveu o seguinte trecho da Emprego

decisão de embargos de declaração: Alegação(ões):

"(...) - divergência jurisprudencial.

Registra-se que a omissão a autorizar a utilização dos embargos O recorrente pede o reconhecimento da relação de emprego com a

ocorre quando ausente na decisão judicial ponto sobre o qual devia reclamada e o pagamento das verbas decorrentes (FGTS,

se pronunciar o julgador de ofício ou a requerimento. Em caso de contribuição previdenciária, férias, 13º salário, horas extras,

fatos supervenientes com condão de alterar os dispositivos do adicional noturno, direitos e vantagens previstos nas normas

acórdão, este pode ser objeto de embargos de declaração e, por coletivas, adicional de periculosidade, tiquete alimentação, vale

conseguinte, modificado para a adequada prestação jurisdicional. transporte, gratificação de função de vigilante de segurança

No entanto, não pode prosperar a alegação do reclamante. Primeiro pessoal, multa convencionao, imposto de renda e honorários

porque não há vinculação deste órgão julgador a sentença proferida advocatícios de sucumbência).

em processo diverso. Segundo porque, em que pese o reclamante No intuito de demonstrar o prequestionamento da matéria em

afirme que os documentos juntados são novos, observa-se que os epígrafe, a parte recorrente transcreveu o seguinte trecho do v.

depoimentos a que o reclamante faz referência foram colhidos em acórdão:

20.06.2018 (processo de n.º 0001720-95.2017.5.17.0005), em "(...)

29.08.2018 (processo de n.º 0001691- 48.2017.5.17.0004) e em Em todos os depoimentos colhidos há uma constância. Os

12.09.2018 (Processo de n.º 0001683-65.2017.5.17.0006), ou seja, trabalhadores foram convidados a prestar serviços para a

são anteriores à apresentação do recurso ordinário pela parte e reclamada, em supermercados de sua rede, todavia, o convite foi

alguns dos depoimentos são, inclusive, anteriores à prolatação da feito por um Sargento de Polícia, Sr. Espíndola, que era quem,

sentença nos presentes autos, que ocorreu em 07.09.2018, efetivamente, organizava as escalas de trabalho e determinava

conforme id. ffb2b68. quem prestaria o serviço e em qual data. O Sr. Espíndola, também,

À hipótese, aplica-se o disposto na Súmula 8 do C. TST, in verbis: efetuava o pagamento.

A juntada de documentos na fase recursal só se justifica quando Em que pese o esforço argumentativo do autor, as provas orais

provado o justo impedimento para sua oportuna apresentação ou se colhidas não comprovaram, ao meu sentir, subordinação do

referir a fato posterior à sentença reclamante a superior hierárquico da reclamada. Ressalta-se que o

Assim, não havendo prova de impedimento de sua anterior juntada Sr. Espíndola não era funcionário da reclamada.

e tendo sido os depoimentos juntados com o recurso ordinário, não Assim, o que o conjunto probatório demonstra é que quem

podem ser considerados. contratou e agenciou os serviços prestados pelo reclamante foi o

Por não haver omissão a ser sanada, nego provimento ao apelo." Sargento Espíndola e não o Supermercado Perim.

Sustenta que a decisão deixou de manifestar-se a respeito de (...)."

matéria essencial à justa composição do litígio. A parte não realizou o confronto analítico entre a tese adotada no

Inviável o recurso, contudo, porquanto se verifica que as questões acórdão recorrido e cada ementa transcrita em suas razões

oportunamente suscitadas e essenciais à resolução da controvérsia recursais, deixando de atender ao exigido pelo artigo 896, §8º, da

foram analisadas pelo Eg. Regional, de forma motivada, razão por CLT, impedindo o seguimento do apelo, nesse aspecto.

que não se vislumbra, em tese, a apontada afronta ao artigo ou 93, Com efeito, segundo a sistemática imposta pela Lei 13.015/2014,

IX, da CF/88. cabe à parte demonstrar especificamente onde se situa a alegada

Quanto à alegada violação aos demais preceitos, inviável o recurso, divergência de teses entre o acórdão recorrido e os arestos

ante o entendimento consubstanciado na Súmula 459 do TST. apresentados, no exame de casos concretos idênticos ou

Convém ressaltar que o TST não admite o recurso de revista por semelhantes, ônus do qual não se desincumbiu a parte recorrente.

negativa de prestação jurisdicional com base em divergência Vale ressaltar que não atende a essa finalidade a mera transcrição

jurisprudencial (art.896, alínea "a", da CLT), por entender que não de arestos em bloco ou a simples apresentação de tabela contendo

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 85
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

o trecho do acórdão recorrido e o julgado trazido a confronto.


PODER JUDICIÁRIO
Quanto à necessidade do confronto analítico, vale mencionar os
JUSTIÇA DO TRABALHO
seguintes julgados do TST: E-ED-RR - 552-07.2013.5.06.0231,

Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra Belmonte, SBDI-I, DEJT Fundamentação

17/06/2016; AIRR - 1124-32.2015.5.11.0011, Relator Ministro:

Walmir Oliveira da Costa, 1ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR -

10077-02.2014.5.15.0110 , Relatora Ministra: Delaíde Miranda

Arantes, 2ª Turma, DEJT 03/07/2017; AIRR - 220-

86.2015.5.11.0051 , Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra RECURSO DE REVISTA

Belmonte, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 03/07/2017; AIRR - Lei 13.015/2014

20027-78.2013.5.04.0012 , Relatora Desembargadora Convocada: Lei 13.467/2017

Cilene Ferreira Amaro Santos, 4ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR - Recorrente(s): 1. RITA DE CASSIA DA SILVA CANA VERDE

909-49.2015.5.08.0008, Relator Ministro: Guilherme Augusto 2. MEGA BACANA BAR E RESTAURANTE EIRELI

Caputo Bastos, 5ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR - 47700- Advogado(a)(s): 1. ANA VALERIA FERNANDES (ES - 16444)

21.2005.5.01.0041 , Relator Ministro: Aloysio Corrêa da Veiga, Data 2. FLAVIO DA COSTA MORAES (ES - 12015)

de Julgamento: 30/03/2016, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT Recorrido(a)(s): Os mesmos

01/04/2016; AIRR - 10565-26.2013.5.03.0077 , Relator Ministro: Advogado(a)(s): Os mesmos

Cláudio Mascarenhas Brandão, Data de Julgamento: 09/03/2016, 7ª

Turma, Data de Publicação: DEJT 18/03/2016; AIRR - 1452- Recurso de: RITA DE CASSIA DA SILVA CANA VERDE

29.2015.5.14.0091 , Relatora Ministra: Dora Maria da Costa, Data CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES

de Julgamento: 10/05/2017, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT O presente recurso foi apresentado na vigência da Lei 13.467/2017.

12/05/2017. Vale registrar que, nos termos do art. 896-A, §1º e incisos da CLT,

CONCLUSÃO incumbe ao Tribunal Superior do Trabalho o exame da

DENEGO seguimento ao recurso de revista. transcendência do recurso de revista.

Publique-se. PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS

ANA PAULA TAUCEDA BRANCO Tempestivo o recurso (ciência da decisão em 11/09/2019 - Id

Desembargadora-Presidente C72D7C3; petição recursal apresentada em 06/08/2019 - Id

/gr-11 87107f1).

Assinatura Regular a representação processual - Id a38d352.

VITORIA, 27 de Novembro de 2019 Inexigível o recolhimento de custas, uma vez que a parte recorrente

não foi condenada a efetuar o preparo - fl(s.)/Ids 6f1c93e e efb241e.

ANA PAULA TAUCEDA BRANCO PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS

Desembargador Federal do Trabalho Duração do Trabalho / Horas Extras.

Decisão Inviável o recurso quanto à matéria em epígrafe, porque não


Processo Nº RORSum-0000189-82.2019.5.17.0011
observado o disposto no artigo 896, §1º-A, I, da CLT. Com efeito, a
Relator JOSE CARLOS RIZK
RECORRENTE RITA DE CASSIA DA SILVA CANA transcrição do tópico inteiro do v. acórdão ou da integralidade da
VERDE
análise realizada pela C. Turma, quanto à matéria objeto do
ADVOGADO ANA VALERIA FERNANDES(OAB:
16444/ES) recurso, não atende à exigência do artigo 896, §1º-A, I, da CLT. É
RECORRIDO MEGA BACANA BAR E
RESTAURANTE EIRELI preciso que a parte transcreva o trecho do v. acórdão em que
ADVOGADO FLAVIO DA COSTA MORAES(OAB: consta precisamente a tese regional impugnada no recurso de
12015/ES)
revista, ou, ao menos, que destaque de forma clara a tese adotada
Intimado(s)/Citado(s): e contra a qual se insurge. Nesse sentido:
- MEGA BACANA BAR E RESTAURANTE EIRELI
"EMBARGOS EM RECURSO DE REVISTA. DECISÃO
- RITA DE CASSIA DA SILVA CANA VERDE
EMBARGADA PUBLICADA NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014.

RECURSO DE REVISTA QUE NÃO APRESENTA A

TRANSCRIÇÃO DO TRECHO DO ACÓRDÃO REGIONAL QUE

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 86
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

IDENTIFICA O PREQUESTIONAMENTO DA MATÉRIA OBJETO CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES

DO APELO. REQUISITO LEGAL INSCRITO NO ARTIGO 896, § 1º- O presente recurso foi apresentado na vigência da Lei 13.467/2017.

A, I, DA CLT. REDAÇÃO CONFERIDA PELA LEI 13.015/2014. (...) Vale registrar que, nos termos do art. 896-A, §1º e incisos da CLT,

3 - Embora o dispositivo em comento utilize o verbo "indicar", incumbe ao Tribunal Superior do Trabalho o exame da

referindo-se ao requisito formal ali inscrito, esta Corte Superior tem transcendência do recurso de revista.

exigido a transcrição do trecho da decisão regional que PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS

consubstancia o prequestionamento da controvérsia objeto do Tempestivo o recurso (ciência da decisão em 11/09/2019 - Id

apelo, firme no entendimento de que a alteração legislativa C72D7C3; petição recursal apresentada em 20/09/2019 - Id 6f1c93e

empreendida pela Lei 13.015/2014, nesse aspecto, constitui e efb241e).

pressuposto de adequação formal de admissibilidade do recurso de Regular a representação processual - Id 44349bb.

revista e se orienta no sentido de propiciar a identificação precisa da Satisfeito o preparo - Id 6f1c93e, efb241e, b7f6cde, 4467b89 e

contrariedade a dispositivo de Lei e a Súmula e do dissenso de 4467b89, 4100274.

teses, afastando-se os recursos de revista que impugnam de forma PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS

genérica a decisão regional e conduzem sua admissibilidade para Duração do Trabalho / Intervalo Intrajornada.

um exercício exclusivamente subjetivo pelo julgador de verificação e Alegação(ões):

adequação formal do apelo. Assim, a necessidade da transcrição do - violação da (o) §4º do artigo 71 da Consolidação das Leis do

trecho que consubstancia a violação e as contrariedades indicadas, Trabalho.

e da demonstração analítica da divergência jurisprudencial, visa a A recorrente insurge-se contra o importe do adicional deferido para

permitir a identificação precisa e objetiva da tese supostamente o cálculo de horas extras, pela supressão do intervalo intrajornada.

ofensiva a lei, à segurança das relações jurídicas e à isonomia das Contudo, ante a restrição do artigo 896, § 9º, da CLT, mostra-se

decisões judiciais, de modo que contribua para a celeridade da inviável, em processos que tramitam sob o rito sumaríssimo, a

prestação jurisdicional, possibilite a formação de precedentes como análise de violação à legislação infraconstitucional.

elementos de estabilidade e a decisão do TST contribua para a CONCLUSÃO

formação da jurisprudência nacionalmente unificada. (...) (E-ED-RR DENEGO seguimento ao recurso de revista.

- 552-07.2013.5.06.0231, Relator Ministro: Alexandre de Souza Publique-se.

Agra Belmonte, Data de Julgamento: 09/06/2016, Subseção I ANA PAULA TAUCEDA BRANCO

Especializada em Dissídios Individuais, Data de Publicação: DEJT Desembargadora-Presidente

17/06/2016)." /gr-14

No mesmo sentido: ED-AIRR-41600-81.2009.5.01.0050, Rel. Min.

Delaíde Miranda Arantes, 2ª Turma, DEJT 29/04/2016; AIRR -

10356-41.2013.5.15.0039 Data de Julgamento: 25/05/2016, Relator

Ministro: Alexandre de Souza Agra Belmonte, 3ª Turma, Data de Assinatura

Publicação: DEJT 03/06/2016; AIRR-65-63.2014.5.05.0026, Rel. VITORIA, 27 de Novembro de 2019

Min. Cláudio Mascarenhas Brandão, 7ª Turma, DEJT 12/02/2016;

AIRR-369-66.2014.5.10.0012, Rel. Min. Kátia Magalhães Arruda, 6ª ANA PAULA TAUCEDA BRANCO

Turma, DEJT 27/11/2015. Desembargador Federal do Trabalho

Duração do Trabalho / Adicional Noturno. Decisão


Processo Nº RORSum-0001118-43.2018.5.17.0014
Quanto à matéria em epígrafe, nego seguimento ao recurso, Relator JOSE CARLOS RIZK
porquanto a recorrente não cuidou de indicar o trecho da decisão RECORRENTE PRISCILA NASCIMENTO LOPES
ADVOGADO MILEYD EWALD MALAQUIAS(OAB:
recorrida objeto da insurgência, conforme exige o artigo 896, §1º-A, 27500/ES)
I, da CLT (acrescentado pela Lei nº 13.015/2014 publicada no DOU RECORRIDO PETROLEO BRASILEIRO S A
PETROBRAS
de 22.07.2014). ADVOGADO AUGUSTO CARLOS LAMEGO
JUNIOR(OAB: 17514/ES)
CONCLUSÃO
RECORRIDO SPASSU TECNOLOGIA E SERVICOS
DENEGO seguimento ao recurso de revista. S. A
ADVOGADO Wander Reis da Silva(OAB: 123-B/ES)

Recurso de: MEGA BACANA BAR E RESTAURANTE EIRELI Intimado(s)/Citado(s):

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 87
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

- PETROLEO BRASILEIRO S A PETROBRAS


A estabilidade provisória da gestante está prevista no art. 10, inciso
- PRISCILA NASCIMENTO LOPES
- SPASSU TECNOLOGIA E SERVICOS S. A II, alínea 'b', do ADCT, segundo o qual 'até que seja promulgada a

lei complementar a que se refere o art. 7º, I, da Constituição, fica

vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa da empregada

gestante, desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o


PODER JUDICIÁRIO
parto'.
JUSTIÇA DO TRABALHO
Logo, indubitável que à época do pedido de demissão, a
Fundamentação Reclamante era detentora de estabilidade provisória, uma vez que,
RECURSO DE REVISTA a teor da Súmula nº 244 do E. TST, a garantia no emprego
Lei 13.015/2014 independe do conhecimento do estado gravídico pelo empregador
Lei 13.467/2017 ou, até mesmo, pela própria empregada, in verbis:
Recorrente(s): SPASSU TECNOLOGIA E SERVICOS S. A (...)
Advogado(a)(s): Wander Reis da Silva (ES - 123) ACORDAM os Magistrados da 1ª Turma do Tribunal Regional do
Recorrido(a)(s): PRISCILA NASCIMENTO LOPES Trabalho da 17ª Região, na Sessão Ordinária realizada no dia 13 de
Advogado(a)(s): MILEYD EWALD MALAQUIAS (ES - 27500) agosto de 2019, às 13 horas e 30 minutos, sob a Presidência do
CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES Exmo. Desembargador Gerson Fernando da Sylveira Novais, com a
O presente recurso foi apresentado na vigência da Lei 13.467/2017. participação do Exmo. Desembargador José Carlos Rizk e do
Vale registrar que, nos termos do art. 896-A, §1º e incisos da CLT, Exmo. Desembargador Cláudio Armando Couce de Menezes; e
incumbe ao Tribunal Superior do Trabalho o exame da presente o Procurador Regional do Trabalho, Dr. Levi Scatolin, por
transcendência do recurso de revista. unanimidade,conhecer do recurso ordinário sob o rito sumaríssimo
PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS interposto pela Reclamante; e, no mérito, dar-lhe parcial provimento
Tempestivo o recurso (ciência da decisão em 15/10/2019 - Id ao apelo para determinar a reintegração da Reclamante, bem como
F99C689; petição recursal apresentada em 24/10/2019 - Id para condenar a 1ª Reclamada a restabelecer o plano de saúde e a
79b180d). pagar os salários vencidos e vincendos, desde a data de sua
Regular a representação processual - Id bb64d59. dispensa até a efetiva reintegração; para deferir a tutela de urgência
Satisfeito o preparo - Id 92c4af6, f4a6e54 e 89efcb6, 63596ff, para determinar a imediata reintegração da Autora, a partir da data
93f8984 e 9bb2012, 4f24d4c, 4a22c86. de publicação desta decisão, sob pena de multa diária de 1/30 avos
PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS do maior salário por ela recebido. Considerando a reforma parcial
Rescisão do Contrato de Trabalho / Reintegração / Readmissão ou da sentença, com a consequente sucumbência recíproca das
Indenização / Gestante partes, determina-se que os honorários advocatícios devidos pela
Alegação(ões): Reclamante sejam calculados apenas sobre o pedido de horas
- violação do inciso II do artigo 10 da Constituição Federal. extras, julgado improcedente, bem como condena-se a 1ª
- divergência jurisprudencial. Reclamada no pagamento de honorários advocatícios no percentual
A recorrente sustenta que a C. Turma afrontou a CR, ao argumento de 10% sobre a condenação, conforme se apurar em liquidação de
de que o pedido de demissão afasta a estabilidade da gestante. sentença. Invertem-se os ônus da sucumbência para condenar a 1ª
Consequentemente, insurge-se contra a determinação de Reclamada (Spassu Tecnologia e Serviços S.A.) no pagamento das
reintegração da reclamante ao emprego, bem como a reativação do custas processuais no importe de R$ 200,00 (duzentos reais),
plano de saúde. calculadas sobre R$ 10.000,00, valor ora arbitrado à condenação.
Pede o afastamento da referida condenação e seus consectários, a (...)."
saber, pagamento de salários e honorários advocatícios de A parte não realizou o confronto analítico entre a tese adotada no
sucumbência. acórdão recorrido e o preceito constitucional dito violado, deixando
No intuito de demonstrar o prequestionamento da matéria em de atender ao exigido pelo artigo 896, §1º-A, III, da CLT,
epígrafe, a parte recorrente transcreveu o seguinte trecho do v. inviabilizando o seguimento do apelo, nesse aspecto.
acórdão: Com efeito, segundo a sistemática imposta pela Lei 13.015/2014,
"(...) cabe à parte indicar especificamente o motivo pelo qual o acórdão,
Pois bem. ao adotar determinada fundamentação, incidiu em afronta a cada

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 88
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

um dos preceitos ditos violados, sendo inviável a alegação genérica CONCLUSÃO

de violações em bloco. DENEGO seguimento ao recurso de revista.

Ademais, a parte não realizou o confronto analítico entre a tese Publique-se.

adotada no acórdão recorrido e cada ementa válida transcrita em ANA PAULA TAUCEDA BRANCO

suas razões recursais, deixando de atender ao exigido pelo artigo Desembargadora-Presidente

896, §8º, da CLT, impedindo o seguimento do apelo, nesse aspecto. /gr-11

Com efeito, segundo a sistemática imposta pela Lei 13.015/2014, Assinatura

cabe à parte demonstrar especificamente onde se situa a alegada VITORIA, 27 de Novembro de 2019

divergência de teses entre o acórdão recorrido e os arestos

apresentados, no exame de casos concretos idênticos ou ANA PAULA TAUCEDA BRANCO

semelhantes, ônus do qual não se desincumbiu a parte recorrente. Desembargador Federal do Trabalho

Vale ressaltar que não atende a essa finalidade a mera transcrição Decisão
Processo Nº ROT-0000357-55.2017.5.17.0011
de arestos em bloco ou a simples apresentação de tabela contendo Relator DANIELE CORREA SANTA
CATARINA
o trecho do acórdão recorrido e o julgado trazido a confronto.
RECORRENTE CLEIDIANE LOPES DE OLIVEIRA
Quanto à necessidade do confronto analítico, vale mencionar os ADVOGADO GUALTER LOUREIRO
MALACARNE(OAB: 13548/ES)
seguintes julgados do TST: E-ED-RR - 552-07.2013.5.06.0231,
RECORRIDO PROVOO -SERVICOS AUXILIARES
Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra Belmonte, SBDI-I, DEJT DE TRANSPORTE AEREO LTDA
RECORRIDO GOL LINHAS AEREAS S.A.
17/06/2016; AIRR - 1124-32.2015.5.11.0011, Relator Ministro:
ADVOGADO CARLOS JOSE ELIAS JUNIOR(OAB:
Walmir Oliveira da Costa, 1ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR - 10424/DF)
ADVOGADO KARLA CRISTINA DE MELO
10077-02.2014.5.15.0110 , Relatora Ministra: Delaíde Miranda OLIVEIRA(OAB: 28426/DF)
Arantes, 2ª Turma, DEJT 03/07/2017; AIRR - 220-
Intimado(s)/Citado(s):
86.2015.5.11.0051 , Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra
- CLEIDIANE LOPES DE OLIVEIRA
Belmonte, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 03/07/2017; AIRR - - GOL LINHAS AEREAS S.A.
20027-78.2013.5.04.0012 , Relatora Desembargadora Convocada:

Cilene Ferreira Amaro Santos, 4ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR -

909-49.2015.5.08.0008, Relator Ministro: Guilherme Augusto


PODER JUDICIÁRIO
Caputo Bastos, 5ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR - 47700-
JUSTIÇA DO TRABALHO
21.2005.5.01.0041 , Relator Ministro: Aloysio Corrêa da Veiga, Data

de Julgamento: 30/03/2016, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT Fundamentação


01/04/2016; AIRR - 10565-26.2013.5.03.0077 , Relator Ministro:

Cláudio Mascarenhas Brandão, Data de Julgamento: 09/03/2016, 7ª

Turma, Data de Publicação: DEJT 18/03/2016; AIRR - 1452-

29.2015.5.14.0091 , Relatora Ministra: Dora Maria da Costa, Data

de Julgamento: 10/05/2017, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT RECURSO DE REVISTA


12/05/2017. Recorrente(s): 1. GOL LINHAS AEREAS S.A.
Outrossim, a análise de divergência jurisprudencial se restringe aos Advogado(a)(s): 1. KARLA CRISTINA DE MELO OLIVEIRA (DF -
arestos oriundos dos órgãos elencados na alínea "a" do art. 896, da 28426)
CLT. Tal comando não foi observado pela parte recorrente (primeiro 1. CARLOS JOSE ELIAS JUNIOR (DF - 10424)
atesto do Id 79b180d), impossibilitando o pretendido confronto de Recorrido(a)(s): 1. CLEIDIANE LOPES DE OLIVEIRA
teses e, consequentemente, inviabilizando o prosseguimento do 2. PROVOO -SERVICOS AUXILIARES DE TRANSPORTE AEREO
recurso, no aspecto. LTDA
Por fim, o quinto aresto transcrito não atende o requisito do Advogado(a)(s): 1. GUALTER LOUREIRO MALACARNE (ES -
confronto de teses, porque não contem a fonte oficial ou o 13548)
repositório autorizado de jurisprudência em que teria sido publicado. PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS
Não foram cumpridos os itens I e IV da Súmula 337 do Tribunal Tempestivo o recurso (ciência da decisão em 18/10/2019 - fl(s)./Id
Superior do Trabalho. 4077BEF; petição recursal apresentada em 30/10/2019 - fl(s)./Id

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 89
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

cd85233). ANA PAULA TAUCEDA BRANCO

Regular a representação processual - fl(s.)/Id ID. 15fbeb5. Desembargadora-Presidente

Satisfeito o preparo - fl(s)./Id ID. 268b366 -, a143884, ID. ae8233b, /gr-13

e9ba925 -, d8ce3ed e d8ce3ed.

PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS

DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Atos

Processuais / Nulidade / Cerceamento de Defesa / Indeferimento de

Produção de Prova. Assinatura

Alegação(ões): VITORIA, 27 de Novembro de 2019

- violação da (o) artigo 195 da Consolidação das Leis do Trabalho.

Para a Reclamada, o indeferimento de produção de prova pericial ANA PAULA TAUCEDA BRANCO

para fins de apuração de condições insalubres ou perigosas no Desembargador Federal do Trabalho

ambiente de trabalho atenta contra o artigo 195 da CLT. Colaciona Decisão


Processo Nº ROT-0000685-76.2017.5.17.0013
arestos ditos favoráveis a sua tese para fins de demonstração de Relator MARCELLO MACIEL MANCILHA
divergência jurisprudencial. RECORRENTE GIOVANNA DE ALMEIDA BARINO
ADVOGADO BARBARA BRAUN RIZK(OAB:
Tendo a C. Turma entendido que a controvérsia foi solucionada por 13843/ES)
prova pericial emprestada - e, por este motivo, desnecessária a ADVOGADO CARLA GUSMAN ZOUAIN(OAB:
7582/ES)
produção de novo laudo pericial - não há falar em transgressão à RECORRENTE AMANDA DA SILVA MORAES
diretriz dita violada. Não obstante a afronta legal aduzida, bem ADVOGADO BARBARA BRAUN RIZK(OAB:
13843/ES)
como o dissenso interpretativo suscitado, inviável o apelo, uma vez ADVOGADO CARLA GUSMAN ZOUAIN(OAB:
7582/ES)
que a matéria, tal como tratada no v. acórdão e posta nas razões
RECORRENTE DIEGO DO NASCIMENTO
recursais, reveste-se de contornos nitidamente fático-probatórios, RODRIGUES FLORES
ADVOGADO BARBARA BRAUN RIZK(OAB:
cuja reapreciação, em sede de recurso de revista, é diligência que 13843/ES)
encontra óbice na Súmula 126/TST. ADVOGADO CARLA GUSMAN ZOUAIN(OAB:
7582/ES)
Por remate, se a utilização de prova emprestada condiciona-se à RECORRENTE ALINE RIBEIRO FABRES
anuência mútua dos contendores, a irresignação patronal à esta ADVOGADO BARBARA BRAUN RIZK(OAB:
13843/ES)
altura, deixa entrever possíveis indícios de litigância de má-fé. ADVOGADO CARLA GUSMAN ZOUAIN(OAB:
7582/ES)
RECORRIDO CULTURA INGLESA IDIOMAS S.A.
Duração do Trabalho / Intervalo Intrajornada / Intervalo 15 Minutos ADVOGADO JULIANA BRACKS DUARTE(OAB:
102466/RJ)
Mulher.
ADVOGADO RODRIGO OLIOZA GONZALEZ(OAB:
Alegação(ões): 26599/ES)

- violação do(s) inciso I do artigo 5º; inciso XXX do artigo 7º da


Intimado(s)/Citado(s):
Constituição. - ALINE RIBEIRO FABRES
- violação da (o) artigo 384 da Consolidação das Leis do Trabalho. - AMANDA DA SILVA MORAES
- CULTURA INGLESA IDIOMAS S.A.
- divergência jurisprudencial.
- DIEGO DO NASCIMENTO RODRIGUES FLORES
Inviável o seguimento do recurso, no aspecto, porquanto a C. - GIOVANNA DE ALMEIDA BARINO
Turma adotou entendimento consonante com o firmado pelo TST no

julgamento do incidente de inconstitucionalidade (IIN-RR -

1540/2005-046-12-00.5), julgado em 17.11.2008, DEJT de


PODER JUDICIÁRIO
13.02.2009, em que foi Relator o Ministro Ives Gandra Martins Filho,
JUSTIÇA DO TRABALHO
sendo a conclusão no sentido de que a concessão de condições

especiais à mulher não fere o princípio da igualdade entre homens e Fundamentação


mulheres contido no artigo 5º da Constituição da República. RECURSO DE REVISTA
CONCLUSÃO Lei 13.015/2014
DENEGO seguimento ao recurso de revista. Lei 13.467/2017
Publique-se e intimem-se. Recorrente(s): DIEGO DO NASCIMENTO RODRIGUES FLORES E

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 90
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

OUTRA

Advogado(a)(s): CARLA GUSMAN ZOUAIN (ES - 7582) DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Recurso

BARBARA BRAUN RIZK (ES - 13843) Alegação(ões):

Recorrido(a)(s): CULTURA INGLESA IDIOMAS S.A. - violação do artigo 468 da Consolidação das Leis do Trabalho.

Advogado(a)(s): RODRIGO OLIOZA GONZALEZ (ES - 26599) Os recorrentes insurgem-se contra o não conhecimento do recurso

JULIANA BRACKS DUARTE (RJ - 102466) quanto à alegação de alteração lesiva do contrato, ao argumento de

CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES que somente a partir da sentença é que restou caracterizada

O presente recurso foi apresentado na vigência da Lei 13.467/2017. referida lesão.

Vale registrar que, nos termos do art. 896-A, §1º e incisos da CLT, No intuito de demonstrar o prequestionamento da matéria em

incumbe ao Tribunal Superior do Trabalho o exame da epígrafe, a parte recorrente transcreveu o seguinte trecho do v.

transcendência do recurso de revista. acórdão:

PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS "(...)

Tempestivo o recurso (ciência da decisão em 04/10/2019 - fl(s)./Id Ora, não há pedido de nulidade da alteração contratual lesiva ou de

F809498; petição recursal apresentada em 15/10/2019 - fl(s)./Id danos materiais dela decorrentes, inexistindo, igualmente, narrativa

1639edf). fática nesse sentido. Os argumentos lançados na exordial

Regular a representação processual - fl(s.)/Id 0950dd3. demonstram que o pleito em questão tem por base: a inexistência

A parte recorrente está isenta de preparo, tendo em vista a de contratação do plano de previdência (e não sua supressão por

concessão da assistência judiciária gratuita (Id 3c9762d e 88acddd). ato unilateral) ou a realização de descontos de valores a título de

PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS contribuição para referido plano sem o correspondente repasse pela

DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Atos empresa à operadora do benefício.

Processuais / Nulidade / Negativa de Prestação Jurisdicional (...)

Alegação(ões): Por essas razões, o recurso ordinário não merece conhecimento

- violação do inciso IX do artigo 93 da Constituição. quanto à tese de alteração contratual lesiva e danos morais e

No intuito de demonstrar o prequestionamento da matéria em materiais dela decorrentes, por ser inovatória à lide, sob pena de

epígrafe, a parte recorrente transcreveu o seguinte trecho do v. violação ao contraditório e ampla defesa e supressão de instância.

acórdão: (...)."

"(...) Ante o exposto, tendo a C. Turma manifestado entendimento no

A omissão sanável pela via dos declaratórios é tão somente aquela sentido de não conhecer o recurso ordinário dos recorrentes, ao

referente à matéria que, embora suscitada no recurso, não tenha fundamento de que houve inovação recursal quanto à alegação de

sido devidamente enfrentada pelo acórdão, lembrando que a ter havido in casu alteração contratual lesiva, não se verifica, em

adoção de tese específica sobre o tema impede que se fale no tese, a alegada violação, conforme exige a alínea "c" do artigo 896

referido vício. Consolidado.

(...) CONCLUSÃO

Verifica-se que, a pretexto de sanar omissão e contradição, o que DENEGO seguimento ao recurso de revista.

pretende a parte, na verdade, é obter novo pronunciamento a Publique-se.

respeito de questões já decididas, utilizando-se, no entanto, de ANA PAULA TAUCEDA BRANCO

instrumento processual inadequado para tal fim. Desembargadora-Presidente

(...)." /gr-11

Sustenta que a decisão deixou de se manifestar a respeito de Assinatura

questões suscitadas em sede de embargos de declaração e que VITORIA, 27 de Novembro de 2019

são decisivas para a justa composição do litígio.

Inviável o recurso, contudo, porquanto se verifica que as questões ANA PAULA TAUCEDA BRANCO

oportunamente suscitadas e essenciais à resolução da controvérsia Desembargador Federal do Trabalho

foram analisadas pelo Eg. Regional, de forma motivada, razão por Decisão
Processo Nº RORSum-0000049-66.2019.5.17.0005
que não se vislumbra, em tese, a apontada afronta ao artigo 93, IX, Relator CLAUDIA CARDOSO DE SOUZA
da CR/88. RECORRENTE MARCIA CRISTINA FIAUX JORDAO

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 91
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

ADVOGADO SUZANA ROITMAN FARINA(OAB:


5543/ES) B31E4AE; petição recursal apresentada em 15/10/2019 - Id
ADVOGADO BEN HUR BRENNER DAN 1fca6a9).
FARINA(OAB: 4813/ES)
RECORRIDO PETROLEO BRASILEIRO S A Regular a representação processual - Id 1344751, 8267d01.
PETROBRAS
Deixa-se de analisar o preparo, como pressuposto extrínseco de
ADVOGADO AUGUSTO CARLOS LAMEGO
JUNIOR(OAB: 17514/ES) admissibilidade, uma vez que o mérito do recurso trata, exatamente,
RECORRIDO JPTE ENGENHARIA LTDA.
do não conhecimento do apelo ordinário interposto pela recorrente,
ADVOGADO EDUARDO FELIPE DA COSTA
FRADE(OAB: 30370/DF) por deserção.
ADVOGADO DENISE CAMPOS FISCHER(OAB:
31306/DF) PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS
ADVOGADO JOAO MARCOS CAVICHIOLI DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Recurso /
FEITEIRO(OAB: 307654/SP)
Preparo / Deserção
Intimado(s)/Citado(s):
Alegação(ões):
- JPTE ENGENHARIA LTDA.
- artigo 5º, incisos, II, LXXIV, LIV e LV da Constituição e Súmula
- MARCIA CRISTINA FIAUX JORDAO
- PETROLEO BRASILEIRO S A PETROBRAS 463, inciso II, do C. TST.

- artigos 8º, §2º e 790, § 4º, da CLT

Insurge-se em face do indeferimento da assistência judiciária

gratuita uma vez que os documentos listados no corpo do processo


PODER JUDICIÁRIO
não deixam dúvidas quanto à clara impossibilidade de a empresa
JUSTIÇA DO TRABALHO
arcar com as custas exigidas e o preparo recursal, por efetivamente
Fundamentação não possuir recursos.

Ante a restrição do artigo 896, § 9º, da CLT, mostra-se inviável, em

processos que tramitam sob o rito sumariíssimo, a análise de

violação à legislação infraconstitucional e divergência

jurisprudencial com OJ's da SDI-I do TST (Súmula 442/TST).


RECURSO DE REVISTA Outrossim, tendo a C. Turma manifestado entendimento no sentido
Tramitação Preferencial de que a 1ª reclamada não demonstrou o recolhimento do depósito
Lei 13.015/2014 recursal e das custas processuais, razão pela qual não revela
Lei 13.467/2017 satisfeito o pressuposto de admissibilidade do preparo, não se
Recorrente(s): 1. JPTE ENGENHARIA LTDA. verifica, em tese, a alegada violação, como requer o artigo 896, §
2. PETROLEO BRASILEIRO S A PETROBRAS 9º, da CLT.
Advogado(a)(s): 1. JOAO MARCOS CAVICHIOLI FEITEIRO (SP - CONCLUSÃO
307654) DENEGO seguimento ao recurso de revista.
1. DENISE CAMPOS FISCHER (DF - 31306)

1. EDUARDO FELIPE DA COSTA FRADE (DF - 30370) Recurso de: PETROLEO BRASILEIRO S A PETROBRAS
2. AUGUSTO CARLOS LAMEGO JUNIOR (ES - 17514) CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
Recorrido(a)(s): 1. MARCIA CRISTINA FIAUX JORDAO O presente recurso foi apresentado na vigência da Lei 13.467/2017.
Advogado(a)(s): 1. BEN HUR BRENNER DAN FARINA (ES - 4813) Vale registrar que, nos termos do art. 896-A, §1º e incisos da CLT,
1. SUZANA ROITMAN FARINA (ES - 5543) incumbe ao Tribunal Superior do Trabalho o exame da

transcendência do recurso de revista.


Recurso de: JPTE ENGENHARIA LTDA. PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS
CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES Tempestivo o recurso (ciência da decisão em 07/10/2019 - Id
O presente recurso foi apresentado na vigência da Lei 13.467/2017. B31E4AE; petição recursal apresentada em 17/10/2019 - Id
Vale registrar que, nos termos do art. 896-A, §1º e incisos da CLT, 80f197f).
incumbe ao Tribunal Superior do Trabalho o exame da Regular a representação processual - Id 4d728de.
transcendência do recurso de revista. Satisfeito o preparo - Id 01c2021, caaaccb, 31b09eb, 31b09eb,
PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS 843022e e 3fb4188.
Tempestivo o recurso (ciência da decisão em 07/10/2019 - Id PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 92
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Responsabilidade Solidária / Subsidiária

Quanto à matéria em epígrafe, nego seguimento ao recurso,

porquanto a recorrente não cuidou de indicar o trecho da decisão

recorrida objeto da insurgência, limitando-se a transcrever parte do

julgado que não retrata a tese adotada pela Colenda Turma RECURSO DE REVISTA

julgadora, conforme exige o artigo 896, §1º-A, I, da CLT Lei 13.015/2014

(acrescentado pela Lei nº 13.015/2014 publicada no DOU de Lei 13.467/2017

22.07.2014). Recorrente(s): BANCO DO BRASIL SA

CONCLUSÃO Advogado(a)(s): ROBERTA BOTELHO PEREIRA (ES - 26690)

DENEGO seguimento ao recurso de revista. PAULO CESAR BUSATO (ES - 8797)

Publique-se. Recorrido(a)(s): JOAO CAETANO CECCO

ANA PAULA TAUCEDA BRANCO Advogado(a)(s): PALOMA VALLORY PEREZ (ES - 22673)

Desembargadora-Presidente GABRIEL SCHMIDT DA SILVA (ES - 19092)

/gr-02 DANIEL FERREIRA BORGES (DF - 21645)

FABIOLA CARVALHO FERREIRA BORGES (ES - 17591)

Marcilio Tavares de Albuquerque Filho (ES - 17407)

ROGERIO FERREIRA BORGES (ES - 17590)

Assinatura THATIANA AARAO DE MORAES (ES - 14184)

VITORIA, 27 de Novembro de 2019 CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES

O presente recurso foi apresentado na vigência da Lei 13.467/2017.

ANA PAULA TAUCEDA BRANCO Vale registrar que, nos termos do art. 896-A, §1º e incisos da CLT,

Desembargador Federal do Trabalho incumbe ao Tribunal Superior do Trabalho o exame da


Decisão transcendência do recurso de revista.
Processo Nº AP-0000651-03.2018.5.17.0002
Relator JOSE CARLOS RIZK PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS
AGRAVANTE JOAO CAETANO CECCO Tempestivo o recurso (ciência da decisão em 11/09/2019 - fl(s)./Id
ADVOGADO THATIANA AARAO DE
MORAES(OAB: 14184/ES) F30C072 ; petição recursal apresentada em 23/09/2019 - fl(s)./Id
ADVOGADO ROGERIO FERREIRA BORGES(OAB: f91a9c0).
17590/ES)
ADVOGADO Marcilio Tavares de Albuquerque Regular a representação processual - fl(s.)/Id 8a45946 .
Filho(OAB: 17407/ES)
PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS
ADVOGADO FABIOLA CARVALHO FERREIRA
BORGES(OAB: 17591/ES) DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Atos
ADVOGADO DANIEL FERREIRA BORGES(OAB:
21645/DF) Processuais / Nulidade / Negativa de Prestação Jurisdicional
ADVOGADO GABRIEL SCHMIDT DA SILVA(OAB: Alegação(ões):
19092/ES)
ADVOGADO PALOMA VALLORY PEREZ(OAB: - artigos 832 e 897-A, da CLT, 1.022, inciso II, do CPC/2015, e 93,
22673/ES)
inciso IX, da CR
AGRAVADO BANCO DO BRASIL SA
ADVOGADO PAULO CESAR BUSATO(OAB: Sustenta a nulidade do acórdão para que supra as omissões
8797/ES)
apontadas nos referidos declaratórios, com vistas à perfeita entrega
ADVOGADO ROBERTA BOTELHO PEREIRA(OAB:
26690/ES) da tutela jurisdicional pleiteada.

Ante a restrição do artigo 896, § 2º, da CLT, descabe análise de


Intimado(s)/Citado(s):
violação à legislação infraconstitucional.
- BANCO DO BRASIL SA
- JOAO CAETANO CECCO Outrossim, inviável o recurso, contudo, porquanto se verifica que as

questões oportunamente suscitadas e essenciais à resolução da

controvérsia foram analisadas pelo Eg. Regional, de forma

motivada, razão por que não se vislumbra, em tese, a apontada


PODER JUDICIÁRIO
afronta ao artigo 93, IX, da CR/88.
JUSTIÇA DO TRABALHO

Fundamentação DIREITO CIVIL / Fatos Jurídicos / Prescrição e Decadência

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 93
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Alegação(ões):

- divergência jurisprudencial. RECURSO DE REVISTA

- Art. 7º, XXIX, e art. 5º, II da CR. Lei 13.015/2014

- Súmula 150, do STF. Lei 13.467/2017

Sustenta que a inércia do titular do direito ao crédito individualizável Recorrente(s): ROCA SANITARIOS BRASIL LTDA

reconhecido em sentença coletiva rende ensejo à prescrição do Advogado(a)(s): VICTOR VIANNA FRAGA (ES - 7848)

direito de propor a execução, regendo-se a prescrição da ação Recorrido(a)(s): CELHO DA CONCEICAO SOARES

executiva pelo mesmo prazo aplicado à cognição. Advogado(a)(s): GERALDO BENICIO (ES - 18446)

Ante a restrição do artigo 896, § 2º, da CLT, descabe análise de CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES

violação à legislação infraconstitucional, contrariedade a Súmulas e O presente recurso foi apresentado na vigência da Lei 13.467/2017.

divergência jurisprudencial. Vale registrar que, nos termos do art. 896-A, §1º e incisos da CLT,

Outrossim, tendo a C. Turma manifestado entendimento no sentido incumbe ao Tribunal Superior do Trabalho o exame da

de que antes da publicação do edital não é possível iniciar a transcendência do recurso de revista.

contagem do prazo prescricional e que, como o edital foi publicado PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS

em 25/01/2017 e esta ação foi proposta em 18/07/2018, não houve Tempestivo o recurso (ciência da decisão em 04/10/2019 - fl(s)./Id

o decurso da prescrição bienal, não se verifica, em tese, a alegada 1001997; petição recursal apresentada em 14/10/2019 - fl(s)./Id

violação, como requer o artigo 896, § 2.º, da CLT. 3d5be31).

CONCLUSÃO Regular a representação processual - fl(s.)/Id 1bed166.

DENEGO seguimento ao recurso de revista. Satisfeito o preparo - fl(s)./Id e0e83bb, 9f96d3d, 643a4ba e

Publique-se. 17e4a4c.

ANA PAULA TAUCEDA BRANCO PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS

Desembargadora-Presidente DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Atos

/gr-02 Processuais / Nulidade / Negativa de Prestação Jurisdicional.

Alegação(ões):

- violação do(s) inciso LIV do artigo 5º; inciso IX do artigo 93 da

Constituição.

Assinatura - violação da (o) artigo 473 do Código de Processo Civil de 2015.

VITORIA, 27 de Novembro de 2019 Sustenta que o v. acórdão incorreu em negativa de prestação

jurisdicional, sob a alegação de omissão quanto às matérias

ANA PAULA TAUCEDA BRANCO suscitadas em seus embargos declaratórios.

Desembargador Federal do Trabalho Inviável o recurso, contudo, porquanto se verifica que as questões
Decisão oportunamente suscitadas e essenciais à resolução da controvérsia
Processo Nº ROT-0000144-45.2018.5.17.0001
Relator SONIA DAS DORES DIONISIO foram analisadas pelo Eg. Regional, de forma motivada, razão por
MENDES
que não se vislumbra, em tese, a apontada afronta ao artigo 93, IX,
RECORRENTE CELHO DA CONCEICAO SOARES
ADVOGADO GERALDO BENICIO(OAB: 18446/ES) da CR/88.
RECORRIDO ROCA SANITARIOS BRASIL LTDA Quanto à alegada violação aos demais preceitos, inviável o recurso,
ADVOGADO VICTOR VIANNA FRAGA(OAB:
7848/ES) ante o entendimento consubstanciado na Súmula 459 do TST.

Intimado(s)/Citado(s):
Anulação / Nulidade de Ato ou Negócio Jurídico.
- CELHO DA CONCEICAO SOARES
Alegação(ões):
- ROCA SANITARIOS BRASIL LTDA
- violação do(s) inciso LIV do artigo 5º da Constituição.

- violação da (o) inciso II do artigo 473 do Código de Processo Civil

de 2015; inciso III do artigo 473 do Código de Processo Civil de


PODER JUDICIÁRIO
2015.
JUSTIÇA DO TRABALHO
A recorrente insurge-se contra o v. acórdão, no tocante à

Fundamentação manutenção da obrigação imposta a reclamada, para retificar o PPP

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 94
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

ADVOGADO TATIANE DE CICCO NASCIMBEM


do reclamante, sob o argumento de que não haveriam nos autos CHADID(OAB: 201296/SP)

elementos capazes de infirmar as conclusões do perito.


Intimado(s)/Citado(s):
Tendo a C. Turma mantido a condenação da reclamada a retificar o
- ARIVALCIR SERAFIN XAVIER
PPP do reclamante, ao fundamento de que ficou constatado pelo - WAL MART BRASIL LTDA
laudo pericial que o PPP apresentado pela empresa não está em

conformidade com os preceitos técnicos exigidos, tais como: tipo do

agente insalubre, fator de risco, limite de tolerância para o calor,


PODER JUDICIÁRIO
entre outros, conforme demonstrado detalhadamente pelo Expert,
JUSTIÇA DO TRABALHO
bem como que não há nos autos elemento capaz de infirmar as

conclusões do expert, tendo inclusive sido reaberta a instrução Fundamentação

processual e fornecido novos esclarecimentos pelo perito, não se

verifica, em tese, a alegada violação, conforme exige a alínea "c" do RECURSO DE REVISTA

artigo 896 Consolidado. Tramitação Preferencial

Lei 13.015/2014

DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Penalidades Lei 13.467/2017

Processuais / Multa por ED Protelatórios. Recorrente(s):

Alegação(ões): ARIVALCIR SERAFIN XAVIER

- violação do(s) inciso LIV do artigo 5º da Constituição. Advogado(a)(s):

- violação da (o) §2º do artigo 1026 do Código de Processo Civil de ALESSANDRA JEAKEL (ES - 16663)

2015; artigo 473 do Código de Processo Civil de 2015. Recorrido(a)(s):

A recorrente insurge-se contra o v. acórdão, no tocante à WAL MART BRASIL LTDA

condenação ao pagamento de multa por oposição de embargos Advogado(a)(s):

declaratórios protelatórios. TATIANE DE CICCO NASCIMBEM CHADID (SP - 201296)

Tendo a C. Turma condenado a reclamada ao pagamento de multa CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES

por oposição de embargos declaratórios protelatórios, ao argumento O presente recurso foi apresentado na vigência da Lei 13.467/2017.

de que as matérias foram devidamente apreciadas e a Vale registrar que, nos termos do art. 896-A, §1º e incisos da CLT,

fundamentação apresentada, bem como que não há o vício incumbe ao Tribunal Superior do Trabalho o exame da

alegado, sendo manifesto o caráter protelatório dos embargos, não transcendência do recurso de revista.

se verifica, em tese, a alegada violação, conforme exige a alínea "c" PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS

do artigo 896 Consolidado. Tempestivo o recurso (ciência da decisão em 16/10/2019 - fl(s)./Id

CONCLUSÃO EB5E76F ; petição recursal apresentada em 25/10/2019 - fl(s)./Id

DENEGO seguimento ao recurso de revista. 20cc481).

Publique-se. Regular a representação processual - fl(s.)/Id 96baa62 .

ANA PAULA TAUCEDA BRANCO A parte recorrente está isenta de preparo, tendo em vista a

Desembargadora-Presidente concessão da assistência judiciária (Id da2a821, 9adc7ee).

/gr-03 PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS

Assinatura Rescisão do Contrato de Trabalho / Justa Causa / Falta Grave.

VITORIA, 27 de Novembro de 2019 Pretende o autor a reforma do julgado, com a descaracterização da

justa causa que lhe foi aplicada.

ANA PAULA TAUCEDA BRANCO Quanto à matéria em epígrafe, nego seguimento ao recurso,

Desembargador Federal do Trabalho porquanto o recorrente não cuidou de indicar o trecho da decisão

Decisão recorrida objeto da insurgência, conforme exige o artigo 896, §1º-A,


Processo Nº RORSum-0000604-77.2019.5.17.0007
I, da CLT (acrescentado pela Lei nº 13.015/2014 publicada no DOU
Relator MARIO RIBEIRO CANTARINO NETO
RECORRENTE ARIVALCIR SERAFIN XAVIER de 22.07.2014), trazendo apenas o acórdão na sua totalidade.
ADVOGADO ALESSANDRA JEAKEL(OAB:
16663/ES)
RECORRIDO WAL MART BRASIL LTDA Responsabilidade Civil do Empregador / Indenização por Dano

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 95
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Moral.

O recorrente pretende a condenação da reclamada ao pagamento RECURSO DE REVISTA

de indenização por danos morais. Lei 13.015/2014

Não há tese explícita no v. acórdão guerreado, até porque o ora Lei 13.467/2017

recorrente não cuidou de suscitar a matéria no momento processual Recorrente(s): PROVALE DISTRIBUIDORA DE CARBONATOS

oportuno (Id dca5edd), conforme exige a Súmula 297/TST. Assim, LTDA

tem-se por não atendida a exigência do prequestionamento, que se Advogado(a)(s): BRUNA CAROLINE BASTOS NICOLAU (ES -

erige em requisito indispensável à análise do apelo (OJ 62, da SDI- 27014)

I/TST). HENRIQUE ROCHA FRAGA (ES - 9138)

CONCLUSÃO PRISCILA ROSA DE ARAUJO (ES - 25180)

DENEGO seguimento ao recurso de revista. Recorrido(a)(s): ADRIANO SANT ANA ULTRAMAR

Publique-se. Advogado(a)(s): GRASIELE MARCHESI BIANCHI (ES - 11394)

ANA PAULA TAUCEDA BRANCO JOSE IRINEU DE OLIVEIRA (ES - 4142)

Desembargadora-Presidente CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES

/gr-04 O presente recurso foi apresentado na vigência da Lei 13.467/2017.

Vale registrar que, nos termos do art. 896-A, §1º e incisos da CLT,

Assinatura incumbe ao Tribunal Superior do Trabalho o exame da

VITORIA, 27 de Novembro de 2019 transcendência do recurso de revista.

PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS

ANA PAULA TAUCEDA BRANCO Tempestivo o recurso (ciência da decisão em 20/08/2019 - fl(s)./Id

Desembargador Federal do Trabalho 4295B3F; petição recursal apresentada em 29/08/2019 - fl(s)./Id


Decisão 1ecdb3d).
Processo Nº ROT-0001420-82.2016.5.17.0001
Relator WANDA LUCIA COSTA LEITE Regular a representação processual - fl(s.)/Id 4030f14.
FRANCA DECUZZI
Contudo, tendo em vista a ausência de comprovação, nos autos, da
RECORRENTE ADRIANO SANT ANA ULTRAMAR
ADVOGADO GRASIELE MARCHESI complementação do recolhimento de custas, conforme condenação
BIANCHI(OAB: 11394/ES)
imposta (Id. 2870dbe, 973071e), o recurso se encontra deserto, nos
ADVOGADO JOSE IRINEU DE OLIVEIRA(OAB:
4142/ES) termos do disposto no artigo 789, § 1º, da CLT.
RECORRIDO PROVALE DISTRIBUIDORA DE
CARBONATOS LTDA Registre-se também que, in casu, a recorrente colacionou aos autos
ADVOGADO BRUNA CAROLINE BASTOS o comprovante de pagamento de complementação do depósito
NICOLAU(OAB: 27014/ES)
ADVOGADO HENRIQUE ROCHA FRAGA(OAB: recursal (Id. 66b4241, 2a3400c) de forma insuficiente. Entretanto
9138/ES)
diante da ausência da complementação do recolhimento de custas,
ADVOGADO PRISCILA ROSA DE ARAUJO(OAB:
25180/ES) o recurso encontra-se deserto.
TERCEIRO CLEBIO ALMEIDA BARBOSA
INTERESSADO Saliente-se, por oportuno, que nos termos da OJ 140 da SDI-I do
TERCEIRO ANDREI COELHO NUNES TST, a intimação da parte recorrente para complementar o valor das
INTERESSADO GONÇALVES
custas só é possível quando o pagamento realizado se revelar
Intimado(s)/Citado(s): insuficiente, o que não se coaduna com a hipótese dos autos, de
- ADRIANO SANT ANA ULTRAMAR ausência de pagamento.
- PROVALE DISTRIBUIDORA DE CARBONATOS LTDA
Nesse sentido:

"AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA SOB A

ÉGIDE DA LEI Nº 13.015/2014. DESERÇÃO DO AGRAVO DE


PODER JUDICIÁRIO INSTRUMENTO. Verifica-se que foi arbitrado à condenação o valor
JUSTIÇA DO TRABALHO de R$ 30.000,00 (trinta mil reais). A Reclamada efetuou o depósito

recursal alusivo ao recurso ordinário no valor de R$ 8.183,06 e,


Fundamentação
quando da interposição do recurso de revista, no valor de R$

16.366,10, sendo que a soma desses valores não atinge o montante

total da condenação. Nessa esteira, a teor do art. 899, §7º, da CLT,

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Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

ADVOGADO ALISSON AGIB SOUZA


cabia à reclamada comprovar o depósito recursal referente ao CABRAL(OAB: 15982/ES)
RECORRIDO MR TEL TELECOMUNICACOES
agravo de instrumento correspondente a 50% (cinquenta por cento) EIRELI - ME
do valor do depósito do recurso que pretendia destrancar ou ADVOGADO NEIMAR ZAVARIZE(OAB: 11117/ES)
ADVOGADO RAFAEL LIBARDI COMARELA(OAB:
integralizar o montante arbitrado para a condenação, tendo em vista 11323/ES)
que a hipótese não se enquadra na exceção prevista no §8º do art. RECORRIDO TELEFONICA BRASIL S.A.
ADVOGADO NELSON WILIANS FRATONI
899 da CLT. Dessa forma, a interposição do apelo sem o RODRIGUES(OAB: 15111/ES)
correspondente depósito recursal implica sua deserção, nos termos ADVOGADO IGOR TEIXEIRA SANTOS(OAB:
35687/BA)
da Súmula 128, I, do TST. Em face da recente alteração na OJ 140 TESTEMUNHA MAICON ROCHA BONFIM
da SBDI-1 do TST, esta passou a preconizar que "em caso de TESTEMUNHA CLEITON RODRIGUES MENEZES

recolhimento insuficiente das custas processuais ou do depósito


Intimado(s)/Citado(s):
recursal, somente haverá deserção do recurso se, concedido o
- MR TEL TELECOMUNICACOES EIRELI - ME
prazo de cinco dias previsto no §2º do art. 1.007 do CPC de 2015, o - PEDRO JOSE DE MATOS
recorrente não complementar e comprovar o valor devido". Frise-se - TELEFONICA BRASIL S.A.

que a nova redação da OJ 140 da SBDI-1 do TST destina-se

apenas à hipótese na qual houve recolhimento do depósito do

recurso, mas em valor inferior ao correto. Ou seja, a OJ contrasta PODER JUDICIÁRIO


com o art. 10, parágrafo único, da IN 39, do TST, apenas no que JUSTIÇA DO TRABALHO
tange à possibilidade de complemento. Tal circunstância, contudo
Fundamentação
não se aplica aos casos de inexistência do recolhimento, seja de
RECURSO DE REVISTA
custas, seja de depósito recursal (principal ou complementar,
Lei 13.015/2014
quando se trate de atingir o valor da condenação). In casu, não
Lei 13.467/2017
houve demonstração do recolhimento do depósito do agravo de
Recorrente(s): 1. PEDRO JOSE DE MATOS
instrumento, assim, não há de se falar em intimação da reclamada
Advogado(a)(s): 1. ALISSON AGIB SOUZA CABRAL (ES - 15982)
para complementar o valor devido, porquanto, não se trata de
Recorrido(a)(s): 1. TELEFONICA BRASIL S.A.
recolhimento insuficiente de depósito, porém, de ausência total de
2. MR TEL TELECOMUNICACOES EIRELI - ME
recolhimento do depósito recursal. Agravo de instrumento não
Advogado(a)(s): 1. IGOR TEIXEIRA SANTOS (BA - 35687)
conhecido" (AIRR - 10054-79.2014.5.15.0070 , Relator Ministro:
1. NELSON WILIANS FRATONI RODRIGUES (ES - 15111)
Augusto César Leite de Carvalho, Data de Julgamento: 27/09/2017,
2. RAFAEL LIBARDI COMARELA (ES - 11323)
6ª Turma, Data de Publicação: DEJT 29/09/2017).
2. NEIMAR ZAVARIZE (ES - 11117)
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
DENEGO seguimento ao recurso de revista.
O presente recurso foi apresentado na vigência da Lei 13.467/2017.
Publique-se.
Vale registrar que, nos termos do art. 896-A, §1º e incisos da CLT,
ANA PAULA TAUCEDA BRANCO
incumbe ao Tribunal Superior do Trabalho o exame da
Desembargadora-Presidente
transcendência do recurso de revista.
/gr-02
PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS

Tempestivo o recurso (ciência da decisão em 04/10/2019 - fl(s)./Id

BE7FB39; petição recursal apresentada em 16/10/2019 - fl(s)./Id

377a38d).
Assinatura
Regular a representação processual - fl(s.)/Id c068f56.
VITORIA, 27 de Novembro de 2019
A parte recorrente está isenta de preparo, tendo em vista a

concessão da justiça gratuita (Id 19190d6, bccd47e e ee67b5b).


ANA PAULA TAUCEDA BRANCO
PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS
Desembargador Federal do Trabalho
Responsabilidade Solidária / Subsidiária / Tomador de Serviços /
Decisão
Processo Nº ROT-0000269-07.2018.5.17.0003 Terceirização / Licitude / Ilicitude da Terceirização
Relator MARCELLO MACIEL MANCILHA
Alegação(ões):
RECORRENTE PEDRO JOSE DE MATOS
- contrariedade ao: item I da Súmula nº 331; item III da Súmula nº

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Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

331 do Tribunal Superior do Trabalho. independentemente do objeto social das empresas envolvidas,

- violação do artigo 3º da Consolidação das Leis do Trabalho; artigo mantida a responsabilidade subsidiária da empresa contratante',

9º da Consolidação das Leis do Trabalho; artigo 468-C da vencida a Ministra Rosa Weber. O Ministro Marco Aurélio não se

Consolidação das Leis do Trabalho. pronunciou quanto à tese. Ausentes os Ministros Dias Toffoli e

- divergência jurisprudencial. Gilmar Mendes no momento da fixação da tese. Presidiu o

O recorrente pede o reconhecimento da alegada ilicitude da julgamento a Ministra Cármen Lúcia. Plenário, 30.8.2018.

terceirização e o reconhecimento do vínculo empregatício (...)

diretamente com a tomadora dos serviços. Decisão: O Tribunal, por maioria, apreciando o tema 739 da

No intuito de demonstrar o prequestionamento da matéria em repercussão geral, conheceu do agravo e deu provimento ao

epígrafe, a parte recorrente transcreveu o seguinte trecho do v. recurso extraordinário, nos termos do voto do Relator, vencidos os

acórdão: Ministros Rosa Weber e Ricardo Lewandowski, que a ele negavam

"(...) provimento. Acompanharam o Relator com outros fundamentos e

Em que pese este Relator já ter acolhido em outros casos a tese sem aderir ao item 1 da sua conclusão os Ministros Edson Fachin e

defendida pelo obreiro, revejo tal entendimento diante do Cármen Lúcia. Em seguida, por maioria, fixou-se a seguinte tese: 'É

julgamento proferido pelo Supremo Tribunal Federal, nos autos da nula a decisão de órgão fracionário que se recusa a aplicar o art.

ADPF 324 e do RE 958252, a partir do qual se reconheceu ampla 94, II, da Lei 9.472/1997, sem observar a cláusula de reserva de

autorização para a terceirização de mão-de-obra, tornando Plenário (CF, art. 97), observado o artigo 949 do CPC', vencida a

irrelevante a discussão atinente aos serviços prestados e sua Ministra Rosa Weber.Impedido o Ministro Roberto Barroso.

correspondência à atividade-fim ou meio da empresa tomadora. Ausente, justificadamente, o Ministro Celso de Mello. Presidência do

Ressalto, ainda, o julgamento do ARE 791.932 que afastou a Ministro Dias Toffoli. Plenário, 11.10.2018.

possibilidade de recusa de aplicação do art. 94, II, da Lei (...)

9.472/1997, em razão da invocação da Súmula 331 do Tribunal Desse modo, não prevalece mais o entendimento da súmula n.º 331

Superior do Trabalho, sem observância da regra de reserva de do C. TST que vedava a terceirização de atividade-fim, cabendo a

plenário. este Tribunal Regional acatar a decisão do STF, nos autos da ADPF

(...) 324 e do RE 958252, que a autoriza expressamente, bem como a

Decisão: O Tribunal, no mérito, por maioria e nos termos do voto do decisão do ARE 791932 que veda a não aplicação do art. 94, II, da

Relator, julgou procedente o pedido e firmou a seguinte tese: 1. É Lei 9.472/1997 sem observância da cláusula de reserva de Plenário.

lícita a terceirização de toda e qualquer atividade, meio ou fim, não (...)."

se configurando relação de emprego entre a contratante e o No intuito de demonstrar o prequestionamento da matéria em

empregado da contratada. 2. Na terceirização, compete à epígrafe, a parte recorrente transcreveu o seguinte trecho da

contratante: i) verificar a idoneidade e a capacidade econômica da decisão de embargos de declaração:

terceirizada; e ii) responder subsidiariamente pelo descumprimento "(...)

das normas trabalhistas, bem como por obrigações previdenciárias, Leia-se:

na forma do art. 31 da Lei 8.212/1993, vencidos os Ministros Edson Importante ressaltar que em que pese o reclamante tenha alegado

Fachin, Rosa Weber, Ricardo Lewandowski e Marco Aurélio. Nesta que prestava serviços para a segunda reclamada com pessoalidade

assentada, o Relator esclareceu que a presente decisão não afeta e subordinação direta, o que atrai a regra do art. 3o da CLT, não é o

automaticamente os processos em relação aos quais tenha havido que se evidencia nos autos.

coisa julgada. Presidiu o julgamento a Ministra Cármen Lúcia. Para tanto, faz-se necessário percorrer a prova oral.

Plenário, 30.8.2018. Em depoimento, o reclamante disse que quem o contratou e o

(...) treinou para o exercício da função foi a primeira reclamada; disse

Decisão: O Tribunal, por maioria e nos termos do voto do Relator, que na primeira reclamada participava de diálogos operacionais

apreciando o tema 725 da repercussão geral, deu provimento ao bem como reuniões acerca dos procedimentos a serem adotados;

recurso extraordinário, vencidos os Ministros Edson Fachin, Rosa que quem lhe aplicou punição foi a primeira reclamada; que usava

Weber, Ricardo Lewandowski e Marco Aurélio. Em seguida, o identificação (crachá) da primeira reclamada; que utilizava carro da

Tribunal fixou a seguinte tese: 'É lícita a terceirização ou qualquer primeira reclamada; que recebia ordens tanto da MR Tel, quanto da

outra forma de divisão do trabalho entre pessoas jurídicas distintas, empresa Vivo, disse que o sr André Pinote, encarregado da MR Tel,

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Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

foi seu último superior imediato e também respondia aos srs. Elson A parte não realizou o confronto analítico entre a tese adotada no

e Juliano, supervisores da Vivo; que iniciava sua jornada de acórdão recorrido e cada preceito legal dito violado, deixando de

trabalho na MR Tel e depois a jornada se dava externamente; que atender ao exigido pelo artigo 896, §1º-A, III, da CLT, inviabilizando

toda ferramenta de trabalho era da MR Tel; que a Mr Tel pagava por o seguimento do apelo, nesse aspecto.

metas cumpridas. Com efeito, segundo a sistemática imposta pela Lei 13.015/2014,

O depoimento da testemunha ouvida a rogo do reclamante, sr. cabe à parte indicar especificamente o motivo pelo qual o acórdão,

Jother, mostrou-se tendencioso a evidenciar o vínculo de emprego ao adotar determinada fundamentação, incidiu em afronta a cada

com a empresa Vivo pois as respostas eram dadas com evasivas, a um dos preceitos ditos violados, sendo inviável a alegação genérica

título de exemplo quando perguntado a quem se reportava disse de violações em bloco.

que 'depende da ocasião, geralmente eram com os meus Ademais, a parte não realizou o confronto analítico entre a tese

encarregados da MR e quando uma caso mais sério, mais adotada no acórdão recorrido e a súmula supostamente contrariada,

complicado, a gente tinha que se reportar ao pessoal da Vivo', deixando de atender ao exigido pelo artigo 896, §1º-A, III, da CLT,

ainda, quando indagado em quais oportunidades teve que se inviabilizando o seguimento do apelo, nesse aspecto.

reportar aos encarregados da Vivo e para quê, disse: 'ahh muitas, Com efeito, segundo a sistemática imposta pela Lei 13.015/2014,

muitas' citando apenas quando não era possível realizar uma cabe à parte indicar especificamente o motivo pelo qual o acórdão,

instalação numa residência. Disse que 'seus chefes'- MR Tel e Vivo ao adotar determinada fundamentação, deixou de observar cada

- tinham que estar a par de toda situação pessoal, tal como saída Súmula invocada, sendo inviável a mera alegação genérica de

antecipada do trabalho, mas que a Vivo nunca opinou sobre tal contrariedade.

situação, mas que tinha que se reportar a ela. Quanto à necessidade do confronto analítico, vale mencionar os

A testemunha trazida pela reclamada, sr. Marcelo, disse que seguintes julgados do TST: E-ED-RR - 552-07.2013.5.06.0231,

trabalha para MR Tel; que MR Tel quem estabelece metas; que a Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra Belmonte, SBDI-I, DEJT

Vivo realiza apenas vistoria para conferir se a instalação está 17/06/2016; AIRR - 1124-32.2015.5.11.0011, Relator Ministro:

correta, se não estivesse correta, disse que o encarregado ou Walmir Oliveira da Costa, 1ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR -

supervisor da MR Tel tinha que ir até o local; que o sistema Zeus da 10077-02.2014.5.15.0110 , Relatora Ministra: Delaíde Miranda

Vivo, utilizados pelos instaladores, era alimentado pelos Arantes, 2ª Turma, DEJT 03/07/2017; AIRR - 220-

colaboradores da MR Tel com as ordens de serviço a serem 86.2015.5.11.0051 , Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra

executadas; que não havia interferência da Vivo quanto à sua Belmonte, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 03/07/2017; AIRR -

rotina; que nunca viu a Vivo verificar as ferramentas de trabalho. 20027-78.2013.5.04.0012 , Relatora Desembargadora Convocada:

Como se vê, a prova oral evidencia a ausência de subordinação Cilene Ferreira Amaro Santos, 4ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR -

direta e pessoalidade da relação do reclamante com a empresa 909-49.2015.5.08.0008, Relator Ministro: Guilherme Augusto

Vivo que, de fato, se resumia a mera tomadora dos serviços. Não Caputo Bastos, 5ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR - 47700-

há nos autos prova de que a Vivo interferia na rotina de trabalho do 21.2005.5.01.0041 , Relator Ministro: Aloysio Corrêa da Veiga, Data

reclamante, ao revés, está claro nos autos que a empresa MR Tel de Julgamento: 30/03/2016, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT

quem detinha total controle da rotina. 01/04/2016; AIRR - 10565-26.2013.5.03.0077 , Relator Ministro:

Ademais, a meu ver, as diretrizes para instalação e a conferência Cláudio Mascarenhas Brandão, Data de Julgamento: 09/03/2016, 7ª

das instalações realizadas pelos empregados da MR Tel pela Turma, Data de Publicação: DEJT 18/03/2016; AIRR - 1452-

empresa Vivo são necessárias ao adequado cumprimento do 29.2015.5.14.0091 , Relatora Ministra: Dora Maria da Costa, Data

contrato de prestação serviços firmados pelos réus, não havendo de Julgamento: 10/05/2017, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT

falar em subordinação estrutural entre os empregados da 12/05/2017.

prestadora e da tomadora de serviços em decorrência desse fato. Outrossim, a análise de divergência jurisprudencial se restringe aos

(...) arestos oriundos dos órgãos elencados na alínea "a" do art. 896, da

Por todo exposto, nego provimento ao apelo obreiro. CLT. Tal comando não foi observado pela parte recorrente (terceiro

(...) aresto transcrito, Id bccd47e), impossibilitando o pretendido

Diante do exposto, dou provimento parcial aos embargos de confronto de teses e, consequentemente, inviabilizando o

declaração do reclamante para sanar omissão, sem imprimir efeito prosseguimento do recurso, no aspecto.

modificativo ao julgado." Por fim, o primeiro e segundo arestos transcritos (Id bccd47e) não

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 99
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

atendem o requisito do confronto de teses, porque não contêm a 2. EDUARDO CHALFIN (RJ - 53588)

fonte oficial ou o repositório autorizado de jurisprudência em que 2. MIGUEL FERNANDO DECLEVA (SP - 231398)

teriam sido publicados. Não foram cumpridos os itens I e IV da 2. MICHELE CRISTINA MELO DA SILVA DOS REIS (RJ - 114109)

Súmula 337 do Tribunal Superior do Trabalho. Recorrido(a)(s): 1. ITAU UNIBANCO S.A.

CONCLUSÃO 2. CARLOS ALBERTO CORTELETTI

DENEGO seguimento ao recurso de revista. Advogado(a)(s): 1. PATRICIA DE QUEIROZ CAETANO (RJ -

Publique-se. 105561)

ANA PAULA TAUCEDA BRANCO 1. EDUARDO CHALFIN (RJ - 53588)

Desembargadora-Presidente 1. MIGUEL FERNANDO DECLEVA (SP - 231398)

/gr-11 1. MICHELE CRISTINA MELO DA SILVA DOS REIS (RJ - 114109)

Assinatura 2. LUIS FERNANDO NOGUEIRA MOREIRA (ES - 6942)

VITORIA, 27 de Novembro de 2019 2. MARIA DA CONCEICAO SARLO BORTOLINI CHAMOUN (ES -

4770)

ANA PAULA TAUCEDA BRANCO

Desembargador Federal do Trabalho Recurso de: CARLOS ALBERTO CORTELETTI


Decisão CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
Processo Nº ROT-0000654-11.2016.5.17.0007
Relator JOSE LUIZ SERAFINI O presente recurso foi apresentado na vigência da Lei 13.467/2017.
RECORRENTE CARLOS ALBERTO CORTELETTI Vale registrar que, nos termos do art. 896-A, §1º e incisos da CLT,
ADVOGADO LUIS FERNANDO NOGUEIRA
MOREIRA(OAB: 6942/ES) incumbe ao Tribunal Superior do Trabalho o exame da
ADVOGADO MARIA DA CONCEICAO SARLO transcendência do recurso de revista.
BORTOLINI CHAMOUN(OAB:
4770/ES) PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS
RECORRIDO ITAU UNIBANCO S.A.
Tempestivo o recurso (ciência da decisão em 24/09/2019 - Id
ADVOGADO PATRICIA DE QUEIROZ
CAETANO(OAB: 105561/RJ) CBEB3C3; petição recursal apresentada em 24/09/2019 - Id
ADVOGADO EDUARDO CHALFIN(OAB: 53588/RJ)
1a63417).
ADVOGADO MIGUEL FERNANDO DECLEVA(OAB:
231398/SP) Regular a representação processual - Id c75bac0.
ADVOGADO MICHELE CRISTINA MELO DA SILVA
DOS REIS(OAB: 114109/RJ) Inexigível o recolhimento de custas, uma vez que a parte recorrente

não foi condenada a efetuar o preparo - Ids d7741c8 e 24b5cba.


Intimado(s)/Citado(s):
PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS
- CARLOS ALBERTO CORTELETTI
Aposentadoria e Pensão / Complementação de Aposentadoria /
- ITAU UNIBANCO S.A.
Pensão.

Alegação(ões):

- violação do(s) inciso XXVIII do artigo 7º da Constituição.


PODER JUDICIÁRIO
- violação da (o) artigo 949 do Código Civil; artigo 950 do Código
JUSTIÇA DO TRABALHO
Civil; artigo 121 da Lei nº 8213/1991.

Fundamentação - divergência jurisprudencial.

O recorrente insurge-se contra o v. acórdão, no tocante à limitação

RECURSO DE REVISTA temporal da pensão (termo inicial e final), a exclusão da indenização

Lei 13.015/2014 no período do auxílio-doença acidentário que antedeceu à

Lei 13.467/2017 aposentadoria e limitação da pensão aos 75,2 anos. Insurge-se,

Recorrente(s): 1. CARLOS ALBERTO CORTELETTI ainda, no tocante à exclusão do cálculo da indenização da PLR,

2. ITAU UNIBANCO S.A. 13º, adicional de férias e FGTS, e dos reajustes pelos índices da

Advogado(a)(s): 1. LUIS FERNANDO NOGUEIRA MOREIRA (ES - categoria.

6942) A C. Turma manifestou entendimento no sentido de que não é

1. MARIA DA CONCEICAO SARLO BORTOLINI CHAMOUN (ES - devida pensão até a definição da aposentadoria por invalidez, na

4770) medida em que se o réu complementa o benefício previdenciário, o

2. PATRICIA DE QUEIROZ CAETANO (RJ - 105561) obreiro teve garantidos os seus direitos sociais básicos e, portanto,

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 100
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

protegida sua dignidade como pessoa humana. Assentou, ainda, - violação do(s) inciso XXXV do artigo 5º; inciso LV do artigo 5º;

que após a aposentadoria por invalidez, ou seja, a partir de inciso IX do artigo 93 da Constituição.

18/04/2017, tem-se por razoável o dano material na modalidade de - violação da (o) inciso II do artigo 489 do Código de Processo Civil

pensionamento mensal arbitrado em 100% da remuneração do de 2015; artigo 897-A da Consolidação das Leis do Trabalho; artigo

reclamante, composta pelas rubricas 'salário base', 'comissão de 832 da Consolidação das Leis do Trabalho.

cargo' e 'complemento AD/AC',até completar 75,2 anos de idade Sustenta que o v. acórdão incorreu em negativa de prestação

(segundo tábua completa de mortalidade divulgada pelo IBGE), jurisdicional, sob a alegação de omissão quanto às matérias

devidamente atualizadas pelos índices utilizados para correção dos suscitadas em seus embargos declaratórios.

valores da aposentadoria. Assim, não se verifica, em tese, a Inviável o recurso, contudo, porquanto se verifica que as questões

alegada violação, conforme exige a alínea "c" do artigo 896 oportunamente suscitadas e essenciais à resolução da controvérsia

Consolidado. foram analisadas pelo Eg. Regional, de forma motivada, razão por

Outrossim, a C. Turma decidiu que não há falar em inserção do PLR que não se vislumbra, em tese, a apontada afronta aos artigos 832

na base de cálculo, vez que o reclamante não comprovou ser tal da CLT, 489 do CPC/2015 ou 93, IX, da CR/88.

benefício pagos aos empregados afastados em gozo de Quanto à alegada violação aos demais preceitos, inviável o recurso,

aposentadoria por invalidez; do adicional de férias e do FGTS, uma ante o entendimento consubstanciado na Súmula 459 do TST.

vez que trata-se de direito assegurado ao empregado em atividade

apenas, no que não se enquadra o reclamante (aposentado por DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Atos

invalidez), não se verifica, em tese, a alegada violação, conforme Processuais / Nulidade / Cerceamento de Defesa.

exige a alínea "c" do artigo 896 Consolidado Alegação(ões):

Ademais, impossível aferir a alegada divergência jurisprudencial - violação do(s) inciso LV do artigo 5º da Constituição.

com as ementas das fls. 8-16, porquanto referido entendimento O recorrente pede a nulidade do v. acórdão, por cerceamento ao

jurisprudencial não registra particularidade fática assentada no caso direito de defesa, decorrente da ausência de perícia.

dos autos e relevante ao exame do dissenso, qual seja, em que o Tendo a C. Turma rejeitado a preliminar de cerceamento ao direito

réu complementou o benefício previdenciário, e o reclamante teve de defesa, ao fundamento de que a prova pericial foi desnecessária,

garantidos os seus direitos sociais básicos e, portanto, protegida pois não houve qualquer irresignação por parte da reclamada, que,

sua dignidade como pessoa humana. em contrarrazões, limitou-se a discutir o caráter permanente ou não

CONCLUSÃO da incapacidade do reclamante, não tratando nem mesmo da

DENEGO seguimento ao recurso de revista. natureza parcial ou total, bem como que o caráter permanente da

incapacidade restou elucidado com a concessão da aposentadoria

Recurso de: ITAU UNIBANCO S.A. por invalidez, a qual apenas é concedida ao trabalhador

CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES permanentemente incapaz de exercer a atividade laborativa por ele

O presente recurso foi apresentado na vigência da Lei 13.467/2017. desempenhada, não se verifica, em tese, a alegada violação,

Vale registrar que, nos termos do art. 896-A, §1º e incisos da CLT, conforme exige a alínea "c" do artigo 896 Consolidado.

incumbe ao Tribunal Superior do Trabalho o exame da

transcendência do recurso de revista. DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Processo e

PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS Procedimento / Provas.

Tempestivo o recurso (ciência da decisão em 24/09/2019 - fl(s)./Id Alegação(ões):

CBEB3C3; petição recursal apresentada em 04/10/2019 - fl(s)./Id - violação do(s) inciso II do artigo 5º; inciso LV do artigo 5º; inciso

37a0077). XXVIII do artigo 7º da Constituição.

Regular a representação processual - fl(s.)/Id bfd236d . - violação da (o) artigo 475 da Consolidação das Leis do Trabalho;

Satisfeito o preparo - fl(s)./Id d7741c8, bcd74d3, 179f725 e artigo 818 da Consolidação das Leis do Trabalho; artigo 373 do

76a6cb3. Código de Processo Civil de 2015; artigo 186 do Código Civil; artigo

PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS 927 do Código Civil.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Atos O recorrente insurge-se contra o v. acórdão, no tocante ao

Processuais / Nulidade / Negativa de Prestação Jurisdicional. reconhecimento da existência de doença de origem ocupacional e

Alegação(ões): incapacidade total, mesmo em não havendo laudo médico pericial

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 101
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

declarando a existência de extensão do dano e incapacidade total cabe à parte demonstrar especificamente onde se situa a alegada

do recorrido. divergência de teses entre o acórdão recorrido e os arestos

Tendo a C. Turma manifestado entendimento no sentido de que é apresentados, no exame de casos concretos idênticos ou

devido o pagamento de pensão mensal, cujo objetivo é assegurar semelhantes, ônus do qual não se desincumbiu a parte recorrente.

que mês a mês o obreiro, que teve sua capacidade laborativa Vale ressaltar que não atende a essa finalidade a mera transcrição

reduzida, seja total ou parcialmente, consiga sobreviver, garantindo- de arestos em bloco ou a simples apresentação de tabela contendo

lhe direitos sociais básicos, bem como que, de acordo com o o trecho do acórdão recorrido e o julgado trazido a confronto.

documento de id 1b8d8d1, o Órgão Previdenciário concedeu ao Quanto à necessidade do confronto analítico, vale mencionar os

reclamante a 'Aposentadoria por Invalidez Acidente de Trabalho', seguintes julgados do TST: E-ED-RR - 552-07.2013.5.06.0231,

portanto, restou comprovado que o autor possui incapacidade Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra Belmonte, SBDI-I, DEJT

permanente para o desempenho da função por ele até então 17/06/2016; AIRR - 1124-32.2015.5.11.0011, Relator Ministro:

desempenhada, não se verifica, em tese, a alegada violação, Walmir Oliveira da Costa, 1ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR -

conforme exige a alínea "c" do artigo 896 Consolidado. 10077-02.2014.5.15.0110 , Relatora Ministra: Delaíde Miranda

Arantes, 2ª Turma, DEJT 03/07/2017; AIRR - 220-

Responsabilidade Civil do Empregador / Indenização por Dano 86.2015.5.11.0051 , Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra

Material / Acidente de Trabalho. Belmonte, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 03/07/2017; AIRR -

Alegação(ões): 20027-78.2013.5.04.0012 , Relatora Desembargadora Convocada:

- violação da (o) artigo 884 do Código Civil; artigo 950 do Código Cilene Ferreira Amaro Santos, 4ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR -

Civil; parágrafo único do artigo 944 do Código Civil; §2º do artigo 909-49.2015.5.08.0008, Relator Ministro: Guilherme Augusto

533 do Código de Processo Civil de 2015. Caputo Bastos, 5ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR - 47700-

- divergência jurisprudencial. 21.2005.5.01.0041 , Relator Ministro: Aloysio Corrêa da Veiga, Data

O recorrente insurge-se contra o v. acórdão, no tocante à de Julgamento: 30/03/2016, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT

condenação ao pagamento de indenização por danos materiais, e 01/04/2016; AIRR - 10565-26.2013.5.03.0077 , Relator Ministro:

em relação ao valor fixado sem qualquer parâmetro. Cláudio Mascarenhas Brandão, Data de Julgamento: 09/03/2016, 7ª

Tendo a C. Turma manifestado entendimento no sentido de que Turma, Data de Publicação: DEJT 18/03/2016; AIRR - 1452-

após a aposentadoria por invalidez, ou seja, a partir de 18/04/2017, 29.2015.5.14.0091 , Relatora Ministra: Dora Maria da Costa, Data

tem-se por razoável o dano material na modalidade de de Julgamento: 10/05/2017, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT

pensionamento mensal arbitrado em 100% da remuneração do 12/05/2017.

reclamante, composta pelas rubricas 'salário base', 'comissão de CONCLUSÃO

cargo' e 'complemento AD/AC' até completar 75,2 anos de idade DENEGO seguimento ao recurso de revista.

(segundo tábua completa de mortalidade divulgada pelo IBGE e Publique-se.

publicada no Diário Oficial da União em 01/12/2015), devidamente ANA PAULA TAUCEDA BRANCO

atualizadas pelos índices utilizados para correção dos valores da Desembargadora-Presidente

aposentadoria, não se verifica, em tese, a alegada violação, /gr-03

conforme exige a alínea "c" do artigo 896 Consolidado. Assinatura

Ademais, a análise de divergência jurisprudencial se restringe aos VITORIA, 27 de Novembro de 2019

arestos oriundos dos órgãos elencados na alínea "a" do art. 896, da

CLT. Tal comando não foi observado pela parte recorrente, ANA PAULA TAUCEDA BRANCO

impossibilitando o pretendido confronto de teses e, Desembargador Federal do Trabalho

consequentemente, inviabilizando o prosseguimento do recurso, no Decisão


Processo Nº RORSum-0000353-68.2019.5.17.0004
aspecto. Relator WANDA LUCIA COSTA LEITE
FRANCA DECUZZI
Além disso, a parte não realizou o confronto analítico entre a tese
RECORRENTE DORIEDSON VIEIRA ANTONIO
adotada no acórdão recorrido e as demais ementas transcritas em ADVOGADO HERNANE SILVA(OAB: 14506/ES)
suas razões recursais, deixando de atender ao exigido pelo artigo RECORRIDO NIPLAN ENGENHARIA S.A.
ADVOGADO NELSON WILIANS FRATONI
896, §8º, da CLT, impedindo o seguimento do apelo, nesse aspecto. RODRIGUES(OAB: 15111/ES)
Com efeito, segundo a sistemática imposta pela Lei 13.015/2014,

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 102
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Intimado(s)/Citado(s):
22.07.2014).
- DORIEDSON VIEIRA ANTONIO
- NIPLAN ENGENHARIA S.A. CONCLUSÃO

DENEGO seguimento ao recurso de revista.

Publique-se.

ANA PAULA TAUCEDA BRANCO


PODER JUDICIÁRIO
Desembargadora-Presidente
JUSTIÇA DO TRABALHO
/gr-02
Fundamentação

Assinatura

VITORIA, 27 de Novembro de 2019


RECURSO DE REVISTA

Tramitação Preferencial ANA PAULA TAUCEDA BRANCO


Lei 13.015/2014 Desembargador Federal do Trabalho
Lei 13.467/2017 Decisão
Processo Nº ROT-0000927-12.2015.5.17.0011
Recorrente(s): NIPLAN ENGENHARIA S.A. Relator GERSON FERNANDO DA SYLVEIRA
NOVAIS
Advogado(a)(s): NELSON WILIANS FRATONI RODRIGUES (ES -
RECORRENTE JUSCELINO GOMES TERRA
15111) ADVOGADO ROZALINDA NAZARETH SAMPAIO
SCHERRER(OAB: 7386/ES)
Recorrido(a)(s): DORIEDSON VIEIRA ANTONIO
ADVOGADO DIANA DALAPICOLA SCHERRER
Advogado(a)(s): HERNANE SILVA (ES - 14506) MENEGHEL(OAB: 13215/ES)
RECORRIDO ARCELORMITTAL BRASIL S.A.
CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
ADVOGADO CARLOS MAGNO GONZAGA
O presente recurso foi apresentado na vigência da Lei 13.467/2017. CARDOSO(OAB: 1575/ES)
ADVOGADO FERNANDA MARIA RICHA(OAB:
Vale registrar que, nos termos do art. 896-A, §1º e incisos da CLT, 7915/ES)
incumbe ao Tribunal Superior do Trabalho o exame da ADVOGADO MANUELLA ALVARELLOS
PIUMBINI(OAB: 20698/ES)
transcendência do recurso de revista. ADVOGADO ALESSANDRA VON DOELLINGER
POMPEU MILHORATO(OAB:
PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS 15901/ES)
Tempestivo o recurso (ciência da decisão em 09/10/2019 - fl(s)./Id TERCEIRO GELSIMAR LUIZ ROVER (T RTE)
INTERESSADO
D5BC4D5; petição recursal apresentada em 17/10/2019 - fl(s)./Id TERCEIRO VANDERLY OLIVEIRA DOS SANTOS
INTERESSADO
3bf1c72).
TERCEIRO GEORGE RAYMOND FREITAS
Regular a representação processual - fl(s.)/Id ccbb4be. INTERESSADO JASSERANDDE MORAES,(T RTE)

Satisfeito o preparo - fl(s)./Id 4e95451, 6964fea, 79f1005, 6026063,


Intimado(s)/Citado(s):
90010ea e d6b0616.
- ARCELORMITTAL BRASIL S.A.
PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS - JUSCELINO GOMES TERRA
DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Liquidação /

Cumprimento / Execução.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Partes e


PODER JUDICIÁRIO
Procuradores / Sucumbência / Honorários Advocatícios.
JUSTIÇA DO TRABALHO
DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Jurisdição e

Competência / Competência / Competência da Justiça do Trabalho / Fundamentação

Contribuições Previdenciárias.

Quanto às matérias em epígrafe, nego seguimento ao recurso,

porquanto o recorrente não cuidou de indicar, em cada tópico, para

o devido cotejo analítico, o trecho da decisão recorrida objeto da

insurgência, conforme exige o artigo 896, §1º-A, I, da CLT RECURSO DE REVISTA

(acrescentado pela Lei nº 13.015/2014 publicada no DOU de Adesivo

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 103
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

ADVOGADO FELIPE RIZZO BOTELHO(OAB:


Lei 13.015/2014 17798/ES)
ADVOGADO FOUAD ABIDAO BOUCHABKI
Lei 13.467/2017 FILHO(OAB: 7719/ES)
Recorrente(s): ARCELORMITTAL BRASIL S.A. RECORRIDO WERNER SEGURANCA PRIVADA
LTDA - ME
Advogado(a)(s): ALESSANDRA VON DOELLINGER POMPEU RECORRIDO WERNER SERVICOS LTDA - ME
MILHORATO (ES - 15901) RECORRIDO LOJAS SIPOLATTI COMERCIO E
SERVICOS LTDA
MANUELLA ALVARELLOS PIUMBINI (ES - 20698) ADVOGADO PEDRO HENRIQUE PASSONI
TONINI(OAB: 17627/ES)
FERNANDA MARIA RICHA (ES - 7915)

CARLOS MAGNO GONZAGA CARDOSO (ES - 1575) Intimado(s)/Citado(s):


Recorrido(a)(s): JUSCELINO GOMES TERRA - LEANDRO PEREIRA DA SILVA
Advogado(a)(s): DIANA DALAPICOLA SCHERRER MENEGHEL - LOJAS SIPOLATTI COMERCIO E SERVICOS LTDA

(ES - 13215)

ROZALINDA NAZARETH SAMPAIO SCHERRER (ES - 7386)

Vistos, etc. PODER JUDICIÁRIO


Intimada, conforme despacho de Id. 92da7d6, para contraminutar JUSTIÇA DO TRABALHO
agravo de instrumento interposto pelo reclamante, em face do não
Fundamentação
seguimento de recurso de revista por ele oferecido, bem como para

contrarrazoar o referido apelo principal, interpõe a reclamada (Id.

5ae0672), recurso de revista adesivo.

Considerando que esta Presidência entendeu inadmissível o

recurso de revista principal, despicienda a primeira admissibilidade


RECURSO DE REVISTA
do apelo adesivo, ante a sua vinculação ao provimento do agravo
Lei 13.015/2014
de instrumento. Entretanto, em observância aos princípios
Lei 13.467/2017
processuais da economia e celeridade, intime-se a parte contrária
Recorrente(s): LOJAS SIPOLATTI COMERCIO E SERVICOS LTDA
para contrarrazões ao recurso adesivo.
Advogado(a)(s): PEDRO HENRIQUE PASSONI TONINI (ES -
Após, ao Eg. TST, com as nossas homenagens.
17627)
Publique-se
Recorrido(a)(s): LEANDRO PEREIRA DA SILVA
ANA PAULA TAUCEDA BRANCO
Advogado(a)(s): FELIPE RIZZO BOTELHO (ES - 17798)
Desembargadora-Presidente
FOUAD ABIDAO BOUCHABKI FILHO (ES - 7719)
/gr-08
CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES

O presente recurso foi apresentado na vigência da Lei 13.467/2017.

Vale registrar que, nos termos do art. 896-A, §1º e incisos da CLT,

incumbe ao Tribunal Superior do Trabalho o exame da


Assinatura
transcendência do recurso de revista.
VITORIA, 27 de Novembro de 2019
PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS

Tempestivo o recurso (ciência da decisão em 24/09/2019 - Id


ANA PAULA TAUCEDA BRANCO
BF112F2; petição recursal apresentada em 04/10/2019 - Id
Desembargador Federal do Trabalho
972b438).
Decisão
Processo Nº RORSum-0000236-90.2018.5.17.0011 Regular a representação processual - Id e016c6c.
Relator JOSE LUIZ SERAFINI
Satisfeito o preparo - Id a78efcf, bfa1ad1, c84b756, 62df8fb,
RECORRENTE LOJAS SIPOLATTI COMERCIO E
SERVICOS LTDA 031f734, d7b845d, 98c7107 e 55ba1bc, 9eb0a50.
ADVOGADO PEDRO HENRIQUE PASSONI
TONINI(OAB: 17627/ES) PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS
RECORRENTE LEANDRO PEREIRA DA SILVA DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Atos
ADVOGADO FOUAD ABIDAO BOUCHABKI
FILHO(OAB: 7719/ES) Processuais / Nulidade / Julgamento Extra / Ultra / Citra Petita
ADVOGADO FELIPE RIZZO BOTELHO(OAB: Alegação(ões):
17798/ES)
RECORRIDO LEANDRO PEREIRA DA SILVA - artigos 141 e 492, ambos do CPC/2015, e Art. 5º, LV da CF.

Sustenta que foram desrespeitados os limites da lide, o que é

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 104
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

detectado a partir de simples verificação do pedido de item "c", em Sustenta que era ônus do autoe provar a relação de emprego.

que a parte autora requereu o reconhecimento de vínculo Ante a restrição do artigo 896, § 9º, da CLT, mostra-se inviável, em

empregatício de 04 de janeiro de 2015 à 28 de outubro de 2017, ao processos que tramitam sob o rito sumariíssimo, a análise de

passo que foi reconhecido até o dia 03/12/2017, sem qualquer violação à legislação infraconstitucional.

alusão a projeção do aviso prévio, que sequer é mencionado no

item "d" da exordial, forçoso reconhecer a violação aos artigos 141 Duração do Trabalho / Horas Extras

e 492, ambos do CPC/2015, aplicados subsidiariamente (Art. 769 Alegação(ões):

da CLT). - Art. 818 da CLT e Art. 373, I do CPC/2015.

Ante a restrição do artigo 896, § 9º, da CLT, mostra-se inviável, em Sustenta que o obreiro, ora recorrido, sequer comprovou o suposto

processos que tramitam sob o rito sumariíssimo, a análise de labor extraordinário, ônus que lhe incumbe, nos exatos termos do

violação à legislação infraconstitucional. Art. 818 da CLT e Art. 373, I do CPC/2015.

Ademais, a parte não realizou o confronto analítico entre a tese Ante a restrição do artigo 896, § 9º, da CLT, mostra-se inviável, em

adotada no acórdão recorrido e o preceito constitucional dito processos que tramitam sob o rito sumariíssimo, a análise de

violado, deixando de atender ao exigido pelo artigo 896, §1º-A, III, violação à legislação infraconstitucional.

da CLT, inviabilizando o seguimento do apelo, nesse aspecto. CONCLUSÃO

Com efeito, segundo a sistemática imposta pela Lei 13.015/2014, DENEGO seguimento ao recurso de revista.

cabe à parte indicar especificamente o motivo pelo qual o acórdão, Publique-se.

ao adotar determinada fundamentação, incidiu em afronta a cada ANA PAULA TAUCEDA BRANCO

um dos preceitos ditos violados, sendo inviável a alegação genérica Desembargadora-Presidente

de violações em bloco. /gr-02

Quanto à necessidade do confronto analítico, vale mencionar os

seguintes julgados do TST: E-ED-RR - 552-07.2013.5.06.0231,

Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra Belmonte, SBDI-I, DEJT

17/06/2016; AIRR - 1124-32.2015.5.11.0011, Relator Ministro: Assinatura

Walmir Oliveira da Costa, 1ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR - VITORIA, 27 de Novembro de 2019

10077-02.2014.5.15.0110 , Relatora Ministra: Delaíde Miranda

Arantes, 2ª Turma, DEJT 03/07/2017; AIRR - 220- ANA PAULA TAUCEDA BRANCO

86.2015.5.11.0051 , Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra Desembargador Federal do Trabalho

Belmonte, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 03/07/2017; AIRR - Decisão


Processo Nº ROT-0000832-07.2018.5.17.0001
20027-78.2013.5.04.0012 , Relatora Desembargadora Convocada: Relator MARCELLO MACIEL MANCILHA
Cilene Ferreira Amaro Santos, 4ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR - RECORRENTE SINDICATO DA GUARDA
PORTUARIA NO ESTADO DO
909-49.2015.5.08.0008, Relator Ministro: Guilherme Augusto ESPIRITO SAN
ADVOGADO LUIS FILIPE MARQUES PORTO SA
Caputo Bastos, 5ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR - 47700- PINTO(OAB: 10569/ES)
21.2005.5.01.0041 , Relator Ministro: Aloysio Corrêa da Veiga, Data ADVOGADO EDWAR BARBOSA FELIX(OAB:
9056/ES)
de Julgamento: 30/03/2016, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT RECORRIDO COMPANHIA DOCAS DO ESPIRITO
SANTO CODESA
01/04/2016; AIRR - 10565-26.2013.5.03.0077 , Relator Ministro:
ADVOGADO MILENA GOTARDO COSME(OAB:
Cláudio Mascarenhas Brandão, Data de Julgamento: 09/03/2016, 7ª 19148/ES)
ADVOGADO REGIS QUIRINO SOBRINHO(OAB:
Turma, Data de Publicação: DEJT 18/03/2016; AIRR - 1452- 30890/ES)
29.2015.5.14.0091 , Relatora Ministra: Dora Maria da Costa, Data
Intimado(s)/Citado(s):
de Julgamento: 10/05/2017, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT
- COMPANHIA DOCAS DO ESPIRITO SANTO CODESA
12/05/2017. - SINDICATO DA GUARDA PORTUARIA NO ESTADO DO
ESPIRITO SAN

Contrato Individual de Trabalho / Reconhecimento de Relação de

Emprego

Alegação(ões): PODER JUDICIÁRIO


- Artigos 818 da CLT e Art. 373, I, ambos do CPC/2015. JUSTIÇA DO TRABALHO

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 105
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Fundamentação Trabalho; §3º do artigo 791-A da Consolidação das Leis do

Trabalho.

RECURSO DE REVISTA A recorrente insurge-se contra o v. acórdão, no tocante ao

Lei 13.015/2014 arbitramento de honorários advocatícios de sucumbência na

Lei 13.467/2017 proporção de 50% para cada parte. Sustenta que a divisão está

Recorrente(s): COMPANHIA DOCAS DO ESPIRITO SANTO desproporcional, pois não considerou que a recorrente sucumbiu

CODESA em parte mínima da lide.

Advogado(a)(s): REGIS QUIRINO SOBRINHO (ES - 30890) Tendo a C. Turma manifestado entendimento no sentido de que,

MILENA GOTARDO COSME (ES - 19148) tratando-se de ação ajuizada após o advento da Lei n.º

Recorrido(a)(s): SINDICATO DA GUARDA PORTUARIA NO 13/467/2017, incide o art. 791-A da CLT, razão pela qual os

ESTADO DO ESPIRITO SAN honorários advocatícios sucumbenciais serão arbitrados em 12%

Advogado(a)(s): EDWAR BARBOSA FELIX (ES - 9056) (doze por cento), sobre o valor dado à causa, rateado na proporção

LUIS FILIPE MARQUES PORTO SA PINTO (ES - 10569) de 50% para cada parte, não se verifica, em tese, a alegada

CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES violação, conforme exige a alínea "c" do artigo 896 Consolidado.

O presente recurso foi apresentado na vigência da Lei 13.467/2017. CONCLUSÃO

Vale registrar que, nos termos do art. 896-A, §1º e incisos da CLT, DENEGO seguimento ao recurso de revista.

incumbe ao Tribunal Superior do Trabalho o exame da Publique-se.

transcendência do recurso de revista. ANA PAULA TAUCEDA BRANCO

PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS Desembargadora-Presidente

Tempestivo o recurso (ciência da decisão em 09/10/2019 - fl(s)./Id /gr-03

1D7D646; petição recursal apresentada em 21/10/2019 - fl(s)./Id Assinatura

55d268d). VITORIA, 27 de Novembro de 2019

Regular a representação processual - fl(s.)/Id f1eb5f1, 6107b33.

Satisfeito o preparo - fl(s)./Id 10e7f9e, aec51ef,3925fad, 0005643, ANA PAULA TAUCEDA BRANCO

0d6c155 e 6fd90b5, fce18a4. Desembargador Federal do Trabalho

PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS Decisão


Processo Nº RORSum-0000099-09.2018.5.17.0141
Duração do Trabalho / Horas Extras. Relator DANIELE CORREA SANTA
CATARINA
Alegação(ões):
RECORRENTE STEFANINI CONSULTORIA E
- violação da (o) artigo 2º da Consolidação das Leis do Trabalho. ASSESSORIA EM INFORMATICA
S.A.
- art. 3º, da Instrução de Serviço nº 001/2018; ADVOGADO FELIPE NAVEGA MEDEIROS(OAB:
217017/SP)
A recorrente insurge-se contra o v. acórdão, no tocante à
RECORRIDO RONAN ALVES DE LYRIO
declaração de nulidade do art. 3º, da IS 001/2018. ADVOGADO DENISSON RABELO
REBONATO(OAB: 15969/ES)
Tendo a C. Turma declarado a nulidade do art. 3º, da IS 001/2018,
RECORRIDO FUNDACAO RENOVA
ao argumento de que a ré ultrapassou os limites do seu poder ADVOGADO DANIEL RIVOREDO VILAS
BOAS(OAB: 74368/MG)
diretivo, pois não confere àquela pessoa que validamente apresenta

atestado médico o mesmo tratamento conferido àqueles Intimado(s)/Citado(s):


empregados assíduos e pontuais, ou seja, a possibilidade de - FUNDACAO RENOVA
- RONAN ALVES DE LYRIO
realizarem horas extras, não se verifica, em tese, a alegada
- STEFANINI CONSULTORIA E ASSESSORIA EM
violação, conforme exige a alínea "c" do artigo 896 Consolidado. INFORMATICA S.A.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Partes e

Procuradores / Sucumbência / Honorários Advocatícios.


PODER JUDICIÁRIO
DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Partes e
JUSTIÇA DO TRABALHO
Procuradores / Sucumbência / Custas.

Alegação(ões): Fundamentação

- violação da (o) §1º do artigo 791-A da Consolidação das Leis do

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 106
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

CONCLUSÃO

DENEGO seguimento ao recurso de revista.

Publique-se.

RECURSO DE REVISTA ANA PAULA TAUCEDA BRANCO

Lei 13.015/2014 Desembargadora-Presidente

Lei 13.467/2017 /gr-02

Recorrente(s): STEFANINI CONSULTORIA E ASSESSORIA EM

INFORMATICA S.A.

Advogado(a)(s): FELIPE NAVEGA MEDEIROS (SP - 217017)

Recorrido(a)(s): RONAN ALVES DE LYRIO Assinatura

Advogado(a)(s): DENISSON RABELO REBONATO (ES - 15969) VITORIA, 27 de Novembro de 2019

CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES

O presente recurso foi apresentado na vigência da Lei 13.467/2017. ANA PAULA TAUCEDA BRANCO

Vale registrar que, nos termos do art. 896-A, §1º e incisos da CLT, Desembargador Federal do Trabalho

incumbe ao Tribunal Superior do Trabalho o exame da Decisão


Processo Nº RORSum-0000045-73.2019.5.17.0152
transcendência do recurso de revista. Relator MARCELLO MACIEL MANCILHA
PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS RECORRENTE EDP ESPIRITO SANTO
DISTRIBUICAO DE ENERGIA S.A.
Tempestivo o recurso (ciência da decisão em 30/09/2019 - Id ADVOGADO SANDRO VIEIRA DE MORAES(OAB:
6725/ES)
37C240B; petição recursal apresentada em 10/10/2019 - Id
RECORRENTE LOGOS TELEATENDIMENTO E
0a6efe7). COBRANCAS LTDA
ADVOGADO ELI DOS SANTOS MEDEIROS(OAB:
Regular a representação processual - Id 9738024. 3069/MA)
Satisfeito o preparo - Id 4888938, d72a0ac, 69557aa, 177bcfb, RECORRIDO BRUNELLA ALOQUIO RANGEL
ADVOGADO HERON LOPES FERREIRA(OAB:
06be821, 1b24d96 e fd51d72, d6af7db. 11829/ES)
PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS
Intimado(s)/Citado(s):
Duração do Trabalho / Horas Extras
- BRUNELLA ALOQUIO RANGEL
Responsabilidade Civil do Empregador / Indenização por Dano - EDP ESPIRITO SANTO DISTRIBUICAO DE ENERGIA S.A.
Moral - LOGOS TELEATENDIMENTO E COBRANCAS LTDA

Alegação(ões):

- divergência jurisprudencial.

- artigo 818 da CLT e artigo 373 do CPC.


PODER JUDICIÁRIO
Sustenta que cabia ao recorrido fazer prova da jornada de trabalho
JUSTIÇA DO TRABALHO
alegada e do suposto dano moral, ônus do qual não se

desincumbiu. Fundamentação

Ante a restrição do artigo 896, § 9º, da CLT, mostra-se inviável, em

processos que tramitam sob o rito sumariíssimo, a análise de

violação à legislação infraconstitucional e divergência

jurisprudencial com ementas.


RECURSO DE REVISTA

DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Liquidação / Tramitação Preferencial

Cumprimento / Execução / Valor da Execução / Cálculo / Lei 13.015/2014

Atualização / Correção Monetária Lei 13.467/2017

Alegação(ões): Recorrente(s): 1. LOGOS TELEATENDIMENTO E COBRANCAS

- divergência jurisprudencial. LTDA

Ante a restrição do artigo 896, § 9º, da CLT, mostra-se inviável, em Advogado(a)(s): 1. ELI DOS SANTOS MEDEIROS (MA - 3069)

processos que tramitam sob o rito sumariíssimo, a análise de Recorrido(a)(s): 1. BRUNELLA ALOQUIO RANGEL

divergência jurisprudencial com ementas. 2. EDP ESPIRITO SANTO DISTRIBUICAO DE ENERGIA S.A.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 107
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Advogado(a)(s): 1. HERON LOPES FERREIRA (ES - 11829) trecho que consubstancia a violação e as contrariedades indicadas,

2. SANDRO VIEIRA DE MORAES (ES - 6725) e da demonstração analítica da divergência jurisprudencial, visa a

CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES permitir a identificação precisa e objetiva da tese supostamente

O presente recurso foi apresentado na vigência da Lei 13.467/2017. ofensiva a lei, à segurança das relações jurídicas e à isonomia das

Vale registrar que, nos termos do art. 896-A, §1º e incisos da CLT, decisões judiciais, de modo que contribua para a celeridade da

incumbe ao Tribunal Superior do Trabalho o exame da prestação jurisdicional, possibilite a formação de precedentes como

transcendência do recurso de revista. elementos de estabilidade e a decisão do TST contribua para a

PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS formação da jurisprudência nacionalmente unificada. (...) (E-ED-RR

Tempestivo o recurso (ciência da decisão em 04/10/2019 - fl(s)./Id - 552-07.2013.5.06.0231, Relator Ministro: Alexandre de Souza

E74CF62; petição recursal apresentada em 14/10/2019 - fl(s)./Id Agra Belmonte, Data de Julgamento: 09/06/2016, Subseção I

8e41dbb). Especializada em Dissídios Individuais, Data de Publicação: DEJT

Regular a representação processual - fl(s.)/Id ab7ec4f . 17/06/2016)."

Satisfeito o preparo - fl(s)./Id 0795451, 7d616c9, 5e51906 e No mesmo sentido: ED-AIRR-41600-81.2009.5.01.0050, Rel. Min.

9c482d2. Delaíde Miranda Arantes, 2ª Turma, DEJT 29/04/2016; AIRR -

PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS 10356-41.2013.5.15.0039 Data de Julgamento: 25/05/2016, Relator

Responsabilidade Civil do Empregador / Indenização por Dano Ministro: Alexandre de Souza Agra Belmonte, 3ª Turma, Data de

Moral / Desconfiguração de Justa Causa Publicação: DEJT 03/06/2016; AIRR-65-63.2014.5.05.0026, Rel.

Inviável o recurso quanto à matéria em epígrafe, porque não Min. Cláudio Mascarenhas Brandão, 7ª Turma, DEJT 12/02/2016;

observado o disposto no artigo 896, §1º-A, I, da CLT. Com efeito, a AIRR-369-66.2014.5.10.0012, Rel. Min. Kátia Magalhães Arruda, 6ª

transcrição do tópico inteiro do v. acórdão ou da integralidade da Turma, DEJT 27/11/2015.

análise realizada pela C. Turma, quanto à matéria objeto do CONCLUSÃO

recurso, não atende à exigência do artigo 896, §1º-A, I, da CLT. É DENEGO seguimento ao recurso de revista.

preciso que a parte transcreva o trecho do v. acórdão em que Publique-se.

consta precisamente a tese regional impugnada no recurso de ANA PAULA TAUCEDA BRANCO

revista, ou, ao menos, que destaque de forma clara a tese adotada Desembargadora-Presidente

e contra a qual se insurge. Nesse sentido: /gr-02

"EMBARGOS EM RECURSO DE REVISTA. DECISÃO

EMBARGADA PUBLICADA NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014.

RECURSO DE REVISTA QUE NÃO APRESENTA A

TRANSCRIÇÃO DO TRECHO DO ACÓRDÃO REGIONAL QUE Assinatura

IDENTIFICA O PREQUESTIONAMENTO DA MATÉRIA OBJETO VITORIA, 27 de Novembro de 2019

DO APELO. REQUISITO LEGAL INSCRITO NO ARTIGO 896, § 1º-

A, I, DA CLT. REDAÇÃO CONFERIDA PELA LEI 13.015/2014. (...) ANA PAULA TAUCEDA BRANCO

3 - Embora o dispositivo em comento utilize o verbo "indicar", Desembargador Federal do Trabalho

referindo-se ao requisito formal ali inscrito, esta Corte Superior tem Decisão
Processo Nº ROT-0000357-86.2018.5.17.0151
exigido a transcrição do trecho da decisão regional que Relator JOSE CARLOS RIZK
consubstancia o prequestionamento da controvérsia objeto do RECORRENTE COMPANHIA ESPIRITO SANTENSE
DE SANEAMENTO CESAN
apelo, firme no entendimento de que a alteração legislativa ADVOGADO SANDRO VIEIRA DE MORAES(OAB:
6725/ES)
empreendida pela Lei 13.015/2014, nesse aspecto, constitui
RECORRIDO RONEY AVELINO DA SILVA
pressuposto de adequação formal de admissibilidade do recurso de ADVOGADO NEIDA LEANDRO DE FARIA
GOBBO(OAB: 5962/ES)
revista e se orienta no sentido de propiciar a identificação precisa da

contrariedade a dispositivo de Lei e a Súmula e do dissenso de Intimado(s)/Citado(s):


teses, afastando-se os recursos de revista que impugnam de forma - COMPANHIA ESPIRITO SANTENSE DE SANEAMENTO
CESAN
genérica a decisão regional e conduzem sua admissibilidade para - RONEY AVELINO DA SILVA
um exercício exclusivamente subjetivo pelo julgador de verificação e

adequação formal do apelo. Assim, a necessidade da transcrição do

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 108
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

que os entes integrantes da Administração Pública direta e indireta


PODER JUDICIÁRIO
respondem subsidiariamente pelas obrigações trabalhistas
JUSTIÇA DO TRABALHO
inadimplidas por parte dos contratados, conforme dispunha a antiga
Fundamentação redação do item IV da Súmula 331 do TST. Assim, bastava o
RECURSO DE REVISTA inadimplemento das obrigações trabalhistas por parte do
Lei 13.015/2014 empregador para que os entes públicos, autarquias, fundações
Lei 13.467/2017 públicas, empresas públicas e sociedades de economia mista
Recorrente(s): COMPANHIA ESPIRITO SANTENSE DE fossem responsabilizados subsidiariamente por essas parcelas.
SANEAMENTO CESAN Todavia, os entes da Administração Pública questionavam a
Advogado(a)(s): SANDRO VIEIRA DE MORAES (ES - 6725) legalidade do item IV da Súmula 331 do TST, pois, segundo eles,
Recorrido(a)(s): RONEY AVELINO DA SILVA contrariava a norma do art. 71, §1º, da Lei n. 8.666/93, que, ao
Advogado(a)(s): NEIDA LEANDRO DE FARIA GOBBO (ES - 5962) tratar dos contratos administrativos, estabelece que "a
CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES inadimplência do contratado, com referência aos encargos
O presente recurso foi apresentado na vigência da Lei 13.467/2017. trabalhistas, fiscais e comerciais não transfere à Administração
Vale registrar que, nos termos do art. 896-A, §1º e incisos da CLT, Pública a responsabilidade por seu pagamento".
incumbe ao Tribunal Superior do Trabalho o exame da O Pleno do Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região, no dia 11-
transcendência do recurso de revista. 03-2009, ao julgar incidente de inconstitucionalidade nos autos do
PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS processo nº 0080900-06.2007.5.17.0008, reconheceu a
Tempestivo o recurso (ciência da decisão em 14/10/2019 - Id constitucionalidade do art. 71, §1º, da Lei n. 8.666/93, mas dispôs
E6FDF89; petição recursal apresentada em 24/10/2019 - Id que referido dispositivo legal não desobriga o ente público da
0c12abf). responsabilidade pelo pagamento das verbas que vierem a ser
Regular a representação processual - Id 795d5c5. reconhecidas, vez que ele simplesmente atribui responsabilidades
Satisfeito o preparo - Id f521eed e 1c14837, ac07a0b, ac07a0b, primárias ao contratado. Com efeito, assentou-se que "referida
d0ccc78 e 1d69c48. norma não exclui a responsabilidade, apenas atribui obrigações
PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS primárias, não havendo transferência da responsabilidade final
Responsabilidade Solidária / Subsidiária pelas obrigações trabalhistas assumidas pelo empregador".
Alegação(ões): Dessa forma, no âmbito deste Regional adotava-se o entendimento
- contrariedade ao: item V da Súmula nº 331 do Tribunal Superior do de que, em que pese a constitucionalidade do art. 71, §1º, da Lei n.
Trabalho. 8.666/93, as pessoas jurídicas integrantes da administração pública
- violação do inciso II do artigo 5º da Constituição. direta e indireta respondem subsidiariamente pelas obrigações
- violação do artigo 265 do Código Civil; §1º do artigo 71 da Lei nº trabalhistas inadimplidas pelo contratado.
8666/1993; inciso I do artigo 818 da Consolidação das Leis do Entretanto, sobreveio decisão proferida pelo Supremo Tribunal
Trabalho. Federal, em 24-11-2010, na Ação Direta de Constitucionalidade nº
- divergência jurisprudencial. 16, que gerou a alteração da Súmula 331 pelo TST.
A recorrente insurge-se contra a sua responsabilização subsidiária. O Supremo Tribunal Federal, na sessão do dia 24-11-2010, julgou
No intuito de demonstrar o prequestionamento da matéria em procedente pedido formulado pelo Governador do Distrito Federal
epígrafe, a parte recorrente transcreveu o seguinte trecho do v. na Ação Direta de Constitucionalidade n. 16 para declarar a
acórdão: constitucionalidade do art. 71, § 1º, da Lei n. 8.666/93. Entendeu-se
"(...) naquele julgamento que a mera inadimplência do contratado não
No presente caso, verifica-se que os serviços foram prestados em poderia transferir à Administração Pública a responsabilidade pelo
benefício da 2ª Reclamada. Ela foi a beneficiária dos serviços dos pagamento dos encargos, mas reconheceu-se que isso não
Reclamantes. Deveria verificar se os direitos trabalhistas estavam significaria que eventual omissão da Administração Pública, na
sendo observados. Do contrário, age com culpa in contrahendo e in obrigação de fiscalizar as obrigações do contratado, não viesse a
vigilando. gerar essa responsabilidade.
(...) (...)
No âmbito do Judiciário Trabalhista era pacífico o entendimento de Destarte, pela nova redação da Súmula 331 do TST, os entes

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 109
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

integrantes da Administração Pública direta e indireta somente houve fiscalização adequada pela sociedade de economia mista,

respondem de forma subsidiária pelo inadimplemento das porquanto a 2ª reclamada (CESAN) quedou-se em juntar

obrigações trabalhistas por parte do empregador quando estiver documentos que demonstrassem efetiva fiscalização e controle

comprovada sua conduta culposa no cumprimento das obrigações quanto à mão-de-obra colocada à disposição pela prestadora de

da Lei n. 8.666/93, principalmente na fiscalização do cumprimento serviços, tanto que a própria recorrente ignorava o labor prestado

das obrigações contratuais e legais da prestadora de serviço como pelo autor, tamanha a deficiência na atuação fiscalizatória.

empregadora (culpa in vigilando). Dessa forma, não comprovando a efetiva fiscalização, incorreu em

A partir de então, Este Relator vinha entendendo, à luz da decisão omissão configuradora da culpa in vigilando.

proferida pelo STF na ADC nº 16 e do item V da Súmula 331 do Portanto, restou patente a omissão da 2ª reclamada (CESAN) em

TST, que para responsabilizar subsidiariamente a Administração fiscalizar a empresa contratada, impondo-se o reconhecimento de

Pública, nos casos de terceirização de mão de obra, seria que restou caracterizada a culpa da mesma, a qual autoriza sua

necessário investigar com mais rigor se houve falha ou falta de responsabilização subsidiária, nos termos do item V, da súmula

fiscalização pelo ente público contratante, competindo ao tomador 331, do E. TST.

de serviços comprovar a efetiva fiscalização do contrato. (...)

Com efeito, ao firmar um contrato de prestação de serviços ou de Ademais, convém ressaltar que a responsabilidade da ora

empreitada, a contratante tem o dever de fiscalizar a idoneidade recorrente é subsidiária, a qual abrange todas as verbas objeto de

financeira da contratada, já que é a beneficiária direta dos serviços condenação, inclusive multas (dentre elas a do art. 467 e 477, §8º

prestados, sob pena de ser responsabilizada subsidiariamente pelos da CLT), conforme entendimento sedimentado na Súmula nº 21,

danos causados aos trabalhadores, por ocorrência de culpa in item I deste Regional:

vigilando e de culpa in eligendo,nos termos dos arts. 186 e 927, (...)."

ambos do Código Civil. A parte recorrente demonstrou aparente divergência jurisprudencial

Neste prisma, determina o art. 67 da Lei n. 8.666/93 que "a apta a ensejar o conhecimento do recurso de revista, por meio da

execução do contrato deverá ser acompanhada e fiscalizada por um ementa proveniente do Tribunal Regional do Trabalho da 13ª

representante da Administração especialmente designado, Região (Páginas 16-17, Id 0c12abf), o que viabiliza o recurso, nos

permitida a contratação de terceiros para assisti-lo e subsidiá-lo de termos da alínea "a" do artigo 896, da CLT.

informações pertinentes a essa atribuição". O § 1º desse dispositivo Contrato Individual de Trabalho / FGTS / Correção Monetária

legal estabelece, ainda, que o "representante da Administração Alegação(ões):

anotará em registro próprio todas as ocorrências relacionadas com - violação do inciso II do artigo 5º; inciso XXII do artigo 5º; artigo 97

a execução do contrato, determinando o que for necessário à da Constituição Federal.

regularização das faltas ou defeitos observados". - violação do §7º do artigo 879 da Consolidação das Leis do

(...) Trabalho.

Todavia, o Pleno do E. STF, nos autos do RE 760931, em A recorrente insurge-se contra a adoção do IPCA-E como índice de

julgamento realizado sob a sistemática de repercussão geral e com atualização monetária.

efeito vinculante realizado em 30/03/2017, decidiu por apertada No intuito de demonstrar o prequestionamento da matéria em

maioria (6 a 5) que a administração pública não pode ser epígrafe, a parte recorrente transcreveu o seguinte trecho do v.

responsabilizada automaticamente pelos encargos trabalhistas acórdão:

decorrentes de inadimplência da prestadora de serviço (empresa "(...)

terceirizada), só cabendo condenação se houver prova inequívoca Com efeito, a aplicação da TR já não se mostrava suficiente para

em casos de conduta omissiva na fiscalização dos contratos. recompor a real perda do poder aquisitivo de nossa moeda, de

(...) forma que a correção dos débitos trabalhistas levando-se em conta

Da análise dos fundamentos expendidos pelo pretório excelso no tal parâmetro causava prejuízos aos trabalhadores.

julgamento do RE 760931, extrai-se que a responsabilidade da (...)

Administração Pública somente poderá ser declarada se existente Dessa forma, considerando as decisões proferidas tanto pelo STF

prova nos autos de sua culpa in eligendo ou in vigilando. como também pelo C. TST, este Relator entende que os débitos

(...) trabalhistas em geral devem ser atualizados pela TR até 24/03/2015

Analisando-se os documentos juntados aos autos, nota-se que não e pelo IPCA-E a partir de 25/03/2015.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 110
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Cumpre salientar o teor do Ofício Circular CSJT.GP.SG nº 15/2018, inviabilizando o seguimento do apelo, nesse aspecto.

expedido em 11/06/2018, que determina a suspensão da aplicação Com efeito, segundo a sistemática imposta pela Lei 13.015/2014,

do IPCA-E até o trânsito em julgado da decisão da Reclamação cabe à parte indicar especificamente o motivo pelo qual o acórdão,

Constitucional nº 22.012 ajuizada pela Federação Nacional dos ao adotar determinada fundamentação, incidiu em afronta a cada

Bancos em face da decisão do TST na Reclamação Trabalhista nº um dos preceitos ditos violados, sendo inviável a alegação genérica

0000479-60.2011.5.04.0231. de violações em bloco.

(...)." Quanto à necessidade do confronto analítico, vale mencionar os

No intuito de demonstrar o prequestionamento da matéria em seguintes julgados do TST: E-ED-RR - 552-07.2013.5.06.0231,

epígrafe, a parte recorrente transcreveu o seguinte trecho da Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra Belmonte, SBDI-I, DEJT

decisão de embargos de declaração: 17/06/2016; AIRR - 1124-32.2015.5.11.0011, Relator Ministro:

"2.2. MÉRITO Walmir Oliveira da Costa, 1ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR -

2.2.1. OMISSÃO. PREQUESTIONAMENTO. NÃO 10077-02.2014.5.15.0110 , Relatora Ministra: Delaíde Miranda

CONFIGURAÇÃO Arantes, 2ª Turma, DEJT 03/07/2017; AIRR - 220-

Em seus embargos, a Reclamada aduziu que o v. acórdão padece 86.2015.5.11.0051 , Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra

de vício de omissão no tocante ao índice de atualização monetária; Belmonte, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 03/07/2017; AIRR -

pugnou pela manifestação sobre a constitucionalidade ou 20027-78.2013.5.04.0012 , Relatora Desembargadora Convocada:

inconstitucionalidade do disposto no §7º do artigo 879 da CLT, bem Cilene Ferreira Amaro Santos, 4ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR -

como se houve ou não ofensa ao artigo 97 da Constituição da 909-49.2015.5.08.0008, Relator Ministro: Guilherme Augusto

República. Caputo Bastos, 5ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR - 47700-

Pois bem. 21.2005.5.01.0041 , Relator Ministro: Aloysio Corrêa da Veiga, Data

Inicialmente, cumpre salientar que os embargos de declaração se de Julgamento: 30/03/2016, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT

prestam, somente, a sanar omissão, obscuridade ou contradição 01/04/2016; AIRR - 10565-26.2013.5.03.0077 , Relator Ministro:

que, eventualmente, conste na decisão, sendo incabíveis para Cláudio Mascarenhas Brandão, Data de Julgamento: 09/03/2016, 7ª

reforma, modificação ou alteração das decisões, não se prestando, Turma, Data de Publicação: DEJT 18/03/2016; AIRR - 1452-

portanto, à discussão de matéria já decidida. 29.2015.5.14.0091 , Relatora Ministra: Dora Maria da Costa, Data

Em relação ao índice de correção monetária, v. acórdão não padece de Julgamento: 10/05/2017, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT

de qualquer vício. Considerando as decisões proferidas tanto pelo 12/05/2017.

STF como também pelo C. TST, prevaleceu o entendimento de que CONCLUSÃO

os débitos trabalhistas em geral devem ser atualizados pela TR até DENEGO seguimento ao recurso de revista.

24/03/2015 e pelo IPCA-E a partir de 25/03/2015. Publique-se.

(...) ANA PAULA TAUCEDA BRANCO

Frise-se que o órgão julgador não está obrigado a julgar a questão Desembargadora-Presidente

posta a seu exame de acordo com o pleiteado pelas partes, mas /gr-11

sim com o seu livre convencimento, utilizando-se dos fatos, provas, Assinatura

jurisprudência, aspectos pertinentes ao tema e da legislação que VITORIA, 27 de Novembro de 2019

entender aplicável ao caso concreto.

Por último, o prequestionamento requerido mostra-se ANA PAULA TAUCEDA BRANCO

desnecessário. A uma porque a matéria foi objeto de análise do Desembargador Federal do Trabalho

acórdão embargado, a duas porque, conforme já restou assente na Decisão


Processo Nº ROT-0000493-55.2017.5.17.0010
jurisprudência pátria, não há necessidade de indicação do preceito Relator MARCELLO MACIEL MANCILHA
legal dito violado no julgado se neste foi adotada tese explícita RECORRENTE BRASIL AMBIENTAL TRATAMENTO
DE RESIDUOS S/A
quanto ao tema. ADVOGADO ALEXANDRE ICIBACI MARROCOS
ALMEIDA(OAB: 212080/SP)
(...)."
ADVOGADO ALESSANDRA BESSA ALVES DE
A parte não realizou o confronto analítico entre a tese adotada no MELO(OAB: 130511/SP)
RECORRENTE FRANCISCO RODRIGUES DA SILVA
acórdão recorrido e cada preceito legal e constitucional dito violado,
ADVOGADO EDIMARIO ARAUJO DA CUNHA(OAB:
deixando de atender ao exigido pelo artigo 896, §1º-A, III, da CLT, 17761/ES)

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Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

RECORRIDO BRASIL AMBIENTAL TRATAMENTO


DE RESIDUOS S/A "limbo previdenciário", uma vez que isso configura enriquecimento
ADVOGADO ALEXANDRE ICIBACI MARROCOS ilícito por parte do reclamante.
ALMEIDA(OAB: 212080/SP)
ADVOGADO ALESSANDRA BESSA ALVES DE Tendo a C. Turma condenado a reclamada ao pagamento, desde
MELO(OAB: 130511/SP)
06/12/2016, dos salários vencidos e vincendos, ao fundamento de
RECORRIDO FRANCISCO RODRIGUES DA SILVA
ADVOGADO EDIMARIO ARAUJO DA CUNHA(OAB: que o término do afastamento previdenciário importa,
17761/ES)
automaticamente, no fim da suspensão do contrato de trabalho, não
Intimado(s)/Citado(s): sendo lícito à empresa mantê-lo em vigor, sem realizar o
- BRASIL AMBIENTAL TRATAMENTO DE RESIDUOS S/A pagamento de salários, a menos que comprove que o empregado
- FRANCISCO RODRIGUES DA SILVA
se recusou a reassumir suas funções, ônus probatório que recai

sobre a ré e do qual ela não se desincumbiu, bem como que não

pode atribuir ao trabalhador, que tem como única fonte de sustento


PODER JUDICIÁRIO o salário, a responsabilidade por ser considerado apto pelo INSS e
JUSTIÇA DO TRABALHO inapto pelo médico da empresa, não se verifica, em tese, a alegada

violação, conforme exige a alínea "c" do artigo 896 Consolidado.


Fundamentação
CONCLUSÃO

DENEGO seguimento ao recurso de revista.


RECURSO DE REVISTA
Publique-se.
Lei 13.015/2014
DESEMBARGADORA SÔNIA DAS DORES DIONÍSIO MENDES
Lei 13.467/2017
Vice-Presidente
Recorrente(s): BRASIL AMBIENTAL TRATAMENTO DE
/gr-03
RESIDUOS S/A
Assinatura
Advogado(a)(s): ALESSANDRA BESSA ALVES DE MELO (SP -
VITORIA, 28 de Novembro de 2019
130511)

ALEXANDRE ICIBACI MARROCOS ALMEIDA (SP - 212080)


SONIA DAS DORES DIONISIO MENDES
Recorrido(a)(s): FRANCISCO RODRIGUES DA SILVA
Desembargador Federal do Trabalho
Advogado(a)(s): EDIMARIO ARAUJO DA CUNHA (ES - 17761)
Decisão
CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES Processo Nº ROT-0000435-47.2017.5.17.0141
O presente recurso foi apresentado na vigência da Lei 13.467/2017. Relator JOSE CARLOS RIZK
RECORRENTE ISMAEL ALVES OLIVEIRA
Vale registrar que, nos termos do art. 896-A, §1º e incisos da CLT,
ADVOGADO EZEQUIEL NUNO RIBEIRO(OAB:
incumbe ao Tribunal Superior do Trabalho o exame da 7686/ES)
ADVOGADO NICOLAS MARCONDES NUNO
transcendência do recurso de revista. RIBEIRO(OAB: 25800/ES)
PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS RECORRENTE BS MOTORS LTDA - EPP
ADVOGADO PEDRO COSTA(OAB: 10785/ES)
Tempestivo o recurso (ciência da decisão em 04/10/2019 - fl(s)./Id
ADVOGADO EMMILLY RADINZ SALA(OAB:
8C8B8E1; petição recursal apresentada em 15/10/2019 - fl(s)./Id 25776/ES)
RECORRENTE BS CONSTRUTORA E
f2e289d). EMPREENDIMENTOS LTDA - EPP
Regular a representação processual - fl(s.)/Id 7c6437b. ADVOGADO PEDRO COSTA(OAB: 10785/ES)
ADVOGADO EMMILLY RADINZ SALA(OAB:
Satisfeito o preparo - fl(s)./Id 8324539, 8a3adbb, 9c95bed, 5aac3ad, 25776/ES)
b4b9116, e08b64e, 609a485, 540fddc, 5ee3239 e 7c87f65, RECORRIDO ISMAEL ALVES OLIVEIRA
ADVOGADO EZEQUIEL NUNO RIBEIRO(OAB:
25dd117. 7686/ES)
PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS ADVOGADO NICOLAS MARCONDES NUNO
RIBEIRO(OAB: 25800/ES)
Remuneração, Verbas Indenizatórias e Benefícios / Salário / RECORRIDO BS MOTORS LTDA - EPP
Diferença Salarial. ADVOGADO PEDRO COSTA(OAB: 10785/ES)
ADVOGADO EMMILLY RADINZ SALA(OAB:
Alegação(ões): 25776/ES)
- violação da (o) artigo 884 do Código Civil. RECORRIDO BS CONSTRUTORA E
EMPREENDIMENTOS LTDA - EPP
A recorrente insurge-se contra o v. acórdão, no tocante à ADVOGADO PEDRO COSTA(OAB: 10785/ES)
condenação ao pagamento dos salários de forma retroativa pelos ADVOGADO EMMILLY RADINZ SALA(OAB:
25776/ES)
meses em que o recorrido permaneceu no período denominado

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Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

RECORRIDO PEDRO RODRIGUES MEDINA - ME


Nesse sentido, vale transcrever o seguinte julgado:
Intimado(s)/Citado(s): "AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA SOB A
- BS CONSTRUTORA E EMPREENDIMENTOS LTDA - EPP ÉGIDE DA LEI Nº 13.015/2014. DESERÇÃO DO AGRAVO DE
- BS MOTORS LTDA - EPP
INSTRUMENTO. Verifica-se que foi arbitrado à condenação o valor
- ISMAEL ALVES OLIVEIRA
de R$ 30.000,00 (trinta mil reais). A Reclamada efetuou o depósito

recursal alusivo ao recurso ordinário no valor de R$ 8.183,06 e,

quando da interposição do recurso de revista, no valor de R$


PODER JUDICIÁRIO
16.366,10, sendo que a soma desses valores não atinge o montante
JUSTIÇA DO TRABALHO
total da condenação. Nessa esteira, a teor do art. 899, §7º, da CLT,

Fundamentação cabia à reclamada comprovar o depósito recursal referente ao

RECURSO DE REVISTA agravo de instrumento correspondente a 50% (cinquenta por cento)

Lei 13.015/2014 do valor do depósito do recurso que pretendia destrancar ou

Lei 13.467/2017 integralizar o montante arbitrado para a condenação, tendo em vista

Recorrente(s): BS CONSTRUTORA E EMPREENDIMENTOS LTDA que a hipótese não se enquadra na exceção prevista no §8º do art.

- EPP E OUTRA 899 da CLT. Dessa forma, a interposição do apelo sem o

Advogado(a)(s): EMMILLY RADINZ SALA (ES - 25776) correspondente depósito recursal implica sua deserção, nos termos

PEDRO COSTA (ES - 10785) da Súmula 128, I, do TST. Em face da recente alteração na OJ 140

Recorrido(a)(s): ISMAEL ALVES OLIVEIRA da SBDI-1 do TST, esta passou a preconizar que "em caso de

Advogado(a)(s): NICOLAS MARCONDES NUNO RIBEIRO (ES - recolhimento insuficiente das custas processuais ou do depósito

25800) recursal, somente haverá deserção do recurso se, concedido o

EZEQUIEL NUNO RIBEIRO (ES - 7686) prazo de cinco dias previsto no §2º do art. 1.007 do CPC de 2015, o

CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES recorrente não complementar e comprovar o valor devido". Frise-se

O presente recurso foi apresentado na vigência da Lei 13.467/2017. que a nova redação da OJ 140 da SBDI-1 do TST destina-se

Vale registrar que, nos termos do art. 896-A, §1º e incisos da CLT, apenas à hipótese na qual houve recolhimento do depósito do

incumbe ao Tribunal Superior do Trabalho o exame da recurso, mas em valor inferior ao correto. Ou seja, a OJ contrasta

transcendência do recurso de revista. com o art. 10, parágrafo único, da IN 39, do TST, apenas no que

PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS tange à possibilidade de complemento. Tal circunstância, contudo

Tempestivo o recurso (ciência da decisão em 14/10/2019 - fl(s)./Id não se aplica aos casos de inexistência do recolhimento, seja de

680A6D4 ; petição recursal apresentada em 24/10/2019 - fl(s)./Id custas, seja de depósito recursal (principal ou complementar,

3ebbe96). quando se trate de atingir o valor da condenação). In casu, não

Regular a representação processual - fl(s.)/Id bb29520 e 3328aef . houve demonstração do recolhimento do depósito do agravo de

No que tange à recorrente BS Construtora e Empreendimentos Ltda instrumento, assim, não há de se falar em intimação da reclamada

EPP, satisfeito o preparo, quanto às custas (Id eda41ac, 9ff2ef4 e para complementar o valor devido, porquanto, não se trata de

aebe866). Quanto ao depósito recursal, a parte recorrente está recolhimento insuficiente de depósito, porém, de ausência total de

isenta, conforme artigo 899, §10, da CLT. recolhimento do depósito recursal. Agravo de instrumento não

Contudo, em relação à recorrente BS Motors LTDA EPP, a ausência conhecido. ( AIRR - 10054-79.2014.5.15.0070 , Relator Ministro:

de comprovação, nos autos, do recolhimento do depósito recursal, Augusto César Leite de Carvalho, Data de Julgamento: 27/09/2017,

conforme condenação imposta nos Id's eda41ac, 9ff2ef4, f017daf e 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT 29/09/2017)".

5aae85d, torna o recurso deserto, nos termos do disposto no artigo PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS

899 da CLT, c/c a Súmula 128, I e Instruções Normativas 03/93 e Responsabilidade Civil do Empregador / Indenização por Dano

39/2016, do Eg. TST. Moral

Saliente-se, por oportuno, que nos termos da OJ 140 da SDI-I do Quanto à matéria em epígrafe, nego seguimento ao recurso,

TST, a intimação da parte recorrente para complementar o valor do porquanto o recorrente não cuidou de indicar, no tópico do apelo em

depósito só é possível quando o depósito realizado se revelar que apresenta suas razões recursais, o trecho da decisão recorrida

insuficiente, o que não se coaduna com a hipótese dos autos, de objeto da insurgência, a fim de viabilizar o devido cotejo analítico.

ausência de depósito recursal relativo ao recurso de revista. Não atendido, assim, o artigo 896, §1º-A, I, da CLT (acrescentado

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Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

pela Lei nº 13.015/2014 publicada no DOU de 22.07.2014). no art. 896, § 1º-A, I, da CLT, é necessário que a parte indique, de

Responsabilidade Solidária / Subsidiária forma clara e precisa, o trecho que consubstancia o

Alegação(ões): prequestionamento das teses que pretende debater, não se

- violação do inciso LV do artigo 5º; inciso IX do artigo 93 da admitindo transcrição genérica, fora do contexto ou que não

Constituição. contemple a delimitação fática que determinou a conclusão. III. O

- violação do artigo 373 do Código de Processo Civil de 2015; inciso art. 896, § 1º-A, II, da CLT exige que a parte indique, de forma

III do artigo 411 do Código de Processo Civil de 2015; artigo 412 do explícita e fundamentada, o artigo, o parágrafo, o inciso ou a alínea

Código de Processo Civil de 2015; artigo 428 do Código de específica da regra de lei ou da Constituição da República que

Processo Civil de 2015; artigo 429 do Código de Processo Civil de entende violada. O mesmo procedimento deve ser adotado quando

2015. há indicação de contrariedade a súmula ou orientação

A recorrente insurge-se contra a sua responsabilização subsidiária, jurisprudencial (Súmula 221 do TST). A alegação genérica de

ao argumento de que o reclamante não comprovou o trabalho em violação ou contrariedade não atende a esse requisito. IV. O

favor dela. cumprimento do art. 896, § 1º-A, III, da CLT se faz com a

No intuito de demonstrar o prequestionamento da matéria em demonstração analítica de cada violação ou contrariedade apontada

epígrafe, a parte recorrente transcreveu o seguinte trecho do v. de forma pertinente e vinculada a todos os fundamentos jurídicos da

acórdão: decisão recorrida. A impugnação genérica e a subsistência de

"(...) fundamento independente e suficiente sem impugnação não

Desse modo, este Relator entende que os contracheques são cumprem a referida exigência. V. Na hipótese de alegação de

indício suficiente de que o reclamante laborou em benefício da divergência jurisprudencial, deve ser atendida, ainda, a exigência do

segunda ré e, neste aspecto, conclui que a empresa não se art. 896, § 8º, da CLT. VI. No caso, não foi atendido o art. 896, §§ 1º

desincumbiu do seu ônus de comprovar o fato extintivo, impeditivo -A, I e III, da CLT. VII. Agravo de instrumento de que se conhece e a

ou modificativo do direito do reclamante. que se nega provimento." ( AIRR - 20027-78.2013.5.04.0012 ,

(...)." Relatora Desembargadora Convocada: Cilene Ferreira Amaro

De acordo com o artigo 896, § 1º-A, inciso II, da CLT, incluído pela Santos, Data de Julgamento: 28/06/2017, 4ª Turma, Data de

Lei 13.015/2014, a parte que recorre deve "indicar, de forma Publicação: DEJT 30/06/2017).

explícita e fundamentada, contrariedade a dispositivo de lei, súmula Por fim, a parte não realizou o confronto analítico entre a tese

ou orientação jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho que adotada no acórdão recorrido e o preceito legal válido, bem como

conflite com a decisão regional". cada preceito constitucional dito violado, deixando de atender ao

Na hipótese, a parte recorrente não observou o inciso, o que torna exigido pelo artigo 896, §1º-A, III, da CLT, inviabilizando o

inviável o processamento do recurso de revista. seguimento do apelo, nesse aspecto.

Com efeito, em se tratando de recurso de revista, a alegação de Com efeito, segundo a sistemática imposta pela Lei 13.015/2014,

violação deve vir acompanhada da indicação expressa do cabe à parte indicar especificamente o motivo pelo qual o acórdão,

respectivo dispositivo legal ou constitucional. Logo, a indicação ao adotar determinada fundamentação, incidiu em afronta a cada

genérica de violação dos artigos 373, 412, 428, 429, do CPC, não um dos preceitos ditos violados, sendo inviável a alegação genérica

satisfaz esse requisito. de violações em bloco.

Nesse sentido: Quanto à necessidade do confronto analítico, vale mencionar os

"AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. seguintes julgados do TST: E-ED-RR - 552-07.2013.5.06.0231,

ACÓRDÃO REGIONAL PUBLICADO ANTES DA VIGÊNCIA DA LEI Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra Belmonte, SBDI-I, DEJT

13.015/2014. TERCEIRIZAÇÃO. RESPONSABILIDADE 17/06/2016; AIRR - 1124-32.2015.5.11.0011, Relator Ministro:

SUBSIDIÁRIA DO TOMADOR DE SERVIÇOS. ENTE PÚBLICO. I. Walmir Oliveira da Costa, 1ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR -

O art. 896, § 1º-A, I, II e III da CLT, aplicável a todos os acórdãos 10077-02.2014.5.15.0110 , Relatora Ministra: Delaíde Miranda

regionais publicados a partir de 22/09/2014, prevê os pressupostos Arantes, 2ª Turma, DEJT 03/07/2017; AIRR - 220-

intrínsecos ao recurso de revista, os quais devem ser cumpridos 86.2015.5.11.0051 , Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra

"sob pena de não conhecimento" do recurso. II. O Belmonte, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 03/07/2017; AIRR -

prequestionamento é exigível em todas as hipóteses do recurso de 20027-78.2013.5.04.0012 , Relatora Desembargadora Convocada:

revista (art. 896, a, b e c, da CLT). Logo, para atender ao disposto Cilene Ferreira Amaro Santos, 4ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR -

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 114
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

909-49.2015.5.08.0008, Relator Ministro: Guilherme Augusto Recorrente(s): SIND TRAB EMPRESAS ASSEIO CONS LIMP PUB

Caputo Bastos, 5ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR - 47700- E SERV SIMIL ES

21.2005.5.01.0041 , Relator Ministro: Aloysio Corrêa da Veiga, Data Advogado(a)(s): POLIANA FIRME DE OLIVEIRA (ES - 16886)

de Julgamento: 30/03/2016, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT ODILIO GONCALVES DIAS NETO (ES - 19519)

01/04/2016; AIRR - 10565-26.2013.5.03.0077 , Relator Ministro: Recorrido(a)(s): ZILTON PORFIRIO

Cláudio Mascarenhas Brandão, Data de Julgamento: 09/03/2016, 7ª Advogado(a)(s): RAFAEL FRIQUES MADEIRA DE FREITAS (ES -

Turma, Data de Publicação: DEJT 18/03/2016; AIRR - 1452- 29366)

29.2015.5.14.0091 , Relatora Ministra: Dora Maria da Costa, Data CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES

de Julgamento: 10/05/2017, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT O presente recurso foi apresentado na vigência da Lei 13.467/2017.

12/05/2017. Vale registrar que, nos termos do art. 896-A, §1º e incisos da CLT,

CONCLUSÃO incumbe ao Tribunal Superior do Trabalho o exame da

DENEGO seguimento ao recurso de revista. transcendência do recurso de revista.

Publique-se. PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS

ANA PAULA TAUCEDA BRANCO Tempestivo o recurso (ciência da decisão em 08/10/2019 - fl(s)./Id

Desembargadora-Presidente 756C050; petição recursal apresentada em 16/10/2019 - fl(s)./Id

/gr-11 329b3c7).

Assinatura Regular a representação processual - fl(s.)/Id 6fab6ea.

VITORIA, 27 de Novembro de 2019 Satisfeito o preparo - fl(s)./Id 26b9a29, 74f8d5d e 94ae5ce.

PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS

ANA PAULA TAUCEDA BRANCO DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Partes e

Desembargador Federal do Trabalho Procuradores / Assistência Judiciária Gratuita


Decisão DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Partes e
Processo Nº RORSum-0001128-05.2018.5.17.0009
Relator CLAUDIA CARDOSO DE SOUZA Procuradores / Sucumbência / Honorários Advocatícios
RECORRENTE SIND TRAB EMPRESAS ASSEIO Quanto às matérias em epígrafe, nego seguimento ao recurso,
CONS LIMP PUB E SERV SIMIL ES
ADVOGADO ODILIO GONCALVES DIAS porquanto o recorrente não cuidou de indicar o trecho da decisão
NETO(OAB: 19519/ES)
recorrida objeto da insurgência, limitando-se a transcrever parte do
ADVOGADO POLIANA FIRME DE OLIVEIRA(OAB:
16886/ES) julgado que não retrata a tese adotada pela Colenda Turma
RECORRIDO ZILTON PORFIRIO
julgadora, conforme exige o artigo 896, §1º-A, I, da CLT
ADVOGADO RAFAEL FRIQUES MADEIRA DE
FREITAS(OAB: 29366/ES) (acrescentado pela Lei nº 13.015/2014 publicada no DOU de

22.07.2014).
Intimado(s)/Citado(s):
CONCLUSÃO
- SIND TRAB EMPRESAS ASSEIO CONS LIMP PUB E SERV
SIMIL ES DENEGO seguimento ao recurso de revista.
- ZILTON PORFIRIO
Publique-se.

DESEMBARGADORA SÔNIA DAS DORES DIONÍSIO MENDES

Vice-Presidente
PODER JUDICIÁRIO /gr-02
JUSTIÇA DO TRABALHO

Fundamentação

Assinatura

VITORIA, 29 de Novembro de 2019

SONIA DAS DORES DIONISIO MENDES


RECURSO DE REVISTA
Desembargador Federal do Trabalho
Tramitação Preferencial
Decisão
Lei 13.015/2014 Processo Nº ROT-0000507-17.2018.5.17.0006
Lei 13.467/2017 Relator MARIO RIBEIRO CANTARINO NETO

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 115
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

RECORRENTE CLARO S.A.


C91DCA7 ; petição recursal apresentada em 24/09/2019 - fl(s)./Id
ADVOGADO JOAO RIBEIRO BASTOS
CUNHA(OAB: 206448/RJ) 5c4f583).
ADVOGADO CARLOS EDUARDO AMARAL DE
SOUZA(OAB: 10107/ES) Regular a representação processual - fl(s.)/Id 9674a9c, 2a3e70d ,
ADVOGADO LORENA DADALTO DINELLI DE 69bc55b.
ASSIS(OAB: 23249/ES)
ADVOGADO PAULA ATHAYDE Satisfeito o preparo - fl(s)./Id d46cf5a, cb7b2cf, 01b0939 , 7f31cb6 e
HERKENHOFF(OAB: 17357/ES)
880520d , 7b0db7c.
RECORRENTE DEZOIR SERGIO DA SILVA
ADVOGADO IGOR AWAD BARCELLOS(OAB: PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS
24825/ES)
DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Partes e
RECORRIDO CLARO S.A.
ADVOGADO PAULA ATHAYDE Procuradores / Sucumbência / Honorários Advocatícios.
HERKENHOFF(OAB: 17357/ES)
Alegação(ões):
ADVOGADO LORENA DADALTO DINELLI DE
ASSIS(OAB: 23249/ES) - violação do(s) inciso II do artigo 5º da Constituição.
ADVOGADO CARLOS EDUARDO AMARAL DE
SOUZA(OAB: 10107/ES) - violação da (o) artigo 791-A da Consolidação das Leis do
ADVOGADO JOAO RIBEIRO BASTOS Trabalho; §3º do artigo 791-A da Consolidação das Leis do
CUNHA(OAB: 206448/RJ)
ADVOGADO LAILA CHEIM SADER Trabalho; §4º do artigo 791-A da Consolidação das Leis do
MALHEIROS(OAB: 31268/ES)
Trabalho; artigo 1025 do Código de Processo Civil de 2015.
RECORRIDO GENEDIR PERES DA SILVA - ME
RECORRIDO DEZOIR SERGIO DA SILVA A recorrente insurge-se contra o v. acórdão, que reduziu o
ADVOGADO IGOR AWAD BARCELLOS(OAB: percentual de honorários advocatícios de sucumbência para 5%
24825/ES)
TESTEMUNHA JULIO CESAR SANTOS DA VITORIA sobre o valor dos pedidos julgados totalmente improcedentes, e não
WESTPHAL
na sucumbência decorrente do acolhimento parcial dos pedidos.
TESTEMUNHA MARILSON DOS SANTOS FERREIRA
Tendo a C. Turma reduzido o valor dos honorários advocatícios
Intimado(s)/Citado(s):
sucumbenciais em favor do patrono da segunda reclamada, ao
- CLARO S.A.
argumento de que a procedência parcial deve ser aferida em razão
- DEZOIR SERGIO DA SILVA
do pedido formulado e não quanto aos valores pleiteados no

particular de cada tópico, bem como que tem-se por relevante a

diversidade econômica das partes na fixação dos honorários


PODER JUDICIÁRIO
advocatícios sucumbenciais, não se verifica, em tese, a alegada
JUSTIÇA DO TRABALHO
violação, conforme exige a alínea "c" do artigo 896 Consolidado.

Fundamentação CONCLUSÃO

DENEGO seguimento ao recurso de revista.

RECURSO DE REVISTA Publique-se.

Lei 13.015/2014 ANA PAULA TAUCEDA BRANCO

Lei 13.467/2017 Desembargadora-Presidente

Recorrente(s): CLARO S.A. /gr-03

Advogado(a)(s): PAULA ATHAYDE HERKENHOFF (ES - 17357) Assinatura

LORENA DADALTO DINELLI DE ASSIS (ES - 23249) VITORIA, 27 de Novembro de 2019

CARLOS EDUARDO AMARAL DE SOUZA (ES - 10107)

JOAO RIBEIRO BASTOS CUNHA (RJ - 206448) ANA PAULA TAUCEDA BRANCO

Recorrido(a)(s): DEZOIR SERGIO DA SILVA Desembargador Federal do Trabalho

Advogado(a)(s): IGOR AWAD BARCELLOS (ES - 24825) Decisão


Processo Nº ROT-0000792-93.2016.5.17.0001
CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES Relator JOSE CARLOS RIZK
O presente recurso foi apresentado na vigência da Lei 13.467/2017. RECORRENTE JUCILENE NORBIM
ADVOGADO THIAGO PEREZ MOREIRA(OAB:
Vale registrar que, nos termos do art. 896-A, §1º e incisos da CLT, 14782/ES)
incumbe ao Tribunal Superior do Trabalho o exame da RECORRIDO SINDICATO DOS TRABALHADORES
E SERVIDORES PUBLICOS DO
transcendência do recurso de revista. ESTADO DO ESPIRITO SANTO -
SINDIPUBLICOS/ES
PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS ADVOGADO ORONDINO JOSE MARTINS
NETO(OAB: 7514/ES)
Tempestivo o recurso (ciência da decisão em 13/09/2019 - fl(s)./Id

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 116
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Intimado(s)/Citado(s):
Inviáveis, portanto, os embargos declaratórios.
- JUCILENE NORBIM
- SINDICATO DOS TRABALHADORES E SERVIDORES Intimem-se.
PUBLICOS DO ESTADO DO ESPIRITO SANTO -
SINDIPUBLICOS/ES DESEMBARGADORA SÔNIA DAS DORES DIONÍSIO MENDES

Vice-Presidente

/gr-03

Assinatura
PODER JUDICIÁRIO
VITORIA, 29 de Novembro de 2019
JUSTIÇA DO TRABALHO

Fundamentação SONIA DAS DORES DIONISIO MENDES

Desembargador Federal do Trabalho


EMBARGOS DECLARATÓRIOS Decisão
Processo Nº RORSum-0001066-68.2018.5.17.0007
Lei 13.015/2014 Relator WANDA LUCIA COSTA LEITE
FRANCA DECUZZI
Lei 13.467/2017
RECORRENTE IGREJA MUNDIAL DO PODER DE
Embargante(s): SINDICATO DOS TRABALHADORES E DEUS
ADVOGADO GIULIO CESARE IMBROISI(OAB:
SERVIDORES PUBLICOS DO ESTADO DO ESPIRITO SANTO - 9678/ES)
SINDIPUBLICOS/ES ADVOGADO EDNA LEMOS SCHILTE(OAB:
17461/ES)
Advogado(a)(s): ORONDINO JOSE MARTINS NETO (ES - 7514) RECORRIDO IGREJA MUNDIAL DO PODER DE
DEUS
Embargado(a)(s): JUCILENE NORBIM
ADVOGADO GIULIO CESARE IMBROISI(OAB:
Advogado(a)(s): THIAGO PEREZ MOREIRA (ES - 14782) 9678/ES)
ADVOGADO EDNA LEMOS SCHILTE(OAB:
Os embargos declaratórios são tempestivos (fls./Id f6f292a, f6f292a 17461/ES)
), e regular se encontra a representação processual (fls./Id RECORRIDO DIONATAM PEREIRA DE ALMEIDA
ADVOGADO SAULO DE OLIVEIRA
7a67b89). PATRICIO(OAB: 19890/ES)
Cuida-se de embargos de declaração opostos em face da decisão ADVOGADO GABRIEL INACIO BARBOSA DO
ROSARIO(OAB: 23836/ES)
que negou seguimento ao recurso de revista interposto pela parte

embargante. Sustenta que para a integralização do valor da Intimado(s)/Citado(s):

condenação e satisfação integral da garantia, por se tratar o - DIONATAM PEREIRA DE ALMEIDA


- IGREJA MUNDIAL DO PODER DE DEUS
recorrente de entidade sindical sem fins lucrativos pela própria

natureza, nos termos da Lei, tal integralização se dá com o depósito

de R$ 7.500,00 (redução pela metade do valor máximo do depósito

recursal no caso concreto). Alega, ainda, que os depósitos recursais PODER JUDICIÁRIO

somam o valor de R$ 9.513,16, superior em mais de R$ 2.000,00, o JUSTIÇA DO TRABALHO

valor máximo necessário, o deposito recursal encontrasse completo,


Fundamentação
e a não observação de tal situação acarreta o vício da omissão.

Ocorre que cada recurso tem que ser analisado em separado e, de


RECURSO DE REVISTA
acordo com a Súmula 128, item I, do TST, é ônus da parte
Lei 13.015/2014
recorrente efetuar o depósito legal, integralmente, em relação a
Lei 13.467/2017
cada novo recurso interposto, sob pena de deserção. Assim, a
Recorrente(s): IGREJA MUNDIAL DO PODER DE DEUS
metade a que se refere o artigo 899, § 9º, da CLT, seria do valor
Advogado(a)(s): EDNA LEMOS SCHILTE (ES - 17461)
que ela tinha que depositar do Recurso de Revista, e não do valor
GIULIO CESARE IMBROISI (ES - 9678)
final.
Recorrido(a)(s): DIONATAM PEREIRA DE ALMEIDA
Ante o disposto no artigo 1º, §1º, da IN 40/TST, depreende-se que o
Advogado(a)(s): GABRIEL INACIO BARBOSA DO ROSARIO (ES -
cabimento dos embargos declaratórios em face de decisões de
23836)
admissibilidade de recurso de revista restringe-se, quanto à
SAULO DE OLIVEIRA PATRICIO (ES - 19890)
alegação de omissão, à hipótese em que esse vício ocorre no que
CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
tange à análise de um ou mais temas objeto do recurso examinado,
O presente recurso foi apresentado na vigência da Lei 13.467/2017.
o que não se coaduna com as alegações da parte embargante.
Vale registrar que, nos termos do art. 896-A, §1º e incisos da CLT,

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 117
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

incumbe ao Tribunal Superior do Trabalho o exame da demonstrar, objetivamente, que exigiu dele a apreciação da questão

transcendência do recurso de revista. mediante a oposição dos indispensáveis embargos de declaração

PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS alusivos ao tema objeto da arguição de nulidade. Do contrário, estar

Tempestivo o recurso (ciência da decisão em 09/10/2019 - Id -se-á diante da impugnação genérica da decisão proferida pelo

60E2DC1; petição recursal apresentada em 21/10/2019 - Id Tribunal Regional, inviabilizando o exame das violações a que faz

8617d12). referência a Súmula 459 desta Corte". (E-RR - 20462-

Regular a representação processual - Id 74f1807. 66.2012.5.20.0004 , Relator Ministro: João Batista Brito Pereira,

Satisfeito o preparo - Id 7d0275a, 86ef635, d2ca4e1, 4036c63, Data de Julgamento: 16/03/2017, Subseção I Especializada em

b666997, 9c6e0c2 e fd25727, 9d918ef, nos termos do artigo 899, Dissídios Individuais, Data de Publicação: DEJT 08/09/2017)

§9º, da CLT. No mesmo sentido: E-RR - 1522-62.2013.5.15.0067, Relator

PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS Ministro: Cláudio Mascarenhas Brandão, Data de Julgamento:

DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Atos 16/03/2017, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais,

Processuais / Nulidade / Negativa de Prestação Jurisdicional Data de Publicação: DEJT 20/10/2017; E-ED-RR - 543-

Ao arguir a nulidade do acórdão por negativa de prestação 70.2013.5.23.0005, Relator Ministro: João Batista Brito Pereira,

jurisdicional, cabe à parte transcrever, em seu apelo, o trecho dos Data de Julgamento: 04/05/2017, Subseção I Especializada em

embargos declaratórios em que foi pedido o pronunciamento do Dissídios Individuais, Data de Publicação: DEJT 12/05/2017.

tribunal sobre questão veiculada no recurso ordinário, como requer CONCLUSÃO

o artigo 896, §1º-A, IV, da CLT, de forma a viabilizar o cotejo e a DENEGO seguimento ao recurso de revista.

verificação, de plano, da ocorrência da omissão. Não tendo a Publique-se

recorrente se desincumbido de seu ônus, nesse aspecto, inviável o ANA PAULA TAUCEDA BRANCO

recurso, no particular. Desembargadora-Presidente

Registre-se, por oportuno, que tal exigência, inserida /gr-08

expressamente no texto da CLT com o advento da Lei 13.467/2017, Assinatura

já estava consagrada na pacífica jurisprudência da Colenda Corte VITORIA, 27 de Novembro de 2019

Revisora, em razão do disposto no artigo 896, §1º-A, da CLT,

incluído no texto consolidado pela Lei 13.015/2014. Nesse sentido: ANA PAULA TAUCEDA BRANCO

"RECURSO DE EMBARGOS. RECURSO DE REVISTA Desembargador Federal do Trabalho

INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI 13.015/2014. ART. 896, § 1º- Decisão


Processo Nº ROT-0000474-30.2018.5.17.0005
A, INCS. I, II E III, DA CLT. ARGUIÇÃO DE NULIDADE DA Relator SONIA DAS DORES DIONISIO
MENDES
DECISÃO RECORRIDA POR NEGATIVA DE PRESTAÇÃO
RECORRENTE CENTRO DE REPARACAO
JURISDICIONAL. REQUISITOS FORMAIS. 1. A Turma, com AUTOMOTIVA IRMAOS CAU LTDA -
ME
fundamento na inobservância da exigência contida no art. 896, § 1º- ADVOGADO MARILENE NICOLAU(OAB: 5946/ES)
A, inc. I, da CLT, deixou de conhecer de arguição de nulidade da RECORRIDO EBERTON DE ANDRADE
BITENCOURT
decisão proferida pelo Tribunal Regional, por negativa de prestação ADVOGADO FELIPE DADALTO TATAGIBA(OAB:
12827/ES)
jurisdicional, suscitada no Recurso de Revista. 2. Pacificou-se, na
TERCEIRO REYNALDO DE TAL
SDI-1, desta Corte, que, consoante os termos do art. 896, § 1º-A, INTERESSADO
TERCEIRO VAGNER DE TAL
incs. I, II e III, da CLT, introduzido pela Lei 13.015/2014, afigura-se INTERESSADO
imprescindível à parte que, em Recurso de Revista, arguir a TERCEIRO LUIS AUGUSTO RANGEL DOS
INTERESSADO SANTOS
nulidade da decisão recorrida, por negativa de prestação

jurisdicional, demonstrar nas razões do seu recurso, mediante a Intimado(s)/Citado(s):


- CENTRO DE REPARACAO AUTOMOTIVA IRMAOS CAU
transcrição do trecho da petição dos Embargos de Declaração e do LTDA - ME
trecho do acórdão respectivo, a recusa do Tribunal Regional em - EBERTON DE ANDRADE BITENCOURT

apreciar a questão objeto do recurso ou a apreciação de forma

incompleta. 3. A fim de observar o princípio da impugnação

específica e de desincumbir-se do ônus de comprovar a recusa do

Tribunal em prestar a jurisdição completa, a parte deverá

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 118
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

revolver fatos e provas pela via aclaratória, viável o apenamento


PODER JUDICIÁRIO
nos consectários da litigância de má-fé, razão porque incólume o
JUSTIÇA DO TRABALHO
artigo 1002 do CPC.
Fundamentação Contrato Individual de Trabalho / Reconhecimento de Relação de

Emprego.
RECURSO DE REVISTA Alegação(ões):
Recorrente(s): 1. CENTRO DE REPARACAO AUTOMOTIVA - violação da (o) artigo 2º da Consolidação das Leis do Trabalho;
IRMAOS CAU LTDA - ME artigo 3º da Consolidação das Leis do Trabalho.
Advogado(a)(s): 1. MARILENE NICOLAU (ES - 5946) Confirmado o vínculo de emprego pronunciado pelo juízo de
Recorrido(a)(s): 1. EBERTON DE ANDRADE BITENCOURT primeiro grau, a Reclamada, irresignada, julga violadas as diretrizes
2. LUIS AUGUSTO RANGEL DOS SANTOS em epígrafe.
3. VAGNER DE TAL Segundo o arrazoado, este entendimento não pode prosperar uma
4. REYNALDO DE TAL vez que jamais existiu vínculo empregatício entre o recorrente e o
Advogado(a)(s): 1. FELIPE DADALTO TATAGIBA (ES - 12827) recorrido, nos moldes do arts. 2º e 3º da CLT, não havendo o que
PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS falar nas demais verbas trabalhistas deferidas. Restou comprovado
Tempestivo o recurso (ciência da decisão em 26/08/2019 - fl(s)./Id nos autos que o recorrido somente iniciou a sua prestação de
A37C91E; petição recursal apresentada em 03/09/2019 - fl(s)./Id serviço para a recorrente no dia 17 de outubro de 2017, sem
52845f3). qualquer subordinação, sem qualquer horário definido e dia
Regular a representação processual - fl(s.)/Id 0b10503. definido.
A parte recorrente está isenta de preparo, porque não condenada a Tendo a C. Turma reputado provado o trabalho nos moldes dos
recolher custas processuais. artigos 2º e 3º da CLT, verifica-se que, não obstante a afronta legal
PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS aduzida, bem como o dissenso interpretativo suscitado, inviável o
DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Atos apelo, uma vez que a matéria, tal como tratada no v. acórdão e
Processuais / Nulidade / Negativa de Prestação Jurisdicional. posta nas razões recursais, reveste-se de contornos nitidamente
Alegação(ões): fático-probatórios, cuja reapreciação, em sede de recurso de
- contrariedade à(ao) : Súmula nº 126; Súmula nº 297; Súmula nº revista, é diligência que encontra óbice na Súmula 126/TST.
459 do Tribunal Superior do Trabalho. Remuneração, Verbas Indenizatórias e Benefícios / Adicional /
- violação do(s) inciso LV do artigo 5º; inciso IX do artigo 93 da Adicional de Insalubridade.
Constituição Federal. De acordo com o artigo 896, § 1º-A, inciso II, da CLT, incluído pela
- violação da (o) artigo 832 da Consolidação das Leis do Trabalho; Lei 13.015/2014, a parte que recorre deve "indicar, de forma
artigo 897-A da Consolidação das Leis do Trabalho; artigo 489 do explícita e fundamentada, contrariedade a dispositivo de lei, súmula
Código de Processo Civil de 2015; artigo 1002 do Código de ou orientação jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho que
Processo Civil de 2015. conflite com a decisão regional".
- divergência jurisprudencial. Na hipótese, a parte recorrente não observou o inciso, o que torna
Suscita a Reclamada recusa à prestação jurisdicional, ao inviável o processamento do recurso de revista.
fundamento de falta de adoção de tese explícita a respeito da CONCLUSÃO
temática pretensão declaratório constitutiva de vínculo de emprego. DENEGO seguimento ao recurso de revista.
Opõe-se à multa lhe aplicada por suposta litigância de má-fé. Julga Publique-se e intimem-se.
violadas as diretrizes em epígrafe. DESEMBARGADORA SÔNIA DAS DORES DIONÍSIO MENDES
Se a controvérsia a cujo respeito se suscita omissão foi examinada Vice-Presidente
no ID838ca2c - Pág. 2, não houve recusa à prestação jurisdicional, /gr-13
mas natural irresignação da parte frente a julgamento divorciado de

seu interesse defendido em juízo. Uma vez inexistente a alegada Assinatura


omissão judicante, remanescem incólumes os dispositivos tidos por VITORIA, 29 de Novembro de 2019
violados, circunstância que obsta o apelo no aspecto. Por

derradeiro, tendo a C. Turma detectado a tentativa da parte em SONIA DAS DORES DIONISIO MENDES

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 119
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Desembargador Federal do Trabalho Inviáveis, portanto, os embargos declaratórios.


Decisão Intimem-se.
Processo Nº ROT-0000610-17.2015.5.17.0010
Relator ANA PAULA TAUCEDA BRANCO DESEMBARGADORA SÔNIA DAS DORES DIONÍSIO MENDES
RECORRENTE MAX JOSE BENEVENUTI Vice-Presidente
ADVOGADO JOSE HILDO SARCINELLI
GARCIA(OAB: 1174/ES) /gr-11
ADVOGADO JOICE LUGON LIMA Assinatura
FERNANDES(OAB: 20778/ES)
ADVOGADO RODRIGO BARBOSA VITORIA, 2 de Dezembro de 2019
RODRIGUES(OAB: 13556/ES)
RECORRIDO COMPANHIA DE TRANSPORTES
URBANOS DA GRANDE VITORIA SONIA DAS DORES DIONISIO MENDES
ADVOGADO NATALIA CID GOES(OAB: 18600/ES)
Desembargador Federal do Trabalho
ADVOGADO VLADIMIR CUNHA BEZERRA(OAB:
13713/ES) Decisão
ADVOGADO LUCIANO KELLY DO Processo Nº ROT-0001991-60.2015.5.17.0010
NASCIMENTO(OAB: 5205/ES) Relator JOSE CARLOS RIZK
RECORRENTE MARCOS EVANGELISTA MONGIN
Intimado(s)/Citado(s): ADVOGADO Luciano Brandão Camatta(OAB:
11477/ES)
- COMPANHIA DE TRANSPORTES URBANOS DA GRANDE
VITORIA ADVOGADO RONI FURTADO BORGO(OAB:
7828/ES)
- MAX JOSE BENEVENUTI
RECORRENTE EDP ESPIRITO SANTO
DISTRIBUICAO DE ENERGIA S.A.
ADVOGADO SANDRO VIEIRA DE MORAES(OAB:
6725/ES)
RECORRIDO EDP ESPIRITO SANTO
PODER JUDICIÁRIO DISTRIBUICAO DE ENERGIA S.A.
JUSTIÇA DO TRABALHO ADVOGADO SANDRO VIEIRA DE MORAES(OAB:
6725/ES)
RECORRIDO MARCOS EVANGELISTA MONGIN
Fundamentação
ADVOGADO Luciano Brandão Camatta(OAB:
EMBARGOS DECLARATÓRIOS 11477/ES)
ADVOGADO RONI FURTADO BORGO(OAB:
Lei 13.015/2014 7828/ES)
Embargante(s): MAX JOSE BENEVENUTI
Intimado(s)/Citado(s):
Advogado(a)(s): RODRIGO BARBOSA RODRIGUES (ES - 13556)
- EDP ESPIRITO SANTO DISTRIBUICAO DE ENERGIA S.A.
JOSE HILDO SARCINELLI GARCIA (ES - 1174) - MARCOS EVANGELISTA MONGIN
JOICE LUGON LIMA FERNANDES (ES - 20778)

Embargado(a)(s): COMPANHIA DE TRANSPORTES URBANOS

DA GRANDE VITORIA
PODER JUDICIÁRIO
Advogado(a)(s): NATALIA CID GOES (ES - 18600)
JUSTIÇA DO TRABALHO
VLADIMIR CUNHA BEZERRA (ES - 13713)

LUCIANO KELLY DO NASCIMENTO (ES - 5205) Fundamentação

Os embargos declaratórios são tempestivos (Id 9520c87 e 61de89f), DECISÃO

e regular se encontra a representação processual (Id 487b2a4).

Cuida-se de embargos de declaração opostos em face da decisão AGRAVO DE INSTRUMENTO DA EDP ESPÍRITO SANTO

que negou seguimento ao recurso de revista interposto pela parte DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA S.A.

embargante. Sustenta que há falhas formais na decisão de

admissibilidade do Recurso de Revista, pois indicou o trecho da Mantenho a decisão agravada.

decisão objeto da insurgência.

Contudo, ante o disposto no artigo 1º, §1º, da IN 40/TST, depreende Notifique(m)-se o(s) agravado(s) para contraminutar(em) o agravo

-se que o cabimento dos embargos declaratórios em face de de instrumento e contra-arrazoar(em) o recurso principal.

decisões de admissibilidade de recurso de revista restringe-se,

quanto à alegação de omissão, à hipótese em que esse vício ocorre Após, ao Egrégio Tribunal Superior do Trabalho, com nossas

no que tange à análise de um ou mais temas objeto do recurso homenagens de estilo.

examinado, o que não se coaduna com as alegações da parte

embargante. Assinatura

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 120
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

VITORIA, 2 de Dezembro de 2019 VINICIUS LIMA LOPES WANDERLEY (ES - 18839)

RENATTA GUIMARAES FRANCA (ES - 17171)

SONIA DAS DORES DIONISIO MENDES Recorrido(a)(s): TECNOMONT MONTAGENS INDUSTRIAIS LTDA

Desembargador Federal do Trabalho Advogado(a)(s): CELIA GRAZIELLY LOPES SILVA (GO - 41094)
Decisão CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
Processo Nº ROT-0000472-67.2017.5.17.0014
Relator MARCELLO MACIEL MANCILHA O presente recurso foi apresentado na vigência da Lei 13.467/2017.
RECORRENTE SIND TRAB IND MET MEC MAT Vale registrar que, nos termos do art. 896-A, §1º e incisos da CLT,
ELETR E ELETRONICO E ESPIRITO
SANTO incumbe ao Tribunal Superior do Trabalho o exame da
ADVOGADO RENATTA GUIMARAES
FRANCA(OAB: 17171/ES) transcendência do recurso de revista.
ADVOGADO VINICIUS LIMA LOPES PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS
WANDERLEY(OAB: 18839/ES)
ADVOGADO BRUNO BORNACKI SALIM Tempestivo o recurso (ciência da decisão em 04/10/2019 - Id
MURTA(OAB: 10856/ES)
4643AF7; petição recursal apresentada em 15/10/2019 - Id
ADVOGADO WILER COELHO DIAS(OAB:
11011/ES) c1fe121).
ADVOGADO ANTENOR VINICIUS CAVERSAN
VIEIRA(OAB: 30185/ES) Regular a representação processual - Id 368484f.
RECORRENTE TECNOMONT MONTAGENS Inexigível o recolhimento de custas, uma vez que a parte recorrente
INDUSTRIAIS LTDA
ADVOGADO CELIA GRAZIELLY LOPES não foi condenada a efetuar o preparo - Ids fa022f3, fae12f e
SILVA(OAB: 41094/GO)
93d0b10.
RECORRIDO SIND TRAB IND MET MEC MAT
ELETR E ELETRONICO E ESPIRITO PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS
SANTO
ADVOGADO ANTENOR VINICIUS CAVERSAN Responsabilidade Civil do Empregador / Indenização por Dano
VIEIRA(OAB: 30185/ES)
Moral
ADVOGADO WILER COELHO DIAS(OAB:
11011/ES) Alegação(ões):
ADVOGADO BRUNO BORNACKI SALIM
MURTA(OAB: 10856/ES) - violação do inciso V do artigo 5º; inciso X do artigo 5º; inciso XXII
ADVOGADO VINICIUS LIMA LOPES do artigo 7º da Constituição Federal.
WANDERLEY(OAB: 18839/ES)
ADVOGADO RENATTA GUIMARAES - violação do artigo 186 do Código Civil; artigo 187 do Código Civil;
FRANCA(OAB: 17171/ES)
artigo 927 do Código Civil.
RECORRIDO TECNOMONT MONTAGENS
INDUSTRIAIS LTDA O recorrente pede a condenação da reclamada ao pagamento de
ADVOGADO CELIA GRAZIELLY LOPES
SILVA(OAB: 41094/GO) compensação por dano moral.
PERITO LUIZ CARLOS MEDEIROS JUNIOR No intuito de demonstrar o prequestionamento da matéria em

epígrafe, a parte recorrente transcreveu o seguinte trecho do v.


Intimado(s)/Citado(s):
acórdão:
- SIND TRAB IND MET MEC MAT ELETR E ELETRONICO E
ESPIRITO SANTO "(...)
- TECNOMONT MONTAGENS INDUSTRIAIS LTDA
Ou seja, o dano moral, para ser configurado, deve ocasionar lesão

na esfera personalíssima do titular, violando sua intimidade, vida

privada, honra e imagem - bens jurídicos tutelados


PODER JUDICIÁRIO constitucionalmente e cuja violação implica indenização
JUSTIÇA DO TRABALHO compensatória ao ofendido (artigo 5º, incisos V e X, CF).

(...)
Fundamentação
Dessa forma, a reparação devida ao reclamante pela exposição à
RECURSO DE REVISTA
periculosidade é material (adicional) e está prevista em lei,
Lei 13.015/2014
inexistindo prejuízos de natureza imaterial a serem reparados no
Lei 13.467/2017
caso dos autos.
Recorrente(s): SIND TRAB IND MET MEC MAT ELETR E
(...)
ELETRONICO E ESPIRITO SANTO
Nego provimento."
Advogado(a)(s): ANTENOR VINICIUS CAVERSAN VIEIRA (ES -
A parte não realizou o confronto analítico entre a tese adotada no
30185)
acórdão recorrido e cada preceito legal e constitucional dito violado,
WILER COELHO DIAS (ES - 11011)
deixando de atender ao exigido pelo artigo 896, §1º-A, III, da CLT,
BRUNO BORNACKI SALIM MURTA (ES - 10856)

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 121
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

RECORRIDO RIO DE JANEIRO REFRESCOS LTDA


inviabilizando o seguimento do apelo, nesse aspecto. ADVOGADO ALOIZIO FARIA DE SOUZA
FILHO(OAB: 10041/ES)
Com efeito, segundo a sistemática imposta pela Lei 13.015/2014,
RECORRIDO AMILTON DOS SANTOS
cabe à parte indicar especificamente o motivo pelo qual o acórdão, ADVOGADO RICARDO CARLOS DA ROCHA
CARVALHO(OAB: 4465/ES)
ao adotar determinada fundamentação, incidiu em afronta a cada
TERCEIRO DEIVISSON AMORIM DE PAULO
um dos preceitos ditos violados, sendo inviável a alegação genérica INTERESSADO
TERCEIRO ALEX VIANA
de violações em bloco. INTERESSADO
Quanto à necessidade do confronto analítico, vale mencionar os TERCEIRO Thiago Barreto Alves
INTERESSADO
seguintes julgados do TST: E-ED-RR - 552-07.2013.5.06.0231,

Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra Belmonte, SBDI-I, DEJT Intimado(s)/Citado(s):

17/06/2016; AIRR - 1124-32.2015.5.11.0011, Relator Ministro: - AMILTON DOS SANTOS


- RIO DE JANEIRO REFRESCOS LTDA
Walmir Oliveira da Costa, 1ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR -

10077-02.2014.5.15.0110 , Relatora Ministra: Delaíde Miranda

Arantes, 2ª Turma, DEJT 03/07/2017; AIRR - 220-

86.2015.5.11.0051 , Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra PODER JUDICIÁRIO

Belmonte, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 03/07/2017; AIRR - JUSTIÇA DO TRABALHO

20027-78.2013.5.04.0012 , Relatora Desembargadora Convocada:


Fundamentação
Cilene Ferreira Amaro Santos, 4ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR -

909-49.2015.5.08.0008, Relator Ministro: Guilherme Augusto


RECURSO DE REVISTA
Caputo Bastos, 5ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR - 47700-
Lei 13.015/2014
21.2005.5.01.0041 , Relator Ministro: Aloysio Corrêa da Veiga, Data
Lei 13.467/2017
de Julgamento: 30/03/2016, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT
Recorrente(s): RIO DE JANEIRO REFRESCOS LTDA
01/04/2016; AIRR - 10565-26.2013.5.03.0077 , Relator Ministro:
Advogado(a)(s): ALOIZIO FARIA DE SOUZA FILHO (ES - 10041)
Cláudio Mascarenhas Brandão, Data de Julgamento: 09/03/2016, 7ª
Recorrido(a)(s): AMILTON DOS SANTOS
Turma, Data de Publicação: DEJT 18/03/2016; AIRR - 1452-
Advogado(a)(s): RICARDO CARLOS DA ROCHA CARVALHO (ES -
29.2015.5.14.0091 , Relatora Ministra: Dora Maria da Costa, Data
4465)
de Julgamento: 10/05/2017, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT
CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
12/05/2017.
O presente recurso foi apresentado na vigência da Lei 13.467/2017.
CONCLUSÃO
Vale registrar que, nos termos do art. 896-A, §1º e incisos da CLT,
DENEGO seguimento ao recurso de revista.
incumbe ao Tribunal Superior do Trabalho o exame da
Publique-se.
transcendência do recurso de revista.
DESEMBARGADORA SÔNIA DAS DORES DIONÍSIO MENDES
PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS
Vice-Presidente
Tempestivo o recurso (ciência da decisão em 25/09/2019 - Id
/gr-11
EF9FD84; petição recursal apresentada em 07/10/2019 - Id

7a0caa9), conforme certidão de Id 2744d03, que informou a


Assinatura
indisponibilidade do sistema nos dias 25/09/2019, 26/09/2019,
VITORIA, 2 de Dezembro de 2019
30/09/2019 e 01/10/2019.

Regular a representação processual - Id ce4a48a.


SONIA DAS DORES DIONISIO MENDES
Satisfeito o preparo - Id f0fb258, 1efb1f0, 71d148b, c727566,
Desembargador Federal do Trabalho
c331669, 9535423, 5b1cbd3, 97d09ce e 201c59d, 499a9a6.
Decisão
Processo Nº ROT-0000950-87.2017.5.17.0010 PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS
Relator GERSON FERNANDO DA SYLVEIRA DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Atos
NOVAIS
RECORRENTE RIO DE JANEIRO REFRESCOS LTDA Processuais / Nulidade / Cerceamento de Defesa.
ADVOGADO ALOIZIO FARIA DE SOUZA Alegação(ões):
FILHO(OAB: 10041/ES)
RECORRENTE AMILTON DOS SANTOS - violação do(s) inciso XXXV do artigo 5º; inciso LV do artigo 5º da
ADVOGADO RICARDO CARLOS DA ROCHA Constituição Federal.
CARVALHO(OAB: 4465/ES)
- violação da (o) artigo 794 da Consolidação das Leis do Trabalho.

Código para aferir autenticidade deste caderno: 144362


2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 122
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

O recorrente insurge-se contra o v. acórdão, no tocante à rejeição acórdão recorrido e cada preceito legal dito violado, deixando de

da nulidade por cerceamento ao direito de defesa, ante o atender ao exigido pelo artigo 896, §1º-A, III, da CLT, inviabilizando

indeferimento de nova prova técnica. o seguimento do apelo, nesse aspecto.

A parte não realizou o confronto analítico entre a tese adotada no Com efeito, segundo a sistemática imposta pela Lei 13.015/2014,

acórdão recorrido e cada preceito legal ou constitucional dito cabe à parte indicar especificamente o motivo pelo qual o acórdão,

violado, deixando de atender ao exigido pelo artigo 896, §1º-A, III, ao adotar determinada fundamentação, incidiu em afronta a cada

da CLT, inviabilizando o seguimento do apelo, nesse aspecto. um dos preceitos ditos violados, sendo inviável a alegação genérica

Com efeito, segundo a sistemática imposta pela Lei 13.015/2014, de violações em bloco.

cabe à parte indicar especificamente o motivo pelo qual o acórdão, Ademais, a parte não realizou o confronto analítico entre a tese

ao adotar determinada fundamentação, incidiu em afronta a cada adotada no acórdão recorrido e a súmula supostamente contrariada,

um dos preceitos ditos violados, sendo inviável a alegação genérica deixando de atender ao exigido pelo artigo 896, §1º-A, III, da CLT,

de violações em bloco. inviabilizando o seguimento do apelo, nesse aspecto.

Quanto à necessidade do confronto analítico, vale mencionar os Com efeito, segundo a sistemática imposta pela Lei 13.015/2014,

seguintes julgados do TST: E-ED-RR - 552-07.2013.5.06.0231, cabe à parte indicar especificamente o motivo pelo qual o acórdão,

Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra Belmonte, SBDI-I, DEJT ao adotar determinada fundamentação, deixou de observar cada

17/06/2016; AIRR - 1124-32.2015.5.11.0011, Relator Ministro: Súmula invocada, sendo inviável a mera alegação genérica de

Walmir Oliveira da Costa, 1ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR - contrariedade.

10077-02.2014.5.15.0110 , Relatora Ministra: Delaíde Miranda Além disso, a parte não realizou o confronto analítico entre a tese

Arantes, 2ª Turma, DEJT 03/07/2017; AIRR - 220- adotada no acórdão recorrido e a ementa transcrita em suas razões

86.2015.5.11.0051 , Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra recursais, deixando de atender ao exigido pelo artigo 896, §8º, da

Belmonte, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 03/07/2017; AIRR - CLT, impedindo o seguimento do apelo, nesse aspecto.

20027-78.2013.5.04.0012 , Relatora Desembargadora Convocada: Com efeito, segundo a sistemática imposta pela Lei 13.015/2014,

Cilene Ferreira Amaro Santos, 4ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR - cabe à parte demonstrar especificamente onde se situa a alegada

909-49.2015.5.08.0008, Relator Ministro: Guilherme Augusto divergência de teses entre o acórdão recorrido e os arestos

Caputo Bastos, 5ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR - 47700- apresentados, no exame de casos concretos idênticos ou

21.2005.5.01.0041 , Relator Ministro: Aloysio Corrêa da Veiga, Data semelhantes, ônus do qual não se desincumbiu a parte recorrente.

de Julgamento: 30/03/2016, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT Vale ressaltar que não atende a essa finalidade a mera transcrição

01/04/2016; AIRR - 10565-26.2013.5.03.0077 , Relator Ministro: de arestos em bloco ou a simples apresentação de tabela contendo

Cláudio Mascarenhas Brandão, Data de Julgamento: 09/03/2016, 7ª o trecho do acórdão recorrido e o julgado trazido a confronto.

Turma, Data de Publicação: DEJT 18/03/2016; AIRR - 1452- Quanto à necessidade do confronto analítico, vale mencionar os

29.2015.5.14.0091 , Relatora Ministra: Dora Maria da Costa, Data seguintes julgados do TST: E-ED-RR - 552-07.2013.5.06.0231,

de Julgamento: 10/05/2017, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra Belmonte, SBDI-I, DEJT

12/05/2017. 17/06/2016; AIRR - 1124-32.2015.5.11.0011, Relator Ministro:

Walmir Oliveira da Costa, 1ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR -

Remuneração, Verbas Indenizatórias e Benefícios / Adicional / 10077-02.2014.5.15.0110 , Relatora Ministra: Delaíde Miranda

Adicional de Periculosidade. Arantes, 2ª Turma, DEJT 03/07/2017; AIRR - 220-

Alegação(ões): 86.2015.5.11.0051 , Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra

- contrariedade à(ao) : Súmula nº 364 do Tribunal Superior do Belmonte, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 03/07/2017; AIRR -

Trabalho. 20027-78.2013.5.04.0012 , Relatora Desembargadora Convocada:

- violação da (o) inciso I do artigo 193 da Consolidação das Leis do Cilene Ferreira Amaro Santos, 4ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR -

Trabalho; inciso II do artigo 193 da Consolidação das Leis do 909-49.2015.5.08.0008, Relator Ministro: Guilherme Augusto

Trabalho. Caputo Bastos, 5ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR - 47700-

- divergência jurisprudencial. 21.2005.5.01.0041 , Relator Ministro: Aloysio Corrêa da Veiga, Data

O recorrente insurge-se contra o v.. acórdão, no tocante à de Julgamento: 30/03/2016, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT

condenação ao pagamento de adicional de periculosidade. 01/04/2016; AIRR - 10565-26.2013.5.03.0077 , Relator Ministro:

A parte não realizou o confronto analítico entre a tese adotada no Cláudio Mascarenhas Brandão, Data de Julgamento: 09/03/2016, 7ª

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 123
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Turma, Data de Publicação: DEJT 18/03/2016; AIRR - 1452- Caputo Bastos, 5ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR - 47700-

29.2015.5.14.0091 , Relatora Ministra: Dora Maria da Costa, Data 21.2005.5.01.0041 , Relator Ministro: Aloysio Corrêa da Veiga, Data

de Julgamento: 10/05/2017, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT de Julgamento: 30/03/2016, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT

12/05/2017. 01/04/2016; AIRR - 10565-26.2013.5.03.0077 , Relator Ministro:

Cláudio Mascarenhas Brandão, Data de Julgamento: 09/03/2016, 7ª

Duração do Trabalho / Intervalo Intrajornada. Turma, Data de Publicação: DEJT 18/03/2016; AIRR - 1452-

Alegação(ões): 29.2015.5.14.0091 , Relatora Ministra: Dora Maria da Costa, Data

- violação do(s) inciso II do artigo 5º da Constituição Federal. de Julgamento: 10/05/2017, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT

- violação da (o) §2º do artigo 74 da Consolidação das Leis do 12/05/2017.

Trabalho. CONCLUSÃO

- divergência jurisprudencial. DENEGO seguimento ao recurso de revista.

O recorrente insurge-se contra o v. acórdão, no tocante à Publique-se.

condenação ao pagamento de intervalo intrajornada. DESEMBARGADORA SÔNIA DAS DORES DIONÍSIO MENDES

A parte não realizou o confronto analítico entre a tese adotada no Vice-Presidente

acórdão recorrido e cada preceito legal ou constitucional dito /gr-03

violado, deixando de atender ao exigido pelo artigo 896, §1º-A, III, Assinatura

da CLT, inviabilizando o seguimento do apelo, nesse aspecto. VITORIA, 2 de Dezembro de 2019

Com efeito, segundo a sistemática imposta pela Lei 13.015/2014,

cabe à parte indicar especificamente o motivo pelo qual o acórdão, SONIA DAS DORES DIONISIO MENDES

ao adotar determinada fundamentação, incidiu em afronta a cada Desembargador Federal do Trabalho

um dos preceitos ditos violados, sendo inviável a alegação genérica Decisão


Processo Nº ROT-0000019-16.2019.5.17.0010
de violações em bloco. Relator SONIA DAS DORES DIONISIO
MENDES
Ademais, a parte não realizou o confronto analítico entre a tese
RECORRENTE FILLIPE DE OLIVEIRA SCHIMIDEL
adotada no acórdão recorrido e a ementa transcrita em suas razões ADVOGADO ALBERTO CARLOS CANI BELLA
ROSA(OAB: 14917/ES)
recursais, deixando de atender ao exigido pelo artigo 896, §8º, da
ADVOGADO UDNO ZANDONADE(OAB: 9141/ES)
CLT, impedindo o seguimento do apelo, nesse aspecto. ADVOGADO GUSTAVO CANI GAMA(OAB:
10059/ES)
Com efeito, segundo a sistemática imposta pela Lei 13.015/2014,
RECORRENTE SKY SERVICOS DE BANDA LARGA
cabe à parte demonstrar especificamente onde se situa a alegada LTDA.
ADVOGADO EMERSON LUIZ MAZZINI(OAB:
divergência de teses entre o acórdão recorrido e os arestos 125933/RJ)
apresentados, no exame de casos concretos idênticos ou RECORRIDO SKY SERVICOS DE BANDA LARGA
LTDA.
semelhantes, ônus do qual não se desincumbiu a parte recorrente. ADVOGADO EMERSON LUIZ MAZZINI(OAB:
125933/RJ)
Vale ressaltar que não atende a essa finalidade a mera transcrição
RECORRIDO A ERA DIGITAL COMERCIO E
de arestos em bloco ou a simples apresentação de tabela contendo SERVICOS LTDA - EPP
RECORRIDO FILLIPE DE OLIVEIRA SCHIMIDEL
o trecho do acórdão recorrido e o julgado trazido a confronto.
ADVOGADO ALBERTO CARLOS CANI BELLA
Quanto à necessidade do confronto analítico, vale mencionar os ROSA(OAB: 14917/ES)
ADVOGADO UDNO ZANDONADE(OAB: 9141/ES)
seguintes julgados do TST: E-ED-RR - 552-07.2013.5.06.0231,
ADVOGADO GUSTAVO CANI GAMA(OAB:
Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra Belmonte, SBDI-I, DEJT 10059/ES)

17/06/2016; AIRR - 1124-32.2015.5.11.0011, Relator Ministro:


Intimado(s)/Citado(s):
Walmir Oliveira da Costa, 1ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR - - FILLIPE DE OLIVEIRA SCHIMIDEL
10077-02.2014.5.15.0110 , Relatora Ministra: Delaíde Miranda - SKY SERVICOS DE BANDA LARGA LTDA.

Arantes, 2ª Turma, DEJT 03/07/2017; AIRR - 220-

86.2015.5.11.0051 , Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra

Belmonte, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 03/07/2017; AIRR -


PODER JUDICIÁRIO
20027-78.2013.5.04.0012 , Relatora Desembargadora Convocada:
JUSTIÇA DO TRABALHO
Cilene Ferreira Amaro Santos, 4ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR -

909-49.2015.5.08.0008, Relator Ministro: Guilherme Augusto Fundamentação

Código para aferir autenticidade deste caderno: 144362


2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 124
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

RECURSO DE REVISTA violação, conforme exige a alínea "c" do artigo 896 Consolidado.

Lei 13.015/2014 Ademais, a parte não realizou o confronto analítico entre a tese

Lei 13.467/2017 adotada no acórdão recorrido e cada ementa transcrita em suas

Recorrente(s): 1. SKY SERVICOS DE BANDA LARGA LTDA. razões recursais, deixando de atender ao exigido pelo artigo 896,

2. FILLIPE DE OLIVEIRA SCHIMIDEL §8º, da CLT, impedindo o seguimento do apelo, nesse aspecto.

Advogado(a)(s): 1. EMERSON LUIZ MAZZINI (RJ - 125933) Com efeito, segundo a sistemática imposta pela Lei 13.015/2014,

2. GUSTAVO CANI GAMA (ES - 10059) cabe à parte demonstrar especificamente onde se situa a alegada

2. UDNO ZANDONADE (ES - 9141) divergência de teses entre o acórdão recorrido e os arestos

2. ALBERTO CARLOS CANI BELLA ROSA (ES - 14917) apresentados, no exame de casos concretos idênticos ou

Recorrido(a)(s): 1. FILLIPE DE OLIVEIRA SCHIMIDEL semelhantes, ônus do qual não se desincumbiu a parte recorrente.

2. SKY SERVICOS DE BANDA LARGA LTDA. Vale ressaltar que não atende a essa finalidade a mera transcrição

3. A ERA DIGITAL COMERCIO E SERVICOS LTDA - EPP de arestos em bloco ou a simples apresentação de tabela contendo

Advogado(a)(s): 1. GUSTAVO CANI GAMA (ES - 10059) o trecho do acórdão recorrido e o julgado trazido a confronto.

1. UDNO ZANDONADE (ES - 9141) Quanto à necessidade do confronto analítico, vale mencionar os

1. ALBERTO CARLOS CANI BELLA ROSA (ES - 14917) seguintes julgados do TST: E-ED-RR - 552-07.2013.5.06.0231,

2. EMERSON LUIZ MAZZINI (RJ - 125933) Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra Belmonte, SBDI-I, DEJT

17/06/2016; AIRR - 1124-32.2015.5.11.0011, Relator Ministro:

Recurso de: SKY SERVICOS DE BANDA LARGA LTDA. Walmir Oliveira da Costa, 1ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR -

CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES 10077-02.2014.5.15.0110 , Relatora Ministra: Delaíde Miranda

O presente recurso foi apresentado na vigência da Lei 13.467/2017. Arantes, 2ª Turma, DEJT 03/07/2017; AIRR - 220-

Vale registrar que, nos termos do art. 896-A, §1º e incisos da CLT, 86.2015.5.11.0051 , Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra

incumbe ao Tribunal Superior do Trabalho o exame da Belmonte, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 03/07/2017; AIRR -

transcendência do recurso de revista. 20027-78.2013.5.04.0012 , Relatora Desembargadora Convocada:

PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS Cilene Ferreira Amaro Santos, 4ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR -

Tempestivo o recurso (ciência da decisão em 04/10/2019 - fl(s)./Id 909-49.2015.5.08.0008, Relator Ministro: Guilherme Augusto

E4AC37B; petição recursal apresentada em 21/08/2019 - fl(s)./Id Caputo Bastos, 5ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR - 47700-

869522f). 21.2005.5.01.0041 , Relator Ministro: Aloysio Corrêa da Veiga, Data

Regular a representação processual - fl(s.)/Id 0e9c140, 14ca6a6. de Julgamento: 30/03/2016, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT

Satisfeito o preparo - fl(s)./Id cb3493a, 00b029d, 35cb9e5, e37e766, 01/04/2016; AIRR - 10565-26.2013.5.03.0077 , Relator Ministro:

b26b887, c532200, 050d12e, d999f14 e 337b73d, 855bd66. Cláudio Mascarenhas Brandão, Data de Julgamento: 09/03/2016, 7ª

PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS Turma, Data de Publicação: DEJT 18/03/2016; AIRR - 1452-

DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Processo e 29.2015.5.14.0091 , Relatora Ministra: Dora Maria da Costa, Data

Procedimento / Revelia / Confissão. de Julgamento: 10/05/2017, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT

Alegação(ões): 12/05/2017.

- violação do(s) inciso XXXVI do artigo 5º da Constituição Federal.

- violação da (o) artigo 344 do Código de Processo Civil de 2015; Responsabilidade Solidária / Subsidiária.

artigo 345 do Código de Processo Civil de 2015. Alegação(ões):

- divergência jurisprudencial. - contrariedade à(ao) : Súmula nº 331 do Tribunal Superior do

A recorrente insurge-se contra o v. acórdão, no tocante à aplicação Trabalho.

dos efeitos da confissão no caso em tela, em que pese a - violação do(s) inciso XXXVI do artigo 5º da Constituição Federal.

contestação apresentada pela ora recorrente, que - violação da (o) artigo 818 da Consolidação das Leis do Trabalho.

especificadamente impugnou os pedidos. - divergência jurisprudencial.

Tendo a C. Turma manifestado entendimento no sentido de que o A recorrente insurge-se contra o v. acórdão, no tocante à

Juízo a quo, ao proferir decisão, levou em conta a defesa responsabilização subsidiária lhe imputada.

apresentada pela litisconsorte, deixando de aplicar a confissão ficta Tendo a C. Turma mantido a responsabilização subsidiária da

em toda a sua amplitude, não se verifica, em tese, a alegada segunda reclamada, ao fundamento de que restou comprovada a

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 125
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

ausência de fiscalização da empresa tomadora de serviços, uma teses, afastando-se os recursos de revista que impugnam de forma

vez que a 1ª Reclamada não quitou corretamente as verbas genérica a decisão regional e conduzem sua admissibilidade para

trabalhistas devidas à autora, caracterizando a culpa in vigilando, um exercício exclusivamente subjetivo pelo julgador de verificação e

verifica-se que a decisão se encontra consonante com a item IV da adequação formal do apelo. Assim, a necessidade da transcrição do

Súmula nº 331 do Eg. TST, o que inviabiliza o recurso, nos termos trecho que consubstancia a violação e as contrariedades indicadas,

do disposto no artigo 896, § 7º, da CLT e Súmula nº 333, do Eg. e da demonstração analítica da divergência jurisprudencial, visa a

TST. permitir a identificação precisa e objetiva da tese supostamente

ofensiva a lei, à segurança das relações jurídicas e à isonomia das

Duração do Trabalho / Horas Extras. decisões judiciais, de modo que contribua para a celeridade da

Duração do Trabalho / Intervalo Intrajornada. prestação jurisdicional, possibilite a formação de precedentes como

Duração do Trabalho / Trabalho Externo. elementos de estabilidade e a decisão do TST contribua para a

DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Liquidação / formação da jurisprudência nacionalmente unificada. (...) (E-ED-RR

Cumprimento / Execução / Valor da Execução / Cálculo / - 552-07.2013.5.06.0231, Relator Ministro: Alexandre de Souza

Atualização / Correção Monetária. Agra Belmonte, Data de Julgamento: 09/06/2016, Subseção I

Remuneração, Verbas Indenizatórias e Benefícios / Salário / Especializada em Dissídios Individuais, Data de Publicação: DEJT

Diferença Salarial / Salário por Fora - Integração. 17/06/2016)."

Alegação(ões): No mesmo sentido: ED-AIRR-41600-81.2009.5.01.0050, Rel. Min.

- violação da (o) inciso I do artigo 62 da Consolidação das Leis do Delaíde Miranda Arantes, 2ª Turma, DEJT 29/04/2016; AIRR -

Trabalho. 10356-41.2013.5.15.0039 Data de Julgamento: 25/05/2016, Relator

A recorrente insurge-se contra o v. acórdão, no tocante à Ministro: Alexandre de Souza Agra Belmonte, 3ª Turma, Data de

condenação ao pagamento de horas extras. Publicação: DEJT 03/06/2016; AIRR-65-63.2014.5.05.0026, Rel.

Inviável o recurso quanto à matéria em epígrafe, porque não Min. Cláudio Mascarenhas Brandão, 7ª Turma, DEJT 12/02/2016;

observado o disposto no artigo 896, §1º-A, I, da CLT. Com efeito, a AIRR-369-66.2014.5.10.0012, Rel. Min. Kátia Magalhães Arruda, 6ª

transcrição do tópico inteiro do v. acórdão ou da integralidade da Turma, DEJT 27/11/2015.

análise realizada pela C. Turma, quanto à matéria objeto do CONCLUSÃO

recurso, não atende à exigência do artigo 896, §1º-A, I, da CLT. É DENEGO seguimento ao recurso de revista.

preciso que a parte transcreva o trecho do v. acórdão em que

consta precisamente a tese regional impugnada no recurso de Recurso de: FILLIPE DE OLIVEIRA SCHIMIDEL

revista, ou, ao menos, que destaque de forma clara a tese adotada CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES

e contra a qual se insurge. Nesse sentido: O presente recurso foi apresentado na vigência da Lei 13.467/2017.

"EMBARGOS EM RECURSO DE REVISTA. DECISÃO Vale registrar que, nos termos do art. 896-A, §1º e incisos da CLT,

EMBARGADA PUBLICADA NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014. incumbe ao Tribunal Superior do Trabalho o exame da

RECURSO DE REVISTA QUE NÃO APRESENTA A transcendência do recurso de revista.

TRANSCRIÇÃO DO TRECHO DO ACÓRDÃO REGIONAL QUE PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS

IDENTIFICA O PREQUESTIONAMENTO DA MATÉRIA OBJETO Tempestivo o recurso (ciência da decisão em 04/10/2019 - fl(s)./Id

DO APELO. REQUISITO LEGAL INSCRITO NO ARTIGO 896, § 1º- E4AC37B; petição recursal apresentada em 14/10/2019 - fl(s)./Id

A, I, DA CLT. REDAÇÃO CONFERIDA PELA LEI 13.015/2014. (...) fa3df00).

3 - Embora o dispositivo em comento utilize o verbo "indicar", Regular a representação processual - fl(s.)/Id 1e5fff1.

referindo-se ao requisito formal ali inscrito, esta Corte Superior tem Inexigível o recolhimento de custas, uma vez que a parte recorrente

exigido a transcrição do trecho da decisão regional que não foi condenada a efetuar o preparo - fl(s.)/Ids cb3493a, c532200.

consubstancia o prequestionamento da controvérsia objeto do PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS

apelo, firme no entendimento de que a alteração legislativa DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Penalidades

empreendida pela Lei 13.015/2014, nesse aspecto, constitui Processuais / Multa por ED Protelatórios.

pressuposto de adequação formal de admissibilidade do recurso de Alegação(ões):

revista e se orienta no sentido de propiciar a identificação precisa da - violação do(s) inciso LV do artigo 5º da Constituição Federal.

contrariedade a dispositivo de Lei e a Súmula e do dissenso de - violação da (o) §2º do artigo 1026 do Código de Processo Civil de

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2015. razões recursais, deixando de atender ao exigido pelo artigo 896,

O recorrente insurge-se contra o v. acórdão, no tocante à §8º, da CLT, impedindo o seguimento do apelo, nesse aspecto.

condenação ao pagamento de embargos declaratórios protelatórios. Com efeito, segundo a sistemática imposta pela Lei 13.015/2014,

Tendo a C. Turma condenado o reclamante ao pagamento de multa cabe à parte demonstrar especificamente onde se situa a alegada

por oposição de embargos declaratórios protelatórios, ao divergência de teses entre o acórdão recorrido e os arestos

fundamento de que além dos embargos demonstrarem mero apresentados, no exame de casos concretos idênticos ou

inconformismo com o conteúdo meritório do julgado, o que deve ser semelhantes, ônus do qual não se desincumbiu a parte recorrente.

manejado na via recursal própria, é nítida a intenção da parte de Vale ressaltar que não atende a essa finalidade a mera transcrição

dilatar o prazo recursal, bem como que resta ausente o vício de arestos em bloco ou a simples apresentação de tabela contendo

alegado, não se verifica, em tese, a alegada violação, conforme o trecho do acórdão recorrido e o julgado trazido a confronto.

exige a alínea "c" do artigo 896 Consolidado. Quanto à necessidade do confronto analítico, vale mencionar os

seguintes julgados do TST: E-ED-RR - 552-07.2013.5.06.0231,

DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Partes e Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra Belmonte, SBDI-I, DEJT

Procuradores / Sucumbência / Honorários Advocatícios. 17/06/2016; AIRR - 1124-32.2015.5.11.0011, Relator Ministro:

Alegação(ões): Walmir Oliveira da Costa, 1ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR -

- contrariedade à (ao): Orientação Jurisprudencial nº 360 da SBDI- 10077-02.2014.5.15.0110 , Relatora Ministra: Delaíde Miranda

I/TST. Arantes, 2ª Turma, DEJT 03/07/2017; AIRR - 220-

- violação do(s) artigo 5-C; inciso LXXIV do artigo 5º da Constituição 86.2015.5.11.0051 , Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra

Federal. Belmonte, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 03/07/2017; AIRR -

- violação da (o) §4º do artigo 791-A da Consolidação das Leis do 20027-78.2013.5.04.0012 , Relatora Desembargadora Convocada:

Trabalho. Cilene Ferreira Amaro Santos, 4ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR -

- divergência jurisprudencial. 909-49.2015.5.08.0008, Relator Ministro: Guilherme Augusto

O recorrente insurge-se contra o v. acórdão, que afastou a Caputo Bastos, 5ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR - 47700-

pretensão do reclamante no que tange o não cabimento dos 21.2005.5.01.0041 , Relator Ministro: Aloysio Corrêa da Veiga, Data

honorários advocatícios aos trabalhadores beneficiários da justiça de Julgamento: 30/03/2016, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT

gratuita por entender que a norma não exclui o pagamento dos 01/04/2016; AIRR - 10565-26.2013.5.03.0077 , Relator Ministro:

honorários ante a sucumbência. Cláudio Mascarenhas Brandão, Data de Julgamento: 09/03/2016, 7ª

Tendo a C. Turma manifestado entendimento no sentido de que, no Turma, Data de Publicação: DEJT 18/03/2016; AIRR - 1452-

que tange à exclusão da condenação do reclamante de pagamento 29.2015.5.14.0091 , Relatora Ministra: Dora Maria da Costa, Data

dos honorários advocatícios, por ser beneficiário da Assistência de Julgamento: 10/05/2017, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT

Judiciária ou da Justiça Gratuita, a norma de regência não o exclui 12/05/2017.

da responsabilidade pelo pagamento, conforme dicção do art. 791- CONCLUSÃO

A, § 4º da CLT, não se verifica, em tese, a alegada violação, DENEGO seguimento ao recurso de revista.

conforme exige a alínea "c" do artigo 896 Consolidado. Publique-se.

Ademais, a parte não realizou o confronto analítico entre a tese DESEMBARGADORA SÔNIA DAS DORES DIONÍSIO MENDES

adotada no acórdão recorrido e a orientação jurisprudencial Vice-Presidente

supostamente contrariada, deixando de atender ao exigido pelo /gr-03

artigo 896, §1º-A, III, da CLT, inviabilizando o seguimento do apelo,

nesse aspecto. Assinatura

Com efeito, segundo a sistemática imposta pela Lei 13.015/2014, VITORIA, 2 de Dezembro de 2019

cabe à parte indicar especificamente o motivo pelo qual o acórdão,

ao adotar determinada fundamentação, deixou de observar cada SONIA DAS DORES DIONISIO MENDES

Orientação Jurisprudencial invocada, sendo inviável a mera Desembargador Federal do Trabalho

alegação genérica de contrariedade. Decisão


Processo Nº RORSum-0000148-21.2019.5.17.0010
Além disso, a parte não realizou o confronto analítico entre a tese Relator JAILSON PEREIRA DA SILVA
adotada no acórdão recorrido e cada ementa transcrita em suas RECORRENTE ROBSON DE SOUZA CHAVES

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ADVOGADO JOAQUIM AUGUSTO DE AZEVEDO


SAMPAIO NETTO(OAB: 9624/ES) - divergência jurisprudencial.
ADVOGADO SEDNO ALEXANDRE - Violação à Súmula n.º 125 do STJ.
PELISSARI(OAB: 8573/ES)
ADVOGADO JOAO BATISTA DALLAPICCOLA Pugna pela reforma quanto à incidência do imposto de renda sobre
SAMPAIO(OAB: 4367/ES)
as férias indenizadas.
ADVOGADO ANTONIO AUGUSTO
DALLAPICCOLA SAMPAIO(OAB: No intuito de demonstrar o prequestionamento da matéria em
9588/ES)
RECORRIDO ORGAO DE GESTAO DE MAO-DE- epígrafe, a parte recorrente transcreveu o seguinte trecho do v.
OBRA DO TRAB.PORTUARIO
AVULSO acórdão:
ADVOGADO RAFAELA DA SILVA(OAB: 25194/ES) [...]
ADVOGADO NATHALIA NEVES BURIAN(OAB:
9243/ES) "Por as férias indenizadas terem natureza indenizatória, não há falar

em incidência de imposto de renda, nos termos do artigo 43 do CTN


Intimado(s)/Citado(s):
e da Súmula 125 do STJ. Este é inclusive o entendimento do STJ e
- ORGAO DE GESTAO DE MAO-DE-OBRA DO
TRAB.PORTUARIO AVULSO do TST, consoante ementas abaixo colacionadas: Desta forma,
- ROBSON DE SOUZA CHAVES
nada mais coerente que o reclamado proceda o ressarcimento do

autor pelos valores indevidamente retidos, podendo,

posteriormente, requerer, em ação própria, reembolso junto à


PODER JUDICIÁRIO Receita Federal".
JUSTIÇA DO TRABALHO [...]

Ante o exposto, tendo a C. Turma manifestado entendimento no


Fundamentação
sentido de que as férias indenizadas do trabalhador avulso não tem

a mesma natureza da do trabalhador empregado, pelo que incide,

no caso, imposto de renda, não se verifica, em tese, a alegada

violação, conforme exige a alínea "c" do artigo 896 Consolidado.

A parte não realizou o confronto analítico entre a tese adotada no


RECURSO DE REVISTA
acórdão recorrido e cada ementa transcrita em suas razões
Recorrente(s): ORGAO DE GESTAO DE MAO-DE-OBRA DO
recursais, deixando de atender ao exigido pelo artigo 896, §8º, da
TRAB.PORTUARIO AVULSO
CLT, impedindo o seguimento do apelo, nesse aspecto.
Advogado(a)(s): NATHALIA NEVES BURIAN (ES - 9243)
Com efeito, segundo a sistemática imposta pela Lei 13.015/2014,
RAFAELA DA SILVA (ES - 25194)
cabe à parte demonstrar especificamente onde se situa a alegada
Recorrido(a)(s): ROBSON DE SOUZA CHAVES
divergência de teses entre o acórdão recorrido e os arestos
Advogado(a)(s): ANTONIO AUGUSTO DALLAPICCOLA SAMPAIO
apresentados, no exame de casos concretos idênticos ou
(ES - 9588)
semelhantes, ônus do qual não se desincumbiu a parte recorrente.
JOAO BATISTA DALLAPICCOLA SAMPAIO (ES - 4367)
Vale ressaltar que não atende a essa finalidade a mera transcrição
SEDNO ALEXANDRE PELISSARI (ES - 8573)
de arestos em bloco ou a simples apresentação de tabela contendo
JOAQUIM AUGUSTO DE AZEVEDO SAMPAIO NETTO (ES - 9624)
o trecho do acórdão recorrido e o julgado trazido a confronto.
PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS
Quanto à necessidade do confronto analítico, vale mencionar os
Tempestivo o recurso (ciência da decisão em 25/10/2019 - fl(s)./Id
seguintes julgados do TST: E-ED-RR - 552-07.2013.5.06.0231,
6722BF8; petição recursal apresentada em 06/11/2019 - fl(s)./Id
Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra Belmonte, SBDI-I, DEJT
61ef0c2).
17/06/2016; AIRR - 1124-32.2015.5.11.0011, Relator Ministro:
Regular a representação processual - fl(s.)/Id ID. af4e2aa.
Walmir Oliveira da Costa, 1ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR -
Satisfeito o preparo, nos termos da Súmula 25, II, do TST.
10077-02.2014.5.15.0110 , Relatora Ministra: Delaíde Miranda
PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS
Arantes, 2ª Turma, DEJT 03/07/2017; AIRR - 220-
Remuneração, Verbas Indenizatórias e Benefícios / Gratificação /
86.2015.5.11.0051 , Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra
Gratificação de Férias.
Belmonte, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 03/07/2017; AIRR -
Alegação(ões):
20027-78.2013.5.04.0012 , Relatora Desembargadora Convocada:
- violação da (o) artigo 43 do Código Tributário Nacional; inciso V do
Cilene Ferreira Amaro Santos, 4ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR -
artigo 6º da Lei nº 7713/1988; artigo 2º da Lei nº 9719/1998; artigo
909-49.2015.5.08.0008, Relator Ministro: Guilherme Augusto
4º da Lei nº 9719/1998.

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Caputo Bastos, 5ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR - 47700-


PODER JUDICIÁRIO
21.2005.5.01.0041 , Relator Ministro: Aloysio Corrêa da Veiga, Data
JUSTIÇA DO TRABALHO
de Julgamento: 30/03/2016, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT

01/04/2016; AIRR - 10565-26.2013.5.03.0077 , Relator Ministro: Fundamentação

Cláudio Mascarenhas Brandão, Data de Julgamento: 09/03/2016, 7ª RECURSO DE REVISTA

Turma, Data de Publicação: DEJT 18/03/2016; AIRR - 1452- Lei 13.015/2014

29.2015.5.14.0091 , Relatora Ministra: Dora Maria da Costa, Data Lei 13.467/2017

de Julgamento: 10/05/2017, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT Recorrente(s): PETROLEO BRASILEIRO S A PETROBRAS

12/05/2017. Advogado(a)(s): ANANGELICA FADLALAH BERNARDO (ES -

A análise de contrariedade se restringe aos arestos oriundos dos 14257)

órgãos elencados na alínea "a" do art. 896, da CLT. Tal comando Recorrido(a)(s): MAURICIO MOREIRA PIRES

não foi observado pela parte recorrente (Súmula oriunda do STJ), Advogado(a)(s): GEORGE RODRIGUES VIANA (ES - 19492)

impossibilitando o pretendido confronto de teses e, CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES

consequentemente, inviabilizando o prosseguimento do recurso, no O presente recurso foi apresentado na vigência da Lei 13.467/2017.

aspecto. Vale registrar que, nos termos do art. 896-A, §1º e incisos da CLT,

CONCLUSÃO incumbe ao Tribunal Superior do Trabalho o exame da

DENEGO seguimento ao recurso de revista. transcendência do recurso de revista.

Publique-se. PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS

ANA PAULA TAUCEDA BRANCO Tempestivo o recurso (ciência da decisão em 14/10/2019 - fl(s)./Id

Desembargadora-Presidente 0EACD55; petição recursal apresentada em 24/10/2019 - fl(s)./Id

/gr-13 39d89fc).

Regular a representação processual - fl(s.)/Id 19908ea, b13a745.

Satisfeito o preparo - fl(s)./Id 61f72f4, f405f24, 8bf90ee, ac5e97a e

Assinatura 038be52.

VITORIA, 2 de Dezembro de 2019 PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS

Duração do Trabalho / Turno Ininterrupto de Revezamento

SONIA DAS DORES DIONISIO MENDES Duração do Trabalho / Horas Extras / Divisor

Desembargador Federal do Trabalho Alegação(ões):

Decisão - violação do artigo 5-C; inciso I do artigo 5º; inciso XXXVI do artigo
Processo Nº ROT-0000412-47.2019.5.17.0007
5º; inciso VI do artigo 7º; inciso XXVI do artigo 7º da Constituição
Relator JOSE CARLOS RIZK
RECORRENTE MAURICIO MOREIRA PIRES A recorrente insurge-se contra o divisor de horas extras aplicado
ADVOGADO GEORGE RODRIGUES VIANA(OAB: para o trabalho em turno ininterrupto de revezamento.
19492/ES)
RECORRENTE PETROLEO BRASILEIRO S A No intuito de demonstrar o prequestionamento da matéria em
PETROBRAS
epígrafe, a parte recorrente transcreveu o seguinte trecho do v.
ADVOGADO ANANGELICA FADLALAH
BERNARDO(OAB: 14257/ES) acórdão:
RECORRIDO PETROLEO BRASILEIRO S A
PETROBRAS "(...)
ADVOGADO ANANGELICA FADLALAH Incontroverso que o autor está submetido ao regime de trabalho de
BERNARDO(OAB: 14257/ES)
RECORRIDO MAURICIO MOREIRA PIRES 12 (doze) horas, constando em seus comprovantes de depósito
ADVOGADO GEORGE RODRIGUES VIANA(OAB: bancário que o seu Total de Horas Mensais - THM era de 168
19492/ES)
(cento e sessenta e oito), conforme ID. 98f68da.
Intimado(s)/Citado(s): O acordo coletivo de trabalho 2015/2017 prevê em sua cláusula
- MAURICIO MOREIRA PIRES
quinze que o reclamado, ao apurar o salário hora de trabalhadores
- PETROLEO BRASILEIRO S A PETROBRAS
na situação do reclamante, que trabalham em turno ininterrupto de

doze horas, deverá utilizar o THM/Divisor de 168 (cento e sessenta

horas), correspondente a uma jornada de 144 (cento e quarenta e

quatro) horas mais 1/6 (um sexto) atinente ao repouso semanal

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remunerado, de 24 (vinte e quatro) horas. Belmonte, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 03/07/2017; AIRR -

O reclamado sustenta que está cumprindo determinação contida na 20027-78.2013.5.04.0012 , Relatora Desembargadora Convocada:

ação civil coletiva nº 0005500-37.2005.5.01.0481, que determinou a Cilene Ferreira Amaro Santos, 4ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR -

majoração do divisor para 360 (trezentos e sessenta) com relação 909-49.2015.5.08.0008, Relator Ministro: Guilherme Augusto

aos empregados que laborem em regime em turno ininterrupto de Caputo Bastos, 5ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR - 47700-

12 (doze) horas, correspondendo a uma jornada de 144 (cento e 21.2005.5.01.0041 , Relator Ministro: Aloysio Corrêa da Veiga, Data

quarenta e quatro) horas mais o repouso majorado calculado pela de Julgamento: 30/03/2016, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT

fórmula 144 x 1,5, o que dá 216 (duzentos e dezesseis) horas, de 01/04/2016; AIRR - 10565-26.2013.5.03.0077 , Relator Ministro:

forma que 144 + 216 = 360. Cláudio Mascarenhas Brandão, Data de Julgamento: 09/03/2016, 7ª

Analisando-se a sentença e o acórdão de agravo de petição Turma, Data de Publicação: DEJT 18/03/2016; AIRR - 1452-

proferidos na ação civil coletiva, constata-se que a majoração do 29.2015.5.14.0091 , Relatora Ministra: Dora Maria da Costa, Data

divisor teve como escopo o cálculo das horas extras a repercutir de Julgamento: 10/05/2017, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT

sobre o repouso remunerado, mas o reclamado está utilizando o 12/05/2017.

divisor majorado de 360 para o cálculo dos reflexos das horas CONCLUSÃO

extras sobre outras parcelas. DENEGO seguimento ao recurso de revista.

Entende-se que a sentença coletiva, que fixou a condenação Publique-se.

apenas quanto aos reflexos das horas extras no repouso semanal ANA PAULA TAUCEDA BRANCO

remunerado, não pode ter o alcance de afastar as disposições Desembargadora-Presidente

contidas no acordo coletivo quanto ao divisor para os cálculos das /gr-11

demais parcelas.

Ademais, a própria sentença coletiva foi desconstituída pelo TST na Assinatura

ação rescisória nº 0005222-70.2013.5.00.0000 e ainda que esta VITORIA, 3 de Dezembro de 2019

ação ainda não tenha transitado em julgado, conclui-se que a

sentença desconstituída não poderia servir como fundamento para ANA PAULA TAUCEDA BRANCO

que o reclamado deixasse de cumprir as disposições expressas Desembargador Federal do Trabalho

contidas no acordo coletivo. Decisão


Processo Nº RORSum-0000482-55.2019.5.17.0010
Portanto, deve ser mantida a sentença quanto ao deferimento dos Relator WANDA LUCIA COSTA LEITE
FRANCA DECUZZI
pedidos autorais.
RECORRENTE JAILSON EFFEGEM NETO
Nega-se provimento." ADVOGADO RAFAELLA CHRISTINA
BENICIO(OAB: 17409/ES)
A parte não realizou o confronto analítico entre a tese adotada no
RECORRIDO SUPERGASBRAS ENERGIA LTDA
acórdão recorrido e cada preceito constitucional dito violado, ADVOGADO IVANILDO JOSE CAETANO(OAB:
7422/ES)
deixando de atender ao exigido pelo artigo 896, §1º-A, III, da CLT,

inviabilizando o seguimento do apelo, nesse aspecto. Intimado(s)/Citado(s):


Com efeito, segundo a sistemática imposta pela Lei 13.015/2014, - JAILSON EFFEGEM NETO
- SUPERGASBRAS ENERGIA LTDA
cabe à parte indicar especificamente o motivo pelo qual o acórdão,

ao adotar determinada fundamentação, incidiu em afronta a cada

um dos preceitos ditos violados, sendo inviável a alegação genérica

de violações em bloco. PODER JUDICIÁRIO


Quanto à necessidade do confronto analítico, vale mencionar os JUSTIÇA DO TRABALHO
seguintes julgados do TST: E-ED-RR - 552-07.2013.5.06.0231,
Fundamentação
Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra Belmonte, SBDI-I, DEJT

17/06/2016; AIRR - 1124-32.2015.5.11.0011, Relator Ministro:

Walmir Oliveira da Costa, 1ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR -

10077-02.2014.5.15.0110 , Relatora Ministra: Delaíde Miranda

Arantes, 2ª Turma, DEJT 03/07/2017; AIRR - 220-


RECURSO DE REVISTA
86.2015.5.11.0051 , Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra
Lei 13.015/2014

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 130
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Lei 13.467/2017 pressuposto de adequação formal de admissibilidade do recurso de

Recorrente(s): SUPERGASBRAS ENERGIA LTDA revista e se orienta no sentido de propiciar a identificação precisa da

Advogado(a)(s): IVANILDO JOSE CAETANO (ES - 7422) contrariedade a dispositivo de Lei e a Súmula e do dissenso de

Recorrido(a)(s): JAILSON EFFEGEM NETO teses, afastando-se os recursos de revista que impugnam de forma

Advogado(a)(s): RAFAELLA CHRISTINA BENICIO (ES - 17409) genérica a decisão regional e conduzem sua admissibilidade para

CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES um exercício exclusivamente subjetivo pelo julgador de verificação e

O presente recurso foi apresentado na vigência da Lei 13.467/2017. adequação formal do apelo. Assim, a necessidade da transcrição do

Vale registrar que, nos termos do art. 896-A, §1º e incisos da CLT, trecho que consubstancia a violação e as contrariedades indicadas,

incumbe ao Tribunal Superior do Trabalho o exame da e da demonstração analítica da divergência jurisprudencial, visa a

transcendência do recurso de revista. permitir a identificação precisa e objetiva da tese supostamente

PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS ofensiva a lei, à segurança das relações jurídicas e à isonomia das

Tempestivo o recurso (ciência da decisão em 09/10/2019 - Id decisões judiciais, de modo que contribua para a celeridade da

0481F3A; petição recursal apresentada em 21/10/2019 - Id prestação jurisdicional, possibilite a formação de precedentes como

b90d201). elementos de estabilidade e a decisão do TST contribua para a

Regular a representação processual - Id 32a3375, effb05e. formação da jurisprudência nacionalmente unificada. (...) (E-ED-RR

Satisfeito o preparo - Id d7407b9, cafc1f5, 266ee56, f60d359 e - 552-07.2013.5.06.0231, Relator Ministro: Alexandre de Souza

6346a32, 1652c85. Agra Belmonte, Data de Julgamento: 09/06/2016, Subseção I

PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS Especializada em Dissídios Individuais, Data de Publicação: DEJT

Remuneração, Verbas Indenizatórias e Benefícios / Adicional / 17/06/2016)."

Adicional de Periculosidade No mesmo sentido: ED-AIRR-41600-81.2009.5.01.0050, Rel. Min.

Alegação(ões): Delaíde Miranda Arantes, 2ª Turma, DEJT 29/04/2016; AIRR -

Insurge-se em face da determinação que a reclamada retifique as 10356-41.2013.5.15.0039 Data de Julgamento: 25/05/2016, Relator

guias PPP do reclamante, a fim de fazer constar também o GLP Ministro: Alexandre de Souza Agra Belmonte, 3ª Turma, Data de

como fator de risco (campo "15.3"). Publicação: DEJT 03/06/2016; AIRR-65-63.2014.5.05.0026, Rel.

Inviável o recurso quanto à matéria em epígrafe, porque não Min. Cláudio Mascarenhas Brandão, 7ª Turma, DEJT 12/02/2016;

observado o disposto no artigo 896, §1º-A, I, da CLT. Com efeito, a AIRR-369-66.2014.5.10.0012, Rel. Min. Kátia Magalhães Arruda, 6ª

transcrição do tópico inteiro do v. acórdão ou da integralidade da Turma, DEJT 27/11/2015.

análise realizada pela C. Turma, quanto à matéria objeto do CONCLUSÃO

recurso, não atende à exigência do artigo 896, §1º-A, I, da CLT. É DENEGO seguimento ao recurso de revista.

preciso que a parte transcreva o trecho do v. acórdão em que Publique-se.

consta precisamente a tese regional impugnada no recurso de Desembargadora SÔNIA DAS DORES DIONÍSIO MENDES

revista, ou, ao menos, que destaque de forma clara a tese adotada Vice-Presidente

e contra a qual se insurge. Nesse sentido: /gr-02

"EMBARGOS EM RECURSO DE REVISTA. DECISÃO

EMBARGADA PUBLICADA NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014. Assinatura

RECURSO DE REVISTA QUE NÃO APRESENTA A VITORIA, 2 de Dezembro de 2019

TRANSCRIÇÃO DO TRECHO DO ACÓRDÃO REGIONAL QUE

IDENTIFICA O PREQUESTIONAMENTO DA MATÉRIA OBJETO SONIA DAS DORES DIONISIO MENDES

DO APELO. REQUISITO LEGAL INSCRITO NO ARTIGO 896, § 1º- Desembargador Federal do Trabalho

A, I, DA CLT. REDAÇÃO CONFERIDA PELA LEI 13.015/2014. (...) Decisão


Processo Nº ROT-0001339-49.2015.5.17.0008
3 - Embora o dispositivo em comento utilize o verbo "indicar", Relator JOSE LUIZ SERAFINI
referindo-se ao requisito formal ali inscrito, esta Corte Superior tem RECORRENTE TELEFONICA BRASIL S.A.
ADVOGADO MARCO AURELIO GUIMARAES(OAB:
exigido a transcrição do trecho da decisão regional que 22181/PR)
consubstancia o prequestionamento da controvérsia objeto do ADVOGADO JOSE ALBERTO COUTO
MACIEL(OAB: 513/DF)
apelo, firme no entendimento de que a alteração legislativa RECORRENTE GILSON LOPES MATIAS
empreendida pela Lei 13.015/2014, nesse aspecto, constitui

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 131
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

ADVOGADO ALINE SIMONELLI MOREIRA(OAB:


20548/ES) Inviável o recurso quanto à matéria em epígrafe, porque não
RECORRIDO TELEFONICA BRASIL S.A. observado o disposto no artigo 896, §1º-A, I, da CLT. Com efeito, a
ADVOGADO MARCO AURELIO GUIMARAES(OAB:
22181/PR) transcrição do tópico inteiro do v. acórdão ou da integralidade da
ADVOGADO JOSE ALBERTO COUTO análise realizada pela C. Turma, quanto à matéria objeto do
MACIEL(OAB: 513/DF)
RECORRIDO GILSON LOPES MATIAS recurso, não atende à exigência do artigo 896, §1º-A, I, da CLT. É
ADVOGADO ALINE SIMONELLI MOREIRA(OAB: preciso que a parte transcreva o trecho do v. acórdão em que
20548/ES)
consta precisamente a tese regional impugnada no recurso de
Intimado(s)/Citado(s):
revista, ou, ao menos, que destaque de forma clara a tese adotada
- GILSON LOPES MATIAS
e contra a qual se insurge. Nesse sentido:
- TELEFONICA BRASIL S.A.
"EMBARGOS EM RECURSO DE REVISTA. DECISÃO

EMBARGADA PUBLICADA NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014.

RECURSO DE REVISTA QUE NÃO APRESENTA A


PODER JUDICIÁRIO
TRANSCRIÇÃO DO TRECHO DO ACÓRDÃO REGIONAL QUE
JUSTIÇA DO TRABALHO
IDENTIFICA O PREQUESTIONAMENTO DA MATÉRIA OBJETO

Fundamentação DO APELO. REQUISITO LEGAL INSCRITO NO ARTIGO 896, § 1º-

RECURSO DE REVISTA A, I, DA CLT. REDAÇÃO CONFERIDA PELA LEI 13.015/2014. (...)

Lei 13.015/2014 3 - Embora o dispositivo em comento utilize o verbo "indicar",

Lei 13.467/2017 referindo-se ao requisito formal ali inscrito, esta Corte Superior tem

Recorrente(s): TELEFONICA BRASIL S.A. exigido a transcrição do trecho da decisão regional que

Advogado(a)(s): MARCO AURELIO GUIMARAES (PR - 22181) consubstancia o prequestionamento da controvérsia objeto do

JOSÉ ALBERTO COUTO MACIEL (DF - 513) apelo, firme no entendimento de que a alteração legislativa

Recorrido(a)(s): GILSON LOPES MATIAS empreendida pela Lei 13.015/2014, nesse aspecto, constitui

Advogado(a)(s): ALINE SIMONELLI MOREIRA (ES - 20548) pressuposto de adequação formal de admissibilidade do recurso de

CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES revista e se orienta no sentido de propiciar a identificação precisa da

O presente recurso foi apresentado na vigência da Lei 13.467/2017. contrariedade a dispositivo de Lei e a Súmula e do dissenso de

Vale registrar que, nos termos do art. 896-A, §1º e incisos da CLT, teses, afastando-se os recursos de revista que impugnam de forma

incumbe ao Tribunal Superior do Trabalho o exame da genérica a decisão regional e conduzem sua admissibilidade para

transcendência do recurso de revista. um exercício exclusivamente subjetivo pelo julgador de verificação e

PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS adequação formal do apelo. Assim, a necessidade da transcrição do

Tempestivo o recurso (ciência da decisão em 01/10/2018 - fl(s)./Id trecho que consubstancia a violação e as contrariedades indicadas,

88DF86B; petição recursal apresentada em 11/10/2018 - fl(s)./Id e da demonstração analítica da divergência jurisprudencial, visa a

f0afc29). permitir a identificação precisa e objetiva da tese supostamente

Contudo, o recurso não merece seguimento, porque irregular a ofensiva a lei, à segurança das relações jurídicas e à isonomia das

representação. Com efeito, verifica-se que o subscritor do recurso, decisões judiciais, de modo que contribua para a celeridade da

Dr. José Alberto Couto Maciel - OAB/DF 513, não figura como prestação jurisdicional, possibilite a formação de precedentes como

outorgado nos instrumentos de mandato juntados pela recorrente elementos de estabilidade e a decisão do TST contribua para a

(Id 2075958, 5c7e6c3), e que também não ficou caracterizado o formação da jurisprudência nacionalmente unificada. (...) (E-ED-RR

mandato tácito (ata de audiência - Id 96267f7), em inobservância ao - 552-07.2013.5.06.0231, Relator Ministro: Alexandre de Souza

disposto no artigo 104, caput, do CPC/2015 e na Súmula 383, I, do Agra Belmonte, Data de Julgamento: 09/06/2016, Subseção I

TST (nova redação em decorrência do CPC de 2015 - Res. Especializada em Dissídios Individuais, Data de Publicação: DEJT

210/2016, DEJT divulgado em 30.06.2016 e 01 e 04.07.2016). 17/06/2016)."

Satisfeito o preparo - fl(s)./Id c3bd55c, 214bbc9 e cae1934, c1f2732 No mesmo sentido: ED-AIRR-41600-81.2009.5.01.0050, Rel. Min.

e 69e5cff, 9e19fbd e d12ea36 e 4788849. Delaíde Miranda Arantes, 2ª Turma, DEJT 29/04/2016; AIRR -

PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS 10356-41.2013.5.15.0039 Data de Julgamento: 25/05/2016, Relator

DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Atos Ministro: Alexandre de Souza Agra Belmonte, 3ª Turma, Data de

Processuais / Nulidade / Negativa de Prestação Jurisdicional Publicação: DEJT 03/06/2016; AIRR-65-63.2014.5.05.0026, Rel.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 132
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Min. Cláudio Mascarenhas Brandão, 7ª Turma, DEJT 12/02/2016; Cláudio Mascarenhas Brandão, Data de Julgamento: 09/03/2016, 7ª

AIRR-369-66.2014.5.10.0012, Rel. Min. Kátia Magalhães Arruda, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT 18/03/2016; AIRR - 1452-

Turma, DEJT 27/11/2015. 29.2015.5.14.0091 , Relatora Ministra: Dora Maria da Costa, Data

de Julgamento: 10/05/2017, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT

Remuneração, Verbas Indenizatórias e Benefícios 12/05/2017.

Alegação(ões): CONCLUSÃO

- violação do §1º do artigo 457 da Consolidação das Leis do DENEGO seguimento ao recurso de revista.

Trabalho. Publique-se.

A recorrente insurge-se contra o reconhecimento da natureza DESEMBARGADORA SÔNIA DAS DORES DIONÍSIO MENDES

salarial ao programa de incentivo variável. Vice-Presidente

No intuito de demonstrar o prequestionamento da matéria em /gr-11

epígrafe, a parte recorrente transcreveu o seguinte trecho do v.

acórdão: Assinatura

"(...) VITORIA, 2 de Dezembro de 2019

Apenas em relação à natureza da verba é que não assiste razão à

recorrente, pois conforme anteriormente mencionado, devido à SONIA DAS DORES DIONISIO MENDES

habitualidade no pagamento, ainda que se trate de prêmio pelo Desembargador Federal do Trabalho

desempenho do empregado, deve-se reconhecer a natureza salarial Despacho


da parcela, na forma do artigo 457, § 1º da CLT. Impõe-se assim a Despacho
Processo Nº ROT-0000677-39.2016.5.17.0012
manutenção da sentença, eis que em consonância com a previsão Relator DANIELE CORREA SANTA
CATARINA
legal."
RECORRENTE CARLA RODRIGUES EDUARDO
A parte não realizou o confronto analítico entre a tese adotada no JARETA
ADVOGADO ANTONIO AUGUSTO
acórdão recorrido e o preceito legal dito violado, deixando de DALLAPICCOLA SAMPAIO(OAB:
9588/ES)
atender ao exigido pelo artigo 896, §1º-A, III, da CLT, inviabilizando
RECORRIDO COMPROCARD AGENCIADORA
o seguimento do apelo, nesse aspecto. LTDA
ADVOGADO JOAO PEREIRA GOMES
Com efeito, segundo a sistemática imposta pela Lei 13.015/2014, NETTO(OAB: 13411/ES)
cabe à parte indicar especificamente o motivo pelo qual o acórdão, RECORRIDO SINDICATO DAS EMPRESAS DE
TRANSPORTE METROPOLITANO DA
ao adotar determinada fundamentação, incidiu em afronta a cada GRANDE VITORIA - GV-BUS
ADVOGADO CINARA GUIMARAES ANDRADE
um dos preceitos ditos violados, sendo inviável a alegação genérica CALABREZ(OAB: 10179/ES)
de violações em bloco. ADVOGADO RONALDO FERREIRA
TOLENTINO(OAB: 17384/DF)
Quanto à necessidade do confronto analítico, vale mencionar os ADVOGADO HUGO OLIVEIRA HORTA
BARBOSA(OAB: 19769/DF)
seguintes julgados do TST: E-ED-RR - 552-07.2013.5.06.0231,
RECORRIDO SINDICATO DAS EMP DE TRANSP
Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra Belmonte, SBDI-I, DEJT DE PASSAGEIROS DO E E SANTO
ADVOGADO MARCOS ALEXANDRE ALVES
17/06/2016; AIRR - 1124-32.2015.5.11.0011, Relator Ministro: DIAS(OAB: 10378/ES)
Walmir Oliveira da Costa, 1ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR - TERCEIRO MARIA GIOVANA MAUORDI
INTERESSADO
10077-02.2014.5.15.0110 , Relatora Ministra: Delaíde Miranda TERCEIRO NADYANE SANTANA LIMA LENZI
INTERESSADO
Arantes, 2ª Turma, DEJT 03/07/2017; AIRR - 220-
TERCEIRO HEMERSON BUSSOLOTTI DANTAS
86.2015.5.11.0051 , Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra INTERESSADO

Belmonte, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 03/07/2017; AIRR -


Intimado(s)/Citado(s):
20027-78.2013.5.04.0012 , Relatora Desembargadora Convocada: - CARLA RODRIGUES EDUARDO JARETA
Cilene Ferreira Amaro Santos, 4ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR - - COMPROCARD AGENCIADORA LTDA
- SINDICATO DAS EMP DE TRANSP DE PASSAGEIROS DO E
909-49.2015.5.08.0008, Relator Ministro: Guilherme Augusto E SANTO
Caputo Bastos, 5ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR - 47700- - SINDICATO DAS EMPRESAS DE TRANSPORTE
METROPOLITANO DA GRANDE VITORIA - GV-BUS
21.2005.5.01.0041 , Relator Ministro: Aloysio Corrêa da Veiga, Data

de Julgamento: 30/03/2016, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT

01/04/2016; AIRR - 10565-26.2013.5.03.0077 , Relator Ministro:

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 133
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

ADVOGADO KLEBER CORTELETTI


PEREIRA(OAB: 15970/ES)
PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA DO TRABALHO Intimado(s)/Citado(s):


- JOHNY BRAYAN CAMPOS DE ASSIS
Fundamentação - UBIRATAN BUSQUET DE OLIVEIRA - ME

PJe n.º 0000677-39.2016.5.17.0012

GABINETE DA PRESIDÊNCIA/ES
PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA DO TRABALHO
DESPACHO

Fundamentação

Vistos, etc. Embora condenada a proceder ao pagamento de R$10.000,00 a

Considerando-se que o instrumento de mandato do sindicato título de depósito recursal e a recolher R$200,00 a título de custas

recorrente (Id 2769f22), outorgado à Dra. Cinara Guimarães processuais por força do acórdão IDID5827721, a Recorrente

Andrade Calabrez - OAB/ES nº 4939 (causídica que substabeleceu quedou-se inerte.

poderes ao subscritor do recurso de revista no Id 379edf3), não se Postula a Reclamada, preliminarmente, a concessão dos benefícios

reveste de validade, porque não contém qualquer identificação do da justiça gratuita, nos termos dos arts. 98 e 99 do CPC/2015 e 790

representante legal da pessoa jurídica outorgante do mandato -A e 899, §1º, da CLT, em razão de sua condição de

(Súmula 456, I, do C. TST), intime-se o recorrente para sanar a hipossuficiência financeira, que estaria devidamente demonstrada

irregularidade de representação, em cinco dias, sob pena de não nos autos.

seguimento de seu recurso de revista, nos termos do artigo 76 do Sem razão.

CPC/2015, da Súmula 456, III/TST e da Súmula 383, II/TST. O instituto da gratuidade da Justiça decorre do direito fundamental

Após, cumprida ou não a determinação judicial pela parte, retorne que todos os necessitados economicamente possuem de terem

os autos para análise da admissibilidade dos recursos de revista assistência jurídica integral e gratuita (LXXIV do art. 5º da CR),

interpostos. razão pela qual, para dar efetividade a tal inafastável comando

constitucional (acesso à Justiça, direito de ação e inafastabilidade

ANA PAULA TAUCEDA BRANCO da jurisdição), àqueles indivíduos desprovidos dos recursos

Desembargadora-Presidente financeiros necessários à defesa judicial de seus interesses e

direitos é garantido que não arquem com os custos do processo, o

que compreende o rol previsto no §1º do art. 98 do CPC.

Aliás, vale destacar que atualmente, em matéria laboral, a

gratuidade da Justiça é regulamentada pelo §3º do art. 790 da CLT

Assinatura e complementado pelo §4º do mesmo dispositivo legal, e, por força

VITORIA, 3 de Dezembro de 2019 do art. 8º da CLT c/c o art. 15 do CPC, naquilo em que não haja

incompatibilidade com a principiologia processual trabalhista,

ANA PAULA TAUCEDA BRANCO também pelos arts. 98 a 102 do CPC, inclusive, por força dos quais

Desembargador Federal do Trabalho restaram revogados os arts. 2º, 3º, 4º,6º, 7º, 11, 12 e 17, todos da
Despacho Lei n.º 1.060/50 que, originariamente, era quem estabelecia as
Processo Nº ROT-0000881-04.2016.5.17.0006
Relator WANDA LUCIA COSTA LEITE normas voltadas a concessão da assistência judiciária aos
FRANCA DECUZZI
necessitados na Justiça do Trabalho.
RECORRENTE JOHNY BRAYAN CAMPOS DE ASSIS
ADVOGADO FABRICIO DA SILVA Porém, a partir da entrada em vigor da Lei n.º 13.467/17, houve
MEIRELLES(OAB: 20962/ES)
modificação no art. 790 da CLT, com a inclusão de seu §4º, que
RECORRENTE UBIRATAN BUSQUET DE OLIVEIRA -
ME assim leciona:
ADVOGADO KLEBER CORTELETTI
PEREIRA(OAB: 15970/ES) § 4o O benefício da justiça gratuita será concedido à parte que
RECORRIDO JOHNY BRAYAN CAMPOS DE ASSIS comprovar insuficiência de recursos para o pagamento das custas
ADVOGADO FABRICIO DA SILVA
MEIRELLES(OAB: 20962/ES) do processo.
RECORRIDO UBIRATAN BUSQUET DE OLIVEIRA - Tal dispositivo, ao indicar que a justiça gratuita será deferida à parte
ME

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 134
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

que comprovar insuficiência de recursos, abre seu espectro para razão pela qual, para dar efetividade a tal inafastável comando

possibilitar a extensão do direito também às pessoas jurídicas, constitucional (acesso à Justiça, direito de ação e inafastabilidade

desde que, repita-se, comprove a impossibilidade de arcar com os da jurisdição), àqueles indivíduos desprovidos dos recursos

custos do processo. financeiros necessários à defesa judicial de seus interesses e

No caso dos autos, a Reclamada não traz aos autos documentos direitos é garantido que não arquem com os custos do processo, o

que permitam concluir por sua insuficiência econômica, que compreende o rol previsto no §1º do art. 98 do CPC.

circunstância que obsta o deferimento da isenção da Aliás, vale destacar que atualmente, em matéria laboral, a

obrigatoriedade de preparo. gratuidade da Justiça é regulamentada pelo §3º do art. 790 da CLT

Assim, intime-se a Reclamada para, no prazo de 05 (cinco) dias, e complementado pelo §4º do mesmo dispositivo legal, e, por força

realizar o preparo recursal, nos termos e sob as penas do §7º do do art. 8º da CLT c/c o art. 15 do CPC, naquilo em que não haja

art. 99 do CPC/15 e, ainda, da nova redação da OJ n.º 140 da SDI- incompatibilidade com a principiologia processual trabalhista,

1 do TST e da nova redação da OJ n.º 269 da SDI-1 do TST. também pelos arts. 98 a 102 do CPC, inclusive, por força dos quais

restaram revogados os arts. 2º, 3º, 4º,6º, 7º, 11, 12 e 17, todos da

Assinatura Lei n.º 1.060/50 que, originariamente, era quem estabelecia as

VITORIA, 3 de Dezembro de 2019 normas voltadas a concessão da assistência judiciária aos

necessitados na Justiça do Trabalho.

ANA PAULA TAUCEDA BRANCO Porém, a partir da entrada em vigor da Lei n.º 13.467/17, houve

Desembargador Federal do Trabalho modificação no art. 790 da CLT, com a inclusão de seu §4º, que
Despacho assim leciona:
Processo Nº ROT-0001660-28.2017.5.17.0004
Relator MARCELLO MACIEL MANCILHA § 4o O benefício da justiça gratuita será concedido à parte que
RECORRENTE PAULO ROBERTO ROCHA JUNIOR comprovar insuficiência de recursos para o pagamento das custas
ADVOGADO ELAINE MARIA DA SILVA(OAB:
18987/ES) do processo.
ADVOGADO JOSE ROGERIO ALVES(OAB: Tal dispositivo, ao indicar que a justiça gratuita será deferida à parte
4655/ES)
RECORRIDO ICS MANUTENCAO E MONTAGENS que comprovar insuficiência de recursos, abre seu espectro para
LTDA - ME
possibilitar a extensão do direito também às pessoas jurídicas,
RECORRIDO TROPICAL COMERCIO E SERVICOS
LTDA - ME desde que, repita-se, comprove a impossibilidade de arcar com os
ADVOGADO GUILHERME MACHADO
COSTA(OAB: 11285/ES) custos do processo.
ADVOGADO JENEFER LAPORTI PALMEIRA(OAB: No caso dos autos, a Reclamada não traz ao processo documentos
8670/ES)
que permitam concluir por sua insuficiência econômica,
Intimado(s)/Citado(s): circunstância que obsta o deferimento da gratuidade de justiça
- PAULO ROBERTO ROCHA JUNIOR almejada pela Recorrente.
- TROPICAL COMERCIO E SERVICOS LTDA - ME
Intime-se a Reclamada para, no prazo de 05 (cinco) dias, realizar o

preparo recursal, nos termos e sob as penas do §7º do art. 99 do

CPC/15 e, ainda, da nova redação da OJ n.º 140 da SDI-1 do TST e


PODER JUDICIÁRIO da nova redação da OJ n.º 269 da SDI-1 do TST.
JUSTIÇA DO TRABALHO

Assinatura
Fundamentação
VITORIA, 3 de Dezembro de 2019
Postula a Reclamada, preliminarmente, a concessão dos benefícios

da justiça gratuita, nos termos dos arts. 98 e 99 do CPC/2015 e 790


ANA PAULA TAUCEDA BRANCO
-A e 899, §1º, da CLT, em razão de sua condição de
Desembargador Federal do Trabalho
hipossuficiência financeira, que estaria devidamente demonstrada
Despacho
nos autos. Processo Nº AP-0000367-30.2018.5.17.0152
Sem razão. Relator CLAUDIO ARMANDO COUCE DE
MENEZES
O instituto da gratuidade da Justiça decorre do direito fundamental AGRAVANTE SAMARCO MINERACAO S.A.
que todos os necessitados economicamente possuem de terem ADVOGADO RODRIGO DE ALBUQUERQUE
BENEVIDES MENDONCA(OAB:
assistência jurídica integral e gratuita (LXXIV do art. 5º da CR), 8545/ES)

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 135
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

AGRAVADO VALE S.A. CUSTOS LEGIS MINISTÉRIO PÚBLICO DO


TRABALHO
ADVOGADO ANABELA GALVAO(OAB: 5670/ES)
AGRAVADO MOISES DA CRUZ COSTA
Intimado(s)/Citado(s):
ADVOGADO MARCELO S THIAGO PEREIRA(OAB:
4955/ES) - BRAVAMAR SERVICOS MARITIMOS LTDA - EPP

Intimado(s)/Citado(s):
- MOISES DA CRUZ COSTA
- SAMARCO MINERACAO S.A.
PODER JUDICIÁRIO
- VALE S.A.
JUSTIÇA DO TRABALHO

PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA DO TRABALHO

Fundamentação

PJe n.º 0000367-30.2018.5.17.0152 RECURSO DE REVISTA

GABINETE DA PRESIDÊNCIA/ES Lei 13.015/2014


Coordenadoria de Recurso de Revista

Lei 13.467/2017
DESPACHO

Recorrente(s): BRAVAMAR SERVICOS MARITIMOS LTDA - EPP


Vistos, etc.

Considerando os termos da petição de Id n.º 24569f3, intime-se a Advogado(a)(s): CARLA GUSMAN ZOUAIN (ES - 7582)
Reclamada-Executada para manifestação no prazo de cinco dias,

considerando o seu silêncio como concordância com a Recorrido(a)(s): UNIÃO FEDERAL (PGFN)
manifestação autoral.

Ultrapassado o prazo, retorne os autos conclusos para deliberação. CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES

ANA PAULA TAUCEDA BRANCO O presente recurso foi apresentado na vigência da Lei 13.467/2017.
Desembargadora-Presidente

Vale registrar que, nos termos do art. 896-A, §1º e incisos da CLT,

incumbe ao Tribunal Superior do Trabalho o exame da

transcendência do recurso de revista.

Assinatura PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS


VITORIA, 3 de Dezembro de 2019

Tempestivo o recurso (ciência da decisão em 17/09/2019 - Id


ANA PAULA TAUCEDA BRANCO 8C0948F; petição recursal apresentada em 27/09/2019 - Id
Desembargador Federal do Trabalho 5124386).
Notificação
Notificação
Regular a representação processual - Id 6690a96.
Processo Nº ROT-0001554-63.2017.5.17.0005
Relator GERSON FERNANDO DA SYLVEIRA
NOVAIS
RECORRENTE BRAVAMAR SERVICOS MARITIMOS Satisfeito o preparo - Id ca4f550, 3204c9f e 3016fb6, 43653b3.
LTDA - EPP
ADVOGADO CARLA GUSMAN ZOUAIN(OAB:
7582/ES) PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS
RECORRIDO UNIÃO FEDERAL (PGFN)

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 136
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

DIREITO ADMINISTRATIVO E OUTRAS MATÉRIAS DE DIREITO Walmir Oliveira da Costa, 1ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR -

PÚBLICO / Atos Administrativos / Infração Administrativa. 10077-02.2014.5.15.0110 , Relatora Ministra: Delaíde Miranda

Arantes, 2ª Turma, DEJT 03/07/2017; AIRR - 220-

Alegação(ões): 86.2015.5.11.0051 , Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra

Belmonte, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 03/07/2017; AIRR -

- contrariedade à(ao) : Súmula nº 96 do Tribunal Superior do 20027-78.2013.5.04.0012 , Relatora Desembargadora Convocada:

Trabalho. Cilene Ferreira Amaro Santos, 4ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR -

909-49.2015.5.08.0008, Relator Ministro: Guilherme Augusto

- violação do(s) inciso XXVI do artigo 7º da Constituição Federal. Caputo Bastos, 5ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR - 47700-

21.2005.5.01.0041 , Relator Ministro: Aloysio Corrêa da Veiga, Data

- violação da (o) artigo 57 da Consolidação das Leis do Trabalho; de Julgamento: 30/03/2016, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT

parágrafo único do artigo 57 da Consolidação das Leis do Trabalho; 01/04/2016; AIRR - 10565-26.2013.5.03.0077 , Relator Ministro:

artigo 58 da Consolidação das Leis do Trabalho; artigo 248 da Cláudio Mascarenhas Brandão, Data de Julgamento: 09/03/2016, 7ª

Consolidação das Leis do Trabalho; artigo 249 da Consolidação das Turma, Data de Publicação: DEJT 18/03/2016; AIRR - 1452-

Leis do Trabalho; artigo 250 da Consolidação das Leis do Trabalho; 29.2015.5.14.0091 , Relatora Ministra: Dora Maria da Costa, Data

artigo 626 da Consolidação das Leis do Trabalho; parágrafo único de Julgamento: 10/05/2017, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT

do artigo 626 da Consolidação das Leis do Trabalho. 12/05/2017.

A recorrente insurge-se contra o v. acórdão, no tocante ao

reconhecimento da validade do auto de infração, e condenação ao

pagamento de multa. Direito Coletivo / Acordo e Convenção Coletivos de Trabalho / Multa

Convencional.

Tendo a C. Turma reconhecido a validade do auto de infração nº

20.993.136-1, ao fundamento de que não ficou demonstrado nos Alegação(ões):

autos que a escala dos empregados da ré encontrava-se autorizada

em norma coletiva e, ante o descumprimento dos limites - contrariedade à(ao) : Súmula nº 96 do Tribunal Superior do

constitucionais impostos à jornada de trabalho, é válido o auto de Trabalho.

infração lavrado, bem como a multa aplicada, não se verifica, em

tese, a alegada violação, conforme exige a alínea "c" do artigo 896 - violação do(s) inciso XXVI do artigo 7º da Constituição.

Consolidado.

- violação da (o) artigo 57 da Consolidação das Leis do Trabalho;

Ademais, a parte não realizou o confronto analítico entre a tese parágrafo único do artigo 57 da Consolidação das Leis do Trabalho;

adotada no acórdão recorrido e a súmula supostamente contrariada, artigo 58 da Consolidação das Leis do Trabalho; artigo 248 da

deixando de atender ao exigido pelo artigo 896, §1º-A, III, da CLT, Consolidação das Leis do Trabalho; artigo 249 da Consolidação das

inviabilizando o seguimento do apelo, nesse aspecto. Leis do Trabalho; artigo 250 da Consolidação das Leis do Trabalho;

artigo 626 da Consolidação das Leis do Trabalho; parágrafo único

Com efeito, segundo a sistemática imposta pela Lei 13.015/2014, do artigo 626 da Consolidação das Leis do Trabalho.

cabe à parte indicar especificamente o motivo pelo qual o acórdão,

ao adotar determinada fundamentação, deixou de observar cada A recorrente insurge-se contra o v. acórdão, no tocante à

Súmula invocada, sendo inviável a mera alegação genérica de condenação ao pagamento de multa decorrente da validade do auto

contrariedade. de infração.

Quanto à necessidade do confronto analítico, vale mencionar os Tendo a C. Turma condenado a recorrente ao pagamento de multa,

seguintes julgados do TST: E-ED-RR - 552-07.2013.5.06.0231, ao fundamento de que, não obstante a compensação de horário

Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra Belmonte, SBDI-I, DEJT seja autorizada pelo art. 7º, XIII, da Constituição Federal, na

17/06/2016; AIRR - 1124-32.2015.5.11.0011, Relator Ministro: presente hipótese a reclamada não colacionou aos autos a norma

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 137
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

que prevê e autoriza as escalas de trabalho praticadas pelos seus

empregados, não se verifica, em tese, a alegada violação, conforme /gr-03

exige a alínea "c" do artigo 896 Consolidado.

Ademais, a parte não realizou o confronto analítico entre a tese

adotada no acórdão recorrido e a súmula supostamente contrariada,

deixando de atender ao exigido pelo artigo 896, §1º-A, III, da CLT,

inviabilizando o seguimento do apelo, nesse aspecto.

VITORIA, 27 de Novembro de 2019

Com efeito, segundo a sistemática imposta pela Lei 13.015/2014,

cabe à parte indicar especificamente o motivo pelo qual o acórdão, ANA PAULA TAUCEDA BRANCO

ao adotar determinada fundamentação, deixou de observar cada Desembargador Federal do Trabalho

Súmula invocada, sendo inviável a mera alegação genérica de

contrariedade.
Notificação
Processo Nº ROT-0001641-65.2016.5.17.0001
Quanto à necessidade do confronto analítico, vale mencionar os Relator JOSE LUIZ SERAFINI
seguintes julgados do TST: E-ED-RR - 552-07.2013.5.06.0231, RECORRENTE COMPANHIA DOCAS DO ESPIRITO
SANTO CODESA
Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra Belmonte, SBDI-I, DEJT ADVOGADO MILENA GOTARDO COSME(OAB:
19148/ES)
17/06/2016; AIRR - 1124-32.2015.5.11.0011, Relator Ministro:
RECORRENTE RENAN BATISTA FARIA
Walmir Oliveira da Costa, 1ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR - ADVOGADO CAIO FREITAS RIBEIRO SILVA(OAB:
18509/ES)
10077-02.2014.5.15.0110 , Relatora Ministra: Delaíde Miranda
RECORRENTE ESTADO DO ESPIRITO SANTO
Arantes, 2ª Turma, DEJT 03/07/2017; AIRR - 220- RECORRIDO COMPANHIA DOCAS DO ESPIRITO
SANTO CODESA
86.2015.5.11.0051 , Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra
ADVOGADO MILENA GOTARDO COSME(OAB:
Belmonte, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 03/07/2017; AIRR - 19148/ES)
RECORRIDO RENAN BATISTA FARIA
20027-78.2013.5.04.0012 , Relatora Desembargadora Convocada:
ADVOGADO CAIO FREITAS RIBEIRO SILVA(OAB:
Cilene Ferreira Amaro Santos, 4ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR - 18509/ES)
RECORRIDO RGIORI EMERGENCIAS MEDICAS
909-49.2015.5.08.0008, Relator Ministro: Guilherme Augusto LTDA - ME
Caputo Bastos, 5ª Turma, DEJT 30/06/2017; AIRR - 47700- ADVOGADO LEONARDO DAN SCARDUA(OAB:
13625/ES)
21.2005.5.01.0041 , Relator Ministro: Aloysio Corrêa da Veiga, Data RECORRIDO ESTADO DO ESPIRITO SANTO
de Julgamento: 30/03/2016, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT CUSTOS LEGIS MINISTÉRIO PÚBLICO DO
TRABALHO
01/04/2016; AIRR - 10565-26.2013.5.03.0077 , Relator Ministro: TERCEIRO JORLY CARDOSO OTTONI
INTERESSADO
Cláudio Mascarenhas Brandão, Data de Julgamento: 09/03/2016, 7ª

Turma, Data de Publicação: DEJT 18/03/2016; AIRR - 1452- Intimado(s)/Citado(s):


29.2015.5.14.0091 , Relatora Ministra: Dora Maria da Costa, Data - RENAN BATISTA FARIA

de Julgamento: 10/05/2017, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT

12/05/2017.

PODER JUDICIÁRIO
CONCLUSÃO
JUSTIÇA DO TRABALHO

DENEGO seguimento ao recurso de revista.

Publique-se.

ANA PAULA TAUCEDA BRANCO DECISÃO

Desembargadora-Presidente

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 138
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

TERCEIRO JORLY CARDOSO OTTONI


INTERESSADO

AGRAVOS DE INSTRUMENTO DE:


Intimado(s)/Citado(s):
- COMPANHIA DOCAS DO ESPIRITO SANTO CODESA
1) COMPANHIA DOCAS DO ESPÍRITO SANTO - CODESA

2) ESTADO DO ESPÍRITO SANTO


PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA DO TRABALHO

Mantenho a decisão agravada.

Notifique(m)-se o(s) agravado(s) para contraminutar(em) o agravo

de instrumento e contra-arrazoar(em) o recurso principal.

DECISÃO
Após, ao Egrégio Tribunal Superior do Trabalho, com nossas

homenagens de estilo.

AGRAVOS DE INSTRUMENTO DE:

1) COMPANHIA DOCAS DO ESPÍRITO SANTO - CODESA

2) ESTADO DO ESPÍRITO SANTO

VITORIA, 26 de Novembro de 2019 Mantenho a decisão agravada.

SONIA DAS DORES DIONISIO MENDES Notifique(m)-se o(s) agravado(s) para contraminutar(em) o agravo
Desembargador Federal do Trabalho de instrumento e contra-arrazoar(em) o recurso principal.

Após, ao Egrégio Tribunal Superior do Trabalho, com nossas


Notificação homenagens de estilo.
Processo Nº ROT-0001641-65.2016.5.17.0001
Relator JOSE LUIZ SERAFINI
RECORRENTE COMPANHIA DOCAS DO ESPIRITO
SANTO CODESA
ADVOGADO MILENA GOTARDO COSME(OAB:
19148/ES)
RECORRENTE RENAN BATISTA FARIA
ADVOGADO CAIO FREITAS RIBEIRO SILVA(OAB:
18509/ES)
RECORRENTE ESTADO DO ESPIRITO SANTO
RECORRIDO COMPANHIA DOCAS DO ESPIRITO
SANTO CODESA
ADVOGADO MILENA GOTARDO COSME(OAB:
19148/ES) VITORIA, 26 de Novembro de 2019
RECORRIDO RENAN BATISTA FARIA
ADVOGADO CAIO FREITAS RIBEIRO SILVA(OAB:
18509/ES) SONIA DAS DORES DIONISIO MENDES
RECORRIDO RGIORI EMERGENCIAS MEDICAS
LTDA - ME Desembargador Federal do Trabalho
ADVOGADO LEONARDO DAN SCARDUA(OAB:
13625/ES)
RECORRIDO ESTADO DO ESPIRITO SANTO
CUSTOS LEGIS MINISTÉRIO PÚBLICO DO Notificação
TRABALHO Processo Nº ROT-0001144-98.2014.5.17.0008

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 139
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Relator WANDA LUCIA COSTA LEITE


FRANCA DECUZZI Desembargador Federal do Trabalho
RECORRENTE CJF DE VIGILANCIA LTDA
ADVOGADO ORCY PIMENTA ROCIO(OAB:
9989/ES)
RECORRENTE MUNICIPIO DE VITORIA Notificação
RECORRIDO RENAN BARRETO MARTINS Processo Nº ROT-0000412-80.2015.5.17.0009
ADVOGADO JOSE ALCIDES DE SOUZA Relator MARCELLO MACIEL MANCILHA
JUNIOR(OAB: 13144/ES) RECORRENTE ERIBERTO GOMES DE OLIVEIRA
ADVOGADO JAYME FERNANDES JUNIOR(OAB: ADVOGADO BRUNO DE SOUZA ZAGO(OAB:
10999/ES) 13316/ES)
ADVOGADO FELIPE ANDREY COIMBRA XAVIER RECORRENTE ANDRE LUIS PEREIRA
PINTO(OAB: 13217/ES)
ADVOGADO BRUNO DE SOUZA ZAGO(OAB:
TESTEMUNHA OSWALDO DA SILVA CAMARGO 13316/ES)
TESTEMUNHA ROBERTO JACO BORGES RECORRENTE JOSE OLIVEIRA DA SILVA
ADVOGADO BRUNO DE SOUZA ZAGO(OAB:
Intimado(s)/Citado(s): 13316/ES)
- CJF DE VIGILANCIA LTDA RECORRIDO EMPRESA BRASILEIRA DE
CORREIOS E TELEGRAFOS
ADVOGADO CARLA PATRICIA PIRES XAVIER DE
CARVALHO(OAB: 21896/DF)
ADVOGADO STEFAN JOSE ALVES COSTA(OAB:
167728/RJ)
PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA DO TRABALHO Intimado(s)/Citado(s):


- EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS

PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA DO TRABALHO
DECISÃO

AGRAVO DE INSTRUMENTO DE RENAN BARRETO MARTINS

DECISÃO

Mantenho a decisão agravada.

Notifique(m)-se o(s) agravado(s) para contraminutar(em) o agravo AGRAVO DE INSTRUMENTO DE ERIBERTO GOMES DE
de instrumento e contra-arrazoar(em) o recurso principal. OLIVEIRA E OUTROS

Após, ao Egrégio Tribunal Superior do Trabalho, com nossas

homenagens de estilo. Mantenho a decisão agravada.

Notifique(m)-se o(s) agravado(s) para contraminutar(em) o agravo

de instrumento e contra-arrazoar(em) o recurso principal.

Após, ao Egrégio Tribunal Superior do Trabalho, com nossas

homenagens de estilo.

VITORIA, 26 de Novembro de 2019

SONIA DAS DORES DIONISIO MENDES

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 140
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

homenagens de estilo.

VITORIA, 26 de Novembro de 2019

SONIA DAS DORES DIONISIO MENDES

Desembargador Federal do Trabalho

Notificação VITORIA, 26 de Novembro de 2019


Processo Nº ROT-0000260-76.2017.5.17.0101
Relator CLAUDIA CARDOSO DE SOUZA
RECORRENTE LUZINETE ALMEIDA DA SILVA SONIA DAS DORES DIONISIO MENDES
ADVOGADO JULIANA MENDES DO NASCIMENTO
BRAVO(OAB: 18942/ES) Desembargador Federal do Trabalho
ADVOGADO MOLAYNNI CERILLO SANTOS(OAB:
19343/ES)
RECORRENTE ESTADO DO ESPIRITO SANTO
RECORRIDO ESTADO DO ESPIRITO SANTO Notificação
RECORRIDO LUZINETE ALMEIDA DA SILVA Processo Nº ROT-0000359-25.2017.5.17.0011
Relator MARCELLO MACIEL MANCILHA
ADVOGADO JULIANA MENDES DO NASCIMENTO
BRAVO(OAB: 18942/ES) RECORRENTE ESTADO DO ESPIRITO SANTO
ADVOGADO MOLAYNNI CERILLO SANTOS(OAB: RECORRIDO JIUNEIDE LIMA DE SANTANA
19343/ES) ADVOGADO PATRICIA DE ARAUJO
RECORRIDO CONSERVADORA JUIZ DE FORA SONEGHETE(OAB: 9985/ES)
LTDA ADVOGADO VICTOR FRIQUES DE
CUSTOS LEGIS MINISTÉRIO PÚBLICO DO MAGALHAES(OAB: 13891/ES)
TRABALHO ADVOGADO SEBASTIAO ERCULINO
CUSTODIO(OAB: 20032/ES)
Intimado(s)/Citado(s): ADVOGADO ARTHUR DE SOUZA MOREIRA(OAB:
18277/ES)
- CONSERVADORA JUIZ DE FORA LTDA
ADVOGADO ODILIO GONCALVES DIAS
NETO(OAB: 19519/ES)
ADVOGADO POLIANA FIRME DE OLIVEIRA(OAB:
16886/ES)
RECORRIDO TECNICA TECNOLOGIA E
PODER JUDICIÁRIO SERVICOS LTDA - EPP
JUSTIÇA DO TRABALHO ADVOGADO DOUGLAS PRETTI(OAB: 17802/ES)
RECORRIDO ESTADO DO ESPIRITO SANTO
CUSTOS LEGIS MINISTÉRIO PÚBLICO DO
TRABALHO

Intimado(s)/Citado(s):
- TECNICA TECNOLOGIA E SERVICOS LTDA - EPP

DECISÃO

PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA DO TRABALHO
AGRAVO DE INSTRUMENTO DE LUZINETE ALMEIDA DA SILVA

Mantenho a decisão agravada.

DECISÃO
Notifique(m)-se o(s) agravado(s) para contraminutar(em) o agravo

de instrumento e contra-arrazoar(em) o recurso principal.

Após, ao Egrégio Tribunal Superior do Trabalho, com nossas


AGRAVO DE INSTRUMENTO DE JIUNEIDE LIMA DE SANTANA

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 141
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

AGRAVO DE INSTRUMENTO DE LUCIANA NUNES PEREIRA

Mantenho a decisão agravada.

Mantenho a decisão agravada.

Notifique(m)-se o(s) agravado(s) para contraminutar(em) o agravo

de instrumento e contra-arrazoar(em) o recurso principal. Notifique(m)-se o(s) agravado(s) para contraminutar(em) o agravo

de instrumento e contra-arrazoar(em) o recurso principal.

Após, ao Egrégio Tribunal Superior do Trabalho, com nossas

homenagens de estilo. Após, ao Egrégio Tribunal Superior do Trabalho, com nossas

homenagens de estilo.

VITORIA, 26 de Novembro de 2019

VITORIA, 26 de Novembro de 2019

SONIA DAS DORES DIONISIO MENDES

Desembargador Federal do Trabalho SONIA DAS DORES DIONISIO MENDES

Desembargador Federal do Trabalho

Notificação
Processo Nº ROT-0001102-35.2017.5.17.0011
Relator CLAUDIA CARDOSO DE SOUZA Notificação
Processo Nº ROT-0001126-98.2017.5.17.0161
RECORRENTE LUCIANA NUNES PEREIRA Relator WANDA LUCIA COSTA LEITE
ADVOGADO POLIANA FIRME DE OLIVEIRA(OAB: FRANCA DECUZZI
16886/ES) RECORRENTE VERONEIDE DOS SANTOS SILVA
ADVOGADO ODILIO GONCALVES DIAS ADVOGADO ODILIO GONCALVES DIAS
NETO(OAB: 19519/ES) NETO(OAB: 19519/ES)
RECORRIDO INSTITUTO EXCELLENCE ADVOGADO POLIANA FIRME DE OLIVEIRA(OAB:
RECORRIDO MUNICIPIO DE CARIACICA 16886/ES)
CUSTOS LEGIS MINISTÉRIO PÚBLICO DO RECORRIDO MUNICIPIO DE LINHARES
TRABALHO RECORRIDO SERGE SERVICOS CONSERVACAO
E LIMPEZA LTDA
Intimado(s)/Citado(s): ADVOGADO RONALDO LIMA DA SILVA(OAB:
25234/ES)
- INSTITUTO EXCELLENCE

Intimado(s)/Citado(s):
- SERGE SERVICOS CONSERVACAO E LIMPEZA LTDA

PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA DO TRABALHO

PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA DO TRABALHO

DECISÃO

DECISÃO

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 142
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

DECISÃO

AGRAVO DE INSTRUMENTO DE VERONEIDE DOS SANTOS

SILVA

AGRAVO DE INSTRUMENTO DO SINDICATO DOS

TRABALHADORES PÚBLICOS E AUTÁRQUICOS DE MUQUI -

Mantenho a decisão agravada. ES

Notifique(m)-se o(s) agravado(s) para contraminutar(em) o agravo

de instrumento e contra-arrazoar(em) o recurso principal. Mantenho a decisão agravada.

Após, ao Egrégio Tribunal Superior do Trabalho, com nossas Notifique(m)-se o(s) agravado(s) para contraminutar(em) o agravo

homenagens de estilo. de instrumento e contra-arrazoar(em) o recurso principal.

Após, ao Egrégio Tribunal Superior do Trabalho, com nossas

homenagens de estilo.

VITORIA, 26 de Novembro de 2019

SONIA DAS DORES DIONISIO MENDES

Desembargador Federal do Trabalho VITORIA, 27 de Novembro de 2019

ANA PAULA TAUCEDA BRANCO


Notificação Desembargador Federal do Trabalho
Processo Nº ROT-0000775-84.2018.5.17.0131
Relator JOSE CARLOS RIZK
RECORRENTE SINDICATO DOS SERVIDORES
PUBLICOS MUNICIPAIS E
AUTARQUICOS DE MUQUI Notificação
ADVOGADO CLAUDIOMAR BARBOSA(OAB: Processo Nº ROT-0000851-79.2017.5.17.0152
13340/ES) Relator MARCELLO MACIEL MANCILHA
RECORRIDO MUNICIPIO DE MUQUI RECORRENTE KETLEN GOMES PAUZER
ADVOGADO JOSE ROCHA JUNIOR(OAB: ADVOGADO FELIPE SILVA LOUREIRO(OAB:
9494/ES) 11114/ES)
CUSTOS LEGIS MINISTÉRIO PÚBLICO DO RECORRENTE MUNICIPIO DE ITAPEMIRIM
TRABALHO RECORRIDO MUNICIPIO DE ITAPEMIRIM
RECORRIDO KETLEN GOMES PAUZER
Intimado(s)/Citado(s):
ADVOGADO FELIPE SILVA LOUREIRO(OAB:
- MUNICIPIO DE MUQUI 11114/ES)
RECORRIDO G.S.S. CONSTRUTORA LTDA - ME
CUSTOS LEGIS MINISTÉRIO PÚBLICO DO
TRABALHO

PODER JUDICIÁRIO Intimado(s)/Citado(s):


JUSTIÇA DO TRABALHO - KETLEN GOMES PAUZER

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 143
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

PODER JUDICIÁRIO
Notificação
JUSTIÇA DO TRABALHO Processo Nº ROT-0000771-34.2018.5.17.0006
Relator MARCELLO MACIEL MANCILHA
RECORRENTE ALAIR COELHO AMORIM
ADVOGADO ODILIO GONCALVES DIAS
NETO(OAB: 19519/ES)
ADVOGADO POLIANA FIRME DE OLIVEIRA(OAB:
16886/ES)
ADVOGADO GERLIS PRATA SURLO(OAB:
Coordenadoria de Recurso de Revista 17647/ES)
RECORRIDO MUNICIPIO DE CARIACICA
RECORRIDO INSTITUTO EXCELLENCE
CUSTOS LEGIS MINISTÉRIO PÚBLICO DO
TRABALHO

DESPACHO Intimado(s)/Citado(s):
- INSTITUTO EXCELLENCE

Considerando o teor da decisão proferida nos autos do processo

0000669-98.2014.5.17.0152, em que foi determinado o

sobrestamento do aludido feito para fins de uniformização da PODER JUDICIÁRIO


jurisprudência quanto ao tema "Responsabilidade Subsidiária. JUSTIÇA DO TRABALHO
Obra Pública. OJ 191 da SDI-I do TST. Súmula 331, V, do TST";

Considerando que foi instaurado, por este Egrégio Regional, o IUJ

nº 0000263-77.2016.5.17.0000 para tal finalidade, determino o

sobrestamento dos presentes autos até o pronunciamento definitivo


DECISÃO
do Pleno deste Regional acerca do incidente.

Sobrevindo a edição de Súmula, em sentido diverso ao

consubstanciado no acórdão, os autos deverão ser encaminhados


AGRAVO DE INSTRUMENTO DE ALAIR COELHO AMORIM
ao Órgão Julgador que proferiu a decisão, para fins de reapreciação

da matéria, na forma do art. 5º da Instrução Normativa nº 37/2015

do Tribunal Superior do Trabalho.


Mantenho a decisão agravada.

ANA PAULA TAUCEDA BRANCO


Notifique(m)-se o(s) agravado(s) para contraminutar(em) o agravo

de instrumento e contra-arrazoar(em) o recurso principal.


Desembargadora-Presidente

Após, ao Egrégio Tribunal Superior do Trabalho, com nossas

homenagens de estilo.

VITORIA, 27 de Novembro de 2019

ANA PAULA TAUCEDA BRANCO


VITORIA, 3 de Dezembro de 2019
Desembargador Federal do Trabalho

ANA PAULA TAUCEDA BRANCO

Código para aferir autenticidade deste caderno: 144362


2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 144
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Desembargador Federal do Trabalho

Após, ao Egrégio Tribunal Superior do Trabalho, com nossas

homenagens de estilo.
Notificação
Processo Nº ROT-0000577-65.2017.5.17.0007
Relator ANA PAULA TAUCEDA BRANCO
RECORRENTE MARINA APARECIDA EDUARDO
MACHADO
ADVOGADO OSMAR JOSE SAQUETTO(OAB:
4894/ES)
ADVOGADO CELIO RIBEIRO BARROS(OAB:
12632/ES)
ADVOGADO MARIANA SPERANDIO
ZORTEA(OAB: 16513/ES)
RECORRENTE LIDERANCA LIMPEZA E
CONSERVACAO LTDA
ADVOGADO ROSILENE GONCALVES VITORIA, 3 de Dezembro de 2019
MONTEIRO(OAB: 15512/SC)
RECORRENTE MUNICIPIO DE VITORIA
RECORRIDO MUNICIPIO DE VITORIA ANA PAULA TAUCEDA BRANCO
RECORRIDO LIDERANCA LIMPEZA E Desembargador Federal do Trabalho
CONSERVACAO LTDA
ADVOGADO ROSILENE GONCALVES
MONTEIRO(OAB: 15512/SC)
RECORRIDO MARINA APARECIDA EDUARDO
MACHADO Notificação
ADVOGADO OSMAR JOSE SAQUETTO(OAB: Processo Nº ROT-0000527-35.2018.5.17.0191
4894/ES) Relator JOSE CARLOS RIZK
ADVOGADO CELIO RIBEIRO BARROS(OAB: RECORRENTE JOSE ROBERTO ZANONI
12632/ES) MARROQUE
ADVOGADO MARIANA SPERANDIO ADVOGADO CARLOS ALBERTO DE JESUS
ZORTEA(OAB: 16513/ES) SANTOS(OAB: 5616/ES)
CUSTOS LEGIS MINISTÉRIO PÚBLICO DO RECORRIDO MUNICIPIO DE PINHEIROS
TRABALHO CUSTOS LEGIS MINISTÉRIO PÚBLICO DO
TRABALHO
Intimado(s)/Citado(s):
- MARINA APARECIDA EDUARDO MACHADO Intimado(s)/Citado(s):
- JOSE ROBERTO ZANONI MARROQUE

PODER JUDICIÁRIO
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
JUSTIÇA DO TRABALHO

DECISÃO
DECISÃO

AGRAVO DE INSTRUMENTO DA LIDERANÇA LIMPEZA E


AGRAVO DE INSTRUMENTO DO MUNICÍPIO DE PINHEIROS
CONSERVAÇÃO LTDA.

Mantenho a decisão agravada.


Mantenho a decisão agravada.

Notifique(m)-se o(s) agravado(s) para contraminutar(em) o agravo


Notifique(m)-se o(s) agravado(s) para contraminutar(em) o agravo
de instrumento e contra-arrazoar(em) o recurso principal.
de instrumento e contra-arrazoar(em) o recurso principal.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 145
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Venda Nova do Imigrante/ES, nos autos da ação trabalhista nº

Após, ao Egrégio Tribunal Superior do Trabalho, com nossas 0000689-72.2019.5.17.0101, que concedeu tutela de urgência,

homenagens de estilo. ordenando o pagamento do valor de R$ 13.000,00 à ora

litisconsorte passiva, que se encontra em estado gravídico de risco.

Assevera haver infração aos princípios do contraditório e da ampla

defesa (artigo 5º, LV, da CF/88); ao direito de não ter contra si a

concessão de tutela antecipada quando houver perigo de

irreversibilidade dos efeitos da decisão (artigo 300, § 3º, do CPC) e

quando houver provas capazes de gerar dúvida razoável (artigo

311, IV, do CPC).

VITORIA, 3 de Dezembro de 2019

Narra que a litisconsorte passiva ajuizou ação trabalhista alegando

ANA PAULA TAUCEDA BRANCO ter sido dispensada grávida, pleiteando o reconhecimento de

Desembargador Federal do Trabalho vínculo e indenização do período estabilitário.

Sustenta ignorar o estado gravídico da litisconsorte e que, ao ser

comunicada do fato via ação trabalhista, convocou a trabalhadora

TRIBUNAL PLENO para retornar ao labor, mas esta se recusou.

Decisão Monocrática
Decisão Monocrática Anota que foi determinada a realização de ASO, ordem que atendeu
Processo Nº MSCiv-0000912-37.2019.5.17.0000
Relator JOSE LUIZ SERAFINI de imediato. No entanto, afirma que a obreira impossibilitou a
IMPETRANTE AVEPIG - COMERCIO E avaliação médica, vez que apresentou atestado de 15 dias, sem
CONSULTORIA VETERINARIA
ESPECIALIZADA LTDA - EPP identificação do CID.
ADVOGADO PATRICIA GORETI DALEPRANI DOS
SANTOS(OAB: 9456/ES)
AUTORIDADE JUIZO DA VARA DO TRABALHO DE Diz que a autoridade, dita coatora, com base em exame admissional
COATORA VENDA NOVA DO IMIGRANTE
TERCEIRO JOELENA DE JESUS MENDES que considerou a ora litisconsorte inapta, sem verificar que o
INTERESSADO
período de afastamento era de apenas 15 dias, determinou o
CUSTOS LEGIS MINISTÉRIO PÚBLICO DO
TRABALHO pagamento de R$ 13.000,000, em 48 horas.

Intimado(s)/Citado(s):
Defende não haver direito autoral, uma vez que não há laudo
- AVEPIG - COMERCIO E CONSULTORIA VETERINARIA
ESPECIALIZADA LTDA - EPP atestando ser a gravidez de risco a requerer o afastamento total da

trabalhadora de suas funções. Acrescenta que os laudos constantes

dos autos de origem apenas atestam a má formação do feto,

PODER JUDICIÁRIO destacando que a gravidez de risco ao bebê é diferente da gravidez

JUSTIÇA DO TRABALHO de risco à gestante.

Questiona a ordem de pagamento de R$ 13.000,00, valor global das

prestações que seriam devidas desde a dispensa até 5 meses após

o parto, já que a gravidez pode ser interrompida precocemente.

DECISÃO
Salienta ser possível a adaptação das atividades da obreira de

modo a não se sujeitar a ambiente perigoso ou insalubre, bem como


Trata-se de Mandado de Segurança impetrado por AVEPIG -
que demanda esforço físico.
COMERCIO E CONSULTORIA VETERINARIA ESPECIALIZADA

LTDA - EPP, com pedido de liminar, contra ato dito violador do seu
Acrescenta não haver prova de que a gravidez seja de risco,
direito líquido e certo praticado pelo Juízo da Vara do Trabalho de

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 146
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

inexistindo atestado do médico da litisconsorte declarando o óbice

ao labor. Ressalta a boa-fé patronal.

Faz remissão ao Manual Técnico de Gestação de Alto Risco, que Alega que, in verbis:

distingue a gravidez de risco à gestante da gravidez de feto com má

formação, invocando, ainda, os dizeres da médica Fabrícia Maria "O direito de não ter contra si concedida uma tutela antecipada

Cabral Dias no sentido de não haver contraindicação ao trabalho da quando houver perigo de irreversibilidade dos efeitos da decisão

gestante que não demande esforço ou exposição a risco (art. 300, § 3º, Código de Processo Civil) - no caso em tela o d.

ocupacional, caso esta não seja portadora de patologia. Juiz "a quo" determinou um pagamento de diversos meses de

salários vencidos e pretéritos. Mesmo sem existir nos autos o termo

Reporta-se ao item II da Súmula 244 do E. TST para defender que a final do período a ser pago (a Reclamante encontra-se gestante), e

reintegração é a solução preferencial. de se observar que qualquer pagamento feito antecipadamente a

requerida sera irreversível a Impetrante".

Argumenta, ainda, que houve cerceio de defesa ao se determinar

pagamento de indenização estando a obreira ainda em estado Insiste na tese de que a reclamante não terá condições de restituir a

gestacional, acrescentando, in verbis: empresa os valores recebidos, o que demonstra a irreversibilidade

do decisum. Contrario sensu, diz que haverá dano reverso ao

"E toda a celeuma quanto à ausência de laudo medico que estabelecimento empresarial.

determine afastamento de funções laborativas da Reclamante - que

em tese deveria existir ante a obrigação imposta pelo juízo no r. Com base nos documentos que colacionou aos autos de origem,

Despacho que concedeu a tutela antecipada - a redundar no ato argumenta haver dúvida razoável ao pleito da obreira, não havendo

judicial que perpetrou o cerceamento de defesa, nasceu na omissão laudo médico que comprovasse suas alegações.

da autora em seu pedido, fazendo-o de maneira indeterminada o

que e vedado pela legislação processual civil, notadamente pelo Aponta também violação aos artigos 298, 300, caput, e 324 do

artigo 324...". CPC.

Discorre que se encontra impossibilitada de se socorrer dos Requer a suspensão da ordem de depósito de R$ 13.000,00, até

benefícios previdenciários (dedução de valores relativos à licença- a instrução do feito, bem como a suspensão das astreintes.

maternidade e auxílio-doença).

Sucessivamente, caso mantida a antecipação da tutela, postula

Diz ainda que o direito líquido e certo decorre da convolação do "...seja esta realizada na forma de antecipação integral dos

período estabilitário em indenização, por meio de antecipação de meses vencidos (já depositados) e inclusão em folha dos

tutela, violando o direito de ressarcimento pelo INSS e também vincendos ou ainda, pagamento dos valores vencidos mês a

impossibilitando o encaminhamento da trabalhadora para a mês mediante deposito em conta a disposição do juízo

Autarquia Previdenciária.. impetrado, mantendo-os bloqueados ate o final da demanda".

Anota que efetuou o depósito de R$ 4.300,00 (a título de Inicial sob o Id 0d3a561, acompanhada de documentos.

contraprestação dos meses vencidos, considerando o salário

apontado na exordial de R$ 1.000,00). Pois bem.

Registra que o valor de R$ 13.000,00 a ser pago gerará A teor do inciso III do art. 7º da Lei 12.016/2009, a concessão

desequilíbrio à empregadora, postulando que haja o pagamento liminar da segurança tem lugar "quando houver fundamento

mês a mês dos valores vincendos, afirmando que, caso resulte relevante e do ato impugnado puder resultar a ineficácia da medida,

vencedora, poderá levantá-los ao final, evitando o enriquecimento caso seja finalmente deferida".

sem causa, na hipótese de improcedência da ação originária, bem

como a irreversibilidade da medida. Assim, analisa-se, por ora, apenas a viabilidade de, liminarmente,

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 147
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

suspender os efeitos da decisão impugnada ou alterar a forma de evidenciada nos autos, não dispunha a reclamada do poder de

depósito de valores. resolver unilateralmente o contrato, em razão da garantia provisória

de emprego assegurada à mulher gestante, desde a concepção até

Vejamos o teor da decisão vergastada, in verbis: cinco meses após o parto.

"Retoma o Juízo, após a juntada do laudo médico retratado no ID. Desse modo, não há mais dúvidas quanto a esses pontos,

1eb1315 - Pág. 1 a análise da antecipação de tutela postulada pela justificando-se, plenamente, expedição da tutela de evidência (art.

autora. 311, inciso IV do CPC).".

De início, invoca a exposição e as razões fático-jurídicas aduzidas Com base nos requisitos cumulativos do perigo da demora e da

no despacho contido no ID. ce9a2f8 - Pág. 1 e seguintes. plausibilidade do direito, a decisão não se mostra ilegal ou abusiva

a ensejar a concessão da medida, em sede liminar.

Determinou-se, daquela feita, o agendamento de consulta com

médico do trabalho a fim de que se espancasse dúvida quanto à É que os fundamentos adotados pela decisão atacada, não

aptidão da obreira para o trabalho. permitem, numa análise perfunctória, concluir, de plano, assistir

plena razão à impetrante.

A questão era decisiva porque a reclamada alegava recusa

injustificada de parte da obreira na assunção do posto de trabalho O ato impugnado prestigia o princípio mor da dignidade da pessoa

que foi oferecido, que, na visão defensiva, não oferecia riscos de humana, estatuído no artigo 1º, inciso III, da Constituição, a nortear

insalubridade. todos os direitos fundamentais do homem. A trabalhadora foi

dispensada grávida e, no curso do processo, descobriu má

Como se pode ver do laudo assinado pela Dra Sidnéia Aparecida formação do feito que pode impor a abreviação do parto para que o

Gallo, CRM 2591, a obreira está inapta para o trabalho. bebê seja submetido à intervenção cirúrgica.

Fica comprovado, desse modo, contrariamente ao alegado pela Também, é evidente que prevalece o interesse social, a função

defesa, que a obreira não ostenta aptidão para o trabalho, sendo social da empresa, mais uma vez, em prestígio ao princípio da

justificada sua recusa à assunção do posto de trabalho oferecido dignidade da pessoa humana.

pela reclamada.

Assim, além de, em princípio, haver estabilidade, não se pode ter

Desse modo, ganham vigor as alegações autorais, 1. de inaptidão por incorreto o procedimento do Juízo a quo que conferiu

para o trabalho - qualquer atividade, não apenas a desempenhada prevalência ao princípio da dignidade da pessoa humana, ao deferir

pela obreira - e 2. da existência de elevados riscos para a mãe e a tutela de urgência.

para o feto, segundo laudos e exames médicos acostados aos

autos, que mapeiam o quadro gestacional e prognosticam Entretanto, a questão é deveras delicada.

necessidade de intervenção cirúrgica com a evolução da gravidez.

No aspecto subjetivo, não remanescem dúvidas de que a

A reclamada, impende aqui reiterar, ofereceu reintegração à obreira, trabalhadora está passando por dificuldades afetas à saúde de seu

indicando função que, no seu entender, não oferecia riscos de filho, o que certamente gera transtorno emocional a qualquer

insalubridade. pessoa de natureza mediana. Por outro lado, há indícios de que a

obreira é pessoa de parcos recursos, vez que, no documento de Id

Desse modo, ficou incontroverso o vínculo de emprego. Com o 83e0a8e, assim declarou:

laudo médico antes referido restou comprovado que a autora está

inapta para o trabalho, legitimando-se, desse modo, sua recusa à "Veja bem excelência, a reclamante é pessoa simples e de nenhum

assunção do posto de trabalho oferecido. poder aquisitivo, estando para todos os efeitos abaixo da linha da

pobreza, pois se encontra desempregada, e sua subsistência e

Se havia vínculo empregatício e a gravidez está igualmente mantida com a ajuda de parentes e amigos.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 148
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Desembargador Federal do Trabalho

Desesperada e não vendo outra opção para salvaguardar a vida de

seu tão esperado filho, vem a reclamante a presença de vossa

excelência, requerer que seja o seu direito líquido e certo Decisão Monocrática
Processo Nº MSCol-0000935-80.2019.5.17.0000
reconhecido, para que tenha condições de realizar os Relator SONIA DAS DORES DIONISIO
MENDES
procedimentos necessários para resguardar a sua vida e de seu
IMPETRANTE SIND TRAB IND MET MEC MAT
filho". ELETR E ELETRONICO E ESPIRITO
SANTO
ADVOGADO WILER COELHO DIAS(OAB:
11011/ES)
Por outro lado, é evidente que uma empresa de pequeno porte,
ADVOGADO BRUNO BORNACKI SALIM
caso da impetrante, como se vê do seu próprio nome, não pode MURTA(OAB: 10856/ES)
ADVOGADO RENATTA GUIMARAES
dispor de soma que comprometa a atividade empresarial. Mesmo FRANCA(OAB: 17171/ES)
não trazendo aos autos documento que comprove o prejuízo a ADVOGADO INGRID FERREIRA BARROS(OAB:
15751/ES)
empresa, trata-se de soma que, para uma empresa de pequeno IMPETRADO JUIZO DA VARA DO TRABALHO DE
ARACRUZ
porte, é expressiva.
TERCEIRO ESTALEIRO JURONG ARACRUZ
INTERESSADO LTDA.
ADVOGADO STEPHAN EDUARD
É neste aspecto que entendo ser justo e razoável o pedido SCHNEEBELI(OAB: 4097/ES)
sucessivo formulado pela impetrante de efetuar o depósito em juízo CUSTOS LEGIS MINISTÉRIO PÚBLICO DO
TRABALHO
dos valores vincendos, mantendo-os bloqueados até o julgamento TERCEIRO ENTRACO SERVICOS OFFSHORE
INTERESSADO BRASIL LTDA
do mandamus. Evidente que as astreintes fixadas somente incidirão
ADVOGADO ODAIR NOSSA SANT ANA(OAB:
em caso de eventual inadimplemento da obrigação pela ora 7264/ES)

impetrante.
Intimado(s)/Citado(s):
- SIND TRAB IND MET MEC MAT ELETR E ELETRONICO E
ESPIRITO SANTO
Merece registro o fato de que as ações mandamentais têm célere

trâmite neste Tribunal.

Assim, defiro parcialmente a medida liminar para determinar PODER JUDICIÁRIO


que os valores vincendos objeto da decisão objurgada sejam JUSTIÇA DO TRABALHO
depositados em conta judicial, à disposição do Juízo de

origem.

Publique-se.

Vistos os autos passo a proferir a seguinte,


Oficie-se a autoridade dita coatora para ciência e cumprimento.

DECISÃO:
Intime-se a litisconsorte.

Trata-se de MANDADO DE SEGURANÇA impetrado por

SINDIMETAL-ES - SINDICATO DOS TRABALHADORES NAS

INDÚSTRIAS METALÚRGICAS, MECÂNICAS, DE MATERIAL

ELÉTRICO E ELETRÔNICO NO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO,

contra decisão do MM. Juiz da Vara do Trabalho de Aracruz, que,

nos Autos da ACC 0000616-40.2019.5.17.0121, determinou o

pagamento de honorários periciais prévios no importe de R$ 400,00.

VITORIA, 6 de Dezembro de 2019


Afirma que a exigência de depósito prévio é ilícita, uma vez que há

dispositivos legais expressos de sua inexigibilidade. Cita a OJ n.º 98


JOSE LUIZ SERAFINI
do SDI - II, do TST e o art. 790-B da CLT.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 149
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

processo continuar poderá haver frustração na efetividade da

Ressalta que após a edição da Lei n.º 13.467/2017, os sindicatos ulterior tutela que obtiver.

passaram a ter grandes dificuldades financeiras, e que por isso

pleiteou a gratuidade de justiça nos autos do processo originário. Sendo assim, revendo posicionamento anterior sobre o tema, e por

presentes os requisitos do fummus boni juris e do periculum in

Argumenta que, por se tratar de Ação Civil Coletiva, o adiantamento mora, defiro a LIMINAR, para determinar a realização de perícia

de honorários periciais é inexigível, violando os arts. 87 da Lei n.º requerida nos autos da ACC nº 0000616-40.2019.5.17.0121,

8.078/90 e 18 da Lei n.º 7.347/84. independentemente da realização de depósito prévio de honorários

periciais.

Diante disso, requer liminar destinada a suspender os efeitos da

decisão proferida na ACC n.º 0000616-40.2019.5.17.0121, que Expeça-se o respectivo Ofício à autoridade coatora dando-se-lhe

determinou o depósito de honorários periciais prévios, até ciência da ordem e para que preste as informações exigidas no art.

julgamento do presente mandamus. E ao final, seja concedida a 7º, I, da Lei 12.016/2009.

segurança definitiva e confirmada a liminar.

Intime-se o Requerente, bem como o terceiro interessado, por meio

Primeiramente, anoto que o mandado de segurança é ação de do seu respectivo advogado para querendo, se manifestar no prazo

cunho constitucional, cuja finalidade é a de proteger direito líquido e de 10 dias.

certo contra ação ou ato que importe abuso de autoridade, e fazer

cessar ou obstar o ato que atente contra tal patrimônio subjetivo da Transcorrido o prazo, ao Ministério Público por idêntico prazo, nos

parte. termos do § 2º do art. 188, do Regimento Interno.

Dito isto, não resta dúvida que os pressupostos exigidos no art. 1º, e Vitória, 06 de Dezembro de 2019.

7º, III da Lei 12.016/2009 estão presentes.

A controvérsia dos autos gira em torno da determinação do

pagamento antecipado de honorários periciais prévios pelo

Sindicato autor nos autos da ação n.º 0000616-40.2019.5.17.0121.

Ora, em se tratando de típica lide trabalhista (decorrente de relação VITORIA, 7 de Dezembro de 2019

de emprego), a determinação judicial de antecipação dos honorários

do perito, a cargo do Impetrante consubstancia ilegalidade passível SONIA DAS DORES DIONISIO MENDES

de saneamento por meio do mandado de segurança. Desembargador Federal do Trabalho

Essa é a regra insculpida no novel art. 790-B, § 3º, da CLT,

introduzido pela Lei nº 13.467/2017, que estabelece: "o juízo não Decisão Monocrática
Processo Nº MSCol-0000935-80.2019.5.17.0000
poderá exigir adiantamento de valores para realização de perícias". Relator SONIA DAS DORES DIONISIO
MENDES
IMPETRANTE SIND TRAB IND MET MEC MAT
Tal entendimento já estava inclusive, consubstanciado na ELETR E ELETRONICO E ESPIRITO
SANTO
Orientação Jurisprudencial nº 98 da SBDI-2 do TST, verbis: ADVOGADO WILER COELHO DIAS(OAB:
11011/ES)
ADVOGADO BRUNO BORNACKI SALIM
"É ilegal a exigência de depósito prévio para custeio dos honorários MURTA(OAB: 10856/ES)
ADVOGADO RENATTA GUIMARAES
periciais, dada a incompatibilidade com o processo do trabalho, FRANCA(OAB: 17171/ES)
sendo cabível o mandado de segurança visando à realização da ADVOGADO INGRID FERREIRA BARROS(OAB:
15751/ES)
perícia, independentemente do depósito." IMPETRADO JUIZO DA VARA DO TRABALHO DE
ARACRUZ
TERCEIRO ESTALEIRO JURONG ARACRUZ
No que tange à relevância e à urgência, é evidente que se o INTERESSADO LTDA.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 150
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

ADVOGADO STEPHAN EDUARD


SCHNEEBELI(OAB: 4097/ES) Primeiramente, anoto que o mandado de segurança é ação de
CUSTOS LEGIS MINISTÉRIO PÚBLICO DO cunho constitucional, cuja finalidade é a de proteger direito líquido e
TRABALHO
TERCEIRO ENTRACO SERVICOS OFFSHORE certo contra ação ou ato que importe abuso de autoridade, e fazer
INTERESSADO BRASIL LTDA
cessar ou obstar o ato que atente contra tal patrimônio subjetivo da
ADVOGADO ODAIR NOSSA SANT ANA(OAB:
7264/ES) parte.

Intimado(s)/Citado(s):
- ENTRACO SERVICOS OFFSHORE BRASIL LTDA Dito isto, não resta dúvida que os pressupostos exigidos no art. 1º, e

7º, III da Lei 12.016/2009 estão presentes.

A controvérsia dos autos gira em torno da determinação do


PODER JUDICIÁRIO
pagamento antecipado de honorários periciais prévios pelo
JUSTIÇA DO TRABALHO
Sindicato autor nos autos da ação n.º 0000616-40.2019.5.17.0121.

Ora, em se tratando de típica lide trabalhista (decorrente de relação

de emprego), a determinação judicial de antecipação dos honorários

do perito, a cargo do Impetrante consubstancia ilegalidade passível


Vistos os autos passo a proferir a seguinte, de saneamento por meio do mandado de segurança.

DECISÃO: Essa é a regra insculpida no novel art. 790-B, § 3º, da CLT,

introduzido pela Lei nº 13.467/2017, que estabelece: "o juízo não


Trata-se de MANDADO DE SEGURANÇA impetrado por poderá exigir adiantamento de valores para realização de perícias".
SINDIMETAL-ES - SINDICATO DOS TRABALHADORES NAS

INDÚSTRIAS METALÚRGICAS, MECÂNICAS, DE MATERIAL Tal entendimento já estava inclusive, consubstanciado na


ELÉTRICO E ELETRÔNICO NO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO, Orientação Jurisprudencial nº 98 da SBDI-2 do TST, verbis:
contra decisão do MM. Juiz da Vara do Trabalho de Aracruz, que,

nos Autos da ACC 0000616-40.2019.5.17.0121, determinou o "É ilegal a exigência de depósito prévio para custeio dos honorários
pagamento de honorários periciais prévios no importe de R$ 400,00. periciais, dada a incompatibilidade com o processo do trabalho,

sendo cabível o mandado de segurança visando à realização da


Afirma que a exigência de depósito prévio é ilícita, uma vez que há perícia, independentemente do depósito."
dispositivos legais expressos de sua inexigibilidade. Cita a OJ n.º 98

do SDI - II, do TST e o art. 790-B da CLT. No que tange à relevância e à urgência, é evidente que se o

processo continuar poderá haver frustração na efetividade da


Ressalta que após a edição da Lei n.º 13.467/2017, os sindicatos ulterior tutela que obtiver.
passaram a ter grandes dificuldades financeiras, e que por isso

pleiteou a gratuidade de justiça nos autos do processo originário. Sendo assim, revendo posicionamento anterior sobre o tema, e por

presentes os requisitos do fummus boni juris e do periculum in


Argumenta que, por se tratar de Ação Civil Coletiva, o adiantamento mora, defiro a LIMINAR, para determinar a realização de perícia
de honorários periciais é inexigível, violando os arts. 87 da Lei n.º requerida nos autos da ACC nº 0000616-40.2019.5.17.0121,
8.078/90 e 18 da Lei n.º 7.347/84. independentemente da realização de depósito prévio de honorários

periciais.
Diante disso, requer liminar destinada a suspender os efeitos da

decisão proferida na ACC n.º 0000616-40.2019.5.17.0121, que Expeça-se o respectivo Ofício à autoridade coatora dando-se-lhe
determinou o depósito de honorários periciais prévios, até ciência da ordem e para que preste as informações exigidas no art.
julgamento do presente mandamus. E ao final, seja concedida a 7º, I, da Lei 12.016/2009.
segurança definitiva e confirmada a liminar.

Intime-se o Requerente, bem como o terceiro interessado, por meio

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 151
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

do seu respectivo advogado para querendo, se manifestar no prazo

de 10 dias. Vistos os autos passo a proferir a seguinte,

Transcorrido o prazo, ao Ministério Público por idêntico prazo, nos DECISÃO:

termos do § 2º do art. 188, do Regimento Interno.

Trata-se de MANDADO DE SEGURANÇA impetrado por

Vitória, 06 de Dezembro de 2019. SINDIMETAL-ES - SINDICATO DOS TRABALHADORES NAS

INDÚSTRIAS METALÚRGICAS, MECÂNICAS, DE MATERIAL

ELÉTRICO E ELETRÔNICO NO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO,

contra decisão do MM. Juiz da Vara do Trabalho de Aracruz, que,

nos Autos da ACC 0000616-40.2019.5.17.0121, determinou o

pagamento de honorários periciais prévios no importe de R$ 400,00.

VITORIA, 7 de Dezembro de 2019 Afirma que a exigência de depósito prévio é ilícita, uma vez que há

dispositivos legais expressos de sua inexigibilidade. Cita a OJ n.º 98

SONIA DAS DORES DIONISIO MENDES do SDI - II, do TST e o art. 790-B da CLT.

Desembargador Federal do Trabalho

Ressalta que após a edição da Lei n.º 13.467/2017, os sindicatos

passaram a ter grandes dificuldades financeiras, e que por isso


Decisão Monocrática pleiteou a gratuidade de justiça nos autos do processo originário.
Processo Nº MSCol-0000935-80.2019.5.17.0000
Relator SONIA DAS DORES DIONISIO
MENDES
Argumenta que, por se tratar de Ação Civil Coletiva, o adiantamento
IMPETRANTE SIND TRAB IND MET MEC MAT
ELETR E ELETRONICO E ESPIRITO de honorários periciais é inexigível, violando os arts. 87 da Lei n.º
SANTO
ADVOGADO WILER COELHO DIAS(OAB: 8.078/90 e 18 da Lei n.º 7.347/84.
11011/ES)
ADVOGADO BRUNO BORNACKI SALIM
MURTA(OAB: 10856/ES) Diante disso, requer liminar destinada a suspender os efeitos da
ADVOGADO RENATTA GUIMARAES
FRANCA(OAB: 17171/ES) decisão proferida na ACC n.º 0000616-40.2019.5.17.0121, que
ADVOGADO INGRID FERREIRA BARROS(OAB: determinou o depósito de honorários periciais prévios, até
15751/ES)
IMPETRADO JUIZO DA VARA DO TRABALHO DE julgamento do presente mandamus. E ao final, seja concedida a
ARACRUZ
segurança definitiva e confirmada a liminar.
TERCEIRO ESTALEIRO JURONG ARACRUZ
INTERESSADO LTDA.
ADVOGADO STEPHAN EDUARD
SCHNEEBELI(OAB: 4097/ES) Primeiramente, anoto que o mandado de segurança é ação de
CUSTOS LEGIS MINISTÉRIO PÚBLICO DO cunho constitucional, cuja finalidade é a de proteger direito líquido e
TRABALHO
TERCEIRO ENTRACO SERVICOS OFFSHORE certo contra ação ou ato que importe abuso de autoridade, e fazer
INTERESSADO BRASIL LTDA
cessar ou obstar o ato que atente contra tal patrimônio subjetivo da
ADVOGADO ODAIR NOSSA SANT ANA(OAB:
7264/ES) parte.

Intimado(s)/Citado(s):
Dito isto, não resta dúvida que os pressupostos exigidos no art. 1º, e
- ESTALEIRO JURONG ARACRUZ LTDA.
7º, III da Lei 12.016/2009 estão presentes.

A controvérsia dos autos gira em torno da determinação do


PODER JUDICIÁRIO
pagamento antecipado de honorários periciais prévios pelo
JUSTIÇA DO TRABALHO
Sindicato autor nos autos da ação n.º 0000616-40.2019.5.17.0121.

Ora, em se tratando de típica lide trabalhista (decorrente de relação

de emprego), a determinação judicial de antecipação dos honorários

Código para aferir autenticidade deste caderno: 144362


2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 152
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

do perito, a cargo do Impetrante consubstancia ilegalidade passível SONIA DAS DORES DIONISIO MENDES

de saneamento por meio do mandado de segurança. Desembargador Federal do Trabalho

Essa é a regra insculpida no novel art. 790-B, § 3º, da CLT,

introduzido pela Lei nº 13.467/2017, que estabelece: "o juízo não Decisão Monocrática
Processo Nº MSCol-0000943-57.2019.5.17.0000
poderá exigir adiantamento de valores para realização de perícias". Relator SONIA DAS DORES DIONISIO
MENDES
IMPETRANTE SIND TRAB IND MET MEC MAT
Tal entendimento já estava inclusive, consubstanciado na ELETR E ELETRONICO E ESPIRITO
SANTO
Orientação Jurisprudencial nº 98 da SBDI-2 do TST, verbis: ADVOGADO WILER COELHO DIAS(OAB:
11011/ES)
ADVOGADO BRUNO BORNACKI SALIM
"É ilegal a exigência de depósito prévio para custeio dos honorários MURTA(OAB: 10856/ES)
ADVOGADO RENATTA GUIMARAES
periciais, dada a incompatibilidade com o processo do trabalho, FRANCA(OAB: 17171/ES)
sendo cabível o mandado de segurança visando à realização da ADVOGADO INGRID FERREIRA BARROS(OAB:
15751/ES)
perícia, independentemente do depósito." IMPETRADO JUIZO DA VARA DO TRABALHO DE
ARACRUZ
TERCEIRO ESTALEIRO JURONG ARACRUZ
No que tange à relevância e à urgência, é evidente que se o INTERESSADO LTDA.
ADVOGADO STEPHAN EDUARD
processo continuar poderá haver frustração na efetividade da SCHNEEBELI(OAB: 4097/ES)
ulterior tutela que obtiver. CUSTOS LEGIS MINISTÉRIO PÚBLICO DO
TRABALHO
TERCEIRO NOXI QUIMICA LTDA
INTERESSADO
Sendo assim, revendo posicionamento anterior sobre o tema, e por
ADVOGADO ANSELMO TABOSA DELFINO(OAB:
presentes os requisitos do fummus boni juris e do periculum in 6808/ES)

mora, defiro a LIMINAR, para determinar a realização de perícia


Intimado(s)/Citado(s):
requerida nos autos da ACC nº 0000616-40.2019.5.17.0121, - SIND TRAB IND MET MEC MAT ELETR E ELETRONICO E
ESPIRITO SANTO
independentemente da realização de depósito prévio de honorários

periciais.

Expeça-se o respectivo Ofício à autoridade coatora dando-se-lhe PODER JUDICIÁRIO


ciência da ordem e para que preste as informações exigidas no art. JUSTIÇA DO TRABALHO
7º, I, da Lei 12.016/2009.

Intime-se o Requerente, bem como o terceiro interessado, por meio

do seu respectivo advogado para querendo, se manifestar no prazo

de 10 dias.
Vistos os autos passo a proferir a seguinte,

Transcorrido o prazo, ao Ministério Público por idêntico prazo, nos


DECISÃO:
termos do § 2º do art. 188, do Regimento Interno.

Trata-se de MANDADO DE SEGURANÇA impetrado por


Vitória, 06 de Dezembro de 2019.
SINDIMETAL-ES - SINDICATO DOS TRABALHADORES NAS

INDÚSTRIAS METALÚRGICAS, MECÂNICAS, DE MATERIAL

ELÉTRICO E ELETRÔNICO NO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO,

contra decisão do MM. Juiz da Vara do Trabalho de Aracruz, que,

nos Autos da ACC 0000632-92.2019.5.17.0121, determinou o

pagamento de honorários periciais prévios no importe de R$ 400,00.

VITORIA, 7 de Dezembro de 2019


Afirma que a exigência de depósito prévio é ilícita, uma vez que há

dispositivos legais expressos de sua inexigibilidade. Cita a OJ n.º 98

Código para aferir autenticidade deste caderno: 144362


2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 153
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

do SDI - II, do TST e o art. 790-B da CLT.

No que tange à relevância e à urgência, é evidente que se o

Ressalta que após a edição da Lei n.º 13.467/2017, os sindicatos processo continuar poderá haver frustração na efetividade da

passaram a ter grandes dificuldades financeiras, e que por isso ulterior tutela que obtiver.

pleiteou a gratuidade de justiça nos autos do processo originário, o

que foi indeferido. Sendo assim, revendo posicionamento anterior sobre o tema, e por

presentes os requisitos do fummus boni juris e do periculum in

Argumenta que, por se tratar de Ação Civil Coletiva, o adiantamento mora, defiro a LIMINAR, para determinar a realização de perícia

de honorários periciais é inexigível, violando os arts. 87 da Lei n.º requerida nos autos da ACC nº 0000632-92.2019.5.17.0121,

8.078/90 e 18 da Lei n.º 7.347/84. independentemente da realização de depósito prévio de honorários

periciais.

Diante disso, requer liminar destinada a suspender os efeitos da

decisão proferida na ACC n.º 0000632-92.2019.5.17.0121, que Expeça-se o respectivo Ofício à autoridade coatora dando-se-lhe

determinou o depósito de honorários periciais prévios, até ciência da ordem e para que preste as informações exigidas no art.

julgamento do presente mandamus. E ao final, seja concedida a 7º, I, da Lei 12.016/2009.

segurança definitiva e confirmada a liminar.

Intime-se o Requerente, bem como o terceiro interessado, por meio

Primeiramente, anoto que o mandado de segurança é ação de do seu respectivo advogado para querendo, se manifestar no prazo

cunho constitucional, cuja finalidade é a de proteger direito líquido e de 10 dias.

certo contra ação ou ato que importe abuso de autoridade, e fazer

cessar ou obstar o ato que atente contra tal patrimônio subjetivo da Transcorrido o prazo, ao Ministério Público por idêntico prazo, nos

parte. termos do § 2º do art. 188, do Regimento Interno.

Dito isto, não resta dúvida que os pressupostos exigidos no art. 1º, e Vitória, 06 de Dezembro de 2019.

7º, III da Lei 12.016/2009 estão presentes.

A controvérsia dos autos gira em torno da determinação do

pagamento antecipado de honorários periciais prévios pelo

Sindicato autor nos autos da ação n.º 0000632-92.2019.5.17.0121.

Ora, em se tratando de típica lide trabalhista (decorrente de relação VITORIA, 7 de Dezembro de 2019

de emprego), a determinação judicial de antecipação dos honorários

do perito, a cargo do Impetrante consubstancia ilegalidade passível SONIA DAS DORES DIONISIO MENDES

de saneamento por meio do mandado de segurança. Desembargador Federal do Trabalho

Essa é a regra insculpida no novel art. 790-B, § 3º, da CLT,

introduzido pela Lei nº 13.467/2017, que estabelece: "o juízo não Decisão Monocrática
Processo Nº MSCol-0000943-57.2019.5.17.0000
poderá exigir adiantamento de valores para realização de perícias". Relator SONIA DAS DORES DIONISIO
MENDES
IMPETRANTE SIND TRAB IND MET MEC MAT
Tal entendimento já estava inclusive, consubstanciado na ELETR E ELETRONICO E ESPIRITO
SANTO
Orientação Jurisprudencial nº 98 da SBDI-2 do TST, verbis: ADVOGADO WILER COELHO DIAS(OAB:
11011/ES)
ADVOGADO BRUNO BORNACKI SALIM
"É ilegal a exigência de depósito prévio para custeio dos honorários MURTA(OAB: 10856/ES)
ADVOGADO RENATTA GUIMARAES
periciais, dada a incompatibilidade com o processo do trabalho, FRANCA(OAB: 17171/ES)
sendo cabível o mandado de segurança visando à realização da ADVOGADO INGRID FERREIRA BARROS(OAB:
15751/ES)
perícia, independentemente do depósito."

Código para aferir autenticidade deste caderno: 144362


2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 154
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

IMPETRADO JUIZO DA VARA DO TRABALHO DE


ARACRUZ julgamento do presente mandamus. E ao final, seja concedida a
TERCEIRO ESTALEIRO JURONG ARACRUZ segurança definitiva e confirmada a liminar.
INTERESSADO LTDA.
ADVOGADO STEPHAN EDUARD
SCHNEEBELI(OAB: 4097/ES)
Primeiramente, anoto que o mandado de segurança é ação de
CUSTOS LEGIS MINISTÉRIO PÚBLICO DO
TRABALHO cunho constitucional, cuja finalidade é a de proteger direito líquido e
TERCEIRO NOXI QUIMICA LTDA
INTERESSADO certo contra ação ou ato que importe abuso de autoridade, e fazer
ADVOGADO ANSELMO TABOSA DELFINO(OAB: cessar ou obstar o ato que atente contra tal patrimônio subjetivo da
6808/ES)
parte.
Intimado(s)/Citado(s):
- NOXI QUIMICA LTDA
Dito isto, não resta dúvida que os pressupostos exigidos no art. 1º, e

7º, III da Lei 12.016/2009 estão presentes.

PODER JUDICIÁRIO A controvérsia dos autos gira em torno da determinação do


JUSTIÇA DO TRABALHO pagamento antecipado de honorários periciais prévios pelo

Sindicato autor nos autos da ação n.º 0000632-92.2019.5.17.0121.

Ora, em se tratando de típica lide trabalhista (decorrente de relação

de emprego), a determinação judicial de antecipação dos honorários

do perito, a cargo do Impetrante consubstancia ilegalidade passível


Vistos os autos passo a proferir a seguinte,
de saneamento por meio do mandado de segurança.

DECISÃO:
Essa é a regra insculpida no novel art. 790-B, § 3º, da CLT,

introduzido pela Lei nº 13.467/2017, que estabelece: "o juízo não


Trata-se de MANDADO DE SEGURANÇA impetrado por
poderá exigir adiantamento de valores para realização de perícias".
SINDIMETAL-ES - SINDICATO DOS TRABALHADORES NAS

INDÚSTRIAS METALÚRGICAS, MECÂNICAS, DE MATERIAL


Tal entendimento já estava inclusive, consubstanciado na
ELÉTRICO E ELETRÔNICO NO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO,
Orientação Jurisprudencial nº 98 da SBDI-2 do TST, verbis:
contra decisão do MM. Juiz da Vara do Trabalho de Aracruz, que,

nos Autos da ACC 0000632-92.2019.5.17.0121, determinou o


"É ilegal a exigência de depósito prévio para custeio dos honorários
pagamento de honorários periciais prévios no importe de R$ 400,00.
periciais, dada a incompatibilidade com o processo do trabalho,

sendo cabível o mandado de segurança visando à realização da


Afirma que a exigência de depósito prévio é ilícita, uma vez que há
perícia, independentemente do depósito."
dispositivos legais expressos de sua inexigibilidade. Cita a OJ n.º 98

do SDI - II, do TST e o art. 790-B da CLT.


No que tange à relevância e à urgência, é evidente que se o

processo continuar poderá haver frustração na efetividade da


Ressalta que após a edição da Lei n.º 13.467/2017, os sindicatos
ulterior tutela que obtiver.
passaram a ter grandes dificuldades financeiras, e que por isso

pleiteou a gratuidade de justiça nos autos do processo originário, o


Sendo assim, revendo posicionamento anterior sobre o tema, e por
que foi indeferido.
presentes os requisitos do fummus boni juris e do periculum in

mora, defiro a LIMINAR, para determinar a realização de perícia


Argumenta que, por se tratar de Ação Civil Coletiva, o adiantamento
requerida nos autos da ACC nº 0000632-92.2019.5.17.0121,
de honorários periciais é inexigível, violando os arts. 87 da Lei n.º
independentemente da realização de depósito prévio de honorários
8.078/90 e 18 da Lei n.º 7.347/84.
periciais.

Diante disso, requer liminar destinada a suspender os efeitos da


Expeça-se o respectivo Ofício à autoridade coatora dando-se-lhe
decisão proferida na ACC n.º 0000632-92.2019.5.17.0121, que
ciência da ordem e para que preste as informações exigidas no art.
determinou o depósito de honorários periciais prévios, até

Código para aferir autenticidade deste caderno: 144362


2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 155
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

7º, I, da Lei 12.016/2009.

Intime-se o Requerente, bem como o terceiro interessado, por meio

do seu respectivo advogado para querendo, se manifestar no prazo

de 10 dias. Vistos os autos passo a proferir a seguinte,

Transcorrido o prazo, ao Ministério Público por idêntico prazo, nos DECISÃO:

termos do § 2º do art. 188, do Regimento Interno.

Trata-se de MANDADO DE SEGURANÇA impetrado por

Vitória, 06 de Dezembro de 2019. SINDIMETAL-ES - SINDICATO DOS TRABALHADORES NAS

INDÚSTRIAS METALÚRGICAS, MECÂNICAS, DE MATERIAL

ELÉTRICO E ELETRÔNICO NO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO,

contra decisão do MM. Juiz da Vara do Trabalho de Aracruz, que,

nos Autos da ACC 0000632-92.2019.5.17.0121, determinou o

pagamento de honorários periciais prévios no importe de R$ 400,00.

VITORIA, 7 de Dezembro de 2019 Afirma que a exigência de depósito prévio é ilícita, uma vez que há

dispositivos legais expressos de sua inexigibilidade. Cita a OJ n.º 98

SONIA DAS DORES DIONISIO MENDES do SDI - II, do TST e o art. 790-B da CLT.

Desembargador Federal do Trabalho

Ressalta que após a edição da Lei n.º 13.467/2017, os sindicatos

passaram a ter grandes dificuldades financeiras, e que por isso


Decisão Monocrática pleiteou a gratuidade de justiça nos autos do processo originário, o
Processo Nº MSCol-0000943-57.2019.5.17.0000
Relator SONIA DAS DORES DIONISIO que foi indeferido.
MENDES
IMPETRANTE SIND TRAB IND MET MEC MAT
ELETR E ELETRONICO E ESPIRITO Argumenta que, por se tratar de Ação Civil Coletiva, o adiantamento
SANTO
ADVOGADO WILER COELHO DIAS(OAB: de honorários periciais é inexigível, violando os arts. 87 da Lei n.º
11011/ES)
8.078/90 e 18 da Lei n.º 7.347/84.
ADVOGADO BRUNO BORNACKI SALIM
MURTA(OAB: 10856/ES)
ADVOGADO RENATTA GUIMARAES
FRANCA(OAB: 17171/ES) Diante disso, requer liminar destinada a suspender os efeitos da
ADVOGADO INGRID FERREIRA BARROS(OAB: decisão proferida na ACC n.º 0000632-92.2019.5.17.0121, que
15751/ES)
IMPETRADO JUIZO DA VARA DO TRABALHO DE determinou o depósito de honorários periciais prévios, até
ARACRUZ
julgamento do presente mandamus. E ao final, seja concedida a
TERCEIRO ESTALEIRO JURONG ARACRUZ
INTERESSADO LTDA. segurança definitiva e confirmada a liminar.
ADVOGADO STEPHAN EDUARD
SCHNEEBELI(OAB: 4097/ES)
CUSTOS LEGIS MINISTÉRIO PÚBLICO DO Primeiramente, anoto que o mandado de segurança é ação de
TRABALHO
TERCEIRO NOXI QUIMICA LTDA cunho constitucional, cuja finalidade é a de proteger direito líquido e
INTERESSADO
certo contra ação ou ato que importe abuso de autoridade, e fazer
ADVOGADO ANSELMO TABOSA DELFINO(OAB:
6808/ES) cessar ou obstar o ato que atente contra tal patrimônio subjetivo da

parte.
Intimado(s)/Citado(s):
- ESTALEIRO JURONG ARACRUZ LTDA.
Dito isto, não resta dúvida que os pressupostos exigidos no art. 1º, e

7º, III da Lei 12.016/2009 estão presentes.

PODER JUDICIÁRIO
A controvérsia dos autos gira em torno da determinação do
JUSTIÇA DO TRABALHO
pagamento antecipado de honorários periciais prévios pelo

Código para aferir autenticidade deste caderno: 144362


2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 156
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Sindicato autor nos autos da ação n.º 0000632-92.2019.5.17.0121.

Ora, em se tratando de típica lide trabalhista (decorrente de relação VITORIA, 7 de Dezembro de 2019

de emprego), a determinação judicial de antecipação dos honorários

do perito, a cargo do Impetrante consubstancia ilegalidade passível SONIA DAS DORES DIONISIO MENDES

de saneamento por meio do mandado de segurança. Desembargador Federal do Trabalho

Essa é a regra insculpida no novel art. 790-B, § 3º, da CLT,

introduzido pela Lei nº 13.467/2017, que estabelece: "o juízo não Decisão Monocrática
Processo Nº MSCiv-0000950-49.2019.5.17.0000
poderá exigir adiantamento de valores para realização de perícias". Relator CLAUDIO ARMANDO COUCE DE
MENEZES
IMPETRANTE PERFEICAO COMERCIO DE
Tal entendimento já estava inclusive, consubstanciado na MATERIAIS DE CONSTRUCOES
LTDA
Orientação Jurisprudencial nº 98 da SBDI-2 do TST, verbis: ADVOGADO DELIA PAZ DE LIMA(OAB:
213036/RJ)
AUTORIDADE JUIZO DA 9ª VARA DO TRABALHO
"É ilegal a exigência de depósito prévio para custeio dos honorários COATORA DE VITÓRIA
CUSTOS LEGIS MINISTÉRIO PÚBLICO DO
periciais, dada a incompatibilidade com o processo do trabalho, TRABALHO
sendo cabível o mandado de segurança visando à realização da
Intimado(s)/Citado(s):
perícia, independentemente do depósito."
- PERFEICAO COMERCIO DE MATERIAIS DE CONSTRUCOES
LTDA

No que tange à relevância e à urgência, é evidente que se o

processo continuar poderá haver frustração na efetividade da

ulterior tutela que obtiver.


PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA DO TRABALHO
Sendo assim, revendo posicionamento anterior sobre o tema, e por

presentes os requisitos do fummus boni juris e do periculum in

mora, defiro a LIMINAR, para determinar a realização de perícia

requerida nos autos da ACC nº 0000632-92.2019.5.17.0121,

independentemente da realização de depósito prévio de honorários

periciais. DECISÃO

Expeça-se o respectivo Ofício à autoridade coatora dando-se-lhe Vistos, etc.

ciência da ordem e para que preste as informações exigidas no art.

7º, I, da Lei 12.016/2009. Trata-se de mandado de segurança, com pedido de liminar,

impetrado por PERFEIÇÃO COMÉRCIO DE MATERIAIS DE

Intime-se o Requerente, bem como o terceiro interessado, por meio CONSTRUÇÃO LTDA (ID. fd9b27a) contra ato do Juízo da 9ª Vara

do seu respectivo advogado para querendo, se manifestar no prazo do Trabalho de Vitória-ES que, nos autos da Reclamação

de 10 dias. Trabalhista nº 0001130-77.2015.5.17.0009, proferiu a seguinte

decisão:

Transcorrido o prazo, ao Ministério Público por idêntico prazo, nos

termos do § 2º do art. 188, do Regimento Interno. "GREEN COAST CONSTRUÇÕES E INCORPORAÇÕES LTDA,

GYP LIBRA & FURTADO - EMPREENDIMENTOS - SPE LTDA

Vitória, 06 de Dezembro de 2019. GYP LIBRA 1 EMPREENDIMENTOS E PARTICIPAÇÕES - SPE

LTDA, PERFEIÇÃO COMÉRCIO DE MATERIAIS DE

CONSTRUÇÃO LTDA, GYP CENTER CONSULTORIA E GESTÃO

EMPRESARIAL LTDA, EQUIPE COMÉRCIO DE MATERIAIS DE

CONSTRUÇÃO LTDA e ALEGRIA COMÉRCIO VAREJISTA DE

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 157
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO LTDA, SEGURANÇA COMÉRCIO

VAREJISTA DE MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO LTDA, formulam Rejeita-se.

requerimentos ID n. 7ac1e27, 089792c, 53e6358, e07e306,

170329e, b1b68f8 e 3e7998f e 27856f2 alegando inexistir relação b) ILEGITIMIDADE PASSIVA. PRELIMINAR ARGUIDA PELA

de coordenação que justifique o reconhecimento de grupo EMPRESA ALEGRIA COMÉRCIO VAREJISTA DE MATERIAIS

econômico e pugnam pela exclusão de seus nomes na lide. DE CONSTRUÇÃO LTDA.

Intimado, o exequente exerceu o contraditório (ID n. 6273379). A legitimação para a causa, como as demais condições da ação, é

aferida em face do que se afirma na petição, ou seja, a análise

DECIDE-SE acerca de sua existência é restrita ao campo da mera asserção.

1. PRELIMINARES: A ré foi reconhecida como integrante de grupo econômico formado

pela executada.

a) NULIDADE PROCESSUAL. REALIZAÇÃO DE BACENJUD

ANTES DA REALIZAÇÃO DO ATO DE NOTIFICAÇÃO. MATÉRIA Logo, encontra-se legitimada a figugrar no polo passivo da

ARGUIDA PELAS EMPRESAS GREEN COAST CONSTRUÇÕES demanda.

E INCORPORAÇÕES LTDA, GYP CENTER CONSULTORIA E

GESTÃO EMPRESARIAL, EQUIPE COMÉRCIO DE MATERIAIS Rejeita-se.

DE CONSTRUÇÃO LTDA, SEGURANÇA COMÉRCIO

VAREJISTA DE MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO LTDA, c) IMPUGNAÇÃO DE DOCUMENTOS.

SUCESSO DISTRIBUIÇÃO DE MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO

LTDA e ALEGRIA COMÉRCIO VAREJISTA DE MATERIAIS DE As empresas GREEN COAST CONSTRUÇÕES E

CONSTRUÇÃO INCORPORAÇÕES LTDA e SEGURANÇA COMÉRCIO

VAREJISTA DE MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO impugnam

As executadas acima arguem nulidade processual. Sustentam que especificamente os documentos associados na petição ID n.

o BACENJUD foi realizado antes do ato de citação e que o ato é 8d8d087.

ilegal.

Sustentam que não estão assinados e foram produzidos de forma

Sem razão. unilateral pelo exequente.

Um dos principais objetivos do CPC é o de conferir efetividade a Sem razão.

garantia constitucional da razoável duração do processo, com os

meios que garantam a sua celeridade. Os documentos associados foram retirados de páginas extraídas de

redes sociais (Facebook, Instragram e Infojobs) e não necessitam

O poder geral de cautela é um instituto considerado necessário em de assinatura e não foram produzidos pelo exequente.

todos os quadrantes do planeta, e decorre da óbvia impossibilidade

de previsão abstrata de todas as situações de perigo para o As ferramentas sociais são utilizadas pelas executadas.

processo que podem vir a ocorrer em concreto. Por tal razão, é

considerado corolário da garantia constitucional da tutela Rejeita-se.

jurisdicional adequada.

2. MÉRITO:

Não há nulidade na prática do BACENJUD realizado antes do ato

de notificação. 2.1. EXISTÊNCIA DE GRUPO ECONÔMICO.

Ainda mais quando os valores ainda não foram liberados ao Sustentam as reclamadas inexistir os elementos jurídicos

exequente. definidores do §2º e 3º do art. 2º da CLT.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 158
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Não lhes assistem razão.

A empresa GREEN COAST alega atuar em do comércio diverso,

com estrutura operacional independente, sem qualquer relação A análise individual:

entre elas, inclusive com endereços comerciais distintos.

2.1.1. CONTRATO DE FRANQUIA. DESCARACTERIZAÇÃO

GYP LIBRA & FURTADO - EMPREENDIMENTOS E

PARTICIPAÇÕES - SPE LTDA alega ser uma sociedade de É certo que a celebração de contrato de franquia, por si só, não tem

propósito específico, criada em 04/07/2017, através das empresas o condão de impedir a formação de grupo econômico se

Green Coast Construções Ltda e GR Libra e Assessoria e demonstrada a ingerência da franqueadora sobre a franqueada. E,

Empreendimentos Ltda, com o objetivo de executar projeto, na hipótese em questão, verifica-se, pela análise do "contrato de

construção e vendas de unidades habitacionais na Estrada do franquia", que resta caracteriza a formação de grupo econômico.

Furado lote 3 e 4, do Pal. 47.444 - Campo Grande - RJ, devendo

ser extinta após a conclusão. Tal hipótese surge clara diante da ingerência da família tanto nas

empresas franqueadoras quanto na atividade franqueada, sendo tal

Aduz também exercer atividade empresarial com ramo distinto da aspecto suficiente para se reconhecer a existência de vínculo entre

executada, sem qualquer relação entre elas e que a mera as sociedades capaz de caracterizar o grupo econômico.

identidade de sócios não justifica por si só o reconhecimento de

grupo econômico. Soma-se a isto o fato de que a franqueadora, acaba por ser sócia,

na medida em que seus ganhos estão relacionados ao faturamento

GYP LIBRA 1 EMPREENDIMENTOS E PARTICIPAÇÕES - SPE bruto da franqueada. Transcrevo trechos do contrato de franquia:

LTDA alega ser uma sociedade de propósito específico, criada em

04/07/2017, através das empresas Green Coast Construções Ltda e "... CLÁUSULA 3. ROYALT

GR Libra e Assessoria e Empreendimentos Ltda, com o objetivo de

executar e comercializar um único projeto imobiliário de Kits de 3.1 Como forma de assegurar o uso continuado da marca, serviços

Casas duplex localizado na Rua Rocha Peixoto, n. 959, São de acompanhamento e supervisão de campo, durante a vigência

Gonçalo-RJ, devendo ser extinta após a conclusão. deste instrumento, o FRANQUEADO se obriga a pagar à

FRANQUEADORA, a partir da abertura da unidade franqueada ao

Aduz também exercer atividade empresarial com ramo distinto da público e durante toda a vigência deste contrato, uma taxa mensal

executada, sem qualquer relação entre elas e que a mera de franquia (royalties).

identidade de sócios não justifica por si só o reconhecimento de

grupo econômico. 3.2. Os royalties mensais, tal como estabelecido nos Procedimentos

e Normas da Franquia, será o equivalente, em reais, a 5% (cinco

ALEGRIA COMÉRCIO VAREJISTA DE MATERIAIS DE por cento) do faturamento bruto mensal total da unidade

CONSTRUÇÃO LTDA, alega ser empresa distinta, autônoma e franqueada, calculado em cima de suas vendas pro varejo.

independente da executada, não fazendo parte de grupo econômico

por ela formado. ...

PERFEIÇÃO COMÉRCIO DE MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO 3.5 A FRANQUEADORA poderá emitir boletos bancários para a

LTDA, GYP CENTER CONSULTORIA E GESTÃO EMPRESARIAL cobrança de quaisquer encargos.

LTDA, EQUIPE COMÉRCIO DE MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO

LTDA, SEGURANÇA COMÉRCIO VAREJISTA DE MATERIAIS DE ...

CONSTRUÇÃO e SUCESSO DISTRIBUIÇÃO DE MATERIAIS DE

CONSTRUÇÃO LTDA aduzem, em suas defesas, a inexistência de 3.8 Além das informações de vendas mensais, o FRANQUEADO

grupo econômico, mas com fundamento na Lei 8955/94 (Lei de deverá apresentar, também, mensalmente, cópia dos extratos de

Franquias). cartões de créditos, cartões de débitos e tickets refeições recebidos

ao longo do mês, para melhor embasar as bases de dados da

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FRANQUEADORA. 8.1. .. O ponto comercial escolhido deverá ser submetido à

apreciação da FRANQUEADORA para avaliação de atendimento

3.0 Nas unidades franqueadas que foram homologadas e aos requisitos mínimos necessários à implantação de uma unidade

autorizadas a prestar os serviços disponibilizados pela marca GYP franqueada da marca, ficando a seu exclusivo critério a aprovação

CENTER, serão estabelecidos, além dos royalties percentuais sobre ou não.

as vendas pro varejo, a cobrança dos royalties percentuais e

mínimos, de R$1.500,00 (Um mil e quinhentos reais) para o modelo O franqueado, na exploração da marca cedida pelo franqueador,

de negócio de ShowRoom e R$ 1.500,00 (um mil e quinhentos desenvolve atividade de interesse comum, sem embargo de que

reais) para o modelo de negócio LOJA, que serão cobrados pela submetido a regras rígidas e previamente estipuladas por este.

renda

No caso, ficou demonstrada que a franqueada, além de não ter

decorrente da prestação de serviços, devendo ser pagos na forma autonomia na condução de seu próprio negócio, representava uma

prevista na presente cláusula 3ª. verdadeira extensão da franqueadora. Assim, no caso em tela, o

franchising, nos termos que estabelecido, caracteriza grupo

4.2. O FRANQUEADO pagará a FRANQUEADORA mensalmente, o econômico.

equivalente, em reais, a 2% (dois por cento do faturamento bruto da

unidade franqueada. Do exame dos contratos firmados entre as reclamadas, restou

evidente que a ré, ao celebrar com as demais contrato de franquia,

4.6. A Administração dos valores arrecadados pelo fundo de tomou para si poderes próprios e exclusivos daquelas, a quem

propaganda será feita exclusivamente pela FRANQUEADORA. incumbe a condução e execução da atividade econômica,

configurando uma estreita relação de subordinação e coordenação

Observa-se, inclusive, dentre as várias obrigações da franqueada, a entre as reclamadas, denotando a figura de grupo econômico, para

restrição de sua atuação em outras áreas empresariais, obrigação fins trabalhistas, daí emergindo a responsabilidade solidária de

de compra de produtos apenas de fornecedores credenciados, bem todas as demandas pelos créditos trabalhistas reconhecidos.

como o dever de observar a tabela de preços e não obter

empréstimos. 2.1.2. GRUPO ECONÔMICO. SOCIEDADE CONSTITUÍDA PARA

FIM ESPECÍFICO.

Cito como exemplo, o contrato ID n. bb95dab p. 4, verbis:

O grupo econômico para fins justrabalhistas caracteriza-se quando

"1.1. O território da franquia abrange a cidade de Araruama e tem empresas, embora dotadas de personalidade jurídica própria,

como foco principal a atividade de comércio varejista de materiais estejam ligadas por laços de direção ou de subordinação, ou

de construção, autorizados pela FRANQUEADORA, sendo vedado mesmo de coordenação comunhão de interesses comerciais e / ou

ao FRANQUEADO prestar serviços e/ou realizar vendas fora do institucionais.

território da unidade contratualmente definido com a

FRANQUEADORA. A empresa GYP Libra & Furtado - Empreendimentos e

Participações é composta pela união das empresas Green Coast

.. Construções e Incorporações e GR Libra Assessoria e

Empreendimentos Ltda.

1.4. Durante a vigência deste instrumento não será permitido o

exercício de concorrência pelo FRANQUEADO, por seus sócios, A empresa GYP Libra 1 Empreendimentos e Participações SPE

prepostos ou representantes, com marcas, produtos, mercadorias, e LTDA é composta pela empresas Green Coast Construções e

serviços iguais ou similares, através de sistemas já existentes ou Incorporações e GR Libra Assessoria e Empreendimentos Ltda.

que possam a vir a surgir no mercado.

Evidente a presença de interesse comercial / institucional suficiente

... para a caracterização de grupo econômico.

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2.1.3. GRUPO ECONÔMICO CARACTERIZAÇÃO. da CLT.

No Direito do Trabalho, reitero, a fixação do grupo econômico não Indefiro o pedido. Foi mantida a decisão que reconheceu o grupo

se reveste daquelas características e exigências comuns da econômico familiar.

legislação comercial, bastando que haja o elo empresarial, a

integração entre as empresas. Intimem-se.

Nos ensinamentos de Maurício Godinho Delgado, verbis: Transcorrido in albis o prazo recursal, expeça-se alvará das

importâncias bloqueadas em favor do exequente (IDs n. 0c334bd,

"o grupo econômico para fins justrabalhistas não necessita se 3739c3c, c3b1684, 31b14c1, 8a5b055, a1619e1, f0193eb, 32e4462,

revestir das modalidades jurídicas típicas ao Direito Econômico ou edc89fd, acd5082, d515d2b, 5d48788, 76d89bc) e, atualize-se o

Direito Comercial (holdings, consórcios, pools, etc). montante a executar. Feito isto, promova-se novo BACENJUD em

desfavor das executadas.

Não se exige, sequer, prova de sua forma institucionalização

cartorial: pode-se acolher a existência do grupo econômico desde VITORIA, 6 de Setembro de 2019

que emerjam evidências probatórias de que estão presentes os

elementos de integração interempresarial de que falam os LUCY DE FATIMA CRUZ LAGO

mencionados preceitos da CLT.

Juiz(íza) do Trabalho Titular"

O que quer a lei é que o sujeito jurídico componente do grupo

econômico para fins justrabalhistas consubstancie essencialmente Sustenta a empresa impetrante, em síntese, que "foi chamada a lide

um ser econômico, uma "empresa" (expressão sugestivamente por supostamente pertencer ao mesmo grupo econômico que a

enfatizada pelos dois preceitos legais invocados). O caráter e os Reclamada, ora Gypsolution Comércio de Materiais de Construção

fins econômicos dos componentes do grupo sugerem, assim como Ltda. Ocorre que, apesar de totalmente fantasiosa a pretensão do

elementos qualificadores indispensáveis à emergência da figura Reclamante de que a Impetrante pertença ao mesmo grupo

aventada pela ordem jurídica trabalhista". econômico da Reclamada, esta foi incluída nos autos e

imediatamente executada, sem que antes lhe fosse dado o direito

O nexo entre os integrantes do grupo econômico pode decorrer de de se manifestar no processo."

direção hierárquica, no qual há vínculo de dominação, controle ou

administração da empresa principal sobre as filiadas, ou de simples Diz que, "tomou conhecimento da lide ao sofrer o bloqueio judicial

coordenação entre as diversas empresas, sem que haja posição no valor de R$209,49. Nesse sentido, é evidente a total afronta ao

predominante de nenhuma delas. artigo 5º, incisos LIV e LV, da Constituição da República, eis que a

Impetrante de foi privada de seus ativos financeiros sem que lhe

O contexto dos autos permite concluir que as pessoas físicas e fosse assegurado o direito ao contraditório e ampla defesa."

jurídicas integram o mesmo grupo econômico familiar, em que os

negócios e objetos sociais das pessoas envolvidas são Insiste que "tal conduta está em total afronta ao artigo 5º, incisos

desenvolvidos em comunhão de interesses e finalidades. LIV e LV, da Constituição da República, eis que houve tentativa de

privar a Impetrante de seus ativos financeiros sem que lhe fosse

É evidente a íntima relação entre as empresas e suas famílias, assegurado o direito ao contraditório e ampla defesa."

presumindo-se o laço econômico entre as empresas.

Assim, entendendo presentes os requisitos legais, requer liminar

2.2 LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ. REQUERIMENTO FORMULADO para "suspender a execução, impedindo que seja determinado o

PELA GREENCOAST. início da penhora pelo MM Juízo da MM. Juízo da 9ª Vara do

Trabalho de Vitória."

A executada GREENCOAST pugna pela condenação do exequente

ao pagamento da multa prevista no art. 80, II e 81 do CPC c/c 769 Não tem razão a impetrante.

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07.2010.5.23.0000, Rel. Min. Alberto Luiz Bresciani de Fontan

Deve, de plano, ser extinto o presente feito, sem resolução do Pereira, in DEJT 3.6.2011; RO-1088200-38.2010.5.02.0000, Rel.

mérito, já que não cabe mandado de segurança para o fim aqui Min. Maria de Assis Calsing, in DEJT 2.12.2011; RO-1244700-

colimado, incidindo, assim, as disposições contidas no artigo 10, da 69.2009.5.02.0000, Rel. Min. Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, in

Lei 12.016/2009. DEJT 10.2.2012, entre muitos outros precedentes mais recentes.

Com efeito, resta óbvio que a pretensão do Impetrante, em síntese, Diante do exposto, conclui-se que, para situações como a dos

é reformar a decisão do juízo da execução. Mas, nesse caso, vê-se autos, o ordenamento jurídico prevê a apresentação de agravo de

que a reivindicação deve ser formulada em sede de recurso próprio. petição e, ainda depois, de recurso de revista (CLT, art. 896), de

forma que a via eleita encontra óbice na disciplina do art. 5º, II, da

Dessa forma, não há dúvidas quanto ao descabimento da via Lei nº 12.016/2009 e, ainda, na compreensão da OJ 92 da SBDI-

mandamental para se insurgir contra o ato hostilizado, uma vez 2/TST e Súmula 267/STF.

existente no ordenamento jurídico impugnação própria para corrigir

a suposta ilegalidade. Mandado de Segurança não é recurso, é Aliás, registre-se que as jurisprudências trazidas pela empresa

medida extrema, destinada à proteção de direito líquido e certo, não impetrante na inicial deste mandamus, cuidando de matérias

podendo ser sucedâneo do apelo. Para a fase de execução, há idênticas às aqui debatidas, trata-se, todas, de ementas de

expedientes e recurso próprio a serem manejados. acórdãos exarados em Agravo de Petição.

Este é o entendimento do C. TST, esposado por meio da Assim, indefiro a inicial, julgando extinto o processo sem resolução

Orientação Jurisprudencial - SBDI-II nº 92: do mérito, ex vi do artigo 10, da Lei 12.016/2009, c/c o inciso I, do

artigo 330, e o inciso I, do artigo 485, ambos do CPC/2015.

"Mandado de segurança. Existência de recurso próprio. Não

cabe mandado de segurança contra decisão judicial passível de Custas, pela Impetrante, de R$20,00 (vinte reais), calculadas sobre

reforma mediante recurso próprio, ainda que com efeito diferido." o valor dado à causa, de R$1000,00 (mil reais).

Também, no mesmo sentido, o STF: Intime-se a Impetrante.

"Súmula 267 - Não cabe mandado de segurança contra ato judicial

passível de recurso ou correição."

Essa é a hipótese dos autos, na medida em que o tema debatido na

ação mandamental comportaria o manejo de agravo de petição, em

via ordinária. VITORIA, 9 de Dezembro de 2019

O mandado de segurança jamais foi visto como substitutivo de CLAUDIO ARMANDO COUCE DE MENEZES

recurso. Assim, a extinção do feito é consequência lógica, já que Desembargador Federal do Trabalho

totalmente incabível o mandamus, nos termos do artigo 10, da Lei

12.016/2009:
Decisão Monocrática
Processo Nº MSCiv-0000957-41.2019.5.17.0000
"A inicial será desde logo indeferida, por decisão motivada, Relator DANIELE CORREA SANTA
CATARINA
quando não for o caso de mandado de segurançaou lhe faltar
IMPETRANTE SABOR ORIGINAL ALIMENTACAO E
algum dos requisitos legais ou quando decorrido o prazo legal para SERVICOS EIRELI
ADVOGADO IGOR STEFANOM MELGACO(OAB:
a impetração. (destaque nosso) 16559/ES)
AUTORIDADE JUIZO DA 2ª VARA DO TRABALHO
COATORA DE VITÓRIA
Neste sentido vem, reiteradamente, decidindo a Eg. SBDI-II, do C. CUSTOS LEGIS MINISTÉRIO PÚBLICO DO
TRABALHO
TST, como se vê dos seguintes processos: RO-28200-

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Intimado(s)/Citado(s):
Assevera, contudo, que "NÃO OBSTANTE OS CÁLCULOS
- SABOR ORIGINAL ALIMENTACAO E SERVICOS EIRELI
PERICIAIS CORRIGIDOS TEREM COMPROVADO QUE NADA

ERA DEVIDO A FAVOR DO RECLAMANTE, O JUÍZO DE PISO,

INDEFERIU O DESBLOQUEIO DA QUANTIA BLOQUEADA, sem


PODER JUDICIÁRIO
qualquer fundamento legal."
JUSTIÇA DO TRABALHO

Argumenta que "a decisão do Juízo de piso, é totalmente ilegal e

arbitrária, pois não possui qualquer embasamento, para a

manutenção da penhora, quando se constatado que os cálculos

iniciais que serviram como embasamento do bloqueio, estavam

DECISÃO totalmente irregulares. HÁ DE SER DESTACADO QUE, O

BLOQUEIO REALIZADO EM 12/12/2018, DECORREU DE UM

Trata-se de Mandado de Segurança impetrado por SABOR GRAVE ERRO COMETIDO PELA PERITA, QUE AO ELABORAR

ORIGINAL ALIMENTAÇÃO E SERVIÇOS EIRELI, com pedido de OS CÁLCULOS DE LIQUIDAÇÃO, DEIXOU DE REALIZAR A

liminar inaudita altera parte, contra ato dito violador do seu direito DEDUÇÃO/COMPENSAÇÃO DOS VALORES QUE HAVIA SIDO

líquido e certo praticado pela Excelentíssima JUÍZA DA MMª 2ª PAGOS PELA EXECUTADA, FATO ESTE QUE, LHE CAUSOU E

VARA DO TRABALHO DE VITÓRIA/ES que, nos autos da VEM CAUSANDO, DANOS GRAVES E DE DIFÍCIL REPARAÇÃO,

execução passada na RT 0001907-83.2015.5.17.0002, indeferiu o JÁ QUE, TEVE INDEVIDAMENTE, PENHORADA DE SUA CONTA

seu pedido de desbloqueio de valores penhorados via BACEN/JUD. BANCÁRIA, A VULTUOSA QUANTIA DE R$ 43.692,28 (quarenta e

três mil, seiscentos e noventa e dois reais e vinte e oito centavos)",

A impetrante, em apertada síntese, sustenta que após o trânsito em ressaltando a ilegalidade do ato (indeferimento do desbloqueio que

julgado da decisão que a condenou a pagar valores ao reclamante, no seu entender ocorreu de forma equivocada).

ora terceiro interessado, iniciou-se a execução quando "foi realizado

em 14/12/2018, o bloqueio judicial da quantia de R$ 43.692,28 Assim, sustenta estarem evidentemente caracterizados o fumus

(quarenta e três mil, seiscentos e noventa e dois reais e vinte e oito boni iuris e o periculum in mora críveis de ensejar a antecipação de

centavos), de uma das contas bancárias da Impetrante (Id. b9e0f15, tutela no presente, estando, caracterizado, também, a relevância do

dos autos de piso), tendo como base os cálculos elaborados pela fundamento, nos termos do previsto no artigo 7º, III da Lei

perita judicial." 12.016/09, devendo ser deferida liminar para determinar "à

Autoridade Coatora, PARA QUE PROCEDA O IMEDIATO

Alega que após a sua notificação, "em data de DESBLOQUEIO DAS CONTAS CORRENTES BANCÁRIAS DA

31/01/2019,apresentou Embargos à Execução, onde fundamentou IMPETRANTE, E O DEVIDO RESSARCIMENTO DA QUANTIA

seu inconformismo, exatamente, na falta de dedução/compensação BLOQUEADA ATRAVÉS DE ALVARÁ, DEVIDAMENTE

dos valores pagos ao Reclamante, e consequentemente, no erro CORRIGIDA, NO PRAZO MÁXIMO DE 24 (VINTE E QUATRO

dos cálculos de liquidação promovidos pela Perita Judicial", os quais HORAS), sob as penas previstas em lei."

foram julgados procedentes em parte somente em 16/09/2019,

determinando-se o encaminhamento dos autos a i. perita contadora Decido.

para adequação dos cálculos.


Para a concessão de liminar em sede de mandado de segurança é

Aduz que a i. expert apresentou nova planilha de cálculos quando preciso que o órgão judicial, ao despachar a inicial, se convença da

então "Ao verificar os cálculos corrigidos, a Impetrante verificou que relevância do fundamento das alegações do impetrante (fumus boni

o bloqueio ocorrido, foi totalmente equivocado, já que, a Impetrante iuris) e verificar que do ato impugnado venha a resultar a ineficácia

NÃO DEVE NENHUM VALOR em favor do Autor, pelo contrário, da medida, caso seja finalmente deferida (periculum in mora).

pelos cálculos periciais, foi aferido que a Impetrante, é que possui

crédito para com o Reclamante", razão pela qual requereu o Nesse sentido, dispõe o caput do artigo 300 do NCPC, in verbis:

imediato desbloqueio do valor penhorado.


Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver

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elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de

dano ou o risco ao resultado útil do processo. Vistos etc.

Ao comentar a chamada "probabilidade do direito" prevista no novo Por ora, nada a deferir em relação à petição da ré de id. aa989dc.

ordenamento para a concessão da tutela de urgência, o professor

Daniel Mitidiero (in Breves Comentários ao Novo Código de Intime-se o reclamante para ciência da adequação aos cálculos pela

Processo Civil / Teresa Arruda Alvim Wambier ... [et al.], perita do Juízo.

coordenadores - São Paulo : Editora Revista do Tribunais, 2015,

pag. 782) leciona que: Após, aguarde-se o trânsito em julgado.

A probabilidade que autoriza o emprego da técnica antecipatória No caso,a impetrante se insurge quanto à decisão que em sede de

para a tutela dos direitos é a probabilidade lógica - que é aquela que execução definitiva indeferiu a liberação de valores penhorados em

surge da confrontação das alegações e das provas com os sua conta corrente via BACEN/JUD.

elementos disponíveis nos autos, sendo provável a hipótese que

encontra maior grau de confirmação e menor grau de refutação Ocorre que entendo que há recurso próprio para atacar a referida

nesses elementos. O juiz tem que se convencer de que o direito é decisão, qual seja, o agravo de petição passível de pedido liminar

provável para conceder 'tutela provisória'. para concessão de tutela de urgência.

Vê-se, portanto, que para a concessão da medida urgente deverá o Nesse sentido, prevê a alínea "a" do artigo 897 do CLT, in verbis:

julgador analisar o pedido e as alegações da parte em contraponto

com as provas apresentadas, fazendo um juízo de probabilidade de Art. 897 - Cabe agravo, no prazo de 8 (oito) dias:

veracidade das alegações em sintonia com a possibilidade de êxito

do provimento final a ser proferido no processo. a) de petição, das decisões do Juiz ou Presidente, nas execuções;

No entanto, não basta estar presente apenas o chamado fumus Sendo assim, tem-se que o agravo de petição é o recurso próprio

boni iuris para o deferimento da tutela cautelar, devendo-se para impugnar decisões proferidas no curso do processo (ou fase)

analisar, ainda, o perigo do dano ou risco ao resultado útil do de execução.

processo.

Diferentemente do recurso ordinário, cabível tão-somente contra as

No tocante ao perigo de dano, nos socorremos as lições de Manoel decisões finais (CLT, art. 895, incisos I e II), o agravo de petição

Antônio Teixeira Filho (in Curso de Direito Processual do Trabalho, cabe, genericamente, contra as decisões do juiz nas execuções, à

Vol. II - São Paulo : LTr, 2009, p. 702) que comentando o instituto a luz do dispositivo acima citado.

luz do Código Buzaid, explica que:

Em face da imprecisão do texto celetista, dividem-se os

"Não basta, porém, que o risco de dano seja atual iminente: é entendimentos, quanto à interpretação do vocábulo "decisões".

imprescindível que o dano seja irreparável ou de difícil reparação.

Logo, não se antecipará os efeitos da tutela quando, embora o risco Com arrimo na interpretação sistemática dos arts. 893, § 1º, e 897,

de dano seja atual, este possa ser reparado sem maiores a, ambos da CLT e da aplicação subsidiária do CPC, e nos termos

dificuldades. Caberá ao requerente da antecipação, portanto, das lições do professor Carlos Henrique Bezerra Leite (in Curso de

demonstrar que o dano será irreparável ou de difícil reparação." direito processual do trabalho, 14ed - São Paulo : Saraiva, 2016)

entendo ser impugnáveis por agravo de petição:

Contudo, antes mesmo de se passar para a análise do pedido

liminar, impõe-se analisar o próprio cabimento da medida. Para a sentença que extingue a execução (CPC, arts. 794 e 795)

tanto, transcrevo a decisão ora vergastada: quando: I - o devedor satisfaz a obrigação; II - o devedor obtém, por

transação ou por qualquer outro meio, a remissão total da dívida; III

DESPACHO - o credor renunciar ao crédito;

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à luz do princípio da efetividade, admite-se a interposição de

a sentença que acolhe ou rejeita os embargos do devedor ou a recurso contra decisões proferidas no curso do processo de

impugnação do credor (CLT, art. 884, §§ 3º e 4º); execução.

a decisão interlocutória que determina a suspensão da execução Isto porque, existem decisões interlocutórias gravosas que são

(CPC, art. 791); cruciais para os litigantes, porquanto trazem consigo caráter de

definitividade, podendo assim mudar todo o curso da execução ou

a decisão que acolhe integralmente a exceção de pré- mesmo torná-la ineficaz, caso o exame do incidente fique no

executividade; aguardo da decisão definitiva. Desse modo, tem-se que tais

decisões desafiam o manejo do recurso de agravo de petição, tal

a decisão que declara a incompetência da Justiça do Trabalho para como previsto no art. 897, alínea 'a', do texto celetista, e/ou

executar parcelas remuneratórias de natureza continuativa ajuizada embargos à execução.

por servidor público, que teve o seu regime jurídico de trabalho

alterado de celetista para estatutário e extingue a execução por Sendo assim, aceitar o presente writ of mandamus seria uma forma,

ausência de pressuposto processual para o desenvolvimento válido entendo eu, de burlar o previsto no item I da Súmula 414 do E. TST,

da execução (CPC, art. 267, IV). aplicável por analogia ao presente caso, in verbis:

a decisão que indefere a expedição de ofício a órgãos públicos MANDADO DE SEGURANÇA. TUTELA PROVISÓRIA

requerida pelo exequente para encontrar bens do executado, a fim CONCEDIDA ANTES OU NA SENTENÇA (nova redação em

de sobre eles recair a penhora. decorrência do CPC de 2015) - Res. 217/2017 - DEJT divulgado em

20, 24 e 25.04.2017

a decisão interlocutória que remete os autos para a Justiça comum,

para prosseguir a execução (CPC, art. 113, § 2º); I - A tutela provisória concedida na sentença não comporta

impugnação pela via do mandado de segurança, por ser impugnável

a decisão que acolhe ou rejeita embargos de terceiro, embargos à mediante recurso ordinário. É admissível a obtenção de efeito

arrematação ou à adjudicação; suspensivo ao recurso ordinário mediante requerimento dirigido ao

tribunal, ao relator ou ao presidente ou ao vice-presidente do

a decisão que, de ofício, extingue a execução por: I - falta ou tribunal recorrido, por aplicação subsidiária ao processo do trabalho

nulidade da citação, se o processo correu à revelia; II - do artigo 1.029, § 5º, do CPC de 2015.

inexigibilidade do título; III - penhora incorreta ou avaliação errônea;

IV - ilegitimidade das partes; V - excesso de execução; Esse também é o entendimento do E. TST, conforme Orientação

Jurisprudencial 92 da SDI-II:

a decisão que não comporta apreciação pelo órgão ad quem

em momento posterior, ante a prejudicialidade imediata da 92. MANDADO DE SEGURANÇA. EXISTÊNCIA DE RECURSO

medida. PRÓPRIO (inserida em 27.05.2002)

Em todos os casos supracitados haverá o "gravame autônomo", que Não cabe mandado de segurança contra decisão judicial passível

independentemente do encerramento da execução, desafiará a de reforma mediante recurso próprio, ainda que com efeito diferido.

interposição imediata do agravo de petição.

Comentando a referida Orientação Jurisprudencial, os professores

Neste contexto, ressalvados os entendimentos em sentido contrário, Elisson Miessa e Henrique Correia (in Súmulas e OJ's do TST

entendo, e tenho defendido essa posição em julgamentos agravo de comentadas e organizadas por assunto 6ª ed. rev. atual. - Salvador

instrumento que visam "destrancar" eventual agravo de petição cujo : Editora Juspodivm, 2016, p. 1734-1735) esclarecem que esta foi

seguimento foi denegado na origem, que, a despeito de vigorar no editada sob a égide da Lei 1.533/51 (antiga lei do mandado de

processo do trabalho a regra da irrecorribilidade imediata das segurança), que previa o não cabimento de mandado de segurança

decisões interlocutórias (art. 893, § 1º, da CLT), excepcionalmente, em face de decisão passível de recurso próprio. Eis o que expõem

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os professores: No entanto, essa interpretação não parece ser a melhor. Primeiro,

porque o requerimento de concessão de efeito suspensivo será por

"Além disso, o TST veda nessa orientação o writ mesmo que o simples petição ao tribunal ou relator competente para julgar o

recurso tenha efeito diferido, ou seja, o recurso tem o efeito mérito do recurso, nos termos do §§ 3º e 4º do art. 1.012 do NCPC,

postergado par ao momento futuro. aplicáveis ao processo do trabalho. Segundo, porque interpretando

ampliativamente esse dispositivo, haveria subversão do sistema

(...) processual, passando-se a se admitir o mandado de segurança

como sucedâneo recursal."

O entendimento consubstanciado nessa orientação acompanha o

declinado na Súmula 267 do STF, que assim vaticina: Nesse mesmo sentido, colhem-se ementas de julgados recentes

dos e. TST e STJ, in verbis:

Não cabe mandado de segurança contra ato judicial passível de

recurso ou correição. RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. LEI Nº

13.105/15. NULIDADE DE INTIMAÇÃO DA SENTENÇA.

Ocorre, no entanto, que a lei 1.533/51 foi revogada. Atualmente, a PUBLICAÇÃO DA SENTENÇA EM NOME DE APENAS UM DOS

lei nº 12.016/09, que versa sobre o mandado de segurança, declina ADVOGADOS INDICADOS PELA PARTE. ATO JUDICIAL

em seu art. 5º, II: ATACÁVEL MEDIANTE REMÉDIO JURÍDICO PRÓPRIO.

PREVALÊNCIA DA CONVICÇÃO DEPOSITADA NA

Art. 5o Não se concederá mandado de segurança quando se tratar: ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIAL Nº 92 DA SBDI-2 DO TST. 1.

O mandado de segurança jamais foi visto como substitutivo de

(...) recurso, de modo que pudesse o litigante, em face de ato judicial

determinado, servir-se de um ou de outro, a seu critério e gosto. 2.

II - de decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo; Não há e não pode haver, ante a distinção das salvaguardas

constitucionais, fungibilidade entre os institutos. 3. A Lei nº

12.016/2009, ao proibir a impetração de mandado de segurança

contra decisão judicial da qual caiba recurso com efeito

Diante de tal inovação indaga-se: permanece aplicável o suspensivo (art. 5º, II), não inovou o ordenamento jurídico até

entendimento do TST descrito nessa orientação? A decisão com então vigente, na medida em que tanto o sistema recursal

efeito meramente devolutivo sempre estará sujeita ao mandado de inaugurado pelo Código de Processo Civil (CPC, art. 558,

segurança. parágrafo único) quanto o trabalhista (CLT, art. 899; Súmula

414, item I, do TST) admitem a concessão de efeito suspensivo

Pensamos que o entendimento ainda vigora. Isso porque, embora o aos recursos dele desprovidos, ainda que excepcionalmente. 4.

mandado de segurança seja um 'remédio' heróico, ele deve ser Portanto, mesmo sob a égide da Lei nº 12.016/2009, subsiste a

utilizado de modo excepcional, o que significa que não tem o convicção depositada na Orientação Jurisprudencial nº 92 da

condão de ser empregado como sucedâneo de último recurso, sob SBDI-2 do TST, no sentido do descabimento de "mandado de

pena de se prolongar indefinidamente o deslinde da controvérsia segurança contra decisão judicial passível de reforma mediante

judicial e minimizar a verdadeira finalidade do instituto, qual seja, a recurso próprio, ainda que com efeito diferido". Para o caso, o

proteção do direito líquido e certo. procedimento ordinário contém rito hábil à defesa da pretensão da

parte. Recurso ordinário a que se nega provimento. (RO - 520-

Além disso, acreditamos que a regra do art. 5º, II da aludida lei deve 11.2016.5.06.0000 , Relator Ministro: Alberto Luiz Bresciani de

ser devidamente interpretada na seara laboral. Diz-se isso porque é Fontan Pereira, Data de Julgamento: 22/08/2017, Subseção II

sabido que os recursos no processo do trabalho são dotados de Especializada em Dissídios Individuais, Data de Publicação: DEJT

efeito meramente devolutivo, o que nos levaria à conclusão de que, 25/08/2017)

se interpretado tal dispositivo, todas as decisões estariam passíveis

de mandado de segurança. TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ORDINÁRIO EM

MANDADO DE SEGURANÇA. IMPUGNAÇÃO DE ATO DE

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AUTORIDADE JUDICIAL, QUE PROFERIRA SENTENÇA DE sentença de extinção de Execução Fiscal de valor inferior ao limite

EXTINÇÃO DE EXECUÇÃO FISCAL DE VALOR INFERIOR AO de alçada, previsto no art. 34 da Lei 6.830/80, não tendo sido

LIMITE DE ALÇADA, PREVISTO NO ART. 34 DA LEI 6.830/80. previamente interpostos, porém, os cabíveis Embargos Infringentes,

AUSÊNCIA DE INTERPOSIÇÃO DOS CABÍVEIS EMBARGOS como admitido pela própria recorrente. Portanto, efetivamente

INFRINGENTES. INADMISSIBILIDADE DO MANDADO DE incide, na espécie, a Súmula 267/STF, não havendo fundamento

SEGURANÇA COMO SUCEDÂNEO RECURSAL. INCIDÊNCIA jurídico que justifique o afastamento do art. 5º, II, da Lei

DO ART. 5º, II, DA LEI 12.016/2009 E DA SÚMULA 267 DO STF. 12.016/2009 e a mitigação do entendimento daquele verbete

RECURSO ORDINÁRIO IMPROVIDO. sumular. Precedentes do STJ (RMS 49.410/RS, Rel. Ministro

GURGEL DE FARIA, PRIMEIRA TURMA, DJe de 28/04/2016; RMS

I. Recurso ordinário interposto contra acórdão publicado na vigência 50.883/SP, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA,

do CPC/73. DJe de 29/11/2016).

II. Trata-se, na origem, de Mandado de Segurança impetrado, V. Com efeito, "das sentenças prolatadas em execuções de

perante o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, contra o pequeno valor cabem, apenas, os embargos infringentes (art. 34 da

Juízo de 1º Grau, que proferira sentença de extinção de Execução LEF) e, subsistindo controvérsia de índole constitucional, o recurso

Fiscal de valor inferior ao limite de alçada, previsto no art. 34 da Lei extraordinário, sendo inviável a impetração do mandado de

6.830/80, sendo fato incontroverso - admitido pelo próprio segurança ao tribunal de apelação, sob pena de subverter esse

impetrante, ora recorrente - a ausência de interposição dos sistema recursal. Precedentes: AgRg no RMS 43.205/SP, Rel.

Embargos Infringentes de que trata a Lei 6.830/80, recurso judicial Ministro Sérgio Kukina, DJe 5/9/2013; AgRg no RMS 38.040/SP,

cabível, na espécie. O Mandado de Segurança foi liminarmente Rel. Ministro Ari Pargendler, Primeira Turma, DJe 19/02/2013; RMS

indeferido, em 2º Grau, nos termos do art. 10 da Lei 12.016/2009 e 35.615/SP, Rel. Ministro Arnaldo Esteves Lima, Primeira Turma,

da Súmula 267/STF, tendo sido interposto, contra o acórdão DJe 15/02/2013" (STJ, AgRg no AgRg no RMS 43.562/SP, Rel.

recorrido, o presente Recurso Ordinário. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, DJe de

24/10/2013).

III. Consoante assentado pela Primeira Turma do STJ, no RMS

33.042/SP (Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, DJe de VI. Recurso ordinário improvido.

10/10/2011), e também pela Segunda Turma do STJ, no AgRg

no RMS 36.974/SP (Rel. Ministro MAURO CAMPBELL, DJe de (RMS 53.101/SP, Rel. Ministra ASSUSETE MAGALHÃES,

25/04/2012), no regime da Lei 12.016/2009 subsistem os óbices SEGUNDA TURMA, julgado em 06/04/2017, DJe 26/04/2017)

que sustentam a orientação das Súmulas 267 e 268 do STF, no

sentido de que, mesmo na hipótese de decisão judicial sujeita a Infere-se do exposto que a Orientação Jurisprudencial 92 da SDI-II

recurso sem efeito suspensivo, o mandado de segurança (a) continua em vigor, mesmo com a edição da Lei 12.016/09.

não pode ser transformado em alternativa recursal, como

substitutivo do recurso próprio, e (b) não é cabível contra Impende consignar que em outros feitos na fase de execução

decisão judicial revestida de preclusão ou com trânsito em tenho aceitado o manejo do remédio heróico mesmo sendo

julgado. Como bem observado pelo Ministro TEORI ALBINO cabível o recurso próprio (agravo de petição).

ZAVASCKI, no retromencionado precedente da Primeira Turma,

mesmo quando impetrado contra decisão judicial sujeita a recurso Contudo, tem-se que nos referidos casos, e em consonância

sem efeito suspensivo, o mandado de segurança não dispensa a com o entendimento dos Tribunais Superiores, adotei o

parte impetrante de interpor o recurso próprio, no prazo legal. entendimento de que as exceções se baseiam na flagrante

Também não cabe mandado de segurança contra decisão judicial já ilegalidade do ato, o que levaria a teratologia da decisão.

transitada em julgado, porque admiti-lo seria transformá-lo em ação Contudo, esse não é o caso dos autos, visto que não entendo

rescisória. teratológica a decisão que indefere naquele momento o pedido

de liberação dos valores, visando respeitar o devido processo

IV. No caso, ao impetrar o Mandado de Segurança, a parte legal e seus corolários (contraditório e ampla defesa) a fim de

recorrente impugnou ato do Juízo de 1º Grau, que proferira aguardar manifestação da parte contrária em relação aos novos

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cálculos apresentados pela i. perita do juízo. O mandado de segurança trata-se de medida excepcional e

extrema, admissível somente nos casos de flagrante ilegalidade ou

De tal arte havendo meio impugnativo específico para atacar a abuso de poder que não possam ser evitados ou corrigidos por

decisão exequenda, inadequado o ajuizamento do presente mecanismo legal próprio (Súmula 267 do STF c/c OJ nº. 92 da SDI-

mandado de segurança, nos termos do art. 5º, II, da Lei 12.016/09. II, do TST), sob pena de acarretar a extinção liminar do feito sem

resolução de mérito. Assim, verificada a utilização do mandado de

Esse tem sido o entendimento deste E. Tribunal quanto à matéria, segurança na existência de remédio processual legalmente cabível,

como se pode observar das ementas de julgados colacionadas não merece o presente mandamus ultrapassar a barreira da

abaixo: admissibilidade, devendo ser revogada a decisão que deferiu o

pedido liminar, extinguindo-se o feito sem resolução de mérito. (TRT

AGRAVO REGIMENTAL. INDEFERIMENTO DA PETIÇÃO INICIAL. 17ª R., MS 0000435-48.2018.5.17.0000, Divisão do Tribunal Pleno,

INADMISSIBILIDADE DO MANDAMUS. Mostra-se incabível o Rel. Desembargadora Wanda Lúcia Costa Leite França Decuzzi,

manejo do writ, conforme disposto na Súmula 267 do STF e art. 5º, DEJT 30/04/2019 ).

II, da Lei 12.216/2009. (TRT 17ª R., MSCiv 0000066-

20.2019.5.17.0000, Divisão do Tribunal Pleno, Rel. Desembargador Não é outro o entendimento do E. TST, conforme ementas de

Jailson Pereira da Silva, DEJT 04/09/2019 ). julgados, in verbis:

MANDADO DE SEGURANÇA. EXTINÇÃO. Afora situações "RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA.

absolutamente teratológicas, não é dado ao juiz, em sede de INDEFERIMENTO DA SUSPENSÃO DE IMISSÃO NA POSSE DO

segurança, examinar aspectos meritórios da decisão jurisdicional, BEM ARREMATADO. PESSOA ESTRANHA À LIDE ORIGINÁRIA.

cujo momento adequado para fazê-lo encontra-se reservado ao INSURGÊNCIA OPONÍVEL MEDIANTE INSTRUMENTOS

julgamento do recurso próprio. Resta-lhe, somente, indagar da PROCESSUAIS ESPECÍFICOS. EMBARGOS DE TERCEIRO. NÃO

periclitância do direito supostamente violado, esgotando-se a CABIMENTO DA AÇÃO MANDAMENTAL. INCIDÊNCIA DA

medida na suspensão dos efeitos da decisão hostilizada até DIRETRIZ DA OJ 92 DA SBDI-2 DO TST E SÚMULA 267 DO STF .

preclusão formal ou material do julgado, quer se trate de decisão 1. Mandado de segurança aviado contra decisão em que indeferida

interlocutória, quer se refira a que põe fim ao processo. Mandado de a suspensão da imissão na posse do imóvel arrematado na ação

Segurança extinto sem resolução do mérito. (TRT 17ª R., MS originária. 2. Na forma do artigo 5º, II, da Lei 12.016/2009, o

0000134-67.2019.5.17.0000, Divisão do Tribunal Pleno, Rel. mandado de segurança não representa a via processual adequada

Desembargador Jailson Pereira da Silva, DEJT 06/08/2019 ). para a impugnação de decisões judiciais passíveis de retificação por

meio de recurso, ainda que com efeito diferido (OJ 92 da SBDI-2 do

MANDADO DE SEGURANÇA. FASE DE EXECUÇÃO. DECISÃO TST). 3. No caso concreto, o cerne do direito perseguido pelos

QUE RECONHECE A EXISTÊNCIA DE GRUPO ECONÔMICO. Impetrantes tem pertinência com a tese de turbação da legítima

SUCEDÂNEO RECURSAL. INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA. A posse que alegam deter sobre o imóvel penhorado e arrematado na

decisão que após reconhecer a existência de grupo econômico execução trabalhista. A controvérsia que envolve a defesa da posse

entre empresas determina a penhora de ativos das mesmas via de pessoa supostamente estranha à lide sobre o bem arrematado

BACEN/JUD é passível de ser impugnada via embargos à na execução trabalhista deve ser solucionada em embargos de

execução, com posterior interposição de agravo de petição (caso terceiro, de cuja decisão cabe a interposição de agravo de petição

necessário), o que torna inadequado o ajuizamento do mandado de (artigo 897, "a", da CLT). Não se sustentam as alegações expostas

segurança nos termos do art. 5º, II, da Lei 12.016/09, em razão do pelos Impetrantes quanto ao decurso do prazo para o ajuizamento

caráter de sucedâneo recursal. (TRT 17ª R., MS 0000014- dos embargos de terceiro, pois o mandado de segurança não pode

24.2019.5.17.0000, Divisão do Tribunal Pleno, Rel. ser utilizado como forma de a parte se eximir de observar os

Desembargadora Daniele Corrêa Santa Catarina, DEJT 15/07/2019 pressupostos processuais dos instrumentos específicos previstos

). em lei para a defesa de seu direito subjetivo. 4. Havendo no

ordenamento jurídico instrumento processual idôneo para corrigir a

INDEFERIMENTO DA PETIÇÃO INICIAL DO MANDADO DE suposta ilegalidade cometida pela autoridade apontada como

SEGURANÇA. EXISTÊNCIA DE MECANISMO LEGAL PRÓPRIO. coatora, resta afastada a pertinência do mandado de segurança.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 168
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TUTELA CAUTELAR ANTECEDENTE EM APENSO . 1. Os

Impetrantes requereram tutela de urgência com intuito de obtenção Intimem-se, a impetrante e o terceiro interessado.

de efeito suspensivo ao recurso ordinário. 2. O pedido liminar foi

indeferido, ante a ausência do fumus boni iuris na tese apresentada Custas de R$ 10,64 (dez reais e sessenta e quatro centavos), pela

. 3. Considerando que o recurso ordinário interposto pelos autora, dispensada.

Impetrantes não foi provido, conforme decidido no capítulo anterior,

impositivo o indeferimento da pretensão cautelar. Recurso ordinário

conhecido e não provido" (RO-24058-83.2017.5.24.0000, Subseção

II Especializada em Dissídios Individuais, Relator Ministro Douglas

Alencar Rodrigues, DEJT 09/08/2019).

"RECURSO ORDINÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA.

EXECUÇÃO. SUCESSÃO TRABALHISTA E INCLUSÃO NO POLO

PASSIVO. ATO ATACÁVEL POR MEDIDA JUDICIAL PRÓPRIA.

ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIAL 92 DA SBDI-2.

CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA DA EMPRESA VITORIA, 10 de Dezembro de 2019

SUCEDIDA. ILEGITIMIDADE DE PARTE. PENHORA SOBRE

FATURAMENTO. CABIMENTO. ORIENTAÇÃO DANIELE CORREA SANTA CATARINA

JURISPRUDENCIAL 93 DA SBDI-2. 1 - Hipótese em que o DESEMBARGADORA DO TRABALHO

mandado de segurança foi impetrado para atacar atos proferidos

em execução de sentença. 2 - No tocante à sucessão trabalhista e à

inclusão da impetrante no polo passivo da execução , a matéria não Decisão Monocrática


Processo Nº MSCol-0000941-87.2019.5.17.0000
está afeta à órbita do mandado de segurança, mas deve ser Relator DANIELE CORREA SANTA
CATARINA
atacada por medida judicial própria. Aplicação da Orientação
IMPETRANTE SIND TRAB IND MET MEC MAT
Jurisprudencial 92 da SBDI-2 e da Súmula 267 do STF. ELETR E ELETRONICO E ESPIRITO
SANTO
Precedentes. 3 - Ademais, a alegação da impetrante de que não é ADVOGADO WILER COELHO DIAS(OAB:
11011/ES)
responsável pelos débitos constantes da reclamação trabalhista
ADVOGADO BRUNO BORNACKI SALIM
demandaria dilação probatória, incompatível com a via estreita do MURTA(OAB: 10856/ES)
ADVOGADO RENATTA GUIMARAES
mandado de segurança. 4 - No que tange à alegação de FRANCA(OAB: 17171/ES)
cerceamento do direito à ampla defesa da empresa sucedida, ADVOGADO INGRID FERREIRA BARROS(OAB:
15751/ES)
constata-se a ausência de legitimidade da impetrante para impetrar IMPETRADO JUIZO DA VARA DO TRABALHO DE
ARACRUZ
mandado de segurança em favor de terceira interessada . 5 - Com
TERCEIRO ESTALEIRO JURONG ARACRUZ
relação à penhora sobre faturamento da empresa, observa-se que INTERESSADO LTDA.
CUSTOS LEGIS MINISTÉRIO PÚBLICO DO
não restou comprovado nos autos que a penhora tenha inviabilizado TRABALHO
a atividade empresarial. Portanto, a questão amolda-se ao TERCEIRO ISI - ENGENHARIA E COMERCIO
INTERESSADO LTDA
entendimento consagrado na Orientação Jurisprudencial 93 da TERCEIRO UNIÃO FEDERAL (AGU)
INTERESSADO
SBDI-2, razão pela qual não se verifica no ato coator qualquer

ilegalidade, inexistindo direito líquido e certo da executada a se opor Intimado(s)/Citado(s):


à decisão da autoridade coatora. Recurso ordinário conhecido e não - SIND TRAB IND MET MEC MAT ELETR E ELETRONICO E
ESPIRITO SANTO
provido" (RO-100168-31.2018.5.01.0000, Subseção II Especializada

em Dissídios Individuais, Relatora Ministra Delaíde Miranda

Arantes, DEJT 09/08/2019).


PODER JUDICIÁRIO

Ante todo o exposto, indefiro a petição inicial e julgo extinto o JUSTIÇA DO TRABALHO

presente feito sem resolução do mérito com fulcro no artigo

485, I, do CPC, c/c artigo 10 da Lei 12.016/09.

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(consubstanciado no devido processo legal, nos termos do art. 87

do CDC, e OJ 98, SDI-II, TST) e o periculum in mora (diante da

DECISÃO impossibilidade de realização da prova pleiteada, qual seja, perícia

para apuração da insalubridade), a concessão da liminar inaudita

Trata-se de Mandado de Segurança Coletivo impetrado por altera parte para suspender o ato vergastado, e ao final seja

SINDIMETAL-ES - SINDICATO DOS TRABALHADORES NAS concedida a segurança para determinar a suspensão do ato

INDÚSTRIAS METALÚRGICAS, MECÂNICAS, DE MATERIAL impugnado.

ELÉTRICO E ELETRÔNICO NO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO,

com pedido de liminar inaudita altera parte, contra ato dito violador Passo a decidir.

do seu direito líquido e certo praticado pelo MM.º Juiz da Vara do

Trabalho de Aracruz/ES que, nos autos da Reclamação Trabalhista Diferentemente do que se verifica em demandas individuais, com a

n. 0000628-54.2019.5.17.0121, determinou ao autor que proceda ao necessidade de se averiguar a hipossuficiência econômica das

depósito de honorários periciais prévios no importe de R$ 400,00 partes para fins de concessão da justiça gratuita ou dos benefícios

(quatrocentos reais) a fim de possibilitar a realização da prova da assistência judiciária gratuita, nas demandas coletivas vige o

pericial requerida. princípio da gratuidade, com suporte legal nos arts. 18 da LACP e

87 do CDC.

O impetrante alega, em apertada síntese, que "temos como ilícita a

exigência de depósito prévio pelo IMPETRANTE, ainda mais no Neste contexto, em se tratando de ação em que o sindicato figura

vultoso valor de R$ 400,00 (quatrocentos reais), posto que há como substituto processual em defesa de interesses individuais

dispositivos legais expressos de sua inexigibilidade, salientando-se homogêneos da categoria (ou parte dela) que representa, o sistema

que após a edição da Lei 13.467/2017 os sindicatos passaram a ter processual aplicável não é mais o do processo trabalhista individual,

grandes dificuldades financeiras." e sim o consubstanciado nas normas da CF, da Lei da Ação Civil

Pública (Lei n. 7.347/85) e CDC (Lei n. 8.078/90).

Aduz que "pleiteou, inclusive, a gratuidade da justiça nos autos do

processo principal, com base no Art. 87 da Lei 8078/90 e ainda no De tal arte, a interpretação sistemática das normas que compõem

Art. 18 da Lei 7347/84." esse microssistema de acesso metaindividual ao Judiciário,

especialmente as previstas no art. 18 da LACP e art. 87 do CDC, in

Sustenta a ilegalidade, ainda, pelo fato de que "Como se observa na verbis:

demanda coletiva, reiterado neste Mandado de Segurança,

pretende o sindicato a concessão da gratuidade da justiça para "não haverá adiantamento de custas, emolumentos, honorários

isentá-lo de despesas processuais, considerando o caráter periciais e quaisquer outras despesas, nem condenação da

assistencial de suas atividades, bem como por atuar como associação autora, salvo comprovada má-fé, em honorários de

substituto processual no processo originário" e que "por se tratar de advogados, custas e despesas processuais".

Ação Civil Coletiva, verifica-se ser inexigível o adiantamento dos

honorários periciais, motivo pelo qual, temos que a r. determinação Ora, se o sindicato é espécie do gênero associação civil e figura

violou o que resta estatuído no Art. 87 da Lei 8078/90 e ainda no como autor em ação coletiva para tutela de direitos individuais

Art. 18 da Lei 7347/84." homogêneos dos trabalhadores, não há que se falar em assistência

judiciária gratuita ou benefício da gratuidade conforme previsão na

Sucessivamente, requer, "caso não seja este o entendimento, o que CLT, e sim em princípio da gratuidade albergado nos arts. 18 da

se argumenta por amor ao debate, requer seja tal encargo imposto LACP e 87 do CDC, segundo o qual a regra é a gratuidade do

à reclamada, ou, em última hipótese, que este E. Tribunal reduza o acesso coletivo à justiça, sendo que a associação autora somente

valor arbitrado à título de honorários periciais prévios a um terço do arcará com o pagamento das despesas processuais quando estiver,

determinado em Despacho pelo juízo da Vara do Trabalho de comprovadamente, litigando sem ética processual, o que não ocorre

Aracruz/ES, concedendo novo prazo para recolhimento." na espécie.

Assim, o autor requer, entendendo presentes o fumus boni iuris Não obstante, concessa venia, se sempre entendi como ilegal a

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 170
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

exigência do empregado de depósito prévio a titulo de antecipação expressamente no § 3º do artigo 790-B da CLT, defiro a liminar

dos honorários periciais para realização de prova técnica em requerida para cassar a decisão prolatada determinando a

demandas individuais, por maior razão, dada a amplitude dos realização da prova pericial, sem a necessidade de depósito

indivíduos atingidos e da possibilidade de pacificação em massa prévio dos honorários por parte do sindicato autor.

dos conflitos individuais potencializados, também incabível a

exigência em sede de ação civil coletiva. Intime-se o impetrante.

De outro modo, a exigência de depósito prévio de honorários Oficie-se a d. Autoridade Coatora para ciência da presente

periciais pelo autor hipossuficiente, ou entidade que represente uma decisão, bem como para que, no prazo de 10 (dez) dias, preste

gama de trabalhadores, é incabível na Justiça do Trabalho, as informações que entender pertinentes;

porquanto tal verba é paga ao final pela parte sucumbente no objeto

da perícia. Cite-se o terceiro interessado, para, querendo, manifestar-se, dentro

do prazo de 10 (dez) dias, sobre a pretensão deduzida no presente

Nesse contexto, a jurisprudência do E. TST, estribada ainda na mandado de segurança;

antiga redação do artigo 790-B da CLT, e na OJ n. 98 da SDI-II, já

vinha entendendo como lícita a recusa em efetuar o depósito prévio Dê-se ciência à Advocacia Geral da União, para, querendo,

para assegurar a realização de perícia, tipificando-se como ilegal a ingressar no feito, nos termos do art. 7º, II, da Lei n. 12.016/2009;

privação dessa prova indispensável ao deslinde da causa, em

decorrência da inobservância dessa determinação. Decorrido o prazo dos itens 2 e 3 supra, intime-se o Ministério

Público do Trabalho para emitir parecer (Lei n. 12.016/2009, art.

Mas ainda que assim não fosse, com a entrada em vigor da Lei 12);

13.467/17 (ressaltando-se que a ação de origem foi ajuizada já sob

a égide desse ordenamento), fora inserido no artigo 790-B da CLT o Em seguida, retornem-me conclusos.

parágrafo 3º, o qual é expresso no sentido de que:

§ 3oO juízo não poderá exigir adiantamento de valores para

realização de perícias.

Nesse sentido, a alteração legislativa somente veio confirmar o

entendimento já consolidado na jurisprudência de impossibilidade VITORIA, 9 de Dezembro de 2019

de se exigir o depósito de honorários periciais prévios para a feitura

da perícia, devendo essa ocorrer independentemente da DANIELE CORREA SANTA CATARINA

realização do referido depósito, não podendo ser condicionada DESEMBARGADORA DO TRABALHO

a sua realização por esse critério.

Sendo assim, seja em razão do disposto na OJ 98 da SDI-I do E. Decisão Monocrática


Processo Nº MSCol-0000941-87.2019.5.17.0000
TST, seja diante do previsto no artigo 790-B, § 3º, da CLT, mostra- Relator DANIELE CORREA SANTA
CATARINA
se ilegal a decisão que condiciona a produção (ou considera a
IMPETRANTE SIND TRAB IND MET MEC MAT
mesma prejudicada) em razão do não depósito de honorários ELETR E ELETRONICO E ESPIRITO
SANTO
periciais prévios. ADVOGADO WILER COELHO DIAS(OAB:
11011/ES)
ADVOGADO BRUNO BORNACKI SALIM
Em face de todo o exposto, por estarem presentes o periculum in MURTA(OAB: 10856/ES)
ADVOGADO RENATTA GUIMARAES
mora, devido à natureza alimentar do crédito perseguido na FRANCA(OAB: 17171/ES)
demanda originária, bem como o fumus boni iuris, pela ADVOGADO INGRID FERREIRA BARROS(OAB:
15751/ES)
probabilidade de êxito neste feito, tendo em vista o entendimento IMPETRADO JUIZO DA VARA DO TRABALHO DE
ARACRUZ
consubstanciado na OJ n. 98 da SDI-II do E. TST e o disposto

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 171
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

TERCEIRO ESTALEIRO JURONG ARACRUZ


INTERESSADO LTDA. substituto processual no processo originário" e que "por se tratar de
CUSTOS LEGIS MINISTÉRIO PÚBLICO DO Ação Civil Coletiva, verifica-se ser inexigível o adiantamento dos
TRABALHO
TERCEIRO ISI - ENGENHARIA E COMERCIO honorários periciais, motivo pelo qual, temos que a r. determinação
INTERESSADO LTDA
violou o que resta estatuído no Art. 87 da Lei 8078/90 e ainda no
TERCEIRO UNIÃO FEDERAL (AGU)
INTERESSADO Art. 18 da Lei 7347/84."

Intimado(s)/Citado(s):
- UNIÃO FEDERAL (AGU) Sucessivamente, requer, "caso não seja este o entendimento, o que

se argumenta por amor ao debate, requer seja tal encargo imposto

à reclamada, ou, em última hipótese, que este E. Tribunal reduza o

valor arbitrado à título de honorários periciais prévios a um terço do


PODER JUDICIÁRIO
determinado em Despacho pelo juízo da Vara do Trabalho de
JUSTIÇA DO TRABALHO
Aracruz/ES, concedendo novo prazo para recolhimento."

Assim, o autor requer, entendendo presentes o fumus boni iuris

(consubstanciado no devido processo legal, nos termos do art. 87

do CDC, e OJ 98, SDI-II, TST) e o periculum in mora (diante da


DECISÃO impossibilidade de realização da prova pleiteada, qual seja, perícia

para apuração da insalubridade), a concessão da liminar inaudita


Trata-se de Mandado de Segurança Coletivo impetrado por altera parte para suspender o ato vergastado, e ao final seja
SINDIMETAL-ES - SINDICATO DOS TRABALHADORES NAS concedida a segurança para determinar a suspensão do ato
INDÚSTRIAS METALÚRGICAS, MECÂNICAS, DE MATERIAL impugnado.
ELÉTRICO E ELETRÔNICO NO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO,

com pedido de liminar inaudita altera parte, contra ato dito violador Passo a decidir.
do seu direito líquido e certo praticado pelo MM.º Juiz da Vara do

Trabalho de Aracruz/ES que, nos autos da Reclamação Trabalhista Diferentemente do que se verifica em demandas individuais, com a
n. 0000628-54.2019.5.17.0121, determinou ao autor que proceda ao necessidade de se averiguar a hipossuficiência econômica das
depósito de honorários periciais prévios no importe de R$ 400,00 partes para fins de concessão da justiça gratuita ou dos benefícios
(quatrocentos reais) a fim de possibilitar a realização da prova da assistência judiciária gratuita, nas demandas coletivas vige o
pericial requerida. princípio da gratuidade, com suporte legal nos arts. 18 da LACP e

87 do CDC.
O impetrante alega, em apertada síntese, que "temos como ilícita a

exigência de depósito prévio pelo IMPETRANTE, ainda mais no Neste contexto, em se tratando de ação em que o sindicato figura
vultoso valor de R$ 400,00 (quatrocentos reais), posto que há como substituto processual em defesa de interesses individuais
dispositivos legais expressos de sua inexigibilidade, salientando-se homogêneos da categoria (ou parte dela) que representa, o sistema
que após a edição da Lei 13.467/2017 os sindicatos passaram a ter processual aplicável não é mais o do processo trabalhista individual,
grandes dificuldades financeiras." e sim o consubstanciado nas normas da CF, da Lei da Ação Civil

Pública (Lei n. 7.347/85) e CDC (Lei n. 8.078/90).


Aduz que "pleiteou, inclusive, a gratuidade da justiça nos autos do

processo principal, com base no Art. 87 da Lei 8078/90 e ainda no De tal arte, a interpretação sistemática das normas que compõem
Art. 18 da Lei 7347/84." esse microssistema de acesso metaindividual ao Judiciário,

especialmente as previstas no art. 18 da LACP e art. 87 do CDC, in


Sustenta a ilegalidade, ainda, pelo fato de que "Como se observa na verbis:
demanda coletiva, reiterado neste Mandado de Segurança,

pretende o sindicato a concessão da gratuidade da justiça para "não haverá adiantamento de custas, emolumentos, honorários
isentá-lo de despesas processuais, considerando o caráter periciais e quaisquer outras despesas, nem condenação da
assistencial de suas atividades, bem como por atuar como associação autora, salvo comprovada má-fé, em honorários de

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Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

advogados, custas e despesas processuais". realização do referido depósito, não podendo ser condicionada

a sua realização por esse critério.

Ora, se o sindicato é espécie do gênero associação civil e figura

como autor em ação coletiva para tutela de direitos individuais Sendo assim, seja em razão do disposto na OJ 98 da SDI-I do E.

homogêneos dos trabalhadores, não há que se falar em assistência TST, seja diante do previsto no artigo 790-B, § 3º, da CLT, mostra-

judiciária gratuita ou benefício da gratuidade conforme previsão na se ilegal a decisão que condiciona a produção (ou considera a

CLT, e sim em princípio da gratuidade albergado nos arts. 18 da mesma prejudicada) em razão do não depósito de honorários

LACP e 87 do CDC, segundo o qual a regra é a gratuidade do periciais prévios.

acesso coletivo à justiça, sendo que a associação autora somente

arcará com o pagamento das despesas processuais quando estiver, Em face de todo o exposto, por estarem presentes o periculum in

comprovadamente, litigando sem ética processual, o que não ocorre mora, devido à natureza alimentar do crédito perseguido na

na espécie. demanda originária, bem como o fumus boni iuris, pela

probabilidade de êxito neste feito, tendo em vista o entendimento

Não obstante, concessa venia, se sempre entendi como ilegal a consubstanciado na OJ n. 98 da SDI-II do E. TST e o disposto

exigência do empregado de depósito prévio a titulo de antecipação expressamente no § 3º do artigo 790-B da CLT, defiro a liminar

dos honorários periciais para realização de prova técnica em requerida para cassar a decisão prolatada determinando a

demandas individuais, por maior razão, dada a amplitude dos realização da prova pericial, sem a necessidade de depósito

indivíduos atingidos e da possibilidade de pacificação em massa prévio dos honorários por parte do sindicato autor.

dos conflitos individuais potencializados, também incabível a

exigência em sede de ação civil coletiva. Intime-se o impetrante.

De outro modo, a exigência de depósito prévio de honorários Oficie-se a d. Autoridade Coatora para ciência da presente

periciais pelo autor hipossuficiente, ou entidade que represente uma decisão, bem como para que, no prazo de 10 (dez) dias, preste

gama de trabalhadores, é incabível na Justiça do Trabalho, as informações que entender pertinentes;

porquanto tal verba é paga ao final pela parte sucumbente no objeto

da perícia. Cite-se o terceiro interessado, para, querendo, manifestar-se, dentro

do prazo de 10 (dez) dias, sobre a pretensão deduzida no presente

Nesse contexto, a jurisprudência do E. TST, estribada ainda na mandado de segurança;

antiga redação do artigo 790-B da CLT, e na OJ n. 98 da SDI-II, já

vinha entendendo como lícita a recusa em efetuar o depósito prévio Dê-se ciência à Advocacia Geral da União, para, querendo,

para assegurar a realização de perícia, tipificando-se como ilegal a ingressar no feito, nos termos do art. 7º, II, da Lei n. 12.016/2009;

privação dessa prova indispensável ao deslinde da causa, em

decorrência da inobservância dessa determinação. Decorrido o prazo dos itens 2 e 3 supra, intime-se o Ministério

Público do Trabalho para emitir parecer (Lei n. 12.016/2009, art.

Mas ainda que assim não fosse, com a entrada em vigor da Lei 12);

13.467/17 (ressaltando-se que a ação de origem foi ajuizada já sob

a égide desse ordenamento), fora inserido no artigo 790-B da CLT o Em seguida, retornem-me conclusos.

parágrafo 3º, o qual é expresso no sentido de que:

§ 3oO juízo não poderá exigir adiantamento de valores para

realização de perícias.

Nesse sentido, a alteração legislativa somente veio confirmar o

entendimento já consolidado na jurisprudência de impossibilidade VITORIA, 9 de Dezembro de 2019

de se exigir o depósito de honorários periciais prévios para a feitura

da perícia, devendo essa ocorrer independentemente da DANIELE CORREA SANTA CATARINA

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Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Relator MARCELLO MACIEL MANCILHA


DESEMBARGADORA DO TRABALHO AUTOR ERILDO JOSE CANAL
ADVOGADO FERNANDA BISSOLI DE
OLIVEIRA(OAB: 22935/ES)
RÉU MINISTÉRIO PÚBLICO DO
Despacho TRABALHO

Despacho Intimado(s)/Citado(s):
Processo Nº MSCiv-0000378-93.2019.5.17.0000
Relator MARCELLO MACIEL MANCILHA - ERILDO JOSE CANAL
IMPETRANTE BUAIZ S/A INDUSTRIA E COMERCIO
ADVOGADO SANDRO VIEIRA DE MORAES(OAB:
6725/ES)
AUTORIDADE JUIZO DA 14ª VARA DO TRABALHO
COATORA DE VITORIA PODER JUDICIÁRIO
CUSTOS LEGIS MINISTÉRIO PÚBLICO DO
TRABALHO JUSTIÇA DO TRABALHO
TERCEIRO ANTONIO DE JESUS DOS SANTOS
INTERESSADO
ADVOGADO VALERIA GAURINK DIAS
FUNDAO(OAB: 13406/ES)

Intimado(s)/Citado(s):
- BUAIZ S/A INDUSTRIA E COMERCIO
DESPACHO

PODER JUDICIÁRIO Visto, etc.


JUSTIÇA DO TRABALHO

Notificados para especificarem as provas (à exceção da

documental) que pretendem produzir e sobre quais fatos recairá a

instrução probatória, o autor disse que não pretende produzir prova

além da documental juntada aos autos e, o réu, por sua vez,


DESPACHO
colacionou documentos e requereu a oitiva de testemunhas.

Visto, etc.
Bom, o documento juntado não é novo nem há justificativa para não

juntada no momento oportuno e, o requerimento de prova oral não


Notifique-se o impetrante para que ciência da certidão expedida
veio acompanhado de especificação sobre quais fatos que recaíra a
pela SEDIM bem como que apresente meio eficiente de notificação
prova.
do terceiro interessado, no prazo de cinco dias, sob pena de

indeferimento da inicial.
Assim, indefiro os requerimentos do réu e dou por encerrada a

instrução processual.
Publique-se.

Publique-se.

Após, façam-me os autos conclusos para relatar.

VITORIA, 9 de Dezembro de 2019

MARCELLO MACIEL MANCILHA

Desembargador Federal do Trabalho

Despacho
Processo Nº AR-0000350-28.2019.5.17.0000 VITORIA, 9 de Dezembro de 2019

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MARCELLO MACIEL MANCILHA

Desembargador Federal do Trabalho VITORIA, 9 de Dezembro de 2019

ANA PAULA TAUCEDA BRANCO


Despacho Desembargador Federal do Trabalho
Processo Nº DC-0000922-81.2019.5.17.0000
Relator ANA PAULA TAUCEDA BRANCO
SUSCITANTE SINDICATO TRABALHADORES EM
ALIMENTACAO E AFINS DO E.E.S
ADVOGADO RICARDO CARLOS DA ROCHA Notificação
CARVALHO(OAB: 4465/ES) Notificação
SUSCITADO NUTRIAVE ALIMENTOS LTDA Processo Nº MSCiv-0000268-94.2019.5.17.0000
CUSTOS LEGIS MINISTÉRIO PÚBLICO DO Relator CLAUDIA CARDOSO DE SOUZA
TRABALHO IMPETRANTE LOCATELLI MOVEIS SA
ADVOGADO ANTONIO CEZAR ASSIS DOS
Intimado(s)/Citado(s): SANTOS(OAB: 6839/ES)
- SINDICATO TRABALHADORES EM ALIMENTACAO E AFINS AUTORIDADE JUIZO DA VARA DO TRABALHO DE
DO E.E.S COATORA COLATINA
CUSTOS LEGIS MINISTÉRIO PÚBLICO DO
TRABALHO
TERCEIRO SIND OF MARCENEIROS TRAB IND
INTERESSADO MOVEIS MAD SERRARIAS
CARPINTARIAS TANOARIAS MAD
PODER JUDICIÁRIO COMP LAM AGLORMERADOS C F M
M J VIME VAS CORT EST ESC PIN
JUSTIÇA DO TRABALHO ESTADO ES

Intimado(s)/Citado(s):
- LOCATELLI MOVEIS SA

DC 0000922-81.2019.5.17.0000

PODER JUDICIÁRIO
Vistos, etc. JUSTIÇA DO TRABALHO

Designo Audiência de Conciliação para o dia 17/12/2019 (terça-

feira), às 14h00, na sala de sessões "Jó Cardoso" deste Regional,

a teor do que dispõe o art. 860 da CLT.


MS 0000268-94.2019.5.17.0000

Notifiquem-se as partes, com urgência, enviando-se, ao Suscitado,


Assunto: Cobrança de custas processuais
a segunda via da petição inicial, em observância do art. 840 da CLT.

LOCATELLI MOVEIS SA
Intime-se o Ministério Público do Trabalho, também com urgência,

para o comparecimento.
Advogado: Antonio Cezar Assis dos Santos - OAB: ES0006839

Vitória, 9 de dezembro de 2019.


De ordem da Exma. Desembargadora-Presidente deste Tribunal,

fica V. Sa. notificada para efetuar, no prazo de 10 (dez) dias, o


ANA PAULA TAUCEDA BRANCO
pagamento das custas processuais no valor de R$700,00

(setecentos reais), o qual deverá ser feito por meio de Guia de


Desembargadora Presidente do TRT/17ª Região
Recolhimento da União - GRU (cód. 18740-2 - Unid. Gestora

080019 - Gestão 00001 - Ato Conjunto nº 21/2010-

TST.CSJT.GP.SG), anexando o devido comprovante nos autos do

processo judicial eletrônico. Na oportunidade, informo que o não

recolhimento das custas processuais acarretará a inscrição do

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 175
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

débito no Livro de Devedores da Fazenda Nacional.

COMPETÊNCIA: 1ª TURMA

Flávia Bergamin Ferrari

Técnica Judiciária

VITORIA/ES, 10 de dezembro de 2019.

FLAVIA BERGAMIN FERRARI

EMENTA

PRIMEIRA TURMA
Acórdão
Acórdão
Processo Nº ROT-0000104-71.2019.5.17.0181
Relator JOSE CARLOS RIZK
RECORRENTE MARIA PAULA DA SILVA
ADVOGADO RAFAEL VICTOR ALVES DA
SILVA(OAB: 22834/ES)
RECORRIDO MUNICIPIO DE BARRA DE SAO
FRANCISCO
ADVOGADO JALTAIR RODRIGUES DE RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMANTE INCOMPETÊNCIA DA
OLIVEIRA(OAB: 2828/ES)
JUSTIÇA DO TRABALHO. SERVIDOR TEMPORÁRIO. Na ADI
CUSTOS LEGIS MINISTÉRIO PÚBLICO DO
TRABALHO 3395, o Plenário do STF suspendeu qualquer interpretação do art.

114, I, da CF, "que inclua, na competência da Justiça do Trabalho, a


Intimado(s)/Citado(s):
apreciação de causas instauradas entre o poder público e seus
- MARIA PAULA DA SILVA
servidores, com base em vínculo de ordem estatutária ou de caráter

jurídico-administrativo". Todavia, se o processo seletivo que

autorizou a contratação da servidora dispõe expressamente que o


PODER JUDICIÁRIO
regime é o celetista, então remanesce a competência residual da
JUSTIÇA DO TRABALHO
Justiça do Trabalho para processar e julgar a demanda.

PROCESSO nº 0000104-71.2019.5.17.0181 (ROT)

RECORRENTE: MARIA PAULA DA SILVA

RECORRIDO: MUNICÍPIO DE BARRA DE SÃO FRANCISCO 1. RELATÓRIO

ORIGEM: VARA DO TRABALHO DE NOVA VENÉCIA/ES

RELATOR: DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 176
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Trata-se de recurso ordinário interposto pela reclamante em face da

sentença prolatada ao ID. e5288b3, na qual a Origem, acolheu a

preliminar de incompetência da Justiça do Trabalho suscitada pelo

Município e julgou o feito extinto sem resolução do mérito,

determinando a remessa dos autos à Justiça Comum. Indeferiu o

pedido de assistência judiciária gratuita do autor. 2.1. CONHECIMENTO

Irresignada, pugnou a reclamante pela reforma da r. decisão no

tocante à assistência judiciária gratuita e incompetência da Justiça

do Trabalho.

O Município não apresentou contrarrazões.

Este Relator, verificando que há ente público no pólo passivo desta

reclamação trabalhista (Município de Barra de São Francisco/ES),

determinou a intimação ao Ministério Público do Trabalho para

manifestação. Conhece-se do recurso ordinário interposto pela reclamante,

porquanto preenchidos os pressupostos legais de admissibilidade

O Parquet se manifestou ao ID. 2559fac pelo provimento do apelo. recursal.

É o relatório. A reclamante recolheu as custas processuais conforme

comprovante de ID. f31ad2a.

Não é o caso de remessa necessária por ser o valor da condenação

inferior a 100 salários mínimos (art. 496, §3º, III do CPC/2015).

Registre-se que a reclamação trabalhista foi ajuizada em

28/02/2019, portanto após a entrada em vigor da Lei 13.467/17 que

se deu em 11/11/17. Não houve manifestação da Origem acerca de

eventual prescrição, nem recurso quanto a essa matéria.

2. FUNDAMENTAÇÃO

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 177
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Consta da inicial que a reclamante foi contratada pela reclamada

em 19/05/2019, na função de assistente social, com salário de R$

2.938,80 (dois mil novecentos e trinta e oito reais e oitenta

centavos). O contrato durou até 09/05/2018.

Na inicial a autora requereu a concessão da assistência da justiça

gratuita e juntou declaração de pobreza ao ID. 056c329.

A Origem indeferiu o pedido sob o fundamento de que a reclamante

não está assistida pelo sindicato da categoria e porque não

comprovou os requisitos do § 3º e 4º, do artigo 790, da CLT.

Nas razões recursais a reclamante pugnou pela reforma da

sentença porque juntou declaração de hipossuficiência que se

presume verdadeira.

Analisa-se.

2.2. MÉRITO Primeiramente, registre-se que a reclamação trabalhista foi ajuizada

em 28/02/2019, portanto após a entrada em vigor da Lei 13.467/17

que se deu em 11/11/17. Não houve manifestação da Origem

acerca de eventual prescrição, nem recurso quanto a essa matéria.

Este Relator entende que, em se tratando a assistência judiciária

gratuita de instituto bifronte, as inovações da Lei n. 13.467/2017

quanto ao tema não deverão ser aplicadas aos processos já em

curso, incidindo apenas em relação às novas demandas

(interpostas após 11/11/2017).

Isso porque é imprescindível que a parte tenha ciência das

consequências jurídicas do ajuizamento do processo ou da defesa

apresentada, com a possibilidade de previsibilidade para avaliação

das condutas processuais a serem adotadas.

Entendimento em sentido diverso não seria razoável e implicaria

2.2.1. ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA afronta ao disposto no art. 10, CPC/15, com a configuração de

decisão surpresa e violação aos princípios da segurança jurídica e

do devido processo legal.

A legislação a ser aplicada nestes casos, portanto, deve ser aquela

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 178
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

vigente quando do ajuizamento da ação e da apresentação da Com efeito, nos termos dos artigos 1º da Lei 7.115/1983 e 99, §3º

defesa. do CPC/2015, a declaração destinada a fazer prova de pobreza,

quando firmada pelo próprio interessado ou por procurador

A presente demanda foi interposta em 28/02/2019, após, portanto, a bastante, e sob as penas da Lei, presume-se verdadeira.

entrada em vigor da Lei 13.467/2017, motivo pelo qual se aplicam,

in casu, as alterações legislativas trazidas com a Reforma Frise-se, também, que a apreciação ou a discussão, por qualquer

Trabalhista. das partes, acerca da matéria concernente à concessão da justiça

gratuita pode ser tratada em fase de recurso, consoante se

Nesse contexto, determinam os §§3º e 4º, do art. 790 da CLT, com depreende do caput, do artigo 99, do NCPC.

redação dada pela Lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017:

Acrescente-se que o art. 99, §2º do CPC afirma que o juiz somente

"§ 3º É facultado aos juízes, órgãos julgadores e presidentes dos poderá indeferir o pedido se houver nos autos elementos que

tribunais do trabalho de qualquer instância conceder, a evidenciem a falta dos pressupostos legais para a concessão da

requerimento ou de ofício, o benefício da justiça gratuita, inclusive gratuidade.

quanto a traslados e instrumentos, àqueles que perceberem salário

igual ou inferior a 40% (quarenta por cento) do limite máximo dos Registre-se, ainda, que a assistência da requerente por advogado

benefícios do Regime Geral de Previdência Social. particular não impede a concessão da benesse (artigo 99, § 4º, do

NCPC).

§ 4º O benefício da justiça gratuita será concedido à parte que

comprovar insuficiência de recursos para o pagamento das custas Saliente-se, por fim, que o benefício da gratuidade da justiça

do processo". constitui direito fundamental, de aplicação imediata, previsto no art.

5º, inciso LXXIV, da Carta Magna, a todos os brasileiros e

Entende este Relator que o dispositivo em questão traz duas regras estrangeiros residentes no Brasil que comprovarem a insuficiência

distintas. de recursos.

Consoante o §3º, no caso de a reclamante manter vínculo Pelo exposto, dá-se provimento para conceder a reclamante o

empregatício vigente com a reclamada ou com empresa diversa e benefício da assistência judiciária gratuita.

perceber salário igual ou inferior a 40% (quarenta por cento) do

limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência

Social, é absoluta a presunção de hipossuficiência econômica,

fazendo jus, consequentemente, ao benefício da Justiça Gratuita.

Lado outro, quando a reclamante estiver desempregada ou na

hipótese de perceber salário superior a 40% (quarenta por cento) do

limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência

Social, a comprovação da insuficiência de recursos, a teor do §4º do

dispositivo acima transcrito, poderá ser feita por simples declaração. 2.2.2. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. SERVIDOR

TEMPORÁRIO

No caso dos autos, a reclamante não mais recebe o salário indicado

na exordial de R$ 2.938,80 (dois mil novecentos e trinta e oito reais

e oitenta centavos), pois o recebia quando era contratada pelo

reclamado e, não tem informação nos autos de que esteja

empregada.

Além disso, firmou declaração de pobreza ao ID. 056c329.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 179
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

que se deu em 11/11/17. Não houve manifestação da Origem

acerca de eventual prescrição, nem recurso quanto a essa matéria.

Consta da inicial que a reclamante foi contratada pela reclamada

em 19/05/2019, na função de assistente social, com salário de R$ De fato, na ADI 3395, o Plenário do STF suspendeu qualquer

2.938,80 (dois mil novecentos e trinta e oito reais e oitenta interpretação do art. 114, I, da CF, "que inclua, na competência da

centavos). O contrato durou até 09/05/2018. Justiça do Trabalho, a apreciação de causas instauradas entre o

poder público e seus servidores, com base em vínculo de ordem

Informou a reclamante que foi contratada pelo Programa Incluir estatutária ou de caráter jurídico-administrativo".

após ser qualificada no processo seletivo nº 001/2016, com validade

de dois anos, prorrogáveis por mais dois anos. Nesse sentido, tem-se que, mesmo após a ampliação da

competência da Justiça do Trabalho decorrente da Emenda

Após o fim dos primeiros anos de vínculo a reclamada optou por Constitucional nº 45/04, quanto aos servidores estatutários, a

não prorrogar o contrato e aguardou o pagamento de suas verbas competência é da Justiça Comum, por força da atual interpretação

rescisórias e baixa na CTPS. Contudo alegou que o Município que se confere ao art. 114, I, da CF.

nunca efetuou o devido recolhimento do valor referente ao FGTS.

Portanto, a decisão do STF abrange os servidores temporários

Requereu o pagamento do FGTS relativo a todo o período regidos por regime administrativo próprio.

contratual e multas dos artigos 467 e 477, § 8º, da CLT, bem como

honorários advocatícios de 15%. No presente caso, a reclamante foi contratada como assistente

social no Programa Incluir, por meio do processo seletivo

Na defesa de ID. 9543fbf, o reclamado (Município de Barra de São simplificado nº 001/2016.

Francisco/ES) suscitou preliminar de incompetência da Justiça do

Trabalho porque se trata de ação envolvendo contrato temporário No item 1.3 do edital desse processo seletivo ao ID. f717bfd, consta

firmado entre a administração pública e a reclamante, ou seja, trata que "o vínculo entre a Administração Pública Direta e o selecionado

de matéria de índole administrativa, sendo competência da Justiça reger-se-á pelas normas da Consolidação das Leis Trabalhistas

Comum. (CLT)".

A Origem acolheu a preliminar e julgou o feito extinto sem resolução Como visto, o Município adotou o regime celetista, porquanto, na

do mérito, determinando a remessa dos autos à Justiça Comum, hipótese, a reclamante não é servidora temporária regida por

entendendo que por se tratar de contrato temporário, essa relação regime administrativo próprio que trata a decisão do STF, mas sim,

jurídica não tem seus conflitos de interesse dirimidos pela Justiça do assistente social regida pela CLT, inclusive é o que foi anotado na

Trabalho, tendo em vista que o STF, nos autos da ADI 3.395, em sua CTPS ao ID. b23e44b.

sede liminar, suspendeu toda e qualquer interpretação que inclua,

na competência desta Justiça Especializada, o julgamento de Vale registrar que essa foi a interpretação dada por esta E. 1ª

causas que sejam instauradas entre o Poder Público e seus Turma nos autos do recurso ordinário nº 0001763-

servidores, a ele vinculados por típica relação de ordem estatutária, 12.2017.5.17.0141, da Relatoria do Des. Cláudio Armando Couce

ou de caráter jurídico-administrativo, como é a hipótese destes de Menezes, bem como nos autos do recurso ordinário nº 0001253-

autos. 33.2016.5.17.0141, cujo Relator foi o Des. Gerson Fernando da

Sylveira Novais.

Nas razões recursais a reclamante pugnou pela reforma da

sentença, uma vez que a contratação foi feita pelo regime celetista. A 3ª Turma deste Regional também adotou interpretação idêntica

no recurso ordinário nº 0000074-40.2018.5.17.0191, da Relatoria da

Analisa-se. Des. Daniele Corrêa Santa Catarina.

Primeiramente, registre-se que a reclamação trabalhista foi ajuizada Assim, se o processo seletivo que autorizou a contratação da

em 28/02/2019, portanto após a entrada em vigor da Lei 13.467/17 servidora dispõe expressamente que o regime é o celetista,

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remanesce a competência residual da Justiça do Trabalho para Requereu o pagamento do FGTS relativo a todo o período

processar e julgar a demanda. contratual e multas dos artigos 467 e 477, § 8º, da CLT, bem como

honorários advocatícios de 15%.

Na oportunidade, registre que o Parquet se manifestou ao ID.

2559fac pelo provimento do apelo. Na defesa de ID. 9543fbf, o reclamado (Município de Barra de São

Francisco/ES) aduziu que os servidores temporários, regidos pelo

Dá-se provimento para afastar a incompetência da Justiça do direito administrativo não fazem jus aos depósitos do FGTS,

Trabalho e estando a causa madura para julgamento, passa-se a conforme parecer consulta nº 019/2017, do Tribunal de Contas do

análise do mérito. Estado do Espírito Santo.

A Origem acolheu a preliminar e julgou o feito extinto sem resolução

do mérito, determinando a remessa dos autos à Justiça Comum,

entendendo que por se tratar de contrato temporário, essa relação

jurídica não tem seus conflitos de interesse dirimidos pela Justiça do

Trabalho, tendo em vista que o STF, nos autos da ADI 3.395, em

sede liminar, suspendeu toda e qualquer interpretação que inclua,

na competência desta Justiça Especializada, o julgamento de

causas que sejam instauradas entre o Poder Público e seus

servidores, a ele vinculados por típica relação de ordem estatutária,

ou de caráter jurídico-administrativo, como é a hipótese destes

2.2.3. DEPÓSITOS DE FGTS. SERVIDOR TEMPORÁRIO. autos.

REGIME CELETISTA

Conforme analisado no tópico 2.2.2 supra, foi afastada a

incompetência da Justiça do Trabalho e estando a causa madura

para julgamento, passa-se a análise do mérito.

Analisa-se.

Primeiramente, registre-se que a reclamação trabalhista foi ajuizada

em 28/02/2019, portanto após a entrada em vigor da Lei 13.467/17

que se deu em 11/11/17. Não houve manifestação da Origem

acerca de eventual prescrição, nem recurso quanto a essa matéria.

Consta da inicial que a reclamante foi contratada pela reclamada

em 19/05/2019, na função de assistente social, com salário de R$ A reclamante foi contratada como assistente social pelo Município

2.938,80 (dois mil novecentos e trinta e oito reais e oitenta de Barra de São Francisco/ES, por meio do Processo Seletivo

centavos). O contrato durou até 09/05/2018.

Simplificado nº 001/2016.

Informou a reclamante que foi contratada pelo Programa Incluir

após ser qualificada no processo seletivo nº 001/2016, com validade Este certame tratou da contratação por tempo determinado

de dois anos, prorrogáveis por mais dois anos. destinado a atender a Secretaria de Assistência Social,

especificamente em suas demandas no Programa Incluir, realizado

Após o fim dos primeiros anos de vínculo a reclamada optou por em parceria com o Governo do Estado do Espírito Santo. No item

não prorrogar o contrato e aguardou o pagamento de suas verbas 1.1 do referido processo seletivo constou a finalidade de prover

rescisórias e baixa na CTPS. Contudo alegou que o Município vagas para contratação temporária, em caráter de urgência.

nunca efetuou o devido recolhimento do valor referente ao FGTS.

A designação temporária possui natureza especial por objetivar o

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atendimento de necessidade excepcional e temporária de interesse

público, possuindo regras próprias que os diferenciam dos demais, Nesse contexto, o C. TST ao apreciar a questão sobre o

sendo tais regras estabelecidas pelo ente político federativo, no recolhimento de FGTS em contratações pela Administração Pública

exercício da sua competência legislativa. sob o regime celetista, decidiu pela possibilidade no caso dos

contratados em cargo em comissão, o que pode ser aplicada

Tanto é que o inciso IX, do artigo 37, da CF prevê que a "Lei analogicamente aos contratados temporariamente no regime

estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para celetista. In verbis:

atender a necessidade temporária de excepcional interesse

público". I. AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA

INTERPOSTO PELO RECLAMANTE NA VIGÊNCIA DA Lei

Nesse contexto, a própria Administração Pública Municipal (Barra 13.015/2014. FÉRIAS. PAGAMENTO EM DOBRO (AUSÊNCIA DE

de São Francisco/ES) optou pelo regime celetista nessa forma de VIOLAÇÃO LEGAL; SÚMULA 23 DO TST). Não merece ser provido

contratação. É o que se vê, expressamente, do item 1.3 do agravo de instrumento que visa a liberar recurso de revista que não

Processo Seletivo Simplificado nº 001/2016, in verbis: preenche os pressupostos contidos no art. 896 da CLT. Agravo de

instrumento não provido. II. RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO

1.3 O vínculo entre a Administração Pública Direta e o selecionado PELO RECLAMADO NA VIGÊNCIA DA Lei 13.015/2014.

reger-se-á pelas normas da Consolidação das Leis Trabalhistas DEPÓSITOS DO FGTS. CARGO EM COMISSÃO DE LIVRE

(CLT). NOMEAÇÃO E EXONERAÇÃO. CONTRATAÇÃO SOB O REGIME

DA CLT. A subseção I Especializada em Dissídios Individuais

Observe-se que na ficha cadastral da reclamante junto ao Município unificou o entendimento de que os trabalhadores contratados para

também consta expressamente que o regime adotado é o celetista cargos em comissão, embora não possuam direito ao aviso prévio e

(ID. 973c16a). ao acréscimo de 40% do FGTS, em razão de sua demissibilidade

ad nutum, fazem jus ao depósito mensal do FGTS durante o

É dizer, o reclamado (Município de Barra de São Francisco/ES) período contratado, por observância do regime ao qual se vinculou

adotou o regime celetista para reger a sua relação de trabalho com o município para a contratação, no caso, a CLT. Incidência da

a reclamante. Súmula 333 do TST. Recurso de Revista não conhecido. (TST -

ARR:108788520145150022, Relator: Delaíde Miranda Arantes,

No que tange aos depósitos do FGTS no caso de contratação pela Data deJulgamento: 05/04/2017, 2ª Turma, Data de Publicação:

administração pública por tempo determinado, o STF enfrentou o DEJT11/04/2017).

tema em relação às nulidades de contratação realizadas em

desobediência às regras do concurso público e, nesses casos, Por fim, registre que o Parquet se manifestou ao ID. 2559fac pelo

entendeu que são devidos os depósitos mensais de FGTS, dentre provimento do apelo.

outros direitos.

Diante do exposto, dá-se provimento para condenar o reclamado ao

Contudo, embora o caso em questão não tratar de nulidade de pagamento dos depósitos de FGTS durante todo o período

contração temporária da reclamante por ausência de concurso contratual.

público, o fato é que a própria administração pública excluiu a

reclamante do regime estatutário ao definir que o regime a ser

aplicado é o celetista.

E sendo o regime celetista aplicado na contratação da reclamante,

por espontânea vontade da Administração Pública, são devidos os

depósitos do FGTS mensalmente, pois não pode o ente público

renegar a aplicação da legislação trabalhista a qual se vinculou no

edital do processo seletivo que deu origem à contratação da

reclamante. 2.2.4. MULTA DO ARTIGO 477, § 8º, DA CLT

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Na exordial a reclamante pugnou pela condenação ao pagamento 2.2.5. MULTA DO ARTIGO 467, DA CLT

da multa prevista no artigo 477, § 8º, da CLT, alegando que as

verbas rescisórias não foram pagas em sua totalidade.

A Origem acolheu a preliminar de incompetência da Justiça do

Trabalho e determinou a remessa dos autos à Justiça Comum.

Conforme analisado no tópico 2.2.2 supra, foi afastada a

incompetência da Justiça do Trabalho e estando a causa madura

para julgamento, passa-se a análise do mérito.

Analisa-se. Na exordial a reclamante pugnou pela condenação ao pagamento

da multa prevista no artigo 467, da CLT em caso de não pagamento

Primeiramente, registre-se que a reclamação trabalhista foi ajuizada das parcelas incontroversas em audiência.

em 28/02/2019, portanto após a entrada em vigor da Lei 13.467/17

que se deu em 11/11/17. Não houve manifestação da Origem A Origem acolheu a preliminar de incompetência da Justiça do

acerca de eventual prescrição, nem recurso quanto a essa matéria. Trabalho e determinou a remessa dos autos à Justiça Comum.

Determina o § 6º do art. 477 da CLT, com redação vigente à época, Conforme analisado no tópico 2.2.2 supra, foi afastada a

que o pagamento das parcelas constantes do instrumento de incompetência da Justiça do Trabalho e estando a causa madura

rescisão ou recibo de quitação deverá ser efetuado até o primeiro para julgamento, passa-se a análise do mérito.

dia útil imediato ao término do contrato ou até o décimo dia, contado

da data da notificação da demissão, quando da ausência do aviso Analisa-se.

prévio, sua indenizaçãoou dispensa de seu cumprimento.

Primeiramente, registre-se que a reclamação trabalhista foi ajuizada

No tópico 2.2.3 supra, o reclamado foi condenado ao pagamento em 28/02/2019, portanto após a entrada em vigor da Lei 13.467/17

apenas dos depósitos de FGTS ao longo da relação contratual que se deu em 11/11/17. Não houve manifestação da Origem

mantida com a reclamante. acerca de eventual prescrição, nem recurso quanto a essa matéria.

As parcelas de FGTS que deveriam ser pagas mês a mês não se Dispõe o art. 467 da CLT que, "em caso de rescisão de contrato de

enquadram como verba rescisória, portanto não ocorreu o fato trabalho, motivada pelo empregador ou pelo empregado, havendo

gerador da penalidade decorrente de atraso de pagamento de controvérsia sobre o montante das verbas rescisórias, o

verbas rescisórias. empregador é obrigado a pagar ao trabalhador, na data do

comparecimento à Justiça do Trabalho, a parte incontroversa

Nega-se provimento. dessas verbas, sob pena de pagá-las acrescidas de 50% (cinquenta

por cento)".

A condenação do reclamado foi no pagamento dos depósitos de

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FGTS que deveriam ter sido realizados ao longo do contrato de

trabalho e não de verbas rescisórias. Conforme analisado no tópico 2.2.2 supra, foi afastada a

incompetência da Justiça do Trabalho e estando a causa madura

Além disso, verifica-se da defesa de ID. 9543fbf que o reclamado para julgamento, passou-se a análise do mérito.

(Município de Barra de São Francisco/ES) aduziu que os servidores

temporários, regidos pelo direito administrativo não fazem jus aos No mérito, o pedido da reclamante foi julgado procedente para

depósitos do FGTS. condenar o reclamado ao pagamento dos depósitos fundiários de

todo o período contratual, nos termos do tópico 2.2.3.

Portanto, as verbas requeridas pela reclamante, ora recorrente, não

são rescisórias e são controvertidas. Portanto, passa-se a análise dos honorários de sucumbência.

Em suma, entende-se que não assiste razão à recorrente, por não Analisa-se.

caber a multa do art. 467, da CLT quando houver controvérsia

quanto ao deferimento ou não das verbas rescisórias, bem como, Primeiramente, registre-se que a reclamação trabalhista foi ajuizada

por efetivamente, o objeto da condenação não se tratar de parcela em 28/02/2019, portanto após a entrada em vigor da Lei 13.467/17

resilitória. que se deu em 11/11/17. Não houve manifestação da Origem

acerca de eventual prescrição, nem recurso quanto a essa matéria.

Nega-se provimento.

Na Justiça do Trabalho, prevalecia o entendimento consubstanciado

nas Súmulas n.º 219 e 329 do E. TST segundo o qual, em se

tratando de conflito decorrente da relação de emprego, os

honorários advocatícios eram devidos apenas quando preenchidos

os requisitos contidos no art. 14 da Lei n. 5.584/1970.

Com o advento da Lei 13.467, de 13 de julho de 2017, contudo, foi

acrescentado à CLT o art. 791-A, que autorizou a condenação na

verba honorária em razão da mera sucumbência.

2.2.6. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

Além disso, o novel dispositivo previu o pagamento de honorários

de sucumbência recíproca, de forma que, vencido o Reclamante,

ainda que relativamente a um único pedido, também deverá ele

responder pela verba honorária da parte contrária.

Em que pese a intensa celeuma jurídica que se instaurou acerca da

aplicabilidade do novo regramento, este Relator adotou o

entendimento de que os dispositivos da Reforma Trabalhista que

versam sobre honorários advocatícios apenas incidem nas

demandas ajuizadas após a vigência da Lei 13.467/17, que ocorreu

Na petição inicial a reclamante pugnou pela condenação da em 11/11/2017.

reclamada ao pagamento de honorários de sucumbência no

percentual de 15% sobre o valor que resultar da liquidação da O C. TST posicionou-se no mesmo sentido na recém editada

sentença. Instrução Normativa n. 41, que, em seu art. 6º assim dispõe:

A Origem havia acolhido a preliminar de incompetência da Justiça "Art. 6º Na Justiça do Trabalho, a condenação em honorários

do Trabalho e determinado a remessa dos autos para a Justiça advocatícios sucumbenciais, prevista no art. 791-A, e parágrafos, da

Comum. CLT, será aplicável apenas às ações propostas após 11 de

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novembro de 2017 (Lei nº 13.467/2017). Nas ações propostas ficariam sob condição suspensiva ou seus valores seriam

anteriormente, subsistem as diretrizes do art. 14 da Lei 5.584/1970 compensados com eventuais créditos obtidos em juízo:

e das Súmulas nº 219 e 329 do TST".

"§ 4° Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha

A presente demanda foi ajuizada em 28/02/2019, logo, sob a égide obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de

da Reforma Trabalhista. suportar a despesa, as obrigações decorrentes de sua sucumbência

ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente

Destarte, são devidos, na espécie, os honorários advocatícios poderão ser executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito

requeridos pela reclamante, nos termos da nova legislação, in em julgado da decisão que as certificou, o credor demonstrar que

verbis: deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que

justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse

"Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão prazo, tais obrigações do beneficiário".

devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5%

(cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o Ocorre que este Relator já entendia ser inaplicável o dispositivo em

valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico questão no que tange à possibilidade de compensação da verba

obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado honorária com o crédito do trabalhador beneficiário da justiça

da causa. gratuita, tendo em vista que tal norma viola as garantias

constitucionais de amplo acesso à Justiça, de assistência jurídica

§ 1o Os honorários são devidos também nas ações contra a integral e gratuita e de proteção do salário.

Fazenda Pública e nas ações em que a parte estiver assistida ou

substituída pelo sindicato de sua categoria. Não se pode olvidar que o crédito trabalhista tem natureza alimentar

e o trabalhador, ao despender sua força de trabalho em proveito do

[...] empregador, não busca senão o seu próprio sustento e da sua

família. Dessa forma, não é compatível com os direitos

§ 3o Na hipótese de procedência parcial, o juízo arbitrará honorários constitucionalmente tutelados a compensação das obrigações

de sucumbência recíproca, vedada a compensação entre os decorrentes da sucumbência com os créditos do trabalhador em

honorários. estado de miserabilidade econômica.

[...]" Nesse mesmo sentido é o Enunciado n.o 3, da Comissão 7,

aprovado na 2ª Jornada de Direito Material e Processual do

Na hipótese, os pedidos foram julgados parcialmente procedentes Trabalho, realizada pela ANAMATRA (Associação Nacional dos

(deferido os depósitos do FGTS e indeferidas as multas dos artigos Magistrados da Justiça do Trabalho), entre 9 e 10 de outubro de

467 e 477, § 8º, da CLT), cabendo, com base no artigo acima 2017, in verbis:

transcrito, a condenação de forma recíproca.

HONORÁRIOS E ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA

Registre-se que não se verifica incompatibilidade na exigência de

honorários advocatícios de sucumbência com o direito à assistência É inconstitucional a previsão de utilização dos créditos trabalhistas

jurídica integral e gratuita, pois a Lei 13.467/2017 não alterou a reconhecidos em juízo para o pagamento de despesas do

gratuidade de acesso ao Judiciário Trabalhista. Do mesmo modo o beneficiário da justiça gratuita com honorários advocatícios ou

CPC/2015 estabelece no artigo 98, § 2º, que a concessão da periciais (artigos 791-A, §4º, e 790-B, §4º, da CLT, com a redação

gratuidade judiciária não afasta a responsabilidade pelos honorários dada pela Lei nº 13.467/2017), por ferir os direitos fundamentais à

advocatícios decorrentes da sucumbência. assistência judiciária gratuita e integral, prestada pelo Estado, e à

proteção do salário (artigos 5º. LXXIV, e 7º, X, da Constituição

Por outro lado, a reclamante é beneficiária da justiça gratuita, Federal).

conforme tópico 2.2.1 supra e, nesse caso, pela redação do novel §

4º do art. 791-B, as obrigações decorrentes da sucumbência Com efeito, o pleno deste Regional na recente decisão prolatada

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 185
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

nos autos da argüição de inconstitucionalidade n° 0000453- encontra em grau recursal (o que aumenta "o trabalho realizado

35.2019.5.17.0000 decidiu pela inconstitucionalidade parcial do § pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço"), entende-se

4º, do artigo 791-A, da CLT, conforme ementa abaixo: razoável e proporcional a fixação dos honorários recíprocos no

percentual de 10% do valor do proveito econômico obtido, com

"ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. HONORÁRIOS montante a ser estabelecido na liquidação do julgado.

ADVOCATÍCIOS. ARTIGO 791-A, § 4º, DA CLT.Declara-se

ainconstitucionalidade parcial do § 4º, do artigo 791-A, da Diante do exposto, dá-se parcial provimento para condenar as

CLTsomente quanto ao trecho: "desde que não tenha obtido em partes no pagamento de honorários advocatícios recíprocos, no

juízo,ainda que outro processo, créditos capazes de suportar percentual de 10% do valor do proveito econômico obtido, com

adespesa", no sentido de que não se possa atingir os montante a ser estabelecido na liquidação do julgado e para

créditosdeferidos ao beneficiário da justiça gratuita, ainda que em determinar que a verba honorária devida pela reclamante deva ficar,

outroprocesso, mas tão somente que a verba honorária fique nos termos do §3º do art. 98 do CPC, sob condição suspensiva de

sobcondição suspensiva de exigibilidade, podendo ser executada, exigibilidade e somente poderá ser executada se, nos 2 (dois) anos

senos 2 (anos) subseqüentes ao trânsito em julgado da decisão subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que a certificou, o

quea certificou, o credor demonstrar que deixou de existir a credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência

situaçãode insuficiência de recursos que justificou a concessão de recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-

degratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tal obrigação se, passado esse prazo, tal obrigação do beneficiário.

dobeneficiário".

Portanto, seguindo o entendimento do Pleno deste Regional, a

verba honorária devida pela reclamante deverá ficar, sob condição

suspensiva de exigibilidade e somente poderá ser executada se,

nos 2 (dois) anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão

que a certificou, o credor demonstrar que deixou de existir a

situação de insuficiência de recursos que justificou a concessão de

gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tal obrigação do

beneficiário.

Insta, por fim, fixar o valor dos honorários.

Para tal, devem ser levados em conta os parâmetros estabelecidos

no art. 791-A, §2º, quais sejam:

§ 2o Ao fixar os honorários, o juízo observará: 3. ACÓRDÃO

I - o grau de zelo do profissional;

II - o lugar de prestação do serviço;

III - a natureza e a importância da causa;

IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o

seu serviço.

Com alicerce nos critérios supratanscritos, e cuidando-se de

processo de fácil compreensão, mas, por outro lado, que se

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 186
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Relator

Acordam os Magistrados da 1ª Turma do Tribunal Regional do

Trabalho da 17ª Região, na Sessão Ordinária realizada no dia 03 de

dezembro de 2019, às 13 horas e 30 minutos, sob a presidência do

Exmo. Desembargador Cláudio Armando Couce de Menezes, com

a participação do Exmo. Desembargador José Carlos Rizk, do

Exmo. Desembargador Mario Ribeiro Cantarino Neto, e presente o

Procurador do Trabalho, Dr. Levi Scatolin, por unanimidade,

conhecer do recurso ordinário interposto pela reclamante, e no

mérito, dar-lhe provimento para conceder o benefício da assistência

judiciária gratuita; afastar a incompetência da Justiça do Trabalho;

condenar o reclamado ao pagamento dos depósitos de FGTS

durante todo o período contratual; e condenar as partes no Acórdão


Processo Nº ROT-0000104-71.2019.5.17.0181
pagamento de honorários advocatícios recíprocos, no percentual de Relator JOSE CARLOS RIZK
10% do valor do proveito econômico obtido, com montante a ser RECORRENTE MARIA PAULA DA SILVA
ADVOGADO RAFAEL VICTOR ALVES DA
estabelecido na liquidação do julgado e para determinar que a verba SILVA(OAB: 22834/ES)
honorária devida pela reclamante deva ficar, nos termos do §3º do RECORRIDO MUNICIPIO DE BARRA DE SAO
FRANCISCO
art. 98 do CPC, sob condição suspensiva de exigibilidade e ADVOGADO JALTAIR RODRIGUES DE
OLIVEIRA(OAB: 2828/ES)
somente poderá ser executada se, nos 2 (dois) anos subsequentes
CUSTOS LEGIS MINISTÉRIO PÚBLICO DO
ao trânsito em julgado da decisão que a certificou, o credor TRABALHO

demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de


Intimado(s)/Citado(s):
recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se, - MUNICIPIO DE BARRA DE SAO FRANCISCO
passado esse prazo, tal obrigação do beneficiário. Custas pelo

reclamado no importe de R$ 120,00 (cento e vinte reais), calculadas

sobre o valor da condenação, ora fixado em R$ 6.000,00 (seis mil


PODER JUDICIÁRIO
reais), isento de recolhimento com fundamento no artigo 790-A, I,
JUSTIÇA DO TRABALHO
da CLT.

PROCESSO nº 0000104-71.2019.5.17.0181 (ROT)

RECORRENTE: MARIA PAULA DA SILVA

RECORRIDO: MUNICÍPIO DE BARRA DE SÃO FRANCISCO

ORIGEM: VARA DO TRABALHO DE NOVA VENÉCIA/ES

DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK RELATOR: DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 187
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

COMPETÊNCIA: 1ª TURMA

Trata-se de recurso ordinário interposto pela reclamante em face da

sentença prolatada ao ID. e5288b3, na qual a Origem, acolheu a

preliminar de incompetência da Justiça do Trabalho suscitada pelo

Município e julgou o feito extinto sem resolução do mérito,

determinando a remessa dos autos à Justiça Comum. Indeferiu o

pedido de assistência judiciária gratuita do autor.

Irresignada, pugnou a reclamante pela reforma da r. decisão no

tocante à assistência judiciária gratuita e incompetência da Justiça

EMENTA do Trabalho.

O Município não apresentou contrarrazões.

Este Relator, verificando que há ente público no pólo passivo desta

reclamação trabalhista (Município de Barra de São Francisco/ES),

determinou a intimação ao Ministério Público do Trabalho para

manifestação.

RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMANTE INCOMPETÊNCIA DA O Parquet se manifestou ao ID. 2559fac pelo provimento do apelo.

JUSTIÇA DO TRABALHO. SERVIDOR TEMPORÁRIO. Na ADI

3395, o Plenário do STF suspendeu qualquer interpretação do art. É o relatório.

114, I, da CF, "que inclua, na competência da Justiça do Trabalho, a

apreciação de causas instauradas entre o poder público e seus

servidores, com base em vínculo de ordem estatutária ou de caráter

jurídico-administrativo". Todavia, se o processo seletivo que

autorizou a contratação da servidora dispõe expressamente que o

regime é o celetista, então remanesce a competência residual da

Justiça do Trabalho para processar e julgar a demanda.

2. FUNDAMENTAÇÃO

1. RELATÓRIO

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 188
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

2.1. CONHECIMENTO

Conhece-se do recurso ordinário interposto pela reclamante,

porquanto preenchidos os pressupostos legais de admissibilidade

recursal.

A reclamante recolheu as custas processuais conforme 2.2. MÉRITO

comprovante de ID. f31ad2a.

Não é o caso de remessa necessária por ser o valor da condenação

inferior a 100 salários mínimos (art. 496, §3º, III do CPC/2015).

Registre-se que a reclamação trabalhista foi ajuizada em

28/02/2019, portanto após a entrada em vigor da Lei 13.467/17 que

se deu em 11/11/17. Não houve manifestação da Origem acerca de

eventual prescrição, nem recurso quanto a essa matéria.

2.2.1. ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA

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vigente quando do ajuizamento da ação e da apresentação da

defesa.

A presente demanda foi interposta em 28/02/2019, após, portanto, a

entrada em vigor da Lei 13.467/2017, motivo pelo qual se aplicam,

in casu, as alterações legislativas trazidas com a Reforma

Consta da inicial que a reclamante foi contratada pela reclamada Trabalhista.

em 19/05/2019, na função de assistente social, com salário de R$

2.938,80 (dois mil novecentos e trinta e oito reais e oitenta Nesse contexto, determinam os §§3º e 4º, do art. 790 da CLT, com

centavos). O contrato durou até 09/05/2018. redação dada pela Lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017:

Na inicial a autora requereu a concessão da assistência da justiça "§ 3º É facultado aos juízes, órgãos julgadores e presidentes dos

gratuita e juntou declaração de pobreza ao ID. 056c329. tribunais do trabalho de qualquer instância conceder, a

requerimento ou de ofício, o benefício da justiça gratuita, inclusive

A Origem indeferiu o pedido sob o fundamento de que a reclamante quanto a traslados e instrumentos, àqueles que perceberem salário

não está assistida pelo sindicato da categoria e porque não igual ou inferior a 40% (quarenta por cento) do limite máximo dos

comprovou os requisitos do § 3º e 4º, do artigo 790, da CLT. benefícios do Regime Geral de Previdência Social.

Nas razões recursais a reclamante pugnou pela reforma da § 4º O benefício da justiça gratuita será concedido à parte que

sentença porque juntou declaração de hipossuficiência que se comprovar insuficiência de recursos para o pagamento das custas

presume verdadeira. do processo".

Analisa-se. Entende este Relator que o dispositivo em questão traz duas regras

distintas.

Primeiramente, registre-se que a reclamação trabalhista foi ajuizada

em 28/02/2019, portanto após a entrada em vigor da Lei 13.467/17 Consoante o §3º, no caso de a reclamante manter vínculo

que se deu em 11/11/17. Não houve manifestação da Origem empregatício vigente com a reclamada ou com empresa diversa e

acerca de eventual prescrição, nem recurso quanto a essa matéria. perceber salário igual ou inferior a 40% (quarenta por cento) do

limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência

Este Relator entende que, em se tratando a assistência judiciária Social, é absoluta a presunção de hipossuficiência econômica,

gratuita de instituto bifronte, as inovações da Lei n. 13.467/2017 fazendo jus, consequentemente, ao benefício da Justiça Gratuita.

quanto ao tema não deverão ser aplicadas aos processos já em

curso, incidindo apenas em relação às novas demandas Lado outro, quando a reclamante estiver desempregada ou na

(interpostas após 11/11/2017). hipótese de perceber salário superior a 40% (quarenta por cento) do

limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência

Isso porque é imprescindível que a parte tenha ciência das Social, a comprovação da insuficiência de recursos, a teor do §4º do

consequências jurídicas do ajuizamento do processo ou da defesa dispositivo acima transcrito, poderá ser feita por simples declaração.

apresentada, com a possibilidade de previsibilidade para avaliação

das condutas processuais a serem adotadas. No caso dos autos, a reclamante não mais recebe o salário indicado

na exordial de R$ 2.938,80 (dois mil novecentos e trinta e oito reais

Entendimento em sentido diverso não seria razoável e implicaria e oitenta centavos), pois o recebia quando era contratada pelo

afronta ao disposto no art. 10, CPC/15, com a configuração de reclamado e, não tem informação nos autos de que esteja

decisão surpresa e violação aos princípios da segurança jurídica e empregada.

do devido processo legal.

Além disso, firmou declaração de pobreza ao ID. 056c329.

A legislação a ser aplicada nestes casos, portanto, deve ser aquela

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 190
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Com efeito, nos termos dos artigos 1º da Lei 7.115/1983 e 99, §3º

do CPC/2015, a declaração destinada a fazer prova de pobreza,

quando firmada pelo próprio interessado ou por procurador Consta da inicial que a reclamante foi contratada pela reclamada

bastante, e sob as penas da Lei, presume-se verdadeira. em 19/05/2019, na função de assistente social, com salário de R$

2.938,80 (dois mil novecentos e trinta e oito reais e oitenta

Frise-se, também, que a apreciação ou a discussão, por qualquer centavos). O contrato durou até 09/05/2018.

das partes, acerca da matéria concernente à concessão da justiça

gratuita pode ser tratada em fase de recurso, consoante se Informou a reclamante que foi contratada pelo Programa Incluir

depreende do caput, do artigo 99, do NCPC. após ser qualificada no processo seletivo nº 001/2016, com validade

de dois anos, prorrogáveis por mais dois anos.

Acrescente-se que o art. 99, §2º do CPC afirma que o juiz somente

poderá indeferir o pedido se houver nos autos elementos que Após o fim dos primeiros anos de vínculo a reclamada optou por

evidenciem a falta dos pressupostos legais para a concessão da não prorrogar o contrato e aguardou o pagamento de suas verbas

gratuidade. rescisórias e baixa na CTPS. Contudo alegou que o Município

nunca efetuou o devido recolhimento do valor referente ao FGTS.

Registre-se, ainda, que a assistência da requerente por advogado

particular não impede a concessão da benesse (artigo 99, § 4º, do Requereu o pagamento do FGTS relativo a todo o período

NCPC). contratual e multas dos artigos 467 e 477, § 8º, da CLT, bem como

honorários advocatícios de 15%.

Saliente-se, por fim, que o benefício da gratuidade da justiça

constitui direito fundamental, de aplicação imediata, previsto no art. Na defesa de ID. 9543fbf, o reclamado (Município de Barra de São

5º, inciso LXXIV, da Carta Magna, a todos os brasileiros e Francisco/ES) suscitou preliminar de incompetência da Justiça do

estrangeiros residentes no Brasil que comprovarem a insuficiência Trabalho porque se trata de ação envolvendo contrato temporário

de recursos. firmado entre a administração pública e a reclamante, ou seja, trata

de matéria de índole administrativa, sendo competência da Justiça

Pelo exposto, dá-se provimento para conceder a reclamante o Comum.

benefício da assistência judiciária gratuita.

A Origem acolheu a preliminar e julgou o feito extinto sem resolução

do mérito, determinando a remessa dos autos à Justiça Comum,

entendendo que por se tratar de contrato temporário, essa relação

jurídica não tem seus conflitos de interesse dirimidos pela Justiça do

Trabalho, tendo em vista que o STF, nos autos da ADI 3.395, em

sede liminar, suspendeu toda e qualquer interpretação que inclua,

na competência desta Justiça Especializada, o julgamento de

causas que sejam instauradas entre o Poder Público e seus

servidores, a ele vinculados por típica relação de ordem estatutária,

2.2.2. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. SERVIDOR ou de caráter jurídico-administrativo, como é a hipótese destes

TEMPORÁRIO autos.

Nas razões recursais a reclamante pugnou pela reforma da

sentença, uma vez que a contratação foi feita pelo regime celetista.

Analisa-se.

Primeiramente, registre-se que a reclamação trabalhista foi ajuizada

em 28/02/2019, portanto após a entrada em vigor da Lei 13.467/17

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 191
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que se deu em 11/11/17. Não houve manifestação da Origem remanesce a competência residual da Justiça do Trabalho para

acerca de eventual prescrição, nem recurso quanto a essa matéria. processar e julgar a demanda.

De fato, na ADI 3395, o Plenário do STF suspendeu qualquer Na oportunidade, registre que o Parquet se manifestou ao ID.

interpretação do art. 114, I, da CF, "que inclua, na competência da 2559fac pelo provimento do apelo.

Justiça do Trabalho, a apreciação de causas instauradas entre o

poder público e seus servidores, com base em vínculo de ordem Dá-se provimento para afastar a incompetência da Justiça do

estatutária ou de caráter jurídico-administrativo". Trabalho e estando a causa madura para julgamento, passa-se a

análise do mérito.

Nesse sentido, tem-se que, mesmo após a ampliação da

competência da Justiça do Trabalho decorrente da Emenda

Constitucional nº 45/04, quanto aos servidores estatutários, a

competência é da Justiça Comum, por força da atual interpretação

que se confere ao art. 114, I, da CF.

Portanto, a decisão do STF abrange os servidores temporários

regidos por regime administrativo próprio.

No presente caso, a reclamante foi contratada como assistente

social no Programa Incluir, por meio do processo seletivo

simplificado nº 001/2016. 2.2.3. DEPÓSITOS DE FGTS. SERVIDOR TEMPORÁRIO.

REGIME CELETISTA

No item 1.3 do edital desse processo seletivo ao ID. f717bfd, consta

que "o vínculo entre a Administração Pública Direta e o selecionado

reger-se-á pelas normas da Consolidação das Leis Trabalhistas

(CLT)".

Como visto, o Município adotou o regime celetista, porquanto, na

hipótese, a reclamante não é servidora temporária regida por

regime administrativo próprio que trata a decisão do STF, mas sim,

assistente social regida pela CLT, inclusive é o que foi anotado na

sua CTPS ao ID. b23e44b.

Consta da inicial que a reclamante foi contratada pela reclamada

Vale registrar que essa foi a interpretação dada por esta E. 1ª em 19/05/2019, na função de assistente social, com salário de R$

Turma nos autos do recurso ordinário nº 0001763- 2.938,80 (dois mil novecentos e trinta e oito reais e oitenta

12.2017.5.17.0141, da Relatoria do Des. Cláudio Armando Couce centavos). O contrato durou até 09/05/2018.

de Menezes, bem como nos autos do recurso ordinário nº 0001253-

33.2016.5.17.0141, cujo Relator foi o Des. Gerson Fernando da Informou a reclamante que foi contratada pelo Programa Incluir

Sylveira Novais. após ser qualificada no processo seletivo nº 001/2016, com validade

de dois anos, prorrogáveis por mais dois anos.

A 3ª Turma deste Regional também adotou interpretação idêntica

no recurso ordinário nº 0000074-40.2018.5.17.0191, da Relatoria da Após o fim dos primeiros anos de vínculo a reclamada optou por

Des. Daniele Corrêa Santa Catarina. não prorrogar o contrato e aguardou o pagamento de suas verbas

rescisórias e baixa na CTPS. Contudo alegou que o Município

Assim, se o processo seletivo que autorizou a contratação da nunca efetuou o devido recolhimento do valor referente ao FGTS.

servidora dispõe expressamente que o regime é o celetista,

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Requereu o pagamento do FGTS relativo a todo o período atendimento de necessidade excepcional e temporária de interesse

contratual e multas dos artigos 467 e 477, § 8º, da CLT, bem como público, possuindo regras próprias que os diferenciam dos demais,

honorários advocatícios de 15%. sendo tais regras estabelecidas pelo ente político federativo, no

exercício da sua competência legislativa.

Na defesa de ID. 9543fbf, o reclamado (Município de Barra de São

Francisco/ES) aduziu que os servidores temporários, regidos pelo Tanto é que o inciso IX, do artigo 37, da CF prevê que a "Lei

direito administrativo não fazem jus aos depósitos do FGTS, estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para

conforme parecer consulta nº 019/2017, do Tribunal de Contas do atender a necessidade temporária de excepcional interesse

Estado do Espírito Santo. público".

A Origem acolheu a preliminar e julgou o feito extinto sem resolução Nesse contexto, a própria Administração Pública Municipal (Barra

do mérito, determinando a remessa dos autos à Justiça Comum, de São Francisco/ES) optou pelo regime celetista nessa forma de

entendendo que por se tratar de contrato temporário, essa relação contratação. É o que se vê, expressamente, do item 1.3 do

jurídica não tem seus conflitos de interesse dirimidos pela Justiça do Processo Seletivo Simplificado nº 001/2016, in verbis:

Trabalho, tendo em vista que o STF, nos autos da ADI 3.395, em

sede liminar, suspendeu toda e qualquer interpretação que inclua, 1.3 O vínculo entre a Administração Pública Direta e o selecionado

na competência desta Justiça Especializada, o julgamento de reger-se-á pelas normas da Consolidação das Leis Trabalhistas

causas que sejam instauradas entre o Poder Público e seus (CLT).

servidores, a ele vinculados por típica relação de ordem estatutária,

ou de caráter jurídico-administrativo, como é a hipótese destes Observe-se que na ficha cadastral da reclamante junto ao Município

autos. também consta expressamente que o regime adotado é o celetista

(ID. 973c16a).

Conforme analisado no tópico 2.2.2 supra, foi afastada a

incompetência da Justiça do Trabalho e estando a causa madura É dizer, o reclamado (Município de Barra de São Francisco/ES)

para julgamento, passa-se a análise do mérito. adotou o regime celetista para reger a sua relação de trabalho com

a reclamante.

Analisa-se.

No que tange aos depósitos do FGTS no caso de contratação pela

Primeiramente, registre-se que a reclamação trabalhista foi ajuizada administração pública por tempo determinado, o STF enfrentou o

em 28/02/2019, portanto após a entrada em vigor da Lei 13.467/17 tema em relação às nulidades de contratação realizadas em

que se deu em 11/11/17. Não houve manifestação da Origem desobediência às regras do concurso público e, nesses casos,

acerca de eventual prescrição, nem recurso quanto a essa matéria. entendeu que são devidos os depósitos mensais de FGTS, dentre

outros direitos.

A reclamante foi contratada como assistente social pelo Município

de Barra de São Francisco/ES, por meio do Processo Seletivo Contudo, embora o caso em questão não tratar de nulidade de

contração temporária da reclamante por ausência de concurso

Simplificado nº 001/2016. público, o fato é que a própria administração pública excluiu a

reclamante do regime estatutário ao definir que o regime a ser

Este certame tratou da contratação por tempo determinado aplicado é o celetista.

destinado a atender a Secretaria de Assistência Social,

especificamente em suas demandas no Programa Incluir, realizado E sendo o regime celetista aplicado na contratação da reclamante,

em parceria com o Governo do Estado do Espírito Santo. No item por espontânea vontade da Administração Pública, são devidos os

1.1 do referido processo seletivo constou a finalidade de prover depósitos do FGTS mensalmente, pois não pode o ente público

vagas para contratação temporária, em caráter de urgência. renegar a aplicação da legislação trabalhista a qual se vinculou no

edital do processo seletivo que deu origem à contratação da

A designação temporária possui natureza especial por objetivar o reclamante.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 193
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Nesse contexto, o C. TST ao apreciar a questão sobre o

recolhimento de FGTS em contratações pela Administração Pública

sob o regime celetista, decidiu pela possibilidade no caso dos

contratados em cargo em comissão, o que pode ser aplicada

analogicamente aos contratados temporariamente no regime

celetista. In verbis:

I. AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA Na exordial a reclamante pugnou pela condenação ao pagamento

INTERPOSTO PELO RECLAMANTE NA VIGÊNCIA DA Lei da multa prevista no artigo 477, § 8º, da CLT, alegando que as

13.015/2014. FÉRIAS. PAGAMENTO EM DOBRO (AUSÊNCIA DE verbas rescisórias não foram pagas em sua totalidade.

VIOLAÇÃO LEGAL; SÚMULA 23 DO TST). Não merece ser provido

agravo de instrumento que visa a liberar recurso de revista que não A Origem acolheu a preliminar de incompetência da Justiça do

preenche os pressupostos contidos no art. 896 da CLT. Agravo de Trabalho e determinou a remessa dos autos à Justiça Comum.

instrumento não provido. II. RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO

PELO RECLAMADO NA VIGÊNCIA DA Lei 13.015/2014. Conforme analisado no tópico 2.2.2 supra, foi afastada a

DEPÓSITOS DO FGTS. CARGO EM COMISSÃO DE LIVRE incompetência da Justiça do Trabalho e estando a causa madura

NOMEAÇÃO E EXONERAÇÃO. CONTRATAÇÃO SOB O REGIME para julgamento, passa-se a análise do mérito.

DA CLT. A subseção I Especializada em Dissídios Individuais

unificou o entendimento de que os trabalhadores contratados para Analisa-se.

cargos em comissão, embora não possuam direito ao aviso prévio e

ao acréscimo de 40% do FGTS, em razão de sua demissibilidade Primeiramente, registre-se que a reclamação trabalhista foi ajuizada

ad nutum, fazem jus ao depósito mensal do FGTS durante o em 28/02/2019, portanto após a entrada em vigor da Lei 13.467/17

período contratado, por observância do regime ao qual se vinculou que se deu em 11/11/17. Não houve manifestação da Origem

o município para a contratação, no caso, a CLT. Incidência da acerca de eventual prescrição, nem recurso quanto a essa matéria.

Súmula 333 do TST. Recurso de Revista não conhecido. (TST -

ARR:108788520145150022, Relator: Delaíde Miranda Arantes, Determina o § 6º do art. 477 da CLT, com redação vigente à época,

Data deJulgamento: 05/04/2017, 2ª Turma, Data de Publicação: que o pagamento das parcelas constantes do instrumento de

DEJT11/04/2017). rescisão ou recibo de quitação deverá ser efetuado até o primeiro

dia útil imediato ao término do contrato ou até o décimo dia, contado

Por fim, registre que o Parquet se manifestou ao ID. 2559fac pelo da data da notificação da demissão, quando da ausência do aviso

provimento do apelo. prévio, sua indenizaçãoou dispensa de seu cumprimento.

Diante do exposto, dá-se provimento para condenar o reclamado ao No tópico 2.2.3 supra, o reclamado foi condenado ao pagamento

pagamento dos depósitos de FGTS durante todo o período apenas dos depósitos de FGTS ao longo da relação contratual

contratual. mantida com a reclamante.

As parcelas de FGTS que deveriam ser pagas mês a mês não se

enquadram como verba rescisória, portanto não ocorreu o fato

gerador da penalidade decorrente de atraso de pagamento de

verbas rescisórias.

Nega-se provimento.

2.2.4. MULTA DO ARTIGO 477, § 8º, DA CLT

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 194
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FGTS que deveriam ter sido realizados ao longo do contrato de

trabalho e não de verbas rescisórias.

Além disso, verifica-se da defesa de ID. 9543fbf que o reclamado

(Município de Barra de São Francisco/ES) aduziu que os servidores

temporários, regidos pelo direito administrativo não fazem jus aos

depósitos do FGTS.

2.2.5. MULTA DO ARTIGO 467, DA CLT Portanto, as verbas requeridas pela reclamante, ora recorrente, não

são rescisórias e são controvertidas.

Em suma, entende-se que não assiste razão à recorrente, por não

caber a multa do art. 467, da CLT quando houver controvérsia

quanto ao deferimento ou não das verbas rescisórias, bem como,

por efetivamente, o objeto da condenação não se tratar de parcela

resilitória.

Nega-se provimento.

Na exordial a reclamante pugnou pela condenação ao pagamento

da multa prevista no artigo 467, da CLT em caso de não pagamento

das parcelas incontroversas em audiência.

A Origem acolheu a preliminar de incompetência da Justiça do

Trabalho e determinou a remessa dos autos à Justiça Comum.

Conforme analisado no tópico 2.2.2 supra, foi afastada a

incompetência da Justiça do Trabalho e estando a causa madura 2.2.6. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

para julgamento, passa-se a análise do mérito.

Analisa-se.

Primeiramente, registre-se que a reclamação trabalhista foi ajuizada

em 28/02/2019, portanto após a entrada em vigor da Lei 13.467/17

que se deu em 11/11/17. Não houve manifestação da Origem

acerca de eventual prescrição, nem recurso quanto a essa matéria.

Dispõe o art. 467 da CLT que, "em caso de rescisão de contrato de

trabalho, motivada pelo empregador ou pelo empregado, havendo Na petição inicial a reclamante pugnou pela condenação da

controvérsia sobre o montante das verbas rescisórias, o reclamada ao pagamento de honorários de sucumbência no

empregador é obrigado a pagar ao trabalhador, na data do percentual de 15% sobre o valor que resultar da liquidação da

comparecimento à Justiça do Trabalho, a parte incontroversa sentença.

dessas verbas, sob pena de pagá-las acrescidas de 50% (cinquenta

por cento)". A Origem havia acolhido a preliminar de incompetência da Justiça

do Trabalho e determinado a remessa dos autos para a Justiça

A condenação do reclamado foi no pagamento dos depósitos de Comum.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 195
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novembro de 2017 (Lei nº 13.467/2017). Nas ações propostas

Conforme analisado no tópico 2.2.2 supra, foi afastada a anteriormente, subsistem as diretrizes do art. 14 da Lei 5.584/1970

incompetência da Justiça do Trabalho e estando a causa madura e das Súmulas nº 219 e 329 do TST".

para julgamento, passou-se a análise do mérito.

A presente demanda foi ajuizada em 28/02/2019, logo, sob a égide

No mérito, o pedido da reclamante foi julgado procedente para da Reforma Trabalhista.

condenar o reclamado ao pagamento dos depósitos fundiários de

todo o período contratual, nos termos do tópico 2.2.3. Destarte, são devidos, na espécie, os honorários advocatícios

requeridos pela reclamante, nos termos da nova legislação, in

Portanto, passa-se a análise dos honorários de sucumbência. verbis:

Analisa-se. "Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão

devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5%

Primeiramente, registre-se que a reclamação trabalhista foi ajuizada (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o

em 28/02/2019, portanto após a entrada em vigor da Lei 13.467/17 valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico

que se deu em 11/11/17. Não houve manifestação da Origem obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado

acerca de eventual prescrição, nem recurso quanto a essa matéria. da causa.

Na Justiça do Trabalho, prevalecia o entendimento consubstanciado § 1o Os honorários são devidos também nas ações contra a

nas Súmulas n.º 219 e 329 do E. TST segundo o qual, em se Fazenda Pública e nas ações em que a parte estiver assistida ou

tratando de conflito decorrente da relação de emprego, os substituída pelo sindicato de sua categoria.

honorários advocatícios eram devidos apenas quando preenchidos

os requisitos contidos no art. 14 da Lei n. 5.584/1970. [...]

Com o advento da Lei 13.467, de 13 de julho de 2017, contudo, foi § 3o Na hipótese de procedência parcial, o juízo arbitrará honorários

acrescentado à CLT o art. 791-A, que autorizou a condenação na de sucumbência recíproca, vedada a compensação entre os

verba honorária em razão da mera sucumbência. honorários.

Além disso, o novel dispositivo previu o pagamento de honorários [...]"

de sucumbência recíproca, de forma que, vencido o Reclamante,

ainda que relativamente a um único pedido, também deverá ele Na hipótese, os pedidos foram julgados parcialmente procedentes

responder pela verba honorária da parte contrária. (deferido os depósitos do FGTS e indeferidas as multas dos artigos

467 e 477, § 8º, da CLT), cabendo, com base no artigo acima

Em que pese a intensa celeuma jurídica que se instaurou acerca da transcrito, a condenação de forma recíproca.

aplicabilidade do novo regramento, este Relator adotou o

entendimento de que os dispositivos da Reforma Trabalhista que Registre-se que não se verifica incompatibilidade na exigência de

versam sobre honorários advocatícios apenas incidem nas honorários advocatícios de sucumbência com o direito à assistência

demandas ajuizadas após a vigência da Lei 13.467/17, que ocorreu jurídica integral e gratuita, pois a Lei 13.467/2017 não alterou a

em 11/11/2017. gratuidade de acesso ao Judiciário Trabalhista. Do mesmo modo o

CPC/2015 estabelece no artigo 98, § 2º, que a concessão da

O C. TST posicionou-se no mesmo sentido na recém editada gratuidade judiciária não afasta a responsabilidade pelos honorários

Instrução Normativa n. 41, que, em seu art. 6º assim dispõe: advocatícios decorrentes da sucumbência.

"Art. 6º Na Justiça do Trabalho, a condenação em honorários Por outro lado, a reclamante é beneficiária da justiça gratuita,

advocatícios sucumbenciais, prevista no art. 791-A, e parágrafos, da conforme tópico 2.2.1 supra e, nesse caso, pela redação do novel §

CLT, será aplicável apenas às ações propostas após 11 de 4º do art. 791-B, as obrigações decorrentes da sucumbência

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 196
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ficariam sob condição suspensiva ou seus valores seriam nos autos da argüição de inconstitucionalidade n° 0000453-

compensados com eventuais créditos obtidos em juízo: 35.2019.5.17.0000 decidiu pela inconstitucionalidade parcial do §

4º, do artigo 791-A, da CLT, conforme ementa abaixo:

"§ 4° Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha

obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de "ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. HONORÁRIOS

suportar a despesa, as obrigações decorrentes de sua sucumbência ADVOCATÍCIOS. ARTIGO 791-A, § 4º, DA CLT.Declara-se

ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente ainconstitucionalidade parcial do § 4º, do artigo 791-A, da

poderão ser executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito CLTsomente quanto ao trecho: "desde que não tenha obtido em

em julgado da decisão que as certificou, o credor demonstrar que juízo,ainda que outro processo, créditos capazes de suportar

deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que adespesa", no sentido de que não se possa atingir os

justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse créditosdeferidos ao beneficiário da justiça gratuita, ainda que em

prazo, tais obrigações do beneficiário". outroprocesso, mas tão somente que a verba honorária fique

sobcondição suspensiva de exigibilidade, podendo ser executada,

Ocorre que este Relator já entendia ser inaplicável o dispositivo em senos 2 (anos) subseqüentes ao trânsito em julgado da decisão

questão no que tange à possibilidade de compensação da verba quea certificou, o credor demonstrar que deixou de existir a

honorária com o crédito do trabalhador beneficiário da justiça situaçãode insuficiência de recursos que justificou a concessão

gratuita, tendo em vista que tal norma viola as garantias degratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tal obrigação

constitucionais de amplo acesso à Justiça, de assistência jurídica dobeneficiário".

integral e gratuita e de proteção do salário.

Portanto, seguindo o entendimento do Pleno deste Regional, a

Não se pode olvidar que o crédito trabalhista tem natureza alimentar verba honorária devida pela reclamante deverá ficar, sob condição

e o trabalhador, ao despender sua força de trabalho em proveito do suspensiva de exigibilidade e somente poderá ser executada se,

empregador, não busca senão o seu próprio sustento e da sua nos 2 (dois) anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão

família. Dessa forma, não é compatível com os direitos que a certificou, o credor demonstrar que deixou de existir a

constitucionalmente tutelados a compensação das obrigações situação de insuficiência de recursos que justificou a concessão de

decorrentes da sucumbência com os créditos do trabalhador em gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tal obrigação do

estado de miserabilidade econômica. beneficiário.

Nesse mesmo sentido é o Enunciado n.o 3, da Comissão 7, Insta, por fim, fixar o valor dos honorários.

aprovado na 2ª Jornada de Direito Material e Processual do

Trabalho, realizada pela ANAMATRA (Associação Nacional dos Para tal, devem ser levados em conta os parâmetros estabelecidos

Magistrados da Justiça do Trabalho), entre 9 e 10 de outubro de no art. 791-A, §2º, quais sejam:

2017, in verbis:

§ 2o Ao fixar os honorários, o juízo observará:

HONORÁRIOS E ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA

I - o grau de zelo do profissional;

É inconstitucional a previsão de utilização dos créditos trabalhistas

reconhecidos em juízo para o pagamento de despesas do II - o lugar de prestação do serviço;

beneficiário da justiça gratuita com honorários advocatícios ou

periciais (artigos 791-A, §4º, e 790-B, §4º, da CLT, com a redação III - a natureza e a importância da causa;

dada pela Lei nº 13.467/2017), por ferir os direitos fundamentais à

assistência judiciária gratuita e integral, prestada pelo Estado, e à IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o

proteção do salário (artigos 5º. LXXIV, e 7º, X, da Constituição seu serviço.

Federal).

Com alicerce nos critérios supratanscritos, e cuidando-se de

Com efeito, o pleno deste Regional na recente decisão prolatada processo de fácil compreensão, mas, por outro lado, que se

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 197
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

encontra em grau recursal (o que aumenta "o trabalho realizado

pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço"), entende-se

razoável e proporcional a fixação dos honorários recíprocos no

percentual de 10% do valor do proveito econômico obtido, com

montante a ser estabelecido na liquidação do julgado.

Diante do exposto, dá-se parcial provimento para condenar as Acordam os Magistrados da 1ª Turma do Tribunal Regional do

partes no pagamento de honorários advocatícios recíprocos, no Trabalho da 17ª Região, na Sessão Ordinária realizada no dia 03 de

percentual de 10% do valor do proveito econômico obtido, com dezembro de 2019, às 13 horas e 30 minutos, sob a presidência do

montante a ser estabelecido na liquidação do julgado e para Exmo. Desembargador Cláudio Armando Couce de Menezes, com

determinar que a verba honorária devida pela reclamante deva ficar, a participação do Exmo. Desembargador José Carlos Rizk, do

nos termos do §3º do art. 98 do CPC, sob condição suspensiva de Exmo. Desembargador Mario Ribeiro Cantarino Neto, e presente o

exigibilidade e somente poderá ser executada se, nos 2 (dois) anos Procurador do Trabalho, Dr. Levi Scatolin, por unanimidade,

subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que a certificou, o conhecer do recurso ordinário interposto pela reclamante, e no

credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência mérito, dar-lhe provimento para conceder o benefício da assistência

de recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo- judiciária gratuita; afastar a incompetência da Justiça do Trabalho;

se, passado esse prazo, tal obrigação do beneficiário. condenar o reclamado ao pagamento dos depósitos de FGTS

durante todo o período contratual; e condenar as partes no

pagamento de honorários advocatícios recíprocos, no percentual de

10% do valor do proveito econômico obtido, com montante a ser

estabelecido na liquidação do julgado e para determinar que a verba

honorária devida pela reclamante deva ficar, nos termos do §3º do

art. 98 do CPC, sob condição suspensiva de exigibilidade e

somente poderá ser executada se, nos 2 (dois) anos subsequentes

ao trânsito em julgado da decisão que a certificou, o credor

demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de

recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se,

passado esse prazo, tal obrigação do beneficiário. Custas pelo

reclamado no importe de R$ 120,00 (cento e vinte reais), calculadas

sobre o valor da condenação, ora fixado em R$ 6.000,00 (seis mil

reais), isento de recolhimento com fundamento no artigo 790-A, I,

da CLT.

3. ACÓRDÃO

DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 198
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

RELATOR: DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK

Relator

COMPETÊNCIA: 1ª TURMA

Acórdão
Processo Nº RORSum-0000563-96.2019.5.17.0141
Relator JOSE CARLOS RIZK
RECORRENTE INCOVEL INDUSTRIA E COMERCIO
DE VESTUARIO S/A
ADVOGADO ANA PAULA ARAGAO DOS
SANTOS(OAB: 25761/ES)
1. RELATÓRIO
ADVOGADO PATRICIA DE OLIVEIRA
TRENTIN(OAB: 25798/ES)
RECORRIDO SOLANGE DE PAULA FERREIRA
ARAUJO
ADVOGADO DAVID GUERRA FELIPE(OAB:
4211/ES)

Intimado(s)/Citado(s):
- INCOVEL INDUSTRIA E COMERCIO DE VESTUARIO S/A

PODER JUDICIÁRIO Trata-se de recurso ordinário sumaríssimo interposto pela

JUSTIÇA DO TRABALHO reclamada em face da sentença prolatada ao ID. b517ad3, na qual

a Origem julgou procedentes os pedidos formulados na exordial

para condenar a reclamada ao pagamento de "(a) aviso prévio

indenizado (diferença): R$1.216,65; (b) gratificação natalina

proporcional: R$457,95; (c) um período de férias vencidas,

acrescidas do terço constitucional: R$1.465,53; (d) férias

proporcionais acrescidas do terço constitucional: R$488,51; (e)


PROCESSO nº 0000563-96.2019.5.17.0141 (RORSum)
contribuições para o FGTS, relativas às competências dos meses

de novembro de 2017 até julho de 2018, dezembro 2018 e de


RECORRENTE: INCOVEL INDUSTRIA E COMERCIO DE
janeiro até maio 2019: R$1.324,70; (f) indenização por dispensa
VESTUARIO S/A
sem justa causa (= multa de 40% sobre o FGTS): R$2.809,56; e (g)

diferenças salariais decorrentes de reajuste salarial previsto em


RECORRIDO: SOLANGE DE PAULA FERREIRA ARAUJO
dissídio coletivo (R$732,51) e reflexos sobre gratificação natalina

(R$61,04), férias acrescidas do terço constitucional (R$81,39),


ORIGEM: VARA DO TRABALHO DE COLATINA/ES
contribuições para o FGTS (R$ 70,00) e multa de 40% sobre o

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 199
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

FGTS (R$28,00)" e honorários advocatícios. Concedeu ao

reclamante o benefício da justiça gratuita.

Irresignada, em suas razões recursais (ID. cdd809c) pugnou a

reclamada pela reforma da r. sentença no tocante a nulidade do

processo em virtude da ausência de intimação do administrador Primeiramente, registre-se que a reclamação trabalhista foi ajuizada

judicial e gratuidade da justiça. em 22/05/2019, portanto após a entrada em vigor da Lei 13.467/17

que se deu em 11/11/17. Não houve manifestação da Origem

Ao ID. 6950ba0 a reclamada apresentou contrarrazões ao recurso acerca de eventual prescrição, nem recurso quanto a essa matéria.

obreiro, requerendo seja-lhe negado provimento.

O documento de ID. 2801072 comprova que foi decretada a falência

É o relatório. da reclamada.

A Súmula 86, do E. TST prevê o seguinte:

"DESERÇÃO. MASSA FALIDA. EMPRESA EM LIQUIDAÇÃO

EXTRAJUDICIAL. Não ocorre deserção de recurso da massa falida

por falta de pagamento de custas ou de depósito do valor da

condenação. Esse privilégio, todavia, não se aplica à empresa em

liquidação extrajudicial."

Na hipótese vertente, a recorrente demonstra que, ao momento da

interposição do apelo já tinha tido a falência decretada.

Assim, ante a decretação da falência da reclamada não há que falar

2. FUNDAMENTAÇÃO em recolhimento de depósito recursal e custas processuais, nos

termos da Súmula 86, do TST.

Conhece-se do recurso ordinário interposto pela reclamada,

porquanto preenchidos os pressupostos legais de admissibilidade

recursal.

2.1. CONHECIMENTO

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 200
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Consta da inicial que a reclamante laborou como costureira

industrial para a reclamada no lapso de 22/07/2013 a 15/05/2019,

com salário de R$ 1.099,10 (mil e noventa e nove reais e dez

centavos). A dispensa se deu sem justa causa.

Alegou a autora que a ré dispensou os 189 empregados no dia

01/04/2019 anotando o término do contrato de trabalho em

30/04/2019, emitindo TRCT, sem pagar os direitos rescisórios. Além

disso, a ré não depositou o FGTS regularmente e não pagou o

dissídio coletivo.

Aduziu que a reclamada nos autos do IC 000126.2019.17.003-3, no

Ministério Público do Trabalho, declarou que rescindiu o contrato

dos empregados sem pagar os direitos trabalhistas e alegou que

estava em recuperação judicial, porquanto não possuía condições

de arcar com as verbas rescisórias.

2.2. MÉRITO A reclamada foi devidamente citada na data de 28/05/2019, como

consta no recibo de entrega de objetos pelos Correios, impressa na

certidão de citação expedida pela Secretaria da Vara do Trabalho

de Colatina (ID. 0e92665).

Na audiência una (rito sumaríssimo), realizada em 11/09/2019, a

reclamada não compareceu (ID. 83e3c16).

Nesta sessão a Origem consignou que "a empresa INCOVEL

Indústria e Comércio de Vestuário S/A. Informou, nos autos do

processo n.º 0000456-52.2019.5.17.0141, "Extensivo a TODOS os

demais [processos] em curso", que o Juízo da 2.ª Vara Cível de

Colatina-ES, em 08-08-2019, prolatou sentença nos autos do

processo n.º 0014246-72.2014.8.08.0014, convolando a

recuperação judicial da referida empresa em falência, designando

como administradora judicial da massa falida a empresa Capital

Administradora Judicial Ltda., com endereço na rua Sílvia n.º 110,

2.2.1. NULIDADE DO PROCESSO EM VIRTUDE DA AUSÊNCIA 4.º andar, conjunto 52, Bela Vista, São Paulo-SP, CEP 01331-040.

DE INTIMAÇÃO DO ADMINISTRADOR JUDICIAL Sendo assim, determino a inserção de alerta, a fim de fazer constar

que se trata de Massa Falida, representada administradora judicial

Capital Administradora Judicial Ltda, sob a responsabilidade técnica

do Dr. Luis Cláudio Montoro Mendes, CPF 146.964.768-04, o qual

deverá ser cadastrado como procurador/terceiro interessado, para

fins de intimações".

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 201
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Posteriormente, em 25/09/2019, a reclamada peticionou nos através dos antigos sócios ou representantes.

presentes autos requerendo a habilitação dos seus patronos e

juntando cópia da sentença que convolou a recuperação judicial em Contudo, no caso dos autos a citação da reclamada para apresentar

falência (ID. 2801072), bem como termo de compromisso do defesa e comparecer na audiência ocorreu em 28/05/2019 (ID.

administrador da massa falida (ID. e8c1809). 0e92665); a decretação da falência da empresa ocorreu em

08/08/2019 (ID. 2801072), quase três meses depois.

Também em 25/09/2019 ao ID. 5364bff, alegou haver "nulidade de

todos os atos processuais realizados com data posterior a Com efeito, quando da realização da citação a empresa não era

08/08/2019, uma vez que não houve qualquer intimação do considerada falida, porquanto mantinha preservada a sua

Administrador Judicial dos presentes autos, que fruíram após a capacidade processual, não havendo razão para se anular o ato se

decretação de falência da recorrida". Reiterou a necessidade de naquele momento sequer existia a pessoa do administrador judicial.

devolução de prazo para apresentação de defesa.

Assim, se a reclamada é regularmente citada antes da decretação

A Origem proferiu sentença ao ID. b517ad3 e indeferiu o de sua falência, não há falar em nulidade por ausência de citação

requerimento de decretação de nulidade dos atos processuais do administrador judicial e anulação de atos processuais após a

posteriores à decretação da falência, bem como considerou a decretação da falência.

reclamada revel por não ter comparecido à audiência. Fundamentou

que "na espécie, a citação da reclamada ocorreu no dia 28 de maio A própria jurisprudência do C. TST, citada pela ré nas razões

de 2019, ou seja, mais de dois meses antes da data da prolatação recursais, deixa claro esse entendimento ao preconizar que

da sentença pelo Juízo cível, que convolou a recuperação judicial "enquanto não decretada a falência, mantém-se preservada a

da empresa em falência, em 08 de agosto de 2019. Portanto, tendo capacidade processual da empresa, razão pela qual a citação é

a citação ocorrido quando os sócios/representantes legais da feita na pessoa dos sócios ou do representante legal, que é o

empresa mantinham preservadas a capacidade de representação responsável por todos os atos processuais. Contudo, após a

processual da empresa, tem-se que a citação foi inegavelmente declaração de falência da empresa, o representante da massa falida

válida, não havendo que se cogitar em nulidade processual". é quem passa a atuar, nos processos já em andamento, conforme

determina o parágrafo único do artigo 76 da Lei nº 11.101/2005"

Nas razões recursais a reclamada pugnou pela reforma da sentença (TST - ARR: 20532620145050251, Relator: Maria de Assis Calsing,

para que seja decretada a nulidade dos atos processuais Data de Julgamento: 02/05/2018, 4ª Turma, Data de Publicação:

posteriores à decretação de falência, alegando que muito embora DEJT 04/05/2018)

exista nos autos o comprovante de citação com data de entrega em

25/005/2019, a audiência foi realizada em 11/09/2019 passados O fato de a audiência una ter sido designada para o dia 11/09/2019

mais de 30 dias após a convolação da recuperação judicial em e realizada nesta data, em nada altera esse entendimento, porque

falência; que na data da quebra possuía prazo aberto para defesa e desde 28/05/2019, muito antes da decretação da falência ocorrida

o administrador judicial não foi intimado da demanda. em 08/08/2019, a empresa já estava ciente da designação daquela

sessão.

Analisa-se.

Registre-se que, após a apresentação do administrador judicial e

Primeiramente, registre-se que a reclamação trabalhista foi ajuizada seus respectivos procuradores, a empresa passou ser intimada na

em 22/05/2019, portanto após a entrada em vigor da Lei 13.467/17 pessoa destes, conforme determinou a Origem.

que se deu em 11/11/17. Não houve manifestação da Origem

acerca de eventual prescrição, nem recurso quanto a essa matéria. Assim, mantém-se a r. sentença que rejeitou o pedido de

decretação de nulidade dos atos processuais posteriores à

Inegável que a massa falida é representada em Juízo pelo decretação da falência.

administrador judicial, uma vez que, com a decretação da falência, o

falido perde o direito de administrar seus bens ou deles dispor. Nega-se provimento.

Dessa forma, é inválida a citação da massa falida promovida

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 202
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

acerca de eventual prescrição, nem recurso quanto a essa matéria.

De início, frise-se que se reconhece a possibilidade de deferimento

do benefício da assistência judiciária gratuita em grau recursal, na

forma do art. 790, §3º e § 4º da CLT, bem como do art. 99 do CPC,

inclusive à pessoa jurídica.

Com efeito, o § 3º, da CLT, com a nova redação dada pela Lei

13.467/17 dispõe que:

2.2.2. JUSTIÇA GRATUITA PARA A RECLAMADA § 4° O benefício da justiça gratuita será concedido à parte que

comprovar insuficiência de recursos para o pagamento das custas

do processo.

Já, o art. 99, §3º do Novo Código de Processo Civil disciplina:

§ 3º Presume-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida

exclusivamente por pessoa natural.

Devidamente citada, a reclamada não apresentou defesa e nem A interpretação dos dispositivos não deixa dúvidas: apenas a

compareceu na audiência. declaração de pobreza firmada por pessoa natural goza de

presunção de veracidade; por sua vez, à pessoa jurídica incumbe

Após a audiência una (rito sumaríssimo), a ré peticionou ao ID. demonstrar cabalmente a sua impossibilidade de arcar com as

5364bff, requerendo a concessão de justiça gratuita, uma vez que custas e encargos processuais.

se encontra falida desde 08/08/2019, quando foi proferida a

sentença de quebra, não possuindo, portanto, condições de pagar Nesse sentido também a Súmula nº 481 do STJ:

as custas processuais.

Súmula 481/STJ. Justiça gratuita. Assistência judiciária. Gratuidade

A Origem indeferiu o pedido sob o fundamento de que "no caso, a de justiça. Concessão às pessoas jurídicas sem fins lucrativos.

massa falida não preenche o primeiro requisito (assistência Comprovação da impossibilidade de arcar com as custas do

sindical), bem como, não logrou demonstrar a insuficiência de processo. Necessidade. Lei 1.060/1950.

recursos para o pagamento das despesas do processo, valendo

salientar que a decretação da falência não acarreta, "ipso facto", na Faz jus ao benefício da justiça gratuita a pessoa jurídica com ou

presunção de que a massa falida não disponha de recursos para sem fins lucrativos que demonstrar sua impossibilidade de arcar

pagar as custas processuais". com os encargos processuais.

Nas razões recursais a reclamada pugnou pela reforma da sentença Desta forma, entende-se que a pessoa jurídica que intenta ser

para que lhe seja concedida a justiça gratuita. beneficiada com a assistência judiciária gratuita deve demonstrar

cabalmente sua impossibilidade de arcar com as custas e encargos

Analisa-se. processuais, não sendo suficiente a mera alegação de insuficiência

financeira.

Primeiramente, registre-se que a reclamação trabalhista foi ajuizada

em 22/05/2019, portanto após a entrada em vigor da Lei 13.467/17 O documento de ID. 2801072 comprova que a recuperação judicial

que se deu em 11/11/17. Não houve manifestação da Origem da reclamada foi convolada em falência.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 203
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Sendo assim, a reclamada demonstrou cabalmente a insuficiência

de recursos alegada, vez que, em se tratando de pessoa jurídica

falida, basta apenas a juntada da cópia da decisão judicial deferindo

a falência.

Nesse passo, a Súmula 86, do E. TST prevê o seguinte:

"DESERÇÃO. MASSA FALIDA. EMPRESA EM LIQUIDAÇÃO

EXTRAJUDICIAL. Não ocorre deserção de recurso da massa falida

por falta de pagamento de custas ou de depósito do valor da

condenação. Esse privilégio, todavia, não se aplica à empresa em

liquidação extrajudicial."

Entende-se que o direito público subjetivo outorgado pela Lei n.

1.060/50, pelo artigo 790, §3º e §4º da CLT e pela Constituição

Federal deve ser amplo, abrangendo todos aqueles que

comprovarem insuficiência de recursos. Acordam os Magistrados da 1ª Turma do Tribunal Regional do

Trabalho da 17ª Região, na Sessão Ordinária realizada no dia 03 de

Assim, reputa-se verificadas as condições para o deferimento da dezembro de 2019, às 13 horas e 30 minutos, sob a Presidência do

justiça gratuita à reclamada. Exmo. Desembargador Cláudio Armando Couce de Menezes, com

a participação do Exmo. Desembargador Mário Ribeiro Cantarino

Dá-se provimento para conceder à reclamada o benefício da justiça Neto e do Exmo. Desembargador José Carlos Rizk, e presente o

gratuita. Procurador Regional do Trabalho, Dr. Levi Scatolin; por

unanimidade, conhecer do recurso ordinário sumaríssimo interposto

pela reclamada e, no mérito, por maioria, dar-lhe parcial provimento

para conceder-lhe o benefício da justiça gratuita. Vencido, quanto à

nulidade de citação, o Exmo. Desembargador Mário Ribeiro

Cantarino Neto. Mantido o valor da condenação. Manifestação do

Ministério Público pelo conhecimento e provimento parcial do

recurso.

3. ACÓRDÃO DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 204
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Relator

COMPETÊNCIA: 1ª TURMA

Acórdão
Processo Nº RORSum-0000563-96.2019.5.17.0141
Relator JOSE CARLOS RIZK
RECORRENTE INCOVEL INDUSTRIA E COMERCIO
DE VESTUARIO S/A
ADVOGADO ANA PAULA ARAGAO DOS
SANTOS(OAB: 25761/ES)
1. RELATÓRIO
ADVOGADO PATRICIA DE OLIVEIRA
TRENTIN(OAB: 25798/ES)
RECORRIDO SOLANGE DE PAULA FERREIRA
ARAUJO
ADVOGADO DAVID GUERRA FELIPE(OAB:
4211/ES)

Intimado(s)/Citado(s):
- SOLANGE DE PAULA FERREIRA ARAUJO

PODER JUDICIÁRIO Trata-se de recurso ordinário sumaríssimo interposto pela

JUSTIÇA DO TRABALHO reclamada em face da sentença prolatada ao ID. b517ad3, na qual

a Origem julgou procedentes os pedidos formulados na exordial

para condenar a reclamada ao pagamento de "(a) aviso prévio

indenizado (diferença): R$1.216,65; (b) gratificação natalina

proporcional: R$457,95; (c) um período de férias vencidas,

acrescidas do terço constitucional: R$1.465,53; (d) férias

proporcionais acrescidas do terço constitucional: R$488,51; (e)


PROCESSO nº 0000563-96.2019.5.17.0141 (RORSum)
contribuições para o FGTS, relativas às competências dos meses

de novembro de 2017 até julho de 2018, dezembro 2018 e de


RECORRENTE: INCOVEL INDUSTRIA E COMERCIO DE
janeiro até maio 2019: R$1.324,70; (f) indenização por dispensa
VESTUARIO S/A
sem justa causa (= multa de 40% sobre o FGTS): R$2.809,56; e (g)

diferenças salariais decorrentes de reajuste salarial previsto em


RECORRIDO: SOLANGE DE PAULA FERREIRA ARAUJO
dissídio coletivo (R$732,51) e reflexos sobre gratificação natalina

(R$61,04), férias acrescidas do terço constitucional (R$81,39),


ORIGEM: VARA DO TRABALHO DE COLATINA/ES
contribuições para o FGTS (R$ 70,00) e multa de 40% sobre o

FGTS (R$28,00)" e honorários advocatícios. Concedeu ao


RELATOR: DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 205
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

reclamante o benefício da justiça gratuita.

Irresignada, em suas razões recursais (ID. cdd809c) pugnou a

reclamada pela reforma da r. sentença no tocante a nulidade do

processo em virtude da ausência de intimação do administrador Primeiramente, registre-se que a reclamação trabalhista foi ajuizada

judicial e gratuidade da justiça. em 22/05/2019, portanto após a entrada em vigor da Lei 13.467/17

que se deu em 11/11/17. Não houve manifestação da Origem

Ao ID. 6950ba0 a reclamada apresentou contrarrazões ao recurso acerca de eventual prescrição, nem recurso quanto a essa matéria.

obreiro, requerendo seja-lhe negado provimento.

O documento de ID. 2801072 comprova que foi decretada a falência

É o relatório. da reclamada.

A Súmula 86, do E. TST prevê o seguinte:

"DESERÇÃO. MASSA FALIDA. EMPRESA EM LIQUIDAÇÃO

EXTRAJUDICIAL. Não ocorre deserção de recurso da massa falida

por falta de pagamento de custas ou de depósito do valor da

condenação. Esse privilégio, todavia, não se aplica à empresa em

liquidação extrajudicial."

Na hipótese vertente, a recorrente demonstra que, ao momento da

interposição do apelo já tinha tido a falência decretada.

Assim, ante a decretação da falência da reclamada não há que falar

2. FUNDAMENTAÇÃO em recolhimento de depósito recursal e custas processuais, nos

termos da Súmula 86, do TST.

Conhece-se do recurso ordinário interposto pela reclamada,

porquanto preenchidos os pressupostos legais de admissibilidade

recursal.

2.1. CONHECIMENTO

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 206
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Consta da inicial que a reclamante laborou como costureira

industrial para a reclamada no lapso de 22/07/2013 a 15/05/2019,

com salário de R$ 1.099,10 (mil e noventa e nove reais e dez

centavos). A dispensa se deu sem justa causa.

Alegou a autora que a ré dispensou os 189 empregados no dia

01/04/2019 anotando o término do contrato de trabalho em

30/04/2019, emitindo TRCT, sem pagar os direitos rescisórios. Além

disso, a ré não depositou o FGTS regularmente e não pagou o

dissídio coletivo.

Aduziu que a reclamada nos autos do IC 000126.2019.17.003-3, no

Ministério Público do Trabalho, declarou que rescindiu o contrato

dos empregados sem pagar os direitos trabalhistas e alegou que

estava em recuperação judicial, porquanto não possuía condições

de arcar com as verbas rescisórias.

2.2. MÉRITO A reclamada foi devidamente citada na data de 28/05/2019, como

consta no recibo de entrega de objetos pelos Correios, impressa na

certidão de citação expedida pela Secretaria da Vara do Trabalho

de Colatina (ID. 0e92665).

Na audiência una (rito sumaríssimo), realizada em 11/09/2019, a

reclamada não compareceu (ID. 83e3c16).

Nesta sessão a Origem consignou que "a empresa INCOVEL

Indústria e Comércio de Vestuário S/A. Informou, nos autos do

processo n.º 0000456-52.2019.5.17.0141, "Extensivo a TODOS os

demais [processos] em curso", que o Juízo da 2.ª Vara Cível de

Colatina-ES, em 08-08-2019, prolatou sentença nos autos do

processo n.º 0014246-72.2014.8.08.0014, convolando a

recuperação judicial da referida empresa em falência, designando

como administradora judicial da massa falida a empresa Capital

Administradora Judicial Ltda., com endereço na rua Sílvia n.º 110,

2.2.1. NULIDADE DO PROCESSO EM VIRTUDE DA AUSÊNCIA 4.º andar, conjunto 52, Bela Vista, São Paulo-SP, CEP 01331-040.

DE INTIMAÇÃO DO ADMINISTRADOR JUDICIAL Sendo assim, determino a inserção de alerta, a fim de fazer constar

que se trata de Massa Falida, representada administradora judicial

Capital Administradora Judicial Ltda, sob a responsabilidade técnica

do Dr. Luis Cláudio Montoro Mendes, CPF 146.964.768-04, o qual

deverá ser cadastrado como procurador/terceiro interessado, para

fins de intimações".

Posteriormente, em 25/09/2019, a reclamada peticionou nos

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 207
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presentes autos requerendo a habilitação dos seus patronos e

juntando cópia da sentença que convolou a recuperação judicial em Contudo, no caso dos autos a citação da reclamada para apresentar

falência (ID. 2801072), bem como termo de compromisso do defesa e comparecer na audiência ocorreu em 28/05/2019 (ID.

administrador da massa falida (ID. e8c1809). 0e92665); a decretação da falência da empresa ocorreu em

08/08/2019 (ID. 2801072), quase três meses depois.

Também em 25/09/2019 ao ID. 5364bff, alegou haver "nulidade de

todos os atos processuais realizados com data posterior a Com efeito, quando da realização da citação a empresa não era

08/08/2019, uma vez que não houve qualquer intimação do considerada falida, porquanto mantinha preservada a sua

Administrador Judicial dos presentes autos, que fruíram após a capacidade processual, não havendo razão para se anular o ato se

decretação de falência da recorrida". Reiterou a necessidade de naquele momento sequer existia a pessoa do administrador judicial.

devolução de prazo para apresentação de defesa.

Assim, se a reclamada é regularmente citada antes da decretação

A Origem proferiu sentença ao ID. b517ad3 e indeferiu o de sua falência, não há falar em nulidade por ausência de citação

requerimento de decretação de nulidade dos atos processuais do administrador judicial e anulação de atos processuais após a

posteriores à decretação da falência, bem como considerou a decretação da falência.

reclamada revel por não ter comparecido à audiência. Fundamentou

que "na espécie, a citação da reclamada ocorreu no dia 28 de maio A própria jurisprudência do C. TST, citada pela ré nas razões

de 2019, ou seja, mais de dois meses antes da data da prolatação recursais, deixa claro esse entendimento ao preconizar que

da sentença pelo Juízo cível, que convolou a recuperação judicial "enquanto não decretada a falência, mantém-se preservada a

da empresa em falência, em 08 de agosto de 2019. Portanto, tendo capacidade processual da empresa, razão pela qual a citação é

a citação ocorrido quando os sócios/representantes legais da feita na pessoa dos sócios ou do representante legal, que é o

empresa mantinham preservadas a capacidade de representação responsável por todos os atos processuais. Contudo, após a

processual da empresa, tem-se que a citação foi inegavelmente declaração de falência da empresa, o representante da massa falida

válida, não havendo que se cogitar em nulidade processual". é quem passa a atuar, nos processos já em andamento, conforme

determina o parágrafo único do artigo 76 da Lei nº 11.101/2005"

Nas razões recursais a reclamada pugnou pela reforma da sentença (TST - ARR: 20532620145050251, Relator: Maria de Assis Calsing,

para que seja decretada a nulidade dos atos processuais Data de Julgamento: 02/05/2018, 4ª Turma, Data de Publicação:

posteriores à decretação de falência, alegando que muito embora DEJT 04/05/2018)

exista nos autos o comprovante de citação com data de entrega em

25/005/2019, a audiência foi realizada em 11/09/2019 passados O fato de a audiência una ter sido designada para o dia 11/09/2019

mais de 30 dias após a convolação da recuperação judicial em e realizada nesta data, em nada altera esse entendimento, porque

falência; que na data da quebra possuía prazo aberto para defesa e desde 28/05/2019, muito antes da decretação da falência ocorrida

o administrador judicial não foi intimado da demanda. em 08/08/2019, a empresa já estava ciente da designação daquela

sessão.

Analisa-se.

Registre-se que, após a apresentação do administrador judicial e

Primeiramente, registre-se que a reclamação trabalhista foi ajuizada seus respectivos procuradores, a empresa passou ser intimada na

em 22/05/2019, portanto após a entrada em vigor da Lei 13.467/17 pessoa destes, conforme determinou a Origem.

que se deu em 11/11/17. Não houve manifestação da Origem

acerca de eventual prescrição, nem recurso quanto a essa matéria. Assim, mantém-se a r. sentença que rejeitou o pedido de

decretação de nulidade dos atos processuais posteriores à

Inegável que a massa falida é representada em Juízo pelo decretação da falência.

administrador judicial, uma vez que, com a decretação da falência, o

falido perde o direito de administrar seus bens ou deles dispor. Nega-se provimento.

Dessa forma, é inválida a citação da massa falida promovida

através dos antigos sócios ou representantes.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 208
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

De início, frise-se que se reconhece a possibilidade de deferimento

do benefício da assistência judiciária gratuita em grau recursal, na

forma do art. 790, §3º e § 4º da CLT, bem como do art. 99 do CPC,

inclusive à pessoa jurídica.

Com efeito, o § 3º, da CLT, com a nova redação dada pela Lei

13.467/17 dispõe que:

2.2.2. JUSTIÇA GRATUITA PARA A RECLAMADA § 4° O benefício da justiça gratuita será concedido à parte que

comprovar insuficiência de recursos para o pagamento das custas

do processo.

Já, o art. 99, §3º do Novo Código de Processo Civil disciplina:

§ 3º Presume-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida

exclusivamente por pessoa natural.

Devidamente citada, a reclamada não apresentou defesa e nem A interpretação dos dispositivos não deixa dúvidas: apenas a

compareceu na audiência. declaração de pobreza firmada por pessoa natural goza de

presunção de veracidade; por sua vez, à pessoa jurídica incumbe

Após a audiência una (rito sumaríssimo), a ré peticionou ao ID. demonstrar cabalmente a sua impossibilidade de arcar com as

5364bff, requerendo a concessão de justiça gratuita, uma vez que custas e encargos processuais.

se encontra falida desde 08/08/2019, quando foi proferida a

sentença de quebra, não possuindo, portanto, condições de pagar Nesse sentido também a Súmula nº 481 do STJ:

as custas processuais.

Súmula 481/STJ. Justiça gratuita. Assistência judiciária. Gratuidade

A Origem indeferiu o pedido sob o fundamento de que "no caso, a de justiça. Concessão às pessoas jurídicas sem fins lucrativos.

massa falida não preenche o primeiro requisito (assistência Comprovação da impossibilidade de arcar com as custas do

sindical), bem como, não logrou demonstrar a insuficiência de processo. Necessidade. Lei 1.060/1950.

recursos para o pagamento das despesas do processo, valendo

salientar que a decretação da falência não acarreta, "ipso facto", na Faz jus ao benefício da justiça gratuita a pessoa jurídica com ou

presunção de que a massa falida não disponha de recursos para sem fins lucrativos que demonstrar sua impossibilidade de arcar

pagar as custas processuais". com os encargos processuais.

Nas razões recursais a reclamada pugnou pela reforma da sentença Desta forma, entende-se que a pessoa jurídica que intenta ser

para que lhe seja concedida a justiça gratuita. beneficiada com a assistência judiciária gratuita deve demonstrar

cabalmente sua impossibilidade de arcar com as custas e encargos

Analisa-se. processuais, não sendo suficiente a mera alegação de insuficiência

financeira.

Primeiramente, registre-se que a reclamação trabalhista foi ajuizada

em 22/05/2019, portanto após a entrada em vigor da Lei 13.467/17 O documento de ID. 2801072 comprova que a recuperação judicial

que se deu em 11/11/17. Não houve manifestação da Origem da reclamada foi convolada em falência.

acerca de eventual prescrição, nem recurso quanto a essa matéria.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 209
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Sendo assim, a reclamada demonstrou cabalmente a insuficiência

de recursos alegada, vez que, em se tratando de pessoa jurídica

falida, basta apenas a juntada da cópia da decisão judicial deferindo

a falência.

Nesse passo, a Súmula 86, do E. TST prevê o seguinte:

"DESERÇÃO. MASSA FALIDA. EMPRESA EM LIQUIDAÇÃO

EXTRAJUDICIAL. Não ocorre deserção de recurso da massa falida

por falta de pagamento de custas ou de depósito do valor da

condenação. Esse privilégio, todavia, não se aplica à empresa em

liquidação extrajudicial."

Entende-se que o direito público subjetivo outorgado pela Lei n.

1.060/50, pelo artigo 790, §3º e §4º da CLT e pela Constituição

Federal deve ser amplo, abrangendo todos aqueles que

comprovarem insuficiência de recursos. Acordam os Magistrados da 1ª Turma do Tribunal Regional do

Trabalho da 17ª Região, na Sessão Ordinária realizada no dia 03 de

Assim, reputa-se verificadas as condições para o deferimento da dezembro de 2019, às 13 horas e 30 minutos, sob a Presidência do

justiça gratuita à reclamada. Exmo. Desembargador Cláudio Armando Couce de Menezes, com

a participação do Exmo. Desembargador Mário Ribeiro Cantarino

Dá-se provimento para conceder à reclamada o benefício da justiça Neto e do Exmo. Desembargador José Carlos Rizk, e presente o

gratuita. Procurador Regional do Trabalho, Dr. Levi Scatolin; por

unanimidade, conhecer do recurso ordinário sumaríssimo interposto

pela reclamada e, no mérito, por maioria, dar-lhe parcial provimento

para conceder-lhe o benefício da justiça gratuita. Vencido, quanto à

nulidade de citação, o Exmo. Desembargador Mário Ribeiro

Cantarino Neto. Mantido o valor da condenação. Manifestação do

Ministério Público pelo conhecimento e provimento parcial do

recurso.

3. ACÓRDÃO DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK

Relator

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 210
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

RELATOR: DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK

COMPETÊNCIA: 1ª TURMA

Acórdão
Processo Nº AP-0000735-43.2019.5.17.0010
Relator JOSE CARLOS RIZK EMENTA
AGRAVANTE LUCIANO SOUSA LINS
ADVOGADO LARISSA PORTUGAL GUIMARAES
AMARAL VASCONCELOS(OAB:
9542/ES)
AGRAVADO PETROLEO BRASILEIRO S A
PETROBRAS
ADVOGADO AUGUSTO CARLOS LAMEGO
JUNIOR(OAB: 17514/ES)
AGRAVADO FUNDACAO PETROBRAS DE
SEGURIDADE SOCIAL PETROS
ADVOGADO CARLOS FERNANDO DE SIQUEIRA
CASTRO(OAB: 12288/ES)

Intimado(s)/Citado(s): AGRAVO DE PETIÇÃO DO EXEQUENTE. EXTINÇÃO DA

- LUCIANO SOUSA LINS EXECUÇÃO INDIVIDUAL DE SENTENÇA COLETIVA.

PRESCRIÇÃO TOTAL. A prescrição deve ser contada da data em

que foi publicado o edital na ação coletiva fazendo saber aos

substituídos sobre a existência do título coletivo e de que a


PODER JUDICIÁRIO
execução deverá ser ajuizada individualmente. Verificando-se, no
JUSTIÇA DO TRABALHO
caso em tela, que o referido edital foi publicado em 03/04/2019 e a

presente ação ajuizada em 29/06/2019, não se operou a prescrição

total.

PROCESSO nº 0000735-43.2019.5.17.0010 (AP)

AGRAVANTE: LUCIANO SOUSA LINS

AGRAVADOS: PETROLEO BRASILEIRO S.A. - PETROBRAS;

FUNDACAO PETROBRAS DE SEGURIDADE SOCIAL - PETROS

1. RELATÓRIO
ORIGEM: 2ª VARA DO TRABALHO DE VITÓRIA - ES

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Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

2.1. CONHECIMENTO

Trata-se de agravo de petição interposto pelo exequente em face da

sentença de ID. 6148b25, que declarou a prescrição bienal e

extinguiu a ação de execução individual de sentença coletiva, com

base no artigo 487, II, do CPC.

Em minuta de agravo de ID. fa7b659, o exequente requereu a

reforma da decisão para afastar a prescrição.

A 2ª executada (Fundação Petrobrás de Seguridade Social - Petros)

apresentou contraminuta ao ID. 8aea2a3, alegando que o recurso

não deve ser conhecido por ausência de preparo e pugnando pelo

desprovimento do apelo.

2.1.1. PRELIMINAR DE NÃO CONHECIMENTO DO AGRAVO DE

Já a 1ª executada (Petróleo Brasileiro S.A. - Petrobrás) na PETIÇÃO DO EXEQUENTE. AUSÊNCIA DE PREPARO.

contraminuta de ID. d31b1d3, pugnou pelo não conhecimento do SUSCITADA PELAS 1ª E 2ª EXECUTADAS EM

agravo de petição porque não houve delimitação das matérias e CONTRAMINUTA. ISENÇÃO DE CUSTAS

valores, bem como pela falta de preparo.

É o relatório.

Primeiramente, registre-se que a presente ação de execução

individual foi ajuizada em 29/06/2019, portanto após a reforma

trabalhista decorrente da Lei nº 13.467/2017.

2. FUNDAMENTAÇÃO A Origem, por meio da sentença de ID. 6148b25, declarou a

prescrição total, indeferiu a assistência judiciária gratuita e

condenou o exequente ao pagamento das custas processuais, no

montante de R$ 800,00 (oitocentos reais).

O exequente, na inicial, pleiteou os benefícios da assistência

judiciária gratuita, renovando seu pedido em minuta de agravo, bem

como a isenção das custas.

As 1ª e 2ª executadas alegaram em contraminuta que o recurso não

deve ser conhecido por ausência de preparo.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 212
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Analisa-se. que as matérias e os valores não foram delimitados na forma

exigida pelo art. 897, §1º, da CLT.

O exequente não se encontra assistido pelo seu sindicato de classe,

mas declarou-se hipossuficiente economicamente na petição inicial Conforme o art. 897, § 1º, da CLT, "O agravo de petição só será

(ID. 8be8832 - Pág. 9). recebido quando o agravante delimitar, justificadamente, as

matérias e os valores impugnados, permitida a execução imediata

Entende-se que, exigir do autor, in casu, o recolhimento do valor da parte remanescente até o final, nos próprios autos ou por carta

das custas processuais para levar a discussão das matérias de sentença".

ventiladas no seu apelo ao Segundo Grau, sob pena de não

conhecimento de seu recurso, significa literalmente obstar-lhe o Com base no dispositivo supramencionado, apesar de a delimitação

acesso ao duplo grau de jurisdição e à possibilidade de reforma da justificada de valores incontroversos consistir em requisito de

decisão, em clara afronta ao art. 5º, inciso LV, da Constituição admissibilidade do agravo de petição, ele é atendido com a

Federal. demonstração detalhada do montante que o devedor entende

devido, nas hipóteses em que este argui excesso de execução.

Logo, a fim de prevenir violação ao artigo 5º, inciso LIV (direito ao Logo, o ônus da "delimitação dos valores impugnados" não é

devido processo legal) e inciso LV (ampla defesa com todos os dirigido ao credor.

recursos a ela inerentes) da Constituição Federal/1988, isenta-se o

exequente das custas processuais, afastando-se qualquer Por outro lado, não há falar em apresentação de planilha de

possibilidade de deserção do apelo. cálculos no presente caso, tendo em vista que a irresignação do

recorrente limita-se a declaração de prescrição e não ao valor da

execução. Logo, in casu, a ausência de planilha de cálculos

acompanhando o recurso não impacta em nada sua apreciação.

Com efeito, incabível também a alegação da executada de que o

agravante inobservou o referido dispositivo quanto à delimitação da

matéria, uma vez que a exequente delimitou claramente a matéria

impugnada (prescrição).

2.1.2. PRELIMINAR DE NÃO CONHECIMENTO DO AGRAVO DE Portanto, entende-se que a matéria impugnada foi devidamente

PETIÇÃO DO EXEQUENTE. AUSÊNCIA DE DELIMITAÇÃO DAS delimitada pelo exequente, já que, em seu agravo de petição, logrou

MATÉRIAS E VALORES. SUSCITADA PELA 1ª EXECUTADA EM êxito em trazer à instância ad quemas razões de modificação do

CONTRAMINUTA entendimento adotado pela Origem.

Rejeita-se a preliminar de ausência de delimitação da impugnação,

suscitada pela 1ª executada em contraminuta.

Conhece-se do agravo de petição do exequente, porquanto

preenchidos os pressupostos de admissibilidade recursal.

Registre-se que a presente ação de execução individual foi ajuizada

em 29/06/2019, portanto após a reforma trabalhista decorrente da

Lei nº 13.467/2017.

Em sede de contraminuta, a executada suscitou preliminar de não

conhecimento do agravo de petição do exequente, ao argumento de

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judiciária gratuita, renovando seu pedido em minuta de agravo.

Analisa-se.

De início, registra-se que a presente execução foi ajuizada em

29/06/2019, portanto em momento posterior à reforma trabalhista

decorrente da Lei n. 13.467/17, cuja vigência iniciou-se em

11/11/2017.

O exequente não se encontra assistido pelo seu sindicato de classe,

mas declarou-se hipossuficiente economicamente na petição inicial

(ID. 8be8832 - Pág. 9).

Este Relator entende que o benefício da gratuidade da justiça

constitui direito fundamental, de aplicação imediata, previsto no art.

5º, inciso LXXIV, da Carta Magna, a todos os brasileiros e

2.2. MÉRITO estrangeiros residentes no Brasil que comprovarem a insuficiência

de recursos.

Acerca do tema, assim dispõem os §§3º e 4º, do art. 790 da CLT,

com redação dada pela Lei n. 13.467, de 13 de julho de 2017, in

verbis:

§ 3º É facultado aos juízes, órgãos julgadores e presidentes dos

tribunais do trabalho de qualquer instância conceder, a

requerimento ou de ofício, o benefício da justiça gratuita, inclusive

quanto a traslados e instrumentos, àqueles que perceberem salário

igual ou inferior a 40% (quarenta por cento) do limite máximo dos

benefícios do Regime Geral de Previdência Social.

§ 4º O benefício da justiça gratuita será concedido à parte que

2.2.1. ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA comprovar insuficiência de recursos para o pagamento das custas

do processo.

Assim, no caso de o reclamante manter vínculo empregatício

vigente, com a reclamada ou com empresa diversa, e perceber

salário igual ou inferior a 40% do limite máximo dos benefícios do

Regime Geral de Previdência Social, é absoluta a presunção de

hipossuficiência econômica, fazendo jus ao benefício da justiça

gratuita.

A Origem, por meio da sentença de ID. 6148b25, declarou a

prescrição total, indeferiu a assistência judiciária gratuita e Lado outro, quando o autor estiver desempregado ou na hipótese

condenou o exequente ao pagamento das custas processuais, no de perceber salário superior a 40% (quarenta por cento) do limite

montante de R$ 800,00 (oitocentos reais). máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social,

entende este Relator que a comprovação da insuficiência de

O exequente, na inicial, pleiteou os benefícios da assistência recursos, a teor do §4º do dispositivo acima transcrito, poderá ser

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 214
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

feita por simples declaração. PL/DL-71 na base de cálculo do benefício previdenciário

complementar pago pela Petros, parcelas vencidas e vincendas, até

No caso sob exame, o exequente declara não ter condições de que se incorpore o valor das diferenças me contracheque, deferido

pagar as custas e despesas processuais sem prejuízo de seu na mencionada ação coletiva.

sustento e de sua família.

A 1ª reclamada (Petróleo Brasileiro S.A. - Petrobrás) apresentou

Com efeito, nos termos dos arts. 1º da Lei n. 7.115/1983 e 99, §3º, contestação ao ID. a63a6a3.

do CPC/2015, a declaração destinada a fazer prova de pobreza,

quando firmada pelo próprio interessado ou por procurador Já a 2ª reclamada (Fundação Petrobrás de Seguridade Social -

bastante, e sob as penas da Lei, presume-se verdadeira. Petros) apresentou contestação ao ID. fda0ed4, levantando a

prescrição como questão prejudicial de mérito.

Acrescenta-se que o art. 99, §2º do CPC afirma que o juiz somente

poderá indeferir o pedido se houver nos autos elementos que Ante a divergência entre os cálculos apresentados pelas partes, os

evidenciem a falta dos pressupostos legais para a concessão de autos foram remetidos à Contadoria que se manifestou ao ID.

gratuidade, de tal sorte que, não havendo, no caso em análise, 5a74298, no sentido de que iria sugerir ao Juízo de Origem a

qualquer documento que contrarie a declaração firmada, faz jus o convocação de perícia contábil, no entanto, vislumbrou a

autor ao benefício da assistência judiciária gratuita. possibilidade de ocorrência de prescrição, assim com a 2ª ré, e para

subsidiar a apreciação desta prejudicial pela Origem, a Contadoria

Assim, dá-se provimento para conceder ao exequente o benefício juntou as peças necessárias da ação coletiva.

da assistência judiciária gratuita.

A Origem prolatou a sentença de ID. 6148b25, declarando

totalmente atingidos pela prescrição os eventuais direitos do

exequente e extinguiu a ação de execução individual de sentença

coletiva, com base no artigo 487, II, do CPC considerando que o

acórdão proferido na ação coletiva nº 0059100-37.2012.5.17.0010,

transitou em julgado em 09/05/2016 e somente em 29/06/2019 o

autor ajuizou a presente execução individual.

Inconformado, o exequente interpôs o presente agravo de petição

2.2.2. EXTINÇÃO DA EXECUÇÃO INDIVIDUAL DE SENTENÇA alegando inexistir a prescrição, argumentando que não se pode

COLETIVA. PRESCRIÇÃO TOTAL contar o prazo prescricional da data do trânsito em julgado da

decisão proferida em sentença coletiva, mas sim da data da

publicação do edital em que os beneficiários da ação coletiva foram

cientificados da necessidade de ajuizamento das ações individuais.

Outrossim, o prazo prescricional para a propositura da ação de

liquidação e execução individual da sentença coletiva é de cinco

anos

Analisa-se.

Trata-se de ação de execução individual da sentença coletiva nº

0059100-37.2012.5.17.0010. Primeiramente, registre-se que a presente ação de execução

individual foi ajuizada em 29/06/2019, portanto após a reforma

Em 29/06/2016 o exequente ingressou com a presente ação de trabalhista decorrente da Lei nº 13.467/2017.

execução individual da sentença coletiva proferida nos autos da

ação coletiva nº 0059100-37.2012.5.17.0010, pleiteando o Em outras execuções individuais movidas em face dos réus, este

pagamento das diferenças decorrentes da inclusão da rubrica Relator adotou o entendimento no sentido de acolher a prescrição a

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 215
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partir do trânsito em julgado do acórdão proferida na ação coletiva. proporcionar a ampla publicidade aos interessados, inclusive em

Porém, após uma análise mais detida da matéria, reformulo meu contrapartida à redução da amplitude da substituição processual.

entendimento para considerar que a prescrição deve ser contada da

data em que foi publicado o edital na ação coletiva fazendo saber Note-se que a ampla publicidade não se mostra suficiente pela

aos substituídos sobre a existência do título coletivo e de que a simples intimação do sindicato, já que a substituição processual se

execução deverá ser ajuizada individualmente. deu exclusivamente na ação coletiva. Ao retirar a prerrogativa do

sindicato de continuar a liquidação da sentença genérica nos autos

O egrégio Superior Tribunal de Justiça, em sede de Recurso da ação coletiva, exsurge a necessidade de proporcionar a

Representativo de Controvérsia, o RESp nº 1.388.000/PR, necessária publicidade aos interessados para que, em nome

cadastrado sob tema nº 877, fixou o entendimento de que "o prazo próprio, exercessem o respectivo direito de ação se assim lhes

prescricional para a execução individual é contado do trânsito em conviessem, já que não poderiam mais contar com o sindicato para

julgado da sentença coletiva, sendo desnecessária a providência de esse desiderato. Do contrário haveria manifesta violação ao devido

que trata o art. 94 da Lei nº 8.078/90". processo legal, ao contraditório e à ampla defesa.

Frise-se que o edital mencionado no art. 94 do Código de Defesa do Destaque-se que a 3ª Turma do TST, julgando o AIRR-1570-

Consumidor se refere à propositura da ação, para que interessados 61.2015.5.17.0013, por meio de acórdão relatado pelo Eminente

possam atuar como litisconsortes. O edital dando ciência do trânsito Ministro Maurício Godinho Delgado, entendeu que não podia

em julgado da sentença condenatória era previsto no art. 96 prosperar a alegação do reclamado no sentido de que o prazo

daquele estatuto, e que foi vetado. prescricional teria início com o trânsito em julgado da decisão

proferida na ação coletiva, visto que somente com a publicação do

Ou seja, o art. 96 do Código de Defesa do Consumidor, que tratava edital em que os beneficiários da ação coletiva foram cientificados

da expedição de edital acerca do trânsito em julgado da sentença da necessidade de ajuizamento das ações individuais é que se

condenatória foi vetado, conforme mensagem de veto Nº 664/90: pode iniciar a contagem do prazo.

"Art. 96 - Transitada em julgado a sentença condenatória, será Portanto, em se tratando de processo que veda a liquidação e

publicado edital, observado o disposto no art. 93." execução pelo substituto processual, determinando a execução

individual unicamente pelo interessado, incompatibilizando a

O art. 93 não guarda pertinência com a matéria regulada nessa legitimação extraordinária para esse fim, revela-se necessária a

norma. comunicação aos interessados.

Em respeito à tripartição de poderes, somente poderia se pensar a Saliente-se que se verificou do sistema de acompanhamento

contagem do prazo prescricional a partir da publicação de edital processual deste Regional, que em 03/04/2019 foi publicado edital

dando ciência aos interessados acerca do trânsito em julgado da nos autos da ação coletiva RT nº 0059100-37.2012.5.17.0010

sentença proferida em ação coletiva se não houvesse ocorrido o fazendo saber que a liquidação e a execução deverá ser promovida

veto ao artigo 96 do CDC. pelo trabalhador beneficiário (substituído), individualmente,

mediante ação de execução própria movida em face dos réus.

No caso dos autos a ação coletiva transitou em julgado em

09/05/2016. Logo, como somente em 03/04/2019 foi dado ciência aos

interessados de que deveriam propor individualmente em juízo

Porém, foi determinado que a liquidação e a execução se ações de liquidação e execução e esta ação foi proposta em

processassem de forma individual. Tal determinação foi dada nos 29/06/2019 (apenas dois meses depois) não se operou a contagem

autos da ação coletiva em 06/06/2016 (ID. 2c1ac77). No entanto, da prescrição bienal.

naquele momento não houve diligência de proporcionar a ciência

aos interessados acerca do redirecionamento para a liquidação Inclusive, nesse sentido, já se manifestou este Regional. Vejamos:

individual. Com efeito, cabia ao Juízo, ao determinar que a

liquidação da ação coletiva se processasse de forma individual, "PRAZO PRESCRICIONAL PARA AÇÃO DE EXECUÇÃO

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 216
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

INDIVIDUAL DE SENTENÇA COLETIVA. MARCO INICIAL DA Dá-se provimento ao apelo do exequente, para, afastando a

CONTAGEM. PUBLICAÇÃO DE EDITAL. O termo inicial da prescrição pronunciada pela Origem, determinar o retorno dos autos

contagem do prazo prescricional nasce a partir do momento em que ao Juízo a quo, para a análise e julgamento do feito, conforme se

o titular da pretensão tem ciência da violação a seu direito e da entender de direito.

extensão de suas consequências jurídicas.

Logo, em se tratando de sentença coletiva onde se reconhece a

violação a direitos individuais homogêneos dos trabalhadores,

somente após a notificação dos interessados por edital é que os

beneficiários tiveram ciência da possibilidade de execução individual

da sentença coletiva para a defesa de seus interesses, iniciando-se,

a partir daí, a contagem do prazo prescricional para a liquidação e

execução do julgado.Assim, tendo a referida ação sido ajuizada

dentro do prazo bienal contado da notificação promovida por meio

do edital, não há falar em prescrição, nesse particular". (TRT 17ª

Região - RO 0000906-48.2015.5.17.0007, 2ª Turma, Relatora:

Desembargadora WANDA LÚCIA COSTA LEITE FRANÇA

DECUZZI, Data da Publicação: 17/03/2016.)

"LIQUIDAÇÃO INDIVIDUAL DE SENTENÇA GENÉRICA EM AÇÃO

COLETIVA. PRESCRIÇÃO. A prescrição para o ajuizamento das

ações de liquidação individuais conta-se do término do prazo de um

ano previsto no art. 100 do CDC para publicação de edital 3. ACÓRDÃO

cientificando os interessados da sentença coletiva condenatória

genérica, pois é desta data que o titular do direito material teve (pelo

menos em tese) ciência do direito reconhecido no titulo judicial,

sendo que, no processo do trabalho, o prazo prescricional para o

exercício da pretensão individualizada à reparação é o previsto no

art. 7º, XXIX, CF (e art. 11 da CLT), ou seja, de cinco anos durante

a vigência do contrato de trabalho e de dois anos após a extinção

do contrato de trabalho, contados a partir da publicação do referido

edital. (TRT 17ª R., AP 0000978-16.2018.5.17.0141, Divisão da 3ª

Turma, Rel. Desembargadora Daniele Corrêa Santa Catarina, DEJT

15/07/2019).

Dessa forma, deve ser dado provimento ao apelo para afastar a

prescrição total pronunciada pela Origem.

Por outro lado, malgrado o agravante também pleiteie o acolhimento

dos pedidos da execução, entende-se que, no presente caso, revela

-se necessária a remessa dos autos à Origem, pois sequer houve a

elaboração de cálculos pela contadoria, ante a controvérsia Acordam os Magistrados da 1ª Turma do Tribunal Regional do

instaurada pelas partes. Logo, não se encontram reunidas as Trabalho da 17ª Região, na Sessão Ordinária realizada no dia 03 de

condições para imediato julgamento, razão pela qual devem os dezembro de 2019, às 13 horas e 30 minutos, sob a Presidência do

autos ser remetidos à Origem. Exmo. Desembargador Cláudio Armando Couce de Menezes, com

a participação do Exmo. Desembargador Mário Ribeiro Cantarino

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 217
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

ADVOGADO LARISSA PORTUGAL GUIMARAES


Neto e do Exmo. Desembargador José Carlos Rizk, e presente o AMARAL VASCONCELOS(OAB:
9542/ES)
Procurador Regional do Trabalho, Dr. Levi Scatolin; por AGRAVADO PETROLEO BRASILEIRO S A
PETROBRAS
unanimidade, isentar o agravante das custas processuais,
ADVOGADO AUGUSTO CARLOS LAMEGO
afastando qualquer possibilidade de deserção do apelo suscitada JUNIOR(OAB: 17514/ES)
AGRAVADO FUNDACAO PETROBRAS DE
pelas executadas em contraminuta e rejeitar a preliminar de SEGURIDADE SOCIAL PETROS
ausência de delimitação da impugnação, suscitada pela 1ª ADVOGADO CARLOS FERNANDO DE SIQUEIRA
CASTRO(OAB: 12288/ES)
executada também em contraminuta e, conhecer do agravo de

petição interposto pelo exequente e, no mérito, por maioria dar Intimado(s)/Citado(s):

provimento ao apelo, para, conceder-lhe o benefício da assistência - PETROLEO BRASILEIRO S A PETROBRAS

judiciária gratuita e afastar a prescrição pronunciada pela Origem,

determinando o retorno dos autos ao Juízo a quo, para a análise e

julgamento do feito, conforme se entender de direito. Vencido, PODER JUDICIÁRIO


quanto à prescrição, o Exmo. Desembargador Mário Ribeiro JUSTIÇA DO TRABALHO
Cantarino Neto.

PROCESSO nº 0000735-43.2019.5.17.0010 (AP)

AGRAVANTE: LUCIANO SOUSA LINS

AGRAVADOS: PETROLEO BRASILEIRO S.A. - PETROBRAS;

FUNDACAO PETROBRAS DE SEGURIDADE SOCIAL - PETROS

ORIGEM: 2ª VARA DO TRABALHO DE VITÓRIA - ES

DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK


RELATOR: DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK

Relator
COMPETÊNCIA: 1ª TURMA

Acórdão
Processo Nº AP-0000735-43.2019.5.17.0010 EMENTA
Relator JOSE CARLOS RIZK
AGRAVANTE LUCIANO SOUSA LINS

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 218
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Já a 1ª executada (Petróleo Brasileiro S.A. - Petrobrás) na

contraminuta de ID. d31b1d3, pugnou pelo não conhecimento do

agravo de petição porque não houve delimitação das matérias e

valores, bem como pela falta de preparo.

É o relatório.

AGRAVO DE PETIÇÃO DO EXEQUENTE. EXTINÇÃO DA

EXECUÇÃO INDIVIDUAL DE SENTENÇA COLETIVA.

PRESCRIÇÃO TOTAL. A prescrição deve ser contada da data em

que foi publicado o edital na ação coletiva fazendo saber aos

substituídos sobre a existência do título coletivo e de que a

execução deverá ser ajuizada individualmente. Verificando-se, no

caso em tela, que o referido edital foi publicado em 03/04/2019 e a

presente ação ajuizada em 29/06/2019, não se operou a prescrição

total.

2. FUNDAMENTAÇÃO

1. RELATÓRIO

2.1. CONHECIMENTO

Trata-se de agravo de petição interposto pelo exequente em face da

sentença de ID. 6148b25, que declarou a prescrição bienal e

extinguiu a ação de execução individual de sentença coletiva, com

base no artigo 487, II, do CPC.

Em minuta de agravo de ID. fa7b659, o exequente requereu a

reforma da decisão para afastar a prescrição.

A 2ª executada (Fundação Petrobrás de Seguridade Social - Petros)

apresentou contraminuta ao ID. 8aea2a3, alegando que o recurso

não deve ser conhecido por ausência de preparo e pugnando pelo

desprovimento do apelo.

2.1.1. PRELIMINAR DE NÃO CONHECIMENTO DO AGRAVO DE

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 219
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

PETIÇÃO DO EXEQUENTE. AUSÊNCIA DE PREPARO.

SUSCITADA PELAS 1ª E 2ª EXECUTADAS EM

CONTRAMINUTA. ISENÇÃO DE CUSTAS

2.1.2. PRELIMINAR DE NÃO CONHECIMENTO DO AGRAVO DE

PETIÇÃO DO EXEQUENTE. AUSÊNCIA DE DELIMITAÇÃO DAS

Primeiramente, registre-se que a presente ação de execução MATÉRIAS E VALORES. SUSCITADA PELA 1ª EXECUTADA EM

individual foi ajuizada em 29/06/2019, portanto após a reforma CONTRAMINUTA

trabalhista decorrente da Lei nº 13.467/2017.

A Origem, por meio da sentença de ID. 6148b25, declarou a

prescrição total, indeferiu a assistência judiciária gratuita e

condenou o exequente ao pagamento das custas processuais, no

montante de R$ 800,00 (oitocentos reais).

O exequente, na inicial, pleiteou os benefícios da assistência

judiciária gratuita, renovando seu pedido em minuta de agravo, bem Registre-se que a presente ação de execução individual foi ajuizada

como a isenção das custas. em 29/06/2019, portanto após a reforma trabalhista decorrente da

Lei nº 13.467/2017.

As 1ª e 2ª executadas alegaram em contraminuta que o recurso não

deve ser conhecido por ausência de preparo. Em sede de contraminuta, a executada suscitou preliminar de não

conhecimento do agravo de petição do exequente, ao argumento de

Analisa-se. que as matérias e os valores não foram delimitados na forma

exigida pelo art. 897, §1º, da CLT.

O exequente não se encontra assistido pelo seu sindicato de classe,

mas declarou-se hipossuficiente economicamente na petição inicial Conforme o art. 897, § 1º, da CLT, "O agravo de petição só será

(ID. 8be8832 - Pág. 9). recebido quando o agravante delimitar, justificadamente, as

matérias e os valores impugnados, permitida a execução imediata

Entende-se que, exigir do autor, in casu, o recolhimento do valor da parte remanescente até o final, nos próprios autos ou por carta

das custas processuais para levar a discussão das matérias de sentença".

ventiladas no seu apelo ao Segundo Grau, sob pena de não

conhecimento de seu recurso, significa literalmente obstar-lhe o Com base no dispositivo supramencionado, apesar de a delimitação

acesso ao duplo grau de jurisdição e à possibilidade de reforma da justificada de valores incontroversos consistir em requisito de

decisão, em clara afronta ao art. 5º, inciso LV, da Constituição admissibilidade do agravo de petição, ele é atendido com a

Federal. demonstração detalhada do montante que o devedor entende

devido, nas hipóteses em que este argui excesso de execução.

Logo, a fim de prevenir violação ao artigo 5º, inciso LIV (direito ao Logo, o ônus da "delimitação dos valores impugnados" não é

devido processo legal) e inciso LV (ampla defesa com todos os dirigido ao credor.

recursos a ela inerentes) da Constituição Federal/1988, isenta-se o

exequente das custas processuais, afastando-se qualquer Por outro lado, não há falar em apresentação de planilha de

possibilidade de deserção do apelo. cálculos no presente caso, tendo em vista que a irresignação do

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 220
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

recorrente limita-se a declaração de prescrição e não ao valor da

execução. Logo, in casu, a ausência de planilha de cálculos

acompanhando o recurso não impacta em nada sua apreciação.

Com efeito, incabível também a alegação da executada de que o

agravante inobservou o referido dispositivo quanto à delimitação da

matéria, uma vez que a exequente delimitou claramente a matéria

impugnada (prescrição).

Portanto, entende-se que a matéria impugnada foi devidamente

delimitada pelo exequente, já que, em seu agravo de petição, logrou

êxito em trazer à instância ad quemas razões de modificação do

entendimento adotado pela Origem. 2.2.1. ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA

Rejeita-se a preliminar de ausência de delimitação da impugnação,

suscitada pela 1ª executada em contraminuta.

Conhece-se do agravo de petição do exequente, porquanto

preenchidos os pressupostos de admissibilidade recursal.

A Origem, por meio da sentença de ID. 6148b25, declarou a

prescrição total, indeferiu a assistência judiciária gratuita e

condenou o exequente ao pagamento das custas processuais, no

montante de R$ 800,00 (oitocentos reais).

O exequente, na inicial, pleiteou os benefícios da assistência

judiciária gratuita, renovando seu pedido em minuta de agravo.

Analisa-se.

De início, registra-se que a presente execução foi ajuizada em

29/06/2019, portanto em momento posterior à reforma trabalhista

decorrente da Lei n. 13.467/17, cuja vigência iniciou-se em

11/11/2017.

O exequente não se encontra assistido pelo seu sindicato de classe,

mas declarou-se hipossuficiente economicamente na petição inicial

(ID. 8be8832 - Pág. 9).

Este Relator entende que o benefício da gratuidade da justiça

constitui direito fundamental, de aplicação imediata, previsto no art.

5º, inciso LXXIV, da Carta Magna, a todos os brasileiros e

2.2. MÉRITO estrangeiros residentes no Brasil que comprovarem a insuficiência

de recursos.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 221
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Acerca do tema, assim dispõem os §§3º e 4º, do art. 790 da CLT, da assistência judiciária gratuita.

com redação dada pela Lei n. 13.467, de 13 de julho de 2017, in

verbis:

§ 3º É facultado aos juízes, órgãos julgadores e presidentes dos

tribunais do trabalho de qualquer instância conceder, a

requerimento ou de ofício, o benefício da justiça gratuita, inclusive

quanto a traslados e instrumentos, àqueles que perceberem salário

igual ou inferior a 40% (quarenta por cento) do limite máximo dos

benefícios do Regime Geral de Previdência Social.

2.2.2. EXTINÇÃO DA EXECUÇÃO INDIVIDUAL DE SENTENÇA

§ 4º O benefício da justiça gratuita será concedido à parte que COLETIVA. PRESCRIÇÃO TOTAL

comprovar insuficiência de recursos para o pagamento das custas

do processo.

Assim, no caso de o reclamante manter vínculo empregatício

vigente, com a reclamada ou com empresa diversa, e perceber

salário igual ou inferior a 40% do limite máximo dos benefícios do

Regime Geral de Previdência Social, é absoluta a presunção de

hipossuficiência econômica, fazendo jus ao benefício da justiça

gratuita. Trata-se de ação de execução individual da sentença coletiva nº

0059100-37.2012.5.17.0010.

Lado outro, quando o autor estiver desempregado ou na hipótese

de perceber salário superior a 40% (quarenta por cento) do limite Em 29/06/2016 o exequente ingressou com a presente ação de

máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social, execução individual da sentença coletiva proferida nos autos da

entende este Relator que a comprovação da insuficiência de ação coletiva nº 0059100-37.2012.5.17.0010, pleiteando o

recursos, a teor do §4º do dispositivo acima transcrito, poderá ser pagamento das diferenças decorrentes da inclusão da rubrica

feita por simples declaração. PL/DL-71 na base de cálculo do benefício previdenciário

complementar pago pela Petros, parcelas vencidas e vincendas, até

No caso sob exame, o exequente declara não ter condições de que se incorpore o valor das diferenças me contracheque, deferido

pagar as custas e despesas processuais sem prejuízo de seu na mencionada ação coletiva.

sustento e de sua família.

A 1ª reclamada (Petróleo Brasileiro S.A. - Petrobrás) apresentou

Com efeito, nos termos dos arts. 1º da Lei n. 7.115/1983 e 99, §3º, contestação ao ID. a63a6a3.

do CPC/2015, a declaração destinada a fazer prova de pobreza,

quando firmada pelo próprio interessado ou por procurador Já a 2ª reclamada (Fundação Petrobrás de Seguridade Social -

bastante, e sob as penas da Lei, presume-se verdadeira. Petros) apresentou contestação ao ID. fda0ed4, levantando a

prescrição como questão prejudicial de mérito.

Acrescenta-se que o art. 99, §2º do CPC afirma que o juiz somente

poderá indeferir o pedido se houver nos autos elementos que Ante a divergência entre os cálculos apresentados pelas partes, os

evidenciem a falta dos pressupostos legais para a concessão de autos foram remetidos à Contadoria que se manifestou ao ID.

gratuidade, de tal sorte que, não havendo, no caso em análise, 5a74298, no sentido de que iria sugerir ao Juízo de Origem a

qualquer documento que contrarie a declaração firmada, faz jus o convocação de perícia contábil, no entanto, vislumbrou a

autor ao benefício da assistência judiciária gratuita. possibilidade de ocorrência de prescrição, assim com a 2ª ré, e para

subsidiar a apreciação desta prejudicial pela Origem, a Contadoria

Assim, dá-se provimento para conceder ao exequente o benefício juntou as peças necessárias da ação coletiva.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 222
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

A Origem prolatou a sentença de ID. 6148b25, declarando Ou seja, o art. 96 do Código de Defesa do Consumidor, que tratava

totalmente atingidos pela prescrição os eventuais direitos do da expedição de edital acerca do trânsito em julgado da sentença

exequente e extinguiu a ação de execução individual de sentença condenatória foi vetado, conforme mensagem de veto Nº 664/90:

coletiva, com base no artigo 487, II, do CPC considerando que o

acórdão proferido na ação coletiva nº 0059100-37.2012.5.17.0010, "Art. 96 - Transitada em julgado a sentença condenatória, será

transitou em julgado em 09/05/2016 e somente em 29/06/2019 o publicado edital, observado o disposto no art. 93."

autor ajuizou a presente execução individual.

O art. 93 não guarda pertinência com a matéria regulada nessa

Inconformado, o exequente interpôs o presente agravo de petição norma.

alegando inexistir a prescrição, argumentando que não se pode

contar o prazo prescricional da data do trânsito em julgado da Em respeito à tripartição de poderes, somente poderia se pensar a

decisão proferida em sentença coletiva, mas sim da data da contagem do prazo prescricional a partir da publicação de edital

publicação do edital em que os beneficiários da ação coletiva foram dando ciência aos interessados acerca do trânsito em julgado da

cientificados da necessidade de ajuizamento das ações individuais. sentença proferida em ação coletiva se não houvesse ocorrido o

Outrossim, o prazo prescricional para a propositura da ação de veto ao artigo 96 do CDC.

liquidação e execução individual da sentença coletiva é de cinco

anos No caso dos autos a ação coletiva transitou em julgado em

09/05/2016.

Analisa-se.

Porém, foi determinado que a liquidação e a execução se

Primeiramente, registre-se que a presente ação de execução processassem de forma individual. Tal determinação foi dada nos

individual foi ajuizada em 29/06/2019, portanto após a reforma autos da ação coletiva em 06/06/2016 (ID. 2c1ac77). No entanto,

trabalhista decorrente da Lei nº 13.467/2017. naquele momento não houve diligência de proporcionar a ciência

aos interessados acerca do redirecionamento para a liquidação

Em outras execuções individuais movidas em face dos réus, este individual. Com efeito, cabia ao Juízo, ao determinar que a

Relator adotou o entendimento no sentido de acolher a prescrição a liquidação da ação coletiva se processasse de forma individual,

partir do trânsito em julgado do acórdão proferida na ação coletiva. proporcionar a ampla publicidade aos interessados, inclusive em

Porém, após uma análise mais detida da matéria, reformulo meu contrapartida à redução da amplitude da substituição processual.

entendimento para considerar que a prescrição deve ser contada da

data em que foi publicado o edital na ação coletiva fazendo saber Note-se que a ampla publicidade não se mostra suficiente pela

aos substituídos sobre a existência do título coletivo e de que a simples intimação do sindicato, já que a substituição processual se

execução deverá ser ajuizada individualmente. deu exclusivamente na ação coletiva. Ao retirar a prerrogativa do

sindicato de continuar a liquidação da sentença genérica nos autos

O egrégio Superior Tribunal de Justiça, em sede de Recurso da ação coletiva, exsurge a necessidade de proporcionar a

Representativo de Controvérsia, o RESp nº 1.388.000/PR, necessária publicidade aos interessados para que, em nome

cadastrado sob tema nº 877, fixou o entendimento de que "o prazo próprio, exercessem o respectivo direito de ação se assim lhes

prescricional para a execução individual é contado do trânsito em conviessem, já que não poderiam mais contar com o sindicato para

julgado da sentença coletiva, sendo desnecessária a providência de esse desiderato. Do contrário haveria manifesta violação ao devido

que trata o art. 94 da Lei nº 8.078/90". processo legal, ao contraditório e à ampla defesa.

Frise-se que o edital mencionado no art. 94 do Código de Defesa do Destaque-se que a 3ª Turma do TST, julgando o AIRR-1570-

Consumidor se refere à propositura da ação, para que interessados 61.2015.5.17.0013, por meio de acórdão relatado pelo Eminente

possam atuar como litisconsortes. O edital dando ciência do trânsito Ministro Maurício Godinho Delgado, entendeu que não podia

em julgado da sentença condenatória era previsto no art. 96 prosperar a alegação do reclamado no sentido de que o prazo

daquele estatuto, e que foi vetado. prescricional teria início com o trânsito em julgado da decisão

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 223
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

proferida na ação coletiva, visto que somente com a publicação do "LIQUIDAÇÃO INDIVIDUAL DE SENTENÇA GENÉRICA EM AÇÃO

edital em que os beneficiários da ação coletiva foram cientificados COLETIVA. PRESCRIÇÃO. A prescrição para o ajuizamento das

da necessidade de ajuizamento das ações individuais é que se ações de liquidação individuais conta-se do término do prazo de um

pode iniciar a contagem do prazo. ano previsto no art. 100 do CDC para publicação de edital

cientificando os interessados da sentença coletiva condenatória

Portanto, em se tratando de processo que veda a liquidação e genérica, pois é desta data que o titular do direito material teve (pelo

execução pelo substituto processual, determinando a execução menos em tese) ciência do direito reconhecido no titulo judicial,

individual unicamente pelo interessado, incompatibilizando a sendo que, no processo do trabalho, o prazo prescricional para o

legitimação extraordinária para esse fim, revela-se necessária a exercício da pretensão individualizada à reparação é o previsto no

comunicação aos interessados. art. 7º, XXIX, CF (e art. 11 da CLT), ou seja, de cinco anos durante

a vigência do contrato de trabalho e de dois anos após a extinção

Saliente-se que se verificou do sistema de acompanhamento do contrato de trabalho, contados a partir da publicação do referido

processual deste Regional, que em 03/04/2019 foi publicado edital edital. (TRT 17ª R., AP 0000978-16.2018.5.17.0141, Divisão da 3ª

nos autos da ação coletiva RT nº 0059100-37.2012.5.17.0010 Turma, Rel. Desembargadora Daniele Corrêa Santa Catarina, DEJT

fazendo saber que a liquidação e a execução deverá ser promovida 15/07/2019).

pelo trabalhador beneficiário (substituído), individualmente,

mediante ação de execução própria movida em face dos réus. Dessa forma, deve ser dado provimento ao apelo para afastar a

prescrição total pronunciada pela Origem.

Logo, como somente em 03/04/2019 foi dado ciência aos

interessados de que deveriam propor individualmente em juízo Por outro lado, malgrado o agravante também pleiteie o acolhimento

ações de liquidação e execução e esta ação foi proposta em dos pedidos da execução, entende-se que, no presente caso, revela

29/06/2019 (apenas dois meses depois) não se operou a contagem -se necessária a remessa dos autos à Origem, pois sequer houve a

da prescrição bienal. elaboração de cálculos pela contadoria, ante a controvérsia

instaurada pelas partes. Logo, não se encontram reunidas as

Inclusive, nesse sentido, já se manifestou este Regional. Vejamos: condições para imediato julgamento, razão pela qual devem os

autos ser remetidos à Origem.

"PRAZO PRESCRICIONAL PARA AÇÃO DE EXECUÇÃO

INDIVIDUAL DE SENTENÇA COLETIVA. MARCO INICIAL DA Dá-se provimento ao apelo do exequente, para, afastando a

CONTAGEM. PUBLICAÇÃO DE EDITAL. O termo inicial da prescrição pronunciada pela Origem, determinar o retorno dos autos

contagem do prazo prescricional nasce a partir do momento em que ao Juízo a quo, para a análise e julgamento do feito, conforme se

o titular da pretensão tem ciência da violação a seu direito e da entender de direito.

extensão de suas consequências jurídicas.

Logo, em se tratando de sentença coletiva onde se reconhece a

violação a direitos individuais homogêneos dos trabalhadores,

somente após a notificação dos interessados por edital é que os

beneficiários tiveram ciência da possibilidade de execução individual

da sentença coletiva para a defesa de seus interesses, iniciando-se,

a partir daí, a contagem do prazo prescricional para a liquidação e

execução do julgado.Assim, tendo a referida ação sido ajuizada

dentro do prazo bienal contado da notificação promovida por meio

do edital, não há falar em prescrição, nesse particular". (TRT 17ª

Região - RO 0000906-48.2015.5.17.0007, 2ª Turma, Relatora:

Desembargadora WANDA LÚCIA COSTA LEITE FRANÇA

DECUZZI, Data da Publicação: 17/03/2016.)

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 224
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

3. ACÓRDÃO

DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK

Relator

Acordam os Magistrados da 1ª Turma do Tribunal Regional do

Trabalho da 17ª Região, na Sessão Ordinária realizada no dia 03 de

dezembro de 2019, às 13 horas e 30 minutos, sob a Presidência do Acórdão


Processo Nº AP-0000735-43.2019.5.17.0010
Exmo. Desembargador Cláudio Armando Couce de Menezes, com Relator JOSE CARLOS RIZK
a participação do Exmo. Desembargador Mário Ribeiro Cantarino AGRAVANTE LUCIANO SOUSA LINS
ADVOGADO LARISSA PORTUGAL GUIMARAES
Neto e do Exmo. Desembargador José Carlos Rizk, e presente o AMARAL VASCONCELOS(OAB:
9542/ES)
Procurador Regional do Trabalho, Dr. Levi Scatolin; por
AGRAVADO PETROLEO BRASILEIRO S A
unanimidade, isentar o agravante das custas processuais, PETROBRAS
ADVOGADO AUGUSTO CARLOS LAMEGO
afastando qualquer possibilidade de deserção do apelo suscitada JUNIOR(OAB: 17514/ES)
pelas executadas em contraminuta e rejeitar a preliminar de AGRAVADO FUNDACAO PETROBRAS DE
SEGURIDADE SOCIAL PETROS
ausência de delimitação da impugnação, suscitada pela 1ª ADVOGADO CARLOS FERNANDO DE SIQUEIRA
CASTRO(OAB: 12288/ES)
executada também em contraminuta e, conhecer do agravo de

petição interposto pelo exequente e, no mérito, por maioria dar Intimado(s)/Citado(s):


provimento ao apelo, para, conceder-lhe o benefício da assistência - FUNDACAO PETROBRAS DE SEGURIDADE SOCIAL
PETROS
judiciária gratuita e afastar a prescrição pronunciada pela Origem,

determinando o retorno dos autos ao Juízo a quo, para a análise e

julgamento do feito, conforme se entender de direito. Vencido,

quanto à prescrição, o Exmo. Desembargador Mário Ribeiro PODER JUDICIÁRIO

Cantarino Neto. JUSTIÇA DO TRABALHO

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 225
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

PROCESSO nº 0000735-43.2019.5.17.0010 (AP)

AGRAVANTE: LUCIANO SOUSA LINS

AGRAVADOS: PETROLEO BRASILEIRO S.A. - PETROBRAS;

FUNDACAO PETROBRAS DE SEGURIDADE SOCIAL - PETROS

1. RELATÓRIO

ORIGEM: 2ª VARA DO TRABALHO DE VITÓRIA - ES

RELATOR: DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK

COMPETÊNCIA: 1ª TURMA

Trata-se de agravo de petição interposto pelo exequente em face da

sentença de ID. 6148b25, que declarou a prescrição bienal e

extinguiu a ação de execução individual de sentença coletiva, com

base no artigo 487, II, do CPC.

Em minuta de agravo de ID. fa7b659, o exequente requereu a

reforma da decisão para afastar a prescrição.

A 2ª executada (Fundação Petrobrás de Seguridade Social - Petros)

apresentou contraminuta ao ID. 8aea2a3, alegando que o recurso

EMENTA não deve ser conhecido por ausência de preparo e pugnando pelo

desprovimento do apelo.

Já a 1ª executada (Petróleo Brasileiro S.A. - Petrobrás) na

contraminuta de ID. d31b1d3, pugnou pelo não conhecimento do

agravo de petição porque não houve delimitação das matérias e

valores, bem como pela falta de preparo.

É o relatório.

AGRAVO DE PETIÇÃO DO EXEQUENTE. EXTINÇÃO DA

EXECUÇÃO INDIVIDUAL DE SENTENÇA COLETIVA.

PRESCRIÇÃO TOTAL. A prescrição deve ser contada da data em

que foi publicado o edital na ação coletiva fazendo saber aos

substituídos sobre a existência do título coletivo e de que a

execução deverá ser ajuizada individualmente. Verificando-se, no

caso em tela, que o referido edital foi publicado em 03/04/2019 e a

presente ação ajuizada em 29/06/2019, não se operou a prescrição

total.

2. FUNDAMENTAÇÃO

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 226
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

montante de R$ 800,00 (oitocentos reais).

O exequente, na inicial, pleiteou os benefícios da assistência

judiciária gratuita, renovando seu pedido em minuta de agravo, bem

como a isenção das custas.

As 1ª e 2ª executadas alegaram em contraminuta que o recurso não

deve ser conhecido por ausência de preparo.

Analisa-se.

O exequente não se encontra assistido pelo seu sindicato de classe,

2.1. CONHECIMENTO mas declarou-se hipossuficiente economicamente na petição inicial

(ID. 8be8832 - Pág. 9).

Entende-se que, exigir do autor, in casu, o recolhimento do valor

das custas processuais para levar a discussão das matérias

ventiladas no seu apelo ao Segundo Grau, sob pena de não

conhecimento de seu recurso, significa literalmente obstar-lhe o

acesso ao duplo grau de jurisdição e à possibilidade de reforma da

decisão, em clara afronta ao art. 5º, inciso LV, da Constituição

Federal.

Logo, a fim de prevenir violação ao artigo 5º, inciso LIV (direito ao

devido processo legal) e inciso LV (ampla defesa com todos os

recursos a ela inerentes) da Constituição Federal/1988, isenta-se o

exequente das custas processuais, afastando-se qualquer

2.1.1. PRELIMINAR DE NÃO CONHECIMENTO DO AGRAVO DE possibilidade de deserção do apelo.

PETIÇÃO DO EXEQUENTE. AUSÊNCIA DE PREPARO.

SUSCITADA PELAS 1ª E 2ª EXECUTADAS EM

CONTRAMINUTA. ISENÇÃO DE CUSTAS

2.1.2. PRELIMINAR DE NÃO CONHECIMENTO DO AGRAVO DE

PETIÇÃO DO EXEQUENTE. AUSÊNCIA DE DELIMITAÇÃO DAS

Primeiramente, registre-se que a presente ação de execução MATÉRIAS E VALORES. SUSCITADA PELA 1ª EXECUTADA EM

individual foi ajuizada em 29/06/2019, portanto após a reforma CONTRAMINUTA

trabalhista decorrente da Lei nº 13.467/2017.

A Origem, por meio da sentença de ID. 6148b25, declarou a

prescrição total, indeferiu a assistência judiciária gratuita e

condenou o exequente ao pagamento das custas processuais, no

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 227
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

preenchidos os pressupostos de admissibilidade recursal.

Registre-se que a presente ação de execução individual foi ajuizada

em 29/06/2019, portanto após a reforma trabalhista decorrente da

Lei nº 13.467/2017.

Em sede de contraminuta, a executada suscitou preliminar de não

conhecimento do agravo de petição do exequente, ao argumento de

que as matérias e os valores não foram delimitados na forma

exigida pelo art. 897, §1º, da CLT.

Conforme o art. 897, § 1º, da CLT, "O agravo de petição só será

recebido quando o agravante delimitar, justificadamente, as

matérias e os valores impugnados, permitida a execução imediata

da parte remanescente até o final, nos próprios autos ou por carta

de sentença".

Com base no dispositivo supramencionado, apesar de a delimitação

justificada de valores incontroversos consistir em requisito de

admissibilidade do agravo de petição, ele é atendido com a

demonstração detalhada do montante que o devedor entende

devido, nas hipóteses em que este argui excesso de execução.

Logo, o ônus da "delimitação dos valores impugnados" não é

dirigido ao credor.

2.2. MÉRITO

Por outro lado, não há falar em apresentação de planilha de

cálculos no presente caso, tendo em vista que a irresignação do

recorrente limita-se a declaração de prescrição e não ao valor da

execução. Logo, in casu, a ausência de planilha de cálculos

acompanhando o recurso não impacta em nada sua apreciação.

Com efeito, incabível também a alegação da executada de que o

agravante inobservou o referido dispositivo quanto à delimitação da

matéria, uma vez que a exequente delimitou claramente a matéria

impugnada (prescrição).

Portanto, entende-se que a matéria impugnada foi devidamente

delimitada pelo exequente, já que, em seu agravo de petição, logrou

êxito em trazer à instância ad quemas razões de modificação do

entendimento adotado pela Origem. 2.2.1. ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA

Rejeita-se a preliminar de ausência de delimitação da impugnação,

suscitada pela 1ª executada em contraminuta.

Conhece-se do agravo de petição do exequente, porquanto

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 228
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Regime Geral de Previdência Social, é absoluta a presunção de

hipossuficiência econômica, fazendo jus ao benefício da justiça

gratuita.

A Origem, por meio da sentença de ID. 6148b25, declarou a

prescrição total, indeferiu a assistência judiciária gratuita e Lado outro, quando o autor estiver desempregado ou na hipótese

condenou o exequente ao pagamento das custas processuais, no de perceber salário superior a 40% (quarenta por cento) do limite

montante de R$ 800,00 (oitocentos reais). máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social,

entende este Relator que a comprovação da insuficiência de

O exequente, na inicial, pleiteou os benefícios da assistência recursos, a teor do §4º do dispositivo acima transcrito, poderá ser

judiciária gratuita, renovando seu pedido em minuta de agravo. feita por simples declaração.

Analisa-se. No caso sob exame, o exequente declara não ter condições de

pagar as custas e despesas processuais sem prejuízo de seu

De início, registra-se que a presente execução foi ajuizada em sustento e de sua família.

29/06/2019, portanto em momento posterior à reforma trabalhista

decorrente da Lei n. 13.467/17, cuja vigência iniciou-se em Com efeito, nos termos dos arts. 1º da Lei n. 7.115/1983 e 99, §3º,

11/11/2017. do CPC/2015, a declaração destinada a fazer prova de pobreza,

quando firmada pelo próprio interessado ou por procurador

O exequente não se encontra assistido pelo seu sindicato de classe, bastante, e sob as penas da Lei, presume-se verdadeira.

mas declarou-se hipossuficiente economicamente na petição inicial

(ID. 8be8832 - Pág. 9). Acrescenta-se que o art. 99, §2º do CPC afirma que o juiz somente

poderá indeferir o pedido se houver nos autos elementos que

Este Relator entende que o benefício da gratuidade da justiça evidenciem a falta dos pressupostos legais para a concessão de

constitui direito fundamental, de aplicação imediata, previsto no art. gratuidade, de tal sorte que, não havendo, no caso em análise,

5º, inciso LXXIV, da Carta Magna, a todos os brasileiros e qualquer documento que contrarie a declaração firmada, faz jus o

estrangeiros residentes no Brasil que comprovarem a insuficiência autor ao benefício da assistência judiciária gratuita.

de recursos.

Assim, dá-se provimento para conceder ao exequente o benefício

Acerca do tema, assim dispõem os §§3º e 4º, do art. 790 da CLT, da assistência judiciária gratuita.

com redação dada pela Lei n. 13.467, de 13 de julho de 2017, in

verbis:

§ 3º É facultado aos juízes, órgãos julgadores e presidentes dos

tribunais do trabalho de qualquer instância conceder, a

requerimento ou de ofício, o benefício da justiça gratuita, inclusive

quanto a traslados e instrumentos, àqueles que perceberem salário

igual ou inferior a 40% (quarenta por cento) do limite máximo dos

benefícios do Regime Geral de Previdência Social.

2.2.2. EXTINÇÃO DA EXECUÇÃO INDIVIDUAL DE SENTENÇA

§ 4º O benefício da justiça gratuita será concedido à parte que COLETIVA. PRESCRIÇÃO TOTAL

comprovar insuficiência de recursos para o pagamento das custas

do processo.

Assim, no caso de o reclamante manter vínculo empregatício

vigente, com a reclamada ou com empresa diversa, e perceber

salário igual ou inferior a 40% do limite máximo dos benefícios do

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 229
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Analisa-se.

Trata-se de ação de execução individual da sentença coletiva nº

0059100-37.2012.5.17.0010. Primeiramente, registre-se que a presente ação de execução

individual foi ajuizada em 29/06/2019, portanto após a reforma

Em 29/06/2016 o exequente ingressou com a presente ação de trabalhista decorrente da Lei nº 13.467/2017.

execução individual da sentença coletiva proferida nos autos da

ação coletiva nº 0059100-37.2012.5.17.0010, pleiteando o Em outras execuções individuais movidas em face dos réus, este

pagamento das diferenças decorrentes da inclusão da rubrica Relator adotou o entendimento no sentido de acolher a prescrição a

PL/DL-71 na base de cálculo do benefício previdenciário partir do trânsito em julgado do acórdão proferida na ação coletiva.

complementar pago pela Petros, parcelas vencidas e vincendas, até Porém, após uma análise mais detida da matéria, reformulo meu

que se incorpore o valor das diferenças me contracheque, deferido entendimento para considerar que a prescrição deve ser contada da

na mencionada ação coletiva. data em que foi publicado o edital na ação coletiva fazendo saber

aos substituídos sobre a existência do título coletivo e de que a

A 1ª reclamada (Petróleo Brasileiro S.A. - Petrobrás) apresentou execução deverá ser ajuizada individualmente.

contestação ao ID. a63a6a3.

O egrégio Superior Tribunal de Justiça, em sede de Recurso

Já a 2ª reclamada (Fundação Petrobrás de Seguridade Social - Representativo de Controvérsia, o RESp nº 1.388.000/PR,

Petros) apresentou contestação ao ID. fda0ed4, levantando a cadastrado sob tema nº 877, fixou o entendimento de que "o prazo

prescrição como questão prejudicial de mérito. prescricional para a execução individual é contado do trânsito em

julgado da sentença coletiva, sendo desnecessária a providência de

Ante a divergência entre os cálculos apresentados pelas partes, os que trata o art. 94 da Lei nº 8.078/90".

autos foram remetidos à Contadoria que se manifestou ao ID.

5a74298, no sentido de que iria sugerir ao Juízo de Origem a Frise-se que o edital mencionado no art. 94 do Código de Defesa do

convocação de perícia contábil, no entanto, vislumbrou a Consumidor se refere à propositura da ação, para que interessados

possibilidade de ocorrência de prescrição, assim com a 2ª ré, e para possam atuar como litisconsortes. O edital dando ciência do trânsito

subsidiar a apreciação desta prejudicial pela Origem, a Contadoria em julgado da sentença condenatória era previsto no art. 96

juntou as peças necessárias da ação coletiva. daquele estatuto, e que foi vetado.

A Origem prolatou a sentença de ID. 6148b25, declarando Ou seja, o art. 96 do Código de Defesa do Consumidor, que tratava

totalmente atingidos pela prescrição os eventuais direitos do da expedição de edital acerca do trânsito em julgado da sentença

exequente e extinguiu a ação de execução individual de sentença condenatória foi vetado, conforme mensagem de veto Nº 664/90:

coletiva, com base no artigo 487, II, do CPC considerando que o

acórdão proferido na ação coletiva nº 0059100-37.2012.5.17.0010, "Art. 96 - Transitada em julgado a sentença condenatória, será

transitou em julgado em 09/05/2016 e somente em 29/06/2019 o publicado edital, observado o disposto no art. 93."

autor ajuizou a presente execução individual.

O art. 93 não guarda pertinência com a matéria regulada nessa

Inconformado, o exequente interpôs o presente agravo de petição norma.

alegando inexistir a prescrição, argumentando que não se pode

contar o prazo prescricional da data do trânsito em julgado da Em respeito à tripartição de poderes, somente poderia se pensar a

decisão proferida em sentença coletiva, mas sim da data da contagem do prazo prescricional a partir da publicação de edital

publicação do edital em que os beneficiários da ação coletiva foram dando ciência aos interessados acerca do trânsito em julgado da

cientificados da necessidade de ajuizamento das ações individuais. sentença proferida em ação coletiva se não houvesse ocorrido o

Outrossim, o prazo prescricional para a propositura da ação de veto ao artigo 96 do CDC.

liquidação e execução individual da sentença coletiva é de cinco

anos No caso dos autos a ação coletiva transitou em julgado em

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 230
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

09/05/2016. Logo, como somente em 03/04/2019 foi dado ciência aos

interessados de que deveriam propor individualmente em juízo

Porém, foi determinado que a liquidação e a execução se ações de liquidação e execução e esta ação foi proposta em

processassem de forma individual. Tal determinação foi dada nos 29/06/2019 (apenas dois meses depois) não se operou a contagem

autos da ação coletiva em 06/06/2016 (ID. 2c1ac77). No entanto, da prescrição bienal.

naquele momento não houve diligência de proporcionar a ciência

aos interessados acerca do redirecionamento para a liquidação Inclusive, nesse sentido, já se manifestou este Regional. Vejamos:

individual. Com efeito, cabia ao Juízo, ao determinar que a

liquidação da ação coletiva se processasse de forma individual, "PRAZO PRESCRICIONAL PARA AÇÃO DE EXECUÇÃO

proporcionar a ampla publicidade aos interessados, inclusive em INDIVIDUAL DE SENTENÇA COLETIVA. MARCO INICIAL DA

contrapartida à redução da amplitude da substituição processual. CONTAGEM. PUBLICAÇÃO DE EDITAL. O termo inicial da

contagem do prazo prescricional nasce a partir do momento em que

Note-se que a ampla publicidade não se mostra suficiente pela o titular da pretensão tem ciência da violação a seu direito e da

simples intimação do sindicato, já que a substituição processual se extensão de suas consequências jurídicas.

deu exclusivamente na ação coletiva. Ao retirar a prerrogativa do

sindicato de continuar a liquidação da sentença genérica nos autos Logo, em se tratando de sentença coletiva onde se reconhece a

da ação coletiva, exsurge a necessidade de proporcionar a violação a direitos individuais homogêneos dos trabalhadores,

necessária publicidade aos interessados para que, em nome somente após a notificação dos interessados por edital é que os

próprio, exercessem o respectivo direito de ação se assim lhes beneficiários tiveram ciência da possibilidade de execução individual

conviessem, já que não poderiam mais contar com o sindicato para da sentença coletiva para a defesa de seus interesses, iniciando-se,

esse desiderato. Do contrário haveria manifesta violação ao devido a partir daí, a contagem do prazo prescricional para a liquidação e

processo legal, ao contraditório e à ampla defesa. execução do julgado.Assim, tendo a referida ação sido ajuizada

dentro do prazo bienal contado da notificação promovida por meio

Destaque-se que a 3ª Turma do TST, julgando o AIRR-1570- do edital, não há falar em prescrição, nesse particular". (TRT 17ª

61.2015.5.17.0013, por meio de acórdão relatado pelo Eminente Região - RO 0000906-48.2015.5.17.0007, 2ª Turma, Relatora:

Ministro Maurício Godinho Delgado, entendeu que não podia Desembargadora WANDA LÚCIA COSTA LEITE FRANÇA

prosperar a alegação do reclamado no sentido de que o prazo DECUZZI, Data da Publicação: 17/03/2016.)

prescricional teria início com o trânsito em julgado da decisão

proferida na ação coletiva, visto que somente com a publicação do "LIQUIDAÇÃO INDIVIDUAL DE SENTENÇA GENÉRICA EM AÇÃO

edital em que os beneficiários da ação coletiva foram cientificados COLETIVA. PRESCRIÇÃO. A prescrição para o ajuizamento das

da necessidade de ajuizamento das ações individuais é que se ações de liquidação individuais conta-se do término do prazo de um

pode iniciar a contagem do prazo. ano previsto no art. 100 do CDC para publicação de edital

cientificando os interessados da sentença coletiva condenatória

Portanto, em se tratando de processo que veda a liquidação e genérica, pois é desta data que o titular do direito material teve (pelo

execução pelo substituto processual, determinando a execução menos em tese) ciência do direito reconhecido no titulo judicial,

individual unicamente pelo interessado, incompatibilizando a sendo que, no processo do trabalho, o prazo prescricional para o

legitimação extraordinária para esse fim, revela-se necessária a exercício da pretensão individualizada à reparação é o previsto no

comunicação aos interessados. art. 7º, XXIX, CF (e art. 11 da CLT), ou seja, de cinco anos durante

a vigência do contrato de trabalho e de dois anos após a extinção

Saliente-se que se verificou do sistema de acompanhamento do contrato de trabalho, contados a partir da publicação do referido

processual deste Regional, que em 03/04/2019 foi publicado edital edital. (TRT 17ª R., AP 0000978-16.2018.5.17.0141, Divisão da 3ª

nos autos da ação coletiva RT nº 0059100-37.2012.5.17.0010 Turma, Rel. Desembargadora Daniele Corrêa Santa Catarina, DEJT

fazendo saber que a liquidação e a execução deverá ser promovida 15/07/2019).

pelo trabalhador beneficiário (substituído), individualmente,

mediante ação de execução própria movida em face dos réus. Dessa forma, deve ser dado provimento ao apelo para afastar a

prescrição total pronunciada pela Origem.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 231
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Por outro lado, malgrado o agravante também pleiteie o acolhimento

dos pedidos da execução, entende-se que, no presente caso, revela

-se necessária a remessa dos autos à Origem, pois sequer houve a

elaboração de cálculos pela contadoria, ante a controvérsia Acordam os Magistrados da 1ª Turma do Tribunal Regional do

instaurada pelas partes. Logo, não se encontram reunidas as Trabalho da 17ª Região, na Sessão Ordinária realizada no dia 03 de

condições para imediato julgamento, razão pela qual devem os dezembro de 2019, às 13 horas e 30 minutos, sob a Presidência do

autos ser remetidos à Origem. Exmo. Desembargador Cláudio Armando Couce de Menezes, com

a participação do Exmo. Desembargador Mário Ribeiro Cantarino

Dá-se provimento ao apelo do exequente, para, afastando a Neto e do Exmo. Desembargador José Carlos Rizk, e presente o

prescrição pronunciada pela Origem, determinar o retorno dos autos Procurador Regional do Trabalho, Dr. Levi Scatolin; por

ao Juízo a quo, para a análise e julgamento do feito, conforme se unanimidade, isentar o agravante das custas processuais,

entender de direito. afastando qualquer possibilidade de deserção do apelo suscitada

pelas executadas em contraminuta e rejeitar a preliminar de

ausência de delimitação da impugnação, suscitada pela 1ª

executada também em contraminuta e, conhecer do agravo de

petição interposto pelo exequente e, no mérito, por maioria dar

provimento ao apelo, para, conceder-lhe o benefício da assistência

judiciária gratuita e afastar a prescrição pronunciada pela Origem,

determinando o retorno dos autos ao Juízo a quo, para a análise e

julgamento do feito, conforme se entender de direito. Vencido,

quanto à prescrição, o Exmo. Desembargador Mário Ribeiro

Cantarino Neto.

3. ACÓRDÃO

DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK

Relator

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 232
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Acórdão
Processo Nº RORSum-0000591-64.2019.5.17.0141
Relator JOSE CARLOS RIZK
RECORRENTE INCOVEL INDUSTRIA E COMERCIO 1. RELATÓRIO
DE VESTUARIO S/A
ADVOGADO ANA PAULA ARAGAO DOS
SANTOS(OAB: 25761/ES)
ADVOGADO PATRICIA DE OLIVEIRA
TRENTIN(OAB: 25798/ES)
RECORRIDO DILMA COSSUOL
ADVOGADO DAVID GUERRA FELIPE(OAB:
4211/ES)

Intimado(s)/Citado(s):
- INCOVEL INDUSTRIA E COMERCIO DE VESTUARIO S/A

A presente Reclamação foi ajuizada em 24/05/2019, portanto em

momento posterior à reforma trabalhista decorrente da Lei nº


PODER JUDICIÁRIO
13.467/17, cuja vigência iniciou em 11/11/2017.
JUSTIÇA DO TRABALHO

A Origem não pronunciou a prescrição. Não houve recurso acerca

da matéria.

Trata-se de recurso ordinário interposto pela Reclamada em face da

r. sentença que julgou parcialmente procedentes os pedidos,

PROCESSO nº 0000591-64.2019.5.17.0141 (RORSum) condenando no pagamento das verbas rescisórias e obrigação de

fazer consistente na retificação da carteira de trabalho da autora.

RECORRENTES: MASSA FALIDA DE INCOVEL INDUSTRIA E

COMERCIO DE VESTUARIO S/A Razões recursais da Reclamada, arguindo a nulidade do processo

por ausência de intimação do administrador judicial, decretação da

RECORRIDO: DILMA COSSUOL revelia e pleiteou a concessão do benefício da justiça gratuita.

ORIGEM: VARA DO TRABALHO DE COLATINA-ES - ES Não houve recolhimento de custas e realização do depósito

recursal.

RELATOR: DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK


É o relatório.

COMPETÊNCIA: 1ª TURMA

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 233
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

2. FUNDAMENTAÇÃO

Pugnou a Reclamada pela concessão do benefício da justiça

gratuita, por não ter condições de arcar com as custas processuais.

Pois bem.

Trata-se de recurso interposto por massa falida.

A Lei nº 13.467/2017, com vigência em 11/11/2017 estabeleceu

expressamente a isenção do depósito recursal aos beneficiários da

justiça gratuita bem como às empresas em recuperação judicial, nos

termos do novel § 10, do art. 899, da CLT:

§ 10. São isentos do depósito recursal os beneficiários da justiça

gratuita, as entidades filantrópicas e as empresas em recuperação

2.1. CONHECIMENTO judicial.

Registre-se, por oportuno, que o C. TST já se manifestou

expressamente acerca da aplicabilidade do dispositivo em questão

(conforme IN 41/18), estipulando, como marco temporal, a data da

sentença (na espécie, dia 03/04/2019), senão vejamos:

Art. 20. As disposições contidas nos §§ 4º, 9º, 10 e 11 do artigo 899

da CLT, com a redação dada pela Lei nº 13.467/2017, serão

observadas para os recursos interpostos contra as decisões

proferidas a partir de 11 de novembro de 2017

Paralelamente, quem pode o mais, pode o menos. Se a lei isentou a

empresa em recuperação judicial de proceder ao depósito recursal,

o mesmo tratamento deve ser concedido à massa falida, dada a

2.1.1. BENEFÍCIO DA JUSTIÇA GRATUITA. MASSA FALIDA. condição mais gravosa.

CUSTAS E DEPÓSITO RECURSAL

Pertinente, portanto, a primeira parte da Súmula nº 86 do Tribunal

Superior do Trabalho:

Súmula nº 86 do TST

DESERÇÃO. MASSA FALIDA. EMPRESA EM LIQUIDAÇÃO

EXTRAJUDICIAL (incorporada a Orientação Jurisprudencial nº 31

da SBDI-1) - Res. 129/2005,DJ 20, 22 e 25.04.2005

A presente Reclamação foi ajuizada em 24/05/2019, portanto em

momento posterior à reforma trabalhista decorrente da Lei nº Não ocorre deserção de recurso da massa falida por falta de

13.467/17, cuja vigência iniciou em 11/11/2017. pagamento de custas ou de depósito do valor da condenação. Esse

privilégio, todavia, não se aplica à empresa em liquidação

A Origem não pronunciou a prescrição. Não houve recurso acerca extrajudicial. (primeira parte - ex-Súmula nº 86 - RA 69/78, DJ

da matéria. 26.09.1978;segunda parte - ex-OJ nº 31 da SBDI-1 - inserida em

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14.03.1994)

Nesse sentido, também dispõe o Código de Processo Civil,

aplicável ao processo do trabalho por força do art. 769 da CLT.

Vejamos:

Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com

insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas

processuais e os honorários advocatícios tem direito à gratuidade

da justiça, na forma da lei.

§ 1o A gratuidade da justiça compreende:

[...]

VIII - os depósitos previstos em lei para interposição de recurso,

para propositura de ação e para a prática de outros atos

processuais inerentes ao exercício da ampla defesa e do

contraditório;

(sem grifos no original)

2.2. MÉRITO

Ademais, entende-se que o direito público subjetivo outorgado pela

Lei n. 1.060/50, pelo art. 790, §3º, da CLT e pela Constituição

Federal deve ser amplo, abrangendo todos aqueles que

comprovarem insuficiência de recursos.

No presente caso, a recorrente comprovou que, no momento da

interposição do apelo, a falência já havia sido decretada, o que

demonstra que, in casu, não tem condições de arcar com as

despesas do processo.

Dispensa-se a Reclamada da obrigação de proceder ao

recolhimento das custas e depósito recursal, na forma da súmula nº

86 do Tribunal Superior do Trabalho.

Conhece-se do recurso ordinário da Reclamada, porquanto 2.2.1. MASSA FALIDA. NULIDADE POR AUSÊNCIA DE

preenchidos os pressupostos de admissibilidade. INTIMAÇÃO DO ADMINISTRADOR JUDICIAL. NÃO

CONFIGURAÇÃO. CITAÇÃO EM MOMENTO ANTERIOR À

DECRETAÇÃO DA FALÊNCIA

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Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

como administradora judicial da massa falida a empresa Capital

Administradora Judicial Ltda., com endereço na rua Sílvia n.º 110,

A presente Reclamação foi ajuizada em 24/05/2019, portanto em 4.º andar, conjunto 52, Bela Vista, São Paulo-SP, CEP 01331-040.

momento posterior à reforma trabalhista decorrente da Lei nº Sendo assim, determino a inserção de alerta, a fim de fazer constar

13.467/17, cuja vigência iniciou em 11/11/2017. que se trata de Massa Falida, representada administradora judicial

Capital Administradora Judicial Ltda, sob a responsabilidade técnica

A Origem não pronunciou a prescrição. Não houve recurso acerca do Dr. Luis Cláudio Montoro Mendes, CPF 146.964.768-04, o qual

da matéria. deverá ser cadastrado como procurador/terceiro interessado, para

fins de intimações.

Consta na inicial que a Reclamante foi admitida em 11/03/2013, na

função de costureira. Conforme termo de rescisão, foi dispensada Em sentença, o MM. Juízo decretou a revelia da Reclamada,

sem justa causa em 30/04/2019, tendo por última remuneração o adotando os seguintes fundamentos:

importe de R$999,32 (novecentos e noventa e nove reais e trinta e

dois centavos). A INCOVEL Indústria e Comércio de Vestuário foi regular e

validamente citada para comparecer à audiência previamente

Aduziu que a Reclamada entrou em recuperação judicial e rescindiu designada, para fins de oferecer resposta à ação proposta pela

o contrato dos seus 189 (cento e oitenta e nove) empregados, sem reclamante, ficando ciente de que o não comparecimento importaria

pagar os haveres rescisórios. na decretação da revelia, além de confissão quanto à matéria de

fato, nos termos do que dispõe o artigo 844, da CLT. No entanto,

Pugnou pela condenação da Reclamada no pagamento de verbas fez-se ausente, sem justificativa, configurando o instituto da revelia,

rescisórias (aviso prévio, 13º salários, férias+1/3, multa fundiária), de modo que se presumem verdadeiros os fatos alegados na

FGTS em atraso, multa do art. 467 da CLT e retificação da carteira petição inicial.

de trabalho.

É percuciente destacar que nos autos do processo n.º 0000456-

A Origem, por meio da decisão à fl. 42, deferiu tutela antecipada de 52.2019.5.17.0141 a ora reclamada prestou informação, "extensiva

urgência a fim de autorizar a habilitação da autora no seguro a todos os demais processos em curso" nos quais figura como

desemprego e o levantamento do FGTS. parte, que no dia 08-08-2019 o Juízo da 2.ª Vara Cível de Colatina-

ES prolatou sentença nos autos do processo n.º 0014246-

Conforme certidão à fl. 48, no dia 06/08/2019 a Reclamada foi 72.2014.8.08.0014, convolando a recuperação judicial da INCOVEL

notificada da audiência designada para o dia 29/08/2019. em falência e designando como administradora judicial da massa

falida a empresa Capital Administradora Judicial Ltda., sob a

No entanto, consoante se extrai da ata de audiência à fl. 49, a responsabilidade técnica do Dr. Luís Claudio Montoro Mendes -

Reclamada não se fez presente ao ato, e tampouco apresentou OAB/SP 150.485. Nada obstante, consigno que tanto a citação

defesa escrita, tendo o MM. Juízo feito os seguintes registros: quanto a intimação da reclamada acerca da antecipação da

audiência inaugural concretizaram-se em datas anteriores à

(...) decretação da falência, de modo que não se pode cogitar de

nulidade de tais atos processuais, aptos, portanto, a gerar os efeitos

Ausente a reclamada INCOVEL INDUSTRIA E COMERCIO DE que lhe são próprios.

VESTUARIO S/A e seu advogado.

Destarte, por força do artigo 844, da CLT e à míngua de qualquer

A empresa INCOVEL Indústria e Comércio de Vestuário S/A. elemento de prova que tenha vindo aos autos, capaz de elidir as

Informou, nos autos do processo n.º 0000456-52.2019.5.17.0141, parcelas de natureza trabalhista formuladas na petição, impõe-se a

"Extensivo a TODOS os demais [processos] em curso", que o Juízo procedência dos pedidos obreiros concernentes às diferenças

da 2.ª Vara Cível de Colatina-ES, em 08-08-2019, prolatou sentença salariais e verbas decorrentes da rescisão do contrato de trabalho.

nos autos do processo n.º 0014246-72.2014.8.08.0014, convolando Destaco, ainda, que em diversas ações anteriores a INCOVEL

a recuperação judicial da referida empresa em falência, designando apresentou resposta relatando que em razão às sérias dificuldades,

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houve encerramento de suas encerrou suas atividades, culminando 06/08/2019.

com a decretação da falência, não dispondo de recursos para

adimplir as parcelas trabalhistas decorrentes da extinção do A sentença proferida pela 2ª Vara Cível de Colatina-ES convolou

contrato de trabalho de seus empregados. em falência a recuperação judicial da Reclamada em 08/08/2019,

tendo o administrador judicial assinado o termo de compromisso no

Em razões recursais, a Reclamada arguiu a nulidade dos atos dia 12/08/2019.

praticados por falta de intimação do administrador judicial, ou fosse

afastada a revelia decretada. Portanto, não cabe ao Estado suportar o ônus processual

decorrente do descumprimento de ato judicial praticado na forma

Sem razão. prevista em lei.

Com efeito, não há dúvida que a massa falida é representada O art. 841, §1º da CLT é cristalino:

judicialmente pelo o administrador judicial (art. 75, I do Código de

Processo Civil), nomeado pelo Juízo Falimentar. Art. 841 - Recebida e protocolada a reclamação, o escrivão ou

secretário, dentro de 48 (quarenta e oito) horas, remeterá a

Assim dispõe o art. 76 da Lei 11.101/05: segunda via da petição, ou do termo, ao reclamado, notificando-o

ao mesmo tempo, para comparecer à audiência do julgamento, que

Art. 76. O juízo da falência é indivisível e competente para conhecer será a primeira desimpedida, depois de 5 (cinco) dias.

todas as ações sobre bens, interesses e negócios do falido,

ressalvadas as causas trabalhistas, fiscais e aquelas não reguladas § 1º - A notificação será feita em registro postal com franquia. Se o

nesta Lei em que o falido figurar como autor ou litisconsorte ativo. reclamado criar embaraços ao seu recebimento ou não for

encontrado, far-se-á a notificação por edital, inserto no jornal oficial

Parágrafo único. Todas as ações, inclusive as excetuadas no caput ou no que publicar o expediente forense, ou, na falta, afixado na

deste artigo, terão prosseguimento com o administrador judicial, que sede da Junta ou Juízo.

deverá ser intimado para representar a massa falida, sob pena de

nulidade do processo. Ou seja, a Reclamada, que não se encontrava no estado falimentar,

já havia sido convocada para integrar a relação processual, tendo o

No entanto, o dispositivo acima somente é aplicável quando já ato induzido a litispendência, tornado litigiosa a coisa e constituída

decretada a falência. em mora, efeitos que não se alteram pela superveniente convolação

da recuperação judicial em falência.

É somente a partir daquele momento, qual seja, decretação da

falência, que há o afastamento do devedor das suas atividades. Portanto, reputa-se correta a sentença, diante da ausência

Portanto, anteriormente à decretação, presume-se que o devedor injustificada da Reclamada em audiência, sequer tendo apresentado

estava atuando em conformidade com a preservação da utilização defesa escrita, decretado a revelia e aplicado a pena de confissão,

produtiva dos bens da empresa. na forma do art. 844 da CLT.

Tanto é assim que a própria lei de falências é expressa em Nega-se provimento.

asseverar que "na convolação da recuperação em falência, os atos

de administração, endividamento, oneração ou alienação praticados

durante a recuperação judicial presumem-se válidos, desde que

realizados na forma desta Lei"(art. 74).

Por conseguinte, plenamente válida e eficaz a citação da pessoa

jurídica antes da decretação da falência.

Como já mencionado, a citação nos presentes autos ocorreu em

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3. ACÓRDÃO

DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK

Relator

Acórdão
Processo Nº RORSum-0000591-64.2019.5.17.0141
Relator JOSE CARLOS RIZK
Acordam os Magistrados da 1ª Turma do Tribunal Regional do RECORRENTE INCOVEL INDUSTRIA E COMERCIO
DE VESTUARIO S/A
Trabalho da 17ª Região, na Sessão Ordinária realizada no dia 03 de ADVOGADO ANA PAULA ARAGAO DOS
SANTOS(OAB: 25761/ES)
dezembro de 2019, às 13 horas e 30 minutos, sob a Presidência do
ADVOGADO PATRICIA DE OLIVEIRA
Exmo. Desembargador Cláudio Armando Couce de Menezes, com TRENTIN(OAB: 25798/ES)
RECORRIDO DILMA COSSUOL
a participação do Exmo. Desembargador Mário Ribeiro Cantarino
ADVOGADO DAVID GUERRA FELIPE(OAB:
Neto e do Exmo. Desembargador José Carlos Rizk, e presente o 4211/ES)

Procurador Regional do Trabalho, Dr. Levi Scatolin; por


Intimado(s)/Citado(s):
unanimidade, dispensar a Reclamada da obrigação de proceder ao - DILMA COSSUOL
recolhimento das custas e depósito recursal, na forma da súmula nº

86 do Tribunal Superior do Trabalho; conhecer do recurso ordinário

da Reclamada. No mérito, por maioria, negar-lhe provimento.


PODER JUDICIÁRIO
Vencido, no tocante à nulidade por ausência de intimação, o Exmo.
JUSTIÇA DO TRABALHO
Desembargador Mário Ribeiro Cantarino Neto. Mantido o valor da

condenação. O Ministério Público manifestou-se pelo conhecimento

do recurso e pelo seu provimento parcial.

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Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

r. sentença que julgou parcialmente procedentes os pedidos,

PROCESSO nº 0000591-64.2019.5.17.0141 (RORSum) condenando no pagamento das verbas rescisórias e obrigação de

fazer consistente na retificação da carteira de trabalho da autora.

RECORRENTES: MASSA FALIDA DE INCOVEL INDUSTRIA E

COMERCIO DE VESTUARIO S/A Razões recursais da Reclamada, arguindo a nulidade do processo

por ausência de intimação do administrador judicial, decretação da

RECORRIDO: DILMA COSSUOL revelia e pleiteou a concessão do benefício da justiça gratuita.

ORIGEM: VARA DO TRABALHO DE COLATINA-ES - ES Não houve recolhimento de custas e realização do depósito

recursal.

RELATOR: DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK

É o relatório.

COMPETÊNCIA: 1ª TURMA

2. FUNDAMENTAÇÃO

1. RELATÓRIO

2.1. CONHECIMENTO

A presente Reclamação foi ajuizada em 24/05/2019, portanto em

momento posterior à reforma trabalhista decorrente da Lei nº

13.467/17, cuja vigência iniciou em 11/11/2017.

A Origem não pronunciou a prescrição. Não houve recurso acerca

da matéria.

Trata-se de recurso ordinário interposto pela Reclamada em face da

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proferidas a partir de 11 de novembro de 2017

Paralelamente, quem pode o mais, pode o menos. Se a lei isentou a

empresa em recuperação judicial de proceder ao depósito recursal,

o mesmo tratamento deve ser concedido à massa falida, dada a

2.1.1. BENEFÍCIO DA JUSTIÇA GRATUITA. MASSA FALIDA. condição mais gravosa.

CUSTAS E DEPÓSITO RECURSAL

Pertinente, portanto, a primeira parte da Súmula nº 86 do Tribunal

Superior do Trabalho:

Súmula nº 86 do TST

DESERÇÃO. MASSA FALIDA. EMPRESA EM LIQUIDAÇÃO

EXTRAJUDICIAL (incorporada a Orientação Jurisprudencial nº 31

da SBDI-1) - Res. 129/2005,DJ 20, 22 e 25.04.2005

A presente Reclamação foi ajuizada em 24/05/2019, portanto em

momento posterior à reforma trabalhista decorrente da Lei nº Não ocorre deserção de recurso da massa falida por falta de

13.467/17, cuja vigência iniciou em 11/11/2017. pagamento de custas ou de depósito do valor da condenação. Esse

privilégio, todavia, não se aplica à empresa em liquidação

A Origem não pronunciou a prescrição. Não houve recurso acerca extrajudicial. (primeira parte - ex-Súmula nº 86 - RA 69/78, DJ

da matéria. 26.09.1978;segunda parte - ex-OJ nº 31 da SBDI-1 - inserida em

14.03.1994)

Pugnou a Reclamada pela concessão do benefício da justiça

gratuita, por não ter condições de arcar com as custas processuais. Nesse sentido, também dispõe o Código de Processo Civil,

aplicável ao processo do trabalho por força do art. 769 da CLT.

Pois bem. Vejamos:

Trata-se de recurso interposto por massa falida. Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com

insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas

A Lei nº 13.467/2017, com vigência em 11/11/2017 estabeleceu processuais e os honorários advocatícios tem direito à gratuidade

expressamente a isenção do depósito recursal aos beneficiários da da justiça, na forma da lei.

justiça gratuita bem como às empresas em recuperação judicial, nos

termos do novel § 10, do art. 899, da CLT: § 1o A gratuidade da justiça compreende:

§ 10. São isentos do depósito recursal os beneficiários da justiça [...]

gratuita, as entidades filantrópicas e as empresas em recuperação

judicial. VIII - os depósitos previstos em lei para interposição de recurso,

para propositura de ação e para a prática de outros atos

Registre-se, por oportuno, que o C. TST já se manifestou processuais inerentes ao exercício da ampla defesa e do

expressamente acerca da aplicabilidade do dispositivo em questão contraditório;

(conforme IN 41/18), estipulando, como marco temporal, a data da

sentença (na espécie, dia 03/04/2019), senão vejamos: (sem grifos no original)

Art. 20. As disposições contidas nos §§ 4º, 9º, 10 e 11 do artigo 899 Ademais, entende-se que o direito público subjetivo outorgado pela

da CLT, com a redação dada pela Lei nº 13.467/2017, serão Lei n. 1.060/50, pelo art. 790, §3º, da CLT e pela Constituição

observadas para os recursos interpostos contra as decisões Federal deve ser amplo, abrangendo todos aqueles que

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Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

comprovarem insuficiência de recursos.

No presente caso, a recorrente comprovou que, no momento da

interposição do apelo, a falência já havia sido decretada, o que

demonstra que, in casu, não tem condições de arcar com as

despesas do processo.

Dispensa-se a Reclamada da obrigação de proceder ao

recolhimento das custas e depósito recursal, na forma da súmula nº

86 do Tribunal Superior do Trabalho.

Conhece-se do recurso ordinário da Reclamada, porquanto 2.2.1. MASSA FALIDA. NULIDADE POR AUSÊNCIA DE

preenchidos os pressupostos de admissibilidade. INTIMAÇÃO DO ADMINISTRADOR JUDICIAL. NÃO

CONFIGURAÇÃO. CITAÇÃO EM MOMENTO ANTERIOR À

DECRETAÇÃO DA FALÊNCIA

A presente Reclamação foi ajuizada em 24/05/2019, portanto em

momento posterior à reforma trabalhista decorrente da Lei nº

13.467/17, cuja vigência iniciou em 11/11/2017.

A Origem não pronunciou a prescrição. Não houve recurso acerca

da matéria.

Consta na inicial que a Reclamante foi admitida em 11/03/2013, na

função de costureira. Conforme termo de rescisão, foi dispensada

sem justa causa em 30/04/2019, tendo por última remuneração o

importe de R$999,32 (novecentos e noventa e nove reais e trinta e

dois centavos).

Aduziu que a Reclamada entrou em recuperação judicial e rescindiu

o contrato dos seus 189 (cento e oitenta e nove) empregados, sem

pagar os haveres rescisórios.

Pugnou pela condenação da Reclamada no pagamento de verbas

rescisórias (aviso prévio, 13º salários, férias+1/3, multa fundiária),

2.2. MÉRITO FGTS em atraso, multa do art. 467 da CLT e retificação da carteira

de trabalho.

A Origem, por meio da decisão à fl. 42, deferiu tutela antecipada de

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 241
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

urgência a fim de autorizar a habilitação da autora no seguro a todos os demais processos em curso" nos quais figura como

desemprego e o levantamento do FGTS. parte, que no dia 08-08-2019 o Juízo da 2.ª Vara Cível de Colatina-

ES prolatou sentença nos autos do processo n.º 0014246-

Conforme certidão à fl. 48, no dia 06/08/2019 a Reclamada foi 72.2014.8.08.0014, convolando a recuperação judicial da INCOVEL

notificada da audiência designada para o dia 29/08/2019. em falência e designando como administradora judicial da massa

falida a empresa Capital Administradora Judicial Ltda., sob a

No entanto, consoante se extrai da ata de audiência à fl. 49, a responsabilidade técnica do Dr. Luís Claudio Montoro Mendes -

Reclamada não se fez presente ao ato, e tampouco apresentou OAB/SP 150.485. Nada obstante, consigno que tanto a citação

defesa escrita, tendo o MM. Juízo feito os seguintes registros: quanto a intimação da reclamada acerca da antecipação da

audiência inaugural concretizaram-se em datas anteriores à

(...) decretação da falência, de modo que não se pode cogitar de

nulidade de tais atos processuais, aptos, portanto, a gerar os efeitos

Ausente a reclamada INCOVEL INDUSTRIA E COMERCIO DE que lhe são próprios.

VESTUARIO S/A e seu advogado.

Destarte, por força do artigo 844, da CLT e à míngua de qualquer

A empresa INCOVEL Indústria e Comércio de Vestuário S/A. elemento de prova que tenha vindo aos autos, capaz de elidir as

Informou, nos autos do processo n.º 0000456-52.2019.5.17.0141, parcelas de natureza trabalhista formuladas na petição, impõe-se a

"Extensivo a TODOS os demais [processos] em curso", que o Juízo procedência dos pedidos obreiros concernentes às diferenças

da 2.ª Vara Cível de Colatina-ES, em 08-08-2019, prolatou sentença salariais e verbas decorrentes da rescisão do contrato de trabalho.

nos autos do processo n.º 0014246-72.2014.8.08.0014, convolando Destaco, ainda, que em diversas ações anteriores a INCOVEL

a recuperação judicial da referida empresa em falência, designando apresentou resposta relatando que em razão às sérias dificuldades,

como administradora judicial da massa falida a empresa Capital houve encerramento de suas encerrou suas atividades, culminando

Administradora Judicial Ltda., com endereço na rua Sílvia n.º 110, com a decretação da falência, não dispondo de recursos para

4.º andar, conjunto 52, Bela Vista, São Paulo-SP, CEP 01331-040. adimplir as parcelas trabalhistas decorrentes da extinção do

Sendo assim, determino a inserção de alerta, a fim de fazer constar contrato de trabalho de seus empregados.

que se trata de Massa Falida, representada administradora judicial

Capital Administradora Judicial Ltda, sob a responsabilidade técnica Em razões recursais, a Reclamada arguiu a nulidade dos atos

do Dr. Luis Cláudio Montoro Mendes, CPF 146.964.768-04, o qual praticados por falta de intimação do administrador judicial, ou fosse

deverá ser cadastrado como procurador/terceiro interessado, para afastada a revelia decretada.

fins de intimações.

Sem razão.

Em sentença, o MM. Juízo decretou a revelia da Reclamada,

adotando os seguintes fundamentos: Com efeito, não há dúvida que a massa falida é representada

judicialmente pelo o administrador judicial (art. 75, I do Código de

A INCOVEL Indústria e Comércio de Vestuário foi regular e Processo Civil), nomeado pelo Juízo Falimentar.

validamente citada para comparecer à audiência previamente

designada, para fins de oferecer resposta à ação proposta pela Assim dispõe o art. 76 da Lei 11.101/05:

reclamante, ficando ciente de que o não comparecimento importaria

na decretação da revelia, além de confissão quanto à matéria de Art. 76. O juízo da falência é indivisível e competente para conhecer

fato, nos termos do que dispõe o artigo 844, da CLT. No entanto, todas as ações sobre bens, interesses e negócios do falido,

fez-se ausente, sem justificativa, configurando o instituto da revelia, ressalvadas as causas trabalhistas, fiscais e aquelas não reguladas

de modo que se presumem verdadeiros os fatos alegados na nesta Lei em que o falido figurar como autor ou litisconsorte ativo.

petição inicial.

Parágrafo único. Todas as ações, inclusive as excetuadas no caput

É percuciente destacar que nos autos do processo n.º 0000456- deste artigo, terão prosseguimento com o administrador judicial, que

52.2019.5.17.0141 a ora reclamada prestou informação, "extensiva deverá ser intimado para representar a massa falida, sob pena de

Código para aferir autenticidade deste caderno: 144362


2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 242
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

nulidade do processo. Ou seja, a Reclamada, que não se encontrava no estado falimentar,

já havia sido convocada para integrar a relação processual, tendo o

No entanto, o dispositivo acima somente é aplicável quando já ato induzido a litispendência, tornado litigiosa a coisa e constituída

decretada a falência. em mora, efeitos que não se alteram pela superveniente convolação

da recuperação judicial em falência.

É somente a partir daquele momento, qual seja, decretação da

falência, que há o afastamento do devedor das suas atividades. Portanto, reputa-se correta a sentença, diante da ausência

Portanto, anteriormente à decretação, presume-se que o devedor injustificada da Reclamada em audiência, sequer tendo apresentado

estava atuando em conformidade com a preservação da utilização defesa escrita, decretado a revelia e aplicado a pena de confissão,

produtiva dos bens da empresa. na forma do art. 844 da CLT.

Tanto é assim que a própria lei de falências é expressa em Nega-se provimento.

asseverar que "na convolação da recuperação em falência, os atos

de administração, endividamento, oneração ou alienação praticados

durante a recuperação judicial presumem-se válidos, desde que

realizados na forma desta Lei"(art. 74).

Por conseguinte, plenamente válida e eficaz a citação da pessoa

jurídica antes da decretação da falência.

Como já mencionado, a citação nos presentes autos ocorreu em

06/08/2019.

A sentença proferida pela 2ª Vara Cível de Colatina-ES convolou

em falência a recuperação judicial da Reclamada em 08/08/2019,

tendo o administrador judicial assinado o termo de compromisso no

dia 12/08/2019.

Portanto, não cabe ao Estado suportar o ônus processual

decorrente do descumprimento de ato judicial praticado na forma

prevista em lei.

3. ACÓRDÃO

O art. 841, §1º da CLT é cristalino:

Art. 841 - Recebida e protocolada a reclamação, o escrivão ou

secretário, dentro de 48 (quarenta e oito) horas, remeterá a

segunda via da petição, ou do termo, ao reclamado, notificando-o

ao mesmo tempo, para comparecer à audiência do julgamento, que

será a primeira desimpedida, depois de 5 (cinco) dias.

§ 1º - A notificação será feita em registro postal com franquia. Se o

reclamado criar embaraços ao seu recebimento ou não for

encontrado, far-se-á a notificação por edital, inserto no jornal oficial

ou no que publicar o expediente forense, ou, na falta, afixado na

sede da Junta ou Juízo.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 243
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Acórdão
Processo Nº RORSum-0000549-15.2019.5.17.0141
Relator JOSE CARLOS RIZK
Acordam os Magistrados da 1ª Turma do Tribunal Regional do RECORRENTE INCOVEL INDUSTRIA E COMERCIO
DE VESTUARIO S/A
Trabalho da 17ª Região, na Sessão Ordinária realizada no dia 03 de ADVOGADO PATRICIA DE OLIVEIRA
TRENTIN(OAB: 25798/ES)
dezembro de 2019, às 13 horas e 30 minutos, sob a Presidência do
ADVOGADO ANA PAULA ARAGAO DOS
Exmo. Desembargador Cláudio Armando Couce de Menezes, com SANTOS(OAB: 25761/ES)
RECORRIDO DIANA CARMO DE FREITAS
a participação do Exmo. Desembargador Mário Ribeiro Cantarino
ADVOGADO DAVID GUERRA FELIPE(OAB:
Neto e do Exmo. Desembargador José Carlos Rizk, e presente o 4211/ES)

Procurador Regional do Trabalho, Dr. Levi Scatolin; por


Intimado(s)/Citado(s):
unanimidade, dispensar a Reclamada da obrigação de proceder ao - INCOVEL INDUSTRIA E COMERCIO DE VESTUARIO S/A
recolhimento das custas e depósito recursal, na forma da súmula nº

86 do Tribunal Superior do Trabalho; conhecer do recurso ordinário

da Reclamada. No mérito, por maioria, negar-lhe provimento.


PODER JUDICIÁRIO
Vencido, no tocante à nulidade por ausência de intimação, o Exmo.
JUSTIÇA DO TRABALHO
Desembargador Mário Ribeiro Cantarino Neto. Mantido o valor da

condenação. O Ministério Público manifestou-se pelo conhecimento

do recurso e pelo seu provimento parcial.

PROCESSO nº 0000549-15.2019.5.17.0141 (RORSum)

RECORRENTES: MASSA FALIDA DE INCOVEL INDUSTRIA E

COMERCIO DE VESTUARIO S/A

RECORRIDO: DIANA CARMO DE FREITAS

ORIGEM: VARA DO TRABALHO DE COLATINA-ES - ES

RELATOR: DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK


DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK

COMPETÊNCIA: 1ª TURMA
Relator

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 244
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

1. RELATÓRIO

2.1. CONHECIMENTO

A presente Reclamação foi ajuizada em 21/05/2019, portanto em

momento posterior à reforma trabalhista decorrente da Lei nº

13.467/17, cuja vigência iniciou em 11/11/2017.

A Origem não pronunciou a prescrição. Não houve recurso acerca

da matéria.

Trata-se de recurso ordinário interposto pela Reclamada em face da

r. sentença que julgou parcialmente procedentes os pedidos,

condenando no pagamento das verbas rescisórias e obrigação de

fazer consistente na retificação da carteira de trabalho da autora.

Razões recursais da Reclamada, arguindo a nulidade do processo

por ausência de intimação do administrador judicial, decretação da

revelia, honorários de sucumbência e pleiteou a concessão do 2.1.1. BENEFÍCIO DA JUSTIÇA GRATUITA. MASSA FALIDA.

benefício da justiça gratuita. CUSTAS E DEPÓSITO RECURSAL

Não houve recolhimento de custas e realização do depósito

recursal.

É o relatório.

A presente Reclamação foi ajuizada em 21/05/2019, portanto em

momento posterior à reforma trabalhista decorrente da Lei nº

13.467/17, cuja vigência iniciou em 11/11/2017.

A Origem não pronunciou a prescrição. Não houve recurso acerca

da matéria.

2. FUNDAMENTAÇÃO

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 245
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Pugnou a Reclamada pela concessão do benefício da justiça

gratuita, por não ter condições de arcar com as custas processuais. Nesse sentido, também dispõe o Código de Processo Civil,

aplicável ao processo do trabalho por força do art. 769 da CLT.

Pois bem. Vejamos:

Trata-se de recurso interposto por massa falida. Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com

insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas

A Lei nº 13.467/2017, com vigência em 11/11/2017 estabeleceu processuais e os honorários advocatícios tem direito à gratuidade

expressamente a isenção do depósito recursal aos beneficiários da da justiça, na forma da lei.

justiça gratuita bem como às empresas em recuperação judicial, nos

termos do novel § 10, do art. 899, da CLT: § 1o A gratuidade da justiça compreende:

§ 10. São isentos do depósito recursal os beneficiários da justiça [...]

gratuita, as entidades filantrópicas e as empresas em recuperação

judicial. VIII - os depósitos previstos em lei para interposição de recurso,

para propositura de ação e para a prática de outros atos

Registre-se, por oportuno, que o C. TST já se manifestou processuais inerentes ao exercício da ampla defesa e do

expressamente acerca da aplicabilidade do dispositivo em questão contraditório;

(conforme IN 41/18), estipulando, como marco temporal, a data da

sentença (na espécie, dia 03/04/2019), senão vejamos: (sem grifos no original)

Art. 20. As disposições contidas nos §§ 4º, 9º, 10 e 11 do artigo 899 Ademais, entende-se que o direito público subjetivo outorgado pela

da CLT, com a redação dada pela Lei nº 13.467/2017, serão Lei n. 1.060/50, pelo art. 790, §3º, da CLT e pela Constituição

observadas para os recursos interpostos contra as decisões Federal deve ser amplo, abrangendo todos aqueles que

proferidas a partir de 11 de novembro de 2017 comprovarem insuficiência de recursos.

Paralelamente, quem pode o mais, pode o menos. Se a lei isentou a No presente caso, a recorrente comprovou que, no momento da

empresa em recuperação judicial de proceder ao depósito recursal, interposição do apelo, a falência já havia sido decretada, o que

o mesmo tratamento deve ser concedido à massa falida, dada a demonstra que, in casu, não tem condições de arcar com as

condição mais gravosa. despesas do processo.

Pertinente, portanto, a primeira parte da Súmula nº 86 do Tribunal Dispensa-se a Reclamada da obrigação de proceder ao

Superior do Trabalho: recolhimento das custas e depósito recursal, na forma da súmula nº

86 do Tribunal Superior do Trabalho.

Súmula nº 86 do TST

Conhece-se do recurso ordinário da Reclamada, porquanto

DESERÇÃO. MASSA FALIDA. EMPRESA EM LIQUIDAÇÃO preenchidos os pressupostos de admissibilidade.

EXTRAJUDICIAL (incorporada a Orientação Jurisprudencial nº 31

da SBDI-1) - Res. 129/2005,DJ 20, 22 e 25.04.2005

Não ocorre deserção de recurso da massa falida por falta de

pagamento de custas ou de depósito do valor da condenação. Esse

privilégio, todavia, não se aplica à empresa em liquidação

extrajudicial. (primeira parte - ex-Súmula nº 86 - RA 69/78, DJ

26.09.1978;segunda parte - ex-OJ nº 31 da SBDI-1 - inserida em

14.03.1994)

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 246
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

A presente Reclamação foi ajuizada em 21/05/2019, portanto em

momento posterior à reforma trabalhista decorrente da Lei nº

13.467/17, cuja vigência iniciou em 11/11/2017.

A Origem não pronunciou a prescrição. Não houve recurso acerca

da matéria.

Consta na inicial que a Reclamante foi admitida em 21/07/2014, na

função de costureira. Conforme termo de rescisão, foi dispensada

sem justa causa em 30/04/2019, tendo por última remuneração o

importe de R$1.099,10 (mil e noventa e nove reais e dez centavos).

Aduziu que a Reclamada entrou em recuperação judicial e rescindiu

o contrato dos seus 189 (cento e oitenta e nove) empregados, sem

pagar os haveres rescisórios.

Pugnou pela condenação da Reclamada no pagamento de verbas

rescisórias (aviso prévio, 13º salários, férias+1/3, multa fundiária),

FGTS em atraso, multa do art. 467 da CLT e retificação da carteira

2.2. MÉRITO de trabalho.

A Origem, por meio da decisão à fl. 51, deferiu tutela antecipada de

urgência a fim de autorizar a habilitação da autora no seguro

desemprego e o levantamento do FGTS.

Conforme certidão à fl. 55, no dia 24/05/2019 a Reclamada foi

notificada da audiência designada para o dia 10/09/2019.

No entanto, consoante se extrai da ata de audiência à fl. 57, a

Reclamada não se fez presente ao ato, e tampouco apresentou

defesa escrita, tendo o MM. Juízo feito os seguintes registros:

(...)

2.2.1. MASSA FALIDA. NULIDADE POR AUSÊNCIA DE Ausente a reclamada INCOVEL INDUSTRIA E COMERCIO DE

INTIMAÇÃO DO ADMINISTRADOR JUDICIAL. NÃO VESTUARIO S/A e seu advogado.

CONFIGURAÇÃO. CITAÇÃO EM MOMENTO ANTERIOR À

DECRETAÇÃO DA FALÊNCIA A empresa INCOVEL Indústria e Comércio de Vestuário S/A.

Informou, nos autos do processo n.º 0000456-52.2019.5.17.0141,

"Extensivo a TODOS os demais [processos] em curso", que o Juízo

da 2.ª Vara Cível de Colatina-ES, em 08-08-2019, prolatou sentença

nos autos do processo n.º 0014246-72.2014.8.08.0014, convolando

a recuperação judicial da referida empresa em falência, designando

como administradora judicial da massa falida a empresa Capital

Administradora Judicial Ltda., com endereço na rua Sílvia n.º 110,

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 247
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

4.º andar, conjunto 52, Bela Vista, São Paulo-SP, CEP 01331-040. adimplir as parcelas trabalhistas decorrentes da extinção do

Sendo assim, determino a inserção de alerta, a fim de fazer constar contrato de trabalho de seus empregados.

que se trata de Massa Falida, representada administradora judicial

Capital Administradora Judicial Ltda, sob a responsabilidade técnica Em razões recursais, a Reclamada arguiu a nulidade dos atos

do Dr. Luis Cláudio Montoro Mendes, CPF 146.964.768-04, o qual praticados por falta de intimação do administrador judicial, ou fosse

deverá ser cadastrado como procurador/terceiro interessado, para afastada a revelia decretada.

fins de intimações.

Sem razão.

Em sentença, o MM. Juízo decretou a revelia da Reclamada,

adotando os seguintes fundamentos: Com efeito, não há dúvida que a massa falida é representada

judicialmente pelo o administrador judicial (art. 75, I do Código de

A INCOVEL Indústria e Comércio de Vestuário foi regular e Processo Civil), nomeado pelo Juízo Falimentar.

validamente citada para comparecer à audiência previamente

designada, para fins de oferecer resposta à ação proposta pela Assim dispõe o art. 76 da Lei 11.101/05:

reclamante, ficando ciente de que o não comparecimento importaria

na decretação da revelia, além de confissão quanto à matéria de Art. 76. O juízo da falência é indivisível e competente para conhecer

fato, nos termos do que dispõe o artigo 844, da CLT. No entanto, todas as ações sobre bens, interesses e negócios do falido,

fez-se ausente, sem justificativa, configurando o instituto da revelia, ressalvadas as causas trabalhistas, fiscais e aquelas não reguladas

de modo que se presumem verdadeiros os fatos alegados na nesta Lei em que o falido figurar como autor ou litisconsorte ativo.

petição inicial.

Parágrafo único. Todas as ações, inclusive as excetuadas no caput

É percuciente destacar que nos autos do processo n.º 0000456- deste artigo, terão prosseguimento com o administrador judicial, que

52.2019.5.17.0141 a ora reclamada prestou informação, "extensiva deverá ser intimado para representar a massa falida, sob pena de

a todos os demais processos em curso" nos quais figura como nulidade do processo.

parte, que no dia 08-08-2019 o Juízo da 2.ª Vara Cível de Colatina-

ES prolatou sentença nos autos do processo n.º 0014246- No entanto, o dispositivo acima somente é aplicável quando já

72.2014.8.08.0014, convolando a recuperação judicial da INCOVEL decretada a falência.

em falência e designando como administradora judicial da massa

falida a empresa Capital Administradora Judicial Ltda., sob a É somente a partir daquele momento, qual seja, decretação da

responsabilidade técnica do Dr. Luís Claudio Montoro Mendes - falência, que há o afastamento do devedor das suas atividades.

OAB/SP 150.485. Nada obstante, consigno que tanto a citação Portanto, anteriormente à decretação, presume-se que o devedor

quanto a intimação da reclamada acerca da antecipação da estava atuando em conformidade com a preservação da utilização

audiência inaugural concretizaram-se em datas anteriores à produtiva dos bens da empresa.

decretação da falência, de modo que não se pode cogitar de

nulidade de tais atos processuais, aptos, portanto, a gerar os efeitos Tanto é assim que a própria lei de falências é expressa em

que lhe são próprios. asseverar que "na convolação da recuperação em falência, os atos

de administração, endividamento, oneração ou alienação praticados

Destarte, por força do artigo 844, da CLT e à míngua de qualquer durante a recuperação judicial presumem-se válidos, desde que

elemento de prova que tenha vindo aos autos, capaz de elidir as realizados na forma desta Lei"(art. 74).

parcelas de natureza trabalhista formuladas na petição, impõe-se a

procedência dos pedidos obreiros concernentes às diferenças Por conseguinte, plenamente válida e eficaz a citação da pessoa

salariais e verbas decorrentes da rescisão do contrato de trabalho. jurídica antes da decretação da falência.

Destaco, ainda, que em diversas ações anteriores a INCOVEL

apresentou resposta relatando que em razão às sérias dificuldades, Como já mencionado, a citação nos presentes autos ocorreu em

houve encerramento de suas encerrou suas atividades, culminando 24/05/2019.

com a decretação da falência, não dispondo de recursos para

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 248
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

A sentença proferida pela 2ª Vara Cível de Colatina-ES convolou

em falência a recuperação judicial da Reclamada em 08/08/2019,

tendo o administrador judicial assinado o termo de compromisso no

dia 12/08/2019.

Portanto, não cabe ao Estado suportar o ônus processual

decorrente do descumprimento de ato judicial praticado na forma

prevista em lei. A presente Reclamação foi ajuizada em 21/05/2019, portanto em

momento posterior à reforma trabalhista decorrente da Lei nº

O art. 841, §1º da CLT é cristalino: 13.467/17, cuja vigência iniciou em 11/11/2017.

Art. 841 - Recebida e protocolada a reclamação, o escrivão ou A Origem não pronunciou a prescrição. Não houve recurso acerca

secretário, dentro de 48 (quarenta e oito) horas, remeterá a da matéria.

segunda via da petição, ou do termo, ao reclamado, notificando-o

ao mesmo tempo, para comparecer à audiência do julgamento, que Em razões recursais, a Reclamada postulou a condenação da

será a primeira desimpedida, depois de 5 (cinco) dias. Reclamante no pagamento de honorários de sucumbência, tendo

em vista que foi julgado improcedente o pedido de condenação no

§ 1º - A notificação será feita em registro postal com franquia. Se o pagamento da multa do art. 467 da CLT.

reclamado criar embaraços ao seu recebimento ou não for

encontrado, far-se-á a notificação por edital, inserto no jornal oficial Sem razão.

ou no que publicar o expediente forense, ou, na falta, afixado na

sede da Junta ou Juízo. De fato, a Origem julgou improcedente o pedido de condenação no

pagamento da multa do art. 467 da CLT.

Ou seja, a Reclamada, que não se encontrava no estado falimentar,

já havia sido convocada para integrar a relação processual, tendo o No entanto, veja-se que a reclamação foi ajuizada em 21/05/2019, e

ato induzido a litispendência, tornado litigiosa a coisa e constituída a falência da Reclamada somente foi decretada em 08/08/2019.

em mora, efeitos que não se alteram pela superveniente convolação

da recuperação judicial em falência. A r. sentença foi cristalina em asseverar que a multa se revelou

indevida em razão de a audiência ter ocorrido após a decretação da

Portanto, reputa-se correta a sentença, diante da ausência falência, nesses termos:

injustificada da Reclamada em audiência, sequer tendo apresentado

defesa escrita, decretado a revelia e aplicado a pena de confissão, Noutro vértice, entendo que não é devida a multa prevista no artigo

na forma do art. 844 da CLT. 467, da CLT. Com efeito, conquanto o contrato de trabalho objeto

destes autos tenha sido extinto antes da decretação da falência da

Nega-se provimento. INCOVEL, a audiência (única) realizada neste processo ocorreu em

data posterior à decretação da falência, quando a empresa não

mais dispunha de condições de movimentar livremente seus

recursos financeiros, não podendo, assim, ser cominada com a

referida sanção pecuniária em razão da nítida restrição à sua

disponibilidade patrimonial, pois à época do seu comparecimento à

audiência não mais podia realizar pagamentos fora do juízo

universal da falência (Lei n.º 11.101/2005, art. 99, inc. VI). Portanto,

indefiro o pedido de pagamento da multa prevista no artigo 467, da

CLT.

2.2.2. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

Veja-se, portanto, que a improcedência do pedido decorreu de fato

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 249
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

superveniente, completamente superior às forças do autor e ao

próprio momento em que ajuizada a Reclamação, de modo que a

caracterizar sucumbência da parte mínima do pedido, na forma do

art. 86 do Código de Processo Civil, a saber: Acordam os Magistrados da 1ª Turma do Tribunal Regional do

Trabalho da 17ª Região, na Sessão Ordinária realizada no dia 03 de

Art. 86. Se cada litigante for, em parte, vencedor e vencido, serão dezembro de 2019, às 13 horas e 30 minutos, sob a Presidência do

proporcionalmente distribuídas entre eles as despesas. Exmo. Desembargador Cláudio Armando Couce de Menezes, com

a participação do Exmo. Desembargador Mário Ribeiro Cantarino

Parágrafo único. Se um litigante sucumbir em parte mínima do Neto e do Exmo. Desembargador José Carlos Rizk, e presente o

pedido, o outro responderá, por inteiro, pelas despesas e pelos Procurador Regional do Trabalho, Dr. Levi Scatolin; por

honorários. unanimidade, dispensar a Reclamada da obrigação de proceder ao

recolhimento das custas e depósito recursal, na forma da súmula nº

Portanto, correta a fixação dos honorários de sucumbência nos 86 do Tribunal Superior do Trabalho; conhecer do recurso ordinário

presentes autos, não havendo falar em sua reforma. da Reclamada e, no mérito, por maioria, negar-lhe provimento.

Vencido, quanto à nulidade de citação, o Exmo. Desembargador

Nega-se provimento. Mário Ribeiro Cantarino Neto. Mantido o valor da condenação.

Manifestação do Ministério Público pelo conhecimento e não

provimento do recurso.

3. ACÓRDÃO

DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK

Relator

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 250
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Acórdão
Processo Nº RORSum-0000549-15.2019.5.17.0141
Relator JOSE CARLOS RIZK
RECORRENTE INCOVEL INDUSTRIA E COMERCIO
DE VESTUARIO S/A
ADVOGADO PATRICIA DE OLIVEIRA
TRENTIN(OAB: 25798/ES)
1. RELATÓRIO
ADVOGADO ANA PAULA ARAGAO DOS
SANTOS(OAB: 25761/ES)
RECORRIDO DIANA CARMO DE FREITAS
ADVOGADO DAVID GUERRA FELIPE(OAB:
4211/ES)

Intimado(s)/Citado(s):
- DIANA CARMO DE FREITAS

PODER JUDICIÁRIO
A presente Reclamação foi ajuizada em 21/05/2019, portanto em
JUSTIÇA DO TRABALHO
momento posterior à reforma trabalhista decorrente da Lei nº

13.467/17, cuja vigência iniciou em 11/11/2017.

A Origem não pronunciou a prescrição. Não houve recurso acerca

da matéria.

PROCESSO nº 0000549-15.2019.5.17.0141 (RORSum) Trata-se de recurso ordinário interposto pela Reclamada em face da

r. sentença que julgou parcialmente procedentes os pedidos,

RECORRENTES: MASSA FALIDA DE INCOVEL INDUSTRIA E condenando no pagamento das verbas rescisórias e obrigação de

COMERCIO DE VESTUARIO S/A fazer consistente na retificação da carteira de trabalho da autora.

RECORRIDO: DIANA CARMO DE FREITAS Razões recursais da Reclamada, arguindo a nulidade do processo

por ausência de intimação do administrador judicial, decretação da

ORIGEM: VARA DO TRABALHO DE COLATINA-ES - ES revelia, honorários de sucumbência e pleiteou a concessão do

benefício da justiça gratuita.

RELATOR: DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK


Não houve recolhimento de custas e realização do depósito

COMPETÊNCIA: 1ª TURMA recursal.

É o relatório.

2. FUNDAMENTAÇÃO

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 251
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

gratuita, por não ter condições de arcar com as custas processuais.

Pois bem.

Trata-se de recurso interposto por massa falida.

A Lei nº 13.467/2017, com vigência em 11/11/2017 estabeleceu

expressamente a isenção do depósito recursal aos beneficiários da

justiça gratuita bem como às empresas em recuperação judicial, nos

termos do novel § 10, do art. 899, da CLT:

§ 10. São isentos do depósito recursal os beneficiários da justiça

gratuita, as entidades filantrópicas e as empresas em recuperação

2.1. CONHECIMENTO judicial.

Registre-se, por oportuno, que o C. TST já se manifestou

expressamente acerca da aplicabilidade do dispositivo em questão

(conforme IN 41/18), estipulando, como marco temporal, a data da

sentença (na espécie, dia 03/04/2019), senão vejamos:

Art. 20. As disposições contidas nos §§ 4º, 9º, 10 e 11 do artigo 899

da CLT, com a redação dada pela Lei nº 13.467/2017, serão

observadas para os recursos interpostos contra as decisões

proferidas a partir de 11 de novembro de 2017

Paralelamente, quem pode o mais, pode o menos. Se a lei isentou a

empresa em recuperação judicial de proceder ao depósito recursal,

o mesmo tratamento deve ser concedido à massa falida, dada a

2.1.1. BENEFÍCIO DA JUSTIÇA GRATUITA. MASSA FALIDA. condição mais gravosa.

CUSTAS E DEPÓSITO RECURSAL

Pertinente, portanto, a primeira parte da Súmula nº 86 do Tribunal

Superior do Trabalho:

Súmula nº 86 do TST

DESERÇÃO. MASSA FALIDA. EMPRESA EM LIQUIDAÇÃO

EXTRAJUDICIAL (incorporada a Orientação Jurisprudencial nº 31

da SBDI-1) - Res. 129/2005,DJ 20, 22 e 25.04.2005

A presente Reclamação foi ajuizada em 21/05/2019, portanto em

momento posterior à reforma trabalhista decorrente da Lei nº Não ocorre deserção de recurso da massa falida por falta de

13.467/17, cuja vigência iniciou em 11/11/2017. pagamento de custas ou de depósito do valor da condenação. Esse

privilégio, todavia, não se aplica à empresa em liquidação

A Origem não pronunciou a prescrição. Não houve recurso acerca extrajudicial. (primeira parte - ex-Súmula nº 86 - RA 69/78, DJ

da matéria. 26.09.1978;segunda parte - ex-OJ nº 31 da SBDI-1 - inserida em

14.03.1994)

Pugnou a Reclamada pela concessão do benefício da justiça

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 252
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Nesse sentido, também dispõe o Código de Processo Civil,

aplicável ao processo do trabalho por força do art. 769 da CLT.

Vejamos:

Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com

insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas

processuais e os honorários advocatícios tem direito à gratuidade

da justiça, na forma da lei.

§ 1o A gratuidade da justiça compreende:

[...]

VIII - os depósitos previstos em lei para interposição de recurso,

para propositura de ação e para a prática de outros atos

processuais inerentes ao exercício da ampla defesa e do

contraditório;

(sem grifos no original)

2.2. MÉRITO

Ademais, entende-se que o direito público subjetivo outorgado pela

Lei n. 1.060/50, pelo art. 790, §3º, da CLT e pela Constituição

Federal deve ser amplo, abrangendo todos aqueles que

comprovarem insuficiência de recursos.

No presente caso, a recorrente comprovou que, no momento da

interposição do apelo, a falência já havia sido decretada, o que

demonstra que, in casu, não tem condições de arcar com as

despesas do processo.

Dispensa-se a Reclamada da obrigação de proceder ao

recolhimento das custas e depósito recursal, na forma da súmula nº

86 do Tribunal Superior do Trabalho.

Conhece-se do recurso ordinário da Reclamada, porquanto 2.2.1. MASSA FALIDA. NULIDADE POR AUSÊNCIA DE

preenchidos os pressupostos de admissibilidade. INTIMAÇÃO DO ADMINISTRADOR JUDICIAL. NÃO

CONFIGURAÇÃO. CITAÇÃO EM MOMENTO ANTERIOR À

DECRETAÇÃO DA FALÊNCIA

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Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

A presente Reclamação foi ajuizada em 21/05/2019, portanto em Sendo assim, determino a inserção de alerta, a fim de fazer constar

momento posterior à reforma trabalhista decorrente da Lei nº que se trata de Massa Falida, representada administradora judicial

13.467/17, cuja vigência iniciou em 11/11/2017. Capital Administradora Judicial Ltda, sob a responsabilidade técnica

do Dr. Luis Cláudio Montoro Mendes, CPF 146.964.768-04, o qual

A Origem não pronunciou a prescrição. Não houve recurso acerca deverá ser cadastrado como procurador/terceiro interessado, para

da matéria. fins de intimações.

Consta na inicial que a Reclamante foi admitida em 21/07/2014, na Em sentença, o MM. Juízo decretou a revelia da Reclamada,

função de costureira. Conforme termo de rescisão, foi dispensada adotando os seguintes fundamentos:

sem justa causa em 30/04/2019, tendo por última remuneração o

importe de R$1.099,10 (mil e noventa e nove reais e dez centavos). A INCOVEL Indústria e Comércio de Vestuário foi regular e

validamente citada para comparecer à audiência previamente

Aduziu que a Reclamada entrou em recuperação judicial e rescindiu designada, para fins de oferecer resposta à ação proposta pela

o contrato dos seus 189 (cento e oitenta e nove) empregados, sem reclamante, ficando ciente de que o não comparecimento importaria

pagar os haveres rescisórios. na decretação da revelia, além de confissão quanto à matéria de

fato, nos termos do que dispõe o artigo 844, da CLT. No entanto,

Pugnou pela condenação da Reclamada no pagamento de verbas fez-se ausente, sem justificativa, configurando o instituto da revelia,

rescisórias (aviso prévio, 13º salários, férias+1/3, multa fundiária), de modo que se presumem verdadeiros os fatos alegados na

FGTS em atraso, multa do art. 467 da CLT e retificação da carteira petição inicial.

de trabalho.

É percuciente destacar que nos autos do processo n.º 0000456-

A Origem, por meio da decisão à fl. 51, deferiu tutela antecipada de 52.2019.5.17.0141 a ora reclamada prestou informação, "extensiva

urgência a fim de autorizar a habilitação da autora no seguro a todos os demais processos em curso" nos quais figura como

desemprego e o levantamento do FGTS. parte, que no dia 08-08-2019 o Juízo da 2.ª Vara Cível de Colatina-

ES prolatou sentença nos autos do processo n.º 0014246-

Conforme certidão à fl. 55, no dia 24/05/2019 a Reclamada foi 72.2014.8.08.0014, convolando a recuperação judicial da INCOVEL

notificada da audiência designada para o dia 10/09/2019. em falência e designando como administradora judicial da massa

falida a empresa Capital Administradora Judicial Ltda., sob a

No entanto, consoante se extrai da ata de audiência à fl. 57, a responsabilidade técnica do Dr. Luís Claudio Montoro Mendes -

Reclamada não se fez presente ao ato, e tampouco apresentou OAB/SP 150.485. Nada obstante, consigno que tanto a citação

defesa escrita, tendo o MM. Juízo feito os seguintes registros: quanto a intimação da reclamada acerca da antecipação da

audiência inaugural concretizaram-se em datas anteriores à

(...) decretação da falência, de modo que não se pode cogitar de

nulidade de tais atos processuais, aptos, portanto, a gerar os efeitos

Ausente a reclamada INCOVEL INDUSTRIA E COMERCIO DE que lhe são próprios.

VESTUARIO S/A e seu advogado.

Destarte, por força do artigo 844, da CLT e à míngua de qualquer

A empresa INCOVEL Indústria e Comércio de Vestuário S/A. elemento de prova que tenha vindo aos autos, capaz de elidir as

Informou, nos autos do processo n.º 0000456-52.2019.5.17.0141, parcelas de natureza trabalhista formuladas na petição, impõe-se a

"Extensivo a TODOS os demais [processos] em curso", que o Juízo procedência dos pedidos obreiros concernentes às diferenças

da 2.ª Vara Cível de Colatina-ES, em 08-08-2019, prolatou sentença salariais e verbas decorrentes da rescisão do contrato de trabalho.

nos autos do processo n.º 0014246-72.2014.8.08.0014, convolando Destaco, ainda, que em diversas ações anteriores a INCOVEL

a recuperação judicial da referida empresa em falência, designando apresentou resposta relatando que em razão às sérias dificuldades,

como administradora judicial da massa falida a empresa Capital houve encerramento de suas encerrou suas atividades, culminando

Administradora Judicial Ltda., com endereço na rua Sílvia n.º 110, com a decretação da falência, não dispondo de recursos para

4.º andar, conjunto 52, Bela Vista, São Paulo-SP, CEP 01331-040. adimplir as parcelas trabalhistas decorrentes da extinção do

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contrato de trabalho de seus empregados. em falência a recuperação judicial da Reclamada em 08/08/2019,

tendo o administrador judicial assinado o termo de compromisso no

Em razões recursais, a Reclamada arguiu a nulidade dos atos dia 12/08/2019.

praticados por falta de intimação do administrador judicial, ou fosse

afastada a revelia decretada. Portanto, não cabe ao Estado suportar o ônus processual

decorrente do descumprimento de ato judicial praticado na forma

Sem razão. prevista em lei.

Com efeito, não há dúvida que a massa falida é representada O art. 841, §1º da CLT é cristalino:

judicialmente pelo o administrador judicial (art. 75, I do Código de

Processo Civil), nomeado pelo Juízo Falimentar. Art. 841 - Recebida e protocolada a reclamação, o escrivão ou

secretário, dentro de 48 (quarenta e oito) horas, remeterá a

Assim dispõe o art. 76 da Lei 11.101/05: segunda via da petição, ou do termo, ao reclamado, notificando-o

ao mesmo tempo, para comparecer à audiência do julgamento, que

Art. 76. O juízo da falência é indivisível e competente para conhecer será a primeira desimpedida, depois de 5 (cinco) dias.

todas as ações sobre bens, interesses e negócios do falido,

ressalvadas as causas trabalhistas, fiscais e aquelas não reguladas § 1º - A notificação será feita em registro postal com franquia. Se o

nesta Lei em que o falido figurar como autor ou litisconsorte ativo. reclamado criar embaraços ao seu recebimento ou não for

encontrado, far-se-á a notificação por edital, inserto no jornal oficial

Parágrafo único. Todas as ações, inclusive as excetuadas no caput ou no que publicar o expediente forense, ou, na falta, afixado na

deste artigo, terão prosseguimento com o administrador judicial, que sede da Junta ou Juízo.

deverá ser intimado para representar a massa falida, sob pena de

nulidade do processo. Ou seja, a Reclamada, que não se encontrava no estado falimentar,

já havia sido convocada para integrar a relação processual, tendo o

No entanto, o dispositivo acima somente é aplicável quando já ato induzido a litispendência, tornado litigiosa a coisa e constituída

decretada a falência. em mora, efeitos que não se alteram pela superveniente convolação

da recuperação judicial em falência.

É somente a partir daquele momento, qual seja, decretação da

falência, que há o afastamento do devedor das suas atividades. Portanto, reputa-se correta a sentença, diante da ausência

Portanto, anteriormente à decretação, presume-se que o devedor injustificada da Reclamada em audiência, sequer tendo apresentado

estava atuando em conformidade com a preservação da utilização defesa escrita, decretado a revelia e aplicado a pena de confissão,

produtiva dos bens da empresa. na forma do art. 844 da CLT.

Tanto é assim que a própria lei de falências é expressa em Nega-se provimento.

asseverar que "na convolação da recuperação em falência, os atos

de administração, endividamento, oneração ou alienação praticados

durante a recuperação judicial presumem-se válidos, desde que

realizados na forma desta Lei"(art. 74).

Por conseguinte, plenamente válida e eficaz a citação da pessoa

jurídica antes da decretação da falência.

Como já mencionado, a citação nos presentes autos ocorreu em

24/05/2019. 2.2.2. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

A sentença proferida pela 2ª Vara Cível de Colatina-ES convolou

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próprio momento em que ajuizada a Reclamação, de modo que a

caracterizar sucumbência da parte mínima do pedido, na forma do

art. 86 do Código de Processo Civil, a saber:

Art. 86. Se cada litigante for, em parte, vencedor e vencido, serão

proporcionalmente distribuídas entre eles as despesas.

A presente Reclamação foi ajuizada em 21/05/2019, portanto em

momento posterior à reforma trabalhista decorrente da Lei nº Parágrafo único. Se um litigante sucumbir em parte mínima do

13.467/17, cuja vigência iniciou em 11/11/2017. pedido, o outro responderá, por inteiro, pelas despesas e pelos

honorários.

A Origem não pronunciou a prescrição. Não houve recurso acerca

da matéria. Portanto, correta a fixação dos honorários de sucumbência nos

presentes autos, não havendo falar em sua reforma.

Em razões recursais, a Reclamada postulou a condenação da

Reclamante no pagamento de honorários de sucumbência, tendo Nega-se provimento.

em vista que foi julgado improcedente o pedido de condenação no

pagamento da multa do art. 467 da CLT.

Sem razão.

De fato, a Origem julgou improcedente o pedido de condenação no

pagamento da multa do art. 467 da CLT.

No entanto, veja-se que a reclamação foi ajuizada em 21/05/2019, e

a falência da Reclamada somente foi decretada em 08/08/2019.

A r. sentença foi cristalina em asseverar que a multa se revelou

indevida em razão de a audiência ter ocorrido após a decretação da

falência, nesses termos:

3. ACÓRDÃO

Noutro vértice, entendo que não é devida a multa prevista no artigo

467, da CLT. Com efeito, conquanto o contrato de trabalho objeto

destes autos tenha sido extinto antes da decretação da falência da

INCOVEL, a audiência (única) realizada neste processo ocorreu em

data posterior à decretação da falência, quando a empresa não

mais dispunha de condições de movimentar livremente seus

recursos financeiros, não podendo, assim, ser cominada com a

referida sanção pecuniária em razão da nítida restrição à sua

disponibilidade patrimonial, pois à época do seu comparecimento à

audiência não mais podia realizar pagamentos fora do juízo

universal da falência (Lei n.º 11.101/2005, art. 99, inc. VI). Portanto,

indefiro o pedido de pagamento da multa prevista no artigo 467, da

CLT.

Veja-se, portanto, que a improcedência do pedido decorreu de fato

superveniente, completamente superior às forças do autor e ao

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Acórdão
Processo Nº AP-0001133-24.2018.5.17.0010
Relator JOSE CARLOS RIZK
Acordam os Magistrados da 1ª Turma do Tribunal Regional do AGRAVANTE FUNDACAO PETROBRAS DE
SEGURIDADE SOCIAL PETROS
Trabalho da 17ª Região, na Sessão Ordinária realizada no dia 03 de ADVOGADO CARLOS FERNANDO DE SIQUEIRA
CASTRO(OAB: 12288/ES)
dezembro de 2019, às 13 horas e 30 minutos, sob a Presidência do
ADVOGADO CARLOS ROBERTO DE SIQUEIRA
Exmo. Desembargador Cláudio Armando Couce de Menezes, com CASTRO(OAB: 20283/RJ)
AGRAVADO CARLOS DELIO RANGEL
a participação do Exmo. Desembargador Mário Ribeiro Cantarino
ADVOGADO LARISSA PORTUGAL GUIMARAES
Neto e do Exmo. Desembargador José Carlos Rizk, e presente o AMARAL VASCONCELOS(OAB:
9542/ES)
Procurador Regional do Trabalho, Dr. Levi Scatolin; por AGRAVADO PETROLEO BRASILEIRO S A
PETROBRAS
unanimidade, dispensar a Reclamada da obrigação de proceder ao
ADVOGADO AUGUSTO CARLOS LAMEGO
recolhimento das custas e depósito recursal, na forma da súmula nº JUNIOR(OAB: 17514/ES)

86 do Tribunal Superior do Trabalho; conhecer do recurso ordinário


Intimado(s)/Citado(s):
da Reclamada e, no mérito, por maioria, negar-lhe provimento. - FUNDACAO PETROBRAS DE SEGURIDADE SOCIAL
PETROS
Vencido, quanto à nulidade de citação, o Exmo. Desembargador

Mário Ribeiro Cantarino Neto. Mantido o valor da condenação.

Manifestação do Ministério Público pelo conhecimento e não

provimento do recurso. PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA DO TRABALHO

PROCESSO nº 0001133-24.2018.5.17.0010 (AP)

AGRAVANTE: FUNDACAO PETROBRAS DE SEGURIDADE

SOCIAL - PETROS

AGRAVADO: CARLOS DELIO RANGEL; PETROLEO

BRASILEIRO S A PETROBRAS
DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK

ORIGEM: 10ª VARA DO TRABALHO DE VITÓRIA-ES


Relator

RELATOR: DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK

COMPETÊNCIA: 1ª TURMA

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Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Brasileiro S/A Petrobrás e Fundação Petrobrás de Seguridade

Social PETROS, que reconheceu a natureza salarial da parcela

PL/DL-1971.

A presente execução, definitiva, foi ajuizada em 19/11/2018,

EMENTA portanto em momento posterior à reforma trabalhista decorrente da

Lei nº 13.467/17, cuja vigência iniciou em 11/11/2017.

A Origem não pronunciou a prescrição. Não houve recurso nesse

aspecto.

A 2ª Reclamada (Petros) interpôs agravo de petição, em face da r.

sentença, que rejeitou as preliminares de incompetência da Justiça

do Trabalho, ilegitimidade ativa, afastou a arguição de prescrição e

AGRAVO DE PETIÇÃO DA 2ª EXECUTADA (PETROS). julgou procedente o pedido para condenar as Reclamadas no

NULIDADE DA CITAÇÃO. O desrespeito às regras procedimentais pagamento das diferenças de suplementação de aposentadoria

de utilização do PJ-e implicam em prejuízo da própria lei incidentes sobre a parcela PL/DL 1971.

processual, já que reduzem em maior ou menor grau o exercício

substancial do contraditório e da ampla defesa, de qualquer forma Minuta de agravo da PETROS, suscitando preliminar de nulidade da

afetando o devido processo legal. No caso dos autos, não há dúvida sentença por nulidade da citação.

que a habilitação de advogado no processo sem ao menos haver

um requerimento nesse sentido é suficientemente capaz de tornar Contraminuta da PETROBRÁS, manifestando pelo provimento do

nulo o ato citatório e os posteriores. agravo interposto.

O exequente não apresentou contraminuta.

É o relatório.

1. RELATÓRIO

2. FUNDAMENTAÇÃO

Trata-se de execução individual de sentença genérica proferida na

ação coletiva de nº 0059100-37.2012.5.17.0010, ajuizado pelo

Sindicato dos Petroleiros do Espírito Santo em face Petróleo

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 258
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

2.1. CONHECIMENTO

Trata-se de execução individual de sentença genérica proferida na

ação coletiva de nº 0059100-37.2012.5.17.0010, ajuizado pelo

Sindicato dos Petroleiros do Espírito Santo em face Petróleo

Brasileiro S/A Petrobrás e Fundação Petrobrás de Seguridade

Social PETROS, que reconheceu a natureza salarial da parcela

PL/DL-1971.

2.2. MÉRITO

A presente execução, definitiva, foi ajuizada em 19/11/2018,

portanto em momento posterior à reforma trabalhista decorrente da

Lei nº 13.467/17, cuja vigência iniciou em 11/11/2017.

A Origem não pronunciou a prescrição. Não houve recurso nesse

aspecto.

Conhece-se do agravo de petição interposto pela PETROS,

porquanto preenchidos os pressupostos de admissibilidade.

2.2.1. NULIDADE DA CITAÇÃO

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 259
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

SOCIAL - PETROS e PETRÓLEO BRASILEIRO S.A PETROBRÁS,

e como intimado/citados o exequente CARLOS DELIO RANGEL.

Saliente-se que não houve qualquer publicação em nome dos

advogados das Reclamadas.

No dia 24/01/2019 a PETROBRÁS apresentou atos constitutivos,

procuração e peça de defesa.

Trata-se de execução individual de sentença genérica proferida na

ação coletiva de nº 0059100-37.2012.5.17.0010, ajuizado pelo Não houve qualquer resposta por parte da PETROS.

Sindicato dos Petroleiros do Espírito Santo em face Petróleo

Brasileiro S/A Petrobrás e Fundação Petrobrás de Seguridade No dia 12/02/2019 foi expedida nova notificação, reiterando a

Social PETROS, que reconheceu a natureza salarial da parcela determinação anterior, qual seja, a citação das Reclamadas acerca

PL/DL-1971. da presente execução.

A presente execução, definitiva, foi ajuizada em 19/11/2018, Tal notificação foi publicada no dia 13/02/2019. Em sua divulgação,

portanto em momento posterior à reforma trabalhista decorrente da no dia 12/02/2019, constou como executados FUNDAÇÃO

Lei nº 13.467/17, cuja vigência iniciou em 11/11/2017. PETROBRÁS DE SEGURIDADE SOCIAL - PETROS e PETRÓLEO

BRASILEIRO S.A PETROBRÁS, e como intimado/citados,

A Origem não pronunciou a prescrição. Não houve recurso nesse unicamente, PETRÓLEO BRASILEIRO S.A PETROBRÁS.

aspecto.

Nessa notificação houve inclusão do nome do advogado da

Em minuta de agravo, a 2ª Executada (Petros) suscitou preliminar PETROBRÁS, o que seria natural tendo em vista que apresentada

de nulidade da citação. procuração outorgando poderes.

Aduziu que a intimação em nome do procurador da parte somente Em relação à PETROS, mesmo sem apresentação de atos

teria eficácia caso devidamente representado por procuração com constitutivos, procuração ou substabelecimento, houve inclusão do

poderes. nome do advogado CARLOS ROBERTO DE SIQUEIRA CASTRO

(OAB: 20283/RJ)

Afirmou que a Secretaria do Juízo de ofício cadastrou o Dr.

CARLOS ROBERTO DE SIQUEIRA CASTRO, sendo que inexistiria E foi certificado que em 27/02/2019 decorreu o prazo sem

por parte da Reclamada qualquer requerimento de credenciamento apresentação de contestação por parte da PETROS.

deste, e que houve ofensa à Resolução nº 185/2017 do Conselho

Superior da Justiça do Trabalho. Os autos foram à conclusão, e em 16/03/2019 foi proferido novo

despacho, determinando fosse certificado o decurso do prazo de

Pois bem. resposta concedido à PETROS e ao exequente quanto à defesa

apresentada pela PETROBRÁS.

Necessário um breve relato do ocorrido.

E referido despacho foi disponibilizado no Diário Eletrônico da

Por meio de consulta aos autos eletrônicos da 1ª Instância, verificou Justiça do Trabalho do dia 10/03/2019, constando como advogado

-se que no dia 06/01/2019 foi proferido despacho determinando a da PETROS, constando advogado CARLOS ROBERTO DE

citação das Reclamadas acerca da presente execução. SIQUEIRA CASTRO (OAB: 20283/RJ), mesmo sem qualquer

instrumento procuratório nos autos.

O referido despacho foi publicado no Diário Eletrônico da Justiça do

Trabalho em 23/01/2019. Em sua divulgação, no dia 22/01/2019, Foi proferida a sentença julgando procedentes os pedidos, tendo

constou executados FUNDAÇÃO PETROBRÁS DE SEGURIDADE sido certificado o decurso do prazo em 17/07/2019.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 260
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No dia 09/09/2019 a PETROS peticionou novamente nos autos,

Veja-se que em 11/07/2019 a PETROS peticionou nos autos reiterando o requerimento de nulidade ou "que sejam registrados

requerendo a habilitação nos autos e que todas as publicações e seus PROTESTOS fundamentados, lhe concedendo a oportunidade

intimações fossem feitas em nome do advogado CARLOS de apresentar as medidas cabíveis a fim de expurgar as nulidades

FERNANDO DE SIQUEIRA CASTRO (OAB/ES 12.288). supracitadas." (fl. 576).

E, no mesmo dia 11/07/2019, peticionou requerendo o chamamento Foi proferido novo despacho, mantendo os fundamentos do anterior

do feito à ordem, informando que teve conhecimento por acaso da e determinando a intimação das executadas para o cumprimento da

presente ação, sustentando que houve cadastramento indevido do obrigação. Publicado em 30/09/2019.

advogado CARLOS ROBERTO DE SIQUEIRA CASTRO (OAB:

20283/RJ), e, dessa forma, nulas as intimações publicadas em seu Razão assiste ao agravante.

nome, bem como nulos os atos face a ausência de expedição de

citação em nome da própria Ré FUNDACAO PETROBRAS DE Com efeito, sem qualquer valor a citação publicada no dia

SEGURIDADE SOCIAL PETROS. 23/01/2019, dado que apenas constou o nome das Reclamadas no

diário eletrônico, em manifesto descompasso com o art. 841 da

A Origem proferiu o seguinte despacho (fl. 571): CLT.

O despacho ID n. 991c953 determinou a citação das rés, O simples fato de uma das Reclamadas ter atendido o comando

PETROBRAS e PETROS. não significa que o ato foi válido em relação a todos os

destinatários.

Mesmo que juntada em momento posterior, a procuração outorgada

pela empresa PETROS confere ao advogado Carlos Roberto de E, muito embora o ato tenha sido novamente praticado, inclusive em

Siqueira Castro o poder específico para receber citações e duas outras ocasiões, conforme publicações no DEJT dos dias

intimações (alínea "a" da procuração ID n. 4258c6f p. 7). 13/02/2019 e 19/03/2019, houve a inclusão de advogado da qual

sequer houve requerimento de habilitação.

Nos termos do art. 242 do CPC, a citação será pessoal, podendo,

no entanto, ser feita na pessoa do representante legal ou do O art. 5º, §5º da Resolução 185/2017 do Conselho Superior da

procurador do réu, do executado ou do interessado. Justiça do Trabalho, que dispõe sobre a padronização do uso,

governança, infraestrutura e gestão do Sistema Processo Judicial

A citação da ré PETROS ocorreu, pelo Diário da Justiça, na pessoa Eletrônico (PJe) instalado na Justiça do Trabalho, assim preceitua

de seu advogado, que possui poderes específicos para receber no tocante à habilitação dos advogados:

citação.

Art. 5º O credenciamento dos advogados no PJe dar-se-á pela

Assim, nada há de irregular na citação realizada, nem nos demais identificação do usuário por meio de seu certificado digital e

atos processuais, evidentemente não contaminados pela remessa do formulário eletrônico disponibilizado no portal de acesso

insubsistente nulidade alegada. ao PJe, devidamente preenchido e assinado digitalmente.

Transcorrido in albis o prazo da sentença ID n. 3746744. Intimem-se (...)

as executadas para intime-se as devedoras para que cumpram as

obrigações nas quais restaram condenadas, no prazo de 15 dias, § 5º A habilitação nos autos eletrônicos para representação das

sob pena de imposição de multa de 10% e consequente penhora, partes, tanto no polo ativo como no polo passivo, efetivar-se-á

consoante disposto no art. 523 do NCPC. mediante requerimento específico de habilitação pelo advogado e

habilitando-se apenas aquele que peticionar, em qualquer grau de

O despacho supramencionado foi publicado no DEJT do dia jurisdição.

09/09/2019.

Coincidentemente o advogado cadastrado por ocasião das

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 261
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

publicações dos dias 13/02/2019 e 19/03/2019 possui poderes de específico de habilitação pelo advogado e habilitando-se apenas

representação da Reclamada (PETROS), conforme se extrai da aquele que peticionar".

procuração às fls. 569-570.

Dá-se provimento para declarar a nulidade dos atos praticados no

No entanto, tal circunstância não torna o ato válido. A prática processo desde a citação, determinando-se a remessa dos autos à

adotada não foi a correta e os seus efeitos não foram aqueles pela Origem, para que proceda à citação da PETROS, a reabertura da

norma. instrução e novo julgamento, como entender de direito.

Longe de pretender sobrepor ao Código de Processo Civil, o

dispositivo supramencionado foi concebido a fim de regulamentar e

padronizar a prática eletrônica de atos processuais conforme as

especificidades do Processo Judicial Eletrônico frente às

disposições de direito processual do trabalho e da Lei nº 13.105/15 -

Código de Processo Civil.

Dessa forma, o desrespeito a essas regras procedimentais de

utilização do PJ-e implicam em prejuízo da própria lei processual, já

que reduzem em maior ou menor grau o exercício substancial do

contraditório e da ampla defesa, de qualquer forma afetando o

devido processo legal.

No caso dos autos, não há dúvida que a habilitação de advogado no

processo sem ao menos haver um requerimento nesse sentido é

suficientemente capaz de tornar nulo o ato citatório e os posteriores.

Não somente a parte é surpresada, mas também o próprio

profissional, já que, mesmo constando no instrumento procuratório,

há uma norma uniformizadora previamente editada a ser observada,

que estabeleceu regras de utilização do sistema e padronizou o

comportamento processual de que a vinculação ao processo judicial

eletrônico depende de prévio requerimento específico de

habilitação.

Houve usurpação de uma competência não estabelecida em lei,

criando manifesto prejuízo a parte, que teve tolhido o seu direito de 3. ACÓRDÃO

resposta com a amplitude garantida em lei, submetendo ao risco de

sofrer reflexos sem o devido processo legal. Trata-se de nulidade

absoluta insanável.

Ademais, não bastasse a liberdade da parte de poder contratar

quem bem entender para defender seus interesses, também

constitui direito da parte escolher qual profissional, dentre uma

universalidade de profissionais constantes em um instrumento

procuratório, qual será o seu representante em determinado

processo, já que "para representação das partes, tanto no polo ativo

como no polo passivo, efetivar-se-á mediante requerimento

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 262
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Acórdão
Processo Nº AP-0001133-24.2018.5.17.0010
Relator JOSE CARLOS RIZK
AGRAVANTE FUNDACAO PETROBRAS DE
SEGURIDADE SOCIAL PETROS
ADVOGADO CARLOS FERNANDO DE SIQUEIRA
CASTRO(OAB: 12288/ES)
Acordam os Magistrados da 1ª Turma do Tribunal Regional do
ADVOGADO CARLOS ROBERTO DE SIQUEIRA
Trabalho da 17ª Região, na Sessão Ordinária realizada no dia 03 de CASTRO(OAB: 20283/RJ)
AGRAVADO CARLOS DELIO RANGEL
dezembro de 2019, às 13 horas e 30 minutos, sob a Presidência do
ADVOGADO LARISSA PORTUGAL GUIMARAES
Exmo. Desembargador Cláudio Armando Couce de Menezes, com AMARAL VASCONCELOS(OAB:
9542/ES)
a participação do Exmo. Desembargador José Carlos Rizk, do AGRAVADO PETROLEO BRASILEIRO S A
PETROBRAS
Exmo. Desembargador Mário Ribeiro Cantarino Neto, e presente o
ADVOGADO AUGUSTO CARLOS LAMEGO
Procurador Regional do Trabalho, Dr. Levi Scatolin, por JUNIOR(OAB: 17514/ES)

unanimidade, conhecer do agravo de petição da 2ª Executada


Intimado(s)/Citado(s):
(PETROS) e, no mérito, dar provimento ao apelo para declarar a - CARLOS DELIO RANGEL
nulidade dos atos praticados no processo desde a citação,

determinando-se a remessa dos autos à Origem, para que proceda

à citação da PETROS, a reabertura da instrução e novo julgamento,


PODER JUDICIÁRIO
como entender de direito.
JUSTIÇA DO TRABALHO

PROCESSO nº 0001133-24.2018.5.17.0010 (AP)

AGRAVANTE: FUNDACAO PETROBRAS DE SEGURIDADE

SOCIAL - PETROS

AGRAVADO: CARLOS DELIO RANGEL; PETROLEO

BRASILEIRO S A PETROBRAS
DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK

ORIGEM: 10ª VARA DO TRABALHO DE VITÓRIA-ES


Relator

RELATOR: DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK

COMPETÊNCIA: 1ª TURMA

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 263
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Trata-se de execução individual de sentença genérica proferida na

ação coletiva de nº 0059100-37.2012.5.17.0010, ajuizado pelo

Sindicato dos Petroleiros do Espírito Santo em face Petróleo

Brasileiro S/A Petrobrás e Fundação Petrobrás de Seguridade

Social PETROS, que reconheceu a natureza salarial da parcela

PL/DL-1971.

A presente execução, definitiva, foi ajuizada em 19/11/2018,

EMENTA portanto em momento posterior à reforma trabalhista decorrente da

Lei nº 13.467/17, cuja vigência iniciou em 11/11/2017.

A Origem não pronunciou a prescrição. Não houve recurso nesse

aspecto.

A 2ª Reclamada (Petros) interpôs agravo de petição, em face da r.

sentença, que rejeitou as preliminares de incompetência da Justiça

do Trabalho, ilegitimidade ativa, afastou a arguição de prescrição e

AGRAVO DE PETIÇÃO DA 2ª EXECUTADA (PETROS). julgou procedente o pedido para condenar as Reclamadas no

NULIDADE DA CITAÇÃO. O desrespeito às regras procedimentais pagamento das diferenças de suplementação de aposentadoria

de utilização do PJ-e implicam em prejuízo da própria lei incidentes sobre a parcela PL/DL 1971.

processual, já que reduzem em maior ou menor grau o exercício

substancial do contraditório e da ampla defesa, de qualquer forma Minuta de agravo da PETROS, suscitando preliminar de nulidade da

afetando o devido processo legal. No caso dos autos, não há dúvida sentença por nulidade da citação.

que a habilitação de advogado no processo sem ao menos haver

um requerimento nesse sentido é suficientemente capaz de tornar Contraminuta da PETROBRÁS, manifestando pelo provimento do

nulo o ato citatório e os posteriores. agravo interposto.

O exequente não apresentou contraminuta.

É o relatório.

1. RELATÓRIO

2. FUNDAMENTAÇÃO

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 264
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

2.1. CONHECIMENTO

Trata-se de execução individual de sentença genérica proferida na

ação coletiva de nº 0059100-37.2012.5.17.0010, ajuizado pelo

Sindicato dos Petroleiros do Espírito Santo em face Petróleo

Brasileiro S/A Petrobrás e Fundação Petrobrás de Seguridade

Social PETROS, que reconheceu a natureza salarial da parcela

PL/DL-1971.

2.2. MÉRITO

A presente execução, definitiva, foi ajuizada em 19/11/2018,

portanto em momento posterior à reforma trabalhista decorrente da

Lei nº 13.467/17, cuja vigência iniciou em 11/11/2017.

A Origem não pronunciou a prescrição. Não houve recurso nesse

aspecto.

Conhece-se do agravo de petição interposto pela PETROS,

porquanto preenchidos os pressupostos de admissibilidade.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 265
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

2.2.1. NULIDADE DA CITAÇÃO O referido despacho foi publicado no Diário Eletrônico da Justiça do

Trabalho em 23/01/2019. Em sua divulgação, no dia 22/01/2019,

constou executados FUNDAÇÃO PETROBRÁS DE SEGURIDADE

SOCIAL - PETROS e PETRÓLEO BRASILEIRO S.A PETROBRÁS,

e como intimado/citados o exequente CARLOS DELIO RANGEL.

Saliente-se que não houve qualquer publicação em nome dos

advogados das Reclamadas.

No dia 24/01/2019 a PETROBRÁS apresentou atos constitutivos,

procuração e peça de defesa.

Trata-se de execução individual de sentença genérica proferida na

ação coletiva de nº 0059100-37.2012.5.17.0010, ajuizado pelo Não houve qualquer resposta por parte da PETROS.

Sindicato dos Petroleiros do Espírito Santo em face Petróleo

Brasileiro S/A Petrobrás e Fundação Petrobrás de Seguridade No dia 12/02/2019 foi expedida nova notificação, reiterando a

Social PETROS, que reconheceu a natureza salarial da parcela determinação anterior, qual seja, a citação das Reclamadas acerca

PL/DL-1971. da presente execução.

A presente execução, definitiva, foi ajuizada em 19/11/2018, Tal notificação foi publicada no dia 13/02/2019. Em sua divulgação,

portanto em momento posterior à reforma trabalhista decorrente da no dia 12/02/2019, constou como executados FUNDAÇÃO

Lei nº 13.467/17, cuja vigência iniciou em 11/11/2017. PETROBRÁS DE SEGURIDADE SOCIAL - PETROS e PETRÓLEO

BRASILEIRO S.A PETROBRÁS, e como intimado/citados,

A Origem não pronunciou a prescrição. Não houve recurso nesse unicamente, PETRÓLEO BRASILEIRO S.A PETROBRÁS.

aspecto.

Nessa notificação houve inclusão do nome do advogado da

Em minuta de agravo, a 2ª Executada (Petros) suscitou preliminar PETROBRÁS, o que seria natural tendo em vista que apresentada

de nulidade da citação. procuração outorgando poderes.

Aduziu que a intimação em nome do procurador da parte somente Em relação à PETROS, mesmo sem apresentação de atos

teria eficácia caso devidamente representado por procuração com constitutivos, procuração ou substabelecimento, houve inclusão do

poderes. nome do advogado CARLOS ROBERTO DE SIQUEIRA CASTRO

(OAB: 20283/RJ)

Afirmou que a Secretaria do Juízo de ofício cadastrou o Dr.

CARLOS ROBERTO DE SIQUEIRA CASTRO, sendo que inexistiria E foi certificado que em 27/02/2019 decorreu o prazo sem

por parte da Reclamada qualquer requerimento de credenciamento apresentação de contestação por parte da PETROS.

deste, e que houve ofensa à Resolução nº 185/2017 do Conselho

Superior da Justiça do Trabalho. Os autos foram à conclusão, e em 16/03/2019 foi proferido novo

despacho, determinando fosse certificado o decurso do prazo de

Pois bem. resposta concedido à PETROS e ao exequente quanto à defesa

apresentada pela PETROBRÁS.

Necessário um breve relato do ocorrido.

E referido despacho foi disponibilizado no Diário Eletrônico da

Por meio de consulta aos autos eletrônicos da 1ª Instância, verificou Justiça do Trabalho do dia 10/03/2019, constando como advogado

-se que no dia 06/01/2019 foi proferido despacho determinando a da PETROS, constando advogado CARLOS ROBERTO DE

citação das Reclamadas acerca da presente execução. SIQUEIRA CASTRO (OAB: 20283/RJ), mesmo sem qualquer

instrumento procuratório nos autos.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 266
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

O despacho supramencionado foi publicado no DEJT do dia

Foi proferida a sentença julgando procedentes os pedidos, tendo 09/09/2019.

sido certificado o decurso do prazo em 17/07/2019.

No dia 09/09/2019 a PETROS peticionou novamente nos autos,

Veja-se que em 11/07/2019 a PETROS peticionou nos autos reiterando o requerimento de nulidade ou "que sejam registrados

requerendo a habilitação nos autos e que todas as publicações e seus PROTESTOS fundamentados, lhe concedendo a oportunidade

intimações fossem feitas em nome do advogado CARLOS de apresentar as medidas cabíveis a fim de expurgar as nulidades

FERNANDO DE SIQUEIRA CASTRO (OAB/ES 12.288). supracitadas." (fl. 576).

E, no mesmo dia 11/07/2019, peticionou requerendo o chamamento Foi proferido novo despacho, mantendo os fundamentos do anterior

do feito à ordem, informando que teve conhecimento por acaso da e determinando a intimação das executadas para o cumprimento da

presente ação, sustentando que houve cadastramento indevido do obrigação. Publicado em 30/09/2019.

advogado CARLOS ROBERTO DE SIQUEIRA CASTRO (OAB:

20283/RJ), e, dessa forma, nulas as intimações publicadas em seu Razão assiste ao agravante.

nome, bem como nulos os atos face a ausência de expedição de

citação em nome da própria Ré FUNDACAO PETROBRAS DE Com efeito, sem qualquer valor a citação publicada no dia

SEGURIDADE SOCIAL PETROS. 23/01/2019, dado que apenas constou o nome das Reclamadas no

diário eletrônico, em manifesto descompasso com o art. 841 da

A Origem proferiu o seguinte despacho (fl. 571): CLT.

O despacho ID n. 991c953 determinou a citação das rés, O simples fato de uma das Reclamadas ter atendido o comando

PETROBRAS e PETROS. não significa que o ato foi válido em relação a todos os

destinatários.

Mesmo que juntada em momento posterior, a procuração outorgada

pela empresa PETROS confere ao advogado Carlos Roberto de E, muito embora o ato tenha sido novamente praticado, inclusive em

Siqueira Castro o poder específico para receber citações e duas outras ocasiões, conforme publicações no DEJT dos dias

intimações (alínea "a" da procuração ID n. 4258c6f p. 7). 13/02/2019 e 19/03/2019, houve a inclusão de advogado da qual

sequer houve requerimento de habilitação.

Nos termos do art. 242 do CPC, a citação será pessoal, podendo,

no entanto, ser feita na pessoa do representante legal ou do O art. 5º, §5º da Resolução 185/2017 do Conselho Superior da

procurador do réu, do executado ou do interessado. Justiça do Trabalho, que dispõe sobre a padronização do uso,

governança, infraestrutura e gestão do Sistema Processo Judicial

A citação da ré PETROS ocorreu, pelo Diário da Justiça, na pessoa Eletrônico (PJe) instalado na Justiça do Trabalho, assim preceitua

de seu advogado, que possui poderes específicos para receber no tocante à habilitação dos advogados:

citação.

Art. 5º O credenciamento dos advogados no PJe dar-se-á pela

Assim, nada há de irregular na citação realizada, nem nos demais identificação do usuário por meio de seu certificado digital e

atos processuais, evidentemente não contaminados pela remessa do formulário eletrônico disponibilizado no portal de acesso

insubsistente nulidade alegada. ao PJe, devidamente preenchido e assinado digitalmente.

Transcorrido in albis o prazo da sentença ID n. 3746744. Intimem-se (...)

as executadas para intime-se as devedoras para que cumpram as

obrigações nas quais restaram condenadas, no prazo de 15 dias, § 5º A habilitação nos autos eletrônicos para representação das

sob pena de imposição de multa de 10% e consequente penhora, partes, tanto no polo ativo como no polo passivo, efetivar-se-á

consoante disposto no art. 523 do NCPC. mediante requerimento específico de habilitação pelo advogado e

habilitando-se apenas aquele que peticionar, em qualquer grau de

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 267
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

jurisdição. procuratório, qual será o seu representante em determinado

processo, já que "para representação das partes, tanto no polo ativo

Coincidentemente o advogado cadastrado por ocasião das como no polo passivo, efetivar-se-á mediante requerimento

publicações dos dias 13/02/2019 e 19/03/2019 possui poderes de específico de habilitação pelo advogado e habilitando-se apenas

representação da Reclamada (PETROS), conforme se extrai da aquele que peticionar".

procuração às fls. 569-570.

Dá-se provimento para declarar a nulidade dos atos praticados no

No entanto, tal circunstância não torna o ato válido. A prática processo desde a citação, determinando-se a remessa dos autos à

adotada não foi a correta e os seus efeitos não foram aqueles pela Origem, para que proceda à citação da PETROS, a reabertura da

norma. instrução e novo julgamento, como entender de direito.

Longe de pretender sobrepor ao Código de Processo Civil, o

dispositivo supramencionado foi concebido a fim de regulamentar e

padronizar a prática eletrônica de atos processuais conforme as

especificidades do Processo Judicial Eletrônico frente às

disposições de direito processual do trabalho e da Lei nº 13.105/15 -

Código de Processo Civil.

Dessa forma, o desrespeito a essas regras procedimentais de

utilização do PJ-e implicam em prejuízo da própria lei processual, já

que reduzem em maior ou menor grau o exercício substancial do

contraditório e da ampla defesa, de qualquer forma afetando o

devido processo legal.

No caso dos autos, não há dúvida que a habilitação de advogado no

processo sem ao menos haver um requerimento nesse sentido é

suficientemente capaz de tornar nulo o ato citatório e os posteriores.

Não somente a parte é surpresada, mas também o próprio

profissional, já que, mesmo constando no instrumento procuratório,

há uma norma uniformizadora previamente editada a ser observada,

que estabeleceu regras de utilização do sistema e padronizou o

comportamento processual de que a vinculação ao processo judicial

eletrônico depende de prévio requerimento específico de

habilitação.

Houve usurpação de uma competência não estabelecida em lei,

criando manifesto prejuízo a parte, que teve tolhido o seu direito de 3. ACÓRDÃO

resposta com a amplitude garantida em lei, submetendo ao risco de

sofrer reflexos sem o devido processo legal. Trata-se de nulidade

absoluta insanável.

Ademais, não bastasse a liberdade da parte de poder contratar

quem bem entender para defender seus interesses, também

constitui direito da parte escolher qual profissional, dentre uma

universalidade de profissionais constantes em um instrumento

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 268
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Acórdão
Processo Nº AP-0001133-24.2018.5.17.0010
Relator JOSE CARLOS RIZK
AGRAVANTE FUNDACAO PETROBRAS DE
SEGURIDADE SOCIAL PETROS
ADVOGADO CARLOS FERNANDO DE SIQUEIRA
CASTRO(OAB: 12288/ES)
Acordam os Magistrados da 1ª Turma do Tribunal Regional do
ADVOGADO CARLOS ROBERTO DE SIQUEIRA
Trabalho da 17ª Região, na Sessão Ordinária realizada no dia 03 de CASTRO(OAB: 20283/RJ)
AGRAVADO CARLOS DELIO RANGEL
dezembro de 2019, às 13 horas e 30 minutos, sob a Presidência do
ADVOGADO LARISSA PORTUGAL GUIMARAES
Exmo. Desembargador Cláudio Armando Couce de Menezes, com AMARAL VASCONCELOS(OAB:
9542/ES)
a participação do Exmo. Desembargador José Carlos Rizk, do AGRAVADO PETROLEO BRASILEIRO S A
PETROBRAS
Exmo. Desembargador Mário Ribeiro Cantarino Neto, e presente o
ADVOGADO AUGUSTO CARLOS LAMEGO
Procurador Regional do Trabalho, Dr. Levi Scatolin, por JUNIOR(OAB: 17514/ES)

unanimidade, conhecer do agravo de petição da 2ª Executada


Intimado(s)/Citado(s):
(PETROS) e, no mérito, dar provimento ao apelo para declarar a - PETROLEO BRASILEIRO S A PETROBRAS
nulidade dos atos praticados no processo desde a citação,

determinando-se a remessa dos autos à Origem, para que proceda

à citação da PETROS, a reabertura da instrução e novo julgamento,


PODER JUDICIÁRIO
como entender de direito.
JUSTIÇA DO TRABALHO

PROCESSO nº 0001133-24.2018.5.17.0010 (AP)

AGRAVANTE: FUNDACAO PETROBRAS DE SEGURIDADE

SOCIAL - PETROS

AGRAVADO: CARLOS DELIO RANGEL; PETROLEO

BRASILEIRO S A PETROBRAS
DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK

ORIGEM: 10ª VARA DO TRABALHO DE VITÓRIA-ES


Relator

RELATOR: DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK

COMPETÊNCIA: 1ª TURMA

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 269
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Trata-se de execução individual de sentença genérica proferida na

ação coletiva de nº 0059100-37.2012.5.17.0010, ajuizado pelo

Sindicato dos Petroleiros do Espírito Santo em face Petróleo

Brasileiro S/A Petrobrás e Fundação Petrobrás de Seguridade

Social PETROS, que reconheceu a natureza salarial da parcela

PL/DL-1971.

A presente execução, definitiva, foi ajuizada em 19/11/2018,

EMENTA portanto em momento posterior à reforma trabalhista decorrente da

Lei nº 13.467/17, cuja vigência iniciou em 11/11/2017.

A Origem não pronunciou a prescrição. Não houve recurso nesse

aspecto.

A 2ª Reclamada (Petros) interpôs agravo de petição, em face da r.

sentença, que rejeitou as preliminares de incompetência da Justiça

do Trabalho, ilegitimidade ativa, afastou a arguição de prescrição e

AGRAVO DE PETIÇÃO DA 2ª EXECUTADA (PETROS). julgou procedente o pedido para condenar as Reclamadas no

NULIDADE DA CITAÇÃO. O desrespeito às regras procedimentais pagamento das diferenças de suplementação de aposentadoria

de utilização do PJ-e implicam em prejuízo da própria lei incidentes sobre a parcela PL/DL 1971.

processual, já que reduzem em maior ou menor grau o exercício

substancial do contraditório e da ampla defesa, de qualquer forma Minuta de agravo da PETROS, suscitando preliminar de nulidade da

afetando o devido processo legal. No caso dos autos, não há dúvida sentença por nulidade da citação.

que a habilitação de advogado no processo sem ao menos haver

um requerimento nesse sentido é suficientemente capaz de tornar Contraminuta da PETROBRÁS, manifestando pelo provimento do

nulo o ato citatório e os posteriores. agravo interposto.

O exequente não apresentou contraminuta.

É o relatório.

1. RELATÓRIO

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 270
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

2. FUNDAMENTAÇÃO

2.1. CONHECIMENTO

Trata-se de execução individual de sentença genérica proferida na

ação coletiva de nº 0059100-37.2012.5.17.0010, ajuizado pelo

Sindicato dos Petroleiros do Espírito Santo em face Petróleo

Brasileiro S/A Petrobrás e Fundação Petrobrás de Seguridade

Social PETROS, que reconheceu a natureza salarial da parcela

PL/DL-1971.

2.2. MÉRITO

A presente execução, definitiva, foi ajuizada em 19/11/2018,

portanto em momento posterior à reforma trabalhista decorrente da

Lei nº 13.467/17, cuja vigência iniciou em 11/11/2017.

A Origem não pronunciou a prescrição. Não houve recurso nesse

aspecto.

Conhece-se do agravo de petição interposto pela PETROS,

porquanto preenchidos os pressupostos de admissibilidade.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 271
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

-se que no dia 06/01/2019 foi proferido despacho determinando a

citação das Reclamadas acerca da presente execução.

2.2.1. NULIDADE DA CITAÇÃO O referido despacho foi publicado no Diário Eletrônico da Justiça do

Trabalho em 23/01/2019. Em sua divulgação, no dia 22/01/2019,

constou executados FUNDAÇÃO PETROBRÁS DE SEGURIDADE

SOCIAL - PETROS e PETRÓLEO BRASILEIRO S.A PETROBRÁS,

e como intimado/citados o exequente CARLOS DELIO RANGEL.

Saliente-se que não houve qualquer publicação em nome dos

advogados das Reclamadas.

No dia 24/01/2019 a PETROBRÁS apresentou atos constitutivos,

procuração e peça de defesa.

Trata-se de execução individual de sentença genérica proferida na

ação coletiva de nº 0059100-37.2012.5.17.0010, ajuizado pelo Não houve qualquer resposta por parte da PETROS.

Sindicato dos Petroleiros do Espírito Santo em face Petróleo

Brasileiro S/A Petrobrás e Fundação Petrobrás de Seguridade No dia 12/02/2019 foi expedida nova notificação, reiterando a

Social PETROS, que reconheceu a natureza salarial da parcela determinação anterior, qual seja, a citação das Reclamadas acerca

PL/DL-1971. da presente execução.

A presente execução, definitiva, foi ajuizada em 19/11/2018, Tal notificação foi publicada no dia 13/02/2019. Em sua divulgação,

portanto em momento posterior à reforma trabalhista decorrente da no dia 12/02/2019, constou como executados FUNDAÇÃO

Lei nº 13.467/17, cuja vigência iniciou em 11/11/2017. PETROBRÁS DE SEGURIDADE SOCIAL - PETROS e PETRÓLEO

BRASILEIRO S.A PETROBRÁS, e como intimado/citados,

A Origem não pronunciou a prescrição. Não houve recurso nesse unicamente, PETRÓLEO BRASILEIRO S.A PETROBRÁS.

aspecto.

Nessa notificação houve inclusão do nome do advogado da

Em minuta de agravo, a 2ª Executada (Petros) suscitou preliminar PETROBRÁS, o que seria natural tendo em vista que apresentada

de nulidade da citação. procuração outorgando poderes.

Aduziu que a intimação em nome do procurador da parte somente Em relação à PETROS, mesmo sem apresentação de atos

teria eficácia caso devidamente representado por procuração com constitutivos, procuração ou substabelecimento, houve inclusão do

poderes. nome do advogado CARLOS ROBERTO DE SIQUEIRA CASTRO

(OAB: 20283/RJ)

Afirmou que a Secretaria do Juízo de ofício cadastrou o Dr.

CARLOS ROBERTO DE SIQUEIRA CASTRO, sendo que inexistiria E foi certificado que em 27/02/2019 decorreu o prazo sem

por parte da Reclamada qualquer requerimento de credenciamento apresentação de contestação por parte da PETROS.

deste, e que houve ofensa à Resolução nº 185/2017 do Conselho

Superior da Justiça do Trabalho. Os autos foram à conclusão, e em 16/03/2019 foi proferido novo

despacho, determinando fosse certificado o decurso do prazo de

Pois bem. resposta concedido à PETROS e ao exequente quanto à defesa

apresentada pela PETROBRÁS.

Necessário um breve relato do ocorrido.

E referido despacho foi disponibilizado no Diário Eletrônico da

Por meio de consulta aos autos eletrônicos da 1ª Instância, verificou Justiça do Trabalho do dia 10/03/2019, constando como advogado

Código para aferir autenticidade deste caderno: 144362


2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 272
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

da PETROS, constando advogado CARLOS ROBERTO DE sob pena de imposição de multa de 10% e consequente penhora,

SIQUEIRA CASTRO (OAB: 20283/RJ), mesmo sem qualquer consoante disposto no art. 523 do NCPC.

instrumento procuratório nos autos.

O despacho supramencionado foi publicado no DEJT do dia

Foi proferida a sentença julgando procedentes os pedidos, tendo 09/09/2019.

sido certificado o decurso do prazo em 17/07/2019.

No dia 09/09/2019 a PETROS peticionou novamente nos autos,

Veja-se que em 11/07/2019 a PETROS peticionou nos autos reiterando o requerimento de nulidade ou "que sejam registrados

requerendo a habilitação nos autos e que todas as publicações e seus PROTESTOS fundamentados, lhe concedendo a oportunidade

intimações fossem feitas em nome do advogado CARLOS de apresentar as medidas cabíveis a fim de expurgar as nulidades

FERNANDO DE SIQUEIRA CASTRO (OAB/ES 12.288). supracitadas." (fl. 576).

E, no mesmo dia 11/07/2019, peticionou requerendo o chamamento Foi proferido novo despacho, mantendo os fundamentos do anterior

do feito à ordem, informando que teve conhecimento por acaso da e determinando a intimação das executadas para o cumprimento da

presente ação, sustentando que houve cadastramento indevido do obrigação. Publicado em 30/09/2019.

advogado CARLOS ROBERTO DE SIQUEIRA CASTRO (OAB:

20283/RJ), e, dessa forma, nulas as intimações publicadas em seu Razão assiste ao agravante.

nome, bem como nulos os atos face a ausência de expedição de

citação em nome da própria Ré FUNDACAO PETROBRAS DE Com efeito, sem qualquer valor a citação publicada no dia

SEGURIDADE SOCIAL PETROS. 23/01/2019, dado que apenas constou o nome das Reclamadas no

diário eletrônico, em manifesto descompasso com o art. 841 da

A Origem proferiu o seguinte despacho (fl. 571): CLT.

O despacho ID n. 991c953 determinou a citação das rés, O simples fato de uma das Reclamadas ter atendido o comando

PETROBRAS e PETROS. não significa que o ato foi válido em relação a todos os

destinatários.

Mesmo que juntada em momento posterior, a procuração outorgada

pela empresa PETROS confere ao advogado Carlos Roberto de E, muito embora o ato tenha sido novamente praticado, inclusive em

Siqueira Castro o poder específico para receber citações e duas outras ocasiões, conforme publicações no DEJT dos dias

intimações (alínea "a" da procuração ID n. 4258c6f p. 7). 13/02/2019 e 19/03/2019, houve a inclusão de advogado da qual

sequer houve requerimento de habilitação.

Nos termos do art. 242 do CPC, a citação será pessoal, podendo,

no entanto, ser feita na pessoa do representante legal ou do O art. 5º, §5º da Resolução 185/2017 do Conselho Superior da

procurador do réu, do executado ou do interessado. Justiça do Trabalho, que dispõe sobre a padronização do uso,

governança, infraestrutura e gestão do Sistema Processo Judicial

A citação da ré PETROS ocorreu, pelo Diário da Justiça, na pessoa Eletrônico (PJe) instalado na Justiça do Trabalho, assim preceitua

de seu advogado, que possui poderes específicos para receber no tocante à habilitação dos advogados:

citação.

Art. 5º O credenciamento dos advogados no PJe dar-se-á pela

Assim, nada há de irregular na citação realizada, nem nos demais identificação do usuário por meio de seu certificado digital e

atos processuais, evidentemente não contaminados pela remessa do formulário eletrônico disponibilizado no portal de acesso

insubsistente nulidade alegada. ao PJe, devidamente preenchido e assinado digitalmente.

Transcorrido in albis o prazo da sentença ID n. 3746744. Intimem-se (...)

as executadas para intime-se as devedoras para que cumpram as

obrigações nas quais restaram condenadas, no prazo de 15 dias, § 5º A habilitação nos autos eletrônicos para representação das

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 273
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

partes, tanto no polo ativo como no polo passivo, efetivar-se-á quem bem entender para defender seus interesses, também

mediante requerimento específico de habilitação pelo advogado e constitui direito da parte escolher qual profissional, dentre uma

habilitando-se apenas aquele que peticionar, em qualquer grau de universalidade de profissionais constantes em um instrumento

jurisdição. procuratório, qual será o seu representante em determinado

processo, já que "para representação das partes, tanto no polo ativo

Coincidentemente o advogado cadastrado por ocasião das como no polo passivo, efetivar-se-á mediante requerimento

publicações dos dias 13/02/2019 e 19/03/2019 possui poderes de específico de habilitação pelo advogado e habilitando-se apenas

representação da Reclamada (PETROS), conforme se extrai da aquele que peticionar".

procuração às fls. 569-570.

Dá-se provimento para declarar a nulidade dos atos praticados no

No entanto, tal circunstância não torna o ato válido. A prática processo desde a citação, determinando-se a remessa dos autos à

adotada não foi a correta e os seus efeitos não foram aqueles pela Origem, para que proceda à citação da PETROS, a reabertura da

norma. instrução e novo julgamento, como entender de direito.

Longe de pretender sobrepor ao Código de Processo Civil, o

dispositivo supramencionado foi concebido a fim de regulamentar e

padronizar a prática eletrônica de atos processuais conforme as

especificidades do Processo Judicial Eletrônico frente às

disposições de direito processual do trabalho e da Lei nº 13.105/15 -

Código de Processo Civil.

Dessa forma, o desrespeito a essas regras procedimentais de

utilização do PJ-e implicam em prejuízo da própria lei processual, já

que reduzem em maior ou menor grau o exercício substancial do

contraditório e da ampla defesa, de qualquer forma afetando o

devido processo legal.

No caso dos autos, não há dúvida que a habilitação de advogado no

processo sem ao menos haver um requerimento nesse sentido é

suficientemente capaz de tornar nulo o ato citatório e os posteriores.

Não somente a parte é surpresada, mas também o próprio

profissional, já que, mesmo constando no instrumento procuratório,

há uma norma uniformizadora previamente editada a ser observada,

que estabeleceu regras de utilização do sistema e padronizou o

comportamento processual de que a vinculação ao processo judicial

eletrônico depende de prévio requerimento específico de

habilitação.

Houve usurpação de uma competência não estabelecida em lei,

criando manifesto prejuízo a parte, que teve tolhido o seu direito de 3. ACÓRDÃO

resposta com a amplitude garantida em lei, submetendo ao risco de

sofrer reflexos sem o devido processo legal. Trata-se de nulidade

absoluta insanável.

Ademais, não bastasse a liberdade da parte de poder contratar

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 274
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Acórdão
Processo Nº AP-0001905-76.2016.5.17.0003
Relator JOSE CARLOS RIZK
AGRAVANTE PETROLEO BRASILEIRO S A
PETROBRAS
ADVOGADO AUGUSTO CARLOS LAMEGO
JUNIOR(OAB: 17514/ES)
Acordam os Magistrados da 1ª Turma do Tribunal Regional do
AGRAVADO PAULA CRISTINA DA SILVA
Trabalho da 17ª Região, na Sessão Ordinária realizada no dia 03 de ADVOGADO PATRICIA DE ARAUJO
SONEGHETE(OAB: 9985/ES)
dezembro de 2019, às 13 horas e 30 minutos, sob a Presidência do
ADVOGADO VICTOR FRIQUES DE
Exmo. Desembargador Cláudio Armando Couce de Menezes, com MAGALHAES(OAB: 13891/ES)
ADVOGADO SEBASTIAO ERCULINO
a participação do Exmo. Desembargador José Carlos Rizk, do CUSTODIO(OAB: 20032/ES)
Exmo. Desembargador Mário Ribeiro Cantarino Neto, e presente o ADVOGADO ARTHUR DE SOUZA MOREIRA(OAB:
18277/ES)
Procurador Regional do Trabalho, Dr. Levi Scatolin, por ADVOGADO ODILIO GONCALVES DIAS
NETO(OAB: 19519/ES)
unanimidade, conhecer do agravo de petição da 2ª Executada
ADVOGADO POLIANA FIRME DE OLIVEIRA(OAB:
(PETROS) e, no mérito, dar provimento ao apelo para declarar a 16886/ES)
AGRAVADO PERSONAL SERVICE RECURSOS
nulidade dos atos praticados no processo desde a citação, HUMANOS E ASSESSORIA
EMPRESARIAL LTDA
determinando-se a remessa dos autos à Origem, para que proceda
ADVOGADO BRUNO DE MEDEIROS
à citação da PETROS, a reabertura da instrução e novo julgamento, TOCANTINS(OAB: 92718/RJ)
ADVOGADO THIAGO BRESSANI PALMIERI(OAB:
como entender de direito. 207753/SP)

Intimado(s)/Citado(s):
- PETROLEO BRASILEIRO S A PETROBRAS

PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA DO TRABALHO

PROCESSO nº 0001905-76.2016.5.17.0003 (AP)


DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK

AGRAVANTE: PETROLEO BRASILEIRO S A PETROBRAS


Relator

AGRAVADO: PAULA CRISTINA DA SILVA; PERSONAL

SERVICE RECURSOS HUMANOS E ASSESSORIA

EMPRESARIAL LTDA

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 275
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

ORIGEM: 3ª VARA DO TRABALHO DE VITÓRIA

RELATOR: DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK 1. RELATÓRIO

COMPETÊNCIA: 1ª TURMA

Trata-se de agravo de petição interposto pela 2ª ré (Petrobrás)

contra a sentença de ID ac802f5, que julgou parcialmente

procedentes seus embargos à execução; deferiu a dedução do valor

de R$ 775,03 e rejeitou a exclusão da multa do art. 523 do CPC, por

entender que sequer foi inserida nos cálculos.

EMENTA

Em minuta de agravo, a 2ª executada (Petrobrás) pugna pelo

afastamento da sua condenação subsidiária, sob o argumento de

que a sentença de mérito balizou-se na Súmula n. 331 do TST e em

interpretação tida como inconstitucional pelo STF, bem como requer

seja estabelecida a desconsideração da personalidade jurídica da

1ª ré (PERSONAL SERVICE RECURSOS HUMANOS E

ASSESSORIA EMPRESARIAL LTDA) como condição para o

redirecionamento da execução em seu desfavor.

AGRAVO DE PETIÇÃO DA 2ª RÉ (PETROBRÁS). AUSÊNCIA DE

INTERESSE RECURSAL E DE DIALETICIDADE. NÃO A exequente apresentou contraminuta sob o ID e6cccc8,

CONHECIMENTO DO APELO. O art. 897, "a", da CLT, dispõe que requerendo a manutenção da sentença agravada quanto aos pontos

cabe agravo de petição das decisões da execução.Ocorre que, da atacados pela 2ª ré (Petrobrás).

sentença que julgou os embargos à execução, verifica-se que as

matérias decididas dizem respeito tão-somente a deduções de A 1ª ré não apresentou contraminuta.

valores já quitados e à multa do art. 523 do CPC, ao passo em que

o agravo de petição interposto pela PETROBRAS refere-se É o relatório.

substancialmente à impugnação de sua responsabilidade

subsidiária, seu alcance e seus desdobramentos. Logo, não há

relação entre aquilo que foi decidido e o que está sendo impugnado,

faltando interesse recursal à recorrente e dialeticidade em seu

apelo. Inclusive, nesse sentido, é o que estabelece o item III da

Súmula n. 422 do TST.

2. FUNDAMENTAÇÃO

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 276
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

CPC, ao passo em que o agravo de petição interposto pela

PETROBRAS refere-se substancialmente à impugnação de sua

responsabilidade subsidiária, seu alcance e seus desdobramentos.

Logo, não há relação entre aquilo que foi decidido e o que está

sendo impugnado, faltando interesse recursal à recorrente e

dialeticidade em seu apelo.

Nesse sentido, é o que estabelece o item III da Súmula n. 422 do

TST, in verbis:

2.1. CONHECIMENTO RECURSO. FUNDAMENTO AUSENTE OU DEFICIENTE. NÃO

CONHECIMENTO (redação alterada, com inserção dos itens I, II e

III) - Res. 199/2015, DEJT divulgado em 24, 25 e 26.06.2015. Com

errata publicado no DEJT divulgado em 01.07.2015

I - Não se conhece de recurso para o Tribunal Superior do Trabalho

se as razões do recorrente não impugnam os fundamentos da

decisão recorrida, nos termos em que proferida.

II - O entendimento referido no item anterior não se aplica em

relação à motivação secundária e impertinente, consubstanciada

em despacho de admissibilidade de recurso ou em decisão

monocrática.

III - Inaplicável a exigência do item I relativamente ao recurso

2.1.1. CABIMENTO DO AGRAVO DE PETIÇÃO. MATÉRIA ordinário da competência de Tribunal Regional do Trabalho, exceto

SUSCITADA DE OFÍCIO em caso de recurso cuja motivação é inteiramente dissociada dos

fundamentos da sentença. (sem grifo no original)

A par do exposto, não se conhece do agravo de petição interposto

pela PETROBRAS, por ausência de interesse recursal e de

dialeticidade.

Acerca do cabimento do agravo de petição, assim dispõe a CLT, em

seu art. 897:

Art. 897 - Cabe agravo, no prazo de 8 (oito) dias:

a) de petição, das decisões do Juiz ou Presidente, nas execuções;

Ocorre que, da sentença que julgou os embargos à execução (ID

ac802f5), verifica-se que as matérias decididas dizem respeito tão-

somente a deduções de valores já quitados e à multa do art. 523 do

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 277
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Acordam os Magistrados da 1ª Turma do Tribunal Regional do

Trabalho da 17ª Região, na Sessão Ordinária realizada no dia 03 de

dezembro de 2019, às 13 horas e 30 minutos, sob a Presidência do

Exmo. Desembargador Cláudio Armando Couce de Menezes, com

a participação do Exmo. Desembargador José Carlos Rizk, do

Exmo. Desembargador Mário Ribeiro Cantarino Neto, e presente o

Procurador Regional do Trabalho, Dr. Levi Scatolin, por

unanimidade, não conhecer do agravo de petição interposto pela 2ª

executada (Petrobrás), por ausência de interesse recursal e de

dialeticidade.

DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK

Relator

3. ACÓRDÃO

Acórdão

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 278
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Processo Nº AP-0001905-76.2016.5.17.0003
Relator JOSE CARLOS RIZK
AGRAVANTE PETROLEO BRASILEIRO S A
PETROBRAS
ADVOGADO AUGUSTO CARLOS LAMEGO
JUNIOR(OAB: 17514/ES)
AGRAVADO PAULA CRISTINA DA SILVA
ADVOGADO PATRICIA DE ARAUJO
SONEGHETE(OAB: 9985/ES)
ADVOGADO VICTOR FRIQUES DE
MAGALHAES(OAB: 13891/ES) EMENTA
ADVOGADO SEBASTIAO ERCULINO
CUSTODIO(OAB: 20032/ES)
ADVOGADO ARTHUR DE SOUZA MOREIRA(OAB:
18277/ES)
ADVOGADO ODILIO GONCALVES DIAS
NETO(OAB: 19519/ES)
ADVOGADO POLIANA FIRME DE OLIVEIRA(OAB:
16886/ES)
AGRAVADO PERSONAL SERVICE RECURSOS
HUMANOS E ASSESSORIA
EMPRESARIAL LTDA
ADVOGADO BRUNO DE MEDEIROS
TOCANTINS(OAB: 92718/RJ)
ADVOGADO THIAGO BRESSANI PALMIERI(OAB: AGRAVO DE PETIÇÃO DA 2ª RÉ (PETROBRÁS). AUSÊNCIA DE
207753/SP)
INTERESSE RECURSAL E DE DIALETICIDADE. NÃO
Intimado(s)/Citado(s):
CONHECIMENTO DO APELO. O art. 897, "a", da CLT, dispõe que
- PAULA CRISTINA DA SILVA
cabe agravo de petição das decisões da execução.Ocorre que, da

sentença que julgou os embargos à execução, verifica-se que as

matérias decididas dizem respeito tão-somente a deduções de


PODER JUDICIÁRIO valores já quitados e à multa do art. 523 do CPC, ao passo em que
JUSTIÇA DO TRABALHO o agravo de petição interposto pela PETROBRAS refere-se

substancialmente à impugnação de sua responsabilidade

subsidiária, seu alcance e seus desdobramentos. Logo, não há

relação entre aquilo que foi decidido e o que está sendo impugnado,

faltando interesse recursal à recorrente e dialeticidade em seu

apelo. Inclusive, nesse sentido, é o que estabelece o item III da

Súmula n. 422 do TST.


PROCESSO nº 0001905-76.2016.5.17.0003 (AP)

AGRAVANTE: PETROLEO BRASILEIRO S A PETROBRAS

AGRAVADO: PAULA CRISTINA DA SILVA; PERSONAL

SERVICE RECURSOS HUMANOS E ASSESSORIA

EMPRESARIAL LTDA

ORIGEM: 3ª VARA DO TRABALHO DE VITÓRIA

1. RELATÓRIO
RELATOR: DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK

COMPETÊNCIA: 1ª TURMA

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 279
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Trata-se de agravo de petição interposto pela 2ª ré (Petrobrás) 2.1. CONHECIMENTO

contra a sentença de ID ac802f5, que julgou parcialmente

procedentes seus embargos à execução; deferiu a dedução do valor

de R$ 775,03 e rejeitou a exclusão da multa do art. 523 do CPC, por

entender que sequer foi inserida nos cálculos.

Em minuta de agravo, a 2ª executada (Petrobrás) pugna pelo

afastamento da sua condenação subsidiária, sob o argumento de

que a sentença de mérito balizou-se na Súmula n. 331 do TST e em

interpretação tida como inconstitucional pelo STF, bem como requer

seja estabelecida a desconsideração da personalidade jurídica da

1ª ré (PERSONAL SERVICE RECURSOS HUMANOS E

ASSESSORIA EMPRESARIAL LTDA) como condição para o

redirecionamento da execução em seu desfavor.

A exequente apresentou contraminuta sob o ID e6cccc8, 2.1.1. CABIMENTO DO AGRAVO DE PETIÇÃO. MATÉRIA

requerendo a manutenção da sentença agravada quanto aos pontos SUSCITADA DE OFÍCIO

atacados pela 2ª ré (Petrobrás).

A 1ª ré não apresentou contraminuta.

É o relatório.

Acerca do cabimento do agravo de petição, assim dispõe a CLT, em

seu art. 897:

Art. 897 - Cabe agravo, no prazo de 8 (oito) dias:

a) de petição, das decisões do Juiz ou Presidente, nas execuções;

2. FUNDAMENTAÇÃO

Ocorre que, da sentença que julgou os embargos à execução (ID

ac802f5), verifica-se que as matérias decididas dizem respeito tão-

somente a deduções de valores já quitados e à multa do art. 523 do

CPC, ao passo em que o agravo de petição interposto pela

PETROBRAS refere-se substancialmente à impugnação de sua

responsabilidade subsidiária, seu alcance e seus desdobramentos.

Logo, não há relação entre aquilo que foi decidido e o que está

sendo impugnado, faltando interesse recursal à recorrente e

dialeticidade em seu apelo.

Nesse sentido, é o que estabelece o item III da Súmula n. 422 do

TST, in verbis:

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 280
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

RECURSO. FUNDAMENTO AUSENTE OU DEFICIENTE. NÃO

CONHECIMENTO (redação alterada, com inserção dos itens I, II e

III) - Res. 199/2015, DEJT divulgado em 24, 25 e 26.06.2015. Com

errata publicado no DEJT divulgado em 01.07.2015

I - Não se conhece de recurso para o Tribunal Superior do Trabalho

se as razões do recorrente não impugnam os fundamentos da

decisão recorrida, nos termos em que proferida.

II - O entendimento referido no item anterior não se aplica em

relação à motivação secundária e impertinente, consubstanciada

em despacho de admissibilidade de recurso ou em decisão

monocrática.

III - Inaplicável a exigência do item I relativamente ao recurso

ordinário da competência de Tribunal Regional do Trabalho, exceto

em caso de recurso cuja motivação é inteiramente dissociada dos

fundamentos da sentença. (sem grifo no original)

A par do exposto, não se conhece do agravo de petição interposto

pela PETROBRAS, por ausência de interesse recursal e de

dialeticidade.

3. ACÓRDÃO

Acordam os Magistrados da 1ª Turma do Tribunal Regional do

Código para aferir autenticidade deste caderno: 144362


2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 281
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

ADVOGADO ODILIO GONCALVES DIAS


Trabalho da 17ª Região, na Sessão Ordinária realizada no dia 03 de NETO(OAB: 19519/ES)
ADVOGADO POLIANA FIRME DE OLIVEIRA(OAB:
dezembro de 2019, às 13 horas e 30 minutos, sob a Presidência do 16886/ES)
Exmo. Desembargador Cláudio Armando Couce de Menezes, com AGRAVADO PERSONAL SERVICE RECURSOS
HUMANOS E ASSESSORIA
a participação do Exmo. Desembargador José Carlos Rizk, do EMPRESARIAL LTDA
ADVOGADO BRUNO DE MEDEIROS
Exmo. Desembargador Mário Ribeiro Cantarino Neto, e presente o TOCANTINS(OAB: 92718/RJ)
Procurador Regional do Trabalho, Dr. Levi Scatolin, por ADVOGADO THIAGO BRESSANI PALMIERI(OAB:
207753/SP)
unanimidade, não conhecer do agravo de petição interposto pela 2ª

executada (Petrobrás), por ausência de interesse recursal e de Intimado(s)/Citado(s):

dialeticidade. - PERSONAL SERVICE RECURSOS HUMANOS E


ASSESSORIA EMPRESARIAL LTDA

PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA DO TRABALHO

PROCESSO nº 0001905-76.2016.5.17.0003 (AP)

AGRAVANTE: PETROLEO BRASILEIRO S A PETROBRAS


DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK

AGRAVADO: PAULA CRISTINA DA SILVA; PERSONAL


Relator SERVICE RECURSOS HUMANOS E ASSESSORIA

EMPRESARIAL LTDA

ORIGEM: 3ª VARA DO TRABALHO DE VITÓRIA

RELATOR: DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK

COMPETÊNCIA: 1ª TURMA

Acórdão
Processo Nº AP-0001905-76.2016.5.17.0003
Relator JOSE CARLOS RIZK
AGRAVANTE PETROLEO BRASILEIRO S A
PETROBRAS
ADVOGADO AUGUSTO CARLOS LAMEGO
JUNIOR(OAB: 17514/ES)
AGRAVADO PAULA CRISTINA DA SILVA
ADVOGADO PATRICIA DE ARAUJO
SONEGHETE(OAB: 9985/ES)
ADVOGADO VICTOR FRIQUES DE
MAGALHAES(OAB: 13891/ES)
ADVOGADO SEBASTIAO ERCULINO
CUSTODIO(OAB: 20032/ES) EMENTA
ADVOGADO ARTHUR DE SOUZA MOREIRA(OAB:
18277/ES)

Código para aferir autenticidade deste caderno: 144362


2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 282
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

que a sentença de mérito balizou-se na Súmula n. 331 do TST e em

interpretação tida como inconstitucional pelo STF, bem como requer

seja estabelecida a desconsideração da personalidade jurídica da

1ª ré (PERSONAL SERVICE RECURSOS HUMANOS E

ASSESSORIA EMPRESARIAL LTDA) como condição para o

redirecionamento da execução em seu desfavor.

AGRAVO DE PETIÇÃO DA 2ª RÉ (PETROBRÁS). AUSÊNCIA DE

INTERESSE RECURSAL E DE DIALETICIDADE. NÃO A exequente apresentou contraminuta sob o ID e6cccc8,

CONHECIMENTO DO APELO. O art. 897, "a", da CLT, dispõe que requerendo a manutenção da sentença agravada quanto aos pontos

cabe agravo de petição das decisões da execução.Ocorre que, da atacados pela 2ª ré (Petrobrás).

sentença que julgou os embargos à execução, verifica-se que as

matérias decididas dizem respeito tão-somente a deduções de A 1ª ré não apresentou contraminuta.

valores já quitados e à multa do art. 523 do CPC, ao passo em que

o agravo de petição interposto pela PETROBRAS refere-se É o relatório.

substancialmente à impugnação de sua responsabilidade

subsidiária, seu alcance e seus desdobramentos. Logo, não há

relação entre aquilo que foi decidido e o que está sendo impugnado,

faltando interesse recursal à recorrente e dialeticidade em seu

apelo. Inclusive, nesse sentido, é o que estabelece o item III da

Súmula n. 422 do TST.

2. FUNDAMENTAÇÃO

1. RELATÓRIO

Trata-se de agravo de petição interposto pela 2ª ré (Petrobrás) 2.1. CONHECIMENTO

contra a sentença de ID ac802f5, que julgou parcialmente

procedentes seus embargos à execução; deferiu a dedução do valor

de R$ 775,03 e rejeitou a exclusão da multa do art. 523 do CPC, por

entender que sequer foi inserida nos cálculos.

Em minuta de agravo, a 2ª executada (Petrobrás) pugna pelo

afastamento da sua condenação subsidiária, sob o argumento de

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 283
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

II - O entendimento referido no item anterior não se aplica em

relação à motivação secundária e impertinente, consubstanciada

em despacho de admissibilidade de recurso ou em decisão

monocrática.

III - Inaplicável a exigência do item I relativamente ao recurso

2.1.1. CABIMENTO DO AGRAVO DE PETIÇÃO. MATÉRIA ordinário da competência de Tribunal Regional do Trabalho, exceto

SUSCITADA DE OFÍCIO em caso de recurso cuja motivação é inteiramente dissociada dos

fundamentos da sentença. (sem grifo no original)

A par do exposto, não se conhece do agravo de petição interposto

pela PETROBRAS, por ausência de interesse recursal e de

dialeticidade.

Acerca do cabimento do agravo de petição, assim dispõe a CLT, em

seu art. 897:

Art. 897 - Cabe agravo, no prazo de 8 (oito) dias:

a) de petição, das decisões do Juiz ou Presidente, nas execuções;

Ocorre que, da sentença que julgou os embargos à execução (ID

ac802f5), verifica-se que as matérias decididas dizem respeito tão-

somente a deduções de valores já quitados e à multa do art. 523 do

CPC, ao passo em que o agravo de petição interposto pela

PETROBRAS refere-se substancialmente à impugnação de sua

responsabilidade subsidiária, seu alcance e seus desdobramentos.

Logo, não há relação entre aquilo que foi decidido e o que está

sendo impugnado, faltando interesse recursal à recorrente e

dialeticidade em seu apelo.

Nesse sentido, é o que estabelece o item III da Súmula n. 422 do

TST, in verbis:

RECURSO. FUNDAMENTO AUSENTE OU DEFICIENTE. NÃO

CONHECIMENTO (redação alterada, com inserção dos itens I, II e

III) - Res. 199/2015, DEJT divulgado em 24, 25 e 26.06.2015. Com

errata publicado no DEJT divulgado em 01.07.2015

I - Não se conhece de recurso para o Tribunal Superior do Trabalho

se as razões do recorrente não impugnam os fundamentos da

decisão recorrida, nos termos em que proferida.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 284
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK

Relator

3. ACÓRDÃO

Acórdão
Processo Nº RORSum-0000741-45.2019.5.17.0141
Relator JOSE CARLOS RIZK
RECORRENTE INCOVEL INDUSTRIA E COMERCIO
DE VESTUARIO S/A
ADVOGADO PATRICIA DE OLIVEIRA
TRENTIN(OAB: 25798/ES)
RECORRIDO WILLIS SILVA
ADVOGADO DAVID GUERRA FELIPE(OAB:
4211/ES)

Intimado(s)/Citado(s):
- INCOVEL INDUSTRIA E COMERCIO DE VESTUARIO S/A

Acordam os Magistrados da 1ª Turma do Tribunal Regional do

Trabalho da 17ª Região, na Sessão Ordinária realizada no dia 03 de


PODER JUDICIÁRIO
dezembro de 2019, às 13 horas e 30 minutos, sob a Presidência do
JUSTIÇA DO TRABALHO
Exmo. Desembargador Cláudio Armando Couce de Menezes, com

a participação do Exmo. Desembargador José Carlos Rizk, do

Exmo. Desembargador Mário Ribeiro Cantarino Neto, e presente o

Procurador Regional do Trabalho, Dr. Levi Scatolin, por

unanimidade, não conhecer do agravo de petição interposto pela 2ª

executada (Petrobrás), por ausência de interesse recursal e de

dialeticidade. PROCESSO nº 0000741-45.2019.5.17.0141 RORSum

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 285
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

RECORRENTE: INCOVEL INDUSTRIA E COMERCIO DE

VESTUARIO S/A ADMINISTRADOR: LUIS CLAUDIO MONTORO

MENDES

RECORRIDO: WILLIS SILVA 2. FUNDAMENTAÇÃO

RELATOR: DESEMBARGADOR MARIO RIBEIRO CANTARINO

NETO

REDATOR DESIGNADO: DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS

RIZK

COMPETÊNCIA: 1ª TURMA

2.1. ADMISSIBILIDADE

Adota-se o voto do Exmo. Desembargador Relator, in verbis:

"A 2ª Vara Cível de Colatina/ES proferiu, no dia 08/08/2019,

1. RELATÓRIO sentença convolando em falência a recuperação judicial da empresa

reclamada, com a nomeação da Capital Administradora Judicial

Ltda como administradora judicial da massa falida (Id 821438d) e,

no dia 12/08/2019, procedeu-se à assinatura do "Termo de

Compromisso de Administrador Judicial da Massa Falida" (Id

290f450).

A Súmula n. 86 do TST dispõe que não se considera deserto o

recurso da massa falida por falta de pagamento de custas ou de

Dispensado o relatório, nos termos do art. 852-I, da CLT. depósito do valor da condenação.

Desse modo, conheço do recurso da reclamada, porquanto

presentes os seus pressupostos legais de admissibilidade."

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 286
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

violação ao art. 76, parágrafo único, da Lei n. 11.101/2005 que

determina a intimação do administrador judicial para representação

da massa falida.

Junta jurisprudência e requer a decretação da nulidade dos atos

processuais posteriores à decretação de falência, com o retorno dos

autos à Vara de Origem, para regular instrução processual.

Com razão.

Na petição inicial, o reclamante narrou que foi contratado para

laborar na reclamada no período de 05/10/2005 a 08/06/2019, na

função de lavandeiro. Todavia, em razão de dificuldades financeiras

da empresa, não foi-lhe efetuado o pagamento integral das verbas

rescisórias devidas.

Nesses termos, pleiteou a condenação da reclamada, em suma, a

verbas como aviso prévio, férias mais 1/3, 13º salário, multa do

FGTS, reajustes salariais, saldo de salário e multa do art. 467 da

2.2. PRELIMINAR DE NULIDADE DO PROCESSO. AUSÊNCIA CLT.

DE INTIMAÇÃO DO ADMINISTRADOR JUDICIAL DA MASSA

FALIDA A empresa reclamada foi citada no dia 18/06/2019 para responder à

presente ação e para comparecer à audiência una agendada para o

dia 06/11/2019 (Id 0cf819a). Posteriormente, a audiência una foi

redesignada para o dia 29/08/2019.

Todavia, no dia 08/08/2019, a 2ª Vara Cível de Colatina/ES proferiu

sentença convolando em falência a recuperação judicial da empresa

reclamada, com a nomeação da Capital Administradora Judicial

Ltda como administradora judicial da massa falida (Id 821438d),

A 1ª Turma, por maioria, negou provimento ao apelo, restando procedendo-se à assinatura do "Termo de Compromisso de

vencido o Relator que dava provimento ao recurso, adotando os Administrador Judicial da Massa Falida", no dia 12/08/2019 (Id

seguintes fundamentos, in verbis: 290f450).

"A recorrente (Massa Falida da Incovel Indústria e Comércio de Na data da audiência, no dia 29/08/2019, a reclamada não

Vestuário S/A) pugna pela nulidade de todos os atos processuais compareceu, tendo o MM. Juiz assentado que (Id 4695aa5) :

posteriores ao dia 08/08/2019, quando foi declarada a falência da

reclamada, ao argumento de que não foi realizada a intimação da A empresa INCOVEL Indústria e Comércio de Vestuário S/A.

administradora judicial da massa falida. Informou, nos autos do processo n.º 0000456-52.2019.5.17.0141,

"Extensivo a TODOS os demais [processos] em curso", que o Juízo

Defende que na data em que realizada a audiência nestes autos a da 2.ª Vara Cível de Colatina-ES, em 08-08-2019, prolatou sentença

empresa não poderia nem mesmo ser representada por seus nos autos do processo n.º 0014246-72.2014.8.08.0014, convolando

sócios, uma vez que os interesses da empresa não se confundem a recuperação judicial da referida empresa em falência, designando

com os da massa falida. como administradora judicial da massa falida a empresa Capital

Administradora Judicial Ltda., com endereço na rua Sílvia n.º 110,

Invoca o princípio do contraditório e da ampla defesa e alega 4.º andar, conjunto 52, Bela Vista, São Paulo-SP, CEP 01331-040.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 287
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Sendo assim, determino a inserção de alerta, a fim de fazer constar O art. 76 da Lei n. 11.101/2005 dispõe que o administrador judicial

que se trata de Massa Falida, representada administradora judicial deve ser intimado para representar a massa falida nas ações em

Capital Administradora Judicial Ltda, sob a responsabilidade técnica andamento, sob pena de nulidade do processo:

do Dr. LuisCláudio Montoro Mendes, CPF 146.964.768-04, o qual

deverá ser cadastrado como procurador/terceiro interessado, para Art. 76. O juízo da falência é indivisível e competente para conhecer

fins de intimações. todas as ações sobre bens, interesses e negócios do falido,

ressalvadas as causas trabalhistas, fiscais e aquelas não reguladas

Naquela ocasião, como se vê, o MM. Juiz determinou a inserção de nesta Lei em que o falido figurar como autor ou litisconsorte ativo.

alerta no processo para fazer constar que se trata de massa falida,

bem como o cadastramento do procurador da administradora Parágrafo único. Todas as ações, inclusive as excetuadas no caput

judicial. deste artigo, terão prosseguimento com o administrador judicial, que

deverá ser intimado para representar a massa falida, sob pena de

No dia 01/10/2019, o MM. Juiz proferiu sentença aplicando à nulidade do processo.

reclamada os efeitos da revelia em razão do não comparecimento à

audiência, tendo considerado válidos todos os atos praticados no Logo, no caso vertente, a representação da reclamada deve ser

processo, sob o fundamento de que tanto a citação quanto a exercida pelo administrador judicial, a partir do dia 08/08/2019,

intimação da reclamada para comparecimento à audiência foram quando decretada sua falência.

concretizados antes da decretação da falência (Id 0010aa3).

A partir desta data, portanto, todas as intimações e notificações

A Lei n. 11.101/2005 que regula recuperação judicial, a extrajudicial devem ser realizadas em nome do representante da massa falida,

e a falência do empresário e da sociedade empresária, dispõe em porquanto o representante legal da empresa falida não tem mais

seu art. 22, in verbis: poderes para atuar no processo uma vez que os interesses da

empresa não se confundem com os da massa falida.

Art. 22. Ao administrador judicial compete, sob a fiscalização do juiz

e do Comitê, além de outros deveres que esta Lei lhe impõe: Nesse sentido recente jurisprudência da 4ª Turma do TST:

[...] RECURSO DE REVISTA. PRELIMINAR DE NULIDADE DO

PROCESSO. INTIMAÇÃO DO ADMINISTRADOR JUDICIAL DA

III - na falência: MASSA FALIDA. A lei nº11.101/2005, que regula a recuperação

judicial e a falência da sociedade empresária, dispõe que a falência

[...] promove o afastamento do devedor de suas atividades e determina

expressamente a nomeação de um administrador judicial

c) relacionar os processos e assumir a representação judicial da responsável pela condução do processo da falência, que passa a

massa falida; representar a massa falida, inclusive em juízo. Enquanto não

decretada a falência, mantém-se preservada a capacidade

[...] processual da empresa, razão pela qual a citação é feita na pessoa

dos sócios ou do seu representante legal, que é responsável por

n) representar a massa falida em juízo, contratando, se necessário, todos os atos processuais. Contudo, após a decretação de falência,

advogado, cujos honorários serão previamente ajustados e o representante da massa falida é quem passa a atuar; nos

aprovados pelo Comitê de Credores; processos em andamento, conforme determina o parágrafo único do

artigo 76 da Lei nº 11.101/2005. Portanto, com a decretação da

Assim, com a decretação da falência, o devedor é afastado de suas falência da primeira Reclamada, ocorrida em 23/3/2015, a sua

atividades, sendo nomeado administrador judicial, responsável pela representação passou a ser exercida pelo administrador judicial,

condução do processo de falência, que passa a representar a inclusive no que se refere à presente ação trabalhista, não dispondo

massa falida, inclusive em juízo. o representante legal da empresa falida de poderes para atuar no

feito, uma vez que os interesses da empresa não se confundem

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 288
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

com os da massa falida. Assim, a partir dessa data, as intimações e A empresa reclamada foi citada no dia 18/06/2019 para responder à

notificações deveriam ter sido feitas em nome do representante da presente ação e para comparecer à audiência una agendada para o

massa falida, sob pena de nulidade do processo. Recurso de dia 06/11/2019 (Id 0cf819a).

Revista conhecido em parte e provido. Prejudicada a análise do

Agravo de Instrumento. (TST - ARR-20532620145050251, Relator Posteriormente, em 02/08/2019, a audiência una foi redesignada

Maria de Assis Calsing, Data de julgamento 02/05/2018, 4ª Turma. para o dia 29/08/2019, tendo a reclamada sido intimada no dia

Data de Publicação. DEJT 04/05/2018). (grifei) 06/08/2019.

Desse modo, não tendo sido a administradora judicial intimada para Todavia, no dia 08/08/2019, a 2ª Vara Cível de Colatina/ES proferiu

representar a massa falida, consoante previsão contida no art. 76, sentença convolando em falência a recuperação judicial da empresa

parágrafo único da Lei n. 11.101/2005, impõe-se a nulidade de reclamada, com a nomeação da Capital Administradora Judicial

todos os atos processuais a partir do dia 08/08/2019, data em que Ltda como administradora judicial da massa falida (Id 821438d),

foi decretada a falência da reclamada. procedendo-se à assinatura do "Termo de Compromisso de

Administrador Judicial da Massa Falida", no dia 12/08/2019 (Id

Deve ser observado o princípio do contraditório e da ampla defesa, 290f450).

previsto no art. 5º, LV, da CF, por meio do qual é assegurado aos

litigantes a ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes. A reclamada não compareceu na audiência do dia 29/08/2019,

Nesse sentido, o CPC de 2015, com objetivo de conferir efetividade tendo o Juiz proferido a seguinte decisão:

ao contraditório e à prestação jurisdicional, dispõe em seu art. 9º

que "não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela "A empresa INCOVEL Indústria e Comércio de Vestuário S/A.

seja previamente ouvida". Informou, nos autos do processo n.º 0000456-52.2019.5.17.0141,

"Extensivo a TODOS os demais [processos] em curso", que o Juízo

Pelo exposto, dou provimento ao apelo para declarar a nulidade da da 2.ª Vara Cível de Colatina-ES, em 08-08-2019, prolatou sentença

sentença, bem como dos atos processuais praticados a partir do dia nos autos do processo n.º 0014246-72.2014.8.08.0014, convolando

08/08/2019, data da decretação de falência da reclamada, a recuperação judicial da referida empresa em falência, designando

determinando o retorno dos autos à Vara de Origem, para o regular como administradora judicial da massa falida a empresa Capital

processamento do feito, como entender de direito, mediante Administradora Judicial Ltda., com endereço na rua Sílvia n.º 110,

intimação do administrador judicial da massa falida. 4.º andar, conjunto 52, Bela Vista, São Paulo-SP, CEP 01331-040.

Sendo assim, determino a inserção de alerta, a fim de fazer constar

Prejudicada a análise dos demais tópicos recusais." que se trata de Massa Falida, representada administradora judicial

Capital Administradora Judicial Ltda, sob a responsabilidade técnica

Não obstante os fundamentos apresentados pelo Exmo. do Dr. LuisCláudio Montoro Mendes, CPF 146.964.768-04, o qual

Desembargador Relator, a 1ª Turma, por maioria, negou provimento deverá ser cadastrado como procurador/terceiro interessado, para

ao apelo. fins de intimações."

A recorrente (Massa Falida da Incovel Indústria e Comércio de O Juiz determinou a inserção de alerta no processo para fazer

Vestuário S/A) pugna pela nulidade de todos os atos processuais constar que se trata de massa falida, bem como o cadastramento

posteriores ao dia 08/08/2019, quando foi declarada a falência da do procurador da administradora judicial.

reclamada, ao argumento de que não foi realizada a intimação da

administradora judicial da massa falida. No dia 01/10/2019, o MM. Juiz proferiu sentença aplicando à

reclamada os efeitos da revelia em razão do não comparecimento à

Defende que na data em que realizada a audiência nestes autos a audiência, tendo considerado válidos todos os atos praticados no

empresa não poderia nem mesmo ser representada por seus processo, sob o fundamento de que tanto a citação quanto a

sócios, uma vez que os interesses da empresa não se confundem intimação da reclamada para comparecimento à audiência foram

com os da massa falida. concretizados antes da decretação da falência (Id 0010aa3).

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 289
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

O relator entende que a partir da decretação da massa falida, a

representação da ré passa a ser exercida pelo administrador judicial Portanto, não cabe ao Estado suportar o ônus processual

e, como este não foi intimado, os atos são nulos. decorrente do descumprimento de ato judicial praticado na forma

prevista em lei.

Com efeito, não há dúvida que a massa falida é representada

judicialmente pelo o administrador judicial (art. 75, I do Código de O art. 841, §1º da CLT é cristalino:

Processo Civil), nomeado pelo Juízo Falimentar.

Art. 841 - Recebida e protocolada a reclamação, o escrivão ou

Assim dispõe o art. 76 da Lei 11.101/05: secretário, dentro de 48 (quarenta e oito) horas, remeterá a

segunda via da petição, ou do termo, ao reclamado, notificando-o

Art. 76. O juízo da falência é indivisível e competente para conhecer ao mesmo tempo, para comparecer à audiência do julgamento, que

todas as ações sobre bens, interesses e negócios do falido, será a primeira desimpedida, depois de 5 (cinco) dias.

ressalvadas as causas trabalhistas, fiscais e aquelas não reguladas

nesta Lei em que o falido figurar como autor ou litisconsorte ativo. § 1º - A notificação será feita em registro postal com franquia. Se o

reclamado criar embaraços ao seu recebimento ou não for

Parágrafo único. Todas as ações, inclusive as excetuadas no caput encontrado, far-se-á a notificação por edital, inserto no jornal oficial

deste artigo, terão prosseguimento com o administrador judicial, que ou no que publicar o expediente forense, ou, na falta, afixado na

deverá ser intimado para representar a massa falida, sob pena de sede da Junta ou Juízo.

nulidade do processo.

Ou seja, a Reclamada, que não se encontrava no estado falimentar,

No entanto, o dispositivo acima somente é aplicável quando já já havia sido convocada para integrar a relação processual, tendo o

decretada a falência. ato induzido a litispendência, tornado litigiosa a coisa e constituída

em mora, efeitos que não se alteram pela superveniente convolação

É somente a partir daquele momento, qual seja, decretação da da recuperação judicial em falência.

falência, que há o afastamento do devedor das suas atividades.

Portanto, anteriormente à decretação, presume-se que o devedor Portanto, reputa-se correta a sentença, diante da ausência

estava atuando em conformidade com a preservação da utilização injustificada da Reclamada em audiência, sequer tendo apresentado

produtiva dos bens da empresa. defesa escrita, decretado a revelia e aplicado a pena de confissão,

na forma do art. 844 da CLT.

Tanto é assim que a própria lei de falências é expressa em

asseverar que "na convolação da recuperação em falência, os atos Nega-se provimento.

de administração, endividamento, oneração ou alienação praticados

durante a recuperação judicial presumem-se válidos, desde que

realizados na forma desta Lei"(art. 74).

Por conseguinte, plenamente válida e eficaz a citação da pessoa

jurídica antes da decretação da falência.

Como já mencionado, a citação nos presentes autos ocorreu em

18/06/2019 e no dia 06/08/2019 a reclamada foi intimada da

redesignação da audiência para o dia 29/08/2019.

A sentença proferida pela 2ª Vara Cível de Colatina-ES convolou

em falência a recuperação judicial da Reclamada em 08/08/2019,

tendo o administrador judicial assinado o termo de compromisso no

dia 12/08/2019.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 290
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Trabalho da 17ª Região, na Sessão Ordinária realizada no dia 03 de

dezembro de 2019, às 13 horas e 30 minutos, sob a Presidência do

Exmo. Desembargador José Carlos Rizk, com a participação do

Exmo. Desembargador Mário Ribeiro Cantarino Neto e do Exmo.

Desembargador Claudio Armando Couce de Menezes, e presente o

Procurador Regional do Trabalho, Dr. Levi Scatolin; por

unanimidade, conhecer do recurso ordinário da reclamada; e, no

mérito, por maioria, negar-lhe provimento, vencido Exmo.

Desembargador Mário Ribeiro Cantarino Neto. Redigirá o acórdão o

Exmo. Desembargador José Carlos Rizk.

Manifestação do Ministério Público pelo conhecimento, acolhimento

da nulidade e baixa dos autos à Vara de Origem.

DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK

REDATOR DESIGNADO

3. ACÓRDÃO

Acórdão
Processo Nº RORSum-0000741-45.2019.5.17.0141
Relator JOSE CARLOS RIZK
RECORRENTE INCOVEL INDUSTRIA E COMERCIO
DE VESTUARIO S/A
ADVOGADO PATRICIA DE OLIVEIRA
TRENTIN(OAB: 25798/ES)
RECORRIDO WILLIS SILVA
ADVOGADO DAVID GUERRA FELIPE(OAB:
4211/ES)

Intimado(s)/Citado(s):
Acordam os Magistrados da 1ª Turma do Tribunal Regional do - WILLIS SILVA

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 291
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA DO TRABALHO

Dispensado o relatório, nos termos do art. 852-I, da CLT.

PROCESSO nº 0000741-45.2019.5.17.0141 RORSum

RECORRENTE: INCOVEL INDUSTRIA E COMERCIO DE

VESTUARIO S/A ADMINISTRADOR: LUIS CLAUDIO MONTORO

MENDES

RECORRIDO: WILLIS SILVA


2. FUNDAMENTAÇÃO

RELATOR: DESEMBARGADOR MARIO RIBEIRO CANTARINO

NETO

REDATOR DESIGNADO: DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS

RIZK

COMPETÊNCIA: 1ª TURMA

2.1. ADMISSIBILIDADE

Adota-se o voto do Exmo. Desembargador Relator, in verbis:

"A 2ª Vara Cível de Colatina/ES proferiu, no dia 08/08/2019,


1. RELATÓRIO
sentença convolando em falência a recuperação judicial da empresa

reclamada, com a nomeação da Capital Administradora Judicial

Ltda como administradora judicial da massa falida (Id 821438d) e,

no dia 12/08/2019, procedeu-se à assinatura do "Termo de

Código para aferir autenticidade deste caderno: 144362


2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 292
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Compromisso de Administrador Judicial da Massa Falida" (Id Vestuário S/A) pugna pela nulidade de todos os atos processuais

290f450). posteriores ao dia 08/08/2019, quando foi declarada a falência da

reclamada, ao argumento de que não foi realizada a intimação da

A Súmula n. 86 do TST dispõe que não se considera deserto o administradora judicial da massa falida.

recurso da massa falida por falta de pagamento de custas ou de

depósito do valor da condenação. Defende que na data em que realizada a audiência nestes autos a

empresa não poderia nem mesmo ser representada por seus

Desse modo, conheço do recurso da reclamada, porquanto sócios, uma vez que os interesses da empresa não se confundem

presentes os seus pressupostos legais de admissibilidade." com os da massa falida.

Invoca o princípio do contraditório e da ampla defesa e alega

violação ao art. 76, parágrafo único, da Lei n. 11.101/2005 que

determina a intimação do administrador judicial para representação

da massa falida.

Junta jurisprudência e requer a decretação da nulidade dos atos

processuais posteriores à decretação de falência, com o retorno dos

autos à Vara de Origem, para regular instrução processual.

Com razão.

Na petição inicial, o reclamante narrou que foi contratado para

laborar na reclamada no período de 05/10/2005 a 08/06/2019, na

função de lavandeiro. Todavia, em razão de dificuldades financeiras

da empresa, não foi-lhe efetuado o pagamento integral das verbas

rescisórias devidas.

Nesses termos, pleiteou a condenação da reclamada, em suma, a

verbas como aviso prévio, férias mais 1/3, 13º salário, multa do

FGTS, reajustes salariais, saldo de salário e multa do art. 467 da

2.2. PRELIMINAR DE NULIDADE DO PROCESSO. AUSÊNCIA CLT.

DE INTIMAÇÃO DO ADMINISTRADOR JUDICIAL DA MASSA

FALIDA A empresa reclamada foi citada no dia 18/06/2019 para responder à

presente ação e para comparecer à audiência una agendada para o

dia 06/11/2019 (Id 0cf819a). Posteriormente, a audiência una foi

redesignada para o dia 29/08/2019.

Todavia, no dia 08/08/2019, a 2ª Vara Cível de Colatina/ES proferiu

sentença convolando em falência a recuperação judicial da empresa

reclamada, com a nomeação da Capital Administradora Judicial

Ltda como administradora judicial da massa falida (Id 821438d),

A 1ª Turma, por maioria, negou provimento ao apelo, restando procedendo-se à assinatura do "Termo de Compromisso de

vencido o Relator que dava provimento ao recurso, adotando os Administrador Judicial da Massa Falida", no dia 12/08/2019 (Id

seguintes fundamentos, in verbis: 290f450).

"A recorrente (Massa Falida da Incovel Indústria e Comércio de Na data da audiência, no dia 29/08/2019, a reclamada não

Código para aferir autenticidade deste caderno: 144362


2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 293
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

compareceu, tendo o MM. Juiz assentado que (Id 4695aa5) : [...]

A empresa INCOVEL Indústria e Comércio de Vestuário S/A. n) representar a massa falida em juízo, contratando, se necessário,

Informou, nos autos do processo n.º 0000456-52.2019.5.17.0141, advogado, cujos honorários serão previamente ajustados e

"Extensivo a TODOS os demais [processos] em curso", que o Juízo aprovados pelo Comitê de Credores;

da 2.ª Vara Cível de Colatina-ES, em 08-08-2019, prolatou sentença

nos autos do processo n.º 0014246-72.2014.8.08.0014, convolando Assim, com a decretação da falência, o devedor é afastado de suas

a recuperação judicial da referida empresa em falência, designando atividades, sendo nomeado administrador judicial, responsável pela

como administradora judicial da massa falida a empresa Capital condução do processo de falência, que passa a representar a

Administradora Judicial Ltda., com endereço na rua Sílvia n.º 110, massa falida, inclusive em juízo.

4.º andar, conjunto 52, Bela Vista, São Paulo-SP, CEP 01331-040.

Sendo assim, determino a inserção de alerta, a fim de fazer constar O art. 76 da Lei n. 11.101/2005 dispõe que o administrador judicial

que se trata de Massa Falida, representada administradora judicial deve ser intimado para representar a massa falida nas ações em

Capital Administradora Judicial Ltda, sob a responsabilidade técnica andamento, sob pena de nulidade do processo:

do Dr. LuisCláudio Montoro Mendes, CPF 146.964.768-04, o qual

deverá ser cadastrado como procurador/terceiro interessado, para Art. 76. O juízo da falência é indivisível e competente para conhecer

fins de intimações. todas as ações sobre bens, interesses e negócios do falido,

ressalvadas as causas trabalhistas, fiscais e aquelas não reguladas

Naquela ocasião, como se vê, o MM. Juiz determinou a inserção de nesta Lei em que o falido figurar como autor ou litisconsorte ativo.

alerta no processo para fazer constar que se trata de massa falida,

bem como o cadastramento do procurador da administradora Parágrafo único. Todas as ações, inclusive as excetuadas no caput

judicial. deste artigo, terão prosseguimento com o administrador judicial, que

deverá ser intimado para representar a massa falida, sob pena de

No dia 01/10/2019, o MM. Juiz proferiu sentença aplicando à nulidade do processo.

reclamada os efeitos da revelia em razão do não comparecimento à

audiência, tendo considerado válidos todos os atos praticados no Logo, no caso vertente, a representação da reclamada deve ser

processo, sob o fundamento de que tanto a citação quanto a exercida pelo administrador judicial, a partir do dia 08/08/2019,

intimação da reclamada para comparecimento à audiência foram quando decretada sua falência.

concretizados antes da decretação da falência (Id 0010aa3).

A partir desta data, portanto, todas as intimações e notificações

A Lei n. 11.101/2005 que regula recuperação judicial, a extrajudicial devem ser realizadas em nome do representante da massa falida,

e a falência do empresário e da sociedade empresária, dispõe em porquanto o representante legal da empresa falida não tem mais

seu art. 22, in verbis: poderes para atuar no processo uma vez que os interesses da

empresa não se confundem com os da massa falida.

Art. 22. Ao administrador judicial compete, sob a fiscalização do juiz

e do Comitê, além de outros deveres que esta Lei lhe impõe: Nesse sentido recente jurisprudência da 4ª Turma do TST:

[...] RECURSO DE REVISTA. PRELIMINAR DE NULIDADE DO

PROCESSO. INTIMAÇÃO DO ADMINISTRADOR JUDICIAL DA

III - na falência: MASSA FALIDA. A lei nº11.101/2005, que regula a recuperação

judicial e a falência da sociedade empresária, dispõe que a falência

[...] promove o afastamento do devedor de suas atividades e determina

expressamente a nomeação de um administrador judicial

c) relacionar os processos e assumir a representação judicial da responsável pela condução do processo da falência, que passa a

massa falida; representar a massa falida, inclusive em juízo. Enquanto não

decretada a falência, mantém-se preservada a capacidade

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 294
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

processual da empresa, razão pela qual a citação é feita na pessoa A recorrente (Massa Falida da Incovel Indústria e Comércio de

dos sócios ou do seu representante legal, que é responsável por Vestuário S/A) pugna pela nulidade de todos os atos processuais

todos os atos processuais. Contudo, após a decretação de falência, posteriores ao dia 08/08/2019, quando foi declarada a falência da

o representante da massa falida é quem passa a atuar; nos reclamada, ao argumento de que não foi realizada a intimação da

processos em andamento, conforme determina o parágrafo único do administradora judicial da massa falida.

artigo 76 da Lei nº 11.101/2005. Portanto, com a decretação da

falência da primeira Reclamada, ocorrida em 23/3/2015, a sua Defende que na data em que realizada a audiência nestes autos a

representação passou a ser exercida pelo administrador judicial, empresa não poderia nem mesmo ser representada por seus

inclusive no que se refere à presente ação trabalhista, não dispondo sócios, uma vez que os interesses da empresa não se confundem

o representante legal da empresa falida de poderes para atuar no com os da massa falida.

feito, uma vez que os interesses da empresa não se confundem

com os da massa falida. Assim, a partir dessa data, as intimações e A empresa reclamada foi citada no dia 18/06/2019 para responder à

notificações deveriam ter sido feitas em nome do representante da presente ação e para comparecer à audiência una agendada para o

massa falida, sob pena de nulidade do processo. Recurso de dia 06/11/2019 (Id 0cf819a).

Revista conhecido em parte e provido. Prejudicada a análise do

Agravo de Instrumento. (TST - ARR-20532620145050251, Relator Posteriormente, em 02/08/2019, a audiência una foi redesignada

Maria de Assis Calsing, Data de julgamento 02/05/2018, 4ª Turma. para o dia 29/08/2019, tendo a reclamada sido intimada no dia

Data de Publicação. DEJT 04/05/2018). (grifei) 06/08/2019.

Desse modo, não tendo sido a administradora judicial intimada para Todavia, no dia 08/08/2019, a 2ª Vara Cível de Colatina/ES proferiu

representar a massa falida, consoante previsão contida no art. 76, sentença convolando em falência a recuperação judicial da empresa

parágrafo único da Lei n. 11.101/2005, impõe-se a nulidade de reclamada, com a nomeação da Capital Administradora Judicial

todos os atos processuais a partir do dia 08/08/2019, data em que Ltda como administradora judicial da massa falida (Id 821438d),

foi decretada a falência da reclamada. procedendo-se à assinatura do "Termo de Compromisso de

Administrador Judicial da Massa Falida", no dia 12/08/2019 (Id

Deve ser observado o princípio do contraditório e da ampla defesa, 290f450).

previsto no art. 5º, LV, da CF, por meio do qual é assegurado aos

litigantes a ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes. A reclamada não compareceu na audiência do dia 29/08/2019,

Nesse sentido, o CPC de 2015, com objetivo de conferir efetividade tendo o Juiz proferido a seguinte decisão:

ao contraditório e à prestação jurisdicional, dispõe em seu art. 9º

que "não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela "A empresa INCOVEL Indústria e Comércio de Vestuário S/A.

seja previamente ouvida". Informou, nos autos do processo n.º 0000456-52.2019.5.17.0141,

"Extensivo a TODOS os demais [processos] em curso", que o Juízo

Pelo exposto, dou provimento ao apelo para declarar a nulidade da da 2.ª Vara Cível de Colatina-ES, em 08-08-2019, prolatou sentença

sentença, bem como dos atos processuais praticados a partir do dia nos autos do processo n.º 0014246-72.2014.8.08.0014, convolando

08/08/2019, data da decretação de falência da reclamada, a recuperação judicial da referida empresa em falência, designando

determinando o retorno dos autos à Vara de Origem, para o regular como administradora judicial da massa falida a empresa Capital

processamento do feito, como entender de direito, mediante Administradora Judicial Ltda., com endereço na rua Sílvia n.º 110,

intimação do administrador judicial da massa falida. 4.º andar, conjunto 52, Bela Vista, São Paulo-SP, CEP 01331-040.

Sendo assim, determino a inserção de alerta, a fim de fazer constar

Prejudicada a análise dos demais tópicos recusais." que se trata de Massa Falida, representada administradora judicial

Capital Administradora Judicial Ltda, sob a responsabilidade técnica

Não obstante os fundamentos apresentados pelo Exmo. do Dr. LuisCláudio Montoro Mendes, CPF 146.964.768-04, o qual

Desembargador Relator, a 1ª Turma, por maioria, negou provimento deverá ser cadastrado como procurador/terceiro interessado, para

ao apelo. fins de intimações."

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 295
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

O Juiz determinou a inserção de alerta no processo para fazer Por conseguinte, plenamente válida e eficaz a citação da pessoa

constar que se trata de massa falida, bem como o cadastramento jurídica antes da decretação da falência.

do procurador da administradora judicial.

Como já mencionado, a citação nos presentes autos ocorreu em

No dia 01/10/2019, o MM. Juiz proferiu sentença aplicando à 18/06/2019 e no dia 06/08/2019 a reclamada foi intimada da

reclamada os efeitos da revelia em razão do não comparecimento à redesignação da audiência para o dia 29/08/2019.

audiência, tendo considerado válidos todos os atos praticados no

processo, sob o fundamento de que tanto a citação quanto a A sentença proferida pela 2ª Vara Cível de Colatina-ES convolou

intimação da reclamada para comparecimento à audiência foram em falência a recuperação judicial da Reclamada em 08/08/2019,

concretizados antes da decretação da falência (Id 0010aa3). tendo o administrador judicial assinado o termo de compromisso no

dia 12/08/2019.

O relator entende que a partir da decretação da massa falida, a

representação da ré passa a ser exercida pelo administrador judicial Portanto, não cabe ao Estado suportar o ônus processual

e, como este não foi intimado, os atos são nulos. decorrente do descumprimento de ato judicial praticado na forma

prevista em lei.

Com efeito, não há dúvida que a massa falida é representada

judicialmente pelo o administrador judicial (art. 75, I do Código de O art. 841, §1º da CLT é cristalino:

Processo Civil), nomeado pelo Juízo Falimentar.

Art. 841 - Recebida e protocolada a reclamação, o escrivão ou

Assim dispõe o art. 76 da Lei 11.101/05: secretário, dentro de 48 (quarenta e oito) horas, remeterá a

segunda via da petição, ou do termo, ao reclamado, notificando-o

Art. 76. O juízo da falência é indivisível e competente para conhecer ao mesmo tempo, para comparecer à audiência do julgamento, que

todas as ações sobre bens, interesses e negócios do falido, será a primeira desimpedida, depois de 5 (cinco) dias.

ressalvadas as causas trabalhistas, fiscais e aquelas não reguladas

nesta Lei em que o falido figurar como autor ou litisconsorte ativo. § 1º - A notificação será feita em registro postal com franquia. Se o

reclamado criar embaraços ao seu recebimento ou não for

Parágrafo único. Todas as ações, inclusive as excetuadas no caput encontrado, far-se-á a notificação por edital, inserto no jornal oficial

deste artigo, terão prosseguimento com o administrador judicial, que ou no que publicar o expediente forense, ou, na falta, afixado na

deverá ser intimado para representar a massa falida, sob pena de sede da Junta ou Juízo.

nulidade do processo.

Ou seja, a Reclamada, que não se encontrava no estado falimentar,

No entanto, o dispositivo acima somente é aplicável quando já já havia sido convocada para integrar a relação processual, tendo o

decretada a falência. ato induzido a litispendência, tornado litigiosa a coisa e constituída

em mora, efeitos que não se alteram pela superveniente convolação

É somente a partir daquele momento, qual seja, decretação da da recuperação judicial em falência.

falência, que há o afastamento do devedor das suas atividades.

Portanto, anteriormente à decretação, presume-se que o devedor Portanto, reputa-se correta a sentença, diante da ausência

estava atuando em conformidade com a preservação da utilização injustificada da Reclamada em audiência, sequer tendo apresentado

produtiva dos bens da empresa. defesa escrita, decretado a revelia e aplicado a pena de confissão,

na forma do art. 844 da CLT.

Tanto é assim que a própria lei de falências é expressa em

asseverar que "na convolação da recuperação em falência, os atos Nega-se provimento.

de administração, endividamento, oneração ou alienação praticados

durante a recuperação judicial presumem-se válidos, desde que

realizados na forma desta Lei"(art. 74).

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 296
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Acordam os Magistrados da 1ª Turma do Tribunal Regional do

Trabalho da 17ª Região, na Sessão Ordinária realizada no dia 03 de

dezembro de 2019, às 13 horas e 30 minutos, sob a Presidência do

Exmo. Desembargador José Carlos Rizk, com a participação do

Exmo. Desembargador Mário Ribeiro Cantarino Neto e do Exmo.

Desembargador Claudio Armando Couce de Menezes, e presente o

Procurador Regional do Trabalho, Dr. Levi Scatolin; por

unanimidade, conhecer do recurso ordinário da reclamada; e, no

mérito, por maioria, negar-lhe provimento, vencido Exmo.

Desembargador Mário Ribeiro Cantarino Neto. Redigirá o acórdão o

Exmo. Desembargador José Carlos Rizk.

Manifestação do Ministério Público pelo conhecimento, acolhimento

da nulidade e baixa dos autos à Vara de Origem.

DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK

REDATOR DESIGNADO

3. ACÓRDÃO

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 297
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

ORIGEM: 10ª VARA DO TRABALHO DE CACHOEIRO DE

ITAPEMIRIM - ES
Acórdão
Processo Nº ROT-0000009-74.2016.5.17.0010
Relator JOSE CARLOS RIZK RELATOR: DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK
RECORRENTE THIAGO ZANI DA CRUZ
ADVOGADO FABIO LIMA FREIRE(OAB: 9167/ES)
COMPETÊNCIA: 1ª TURMA
RECORRENTE BANCO SANTANDER (BRASIL) S.A.
ADVOGADO MAURICIO DE SOUSA
PESSOA(OAB: 156805/SP)
ADVOGADO UDNO ZANDONADE(OAB: 9141/ES)
ADVOGADO TALITHA ABI HARB SANTOS(OAB:
20764/ES)
ADVOGADO FERNANDA RIBEIRO UCHOA
TEIXEIRA(OAB: 101952/RJ)
ADVOGADO EDUARDO CHALFIN(OAB: 53588/RJ)
RECORRIDO BANCO SANTANDER (BRASIL) S.A.
ADVOGADO MAURICIO DE SOUSA
PESSOA(OAB: 156805/SP)
ADVOGADO UDNO ZANDONADE(OAB: 9141/ES)
ADVOGADO TALITHA ABI HARB SANTOS(OAB:
20764/ES)
ADVOGADO FERNANDA RIBEIRO UCHOA
TEIXEIRA(OAB: 101952/RJ)
ADVOGADO EDUARDO CHALFIN(OAB: 53588/RJ)
EMENTA
RECORRIDO THIAGO ZANI DA CRUZ
ADVOGADO FABIO LIMA FREIRE(OAB: 9167/ES)
TERCEIRO COOPCONPIF - Cooperativa de
INTERESSADO Consumo dos Profissionais de
Instituições Financeiras Ltda
TERCEIRO Fabiana Silva Ribeiro
INTERESSADO
TERCEIRO Márcio Rodrigo Mocelim Natal
INTERESSADO
TESTEMUNHA YURI BUSSULAR SEIXAS
TESTEMUNHA REINALDO PASSOS MAGALHAES
TESTEMUNHA AGHTA SILVA ZANOTELLI

Intimado(s)/Citado(s): RECURSO DO RECLAMANTE. HORAS EXTRAS. BANCÁRIO.

- THIAGO ZANI DA CRUZ GERENTE DE RELACIONAMENTO. FIDÚCIA DIFERENCIADA.

APLICAÇÃO DO ART. 224, §2º DA CLT. Tendo em vista que o

autor se encontrava imbuído de uma fidúcia que o colocava em

patamar diferenciado dos demais empregados da agência, inclusive


PODER JUDICIÁRIO
refletindo em sua remuneração, entende-se que estava inserido na
JUSTIÇA DO TRABALHO
exceção do art. 224, §2º, da CLT, sendo indevidas como extras as

horas posteriores à 6ª diária.

RECURSO DA RECLAMADA. NULIDADE DA DISPENSA.


PROCESSO nº 0000009-74.2016.5.17.0010 (ROT) ESTABILIDADE PROVISÓRIA NO EMPREGO. DIRETOR DE

COOPERATIVA. Tendo em vista que o autor é dirigente de


RECORRENTES: THIAGO ZANI DA CRUZ; BANCO SANTANDER cooperativa regida pela Lei nº 5.764/71, faz jus o reclamante à
(BRASIL) S.A. estabilidade provisória no emprego prevista no art. 55 desta lei.

Ademais, entende-se que tal garantia não está limitada ao número


RECORRIDOS: THIAGO ZANI DA CRUZ; BANCO SANTANDER de 7 dirigentes, vez que, nos moldes do art. 29 desta lei, é livre a
(BRASIL) S.A. associação de interessados.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 298
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Em recurso ordinário, a reclamada suscita preliminar de nulidade da

sentença, por ser ultra petita e preliminar de nulidade da sentença,

por cerceamento de defesa, além de pleitear o efeito suspensivo ao

recurso. No mérito, pugna pela reforma dos seguintes capítulos:

estabilidade prevista no art. 55 da Lei 5.764/71, por ser falsa

cooperativa; horas extras a partir da 8ª diária; reflexos dos dias de

sábado; reflexos das horas extras nos dias de repouso semana

remunerado, sob pena de bis in idem; reflexos do sistema de

1. RELATÓRIO remuneração variável nas horas extras; indenização pelo uso de

veículo próprio; indenização pelo uso de celular; equiparação

salarial, sucessivamente, exclusão do pagamento de diferenças de

auxílio refeição e auxílio cesta alimentação e PLR; e honorários

periciais.

Custas ao Id. 8286a9f e depósito recursal ao Id. 09b1808.

Contrarrazões do autor, em que pretende a manutenção da

Esta ação foi proposta em 08/01/2016, antes da entrada em vigor sentença.

da Lei nº 13.467/2017.

Contrarrazões pela reclamada, em que suscita preliminar de não

A Origem pronunciou a prescrição das parcelas anteriores a conhecimento do recurso do autor quanto ao índice de correção

08/01/2011. Não há recurso quanto à prescrição. monetária, por inovação recursal e, no mérito, pela manutenção da

sentença e pela aplicação de multa por litigância de má-fé.

Trata-se de recurso ordinário interposto pelo reclamante e pela

reclamada em face da r. sentença, complementada pela decisão de É o relatório.

embargos de declaração, que julgou procedentes em parte os

pedidos formulados na inicial, para condenar a reclamada no

pagamento de diferenças salariais decorrente de garantia do

emprego, ratificando a tutela antecipada; horas extras após a 8ª

hora diária, no período imprescrito até a data da dispensa da

testemunha Yuri; intervalo intrajornada, no período imprescrito até a

data da dispensa da testemunha Yuri; divisor 220; integração da

remuneração variável; indenização pelo uso de veículo, no período

entre 01/12/2011 até 24/11/2015; indenização pelo uso do telefone

particular, no período entre 01/12/2011 até 24/11/2015; equiparação 2. FUNDAMENTAÇÃO

salarial; e diferenças de substituição.

O reclamante interpõe recurso ordinário, requerendo a reforma do

decisio quanto às horas extras a partir da 6ª hora diária; divisor;

limitação temporal das horas extras a partir da 8ª diária,

sucessivamente o afastamento da OJ 415 da SDI-I do TST;

limitação temporal do intervalo intrajornada, sucessivamente o

afastamento da OJ 415 da SDI-I do TST; majoração da indenização

pelo uso de veículo próprio; indenização por assédio moral; e índice

de correção monetária.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 299
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Em primeiro lugar, saliente-se que a aplicação de correção

monetária constitui pedido implícito, não precisando constar na

inicial, não havendo qualquer julgamento "ultra" e "extra petita"

2.1. CONHECIMENTO quando a sentença aborda a matéria mesmo que não tenha sido

mencionada na inicial.

Ressalte-se que o Juízo de Primeiro Grau determinou que fosse

aplicada a correção monetária a TR como índice de atualização.

O reclamante requereu em seu recurso ordinário que seja

reformada a sentença para aplicar o IPCA-E como índice de

atualização.

Logo, não há falar em inovação recursal.

Rejeita-se a preliminar.

Estando preenchidos este e os demais pressupostos de

2.1.1. CONHECIMENTO DO RECURSO DO AUTOR. admissibilidade, conhece-se do recurso ordinário do reclamante.

PRELIMINAR DE NÃO CONHECIMENTO, POR INOVAÇÃO.

SUSCITADA EM CONTRARRAZÕES PELA RECLAMADA

2.1.2. CONHECIMENTO DO RECURSO DA RECLAMADA

Esta ação foi proposta em 08/01/2016, antes da entrada em vigor

da Lei nº 13.467/2017.

A Origem pronunciou a prescrição das parcelas anteriores a

08/01/2011. Não há recurso quanto à prescrição.

A reclamada suscita preliminar de inovação recursal em

contrarrazões, alegando que o autor inovou a sua causa de pedir

quanto ao índice de correção monetária, inserindo no recurso Esta ação foi proposta em 08/01/2016, antes da entrada em vigor

ordinário pleito inexistente na petição inicial e que por conseguinte da Lei nº 13.467/2017.

não foi objeto de apreciação pela sentença.

A Origem pronunciou a prescrição das parcelas anteriores a

Sem razão. 08/01/2011. Não há recurso quanto à prescrição.

Inexiste qualquer inovação recursal quanto ao tema da correção Conhece-se do recurso ordinário interposto pela reclamada,

monetária. porquanto preenchidos os pressupostos legais de admissibilidade.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 300
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

De acordo com o art. 300 do CPC, a tutela de urgência será

concedida quando houver elementos que evidenciem a

probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado

útil do processo.

No caso em tela, encontram-se presentes os requisitos necessários

para a concessão da tutela de urgência.

2.2. PRELIMINARES

A probabilidade do direito decorre do fato de que restou

comprovada a violação do direito do Reclamante no tocante à

nulidade da dispensa, não tendo a recorrente apresentado

argumentados fáticos, a fim de serem aferidos em uma análise

sumária.

O perigo de dano também é patente, porquanto o Reclamante

estaria impedido de receber salário, verba de caráter alimentar.

Não há risco de irreversibilidade da medida, diante da inexistência

de prejuízo à Reclamada, que se beneficiará da mão de obra do

Reclamante.

Não merece ser acolhido, portanto, o requerimento da Ré de que

2.2.1. CONCESSÃO DE EFEITO SUSPENSIVO. PRELIMINAR seja concedido efeito suspensivo ao recurso ordinário interposto.

SUSCITADA PELA RECLAMADA EM RAZÕES DE RECURSO

Rejeita-se a preliminar de atribuição de efeito suspensivo ao apelo,

formulado pela Reclamada em razões recursais.

A Reclamada, em razões recursais, busca a concessão de efeito

suspensivo ao recurso ordinário interposto.

Pois bem. 2.2.2. PRELIMINAR DE NULIDADE DA SENTENÇA, POR

JULGAMENTO ULTRA PETITA, SUSCITADA EM RAZÕES DE

Depreende-se da nova redação da Súmula 414, do TST, que "a RECURSO ORDINÁRIO PELA RECLAMADA

tutela provisória concedida na sentença não comporta impugnação

pela via do mandado de segurança, por ser impugnável mediante

recurso ordinário. É admissível a obtenção de efeito suspensivo ao

recurso ordinário mediante requerimento dirigido ao tribunal, ao

relator ou ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal recorrido,

por aplicação subsidiária ao processo do trabalho do artigo 1.029, §

5º, do CPC de 2015".

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 301
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Esta ação foi proposta em 08/01/2016, antes da entrada em vigor Requer seja reconhecida a nulidade da decisão, no ponto.

da Lei nº 13.467/2017.

Sucessivamente, pretende a limitação aos termos postulados na

A Origem pronunciou a prescrição das parcelas anteriores a exordial.

08/01/2011. Não há recurso quanto à prescrição.

Examina-se.

Consta da inicial que o Reclamante foi admitido em 25/03/1998,

exercendo no período imprescrito a função de gerente de Segundo o sistema processual vigente, o julgador não pode, via de

atendimento (até 01/12/2011) e depois a função de gerente de regra, decidir acima (ultra petita), fora (extra petita) ou aquém (citra

relacionamento Business/Empresas, tendo sido dispensado sem petita) dos limites do pedido.

justa causa em 24/11/2015, quando recebia remuneração mensal

no valor de R$ 6.717,48 (seis mil, setecentos e dezessete reais e Nesse contexto, a teor do art. 492 do CPC/2015, é defeso ao juiz

quarenta e oito centavos). proferir sentença, a favor do Autor, de natureza diversa da pedida,

bem como condenar o Réu em quantidade superior ou em objeto

Em preliminar de recurso ordinário sustenta a Reclamada que a r. diverso do que lhe foi demandado.

decisão de Origem se trata de sentença ultra petita, na medida em

que o Julgador deferiu ao Obreiro um quantumde diferenças Corroborando tal proibição, o art. 141 do diploma processual civil

salariais decorrente da reintegração maior do que o postulado. preceitua que o magistrado deve decidir a lide nos limites em que foi

proposta, sendo-lhe defeso conhecer de questões, não suscitadas,

Nesse contexto, explica que a inicial limita as horas nos seguintes a cujo respeito a lei exige a iniciativa da parte.

termos:

Consoante ensinamento de Freddie Didier Júnior, "diz-se ultra petita

"Pede seja declarada nula a dispensa sem justa causa do Rte a decisão que (i) concede ao demandante mais do que ele pediu, (ii)

realizada pelo Reclamado na data de 24-11-2015, declarando-se analisa não apenas os fatos essenciais postos pelas partes como

que o Autor é detentor de garantia provisória no emprego no também outros fatos essenciais, ou (iii) resolve a demanda em

período entre 12-01-2015 até 1 (um) ano após a data do término do relação aos sujeitos que participaram do processo, mas também em

seu mandato de diretor da COOPBAN, na forma do art. 55, da Lei n. relação a outros sujeitos não participantes." (DIDIER Jr., Freddie, in

5.764/1971 c/c art. 543, parágrafo 3o, da CLT, REQUERENDO O "Curso de Direito Processual Civil", 2ª ed., Salvador: JusPODIVM,

AUTOR SEJA DETERMINADA A SUA REINTEGRAÇÃO AO 2008. v. 02, p. 287).

EMPREGO NO RECLAMADO, na mesma função, local, e com a

mesma remuneração de antes da dispensa, condenando-se o No caso em tela, ao contrário do que sustenta a reclamada, verifica-

Reclamado a fazer tal reintegração, e ainda, que seja o Reclamado se que o Reclamante apontou, em sua peça de ingresso, de forma

condenado ao pagamento das remunerações vencidas e vincendas genérica as parcelas de natureza salarial devida. Veja-se:

do Reclamante, a serem apuradas desde a data de 24-11-2015 até

a data da efetiva reintegração do Reclamante, condenando-se o "(...), condenando-se o Reclamado a fazer tal reintegração, e ainda,

Rdo também ao pagamento das parcelas de 13o salário, férias + que seja o Reclamado condenado ao pagamento das remunerações

1/3, FGTS, PLR (Participação nos Lucros e Resultados), auxílio vencidas e vincendas do Reclamante, a serem apuradas desde a

refeição (cláusula 14ª), auxílio cesta alimentação (cláusula 15ª), data de 24-11-2015 até a data da efetiva reintegração do

auxílio décima terceira cesta alimentação (cláusula 16ª), e demais Reclamante, (...)".

benefícios previstos nas CCT dos bancários, durante todo o período

de afastamento." A r. sentença, neste sentido, deferiu a pretensão nos seguintes

termos:

Nada obstante, aponta que o d. Juízo a quo, em sede de embargos

de declaração, determinou a inclusão da todas as parcelas de "Assim, defiro o pedido "A" da inicial, restando mantidos os efeitos

natureza salarial recebidas pelo autor. da concessão da tutela antecipada, devendo ser pagas as

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 302
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remunerações vencidasdesde sua dispensa até a efetiva

reintegração." A Origem pronunciou a prescrição das parcelas anteriores a

08/01/2011. Não há recurso quanto à prescrição.

A fim de tornar mais clara a abrangência do termo remunerações,

por meio da decisão de embargos de declaração, o Juízo assim Consta da inicial que o Reclamante foi admitido em 25/03/1998,

decidiu: exercendo no período imprescrito a função de gerente de

atendimento (até 01/12/2011) e depois a função de gerente de

"O termo remuneração utilizado na sentença ao deferir a relacionamento Business/Empresas, tendo sido dispensado sem

reintegração se refere a todas as parcelas de cunho salarial justa causa em 24/11/2015, quando recebia remuneração mensal

recebido pelo autor, como for apurado em liquidação." no valor de R$ 6.717,48 (seis mil, setecentos e dezessete reais e

quarenta e oito centavos).

Do cotejo entre a inicial e a r. sentença, observa-se que não há o

alegado julgamento "além do pedido". Informou que, no período em que exerceu a função de gerente de

atendimento recebeu salário inferior ao paradigma Willian Rodrigues

Dessa forma, a r. sentença, ao condenar a Ré ao pagamento de de Oliveira, mesmo tendo exercido idênticas funções. Já, no período

diferenças de remuneração do período estabilitário até a efetiva em que foi gerente de relacionamento Business/Empresas, recebeu

reintegração, não incorreu em julgamento ultra petita. salário inferior aos paradigmas Janaina Queiroz Costa Drummond

de Aguiar e Delton Martins de Souza, mas realizava as mesmas

Dessa forma, considerando que o pedido apontado pela Recorrente atividades.

foi corretamente deduzido na inicial, não há falar em infringência ao

492 do CPC. Por isso, pugnou pelo pagamento de diferenças salariais por

equiparação salarial.

Rejeita-se a preliminar de nulidade da sentença por julgamento ultra

petita, suscitada pela Ré em razões recursais. Na audiência de instrução de Id. eea594c foi produzida prova oral,

sendo ouvida as partes, duas testemunhas indicadas pelo autor e

uma indicada pela reclamada. Especificamente quanto ao pedido de

produção de prova oral sobre à equiparação salarial, o Juízo assim

se manifestou:

"Requereu a reclamada a produção de prova oral acerca da

equiparação salarial tendo em vista as impugnações apresentadas

ao laudo pericial, o que foi indeferido pelos seguintes motivos: as

questões suscitadas pela ré nas impugnações são todas aferíveis

2.2.3. PRELIMINAR DE NULIDADE DA SENTENÇA, POR com prova documental, como fundamentado pela própria parte na

CERCEAMENTO DE DEFESA, SUSCITADA EM RAZÕES DE sua insurgência. Protestos do réu".

RECURSO ORDINÁRIO PELA RECLAMADA

Na r. sentença a Origem se baseou na prova pericial produzida, ao

estabelecer as atividades exercidas pelo autor e pelos paradigmas,

para deferir o pedido de condenação da reclamada no pagamento

de diferenças salariais decorrente de equiparação salarial.

Nas razões recursais a reclamada alega preliminar de cerceamento

de defesa pelo indeferimento de perguntas ao autor e às

testemunhas quanto ao tema da equiparação salarial.

Esta ação foi proposta em 08/01/2016, antes da entrada em vigor

da Lei nº 13.467/2017. Analisa-se.

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A Origem deixou claro na r. sentença recorrida que as atividades

laborais do autor e dos paradigmas foram consignadas pela prova 2.3. MÉRITO DO RECURSO DO AUTOR

pericial, de modo que se verificou que o reclamante tenha

desempenhado funções idênticas aos dos paradigmas, porém, com

menor remuneração.

No direito processual brasileiro, é notório que incumbe ao

Magistrado a direção do processo, devendo até mesmo afastar, em

nome da celeridade e economia processual, provas que reputem

inócuas, inúteis, irrelevantes ou desnecessárias, sem que isso

importe, necessariamente, em afronta ao amplo direito de defesa

garantido às partes (art. 370 do CPC/2015).

Trata-se da liberdade do juiz em conduzir o processo, também

prevista no artigo 765, da CLT, que estabelece a "ampla liberdade

de direção do processo" e o dever do magistrado em velar pelo

"andamento rápido das causas". 2.3.1. HORAS EXTRAS A PARTIR DA 6ª HORA DIÁRIA. ART.

224, §2º DA CLT

Nesse sentido, não se encontram fundamentos, no presente caso,

para acolher a preliminar por cerceio de defesa, haja vista à prova

pericial, além da liberdade de condução processual do julgador.

Assim, tendo em vista a devida justificativa do indeferimento das

perguntas para o autor e para as testemunhas pelo Magistrado, não

há que se falar em violação ao art. 5º, LV, da Constituição Federal.

Rejeita-se a preliminar de nulidade da sentença, por cerceio do Esta ação foi proposta em 08/01/2016, antes da entrada em vigor

direito de defesa, suscitada pela reclamada em razões recursais. da Lei nº 13.467/2017.

A Origem pronunciou a prescrição das parcelas anteriores a

08/01/2011. Não há recurso quanto à prescrição.

Consta da inicial que o Reclamante foi admitido em 25/03/1998,

exercendo no período imprescrito a função de gerente de

atendimento (até 01/12/2011) e depois a função de gerente de

relacionamento Business/Empresas, tendo sido dispensado sem

justa causa em 24/11/2015, quando recebia remuneração mensal

no valor de R$ 6.717,48 (seis mil, setecentos e dezessete reais e

quarenta e oito centavos).

Afirmou que exerceu o cargo de gerente de atendimento, desde

01/01/2010 até 01/12/2011 e, posteriormente, ocupou o cargo de

gerente de relacionamento Business/Empresasaté a data da

dispensa.

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Relatou que no período entre 01/12/2011 a 24/11/2015, e que pese

exercer a função de gerente de relacionamento Business/Empresas, Cumpre perquirir se a autora estava inserida na exceção do art.

foi submetido a jornada de trabalho de 8h diárias. No entanto, 224, §2º, da CLT.

destacou que "não ocupou cargo de gerência estrita, ou seja, não

ocupou cargo de confiança bancária nos moldes do art. 224, É incontroverso que recebia gratificação de função superior a um

parágrafo 2º, da CLT". terço do valor do cargo efetivo, já que percebia salário base de R$

3.679,51 (três mil, seiscentos e setenta e nove reais e cinquenta e

Pugnou pela descaracterização da jornada de 08 horas, tendo em um centavos) acrescido de gratificação de função no valor de R$

vista que não possuía subordinados ou poder de fiscalização, não 2.068,19 (dois mil e sessenta e oito reais), conforme ficha financeira

exercia função de chefia e tampouco provido de fidúcia especial e, de Id. 43e5f58 - Pág. 11.

paralelamente, o reconhecimento das horas extras a partir da 6ª

hora diária. Quanto às tarefas propriamente ditas, não é possível afirmar que o

autor exercia mera atividade técnica de assessoramento ou mesma

Em contestação a Reclamada sustentou que "em 01.12.2011 o fidúcia conferida a empregados que, de fato, exerciam tarefas de

Reclamante passou para o cargo de Gerente de Relacionamento simples assessoria ou suporte bancário.

Empresas/Business I e em 01.12.2014 passou para o cargo de

Gerente de Relacionamento Empresas/Business II". O reclamante admite na inicial que era o responsável por substituir

o gerente geral de agência, bem como pleiteou equiparação salarial

Afirmou que "o cargo de Gerente de Relacionamento Business, com o gerente de Gerente de Relacionamento Business Sr. Delton

possui grande fidúcia, pois é responsável por conquistar novos e Sra. Janaína, sob o fundamento de que detinha as mesmas

clientes e prestar atendimento aos atuais, no Segmento de Pessoa atribuições e poderes do cargo, sendo elas: "atendimento a clientes,

Jurídica Business com faturamento anual até 1 milhão de reais venda de produtos e serviços do banco, e administrava uma carteira

(Gerente de Relacionamento Empresas I) e entre 1 e 6 milhões de de clientes do segmento de pessoa jurídica (empresas)".

reais (Gerente de Relacionamento Empresas II) , com o objetivo de

aumentar a sua carteira de clientes junto ao mercado. Para tanto, Ademais, o laudo pericial de Id. ca6ab49 constatou que o autor,

era exigido que ele tivesse 2 anos de experiência como gerente de além de participar de comitê de crédito, exercia as seguintes

Relacionamento no Segmento Alta Renda ou Pessoa Jurídica e, atribuições como Gerente de Relacionamento Business:

ainda, inglês e espanhol intermediário" e que "o próprio Gerente,

caso do Reclamante, é quem elabora as propostas de concessão "11. Informe o i. Perito, à título exemplificativo, os clientes que eram

de crédito no fluxo de abertura de conta corrente ou no sistema de atendidos

Elaboração, Análise e Gestão de Propostas de Crédito (ferramentas

da plataforma de atendimento do reclamado)", além de asseverar pelo Gerente de Relacionamento Business I.

que participava do Comitê de Crédito junto com o gerente geral de

agência. Resposta: Com relação a função de Gerente de Relacionamento

Business I, temos que a mesma visava manter a carteira de clientes

Por fim, asseverou que o autor recebia gratificação de função no pessoas jurídicas sob sua responsabilidade, bem como de seus

valor de 1/3 do salário efetivo. respectivos sócios, identificando suas necessidades e assegurando

a satisfação dos mesmos com relação aos serviços e produtos

A Origem reconheceu a validade da jornada de 08 horas do autor, disponibilizados pelo Banco.

na forma do art. 224, §2º da CLT, indeferindo a título de horas

extras aquelas que ultrapassassem 6ª horas diárias até a 8ª hora Conquistar novos clientes visando aumentar sua carteira junto ao

diária. mercado alvo, vendendo produtos e serviços da instituição.

Em razões recursais o autor renovou sua pretensão. Propor o desenvolvimento de negócios de seus clientes, de acordo

com as normas e procedimentos operacionais estabelecidos pelo

Sem razão. Banco.

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assegurar o nível de qualidade diferenciado de serviços prestados

Acompanhar e cobrar operações de seus clientes com operações pelo Banco.

de crédito vencidas.

13. Com base nos quesitos anteriores é possível afirmar, que a

Acompanhar a performance de negócios de seus clientes, visando atividade exercida pelo Reclamante era compatível com o dos

identificar eventuais problemas, que possam interferir nos paradigmas?

resultados do Banco e Zelar pelo atendimento personalizado de

seus clientes, visando assegurar o nível de qualidade diferenciado Resposta: Afirmativo.

de serviços prestados pelo Banco.

(...)

12. Informe o i.Perito, à título exemplificativo, os clientes que eram

atendidos 18. Informe o I. Perito quais os locais de trabalho e os cargos

exercidos pelos

pelo Gerente de Relacionamento Business II.

paradigmas e seus respectivos períodos e salários?

Resposta: E com relação ao gerente de relacionamento business II,

temos que o mesmo tinha como dever: manter a carteira de clientes Resposta: As agências as quais laboram o reclamante e

pessoas jurídicas sob sua responsabilidade, identificando suas paradigmas, são situadas na grande Vitória, como segue:

necessidades e assegurando a satisfação dos mesmos com relação

aos serviços e produtos disponibilizados pelo Banco. O reclamante trabalhou na agência de Vitória situada na Avenida

Princesa Isabel sendo que em 01/12/2011 foi transferido para a

Conquistar novos clientes visando aumentar sua carteira junto ao Agência de Jardim da Penha, Vitória/ES. Em 01/07/2014 o autor foi

mercado alvo, vendendo produtos e serviços da instituição. novamente transferido para a Agência da Praça Costa Pereira

situada em Vitória/ES.

Propor o desenvolvimento de negócios de seus clientes, de acordo

com as normas e procedimentos operacionais estabelecidos pelo O paradigma Willian Rodrigues de Oliveira trabalhou na agência da

Banco. Costa Pereira, até a demissão.

Prospectar e dar aceite a propostas de investimentos dos clientes O paradigma Janaína Queiroz trabalhou na Agência da Enseada do

de sua carteira. Suá, sendo que em 01/06/2014 foi transferida para a Agência da

Praia do Canto.

Acompanhar e cobrar operações de seus clientes com operações

de crédito vencidas. Contrato de trabalho ativo, hoje em Jucutuquara;

Acompanhar a performance de negócios de seus clientes, visando O paradigma Delton Martins de Souza trabalhava na Agência de

identificar eventuais problemas, que possam interferir nos Laranjeiras sendo que em 01/05/2015 foi transferido para o PV

resultados do Banco. Vitória.

Analisar as operações de empréstimo dos clientes de sua carteira, E quanto aos cargos e salários, já foram respondidos por este

conforme os parâmentros definidos pela política de concessão de Perito, vide respostas dadas aos quesitos do reclamante. Contudo,

crédito. em caso de eventual procedência do pleito de equiparação salarial,

serão apuradas as diferenças salariais devidas, ocasião em que

Aprovar e cadastrar limites de crédito (inclusive participação no serão demonstrados mês a mês os valores recebidos pelos

comitê de crédito da agência). mesmos".

Zelar pelo atendimento personalizado de seus clientes, visando Neste passo, tem-se que o próprio teor da inicial e o laudo pericial

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comprovam a realidade fática vivenciada pelo autor no exercício da Consta da inicial que o Reclamante foi admitido em 25/03/1998,

função de gerente de Relacionamento Business, com atribuições exercendo no período imprescrito a função de gerente de

diferenciadas ao simples cargo efetivo bancário. atendimento (até 01/12/2011) e depois a função de gerente de

relacionamento Business/Empresas, tendo sido dispensado sem

Extrai-se, portanto, da prova pericial que o autor possuía maiores justa causa em 24/11/2015, quando recebia remuneração mensal

responsabilidade do que os empregados comuns, já que era no valor de R$ 6.717,48 (seis mil, setecentos e dezessete reais e

responsável por toda a prestação de serviços bancários para aquela quarenta e oito centavos).

linha de clientela e participava de comitê de crédito junto com a

gerente geral de agência, sendo que eventualmente substituía o Afirmou que exerceu o cargo de gerente de atendimento, desde

próprio gerente geral. 01/01/2010 até 01/12/2011 e, posteriormente, ocupou o cargo de

gerente de relacionamento Business/Empresasaté a data da

Assim, tendo em vista que o autor se encontrava imbuído de uma dispensa.

fidúcia que o colocava em patamar diferenciado dos demais

empregados da agência, inclusive refletindo em sua remuneração, Relatou que, no período entre 01/01/2010 até 24/11/2015, cumpria

entende-se que estava inserido na exceção do art. 224, §2º, da jornada de trabalho de 8h às 20h, de segunda a sexta-feira, com

CLT, sendo indevidas como extras as horas posteriores à 6ª diária. intervalo de 30 minutos para refeição.

Por fim, diante da manutenção da sentença de improcedência, por Pugnou o pagamento de horas extras não anotadas nos controles

decorrência lógica, não há falar em aplicação do divisor 180 para o de frequência.

cálculo das horas extras.

Em contestação, a reclamada defende a validade dos controles de

Nega-se provimento. ponto, tendo destacado que eventuais horas extras eram

devidamente quitadas.

A Origem julgou parcialmente procedentes os pedidos sob o

seguinte fundamento:

"A reclamada junta os cartões de ponto que apontam o labor

extraordinário bem como os contracheques que também apontam o

pagamento de horas extras.

2.3.2.HORAS EXTRAS A PARTIR DA 8ª HORA DIÁRIA (...)

Em depoimento pessoal, o reclamante disse que a média de horas

de trabalho entre gerente de atendimento e relacionamento era a

mesma; que chegava Às 7:50/8:00 hs na agência e saia às

19:30/20hs; que parava 20/30 minutos para almoçar, dentro da

agência; que a última agência por qual passou tinha 5 gerentes de

relacionamentos; que havia um revezamento para não saírem todos

ao mesmo tempo.

Esta ação foi proposta em 08/01/2016, antes da entrada em vigor

da Lei nº 13.467/2017. Em depoimento pessoal, a preposta da reclamada disse que o

reclamante fazia jornada de 9hs às 18hs, com 1 hora de almoço;

A Origem pronunciou a prescrição das parcelas anteriores a que se extrapolasse esse horário, era registrado no cartão de ponto.

08/01/2011. Não há recurso quanto à prescrição.

A primeira testemunha indicada pelo reclamante disse que

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trabalhou no banco até 2014; que trabalhou com o reclamante na ainda; que tem 1 hora de intervalo; que é possível o funcionário

agencia princesa Isabel; que saiu desta agência no ano de 2011; fazer um ajuste no ponto, se prolongar o horário depois de uma

que era gerente de careira; que chegava para trabalhar as 8hs e visita; que na época batia ponto na própria agente; que é gerente de

saia em média 20hs/20:30hs; que o reclamante fazia normalmente empresa desde setembro de 2014; que não tem conhecimento de

os mesmos horários; que fazia 20/30 minutos de almoço e retornava haver um ranking das agencias em que aferida a quantidade de

para trabalhar; que o reclamante também fazia o mesmo horário; horas extras; que nunca foi orientado no sentido de não marcar o

que nessa agencia tinham uns 5/6 gerentes de relacionamento; que ponto corretamente; que o empregado que não registra

não podia revezar enquanto tinha cliente para atender; que o ponto corretamente o ponto, é punido; que o sistema

era eletrônico; que na grande maioria, não era marcado

corretamente o cartão de ponto; que a agencia era punida se rígido de ponto passou a existir há dois/três anos para cá; que

houvesse muitas horas extras dos funcionários, então era cobrados poderia acontecer do gerente estar ainda em visita externa depois

para que não marcassem mais horas em razão de um ranking entre das 20hs.

as agencias; que batia o ponto e continuava trabalhando; que

mesmo com o ponto fechado, não impedia de trabalhar, não As testemunhas ouvidas confirmam a realização de horas extra,

bloqueava; que era orientada a não marcar horas extras, mas o além do anotado no cartão de ponto, somente do marco

gerente sabia que faziam horas extras; que o chefe dela e do prescricional até a data de dispensa da testemunha Yuri Bussular

reclamante era o gerente geral, Sr. Eduardo; que chegavam e-mails Seixas, como apurado em liquidação. A testemunha arrolada pela ré

mostrando quais funcionários mais faziam horas extras e nas não se presta para confrontar tal assertiva, pois relata que o horário,

reuniões diárias era exposto que não poderia gerar horas extras. além de atestar que o sistema mais rígido de controle de ponto

somente passou a valer após o fim do contrato de trabalho do

A segunda testemunha indicada pelo reclamante disse que reclamante (dois/três anos para cá).

trabalhou de 2007 a 2012 no banco; que trabalhou na agencia de

jardim da penha com o reclamante; que quando o reclamante Tendo por base a prova fixo a jornada média de trabalho do autor

chegou, o depoente já trabalhava lá; que era assistente PJ; que no período como sendo das 8:30 às 19:00, sempre com 30 minutos

chegava entre 8h/8:30hs na agencia e normalmente o reclamante de intervalo.

chegava primeiro; que ia embora em média às 19:30hs; que a

maioria das vezes, o depoente ia embora antes do reclamante; que Desta forma, procede parcialmente o pleito de horas extras, no

fazia entre 20/30 minutos de refeição; que ninguém parava 1 hora montante a ser apurado em liquidação, sendo extra o labor após a

de intervalo; que era obrigado a bater o ponto antes da partida 8ª hora diária, do período imprescrito até a data de dispensa da

porque se tivesse uma quantidade de horas extras muito grande, a testemunha Yuri Bussular Seixas.".

agência era penalizada; que o gestor orientava a bater o ponto e

fazer outros trabalhos como ligação para cliente, arquivar contratos, Recorre o autor pretendendo a reforma da limitação temporal das

preenchimento de contas, ligação para ofertas de produtos; que horas extras a partir da 8ª diária, sucessivamente o afastamento da

depois que dava baixa no sistema, não tinha como acessar o OJ 415 da SDI-I do TST.

sistema depois de fechar o ponto; que fazia serviços internos; que

Pois bem.

A primeira testemunha da reclamada disse que trabalha no banco

desde janeiro de 2013; que inicialmente trabalhou na agencia da O art. 224, §2º, da CLT estabelece que a jornada de seis horas

Enseada e no final de outubro/novembro de 2013 passou a diárias não se aplica aos que exercem funções de direção,

trabalhar na agencia de Jardim da Penha; que o reclamante já gerência, fiscalização, chefia e equivalente ou que desempenhem

estava trabalhando na agencia de Jardim da Penha quando outros cargos de confiança, desde que o valor da gratificação não

começou a trabalhar lá; que exercia a função de assistente de seja inferior a 1/3 do salário do cargo efetivo.

empresa; que chegava na agência às 9hs; que quando chegava,

acontecia do reclamante estar na agencia ou visitando cliente; que Na inicial o autor informa que, durante todo o período imprescrito

saia as 18hs; que o sistema não permite que se trabalhe depois das exerceu a função de gerente de atendimento (até 01/12/2011) e

18hs; que acontecia de ir embora e deixar o reclamante trabalhando depois a função de gerente de relacionamento Business/Empresas,

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tendo destacado que no período entre 01/01/2010 até 24/11/2015, II - A presunção de veracidade da jornada de trabalho, ainda que

cumpria jornada de trabalho de 8h às 20h, de segunda a sexta-feira, prevista em instrumento normativo, pode ser elidida por prova em

com intervalo de 30 minutos para refeição. contrário. (ex-OJ nº 234 da SBDI-1 - inserida em 20.06.2001)

Outrossim, inconteste que o autor se enquadra na exceção prevista III - Os cartões de ponto que demonstram horários de entrada e

no §2º do art. 224 da CLT, mormente porque recebia um adicional saída uniformes são inválidos como meio de prova, invertendo-se o

superior a 1/3 do seu salário base. ônus da prova, relativo às horas extras, que passa a ser do

empregador, prevalecendo a jornada da inicial se dele não se

A par disso, o autor estava submetido a jornada de 8 horas diárias, desincumbir. (ex-OJ nº 306 da SBDI-1- DJ 11.08.2003)"

mediante controle de frequência, que foram impugnados pelo autor.

In casu, a ré cumpriu o art. 74, §2º, da CLT, colacionando aos autos

Acerca do ônus da prova, assim dispõem os artigos 818 da CLT e os registros de horários cumpridos pelo autor (Id. 1e367ce), mas

373 do CPC: impugna o cumprimento de horas extras não anotadas, afirmando

que, quando eventualmente prestadas, houve efetivo pagamento.

"Art. 818. A prova das alegações incumbe à parte que as fizer."

Da prova oral produzida, verifica-se que as duas testemunhas do

" Art. 373. O ônus da prova incumbe: autor comprovam que o autor constantemente realizava horas

extras sem a devida anotação no controle de frequência, inclusive

I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; sob pena de punição.

II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou A primeira testemunha do autor, que somente trabalhou no banco

extintivo do direito do autor." até o ano de 2014, relatou que: que o ponto era eletrônico; que na

grande maioria, não era marcado corretamente o cartão de ponto;

Como se nota, segundo a regra geral de repartição do ônus que a agencia era punida se houvesse muitas horas extras dos

probatório, compete ao reclamante a prova dos fatos constitutivos funcionários, então era cobrados para que não marcassem mais

do seu direito, qual seja, a efetiva prestação de horas horas em razão de um ranking entre as agencias; que batia o ponto

extraordinárias, e à ré incumbe a prova de fatos impeditivos, e continuava trabalhando; que mesmo com o ponto fechado, não

modificativos ou extintivos do direito do autor. impedia de trabalhar, não bloqueava; que era orientada a não

marcar horas extras, mas o gerente sabia que faziam horas extras;

Sabe-se que, especificamente em relação às horas extras, a que o chefe dela e do reclamante era o gerente geral, Sr. Eduardo;

jurisprudência tem dado um tratamento diferenciado, especialmente que chegavam e-mails mostrando quais funcionários mais faziam

em razão da dificuldade que os empregados encontram em horas extras e nas reuniões diárias era exposto que não poderia

comprovar eventuais horas extraordinárias prestadas. Neste gerar horas extras.

sentido, o verbete nº 338 da súmula do E. TST:

A segunda testemunha do autor, que trabalhou no banco até o ano

"JORNADA DE TRABALHO. REGISTRO. ÔNUS DA PROVA de 2012, também informou que: que era obrigado a bater o ponto

(incorporadas as Orientações Jurisprudenciais nºs 234 e 306 da antes da partida porque se tivesse uma quantidade de horas extras

SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005 muito grande, a agência era penalizada; que o gestor orientava a

bater o ponto e fazer outros trabalhos como ligação para cliente,

I - É ônus do empregador que conta com mais de 10 (dez) arquivar contratos, preenchimento de contas, ligação para ofertas

empregados o registro da jornada de trabalho na forma do art. 74, § de produtos; que depois que dava baixa no sistema, não tinha como

2º, da CLT. A não-apresentação injustificada dos controles de acessar o sistema depois de fechar o ponto; que fazia serviços

freqüência gera presunção relativa de veracidade da jornada de internos.

trabalho, a qual pode ser elidida por prova em contrário. (ex-Súmula

nº 338 - alterada pela Res. 121/2003, DJ 21.11.2003) Ainda assim, a única testemunha da reclamada, embora tenha

relatado sobre a veracidade o controle de jornada, confirmou que "o

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sistema mais rígido de controle de ponto somente passou a valer

após o fim do contrato de trabalho do reclamante", como bem

destacado pela Origem.

Logo, as três testemunhas ouvida no processo confirmam que, ao

tempo da vigência do contrato de trabalho do autor, os controles de

ponto se mostravam inverídicos, destoando na real jornada O reclamante busca a reforma da sentença para que seja

vivenciada pelo reclamante. condenado o reclamado no pagamento de uma hora extra a título

de intervalo intrajornada suprimido por todo o período de trabalho

Por esta razão, tem-se que o autor apenas comprovou labor acima imprescrito, sem limitação.

da 8ª diária durante o período em que trabalhou com as

testemunhas arroladas, sendo que a primeira testemunha indicada Pois bem.

pelo reclamante disse que trabalhou no banco até 2014 e a

segunda testemunha indicada pelo reclamante disse que trabalhou As duas testemunhas do autorouvidas confirmam a supressão do

de 2007 a 2012 no banco. intervalo intrajornada.

Vê-se, então, que o reclamante não se desincumbiu do onus De outro lado, a única testemunha da reclamadaafirma que goza de

probandiprevisto no art. 818 da CLT e no art. 333, inciso I, da CLT, 1 hora de intervalo.

posto que não comprovou o fato constitutivo de seu direito.

A par da divergência de depoimentos, tem-se que o fato de a

Nesse passo, para fins de apuração de horas extras a partir da 8ª testemunha da reclamada continuar trabalhando para o banco réu

hora diária, correta a sentença que limitou as horas extras até a demonstra a fragilidade de seu depoimento quanto à supressão do

data de dispensa da testemunha Yuri Bussular Seixas. intervalo intrajornada.

Portanto, a sentença deve mantida. Com efeito, deve preponderar o relato das duas testemunhas do

autor, principalmente porque a primeira testemunha exercia a

Por fim, quanto ao pleito sucessivo de afastamento da OJ 415 da mesma função do autor (gerente), tendo, por isso, melhores

SDI-I do TST, tem-se que as horas devem ser apuradas levando-se condições para relatar os acontecimentos realmente vivenciados

em conta o período de efetivo trabalho acida da 8ª hora diária no durante o trabalho.

período indicado na sentença em relação às horas pagas como

extras no contracheque. Logo, não há razão que justifique o Desta forma, as duas testemunhas do autor comprovam a

afastamento da OJ 415 da SDI-I do TST. supressão do intervalo intrajornada pelo autor, como bem

fundamentado pela Origem.

Nega-se provimento.

Por esta razão, tem-se que o autor apenas comprovou a supressão

do intervalo intrajornada durante o período em que trabalhou com

as testemunhas arroladas, sendo que a primeira testemunha

indicada pelo reclamante disse que trabalhou no banco até 2014 e a

segunda testemunha indicada pelo reclamante disse que trabalhou

de 2007 a 2012 no banco.

Vê-se, então, que o reclamante não se desincumbiu do onus

probandiprevisto no art. 818 da CLT e no art. 333, inciso I, da CLT,

2.3.3. INTERVALO INTRAJORNADA SUPRIMIDO posto que não comprovou o fato constitutivo de seu direito.

Nesse passo, para fins de apuração de horas extras decorrente da

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supressão do intervalo intrajornada, correta a sentença que limitou Afirmou que exerceu o cargo de gerente de atendimento, desde

as horas extras até a data de dispensa da testemunha Yuri Bussular 01/01/2010 até 01/12/2011 e, posteriormente, ocupou o cargo de

Seixas. gerente de relacionamento Business/Empresasaté a data da

dispensa.

Portanto, a sentença deve mantida.

O reclamante alegou na inicial sempre foi extremamente dedicado

Por fim, quanto ao pleito sucessivo de afastamento da OJ 415 da ao réu, mas que isto não lhe poupou de diversos momentos em que

SDI-I do TST, tem-se que as horas devem ser apuradas levando-se serem violados seus valores imateriais, pois a cobrança de metas

em conta o período de efetivo trabalho acida da 8ª hora diária no era realizada de forma insistente e ameaçadora, em reuniões e e-

período indicado na sentença em relação às horas pagas como mails, tendo trabalhado excessivamente.

extras no contracheque. Logo, não há razão que justifique o

afastamento da OJ 415 da SDI-I do TST. O reclamante postulou que fosse reconhecido o dano moral sofrido

e fixada uma indenização equivalente a R$ 100.000,00 (cem mil

Nega-se provimento. reais).

O reclamado alegou, em contestação, que os fatos alegados pelo

reclamante não poderiam ser qualificados como desrespeitosos e

nem acarretam danos passíveis de indenização, não se detectando

qualquer atitude que pudesse acarretar a violação à esfera moral do

reclamante.

O Juízo de Primeiro Grau entendeu que o réu não atuou com abuso

de direito ao efetuar metas comprovadamente não excessivas pela

2.3.4. DANOS MORAIS. METAS prova oral.

O reclamante recorre alegando que os depoimentos colhidos

comprovam com cristalinidade todo o abuso cometido.

Sem razão.

A reparabilidade do dano moral, após o advento da Constituição de

1988, tornou-se inegável, estando expressamente prevista em seu

Esta ação foi proposta em 08/01/2016, antes da entrada em vigor artigo 5º, incisos V e X, como garantia do indivíduo.

da Lei nº 13.467/2017.

Todos os indivíduos são dotados de uma esfera de cunho pessoal e

A Origem pronunciou a prescrição das parcelas anteriores a abstrato que constitui a face moral e subjetiva dos seres humanos.

08/01/2011. Não há recurso quanto à prescrição. Por consubstanciar importante parcela da totalidade humana,

referida esfera merece a proteção da ordem jurídica contra

Consta da inicial que o Reclamante foi admitido em 25/03/1998, atentados que provoquem sua deterioração.

exercendo no período imprescrito a função de gerente de

atendimento (até 01/12/2011) e depois a função de gerente de Nesse sentido, serve de fundamento para o pedido de indenização

relacionamento Business/Empresas, tendo sido dispensado sem por danos morais a angústia, aflição e amargura experimentada de

justa causa em 24/11/2015, quando recebia remuneração mensal maneira particular pelo ser humano, cingindo-se, portanto, ao

no valor de R$ 6.717,48 (seis mil, setecentos e dezessete reais e âmbito subjetivo de cada pessoa.

quarenta e oito centavos).

O dano moral constituiu lesão que aflige a esfera mais íntima dos

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indivíduos e sua ocorrência não pode ser confundida com

contrariedades típicas das relações sociais e contratuais às quais Logo, despicienda é a análise das provas testemunhais, diante da

estão sujeitos os seres humanos. confissão do autor.

Não obstante ocorrer na esfera subjetiva do indivíduo, não deve ser Destaque-se, também, que o autor não juntou aos autos os e-mails

olvidado que a aferição de seu acontecimento deve pautar-se por que alega ter recebido para comprovar as cobranças abusivas por

linhas objetivas, a fim de estabelecer um parâmetro apreciável com metas.

certo distanciamento. Ou seja, a indenização por danos morais é

devida quando o relato de uma situação fática indique para o Assim, o que se extrai do conjunto probatório é que o reclamante

julgador a ocorrência de desrespeito à dignidade da pessoa trabalhou em um ambiente de trabalho onde existia muito serviço e

humana. Dessa forma, mesmo o magistrado não podendo sentir ou havia metas a cumprir, mas não houve tratamento ofensivo ou

mensurar de maneira tangível o sofrimento do reclamante, referida desrespeitoso reiterado no tempo para cumprimento de metas.

angústia pode ser inferida.

Desse modo, ainda que o reclamante tenha trabalhado em um setor

Pois bem. com muito serviço para fazer e metas para cumprir, não está

demonstrado que houve o alegado ato ilícito.

Não foi demonstrada a alegação autoral de que a cobrança para o

cumprimento das metas era realizada de forma insistente e Portanto, é mantida a sentença quanto ao indeferimento do pedido

ameaçadora e que havia excesso de trabalho, sendo submetido a de indenização por dano moral.

grande pressão e muito menos qualquer ato de perseguição do

autor. Nega-se provimento.

Neste passo, o próprio reclamante, em seu depoimento pessoal,

não informou qualquer ato abusivo da reclamada, apenas relatou

que havia cobrança de metas e que esta era alcançada em

determinados trimestres, sendo que não apontou nenhum tipo de

punição ou comportamento ofensivo e reiterado de perseguição

pela reclamada.

Veja-se o depoimento do autor:

2.3.5. DESPESAS COM VEÍCULO. MAJORAÇÃO

"que no banco era uma constante a cobrança de metas

inalcançável; que as metas eram distribuídas ao gerente da agencia

e tinha que entregar essas metas; que tinha um ranking com seus

números e produções e coloca o empregado na fila; que esse

ranking eram distribuídos entre os funcionários; que tinha trimestre

que atingia metas e outros não, o que gerava uma cobrança do

gerente da agencia e do regional; que tinham reuniões

quinzenalmente em que eram prestadas contas para o

superintendente na frente dos outros funcionários da agência do Esta ação foi proposta em 08/01/2016, antes da entrada em vigor

mesmo segmento; que os gerentes gerais que o reclamante da Lei nº 13.467/2017.

substituiu utilizavam de um pouco de rigor para cobrar as metas".

A Origem pronunciou a prescrição das parcelas anteriores a

Sendo assim, do próprio relato do autor não se extrai qualquer 08/01/2011. Não há recurso quanto à prescrição.

comportamento ofensivo reiterado no tempo para caracterização do

assédio moral. Consta da inicial que o Reclamante foi admitido em 25/03/1998,

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exercendo no período imprescrito a função de gerente de (...)

atendimento (até 01/12/2011) e depois a função de gerente de

relacionamento Business/Empresas, tendo sido dispensado sem Desta feita, considerando que o veículo era usado em 3/4 visitas

justa causa em 24/11/2015, quando recebia remuneração mensal diárias no mês, defiro o valor de mensais, a título de indenização

no valor de R$ 6.717,48 (seis mil, setecentos e dezessete reais e pelo meio salário mínimo à época, uso do veículo, a partir de

quarenta e oito centavos). 01/12/2011, quando o reclamante se tornou Gerente de

Relacionamento até 24/11/2015, conforme limitado no pedido.".

Afirmou que exerceu o cargo de gerente de atendimento, desde

01/01/2010 até 01/12/2011 e, posteriormente, ocupou o cargo de Em razões recursais o autor pugna pela majoração do valor da

gerente de relacionamento Business/Empresasaté a data da indenização, "requerendo seja arbitrado o valor de R$ 82,00 (oitenta

dispensa. e dois reais) por dia trabalhado a título de indenização, durante todo

o período entre 01-12- 2011 a 24-11-2015, conforme postulado no

Relatou que, durante o período que exerceu a função de Gerente de pedido da alínea "K" da peça inicial".

Relacionamento Business e Empresas, e, inclusive, como condição

para trabalhar, o autor deveria possuir veículo próprio, sendo que o Pois bem.

mesmo colocou o seu automóvel à disposição do Réu, a fim de que

fosse utilizado na execução de suas atividades laborais (visitas a Com efeito, parte-se do princípio de que havendo a exigência de

clientes). utilização de veículo para visitar clientes, sem o regular

ressarcimento dos gastos, reputa-se devida a indenização pelo

Pugnou pela condenação da Reclamada no ressarcimento das ilícito praticado, uma vez que o empregador, em abuso do poder

despesas com veículo no importe de "R$ 82,00 (oitenta e dois reais) diretivo, transferiu ao trabalhador os riscos da atividade econômica,

por dia trabalhado pelo Rte, de segunda a sexta-feira, no período em violação ao art. 2º da CLT.

entre 01-12-2011 a 24-11-2015, ou, requer o Rte, de forma

sucessiva (art. 289 do CPC), que seja o Réu condenado a indenizá- No caso dos autos as testemunhas do autor comprovam que as

lo pelo uso de seu veículo próprio em favor do contrato de trabalho, visitas a clientes também eram realizadas por meio de veículo

em qualquer outro valor a ser arbitrado por V. Exa.". próprio, tendo a testemunha da ré relatado que não se fazia uso de

transporte público regular, fato que demonstram que a utilização do

A Origem julgou parcialmente procedente o pedido, nestes termos: veículo do autor como ferramenta de trabalho, de forma obrigatória.

"Se o empregador exige do empregado a utilização de veículo Ademais, quanto ao valor arbitrado pela Origem de meio salário

particular, como instrumento essencial ao desempenho de suas mínimo, endente-se que este se mostra proporcional aos dias de

atividades, deve ressarci-lo pelas despesas efetuadas, uma vez que efetivo uso para visitações aos clientes, ou seja, este era utilizado

o ônus do empreendimento não pode ser a ele transferido, nos por apenas 3/4 visitas diárias no mês.

termos do art.2º da CLT.

Portanto, o valor arbitrado pela na sentença a quoobservou os dias

O conjunto dos depoimentos deixa claro que a ré não só admitia de efetiva utilização do veículo como instrumento de trabalho.

como incentivava o uso do veículo próprio pelos Gerentes de

Relacionamento em razão das visitas externas, fato ordinário tendo Sendo assim, nada a modificar neste particular.

em vista que facilita o contato com os clientes, além da própria

testemunha da ré confirmar que não era visitas utilizando-se de Nega-se provimento.

transporte público regular.

Assim, resta resguardado seu direito ao ressarcimento dos

desgastes pelo uso do seu veículo, não promovido pelo banco

reclamado.

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desta Corte Superior (TST-ArgInc - 479-60.2011.5.04.0231 e ED-

ArgInc - 479-60.2011.5.04.0231), na correção dos créditos

trabalhistas, aplica-se a TR até 24/3/2015 e o IPCA a partir de

2.3.6. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. ÍNDICE 25/3/2015. Esta Turma considera, ainda, entendimento a que me

submeto por disciplina judiciária, que o art. 879, § 7º, da CLT perdeu

a sua eficácia normativa, em face da declaração de

inconstitucionalidade parcial do art. 39 da Lei nº 8.177/91, na

medida em que o dispositivo da legislação esparsa conferia

conteúdo à norma da CLT, tendo em vista a adoção de fórmula

remissiva pelo legislador.Agravo de instrumento conhecido e não

provido. (TST-AIRR-20869-47.2016.5.04.0014, 8ª Turma, Relatora:

Ministra Dora Maria da Costa, Data da Publicação: 29/03/2019) -

A sentença assim determinou: sem grifos no original

"Juros e correção monetária na forma da Lei 8177/91, observando- Com efeito, simplesmente, referido dispositivo é inaplicável em

se que a correção monetária relativa aos débitos trabalhistas é razão do esvaziamento da sua força normativa, decorrente de

devida a partir do mês subsequente ao do vencimento da prestação expressa disposição legal, uma vez que está subordinado à eficácia

de serviços, a partir do dia 1º, conforme Súmula 381 do C.TST, do art. 39 da Lei n. 8.177/1991.

exceto quanto a eventual condenação em danos morais, que deve

seguir a excepcionalidade estabelecida na Súmula 439 do TST". Ademais, importante ressaltar que, no dia 10/10/2019, o Pleno

deste Regional declarou a inconstitucionalidade do referido

Em razões recursais o autor, no tocante à atualização monetária, dispositivo (§7º do art. 879 da CLT), nos autos do Processo n.

pugnou pela utilização do IPCA-E. 0000552-39.2018.5.17.0000, de arguição de inconstitucionalidade.

Vejamos:

Pois bem.

ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DO §7º DO ARTIGO

De início, frisa-se que, embora a Lei n. 13.467/2017 tenha inserido o 879 DA CLT. APLICAÇÃO DA TAXA REFERENCIAL (TR) COMO

§ 7º ao art. 879 da CLT, segundo o qual a atualização dos créditos FATOR DE ATUALIZAÇÃO DOS CRÉDITOS TRABALHISTAS

decorrentes de condenação judicial será feita pela TR, referido DECORRENTES DE CONDENAÇÃO JUDICIAL. No julgamento

preceito faz remissão expressa à Lei n. 8.177/1991. Vejamos: ArgInc - 479-60.2011.5.04.0231, o Tribunal Superior do Trabalho,

acompanhando o entendimento do c. Supremo Tribunal Federal no

A atualização dos créditos decorrentes de condenação judicial será julgamento da ADI nº. 4357 e do RE 870.947/SE, declarou

feita pela Taxa Referencial (TR), divulgada pelo Banco Central do inconstitucional a atualização dos valores pela Taxa Referencial

Brasil, conforme a Lei no 8.177, de 1o de março de 1991. (sem (TR), índice previsto no artigo 39 da Lei 8.177/1991. Por se tratar de

grifos no original) mera renovação do texto do artigo 39 da Lei nº. 8.177/1991 - cuja

inconstitucionalidade fora declarada não sob o aspecto formal, mas

Desse modo, percebe-se que a força normativa do § 7º do art. 879 sob a ótica material, impõe-se que o §7º do artigo 897 da CLT,

da CLT está subordinada à eficácia do art. 39 da Lei n. 8.177/1991, trazido pela Lei nº. 13.467/17, seja expungido do ordenamento

por expressa disposição legal. jurídico, não se coadunando materialmente com o texto da

Constituição da República, a qual assegura o direito fundamental de

Inclusive, nesse sentido, é o entendimento da 8ª Turma do TST: propriedade e a plena efetividade das decisões judiciais.

AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. Logo, a discussão acerca da aplicação da TR ou do IPCA-E como

EXECUÇÃO. CORREÇÃO MONETÁRIA DOS CRÉDITOS índice de atualização dos créditos judiciais trabalhistas continua

TRABALHISTAS. ÍNDICE APLICÁVEL. Consoante entendimento girando em torno da constitucionalidade do art. 39 da Lei n.

adotado pela 8ª Turma, com base na decisão do Tribunal Pleno 8.177/1991 e seus desdobramentos junto ao STF e ao TST.

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expressão "equivalentes à TRD", contida no caput do artigo 39 da

Pois bem. Esclarecidas as razões da inaplicabilidade do § 7º do art. Lei n° 8.177/91; b) adotar a técnica de interpretação conforme a

879 da CLT, passa-se à análise dos desdobramentos jurídicos do Constituição para o texto remanescente do dispositivo impugnado, a

art. 39 da Lei n. 8.177/1991. preservar o direito à atualização monetária dos créditos trabalhistas;

c) definir a variação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo

No julgamento conjunto das ADIs 4357, 4372, 4400 e 4425, o Especial (IPCA-E) como fator de atualização a ser utilizado na

Supremo Tribunal Federal declarou que o regime de compensação tabela de atualização monetária dos débitos trabalhistas na Justiça

de precatórios introduzido pela Emenda Constitucional 62/2009 é do Trabalho; II) por maioria, atribuir efeitos modulatórios à decisão,

inconstitucional. que deverão prevalecer a partir de 30 de junho de 2009, observada,

porém, a preservação das situações jurídicas consolidadas

Em seguida, o Excelso Tribunal modulou os efeitos da decisão da resultantes dos pagamentos efetuados nos processos judiciais, em

ADI 4357, conforme transcrição parcial a seguir: andamento ou extintos, em virtude dos quais foi adimplida e extinta

a obrigação, ainda que parcialmente, sobretudo em decorrência da

Concluindo o julgamento, o Tribunal, por maioria e nos termos do proteção ao ato jurídico perfeito (artigos 5º, XXXVI, da Constituição

voto, ora reajustado, do Ministro Luiz Fux (Relator), resolveu a e 6º da Lei de Introdução ao Direito Brasileiro - LIDB), vencida a

questão de ordem nos seguintes termos: 1) - modular os efeitos Excelentíssima Senhora Ministra Dora Maria da Costa, que aplicava

para que se dê sobrevida ao regime especial de pagamento de a modulação dos efeitos da decisão a contar de 26 de março de

precatórios, instituído pela Emenda Constitucional nº 62/2009, por 5 2015; III) por unanimidade, determinar: a) o retorno dos autos à 7ª

(cinco) exercícios financeiros a contar de primeiro de janeiro de Turma desta Corte para prosseguir no julgamento do recurso de

2016; 2) - conferir eficácia prospectiva à declaração de revista, observado o quanto ora decidido; b) a expedição de ofício

inconstitucionalidade dos seguintes aspectos da ação direta de ao Exmo. Ministro Presidente do Conselho Superior da Justiça do

inconstitucionalidade, fixando como marco inicial a data de Trabalho a fim de que determine a retificação da tabela de

conclusão do julgamento da presente questão de ordem atualização monetária da Justiça do Trabalho (tabela única); c) o

(25.03.2015) e mantendo-se válidos os precatórios expedidos ou encaminhamento do acórdão à Comissão de Jurisprudência e de

pagos até esta data, a saber: 2.1.) fica mantida a aplicação do Precedentes Normativos para emissão de parecer acerca da

índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança Orientação Jurisprudencial nº 300 da SbDI-1. Ressalvaram o

(TR), nos termos da Emenda Constitucional nº 62/2009, até entendimento os Exmos. Ministros Guilherme Augusto Caputo

25.03.2015, data após a qual (i) os créditos em precatórios deverão Bastos, Alexandre de Souza Agra Belmonte e Maria Helena

ser corrigidos pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial Mallmann. (PROCESSO Nº TST-ArgInc-479-60.2011.5.04.0231.)

(IPCA-E) e (ii) os precatórios tributários deverão observar os

mesmos critérios pelos quais a Fazenda Pública corrige seus Todavia, em 14/10/2015, o Ministro Dias Toffoli, nos autos da

créditos tributários; e 2.2.) ficam resguardados os precatórios Reclamação n. 22012, ajuizada pela Federação Nacional dos

expedidos, no âmbito da administração pública federal, com base Bancos (Fenaban), proferiu decisão liminar suspendendo os efeitos

nos arts. 27 das Leis nº 12.919/13 e Lei nº 13.080/15, que fixam o da decisão proferida pelo TST, que havia afastado o uso da TRD e

IPCA-E como índice de correção monetária. determinado a adoção do índice IPCA-E através da "tabela única",

entendendo que a decisão do TST extrapolou o entendimento fixado

Poucos meses depois, em razão da decisão do STF, o TST acolheu pelo STF no julgamento das Ações Diretas de Inconstitucionalidade

incidente de inconstitucionalidade suscitado pela sua 7ª Turma e - ADIs 4357 e 4425.

definiu o Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E)

como fator de atualização a ser utilizado na tabela de atualização Ocorre que, em 05/12/2017, a Segunda Turma do STF julgou, em

monetária na Justiça do Trabalho, senão vejamos: análise meritória, improcedente a Reclamação 22012, ajuizada pela

Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) contra a decisão do

ACORDAM os Ministros do Tribunal Superior do Trabalho, em sua TST que havia determinado a adoção IPCA-E no lugar da TRD para

composição plenária, I) por unanimidade: a) acolher o incidente de a atualização de débitos trabalhistas, prevalecendo o entendimento

inconstitucionalidade suscitado pela eg. 7ª Turma e, em de que tal posicionamento não configura desrespeito ao julgamento

consequência, declarar a inconstitucionalidade por arrastamento da das Ações Diretas de Inconstitucionalidade 4357 e 4425, que

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analisaram a emenda constitucional sobre precatórios. acordão originário a determinação de reedição da Tabela Única de

cálculo de débitos trabalhistas, a fim de que fosse adotado o índice

A decisão de improcedência da Reclamação 22012 foi publicada no questionado (IPCA-E).

DJE n. 288, divulgado em 13/12/2017, data em que foi também

julgado, pela 5ª Turma do TST, o AIRR 25823-78.2015.5.24.0091, Por fim, vale ressaltar que embora o STF, em decisão do dia

encampando o atual posicionamento do Excelso Tribunal. 03/10/2019, no julgamento dos Embargos de Declaração no

Recurso Extraordinário n. 870.947, tenha decidido que também é

Com efeito, a aplicação da TR já não se mostrava suficiente para aplicável o IPCA-E quanto ao período de 2009 a 2015, referida

recompor a real perda do poder aquisitivo de nossa moeda, de decisão se restringe à Fazenda Pública, uma vez que seu objeto é a

forma que a correção dos débitos trabalhistas levando-se em conta atualização monetária dos precatórios. Logo, não se aplica a

tal parâmetro causava prejuízos aos trabalhadores. referida decisão ao presente caso, uma vez que o devedor é

particular, ou seja, in casu, não há falar no regime especial

Bem destacou o Min. Douglas Alencar Rodrigues, em trecho do estabelecido pelo art. 100 da CF.

julgamento do supracitado AIRR, que:

Portanto, considerando as decisões proferidas tanto pelo STF como

impõe-se a adoção do IPCA-E para a atualização dos créditos também pelo TST, os débitos trabalhistas em geral devem ser

trabalhistas, não apenas sob a perspectiva da efetiva recomposição atualizados pela TR/FACDT até 24/03/2015 e pelo IPCA-E a partir

do patrimônio dos credores trabalhistas, mas como medida de de 25/03/2015, para que seja resguardada a segurança jurídica.

estímulo efetivo ao cumprimento dos direitos sociais por parte de

devedores recalcitrantes, que se valem da Justiça do Trabalho, Dá-se provimento ao apelo para estabelecer que os débitos

lamentavelmente, para postergar indefinidamente suas obrigações. trabalhistas em geral devem ser atualizados pela TR/FACDT até

24/03/2015 e pelo IPCA-E a partir de 25/03/2015.

Ante o exposto, este Relator, na linha das recentes decisões do

excelso STF e do colendo TST, modifica seu posicionamento,

passando a entender pela aplicabilidade, na atualização monetária

dos débitos trabalhistas, do Índice de Preços ao Consumidor Amplo

Especial - IPCA-E.

Assinala-se que o Tribunal Pleno do TST, em sessão de 20 de

março de 2017, apreciando os embargos de declaração opostos em

face do acórdão proferido na ArgInc - 479-60.2011.5.04.0231,

decidiu pela modulação da decisão original, atribuindo efeito 2.4. MÉRITO DO RECURSO DA RECLAMADA

modificativo ao julgado, para determinar que a aplicação do IPCA-E,

como índice de correção dos débitos trabalhistas, produza efeito

somente a partir de 25 de março de 2015, data coincidente com

aquela adotada pelo Supremo Tribunal Federal no acórdão

prolatado na ADI 4.357:

II) [...] acolher parcialmente os embargos de declaração opostos

pelo Município de Gravataí e pelo SINDIENERGIA para, dando

efeito modificativo ao julgado, aplicar a modulação dos efeitos da

decisão a contar de 25/03/15, que coincide com a data que o

Supremo Tribunal Federal reconheceu na decisão proferida na Ação

Declaratória de Inconstitucionalidade nº 4.357. [...] III) por

unanimidade, em cumprimento à decisão liminar proferida pelo

Supremo Tribunal Federal, na Reclamação nº 22.012, excluir do

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2.4.1. NULIDADE DA DISPENSA. ESTABILIDADE PROVISÓRIA imediatamente, com o restabelecimento dos benefícios e materiais

NO EMPREGO. DIRETOR DE COOPERATIVA. de trabalho.

A reclamada, em contestação, argumentou que a dispensa do

obreiro se deu dentro do poder diretivo do empregador, não

havendo qualquer conduta discriminatória.

Aduziu que não há norma asseguradora da pretendida garantia;

ausência de representatividade; limitação do número de diretores; e

ausência de relação com o trabalho desenvolvido na reclamada.

Esta ação foi proposta em 08/01/2016, antes da entrada em vigor

da Lei nº 13.467/2017. Salientou, por fim, que a OJ 253 da SDI-1 do TST especifica que a

garantia provisória no emprego se refere à cooperativa regida pela

A Origem pronunciou a prescrição das parcelas anteriores a Lei nº 5.764/71.

08/01/2011. Não há recurso quanto à prescrição.

Em sentença, o juízo a quojulgou procedente o pedido sob os

Consta da inicial que o Reclamante foi admitido em 25/03/1998, seguintes fundamentos:

exercendo no período imprescrito a função de gerente de

atendimento (até 01/12/2011) e depois a função de gerente de "A estabilidade provisória dos representantes dos diretores de

relacionamento Business/Empresas, tendo sido dispensado sem Cooperativas está prevista no art. 55 da Lei das Cooperativas, que

justa causa em 24/11/2015, quando recebia remuneração mensal dispõe que os diretores dessas entidades "gozarão das garantias " -

no valor de R$ 6.717,48 (seis mil, setecentos e dezessete reais e que, por sua vez, asseguradas aos dirigentes sindicais pelo artigo

quarenta e oito centavos). 453 da CLT veda a dispensa do empregado nessa condição a partir

do registro de sua candidatura até um ano após o fim do mandato.

Afirmou que exerceu o cargo de gerente de atendimento, desde

01/01/2010 até 01/12/2011 e, posteriormente, ocupou o cargo de Esse é o entendimento contido na OJ 253 da SDI-1 que assegura a

gerente de relacionamento Business/Empresasaté a data da garantia de emprego "apenas aos empregados eleitos diretores de

dispensa. cooperativas, não abrangendo os membros suplentes".

Afirmou que foi eleito, em 15/04/2015, para o cargo de Diretor de Foi realizada prova pericial, a pedido da reclamada, a fim de apurar

Planejamento de Cooperativade Consumo dos Profissionais de a atuação efetiva da COOPBAN (ID 3a290f6).

Instituições Financeiras Ltda. (COOPCONPIF), após regular

processo eleitoral, para um mandato de 4 anos, razão pela qual Inicialmente, o perito confirmou o funcionamento da sede da

seria detentor da garantia de emprego prevista no art. 55 da Lei Cooperativa no endereço Av. Governador Bley, 186 - Sala 1002,

5.764/71. Centro, Vitória, ES - CEP: 29.010-902, desde 13/04/2016.

Ressaltou que a COOPCONPIF foi regularmente fundada em Pelo laudo pericial, verifica-se que a cooperativa COOPBAN é uma

12/01/2015, sendo uma cooperativa legalmente constituída, sociedade de pequeno porte, com apenas 30 associados, todos na

conforme Estatuto Social e Ata de Assembleia Geral de situação de ativo, e o plano de negócios baseia-se no cumprimento

Constituição. do seu objeto e objetivos sociais, conforme consta no art. 2º do

Estatuto social, que estabelece o seguinte:

Sob tais fundamentos, requereu a declaração de nulidade do ato da

dispensa, com sua consequente reintegração ao cargo que (...)

ocupava, bem como o restabelecimento dos benefícios.

O volume de serviço e produtos que os cooperados demandaram

Pleiteou, ainda, a concessão de liminar para que fosse reintegrado estão demonstrados nas notas fiscais, cujos números, datas,

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valores e outros dados constam no Anexo I do Laudo Pericial. representação sindical.

Por tudo o que foi exposto no laudo pericial, é forçoso concluir que a Por sua vez, o art. 55, da Lei nº 5.764/71 estende aos empregados

COOPBAN é uma cooperativa de consumo que cumpre as diretores de sociedades cooperativas tal garantia no emprego, in

formalidades legais e os objetivos para os quais foi instituída, verbis:

conforme exposto nas considerações gerais:

"Art. 55. Os empregados de empresas que sejam eleitos diretores

(...) de sociedades cooperativas pelos mesmos criadas, gozarão das

garantias asseguradas aos dirigentes sindicais pelo artigo 543 da

Quanto ao número de diretores detentores da estabilidade, a Consolidação das Leis do Trabalho (Decreto-Lei n. 5.452, de 1° de

questão está pacificada na Súmula n 369, II do TST, nos seguintes maio de 1943)".

termos: "O art. 522 da CLT foi recepcionado pela Constituição

Federal de 1988. No caso sob análise, restou comprovado que o autor foi eleito para

o cargo de Diretor de Planejamento de Cooperativa de Consumo

Fica limitada, assim, a estabilidade a que alude o art. 543, § 3.º, da dos Profissionais de Instituições Financeiras Ltda. (COOPCONPIF)

CLT a sete dirigentes sindicais e igual número de suplentes.". para o mandato de 12/01/2015 a agosto de 2019 (Id. f3257f9), com

a ciência da reclamada no dia 15/04/2015 (Id. 7b2f163).

Considerando-se tais premissas e o fato do reclamante ter sido

classificado em quarto lugar na ordem de votação, estaria dentro É incontroverso que o autor foi dispensado sem justa causa em

dos sete diretores de cooperativa detentores de estabilidade. 24/11/2015, ainda no curso do referido mandato.

Quanto a comunicação do registro da candidatura ou da eleição e Nos termos dos artigos 3º e 4º da Lei nº 5.764/71, "celebram

posse no cargo de direção, mesmo que tenha sido realizada a contrato de sociedade cooperativa as pessoas que reciprocamente

destempo, a jurisprudência tem flexibilizado a rigidez exigida para a se obrigam a contribuir com bens ou serviços para o exercício de

comunicação do empregador, de modo que ora transcrevo uma atividade econômica, de proveito comum, sem objetivo de

entendimento do c. TST: lucro", sendo tais entidades constituídas para prestar serviços aos

associados.

(...)

Já os artigos 2º e 4º da Lei nº 12.690/2012 definem as chamadas

Ressalto que não há previsão constitucional ou legal condicionando cooperativas de trabalho como "a sociedade constituída por

o direito à garantia de emprego aos fins colimados pela cooperativa trabalhadores para o exercício de suas atividades laborativas ou

com as atividades do empregado na empresa. profissionais com proveito comum, autonomia e autogestão para

obterem melhor qualificação, renda, situação socioeconômica e

Assim, defiro o pedido "A" da inicial, restando mantidos os efeitos condições gerais de trabalho".

da concessão da tutela antecipada, devendo ser pagas as

remunerações vencidas desde sua dispensa até a efetiva Pois bem.

reintegração".

Compulsando-se o estatuto da COOPCONPIF (Id. 530cc56),

Irresignado, recorre a reclamada, reiterando os termos da verifica-se que a cooperativa, com base na colaboração recíproca a

contestação, a reforma da sentença. que se obrigam seus cooperados, tem por objeto social o: comércio

varejistade materiais de Construção em Geral; Comércio varejista

Analisa-se. de material elétrico para construção; lojas de departamento ou

magazines.

A Constituição Federal, em seu artigo 8º, inciso VIII, bem como a

CLT, em seu art. 543, § 3º, asseguram estabilidade provisória aos Ademais, conforme exposto no §1º, "c" do art. 2ª do mencionado

empregados eleitos para comporem cargo de direção ou de estatuto, emerge que esta não possui qualquer objetivo de lucro,

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notadamente ao dispor que:

f) o número de quotas-partes do capital social a ser subscrito pelo

"a venda se fará pelos menores preços possíveis podendo ser cooperado da COOPBAN, por ocasião de sua admissão, não

concedido aos associados um crédito mensal equivalente, no poderá ser inferior a 50,00

máximo, ao capital subscrito, somente renovável após quitação

plena do débito anterior, ressalvados outros limites e prazos fixados (cinquenta) quotas-parte ou superior a 1/3 (um terço) do total

mediante deliberação do Conselho de Administração, subscrito", conforme estabelecido no art. 19 do estatuto social;

justificadamente".

g) a COOPBAN possui apenas um empregado, o Sr. Carlos

Quanto ao aspecto, vale ressaltar que a perícia técnica elaborada Eduardo Sabadini Nascimento, admitido em 02.05.2016,

nos autos, concluiu que as atividades exercidas e verificadas in loco enquadrado no cargo de Assistente Administrativo, conforme se

da COOPCONPIF se coadunam com o objeto social previsto no verifica no livro de registro de empregado, no CAGED e na RAIS;

Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas. Também foi destacado, no

laudo, que a finalidade das atividades da Cooperativa é a aquisição h) a COOPBAN possui contabilidade devidamente organizada e

aos cooperados de produtos em condições mais acessíveis que as escriturada,

do mercado. Por isso, classificou-a como sociedade cooperativa de

consumo(Id. 1d1eb60). Veja-se: conforme demonstram os livros diário e razão e

"Objetivando cumprir conscienciosamente o encargo apresenta-se a i) a COOPBAN periodicamente realiza as prestações de contas e os

apreciação do Juízo as questões que se seguem: rateios,

a) Os documentos disponibilizados demonstram que a COOPBAN - conforme demonstram as atas e o registros contábeis".

Cooperativa de Consumo dos Profissionais de Instituições

Financeiras Ltda., anteriormente denominada de COOPCONPIF - Nesse sentir, forçoso concluir que, ao contrário do que sustenta a

Cooperativa de Consumo dos Profissionais de Instituições reclamada, a COOPCONPIF cuida-se de cooperativa regida pela

Financeiras Ltda.-, foi constituída em 12.01.2015, inicialmente com Lei nº 5.764/71, uma vez que visa sobretudo o exercício de uma

endereço na Praia das Gaivotas, n° 186, CEP 29.102-572, Vila atividade econômica em proveito para a própria categoria, sem

Velha, E. Santo, e, atualmente, desde 13.04.2016, está situada à finalidade lucrativa (art. 3º).

Av. Governador Bley, n° 186, Sala 1002, Centro, Vitória, ES - CEP:

29.010-902; Ora, a hipótese analisada não se trata de associação de

trabalhadores para o exercício de suas atividades laborativas, com

b) o objeto social da COOPBAN está contido no art. 2º do Estatuto a finalidade de auferir lucros ou melhoria de renda. Ao contrário,

Social, que estabelece ser a colaboração recíproca que se obrigam conforme acima exposto, a COOPCONPIF objetiva a

seus cooperados, tem por objeto social a aquisição e de gêneros de comercialização de produtos para seus associados à baixo custo.

construção, reforma e acabamento, e itens do lar em geral, e

repassa-los aos cooperados em melhores condições de qualidade e Relativamente ao objeto das cooperativas, cumpre salientar que

preço sem o objetivo de lucro; não há exigência legal para que tais entidades guardem pertinência

com o fim social do empregador. É que o art. 5º da Lei 5.764/71, ao

c) a área de atuação da COOPBAN está definida na alínea "b", do revés, estabelece que as cooperativas "poderão adotar por objeto

1º. artigo do Estatuto Social, que estabelece abranger o Estado do qualquer gênero de serviço, operação ou atividade, assegurando-se

Espírito Santo, podendo atuar em todo o território nacional; -lhes o direito exclusivo e exigindo-se-lhes a obrigação do uso da

expressão "cooperativa" em sua denominação".

d) a COOPBAN possui 14 diretores, conforme estabelecido, no art.

43 do Estatuto Social; Assim, ainda que o objeto da cooperativa dirigida pelo autor não

coincidisse com os interesses da empresa ré, tal fato não constitui

e) a COOPBAN possui 30 associados; óbice para o reconhecimento da estabilidade provisória no emprego

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 319
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de seus diretores. sem qualquer ressalva ou condição, a garantia assegurada aos

dirigentes sindicais.

De igual modo, não merecem prosperar os argumentos da

reclamada no sentido de que a cooperativa em questão se configura Por todo o exposto, considerando que a estabilidade prevista no art.

cooperativa de trabalho por não ser composta exclusivamente por 55 da Lei 5.764/71 tem por escopo a tutela do direito de livre

empregados da empresa e por admitir pessoas jurídicas em seus associação, de modo a proteger o dirigente de cooperativa de

quadros. eventual perseguição ou ingerência por parte do empregador, deve

ser reconhecida, no presente caso, a garantia provisória no

A uma, porque a estabilidade prevista no art. 55 da Lei nº 5.764/71 emprego do reclamante.

não está limitada às cooperativas formadas exclusivamente pelos

empregados de uma empresa específica, tendo em vista que o art. Logo, a sentença de Origem deve ser mantida.

29 desta mesma Lei prevê a livre associação de interessados, in

verbis: Nega-se provimento.

"Art. 29. O ingresso nas cooperativas é livre a todos que desejarem

utilizar os serviços prestados pela sociedade, desde que adiram aos

propósitos sociais e preencham as condições estabelecidas no

estatuto, ressalvado o disposto no artigo 4º, item I, desta Lei".

A duas, porque referida lei, em seu art. 6º, inciso I, permite a

admissão de pessoas jurídicas que tenham por objeto as mesmas

ou correlatas atividades econômicas das pessoas físicas ou, ainda,

aquelas sem fins lucrativos. 2.4.2. HORAS EXTRAS

Lado outro, quanto às alegações de que devem existir limitações

quanto ao número de dirigentes protegidos, bem como em relação

às funções tuteladas, importante ressaltar que este Relator entende

que o art. 522, da CLT, que limita o número de

dirigentes/representantes sindicais, não foi recepcionado pela

Constituição Federal de 1988, a qual foi inspirada pelo ideal de

afastar a interferência do Estado sobre as forças sindicais, dando a

estas a liberdade necessária para se organizarem. Esta ação foi proposta em 08/01/2016, antes da entrada em vigor

da Lei nº 13.467/2017.

Com efeito, entende-se que as entidades sindicais, e

analogicamente, as cooperativas, têm uma razoável autonomia para A Origem pronunciou a prescrição das parcelas anteriores a

estabelecer o número de dirigentes, desde que tal número não seja 08/01/2011. Não há recurso quanto à prescrição.

abusivo e nem desproporcional ao número de associados.

Consta da inicial que o Reclamante foi admitido em 25/03/1998,

Pontue-se que a reclamada, embora alegue insegurança jurídica exercendo no período imprescrito a função de gerente de

decorrente da multiplicidade de cooperativas, não comprova nos atendimento (até 01/12/2011) e depois a função de gerente de

autos qualquer abuso na instituição da COOPCONPIF. relacionamento Business/Empresas, tendo sido dispensado sem

justa causa em 24/11/2015, quando recebia remuneração mensal

Por fim, tendo em vista a prescindibilidade de representação da no valor de R$ 6.717,48 (seis mil, setecentos e dezessete reais e

categoria pela cooperativa, não há falar em "funções que justiquem" quarenta e oito centavos).

a estabilidade provisória. O art. 55 da Lei nº 5.764/71 não dá

margem a interpretações, estendendo aos diretores da cooperativa, Afirmou que exerceu o cargo de gerente de atendimento, desde

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 320
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

01/01/2010 até 01/12/2011 e, posteriormente, ocupou o cargo de corretamente o cartão de ponto; que a agencia era punida se

gerente de relacionamento Business/Empresasaté a data da houvesse muitas horas extras dos funcionários, então era cobrados

dispensa. para que não marcassem mais horas em razão de um ranking entre

as agencias; que batia o ponto e continuava trabalhando; que

Relatou que, no período entre 01/01/2010 até 24/11/2015, cumpria mesmo com o ponto fechado, não impedia de trabalhar, não

jornada de trabalho de 8h às 20h, de segunda a sexta-feira, com bloqueava; que era orientada a não marcar horas extras, mas o

intervalo de 30 minutos para refeição. gerente sabia que faziam horas extras; que o chefe dela e do

reclamante era o gerente geral, Sr. Eduardo; que chegavam e-mails

Pugnou o pagamento de horas extras não anotadas nos controles mostrando quais funcionários mais faziam horas extras e nas

de frequência. reuniões diárias era exposto que não poderia gerar horas extras.

Em contestação, a reclamada defende a validade dos controles de A segunda testemunha indicada pelo reclamante disse que

ponto, tendo destacado que eventuais horas extras eram trabalhou de 2007 a 2012 no banco; que trabalhou na agencia de

devidamente quitadas. jardim da penha com o reclamante; que quando o reclamante

chegou, o depoente já trabalhava lá; que era assistente PJ; que

A Origem julgou parcialmente procedentes os pedidos sob o chegava entre 8h/8:30hs na agencia e normalmente o reclamante

seguinte fundamento: chegava primeiro; que ia embora em média às 19:30hs; que a

maioria das vezes, o depoente ia embora antes do reclamante; que

"A reclamada junta os cartões de ponto que apontam o labor fazia entre 20/30 minutos de refeição; que ninguém parava 1 hora

extraordinário bem como os contracheques que também apontam o de intervalo; que era obrigado a bater o ponto antes da partida

pagamento de horas extras. porque se tivesse uma quantidade de horas extras muito grande, a

agência era penalizada; que o gestor orientava a bater o ponto e

(...) fazer outros trabalhos como ligação para cliente, arquivar contratos,

preenchimento de contas, ligação para ofertas de produtos; que

Em depoimento pessoal, o reclamante disse que a média de horas depois que dava baixa no sistema, não tinha como acessar o

de trabalho entre gerente de atendimento e relacionamento era a sistema depois de fechar o ponto; que fazia serviços internos; que

mesma; que chegava Às 7:50/8:00 hs na agência e saia às

19:30/20hs; que parava 20/30 minutos para almoçar, dentro da A primeira testemunha da reclamada disse que trabalha no banco

agência; que a última agência por qual passou tinha 5 gerentes de desde janeiro de 2013; que inicialmente trabalhou na agencia da

relacionamentos; que havia um revezamento para não saírem todos Enseada e no final de outubro/novembro de 2013 passou a

ao mesmo tempo. trabalhar na agencia de Jardim da Penha; que o reclamante já

estava trabalhando na agencia de Jardim da Penha quando

Em depoimento pessoal, a preposta da reclamada disse que o começou a trabalhar lá; que exercia a função de assistente de

reclamante fazia jornada de 9hs às 18hs, com 1 hora de almoço; empresa; que chegava na agência às 9hs; que quando chegava,

que se extrapolasse esse horário, era registrado no cartão de ponto. acontecia do reclamante estar na agencia ou visitando cliente; que

saia as 18hs; que o sistema não permite que se trabalhe depois das

A primeira testemunha indicada pelo reclamante disse que 18hs; que acontecia de ir embora e deixar o reclamante trabalhando

trabalhou no banco até 2014; que trabalhou com o reclamante na ainda; que tem 1 hora de intervalo; que é possível o funcionário

agencia princesa Isabel; que saiu desta agência no ano de 2011; fazer um ajuste no ponto, se prolongar o horário depois de uma

que era gerente de careira; que chegava para trabalhar as 8hs e visita; que na época batia ponto na própria agente; que é gerente de

saia em média 20hs/20:30hs; que o reclamante fazia normalmente empresa desde setembro de 2014; que não tem conhecimento de

os mesmos horários; que fazia 20/30 minutos de almoço e retornava haver um ranking das agencias em que aferida a quantidade de

para trabalhar; que o reclamante também fazia o mesmo horário; horas extras; que nunca foi orientado no sentido de não marcar o

que nessa agencia tinham uns 5/6 gerentes de relacionamento; que ponto corretamente; que o empregado que não registra

não podia revezar enquanto tinha cliente para atender; que o ponto corretamente o ponto, é punido; que o sistema

era eletrônico; que na grande maioria, não era marcado

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 321
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

rígido de ponto passou a existir há dois/três anos para cá; que

poderia acontecer do gerente estar ainda em visita externa depois Acerca do ônus da prova, assim dispõem os artigos 818 da CLT e

das 20hs. 373 do CPC:

As testemunhas ouvidas confirmam a realização de horas extra, "Art. 818. A prova das alegações incumbe à parte que as fizer."

além do anotado no cartão de ponto, somente do marco

prescricional até a data de dispensa da testemunha Yuri Bussular " Art. 373. O ônus da prova incumbe:

Seixas, como apurado em liquidação. A testemunha arrolada pela ré

não se presta para confrontar tal assertiva, pois relata que o horário, I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito;

além de atestar que o sistema mais rígido de controle de ponto

somente passou a valer após o fim do contrato de trabalho do II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou

reclamante (dois/três anos para cá). extintivo do direito do autor."

Tendo por base a prova fixo a jornada média de trabalho do autor Como se nota, segundo a regra geral de repartição do ônus

no período como sendo das 8:30 às 19:00, sempre com 30 minutos probatório, compete ao reclamante a prova dos fatos constitutivos

de intervalo. do seu direito, qual seja, a efetiva prestação de horas

extraordinárias, e à ré incumbe a prova de fatos impeditivos,

Desta forma, procede parcialmente o pleito de horas extras, no modificativos ou extintivos do direito do autor.

montante a ser apurado em liquidação, sendo extra o labor após a

8ª hora diária, do período imprescrito até a data de dispensa da Sabe-se que, especificamente em relação às horas extras, a

testemunha Yuri Bussular Seixas.". jurisprudência tem dado um tratamento diferenciado, especialmente

em razão da dificuldade que os empregados encontram em

Recorre a reclamada pugnando pela exclusão da condenação em comprovar eventuais horas extraordinárias prestadas. Neste

horas extras. sentido, o verbete nº 338 da súmula do E. TST:

Pois bem. "JORNADA DE TRABALHO. REGISTRO. ÔNUS DA PROVA

(incorporadas as Orientações Jurisprudenciais nºs 234 e 306 da

O art. 224, §2º, da CLT estabelece que a jornada de seis horas SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005

diárias não se aplica aos que exercem funções de direção,

gerência, fiscalização, chefia e equivalente ou que desempenhem I - É ônus do empregador que conta com mais de 10 (dez)

outros cargos de confiança, desde que o valor da gratificação não empregados o registro da jornada de trabalho na forma do art. 74, §

seja inferior a 1/3 do salário do cargo efetivo. 2º, da CLT. A não-apresentação injustificada dos controles de

freqüência gera presunção relativa de veracidade da jornada de

Na inicial o autor informa que, durante todo o período imprescrito trabalho, a qual pode ser elidida por prova em contrário. (ex-Súmula

exerceu a função de gerente de atendimento (até 01/12/2011) e nº 338 - alterada pela Res. 121/2003, DJ 21.11.2003)

depois a função de gerente de relacionamento Business/Empresas,

tendo destacado que no período entre 01/01/2010 até 24/11/2015, II - A presunção de veracidade da jornada de trabalho, ainda que

cumpria jornada de trabalho de 8h às 20h, de segunda a sexta-feira, prevista em instrumento normativo, pode ser elidida por prova em

com intervalo de 30 minutos para refeição. contrário. (ex-OJ nº 234 da SBDI-1 - inserida em 20.06.2001)

Outrossim, inconteste que o autor se enquadra na exceção prevista III - Os cartões de ponto que demonstram horários de entrada e

no §2º do art. 224 da CLT, mormente porque recebia um adicional saída uniformes são inválidos como meio de prova, invertendo-se o

superior a 1/3 do seu salário base. ônus da prova, relativo às horas extras, que passa a ser do

empregador, prevalecendo a jornada da inicial se dele não se

A par disso, o autor estava submetido a jornada de 8 horas diárias, desincumbir. (ex-OJ nº 306 da SBDI-1- DJ 11.08.2003)"

mediante controle de frequência, que foram impugnados pelo autor.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 322
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

In casu, a ré cumpriu o art. 74, §2º, da CLT, colacionando aos autos acostados aos autos, tem-se que o ônus da prova deve ser

os registros de horários cumpridos pelo autor (Id. 1e367ce), mas invertido, passando a reclamada o dever da prova do efetivo horário

impugna o cumprimento de horas extras não anotadas, afirmando de trabalho do autor.

que, quando eventualmente prestadas, houve efetivo pagamento.

No entanto, a ré não consegui fazer prova contrária ao alegado pelo

Da prova oral produzida, verifica-se que as duas testemunhas do autor em sua inicial, como se depreende do relato das duas

autor comprovam que o autor constantemente realizava horas testemunhas do reclamante. Veja-se:

extras sem a devida anotação no controle de frequência, inclusive

sob pena de punição. "Primeira testemunha indicada pelo reclamante

A primeira testemunha do autor, que somente trabalhou no banco disse que trabalhou no banco até 2014; que trabalhou com o

até o ano de 2014, relatou que: que o ponto era eletrônico; que na reclamante na agencia princesa Isabel; que saiu desta agência no

grande maioria, não era marcado corretamente o cartão de ponto; ano de 2011; que era gerente de careira; que chegava para

que a agencia era punida se houvesse muitas horas extras dos trabalhar as 8hs e saia em média 20hs/20:30hs; que o reclamante

funcionários, então era cobrados para que não marcassem mais fazia normalmente os mesmos horários; que fazia 20/30 minutos de

horas em razão de um ranking entre as agencias; que batia o ponto almoço e retornava para trabalhar; que o reclamante também fazia

e continuava trabalhando; que mesmo com o ponto fechado, não o mesmo horário; que nessa agencia tinham uns 5/6 gerentes de

impedia de trabalhar, não bloqueava; que era orientada a não relacionamento; que não podia revezar enquanto tinha cliente para

marcar horas extras, mas o gerente sabia que faziam horas extras; atender; que o ponto era eletrônico; (...).

que o chefe dela e do reclamante era o gerente geral, Sr. Eduardo;

que chegavam e-mails mostrando quais funcionários mais faziam Segunda testemunha indicada pelo reclamante

horas extras e nas reuniões diárias era exposto que não poderia

gerar horas extras. disse que trabalhou de 2007 a 2012 no banco; que trabalhou na

agencia de jardim da penha com o reclamante; que quando o

A segunda testemunha do autor, que trabalhou no banco até o ano reclamante chegou, o depoente já trabalhava lá; que era assistente

de 2012, também informou que: que era obrigado a bater o ponto PJ; que chegava entre 8h/8:30hs na agencia e normalmente o

antes da partida porque se tivesse uma quantidade de horas extras reclamante chegava primeiro; que ia embora em média às 19:30hs;

muito grande, a agência era penalizada; que o gestor orientava a que a maioria das vezes, o depoente ia embora antes do

bater o ponto e fazer outros trabalhos como ligação para cliente, reclamante; que fazia entre 20/30 minutos de refeição; que ninguém

arquivar contratos, preenchimento de contas, ligação para ofertas parava 1 hora de intervalo.

de produtos; que depois que dava baixa no sistema, não tinha como

acessar o sistema depois de fechar o ponto; que fazia serviços A única testemunha da reclamadatambém corrobora com a jornada

internos. apontada pelo autor na inicial, notadamente porque afirmou que

quando chegava e saia do banco réu o autor estava trabalhando,

Ainda assim, a única testemunha da reclamada, embora tenha como se verifica abaixo:

relatado sobre a veracidade o controle de jornada, confirmou que "o

sistema mais rígido de controle de ponto somente passou a valer "Primeira testemunha da reclamada

após o fim do contrato de trabalho do reclamante", como bem

destacado pela Origem. disse que trabalha no banco desde janeiro de 2013; que

inicialmente trabalhou na agencia da Enseada e no final de

Logo, as três testemunhas ouvida no processo confirmam que, ao outubro/novembro de 2013 passou a trabalhar na agencia de Jardim

tempo da vigência do contrato de trabalho do autor, os controles de da Penha; que o reclamante já estava trabalhando na agencia de

ponto se mostravam inverídicos, destoando na real jornada Jardim da Penha quando começou a trabalhar lá; que exercia a

vivenciada pelo reclamante. função de assistente de empresa; que chegava na agência às 9hs;

que quando chegava, acontecia do reclamante estar na agencia ou

Por esta razão, diante da invalidade dos controles de jornada visitando cliente; que saia as 18hs; que o sistema não permite que

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 323
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

se trabalhe depois das 18hs; que acontecia de ir embora e deixar o

reclamante trabalhando ainda; que tem 1 hora de intervalo". Conforme item 2.4.2. foi mantida a condenação no pagamento das

horas extras a partir da oitava diária.

Vê-se, então, que a reclamada não se desincumbiu do onus

probandiprevisto no art. 818 da CLT e no art. 333, inciso II, da CLT, Conforme a Súmula nº 172 do TST, computam-se no cálculo do

posto que não comprovou o fato impeditivo, modificativo ou extintivo repouso remunerado as horas extras habitualmente prestadas.

do direito do autor.

Note-se que as convenções coletivas dos bancários consideram o

Nesse passo, para fins de apuração de horas extras a partir da 8ª sábado como integrante do repouso semanal remunerado para fins

hora diária, conforme a jornada indicada na inicial não deve estar dos reflexos das horas extras, como, por amostragem, a cláusula

limitada ao período de dispensa da primeira testemunha do autor oitava da convenção coletiva de trabalho 2011/2012 (Id. 3b68436).

(2014), notadamente porque o ônus da prova recai sobre a Desse modo, são devidos os reflexos das horas extras sobre o

reclamada, que não logrou comprovara o efetivo horário de trabalho RSR, com a inclusão do sábado.

do autor durante todo o período contratual.

Nega-se provimento.

Portanto, a sentença deve ser mantida.

Nega-se provimento.

2.4.4. REFLEXOS DAS HORAS EXTRAS NO RSR E DESTES

NAS DEMAIS PARCELAS

2.4.3. REFLEXOS DAS HORAS EXTRAS NO RSR (SÁBADOS)

Esta ação foi proposta em 08/01/2016, antes da entrada em vigor

da Lei nº 13.467/2017.

Esta ação foi proposta em 08/01/2016, antes da entrada em vigor

da Lei nº 13.467/2017. A Origem pronunciou a prescrição das parcelas anteriores a

08/01/2011. Não há recurso quanto à prescrição.

A Origem pronunciou a prescrição das parcelas anteriores a

08/01/2011. Não há recurso quanto à prescrição. Inconformado, o Reclamado insurgiu-se quanto ao tópico, sob o

fundamento de que o Reclamante era mensalista, sendo indevidos

A reclamada se insurge quanto ao deferimento dos reflexos nos os reflexos das horas extras no RSR e destes nas demais parcelas,

RSR. bem como a inclusão do sábado.

Pois bem. Analisa-se.

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2.4.5. DIFERENÇAS SALARIAIS. EQUIPARAÇÃO SALARIAL.

Entende-se que o Reclamante prestava horas extras habituais,

sendo devidos os reflexos das horas extras no RSR, conforme

estabelecido na sentença.

Tal entendimento encontra-se em consonância com a Súmula nº

172 do c. TST, que assim dispõe: "computam-se no cálculo do

repouso semanal remunerado as horas extras habitualmente

prestadas".

Esta ação foi proposta em 08/01/2016, antes da entrada em vigor

Frisa-se que, quando o trabalhador é mensalista, o repouso da Lei nº 13.467/2017.

semanal remunerado já está incluído no salário mensal. Todavia,

havendo trabalho extraordinário não quitado pelo empregador, é A Origem pronunciou a prescrição das parcelas anteriores a

evidente que o salário mensal não incluiu os reflexos das horas 08/01/2011. Não há recurso quanto à prescrição.

extras sobre o repouso semanal remunerado, não havendo falar em

bis in idem. Consta da inicial que o Reclamante foi admitido em 25/03/1998,

exercendo no período imprescrito a função de gerente de

Outrossim, ao deferir o pagamento das horas extras, a Origem atendimento (até 01/12/2011) e depois a função de gerente de

expressamente autorizou a dedução de valores pagos a idêntico relacionamento Business/Empresas, tendo sido dispensado sem

título. justa causa em 24/11/2015, quando recebia remuneração mensal

no valor de R$ 6.717,48 (seis mil, setecentos e dezessete reais e

Ora, quando se diz que o salário mensal traz nele embutidos os quarenta e oito centavos).

repousos semanais, estes se referem às horas normais trabalhadas

no mês e não aqueles relativos às horas extraordinárias. Assim, não Afirmou que exerceu o cargo de gerente de atendimento, desde

há qualquer irregularidade na determinação de reflexos das horas 01/01/2010 até 01/12/2011 e, posteriormente, ocupou o cargo de

extras em repousos semanais remunerados e, com estes, nas gerente de relacionamento Business/Empresasaté a data da

demais parcelas. dispensa.

Melhor sorte não assiste ao argumento patronal de que não podem Alegou o Autor que no período quando exerceu a função de gerente

incidir reflexos sobre os sábados por não serem considerados dia de atendimento exercia a mesma função do paradigma Willian,

de repouso semanal remunerado, haja vista a previsão expressa em executando as mesmas tarefas, com igual produtividade e perfeição

norma coletiva da categoria. técnica. E no período em que exerceu a função de gerente de

relacionamento Business/Empresas exercia a mesma função dos

Diante disso, a sentença de piso está em consonância com o paradigmas Janaina e Delton. Contudo, estes recebiam salário

dispositivo supracitado, não havendo falar em reforma neste tema. superior ao seu, razão pela qual faz jus à equiparação salarial e à

percepção de diferenças salariais pertinentes.

Nega-se provimento.

Em defesa, a demandada negou que reclamante e paradigmas

tenham desenvolvido as mesmas atividades, acrescentando que a

produtividade e a qualidade técnica dos paradigmas eram

superiores à produtividade e qualidade técnica do reclamante.

Na sentença, o Juízo julgou procedente o pedido, sob o seguinte

fundamento:

"O bem elaborado laudo pericial (ID ca6ab49) demonstra que as

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atividades e funções desempenhadas pelo reclamante e pelos comportamentais dos obreiros no mesmo período (ID 858d036)

paradigmas eram idênticas não se justificando a disparidade salarial atestam que o serviço era realizado com a mesma perfeição

por produtividade ou perfeição técnica. Registra, ainda, que a técnica.

igualdade nas atividades, bem como o desempenho do autor e dos

modelos não permite vislumbrar uma diferença quer na Como se depreende do laudo pericial, a reclamante e paradigma

produtividade quer na perfeição técnica de ambos não havendo exerciam as mesmas atividades, não havendo prova nos autos que

justificativa para diferenciação salarial. confirme a tese de defesa de maior complexidade das atividades

dos paradigmas.

Em relação à impugnação da reclamada (ID 4e9676a), faço as

seguintes considerações: Assim, com base nas informações do laudo pericial, considero

preenchidos os requisitos do art. 461 da CLT e defiro a equiparação

Como Gerente de Atendimento II, verifica-se que o reclamante salarial ao paradigma Willian Rodrigues de Oliveira desde o marco

exercia a função desde 01/01/2010, mesma época em que o prescricional até 30/11/2011 e equiparação ao paradigma Janaína

paradigma Willian Rodrigues de Oliveira passou a exercer tal Queiroz Costa Drummond de Aguiar desde 01/12/2011 a

função, conforme se verifica nas Ocorrências de Alteração do Cargo 24/11/2015, conforme limitado no pedido, no montante a ser

na ficha funcional de ID 399bb3c - Pág. 57, caracterizada, portanto, apurado em liquidação.

a concomitância quanto ao exercício da função.

Reflexo sobre horas extras, férias com terço, 13º salário, FGTS com

Na ficha funcional do reclamante (ID a21b751 - Pág. 13) consta que multa de 40%, aviso prévio e PLR.

o mesmo alterou sua função de Gerente de Atendimento II para

Gerente de Relacionamento Business I na data de 01/12/2011 e de Não há reflexo sobre RSR, vez que ele já faz parte da diferença

Gerente Relacionamento Business I para Gerente de salarial deferida".

Relacionamento de Empresas I em 01/07/2013.

No que se refere a paradigma Janaína Queiroz Costa Drummond de

Aguiar, a ficha funcional da empregada registra alteração de cargo Em razões recursais, a reclamada pretende a exclusão da

de Gerente de Relacionamento Business II para Gerente de condenação em diferenças salariais. Sucessivamente, pugnou pela

Relacionamento Empresas II em 01/07/2013 (ID 399bb3c - Pág. exclusão do pagamento de diferenças de auxílio refeição e auxílio

76). cesta alimentação e PLR.

Cabe esclarecer que em relação a distinção entre o cargo de Analisa-se.

Gerente de Relacionamento Empresas I e II, exercidos a partir de

01/07/2013, pela reclamante e a funcionária Janaína, A Constituição Federal, em seu artigo 5º caput, guarda o princípio

respectivamente, o fato de a paradigma atender a clientela de alta maior da igualdade, e, no tocante aos direitos sociais, o artigo 7º,

renda, por si só, não permite a presunção que a sua atividade era inciso XXXII, expressamente proíbe qualquer distinção entre

mais complexa, conforme exposto pelo perito: trabalho manual, técnico e intelectual.

(...) A isonomia salarial, por sua vez, além de encontrar guarida no

próprio texto constitucional, também foi objeto de preocupação do

Da mesma forma não prospera a alegação do réu acerca da legislador ordinário, encontrando previsão no art. 461 da CLT, ao

localidade, vez que os empregados trabalhavam na mesma região preconizar que, "sendo idêntica a função, a todo trabalho de igual

metropolitana, a grande Vitória, sendo isso suficiente para os fins do valor, prestado ao mesmo empregador, na mesma localidade,

artigo 461 da CLT. corresponderá igual salário, sem distinção de sexo, nacionalidade

ou idade".

Em relação a produtividade ou perfeição técnica no trabalho

desenvolvido entre a reclamante e a paradigma, as avaliações Os requisitos para a equiparação salarial são os seguintes: a)

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identidade de função; b) que o serviço seja de igual valor, assim (...)

entendido aquele que é prestado com igual produtividade e a

mesma perfeição técnica; c) serviço prestado para o mesmo c- Que verifique o perito se havia diferença de tempo na função

empregador; d) serviço prestado na mesma localidade; e) superior a 2 anos entre o Rte e o Paradigma WILLIAN RODRIGUES

inexistência de diferença do tempo de serviço na mesma função DE OLIVEIRA, na função de Gerente de Atendimento? Que informe

superior a dois anos. o perito em que data Rte e o paradigma foram promovidos a tal

função.

No que toca à distribuição do ônus da prova na equiparação

salarial, é do obreiro o ônus de comprovar a identidade de funções Resposta: Negativo. Ambos, reclamante e paradigma foram

com o paradigma e do empregador o de comprovar fato impeditivo, promovidos para a função de gerente de atendimento em

modificativo ou extintivo do direito postulado (Súmula nº 6 do TST). 01/01/2010.

No caso dos autos, houve o deferimento de prova pericial, com o (...)

objetivo de apurar o pedido de equiparação salarial e isonomia

salarial. e- Que diga o perito se, independentemente da nomenclatura dada

aos cargos do Autor e do Paradigma WILLIAN RODRIGUES DE

Ao ID. ca6ab49 foi carreado o Laudo Pericial, concluindo o -Expert OLIVEIRA, na prática, ambos exerciam as mesmas funções e

que as atividades desenvolvidas pelo autor e paradigmas eram atividades durante todo o período em que estiveram na função de

similares e, por isso, não restaria justificada a disparidade salarial. Gerente de Atendimento?

Senão veja-se:

Resposta: Afirmativa.

"Diante de todas as constatações técnicas decorrentes da vasta

documentação trazida aos autos, bem como aquelas f- Que verifique o perito se havia diferença de tempo na função

disponibilizadas pela reclamada, apresentasse do Juízo o que se superior a 2 anos entre o Rte e os Paradigmas JANAINA QUEIROZ

segue: COSTA DRUMMOND DE AGUIAR e DELTON MARTINS DE

SOUZA, na função de Gerente de Relacionamento Business? Que

Este Perito conclui que as atividades e funções desempenhadas informe o perito em que data Rte e Paradigmas foram promovidos a

pelo reclamante e pelos paradigmas eram idênticas não se tal função.

justificando a disparidade salarial por produtividade ou perfeição

técnica. Resposta: A reclamada não forneceu estas informações solicitadas

pelo Perito".

Registra-se ainda que a igualdade nas atividades, bem como o

desempenho do autor e dos modelos não permite vislumbrar uma

diferença quer na produtividade quer na perfeição técnica de ambos

não havendo justificativa para diferenciação salarial". "Quesitos da reclamada

(...)

No que concerne ao período em que o autor exerceu a função de 7. Qual a diferença do tempo de serviço entre o Reclamante e os

gerente de atendimento, em que apresentao paradigma Willian, o paradigmas,

perito deixou claro que estes executavam as mesmas tarefas, com

igual produtividade e perfeição técnica, para o mesmo empregador, William Rodrigues, Janaina Queiroz e Delton Martins?

mesma localidade e tempo na unção inferior a 2 anos:

Resposta: Quanto ao paradigma Willian a diferença é inferior a 2

"Quesitos do reclamante anos. E

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quanto aos demais, tal informação não foi disponibilizada pela Relacionamento Business?

reclamada.

Resposta: Afirmativo.

(...)

i- Que informe o perito se havia alguma diferença de produtividade

18. Informe o I. Perito quais os locais de trabalho e os cargos ou perfeição técnica nas tarefas executadas pelo Reclamante e

exercidos pelos pelos Paradigmas? Caso positivo, favor comprovar?

paradigmas e seus respectivos períodos e salários? Resposta: Negativo. Ambos executavam suas atividades com a

mesma perfeição técnica e produtividade.

Resposta: As agências as quais laboram o reclamante e

paradigmas, são situadas na grande Vitória, como segue:(...) j- Se o Reclamante e os Paradigmas trabalhavam em agências

bancárias do Reclamado situadas na mesma localidade, no alcance

22. Informe o I. Perito se havia diferença de perfeição dado pela Súmula 6, X, do TST, ou seja, se ambos trabalhavam em

técnica/produtividade entre Reclamante e paradigmas. agências bancárias do Reclamado situadas em municípios

pertencentes a mesma região metropolitana da Grande Vitória?

Resposta: O reclamante e os paradigmas desenvolviam as suas

funções com a mesma perfeição técnica. A reclamada não forneceu Resposta: Afirmativo".

ao perito as avaliações funcionais realizadas pela chefia tanto do

autor como dos paradigmas. "Quesitos da reclamada

23. Informe o I. Perito se os requisitos do artigo 461 da CLT foram 8. Informe o i. Perito se há diferença na faixa de renda entre os

preenchidos no período de equiparação salarial contido na inicial, clientes dos funcionários ocupantes do cargo de Gerente de

quais sejam: idêntica função, trabalho de igual valor (produtividade Relacionamento Business I, Gerente de Relacionamento Business

e qualidade técnica), mesma localidade, diferença de tempo de II, Gerente de Relacionamento Business III.

serviço inferior a dois anos.

Resposta: Pelos documentos juntados aos autos, constatamos que:

Resposta: Positivo. Todos os requisitos foram preenchidos, fazendo Gerente de Relacionamento Business I - faixa de renda inferior à R$

jus o autor à equiparação salarial pretendida". 1.200,00 (hum mil e duzentos reais), Gerente de Relacionamento

Business II - faixa de renda de R$ 1.200,00 (hum mil e duzentos

E no período em que exerceu a função de gerente de reais) à R$ 4.000,00 (quatro mil reais), Gerente de Relacionamento

relacionamento Business/Empresas, quando indicou os Business III - faixa de renda acima de R$ 4.000,00 (quatro mil

paradigmasJanaina e Delton, o perito também o perito deixou claro reais).

que estes executavam as mesmas tarefas, com igual produtividade

e perfeição técnica, para o mesmo empregador, mesma localidade Porém na prática foi declarado pelo reclamante que não existia

e tempo na unção inferior a 2 anos: diferença no tipo de clientes pessoa jurídica e que qualquer gerente

podia atender

"Quesitos do reclamante

qualquer cliente.

(...)

(...)

h- Que diga o perito se, independentemente da nomenclatura dada

aos cargos do Autor e dos Paradigmas JANAINA QUEIROZ COSTA 10. Informe o i. Perito se os produtos comercializados pelos

DRUMMOND DE AGUIAR e DELTON MARTINS DE SOUZA, na empregados são diferenciados de acordo com seu segmento de

prática, ambos exerciam as mesmas funções e atividades durante atuação.

todo o período em que estiveram na função de Gerente de

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Resposta: Apesar das metas e cartelas de clientes diferenciadas, as diferenças de auxílio refeição e auxílio cesta alimentação e PLR,

atividades laborativas desempenhadas tanto pelo reclamante verifica-se que diante da ausência de diferença de produtividade,

quanto pelos paradigmas são idênticas. não há falar em diferença de pagamento de vantagem conferida por

norma coletiva.

(...)

Dessa forma, correta a sentença que julgou procedente o pedido de

13. Com base nos quesitos anteriores é possível afirmar, que a equiparação.

atividade exercida pelo Reclamante era compatível com o dos

paradigmas? Nega-se provimento.

Resposta: Afirmativo.

(...)

18. Informe o I. Perito quais os locais de trabalho e os cargos

exercidos pelos paradigmas e seus respectivos períodos e salários?

Resposta: As agências as quais laboram o reclamante e

paradigmas, são situadas na grande Vitória, como segue:(...) 2.4.6. INTEGRAÇÃO. SISTEMA DE REMUNERAÇÃO VARIÁVEL

22. Informe o I. Perito se havia diferença de perfeição

técnica/produtividade entre Reclamante e paradigmas.

Resposta: O reclamante e os paradigmas desenvolviam as suas

funções com a mesma perfeição técnica. A reclamada não forneceu

ao perito as avaliações funcionais realizadas pela chefia tanto do

autor como dos paradigmas.

Em razões recursais a Ré requer a reforma da sentença, alegando,

23. Informe o I. Perito se os requisitos do artigo 461 da CLT foram em suma, que tais parcelas não possuem natureza salarial; estão

preenchidos no período de equiparação salarial contido na inicial, condicionadas ao atingimento de metas desde a sua instituição; não

quais sejam: idêntica função, trabalho de igual valor (produtividade são pagas com habitualidade, mas tão-somente quando atingidos

e qualidade técnica), mesma localidade, diferença de tempo de seus requisitos, tratando-se de liberalidade do empregador.

serviço inferior a dois anos.

Sem razão.

Resposta: Positivo. Todos os requisitos foram preenchidos, fazendo

jus o De fato, em consonância com a decisão proferida pelo Juízo de

Primeiro Grau, constata-se que a Reclamada não se desincumbiu

autor à equiparação salarial pretendida." de seu ônus da prova, não tendo demonstrado a inexistência de

natureza salarial das parcelas apontadas.

De toda sorte, pela análise dos comprovantes de pagamento, ao

Ora, conforme destacado pela Origem, os documentos carreados contrário do alegado pela Ré, verifica-se que as parcelas em

aos autos são suficientes para comprovar todos os requisitos do art. comento eram pagas de forma habitual, em contraprestação ao

461 da CLT c/c Súmula 6 do TST. trabalho executado, assumindo, assim, natureza salarial.

Por fim, quanto ao pleito sucessivo de exclusão do pagamento de Mantém-se a sentença no particular.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 329
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despesas com veículo.

Nega-se provimento.

A Origem julgou parcialmente procedente o pedido, nestes termos:

""Se o empregador exige do empregado a utilização de veículo

particular, como instrumento essencial ao desempenho de suas

atividades, deve ressarci-lo pelas despesas efetuadas, uma vez que

o ônus do empreendimento não pode ser a ele transferido, nos

termos do art.2º da CLT.

O conjunto dos depoimentos deixa claro que a ré não só admitia

2.4.7. DESPESAS COM VEÍCULO E CELULAR. como incentivava o uso do veículo próprio pelos Gerentes de

Relacionamento em razão das visitas externas, fato ordinário tendo

em vista que facilita o contato com os clientes, além da própria

testemunha da ré confirmar que não era visitas utilizando-se de

transporte público regular.

Assim, resta resguardado seu direito ao ressarcimento dos

desgastes pelo uso do seu veículo, não promovido pelo banco

reclamado.

Esta ação foi proposta em 08/01/2016, antes da entrada em vigor

da Lei nº 13.467/2017. (...)

A Origem pronunciou a prescrição das parcelas anteriores a Desta feita, considerando que o veículo era usado em 3/4 visitas

08/01/2011. Não há recurso quanto à prescrição. diárias no mês, defiro o valor de mensais, a título de indenização

pelo meio salário mínimo à época, uso do veículo, a partir de

Consta da inicial que o Reclamante foi admitido em 25/03/1998, 01/12/2011, quando o reclamante se tornou Gerente de

exercendo no período imprescrito a função de gerente de Relacionamento até 24/11/2015, conforme limitado no pedido.

atendimento (até 01/12/2011) e depois a função de gerente de

relacionamento Business/Empresas, tendo sido dispensado sem O mesmo acontece pelo uso do telefone celular particular do

justa causa em 24/11/2015, quando recebia remuneração mensal empregado para a realização de atividades de interesse do

no valor de R$ 6.717,48 (seis mil, setecentos e dezessete reais e empregador. Não prospera a tese da defesa de que o telefone fixo

quarenta e oito centavos). era suficiente para que o empregado realizasse o contato com seus

clientes, uma vez que é incontroverso nos autos que o autor

Afirmou que exerceu o cargo de gerente de atendimento, desde realizava muitas visitas externas, se ausentando por grande período

01/01/2010 até 01/12/2011 e, posteriormente, ocupou o cargo de da agência, sendo forçoso concluir que era necessário o uso do

gerente de relacionamento Business/Empresasaté a data da aparelho celular.

dispensa.

Ainda que o autor não tenha trazido aos autos as contas telefônicas

Durante todo o contrato de trabalho, e, inclusive, como condição para comprovar os gastos alegados, entendo que deva ser

para trabalhar, o autor deveria possuir veículo próprio, sendo que a ressarcido das despesas, pois é certo o uso do aparelho em

mesma colocou o seu automóvel à disposição do Réu, a fim de que serviço, sobretudo em razão das visitas externas, sem o respectivo

fosse utilizado na execução de suas atividades laborais (visitas a reembolso das despesas.

clientes).

Quanto ao uso do telefone particular, considerando que o celular

Pugnou pela condenação da Reclamada no ressarcimento das pertencia ao obreiro e certamente era utilizado também em ligações

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 330
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

particulares, fixo que o valor gasto nas atividades da empresa

correspondia a metade do gasto total, o que dá R$75,00 por mês, a

partir de 01/12/2011, quando o reclamante se tornou Gerente de

Relacionamento até 24/11/2015, conforme limitado no pedido".

Em razões recursais a reclamada pretende a exclusão da

condenação.

Pois bem. 2.4.8. HONORÁRIOS PERICIAIS

Com efeito, parte-se do princípio de que havendo a exigência de

utilização de celular e de veículo para visitar clientes, sem o regular

ressarcimento dos gastos, reputa-se devida a indenização pelo

ilícito praticado, uma vez que o empregador, em abuso do poder

diretivo, transferiu ao trabalhador os riscos da atividade econômica,

em violação ao art. 2º da CLT.

No caso dos autos as testemunhas do autorcomprovam que as A Origem determinou que os honorários periciais complementares

visitas a clientes também eram realizadas por meio de veículo no valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais) a cargo da reclamada,

próprio, sendo utilizado celular particular para manter contatos com devendo, ainda ressarcir ao autor o depósito prévio de R$ 300,00

estes. (trezentos reais), pelas duas perícias realizadas.

A testemunha da rérelatou que não se fazia uso de transporte Inconformado, em suas razões recursais, pugna a reclamada pela

público regular, fato que demonstram que a utilização do veículo do reforma da r. sentença no tocante ao pagamento dos honorários

autor como ferramenta de trabalho, de forma obrigatória. periciais.

Ademais, quanto ao valor arbitrado pela Origem de meio salário Analisa-se.

mínimo, endente-se que este se mostra proporcional aos dias de

efetivo uso para visitações aos clientes, ou seja, este era utilizado Este Relator entende que, em se tratando os honorários periciais de

por apenas 3/4 visitas diárias no mês. instituto bifronte, as inovações da Lei n. 13.467/2017 não deverão

ser aplicadas aos processos já em curso.

Portanto, o valor arbitrado pela na sentença a quoobservou os dias

de efetiva utilização do veículo como instrumento de trabalho. Isso porque é imprescindível que a parte tenha ciência das

consequências jurídicas do ajuizamento do processo ou da defesa

Portanto, restou comprovado que o autor utilizava de veículo e apresentada, com a possibilidade de previsibilidade para avaliação

celular próprio para a consecução das atividades inerentes a função das condutas processuais a serem adotadas.

de gerente de operação, mas não era indenizado.

Entendimento em sentido diverso não seria razoável e implicaria

Ademais, conforme bem registrado pela Origem, a natureza da afronta ao disposto no art. 10, CPC/15, com a configuração de

atividade do autor denota a necessidade de deslocamento decisão surpresa e violação aos princípios da segurança jurídica e

permanente do autor. do devido processo legal.

Sendo assim, nada a modificar neste particular. A legislação a ser aplicada nesses casos, portanto, deve ser aquela

vigente quando do ajuizamento da ação.

Nega-se provimento.

Nesse contexto, utiliza-se, na espécie, a antiga redação do artigo

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 331
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790-B, da CLT, nos seguintes termos: processual previsto no Processo do Trabalho para impugnar a

decisão que o condenou em litigância de má-fé, expondo

"Art. 790-B. A responsabilidade pelo pagamento dos honorários expressamente as razões pelas quais pretendia a reforma da

periciais é da parte sucumbente na pretensão objeto da perícia, decisão.

salvo se beneficiária de justiça gratuita".

Assim, não há falar em nova condenação do reclamante por

Dessa forma, a sucumbência de que trata o artigo não é analisada litigância de má-fé.

pela conclusão do laudo pericial, mas sim pela procedência ou

improcedência da pretensão objeto da perícia e, no caso, os Indefere-se o requerimento do reclamado, formulado em

pedidos do reclamante dependentes da prova pericial foram contrarrazões, de aplicar condenação por litigância de má-fé ao

julgados procedentes. reclamante.

Portanto, correta a sentença que condenou a ré no pagamento dos

honorários periciais.

Nega-se provimento.

2.5. REQUERIMENTO DA RECLAMADA DE QUE O AUTOR 3. ACÓRDÃO

SEJA CONDENADO POR LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ

A reclamada alega em contrarrazões que o autor é litigante de má-

fé, uma vez que pleiteou na inicial a aplicação da taxa TR para fisn

de aplicação de correção monetário, mas apresentou recurso para

aplicação do IPCA-E.

Sem razão.

Não se constata que o reclamante, ao interpor o presente recurso,

tenha incorrido em alguma das hipóteses previstas no art. 80 do

CPC e no art. 793-B da CLT, uma vez que ele apenas exerceu o Acordam os Magistrados da 1ª Turma do Tribunal Regional do

seu direito de ampla defesa, tendo interposto o remédio jurídico Trabalho da 17ª Região, na Sessão Ordinária realizada no dia 03 de

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 332
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

dezembro de 2019, às 13 horas e 30 minutos, sob a Presidência do

Exmo. Desembargador Cláudio Armando Couce de Menezes, com

a participação do Exmo. Desembargador José Carlos Rizk, do

Exmo. Desembargador Mário Ribeiro Cantarino Neto, e presente o

Procurador Regional do Trabalho, Dr. Levi Scatolin, por

unanimidade, conhecer dos recursos ordinários interpostos pelo

reclamante e pela reclamada; rejeitar a preliminar de não

conhecimento do apelo autoral quanto ao índice de correção

monetária, por inovação recursal; rejeitar a preliminar de atribuição

de efeito suspensivo ao recurso, formulado pela Reclamada em

razões recursais; rejeitar a preliminar de nulidade da sentença por

julgamento ultra petita, suscitada pela Ré em razões recursais;

rejeitar a preliminar de nulidade da sentença por cerceio do direito Acórdão


Processo Nº ROT-0000009-74.2016.5.17.0010
de defesa, suscitada pela reclamada em razões recursais; no mérito Relator JOSE CARLOS RIZK
do recurso do autor, por maioria, dar parcial provimento para RECORRENTE THIAGO ZANI DA CRUZ
ADVOGADO FABIO LIMA FREIRE(OAB: 9167/ES)
estabelecer que os débitos trabalhistas em geral devem ser
RECORRENTE BANCO SANTANDER (BRASIL) S.A.
atualizados pela TR/FACDT até 24/03/2015 e pelo IPCA-E a partir ADVOGADO MAURICIO DE SOUSA
PESSOA(OAB: 156805/SP)
de 25/03/2015; e, no mérito do recurso da reclamada, por
ADVOGADO UDNO ZANDONADE(OAB: 9141/ES)
unanimidade, negar provimento. Indeferido o requerimento do ADVOGADO TALITHA ABI HARB SANTOS(OAB:
20764/ES)
reclamado, formulado em contrarrazões, de aplicação da pena por
ADVOGADO FERNANDA RIBEIRO UCHOA
litigância de má-fé ao reclamante. Vencido, no recurso obreiro, TEIXEIRA(OAB: 101952/RJ)
ADVOGADO EDUARDO CHALFIN(OAB: 53588/RJ)
quanto às horas extras a partir da 6ª hora diária, às horas extras a
RECORRIDO BANCO SANTANDER (BRASIL) S.A.
partir da 8ª hora diária e ao intervalo intrajornada, o Desembargador ADVOGADO MAURICIO DE SOUSA
PESSOA(OAB: 156805/SP)
Cláudio Armando Couce de Menezes. Custas, pela reclamada, no
ADVOGADO UDNO ZANDONADE(OAB: 9141/ES)
importe de R$ 3.000,00 (três mil reais), calculadas sobre R$ ADVOGADO TALITHA ABI HARB SANTOS(OAB:
20764/ES)
150.000,00 (cento e cinquenta mil reais), valor ora majorado à
ADVOGADO FERNANDA RIBEIRO UCHOA
condenação. Sustentações orais do Dr. Fábio Lima Freire, TEIXEIRA(OAB: 101952/RJ)
ADVOGADO EDUARDO CHALFIN(OAB: 53588/RJ)
advogado do reclamante, e da Dra. Úrsula Campos França Mouro,
RECORRIDO THIAGO ZANI DA CRUZ
advogada do reclamado. ADVOGADO FABIO LIMA FREIRE(OAB: 9167/ES)
TERCEIRO COOPCONPIF - Cooperativa de
INTERESSADO Consumo dos Profissionais de
Instituições Financeiras Ltda
TERCEIRO Fabiana Silva Ribeiro
INTERESSADO
TERCEIRO Márcio Rodrigo Mocelim Natal
INTERESSADO
TESTEMUNHA YURI BUSSULAR SEIXAS
TESTEMUNHA REINALDO PASSOS MAGALHAES
TESTEMUNHA AGHTA SILVA ZANOTELLI

Intimado(s)/Citado(s):
- BANCO SANTANDER (BRASIL) S.A.

PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA DO TRABALHO
DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK

Relator

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 333
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

RECURSO DA RECLAMADA. NULIDADE DA DISPENSA.

PROCESSO nº 0000009-74.2016.5.17.0010 (ROT) ESTABILIDADE PROVISÓRIA NO EMPREGO. DIRETOR DE

COOPERATIVA. Tendo em vista que o autor é dirigente de

RECORRENTES: THIAGO ZANI DA CRUZ; BANCO SANTANDER cooperativa regida pela Lei nº 5.764/71, faz jus o reclamante à

(BRASIL) S.A. estabilidade provisória no emprego prevista no art. 55 desta lei.

Ademais, entende-se que tal garantia não está limitada ao número

RECORRIDOS: THIAGO ZANI DA CRUZ; BANCO SANTANDER de 7 dirigentes, vez que, nos moldes do art. 29 desta lei, é livre a

(BRASIL) S.A. associação de interessados.

ORIGEM: 10ª VARA DO TRABALHO DE CACHOEIRO DE

ITAPEMIRIM - ES

RELATOR: DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK

COMPETÊNCIA: 1ª TURMA

1. RELATÓRIO

EMENTA Esta ação foi proposta em 08/01/2016, antes da entrada em vigor

da Lei nº 13.467/2017.

A Origem pronunciou a prescrição das parcelas anteriores a

08/01/2011. Não há recurso quanto à prescrição.

Trata-se de recurso ordinário interposto pelo reclamante e pela

reclamada em face da r. sentença, complementada pela decisão de

embargos de declaração, que julgou procedentes em parte os

RECURSO DO RECLAMANTE. HORAS EXTRAS. BANCÁRIO. pedidos formulados na inicial, para condenar a reclamada no

GERENTE DE RELACIONAMENTO. FIDÚCIA DIFERENCIADA. pagamento de diferenças salariais decorrente de garantia do

APLICAÇÃO DO ART. 224, §2º DA CLT. Tendo em vista que o emprego, ratificando a tutela antecipada; horas extras após a 8ª

autor se encontrava imbuído de uma fidúcia que o colocava em hora diária, no período imprescrito até a data da dispensa da

patamar diferenciado dos demais empregados da agência, inclusive testemunha Yuri; intervalo intrajornada, no período imprescrito até a

refletindo em sua remuneração, entende-se que estava inserido na data da dispensa da testemunha Yuri; divisor 220; integração da

exceção do art. 224, §2º, da CLT, sendo indevidas como extras as remuneração variável; indenização pelo uso de veículo, no período

horas posteriores à 6ª diária. entre 01/12/2011 até 24/11/2015; indenização pelo uso do telefone

particular, no período entre 01/12/2011 até 24/11/2015; equiparação

salarial; e diferenças de substituição.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 334
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

O reclamante interpõe recurso ordinário, requerendo a reforma do

decisio quanto às horas extras a partir da 6ª hora diária; divisor;

limitação temporal das horas extras a partir da 8ª diária,

sucessivamente o afastamento da OJ 415 da SDI-I do TST;

limitação temporal do intervalo intrajornada, sucessivamente o

afastamento da OJ 415 da SDI-I do TST; majoração da indenização

pelo uso de veículo próprio; indenização por assédio moral; e índice

de correção monetária.

Em recurso ordinário, a reclamada suscita preliminar de nulidade da

sentença, por ser ultra petita e preliminar de nulidade da sentença,

por cerceamento de defesa, além de pleitear o efeito suspensivo ao

recurso. No mérito, pugna pela reforma dos seguintes capítulos: 2.1. CONHECIMENTO

estabilidade prevista no art. 55 da Lei 5.764/71, por ser falsa

cooperativa; horas extras a partir da 8ª diária; reflexos dos dias de

sábado; reflexos das horas extras nos dias de repouso semana

remunerado, sob pena de bis in idem; reflexos do sistema de

remuneração variável nas horas extras; indenização pelo uso de

veículo próprio; indenização pelo uso de celular; equiparação

salarial, sucessivamente, exclusão do pagamento de diferenças de

auxílio refeição e auxílio cesta alimentação e PLR; e honorários

periciais.

Custas ao Id. 8286a9f e depósito recursal ao Id. 09b1808.

Contrarrazões do autor, em que pretende a manutenção da

sentença.

2.1.1. CONHECIMENTO DO RECURSO DO AUTOR.

Contrarrazões pela reclamada, em que suscita preliminar de não PRELIMINAR DE NÃO CONHECIMENTO, POR INOVAÇÃO.

conhecimento do recurso do autor quanto ao índice de correção SUSCITADA EM CONTRARRAZÕES PELA RECLAMADA

monetária, por inovação recursal e, no mérito, pela manutenção da

sentença e pela aplicação de multa por litigância de má-fé.

É o relatório.

Esta ação foi proposta em 08/01/2016, antes da entrada em vigor

da Lei nº 13.467/2017.

A Origem pronunciou a prescrição das parcelas anteriores a

08/01/2011. Não há recurso quanto à prescrição.

2. FUNDAMENTAÇÃO

A reclamada suscita preliminar de inovação recursal em

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Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

contrarrazões, alegando que o autor inovou a sua causa de pedir

quanto ao índice de correção monetária, inserindo no recurso Esta ação foi proposta em 08/01/2016, antes da entrada em vigor

ordinário pleito inexistente na petição inicial e que por conseguinte da Lei nº 13.467/2017.

não foi objeto de apreciação pela sentença.

A Origem pronunciou a prescrição das parcelas anteriores a

Sem razão. 08/01/2011. Não há recurso quanto à prescrição.

Inexiste qualquer inovação recursal quanto ao tema da correção Conhece-se do recurso ordinário interposto pela reclamada,

monetária. porquanto preenchidos os pressupostos legais de admissibilidade.

Em primeiro lugar, saliente-se que a aplicação de correção

monetária constitui pedido implícito, não precisando constar na

inicial, não havendo qualquer julgamento "ultra" e "extra petita"

quando a sentença aborda a matéria mesmo que não tenha sido

mencionada na inicial.

Ressalte-se que o Juízo de Primeiro Grau determinou que fosse

aplicada a correção monetária a TR como índice de atualização.

2.2. PRELIMINARES

O reclamante requereu em seu recurso ordinário que seja

reformada a sentença para aplicar o IPCA-E como índice de

atualização.

Logo, não há falar em inovação recursal.

Rejeita-se a preliminar.

Estando preenchidos este e os demais pressupostos de

admissibilidade, conhece-se do recurso ordinário do reclamante.

2.2.1. CONCESSÃO DE EFEITO SUSPENSIVO. PRELIMINAR

SUSCITADA PELA RECLAMADA EM RAZÕES DE RECURSO

2.1.2. CONHECIMENTO DO RECURSO DA RECLAMADA

A Reclamada, em razões recursais, busca a concessão de efeito

suspensivo ao recurso ordinário interposto.

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Pois bem. 2.2.2. PRELIMINAR DE NULIDADE DA SENTENÇA, POR

JULGAMENTO ULTRA PETITA, SUSCITADA EM RAZÕES DE

Depreende-se da nova redação da Súmula 414, do TST, que "a RECURSO ORDINÁRIO PELA RECLAMADA

tutela provisória concedida na sentença não comporta impugnação

pela via do mandado de segurança, por ser impugnável mediante

recurso ordinário. É admissível a obtenção de efeito suspensivo ao

recurso ordinário mediante requerimento dirigido ao tribunal, ao

relator ou ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal recorrido,

por aplicação subsidiária ao processo do trabalho do artigo 1.029, §

5º, do CPC de 2015".

De acordo com o art. 300 do CPC, a tutela de urgência será Esta ação foi proposta em 08/01/2016, antes da entrada em vigor

concedida quando houver elementos que evidenciem a da Lei nº 13.467/2017.

probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado

útil do processo. A Origem pronunciou a prescrição das parcelas anteriores a

08/01/2011. Não há recurso quanto à prescrição.

No caso em tela, encontram-se presentes os requisitos necessários

para a concessão da tutela de urgência. Consta da inicial que o Reclamante foi admitido em 25/03/1998,

exercendo no período imprescrito a função de gerente de

A probabilidade do direito decorre do fato de que restou atendimento (até 01/12/2011) e depois a função de gerente de

comprovada a violação do direito do Reclamante no tocante à relacionamento Business/Empresas, tendo sido dispensado sem

nulidade da dispensa, não tendo a recorrente apresentado justa causa em 24/11/2015, quando recebia remuneração mensal

argumentados fáticos, a fim de serem aferidos em uma análise no valor de R$ 6.717,48 (seis mil, setecentos e dezessete reais e

sumária. quarenta e oito centavos).

O perigo de dano também é patente, porquanto o Reclamante Em preliminar de recurso ordinário sustenta a Reclamada que a r.

estaria impedido de receber salário, verba de caráter alimentar. decisão de Origem se trata de sentença ultra petita, na medida em

que o Julgador deferiu ao Obreiro um quantumde diferenças

Não há risco de irreversibilidade da medida, diante da inexistência salariais decorrente da reintegração maior do que o postulado.

de prejuízo à Reclamada, que se beneficiará da mão de obra do

Reclamante. Nesse contexto, explica que a inicial limita as horas nos seguintes

termos:

Não merece ser acolhido, portanto, o requerimento da Ré de que

seja concedido efeito suspensivo ao recurso ordinário interposto. "Pede seja declarada nula a dispensa sem justa causa do Rte

realizada pelo Reclamado na data de 24-11-2015, declarando-se

Rejeita-se a preliminar de atribuição de efeito suspensivo ao apelo, que o Autor é detentor de garantia provisória no emprego no

formulado pela Reclamada em razões recursais. período entre 12-01-2015 até 1 (um) ano após a data do término do

seu mandato de diretor da COOPBAN, na forma do art. 55, da Lei n.

5.764/1971 c/c art. 543, parágrafo 3o, da CLT, REQUERENDO O

AUTOR SEJA DETERMINADA A SUA REINTEGRAÇÃO AO

EMPREGO NO RECLAMADO, na mesma função, local, e com a

mesma remuneração de antes da dispensa, condenando-se o

Reclamado a fazer tal reintegração, e ainda, que seja o Reclamado

condenado ao pagamento das remunerações vencidas e vincendas

do Reclamante, a serem apuradas desde a data de 24-11-2015 até

a data da efetiva reintegração do Reclamante, condenando-se o

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Rdo também ao pagamento das parcelas de 13o salário, férias + que seja o Reclamado condenado ao pagamento das remunerações

1/3, FGTS, PLR (Participação nos Lucros e Resultados), auxílio vencidas e vincendas do Reclamante, a serem apuradas desde a

refeição (cláusula 14ª), auxílio cesta alimentação (cláusula 15ª), data de 24-11-2015 até a data da efetiva reintegração do

auxílio décima terceira cesta alimentação (cláusula 16ª), e demais Reclamante, (...)".

benefícios previstos nas CCT dos bancários, durante todo o período

de afastamento." A r. sentença, neste sentido, deferiu a pretensão nos seguintes

termos:

Nada obstante, aponta que o d. Juízo a quo, em sede de embargos

de declaração, determinou a inclusão da todas as parcelas de "Assim, defiro o pedido "A" da inicial, restando mantidos os efeitos

natureza salarial recebidas pelo autor. da concessão da tutela antecipada, devendo ser pagas as

remunerações vencidasdesde sua dispensa até a efetiva

Requer seja reconhecida a nulidade da decisão, no ponto. reintegração."

Sucessivamente, pretende a limitação aos termos postulados na A fim de tornar mais clara a abrangência do termo remunerações,

exordial. por meio da decisão de embargos de declaração, o Juízo assim

decidiu:

Examina-se.

"O termo remuneração utilizado na sentença ao deferir a

Segundo o sistema processual vigente, o julgador não pode, via de reintegração se refere a todas as parcelas de cunho salarial

regra, decidir acima (ultra petita), fora (extra petita) ou aquém (citra recebido pelo autor, como for apurado em liquidação."

petita) dos limites do pedido.

Do cotejo entre a inicial e a r. sentença, observa-se que não há o

Nesse contexto, a teor do art. 492 do CPC/2015, é defeso ao juiz alegado julgamento "além do pedido".

proferir sentença, a favor do Autor, de natureza diversa da pedida,

bem como condenar o Réu em quantidade superior ou em objeto Dessa forma, a r. sentença, ao condenar a Ré ao pagamento de

diverso do que lhe foi demandado. diferenças de remuneração do período estabilitário até a efetiva

reintegração, não incorreu em julgamento ultra petita.

Corroborando tal proibição, o art. 141 do diploma processual civil

preceitua que o magistrado deve decidir a lide nos limites em que foi Dessa forma, considerando que o pedido apontado pela Recorrente

proposta, sendo-lhe defeso conhecer de questões, não suscitadas, foi corretamente deduzido na inicial, não há falar em infringência ao

a cujo respeito a lei exige a iniciativa da parte. 492 do CPC.

Consoante ensinamento de Freddie Didier Júnior, "diz-se ultra petita Rejeita-se a preliminar de nulidade da sentença por julgamento ultra

a decisão que (i) concede ao demandante mais do que ele pediu, (ii) petita, suscitada pela Ré em razões recursais.

analisa não apenas os fatos essenciais postos pelas partes como

também outros fatos essenciais, ou (iii) resolve a demanda em

relação aos sujeitos que participaram do processo, mas também em

relação a outros sujeitos não participantes." (DIDIER Jr., Freddie, in

"Curso de Direito Processual Civil", 2ª ed., Salvador: JusPODIVM,

2008. v. 02, p. 287).

No caso em tela, ao contrário do que sustenta a reclamada, verifica-

se que o Reclamante apontou, em sua peça de ingresso, de forma

genérica as parcelas de natureza salarial devida. Veja-se: 2.2.3. PRELIMINAR DE NULIDADE DA SENTENÇA, POR

CERCEAMENTO DE DEFESA, SUSCITADA EM RAZÕES DE

"(...), condenando-se o Reclamado a fazer tal reintegração, e ainda, RECURSO ORDINÁRIO PELA RECLAMADA

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Na r. sentença a Origem se baseou na prova pericial produzida, ao

estabelecer as atividades exercidas pelo autor e pelos paradigmas,

para deferir o pedido de condenação da reclamada no pagamento

de diferenças salariais decorrente de equiparação salarial.

Nas razões recursais a reclamada alega preliminar de cerceamento

de defesa pelo indeferimento de perguntas ao autor e às

testemunhas quanto ao tema da equiparação salarial.

Esta ação foi proposta em 08/01/2016, antes da entrada em vigor

da Lei nº 13.467/2017. Analisa-se.

A Origem pronunciou a prescrição das parcelas anteriores a A Origem deixou claro na r. sentença recorrida que as atividades

08/01/2011. Não há recurso quanto à prescrição. laborais do autor e dos paradigmas foram consignadas pela prova

pericial, de modo que se verificou que o reclamante tenha

Consta da inicial que o Reclamante foi admitido em 25/03/1998, desempenhado funções idênticas aos dos paradigmas, porém, com

exercendo no período imprescrito a função de gerente de menor remuneração.

atendimento (até 01/12/2011) e depois a função de gerente de

relacionamento Business/Empresas, tendo sido dispensado sem No direito processual brasileiro, é notório que incumbe ao

justa causa em 24/11/2015, quando recebia remuneração mensal Magistrado a direção do processo, devendo até mesmo afastar, em

no valor de R$ 6.717,48 (seis mil, setecentos e dezessete reais e nome da celeridade e economia processual, provas que reputem

quarenta e oito centavos). inócuas, inúteis, irrelevantes ou desnecessárias, sem que isso

importe, necessariamente, em afronta ao amplo direito de defesa

Informou que, no período em que exerceu a função de gerente de garantido às partes (art. 370 do CPC/2015).

atendimento recebeu salário inferior ao paradigma Willian Rodrigues

de Oliveira, mesmo tendo exercido idênticas funções. Já, no período Trata-se da liberdade do juiz em conduzir o processo, também

em que foi gerente de relacionamento Business/Empresas, recebeu prevista no artigo 765, da CLT, que estabelece a "ampla liberdade

salário inferior aos paradigmas Janaina Queiroz Costa Drummond de direção do processo" e o dever do magistrado em velar pelo

de Aguiar e Delton Martins de Souza, mas realizava as mesmas "andamento rápido das causas".

atividades.

Nesse sentido, não se encontram fundamentos, no presente caso,

Por isso, pugnou pelo pagamento de diferenças salariais por para acolher a preliminar por cerceio de defesa, haja vista à prova

equiparação salarial. pericial, além da liberdade de condução processual do julgador.

Na audiência de instrução de Id. eea594c foi produzida prova oral, Assim, tendo em vista a devida justificativa do indeferimento das

sendo ouvida as partes, duas testemunhas indicadas pelo autor e perguntas para o autor e para as testemunhas pelo Magistrado, não

uma indicada pela reclamada. Especificamente quanto ao pedido de há que se falar em violação ao art. 5º, LV, da Constituição Federal.

produção de prova oral sobre à equiparação salarial, o Juízo assim

se manifestou: Rejeita-se a preliminar de nulidade da sentença, por cerceio do

direito de defesa, suscitada pela reclamada em razões recursais.

"Requereu a reclamada a produção de prova oral acerca da

equiparação salarial tendo em vista as impugnações apresentadas

ao laudo pericial, o que foi indeferido pelos seguintes motivos: as

questões suscitadas pela ré nas impugnações são todas aferíveis

com prova documental, como fundamentado pela própria parte na

sua insurgência. Protestos do réu".

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relacionamento Business/Empresas, tendo sido dispensado sem

justa causa em 24/11/2015, quando recebia remuneração mensal

no valor de R$ 6.717,48 (seis mil, setecentos e dezessete reais e

quarenta e oito centavos).

Afirmou que exerceu o cargo de gerente de atendimento, desde

01/01/2010 até 01/12/2011 e, posteriormente, ocupou o cargo de

gerente de relacionamento Business/Empresasaté a data da

dispensa.

Relatou que no período entre 01/12/2011 a 24/11/2015, e que pese

exercer a função de gerente de relacionamento Business/Empresas,

2.3. MÉRITO DO RECURSO DO AUTOR foi submetido a jornada de trabalho de 8h diárias. No entanto,

destacou que "não ocupou cargo de gerência estrita, ou seja, não

ocupou cargo de confiança bancária nos moldes do art. 224,

parágrafo 2º, da CLT".

Pugnou pela descaracterização da jornada de 08 horas, tendo em

vista que não possuía subordinados ou poder de fiscalização, não

exercia função de chefia e tampouco provido de fidúcia especial e,

paralelamente, o reconhecimento das horas extras a partir da 6ª

hora diária.

Em contestação a Reclamada sustentou que "em 01.12.2011 o

Reclamante passou para o cargo de Gerente de Relacionamento

Empresas/Business I e em 01.12.2014 passou para o cargo de

Gerente de Relacionamento Empresas/Business II".

2.3.1. HORAS EXTRAS A PARTIR DA 6ª HORA DIÁRIA. ART.

224, §2º DA CLT Afirmou que "o cargo de Gerente de Relacionamento Business,

possui grande fidúcia, pois é responsável por conquistar novos

clientes e prestar atendimento aos atuais, no Segmento de Pessoa

Jurídica Business com faturamento anual até 1 milhão de reais

(Gerente de Relacionamento Empresas I) e entre 1 e 6 milhões de

reais (Gerente de Relacionamento Empresas II) , com o objetivo de

aumentar a sua carteira de clientes junto ao mercado. Para tanto,

era exigido que ele tivesse 2 anos de experiência como gerente de

Relacionamento no Segmento Alta Renda ou Pessoa Jurídica e,

Esta ação foi proposta em 08/01/2016, antes da entrada em vigor ainda, inglês e espanhol intermediário" e que "o próprio Gerente,

da Lei nº 13.467/2017. caso do Reclamante, é quem elabora as propostas de concessão

de crédito no fluxo de abertura de conta corrente ou no sistema de

A Origem pronunciou a prescrição das parcelas anteriores a Elaboração, Análise e Gestão de Propostas de Crédito (ferramentas

08/01/2011. Não há recurso quanto à prescrição. da plataforma de atendimento do reclamado)", além de asseverar

que participava do Comitê de Crédito junto com o gerente geral de

Consta da inicial que o Reclamante foi admitido em 25/03/1998, agência.

exercendo no período imprescrito a função de gerente de

atendimento (até 01/12/2011) e depois a função de gerente de Por fim, asseverou que o autor recebia gratificação de função no

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valor de 1/3 do salário efetivo. respectivos sócios, identificando suas necessidades e assegurando

a satisfação dos mesmos com relação aos serviços e produtos

A Origem reconheceu a validade da jornada de 08 horas do autor, disponibilizados pelo Banco.

na forma do art. 224, §2º da CLT, indeferindo a título de horas

extras aquelas que ultrapassassem 6ª horas diárias até a 8ª hora Conquistar novos clientes visando aumentar sua carteira junto ao

diária. mercado alvo, vendendo produtos e serviços da instituição.

Em razões recursais o autor renovou sua pretensão. Propor o desenvolvimento de negócios de seus clientes, de acordo

com as normas e procedimentos operacionais estabelecidos pelo

Sem razão. Banco.

Cumpre perquirir se a autora estava inserida na exceção do art. Acompanhar e cobrar operações de seus clientes com operações

224, §2º, da CLT. de crédito vencidas.

É incontroverso que recebia gratificação de função superior a um Acompanhar a performance de negócios de seus clientes, visando

terço do valor do cargo efetivo, já que percebia salário base de R$ identificar eventuais problemas, que possam interferir nos

3.679,51 (três mil, seiscentos e setenta e nove reais e cinquenta e resultados do Banco e Zelar pelo atendimento personalizado de

um centavos) acrescido de gratificação de função no valor de R$ seus clientes, visando assegurar o nível de qualidade diferenciado

2.068,19 (dois mil e sessenta e oito reais), conforme ficha financeira de serviços prestados pelo Banco.

de Id. 43e5f58 - Pág. 11.

12. Informe o i.Perito, à título exemplificativo, os clientes que eram

Quanto às tarefas propriamente ditas, não é possível afirmar que o atendidos

autor exercia mera atividade técnica de assessoramento ou mesma

fidúcia conferida a empregados que, de fato, exerciam tarefas de pelo Gerente de Relacionamento Business II.

simples assessoria ou suporte bancário.

Resposta: E com relação ao gerente de relacionamento business II,

O reclamante admite na inicial que era o responsável por substituir temos que o mesmo tinha como dever: manter a carteira de clientes

o gerente geral de agência, bem como pleiteou equiparação salarial pessoas jurídicas sob sua responsabilidade, identificando suas

com o gerente de Gerente de Relacionamento Business Sr. Delton necessidades e assegurando a satisfação dos mesmos com relação

e Sra. Janaína, sob o fundamento de que detinha as mesmas aos serviços e produtos disponibilizados pelo Banco.

atribuições e poderes do cargo, sendo elas: "atendimento a clientes,

venda de produtos e serviços do banco, e administrava uma carteira Conquistar novos clientes visando aumentar sua carteira junto ao

de clientes do segmento de pessoa jurídica (empresas)". mercado alvo, vendendo produtos e serviços da instituição.

Ademais, o laudo pericial de Id. ca6ab49 constatou que o autor, Propor o desenvolvimento de negócios de seus clientes, de acordo

além de participar de comitê de crédito, exercia as seguintes com as normas e procedimentos operacionais estabelecidos pelo

atribuições como Gerente de Relacionamento Business: Banco.

"11. Informe o i. Perito, à título exemplificativo, os clientes que eram Prospectar e dar aceite a propostas de investimentos dos clientes

atendidos de sua carteira.

pelo Gerente de Relacionamento Business I. Acompanhar e cobrar operações de seus clientes com operações

de crédito vencidas.

Resposta: Com relação a função de Gerente de Relacionamento

Business I, temos que a mesma visava manter a carteira de clientes Acompanhar a performance de negócios de seus clientes, visando

pessoas jurídicas sob sua responsabilidade, bem como de seus identificar eventuais problemas, que possam interferir nos

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resultados do Banco. Vitória.

Analisar as operações de empréstimo dos clientes de sua carteira, E quanto aos cargos e salários, já foram respondidos por este

conforme os parâmentros definidos pela política de concessão de Perito, vide respostas dadas aos quesitos do reclamante. Contudo,

crédito. em caso de eventual procedência do pleito de equiparação salarial,

serão apuradas as diferenças salariais devidas, ocasião em que

Aprovar e cadastrar limites de crédito (inclusive participação no serão demonstrados mês a mês os valores recebidos pelos

comitê de crédito da agência). mesmos".

Zelar pelo atendimento personalizado de seus clientes, visando Neste passo, tem-se que o próprio teor da inicial e o laudo pericial

assegurar o nível de qualidade diferenciado de serviços prestados comprovam a realidade fática vivenciada pelo autor no exercício da

pelo Banco. função de gerente de Relacionamento Business, com atribuições

diferenciadas ao simples cargo efetivo bancário.

13. Com base nos quesitos anteriores é possível afirmar, que a

atividade exercida pelo Reclamante era compatível com o dos Extrai-se, portanto, da prova pericial que o autor possuía maiores

paradigmas? responsabilidade do que os empregados comuns, já que era

responsável por toda a prestação de serviços bancários para aquela

Resposta: Afirmativo. linha de clientela e participava de comitê de crédito junto com a

gerente geral de agência, sendo que eventualmente substituía o

(...) próprio gerente geral.

18. Informe o I. Perito quais os locais de trabalho e os cargos Assim, tendo em vista que o autor se encontrava imbuído de uma

exercidos pelos fidúcia que o colocava em patamar diferenciado dos demais

empregados da agência, inclusive refletindo em sua remuneração,

paradigmas e seus respectivos períodos e salários? entende-se que estava inserido na exceção do art. 224, §2º, da

CLT, sendo indevidas como extras as horas posteriores à 6ª diária.

Resposta: As agências as quais laboram o reclamante e

paradigmas, são situadas na grande Vitória, como segue: Por fim, diante da manutenção da sentença de improcedência, por

decorrência lógica, não há falar em aplicação do divisor 180 para o

O reclamante trabalhou na agência de Vitória situada na Avenida cálculo das horas extras.

Princesa Isabel sendo que em 01/12/2011 foi transferido para a

Agência de Jardim da Penha, Vitória/ES. Em 01/07/2014 o autor foi Nega-se provimento.

novamente transferido para a Agência da Praça Costa Pereira

situada em Vitória/ES.

O paradigma Willian Rodrigues de Oliveira trabalhou na agência da

Costa Pereira, até a demissão.

O paradigma Janaína Queiroz trabalhou na Agência da Enseada do

Suá, sendo que em 01/06/2014 foi transferida para a Agência da

Praia do Canto.

2.3.2.HORAS EXTRAS A PARTIR DA 8ª HORA DIÁRIA

Contrato de trabalho ativo, hoje em Jucutuquara;

O paradigma Delton Martins de Souza trabalhava na Agência de

Laranjeiras sendo que em 01/05/2015 foi transferido para o PV

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19:30/20hs; que parava 20/30 minutos para almoçar, dentro da

agência; que a última agência por qual passou tinha 5 gerentes de

relacionamentos; que havia um revezamento para não saírem todos

ao mesmo tempo.

Esta ação foi proposta em 08/01/2016, antes da entrada em vigor

da Lei nº 13.467/2017. Em depoimento pessoal, a preposta da reclamada disse que o

reclamante fazia jornada de 9hs às 18hs, com 1 hora de almoço;

A Origem pronunciou a prescrição das parcelas anteriores a que se extrapolasse esse horário, era registrado no cartão de ponto.

08/01/2011. Não há recurso quanto à prescrição.

A primeira testemunha indicada pelo reclamante disse que

Consta da inicial que o Reclamante foi admitido em 25/03/1998, trabalhou no banco até 2014; que trabalhou com o reclamante na

exercendo no período imprescrito a função de gerente de agencia princesa Isabel; que saiu desta agência no ano de 2011;

atendimento (até 01/12/2011) e depois a função de gerente de que era gerente de careira; que chegava para trabalhar as 8hs e

relacionamento Business/Empresas, tendo sido dispensado sem saia em média 20hs/20:30hs; que o reclamante fazia normalmente

justa causa em 24/11/2015, quando recebia remuneração mensal os mesmos horários; que fazia 20/30 minutos de almoço e retornava

no valor de R$ 6.717,48 (seis mil, setecentos e dezessete reais e para trabalhar; que o reclamante também fazia o mesmo horário;

quarenta e oito centavos). que nessa agencia tinham uns 5/6 gerentes de relacionamento; que

não podia revezar enquanto tinha cliente para atender; que o ponto

Afirmou que exerceu o cargo de gerente de atendimento, desde era eletrônico; que na grande maioria, não era marcado

01/01/2010 até 01/12/2011 e, posteriormente, ocupou o cargo de corretamente o cartão de ponto; que a agencia era punida se

gerente de relacionamento Business/Empresasaté a data da houvesse muitas horas extras dos funcionários, então era cobrados

dispensa. para que não marcassem mais horas em razão de um ranking entre

as agencias; que batia o ponto e continuava trabalhando; que

Relatou que, no período entre 01/01/2010 até 24/11/2015, cumpria mesmo com o ponto fechado, não impedia de trabalhar, não

jornada de trabalho de 8h às 20h, de segunda a sexta-feira, com bloqueava; que era orientada a não marcar horas extras, mas o

intervalo de 30 minutos para refeição. gerente sabia que faziam horas extras; que o chefe dela e do

reclamante era o gerente geral, Sr. Eduardo; que chegavam e-mails

Pugnou o pagamento de horas extras não anotadas nos controles mostrando quais funcionários mais faziam horas extras e nas

de frequência. reuniões diárias era exposto que não poderia gerar horas extras.

Em contestação, a reclamada defende a validade dos controles de A segunda testemunha indicada pelo reclamante disse que

ponto, tendo destacado que eventuais horas extras eram trabalhou de 2007 a 2012 no banco; que trabalhou na agencia de

devidamente quitadas. jardim da penha com o reclamante; que quando o reclamante

chegou, o depoente já trabalhava lá; que era assistente PJ; que

A Origem julgou parcialmente procedentes os pedidos sob o chegava entre 8h/8:30hs na agencia e normalmente o reclamante

seguinte fundamento: chegava primeiro; que ia embora em média às 19:30hs; que a

maioria das vezes, o depoente ia embora antes do reclamante; que

"A reclamada junta os cartões de ponto que apontam o labor fazia entre 20/30 minutos de refeição; que ninguém parava 1 hora

extraordinário bem como os contracheques que também apontam o de intervalo; que era obrigado a bater o ponto antes da partida

pagamento de horas extras. porque se tivesse uma quantidade de horas extras muito grande, a

agência era penalizada; que o gestor orientava a bater o ponto e

(...) fazer outros trabalhos como ligação para cliente, arquivar contratos,

preenchimento de contas, ligação para ofertas de produtos; que

Em depoimento pessoal, o reclamante disse que a média de horas depois que dava baixa no sistema, não tinha como acessar o

de trabalho entre gerente de atendimento e relacionamento era a sistema depois de fechar o ponto; que fazia serviços internos; que

mesma; que chegava Às 7:50/8:00 hs na agência e saia às

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A primeira testemunha da reclamada disse que trabalha no banco

desde janeiro de 2013; que inicialmente trabalhou na agencia da O art. 224, §2º, da CLT estabelece que a jornada de seis horas

Enseada e no final de outubro/novembro de 2013 passou a diárias não se aplica aos que exercem funções de direção,

trabalhar na agencia de Jardim da Penha; que o reclamante já gerência, fiscalização, chefia e equivalente ou que desempenhem

estava trabalhando na agencia de Jardim da Penha quando outros cargos de confiança, desde que o valor da gratificação não

começou a trabalhar lá; que exercia a função de assistente de seja inferior a 1/3 do salário do cargo efetivo.

empresa; que chegava na agência às 9hs; que quando chegava,

acontecia do reclamante estar na agencia ou visitando cliente; que Na inicial o autor informa que, durante todo o período imprescrito

saia as 18hs; que o sistema não permite que se trabalhe depois das exerceu a função de gerente de atendimento (até 01/12/2011) e

18hs; que acontecia de ir embora e deixar o reclamante trabalhando depois a função de gerente de relacionamento Business/Empresas,

ainda; que tem 1 hora de intervalo; que é possível o funcionário tendo destacado que no período entre 01/01/2010 até 24/11/2015,

fazer um ajuste no ponto, se prolongar o horário depois de uma cumpria jornada de trabalho de 8h às 20h, de segunda a sexta-feira,

visita; que na época batia ponto na própria agente; que é gerente de com intervalo de 30 minutos para refeição.

empresa desde setembro de 2014; que não tem conhecimento de

haver um ranking das agencias em que aferida a quantidade de Outrossim, inconteste que o autor se enquadra na exceção prevista

horas extras; que nunca foi orientado no sentido de não marcar o no §2º do art. 224 da CLT, mormente porque recebia um adicional

ponto corretamente; que o empregado que não registra superior a 1/3 do seu salário base.

corretamente o ponto, é punido; que o sistema

A par disso, o autor estava submetido a jornada de 8 horas diárias,

rígido de ponto passou a existir há dois/três anos para cá; que mediante controle de frequência, que foram impugnados pelo autor.

poderia acontecer do gerente estar ainda em visita externa depois

das 20hs. Acerca do ônus da prova, assim dispõem os artigos 818 da CLT e

373 do CPC:

As testemunhas ouvidas confirmam a realização de horas extra,

além do anotado no cartão de ponto, somente do marco "Art. 818. A prova das alegações incumbe à parte que as fizer."

prescricional até a data de dispensa da testemunha Yuri Bussular

Seixas, como apurado em liquidação. A testemunha arrolada pela ré " Art. 373. O ônus da prova incumbe:

não se presta para confrontar tal assertiva, pois relata que o horário,

além de atestar que o sistema mais rígido de controle de ponto I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito;

somente passou a valer após o fim do contrato de trabalho do

reclamante (dois/três anos para cá). II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou

extintivo do direito do autor."

Tendo por base a prova fixo a jornada média de trabalho do autor

no período como sendo das 8:30 às 19:00, sempre com 30 minutos Como se nota, segundo a regra geral de repartição do ônus

de intervalo. probatório, compete ao reclamante a prova dos fatos constitutivos

do seu direito, qual seja, a efetiva prestação de horas

Desta forma, procede parcialmente o pleito de horas extras, no extraordinárias, e à ré incumbe a prova de fatos impeditivos,

montante a ser apurado em liquidação, sendo extra o labor após a modificativos ou extintivos do direito do autor.

8ª hora diária, do período imprescrito até a data de dispensa da

testemunha Yuri Bussular Seixas.". Sabe-se que, especificamente em relação às horas extras, a

jurisprudência tem dado um tratamento diferenciado, especialmente

Recorre o autor pretendendo a reforma da limitação temporal das em razão da dificuldade que os empregados encontram em

horas extras a partir da 8ª diária, sucessivamente o afastamento da comprovar eventuais horas extraordinárias prestadas. Neste

OJ 415 da SDI-I do TST. sentido, o verbete nº 338 da súmula do E. TST:

Pois bem. "JORNADA DE TRABALHO. REGISTRO. ÔNUS DA PROVA

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(incorporadas as Orientações Jurisprudenciais nºs 234 e 306 da antes da partida porque se tivesse uma quantidade de horas extras

SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005 muito grande, a agência era penalizada; que o gestor orientava a

bater o ponto e fazer outros trabalhos como ligação para cliente,

I - É ônus do empregador que conta com mais de 10 (dez) arquivar contratos, preenchimento de contas, ligação para ofertas

empregados o registro da jornada de trabalho na forma do art. 74, § de produtos; que depois que dava baixa no sistema, não tinha como

2º, da CLT. A não-apresentação injustificada dos controles de acessar o sistema depois de fechar o ponto; que fazia serviços

freqüência gera presunção relativa de veracidade da jornada de internos.

trabalho, a qual pode ser elidida por prova em contrário. (ex-Súmula

nº 338 - alterada pela Res. 121/2003, DJ 21.11.2003) Ainda assim, a única testemunha da reclamada, embora tenha

relatado sobre a veracidade o controle de jornada, confirmou que "o

II - A presunção de veracidade da jornada de trabalho, ainda que sistema mais rígido de controle de ponto somente passou a valer

prevista em instrumento normativo, pode ser elidida por prova em após o fim do contrato de trabalho do reclamante", como bem

contrário. (ex-OJ nº 234 da SBDI-1 - inserida em 20.06.2001) destacado pela Origem.

III - Os cartões de ponto que demonstram horários de entrada e Logo, as três testemunhas ouvida no processo confirmam que, ao

saída uniformes são inválidos como meio de prova, invertendo-se o tempo da vigência do contrato de trabalho do autor, os controles de

ônus da prova, relativo às horas extras, que passa a ser do ponto se mostravam inverídicos, destoando na real jornada

empregador, prevalecendo a jornada da inicial se dele não se vivenciada pelo reclamante.

desincumbir. (ex-OJ nº 306 da SBDI-1- DJ 11.08.2003)"

Por esta razão, tem-se que o autor apenas comprovou labor acima

In casu, a ré cumpriu o art. 74, §2º, da CLT, colacionando aos autos da 8ª diária durante o período em que trabalhou com as

os registros de horários cumpridos pelo autor (Id. 1e367ce), mas testemunhas arroladas, sendo que a primeira testemunha indicada

impugna o cumprimento de horas extras não anotadas, afirmando pelo reclamante disse que trabalhou no banco até 2014 e a

que, quando eventualmente prestadas, houve efetivo pagamento. segunda testemunha indicada pelo reclamante disse que trabalhou

de 2007 a 2012 no banco.

Da prova oral produzida, verifica-se que as duas testemunhas do

autor comprovam que o autor constantemente realizava horas Vê-se, então, que o reclamante não se desincumbiu do onus

extras sem a devida anotação no controle de frequência, inclusive probandiprevisto no art. 818 da CLT e no art. 333, inciso I, da CLT,

sob pena de punição. posto que não comprovou o fato constitutivo de seu direito.

A primeira testemunha do autor, que somente trabalhou no banco Nesse passo, para fins de apuração de horas extras a partir da 8ª

até o ano de 2014, relatou que: que o ponto era eletrônico; que na hora diária, correta a sentença que limitou as horas extras até a

grande maioria, não era marcado corretamente o cartão de ponto; data de dispensa da testemunha Yuri Bussular Seixas.

que a agencia era punida se houvesse muitas horas extras dos

funcionários, então era cobrados para que não marcassem mais Portanto, a sentença deve mantida.

horas em razão de um ranking entre as agencias; que batia o ponto

e continuava trabalhando; que mesmo com o ponto fechado, não Por fim, quanto ao pleito sucessivo de afastamento da OJ 415 da

impedia de trabalhar, não bloqueava; que era orientada a não SDI-I do TST, tem-se que as horas devem ser apuradas levando-se

marcar horas extras, mas o gerente sabia que faziam horas extras; em conta o período de efetivo trabalho acida da 8ª hora diária no

que o chefe dela e do reclamante era o gerente geral, Sr. Eduardo; período indicado na sentença em relação às horas pagas como

que chegavam e-mails mostrando quais funcionários mais faziam extras no contracheque. Logo, não há razão que justifique o

horas extras e nas reuniões diárias era exposto que não poderia afastamento da OJ 415 da SDI-I do TST.

gerar horas extras.

Nega-se provimento.

A segunda testemunha do autor, que trabalhou no banco até o ano

de 2012, também informou que: que era obrigado a bater o ponto

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as testemunhas arroladas, sendo que a primeira testemunha

indicada pelo reclamante disse que trabalhou no banco até 2014 e a

segunda testemunha indicada pelo reclamante disse que trabalhou

de 2007 a 2012 no banco.

Vê-se, então, que o reclamante não se desincumbiu do onus

probandiprevisto no art. 818 da CLT e no art. 333, inciso I, da CLT,

2.3.3. INTERVALO INTRAJORNADA SUPRIMIDO posto que não comprovou o fato constitutivo de seu direito.

Nesse passo, para fins de apuração de horas extras decorrente da

supressão do intervalo intrajornada, correta a sentença que limitou

as horas extras até a data de dispensa da testemunha Yuri Bussular

Seixas.

Portanto, a sentença deve mantida.

O reclamante busca a reforma da sentença para que seja Por fim, quanto ao pleito sucessivo de afastamento da OJ 415 da

condenado o reclamado no pagamento de uma hora extra a título SDI-I do TST, tem-se que as horas devem ser apuradas levando-se

de intervalo intrajornada suprimido por todo o período de trabalho em conta o período de efetivo trabalho acida da 8ª hora diária no

imprescrito, sem limitação. período indicado na sentença em relação às horas pagas como

extras no contracheque. Logo, não há razão que justifique o

Pois bem. afastamento da OJ 415 da SDI-I do TST.

As duas testemunhas do autorouvidas confirmam a supressão do Nega-se provimento.

intervalo intrajornada.

De outro lado, a única testemunha da reclamadaafirma que goza de

1 hora de intervalo.

A par da divergência de depoimentos, tem-se que o fato de a

testemunha da reclamada continuar trabalhando para o banco réu

demonstra a fragilidade de seu depoimento quanto à supressão do

intervalo intrajornada.

2.3.4. DANOS MORAIS. METAS

Com efeito, deve preponderar o relato das duas testemunhas do

autor, principalmente porque a primeira testemunha exercia a

mesma função do autor (gerente), tendo, por isso, melhores

condições para relatar os acontecimentos realmente vivenciados

durante o trabalho.

Desta forma, as duas testemunhas do autor comprovam a

supressão do intervalo intrajornada pelo autor, como bem

fundamentado pela Origem. Esta ação foi proposta em 08/01/2016, antes da entrada em vigor

da Lei nº 13.467/2017.

Por esta razão, tem-se que o autor apenas comprovou a supressão

do intervalo intrajornada durante o período em que trabalhou com A Origem pronunciou a prescrição das parcelas anteriores a

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08/01/2011. Não há recurso quanto à prescrição. Por consubstanciar importante parcela da totalidade humana,

referida esfera merece a proteção da ordem jurídica contra

Consta da inicial que o Reclamante foi admitido em 25/03/1998, atentados que provoquem sua deterioração.

exercendo no período imprescrito a função de gerente de

atendimento (até 01/12/2011) e depois a função de gerente de Nesse sentido, serve de fundamento para o pedido de indenização

relacionamento Business/Empresas, tendo sido dispensado sem por danos morais a angústia, aflição e amargura experimentada de

justa causa em 24/11/2015, quando recebia remuneração mensal maneira particular pelo ser humano, cingindo-se, portanto, ao

no valor de R$ 6.717,48 (seis mil, setecentos e dezessete reais e âmbito subjetivo de cada pessoa.

quarenta e oito centavos).

O dano moral constituiu lesão que aflige a esfera mais íntima dos

Afirmou que exerceu o cargo de gerente de atendimento, desde indivíduos e sua ocorrência não pode ser confundida com

01/01/2010 até 01/12/2011 e, posteriormente, ocupou o cargo de contrariedades típicas das relações sociais e contratuais às quais

gerente de relacionamento Business/Empresasaté a data da estão sujeitos os seres humanos.

dispensa.

Não obstante ocorrer na esfera subjetiva do indivíduo, não deve ser

O reclamante alegou na inicial sempre foi extremamente dedicado olvidado que a aferição de seu acontecimento deve pautar-se por

ao réu, mas que isto não lhe poupou de diversos momentos em que linhas objetivas, a fim de estabelecer um parâmetro apreciável com

serem violados seus valores imateriais, pois a cobrança de metas certo distanciamento. Ou seja, a indenização por danos morais é

era realizada de forma insistente e ameaçadora, em reuniões e e- devida quando o relato de uma situação fática indique para o

mails, tendo trabalhado excessivamente. julgador a ocorrência de desrespeito à dignidade da pessoa

humana. Dessa forma, mesmo o magistrado não podendo sentir ou

O reclamante postulou que fosse reconhecido o dano moral sofrido mensurar de maneira tangível o sofrimento do reclamante, referida

e fixada uma indenização equivalente a R$ 100.000,00 (cem mil angústia pode ser inferida.

reais).

Pois bem.

O reclamado alegou, em contestação, que os fatos alegados pelo

reclamante não poderiam ser qualificados como desrespeitosos e Não foi demonstrada a alegação autoral de que a cobrança para o

nem acarretam danos passíveis de indenização, não se detectando cumprimento das metas era realizada de forma insistente e

qualquer atitude que pudesse acarretar a violação à esfera moral do ameaçadora e que havia excesso de trabalho, sendo submetido a

reclamante. grande pressão e muito menos qualquer ato de perseguição do

autor.

O Juízo de Primeiro Grau entendeu que o réu não atuou com abuso

de direito ao efetuar metas comprovadamente não excessivas pela Neste passo, o próprio reclamante, em seu depoimento pessoal,

prova oral. não informou qualquer ato abusivo da reclamada, apenas relatou

que havia cobrança de metas e que esta era alcançada em

O reclamante recorre alegando que os depoimentos colhidos determinados trimestres, sendo que não apontou nenhum tipo de

comprovam com cristalinidade todo o abuso cometido. punição ou comportamento ofensivo e reiterado de perseguição

pela reclamada.

Sem razão.

Veja-se o depoimento do autor:

A reparabilidade do dano moral, após o advento da Constituição de

1988, tornou-se inegável, estando expressamente prevista em seu "que no banco era uma constante a cobrança de metas

artigo 5º, incisos V e X, como garantia do indivíduo. inalcançável; que as metas eram distribuídas ao gerente da agencia

e tinha que entregar essas metas; que tinha um ranking com seus

Todos os indivíduos são dotados de uma esfera de cunho pessoal e números e produções e coloca o empregado na fila; que esse

abstrato que constitui a face moral e subjetiva dos seres humanos. ranking eram distribuídos entre os funcionários; que tinha trimestre

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que atingia metas e outros não, o que gerava uma cobrança do

gerente da agencia e do regional; que tinham reuniões

quinzenalmente em que eram prestadas contas para o

superintendente na frente dos outros funcionários da agência do Esta ação foi proposta em 08/01/2016, antes da entrada em vigor

mesmo segmento; que os gerentes gerais que o reclamante da Lei nº 13.467/2017.

substituiu utilizavam de um pouco de rigor para cobrar as metas".

A Origem pronunciou a prescrição das parcelas anteriores a

Sendo assim, do próprio relato do autor não se extrai qualquer 08/01/2011. Não há recurso quanto à prescrição.

comportamento ofensivo reiterado no tempo para caracterização do

assédio moral. Consta da inicial que o Reclamante foi admitido em 25/03/1998,

exercendo no período imprescrito a função de gerente de

Logo, despicienda é a análise das provas testemunhais, diante da atendimento (até 01/12/2011) e depois a função de gerente de

confissão do autor. relacionamento Business/Empresas, tendo sido dispensado sem

justa causa em 24/11/2015, quando recebia remuneração mensal

Destaque-se, também, que o autor não juntou aos autos os e-mails no valor de R$ 6.717,48 (seis mil, setecentos e dezessete reais e

que alega ter recebido para comprovar as cobranças abusivas por quarenta e oito centavos).

metas.

Afirmou que exerceu o cargo de gerente de atendimento, desde

Assim, o que se extrai do conjunto probatório é que o reclamante 01/01/2010 até 01/12/2011 e, posteriormente, ocupou o cargo de

trabalhou em um ambiente de trabalho onde existia muito serviço e gerente de relacionamento Business/Empresasaté a data da

havia metas a cumprir, mas não houve tratamento ofensivo ou dispensa.

desrespeitoso reiterado no tempo para cumprimento de metas.

Relatou que, durante o período que exerceu a função de Gerente de

Desse modo, ainda que o reclamante tenha trabalhado em um setor Relacionamento Business e Empresas, e, inclusive, como condição

com muito serviço para fazer e metas para cumprir, não está para trabalhar, o autor deveria possuir veículo próprio, sendo que o

demonstrado que houve o alegado ato ilícito. mesmo colocou o seu automóvel à disposição do Réu, a fim de que

fosse utilizado na execução de suas atividades laborais (visitas a

Portanto, é mantida a sentença quanto ao indeferimento do pedido clientes).

de indenização por dano moral.

Pugnou pela condenação da Reclamada no ressarcimento das

Nega-se provimento. despesas com veículo no importe de "R$ 82,00 (oitenta e dois reais)

por dia trabalhado pelo Rte, de segunda a sexta-feira, no período

entre 01-12-2011 a 24-11-2015, ou, requer o Rte, de forma

sucessiva (art. 289 do CPC), que seja o Réu condenado a indenizá-

lo pelo uso de seu veículo próprio em favor do contrato de trabalho,

em qualquer outro valor a ser arbitrado por V. Exa.".

A Origem julgou parcialmente procedente o pedido, nestes termos:

"Se o empregador exige do empregado a utilização de veículo

2.3.5. DESPESAS COM VEÍCULO. MAJORAÇÃO particular, como instrumento essencial ao desempenho de suas

atividades, deve ressarci-lo pelas despesas efetuadas, uma vez que

o ônus do empreendimento não pode ser a ele transferido, nos

termos do art.2º da CLT.

O conjunto dos depoimentos deixa claro que a ré não só admitia

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 348
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como incentivava o uso do veículo próprio pelos Gerentes de

Relacionamento em razão das visitas externas, fato ordinário tendo Sendo assim, nada a modificar neste particular.

em vista que facilita o contato com os clientes, além da própria

testemunha da ré confirmar que não era visitas utilizando-se de Nega-se provimento.

transporte público regular.

Assim, resta resguardado seu direito ao ressarcimento dos

desgastes pelo uso do seu veículo, não promovido pelo banco

reclamado.

(...)

Desta feita, considerando que o veículo era usado em 3/4 visitas

diárias no mês, defiro o valor de mensais, a título de indenização 2.3.6. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. ÍNDICE

pelo meio salário mínimo à época, uso do veículo, a partir de

01/12/2011, quando o reclamante se tornou Gerente de

Relacionamento até 24/11/2015, conforme limitado no pedido.".

Em razões recursais o autor pugna pela majoração do valor da

indenização, "requerendo seja arbitrado o valor de R$ 82,00 (oitenta

e dois reais) por dia trabalhado a título de indenização, durante todo

o período entre 01-12- 2011 a 24-11-2015, conforme postulado no

pedido da alínea "K" da peça inicial". A sentença assim determinou:

Pois bem. "Juros e correção monetária na forma da Lei 8177/91, observando-

se que a correção monetária relativa aos débitos trabalhistas é

Com efeito, parte-se do princípio de que havendo a exigência de devida a partir do mês subsequente ao do vencimento da prestação

utilização de veículo para visitar clientes, sem o regular de serviços, a partir do dia 1º, conforme Súmula 381 do C.TST,

ressarcimento dos gastos, reputa-se devida a indenização pelo exceto quanto a eventual condenação em danos morais, que deve

ilícito praticado, uma vez que o empregador, em abuso do poder seguir a excepcionalidade estabelecida na Súmula 439 do TST".

diretivo, transferiu ao trabalhador os riscos da atividade econômica,

em violação ao art. 2º da CLT. Em razões recursais o autor, no tocante à atualização monetária,

pugnou pela utilização do IPCA-E.

No caso dos autos as testemunhas do autor comprovam que as

visitas a clientes também eram realizadas por meio de veículo Pois bem.

próprio, tendo a testemunha da ré relatado que não se fazia uso de

transporte público regular, fato que demonstram que a utilização do De início, frisa-se que, embora a Lei n. 13.467/2017 tenha inserido o

veículo do autor como ferramenta de trabalho, de forma obrigatória. § 7º ao art. 879 da CLT, segundo o qual a atualização dos créditos

decorrentes de condenação judicial será feita pela TR, referido

Ademais, quanto ao valor arbitrado pela Origem de meio salário preceito faz remissão expressa à Lei n. 8.177/1991. Vejamos:

mínimo, endente-se que este se mostra proporcional aos dias de

efetivo uso para visitações aos clientes, ou seja, este era utilizado A atualização dos créditos decorrentes de condenação judicial será

por apenas 3/4 visitas diárias no mês. feita pela Taxa Referencial (TR), divulgada pelo Banco Central do

Brasil, conforme a Lei no 8.177, de 1o de março de 1991. (sem

Portanto, o valor arbitrado pela na sentença a quoobservou os dias grifos no original)

de efetiva utilização do veículo como instrumento de trabalho.

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Desse modo, percebe-se que a força normativa do § 7º do art. 879 sob a ótica material, impõe-se que o §7º do artigo 897 da CLT,

da CLT está subordinada à eficácia do art. 39 da Lei n. 8.177/1991, trazido pela Lei nº. 13.467/17, seja expungido do ordenamento

por expressa disposição legal. jurídico, não se coadunando materialmente com o texto da

Constituição da República, a qual assegura o direito fundamental de

Inclusive, nesse sentido, é o entendimento da 8ª Turma do TST: propriedade e a plena efetividade das decisões judiciais.

AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. Logo, a discussão acerca da aplicação da TR ou do IPCA-E como

EXECUÇÃO. CORREÇÃO MONETÁRIA DOS CRÉDITOS índice de atualização dos créditos judiciais trabalhistas continua

TRABALHISTAS. ÍNDICE APLICÁVEL. Consoante entendimento girando em torno da constitucionalidade do art. 39 da Lei n.

adotado pela 8ª Turma, com base na decisão do Tribunal Pleno 8.177/1991 e seus desdobramentos junto ao STF e ao TST.

desta Corte Superior (TST-ArgInc - 479-60.2011.5.04.0231 e ED-

ArgInc - 479-60.2011.5.04.0231), na correção dos créditos Pois bem. Esclarecidas as razões da inaplicabilidade do § 7º do art.

trabalhistas, aplica-se a TR até 24/3/2015 e o IPCA a partir de 879 da CLT, passa-se à análise dos desdobramentos jurídicos do

25/3/2015. Esta Turma considera, ainda, entendimento a que me art. 39 da Lei n. 8.177/1991.

submeto por disciplina judiciária, que o art. 879, § 7º, da CLT perdeu

a sua eficácia normativa, em face da declaração de No julgamento conjunto das ADIs 4357, 4372, 4400 e 4425, o

inconstitucionalidade parcial do art. 39 da Lei nº 8.177/91, na Supremo Tribunal Federal declarou que o regime de compensação

medida em que o dispositivo da legislação esparsa conferia de precatórios introduzido pela Emenda Constitucional 62/2009 é

conteúdo à norma da CLT, tendo em vista a adoção de fórmula inconstitucional.

remissiva pelo legislador.Agravo de instrumento conhecido e não

provido. (TST-AIRR-20869-47.2016.5.04.0014, 8ª Turma, Relatora: Em seguida, o Excelso Tribunal modulou os efeitos da decisão da

Ministra Dora Maria da Costa, Data da Publicação: 29/03/2019) - ADI 4357, conforme transcrição parcial a seguir:

sem grifos no original

Concluindo o julgamento, o Tribunal, por maioria e nos termos do

Com efeito, simplesmente, referido dispositivo é inaplicável em voto, ora reajustado, do Ministro Luiz Fux (Relator), resolveu a

razão do esvaziamento da sua força normativa, decorrente de questão de ordem nos seguintes termos: 1) - modular os efeitos

expressa disposição legal, uma vez que está subordinado à eficácia para que se dê sobrevida ao regime especial de pagamento de

do art. 39 da Lei n. 8.177/1991. precatórios, instituído pela Emenda Constitucional nº 62/2009, por 5

(cinco) exercícios financeiros a contar de primeiro de janeiro de

Ademais, importante ressaltar que, no dia 10/10/2019, o Pleno 2016; 2) - conferir eficácia prospectiva à declaração de

deste Regional declarou a inconstitucionalidade do referido inconstitucionalidade dos seguintes aspectos da ação direta de

dispositivo (§7º do art. 879 da CLT), nos autos do Processo n. inconstitucionalidade, fixando como marco inicial a data de

0000552-39.2018.5.17.0000, de arguição de inconstitucionalidade. conclusão do julgamento da presente questão de ordem

Vejamos: (25.03.2015) e mantendo-se válidos os precatórios expedidos ou

pagos até esta data, a saber: 2.1.) fica mantida a aplicação do

ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DO §7º DO ARTIGO índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança

879 DA CLT. APLICAÇÃO DA TAXA REFERENCIAL (TR) COMO (TR), nos termos da Emenda Constitucional nº 62/2009, até

FATOR DE ATUALIZAÇÃO DOS CRÉDITOS TRABALHISTAS 25.03.2015, data após a qual (i) os créditos em precatórios deverão

DECORRENTES DE CONDENAÇÃO JUDICIAL. No julgamento ser corrigidos pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial

ArgInc - 479-60.2011.5.04.0231, o Tribunal Superior do Trabalho, (IPCA-E) e (ii) os precatórios tributários deverão observar os

acompanhando o entendimento do c. Supremo Tribunal Federal no mesmos critérios pelos quais a Fazenda Pública corrige seus

julgamento da ADI nº. 4357 e do RE 870.947/SE, declarou créditos tributários; e 2.2.) ficam resguardados os precatórios

inconstitucional a atualização dos valores pela Taxa Referencial expedidos, no âmbito da administração pública federal, com base

(TR), índice previsto no artigo 39 da Lei 8.177/1991. Por se tratar de nos arts. 27 das Leis nº 12.919/13 e Lei nº 13.080/15, que fixam o

mera renovação do texto do artigo 39 da Lei nº. 8.177/1991 - cuja IPCA-E como índice de correção monetária.

inconstitucionalidade fora declarada não sob o aspecto formal, mas

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Poucos meses depois, em razão da decisão do STF, o TST acolheu pelo STF no julgamento das Ações Diretas de Inconstitucionalidade

incidente de inconstitucionalidade suscitado pela sua 7ª Turma e - ADIs 4357 e 4425.

definiu o Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E)

como fator de atualização a ser utilizado na tabela de atualização Ocorre que, em 05/12/2017, a Segunda Turma do STF julgou, em

monetária na Justiça do Trabalho, senão vejamos: análise meritória, improcedente a Reclamação 22012, ajuizada pela

Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) contra a decisão do

ACORDAM os Ministros do Tribunal Superior do Trabalho, em sua TST que havia determinado a adoção IPCA-E no lugar da TRD para

composição plenária, I) por unanimidade: a) acolher o incidente de a atualização de débitos trabalhistas, prevalecendo o entendimento

inconstitucionalidade suscitado pela eg. 7ª Turma e, em de que tal posicionamento não configura desrespeito ao julgamento

consequência, declarar a inconstitucionalidade por arrastamento da das Ações Diretas de Inconstitucionalidade 4357 e 4425, que

expressão "equivalentes à TRD", contida no caput do artigo 39 da analisaram a emenda constitucional sobre precatórios.

Lei n° 8.177/91; b) adotar a técnica de interpretação conforme a

Constituição para o texto remanescente do dispositivo impugnado, a A decisão de improcedência da Reclamação 22012 foi publicada no

preservar o direito à atualização monetária dos créditos trabalhistas; DJE n. 288, divulgado em 13/12/2017, data em que foi também

c) definir a variação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo julgado, pela 5ª Turma do TST, o AIRR 25823-78.2015.5.24.0091,

Especial (IPCA-E) como fator de atualização a ser utilizado na encampando o atual posicionamento do Excelso Tribunal.

tabela de atualização monetária dos débitos trabalhistas na Justiça

do Trabalho; II) por maioria, atribuir efeitos modulatórios à decisão, Com efeito, a aplicação da TR já não se mostrava suficiente para

que deverão prevalecer a partir de 30 de junho de 2009, observada, recompor a real perda do poder aquisitivo de nossa moeda, de

porém, a preservação das situações jurídicas consolidadas forma que a correção dos débitos trabalhistas levando-se em conta

resultantes dos pagamentos efetuados nos processos judiciais, em tal parâmetro causava prejuízos aos trabalhadores.

andamento ou extintos, em virtude dos quais foi adimplida e extinta

a obrigação, ainda que parcialmente, sobretudo em decorrência da Bem destacou o Min. Douglas Alencar Rodrigues, em trecho do

proteção ao ato jurídico perfeito (artigos 5º, XXXVI, da Constituição julgamento do supracitado AIRR, que:

e 6º da Lei de Introdução ao Direito Brasileiro - LIDB), vencida a

Excelentíssima Senhora Ministra Dora Maria da Costa, que aplicava impõe-se a adoção do IPCA-E para a atualização dos créditos

a modulação dos efeitos da decisão a contar de 26 de março de trabalhistas, não apenas sob a perspectiva da efetiva recomposição

2015; III) por unanimidade, determinar: a) o retorno dos autos à 7ª do patrimônio dos credores trabalhistas, mas como medida de

Turma desta Corte para prosseguir no julgamento do recurso de estímulo efetivo ao cumprimento dos direitos sociais por parte de

revista, observado o quanto ora decidido; b) a expedição de ofício devedores recalcitrantes, que se valem da Justiça do Trabalho,

ao Exmo. Ministro Presidente do Conselho Superior da Justiça do lamentavelmente, para postergar indefinidamente suas obrigações.

Trabalho a fim de que determine a retificação da tabela de

atualização monetária da Justiça do Trabalho (tabela única); c) o Ante o exposto, este Relator, na linha das recentes decisões do

encaminhamento do acórdão à Comissão de Jurisprudência e de excelso STF e do colendo TST, modifica seu posicionamento,

Precedentes Normativos para emissão de parecer acerca da passando a entender pela aplicabilidade, na atualização monetária

Orientação Jurisprudencial nº 300 da SbDI-1. Ressalvaram o dos débitos trabalhistas, do Índice de Preços ao Consumidor Amplo

entendimento os Exmos. Ministros Guilherme Augusto Caputo Especial - IPCA-E.

Bastos, Alexandre de Souza Agra Belmonte e Maria Helena

Mallmann. (PROCESSO Nº TST-ArgInc-479-60.2011.5.04.0231.) Assinala-se que o Tribunal Pleno do TST, em sessão de 20 de

março de 2017, apreciando os embargos de declaração opostos em

Todavia, em 14/10/2015, o Ministro Dias Toffoli, nos autos da face do acórdão proferido na ArgInc - 479-60.2011.5.04.0231,

Reclamação n. 22012, ajuizada pela Federação Nacional dos decidiu pela modulação da decisão original, atribuindo efeito

Bancos (Fenaban), proferiu decisão liminar suspendendo os efeitos modificativo ao julgado, para determinar que a aplicação do IPCA-E,

da decisão proferida pelo TST, que havia afastado o uso da TRD e como índice de correção dos débitos trabalhistas, produza efeito

determinado a adoção do índice IPCA-E através da "tabela única", somente a partir de 25 de março de 2015, data coincidente com

entendendo que a decisão do TST extrapolou o entendimento fixado aquela adotada pelo Supremo Tribunal Federal no acórdão

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prolatado na ADI 4.357:

II) [...] acolher parcialmente os embargos de declaração opostos

pelo Município de Gravataí e pelo SINDIENERGIA para, dando

efeito modificativo ao julgado, aplicar a modulação dos efeitos da

decisão a contar de 25/03/15, que coincide com a data que o

Supremo Tribunal Federal reconheceu na decisão proferida na Ação

Declaratória de Inconstitucionalidade nº 4.357. [...] III) por

unanimidade, em cumprimento à decisão liminar proferida pelo

Supremo Tribunal Federal, na Reclamação nº 22.012, excluir do

acordão originário a determinação de reedição da Tabela Única de 2.4.1. NULIDADE DA DISPENSA. ESTABILIDADE PROVISÓRIA

cálculo de débitos trabalhistas, a fim de que fosse adotado o índice NO EMPREGO. DIRETOR DE COOPERATIVA.

questionado (IPCA-E).

Por fim, vale ressaltar que embora o STF, em decisão do dia

03/10/2019, no julgamento dos Embargos de Declaração no

Recurso Extraordinário n. 870.947, tenha decidido que também é

aplicável o IPCA-E quanto ao período de 2009 a 2015, referida

decisão se restringe à Fazenda Pública, uma vez que seu objeto é a

atualização monetária dos precatórios. Logo, não se aplica a

referida decisão ao presente caso, uma vez que o devedor é Esta ação foi proposta em 08/01/2016, antes da entrada em vigor

particular, ou seja, in casu, não há falar no regime especial da Lei nº 13.467/2017.

estabelecido pelo art. 100 da CF.

A Origem pronunciou a prescrição das parcelas anteriores a

Portanto, considerando as decisões proferidas tanto pelo STF como 08/01/2011. Não há recurso quanto à prescrição.

também pelo TST, os débitos trabalhistas em geral devem ser

atualizados pela TR/FACDT até 24/03/2015 e pelo IPCA-E a partir Consta da inicial que o Reclamante foi admitido em 25/03/1998,

de 25/03/2015, para que seja resguardada a segurança jurídica. exercendo no período imprescrito a função de gerente de

atendimento (até 01/12/2011) e depois a função de gerente de

Dá-se provimento ao apelo para estabelecer que os débitos relacionamento Business/Empresas, tendo sido dispensado sem

trabalhistas em geral devem ser atualizados pela TR/FACDT até justa causa em 24/11/2015, quando recebia remuneração mensal

24/03/2015 e pelo IPCA-E a partir de 25/03/2015. no valor de R$ 6.717,48 (seis mil, setecentos e dezessete reais e

quarenta e oito centavos).

Afirmou que exerceu o cargo de gerente de atendimento, desde

01/01/2010 até 01/12/2011 e, posteriormente, ocupou o cargo de

gerente de relacionamento Business/Empresasaté a data da

dispensa.

Afirmou que foi eleito, em 15/04/2015, para o cargo de Diretor de

Planejamento de Cooperativade Consumo dos Profissionais de

2.4. MÉRITO DO RECURSO DA RECLAMADA Instituições Financeiras Ltda. (COOPCONPIF), após regular

processo eleitoral, para um mandato de 4 anos, razão pela qual

seria detentor da garantia de emprego prevista no art. 55 da Lei

5.764/71.

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Ressaltou que a COOPCONPIF foi regularmente fundada em Pelo laudo pericial, verifica-se que a cooperativa COOPBAN é uma

12/01/2015, sendo uma cooperativa legalmente constituída, sociedade de pequeno porte, com apenas 30 associados, todos na

conforme Estatuto Social e Ata de Assembleia Geral de situação de ativo, e o plano de negócios baseia-se no cumprimento

Constituição. do seu objeto e objetivos sociais, conforme consta no art. 2º do

Estatuto social, que estabelece o seguinte:

Sob tais fundamentos, requereu a declaração de nulidade do ato da

dispensa, com sua consequente reintegração ao cargo que (...)

ocupava, bem como o restabelecimento dos benefícios.

O volume de serviço e produtos que os cooperados demandaram

Pleiteou, ainda, a concessão de liminar para que fosse reintegrado estão demonstrados nas notas fiscais, cujos números, datas,

imediatamente, com o restabelecimento dos benefícios e materiais valores e outros dados constam no Anexo I do Laudo Pericial.

de trabalho.

Por tudo o que foi exposto no laudo pericial, é forçoso concluir que a

A reclamada, em contestação, argumentou que a dispensa do COOPBAN é uma cooperativa de consumo que cumpre as

obreiro se deu dentro do poder diretivo do empregador, não formalidades legais e os objetivos para os quais foi instituída,

havendo qualquer conduta discriminatória. conforme exposto nas considerações gerais:

Aduziu que não há norma asseguradora da pretendida garantia; (...)

ausência de representatividade; limitação do número de diretores; e

ausência de relação com o trabalho desenvolvido na reclamada. Quanto ao número de diretores detentores da estabilidade, a

questão está pacificada na Súmula n 369, II do TST, nos seguintes

Salientou, por fim, que a OJ 253 da SDI-1 do TST especifica que a termos: "O art. 522 da CLT foi recepcionado pela Constituição

garantia provisória no emprego se refere à cooperativa regida pela Federal de 1988.

Lei nº 5.764/71.

Fica limitada, assim, a estabilidade a que alude o art. 543, § 3.º, da

Em sentença, o juízo a quojulgou procedente o pedido sob os CLT a sete dirigentes sindicais e igual número de suplentes.".

seguintes fundamentos:

Considerando-se tais premissas e o fato do reclamante ter sido

"A estabilidade provisória dos representantes dos diretores de classificado em quarto lugar na ordem de votação, estaria dentro

Cooperativas está prevista no art. 55 da Lei das Cooperativas, que dos sete diretores de cooperativa detentores de estabilidade.

dispõe que os diretores dessas entidades "gozarão das garantias " -

que, por sua vez, asseguradas aos dirigentes sindicais pelo artigo Quanto a comunicação do registro da candidatura ou da eleição e

453 da CLT veda a dispensa do empregado nessa condição a partir posse no cargo de direção, mesmo que tenha sido realizada a

do registro de sua candidatura até um ano após o fim do mandato. destempo, a jurisprudência tem flexibilizado a rigidez exigida para a

comunicação do empregador, de modo que ora transcrevo

Esse é o entendimento contido na OJ 253 da SDI-1 que assegura a entendimento do c. TST:

garantia de emprego "apenas aos empregados eleitos diretores de

cooperativas, não abrangendo os membros suplentes". (...)

Foi realizada prova pericial, a pedido da reclamada, a fim de apurar Ressalto que não há previsão constitucional ou legal condicionando

a atuação efetiva da COOPBAN (ID 3a290f6). o direito à garantia de emprego aos fins colimados pela cooperativa

com as atividades do empregado na empresa.

Inicialmente, o perito confirmou o funcionamento da sede da

Cooperativa no endereço Av. Governador Bley, 186 - Sala 1002, Assim, defiro o pedido "A" da inicial, restando mantidos os efeitos

Centro, Vitória, ES - CEP: 29.010-902, desde 13/04/2016. da concessão da tutela antecipada, devendo ser pagas as

remunerações vencidas desde sua dispensa até a efetiva

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reintegração".

Compulsando-se o estatuto da COOPCONPIF (Id. 530cc56),

Irresignado, recorre a reclamada, reiterando os termos da verifica-se que a cooperativa, com base na colaboração recíproca a

contestação, a reforma da sentença. que se obrigam seus cooperados, tem por objeto social o: comércio

varejistade materiais de Construção em Geral; Comércio varejista

Analisa-se. de material elétrico para construção; lojas de departamento ou

magazines.

A Constituição Federal, em seu artigo 8º, inciso VIII, bem como a

CLT, em seu art. 543, § 3º, asseguram estabilidade provisória aos Ademais, conforme exposto no §1º, "c" do art. 2ª do mencionado

empregados eleitos para comporem cargo de direção ou de estatuto, emerge que esta não possui qualquer objetivo de lucro,

representação sindical. notadamente ao dispor que:

Por sua vez, o art. 55, da Lei nº 5.764/71 estende aos empregados "a venda se fará pelos menores preços possíveis podendo ser

diretores de sociedades cooperativas tal garantia no emprego, in concedido aos associados um crédito mensal equivalente, no

verbis: máximo, ao capital subscrito, somente renovável após quitação

plena do débito anterior, ressalvados outros limites e prazos fixados

"Art. 55. Os empregados de empresas que sejam eleitos diretores mediante deliberação do Conselho de Administração,

de sociedades cooperativas pelos mesmos criadas, gozarão das justificadamente".

garantias asseguradas aos dirigentes sindicais pelo artigo 543 da

Consolidação das Leis do Trabalho (Decreto-Lei n. 5.452, de 1° de Quanto ao aspecto, vale ressaltar que a perícia técnica elaborada

maio de 1943)". nos autos, concluiu que as atividades exercidas e verificadas in loco

da COOPCONPIF se coadunam com o objeto social previsto no

No caso sob análise, restou comprovado que o autor foi eleito para Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas. Também foi destacado, no

o cargo de Diretor de Planejamento de Cooperativa de Consumo laudo, que a finalidade das atividades da Cooperativa é a aquisição

dos Profissionais de Instituições Financeiras Ltda. (COOPCONPIF) aos cooperados de produtos em condições mais acessíveis que as

para o mandato de 12/01/2015 a agosto de 2019 (Id. f3257f9), com do mercado. Por isso, classificou-a como sociedade cooperativa de

a ciência da reclamada no dia 15/04/2015 (Id. 7b2f163). consumo(Id. 1d1eb60). Veja-se:

É incontroverso que o autor foi dispensado sem justa causa em "Objetivando cumprir conscienciosamente o encargo apresenta-se a

24/11/2015, ainda no curso do referido mandato. apreciação do Juízo as questões que se seguem:

Nos termos dos artigos 3º e 4º da Lei nº 5.764/71, "celebram a) Os documentos disponibilizados demonstram que a COOPBAN -

contrato de sociedade cooperativa as pessoas que reciprocamente Cooperativa de Consumo dos Profissionais de Instituições

se obrigam a contribuir com bens ou serviços para o exercício de Financeiras Ltda., anteriormente denominada de COOPCONPIF -

uma atividade econômica, de proveito comum, sem objetivo de Cooperativa de Consumo dos Profissionais de Instituições

lucro", sendo tais entidades constituídas para prestar serviços aos Financeiras Ltda.-, foi constituída em 12.01.2015, inicialmente com

associados. endereço na Praia das Gaivotas, n° 186, CEP 29.102-572, Vila

Velha, E. Santo, e, atualmente, desde 13.04.2016, está situada à

Já os artigos 2º e 4º da Lei nº 12.690/2012 definem as chamadas Av. Governador Bley, n° 186, Sala 1002, Centro, Vitória, ES - CEP:

cooperativas de trabalho como "a sociedade constituída por 29.010-902;

trabalhadores para o exercício de suas atividades laborativas ou

profissionais com proveito comum, autonomia e autogestão para b) o objeto social da COOPBAN está contido no art. 2º do Estatuto

obterem melhor qualificação, renda, situação socioeconômica e Social, que estabelece ser a colaboração recíproca que se obrigam

condições gerais de trabalho". seus cooperados, tem por objeto social a aquisição e de gêneros de

construção, reforma e acabamento, e itens do lar em geral, e

Pois bem. repassa-los aos cooperados em melhores condições de qualidade e

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preço sem o objetivo de lucro; não há exigência legal para que tais entidades guardem pertinência

com o fim social do empregador. É que o art. 5º da Lei 5.764/71, ao

c) a área de atuação da COOPBAN está definida na alínea "b", do revés, estabelece que as cooperativas "poderão adotar por objeto

1º. artigo do Estatuto Social, que estabelece abranger o Estado do qualquer gênero de serviço, operação ou atividade, assegurando-se

Espírito Santo, podendo atuar em todo o território nacional; -lhes o direito exclusivo e exigindo-se-lhes a obrigação do uso da

expressão "cooperativa" em sua denominação".

d) a COOPBAN possui 14 diretores, conforme estabelecido, no art.

43 do Estatuto Social; Assim, ainda que o objeto da cooperativa dirigida pelo autor não

coincidisse com os interesses da empresa ré, tal fato não constitui

e) a COOPBAN possui 30 associados; óbice para o reconhecimento da estabilidade provisória no emprego

de seus diretores.

f) o número de quotas-partes do capital social a ser subscrito pelo

cooperado da COOPBAN, por ocasião de sua admissão, não De igual modo, não merecem prosperar os argumentos da

poderá ser inferior a 50,00 reclamada no sentido de que a cooperativa em questão se configura

cooperativa de trabalho por não ser composta exclusivamente por

(cinquenta) quotas-parte ou superior a 1/3 (um terço) do total empregados da empresa e por admitir pessoas jurídicas em seus

subscrito", conforme estabelecido no art. 19 do estatuto social; quadros.

g) a COOPBAN possui apenas um empregado, o Sr. Carlos A uma, porque a estabilidade prevista no art. 55 da Lei nº 5.764/71

Eduardo Sabadini Nascimento, admitido em 02.05.2016, não está limitada às cooperativas formadas exclusivamente pelos

enquadrado no cargo de Assistente Administrativo, conforme se empregados de uma empresa específica, tendo em vista que o art.

verifica no livro de registro de empregado, no CAGED e na RAIS; 29 desta mesma Lei prevê a livre associação de interessados, in

verbis:

h) a COOPBAN possui contabilidade devidamente organizada e

escriturada, "Art. 29. O ingresso nas cooperativas é livre a todos que desejarem

utilizar os serviços prestados pela sociedade, desde que adiram aos

conforme demonstram os livros diário e razão e propósitos sociais e preencham as condições estabelecidas no

estatuto, ressalvado o disposto no artigo 4º, item I, desta Lei".

i) a COOPBAN periodicamente realiza as prestações de contas e os

rateios, A duas, porque referida lei, em seu art. 6º, inciso I, permite a

admissão de pessoas jurídicas que tenham por objeto as mesmas

conforme demonstram as atas e o registros contábeis". ou correlatas atividades econômicas das pessoas físicas ou, ainda,

aquelas sem fins lucrativos.

Nesse sentir, forçoso concluir que, ao contrário do que sustenta a

reclamada, a COOPCONPIF cuida-se de cooperativa regida pela Lado outro, quanto às alegações de que devem existir limitações

Lei nº 5.764/71, uma vez que visa sobretudo o exercício de uma quanto ao número de dirigentes protegidos, bem como em relação

atividade econômica em proveito para a própria categoria, sem às funções tuteladas, importante ressaltar que este Relator entende

finalidade lucrativa (art. 3º). que o art. 522, da CLT, que limita o número de

dirigentes/representantes sindicais, não foi recepcionado pela

Ora, a hipótese analisada não se trata de associação de Constituição Federal de 1988, a qual foi inspirada pelo ideal de

trabalhadores para o exercício de suas atividades laborativas, com afastar a interferência do Estado sobre as forças sindicais, dando a

a finalidade de auferir lucros ou melhoria de renda. Ao contrário, estas a liberdade necessária para se organizarem.

conforme acima exposto, a COOPCONPIF objetiva a

comercialização de produtos para seus associados à baixo custo. Com efeito, entende-se que as entidades sindicais, e

analogicamente, as cooperativas, têm uma razoável autonomia para

Relativamente ao objeto das cooperativas, cumpre salientar que estabelecer o número de dirigentes, desde que tal número não seja

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Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

abusivo e nem desproporcional ao número de associados.

Consta da inicial que o Reclamante foi admitido em 25/03/1998,

Pontue-se que a reclamada, embora alegue insegurança jurídica exercendo no período imprescrito a função de gerente de

decorrente da multiplicidade de cooperativas, não comprova nos atendimento (até 01/12/2011) e depois a função de gerente de

autos qualquer abuso na instituição da COOPCONPIF. relacionamento Business/Empresas, tendo sido dispensado sem

justa causa em 24/11/2015, quando recebia remuneração mensal

Por fim, tendo em vista a prescindibilidade de representação da no valor de R$ 6.717,48 (seis mil, setecentos e dezessete reais e

categoria pela cooperativa, não há falar em "funções que justiquem" quarenta e oito centavos).

a estabilidade provisória. O art. 55 da Lei nº 5.764/71 não dá

margem a interpretações, estendendo aos diretores da cooperativa, Afirmou que exerceu o cargo de gerente de atendimento, desde

sem qualquer ressalva ou condição, a garantia assegurada aos 01/01/2010 até 01/12/2011 e, posteriormente, ocupou o cargo de

dirigentes sindicais. gerente de relacionamento Business/Empresasaté a data da

dispensa.

Por todo o exposto, considerando que a estabilidade prevista no art.

55 da Lei 5.764/71 tem por escopo a tutela do direito de livre Relatou que, no período entre 01/01/2010 até 24/11/2015, cumpria

associação, de modo a proteger o dirigente de cooperativa de jornada de trabalho de 8h às 20h, de segunda a sexta-feira, com

eventual perseguição ou ingerência por parte do empregador, deve intervalo de 30 minutos para refeição.

ser reconhecida, no presente caso, a garantia provisória no

emprego do reclamante. Pugnou o pagamento de horas extras não anotadas nos controles

de frequência.

Logo, a sentença de Origem deve ser mantida.

Em contestação, a reclamada defende a validade dos controles de

Nega-se provimento. ponto, tendo destacado que eventuais horas extras eram

devidamente quitadas.

A Origem julgou parcialmente procedentes os pedidos sob o

seguinte fundamento:

"A reclamada junta os cartões de ponto que apontam o labor

extraordinário bem como os contracheques que também apontam o

pagamento de horas extras.

2.4.2. HORAS EXTRAS (...)

Em depoimento pessoal, o reclamante disse que a média de horas

de trabalho entre gerente de atendimento e relacionamento era a

mesma; que chegava Às 7:50/8:00 hs na agência e saia às

19:30/20hs; que parava 20/30 minutos para almoçar, dentro da

agência; que a última agência por qual passou tinha 5 gerentes de

relacionamentos; que havia um revezamento para não saírem todos

ao mesmo tempo.

Esta ação foi proposta em 08/01/2016, antes da entrada em vigor

da Lei nº 13.467/2017. Em depoimento pessoal, a preposta da reclamada disse que o

reclamante fazia jornada de 9hs às 18hs, com 1 hora de almoço;

A Origem pronunciou a prescrição das parcelas anteriores a que se extrapolasse esse horário, era registrado no cartão de ponto.

08/01/2011. Não há recurso quanto à prescrição.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 356
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A primeira testemunha indicada pelo reclamante disse que 18hs; que acontecia de ir embora e deixar o reclamante trabalhando

trabalhou no banco até 2014; que trabalhou com o reclamante na ainda; que tem 1 hora de intervalo; que é possível o funcionário

agencia princesa Isabel; que saiu desta agência no ano de 2011; fazer um ajuste no ponto, se prolongar o horário depois de uma

que era gerente de careira; que chegava para trabalhar as 8hs e visita; que na época batia ponto na própria agente; que é gerente de

saia em média 20hs/20:30hs; que o reclamante fazia normalmente empresa desde setembro de 2014; que não tem conhecimento de

os mesmos horários; que fazia 20/30 minutos de almoço e retornava haver um ranking das agencias em que aferida a quantidade de

para trabalhar; que o reclamante também fazia o mesmo horário; horas extras; que nunca foi orientado no sentido de não marcar o

que nessa agencia tinham uns 5/6 gerentes de relacionamento; que ponto corretamente; que o empregado que não registra

não podia revezar enquanto tinha cliente para atender; que o ponto corretamente o ponto, é punido; que o sistema

era eletrônico; que na grande maioria, não era marcado

corretamente o cartão de ponto; que a agencia era punida se rígido de ponto passou a existir há dois/três anos para cá; que

houvesse muitas horas extras dos funcionários, então era cobrados poderia acontecer do gerente estar ainda em visita externa depois

para que não marcassem mais horas em razão de um ranking entre das 20hs.

as agencias; que batia o ponto e continuava trabalhando; que

mesmo com o ponto fechado, não impedia de trabalhar, não As testemunhas ouvidas confirmam a realização de horas extra,

bloqueava; que era orientada a não marcar horas extras, mas o além do anotado no cartão de ponto, somente do marco

gerente sabia que faziam horas extras; que o chefe dela e do prescricional até a data de dispensa da testemunha Yuri Bussular

reclamante era o gerente geral, Sr. Eduardo; que chegavam e-mails Seixas, como apurado em liquidação. A testemunha arrolada pela ré

mostrando quais funcionários mais faziam horas extras e nas não se presta para confrontar tal assertiva, pois relata que o horário,

reuniões diárias era exposto que não poderia gerar horas extras. além de atestar que o sistema mais rígido de controle de ponto

somente passou a valer após o fim do contrato de trabalho do

A segunda testemunha indicada pelo reclamante disse que reclamante (dois/três anos para cá).

trabalhou de 2007 a 2012 no banco; que trabalhou na agencia de

jardim da penha com o reclamante; que quando o reclamante Tendo por base a prova fixo a jornada média de trabalho do autor

chegou, o depoente já trabalhava lá; que era assistente PJ; que no período como sendo das 8:30 às 19:00, sempre com 30 minutos

chegava entre 8h/8:30hs na agencia e normalmente o reclamante de intervalo.

chegava primeiro; que ia embora em média às 19:30hs; que a

maioria das vezes, o depoente ia embora antes do reclamante; que Desta forma, procede parcialmente o pleito de horas extras, no

fazia entre 20/30 minutos de refeição; que ninguém parava 1 hora montante a ser apurado em liquidação, sendo extra o labor após a

de intervalo; que era obrigado a bater o ponto antes da partida 8ª hora diária, do período imprescrito até a data de dispensa da

porque se tivesse uma quantidade de horas extras muito grande, a testemunha Yuri Bussular Seixas.".

agência era penalizada; que o gestor orientava a bater o ponto e

fazer outros trabalhos como ligação para cliente, arquivar contratos, Recorre a reclamada pugnando pela exclusão da condenação em

preenchimento de contas, ligação para ofertas de produtos; que horas extras.

depois que dava baixa no sistema, não tinha como acessar o

sistema depois de fechar o ponto; que fazia serviços internos; que Pois bem.

A primeira testemunha da reclamada disse que trabalha no banco O art. 224, §2º, da CLT estabelece que a jornada de seis horas

desde janeiro de 2013; que inicialmente trabalhou na agencia da diárias não se aplica aos que exercem funções de direção,

Enseada e no final de outubro/novembro de 2013 passou a gerência, fiscalização, chefia e equivalente ou que desempenhem

trabalhar na agencia de Jardim da Penha; que o reclamante já outros cargos de confiança, desde que o valor da gratificação não

estava trabalhando na agencia de Jardim da Penha quando seja inferior a 1/3 do salário do cargo efetivo.

começou a trabalhar lá; que exercia a função de assistente de

empresa; que chegava na agência às 9hs; que quando chegava, Na inicial o autor informa que, durante todo o período imprescrito

acontecia do reclamante estar na agencia ou visitando cliente; que exerceu a função de gerente de atendimento (até 01/12/2011) e

saia as 18hs; que o sistema não permite que se trabalhe depois das depois a função de gerente de relacionamento Business/Empresas,

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tendo destacado que no período entre 01/01/2010 até 24/11/2015, II - A presunção de veracidade da jornada de trabalho, ainda que

cumpria jornada de trabalho de 8h às 20h, de segunda a sexta-feira, prevista em instrumento normativo, pode ser elidida por prova em

com intervalo de 30 minutos para refeição. contrário. (ex-OJ nº 234 da SBDI-1 - inserida em 20.06.2001)

Outrossim, inconteste que o autor se enquadra na exceção prevista III - Os cartões de ponto que demonstram horários de entrada e

no §2º do art. 224 da CLT, mormente porque recebia um adicional saída uniformes são inválidos como meio de prova, invertendo-se o

superior a 1/3 do seu salário base. ônus da prova, relativo às horas extras, que passa a ser do

empregador, prevalecendo a jornada da inicial se dele não se

A par disso, o autor estava submetido a jornada de 8 horas diárias, desincumbir. (ex-OJ nº 306 da SBDI-1- DJ 11.08.2003)"

mediante controle de frequência, que foram impugnados pelo autor.

In casu, a ré cumpriu o art. 74, §2º, da CLT, colacionando aos autos

Acerca do ônus da prova, assim dispõem os artigos 818 da CLT e os registros de horários cumpridos pelo autor (Id. 1e367ce), mas

373 do CPC: impugna o cumprimento de horas extras não anotadas, afirmando

que, quando eventualmente prestadas, houve efetivo pagamento.

"Art. 818. A prova das alegações incumbe à parte que as fizer."

Da prova oral produzida, verifica-se que as duas testemunhas do

" Art. 373. O ônus da prova incumbe: autor comprovam que o autor constantemente realizava horas

extras sem a devida anotação no controle de frequência, inclusive

I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; sob pena de punição.

II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou A primeira testemunha do autor, que somente trabalhou no banco

extintivo do direito do autor." até o ano de 2014, relatou que: que o ponto era eletrônico; que na

grande maioria, não era marcado corretamente o cartão de ponto;

Como se nota, segundo a regra geral de repartição do ônus que a agencia era punida se houvesse muitas horas extras dos

probatório, compete ao reclamante a prova dos fatos constitutivos funcionários, então era cobrados para que não marcassem mais

do seu direito, qual seja, a efetiva prestação de horas horas em razão de um ranking entre as agencias; que batia o ponto

extraordinárias, e à ré incumbe a prova de fatos impeditivos, e continuava trabalhando; que mesmo com o ponto fechado, não

modificativos ou extintivos do direito do autor. impedia de trabalhar, não bloqueava; que era orientada a não

marcar horas extras, mas o gerente sabia que faziam horas extras;

Sabe-se que, especificamente em relação às horas extras, a que o chefe dela e do reclamante era o gerente geral, Sr. Eduardo;

jurisprudência tem dado um tratamento diferenciado, especialmente que chegavam e-mails mostrando quais funcionários mais faziam

em razão da dificuldade que os empregados encontram em horas extras e nas reuniões diárias era exposto que não poderia

comprovar eventuais horas extraordinárias prestadas. Neste gerar horas extras.

sentido, o verbete nº 338 da súmula do E. TST:

A segunda testemunha do autor, que trabalhou no banco até o ano

"JORNADA DE TRABALHO. REGISTRO. ÔNUS DA PROVA de 2012, também informou que: que era obrigado a bater o ponto

(incorporadas as Orientações Jurisprudenciais nºs 234 e 306 da antes da partida porque se tivesse uma quantidade de horas extras

SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005 muito grande, a agência era penalizada; que o gestor orientava a

bater o ponto e fazer outros trabalhos como ligação para cliente,

I - É ônus do empregador que conta com mais de 10 (dez) arquivar contratos, preenchimento de contas, ligação para ofertas

empregados o registro da jornada de trabalho na forma do art. 74, § de produtos; que depois que dava baixa no sistema, não tinha como

2º, da CLT. A não-apresentação injustificada dos controles de acessar o sistema depois de fechar o ponto; que fazia serviços

freqüência gera presunção relativa de veracidade da jornada de internos.

trabalho, a qual pode ser elidida por prova em contrário. (ex-Súmula

nº 338 - alterada pela Res. 121/2003, DJ 21.11.2003) Ainda assim, a única testemunha da reclamada, embora tenha

relatado sobre a veracidade o controle de jornada, confirmou que "o

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sistema mais rígido de controle de ponto somente passou a valer "Primeira testemunha da reclamada

após o fim do contrato de trabalho do reclamante", como bem

destacado pela Origem. disse que trabalha no banco desde janeiro de 2013; que

inicialmente trabalhou na agencia da Enseada e no final de

Logo, as três testemunhas ouvida no processo confirmam que, ao outubro/novembro de 2013 passou a trabalhar na agencia de Jardim

tempo da vigência do contrato de trabalho do autor, os controles de da Penha; que o reclamante já estava trabalhando na agencia de

ponto se mostravam inverídicos, destoando na real jornada Jardim da Penha quando começou a trabalhar lá; que exercia a

vivenciada pelo reclamante. função de assistente de empresa; que chegava na agência às 9hs;

que quando chegava, acontecia do reclamante estar na agencia ou

Por esta razão, diante da invalidade dos controles de jornada visitando cliente; que saia as 18hs; que o sistema não permite que

acostados aos autos, tem-se que o ônus da prova deve ser se trabalhe depois das 18hs; que acontecia de ir embora e deixar o

invertido, passando a reclamada o dever da prova do efetivo horário reclamante trabalhando ainda; que tem 1 hora de intervalo".

de trabalho do autor.

Vê-se, então, que a reclamada não se desincumbiu do onus

No entanto, a ré não consegui fazer prova contrária ao alegado pelo probandiprevisto no art. 818 da CLT e no art. 333, inciso II, da CLT,

autor em sua inicial, como se depreende do relato das duas posto que não comprovou o fato impeditivo, modificativo ou extintivo

testemunhas do reclamante. Veja-se: do direito do autor.

"Primeira testemunha indicada pelo reclamante Nesse passo, para fins de apuração de horas extras a partir da 8ª

hora diária, conforme a jornada indicada na inicial não deve estar

disse que trabalhou no banco até 2014; que trabalhou com o limitada ao período de dispensa da primeira testemunha do autor

reclamante na agencia princesa Isabel; que saiu desta agência no (2014), notadamente porque o ônus da prova recai sobre a

ano de 2011; que era gerente de careira; que chegava para reclamada, que não logrou comprovara o efetivo horário de trabalho

trabalhar as 8hs e saia em média 20hs/20:30hs; que o reclamante do autor durante todo o período contratual.

fazia normalmente os mesmos horários; que fazia 20/30 minutos de

almoço e retornava para trabalhar; que o reclamante também fazia Portanto, a sentença deve ser mantida.

o mesmo horário; que nessa agencia tinham uns 5/6 gerentes de

relacionamento; que não podia revezar enquanto tinha cliente para Nega-se provimento.

atender; que o ponto era eletrônico; (...).

Segunda testemunha indicada pelo reclamante

disse que trabalhou de 2007 a 2012 no banco; que trabalhou na

agencia de jardim da penha com o reclamante; que quando o

reclamante chegou, o depoente já trabalhava lá; que era assistente

PJ; que chegava entre 8h/8:30hs na agencia e normalmente o

reclamante chegava primeiro; que ia embora em média às 19:30hs;

que a maioria das vezes, o depoente ia embora antes do 2.4.3. REFLEXOS DAS HORAS EXTRAS NO RSR (SÁBADOS)

reclamante; que fazia entre 20/30 minutos de refeição; que ninguém

parava 1 hora de intervalo.

A única testemunha da reclamadatambém corrobora com a jornada

apontada pelo autor na inicial, notadamente porque afirmou que

quando chegava e saia do banco réu o autor estava trabalhando,

como se verifica abaixo:

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Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Esta ação foi proposta em 08/01/2016, antes da entrada em vigor

da Lei nº 13.467/2017. A Origem pronunciou a prescrição das parcelas anteriores a

08/01/2011. Não há recurso quanto à prescrição.

A Origem pronunciou a prescrição das parcelas anteriores a

08/01/2011. Não há recurso quanto à prescrição. Inconformado, o Reclamado insurgiu-se quanto ao tópico, sob o

fundamento de que o Reclamante era mensalista, sendo indevidos

A reclamada se insurge quanto ao deferimento dos reflexos nos os reflexos das horas extras no RSR e destes nas demais parcelas,

RSR. bem como a inclusão do sábado.

Pois bem. Analisa-se.

Conforme item 2.4.2. foi mantida a condenação no pagamento das Entende-se que o Reclamante prestava horas extras habituais,

horas extras a partir da oitava diária. sendo devidos os reflexos das horas extras no RSR, conforme

estabelecido na sentença.

Conforme a Súmula nº 172 do TST, computam-se no cálculo do

repouso remunerado as horas extras habitualmente prestadas. Tal entendimento encontra-se em consonância com a Súmula nº

172 do c. TST, que assim dispõe: "computam-se no cálculo do

Note-se que as convenções coletivas dos bancários consideram o repouso semanal remunerado as horas extras habitualmente

sábado como integrante do repouso semanal remunerado para fins prestadas".

dos reflexos das horas extras, como, por amostragem, a cláusula

oitava da convenção coletiva de trabalho 2011/2012 (Id. 3b68436). Frisa-se que, quando o trabalhador é mensalista, o repouso

Desse modo, são devidos os reflexos das horas extras sobre o semanal remunerado já está incluído no salário mensal. Todavia,

RSR, com a inclusão do sábado. havendo trabalho extraordinário não quitado pelo empregador, é

evidente que o salário mensal não incluiu os reflexos das horas

Nega-se provimento. extras sobre o repouso semanal remunerado, não havendo falar em

bis in idem.

Outrossim, ao deferir o pagamento das horas extras, a Origem

expressamente autorizou a dedução de valores pagos a idêntico

título.

Ora, quando se diz que o salário mensal traz nele embutidos os

repousos semanais, estes se referem às horas normais trabalhadas

no mês e não aqueles relativos às horas extraordinárias. Assim, não

2.4.4. REFLEXOS DAS HORAS EXTRAS NO RSR E DESTES há qualquer irregularidade na determinação de reflexos das horas

NAS DEMAIS PARCELAS extras em repousos semanais remunerados e, com estes, nas

demais parcelas.

Melhor sorte não assiste ao argumento patronal de que não podem

incidir reflexos sobre os sábados por não serem considerados dia

de repouso semanal remunerado, haja vista a previsão expressa em

norma coletiva da categoria.

Diante disso, a sentença de piso está em consonância com o

Esta ação foi proposta em 08/01/2016, antes da entrada em vigor dispositivo supracitado, não havendo falar em reforma neste tema.

da Lei nº 13.467/2017.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 360
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Nega-se provimento.

Em defesa, a demandada negou que reclamante e paradigmas

tenham desenvolvido as mesmas atividades, acrescentando que a

produtividade e a qualidade técnica dos paradigmas eram

superiores à produtividade e qualidade técnica do reclamante.

Na sentença, o Juízo julgou procedente o pedido, sob o seguinte

fundamento:

"O bem elaborado laudo pericial (ID ca6ab49) demonstra que as

2.4.5. DIFERENÇAS SALARIAIS. EQUIPARAÇÃO SALARIAL. atividades e funções desempenhadas pelo reclamante e pelos

paradigmas eram idênticas não se justificando a disparidade salarial

por produtividade ou perfeição técnica. Registra, ainda, que a

igualdade nas atividades, bem como o desempenho do autor e dos

modelos não permite vislumbrar uma diferença quer na

produtividade quer na perfeição técnica de ambos não havendo

justificativa para diferenciação salarial.

Em relação à impugnação da reclamada (ID 4e9676a), faço as

Esta ação foi proposta em 08/01/2016, antes da entrada em vigor seguintes considerações:

da Lei nº 13.467/2017.

Como Gerente de Atendimento II, verifica-se que o reclamante

A Origem pronunciou a prescrição das parcelas anteriores a exercia a função desde 01/01/2010, mesma época em que o

08/01/2011. Não há recurso quanto à prescrição. paradigma Willian Rodrigues de Oliveira passou a exercer tal

função, conforme se verifica nas Ocorrências de Alteração do Cargo

Consta da inicial que o Reclamante foi admitido em 25/03/1998, na ficha funcional de ID 399bb3c - Pág. 57, caracterizada, portanto,

exercendo no período imprescrito a função de gerente de a concomitância quanto ao exercício da função.

atendimento (até 01/12/2011) e depois a função de gerente de

relacionamento Business/Empresas, tendo sido dispensado sem Na ficha funcional do reclamante (ID a21b751 - Pág. 13) consta que

justa causa em 24/11/2015, quando recebia remuneração mensal o mesmo alterou sua função de Gerente de Atendimento II para

no valor de R$ 6.717,48 (seis mil, setecentos e dezessete reais e Gerente de Relacionamento Business I na data de 01/12/2011 e de

quarenta e oito centavos). Gerente Relacionamento Business I para Gerente de

Relacionamento de Empresas I em 01/07/2013.

Afirmou que exerceu o cargo de gerente de atendimento, desde

01/01/2010 até 01/12/2011 e, posteriormente, ocupou o cargo de No que se refere a paradigma Janaína Queiroz Costa Drummond de

gerente de relacionamento Business/Empresasaté a data da Aguiar, a ficha funcional da empregada registra alteração de cargo

dispensa. de Gerente de Relacionamento Business II para Gerente de

Relacionamento Empresas II em 01/07/2013 (ID 399bb3c - Pág.

Alegou o Autor que no período quando exerceu a função de gerente 76).

de atendimento exercia a mesma função do paradigma Willian,

executando as mesmas tarefas, com igual produtividade e perfeição Cabe esclarecer que em relação a distinção entre o cargo de

técnica. E no período em que exerceu a função de gerente de Gerente de Relacionamento Empresas I e II, exercidos a partir de

relacionamento Business/Empresas exercia a mesma função dos 01/07/2013, pela reclamante e a funcionária Janaína,

paradigmas Janaina e Delton. Contudo, estes recebiam salário respectivamente, o fato de a paradigma atender a clientela de alta

superior ao seu, razão pela qual faz jus à equiparação salarial e à renda, por si só, não permite a presunção que a sua atividade era

percepção de diferenças salariais pertinentes. mais complexa, conforme exposto pelo perito:

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(...) A isonomia salarial, por sua vez, além de encontrar guarida no

próprio texto constitucional, também foi objeto de preocupação do

Da mesma forma não prospera a alegação do réu acerca da legislador ordinário, encontrando previsão no art. 461 da CLT, ao

localidade, vez que os empregados trabalhavam na mesma região preconizar que, "sendo idêntica a função, a todo trabalho de igual

metropolitana, a grande Vitória, sendo isso suficiente para os fins do valor, prestado ao mesmo empregador, na mesma localidade,

artigo 461 da CLT. corresponderá igual salário, sem distinção de sexo, nacionalidade

ou idade".

Em relação a produtividade ou perfeição técnica no trabalho

desenvolvido entre a reclamante e a paradigma, as avaliações Os requisitos para a equiparação salarial são os seguintes: a)

comportamentais dos obreiros no mesmo período (ID 858d036) identidade de função; b) que o serviço seja de igual valor, assim

atestam que o serviço era realizado com a mesma perfeição entendido aquele que é prestado com igual produtividade e a

técnica. mesma perfeição técnica; c) serviço prestado para o mesmo

empregador; d) serviço prestado na mesma localidade; e)

Como se depreende do laudo pericial, a reclamante e paradigma inexistência de diferença do tempo de serviço na mesma função

exerciam as mesmas atividades, não havendo prova nos autos que superior a dois anos.

confirme a tese de defesa de maior complexidade das atividades

dos paradigmas. No que toca à distribuição do ônus da prova na equiparação

salarial, é do obreiro o ônus de comprovar a identidade de funções

Assim, com base nas informações do laudo pericial, considero com o paradigma e do empregador o de comprovar fato impeditivo,

preenchidos os requisitos do art. 461 da CLT e defiro a equiparação modificativo ou extintivo do direito postulado (Súmula nº 6 do TST).

salarial ao paradigma Willian Rodrigues de Oliveira desde o marco

prescricional até 30/11/2011 e equiparação ao paradigma Janaína No caso dos autos, houve o deferimento de prova pericial, com o

Queiroz Costa Drummond de Aguiar desde 01/12/2011 a objetivo de apurar o pedido de equiparação salarial e isonomia

24/11/2015, conforme limitado no pedido, no montante a ser salarial.

apurado em liquidação.

Ao ID. ca6ab49 foi carreado o Laudo Pericial, concluindo o -Expert

Reflexo sobre horas extras, férias com terço, 13º salário, FGTS com que as atividades desenvolvidas pelo autor e paradigmas eram

multa de 40%, aviso prévio e PLR. similares e, por isso, não restaria justificada a disparidade salarial.

Senão veja-se:

Não há reflexo sobre RSR, vez que ele já faz parte da diferença

salarial deferida". "Diante de todas as constatações técnicas decorrentes da vasta

documentação trazida aos autos, bem como aquelas

disponibilizadas pela reclamada, apresentasse do Juízo o que se

segue:

Em razões recursais, a reclamada pretende a exclusão da

condenação em diferenças salariais. Sucessivamente, pugnou pela Este Perito conclui que as atividades e funções desempenhadas

exclusão do pagamento de diferenças de auxílio refeição e auxílio pelo reclamante e pelos paradigmas eram idênticas não se

cesta alimentação e PLR. justificando a disparidade salarial por produtividade ou perfeição

técnica.

Analisa-se.

Registra-se ainda que a igualdade nas atividades, bem como o

A Constituição Federal, em seu artigo 5º caput, guarda o princípio desempenho do autor e dos modelos não permite vislumbrar uma

maior da igualdade, e, no tocante aos direitos sociais, o artigo 7º, diferença quer na produtividade quer na perfeição técnica de ambos

inciso XXXII, expressamente proíbe qualquer distinção entre não havendo justificativa para diferenciação salarial".

trabalho manual, técnico e intelectual.

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Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

(...)

No que concerne ao período em que o autor exerceu a função de 7. Qual a diferença do tempo de serviço entre o Reclamante e os

gerente de atendimento, em que apresentao paradigma Willian, o paradigmas,

perito deixou claro que estes executavam as mesmas tarefas, com

igual produtividade e perfeição técnica, para o mesmo empregador, William Rodrigues, Janaina Queiroz e Delton Martins?

mesma localidade e tempo na unção inferior a 2 anos:

Resposta: Quanto ao paradigma Willian a diferença é inferior a 2

"Quesitos do reclamante anos. E

(...) quanto aos demais, tal informação não foi disponibilizada pela

reclamada.

c- Que verifique o perito se havia diferença de tempo na função

superior a 2 anos entre o Rte e o Paradigma WILLIAN RODRIGUES (...)

DE OLIVEIRA, na função de Gerente de Atendimento? Que informe

o perito em que data Rte e o paradigma foram promovidos a tal 18. Informe o I. Perito quais os locais de trabalho e os cargos

função. exercidos pelos

Resposta: Negativo. Ambos, reclamante e paradigma foram paradigmas e seus respectivos períodos e salários?

promovidos para a função de gerente de atendimento em

01/01/2010. Resposta: As agências as quais laboram o reclamante e

paradigmas, são situadas na grande Vitória, como segue:(...)

(...)

22. Informe o I. Perito se havia diferença de perfeição

e- Que diga o perito se, independentemente da nomenclatura dada técnica/produtividade entre Reclamante e paradigmas.

aos cargos do Autor e do Paradigma WILLIAN RODRIGUES DE

OLIVEIRA, na prática, ambos exerciam as mesmas funções e Resposta: O reclamante e os paradigmas desenvolviam as suas

atividades durante todo o período em que estiveram na função de funções com a mesma perfeição técnica. A reclamada não forneceu

Gerente de Atendimento? ao perito as avaliações funcionais realizadas pela chefia tanto do

autor como dos paradigmas.

Resposta: Afirmativa.

23. Informe o I. Perito se os requisitos do artigo 461 da CLT foram

f- Que verifique o perito se havia diferença de tempo na função preenchidos no período de equiparação salarial contido na inicial,

superior a 2 anos entre o Rte e os Paradigmas JANAINA QUEIROZ quais sejam: idêntica função, trabalho de igual valor (produtividade

COSTA DRUMMOND DE AGUIAR e DELTON MARTINS DE e qualidade técnica), mesma localidade, diferença de tempo de

SOUZA, na função de Gerente de Relacionamento Business? Que serviço inferior a dois anos.

informe o perito em que data Rte e Paradigmas foram promovidos a

tal função. Resposta: Positivo. Todos os requisitos foram preenchidos, fazendo

jus o autor à equiparação salarial pretendida".

Resposta: A reclamada não forneceu estas informações solicitadas

pelo Perito". E no período em que exerceu a função de gerente de

relacionamento Business/Empresas, quando indicou os

paradigmasJanaina e Delton, o perito também o perito deixou claro

que estes executavam as mesmas tarefas, com igual produtividade

"Quesitos da reclamada e perfeição técnica, para o mesmo empregador, mesma localidade

e tempo na unção inferior a 2 anos:

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podia atender

"Quesitos do reclamante

qualquer cliente.

(...)

(...)

h- Que diga o perito se, independentemente da nomenclatura dada

aos cargos do Autor e dos Paradigmas JANAINA QUEIROZ COSTA 10. Informe o i. Perito se os produtos comercializados pelos

DRUMMOND DE AGUIAR e DELTON MARTINS DE SOUZA, na empregados são diferenciados de acordo com seu segmento de

prática, ambos exerciam as mesmas funções e atividades durante atuação.

todo o período em que estiveram na função de Gerente de

Relacionamento Business? Resposta: Apesar das metas e cartelas de clientes diferenciadas, as

atividades laborativas desempenhadas tanto pelo reclamante

Resposta: Afirmativo. quanto pelos paradigmas são idênticas.

i- Que informe o perito se havia alguma diferença de produtividade (...)

ou perfeição técnica nas tarefas executadas pelo Reclamante e

pelos Paradigmas? Caso positivo, favor comprovar? 13. Com base nos quesitos anteriores é possível afirmar, que a

atividade exercida pelo Reclamante era compatível com o dos

Resposta: Negativo. Ambos executavam suas atividades com a paradigmas?

mesma perfeição técnica e produtividade.

Resposta: Afirmativo.

j- Se o Reclamante e os Paradigmas trabalhavam em agências

bancárias do Reclamado situadas na mesma localidade, no alcance (...)

dado pela Súmula 6, X, do TST, ou seja, se ambos trabalhavam em

agências bancárias do Reclamado situadas em municípios 18. Informe o I. Perito quais os locais de trabalho e os cargos

pertencentes a mesma região metropolitana da Grande Vitória? exercidos pelos paradigmas e seus respectivos períodos e salários?

Resposta: Afirmativo". Resposta: As agências as quais laboram o reclamante e

paradigmas, são situadas na grande Vitória, como segue:(...)

"Quesitos da reclamada

22. Informe o I. Perito se havia diferença de perfeição

8. Informe o i. Perito se há diferença na faixa de renda entre os técnica/produtividade entre Reclamante e paradigmas.

clientes dos funcionários ocupantes do cargo de Gerente de

Relacionamento Business I, Gerente de Relacionamento Business Resposta: O reclamante e os paradigmas desenvolviam as suas

II, Gerente de Relacionamento Business III. funções com a mesma perfeição técnica. A reclamada não forneceu

ao perito as avaliações funcionais realizadas pela chefia tanto do

Resposta: Pelos documentos juntados aos autos, constatamos que: autor como dos paradigmas.

Gerente de Relacionamento Business I - faixa de renda inferior à R$

1.200,00 (hum mil e duzentos reais), Gerente de Relacionamento 23. Informe o I. Perito se os requisitos do artigo 461 da CLT foram

Business II - faixa de renda de R$ 1.200,00 (hum mil e duzentos preenchidos no período de equiparação salarial contido na inicial,

reais) à R$ 4.000,00 (quatro mil reais), Gerente de Relacionamento quais sejam: idêntica função, trabalho de igual valor (produtividade

Business III - faixa de renda acima de R$ 4.000,00 (quatro mil e qualidade técnica), mesma localidade, diferença de tempo de

reais). serviço inferior a dois anos.

Porém na prática foi declarado pelo reclamante que não existia Resposta: Positivo. Todos os requisitos foram preenchidos, fazendo

diferença no tipo de clientes pessoa jurídica e que qualquer gerente jus o

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Primeiro Grau, constata-se que a Reclamada não se desincumbiu

autor à equiparação salarial pretendida." de seu ônus da prova, não tendo demonstrado a inexistência de

natureza salarial das parcelas apontadas.

De toda sorte, pela análise dos comprovantes de pagamento, ao

Ora, conforme destacado pela Origem, os documentos carreados contrário do alegado pela Ré, verifica-se que as parcelas em

aos autos são suficientes para comprovar todos os requisitos do art. comento eram pagas de forma habitual, em contraprestação ao

461 da CLT c/c Súmula 6 do TST. trabalho executado, assumindo, assim, natureza salarial.

Por fim, quanto ao pleito sucessivo de exclusão do pagamento de Mantém-se a sentença no particular.

diferenças de auxílio refeição e auxílio cesta alimentação e PLR,

verifica-se que diante da ausência de diferença de produtividade, Nega-se provimento.

não há falar em diferença de pagamento de vantagem conferida por

norma coletiva.

Dessa forma, correta a sentença que julgou procedente o pedido de

equiparação.

Nega-se provimento.

2.4.7. DESPESAS COM VEÍCULO E CELULAR.

2.4.6. INTEGRAÇÃO. SISTEMA DE REMUNERAÇÃO VARIÁVEL

Esta ação foi proposta em 08/01/2016, antes da entrada em vigor

da Lei nº 13.467/2017.

A Origem pronunciou a prescrição das parcelas anteriores a

08/01/2011. Não há recurso quanto à prescrição.

Consta da inicial que o Reclamante foi admitido em 25/03/1998,

Em razões recursais a Ré requer a reforma da sentença, alegando, exercendo no período imprescrito a função de gerente de

em suma, que tais parcelas não possuem natureza salarial; estão atendimento (até 01/12/2011) e depois a função de gerente de

condicionadas ao atingimento de metas desde a sua instituição; não relacionamento Business/Empresas, tendo sido dispensado sem

são pagas com habitualidade, mas tão-somente quando atingidos justa causa em 24/11/2015, quando recebia remuneração mensal

seus requisitos, tratando-se de liberalidade do empregador. no valor de R$ 6.717,48 (seis mil, setecentos e dezessete reais e

quarenta e oito centavos).

Sem razão.

Afirmou que exerceu o cargo de gerente de atendimento, desde

De fato, em consonância com a decisão proferida pelo Juízo de 01/01/2010 até 01/12/2011 e, posteriormente, ocupou o cargo de

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gerente de relacionamento Business/Empresasaté a data da aparelho celular.

dispensa.

Ainda que o autor não tenha trazido aos autos as contas telefônicas

Durante todo o contrato de trabalho, e, inclusive, como condição para comprovar os gastos alegados, entendo que deva ser

para trabalhar, o autor deveria possuir veículo próprio, sendo que a ressarcido das despesas, pois é certo o uso do aparelho em

mesma colocou o seu automóvel à disposição do Réu, a fim de que serviço, sobretudo em razão das visitas externas, sem o respectivo

fosse utilizado na execução de suas atividades laborais (visitas a reembolso das despesas.

clientes).

Quanto ao uso do telefone particular, considerando que o celular

Pugnou pela condenação da Reclamada no ressarcimento das pertencia ao obreiro e certamente era utilizado também em ligações

despesas com veículo. particulares, fixo que o valor gasto nas atividades da empresa

correspondia a metade do gasto total, o que dá R$75,00 por mês, a

A Origem julgou parcialmente procedente o pedido, nestes termos: partir de 01/12/2011, quando o reclamante se tornou Gerente de

Relacionamento até 24/11/2015, conforme limitado no pedido".

""Se o empregador exige do empregado a utilização de veículo

particular, como instrumento essencial ao desempenho de suas Em razões recursais a reclamada pretende a exclusão da

atividades, deve ressarci-lo pelas despesas efetuadas, uma vez que condenação.

o ônus do empreendimento não pode ser a ele transferido, nos

termos do art.2º da CLT. Pois bem.

O conjunto dos depoimentos deixa claro que a ré não só admitia Com efeito, parte-se do princípio de que havendo a exigência de

como incentivava o uso do veículo próprio pelos Gerentes de utilização de celular e de veículo para visitar clientes, sem o regular

Relacionamento em razão das visitas externas, fato ordinário tendo ressarcimento dos gastos, reputa-se devida a indenização pelo

em vista que facilita o contato com os clientes, além da própria ilícito praticado, uma vez que o empregador, em abuso do poder

testemunha da ré confirmar que não era visitas utilizando-se de diretivo, transferiu ao trabalhador os riscos da atividade econômica,

transporte público regular. em violação ao art. 2º da CLT.

Assim, resta resguardado seu direito ao ressarcimento dos No caso dos autos as testemunhas do autorcomprovam que as

desgastes pelo uso do seu veículo, não promovido pelo banco visitas a clientes também eram realizadas por meio de veículo

reclamado. próprio, sendo utilizado celular particular para manter contatos com

estes.

(...)

A testemunha da rérelatou que não se fazia uso de transporte

Desta feita, considerando que o veículo era usado em 3/4 visitas público regular, fato que demonstram que a utilização do veículo do

diárias no mês, defiro o valor de mensais, a título de indenização autor como ferramenta de trabalho, de forma obrigatória.

pelo meio salário mínimo à época, uso do veículo, a partir de

01/12/2011, quando o reclamante se tornou Gerente de Ademais, quanto ao valor arbitrado pela Origem de meio salário

Relacionamento até 24/11/2015, conforme limitado no pedido. mínimo, endente-se que este se mostra proporcional aos dias de

efetivo uso para visitações aos clientes, ou seja, este era utilizado

O mesmo acontece pelo uso do telefone celular particular do por apenas 3/4 visitas diárias no mês.

empregado para a realização de atividades de interesse do

empregador. Não prospera a tese da defesa de que o telefone fixo Portanto, o valor arbitrado pela na sentença a quoobservou os dias

era suficiente para que o empregado realizasse o contato com seus de efetiva utilização do veículo como instrumento de trabalho.

clientes, uma vez que é incontroverso nos autos que o autor

realizava muitas visitas externas, se ausentando por grande período Portanto, restou comprovado que o autor utilizava de veículo e

da agência, sendo forçoso concluir que era necessário o uso do celular próprio para a consecução das atividades inerentes a função

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de gerente de operação, mas não era indenizado.

Entendimento em sentido diverso não seria razoável e implicaria

Ademais, conforme bem registrado pela Origem, a natureza da afronta ao disposto no art. 10, CPC/15, com a configuração de

atividade do autor denota a necessidade de deslocamento decisão surpresa e violação aos princípios da segurança jurídica e

permanente do autor. do devido processo legal.

Sendo assim, nada a modificar neste particular. A legislação a ser aplicada nesses casos, portanto, deve ser aquela

vigente quando do ajuizamento da ação.

Nega-se provimento.

Nesse contexto, utiliza-se, na espécie, a antiga redação do artigo

790-B, da CLT, nos seguintes termos:

"Art. 790-B. A responsabilidade pelo pagamento dos honorários

periciais é da parte sucumbente na pretensão objeto da perícia,

salvo se beneficiária de justiça gratuita".

Dessa forma, a sucumbência de que trata o artigo não é analisada

pela conclusão do laudo pericial, mas sim pela procedência ou

2.4.8. HONORÁRIOS PERICIAIS improcedência da pretensão objeto da perícia e, no caso, os

pedidos do reclamante dependentes da prova pericial foram

julgados procedentes.

Portanto, correta a sentença que condenou a ré no pagamento dos

honorários periciais.

Nega-se provimento.

A Origem determinou que os honorários periciais complementares

no valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais) a cargo da reclamada,

devendo, ainda ressarcir ao autor o depósito prévio de R$ 300,00

(trezentos reais), pelas duas perícias realizadas.

Inconformado, em suas razões recursais, pugna a reclamada pela

reforma da r. sentença no tocante ao pagamento dos honorários

periciais.

2.5. REQUERIMENTO DA RECLAMADA DE QUE O AUTOR

Analisa-se. SEJA CONDENADO POR LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ

Este Relator entende que, em se tratando os honorários periciais de

instituto bifronte, as inovações da Lei n. 13.467/2017 não deverão

ser aplicadas aos processos já em curso.

Isso porque é imprescindível que a parte tenha ciência das

consequências jurídicas do ajuizamento do processo ou da defesa

apresentada, com a possibilidade de previsibilidade para avaliação

das condutas processuais a serem adotadas. A reclamada alega em contrarrazões que o autor é litigante de má-

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fé, uma vez que pleiteou na inicial a aplicação da taxa TR para fisn

de aplicação de correção monetário, mas apresentou recurso para

aplicação do IPCA-E.

Sem razão.

Não se constata que o reclamante, ao interpor o presente recurso,

tenha incorrido em alguma das hipóteses previstas no art. 80 do

CPC e no art. 793-B da CLT, uma vez que ele apenas exerceu o Acordam os Magistrados da 1ª Turma do Tribunal Regional do

seu direito de ampla defesa, tendo interposto o remédio jurídico Trabalho da 17ª Região, na Sessão Ordinária realizada no dia 03 de

processual previsto no Processo do Trabalho para impugnar a dezembro de 2019, às 13 horas e 30 minutos, sob a Presidência do

decisão que o condenou em litigância de má-fé, expondo Exmo. Desembargador Cláudio Armando Couce de Menezes, com

expressamente as razões pelas quais pretendia a reforma da a participação do Exmo. Desembargador José Carlos Rizk, do

decisão. Exmo. Desembargador Mário Ribeiro Cantarino Neto, e presente o

Procurador Regional do Trabalho, Dr. Levi Scatolin, por

Assim, não há falar em nova condenação do reclamante por unanimidade, conhecer dos recursos ordinários interpostos pelo

litigância de má-fé. reclamante e pela reclamada; rejeitar a preliminar de não

conhecimento do apelo autoral quanto ao índice de correção

Indefere-se o requerimento do reclamado, formulado em monetária, por inovação recursal; rejeitar a preliminar de atribuição

contrarrazões, de aplicar condenação por litigância de má-fé ao de efeito suspensivo ao recurso, formulado pela Reclamada em

reclamante. razões recursais; rejeitar a preliminar de nulidade da sentença por

julgamento ultra petita, suscitada pela Ré em razões recursais;

rejeitar a preliminar de nulidade da sentença por cerceio do direito

de defesa, suscitada pela reclamada em razões recursais; no mérito

do recurso do autor, por maioria, dar parcial provimento para

estabelecer que os débitos trabalhistas em geral devem ser

atualizados pela TR/FACDT até 24/03/2015 e pelo IPCA-E a partir

de 25/03/2015; e, no mérito do recurso da reclamada, por

unanimidade, negar provimento. Indeferido o requerimento do

reclamado, formulado em contrarrazões, de aplicação da pena por

litigância de má-fé ao reclamante. Vencido, no recurso obreiro,

quanto às horas extras a partir da 6ª hora diária, às horas extras a

partir da 8ª hora diária e ao intervalo intrajornada, o Desembargador

Cláudio Armando Couce de Menezes. Custas, pela reclamada, no

importe de R$ 3.000,00 (três mil reais), calculadas sobre R$

3. ACÓRDÃO 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais), valor ora majorado à

condenação. Sustentações orais do Dr. Fábio Lima Freire,

advogado do reclamante, e da Dra. Úrsula Campos França Mouro,

advogada do reclamado.

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Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Intimado(s)/Citado(s):
- COOPCONPIF - Cooperativa de Consumo dos Profissionais de
Instituições Financeiras Ltda

PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA DO TRABALHO
DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK

Relator

PROCESSO nº 0000009-74.2016.5.17.0010 (ROT)

RECORRENTES: THIAGO ZANI DA CRUZ; BANCO SANTANDER

(BRASIL) S.A.

RECORRIDOS: THIAGO ZANI DA CRUZ; BANCO SANTANDER

(BRASIL) S.A.

ORIGEM: 10ª VARA DO TRABALHO DE CACHOEIRO DE

ITAPEMIRIM - ES

Acórdão
Processo Nº ROT-0000009-74.2016.5.17.0010 RELATOR: DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK
Relator JOSE CARLOS RIZK
RECORRENTE THIAGO ZANI DA CRUZ
ADVOGADO FABIO LIMA FREIRE(OAB: 9167/ES) COMPETÊNCIA: 1ª TURMA
RECORRENTE BANCO SANTANDER (BRASIL) S.A.
ADVOGADO MAURICIO DE SOUSA
PESSOA(OAB: 156805/SP)
ADVOGADO UDNO ZANDONADE(OAB: 9141/ES)
ADVOGADO TALITHA ABI HARB SANTOS(OAB:
20764/ES)
ADVOGADO FERNANDA RIBEIRO UCHOA
TEIXEIRA(OAB: 101952/RJ)
ADVOGADO EDUARDO CHALFIN(OAB: 53588/RJ)
RECORRIDO BANCO SANTANDER (BRASIL) S.A.
ADVOGADO MAURICIO DE SOUSA
PESSOA(OAB: 156805/SP)
ADVOGADO UDNO ZANDONADE(OAB: 9141/ES)
ADVOGADO TALITHA ABI HARB SANTOS(OAB:
20764/ES)
ADVOGADO FERNANDA RIBEIRO UCHOA
TEIXEIRA(OAB: 101952/RJ)
ADVOGADO EDUARDO CHALFIN(OAB: 53588/RJ) EMENTA
RECORRIDO THIAGO ZANI DA CRUZ
ADVOGADO FABIO LIMA FREIRE(OAB: 9167/ES)
TERCEIRO COOPCONPIF - Cooperativa de
INTERESSADO Consumo dos Profissionais de
Instituições Financeiras Ltda
TERCEIRO Fabiana Silva Ribeiro
INTERESSADO
TERCEIRO Márcio Rodrigo Mocelim Natal
INTERESSADO
TESTEMUNHA YURI BUSSULAR SEIXAS
TESTEMUNHA REINALDO PASSOS MAGALHAES
TESTEMUNHA AGHTA SILVA ZANOTELLI

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 369
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

RECURSO DO RECLAMANTE. HORAS EXTRAS. BANCÁRIO. pedidos formulados na inicial, para condenar a reclamada no

GERENTE DE RELACIONAMENTO. FIDÚCIA DIFERENCIADA. pagamento de diferenças salariais decorrente de garantia do

APLICAÇÃO DO ART. 224, §2º DA CLT. Tendo em vista que o emprego, ratificando a tutela antecipada; horas extras após a 8ª

autor se encontrava imbuído de uma fidúcia que o colocava em hora diária, no período imprescrito até a data da dispensa da

patamar diferenciado dos demais empregados da agência, inclusive testemunha Yuri; intervalo intrajornada, no período imprescrito até a

refletindo em sua remuneração, entende-se que estava inserido na data da dispensa da testemunha Yuri; divisor 220; integração da

exceção do art. 224, §2º, da CLT, sendo indevidas como extras as remuneração variável; indenização pelo uso de veículo, no período

horas posteriores à 6ª diária. entre 01/12/2011 até 24/11/2015; indenização pelo uso do telefone

particular, no período entre 01/12/2011 até 24/11/2015; equiparação

salarial; e diferenças de substituição.

RECURSO DA RECLAMADA. NULIDADE DA DISPENSA. O reclamante interpõe recurso ordinário, requerendo a reforma do

ESTABILIDADE PROVISÓRIA NO EMPREGO. DIRETOR DE decisio quanto às horas extras a partir da 6ª hora diária; divisor;

COOPERATIVA. Tendo em vista que o autor é dirigente de limitação temporal das horas extras a partir da 8ª diária,

cooperativa regida pela Lei nº 5.764/71, faz jus o reclamante à sucessivamente o afastamento da OJ 415 da SDI-I do TST;

estabilidade provisória no emprego prevista no art. 55 desta lei. limitação temporal do intervalo intrajornada, sucessivamente o

Ademais, entende-se que tal garantia não está limitada ao número afastamento da OJ 415 da SDI-I do TST; majoração da indenização

de 7 dirigentes, vez que, nos moldes do art. 29 desta lei, é livre a pelo uso de veículo próprio; indenização por assédio moral; e índice

associação de interessados. de correção monetária.

Em recurso ordinário, a reclamada suscita preliminar de nulidade da

sentença, por ser ultra petita e preliminar de nulidade da sentença,

por cerceamento de defesa, além de pleitear o efeito suspensivo ao

recurso. No mérito, pugna pela reforma dos seguintes capítulos:

estabilidade prevista no art. 55 da Lei 5.764/71, por ser falsa

cooperativa; horas extras a partir da 8ª diária; reflexos dos dias de

sábado; reflexos das horas extras nos dias de repouso semana

remunerado, sob pena de bis in idem; reflexos do sistema de

1. RELATÓRIO remuneração variável nas horas extras; indenização pelo uso de

veículo próprio; indenização pelo uso de celular; equiparação

salarial, sucessivamente, exclusão do pagamento de diferenças de

auxílio refeição e auxílio cesta alimentação e PLR; e honorários

periciais.

Custas ao Id. 8286a9f e depósito recursal ao Id. 09b1808.

Contrarrazões do autor, em que pretende a manutenção da

Esta ação foi proposta em 08/01/2016, antes da entrada em vigor sentença.

da Lei nº 13.467/2017.

Contrarrazões pela reclamada, em que suscita preliminar de não

A Origem pronunciou a prescrição das parcelas anteriores a conhecimento do recurso do autor quanto ao índice de correção

08/01/2011. Não há recurso quanto à prescrição. monetária, por inovação recursal e, no mérito, pela manutenção da

sentença e pela aplicação de multa por litigância de má-fé.

Trata-se de recurso ordinário interposto pelo reclamante e pela

reclamada em face da r. sentença, complementada pela decisão de É o relatório.

embargos de declaração, que julgou procedentes em parte os

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Esta ação foi proposta em 08/01/2016, antes da entrada em vigor

da Lei nº 13.467/2017.

A Origem pronunciou a prescrição das parcelas anteriores a

08/01/2011. Não há recurso quanto à prescrição.

2. FUNDAMENTAÇÃO

A reclamada suscita preliminar de inovação recursal em

contrarrazões, alegando que o autor inovou a sua causa de pedir

quanto ao índice de correção monetária, inserindo no recurso

ordinário pleito inexistente na petição inicial e que por conseguinte

não foi objeto de apreciação pela sentença.

Sem razão.

Inexiste qualquer inovação recursal quanto ao tema da correção

monetária.

Em primeiro lugar, saliente-se que a aplicação de correção

monetária constitui pedido implícito, não precisando constar na

inicial, não havendo qualquer julgamento "ultra" e "extra petita"

2.1. CONHECIMENTO quando a sentença aborda a matéria mesmo que não tenha sido

mencionada na inicial.

Ressalte-se que o Juízo de Primeiro Grau determinou que fosse

aplicada a correção monetária a TR como índice de atualização.

O reclamante requereu em seu recurso ordinário que seja

reformada a sentença para aplicar o IPCA-E como índice de

atualização.

Logo, não há falar em inovação recursal.

Rejeita-se a preliminar.

Estando preenchidos este e os demais pressupostos de

2.1.1. CONHECIMENTO DO RECURSO DO AUTOR. admissibilidade, conhece-se do recurso ordinário do reclamante.

PRELIMINAR DE NÃO CONHECIMENTO, POR INOVAÇÃO.

SUSCITADA EM CONTRARRAZÕES PELA RECLAMADA

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2.1.2. CONHECIMENTO DO RECURSO DA RECLAMADA

A Reclamada, em razões recursais, busca a concessão de efeito

suspensivo ao recurso ordinário interposto.

Pois bem.

Esta ação foi proposta em 08/01/2016, antes da entrada em vigor

da Lei nº 13.467/2017. Depreende-se da nova redação da Súmula 414, do TST, que "a

tutela provisória concedida na sentença não comporta impugnação

A Origem pronunciou a prescrição das parcelas anteriores a pela via do mandado de segurança, por ser impugnável mediante

08/01/2011. Não há recurso quanto à prescrição. recurso ordinário. É admissível a obtenção de efeito suspensivo ao

recurso ordinário mediante requerimento dirigido ao tribunal, ao

Conhece-se do recurso ordinário interposto pela reclamada, relator ou ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal recorrido,

porquanto preenchidos os pressupostos legais de admissibilidade. por aplicação subsidiária ao processo do trabalho do artigo 1.029, §

5º, do CPC de 2015".

De acordo com o art. 300 do CPC, a tutela de urgência será

concedida quando houver elementos que evidenciem a

probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado

útil do processo.

No caso em tela, encontram-se presentes os requisitos necessários

para a concessão da tutela de urgência.

2.2. PRELIMINARES

A probabilidade do direito decorre do fato de que restou

comprovada a violação do direito do Reclamante no tocante à

nulidade da dispensa, não tendo a recorrente apresentado

argumentados fáticos, a fim de serem aferidos em uma análise

sumária.

O perigo de dano também é patente, porquanto o Reclamante

estaria impedido de receber salário, verba de caráter alimentar.

Não há risco de irreversibilidade da medida, diante da inexistência

de prejuízo à Reclamada, que se beneficiará da mão de obra do

Reclamante.

Não merece ser acolhido, portanto, o requerimento da Ré de que

2.2.1. CONCESSÃO DE EFEITO SUSPENSIVO. PRELIMINAR seja concedido efeito suspensivo ao recurso ordinário interposto.

SUSCITADA PELA RECLAMADA EM RAZÕES DE RECURSO

Rejeita-se a preliminar de atribuição de efeito suspensivo ao apelo,

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formulado pela Reclamada em razões recursais. período entre 12-01-2015 até 1 (um) ano após a data do término do

seu mandato de diretor da COOPBAN, na forma do art. 55, da Lei n.

5.764/1971 c/c art. 543, parágrafo 3o, da CLT, REQUERENDO O

AUTOR SEJA DETERMINADA A SUA REINTEGRAÇÃO AO

EMPREGO NO RECLAMADO, na mesma função, local, e com a

mesma remuneração de antes da dispensa, condenando-se o

Reclamado a fazer tal reintegração, e ainda, que seja o Reclamado

condenado ao pagamento das remunerações vencidas e vincendas

do Reclamante, a serem apuradas desde a data de 24-11-2015 até

a data da efetiva reintegração do Reclamante, condenando-se o

2.2.2. PRELIMINAR DE NULIDADE DA SENTENÇA, POR Rdo também ao pagamento das parcelas de 13o salário, férias +

JULGAMENTO ULTRA PETITA, SUSCITADA EM RAZÕES DE 1/3, FGTS, PLR (Participação nos Lucros e Resultados), auxílio

RECURSO ORDINÁRIO PELA RECLAMADA refeição (cláusula 14ª), auxílio cesta alimentação (cláusula 15ª),

auxílio décima terceira cesta alimentação (cláusula 16ª), e demais

benefícios previstos nas CCT dos bancários, durante todo o período

de afastamento."

Nada obstante, aponta que o d. Juízo a quo, em sede de embargos

de declaração, determinou a inclusão da todas as parcelas de

natureza salarial recebidas pelo autor.

Esta ação foi proposta em 08/01/2016, antes da entrada em vigor Requer seja reconhecida a nulidade da decisão, no ponto.

da Lei nº 13.467/2017.

Sucessivamente, pretende a limitação aos termos postulados na

A Origem pronunciou a prescrição das parcelas anteriores a exordial.

08/01/2011. Não há recurso quanto à prescrição.

Examina-se.

Consta da inicial que o Reclamante foi admitido em 25/03/1998,

exercendo no período imprescrito a função de gerente de Segundo o sistema processual vigente, o julgador não pode, via de

atendimento (até 01/12/2011) e depois a função de gerente de regra, decidir acima (ultra petita), fora (extra petita) ou aquém (citra

relacionamento Business/Empresas, tendo sido dispensado sem petita) dos limites do pedido.

justa causa em 24/11/2015, quando recebia remuneração mensal

no valor de R$ 6.717,48 (seis mil, setecentos e dezessete reais e Nesse contexto, a teor do art. 492 do CPC/2015, é defeso ao juiz

quarenta e oito centavos). proferir sentença, a favor do Autor, de natureza diversa da pedida,

bem como condenar o Réu em quantidade superior ou em objeto

Em preliminar de recurso ordinário sustenta a Reclamada que a r. diverso do que lhe foi demandado.

decisão de Origem se trata de sentença ultra petita, na medida em

que o Julgador deferiu ao Obreiro um quantumde diferenças Corroborando tal proibição, o art. 141 do diploma processual civil

salariais decorrente da reintegração maior do que o postulado. preceitua que o magistrado deve decidir a lide nos limites em que foi

proposta, sendo-lhe defeso conhecer de questões, não suscitadas,

Nesse contexto, explica que a inicial limita as horas nos seguintes a cujo respeito a lei exige a iniciativa da parte.

termos:

Consoante ensinamento de Freddie Didier Júnior, "diz-se ultra petita

"Pede seja declarada nula a dispensa sem justa causa do Rte a decisão que (i) concede ao demandante mais do que ele pediu, (ii)

realizada pelo Reclamado na data de 24-11-2015, declarando-se analisa não apenas os fatos essenciais postos pelas partes como

que o Autor é detentor de garantia provisória no emprego no também outros fatos essenciais, ou (iii) resolve a demanda em

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relação aos sujeitos que participaram do processo, mas também em

relação a outros sujeitos não participantes." (DIDIER Jr., Freddie, in

"Curso de Direito Processual Civil", 2ª ed., Salvador: JusPODIVM,

2008. v. 02, p. 287).

No caso em tela, ao contrário do que sustenta a reclamada, verifica-

se que o Reclamante apontou, em sua peça de ingresso, de forma

genérica as parcelas de natureza salarial devida. Veja-se: 2.2.3. PRELIMINAR DE NULIDADE DA SENTENÇA, POR

CERCEAMENTO DE DEFESA, SUSCITADA EM RAZÕES DE

"(...), condenando-se o Reclamado a fazer tal reintegração, e ainda, RECURSO ORDINÁRIO PELA RECLAMADA

que seja o Reclamado condenado ao pagamento das remunerações

vencidas e vincendas do Reclamante, a serem apuradas desde a

data de 24-11-2015 até a data da efetiva reintegração do

Reclamante, (...)".

A r. sentença, neste sentido, deferiu a pretensão nos seguintes

termos:

"Assim, defiro o pedido "A" da inicial, restando mantidos os efeitos Esta ação foi proposta em 08/01/2016, antes da entrada em vigor

da concessão da tutela antecipada, devendo ser pagas as da Lei nº 13.467/2017.

remunerações vencidasdesde sua dispensa até a efetiva

reintegração." A Origem pronunciou a prescrição das parcelas anteriores a

08/01/2011. Não há recurso quanto à prescrição.

A fim de tornar mais clara a abrangência do termo remunerações,

por meio da decisão de embargos de declaração, o Juízo assim Consta da inicial que o Reclamante foi admitido em 25/03/1998,

decidiu: exercendo no período imprescrito a função de gerente de

atendimento (até 01/12/2011) e depois a função de gerente de

"O termo remuneração utilizado na sentença ao deferir a relacionamento Business/Empresas, tendo sido dispensado sem

reintegração se refere a todas as parcelas de cunho salarial justa causa em 24/11/2015, quando recebia remuneração mensal

recebido pelo autor, como for apurado em liquidação." no valor de R$ 6.717,48 (seis mil, setecentos e dezessete reais e

quarenta e oito centavos).

Do cotejo entre a inicial e a r. sentença, observa-se que não há o

alegado julgamento "além do pedido". Informou que, no período em que exerceu a função de gerente de

atendimento recebeu salário inferior ao paradigma Willian Rodrigues

Dessa forma, a r. sentença, ao condenar a Ré ao pagamento de de Oliveira, mesmo tendo exercido idênticas funções. Já, no período

diferenças de remuneração do período estabilitário até a efetiva em que foi gerente de relacionamento Business/Empresas, recebeu

reintegração, não incorreu em julgamento ultra petita. salário inferior aos paradigmas Janaina Queiroz Costa Drummond

de Aguiar e Delton Martins de Souza, mas realizava as mesmas

Dessa forma, considerando que o pedido apontado pela Recorrente atividades.

foi corretamente deduzido na inicial, não há falar em infringência ao

492 do CPC. Por isso, pugnou pelo pagamento de diferenças salariais por

equiparação salarial.

Rejeita-se a preliminar de nulidade da sentença por julgamento ultra

petita, suscitada pela Ré em razões recursais. Na audiência de instrução de Id. eea594c foi produzida prova oral,

sendo ouvida as partes, duas testemunhas indicadas pelo autor e

uma indicada pela reclamada. Especificamente quanto ao pedido de

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produção de prova oral sobre à equiparação salarial, o Juízo assim

se manifestou: Rejeita-se a preliminar de nulidade da sentença, por cerceio do

direito de defesa, suscitada pela reclamada em razões recursais.

"Requereu a reclamada a produção de prova oral acerca da

equiparação salarial tendo em vista as impugnações apresentadas

ao laudo pericial, o que foi indeferido pelos seguintes motivos: as

questões suscitadas pela ré nas impugnações são todas aferíveis

com prova documental, como fundamentado pela própria parte na

sua insurgência. Protestos do réu".

Na r. sentença a Origem se baseou na prova pericial produzida, ao

estabelecer as atividades exercidas pelo autor e pelos paradigmas,

para deferir o pedido de condenação da reclamada no pagamento

de diferenças salariais decorrente de equiparação salarial.

Nas razões recursais a reclamada alega preliminar de cerceamento

de defesa pelo indeferimento de perguntas ao autor e às

testemunhas quanto ao tema da equiparação salarial.

Analisa-se.

A Origem deixou claro na r. sentença recorrida que as atividades

laborais do autor e dos paradigmas foram consignadas pela prova 2.3. MÉRITO DO RECURSO DO AUTOR

pericial, de modo que se verificou que o reclamante tenha

desempenhado funções idênticas aos dos paradigmas, porém, com

menor remuneração.

No direito processual brasileiro, é notório que incumbe ao

Magistrado a direção do processo, devendo até mesmo afastar, em

nome da celeridade e economia processual, provas que reputem

inócuas, inúteis, irrelevantes ou desnecessárias, sem que isso

importe, necessariamente, em afronta ao amplo direito de defesa

garantido às partes (art. 370 do CPC/2015).

Trata-se da liberdade do juiz em conduzir o processo, também

prevista no artigo 765, da CLT, que estabelece a "ampla liberdade

de direção do processo" e o dever do magistrado em velar pelo

"andamento rápido das causas". 2.3.1. HORAS EXTRAS A PARTIR DA 6ª HORA DIÁRIA. ART.

224, §2º DA CLT

Nesse sentido, não se encontram fundamentos, no presente caso,

para acolher a preliminar por cerceio de defesa, haja vista à prova

pericial, além da liberdade de condução processual do julgador.

Assim, tendo em vista a devida justificativa do indeferimento das

perguntas para o autor e para as testemunhas pelo Magistrado, não

há que se falar em violação ao art. 5º, LV, da Constituição Federal.

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Relacionamento no Segmento Alta Renda ou Pessoa Jurídica e,

Esta ação foi proposta em 08/01/2016, antes da entrada em vigor ainda, inglês e espanhol intermediário" e que "o próprio Gerente,

da Lei nº 13.467/2017. caso do Reclamante, é quem elabora as propostas de concessão

de crédito no fluxo de abertura de conta corrente ou no sistema de

A Origem pronunciou a prescrição das parcelas anteriores a Elaboração, Análise e Gestão de Propostas de Crédito (ferramentas

08/01/2011. Não há recurso quanto à prescrição. da plataforma de atendimento do reclamado)", além de asseverar

que participava do Comitê de Crédito junto com o gerente geral de

Consta da inicial que o Reclamante foi admitido em 25/03/1998, agência.

exercendo no período imprescrito a função de gerente de

atendimento (até 01/12/2011) e depois a função de gerente de Por fim, asseverou que o autor recebia gratificação de função no

relacionamento Business/Empresas, tendo sido dispensado sem valor de 1/3 do salário efetivo.

justa causa em 24/11/2015, quando recebia remuneração mensal

no valor de R$ 6.717,48 (seis mil, setecentos e dezessete reais e A Origem reconheceu a validade da jornada de 08 horas do autor,

quarenta e oito centavos). na forma do art. 224, §2º da CLT, indeferindo a título de horas

extras aquelas que ultrapassassem 6ª horas diárias até a 8ª hora

Afirmou que exerceu o cargo de gerente de atendimento, desde diária.

01/01/2010 até 01/12/2011 e, posteriormente, ocupou o cargo de

gerente de relacionamento Business/Empresasaté a data da Em razões recursais o autor renovou sua pretensão.

dispensa.

Sem razão.

Relatou que no período entre 01/12/2011 a 24/11/2015, e que pese

exercer a função de gerente de relacionamento Business/Empresas, Cumpre perquirir se a autora estava inserida na exceção do art.

foi submetido a jornada de trabalho de 8h diárias. No entanto, 224, §2º, da CLT.

destacou que "não ocupou cargo de gerência estrita, ou seja, não

ocupou cargo de confiança bancária nos moldes do art. 224, É incontroverso que recebia gratificação de função superior a um

parágrafo 2º, da CLT". terço do valor do cargo efetivo, já que percebia salário base de R$

3.679,51 (três mil, seiscentos e setenta e nove reais e cinquenta e

Pugnou pela descaracterização da jornada de 08 horas, tendo em um centavos) acrescido de gratificação de função no valor de R$

vista que não possuía subordinados ou poder de fiscalização, não 2.068,19 (dois mil e sessenta e oito reais), conforme ficha financeira

exercia função de chefia e tampouco provido de fidúcia especial e, de Id. 43e5f58 - Pág. 11.

paralelamente, o reconhecimento das horas extras a partir da 6ª

hora diária. Quanto às tarefas propriamente ditas, não é possível afirmar que o

autor exercia mera atividade técnica de assessoramento ou mesma

Em contestação a Reclamada sustentou que "em 01.12.2011 o fidúcia conferida a empregados que, de fato, exerciam tarefas de

Reclamante passou para o cargo de Gerente de Relacionamento simples assessoria ou suporte bancário.

Empresas/Business I e em 01.12.2014 passou para o cargo de

Gerente de Relacionamento Empresas/Business II". O reclamante admite na inicial que era o responsável por substituir

o gerente geral de agência, bem como pleiteou equiparação salarial

Afirmou que "o cargo de Gerente de Relacionamento Business, com o gerente de Gerente de Relacionamento Business Sr. Delton

possui grande fidúcia, pois é responsável por conquistar novos e Sra. Janaína, sob o fundamento de que detinha as mesmas

clientes e prestar atendimento aos atuais, no Segmento de Pessoa atribuições e poderes do cargo, sendo elas: "atendimento a clientes,

Jurídica Business com faturamento anual até 1 milhão de reais venda de produtos e serviços do banco, e administrava uma carteira

(Gerente de Relacionamento Empresas I) e entre 1 e 6 milhões de de clientes do segmento de pessoa jurídica (empresas)".

reais (Gerente de Relacionamento Empresas II) , com o objetivo de

aumentar a sua carteira de clientes junto ao mercado. Para tanto, Ademais, o laudo pericial de Id. ca6ab49 constatou que o autor,

era exigido que ele tivesse 2 anos de experiência como gerente de além de participar de comitê de crédito, exercia as seguintes

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atribuições como Gerente de Relacionamento Business: Banco.

"11. Informe o i. Perito, à título exemplificativo, os clientes que eram Prospectar e dar aceite a propostas de investimentos dos clientes

atendidos de sua carteira.

pelo Gerente de Relacionamento Business I. Acompanhar e cobrar operações de seus clientes com operações

de crédito vencidas.

Resposta: Com relação a função de Gerente de Relacionamento

Business I, temos que a mesma visava manter a carteira de clientes Acompanhar a performance de negócios de seus clientes, visando

pessoas jurídicas sob sua responsabilidade, bem como de seus identificar eventuais problemas, que possam interferir nos

respectivos sócios, identificando suas necessidades e assegurando resultados do Banco.

a satisfação dos mesmos com relação aos serviços e produtos

disponibilizados pelo Banco. Analisar as operações de empréstimo dos clientes de sua carteira,

conforme os parâmentros definidos pela política de concessão de

Conquistar novos clientes visando aumentar sua carteira junto ao crédito.

mercado alvo, vendendo produtos e serviços da instituição.

Aprovar e cadastrar limites de crédito (inclusive participação no

Propor o desenvolvimento de negócios de seus clientes, de acordo comitê de crédito da agência).

com as normas e procedimentos operacionais estabelecidos pelo

Banco. Zelar pelo atendimento personalizado de seus clientes, visando

assegurar o nível de qualidade diferenciado de serviços prestados

Acompanhar e cobrar operações de seus clientes com operações pelo Banco.

de crédito vencidas.

13. Com base nos quesitos anteriores é possível afirmar, que a

Acompanhar a performance de negócios de seus clientes, visando atividade exercida pelo Reclamante era compatível com o dos

identificar eventuais problemas, que possam interferir nos paradigmas?

resultados do Banco e Zelar pelo atendimento personalizado de

seus clientes, visando assegurar o nível de qualidade diferenciado Resposta: Afirmativo.

de serviços prestados pelo Banco.

(...)

12. Informe o i.Perito, à título exemplificativo, os clientes que eram

atendidos 18. Informe o I. Perito quais os locais de trabalho e os cargos

exercidos pelos

pelo Gerente de Relacionamento Business II.

paradigmas e seus respectivos períodos e salários?

Resposta: E com relação ao gerente de relacionamento business II,

temos que o mesmo tinha como dever: manter a carteira de clientes Resposta: As agências as quais laboram o reclamante e

pessoas jurídicas sob sua responsabilidade, identificando suas paradigmas, são situadas na grande Vitória, como segue:

necessidades e assegurando a satisfação dos mesmos com relação

aos serviços e produtos disponibilizados pelo Banco. O reclamante trabalhou na agência de Vitória situada na Avenida

Princesa Isabel sendo que em 01/12/2011 foi transferido para a

Conquistar novos clientes visando aumentar sua carteira junto ao Agência de Jardim da Penha, Vitória/ES. Em 01/07/2014 o autor foi

mercado alvo, vendendo produtos e serviços da instituição. novamente transferido para a Agência da Praça Costa Pereira

situada em Vitória/ES.

Propor o desenvolvimento de negócios de seus clientes, de acordo

com as normas e procedimentos operacionais estabelecidos pelo O paradigma Willian Rodrigues de Oliveira trabalhou na agência da

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Costa Pereira, até a demissão.

O paradigma Janaína Queiroz trabalhou na Agência da Enseada do

Suá, sendo que em 01/06/2014 foi transferida para a Agência da

Praia do Canto.

2.3.2.HORAS EXTRAS A PARTIR DA 8ª HORA DIÁRIA

Contrato de trabalho ativo, hoje em Jucutuquara;

O paradigma Delton Martins de Souza trabalhava na Agência de

Laranjeiras sendo que em 01/05/2015 foi transferido para o PV

Vitória.

E quanto aos cargos e salários, já foram respondidos por este

Perito, vide respostas dadas aos quesitos do reclamante. Contudo,

em caso de eventual procedência do pleito de equiparação salarial, Esta ação foi proposta em 08/01/2016, antes da entrada em vigor

serão apuradas as diferenças salariais devidas, ocasião em que da Lei nº 13.467/2017.

serão demonstrados mês a mês os valores recebidos pelos

mesmos". A Origem pronunciou a prescrição das parcelas anteriores a

08/01/2011. Não há recurso quanto à prescrição.

Neste passo, tem-se que o próprio teor da inicial e o laudo pericial

comprovam a realidade fática vivenciada pelo autor no exercício da Consta da inicial que o Reclamante foi admitido em 25/03/1998,

função de gerente de Relacionamento Business, com atribuições exercendo no período imprescrito a função de gerente de

diferenciadas ao simples cargo efetivo bancário. atendimento (até 01/12/2011) e depois a função de gerente de

relacionamento Business/Empresas, tendo sido dispensado sem

Extrai-se, portanto, da prova pericial que o autor possuía maiores justa causa em 24/11/2015, quando recebia remuneração mensal

responsabilidade do que os empregados comuns, já que era no valor de R$ 6.717,48 (seis mil, setecentos e dezessete reais e

responsável por toda a prestação de serviços bancários para aquela quarenta e oito centavos).

linha de clientela e participava de comitê de crédito junto com a

gerente geral de agência, sendo que eventualmente substituía o Afirmou que exerceu o cargo de gerente de atendimento, desde

próprio gerente geral. 01/01/2010 até 01/12/2011 e, posteriormente, ocupou o cargo de

gerente de relacionamento Business/Empresasaté a data da

Assim, tendo em vista que o autor se encontrava imbuído de uma dispensa.

fidúcia que o colocava em patamar diferenciado dos demais

empregados da agência, inclusive refletindo em sua remuneração, Relatou que, no período entre 01/01/2010 até 24/11/2015, cumpria

entende-se que estava inserido na exceção do art. 224, §2º, da jornada de trabalho de 8h às 20h, de segunda a sexta-feira, com

CLT, sendo indevidas como extras as horas posteriores à 6ª diária. intervalo de 30 minutos para refeição.

Por fim, diante da manutenção da sentença de improcedência, por Pugnou o pagamento de horas extras não anotadas nos controles

decorrência lógica, não há falar em aplicação do divisor 180 para o de frequência.

cálculo das horas extras.

Em contestação, a reclamada defende a validade dos controles de

Nega-se provimento. ponto, tendo destacado que eventuais horas extras eram

devidamente quitadas.

A Origem julgou parcialmente procedentes os pedidos sob o

seguinte fundamento:

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 378
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maioria das vezes, o depoente ia embora antes do reclamante; que

"A reclamada junta os cartões de ponto que apontam o labor fazia entre 20/30 minutos de refeição; que ninguém parava 1 hora

extraordinário bem como os contracheques que também apontam o de intervalo; que era obrigado a bater o ponto antes da partida

pagamento de horas extras. porque se tivesse uma quantidade de horas extras muito grande, a

agência era penalizada; que o gestor orientava a bater o ponto e

(...) fazer outros trabalhos como ligação para cliente, arquivar contratos,

preenchimento de contas, ligação para ofertas de produtos; que

Em depoimento pessoal, o reclamante disse que a média de horas depois que dava baixa no sistema, não tinha como acessar o

de trabalho entre gerente de atendimento e relacionamento era a sistema depois de fechar o ponto; que fazia serviços internos; que

mesma; que chegava Às 7:50/8:00 hs na agência e saia às

19:30/20hs; que parava 20/30 minutos para almoçar, dentro da A primeira testemunha da reclamada disse que trabalha no banco

agência; que a última agência por qual passou tinha 5 gerentes de desde janeiro de 2013; que inicialmente trabalhou na agencia da

relacionamentos; que havia um revezamento para não saírem todos Enseada e no final de outubro/novembro de 2013 passou a

ao mesmo tempo. trabalhar na agencia de Jardim da Penha; que o reclamante já

estava trabalhando na agencia de Jardim da Penha quando

Em depoimento pessoal, a preposta da reclamada disse que o começou a trabalhar lá; que exercia a função de assistente de

reclamante fazia jornada de 9hs às 18hs, com 1 hora de almoço; empresa; que chegava na agência às 9hs; que quando chegava,

que se extrapolasse esse horário, era registrado no cartão de ponto. acontecia do reclamante estar na agencia ou visitando cliente; que

saia as 18hs; que o sistema não permite que se trabalhe depois das

A primeira testemunha indicada pelo reclamante disse que 18hs; que acontecia de ir embora e deixar o reclamante trabalhando

trabalhou no banco até 2014; que trabalhou com o reclamante na ainda; que tem 1 hora de intervalo; que é possível o funcionário

agencia princesa Isabel; que saiu desta agência no ano de 2011; fazer um ajuste no ponto, se prolongar o horário depois de uma

que era gerente de careira; que chegava para trabalhar as 8hs e visita; que na época batia ponto na própria agente; que é gerente de

saia em média 20hs/20:30hs; que o reclamante fazia normalmente empresa desde setembro de 2014; que não tem conhecimento de

os mesmos horários; que fazia 20/30 minutos de almoço e retornava haver um ranking das agencias em que aferida a quantidade de

para trabalhar; que o reclamante também fazia o mesmo horário; horas extras; que nunca foi orientado no sentido de não marcar o

que nessa agencia tinham uns 5/6 gerentes de relacionamento; que ponto corretamente; que o empregado que não registra

não podia revezar enquanto tinha cliente para atender; que o ponto corretamente o ponto, é punido; que o sistema

era eletrônico; que na grande maioria, não era marcado

corretamente o cartão de ponto; que a agencia era punida se rígido de ponto passou a existir há dois/três anos para cá; que

houvesse muitas horas extras dos funcionários, então era cobrados poderia acontecer do gerente estar ainda em visita externa depois

para que não marcassem mais horas em razão de um ranking entre das 20hs.

as agencias; que batia o ponto e continuava trabalhando; que

mesmo com o ponto fechado, não impedia de trabalhar, não As testemunhas ouvidas confirmam a realização de horas extra,

bloqueava; que era orientada a não marcar horas extras, mas o além do anotado no cartão de ponto, somente do marco

gerente sabia que faziam horas extras; que o chefe dela e do prescricional até a data de dispensa da testemunha Yuri Bussular

reclamante era o gerente geral, Sr. Eduardo; que chegavam e-mails Seixas, como apurado em liquidação. A testemunha arrolada pela ré

mostrando quais funcionários mais faziam horas extras e nas não se presta para confrontar tal assertiva, pois relata que o horário,

reuniões diárias era exposto que não poderia gerar horas extras. além de atestar que o sistema mais rígido de controle de ponto

somente passou a valer após o fim do contrato de trabalho do

A segunda testemunha indicada pelo reclamante disse que reclamante (dois/três anos para cá).

trabalhou de 2007 a 2012 no banco; que trabalhou na agencia de

jardim da penha com o reclamante; que quando o reclamante Tendo por base a prova fixo a jornada média de trabalho do autor

chegou, o depoente já trabalhava lá; que era assistente PJ; que no período como sendo das 8:30 às 19:00, sempre com 30 minutos

chegava entre 8h/8:30hs na agencia e normalmente o reclamante de intervalo.

chegava primeiro; que ia embora em média às 19:30hs; que a

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 379
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Desta forma, procede parcialmente o pleito de horas extras, no extraordinárias, e à ré incumbe a prova de fatos impeditivos,

montante a ser apurado em liquidação, sendo extra o labor após a modificativos ou extintivos do direito do autor.

8ª hora diária, do período imprescrito até a data de dispensa da

testemunha Yuri Bussular Seixas.". Sabe-se que, especificamente em relação às horas extras, a

jurisprudência tem dado um tratamento diferenciado, especialmente

Recorre o autor pretendendo a reforma da limitação temporal das em razão da dificuldade que os empregados encontram em

horas extras a partir da 8ª diária, sucessivamente o afastamento da comprovar eventuais horas extraordinárias prestadas. Neste

OJ 415 da SDI-I do TST. sentido, o verbete nº 338 da súmula do E. TST:

Pois bem. "JORNADA DE TRABALHO. REGISTRO. ÔNUS DA PROVA

(incorporadas as Orientações Jurisprudenciais nºs 234 e 306 da

O art. 224, §2º, da CLT estabelece que a jornada de seis horas SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005

diárias não se aplica aos que exercem funções de direção,

gerência, fiscalização, chefia e equivalente ou que desempenhem I - É ônus do empregador que conta com mais de 10 (dez)

outros cargos de confiança, desde que o valor da gratificação não empregados o registro da jornada de trabalho na forma do art. 74, §

seja inferior a 1/3 do salário do cargo efetivo. 2º, da CLT. A não-apresentação injustificada dos controles de

freqüência gera presunção relativa de veracidade da jornada de

Na inicial o autor informa que, durante todo o período imprescrito trabalho, a qual pode ser elidida por prova em contrário. (ex-Súmula

exerceu a função de gerente de atendimento (até 01/12/2011) e nº 338 - alterada pela Res. 121/2003, DJ 21.11.2003)

depois a função de gerente de relacionamento Business/Empresas,

tendo destacado que no período entre 01/01/2010 até 24/11/2015, II - A presunção de veracidade da jornada de trabalho, ainda que

cumpria jornada de trabalho de 8h às 20h, de segunda a sexta-feira, prevista em instrumento normativo, pode ser elidida por prova em

com intervalo de 30 minutos para refeição. contrário. (ex-OJ nº 234 da SBDI-1 - inserida em 20.06.2001)

Outrossim, inconteste que o autor se enquadra na exceção prevista III - Os cartões de ponto que demonstram horários de entrada e

no §2º do art. 224 da CLT, mormente porque recebia um adicional saída uniformes são inválidos como meio de prova, invertendo-se o

superior a 1/3 do seu salário base. ônus da prova, relativo às horas extras, que passa a ser do

empregador, prevalecendo a jornada da inicial se dele não se

A par disso, o autor estava submetido a jornada de 8 horas diárias, desincumbir. (ex-OJ nº 306 da SBDI-1- DJ 11.08.2003)"

mediante controle de frequência, que foram impugnados pelo autor.

In casu, a ré cumpriu o art. 74, §2º, da CLT, colacionando aos autos

Acerca do ônus da prova, assim dispõem os artigos 818 da CLT e os registros de horários cumpridos pelo autor (Id. 1e367ce), mas

373 do CPC: impugna o cumprimento de horas extras não anotadas, afirmando

que, quando eventualmente prestadas, houve efetivo pagamento.

"Art. 818. A prova das alegações incumbe à parte que as fizer."

Da prova oral produzida, verifica-se que as duas testemunhas do

" Art. 373. O ônus da prova incumbe: autor comprovam que o autor constantemente realizava horas

extras sem a devida anotação no controle de frequência, inclusive

I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; sob pena de punição.

II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou A primeira testemunha do autor, que somente trabalhou no banco

extintivo do direito do autor." até o ano de 2014, relatou que: que o ponto era eletrônico; que na

grande maioria, não era marcado corretamente o cartão de ponto;

Como se nota, segundo a regra geral de repartição do ônus que a agencia era punida se houvesse muitas horas extras dos

probatório, compete ao reclamante a prova dos fatos constitutivos funcionários, então era cobrados para que não marcassem mais

do seu direito, qual seja, a efetiva prestação de horas horas em razão de um ranking entre as agencias; que batia o ponto

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e continuava trabalhando; que mesmo com o ponto fechado, não Por fim, quanto ao pleito sucessivo de afastamento da OJ 415 da

impedia de trabalhar, não bloqueava; que era orientada a não SDI-I do TST, tem-se que as horas devem ser apuradas levando-se

marcar horas extras, mas o gerente sabia que faziam horas extras; em conta o período de efetivo trabalho acida da 8ª hora diária no

que o chefe dela e do reclamante era o gerente geral, Sr. Eduardo; período indicado na sentença em relação às horas pagas como

que chegavam e-mails mostrando quais funcionários mais faziam extras no contracheque. Logo, não há razão que justifique o

horas extras e nas reuniões diárias era exposto que não poderia afastamento da OJ 415 da SDI-I do TST.

gerar horas extras.

Nega-se provimento.

A segunda testemunha do autor, que trabalhou no banco até o ano

de 2012, também informou que: que era obrigado a bater o ponto

antes da partida porque se tivesse uma quantidade de horas extras

muito grande, a agência era penalizada; que o gestor orientava a

bater o ponto e fazer outros trabalhos como ligação para cliente,

arquivar contratos, preenchimento de contas, ligação para ofertas

de produtos; que depois que dava baixa no sistema, não tinha como

acessar o sistema depois de fechar o ponto; que fazia serviços

internos.

2.3.3. INTERVALO INTRAJORNADA SUPRIMIDO

Ainda assim, a única testemunha da reclamada, embora tenha

relatado sobre a veracidade o controle de jornada, confirmou que "o

sistema mais rígido de controle de ponto somente passou a valer

após o fim do contrato de trabalho do reclamante", como bem

destacado pela Origem.

Logo, as três testemunhas ouvida no processo confirmam que, ao

tempo da vigência do contrato de trabalho do autor, os controles de

ponto se mostravam inverídicos, destoando na real jornada O reclamante busca a reforma da sentença para que seja

vivenciada pelo reclamante. condenado o reclamado no pagamento de uma hora extra a título

de intervalo intrajornada suprimido por todo o período de trabalho

Por esta razão, tem-se que o autor apenas comprovou labor acima imprescrito, sem limitação.

da 8ª diária durante o período em que trabalhou com as

testemunhas arroladas, sendo que a primeira testemunha indicada Pois bem.

pelo reclamante disse que trabalhou no banco até 2014 e a

segunda testemunha indicada pelo reclamante disse que trabalhou As duas testemunhas do autorouvidas confirmam a supressão do

de 2007 a 2012 no banco. intervalo intrajornada.

Vê-se, então, que o reclamante não se desincumbiu do onus De outro lado, a única testemunha da reclamadaafirma que goza de

probandiprevisto no art. 818 da CLT e no art. 333, inciso I, da CLT, 1 hora de intervalo.

posto que não comprovou o fato constitutivo de seu direito.

A par da divergência de depoimentos, tem-se que o fato de a

Nesse passo, para fins de apuração de horas extras a partir da 8ª testemunha da reclamada continuar trabalhando para o banco réu

hora diária, correta a sentença que limitou as horas extras até a demonstra a fragilidade de seu depoimento quanto à supressão do

data de dispensa da testemunha Yuri Bussular Seixas. intervalo intrajornada.

Portanto, a sentença deve mantida. Com efeito, deve preponderar o relato das duas testemunhas do

autor, principalmente porque a primeira testemunha exercia a

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mesma função do autor (gerente), tendo, por isso, melhores

condições para relatar os acontecimentos realmente vivenciados

durante o trabalho.

Desta forma, as duas testemunhas do autor comprovam a

supressão do intervalo intrajornada pelo autor, como bem

fundamentado pela Origem. Esta ação foi proposta em 08/01/2016, antes da entrada em vigor

da Lei nº 13.467/2017.

Por esta razão, tem-se que o autor apenas comprovou a supressão

do intervalo intrajornada durante o período em que trabalhou com A Origem pronunciou a prescrição das parcelas anteriores a

as testemunhas arroladas, sendo que a primeira testemunha 08/01/2011. Não há recurso quanto à prescrição.

indicada pelo reclamante disse que trabalhou no banco até 2014 e a

segunda testemunha indicada pelo reclamante disse que trabalhou Consta da inicial que o Reclamante foi admitido em 25/03/1998,

de 2007 a 2012 no banco. exercendo no período imprescrito a função de gerente de

atendimento (até 01/12/2011) e depois a função de gerente de

Vê-se, então, que o reclamante não se desincumbiu do onus relacionamento Business/Empresas, tendo sido dispensado sem

probandiprevisto no art. 818 da CLT e no art. 333, inciso I, da CLT, justa causa em 24/11/2015, quando recebia remuneração mensal

posto que não comprovou o fato constitutivo de seu direito. no valor de R$ 6.717,48 (seis mil, setecentos e dezessete reais e

quarenta e oito centavos).

Nesse passo, para fins de apuração de horas extras decorrente da

supressão do intervalo intrajornada, correta a sentença que limitou Afirmou que exerceu o cargo de gerente de atendimento, desde

as horas extras até a data de dispensa da testemunha Yuri Bussular 01/01/2010 até 01/12/2011 e, posteriormente, ocupou o cargo de

Seixas. gerente de relacionamento Business/Empresasaté a data da

dispensa.

Portanto, a sentença deve mantida.

O reclamante alegou na inicial sempre foi extremamente dedicado

Por fim, quanto ao pleito sucessivo de afastamento da OJ 415 da ao réu, mas que isto não lhe poupou de diversos momentos em que

SDI-I do TST, tem-se que as horas devem ser apuradas levando-se serem violados seus valores imateriais, pois a cobrança de metas

em conta o período de efetivo trabalho acida da 8ª hora diária no era realizada de forma insistente e ameaçadora, em reuniões e e-

período indicado na sentença em relação às horas pagas como mails, tendo trabalhado excessivamente.

extras no contracheque. Logo, não há razão que justifique o

afastamento da OJ 415 da SDI-I do TST. O reclamante postulou que fosse reconhecido o dano moral sofrido

e fixada uma indenização equivalente a R$ 100.000,00 (cem mil

Nega-se provimento. reais).

O reclamado alegou, em contestação, que os fatos alegados pelo

reclamante não poderiam ser qualificados como desrespeitosos e

nem acarretam danos passíveis de indenização, não se detectando

qualquer atitude que pudesse acarretar a violação à esfera moral do

reclamante.

O Juízo de Primeiro Grau entendeu que o réu não atuou com abuso

de direito ao efetuar metas comprovadamente não excessivas pela

2.3.4. DANOS MORAIS. METAS prova oral.

O reclamante recorre alegando que os depoimentos colhidos

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comprovam com cristalinidade todo o abuso cometido. punição ou comportamento ofensivo e reiterado de perseguição

pela reclamada.

Sem razão.

Veja-se o depoimento do autor:

A reparabilidade do dano moral, após o advento da Constituição de

1988, tornou-se inegável, estando expressamente prevista em seu "que no banco era uma constante a cobrança de metas

artigo 5º, incisos V e X, como garantia do indivíduo. inalcançável; que as metas eram distribuídas ao gerente da agencia

e tinha que entregar essas metas; que tinha um ranking com seus

Todos os indivíduos são dotados de uma esfera de cunho pessoal e números e produções e coloca o empregado na fila; que esse

abstrato que constitui a face moral e subjetiva dos seres humanos. ranking eram distribuídos entre os funcionários; que tinha trimestre

Por consubstanciar importante parcela da totalidade humana, que atingia metas e outros não, o que gerava uma cobrança do

referida esfera merece a proteção da ordem jurídica contra gerente da agencia e do regional; que tinham reuniões

atentados que provoquem sua deterioração. quinzenalmente em que eram prestadas contas para o

superintendente na frente dos outros funcionários da agência do

Nesse sentido, serve de fundamento para o pedido de indenização mesmo segmento; que os gerentes gerais que o reclamante

por danos morais a angústia, aflição e amargura experimentada de substituiu utilizavam de um pouco de rigor para cobrar as metas".

maneira particular pelo ser humano, cingindo-se, portanto, ao

âmbito subjetivo de cada pessoa. Sendo assim, do próprio relato do autor não se extrai qualquer

comportamento ofensivo reiterado no tempo para caracterização do

O dano moral constituiu lesão que aflige a esfera mais íntima dos assédio moral.

indivíduos e sua ocorrência não pode ser confundida com

contrariedades típicas das relações sociais e contratuais às quais Logo, despicienda é a análise das provas testemunhais, diante da

estão sujeitos os seres humanos. confissão do autor.

Não obstante ocorrer na esfera subjetiva do indivíduo, não deve ser Destaque-se, também, que o autor não juntou aos autos os e-mails

olvidado que a aferição de seu acontecimento deve pautar-se por que alega ter recebido para comprovar as cobranças abusivas por

linhas objetivas, a fim de estabelecer um parâmetro apreciável com metas.

certo distanciamento. Ou seja, a indenização por danos morais é

devida quando o relato de uma situação fática indique para o Assim, o que se extrai do conjunto probatório é que o reclamante

julgador a ocorrência de desrespeito à dignidade da pessoa trabalhou em um ambiente de trabalho onde existia muito serviço e

humana. Dessa forma, mesmo o magistrado não podendo sentir ou havia metas a cumprir, mas não houve tratamento ofensivo ou

mensurar de maneira tangível o sofrimento do reclamante, referida desrespeitoso reiterado no tempo para cumprimento de metas.

angústia pode ser inferida.

Desse modo, ainda que o reclamante tenha trabalhado em um setor

Pois bem. com muito serviço para fazer e metas para cumprir, não está

demonstrado que houve o alegado ato ilícito.

Não foi demonstrada a alegação autoral de que a cobrança para o

cumprimento das metas era realizada de forma insistente e Portanto, é mantida a sentença quanto ao indeferimento do pedido

ameaçadora e que havia excesso de trabalho, sendo submetido a de indenização por dano moral.

grande pressão e muito menos qualquer ato de perseguição do

autor. Nega-se provimento.

Neste passo, o próprio reclamante, em seu depoimento pessoal,

não informou qualquer ato abusivo da reclamada, apenas relatou

que havia cobrança de metas e que esta era alcançada em

determinados trimestres, sendo que não apontou nenhum tipo de

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A Origem julgou parcialmente procedente o pedido, nestes termos:

"Se o empregador exige do empregado a utilização de veículo

2.3.5. DESPESAS COM VEÍCULO. MAJORAÇÃO particular, como instrumento essencial ao desempenho de suas

atividades, deve ressarci-lo pelas despesas efetuadas, uma vez que

o ônus do empreendimento não pode ser a ele transferido, nos

termos do art.2º da CLT.

O conjunto dos depoimentos deixa claro que a ré não só admitia

como incentivava o uso do veículo próprio pelos Gerentes de

Relacionamento em razão das visitas externas, fato ordinário tendo

em vista que facilita o contato com os clientes, além da própria

Esta ação foi proposta em 08/01/2016, antes da entrada em vigor testemunha da ré confirmar que não era visitas utilizando-se de

da Lei nº 13.467/2017. transporte público regular.

A Origem pronunciou a prescrição das parcelas anteriores a Assim, resta resguardado seu direito ao ressarcimento dos

08/01/2011. Não há recurso quanto à prescrição. desgastes pelo uso do seu veículo, não promovido pelo banco

reclamado.

Consta da inicial que o Reclamante foi admitido em 25/03/1998,

exercendo no período imprescrito a função de gerente de (...)

atendimento (até 01/12/2011) e depois a função de gerente de

relacionamento Business/Empresas, tendo sido dispensado sem Desta feita, considerando que o veículo era usado em 3/4 visitas

justa causa em 24/11/2015, quando recebia remuneração mensal diárias no mês, defiro o valor de mensais, a título de indenização

no valor de R$ 6.717,48 (seis mil, setecentos e dezessete reais e pelo meio salário mínimo à época, uso do veículo, a partir de

quarenta e oito centavos). 01/12/2011, quando o reclamante se tornou Gerente de

Relacionamento até 24/11/2015, conforme limitado no pedido.".

Afirmou que exerceu o cargo de gerente de atendimento, desde

01/01/2010 até 01/12/2011 e, posteriormente, ocupou o cargo de Em razões recursais o autor pugna pela majoração do valor da

gerente de relacionamento Business/Empresasaté a data da indenização, "requerendo seja arbitrado o valor de R$ 82,00 (oitenta

dispensa. e dois reais) por dia trabalhado a título de indenização, durante todo

o período entre 01-12- 2011 a 24-11-2015, conforme postulado no

Relatou que, durante o período que exerceu a função de Gerente de pedido da alínea "K" da peça inicial".

Relacionamento Business e Empresas, e, inclusive, como condição

para trabalhar, o autor deveria possuir veículo próprio, sendo que o Pois bem.

mesmo colocou o seu automóvel à disposição do Réu, a fim de que

fosse utilizado na execução de suas atividades laborais (visitas a Com efeito, parte-se do princípio de que havendo a exigência de

clientes). utilização de veículo para visitar clientes, sem o regular

ressarcimento dos gastos, reputa-se devida a indenização pelo

Pugnou pela condenação da Reclamada no ressarcimento das ilícito praticado, uma vez que o empregador, em abuso do poder

despesas com veículo no importe de "R$ 82,00 (oitenta e dois reais) diretivo, transferiu ao trabalhador os riscos da atividade econômica,

por dia trabalhado pelo Rte, de segunda a sexta-feira, no período em violação ao art. 2º da CLT.

entre 01-12-2011 a 24-11-2015, ou, requer o Rte, de forma

sucessiva (art. 289 do CPC), que seja o Réu condenado a indenizá- No caso dos autos as testemunhas do autor comprovam que as

lo pelo uso de seu veículo próprio em favor do contrato de trabalho, visitas a clientes também eram realizadas por meio de veículo

em qualquer outro valor a ser arbitrado por V. Exa.". próprio, tendo a testemunha da ré relatado que não se fazia uso de

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transporte público regular, fato que demonstram que a utilização do De início, frisa-se que, embora a Lei n. 13.467/2017 tenha inserido o

veículo do autor como ferramenta de trabalho, de forma obrigatória. § 7º ao art. 879 da CLT, segundo o qual a atualização dos créditos

decorrentes de condenação judicial será feita pela TR, referido

Ademais, quanto ao valor arbitrado pela Origem de meio salário preceito faz remissão expressa à Lei n. 8.177/1991. Vejamos:

mínimo, endente-se que este se mostra proporcional aos dias de

efetivo uso para visitações aos clientes, ou seja, este era utilizado A atualização dos créditos decorrentes de condenação judicial será

por apenas 3/4 visitas diárias no mês. feita pela Taxa Referencial (TR), divulgada pelo Banco Central do

Brasil, conforme a Lei no 8.177, de 1o de março de 1991. (sem

Portanto, o valor arbitrado pela na sentença a quoobservou os dias grifos no original)

de efetiva utilização do veículo como instrumento de trabalho.

Desse modo, percebe-se que a força normativa do § 7º do art. 879

Sendo assim, nada a modificar neste particular. da CLT está subordinada à eficácia do art. 39 da Lei n. 8.177/1991,

por expressa disposição legal.

Nega-se provimento.

Inclusive, nesse sentido, é o entendimento da 8ª Turma do TST:

AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA.

EXECUÇÃO. CORREÇÃO MONETÁRIA DOS CRÉDITOS

TRABALHISTAS. ÍNDICE APLICÁVEL. Consoante entendimento

adotado pela 8ª Turma, com base na decisão do Tribunal Pleno

desta Corte Superior (TST-ArgInc - 479-60.2011.5.04.0231 e ED-

ArgInc - 479-60.2011.5.04.0231), na correção dos créditos

trabalhistas, aplica-se a TR até 24/3/2015 e o IPCA a partir de

2.3.6. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. ÍNDICE 25/3/2015. Esta Turma considera, ainda, entendimento a que me

submeto por disciplina judiciária, que o art. 879, § 7º, da CLT perdeu

a sua eficácia normativa, em face da declaração de

inconstitucionalidade parcial do art. 39 da Lei nº 8.177/91, na

medida em que o dispositivo da legislação esparsa conferia

conteúdo à norma da CLT, tendo em vista a adoção de fórmula

remissiva pelo legislador.Agravo de instrumento conhecido e não

provido. (TST-AIRR-20869-47.2016.5.04.0014, 8ª Turma, Relatora:

Ministra Dora Maria da Costa, Data da Publicação: 29/03/2019) -

A sentença assim determinou: sem grifos no original

"Juros e correção monetária na forma da Lei 8177/91, observando- Com efeito, simplesmente, referido dispositivo é inaplicável em

se que a correção monetária relativa aos débitos trabalhistas é razão do esvaziamento da sua força normativa, decorrente de

devida a partir do mês subsequente ao do vencimento da prestação expressa disposição legal, uma vez que está subordinado à eficácia

de serviços, a partir do dia 1º, conforme Súmula 381 do C.TST, do art. 39 da Lei n. 8.177/1991.

exceto quanto a eventual condenação em danos morais, que deve

seguir a excepcionalidade estabelecida na Súmula 439 do TST". Ademais, importante ressaltar que, no dia 10/10/2019, o Pleno

deste Regional declarou a inconstitucionalidade do referido

Em razões recursais o autor, no tocante à atualização monetária, dispositivo (§7º do art. 879 da CLT), nos autos do Processo n.

pugnou pela utilização do IPCA-E. 0000552-39.2018.5.17.0000, de arguição de inconstitucionalidade.

Vejamos:

Pois bem.

ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DO §7º DO ARTIGO

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 385
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

879 DA CLT. APLICAÇÃO DA TAXA REFERENCIAL (TR) COMO (TR), nos termos da Emenda Constitucional nº 62/2009, até

FATOR DE ATUALIZAÇÃO DOS CRÉDITOS TRABALHISTAS 25.03.2015, data após a qual (i) os créditos em precatórios deverão

DECORRENTES DE CONDENAÇÃO JUDICIAL. No julgamento ser corrigidos pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial

ArgInc - 479-60.2011.5.04.0231, o Tribunal Superior do Trabalho, (IPCA-E) e (ii) os precatórios tributários deverão observar os

acompanhando o entendimento do c. Supremo Tribunal Federal no mesmos critérios pelos quais a Fazenda Pública corrige seus

julgamento da ADI nº. 4357 e do RE 870.947/SE, declarou créditos tributários; e 2.2.) ficam resguardados os precatórios

inconstitucional a atualização dos valores pela Taxa Referencial expedidos, no âmbito da administração pública federal, com base

(TR), índice previsto no artigo 39 da Lei 8.177/1991. Por se tratar de nos arts. 27 das Leis nº 12.919/13 e Lei nº 13.080/15, que fixam o

mera renovação do texto do artigo 39 da Lei nº. 8.177/1991 - cuja IPCA-E como índice de correção monetária.

inconstitucionalidade fora declarada não sob o aspecto formal, mas

sob a ótica material, impõe-se que o §7º do artigo 897 da CLT, Poucos meses depois, em razão da decisão do STF, o TST acolheu

trazido pela Lei nº. 13.467/17, seja expungido do ordenamento incidente de inconstitucionalidade suscitado pela sua 7ª Turma e

jurídico, não se coadunando materialmente com o texto da definiu o Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E)

Constituição da República, a qual assegura o direito fundamental de como fator de atualização a ser utilizado na tabela de atualização

propriedade e a plena efetividade das decisões judiciais. monetária na Justiça do Trabalho, senão vejamos:

Logo, a discussão acerca da aplicação da TR ou do IPCA-E como ACORDAM os Ministros do Tribunal Superior do Trabalho, em sua

índice de atualização dos créditos judiciais trabalhistas continua composição plenária, I) por unanimidade: a) acolher o incidente de

girando em torno da constitucionalidade do art. 39 da Lei n. inconstitucionalidade suscitado pela eg. 7ª Turma e, em

8.177/1991 e seus desdobramentos junto ao STF e ao TST. consequência, declarar a inconstitucionalidade por arrastamento da

expressão "equivalentes à TRD", contida no caput do artigo 39 da

Pois bem. Esclarecidas as razões da inaplicabilidade do § 7º do art. Lei n° 8.177/91; b) adotar a técnica de interpretação conforme a

879 da CLT, passa-se à análise dos desdobramentos jurídicos do Constituição para o texto remanescente do dispositivo impugnado, a

art. 39 da Lei n. 8.177/1991. preservar o direito à atualização monetária dos créditos trabalhistas;

c) definir a variação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo

No julgamento conjunto das ADIs 4357, 4372, 4400 e 4425, o Especial (IPCA-E) como fator de atualização a ser utilizado na

Supremo Tribunal Federal declarou que o regime de compensação tabela de atualização monetária dos débitos trabalhistas na Justiça

de precatórios introduzido pela Emenda Constitucional 62/2009 é do Trabalho; II) por maioria, atribuir efeitos modulatórios à decisão,

inconstitucional. que deverão prevalecer a partir de 30 de junho de 2009, observada,

porém, a preservação das situações jurídicas consolidadas

Em seguida, o Excelso Tribunal modulou os efeitos da decisão da resultantes dos pagamentos efetuados nos processos judiciais, em

ADI 4357, conforme transcrição parcial a seguir: andamento ou extintos, em virtude dos quais foi adimplida e extinta

a obrigação, ainda que parcialmente, sobretudo em decorrência da

Concluindo o julgamento, o Tribunal, por maioria e nos termos do proteção ao ato jurídico perfeito (artigos 5º, XXXVI, da Constituição

voto, ora reajustado, do Ministro Luiz Fux (Relator), resolveu a e 6º da Lei de Introdução ao Direito Brasileiro - LIDB), vencida a

questão de ordem nos seguintes termos: 1) - modular os efeitos Excelentíssima Senhora Ministra Dora Maria da Costa, que aplicava

para que se dê sobrevida ao regime especial de pagamento de a modulação dos efeitos da decisão a contar de 26 de março de

precatórios, instituído pela Emenda Constitucional nº 62/2009, por 5 2015; III) por unanimidade, determinar: a) o retorno dos autos à 7ª

(cinco) exercícios financeiros a contar de primeiro de janeiro de Turma desta Corte para prosseguir no julgamento do recurso de

2016; 2) - conferir eficácia prospectiva à declaração de revista, observado o quanto ora decidido; b) a expedição de ofício

inconstitucionalidade dos seguintes aspectos da ação direta de ao Exmo. Ministro Presidente do Conselho Superior da Justiça do

inconstitucionalidade, fixando como marco inicial a data de Trabalho a fim de que determine a retificação da tabela de

conclusão do julgamento da presente questão de ordem atualização monetária da Justiça do Trabalho (tabela única); c) o

(25.03.2015) e mantendo-se válidos os precatórios expedidos ou encaminhamento do acórdão à Comissão de Jurisprudência e de

pagos até esta data, a saber: 2.1.) fica mantida a aplicação do Precedentes Normativos para emissão de parecer acerca da

índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança Orientação Jurisprudencial nº 300 da SbDI-1. Ressalvaram o

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 386
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entendimento os Exmos. Ministros Guilherme Augusto Caputo Especial - IPCA-E.

Bastos, Alexandre de Souza Agra Belmonte e Maria Helena

Mallmann. (PROCESSO Nº TST-ArgInc-479-60.2011.5.04.0231.) Assinala-se que o Tribunal Pleno do TST, em sessão de 20 de

março de 2017, apreciando os embargos de declaração opostos em

Todavia, em 14/10/2015, o Ministro Dias Toffoli, nos autos da face do acórdão proferido na ArgInc - 479-60.2011.5.04.0231,

Reclamação n. 22012, ajuizada pela Federação Nacional dos decidiu pela modulação da decisão original, atribuindo efeito

Bancos (Fenaban), proferiu decisão liminar suspendendo os efeitos modificativo ao julgado, para determinar que a aplicação do IPCA-E,

da decisão proferida pelo TST, que havia afastado o uso da TRD e como índice de correção dos débitos trabalhistas, produza efeito

determinado a adoção do índice IPCA-E através da "tabela única", somente a partir de 25 de março de 2015, data coincidente com

entendendo que a decisão do TST extrapolou o entendimento fixado aquela adotada pelo Supremo Tribunal Federal no acórdão

pelo STF no julgamento das Ações Diretas de Inconstitucionalidade prolatado na ADI 4.357:

- ADIs 4357 e 4425.

II) [...] acolher parcialmente os embargos de declaração opostos

Ocorre que, em 05/12/2017, a Segunda Turma do STF julgou, em pelo Município de Gravataí e pelo SINDIENERGIA para, dando

análise meritória, improcedente a Reclamação 22012, ajuizada pela efeito modificativo ao julgado, aplicar a modulação dos efeitos da

Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) contra a decisão do decisão a contar de 25/03/15, que coincide com a data que o

TST que havia determinado a adoção IPCA-E no lugar da TRD para Supremo Tribunal Federal reconheceu na decisão proferida na Ação

a atualização de débitos trabalhistas, prevalecendo o entendimento Declaratória de Inconstitucionalidade nº 4.357. [...] III) por

de que tal posicionamento não configura desrespeito ao julgamento unanimidade, em cumprimento à decisão liminar proferida pelo

das Ações Diretas de Inconstitucionalidade 4357 e 4425, que Supremo Tribunal Federal, na Reclamação nº 22.012, excluir do

analisaram a emenda constitucional sobre precatórios. acordão originário a determinação de reedição da Tabela Única de

cálculo de débitos trabalhistas, a fim de que fosse adotado o índice

A decisão de improcedência da Reclamação 22012 foi publicada no questionado (IPCA-E).

DJE n. 288, divulgado em 13/12/2017, data em que foi também

julgado, pela 5ª Turma do TST, o AIRR 25823-78.2015.5.24.0091, Por fim, vale ressaltar que embora o STF, em decisão do dia

encampando o atual posicionamento do Excelso Tribunal. 03/10/2019, no julgamento dos Embargos de Declaração no

Recurso Extraordinário n. 870.947, tenha decidido que também é

Com efeito, a aplicação da TR já não se mostrava suficiente para aplicável o IPCA-E quanto ao período de 2009 a 2015, referida

recompor a real perda do poder aquisitivo de nossa moeda, de decisão se restringe à Fazenda Pública, uma vez que seu objeto é a

forma que a correção dos débitos trabalhistas levando-se em conta atualização monetária dos precatórios. Logo, não se aplica a

tal parâmetro causava prejuízos aos trabalhadores. referida decisão ao presente caso, uma vez que o devedor é

particular, ou seja, in casu, não há falar no regime especial

Bem destacou o Min. Douglas Alencar Rodrigues, em trecho do estabelecido pelo art. 100 da CF.

julgamento do supracitado AIRR, que:

Portanto, considerando as decisões proferidas tanto pelo STF como

impõe-se a adoção do IPCA-E para a atualização dos créditos também pelo TST, os débitos trabalhistas em geral devem ser

trabalhistas, não apenas sob a perspectiva da efetiva recomposição atualizados pela TR/FACDT até 24/03/2015 e pelo IPCA-E a partir

do patrimônio dos credores trabalhistas, mas como medida de de 25/03/2015, para que seja resguardada a segurança jurídica.

estímulo efetivo ao cumprimento dos direitos sociais por parte de

devedores recalcitrantes, que se valem da Justiça do Trabalho, Dá-se provimento ao apelo para estabelecer que os débitos

lamentavelmente, para postergar indefinidamente suas obrigações. trabalhistas em geral devem ser atualizados pela TR/FACDT até

24/03/2015 e pelo IPCA-E a partir de 25/03/2015.

Ante o exposto, este Relator, na linha das recentes decisões do

excelso STF e do colendo TST, modifica seu posicionamento,

passando a entender pela aplicabilidade, na atualização monetária

dos débitos trabalhistas, do Índice de Preços ao Consumidor Amplo

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 387
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

gerente de relacionamento Business/Empresasaté a data da

dispensa.

Afirmou que foi eleito, em 15/04/2015, para o cargo de Diretor de

Planejamento de Cooperativade Consumo dos Profissionais de

2.4. MÉRITO DO RECURSO DA RECLAMADA Instituições Financeiras Ltda. (COOPCONPIF), após regular

processo eleitoral, para um mandato de 4 anos, razão pela qual

seria detentor da garantia de emprego prevista no art. 55 da Lei

5.764/71.

Ressaltou que a COOPCONPIF foi regularmente fundada em

12/01/2015, sendo uma cooperativa legalmente constituída,

conforme Estatuto Social e Ata de Assembleia Geral de

Constituição.

Sob tais fundamentos, requereu a declaração de nulidade do ato da

dispensa, com sua consequente reintegração ao cargo que

ocupava, bem como o restabelecimento dos benefícios.

Pleiteou, ainda, a concessão de liminar para que fosse reintegrado

2.4.1. NULIDADE DA DISPENSA. ESTABILIDADE PROVISÓRIA imediatamente, com o restabelecimento dos benefícios e materiais

NO EMPREGO. DIRETOR DE COOPERATIVA. de trabalho.

A reclamada, em contestação, argumentou que a dispensa do

obreiro se deu dentro do poder diretivo do empregador, não

havendo qualquer conduta discriminatória.

Aduziu que não há norma asseguradora da pretendida garantia;

ausência de representatividade; limitação do número de diretores; e

ausência de relação com o trabalho desenvolvido na reclamada.

Esta ação foi proposta em 08/01/2016, antes da entrada em vigor

da Lei nº 13.467/2017. Salientou, por fim, que a OJ 253 da SDI-1 do TST especifica que a

garantia provisória no emprego se refere à cooperativa regida pela

A Origem pronunciou a prescrição das parcelas anteriores a Lei nº 5.764/71.

08/01/2011. Não há recurso quanto à prescrição.

Em sentença, o juízo a quojulgou procedente o pedido sob os

Consta da inicial que o Reclamante foi admitido em 25/03/1998, seguintes fundamentos:

exercendo no período imprescrito a função de gerente de

atendimento (até 01/12/2011) e depois a função de gerente de "A estabilidade provisória dos representantes dos diretores de

relacionamento Business/Empresas, tendo sido dispensado sem Cooperativas está prevista no art. 55 da Lei das Cooperativas, que

justa causa em 24/11/2015, quando recebia remuneração mensal dispõe que os diretores dessas entidades "gozarão das garantias " -

no valor de R$ 6.717,48 (seis mil, setecentos e dezessete reais e que, por sua vez, asseguradas aos dirigentes sindicais pelo artigo

quarenta e oito centavos). 453 da CLT veda a dispensa do empregado nessa condição a partir

do registro de sua candidatura até um ano após o fim do mandato.

Afirmou que exerceu o cargo de gerente de atendimento, desde

01/01/2010 até 01/12/2011 e, posteriormente, ocupou o cargo de Esse é o entendimento contido na OJ 253 da SDI-1 que assegura a

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 388
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

garantia de emprego "apenas aos empregados eleitos diretores de

cooperativas, não abrangendo os membros suplentes". (...)

Foi realizada prova pericial, a pedido da reclamada, a fim de apurar Ressalto que não há previsão constitucional ou legal condicionando

a atuação efetiva da COOPBAN (ID 3a290f6). o direito à garantia de emprego aos fins colimados pela cooperativa

com as atividades do empregado na empresa.

Inicialmente, o perito confirmou o funcionamento da sede da

Cooperativa no endereço Av. Governador Bley, 186 - Sala 1002, Assim, defiro o pedido "A" da inicial, restando mantidos os efeitos

Centro, Vitória, ES - CEP: 29.010-902, desde 13/04/2016. da concessão da tutela antecipada, devendo ser pagas as

remunerações vencidas desde sua dispensa até a efetiva

Pelo laudo pericial, verifica-se que a cooperativa COOPBAN é uma reintegração".

sociedade de pequeno porte, com apenas 30 associados, todos na

situação de ativo, e o plano de negócios baseia-se no cumprimento Irresignado, recorre a reclamada, reiterando os termos da

do seu objeto e objetivos sociais, conforme consta no art. 2º do contestação, a reforma da sentença.

Estatuto social, que estabelece o seguinte:

Analisa-se.

(...)

A Constituição Federal, em seu artigo 8º, inciso VIII, bem como a

O volume de serviço e produtos que os cooperados demandaram CLT, em seu art. 543, § 3º, asseguram estabilidade provisória aos

estão demonstrados nas notas fiscais, cujos números, datas, empregados eleitos para comporem cargo de direção ou de

valores e outros dados constam no Anexo I do Laudo Pericial. representação sindical.

Por tudo o que foi exposto no laudo pericial, é forçoso concluir que a Por sua vez, o art. 55, da Lei nº 5.764/71 estende aos empregados

COOPBAN é uma cooperativa de consumo que cumpre as diretores de sociedades cooperativas tal garantia no emprego, in

formalidades legais e os objetivos para os quais foi instituída, verbis:

conforme exposto nas considerações gerais:

"Art. 55. Os empregados de empresas que sejam eleitos diretores

(...) de sociedades cooperativas pelos mesmos criadas, gozarão das

garantias asseguradas aos dirigentes sindicais pelo artigo 543 da

Quanto ao número de diretores detentores da estabilidade, a Consolidação das Leis do Trabalho (Decreto-Lei n. 5.452, de 1° de

questão está pacificada na Súmula n 369, II do TST, nos seguintes maio de 1943)".

termos: "O art. 522 da CLT foi recepcionado pela Constituição

Federal de 1988. No caso sob análise, restou comprovado que o autor foi eleito para

o cargo de Diretor de Planejamento de Cooperativa de Consumo

Fica limitada, assim, a estabilidade a que alude o art. 543, § 3.º, da dos Profissionais de Instituições Financeiras Ltda. (COOPCONPIF)

CLT a sete dirigentes sindicais e igual número de suplentes.". para o mandato de 12/01/2015 a agosto de 2019 (Id. f3257f9), com

a ciência da reclamada no dia 15/04/2015 (Id. 7b2f163).

Considerando-se tais premissas e o fato do reclamante ter sido

classificado em quarto lugar na ordem de votação, estaria dentro É incontroverso que o autor foi dispensado sem justa causa em

dos sete diretores de cooperativa detentores de estabilidade. 24/11/2015, ainda no curso do referido mandato.

Quanto a comunicação do registro da candidatura ou da eleição e Nos termos dos artigos 3º e 4º da Lei nº 5.764/71, "celebram

posse no cargo de direção, mesmo que tenha sido realizada a contrato de sociedade cooperativa as pessoas que reciprocamente

destempo, a jurisprudência tem flexibilizado a rigidez exigida para a se obrigam a contribuir com bens ou serviços para o exercício de

comunicação do empregador, de modo que ora transcrevo uma atividade econômica, de proveito comum, sem objetivo de

entendimento do c. TST: lucro", sendo tais entidades constituídas para prestar serviços aos

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associados. endereço na Praia das Gaivotas, n° 186, CEP 29.102-572, Vila

Velha, E. Santo, e, atualmente, desde 13.04.2016, está situada à

Já os artigos 2º e 4º da Lei nº 12.690/2012 definem as chamadas Av. Governador Bley, n° 186, Sala 1002, Centro, Vitória, ES - CEP:

cooperativas de trabalho como "a sociedade constituída por 29.010-902;

trabalhadores para o exercício de suas atividades laborativas ou

profissionais com proveito comum, autonomia e autogestão para b) o objeto social da COOPBAN está contido no art. 2º do Estatuto

obterem melhor qualificação, renda, situação socioeconômica e Social, que estabelece ser a colaboração recíproca que se obrigam

condições gerais de trabalho". seus cooperados, tem por objeto social a aquisição e de gêneros de

construção, reforma e acabamento, e itens do lar em geral, e

Pois bem. repassa-los aos cooperados em melhores condições de qualidade e

preço sem o objetivo de lucro;

Compulsando-se o estatuto da COOPCONPIF (Id. 530cc56),

verifica-se que a cooperativa, com base na colaboração recíproca a c) a área de atuação da COOPBAN está definida na alínea "b", do

que se obrigam seus cooperados, tem por objeto social o: comércio 1º. artigo do Estatuto Social, que estabelece abranger o Estado do

varejistade materiais de Construção em Geral; Comércio varejista Espírito Santo, podendo atuar em todo o território nacional;

de material elétrico para construção; lojas de departamento ou

magazines. d) a COOPBAN possui 14 diretores, conforme estabelecido, no art.

43 do Estatuto Social;

Ademais, conforme exposto no §1º, "c" do art. 2ª do mencionado

estatuto, emerge que esta não possui qualquer objetivo de lucro, e) a COOPBAN possui 30 associados;

notadamente ao dispor que:

f) o número de quotas-partes do capital social a ser subscrito pelo

"a venda se fará pelos menores preços possíveis podendo ser cooperado da COOPBAN, por ocasião de sua admissão, não

concedido aos associados um crédito mensal equivalente, no poderá ser inferior a 50,00

máximo, ao capital subscrito, somente renovável após quitação

plena do débito anterior, ressalvados outros limites e prazos fixados (cinquenta) quotas-parte ou superior a 1/3 (um terço) do total

mediante deliberação do Conselho de Administração, subscrito", conforme estabelecido no art. 19 do estatuto social;

justificadamente".

g) a COOPBAN possui apenas um empregado, o Sr. Carlos

Quanto ao aspecto, vale ressaltar que a perícia técnica elaborada Eduardo Sabadini Nascimento, admitido em 02.05.2016,

nos autos, concluiu que as atividades exercidas e verificadas in loco enquadrado no cargo de Assistente Administrativo, conforme se

da COOPCONPIF se coadunam com o objeto social previsto no verifica no livro de registro de empregado, no CAGED e na RAIS;

Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas. Também foi destacado, no

laudo, que a finalidade das atividades da Cooperativa é a aquisição h) a COOPBAN possui contabilidade devidamente organizada e

aos cooperados de produtos em condições mais acessíveis que as escriturada,

do mercado. Por isso, classificou-a como sociedade cooperativa de

consumo(Id. 1d1eb60). Veja-se: conforme demonstram os livros diário e razão e

"Objetivando cumprir conscienciosamente o encargo apresenta-se a i) a COOPBAN periodicamente realiza as prestações de contas e os

apreciação do Juízo as questões que se seguem: rateios,

a) Os documentos disponibilizados demonstram que a COOPBAN - conforme demonstram as atas e o registros contábeis".

Cooperativa de Consumo dos Profissionais de Instituições

Financeiras Ltda., anteriormente denominada de COOPCONPIF - Nesse sentir, forçoso concluir que, ao contrário do que sustenta a

Cooperativa de Consumo dos Profissionais de Instituições reclamada, a COOPCONPIF cuida-se de cooperativa regida pela

Financeiras Ltda.-, foi constituída em 12.01.2015, inicialmente com Lei nº 5.764/71, uma vez que visa sobretudo o exercício de uma

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atividade econômica em proveito para a própria categoria, sem às funções tuteladas, importante ressaltar que este Relator entende

finalidade lucrativa (art. 3º). que o art. 522, da CLT, que limita o número de

dirigentes/representantes sindicais, não foi recepcionado pela

Ora, a hipótese analisada não se trata de associação de Constituição Federal de 1988, a qual foi inspirada pelo ideal de

trabalhadores para o exercício de suas atividades laborativas, com afastar a interferência do Estado sobre as forças sindicais, dando a

a finalidade de auferir lucros ou melhoria de renda. Ao contrário, estas a liberdade necessária para se organizarem.

conforme acima exposto, a COOPCONPIF objetiva a

comercialização de produtos para seus associados à baixo custo. Com efeito, entende-se que as entidades sindicais, e

analogicamente, as cooperativas, têm uma razoável autonomia para

Relativamente ao objeto das cooperativas, cumpre salientar que estabelecer o número de dirigentes, desde que tal número não seja

não há exigência legal para que tais entidades guardem pertinência abusivo e nem desproporcional ao número de associados.

com o fim social do empregador. É que o art. 5º da Lei 5.764/71, ao

revés, estabelece que as cooperativas "poderão adotar por objeto Pontue-se que a reclamada, embora alegue insegurança jurídica

qualquer gênero de serviço, operação ou atividade, assegurando-se decorrente da multiplicidade de cooperativas, não comprova nos

-lhes o direito exclusivo e exigindo-se-lhes a obrigação do uso da autos qualquer abuso na instituição da COOPCONPIF.

expressão "cooperativa" em sua denominação".

Por fim, tendo em vista a prescindibilidade de representação da

Assim, ainda que o objeto da cooperativa dirigida pelo autor não categoria pela cooperativa, não há falar em "funções que justiquem"

coincidisse com os interesses da empresa ré, tal fato não constitui a estabilidade provisória. O art. 55 da Lei nº 5.764/71 não dá

óbice para o reconhecimento da estabilidade provisória no emprego margem a interpretações, estendendo aos diretores da cooperativa,

de seus diretores. sem qualquer ressalva ou condição, a garantia assegurada aos

dirigentes sindicais.

De igual modo, não merecem prosperar os argumentos da

reclamada no sentido de que a cooperativa em questão se configura Por todo o exposto, considerando que a estabilidade prevista no art.

cooperativa de trabalho por não ser composta exclusivamente por 55 da Lei 5.764/71 tem por escopo a tutela do direito de livre

empregados da empresa e por admitir pessoas jurídicas em seus associação, de modo a proteger o dirigente de cooperativa de

quadros. eventual perseguição ou ingerência por parte do empregador, deve

ser reconhecida, no presente caso, a garantia provisória no

A uma, porque a estabilidade prevista no art. 55 da Lei nº 5.764/71 emprego do reclamante.

não está limitada às cooperativas formadas exclusivamente pelos

empregados de uma empresa específica, tendo em vista que o art. Logo, a sentença de Origem deve ser mantida.

29 desta mesma Lei prevê a livre associação de interessados, in

verbis: Nega-se provimento.

"Art. 29. O ingresso nas cooperativas é livre a todos que desejarem

utilizar os serviços prestados pela sociedade, desde que adiram aos

propósitos sociais e preencham as condições estabelecidas no

estatuto, ressalvado o disposto no artigo 4º, item I, desta Lei".

A duas, porque referida lei, em seu art. 6º, inciso I, permite a

admissão de pessoas jurídicas que tenham por objeto as mesmas

ou correlatas atividades econômicas das pessoas físicas ou, ainda,

aquelas sem fins lucrativos. 2.4.2. HORAS EXTRAS

Lado outro, quanto às alegações de que devem existir limitações

quanto ao número de dirigentes protegidos, bem como em relação

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 391
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mesma; que chegava Às 7:50/8:00 hs na agência e saia às

19:30/20hs; que parava 20/30 minutos para almoçar, dentro da

agência; que a última agência por qual passou tinha 5 gerentes de

relacionamentos; que havia um revezamento para não saírem todos

ao mesmo tempo.

Esta ação foi proposta em 08/01/2016, antes da entrada em vigor

da Lei nº 13.467/2017. Em depoimento pessoal, a preposta da reclamada disse que o

reclamante fazia jornada de 9hs às 18hs, com 1 hora de almoço;

A Origem pronunciou a prescrição das parcelas anteriores a que se extrapolasse esse horário, era registrado no cartão de ponto.

08/01/2011. Não há recurso quanto à prescrição.

A primeira testemunha indicada pelo reclamante disse que

Consta da inicial que o Reclamante foi admitido em 25/03/1998, trabalhou no banco até 2014; que trabalhou com o reclamante na

exercendo no período imprescrito a função de gerente de agencia princesa Isabel; que saiu desta agência no ano de 2011;

atendimento (até 01/12/2011) e depois a função de gerente de que era gerente de careira; que chegava para trabalhar as 8hs e

relacionamento Business/Empresas, tendo sido dispensado sem saia em média 20hs/20:30hs; que o reclamante fazia normalmente

justa causa em 24/11/2015, quando recebia remuneração mensal os mesmos horários; que fazia 20/30 minutos de almoço e retornava

no valor de R$ 6.717,48 (seis mil, setecentos e dezessete reais e para trabalhar; que o reclamante também fazia o mesmo horário;

quarenta e oito centavos). que nessa agencia tinham uns 5/6 gerentes de relacionamento; que

não podia revezar enquanto tinha cliente para atender; que o ponto

Afirmou que exerceu o cargo de gerente de atendimento, desde era eletrônico; que na grande maioria, não era marcado

01/01/2010 até 01/12/2011 e, posteriormente, ocupou o cargo de corretamente o cartão de ponto; que a agencia era punida se

gerente de relacionamento Business/Empresasaté a data da houvesse muitas horas extras dos funcionários, então era cobrados

dispensa. para que não marcassem mais horas em razão de um ranking entre

as agencias; que batia o ponto e continuava trabalhando; que

Relatou que, no período entre 01/01/2010 até 24/11/2015, cumpria mesmo com o ponto fechado, não impedia de trabalhar, não

jornada de trabalho de 8h às 20h, de segunda a sexta-feira, com bloqueava; que era orientada a não marcar horas extras, mas o

intervalo de 30 minutos para refeição. gerente sabia que faziam horas extras; que o chefe dela e do

reclamante era o gerente geral, Sr. Eduardo; que chegavam e-mails

Pugnou o pagamento de horas extras não anotadas nos controles mostrando quais funcionários mais faziam horas extras e nas

de frequência. reuniões diárias era exposto que não poderia gerar horas extras.

Em contestação, a reclamada defende a validade dos controles de A segunda testemunha indicada pelo reclamante disse que

ponto, tendo destacado que eventuais horas extras eram trabalhou de 2007 a 2012 no banco; que trabalhou na agencia de

devidamente quitadas. jardim da penha com o reclamante; que quando o reclamante

chegou, o depoente já trabalhava lá; que era assistente PJ; que

A Origem julgou parcialmente procedentes os pedidos sob o chegava entre 8h/8:30hs na agencia e normalmente o reclamante

seguinte fundamento: chegava primeiro; que ia embora em média às 19:30hs; que a

maioria das vezes, o depoente ia embora antes do reclamante; que

"A reclamada junta os cartões de ponto que apontam o labor fazia entre 20/30 minutos de refeição; que ninguém parava 1 hora

extraordinário bem como os contracheques que também apontam o de intervalo; que era obrigado a bater o ponto antes da partida

pagamento de horas extras. porque se tivesse uma quantidade de horas extras muito grande, a

agência era penalizada; que o gestor orientava a bater o ponto e

(...) fazer outros trabalhos como ligação para cliente, arquivar contratos,

preenchimento de contas, ligação para ofertas de produtos; que

Em depoimento pessoal, o reclamante disse que a média de horas depois que dava baixa no sistema, não tinha como acessar o

de trabalho entre gerente de atendimento e relacionamento era a sistema depois de fechar o ponto; que fazia serviços internos; que

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 392
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A primeira testemunha da reclamada disse que trabalha no banco O art. 224, §2º, da CLT estabelece que a jornada de seis horas

desde janeiro de 2013; que inicialmente trabalhou na agencia da diárias não se aplica aos que exercem funções de direção,

Enseada e no final de outubro/novembro de 2013 passou a gerência, fiscalização, chefia e equivalente ou que desempenhem

trabalhar na agencia de Jardim da Penha; que o reclamante já outros cargos de confiança, desde que o valor da gratificação não

estava trabalhando na agencia de Jardim da Penha quando seja inferior a 1/3 do salário do cargo efetivo.

começou a trabalhar lá; que exercia a função de assistente de

empresa; que chegava na agência às 9hs; que quando chegava, Na inicial o autor informa que, durante todo o período imprescrito

acontecia do reclamante estar na agencia ou visitando cliente; que exerceu a função de gerente de atendimento (até 01/12/2011) e

saia as 18hs; que o sistema não permite que se trabalhe depois das depois a função de gerente de relacionamento Business/Empresas,

18hs; que acontecia de ir embora e deixar o reclamante trabalhando tendo destacado que no período entre 01/01/2010 até 24/11/2015,

ainda; que tem 1 hora de intervalo; que é possível o funcionário cumpria jornada de trabalho de 8h às 20h, de segunda a sexta-feira,

fazer um ajuste no ponto, se prolongar o horário depois de uma com intervalo de 30 minutos para refeição.

visita; que na época batia ponto na própria agente; que é gerente de

empresa desde setembro de 2014; que não tem conhecimento de Outrossim, inconteste que o autor se enquadra na exceção prevista

haver um ranking das agencias em que aferida a quantidade de no §2º do art. 224 da CLT, mormente porque recebia um adicional

horas extras; que nunca foi orientado no sentido de não marcar o superior a 1/3 do seu salário base.

ponto corretamente; que o empregado que não registra

corretamente o ponto, é punido; que o sistema A par disso, o autor estava submetido a jornada de 8 horas diárias,

mediante controle de frequência, que foram impugnados pelo autor.

rígido de ponto passou a existir há dois/três anos para cá; que

poderia acontecer do gerente estar ainda em visita externa depois Acerca do ônus da prova, assim dispõem os artigos 818 da CLT e

das 20hs. 373 do CPC:

As testemunhas ouvidas confirmam a realização de horas extra, "Art. 818. A prova das alegações incumbe à parte que as fizer."

além do anotado no cartão de ponto, somente do marco

prescricional até a data de dispensa da testemunha Yuri Bussular " Art. 373. O ônus da prova incumbe:

Seixas, como apurado em liquidação. A testemunha arrolada pela ré

não se presta para confrontar tal assertiva, pois relata que o horário, I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito;

além de atestar que o sistema mais rígido de controle de ponto

somente passou a valer após o fim do contrato de trabalho do II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou

reclamante (dois/três anos para cá). extintivo do direito do autor."

Tendo por base a prova fixo a jornada média de trabalho do autor Como se nota, segundo a regra geral de repartição do ônus

no período como sendo das 8:30 às 19:00, sempre com 30 minutos probatório, compete ao reclamante a prova dos fatos constitutivos

de intervalo. do seu direito, qual seja, a efetiva prestação de horas

extraordinárias, e à ré incumbe a prova de fatos impeditivos,

Desta forma, procede parcialmente o pleito de horas extras, no modificativos ou extintivos do direito do autor.

montante a ser apurado em liquidação, sendo extra o labor após a

8ª hora diária, do período imprescrito até a data de dispensa da Sabe-se que, especificamente em relação às horas extras, a

testemunha Yuri Bussular Seixas.". jurisprudência tem dado um tratamento diferenciado, especialmente

em razão da dificuldade que os empregados encontram em

Recorre a reclamada pugnando pela exclusão da condenação em comprovar eventuais horas extraordinárias prestadas. Neste

horas extras. sentido, o verbete nº 338 da súmula do E. TST:

Pois bem. "JORNADA DE TRABALHO. REGISTRO. ÔNUS DA PROVA

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 393
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

(incorporadas as Orientações Jurisprudenciais nºs 234 e 306 da antes da partida porque se tivesse uma quantidade de horas extras

SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005 muito grande, a agência era penalizada; que o gestor orientava a

bater o ponto e fazer outros trabalhos como ligação para cliente,

I - É ônus do empregador que conta com mais de 10 (dez) arquivar contratos, preenchimento de contas, ligação para ofertas

empregados o registro da jornada de trabalho na forma do art. 74, § de produtos; que depois que dava baixa no sistema, não tinha como

2º, da CLT. A não-apresentação injustificada dos controles de acessar o sistema depois de fechar o ponto; que fazia serviços

freqüência gera presunção relativa de veracidade da jornada de internos.

trabalho, a qual pode ser elidida por prova em contrário. (ex-Súmula

nº 338 - alterada pela Res. 121/2003, DJ 21.11.2003) Ainda assim, a única testemunha da reclamada, embora tenha

relatado sobre a veracidade o controle de jornada, confirmou que "o

II - A presunção de veracidade da jornada de trabalho, ainda que sistema mais rígido de controle de ponto somente passou a valer

prevista em instrumento normativo, pode ser elidida por prova em após o fim do contrato de trabalho do reclamante", como bem

contrário. (ex-OJ nº 234 da SBDI-1 - inserida em 20.06.2001) destacado pela Origem.

III - Os cartões de ponto que demonstram horários de entrada e Logo, as três testemunhas ouvida no processo confirmam que, ao

saída uniformes são inválidos como meio de prova, invertendo-se o tempo da vigência do contrato de trabalho do autor, os controles de

ônus da prova, relativo às horas extras, que passa a ser do ponto se mostravam inverídicos, destoando na real jornada

empregador, prevalecendo a jornada da inicial se dele não se vivenciada pelo reclamante.

desincumbir. (ex-OJ nº 306 da SBDI-1- DJ 11.08.2003)"

Por esta razão, diante da invalidade dos controles de jornada

In casu, a ré cumpriu o art. 74, §2º, da CLT, colacionando aos autos acostados aos autos, tem-se que o ônus da prova deve ser

os registros de horários cumpridos pelo autor (Id. 1e367ce), mas invertido, passando a reclamada o dever da prova do efetivo horário

impugna o cumprimento de horas extras não anotadas, afirmando de trabalho do autor.

que, quando eventualmente prestadas, houve efetivo pagamento.

No entanto, a ré não consegui fazer prova contrária ao alegado pelo

Da prova oral produzida, verifica-se que as duas testemunhas do autor em sua inicial, como se depreende do relato das duas

autor comprovam que o autor constantemente realizava horas testemunhas do reclamante. Veja-se:

extras sem a devida anotação no controle de frequência, inclusive

sob pena de punição. "Primeira testemunha indicada pelo reclamante

A primeira testemunha do autor, que somente trabalhou no banco disse que trabalhou no banco até 2014; que trabalhou com o

até o ano de 2014, relatou que: que o ponto era eletrônico; que na reclamante na agencia princesa Isabel; que saiu desta agência no

grande maioria, não era marcado corretamente o cartão de ponto; ano de 2011; que era gerente de careira; que chegava para

que a agencia era punida se houvesse muitas horas extras dos trabalhar as 8hs e saia em média 20hs/20:30hs; que o reclamante

funcionários, então era cobrados para que não marcassem mais fazia normalmente os mesmos horários; que fazia 20/30 minutos de

horas em razão de um ranking entre as agencias; que batia o ponto almoço e retornava para trabalhar; que o reclamante também fazia

e continuava trabalhando; que mesmo com o ponto fechado, não o mesmo horário; que nessa agencia tinham uns 5/6 gerentes de

impedia de trabalhar, não bloqueava; que era orientada a não relacionamento; que não podia revezar enquanto tinha cliente para

marcar horas extras, mas o gerente sabia que faziam horas extras; atender; que o ponto era eletrônico; (...).

que o chefe dela e do reclamante era o gerente geral, Sr. Eduardo;

que chegavam e-mails mostrando quais funcionários mais faziam Segunda testemunha indicada pelo reclamante

horas extras e nas reuniões diárias era exposto que não poderia

gerar horas extras. disse que trabalhou de 2007 a 2012 no banco; que trabalhou na

agencia de jardim da penha com o reclamante; que quando o

A segunda testemunha do autor, que trabalhou no banco até o ano reclamante chegou, o depoente já trabalhava lá; que era assistente

de 2012, também informou que: que era obrigado a bater o ponto PJ; que chegava entre 8h/8:30hs na agencia e normalmente o

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reclamante chegava primeiro; que ia embora em média às 19:30hs;

que a maioria das vezes, o depoente ia embora antes do 2.4.3. REFLEXOS DAS HORAS EXTRAS NO RSR (SÁBADOS)

reclamante; que fazia entre 20/30 minutos de refeição; que ninguém

parava 1 hora de intervalo.

A única testemunha da reclamadatambém corrobora com a jornada

apontada pelo autor na inicial, notadamente porque afirmou que

quando chegava e saia do banco réu o autor estava trabalhando,

como se verifica abaixo:

"Primeira testemunha da reclamada Esta ação foi proposta em 08/01/2016, antes da entrada em vigor

da Lei nº 13.467/2017.

disse que trabalha no banco desde janeiro de 2013; que

inicialmente trabalhou na agencia da Enseada e no final de A Origem pronunciou a prescrição das parcelas anteriores a

outubro/novembro de 2013 passou a trabalhar na agencia de Jardim 08/01/2011. Não há recurso quanto à prescrição.

da Penha; que o reclamante já estava trabalhando na agencia de

Jardim da Penha quando começou a trabalhar lá; que exercia a A reclamada se insurge quanto ao deferimento dos reflexos nos

função de assistente de empresa; que chegava na agência às 9hs; RSR.

que quando chegava, acontecia do reclamante estar na agencia ou

visitando cliente; que saia as 18hs; que o sistema não permite que Pois bem.

se trabalhe depois das 18hs; que acontecia de ir embora e deixar o

reclamante trabalhando ainda; que tem 1 hora de intervalo". Conforme item 2.4.2. foi mantida a condenação no pagamento das

horas extras a partir da oitava diária.

Vê-se, então, que a reclamada não se desincumbiu do onus

probandiprevisto no art. 818 da CLT e no art. 333, inciso II, da CLT, Conforme a Súmula nº 172 do TST, computam-se no cálculo do

posto que não comprovou o fato impeditivo, modificativo ou extintivo repouso remunerado as horas extras habitualmente prestadas.

do direito do autor.

Note-se que as convenções coletivas dos bancários consideram o

Nesse passo, para fins de apuração de horas extras a partir da 8ª sábado como integrante do repouso semanal remunerado para fins

hora diária, conforme a jornada indicada na inicial não deve estar dos reflexos das horas extras, como, por amostragem, a cláusula

limitada ao período de dispensa da primeira testemunha do autor oitava da convenção coletiva de trabalho 2011/2012 (Id. 3b68436).

(2014), notadamente porque o ônus da prova recai sobre a Desse modo, são devidos os reflexos das horas extras sobre o

reclamada, que não logrou comprovara o efetivo horário de trabalho RSR, com a inclusão do sábado.

do autor durante todo o período contratual.

Nega-se provimento.

Portanto, a sentença deve ser mantida.

Nega-se provimento.

2.4.4. REFLEXOS DAS HORAS EXTRAS NO RSR E DESTES

NAS DEMAIS PARCELAS

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demais parcelas.

Melhor sorte não assiste ao argumento patronal de que não podem

incidir reflexos sobre os sábados por não serem considerados dia

de repouso semanal remunerado, haja vista a previsão expressa em

norma coletiva da categoria.

Diante disso, a sentença de piso está em consonância com o

Esta ação foi proposta em 08/01/2016, antes da entrada em vigor dispositivo supracitado, não havendo falar em reforma neste tema.

da Lei nº 13.467/2017.

Nega-se provimento.

A Origem pronunciou a prescrição das parcelas anteriores a

08/01/2011. Não há recurso quanto à prescrição.

Inconformado, o Reclamado insurgiu-se quanto ao tópico, sob o

fundamento de que o Reclamante era mensalista, sendo indevidos

os reflexos das horas extras no RSR e destes nas demais parcelas,

bem como a inclusão do sábado.

Analisa-se.

2.4.5. DIFERENÇAS SALARIAIS. EQUIPARAÇÃO SALARIAL.

Entende-se que o Reclamante prestava horas extras habituais,

sendo devidos os reflexos das horas extras no RSR, conforme

estabelecido na sentença.

Tal entendimento encontra-se em consonância com a Súmula nº

172 do c. TST, que assim dispõe: "computam-se no cálculo do

repouso semanal remunerado as horas extras habitualmente

prestadas".

Esta ação foi proposta em 08/01/2016, antes da entrada em vigor

Frisa-se que, quando o trabalhador é mensalista, o repouso da Lei nº 13.467/2017.

semanal remunerado já está incluído no salário mensal. Todavia,

havendo trabalho extraordinário não quitado pelo empregador, é A Origem pronunciou a prescrição das parcelas anteriores a

evidente que o salário mensal não incluiu os reflexos das horas 08/01/2011. Não há recurso quanto à prescrição.

extras sobre o repouso semanal remunerado, não havendo falar em

bis in idem. Consta da inicial que o Reclamante foi admitido em 25/03/1998,

exercendo no período imprescrito a função de gerente de

Outrossim, ao deferir o pagamento das horas extras, a Origem atendimento (até 01/12/2011) e depois a função de gerente de

expressamente autorizou a dedução de valores pagos a idêntico relacionamento Business/Empresas, tendo sido dispensado sem

título. justa causa em 24/11/2015, quando recebia remuneração mensal

no valor de R$ 6.717,48 (seis mil, setecentos e dezessete reais e

Ora, quando se diz que o salário mensal traz nele embutidos os quarenta e oito centavos).

repousos semanais, estes se referem às horas normais trabalhadas

no mês e não aqueles relativos às horas extraordinárias. Assim, não Afirmou que exerceu o cargo de gerente de atendimento, desde

há qualquer irregularidade na determinação de reflexos das horas 01/01/2010 até 01/12/2011 e, posteriormente, ocupou o cargo de

extras em repousos semanais remunerados e, com estes, nas gerente de relacionamento Business/Empresasaté a data da

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dispensa. de Gerente de Relacionamento Business II para Gerente de

Relacionamento Empresas II em 01/07/2013 (ID 399bb3c - Pág.

Alegou o Autor que no período quando exerceu a função de gerente 76).

de atendimento exercia a mesma função do paradigma Willian,

executando as mesmas tarefas, com igual produtividade e perfeição Cabe esclarecer que em relação a distinção entre o cargo de

técnica. E no período em que exerceu a função de gerente de Gerente de Relacionamento Empresas I e II, exercidos a partir de

relacionamento Business/Empresas exercia a mesma função dos 01/07/2013, pela reclamante e a funcionária Janaína,

paradigmas Janaina e Delton. Contudo, estes recebiam salário respectivamente, o fato de a paradigma atender a clientela de alta

superior ao seu, razão pela qual faz jus à equiparação salarial e à renda, por si só, não permite a presunção que a sua atividade era

percepção de diferenças salariais pertinentes. mais complexa, conforme exposto pelo perito:

Em defesa, a demandada negou que reclamante e paradigmas (...)

tenham desenvolvido as mesmas atividades, acrescentando que a

produtividade e a qualidade técnica dos paradigmas eram Da mesma forma não prospera a alegação do réu acerca da

superiores à produtividade e qualidade técnica do reclamante. localidade, vez que os empregados trabalhavam na mesma região

metropolitana, a grande Vitória, sendo isso suficiente para os fins do

Na sentença, o Juízo julgou procedente o pedido, sob o seguinte artigo 461 da CLT.

fundamento:

Em relação a produtividade ou perfeição técnica no trabalho

"O bem elaborado laudo pericial (ID ca6ab49) demonstra que as desenvolvido entre a reclamante e a paradigma, as avaliações

atividades e funções desempenhadas pelo reclamante e pelos comportamentais dos obreiros no mesmo período (ID 858d036)

paradigmas eram idênticas não se justificando a disparidade salarial atestam que o serviço era realizado com a mesma perfeição

por produtividade ou perfeição técnica. Registra, ainda, que a técnica.

igualdade nas atividades, bem como o desempenho do autor e dos

modelos não permite vislumbrar uma diferença quer na Como se depreende do laudo pericial, a reclamante e paradigma

produtividade quer na perfeição técnica de ambos não havendo exerciam as mesmas atividades, não havendo prova nos autos que

justificativa para diferenciação salarial. confirme a tese de defesa de maior complexidade das atividades

dos paradigmas.

Em relação à impugnação da reclamada (ID 4e9676a), faço as

seguintes considerações: Assim, com base nas informações do laudo pericial, considero

preenchidos os requisitos do art. 461 da CLT e defiro a equiparação

Como Gerente de Atendimento II, verifica-se que o reclamante salarial ao paradigma Willian Rodrigues de Oliveira desde o marco

exercia a função desde 01/01/2010, mesma época em que o prescricional até 30/11/2011 e equiparação ao paradigma Janaína

paradigma Willian Rodrigues de Oliveira passou a exercer tal Queiroz Costa Drummond de Aguiar desde 01/12/2011 a

função, conforme se verifica nas Ocorrências de Alteração do Cargo 24/11/2015, conforme limitado no pedido, no montante a ser

na ficha funcional de ID 399bb3c - Pág. 57, caracterizada, portanto, apurado em liquidação.

a concomitância quanto ao exercício da função.

Reflexo sobre horas extras, férias com terço, 13º salário, FGTS com

Na ficha funcional do reclamante (ID a21b751 - Pág. 13) consta que multa de 40%, aviso prévio e PLR.

o mesmo alterou sua função de Gerente de Atendimento II para

Gerente de Relacionamento Business I na data de 01/12/2011 e de Não há reflexo sobre RSR, vez que ele já faz parte da diferença

Gerente Relacionamento Business I para Gerente de salarial deferida".

Relacionamento de Empresas I em 01/07/2013.

No que se refere a paradigma Janaína Queiroz Costa Drummond de

Aguiar, a ficha funcional da empregada registra alteração de cargo Em razões recursais, a reclamada pretende a exclusão da

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condenação em diferenças salariais. Sucessivamente, pugnou pela Este Perito conclui que as atividades e funções desempenhadas

exclusão do pagamento de diferenças de auxílio refeição e auxílio pelo reclamante e pelos paradigmas eram idênticas não se

cesta alimentação e PLR. justificando a disparidade salarial por produtividade ou perfeição

técnica.

Analisa-se.

Registra-se ainda que a igualdade nas atividades, bem como o

A Constituição Federal, em seu artigo 5º caput, guarda o princípio desempenho do autor e dos modelos não permite vislumbrar uma

maior da igualdade, e, no tocante aos direitos sociais, o artigo 7º, diferença quer na produtividade quer na perfeição técnica de ambos

inciso XXXII, expressamente proíbe qualquer distinção entre não havendo justificativa para diferenciação salarial".

trabalho manual, técnico e intelectual.

A isonomia salarial, por sua vez, além de encontrar guarida no

próprio texto constitucional, também foi objeto de preocupação do No que concerne ao período em que o autor exerceu a função de

legislador ordinário, encontrando previsão no art. 461 da CLT, ao gerente de atendimento, em que apresentao paradigma Willian, o

preconizar que, "sendo idêntica a função, a todo trabalho de igual perito deixou claro que estes executavam as mesmas tarefas, com

valor, prestado ao mesmo empregador, na mesma localidade, igual produtividade e perfeição técnica, para o mesmo empregador,

corresponderá igual salário, sem distinção de sexo, nacionalidade mesma localidade e tempo na unção inferior a 2 anos:

ou idade".

"Quesitos do reclamante

Os requisitos para a equiparação salarial são os seguintes: a)

identidade de função; b) que o serviço seja de igual valor, assim (...)

entendido aquele que é prestado com igual produtividade e a

mesma perfeição técnica; c) serviço prestado para o mesmo c- Que verifique o perito se havia diferença de tempo na função

empregador; d) serviço prestado na mesma localidade; e) superior a 2 anos entre o Rte e o Paradigma WILLIAN RODRIGUES

inexistência de diferença do tempo de serviço na mesma função DE OLIVEIRA, na função de Gerente de Atendimento? Que informe

superior a dois anos. o perito em que data Rte e o paradigma foram promovidos a tal

função.

No que toca à distribuição do ônus da prova na equiparação

salarial, é do obreiro o ônus de comprovar a identidade de funções Resposta: Negativo. Ambos, reclamante e paradigma foram

com o paradigma e do empregador o de comprovar fato impeditivo, promovidos para a função de gerente de atendimento em

modificativo ou extintivo do direito postulado (Súmula nº 6 do TST). 01/01/2010.

No caso dos autos, houve o deferimento de prova pericial, com o (...)

objetivo de apurar o pedido de equiparação salarial e isonomia

salarial. e- Que diga o perito se, independentemente da nomenclatura dada

aos cargos do Autor e do Paradigma WILLIAN RODRIGUES DE

Ao ID. ca6ab49 foi carreado o Laudo Pericial, concluindo o -Expert OLIVEIRA, na prática, ambos exerciam as mesmas funções e

que as atividades desenvolvidas pelo autor e paradigmas eram atividades durante todo o período em que estiveram na função de

similares e, por isso, não restaria justificada a disparidade salarial. Gerente de Atendimento?

Senão veja-se:

Resposta: Afirmativa.

"Diante de todas as constatações técnicas decorrentes da vasta

documentação trazida aos autos, bem como aquelas f- Que verifique o perito se havia diferença de tempo na função

disponibilizadas pela reclamada, apresentasse do Juízo o que se superior a 2 anos entre o Rte e os Paradigmas JANAINA QUEIROZ

segue: COSTA DRUMMOND DE AGUIAR e DELTON MARTINS DE

SOUZA, na função de Gerente de Relacionamento Business? Que

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informe o perito em que data Rte e Paradigmas foram promovidos a

tal função. Resposta: Positivo. Todos os requisitos foram preenchidos, fazendo

jus o autor à equiparação salarial pretendida".

Resposta: A reclamada não forneceu estas informações solicitadas

pelo Perito". E no período em que exerceu a função de gerente de

relacionamento Business/Empresas, quando indicou os

paradigmasJanaina e Delton, o perito também o perito deixou claro

que estes executavam as mesmas tarefas, com igual produtividade

"Quesitos da reclamada e perfeição técnica, para o mesmo empregador, mesma localidade

e tempo na unção inferior a 2 anos:

(...)

"Quesitos do reclamante

7. Qual a diferença do tempo de serviço entre o Reclamante e os

paradigmas, (...)

William Rodrigues, Janaina Queiroz e Delton Martins? h- Que diga o perito se, independentemente da nomenclatura dada

aos cargos do Autor e dos Paradigmas JANAINA QUEIROZ COSTA

Resposta: Quanto ao paradigma Willian a diferença é inferior a 2 DRUMMOND DE AGUIAR e DELTON MARTINS DE SOUZA, na

anos. E prática, ambos exerciam as mesmas funções e atividades durante

todo o período em que estiveram na função de Gerente de

quanto aos demais, tal informação não foi disponibilizada pela Relacionamento Business?

reclamada.

Resposta: Afirmativo.

(...)

i- Que informe o perito se havia alguma diferença de produtividade

18. Informe o I. Perito quais os locais de trabalho e os cargos ou perfeição técnica nas tarefas executadas pelo Reclamante e

exercidos pelos pelos Paradigmas? Caso positivo, favor comprovar?

paradigmas e seus respectivos períodos e salários? Resposta: Negativo. Ambos executavam suas atividades com a

mesma perfeição técnica e produtividade.

Resposta: As agências as quais laboram o reclamante e

paradigmas, são situadas na grande Vitória, como segue:(...) j- Se o Reclamante e os Paradigmas trabalhavam em agências

bancárias do Reclamado situadas na mesma localidade, no alcance

22. Informe o I. Perito se havia diferença de perfeição dado pela Súmula 6, X, do TST, ou seja, se ambos trabalhavam em

técnica/produtividade entre Reclamante e paradigmas. agências bancárias do Reclamado situadas em municípios

pertencentes a mesma região metropolitana da Grande Vitória?

Resposta: O reclamante e os paradigmas desenvolviam as suas

funções com a mesma perfeição técnica. A reclamada não forneceu Resposta: Afirmativo".

ao perito as avaliações funcionais realizadas pela chefia tanto do

autor como dos paradigmas. "Quesitos da reclamada

23. Informe o I. Perito se os requisitos do artigo 461 da CLT foram 8. Informe o i. Perito se há diferença na faixa de renda entre os

preenchidos no período de equiparação salarial contido na inicial, clientes dos funcionários ocupantes do cargo de Gerente de

quais sejam: idêntica função, trabalho de igual valor (produtividade Relacionamento Business I, Gerente de Relacionamento Business

e qualidade técnica), mesma localidade, diferença de tempo de II, Gerente de Relacionamento Business III.

serviço inferior a dois anos.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 399
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Resposta: Pelos documentos juntados aos autos, constatamos que: autor como dos paradigmas.

Gerente de Relacionamento Business I - faixa de renda inferior à R$

1.200,00 (hum mil e duzentos reais), Gerente de Relacionamento 23. Informe o I. Perito se os requisitos do artigo 461 da CLT foram

Business II - faixa de renda de R$ 1.200,00 (hum mil e duzentos preenchidos no período de equiparação salarial contido na inicial,

reais) à R$ 4.000,00 (quatro mil reais), Gerente de Relacionamento quais sejam: idêntica função, trabalho de igual valor (produtividade

Business III - faixa de renda acima de R$ 4.000,00 (quatro mil e qualidade técnica), mesma localidade, diferença de tempo de

reais). serviço inferior a dois anos.

Porém na prática foi declarado pelo reclamante que não existia Resposta: Positivo. Todos os requisitos foram preenchidos, fazendo

diferença no tipo de clientes pessoa jurídica e que qualquer gerente jus o

podia atender

autor à equiparação salarial pretendida."

qualquer cliente.

(...)

Ora, conforme destacado pela Origem, os documentos carreados

10. Informe o i. Perito se os produtos comercializados pelos aos autos são suficientes para comprovar todos os requisitos do art.

empregados são diferenciados de acordo com seu segmento de 461 da CLT c/c Súmula 6 do TST.

atuação.

Por fim, quanto ao pleito sucessivo de exclusão do pagamento de

Resposta: Apesar das metas e cartelas de clientes diferenciadas, as diferenças de auxílio refeição e auxílio cesta alimentação e PLR,

atividades laborativas desempenhadas tanto pelo reclamante verifica-se que diante da ausência de diferença de produtividade,

quanto pelos paradigmas são idênticas. não há falar em diferença de pagamento de vantagem conferida por

norma coletiva.

(...)

Dessa forma, correta a sentença que julgou procedente o pedido de

13. Com base nos quesitos anteriores é possível afirmar, que a equiparação.

atividade exercida pelo Reclamante era compatível com o dos

paradigmas? Nega-se provimento.

Resposta: Afirmativo.

(...)

18. Informe o I. Perito quais os locais de trabalho e os cargos

exercidos pelos paradigmas e seus respectivos períodos e salários?

Resposta: As agências as quais laboram o reclamante e

paradigmas, são situadas na grande Vitória, como segue:(...) 2.4.6. INTEGRAÇÃO. SISTEMA DE REMUNERAÇÃO VARIÁVEL

22. Informe o I. Perito se havia diferença de perfeição

técnica/produtividade entre Reclamante e paradigmas.

Resposta: O reclamante e os paradigmas desenvolviam as suas

funções com a mesma perfeição técnica. A reclamada não forneceu

ao perito as avaliações funcionais realizadas pela chefia tanto do

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 400
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Consta da inicial que o Reclamante foi admitido em 25/03/1998,

Em razões recursais a Ré requer a reforma da sentença, alegando, exercendo no período imprescrito a função de gerente de

em suma, que tais parcelas não possuem natureza salarial; estão atendimento (até 01/12/2011) e depois a função de gerente de

condicionadas ao atingimento de metas desde a sua instituição; não relacionamento Business/Empresas, tendo sido dispensado sem

são pagas com habitualidade, mas tão-somente quando atingidos justa causa em 24/11/2015, quando recebia remuneração mensal

seus requisitos, tratando-se de liberalidade do empregador. no valor de R$ 6.717,48 (seis mil, setecentos e dezessete reais e

quarenta e oito centavos).

Sem razão.

Afirmou que exerceu o cargo de gerente de atendimento, desde

De fato, em consonância com a decisão proferida pelo Juízo de 01/01/2010 até 01/12/2011 e, posteriormente, ocupou o cargo de

Primeiro Grau, constata-se que a Reclamada não se desincumbiu gerente de relacionamento Business/Empresasaté a data da

de seu ônus da prova, não tendo demonstrado a inexistência de dispensa.

natureza salarial das parcelas apontadas.

Durante todo o contrato de trabalho, e, inclusive, como condição

De toda sorte, pela análise dos comprovantes de pagamento, ao para trabalhar, o autor deveria possuir veículo próprio, sendo que a

contrário do alegado pela Ré, verifica-se que as parcelas em mesma colocou o seu automóvel à disposição do Réu, a fim de que

comento eram pagas de forma habitual, em contraprestação ao fosse utilizado na execução de suas atividades laborais (visitas a

trabalho executado, assumindo, assim, natureza salarial. clientes).

Mantém-se a sentença no particular. Pugnou pela condenação da Reclamada no ressarcimento das

despesas com veículo.

Nega-se provimento.

A Origem julgou parcialmente procedente o pedido, nestes termos:

""Se o empregador exige do empregado a utilização de veículo

particular, como instrumento essencial ao desempenho de suas

atividades, deve ressarci-lo pelas despesas efetuadas, uma vez que

o ônus do empreendimento não pode ser a ele transferido, nos

termos do art.2º da CLT.

O conjunto dos depoimentos deixa claro que a ré não só admitia

2.4.7. DESPESAS COM VEÍCULO E CELULAR. como incentivava o uso do veículo próprio pelos Gerentes de

Relacionamento em razão das visitas externas, fato ordinário tendo

em vista que facilita o contato com os clientes, além da própria

testemunha da ré confirmar que não era visitas utilizando-se de

transporte público regular.

Assim, resta resguardado seu direito ao ressarcimento dos

desgastes pelo uso do seu veículo, não promovido pelo banco

reclamado.

Esta ação foi proposta em 08/01/2016, antes da entrada em vigor

da Lei nº 13.467/2017. (...)

A Origem pronunciou a prescrição das parcelas anteriores a Desta feita, considerando que o veículo era usado em 3/4 visitas

08/01/2011. Não há recurso quanto à prescrição. diárias no mês, defiro o valor de mensais, a título de indenização

pelo meio salário mínimo à época, uso do veículo, a partir de

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 401
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

01/12/2011, quando o reclamante se tornou Gerente de Ademais, quanto ao valor arbitrado pela Origem de meio salário

Relacionamento até 24/11/2015, conforme limitado no pedido. mínimo, endente-se que este se mostra proporcional aos dias de

efetivo uso para visitações aos clientes, ou seja, este era utilizado

O mesmo acontece pelo uso do telefone celular particular do por apenas 3/4 visitas diárias no mês.

empregado para a realização de atividades de interesse do

empregador. Não prospera a tese da defesa de que o telefone fixo Portanto, o valor arbitrado pela na sentença a quoobservou os dias

era suficiente para que o empregado realizasse o contato com seus de efetiva utilização do veículo como instrumento de trabalho.

clientes, uma vez que é incontroverso nos autos que o autor

realizava muitas visitas externas, se ausentando por grande período Portanto, restou comprovado que o autor utilizava de veículo e

da agência, sendo forçoso concluir que era necessário o uso do celular próprio para a consecução das atividades inerentes a função

aparelho celular. de gerente de operação, mas não era indenizado.

Ainda que o autor não tenha trazido aos autos as contas telefônicas Ademais, conforme bem registrado pela Origem, a natureza da

para comprovar os gastos alegados, entendo que deva ser atividade do autor denota a necessidade de deslocamento

ressarcido das despesas, pois é certo o uso do aparelho em permanente do autor.

serviço, sobretudo em razão das visitas externas, sem o respectivo

reembolso das despesas. Sendo assim, nada a modificar neste particular.

Quanto ao uso do telefone particular, considerando que o celular Nega-se provimento.

pertencia ao obreiro e certamente era utilizado também em ligações

particulares, fixo que o valor gasto nas atividades da empresa

correspondia a metade do gasto total, o que dá R$75,00 por mês, a

partir de 01/12/2011, quando o reclamante se tornou Gerente de

Relacionamento até 24/11/2015, conforme limitado no pedido".

Em razões recursais a reclamada pretende a exclusão da

condenação.

Pois bem. 2.4.8. HONORÁRIOS PERICIAIS

Com efeito, parte-se do princípio de que havendo a exigência de

utilização de celular e de veículo para visitar clientes, sem o regular

ressarcimento dos gastos, reputa-se devida a indenização pelo

ilícito praticado, uma vez que o empregador, em abuso do poder

diretivo, transferiu ao trabalhador os riscos da atividade econômica,

em violação ao art. 2º da CLT.

No caso dos autos as testemunhas do autorcomprovam que as A Origem determinou que os honorários periciais complementares

visitas a clientes também eram realizadas por meio de veículo no valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais) a cargo da reclamada,

próprio, sendo utilizado celular particular para manter contatos com devendo, ainda ressarcir ao autor o depósito prévio de R$ 300,00

estes. (trezentos reais), pelas duas perícias realizadas.

A testemunha da rérelatou que não se fazia uso de transporte Inconformado, em suas razões recursais, pugna a reclamada pela

público regular, fato que demonstram que a utilização do veículo do reforma da r. sentença no tocante ao pagamento dos honorários

autor como ferramenta de trabalho, de forma obrigatória. periciais.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 402
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Analisa-se. SEJA CONDENADO POR LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ

Este Relator entende que, em se tratando os honorários periciais de

instituto bifronte, as inovações da Lei n. 13.467/2017 não deverão

ser aplicadas aos processos já em curso.

Isso porque é imprescindível que a parte tenha ciência das

consequências jurídicas do ajuizamento do processo ou da defesa

apresentada, com a possibilidade de previsibilidade para avaliação

das condutas processuais a serem adotadas. A reclamada alega em contrarrazões que o autor é litigante de má-

fé, uma vez que pleiteou na inicial a aplicação da taxa TR para fisn

Entendimento em sentido diverso não seria razoável e implicaria de aplicação de correção monetário, mas apresentou recurso para

afronta ao disposto no art. 10, CPC/15, com a configuração de aplicação do IPCA-E.

decisão surpresa e violação aos princípios da segurança jurídica e

do devido processo legal. Sem razão.

A legislação a ser aplicada nesses casos, portanto, deve ser aquela Não se constata que o reclamante, ao interpor o presente recurso,

vigente quando do ajuizamento da ação. tenha incorrido em alguma das hipóteses previstas no art. 80 do

CPC e no art. 793-B da CLT, uma vez que ele apenas exerceu o

Nesse contexto, utiliza-se, na espécie, a antiga redação do artigo seu direito de ampla defesa, tendo interposto o remédio jurídico

790-B, da CLT, nos seguintes termos: processual previsto no Processo do Trabalho para impugnar a

decisão que o condenou em litigância de má-fé, expondo

"Art. 790-B. A responsabilidade pelo pagamento dos honorários expressamente as razões pelas quais pretendia a reforma da

periciais é da parte sucumbente na pretensão objeto da perícia, decisão.

salvo se beneficiária de justiça gratuita".

Assim, não há falar em nova condenação do reclamante por

Dessa forma, a sucumbência de que trata o artigo não é analisada litigância de má-fé.

pela conclusão do laudo pericial, mas sim pela procedência ou

improcedência da pretensão objeto da perícia e, no caso, os Indefere-se o requerimento do reclamado, formulado em

pedidos do reclamante dependentes da prova pericial foram contrarrazões, de aplicar condenação por litigância de má-fé ao

julgados procedentes. reclamante.

Portanto, correta a sentença que condenou a ré no pagamento dos

honorários periciais.

Nega-se provimento.

2.5. REQUERIMENTO DA RECLAMADA DE QUE O AUTOR 3. ACÓRDÃO

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 403
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

condenação. Sustentações orais do Dr. Fábio Lima Freire,

advogado do reclamante, e da Dra. Úrsula Campos França Mouro,

advogada do reclamado.

DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK

Acordam os Magistrados da 1ª Turma do Tribunal Regional do Relator

Trabalho da 17ª Região, na Sessão Ordinária realizada no dia 03 de

dezembro de 2019, às 13 horas e 30 minutos, sob a Presidência do

Exmo. Desembargador Cláudio Armando Couce de Menezes, com

a participação do Exmo. Desembargador José Carlos Rizk, do

Exmo. Desembargador Mário Ribeiro Cantarino Neto, e presente o

Procurador Regional do Trabalho, Dr. Levi Scatolin, por

unanimidade, conhecer dos recursos ordinários interpostos pelo

reclamante e pela reclamada; rejeitar a preliminar de não

conhecimento do apelo autoral quanto ao índice de correção

monetária, por inovação recursal; rejeitar a preliminar de atribuição

de efeito suspensivo ao recurso, formulado pela Reclamada em

razões recursais; rejeitar a preliminar de nulidade da sentença por

julgamento ultra petita, suscitada pela Ré em razões recursais;

rejeitar a preliminar de nulidade da sentença por cerceio do direito Acórdão


Processo Nº ROT-0000009-74.2016.5.17.0010
de defesa, suscitada pela reclamada em razões recursais; no mérito Relator JOSE CARLOS RIZK
do recurso do autor, por maioria, dar parcial provimento para RECORRENTE THIAGO ZANI DA CRUZ
ADVOGADO FABIO LIMA FREIRE(OAB: 9167/ES)
estabelecer que os débitos trabalhistas em geral devem ser
RECORRENTE BANCO SANTANDER (BRASIL) S.A.
atualizados pela TR/FACDT até 24/03/2015 e pelo IPCA-E a partir ADVOGADO MAURICIO DE SOUSA
PESSOA(OAB: 156805/SP)
de 25/03/2015; e, no mérito do recurso da reclamada, por
ADVOGADO UDNO ZANDONADE(OAB: 9141/ES)
unanimidade, negar provimento. Indeferido o requerimento do ADVOGADO TALITHA ABI HARB SANTOS(OAB:
20764/ES)
reclamado, formulado em contrarrazões, de aplicação da pena por
ADVOGADO FERNANDA RIBEIRO UCHOA
litigância de má-fé ao reclamante. Vencido, no recurso obreiro, TEIXEIRA(OAB: 101952/RJ)
ADVOGADO EDUARDO CHALFIN(OAB: 53588/RJ)
quanto às horas extras a partir da 6ª hora diária, às horas extras a
RECORRIDO BANCO SANTANDER (BRASIL) S.A.
partir da 8ª hora diária e ao intervalo intrajornada, o Desembargador ADVOGADO MAURICIO DE SOUSA
PESSOA(OAB: 156805/SP)
Cláudio Armando Couce de Menezes. Custas, pela reclamada, no
ADVOGADO UDNO ZANDONADE(OAB: 9141/ES)
importe de R$ 3.000,00 (três mil reais), calculadas sobre R$ ADVOGADO TALITHA ABI HARB SANTOS(OAB:
20764/ES)
150.000,00 (cento e cinquenta mil reais), valor ora majorado à

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Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

ADVOGADO FERNANDA RIBEIRO UCHOA


TEIXEIRA(OAB: 101952/RJ)
ADVOGADO EDUARDO CHALFIN(OAB: 53588/RJ) EMENTA
RECORRIDO THIAGO ZANI DA CRUZ
ADVOGADO FABIO LIMA FREIRE(OAB: 9167/ES)
TERCEIRO COOPCONPIF - Cooperativa de
INTERESSADO Consumo dos Profissionais de
Instituições Financeiras Ltda
TERCEIRO Fabiana Silva Ribeiro
INTERESSADO
TERCEIRO Márcio Rodrigo Mocelim Natal
INTERESSADO
TESTEMUNHA YURI BUSSULAR SEIXAS
TESTEMUNHA REINALDO PASSOS MAGALHAES
TESTEMUNHA AGHTA SILVA ZANOTELLI

Intimado(s)/Citado(s): RECURSO DO RECLAMANTE. HORAS EXTRAS. BANCÁRIO.

- Fabiana Silva Ribeiro GERENTE DE RELACIONAMENTO. FIDÚCIA DIFERENCIADA.

APLICAÇÃO DO ART. 224, §2º DA CLT. Tendo em vista que o

autor se encontrava imbuído de uma fidúcia que o colocava em

patamar diferenciado dos demais empregados da agência, inclusive


PODER JUDICIÁRIO
refletindo em sua remuneração, entende-se que estava inserido na
JUSTIÇA DO TRABALHO
exceção do art. 224, §2º, da CLT, sendo indevidas como extras as

horas posteriores à 6ª diária.

RECURSO DA RECLAMADA. NULIDADE DA DISPENSA.


PROCESSO nº 0000009-74.2016.5.17.0010 (ROT) ESTABILIDADE PROVISÓRIA NO EMPREGO. DIRETOR DE

COOPERATIVA. Tendo em vista que o autor é dirigente de


RECORRENTES: THIAGO ZANI DA CRUZ; BANCO SANTANDER cooperativa regida pela Lei nº 5.764/71, faz jus o reclamante à
(BRASIL) S.A. estabilidade provisória no emprego prevista no art. 55 desta lei.

Ademais, entende-se que tal garantia não está limitada ao número


RECORRIDOS: THIAGO ZANI DA CRUZ; BANCO SANTANDER de 7 dirigentes, vez que, nos moldes do art. 29 desta lei, é livre a
(BRASIL) S.A. associação de interessados.

ORIGEM: 10ª VARA DO TRABALHO DE CACHOEIRO DE

ITAPEMIRIM - ES

RELATOR: DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK

COMPETÊNCIA: 1ª TURMA

1. RELATÓRIO

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Contrarrazões do autor, em que pretende a manutenção da

Esta ação foi proposta em 08/01/2016, antes da entrada em vigor sentença.

da Lei nº 13.467/2017.

Contrarrazões pela reclamada, em que suscita preliminar de não

A Origem pronunciou a prescrição das parcelas anteriores a conhecimento do recurso do autor quanto ao índice de correção

08/01/2011. Não há recurso quanto à prescrição. monetária, por inovação recursal e, no mérito, pela manutenção da

sentença e pela aplicação de multa por litigância de má-fé.

Trata-se de recurso ordinário interposto pelo reclamante e pela

reclamada em face da r. sentença, complementada pela decisão de É o relatório.

embargos de declaração, que julgou procedentes em parte os

pedidos formulados na inicial, para condenar a reclamada no

pagamento de diferenças salariais decorrente de garantia do

emprego, ratificando a tutela antecipada; horas extras após a 8ª

hora diária, no período imprescrito até a data da dispensa da

testemunha Yuri; intervalo intrajornada, no período imprescrito até a

data da dispensa da testemunha Yuri; divisor 220; integração da

remuneração variável; indenização pelo uso de veículo, no período

entre 01/12/2011 até 24/11/2015; indenização pelo uso do telefone

particular, no período entre 01/12/2011 até 24/11/2015; equiparação 2. FUNDAMENTAÇÃO

salarial; e diferenças de substituição.

O reclamante interpõe recurso ordinário, requerendo a reforma do

decisio quanto às horas extras a partir da 6ª hora diária; divisor;

limitação temporal das horas extras a partir da 8ª diária,

sucessivamente o afastamento da OJ 415 da SDI-I do TST;

limitação temporal do intervalo intrajornada, sucessivamente o

afastamento da OJ 415 da SDI-I do TST; majoração da indenização

pelo uso de veículo próprio; indenização por assédio moral; e índice

de correção monetária.

Em recurso ordinário, a reclamada suscita preliminar de nulidade da

sentença, por ser ultra petita e preliminar de nulidade da sentença,

por cerceamento de defesa, além de pleitear o efeito suspensivo ao

recurso. No mérito, pugna pela reforma dos seguintes capítulos: 2.1. CONHECIMENTO

estabilidade prevista no art. 55 da Lei 5.764/71, por ser falsa

cooperativa; horas extras a partir da 8ª diária; reflexos dos dias de

sábado; reflexos das horas extras nos dias de repouso semana

remunerado, sob pena de bis in idem; reflexos do sistema de

remuneração variável nas horas extras; indenização pelo uso de

veículo próprio; indenização pelo uso de celular; equiparação

salarial, sucessivamente, exclusão do pagamento de diferenças de

auxílio refeição e auxílio cesta alimentação e PLR; e honorários

periciais.

Custas ao Id. 8286a9f e depósito recursal ao Id. 09b1808.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 406
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Estando preenchidos este e os demais pressupostos de

2.1.1. CONHECIMENTO DO RECURSO DO AUTOR. admissibilidade, conhece-se do recurso ordinário do reclamante.

PRELIMINAR DE NÃO CONHECIMENTO, POR INOVAÇÃO.

SUSCITADA EM CONTRARRAZÕES PELA RECLAMADA

2.1.2. CONHECIMENTO DO RECURSO DA RECLAMADA

Esta ação foi proposta em 08/01/2016, antes da entrada em vigor

da Lei nº 13.467/2017.

A Origem pronunciou a prescrição das parcelas anteriores a

08/01/2011. Não há recurso quanto à prescrição.

A reclamada suscita preliminar de inovação recursal em

contrarrazões, alegando que o autor inovou a sua causa de pedir

quanto ao índice de correção monetária, inserindo no recurso Esta ação foi proposta em 08/01/2016, antes da entrada em vigor

ordinário pleito inexistente na petição inicial e que por conseguinte da Lei nº 13.467/2017.

não foi objeto de apreciação pela sentença.

A Origem pronunciou a prescrição das parcelas anteriores a

Sem razão. 08/01/2011. Não há recurso quanto à prescrição.

Inexiste qualquer inovação recursal quanto ao tema da correção Conhece-se do recurso ordinário interposto pela reclamada,

monetária. porquanto preenchidos os pressupostos legais de admissibilidade.

Em primeiro lugar, saliente-se que a aplicação de correção

monetária constitui pedido implícito, não precisando constar na

inicial, não havendo qualquer julgamento "ultra" e "extra petita"

quando a sentença aborda a matéria mesmo que não tenha sido

mencionada na inicial.

Ressalte-se que o Juízo de Primeiro Grau determinou que fosse

aplicada a correção monetária a TR como índice de atualização.

2.2. PRELIMINARES

O reclamante requereu em seu recurso ordinário que seja

reformada a sentença para aplicar o IPCA-E como índice de

atualização.

Logo, não há falar em inovação recursal.

Rejeita-se a preliminar.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 407
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estaria impedido de receber salário, verba de caráter alimentar.

Não há risco de irreversibilidade da medida, diante da inexistência

de prejuízo à Reclamada, que se beneficiará da mão de obra do

Reclamante.

Não merece ser acolhido, portanto, o requerimento da Ré de que

2.2.1. CONCESSÃO DE EFEITO SUSPENSIVO. PRELIMINAR seja concedido efeito suspensivo ao recurso ordinário interposto.

SUSCITADA PELA RECLAMADA EM RAZÕES DE RECURSO

Rejeita-se a preliminar de atribuição de efeito suspensivo ao apelo,

formulado pela Reclamada em razões recursais.

A Reclamada, em razões recursais, busca a concessão de efeito

suspensivo ao recurso ordinário interposto.

Pois bem. 2.2.2. PRELIMINAR DE NULIDADE DA SENTENÇA, POR

JULGAMENTO ULTRA PETITA, SUSCITADA EM RAZÕES DE

Depreende-se da nova redação da Súmula 414, do TST, que "a RECURSO ORDINÁRIO PELA RECLAMADA

tutela provisória concedida na sentença não comporta impugnação

pela via do mandado de segurança, por ser impugnável mediante

recurso ordinário. É admissível a obtenção de efeito suspensivo ao

recurso ordinário mediante requerimento dirigido ao tribunal, ao

relator ou ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal recorrido,

por aplicação subsidiária ao processo do trabalho do artigo 1.029, §

5º, do CPC de 2015".

De acordo com o art. 300 do CPC, a tutela de urgência será Esta ação foi proposta em 08/01/2016, antes da entrada em vigor

concedida quando houver elementos que evidenciem a da Lei nº 13.467/2017.

probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado

útil do processo. A Origem pronunciou a prescrição das parcelas anteriores a

08/01/2011. Não há recurso quanto à prescrição.

No caso em tela, encontram-se presentes os requisitos necessários

para a concessão da tutela de urgência. Consta da inicial que o Reclamante foi admitido em 25/03/1998,

exercendo no período imprescrito a função de gerente de

A probabilidade do direito decorre do fato de que restou atendimento (até 01/12/2011) e depois a função de gerente de

comprovada a violação do direito do Reclamante no tocante à relacionamento Business/Empresas, tendo sido dispensado sem

nulidade da dispensa, não tendo a recorrente apresentado justa causa em 24/11/2015, quando recebia remuneração mensal

argumentados fáticos, a fim de serem aferidos em uma análise no valor de R$ 6.717,48 (seis mil, setecentos e dezessete reais e

sumária. quarenta e oito centavos).

O perigo de dano também é patente, porquanto o Reclamante Em preliminar de recurso ordinário sustenta a Reclamada que a r.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 408
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

decisão de Origem se trata de sentença ultra petita, na medida em

que o Julgador deferiu ao Obreiro um quantumde diferenças Corroborando tal proibição, o art. 141 do diploma processual civil

salariais decorrente da reintegração maior do que o postulado. preceitua que o magistrado deve decidir a lide nos limites em que foi

proposta, sendo-lhe defeso conhecer de questões, não suscitadas,

Nesse contexto, explica que a inicial limita as horas nos seguintes a cujo respeito a lei exige a iniciativa da parte.

termos:

Consoante ensinamento de Freddie Didier Júnior, "diz-se ultra petita

"Pede seja declarada nula a dispensa sem justa causa do Rte a decisão que (i) concede ao demandante mais do que ele pediu, (ii)

realizada pelo Reclamado na data de 24-11-2015, declarando-se analisa não apenas os fatos essenciais postos pelas partes como

que o Autor é detentor de garantia provisória no emprego no também outros fatos essenciais, ou (iii) resolve a demanda em

período entre 12-01-2015 até 1 (um) ano após a data do término do relação aos sujeitos que participaram do processo, mas também em

seu mandato de diretor da COOPBAN, na forma do art. 55, da Lei n. relação a outros sujeitos não participantes." (DIDIER Jr., Freddie, in

5.764/1971 c/c art. 543, parágrafo 3o, da CLT, REQUERENDO O "Curso de Direito Processual Civil", 2ª ed., Salvador: JusPODIVM,

AUTOR SEJA DETERMINADA A SUA REINTEGRAÇÃO AO 2008. v. 02, p. 287).

EMPREGO NO RECLAMADO, na mesma função, local, e com a

mesma remuneração de antes da dispensa, condenando-se o No caso em tela, ao contrário do que sustenta a reclamada, verifica-

Reclamado a fazer tal reintegração, e ainda, que seja o Reclamado se que o Reclamante apontou, em sua peça de ingresso, de forma

condenado ao pagamento das remunerações vencidas e vincendas genérica as parcelas de natureza salarial devida. Veja-se:

do Reclamante, a serem apuradas desde a data de 24-11-2015 até

a data da efetiva reintegração do Reclamante, condenando-se o "(...), condenando-se o Reclamado a fazer tal reintegração, e ainda,

Rdo também ao pagamento das parcelas de 13o salário, férias + que seja o Reclamado condenado ao pagamento das remunerações

1/3, FGTS, PLR (Participação nos Lucros e Resultados), auxílio vencidas e vincendas do Reclamante, a serem apuradas desde a

refeição (cláusula 14ª), auxílio cesta alimentação (cláusula 15ª), data de 24-11-2015 até a data da efetiva reintegração do

auxílio décima terceira cesta alimentação (cláusula 16ª), e demais Reclamante, (...)".

benefícios previstos nas CCT dos bancários, durante todo o período

de afastamento." A r. sentença, neste sentido, deferiu a pretensão nos seguintes

termos:

Nada obstante, aponta que o d. Juízo a quo, em sede de embargos

de declaração, determinou a inclusão da todas as parcelas de "Assim, defiro o pedido "A" da inicial, restando mantidos os efeitos

natureza salarial recebidas pelo autor. da concessão da tutela antecipada, devendo ser pagas as

remunerações vencidasdesde sua dispensa até a efetiva

Requer seja reconhecida a nulidade da decisão, no ponto. reintegração."

Sucessivamente, pretende a limitação aos termos postulados na A fim de tornar mais clara a abrangência do termo remunerações,

exordial. por meio da decisão de embargos de declaração, o Juízo assim

decidiu:

Examina-se.

"O termo remuneração utilizado na sentença ao deferir a

Segundo o sistema processual vigente, o julgador não pode, via de reintegração se refere a todas as parcelas de cunho salarial

regra, decidir acima (ultra petita), fora (extra petita) ou aquém (citra recebido pelo autor, como for apurado em liquidação."

petita) dos limites do pedido.

Do cotejo entre a inicial e a r. sentença, observa-se que não há o

Nesse contexto, a teor do art. 492 do CPC/2015, é defeso ao juiz alegado julgamento "além do pedido".

proferir sentença, a favor do Autor, de natureza diversa da pedida,

bem como condenar o Réu em quantidade superior ou em objeto Dessa forma, a r. sentença, ao condenar a Ré ao pagamento de

diverso do que lhe foi demandado. diferenças de remuneração do período estabilitário até a efetiva

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 409
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reintegração, não incorreu em julgamento ultra petita. salário inferior aos paradigmas Janaina Queiroz Costa Drummond

de Aguiar e Delton Martins de Souza, mas realizava as mesmas

Dessa forma, considerando que o pedido apontado pela Recorrente atividades.

foi corretamente deduzido na inicial, não há falar em infringência ao

492 do CPC. Por isso, pugnou pelo pagamento de diferenças salariais por

equiparação salarial.

Rejeita-se a preliminar de nulidade da sentença por julgamento ultra

petita, suscitada pela Ré em razões recursais. Na audiência de instrução de Id. eea594c foi produzida prova oral,

sendo ouvida as partes, duas testemunhas indicadas pelo autor e

uma indicada pela reclamada. Especificamente quanto ao pedido de

produção de prova oral sobre à equiparação salarial, o Juízo assim

se manifestou:

"Requereu a reclamada a produção de prova oral acerca da

equiparação salarial tendo em vista as impugnações apresentadas

ao laudo pericial, o que foi indeferido pelos seguintes motivos: as

questões suscitadas pela ré nas impugnações são todas aferíveis

2.2.3. PRELIMINAR DE NULIDADE DA SENTENÇA, POR com prova documental, como fundamentado pela própria parte na

CERCEAMENTO DE DEFESA, SUSCITADA EM RAZÕES DE sua insurgência. Protestos do réu".

RECURSO ORDINÁRIO PELA RECLAMADA

Na r. sentença a Origem se baseou na prova pericial produzida, ao

estabelecer as atividades exercidas pelo autor e pelos paradigmas,

para deferir o pedido de condenação da reclamada no pagamento

de diferenças salariais decorrente de equiparação salarial.

Nas razões recursais a reclamada alega preliminar de cerceamento

de defesa pelo indeferimento de perguntas ao autor e às

testemunhas quanto ao tema da equiparação salarial.

Esta ação foi proposta em 08/01/2016, antes da entrada em vigor

da Lei nº 13.467/2017. Analisa-se.

A Origem pronunciou a prescrição das parcelas anteriores a A Origem deixou claro na r. sentença recorrida que as atividades

08/01/2011. Não há recurso quanto à prescrição. laborais do autor e dos paradigmas foram consignadas pela prova

pericial, de modo que se verificou que o reclamante tenha

Consta da inicial que o Reclamante foi admitido em 25/03/1998, desempenhado funções idênticas aos dos paradigmas, porém, com

exercendo no período imprescrito a função de gerente de menor remuneração.

atendimento (até 01/12/2011) e depois a função de gerente de

relacionamento Business/Empresas, tendo sido dispensado sem No direito processual brasileiro, é notório que incumbe ao

justa causa em 24/11/2015, quando recebia remuneração mensal Magistrado a direção do processo, devendo até mesmo afastar, em

no valor de R$ 6.717,48 (seis mil, setecentos e dezessete reais e nome da celeridade e economia processual, provas que reputem

quarenta e oito centavos). inócuas, inúteis, irrelevantes ou desnecessárias, sem que isso

importe, necessariamente, em afronta ao amplo direito de defesa

Informou que, no período em que exerceu a função de gerente de garantido às partes (art. 370 do CPC/2015).

atendimento recebeu salário inferior ao paradigma Willian Rodrigues

de Oliveira, mesmo tendo exercido idênticas funções. Já, no período Trata-se da liberdade do juiz em conduzir o processo, também

em que foi gerente de relacionamento Business/Empresas, recebeu prevista no artigo 765, da CLT, que estabelece a "ampla liberdade

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 410
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de direção do processo" e o dever do magistrado em velar pelo

"andamento rápido das causas". 2.3.1. HORAS EXTRAS A PARTIR DA 6ª HORA DIÁRIA. ART.

224, §2º DA CLT

Nesse sentido, não se encontram fundamentos, no presente caso,

para acolher a preliminar por cerceio de defesa, haja vista à prova

pericial, além da liberdade de condução processual do julgador.

Assim, tendo em vista a devida justificativa do indeferimento das

perguntas para o autor e para as testemunhas pelo Magistrado, não

há que se falar em violação ao art. 5º, LV, da Constituição Federal.

Rejeita-se a preliminar de nulidade da sentença, por cerceio do Esta ação foi proposta em 08/01/2016, antes da entrada em vigor

direito de defesa, suscitada pela reclamada em razões recursais. da Lei nº 13.467/2017.

A Origem pronunciou a prescrição das parcelas anteriores a

08/01/2011. Não há recurso quanto à prescrição.

Consta da inicial que o Reclamante foi admitido em 25/03/1998,

exercendo no período imprescrito a função de gerente de

atendimento (até 01/12/2011) e depois a função de gerente de

relacionamento Business/Empresas, tendo sido dispensado sem

justa causa em 24/11/2015, quando recebia remuneração mensal

no valor de R$ 6.717,48 (seis mil, setecentos e dezessete reais e

quarenta e oito centavos).

Afirmou que exerceu o cargo de gerente de atendimento, desde

01/01/2010 até 01/12/2011 e, posteriormente, ocupou o cargo de

gerente de relacionamento Business/Empresasaté a data da

dispensa.

Relatou que no período entre 01/12/2011 a 24/11/2015, e que pese

exercer a função de gerente de relacionamento Business/Empresas,

2.3. MÉRITO DO RECURSO DO AUTOR foi submetido a jornada de trabalho de 8h diárias. No entanto,

destacou que "não ocupou cargo de gerência estrita, ou seja, não

ocupou cargo de confiança bancária nos moldes do art. 224,

parágrafo 2º, da CLT".

Pugnou pela descaracterização da jornada de 08 horas, tendo em

vista que não possuía subordinados ou poder de fiscalização, não

exercia função de chefia e tampouco provido de fidúcia especial e,

paralelamente, o reconhecimento das horas extras a partir da 6ª

hora diária.

Em contestação a Reclamada sustentou que "em 01.12.2011 o

Reclamante passou para o cargo de Gerente de Relacionamento

Empresas/Business I e em 01.12.2014 passou para o cargo de

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Gerente de Relacionamento Empresas/Business II". O reclamante admite na inicial que era o responsável por substituir

o gerente geral de agência, bem como pleiteou equiparação salarial

Afirmou que "o cargo de Gerente de Relacionamento Business, com o gerente de Gerente de Relacionamento Business Sr. Delton

possui grande fidúcia, pois é responsável por conquistar novos e Sra. Janaína, sob o fundamento de que detinha as mesmas

clientes e prestar atendimento aos atuais, no Segmento de Pessoa atribuições e poderes do cargo, sendo elas: "atendimento a clientes,

Jurídica Business com faturamento anual até 1 milhão de reais venda de produtos e serviços do banco, e administrava uma carteira

(Gerente de Relacionamento Empresas I) e entre 1 e 6 milhões de de clientes do segmento de pessoa jurídica (empresas)".

reais (Gerente de Relacionamento Empresas II) , com o objetivo de

aumentar a sua carteira de clientes junto ao mercado. Para tanto, Ademais, o laudo pericial de Id. ca6ab49 constatou que o autor,

era exigido que ele tivesse 2 anos de experiência como gerente de além de participar de comitê de crédito, exercia as seguintes

Relacionamento no Segmento Alta Renda ou Pessoa Jurídica e, atribuições como Gerente de Relacionamento Business:

ainda, inglês e espanhol intermediário" e que "o próprio Gerente,

caso do Reclamante, é quem elabora as propostas de concessão "11. Informe o i. Perito, à título exemplificativo, os clientes que eram

de crédito no fluxo de abertura de conta corrente ou no sistema de atendidos

Elaboração, Análise e Gestão de Propostas de Crédito (ferramentas

da plataforma de atendimento do reclamado)", além de asseverar pelo Gerente de Relacionamento Business I.

que participava do Comitê de Crédito junto com o gerente geral de

agência. Resposta: Com relação a função de Gerente de Relacionamento

Business I, temos que a mesma visava manter a carteira de clientes

Por fim, asseverou que o autor recebia gratificação de função no pessoas jurídicas sob sua responsabilidade, bem como de seus

valor de 1/3 do salário efetivo. respectivos sócios, identificando suas necessidades e assegurando

a satisfação dos mesmos com relação aos serviços e produtos

A Origem reconheceu a validade da jornada de 08 horas do autor, disponibilizados pelo Banco.

na forma do art. 224, §2º da CLT, indeferindo a título de horas

extras aquelas que ultrapassassem 6ª horas diárias até a 8ª hora Conquistar novos clientes visando aumentar sua carteira junto ao

diária. mercado alvo, vendendo produtos e serviços da instituição.

Em razões recursais o autor renovou sua pretensão. Propor o desenvolvimento de negócios de seus clientes, de acordo

com as normas e procedimentos operacionais estabelecidos pelo

Sem razão. Banco.

Cumpre perquirir se a autora estava inserida na exceção do art. Acompanhar e cobrar operações de seus clientes com operações

224, §2º, da CLT. de crédito vencidas.

É incontroverso que recebia gratificação de função superior a um Acompanhar a performance de negócios de seus clientes, visando

terço do valor do cargo efetivo, já que percebia salário base de R$ identificar eventuais problemas, que possam interferir nos

3.679,51 (três mil, seiscentos e setenta e nove reais e cinquenta e resultados do Banco e Zelar pelo atendimento personalizado de

um centavos) acrescido de gratificação de função no valor de R$ seus clientes, visando assegurar o nível de qualidade diferenciado

2.068,19 (dois mil e sessenta e oito reais), conforme ficha financeira de serviços prestados pelo Banco.

de Id. 43e5f58 - Pág. 11.

12. Informe o i.Perito, à título exemplificativo, os clientes que eram

Quanto às tarefas propriamente ditas, não é possível afirmar que o atendidos

autor exercia mera atividade técnica de assessoramento ou mesma

fidúcia conferida a empregados que, de fato, exerciam tarefas de pelo Gerente de Relacionamento Business II.

simples assessoria ou suporte bancário.

Resposta: E com relação ao gerente de relacionamento business II,

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temos que o mesmo tinha como dever: manter a carteira de clientes Resposta: As agências as quais laboram o reclamante e

pessoas jurídicas sob sua responsabilidade, identificando suas paradigmas, são situadas na grande Vitória, como segue:

necessidades e assegurando a satisfação dos mesmos com relação

aos serviços e produtos disponibilizados pelo Banco. O reclamante trabalhou na agência de Vitória situada na Avenida

Princesa Isabel sendo que em 01/12/2011 foi transferido para a

Conquistar novos clientes visando aumentar sua carteira junto ao Agência de Jardim da Penha, Vitória/ES. Em 01/07/2014 o autor foi

mercado alvo, vendendo produtos e serviços da instituição. novamente transferido para a Agência da Praça Costa Pereira

situada em Vitória/ES.

Propor o desenvolvimento de negócios de seus clientes, de acordo

com as normas e procedimentos operacionais estabelecidos pelo O paradigma Willian Rodrigues de Oliveira trabalhou na agência da

Banco. Costa Pereira, até a demissão.

Prospectar e dar aceite a propostas de investimentos dos clientes O paradigma Janaína Queiroz trabalhou na Agência da Enseada do

de sua carteira. Suá, sendo que em 01/06/2014 foi transferida para a Agência da

Praia do Canto.

Acompanhar e cobrar operações de seus clientes com operações

de crédito vencidas. Contrato de trabalho ativo, hoje em Jucutuquara;

Acompanhar a performance de negócios de seus clientes, visando O paradigma Delton Martins de Souza trabalhava na Agência de

identificar eventuais problemas, que possam interferir nos Laranjeiras sendo que em 01/05/2015 foi transferido para o PV

resultados do Banco. Vitória.

Analisar as operações de empréstimo dos clientes de sua carteira, E quanto aos cargos e salários, já foram respondidos por este

conforme os parâmentros definidos pela política de concessão de Perito, vide respostas dadas aos quesitos do reclamante. Contudo,

crédito. em caso de eventual procedência do pleito de equiparação salarial,

serão apuradas as diferenças salariais devidas, ocasião em que

Aprovar e cadastrar limites de crédito (inclusive participação no serão demonstrados mês a mês os valores recebidos pelos

comitê de crédito da agência). mesmos".

Zelar pelo atendimento personalizado de seus clientes, visando Neste passo, tem-se que o próprio teor da inicial e o laudo pericial

assegurar o nível de qualidade diferenciado de serviços prestados comprovam a realidade fática vivenciada pelo autor no exercício da

pelo Banco. função de gerente de Relacionamento Business, com atribuições

diferenciadas ao simples cargo efetivo bancário.

13. Com base nos quesitos anteriores é possível afirmar, que a

atividade exercida pelo Reclamante era compatível com o dos Extrai-se, portanto, da prova pericial que o autor possuía maiores

paradigmas? responsabilidade do que os empregados comuns, já que era

responsável por toda a prestação de serviços bancários para aquela

Resposta: Afirmativo. linha de clientela e participava de comitê de crédito junto com a

gerente geral de agência, sendo que eventualmente substituía o

(...) próprio gerente geral.

18. Informe o I. Perito quais os locais de trabalho e os cargos Assim, tendo em vista que o autor se encontrava imbuído de uma

exercidos pelos fidúcia que o colocava em patamar diferenciado dos demais

empregados da agência, inclusive refletindo em sua remuneração,

paradigmas e seus respectivos períodos e salários? entende-se que estava inserido na exceção do art. 224, §2º, da

CLT, sendo indevidas como extras as horas posteriores à 6ª diária.

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Por fim, diante da manutenção da sentença de improcedência, por Pugnou o pagamento de horas extras não anotadas nos controles

decorrência lógica, não há falar em aplicação do divisor 180 para o de frequência.

cálculo das horas extras.

Em contestação, a reclamada defende a validade dos controles de

Nega-se provimento. ponto, tendo destacado que eventuais horas extras eram

devidamente quitadas.

A Origem julgou parcialmente procedentes os pedidos sob o

seguinte fundamento:

"A reclamada junta os cartões de ponto que apontam o labor

extraordinário bem como os contracheques que também apontam o

pagamento de horas extras.

2.3.2.HORAS EXTRAS A PARTIR DA 8ª HORA DIÁRIA (...)

Em depoimento pessoal, o reclamante disse que a média de horas

de trabalho entre gerente de atendimento e relacionamento era a

mesma; que chegava Às 7:50/8:00 hs na agência e saia às

19:30/20hs; que parava 20/30 minutos para almoçar, dentro da

agência; que a última agência por qual passou tinha 5 gerentes de

relacionamentos; que havia um revezamento para não saírem todos

ao mesmo tempo.

Esta ação foi proposta em 08/01/2016, antes da entrada em vigor

da Lei nº 13.467/2017. Em depoimento pessoal, a preposta da reclamada disse que o

reclamante fazia jornada de 9hs às 18hs, com 1 hora de almoço;

A Origem pronunciou a prescrição das parcelas anteriores a que se extrapolasse esse horário, era registrado no cartão de ponto.

08/01/2011. Não há recurso quanto à prescrição.

A primeira testemunha indicada pelo reclamante disse que

Consta da inicial que o Reclamante foi admitido em 25/03/1998, trabalhou no banco até 2014; que trabalhou com o reclamante na

exercendo no período imprescrito a função de gerente de agencia princesa Isabel; que saiu desta agência no ano de 2011;

atendimento (até 01/12/2011) e depois a função de gerente de que era gerente de careira; que chegava para trabalhar as 8hs e

relacionamento Business/Empresas, tendo sido dispensado sem saia em média 20hs/20:30hs; que o reclamante fazia normalmente

justa causa em 24/11/2015, quando recebia remuneração mensal os mesmos horários; que fazia 20/30 minutos de almoço e retornava

no valor de R$ 6.717,48 (seis mil, setecentos e dezessete reais e para trabalhar; que o reclamante também fazia o mesmo horário;

quarenta e oito centavos). que nessa agencia tinham uns 5/6 gerentes de relacionamento; que

não podia revezar enquanto tinha cliente para atender; que o ponto

Afirmou que exerceu o cargo de gerente de atendimento, desde era eletrônico; que na grande maioria, não era marcado

01/01/2010 até 01/12/2011 e, posteriormente, ocupou o cargo de corretamente o cartão de ponto; que a agencia era punida se

gerente de relacionamento Business/Empresasaté a data da houvesse muitas horas extras dos funcionários, então era cobrados

dispensa. para que não marcassem mais horas em razão de um ranking entre

as agencias; que batia o ponto e continuava trabalhando; que

Relatou que, no período entre 01/01/2010 até 24/11/2015, cumpria mesmo com o ponto fechado, não impedia de trabalhar, não

jornada de trabalho de 8h às 20h, de segunda a sexta-feira, com bloqueava; que era orientada a não marcar horas extras, mas o

intervalo de 30 minutos para refeição. gerente sabia que faziam horas extras; que o chefe dela e do

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reclamante era o gerente geral, Sr. Eduardo; que chegavam e-mails Seixas, como apurado em liquidação. A testemunha arrolada pela ré

mostrando quais funcionários mais faziam horas extras e nas não se presta para confrontar tal assertiva, pois relata que o horário,

reuniões diárias era exposto que não poderia gerar horas extras. além de atestar que o sistema mais rígido de controle de ponto

somente passou a valer após o fim do contrato de trabalho do

A segunda testemunha indicada pelo reclamante disse que reclamante (dois/três anos para cá).

trabalhou de 2007 a 2012 no banco; que trabalhou na agencia de

jardim da penha com o reclamante; que quando o reclamante Tendo por base a prova fixo a jornada média de trabalho do autor

chegou, o depoente já trabalhava lá; que era assistente PJ; que no período como sendo das 8:30 às 19:00, sempre com 30 minutos

chegava entre 8h/8:30hs na agencia e normalmente o reclamante de intervalo.

chegava primeiro; que ia embora em média às 19:30hs; que a

maioria das vezes, o depoente ia embora antes do reclamante; que Desta forma, procede parcialmente o pleito de horas extras, no

fazia entre 20/30 minutos de refeição; que ninguém parava 1 hora montante a ser apurado em liquidação, sendo extra o labor após a

de intervalo; que era obrigado a bater o ponto antes da partida 8ª hora diária, do período imprescrito até a data de dispensa da

porque se tivesse uma quantidade de horas extras muito grande, a testemunha Yuri Bussular Seixas.".

agência era penalizada; que o gestor orientava a bater o ponto e

fazer outros trabalhos como ligação para cliente, arquivar contratos, Recorre o autor pretendendo a reforma da limitação temporal das

preenchimento de contas, ligação para ofertas de produtos; que horas extras a partir da 8ª diária, sucessivamente o afastamento da

depois que dava baixa no sistema, não tinha como acessar o OJ 415 da SDI-I do TST.

sistema depois de fechar o ponto; que fazia serviços internos; que

Pois bem.

A primeira testemunha da reclamada disse que trabalha no banco

desde janeiro de 2013; que inicialmente trabalhou na agencia da O art. 224, §2º, da CLT estabelece que a jornada de seis horas

Enseada e no final de outubro/novembro de 2013 passou a diárias não se aplica aos que exercem funções de direção,

trabalhar na agencia de Jardim da Penha; que o reclamante já gerência, fiscalização, chefia e equivalente ou que desempenhem

estava trabalhando na agencia de Jardim da Penha quando outros cargos de confiança, desde que o valor da gratificação não

começou a trabalhar lá; que exercia a função de assistente de seja inferior a 1/3 do salário do cargo efetivo.

empresa; que chegava na agência às 9hs; que quando chegava,

acontecia do reclamante estar na agencia ou visitando cliente; que Na inicial o autor informa que, durante todo o período imprescrito

saia as 18hs; que o sistema não permite que se trabalhe depois das exerceu a função de gerente de atendimento (até 01/12/2011) e

18hs; que acontecia de ir embora e deixar o reclamante trabalhando depois a função de gerente de relacionamento Business/Empresas,

ainda; que tem 1 hora de intervalo; que é possível o funcionário tendo destacado que no período entre 01/01/2010 até 24/11/2015,

fazer um ajuste no ponto, se prolongar o horário depois de uma cumpria jornada de trabalho de 8h às 20h, de segunda a sexta-feira,

visita; que na época batia ponto na própria agente; que é gerente de com intervalo de 30 minutos para refeição.

empresa desde setembro de 2014; que não tem conhecimento de

haver um ranking das agencias em que aferida a quantidade de Outrossim, inconteste que o autor se enquadra na exceção prevista

horas extras; que nunca foi orientado no sentido de não marcar o no §2º do art. 224 da CLT, mormente porque recebia um adicional

ponto corretamente; que o empregado que não registra superior a 1/3 do seu salário base.

corretamente o ponto, é punido; que o sistema

A par disso, o autor estava submetido a jornada de 8 horas diárias,

rígido de ponto passou a existir há dois/três anos para cá; que mediante controle de frequência, que foram impugnados pelo autor.

poderia acontecer do gerente estar ainda em visita externa depois

das 20hs. Acerca do ônus da prova, assim dispõem os artigos 818 da CLT e

373 do CPC:

As testemunhas ouvidas confirmam a realização de horas extra,

além do anotado no cartão de ponto, somente do marco "Art. 818. A prova das alegações incumbe à parte que as fizer."

prescricional até a data de dispensa da testemunha Yuri Bussular

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" Art. 373. O ônus da prova incumbe: autor comprovam que o autor constantemente realizava horas

extras sem a devida anotação no controle de frequência, inclusive

I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; sob pena de punição.

II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou A primeira testemunha do autor, que somente trabalhou no banco

extintivo do direito do autor." até o ano de 2014, relatou que: que o ponto era eletrônico; que na

grande maioria, não era marcado corretamente o cartão de ponto;

Como se nota, segundo a regra geral de repartição do ônus que a agencia era punida se houvesse muitas horas extras dos

probatório, compete ao reclamante a prova dos fatos constitutivos funcionários, então era cobrados para que não marcassem mais

do seu direito, qual seja, a efetiva prestação de horas horas em razão de um ranking entre as agencias; que batia o ponto

extraordinárias, e à ré incumbe a prova de fatos impeditivos, e continuava trabalhando; que mesmo com o ponto fechado, não

modificativos ou extintivos do direito do autor. impedia de trabalhar, não bloqueava; que era orientada a não

marcar horas extras, mas o gerente sabia que faziam horas extras;

Sabe-se que, especificamente em relação às horas extras, a que o chefe dela e do reclamante era o gerente geral, Sr. Eduardo;

jurisprudência tem dado um tratamento diferenciado, especialmente que chegavam e-mails mostrando quais funcionários mais faziam

em razão da dificuldade que os empregados encontram em horas extras e nas reuniões diárias era exposto que não poderia

comprovar eventuais horas extraordinárias prestadas. Neste gerar horas extras.

sentido, o verbete nº 338 da súmula do E. TST:

A segunda testemunha do autor, que trabalhou no banco até o ano

"JORNADA DE TRABALHO. REGISTRO. ÔNUS DA PROVA de 2012, também informou que: que era obrigado a bater o ponto

(incorporadas as Orientações Jurisprudenciais nºs 234 e 306 da antes da partida porque se tivesse uma quantidade de horas extras

SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005 muito grande, a agência era penalizada; que o gestor orientava a

bater o ponto e fazer outros trabalhos como ligação para cliente,

I - É ônus do empregador que conta com mais de 10 (dez) arquivar contratos, preenchimento de contas, ligação para ofertas

empregados o registro da jornada de trabalho na forma do art. 74, § de produtos; que depois que dava baixa no sistema, não tinha como

2º, da CLT. A não-apresentação injustificada dos controles de acessar o sistema depois de fechar o ponto; que fazia serviços

freqüência gera presunção relativa de veracidade da jornada de internos.

trabalho, a qual pode ser elidida por prova em contrário. (ex-Súmula

nº 338 - alterada pela Res. 121/2003, DJ 21.11.2003) Ainda assim, a única testemunha da reclamada, embora tenha

relatado sobre a veracidade o controle de jornada, confirmou que "o

II - A presunção de veracidade da jornada de trabalho, ainda que sistema mais rígido de controle de ponto somente passou a valer

prevista em instrumento normativo, pode ser elidida por prova em após o fim do contrato de trabalho do reclamante", como bem

contrário. (ex-OJ nº 234 da SBDI-1 - inserida em 20.06.2001) destacado pela Origem.

III - Os cartões de ponto que demonstram horários de entrada e Logo, as três testemunhas ouvida no processo confirmam que, ao

saída uniformes são inválidos como meio de prova, invertendo-se o tempo da vigência do contrato de trabalho do autor, os controles de

ônus da prova, relativo às horas extras, que passa a ser do ponto se mostravam inverídicos, destoando na real jornada

empregador, prevalecendo a jornada da inicial se dele não se vivenciada pelo reclamante.

desincumbir. (ex-OJ nº 306 da SBDI-1- DJ 11.08.2003)"

Por esta razão, tem-se que o autor apenas comprovou labor acima

In casu, a ré cumpriu o art. 74, §2º, da CLT, colacionando aos autos da 8ª diária durante o período em que trabalhou com as

os registros de horários cumpridos pelo autor (Id. 1e367ce), mas testemunhas arroladas, sendo que a primeira testemunha indicada

impugna o cumprimento de horas extras não anotadas, afirmando pelo reclamante disse que trabalhou no banco até 2014 e a

que, quando eventualmente prestadas, houve efetivo pagamento. segunda testemunha indicada pelo reclamante disse que trabalhou

de 2007 a 2012 no banco.

Da prova oral produzida, verifica-se que as duas testemunhas do

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Vê-se, então, que o reclamante não se desincumbiu do onus De outro lado, a única testemunha da reclamadaafirma que goza de

probandiprevisto no art. 818 da CLT e no art. 333, inciso I, da CLT, 1 hora de intervalo.

posto que não comprovou o fato constitutivo de seu direito.

A par da divergência de depoimentos, tem-se que o fato de a

Nesse passo, para fins de apuração de horas extras a partir da 8ª testemunha da reclamada continuar trabalhando para o banco réu

hora diária, correta a sentença que limitou as horas extras até a demonstra a fragilidade de seu depoimento quanto à supressão do

data de dispensa da testemunha Yuri Bussular Seixas. intervalo intrajornada.

Portanto, a sentença deve mantida. Com efeito, deve preponderar o relato das duas testemunhas do

autor, principalmente porque a primeira testemunha exercia a

Por fim, quanto ao pleito sucessivo de afastamento da OJ 415 da mesma função do autor (gerente), tendo, por isso, melhores

SDI-I do TST, tem-se que as horas devem ser apuradas levando-se condições para relatar os acontecimentos realmente vivenciados

em conta o período de efetivo trabalho acida da 8ª hora diária no durante o trabalho.

período indicado na sentença em relação às horas pagas como

extras no contracheque. Logo, não há razão que justifique o Desta forma, as duas testemunhas do autor comprovam a

afastamento da OJ 415 da SDI-I do TST. supressão do intervalo intrajornada pelo autor, como bem

fundamentado pela Origem.

Nega-se provimento.

Por esta razão, tem-se que o autor apenas comprovou a supressão

do intervalo intrajornada durante o período em que trabalhou com

as testemunhas arroladas, sendo que a primeira testemunha

indicada pelo reclamante disse que trabalhou no banco até 2014 e a

segunda testemunha indicada pelo reclamante disse que trabalhou

de 2007 a 2012 no banco.

Vê-se, então, que o reclamante não se desincumbiu do onus

probandiprevisto no art. 818 da CLT e no art. 333, inciso I, da CLT,

2.3.3. INTERVALO INTRAJORNADA SUPRIMIDO posto que não comprovou o fato constitutivo de seu direito.

Nesse passo, para fins de apuração de horas extras decorrente da

supressão do intervalo intrajornada, correta a sentença que limitou

as horas extras até a data de dispensa da testemunha Yuri Bussular

Seixas.

Portanto, a sentença deve mantida.

O reclamante busca a reforma da sentença para que seja Por fim, quanto ao pleito sucessivo de afastamento da OJ 415 da

condenado o reclamado no pagamento de uma hora extra a título SDI-I do TST, tem-se que as horas devem ser apuradas levando-se

de intervalo intrajornada suprimido por todo o período de trabalho em conta o período de efetivo trabalho acida da 8ª hora diária no

imprescrito, sem limitação. período indicado na sentença em relação às horas pagas como

extras no contracheque. Logo, não há razão que justifique o

Pois bem. afastamento da OJ 415 da SDI-I do TST.

As duas testemunhas do autorouvidas confirmam a supressão do Nega-se provimento.

intervalo intrajornada.

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reclamante não poderiam ser qualificados como desrespeitosos e

nem acarretam danos passíveis de indenização, não se detectando

qualquer atitude que pudesse acarretar a violação à esfera moral do

reclamante.

O Juízo de Primeiro Grau entendeu que o réu não atuou com abuso

de direito ao efetuar metas comprovadamente não excessivas pela

2.3.4. DANOS MORAIS. METAS prova oral.

O reclamante recorre alegando que os depoimentos colhidos

comprovam com cristalinidade todo o abuso cometido.

Sem razão.

A reparabilidade do dano moral, após o advento da Constituição de

1988, tornou-se inegável, estando expressamente prevista em seu

Esta ação foi proposta em 08/01/2016, antes da entrada em vigor artigo 5º, incisos V e X, como garantia do indivíduo.

da Lei nº 13.467/2017.

Todos os indivíduos são dotados de uma esfera de cunho pessoal e

A Origem pronunciou a prescrição das parcelas anteriores a abstrato que constitui a face moral e subjetiva dos seres humanos.

08/01/2011. Não há recurso quanto à prescrição. Por consubstanciar importante parcela da totalidade humana,

referida esfera merece a proteção da ordem jurídica contra

Consta da inicial que o Reclamante foi admitido em 25/03/1998, atentados que provoquem sua deterioração.

exercendo no período imprescrito a função de gerente de

atendimento (até 01/12/2011) e depois a função de gerente de Nesse sentido, serve de fundamento para o pedido de indenização

relacionamento Business/Empresas, tendo sido dispensado sem por danos morais a angústia, aflição e amargura experimentada de

justa causa em 24/11/2015, quando recebia remuneração mensal maneira particular pelo ser humano, cingindo-se, portanto, ao

no valor de R$ 6.717,48 (seis mil, setecentos e dezessete reais e âmbito subjetivo de cada pessoa.

quarenta e oito centavos).

O dano moral constituiu lesão que aflige a esfera mais íntima dos

Afirmou que exerceu o cargo de gerente de atendimento, desde indivíduos e sua ocorrência não pode ser confundida com

01/01/2010 até 01/12/2011 e, posteriormente, ocupou o cargo de contrariedades típicas das relações sociais e contratuais às quais

gerente de relacionamento Business/Empresasaté a data da estão sujeitos os seres humanos.

dispensa.

Não obstante ocorrer na esfera subjetiva do indivíduo, não deve ser

O reclamante alegou na inicial sempre foi extremamente dedicado olvidado que a aferição de seu acontecimento deve pautar-se por

ao réu, mas que isto não lhe poupou de diversos momentos em que linhas objetivas, a fim de estabelecer um parâmetro apreciável com

serem violados seus valores imateriais, pois a cobrança de metas certo distanciamento. Ou seja, a indenização por danos morais é

era realizada de forma insistente e ameaçadora, em reuniões e e- devida quando o relato de uma situação fática indique para o

mails, tendo trabalhado excessivamente. julgador a ocorrência de desrespeito à dignidade da pessoa

humana. Dessa forma, mesmo o magistrado não podendo sentir ou

O reclamante postulou que fosse reconhecido o dano moral sofrido mensurar de maneira tangível o sofrimento do reclamante, referida

e fixada uma indenização equivalente a R$ 100.000,00 (cem mil angústia pode ser inferida.

reais).

Pois bem.

O reclamado alegou, em contestação, que os fatos alegados pelo

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Não foi demonstrada a alegação autoral de que a cobrança para o

cumprimento das metas era realizada de forma insistente e Portanto, é mantida a sentença quanto ao indeferimento do pedido

ameaçadora e que havia excesso de trabalho, sendo submetido a de indenização por dano moral.

grande pressão e muito menos qualquer ato de perseguição do

autor. Nega-se provimento.

Neste passo, o próprio reclamante, em seu depoimento pessoal,

não informou qualquer ato abusivo da reclamada, apenas relatou

que havia cobrança de metas e que esta era alcançada em

determinados trimestres, sendo que não apontou nenhum tipo de

punição ou comportamento ofensivo e reiterado de perseguição

pela reclamada.

Veja-se o depoimento do autor:

2.3.5. DESPESAS COM VEÍCULO. MAJORAÇÃO

"que no banco era uma constante a cobrança de metas

inalcançável; que as metas eram distribuídas ao gerente da agencia

e tinha que entregar essas metas; que tinha um ranking com seus

números e produções e coloca o empregado na fila; que esse

ranking eram distribuídos entre os funcionários; que tinha trimestre

que atingia metas e outros não, o que gerava uma cobrança do

gerente da agencia e do regional; que tinham reuniões

quinzenalmente em que eram prestadas contas para o

superintendente na frente dos outros funcionários da agência do Esta ação foi proposta em 08/01/2016, antes da entrada em vigor

mesmo segmento; que os gerentes gerais que o reclamante da Lei nº 13.467/2017.

substituiu utilizavam de um pouco de rigor para cobrar as metas".

A Origem pronunciou a prescrição das parcelas anteriores a

Sendo assim, do próprio relato do autor não se extrai qualquer 08/01/2011. Não há recurso quanto à prescrição.

comportamento ofensivo reiterado no tempo para caracterização do

assédio moral. Consta da inicial que o Reclamante foi admitido em 25/03/1998,

exercendo no período imprescrito a função de gerente de

Logo, despicienda é a análise das provas testemunhais, diante da atendimento (até 01/12/2011) e depois a função de gerente de

confissão do autor. relacionamento Business/Empresas, tendo sido dispensado sem

justa causa em 24/11/2015, quando recebia remuneração mensal

Destaque-se, também, que o autor não juntou aos autos os e-mails no valor de R$ 6.717,48 (seis mil, setecentos e dezessete reais e

que alega ter recebido para comprovar as cobranças abusivas por quarenta e oito centavos).

metas.

Afirmou que exerceu o cargo de gerente de atendimento, desde

Assim, o que se extrai do conjunto probatório é que o reclamante 01/01/2010 até 01/12/2011 e, posteriormente, ocupou o cargo de

trabalhou em um ambiente de trabalho onde existia muito serviço e gerente de relacionamento Business/Empresasaté a data da

havia metas a cumprir, mas não houve tratamento ofensivo ou dispensa.

desrespeitoso reiterado no tempo para cumprimento de metas.

Relatou que, durante o período que exerceu a função de Gerente de

Desse modo, ainda que o reclamante tenha trabalhado em um setor Relacionamento Business e Empresas, e, inclusive, como condição

com muito serviço para fazer e metas para cumprir, não está para trabalhar, o autor deveria possuir veículo próprio, sendo que o

demonstrado que houve o alegado ato ilícito. mesmo colocou o seu automóvel à disposição do Réu, a fim de que

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fosse utilizado na execução de suas atividades laborais (visitas a Com efeito, parte-se do princípio de que havendo a exigência de

clientes). utilização de veículo para visitar clientes, sem o regular

ressarcimento dos gastos, reputa-se devida a indenização pelo

Pugnou pela condenação da Reclamada no ressarcimento das ilícito praticado, uma vez que o empregador, em abuso do poder

despesas com veículo no importe de "R$ 82,00 (oitenta e dois reais) diretivo, transferiu ao trabalhador os riscos da atividade econômica,

por dia trabalhado pelo Rte, de segunda a sexta-feira, no período em violação ao art. 2º da CLT.

entre 01-12-2011 a 24-11-2015, ou, requer o Rte, de forma

sucessiva (art. 289 do CPC), que seja o Réu condenado a indenizá- No caso dos autos as testemunhas do autor comprovam que as

lo pelo uso de seu veículo próprio em favor do contrato de trabalho, visitas a clientes também eram realizadas por meio de veículo

em qualquer outro valor a ser arbitrado por V. Exa.". próprio, tendo a testemunha da ré relatado que não se fazia uso de

transporte público regular, fato que demonstram que a utilização do

A Origem julgou parcialmente procedente o pedido, nestes termos: veículo do autor como ferramenta de trabalho, de forma obrigatória.

"Se o empregador exige do empregado a utilização de veículo Ademais, quanto ao valor arbitrado pela Origem de meio salário

particular, como instrumento essencial ao desempenho de suas mínimo, endente-se que este se mostra proporcional aos dias de

atividades, deve ressarci-lo pelas despesas efetuadas, uma vez que efetivo uso para visitações aos clientes, ou seja, este era utilizado

o ônus do empreendimento não pode ser a ele transferido, nos por apenas 3/4 visitas diárias no mês.

termos do art.2º da CLT.

Portanto, o valor arbitrado pela na sentença a quoobservou os dias

O conjunto dos depoimentos deixa claro que a ré não só admitia de efetiva utilização do veículo como instrumento de trabalho.

como incentivava o uso do veículo próprio pelos Gerentes de

Relacionamento em razão das visitas externas, fato ordinário tendo Sendo assim, nada a modificar neste particular.

em vista que facilita o contato com os clientes, além da própria

testemunha da ré confirmar que não era visitas utilizando-se de Nega-se provimento.

transporte público regular.

Assim, resta resguardado seu direito ao ressarcimento dos

desgastes pelo uso do seu veículo, não promovido pelo banco

reclamado.

(...)

Desta feita, considerando que o veículo era usado em 3/4 visitas

diárias no mês, defiro o valor de mensais, a título de indenização 2.3.6. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. ÍNDICE

pelo meio salário mínimo à época, uso do veículo, a partir de

01/12/2011, quando o reclamante se tornou Gerente de

Relacionamento até 24/11/2015, conforme limitado no pedido.".

Em razões recursais o autor pugna pela majoração do valor da

indenização, "requerendo seja arbitrado o valor de R$ 82,00 (oitenta

e dois reais) por dia trabalhado a título de indenização, durante todo

o período entre 01-12- 2011 a 24-11-2015, conforme postulado no

pedido da alínea "K" da peça inicial". A sentença assim determinou:

Pois bem. "Juros e correção monetária na forma da Lei 8177/91, observando-

se que a correção monetária relativa aos débitos trabalhistas é

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devida a partir do mês subsequente ao do vencimento da prestação expressa disposição legal, uma vez que está subordinado à eficácia

de serviços, a partir do dia 1º, conforme Súmula 381 do C.TST, do art. 39 da Lei n. 8.177/1991.

exceto quanto a eventual condenação em danos morais, que deve

seguir a excepcionalidade estabelecida na Súmula 439 do TST". Ademais, importante ressaltar que, no dia 10/10/2019, o Pleno

deste Regional declarou a inconstitucionalidade do referido

Em razões recursais o autor, no tocante à atualização monetária, dispositivo (§7º do art. 879 da CLT), nos autos do Processo n.

pugnou pela utilização do IPCA-E. 0000552-39.2018.5.17.0000, de arguição de inconstitucionalidade.

Vejamos:

Pois bem.

ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DO §7º DO ARTIGO

De início, frisa-se que, embora a Lei n. 13.467/2017 tenha inserido o 879 DA CLT. APLICAÇÃO DA TAXA REFERENCIAL (TR) COMO

§ 7º ao art. 879 da CLT, segundo o qual a atualização dos créditos FATOR DE ATUALIZAÇÃO DOS CRÉDITOS TRABALHISTAS

decorrentes de condenação judicial será feita pela TR, referido DECORRENTES DE CONDENAÇÃO JUDICIAL. No julgamento

preceito faz remissão expressa à Lei n. 8.177/1991. Vejamos: ArgInc - 479-60.2011.5.04.0231, o Tribunal Superior do Trabalho,

acompanhando o entendimento do c. Supremo Tribunal Federal no

A atualização dos créditos decorrentes de condenação judicial será julgamento da ADI nº. 4357 e do RE 870.947/SE, declarou

feita pela Taxa Referencial (TR), divulgada pelo Banco Central do inconstitucional a atualização dos valores pela Taxa Referencial

Brasil, conforme a Lei no 8.177, de 1o de março de 1991. (sem (TR), índice previsto no artigo 39 da Lei 8.177/1991. Por se tratar de

grifos no original) mera renovação do texto do artigo 39 da Lei nº. 8.177/1991 - cuja

inconstitucionalidade fora declarada não sob o aspecto formal, mas

Desse modo, percebe-se que a força normativa do § 7º do art. 879 sob a ótica material, impõe-se que o §7º do artigo 897 da CLT,

da CLT está subordinada à eficácia do art. 39 da Lei n. 8.177/1991, trazido pela Lei nº. 13.467/17, seja expungido do ordenamento

por expressa disposição legal. jurídico, não se coadunando materialmente com o texto da

Constituição da República, a qual assegura o direito fundamental de

Inclusive, nesse sentido, é o entendimento da 8ª Turma do TST: propriedade e a plena efetividade das decisões judiciais.

AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. Logo, a discussão acerca da aplicação da TR ou do IPCA-E como

EXECUÇÃO. CORREÇÃO MONETÁRIA DOS CRÉDITOS índice de atualização dos créditos judiciais trabalhistas continua

TRABALHISTAS. ÍNDICE APLICÁVEL. Consoante entendimento girando em torno da constitucionalidade do art. 39 da Lei n.

adotado pela 8ª Turma, com base na decisão do Tribunal Pleno 8.177/1991 e seus desdobramentos junto ao STF e ao TST.

desta Corte Superior (TST-ArgInc - 479-60.2011.5.04.0231 e ED-

ArgInc - 479-60.2011.5.04.0231), na correção dos créditos Pois bem. Esclarecidas as razões da inaplicabilidade do § 7º do art.

trabalhistas, aplica-se a TR até 24/3/2015 e o IPCA a partir de 879 da CLT, passa-se à análise dos desdobramentos jurídicos do

25/3/2015. Esta Turma considera, ainda, entendimento a que me art. 39 da Lei n. 8.177/1991.

submeto por disciplina judiciária, que o art. 879, § 7º, da CLT perdeu

a sua eficácia normativa, em face da declaração de No julgamento conjunto das ADIs 4357, 4372, 4400 e 4425, o

inconstitucionalidade parcial do art. 39 da Lei nº 8.177/91, na Supremo Tribunal Federal declarou que o regime de compensação

medida em que o dispositivo da legislação esparsa conferia de precatórios introduzido pela Emenda Constitucional 62/2009 é

conteúdo à norma da CLT, tendo em vista a adoção de fórmula inconstitucional.

remissiva pelo legislador.Agravo de instrumento conhecido e não

provido. (TST-AIRR-20869-47.2016.5.04.0014, 8ª Turma, Relatora: Em seguida, o Excelso Tribunal modulou os efeitos da decisão da

Ministra Dora Maria da Costa, Data da Publicação: 29/03/2019) - ADI 4357, conforme transcrição parcial a seguir:

sem grifos no original

Concluindo o julgamento, o Tribunal, por maioria e nos termos do

Com efeito, simplesmente, referido dispositivo é inaplicável em voto, ora reajustado, do Ministro Luiz Fux (Relator), resolveu a

razão do esvaziamento da sua força normativa, decorrente de questão de ordem nos seguintes termos: 1) - modular os efeitos

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para que se dê sobrevida ao regime especial de pagamento de a modulação dos efeitos da decisão a contar de 26 de março de

precatórios, instituído pela Emenda Constitucional nº 62/2009, por 5 2015; III) por unanimidade, determinar: a) o retorno dos autos à 7ª

(cinco) exercícios financeiros a contar de primeiro de janeiro de Turma desta Corte para prosseguir no julgamento do recurso de

2016; 2) - conferir eficácia prospectiva à declaração de revista, observado o quanto ora decidido; b) a expedição de ofício

inconstitucionalidade dos seguintes aspectos da ação direta de ao Exmo. Ministro Presidente do Conselho Superior da Justiça do

inconstitucionalidade, fixando como marco inicial a data de Trabalho a fim de que determine a retificação da tabela de

conclusão do julgamento da presente questão de ordem atualização monetária da Justiça do Trabalho (tabela única); c) o

(25.03.2015) e mantendo-se válidos os precatórios expedidos ou encaminhamento do acórdão à Comissão de Jurisprudência e de

pagos até esta data, a saber: 2.1.) fica mantida a aplicação do Precedentes Normativos para emissão de parecer acerca da

índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança Orientação Jurisprudencial nº 300 da SbDI-1. Ressalvaram o

(TR), nos termos da Emenda Constitucional nº 62/2009, até entendimento os Exmos. Ministros Guilherme Augusto Caputo

25.03.2015, data após a qual (i) os créditos em precatórios deverão Bastos, Alexandre de Souza Agra Belmonte e Maria Helena

ser corrigidos pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial Mallmann. (PROCESSO Nº TST-ArgInc-479-60.2011.5.04.0231.)

(IPCA-E) e (ii) os precatórios tributários deverão observar os

mesmos critérios pelos quais a Fazenda Pública corrige seus Todavia, em 14/10/2015, o Ministro Dias Toffoli, nos autos da

créditos tributários; e 2.2.) ficam resguardados os precatórios Reclamação n. 22012, ajuizada pela Federação Nacional dos

expedidos, no âmbito da administração pública federal, com base Bancos (Fenaban), proferiu decisão liminar suspendendo os efeitos

nos arts. 27 das Leis nº 12.919/13 e Lei nº 13.080/15, que fixam o da decisão proferida pelo TST, que havia afastado o uso da TRD e

IPCA-E como índice de correção monetária. determinado a adoção do índice IPCA-E através da "tabela única",

entendendo que a decisão do TST extrapolou o entendimento fixado

Poucos meses depois, em razão da decisão do STF, o TST acolheu pelo STF no julgamento das Ações Diretas de Inconstitucionalidade

incidente de inconstitucionalidade suscitado pela sua 7ª Turma e - ADIs 4357 e 4425.

definiu o Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E)

como fator de atualização a ser utilizado na tabela de atualização Ocorre que, em 05/12/2017, a Segunda Turma do STF julgou, em

monetária na Justiça do Trabalho, senão vejamos: análise meritória, improcedente a Reclamação 22012, ajuizada pela

Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) contra a decisão do

ACORDAM os Ministros do Tribunal Superior do Trabalho, em sua TST que havia determinado a adoção IPCA-E no lugar da TRD para

composição plenária, I) por unanimidade: a) acolher o incidente de a atualização de débitos trabalhistas, prevalecendo o entendimento

inconstitucionalidade suscitado pela eg. 7ª Turma e, em de que tal posicionamento não configura desrespeito ao julgamento

consequência, declarar a inconstitucionalidade por arrastamento da das Ações Diretas de Inconstitucionalidade 4357 e 4425, que

expressão "equivalentes à TRD", contida no caput do artigo 39 da analisaram a emenda constitucional sobre precatórios.

Lei n° 8.177/91; b) adotar a técnica de interpretação conforme a

Constituição para o texto remanescente do dispositivo impugnado, a A decisão de improcedência da Reclamação 22012 foi publicada no

preservar o direito à atualização monetária dos créditos trabalhistas; DJE n. 288, divulgado em 13/12/2017, data em que foi também

c) definir a variação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo julgado, pela 5ª Turma do TST, o AIRR 25823-78.2015.5.24.0091,

Especial (IPCA-E) como fator de atualização a ser utilizado na encampando o atual posicionamento do Excelso Tribunal.

tabela de atualização monetária dos débitos trabalhistas na Justiça

do Trabalho; II) por maioria, atribuir efeitos modulatórios à decisão, Com efeito, a aplicação da TR já não se mostrava suficiente para

que deverão prevalecer a partir de 30 de junho de 2009, observada, recompor a real perda do poder aquisitivo de nossa moeda, de

porém, a preservação das situações jurídicas consolidadas forma que a correção dos débitos trabalhistas levando-se em conta

resultantes dos pagamentos efetuados nos processos judiciais, em tal parâmetro causava prejuízos aos trabalhadores.

andamento ou extintos, em virtude dos quais foi adimplida e extinta

a obrigação, ainda que parcialmente, sobretudo em decorrência da Bem destacou o Min. Douglas Alencar Rodrigues, em trecho do

proteção ao ato jurídico perfeito (artigos 5º, XXXVI, da Constituição julgamento do supracitado AIRR, que:

e 6º da Lei de Introdução ao Direito Brasileiro - LIDB), vencida a

Excelentíssima Senhora Ministra Dora Maria da Costa, que aplicava impõe-se a adoção do IPCA-E para a atualização dos créditos

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trabalhistas, não apenas sob a perspectiva da efetiva recomposição atualizados pela TR/FACDT até 24/03/2015 e pelo IPCA-E a partir

do patrimônio dos credores trabalhistas, mas como medida de de 25/03/2015, para que seja resguardada a segurança jurídica.

estímulo efetivo ao cumprimento dos direitos sociais por parte de

devedores recalcitrantes, que se valem da Justiça do Trabalho, Dá-se provimento ao apelo para estabelecer que os débitos

lamentavelmente, para postergar indefinidamente suas obrigações. trabalhistas em geral devem ser atualizados pela TR/FACDT até

24/03/2015 e pelo IPCA-E a partir de 25/03/2015.

Ante o exposto, este Relator, na linha das recentes decisões do

excelso STF e do colendo TST, modifica seu posicionamento,

passando a entender pela aplicabilidade, na atualização monetária

dos débitos trabalhistas, do Índice de Preços ao Consumidor Amplo

Especial - IPCA-E.

Assinala-se que o Tribunal Pleno do TST, em sessão de 20 de

março de 2017, apreciando os embargos de declaração opostos em

face do acórdão proferido na ArgInc - 479-60.2011.5.04.0231,

decidiu pela modulação da decisão original, atribuindo efeito 2.4. MÉRITO DO RECURSO DA RECLAMADA

modificativo ao julgado, para determinar que a aplicação do IPCA-E,

como índice de correção dos débitos trabalhistas, produza efeito

somente a partir de 25 de março de 2015, data coincidente com

aquela adotada pelo Supremo Tribunal Federal no acórdão

prolatado na ADI 4.357:

II) [...] acolher parcialmente os embargos de declaração opostos

pelo Município de Gravataí e pelo SINDIENERGIA para, dando

efeito modificativo ao julgado, aplicar a modulação dos efeitos da

decisão a contar de 25/03/15, que coincide com a data que o

Supremo Tribunal Federal reconheceu na decisão proferida na Ação

Declaratória de Inconstitucionalidade nº 4.357. [...] III) por

unanimidade, em cumprimento à decisão liminar proferida pelo

Supremo Tribunal Federal, na Reclamação nº 22.012, excluir do

acordão originário a determinação de reedição da Tabela Única de 2.4.1. NULIDADE DA DISPENSA. ESTABILIDADE PROVISÓRIA

cálculo de débitos trabalhistas, a fim de que fosse adotado o índice NO EMPREGO. DIRETOR DE COOPERATIVA.

questionado (IPCA-E).

Por fim, vale ressaltar que embora o STF, em decisão do dia

03/10/2019, no julgamento dos Embargos de Declaração no

Recurso Extraordinário n. 870.947, tenha decidido que também é

aplicável o IPCA-E quanto ao período de 2009 a 2015, referida

decisão se restringe à Fazenda Pública, uma vez que seu objeto é a

atualização monetária dos precatórios. Logo, não se aplica a

referida decisão ao presente caso, uma vez que o devedor é Esta ação foi proposta em 08/01/2016, antes da entrada em vigor

particular, ou seja, in casu, não há falar no regime especial da Lei nº 13.467/2017.

estabelecido pelo art. 100 da CF.

A Origem pronunciou a prescrição das parcelas anteriores a

Portanto, considerando as decisões proferidas tanto pelo STF como 08/01/2011. Não há recurso quanto à prescrição.

também pelo TST, os débitos trabalhistas em geral devem ser

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 423
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Consta da inicial que o Reclamante foi admitido em 25/03/1998, seguintes fundamentos:

exercendo no período imprescrito a função de gerente de

atendimento (até 01/12/2011) e depois a função de gerente de "A estabilidade provisória dos representantes dos diretores de

relacionamento Business/Empresas, tendo sido dispensado sem Cooperativas está prevista no art. 55 da Lei das Cooperativas, que

justa causa em 24/11/2015, quando recebia remuneração mensal dispõe que os diretores dessas entidades "gozarão das garantias " -

no valor de R$ 6.717,48 (seis mil, setecentos e dezessete reais e que, por sua vez, asseguradas aos dirigentes sindicais pelo artigo

quarenta e oito centavos). 453 da CLT veda a dispensa do empregado nessa condição a partir

do registro de sua candidatura até um ano após o fim do mandato.

Afirmou que exerceu o cargo de gerente de atendimento, desde

01/01/2010 até 01/12/2011 e, posteriormente, ocupou o cargo de Esse é o entendimento contido na OJ 253 da SDI-1 que assegura a

gerente de relacionamento Business/Empresasaté a data da garantia de emprego "apenas aos empregados eleitos diretores de

dispensa. cooperativas, não abrangendo os membros suplentes".

Afirmou que foi eleito, em 15/04/2015, para o cargo de Diretor de Foi realizada prova pericial, a pedido da reclamada, a fim de apurar

Planejamento de Cooperativade Consumo dos Profissionais de a atuação efetiva da COOPBAN (ID 3a290f6).

Instituições Financeiras Ltda. (COOPCONPIF), após regular

processo eleitoral, para um mandato de 4 anos, razão pela qual Inicialmente, o perito confirmou o funcionamento da sede da

seria detentor da garantia de emprego prevista no art. 55 da Lei Cooperativa no endereço Av. Governador Bley, 186 - Sala 1002,

5.764/71. Centro, Vitória, ES - CEP: 29.010-902, desde 13/04/2016.

Ressaltou que a COOPCONPIF foi regularmente fundada em Pelo laudo pericial, verifica-se que a cooperativa COOPBAN é uma

12/01/2015, sendo uma cooperativa legalmente constituída, sociedade de pequeno porte, com apenas 30 associados, todos na

conforme Estatuto Social e Ata de Assembleia Geral de situação de ativo, e o plano de negócios baseia-se no cumprimento

Constituição. do seu objeto e objetivos sociais, conforme consta no art. 2º do

Estatuto social, que estabelece o seguinte:

Sob tais fundamentos, requereu a declaração de nulidade do ato da

dispensa, com sua consequente reintegração ao cargo que (...)

ocupava, bem como o restabelecimento dos benefícios.

O volume de serviço e produtos que os cooperados demandaram

Pleiteou, ainda, a concessão de liminar para que fosse reintegrado estão demonstrados nas notas fiscais, cujos números, datas,

imediatamente, com o restabelecimento dos benefícios e materiais valores e outros dados constam no Anexo I do Laudo Pericial.

de trabalho.

Por tudo o que foi exposto no laudo pericial, é forçoso concluir que a

A reclamada, em contestação, argumentou que a dispensa do COOPBAN é uma cooperativa de consumo que cumpre as

obreiro se deu dentro do poder diretivo do empregador, não formalidades legais e os objetivos para os quais foi instituída,

havendo qualquer conduta discriminatória. conforme exposto nas considerações gerais:

Aduziu que não há norma asseguradora da pretendida garantia; (...)

ausência de representatividade; limitação do número de diretores; e

ausência de relação com o trabalho desenvolvido na reclamada. Quanto ao número de diretores detentores da estabilidade, a

questão está pacificada na Súmula n 369, II do TST, nos seguintes

Salientou, por fim, que a OJ 253 da SDI-1 do TST especifica que a termos: "O art. 522 da CLT foi recepcionado pela Constituição

garantia provisória no emprego se refere à cooperativa regida pela Federal de 1988.

Lei nº 5.764/71.

Fica limitada, assim, a estabilidade a que alude o art. 543, § 3.º, da

Em sentença, o juízo a quojulgou procedente o pedido sob os CLT a sete dirigentes sindicais e igual número de suplentes.".

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a ciência da reclamada no dia 15/04/2015 (Id. 7b2f163).

Considerando-se tais premissas e o fato do reclamante ter sido

classificado em quarto lugar na ordem de votação, estaria dentro É incontroverso que o autor foi dispensado sem justa causa em

dos sete diretores de cooperativa detentores de estabilidade. 24/11/2015, ainda no curso do referido mandato.

Quanto a comunicação do registro da candidatura ou da eleição e Nos termos dos artigos 3º e 4º da Lei nº 5.764/71, "celebram

posse no cargo de direção, mesmo que tenha sido realizada a contrato de sociedade cooperativa as pessoas que reciprocamente

destempo, a jurisprudência tem flexibilizado a rigidez exigida para a se obrigam a contribuir com bens ou serviços para o exercício de

comunicação do empregador, de modo que ora transcrevo uma atividade econômica, de proveito comum, sem objetivo de

entendimento do c. TST: lucro", sendo tais entidades constituídas para prestar serviços aos

associados.

(...)

Já os artigos 2º e 4º da Lei nº 12.690/2012 definem as chamadas

Ressalto que não há previsão constitucional ou legal condicionando cooperativas de trabalho como "a sociedade constituída por

o direito à garantia de emprego aos fins colimados pela cooperativa trabalhadores para o exercício de suas atividades laborativas ou

com as atividades do empregado na empresa. profissionais com proveito comum, autonomia e autogestão para

obterem melhor qualificação, renda, situação socioeconômica e

Assim, defiro o pedido "A" da inicial, restando mantidos os efeitos condições gerais de trabalho".

da concessão da tutela antecipada, devendo ser pagas as

remunerações vencidas desde sua dispensa até a efetiva Pois bem.

reintegração".

Compulsando-se o estatuto da COOPCONPIF (Id. 530cc56),

Irresignado, recorre a reclamada, reiterando os termos da verifica-se que a cooperativa, com base na colaboração recíproca a

contestação, a reforma da sentença. que se obrigam seus cooperados, tem por objeto social o: comércio

varejistade materiais de Construção em Geral; Comércio varejista

Analisa-se. de material elétrico para construção; lojas de departamento ou

magazines.

A Constituição Federal, em seu artigo 8º, inciso VIII, bem como a

CLT, em seu art. 543, § 3º, asseguram estabilidade provisória aos Ademais, conforme exposto no §1º, "c" do art. 2ª do mencionado

empregados eleitos para comporem cargo de direção ou de estatuto, emerge que esta não possui qualquer objetivo de lucro,

representação sindical. notadamente ao dispor que:

Por sua vez, o art. 55, da Lei nº 5.764/71 estende aos empregados "a venda se fará pelos menores preços possíveis podendo ser

diretores de sociedades cooperativas tal garantia no emprego, in concedido aos associados um crédito mensal equivalente, no

verbis: máximo, ao capital subscrito, somente renovável após quitação

plena do débito anterior, ressalvados outros limites e prazos fixados

"Art. 55. Os empregados de empresas que sejam eleitos diretores mediante deliberação do Conselho de Administração,

de sociedades cooperativas pelos mesmos criadas, gozarão das justificadamente".

garantias asseguradas aos dirigentes sindicais pelo artigo 543 da

Consolidação das Leis do Trabalho (Decreto-Lei n. 5.452, de 1° de Quanto ao aspecto, vale ressaltar que a perícia técnica elaborada

maio de 1943)". nos autos, concluiu que as atividades exercidas e verificadas in loco

da COOPCONPIF se coadunam com o objeto social previsto no

No caso sob análise, restou comprovado que o autor foi eleito para Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas. Também foi destacado, no

o cargo de Diretor de Planejamento de Cooperativa de Consumo laudo, que a finalidade das atividades da Cooperativa é a aquisição

dos Profissionais de Instituições Financeiras Ltda. (COOPCONPIF) aos cooperados de produtos em condições mais acessíveis que as

para o mandato de 12/01/2015 a agosto de 2019 (Id. f3257f9), com do mercado. Por isso, classificou-a como sociedade cooperativa de

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consumo(Id. 1d1eb60). Veja-se: conforme demonstram os livros diário e razão e

"Objetivando cumprir conscienciosamente o encargo apresenta-se a i) a COOPBAN periodicamente realiza as prestações de contas e os

apreciação do Juízo as questões que se seguem: rateios,

a) Os documentos disponibilizados demonstram que a COOPBAN - conforme demonstram as atas e o registros contábeis".

Cooperativa de Consumo dos Profissionais de Instituições

Financeiras Ltda., anteriormente denominada de COOPCONPIF - Nesse sentir, forçoso concluir que, ao contrário do que sustenta a

Cooperativa de Consumo dos Profissionais de Instituições reclamada, a COOPCONPIF cuida-se de cooperativa regida pela

Financeiras Ltda.-, foi constituída em 12.01.2015, inicialmente com Lei nº 5.764/71, uma vez que visa sobretudo o exercício de uma

endereço na Praia das Gaivotas, n° 186, CEP 29.102-572, Vila atividade econômica em proveito para a própria categoria, sem

Velha, E. Santo, e, atualmente, desde 13.04.2016, está situada à finalidade lucrativa (art. 3º).

Av. Governador Bley, n° 186, Sala 1002, Centro, Vitória, ES - CEP:

29.010-902; Ora, a hipótese analisada não se trata de associação de

trabalhadores para o exercício de suas atividades laborativas, com

b) o objeto social da COOPBAN está contido no art. 2º do Estatuto a finalidade de auferir lucros ou melhoria de renda. Ao contrário,

Social, que estabelece ser a colaboração recíproca que se obrigam conforme acima exposto, a COOPCONPIF objetiva a

seus cooperados, tem por objeto social a aquisição e de gêneros de comercialização de produtos para seus associados à baixo custo.

construção, reforma e acabamento, e itens do lar em geral, e

repassa-los aos cooperados em melhores condições de qualidade e Relativamente ao objeto das cooperativas, cumpre salientar que

preço sem o objetivo de lucro; não há exigência legal para que tais entidades guardem pertinência

com o fim social do empregador. É que o art. 5º da Lei 5.764/71, ao

c) a área de atuação da COOPBAN está definida na alínea "b", do revés, estabelece que as cooperativas "poderão adotar por objeto

1º. artigo do Estatuto Social, que estabelece abranger o Estado do qualquer gênero de serviço, operação ou atividade, assegurando-se

Espírito Santo, podendo atuar em todo o território nacional; -lhes o direito exclusivo e exigindo-se-lhes a obrigação do uso da

expressão "cooperativa" em sua denominação".

d) a COOPBAN possui 14 diretores, conforme estabelecido, no art.

43 do Estatuto Social; Assim, ainda que o objeto da cooperativa dirigida pelo autor não

coincidisse com os interesses da empresa ré, tal fato não constitui

e) a COOPBAN possui 30 associados; óbice para o reconhecimento da estabilidade provisória no emprego

de seus diretores.

f) o número de quotas-partes do capital social a ser subscrito pelo

cooperado da COOPBAN, por ocasião de sua admissão, não De igual modo, não merecem prosperar os argumentos da

poderá ser inferior a 50,00 reclamada no sentido de que a cooperativa em questão se configura

cooperativa de trabalho por não ser composta exclusivamente por

(cinquenta) quotas-parte ou superior a 1/3 (um terço) do total empregados da empresa e por admitir pessoas jurídicas em seus

subscrito", conforme estabelecido no art. 19 do estatuto social; quadros.

g) a COOPBAN possui apenas um empregado, o Sr. Carlos A uma, porque a estabilidade prevista no art. 55 da Lei nº 5.764/71

Eduardo Sabadini Nascimento, admitido em 02.05.2016, não está limitada às cooperativas formadas exclusivamente pelos

enquadrado no cargo de Assistente Administrativo, conforme se empregados de uma empresa específica, tendo em vista que o art.

verifica no livro de registro de empregado, no CAGED e na RAIS; 29 desta mesma Lei prevê a livre associação de interessados, in

verbis:

h) a COOPBAN possui contabilidade devidamente organizada e

escriturada, "Art. 29. O ingresso nas cooperativas é livre a todos que desejarem

utilizar os serviços prestados pela sociedade, desde que adiram aos

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propósitos sociais e preencham as condições estabelecidas no

estatuto, ressalvado o disposto no artigo 4º, item I, desta Lei".

A duas, porque referida lei, em seu art. 6º, inciso I, permite a

admissão de pessoas jurídicas que tenham por objeto as mesmas

ou correlatas atividades econômicas das pessoas físicas ou, ainda,

aquelas sem fins lucrativos. 2.4.2. HORAS EXTRAS

Lado outro, quanto às alegações de que devem existir limitações

quanto ao número de dirigentes protegidos, bem como em relação

às funções tuteladas, importante ressaltar que este Relator entende

que o art. 522, da CLT, que limita o número de

dirigentes/representantes sindicais, não foi recepcionado pela

Constituição Federal de 1988, a qual foi inspirada pelo ideal de

afastar a interferência do Estado sobre as forças sindicais, dando a

estas a liberdade necessária para se organizarem. Esta ação foi proposta em 08/01/2016, antes da entrada em vigor

da Lei nº 13.467/2017.

Com efeito, entende-se que as entidades sindicais, e

analogicamente, as cooperativas, têm uma razoável autonomia para A Origem pronunciou a prescrição das parcelas anteriores a

estabelecer o número de dirigentes, desde que tal número não seja 08/01/2011. Não há recurso quanto à prescrição.

abusivo e nem desproporcional ao número de associados.

Consta da inicial que o Reclamante foi admitido em 25/03/1998,

Pontue-se que a reclamada, embora alegue insegurança jurídica exercendo no período imprescrito a função de gerente de

decorrente da multiplicidade de cooperativas, não comprova nos atendimento (até 01/12/2011) e depois a função de gerente de

autos qualquer abuso na instituição da COOPCONPIF. relacionamento Business/Empresas, tendo sido dispensado sem

justa causa em 24/11/2015, quando recebia remuneração mensal

Por fim, tendo em vista a prescindibilidade de representação da no valor de R$ 6.717,48 (seis mil, setecentos e dezessete reais e

categoria pela cooperativa, não há falar em "funções que justiquem" quarenta e oito centavos).

a estabilidade provisória. O art. 55 da Lei nº 5.764/71 não dá

margem a interpretações, estendendo aos diretores da cooperativa, Afirmou que exerceu o cargo de gerente de atendimento, desde

sem qualquer ressalva ou condição, a garantia assegurada aos 01/01/2010 até 01/12/2011 e, posteriormente, ocupou o cargo de

dirigentes sindicais. gerente de relacionamento Business/Empresasaté a data da

dispensa.

Por todo o exposto, considerando que a estabilidade prevista no art.

55 da Lei 5.764/71 tem por escopo a tutela do direito de livre Relatou que, no período entre 01/01/2010 até 24/11/2015, cumpria

associação, de modo a proteger o dirigente de cooperativa de jornada de trabalho de 8h às 20h, de segunda a sexta-feira, com

eventual perseguição ou ingerência por parte do empregador, deve intervalo de 30 minutos para refeição.

ser reconhecida, no presente caso, a garantia provisória no

emprego do reclamante. Pugnou o pagamento de horas extras não anotadas nos controles

de frequência.

Logo, a sentença de Origem deve ser mantida.

Em contestação, a reclamada defende a validade dos controles de

Nega-se provimento. ponto, tendo destacado que eventuais horas extras eram

devidamente quitadas.

A Origem julgou parcialmente procedentes os pedidos sob o

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seguinte fundamento: chegava primeiro; que ia embora em média às 19:30hs; que a

maioria das vezes, o depoente ia embora antes do reclamante; que

"A reclamada junta os cartões de ponto que apontam o labor fazia entre 20/30 minutos de refeição; que ninguém parava 1 hora

extraordinário bem como os contracheques que também apontam o de intervalo; que era obrigado a bater o ponto antes da partida

pagamento de horas extras. porque se tivesse uma quantidade de horas extras muito grande, a

agência era penalizada; que o gestor orientava a bater o ponto e

(...) fazer outros trabalhos como ligação para cliente, arquivar contratos,

preenchimento de contas, ligação para ofertas de produtos; que

Em depoimento pessoal, o reclamante disse que a média de horas depois que dava baixa no sistema, não tinha como acessar o

de trabalho entre gerente de atendimento e relacionamento era a sistema depois de fechar o ponto; que fazia serviços internos; que

mesma; que chegava Às 7:50/8:00 hs na agência e saia às

19:30/20hs; que parava 20/30 minutos para almoçar, dentro da A primeira testemunha da reclamada disse que trabalha no banco

agência; que a última agência por qual passou tinha 5 gerentes de desde janeiro de 2013; que inicialmente trabalhou na agencia da

relacionamentos; que havia um revezamento para não saírem todos Enseada e no final de outubro/novembro de 2013 passou a

ao mesmo tempo. trabalhar na agencia de Jardim da Penha; que o reclamante já

estava trabalhando na agencia de Jardim da Penha quando

Em depoimento pessoal, a preposta da reclamada disse que o começou a trabalhar lá; que exercia a função de assistente de

reclamante fazia jornada de 9hs às 18hs, com 1 hora de almoço; empresa; que chegava na agência às 9hs; que quando chegava,

que se extrapolasse esse horário, era registrado no cartão de ponto. acontecia do reclamante estar na agencia ou visitando cliente; que

saia as 18hs; que o sistema não permite que se trabalhe depois das

A primeira testemunha indicada pelo reclamante disse que 18hs; que acontecia de ir embora e deixar o reclamante trabalhando

trabalhou no banco até 2014; que trabalhou com o reclamante na ainda; que tem 1 hora de intervalo; que é possível o funcionário

agencia princesa Isabel; que saiu desta agência no ano de 2011; fazer um ajuste no ponto, se prolongar o horário depois de uma

que era gerente de careira; que chegava para trabalhar as 8hs e visita; que na época batia ponto na própria agente; que é gerente de

saia em média 20hs/20:30hs; que o reclamante fazia normalmente empresa desde setembro de 2014; que não tem conhecimento de

os mesmos horários; que fazia 20/30 minutos de almoço e retornava haver um ranking das agencias em que aferida a quantidade de

para trabalhar; que o reclamante também fazia o mesmo horário; horas extras; que nunca foi orientado no sentido de não marcar o

que nessa agencia tinham uns 5/6 gerentes de relacionamento; que ponto corretamente; que o empregado que não registra

não podia revezar enquanto tinha cliente para atender; que o ponto corretamente o ponto, é punido; que o sistema

era eletrônico; que na grande maioria, não era marcado

corretamente o cartão de ponto; que a agencia era punida se rígido de ponto passou a existir há dois/três anos para cá; que

houvesse muitas horas extras dos funcionários, então era cobrados poderia acontecer do gerente estar ainda em visita externa depois

para que não marcassem mais horas em razão de um ranking entre das 20hs.

as agencias; que batia o ponto e continuava trabalhando; que

mesmo com o ponto fechado, não impedia de trabalhar, não As testemunhas ouvidas confirmam a realização de horas extra,

bloqueava; que era orientada a não marcar horas extras, mas o além do anotado no cartão de ponto, somente do marco

gerente sabia que faziam horas extras; que o chefe dela e do prescricional até a data de dispensa da testemunha Yuri Bussular

reclamante era o gerente geral, Sr. Eduardo; que chegavam e-mails Seixas, como apurado em liquidação. A testemunha arrolada pela ré

mostrando quais funcionários mais faziam horas extras e nas não se presta para confrontar tal assertiva, pois relata que o horário,

reuniões diárias era exposto que não poderia gerar horas extras. além de atestar que o sistema mais rígido de controle de ponto

somente passou a valer após o fim do contrato de trabalho do

A segunda testemunha indicada pelo reclamante disse que reclamante (dois/três anos para cá).

trabalhou de 2007 a 2012 no banco; que trabalhou na agencia de

jardim da penha com o reclamante; que quando o reclamante Tendo por base a prova fixo a jornada média de trabalho do autor

chegou, o depoente já trabalhava lá; que era assistente PJ; que no período como sendo das 8:30 às 19:00, sempre com 30 minutos

chegava entre 8h/8:30hs na agencia e normalmente o reclamante de intervalo.

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extraordinárias, e à ré incumbe a prova de fatos impeditivos,

Desta forma, procede parcialmente o pleito de horas extras, no modificativos ou extintivos do direito do autor.

montante a ser apurado em liquidação, sendo extra o labor após a

8ª hora diária, do período imprescrito até a data de dispensa da Sabe-se que, especificamente em relação às horas extras, a

testemunha Yuri Bussular Seixas.". jurisprudência tem dado um tratamento diferenciado, especialmente

em razão da dificuldade que os empregados encontram em

Recorre a reclamada pugnando pela exclusão da condenação em comprovar eventuais horas extraordinárias prestadas. Neste

horas extras. sentido, o verbete nº 338 da súmula do E. TST:

Pois bem. "JORNADA DE TRABALHO. REGISTRO. ÔNUS DA PROVA

(incorporadas as Orientações Jurisprudenciais nºs 234 e 306 da

O art. 224, §2º, da CLT estabelece que a jornada de seis horas SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005

diárias não se aplica aos que exercem funções de direção,

gerência, fiscalização, chefia e equivalente ou que desempenhem I - É ônus do empregador que conta com mais de 10 (dez)

outros cargos de confiança, desde que o valor da gratificação não empregados o registro da jornada de trabalho na forma do art. 74, §

seja inferior a 1/3 do salário do cargo efetivo. 2º, da CLT. A não-apresentação injustificada dos controles de

freqüência gera presunção relativa de veracidade da jornada de

Na inicial o autor informa que, durante todo o período imprescrito trabalho, a qual pode ser elidida por prova em contrário. (ex-Súmula

exerceu a função de gerente de atendimento (até 01/12/2011) e nº 338 - alterada pela Res. 121/2003, DJ 21.11.2003)

depois a função de gerente de relacionamento Business/Empresas,

tendo destacado que no período entre 01/01/2010 até 24/11/2015, II - A presunção de veracidade da jornada de trabalho, ainda que

cumpria jornada de trabalho de 8h às 20h, de segunda a sexta-feira, prevista em instrumento normativo, pode ser elidida por prova em

com intervalo de 30 minutos para refeição. contrário. (ex-OJ nº 234 da SBDI-1 - inserida em 20.06.2001)

Outrossim, inconteste que o autor se enquadra na exceção prevista III - Os cartões de ponto que demonstram horários de entrada e

no §2º do art. 224 da CLT, mormente porque recebia um adicional saída uniformes são inválidos como meio de prova, invertendo-se o

superior a 1/3 do seu salário base. ônus da prova, relativo às horas extras, que passa a ser do

empregador, prevalecendo a jornada da inicial se dele não se

A par disso, o autor estava submetido a jornada de 8 horas diárias, desincumbir. (ex-OJ nº 306 da SBDI-1- DJ 11.08.2003)"

mediante controle de frequência, que foram impugnados pelo autor.

In casu, a ré cumpriu o art. 74, §2º, da CLT, colacionando aos autos

Acerca do ônus da prova, assim dispõem os artigos 818 da CLT e os registros de horários cumpridos pelo autor (Id. 1e367ce), mas

373 do CPC: impugna o cumprimento de horas extras não anotadas, afirmando

que, quando eventualmente prestadas, houve efetivo pagamento.

"Art. 818. A prova das alegações incumbe à parte que as fizer."

Da prova oral produzida, verifica-se que as duas testemunhas do

" Art. 373. O ônus da prova incumbe: autor comprovam que o autor constantemente realizava horas

extras sem a devida anotação no controle de frequência, inclusive

I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; sob pena de punição.

II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou A primeira testemunha do autor, que somente trabalhou no banco

extintivo do direito do autor." até o ano de 2014, relatou que: que o ponto era eletrônico; que na

grande maioria, não era marcado corretamente o cartão de ponto;

Como se nota, segundo a regra geral de repartição do ônus que a agencia era punida se houvesse muitas horas extras dos

probatório, compete ao reclamante a prova dos fatos constitutivos funcionários, então era cobrados para que não marcassem mais

do seu direito, qual seja, a efetiva prestação de horas horas em razão de um ranking entre as agencias; que batia o ponto

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e continuava trabalhando; que mesmo com o ponto fechado, não o mesmo horário; que nessa agencia tinham uns 5/6 gerentes de

impedia de trabalhar, não bloqueava; que era orientada a não relacionamento; que não podia revezar enquanto tinha cliente para

marcar horas extras, mas o gerente sabia que faziam horas extras; atender; que o ponto era eletrônico; (...).

que o chefe dela e do reclamante era o gerente geral, Sr. Eduardo;

que chegavam e-mails mostrando quais funcionários mais faziam Segunda testemunha indicada pelo reclamante

horas extras e nas reuniões diárias era exposto que não poderia

gerar horas extras. disse que trabalhou de 2007 a 2012 no banco; que trabalhou na

agencia de jardim da penha com o reclamante; que quando o

A segunda testemunha do autor, que trabalhou no banco até o ano reclamante chegou, o depoente já trabalhava lá; que era assistente

de 2012, também informou que: que era obrigado a bater o ponto PJ; que chegava entre 8h/8:30hs na agencia e normalmente o

antes da partida porque se tivesse uma quantidade de horas extras reclamante chegava primeiro; que ia embora em média às 19:30hs;

muito grande, a agência era penalizada; que o gestor orientava a que a maioria das vezes, o depoente ia embora antes do

bater o ponto e fazer outros trabalhos como ligação para cliente, reclamante; que fazia entre 20/30 minutos de refeição; que ninguém

arquivar contratos, preenchimento de contas, ligação para ofertas parava 1 hora de intervalo.

de produtos; que depois que dava baixa no sistema, não tinha como

acessar o sistema depois de fechar o ponto; que fazia serviços A única testemunha da reclamadatambém corrobora com a jornada

internos. apontada pelo autor na inicial, notadamente porque afirmou que

quando chegava e saia do banco réu o autor estava trabalhando,

Ainda assim, a única testemunha da reclamada, embora tenha como se verifica abaixo:

relatado sobre a veracidade o controle de jornada, confirmou que "o

sistema mais rígido de controle de ponto somente passou a valer "Primeira testemunha da reclamada

após o fim do contrato de trabalho do reclamante", como bem

destacado pela Origem. disse que trabalha no banco desde janeiro de 2013; que

inicialmente trabalhou na agencia da Enseada e no final de

Logo, as três testemunhas ouvida no processo confirmam que, ao outubro/novembro de 2013 passou a trabalhar na agencia de Jardim

tempo da vigência do contrato de trabalho do autor, os controles de da Penha; que o reclamante já estava trabalhando na agencia de

ponto se mostravam inverídicos, destoando na real jornada Jardim da Penha quando começou a trabalhar lá; que exercia a

vivenciada pelo reclamante. função de assistente de empresa; que chegava na agência às 9hs;

que quando chegava, acontecia do reclamante estar na agencia ou

Por esta razão, diante da invalidade dos controles de jornada visitando cliente; que saia as 18hs; que o sistema não permite que

acostados aos autos, tem-se que o ônus da prova deve ser se trabalhe depois das 18hs; que acontecia de ir embora e deixar o

invertido, passando a reclamada o dever da prova do efetivo horário reclamante trabalhando ainda; que tem 1 hora de intervalo".

de trabalho do autor.

Vê-se, então, que a reclamada não se desincumbiu do onus

No entanto, a ré não consegui fazer prova contrária ao alegado pelo probandiprevisto no art. 818 da CLT e no art. 333, inciso II, da CLT,

autor em sua inicial, como se depreende do relato das duas posto que não comprovou o fato impeditivo, modificativo ou extintivo

testemunhas do reclamante. Veja-se: do direito do autor.

"Primeira testemunha indicada pelo reclamante Nesse passo, para fins de apuração de horas extras a partir da 8ª

hora diária, conforme a jornada indicada na inicial não deve estar

disse que trabalhou no banco até 2014; que trabalhou com o limitada ao período de dispensa da primeira testemunha do autor

reclamante na agencia princesa Isabel; que saiu desta agência no (2014), notadamente porque o ônus da prova recai sobre a

ano de 2011; que era gerente de careira; que chegava para reclamada, que não logrou comprovara o efetivo horário de trabalho

trabalhar as 8hs e saia em média 20hs/20:30hs; que o reclamante do autor durante todo o período contratual.

fazia normalmente os mesmos horários; que fazia 20/30 minutos de

almoço e retornava para trabalhar; que o reclamante também fazia Portanto, a sentença deve ser mantida.

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Nega-se provimento.

2.4.4. REFLEXOS DAS HORAS EXTRAS NO RSR E DESTES

NAS DEMAIS PARCELAS

2.4.3. REFLEXOS DAS HORAS EXTRAS NO RSR (SÁBADOS)

Esta ação foi proposta em 08/01/2016, antes da entrada em vigor

da Lei nº 13.467/2017.

Esta ação foi proposta em 08/01/2016, antes da entrada em vigor

da Lei nº 13.467/2017. A Origem pronunciou a prescrição das parcelas anteriores a

08/01/2011. Não há recurso quanto à prescrição.

A Origem pronunciou a prescrição das parcelas anteriores a

08/01/2011. Não há recurso quanto à prescrição. Inconformado, o Reclamado insurgiu-se quanto ao tópico, sob o

fundamento de que o Reclamante era mensalista, sendo indevidos

A reclamada se insurge quanto ao deferimento dos reflexos nos os reflexos das horas extras no RSR e destes nas demais parcelas,

RSR. bem como a inclusão do sábado.

Pois bem. Analisa-se.

Conforme item 2.4.2. foi mantida a condenação no pagamento das Entende-se que o Reclamante prestava horas extras habituais,

horas extras a partir da oitava diária. sendo devidos os reflexos das horas extras no RSR, conforme

estabelecido na sentença.

Conforme a Súmula nº 172 do TST, computam-se no cálculo do

repouso remunerado as horas extras habitualmente prestadas. Tal entendimento encontra-se em consonância com a Súmula nº

172 do c. TST, que assim dispõe: "computam-se no cálculo do

Note-se que as convenções coletivas dos bancários consideram o repouso semanal remunerado as horas extras habitualmente

sábado como integrante do repouso semanal remunerado para fins prestadas".

dos reflexos das horas extras, como, por amostragem, a cláusula

oitava da convenção coletiva de trabalho 2011/2012 (Id. 3b68436). Frisa-se que, quando o trabalhador é mensalista, o repouso

Desse modo, são devidos os reflexos das horas extras sobre o semanal remunerado já está incluído no salário mensal. Todavia,

RSR, com a inclusão do sábado. havendo trabalho extraordinário não quitado pelo empregador, é

evidente que o salário mensal não incluiu os reflexos das horas

Nega-se provimento. extras sobre o repouso semanal remunerado, não havendo falar em

bis in idem.

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exercendo no período imprescrito a função de gerente de

Outrossim, ao deferir o pagamento das horas extras, a Origem atendimento (até 01/12/2011) e depois a função de gerente de

expressamente autorizou a dedução de valores pagos a idêntico relacionamento Business/Empresas, tendo sido dispensado sem

título. justa causa em 24/11/2015, quando recebia remuneração mensal

no valor de R$ 6.717,48 (seis mil, setecentos e dezessete reais e

Ora, quando se diz que o salário mensal traz nele embutidos os quarenta e oito centavos).

repousos semanais, estes se referem às horas normais trabalhadas

no mês e não aqueles relativos às horas extraordinárias. Assim, não Afirmou que exerceu o cargo de gerente de atendimento, desde

há qualquer irregularidade na determinação de reflexos das horas 01/01/2010 até 01/12/2011 e, posteriormente, ocupou o cargo de

extras em repousos semanais remunerados e, com estes, nas gerente de relacionamento Business/Empresasaté a data da

demais parcelas. dispensa.

Melhor sorte não assiste ao argumento patronal de que não podem Alegou o Autor que no período quando exerceu a função de gerente

incidir reflexos sobre os sábados por não serem considerados dia de atendimento exercia a mesma função do paradigma Willian,

de repouso semanal remunerado, haja vista a previsão expressa em executando as mesmas tarefas, com igual produtividade e perfeição

norma coletiva da categoria. técnica. E no período em que exerceu a função de gerente de

relacionamento Business/Empresas exercia a mesma função dos

Diante disso, a sentença de piso está em consonância com o paradigmas Janaina e Delton. Contudo, estes recebiam salário

dispositivo supracitado, não havendo falar em reforma neste tema. superior ao seu, razão pela qual faz jus à equiparação salarial e à

percepção de diferenças salariais pertinentes.

Nega-se provimento.

Em defesa, a demandada negou que reclamante e paradigmas

tenham desenvolvido as mesmas atividades, acrescentando que a

produtividade e a qualidade técnica dos paradigmas eram

superiores à produtividade e qualidade técnica do reclamante.

Na sentença, o Juízo julgou procedente o pedido, sob o seguinte

fundamento:

"O bem elaborado laudo pericial (ID ca6ab49) demonstra que as

2.4.5. DIFERENÇAS SALARIAIS. EQUIPARAÇÃO SALARIAL. atividades e funções desempenhadas pelo reclamante e pelos

paradigmas eram idênticas não se justificando a disparidade salarial

por produtividade ou perfeição técnica. Registra, ainda, que a

igualdade nas atividades, bem como o desempenho do autor e dos

modelos não permite vislumbrar uma diferença quer na

produtividade quer na perfeição técnica de ambos não havendo

justificativa para diferenciação salarial.

Em relação à impugnação da reclamada (ID 4e9676a), faço as

Esta ação foi proposta em 08/01/2016, antes da entrada em vigor seguintes considerações:

da Lei nº 13.467/2017.

Como Gerente de Atendimento II, verifica-se que o reclamante

A Origem pronunciou a prescrição das parcelas anteriores a exercia a função desde 01/01/2010, mesma época em que o

08/01/2011. Não há recurso quanto à prescrição. paradigma Willian Rodrigues de Oliveira passou a exercer tal

função, conforme se verifica nas Ocorrências de Alteração do Cargo

Consta da inicial que o Reclamante foi admitido em 25/03/1998, na ficha funcional de ID 399bb3c - Pág. 57, caracterizada, portanto,

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a concomitância quanto ao exercício da função.

Reflexo sobre horas extras, férias com terço, 13º salário, FGTS com

Na ficha funcional do reclamante (ID a21b751 - Pág. 13) consta que multa de 40%, aviso prévio e PLR.

o mesmo alterou sua função de Gerente de Atendimento II para

Gerente de Relacionamento Business I na data de 01/12/2011 e de Não há reflexo sobre RSR, vez que ele já faz parte da diferença

Gerente Relacionamento Business I para Gerente de salarial deferida".

Relacionamento de Empresas I em 01/07/2013.

No que se refere a paradigma Janaína Queiroz Costa Drummond de

Aguiar, a ficha funcional da empregada registra alteração de cargo Em razões recursais, a reclamada pretende a exclusão da

de Gerente de Relacionamento Business II para Gerente de condenação em diferenças salariais. Sucessivamente, pugnou pela

Relacionamento Empresas II em 01/07/2013 (ID 399bb3c - Pág. exclusão do pagamento de diferenças de auxílio refeição e auxílio

76). cesta alimentação e PLR.

Cabe esclarecer que em relação a distinção entre o cargo de Analisa-se.

Gerente de Relacionamento Empresas I e II, exercidos a partir de

01/07/2013, pela reclamante e a funcionária Janaína, A Constituição Federal, em seu artigo 5º caput, guarda o princípio

respectivamente, o fato de a paradigma atender a clientela de alta maior da igualdade, e, no tocante aos direitos sociais, o artigo 7º,

renda, por si só, não permite a presunção que a sua atividade era inciso XXXII, expressamente proíbe qualquer distinção entre

mais complexa, conforme exposto pelo perito: trabalho manual, técnico e intelectual.

(...) A isonomia salarial, por sua vez, além de encontrar guarida no

próprio texto constitucional, também foi objeto de preocupação do

Da mesma forma não prospera a alegação do réu acerca da legislador ordinário, encontrando previsão no art. 461 da CLT, ao

localidade, vez que os empregados trabalhavam na mesma região preconizar que, "sendo idêntica a função, a todo trabalho de igual

metropolitana, a grande Vitória, sendo isso suficiente para os fins do valor, prestado ao mesmo empregador, na mesma localidade,

artigo 461 da CLT. corresponderá igual salário, sem distinção de sexo, nacionalidade

ou idade".

Em relação a produtividade ou perfeição técnica no trabalho

desenvolvido entre a reclamante e a paradigma, as avaliações Os requisitos para a equiparação salarial são os seguintes: a)

comportamentais dos obreiros no mesmo período (ID 858d036) identidade de função; b) que o serviço seja de igual valor, assim

atestam que o serviço era realizado com a mesma perfeição entendido aquele que é prestado com igual produtividade e a

técnica. mesma perfeição técnica; c) serviço prestado para o mesmo

empregador; d) serviço prestado na mesma localidade; e)

Como se depreende do laudo pericial, a reclamante e paradigma inexistência de diferença do tempo de serviço na mesma função

exerciam as mesmas atividades, não havendo prova nos autos que superior a dois anos.

confirme a tese de defesa de maior complexidade das atividades

dos paradigmas. No que toca à distribuição do ônus da prova na equiparação

salarial, é do obreiro o ônus de comprovar a identidade de funções

Assim, com base nas informações do laudo pericial, considero com o paradigma e do empregador o de comprovar fato impeditivo,

preenchidos os requisitos do art. 461 da CLT e defiro a equiparação modificativo ou extintivo do direito postulado (Súmula nº 6 do TST).

salarial ao paradigma Willian Rodrigues de Oliveira desde o marco

prescricional até 30/11/2011 e equiparação ao paradigma Janaína No caso dos autos, houve o deferimento de prova pericial, com o

Queiroz Costa Drummond de Aguiar desde 01/12/2011 a objetivo de apurar o pedido de equiparação salarial e isonomia

24/11/2015, conforme limitado no pedido, no montante a ser salarial.

apurado em liquidação.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 433
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Ao ID. ca6ab49 foi carreado o Laudo Pericial, concluindo o -Expert OLIVEIRA, na prática, ambos exerciam as mesmas funções e

que as atividades desenvolvidas pelo autor e paradigmas eram atividades durante todo o período em que estiveram na função de

similares e, por isso, não restaria justificada a disparidade salarial. Gerente de Atendimento?

Senão veja-se:

Resposta: Afirmativa.

"Diante de todas as constatações técnicas decorrentes da vasta

documentação trazida aos autos, bem como aquelas f- Que verifique o perito se havia diferença de tempo na função

disponibilizadas pela reclamada, apresentasse do Juízo o que se superior a 2 anos entre o Rte e os Paradigmas JANAINA QUEIROZ

segue: COSTA DRUMMOND DE AGUIAR e DELTON MARTINS DE

SOUZA, na função de Gerente de Relacionamento Business? Que

Este Perito conclui que as atividades e funções desempenhadas informe o perito em que data Rte e Paradigmas foram promovidos a

pelo reclamante e pelos paradigmas eram idênticas não se tal função.

justificando a disparidade salarial por produtividade ou perfeição

técnica. Resposta: A reclamada não forneceu estas informações solicitadas

pelo Perito".

Registra-se ainda que a igualdade nas atividades, bem como o

desempenho do autor e dos modelos não permite vislumbrar uma

diferença quer na produtividade quer na perfeição técnica de ambos

não havendo justificativa para diferenciação salarial". "Quesitos da reclamada

(...)

No que concerne ao período em que o autor exerceu a função de 7. Qual a diferença do tempo de serviço entre o Reclamante e os

gerente de atendimento, em que apresentao paradigma Willian, o paradigmas,

perito deixou claro que estes executavam as mesmas tarefas, com

igual produtividade e perfeição técnica, para o mesmo empregador, William Rodrigues, Janaina Queiroz e Delton Martins?

mesma localidade e tempo na unção inferior a 2 anos:

Resposta: Quanto ao paradigma Willian a diferença é inferior a 2

"Quesitos do reclamante anos. E

(...) quanto aos demais, tal informação não foi disponibilizada pela

reclamada.

c- Que verifique o perito se havia diferença de tempo na função

superior a 2 anos entre o Rte e o Paradigma WILLIAN RODRIGUES (...)

DE OLIVEIRA, na função de Gerente de Atendimento? Que informe

o perito em que data Rte e o paradigma foram promovidos a tal 18. Informe o I. Perito quais os locais de trabalho e os cargos

função. exercidos pelos

Resposta: Negativo. Ambos, reclamante e paradigma foram paradigmas e seus respectivos períodos e salários?

promovidos para a função de gerente de atendimento em

01/01/2010. Resposta: As agências as quais laboram o reclamante e

paradigmas, são situadas na grande Vitória, como segue:(...)

(...)

22. Informe o I. Perito se havia diferença de perfeição

e- Que diga o perito se, independentemente da nomenclatura dada técnica/produtividade entre Reclamante e paradigmas.

aos cargos do Autor e do Paradigma WILLIAN RODRIGUES DE

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 434
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Resposta: O reclamante e os paradigmas desenvolviam as suas

funções com a mesma perfeição técnica. A reclamada não forneceu Resposta: Afirmativo".

ao perito as avaliações funcionais realizadas pela chefia tanto do

autor como dos paradigmas. "Quesitos da reclamada

23. Informe o I. Perito se os requisitos do artigo 461 da CLT foram 8. Informe o i. Perito se há diferença na faixa de renda entre os

preenchidos no período de equiparação salarial contido na inicial, clientes dos funcionários ocupantes do cargo de Gerente de

quais sejam: idêntica função, trabalho de igual valor (produtividade Relacionamento Business I, Gerente de Relacionamento Business

e qualidade técnica), mesma localidade, diferença de tempo de II, Gerente de Relacionamento Business III.

serviço inferior a dois anos.

Resposta: Pelos documentos juntados aos autos, constatamos que:

Resposta: Positivo. Todos os requisitos foram preenchidos, fazendo Gerente de Relacionamento Business I - faixa de renda inferior à R$

jus o autor à equiparação salarial pretendida". 1.200,00 (hum mil e duzentos reais), Gerente de Relacionamento

Business II - faixa de renda de R$ 1.200,00 (hum mil e duzentos

E no período em que exerceu a função de gerente de reais) à R$ 4.000,00 (quatro mil reais), Gerente de Relacionamento

relacionamento Business/Empresas, quando indicou os Business III - faixa de renda acima de R$ 4.000,00 (quatro mil

paradigmasJanaina e Delton, o perito também o perito deixou claro reais).

que estes executavam as mesmas tarefas, com igual produtividade

e perfeição técnica, para o mesmo empregador, mesma localidade Porém na prática foi declarado pelo reclamante que não existia

e tempo na unção inferior a 2 anos: diferença no tipo de clientes pessoa jurídica e que qualquer gerente

podia atender

"Quesitos do reclamante

qualquer cliente.

(...)

(...)

h- Que diga o perito se, independentemente da nomenclatura dada

aos cargos do Autor e dos Paradigmas JANAINA QUEIROZ COSTA 10. Informe o i. Perito se os produtos comercializados pelos

DRUMMOND DE AGUIAR e DELTON MARTINS DE SOUZA, na empregados são diferenciados de acordo com seu segmento de

prática, ambos exerciam as mesmas funções e atividades durante atuação.

todo o período em que estiveram na função de Gerente de

Relacionamento Business? Resposta: Apesar das metas e cartelas de clientes diferenciadas, as

atividades laborativas desempenhadas tanto pelo reclamante

Resposta: Afirmativo. quanto pelos paradigmas são idênticas.

i- Que informe o perito se havia alguma diferença de produtividade (...)

ou perfeição técnica nas tarefas executadas pelo Reclamante e

pelos Paradigmas? Caso positivo, favor comprovar? 13. Com base nos quesitos anteriores é possível afirmar, que a

atividade exercida pelo Reclamante era compatível com o dos

Resposta: Negativo. Ambos executavam suas atividades com a paradigmas?

mesma perfeição técnica e produtividade.

Resposta: Afirmativo.

j- Se o Reclamante e os Paradigmas trabalhavam em agências

bancárias do Reclamado situadas na mesma localidade, no alcance (...)

dado pela Súmula 6, X, do TST, ou seja, se ambos trabalhavam em

agências bancárias do Reclamado situadas em municípios 18. Informe o I. Perito quais os locais de trabalho e os cargos

pertencentes a mesma região metropolitana da Grande Vitória? exercidos pelos paradigmas e seus respectivos períodos e salários?

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Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Resposta: As agências as quais laboram o reclamante e

paradigmas, são situadas na grande Vitória, como segue:(...) 2.4.6. INTEGRAÇÃO. SISTEMA DE REMUNERAÇÃO VARIÁVEL

22. Informe o I. Perito se havia diferença de perfeição

técnica/produtividade entre Reclamante e paradigmas.

Resposta: O reclamante e os paradigmas desenvolviam as suas

funções com a mesma perfeição técnica. A reclamada não forneceu

ao perito as avaliações funcionais realizadas pela chefia tanto do

autor como dos paradigmas.

Em razões recursais a Ré requer a reforma da sentença, alegando,

23. Informe o I. Perito se os requisitos do artigo 461 da CLT foram em suma, que tais parcelas não possuem natureza salarial; estão

preenchidos no período de equiparação salarial contido na inicial, condicionadas ao atingimento de metas desde a sua instituição; não

quais sejam: idêntica função, trabalho de igual valor (produtividade são pagas com habitualidade, mas tão-somente quando atingidos

e qualidade técnica), mesma localidade, diferença de tempo de seus requisitos, tratando-se de liberalidade do empregador.

serviço inferior a dois anos.

Sem razão.

Resposta: Positivo. Todos os requisitos foram preenchidos, fazendo

jus o De fato, em consonância com a decisão proferida pelo Juízo de

Primeiro Grau, constata-se que a Reclamada não se desincumbiu

autor à equiparação salarial pretendida." de seu ônus da prova, não tendo demonstrado a inexistência de

natureza salarial das parcelas apontadas.

De toda sorte, pela análise dos comprovantes de pagamento, ao

Ora, conforme destacado pela Origem, os documentos carreados contrário do alegado pela Ré, verifica-se que as parcelas em

aos autos são suficientes para comprovar todos os requisitos do art. comento eram pagas de forma habitual, em contraprestação ao

461 da CLT c/c Súmula 6 do TST. trabalho executado, assumindo, assim, natureza salarial.

Por fim, quanto ao pleito sucessivo de exclusão do pagamento de Mantém-se a sentença no particular.

diferenças de auxílio refeição e auxílio cesta alimentação e PLR,

verifica-se que diante da ausência de diferença de produtividade, Nega-se provimento.

não há falar em diferença de pagamento de vantagem conferida por

norma coletiva.

Dessa forma, correta a sentença que julgou procedente o pedido de

equiparação.

Nega-se provimento.

2.4.7. DESPESAS COM VEÍCULO E CELULAR.

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Assim, resta resguardado seu direito ao ressarcimento dos

desgastes pelo uso do seu veículo, não promovido pelo banco

reclamado.

Esta ação foi proposta em 08/01/2016, antes da entrada em vigor

da Lei nº 13.467/2017. (...)

A Origem pronunciou a prescrição das parcelas anteriores a Desta feita, considerando que o veículo era usado em 3/4 visitas

08/01/2011. Não há recurso quanto à prescrição. diárias no mês, defiro o valor de mensais, a título de indenização

pelo meio salário mínimo à época, uso do veículo, a partir de

Consta da inicial que o Reclamante foi admitido em 25/03/1998, 01/12/2011, quando o reclamante se tornou Gerente de

exercendo no período imprescrito a função de gerente de Relacionamento até 24/11/2015, conforme limitado no pedido.

atendimento (até 01/12/2011) e depois a função de gerente de

relacionamento Business/Empresas, tendo sido dispensado sem O mesmo acontece pelo uso do telefone celular particular do

justa causa em 24/11/2015, quando recebia remuneração mensal empregado para a realização de atividades de interesse do

no valor de R$ 6.717,48 (seis mil, setecentos e dezessete reais e empregador. Não prospera a tese da defesa de que o telefone fixo

quarenta e oito centavos). era suficiente para que o empregado realizasse o contato com seus

clientes, uma vez que é incontroverso nos autos que o autor

Afirmou que exerceu o cargo de gerente de atendimento, desde realizava muitas visitas externas, se ausentando por grande período

01/01/2010 até 01/12/2011 e, posteriormente, ocupou o cargo de da agência, sendo forçoso concluir que era necessário o uso do

gerente de relacionamento Business/Empresasaté a data da aparelho celular.

dispensa.

Ainda que o autor não tenha trazido aos autos as contas telefônicas

Durante todo o contrato de trabalho, e, inclusive, como condição para comprovar os gastos alegados, entendo que deva ser

para trabalhar, o autor deveria possuir veículo próprio, sendo que a ressarcido das despesas, pois é certo o uso do aparelho em

mesma colocou o seu automóvel à disposição do Réu, a fim de que serviço, sobretudo em razão das visitas externas, sem o respectivo

fosse utilizado na execução de suas atividades laborais (visitas a reembolso das despesas.

clientes).

Quanto ao uso do telefone particular, considerando que o celular

Pugnou pela condenação da Reclamada no ressarcimento das pertencia ao obreiro e certamente era utilizado também em ligações

despesas com veículo. particulares, fixo que o valor gasto nas atividades da empresa

correspondia a metade do gasto total, o que dá R$75,00 por mês, a

A Origem julgou parcialmente procedente o pedido, nestes termos: partir de 01/12/2011, quando o reclamante se tornou Gerente de

Relacionamento até 24/11/2015, conforme limitado no pedido".

""Se o empregador exige do empregado a utilização de veículo

particular, como instrumento essencial ao desempenho de suas Em razões recursais a reclamada pretende a exclusão da

atividades, deve ressarci-lo pelas despesas efetuadas, uma vez que condenação.

o ônus do empreendimento não pode ser a ele transferido, nos

termos do art.2º da CLT. Pois bem.

O conjunto dos depoimentos deixa claro que a ré não só admitia Com efeito, parte-se do princípio de que havendo a exigência de

como incentivava o uso do veículo próprio pelos Gerentes de utilização de celular e de veículo para visitar clientes, sem o regular

Relacionamento em razão das visitas externas, fato ordinário tendo ressarcimento dos gastos, reputa-se devida a indenização pelo

em vista que facilita o contato com os clientes, além da própria ilícito praticado, uma vez que o empregador, em abuso do poder

testemunha da ré confirmar que não era visitas utilizando-se de diretivo, transferiu ao trabalhador os riscos da atividade econômica,

transporte público regular. em violação ao art. 2º da CLT.

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No caso dos autos as testemunhas do autorcomprovam que as A Origem determinou que os honorários periciais complementares

visitas a clientes também eram realizadas por meio de veículo no valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais) a cargo da reclamada,

próprio, sendo utilizado celular particular para manter contatos com devendo, ainda ressarcir ao autor o depósito prévio de R$ 300,00

estes. (trezentos reais), pelas duas perícias realizadas.

A testemunha da rérelatou que não se fazia uso de transporte Inconformado, em suas razões recursais, pugna a reclamada pela

público regular, fato que demonstram que a utilização do veículo do reforma da r. sentença no tocante ao pagamento dos honorários

autor como ferramenta de trabalho, de forma obrigatória. periciais.

Ademais, quanto ao valor arbitrado pela Origem de meio salário Analisa-se.

mínimo, endente-se que este se mostra proporcional aos dias de

efetivo uso para visitações aos clientes, ou seja, este era utilizado Este Relator entende que, em se tratando os honorários periciais de

por apenas 3/4 visitas diárias no mês. instituto bifronte, as inovações da Lei n. 13.467/2017 não deverão

ser aplicadas aos processos já em curso.

Portanto, o valor arbitrado pela na sentença a quoobservou os dias

de efetiva utilização do veículo como instrumento de trabalho. Isso porque é imprescindível que a parte tenha ciência das

consequências jurídicas do ajuizamento do processo ou da defesa

Portanto, restou comprovado que o autor utilizava de veículo e apresentada, com a possibilidade de previsibilidade para avaliação

celular próprio para a consecução das atividades inerentes a função das condutas processuais a serem adotadas.

de gerente de operação, mas não era indenizado.

Entendimento em sentido diverso não seria razoável e implicaria

Ademais, conforme bem registrado pela Origem, a natureza da afronta ao disposto no art. 10, CPC/15, com a configuração de

atividade do autor denota a necessidade de deslocamento decisão surpresa e violação aos princípios da segurança jurídica e

permanente do autor. do devido processo legal.

Sendo assim, nada a modificar neste particular. A legislação a ser aplicada nesses casos, portanto, deve ser aquela

vigente quando do ajuizamento da ação.

Nega-se provimento.

Nesse contexto, utiliza-se, na espécie, a antiga redação do artigo

790-B, da CLT, nos seguintes termos:

"Art. 790-B. A responsabilidade pelo pagamento dos honorários

periciais é da parte sucumbente na pretensão objeto da perícia,

salvo se beneficiária de justiça gratuita".

Dessa forma, a sucumbência de que trata o artigo não é analisada

pela conclusão do laudo pericial, mas sim pela procedência ou

2.4.8. HONORÁRIOS PERICIAIS improcedência da pretensão objeto da perícia e, no caso, os

pedidos do reclamante dependentes da prova pericial foram

julgados procedentes.

Portanto, correta a sentença que condenou a ré no pagamento dos

honorários periciais.

Nega-se provimento.

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Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

2.5. REQUERIMENTO DA RECLAMADA DE QUE O AUTOR 3. ACÓRDÃO

SEJA CONDENADO POR LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ

A reclamada alega em contrarrazões que o autor é litigante de má-

fé, uma vez que pleiteou na inicial a aplicação da taxa TR para fisn

de aplicação de correção monetário, mas apresentou recurso para

aplicação do IPCA-E.

Sem razão.

Não se constata que o reclamante, ao interpor o presente recurso,

tenha incorrido em alguma das hipóteses previstas no art. 80 do

CPC e no art. 793-B da CLT, uma vez que ele apenas exerceu o Acordam os Magistrados da 1ª Turma do Tribunal Regional do

seu direito de ampla defesa, tendo interposto o remédio jurídico Trabalho da 17ª Região, na Sessão Ordinária realizada no dia 03 de

processual previsto no Processo do Trabalho para impugnar a dezembro de 2019, às 13 horas e 30 minutos, sob a Presidência do

decisão que o condenou em litigância de má-fé, expondo Exmo. Desembargador Cláudio Armando Couce de Menezes, com

expressamente as razões pelas quais pretendia a reforma da a participação do Exmo. Desembargador José Carlos Rizk, do

decisão. Exmo. Desembargador Mário Ribeiro Cantarino Neto, e presente o

Procurador Regional do Trabalho, Dr. Levi Scatolin, por

Assim, não há falar em nova condenação do reclamante por unanimidade, conhecer dos recursos ordinários interpostos pelo

litigância de má-fé. reclamante e pela reclamada; rejeitar a preliminar de não

conhecimento do apelo autoral quanto ao índice de correção

Indefere-se o requerimento do reclamado, formulado em monetária, por inovação recursal; rejeitar a preliminar de atribuição

contrarrazões, de aplicar condenação por litigância de má-fé ao de efeito suspensivo ao recurso, formulado pela Reclamada em

reclamante. razões recursais; rejeitar a preliminar de nulidade da sentença por

julgamento ultra petita, suscitada pela Ré em razões recursais;

rejeitar a preliminar de nulidade da sentença por cerceio do direito

de defesa, suscitada pela reclamada em razões recursais; no mérito

do recurso do autor, por maioria, dar parcial provimento para

estabelecer que os débitos trabalhistas em geral devem ser

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 439
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RECORRENTE BANCO SANTANDER (BRASIL) S.A.


atualizados pela TR/FACDT até 24/03/2015 e pelo IPCA-E a partir ADVOGADO MAURICIO DE SOUSA
PESSOA(OAB: 156805/SP)
de 25/03/2015; e, no mérito do recurso da reclamada, por
ADVOGADO UDNO ZANDONADE(OAB: 9141/ES)
unanimidade, negar provimento. Indeferido o requerimento do ADVOGADO TALITHA ABI HARB SANTOS(OAB:
20764/ES)
reclamado, formulado em contrarrazões, de aplicação da pena por
ADVOGADO FERNANDA RIBEIRO UCHOA
litigância de má-fé ao reclamante. Vencido, no recurso obreiro, TEIXEIRA(OAB: 101952/RJ)
ADVOGADO EDUARDO CHALFIN(OAB: 53588/RJ)
quanto às horas extras a partir da 6ª hora diária, às horas extras a
RECORRIDO BANCO SANTANDER (BRASIL) S.A.
partir da 8ª hora diária e ao intervalo intrajornada, o Desembargador ADVOGADO MAURICIO DE SOUSA
PESSOA(OAB: 156805/SP)
Cláudio Armando Couce de Menezes. Custas, pela reclamada, no
ADVOGADO UDNO ZANDONADE(OAB: 9141/ES)
importe de R$ 3.000,00 (três mil reais), calculadas sobre R$ ADVOGADO TALITHA ABI HARB SANTOS(OAB:
20764/ES)
150.000,00 (cento e cinquenta mil reais), valor ora majorado à
ADVOGADO FERNANDA RIBEIRO UCHOA
condenação. Sustentações orais do Dr. Fábio Lima Freire, TEIXEIRA(OAB: 101952/RJ)
ADVOGADO EDUARDO CHALFIN(OAB: 53588/RJ)
advogado do reclamante, e da Dra. Úrsula Campos França Mouro,
RECORRIDO THIAGO ZANI DA CRUZ
advogada do reclamado. ADVOGADO FABIO LIMA FREIRE(OAB: 9167/ES)
TERCEIRO COOPCONPIF - Cooperativa de
INTERESSADO Consumo dos Profissionais de
Instituições Financeiras Ltda
TERCEIRO Fabiana Silva Ribeiro
INTERESSADO
TERCEIRO Márcio Rodrigo Mocelim Natal
INTERESSADO
TESTEMUNHA YURI BUSSULAR SEIXAS
TESTEMUNHA REINALDO PASSOS MAGALHAES
TESTEMUNHA AGHTA SILVA ZANOTELLI

Intimado(s)/Citado(s):
- Márcio Rodrigo Mocelim Natal

PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA DO TRABALHO
DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK

Relator

PROCESSO nº 0000009-74.2016.5.17.0010 (ROT)

RECORRENTES: THIAGO ZANI DA CRUZ; BANCO SANTANDER

(BRASIL) S.A.

RECORRIDOS: THIAGO ZANI DA CRUZ; BANCO SANTANDER

(BRASIL) S.A.

ORIGEM: 10ª VARA DO TRABALHO DE CACHOEIRO DE

ITAPEMIRIM - ES

Acórdão
Processo Nº ROT-0000009-74.2016.5.17.0010
RELATOR: DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK
Relator JOSE CARLOS RIZK
RECORRENTE THIAGO ZANI DA CRUZ
ADVOGADO FABIO LIMA FREIRE(OAB: 9167/ES) COMPETÊNCIA: 1ª TURMA

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 440
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

1. RELATÓRIO

EMENTA Esta ação foi proposta em 08/01/2016, antes da entrada em vigor

da Lei nº 13.467/2017.

A Origem pronunciou a prescrição das parcelas anteriores a

08/01/2011. Não há recurso quanto à prescrição.

Trata-se de recurso ordinário interposto pelo reclamante e pela

reclamada em face da r. sentença, complementada pela decisão de

embargos de declaração, que julgou procedentes em parte os

RECURSO DO RECLAMANTE. HORAS EXTRAS. BANCÁRIO. pedidos formulados na inicial, para condenar a reclamada no

GERENTE DE RELACIONAMENTO. FIDÚCIA DIFERENCIADA. pagamento de diferenças salariais decorrente de garantia do

APLICAÇÃO DO ART. 224, §2º DA CLT. Tendo em vista que o emprego, ratificando a tutela antecipada; horas extras após a 8ª

autor se encontrava imbuído de uma fidúcia que o colocava em hora diária, no período imprescrito até a data da dispensa da

patamar diferenciado dos demais empregados da agência, inclusive testemunha Yuri; intervalo intrajornada, no período imprescrito até a

refletindo em sua remuneração, entende-se que estava inserido na data da dispensa da testemunha Yuri; divisor 220; integração da

exceção do art. 224, §2º, da CLT, sendo indevidas como extras as remuneração variável; indenização pelo uso de veículo, no período

horas posteriores à 6ª diária. entre 01/12/2011 até 24/11/2015; indenização pelo uso do telefone

particular, no período entre 01/12/2011 até 24/11/2015; equiparação

salarial; e diferenças de substituição.

RECURSO DA RECLAMADA. NULIDADE DA DISPENSA. O reclamante interpõe recurso ordinário, requerendo a reforma do

ESTABILIDADE PROVISÓRIA NO EMPREGO. DIRETOR DE decisio quanto às horas extras a partir da 6ª hora diária; divisor;

COOPERATIVA. Tendo em vista que o autor é dirigente de limitação temporal das horas extras a partir da 8ª diária,

cooperativa regida pela Lei nº 5.764/71, faz jus o reclamante à sucessivamente o afastamento da OJ 415 da SDI-I do TST;

estabilidade provisória no emprego prevista no art. 55 desta lei. limitação temporal do intervalo intrajornada, sucessivamente o

Ademais, entende-se que tal garantia não está limitada ao número afastamento da OJ 415 da SDI-I do TST; majoração da indenização

de 7 dirigentes, vez que, nos moldes do art. 29 desta lei, é livre a pelo uso de veículo próprio; indenização por assédio moral; e índice

associação de interessados. de correção monetária.

Em recurso ordinário, a reclamada suscita preliminar de nulidade da

sentença, por ser ultra petita e preliminar de nulidade da sentença,

por cerceamento de defesa, além de pleitear o efeito suspensivo ao

recurso. No mérito, pugna pela reforma dos seguintes capítulos:

estabilidade prevista no art. 55 da Lei 5.764/71, por ser falsa

cooperativa; horas extras a partir da 8ª diária; reflexos dos dias de

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 441
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

sábado; reflexos das horas extras nos dias de repouso semana

remunerado, sob pena de bis in idem; reflexos do sistema de

remuneração variável nas horas extras; indenização pelo uso de

veículo próprio; indenização pelo uso de celular; equiparação

salarial, sucessivamente, exclusão do pagamento de diferenças de

auxílio refeição e auxílio cesta alimentação e PLR; e honorários

periciais.

Custas ao Id. 8286a9f e depósito recursal ao Id. 09b1808.

Contrarrazões do autor, em que pretende a manutenção da

sentença.

2.1.1. CONHECIMENTO DO RECURSO DO AUTOR.

Contrarrazões pela reclamada, em que suscita preliminar de não PRELIMINAR DE NÃO CONHECIMENTO, POR INOVAÇÃO.

conhecimento do recurso do autor quanto ao índice de correção SUSCITADA EM CONTRARRAZÕES PELA RECLAMADA

monetária, por inovação recursal e, no mérito, pela manutenção da

sentença e pela aplicação de multa por litigância de má-fé.

É o relatório.

Esta ação foi proposta em 08/01/2016, antes da entrada em vigor

da Lei nº 13.467/2017.

A Origem pronunciou a prescrição das parcelas anteriores a

08/01/2011. Não há recurso quanto à prescrição.

2. FUNDAMENTAÇÃO

A reclamada suscita preliminar de inovação recursal em

contrarrazões, alegando que o autor inovou a sua causa de pedir

quanto ao índice de correção monetária, inserindo no recurso

ordinário pleito inexistente na petição inicial e que por conseguinte

não foi objeto de apreciação pela sentença.

Sem razão.

Inexiste qualquer inovação recursal quanto ao tema da correção

monetária.

Em primeiro lugar, saliente-se que a aplicação de correção

monetária constitui pedido implícito, não precisando constar na

inicial, não havendo qualquer julgamento "ultra" e "extra petita"

2.1. CONHECIMENTO quando a sentença aborda a matéria mesmo que não tenha sido

mencionada na inicial.

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Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Ressalte-se que o Juízo de Primeiro Grau determinou que fosse

aplicada a correção monetária a TR como índice de atualização.

2.2. PRELIMINARES

O reclamante requereu em seu recurso ordinário que seja

reformada a sentença para aplicar o IPCA-E como índice de

atualização.

Logo, não há falar em inovação recursal.

Rejeita-se a preliminar.

Estando preenchidos este e os demais pressupostos de

admissibilidade, conhece-se do recurso ordinário do reclamante.

2.2.1. CONCESSÃO DE EFEITO SUSPENSIVO. PRELIMINAR

SUSCITADA PELA RECLAMADA EM RAZÕES DE RECURSO

2.1.2. CONHECIMENTO DO RECURSO DA RECLAMADA

A Reclamada, em razões recursais, busca a concessão de efeito

suspensivo ao recurso ordinário interposto.

Pois bem.

Esta ação foi proposta em 08/01/2016, antes da entrada em vigor

da Lei nº 13.467/2017. Depreende-se da nova redação da Súmula 414, do TST, que "a

tutela provisória concedida na sentença não comporta impugnação

A Origem pronunciou a prescrição das parcelas anteriores a pela via do mandado de segurança, por ser impugnável mediante

08/01/2011. Não há recurso quanto à prescrição. recurso ordinário. É admissível a obtenção de efeito suspensivo ao

recurso ordinário mediante requerimento dirigido ao tribunal, ao

Conhece-se do recurso ordinário interposto pela reclamada, relator ou ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal recorrido,

porquanto preenchidos os pressupostos legais de admissibilidade. por aplicação subsidiária ao processo do trabalho do artigo 1.029, §

5º, do CPC de 2015".

De acordo com o art. 300 do CPC, a tutela de urgência será

concedida quando houver elementos que evidenciem a

probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado

útil do processo.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 443
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

No caso em tela, encontram-se presentes os requisitos necessários

para a concessão da tutela de urgência. Consta da inicial que o Reclamante foi admitido em 25/03/1998,

exercendo no período imprescrito a função de gerente de

A probabilidade do direito decorre do fato de que restou atendimento (até 01/12/2011) e depois a função de gerente de

comprovada a violação do direito do Reclamante no tocante à relacionamento Business/Empresas, tendo sido dispensado sem

nulidade da dispensa, não tendo a recorrente apresentado justa causa em 24/11/2015, quando recebia remuneração mensal

argumentados fáticos, a fim de serem aferidos em uma análise no valor de R$ 6.717,48 (seis mil, setecentos e dezessete reais e

sumária. quarenta e oito centavos).

O perigo de dano também é patente, porquanto o Reclamante Em preliminar de recurso ordinário sustenta a Reclamada que a r.

estaria impedido de receber salário, verba de caráter alimentar. decisão de Origem se trata de sentença ultra petita, na medida em

que o Julgador deferiu ao Obreiro um quantumde diferenças

Não há risco de irreversibilidade da medida, diante da inexistência salariais decorrente da reintegração maior do que o postulado.

de prejuízo à Reclamada, que se beneficiará da mão de obra do

Reclamante. Nesse contexto, explica que a inicial limita as horas nos seguintes

termos:

Não merece ser acolhido, portanto, o requerimento da Ré de que

seja concedido efeito suspensivo ao recurso ordinário interposto. "Pede seja declarada nula a dispensa sem justa causa do Rte

realizada pelo Reclamado na data de 24-11-2015, declarando-se

Rejeita-se a preliminar de atribuição de efeito suspensivo ao apelo, que o Autor é detentor de garantia provisória no emprego no

formulado pela Reclamada em razões recursais. período entre 12-01-2015 até 1 (um) ano após a data do término do

seu mandato de diretor da COOPBAN, na forma do art. 55, da Lei n.

5.764/1971 c/c art. 543, parágrafo 3o, da CLT, REQUERENDO O

AUTOR SEJA DETERMINADA A SUA REINTEGRAÇÃO AO

EMPREGO NO RECLAMADO, na mesma função, local, e com a

mesma remuneração de antes da dispensa, condenando-se o

Reclamado a fazer tal reintegração, e ainda, que seja o Reclamado

condenado ao pagamento das remunerações vencidas e vincendas

do Reclamante, a serem apuradas desde a data de 24-11-2015 até

a data da efetiva reintegração do Reclamante, condenando-se o

2.2.2. PRELIMINAR DE NULIDADE DA SENTENÇA, POR Rdo também ao pagamento das parcelas de 13o salário, férias +

JULGAMENTO ULTRA PETITA, SUSCITADA EM RAZÕES DE 1/3, FGTS, PLR (Participação nos Lucros e Resultados), auxílio

RECURSO ORDINÁRIO PELA RECLAMADA refeição (cláusula 14ª), auxílio cesta alimentação (cláusula 15ª),

auxílio décima terceira cesta alimentação (cláusula 16ª), e demais

benefícios previstos nas CCT dos bancários, durante todo o período

de afastamento."

Nada obstante, aponta que o d. Juízo a quo, em sede de embargos

de declaração, determinou a inclusão da todas as parcelas de

natureza salarial recebidas pelo autor.

Esta ação foi proposta em 08/01/2016, antes da entrada em vigor Requer seja reconhecida a nulidade da decisão, no ponto.

da Lei nº 13.467/2017.

Sucessivamente, pretende a limitação aos termos postulados na

A Origem pronunciou a prescrição das parcelas anteriores a exordial.

08/01/2011. Não há recurso quanto à prescrição.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 444
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Examina-se.

"O termo remuneração utilizado na sentença ao deferir a

Segundo o sistema processual vigente, o julgador não pode, via de reintegração se refere a todas as parcelas de cunho salarial

regra, decidir acima (ultra petita), fora (extra petita) ou aquém (citra recebido pelo autor, como for apurado em liquidação."

petita) dos limites do pedido.

Do cotejo entre a inicial e a r. sentença, observa-se que não há o

Nesse contexto, a teor do art. 492 do CPC/2015, é defeso ao juiz alegado julgamento "além do pedido".

proferir sentença, a favor do Autor, de natureza diversa da pedida,

bem como condenar o Réu em quantidade superior ou em objeto Dessa forma, a r. sentença, ao condenar a Ré ao pagamento de

diverso do que lhe foi demandado. diferenças de remuneração do período estabilitário até a efetiva

reintegração, não incorreu em julgamento ultra petita.

Corroborando tal proibição, o art. 141 do diploma processual civil

preceitua que o magistrado deve decidir a lide nos limites em que foi Dessa forma, considerando que o pedido apontado pela Recorrente

proposta, sendo-lhe defeso conhecer de questões, não suscitadas, foi corretamente deduzido na inicial, não há falar em infringência ao

a cujo respeito a lei exige a iniciativa da parte. 492 do CPC.

Consoante ensinamento de Freddie Didier Júnior, "diz-se ultra petita Rejeita-se a preliminar de nulidade da sentença por julgamento ultra

a decisão que (i) concede ao demandante mais do que ele pediu, (ii) petita, suscitada pela Ré em razões recursais.

analisa não apenas os fatos essenciais postos pelas partes como

também outros fatos essenciais, ou (iii) resolve a demanda em

relação aos sujeitos que participaram do processo, mas também em

relação a outros sujeitos não participantes." (DIDIER Jr., Freddie, in

"Curso de Direito Processual Civil", 2ª ed., Salvador: JusPODIVM,

2008. v. 02, p. 287).

No caso em tela, ao contrário do que sustenta a reclamada, verifica-

se que o Reclamante apontou, em sua peça de ingresso, de forma

genérica as parcelas de natureza salarial devida. Veja-se: 2.2.3. PRELIMINAR DE NULIDADE DA SENTENÇA, POR

CERCEAMENTO DE DEFESA, SUSCITADA EM RAZÕES DE

"(...), condenando-se o Reclamado a fazer tal reintegração, e ainda, RECURSO ORDINÁRIO PELA RECLAMADA

que seja o Reclamado condenado ao pagamento das remunerações

vencidas e vincendas do Reclamante, a serem apuradas desde a

data de 24-11-2015 até a data da efetiva reintegração do

Reclamante, (...)".

A r. sentença, neste sentido, deferiu a pretensão nos seguintes

termos:

"Assim, defiro o pedido "A" da inicial, restando mantidos os efeitos Esta ação foi proposta em 08/01/2016, antes da entrada em vigor

da concessão da tutela antecipada, devendo ser pagas as da Lei nº 13.467/2017.

remunerações vencidasdesde sua dispensa até a efetiva

reintegração." A Origem pronunciou a prescrição das parcelas anteriores a

08/01/2011. Não há recurso quanto à prescrição.

A fim de tornar mais clara a abrangência do termo remunerações,

por meio da decisão de embargos de declaração, o Juízo assim Consta da inicial que o Reclamante foi admitido em 25/03/1998,

decidiu: exercendo no período imprescrito a função de gerente de

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 445
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

atendimento (até 01/12/2011) e depois a função de gerente de

relacionamento Business/Empresas, tendo sido dispensado sem No direito processual brasileiro, é notório que incumbe ao

justa causa em 24/11/2015, quando recebia remuneração mensal Magistrado a direção do processo, devendo até mesmo afastar, em

no valor de R$ 6.717,48 (seis mil, setecentos e dezessete reais e nome da celeridade e economia processual, provas que reputem

quarenta e oito centavos). inócuas, inúteis, irrelevantes ou desnecessárias, sem que isso

importe, necessariamente, em afronta ao amplo direito de defesa

Informou que, no período em que exerceu a função de gerente de garantido às partes (art. 370 do CPC/2015).

atendimento recebeu salário inferior ao paradigma Willian Rodrigues

de Oliveira, mesmo tendo exercido idênticas funções. Já, no período Trata-se da liberdade do juiz em conduzir o processo, também

em que foi gerente de relacionamento Business/Empresas, recebeu prevista no artigo 765, da CLT, que estabelece a "ampla liberdade

salário inferior aos paradigmas Janaina Queiroz Costa Drummond de direção do processo" e o dever do magistrado em velar pelo

de Aguiar e Delton Martins de Souza, mas realizava as mesmas "andamento rápido das causas".

atividades.

Nesse sentido, não se encontram fundamentos, no presente caso,

Por isso, pugnou pelo pagamento de diferenças salariais por para acolher a preliminar por cerceio de defesa, haja vista à prova

equiparação salarial. pericial, além da liberdade de condução processual do julgador.

Na audiência de instrução de Id. eea594c foi produzida prova oral, Assim, tendo em vista a devida justificativa do indeferimento das

sendo ouvida as partes, duas testemunhas indicadas pelo autor e perguntas para o autor e para as testemunhas pelo Magistrado, não

uma indicada pela reclamada. Especificamente quanto ao pedido de há que se falar em violação ao art. 5º, LV, da Constituição Federal.

produção de prova oral sobre à equiparação salarial, o Juízo assim

se manifestou: Rejeita-se a preliminar de nulidade da sentença, por cerceio do

direito de defesa, suscitada pela reclamada em razões recursais.

"Requereu a reclamada a produção de prova oral acerca da

equiparação salarial tendo em vista as impugnações apresentadas

ao laudo pericial, o que foi indeferido pelos seguintes motivos: as

questões suscitadas pela ré nas impugnações são todas aferíveis

com prova documental, como fundamentado pela própria parte na

sua insurgência. Protestos do réu".

Na r. sentença a Origem se baseou na prova pericial produzida, ao

estabelecer as atividades exercidas pelo autor e pelos paradigmas,

para deferir o pedido de condenação da reclamada no pagamento

de diferenças salariais decorrente de equiparação salarial.

Nas razões recursais a reclamada alega preliminar de cerceamento

de defesa pelo indeferimento de perguntas ao autor e às

testemunhas quanto ao tema da equiparação salarial.

Analisa-se.

A Origem deixou claro na r. sentença recorrida que as atividades

laborais do autor e dos paradigmas foram consignadas pela prova 2.3. MÉRITO DO RECURSO DO AUTOR

pericial, de modo que se verificou que o reclamante tenha

desempenhado funções idênticas aos dos paradigmas, porém, com

menor remuneração.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 446
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Pugnou pela descaracterização da jornada de 08 horas, tendo em

vista que não possuía subordinados ou poder de fiscalização, não

exercia função de chefia e tampouco provido de fidúcia especial e,

paralelamente, o reconhecimento das horas extras a partir da 6ª

hora diária.

Em contestação a Reclamada sustentou que "em 01.12.2011 o

Reclamante passou para o cargo de Gerente de Relacionamento

Empresas/Business I e em 01.12.2014 passou para o cargo de

Gerente de Relacionamento Empresas/Business II".

2.3.1. HORAS EXTRAS A PARTIR DA 6ª HORA DIÁRIA. ART.

224, §2º DA CLT Afirmou que "o cargo de Gerente de Relacionamento Business,

possui grande fidúcia, pois é responsável por conquistar novos

clientes e prestar atendimento aos atuais, no Segmento de Pessoa

Jurídica Business com faturamento anual até 1 milhão de reais

(Gerente de Relacionamento Empresas I) e entre 1 e 6 milhões de

reais (Gerente de Relacionamento Empresas II) , com o objetivo de

aumentar a sua carteira de clientes junto ao mercado. Para tanto,

era exigido que ele tivesse 2 anos de experiência como gerente de

Relacionamento no Segmento Alta Renda ou Pessoa Jurídica e,

Esta ação foi proposta em 08/01/2016, antes da entrada em vigor ainda, inglês e espanhol intermediário" e que "o próprio Gerente,

da Lei nº 13.467/2017. caso do Reclamante, é quem elabora as propostas de concessão

de crédito no fluxo de abertura de conta corrente ou no sistema de

A Origem pronunciou a prescrição das parcelas anteriores a Elaboração, Análise e Gestão de Propostas de Crédito (ferramentas

08/01/2011. Não há recurso quanto à prescrição. da plataforma de atendimento do reclamado)", além de asseverar

que participava do Comitê de Crédito junto com o gerente geral de

Consta da inicial que o Reclamante foi admitido em 25/03/1998, agência.

exercendo no período imprescrito a função de gerente de

atendimento (até 01/12/2011) e depois a função de gerente de Por fim, asseverou que o autor recebia gratificação de função no

relacionamento Business/Empresas, tendo sido dispensado sem valor de 1/3 do salário efetivo.

justa causa em 24/11/2015, quando recebia remuneração mensal

no valor de R$ 6.717,48 (seis mil, setecentos e dezessete reais e A Origem reconheceu a validade da jornada de 08 horas do autor,

quarenta e oito centavos). na forma do art. 224, §2º da CLT, indeferindo a título de horas

extras aquelas que ultrapassassem 6ª horas diárias até a 8ª hora

Afirmou que exerceu o cargo de gerente de atendimento, desde diária.

01/01/2010 até 01/12/2011 e, posteriormente, ocupou o cargo de

gerente de relacionamento Business/Empresasaté a data da Em razões recursais o autor renovou sua pretensão.

dispensa.

Sem razão.

Relatou que no período entre 01/12/2011 a 24/11/2015, e que pese

exercer a função de gerente de relacionamento Business/Empresas, Cumpre perquirir se a autora estava inserida na exceção do art.

foi submetido a jornada de trabalho de 8h diárias. No entanto, 224, §2º, da CLT.

destacou que "não ocupou cargo de gerência estrita, ou seja, não

ocupou cargo de confiança bancária nos moldes do art. 224, É incontroverso que recebia gratificação de função superior a um

parágrafo 2º, da CLT". terço do valor do cargo efetivo, já que percebia salário base de R$

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 447
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

3.679,51 (três mil, seiscentos e setenta e nove reais e cinquenta e resultados do Banco e Zelar pelo atendimento personalizado de

um centavos) acrescido de gratificação de função no valor de R$ seus clientes, visando assegurar o nível de qualidade diferenciado

2.068,19 (dois mil e sessenta e oito reais), conforme ficha financeira de serviços prestados pelo Banco.

de Id. 43e5f58 - Pág. 11.

12. Informe o i.Perito, à título exemplificativo, os clientes que eram

Quanto às tarefas propriamente ditas, não é possível afirmar que o atendidos

autor exercia mera atividade técnica de assessoramento ou mesma

fidúcia conferida a empregados que, de fato, exerciam tarefas de pelo Gerente de Relacionamento Business II.

simples assessoria ou suporte bancário.

Resposta: E com relação ao gerente de relacionamento business II,

O reclamante admite na inicial que era o responsável por substituir temos que o mesmo tinha como dever: manter a carteira de clientes

o gerente geral de agência, bem como pleiteou equiparação salarial pessoas jurídicas sob sua responsabilidade, identificando suas

com o gerente de Gerente de Relacionamento Business Sr. Delton necessidades e assegurando a satisfação dos mesmos com relação

e Sra. Janaína, sob o fundamento de que detinha as mesmas aos serviços e produtos disponibilizados pelo Banco.

atribuições e poderes do cargo, sendo elas: "atendimento a clientes,

venda de produtos e serviços do banco, e administrava uma carteira Conquistar novos clientes visando aumentar sua carteira junto ao

de clientes do segmento de pessoa jurídica (empresas)". mercado alvo, vendendo produtos e serviços da instituição.

Ademais, o laudo pericial de Id. ca6ab49 constatou que o autor, Propor o desenvolvimento de negócios de seus clientes, de acordo

além de participar de comitê de crédito, exercia as seguintes com as normas e procedimentos operacionais estabelecidos pelo

atribuições como Gerente de Relacionamento Business: Banco.

"11. Informe o i. Perito, à título exemplificativo, os clientes que eram Prospectar e dar aceite a propostas de investimentos dos clientes

atendidos de sua carteira.

pelo Gerente de Relacionamento Business I. Acompanhar e cobrar operações de seus clientes com operações

de crédito vencidas.

Resposta: Com relação a função de Gerente de Relacionamento

Business I, temos que a mesma visava manter a carteira de clientes Acompanhar a performance de negócios de seus clientes, visando

pessoas jurídicas sob sua responsabilidade, bem como de seus identificar eventuais problemas, que possam interferir nos

respectivos sócios, identificando suas necessidades e assegurando resultados do Banco.

a satisfação dos mesmos com relação aos serviços e produtos

disponibilizados pelo Banco. Analisar as operações de empréstimo dos clientes de sua carteira,

conforme os parâmentros definidos pela política de concessão de

Conquistar novos clientes visando aumentar sua carteira junto ao crédito.

mercado alvo, vendendo produtos e serviços da instituição.

Aprovar e cadastrar limites de crédito (inclusive participação no

Propor o desenvolvimento de negócios de seus clientes, de acordo comitê de crédito da agência).

com as normas e procedimentos operacionais estabelecidos pelo

Banco. Zelar pelo atendimento personalizado de seus clientes, visando

assegurar o nível de qualidade diferenciado de serviços prestados

Acompanhar e cobrar operações de seus clientes com operações pelo Banco.

de crédito vencidas.

13. Com base nos quesitos anteriores é possível afirmar, que a

Acompanhar a performance de negócios de seus clientes, visando atividade exercida pelo Reclamante era compatível com o dos

identificar eventuais problemas, que possam interferir nos paradigmas?

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 448
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responsável por toda a prestação de serviços bancários para aquela

Resposta: Afirmativo. linha de clientela e participava de comitê de crédito junto com a

gerente geral de agência, sendo que eventualmente substituía o

(...) próprio gerente geral.

18. Informe o I. Perito quais os locais de trabalho e os cargos Assim, tendo em vista que o autor se encontrava imbuído de uma

exercidos pelos fidúcia que o colocava em patamar diferenciado dos demais

empregados da agência, inclusive refletindo em sua remuneração,

paradigmas e seus respectivos períodos e salários? entende-se que estava inserido na exceção do art. 224, §2º, da

CLT, sendo indevidas como extras as horas posteriores à 6ª diária.

Resposta: As agências as quais laboram o reclamante e

paradigmas, são situadas na grande Vitória, como segue: Por fim, diante da manutenção da sentença de improcedência, por

decorrência lógica, não há falar em aplicação do divisor 180 para o

O reclamante trabalhou na agência de Vitória situada na Avenida cálculo das horas extras.

Princesa Isabel sendo que em 01/12/2011 foi transferido para a

Agência de Jardim da Penha, Vitória/ES. Em 01/07/2014 o autor foi Nega-se provimento.

novamente transferido para a Agência da Praça Costa Pereira

situada em Vitória/ES.

O paradigma Willian Rodrigues de Oliveira trabalhou na agência da

Costa Pereira, até a demissão.

O paradigma Janaína Queiroz trabalhou na Agência da Enseada do

Suá, sendo que em 01/06/2014 foi transferida para a Agência da

Praia do Canto.

2.3.2.HORAS EXTRAS A PARTIR DA 8ª HORA DIÁRIA

Contrato de trabalho ativo, hoje em Jucutuquara;

O paradigma Delton Martins de Souza trabalhava na Agência de

Laranjeiras sendo que em 01/05/2015 foi transferido para o PV

Vitória.

E quanto aos cargos e salários, já foram respondidos por este

Perito, vide respostas dadas aos quesitos do reclamante. Contudo,

em caso de eventual procedência do pleito de equiparação salarial, Esta ação foi proposta em 08/01/2016, antes da entrada em vigor

serão apuradas as diferenças salariais devidas, ocasião em que da Lei nº 13.467/2017.

serão demonstrados mês a mês os valores recebidos pelos

mesmos". A Origem pronunciou a prescrição das parcelas anteriores a

08/01/2011. Não há recurso quanto à prescrição.

Neste passo, tem-se que o próprio teor da inicial e o laudo pericial

comprovam a realidade fática vivenciada pelo autor no exercício da Consta da inicial que o Reclamante foi admitido em 25/03/1998,

função de gerente de Relacionamento Business, com atribuições exercendo no período imprescrito a função de gerente de

diferenciadas ao simples cargo efetivo bancário. atendimento (até 01/12/2011) e depois a função de gerente de

relacionamento Business/Empresas, tendo sido dispensado sem

Extrai-se, portanto, da prova pericial que o autor possuía maiores justa causa em 24/11/2015, quando recebia remuneração mensal

responsabilidade do que os empregados comuns, já que era no valor de R$ 6.717,48 (seis mil, setecentos e dezessete reais e

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quarenta e oito centavos). que nessa agencia tinham uns 5/6 gerentes de relacionamento; que

não podia revezar enquanto tinha cliente para atender; que o ponto

Afirmou que exerceu o cargo de gerente de atendimento, desde era eletrônico; que na grande maioria, não era marcado

01/01/2010 até 01/12/2011 e, posteriormente, ocupou o cargo de corretamente o cartão de ponto; que a agencia era punida se

gerente de relacionamento Business/Empresasaté a data da houvesse muitas horas extras dos funcionários, então era cobrados

dispensa. para que não marcassem mais horas em razão de um ranking entre

as agencias; que batia o ponto e continuava trabalhando; que

Relatou que, no período entre 01/01/2010 até 24/11/2015, cumpria mesmo com o ponto fechado, não impedia de trabalhar, não

jornada de trabalho de 8h às 20h, de segunda a sexta-feira, com bloqueava; que era orientada a não marcar horas extras, mas o

intervalo de 30 minutos para refeição. gerente sabia que faziam horas extras; que o chefe dela e do

reclamante era o gerente geral, Sr. Eduardo; que chegavam e-mails

Pugnou o pagamento de horas extras não anotadas nos controles mostrando quais funcionários mais faziam horas extras e nas

de frequência. reuniões diárias era exposto que não poderia gerar horas extras.

Em contestação, a reclamada defende a validade dos controles de A segunda testemunha indicada pelo reclamante disse que

ponto, tendo destacado que eventuais horas extras eram trabalhou de 2007 a 2012 no banco; que trabalhou na agencia de

devidamente quitadas. jardim da penha com o reclamante; que quando o reclamante

chegou, o depoente já trabalhava lá; que era assistente PJ; que

A Origem julgou parcialmente procedentes os pedidos sob o chegava entre 8h/8:30hs na agencia e normalmente o reclamante

seguinte fundamento: chegava primeiro; que ia embora em média às 19:30hs; que a

maioria das vezes, o depoente ia embora antes do reclamante; que

"A reclamada junta os cartões de ponto que apontam o labor fazia entre 20/30 minutos de refeição; que ninguém parava 1 hora

extraordinário bem como os contracheques que também apontam o de intervalo; que era obrigado a bater o ponto antes da partida

pagamento de horas extras. porque se tivesse uma quantidade de horas extras muito grande, a

agência era penalizada; que o gestor orientava a bater o ponto e

(...) fazer outros trabalhos como ligação para cliente, arquivar contratos,

preenchimento de contas, ligação para ofertas de produtos; que

Em depoimento pessoal, o reclamante disse que a média de horas depois que dava baixa no sistema, não tinha como acessar o

de trabalho entre gerente de atendimento e relacionamento era a sistema depois de fechar o ponto; que fazia serviços internos; que

mesma; que chegava Às 7:50/8:00 hs na agência e saia às

19:30/20hs; que parava 20/30 minutos para almoçar, dentro da A primeira testemunha da reclamada disse que trabalha no banco

agência; que a última agência por qual passou tinha 5 gerentes de desde janeiro de 2013; que inicialmente trabalhou na agencia da

relacionamentos; que havia um revezamento para não saírem todos Enseada e no final de outubro/novembro de 2013 passou a

ao mesmo tempo. trabalhar na agencia de Jardim da Penha; que o reclamante já

estava trabalhando na agencia de Jardim da Penha quando

Em depoimento pessoal, a preposta da reclamada disse que o começou a trabalhar lá; que exercia a função de assistente de

reclamante fazia jornada de 9hs às 18hs, com 1 hora de almoço; empresa; que chegava na agência às 9hs; que quando chegava,

que se extrapolasse esse horário, era registrado no cartão de ponto. acontecia do reclamante estar na agencia ou visitando cliente; que

saia as 18hs; que o sistema não permite que se trabalhe depois das

A primeira testemunha indicada pelo reclamante disse que 18hs; que acontecia de ir embora e deixar o reclamante trabalhando

trabalhou no banco até 2014; que trabalhou com o reclamante na ainda; que tem 1 hora de intervalo; que é possível o funcionário

agencia princesa Isabel; que saiu desta agência no ano de 2011; fazer um ajuste no ponto, se prolongar o horário depois de uma

que era gerente de careira; que chegava para trabalhar as 8hs e visita; que na época batia ponto na própria agente; que é gerente de

saia em média 20hs/20:30hs; que o reclamante fazia normalmente empresa desde setembro de 2014; que não tem conhecimento de

os mesmos horários; que fazia 20/30 minutos de almoço e retornava haver um ranking das agencias em que aferida a quantidade de

para trabalhar; que o reclamante também fazia o mesmo horário; horas extras; que nunca foi orientado no sentido de não marcar o

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ponto corretamente; que o empregado que não registra superior a 1/3 do seu salário base.

corretamente o ponto, é punido; que o sistema

A par disso, o autor estava submetido a jornada de 8 horas diárias,

rígido de ponto passou a existir há dois/três anos para cá; que mediante controle de frequência, que foram impugnados pelo autor.

poderia acontecer do gerente estar ainda em visita externa depois

das 20hs. Acerca do ônus da prova, assim dispõem os artigos 818 da CLT e

373 do CPC:

As testemunhas ouvidas confirmam a realização de horas extra,

além do anotado no cartão de ponto, somente do marco "Art. 818. A prova das alegações incumbe à parte que as fizer."

prescricional até a data de dispensa da testemunha Yuri Bussular

Seixas, como apurado em liquidação. A testemunha arrolada pela ré " Art. 373. O ônus da prova incumbe:

não se presta para confrontar tal assertiva, pois relata que o horário,

além de atestar que o sistema mais rígido de controle de ponto I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito;

somente passou a valer após o fim do contrato de trabalho do

reclamante (dois/três anos para cá). II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou

extintivo do direito do autor."

Tendo por base a prova fixo a jornada média de trabalho do autor

no período como sendo das 8:30 às 19:00, sempre com 30 minutos Como se nota, segundo a regra geral de repartição do ônus

de intervalo. probatório, compete ao reclamante a prova dos fatos constitutivos

do seu direito, qual seja, a efetiva prestação de horas

Desta forma, procede parcialmente o pleito de horas extras, no extraordinárias, e à ré incumbe a prova de fatos impeditivos,

montante a ser apurado em liquidação, sendo extra o labor após a modificativos ou extintivos do direito do autor.

8ª hora diária, do período imprescrito até a data de dispensa da

testemunha Yuri Bussular Seixas.". Sabe-se que, especificamente em relação às horas extras, a

jurisprudência tem dado um tratamento diferenciado, especialmente

Recorre o autor pretendendo a reforma da limitação temporal das em razão da dificuldade que os empregados encontram em

horas extras a partir da 8ª diária, sucessivamente o afastamento da comprovar eventuais horas extraordinárias prestadas. Neste

OJ 415 da SDI-I do TST. sentido, o verbete nº 338 da súmula do E. TST:

Pois bem. "JORNADA DE TRABALHO. REGISTRO. ÔNUS DA PROVA

(incorporadas as Orientações Jurisprudenciais nºs 234 e 306 da

O art. 224, §2º, da CLT estabelece que a jornada de seis horas SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005

diárias não se aplica aos que exercem funções de direção,

gerência, fiscalização, chefia e equivalente ou que desempenhem I - É ônus do empregador que conta com mais de 10 (dez)

outros cargos de confiança, desde que o valor da gratificação não empregados o registro da jornada de trabalho na forma do art. 74, §

seja inferior a 1/3 do salário do cargo efetivo. 2º, da CLT. A não-apresentação injustificada dos controles de

freqüência gera presunção relativa de veracidade da jornada de

Na inicial o autor informa que, durante todo o período imprescrito trabalho, a qual pode ser elidida por prova em contrário. (ex-Súmula

exerceu a função de gerente de atendimento (até 01/12/2011) e nº 338 - alterada pela Res. 121/2003, DJ 21.11.2003)

depois a função de gerente de relacionamento Business/Empresas,

tendo destacado que no período entre 01/01/2010 até 24/11/2015, II - A presunção de veracidade da jornada de trabalho, ainda que

cumpria jornada de trabalho de 8h às 20h, de segunda a sexta-feira, prevista em instrumento normativo, pode ser elidida por prova em

com intervalo de 30 minutos para refeição. contrário. (ex-OJ nº 234 da SBDI-1 - inserida em 20.06.2001)

Outrossim, inconteste que o autor se enquadra na exceção prevista III - Os cartões de ponto que demonstram horários de entrada e

no §2º do art. 224 da CLT, mormente porque recebia um adicional saída uniformes são inválidos como meio de prova, invertendo-se o

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ônus da prova, relativo às horas extras, que passa a ser do ponto se mostravam inverídicos, destoando na real jornada

empregador, prevalecendo a jornada da inicial se dele não se vivenciada pelo reclamante.

desincumbir. (ex-OJ nº 306 da SBDI-1- DJ 11.08.2003)"

Por esta razão, tem-se que o autor apenas comprovou labor acima

In casu, a ré cumpriu o art. 74, §2º, da CLT, colacionando aos autos da 8ª diária durante o período em que trabalhou com as

os registros de horários cumpridos pelo autor (Id. 1e367ce), mas testemunhas arroladas, sendo que a primeira testemunha indicada

impugna o cumprimento de horas extras não anotadas, afirmando pelo reclamante disse que trabalhou no banco até 2014 e a

que, quando eventualmente prestadas, houve efetivo pagamento. segunda testemunha indicada pelo reclamante disse que trabalhou

de 2007 a 2012 no banco.

Da prova oral produzida, verifica-se que as duas testemunhas do

autor comprovam que o autor constantemente realizava horas Vê-se, então, que o reclamante não se desincumbiu do onus

extras sem a devida anotação no controle de frequência, inclusive probandiprevisto no art. 818 da CLT e no art. 333, inciso I, da CLT,

sob pena de punição. posto que não comprovou o fato constitutivo de seu direito.

A primeira testemunha do autor, que somente trabalhou no banco Nesse passo, para fins de apuração de horas extras a partir da 8ª

até o ano de 2014, relatou que: que o ponto era eletrônico; que na hora diária, correta a sentença que limitou as horas extras até a

grande maioria, não era marcado corretamente o cartão de ponto; data de dispensa da testemunha Yuri Bussular Seixas.

que a agencia era punida se houvesse muitas horas extras dos

funcionários, então era cobrados para que não marcassem mais Portanto, a sentença deve mantida.

horas em razão de um ranking entre as agencias; que batia o ponto

e continuava trabalhando; que mesmo com o ponto fechado, não Por fim, quanto ao pleito sucessivo de afastamento da OJ 415 da

impedia de trabalhar, não bloqueava; que era orientada a não SDI-I do TST, tem-se que as horas devem ser apuradas levando-se

marcar horas extras, mas o gerente sabia que faziam horas extras; em conta o período de efetivo trabalho acida da 8ª hora diária no

que o chefe dela e do reclamante era o gerente geral, Sr. Eduardo; período indicado na sentença em relação às horas pagas como

que chegavam e-mails mostrando quais funcionários mais faziam extras no contracheque. Logo, não há razão que justifique o

horas extras e nas reuniões diárias era exposto que não poderia afastamento da OJ 415 da SDI-I do TST.

gerar horas extras.

Nega-se provimento.

A segunda testemunha do autor, que trabalhou no banco até o ano

de 2012, também informou que: que era obrigado a bater o ponto

antes da partida porque se tivesse uma quantidade de horas extras

muito grande, a agência era penalizada; que o gestor orientava a

bater o ponto e fazer outros trabalhos como ligação para cliente,

arquivar contratos, preenchimento de contas, ligação para ofertas

de produtos; que depois que dava baixa no sistema, não tinha como

acessar o sistema depois de fechar o ponto; que fazia serviços

internos.

2.3.3. INTERVALO INTRAJORNADA SUPRIMIDO

Ainda assim, a única testemunha da reclamada, embora tenha

relatado sobre a veracidade o controle de jornada, confirmou que "o

sistema mais rígido de controle de ponto somente passou a valer

após o fim do contrato de trabalho do reclamante", como bem

destacado pela Origem.

Logo, as três testemunhas ouvida no processo confirmam que, ao

tempo da vigência do contrato de trabalho do autor, os controles de

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O reclamante busca a reforma da sentença para que seja Por fim, quanto ao pleito sucessivo de afastamento da OJ 415 da

condenado o reclamado no pagamento de uma hora extra a título SDI-I do TST, tem-se que as horas devem ser apuradas levando-se

de intervalo intrajornada suprimido por todo o período de trabalho em conta o período de efetivo trabalho acida da 8ª hora diária no

imprescrito, sem limitação. período indicado na sentença em relação às horas pagas como

extras no contracheque. Logo, não há razão que justifique o

Pois bem. afastamento da OJ 415 da SDI-I do TST.

As duas testemunhas do autorouvidas confirmam a supressão do Nega-se provimento.

intervalo intrajornada.

De outro lado, a única testemunha da reclamadaafirma que goza de

1 hora de intervalo.

A par da divergência de depoimentos, tem-se que o fato de a

testemunha da reclamada continuar trabalhando para o banco réu

demonstra a fragilidade de seu depoimento quanto à supressão do

intervalo intrajornada.

2.3.4. DANOS MORAIS. METAS

Com efeito, deve preponderar o relato das duas testemunhas do

autor, principalmente porque a primeira testemunha exercia a

mesma função do autor (gerente), tendo, por isso, melhores

condições para relatar os acontecimentos realmente vivenciados

durante o trabalho.

Desta forma, as duas testemunhas do autor comprovam a

supressão do intervalo intrajornada pelo autor, como bem

fundamentado pela Origem. Esta ação foi proposta em 08/01/2016, antes da entrada em vigor

da Lei nº 13.467/2017.

Por esta razão, tem-se que o autor apenas comprovou a supressão

do intervalo intrajornada durante o período em que trabalhou com A Origem pronunciou a prescrição das parcelas anteriores a

as testemunhas arroladas, sendo que a primeira testemunha 08/01/2011. Não há recurso quanto à prescrição.

indicada pelo reclamante disse que trabalhou no banco até 2014 e a

segunda testemunha indicada pelo reclamante disse que trabalhou Consta da inicial que o Reclamante foi admitido em 25/03/1998,

de 2007 a 2012 no banco. exercendo no período imprescrito a função de gerente de

atendimento (até 01/12/2011) e depois a função de gerente de

Vê-se, então, que o reclamante não se desincumbiu do onus relacionamento Business/Empresas, tendo sido dispensado sem

probandiprevisto no art. 818 da CLT e no art. 333, inciso I, da CLT, justa causa em 24/11/2015, quando recebia remuneração mensal

posto que não comprovou o fato constitutivo de seu direito. no valor de R$ 6.717,48 (seis mil, setecentos e dezessete reais e

quarenta e oito centavos).

Nesse passo, para fins de apuração de horas extras decorrente da

supressão do intervalo intrajornada, correta a sentença que limitou Afirmou que exerceu o cargo de gerente de atendimento, desde

as horas extras até a data de dispensa da testemunha Yuri Bussular 01/01/2010 até 01/12/2011 e, posteriormente, ocupou o cargo de

Seixas. gerente de relacionamento Business/Empresasaté a data da

dispensa.

Portanto, a sentença deve mantida.

O reclamante alegou na inicial sempre foi extremamente dedicado

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ao réu, mas que isto não lhe poupou de diversos momentos em que linhas objetivas, a fim de estabelecer um parâmetro apreciável com

serem violados seus valores imateriais, pois a cobrança de metas certo distanciamento. Ou seja, a indenização por danos morais é

era realizada de forma insistente e ameaçadora, em reuniões e e- devida quando o relato de uma situação fática indique para o

mails, tendo trabalhado excessivamente. julgador a ocorrência de desrespeito à dignidade da pessoa

humana. Dessa forma, mesmo o magistrado não podendo sentir ou

O reclamante postulou que fosse reconhecido o dano moral sofrido mensurar de maneira tangível o sofrimento do reclamante, referida

e fixada uma indenização equivalente a R$ 100.000,00 (cem mil angústia pode ser inferida.

reais).

Pois bem.

O reclamado alegou, em contestação, que os fatos alegados pelo

reclamante não poderiam ser qualificados como desrespeitosos e Não foi demonstrada a alegação autoral de que a cobrança para o

nem acarretam danos passíveis de indenização, não se detectando cumprimento das metas era realizada de forma insistente e

qualquer atitude que pudesse acarretar a violação à esfera moral do ameaçadora e que havia excesso de trabalho, sendo submetido a

reclamante. grande pressão e muito menos qualquer ato de perseguição do

autor.

O Juízo de Primeiro Grau entendeu que o réu não atuou com abuso

de direito ao efetuar metas comprovadamente não excessivas pela Neste passo, o próprio reclamante, em seu depoimento pessoal,

prova oral. não informou qualquer ato abusivo da reclamada, apenas relatou

que havia cobrança de metas e que esta era alcançada em

O reclamante recorre alegando que os depoimentos colhidos determinados trimestres, sendo que não apontou nenhum tipo de

comprovam com cristalinidade todo o abuso cometido. punição ou comportamento ofensivo e reiterado de perseguição

pela reclamada.

Sem razão.

Veja-se o depoimento do autor:

A reparabilidade do dano moral, após o advento da Constituição de

1988, tornou-se inegável, estando expressamente prevista em seu "que no banco era uma constante a cobrança de metas

artigo 5º, incisos V e X, como garantia do indivíduo. inalcançável; que as metas eram distribuídas ao gerente da agencia

e tinha que entregar essas metas; que tinha um ranking com seus

Todos os indivíduos são dotados de uma esfera de cunho pessoal e números e produções e coloca o empregado na fila; que esse

abstrato que constitui a face moral e subjetiva dos seres humanos. ranking eram distribuídos entre os funcionários; que tinha trimestre

Por consubstanciar importante parcela da totalidade humana, que atingia metas e outros não, o que gerava uma cobrança do

referida esfera merece a proteção da ordem jurídica contra gerente da agencia e do regional; que tinham reuniões

atentados que provoquem sua deterioração. quinzenalmente em que eram prestadas contas para o

superintendente na frente dos outros funcionários da agência do

Nesse sentido, serve de fundamento para o pedido de indenização mesmo segmento; que os gerentes gerais que o reclamante

por danos morais a angústia, aflição e amargura experimentada de substituiu utilizavam de um pouco de rigor para cobrar as metas".

maneira particular pelo ser humano, cingindo-se, portanto, ao

âmbito subjetivo de cada pessoa. Sendo assim, do próprio relato do autor não se extrai qualquer

comportamento ofensivo reiterado no tempo para caracterização do

O dano moral constituiu lesão que aflige a esfera mais íntima dos assédio moral.

indivíduos e sua ocorrência não pode ser confundida com

contrariedades típicas das relações sociais e contratuais às quais Logo, despicienda é a análise das provas testemunhais, diante da

estão sujeitos os seres humanos. confissão do autor.

Não obstante ocorrer na esfera subjetiva do indivíduo, não deve ser Destaque-se, também, que o autor não juntou aos autos os e-mails

olvidado que a aferição de seu acontecimento deve pautar-se por que alega ter recebido para comprovar as cobranças abusivas por

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metas.

Afirmou que exerceu o cargo de gerente de atendimento, desde

Assim, o que se extrai do conjunto probatório é que o reclamante 01/01/2010 até 01/12/2011 e, posteriormente, ocupou o cargo de

trabalhou em um ambiente de trabalho onde existia muito serviço e gerente de relacionamento Business/Empresasaté a data da

havia metas a cumprir, mas não houve tratamento ofensivo ou dispensa.

desrespeitoso reiterado no tempo para cumprimento de metas.

Relatou que, durante o período que exerceu a função de Gerente de

Desse modo, ainda que o reclamante tenha trabalhado em um setor Relacionamento Business e Empresas, e, inclusive, como condição

com muito serviço para fazer e metas para cumprir, não está para trabalhar, o autor deveria possuir veículo próprio, sendo que o

demonstrado que houve o alegado ato ilícito. mesmo colocou o seu automóvel à disposição do Réu, a fim de que

fosse utilizado na execução de suas atividades laborais (visitas a

Portanto, é mantida a sentença quanto ao indeferimento do pedido clientes).

de indenização por dano moral.

Pugnou pela condenação da Reclamada no ressarcimento das

Nega-se provimento. despesas com veículo no importe de "R$ 82,00 (oitenta e dois reais)

por dia trabalhado pelo Rte, de segunda a sexta-feira, no período

entre 01-12-2011 a 24-11-2015, ou, requer o Rte, de forma

sucessiva (art. 289 do CPC), que seja o Réu condenado a indenizá-

lo pelo uso de seu veículo próprio em favor do contrato de trabalho,

em qualquer outro valor a ser arbitrado por V. Exa.".

A Origem julgou parcialmente procedente o pedido, nestes termos:

"Se o empregador exige do empregado a utilização de veículo

2.3.5. DESPESAS COM VEÍCULO. MAJORAÇÃO particular, como instrumento essencial ao desempenho de suas

atividades, deve ressarci-lo pelas despesas efetuadas, uma vez que

o ônus do empreendimento não pode ser a ele transferido, nos

termos do art.2º da CLT.

O conjunto dos depoimentos deixa claro que a ré não só admitia

como incentivava o uso do veículo próprio pelos Gerentes de

Relacionamento em razão das visitas externas, fato ordinário tendo

em vista que facilita o contato com os clientes, além da própria

Esta ação foi proposta em 08/01/2016, antes da entrada em vigor testemunha da ré confirmar que não era visitas utilizando-se de

da Lei nº 13.467/2017. transporte público regular.

A Origem pronunciou a prescrição das parcelas anteriores a Assim, resta resguardado seu direito ao ressarcimento dos

08/01/2011. Não há recurso quanto à prescrição. desgastes pelo uso do seu veículo, não promovido pelo banco

reclamado.

Consta da inicial que o Reclamante foi admitido em 25/03/1998,

exercendo no período imprescrito a função de gerente de (...)

atendimento (até 01/12/2011) e depois a função de gerente de

relacionamento Business/Empresas, tendo sido dispensado sem Desta feita, considerando que o veículo era usado em 3/4 visitas

justa causa em 24/11/2015, quando recebia remuneração mensal diárias no mês, defiro o valor de mensais, a título de indenização

no valor de R$ 6.717,48 (seis mil, setecentos e dezessete reais e pelo meio salário mínimo à época, uso do veículo, a partir de

quarenta e oito centavos). 01/12/2011, quando o reclamante se tornou Gerente de

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Relacionamento até 24/11/2015, conforme limitado no pedido.".

Em razões recursais o autor pugna pela majoração do valor da

indenização, "requerendo seja arbitrado o valor de R$ 82,00 (oitenta

e dois reais) por dia trabalhado a título de indenização, durante todo

o período entre 01-12- 2011 a 24-11-2015, conforme postulado no

pedido da alínea "K" da peça inicial". A sentença assim determinou:

Pois bem. "Juros e correção monetária na forma da Lei 8177/91, observando-

se que a correção monetária relativa aos débitos trabalhistas é

Com efeito, parte-se do princípio de que havendo a exigência de devida a partir do mês subsequente ao do vencimento da prestação

utilização de veículo para visitar clientes, sem o regular de serviços, a partir do dia 1º, conforme Súmula 381 do C.TST,

ressarcimento dos gastos, reputa-se devida a indenização pelo exceto quanto a eventual condenação em danos morais, que deve

ilícito praticado, uma vez que o empregador, em abuso do poder seguir a excepcionalidade estabelecida na Súmula 439 do TST".

diretivo, transferiu ao trabalhador os riscos da atividade econômica,

em violação ao art. 2º da CLT. Em razões recursais o autor, no tocante à atualização monetária,

pugnou pela utilização do IPCA-E.

No caso dos autos as testemunhas do autor comprovam que as

visitas a clientes também eram realizadas por meio de veículo Pois bem.

próprio, tendo a testemunha da ré relatado que não se fazia uso de

transporte público regular, fato que demonstram que a utilização do De início, frisa-se que, embora a Lei n. 13.467/2017 tenha inserido o

veículo do autor como ferramenta de trabalho, de forma obrigatória. § 7º ao art. 879 da CLT, segundo o qual a atualização dos créditos

decorrentes de condenação judicial será feita pela TR, referido

Ademais, quanto ao valor arbitrado pela Origem de meio salário preceito faz remissão expressa à Lei n. 8.177/1991. Vejamos:

mínimo, endente-se que este se mostra proporcional aos dias de

efetivo uso para visitações aos clientes, ou seja, este era utilizado A atualização dos créditos decorrentes de condenação judicial será

por apenas 3/4 visitas diárias no mês. feita pela Taxa Referencial (TR), divulgada pelo Banco Central do

Brasil, conforme a Lei no 8.177, de 1o de março de 1991. (sem

Portanto, o valor arbitrado pela na sentença a quoobservou os dias grifos no original)

de efetiva utilização do veículo como instrumento de trabalho.

Desse modo, percebe-se que a força normativa do § 7º do art. 879

Sendo assim, nada a modificar neste particular. da CLT está subordinada à eficácia do art. 39 da Lei n. 8.177/1991,

por expressa disposição legal.

Nega-se provimento.

Inclusive, nesse sentido, é o entendimento da 8ª Turma do TST:

AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA.

EXECUÇÃO. CORREÇÃO MONETÁRIA DOS CRÉDITOS

TRABALHISTAS. ÍNDICE APLICÁVEL. Consoante entendimento

adotado pela 8ª Turma, com base na decisão do Tribunal Pleno

desta Corte Superior (TST-ArgInc - 479-60.2011.5.04.0231 e ED-

ArgInc - 479-60.2011.5.04.0231), na correção dos créditos

trabalhistas, aplica-se a TR até 24/3/2015 e o IPCA a partir de

2.3.6. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. ÍNDICE 25/3/2015. Esta Turma considera, ainda, entendimento a que me

submeto por disciplina judiciária, que o art. 879, § 7º, da CLT perdeu

a sua eficácia normativa, em face da declaração de

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 456
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inconstitucionalidade parcial do art. 39 da Lei nº 8.177/91, na Supremo Tribunal Federal declarou que o regime de compensação

medida em que o dispositivo da legislação esparsa conferia de precatórios introduzido pela Emenda Constitucional 62/2009 é

conteúdo à norma da CLT, tendo em vista a adoção de fórmula inconstitucional.

remissiva pelo legislador.Agravo de instrumento conhecido e não

provido. (TST-AIRR-20869-47.2016.5.04.0014, 8ª Turma, Relatora: Em seguida, o Excelso Tribunal modulou os efeitos da decisão da

Ministra Dora Maria da Costa, Data da Publicação: 29/03/2019) - ADI 4357, conforme transcrição parcial a seguir:

sem grifos no original

Concluindo o julgamento, o Tribunal, por maioria e nos termos do

Com efeito, simplesmente, referido dispositivo é inaplicável em voto, ora reajustado, do Ministro Luiz Fux (Relator), resolveu a

razão do esvaziamento da sua força normativa, decorrente de questão de ordem nos seguintes termos: 1) - modular os efeitos

expressa disposição legal, uma vez que está subordinado à eficácia para que se dê sobrevida ao regime especial de pagamento de

do art. 39 da Lei n. 8.177/1991. precatórios, instituído pela Emenda Constitucional nº 62/2009, por 5

(cinco) exercícios financeiros a contar de primeiro de janeiro de

Ademais, importante ressaltar que, no dia 10/10/2019, o Pleno 2016; 2) - conferir eficácia prospectiva à declaração de

deste Regional declarou a inconstitucionalidade do referido inconstitucionalidade dos seguintes aspectos da ação direta de

dispositivo (§7º do art. 879 da CLT), nos autos do Processo n. inconstitucionalidade, fixando como marco inicial a data de

0000552-39.2018.5.17.0000, de arguição de inconstitucionalidade. conclusão do julgamento da presente questão de ordem

Vejamos: (25.03.2015) e mantendo-se válidos os precatórios expedidos ou

pagos até esta data, a saber: 2.1.) fica mantida a aplicação do

ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DO §7º DO ARTIGO índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança

879 DA CLT. APLICAÇÃO DA TAXA REFERENCIAL (TR) COMO (TR), nos termos da Emenda Constitucional nº 62/2009, até

FATOR DE ATUALIZAÇÃO DOS CRÉDITOS TRABALHISTAS 25.03.2015, data após a qual (i) os créditos em precatórios deverão

DECORRENTES DE CONDENAÇÃO JUDICIAL. No julgamento ser corrigidos pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial

ArgInc - 479-60.2011.5.04.0231, o Tribunal Superior do Trabalho, (IPCA-E) e (ii) os precatórios tributários deverão observar os

acompanhando o entendimento do c. Supremo Tribunal Federal no mesmos critérios pelos quais a Fazenda Pública corrige seus

julgamento da ADI nº. 4357 e do RE 870.947/SE, declarou créditos tributários; e 2.2.) ficam resguardados os precatórios

inconstitucional a atualização dos valores pela Taxa Referencial expedidos, no âmbito da administração pública federal, com base

(TR), índice previsto no artigo 39 da Lei 8.177/1991. Por se tratar de nos arts. 27 das Leis nº 12.919/13 e Lei nº 13.080/15, que fixam o

mera renovação do texto do artigo 39 da Lei nº. 8.177/1991 - cuja IPCA-E como índice de correção monetária.

inconstitucionalidade fora declarada não sob o aspecto formal, mas

sob a ótica material, impõe-se que o §7º do artigo 897 da CLT, Poucos meses depois, em razão da decisão do STF, o TST acolheu

trazido pela Lei nº. 13.467/17, seja expungido do ordenamento incidente de inconstitucionalidade suscitado pela sua 7ª Turma e

jurídico, não se coadunando materialmente com o texto da definiu o Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E)

Constituição da República, a qual assegura o direito fundamental de como fator de atualização a ser utilizado na tabela de atualização

propriedade e a plena efetividade das decisões judiciais. monetária na Justiça do Trabalho, senão vejamos:

Logo, a discussão acerca da aplicação da TR ou do IPCA-E como ACORDAM os Ministros do Tribunal Superior do Trabalho, em sua

índice de atualização dos créditos judiciais trabalhistas continua composição plenária, I) por unanimidade: a) acolher o incidente de

girando em torno da constitucionalidade do art. 39 da Lei n. inconstitucionalidade suscitado pela eg. 7ª Turma e, em

8.177/1991 e seus desdobramentos junto ao STF e ao TST. consequência, declarar a inconstitucionalidade por arrastamento da

expressão "equivalentes à TRD", contida no caput do artigo 39 da

Pois bem. Esclarecidas as razões da inaplicabilidade do § 7º do art. Lei n° 8.177/91; b) adotar a técnica de interpretação conforme a

879 da CLT, passa-se à análise dos desdobramentos jurídicos do Constituição para o texto remanescente do dispositivo impugnado, a

art. 39 da Lei n. 8.177/1991. preservar o direito à atualização monetária dos créditos trabalhistas;

c) definir a variação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo

No julgamento conjunto das ADIs 4357, 4372, 4400 e 4425, o Especial (IPCA-E) como fator de atualização a ser utilizado na

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tabela de atualização monetária dos débitos trabalhistas na Justiça

do Trabalho; II) por maioria, atribuir efeitos modulatórios à decisão, Com efeito, a aplicação da TR já não se mostrava suficiente para

que deverão prevalecer a partir de 30 de junho de 2009, observada, recompor a real perda do poder aquisitivo de nossa moeda, de

porém, a preservação das situações jurídicas consolidadas forma que a correção dos débitos trabalhistas levando-se em conta

resultantes dos pagamentos efetuados nos processos judiciais, em tal parâmetro causava prejuízos aos trabalhadores.

andamento ou extintos, em virtude dos quais foi adimplida e extinta

a obrigação, ainda que parcialmente, sobretudo em decorrência da Bem destacou o Min. Douglas Alencar Rodrigues, em trecho do

proteção ao ato jurídico perfeito (artigos 5º, XXXVI, da Constituição julgamento do supracitado AIRR, que:

e 6º da Lei de Introdução ao Direito Brasileiro - LIDB), vencida a

Excelentíssima Senhora Ministra Dora Maria da Costa, que aplicava impõe-se a adoção do IPCA-E para a atualização dos créditos

a modulação dos efeitos da decisão a contar de 26 de março de trabalhistas, não apenas sob a perspectiva da efetiva recomposição

2015; III) por unanimidade, determinar: a) o retorno dos autos à 7ª do patrimônio dos credores trabalhistas, mas como medida de

Turma desta Corte para prosseguir no julgamento do recurso de estímulo efetivo ao cumprimento dos direitos sociais por parte de

revista, observado o quanto ora decidido; b) a expedição de ofício devedores recalcitrantes, que se valem da Justiça do Trabalho,

ao Exmo. Ministro Presidente do Conselho Superior da Justiça do lamentavelmente, para postergar indefinidamente suas obrigações.

Trabalho a fim de que determine a retificação da tabela de

atualização monetária da Justiça do Trabalho (tabela única); c) o Ante o exposto, este Relator, na linha das recentes decisões do

encaminhamento do acórdão à Comissão de Jurisprudência e de excelso STF e do colendo TST, modifica seu posicionamento,

Precedentes Normativos para emissão de parecer acerca da passando a entender pela aplicabilidade, na atualização monetária

Orientação Jurisprudencial nº 300 da SbDI-1. Ressalvaram o dos débitos trabalhistas, do Índice de Preços ao Consumidor Amplo

entendimento os Exmos. Ministros Guilherme Augusto Caputo Especial - IPCA-E.

Bastos, Alexandre de Souza Agra Belmonte e Maria Helena

Mallmann. (PROCESSO Nº TST-ArgInc-479-60.2011.5.04.0231.) Assinala-se que o Tribunal Pleno do TST, em sessão de 20 de

março de 2017, apreciando os embargos de declaração opostos em

Todavia, em 14/10/2015, o Ministro Dias Toffoli, nos autos da face do acórdão proferido na ArgInc - 479-60.2011.5.04.0231,

Reclamação n. 22012, ajuizada pela Federação Nacional dos decidiu pela modulação da decisão original, atribuindo efeito

Bancos (Fenaban), proferiu decisão liminar suspendendo os efeitos modificativo ao julgado, para determinar que a aplicação do IPCA-E,

da decisão proferida pelo TST, que havia afastado o uso da TRD e como índice de correção dos débitos trabalhistas, produza efeito

determinado a adoção do índice IPCA-E através da "tabela única", somente a partir de 25 de março de 2015, data coincidente com

entendendo que a decisão do TST extrapolou o entendimento fixado aquela adotada pelo Supremo Tribunal Federal no acórdão

pelo STF no julgamento das Ações Diretas de Inconstitucionalidade prolatado na ADI 4.357:

- ADIs 4357 e 4425.

II) [...] acolher parcialmente os embargos de declaração opostos

Ocorre que, em 05/12/2017, a Segunda Turma do STF julgou, em pelo Município de Gravataí e pelo SINDIENERGIA para, dando

análise meritória, improcedente a Reclamação 22012, ajuizada pela efeito modificativo ao julgado, aplicar a modulação dos efeitos da

Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) contra a decisão do decisão a contar de 25/03/15, que coincide com a data que o

TST que havia determinado a adoção IPCA-E no lugar da TRD para Supremo Tribunal Federal reconheceu na decisão proferida na Ação

a atualização de débitos trabalhistas, prevalecendo o entendimento Declaratória de Inconstitucionalidade nº 4.357. [...] III) por

de que tal posicionamento não configura desrespeito ao julgamento unanimidade, em cumprimento à decisão liminar proferida pelo

das Ações Diretas de Inconstitucionalidade 4357 e 4425, que Supremo Tribunal Federal, na Reclamação nº 22.012, excluir do

analisaram a emenda constitucional sobre precatórios. acordão originário a determinação de reedição da Tabela Única de

cálculo de débitos trabalhistas, a fim de que fosse adotado o índice

A decisão de improcedência da Reclamação 22012 foi publicada no questionado (IPCA-E).

DJE n. 288, divulgado em 13/12/2017, data em que foi também

julgado, pela 5ª Turma do TST, o AIRR 25823-78.2015.5.24.0091, Por fim, vale ressaltar que embora o STF, em decisão do dia

encampando o atual posicionamento do Excelso Tribunal. 03/10/2019, no julgamento dos Embargos de Declaração no

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Recurso Extraordinário n. 870.947, tenha decidido que também é

aplicável o IPCA-E quanto ao período de 2009 a 2015, referida

decisão se restringe à Fazenda Pública, uma vez que seu objeto é a

atualização monetária dos precatórios. Logo, não se aplica a

referida decisão ao presente caso, uma vez que o devedor é Esta ação foi proposta em 08/01/2016, antes da entrada em vigor

particular, ou seja, in casu, não há falar no regime especial da Lei nº 13.467/2017.

estabelecido pelo art. 100 da CF.

A Origem pronunciou a prescrição das parcelas anteriores a

Portanto, considerando as decisões proferidas tanto pelo STF como 08/01/2011. Não há recurso quanto à prescrição.

também pelo TST, os débitos trabalhistas em geral devem ser

atualizados pela TR/FACDT até 24/03/2015 e pelo IPCA-E a partir Consta da inicial que o Reclamante foi admitido em 25/03/1998,

de 25/03/2015, para que seja resguardada a segurança jurídica. exercendo no período imprescrito a função de gerente de

atendimento (até 01/12/2011) e depois a função de gerente de

Dá-se provimento ao apelo para estabelecer que os débitos relacionamento Business/Empresas, tendo sido dispensado sem

trabalhistas em geral devem ser atualizados pela TR/FACDT até justa causa em 24/11/2015, quando recebia remuneração mensal

24/03/2015 e pelo IPCA-E a partir de 25/03/2015. no valor de R$ 6.717,48 (seis mil, setecentos e dezessete reais e

quarenta e oito centavos).

Afirmou que exerceu o cargo de gerente de atendimento, desde

01/01/2010 até 01/12/2011 e, posteriormente, ocupou o cargo de

gerente de relacionamento Business/Empresasaté a data da

dispensa.

Afirmou que foi eleito, em 15/04/2015, para o cargo de Diretor de

Planejamento de Cooperativade Consumo dos Profissionais de

2.4. MÉRITO DO RECURSO DA RECLAMADA Instituições Financeiras Ltda. (COOPCONPIF), após regular

processo eleitoral, para um mandato de 4 anos, razão pela qual

seria detentor da garantia de emprego prevista no art. 55 da Lei

5.764/71.

Ressaltou que a COOPCONPIF foi regularmente fundada em

12/01/2015, sendo uma cooperativa legalmente constituída,

conforme Estatuto Social e Ata de Assembleia Geral de

Constituição.

Sob tais fundamentos, requereu a declaração de nulidade do ato da

dispensa, com sua consequente reintegração ao cargo que

ocupava, bem como o restabelecimento dos benefícios.

Pleiteou, ainda, a concessão de liminar para que fosse reintegrado

2.4.1. NULIDADE DA DISPENSA. ESTABILIDADE PROVISÓRIA imediatamente, com o restabelecimento dos benefícios e materiais

NO EMPREGO. DIRETOR DE COOPERATIVA. de trabalho.

A reclamada, em contestação, argumentou que a dispensa do

obreiro se deu dentro do poder diretivo do empregador, não

havendo qualquer conduta discriminatória.

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Aduziu que não há norma asseguradora da pretendida garantia; (...)

ausência de representatividade; limitação do número de diretores; e

ausência de relação com o trabalho desenvolvido na reclamada. Quanto ao número de diretores detentores da estabilidade, a

questão está pacificada na Súmula n 369, II do TST, nos seguintes

Salientou, por fim, que a OJ 253 da SDI-1 do TST especifica que a termos: "O art. 522 da CLT foi recepcionado pela Constituição

garantia provisória no emprego se refere à cooperativa regida pela Federal de 1988.

Lei nº 5.764/71.

Fica limitada, assim, a estabilidade a que alude o art. 543, § 3.º, da

Em sentença, o juízo a quojulgou procedente o pedido sob os CLT a sete dirigentes sindicais e igual número de suplentes.".

seguintes fundamentos:

Considerando-se tais premissas e o fato do reclamante ter sido

"A estabilidade provisória dos representantes dos diretores de classificado em quarto lugar na ordem de votação, estaria dentro

Cooperativas está prevista no art. 55 da Lei das Cooperativas, que dos sete diretores de cooperativa detentores de estabilidade.

dispõe que os diretores dessas entidades "gozarão das garantias " -

que, por sua vez, asseguradas aos dirigentes sindicais pelo artigo Quanto a comunicação do registro da candidatura ou da eleição e

453 da CLT veda a dispensa do empregado nessa condição a partir posse no cargo de direção, mesmo que tenha sido realizada a

do registro de sua candidatura até um ano após o fim do mandato. destempo, a jurisprudência tem flexibilizado a rigidez exigida para a

comunicação do empregador, de modo que ora transcrevo

Esse é o entendimento contido na OJ 253 da SDI-1 que assegura a entendimento do c. TST:

garantia de emprego "apenas aos empregados eleitos diretores de

cooperativas, não abrangendo os membros suplentes". (...)

Foi realizada prova pericial, a pedido da reclamada, a fim de apurar Ressalto que não há previsão constitucional ou legal condicionando

a atuação efetiva da COOPBAN (ID 3a290f6). o direito à garantia de emprego aos fins colimados pela cooperativa

com as atividades do empregado na empresa.

Inicialmente, o perito confirmou o funcionamento da sede da

Cooperativa no endereço Av. Governador Bley, 186 - Sala 1002, Assim, defiro o pedido "A" da inicial, restando mantidos os efeitos

Centro, Vitória, ES - CEP: 29.010-902, desde 13/04/2016. da concessão da tutela antecipada, devendo ser pagas as

remunerações vencidas desde sua dispensa até a efetiva

Pelo laudo pericial, verifica-se que a cooperativa COOPBAN é uma reintegração".

sociedade de pequeno porte, com apenas 30 associados, todos na

situação de ativo, e o plano de negócios baseia-se no cumprimento Irresignado, recorre a reclamada, reiterando os termos da

do seu objeto e objetivos sociais, conforme consta no art. 2º do contestação, a reforma da sentença.

Estatuto social, que estabelece o seguinte:

Analisa-se.

(...)

A Constituição Federal, em seu artigo 8º, inciso VIII, bem como a

O volume de serviço e produtos que os cooperados demandaram CLT, em seu art. 543, § 3º, asseguram estabilidade provisória aos

estão demonstrados nas notas fiscais, cujos números, datas, empregados eleitos para comporem cargo de direção ou de

valores e outros dados constam no Anexo I do Laudo Pericial. representação sindical.

Por tudo o que foi exposto no laudo pericial, é forçoso concluir que a Por sua vez, o art. 55, da Lei nº 5.764/71 estende aos empregados

COOPBAN é uma cooperativa de consumo que cumpre as diretores de sociedades cooperativas tal garantia no emprego, in

formalidades legais e os objetivos para os quais foi instituída, verbis:

conforme exposto nas considerações gerais:

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"Art. 55. Os empregados de empresas que sejam eleitos diretores mediante deliberação do Conselho de Administração,

de sociedades cooperativas pelos mesmos criadas, gozarão das justificadamente".

garantias asseguradas aos dirigentes sindicais pelo artigo 543 da

Consolidação das Leis do Trabalho (Decreto-Lei n. 5.452, de 1° de Quanto ao aspecto, vale ressaltar que a perícia técnica elaborada

maio de 1943)". nos autos, concluiu que as atividades exercidas e verificadas in loco

da COOPCONPIF se coadunam com o objeto social previsto no

No caso sob análise, restou comprovado que o autor foi eleito para Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas. Também foi destacado, no

o cargo de Diretor de Planejamento de Cooperativa de Consumo laudo, que a finalidade das atividades da Cooperativa é a aquisição

dos Profissionais de Instituições Financeiras Ltda. (COOPCONPIF) aos cooperados de produtos em condições mais acessíveis que as

para o mandato de 12/01/2015 a agosto de 2019 (Id. f3257f9), com do mercado. Por isso, classificou-a como sociedade cooperativa de

a ciência da reclamada no dia 15/04/2015 (Id. 7b2f163). consumo(Id. 1d1eb60). Veja-se:

É incontroverso que o autor foi dispensado sem justa causa em "Objetivando cumprir conscienciosamente o encargo apresenta-se a

24/11/2015, ainda no curso do referido mandato. apreciação do Juízo as questões que se seguem:

Nos termos dos artigos 3º e 4º da Lei nº 5.764/71, "celebram a) Os documentos disponibilizados demonstram que a COOPBAN -

contrato de sociedade cooperativa as pessoas que reciprocamente Cooperativa de Consumo dos Profissionais de Instituições

se obrigam a contribuir com bens ou serviços para o exercício de Financeiras Ltda., anteriormente denominada de COOPCONPIF -

uma atividade econômica, de proveito comum, sem objetivo de Cooperativa de Consumo dos Profissionais de Instituições

lucro", sendo tais entidades constituídas para prestar serviços aos Financeiras Ltda.-, foi constituída em 12.01.2015, inicialmente com

associados. endereço na Praia das Gaivotas, n° 186, CEP 29.102-572, Vila

Velha, E. Santo, e, atualmente, desde 13.04.2016, está situada à

Já os artigos 2º e 4º da Lei nº 12.690/2012 definem as chamadas Av. Governador Bley, n° 186, Sala 1002, Centro, Vitória, ES - CEP:

cooperativas de trabalho como "a sociedade constituída por 29.010-902;

trabalhadores para o exercício de suas atividades laborativas ou

profissionais com proveito comum, autonomia e autogestão para b) o objeto social da COOPBAN está contido no art. 2º do Estatuto

obterem melhor qualificação, renda, situação socioeconômica e Social, que estabelece ser a colaboração recíproca que se obrigam

condições gerais de trabalho". seus cooperados, tem por objeto social a aquisição e de gêneros de

construção, reforma e acabamento, e itens do lar em geral, e

Pois bem. repassa-los aos cooperados em melhores condições de qualidade e

preço sem o objetivo de lucro;

Compulsando-se o estatuto da COOPCONPIF (Id. 530cc56),

verifica-se que a cooperativa, com base na colaboração recíproca a c) a área de atuação da COOPBAN está definida na alínea "b", do

que se obrigam seus cooperados, tem por objeto social o: comércio 1º. artigo do Estatuto Social, que estabelece abranger o Estado do

varejistade materiais de Construção em Geral; Comércio varejista Espírito Santo, podendo atuar em todo o território nacional;

de material elétrico para construção; lojas de departamento ou

magazines. d) a COOPBAN possui 14 diretores, conforme estabelecido, no art.

43 do Estatuto Social;

Ademais, conforme exposto no §1º, "c" do art. 2ª do mencionado

estatuto, emerge que esta não possui qualquer objetivo de lucro, e) a COOPBAN possui 30 associados;

notadamente ao dispor que:

f) o número de quotas-partes do capital social a ser subscrito pelo

"a venda se fará pelos menores preços possíveis podendo ser cooperado da COOPBAN, por ocasião de sua admissão, não

concedido aos associados um crédito mensal equivalente, no poderá ser inferior a 50,00

máximo, ao capital subscrito, somente renovável após quitação

plena do débito anterior, ressalvados outros limites e prazos fixados (cinquenta) quotas-parte ou superior a 1/3 (um terço) do total

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subscrito", conforme estabelecido no art. 19 do estatuto social; quadros.

g) a COOPBAN possui apenas um empregado, o Sr. Carlos A uma, porque a estabilidade prevista no art. 55 da Lei nº 5.764/71

Eduardo Sabadini Nascimento, admitido em 02.05.2016, não está limitada às cooperativas formadas exclusivamente pelos

enquadrado no cargo de Assistente Administrativo, conforme se empregados de uma empresa específica, tendo em vista que o art.

verifica no livro de registro de empregado, no CAGED e na RAIS; 29 desta mesma Lei prevê a livre associação de interessados, in

verbis:

h) a COOPBAN possui contabilidade devidamente organizada e

escriturada, "Art. 29. O ingresso nas cooperativas é livre a todos que desejarem

utilizar os serviços prestados pela sociedade, desde que adiram aos

conforme demonstram os livros diário e razão e propósitos sociais e preencham as condições estabelecidas no

estatuto, ressalvado o disposto no artigo 4º, item I, desta Lei".

i) a COOPBAN periodicamente realiza as prestações de contas e os

rateios, A duas, porque referida lei, em seu art. 6º, inciso I, permite a

admissão de pessoas jurídicas que tenham por objeto as mesmas

conforme demonstram as atas e o registros contábeis". ou correlatas atividades econômicas das pessoas físicas ou, ainda,

aquelas sem fins lucrativos.

Nesse sentir, forçoso concluir que, ao contrário do que sustenta a

reclamada, a COOPCONPIF cuida-se de cooperativa regida pela Lado outro, quanto às alegações de que devem existir limitações

Lei nº 5.764/71, uma vez que visa sobretudo o exercício de uma quanto ao número de dirigentes protegidos, bem como em relação

atividade econômica em proveito para a própria categoria, sem às funções tuteladas, importante ressaltar que este Relator entende

finalidade lucrativa (art. 3º). que o art. 522, da CLT, que limita o número de

dirigentes/representantes sindicais, não foi recepcionado pela

Ora, a hipótese analisada não se trata de associação de Constituição Federal de 1988, a qual foi inspirada pelo ideal de

trabalhadores para o exercício de suas atividades laborativas, com afastar a interferência do Estado sobre as forças sindicais, dando a

a finalidade de auferir lucros ou melhoria de renda. Ao contrário, estas a liberdade necessária para se organizarem.

conforme acima exposto, a COOPCONPIF objetiva a

comercialização de produtos para seus associados à baixo custo. Com efeito, entende-se que as entidades sindicais, e

analogicamente, as cooperativas, têm uma razoável autonomia para

Relativamente ao objeto das cooperativas, cumpre salientar que estabelecer o número de dirigentes, desde que tal número não seja

não há exigência legal para que tais entidades guardem pertinência abusivo e nem desproporcional ao número de associados.

com o fim social do empregador. É que o art. 5º da Lei 5.764/71, ao

revés, estabelece que as cooperativas "poderão adotar por objeto Pontue-se que a reclamada, embora alegue insegurança jurídica

qualquer gênero de serviço, operação ou atividade, assegurando-se decorrente da multiplicidade de cooperativas, não comprova nos

-lhes o direito exclusivo e exigindo-se-lhes a obrigação do uso da autos qualquer abuso na instituição da COOPCONPIF.

expressão "cooperativa" em sua denominação".

Por fim, tendo em vista a prescindibilidade de representação da

Assim, ainda que o objeto da cooperativa dirigida pelo autor não categoria pela cooperativa, não há falar em "funções que justiquem"

coincidisse com os interesses da empresa ré, tal fato não constitui a estabilidade provisória. O art. 55 da Lei nº 5.764/71 não dá

óbice para o reconhecimento da estabilidade provisória no emprego margem a interpretações, estendendo aos diretores da cooperativa,

de seus diretores. sem qualquer ressalva ou condição, a garantia assegurada aos

dirigentes sindicais.

De igual modo, não merecem prosperar os argumentos da

reclamada no sentido de que a cooperativa em questão se configura Por todo o exposto, considerando que a estabilidade prevista no art.

cooperativa de trabalho por não ser composta exclusivamente por 55 da Lei 5.764/71 tem por escopo a tutela do direito de livre

empregados da empresa e por admitir pessoas jurídicas em seus associação, de modo a proteger o dirigente de cooperativa de

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eventual perseguição ou ingerência por parte do empregador, deve intervalo de 30 minutos para refeição.

ser reconhecida, no presente caso, a garantia provisória no

emprego do reclamante. Pugnou o pagamento de horas extras não anotadas nos controles

de frequência.

Logo, a sentença de Origem deve ser mantida.

Em contestação, a reclamada defende a validade dos controles de

Nega-se provimento. ponto, tendo destacado que eventuais horas extras eram

devidamente quitadas.

A Origem julgou parcialmente procedentes os pedidos sob o

seguinte fundamento:

"A reclamada junta os cartões de ponto que apontam o labor

extraordinário bem como os contracheques que também apontam o

pagamento de horas extras.

2.4.2. HORAS EXTRAS (...)

Em depoimento pessoal, o reclamante disse que a média de horas

de trabalho entre gerente de atendimento e relacionamento era a

mesma; que chegava Às 7:50/8:00 hs na agência e saia às

19:30/20hs; que parava 20/30 minutos para almoçar, dentro da

agência; que a última agência por qual passou tinha 5 gerentes de

relacionamentos; que havia um revezamento para não saírem todos

ao mesmo tempo.

Esta ação foi proposta em 08/01/2016, antes da entrada em vigor

da Lei nº 13.467/2017. Em depoimento pessoal, a preposta da reclamada disse que o

reclamante fazia jornada de 9hs às 18hs, com 1 hora de almoço;

A Origem pronunciou a prescrição das parcelas anteriores a que se extrapolasse esse horário, era registrado no cartão de ponto.

08/01/2011. Não há recurso quanto à prescrição.

A primeira testemunha indicada pelo reclamante disse que

Consta da inicial que o Reclamante foi admitido em 25/03/1998, trabalhou no banco até 2014; que trabalhou com o reclamante na

exercendo no período imprescrito a função de gerente de agencia princesa Isabel; que saiu desta agência no ano de 2011;

atendimento (até 01/12/2011) e depois a função de gerente de que era gerente de careira; que chegava para trabalhar as 8hs e

relacionamento Business/Empresas, tendo sido dispensado sem saia em média 20hs/20:30hs; que o reclamante fazia normalmente

justa causa em 24/11/2015, quando recebia remuneração mensal os mesmos horários; que fazia 20/30 minutos de almoço e retornava

no valor de R$ 6.717,48 (seis mil, setecentos e dezessete reais e para trabalhar; que o reclamante também fazia o mesmo horário;

quarenta e oito centavos). que nessa agencia tinham uns 5/6 gerentes de relacionamento; que

não podia revezar enquanto tinha cliente para atender; que o ponto

Afirmou que exerceu o cargo de gerente de atendimento, desde era eletrônico; que na grande maioria, não era marcado

01/01/2010 até 01/12/2011 e, posteriormente, ocupou o cargo de corretamente o cartão de ponto; que a agencia era punida se

gerente de relacionamento Business/Empresasaté a data da houvesse muitas horas extras dos funcionários, então era cobrados

dispensa. para que não marcassem mais horas em razão de um ranking entre

as agencias; que batia o ponto e continuava trabalhando; que

Relatou que, no período entre 01/01/2010 até 24/11/2015, cumpria mesmo com o ponto fechado, não impedia de trabalhar, não

jornada de trabalho de 8h às 20h, de segunda a sexta-feira, com bloqueava; que era orientada a não marcar horas extras, mas o

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gerente sabia que faziam horas extras; que o chefe dela e do prescricional até a data de dispensa da testemunha Yuri Bussular

reclamante era o gerente geral, Sr. Eduardo; que chegavam e-mails Seixas, como apurado em liquidação. A testemunha arrolada pela ré

mostrando quais funcionários mais faziam horas extras e nas não se presta para confrontar tal assertiva, pois relata que o horário,

reuniões diárias era exposto que não poderia gerar horas extras. além de atestar que o sistema mais rígido de controle de ponto

somente passou a valer após o fim do contrato de trabalho do

A segunda testemunha indicada pelo reclamante disse que reclamante (dois/três anos para cá).

trabalhou de 2007 a 2012 no banco; que trabalhou na agencia de

jardim da penha com o reclamante; que quando o reclamante Tendo por base a prova fixo a jornada média de trabalho do autor

chegou, o depoente já trabalhava lá; que era assistente PJ; que no período como sendo das 8:30 às 19:00, sempre com 30 minutos

chegava entre 8h/8:30hs na agencia e normalmente o reclamante de intervalo.

chegava primeiro; que ia embora em média às 19:30hs; que a

maioria das vezes, o depoente ia embora antes do reclamante; que Desta forma, procede parcialmente o pleito de horas extras, no

fazia entre 20/30 minutos de refeição; que ninguém parava 1 hora montante a ser apurado em liquidação, sendo extra o labor após a

de intervalo; que era obrigado a bater o ponto antes da partida 8ª hora diária, do período imprescrito até a data de dispensa da

porque se tivesse uma quantidade de horas extras muito grande, a testemunha Yuri Bussular Seixas.".

agência era penalizada; que o gestor orientava a bater o ponto e

fazer outros trabalhos como ligação para cliente, arquivar contratos, Recorre a reclamada pugnando pela exclusão da condenação em

preenchimento de contas, ligação para ofertas de produtos; que horas extras.

depois que dava baixa no sistema, não tinha como acessar o

sistema depois de fechar o ponto; que fazia serviços internos; que Pois bem.

A primeira testemunha da reclamada disse que trabalha no banco O art. 224, §2º, da CLT estabelece que a jornada de seis horas

desde janeiro de 2013; que inicialmente trabalhou na agencia da diárias não se aplica aos que exercem funções de direção,

Enseada e no final de outubro/novembro de 2013 passou a gerência, fiscalização, chefia e equivalente ou que desempenhem

trabalhar na agencia de Jardim da Penha; que o reclamante já outros cargos de confiança, desde que o valor da gratificação não

estava trabalhando na agencia de Jardim da Penha quando seja inferior a 1/3 do salário do cargo efetivo.

começou a trabalhar lá; que exercia a função de assistente de

empresa; que chegava na agência às 9hs; que quando chegava, Na inicial o autor informa que, durante todo o período imprescrito

acontecia do reclamante estar na agencia ou visitando cliente; que exerceu a função de gerente de atendimento (até 01/12/2011) e

saia as 18hs; que o sistema não permite que se trabalhe depois das depois a função de gerente de relacionamento Business/Empresas,

18hs; que acontecia de ir embora e deixar o reclamante trabalhando tendo destacado que no período entre 01/01/2010 até 24/11/2015,

ainda; que tem 1 hora de intervalo; que é possível o funcionário cumpria jornada de trabalho de 8h às 20h, de segunda a sexta-feira,

fazer um ajuste no ponto, se prolongar o horário depois de uma com intervalo de 30 minutos para refeição.

visita; que na época batia ponto na própria agente; que é gerente de

empresa desde setembro de 2014; que não tem conhecimento de Outrossim, inconteste que o autor se enquadra na exceção prevista

haver um ranking das agencias em que aferida a quantidade de no §2º do art. 224 da CLT, mormente porque recebia um adicional

horas extras; que nunca foi orientado no sentido de não marcar o superior a 1/3 do seu salário base.

ponto corretamente; que o empregado que não registra

corretamente o ponto, é punido; que o sistema A par disso, o autor estava submetido a jornada de 8 horas diárias,

mediante controle de frequência, que foram impugnados pelo autor.

rígido de ponto passou a existir há dois/três anos para cá; que

poderia acontecer do gerente estar ainda em visita externa depois Acerca do ônus da prova, assim dispõem os artigos 818 da CLT e

das 20hs. 373 do CPC:

As testemunhas ouvidas confirmam a realização de horas extra, "Art. 818. A prova das alegações incumbe à parte que as fizer."

além do anotado no cartão de ponto, somente do marco

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" Art. 373. O ônus da prova incumbe: autor comprovam que o autor constantemente realizava horas

extras sem a devida anotação no controle de frequência, inclusive

I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; sob pena de punição.

II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou A primeira testemunha do autor, que somente trabalhou no banco

extintivo do direito do autor." até o ano de 2014, relatou que: que o ponto era eletrônico; que na

grande maioria, não era marcado corretamente o cartão de ponto;

Como se nota, segundo a regra geral de repartição do ônus que a agencia era punida se houvesse muitas horas extras dos

probatório, compete ao reclamante a prova dos fatos constitutivos funcionários, então era cobrados para que não marcassem mais

do seu direito, qual seja, a efetiva prestação de horas horas em razão de um ranking entre as agencias; que batia o ponto

extraordinárias, e à ré incumbe a prova de fatos impeditivos, e continuava trabalhando; que mesmo com o ponto fechado, não

modificativos ou extintivos do direito do autor. impedia de trabalhar, não bloqueava; que era orientada a não

marcar horas extras, mas o gerente sabia que faziam horas extras;

Sabe-se que, especificamente em relação às horas extras, a que o chefe dela e do reclamante era o gerente geral, Sr. Eduardo;

jurisprudência tem dado um tratamento diferenciado, especialmente que chegavam e-mails mostrando quais funcionários mais faziam

em razão da dificuldade que os empregados encontram em horas extras e nas reuniões diárias era exposto que não poderia

comprovar eventuais horas extraordinárias prestadas. Neste gerar horas extras.

sentido, o verbete nº 338 da súmula do E. TST:

A segunda testemunha do autor, que trabalhou no banco até o ano

"JORNADA DE TRABALHO. REGISTRO. ÔNUS DA PROVA de 2012, também informou que: que era obrigado a bater o ponto

(incorporadas as Orientações Jurisprudenciais nºs 234 e 306 da antes da partida porque se tivesse uma quantidade de horas extras

SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005 muito grande, a agência era penalizada; que o gestor orientava a

bater o ponto e fazer outros trabalhos como ligação para cliente,

I - É ônus do empregador que conta com mais de 10 (dez) arquivar contratos, preenchimento de contas, ligação para ofertas

empregados o registro da jornada de trabalho na forma do art. 74, § de produtos; que depois que dava baixa no sistema, não tinha como

2º, da CLT. A não-apresentação injustificada dos controles de acessar o sistema depois de fechar o ponto; que fazia serviços

freqüência gera presunção relativa de veracidade da jornada de internos.

trabalho, a qual pode ser elidida por prova em contrário. (ex-Súmula

nº 338 - alterada pela Res. 121/2003, DJ 21.11.2003) Ainda assim, a única testemunha da reclamada, embora tenha

relatado sobre a veracidade o controle de jornada, confirmou que "o

II - A presunção de veracidade da jornada de trabalho, ainda que sistema mais rígido de controle de ponto somente passou a valer

prevista em instrumento normativo, pode ser elidida por prova em após o fim do contrato de trabalho do reclamante", como bem

contrário. (ex-OJ nº 234 da SBDI-1 - inserida em 20.06.2001) destacado pela Origem.

III - Os cartões de ponto que demonstram horários de entrada e Logo, as três testemunhas ouvida no processo confirmam que, ao

saída uniformes são inválidos como meio de prova, invertendo-se o tempo da vigência do contrato de trabalho do autor, os controles de

ônus da prova, relativo às horas extras, que passa a ser do ponto se mostravam inverídicos, destoando na real jornada

empregador, prevalecendo a jornada da inicial se dele não se vivenciada pelo reclamante.

desincumbir. (ex-OJ nº 306 da SBDI-1- DJ 11.08.2003)"

Por esta razão, diante da invalidade dos controles de jornada

In casu, a ré cumpriu o art. 74, §2º, da CLT, colacionando aos autos acostados aos autos, tem-se que o ônus da prova deve ser

os registros de horários cumpridos pelo autor (Id. 1e367ce), mas invertido, passando a reclamada o dever da prova do efetivo horário

impugna o cumprimento de horas extras não anotadas, afirmando de trabalho do autor.

que, quando eventualmente prestadas, houve efetivo pagamento.

No entanto, a ré não consegui fazer prova contrária ao alegado pelo

Da prova oral produzida, verifica-se que as duas testemunhas do autor em sua inicial, como se depreende do relato das duas

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testemunhas do reclamante. Veja-se: do direito do autor.

"Primeira testemunha indicada pelo reclamante Nesse passo, para fins de apuração de horas extras a partir da 8ª

hora diária, conforme a jornada indicada na inicial não deve estar

disse que trabalhou no banco até 2014; que trabalhou com o limitada ao período de dispensa da primeira testemunha do autor

reclamante na agencia princesa Isabel; que saiu desta agência no (2014), notadamente porque o ônus da prova recai sobre a

ano de 2011; que era gerente de careira; que chegava para reclamada, que não logrou comprovara o efetivo horário de trabalho

trabalhar as 8hs e saia em média 20hs/20:30hs; que o reclamante do autor durante todo o período contratual.

fazia normalmente os mesmos horários; que fazia 20/30 minutos de

almoço e retornava para trabalhar; que o reclamante também fazia Portanto, a sentença deve ser mantida.

o mesmo horário; que nessa agencia tinham uns 5/6 gerentes de

relacionamento; que não podia revezar enquanto tinha cliente para Nega-se provimento.

atender; que o ponto era eletrônico; (...).

Segunda testemunha indicada pelo reclamante

disse que trabalhou de 2007 a 2012 no banco; que trabalhou na

agencia de jardim da penha com o reclamante; que quando o

reclamante chegou, o depoente já trabalhava lá; que era assistente

PJ; que chegava entre 8h/8:30hs na agencia e normalmente o

reclamante chegava primeiro; que ia embora em média às 19:30hs;

que a maioria das vezes, o depoente ia embora antes do 2.4.3. REFLEXOS DAS HORAS EXTRAS NO RSR (SÁBADOS)

reclamante; que fazia entre 20/30 minutos de refeição; que ninguém

parava 1 hora de intervalo.

A única testemunha da reclamadatambém corrobora com a jornada

apontada pelo autor na inicial, notadamente porque afirmou que

quando chegava e saia do banco réu o autor estava trabalhando,

como se verifica abaixo:

"Primeira testemunha da reclamada Esta ação foi proposta em 08/01/2016, antes da entrada em vigor

da Lei nº 13.467/2017.

disse que trabalha no banco desde janeiro de 2013; que

inicialmente trabalhou na agencia da Enseada e no final de A Origem pronunciou a prescrição das parcelas anteriores a

outubro/novembro de 2013 passou a trabalhar na agencia de Jardim 08/01/2011. Não há recurso quanto à prescrição.

da Penha; que o reclamante já estava trabalhando na agencia de

Jardim da Penha quando começou a trabalhar lá; que exercia a A reclamada se insurge quanto ao deferimento dos reflexos nos

função de assistente de empresa; que chegava na agência às 9hs; RSR.

que quando chegava, acontecia do reclamante estar na agencia ou

visitando cliente; que saia as 18hs; que o sistema não permite que Pois bem.

se trabalhe depois das 18hs; que acontecia de ir embora e deixar o

reclamante trabalhando ainda; que tem 1 hora de intervalo". Conforme item 2.4.2. foi mantida a condenação no pagamento das

horas extras a partir da oitava diária.

Vê-se, então, que a reclamada não se desincumbiu do onus

probandiprevisto no art. 818 da CLT e no art. 333, inciso II, da CLT, Conforme a Súmula nº 172 do TST, computam-se no cálculo do

posto que não comprovou o fato impeditivo, modificativo ou extintivo repouso remunerado as horas extras habitualmente prestadas.

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172 do c. TST, que assim dispõe: "computam-se no cálculo do

Note-se que as convenções coletivas dos bancários consideram o repouso semanal remunerado as horas extras habitualmente

sábado como integrante do repouso semanal remunerado para fins prestadas".

dos reflexos das horas extras, como, por amostragem, a cláusula

oitava da convenção coletiva de trabalho 2011/2012 (Id. 3b68436). Frisa-se que, quando o trabalhador é mensalista, o repouso

Desse modo, são devidos os reflexos das horas extras sobre o semanal remunerado já está incluído no salário mensal. Todavia,

RSR, com a inclusão do sábado. havendo trabalho extraordinário não quitado pelo empregador, é

evidente que o salário mensal não incluiu os reflexos das horas

Nega-se provimento. extras sobre o repouso semanal remunerado, não havendo falar em

bis in idem.

Outrossim, ao deferir o pagamento das horas extras, a Origem

expressamente autorizou a dedução de valores pagos a idêntico

título.

Ora, quando se diz que o salário mensal traz nele embutidos os

repousos semanais, estes se referem às horas normais trabalhadas

no mês e não aqueles relativos às horas extraordinárias. Assim, não

2.4.4. REFLEXOS DAS HORAS EXTRAS NO RSR E DESTES há qualquer irregularidade na determinação de reflexos das horas

NAS DEMAIS PARCELAS extras em repousos semanais remunerados e, com estes, nas

demais parcelas.

Melhor sorte não assiste ao argumento patronal de que não podem

incidir reflexos sobre os sábados por não serem considerados dia

de repouso semanal remunerado, haja vista a previsão expressa em

norma coletiva da categoria.

Diante disso, a sentença de piso está em consonância com o

Esta ação foi proposta em 08/01/2016, antes da entrada em vigor dispositivo supracitado, não havendo falar em reforma neste tema.

da Lei nº 13.467/2017.

Nega-se provimento.

A Origem pronunciou a prescrição das parcelas anteriores a

08/01/2011. Não há recurso quanto à prescrição.

Inconformado, o Reclamado insurgiu-se quanto ao tópico, sob o

fundamento de que o Reclamante era mensalista, sendo indevidos

os reflexos das horas extras no RSR e destes nas demais parcelas,

bem como a inclusão do sábado.

Analisa-se.

2.4.5. DIFERENÇAS SALARIAIS. EQUIPARAÇÃO SALARIAL.

Entende-se que o Reclamante prestava horas extras habituais,

sendo devidos os reflexos das horas extras no RSR, conforme

estabelecido na sentença.

Tal entendimento encontra-se em consonância com a Súmula nº

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justificativa para diferenciação salarial.

Em relação à impugnação da reclamada (ID 4e9676a), faço as

Esta ação foi proposta em 08/01/2016, antes da entrada em vigor seguintes considerações:

da Lei nº 13.467/2017.

Como Gerente de Atendimento II, verifica-se que o reclamante

A Origem pronunciou a prescrição das parcelas anteriores a exercia a função desde 01/01/2010, mesma época em que o

08/01/2011. Não há recurso quanto à prescrição. paradigma Willian Rodrigues de Oliveira passou a exercer tal

função, conforme se verifica nas Ocorrências de Alteração do Cargo

Consta da inicial que o Reclamante foi admitido em 25/03/1998, na ficha funcional de ID 399bb3c - Pág. 57, caracterizada, portanto,

exercendo no período imprescrito a função de gerente de a concomitância quanto ao exercício da função.

atendimento (até 01/12/2011) e depois a função de gerente de

relacionamento Business/Empresas, tendo sido dispensado sem Na ficha funcional do reclamante (ID a21b751 - Pág. 13) consta que

justa causa em 24/11/2015, quando recebia remuneração mensal o mesmo alterou sua função de Gerente de Atendimento II para

no valor de R$ 6.717,48 (seis mil, setecentos e dezessete reais e Gerente de Relacionamento Business I na data de 01/12/2011 e de

quarenta e oito centavos). Gerente Relacionamento Business I para Gerente de

Relacionamento de Empresas I em 01/07/2013.

Afirmou que exerceu o cargo de gerente de atendimento, desde

01/01/2010 até 01/12/2011 e, posteriormente, ocupou o cargo de No que se refere a paradigma Janaína Queiroz Costa Drummond de

gerente de relacionamento Business/Empresasaté a data da Aguiar, a ficha funcional da empregada registra alteração de cargo

dispensa. de Gerente de Relacionamento Business II para Gerente de

Relacionamento Empresas II em 01/07/2013 (ID 399bb3c - Pág.

Alegou o Autor que no período quando exerceu a função de gerente 76).

de atendimento exercia a mesma função do paradigma Willian,

executando as mesmas tarefas, com igual produtividade e perfeição Cabe esclarecer que em relação a distinção entre o cargo de

técnica. E no período em que exerceu a função de gerente de Gerente de Relacionamento Empresas I e II, exercidos a partir de

relacionamento Business/Empresas exercia a mesma função dos 01/07/2013, pela reclamante e a funcionária Janaína,

paradigmas Janaina e Delton. Contudo, estes recebiam salário respectivamente, o fato de a paradigma atender a clientela de alta

superior ao seu, razão pela qual faz jus à equiparação salarial e à renda, por si só, não permite a presunção que a sua atividade era

percepção de diferenças salariais pertinentes. mais complexa, conforme exposto pelo perito:

Em defesa, a demandada negou que reclamante e paradigmas (...)

tenham desenvolvido as mesmas atividades, acrescentando que a

produtividade e a qualidade técnica dos paradigmas eram Da mesma forma não prospera a alegação do réu acerca da

superiores à produtividade e qualidade técnica do reclamante. localidade, vez que os empregados trabalhavam na mesma região

metropolitana, a grande Vitória, sendo isso suficiente para os fins do

Na sentença, o Juízo julgou procedente o pedido, sob o seguinte artigo 461 da CLT.

fundamento:

Em relação a produtividade ou perfeição técnica no trabalho

"O bem elaborado laudo pericial (ID ca6ab49) demonstra que as desenvolvido entre a reclamante e a paradigma, as avaliações

atividades e funções desempenhadas pelo reclamante e pelos comportamentais dos obreiros no mesmo período (ID 858d036)

paradigmas eram idênticas não se justificando a disparidade salarial atestam que o serviço era realizado com a mesma perfeição

por produtividade ou perfeição técnica. Registra, ainda, que a técnica.

igualdade nas atividades, bem como o desempenho do autor e dos

modelos não permite vislumbrar uma diferença quer na Como se depreende do laudo pericial, a reclamante e paradigma

produtividade quer na perfeição técnica de ambos não havendo exerciam as mesmas atividades, não havendo prova nos autos que

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confirme a tese de defesa de maior complexidade das atividades

dos paradigmas. No que toca à distribuição do ônus da prova na equiparação

salarial, é do obreiro o ônus de comprovar a identidade de funções

Assim, com base nas informações do laudo pericial, considero com o paradigma e do empregador o de comprovar fato impeditivo,

preenchidos os requisitos do art. 461 da CLT e defiro a equiparação modificativo ou extintivo do direito postulado (Súmula nº 6 do TST).

salarial ao paradigma Willian Rodrigues de Oliveira desde o marco

prescricional até 30/11/2011 e equiparação ao paradigma Janaína No caso dos autos, houve o deferimento de prova pericial, com o

Queiroz Costa Drummond de Aguiar desde 01/12/2011 a objetivo de apurar o pedido de equiparação salarial e isonomia

24/11/2015, conforme limitado no pedido, no montante a ser salarial.

apurado em liquidação.

Ao ID. ca6ab49 foi carreado o Laudo Pericial, concluindo o -Expert

Reflexo sobre horas extras, férias com terço, 13º salário, FGTS com que as atividades desenvolvidas pelo autor e paradigmas eram

multa de 40%, aviso prévio e PLR. similares e, por isso, não restaria justificada a disparidade salarial.

Senão veja-se:

Não há reflexo sobre RSR, vez que ele já faz parte da diferença

salarial deferida". "Diante de todas as constatações técnicas decorrentes da vasta

documentação trazida aos autos, bem como aquelas

disponibilizadas pela reclamada, apresentasse do Juízo o que se

segue:

Em razões recursais, a reclamada pretende a exclusão da

condenação em diferenças salariais. Sucessivamente, pugnou pela Este Perito conclui que as atividades e funções desempenhadas

exclusão do pagamento de diferenças de auxílio refeição e auxílio pelo reclamante e pelos paradigmas eram idênticas não se

cesta alimentação e PLR. justificando a disparidade salarial por produtividade ou perfeição

técnica.

Analisa-se.

Registra-se ainda que a igualdade nas atividades, bem como o

A Constituição Federal, em seu artigo 5º caput, guarda o princípio desempenho do autor e dos modelos não permite vislumbrar uma

maior da igualdade, e, no tocante aos direitos sociais, o artigo 7º, diferença quer na produtividade quer na perfeição técnica de ambos

inciso XXXII, expressamente proíbe qualquer distinção entre não havendo justificativa para diferenciação salarial".

trabalho manual, técnico e intelectual.

A isonomia salarial, por sua vez, além de encontrar guarida no

próprio texto constitucional, também foi objeto de preocupação do No que concerne ao período em que o autor exerceu a função de

legislador ordinário, encontrando previsão no art. 461 da CLT, ao gerente de atendimento, em que apresentao paradigma Willian, o

preconizar que, "sendo idêntica a função, a todo trabalho de igual perito deixou claro que estes executavam as mesmas tarefas, com

valor, prestado ao mesmo empregador, na mesma localidade, igual produtividade e perfeição técnica, para o mesmo empregador,

corresponderá igual salário, sem distinção de sexo, nacionalidade mesma localidade e tempo na unção inferior a 2 anos:

ou idade".

"Quesitos do reclamante

Os requisitos para a equiparação salarial são os seguintes: a)

identidade de função; b) que o serviço seja de igual valor, assim (...)

entendido aquele que é prestado com igual produtividade e a

mesma perfeição técnica; c) serviço prestado para o mesmo c- Que verifique o perito se havia diferença de tempo na função

empregador; d) serviço prestado na mesma localidade; e) superior a 2 anos entre o Rte e o Paradigma WILLIAN RODRIGUES

inexistência de diferença do tempo de serviço na mesma função DE OLIVEIRA, na função de Gerente de Atendimento? Que informe

superior a dois anos. o perito em que data Rte e o paradigma foram promovidos a tal

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função. exercidos pelos

Resposta: Negativo. Ambos, reclamante e paradigma foram paradigmas e seus respectivos períodos e salários?

promovidos para a função de gerente de atendimento em

01/01/2010. Resposta: As agências as quais laboram o reclamante e

paradigmas, são situadas na grande Vitória, como segue:(...)

(...)

22. Informe o I. Perito se havia diferença de perfeição

e- Que diga o perito se, independentemente da nomenclatura dada técnica/produtividade entre Reclamante e paradigmas.

aos cargos do Autor e do Paradigma WILLIAN RODRIGUES DE

OLIVEIRA, na prática, ambos exerciam as mesmas funções e Resposta: O reclamante e os paradigmas desenvolviam as suas

atividades durante todo o período em que estiveram na função de funções com a mesma perfeição técnica. A reclamada não forneceu

Gerente de Atendimento? ao perito as avaliações funcionais realizadas pela chefia tanto do

autor como dos paradigmas.

Resposta: Afirmativa.

23. Informe o I. Perito se os requisitos do artigo 461 da CLT foram

f- Que verifique o perito se havia diferença de tempo na função preenchidos no período de equiparação salarial contido na inicial,

superior a 2 anos entre o Rte e os Paradigmas JANAINA QUEIROZ quais sejam: idêntica função, trabalho de igual valor (produtividade

COSTA DRUMMOND DE AGUIAR e DELTON MARTINS DE e qualidade técnica), mesma localidade, diferença de tempo de

SOUZA, na função de Gerente de Relacionamento Business? Que serviço inferior a dois anos.

informe o perito em que data Rte e Paradigmas foram promovidos a

tal função. Resposta: Positivo. Todos os requisitos foram preenchidos, fazendo

jus o autor à equiparação salarial pretendida".

Resposta: A reclamada não forneceu estas informações solicitadas

pelo Perito". E no período em que exerceu a função de gerente de

relacionamento Business/Empresas, quando indicou os

paradigmasJanaina e Delton, o perito também o perito deixou claro

que estes executavam as mesmas tarefas, com igual produtividade

"Quesitos da reclamada e perfeição técnica, para o mesmo empregador, mesma localidade

e tempo na unção inferior a 2 anos:

(...)

"Quesitos do reclamante

7. Qual a diferença do tempo de serviço entre o Reclamante e os

paradigmas, (...)

William Rodrigues, Janaina Queiroz e Delton Martins? h- Que diga o perito se, independentemente da nomenclatura dada

aos cargos do Autor e dos Paradigmas JANAINA QUEIROZ COSTA

Resposta: Quanto ao paradigma Willian a diferença é inferior a 2 DRUMMOND DE AGUIAR e DELTON MARTINS DE SOUZA, na

anos. E prática, ambos exerciam as mesmas funções e atividades durante

todo o período em que estiveram na função de Gerente de

quanto aos demais, tal informação não foi disponibilizada pela Relacionamento Business?

reclamada.

Resposta: Afirmativo.

(...)

i- Que informe o perito se havia alguma diferença de produtividade

18. Informe o I. Perito quais os locais de trabalho e os cargos ou perfeição técnica nas tarefas executadas pelo Reclamante e

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pelos Paradigmas? Caso positivo, favor comprovar? 13. Com base nos quesitos anteriores é possível afirmar, que a

atividade exercida pelo Reclamante era compatível com o dos

Resposta: Negativo. Ambos executavam suas atividades com a paradigmas?

mesma perfeição técnica e produtividade.

Resposta: Afirmativo.

j- Se o Reclamante e os Paradigmas trabalhavam em agências

bancárias do Reclamado situadas na mesma localidade, no alcance (...)

dado pela Súmula 6, X, do TST, ou seja, se ambos trabalhavam em

agências bancárias do Reclamado situadas em municípios 18. Informe o I. Perito quais os locais de trabalho e os cargos

pertencentes a mesma região metropolitana da Grande Vitória? exercidos pelos paradigmas e seus respectivos períodos e salários?

Resposta: Afirmativo". Resposta: As agências as quais laboram o reclamante e

paradigmas, são situadas na grande Vitória, como segue:(...)

"Quesitos da reclamada

22. Informe o I. Perito se havia diferença de perfeição

8. Informe o i. Perito se há diferença na faixa de renda entre os técnica/produtividade entre Reclamante e paradigmas.

clientes dos funcionários ocupantes do cargo de Gerente de

Relacionamento Business I, Gerente de Relacionamento Business Resposta: O reclamante e os paradigmas desenvolviam as suas

II, Gerente de Relacionamento Business III. funções com a mesma perfeição técnica. A reclamada não forneceu

ao perito as avaliações funcionais realizadas pela chefia tanto do

Resposta: Pelos documentos juntados aos autos, constatamos que: autor como dos paradigmas.

Gerente de Relacionamento Business I - faixa de renda inferior à R$

1.200,00 (hum mil e duzentos reais), Gerente de Relacionamento 23. Informe o I. Perito se os requisitos do artigo 461 da CLT foram

Business II - faixa de renda de R$ 1.200,00 (hum mil e duzentos preenchidos no período de equiparação salarial contido na inicial,

reais) à R$ 4.000,00 (quatro mil reais), Gerente de Relacionamento quais sejam: idêntica função, trabalho de igual valor (produtividade

Business III - faixa de renda acima de R$ 4.000,00 (quatro mil e qualidade técnica), mesma localidade, diferença de tempo de

reais). serviço inferior a dois anos.

Porém na prática foi declarado pelo reclamante que não existia Resposta: Positivo. Todos os requisitos foram preenchidos, fazendo

diferença no tipo de clientes pessoa jurídica e que qualquer gerente jus o

podia atender

autor à equiparação salarial pretendida."

qualquer cliente.

(...)

Ora, conforme destacado pela Origem, os documentos carreados

10. Informe o i. Perito se os produtos comercializados pelos aos autos são suficientes para comprovar todos os requisitos do art.

empregados são diferenciados de acordo com seu segmento de 461 da CLT c/c Súmula 6 do TST.

atuação.

Por fim, quanto ao pleito sucessivo de exclusão do pagamento de

Resposta: Apesar das metas e cartelas de clientes diferenciadas, as diferenças de auxílio refeição e auxílio cesta alimentação e PLR,

atividades laborativas desempenhadas tanto pelo reclamante verifica-se que diante da ausência de diferença de produtividade,

quanto pelos paradigmas são idênticas. não há falar em diferença de pagamento de vantagem conferida por

norma coletiva.

(...)

Dessa forma, correta a sentença que julgou procedente o pedido de

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equiparação.

Nega-se provimento.

2.4.7. DESPESAS COM VEÍCULO E CELULAR.

2.4.6. INTEGRAÇÃO. SISTEMA DE REMUNERAÇÃO VARIÁVEL

Esta ação foi proposta em 08/01/2016, antes da entrada em vigor

da Lei nº 13.467/2017.

A Origem pronunciou a prescrição das parcelas anteriores a

08/01/2011. Não há recurso quanto à prescrição.

Consta da inicial que o Reclamante foi admitido em 25/03/1998,

Em razões recursais a Ré requer a reforma da sentença, alegando, exercendo no período imprescrito a função de gerente de

em suma, que tais parcelas não possuem natureza salarial; estão atendimento (até 01/12/2011) e depois a função de gerente de

condicionadas ao atingimento de metas desde a sua instituição; não relacionamento Business/Empresas, tendo sido dispensado sem

são pagas com habitualidade, mas tão-somente quando atingidos justa causa em 24/11/2015, quando recebia remuneração mensal

seus requisitos, tratando-se de liberalidade do empregador. no valor de R$ 6.717,48 (seis mil, setecentos e dezessete reais e

quarenta e oito centavos).

Sem razão.

Afirmou que exerceu o cargo de gerente de atendimento, desde

De fato, em consonância com a decisão proferida pelo Juízo de 01/01/2010 até 01/12/2011 e, posteriormente, ocupou o cargo de

Primeiro Grau, constata-se que a Reclamada não se desincumbiu gerente de relacionamento Business/Empresasaté a data da

de seu ônus da prova, não tendo demonstrado a inexistência de dispensa.

natureza salarial das parcelas apontadas.

Durante todo o contrato de trabalho, e, inclusive, como condição

De toda sorte, pela análise dos comprovantes de pagamento, ao para trabalhar, o autor deveria possuir veículo próprio, sendo que a

contrário do alegado pela Ré, verifica-se que as parcelas em mesma colocou o seu automóvel à disposição do Réu, a fim de que

comento eram pagas de forma habitual, em contraprestação ao fosse utilizado na execução de suas atividades laborais (visitas a

trabalho executado, assumindo, assim, natureza salarial. clientes).

Mantém-se a sentença no particular. Pugnou pela condenação da Reclamada no ressarcimento das

despesas com veículo.

Nega-se provimento.

A Origem julgou parcialmente procedente o pedido, nestes termos:

""Se o empregador exige do empregado a utilização de veículo

particular, como instrumento essencial ao desempenho de suas

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 472
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

atividades, deve ressarci-lo pelas despesas efetuadas, uma vez que condenação.

o ônus do empreendimento não pode ser a ele transferido, nos

termos do art.2º da CLT. Pois bem.

O conjunto dos depoimentos deixa claro que a ré não só admitia Com efeito, parte-se do princípio de que havendo a exigência de

como incentivava o uso do veículo próprio pelos Gerentes de utilização de celular e de veículo para visitar clientes, sem o regular

Relacionamento em razão das visitas externas, fato ordinário tendo ressarcimento dos gastos, reputa-se devida a indenização pelo

em vista que facilita o contato com os clientes, além da própria ilícito praticado, uma vez que o empregador, em abuso do poder

testemunha da ré confirmar que não era visitas utilizando-se de diretivo, transferiu ao trabalhador os riscos da atividade econômica,

transporte público regular. em violação ao art. 2º da CLT.

Assim, resta resguardado seu direito ao ressarcimento dos No caso dos autos as testemunhas do autorcomprovam que as

desgastes pelo uso do seu veículo, não promovido pelo banco visitas a clientes também eram realizadas por meio de veículo

reclamado. próprio, sendo utilizado celular particular para manter contatos com

estes.

(...)

A testemunha da rérelatou que não se fazia uso de transporte

Desta feita, considerando que o veículo era usado em 3/4 visitas público regular, fato que demonstram que a utilização do veículo do

diárias no mês, defiro o valor de mensais, a título de indenização autor como ferramenta de trabalho, de forma obrigatória.

pelo meio salário mínimo à época, uso do veículo, a partir de

01/12/2011, quando o reclamante se tornou Gerente de Ademais, quanto ao valor arbitrado pela Origem de meio salário

Relacionamento até 24/11/2015, conforme limitado no pedido. mínimo, endente-se que este se mostra proporcional aos dias de

efetivo uso para visitações aos clientes, ou seja, este era utilizado

O mesmo acontece pelo uso do telefone celular particular do por apenas 3/4 visitas diárias no mês.

empregado para a realização de atividades de interesse do

empregador. Não prospera a tese da defesa de que o telefone fixo Portanto, o valor arbitrado pela na sentença a quoobservou os dias

era suficiente para que o empregado realizasse o contato com seus de efetiva utilização do veículo como instrumento de trabalho.

clientes, uma vez que é incontroverso nos autos que o autor

realizava muitas visitas externas, se ausentando por grande período Portanto, restou comprovado que o autor utilizava de veículo e

da agência, sendo forçoso concluir que era necessário o uso do celular próprio para a consecução das atividades inerentes a função

aparelho celular. de gerente de operação, mas não era indenizado.

Ainda que o autor não tenha trazido aos autos as contas telefônicas Ademais, conforme bem registrado pela Origem, a natureza da

para comprovar os gastos alegados, entendo que deva ser atividade do autor denota a necessidade de deslocamento

ressarcido das despesas, pois é certo o uso do aparelho em permanente do autor.

serviço, sobretudo em razão das visitas externas, sem o respectivo

reembolso das despesas. Sendo assim, nada a modificar neste particular.

Quanto ao uso do telefone particular, considerando que o celular Nega-se provimento.

pertencia ao obreiro e certamente era utilizado também em ligações

particulares, fixo que o valor gasto nas atividades da empresa

correspondia a metade do gasto total, o que dá R$75,00 por mês, a

partir de 01/12/2011, quando o reclamante se tornou Gerente de

Relacionamento até 24/11/2015, conforme limitado no pedido".

Em razões recursais a reclamada pretende a exclusão da

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 473
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Dessa forma, a sucumbência de que trata o artigo não é analisada

pela conclusão do laudo pericial, mas sim pela procedência ou

2.4.8. HONORÁRIOS PERICIAIS improcedência da pretensão objeto da perícia e, no caso, os

pedidos do reclamante dependentes da prova pericial foram

julgados procedentes.

Portanto, correta a sentença que condenou a ré no pagamento dos

honorários periciais.

Nega-se provimento.

A Origem determinou que os honorários periciais complementares

no valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais) a cargo da reclamada,

devendo, ainda ressarcir ao autor o depósito prévio de R$ 300,00

(trezentos reais), pelas duas perícias realizadas.

Inconformado, em suas razões recursais, pugna a reclamada pela

reforma da r. sentença no tocante ao pagamento dos honorários

periciais.

2.5. REQUERIMENTO DA RECLAMADA DE QUE O AUTOR

Analisa-se. SEJA CONDENADO POR LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ

Este Relator entende que, em se tratando os honorários periciais de

instituto bifronte, as inovações da Lei n. 13.467/2017 não deverão

ser aplicadas aos processos já em curso.

Isso porque é imprescindível que a parte tenha ciência das

consequências jurídicas do ajuizamento do processo ou da defesa

apresentada, com a possibilidade de previsibilidade para avaliação

das condutas processuais a serem adotadas. A reclamada alega em contrarrazões que o autor é litigante de má-

fé, uma vez que pleiteou na inicial a aplicação da taxa TR para fisn

Entendimento em sentido diverso não seria razoável e implicaria de aplicação de correção monetário, mas apresentou recurso para

afronta ao disposto no art. 10, CPC/15, com a configuração de aplicação do IPCA-E.

decisão surpresa e violação aos princípios da segurança jurídica e

do devido processo legal. Sem razão.

A legislação a ser aplicada nesses casos, portanto, deve ser aquela Não se constata que o reclamante, ao interpor o presente recurso,

vigente quando do ajuizamento da ação. tenha incorrido em alguma das hipóteses previstas no art. 80 do

CPC e no art. 793-B da CLT, uma vez que ele apenas exerceu o

Nesse contexto, utiliza-se, na espécie, a antiga redação do artigo seu direito de ampla defesa, tendo interposto o remédio jurídico

790-B, da CLT, nos seguintes termos: processual previsto no Processo do Trabalho para impugnar a

decisão que o condenou em litigância de má-fé, expondo

"Art. 790-B. A responsabilidade pelo pagamento dos honorários expressamente as razões pelas quais pretendia a reforma da

periciais é da parte sucumbente na pretensão objeto da perícia, decisão.

salvo se beneficiária de justiça gratuita".

Assim, não há falar em nova condenação do reclamante por

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Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

litigância de má-fé. reclamante e pela reclamada; rejeitar a preliminar de não

conhecimento do apelo autoral quanto ao índice de correção

Indefere-se o requerimento do reclamado, formulado em monetária, por inovação recursal; rejeitar a preliminar de atribuição

contrarrazões, de aplicar condenação por litigância de má-fé ao de efeito suspensivo ao recurso, formulado pela Reclamada em

reclamante. razões recursais; rejeitar a preliminar de nulidade da sentença por

julgamento ultra petita, suscitada pela Ré em razões recursais;

rejeitar a preliminar de nulidade da sentença por cerceio do direito

de defesa, suscitada pela reclamada em razões recursais; no mérito

do recurso do autor, por maioria, dar parcial provimento para

estabelecer que os débitos trabalhistas em geral devem ser

atualizados pela TR/FACDT até 24/03/2015 e pelo IPCA-E a partir

de 25/03/2015; e, no mérito do recurso da reclamada, por

unanimidade, negar provimento. Indeferido o requerimento do

reclamado, formulado em contrarrazões, de aplicação da pena por

litigância de má-fé ao reclamante. Vencido, no recurso obreiro,

quanto às horas extras a partir da 6ª hora diária, às horas extras a

partir da 8ª hora diária e ao intervalo intrajornada, o Desembargador

Cláudio Armando Couce de Menezes. Custas, pela reclamada, no

importe de R$ 3.000,00 (três mil reais), calculadas sobre R$

3. ACÓRDÃO 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais), valor ora majorado à

condenação. Sustentações orais do Dr. Fábio Lima Freire,

advogado do reclamante, e da Dra. Úrsula Campos França Mouro,

advogada do reclamado.

DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK

Acordam os Magistrados da 1ª Turma do Tribunal Regional do Relator

Trabalho da 17ª Região, na Sessão Ordinária realizada no dia 03 de

dezembro de 2019, às 13 horas e 30 minutos, sob a Presidência do

Exmo. Desembargador Cláudio Armando Couce de Menezes, com

a participação do Exmo. Desembargador José Carlos Rizk, do

Exmo. Desembargador Mário Ribeiro Cantarino Neto, e presente o

Procurador Regional do Trabalho, Dr. Levi Scatolin, por

unanimidade, conhecer dos recursos ordinários interpostos pelo

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 475
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Acórdão
Processo Nº ROT-0000011-51.2019.5.17.0006
Relator JOSE CARLOS RIZK
RECORRENTE JOSE ANTONIO CONSTANTINO
ADVOGADO SAVIO CORREA SIMOES(OAB:
12713/ES)
RECORRIDO S. O. S. GASES INDUSTRIAIS E EMENTA
MEDICINAIS LTDA - EPP
RECORRIDO MARCUS VINICIUS DA ROCHA
CONFORTE
RECORRIDO DENISE MARIA DA ROCHA SORIO
RECORRIDO WHITE MARTINS GASES
INDUSTRIAIS LTDA
ADVOGADO HÉLIDA BRAGANÇA ROSA
PETRI(OAB: 5883/ES)

Intimado(s)/Citado(s):
- JOSE ANTONIO CONSTANTINO

RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE.

RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. SÚMULA Nº 331, IV, DO


PODER JUDICIÁRIO
TST. A jurisprudência reconhece que, como beneficiário do trabalho
JUSTIÇA DO TRABALHO
humano, o tomador de serviços não se desvincula das

consequências produzidas pelo inadimplemento das obrigações

trabalhistas pelo prestador de serviços, sendo responsável por

estas, ainda que de forma subsidiária.

PROCESSO nº 0000011-51.2019.5.17.0006 (ROT)

RECORRENTE: JOSÉ ANTÔNIO CONSTANTINO

RECORRIDOS: S.O.S. GASES INDUSTRIAIS E MEDICINAIS

LTDA. - EPP; MARCUS VINÍCIUS DA ROCHA CONFORTE;

DENISE MARIA DA ROCHA SORIO.


1. RELATÓRIO

WHITE MARTINS GASES INDUSTRIAIS LTDA.

ORIGEM: 6ª VARA DO TRABALHO DE VITÓRIA - ES

RELATOR: DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK

COMPETÊNCIA: 1ª TURMA

A presente demanda foi ajuizada em 10/01/2019, portanto após

iniciada a vigência da Lei n. 13.467/2017, denominada Reforma

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Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Trabalhista. Ademais, não houve declaração de prescrição pela

Origem, nem recurso quanto à matéria. 2. FUNDAMENTAÇÃO

Trata-se de recurso ordinário interposto pelo reclamante em face da

r. sentença de ID. 0035eb8, que rejeitou a preliminar de

ilegitimidade passiva ad causam suscitada pela 4ª ré (White Martins

Gases Industriais Ltda.), declarou a revelia da 1ª ré (S.O.S. Gases

Industriais e Medicinais Ltda. - EPP), do 2º réu (Sócio Marcus

Vinícius da Rocha Conforte) e da 3ª ré (Sócia Denise Maria da

Rocha Sorio), condenando solidariamente o 1º, 2º e 3º réus no

pagamento do aviso prévio, saldo de salário de novembro e

dezembro de 2018, 13º salário integral de 2018, férias integrais do

período aquisitivo de 2017/2018 mais 1/3, férias proporcionais

(9/12) mais 1/3 do período subsequente, FGTS desde junho de

2018, multa fundiária, horas extras e honorários advocatícios.

Ainda, deferiu ao autor a gratuidade de justiça, condenando-o

também em honorários advocatícios de sucumbência recíproca. 2.1. CONHECIMENTO

Registra-se que o pedido de condenação solidária/subsidiária da 4ª

reclamada (White Martins Gases Industriais Ltda.) foi julgado

improcedente, matéria objeto do apelo obreiro.

Ressalta-se que a 1ª ré (S.O.S. Gases Industriais e Medicinais Ltda.

- EPP), o 2º réu (Sócio Marcus Vinícius da Rocha Conforte) e a 3ª

ré (Sócia Denise Maria da Rocha Sorio) estão em lugar incerto e

não sabido, não compareceram à audiência nem apresentaram

contestação, razão pela qual foram declaradas revéis e confessas

quanto aos fatos. A presente demanda foi ajuizada em 10/01/2019, portanto após

iniciada a vigência da Lei n. 13.467/2017, denominada Reforma

O reclamante pretende a reforma da sentença no que tange à Trabalhista. Ademais, não houve declaração de prescrição pela

responsabilidade solidária/subsidiária da 4ª reclamada, honorários Origem, nem recurso quanto à matéria.

advocatícios de sucumbência recíproca, imposto de renda e

contribuições previdenciárias.

As reclamadas não apresentaram contrarrazões, apesar de Conhece-se do recurso ordinário do reclamante, porquanto

intimadas. preenchidos os pressupostos de admissibilidade recursal.

É o relatório. O reclamante é beneficiário da justiça gratuita.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 477
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

A presente demanda foi ajuizada em 10/01/2019, portanto após

iniciada a vigência da Lei n. 13.467/2017, denominada Reforma

Trabalhista. Ademais, não houve declaração de prescrição pela

Origem, nem recurso quanto à matéria.

O autor afirma na peça de ingresso que foi admitido pela 1ª ré

(S.O.S. Gases Industriais e Medicinais Ltda. - EPP) em 02/03/2015,

na função de Motorista de Caminhão, mediante pagamento mensal

inicial de R$ 1.086,05 (um mil e oitenta e seis reais e cinco

centavos), tendo como último dia trabalhado em 10/12/2018 data

em que a 1ª ré encerrou suas atividades sem formalizar a rescisão

do contrato de trabalho do autor e demais empregados.

Em aditamento à petição inicial, o reclamante informou que após o

ajuizamento da ação entabulou acordo de rescisão do contrato de

trabalho, no qual a ré reconheceu o encerramento do contrato sem

justa causa ocorrido em 09/12/2018, já considerado o aviso prévio

trabalhado (ID. a89de22), comprometendo-se ao pagamento das

verbas rescisórias decorrentes (TRCT de ID. d144c25).

O reclamante afirmou que apesar de ter sido contratado pela 1ª

2.2. MÉRITO reclamada, desempenhava suas atividades transportando produtos

exclusivamente da 4ª reclamada (White Martins Gases Industriais

Ltda.), fornecedora de 90% dos cilindros gás utilizados pela 1ª ré.

Registrou que a 4ª reclamada foi beneficiada pela sua mão de obra,

motivo pelo qual requereu a sua condenação solidária/subsidiária.

A Origem julgou improcedente o pedido de condenação

solidária/subsidiária da 4ª ré, considerando que o contrato comercial

de fornecimento de gás sem exclusividade não é capaz de transferir

a responsabilidade pelas verbas trabalhistas à empresa

fornecedora.

O autor sustenta que deve ser reformada a sentença no ponto,

reiterando que a hipótese se enquadra no entendimento cristalizado

na Súmula 331 do C. TST.

2.2.1. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DA QUARTA

RECLAMADA. WHITE MARTINS GASES INDUSTRIAIS LTDA. Analisa-se.

O reclamante aduz na exordial que foi contrato pela 1ª reclamada

(S.O.S. Gases Industriais e Medicinais Ltda. - EPP) como motorista

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 478
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

de caminhão para transportar os cilindros de gás comercializados independentemente do objeto social das empresas envolvidas,

pela 1ª ré e fornecidos pela 4ª reclamada. Por óbvio, ainda que a mantida a responsabilidade subsidiária da empresa contratante",

distribuição ao consumidor final tenha ocorrido por empresa vencida a Ministra Rosa Weber. O Ministro Marco Aurélio não se

interposta, entende-se que a 4ª reclamada se beneficiou do trabalho pronunciou quanto à tese. Ausentes os Ministros Dias Toffoli e

do autor. Gilmar Mendes no momento da fixação da tese. Presidiu o

julgamento a Ministra Cármen Lúcia. Plenário, 30.8.2018".

Infere-se do contrato de ID.3993b42 que a 4ª ré (White Martins),

como empresa fornecedora gases à 1ª ré (S.O.S. Gases Industriais Com efeito, havendo a tomadora de serviços se beneficiado da mão

e Medicinais Ltda. - EPP), podia definir a modalidade de de obra do empregado, deve arcar subsidiariamente com os ônus

fornecimento do produto e especificação técnica dos equipamentos, decorrentes do inadimplemento das verbas trabalhistas devidas

podendo, a seu critério, substituir os equipamentos utilizados no pela 1ª ré (S.O.S. Gases Industriais e Medicinais Ltda. - EPP).

fornecimento sempre que entendesse necessário, além disso era

responsável por instalar/entregar no estabelecimento da 1ª ré os Repisa-se que é legal a intermediação de mão de obra, mas devem

equipamentos necessários para o fornecimento do produto (gás responder os tomadores dos serviços pela culpa in vigilando e in

industrial), conforme cláusula terceira, itens "a" e "b" do contrato. eligendoao escolher erroneamente e não fiscalizar a empresa

contratada que não adimpliu as obrigações trabalhistas.

Dos termos do sobredito contrato, constata-se que a 4ª ré (White

Martins) foi beneficiada pela mão de obra do reclamante como típica É oportuna a transcrição do inciso IV da Súmula 331 do TST:

tomadora de serviços, visto que o reclamante foi contratado pela 1ª

reclamada como motorista de caminhão para transportar os "O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do

cilindros de gás da 4ª reclamada ao consumidor final. empregador, implica a responsabilidade subsidiária do tomador dos

serviços quanto àquelas obrigações, desde que haja participado da

Nesses termos, independente da roupagem que se tenha dado ao relação processual e conste também do título executivo judicial."

contrato das reclamadas, do objeto social das empresas ou de

cláusula contratual prevendo isenção de responsabilidade, tais fatos A recorrente tampouco nega que o reclamante tenha prestado

não têm o condão de afastar a obrigação subsidiária da 4ª serviços em seu favor, argumentando que a prestação ocorria de

reclamada pelos créditos trabalhistas, com respaldo nos artigos 186 forma concomitante a outras empresas fornecedoras de gás,

e 927 do CCB, bem como pela aplicação do princípio da primazia inexistindo exclusividade.

da realidade e da função do social do trabalho.

Ocorre que, conforme acima exposto, o fato de a 4ª reclamada ter

No mesmo sentido encontra-se o entendimento do Supremo se beneficiado da mão de obra do reclamante por interposta

Tribunal Federal cristalizado no julgamento da Arguição de empresa é suficiente para se reconhecer sua responsabilidade

Descumprimento de Preceito Fundamental 324, na qual em sede de subsidiária.

repercussão geral, reconheceu a licitude da terceirização da

atividade-fim e manteve a responsabilidade subsidiária da empresa Em suma, é irrelevante para a responsabilização subsidiária a

tomadora, conforme ata de julgamento Nº 31, de 30/08/2018, DJE existência de simultaneidade de tomadoras de serviço, já que o que

nº 188, divulgado em 06/09/2018. Na mesma data foi publicado, realmente importa para o reconhecimento da responsabilidade

dado o julgamento conjunto, do acórdão proferido em Recurso subsidiária é a utilização da força de trabalho do reclamante, o que,

Extraordinário 958252: in casu¸ indubitavelmente ocorreu.

"O Tribunal, por maioria e nos termos do voto do Relator, A empresa beneficiária dos serviços prestados pelo empregado da

apreciando o tema 725 da repercussão geral, deu provimento ao empresa por ela contratada será subsidiariamente responsável

recurso extraordinário, vencidos os Ministros Edson Fachin, Rosa pelas obrigações trabalhistas não pagas pela empregadora direta.

Weber, Ricardo Lewandowski e Marco Aurélio. Em seguida, o

Tribunal fixou a seguinte tese: "É lícita a terceirização ou qualquer Com efeito, a responsabilidade subsidiária do tomador dos serviços

outra forma de divisão do trabalho entre pessoas jurídicas distintas, pelo inadimplemento das obrigações trabalhistas, referente ao

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 479
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

contrato de trabalho do empregado do prestador de serviços,

decorre de sua culpa in vigilando, consubstanciada na falta ou

deficiência de fiscalização das obrigações decorrentes, inclusive as

trabalhistas.

Cabe ressaltar que, na responsabilidade subsidiária, o devedor (no 2.2.2. AUTOR BENEFICIÁRIO DA JUSTIÇA GRATUITA.

caso o tomador dos serviços), não se obriga direta e imediatamente CONDIÇÃO SUSPENSIVA DE EXIGIBILIDADE DOS

pelo débito, somente respondendo nas hipóteses de HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

inadimplemento ou insuficiência patrimonial do prestador dos

serviços.

Esclarece-se que também não há ofensa aos arts. 5º, II, e 22, I, da

Carta Magna, haja vista que a condenação subsidiária encontra

respaldo nos arts. 186 e 927 do CCB.

Registre-se, por oportuno, que no tocante à ordem das

responsabilidades, deve-se aplicar o disposto na Súmula nº 04 A presente demanda foi ajuizada em 10/01/2019, portanto após

deste E. TRT, que dispõe, in verbis: iniciada a vigência da Lei n. 13.467/2017, denominada Reforma

Trabalhista. Ademais, não houve declaração de prescrição pela

"EXECUÇÃO. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. Origem, nem recurso quanto à matéria.

DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA. ORDEM

DOS ATOS EXECUTÓRIOS. A responsabilidade patrimonial do O autor afirma na peça de ingresso que foi admitido pela 1ª ré

devedor subsidiário na execução precede a dos sócios do devedor (S.O.S. Gases Industriais e Medicinais Ltda. - EPP) em 02/03/2015,

principal, salvo manifestação do credor em sentido contrário. A na função de Motorista de Caminhão, mediante pagamento mensal

desconsideração da personalidade jurídica do devedor principal se inicial de R$ 1.086,05 (um mil e oitenta e seis reais e cinco

faz em caráter excepcional, sendo possível após frustradas as centavos), tendo como último dia trabalhado em 10/12/2018 data

medidas executórias contra os devedores expressos no título em que a 1ª encerrou suas atividades sem formalizar a rescisão do

executivo." contrato de trabalho do autor e demais empregados.

Registra-se, ainda, que o entendimento do TST se pacificou no Em aditamento à petição inicial, o reclamante informou que após o

sentido de que a responsabilidade subsidiária abrange todas as ajuizamento da ação entabulou acordo de rescisão do contrato de

verbas decorrentes da condenação, inclusive as multas e trabalho, no qual a ré reconheceu o encerramento do contrato sem

indenizações. Isto porque o item VI à Súmula nº 331 do TST não faz justa causa ocorrido em 09/12/2018, já considerado o aviso prévio

ressalva ao estabelecer que a "responsabilidade subsidiária do trabalhado (ID. a89de22), comprometendo-se ao pagamento das

tomador de serviços abrange todas as verbas decorrentes da verbas rescisórias decorrentes (TRCT de ID. d144c25).

condenação referentes ao período da prestação laboral."

A sentença julgou parcialmente procedente os pedidos e condenou

Portanto, havendo a 4ª reclamada se beneficiado da mão de obra as partes em honorários advocatícios de sucumbência recíproca,

do reclamante, reconhece-se sua responsabilidade subsidiária nos seguintes termos:

quanto ao pagamento das verbas deferidas.

Condeno o reclamante ao pagamento de honorários advocatícios

Dá-se provimento para condenar a 4ª reclamada subsidiariamente. em favor do(s) procurador(es) do 4º reclamado em 10% do valor da

causa.

Condeno o 1º, 2º, e 3º reclamados ao pagamento de honorários

advocatícios em favor do(s) procurador(es) do reclamante em 10%

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 480
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

do valor dos pedidos acolhidos.

O C. TST posicionou-se no mesmo sentido na recém editada

A Lei 13467/2017 restringe o destinatário da verba honorária Instrução Normativa n. 41, que, em seu art. 6º assim dispõe:

sucumbencial, revertendo-a apenas aos advogados.

Art. 6º Na Justiça do Trabalho, a condenação em honorários

Não há que se falar em inconstitucionalidade do art. 791-A, na advocatícios sucumbenciais, prevista no art. 791-A, e parágrafos, da

medida em que a condenação da parte em honorários de CLT, será aplicável apenas às ações propostas após 11 de

sucumbência não impede o livre o livre acesso à justiça, mas novembro de 2017 (Lei nº 13.467/2017). Nas ações propostas

apenas estabelece uma espécie de litigância responsável. anteriormente, subsistem as diretrizes do art. 14 da Lei 5.584/1970

e das Súmulas nº 219 e 329 do TST.

Os honorários não são compensáveis entre si.

A presente demanda foi ajuizada em 10/01/2019, logo, sob a égide

A base de cálculo conta com exclusão dos encargos previdenciários da Reforma Trabalhista.

e fiscais.

Destarte, são devidos, na espécie, os honorários advocatícios, nos

Observe-se o §4º do artigo 791-A, da CLT. termos da nova legislação, in verbis:

Requereu que seja aplicada a condição suspensiva de exigibilidade Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão

dos honorários advocatícios em que foi condenado, considerando a devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5%

legislação vigente da matéria à data da prolação da sentença. (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o

valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico

Analisa-se. obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado

da causa.

Na Justiça do Trabalho, prevalecia o entendimento consubstanciado

nas Súmulas n.º 219 e 329 do E. TST segundo o qual, em se § 1o Os honorários são devidos também nas ações contra a

tratando de conflito decorrente da relação de emprego, os Fazenda Pública e nas ações em que a parte estiver assistida ou

honorários advocatícios eram devidos apenas quando preenchidos substituída pelo sindicato de sua categoria.

os requisitos contidos no art. 14 da Lei n. 5.584/1970.

§ 2o Ao fixar os honorários, o juízo observará:

Com o advento da Lei n. 13.467, de 13 de julho de 2017, contudo,

foi acrescentado à CLT o art. 791-A, que autorizou a condenação na I - o grau de zelo do profissional;

verba honorária em razão da mera sucumbência.

II - o lugar de prestação do serviço;

Além disso, o novel dispositivo previu o pagamento de honorários

de sucumbência recíproca, de forma que, vencido o reclamante, III - a natureza e a importância da causa;

ainda que relativamente a um único pedido, também deverá ele

responder pela verba honorária da parte contrária. IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o

seu serviço.

Em que pese a intensa celeuma jurídica que se instaurou acerca da

aplicabilidade do novo regramento, este Relator adotou o Por outro lado, é certo que, consoante exegese da Súmula n.º 326

entendimento de que os dispositivos da Reforma Trabalhista que do STJ, não há sucumbência quando o pedido formulado for

versam sobre honorários advocatícios apenas incidem nas acolhido parcialmente, mas apenas no caso de seu indeferimento

demandas ajuizadas após a vigência da Lei 13.467/17, que ocorreu total.

em 11/11/2017. Em suma, o marco quanto à aplicação ou não das

inovações legislativas advindas da Lei n. 13.467/2017 é a data do No caso em tela, o autor obteve êxito quanto aos pedidos de verbas

ajuizamento da ação e a contestação. rescisórias, salários atrasados, férias vencidas, FGTS, horas extras

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e intervalo intrajornada, restando sucumbente quanto aos pedidos

de indenização por danos morais, multa do art. 467 da CLT e multa

do art. 477 da CLT. Logo, imputa-se devidos os honorários

advocatícios pela sucumbência recíproca.

Registra-se que a responsabilidade subsidiária da 4ª ré (White

Martins) abrange a referida parcela, nos termos do item VI da

Súmula n. 331 do TST. 2.2.3. DESCONTOS FISCAIS

Contudo, in casu, o reclamante é beneficiário da justiça gratuita e,

em que pese o § 4º do art. 791-A da CLT dispor que as obrigações

decorrentes da sucumbência do beneficiário da justiça gratuita

seriam compensadas com eventuais créditos obtidos em juízo, este

Relator entende ser inaplicável o dispositivo em questão no que

tange à mencionada compensação, tendo em vista que tal norma

viola as garantias constitucionais de amplo acesso à Justiça, de

assistência jurídica integral e gratuita e de proteção do salário. A presente demanda foi ajuizada em 10/01/2019, portanto após

iniciada a vigência da Lei n. 13.467/2017, denominada Reforma

Acerca do tema, registra-se que no dia 23/10/2019, o Pleno deste Trabalhista. Ademais, não houve declaração de prescrição pela

Regional, por maioria absoluta no Incidente de Inconstitucionalidade Origem, nem recurso quanto à matéria.

n. 0000453-35.2019.5.17.00000, declarou a inconstitucionalidade

parcial do § 4º do art. 791-A da CLT somente quanto ao trecho: O autor afirma na peça de ingresso que foi admitido pela 1ª ré

"desde que não tenha obtido em juízo, ainda que em outro (S.O.S. Gases Industriais e Medicinais Ltda. - EPP) em 02/03/2015,

processo, créditos capazes de suportar a despesa". na função de Motorista de Caminhão, mediante pagamento mensal

inicial de R$ 1.086,05 (um mil e oitenta e seis reais e cinco

Com efeito, prevaleceu a tese no sentido de que não se pode atingir centavos), tendo como último dia trabalhado em 10/12/2018 data

os créditos deferidos ao beneficiário da justiça gratuita, ainda que em que a 1ª ré encerrou suas atividades sem formalizar a rescisão

em outro processo, mas tão somente que a verba honorária fique do contrato de trabalho do autor e demais empregados.

sob condição suspensiva de exigibilidade, podendo ser executada,

se nos 2 (anos) subsequentes ao trânsito em julgado da decisão Em aditamento à petição inicial, o reclamante informou que após o

que a certificou, o credor demonstrar que deixou de existir a ajuizamento da ação entabulou acordo de rescisão do contrato de

situação de insuficiência de recursos que justificou a concessão de trabalho, no qual a ré reconheceu o encerramento do contrato sem

gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tal obrigação do justa causa ocorrido em 09/12/2018, já considerado o aviso prévio

beneficiário. trabalhado (ID. a89de22), comprometendo-se ao pagamento das

verbas rescisórias decorrentes (TRCT de ID. d144c25).

Dá-se parcial provimento ao apelo obreiro para estabelecer que a

verba honorária devida pelo autor deverá ficar, nos termos do § 4º Requereu a condenação da rés na indenização correspondentes

do art. 791-A da CLT, observada a impossibilidade de compensação aos descontos fiscais e previdenciários por não terem cumprido com

com eventuais créditos obtidos em juízo, e somente poderá ser suas obrigações trabalhistas ao tempo próprio.

executada se, nos 2 (dois) anos subsequentes ao trânsito em

julgado da decisão que a certificou, o credor demonstrar que deixou A Origem autorizou a dedução das contribuições previdenciárias

de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a nos seguintes parâmetros:

concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tal

obrigação do beneficiário. Tendo em vista as disposições contidas nas Leis n.º 8.212/91,

8.213/91, 8.218/91 e 8.620/93, defiro os descontos à Previdência

Social e Imposto de Renda, caso sejam devidos, nos termos do art.

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462 da CLT.

Ainda, deverá a reclamada prestar as informações a que se refere o

artigo 32, inciso IV, da Lei n.8.212/1991, por meio da Guia de

Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e

Informações à Previdência Social (GFIP).

2.2.4. DESCONTOS PREVIDENCIÁRIOS

Quanto ao Imposto de Renda e Proventos de Qualquer Natureza,

observe-se a Instrução Normativa 1500/2014. Não há falar, assim,

em indenização por valor de imposto de renda recolhido a maior.

Entende-se que as deduções fiscais, a incidirem sobre as verbas

reconhecidas em Juízo, devem ser suportadas pelo empregador.

Isso porque a reclamada deixou de cumprir as suas obrigações no

momento oportuno, levando o trabalhador a procurar a tutela A presente demanda foi ajuizada em 10/01/2019, portanto após

jurisdicional para a realização plena dos seus direitos. iniciada a vigência da Lei n. 13.467/2017, denominada Reforma

Trabalhista. Ademais, não houve declaração de prescrição pela

Registra-se que o reclamante sofreu dano com a conduta negligente Origem, nem recurso quanto à matéria.

da reclamada, pois, caso os valores pleiteados fossem pagos na

época própria, não haveria desconto de IR, haja vista que a O autor afirma na peça de ingresso que foi admitido pela 1ª ré

remuneração do obreiro está dentro da faixa de isenção do referido (S.O.S. Gases Industriais e Medicinais Ltda. - EPP) em 02/03/2015,

imposto. na função de Motorista de Caminhão, mediante pagamento mensal

inicial de R$ 1.086,05 (um mil e oitenta e seis reais e cinco

Logo, com espeque nos artigos 186 c/c 927, ambos do Código Civil, centavos), tendo como último dia trabalhado em 10/12/2018 data

o infrator deve ser responsabilizado pela reparação do dano nos em que a 1ª ré encerrou suas atividades sem formalizar a rescisão

casos em que age de forma negligente, hipótese que se amolda ao do contrato de trabalho do autor e demais empregados.

caso em apreço, porquanto a empregadora não pagou de forma

correta, e em época própria as verbas salariais devidas ao obreiro. Em aditamento à petição inicial, o reclamante informou que após o

ajuizamento da ação entabulou acordo de rescisão do contrato de

Portanto, em conformidade com o disposto no art. 8º da CLT, trabalho, no qual a ré reconheceu o encerramento do contrato sem

combinado com o disposto nos arts. 186 e 927, ambos do Código justa causa ocorrido em 09/12/2018, já considerado o aviso prévio

Civil, devem as reclamadas indenizar o autor por eventuais valores trabalhado (ID. a89de22), comprometendo-se ao pagamento das

a serem deduzidos do montante da condenação a título de imposto verbas rescisórias decorrentes (TRCT de ID. d144c25).

de renda.

Requereu a condenação da rés na indenização correspondente aos

Registra-se que a responsabilidade subsidiária da 4ª ré (White descontos previdenciários.

Martins) abrange a referida parcela, nos termos do item VI da

Súmula n. 331 do TST. A Origem deferiu os descontos das contribuições previdenciárias,

tendo em vista as disposições contidas nas Leis n.º 8.212/91,

Dá-se provimento para condenar as rés na indenização equivalente 8.213/91, 8.218/91 e 8.620/93.

aos eventuais valores a serem deduzidos do montante da

condenação a título de imposto de renda. O reclamante reitera o pleito em razões recursais.

Examina-se.

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Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Não tendo o empregador cumprido as suas obrigações no momento

oportuno, levando o trabalhador a procurar a tutela jurisdicional para

a realização plena dos seus direitos, as deduções previdenciárias

que incidam sobre as verbas reconhecidas em Juízo ao empregado

devem ser indenizadas pelo empregador, limitando-se os descontos

da parte autora ao valor histórico.

Por conseguinte, não tendo o empregador promovido o

recolhimento das contribuições previdenciárias na época própria, a

ele caberá arcar com os prejuízos provocados, em conformidade

com os arts. 186 e 927 do Código Civil.

Nesse sentido, a Súmula n. 17 deste Regional, in verbis: Acordam os Magistrados da 1ª Turma do Tribunal Regional do

Trabalho da 17ª Região, na Sessão Ordinária realizada no dia 03 de

Contribuição previdenciária. No tocante às contribuições dezembro de 2019, às 13 horas e 30 minutos, sob a Presidência do

previdenciárias decorrentes de créditos reconhecidos em sentença, Exmo. Desembargador Cláudio Armando Couce de Menezes, com

nos termos do art. 20, da Lei 8.212/91, deve o Reclamante arcar a participação do Exmo. Desembargador Mário Ribeiro Cantarino

somente com o pagamento da contribuição previdenciária em seus Neto e do Exmo. Desembargador José Carlos Rizk, e presente o

valores históricos, ficando a cargo da empresa o pagamento de Procurador Regional do Trabalho, Dr. Levi Scatolin; por

juros, atualização monetária e multas. unanimidade, conhecer do recurso ordinário interposto pelo

reclamante, e no mérito, por maioria, dar-lhe parcial provimento ao

Ante o exposto, dá-se provimento parcial para determinar que os apelo para condenar a 4ª reclamada subsidiariamente, para

descontos previdenciários cota-reclamante sejam efetuados pelo estabelecer que a verba honorária devida pelo autor deverá ficar,

valor histórico, tocando à parte ré arcar com a correção monetária, nos termos do § 4º do art. 791-A da CLT, sob condição suspensiva

juros e multas. de exigibilidade, observada a impossibilidade de compensação com

eventuais créditos obtidos em juízo, e somente poderá ser

executada se, nos 2 (dois) anos subsequentes ao trânsito em

julgado da decisão que a certificou, o credor demonstrar que deixou

de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a

concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tal

obrigação do beneficiário, para condenar as rés na indenização

equivalente aos eventuais valores a serem deduzidos do montante

da condenação a título de imposto de renda e para determinar que

os descontos previdenciários cota-reclamante sejam efetuados pelo

valor histórico, tocando à parte ré arcar com a correção monetária,

juros e multas. Mantido o valor das custas, pelas rés. Vencido, no

tocante à responsabilidade subsidiária, o Exmo. Desembargador

Mário Ribeiro Cantarino Neto.

3. ACÓRDÃO

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Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

RECORRENTE: JOSÉ ANTÔNIO CONSTANTINO

RECORRIDOS: S.O.S. GASES INDUSTRIAIS E MEDICINAIS

LTDA. - EPP; MARCUS VINÍCIUS DA ROCHA CONFORTE;

DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK DENISE MARIA DA ROCHA SORIO.

Relator WHITE MARTINS GASES INDUSTRIAIS LTDA.

ORIGEM: 6ª VARA DO TRABALHO DE VITÓRIA - ES

RELATOR: DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK

COMPETÊNCIA: 1ª TURMA

Acórdão
Processo Nº ROT-0000011-51.2019.5.17.0006
Relator JOSE CARLOS RIZK
RECORRENTE JOSE ANTONIO CONSTANTINO
ADVOGADO SAVIO CORREA SIMOES(OAB:
12713/ES)
RECORRIDO S. O. S. GASES INDUSTRIAIS E EMENTA
MEDICINAIS LTDA - EPP
RECORRIDO MARCUS VINICIUS DA ROCHA
CONFORTE
RECORRIDO DENISE MARIA DA ROCHA SORIO
RECORRIDO WHITE MARTINS GASES
INDUSTRIAIS LTDA
ADVOGADO HÉLIDA BRAGANÇA ROSA
PETRI(OAB: 5883/ES)

Intimado(s)/Citado(s):
- S. O. S. GASES INDUSTRIAIS E MEDICINAIS LTDA - EPP

RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE.

RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. SÚMULA Nº 331, IV, DO


PODER JUDICIÁRIO
TST. A jurisprudência reconhece que, como beneficiário do trabalho
JUSTIÇA DO TRABALHO
humano, o tomador de serviços não se desvincula das

consequências produzidas pelo inadimplemento das obrigações

trabalhistas pelo prestador de serviços, sendo responsável por

estas, ainda que de forma subsidiária.

PROCESSO nº 0000011-51.2019.5.17.0006 (ROT)

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Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

O reclamante pretende a reforma da sentença no que tange à

responsabilidade solidária/subsidiária da 4ª reclamada, honorários

advocatícios de sucumbência recíproca, imposto de renda e

contribuições previdenciárias.

As reclamadas não apresentaram contrarrazões, apesar de

1. RELATÓRIO intimadas.

É o relatório.

A presente demanda foi ajuizada em 10/01/2019, portanto após

iniciada a vigência da Lei n. 13.467/2017, denominada Reforma

Trabalhista. Ademais, não houve declaração de prescrição pela

Origem, nem recurso quanto à matéria. 2. FUNDAMENTAÇÃO

Trata-se de recurso ordinário interposto pelo reclamante em face da

r. sentença de ID. 0035eb8, que rejeitou a preliminar de

ilegitimidade passiva ad causam suscitada pela 4ª ré (White Martins

Gases Industriais Ltda.), declarou a revelia da 1ª ré (S.O.S. Gases

Industriais e Medicinais Ltda. - EPP), do 2º réu (Sócio Marcus

Vinícius da Rocha Conforte) e da 3ª ré (Sócia Denise Maria da

Rocha Sorio), condenando solidariamente o 1º, 2º e 3º réus no

pagamento do aviso prévio, saldo de salário de novembro e

dezembro de 2018, 13º salário integral de 2018, férias integrais do

período aquisitivo de 2017/2018 mais 1/3, férias proporcionais

(9/12) mais 1/3 do período subsequente, FGTS desde junho de

2018, multa fundiária, horas extras e honorários advocatícios.

Ainda, deferiu ao autor a gratuidade de justiça, condenando-o

também em honorários advocatícios de sucumbência recíproca. 2.1. CONHECIMENTO

Registra-se que o pedido de condenação solidária/subsidiária da 4ª

reclamada (White Martins Gases Industriais Ltda.) foi julgado

improcedente, matéria objeto do apelo obreiro.

Ressalta-se que a 1ª ré (S.O.S. Gases Industriais e Medicinais Ltda.

- EPP), o 2º réu (Sócio Marcus Vinícius da Rocha Conforte) e a 3ª

ré (Sócia Denise Maria da Rocha Sorio) estão em lugar incerto e

não sabido, não compareceram à audiência nem apresentaram

contestação, razão pela qual foram declaradas revéis e confessas

quanto aos fatos. A presente demanda foi ajuizada em 10/01/2019, portanto após

iniciada a vigência da Lei n. 13.467/2017, denominada Reforma

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Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Trabalhista. Ademais, não houve declaração de prescrição pela

Origem, nem recurso quanto à matéria.

Conhece-se do recurso ordinário do reclamante, porquanto

preenchidos os pressupostos de admissibilidade recursal.

O reclamante é beneficiário da justiça gratuita.

2.2.1. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DA QUARTA

RECLAMADA. WHITE MARTINS GASES INDUSTRIAIS LTDA.

A presente demanda foi ajuizada em 10/01/2019, portanto após

iniciada a vigência da Lei n. 13.467/2017, denominada Reforma

Trabalhista. Ademais, não houve declaração de prescrição pela

Origem, nem recurso quanto à matéria.

O autor afirma na peça de ingresso que foi admitido pela 1ª ré

(S.O.S. Gases Industriais e Medicinais Ltda. - EPP) em 02/03/2015,

na função de Motorista de Caminhão, mediante pagamento mensal

inicial de R$ 1.086,05 (um mil e oitenta e seis reais e cinco

centavos), tendo como último dia trabalhado em 10/12/2018 data

em que a 1ª ré encerrou suas atividades sem formalizar a rescisão

do contrato de trabalho do autor e demais empregados.

Em aditamento à petição inicial, o reclamante informou que após o

ajuizamento da ação entabulou acordo de rescisão do contrato de

trabalho, no qual a ré reconheceu o encerramento do contrato sem

justa causa ocorrido em 09/12/2018, já considerado o aviso prévio

trabalhado (ID. a89de22), comprometendo-se ao pagamento das

verbas rescisórias decorrentes (TRCT de ID. d144c25).

O reclamante afirmou que apesar de ter sido contratado pela 1ª

2.2. MÉRITO reclamada, desempenhava suas atividades transportando produtos

exclusivamente da 4ª reclamada (White Martins Gases Industriais

Ltda.), fornecedora de 90% dos cilindros gás utilizados pela 1ª ré.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 487
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Registrou que a 4ª reclamada foi beneficiada pela sua mão de obra,

motivo pelo qual requereu a sua condenação solidária/subsidiária. No mesmo sentido encontra-se o entendimento do Supremo

Tribunal Federal cristalizado no julgamento da Arguição de

A Origem julgou improcedente o pedido de condenação Descumprimento de Preceito Fundamental 324, na qual em sede de

solidária/subsidiária da 4ª ré, considerando que o contrato comercial repercussão geral, reconheceu a licitude da terceirização da

de fornecimento de gás sem exclusividade não é capaz de transferir atividade-fim e manteve a responsabilidade subsidiária da empresa

a responsabilidade pelas verbas trabalhistas à empresa tomadora, conforme ata de julgamento Nº 31, de 30/08/2018, DJE

fornecedora. nº 188, divulgado em 06/09/2018. Na mesma data foi publicado,

dado o julgamento conjunto, do acórdão proferido em Recurso

O autor sustenta que deve ser reformada a sentença no ponto, Extraordinário 958252:

reiterando que a hipótese se enquadra no entendimento cristalizado

na Súmula 331 do C. TST. "O Tribunal, por maioria e nos termos do voto do Relator,

apreciando o tema 725 da repercussão geral, deu provimento ao

Analisa-se. recurso extraordinário, vencidos os Ministros Edson Fachin, Rosa

Weber, Ricardo Lewandowski e Marco Aurélio. Em seguida, o

O reclamante aduz na exordial que foi contrato pela 1ª reclamada Tribunal fixou a seguinte tese: "É lícita a terceirização ou qualquer

(S.O.S. Gases Industriais e Medicinais Ltda. - EPP) como motorista outra forma de divisão do trabalho entre pessoas jurídicas distintas,

de caminhão para transportar os cilindros de gás comercializados independentemente do objeto social das empresas envolvidas,

pela 1ª ré e fornecidos pela 4ª reclamada. Por óbvio, ainda que a mantida a responsabilidade subsidiária da empresa contratante",

distribuição ao consumidor final tenha ocorrido por empresa vencida a Ministra Rosa Weber. O Ministro Marco Aurélio não se

interposta, entende-se que a 4ª reclamada se beneficiou do trabalho pronunciou quanto à tese. Ausentes os Ministros Dias Toffoli e

do autor. Gilmar Mendes no momento da fixação da tese. Presidiu o

julgamento a Ministra Cármen Lúcia. Plenário, 30.8.2018".

Infere-se do contrato de ID.3993b42 que a 4ª ré (White Martins),

como empresa fornecedora gases à 1ª ré (S.O.S. Gases Industriais Com efeito, havendo a tomadora de serviços se beneficiado da mão

e Medicinais Ltda. - EPP), podia definir a modalidade de de obra do empregado, deve arcar subsidiariamente com os ônus

fornecimento do produto e especificação técnica dos equipamentos, decorrentes do inadimplemento das verbas trabalhistas devidas

podendo, a seu critério, substituir os equipamentos utilizados no pela 1ª ré (S.O.S. Gases Industriais e Medicinais Ltda. - EPP).

fornecimento sempre que entendesse necessário, além disso era

responsável por instalar/entregar no estabelecimento da 1ª ré os Repisa-se que é legal a intermediação de mão de obra, mas devem

equipamentos necessários para o fornecimento do produto (gás responder os tomadores dos serviços pela culpa in vigilando e in

industrial), conforme cláusula terceira, itens "a" e "b" do contrato. eligendoao escolher erroneamente e não fiscalizar a empresa

contratada que não adimpliu as obrigações trabalhistas.

Dos termos do sobredito contrato, constata-se que a 4ª ré (White

Martins) foi beneficiada pela mão de obra do reclamante como típica É oportuna a transcrição do inciso IV da Súmula 331 do TST:

tomadora de serviços, visto que o reclamante foi contratado pela 1ª

reclamada como motorista de caminhão para transportar os "O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do

cilindros de gás da 4ª reclamada ao consumidor final. empregador, implica a responsabilidade subsidiária do tomador dos

serviços quanto àquelas obrigações, desde que haja participado da

Nesses termos, independente da roupagem que se tenha dado ao relação processual e conste também do título executivo judicial."

contrato das reclamadas, do objeto social das empresas ou de

cláusula contratual prevendo isenção de responsabilidade, tais fatos A recorrente tampouco nega que o reclamante tenha prestado

não têm o condão de afastar a obrigação subsidiária da 4ª serviços em seu favor, argumentando que a prestação ocorria de

reclamada pelos créditos trabalhistas, com respaldo nos artigos 186 forma concomitante a outras empresas fornecedoras de gás,

e 927 do CCB, bem como pela aplicação do princípio da primazia inexistindo exclusividade.

da realidade e da função do social do trabalho.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 488
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Ocorre que, conforme acima exposto, o fato de a 4ª reclamada ter Registra-se, ainda, que o entendimento do TST se pacificou no

se beneficiado da mão de obra do reclamante por interposta sentido de que a responsabilidade subsidiária abrange todas as

empresa é suficiente para se reconhecer sua responsabilidade verbas decorrentes da condenação, inclusive as multas e

subsidiária. indenizações. Isto porque o item VI à Súmula nº 331 do TST não faz

ressalva ao estabelecer que a "responsabilidade subsidiária do

Em suma, é irrelevante para a responsabilização subsidiária a tomador de serviços abrange todas as verbas decorrentes da

existência de simultaneidade de tomadoras de serviço, já que o que condenação referentes ao período da prestação laboral."

realmente importa para o reconhecimento da responsabilidade

subsidiária é a utilização da força de trabalho do reclamante, o que, Portanto, havendo a 4ª reclamada se beneficiado da mão de obra

in casu¸ indubitavelmente ocorreu. do reclamante, reconhece-se sua responsabilidade subsidiária

quanto ao pagamento das verbas deferidas.

A empresa beneficiária dos serviços prestados pelo empregado da

empresa por ela contratada será subsidiariamente responsável Dá-se provimento para condenar a 4ª reclamada subsidiariamente.

pelas obrigações trabalhistas não pagas pela empregadora direta.

Com efeito, a responsabilidade subsidiária do tomador dos serviços

pelo inadimplemento das obrigações trabalhistas, referente ao

contrato de trabalho do empregado do prestador de serviços,

decorre de sua culpa in vigilando, consubstanciada na falta ou

deficiência de fiscalização das obrigações decorrentes, inclusive as

trabalhistas.

Cabe ressaltar que, na responsabilidade subsidiária, o devedor (no 2.2.2. AUTOR BENEFICIÁRIO DA JUSTIÇA GRATUITA.

caso o tomador dos serviços), não se obriga direta e imediatamente CONDIÇÃO SUSPENSIVA DE EXIGIBILIDADE DOS

pelo débito, somente respondendo nas hipóteses de HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

inadimplemento ou insuficiência patrimonial do prestador dos

serviços.

Esclarece-se que também não há ofensa aos arts. 5º, II, e 22, I, da

Carta Magna, haja vista que a condenação subsidiária encontra

respaldo nos arts. 186 e 927 do CCB.

Registre-se, por oportuno, que no tocante à ordem das

responsabilidades, deve-se aplicar o disposto na Súmula nº 04 A presente demanda foi ajuizada em 10/01/2019, portanto após

deste E. TRT, que dispõe, in verbis: iniciada a vigência da Lei n. 13.467/2017, denominada Reforma

Trabalhista. Ademais, não houve declaração de prescrição pela

"EXECUÇÃO. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. Origem, nem recurso quanto à matéria.

DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA. ORDEM

DOS ATOS EXECUTÓRIOS. A responsabilidade patrimonial do O autor afirma na peça de ingresso que foi admitido pela 1ª ré

devedor subsidiário na execução precede a dos sócios do devedor (S.O.S. Gases Industriais e Medicinais Ltda. - EPP) em 02/03/2015,

principal, salvo manifestação do credor em sentido contrário. A na função de Motorista de Caminhão, mediante pagamento mensal

desconsideração da personalidade jurídica do devedor principal se inicial de R$ 1.086,05 (um mil e oitenta e seis reais e cinco

faz em caráter excepcional, sendo possível após frustradas as centavos), tendo como último dia trabalhado em 10/12/2018 data

medidas executórias contra os devedores expressos no título em que a 1ª encerrou suas atividades sem formalizar a rescisão do

executivo." contrato de trabalho do autor e demais empregados.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 489
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Em aditamento à petição inicial, o reclamante informou que após o Com o advento da Lei n. 13.467, de 13 de julho de 2017, contudo,

ajuizamento da ação entabulou acordo de rescisão do contrato de foi acrescentado à CLT o art. 791-A, que autorizou a condenação na

trabalho, no qual a ré reconheceu o encerramento do contrato sem verba honorária em razão da mera sucumbência.

justa causa ocorrido em 09/12/2018, já considerado o aviso prévio

trabalhado (ID. a89de22), comprometendo-se ao pagamento das Além disso, o novel dispositivo previu o pagamento de honorários

verbas rescisórias decorrentes (TRCT de ID. d144c25). de sucumbência recíproca, de forma que, vencido o reclamante,

ainda que relativamente a um único pedido, também deverá ele

A sentença julgou parcialmente procedente os pedidos e condenou responder pela verba honorária da parte contrária.

as partes em honorários advocatícios de sucumbência recíproca,

nos seguintes termos: Em que pese a intensa celeuma jurídica que se instaurou acerca da

aplicabilidade do novo regramento, este Relator adotou o

Condeno o reclamante ao pagamento de honorários advocatícios entendimento de que os dispositivos da Reforma Trabalhista que

em favor do(s) procurador(es) do 4º reclamado em 10% do valor da versam sobre honorários advocatícios apenas incidem nas

causa. demandas ajuizadas após a vigência da Lei 13.467/17, que ocorreu

em 11/11/2017. Em suma, o marco quanto à aplicação ou não das

Condeno o 1º, 2º, e 3º reclamados ao pagamento de honorários inovações legislativas advindas da Lei n. 13.467/2017 é a data do

advocatícios em favor do(s) procurador(es) do reclamante em 10% ajuizamento da ação e a contestação.

do valor dos pedidos acolhidos.

O C. TST posicionou-se no mesmo sentido na recém editada

A Lei 13467/2017 restringe o destinatário da verba honorária Instrução Normativa n. 41, que, em seu art. 6º assim dispõe:

sucumbencial, revertendo-a apenas aos advogados.

Art. 6º Na Justiça do Trabalho, a condenação em honorários

Não há que se falar em inconstitucionalidade do art. 791-A, na advocatícios sucumbenciais, prevista no art. 791-A, e parágrafos, da

medida em que a condenação da parte em honorários de CLT, será aplicável apenas às ações propostas após 11 de

sucumbência não impede o livre o livre acesso à justiça, mas novembro de 2017 (Lei nº 13.467/2017). Nas ações propostas

apenas estabelece uma espécie de litigância responsável. anteriormente, subsistem as diretrizes do art. 14 da Lei 5.584/1970

e das Súmulas nº 219 e 329 do TST.

Os honorários não são compensáveis entre si.

A presente demanda foi ajuizada em 10/01/2019, logo, sob a égide

A base de cálculo conta com exclusão dos encargos previdenciários da Reforma Trabalhista.

e fiscais.

Destarte, são devidos, na espécie, os honorários advocatícios, nos

Observe-se o §4º do artigo 791-A, da CLT. termos da nova legislação, in verbis:

Requereu que seja aplicada a condição suspensiva de exigibilidade Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão

dos honorários advocatícios em que foi condenado, considerando a devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5%

legislação vigente da matéria à data da prolação da sentença. (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o

valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico

Analisa-se. obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado

da causa.

Na Justiça do Trabalho, prevalecia o entendimento consubstanciado

nas Súmulas n.º 219 e 329 do E. TST segundo o qual, em se § 1o Os honorários são devidos também nas ações contra a

tratando de conflito decorrente da relação de emprego, os Fazenda Pública e nas ações em que a parte estiver assistida ou

honorários advocatícios eram devidos apenas quando preenchidos substituída pelo sindicato de sua categoria.

os requisitos contidos no art. 14 da Lei n. 5.584/1970.

§ 2o Ao fixar os honorários, o juízo observará:

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se nos 2 (anos) subsequentes ao trânsito em julgado da decisão

I - o grau de zelo do profissional; que a certificou, o credor demonstrar que deixou de existir a

situação de insuficiência de recursos que justificou a concessão de

II - o lugar de prestação do serviço; gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tal obrigação do

beneficiário.

III - a natureza e a importância da causa;

Dá-se parcial provimento ao apelo obreiro para estabelecer que a

IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o verba honorária devida pelo autor deverá ficar, nos termos do § 4º

seu serviço. do art. 791-A da CLT, observada a impossibilidade de compensação

com eventuais créditos obtidos em juízo, e somente poderá ser

Por outro lado, é certo que, consoante exegese da Súmula n.º 326 executada se, nos 2 (dois) anos subsequentes ao trânsito em

do STJ, não há sucumbência quando o pedido formulado for julgado da decisão que a certificou, o credor demonstrar que deixou

acolhido parcialmente, mas apenas no caso de seu indeferimento de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a

total. concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tal

obrigação do beneficiário.

No caso em tela, o autor obteve êxito quanto aos pedidos de verbas

rescisórias, salários atrasados, férias vencidas, FGTS, horas extras

e intervalo intrajornada, restando sucumbente quanto aos pedidos

de indenização por danos morais, multa do art. 467 da CLT e multa

do art. 477 da CLT. Logo, imputa-se devidos os honorários

advocatícios pela sucumbência recíproca.

Registra-se que a responsabilidade subsidiária da 4ª ré (White

Martins) abrange a referida parcela, nos termos do item VI da

Súmula n. 331 do TST. 2.2.3. DESCONTOS FISCAIS

Contudo, in casu, o reclamante é beneficiário da justiça gratuita e,

em que pese o § 4º do art. 791-A da CLT dispor que as obrigações

decorrentes da sucumbência do beneficiário da justiça gratuita

seriam compensadas com eventuais créditos obtidos em juízo, este

Relator entende ser inaplicável o dispositivo em questão no que

tange à mencionada compensação, tendo em vista que tal norma

viola as garantias constitucionais de amplo acesso à Justiça, de

assistência jurídica integral e gratuita e de proteção do salário. A presente demanda foi ajuizada em 10/01/2019, portanto após

iniciada a vigência da Lei n. 13.467/2017, denominada Reforma

Acerca do tema, registra-se que no dia 23/10/2019, o Pleno deste Trabalhista. Ademais, não houve declaração de prescrição pela

Regional, por maioria absoluta no Incidente de Inconstitucionalidade Origem, nem recurso quanto à matéria.

n. 0000453-35.2019.5.17.00000, declarou a inconstitucionalidade

parcial do § 4º do art. 791-A da CLT somente quanto ao trecho: O autor afirma na peça de ingresso que foi admitido pela 1ª ré

"desde que não tenha obtido em juízo, ainda que em outro (S.O.S. Gases Industriais e Medicinais Ltda. - EPP) em 02/03/2015,

processo, créditos capazes de suportar a despesa". na função de Motorista de Caminhão, mediante pagamento mensal

inicial de R$ 1.086,05 (um mil e oitenta e seis reais e cinco

Com efeito, prevaleceu a tese no sentido de que não se pode atingir centavos), tendo como último dia trabalhado em 10/12/2018 data

os créditos deferidos ao beneficiário da justiça gratuita, ainda que em que a 1ª ré encerrou suas atividades sem formalizar a rescisão

em outro processo, mas tão somente que a verba honorária fique do contrato de trabalho do autor e demais empregados.

sob condição suspensiva de exigibilidade, podendo ser executada,

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Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Em aditamento à petição inicial, o reclamante informou que após o

ajuizamento da ação entabulou acordo de rescisão do contrato de Portanto, em conformidade com o disposto no art. 8º da CLT,

trabalho, no qual a ré reconheceu o encerramento do contrato sem combinado com o disposto nos arts. 186 e 927, ambos do Código

justa causa ocorrido em 09/12/2018, já considerado o aviso prévio Civil, devem as reclamadas indenizar o autor por eventuais valores

trabalhado (ID. a89de22), comprometendo-se ao pagamento das a serem deduzidos do montante da condenação a título de imposto

verbas rescisórias decorrentes (TRCT de ID. d144c25). de renda.

Requereu a condenação da rés na indenização correspondentes Registra-se que a responsabilidade subsidiária da 4ª ré (White

aos descontos fiscais e previdenciários por não terem cumprido com Martins) abrange a referida parcela, nos termos do item VI da

suas obrigações trabalhistas ao tempo próprio. Súmula n. 331 do TST.

A Origem autorizou a dedução das contribuições previdenciárias Dá-se provimento para condenar as rés na indenização equivalente

nos seguintes parâmetros: aos eventuais valores a serem deduzidos do montante da

condenação a título de imposto de renda.

Tendo em vista as disposições contidas nas Leis n.º 8.212/91,

8.213/91, 8.218/91 e 8.620/93, defiro os descontos à Previdência

Social e Imposto de Renda, caso sejam devidos, nos termos do art.

462 da CLT.

Ainda, deverá a reclamada prestar as informações a que se refere o

artigo 32, inciso IV, da Lei n.8.212/1991, por meio da Guia de

Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e

Informações à Previdência Social (GFIP).

2.2.4. DESCONTOS PREVIDENCIÁRIOS

Quanto ao Imposto de Renda e Proventos de Qualquer Natureza,

observe-se a Instrução Normativa 1500/2014. Não há falar, assim,

em indenização por valor de imposto de renda recolhido a maior.

Entende-se que as deduções fiscais, a incidirem sobre as verbas

reconhecidas em Juízo, devem ser suportadas pelo empregador.

Isso porque a reclamada deixou de cumprir as suas obrigações no

momento oportuno, levando o trabalhador a procurar a tutela A presente demanda foi ajuizada em 10/01/2019, portanto após

jurisdicional para a realização plena dos seus direitos. iniciada a vigência da Lei n. 13.467/2017, denominada Reforma

Trabalhista. Ademais, não houve declaração de prescrição pela

Registra-se que o reclamante sofreu dano com a conduta negligente Origem, nem recurso quanto à matéria.

da reclamada, pois, caso os valores pleiteados fossem pagos na

época própria, não haveria desconto de IR, haja vista que a O autor afirma na peça de ingresso que foi admitido pela 1ª ré

remuneração do obreiro está dentro da faixa de isenção do referido (S.O.S. Gases Industriais e Medicinais Ltda. - EPP) em 02/03/2015,

imposto. na função de Motorista de Caminhão, mediante pagamento mensal

inicial de R$ 1.086,05 (um mil e oitenta e seis reais e cinco

Logo, com espeque nos artigos 186 c/c 927, ambos do Código Civil, centavos), tendo como último dia trabalhado em 10/12/2018 data

o infrator deve ser responsabilizado pela reparação do dano nos em que a 1ª ré encerrou suas atividades sem formalizar a rescisão

casos em que age de forma negligente, hipótese que se amolda ao do contrato de trabalho do autor e demais empregados.

caso em apreço, porquanto a empregadora não pagou de forma

correta, e em época própria as verbas salariais devidas ao obreiro. Em aditamento à petição inicial, o reclamante informou que após o

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ajuizamento da ação entabulou acordo de rescisão do contrato de

trabalho, no qual a ré reconheceu o encerramento do contrato sem

justa causa ocorrido em 09/12/2018, já considerado o aviso prévio

trabalhado (ID. a89de22), comprometendo-se ao pagamento das

verbas rescisórias decorrentes (TRCT de ID. d144c25).

Requereu a condenação da rés na indenização correspondente aos

descontos previdenciários.

A Origem deferiu os descontos das contribuições previdenciárias,

tendo em vista as disposições contidas nas Leis n.º 8.212/91, 3. ACÓRDÃO

8.213/91, 8.218/91 e 8.620/93.

O reclamante reitera o pleito em razões recursais.

Examina-se.

Não tendo o empregador cumprido as suas obrigações no momento

oportuno, levando o trabalhador a procurar a tutela jurisdicional para

a realização plena dos seus direitos, as deduções previdenciárias

que incidam sobre as verbas reconhecidas em Juízo ao empregado

devem ser indenizadas pelo empregador, limitando-se os descontos

da parte autora ao valor histórico.

Por conseguinte, não tendo o empregador promovido o

recolhimento das contribuições previdenciárias na época própria, a

ele caberá arcar com os prejuízos provocados, em conformidade

com os arts. 186 e 927 do Código Civil.

Nesse sentido, a Súmula n. 17 deste Regional, in verbis: Acordam os Magistrados da 1ª Turma do Tribunal Regional do

Trabalho da 17ª Região, na Sessão Ordinária realizada no dia 03 de

Contribuição previdenciária. No tocante às contribuições dezembro de 2019, às 13 horas e 30 minutos, sob a Presidência do

previdenciárias decorrentes de créditos reconhecidos em sentença, Exmo. Desembargador Cláudio Armando Couce de Menezes, com

nos termos do art. 20, da Lei 8.212/91, deve o Reclamante arcar a participação do Exmo. Desembargador Mário Ribeiro Cantarino

somente com o pagamento da contribuição previdenciária em seus Neto e do Exmo. Desembargador José Carlos Rizk, e presente o

valores históricos, ficando a cargo da empresa o pagamento de Procurador Regional do Trabalho, Dr. Levi Scatolin; por

juros, atualização monetária e multas. unanimidade, conhecer do recurso ordinário interposto pelo

reclamante, e no mérito, por maioria, dar-lhe parcial provimento ao

Ante o exposto, dá-se provimento parcial para determinar que os apelo para condenar a 4ª reclamada subsidiariamente, para

descontos previdenciários cota-reclamante sejam efetuados pelo estabelecer que a verba honorária devida pelo autor deverá ficar,

valor histórico, tocando à parte ré arcar com a correção monetária, nos termos do § 4º do art. 791-A da CLT, sob condição suspensiva

juros e multas. de exigibilidade, observada a impossibilidade de compensação com

eventuais créditos obtidos em juízo, e somente poderá ser

executada se, nos 2 (dois) anos subsequentes ao trânsito em

julgado da decisão que a certificou, o credor demonstrar que deixou

de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a

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Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

RECORRIDO MARCUS VINICIUS DA ROCHA


concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tal CONFORTE
RECORRIDO DENISE MARIA DA ROCHA SORIO
obrigação do beneficiário, para condenar as rés na indenização
RECORRIDO WHITE MARTINS GASES
equivalente aos eventuais valores a serem deduzidos do montante INDUSTRIAIS LTDA
ADVOGADO HÉLIDA BRAGANÇA ROSA
da condenação a título de imposto de renda e para determinar que PETRI(OAB: 5883/ES)
os descontos previdenciários cota-reclamante sejam efetuados pelo
Intimado(s)/Citado(s):
valor histórico, tocando à parte ré arcar com a correção monetária,
- MARCUS VINICIUS DA ROCHA CONFORTE
juros e multas. Mantido o valor das custas, pelas rés. Vencido, no

tocante à responsabilidade subsidiária, o Exmo. Desembargador

Mário Ribeiro Cantarino Neto.


PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA DO TRABALHO

PROCESSO nº 0000011-51.2019.5.17.0006 (ROT)

RECORRENTE: JOSÉ ANTÔNIO CONSTANTINO

RECORRIDOS: S.O.S. GASES INDUSTRIAIS E MEDICINAIS

LTDA. - EPP; MARCUS VINÍCIUS DA ROCHA CONFORTE;


DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK
DENISE MARIA DA ROCHA SORIO.

Relator
WHITE MARTINS GASES INDUSTRIAIS LTDA.

ORIGEM: 6ª VARA DO TRABALHO DE VITÓRIA - ES

RELATOR: DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK

COMPETÊNCIA: 1ª TURMA

Acórdão
Processo Nº ROT-0000011-51.2019.5.17.0006
Relator JOSE CARLOS RIZK
RECORRENTE JOSE ANTONIO CONSTANTINO
ADVOGADO SAVIO CORREA SIMOES(OAB:
12713/ES)
RECORRIDO S. O. S. GASES INDUSTRIAIS E
MEDICINAIS LTDA - EPP EMENTA

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período aquisitivo de 2017/2018 mais 1/3, férias proporcionais

(9/12) mais 1/3 do período subsequente, FGTS desde junho de

2018, multa fundiária, horas extras e honorários advocatícios.

Ainda, deferiu ao autor a gratuidade de justiça, condenando-o

também em honorários advocatícios de sucumbência recíproca.

Registra-se que o pedido de condenação solidária/subsidiária da 4ª

RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE. reclamada (White Martins Gases Industriais Ltda.) foi julgado

RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. SÚMULA Nº 331, IV, DO improcedente, matéria objeto do apelo obreiro.

TST. A jurisprudência reconhece que, como beneficiário do trabalho

humano, o tomador de serviços não se desvincula das Ressalta-se que a 1ª ré (S.O.S. Gases Industriais e Medicinais Ltda.

consequências produzidas pelo inadimplemento das obrigações - EPP), o 2º réu (Sócio Marcus Vinícius da Rocha Conforte) e a 3ª

trabalhistas pelo prestador de serviços, sendo responsável por ré (Sócia Denise Maria da Rocha Sorio) estão em lugar incerto e

estas, ainda que de forma subsidiária. não sabido, não compareceram à audiência nem apresentaram

contestação, razão pela qual foram declaradas revéis e confessas

quanto aos fatos.

O reclamante pretende a reforma da sentença no que tange à

responsabilidade solidária/subsidiária da 4ª reclamada, honorários

advocatícios de sucumbência recíproca, imposto de renda e

contribuições previdenciárias.

As reclamadas não apresentaram contrarrazões, apesar de

1. RELATÓRIO intimadas.

É o relatório.

A presente demanda foi ajuizada em 10/01/2019, portanto após

iniciada a vigência da Lei n. 13.467/2017, denominada Reforma

Trabalhista. Ademais, não houve declaração de prescrição pela

Origem, nem recurso quanto à matéria. 2. FUNDAMENTAÇÃO

Trata-se de recurso ordinário interposto pelo reclamante em face da

r. sentença de ID. 0035eb8, que rejeitou a preliminar de

ilegitimidade passiva ad causam suscitada pela 4ª ré (White Martins

Gases Industriais Ltda.), declarou a revelia da 1ª ré (S.O.S. Gases

Industriais e Medicinais Ltda. - EPP), do 2º réu (Sócio Marcus

Vinícius da Rocha Conforte) e da 3ª ré (Sócia Denise Maria da

Rocha Sorio), condenando solidariamente o 1º, 2º e 3º réus no

pagamento do aviso prévio, saldo de salário de novembro e

dezembro de 2018, 13º salário integral de 2018, férias integrais do

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 495
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

2.1. CONHECIMENTO

2.2. MÉRITO

A presente demanda foi ajuizada em 10/01/2019, portanto após

iniciada a vigência da Lei n. 13.467/2017, denominada Reforma

Trabalhista. Ademais, não houve declaração de prescrição pela

Origem, nem recurso quanto à matéria.

Conhece-se do recurso ordinário do reclamante, porquanto

preenchidos os pressupostos de admissibilidade recursal.

O reclamante é beneficiário da justiça gratuita.

2.2.1. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DA QUARTA

RECLAMADA. WHITE MARTINS GASES INDUSTRIAIS LTDA.

A presente demanda foi ajuizada em 10/01/2019, portanto após

iniciada a vigência da Lei n. 13.467/2017, denominada Reforma

Trabalhista. Ademais, não houve declaração de prescrição pela

Origem, nem recurso quanto à matéria.

O autor afirma na peça de ingresso que foi admitido pela 1ª ré

(S.O.S. Gases Industriais e Medicinais Ltda. - EPP) em 02/03/2015,

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 496
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

na função de Motorista de Caminhão, mediante pagamento mensal responsável por instalar/entregar no estabelecimento da 1ª ré os

inicial de R$ 1.086,05 (um mil e oitenta e seis reais e cinco equipamentos necessários para o fornecimento do produto (gás

centavos), tendo como último dia trabalhado em 10/12/2018 data industrial), conforme cláusula terceira, itens "a" e "b" do contrato.

em que a 1ª ré encerrou suas atividades sem formalizar a rescisão

do contrato de trabalho do autor e demais empregados. Dos termos do sobredito contrato, constata-se que a 4ª ré (White

Martins) foi beneficiada pela mão de obra do reclamante como típica

Em aditamento à petição inicial, o reclamante informou que após o tomadora de serviços, visto que o reclamante foi contratado pela 1ª

ajuizamento da ação entabulou acordo de rescisão do contrato de reclamada como motorista de caminhão para transportar os

trabalho, no qual a ré reconheceu o encerramento do contrato sem cilindros de gás da 4ª reclamada ao consumidor final.

justa causa ocorrido em 09/12/2018, já considerado o aviso prévio

trabalhado (ID. a89de22), comprometendo-se ao pagamento das Nesses termos, independente da roupagem que se tenha dado ao

verbas rescisórias decorrentes (TRCT de ID. d144c25). contrato das reclamadas, do objeto social das empresas ou de

cláusula contratual prevendo isenção de responsabilidade, tais fatos

O reclamante afirmou que apesar de ter sido contratado pela 1ª não têm o condão de afastar a obrigação subsidiária da 4ª

reclamada, desempenhava suas atividades transportando produtos reclamada pelos créditos trabalhistas, com respaldo nos artigos 186

exclusivamente da 4ª reclamada (White Martins Gases Industriais e 927 do CCB, bem como pela aplicação do princípio da primazia

Ltda.), fornecedora de 90% dos cilindros gás utilizados pela 1ª ré. da realidade e da função do social do trabalho.

Registrou que a 4ª reclamada foi beneficiada pela sua mão de obra,

motivo pelo qual requereu a sua condenação solidária/subsidiária. No mesmo sentido encontra-se o entendimento do Supremo

Tribunal Federal cristalizado no julgamento da Arguição de

A Origem julgou improcedente o pedido de condenação Descumprimento de Preceito Fundamental 324, na qual em sede de

solidária/subsidiária da 4ª ré, considerando que o contrato comercial repercussão geral, reconheceu a licitude da terceirização da

de fornecimento de gás sem exclusividade não é capaz de transferir atividade-fim e manteve a responsabilidade subsidiária da empresa

a responsabilidade pelas verbas trabalhistas à empresa tomadora, conforme ata de julgamento Nº 31, de 30/08/2018, DJE

fornecedora. nº 188, divulgado em 06/09/2018. Na mesma data foi publicado,

dado o julgamento conjunto, do acórdão proferido em Recurso

O autor sustenta que deve ser reformada a sentença no ponto, Extraordinário 958252:

reiterando que a hipótese se enquadra no entendimento cristalizado

na Súmula 331 do C. TST. "O Tribunal, por maioria e nos termos do voto do Relator,

apreciando o tema 725 da repercussão geral, deu provimento ao

Analisa-se. recurso extraordinário, vencidos os Ministros Edson Fachin, Rosa

Weber, Ricardo Lewandowski e Marco Aurélio. Em seguida, o

O reclamante aduz na exordial que foi contrato pela 1ª reclamada Tribunal fixou a seguinte tese: "É lícita a terceirização ou qualquer

(S.O.S. Gases Industriais e Medicinais Ltda. - EPP) como motorista outra forma de divisão do trabalho entre pessoas jurídicas distintas,

de caminhão para transportar os cilindros de gás comercializados independentemente do objeto social das empresas envolvidas,

pela 1ª ré e fornecidos pela 4ª reclamada. Por óbvio, ainda que a mantida a responsabilidade subsidiária da empresa contratante",

distribuição ao consumidor final tenha ocorrido por empresa vencida a Ministra Rosa Weber. O Ministro Marco Aurélio não se

interposta, entende-se que a 4ª reclamada se beneficiou do trabalho pronunciou quanto à tese. Ausentes os Ministros Dias Toffoli e

do autor. Gilmar Mendes no momento da fixação da tese. Presidiu o

julgamento a Ministra Cármen Lúcia. Plenário, 30.8.2018".

Infere-se do contrato de ID.3993b42 que a 4ª ré (White Martins),

como empresa fornecedora gases à 1ª ré (S.O.S. Gases Industriais Com efeito, havendo a tomadora de serviços se beneficiado da mão

e Medicinais Ltda. - EPP), podia definir a modalidade de de obra do empregado, deve arcar subsidiariamente com os ônus

fornecimento do produto e especificação técnica dos equipamentos, decorrentes do inadimplemento das verbas trabalhistas devidas

podendo, a seu critério, substituir os equipamentos utilizados no pela 1ª ré (S.O.S. Gases Industriais e Medicinais Ltda. - EPP).

fornecimento sempre que entendesse necessário, além disso era

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 497
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Repisa-se que é legal a intermediação de mão de obra, mas devem Carta Magna, haja vista que a condenação subsidiária encontra

responder os tomadores dos serviços pela culpa in vigilando e in respaldo nos arts. 186 e 927 do CCB.

eligendoao escolher erroneamente e não fiscalizar a empresa

contratada que não adimpliu as obrigações trabalhistas. Registre-se, por oportuno, que no tocante à ordem das

responsabilidades, deve-se aplicar o disposto na Súmula nº 04

É oportuna a transcrição do inciso IV da Súmula 331 do TST: deste E. TRT, que dispõe, in verbis:

"O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do "EXECUÇÃO. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA.

empregador, implica a responsabilidade subsidiária do tomador dos DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA. ORDEM

serviços quanto àquelas obrigações, desde que haja participado da DOS ATOS EXECUTÓRIOS. A responsabilidade patrimonial do

relação processual e conste também do título executivo judicial." devedor subsidiário na execução precede a dos sócios do devedor

principal, salvo manifestação do credor em sentido contrário. A

A recorrente tampouco nega que o reclamante tenha prestado desconsideração da personalidade jurídica do devedor principal se

serviços em seu favor, argumentando que a prestação ocorria de faz em caráter excepcional, sendo possível após frustradas as

forma concomitante a outras empresas fornecedoras de gás, medidas executórias contra os devedores expressos no título

inexistindo exclusividade. executivo."

Ocorre que, conforme acima exposto, o fato de a 4ª reclamada ter Registra-se, ainda, que o entendimento do TST se pacificou no

se beneficiado da mão de obra do reclamante por interposta sentido de que a responsabilidade subsidiária abrange todas as

empresa é suficiente para se reconhecer sua responsabilidade verbas decorrentes da condenação, inclusive as multas e

subsidiária. indenizações. Isto porque o item VI à Súmula nº 331 do TST não faz

ressalva ao estabelecer que a "responsabilidade subsidiária do

Em suma, é irrelevante para a responsabilização subsidiária a tomador de serviços abrange todas as verbas decorrentes da

existência de simultaneidade de tomadoras de serviço, já que o que condenação referentes ao período da prestação laboral."

realmente importa para o reconhecimento da responsabilidade

subsidiária é a utilização da força de trabalho do reclamante, o que, Portanto, havendo a 4ª reclamada se beneficiado da mão de obra

in casu¸ indubitavelmente ocorreu. do reclamante, reconhece-se sua responsabilidade subsidiária

quanto ao pagamento das verbas deferidas.

A empresa beneficiária dos serviços prestados pelo empregado da

empresa por ela contratada será subsidiariamente responsável Dá-se provimento para condenar a 4ª reclamada subsidiariamente.

pelas obrigações trabalhistas não pagas pela empregadora direta.

Com efeito, a responsabilidade subsidiária do tomador dos serviços

pelo inadimplemento das obrigações trabalhistas, referente ao

contrato de trabalho do empregado do prestador de serviços,

decorre de sua culpa in vigilando, consubstanciada na falta ou

deficiência de fiscalização das obrigações decorrentes, inclusive as

trabalhistas.

Cabe ressaltar que, na responsabilidade subsidiária, o devedor (no 2.2.2. AUTOR BENEFICIÁRIO DA JUSTIÇA GRATUITA.

caso o tomador dos serviços), não se obriga direta e imediatamente CONDIÇÃO SUSPENSIVA DE EXIGIBILIDADE DOS

pelo débito, somente respondendo nas hipóteses de HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

inadimplemento ou insuficiência patrimonial do prestador dos

serviços.

Esclarece-se que também não há ofensa aos arts. 5º, II, e 22, I, da

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 498
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

A base de cálculo conta com exclusão dos encargos previdenciários

e fiscais.

Observe-se o §4º do artigo 791-A, da CLT.

A presente demanda foi ajuizada em 10/01/2019, portanto após

iniciada a vigência da Lei n. 13.467/2017, denominada Reforma Requereu que seja aplicada a condição suspensiva de exigibilidade

Trabalhista. Ademais, não houve declaração de prescrição pela dos honorários advocatícios em que foi condenado, considerando a

Origem, nem recurso quanto à matéria. legislação vigente da matéria à data da prolação da sentença.

O autor afirma na peça de ingresso que foi admitido pela 1ª ré Analisa-se.

(S.O.S. Gases Industriais e Medicinais Ltda. - EPP) em 02/03/2015,

na função de Motorista de Caminhão, mediante pagamento mensal Na Justiça do Trabalho, prevalecia o entendimento consubstanciado

inicial de R$ 1.086,05 (um mil e oitenta e seis reais e cinco nas Súmulas n.º 219 e 329 do E. TST segundo o qual, em se

centavos), tendo como último dia trabalhado em 10/12/2018 data tratando de conflito decorrente da relação de emprego, os

em que a 1ª encerrou suas atividades sem formalizar a rescisão do honorários advocatícios eram devidos apenas quando preenchidos

contrato de trabalho do autor e demais empregados. os requisitos contidos no art. 14 da Lei n. 5.584/1970.

Em aditamento à petição inicial, o reclamante informou que após o Com o advento da Lei n. 13.467, de 13 de julho de 2017, contudo,

ajuizamento da ação entabulou acordo de rescisão do contrato de foi acrescentado à CLT o art. 791-A, que autorizou a condenação na

trabalho, no qual a ré reconheceu o encerramento do contrato sem verba honorária em razão da mera sucumbência.

justa causa ocorrido em 09/12/2018, já considerado o aviso prévio

trabalhado (ID. a89de22), comprometendo-se ao pagamento das Além disso, o novel dispositivo previu o pagamento de honorários

verbas rescisórias decorrentes (TRCT de ID. d144c25). de sucumbência recíproca, de forma que, vencido o reclamante,

ainda que relativamente a um único pedido, também deverá ele

A sentença julgou parcialmente procedente os pedidos e condenou responder pela verba honorária da parte contrária.

as partes em honorários advocatícios de sucumbência recíproca,

nos seguintes termos: Em que pese a intensa celeuma jurídica que se instaurou acerca da

aplicabilidade do novo regramento, este Relator adotou o

Condeno o reclamante ao pagamento de honorários advocatícios entendimento de que os dispositivos da Reforma Trabalhista que

em favor do(s) procurador(es) do 4º reclamado em 10% do valor da versam sobre honorários advocatícios apenas incidem nas

causa. demandas ajuizadas após a vigência da Lei 13.467/17, que ocorreu

em 11/11/2017. Em suma, o marco quanto à aplicação ou não das

Condeno o 1º, 2º, e 3º reclamados ao pagamento de honorários inovações legislativas advindas da Lei n. 13.467/2017 é a data do

advocatícios em favor do(s) procurador(es) do reclamante em 10% ajuizamento da ação e a contestação.

do valor dos pedidos acolhidos.

O C. TST posicionou-se no mesmo sentido na recém editada

A Lei 13467/2017 restringe o destinatário da verba honorária Instrução Normativa n. 41, que, em seu art. 6º assim dispõe:

sucumbencial, revertendo-a apenas aos advogados.

Art. 6º Na Justiça do Trabalho, a condenação em honorários

Não há que se falar em inconstitucionalidade do art. 791-A, na advocatícios sucumbenciais, prevista no art. 791-A, e parágrafos, da

medida em que a condenação da parte em honorários de CLT, será aplicável apenas às ações propostas após 11 de

sucumbência não impede o livre o livre acesso à justiça, mas novembro de 2017 (Lei nº 13.467/2017). Nas ações propostas

apenas estabelece uma espécie de litigância responsável. anteriormente, subsistem as diretrizes do art. 14 da Lei 5.584/1970

e das Súmulas nº 219 e 329 do TST.

Os honorários não são compensáveis entre si.

A presente demanda foi ajuizada em 10/01/2019, logo, sob a égide

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 499
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

da Reforma Trabalhista. seriam compensadas com eventuais créditos obtidos em juízo, este

Relator entende ser inaplicável o dispositivo em questão no que

Destarte, são devidos, na espécie, os honorários advocatícios, nos tange à mencionada compensação, tendo em vista que tal norma

termos da nova legislação, in verbis: viola as garantias constitucionais de amplo acesso à Justiça, de

assistência jurídica integral e gratuita e de proteção do salário.

Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão

devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% Acerca do tema, registra-se que no dia 23/10/2019, o Pleno deste

(cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o Regional, por maioria absoluta no Incidente de Inconstitucionalidade

valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico n. 0000453-35.2019.5.17.00000, declarou a inconstitucionalidade

obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado parcial do § 4º do art. 791-A da CLT somente quanto ao trecho:

da causa. "desde que não tenha obtido em juízo, ainda que em outro

processo, créditos capazes de suportar a despesa".

§ 1o Os honorários são devidos também nas ações contra a

Fazenda Pública e nas ações em que a parte estiver assistida ou Com efeito, prevaleceu a tese no sentido de que não se pode atingir

substituída pelo sindicato de sua categoria. os créditos deferidos ao beneficiário da justiça gratuita, ainda que

em outro processo, mas tão somente que a verba honorária fique

§ 2o Ao fixar os honorários, o juízo observará: sob condição suspensiva de exigibilidade, podendo ser executada,

se nos 2 (anos) subsequentes ao trânsito em julgado da decisão

I - o grau de zelo do profissional; que a certificou, o credor demonstrar que deixou de existir a

situação de insuficiência de recursos que justificou a concessão de

II - o lugar de prestação do serviço; gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tal obrigação do

beneficiário.

III - a natureza e a importância da causa;

Dá-se parcial provimento ao apelo obreiro para estabelecer que a

IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o verba honorária devida pelo autor deverá ficar, nos termos do § 4º

seu serviço. do art. 791-A da CLT, observada a impossibilidade de compensação

com eventuais créditos obtidos em juízo, e somente poderá ser

Por outro lado, é certo que, consoante exegese da Súmula n.º 326 executada se, nos 2 (dois) anos subsequentes ao trânsito em

do STJ, não há sucumbência quando o pedido formulado for julgado da decisão que a certificou, o credor demonstrar que deixou

acolhido parcialmente, mas apenas no caso de seu indeferimento de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a

total. concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tal

obrigação do beneficiário.

No caso em tela, o autor obteve êxito quanto aos pedidos de verbas

rescisórias, salários atrasados, férias vencidas, FGTS, horas extras

e intervalo intrajornada, restando sucumbente quanto aos pedidos

de indenização por danos morais, multa do art. 467 da CLT e multa

do art. 477 da CLT. Logo, imputa-se devidos os honorários

advocatícios pela sucumbência recíproca.

Registra-se que a responsabilidade subsidiária da 4ª ré (White

Martins) abrange a referida parcela, nos termos do item VI da

Súmula n. 331 do TST. 2.2.3. DESCONTOS FISCAIS

Contudo, in casu, o reclamante é beneficiário da justiça gratuita e,

em que pese o § 4º do art. 791-A da CLT dispor que as obrigações

decorrentes da sucumbência do beneficiário da justiça gratuita

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 500
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

reconhecidas em Juízo, devem ser suportadas pelo empregador.

Isso porque a reclamada deixou de cumprir as suas obrigações no

momento oportuno, levando o trabalhador a procurar a tutela

A presente demanda foi ajuizada em 10/01/2019, portanto após jurisdicional para a realização plena dos seus direitos.

iniciada a vigência da Lei n. 13.467/2017, denominada Reforma

Trabalhista. Ademais, não houve declaração de prescrição pela Registra-se que o reclamante sofreu dano com a conduta negligente

Origem, nem recurso quanto à matéria. da reclamada, pois, caso os valores pleiteados fossem pagos na

época própria, não haveria desconto de IR, haja vista que a

O autor afirma na peça de ingresso que foi admitido pela 1ª ré remuneração do obreiro está dentro da faixa de isenção do referido

(S.O.S. Gases Industriais e Medicinais Ltda. - EPP) em 02/03/2015, imposto.

na função de Motorista de Caminhão, mediante pagamento mensal

inicial de R$ 1.086,05 (um mil e oitenta e seis reais e cinco Logo, com espeque nos artigos 186 c/c 927, ambos do Código Civil,

centavos), tendo como último dia trabalhado em 10/12/2018 data o infrator deve ser responsabilizado pela reparação do dano nos

em que a 1ª ré encerrou suas atividades sem formalizar a rescisão casos em que age de forma negligente, hipótese que se amolda ao

do contrato de trabalho do autor e demais empregados. caso em apreço, porquanto a empregadora não pagou de forma

correta, e em época própria as verbas salariais devidas ao obreiro.

Em aditamento à petição inicial, o reclamante informou que após o

ajuizamento da ação entabulou acordo de rescisão do contrato de Portanto, em conformidade com o disposto no art. 8º da CLT,

trabalho, no qual a ré reconheceu o encerramento do contrato sem combinado com o disposto nos arts. 186 e 927, ambos do Código

justa causa ocorrido em 09/12/2018, já considerado o aviso prévio Civil, devem as reclamadas indenizar o autor por eventuais valores

trabalhado (ID. a89de22), comprometendo-se ao pagamento das a serem deduzidos do montante da condenação a título de imposto

verbas rescisórias decorrentes (TRCT de ID. d144c25). de renda.

Requereu a condenação da rés na indenização correspondentes Registra-se que a responsabilidade subsidiária da 4ª ré (White

aos descontos fiscais e previdenciários por não terem cumprido com Martins) abrange a referida parcela, nos termos do item VI da

suas obrigações trabalhistas ao tempo próprio. Súmula n. 331 do TST.

A Origem autorizou a dedução das contribuições previdenciárias Dá-se provimento para condenar as rés na indenização equivalente

nos seguintes parâmetros: aos eventuais valores a serem deduzidos do montante da

condenação a título de imposto de renda.

Tendo em vista as disposições contidas nas Leis n.º 8.212/91,

8.213/91, 8.218/91 e 8.620/93, defiro os descontos à Previdência

Social e Imposto de Renda, caso sejam devidos, nos termos do art.

462 da CLT.

Ainda, deverá a reclamada prestar as informações a que se refere o

artigo 32, inciso IV, da Lei n.8.212/1991, por meio da Guia de

Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e

Informações à Previdência Social (GFIP).

2.2.4. DESCONTOS PREVIDENCIÁRIOS

Quanto ao Imposto de Renda e Proventos de Qualquer Natureza,

observe-se a Instrução Normativa 1500/2014. Não há falar, assim,

em indenização por valor de imposto de renda recolhido a maior.

Entende-se que as deduções fiscais, a incidirem sobre as verbas

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 501
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Nesse sentido, a Súmula n. 17 deste Regional, in verbis:

Contribuição previdenciária. No tocante às contribuições

A presente demanda foi ajuizada em 10/01/2019, portanto após previdenciárias decorrentes de créditos reconhecidos em sentença,

iniciada a vigência da Lei n. 13.467/2017, denominada Reforma nos termos do art. 20, da Lei 8.212/91, deve o Reclamante arcar

Trabalhista. Ademais, não houve declaração de prescrição pela somente com o pagamento da contribuição previdenciária em seus

Origem, nem recurso quanto à matéria. valores históricos, ficando a cargo da empresa o pagamento de

juros, atualização monetária e multas.

O autor afirma na peça de ingresso que foi admitido pela 1ª ré

(S.O.S. Gases Industriais e Medicinais Ltda. - EPP) em 02/03/2015, Ante o exposto, dá-se provimento parcial para determinar que os

na função de Motorista de Caminhão, mediante pagamento mensal descontos previdenciários cota-reclamante sejam efetuados pelo

inicial de R$ 1.086,05 (um mil e oitenta e seis reais e cinco valor histórico, tocando à parte ré arcar com a correção monetária,

centavos), tendo como último dia trabalhado em 10/12/2018 data juros e multas.

em que a 1ª ré encerrou suas atividades sem formalizar a rescisão

do contrato de trabalho do autor e demais empregados.

Em aditamento à petição inicial, o reclamante informou que após o

ajuizamento da ação entabulou acordo de rescisão do contrato de

trabalho, no qual a ré reconheceu o encerramento do contrato sem

justa causa ocorrido em 09/12/2018, já considerado o aviso prévio

trabalhado (ID. a89de22), comprometendo-se ao pagamento das

verbas rescisórias decorrentes (TRCT de ID. d144c25).

Requereu a condenação da rés na indenização correspondente aos

descontos previdenciários.

A Origem deferiu os descontos das contribuições previdenciárias,

tendo em vista as disposições contidas nas Leis n.º 8.212/91, 3. ACÓRDÃO

8.213/91, 8.218/91 e 8.620/93.

O reclamante reitera o pleito em razões recursais.

Examina-se.

Não tendo o empregador cumprido as suas obrigações no momento

oportuno, levando o trabalhador a procurar a tutela jurisdicional para

a realização plena dos seus direitos, as deduções previdenciárias

que incidam sobre as verbas reconhecidas em Juízo ao empregado

devem ser indenizadas pelo empregador, limitando-se os descontos

da parte autora ao valor histórico.

Por conseguinte, não tendo o empregador promovido o

recolhimento das contribuições previdenciárias na época própria, a

ele caberá arcar com os prejuízos provocados, em conformidade

com os arts. 186 e 927 do Código Civil.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 502
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Acordam os Magistrados da 1ª Turma do Tribunal Regional do

Trabalho da 17ª Região, na Sessão Ordinária realizada no dia 03 de

dezembro de 2019, às 13 horas e 30 minutos, sob a Presidência do

Exmo. Desembargador Cláudio Armando Couce de Menezes, com

a participação do Exmo. Desembargador Mário Ribeiro Cantarino

Neto e do Exmo. Desembargador José Carlos Rizk, e presente o

Procurador Regional do Trabalho, Dr. Levi Scatolin; por

unanimidade, conhecer do recurso ordinário interposto pelo

reclamante, e no mérito, por maioria, dar-lhe parcial provimento ao

apelo para condenar a 4ª reclamada subsidiariamente, para

estabelecer que a verba honorária devida pelo autor deverá ficar,

nos termos do § 4º do art. 791-A da CLT, sob condição suspensiva Acórdão


Processo Nº ROT-0000011-51.2019.5.17.0006
de exigibilidade, observada a impossibilidade de compensação com Relator JOSE CARLOS RIZK
eventuais créditos obtidos em juízo, e somente poderá ser RECORRENTE JOSE ANTONIO CONSTANTINO
ADVOGADO SAVIO CORREA SIMOES(OAB:
executada se, nos 2 (dois) anos subsequentes ao trânsito em 12713/ES)
julgado da decisão que a certificou, o credor demonstrar que deixou RECORRIDO S. O. S. GASES INDUSTRIAIS E
MEDICINAIS LTDA - EPP
de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a RECORRIDO MARCUS VINICIUS DA ROCHA
CONFORTE
concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tal
RECORRIDO DENISE MARIA DA ROCHA SORIO
obrigação do beneficiário, para condenar as rés na indenização RECORRIDO WHITE MARTINS GASES
INDUSTRIAIS LTDA
equivalente aos eventuais valores a serem deduzidos do montante
ADVOGADO HÉLIDA BRAGANÇA ROSA
da condenação a título de imposto de renda e para determinar que PETRI(OAB: 5883/ES)

os descontos previdenciários cota-reclamante sejam efetuados pelo


Intimado(s)/Citado(s):
valor histórico, tocando à parte ré arcar com a correção monetária, - DENISE MARIA DA ROCHA SORIO
juros e multas. Mantido o valor das custas, pelas rés. Vencido, no

tocante à responsabilidade subsidiária, o Exmo. Desembargador

Mário Ribeiro Cantarino Neto.


PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA DO TRABALHO

PROCESSO nº 0000011-51.2019.5.17.0006 (ROT)

RECORRENTE: JOSÉ ANTÔNIO CONSTANTINO

RECORRIDOS: S.O.S. GASES INDUSTRIAIS E MEDICINAIS

LTDA. - EPP; MARCUS VINÍCIUS DA ROCHA CONFORTE;


DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK DENISE MARIA DA ROCHA SORIO.

Relator WHITE MARTINS GASES INDUSTRIAIS LTDA.

ORIGEM: 6ª VARA DO TRABALHO DE VITÓRIA - ES

RELATOR: DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 503
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

COMPETÊNCIA: 1ª TURMA

A presente demanda foi ajuizada em 10/01/2019, portanto após

iniciada a vigência da Lei n. 13.467/2017, denominada Reforma

Trabalhista. Ademais, não houve declaração de prescrição pela

Origem, nem recurso quanto à matéria.

Trata-se de recurso ordinário interposto pelo reclamante em face da

r. sentença de ID. 0035eb8, que rejeitou a preliminar de

ilegitimidade passiva ad causam suscitada pela 4ª ré (White Martins

Gases Industriais Ltda.), declarou a revelia da 1ª ré (S.O.S. Gases

Industriais e Medicinais Ltda. - EPP), do 2º réu (Sócio Marcus

Vinícius da Rocha Conforte) e da 3ª ré (Sócia Denise Maria da

Rocha Sorio), condenando solidariamente o 1º, 2º e 3º réus no

EMENTA pagamento do aviso prévio, saldo de salário de novembro e

dezembro de 2018, 13º salário integral de 2018, férias integrais do

período aquisitivo de 2017/2018 mais 1/3, férias proporcionais

(9/12) mais 1/3 do período subsequente, FGTS desde junho de

2018, multa fundiária, horas extras e honorários advocatícios.

Ainda, deferiu ao autor a gratuidade de justiça, condenando-o

também em honorários advocatícios de sucumbência recíproca.

Registra-se que o pedido de condenação solidária/subsidiária da 4ª

RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE. reclamada (White Martins Gases Industriais Ltda.) foi julgado

RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. SÚMULA Nº 331, IV, DO improcedente, matéria objeto do apelo obreiro.

TST. A jurisprudência reconhece que, como beneficiário do trabalho

humano, o tomador de serviços não se desvincula das Ressalta-se que a 1ª ré (S.O.S. Gases Industriais e Medicinais Ltda.

consequências produzidas pelo inadimplemento das obrigações - EPP), o 2º réu (Sócio Marcus Vinícius da Rocha Conforte) e a 3ª

trabalhistas pelo prestador de serviços, sendo responsável por ré (Sócia Denise Maria da Rocha Sorio) estão em lugar incerto e

estas, ainda que de forma subsidiária. não sabido, não compareceram à audiência nem apresentaram

contestação, razão pela qual foram declaradas revéis e confessas

quanto aos fatos.

O reclamante pretende a reforma da sentença no que tange à

responsabilidade solidária/subsidiária da 4ª reclamada, honorários

advocatícios de sucumbência recíproca, imposto de renda e

contribuições previdenciárias.

As reclamadas não apresentaram contrarrazões, apesar de

1. RELATÓRIO intimadas.

É o relatório.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 504
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

2. FUNDAMENTAÇÃO

2.1. CONHECIMENTO

2.2. MÉRITO

A presente demanda foi ajuizada em 10/01/2019, portanto após

iniciada a vigência da Lei n. 13.467/2017, denominada Reforma

Trabalhista. Ademais, não houve declaração de prescrição pela

Origem, nem recurso quanto à matéria.

Conhece-se do recurso ordinário do reclamante, porquanto

preenchidos os pressupostos de admissibilidade recursal.

O reclamante é beneficiário da justiça gratuita.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 505
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

2.2.1. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DA QUARTA

RECLAMADA. WHITE MARTINS GASES INDUSTRIAIS LTDA. Analisa-se.

O reclamante aduz na exordial que foi contrato pela 1ª reclamada

(S.O.S. Gases Industriais e Medicinais Ltda. - EPP) como motorista

de caminhão para transportar os cilindros de gás comercializados

pela 1ª ré e fornecidos pela 4ª reclamada. Por óbvio, ainda que a

distribuição ao consumidor final tenha ocorrido por empresa

interposta, entende-se que a 4ª reclamada se beneficiou do trabalho

do autor.

A presente demanda foi ajuizada em 10/01/2019, portanto após

iniciada a vigência da Lei n. 13.467/2017, denominada Reforma Infere-se do contrato de ID.3993b42 que a 4ª ré (White Martins),

Trabalhista. Ademais, não houve declaração de prescrição pela como empresa fornecedora gases à 1ª ré (S.O.S. Gases Industriais

Origem, nem recurso quanto à matéria. e Medicinais Ltda. - EPP), podia definir a modalidade de

fornecimento do produto e especificação técnica dos equipamentos,

O autor afirma na peça de ingresso que foi admitido pela 1ª ré podendo, a seu critério, substituir os equipamentos utilizados no

(S.O.S. Gases Industriais e Medicinais Ltda. - EPP) em 02/03/2015, fornecimento sempre que entendesse necessário, além disso era

na função de Motorista de Caminhão, mediante pagamento mensal responsável por instalar/entregar no estabelecimento da 1ª ré os

inicial de R$ 1.086,05 (um mil e oitenta e seis reais e cinco equipamentos necessários para o fornecimento do produto (gás

centavos), tendo como último dia trabalhado em 10/12/2018 data industrial), conforme cláusula terceira, itens "a" e "b" do contrato.

em que a 1ª ré encerrou suas atividades sem formalizar a rescisão

do contrato de trabalho do autor e demais empregados. Dos termos do sobredito contrato, constata-se que a 4ª ré (White

Martins) foi beneficiada pela mão de obra do reclamante como típica

Em aditamento à petição inicial, o reclamante informou que após o tomadora de serviços, visto que o reclamante foi contratado pela 1ª

ajuizamento da ação entabulou acordo de rescisão do contrato de reclamada como motorista de caminhão para transportar os

trabalho, no qual a ré reconheceu o encerramento do contrato sem cilindros de gás da 4ª reclamada ao consumidor final.

justa causa ocorrido em 09/12/2018, já considerado o aviso prévio

trabalhado (ID. a89de22), comprometendo-se ao pagamento das Nesses termos, independente da roupagem que se tenha dado ao

verbas rescisórias decorrentes (TRCT de ID. d144c25). contrato das reclamadas, do objeto social das empresas ou de

cláusula contratual prevendo isenção de responsabilidade, tais fatos

O reclamante afirmou que apesar de ter sido contratado pela 1ª não têm o condão de afastar a obrigação subsidiária da 4ª

reclamada, desempenhava suas atividades transportando produtos reclamada pelos créditos trabalhistas, com respaldo nos artigos 186

exclusivamente da 4ª reclamada (White Martins Gases Industriais e 927 do CCB, bem como pela aplicação do princípio da primazia

Ltda.), fornecedora de 90% dos cilindros gás utilizados pela 1ª ré. da realidade e da função do social do trabalho.

Registrou que a 4ª reclamada foi beneficiada pela sua mão de obra,

motivo pelo qual requereu a sua condenação solidária/subsidiária. No mesmo sentido encontra-se o entendimento do Supremo

Tribunal Federal cristalizado no julgamento da Arguição de

A Origem julgou improcedente o pedido de condenação Descumprimento de Preceito Fundamental 324, na qual em sede de

solidária/subsidiária da 4ª ré, considerando que o contrato comercial repercussão geral, reconheceu a licitude da terceirização da

de fornecimento de gás sem exclusividade não é capaz de transferir atividade-fim e manteve a responsabilidade subsidiária da empresa

a responsabilidade pelas verbas trabalhistas à empresa tomadora, conforme ata de julgamento Nº 31, de 30/08/2018, DJE

fornecedora. nº 188, divulgado em 06/09/2018. Na mesma data foi publicado,

dado o julgamento conjunto, do acórdão proferido em Recurso

O autor sustenta que deve ser reformada a sentença no ponto, Extraordinário 958252:

reiterando que a hipótese se enquadra no entendimento cristalizado

na Súmula 331 do C. TST. "O Tribunal, por maioria e nos termos do voto do Relator,

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 506
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

apreciando o tema 725 da repercussão geral, deu provimento ao empresa por ela contratada será subsidiariamente responsável

recurso extraordinário, vencidos os Ministros Edson Fachin, Rosa pelas obrigações trabalhistas não pagas pela empregadora direta.

Weber, Ricardo Lewandowski e Marco Aurélio. Em seguida, o

Tribunal fixou a seguinte tese: "É lícita a terceirização ou qualquer Com efeito, a responsabilidade subsidiária do tomador dos serviços

outra forma de divisão do trabalho entre pessoas jurídicas distintas, pelo inadimplemento das obrigações trabalhistas, referente ao

independentemente do objeto social das empresas envolvidas, contrato de trabalho do empregado do prestador de serviços,

mantida a responsabilidade subsidiária da empresa contratante", decorre de sua culpa in vigilando, consubstanciada na falta ou

vencida a Ministra Rosa Weber. O Ministro Marco Aurélio não se deficiência de fiscalização das obrigações decorrentes, inclusive as

pronunciou quanto à tese. Ausentes os Ministros Dias Toffoli e trabalhistas.

Gilmar Mendes no momento da fixação da tese. Presidiu o

julgamento a Ministra Cármen Lúcia. Plenário, 30.8.2018". Cabe ressaltar que, na responsabilidade subsidiária, o devedor (no

caso o tomador dos serviços), não se obriga direta e imediatamente

Com efeito, havendo a tomadora de serviços se beneficiado da mão pelo débito, somente respondendo nas hipóteses de

de obra do empregado, deve arcar subsidiariamente com os ônus inadimplemento ou insuficiência patrimonial do prestador dos

decorrentes do inadimplemento das verbas trabalhistas devidas serviços.

pela 1ª ré (S.O.S. Gases Industriais e Medicinais Ltda. - EPP).

Esclarece-se que também não há ofensa aos arts. 5º, II, e 22, I, da

Repisa-se que é legal a intermediação de mão de obra, mas devem Carta Magna, haja vista que a condenação subsidiária encontra

responder os tomadores dos serviços pela culpa in vigilando e in respaldo nos arts. 186 e 927 do CCB.

eligendoao escolher erroneamente e não fiscalizar a empresa

contratada que não adimpliu as obrigações trabalhistas. Registre-se, por oportuno, que no tocante à ordem das

responsabilidades, deve-se aplicar o disposto na Súmula nº 04

É oportuna a transcrição do inciso IV da Súmula 331 do TST: deste E. TRT, que dispõe, in verbis:

"O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do "EXECUÇÃO. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA.

empregador, implica a responsabilidade subsidiária do tomador dos DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA. ORDEM

serviços quanto àquelas obrigações, desde que haja participado da DOS ATOS EXECUTÓRIOS. A responsabilidade patrimonial do

relação processual e conste também do título executivo judicial." devedor subsidiário na execução precede a dos sócios do devedor

principal, salvo manifestação do credor em sentido contrário. A

A recorrente tampouco nega que o reclamante tenha prestado desconsideração da personalidade jurídica do devedor principal se

serviços em seu favor, argumentando que a prestação ocorria de faz em caráter excepcional, sendo possível após frustradas as

forma concomitante a outras empresas fornecedoras de gás, medidas executórias contra os devedores expressos no título

inexistindo exclusividade. executivo."

Ocorre que, conforme acima exposto, o fato de a 4ª reclamada ter Registra-se, ainda, que o entendimento do TST se pacificou no

se beneficiado da mão de obra do reclamante por interposta sentido de que a responsabilidade subsidiária abrange todas as

empresa é suficiente para se reconhecer sua responsabilidade verbas decorrentes da condenação, inclusive as multas e

subsidiária. indenizações. Isto porque o item VI à Súmula nº 331 do TST não faz

ressalva ao estabelecer que a "responsabilidade subsidiária do

Em suma, é irrelevante para a responsabilização subsidiária a tomador de serviços abrange todas as verbas decorrentes da

existência de simultaneidade de tomadoras de serviço, já que o que condenação referentes ao período da prestação laboral."

realmente importa para o reconhecimento da responsabilidade

subsidiária é a utilização da força de trabalho do reclamante, o que, Portanto, havendo a 4ª reclamada se beneficiado da mão de obra

in casu¸ indubitavelmente ocorreu. do reclamante, reconhece-se sua responsabilidade subsidiária

quanto ao pagamento das verbas deferidas.

A empresa beneficiária dos serviços prestados pelo empregado da

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 507
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Dá-se provimento para condenar a 4ª reclamada subsidiariamente. em favor do(s) procurador(es) do 4º reclamado em 10% do valor da

causa.

Condeno o 1º, 2º, e 3º reclamados ao pagamento de honorários

advocatícios em favor do(s) procurador(es) do reclamante em 10%

do valor dos pedidos acolhidos.

A Lei 13467/2017 restringe o destinatário da verba honorária

sucumbencial, revertendo-a apenas aos advogados.

2.2.2. AUTOR BENEFICIÁRIO DA JUSTIÇA GRATUITA. Não há que se falar em inconstitucionalidade do art. 791-A, na

CONDIÇÃO SUSPENSIVA DE EXIGIBILIDADE DOS medida em que a condenação da parte em honorários de

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS sucumbência não impede o livre o livre acesso à justiça, mas

apenas estabelece uma espécie de litigância responsável.

Os honorários não são compensáveis entre si.

A base de cálculo conta com exclusão dos encargos previdenciários

e fiscais.

Observe-se o §4º do artigo 791-A, da CLT.

A presente demanda foi ajuizada em 10/01/2019, portanto após

iniciada a vigência da Lei n. 13.467/2017, denominada Reforma Requereu que seja aplicada a condição suspensiva de exigibilidade

Trabalhista. Ademais, não houve declaração de prescrição pela dos honorários advocatícios em que foi condenado, considerando a

Origem, nem recurso quanto à matéria. legislação vigente da matéria à data da prolação da sentença.

O autor afirma na peça de ingresso que foi admitido pela 1ª ré Analisa-se.

(S.O.S. Gases Industriais e Medicinais Ltda. - EPP) em 02/03/2015,

na função de Motorista de Caminhão, mediante pagamento mensal Na Justiça do Trabalho, prevalecia o entendimento consubstanciado

inicial de R$ 1.086,05 (um mil e oitenta e seis reais e cinco nas Súmulas n.º 219 e 329 do E. TST segundo o qual, em se

centavos), tendo como último dia trabalhado em 10/12/2018 data tratando de conflito decorrente da relação de emprego, os

em que a 1ª encerrou suas atividades sem formalizar a rescisão do honorários advocatícios eram devidos apenas quando preenchidos

contrato de trabalho do autor e demais empregados. os requisitos contidos no art. 14 da Lei n. 5.584/1970.

Em aditamento à petição inicial, o reclamante informou que após o Com o advento da Lei n. 13.467, de 13 de julho de 2017, contudo,

ajuizamento da ação entabulou acordo de rescisão do contrato de foi acrescentado à CLT o art. 791-A, que autorizou a condenação na

trabalho, no qual a ré reconheceu o encerramento do contrato sem verba honorária em razão da mera sucumbência.

justa causa ocorrido em 09/12/2018, já considerado o aviso prévio

trabalhado (ID. a89de22), comprometendo-se ao pagamento das Além disso, o novel dispositivo previu o pagamento de honorários

verbas rescisórias decorrentes (TRCT de ID. d144c25). de sucumbência recíproca, de forma que, vencido o reclamante,

ainda que relativamente a um único pedido, também deverá ele

A sentença julgou parcialmente procedente os pedidos e condenou responder pela verba honorária da parte contrária.

as partes em honorários advocatícios de sucumbência recíproca,

nos seguintes termos: Em que pese a intensa celeuma jurídica que se instaurou acerca da

aplicabilidade do novo regramento, este Relator adotou o

Condeno o reclamante ao pagamento de honorários advocatícios entendimento de que os dispositivos da Reforma Trabalhista que

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 508
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

versam sobre honorários advocatícios apenas incidem nas acolhido parcialmente, mas apenas no caso de seu indeferimento

demandas ajuizadas após a vigência da Lei 13.467/17, que ocorreu total.

em 11/11/2017. Em suma, o marco quanto à aplicação ou não das

inovações legislativas advindas da Lei n. 13.467/2017 é a data do No caso em tela, o autor obteve êxito quanto aos pedidos de verbas

ajuizamento da ação e a contestação. rescisórias, salários atrasados, férias vencidas, FGTS, horas extras

e intervalo intrajornada, restando sucumbente quanto aos pedidos

O C. TST posicionou-se no mesmo sentido na recém editada de indenização por danos morais, multa do art. 467 da CLT e multa

Instrução Normativa n. 41, que, em seu art. 6º assim dispõe: do art. 477 da CLT. Logo, imputa-se devidos os honorários

advocatícios pela sucumbência recíproca.

Art. 6º Na Justiça do Trabalho, a condenação em honorários

advocatícios sucumbenciais, prevista no art. 791-A, e parágrafos, da Registra-se que a responsabilidade subsidiária da 4ª ré (White

CLT, será aplicável apenas às ações propostas após 11 de Martins) abrange a referida parcela, nos termos do item VI da

novembro de 2017 (Lei nº 13.467/2017). Nas ações propostas Súmula n. 331 do TST.

anteriormente, subsistem as diretrizes do art. 14 da Lei 5.584/1970

e das Súmulas nº 219 e 329 do TST. Contudo, in casu, o reclamante é beneficiário da justiça gratuita e,

em que pese o § 4º do art. 791-A da CLT dispor que as obrigações

A presente demanda foi ajuizada em 10/01/2019, logo, sob a égide decorrentes da sucumbência do beneficiário da justiça gratuita

da Reforma Trabalhista. seriam compensadas com eventuais créditos obtidos em juízo, este

Relator entende ser inaplicável o dispositivo em questão no que

Destarte, são devidos, na espécie, os honorários advocatícios, nos tange à mencionada compensação, tendo em vista que tal norma

termos da nova legislação, in verbis: viola as garantias constitucionais de amplo acesso à Justiça, de

assistência jurídica integral e gratuita e de proteção do salário.

Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão

devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% Acerca do tema, registra-se que no dia 23/10/2019, o Pleno deste

(cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o Regional, por maioria absoluta no Incidente de Inconstitucionalidade

valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico n. 0000453-35.2019.5.17.00000, declarou a inconstitucionalidade

obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado parcial do § 4º do art. 791-A da CLT somente quanto ao trecho:

da causa. "desde que não tenha obtido em juízo, ainda que em outro

processo, créditos capazes de suportar a despesa".

§ 1o Os honorários são devidos também nas ações contra a

Fazenda Pública e nas ações em que a parte estiver assistida ou Com efeito, prevaleceu a tese no sentido de que não se pode atingir

substituída pelo sindicato de sua categoria. os créditos deferidos ao beneficiário da justiça gratuita, ainda que

em outro processo, mas tão somente que a verba honorária fique

§ 2o Ao fixar os honorários, o juízo observará: sob condição suspensiva de exigibilidade, podendo ser executada,

se nos 2 (anos) subsequentes ao trânsito em julgado da decisão

I - o grau de zelo do profissional; que a certificou, o credor demonstrar que deixou de existir a

situação de insuficiência de recursos que justificou a concessão de

II - o lugar de prestação do serviço; gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tal obrigação do

beneficiário.

III - a natureza e a importância da causa;

Dá-se parcial provimento ao apelo obreiro para estabelecer que a

IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o verba honorária devida pelo autor deverá ficar, nos termos do § 4º

seu serviço. do art. 791-A da CLT, observada a impossibilidade de compensação

com eventuais créditos obtidos em juízo, e somente poderá ser

Por outro lado, é certo que, consoante exegese da Súmula n.º 326 executada se, nos 2 (dois) anos subsequentes ao trânsito em

do STJ, não há sucumbência quando o pedido formulado for julgado da decisão que a certificou, o credor demonstrar que deixou

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 509
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a nos seguintes parâmetros:

concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tal

obrigação do beneficiário. Tendo em vista as disposições contidas nas Leis n.º 8.212/91,

8.213/91, 8.218/91 e 8.620/93, defiro os descontos à Previdência

Social e Imposto de Renda, caso sejam devidos, nos termos do art.

462 da CLT.

Ainda, deverá a reclamada prestar as informações a que se refere o

artigo 32, inciso IV, da Lei n.8.212/1991, por meio da Guia de

Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e

Informações à Previdência Social (GFIP).

2.2.3. DESCONTOS FISCAIS Quanto ao Imposto de Renda e Proventos de Qualquer Natureza,

observe-se a Instrução Normativa 1500/2014. Não há falar, assim,

em indenização por valor de imposto de renda recolhido a maior.

Entende-se que as deduções fiscais, a incidirem sobre as verbas

reconhecidas em Juízo, devem ser suportadas pelo empregador.

Isso porque a reclamada deixou de cumprir as suas obrigações no

momento oportuno, levando o trabalhador a procurar a tutela

A presente demanda foi ajuizada em 10/01/2019, portanto após jurisdicional para a realização plena dos seus direitos.

iniciada a vigência da Lei n. 13.467/2017, denominada Reforma

Trabalhista. Ademais, não houve declaração de prescrição pela Registra-se que o reclamante sofreu dano com a conduta negligente

Origem, nem recurso quanto à matéria. da reclamada, pois, caso os valores pleiteados fossem pagos na

época própria, não haveria desconto de IR, haja vista que a

O autor afirma na peça de ingresso que foi admitido pela 1ª ré remuneração do obreiro está dentro da faixa de isenção do referido

(S.O.S. Gases Industriais e Medicinais Ltda. - EPP) em 02/03/2015, imposto.

na função de Motorista de Caminhão, mediante pagamento mensal

inicial de R$ 1.086,05 (um mil e oitenta e seis reais e cinco Logo, com espeque nos artigos 186 c/c 927, ambos do Código Civil,

centavos), tendo como último dia trabalhado em 10/12/2018 data o infrator deve ser responsabilizado pela reparação do dano nos

em que a 1ª ré encerrou suas atividades sem formalizar a rescisão casos em que age de forma negligente, hipótese que se amolda ao

do contrato de trabalho do autor e demais empregados. caso em apreço, porquanto a empregadora não pagou de forma

correta, e em época própria as verbas salariais devidas ao obreiro.

Em aditamento à petição inicial, o reclamante informou que após o

ajuizamento da ação entabulou acordo de rescisão do contrato de Portanto, em conformidade com o disposto no art. 8º da CLT,

trabalho, no qual a ré reconheceu o encerramento do contrato sem combinado com o disposto nos arts. 186 e 927, ambos do Código

justa causa ocorrido em 09/12/2018, já considerado o aviso prévio Civil, devem as reclamadas indenizar o autor por eventuais valores

trabalhado (ID. a89de22), comprometendo-se ao pagamento das a serem deduzidos do montante da condenação a título de imposto

verbas rescisórias decorrentes (TRCT de ID. d144c25). de renda.

Requereu a condenação da rés na indenização correspondentes Registra-se que a responsabilidade subsidiária da 4ª ré (White

aos descontos fiscais e previdenciários por não terem cumprido com Martins) abrange a referida parcela, nos termos do item VI da

suas obrigações trabalhistas ao tempo próprio. Súmula n. 331 do TST.

A Origem autorizou a dedução das contribuições previdenciárias Dá-se provimento para condenar as rés na indenização equivalente

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 510
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

aos eventuais valores a serem deduzidos do montante da

condenação a título de imposto de renda. O reclamante reitera o pleito em razões recursais.

Examina-se.

Não tendo o empregador cumprido as suas obrigações no momento

oportuno, levando o trabalhador a procurar a tutela jurisdicional para

a realização plena dos seus direitos, as deduções previdenciárias

que incidam sobre as verbas reconhecidas em Juízo ao empregado

devem ser indenizadas pelo empregador, limitando-se os descontos

da parte autora ao valor histórico.

2.2.4. DESCONTOS PREVIDENCIÁRIOS

Por conseguinte, não tendo o empregador promovido o

recolhimento das contribuições previdenciárias na época própria, a

ele caberá arcar com os prejuízos provocados, em conformidade

com os arts. 186 e 927 do Código Civil.

Nesse sentido, a Súmula n. 17 deste Regional, in verbis:

Contribuição previdenciária. No tocante às contribuições

A presente demanda foi ajuizada em 10/01/2019, portanto após previdenciárias decorrentes de créditos reconhecidos em sentença,

iniciada a vigência da Lei n. 13.467/2017, denominada Reforma nos termos do art. 20, da Lei 8.212/91, deve o Reclamante arcar

Trabalhista. Ademais, não houve declaração de prescrição pela somente com o pagamento da contribuição previdenciária em seus

Origem, nem recurso quanto à matéria. valores históricos, ficando a cargo da empresa o pagamento de

juros, atualização monetária e multas.

O autor afirma na peça de ingresso que foi admitido pela 1ª ré

(S.O.S. Gases Industriais e Medicinais Ltda. - EPP) em 02/03/2015, Ante o exposto, dá-se provimento parcial para determinar que os

na função de Motorista de Caminhão, mediante pagamento mensal descontos previdenciários cota-reclamante sejam efetuados pelo

inicial de R$ 1.086,05 (um mil e oitenta e seis reais e cinco valor histórico, tocando à parte ré arcar com a correção monetária,

centavos), tendo como último dia trabalhado em 10/12/2018 data juros e multas.

em que a 1ª ré encerrou suas atividades sem formalizar a rescisão

do contrato de trabalho do autor e demais empregados.

Em aditamento à petição inicial, o reclamante informou que após o

ajuizamento da ação entabulou acordo de rescisão do contrato de

trabalho, no qual a ré reconheceu o encerramento do contrato sem

justa causa ocorrido em 09/12/2018, já considerado o aviso prévio

trabalhado (ID. a89de22), comprometendo-se ao pagamento das

verbas rescisórias decorrentes (TRCT de ID. d144c25).

Requereu a condenação da rés na indenização correspondente aos

descontos previdenciários.

A Origem deferiu os descontos das contribuições previdenciárias,

tendo em vista as disposições contidas nas Leis n.º 8.212/91, 3. ACÓRDÃO

8.213/91, 8.218/91 e 8.620/93.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 511
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK

Relator

Acordam os Magistrados da 1ª Turma do Tribunal Regional do

Trabalho da 17ª Região, na Sessão Ordinária realizada no dia 03 de

dezembro de 2019, às 13 horas e 30 minutos, sob a Presidência do

Exmo. Desembargador Cláudio Armando Couce de Menezes, com

a participação do Exmo. Desembargador Mário Ribeiro Cantarino

Neto e do Exmo. Desembargador José Carlos Rizk, e presente o

Procurador Regional do Trabalho, Dr. Levi Scatolin; por

unanimidade, conhecer do recurso ordinário interposto pelo

reclamante, e no mérito, por maioria, dar-lhe parcial provimento ao

apelo para condenar a 4ª reclamada subsidiariamente, para

estabelecer que a verba honorária devida pelo autor deverá ficar,

nos termos do § 4º do art. 791-A da CLT, sob condição suspensiva Acórdão


Processo Nº ROT-0000011-51.2019.5.17.0006
de exigibilidade, observada a impossibilidade de compensação com Relator JOSE CARLOS RIZK
eventuais créditos obtidos em juízo, e somente poderá ser RECORRENTE JOSE ANTONIO CONSTANTINO
ADVOGADO SAVIO CORREA SIMOES(OAB:
executada se, nos 2 (dois) anos subsequentes ao trânsito em 12713/ES)
julgado da decisão que a certificou, o credor demonstrar que deixou RECORRIDO S. O. S. GASES INDUSTRIAIS E
MEDICINAIS LTDA - EPP
de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a RECORRIDO MARCUS VINICIUS DA ROCHA
CONFORTE
concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tal
RECORRIDO DENISE MARIA DA ROCHA SORIO
obrigação do beneficiário, para condenar as rés na indenização RECORRIDO WHITE MARTINS GASES
INDUSTRIAIS LTDA
equivalente aos eventuais valores a serem deduzidos do montante
ADVOGADO HÉLIDA BRAGANÇA ROSA
da condenação a título de imposto de renda e para determinar que PETRI(OAB: 5883/ES)

os descontos previdenciários cota-reclamante sejam efetuados pelo


Intimado(s)/Citado(s):
valor histórico, tocando à parte ré arcar com a correção monetária, - WHITE MARTINS GASES INDUSTRIAIS LTDA
juros e multas. Mantido o valor das custas, pelas rés. Vencido, no

tocante à responsabilidade subsidiária, o Exmo. Desembargador

Mário Ribeiro Cantarino Neto.


PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA DO TRABALHO

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 512
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

trabalhistas pelo prestador de serviços, sendo responsável por

estas, ainda que de forma subsidiária.

PROCESSO nº 0000011-51.2019.5.17.0006 (ROT)

RECORRENTE: JOSÉ ANTÔNIO CONSTANTINO

RECORRIDOS: S.O.S. GASES INDUSTRIAIS E MEDICINAIS

LTDA. - EPP; MARCUS VINÍCIUS DA ROCHA CONFORTE;

DENISE MARIA DA ROCHA SORIO.

1. RELATÓRIO

WHITE MARTINS GASES INDUSTRIAIS LTDA.

ORIGEM: 6ª VARA DO TRABALHO DE VITÓRIA - ES

RELATOR: DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK

COMPETÊNCIA: 1ª TURMA

A presente demanda foi ajuizada em 10/01/2019, portanto após

iniciada a vigência da Lei n. 13.467/2017, denominada Reforma

Trabalhista. Ademais, não houve declaração de prescrição pela

Origem, nem recurso quanto à matéria.

Trata-se de recurso ordinário interposto pelo reclamante em face da

r. sentença de ID. 0035eb8, que rejeitou a preliminar de

ilegitimidade passiva ad causam suscitada pela 4ª ré (White Martins

Gases Industriais Ltda.), declarou a revelia da 1ª ré (S.O.S. Gases

Industriais e Medicinais Ltda. - EPP), do 2º réu (Sócio Marcus

Vinícius da Rocha Conforte) e da 3ª ré (Sócia Denise Maria da

Rocha Sorio), condenando solidariamente o 1º, 2º e 3º réus no

EMENTA pagamento do aviso prévio, saldo de salário de novembro e

dezembro de 2018, 13º salário integral de 2018, férias integrais do

período aquisitivo de 2017/2018 mais 1/3, férias proporcionais

(9/12) mais 1/3 do período subsequente, FGTS desde junho de

2018, multa fundiária, horas extras e honorários advocatícios.

Ainda, deferiu ao autor a gratuidade de justiça, condenando-o

também em honorários advocatícios de sucumbência recíproca.

Registra-se que o pedido de condenação solidária/subsidiária da 4ª

RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE. reclamada (White Martins Gases Industriais Ltda.) foi julgado

RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. SÚMULA Nº 331, IV, DO improcedente, matéria objeto do apelo obreiro.

TST. A jurisprudência reconhece que, como beneficiário do trabalho

humano, o tomador de serviços não se desvincula das Ressalta-se que a 1ª ré (S.O.S. Gases Industriais e Medicinais Ltda.

consequências produzidas pelo inadimplemento das obrigações - EPP), o 2º réu (Sócio Marcus Vinícius da Rocha Conforte) e a 3ª

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 513
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

ré (Sócia Denise Maria da Rocha Sorio) estão em lugar incerto e

não sabido, não compareceram à audiência nem apresentaram

contestação, razão pela qual foram declaradas revéis e confessas

quanto aos fatos. A presente demanda foi ajuizada em 10/01/2019, portanto após

iniciada a vigência da Lei n. 13.467/2017, denominada Reforma

O reclamante pretende a reforma da sentença no que tange à Trabalhista. Ademais, não houve declaração de prescrição pela

responsabilidade solidária/subsidiária da 4ª reclamada, honorários Origem, nem recurso quanto à matéria.

advocatícios de sucumbência recíproca, imposto de renda e

contribuições previdenciárias.

As reclamadas não apresentaram contrarrazões, apesar de Conhece-se do recurso ordinário do reclamante, porquanto

intimadas. preenchidos os pressupostos de admissibilidade recursal.

É o relatório. O reclamante é beneficiário da justiça gratuita.

2. FUNDAMENTAÇÃO

2.1. CONHECIMENTO

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 514
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

O reclamante afirmou que apesar de ter sido contratado pela 1ª

2.2. MÉRITO reclamada, desempenhava suas atividades transportando produtos

exclusivamente da 4ª reclamada (White Martins Gases Industriais

Ltda.), fornecedora de 90% dos cilindros gás utilizados pela 1ª ré.

Registrou que a 4ª reclamada foi beneficiada pela sua mão de obra,

motivo pelo qual requereu a sua condenação solidária/subsidiária.

A Origem julgou improcedente o pedido de condenação

solidária/subsidiária da 4ª ré, considerando que o contrato comercial

de fornecimento de gás sem exclusividade não é capaz de transferir

a responsabilidade pelas verbas trabalhistas à empresa

fornecedora.

O autor sustenta que deve ser reformada a sentença no ponto,

reiterando que a hipótese se enquadra no entendimento cristalizado

na Súmula 331 do C. TST.

2.2.1. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DA QUARTA

RECLAMADA. WHITE MARTINS GASES INDUSTRIAIS LTDA. Analisa-se.

O reclamante aduz na exordial que foi contrato pela 1ª reclamada

(S.O.S. Gases Industriais e Medicinais Ltda. - EPP) como motorista

de caminhão para transportar os cilindros de gás comercializados

pela 1ª ré e fornecidos pela 4ª reclamada. Por óbvio, ainda que a

distribuição ao consumidor final tenha ocorrido por empresa

interposta, entende-se que a 4ª reclamada se beneficiou do trabalho

do autor.

A presente demanda foi ajuizada em 10/01/2019, portanto após

iniciada a vigência da Lei n. 13.467/2017, denominada Reforma Infere-se do contrato de ID.3993b42 que a 4ª ré (White Martins),

Trabalhista. Ademais, não houve declaração de prescrição pela como empresa fornecedora gases à 1ª ré (S.O.S. Gases Industriais

Origem, nem recurso quanto à matéria. e Medicinais Ltda. - EPP), podia definir a modalidade de

fornecimento do produto e especificação técnica dos equipamentos,

O autor afirma na peça de ingresso que foi admitido pela 1ª ré podendo, a seu critério, substituir os equipamentos utilizados no

(S.O.S. Gases Industriais e Medicinais Ltda. - EPP) em 02/03/2015, fornecimento sempre que entendesse necessário, além disso era

na função de Motorista de Caminhão, mediante pagamento mensal responsável por instalar/entregar no estabelecimento da 1ª ré os

inicial de R$ 1.086,05 (um mil e oitenta e seis reais e cinco equipamentos necessários para o fornecimento do produto (gás

centavos), tendo como último dia trabalhado em 10/12/2018 data industrial), conforme cláusula terceira, itens "a" e "b" do contrato.

em que a 1ª ré encerrou suas atividades sem formalizar a rescisão

do contrato de trabalho do autor e demais empregados. Dos termos do sobredito contrato, constata-se que a 4ª ré (White

Martins) foi beneficiada pela mão de obra do reclamante como típica

Em aditamento à petição inicial, o reclamante informou que após o tomadora de serviços, visto que o reclamante foi contratado pela 1ª

ajuizamento da ação entabulou acordo de rescisão do contrato de reclamada como motorista de caminhão para transportar os

trabalho, no qual a ré reconheceu o encerramento do contrato sem cilindros de gás da 4ª reclamada ao consumidor final.

justa causa ocorrido em 09/12/2018, já considerado o aviso prévio

trabalhado (ID. a89de22), comprometendo-se ao pagamento das Nesses termos, independente da roupagem que se tenha dado ao

verbas rescisórias decorrentes (TRCT de ID. d144c25). contrato das reclamadas, do objeto social das empresas ou de

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 515
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

cláusula contratual prevendo isenção de responsabilidade, tais fatos A recorrente tampouco nega que o reclamante tenha prestado

não têm o condão de afastar a obrigação subsidiária da 4ª serviços em seu favor, argumentando que a prestação ocorria de

reclamada pelos créditos trabalhistas, com respaldo nos artigos 186 forma concomitante a outras empresas fornecedoras de gás,

e 927 do CCB, bem como pela aplicação do princípio da primazia inexistindo exclusividade.

da realidade e da função do social do trabalho.

Ocorre que, conforme acima exposto, o fato de a 4ª reclamada ter

No mesmo sentido encontra-se o entendimento do Supremo se beneficiado da mão de obra do reclamante por interposta

Tribunal Federal cristalizado no julgamento da Arguição de empresa é suficiente para se reconhecer sua responsabilidade

Descumprimento de Preceito Fundamental 324, na qual em sede de subsidiária.

repercussão geral, reconheceu a licitude da terceirização da

atividade-fim e manteve a responsabilidade subsidiária da empresa Em suma, é irrelevante para a responsabilização subsidiária a

tomadora, conforme ata de julgamento Nº 31, de 30/08/2018, DJE existência de simultaneidade de tomadoras de serviço, já que o que

nº 188, divulgado em 06/09/2018. Na mesma data foi publicado, realmente importa para o reconhecimento da responsabilidade

dado o julgamento conjunto, do acórdão proferido em Recurso subsidiária é a utilização da força de trabalho do reclamante, o que,

Extraordinário 958252: in casu¸ indubitavelmente ocorreu.

"O Tribunal, por maioria e nos termos do voto do Relator, A empresa beneficiária dos serviços prestados pelo empregado da

apreciando o tema 725 da repercussão geral, deu provimento ao empresa por ela contratada será subsidiariamente responsável

recurso extraordinário, vencidos os Ministros Edson Fachin, Rosa pelas obrigações trabalhistas não pagas pela empregadora direta.

Weber, Ricardo Lewandowski e Marco Aurélio. Em seguida, o

Tribunal fixou a seguinte tese: "É lícita a terceirização ou qualquer Com efeito, a responsabilidade subsidiária do tomador dos serviços

outra forma de divisão do trabalho entre pessoas jurídicas distintas, pelo inadimplemento das obrigações trabalhistas, referente ao

independentemente do objeto social das empresas envolvidas, contrato de trabalho do empregado do prestador de serviços,

mantida a responsabilidade subsidiária da empresa contratante", decorre de sua culpa in vigilando, consubstanciada na falta ou

vencida a Ministra Rosa Weber. O Ministro Marco Aurélio não se deficiência de fiscalização das obrigações decorrentes, inclusive as

pronunciou quanto à tese. Ausentes os Ministros Dias Toffoli e trabalhistas.

Gilmar Mendes no momento da fixação da tese. Presidiu o

julgamento a Ministra Cármen Lúcia. Plenário, 30.8.2018". Cabe ressaltar que, na responsabilidade subsidiária, o devedor (no

caso o tomador dos serviços), não se obriga direta e imediatamente

Com efeito, havendo a tomadora de serviços se beneficiado da mão pelo débito, somente respondendo nas hipóteses de

de obra do empregado, deve arcar subsidiariamente com os ônus inadimplemento ou insuficiência patrimonial do prestador dos

decorrentes do inadimplemento das verbas trabalhistas devidas serviços.

pela 1ª ré (S.O.S. Gases Industriais e Medicinais Ltda. - EPP).

Esclarece-se que também não há ofensa aos arts. 5º, II, e 22, I, da

Repisa-se que é legal a intermediação de mão de obra, mas devem Carta Magna, haja vista que a condenação subsidiária encontra

responder os tomadores dos serviços pela culpa in vigilando e in respaldo nos arts. 186 e 927 do CCB.

eligendoao escolher erroneamente e não fiscalizar a empresa

contratada que não adimpliu as obrigações trabalhistas. Registre-se, por oportuno, que no tocante à ordem das

responsabilidades, deve-se aplicar o disposto na Súmula nº 04

É oportuna a transcrição do inciso IV da Súmula 331 do TST: deste E. TRT, que dispõe, in verbis:

"O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do "EXECUÇÃO. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA.

empregador, implica a responsabilidade subsidiária do tomador dos DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA. ORDEM

serviços quanto àquelas obrigações, desde que haja participado da DOS ATOS EXECUTÓRIOS. A responsabilidade patrimonial do

relação processual e conste também do título executivo judicial." devedor subsidiário na execução precede a dos sócios do devedor

principal, salvo manifestação do credor em sentido contrário. A

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 516
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

desconsideração da personalidade jurídica do devedor principal se inicial de R$ 1.086,05 (um mil e oitenta e seis reais e cinco

faz em caráter excepcional, sendo possível após frustradas as centavos), tendo como último dia trabalhado em 10/12/2018 data

medidas executórias contra os devedores expressos no título em que a 1ª encerrou suas atividades sem formalizar a rescisão do

executivo." contrato de trabalho do autor e demais empregados.

Registra-se, ainda, que o entendimento do TST se pacificou no Em aditamento à petição inicial, o reclamante informou que após o

sentido de que a responsabilidade subsidiária abrange todas as ajuizamento da ação entabulou acordo de rescisão do contrato de

verbas decorrentes da condenação, inclusive as multas e trabalho, no qual a ré reconheceu o encerramento do contrato sem

indenizações. Isto porque o item VI à Súmula nº 331 do TST não faz justa causa ocorrido em 09/12/2018, já considerado o aviso prévio

ressalva ao estabelecer que a "responsabilidade subsidiária do trabalhado (ID. a89de22), comprometendo-se ao pagamento das

tomador de serviços abrange todas as verbas decorrentes da verbas rescisórias decorrentes (TRCT de ID. d144c25).

condenação referentes ao período da prestação laboral."

A sentença julgou parcialmente procedente os pedidos e condenou

Portanto, havendo a 4ª reclamada se beneficiado da mão de obra as partes em honorários advocatícios de sucumbência recíproca,

do reclamante, reconhece-se sua responsabilidade subsidiária nos seguintes termos:

quanto ao pagamento das verbas deferidas.

Condeno o reclamante ao pagamento de honorários advocatícios

Dá-se provimento para condenar a 4ª reclamada subsidiariamente. em favor do(s) procurador(es) do 4º reclamado em 10% do valor da

causa.

Condeno o 1º, 2º, e 3º reclamados ao pagamento de honorários

advocatícios em favor do(s) procurador(es) do reclamante em 10%

do valor dos pedidos acolhidos.

A Lei 13467/2017 restringe o destinatário da verba honorária

sucumbencial, revertendo-a apenas aos advogados.

2.2.2. AUTOR BENEFICIÁRIO DA JUSTIÇA GRATUITA. Não há que se falar em inconstitucionalidade do art. 791-A, na

CONDIÇÃO SUSPENSIVA DE EXIGIBILIDADE DOS medida em que a condenação da parte em honorários de

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS sucumbência não impede o livre o livre acesso à justiça, mas

apenas estabelece uma espécie de litigância responsável.

Os honorários não são compensáveis entre si.

A base de cálculo conta com exclusão dos encargos previdenciários

e fiscais.

Observe-se o §4º do artigo 791-A, da CLT.

A presente demanda foi ajuizada em 10/01/2019, portanto após

iniciada a vigência da Lei n. 13.467/2017, denominada Reforma Requereu que seja aplicada a condição suspensiva de exigibilidade

Trabalhista. Ademais, não houve declaração de prescrição pela dos honorários advocatícios em que foi condenado, considerando a

Origem, nem recurso quanto à matéria. legislação vigente da matéria à data da prolação da sentença.

O autor afirma na peça de ingresso que foi admitido pela 1ª ré Analisa-se.

(S.O.S. Gases Industriais e Medicinais Ltda. - EPP) em 02/03/2015,

na função de Motorista de Caminhão, mediante pagamento mensal Na Justiça do Trabalho, prevalecia o entendimento consubstanciado

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nas Súmulas n.º 219 e 329 do E. TST segundo o qual, em se § 1o Os honorários são devidos também nas ações contra a

tratando de conflito decorrente da relação de emprego, os Fazenda Pública e nas ações em que a parte estiver assistida ou

honorários advocatícios eram devidos apenas quando preenchidos substituída pelo sindicato de sua categoria.

os requisitos contidos no art. 14 da Lei n. 5.584/1970.

§ 2o Ao fixar os honorários, o juízo observará:

Com o advento da Lei n. 13.467, de 13 de julho de 2017, contudo,

foi acrescentado à CLT o art. 791-A, que autorizou a condenação na I - o grau de zelo do profissional;

verba honorária em razão da mera sucumbência.

II - o lugar de prestação do serviço;

Além disso, o novel dispositivo previu o pagamento de honorários

de sucumbência recíproca, de forma que, vencido o reclamante, III - a natureza e a importância da causa;

ainda que relativamente a um único pedido, também deverá ele

responder pela verba honorária da parte contrária. IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o

seu serviço.

Em que pese a intensa celeuma jurídica que se instaurou acerca da

aplicabilidade do novo regramento, este Relator adotou o Por outro lado, é certo que, consoante exegese da Súmula n.º 326

entendimento de que os dispositivos da Reforma Trabalhista que do STJ, não há sucumbência quando o pedido formulado for

versam sobre honorários advocatícios apenas incidem nas acolhido parcialmente, mas apenas no caso de seu indeferimento

demandas ajuizadas após a vigência da Lei 13.467/17, que ocorreu total.

em 11/11/2017. Em suma, o marco quanto à aplicação ou não das

inovações legislativas advindas da Lei n. 13.467/2017 é a data do No caso em tela, o autor obteve êxito quanto aos pedidos de verbas

ajuizamento da ação e a contestação. rescisórias, salários atrasados, férias vencidas, FGTS, horas extras

e intervalo intrajornada, restando sucumbente quanto aos pedidos

O C. TST posicionou-se no mesmo sentido na recém editada de indenização por danos morais, multa do art. 467 da CLT e multa

Instrução Normativa n. 41, que, em seu art. 6º assim dispõe: do art. 477 da CLT. Logo, imputa-se devidos os honorários

advocatícios pela sucumbência recíproca.

Art. 6º Na Justiça do Trabalho, a condenação em honorários

advocatícios sucumbenciais, prevista no art. 791-A, e parágrafos, da Registra-se que a responsabilidade subsidiária da 4ª ré (White

CLT, será aplicável apenas às ações propostas após 11 de Martins) abrange a referida parcela, nos termos do item VI da

novembro de 2017 (Lei nº 13.467/2017). Nas ações propostas Súmula n. 331 do TST.

anteriormente, subsistem as diretrizes do art. 14 da Lei 5.584/1970

e das Súmulas nº 219 e 329 do TST. Contudo, in casu, o reclamante é beneficiário da justiça gratuita e,

em que pese o § 4º do art. 791-A da CLT dispor que as obrigações

A presente demanda foi ajuizada em 10/01/2019, logo, sob a égide decorrentes da sucumbência do beneficiário da justiça gratuita

da Reforma Trabalhista. seriam compensadas com eventuais créditos obtidos em juízo, este

Relator entende ser inaplicável o dispositivo em questão no que

Destarte, são devidos, na espécie, os honorários advocatícios, nos tange à mencionada compensação, tendo em vista que tal norma

termos da nova legislação, in verbis: viola as garantias constitucionais de amplo acesso à Justiça, de

assistência jurídica integral e gratuita e de proteção do salário.

Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão

devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% Acerca do tema, registra-se que no dia 23/10/2019, o Pleno deste

(cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o Regional, por maioria absoluta no Incidente de Inconstitucionalidade

valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico n. 0000453-35.2019.5.17.00000, declarou a inconstitucionalidade

obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado parcial do § 4º do art. 791-A da CLT somente quanto ao trecho:

da causa. "desde que não tenha obtido em juízo, ainda que em outro

processo, créditos capazes de suportar a despesa".

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Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

inicial de R$ 1.086,05 (um mil e oitenta e seis reais e cinco

Com efeito, prevaleceu a tese no sentido de que não se pode atingir centavos), tendo como último dia trabalhado em 10/12/2018 data

os créditos deferidos ao beneficiário da justiça gratuita, ainda que em que a 1ª ré encerrou suas atividades sem formalizar a rescisão

em outro processo, mas tão somente que a verba honorária fique do contrato de trabalho do autor e demais empregados.

sob condição suspensiva de exigibilidade, podendo ser executada,

se nos 2 (anos) subsequentes ao trânsito em julgado da decisão Em aditamento à petição inicial, o reclamante informou que após o

que a certificou, o credor demonstrar que deixou de existir a ajuizamento da ação entabulou acordo de rescisão do contrato de

situação de insuficiência de recursos que justificou a concessão de trabalho, no qual a ré reconheceu o encerramento do contrato sem

gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tal obrigação do justa causa ocorrido em 09/12/2018, já considerado o aviso prévio

beneficiário. trabalhado (ID. a89de22), comprometendo-se ao pagamento das

verbas rescisórias decorrentes (TRCT de ID. d144c25).

Dá-se parcial provimento ao apelo obreiro para estabelecer que a

verba honorária devida pelo autor deverá ficar, nos termos do § 4º Requereu a condenação da rés na indenização correspondentes

do art. 791-A da CLT, observada a impossibilidade de compensação aos descontos fiscais e previdenciários por não terem cumprido com

com eventuais créditos obtidos em juízo, e somente poderá ser suas obrigações trabalhistas ao tempo próprio.

executada se, nos 2 (dois) anos subsequentes ao trânsito em

julgado da decisão que a certificou, o credor demonstrar que deixou A Origem autorizou a dedução das contribuições previdenciárias

de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a nos seguintes parâmetros:

concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tal

obrigação do beneficiário. Tendo em vista as disposições contidas nas Leis n.º 8.212/91,

8.213/91, 8.218/91 e 8.620/93, defiro os descontos à Previdência

Social e Imposto de Renda, caso sejam devidos, nos termos do art.

462 da CLT.

Ainda, deverá a reclamada prestar as informações a que se refere o

artigo 32, inciso IV, da Lei n.8.212/1991, por meio da Guia de

Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e

Informações à Previdência Social (GFIP).

2.2.3. DESCONTOS FISCAIS Quanto ao Imposto de Renda e Proventos de Qualquer Natureza,

observe-se a Instrução Normativa 1500/2014. Não há falar, assim,

em indenização por valor de imposto de renda recolhido a maior.

Entende-se que as deduções fiscais, a incidirem sobre as verbas

reconhecidas em Juízo, devem ser suportadas pelo empregador.

Isso porque a reclamada deixou de cumprir as suas obrigações no

momento oportuno, levando o trabalhador a procurar a tutela

A presente demanda foi ajuizada em 10/01/2019, portanto após jurisdicional para a realização plena dos seus direitos.

iniciada a vigência da Lei n. 13.467/2017, denominada Reforma

Trabalhista. Ademais, não houve declaração de prescrição pela Registra-se que o reclamante sofreu dano com a conduta negligente

Origem, nem recurso quanto à matéria. da reclamada, pois, caso os valores pleiteados fossem pagos na

época própria, não haveria desconto de IR, haja vista que a

O autor afirma na peça de ingresso que foi admitido pela 1ª ré remuneração do obreiro está dentro da faixa de isenção do referido

(S.O.S. Gases Industriais e Medicinais Ltda. - EPP) em 02/03/2015, imposto.

na função de Motorista de Caminhão, mediante pagamento mensal

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Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Logo, com espeque nos artigos 186 c/c 927, ambos do Código Civil, centavos), tendo como último dia trabalhado em 10/12/2018 data

o infrator deve ser responsabilizado pela reparação do dano nos em que a 1ª ré encerrou suas atividades sem formalizar a rescisão

casos em que age de forma negligente, hipótese que se amolda ao do contrato de trabalho do autor e demais empregados.

caso em apreço, porquanto a empregadora não pagou de forma

correta, e em época própria as verbas salariais devidas ao obreiro. Em aditamento à petição inicial, o reclamante informou que após o

ajuizamento da ação entabulou acordo de rescisão do contrato de

Portanto, em conformidade com o disposto no art. 8º da CLT, trabalho, no qual a ré reconheceu o encerramento do contrato sem

combinado com o disposto nos arts. 186 e 927, ambos do Código justa causa ocorrido em 09/12/2018, já considerado o aviso prévio

Civil, devem as reclamadas indenizar o autor por eventuais valores trabalhado (ID. a89de22), comprometendo-se ao pagamento das

a serem deduzidos do montante da condenação a título de imposto verbas rescisórias decorrentes (TRCT de ID. d144c25).

de renda.

Requereu a condenação da rés na indenização correspondente aos

Registra-se que a responsabilidade subsidiária da 4ª ré (White descontos previdenciários.

Martins) abrange a referida parcela, nos termos do item VI da

Súmula n. 331 do TST. A Origem deferiu os descontos das contribuições previdenciárias,

tendo em vista as disposições contidas nas Leis n.º 8.212/91,

Dá-se provimento para condenar as rés na indenização equivalente 8.213/91, 8.218/91 e 8.620/93.

aos eventuais valores a serem deduzidos do montante da

condenação a título de imposto de renda. O reclamante reitera o pleito em razões recursais.

Examina-se.

Não tendo o empregador cumprido as suas obrigações no momento

oportuno, levando o trabalhador a procurar a tutela jurisdicional para

a realização plena dos seus direitos, as deduções previdenciárias

que incidam sobre as verbas reconhecidas em Juízo ao empregado

devem ser indenizadas pelo empregador, limitando-se os descontos

da parte autora ao valor histórico.

2.2.4. DESCONTOS PREVIDENCIÁRIOS

Por conseguinte, não tendo o empregador promovido o

recolhimento das contribuições previdenciárias na época própria, a

ele caberá arcar com os prejuízos provocados, em conformidade

com os arts. 186 e 927 do Código Civil.

Nesse sentido, a Súmula n. 17 deste Regional, in verbis:

Contribuição previdenciária. No tocante às contribuições

A presente demanda foi ajuizada em 10/01/2019, portanto após previdenciárias decorrentes de créditos reconhecidos em sentença,

iniciada a vigência da Lei n. 13.467/2017, denominada Reforma nos termos do art. 20, da Lei 8.212/91, deve o Reclamante arcar

Trabalhista. Ademais, não houve declaração de prescrição pela somente com o pagamento da contribuição previdenciária em seus

Origem, nem recurso quanto à matéria. valores históricos, ficando a cargo da empresa o pagamento de

juros, atualização monetária e multas.

O autor afirma na peça de ingresso que foi admitido pela 1ª ré

(S.O.S. Gases Industriais e Medicinais Ltda. - EPP) em 02/03/2015, Ante o exposto, dá-se provimento parcial para determinar que os

na função de Motorista de Caminhão, mediante pagamento mensal descontos previdenciários cota-reclamante sejam efetuados pelo

inicial de R$ 1.086,05 (um mil e oitenta e seis reais e cinco valor histórico, tocando à parte ré arcar com a correção monetária,

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 520
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

juros e multas. de exigibilidade, observada a impossibilidade de compensação com

eventuais créditos obtidos em juízo, e somente poderá ser

executada se, nos 2 (dois) anos subsequentes ao trânsito em

julgado da decisão que a certificou, o credor demonstrar que deixou

de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a

concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tal

obrigação do beneficiário, para condenar as rés na indenização

equivalente aos eventuais valores a serem deduzidos do montante

da condenação a título de imposto de renda e para determinar que

os descontos previdenciários cota-reclamante sejam efetuados pelo

valor histórico, tocando à parte ré arcar com a correção monetária,

juros e multas. Mantido o valor das custas, pelas rés. Vencido, no

tocante à responsabilidade subsidiária, o Exmo. Desembargador

Mário Ribeiro Cantarino Neto.

3. ACÓRDÃO

DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK

Relator

Acordam os Magistrados da 1ª Turma do Tribunal Regional do

Trabalho da 17ª Região, na Sessão Ordinária realizada no dia 03 de

dezembro de 2019, às 13 horas e 30 minutos, sob a Presidência do

Exmo. Desembargador Cláudio Armando Couce de Menezes, com

a participação do Exmo. Desembargador Mário Ribeiro Cantarino

Neto e do Exmo. Desembargador José Carlos Rizk, e presente o

Procurador Regional do Trabalho, Dr. Levi Scatolin; por

unanimidade, conhecer do recurso ordinário interposto pelo

reclamante, e no mérito, por maioria, dar-lhe parcial provimento ao

apelo para condenar a 4ª reclamada subsidiariamente, para

estabelecer que a verba honorária devida pelo autor deverá ficar,

nos termos do § 4º do art. 791-A da CLT, sob condição suspensiva Acórdão

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 521
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Processo Nº ROT-0000110-18.2019.5.17.0007
Relator JOSE CARLOS RIZK
RECORRENTE JOSIAS RODRIGUES HOFFMANN
ME
ADVOGADO POLIANA PINHEIRO FACHETTI(OAB:
26075/ES)
RECORRENTE EDUARDO SOARES RODRIGUES
ADVOGADO FELIPE GONCALVES
CIPRIANO(OAB: 21519/ES)
ADVOGADO PEDRO RODRIGUES FRAGA(OAB:
19323/ES)
RECORRIDO TRANSPORTADORA AMERICANA
LTDA
ADVOGADO RICARDO BARROS BRUM(OAB:
8793/ES)
RECORRIDO JOSIAS RODRIGUES HOFFMANN
ME EMENTA
ADVOGADO POLIANA PINHEIRO FACHETTI(OAB:
26075/ES)
RECORRIDO EDUARDO SOARES RODRIGUES
ADVOGADO FELIPE GONCALVES
CIPRIANO(OAB: 21519/ES)
ADVOGADO PEDRO RODRIGUES FRAGA(OAB:
19323/ES)

Intimado(s)/Citado(s):
- EDUARDO SOARES RODRIGUES

RECURSO ORDINÁRIO DA SEGUNDA RECLAMADA (JOSIAS


PODER JUDICIÁRIO RODRIGUES HOFFMANN ME). VÍNCULO DE EMPREGO.
JUSTIÇA DO TRABALHO "CHAPA". Considerando a existência dos elementos necessários

para a aferição da relação de emprego, uma vez que o labor ora

apreciado era despendido por pessoa física, de maneira pessoal,

não-eventual, onerosa e mediante subordinação, impõe-se o

reconhecimento do vínculo empregatício entre as partes.

RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE. HONORÁRIOS


PROCESSO nº 0000110-18.2019.5.17.0007 (ROT)
ADVOCATÍCIOS DE SUCUMBÊNCIA. AÇÃO AJUIZADA SOB A

ÉGIDE DA LEI 13.467/2017. A presente demanda foi ajuizada em


RECORRENTES: JOSIAS RODRIGUES HOFFMANN ME;
11/02/2019, logo, sob a égide da Reforma Trabalhista. Destarte, são
EDUARDO SOARES RODRIGUES
devidos, na espécie, os honorários advocatícios de sucumbência,

nos termos da nova legislação (art. 791-A, da CLT).


RECORRIDOS: EDUARDO SOARES RODRIGUES; JOSIAS

RODRIGUES HOFFMANN ME; TRANSPORTADORA

AMERICANA LTDA

ORIGEM: 7ª VARA DO TRABALHO DE VITÓRIA/ES

RELATOR: DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK

COMPETÊNCIA: 1ª TURMA

1. RELATÓRIO

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 522
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Na sessão ordinária realizada no dia 23/10/2019, o Pleno deste

Regional julgou o Incidente de Arguição de Inconstitucionalidade nº

0000453-35.2019.5.17.0000, declarando a inconstitucionalidade

parcial do §4º, do art. 791-A, da CLT.

Trata-se de recursos ordinários interpostos pela 2ª Reclamada (ID.

f2395be) e pelo Reclamante (ID. 6f8d202), em face da sentença Assim, considerando o julgamento da matéria pelo Pleno deste

prolatada ao ID. 1edc558, complementada pela decisão de Tribunal, os autos retornaram à 1ª Turma para prosseguimento do

embargos de declaração de ID. ba4459d, na qual a Origem rejeitou julgamento do mérito dos recursos interpostos.

as preliminares de inépcia da inicial e ilegitimidade passiva da 2ª

Ré; acolheu a preliminar de incompetência absoluta da Justiça do É o relatório.

Trabalho, extinguindo o feito sem resolução do mérito em relação

ao pedido de recolhimento das contribuições previdenciárias; e, no

mérito, reconhecendo o vínculo de emprego entre o Obreiro e a 2ª

Ré, condenou-a na obrigação de fazer consistente em anotar a

CTPS do Autor e na obrigação de pagar parcelas contratuais e

rescisórias; declarou, ainda, a responsabilidade subsidiária da 1ª

Reclamada; por fim, concedeu os benefícios da justiça gratuita ao

Laborista.

Irresignada, em suas razões recursais, pugna a 2ª Reclamada

(JOSIAS RODRIGUES HOFFMANN ME) pela reforma da r. decisão

no que tange ao vínculo de emprego, bem como os pedidos dele 2. FUNDAMENTAÇÃO

decorrentes.

Junta comprovante de recolhimento de custas processuais e de

depósito recursal ao ID. 5fc586c.

Ao ID. f02fc14 apresenta o Autor contrarrazões ao apelo Patronal,

pugnando seja-lhe negado provimento.

Por sua vez, em seu recurso ordinário, pretende o Laborista a

condenação das Rés no pagamento de honorários advocatícios

sucumbenciais.

A 2ª Reclamada apresenta contrarrazões ao ID. 912ecba, pedindo a

manutenção da decisão de Origem, no ponto atacado pelo Obreiro.

2.1. CONHECIMENTO

Registre-se que a presente ação foi interposta em 11/02/2019, sob

a égide, portanto, da Lei 13.467/2017 (Reforma Trabalhista).

Esta 1ª Turma, na sessão ordinária realizada no dia 06/08/2019,

resolveu, por unanimidade, suspender o julgamento do presente

processo em decorrência do incidente de inconstitucionalidade do §

4º, artigo 791-A, da CLT suscitado no processo nº 0000398-

09.2018.5.17.0101, que ainda seria julgado pelo Pleno.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 523
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Conhece-se dos recursos ordinários interpostos pela 2ª Reclamada 2.2. MÉRITO DO RECURSO ORDINÁRIO DA SEGUNDA

(JOSIAS RODRIGUES HOFFMANN ME) e pelo Reclamante, RECLAMDA (HOFFMANN LOCACAO DE MAO-DE-OBRA LTDA)

porquanto presentes os pressupostos legais de admissibilidade

recursal.

Registre-se que a presente ação foi interposta em 11/02/2019, sob

a égide, portanto, da Lei 13.467/2017 (Reforma Trabalhista).

Ressalte-se, ainda, não houve pronúncia da prescrição pela

Origem, não havendo tampouco recurso quanto ao tema.

2.2.1. VÍNCULO DE EMPREGO

Consta de inicial que o Reclamante foi admitido pela 2ª Reclamada

(JOSIAS RODRIGUES HOFFMANN ME) para atuar na carga e

descarga de produtos da 1ª Reclamada (TRANSPORTADORA

AMERICANA LTDA), tendo laborado entre 03/11/2017 e

19/04/2018, quando foi dispensado sem justa causa, sem nunca,

contudo, ter tido sua CTPS assinada.

Registre-se que a presente ação foi interposta em 11/02/2019, sob

a égide, portanto, da Lei 13.467/2017 (Reforma Trabalhista).

Ressalte-se, ainda, não houve pronúncia da prescrição pela

Origem, não havendo tampouco recurso quanto ao tema.

Na peça de ingresso alegou o Autor que, em que pese sempre ter

trabalhado de forma não eventual, onerosa, pessoal e subordinada,

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Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

nunca teve seu vínculo empregatício reconhecido, seja com a 1ª

Reclamada (tomadora dos serviços), seja com a segunda O conjunto probatório produzido, consistente na documentação

(contratante). exibida pelas partes, dos seus depoimentos pessoais e nas oitivas

das testemunhas Dionatan Pacheco Glismona e Gean Carlos

Pretendeu, em virtude do narrado, a declaração da existência da Dantas Gonçalves, que se encontram gravados em pasta própria da

relação de emprego com a 1ª Ré (TRANSPORTADORA Vara, não corroborou a tese defensiva patronal. Ao revés, a

AMERICANA LTDA) ou, subsidiariamente, com a 2ª (JOSIAS exemplo do que ocorreu no julgamento de outros processos

RODRIGUES HOFFMANN ME), bem como o pagamento de todas semelhantes, cada vez mais corriqueiros nesta Especializada, a

as verbas contratuais e rescisórias devidas, além da anotação da apreciação dos elementos dos autos revela que a relação mantida

CTPS. entre o reclamante e a segunda ré se enquadra na modalidade de

contrato de emprego, uma vez que restaram preenchidos os

Em contestação, a 2ª Reclamada (JOSIAS RODRIGUES requisitos exigidos pela CLT, quais sejam: a pessoalidade, a

HOFFMANN ME) negou o liame empregatício, sustentando a onerosidade, a subordinação e a não eventualidade.

eventualidade da prestação de serviços por parte do Obreiro.

Com efeito, a prova dos autos revelou que: o requerente foi

Explicou que: contratado pela segunda requerida para prestar serviços como

auxiliar de carga e descarga em favor da primeira requerida, em

A Reclamada trabalha com transporte de cargas, e, em alguns razão de contrato escrito de prestação de serviços mantido entre as

casos, necessita de mão-de-obra a mais, razão da prestação de empresas; foi contratado, assalariado e dirigido por Fabiano,

serviço aleatória do Reclamante. encarregado da segunda requerida; trabalhava de 3 a 4 dias por

semana; recebia da segunda requerida R$ 45,00 por dia trabalhado,

É de notório conhecimento que as empresas do ramo de transporte o que perfazia média mensal de R$ 900,00; o demandante não

não carregam, necessariamente, um mesmo número de volume em aguardava em casa para ser chamado, devia se apresentar à

suas cargas, e, tão somente quando estes volumes aumentam é primeira requerida automaticamente, sob pena de "perder o dia"; a

que se faz necessária contratação de diaristas, "chapas", estes que segunda requerida possuía outros colaboradores que prestavam os

não se submetem a nenhuma habitualidade e/ou subordinação. mesmos serviços em benefício da primeira ré também sem as

CTPSs devidamente formalizadas.

Argumentou, também, que a ausência da pessoalidade e da

subordinação afastam o pleito Autoral. Assim, não há dúvidas acerca dos requisitos necessários ao

pretenso reconhecimento do vínculo de emprego entre o requerente

Quanto à onerosidade, alegou que "o Reclamante também não e a primeira ré, nos termos dos arts. 2º e 3º da CLT. A

preenchia o requisito da onerosidade, pois não havia uma pessoalidade, a onerosidade e a não eventualidade restaram

dependência econômica, mas tão somente o pagamento pelo cabalmente comprovadas, assim, como a subordinação,

serviço prestado no determinado dia". considerado o pressuposto mais marcante da relação de emprego.

Sob o aspecto objetivo (estrutural), não há controvérsia de que o

A Origem deferiu parcialmente a pretensão Obreira, sob a seguinte autor mantinha participação integrativa na atividade-fim da

fundamentação: reclamada, que era justamente a prestação de serviços de carga e

descarga, conforme atos constitutivos apresentados.

No caso dos autos, uma vez admitida a prestação de serviços,

contudo, sob a alegação de relação jurídica distinta da relação de Subjetivamente, o demandante sempre atuou nos serviços habituais

emprego, as demandadas atraíram para si o ônus da prova quanto da empresa, em local por esta definido (segunda requerida -

ao suscitado fato impeditivo do direito do autor ao reconhecimento tomadora), cumprindo jornada e determinações dos seus

do vínculo empregatício, qual seja a existência de trabalho superiores.

autônomo ("chapa"), nos termos do art. 818 da CLT e 373, II, do

CPC, do qual não se desincumbiu com suficiência (art. 371 do Resta, pois, mais do que demonstrada a realidade do contrato de

CPC). emprego mantido pela segunda reclamada com o autor. Não há

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 525
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como se acolher tal prestação de serviços como sendo autônoma com pessoalidade, onerosidade, não eventualidade e subordinação.

("chapa") e não sendo de emprego, uma vez que socorre ao obreiro

o Princípio da Primazia da Realidade que, como ensina o insigne A transposição dos mencionados requisitos para o mundo fático, a

jurista uruguaio, Américo Plá Rodriguez, prevalece sobre meros fim de reconhecer ou não em uma circunstância real a existência de

papéis ou simples nomenclaturas, assegurando o reconhecimento um liame empregatício, é tarefa que, para ser cumprida, necessita

dos direitos sociais dos trabalhadores. ao máximo das informações trazidas aos autos por testemunhas e

pelas próprias partes pelos diversos meios de prova.

Dessa forma, julgo improcedente o pedido de reconhecimento de

relação direta de emprego entre o autor e a primeira requerida, mas Admitida a prestação de serviços por parte do Obreiro pela 2ª

declaro existente o vínculo empregatício entre o obreiro a segunda Reclamada (JOSIAS RODRIGUES HOFFMANN ME), impõe-se a

reclamada, no período postulado de 03-11-2017 a 19-05-2018, já esta, a teor do artigo 818, da CLT, o ônus de demonstrar a

considerada a projeção do aviso prévio indenizado, na função de inexistência desses requisitos.

auxiliar de carga e descarga, com salário mensal de R$ 900,00,

devendo a empresa proceder às devidas anotações na CTPS a ser Com vistas a esclarecer a questão, em audiência realizada aos

apresentada pelo obreiro. Em caso de descumprimento da 27/02/2019 (ID. 7bea636), foram colhidos os depoimentos pessoais

obrigação de fazer por parte da empresa, deverá a Secretaria da do Reclamante e dos prepostos das Reclamadas, além de

Vara efetuar as devidas anotações e oficiar à SRTE/ES e ao INSS. inquiridas uma testemunha a convite do Reclamante e uma a

convite da Reclamada.

Nos limites dos pedidos formulados na inicial (arts. 142 e 491 do

CPC), condeno a segunda ré a pagar ao autor, no prazo legal, as Relatou o Reclamante que:

seguintes parcelas contratuais e rescisórias: saldo de salário de

abril/2018, aviso prévio indenizado de 30 dias, férias proporcionais + Trabalhou para Hoffman durante 5 meses; fazia carga e descarga;

1/3, 13º salário proporcional, além de indenização dos depósitos do trabalhava todo os dias; recebia R$ 450,00 por quinzena; recebia

FGTS não efetuados + multa de 40%, devendo ser considerada a ordens do Baldan, do Rafael; apenas trabalhava para as Rés; foi

projeção do pré-aviso. "cortado" pelas empresas; não tinham empregados "com carteira

assinada" da Hoffman; se fosse convocado era obrigado a

Inconformada, em recurso ordinário, insiste a 2ª Reclamada comparecer; se não comparecesse era "cortado"; trabalhava de

(JOSIAS RODRIGUES HOFFMANN ME) na tese de ausência de 14h00 às 23h00

vínculo de emprego, afirmando que a sentença contraria as provas

dos autos. Informou o preposto da 1ª Reclamada que:

Acrescenta que: Não conhece o Reclamante; o Reclamante não possui qualquer

relação com a TA; não se recorda do Reclamante trabalhando na

O simples fato da Recorrente admitir que a prestação de serviços TA; raramente o depoente tem contato com os empregados da

na forma autônoma e eventual não tem o condão de atrair para si o carga e descarga.

ônus da prova, haja vista a natureza da prestação do serviço, bem

como não como ter um controle dos "chapas" que eventualmente Alegou a preposta da 2ª Reclamada que:

prestam serviços, pois eles não se vinculam a uma só empresa ou a

uma só área. Não conhece pessoalmente o Reclamante, mas o conhece pelo

nome e por telefone; quando tinha carga o encarregado comunicava

Examina-se. -se com o Reclamante convocando-o; não era toda semana que

tinha carga; a empresa possui outros trabalhadores nessa situação,

É cediço que, conforme legalmente consagrado pela conjugação cerca de 10; todos sem carteira assinada; eles atendem o excesso

dos artigos 2º e 3º, da CLT, a relação de emprego é composta de de demanda; o Reclamante ficou nessa situação cerca de 6 a 8

requisitos que devem apresentar-se cumulativamente na situação meses; o Reclamante prestava serviços cerca de 2 a 3 vezes por

fática, quais sejam, prestação de serviços por uma pessoa física semana; recebia por dia R$ 45,00 + R$ 12,00 para almoço e a

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 526
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passagem; foi contratado pelo Fabiano; o Fabiano que lidava afastar os elementos do vínculo empregatício, ônus que lhe

diretamente com esses trabalhadores;o pagamento era feito "em incumbia.

mãos" ou em depósito em conta; o Fabiano era também

responsável pelo pagamento. Nessa senda, restou incontroversa a onerosidade, tendo sido

admitido o pagamento de "diárias" pela própria Reclamada.

Disse a testemunha Obreira que:

Do mesmo modo a não eventualidade do labor, pois a preposta da

Trabalhou na TA; conheceu o depoente; trabalhava sem carteira 2ª Reclamada confessou que o trabalho era realizado de duas a

assinada, pela Hoffman; não trabalhava todos os dias; foi para a TA três vezes por semana.

depois do Reclamante; (...) na TA o depoente nunca faltou; tinha

serviço todos os dias; o depoente trabalhou na TA somente dois Entende-se ainda comprovada a pessoalidade, diante da

meses; o depoente recebia R$ 45,00 a diária + R$ 5,00 de horas declaração da testemunha Obreira no sentido de que se não

extras; recebia por quinzena; (...) foi contratado pela Hoffman; a pudesse comparecer "não poderia mandar alguém no lugar".

contratação se deu por telefone, por indicação de um amigo;

recebia ordens do Fabiano, da Hoffman; "todo mundo" trabalhava Por fim, inegável a subordinação.

sem carteira assinada; (...) se o depoente não pudesse comparecer

"não poderia mandar alguém no lugar"; Isso porque a prova oral - inclusive o depoimento da preposta -

confirma que o sr. Fabiano (empregado da 2ª Ré) era responsável

Afirmou a testemunha Patronal que: não somente por contratar os trabalhadores, mas também por gerir

a prestação de serviços e por remunerá-los. A testemunha Obreira

Trabalha na TA; não conhece o Reclamante, mas sabe que ele é afirmou que recebia ordens do sr. Fabiano e a preposta relatou que

"chapa" na empresa; o depoente solicitava o trabalho de carga e o sr. Fabiano "lidava diretamente" com esses trabalhadores.

descarga de acordo com a demanda; os "chapas" que faltassem

poderiam ser substituídos por outros. Não bastasse, restou patente que o empregado estava inserido na

organização da empresa, porquanto depreende-se dos autos que o

Pois bem. objeto social da Ré abarcava a "carga e descarga" (ID. 373c168),

sendo a atividade desempenhada pelo Autor (auxiliar de carga e

Conforme Valentim Carrion, define-se como "avulso" o trabalhador descarga), pois essencial à atividade fim empresarial.

que "presta serviços a inúmeras empresas, agrupado em entidade

de classe por intermédio desta e sem vínculo empregatício" . Na espécie, ainda que se argumente que não houvesse

subordinação direta, verifica-se que o Reclamante inseria-se na

Em que pese terem obtido, a partir da CRFB/88, a igualdade de dinâmica empresarial da Reclamada, caracterizando a chamada

direitos com os trabalhadores com vínculo de emprego (art. 7º, subordinação estrutural, que, conforme leciona Maurício Godinho

XXXIV), os avulsos possuem regramento apartado, basicamente Delgado (Delgado, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho.

disposto na Lei 12.815/13 (avulso portuário) e 12.023/09 (avulso 16ª Ed. São Paulo: LTr, 2017), configura-se "pela inserção do

fora do porto). trabalhador na dinâmica do tomador de seus serviços,

independentemente de receber (ou não) suas ordens diretas, mas

Para reconhecimento como avulso, contudo, a Lei 12.023/09 exige acolhendo, estruturalmente, sua dinâmica de organização e

a intermediação sindical. funcionamento".

Nesta esteira, importante frisar, inicialmente, que, apesar de a 2ª Arremata o i. doutrinador:

Reclamada sustentar que o Reclamante prestava serviços como

"chapa" (avulso), a contratação sequer observou os requisitos Na essência, trabalhador subordinado desde o humilde e tradicional

atinentes ao tal tipo de trabalho, conforme a supracitada Lei. obreiro que se submete à intensa pletora de ordens do tomador ao

longo de sua prestação de serviços (subordinação clássica ou

Não bastasse, tampouco cuidou de produzir provas no sentido de tradicional), como também aquele que realiza, ainda que sem

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 527
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incessantes ordens diretas, no plano manual ou intelectual, os

objetivos empresariais (subordinação objetiva), a par do prestador 2.3.1. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS DE SUCUMBÊNCIA

laborativo que, sem receber ordens diretas das chefias do tomador

de serviços e até mesmo nem realizar os objetivos do

empreendimento (atividades-meio, por exemplo), acopla-se,

estruturalmente, à organização e dinâmica operacional da empresa

tomadora, qualquer que seja sua função ou

especialização,incorporando, necessariamente, a cultura cotidiana

empresarial ao longo da prestação de serviços realizada

(subordinação estrutural).

Dessa forma, pelo conteúdo probatório dos autos nota-se que a

prestação de serviços do Reclamante para a empresa preencheu os Consta de inicial que o Reclamante foi admitido pela 2ª Reclamada

requisitos necessários para a configuração da relação de emprego (JOSIAS RODRIGUES HOFFMANN ME) para atuar na carga e

diretamente com a 2ª Reclamada (JOSIAS RODRIGUES descarga de produtos da 1ª Reclamada (TRANSPORTADORA

HOFFMANN ME), encontrando-se presentes, no caso em tela, AMERICANA LTDA), tendo laborado entre 03/11/2017 e

todos os elementos qualificadores do vínculo empregatício, 19/04/2018, quando foi dispensado sem justa causa, sem nunca,

conforme dispõe o artigo 3º da CLT, motivo pelo qual deve ser contudo, ter tido sua CTPS assinada.

mantida a r. sentença, no particular.

Registre-se que a presente ação foi interposta em 11/02/2019, sob

Nega-se provimento. a égide, portanto, da Lei 13.467/2017 (Reforma Trabalhista).

Ressalte-se, ainda, não houve pronúncia da prescrição pela

Origem, não havendo tampouco recurso quanto ao tema.

No que tange aos honorários advocatícios, o d. Juízo a quo

declarou a inconstitucionalidade do art. 791-A, da CLT e assim se

pronunciou:

Não são devidos honorários advocatícios em razão de sucumbência

2.3. MÉRITO DO RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE recíproca, uma vez que este Magistrado afasta a aplicação do art.

791-A da CLT, por entender que é ofensivo ao fundamento do valor

social do trabalho e aos princípios constitucionais do livre acesso ao

Judiciário pelos trabalhadores (que perseguem verbas de natureza

eminentemente alimentar) e da vedação ao retrocesso social,

previstos, respectivamente, nos art. 1º, IV, art. 5º, XXXV, e art. 7º,

caput, todos da CRFB.

Dessa forma, julgo improcedente o pleito de honorários advocatícios

formulado pelo reclamante, na medida em que não se encontra

assistido pelo sindicato da categoria, conforme exigência da Lei

5.584/70, explicitada também nas Súmulas 219 e 329 do E. TST e

18 deste E. Regional.

Em razões recursais demanda o Autor sejam as Rés condenadas

no pagamento da verba honorária de sucumbência, sustentando

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 528
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que a presente ação foi ajuizada sob a égide da Reforma advocatícios sucumbenciais, prevista no art. 791-A, e parágrafos, da

Trabalhista, pelo que incidem as previsões do art.791-A, da CLT. CLT, será aplicável apenas às ações propostas após 11 de

novembro de 2017 (Lei nº 13.467/2017). Nas ações propostas

Esta 1ª Turma, na sessão ordinária realizada no dia 06/08/2019, anteriormente, subsistem as diretrizes do art. 14 da Lei 5.584/1970

resolveu, por unanimidade, suspender o julgamento do presente e das Súmulas nº 219 e 329 do TST.

processo em decorrência do incidente de inconstitucionalidade do §

4º, artigo 791-A, da CLT suscitado no processo nº 0000398- A presente demanda foi ajuizada em 11/02/2019, logo, sob a égide

09.2018.5.17.0101, que ainda seria julgado pelo Pleno. da Reforma Trabalhista.

Na sessão ordinária realizada no dia 23/10/2019, o Pleno deste Destarte, são devidos, na espécie, os honorários advocatícios, nos

Regional julgou o Incidente de Arguição de Inconstitucionalidade nº termos da nova legislação, in verbis:

0000453-35.2019.5.17.0000, declarando a inconstitucionalidade

parcial do §4º, do art. 791-A, da CLT. Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão

devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5%

Assim, considerando o julgamento da matéria pelo Pleno deste (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o

Tribunal, os autos retornaram à 1ª Turma para prosseguimento do valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico

julgamento do mérito dos recursos interpostos. obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado

da causa.

Examina-se.

§ 1o Os honorários são devidos também nas ações contra a

Na Justiça do Trabalho, prevalecia o entendimento consubstanciado Fazenda Pública e nas ações em que a parte estiver assistida ou

nas Súmulas n.º 219 e 329 do E. TST segundo o qual, em se substituída pelo sindicato de sua categoria.

tratando de conflito decorrente da relação de emprego, os

honorários advocatícios eram devidos apenas quando preenchidos [...]

os requisitos contidos no art. 14 da Lei n. 5.584/1970.

§ 3o Na hipótese de procedência parcial, o juízo arbitrará honorários

Com o advento da Lei 13.467, de 13 de julho de 2017, contudo, foi de sucumbência recíproca, vedada a compensação entre os

acrescentado à CLT o art. 791-A, que autorizou a condenação na honorários.

verba honorária em razão da mera sucumbência.

Ademais, tendo sido mantida a r. sentença, que julgou os pedidos

Além disso, o novel dispositivo previu o pagamento de honorários parcialmente procedentes, a verba honorária deve ser fixada de

de sucumbência recíproca, de forma que, vencido o Reclamante, forma recíproca.

ainda que relativamente a um único pedido, também deverá ele

responder pela verba honorária da parte contrária. Noutro giro, quanto ao valor, devem ser observados os parâmetros

fixados no §2º do art. 791-A, quais sejam:

Em que pese a intensa celeuma jurídica que se instaurou acerca da

aplicabilidade do novo regramento, este Relator adotou o § 2o Ao fixar os honorários, o juízo observará:

entendimento de que os dispositivos da Reforma Trabalhista que

versam sobre honorários advocatícios apenas incidem nas I - o grau de zelo do profissional;

demandas ajuizadas após a vigência da Lei 13.467/17, que ocorreu

em 11/11/2017. II - o lugar de prestação do serviço;

O C. TST posicionou-se no mesmo sentido na recém editada III - a natureza e a importância da causa;

Instrução Normativa n. 41, que, em seu art. 6º assim dispõe:

IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o

Art. 6º Na Justiça do Trabalho, a condenação em honorários seu serviço.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 529
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

ainda que outro processo, créditos capazes de suportar a despesa",

Tendo em vista a praxe deste Tribunal, entende-se suficiente e no sentido de que não se possa atingir os créditos deferidos ao

proporcional a fixação, para os honorários devidos pelas Rés, do beneficiário da justiça gratuita, ainda que em outro processo, mas

percentual de 15% (quinze por cento) sobre o valor da condenação. tão somente que a verba honorária fique sob condição suspensiva

de exigibilidade, podendo ser executada, se nos 2 (anos)

No tocante aos honorários devidos pelo Obreiro, entende-se subseqüentes ao trânsito em julgado da decisão que a certificou, o

razoável o arbitramento da verba no percentual de 5% (cinco por credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência

cento) sobre os pedidos julgados totalmente improcedentes. de recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-

se, passado esse prazo, tal obrigação do beneficiário".

Registre-se que, embora os honorários advocatícios sirvam para

remunerar o trabalho desempenhado pelos patronos, que, in casu, Com efeito, não se pode olvidar que o crédito trabalhista tem

cumpriram seu papel com louvor, não se pode perder de vista que o natureza alimentar e o trabalhador, ao despender sua força de

seu pagamento é efetuado pelas partes e o Reclamante é trabalho em proveito do empregador, não busca senão o seu

hipossuficiente em relação à empresa. próprio sustento e da sua família. Dessa forma, não é compatível

com os direitos constitucionalmente tutelados a compensação das

Nesse contexto, vale frisar que o princípio isonomia consiste em obrigações decorrentes da sucumbência com os créditos do

tratar os iguais igualmente e os desiguais desigualmente. É dizer, a trabalhador em estado de miserabilidade econômica.

igualdade formal deve ceder lugar à igualdade real ou substancial,

sob pena de se afastar do artigo 5º, caput, da CRFB/88. Nesse mesmo sentido é o Enunciado n.o 3, da Comissão 7,

aprovado na 2ª Jornada de Direito Material e Processual do

Por fim, o Reclamante é beneficiário da justiça gratuita, conforme Trabalho, realizada pela ANAMATRA (Associação Nacional dos

deferida pela Origem e, nesse caso, pela redação do novel § 4º do Magistrados da Justiça do Trabalho), entre 9 e 10 de outubro de

art. 791-A, as obrigações decorrentes da sucumbência ficariam sob 2017:

condição suspensiva ou seus valores seriam compensadas com

eventuais créditos obtidos em juízo: HONORÁRIOS E ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA

§ 4° Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha É inconstitucional a previsão de utilização dos créditos trabalhistas

obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de reconhecidos em juízo para o pagamento de despesas do

suportar a despesa, as obrigações decorrentes de sua sucumbência beneficiário da justiça gratuita com honorários advocatícios ou

ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente periais (artigos 791-A, §4º, e 790-B, §4º, da CLT, com a redação

poderão ser executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito dada pela Lei nº 13.467/2017), por ferir os direitos fundamentais à

em julgado da decisão que as certificou, o credor demonstrar que assistência judiciária gratuita e integral, prestada pelo Estado, e à

deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que proteção do salário (artigos 5º. LXXIV, e 7º, X, da Constituição

justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse Federal).

prazo, tais obrigações do beneficiário.

Portanto, nos termos da decisão proferida pelo Pleno deste

Ocorre que o Pleno deste Regional, em recente decisão prolatada Regional, a verba honorária devida pelo Autor deverá ficar sob

nos autos da Arguição de Inconstitucionalidade nº 0000453- condição suspensiva de exigibilidade e somente poderá ser

35.2019.5.17.0000, declarou a inconstitucionalidade parcial do §4º, executada se, nos 2 (dois) anos subsequentes ao trânsito em

do art. 791-A, da CLT, conforme se depreende da ementa ora julgado da decisão que a certificou, o credor demonstrar que deixou

transcrita: de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a

concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tal

"ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. HONORÁRIOS obrigação do beneficiário.

ADVOCATÍCIOS. ARTIGO 791-A, § 4º, DA CLT. Declara-se a

inconstitucionalidade parcial do § 4º, do artigo 791-A, da CLT Dá-se parcial provimento para condenar as partes no pagamento de

somente quanto ao trecho: "desde que não tenha obtido em juízo, honorários advocatícios de sucumbência recíproca, as Reclamadas

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 530
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em favor do patrono do Reclamante no percentual de 15% (quinze Acordam os Magistrados da 1ª Turma do Tribunal Regional do

por cento) sobre o valor da condenação, e o Autor em favor dos Trabalho da 17ª Região, na Sessão Ordinária realizada no dia 03 de

patronos das Rés no percentual de 5% (cinco por cento) sobre os dezembro de 2019, às 13 horas e 30 minutos, sob a presidência do

pedidos julgados totalmente improcedentes; e para determinar que Exmo. Desembargador Cláudio Armando Couce de Menezes, com

verba honorária devida pelo Autor deverá ficar sob condição a participação do Exmo. Desembargador José Carlos Rizk, do

suspensiva de exigibilidade e somente poderá ser executada se, Exmo. Desembargador Mario Ribeiro Cantarino Neto, e presente o

nos 2 (dois) anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão Procurador do Trabalho, Dr. Levi Scatolin, por unanimidade,

que a certificou, o credor demonstrar que deixou de existir a conhecer do recurso ordinário interposto pela 2ª Reclamada

situação de insuficiência de recursos que justificou a concessão de (JOSIAS RODRIGUES HOFFMANN ME) e do recurso ordinário

gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tal obrigação do interposto pelo Reclamante, e no mérito, negar provimento ao apelo

beneficiário. Patronal e dar parcial provimento ao apelo Obreiro para condenar

as partes no pagamento de honorários advocatícios de

sucumbência recíproca, as Reclamadas em favor do patrono do

Reclamante no percentual de 15% (quinze por cento) sobre o valor

da condenação, e o Autor em favor dos patronos das Rés no

percentual de 5% (cinco por cento) sobre os pedidos julgados

totalmente improcedentes; e para determinar que verba honorária

devida pelo Autor deverá ficar sob condição suspensiva de

exigibilidade e somente poderá ser executada se, nos 2 (dois) anos

subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que a certificou, o

credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência

de recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-

se, passado esse prazo, tal obrigação do beneficiário. Mantém-se o

valor da condenação.

3. ACÓRDÃO

DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK

Relator

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 531
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

RELATOR: DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK

COMPETÊNCIA: 1ª TURMA

Acórdão
Processo Nº ROT-0000110-18.2019.5.17.0007
Relator JOSE CARLOS RIZK
RECORRENTE JOSIAS RODRIGUES HOFFMANN
ME
ADVOGADO POLIANA PINHEIRO FACHETTI(OAB:
26075/ES)
RECORRENTE EDUARDO SOARES RODRIGUES
ADVOGADO FELIPE GONCALVES
CIPRIANO(OAB: 21519/ES)
ADVOGADO PEDRO RODRIGUES FRAGA(OAB:
19323/ES)
RECORRIDO TRANSPORTADORA AMERICANA
LTDA
ADVOGADO RICARDO BARROS BRUM(OAB:
8793/ES)
RECORRIDO JOSIAS RODRIGUES HOFFMANN
ME
EMENTA
ADVOGADO POLIANA PINHEIRO FACHETTI(OAB:
26075/ES)
RECORRIDO EDUARDO SOARES RODRIGUES
ADVOGADO FELIPE GONCALVES
CIPRIANO(OAB: 21519/ES)
ADVOGADO PEDRO RODRIGUES FRAGA(OAB:
19323/ES)

Intimado(s)/Citado(s):
- JOSIAS RODRIGUES HOFFMANN ME

RECURSO ORDINÁRIO DA SEGUNDA RECLAMADA (JOSIAS


PODER JUDICIÁRIO RODRIGUES HOFFMANN ME). VÍNCULO DE EMPREGO.
JUSTIÇA DO TRABALHO "CHAPA". Considerando a existência dos elementos necessários

para a aferição da relação de emprego, uma vez que o labor ora

apreciado era despendido por pessoa física, de maneira pessoal,

não-eventual, onerosa e mediante subordinação, impõe-se o

reconhecimento do vínculo empregatício entre as partes.

RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE. HONORÁRIOS


PROCESSO nº 0000110-18.2019.5.17.0007 (ROT)
ADVOCATÍCIOS DE SUCUMBÊNCIA. AÇÃO AJUIZADA SOB A

ÉGIDE DA LEI 13.467/2017. A presente demanda foi ajuizada em


RECORRENTES: JOSIAS RODRIGUES HOFFMANN ME;
11/02/2019, logo, sob a égide da Reforma Trabalhista. Destarte, são
EDUARDO SOARES RODRIGUES
devidos, na espécie, os honorários advocatícios de sucumbência,

nos termos da nova legislação (art. 791-A, da CLT).


RECORRIDOS: EDUARDO SOARES RODRIGUES; JOSIAS

RODRIGUES HOFFMANN ME; TRANSPORTADORA

AMERICANA LTDA

ORIGEM: 7ª VARA DO TRABALHO DE VITÓRIA/ES

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 532
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Registre-se que a presente ação foi interposta em 11/02/2019, sob

a égide, portanto, da Lei 13.467/2017 (Reforma Trabalhista).

Esta 1ª Turma, na sessão ordinária realizada no dia 06/08/2019,

1. RELATÓRIO resolveu, por unanimidade, suspender o julgamento do presente

processo em decorrência do incidente de inconstitucionalidade do §

4º, artigo 791-A, da CLT suscitado no processo nº 0000398-

09.2018.5.17.0101, que ainda seria julgado pelo Pleno.

Na sessão ordinária realizada no dia 23/10/2019, o Pleno deste

Regional julgou o Incidente de Arguição de Inconstitucionalidade nº

0000453-35.2019.5.17.0000, declarando a inconstitucionalidade

parcial do §4º, do art. 791-A, da CLT.

Trata-se de recursos ordinários interpostos pela 2ª Reclamada (ID.

f2395be) e pelo Reclamante (ID. 6f8d202), em face da sentença Assim, considerando o julgamento da matéria pelo Pleno deste

prolatada ao ID. 1edc558, complementada pela decisão de Tribunal, os autos retornaram à 1ª Turma para prosseguimento do

embargos de declaração de ID. ba4459d, na qual a Origem rejeitou julgamento do mérito dos recursos interpostos.

as preliminares de inépcia da inicial e ilegitimidade passiva da 2ª

Ré; acolheu a preliminar de incompetência absoluta da Justiça do É o relatório.

Trabalho, extinguindo o feito sem resolução do mérito em relação

ao pedido de recolhimento das contribuições previdenciárias; e, no

mérito, reconhecendo o vínculo de emprego entre o Obreiro e a 2ª

Ré, condenou-a na obrigação de fazer consistente em anotar a

CTPS do Autor e na obrigação de pagar parcelas contratuais e

rescisórias; declarou, ainda, a responsabilidade subsidiária da 1ª

Reclamada; por fim, concedeu os benefícios da justiça gratuita ao

Laborista.

Irresignada, em suas razões recursais, pugna a 2ª Reclamada

(JOSIAS RODRIGUES HOFFMANN ME) pela reforma da r. decisão

no que tange ao vínculo de emprego, bem como os pedidos dele 2. FUNDAMENTAÇÃO

decorrentes.

Junta comprovante de recolhimento de custas processuais e de

depósito recursal ao ID. 5fc586c.

Ao ID. f02fc14 apresenta o Autor contrarrazões ao apelo Patronal,

pugnando seja-lhe negado provimento.

Por sua vez, em seu recurso ordinário, pretende o Laborista a

condenação das Rés no pagamento de honorários advocatícios

sucumbenciais.

A 2ª Reclamada apresenta contrarrazões ao ID. 912ecba, pedindo a

manutenção da decisão de Origem, no ponto atacado pelo Obreiro.

2.1. CONHECIMENTO

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Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Conhece-se dos recursos ordinários interpostos pela 2ª Reclamada 2.2. MÉRITO DO RECURSO ORDINÁRIO DA SEGUNDA

(JOSIAS RODRIGUES HOFFMANN ME) e pelo Reclamante, RECLAMDA (HOFFMANN LOCACAO DE MAO-DE-OBRA LTDA)

porquanto presentes os pressupostos legais de admissibilidade

recursal.

Registre-se que a presente ação foi interposta em 11/02/2019, sob

a égide, portanto, da Lei 13.467/2017 (Reforma Trabalhista).

Ressalte-se, ainda, não houve pronúncia da prescrição pela

Origem, não havendo tampouco recurso quanto ao tema.

2.2.1. VÍNCULO DE EMPREGO

Consta de inicial que o Reclamante foi admitido pela 2ª Reclamada

(JOSIAS RODRIGUES HOFFMANN ME) para atuar na carga e

descarga de produtos da 1ª Reclamada (TRANSPORTADORA

AMERICANA LTDA), tendo laborado entre 03/11/2017 e

19/04/2018, quando foi dispensado sem justa causa, sem nunca,

contudo, ter tido sua CTPS assinada.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 534
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Registre-se que a presente ação foi interposta em 11/02/2019, sob No caso dos autos, uma vez admitida a prestação de serviços,

a égide, portanto, da Lei 13.467/2017 (Reforma Trabalhista). contudo, sob a alegação de relação jurídica distinta da relação de

emprego, as demandadas atraíram para si o ônus da prova quanto

Ressalte-se, ainda, não houve pronúncia da prescrição pela ao suscitado fato impeditivo do direito do autor ao reconhecimento

Origem, não havendo tampouco recurso quanto ao tema. do vínculo empregatício, qual seja a existência de trabalho

autônomo ("chapa"), nos termos do art. 818 da CLT e 373, II, do

Na peça de ingresso alegou o Autor que, em que pese sempre ter CPC, do qual não se desincumbiu com suficiência (art. 371 do

trabalhado de forma não eventual, onerosa, pessoal e subordinada, CPC).

nunca teve seu vínculo empregatício reconhecido, seja com a 1ª

Reclamada (tomadora dos serviços), seja com a segunda O conjunto probatório produzido, consistente na documentação

(contratante). exibida pelas partes, dos seus depoimentos pessoais e nas oitivas

das testemunhas Dionatan Pacheco Glismona e Gean Carlos

Pretendeu, em virtude do narrado, a declaração da existência da Dantas Gonçalves, que se encontram gravados em pasta própria da

relação de emprego com a 1ª Ré (TRANSPORTADORA Vara, não corroborou a tese defensiva patronal. Ao revés, a

AMERICANA LTDA) ou, subsidiariamente, com a 2ª (JOSIAS exemplo do que ocorreu no julgamento de outros processos

RODRIGUES HOFFMANN ME), bem como o pagamento de todas semelhantes, cada vez mais corriqueiros nesta Especializada, a

as verbas contratuais e rescisórias devidas, além da anotação da apreciação dos elementos dos autos revela que a relação mantida

CTPS. entre o reclamante e a segunda ré se enquadra na modalidade de

contrato de emprego, uma vez que restaram preenchidos os

Em contestação, a 2ª Reclamada (JOSIAS RODRIGUES requisitos exigidos pela CLT, quais sejam: a pessoalidade, a

HOFFMANN ME) negou o liame empregatício, sustentando a onerosidade, a subordinação e a não eventualidade.

eventualidade da prestação de serviços por parte do Obreiro.

Com efeito, a prova dos autos revelou que: o requerente foi

Explicou que: contratado pela segunda requerida para prestar serviços como

auxiliar de carga e descarga em favor da primeira requerida, em

A Reclamada trabalha com transporte de cargas, e, em alguns razão de contrato escrito de prestação de serviços mantido entre as

casos, necessita de mão-de-obra a mais, razão da prestação de empresas; foi contratado, assalariado e dirigido por Fabiano,

serviço aleatória do Reclamante. encarregado da segunda requerida; trabalhava de 3 a 4 dias por

semana; recebia da segunda requerida R$ 45,00 por dia trabalhado,

É de notório conhecimento que as empresas do ramo de transporte o que perfazia média mensal de R$ 900,00; o demandante não

não carregam, necessariamente, um mesmo número de volume em aguardava em casa para ser chamado, devia se apresentar à

suas cargas, e, tão somente quando estes volumes aumentam é primeira requerida automaticamente, sob pena de "perder o dia"; a

que se faz necessária contratação de diaristas, "chapas", estes que segunda requerida possuía outros colaboradores que prestavam os

não se submetem a nenhuma habitualidade e/ou subordinação. mesmos serviços em benefício da primeira ré também sem as

CTPSs devidamente formalizadas.

Argumentou, também, que a ausência da pessoalidade e da

subordinação afastam o pleito Autoral. Assim, não há dúvidas acerca dos requisitos necessários ao

pretenso reconhecimento do vínculo de emprego entre o requerente

Quanto à onerosidade, alegou que "o Reclamante também não e a primeira ré, nos termos dos arts. 2º e 3º da CLT. A

preenchia o requisito da onerosidade, pois não havia uma pessoalidade, a onerosidade e a não eventualidade restaram

dependência econômica, mas tão somente o pagamento pelo cabalmente comprovadas, assim, como a subordinação,

serviço prestado no determinado dia". considerado o pressuposto mais marcante da relação de emprego.

Sob o aspecto objetivo (estrutural), não há controvérsia de que o

A Origem deferiu parcialmente a pretensão Obreira, sob a seguinte autor mantinha participação integrativa na atividade-fim da

fundamentação: reclamada, que era justamente a prestação de serviços de carga e

descarga, conforme atos constitutivos apresentados.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 535
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

uma só área.

Subjetivamente, o demandante sempre atuou nos serviços habituais

da empresa, em local por esta definido (segunda requerida - Examina-se.

tomadora), cumprindo jornada e determinações dos seus

superiores. É cediço que, conforme legalmente consagrado pela conjugação

dos artigos 2º e 3º, da CLT, a relação de emprego é composta de

Resta, pois, mais do que demonstrada a realidade do contrato de requisitos que devem apresentar-se cumulativamente na situação

emprego mantido pela segunda reclamada com o autor. Não há fática, quais sejam, prestação de serviços por uma pessoa física

como se acolher tal prestação de serviços como sendo autônoma com pessoalidade, onerosidade, não eventualidade e subordinação.

("chapa") e não sendo de emprego, uma vez que socorre ao obreiro

o Princípio da Primazia da Realidade que, como ensina o insigne A transposição dos mencionados requisitos para o mundo fático, a

jurista uruguaio, Américo Plá Rodriguez, prevalece sobre meros fim de reconhecer ou não em uma circunstância real a existência de

papéis ou simples nomenclaturas, assegurando o reconhecimento um liame empregatício, é tarefa que, para ser cumprida, necessita

dos direitos sociais dos trabalhadores. ao máximo das informações trazidas aos autos por testemunhas e

pelas próprias partes pelos diversos meios de prova.

Dessa forma, julgo improcedente o pedido de reconhecimento de

relação direta de emprego entre o autor e a primeira requerida, mas Admitida a prestação de serviços por parte do Obreiro pela 2ª

declaro existente o vínculo empregatício entre o obreiro a segunda Reclamada (JOSIAS RODRIGUES HOFFMANN ME), impõe-se a

reclamada, no período postulado de 03-11-2017 a 19-05-2018, já esta, a teor do artigo 818, da CLT, o ônus de demonstrar a

considerada a projeção do aviso prévio indenizado, na função de inexistência desses requisitos.

auxiliar de carga e descarga, com salário mensal de R$ 900,00,

devendo a empresa proceder às devidas anotações na CTPS a ser Com vistas a esclarecer a questão, em audiência realizada aos

apresentada pelo obreiro. Em caso de descumprimento da 27/02/2019 (ID. 7bea636), foram colhidos os depoimentos pessoais

obrigação de fazer por parte da empresa, deverá a Secretaria da do Reclamante e dos prepostos das Reclamadas, além de

Vara efetuar as devidas anotações e oficiar à SRTE/ES e ao INSS. inquiridas uma testemunha a convite do Reclamante e uma a

convite da Reclamada.

Nos limites dos pedidos formulados na inicial (arts. 142 e 491 do

CPC), condeno a segunda ré a pagar ao autor, no prazo legal, as Relatou o Reclamante que:

seguintes parcelas contratuais e rescisórias: saldo de salário de

abril/2018, aviso prévio indenizado de 30 dias, férias proporcionais + Trabalhou para Hoffman durante 5 meses; fazia carga e descarga;

1/3, 13º salário proporcional, além de indenização dos depósitos do trabalhava todo os dias; recebia R$ 450,00 por quinzena; recebia

FGTS não efetuados + multa de 40%, devendo ser considerada a ordens do Baldan, do Rafael; apenas trabalhava para as Rés; foi

projeção do pré-aviso. "cortado" pelas empresas; não tinham empregados "com carteira

assinada" da Hoffman; se fosse convocado era obrigado a

Inconformada, em recurso ordinário, insiste a 2ª Reclamada comparecer; se não comparecesse era "cortado"; trabalhava de

(JOSIAS RODRIGUES HOFFMANN ME) na tese de ausência de 14h00 às 23h00

vínculo de emprego, afirmando que a sentença contraria as provas

dos autos. Informou o preposto da 1ª Reclamada que:

Acrescenta que: Não conhece o Reclamante; o Reclamante não possui qualquer

relação com a TA; não se recorda do Reclamante trabalhando na

O simples fato da Recorrente admitir que a prestação de serviços TA; raramente o depoente tem contato com os empregados da

na forma autônoma e eventual não tem o condão de atrair para si o carga e descarga.

ônus da prova, haja vista a natureza da prestação do serviço, bem

como não como ter um controle dos "chapas" que eventualmente Alegou a preposta da 2ª Reclamada que:

prestam serviços, pois eles não se vinculam a uma só empresa ou a

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 536
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Não conhece pessoalmente o Reclamante, mas o conhece pelo a intermediação sindical.

nome e por telefone; quando tinha carga o encarregado comunicava

-se com o Reclamante convocando-o; não era toda semana que Nesta esteira, importante frisar, inicialmente, que, apesar de a 2ª

tinha carga; a empresa possui outros trabalhadores nessa situação, Reclamada sustentar que o Reclamante prestava serviços como

cerca de 10; todos sem carteira assinada; eles atendem o excesso "chapa" (avulso), a contratação sequer observou os requisitos

de demanda; o Reclamante ficou nessa situação cerca de 6 a 8 atinentes ao tal tipo de trabalho, conforme a supracitada Lei.

meses; o Reclamante prestava serviços cerca de 2 a 3 vezes por

semana; recebia por dia R$ 45,00 + R$ 12,00 para almoço e a Não bastasse, tampouco cuidou de produzir provas no sentido de

passagem; foi contratado pelo Fabiano; o Fabiano que lidava afastar os elementos do vínculo empregatício, ônus que lhe

diretamente com esses trabalhadores;o pagamento era feito "em incumbia.

mãos" ou em depósito em conta; o Fabiano era também

responsável pelo pagamento. Nessa senda, restou incontroversa a onerosidade, tendo sido

admitido o pagamento de "diárias" pela própria Reclamada.

Disse a testemunha Obreira que:

Do mesmo modo a não eventualidade do labor, pois a preposta da

Trabalhou na TA; conheceu o depoente; trabalhava sem carteira 2ª Reclamada confessou que o trabalho era realizado de duas a

assinada, pela Hoffman; não trabalhava todos os dias; foi para a TA três vezes por semana.

depois do Reclamante; (...) na TA o depoente nunca faltou; tinha

serviço todos os dias; o depoente trabalhou na TA somente dois Entende-se ainda comprovada a pessoalidade, diante da

meses; o depoente recebia R$ 45,00 a diária + R$ 5,00 de horas declaração da testemunha Obreira no sentido de que se não

extras; recebia por quinzena; (...) foi contratado pela Hoffman; a pudesse comparecer "não poderia mandar alguém no lugar".

contratação se deu por telefone, por indicação de um amigo;

recebia ordens do Fabiano, da Hoffman; "todo mundo" trabalhava Por fim, inegável a subordinação.

sem carteira assinada; (...) se o depoente não pudesse comparecer

"não poderia mandar alguém no lugar"; Isso porque a prova oral - inclusive o depoimento da preposta -

confirma que o sr. Fabiano (empregado da 2ª Ré) era responsável

Afirmou a testemunha Patronal que: não somente por contratar os trabalhadores, mas também por gerir

a prestação de serviços e por remunerá-los. A testemunha Obreira

Trabalha na TA; não conhece o Reclamante, mas sabe que ele é afirmou que recebia ordens do sr. Fabiano e a preposta relatou que

"chapa" na empresa; o depoente solicitava o trabalho de carga e o sr. Fabiano "lidava diretamente" com esses trabalhadores.

descarga de acordo com a demanda; os "chapas" que faltassem

poderiam ser substituídos por outros. Não bastasse, restou patente que o empregado estava inserido na

organização da empresa, porquanto depreende-se dos autos que o

Pois bem. objeto social da Ré abarcava a "carga e descarga" (ID. 373c168),

sendo a atividade desempenhada pelo Autor (auxiliar de carga e

Conforme Valentim Carrion, define-se como "avulso" o trabalhador descarga), pois essencial à atividade fim empresarial.

que "presta serviços a inúmeras empresas, agrupado em entidade

de classe por intermédio desta e sem vínculo empregatício" . Na espécie, ainda que se argumente que não houvesse

subordinação direta, verifica-se que o Reclamante inseria-se na

Em que pese terem obtido, a partir da CRFB/88, a igualdade de dinâmica empresarial da Reclamada, caracterizando a chamada

direitos com os trabalhadores com vínculo de emprego (art. 7º, subordinação estrutural, que, conforme leciona Maurício Godinho

XXXIV), os avulsos possuem regramento apartado, basicamente Delgado (Delgado, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho.

disposto na Lei 12.815/13 (avulso portuário) e 12.023/09 (avulso 16ª Ed. São Paulo: LTr, 2017), configura-se "pela inserção do

fora do porto). trabalhador na dinâmica do tomador de seus serviços,

independentemente de receber (ou não) suas ordens diretas, mas

Para reconhecimento como avulso, contudo, a Lei 12.023/09 exige acolhendo, estruturalmente, sua dinâmica de organização e

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 537
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

funcionamento".

Arremata o i. doutrinador:

Na essência, trabalhador subordinado desde o humilde e tradicional

obreiro que se submete à intensa pletora de ordens do tomador ao

longo de sua prestação de serviços (subordinação clássica ou

tradicional), como também aquele que realiza, ainda que sem

incessantes ordens diretas, no plano manual ou intelectual, os

objetivos empresariais (subordinação objetiva), a par do prestador 2.3.1. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS DE SUCUMBÊNCIA

laborativo que, sem receber ordens diretas das chefias do tomador

de serviços e até mesmo nem realizar os objetivos do

empreendimento (atividades-meio, por exemplo), acopla-se,

estruturalmente, à organização e dinâmica operacional da empresa

tomadora, qualquer que seja sua função ou

especialização,incorporando, necessariamente, a cultura cotidiana

empresarial ao longo da prestação de serviços realizada

(subordinação estrutural).

Dessa forma, pelo conteúdo probatório dos autos nota-se que a

prestação de serviços do Reclamante para a empresa preencheu os Consta de inicial que o Reclamante foi admitido pela 2ª Reclamada

requisitos necessários para a configuração da relação de emprego (JOSIAS RODRIGUES HOFFMANN ME) para atuar na carga e

diretamente com a 2ª Reclamada (JOSIAS RODRIGUES descarga de produtos da 1ª Reclamada (TRANSPORTADORA

HOFFMANN ME), encontrando-se presentes, no caso em tela, AMERICANA LTDA), tendo laborado entre 03/11/2017 e

todos os elementos qualificadores do vínculo empregatício, 19/04/2018, quando foi dispensado sem justa causa, sem nunca,

conforme dispõe o artigo 3º da CLT, motivo pelo qual deve ser contudo, ter tido sua CTPS assinada.

mantida a r. sentença, no particular.

Registre-se que a presente ação foi interposta em 11/02/2019, sob

Nega-se provimento. a égide, portanto, da Lei 13.467/2017 (Reforma Trabalhista).

Ressalte-se, ainda, não houve pronúncia da prescrição pela

Origem, não havendo tampouco recurso quanto ao tema.

No que tange aos honorários advocatícios, o d. Juízo a quo

declarou a inconstitucionalidade do art. 791-A, da CLT e assim se

pronunciou:

Não são devidos honorários advocatícios em razão de sucumbência

2.3. MÉRITO DO RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE recíproca, uma vez que este Magistrado afasta a aplicação do art.

791-A da CLT, por entender que é ofensivo ao fundamento do valor

social do trabalho e aos princípios constitucionais do livre acesso ao

Judiciário pelos trabalhadores (que perseguem verbas de natureza

eminentemente alimentar) e da vedação ao retrocesso social,

previstos, respectivamente, nos art. 1º, IV, art. 5º, XXXV, e art. 7º,

caput, todos da CRFB.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 538
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Dessa forma, julgo improcedente o pleito de honorários advocatícios versam sobre honorários advocatícios apenas incidem nas

formulado pelo reclamante, na medida em que não se encontra demandas ajuizadas após a vigência da Lei 13.467/17, que ocorreu

assistido pelo sindicato da categoria, conforme exigência da Lei em 11/11/2017.

5.584/70, explicitada também nas Súmulas 219 e 329 do E. TST e

18 deste E. Regional. O C. TST posicionou-se no mesmo sentido na recém editada

Instrução Normativa n. 41, que, em seu art. 6º assim dispõe:

Em razões recursais demanda o Autor sejam as Rés condenadas

no pagamento da verba honorária de sucumbência, sustentando Art. 6º Na Justiça do Trabalho, a condenação em honorários

que a presente ação foi ajuizada sob a égide da Reforma advocatícios sucumbenciais, prevista no art. 791-A, e parágrafos, da

Trabalhista, pelo que incidem as previsões do art.791-A, da CLT. CLT, será aplicável apenas às ações propostas após 11 de

novembro de 2017 (Lei nº 13.467/2017). Nas ações propostas

Esta 1ª Turma, na sessão ordinária realizada no dia 06/08/2019, anteriormente, subsistem as diretrizes do art. 14 da Lei 5.584/1970

resolveu, por unanimidade, suspender o julgamento do presente e das Súmulas nº 219 e 329 do TST.

processo em decorrência do incidente de inconstitucionalidade do §

4º, artigo 791-A, da CLT suscitado no processo nº 0000398- A presente demanda foi ajuizada em 11/02/2019, logo, sob a égide

09.2018.5.17.0101, que ainda seria julgado pelo Pleno. da Reforma Trabalhista.

Na sessão ordinária realizada no dia 23/10/2019, o Pleno deste Destarte, são devidos, na espécie, os honorários advocatícios, nos

Regional julgou o Incidente de Arguição de Inconstitucionalidade nº termos da nova legislação, in verbis:

0000453-35.2019.5.17.0000, declarando a inconstitucionalidade

parcial do §4º, do art. 791-A, da CLT. Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão

devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5%

Assim, considerando o julgamento da matéria pelo Pleno deste (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o

Tribunal, os autos retornaram à 1ª Turma para prosseguimento do valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico

julgamento do mérito dos recursos interpostos. obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado

da causa.

Examina-se.

§ 1o Os honorários são devidos também nas ações contra a

Na Justiça do Trabalho, prevalecia o entendimento consubstanciado Fazenda Pública e nas ações em que a parte estiver assistida ou

nas Súmulas n.º 219 e 329 do E. TST segundo o qual, em se substituída pelo sindicato de sua categoria.

tratando de conflito decorrente da relação de emprego, os

honorários advocatícios eram devidos apenas quando preenchidos [...]

os requisitos contidos no art. 14 da Lei n. 5.584/1970.

§ 3o Na hipótese de procedência parcial, o juízo arbitrará honorários

Com o advento da Lei 13.467, de 13 de julho de 2017, contudo, foi de sucumbência recíproca, vedada a compensação entre os

acrescentado à CLT o art. 791-A, que autorizou a condenação na honorários.

verba honorária em razão da mera sucumbência.

Ademais, tendo sido mantida a r. sentença, que julgou os pedidos

Além disso, o novel dispositivo previu o pagamento de honorários parcialmente procedentes, a verba honorária deve ser fixada de

de sucumbência recíproca, de forma que, vencido o Reclamante, forma recíproca.

ainda que relativamente a um único pedido, também deverá ele

responder pela verba honorária da parte contrária. Noutro giro, quanto ao valor, devem ser observados os parâmetros

fixados no §2º do art. 791-A, quais sejam:

Em que pese a intensa celeuma jurídica que se instaurou acerca da

aplicabilidade do novo regramento, este Relator adotou o § 2o Ao fixar os honorários, o juízo observará:

entendimento de que os dispositivos da Reforma Trabalhista que

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 539
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

I - o grau de zelo do profissional; 35.2019.5.17.0000, declarou a inconstitucionalidade parcial do §4º,

do art. 791-A, da CLT, conforme se depreende da ementa ora

II - o lugar de prestação do serviço; transcrita:

III - a natureza e a importância da causa; "ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. HONORÁRIOS

ADVOCATÍCIOS. ARTIGO 791-A, § 4º, DA CLT. Declara-se a

IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o inconstitucionalidade parcial do § 4º, do artigo 791-A, da CLT

seu serviço. somente quanto ao trecho: "desde que não tenha obtido em juízo,

ainda que outro processo, créditos capazes de suportar a despesa",

Tendo em vista a praxe deste Tribunal, entende-se suficiente e no sentido de que não se possa atingir os créditos deferidos ao

proporcional a fixação, para os honorários devidos pelas Rés, do beneficiário da justiça gratuita, ainda que em outro processo, mas

percentual de 15% (quinze por cento) sobre o valor da condenação. tão somente que a verba honorária fique sob condição suspensiva

de exigibilidade, podendo ser executada, se nos 2 (anos)

No tocante aos honorários devidos pelo Obreiro, entende-se subseqüentes ao trânsito em julgado da decisão que a certificou, o

razoável o arbitramento da verba no percentual de 5% (cinco por credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência

cento) sobre os pedidos julgados totalmente improcedentes. de recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-

se, passado esse prazo, tal obrigação do beneficiário".

Registre-se que, embora os honorários advocatícios sirvam para

remunerar o trabalho desempenhado pelos patronos, que, in casu, Com efeito, não se pode olvidar que o crédito trabalhista tem

cumpriram seu papel com louvor, não se pode perder de vista que o natureza alimentar e o trabalhador, ao despender sua força de

seu pagamento é efetuado pelas partes e o Reclamante é trabalho em proveito do empregador, não busca senão o seu

hipossuficiente em relação à empresa. próprio sustento e da sua família. Dessa forma, não é compatível

com os direitos constitucionalmente tutelados a compensação das

Nesse contexto, vale frisar que o princípio isonomia consiste em obrigações decorrentes da sucumbência com os créditos do

tratar os iguais igualmente e os desiguais desigualmente. É dizer, a trabalhador em estado de miserabilidade econômica.

igualdade formal deve ceder lugar à igualdade real ou substancial,

sob pena de se afastar do artigo 5º, caput, da CRFB/88. Nesse mesmo sentido é o Enunciado n.o 3, da Comissão 7,

aprovado na 2ª Jornada de Direito Material e Processual do

Por fim, o Reclamante é beneficiário da justiça gratuita, conforme Trabalho, realizada pela ANAMATRA (Associação Nacional dos

deferida pela Origem e, nesse caso, pela redação do novel § 4º do Magistrados da Justiça do Trabalho), entre 9 e 10 de outubro de

art. 791-A, as obrigações decorrentes da sucumbência ficariam sob 2017:

condição suspensiva ou seus valores seriam compensadas com

eventuais créditos obtidos em juízo: HONORÁRIOS E ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA

§ 4° Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha É inconstitucional a previsão de utilização dos créditos trabalhistas

obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de reconhecidos em juízo para o pagamento de despesas do

suportar a despesa, as obrigações decorrentes de sua sucumbência beneficiário da justiça gratuita com honorários advocatícios ou

ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente periais (artigos 791-A, §4º, e 790-B, §4º, da CLT, com a redação

poderão ser executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito dada pela Lei nº 13.467/2017), por ferir os direitos fundamentais à

em julgado da decisão que as certificou, o credor demonstrar que assistência judiciária gratuita e integral, prestada pelo Estado, e à

deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que proteção do salário (artigos 5º. LXXIV, e 7º, X, da Constituição

justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse Federal).

prazo, tais obrigações do beneficiário.

Portanto, nos termos da decisão proferida pelo Pleno deste

Ocorre que o Pleno deste Regional, em recente decisão prolatada Regional, a verba honorária devida pelo Autor deverá ficar sob

nos autos da Arguição de Inconstitucionalidade nº 0000453- condição suspensiva de exigibilidade e somente poderá ser

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 540
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

executada se, nos 2 (dois) anos subsequentes ao trânsito em

julgado da decisão que a certificou, o credor demonstrar que deixou

de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a

concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tal

obrigação do beneficiário.

Dá-se parcial provimento para condenar as partes no pagamento de

honorários advocatícios de sucumbência recíproca, as Reclamadas

em favor do patrono do Reclamante no percentual de 15% (quinze Acordam os Magistrados da 1ª Turma do Tribunal Regional do

por cento) sobre o valor da condenação, e o Autor em favor dos Trabalho da 17ª Região, na Sessão Ordinária realizada no dia 03 de

patronos das Rés no percentual de 5% (cinco por cento) sobre os dezembro de 2019, às 13 horas e 30 minutos, sob a presidência do

pedidos julgados totalmente improcedentes; e para determinar que Exmo. Desembargador Cláudio Armando Couce de Menezes, com

verba honorária devida pelo Autor deverá ficar sob condição a participação do Exmo. Desembargador José Carlos Rizk, do

suspensiva de exigibilidade e somente poderá ser executada se, Exmo. Desembargador Mario Ribeiro Cantarino Neto, e presente o

nos 2 (dois) anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão Procurador do Trabalho, Dr. Levi Scatolin, por unanimidade,

que a certificou, o credor demonstrar que deixou de existir a conhecer do recurso ordinário interposto pela 2ª Reclamada

situação de insuficiência de recursos que justificou a concessão de (JOSIAS RODRIGUES HOFFMANN ME) e do recurso ordinário

gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tal obrigação do interposto pelo Reclamante, e no mérito, negar provimento ao apelo

beneficiário. Patronal e dar parcial provimento ao apelo Obreiro para condenar

as partes no pagamento de honorários advocatícios de

sucumbência recíproca, as Reclamadas em favor do patrono do

Reclamante no percentual de 15% (quinze por cento) sobre o valor

da condenação, e o Autor em favor dos patronos das Rés no

percentual de 5% (cinco por cento) sobre os pedidos julgados

totalmente improcedentes; e para determinar que verba honorária

devida pelo Autor deverá ficar sob condição suspensiva de

exigibilidade e somente poderá ser executada se, nos 2 (dois) anos

subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que a certificou, o

credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência

de recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-

se, passado esse prazo, tal obrigação do beneficiário. Mantém-se o

valor da condenação.

3. ACÓRDÃO

DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK

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Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

EDUARDO SOARES RODRIGUES

Relator

RECORRIDOS: EDUARDO SOARES RODRIGUES; JOSIAS

RODRIGUES HOFFMANN ME; TRANSPORTADORA

AMERICANA LTDA

ORIGEM: 7ª VARA DO TRABALHO DE VITÓRIA/ES

RELATOR: DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK

COMPETÊNCIA: 1ª TURMA

Acórdão
Processo Nº ROT-0000110-18.2019.5.17.0007
Relator JOSE CARLOS RIZK
RECORRENTE JOSIAS RODRIGUES HOFFMANN
ME
ADVOGADO POLIANA PINHEIRO FACHETTI(OAB:
26075/ES)
RECORRENTE EDUARDO SOARES RODRIGUES
ADVOGADO FELIPE GONCALVES
CIPRIANO(OAB: 21519/ES)
ADVOGADO PEDRO RODRIGUES FRAGA(OAB:
19323/ES)
RECORRIDO TRANSPORTADORA AMERICANA
LTDA
ADVOGADO RICARDO BARROS BRUM(OAB:
8793/ES)
RECORRIDO JOSIAS RODRIGUES HOFFMANN
ME
EMENTA
ADVOGADO POLIANA PINHEIRO FACHETTI(OAB:
26075/ES)
RECORRIDO EDUARDO SOARES RODRIGUES
ADVOGADO FELIPE GONCALVES
CIPRIANO(OAB: 21519/ES)
ADVOGADO PEDRO RODRIGUES FRAGA(OAB:
19323/ES)

Intimado(s)/Citado(s):
- TRANSPORTADORA AMERICANA LTDA

RECURSO ORDINÁRIO DA SEGUNDA RECLAMADA (JOSIAS


PODER JUDICIÁRIO RODRIGUES HOFFMANN ME). VÍNCULO DE EMPREGO.
JUSTIÇA DO TRABALHO "CHAPA". Considerando a existência dos elementos necessários

para a aferição da relação de emprego, uma vez que o labor ora

apreciado era despendido por pessoa física, de maneira pessoal,

não-eventual, onerosa e mediante subordinação, impõe-se o

reconhecimento do vínculo empregatício entre as partes.

RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE. HONORÁRIOS


PROCESSO nº 0000110-18.2019.5.17.0007 (ROT)
ADVOCATÍCIOS DE SUCUMBÊNCIA. AÇÃO AJUIZADA SOB A

ÉGIDE DA LEI 13.467/2017. A presente demanda foi ajuizada em


RECORRENTES: JOSIAS RODRIGUES HOFFMANN ME;

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11/02/2019, logo, sob a égide da Reforma Trabalhista. Destarte, são

devidos, na espécie, os honorários advocatícios de sucumbência, Por sua vez, em seu recurso ordinário, pretende o Laborista a

nos termos da nova legislação (art. 791-A, da CLT). condenação das Rés no pagamento de honorários advocatícios

sucumbenciais.

A 2ª Reclamada apresenta contrarrazões ao ID. 912ecba, pedindo a

manutenção da decisão de Origem, no ponto atacado pelo Obreiro.

Registre-se que a presente ação foi interposta em 11/02/2019, sob

a égide, portanto, da Lei 13.467/2017 (Reforma Trabalhista).

Esta 1ª Turma, na sessão ordinária realizada no dia 06/08/2019,

1. RELATÓRIO resolveu, por unanimidade, suspender o julgamento do presente

processo em decorrência do incidente de inconstitucionalidade do §

4º, artigo 791-A, da CLT suscitado no processo nº 0000398-

09.2018.5.17.0101, que ainda seria julgado pelo Pleno.

Na sessão ordinária realizada no dia 23/10/2019, o Pleno deste

Regional julgou o Incidente de Arguição de Inconstitucionalidade nº

0000453-35.2019.5.17.0000, declarando a inconstitucionalidade

parcial do §4º, do art. 791-A, da CLT.

Trata-se de recursos ordinários interpostos pela 2ª Reclamada (ID.

f2395be) e pelo Reclamante (ID. 6f8d202), em face da sentença Assim, considerando o julgamento da matéria pelo Pleno deste

prolatada ao ID. 1edc558, complementada pela decisão de Tribunal, os autos retornaram à 1ª Turma para prosseguimento do

embargos de declaração de ID. ba4459d, na qual a Origem rejeitou julgamento do mérito dos recursos interpostos.

as preliminares de inépcia da inicial e ilegitimidade passiva da 2ª

Ré; acolheu a preliminar de incompetência absoluta da Justiça do É o relatório.

Trabalho, extinguindo o feito sem resolução do mérito em relação

ao pedido de recolhimento das contribuições previdenciárias; e, no

mérito, reconhecendo o vínculo de emprego entre o Obreiro e a 2ª

Ré, condenou-a na obrigação de fazer consistente em anotar a

CTPS do Autor e na obrigação de pagar parcelas contratuais e

rescisórias; declarou, ainda, a responsabilidade subsidiária da 1ª

Reclamada; por fim, concedeu os benefícios da justiça gratuita ao

Laborista.

Irresignada, em suas razões recursais, pugna a 2ª Reclamada

(JOSIAS RODRIGUES HOFFMANN ME) pela reforma da r. decisão

no que tange ao vínculo de emprego, bem como os pedidos dele 2. FUNDAMENTAÇÃO

decorrentes.

Junta comprovante de recolhimento de custas processuais e de

depósito recursal ao ID. 5fc586c.

Ao ID. f02fc14 apresenta o Autor contrarrazões ao apelo Patronal,

pugnando seja-lhe negado provimento.

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2.1. CONHECIMENTO

Conhece-se dos recursos ordinários interpostos pela 2ª Reclamada 2.2. MÉRITO DO RECURSO ORDINÁRIO DA SEGUNDA

(JOSIAS RODRIGUES HOFFMANN ME) e pelo Reclamante, RECLAMDA (HOFFMANN LOCACAO DE MAO-DE-OBRA LTDA)

porquanto presentes os pressupostos legais de admissibilidade

recursal.

Registre-se que a presente ação foi interposta em 11/02/2019, sob

a égide, portanto, da Lei 13.467/2017 (Reforma Trabalhista).

Ressalte-se, ainda, não houve pronúncia da prescrição pela

Origem, não havendo tampouco recurso quanto ao tema.

2.2.1. VÍNCULO DE EMPREGO

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Quanto à onerosidade, alegou que "o Reclamante também não

Consta de inicial que o Reclamante foi admitido pela 2ª Reclamada preenchia o requisito da onerosidade, pois não havia uma

(JOSIAS RODRIGUES HOFFMANN ME) para atuar na carga e dependência econômica, mas tão somente o pagamento pelo

descarga de produtos da 1ª Reclamada (TRANSPORTADORA serviço prestado no determinado dia".

AMERICANA LTDA), tendo laborado entre 03/11/2017 e

19/04/2018, quando foi dispensado sem justa causa, sem nunca, A Origem deferiu parcialmente a pretensão Obreira, sob a seguinte

contudo, ter tido sua CTPS assinada. fundamentação:

Registre-se que a presente ação foi interposta em 11/02/2019, sob No caso dos autos, uma vez admitida a prestação de serviços,

a égide, portanto, da Lei 13.467/2017 (Reforma Trabalhista). contudo, sob a alegação de relação jurídica distinta da relação de

emprego, as demandadas atraíram para si o ônus da prova quanto

Ressalte-se, ainda, não houve pronúncia da prescrição pela ao suscitado fato impeditivo do direito do autor ao reconhecimento

Origem, não havendo tampouco recurso quanto ao tema. do vínculo empregatício, qual seja a existência de trabalho

autônomo ("chapa"), nos termos do art. 818 da CLT e 373, II, do

Na peça de ingresso alegou o Autor que, em que pese sempre ter CPC, do qual não se desincumbiu com suficiência (art. 371 do

trabalhado de forma não eventual, onerosa, pessoal e subordinada, CPC).

nunca teve seu vínculo empregatício reconhecido, seja com a 1ª

Reclamada (tomadora dos serviços), seja com a segunda O conjunto probatório produzido, consistente na documentação

(contratante). exibida pelas partes, dos seus depoimentos pessoais e nas oitivas

das testemunhas Dionatan Pacheco Glismona e Gean Carlos

Pretendeu, em virtude do narrado, a declaração da existência da Dantas Gonçalves, que se encontram gravados em pasta própria da

relação de emprego com a 1ª Ré (TRANSPORTADORA Vara, não corroborou a tese defensiva patronal. Ao revés, a

AMERICANA LTDA) ou, subsidiariamente, com a 2ª (JOSIAS exemplo do que ocorreu no julgamento de outros processos

RODRIGUES HOFFMANN ME), bem como o pagamento de todas semelhantes, cada vez mais corriqueiros nesta Especializada, a

as verbas contratuais e rescisórias devidas, além da anotação da apreciação dos elementos dos autos revela que a relação mantida

CTPS. entre o reclamante e a segunda ré se enquadra na modalidade de

contrato de emprego, uma vez que restaram preenchidos os

Em contestação, a 2ª Reclamada (JOSIAS RODRIGUES requisitos exigidos pela CLT, quais sejam: a pessoalidade, a

HOFFMANN ME) negou o liame empregatício, sustentando a onerosidade, a subordinação e a não eventualidade.

eventualidade da prestação de serviços por parte do Obreiro.

Com efeito, a prova dos autos revelou que: o requerente foi

Explicou que: contratado pela segunda requerida para prestar serviços como

auxiliar de carga e descarga em favor da primeira requerida, em

A Reclamada trabalha com transporte de cargas, e, em alguns razão de contrato escrito de prestação de serviços mantido entre as

casos, necessita de mão-de-obra a mais, razão da prestação de empresas; foi contratado, assalariado e dirigido por Fabiano,

serviço aleatória do Reclamante. encarregado da segunda requerida; trabalhava de 3 a 4 dias por

semana; recebia da segunda requerida R$ 45,00 por dia trabalhado,

É de notório conhecimento que as empresas do ramo de transporte o que perfazia média mensal de R$ 900,00; o demandante não

não carregam, necessariamente, um mesmo número de volume em aguardava em casa para ser chamado, devia se apresentar à

suas cargas, e, tão somente quando estes volumes aumentam é primeira requerida automaticamente, sob pena de "perder o dia"; a

que se faz necessária contratação de diaristas, "chapas", estes que segunda requerida possuía outros colaboradores que prestavam os

não se submetem a nenhuma habitualidade e/ou subordinação. mesmos serviços em benefício da primeira ré também sem as

CTPSs devidamente formalizadas.

Argumentou, também, que a ausência da pessoalidade e da

subordinação afastam o pleito Autoral. Assim, não há dúvidas acerca dos requisitos necessários ao

pretenso reconhecimento do vínculo de emprego entre o requerente

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 545
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e a primeira ré, nos termos dos arts. 2º e 3º da CLT. A

pessoalidade, a onerosidade e a não eventualidade restaram Acrescenta que:

cabalmente comprovadas, assim, como a subordinação,

considerado o pressuposto mais marcante da relação de emprego. O simples fato da Recorrente admitir que a prestação de serviços

Sob o aspecto objetivo (estrutural), não há controvérsia de que o na forma autônoma e eventual não tem o condão de atrair para si o

autor mantinha participação integrativa na atividade-fim da ônus da prova, haja vista a natureza da prestação do serviço, bem

reclamada, que era justamente a prestação de serviços de carga e como não como ter um controle dos "chapas" que eventualmente

descarga, conforme atos constitutivos apresentados. prestam serviços, pois eles não se vinculam a uma só empresa ou a

uma só área.

Subjetivamente, o demandante sempre atuou nos serviços habituais

da empresa, em local por esta definido (segunda requerida - Examina-se.

tomadora), cumprindo jornada e determinações dos seus

superiores. É cediço que, conforme legalmente consagrado pela conjugação

dos artigos 2º e 3º, da CLT, a relação de emprego é composta de

Resta, pois, mais do que demonstrada a realidade do contrato de requisitos que devem apresentar-se cumulativamente na situação

emprego mantido pela segunda reclamada com o autor. Não há fática, quais sejam, prestação de serviços por uma pessoa física

como se acolher tal prestação de serviços como sendo autônoma com pessoalidade, onerosidade, não eventualidade e subordinação.

("chapa") e não sendo de emprego, uma vez que socorre ao obreiro

o Princípio da Primazia da Realidade que, como ensina o insigne A transposição dos mencionados requisitos para o mundo fático, a

jurista uruguaio, Américo Plá Rodriguez, prevalece sobre meros fim de reconhecer ou não em uma circunstância real a existência de

papéis ou simples nomenclaturas, assegurando o reconhecimento um liame empregatício, é tarefa que, para ser cumprida, necessita

dos direitos sociais dos trabalhadores. ao máximo das informações trazidas aos autos por testemunhas e

pelas próprias partes pelos diversos meios de prova.

Dessa forma, julgo improcedente o pedido de reconhecimento de

relação direta de emprego entre o autor e a primeira requerida, mas Admitida a prestação de serviços por parte do Obreiro pela 2ª

declaro existente o vínculo empregatício entre o obreiro a segunda Reclamada (JOSIAS RODRIGUES HOFFMANN ME), impõe-se a

reclamada, no período postulado de 03-11-2017 a 19-05-2018, já esta, a teor do artigo 818, da CLT, o ônus de demonstrar a

considerada a projeção do aviso prévio indenizado, na função de inexistência desses requisitos.

auxiliar de carga e descarga, com salário mensal de R$ 900,00,

devendo a empresa proceder às devidas anotações na CTPS a ser Com vistas a esclarecer a questão, em audiência realizada aos

apresentada pelo obreiro. Em caso de descumprimento da 27/02/2019 (ID. 7bea636), foram colhidos os depoimentos pessoais

obrigação de fazer por parte da empresa, deverá a Secretaria da do Reclamante e dos prepostos das Reclamadas, além de

Vara efetuar as devidas anotações e oficiar à SRTE/ES e ao INSS. inquiridas uma testemunha a convite do Reclamante e uma a

convite da Reclamada.

Nos limites dos pedidos formulados na inicial (arts. 142 e 491 do

CPC), condeno a segunda ré a pagar ao autor, no prazo legal, as Relatou o Reclamante que:

seguintes parcelas contratuais e rescisórias: saldo de salário de

abril/2018, aviso prévio indenizado de 30 dias, férias proporcionais + Trabalhou para Hoffman durante 5 meses; fazia carga e descarga;

1/3, 13º salário proporcional, além de indenização dos depósitos do trabalhava todo os dias; recebia R$ 450,00 por quinzena; recebia

FGTS não efetuados + multa de 40%, devendo ser considerada a ordens do Baldan, do Rafael; apenas trabalhava para as Rés; foi

projeção do pré-aviso. "cortado" pelas empresas; não tinham empregados "com carteira

assinada" da Hoffman; se fosse convocado era obrigado a

Inconformada, em recurso ordinário, insiste a 2ª Reclamada comparecer; se não comparecesse era "cortado"; trabalhava de

(JOSIAS RODRIGUES HOFFMANN ME) na tese de ausência de 14h00 às 23h00

vínculo de emprego, afirmando que a sentença contraria as provas

dos autos. Informou o preposto da 1ª Reclamada que:

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 546
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Não conhece o Reclamante; o Reclamante não possui qualquer Em que pese terem obtido, a partir da CRFB/88, a igualdade de

relação com a TA; não se recorda do Reclamante trabalhando na direitos com os trabalhadores com vínculo de emprego (art. 7º,

TA; raramente o depoente tem contato com os empregados da XXXIV), os avulsos possuem regramento apartado, basicamente

carga e descarga. disposto na Lei 12.815/13 (avulso portuário) e 12.023/09 (avulso

fora do porto).

Alegou a preposta da 2ª Reclamada que:

Para reconhecimento como avulso, contudo, a Lei 12.023/09 exige

Não conhece pessoalmente o Reclamante, mas o conhece pelo a intermediação sindical.

nome e por telefone; quando tinha carga o encarregado comunicava

-se com o Reclamante convocando-o; não era toda semana que Nesta esteira, importante frisar, inicialmente, que, apesar de a 2ª

tinha carga; a empresa possui outros trabalhadores nessa situação, Reclamada sustentar que o Reclamante prestava serviços como

cerca de 10; todos sem carteira assinada; eles atendem o excesso "chapa" (avulso), a contratação sequer observou os requisitos

de demanda; o Reclamante ficou nessa situação cerca de 6 a 8 atinentes ao tal tipo de trabalho, conforme a supracitada Lei.

meses; o Reclamante prestava serviços cerca de 2 a 3 vezes por

semana; recebia por dia R$ 45,00 + R$ 12,00 para almoço e a Não bastasse, tampouco cuidou de produzir provas no sentido de

passagem; foi contratado pelo Fabiano; o Fabiano que lidava afastar os elementos do vínculo empregatício, ônus que lhe

diretamente com esses trabalhadores;o pagamento era feito "em incumbia.

mãos" ou em depósito em conta; o Fabiano era também

responsável pelo pagamento. Nessa senda, restou incontroversa a onerosidade, tendo sido

admitido o pagamento de "diárias" pela própria Reclamada.

Disse a testemunha Obreira que:

Do mesmo modo a não eventualidade do labor, pois a preposta da

Trabalhou na TA; conheceu o depoente; trabalhava sem carteira 2ª Reclamada confessou que o trabalho era realizado de duas a

assinada, pela Hoffman; não trabalhava todos os dias; foi para a TA três vezes por semana.

depois do Reclamante; (...) na TA o depoente nunca faltou; tinha

serviço todos os dias; o depoente trabalhou na TA somente dois Entende-se ainda comprovada a pessoalidade, diante da

meses; o depoente recebia R$ 45,00 a diária + R$ 5,00 de horas declaração da testemunha Obreira no sentido de que se não

extras; recebia por quinzena; (...) foi contratado pela Hoffman; a pudesse comparecer "não poderia mandar alguém no lugar".

contratação se deu por telefone, por indicação de um amigo;

recebia ordens do Fabiano, da Hoffman; "todo mundo" trabalhava Por fim, inegável a subordinação.

sem carteira assinada; (...) se o depoente não pudesse comparecer

"não poderia mandar alguém no lugar"; Isso porque a prova oral - inclusive o depoimento da preposta -

confirma que o sr. Fabiano (empregado da 2ª Ré) era responsável

Afirmou a testemunha Patronal que: não somente por contratar os trabalhadores, mas também por gerir

a prestação de serviços e por remunerá-los. A testemunha Obreira

Trabalha na TA; não conhece o Reclamante, mas sabe que ele é afirmou que recebia ordens do sr. Fabiano e a preposta relatou que

"chapa" na empresa; o depoente solicitava o trabalho de carga e o sr. Fabiano "lidava diretamente" com esses trabalhadores.

descarga de acordo com a demanda; os "chapas" que faltassem

poderiam ser substituídos por outros. Não bastasse, restou patente que o empregado estava inserido na

organização da empresa, porquanto depreende-se dos autos que o

Pois bem. objeto social da Ré abarcava a "carga e descarga" (ID. 373c168),

sendo a atividade desempenhada pelo Autor (auxiliar de carga e

Conforme Valentim Carrion, define-se como "avulso" o trabalhador descarga), pois essencial à atividade fim empresarial.

que "presta serviços a inúmeras empresas, agrupado em entidade

de classe por intermédio desta e sem vínculo empregatício" . Na espécie, ainda que se argumente que não houvesse

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 547
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subordinação direta, verifica-se que o Reclamante inseria-se na 2.3. MÉRITO DO RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE

dinâmica empresarial da Reclamada, caracterizando a chamada

subordinação estrutural, que, conforme leciona Maurício Godinho

Delgado (Delgado, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho.

16ª Ed. São Paulo: LTr, 2017), configura-se "pela inserção do

trabalhador na dinâmica do tomador de seus serviços,

independentemente de receber (ou não) suas ordens diretas, mas

acolhendo, estruturalmente, sua dinâmica de organização e

funcionamento".

Arremata o i. doutrinador:

Na essência, trabalhador subordinado desde o humilde e tradicional

obreiro que se submete à intensa pletora de ordens do tomador ao

longo de sua prestação de serviços (subordinação clássica ou

tradicional), como também aquele que realiza, ainda que sem

incessantes ordens diretas, no plano manual ou intelectual, os

objetivos empresariais (subordinação objetiva), a par do prestador 2.3.1. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS DE SUCUMBÊNCIA

laborativo que, sem receber ordens diretas das chefias do tomador

de serviços e até mesmo nem realizar os objetivos do

empreendimento (atividades-meio, por exemplo), acopla-se,

estruturalmente, à organização e dinâmica operacional da empresa

tomadora, qualquer que seja sua função ou

especialização,incorporando, necessariamente, a cultura cotidiana

empresarial ao longo da prestação de serviços realizada

(subordinação estrutural).

Dessa forma, pelo conteúdo probatório dos autos nota-se que a

prestação de serviços do Reclamante para a empresa preencheu os Consta de inicial que o Reclamante foi admitido pela 2ª Reclamada

requisitos necessários para a configuração da relação de emprego (JOSIAS RODRIGUES HOFFMANN ME) para atuar na carga e

diretamente com a 2ª Reclamada (JOSIAS RODRIGUES descarga de produtos da 1ª Reclamada (TRANSPORTADORA

HOFFMANN ME), encontrando-se presentes, no caso em tela, AMERICANA LTDA), tendo laborado entre 03/11/2017 e

todos os elementos qualificadores do vínculo empregatício, 19/04/2018, quando foi dispensado sem justa causa, sem nunca,

conforme dispõe o artigo 3º da CLT, motivo pelo qual deve ser contudo, ter tido sua CTPS assinada.

mantida a r. sentença, no particular.

Registre-se que a presente ação foi interposta em 11/02/2019, sob

Nega-se provimento. a égide, portanto, da Lei 13.467/2017 (Reforma Trabalhista).

Ressalte-se, ainda, não houve pronúncia da prescrição pela

Origem, não havendo tampouco recurso quanto ao tema.

No que tange aos honorários advocatícios, o d. Juízo a quo

declarou a inconstitucionalidade do art. 791-A, da CLT e assim se

pronunciou:

Não são devidos honorários advocatícios em razão de sucumbência

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 548
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recíproca, uma vez que este Magistrado afasta a aplicação do art. Além disso, o novel dispositivo previu o pagamento de honorários

791-A da CLT, por entender que é ofensivo ao fundamento do valor de sucumbência recíproca, de forma que, vencido o Reclamante,

social do trabalho e aos princípios constitucionais do livre acesso ao ainda que relativamente a um único pedido, também deverá ele

Judiciário pelos trabalhadores (que perseguem verbas de natureza responder pela verba honorária da parte contrária.

eminentemente alimentar) e da vedação ao retrocesso social,

previstos, respectivamente, nos art. 1º, IV, art. 5º, XXXV, e art. 7º, Em que pese a intensa celeuma jurídica que se instaurou acerca da

caput, todos da CRFB. aplicabilidade do novo regramento, este Relator adotou o

entendimento de que os dispositivos da Reforma Trabalhista que

Dessa forma, julgo improcedente o pleito de honorários advocatícios versam sobre honorários advocatícios apenas incidem nas

formulado pelo reclamante, na medida em que não se encontra demandas ajuizadas após a vigência da Lei 13.467/17, que ocorreu

assistido pelo sindicato da categoria, conforme exigência da Lei em 11/11/2017.

5.584/70, explicitada também nas Súmulas 219 e 329 do E. TST e

18 deste E. Regional. O C. TST posicionou-se no mesmo sentido na recém editada

Instrução Normativa n. 41, que, em seu art. 6º assim dispõe:

Em razões recursais demanda o Autor sejam as Rés condenadas

no pagamento da verba honorária de sucumbência, sustentando Art. 6º Na Justiça do Trabalho, a condenação em honorários

que a presente ação foi ajuizada sob a égide da Reforma advocatícios sucumbenciais, prevista no art. 791-A, e parágrafos, da

Trabalhista, pelo que incidem as previsões do art.791-A, da CLT. CLT, será aplicável apenas às ações propostas após 11 de

novembro de 2017 (Lei nº 13.467/2017). Nas ações propostas

Esta 1ª Turma, na sessão ordinária realizada no dia 06/08/2019, anteriormente, subsistem as diretrizes do art. 14 da Lei 5.584/1970

resolveu, por unanimidade, suspender o julgamento do presente e das Súmulas nº 219 e 329 do TST.

processo em decorrência do incidente de inconstitucionalidade do §

4º, artigo 791-A, da CLT suscitado no processo nº 0000398- A presente demanda foi ajuizada em 11/02/2019, logo, sob a égide

09.2018.5.17.0101, que ainda seria julgado pelo Pleno. da Reforma Trabalhista.

Na sessão ordinária realizada no dia 23/10/2019, o Pleno deste Destarte, são devidos, na espécie, os honorários advocatícios, nos

Regional julgou o Incidente de Arguição de Inconstitucionalidade nº termos da nova legislação, in verbis:

0000453-35.2019.5.17.0000, declarando a inconstitucionalidade

parcial do §4º, do art. 791-A, da CLT. Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão

devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5%

Assim, considerando o julgamento da matéria pelo Pleno deste (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o

Tribunal, os autos retornaram à 1ª Turma para prosseguimento do valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico

julgamento do mérito dos recursos interpostos. obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado

da causa.

Examina-se.

§ 1o Os honorários são devidos também nas ações contra a

Na Justiça do Trabalho, prevalecia o entendimento consubstanciado Fazenda Pública e nas ações em que a parte estiver assistida ou

nas Súmulas n.º 219 e 329 do E. TST segundo o qual, em se substituída pelo sindicato de sua categoria.

tratando de conflito decorrente da relação de emprego, os

honorários advocatícios eram devidos apenas quando preenchidos [...]

os requisitos contidos no art. 14 da Lei n. 5.584/1970.

§ 3o Na hipótese de procedência parcial, o juízo arbitrará honorários

Com o advento da Lei 13.467, de 13 de julho de 2017, contudo, foi de sucumbência recíproca, vedada a compensação entre os

acrescentado à CLT o art. 791-A, que autorizou a condenação na honorários.

verba honorária em razão da mera sucumbência.

Ademais, tendo sido mantida a r. sentença, que julgou os pedidos

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parcialmente procedentes, a verba honorária deve ser fixada de poderão ser executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito

forma recíproca. em julgado da decisão que as certificou, o credor demonstrar que

deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que

Noutro giro, quanto ao valor, devem ser observados os parâmetros justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse

fixados no §2º do art. 791-A, quais sejam: prazo, tais obrigações do beneficiário.

§ 2o Ao fixar os honorários, o juízo observará: Ocorre que o Pleno deste Regional, em recente decisão prolatada

nos autos da Arguição de Inconstitucionalidade nº 0000453-

I - o grau de zelo do profissional; 35.2019.5.17.0000, declarou a inconstitucionalidade parcial do §4º,

do art. 791-A, da CLT, conforme se depreende da ementa ora

II - o lugar de prestação do serviço; transcrita:

III - a natureza e a importância da causa; "ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. HONORÁRIOS

ADVOCATÍCIOS. ARTIGO 791-A, § 4º, DA CLT. Declara-se a

IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o inconstitucionalidade parcial do § 4º, do artigo 791-A, da CLT

seu serviço. somente quanto ao trecho: "desde que não tenha obtido em juízo,

ainda que outro processo, créditos capazes de suportar a despesa",

Tendo em vista a praxe deste Tribunal, entende-se suficiente e no sentido de que não se possa atingir os créditos deferidos ao

proporcional a fixação, para os honorários devidos pelas Rés, do beneficiário da justiça gratuita, ainda que em outro processo, mas

percentual de 15% (quinze por cento) sobre o valor da condenação. tão somente que a verba honorária fique sob condição suspensiva

de exigibilidade, podendo ser executada, se nos 2 (anos)

No tocante aos honorários devidos pelo Obreiro, entende-se subseqüentes ao trânsito em julgado da decisão que a certificou, o

razoável o arbitramento da verba no percentual de 5% (cinco por credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência

cento) sobre os pedidos julgados totalmente improcedentes. de recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-

se, passado esse prazo, tal obrigação do beneficiário".

Registre-se que, embora os honorários advocatícios sirvam para

remunerar o trabalho desempenhado pelos patronos, que, in casu, Com efeito, não se pode olvidar que o crédito trabalhista tem

cumpriram seu papel com louvor, não se pode perder de vista que o natureza alimentar e o trabalhador, ao despender sua força de

seu pagamento é efetuado pelas partes e o Reclamante é trabalho em proveito do empregador, não busca senão o seu

hipossuficiente em relação à empresa. próprio sustento e da sua família. Dessa forma, não é compatível

com os direitos constitucionalmente tutelados a compensação das

Nesse contexto, vale frisar que o princípio isonomia consiste em obrigações decorrentes da sucumbência com os créditos do

tratar os iguais igualmente e os desiguais desigualmente. É dizer, a trabalhador em estado de miserabilidade econômica.

igualdade formal deve ceder lugar à igualdade real ou substancial,

sob pena de se afastar do artigo 5º, caput, da CRFB/88. Nesse mesmo sentido é o Enunciado n.o 3, da Comissão 7,

aprovado na 2ª Jornada de Direito Material e Processual do

Por fim, o Reclamante é beneficiário da justiça gratuita, conforme Trabalho, realizada pela ANAMATRA (Associação Nacional dos

deferida pela Origem e, nesse caso, pela redação do novel § 4º do Magistrados da Justiça do Trabalho), entre 9 e 10 de outubro de

art. 791-A, as obrigações decorrentes da sucumbência ficariam sob 2017:

condição suspensiva ou seus valores seriam compensadas com

eventuais créditos obtidos em juízo: HONORÁRIOS E ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA

§ 4° Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha É inconstitucional a previsão de utilização dos créditos trabalhistas

obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de reconhecidos em juízo para o pagamento de despesas do

suportar a despesa, as obrigações decorrentes de sua sucumbência beneficiário da justiça gratuita com honorários advocatícios ou

ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente periais (artigos 791-A, §4º, e 790-B, §4º, da CLT, com a redação

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dada pela Lei nº 13.467/2017), por ferir os direitos fundamentais à

assistência judiciária gratuita e integral, prestada pelo Estado, e à

proteção do salário (artigos 5º. LXXIV, e 7º, X, da Constituição

Federal).

Portanto, nos termos da decisão proferida pelo Pleno deste

Regional, a verba honorária devida pelo Autor deverá ficar sob

condição suspensiva de exigibilidade e somente poderá ser

executada se, nos 2 (dois) anos subsequentes ao trânsito em

julgado da decisão que a certificou, o credor demonstrar que deixou

de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a

concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tal

obrigação do beneficiário.

Dá-se parcial provimento para condenar as partes no pagamento de

honorários advocatícios de sucumbência recíproca, as Reclamadas

em favor do patrono do Reclamante no percentual de 15% (quinze Acordam os Magistrados da 1ª Turma do Tribunal Regional do

por cento) sobre o valor da condenação, e o Autor em favor dos Trabalho da 17ª Região, na Sessão Ordinária realizada no dia 03 de

patronos das Rés no percentual de 5% (cinco por cento) sobre os dezembro de 2019, às 13 horas e 30 minutos, sob a presidência do

pedidos julgados totalmente improcedentes; e para determinar que Exmo. Desembargador Cláudio Armando Couce de Menezes, com

verba honorária devida pelo Autor deverá ficar sob condição a participação do Exmo. Desembargador José Carlos Rizk, do

suspensiva de exigibilidade e somente poderá ser executada se, Exmo. Desembargador Mario Ribeiro Cantarino Neto, e presente o

nos 2 (dois) anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão Procurador do Trabalho, Dr. Levi Scatolin, por unanimidade,

que a certificou, o credor demonstrar que deixou de existir a conhecer do recurso ordinário interposto pela 2ª Reclamada

situação de insuficiência de recursos que justificou a concessão de (JOSIAS RODRIGUES HOFFMANN ME) e do recurso ordinário

gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tal obrigação do interposto pelo Reclamante, e no mérito, negar provimento ao apelo

beneficiário. Patronal e dar parcial provimento ao apelo Obreiro para condenar

as partes no pagamento de honorários advocatícios de

sucumbência recíproca, as Reclamadas em favor do patrono do

Reclamante no percentual de 15% (quinze por cento) sobre o valor

da condenação, e o Autor em favor dos patronos das Rés no

percentual de 5% (cinco por cento) sobre os pedidos julgados

totalmente improcedentes; e para determinar que verba honorária

devida pelo Autor deverá ficar sob condição suspensiva de

exigibilidade e somente poderá ser executada se, nos 2 (dois) anos

subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que a certificou, o

credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência

de recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-

se, passado esse prazo, tal obrigação do beneficiário. Mantém-se o

valor da condenação.

3. ACÓRDÃO

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PROCESSO nº 0000110-18.2019.5.17.0007 (ROT)

DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK RECORRENTES: JOSIAS RODRIGUES HOFFMANN ME;

EDUARDO SOARES RODRIGUES

Relator

RECORRIDOS: EDUARDO SOARES RODRIGUES; JOSIAS

RODRIGUES HOFFMANN ME; TRANSPORTADORA

AMERICANA LTDA

ORIGEM: 7ª VARA DO TRABALHO DE VITÓRIA/ES

RELATOR: DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK

COMPETÊNCIA: 1ª TURMA

Acórdão
Processo Nº ROT-0000110-18.2019.5.17.0007
Relator JOSE CARLOS RIZK
RECORRENTE JOSIAS RODRIGUES HOFFMANN
ME
ADVOGADO POLIANA PINHEIRO FACHETTI(OAB:
26075/ES)
RECORRENTE EDUARDO SOARES RODRIGUES
ADVOGADO FELIPE GONCALVES
CIPRIANO(OAB: 21519/ES)
ADVOGADO PEDRO RODRIGUES FRAGA(OAB:
19323/ES)
RECORRIDO TRANSPORTADORA AMERICANA
LTDA
ADVOGADO RICARDO BARROS BRUM(OAB:
8793/ES)
RECORRIDO JOSIAS RODRIGUES HOFFMANN
ME
EMENTA
ADVOGADO POLIANA PINHEIRO FACHETTI(OAB:
26075/ES)
RECORRIDO EDUARDO SOARES RODRIGUES
ADVOGADO FELIPE GONCALVES
CIPRIANO(OAB: 21519/ES)
ADVOGADO PEDRO RODRIGUES FRAGA(OAB:
19323/ES)

Intimado(s)/Citado(s):
- JOSIAS RODRIGUES HOFFMANN ME

RECURSO ORDINÁRIO DA SEGUNDA RECLAMADA (JOSIAS


PODER JUDICIÁRIO RODRIGUES HOFFMANN ME). VÍNCULO DE EMPREGO.
JUSTIÇA DO TRABALHO "CHAPA". Considerando a existência dos elementos necessários

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 552
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para a aferição da relação de emprego, uma vez que o labor ora no que tange ao vínculo de emprego, bem como os pedidos dele

apreciado era despendido por pessoa física, de maneira pessoal, decorrentes.

não-eventual, onerosa e mediante subordinação, impõe-se o

reconhecimento do vínculo empregatício entre as partes. Junta comprovante de recolhimento de custas processuais e de

depósito recursal ao ID. 5fc586c.

RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE. HONORÁRIOS

ADVOCATÍCIOS DE SUCUMBÊNCIA. AÇÃO AJUIZADA SOB A Ao ID. f02fc14 apresenta o Autor contrarrazões ao apelo Patronal,

ÉGIDE DA LEI 13.467/2017. A presente demanda foi ajuizada em pugnando seja-lhe negado provimento.

11/02/2019, logo, sob a égide da Reforma Trabalhista. Destarte, são

devidos, na espécie, os honorários advocatícios de sucumbência, Por sua vez, em seu recurso ordinário, pretende o Laborista a

nos termos da nova legislação (art. 791-A, da CLT). condenação das Rés no pagamento de honorários advocatícios

sucumbenciais.

A 2ª Reclamada apresenta contrarrazões ao ID. 912ecba, pedindo a

manutenção da decisão de Origem, no ponto atacado pelo Obreiro.

Registre-se que a presente ação foi interposta em 11/02/2019, sob

a égide, portanto, da Lei 13.467/2017 (Reforma Trabalhista).

Esta 1ª Turma, na sessão ordinária realizada no dia 06/08/2019,

1. RELATÓRIO resolveu, por unanimidade, suspender o julgamento do presente

processo em decorrência do incidente de inconstitucionalidade do §

4º, artigo 791-A, da CLT suscitado no processo nº 0000398-

09.2018.5.17.0101, que ainda seria julgado pelo Pleno.

Na sessão ordinária realizada no dia 23/10/2019, o Pleno deste

Regional julgou o Incidente de Arguição de Inconstitucionalidade nº

0000453-35.2019.5.17.0000, declarando a inconstitucionalidade

parcial do §4º, do art. 791-A, da CLT.

Trata-se de recursos ordinários interpostos pela 2ª Reclamada (ID.

f2395be) e pelo Reclamante (ID. 6f8d202), em face da sentença Assim, considerando o julgamento da matéria pelo Pleno deste

prolatada ao ID. 1edc558, complementada pela decisão de Tribunal, os autos retornaram à 1ª Turma para prosseguimento do

embargos de declaração de ID. ba4459d, na qual a Origem rejeitou julgamento do mérito dos recursos interpostos.

as preliminares de inépcia da inicial e ilegitimidade passiva da 2ª

Ré; acolheu a preliminar de incompetência absoluta da Justiça do É o relatório.

Trabalho, extinguindo o feito sem resolução do mérito em relação

ao pedido de recolhimento das contribuições previdenciárias; e, no

mérito, reconhecendo o vínculo de emprego entre o Obreiro e a 2ª

Ré, condenou-a na obrigação de fazer consistente em anotar a

CTPS do Autor e na obrigação de pagar parcelas contratuais e

rescisórias; declarou, ainda, a responsabilidade subsidiária da 1ª

Reclamada; por fim, concedeu os benefícios da justiça gratuita ao

Laborista.

Irresignada, em suas razões recursais, pugna a 2ª Reclamada

(JOSIAS RODRIGUES HOFFMANN ME) pela reforma da r. decisão

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2. FUNDAMENTAÇÃO

2.1. CONHECIMENTO

Conhece-se dos recursos ordinários interpostos pela 2ª Reclamada 2.2. MÉRITO DO RECURSO ORDINÁRIO DA SEGUNDA

(JOSIAS RODRIGUES HOFFMANN ME) e pelo Reclamante, RECLAMDA (HOFFMANN LOCACAO DE MAO-DE-OBRA LTDA)

porquanto presentes os pressupostos legais de admissibilidade

recursal.

Registre-se que a presente ação foi interposta em 11/02/2019, sob

a égide, portanto, da Lei 13.467/2017 (Reforma Trabalhista).

Ressalte-se, ainda, não houve pronúncia da prescrição pela

Origem, não havendo tampouco recurso quanto ao tema.

2.2.1. VÍNCULO DE EMPREGO

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não carregam, necessariamente, um mesmo número de volume em

suas cargas, e, tão somente quando estes volumes aumentam é

que se faz necessária contratação de diaristas, "chapas", estes que

não se submetem a nenhuma habitualidade e/ou subordinação.

Argumentou, também, que a ausência da pessoalidade e da

subordinação afastam o pleito Autoral.

Quanto à onerosidade, alegou que "o Reclamante também não

Consta de inicial que o Reclamante foi admitido pela 2ª Reclamada preenchia o requisito da onerosidade, pois não havia uma

(JOSIAS RODRIGUES HOFFMANN ME) para atuar na carga e dependência econômica, mas tão somente o pagamento pelo

descarga de produtos da 1ª Reclamada (TRANSPORTADORA serviço prestado no determinado dia".

AMERICANA LTDA), tendo laborado entre 03/11/2017 e

19/04/2018, quando foi dispensado sem justa causa, sem nunca, A Origem deferiu parcialmente a pretensão Obreira, sob a seguinte

contudo, ter tido sua CTPS assinada. fundamentação:

Registre-se que a presente ação foi interposta em 11/02/2019, sob No caso dos autos, uma vez admitida a prestação de serviços,

a égide, portanto, da Lei 13.467/2017 (Reforma Trabalhista). contudo, sob a alegação de relação jurídica distinta da relação de

emprego, as demandadas atraíram para si o ônus da prova quanto

Ressalte-se, ainda, não houve pronúncia da prescrição pela ao suscitado fato impeditivo do direito do autor ao reconhecimento

Origem, não havendo tampouco recurso quanto ao tema. do vínculo empregatício, qual seja a existência de trabalho

autônomo ("chapa"), nos termos do art. 818 da CLT e 373, II, do

Na peça de ingresso alegou o Autor que, em que pese sempre ter CPC, do qual não se desincumbiu com suficiência (art. 371 do

trabalhado de forma não eventual, onerosa, pessoal e subordinada, CPC).

nunca teve seu vínculo empregatício reconhecido, seja com a 1ª

Reclamada (tomadora dos serviços), seja com a segunda O conjunto probatório produzido, consistente na documentação

(contratante). exibida pelas partes, dos seus depoimentos pessoais e nas oitivas

das testemunhas Dionatan Pacheco Glismona e Gean Carlos

Pretendeu, em virtude do narrado, a declaração da existência da Dantas Gonçalves, que se encontram gravados em pasta própria da

relação de emprego com a 1ª Ré (TRANSPORTADORA Vara, não corroborou a tese defensiva patronal. Ao revés, a

AMERICANA LTDA) ou, subsidiariamente, com a 2ª (JOSIAS exemplo do que ocorreu no julgamento de outros processos

RODRIGUES HOFFMANN ME), bem como o pagamento de todas semelhantes, cada vez mais corriqueiros nesta Especializada, a

as verbas contratuais e rescisórias devidas, além da anotação da apreciação dos elementos dos autos revela que a relação mantida

CTPS. entre o reclamante e a segunda ré se enquadra na modalidade de

contrato de emprego, uma vez que restaram preenchidos os

Em contestação, a 2ª Reclamada (JOSIAS RODRIGUES requisitos exigidos pela CLT, quais sejam: a pessoalidade, a

HOFFMANN ME) negou o liame empregatício, sustentando a onerosidade, a subordinação e a não eventualidade.

eventualidade da prestação de serviços por parte do Obreiro.

Com efeito, a prova dos autos revelou que: o requerente foi

Explicou que: contratado pela segunda requerida para prestar serviços como

auxiliar de carga e descarga em favor da primeira requerida, em

A Reclamada trabalha com transporte de cargas, e, em alguns razão de contrato escrito de prestação de serviços mantido entre as

casos, necessita de mão-de-obra a mais, razão da prestação de empresas; foi contratado, assalariado e dirigido por Fabiano,

serviço aleatória do Reclamante. encarregado da segunda requerida; trabalhava de 3 a 4 dias por

semana; recebia da segunda requerida R$ 45,00 por dia trabalhado,

É de notório conhecimento que as empresas do ramo de transporte o que perfazia média mensal de R$ 900,00; o demandante não

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 555
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

aguardava em casa para ser chamado, devia se apresentar à 1/3, 13º salário proporcional, além de indenização dos depósitos do

primeira requerida automaticamente, sob pena de "perder o dia"; a FGTS não efetuados + multa de 40%, devendo ser considerada a

segunda requerida possuía outros colaboradores que prestavam os projeção do pré-aviso.

mesmos serviços em benefício da primeira ré também sem as

CTPSs devidamente formalizadas. Inconformada, em recurso ordinário, insiste a 2ª Reclamada

(JOSIAS RODRIGUES HOFFMANN ME) na tese de ausência de

Assim, não há dúvidas acerca dos requisitos necessários ao vínculo de emprego, afirmando que a sentença contraria as provas

pretenso reconhecimento do vínculo de emprego entre o requerente dos autos.

e a primeira ré, nos termos dos arts. 2º e 3º da CLT. A

pessoalidade, a onerosidade e a não eventualidade restaram Acrescenta que:

cabalmente comprovadas, assim, como a subordinação,

considerado o pressuposto mais marcante da relação de emprego. O simples fato da Recorrente admitir que a prestação de serviços

Sob o aspecto objetivo (estrutural), não há controvérsia de que o na forma autônoma e eventual não tem o condão de atrair para si o

autor mantinha participação integrativa na atividade-fim da ônus da prova, haja vista a natureza da prestação do serviço, bem

reclamada, que era justamente a prestação de serviços de carga e como não como ter um controle dos "chapas" que eventualmente

descarga, conforme atos constitutivos apresentados. prestam serviços, pois eles não se vinculam a uma só empresa ou a

uma só área.

Subjetivamente, o demandante sempre atuou nos serviços habituais

da empresa, em local por esta definido (segunda requerida - Examina-se.

tomadora), cumprindo jornada e determinações dos seus

superiores. É cediço que, conforme legalmente consagrado pela conjugação

dos artigos 2º e 3º, da CLT, a relação de emprego é composta de

Resta, pois, mais do que demonstrada a realidade do contrato de requisitos que devem apresentar-se cumulativamente na situação

emprego mantido pela segunda reclamada com o autor. Não há fática, quais sejam, prestação de serviços por uma pessoa física

como se acolher tal prestação de serviços como sendo autônoma com pessoalidade, onerosidade, não eventualidade e subordinação.

("chapa") e não sendo de emprego, uma vez que socorre ao obreiro

o Princípio da Primazia da Realidade que, como ensina o insigne A transposição dos mencionados requisitos para o mundo fático, a

jurista uruguaio, Américo Plá Rodriguez, prevalece sobre meros fim de reconhecer ou não em uma circunstância real a existência de

papéis ou simples nomenclaturas, assegurando o reconhecimento um liame empregatício, é tarefa que, para ser cumprida, necessita

dos direitos sociais dos trabalhadores. ao máximo das informações trazidas aos autos por testemunhas e

pelas próprias partes pelos diversos meios de prova.

Dessa forma, julgo improcedente o pedido de reconhecimento de

relação direta de emprego entre o autor e a primeira requerida, mas Admitida a prestação de serviços por parte do Obreiro pela 2ª

declaro existente o vínculo empregatício entre o obreiro a segunda Reclamada (JOSIAS RODRIGUES HOFFMANN ME), impõe-se a

reclamada, no período postulado de 03-11-2017 a 19-05-2018, já esta, a teor do artigo 818, da CLT, o ônus de demonstrar a

considerada a projeção do aviso prévio indenizado, na função de inexistência desses requisitos.

auxiliar de carga e descarga, com salário mensal de R$ 900,00,

devendo a empresa proceder às devidas anotações na CTPS a ser Com vistas a esclarecer a questão, em audiência realizada aos

apresentada pelo obreiro. Em caso de descumprimento da 27/02/2019 (ID. 7bea636), foram colhidos os depoimentos pessoais

obrigação de fazer por parte da empresa, deverá a Secretaria da do Reclamante e dos prepostos das Reclamadas, além de

Vara efetuar as devidas anotações e oficiar à SRTE/ES e ao INSS. inquiridas uma testemunha a convite do Reclamante e uma a

convite da Reclamada.

Nos limites dos pedidos formulados na inicial (arts. 142 e 491 do

CPC), condeno a segunda ré a pagar ao autor, no prazo legal, as Relatou o Reclamante que:

seguintes parcelas contratuais e rescisórias: saldo de salário de

abril/2018, aviso prévio indenizado de 30 dias, férias proporcionais + Trabalhou para Hoffman durante 5 meses; fazia carga e descarga;

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trabalhava todo os dias; recebia R$ 450,00 por quinzena; recebia descarga de acordo com a demanda; os "chapas" que faltassem

ordens do Baldan, do Rafael; apenas trabalhava para as Rés; foi poderiam ser substituídos por outros.

"cortado" pelas empresas; não tinham empregados "com carteira

assinada" da Hoffman; se fosse convocado era obrigado a Pois bem.

comparecer; se não comparecesse era "cortado"; trabalhava de

14h00 às 23h00 Conforme Valentim Carrion, define-se como "avulso" o trabalhador

que "presta serviços a inúmeras empresas, agrupado em entidade

Informou o preposto da 1ª Reclamada que: de classe por intermédio desta e sem vínculo empregatício" .

Não conhece o Reclamante; o Reclamante não possui qualquer Em que pese terem obtido, a partir da CRFB/88, a igualdade de

relação com a TA; não se recorda do Reclamante trabalhando na direitos com os trabalhadores com vínculo de emprego (art. 7º,

TA; raramente o depoente tem contato com os empregados da XXXIV), os avulsos possuem regramento apartado, basicamente

carga e descarga. disposto na Lei 12.815/13 (avulso portuário) e 12.023/09 (avulso

fora do porto).

Alegou a preposta da 2ª Reclamada que:

Para reconhecimento como avulso, contudo, a Lei 12.023/09 exige

Não conhece pessoalmente o Reclamante, mas o conhece pelo a intermediação sindical.

nome e por telefone; quando tinha carga o encarregado comunicava

-se com o Reclamante convocando-o; não era toda semana que Nesta esteira, importante frisar, inicialmente, que, apesar de a 2ª

tinha carga; a empresa possui outros trabalhadores nessa situação, Reclamada sustentar que o Reclamante prestava serviços como

cerca de 10; todos sem carteira assinada; eles atendem o excesso "chapa" (avulso), a contratação sequer observou os requisitos

de demanda; o Reclamante ficou nessa situação cerca de 6 a 8 atinentes ao tal tipo de trabalho, conforme a supracitada Lei.

meses; o Reclamante prestava serviços cerca de 2 a 3 vezes por

semana; recebia por dia R$ 45,00 + R$ 12,00 para almoço e a Não bastasse, tampouco cuidou de produzir provas no sentido de

passagem; foi contratado pelo Fabiano; o Fabiano que lidava afastar os elementos do vínculo empregatício, ônus que lhe

diretamente com esses trabalhadores;o pagamento era feito "em incumbia.

mãos" ou em depósito em conta; o Fabiano era também

responsável pelo pagamento. Nessa senda, restou incontroversa a onerosidade, tendo sido

admitido o pagamento de "diárias" pela própria Reclamada.

Disse a testemunha Obreira que:

Do mesmo modo a não eventualidade do labor, pois a preposta da

Trabalhou na TA; conheceu o depoente; trabalhava sem carteira 2ª Reclamada confessou que o trabalho era realizado de duas a

assinada, pela Hoffman; não trabalhava todos os dias; foi para a TA três vezes por semana.

depois do Reclamante; (...) na TA o depoente nunca faltou; tinha

serviço todos os dias; o depoente trabalhou na TA somente dois Entende-se ainda comprovada a pessoalidade, diante da

meses; o depoente recebia R$ 45,00 a diária + R$ 5,00 de horas declaração da testemunha Obreira no sentido de que se não

extras; recebia por quinzena; (...) foi contratado pela Hoffman; a pudesse comparecer "não poderia mandar alguém no lugar".

contratação se deu por telefone, por indicação de um amigo;

recebia ordens do Fabiano, da Hoffman; "todo mundo" trabalhava Por fim, inegável a subordinação.

sem carteira assinada; (...) se o depoente não pudesse comparecer

"não poderia mandar alguém no lugar"; Isso porque a prova oral - inclusive o depoimento da preposta -

confirma que o sr. Fabiano (empregado da 2ª Ré) era responsável

Afirmou a testemunha Patronal que: não somente por contratar os trabalhadores, mas também por gerir

a prestação de serviços e por remunerá-los. A testemunha Obreira

Trabalha na TA; não conhece o Reclamante, mas sabe que ele é afirmou que recebia ordens do sr. Fabiano e a preposta relatou que

"chapa" na empresa; o depoente solicitava o trabalho de carga e o sr. Fabiano "lidava diretamente" com esses trabalhadores.

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Não bastasse, restou patente que o empregado estava inserido na

organização da empresa, porquanto depreende-se dos autos que o

objeto social da Ré abarcava a "carga e descarga" (ID. 373c168),

sendo a atividade desempenhada pelo Autor (auxiliar de carga e

descarga), pois essencial à atividade fim empresarial.

Na espécie, ainda que se argumente que não houvesse

subordinação direta, verifica-se que o Reclamante inseria-se na 2.3. MÉRITO DO RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE

dinâmica empresarial da Reclamada, caracterizando a chamada

subordinação estrutural, que, conforme leciona Maurício Godinho

Delgado (Delgado, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho.

16ª Ed. São Paulo: LTr, 2017), configura-se "pela inserção do

trabalhador na dinâmica do tomador de seus serviços,

independentemente de receber (ou não) suas ordens diretas, mas

acolhendo, estruturalmente, sua dinâmica de organização e

funcionamento".

Arremata o i. doutrinador:

Na essência, trabalhador subordinado desde o humilde e tradicional

obreiro que se submete à intensa pletora de ordens do tomador ao

longo de sua prestação de serviços (subordinação clássica ou

tradicional), como também aquele que realiza, ainda que sem

incessantes ordens diretas, no plano manual ou intelectual, os

objetivos empresariais (subordinação objetiva), a par do prestador 2.3.1. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS DE SUCUMBÊNCIA

laborativo que, sem receber ordens diretas das chefias do tomador

de serviços e até mesmo nem realizar os objetivos do

empreendimento (atividades-meio, por exemplo), acopla-se,

estruturalmente, à organização e dinâmica operacional da empresa

tomadora, qualquer que seja sua função ou

especialização,incorporando, necessariamente, a cultura cotidiana

empresarial ao longo da prestação de serviços realizada

(subordinação estrutural).

Dessa forma, pelo conteúdo probatório dos autos nota-se que a

prestação de serviços do Reclamante para a empresa preencheu os Consta de inicial que o Reclamante foi admitido pela 2ª Reclamada

requisitos necessários para a configuração da relação de emprego (JOSIAS RODRIGUES HOFFMANN ME) para atuar na carga e

diretamente com a 2ª Reclamada (JOSIAS RODRIGUES descarga de produtos da 1ª Reclamada (TRANSPORTADORA

HOFFMANN ME), encontrando-se presentes, no caso em tela, AMERICANA LTDA), tendo laborado entre 03/11/2017 e

todos os elementos qualificadores do vínculo empregatício, 19/04/2018, quando foi dispensado sem justa causa, sem nunca,

conforme dispõe o artigo 3º da CLT, motivo pelo qual deve ser contudo, ter tido sua CTPS assinada.

mantida a r. sentença, no particular.

Registre-se que a presente ação foi interposta em 11/02/2019, sob

Nega-se provimento. a égide, portanto, da Lei 13.467/2017 (Reforma Trabalhista).

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Ressalte-se, ainda, não houve pronúncia da prescrição pela tratando de conflito decorrente da relação de emprego, os

Origem, não havendo tampouco recurso quanto ao tema. honorários advocatícios eram devidos apenas quando preenchidos

os requisitos contidos no art. 14 da Lei n. 5.584/1970.

No que tange aos honorários advocatícios, o d. Juízo a quo

declarou a inconstitucionalidade do art. 791-A, da CLT e assim se Com o advento da Lei 13.467, de 13 de julho de 2017, contudo, foi

pronunciou: acrescentado à CLT o art. 791-A, que autorizou a condenação na

verba honorária em razão da mera sucumbência.

Não são devidos honorários advocatícios em razão de sucumbência

recíproca, uma vez que este Magistrado afasta a aplicação do art. Além disso, o novel dispositivo previu o pagamento de honorários

791-A da CLT, por entender que é ofensivo ao fundamento do valor de sucumbência recíproca, de forma que, vencido o Reclamante,

social do trabalho e aos princípios constitucionais do livre acesso ao ainda que relativamente a um único pedido, também deverá ele

Judiciário pelos trabalhadores (que perseguem verbas de natureza responder pela verba honorária da parte contrária.

eminentemente alimentar) e da vedação ao retrocesso social,

previstos, respectivamente, nos art. 1º, IV, art. 5º, XXXV, e art. 7º, Em que pese a intensa celeuma jurídica que se instaurou acerca da

caput, todos da CRFB. aplicabilidade do novo regramento, este Relator adotou o

entendimento de que os dispositivos da Reforma Trabalhista que

Dessa forma, julgo improcedente o pleito de honorários advocatícios versam sobre honorários advocatícios apenas incidem nas

formulado pelo reclamante, na medida em que não se encontra demandas ajuizadas após a vigência da Lei 13.467/17, que ocorreu

assistido pelo sindicato da categoria, conforme exigência da Lei em 11/11/2017.

5.584/70, explicitada também nas Súmulas 219 e 329 do E. TST e

18 deste E. Regional. O C. TST posicionou-se no mesmo sentido na recém editada

Instrução Normativa n. 41, que, em seu art. 6º assim dispõe:

Em razões recursais demanda o Autor sejam as Rés condenadas

no pagamento da verba honorária de sucumbência, sustentando Art. 6º Na Justiça do Trabalho, a condenação em honorários

que a presente ação foi ajuizada sob a égide da Reforma advocatícios sucumbenciais, prevista no art. 791-A, e parágrafos, da

Trabalhista, pelo que incidem as previsões do art.791-A, da CLT. CLT, será aplicável apenas às ações propostas após 11 de

novembro de 2017 (Lei nº 13.467/2017). Nas ações propostas

Esta 1ª Turma, na sessão ordinária realizada no dia 06/08/2019, anteriormente, subsistem as diretrizes do art. 14 da Lei 5.584/1970

resolveu, por unanimidade, suspender o julgamento do presente e das Súmulas nº 219 e 329 do TST.

processo em decorrência do incidente de inconstitucionalidade do §

4º, artigo 791-A, da CLT suscitado no processo nº 0000398- A presente demanda foi ajuizada em 11/02/2019, logo, sob a égide

09.2018.5.17.0101, que ainda seria julgado pelo Pleno. da Reforma Trabalhista.

Na sessão ordinária realizada no dia 23/10/2019, o Pleno deste Destarte, são devidos, na espécie, os honorários advocatícios, nos

Regional julgou o Incidente de Arguição de Inconstitucionalidade nº termos da nova legislação, in verbis:

0000453-35.2019.5.17.0000, declarando a inconstitucionalidade

parcial do §4º, do art. 791-A, da CLT. Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão

devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5%

Assim, considerando o julgamento da matéria pelo Pleno deste (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o

Tribunal, os autos retornaram à 1ª Turma para prosseguimento do valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico

julgamento do mérito dos recursos interpostos. obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado

da causa.

Examina-se.

§ 1o Os honorários são devidos também nas ações contra a

Na Justiça do Trabalho, prevalecia o entendimento consubstanciado Fazenda Pública e nas ações em que a parte estiver assistida ou

nas Súmulas n.º 219 e 329 do E. TST segundo o qual, em se substituída pelo sindicato de sua categoria.

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art. 791-A, as obrigações decorrentes da sucumbência ficariam sob

[...] condição suspensiva ou seus valores seriam compensadas com

eventuais créditos obtidos em juízo:

§ 3o Na hipótese de procedência parcial, o juízo arbitrará honorários

de sucumbência recíproca, vedada a compensação entre os § 4° Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha

honorários. obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de

suportar a despesa, as obrigações decorrentes de sua sucumbência

Ademais, tendo sido mantida a r. sentença, que julgou os pedidos ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente

parcialmente procedentes, a verba honorária deve ser fixada de poderão ser executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito

forma recíproca. em julgado da decisão que as certificou, o credor demonstrar que

deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que

Noutro giro, quanto ao valor, devem ser observados os parâmetros justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse

fixados no §2º do art. 791-A, quais sejam: prazo, tais obrigações do beneficiário.

§ 2o Ao fixar os honorários, o juízo observará: Ocorre que o Pleno deste Regional, em recente decisão prolatada

nos autos da Arguição de Inconstitucionalidade nº 0000453-

I - o grau de zelo do profissional; 35.2019.5.17.0000, declarou a inconstitucionalidade parcial do §4º,

do art. 791-A, da CLT, conforme se depreende da ementa ora

II - o lugar de prestação do serviço; transcrita:

III - a natureza e a importância da causa; "ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. HONORÁRIOS

ADVOCATÍCIOS. ARTIGO 791-A, § 4º, DA CLT. Declara-se a

IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o inconstitucionalidade parcial do § 4º, do artigo 791-A, da CLT

seu serviço. somente quanto ao trecho: "desde que não tenha obtido em juízo,

ainda que outro processo, créditos capazes de suportar a despesa",

Tendo em vista a praxe deste Tribunal, entende-se suficiente e no sentido de que não se possa atingir os créditos deferidos ao

proporcional a fixação, para os honorários devidos pelas Rés, do beneficiário da justiça gratuita, ainda que em outro processo, mas

percentual de 15% (quinze por cento) sobre o valor da condenação. tão somente que a verba honorária fique sob condição suspensiva

de exigibilidade, podendo ser executada, se nos 2 (anos)

No tocante aos honorários devidos pelo Obreiro, entende-se subseqüentes ao trânsito em julgado da decisão que a certificou, o

razoável o arbitramento da verba no percentual de 5% (cinco por credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência

cento) sobre os pedidos julgados totalmente improcedentes. de recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-

se, passado esse prazo, tal obrigação do beneficiário".

Registre-se que, embora os honorários advocatícios sirvam para

remunerar o trabalho desempenhado pelos patronos, que, in casu, Com efeito, não se pode olvidar que o crédito trabalhista tem

cumpriram seu papel com louvor, não se pode perder de vista que o natureza alimentar e o trabalhador, ao despender sua força de

seu pagamento é efetuado pelas partes e o Reclamante é trabalho em proveito do empregador, não busca senão o seu

hipossuficiente em relação à empresa. próprio sustento e da sua família. Dessa forma, não é compatível

com os direitos constitucionalmente tutelados a compensação das

Nesse contexto, vale frisar que o princípio isonomia consiste em obrigações decorrentes da sucumbência com os créditos do

tratar os iguais igualmente e os desiguais desigualmente. É dizer, a trabalhador em estado de miserabilidade econômica.

igualdade formal deve ceder lugar à igualdade real ou substancial,

sob pena de se afastar do artigo 5º, caput, da CRFB/88. Nesse mesmo sentido é o Enunciado n.o 3, da Comissão 7,

aprovado na 2ª Jornada de Direito Material e Processual do

Por fim, o Reclamante é beneficiário da justiça gratuita, conforme Trabalho, realizada pela ANAMATRA (Associação Nacional dos

deferida pela Origem e, nesse caso, pela redação do novel § 4º do Magistrados da Justiça do Trabalho), entre 9 e 10 de outubro de

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Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

2017:

HONORÁRIOS E ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA

É inconstitucional a previsão de utilização dos créditos trabalhistas

reconhecidos em juízo para o pagamento de despesas do 3. ACÓRDÃO

beneficiário da justiça gratuita com honorários advocatícios ou

periais (artigos 791-A, §4º, e 790-B, §4º, da CLT, com a redação

dada pela Lei nº 13.467/2017), por ferir os direitos fundamentais à

assistência judiciária gratuita e integral, prestada pelo Estado, e à

proteção do salário (artigos 5º. LXXIV, e 7º, X, da Constituição

Federal).

Portanto, nos termos da decisão proferida pelo Pleno deste

Regional, a verba honorária devida pelo Autor deverá ficar sob

condição suspensiva de exigibilidade e somente poderá ser

executada se, nos 2 (dois) anos subsequentes ao trânsito em

julgado da decisão que a certificou, o credor demonstrar que deixou

de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a

concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tal

obrigação do beneficiário.

Dá-se parcial provimento para condenar as partes no pagamento de

honorários advocatícios de sucumbência recíproca, as Reclamadas

em favor do patrono do Reclamante no percentual de 15% (quinze Acordam os Magistrados da 1ª Turma do Tribunal Regional do

por cento) sobre o valor da condenação, e o Autor em favor dos Trabalho da 17ª Região, na Sessão Ordinária realizada no dia 03 de

patronos das Rés no percentual de 5% (cinco por cento) sobre os dezembro de 2019, às 13 horas e 30 minutos, sob a presidência do

pedidos julgados totalmente improcedentes; e para determinar que Exmo. Desembargador Cláudio Armando Couce de Menezes, com

verba honorária devida pelo Autor deverá ficar sob condição a participação do Exmo. Desembargador José Carlos Rizk, do

suspensiva de exigibilidade e somente poderá ser executada se, Exmo. Desembargador Mario Ribeiro Cantarino Neto, e presente o

nos 2 (dois) anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão Procurador do Trabalho, Dr. Levi Scatolin, por unanimidade,

que a certificou, o credor demonstrar que deixou de existir a conhecer do recurso ordinário interposto pela 2ª Reclamada

situação de insuficiência de recursos que justificou a concessão de (JOSIAS RODRIGUES HOFFMANN ME) e do recurso ordinário

gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tal obrigação do interposto pelo Reclamante, e no mérito, negar provimento ao apelo

beneficiário. Patronal e dar parcial provimento ao apelo Obreiro para condenar

as partes no pagamento de honorários advocatícios de

sucumbência recíproca, as Reclamadas em favor do patrono do

Reclamante no percentual de 15% (quinze por cento) sobre o valor

da condenação, e o Autor em favor dos patronos das Rés no

percentual de 5% (cinco por cento) sobre os pedidos julgados

totalmente improcedentes; e para determinar que verba honorária

devida pelo Autor deverá ficar sob condição suspensiva de

exigibilidade e somente poderá ser executada se, nos 2 (dois) anos

subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que a certificou, o

credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência

de recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-

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se, passado esse prazo, tal obrigação do beneficiário. Mantém-se o

valor da condenação.

PROCESSO nº 0000089-65.2019.5.17.0161 (RORSum)

RECORRENTE: GELCILENE SALVALAIO;

RECORRIDO: VIACAO JOANA D'ARC S/A;

ORIGEM: VARA DO TRABALHO DE LINHARES - ES

RELATOR: DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK

COMPETÊNCIA: 1ª TURMA

DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK

Relator

Acórdão
Processo Nº RORSum-0000089-65.2019.5.17.0161
Relator JOSE CARLOS RIZK
RECORRENTE GELCILENE SALVALAIO
ADVOGADO ELIAS TAVARES(OAB: 10705/ES)
1. RELATÓRIO
RECORRIDO VIACAO JOANA D'ARC S/A
ADVOGADO JOSEMAR DE DEUS(OAB: 2933/ES)
TESTEMUNHA MARCELA RODRIGUES BAIOCO

Intimado(s)/Citado(s):
- GELCILENE SALVALAIO

PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA DO TRABALHO
Trata-se de recurso ordinário sob o rito sumaríssimo interposto pela

Reclamante em face da r. sentença de Id. 5fe9077, que julgou

improcedente o pedido formulado na inicial e condenou a Autora no

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Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

pagamento de honorários advocatícios no valor de R$ 1.250,00 (um Conhece-se do recurso ordinário sob o rito sumaríssimo interposto

mil e duzentos e cinquenta reais) e custas processuais no importe pela Reclamante, porquanto preenchidos os pressupostos legais de

de R$ 500,00 (cinquenta reais), das quais ficou dispensada, ante a admissibilidade.

concessão do benefício da justiça gratuita.

Registre-se que a presente ação foi ajuizada em 06/02/2019, após a

Em razões recursais, a Reclamante pugna, preliminarmente, pela entrada em vigor da Lei 13.467/17 (Lei da Reforma Trabalhista) e

nulidade da sentença por ausência de intimação pessoal à que não houve pronúncia de prescrição pela Origem, tampouco

audiência; no mérito, requer a modificação do decisio no tocante ao recurso quanto ao aspecto.

dano moral e honorários advocatícios.

Contrarrazões pela Reclamada ao Id. a2ef5c7.

É o relatório.

2.2. PRELIMINAR DE NULIDADE DA SENTENÇA. AUSÊNCIA DE

INTIMAÇÃO PESSOAL DA RECLAMANTE PARA AUDIÊNCIA DE

INSTRUÇÃO E JULGAMENTO

2. FUNDAMENTAÇÃO

Em preliminar de recurso ordinário, suscita a Reclamante a nulidade

da sentença em razão da ausência de intimação pessoal para

comparecimento à audiência de instrução e julgamento em que

deveria depor e levar testemunhas.

2.1. CONHECIMENTO Explica que na audiência preliminar foi devidamente cientificada da

assentada designada para o dia 15/04/2020, sendo que referido ato

foi antecipado sem que o d. Juízo tenha cuidado de intimá-la

pessoalmente.

Assim, sob o fundamento de que deveria ter sido intimada

pessoalmente, requer seja declarada a nulidade da sentença, com o

consequente retorno dos autos à origem para reabertura da

instrução, com depoimento pessoal das partes e oitiva de

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 563
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

testemunhas. veracidade das alegações contidas na peça de ingresso. Primeiro,

observando as mídias juntadas aos autos não se observa omissão

Analisa-se. do motorista, ao contrário, mostra que este parou o coletivo e

apartou a briga. Também, não se observa nenhuma lesão grave,

Conforme se extrai dos autos, foi realizada uma primeira audiência, roupa rasgada ou outro indício de que a reclamante tenha sofrido

em 23/04/2019, na qual compareceram ambas as partes e seus dano capaz de ensejar o reconhecimento de acidente de trabalho.

respectivos advogados, oportunidade em que foi recusada a Tem mais. Ao que tudo indica o boletim de ocorrência (BU

proposta de conciliação, apresentada a contestação e deferido 37309872/18) foi obra da Sra. Marcela Rodrigues e não da

prazo para a Autora e Reclamada para manifestação, reclamante, dando mostra que ambas se sentiram agredidas, sem

respectivamente, acerca da defesa e novos documentos juntados qualquer participação de algum preposto da ré.

após a inicial (Id. 5d5ff84).

Salta aos olhos que realmente ocorreu a desavença entre a autora

Naquela ocasião, o d. Juízo designou assentada de instrução do e uma passageira, adentrando em vias de fato, mas com lesões

feito para o dia 15/04/2020, às 11h30min, fazendo constar levíssimas que sequer poderia ensejar a abertura de comunicação

expressamente em ata a ciência acerca da obrigatoriedade de de acidente de trabalho. Corrobora tal afirmação o fato de que a

comparecimento das partes, sob pena de confissão, bem como das autora e a alegada agressora chegaram a uma composição de

testemunhas Edimar Barbosa e Iane Pereira Pinheiro, sob pena de forma amigável, onde renunciaram ao direito de queixa-crime, o quê

condução coercitiva e aplicação de multa. evidencia a completa ausência de gravidade nas condutas de

ambas, bem como possível dano moral e material que tenha

Ocorre que, por meio do despacho de ID. 0682b53, houve ocorrido.

antecipação dessa segunda audiência para o dia 25/09/2019, às

13h50, tendo sido as partes intimadas da determinação somente Como se viu, realmente ocorreu as vias de fato entre a autora e

por publicação no Diário Eletrônico da Justiça do Trabalho. uma passageira, mas em momento algum restou demonstrado a

culpa da ré ou de seus prepostos. Além disso, o incidente foi de

Na data da nova assentada (Id. 354ca13), não compareceram a pequena intensidade, permitindo até mesmo que as agressoras se

Reclamante e seu advogado, motivo pelo qual requereu a compusessem. Logo, não vislumbro nenhum dano moral que

Reclamada a aplicação da pena de confissão ficta quanto à matéria autorize a condenação da ré no pagamento de danos morais.

de fato. Na ocasião, a Origem indeferiu, ainda, a oitiva das Rejeito o pedido.

testemunhas trazidas pela Ré.

Pois bem.

Em sentença prolatada ao ID. 5fe9077 a Origem julgou

improcedente o pedido formulado na inicial, com base no conjunto A teor do art. 385, §1º, do CPC e da Súmula 74, I, do C. TST, a

probatório reunido nos autos: aplicação da confissão ficta está condicionada à intimação pessoal

da parte com a expressa advertência dos efeitos decorrentes da

Primeiramente, merece registro que a reclamante foi devidamente ausência de comparecimento, senão vejamos:

intimada, na pessoa de seu patrono, da audiência designada para o

dia 25/09/2019, conforme consta na certidão de fls. 127. Contudo, Art. 385. Cabe à parte requerer o depoimento pessoal da outra

se observa na Ata de Audiência de fls. 144/145 que a reclamante parte, a fim de que esta seja interrogada na audiência de instrução

não compareceu, sendo requerido a aplicação da pena de e julgamento, sem prejuízo do poder do juiz de ordená-lo de ofício.

confissão. Pois bem, a citada certidão deixa claro que as partes

deveriam comparecer para prestarem depoimentos, sob pena de § 1º Se a parte, pessoalmente intimada para prestar depoimento

confissão, sendo certo que somente a ré obedeceu ao chamado pessoal e advertida da pena de confesso, não comparecer ou,

judicial. comparecendo, se recusar a depor, o juiz aplicar-lhe-á a pena.

Independentemente de ser aplicada a pena de confissão à Súmula nº 74 do TST

reclamante, tem-se que o conjunto probatório não demonstra a

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 564
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

CONFISSÃO. (atualizada em decorrência do CPC de 2015) - Res. ato em que, diante da necessidade de readequação da pauta,

208/2016, DEJT divulgado em 22, 25 e 26.04.2016 redesignou a data da audiência inicial, intimando-se as partes via

sistema PJE. Verifica-se, na sequência, que foi aplicada à

I - Aplica-se a confissão à parte que, expressamente intimada com reclamada a revelia, a qual gerou a presunção de veracidade dos

aquela cominação, não comparecer à audiência em fatos articulados na inicial. A teor do art. 343, § 1º, do CPC e da

prosseguimento, na qual deveria depor. (ex-Súmula nº 74 - RA Súmula 74, I, do TST, para que seja aplicada a pena de confissão,

69/1978, DJ 26.09.1978) as partes devem ser intimadas pessoalmente para comparecer à

audiência, bem como ter ciência das consequências advindas de

Destarte, ainda que anteriormente notificada a parte, pessoalmente, sua eventual ausência. No caso, não é possível inferir do acórdão

acerca da obrigatoriedade de comparecimento na audiência em regional que a intimação da redesignação da data da audiência

prosseguimento, a redesignação da assentada torna necessária inaugural pelo sistema PJE atingiu a finalidade de intimar a parte,

nova intimação pessoal, contendo, mais uma vez, a advertência sob pena de confissão, para comparecer à audiência inaugural.

sobre a aplicação da pena de confissão em caso de ausência. Nesse contexto, a referida intimação deve ser considerada nula, nos

termos do art. 794 da CLT, porquanto resultou em manifesto

É dizer: a notificação da redesignação da audiência em prejuízo à parte, conforme se constata da decisão recorrida.

prosseguimento feita apenas ao advogado por meio de publicação Recurso de revista conhecido e provido (RR-25392-

no Diário Eletrônico da Justiça do Trabalho, é incapaz de suprir a 28.2013.5.24.0022, 8ª Turma, Relatora Ministra Dora Maria da

exigência legal. Assim, tendo em vista o evidente prejuízo à parte Costa, DEJT 22/05/2015).

Autora, que pretendia ouvir testemunhas, configura-se o

cerceamento do direito de defesa e a consequente nulidade da RECURSO DE EMBARGOS . NULIDADE PROCESSUAL.

decisão. AUSÊNCIA DE INTIMAÇÃO PESSOAL DA PARTE PARA A

AUDIÊNCIA DE PROSSEGUIMENTO. PENA DE CONFISSÃO.

Nesse sentido: RECURSO DO RECLAMANTE CONHECIDO E PROVIDO.

CONTRARIEDADE À SUMULA 74, I, DO C. TST NÃO

I - AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA - VERIFICADA Na apreciação do item I da Súmula 74 do c. TST é

REGÊNCIA PELA LEI Nº 13.015/2014 - CERCEAMENTO DO preciso levar em consideração o caso concreto, em que na

DIREITO DE DEFESA. CONFISSÃO FICTA. NECESSIDADE DE audiência, em que a parte deveria comparecer, sob pena de

INTIMAÇÃO PESSOAL DA RECLAMADA. AUDIÊNCIA DE confissão, houve adiamento, tendo o juiz, a pedido de apenas uma

INSTRUÇÃO. Constatada possível violação do art. 343, § 1º, do das parte, procedido à redesignação da audiência de

CPC e contrariedade à Súmula 74, I, do TST, merece provimento o prosseguimento, sem proceder à intimação pessoal, e sim por meio

agravo de instrumento para determinar o processamento do recurso do Diário Oficial. A correta dicção do art. 343, §1º, da CLT, deve

de revista. II - RECURSO DE REVISTA - CERCEAMENTO DO levar em consideração que os efeitos da ausência de intimação em

DIREITO DE DEFESA. CONFISSÃO FICTA. NECESSIDADE DE relação à audiência de prosseguimento são mais graves para o

INTIMAÇÃO PESSOAL DA RECLAMADA. AUDIÊNCIA DE reclamante, do que na audiência inicial. Enquanto deve ser

INSTRUÇÃO. A ausência de intimação pessoal da parte que deverá considerado confesso, no primeiro caso, no outro, terá apenas o

depor na audiência de prosseguimento e a aplicação da pena de processo arquivado. Deste modo, com o fim de dar máxima eficácia

confissão em decorrência do seu não comparecimento acarretava ao princípio constitucional que protege a ampla defesa e o

cerceamento do seu direito de defesa, tendo em vista os comandos contraditório, o juiz deverá intimar pessoalmente à parte para

que emanam do art. 343, § 1º, do CPC e da Súmula 74, I, do TST. comparecer a audiência de prosseguimento quando, após ter

Recurso de revista conhecido e provido. (RR-10105- marcado data para apresentação em juízo, essa audiência for

73.2013.5.01.0019, 8ª Turma, Relator MÁRCIO EURICO VITRAL redesignada. A decisão da c. Turma deu a correta dicção ao que

AMARO, DEJT 21/09/2018). dispõe o art. 343, §1º, do CPC, sem contrariar os termos da Súmula

74 desta c. Corte. Embargos não conhecidos (E-RR-12400-

RECURSO DE REVISTA. NULIDADE PROCESSUAL. 64.2007.5.14.0041, Subseção I Especializada em Dissídios

REDESIGNAÇÃO DA AUDIÊNCIA INAUGURAL. AUSÊNCIA DE Individuais, Relator Ministro Aloysio Corrêa da Veiga, DEJT

INTIMAÇÃO PESSOAL. O Regional concluiu inexistir nulidade no 14/10/2011).

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 565
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Ante o exposto, acolhe-se a preliminar de nulidade da sentença e

determina-se a remessa dos autos à Origem, para reabertura da

instrução, com a designação de nova audiência, intimando-se

pessoalmente as partes, e novo julgamento, como entender de

direito.

3. ACÓRDÃO

Acordam os Magistrados da 1ª Turma do Tribunal Regional do

Trabalho da 17ª Região, na Sessão Ordinária realizada no dia 03 de

dezembro de 2019, às 13 horas e 30 minutos, sob a presidência do

Exmo. Desembargador Cláudio Armando Couce de Menezes, com

a participação do Exmo. Desembargador José Carlos Rizk, do

Exmo. Desembargador Mario Ribeiro Cantarino Neto, e presente o

Procurador do Trabalho, Dr. Levi Scatolin, por unanimidade,

conhecer do recurso ordinário sumaríssimo interposto pela

Reclamante; acolher a preliminar de nulidade da sentença e

determinar a remessa dos autos à vara de origem, para reabertura

da instrução, com a designação de nova audiência, intimando-se

pessoalmente as partes, e novo julgamento, como entender de

direito. O Ministério Público manifestou-se pelo acolhimento da

preliminar de nulidade, com a baixa dos autos para novo

julgamento.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 566
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

RECORRIDO: VIACAO JOANA D'ARC S/A;

ORIGEM: VARA DO TRABALHO DE LINHARES - ES

RELATOR: DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK

COMPETÊNCIA: 1ª TURMA

DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK

Relator

Acórdão
Processo Nº RORSum-0000089-65.2019.5.17.0161
Relator JOSE CARLOS RIZK
RECORRENTE GELCILENE SALVALAIO
ADVOGADO ELIAS TAVARES(OAB: 10705/ES)
1. RELATÓRIO
RECORRIDO VIACAO JOANA D'ARC S/A
ADVOGADO JOSEMAR DE DEUS(OAB: 2933/ES)
TESTEMUNHA MARCELA RODRIGUES BAIOCO

Intimado(s)/Citado(s):
- VIACAO JOANA D'ARC S/A

PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA DO TRABALHO
Trata-se de recurso ordinário sob o rito sumaríssimo interposto pela

Reclamante em face da r. sentença de Id. 5fe9077, que julgou

improcedente o pedido formulado na inicial e condenou a Autora no

pagamento de honorários advocatícios no valor de R$ 1.250,00 (um

mil e duzentos e cinquenta reais) e custas processuais no importe

de R$ 500,00 (cinquenta reais), das quais ficou dispensada, ante a

PROCESSO nº 0000089-65.2019.5.17.0161 (RORSum) concessão do benefício da justiça gratuita.

RECORRENTE: GELCILENE SALVALAIO; Em razões recursais, a Reclamante pugna, preliminarmente, pela

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 567
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

nulidade da sentença por ausência de intimação pessoal à que não houve pronúncia de prescrição pela Origem, tampouco

audiência; no mérito, requer a modificação do decisio no tocante ao recurso quanto ao aspecto.

dano moral e honorários advocatícios.

Contrarrazões pela Reclamada ao Id. a2ef5c7.

É o relatório.

2.2. PRELIMINAR DE NULIDADE DA SENTENÇA. AUSÊNCIA DE

INTIMAÇÃO PESSOAL DA RECLAMANTE PARA AUDIÊNCIA DE

INSTRUÇÃO E JULGAMENTO

2. FUNDAMENTAÇÃO

Em preliminar de recurso ordinário, suscita a Reclamante a nulidade

da sentença em razão da ausência de intimação pessoal para

comparecimento à audiência de instrução e julgamento em que

deveria depor e levar testemunhas.

2.1. CONHECIMENTO Explica que na audiência preliminar foi devidamente cientificada da

assentada designada para o dia 15/04/2020, sendo que referido ato

foi antecipado sem que o d. Juízo tenha cuidado de intimá-la

pessoalmente.

Assim, sob o fundamento de que deveria ter sido intimada

pessoalmente, requer seja declarada a nulidade da sentença, com o

consequente retorno dos autos à origem para reabertura da

instrução, com depoimento pessoal das partes e oitiva de

Conhece-se do recurso ordinário sob o rito sumaríssimo interposto testemunhas.

pela Reclamante, porquanto preenchidos os pressupostos legais de

admissibilidade. Analisa-se.

Registre-se que a presente ação foi ajuizada em 06/02/2019, após a Conforme se extrai dos autos, foi realizada uma primeira audiência,

entrada em vigor da Lei 13.467/17 (Lei da Reforma Trabalhista) e em 23/04/2019, na qual compareceram ambas as partes e seus

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 568
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

respectivos advogados, oportunidade em que foi recusada a Tem mais. Ao que tudo indica o boletim de ocorrência (BU

proposta de conciliação, apresentada a contestação e deferido 37309872/18) foi obra da Sra. Marcela Rodrigues e não da

prazo para a Autora e Reclamada para manifestação, reclamante, dando mostra que ambas se sentiram agredidas, sem

respectivamente, acerca da defesa e novos documentos juntados qualquer participação de algum preposto da ré.

após a inicial (Id. 5d5ff84).

Salta aos olhos que realmente ocorreu a desavença entre a autora

Naquela ocasião, o d. Juízo designou assentada de instrução do e uma passageira, adentrando em vias de fato, mas com lesões

feito para o dia 15/04/2020, às 11h30min, fazendo constar levíssimas que sequer poderia ensejar a abertura de comunicação

expressamente em ata a ciência acerca da obrigatoriedade de de acidente de trabalho. Corrobora tal afirmação o fato de que a

comparecimento das partes, sob pena de confissão, bem como das autora e a alegada agressora chegaram a uma composição de

testemunhas Edimar Barbosa e Iane Pereira Pinheiro, sob pena de forma amigável, onde renunciaram ao direito de queixa-crime, o quê

condução coercitiva e aplicação de multa. evidencia a completa ausência de gravidade nas condutas de

ambas, bem como possível dano moral e material que tenha

Ocorre que, por meio do despacho de ID. 0682b53, houve ocorrido.

antecipação dessa segunda audiência para o dia 25/09/2019, às

13h50, tendo sido as partes intimadas da determinação somente Como se viu, realmente ocorreu as vias de fato entre a autora e

por publicação no Diário Eletrônico da Justiça do Trabalho. uma passageira, mas em momento algum restou demonstrado a

culpa da ré ou de seus prepostos. Além disso, o incidente foi de

Na data da nova assentada (Id. 354ca13), não compareceram a pequena intensidade, permitindo até mesmo que as agressoras se

Reclamante e seu advogado, motivo pelo qual requereu a compusessem. Logo, não vislumbro nenhum dano moral que

Reclamada a aplicação da pena de confissão ficta quanto à matéria autorize a condenação da ré no pagamento de danos morais.

de fato. Na ocasião, a Origem indeferiu, ainda, a oitiva das Rejeito o pedido.

testemunhas trazidas pela Ré.

Pois bem.

Em sentença prolatada ao ID. 5fe9077 a Origem julgou

improcedente o pedido formulado na inicial, com base no conjunto A teor do art. 385, §1º, do CPC e da Súmula 74, I, do C. TST, a

probatório reunido nos autos: aplicação da confissão ficta está condicionada à intimação pessoal

da parte com a expressa advertência dos efeitos decorrentes da

Primeiramente, merece registro que a reclamante foi devidamente ausência de comparecimento, senão vejamos:

intimada, na pessoa de seu patrono, da audiência designada para o

dia 25/09/2019, conforme consta na certidão de fls. 127. Contudo, Art. 385. Cabe à parte requerer o depoimento pessoal da outra

se observa na Ata de Audiência de fls. 144/145 que a reclamante parte, a fim de que esta seja interrogada na audiência de instrução

não compareceu, sendo requerido a aplicação da pena de e julgamento, sem prejuízo do poder do juiz de ordená-lo de ofício.

confissão. Pois bem, a citada certidão deixa claro que as partes

deveriam comparecer para prestarem depoimentos, sob pena de § 1º Se a parte, pessoalmente intimada para prestar depoimento

confissão, sendo certo que somente a ré obedeceu ao chamado pessoal e advertida da pena de confesso, não comparecer ou,

judicial. comparecendo, se recusar a depor, o juiz aplicar-lhe-á a pena.

Independentemente de ser aplicada a pena de confissão à Súmula nº 74 do TST

reclamante, tem-se que o conjunto probatório não demonstra a

veracidade das alegações contidas na peça de ingresso. Primeiro, CONFISSÃO. (atualizada em decorrência do CPC de 2015) - Res.

observando as mídias juntadas aos autos não se observa omissão 208/2016, DEJT divulgado em 22, 25 e 26.04.2016

do motorista, ao contrário, mostra que este parou o coletivo e

apartou a briga. Também, não se observa nenhuma lesão grave, I - Aplica-se a confissão à parte que, expressamente intimada com

roupa rasgada ou outro indício de que a reclamante tenha sofrido aquela cominação, não comparecer à audiência em

dano capaz de ensejar o reconhecimento de acidente de trabalho. prosseguimento, na qual deveria depor. (ex-Súmula nº 74 - RA

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 569
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

69/1978, DJ 26.09.1978) as partes devem ser intimadas pessoalmente para comparecer à

audiência, bem como ter ciência das consequências advindas de

Destarte, ainda que anteriormente notificada a parte, pessoalmente, sua eventual ausência. No caso, não é possível inferir do acórdão

acerca da obrigatoriedade de comparecimento na audiência em regional que a intimação da redesignação da data da audiência

prosseguimento, a redesignação da assentada torna necessária inaugural pelo sistema PJE atingiu a finalidade de intimar a parte,

nova intimação pessoal, contendo, mais uma vez, a advertência sob pena de confissão, para comparecer à audiência inaugural.

sobre a aplicação da pena de confissão em caso de ausência. Nesse contexto, a referida intimação deve ser considerada nula, nos

termos do art. 794 da CLT, porquanto resultou em manifesto

É dizer: a notificação da redesignação da audiência em prejuízo à parte, conforme se constata da decisão recorrida.

prosseguimento feita apenas ao advogado por meio de publicação Recurso de revista conhecido e provido (RR-25392-

no Diário Eletrônico da Justiça do Trabalho, é incapaz de suprir a 28.2013.5.24.0022, 8ª Turma, Relatora Ministra Dora Maria da

exigência legal. Assim, tendo em vista o evidente prejuízo à parte Costa, DEJT 22/05/2015).

Autora, que pretendia ouvir testemunhas, configura-se o

cerceamento do direito de defesa e a consequente nulidade da RECURSO DE EMBARGOS . NULIDADE PROCESSUAL.

decisão. AUSÊNCIA DE INTIMAÇÃO PESSOAL DA PARTE PARA A

AUDIÊNCIA DE PROSSEGUIMENTO. PENA DE CONFISSÃO.

Nesse sentido: RECURSO DO RECLAMANTE CONHECIDO E PROVIDO.

CONTRARIEDADE À SUMULA 74, I, DO C. TST NÃO

I - AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA - VERIFICADA Na apreciação do item I da Súmula 74 do c. TST é

REGÊNCIA PELA LEI Nº 13.015/2014 - CERCEAMENTO DO preciso levar em consideração o caso concreto, em que na

DIREITO DE DEFESA. CONFISSÃO FICTA. NECESSIDADE DE audiência, em que a parte deveria comparecer, sob pena de

INTIMAÇÃO PESSOAL DA RECLAMADA. AUDIÊNCIA DE confissão, houve adiamento, tendo o juiz, a pedido de apenas uma

INSTRUÇÃO. Constatada possível violação do art. 343, § 1º, do das parte, procedido à redesignação da audiência de

CPC e contrariedade à Súmula 74, I, do TST, merece provimento o prosseguimento, sem proceder à intimação pessoal, e sim por meio

agravo de instrumento para determinar o processamento do recurso do Diário Oficial. A correta dicção do art. 343, §1º, da CLT, deve

de revista. II - RECURSO DE REVISTA - CERCEAMENTO DO levar em consideração que os efeitos da ausência de intimação em

DIREITO DE DEFESA. CONFISSÃO FICTA. NECESSIDADE DE relação à audiência de prosseguimento são mais graves para o

INTIMAÇÃO PESSOAL DA RECLAMADA. AUDIÊNCIA DE reclamante, do que na audiência inicial. Enquanto deve ser

INSTRUÇÃO. A ausência de intimação pessoal da parte que deverá considerado confesso, no primeiro caso, no outro, terá apenas o

depor na audiência de prosseguimento e a aplicação da pena de processo arquivado. Deste modo, com o fim de dar máxima eficácia

confissão em decorrência do seu não comparecimento acarretava ao princípio constitucional que protege a ampla defesa e o

cerceamento do seu direito de defesa, tendo em vista os comandos contraditório, o juiz deverá intimar pessoalmente à parte para

que emanam do art. 343, § 1º, do CPC e da Súmula 74, I, do TST. comparecer a audiência de prosseguimento quando, após ter

Recurso de revista conhecido e provido. (RR-10105- marcado data para apresentação em juízo, essa audiência for

73.2013.5.01.0019, 8ª Turma, Relator MÁRCIO EURICO VITRAL redesignada. A decisão da c. Turma deu a correta dicção ao que

AMARO, DEJT 21/09/2018). dispõe o art. 343, §1º, do CPC, sem contrariar os termos da Súmula

74 desta c. Corte. Embargos não conhecidos (E-RR-12400-

RECURSO DE REVISTA. NULIDADE PROCESSUAL. 64.2007.5.14.0041, Subseção I Especializada em Dissídios

REDESIGNAÇÃO DA AUDIÊNCIA INAUGURAL. AUSÊNCIA DE Individuais, Relator Ministro Aloysio Corrêa da Veiga, DEJT

INTIMAÇÃO PESSOAL. O Regional concluiu inexistir nulidade no 14/10/2011).

ato em que, diante da necessidade de readequação da pauta,

redesignou a data da audiência inicial, intimando-se as partes via Ante o exposto, acolhe-se a preliminar de nulidade da sentença e

sistema PJE. Verifica-se, na sequência, que foi aplicada à determina-se a remessa dos autos à Origem, para reabertura da

reclamada a revelia, a qual gerou a presunção de veracidade dos instrução, com a designação de nova audiência, intimando-se

fatos articulados na inicial. A teor do art. 343, § 1º, do CPC e da pessoalmente as partes, e novo julgamento, como entender de

Súmula 74, I, do TST, para que seja aplicada a pena de confissão, direito.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 570
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

3. ACÓRDÃO

Acordam os Magistrados da 1ª Turma do Tribunal Regional do

Trabalho da 17ª Região, na Sessão Ordinária realizada no dia 03 de

dezembro de 2019, às 13 horas e 30 minutos, sob a presidência do

Exmo. Desembargador Cláudio Armando Couce de Menezes, com

a participação do Exmo. Desembargador José Carlos Rizk, do

Exmo. Desembargador Mario Ribeiro Cantarino Neto, e presente o

Procurador do Trabalho, Dr. Levi Scatolin, por unanimidade,

conhecer do recurso ordinário sumaríssimo interposto pela

Reclamante; acolher a preliminar de nulidade da sentença e

determinar a remessa dos autos à vara de origem, para reabertura

da instrução, com a designação de nova audiência, intimando-se

pessoalmente as partes, e novo julgamento, como entender de

direito. O Ministério Público manifestou-se pelo acolhimento da

preliminar de nulidade, com a baixa dos autos para novo

julgamento.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 571
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

PROCESSO nº 0000104-93.2019.5.17.0012 (ROT)

RECORRENTES: LUZIA LIMA DE ALMEIDA; LIDERANÇA

DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK LIMPEZA E CONSERVAÇÃO LTDA

Relator RECORRIDOS: LIDERANÇA LIMPEZA E CONSERVAÇÃO LTDA;

LUZIA LIMA DE ALMEIDA; MUNICIPIO DE VITORIA

ORIGEM: 12ª VARA DO TRABALHO DE VITÓRIA

RELATOR: DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK

COMPETÊNCIA: 1ª TURMA

Acórdão
Processo Nº ROT-0000104-93.2019.5.17.0012
Relator JOSE CARLOS RIZK
RECORRENTE LUZIA LIMA DE ALMEIDA
ADVOGADO POLIANA FIRME DE OLIVEIRA(OAB:
16886/ES)
ADVOGADO GERLIS PRATA SURLO(OAB:
17647/ES)
ADVOGADO ODILIO GONCALVES DIAS
NETO(OAB: 19519/ES)
RECORRENTE LIDERANCA LIMPEZA E
CONSERVACAO LTDA
ADVOGADO ROSILENE GONCALVES
MONTEIRO(OAB: 15512/SC)
RECORRIDO LUZIA LIMA DE ALMEIDA
ADVOGADO POLIANA FIRME DE OLIVEIRA(OAB:
16886/ES)
ADVOGADO GERLIS PRATA SURLO(OAB:
17647/ES)
ADVOGADO ODILIO GONCALVES DIAS EMENTA
NETO(OAB: 19519/ES)
RECORRIDO LIDERANCA LIMPEZA E
CONSERVACAO LTDA
ADVOGADO ROSILENE GONCALVES
MONTEIRO(OAB: 15512/SC)
RECORRIDO MUNICIPIO DE VITORIA
CUSTOS LEGIS MINISTÉRIO PÚBLICO DO
TRABALHO

Intimado(s)/Citado(s):
- LUZIA LIMA DE ALMEIDA

RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMANTE. MAJORAÇÃO DO

VALOR DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. Levando-se em


PODER JUDICIÁRIO conta os parâmetros fixados no art. 791-A, §2º, da CLT entende-se
JUSTIÇA DO TRABALHO que, em que pese ter sido o percentual determinado de forma

razoável e proporcional, em grau recursal, deve o valor ser

majorado, considerando o trabalho adicional do patrono.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 572
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

subsidiariamente, no pagamento do adicional de insalubridade em

grau máximo e honorários advocatícios de 5% sobre o valor da

condenação.

RECURSO ORDINÁRIO DA PRIMEIRA RECLAMADA

(LIDERANCA LIMPEZA E CONSERVACAO LTDA). SENTENÇA A autora interpôs o recurso ordinário de ID 1f088b2, pleiteando a

COLETIVA. EXECUÇÃO INDIVIDUAL. ADICIONAL DE majoração dos honorários advocatícios.

INSALUBRIDADE. AUXILIAR DE SERVIÇOS GERAIS. A autora

exercia a função de auxiliar de serviços gerais e efetuava a limpeza A primeira executada (Liderança Limpeza e Conservação Ltda)

de banheiro em escola situada em Vitória, enquadrando-se entre os interpôs o recurso ordinário no Id 2f59325, requerendo seja

empregados beneficiados pela sentença proferida em ação coletiva reformada a sentença para excluir as verbas deferidas à exequente.

proposta pelo sindicato da categoria profissional, que condenou o

reclamado no pagamento de adicional de insalubridade em grau A autora apresentou contrarrazões no Id. a0867d7, requerendo o

máximo. desprovimento do apelo patronal.

Contrarrazões da primeira executada (Liderança) de ID bd17e93,

pugnando pela manutenção da sentença nos pontos recorridos pela

autora.

O segundo executado (Município de Vitória) deixou transcorrer in

albiso prazo para apresentar contrarrazões.

Considerando que não houve prévia manifestação do MPT nos

1. RELATÓRIO autos, foi proferido despacho de ID a59c0c8, encaminhando o

processo para parecer.

No parecer de ID 186e978, o parquet oficiou pelo não provimento

do recurso interposto pela primeira reclamada.

É o relatório.

Esta ação de execução individual foi proposta em 11/02/2019, após

a entrada em vigor da reforma trabalhista.

Luzia Lima de Almeida ajuizou a presente execução individual de

sentença coletiva em face de Liderança Limpeza e Conservação

Ltda, alegando que é uma dos trabalhadores beneficiados pela

sentença coletiva proferida no processo nº 0001596-

59.2015.5.17.0013, movido pelo Sindicato dos Trabalhadores em 2. FUNDAMENTAÇÃO

Empresas de Asseio, Conservação, Limpeza Pública e Serviços

Similares no Estado do ES - SINDILIMPE/ES contra a empresa

reclamada e o Município de Vitória, que condenou os réus no

pagamento de adicional de insalubridade em grau máximo.

A sentença no Id. 98d5b55 julgou procedentes os pedidos,

condenando os executados, sendo o segundo (Município de Vitória)

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 573
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Como se trata de ação de execução individual de sentença coletiva,

a sentença que julgou procedentes os pedidos deve ser impugnada

por via de agravo de petição e não de recurso ordinário.

Considerando o princípio da fungibilidade, o recurso ordinário da

autora e o recurso ordinário da primeira reclamada (Liderança

Limpeza e Conservação Ltda) deve ser recebido como agravo de

2.1. CONHECIMENTO petição, com a retificação da autuação do presente processo.

2.1.1. EXECUÇÃO INDIVIDUAL DE SENTENÇA COLETIVA. 2.2. CONHECIMENTO DO AGRAVO DE PETIÇÃO DA

RECURSO CABÍVEL. PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE. AGRAVO EXEQUENTE

DE PETIÇÃO

Estando preenchidos os pressupostos de admissibilidade, conhece-

Trata-se de execução individual de sentença coletiva proferida no se do agravo de petição da autora.

processo nº 0001596-59.2015.5.17.0013, movido pelo

SINDILIMPE/ES em face de Liderança Limpeza e Conservação

Ltda e do Município de Vitória, que condenou os réus no pagamento

de adicional de insalubridade em grau máximo.

A presente execução individual foi proposta em face da empresa

Liderança Limpeza e Conservação Ltda e do Município de Vitória.

A sentença no Id. 98d5b55 julgou procedentes os pedidos, tendo a

reclamante interposto o recurso ordinário no Id. 1f088b2 e a 2.3. CONHECIMENTO PARCIAL DO AGRAVO DE PETIÇÃO DA

empresa executada no ID 2f59325. PRIMEIRA EXECUTADA (LIDERANÇA)

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 574
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Conhece-se parcialmente do agravo de petição interposto pela 1ª

Reclamada (Liderança), porquanto preenchidos os pressupostos de

admissibilidade recursal, não o conhecendo apenas no tocante à

correção monoetária, por ausência de interesse recursal.

2.3.1. PRELIMINAR DE NÃO CONHECIMENTO DO AGRAVO DE

PETIÇÃO DA PRMEIRA EXECUTADA QUANTO À CORREÇÃO

MONETÁRIA, SUSCITADA DE OFÍCIO POR ESTE RELATOR.

AUSÊNCIA DE INTERESSE RECURSAL

2.4. MÉRITO DO AGRAVO DE PETIÇÃO DA AUTORA

Analisando-se o recurso ordinário interposto pela primeira

reclamada (Liderança), verifica-se que a Recorrente insurge-se a

respeito da correção monetária, requerendo a aplicação da TR.

Todavia, a sentença de ID. 98d5b55 já determinou a incidência da

TR, senão vejamos:

"Quanto ao índice de correção monetária a ser utilizado, muito 2.4.1 MAJORAÇÃO DO VALOR DOS HONORÁRIOS

embora o Tribunal Superior do Trabalho, nos autos da ArgInc 479- ADVOCATÍCIOS

60.2011.5.04.0231, tenha decidido pela utilização do IPCA-E, em

substituição à TRD, como fator de atualização monetária dos

débitos trabalhistas, em liminar deferida nos autos da Reclamação

Constitucional nº 22012, o ministro Dias Toffoli, do Supremo

Tribunal Federal (STF), suspendeu os efeitos de tal decisão, razão

pela qual devida as retificações nos cálculos postuladas pela ré, no

particular".

Desta forma, como não houve sucumbência neste ponto, não há Em razões recursais, requer a reclamante a majoração do

interesse recursal à primeira executada, motivo pelo qual deixa-se percentual fixado a título de horários advocatícios para 15%.

de conhecer, nesta parte, do recurso ordinário interposto.

Examina-se.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 575
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

conhecimento.

O Art. 791-A da CLT estabelece que:

Ante o exposto, dá-se provimento para majorar a verba honorária

Art. 791-A da CLT. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, para 15%.

serão devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo

de 5% (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento)

sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito

econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor

atualizado da causa.

(...)

§ 2o Ao fixar os honorários, o juízo observará:

2.5. MÉRITO DO AGRAVO DE PETIÇÃO DA PRIMEIRA

I - o grau de zelo do profissional; RECLAMADA (LIDERANÇA)

II - o lugar de prestação do serviço;

III - a natureza e a importância da causa;

IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o

seu serviço.

§ 3o Na hipótese de procedência parcial, o juízo arbitrará honorários

de sucumbência recíproca, vedada a compensação entre os

honorários.

[...]

A Origem arbitrou honorários de sucumbência no valor de 5% da 2.5.1. SENTENÇA COLETIVA. EXECUÇÃO INDIVIDUAL.

condenação. CONDENAÇÃO NO PAGAMENTO DE ADICIONAL DE

INSALUBRIDADE EM GRAU MÁXIMO

Levando-se em conta os parâmetros fixados no art. 791-A, §2º,

supratranscritos, entende-se que, em que pese ter sido o percentual

determinado de forma razoável e proporcional, em grau recursal,

deve o valor ser majorado, considerando o trabalho adicional do

patrono.

É o que determina, inclusive, o art. 85, §11 do CPC:

§ 11. O tribunal, ao julgar recurso, majorará os honorários fixados Esta ação de execução individual foi proposta em 11/02/2019, após

anteriormente levando em conta o trabalho adicional realizado em a entrada em vigor da reforma trabalhista.

grau recursal, observando, conforme o caso, o disposto nos §§ 2o a

6o, sendo vedado ao tribunal, no cômputo geral da fixação de A exequente ajuizou esta ação de execução individual de sentença

honorários devidos ao advogado do vencedor, ultrapassar os coletiva em face de Liderança Limpeza e Conservação Ltda,

respectivos limites estabelecidos nos §§ 2o e 3o para a fase de alegando que é uma dos trabalhadores beneficiados pela sentença

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 576
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

coletiva proferida no processo nº 0001596-59.2015.5.17.0013, direito ao adicional de insalubridade, eles deveriam exercer a

movido pelo Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Asseio, função de auxiliar de serviços gerais e realizar limpeza em

Conservação, Limpeza Pública e Serviços Similares no Estado do banheiros público de uso coletivo ou de grande circulação igual ou

ES - SINDILIMPE/ES contra a empresa reclamada e o Município de superior a 40 pessoas, tendo concluído que os banheiros de escola

Vitória, que condenou os réus no pagamento de adicional de são de uso coletivo, mesmo que usado apenas por alunos e

insalubridade em grau máximo. funcionários da escola, sendo que por esses banheiros passam

mais de quarenta pessoas.

A presente execução individual é movida em face de Liderança

Limpeza e Conservação Ltda e do Município de Vitória. Portanto, cabe à autora comprovar que exercia a função de auxiliar

de serviços gerais e que realizava a limpeza em banheiro de escola

O Juízo de Primeiro Grau entendeu que a prova testemunhal para ser enquadrada entre os trabalhadores beneficiados pela

produzida nos autos é suficiente para atestar que a reclamante é sentença proferida na ação coletiva nº 0001596-59.2015.5.17.0013.

uma das trabalhadoras abrangidas pela sentença coletiva

condenatória ao ressarcimento de adicional de insalubridade e A reclamante era auxiliar de serviços gerais e trabalhou para o

reflexos. reclamado no período abrangido pela condenação, conforme o

documento no Id. d49ae21.

Assim julgou procedente o pleito, condenando a reclamada ao

pagamento de adicional de insalubridade em grau máximo e Afere-se dos demonstrativos de pagamento no Id. 626f3eb que a

reflexos, pelo período de janeiro de 2015 a dezembro de 2015, bem reclamante trabalhou no período abrangido pela condenação na

como ao pagamento da multa prevista na cláusula 55ª, § 4º da CCT, escola CMEI Jacy Alves Fraga, sem ter recebido o adicional de

acolhendo os cálculos da planilha de Id 76259c0. insalubridade.

A primeira reclamada (Liderança) agrava de petição aduzindo que Ademais, a testemunha trazida pela reclamante, ouvida em

devem ser respeitadas as cláusulas convencionais, pois autora não audiência afirmou que a reclamante trabalhava na limpeza de todos

foi enquadrada como banheirista no período de janeiro a dezembro os banheiros na escola CMEI Jacy Alves Fraga, diariamente (havia

de 2015, acrescentando que a autora não comprovou, de acordo mais de 08 banheiros e 03 auxiliares de serviços gerais - 02

com a convenção coletiva, que realizava especificamente a responsáveis pelos banheiros).

higienização de banheiros públicos da escola, pois apenas trouxe

uma testemunha, o que é muito frágil para que se chegue à Logo, a autora demonstrou que exercia a função de auxiliar de

conclusão inequívoca de que autora se enquadrava como serviços gerais e efetuava a limpeza de banheiro público em escola

banheirista. situada em Vitória, enquadrando-se, assim, entre os empregados

beneficiados pela sentença coletiva.

Pois bem.

Ressalte-se que a sentença coletiva não limitou a condenação aos

A sentença coletiva condenou o reclamado no pagamento do empregados que realizavam apenas a limpeza de banheiro público,

adicional de insalubridade em grau máximo aos empregados do réu não podendo ser acolhida a pretensão do reclamado de, em sede

que realizavam a limpeza de banheiro público das escolas de execução, alterar o comando contido na sentença coletiva para

municipais de Vitória. excluir o adicional de insalubridade sob o fundamento de que a

autora não realizava a limpeza específica de banheiros.

Frise-se que a sentença proferida na ação coletiva deixou expresso

que os substituídos, nas execuções individuais, deveriam tão Dessa forma, como a reclamante é uma dos trabalhadores

somente comprovar que realizavam a limpeza de banheiros beneficiados pelo título coletivo exequendo, é devido o adicional de

públicos das escolas municipais de Vitória. insalubridade à autora, mais reflexos, conforme a sentença

agravada.

Ademais, conforme o acórdão proferido na ação coletiva, a E. 1ª

Turma deste Regional considerou que para os substituídos terem No mesmo sentido, opinou o Ministério Público do Trabalho, no

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 577
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

parecer de ID 186e978, senão vejamos: advocatícios e não a Lei nº 5.584/1970.

"No presente caso, verificado que a obreira trabalhava com a Note-se que o art. 791-A da CLT, acrescentado pela Lei nº

higienização de instalações sanitárias da escola, que são de uso 13.467/2017, prevê que "ao advogado, ainda que atue em causa

coletivo e de grande circulação de alunos, verifica-se que a decisão própria, serão devidos honorários de sucumbência, fixados entre o

recorrida está em conformidade com o item II da Súmula nº 448 do mínimo de 5% (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por

TST. cento) sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, do

proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo,

Desse modo, opina este Órgão pelo não provimento do recurso sobre o valor atualizado da causa".

mantendo-se incólume a sentença recorrida".

Assim, são devidos honorários advocatícios de sucumbência sobre

Nega-se provimento. o valor que resultar da liquidação da sentença e do proveito

econômico obtido.

Ressalte-se que também na execução individual de sentença

coletiva são devidos os honorários advocatícios de sucumbência.

Frise-se que se trata de ação de execução individual de sentença

proferida em ação coletiva, na qual a empresa foi sucumbente.

Ademais, os pedidos formulados pela exequente nesta execução

individual foram julgados procedentes. Logo, em face da

2.5.2. CONDENAÇÃO DA RECLAMADA NO PAGAMENTO DE sucumbência da ré são devidos os honorários advocatícios em favor

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS EM FAVOR DA PARTE AUTORA da parte autora.

Assinala-se que os honorários advocatícios fixados na sentença

coletiva se referem à fase de conhecimento, não se confundindo

com os honorários advocatícios devidos ao advogado em razão do

trabalho realizado na execução individual da sentença coletiva.

Portanto, o fato de ter sido quitado o valor dos honorários

advocatícios nos autos da ação coletiva não obsta que na execução

da sentença coletiva sejam fixados honorários advocatícios para

Esta ação de execução individual foi proposta em 11/02/2019, após remunerar o trabalho do advogado no processo de execução.

a entrada em vigor da reforma trabalhista.

Nega-se provimento.

O Juízo de Primeiro Grau condenou a reclamada no pagamento de

honorários advocatícios de 5% do valor da condenação, com

fundamento no art. 791-A da CLT.

A reclamada agrava de petição requerendo seja afastada a

condenação no pagamento de honorários advocatícios.

Sem razão a agravante.

Tendo sido proposta esta ação de execução individual de sentença

coletiva após a entrada em vigor da Lei nº 13.467/2017, entende-se

que deve ser aplicada a nova legislação no tocante aos honorários

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3. ACÓRDÃO

DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK

Relator

Acordam os Magistrados da 1ª Turma do Tribunal Regional do

Trabalho da 17ª Região, na Sessão Ordinária realizada no dia 03 de

dezembro de 2019, às 13 horas e 30 minutos, sob a presidência do

Exmo. Desembargador Cláudio Armando Couce de Menezes, com Acórdão


Processo Nº ROT-0000104-93.2019.5.17.0012
a participação do Exmo. Desembargador José Carlos Rizk, do Relator JOSE CARLOS RIZK
Exmo. Desembargador Mario Ribeiro Cantarino Neto, e presente o RECORRENTE LUZIA LIMA DE ALMEIDA
ADVOGADO POLIANA FIRME DE OLIVEIRA(OAB:
Procurador do Trabalho, Dr. Levi Scatolin, por unanimidade, 16886/ES)
considerando o princípio da fungibilidade, o recurso ordinário da ADVOGADO GERLIS PRATA SURLO(OAB:
17647/ES)
autora e o recurso ordinário da primeira reclamada (Liderança ADVOGADO ODILIO GONCALVES DIAS
NETO(OAB: 19519/ES)
Limpeza e Conservação Ltda) devem ser recebidos como agravo de
RECORRENTE LIDERANCA LIMPEZA E
petição, com a retificação da autuação do presente processo; CONSERVACAO LTDA
ADVOGADO ROSILENE GONCALVES
conhecer do agravo de petição interposto pela autora; conhecer MONTEIRO(OAB: 15512/SC)
parcialmente do agravo de petição interposto pela 1ª Reclamada RECORRIDO LUZIA LIMA DE ALMEIDA
ADVOGADO POLIANA FIRME DE OLIVEIRA(OAB:
(Liderança), não o conhecendo apenas no tocante à correção 16886/ES)
monetária, por ausência de interesse recursal, e no mérito, dar-lhe ADVOGADO GERLIS PRATA SURLO(OAB:
17647/ES)
provimento ao agravo de petição da autora para majorar a verba ADVOGADO ODILIO GONCALVES DIAS
NETO(OAB: 19519/ES)
honorária para 15% e negar provimento ao apelo da primeira ré
RECORRIDO LIDERANCA LIMPEZA E
(Liderança). Mantém-se o valor da condenação. CONSERVACAO LTDA
ADVOGADO ROSILENE GONCALVES
MONTEIRO(OAB: 15512/SC)
RECORRIDO MUNICIPIO DE VITORIA
CUSTOS LEGIS MINISTÉRIO PÚBLICO DO
TRABALHO

Intimado(s)/Citado(s):
- LIDERANCA LIMPEZA E CONSERVACAO LTDA

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Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

VALOR DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. Levando-se em


PODER JUDICIÁRIO
conta os parâmetros fixados no art. 791-A, §2º, da CLT entende-se
JUSTIÇA DO TRABALHO
que, em que pese ter sido o percentual determinado de forma

razoável e proporcional, em grau recursal, deve o valor ser

majorado, considerando o trabalho adicional do patrono.

PROCESSO nº 0000104-93.2019.5.17.0012 (ROT) RECURSO ORDINÁRIO DA PRIMEIRA RECLAMADA

(LIDERANCA LIMPEZA E CONSERVACAO LTDA). SENTENÇA


RECORRENTES: LUZIA LIMA DE ALMEIDA; LIDERANÇA COLETIVA. EXECUÇÃO INDIVIDUAL. ADICIONAL DE
LIMPEZA E CONSERVAÇÃO LTDA INSALUBRIDADE. AUXILIAR DE SERVIÇOS GERAIS. A autora

exercia a função de auxiliar de serviços gerais e efetuava a limpeza


RECORRIDOS: LIDERANÇA LIMPEZA E CONSERVAÇÃO LTDA; de banheiro em escola situada em Vitória, enquadrando-se entre os
LUZIA LIMA DE ALMEIDA; MUNICIPIO DE VITORIA empregados beneficiados pela sentença proferida em ação coletiva

proposta pelo sindicato da categoria profissional, que condenou o


ORIGEM: 12ª VARA DO TRABALHO DE VITÓRIA reclamado no pagamento de adicional de insalubridade em grau

máximo.
RELATOR: DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK

COMPETÊNCIA: 1ª TURMA

1. RELATÓRIO

EMENTA Esta ação de execução individual foi proposta em 11/02/2019, após

a entrada em vigor da reforma trabalhista.

Luzia Lima de Almeida ajuizou a presente execução individual de

sentença coletiva em face de Liderança Limpeza e Conservação

Ltda, alegando que é uma dos trabalhadores beneficiados pela

sentença coletiva proferida no processo nº 0001596-

59.2015.5.17.0013, movido pelo Sindicato dos Trabalhadores em

Empresas de Asseio, Conservação, Limpeza Pública e Serviços


RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMANTE. MAJORAÇÃO DO Similares no Estado do ES - SINDILIMPE/ES contra a empresa

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 580
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

reclamada e o Município de Vitória, que condenou os réus no

pagamento de adicional de insalubridade em grau máximo.

A sentença no Id. 98d5b55 julgou procedentes os pedidos,

condenando os executados, sendo o segundo (Município de Vitória)

subsidiariamente, no pagamento do adicional de insalubridade em

grau máximo e honorários advocatícios de 5% sobre o valor da

condenação.

A autora interpôs o recurso ordinário de ID 1f088b2, pleiteando a

majoração dos honorários advocatícios.

A primeira executada (Liderança Limpeza e Conservação Ltda) 2.1. CONHECIMENTO

interpôs o recurso ordinário no Id 2f59325, requerendo seja

reformada a sentença para excluir as verbas deferidas à exequente.

A autora apresentou contrarrazões no Id. a0867d7, requerendo o

desprovimento do apelo patronal.

Contrarrazões da primeira executada (Liderança) de ID bd17e93,

pugnando pela manutenção da sentença nos pontos recorridos pela

autora.

O segundo executado (Município de Vitória) deixou transcorrer in

albiso prazo para apresentar contrarrazões.

Considerando que não houve prévia manifestação do MPT nos

autos, foi proferido despacho de ID a59c0c8, encaminhando o 2.1.1. EXECUÇÃO INDIVIDUAL DE SENTENÇA COLETIVA.

processo para parecer. RECURSO CABÍVEL. PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE. AGRAVO

DE PETIÇÃO

No parecer de ID 186e978, o parquet oficiou pelo não provimento

do recurso interposto pela primeira reclamada.

É o relatório.

Trata-se de execução individual de sentença coletiva proferida no

processo nº 0001596-59.2015.5.17.0013, movido pelo

SINDILIMPE/ES em face de Liderança Limpeza e Conservação

Ltda e do Município de Vitória, que condenou os réus no pagamento

de adicional de insalubridade em grau máximo.

2. FUNDAMENTAÇÃO

A presente execução individual foi proposta em face da empresa

Liderança Limpeza e Conservação Ltda e do Município de Vitória.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 581
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

A sentença no Id. 98d5b55 julgou procedentes os pedidos, tendo a

reclamante interposto o recurso ordinário no Id. 1f088b2 e a 2.3. CONHECIMENTO PARCIAL DO AGRAVO DE PETIÇÃO DA

empresa executada no ID 2f59325. PRIMEIRA EXECUTADA (LIDERANÇA)

Como se trata de ação de execução individual de sentença coletiva,

a sentença que julgou procedentes os pedidos deve ser impugnada

por via de agravo de petição e não de recurso ordinário.

Considerando o princípio da fungibilidade, o recurso ordinário da

autora e o recurso ordinário da primeira reclamada (Liderança

Limpeza e Conservação Ltda) deve ser recebido como agravo de

petição, com a retificação da autuação do presente processo.

2.3.1. PRELIMINAR DE NÃO CONHECIMENTO DO AGRAVO DE

PETIÇÃO DA PRMEIRA EXECUTADA QUANTO À CORREÇÃO

MONETÁRIA, SUSCITADA DE OFÍCIO POR ESTE RELATOR.

AUSÊNCIA DE INTERESSE RECURSAL

2.2. CONHECIMENTO DO AGRAVO DE PETIÇÃO DA

EXEQUENTE

Analisando-se o recurso ordinário interposto pela primeira

reclamada (Liderança), verifica-se que a Recorrente insurge-se a

respeito da correção monetária, requerendo a aplicação da TR.

Todavia, a sentença de ID. 98d5b55 já determinou a incidência da

TR, senão vejamos:

Estando preenchidos os pressupostos de admissibilidade, conhece- "Quanto ao índice de correção monetária a ser utilizado, muito

se do agravo de petição da autora. embora o Tribunal Superior do Trabalho, nos autos da ArgInc 479-

60.2011.5.04.0231, tenha decidido pela utilização do IPCA-E, em

substituição à TRD, como fator de atualização monetária dos

débitos trabalhistas, em liminar deferida nos autos da Reclamação

Constitucional nº 22012, o ministro Dias Toffoli, do Supremo

Tribunal Federal (STF), suspendeu os efeitos de tal decisão, razão

pela qual devida as retificações nos cálculos postuladas pela ré, no

particular".

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 582
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Desta forma, como não houve sucumbência neste ponto, não há Em razões recursais, requer a reclamante a majoração do

interesse recursal à primeira executada, motivo pelo qual deixa-se percentual fixado a título de horários advocatícios para 15%.

de conhecer, nesta parte, do recurso ordinário interposto.

Examina-se.

Conhece-se parcialmente do agravo de petição interposto pela 1ª

Reclamada (Liderança), porquanto preenchidos os pressupostos de O Art. 791-A da CLT estabelece que:

admissibilidade recursal, não o conhecendo apenas no tocante à

correção monoetária, por ausência de interesse recursal. Art. 791-A da CLT. Ao advogado, ainda que atue em causa própria,

serão devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo

de 5% (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento)

sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito

econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor

atualizado da causa.

(...)

§ 2o Ao fixar os honorários, o juízo observará:

I - o grau de zelo do profissional;

II - o lugar de prestação do serviço;

2.4. MÉRITO DO AGRAVO DE PETIÇÃO DA AUTORA

III - a natureza e a importância da causa;

IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o

seu serviço.

§ 3o Na hipótese de procedência parcial, o juízo arbitrará honorários

de sucumbência recíproca, vedada a compensação entre os

honorários.

[...]

A Origem arbitrou honorários de sucumbência no valor de 5% da

condenação.

2.4.1 MAJORAÇÃO DO VALOR DOS HONORÁRIOS Levando-se em conta os parâmetros fixados no art. 791-A, §2º,

ADVOCATÍCIOS supratranscritos, entende-se que, em que pese ter sido o percentual

determinado de forma razoável e proporcional, em grau recursal,

deve o valor ser majorado, considerando o trabalho adicional do

patrono.

É o que determina, inclusive, o art. 85, §11 do CPC:

§ 11. O tribunal, ao julgar recurso, majorará os honorários fixados

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 583
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

anteriormente levando em conta o trabalho adicional realizado em a entrada em vigor da reforma trabalhista.

grau recursal, observando, conforme o caso, o disposto nos §§ 2o a

6o, sendo vedado ao tribunal, no cômputo geral da fixação de A exequente ajuizou esta ação de execução individual de sentença

honorários devidos ao advogado do vencedor, ultrapassar os coletiva em face de Liderança Limpeza e Conservação Ltda,

respectivos limites estabelecidos nos §§ 2o e 3o para a fase de alegando que é uma dos trabalhadores beneficiados pela sentença

conhecimento. coletiva proferida no processo nº 0001596-59.2015.5.17.0013,

movido pelo Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Asseio,

Ante o exposto, dá-se provimento para majorar a verba honorária Conservação, Limpeza Pública e Serviços Similares no Estado do

para 15%. ES - SINDILIMPE/ES contra a empresa reclamada e o Município de

Vitória, que condenou os réus no pagamento de adicional de

insalubridade em grau máximo.

A presente execução individual é movida em face de Liderança

Limpeza e Conservação Ltda e do Município de Vitória.

O Juízo de Primeiro Grau entendeu que a prova testemunhal

produzida nos autos é suficiente para atestar que a reclamante é

uma das trabalhadoras abrangidas pela sentença coletiva

2.5. MÉRITO DO AGRAVO DE PETIÇÃO DA PRIMEIRA condenatória ao ressarcimento de adicional de insalubridade e

RECLAMADA (LIDERANÇA) reflexos.

Assim julgou procedente o pleito, condenando a reclamada ao

pagamento de adicional de insalubridade em grau máximo e

reflexos, pelo período de janeiro de 2015 a dezembro de 2015, bem

como ao pagamento da multa prevista na cláusula 55ª, § 4º da CCT,

acolhendo os cálculos da planilha de Id 76259c0.

A primeira reclamada (Liderança) agrava de petição aduzindo que

devem ser respeitadas as cláusulas convencionais, pois autora não

foi enquadrada como banheirista no período de janeiro a dezembro

de 2015, acrescentando que a autora não comprovou, de acordo

com a convenção coletiva, que realizava especificamente a

higienização de banheiros públicos da escola, pois apenas trouxe

uma testemunha, o que é muito frágil para que se chegue à

2.5.1. SENTENÇA COLETIVA. EXECUÇÃO INDIVIDUAL. conclusão inequívoca de que autora se enquadrava como

CONDENAÇÃO NO PAGAMENTO DE ADICIONAL DE banheirista.

INSALUBRIDADE EM GRAU MÁXIMO

Pois bem.

A sentença coletiva condenou o reclamado no pagamento do

adicional de insalubridade em grau máximo aos empregados do réu

que realizavam a limpeza de banheiro público das escolas

municipais de Vitória.

Frise-se que a sentença proferida na ação coletiva deixou expresso

Esta ação de execução individual foi proposta em 11/02/2019, após que os substituídos, nas execuções individuais, deveriam tão

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 584
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somente comprovar que realizavam a limpeza de banheiros beneficiados pelo título coletivo exequendo, é devido o adicional de

públicos das escolas municipais de Vitória. insalubridade à autora, mais reflexos, conforme a sentença

agravada.

Ademais, conforme o acórdão proferido na ação coletiva, a E. 1ª

Turma deste Regional considerou que para os substituídos terem No mesmo sentido, opinou o Ministério Público do Trabalho, no

direito ao adicional de insalubridade, eles deveriam exercer a parecer de ID 186e978, senão vejamos:

função de auxiliar de serviços gerais e realizar limpeza em

banheiros público de uso coletivo ou de grande circulação igual ou "No presente caso, verificado que a obreira trabalhava com a

superior a 40 pessoas, tendo concluído que os banheiros de escola higienização de instalações sanitárias da escola, que são de uso

são de uso coletivo, mesmo que usado apenas por alunos e coletivo e de grande circulação de alunos, verifica-se que a decisão

funcionários da escola, sendo que por esses banheiros passam recorrida está em conformidade com o item II da Súmula nº 448 do

mais de quarenta pessoas. TST.

Portanto, cabe à autora comprovar que exercia a função de auxiliar Desse modo, opina este Órgão pelo não provimento do recurso

de serviços gerais e que realizava a limpeza em banheiro de escola mantendo-se incólume a sentença recorrida".

para ser enquadrada entre os trabalhadores beneficiados pela

sentença proferida na ação coletiva nº 0001596-59.2015.5.17.0013. Nega-se provimento.

A reclamante era auxiliar de serviços gerais e trabalhou para o

reclamado no período abrangido pela condenação, conforme o

documento no Id. d49ae21.

Afere-se dos demonstrativos de pagamento no Id. 626f3eb que a

reclamante trabalhou no período abrangido pela condenação na

escola CMEI Jacy Alves Fraga, sem ter recebido o adicional de

insalubridade.

2.5.2. CONDENAÇÃO DA RECLAMADA NO PAGAMENTO DE

Ademais, a testemunha trazida pela reclamante, ouvida em HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS EM FAVOR DA PARTE AUTORA

audiência afirmou que a reclamante trabalhava na limpeza de todos

os banheiros na escola CMEI Jacy Alves Fraga, diariamente (havia

mais de 08 banheiros e 03 auxiliares de serviços gerais - 02

responsáveis pelos banheiros).

Logo, a autora demonstrou que exercia a função de auxiliar de

serviços gerais e efetuava a limpeza de banheiro público em escola

situada em Vitória, enquadrando-se, assim, entre os empregados

beneficiados pela sentença coletiva. Esta ação de execução individual foi proposta em 11/02/2019, após

a entrada em vigor da reforma trabalhista.

Ressalte-se que a sentença coletiva não limitou a condenação aos

empregados que realizavam apenas a limpeza de banheiro público, O Juízo de Primeiro Grau condenou a reclamada no pagamento de

não podendo ser acolhida a pretensão do reclamado de, em sede honorários advocatícios de 5% do valor da condenação, com

de execução, alterar o comando contido na sentença coletiva para fundamento no art. 791-A da CLT.

excluir o adicional de insalubridade sob o fundamento de que a

autora não realizava a limpeza específica de banheiros. A reclamada agrava de petição requerendo seja afastada a

condenação no pagamento de honorários advocatícios.

Dessa forma, como a reclamante é uma dos trabalhadores

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 585
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Sem razão a agravante.

Tendo sido proposta esta ação de execução individual de sentença

coletiva após a entrada em vigor da Lei nº 13.467/2017, entende-se

que deve ser aplicada a nova legislação no tocante aos honorários

advocatícios e não a Lei nº 5.584/1970.

Note-se que o art. 791-A da CLT, acrescentado pela Lei nº 3. ACÓRDÃO

13.467/2017, prevê que "ao advogado, ainda que atue em causa

própria, serão devidos honorários de sucumbência, fixados entre o

mínimo de 5% (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por

cento) sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, do

proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo,

sobre o valor atualizado da causa".

Assim, são devidos honorários advocatícios de sucumbência sobre

o valor que resultar da liquidação da sentença e do proveito

econômico obtido.

Ressalte-se que também na execução individual de sentença

coletiva são devidos os honorários advocatícios de sucumbência.

Frise-se que se trata de ação de execução individual de sentença

proferida em ação coletiva, na qual a empresa foi sucumbente.

Ademais, os pedidos formulados pela exequente nesta execução

individual foram julgados procedentes. Logo, em face da

sucumbência da ré são devidos os honorários advocatícios em favor Acordam os Magistrados da 1ª Turma do Tribunal Regional do

da parte autora. Trabalho da 17ª Região, na Sessão Ordinária realizada no dia 03 de

dezembro de 2019, às 13 horas e 30 minutos, sob a presidência do

Assinala-se que os honorários advocatícios fixados na sentença Exmo. Desembargador Cláudio Armando Couce de Menezes, com

coletiva se referem à fase de conhecimento, não se confundindo a participação do Exmo. Desembargador José Carlos Rizk, do

com os honorários advocatícios devidos ao advogado em razão do Exmo. Desembargador Mario Ribeiro Cantarino Neto, e presente o

trabalho realizado na execução individual da sentença coletiva. Procurador do Trabalho, Dr. Levi Scatolin, por unanimidade,

Portanto, o fato de ter sido quitado o valor dos honorários considerando o princípio da fungibilidade, o recurso ordinário da

advocatícios nos autos da ação coletiva não obsta que na execução autora e o recurso ordinário da primeira reclamada (Liderança

da sentença coletiva sejam fixados honorários advocatícios para Limpeza e Conservação Ltda) devem ser recebidos como agravo de

remunerar o trabalho do advogado no processo de execução. petição, com a retificação da autuação do presente processo;

conhecer do agravo de petição interposto pela autora; conhecer

Nega-se provimento. parcialmente do agravo de petição interposto pela 1ª Reclamada

(Liderança), não o conhecendo apenas no tocante à correção

monetária, por ausência de interesse recursal, e no mérito, dar-lhe

provimento ao agravo de petição da autora para majorar a verba

honorária para 15% e negar provimento ao apelo da primeira ré

(Liderança). Mantém-se o valor da condenação.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 586
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

PROCESSO nº 0000241-87.2018.5.17.0181 (AP)

AGRAVANTE: ADEMIR JOSÉ DE OLIVEIRA

AGRAVADO: GSM INDÚSTRIA COMÉRCIO IMPORTAÇÃO E

EXPORTAÇÃO LTDA

ORIGEM: VARA DO TRABALHO DE NOVA VENÉCIA - ES

DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK RELATOR: DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK

Relator COMPETÊNCIA: 1ª TURMA

Acórdão EMENTA
Processo Nº AP-0000241-87.2018.5.17.0181
Relator JOSE CARLOS RIZK
AGRAVANTE ADEMIR JOSE DE OLIVEIRA
ADVOGADO JONATHAS TADEU DE FARIA
SILVA(OAB: 183631/MG)
AGRAVADO GSM INDUSTRIA COMERCIO
IMPORTACAO E EXPORTACAO
LTDA
ADVOGADO JEFFERSON FRANCISCO DE
OLIVEIRA(OAB: 26559/ES)

Intimado(s)/Citado(s):
- ADEMIR JOSE DE OLIVEIRA
AGRAVO DE PETIÇÃO DO EXEQUENTE. SUSPENSÃO DOS

ATOS EXECUTÓRIOS APÓS LIQUIDAÇÃO. RECUPERAÇÃO

JUDICIAL DA EXECUTADA. Embora a Origem tenha adotado o


PODER JUDICIÁRIO Prov. CGJT 01/2012 e determinado a expedição da certidão de
JUSTIÇA DO TRABALHO habilitação em falência com posterior remessa dos autos ao arquivo

provisório, o fato é que os créditos trabalhistas não foram liquidados

escorreitamente. Porquanto, o feito deve prosseguir até a liquidação

dos cálculos, para somente depois de liquidados, estar apto a

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 587
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

apreciação da suspensão em decorrência da recuperação judicial

da reclamada.

2. FUNDAMENTAÇÃO

1. RELATÓRIO

2.1. CONHECIMENTO

A execução é definitiva.

Trata-se de agravo de petição interposto pelo exequente em face da

decisão de ID. df11ed1, que determinou a suspensão dos atos

executórios no Juízo Trabalhista e a devolução dos autos para a

caixa "Arquivo provisório", subcaixa "Certidão de Habilitação em

Falência".

Em minuta de agravo de petição (ID. 4d31940), o exeqüente

pugnou pela reforma da decisão para que se dê prosseguimento à Conhece-se do agravo de petição interposto pelo exequente,

execução e se conceda vista dos cálculos realizados pela porquanto preenchidos os pressupostos de admissibilidade recursal.

contadoria a fim de apresentar impugnação.

A executada não apresentou contraminuta.

É o relatório.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 588
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

A execução é definitiva.

Na fase de conhecimento a Origem homologou o acordo realizado

entre as partes ao ID. 17be76d, no valor de R$ 13.020,44 (treze mil

e vinte reais e quarenta e quatro centavos), em sete parcelas para o

reclamante e no valor de R$ 1.302,00 (mil trezentos e dois reais) a

título de honorários advocatícios para os patronos da parte ré.

Ao ID. 429a175 o exequente informou o descumprimento do acordo

e requereu o início da execução.

A Origem determinou o início da execução nos termos do despacho

de ID. d75b9df, bem como a remessa dos autos para a contadoria

do Juízo para cálculo da multa, de parcela não paga, inclusive das

vincendas.

Os cálculos elaborados pela contadoria foram apresentados ao ID.

2.2. MÉRITO 866d7af, no valor atualizado de R$ 18.732,38 (dezoito mil

setecentos e trinta e dois reais e trinta e oito centavos).

A partir do ID. c876f8e, foram realizados os convênios Bancejud e

Renajud, porém ao ID. 3a73273, a executada peticionou informando

que se encontra em recuperação judicial, sendo necessária a

suspensão dos atos executórios.

Posteriormente, foram penhorados bens da empresa (dois teares

para corte), conforme auto de penhora e avaliação de ID. 940792c e

auto de depósito e ciência da penhora ao ID. 940792c.

Após, ante a informação de recuperação judicial da executada, a

Origem determinou a suspensão da presente execução; a retirada

das restrições judiciais que recaíram sobre os veículos de

propriedade da executada; a inclusão da executada no BNDT,

observando-se o status de "suspensão da exigibilidade do débito"; a

2.2.1. SUSPENSÃO DOS ATOS EXECUTÓRIOS APÓS expedição de certidão de habilitação de crédito em favor dos

LIQUIDAÇÃO. RECUPERAÇÃO JUDICIAL DA EXECUTADA credores, nos termos do Prov. nº 1/2012 da Corregedoria Geral da

Justiça do Trabalho; e, por fim, o encaminhamento posterior dos

autos para a caixa "Arquivo provisório", subcaixa "certidão de

habilitação em falência", nos termos do Prov. CGJT 01/2012, artigo

2º (ID. 343f056).

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 589
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

encontrem em fase de liquidação.

Cumprindo a decisão judicial foram retiradas as restrições judiciais,

o nome da empresa foi incluído no BNDT e foi expedida a certidão Analisa-se.

de habilitação de crédito (ID. 5ab93a1 e ss.).

Inicialmente vale registrar que a execução foi iniciada em

O exequente ao ID. 2f71efb, requereu o prosseguimento da 30/07/2018, conforme decisão de ID. d75b9df, portanto, após da

execução, com a abertura de prazo para impugnação dos cálculos, vigência da reforma trabalhista (11/11/2017).

alegando que em decorrência de irregularidades a recuperação

judicial da executada foi suspensa não produzindo mais efeitos; e, Conforme se verifica do documento de ID. 525bcfb, a Vara Única da

que não foi aberto prazo para se manifestar sobre os cálculos de Comarca de Água Branca/ES, nos autos do processo nº 0000644-

liquidação apresentados pela contadoria, nem antes ou depois da 40.2018.02.0057, em decisão datada de 17/10/2018, deferiu o

penhora. processamento da recuperação judicial da reclamada.

Ao ID. d1c8d2b o exequente renovou os pedidos. Posteriormente, o Tribunal de Justiça do Estado do Espírito Santo,

por decisão liminar nos autos do Mandado de Segurança nº

Apreciando os requerimentos do exequente a Origem manteve a 0004031-06.2019.8.08.0000, decidiu suspender a ação de

suspensão dos atos executórios no Juízo Trabalhista, nos seguintes recuperação judicial supra. Ato contínuo, em obediência à decisão

termos: liminar, o Juízo da Comarca de Águia Branca acatou a suspensão e

determinou que os autos aguardassem a decisão do citado

"Vistos etc. Mandado de Segurança (ID. bb9a46b).

Constato que a liminar deferida no Mandado de Segurança nº Nesse passo, a decisão liminar apenas suspendeu a recuperação

0004031-06.2019.8.08.0000 determinou tão somente a suspensão judicial, não determinando a sua extinção. Porquanto, sob esse

do processo de recuperação judicial da reclamada, não a sua prisma, escorreita a decisão ora agravada.

extinção. Logo, mantida a suspensão legal prevista na Lei nº

11.101/2005. O reclamante também sustentou que já decorreu o prazo de cento e

oitenta dias de suspensão das ações trabalhistas, previsto no art.

Pelas razões supra, mantenho a suspensão dos atos executórios 6º, §4º, da Lei nº 11.101/2005.

neste Juízo Trabalhista, sem prejuízo da reapreciação de novo

pedido, após a apreciação do mérito no MS. Mostra-se oportuna a transcrição do art. 6º e seus parágrafos, da

Lei nº 11.101/2005:

Dê-se ciência às partes.

"Art. 6o A decretação da falência ou o deferimento do

Atendida a determinação acima, devolvam-se os autos para a Caixa processamento da recuperação judicial suspende o curso da

"Arquivo provisório", subcaixa "Certidão de Habilitação em Falência" prescrição e de todas as ações e execuções em face do devedor,

(Prov. CGJT 01/2012, art. 2º). inclusive aquelas dos credores particulares do sócio solidário.

Dessa decisão o exequente interpôs o presente agravo de § 1o Terá prosseguimento no juízo no qual estiver se processando a

instrumento, pugnando pela reforma da decisão para que seja dado ação que demandar quantia ilíquida.

prosseguimento à execução e se conceda vista dos cálculos

apresentados pela contadoria para oferecimento de impugnação, § 2o É permitido pleitear, perante o administrador judicial,

argumentando que a recuperação judicial da agravada está habilitação, exclusão ou modificação de créditos derivados da

suspensa pelo Tribunal de Justiça Estadual ante as irregularidades relação de trabalho, mas as ações de natureza trabalhista, inclusive

verificadas naquele processo; que terminou o prazo de suspensão as impugnações a que se refere o art. 8o desta Lei, serão

de 180 dias nos termos do artigo 6º, § 4º, da Lei 11.101/05; que a processadas perante a justiça especializada até a apuração do

legislação excepciona de serem suspensos os feitos que se respectivo crédito, que será inscrito no quadro-geral de credores

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 590
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

pelo valor determinado em sentença. oitenta dias. Como o processamento da recuperação judicial foi

deferido em 17/10/2018, efetivamente já foi ultrapassado o prazo

§ 3o O juiz competente para as ações referidas nos §§ 1o e 2o indicado no art. 6º, §2º.

deste artigo poderá determinar a reserva da importância que

estimar devida na recuperação judicial ou na falência, e, uma vez No entanto, este prazo refere-se às providências iniciais adotadas

reconhecido líquido o direito, será o crédito incluído na classe no processo da recuperação judicial e tem a intenção de que todas

própria. as ações e execuções movidas contra o devedor sejam paralisadas

por um prazo razoável enquanto são tomadas as providências

§ 4o Na recuperação judicial, a suspensão de que trata o caput pertinentes à recuperação judicial.

deste artigo em hipótese nenhuma excederá o prazo improrrogável

de 180 (cento e oitenta) dias contado do deferimento do Porém, o §2º do art. 6º deixa claro que os processos trabalhistas

processamento da recuperação, restabelecendo-se, após o decurso deverão prosseguir na Justiça do Trabalho até a apuração do

do prazo, o direito dos credores de iniciar ou continuar suas ações e crédito, o qual será inscrito no quadro geral de credores, isto é, que

execuções, independentemente de pronunciamento judicial. a ação trabalhista em face de empresa em recuperação judicial

tramitará na Justiça do Trabalho até ser liquidado o crédito, o qual

§ 5o Aplica-se o disposto no § 2o deste artigo à recuperação judicial será inscrito no quadro geral de credores.

durante o período de suspensão de que trata o § 4o deste artigo,

mas, após o fim da suspensão, as execuções trabalhistas poderão Desse modo, o art. 6º, §4º, refere-se às providências iniciais na

ser normalmente concluídas, ainda que o crédito já esteja inscrito recuperação judicial com relação a todas as ações e execuções

no quadro-geral de credores. contra o devedor, sendo que após o decurso do prazo de cento e

oitenta dias, estas ações e execuções prosseguirão, mas em

§ 6o Independentemente da verificação periódica perante os relação às ações trabalhistas, caso já esteja liquidado o crédito em

cartórios de distribuição, as ações que venham a ser propostas face da empresa em recuperação judicial, o crédito deverá ser

contra o devedor deverão ser comunicadas ao juízo da falência ou habilitado perante o juízo da recuperação judicial, conforme o

da recuperação judicial: previsto no art. 6º, §2º.

I - pelo juiz competente, quando do recebimento da petição inicial; Neste sentido, o Provimento CGJT nº 01/2012, que versa sobre os

procedimentos a serem adotados pelos MM. Juízos do Trabalho

II - pelo devedor, imediatamente após a citação. relativamente a credores trabalhistas de Empresa Falida ou em

Recuperação Judicial:

§ 7o As execuções de natureza fiscal não são suspensas pelo

deferimento da recuperação judicial, ressalvada a concessão de "Art. 1º No caso de execução de crédito trabalhista em que se tenha

parcelamento nos termos do Código Tributário Nacional e da dado a decretação da falência do executado ou este se encontre em

legislação ordinária específica. recuperação judicial, caberá aos MM. Juízos das Varas do Trabalho

orientar os respectivos credores para que providenciem a

§ 8o A distribuição do pedido de falência ou de recuperação judicial habilitação dos seus créditos perante o Administrador Judicial da

previne a jurisdição para qualquer outro pedido de recuperação Empresa Falida ou em Recuperação Judicial, expedindo para tanto

judicial ou de falência, relativo ao mesmo devedor." Certidão de Habilitação de Crédito.

O art. 6º, "caput", prevê que o deferimento do processamento da (...)

recuperação suspende o curso de todas as ações em face do

devedor, sendo que o §4º do mencionado dispositivo dispõe que a Art. 2º Os MM. Juízos das Varas do Trabalho manterão em seus

suspensão não excederá o prazo de cento e oitenta dias. arquivos os autos das execuções que tenham sido suspensas em

decorrência da decretação da recuperação judicial ou da falência, a

Logo, ao ser deferido o processamento da recuperação judicial as fim de que, com o encerramento da quebra, seja retomado o seu

ações em face do devedor são suspensas pelo prazo de cento e prosseguimento, desde que os créditos não tenham sido totalmente

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 591
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

satisfeitos, em relação aos quais não corre a prescrição enquanto bens quantos bastem a satisfação integral do c r é d i t o e x e q u e

durar o processo falimentar, nos termos do artigo 6º Lei nº ndo.

11.101/2005."

Não logrando êxito nenhuma das tentativas de execução, inclua-se

Contudo, no caso dos autos, embora a Origem tenha adotado o o nome da executada no Banco Nacional de Devedores

Prov. CGJT 01/2012 e determinado a expedição da certidão de Trabalhistas - BNDT, inclusive com a observação quanto à não

habilitação em falência com posterior remessa dos autos ao arquivo garantia do d é b i t o .

provisório, sem prejuízo de reapreciação de novo pedido após

julgamento do mérito do mandado de segurança na Justiça Atendida a determinação acima, em se tratando de devedor pessoa

Estadual, o fato é que os créditos trabalhistas não foram liquidados jurídica, determino, desde já, que a Secretaria anexe os atos

escorreitamente. Porquanto, o feito deve prosseguir até a liquidação constitutivos da executada, valendo-se, para tanto, do convênio

dos cálculos, para somente depois estar apto a apreciação da celebrado com a Junta Comercial do Estado do Espírito Santo.

suspensão em decorrência da recuperação judicial da reclamada. Após, dê-se ciência ao(à) exequente, que deverá requerer o que

entender de direito, no prazo improrrogável de 10 dias, ressaltando-

É que, no despacho que determinou o início da liquidação ao ID. se que eventual pedido de instauração de incidente de

d75b9df, a Origem remeteu os autos à contadoria, detalhou todos desconsideração da personalidade jurídica deverá se processar em

os passos a serem seguidos para satisfação do crédito e após a autos apartados (IDPJ).

realização de todas as diligências ali determinadas, que fosse dado

ciência ao exequente, para requerer o que de direito, no prazo Depois da inclusão do nome da empresa no BNDT, a Origem já

improrrogável de 10 dias. Vejamos: determinou a suspensão do processo em decorrência da

recuperação judicial, mas não concedeu prazo para as partes se

"Tendo em vista que o(a) reclamado(a) não efetuou o pagamento do manifestarem sobre os cálculos da contadoria, sobretudo o

acordo no termosavençados, execute-se na forma dos artigos 876 e exequente, conforme dispôs ao final da decisão supra transcrita.

seguintes da Consolidação das Leis do Trabalho, aplicando-se,

ainda, as normas previstas no Código de Processo Civil e na Lei de Logo, não se pode, nesse momento, suspender a tramitação da

Execução Fiscal, tudo conforme o p e rmi s s i v o c o n t i d o n o a r execução e expedir certidão de habilitação na falência do crédito

t i g o 7 6 9 d a CL T . que ainda não está devidamente liquidado.

Encaminhem-se os autos à Contadoria para cálculo da multa, da Registre-se que a nova redação do art. 879, §2º da CLT, após

parcela não paga, inclusive das v i n c e n d a s , a t e o r d o a r t i g introdução da reforma trabalhista, assim dispõe:

o891daCLT.

"Art. 879 - Sendo ilíquida a sentença exequenda, ordenar-se-á,

Atendida a determinação supra, proceda-se à penhora em face dos previamente, a sua liquidação, que poderá ser feita por cálculo, por

ativos on line financeiros do(a) e x e c u t a d o ( a ) . arbitramento ou por artigos.

Garantida integralmente a dívida, retornem-me os autos conclusos (...)

para extinção da execução.

§ 2o Elaborada a conta e tornada líquida, o juízo deverá abrir às

Se infrutífera ou insuficiente a tentativa de penhora on line, proceda- partes prazo comum de oito dias para impugnação fundamentada

se à pesquisa quanto à existência de veículos em nome do(a) com a indicação dos itens e valores objeto da discordância, sob

executado(a), através do Convênio Renajud. pena de preclusão".

Se positiva a resposta do Convênio Renajud, inclua-se, de imediato,

a restrição total (circulação) no cadastro do veículo. Em seguida,

expeça-se o respectivo mandado de penhora e avaliação/carta Com efeito, não foi propiciado ao reclamante antes ou depois das

precatória ou, acaso não seja encontrado veículo, de tantos outros diligências executórias, manifestar-se sobre os cálculos da

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 592
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

contadoria.

Sendo assim, os autos devem ser desarquivados, com abertura de

vistas as partes para manifestação sobre os cálculos da contadoria

e, após liquidação, posterior prosseguimento, conforme entender a

Origem.

Diante do exposto, dá-se parcial provimento para reformar a

decisão de Origem, no sentido do desarquivamento dos autos, com

abertura de vistas as partes para manifestação sobre os cálculos da

contadoria e, após liquidação, posterior prosseguimento, conforme

entender a Origem.

Acordam os Magistrados da 1ª Turma do Tribunal Regional do

Trabalho da 17ª Região, na Sessão Ordinária realizada no dia 03 de

dezembro de 2019, às 13 horas e 30 minutos, sob a presidência do

Exmo. Desembargador Cláudio Armando Couce de Menezes, com

a participação do Exmo. Desembargador José Carlos Rizk, do

Exmo. Desembargador Mario Ribeiro Cantarino Neto, e presente o

Procurador do Trabalho, Dr. Levi Scatolin, por unanimidade,

conhecer do agravo de petição interposto pelo exequente e, no

mérito, dar-lhe parcial provimento para reformar a decisão de

Origem, no sentido do desarquivamento dos autos, com abertura de

vistas as partes para manifestação sobre os cálculos da contadoria

e, após liquidação, posterior prosseguimento, conforme entender a

Origem.

DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK

3. ACÓRDÃO

Relator

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 593
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Acórdão
Processo Nº AP-0000241-87.2018.5.17.0181
Relator JOSE CARLOS RIZK EMENTA
AGRAVANTE ADEMIR JOSE DE OLIVEIRA
ADVOGADO JONATHAS TADEU DE FARIA
SILVA(OAB: 183631/MG)
AGRAVADO GSM INDUSTRIA COMERCIO
IMPORTACAO E EXPORTACAO
LTDA
ADVOGADO JEFFERSON FRANCISCO DE
OLIVEIRA(OAB: 26559/ES)

Intimado(s)/Citado(s):
- GSM INDUSTRIA COMERCIO IMPORTACAO E
EXPORTACAO LTDA

AGRAVO DE PETIÇÃO DO EXEQUENTE. SUSPENSÃO DOS

ATOS EXECUTÓRIOS APÓS LIQUIDAÇÃO. RECUPERAÇÃO

JUDICIAL DA EXECUTADA. Embora a Origem tenha adotado o


PODER JUDICIÁRIO
Prov. CGJT 01/2012 e determinado a expedição da certidão de
JUSTIÇA DO TRABALHO
habilitação em falência com posterior remessa dos autos ao arquivo

provisório, o fato é que os créditos trabalhistas não foram liquidados

escorreitamente. Porquanto, o feito deve prosseguir até a liquidação

dos cálculos, para somente depois de liquidados, estar apto a

apreciação da suspensão em decorrência da recuperação judicial

da reclamada.
PROCESSO nº 0000241-87.2018.5.17.0181 (AP)

AGRAVANTE: ADEMIR JOSÉ DE OLIVEIRA

AGRAVADO: GSM INDÚSTRIA COMÉRCIO IMPORTAÇÃO E

EXPORTAÇÃO LTDA

ORIGEM: VARA DO TRABALHO DE NOVA VENÉCIA - ES

RELATOR: DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK

COMPETÊNCIA: 1ª TURMA 1. RELATÓRIO

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 594
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

2.1. CONHECIMENTO

A execução é definitiva.

Trata-se de agravo de petição interposto pelo exequente em face da

decisão de ID. df11ed1, que determinou a suspensão dos atos

executórios no Juízo Trabalhista e a devolução dos autos para a

caixa "Arquivo provisório", subcaixa "Certidão de Habilitação em

Falência".

Em minuta de agravo de petição (ID. 4d31940), o exeqüente

pugnou pela reforma da decisão para que se dê prosseguimento à Conhece-se do agravo de petição interposto pelo exequente,

execução e se conceda vista dos cálculos realizados pela porquanto preenchidos os pressupostos de admissibilidade recursal.

contadoria a fim de apresentar impugnação.

A executada não apresentou contraminuta.

É o relatório.

2. FUNDAMENTAÇÃO

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 595
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

A Origem determinou o início da execução nos termos do despacho

de ID. d75b9df, bem como a remessa dos autos para a contadoria

do Juízo para cálculo da multa, de parcela não paga, inclusive das

vincendas.

Os cálculos elaborados pela contadoria foram apresentados ao ID.

2.2. MÉRITO 866d7af, no valor atualizado de R$ 18.732,38 (dezoito mil

setecentos e trinta e dois reais e trinta e oito centavos).

A partir do ID. c876f8e, foram realizados os convênios Bancejud e

Renajud, porém ao ID. 3a73273, a executada peticionou informando

que se encontra em recuperação judicial, sendo necessária a

suspensão dos atos executórios.

Posteriormente, foram penhorados bens da empresa (dois teares

para corte), conforme auto de penhora e avaliação de ID. 940792c e

auto de depósito e ciência da penhora ao ID. 940792c.

Após, ante a informação de recuperação judicial da executada, a

Origem determinou a suspensão da presente execução; a retirada

das restrições judiciais que recaíram sobre os veículos de

propriedade da executada; a inclusão da executada no BNDT,

observando-se o status de "suspensão da exigibilidade do débito"; a

2.2.1. SUSPENSÃO DOS ATOS EXECUTÓRIOS APÓS expedição de certidão de habilitação de crédito em favor dos

LIQUIDAÇÃO. RECUPERAÇÃO JUDICIAL DA EXECUTADA credores, nos termos do Prov. nº 1/2012 da Corregedoria Geral da

Justiça do Trabalho; e, por fim, o encaminhamento posterior dos

autos para a caixa "Arquivo provisório", subcaixa "certidão de

habilitação em falência", nos termos do Prov. CGJT 01/2012, artigo

2º (ID. 343f056).

Cumprindo a decisão judicial foram retiradas as restrições judiciais,

o nome da empresa foi incluído no BNDT e foi expedida a certidão

de habilitação de crédito (ID. 5ab93a1 e ss.).

O exequente ao ID. 2f71efb, requereu o prosseguimento da

A execução é definitiva. execução, com a abertura de prazo para impugnação dos cálculos,

alegando que em decorrência de irregularidades a recuperação

Na fase de conhecimento a Origem homologou o acordo realizado judicial da executada foi suspensa não produzindo mais efeitos; e,

entre as partes ao ID. 17be76d, no valor de R$ 13.020,44 (treze mil que não foi aberto prazo para se manifestar sobre os cálculos de

e vinte reais e quarenta e quatro centavos), em sete parcelas para o liquidação apresentados pela contadoria, nem antes ou depois da

reclamante e no valor de R$ 1.302,00 (mil trezentos e dois reais) a penhora.

título de honorários advocatícios para os patronos da parte ré.

Ao ID. d1c8d2b o exequente renovou os pedidos.

Ao ID. 429a175 o exequente informou o descumprimento do acordo

e requereu o início da execução. Apreciando os requerimentos do exequente a Origem manteve a

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 596
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

suspensão dos atos executórios no Juízo Trabalhista, nos seguintes recuperação judicial supra. Ato contínuo, em obediência à decisão

termos: liminar, o Juízo da Comarca de Águia Branca acatou a suspensão e

determinou que os autos aguardassem a decisão do citado

"Vistos etc. Mandado de Segurança (ID. bb9a46b).

Constato que a liminar deferida no Mandado de Segurança nº Nesse passo, a decisão liminar apenas suspendeu a recuperação

0004031-06.2019.8.08.0000 determinou tão somente a suspensão judicial, não determinando a sua extinção. Porquanto, sob esse

do processo de recuperação judicial da reclamada, não a sua prisma, escorreita a decisão ora agravada.

extinção. Logo, mantida a suspensão legal prevista na Lei nº

11.101/2005. O reclamante também sustentou que já decorreu o prazo de cento e

oitenta dias de suspensão das ações trabalhistas, previsto no art.

Pelas razões supra, mantenho a suspensão dos atos executórios 6º, §4º, da Lei nº 11.101/2005.

neste Juízo Trabalhista, sem prejuízo da reapreciação de novo

pedido, após a apreciação do mérito no MS. Mostra-se oportuna a transcrição do art. 6º e seus parágrafos, da

Lei nº 11.101/2005:

Dê-se ciência às partes.

"Art. 6o A decretação da falência ou o deferimento do

Atendida a determinação acima, devolvam-se os autos para a Caixa processamento da recuperação judicial suspende o curso da

"Arquivo provisório", subcaixa "Certidão de Habilitação em Falência" prescrição e de todas as ações e execuções em face do devedor,

(Prov. CGJT 01/2012, art. 2º). inclusive aquelas dos credores particulares do sócio solidário.

Dessa decisão o exequente interpôs o presente agravo de § 1o Terá prosseguimento no juízo no qual estiver se processando a

instrumento, pugnando pela reforma da decisão para que seja dado ação que demandar quantia ilíquida.

prosseguimento à execução e se conceda vista dos cálculos

apresentados pela contadoria para oferecimento de impugnação, § 2o É permitido pleitear, perante o administrador judicial,

argumentando que a recuperação judicial da agravada está habilitação, exclusão ou modificação de créditos derivados da

suspensa pelo Tribunal de Justiça Estadual ante as irregularidades relação de trabalho, mas as ações de natureza trabalhista, inclusive

verificadas naquele processo; que terminou o prazo de suspensão as impugnações a que se refere o art. 8o desta Lei, serão

de 180 dias nos termos do artigo 6º, § 4º, da Lei 11.101/05; que a processadas perante a justiça especializada até a apuração do

legislação excepciona de serem suspensos os feitos que se respectivo crédito, que será inscrito no quadro-geral de credores

encontrem em fase de liquidação. pelo valor determinado em sentença.

Analisa-se. § 3o O juiz competente para as ações referidas nos §§ 1o e 2o

deste artigo poderá determinar a reserva da importância que

Inicialmente vale registrar que a execução foi iniciada em estimar devida na recuperação judicial ou na falência, e, uma vez

30/07/2018, conforme decisão de ID. d75b9df, portanto, após da reconhecido líquido o direito, será o crédito incluído na classe

vigência da reforma trabalhista (11/11/2017). própria.

Conforme se verifica do documento de ID. 525bcfb, a Vara Única da § 4o Na recuperação judicial, a suspensão de que trata o caput

Comarca de Água Branca/ES, nos autos do processo nº 0000644- deste artigo em hipótese nenhuma excederá o prazo improrrogável

40.2018.02.0057, em decisão datada de 17/10/2018, deferiu o de 180 (cento e oitenta) dias contado do deferimento do

processamento da recuperação judicial da reclamada. processamento da recuperação, restabelecendo-se, após o decurso

do prazo, o direito dos credores de iniciar ou continuar suas ações e

Posteriormente, o Tribunal de Justiça do Estado do Espírito Santo, execuções, independentemente de pronunciamento judicial.

por decisão liminar nos autos do Mandado de Segurança nº

0004031-06.2019.8.08.0000, decidiu suspender a ação de § 5o Aplica-se o disposto no § 2o deste artigo à recuperação judicial

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 597
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

durante o período de suspensão de que trata o § 4o deste artigo,

mas, após o fim da suspensão, as execuções trabalhistas poderão Desse modo, o art. 6º, §4º, refere-se às providências iniciais na

ser normalmente concluídas, ainda que o crédito já esteja inscrito recuperação judicial com relação a todas as ações e execuções

no quadro-geral de credores. contra o devedor, sendo que após o decurso do prazo de cento e

oitenta dias, estas ações e execuções prosseguirão, mas em

§ 6o Independentemente da verificação periódica perante os relação às ações trabalhistas, caso já esteja liquidado o crédito em

cartórios de distribuição, as ações que venham a ser propostas face da empresa em recuperação judicial, o crédito deverá ser

contra o devedor deverão ser comunicadas ao juízo da falência ou habilitado perante o juízo da recuperação judicial, conforme o

da recuperação judicial: previsto no art. 6º, §2º.

I - pelo juiz competente, quando do recebimento da petição inicial; Neste sentido, o Provimento CGJT nº 01/2012, que versa sobre os

procedimentos a serem adotados pelos MM. Juízos do Trabalho

II - pelo devedor, imediatamente após a citação. relativamente a credores trabalhistas de Empresa Falida ou em

Recuperação Judicial:

§ 7o As execuções de natureza fiscal não são suspensas pelo

deferimento da recuperação judicial, ressalvada a concessão de "Art. 1º No caso de execução de crédito trabalhista em que se tenha

parcelamento nos termos do Código Tributário Nacional e da dado a decretação da falência do executado ou este se encontre em

legislação ordinária específica. recuperação judicial, caberá aos MM. Juízos das Varas do Trabalho

orientar os respectivos credores para que providenciem a

§ 8o A distribuição do pedido de falência ou de recuperação judicial habilitação dos seus créditos perante o Administrador Judicial da

previne a jurisdição para qualquer outro pedido de recuperação Empresa Falida ou em Recuperação Judicial, expedindo para tanto

judicial ou de falência, relativo ao mesmo devedor." Certidão de Habilitação de Crédito.

O art. 6º, "caput", prevê que o deferimento do processamento da (...)

recuperação suspende o curso de todas as ações em face do

devedor, sendo que o §4º do mencionado dispositivo dispõe que a Art. 2º Os MM. Juízos das Varas do Trabalho manterão em seus

suspensão não excederá o prazo de cento e oitenta dias. arquivos os autos das execuções que tenham sido suspensas em

decorrência da decretação da recuperação judicial ou da falência, a

Logo, ao ser deferido o processamento da recuperação judicial as fim de que, com o encerramento da quebra, seja retomado o seu

ações em face do devedor são suspensas pelo prazo de cento e prosseguimento, desde que os créditos não tenham sido totalmente

oitenta dias. Como o processamento da recuperação judicial foi satisfeitos, em relação aos quais não corre a prescrição enquanto

deferido em 17/10/2018, efetivamente já foi ultrapassado o prazo durar o processo falimentar, nos termos do artigo 6º Lei nº

indicado no art. 6º, §2º. 11.101/2005."

No entanto, este prazo refere-se às providências iniciais adotadas Contudo, no caso dos autos, embora a Origem tenha adotado o

no processo da recuperação judicial e tem a intenção de que todas Prov. CGJT 01/2012 e determinado a expedição da certidão de

as ações e execuções movidas contra o devedor sejam paralisadas habilitação em falência com posterior remessa dos autos ao arquivo

por um prazo razoável enquanto são tomadas as providências provisório, sem prejuízo de reapreciação de novo pedido após

pertinentes à recuperação judicial. julgamento do mérito do mandado de segurança na Justiça

Estadual, o fato é que os créditos trabalhistas não foram liquidados

Porém, o §2º do art. 6º deixa claro que os processos trabalhistas escorreitamente. Porquanto, o feito deve prosseguir até a liquidação

deverão prosseguir na Justiça do Trabalho até a apuração do dos cálculos, para somente depois estar apto a apreciação da

crédito, o qual será inscrito no quadro geral de credores, isto é, que suspensão em decorrência da recuperação judicial da reclamada.

a ação trabalhista em face de empresa em recuperação judicial

tramitará na Justiça do Trabalho até ser liquidado o crédito, o qual É que, no despacho que determinou o início da liquidação ao ID.

será inscrito no quadro geral de credores. d75b9df, a Origem remeteu os autos à contadoria, detalhou todos

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 598
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

os passos a serem seguidos para satisfação do crédito e após a autos apartados (IDPJ).

realização de todas as diligências ali determinadas, que fosse dado

ciência ao exequente, para requerer o que de direito, no prazo Depois da inclusão do nome da empresa no BNDT, a Origem já

improrrogável de 10 dias. Vejamos: determinou a suspensão do processo em decorrência da

recuperação judicial, mas não concedeu prazo para as partes se

"Tendo em vista que o(a) reclamado(a) não efetuou o pagamento do manifestarem sobre os cálculos da contadoria, sobretudo o

acordo no termosavençados, execute-se na forma dos artigos 876 e exequente, conforme dispôs ao final da decisão supra transcrita.

seguintes da Consolidação das Leis do Trabalho, aplicando-se,

ainda, as normas previstas no Código de Processo Civil e na Lei de Logo, não se pode, nesse momento, suspender a tramitação da

Execução Fiscal, tudo conforme o p e rmi s s i v o c o n t i d o n o a r execução e expedir certidão de habilitação na falência do crédito

t i g o 7 6 9 d a CL T . que ainda não está devidamente liquidado.

Encaminhem-se os autos à Contadoria para cálculo da multa, da Registre-se que a nova redação do art. 879, §2º da CLT, após

parcela não paga, inclusive das v i n c e n d a s , a t e o r d o a r t i g introdução da reforma trabalhista, assim dispõe:

o891daCLT.

"Art. 879 - Sendo ilíquida a sentença exequenda, ordenar-se-á,

Atendida a determinação supra, proceda-se à penhora em face dos previamente, a sua liquidação, que poderá ser feita por cálculo, por

ativos on line financeiros do(a) e x e c u t a d o ( a ) . arbitramento ou por artigos.

Garantida integralmente a dívida, retornem-me os autos conclusos (...)

para extinção da execução.

§ 2o Elaborada a conta e tornada líquida, o juízo deverá abrir às

Se infrutífera ou insuficiente a tentativa de penhora on line, proceda- partes prazo comum de oito dias para impugnação fundamentada

se à pesquisa quanto à existência de veículos em nome do(a) com a indicação dos itens e valores objeto da discordância, sob

executado(a), através do Convênio Renajud. pena de preclusão".

Se positiva a resposta do Convênio Renajud, inclua-se, de imediato,

a restrição total (circulação) no cadastro do veículo. Em seguida,

expeça-se o respectivo mandado de penhora e avaliação/carta Com efeito, não foi propiciado ao reclamante antes ou depois das

precatória ou, acaso não seja encontrado veículo, de tantos outros diligências executórias, manifestar-se sobre os cálculos da

bens quantos bastem a satisfação integral do c r é d i t o e x e q u e contadoria.

ndo.

Sendo assim, os autos devem ser desarquivados, com abertura de

Não logrando êxito nenhuma das tentativas de execução, inclua-se vistas as partes para manifestação sobre os cálculos da contadoria

o nome da executada no Banco Nacional de Devedores e, após liquidação, posterior prosseguimento, conforme entender a

Trabalhistas - BNDT, inclusive com a observação quanto à não Origem.

garantia do d é b i t o .

Diante do exposto, dá-se parcial provimento para reformar a

Atendida a determinação acima, em se tratando de devedor pessoa decisão de Origem, no sentido do desarquivamento dos autos, com

jurídica, determino, desde já, que a Secretaria anexe os atos abertura de vistas as partes para manifestação sobre os cálculos da

constitutivos da executada, valendo-se, para tanto, do convênio contadoria e, após liquidação, posterior prosseguimento, conforme

celebrado com a Junta Comercial do Estado do Espírito Santo. entender a Origem.

Após, dê-se ciência ao(à) exequente, que deverá requerer o que

entender de direito, no prazo improrrogável de 10 dias, ressaltando-

se que eventual pedido de instauração de incidente de

desconsideração da personalidade jurídica deverá se processar em

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 599
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

a participação do Exmo. Desembargador José Carlos Rizk, do

Exmo. Desembargador Mario Ribeiro Cantarino Neto, e presente o

Procurador do Trabalho, Dr. Levi Scatolin, por unanimidade,

conhecer do agravo de petição interposto pelo exequente e, no

mérito, dar-lhe parcial provimento para reformar a decisão de

Origem, no sentido do desarquivamento dos autos, com abertura de

vistas as partes para manifestação sobre os cálculos da contadoria

e, após liquidação, posterior prosseguimento, conforme entender a

Origem.

DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK

3. ACÓRDÃO

Relator

Acordam os Magistrados da 1ª Turma do Tribunal Regional do Acórdão


Processo Nº ROT-0000133-70.2019.5.17.0004
Trabalho da 17ª Região, na Sessão Ordinária realizada no dia 03 de Relator JOSE CARLOS RIZK
dezembro de 2019, às 13 horas e 30 minutos, sob a presidência do RECORRENTE MAIKON DURAES DE SOUZA
ADVOGADO BRUNO VERONESI PESTANA(OAB:
Exmo. Desembargador Cláudio Armando Couce de Menezes, com 16598/ES)

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 600
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

RECORRENTE PEPSICO DO BRASIL LTDA


EMENTA
ADVOGADO ALEXANDRE LAURIA DUTRA(OAB:
157840/SP)
RECORRIDO PEPSICO DO BRASIL LTDA
ADVOGADO ALEXANDRE LAURIA DUTRA(OAB:
157840/SP)
RECORRIDO MAIKON DURAES DE SOUZA
ADVOGADO BRUNO VERONESI PESTANA(OAB:
16598/ES)
PERITO SAMARA SILVA PEREIRA

Intimado(s)/Citado(s):
- MAIKON DURAES DE SOUZA

RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMADO. VENDEDOR

EXTERNO. ART. 62, I, DA CLT. Verificando-se que o reclamado

PODER JUDICIÁRIO tinha meios de controlar a jornada do reclamante e efetivamente

JUSTIÇA DO TRABALHO fiscalizava o cumprimento da jornada do autor, não se aplica ao

caso em tela o disposto no art. 62, inciso I, da CLT.

RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE. JORNADA

INTERJORNADA. MAJORAÇÃO DA CONDENAÇÃO. Ainda que

verificado que o reclamante gozava de apenas vinte minutos do

intervalo intrajornada, é devido ao autor a totalidade do período, isto


PROCESSO nº 0000133-70.2019.5.17.0004 (ROT)
é, uma hora extra por dia, e não apenas dos quarenta minutos

diários extras deferidos pela sentença recorrida.


RECORRENTES: PEPSICO DO BRASIL LTDA; MAIKON

DURAES DE SOUZA

RECORRIDOS: PEPSICO DO BRASIL LTDA; MAIKON DURAES

DE SOUZA

ORIGEM: 4ª VARA DO TRABALHO DE VITÓRIA - ES

RELATOR: DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK

1. RELATÓRIO
COMPETÊNCIA: 1ª TURMA

Esta ação foi proposta em 14/02/2019, após a reforma trabalhista. A

sentença declarou prescritas as pretensões anteriores a 14/02/2014

e a matéria prescricional não é veiculada em sede recursal.

Maikon Durães de Souza ajuizou reclamação trabalhista em face de

Pepsico do Brasil Ltda, alegando que foi admitido como vendedor

externo em 02/12/2011 e dispensado em 05/06/2018, postulando a

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 601
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

condenação do réu no pagamento das horas extras a partir da

oitava diária e quadragésima quarta semanal mais reflexos, dobra É o relatório.

dos feriados, intervalo intrajornada, férias em dobro, parcelas fiscais

e previdenciárias e honorários advocatícios de 15%.

A sentença no Id. 8e80aa1 declarou prescritas as pretensões

anteriores a 14/02/2014 e julgou procedentes em parte os pedidos,

condenando o reclamado no pagamento de horas extras

excedentes à oitava diária e quadragésima quarta semanal, horas

extras de feriados em dobro, quarenta minutos extras quanto ao

intervalo intrajornada gozado parcialmente e honorários

advocatícios de 10%, observando-se a sucumbência recíproca.

Recurso ordinário do reclamado no Id. 8271886, buscando a

reforma da sentença para excluir as parcelas deferidas e

impugnando os cálculos que acompanham a sentença. 2. FUNDAMENTAÇÃO

Recurso ordinário do reclamante no Id. ae36fc7, alegando a

inconstitucionalidade da reforma trabalhista quanto aos honorários

advocatícios sucumbenciais e requendo seja deferida a assistência

judiciária gratuita e reformada a sentença quanto aos pleitos

julgados improcedentes, impugnando os cálculos que acompanham

a sentença.

O autor apresentou contrarrazões no Id. 03c0fc7, requerendo seja

desprovido o recurso do réu.

O réu apresentou contrarrazões no Id. 194cbb0, requerendo seja

negado provimento ao recurso do autor.

Conforme certidão no Id. 4520754, esta 1ª Turma, na sessão

ordinária realizada no dia 06/08/2019, resolveu, por unanimidade,

conheceu do recurso ordinário do reclamado e do recurso ordinário 2.1. CONHECIMENTO

do reclamante e, diante da cláusula de reserva de plenário,

suspender o julgamento do presente processo até a conclusão do

julgamento da inconstitucionalidade parcial suscitada no processo

nº 0000398-09.2018.5.17.0101.

Na sessão ordinária realizada no dia 23/10/2019, o Pleno deste

Regional julgou o Incidente de Arguição de Inconstitucionalidade nº

0000453-35.2019.5.17.0000, declarando a inconstitucionalidade

parcial do §4º, do art. 791-A, da CLT.

Assim, considerando o julgamento da matéria pelo Pleno deste Conhece-se do recurso ordinário da ré e conhece-se do recurso

Tribunal, os autos retornaram à 1ª Turma para prosseguimento do ordinário do reclamante, porquanto preenchidos os pressupostos

julgamento dos recursos ordinários interpostos pelas partes. legais de admissibilidade.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 602
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

2.2.1. RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMADO

2.2.1.1.HORAS EXTRAS E REFLEXOS. VENDEDOR EXTERNO.

CONTROLE DA JORNADA. FERIADOS

2.2. MÉRITO Esta ação foi proposta em 14/02/2019, após a reforma trabalhista. A

sentença declarou prescritas as pretensões anteriores a 14/02/2014

e a matéria prescricional não é veiculada em sede recursal.

O reclamante alegou na inicial que foi admitido pela Pepsico do

Brasil Ltda como vendedor externo em 02/12/2011 e dispensado em

05/06/2018, tendo trabalhado sob constante fiscalização e controle

de jornada, pois havia determinação para carregar o veículo às

06h00, reuniões semanal aos sábados, telefonemas, cumprimento

de rota pré-fixada, fiscalização do gerente de vendas que andava na

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 603
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

rota do autor, depósitos dos valores arrecadados nas vendas e a que, pela natureza das atividades atribuídas ao empregado, este

utilização do sistema VAPEC, que indicava os horários de não se encontra sujeito a jornada de trabalho, ante a

atendimento aos clientes. impossibilidade de controlar seus horários, pelo fato de possuir

afazeres externos, sendo difícil verificar qual o tempo efetivamente

O reclamante aduziu que trabalhava de segunda a sábados, à disposição do empregador.

começando as 06h00 nos dias em que havia carregamento no

galpão da empresa (duas vezes por semana) e às 06h30 nos No caso em tela, na condição de vendedor externo, o reclamante

demais dias, encerrando o serviço às 20h00, trabalhando no sábado desenvolvia atividade externa.

das 06h00 às 14h30, além de trabalhar em todos os feriados, com

exceção do natal e ano novo. Contudo, não basta que o trabalho seja realizado externamente,

devendo restar igualmente caracterizada a impossibilidade de

O reclamante postulou a condenação do reclamado no pagamento controle da jornada diária realizada pelo empregado. Ou seja, há

das horas extras excedentes à oitava hora e quadragésima quarta dois fatores para o enquadramento do empregado nessa exceção,

semanal mais reflexos e o pagamento das horas trabalhadas nos quais sejam: a realização de atividade externa e a incompatibilidade

feriados com adicional de 100% mais reflexos. de fiscalização do horário de trabalho.

O reclamado alegou em contestação que o reclamante foi Nesse sentido, mesmo na hipótese de realização de atividade

contratado para exercer a função de vendedor, sem pré-fixação da externa, se fiscalizado ou controlado o horário de trabalho, por

jornada, inserindo-se na previsão contida no art. 62, inciso I, da qualquer meio, o trabalhador terá direito à limitação da jornada.

CLT, jamais tendo controlado a jornada do reclamante, sendo ele

dono do seu próprio tempo, possuindo liberdade para terminar o Restou demonstrado nos autos que a ré exercia a fiscalização do

expediente mais cedo, sem dar qualquer satisfação ao empregador, horário de trabalho do autor.

não tendo sido imposto ao trabalhador um número de visitas diários

ou roteiro determinado, sendo perfeitamente viável o cumprimento O reclamante afirmou em seu depoimento pessoal que havia

das atividades dentro da jornada de quarenta e quatro hora controle de jornada, o qual era realizado pela empresa através do

semanais. roteiro e do coletor (instrumento usado para os vendedores para

fazerem os pedidos), não podendo fazer o seu próprio horário.

O Juízo de Primeiro Grau entendeu que o reclamado exercia pelo

controle da jornada do reclamante e que estava comprovado que o A primeira testemunha do reclamante, Julio, afirmou que havia

autor laborava de segunda a sexta das 06h30 às 20h00, em média, roteiro para ser cumprido, que a empresa determinava o roteiro, que

e aos sábados das 06h00 às 15h00, além de feriados, com exceção era obrigatório cumprir o roteiro, que o gerente de vendas

do natal e ano novo, das 06h00 às 15h00, fazendo jus o reclamante fiscalizava o cumprimento do roteiro diariamente, que o gerente de

às horas extras excedentes à oitava diária e à quadragésima quarta vendas também andava pela rotar para verificar a execução dos

semanal, com adicional de 50% em dias normais e de 100% aos serviços, que em média havia vinte a vinte e cinco clientes no

feriados, mais reflexos. roteiro, que apenas com a autorização do gerente era possível

alterar a sequência do roteiro, que se não cumpria o roteiro era

O reclamado alega em seu recurso ordinário que o reclamante cobrado pelo gerente, que os vendedores utilizavam o sistema

exercia típica atividade externa, sem qualquer tipo de controle de VAPEC, que o sistema VAPEC mostrava quando iniciava o

horário, estando inserido na previsão do art. 62, inciso I, da CLT, e atendimento ao cliente e quando terminava, que tinha de transmitir

que não é crível a jornada de trabalho acolhida na sentença, além os dados para a empresa duas a três vezes por dia, que tinha de

do autor não informar em quais feriados efetivamente laborou, fazer o carregamento no galpão do reclamado, que o horário do

devendo ser excluídas as horas extras deferidas pela sentença. carregamento era às 06h00, que a empresa determinava o horário

do carregamento e não podia ser outro horário, que tinha trabalho

Sem razão o recorrente. aos sábados às 06h00, que no sábado tinha reunião após o

carregamento, que a reunião no sábado era em média após o

A exceção prevista no art. 62, I, da CLT, aplica-se aos casos em carregamento, que carregava no sábado até às 12h00/13h00, que a

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 604
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reunião no sábado era após todos os veículos estarem carregados, semana, que no sábado o galpão abre às 06h00, que é

que depois da reunião no sábado havia necessidade de fazer roteiro recomendado pela empresa chegar às 06h00, que sempre chegou

para atender os clientes não atendidos na semana, que era preciso às 06h00, que nem todos cumprem o horário das 06h00, que tinha

terminar este atendimento, que abria novos clientes no sábados, uma reunião ao sábado por mês, que a reunião no sábado podia

que tinha metas de abertura mensal e em finais de semana, que o começar às 09h00 e terminar em horários variáveis como

gerente telefonava para os vendedores todos os dias e ainda mais 12h00/15h000/16h00, que nos outros sábados em que não havia

se o vendedor não cumprisse as metas, que o seu horário de reunião trabalhavam até às 16h00 realmente, que o gerente nunca

trabalho em média era das 06h00/06h30 e terminava às ligou para a testemunha na rota, não sabe se o gerente telefonou

19h00/19h30, que dependendo do dia e da distância o horário podia para outros vendedores na rota, que o gerente só o acompanhou

ir até às 20h00/20h30, que o primeiro ponto de venda era as uma vez, que às vezes o gerente vai com outros vendedores, que

06h20/07h00, que carregava duas a três vezes por semana, que não sabe quantas vezes o gerente vai com os outros vendedores,

tinha trabalho nos feriados com exceção do natal e ano novo, que que no primeiro ponto de venda chegava às 07h00/08h00/09h00,

nos feriados tinha meta para bater no dia, que era obrigado a que já chegou às 06h30 no primeiro ponto de venda, que se

trabalhar no feriado, que para alterar o roteiro precisava falar com o precisar fazer alguma coisa pessoal é só comunicar ao gestor e ir

gestor, que o vendedor fazia a rota conforme determinado até o cuidar do problema.

último cliente, que tinha de atender todos os clientes, que devia

insistir com o cliente e até implorar para que ele comprasse ao Portanto, o depoimento da primeira testemunha do réu, Erandi,

menos um pacote para completar a meta de 100%, só em casos de embora este alegue que não existe controle de jornada e que faz o

necessidade médica conseguiu sair mais cedo, que precisava seu horário, corrobora o depoimento da primeira testemunha do

comunicar à empresa antes de ir ao médico, que no dia seguinte reclamante, Julio, de que existia uma rota pré-fixada pela empresa e

tinha que se esforçar para cobrir o prejuízo decorrente da rota que os vendedores utilizavam um sistema para tirar as notas das

parada, que só conseguir resolver assuntos pessoais na rua com vendas realizadas, nas quais constava o horário do atendimento

autorização, que muitas vezes não conseguia autorização da aos clientes, ocorrendo a transmissão dos dados para a empresa de

empresa e era obrigado a deixar em segundo plano os assuntos duas a três vezes por dia, sendo que os vendedores eram

pessoais e que trabalhava todos os sábados. acompanhados pelo gerente na rota e que para os vendedores

tratarem de assuntos pessoais na rua necessitavam de autorização,

Extrai-se do depoimento da primeira testemunha do reclamante, além de comprovar o trabalho aos sábados e o início do

Julio, que havia um roteiro pré-fixado pela empresa e que o gerente carregamento às 06h00 e que o horário do atendimento ao primeiro

do réu fiscalizava o cumprimento do roteiro, através de telefonemas cliente era por volta das 06h20/0h00.

e acompanhamento na rota, além do vendedor se utilizar do sistema

VAPAC, que mostrava os horários em que o vendedor atendia o Saliente-se que se a testemunha do réu podia fazer o seu horário,

cliente, sendo que o horário de trabalho era em média das não se compreende que precisasse comunicar ao gestor que tinha

06h00/06h30 até às 19h00/19h30, de segunda a sexta, além de um assunto pessoal para tratar.

haver trabalho aos sábados e feriados, com exceção do natal e ano

novo. Assinale-se que a primeira testemunha do reclamado, Erandi,

afirmou que havia uma média de vinte clientes na sua rota, que não

A primeira testemunha do reclamado, Erandi, afirmou que seu é obrigatório visitar vinte clientes por dia e que pode decidir a

trabalho é externo, que não existe controle de jornada e é ele quem sequência das visitas ao cliente, porém também afirmou que meta

faz o seu horário. Porém, esta testemunha também afirmou que de positivação é um número a atingir em clientes, que positivar o

existe uma rota estabelecida pela empresa com um número de cliente é visitar o cliente e que a meta era de 80% do roteiro. Esta

clientes a ser atendido, que o VAPEC é um programa que existe no testemunha afirmou que não era obrigatório visitar o roteiro inteiro,

coletor (instrumento utilizado pelo vendedor para fazer os pedidos), que não era obrigatório bater a meta e que não viu ninguém ser

que ao atender o cliente o vendedor informa o horário em que foi penalizado por não bater a meta, mas afirmou ainda que a

tirada a nota, que toda nota tem o horário de atendimento ao cliente, recomendação da empresa era que os vendedores fizessem os

que transmitia dados ao meio dia e no final do expediente, que 100% do roteiro e que era claro que tinha de vender para todos os

havia carregamento do veículo no sábado e às vezes durante a clientes.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 605
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Frise-se que o horário fixado pelo Juízo de Primeiro Grau como

O depoimento da testemunha do réu, Erandi, embora insista em que sendo a jornada trabalhada pelo reclamante de segunda a sexta,

não era obrigatório visitar todos os clientes no roteiro, deixa claro nos sábados e feriados, está em consonância com os horários

que havia uma meta a ser cumprida e que a empresa recomendava indicados pelas duas testemunhas em seus depoimentos.

que os vendedores cumprissem 100% do roteiro, sendo certo que a

referida testemunha tinha que vender para todos os clientes. Assim, Comprovada a jornada extraordinária sustentada pelo reclamante,

está demonstrado que existia uma meta diária a ser alcançada não há falar em violação ao art. 818 da CLT e ao art. 373, inciso I,

pelos vendedores. do CPC.

Note-se que a testemunha do reclamante, Julio, afirmou que todos Saliente-se que não há falar em descontos de faltas, uma vez que

os feriados eram trabalhados, com exceção do natal e do ano novo. as horas extras já foram deferidas considerando os dias trabalhados

A testemunha do réu, Erandi, afirmou que os feriados nacionais não pelo reclamante.

eram trabalhados e que não havia obrigação dos vendedores

trabalharem nos feriados regionais, trabalhando apenas se Sendo devidas as horas extras e considerando a sua habitualidade,

quisessem. Ora, considerando que existia uma meta diária e que a impõe-se o deferimento dos reflexos sobre as demais parcelas.

empresa recomendava o atendimento a todos os clientes

constantes no roteiro, é pouco crível que o reclamado deixasse a Nega-se provimento.

critério do empregado trabalhar ou não durante os feriados, além de

não haver nenhuma razão lógica para o réu distinguir entre feriados

nacionais e regionais para serem trabalhados ou não. Portanto, é

mais aceitável a afirmação da testemunha do autor de que todos os

feriados, exceto natal e ano novo, eram trabalhados.

Logo, resta comprovado que o reclamado possuía os meios

necessários para controlar o horário de trabalho do reclamante e

efetivamente fiscalizava o cumprimento da jornada.

2.2.1.2.INTERVALO INTRAJORNADA

Desse modo, não se aplica ao caso em tela o disposto no art. 62,

inciso I, da CLT.

Cumpre ressaltar que também ficou comprovado que o reclamante

realizava uma jornada excedente à jornada legal de oito horas e

quarenta e quatro horas semanais, de segunda a sábado, além de

trabalhar nos feriados.

Portanto, são devidas as horas extras após a oitava hora diária e a

quadragésima quarta hora semanal.

O reclamante alegou na inicial que não lhe era permitido usufruir do

O réu alega que "o art. 7, XIII da CF/88, conjugado ao art. 58 da intervalo para descanso e refeição e que quando era possível o

CLT, determinam a limitação diária e semanal à jornada de trabalho almoço, comia a refeição em apenas vinte minutos, pois não

como garantia fundamental à renovação da capacidade laborativa conseguiria completar a rota estabelecida pelo réu se fizesse o

do trabalhador". Ocorre que os referidos dispositivos legais em intervalo de uma hora, ocorrendo a supressão do intervalo de

nenhum momento afastam a responsabilidade do empregador de segunda a sábado, postulando a condenação do reclamado no

pagarem as horas extras decorrentes da extrapolação da jornada pagamento de uma hora extra diária mais reflexos.

legal.

O reclamado alegou em contestação que o reclamante estava

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 606
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inserido na previsão do art. 62, inciso I, do TST, cabendo ao autor o todos os clientes, é pouco crível que com uma número tão grande

ônus de comprovar que não usufruía integralmente do intervalo de clientes a atender em um dia, o vendedor pudesse gozar de um

intrajornada. intervalo, no mínimo, de uma hora.

O Juízo de Primeiro Grau entendeu que o reclamante gozava de Desse modo, entende-se que os vendedores raramente conseguem

apenas vinte minutos de intervalo intrajornada, condenando o réu fazer o intervalo intrajornada, o que era uma exceção, pois

no pagamento de quarenta minutos extras diários mais reflexos. geralmente dispunham de apenas vinte a trinta minutos para

almoçar.

O reclamado alega em seu recurso ordinário que o reclamante

exercia atividade externa, sem qualquer controle de jornada, Considerando que o reclamante não podia usufruir integralmente do

conforme o art. 62, inciso I, da CLT, podendo realizar o intervalo intervalo intrajornada, pois dispunha de vinte minutos para almoçar,

intrajornada conforme bem entendesse, tendo a testemunha do réu deve ser mantida a sentença quanto à condenação do reclamado

afirmado que gozava de uma hora de almoço no mínimo. no pagamento como extras de quarenta minutos diários e seus

reflexos.

Sem razão.

Comprovada a alegação autoral de que não gozava integralmente

Consoante exposto no tópico anterior, restou patente que o do intervalo intrajornada, não há falar em violação ao art. 818 da

reclamado fiscalizava a jornada de trabalho do reclamante, CLT e ao art. 373, inciso I, do CPC

afastando a incidência do disposto no art. 62, inciso I, da CLT ao

caso sob exame. Nega-se provimento.

Quanto ao intervalo intrajornada, o reclamante afirmou em seu

depoimento pessoal que não fazia horário de almoço e que quando

dava tempo tinha apenas vinte a trinta minutos para comer.

A primeira testemunha do reclamante, Julio, afirmou que raramente

fazia o horário do intervalo e que em média só dispunha de vinte a

trinta minutos para almoçar e que às vezes nem mesmo podia fazer

estes vinte a trinta minutos de almoço.

A primeira testemunha do reclamado, Erandi, afirmou que fica no

restaurante uma hora no mínimo, mas também afirmou que na 2.2.1.3.HONORÁRIOS PERICIAIS

maioria das vezes consegue parar para almoçar e que tem mês que

consegue almoçar todos os dias, sendo que não se gasta menos de

quarenta minutos para comer e já aconteceu de almoçar de vinte a

trinta minutos.

Assim, embora a primeira testemunha do réu, Erandi, tenha

afirmado que ficava uma hora no restaurante no mínimo, também

demonstra que nem sempre conseguia parar para almoçar e que já

ocorreu de almoçar de vinte a trinta minutos.

Considerando que os vendedores tinham um roteiro de vinte O reclamado alega que deve ser afastada a condenação no

clientes para cumprir diariamente e que a testemunha do réu, pagamento de honorários periciais de R$800,00 ou reduzido o valor

Erandi, afirmou que havia recomendação da empresa de que dos referidos honorários.

cumprissem 100% do roteiro e que é claro que tinha de vender para

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 607
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Sem razão o recorrente. O Juízo de Primeiro Grau condenou o reclamado no pagamento de

honorários advocatícios de 10% sobre o montante final apurado em

O Juízo de Primeiro Grau, tendo em vista o princípio da duração liquidação em favor da parte autora.

razoável do processo e os princípios da economia e celeridades

processuais, designou perita para o fim específico de mensurar o O reclamado recorre postulando que seja afastada a condenação

valor das verbas deferidas, através de planilha a ser anexada a no pagamento de honorários advocatícios ou que seja reduzido o

sentença, fixando o valor dos honorários periciais em R$800,00. percentual.

Conforme o art. 790-B da CLT, a responsabilidade pelo pagamento Sem razão o recorrente.

dos honorários periciais é da parte sucumbente na pretensão objeto

da perícia, tendo o reclamado sido sucumbente quanto aos pedidos Esta ação foi proposta em 14/02/2019, após a entrada em vigor da

de horas extras e intervalo intrajornada, sendo que foi mantida a reforma trabalhista, de forma que se aplica ao caso em tela o

condenação. disposto no art. 791-A da CLT, acrescentado pela Lei nº

13.467/2017, a seguir transcrito:

Logo, deve o reclamado responder pelo pagamento dos honorários

periciais. "Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão

devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5%

Ademais, considerando o trabalho realizado pela perita na apuração (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o

dos cálculos que acompanham a sentença, entende-se que o valor valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico

arbitrado pela sentença se mostra razoável e deve ser mantido. obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado

da causa.

Nega-se provimento.

§ 1o Os honorários são devidos também nas ações contra a

Fazenda Pública e nas ações em que a parte estiver assistida ou

substituída pelo sindicato de sua categoria.

§ 2o Ao fixar os honorários, o juízo observará:

I - o grau de zelo do profissional;

II - o lugar de prestação do serviço;

III - a natureza e a importância da causa;

2.2.1.4.HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o

seu serviço.

§ 3o Na hipótese de procedência parcial, o juízo arbitrará honorários

de sucumbência recíproca, vedada a compensação entre os

honorários.

§ 4o Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha

obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de

suportar a despesa, as obrigações decorrentes de sua sucumbência

Esta ação foi proposta em 14/02/2019, após a reforma trabalhista. ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente

poderão ser executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 608
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

em julgado da decisão que as certificou, o credor demonstrar que Assiste razão ao recorrente.

deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que

justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse Tendo em vista que o reclamante era comissionista, o Juízo de

prazo, tais obrigações do beneficiário. Primeiro Grau determinou a aplicação nos cálculos da Súmula nº

340 do TST, a qual dispõe o seguinte:

§ 5o São devidos honorários de sucumbência na reconvenção".

"COMISSIONISTA. HORAS EXTRAS (nova redação) - Res.

Considerando que o reclamado foi sucumbente quanto a alguns dos 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003

pedidos autorais e não foi reformada a sentença para afastar as

verbas deferidas, o réu deve pagar os honorários advocatícios em O empregado, sujeito a controle de horário, remunerado à base de

favor da parte autora. comissões, tem direito ao adicional de, no mínimo, 50% (cinqüenta

por cento) pelo trabalho em horas extras, calculado sobre o valor-

Ademais, considerando a complexidade da causa, o local da hora das comissões recebidas no mês, considerando-se como

prestação de serviços, o tempo exigido e o trabalho realizado pelo divisor o número de horas efetivamente trabalhadas."

advogado da parte autora, tem-se que é razoável o percentual de

10% fixado pela sentença recorrida quanto aos honorários Assim, a Súmula nº 340 do TST determina que o adicional de horas

advocatícios. extras seja calculado sobre o valor-hora das comissões recebidas.

Nega-se provimento. Frise-se que o recorrente alega de forma genérica que a perita teria

incluído outras verbas na base de cálculo, especificando apenas

que houve a inclusão do RSR na referida base de cálculo, sem

indicar expressamente em seu recurso ordinário quais seriam as

demais verbas.

Analisando-se as planilhas de cálculo, verifica-se, por amostragem,

que em relação a maio de 2015 a perita utilizou como base de

cálculo o valor de R$2.936,17, sendo que se afere do demonstrativo

de pagamento de maio de 2015 (Id. dd6a163, pág. 39), que o valor

de R$2.936,17 refere-se ao vencimento bruto do reclamante, que

engloba o valor das comissões e do RSR.

2.2.1.5.IMPUGNAÇÃO AOS CÁLCULOS. HORAS EXTRAS. BASE

DE CÁLCULO Portanto, dá-se provimento para determinar a retificação dos

cálculos para excluir o valor do RSR da base de cálculo do valor-

hora.

O reclamado alega em seu recurso ordinário que a Contadoria

integrou à base de cálculo das horas extras verbas como o RSR e

outras parcelas, em pleno desacordo com a Súmula nº 340 do TST.

2.2.1.6.IMPUGNAÇÃO AOS CÁLCULOS. HORAS EXTRAS.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 609
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

DIVISOR

2.2.1.7.IMPUGNAÇÃO AOS CÁLCULOS. HORAS EXTRAS.

ADICIONAL

O reclamado alega em seu recurso ordinário que a Contadoria

utilizou o divisor 220 para o cálculo das horas extras, mas como o

reclamante era comissionista, no cálculo das horas extras deve ser

aplicado como divisor a quantidade de horas trabalhadas no

respectivo mês, conforme a Súmula nº 340 do TST.

Assiste razão ao recorrente.

O reclamado alega em seu recurso ordinário que foram apuradas

Tendo em vista que o reclamante era comissionista, o Juízo de horas extras acrescidas de adicional, mas que é devido apenas o

Primeiro Grau determinou a aplicação nos cálculos da Súmula nº adicional de horas extras, visto que a sentença determinou a

340 do TST, a qual dispõe o seguinte: aplicação do disposto na Súmula nº 340 do TST.

"COMISSIONISTA. HORAS EXTRAS (nova redação) - Res. Assiste razão ao recorrente.

121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003

Tendo em vista que o autor era comissionista, o Juízo de Primeiro

O empregado, sujeito a controle de horário, remunerado à base de Grau determinou a aplicação nos cálculos da Súmula nº 340 do

comissões, tem direito ao adicional de, no mínimo, 50% (cinqüenta TST, a qual dispõe o seguinte:

por cento) pelo trabalho em horas extras, calculado sobre o valor-

hora das comissões recebidas no mês, considerando-se como "COMISSIONISTA. HORAS EXTRAS (nova redação) - Res.

divisor o número de horas efetivamente trabalhadas." 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003

Assim, o divisor a ser considerado é o número de horas extras O empregado, sujeito a controle de horário, remunerado à base de

efetivamente trabalhadas. comissões, tem direito ao adicional de, no mínimo, 50% (cinqüenta

por cento) pelo trabalho em horas extras, calculado sobre o valor-

Verifica-se da planilha no Id. 774f360 que a perita utilizou o divisor hora das comissões recebidas no mês, considerando-se como

de 220 no cálculo das horas extras. divisor o número de horas efetivamente trabalhadas."

Portanto, dá-se provimento para determinar que os cálculos Conforme a Súmula acima transcrita, o trabalho em sobrejornada do

deverão ser retificados quanto ao divisor 220, passando a aplicar o comissionista é pago apenas com o adicional.

divisor previsto na Súmula nº 340 do TST.

Porém, verifica-se que a sentença, embora tenha determinado a

aplicação da Súmula nº 340, deferiu o pagamento de horas extras

decorrentes de sobrejornada acrescidas do adicional de 50%.

Logo, os cálculos acompanharam a sentença ao apurar as horas

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 610
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extras mais o adicional de 50%. subtraído o valor descontado do Reclamante nos recibos de

pagamento", mas que a perita "aplica alíquota encontrada apenas

No entanto, considerando que o reclamante era comissionista, o pelos e aos valores deferidos", devendo ser retificados os cálculos.

cálculo deve ser efetuado na forma prevista na Súmula nº 340 do

TST, ou seja, o trabalho em sobrejornada do comissionista é paga Assiste razão ao recorrente.

somente com o adicional.

Conforme o manual de cálculos - 2016 do TRT da 3ª Região, a

Por oportuno, saliente-se que as horas extras decorrentes do contribuição do INSS devida pelo empregado é apurada conforme a

intervalo intrajornada não serão calculadas nos termos da Súmula seguinte metolodogia:

nº 340 do TST, visto que não se tratam de horas extras atinentes à

extrapolação da jornada do comissionista e, sim, de "As contribuições sociais a cargo do reclamante devem ser

descumprimento de intervalo intrajornada. calculadas, mês a mês, na forma do art. 20 da Lei 8212/91, art. 276,

§ 4º, do Dec. 3048/99, Súmula/TST nº 368, III e Súmula 45 do TRT-

Dá-se provimento para determinar a retificação do cálculo das horas 3ª Região.

extras decorrentes de sobrejornada, utilizando-se a metodologia de

cálculo da Súmula nº 340 do TST, ou seja, apurando-se apenas o Como é cediço, esse cálculo deve observar os salários de

adicional de horas extras. contribuição do exequente na época própria da ocorrência do débito

trabalhista, bem como as contribuições já realizadas no decorrer do

contrato de trabalho.

O salário de contribuição constitui no valor que a executada tomou

como base para recolher a contribuição previdenciária na época

própria, ou seja , o valor sobre o qual foi calculado o desconto

previdenciário efetuado no recibo salarial do exequente, mês a mês,

durante o contrato de trabalho."

Analisando-se os cálculos da perita, não se constata que tenham

sidos observadas as contribuições do empregado pagas no decurso

2.2.1.8.IMPUGNAÇÃO AOS CÁLCULOS. CONTRIBUIÇÃO do contrato de trabalho.

PREVIDENCIÁRIA DO RECLAMANTE

Dá-se provimento ao recurso ordinário para determinar a retificação

dos cálculos quanto à contribuição previdenciária cota reclamante.

O reclamado alega em seu recurso ordinário que a perita equivocou

-se na apuração da contribuição previdenciária cota reclamante,

pois é necessário fazer "a recomposição do seu Salário de

Contribuição somando esse as verbas ora deferido mês a mês, para 2.2.1.9.JUROS DE MORA SOBRE AS CONTRIBUIÇÕES

aplicação da correta alíquota, bem como para limitação do PREVIDENCIÁRIAS

recolhimento ao teto previdenciário, e posteriormente deve ser

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 611
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sobre o valor bruto acrescido de juros, mas de apuração dos juros

sobre as contribuições previdenciárias, estando correta a planilha

de cálculos no particular.

Nega-se provimento.

O reclamado alega em seu recurso ordinário que os cálculos estão

equivocados quanto à incidência de juros de mora sobre o montante

das contribuições previdenciárias e que a quantia destinada ao

INSS deve ser deduzida no crédito sem a incidência dos juros, ou

seja, do débito apenas corrigido monetariamente, pugnando pela

retificação dos cálculos de forma que "a aplicação dos juros de

mora recaia, exclusivamente, sobre as parcelas de natureza

trabalhista, expurgando-se assim os valores atinentes às 2.2.2. RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE

contribuições sociais, nos exatos termos da fundamentação, já

ecoante nos Tribunais da 23ª e 4ª Região".

Sem razão o recorrente.

O recorrente sustenta que os juros de mora não devem compor a

base de incidência das contribuições previdenciárias, mencionado a

Súmula nº 52 do TRT da 4ª Região, a qual dispõe que os juros de

mora incide sobre o valor da condenação corrigido monetariamente

após deduzida a contribuição previdenciária a cargo do reclamante,

e a Súmula nº 11 do TRT da 23ª Região, a qual dispõe que os juros

de mora incidem sobre o valor bruto da condenação corrigido

monetariamente observada a dedução prévia dos valores relativos

às contribuições previdenciárias.

Porém, o recorrente alega que "o procedimento correto a ser

adotado, é a apuração das contribuições previdenciárias sem incidir 2.2.2.1.ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA

multa e juros, procedimento este, não utilizado pelo I. Perito",

reproduzindo parte da planilha de cálculos periciais onde se

encontra o alegado erro nos cálculos.

Ocorre que o trecho da planilha reproduzido pelo reclamado não se

refere à incidência das contribuições previdenciárias sobre o valor

devido pelo reclamante acrescido de juros de mora e, sim, relaciona

-se com a apuração de juros sobre as contribuições previdenciárias

devidas, na forma da legislação pertinente ao cálculo das verbas

previdenciárias.

Esta ação foi proposta em 14/02/2019, após a reforma trabalhista. A

Não se trata, portanto, de incidência da contribuição previdenciária sentença declarou prescritas as pretensões anteriores a 14/02/2014

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e a matéria prescricional não é veiculada em sede recursal.

§ 4º O benefício da justiça gratuita será concedido à parte que

O Juízo de Primeiro Grau entendeu não estar comprovada a comprovar insuficiência de recursos para o pagamento das custas

insuficiência de recursos, conforme o documento à fl. 173, do processo".

indeferindo o benefício da gratuidade de justiça, nos termos do § 4º,

do art 790 da CLT, de acordo com a vigência da Lei n. 13.467/2017. Entende este Relator que o dispositivo em questão traz duas regras

distintas.

O reclamante renova em sede recursal o requerimento no sentido

de que lhe seja concedida a assistência judiciária gratuita e/ou a Consoante o §3º, no caso de o reclamante manter vínculo

justiça gratuita. empregatício vigente com a reclamada ou com empresa diversa e

perceber salário igual ou inferior a 40% (quarenta por cento) do

Assiste razão ao recorrente. limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência

Social, é absoluta a presunção de hipossuficiência econômica,

Note-se que o reclamante alega que "a menção à fl. 173 decorre de fazendo jus, consequentemente, ao benefício da Justiça Gratuita.

erro material, que deve ser sanado por essa E. Corte, dado não

existir nos autos página ou fl. 173". Verifica-se que a sentença Lado outro, quando o reclamante estiver desempregado ou na

menciona o documento à fl. 173 da numeração destes autos e que hipótese de perceber salário superior a 40% (quarenta por cento) do

o referido documento é o TRCT atinente ao contrato de trabalho do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência

reclamante, o qual indica que a remuneração do autor no mês Social, a comprovação da insuficiência de recursos, a teor do §4º do

anterior foi de R$4.254,99. dispositivo acima transcrito, poderá ser feita por simples declaração.

Pois bem. Com efeito, nos termos dos arts. 1º da Lei 7.115/1983 e 99, §3º do

CPC/2015, a declaração destinada a fazer prova de pobreza,

Esta ação foi proposta em 14/02/2019, após a entrada em vigor da quando firmada pelo próprio interessado ou por procurador

Lei 13.467/17 que se deu em 11/11/17. bastante, e sob as penas da Lei, presume-se verdadeira.

Este Relator entende que, em se tratando a assistência judiciária O reclamante anexou declaração de hipossuficiência no Id. ffd791f.

gratuita de instituto bifronte, as inovações da Lei n. 13.467/2017

quanto ao tema não deverão ser aplicadas aos processos já em Acrescente-se que o art. 99, §2º do CPC afirma que o juiz somente

curso, incidindo apenas em relação às novas demandas poderá indeferir o pedido se houver nos autos elementos que

(interpostas após 11/11/2017). evidenciem a falta dos pressupostos legais para a concessão da

gratuidade, não se constatando existir nos autos elementos que

Como a presente demanda foi interposta em 10/10/2018, após, afastem a presunção de ser verdadeira

portanto, a entrada em vigor da Lei 13.467/2017, motivo pelo qual

se aplicam, "in casu", as alterações legislativas trazidas com a Registre-se, ainda, que a assistência do requerente por advogado

reforma trabalhista. particular não impede a concessão da benesse (art. 99, § 4º, do

CPC).

Nesse contexto, determinam os §§3º e 4º, do art. 790 da CLT, com

a redação dada pela Lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017: Saliente-se, por fim, que o benefício da gratuidade da justiça

constitui direito fundamental, de aplicação imediata, previsto no art.

"§ 3º É facultado aos juízes, órgãos julgadores e presidentes dos 5º, inciso LXXIV, da Carta Magna, a todos os brasileiros e

tribunais do trabalho de qualquer instância conceder, a estrangeiros residentes no Brasil que comprovarem a insuficiência

requerimento ou de ofício, o benefício da justiça gratuita, inclusive de recursos.

quanto a traslados e instrumentos, àqueles que perceberem salário

igual ou inferior a 40% (quarenta por cento) do limite máximo dos Dá-se provimento para conceder ao reclamante o benefício da

benefícios do Regime Geral de Previdência Social. assistência judiciária gratuita.

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Na sessão ordinária realizada no dia 23/10/2019, o Pleno deste

Regional julgou o Incidente de Arguição de Inconstitucionalidade nº

0000453-35.2019.5.17.0000, declarando a inconstitucionalidade

parcial do §4º, do art. 791-A, da CLT.

Portanto, considerando o julgamento da matéria pelo Pleno deste

Tribunal, os autos retornaram à 1ª Turma para prosseguimento do

julgamento dos recursos ordinários interpostos pelas partes.

Assiste razão em parte ao recorrente.

2.2.2.2.EXCLUSÃO DOS HONORÁRIOS ADVOCATICIOS Conforme assinalado acima, esta ação foi proposta em 14/02/2019,

SUCUMBENCIAIS portanto sob a égide da Lei 13.467/2017 (reforma trabalhista) que

entrou em vigor em 11/11/2017.

Com o advento da Lei 13.467, de 13 de julho de 2017, foi

acrescentado à CLT o art. 791-A, autorizando a condenação na

verba honorária pela mera sucumbência, senão vejamos:

"Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão

devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5%

(cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o

valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico

Esta ação foi proposta em 14/02/2019, após a reforma trabalhista. obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado

da causa."

A sentença deferiu honorários advocatícios a razão de 10% sobre

montante final apurado em liquidação de sentença, observando-se a Quanto aos beneficiários da justiça gratuita o § 4º do art. 791-A, da

sucumbência recíproca, nos termos do art. 791-A da CLT, com a CLT assim dispõe:

redação da Lei nº 13.467/2017.

"§ 4o Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não

O reclamante recorre alegando que deve ser declarada a tenha obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos

inconstitucionalidade do art. 791-A, §4º, da CLT para fins de capazes de suportar a despesa, as obrigações decorrentes de sua

desoneração da obrigação quanto aos honorários sucumbenciais, sucumbência ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e

ou declarada a inconstitucionalidade parcial do referido dispositivo somente poderão ser executadas se, nos dois anos subsequentes

legal para que haja suspensão da exigibilidade dos honorários, ao trânsito em julgado da decisão que as certificou, o credor

sendo que, se mantidos, que seja alterada a base de cálculo dos demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de

honorários advocatícios. recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se,

passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário."

Conforme certidão no Id. 4520754, esta 1ª Turma, na sessão

ordinária realizada no dia 06/08/2019, resolveu, por unanimidade, Na hipótese, alguns dos pedidos do reclamante foram julgados

conheceu do recurso ordinário do reclamado e do recurso ordinário improcedentes, cabendo, com base no artigo acima transcrito a

do reclamante e, diante da cláusula de reserva de plenário, condenação ao pagamento de honorários advocatícios pela mera

suspender o julgamento do presente processo até a conclusão do sucumbência, não mais prevalecendo o entendimento

julgamento da inconstitucionalidade parcial suscitada no processo consubstanciado nas Súmulas n.º 219 e 329 do E. TST segundo o

nº 0000398-09.2018.5.17.0101. qual, em se tratando de conflito decorrente da relação de emprego,

os honorários advocatícios eram devidos apenas quando

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preenchidos os requisitos contidos no art. 14 da Lei n. 5.584/1970. demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de

recursos que fundamentou a concessão da gratuidade, extinguindo-

Assinale-se que os honorários advocatícios incidem sobre o valor se, passado esse prazo, tal obrigação do beneficiário.

que resultar da liquidação ou do proveito econômico obtido,

conforme o art. 791-A da CLT, de forma que não se acolhe a Dá-se provimento em parte para determinar que a verba honorária

alegação autoral de que a verba honorária deve incidir apenas devida pelo autor fique sob condição suspensiva de exigibilidade,

sobre parcelas não alimentares ou limitada a até 30% do valor que podendo ser executada se, nos dois anos subsequentes ao trânsito

exceder ao teto do Regime Geral de Previdência Social. em julgado que a certificou, o credor demonstrar que deixou de

existir a situação de insuficiência de recursos que fundamentou a

Ademais, os valores articulados na inicial pelo reclamante quanto concessão da gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tal

aos pedidos não acolhidos, ainda que estimados, deverão ser obrigação do beneficiário.

utilizados no cálculo dos honorários advocatícios de sucumbência.

Por outro lado, o reclamante é beneficiário da assistência judiciária

gratuita e, nesse caso, pela redação do § 4º do art. 791-A da CLT,

as obrigações decorrentes da sucumbência ficarão sob condição

suspensiva ou seus valores serão compensadas com eventuais

créditos obtidos em juízo.

Registre-se que o Pleno deste Regional, em recente decisão

prolatada nos autos da Arguição de Inconstitucionalidade nº

0000453-35.2019.5.17.0000, declarou a inconstitucionalidade

parcial do §4º do art. 791-A da CLT, conforme se depreende da 2.2.2.3.INAPLICABILIDADE DA SÚMULA 340 DO TST

ementa ora transcrita:

"ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. HONORÁRIOS

ADVOCATÍCIOS. ARTIGO 791-A, § 4º, DA CLT. Declara-se a

inconstitucionalidade parcial do § 4º, do artigo 791-A, da CLT

somente quanto ao trecho: "desde que não tenha obtido em juízo,

ainda que outro processo, créditos capazes de suportar a despesa",

no sentido de que não se possa atingir os créditos deferidos ao

beneficiário da justiça gratuita, ainda que em outro processo, mas

tão somente que a verba honorária fique sob condição suspensiva

de exigibilidade, podendo ser executada, se nos 2 (anos) O Juízo de Primeiro Grau considerou ser aplicável ao autor o teor

subseqüentes ao trânsito em julgado da decisão que a certificou, o da Súmula nº 340 do TST "uma vez que o próprio obreiro confessa

credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência em sua inicial que era comissionista puro, afastando-se a tese

de recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo- autoral no sentido de que sua jornada e sua forma de remuneração

se, passado esse prazo, tal obrigação do beneficiário". o excluem da aplicação da mencionada súmula".

Portanto, como o reclamante é beneficiário da assistência judiciária O reclamante recorre requerendo a reforma da sentença para

gratuita e tendo em vista o entendimento adotado pelo Pleno deste excluir a aplicação da Súmula nº 340 do TST.

Regional nos autos da Arguição de Inconstitucionalidade nº

0000453-35.2019.5.17.0000, deve ser determinado que a verba Sem razão o recorrente.

honorária devida pelo autor fique sob condição suspensiva de

exigibilidade, podendo ser executada se, nos dois anos A Súmula nº 340 do TST tem a seguinte redação:

subsequentes ao trânsito em julgado que a certificou, o credor

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"COMISSIONISTA. HORAS EXTRAS (nova redação) - Res.

121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 Note-se que o reclamante era comissionista, conforme as fichas

financeiras no Id. 47db3a1.

O empregado, sujeito a controle de horário, remunerado à base de

comissões, tem direito ao adicional de, no mínimo, 50% (cinqüenta O reclamante sustenta que não realizava exclusivamente vendas,

por cento) pelo trabalho em horas extras, calculado sobre o valor- pois executava outras atividades como carregamento de veículo

hora das comissões recebidas no mês, considerando-se como com produtos, cobrança de cheques e faturas vencidas, realização

divisor o número de horas efetivamente trabalhadas." de depósito dos valores arrecadados com as vendas, cumprimento

de roteiro, arrumação de mercadorias nas gôndolas e display's,

O entendimento adotado na Súmula nº 340 tem como fundamento fixação de cartazes e outras tarefas, não realizando vendas e

que o empregado, ao realizar horas extras, esteja recebendo ganhando comissões ao realizar as referidas tarefas.

comissão pelas vendas efetuadas.

Analisando-se a prova oral, verifica-se que o vendedor no ponto de

O reclamante alega o seguinte em seu recurso ordinário: venda tinha que arrumar e limpar o display, fazer a trocar de

produtos vencidos, colar propaganda e fazer a rotação preventiva

"A Súmula nº 340 do TST traça diretrizes para o pagamento de do produto fazia limpeza de display, fazia rotação preventiva do

horas extras ao empregado comissionista que extrapola sua produto e colava cartazes de propaganda. Ora, estas tarefas se

jornada, pelo que estipula o pagamento de 50% (cinquenta por incluem nas atividades habituais de um vendedor externo, pois não

cento) da hora normal pelo tempo excedido de sua jornada. Estão se compreende que um vendedor externo não fizesse a troca de

claros o raciocínio e a intenção do TST ao editar a referida súmula, produtos vencidos, limpasse o display ou não colocasse

uma vez que, se de um lado o empregado está trabalhando em propaganda.

jornada excessiva, de outro lado estará recebendo as comissões

pelas vendas que efetivar durante esse tempo despendido. A testemunha do reclamante, Julio, afirmou que fazia depósitos

Portanto, o trabalho efetuado em jornada extra também lhe traz bancários, mas em se tratando de vendedor externo, que cumpre

benefício. Por esse motivo, o texto da norma em comento se afigura um roteiro, também é razoável que este deposite o dinheiro

razoável, pois o valor do trabalho extraordinário já estará sendo arrecadado dos clientes no banco em vez de ficar dirigindo todo o

pago, na medida em que o empregado estiver recebendo as dia na posse dos valores recebidos.

comissões pelas vendas efetuadas durante esse período."

Quanto à atividade de carregamento do caminhão, a testemunha do

Porém, em seguida, o reclamante alega o seguinte: reclamado, Erandi, afirmou que isso ocorria apenas um sábado por

mês, e embora a testemunha do autor, Julio, tenha afirmado que

"O artigo 61, § 2º, da CLT, bem como a norma insculpida na carregava de duas a três vezes por semana, ele também afirmou

Constituição da República de 1988, em seu artigo 7º, inciso XVI, que seu horário de trabalho em média começava às 06h00/06h30 e

preveem o pagamento da hora extraordinária acrescida de, no que o primeira visita era às 06h20/07h00, o que demonstra que o

mínimo, 50%. Portanto, se afigura até mesmo inconstitucional o carregamento durava apenas alguns minutos, pois não se

verbete sumular em comento." compreende como o vendedor poderia entrar às 06h00/06h30,

carregar o caminhão, dirigir-se ao primeiro ponto de venda e

Se o texto da Súmula nº 340 do TST se afigura razoável, conforme começar a visita ao cliente às 06h20. Trata-se, assim, de tarefa que

sustenta inicialmente o reclamante, não se compreende que o seu demandava somente alguns minutos quando realizada de segunda

teor seria inconstitucional, conforme sustentado depois pelo a sexta e apenas uma vez por mês.

reclamante.

Dessa forma, a atividade preponderante do reclamante era a de

Ressalte-se que as Súmulas limitam-se a consolidar o entendimento vendedor externo e as horas extras eram gastas no cumprimento do

reiteradamente afirmado nos Tribunais quanto a determinado tema, roteiro, com o fechamento de negócios com os clientes e a

não existindo fundamento legal para a arguição de consequente percepção de comissões.

inconstitucionalidade da Súmula nº 340 do TST.

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Logo, a Súmula nº 340 do TST deve ser aplicada ao cálculo das

horas extras no caso em tela. Antes de adentrar no mérito, faz-se necessário analisar a aplicação

do direito material no tempo.

Nega-se provimento.

Não há dúvida de que os contratos firmados sob a égide da nova

Lei a ela se submetem, havendo, por sua vez, grande celeuma

acerca da aplicação aos contratos em curso.

Uma parte dos estudiosos tem entendido que somente serão

aplicáveis as novas regras de direito material aos contratos de

trabalho em curso por mútuo consentimento das partes, mediante

celebração de termo aditivo.

Outra parte, partindo do pressuposto de que o contrato de trabalho

consiste em uma espécie de avença de trato sucessivo, defende

2.2.2.4.INTERVALO INTRAJORNADA. MAJORAÇÃO que a lei nova deva ser aplicada a partir de sua vigência também

aos contratos em curso, devendo ser respeitados, contudo, os

direitos adquiridos e os atos já praticados. Foi essa a tese adotada

pela AGU/MTB no Parecer 00248/2018/CONJUR-MTB/CGU/AGU,

publicado no DOU de 15/05/2018.

Este Relator, contudo, filia-se a uma terceira corrente, que sustenta

que, tendo em vista o princípio da proteção, que tem como pilares a

condição mais benéfica, a norma mais favorável e o princípio "in

dubio pro operario", a nova legislação incide apenas sobre os novos

contratos de trabalho firmados após 11/11/2017.

Esta ação foi proposta em 14/02/2019, após a reforma trabalhista. A

sentença declarou prescritas as pretensões anteriores a 14/02/2014 Aliás, a Constituição da República impõe o respeito da lei nova ao

e a matéria prescricional não é veiculada em sede recursal. direito adquirido, ao ato jurídico perfeito e à coisa julgada,

consagrando também, na mesma linha, o princípio da

O reclamante alegou na inicial que foi admitido como vendedor progressividade e o princípio da irredutibilidade salarial.

externo em 02/12/2011 e dispensado em 05/06/2018.

Registra-se, ainda, que a ANAMATRA, em Nota de Esclarecimento

O Juízo de Primeiro Grau entendeu que o reclamante gozava de acerca do Parecer 00248/2018/CONJUR-MTB/CGU/AGU, defendeu

apenas vinte minutos de intervalo intrajornada, condenando o réu a independência técnica dos juízes do trabalho no tocante à

no pagamento de quarenta minutos extras diários, com base no art. aplicabilidade da Reforma Trabalhista e esclareceu que, em

71, §4º, da CLT, mais reflexos. Assembléia Geral Ordinária (reunida por ocasião do 19º Congresso

Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho), foi aprovada

O reclamado recorre alegando que tem o direito de receber o tese no sentido de que "com a caducidade da Medida Provisória n.

intervalo integral em todo o contrato de trabalho, sendo que o art. 808/2017, diante da perda de eficácia de seu art. 2º, os preceitos

71, §4º, da CLT, com a redação dada pela Lei nº 13.467/2017, que jurídico-materiais da reforma trabalhista aplicam-se apenas aos

determina o pagamento, de natureza indenizatória, apenas do contratos individuais de trabalho celebrados a partir de 11/11/2017".

período suprimido do intervalo intrajornada, não se aplica aos

contratos vigentes em 11/11/2017. Feitas essas considerações, verifica-se que o contrato de trabalho

do reclamante foi celebrado em 02/12/2011, porquanto não é o caso

Assiste razão ao recorrente. de aplicar as mudanças introduzidas pela Lei n. 13.467/2017 (a

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chamada "Reforma Trabalhista"), uma vez que as regras de direito Com efeito, verifica-se que às horas extras fictas decorrentes da

material da novel legislação incidem tão somente sobre os contratos não concessão ou da concessão irregular do intervalo intrajornada

de trabalho pactuados a partir da vigência da lei em questão, a aplica-se o pagamento total do período correspondente e não

saber, 11/11/2017. apenas daquele suprimido e o pagamento deve ser acrescido do

adicional legal de pelo menos 50% sobre o valor da hora normal de

Ultrapassada essa questão de direito intertemporal, passa-se à trabalho.

análise das razões recursais no tocante ao mérito propriamente dito.

Dessa forma, ainda que verificado o gozo parcial do intervalo

O art. 71, "caput", da CLT, estabelece o seguinte: intrajornada, é devido ao autor a totalidade do período, isto é, uma

hora extra por dia.

"Art. 71 - Em qualquer trabalho contínuo, cuja duração exceda de 6

(seis) horas, é obrigatória a concessão de um intervalo para Dá-se provimento para majorar a condenação atinente ao intervalo

repouso ou alimentação, o qual será, no mínimo, de 1 (uma) hora e, intrajornada não usufruído integralmente de quarenta minutos

salvo acordo escrito ou contrato coletivo em contrário, não poderá diários extras para uma hora extra diária.

exceder de 2 (duas) horas."

E a Súmula n. 437 do TST veio pormenorizar o regramento das

horas extras devidas pela supressão parcial do intervalo

intrajornada, "in verbis":

"INTERVALO INTRAJORNADA PARA REPOUSO E

ALIMENTAÇÃO. APLICAÇÃO DO ART. 71 DA CLT

I - Após a edição da Lei nº 8.923/94, a não-concessão ou a

concessão parcial do intervalo intrajornada mínimo, para repouso e

alimentação, a empregados urbanos e rurais, implica o pagamento 2.2.2.5.FÉRIAS EM DOBRO

total do período correspondente, e não apenas daquele suprimido,

com acréscimo de, no mínimo, 50% sobre o valor da remuneração

da hora normal de trabalho (art. 71 da CLT), sem prejuízo do

cômputo da efetiva jornada de labor para efeito de remuneração.

[...]

III - Possui natureza salarial a parcela prevista no art. 71, § 4º, da

CLT, com redação introduzida pela Lei nº 8.923, de 27 de julho de

1994, quando não concedido ou reduzido pelo empregador o

intervalo mínimo intrajornada para repouso e alimentação, O reclamante alegou na inicial que a empresa reclamada obrigava a

repercutindo, assim, no cálculo de outras parcelas salariais. todos os vendedores a vender 10 dias do período de férias e que

desde as primeiras férias em 2011/2012, somente gozou 20 dias de

IV - Ultrapassada habitualmente a jornada de seis horas de férias, postulando a condenação do réu a pagar as férias em dobro,

trabalho, é devido o gozo do intervalo intrajornada mínimo de uma acrescidas de um terço.

hora, obrigando o empregador a remunerar o período para

descanso e alimentação não usufruído como extra, acrescido do Tendo o Juízo de Primeiro Grau julgado improcedente o pedido, o

respectivo adicional, na forma prevista no art. 71, caput e § 4º da reclamante busca a reforma da sentença para que lhe sejam

CLT." deferidas as férias em dobro.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 618
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Sem razão o recorrente.

O Juízo de Primeiro Grau determinou que fossem efetuados os

A testemunha do reclamante, Julio, afirmou que os vendedores descontos previdenciários, conforme a Lei nº 8.212/1991.

tinham a obrigação de trabalhar vinte dias e vender dez dias de

férias, porém, em seguida afirmou que após se informar sobre seus O reclamante recorre alegando que o réu deve responder pelo

direitos, conversou com o gerente e disse que queria tirar trinta dias pagamento dos descontos previdenciários.

de férias, sendo que após a conversa com o gerente, tirou umas

seis férias de trinta dias. Assiste razão ao recorrente.

A testemunha do reclamado, Erandi, afirmou que não há obrigação Os descontos previdenciários deverão ser apurados na forma do

de vender dez dias de férias, que a empresa não faz pressão para item III do enunciado sumular nº 368 do E. TST, deduzindo-se do

gozar apenas vinte dias de férias e que nos cinco anos em que autor somente os valores históricos, pois não há como imputar ao

trabalha para o reclamando sempre tirou trinta dias de férias. Reclamante o pagamento de multa, correção monetária e juros de

mora.

Logo, a testemunha do autor afirmou que havia obrigação de vender

dez dias de férias, mas que após conversar com o gerente, passou A respeito, este E. Regional editou o enunciado sumular n. 17, "in

a gozar férias de trinta dias, além da testemunha do réu ter afirmado verbis":

que não havia obrigação de vender dez dias de férias e que sempre

gozou de férias de trinta dias. "Contribuição previdenciária. No tocante às contribuições

previdenciárias decorrentes de créditos reconhecidos em sentença,

Portanto, não restou demonstrado que havia obrigação dos nos termos do art. 20, da Lei 8.212/91, deve o Reclamante arcar

vendedores venderem dez dias de férias, de forma que não há falar somente com o pagamento da contribuição previdenciária em seus

em pagamento em dobro das férias.. valores históricos, ficando a cargo da empresa o pagamento de

juros, atualização monetária e multas."

Nega-se provimento.

Assim sendo, cabe ao reclamante responder pelos recolhimentos

previdenciários no tocante aos valores históricos, e ao reclamado

pelos juros, correção monetária e multas.

Dá-se provimento para determinar que tocará ao reclamante

responder pelos recolhimentos previdenciários no tocante aos

valores históricos e ao reclamado responder pelos juros, correção

monetária e multas.

2.2.2.6.DESCONTOS PREVIDENCIÁRIOS

2.2.2.7.DESCONTOS FISCAIS

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O reclamante alega em seu recurso ordinário que os cálculos da

O Juízo de Primeiro Grau determinou que fossem efetuados os perita estariam equivocados quanto à apuração das horas extras.

descontos fiscais, em conformidade com a Lei nº 8.541/1992.

Assiste razão em parte ao recorrente.

O reclamante recorre alegando que o réu deve responder pelo

pagamento do imposto de renda. O recorrente aduz que os cálculos estão equivocados em razão de

ter a perita utilizado o divisor 220. Note-se que foi dado provimento

Assiste razão ao recorrente. ao recurso do reclamado para determinar que, em vez do divisor

220, seja aplicado o divisor previsto na Súmula nº 340 do TST.

Este Relator entende que as deduções fiscais, a incidirem sobre as

verbas reconhecidas em Juízo, devem ser indenizadas pelo réu. O reclamante alega que está incorreto o cálculo de horas extras em

feriados, porque a perita só considerou as horas extras além da 8ª

Isso porque o réu deixou de cumprir as suas obrigações no diária, quando na verdade o número de horas extras deveria ser o

momento oportuno, levando o trabalhador a procurar a tutela total trabalhado no dia.

jurisdicional para a realização plena dos seus direitos.

Por amostragem, em relação ao feriado de 01/05/2017, a perita

Com espeque nos artigos 186 c/c 927, ambos do Código Civil, o assinalou que a jornada trabalhada foi das 06h00 às 15h00, tendo

infrator deve ser responsabilizado pela reparação do dano nos apurado apenas uma hora extra. Porém, verifica-se que a sentença

casos em que age de forma negligente, hipótese que se amolda ao condenou o réu no pagamento de horas extras a partir da oitava

caso em apreço, porquanto o reclamado não promoveu o diária, com o pagamento de adicional de 100% quanto aos feriados.

recolhimento do imposto devido em época própria. Assim, os cálculos periciais observaram a sentença.

Dá-se provimento para determinar que o réu deve indenizar o Contudo, o pedido deduzido na inicial é que todas as horas

reclamante no tocante aos descontos fiscais. trabalhadas nos feriados fossem pagas em dobro. Ora,

considerando que o trabalho ocorreu no feriado, as horas

trabalhadas devem ser pagas em dobro, devendo os cálculos serem

retificados no particular.

O recorrente também alega que os valores relativos ao número de

horas extras semanais estão incorretos, uma vez que a perita

considerou como se o sábado tivesse que ser trabalhado por 8h00 e

não 4h00.

Analisando-se os cálculos constata-se que a perita assinalou as

jornadas nos sábados como sendo das 06h00 às 15h00, tendo

2.2.2.8.APURAÇÃO DE HORAS EXTRAS apurado apenas uma hora extra. Ocorre que foram deferidas horas

a partir da oitava diária e da quadragésima quarta semanal. Logo,

impõe-se a retificação dos cálculos em relação aos sábados devem

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ser computadas as horas extras a partir da quarta hora diária

trabalhada.

O reclamado ainda sustenta que a perita não transcreveu os

minutos apurados das horas extras para a planilha de cálculo dos

valores e com isso o valor devido ficou menor, além da perita ter

apurado 26,80 horas extras a 50% por semana, quando o correto

seriam 30,50 horas.

Quanto à apuração na quantidade de horas extras por semana,

verifica-se que as diferenças decorrem da perita ter apurado as

horas extras trabalhadas nos sábados a partir da oitava hora, já

tendo sido determinada a retificação dos cálculos acima quanto à

referida apuração.

Quanto aos minutos, verifica-se que a perita não transcreveu os

minutos apurados das horas extras, pois, por amostragem, em

relação a março de 2014 apontou a quantidade de "108,00" horas

extras, enquanto que na planilha de apuração de horas extras havia Acordam os Magistrados da 1ª Turma do Tribunal Regional do

indicado a quantidade de "108:20" quanto às horas extras. Portanto, Trabalho da 17ª Região, na Sessão Ordinária realizada no dia 03 de

devem ser retificados os cálculos para que sejam observados os dezembro de 2019, às 13 horas e 30 minutos, sob a Presidência do

minutos constantes na planilha de horas extras apuradas. Exmo. Desembargador Cláudio Armando Couce de Menezes, com

a participação do Exmo. Desembargador Mário Ribeiro Cantarino

Portanto, dá-se provimento em parte para determinar que o Neto e do Exmo. Desembargador José Carlos Rizk, e presente o

adicional de horas extras de 100% deve incidir em relação a todas Procurador Regional do Trabalho, Dr. Levi Scatolin; por

as horas trabalhadas nos feriados, que em relação aos sábados unanimidade, conhecer do recurso ordinário da ré e conhecer do

deve ser calculado o adicional de hora extras de 50% a partir da recurso ordinário do reclamante; no mérito, por maioria, dar

quarta hora trabalhada e que devem ser observados os minutos provimento em parte ao recurso ordinário do reclamado para

constantes na planilha de horas extras apuradas. determinar a retificação dos cálculos para excluir o valor do RSR da

base de cálculo do valor-hora; determinar que os cálculos deverão

ser retificados quanto ao divisor 220, passando a aplicar o divisor

previsto na Súmula nº 340 do TST; determinar a retificação do

cálculo das horas extras decorrentes de sobrejornada, utilizando-se

a metodologia de cálculo da Súmula nº 340 do TST, ou seja,

apurando-se apenas o adicional de horas extras; e determinar a

retificação dos cálculos quanto à contribuição previdenciária cota

reclamante; e, dar provimento em parte ao recurso ordinário do

reclamante para conceder ao autor o benefício da assistência

judiciária gratuita; determinar que a verba honorária devida pelo

autor fique sob condição suspensiva de exigibilidade, podendo ser

executada se, nos dois anos subsequentes ao trânsito em julgado

que a certificou, o credor demonstrar que deixou de existir a

situação de insuficiência de recursos que fundamentou a concessão

da gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tal obrigação do

beneficiário; majorar a condenação atinente ao intervalo

3. ACÓRDÃO intrajornada não usufruído integralmente de quarenta minutos

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Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

diários extras para uma hora extra diária, determinar que tocará ao

reclamante responder pelos recolhimentos previdenciários no

tocante aos valores históricos e ao reclamado responder pelos

juros, correção monetária e multas; determinar que o réu deve

indenizar o reclamante no tocante aos descontos fiscais; e

determinar que o adicional de horas extras de 100% deve incidir em

relação a todas as horas trabalhadas nos feriados, que em relação

aos sábados deve ser calculado o adicional de hora extras de 50% Acórdão
Processo Nº ROT-0000133-70.2019.5.17.0004
a partir da quarta hora trabalhada e que devem ser observados os Relator JOSE CARLOS RIZK
minutos constantes na planilha de horas extras apuradas. RECORRENTE MAIKON DURAES DE SOUZA
ADVOGADO BRUNO VERONESI PESTANA(OAB:
Considerando que foi dado provimento em parte ao recurso do 16598/ES)
reclamado para determinar a retificação dos cálculos e que foi dado RECORRENTE PEPSICO DO BRASIL LTDA
ADVOGADO ALEXANDRE LAURIA DUTRA(OAB:
provimento em parte ao recurso do reclamante para majorar a 157840/SP)
condenação no intervalo intrajornada e retificar os cálculos das RECORRIDO PEPSICO DO BRASIL LTDA
ADVOGADO ALEXANDRE LAURIA DUTRA(OAB:
horas extras, fixa-se o novo valor da condenação em R$240.000,00 157840/SP)
(duzentos e quarenta mil reais) e custas de R$4.800,00 (quatro mil RECORRIDO MAIKON DURAES DE SOUZA
ADVOGADO BRUNO VERONESI PESTANA(OAB:
e oitocentos reais), pelo reclamado. Vencido, no tocante à 16598/ES)
assistência judiciária gratuita, ao intervalo intrajornada, aos PERITO SAMARA SILVA PEREIRA

descontos fiscais e quanto à apuração das horas extras, o Exmo.


Intimado(s)/Citado(s):
Desembargador Mário Ribeiro Cantarino Neto. - PEPSICO DO BRASIL LTDA

PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA DO TRABALHO

PROCESSO nº 0000133-70.2019.5.17.0004 (ROT)

RECORRENTES: PEPSICO DO BRASIL LTDA; MAIKON

DURAES DE SOUZA

DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK RECORRIDOS: PEPSICO DO BRASIL LTDA; MAIKON DURAES

DE SOUZA
Relator

ORIGEM: 4ª VARA DO TRABALHO DE VITÓRIA - ES

RELATOR: DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK

COMPETÊNCIA: 1ª TURMA

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Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Esta ação foi proposta em 14/02/2019, após a reforma trabalhista. A

sentença declarou prescritas as pretensões anteriores a 14/02/2014

e a matéria prescricional não é veiculada em sede recursal.

Maikon Durães de Souza ajuizou reclamação trabalhista em face de

Pepsico do Brasil Ltda, alegando que foi admitido como vendedor

externo em 02/12/2011 e dispensado em 05/06/2018, postulando a

EMENTA condenação do réu no pagamento das horas extras a partir da

oitava diária e quadragésima quarta semanal mais reflexos, dobra

dos feriados, intervalo intrajornada, férias em dobro, parcelas fiscais

e previdenciárias e honorários advocatícios de 15%.

A sentença no Id. 8e80aa1 declarou prescritas as pretensões

anteriores a 14/02/2014 e julgou procedentes em parte os pedidos,

condenando o reclamado no pagamento de horas extras

excedentes à oitava diária e quadragésima quarta semanal, horas

RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMADO. VENDEDOR extras de feriados em dobro, quarenta minutos extras quanto ao

EXTERNO. ART. 62, I, DA CLT. Verificando-se que o reclamado intervalo intrajornada gozado parcialmente e honorários

tinha meios de controlar a jornada do reclamante e efetivamente advocatícios de 10%, observando-se a sucumbência recíproca.

fiscalizava o cumprimento da jornada do autor, não se aplica ao

caso em tela o disposto no art. 62, inciso I, da CLT. Recurso ordinário do reclamado no Id. 8271886, buscando a

reforma da sentença para excluir as parcelas deferidas e

RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE. JORNADA impugnando os cálculos que acompanham a sentença.

INTERJORNADA. MAJORAÇÃO DA CONDENAÇÃO. Ainda que

verificado que o reclamante gozava de apenas vinte minutos do Recurso ordinário do reclamante no Id. ae36fc7, alegando a

intervalo intrajornada, é devido ao autor a totalidade do período, isto inconstitucionalidade da reforma trabalhista quanto aos honorários

é, uma hora extra por dia, e não apenas dos quarenta minutos advocatícios sucumbenciais e requendo seja deferida a assistência

diários extras deferidos pela sentença recorrida. judiciária gratuita e reformada a sentença quanto aos pleitos

julgados improcedentes, impugnando os cálculos que acompanham

a sentença.

O autor apresentou contrarrazões no Id. 03c0fc7, requerendo seja

desprovido o recurso do réu.

O réu apresentou contrarrazões no Id. 194cbb0, requerendo seja

negado provimento ao recurso do autor.

1. RELATÓRIO Conforme certidão no Id. 4520754, esta 1ª Turma, na sessão

ordinária realizada no dia 06/08/2019, resolveu, por unanimidade,

conheceu do recurso ordinário do reclamado e do recurso ordinário

do reclamante e, diante da cláusula de reserva de plenário,

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 623
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

suspender o julgamento do presente processo até a conclusão do

julgamento da inconstitucionalidade parcial suscitada no processo

nº 0000398-09.2018.5.17.0101.

Na sessão ordinária realizada no dia 23/10/2019, o Pleno deste

Regional julgou o Incidente de Arguição de Inconstitucionalidade nº

0000453-35.2019.5.17.0000, declarando a inconstitucionalidade

parcial do §4º, do art. 791-A, da CLT.

Assim, considerando o julgamento da matéria pelo Pleno deste Conhece-se do recurso ordinário da ré e conhece-se do recurso

Tribunal, os autos retornaram à 1ª Turma para prosseguimento do ordinário do reclamante, porquanto preenchidos os pressupostos

julgamento dos recursos ordinários interpostos pelas partes. legais de admissibilidade.

É o relatório.

2. FUNDAMENTAÇÃO

2.1. CONHECIMENTO

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Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

2.2. MÉRITO Esta ação foi proposta em 14/02/2019, após a reforma trabalhista. A

sentença declarou prescritas as pretensões anteriores a 14/02/2014

e a matéria prescricional não é veiculada em sede recursal.

O reclamante alegou na inicial que foi admitido pela Pepsico do

Brasil Ltda como vendedor externo em 02/12/2011 e dispensado em

05/06/2018, tendo trabalhado sob constante fiscalização e controle

de jornada, pois havia determinação para carregar o veículo às

06h00, reuniões semanal aos sábados, telefonemas, cumprimento

de rota pré-fixada, fiscalização do gerente de vendas que andava na

rota do autor, depósitos dos valores arrecadados nas vendas e a

utilização do sistema VAPEC, que indicava os horários de

atendimento aos clientes.

O reclamante aduziu que trabalhava de segunda a sábados,

começando as 06h00 nos dias em que havia carregamento no

galpão da empresa (duas vezes por semana) e às 06h30 nos

2.2.1. RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMADO demais dias, encerrando o serviço às 20h00, trabalhando no sábado

das 06h00 às 14h30, além de trabalhar em todos os feriados, com

exceção do natal e ano novo.

O reclamante postulou a condenação do reclamado no pagamento

das horas extras excedentes à oitava hora e quadragésima quarta

semanal mais reflexos e o pagamento das horas trabalhadas nos

feriados com adicional de 100% mais reflexos.

O reclamado alegou em contestação que o reclamante foi

contratado para exercer a função de vendedor, sem pré-fixação da

jornada, inserindo-se na previsão contida no art. 62, inciso I, da

CLT, jamais tendo controlado a jornada do reclamante, sendo ele

dono do seu próprio tempo, possuindo liberdade para terminar o

expediente mais cedo, sem dar qualquer satisfação ao empregador,

não tendo sido imposto ao trabalhador um número de visitas diários

ou roteiro determinado, sendo perfeitamente viável o cumprimento

2.2.1.1.HORAS EXTRAS E REFLEXOS. VENDEDOR EXTERNO. das atividades dentro da jornada de quarenta e quatro hora

CONTROLE DA JORNADA. FERIADOS semanais.

O Juízo de Primeiro Grau entendeu que o reclamado exercia pelo

controle da jornada do reclamante e que estava comprovado que o

autor laborava de segunda a sexta das 06h30 às 20h00, em média,

e aos sábados das 06h00 às 15h00, além de feriados, com exceção

do natal e ano novo, das 06h00 às 15h00, fazendo jus o reclamante

às horas extras excedentes à oitava diária e à quadragésima quarta

semanal, com adicional de 50% em dias normais e de 100% aos

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 625
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feriados, mais reflexos. roteiro, que apenas com a autorização do gerente era possível

alterar a sequência do roteiro, que se não cumpria o roteiro era

O reclamado alega em seu recurso ordinário que o reclamante cobrado pelo gerente, que os vendedores utilizavam o sistema

exercia típica atividade externa, sem qualquer tipo de controle de VAPEC, que o sistema VAPEC mostrava quando iniciava o

horário, estando inserido na previsão do art. 62, inciso I, da CLT, e atendimento ao cliente e quando terminava, que tinha de transmitir

que não é crível a jornada de trabalho acolhida na sentença, além os dados para a empresa duas a três vezes por dia, que tinha de

do autor não informar em quais feriados efetivamente laborou, fazer o carregamento no galpão do reclamado, que o horário do

devendo ser excluídas as horas extras deferidas pela sentença. carregamento era às 06h00, que a empresa determinava o horário

do carregamento e não podia ser outro horário, que tinha trabalho

Sem razão o recorrente. aos sábados às 06h00, que no sábado tinha reunião após o

carregamento, que a reunião no sábado era em média após o

A exceção prevista no art. 62, I, da CLT, aplica-se aos casos em carregamento, que carregava no sábado até às 12h00/13h00, que a

que, pela natureza das atividades atribuídas ao empregado, este reunião no sábado era após todos os veículos estarem carregados,

não se encontra sujeito a jornada de trabalho, ante a que depois da reunião no sábado havia necessidade de fazer roteiro

impossibilidade de controlar seus horários, pelo fato de possuir para atender os clientes não atendidos na semana, que era preciso

afazeres externos, sendo difícil verificar qual o tempo efetivamente terminar este atendimento, que abria novos clientes no sábados,

à disposição do empregador. que tinha metas de abertura mensal e em finais de semana, que o

gerente telefonava para os vendedores todos os dias e ainda mais

No caso em tela, na condição de vendedor externo, o reclamante se o vendedor não cumprisse as metas, que o seu horário de

desenvolvia atividade externa. trabalho em média era das 06h00/06h30 e terminava às

19h00/19h30, que dependendo do dia e da distância o horário podia

Contudo, não basta que o trabalho seja realizado externamente, ir até às 20h00/20h30, que o primeiro ponto de venda era as

devendo restar igualmente caracterizada a impossibilidade de 06h20/07h00, que carregava duas a três vezes por semana, que

controle da jornada diária realizada pelo empregado. Ou seja, há tinha trabalho nos feriados com exceção do natal e ano novo, que

dois fatores para o enquadramento do empregado nessa exceção, nos feriados tinha meta para bater no dia, que era obrigado a

quais sejam: a realização de atividade externa e a incompatibilidade trabalhar no feriado, que para alterar o roteiro precisava falar com o

de fiscalização do horário de trabalho. gestor, que o vendedor fazia a rota conforme determinado até o

último cliente, que tinha de atender todos os clientes, que devia

Nesse sentido, mesmo na hipótese de realização de atividade insistir com o cliente e até implorar para que ele comprasse ao

externa, se fiscalizado ou controlado o horário de trabalho, por menos um pacote para completar a meta de 100%, só em casos de

qualquer meio, o trabalhador terá direito à limitação da jornada. necessidade médica conseguiu sair mais cedo, que precisava

comunicar à empresa antes de ir ao médico, que no dia seguinte

Restou demonstrado nos autos que a ré exercia a fiscalização do tinha que se esforçar para cobrir o prejuízo decorrente da rota

horário de trabalho do autor. parada, que só conseguir resolver assuntos pessoais na rua com

autorização, que muitas vezes não conseguia autorização da

O reclamante afirmou em seu depoimento pessoal que havia empresa e era obrigado a deixar em segundo plano os assuntos

controle de jornada, o qual era realizado pela empresa através do pessoais e que trabalhava todos os sábados.

roteiro e do coletor (instrumento usado para os vendedores para

fazerem os pedidos), não podendo fazer o seu próprio horário. Extrai-se do depoimento da primeira testemunha do reclamante,

Julio, que havia um roteiro pré-fixado pela empresa e que o gerente

A primeira testemunha do reclamante, Julio, afirmou que havia do réu fiscalizava o cumprimento do roteiro, através de telefonemas

roteiro para ser cumprido, que a empresa determinava o roteiro, que e acompanhamento na rota, além do vendedor se utilizar do sistema

era obrigatório cumprir o roteiro, que o gerente de vendas VAPAC, que mostrava os horários em que o vendedor atendia o

fiscalizava o cumprimento do roteiro diariamente, que o gerente de cliente, sendo que o horário de trabalho era em média das

vendas também andava pela rotar para verificar a execução dos 06h00/06h30 até às 19h00/19h30, de segunda a sexta, além de

serviços, que em média havia vinte a vinte e cinco clientes no haver trabalho aos sábados e feriados, com exceção do natal e ano

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novo. Assinale-se que a primeira testemunha do reclamado, Erandi,

afirmou que havia uma média de vinte clientes na sua rota, que não

A primeira testemunha do reclamado, Erandi, afirmou que seu é obrigatório visitar vinte clientes por dia e que pode decidir a

trabalho é externo, que não existe controle de jornada e é ele quem sequência das visitas ao cliente, porém também afirmou que meta

faz o seu horário. Porém, esta testemunha também afirmou que de positivação é um número a atingir em clientes, que positivar o

existe uma rota estabelecida pela empresa com um número de cliente é visitar o cliente e que a meta era de 80% do roteiro. Esta

clientes a ser atendido, que o VAPEC é um programa que existe no testemunha afirmou que não era obrigatório visitar o roteiro inteiro,

coletor (instrumento utilizado pelo vendedor para fazer os pedidos), que não era obrigatório bater a meta e que não viu ninguém ser

que ao atender o cliente o vendedor informa o horário em que foi penalizado por não bater a meta, mas afirmou ainda que a

tirada a nota, que toda nota tem o horário de atendimento ao cliente, recomendação da empresa era que os vendedores fizessem os

que transmitia dados ao meio dia e no final do expediente, que 100% do roteiro e que era claro que tinha de vender para todos os

havia carregamento do veículo no sábado e às vezes durante a clientes.

semana, que no sábado o galpão abre às 06h00, que é

recomendado pela empresa chegar às 06h00, que sempre chegou O depoimento da testemunha do réu, Erandi, embora insista em que

às 06h00, que nem todos cumprem o horário das 06h00, que tinha não era obrigatório visitar todos os clientes no roteiro, deixa claro

uma reunião ao sábado por mês, que a reunião no sábado podia que havia uma meta a ser cumprida e que a empresa recomendava

começar às 09h00 e terminar em horários variáveis como que os vendedores cumprissem 100% do roteiro, sendo certo que a

12h00/15h000/16h00, que nos outros sábados em que não havia referida testemunha tinha que vender para todos os clientes. Assim,

reunião trabalhavam até às 16h00 realmente, que o gerente nunca está demonstrado que existia uma meta diária a ser alcançada

ligou para a testemunha na rota, não sabe se o gerente telefonou pelos vendedores.

para outros vendedores na rota, que o gerente só o acompanhou

uma vez, que às vezes o gerente vai com outros vendedores, que Note-se que a testemunha do reclamante, Julio, afirmou que todos

não sabe quantas vezes o gerente vai com os outros vendedores, os feriados eram trabalhados, com exceção do natal e do ano novo.

que no primeiro ponto de venda chegava às 07h00/08h00/09h00, A testemunha do réu, Erandi, afirmou que os feriados nacionais não

que já chegou às 06h30 no primeiro ponto de venda, que se eram trabalhados e que não havia obrigação dos vendedores

precisar fazer alguma coisa pessoal é só comunicar ao gestor e ir trabalharem nos feriados regionais, trabalhando apenas se

cuidar do problema. quisessem. Ora, considerando que existia uma meta diária e que a

empresa recomendava o atendimento a todos os clientes

Portanto, o depoimento da primeira testemunha do réu, Erandi, constantes no roteiro, é pouco crível que o reclamado deixasse a

embora este alegue que não existe controle de jornada e que faz o critério do empregado trabalhar ou não durante os feriados, além de

seu horário, corrobora o depoimento da primeira testemunha do não haver nenhuma razão lógica para o réu distinguir entre feriados

reclamante, Julio, de que existia uma rota pré-fixada pela empresa e nacionais e regionais para serem trabalhados ou não. Portanto, é

que os vendedores utilizavam um sistema para tirar as notas das mais aceitável a afirmação da testemunha do autor de que todos os

vendas realizadas, nas quais constava o horário do atendimento feriados, exceto natal e ano novo, eram trabalhados.

aos clientes, ocorrendo a transmissão dos dados para a empresa de

duas a três vezes por dia, sendo que os vendedores eram Logo, resta comprovado que o reclamado possuía os meios

acompanhados pelo gerente na rota e que para os vendedores necessários para controlar o horário de trabalho do reclamante e

tratarem de assuntos pessoais na rua necessitavam de autorização, efetivamente fiscalizava o cumprimento da jornada.

além de comprovar o trabalho aos sábados e o início do

carregamento às 06h00 e que o horário do atendimento ao primeiro Desse modo, não se aplica ao caso em tela o disposto no art. 62,

cliente era por volta das 06h20/0h00. inciso I, da CLT.

Saliente-se que se a testemunha do réu podia fazer o seu horário, Cumpre ressaltar que também ficou comprovado que o reclamante

não se compreende que precisasse comunicar ao gestor que tinha realizava uma jornada excedente à jornada legal de oito horas e

um assunto pessoal para tratar. quarenta e quatro horas semanais, de segunda a sábado, além de

trabalhar nos feriados.

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Portanto, são devidas as horas extras após a oitava hora diária e a

quadragésima quarta hora semanal.

O reclamante alegou na inicial que não lhe era permitido usufruir do

O réu alega que "o art. 7, XIII da CF/88, conjugado ao art. 58 da intervalo para descanso e refeição e que quando era possível o

CLT, determinam a limitação diária e semanal à jornada de trabalho almoço, comia a refeição em apenas vinte minutos, pois não

como garantia fundamental à renovação da capacidade laborativa conseguiria completar a rota estabelecida pelo réu se fizesse o

do trabalhador". Ocorre que os referidos dispositivos legais em intervalo de uma hora, ocorrendo a supressão do intervalo de

nenhum momento afastam a responsabilidade do empregador de segunda a sábado, postulando a condenação do reclamado no

pagarem as horas extras decorrentes da extrapolação da jornada pagamento de uma hora extra diária mais reflexos.

legal.

O reclamado alegou em contestação que o reclamante estava

Frise-se que o horário fixado pelo Juízo de Primeiro Grau como inserido na previsão do art. 62, inciso I, do TST, cabendo ao autor o

sendo a jornada trabalhada pelo reclamante de segunda a sexta, ônus de comprovar que não usufruía integralmente do intervalo

nos sábados e feriados, está em consonância com os horários intrajornada.

indicados pelas duas testemunhas em seus depoimentos.

O Juízo de Primeiro Grau entendeu que o reclamante gozava de

Comprovada a jornada extraordinária sustentada pelo reclamante, apenas vinte minutos de intervalo intrajornada, condenando o réu

não há falar em violação ao art. 818 da CLT e ao art. 373, inciso I, no pagamento de quarenta minutos extras diários mais reflexos.

do CPC.

O reclamado alega em seu recurso ordinário que o reclamante

Saliente-se que não há falar em descontos de faltas, uma vez que exercia atividade externa, sem qualquer controle de jornada,

as horas extras já foram deferidas considerando os dias trabalhados conforme o art. 62, inciso I, da CLT, podendo realizar o intervalo

pelo reclamante. intrajornada conforme bem entendesse, tendo a testemunha do réu

afirmado que gozava de uma hora de almoço no mínimo.

Sendo devidas as horas extras e considerando a sua habitualidade,

impõe-se o deferimento dos reflexos sobre as demais parcelas. Sem razão.

Nega-se provimento. Consoante exposto no tópico anterior, restou patente que o

reclamado fiscalizava a jornada de trabalho do reclamante,

afastando a incidência do disposto no art. 62, inciso I, da CLT ao

caso sob exame.

Quanto ao intervalo intrajornada, o reclamante afirmou em seu

depoimento pessoal que não fazia horário de almoço e que quando

dava tempo tinha apenas vinte a trinta minutos para comer.

A primeira testemunha do reclamante, Julio, afirmou que raramente

2.2.1.2.INTERVALO INTRAJORNADA fazia o horário do intervalo e que em média só dispunha de vinte a

trinta minutos para almoçar e que às vezes nem mesmo podia fazer

estes vinte a trinta minutos de almoço.

A primeira testemunha do reclamado, Erandi, afirmou que fica no

restaurante uma hora no mínimo, mas também afirmou que na

maioria das vezes consegue parar para almoçar e que tem mês que

consegue almoçar todos os dias, sendo que não se gasta menos de

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quarenta minutos para comer e já aconteceu de almoçar de vinte a

trinta minutos.

Assim, embora a primeira testemunha do réu, Erandi, tenha

afirmado que ficava uma hora no restaurante no mínimo, também

demonstra que nem sempre conseguia parar para almoçar e que já

ocorreu de almoçar de vinte a trinta minutos.

Considerando que os vendedores tinham um roteiro de vinte O reclamado alega que deve ser afastada a condenação no

clientes para cumprir diariamente e que a testemunha do réu, pagamento de honorários periciais de R$800,00 ou reduzido o valor

Erandi, afirmou que havia recomendação da empresa de que dos referidos honorários.

cumprissem 100% do roteiro e que é claro que tinha de vender para

todos os clientes, é pouco crível que com uma número tão grande Sem razão o recorrente.

de clientes a atender em um dia, o vendedor pudesse gozar de um

intervalo, no mínimo, de uma hora. O Juízo de Primeiro Grau, tendo em vista o princípio da duração

razoável do processo e os princípios da economia e celeridades

Desse modo, entende-se que os vendedores raramente conseguem processuais, designou perita para o fim específico de mensurar o

fazer o intervalo intrajornada, o que era uma exceção, pois valor das verbas deferidas, através de planilha a ser anexada a

geralmente dispunham de apenas vinte a trinta minutos para sentença, fixando o valor dos honorários periciais em R$800,00.

almoçar.

Conforme o art. 790-B da CLT, a responsabilidade pelo pagamento

Considerando que o reclamante não podia usufruir integralmente do dos honorários periciais é da parte sucumbente na pretensão objeto

intervalo intrajornada, pois dispunha de vinte minutos para almoçar, da perícia, tendo o reclamado sido sucumbente quanto aos pedidos

deve ser mantida a sentença quanto à condenação do reclamado de horas extras e intervalo intrajornada, sendo que foi mantida a

no pagamento como extras de quarenta minutos diários e seus condenação.

reflexos.

Logo, deve o reclamado responder pelo pagamento dos honorários

Comprovada a alegação autoral de que não gozava integralmente periciais.

do intervalo intrajornada, não há falar em violação ao art. 818 da

CLT e ao art. 373, inciso I, do CPC Ademais, considerando o trabalho realizado pela perita na apuração

dos cálculos que acompanham a sentença, entende-se que o valor

Nega-se provimento. arbitrado pela sentença se mostra razoável e deve ser mantido.

Nega-se provimento.

2.2.1.3.HONORÁRIOS PERICIAIS

2.2.1.4.HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

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IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o

seu serviço.

§ 3o Na hipótese de procedência parcial, o juízo arbitrará honorários

de sucumbência recíproca, vedada a compensação entre os

honorários.

§ 4o Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha

obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de

suportar a despesa, as obrigações decorrentes de sua sucumbência

Esta ação foi proposta em 14/02/2019, após a reforma trabalhista. ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente

poderão ser executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito

O Juízo de Primeiro Grau condenou o reclamado no pagamento de em julgado da decisão que as certificou, o credor demonstrar que

honorários advocatícios de 10% sobre o montante final apurado em deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que

liquidação em favor da parte autora. justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse

prazo, tais obrigações do beneficiário.

O reclamado recorre postulando que seja afastada a condenação

no pagamento de honorários advocatícios ou que seja reduzido o § 5o São devidos honorários de sucumbência na reconvenção".

percentual.

Considerando que o reclamado foi sucumbente quanto a alguns dos

Sem razão o recorrente. pedidos autorais e não foi reformada a sentença para afastar as

verbas deferidas, o réu deve pagar os honorários advocatícios em

Esta ação foi proposta em 14/02/2019, após a entrada em vigor da favor da parte autora.

reforma trabalhista, de forma que se aplica ao caso em tela o

disposto no art. 791-A da CLT, acrescentado pela Lei nº Ademais, considerando a complexidade da causa, o local da

13.467/2017, a seguir transcrito: prestação de serviços, o tempo exigido e o trabalho realizado pelo

advogado da parte autora, tem-se que é razoável o percentual de

"Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão 10% fixado pela sentença recorrida quanto aos honorários

devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% advocatícios.

(cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o

valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico Nega-se provimento.

obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado

da causa.

§ 1o Os honorários são devidos também nas ações contra a

Fazenda Pública e nas ações em que a parte estiver assistida ou

substituída pelo sindicato de sua categoria.

§ 2o Ao fixar os honorários, o juízo observará:

I - o grau de zelo do profissional;

II - o lugar de prestação do serviço; 2.2.1.5.IMPUGNAÇÃO AOS CÁLCULOS. HORAS EXTRAS. BASE

DE CÁLCULO

III - a natureza e a importância da causa;

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O reclamado alega em seu recurso ordinário que a Contadoria

integrou à base de cálculo das horas extras verbas como o RSR e

outras parcelas, em pleno desacordo com a Súmula nº 340 do TST.

2.2.1.6.IMPUGNAÇÃO AOS CÁLCULOS. HORAS EXTRAS.

Assiste razão ao recorrente. DIVISOR

Tendo em vista que o reclamante era comissionista, o Juízo de

Primeiro Grau determinou a aplicação nos cálculos da Súmula nº

340 do TST, a qual dispõe o seguinte:

"COMISSIONISTA. HORAS EXTRAS (nova redação) - Res.

121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003

O empregado, sujeito a controle de horário, remunerado à base de

comissões, tem direito ao adicional de, no mínimo, 50% (cinqüenta

por cento) pelo trabalho em horas extras, calculado sobre o valor- O reclamado alega em seu recurso ordinário que a Contadoria

hora das comissões recebidas no mês, considerando-se como utilizou o divisor 220 para o cálculo das horas extras, mas como o

divisor o número de horas efetivamente trabalhadas." reclamante era comissionista, no cálculo das horas extras deve ser

aplicado como divisor a quantidade de horas trabalhadas no

Assim, a Súmula nº 340 do TST determina que o adicional de horas respectivo mês, conforme a Súmula nº 340 do TST.

extras seja calculado sobre o valor-hora das comissões recebidas.

Assiste razão ao recorrente.

Frise-se que o recorrente alega de forma genérica que a perita teria

incluído outras verbas na base de cálculo, especificando apenas Tendo em vista que o reclamante era comissionista, o Juízo de

que houve a inclusão do RSR na referida base de cálculo, sem Primeiro Grau determinou a aplicação nos cálculos da Súmula nº

indicar expressamente em seu recurso ordinário quais seriam as 340 do TST, a qual dispõe o seguinte:

demais verbas.

"COMISSIONISTA. HORAS EXTRAS (nova redação) - Res.

Analisando-se as planilhas de cálculo, verifica-se, por amostragem, 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003

que em relação a maio de 2015 a perita utilizou como base de

cálculo o valor de R$2.936,17, sendo que se afere do demonstrativo O empregado, sujeito a controle de horário, remunerado à base de

de pagamento de maio de 2015 (Id. dd6a163, pág. 39), que o valor comissões, tem direito ao adicional de, no mínimo, 50% (cinqüenta

de R$2.936,17 refere-se ao vencimento bruto do reclamante, que por cento) pelo trabalho em horas extras, calculado sobre o valor-

engloba o valor das comissões e do RSR. hora das comissões recebidas no mês, considerando-se como

divisor o número de horas efetivamente trabalhadas."

Portanto, dá-se provimento para determinar a retificação dos

cálculos para excluir o valor do RSR da base de cálculo do valor- Assim, o divisor a ser considerado é o número de horas extras

hora. efetivamente trabalhadas.

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por cento) pelo trabalho em horas extras, calculado sobre o valor-

Verifica-se da planilha no Id. 774f360 que a perita utilizou o divisor hora das comissões recebidas no mês, considerando-se como

de 220 no cálculo das horas extras. divisor o número de horas efetivamente trabalhadas."

Portanto, dá-se provimento para determinar que os cálculos Conforme a Súmula acima transcrita, o trabalho em sobrejornada do

deverão ser retificados quanto ao divisor 220, passando a aplicar o comissionista é pago apenas com o adicional.

divisor previsto na Súmula nº 340 do TST.

Porém, verifica-se que a sentença, embora tenha determinado a

aplicação da Súmula nº 340, deferiu o pagamento de horas extras

decorrentes de sobrejornada acrescidas do adicional de 50%.

Logo, os cálculos acompanharam a sentença ao apurar as horas

extras mais o adicional de 50%.

No entanto, considerando que o reclamante era comissionista, o

cálculo deve ser efetuado na forma prevista na Súmula nº 340 do

TST, ou seja, o trabalho em sobrejornada do comissionista é paga

somente com o adicional.

2.2.1.7.IMPUGNAÇÃO AOS CÁLCULOS. HORAS EXTRAS.

ADICIONAL Por oportuno, saliente-se que as horas extras decorrentes do

intervalo intrajornada não serão calculadas nos termos da Súmula

nº 340 do TST, visto que não se tratam de horas extras atinentes à

extrapolação da jornada do comissionista e, sim, de

descumprimento de intervalo intrajornada.

Dá-se provimento para determinar a retificação do cálculo das horas

extras decorrentes de sobrejornada, utilizando-se a metodologia de

cálculo da Súmula nº 340 do TST, ou seja, apurando-se apenas o

adicional de horas extras.

O reclamado alega em seu recurso ordinário que foram apuradas

horas extras acrescidas de adicional, mas que é devido apenas o

adicional de horas extras, visto que a sentença determinou a

aplicação do disposto na Súmula nº 340 do TST.

Assiste razão ao recorrente.

Tendo em vista que o autor era comissionista, o Juízo de Primeiro

Grau determinou a aplicação nos cálculos da Súmula nº 340 do

TST, a qual dispõe o seguinte:

2.2.1.8.IMPUGNAÇÃO AOS CÁLCULOS. CONTRIBUIÇÃO

"COMISSIONISTA. HORAS EXTRAS (nova redação) - Res. PREVIDENCIÁRIA DO RECLAMANTE

121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003

O empregado, sujeito a controle de horário, remunerado à base de

comissões, tem direito ao adicional de, no mínimo, 50% (cinqüenta

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O reclamado alega em seu recurso ordinário que a perita equivocou

-se na apuração da contribuição previdenciária cota reclamante,

pois é necessário fazer "a recomposição do seu Salário de

Contribuição somando esse as verbas ora deferido mês a mês, para 2.2.1.9.JUROS DE MORA SOBRE AS CONTRIBUIÇÕES

aplicação da correta alíquota, bem como para limitação do PREVIDENCIÁRIAS

recolhimento ao teto previdenciário, e posteriormente deve ser

subtraído o valor descontado do Reclamante nos recibos de

pagamento", mas que a perita "aplica alíquota encontrada apenas

pelos e aos valores deferidos", devendo ser retificados os cálculos.

Assiste razão ao recorrente.

Conforme o manual de cálculos - 2016 do TRT da 3ª Região, a

contribuição do INSS devida pelo empregado é apurada conforme a

seguinte metolodogia:

O reclamado alega em seu recurso ordinário que os cálculos estão

"As contribuições sociais a cargo do reclamante devem ser equivocados quanto à incidência de juros de mora sobre o montante

calculadas, mês a mês, na forma do art. 20 da Lei 8212/91, art. 276, das contribuições previdenciárias e que a quantia destinada ao

§ 4º, do Dec. 3048/99, Súmula/TST nº 368, III e Súmula 45 do TRT- INSS deve ser deduzida no crédito sem a incidência dos juros, ou

3ª Região. seja, do débito apenas corrigido monetariamente, pugnando pela

retificação dos cálculos de forma que "a aplicação dos juros de

Como é cediço, esse cálculo deve observar os salários de mora recaia, exclusivamente, sobre as parcelas de natureza

contribuição do exequente na época própria da ocorrência do débito trabalhista, expurgando-se assim os valores atinentes às

trabalhista, bem como as contribuições já realizadas no decorrer do contribuições sociais, nos exatos termos da fundamentação, já

contrato de trabalho. ecoante nos Tribunais da 23ª e 4ª Região".

O salário de contribuição constitui no valor que a executada tomou Sem razão o recorrente.

como base para recolher a contribuição previdenciária na época

própria, ou seja , o valor sobre o qual foi calculado o desconto O recorrente sustenta que os juros de mora não devem compor a

previdenciário efetuado no recibo salarial do exequente, mês a mês, base de incidência das contribuições previdenciárias, mencionado a

durante o contrato de trabalho." Súmula nº 52 do TRT da 4ª Região, a qual dispõe que os juros de

mora incide sobre o valor da condenação corrigido monetariamente

Analisando-se os cálculos da perita, não se constata que tenham após deduzida a contribuição previdenciária a cargo do reclamante,

sidos observadas as contribuições do empregado pagas no decurso e a Súmula nº 11 do TRT da 23ª Região, a qual dispõe que os juros

do contrato de trabalho. de mora incidem sobre o valor bruto da condenação corrigido

monetariamente observada a dedução prévia dos valores relativos

Dá-se provimento ao recurso ordinário para determinar a retificação às contribuições previdenciárias.

dos cálculos quanto à contribuição previdenciária cota reclamante.

Porém, o recorrente alega que "o procedimento correto a ser

adotado, é a apuração das contribuições previdenciárias sem incidir

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 633
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multa e juros, procedimento este, não utilizado pelo I. Perito",

reproduzindo parte da planilha de cálculos periciais onde se

encontra o alegado erro nos cálculos.

Ocorre que o trecho da planilha reproduzido pelo reclamado não se

refere à incidência das contribuições previdenciárias sobre o valor

devido pelo reclamante acrescido de juros de mora e, sim, relaciona

-se com a apuração de juros sobre as contribuições previdenciárias

devidas, na forma da legislação pertinente ao cálculo das verbas

previdenciárias.

Esta ação foi proposta em 14/02/2019, após a reforma trabalhista. A

Não se trata, portanto, de incidência da contribuição previdenciária sentença declarou prescritas as pretensões anteriores a 14/02/2014

sobre o valor bruto acrescido de juros, mas de apuração dos juros e a matéria prescricional não é veiculada em sede recursal.

sobre as contribuições previdenciárias, estando correta a planilha

de cálculos no particular. O Juízo de Primeiro Grau entendeu não estar comprovada a

insuficiência de recursos, conforme o documento à fl. 173,

Nega-se provimento. indeferindo o benefício da gratuidade de justiça, nos termos do § 4º,

do art 790 da CLT, de acordo com a vigência da Lei n. 13.467/2017.

O reclamante renova em sede recursal o requerimento no sentido

de que lhe seja concedida a assistência judiciária gratuita e/ou a

justiça gratuita.

Assiste razão ao recorrente.

Note-se que o reclamante alega que "a menção à fl. 173 decorre de

erro material, que deve ser sanado por essa E. Corte, dado não

existir nos autos página ou fl. 173". Verifica-se que a sentença

2.2.2. RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE menciona o documento à fl. 173 da numeração destes autos e que

o referido documento é o TRCT atinente ao contrato de trabalho do

reclamante, o qual indica que a remuneração do autor no mês

anterior foi de R$4.254,99.

Pois bem.

Esta ação foi proposta em 14/02/2019, após a entrada em vigor da

Lei 13.467/17 que se deu em 11/11/17.

Este Relator entende que, em se tratando a assistência judiciária

gratuita de instituto bifronte, as inovações da Lei n. 13.467/2017

quanto ao tema não deverão ser aplicadas aos processos já em

curso, incidindo apenas em relação às novas demandas

(interpostas após 11/11/2017).

Como a presente demanda foi interposta em 10/10/2018, após,

2.2.2.1.ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA portanto, a entrada em vigor da Lei 13.467/2017, motivo pelo qual

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 634
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se aplicam, "in casu", as alterações legislativas trazidas com a Registre-se, ainda, que a assistência do requerente por advogado

reforma trabalhista. particular não impede a concessão da benesse (art. 99, § 4º, do

CPC).

Nesse contexto, determinam os §§3º e 4º, do art. 790 da CLT, com

a redação dada pela Lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017: Saliente-se, por fim, que o benefício da gratuidade da justiça

constitui direito fundamental, de aplicação imediata, previsto no art.

"§ 3º É facultado aos juízes, órgãos julgadores e presidentes dos 5º, inciso LXXIV, da Carta Magna, a todos os brasileiros e

tribunais do trabalho de qualquer instância conceder, a estrangeiros residentes no Brasil que comprovarem a insuficiência

requerimento ou de ofício, o benefício da justiça gratuita, inclusive de recursos.

quanto a traslados e instrumentos, àqueles que perceberem salário

igual ou inferior a 40% (quarenta por cento) do limite máximo dos Dá-se provimento para conceder ao reclamante o benefício da

benefícios do Regime Geral de Previdência Social. assistência judiciária gratuita.

§ 4º O benefício da justiça gratuita será concedido à parte que

comprovar insuficiência de recursos para o pagamento das custas

do processo".

Entende este Relator que o dispositivo em questão traz duas regras

distintas.

Consoante o §3º, no caso de o reclamante manter vínculo

empregatício vigente com a reclamada ou com empresa diversa e

perceber salário igual ou inferior a 40% (quarenta por cento) do

limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência 2.2.2.2.EXCLUSÃO DOS HONORÁRIOS ADVOCATICIOS

Social, é absoluta a presunção de hipossuficiência econômica, SUCUMBENCIAIS

fazendo jus, consequentemente, ao benefício da Justiça Gratuita.

Lado outro, quando o reclamante estiver desempregado ou na

hipótese de perceber salário superior a 40% (quarenta por cento) do

limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência

Social, a comprovação da insuficiência de recursos, a teor do §4º do

dispositivo acima transcrito, poderá ser feita por simples declaração.

Com efeito, nos termos dos arts. 1º da Lei 7.115/1983 e 99, §3º do

CPC/2015, a declaração destinada a fazer prova de pobreza,

quando firmada pelo próprio interessado ou por procurador Esta ação foi proposta em 14/02/2019, após a reforma trabalhista.

bastante, e sob as penas da Lei, presume-se verdadeira.

A sentença deferiu honorários advocatícios a razão de 10% sobre

O reclamante anexou declaração de hipossuficiência no Id. ffd791f. montante final apurado em liquidação de sentença, observando-se a

sucumbência recíproca, nos termos do art. 791-A da CLT, com a

Acrescente-se que o art. 99, §2º do CPC afirma que o juiz somente redação da Lei nº 13.467/2017.

poderá indeferir o pedido se houver nos autos elementos que

evidenciem a falta dos pressupostos legais para a concessão da O reclamante recorre alegando que deve ser declarada a

gratuidade, não se constatando existir nos autos elementos que inconstitucionalidade do art. 791-A, §4º, da CLT para fins de

afastem a presunção de ser verdadeira desoneração da obrigação quanto aos honorários sucumbenciais,

ou declarada a inconstitucionalidade parcial do referido dispositivo

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 635
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legal para que haja suspensão da exigibilidade dos honorários, ao trânsito em julgado da decisão que as certificou, o credor

sendo que, se mantidos, que seja alterada a base de cálculo dos demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de

honorários advocatícios. recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se,

passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário."

Conforme certidão no Id. 4520754, esta 1ª Turma, na sessão

ordinária realizada no dia 06/08/2019, resolveu, por unanimidade, Na hipótese, alguns dos pedidos do reclamante foram julgados

conheceu do recurso ordinário do reclamado e do recurso ordinário improcedentes, cabendo, com base no artigo acima transcrito a

do reclamante e, diante da cláusula de reserva de plenário, condenação ao pagamento de honorários advocatícios pela mera

suspender o julgamento do presente processo até a conclusão do sucumbência, não mais prevalecendo o entendimento

julgamento da inconstitucionalidade parcial suscitada no processo consubstanciado nas Súmulas n.º 219 e 329 do E. TST segundo o

nº 0000398-09.2018.5.17.0101. qual, em se tratando de conflito decorrente da relação de emprego,

os honorários advocatícios eram devidos apenas quando

Na sessão ordinária realizada no dia 23/10/2019, o Pleno deste preenchidos os requisitos contidos no art. 14 da Lei n. 5.584/1970.

Regional julgou o Incidente de Arguição de Inconstitucionalidade nº

0000453-35.2019.5.17.0000, declarando a inconstitucionalidade Assinale-se que os honorários advocatícios incidem sobre o valor

parcial do §4º, do art. 791-A, da CLT. que resultar da liquidação ou do proveito econômico obtido,

conforme o art. 791-A da CLT, de forma que não se acolhe a

Portanto, considerando o julgamento da matéria pelo Pleno deste alegação autoral de que a verba honorária deve incidir apenas

Tribunal, os autos retornaram à 1ª Turma para prosseguimento do sobre parcelas não alimentares ou limitada a até 30% do valor que

julgamento dos recursos ordinários interpostos pelas partes. exceder ao teto do Regime Geral de Previdência Social.

Assiste razão em parte ao recorrente. Ademais, os valores articulados na inicial pelo reclamante quanto

aos pedidos não acolhidos, ainda que estimados, deverão ser

Conforme assinalado acima, esta ação foi proposta em 14/02/2019, utilizados no cálculo dos honorários advocatícios de sucumbência.

portanto sob a égide da Lei 13.467/2017 (reforma trabalhista) que

entrou em vigor em 11/11/2017. Por outro lado, o reclamante é beneficiário da assistência judiciária

gratuita e, nesse caso, pela redação do § 4º do art. 791-A da CLT,

Com o advento da Lei 13.467, de 13 de julho de 2017, foi as obrigações decorrentes da sucumbência ficarão sob condição

acrescentado à CLT o art. 791-A, autorizando a condenação na suspensiva ou seus valores serão compensadas com eventuais

verba honorária pela mera sucumbência, senão vejamos: créditos obtidos em juízo.

"Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão Registre-se que o Pleno deste Regional, em recente decisão

devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% prolatada nos autos da Arguição de Inconstitucionalidade nº

(cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o 0000453-35.2019.5.17.0000, declarou a inconstitucionalidade

valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico parcial do §4º do art. 791-A da CLT, conforme se depreende da

obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado ementa ora transcrita:

da causa."

"ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. HONORÁRIOS

Quanto aos beneficiários da justiça gratuita o § 4º do art. 791-A, da ADVOCATÍCIOS. ARTIGO 791-A, § 4º, DA CLT. Declara-se a

CLT assim dispõe: inconstitucionalidade parcial do § 4º, do artigo 791-A, da CLT

somente quanto ao trecho: "desde que não tenha obtido em juízo,

"§ 4o Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não ainda que outro processo, créditos capazes de suportar a despesa",

tenha obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos no sentido de que não se possa atingir os créditos deferidos ao

capazes de suportar a despesa, as obrigações decorrentes de sua beneficiário da justiça gratuita, ainda que em outro processo, mas

sucumbência ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e tão somente que a verba honorária fique sob condição suspensiva

somente poderão ser executadas se, nos dois anos subsequentes de exigibilidade, podendo ser executada, se nos 2 (anos)

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subseqüentes ao trânsito em julgado da decisão que a certificou, o da Súmula nº 340 do TST "uma vez que o próprio obreiro confessa

credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência em sua inicial que era comissionista puro, afastando-se a tese

de recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo- autoral no sentido de que sua jornada e sua forma de remuneração

se, passado esse prazo, tal obrigação do beneficiário". o excluem da aplicação da mencionada súmula".

Portanto, como o reclamante é beneficiário da assistência judiciária O reclamante recorre requerendo a reforma da sentença para

gratuita e tendo em vista o entendimento adotado pelo Pleno deste excluir a aplicação da Súmula nº 340 do TST.

Regional nos autos da Arguição de Inconstitucionalidade nº

0000453-35.2019.5.17.0000, deve ser determinado que a verba Sem razão o recorrente.

honorária devida pelo autor fique sob condição suspensiva de

exigibilidade, podendo ser executada se, nos dois anos A Súmula nº 340 do TST tem a seguinte redação:

subsequentes ao trânsito em julgado que a certificou, o credor

demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de "COMISSIONISTA. HORAS EXTRAS (nova redação) - Res.

recursos que fundamentou a concessão da gratuidade, extinguindo- 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003

se, passado esse prazo, tal obrigação do beneficiário.

O empregado, sujeito a controle de horário, remunerado à base de

Dá-se provimento em parte para determinar que a verba honorária comissões, tem direito ao adicional de, no mínimo, 50% (cinqüenta

devida pelo autor fique sob condição suspensiva de exigibilidade, por cento) pelo trabalho em horas extras, calculado sobre o valor-

podendo ser executada se, nos dois anos subsequentes ao trânsito hora das comissões recebidas no mês, considerando-se como

em julgado que a certificou, o credor demonstrar que deixou de divisor o número de horas efetivamente trabalhadas."

existir a situação de insuficiência de recursos que fundamentou a

concessão da gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tal O entendimento adotado na Súmula nº 340 tem como fundamento

obrigação do beneficiário. que o empregado, ao realizar horas extras, esteja recebendo

comissão pelas vendas efetuadas.

O reclamante alega o seguinte em seu recurso ordinário:

"A Súmula nº 340 do TST traça diretrizes para o pagamento de

horas extras ao empregado comissionista que extrapola sua

jornada, pelo que estipula o pagamento de 50% (cinquenta por

cento) da hora normal pelo tempo excedido de sua jornada. Estão

claros o raciocínio e a intenção do TST ao editar a referida súmula,

uma vez que, se de um lado o empregado está trabalhando em

jornada excessiva, de outro lado estará recebendo as comissões

2.2.2.3.INAPLICABILIDADE DA SÚMULA 340 DO TST pelas vendas que efetivar durante esse tempo despendido.

Portanto, o trabalho efetuado em jornada extra também lhe traz

benefício. Por esse motivo, o texto da norma em comento se afigura

razoável, pois o valor do trabalho extraordinário já estará sendo

pago, na medida em que o empregado estiver recebendo as

comissões pelas vendas efetuadas durante esse período."

Porém, em seguida, o reclamante alega o seguinte:

"O artigo 61, § 2º, da CLT, bem como a norma insculpida na

Constituição da República de 1988, em seu artigo 7º, inciso XVI,

O Juízo de Primeiro Grau considerou ser aplicável ao autor o teor preveem o pagamento da hora extraordinária acrescida de, no

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 637
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

mínimo, 50%. Portanto, se afigura até mesmo inconstitucional o carregamento durava apenas alguns minutos, pois não se

verbete sumular em comento." compreende como o vendedor poderia entrar às 06h00/06h30,

carregar o caminhão, dirigir-se ao primeiro ponto de venda e

Se o texto da Súmula nº 340 do TST se afigura razoável, conforme começar a visita ao cliente às 06h20. Trata-se, assim, de tarefa que

sustenta inicialmente o reclamante, não se compreende que o seu demandava somente alguns minutos quando realizada de segunda

teor seria inconstitucional, conforme sustentado depois pelo a sexta e apenas uma vez por mês.

reclamante.

Dessa forma, a atividade preponderante do reclamante era a de

Ressalte-se que as Súmulas limitam-se a consolidar o entendimento vendedor externo e as horas extras eram gastas no cumprimento do

reiteradamente afirmado nos Tribunais quanto a determinado tema, roteiro, com o fechamento de negócios com os clientes e a

não existindo fundamento legal para a arguição de consequente percepção de comissões.

inconstitucionalidade da Súmula nº 340 do TST.

Logo, a Súmula nº 340 do TST deve ser aplicada ao cálculo das

Note-se que o reclamante era comissionista, conforme as fichas horas extras no caso em tela.

financeiras no Id. 47db3a1.

Nega-se provimento.

O reclamante sustenta que não realizava exclusivamente vendas,

pois executava outras atividades como carregamento de veículo

com produtos, cobrança de cheques e faturas vencidas, realização

de depósito dos valores arrecadados com as vendas, cumprimento

de roteiro, arrumação de mercadorias nas gôndolas e display's,

fixação de cartazes e outras tarefas, não realizando vendas e

ganhando comissões ao realizar as referidas tarefas.

Analisando-se a prova oral, verifica-se que o vendedor no ponto de

venda tinha que arrumar e limpar o display, fazer a trocar de

produtos vencidos, colar propaganda e fazer a rotação preventiva

do produto fazia limpeza de display, fazia rotação preventiva do 2.2.2.4.INTERVALO INTRAJORNADA. MAJORAÇÃO

produto e colava cartazes de propaganda. Ora, estas tarefas se

incluem nas atividades habituais de um vendedor externo, pois não

se compreende que um vendedor externo não fizesse a troca de

produtos vencidos, limpasse o display ou não colocasse

propaganda.

A testemunha do reclamante, Julio, afirmou que fazia depósitos

bancários, mas em se tratando de vendedor externo, que cumpre

um roteiro, também é razoável que este deposite o dinheiro

arrecadado dos clientes no banco em vez de ficar dirigindo todo o

dia na posse dos valores recebidos. Esta ação foi proposta em 14/02/2019, após a reforma trabalhista. A

sentença declarou prescritas as pretensões anteriores a 14/02/2014

Quanto à atividade de carregamento do caminhão, a testemunha do e a matéria prescricional não é veiculada em sede recursal.

reclamado, Erandi, afirmou que isso ocorria apenas um sábado por

mês, e embora a testemunha do autor, Julio, tenha afirmado que O reclamante alegou na inicial que foi admitido como vendedor

carregava de duas a três vezes por semana, ele também afirmou externo em 02/12/2011 e dispensado em 05/06/2018.

que seu horário de trabalho em média começava às 06h00/06h30 e

que o primeira visita era às 06h20/07h00, o que demonstra que o O Juízo de Primeiro Grau entendeu que o reclamante gozava de

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 638
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

apenas vinte minutos de intervalo intrajornada, condenando o réu a independência técnica dos juízes do trabalho no tocante à

no pagamento de quarenta minutos extras diários, com base no art. aplicabilidade da Reforma Trabalhista e esclareceu que, em

71, §4º, da CLT, mais reflexos. Assembléia Geral Ordinária (reunida por ocasião do 19º Congresso

Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho), foi aprovada

O reclamado recorre alegando que tem o direito de receber o tese no sentido de que "com a caducidade da Medida Provisória n.

intervalo integral em todo o contrato de trabalho, sendo que o art. 808/2017, diante da perda de eficácia de seu art. 2º, os preceitos

71, §4º, da CLT, com a redação dada pela Lei nº 13.467/2017, que jurídico-materiais da reforma trabalhista aplicam-se apenas aos

determina o pagamento, de natureza indenizatória, apenas do contratos individuais de trabalho celebrados a partir de 11/11/2017".

período suprimido do intervalo intrajornada, não se aplica aos

contratos vigentes em 11/11/2017. Feitas essas considerações, verifica-se que o contrato de trabalho

do reclamante foi celebrado em 02/12/2011, porquanto não é o caso

Assiste razão ao recorrente. de aplicar as mudanças introduzidas pela Lei n. 13.467/2017 (a

chamada "Reforma Trabalhista"), uma vez que as regras de direito

Antes de adentrar no mérito, faz-se necessário analisar a aplicação material da novel legislação incidem tão somente sobre os contratos

do direito material no tempo. de trabalho pactuados a partir da vigência da lei em questão, a

saber, 11/11/2017.

Não há dúvida de que os contratos firmados sob a égide da nova

Lei a ela se submetem, havendo, por sua vez, grande celeuma Ultrapassada essa questão de direito intertemporal, passa-se à

acerca da aplicação aos contratos em curso. análise das razões recursais no tocante ao mérito propriamente dito.

Uma parte dos estudiosos tem entendido que somente serão O art. 71, "caput", da CLT, estabelece o seguinte:

aplicáveis as novas regras de direito material aos contratos de

trabalho em curso por mútuo consentimento das partes, mediante "Art. 71 - Em qualquer trabalho contínuo, cuja duração exceda de 6

celebração de termo aditivo. (seis) horas, é obrigatória a concessão de um intervalo para

repouso ou alimentação, o qual será, no mínimo, de 1 (uma) hora e,

Outra parte, partindo do pressuposto de que o contrato de trabalho salvo acordo escrito ou contrato coletivo em contrário, não poderá

consiste em uma espécie de avença de trato sucessivo, defende exceder de 2 (duas) horas."

que a lei nova deva ser aplicada a partir de sua vigência também

aos contratos em curso, devendo ser respeitados, contudo, os E a Súmula n. 437 do TST veio pormenorizar o regramento das

direitos adquiridos e os atos já praticados. Foi essa a tese adotada horas extras devidas pela supressão parcial do intervalo

pela AGU/MTB no Parecer 00248/2018/CONJUR-MTB/CGU/AGU, intrajornada, "in verbis":

publicado no DOU de 15/05/2018.

"INTERVALO INTRAJORNADA PARA REPOUSO E

Este Relator, contudo, filia-se a uma terceira corrente, que sustenta ALIMENTAÇÃO. APLICAÇÃO DO ART. 71 DA CLT

que, tendo em vista o princípio da proteção, que tem como pilares a

condição mais benéfica, a norma mais favorável e o princípio "in I - Após a edição da Lei nº 8.923/94, a não-concessão ou a

dubio pro operario", a nova legislação incide apenas sobre os novos concessão parcial do intervalo intrajornada mínimo, para repouso e

contratos de trabalho firmados após 11/11/2017. alimentação, a empregados urbanos e rurais, implica o pagamento

total do período correspondente, e não apenas daquele suprimido,

Aliás, a Constituição da República impõe o respeito da lei nova ao com acréscimo de, no mínimo, 50% sobre o valor da remuneração

direito adquirido, ao ato jurídico perfeito e à coisa julgada, da hora normal de trabalho (art. 71 da CLT), sem prejuízo do

consagrando também, na mesma linha, o princípio da cômputo da efetiva jornada de labor para efeito de remuneração.

progressividade e o princípio da irredutibilidade salarial.

[...]

Registra-se, ainda, que a ANAMATRA, em Nota de Esclarecimento

acerca do Parecer 00248/2018/CONJUR-MTB/CGU/AGU, defendeu III - Possui natureza salarial a parcela prevista no art. 71, § 4º, da

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 639
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

CLT, com redação introduzida pela Lei nº 8.923, de 27 de julho de

1994, quando não concedido ou reduzido pelo empregador o

intervalo mínimo intrajornada para repouso e alimentação, O reclamante alegou na inicial que a empresa reclamada obrigava a

repercutindo, assim, no cálculo de outras parcelas salariais. todos os vendedores a vender 10 dias do período de férias e que

desde as primeiras férias em 2011/2012, somente gozou 20 dias de

IV - Ultrapassada habitualmente a jornada de seis horas de férias, postulando a condenação do réu a pagar as férias em dobro,

trabalho, é devido o gozo do intervalo intrajornada mínimo de uma acrescidas de um terço.

hora, obrigando o empregador a remunerar o período para

descanso e alimentação não usufruído como extra, acrescido do Tendo o Juízo de Primeiro Grau julgado improcedente o pedido, o

respectivo adicional, na forma prevista no art. 71, caput e § 4º da reclamante busca a reforma da sentença para que lhe sejam

CLT." deferidas as férias em dobro.

Com efeito, verifica-se que às horas extras fictas decorrentes da Sem razão o recorrente.

não concessão ou da concessão irregular do intervalo intrajornada

aplica-se o pagamento total do período correspondente e não A testemunha do reclamante, Julio, afirmou que os vendedores

apenas daquele suprimido e o pagamento deve ser acrescido do tinham a obrigação de trabalhar vinte dias e vender dez dias de

adicional legal de pelo menos 50% sobre o valor da hora normal de férias, porém, em seguida afirmou que após se informar sobre seus

trabalho. direitos, conversou com o gerente e disse que queria tirar trinta dias

de férias, sendo que após a conversa com o gerente, tirou umas

Dessa forma, ainda que verificado o gozo parcial do intervalo seis férias de trinta dias.

intrajornada, é devido ao autor a totalidade do período, isto é, uma

hora extra por dia. A testemunha do reclamado, Erandi, afirmou que não há obrigação

de vender dez dias de férias, que a empresa não faz pressão para

Dá-se provimento para majorar a condenação atinente ao intervalo gozar apenas vinte dias de férias e que nos cinco anos em que

intrajornada não usufruído integralmente de quarenta minutos trabalha para o reclamando sempre tirou trinta dias de férias.

diários extras para uma hora extra diária.

Logo, a testemunha do autor afirmou que havia obrigação de vender

dez dias de férias, mas que após conversar com o gerente, passou

a gozar férias de trinta dias, além da testemunha do réu ter afirmado

que não havia obrigação de vender dez dias de férias e que sempre

gozou de férias de trinta dias.

Portanto, não restou demonstrado que havia obrigação dos

vendedores venderem dez dias de férias, de forma que não há falar

em pagamento em dobro das férias..

Nega-se provimento.

2.2.2.5.FÉRIAS EM DOBRO

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 640
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

2.2.2.6.DESCONTOS PREVIDENCIÁRIOS

2.2.2.7.DESCONTOS FISCAIS

O Juízo de Primeiro Grau determinou que fossem efetuados os

descontos previdenciários, conforme a Lei nº 8.212/1991.

O reclamante recorre alegando que o réu deve responder pelo

pagamento dos descontos previdenciários.

Assiste razão ao recorrente.

Os descontos previdenciários deverão ser apurados na forma do O Juízo de Primeiro Grau determinou que fossem efetuados os

item III do enunciado sumular nº 368 do E. TST, deduzindo-se do descontos fiscais, em conformidade com a Lei nº 8.541/1992.

autor somente os valores históricos, pois não há como imputar ao

Reclamante o pagamento de multa, correção monetária e juros de O reclamante recorre alegando que o réu deve responder pelo

mora. pagamento do imposto de renda.

A respeito, este E. Regional editou o enunciado sumular n. 17, "in Assiste razão ao recorrente.

verbis":

Este Relator entende que as deduções fiscais, a incidirem sobre as

"Contribuição previdenciária. No tocante às contribuições verbas reconhecidas em Juízo, devem ser indenizadas pelo réu.

previdenciárias decorrentes de créditos reconhecidos em sentença,

nos termos do art. 20, da Lei 8.212/91, deve o Reclamante arcar Isso porque o réu deixou de cumprir as suas obrigações no

somente com o pagamento da contribuição previdenciária em seus momento oportuno, levando o trabalhador a procurar a tutela

valores históricos, ficando a cargo da empresa o pagamento de jurisdicional para a realização plena dos seus direitos.

juros, atualização monetária e multas."

Com espeque nos artigos 186 c/c 927, ambos do Código Civil, o

Assim sendo, cabe ao reclamante responder pelos recolhimentos infrator deve ser responsabilizado pela reparação do dano nos

previdenciários no tocante aos valores históricos, e ao reclamado casos em que age de forma negligente, hipótese que se amolda ao

pelos juros, correção monetária e multas. caso em apreço, porquanto o reclamado não promoveu o

recolhimento do imposto devido em época própria.

Dá-se provimento para determinar que tocará ao reclamante

responder pelos recolhimentos previdenciários no tocante aos Dá-se provimento para determinar que o réu deve indenizar o

valores históricos e ao reclamado responder pelos juros, correção reclamante no tocante aos descontos fiscais.

monetária e multas.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 641
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

retificados no particular.

O recorrente também alega que os valores relativos ao número de

horas extras semanais estão incorretos, uma vez que a perita

considerou como se o sábado tivesse que ser trabalhado por 8h00 e

não 4h00.

Analisando-se os cálculos constata-se que a perita assinalou as

jornadas nos sábados como sendo das 06h00 às 15h00, tendo

2.2.2.8.APURAÇÃO DE HORAS EXTRAS apurado apenas uma hora extra. Ocorre que foram deferidas horas

a partir da oitava diária e da quadragésima quarta semanal. Logo,

impõe-se a retificação dos cálculos em relação aos sábados devem

ser computadas as horas extras a partir da quarta hora diária

trabalhada.

O reclamado ainda sustenta que a perita não transcreveu os

minutos apurados das horas extras para a planilha de cálculo dos

valores e com isso o valor devido ficou menor, além da perita ter

apurado 26,80 horas extras a 50% por semana, quando o correto

seriam 30,50 horas.

O reclamante alega em seu recurso ordinário que os cálculos da

perita estariam equivocados quanto à apuração das horas extras. Quanto à apuração na quantidade de horas extras por semana,

verifica-se que as diferenças decorrem da perita ter apurado as

Assiste razão em parte ao recorrente. horas extras trabalhadas nos sábados a partir da oitava hora, já

tendo sido determinada a retificação dos cálculos acima quanto à

O recorrente aduz que os cálculos estão equivocados em razão de referida apuração.

ter a perita utilizado o divisor 220. Note-se que foi dado provimento

ao recurso do reclamado para determinar que, em vez do divisor Quanto aos minutos, verifica-se que a perita não transcreveu os

220, seja aplicado o divisor previsto na Súmula nº 340 do TST. minutos apurados das horas extras, pois, por amostragem, em

relação a março de 2014 apontou a quantidade de "108,00" horas

O reclamante alega que está incorreto o cálculo de horas extras em extras, enquanto que na planilha de apuração de horas extras havia

feriados, porque a perita só considerou as horas extras além da 8ª indicado a quantidade de "108:20" quanto às horas extras. Portanto,

diária, quando na verdade o número de horas extras deveria ser o devem ser retificados os cálculos para que sejam observados os

total trabalhado no dia. minutos constantes na planilha de horas extras apuradas.

Por amostragem, em relação ao feriado de 01/05/2017, a perita Portanto, dá-se provimento em parte para determinar que o

assinalou que a jornada trabalhada foi das 06h00 às 15h00, tendo adicional de horas extras de 100% deve incidir em relação a todas

apurado apenas uma hora extra. Porém, verifica-se que a sentença as horas trabalhadas nos feriados, que em relação aos sábados

condenou o réu no pagamento de horas extras a partir da oitava deve ser calculado o adicional de hora extras de 50% a partir da

diária, com o pagamento de adicional de 100% quanto aos feriados. quarta hora trabalhada e que devem ser observados os minutos

Assim, os cálculos periciais observaram a sentença. constantes na planilha de horas extras apuradas.

Contudo, o pedido deduzido na inicial é que todas as horas

trabalhadas nos feriados fossem pagas em dobro. Ora,

considerando que o trabalho ocorreu no feriado, as horas

trabalhadas devem ser pagas em dobro, devendo os cálculos serem

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 642
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

apurando-se apenas o adicional de horas extras; e determinar a

retificação dos cálculos quanto à contribuição previdenciária cota

reclamante; e, dar provimento em parte ao recurso ordinário do

reclamante para conceder ao autor o benefício da assistência

judiciária gratuita; determinar que a verba honorária devida pelo

autor fique sob condição suspensiva de exigibilidade, podendo ser

executada se, nos dois anos subsequentes ao trânsito em julgado

que a certificou, o credor demonstrar que deixou de existir a

situação de insuficiência de recursos que fundamentou a concessão

da gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tal obrigação do

beneficiário; majorar a condenação atinente ao intervalo

3. ACÓRDÃO intrajornada não usufruído integralmente de quarenta minutos

diários extras para uma hora extra diária, determinar que tocará ao

reclamante responder pelos recolhimentos previdenciários no

tocante aos valores históricos e ao reclamado responder pelos

juros, correção monetária e multas; determinar que o réu deve

indenizar o reclamante no tocante aos descontos fiscais; e

determinar que o adicional de horas extras de 100% deve incidir em

relação a todas as horas trabalhadas nos feriados, que em relação

aos sábados deve ser calculado o adicional de hora extras de 50%

a partir da quarta hora trabalhada e que devem ser observados os

minutos constantes na planilha de horas extras apuradas.

Considerando que foi dado provimento em parte ao recurso do

reclamado para determinar a retificação dos cálculos e que foi dado

provimento em parte ao recurso do reclamante para majorar a

condenação no intervalo intrajornada e retificar os cálculos das

horas extras, fixa-se o novo valor da condenação em R$240.000,00

(duzentos e quarenta mil reais) e custas de R$4.800,00 (quatro mil

e oitocentos reais), pelo reclamado. Vencido, no tocante à

assistência judiciária gratuita, ao intervalo intrajornada, aos

Acordam os Magistrados da 1ª Turma do Tribunal Regional do descontos fiscais e quanto à apuração das horas extras, o Exmo.

Trabalho da 17ª Região, na Sessão Ordinária realizada no dia 03 de Desembargador Mário Ribeiro Cantarino Neto.

dezembro de 2019, às 13 horas e 30 minutos, sob a Presidência do

Exmo. Desembargador Cláudio Armando Couce de Menezes, com

a participação do Exmo. Desembargador Mário Ribeiro Cantarino

Neto e do Exmo. Desembargador José Carlos Rizk, e presente o

Procurador Regional do Trabalho, Dr. Levi Scatolin; por

unanimidade, conhecer do recurso ordinário da ré e conhecer do

recurso ordinário do reclamante; no mérito, por maioria, dar

provimento em parte ao recurso ordinário do reclamado para

determinar a retificação dos cálculos para excluir o valor do RSR da

base de cálculo do valor-hora; determinar que os cálculos deverão

ser retificados quanto ao divisor 220, passando a aplicar o divisor

previsto na Súmula nº 340 do TST; determinar a retificação do

cálculo das horas extras decorrentes de sobrejornada, utilizando-se

a metodologia de cálculo da Súmula nº 340 do TST, ou seja,

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 643
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

AGRAVANTE L. A. E. B. L.
ADVOGADO JOAO PAULO FOGACA DE ALMEIDA
FAGUNDES(OAB: 154384/SP)
DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK
AGRAVADO L. D. S.
ADVOGADO JOAO PEREIRA DO
NASCIMENTO(OAB: 4824/ES)
Relator
AGRAVADO L. J. D. S.
ADVOGADO JOAO PEREIRA DO
NASCIMENTO(OAB: 4824/ES)

Intimado(s)/Citado(s):
- L. J. D. S.

Tomar ciência do(a) Intimação de ID eb1c5d5


Acórdão
Processo Nº ROT-0000162-17.2019.5.17.0006
Relator JOSE CARLOS RIZK
RECORRENTE ANSELMO REINHOLZ
ADVOGADO ROQUE FELIX NICCHIO(OAB:
16487/ES)
ADVOGADO FLAVIO DE ASSIS NICCHIO(OAB:
16179/ES)
RECORRIDO PROSEGUR BRASIL S/A -
TRANSPORTADORA DE VAL E
SEGURANCA
ADVOGADO EDUARDO CHALFIN(OAB: 53588/RJ)
ADVOGADO PRISCILA MATHIAS DE MORAIS
FICHTNER(OAB: 169760/SP)
Acórdão
Processo Nº AP-0000133-21.2018.5.17.0161 Intimado(s)/Citado(s):
Relator JOSE CARLOS RIZK - ANSELMO REINHOLZ
AGRAVANTE L. A. E. B. L.
ADVOGADO JOAO PAULO FOGACA DE ALMEIDA
FAGUNDES(OAB: 154384/SP)
AGRAVADO L. D. S.
ADVOGADO JOAO PEREIRA DO PODER JUDICIÁRIO
NASCIMENTO(OAB: 4824/ES)
AGRAVADO L. J. D. S. JUSTIÇA DO TRABALHO
ADVOGADO JOAO PEREIRA DO
NASCIMENTO(OAB: 4824/ES)

Intimado(s)/Citado(s):
- L. A. E. B. L.

Tomar ciência do(a) Intimação de ID 2e5463d


Acórdão PROCESSO nº 0000162-17.2019.5.17.0006 (ROT)
Processo Nº AP-0000133-21.2018.5.17.0161
Relator JOSE CARLOS RIZK
AGRAVANTE L. A. E. B. L. RECORRENTE: ANSELMO REINHOLZ.
ADVOGADO JOAO PAULO FOGACA DE ALMEIDA
FAGUNDES(OAB: 154384/SP)
AGRAVADO L. D. S. RECORRIDO: PROSEGUR BRASIL S/A - TRANSPORTADORA
ADVOGADO JOAO PEREIRA DO DE VAL E SEGURANCA.
NASCIMENTO(OAB: 4824/ES)
AGRAVADO L. J. D. S.
ADVOGADO JOAO PEREIRA DO ORIGEM: 6º VARA DO TRABALHO DE VITÓRIA
NASCIMENTO(OAB: 4824/ES)

Intimado(s)/Citado(s): RELATOR: DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK


- L. D. S.

COMPETÊNCIA: 1ª TURMA
Tomar ciência do(a) Intimação de ID 955387a
Acórdão
Processo Nº AP-0000133-21.2018.5.17.0161
Relator JOSE CARLOS RIZK

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 644
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Trata-se de recurso ordinário interposto pelo Reclamante em face

da r. sentença de Id. fcc7106, complementada pela decisão de

embargos declaratórios de Id. e16d530, que declarou a prescrição

de eventuais créditos anteriores a 21/02/2014; e julgou totalmente

improcedentes os pedidos formulados na inicial, condenando o

Autor no pagamento de honorários advocatícios no percentual de

10% sobre o valor atribuído à causa, com observância do disposto

no §4º do art. 791-A, da CLT.

EMENTA Irresignado, em suas razões recursais, o Autor pugna pela reforma

da sentença no tocante ao limbo jurídico previdenciário, danos

morais e honorários advocatícios.

Contrarrazões pela Reclamada ao Id. 751dd07.

É o relatório.

RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE. LIMBO JURÍDICO-

PREVIDENCIÁRIO. NÃO CARACTERIZAÇÃO. Considerando que

o próprio Autor apresentou atestado médico ao retornar ao labor, e

que, apesar do encaminhamento pela empresa, não houve pedido

de prorrogação ou de concessão de novo benefício junto à

autarquia previdenciária, não se verifica, no caso ora em análise, a

necessária manifestação do INSS quanto à capacidade obreira,

necessária para configurar o chamado limbo jurídico-previdenciário. 2. FUNDAMENTAÇÃO

1. RELATÓRIO

2.1. CONHECIMENTO

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 645
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

2.2. MÉRITO

Conhece-se do recurso ordinário interposto pelo Reclamante,

porquanto preenchidos os pressupostos legais de admissibilidade.

Registre-se que a presente ação foi ajuizada em 21/02/2019, sob a

égide, portanto, da Lei 13.467/17 (Lei da Reforma Trabalhista).

Ressalte-se, ainda, que a Origem pronunciou a prescrição de

eventuais créditos anteriores a 21/02/2014, não havendo recurso

quanto ao aspecto.

2.2.1. LIMBO JURÍDICO-PREVIDENCIÁRIO. NÃO

CARACTERIZAÇÃO.

Na petição inicial, o Reclamante relatou que foi admitido pela

Reclamada em 12/04/2008, para exercer a função de vigilante

patrimonial, tendo ficado afastado do labor, em gozo de benefício

previdenciário, de 01/11/2009 a 30/04/2017.

Encontra-se, portanto, com o contrato de trabalho ativo.

Noticiou que, em 30/04/2017, teve seu benefício negado pelo INSS,

embora ainda se encontrasse incapacitado para o labor, ao passo

que a empresa também negou seu retorno ao trabalho, pois tinha

conhecimento das enfermidades que o acometiam.

Ressaltou que, ainda que não esteja apto a laborar na função

anteriormente exercida, devido a suas condições de saúde, deveria

a Ré tê-lo remanejado para um local ou função compatível com seu

estado de saúde.

Sob tais fundamentos, requereu a condenação da Ré a reintegrá-lo

na empresa, bem como a pagar os salários vencidos e vincendos

desde a alta pelo INSS em 30/04/2017, sob pena de aplicação de

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 646
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

multa diária de no mínimo R$ 500,00 (quinhentos reais). À análise dos fatos:

Em contestação, a Reclamada aduziu que o Autor realizou ASO de Nota-se, inicialmente, que o reclamante não faz pedido no sentido

retorno ao trabalho em 22/05/2017, sendo considerado apto para de que a reclamada proceda a sua readaptação.

trabalhar.

O próprio reclamante reconhece a sua inaptidão para o labor

Asseverou que não houve recusa em receber o Reclamante, tendo quando da alta previdenciária. E, ainda, assim, não ajuizou ação

o obreiro apresentado, em 26/05/2017, um atestado médico de 15 competente para questionar a decisão daquela autarquia

(quinze) dias acompanhado de laudo médico informando que não previdenciária.

dispunha de condições de exercer suas funções.

Ora, à época, que a mesma estava inapta se tanto a autora quanto

Narrou que o obreiro solicitou novo pedido de benefício a ré entendiam para o trabalho, competia a autora ter ingressado

previdenciário, o qual foi reconhecido até o dia 29/06/2017. com medidas contra a autarquia previdenciária, que não reconhecia

tal inaptidão, de modo a continuar a receber proventos para sua

Disse que, em 11/10/2017, o Reclamante realizou novamente ASO subsistência. Não há que se falar, aqui, em limbo jurídico, posto que

de retorno ao trabalho, foi considerado apto para o labor, mas, em , claramente, deveria o autor ter questionado sua situação perante a

25/10/2017, apresentou outro atestado de 15 (quinze) dias com autarquia previdenciária.

laudo médico.

Na medida em que a própria reclamante reconhece que o ato

Ressaltou que, entre os meses de junho a outubro do ano de 2017, praticado pelo empregador foi lícito, já que a lei trabalhista não

o Autor sequer compareceu ao trabalho e que, em 14/11/2017, permite que o mesmo exija trabalho de quem está doente, e

encaminhou o obreiro para avaliação de perícia no INSS, tendo sido condiciona a readaptação a especificações decorrentes da

deferido benefício previdenciário até 30/05/2018. habilitação realizada pelo INSS (Leis 8.212 e 8.213/1991). Assim, é

evidente que o pedido foi dirigido contra a pessoa errada. Não pode

Alegou que, antes mesmo de fazer novo ASO, o Reclamante tal ônus ser atribuído ao reclamada.

apresentou mais um atestado de 15 (quinze) dias, de 29/06/2018 a

13/07/2018, acompanhado de laudo médico. Dessa forma, improcedem todos os pedidos veiculados na inicial.

Esclareceu que referido atestado foi apresentado ao médico do Irresignado, recorre o Reclamante, alegando que sempre procurou

trabalho no dia 02/07/2018, data em que realizou o ASO de retorno a Reclamada para que esta o ajudasse financeiramente ou lhe

ao trabalho, pelo que foi considerado inapto para o labor e concedesse uma função compatível com seu estado de saúde,

novamente encaminhado para avaliação do INSS. sendo que sempre foi induzido a ingressar com recursos

administrativos em face do INSS.

Declarou que, desde então, o Reclamante não apresentou nenhum

novo comunicado de decisão do INSS, mantendo-se inerte, embora Ressaltou, ainda, que a Ré tinha total conhecimento das negativas

a Ré tenha enviado telegramas a sua procura. do INSS em prorrogar o benefício concedido.

O d. Juízo a quo, na r. sentença, julgou improcedente o pedido, Por fim, alegou que o fato de não ter ajuizado ação própria contra o

valendo-se dos seguintes fundamentos: INSS, objetivando a reforma da decisão administrativa não é capaz

de isentar a Ré do pagamento dos pleitos reivindicados.

Cumpre salientar que a petição inicial e réplica não guardam muita

clareza, na medida em que postula reintegração ao passo que Analisa-se.

reconhece que ainda pertence o autor aos quadros da ré. Ainda, a

inicial omitiu fatos demonstrados pela reclamada em sua defesa, Inicialmente, afasta-se o pedido de reintegração ao emprego, tendo

todos devidamente documentados. em vista que restou incontroverso que o pacto laboral continua

ativo.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 647
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Nesta mesma data, conforme comunicado de decisão ao ID.

Com efeito, embora o Reclamante não tenha prestado serviços 63c20d9 - Pág. 11, o Autor apresentou novo pedido de Auxílio-

após a alta previdenciária, sequer foi alegado por qualquer das Doença, o qual foi concedido até 30/05/2018.

partes que houve dispensa do obreiro, pelo que se conclui que não

houve rompimento do vínculo empregatício. Após o término do benefício, ainda antes de realizar o ASO de

retorno, o Autor apresentou, em 29/06/2018, mais um atestado de

Cinge-se o exame neste tópico, portanto, ao pleito de pagamento 15 dias (ID. 63c20d9 - Pág. 13), novamente acompanhado de laudo

dos salários vencidos e vincendos. médico.

Para o deslinde da questão, é necessário traçar-se o histórico de Em seguida, em 02/07/2018, o Reclamante realizou ASO de retorno

afastamentos do Autor, conforme declarações e documentos que (ID. ID. 63c20d9 - Pág. 14), tendo sido considerado pelo médico do

constam dos autos. trabalho inapto para o labor. Nesse mesmo dia, a empresa Ré

encaminhou o Reclamante ao INSS, declarando que após o

Conforme admitido por ambas as partes, o Reclamante ficou afastamento do trabalho ocorrido em 12/06/2017, o obreiro não

afastado de suas funções, em gozo de Auxílio Doença Comum, retornou ao trabalho até aquela data.

código 31, no período de 2009 a 30/04/2017.

Em 15/02/2019, a empresa enviou telegrama ao Autor, solicitando o

Após apresentar-se à empresa, a Reclamada realizou ASO de seu comparecimento à empresa para entregar o comunicado de

retorno ao trabalho em 22/05/2017, considerando o Reclamante Decisão do INSS com relação ao seu afastamento.

apto para o trabalho (Id. 63c20d9).

Seis dias depois, em 21/02/2019, o Reclamante ajuizou a presente

Quatro dias depois, contudo, em 26/05/2017, o Autor apresentou Reclamação Trabalhista.

atestado médico de 15 (quinze) dias (Id. 63c20d9), acompanhado

de laudo médico indicando o afastamento de suas funções. É esta, portanto, a situação fática demonstrada nos autos.

O Reclamante apresentou novo pedido de Auxílio-Doença em O limbo jurídico-previdenciário ocorre quando há divergência entre a

12/06/2017, o qual foi concedido até 29/06/2017 (comunicado de perícia médica realizada pelo INSS e o ASO de retorno realizado

decisão de Id. 63c20d9). por médico do trabalho da empregadora, ficando o trabalhador sem

receber os salários e o benefício previdenciário.

A Ré alega que, apesar do benefício ter terminado em 29/06/2017,

o Autor compareceu à empresa apenas em 11/10/2017, quando foi Não é, contudo, o que se verifica na hipótese, uma vez que, embora

realizado ASO de retorno, que o considerou apto para o labor. Em o Reclamante, de fato, tenha ficado sem receber benefício

réplica, o Autor não nega tais afirmativas, limitando-se a reiterar a previdenciário e salário, tal fato não pode ser imputado à empresa

tese deduzida na inicial de que ficou afastado apenas até ré.

30/04/2017, o que, de plano, já restou impugnado pela prova

documental juntada aos autos. Como bem salientou a Origem, o próprio autor confessou estar

inapto para o trabalho após a alta previdenciária, tanto assim que

Apesar do ASO de retorno ter considerado o Reclamante apto, 14 apresentou atestado médico, acompanhado de laudo, antes mesmo

dias depois, em 25/10/2017, ele apresentou novo atestado médico de se submeter ao ASO de retorno.

de 15 dias (Id. 63c20d9 - Pág. 8), acompanhado de laudo médico.

Em que pese sua incapacidade, o obreiro não cuidou de solicitar a

Por tal motivo, em 14/11/2017, a empresa encaminhou o obreiro ao prorrogação do benefício junto ao INSS, tampouco de apresentar

INSS, informando que ele retornou às suas atividades em novo pedido de concessão de auxílio-doença, de tal modo que, ante

11/10/2017 e voltou a se afastar pela mesma doença a partir de a ausência de decisão da citada autarquia, sequer há falar em

25/10/2017 (ID. 63c20d9 - Pág. 10). divergência entre o órgão previdenciário e o médico da reclamada.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 648
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Com efeito, a última comunicação de decisão do INSS juntada aos do art. 791-A, da CLT.

autos revela que o pedido de Auxílio-Doença, apresentado em

14/11/2017, foi acolhido e o benefício concedido até 30/05/2018, Em razões recursais, o Reclamante pugna, em caso de manutenção

após o que não há notícias de que o Reclamante tenha requerido do julgado, pela redução do valor arbitrado para 5% do valor da

novo exame médico-pericial. causa, bem como pela suspensão da exigibilidade de pagá-los.

O médico da empresa, a seu turno, acolhendo o laudo médico Analisa-se.

apresentado pelo próprio Autor dois dias antes, declarou a inaptidão

do obreiro para o trabalho, tendo a empregadora cumprido com sua Na Justiça do Trabalho, prevalecia o entendimento consubstanciado

obrigação de encaminhar o Reclamante à autarquia previdenciária. nas Súmulas n.º 219 e 329 do E. TST segundo o qual, em se

tratando de conflito decorrente da relação de emprego, os

Ante o exposto, considerando que o próprio Autor apresentou honorários advocatícios eram devidos apenas quando preenchidos

atestado médico ao retornar ao labor, e que, apesar do os requisitos contidos no art. 14 da Lei n. 5.584/1970.

encaminhamento pela empresa, não houve pedido de prorrogação

ou de concessão de novo benefício junto à autarquia previdenciária, Com o advento da Lei 13.467, de 13 de julho de 2017, contudo, foi

não se verifica, no caso ora em análise, a necessária manifestação acrescentado à CLT o art. 791-A, que autorizou a condenação na

do INSS quanto à capacidade obreira, necessária para configurar o verba honorária em razão da mera sucumbência.

chamado limbo jurídico-previdenciário.

Além disso, o novel dispositivo previu o pagamento de honorários

Deve ser mantida, portanto, a r. sentença, que indeferiu citada de sucumbência recíproca, de forma que, vencido o Reclamante,

pretensão, bem como todos os pedidos dela decorrentes (tutela ainda que relativamente a um único pedido, também deverá ele

antecipada e danos morais). responder pela verba honorária da parte contrária.

Nega-se provimento. Em que pese a intensa celeuma jurídica que se instaurou acerca da

aplicabilidade do novo regramento, este Relator adotou o

entendimento de que os dispositivos da Reforma Trabalhista que

versam sobre honorários advocatícios apenas incidem nas

demandas ajuizadas após a vigência da Lei 13.467/17, que ocorreu

em 11/11/2017.

O C. TST posicionou-se no mesmo sentido na recém editada

Instrução Normativa n. 41, que, em seu art. 6º assim dispõe:

2.2.2. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS DE SUCUMBÊNCIA Art. 6º Na Justiça do Trabalho, a condenação em honorários

advocatícios sucumbenciais, prevista no art. 791-A, e parágrafos, da

CLT, será aplicável apenas às ações propostas após 11 de

novembro de 2017 (Lei nº 13.467/2017). Nas ações propostas

anteriormente, subsistem as diretrizes do art. 14 da Lei 5.584/1970

e das Súmulas nº 219 e 329 do TST.

A presente demanda foi ajuizada em 21/02/2019, logo, após a

vigência da Reforma Trabalhista.

O d. Juízo a quo, na r. sentença, julgou totalmente improcedentes

os pedidos formulados na inicial e condenou o Reclamante no Destarte, são devidos, na espécie, os honorários advocatícios, nos

pagamento de honorários advocatícios no percentual de 10% sobre termos da nova legislação, in verbis:

o valor atribuído à causa, devendo ser observado o disposto no §4º

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 649
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente

devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% poderão ser executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito

(cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o em julgado da decisão que as certificou, o credor demonstrar que

valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que

obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse

da causa. prazo, tais obrigações do beneficiário.

§ 1o Os honorários são devidos também nas ações contra a Ocorre que este Relator entende ser inaplicável o dispositivo em

Fazenda Pública e nas ações em que a parte estiver assistida ou questão no que tange à possibilidade de compensação da verba

substituída pelo sindicato de sua categoria. honorária com o crédito do trabalhador beneficiário da justiça

gratuita, tendo em vista que tal norma viola as garantias

§ 2o Ao fixar os honorários, o juízo observará: constitucionais de amplo acesso à Justiça, de assistência jurídica

integral e gratuita e de proteção do salário.

I - o grau de zelo do profissional;

Com efeito, não se pode olvidar que o crédito trabalhista tem

II - o lugar de prestação do serviço; natureza alimentar e o trabalhador, ao despender sua força de

trabalho em proveito do empregador, não busca senão o seu

III - a natureza e a importância da causa; próprio sustento e da sua família. Dessa forma, não é compatível

com os direitos constitucionalmente tutelados a compensação das

IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o obrigações decorrentes da sucumbência com os créditos do

seu serviço. trabalhador em estado de miserabilidade econômica.

§ 3o Na hipótese de procedência parcial, o juízo arbitrará honorários Nesse mesmo sentido é o Enunciado n.o 3, da Comissão 7,

de sucumbência recíproca, vedada a compensação entre os aprovado na 2ª Jornada de Direito Material e Processual do

honorários. Trabalho, realizada pela ANAMATRA (Associação Nacional dos

Magistrados da Justiça do Trabalho), entre 9 e 10 de outubro de

[...] 2017, in verbis:

Assim, considerando que o Autor restou totalmente sucumbente nos HONORÁRIOS E ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA

pedidos formulados na inicial, mantém-se a condenação ao

pagamento de honorários advocatícios de sucumbência. É inconstitucional a previsão de utilização dos créditos trabalhistas

reconhecidos em juízo para o pagamento de despesas do

Relativamente ao valor, levando-se em conta os parâmetros fixados beneficiário da justiça gratuita com honorários advocatícios ou

no art. 791-A, §2º, supratranscritos, entende-se razoável e periais (artigos 791-A, §4º, e 790-B, §4º, da CLT, com a redação

proporcional reduzir os honorários advocatícios devidos pelo Autor dada pela Lei nº 13.467/2017), por ferir os direitos fundamentais à

para o percentual de 5% do valor da causa. assistência judiciária gratuita e integral, prestada pelo Estado, e à

proteção do salário (artigos 5º. LXXIV, e 7º, X, da Constituição

Por outro lado, a Origem deferiu ao obreiro o benefício da justiça Federal).

gratuita, e, nesse caso, pela redação do novel § 4º do art. 791-B, as

obrigações decorrentes da sucumbência ficariam sob condição Destarte, aplica-se ao caso o disposto no §3º do art. 98 do

suspensiva ou seus valores seriam compensadas com eventuais CPC/2015 em detrimento do §4º do art. 790-B da CLT, porquanto

créditos obtidos em juízo: mais benéfico ao trabalhador.

§ 4° Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha Portanto, a verba honorária devida pelo Autor deverá ficar, nos

obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de termos do §3º do art. 98 do CPC/2015, sob condição suspensiva de

suportar a despesa, as obrigações decorrentes de sua sucumbência exigibilidade e somente poderá ser executada se, nos 5 (cinco)

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 650
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que a

certificou, o credor demonstrar que deixou de existir a situação de

insuficiência de recursos que justificou a concessão de gratuidade, Acordam os Magistrados da 1ª Turma do Tribunal Regional do

extinguindo-se, passado esse prazo, tal obrigação do beneficiário. Trabalho da 17ª Região, na Sessão Ordinária realizada no dia 03 de

dezembro de 2019, às 13 horas e 30 minutos, sob a presidência do

Diante do exposto, dá-se parcial provimento para reduzir os Exmo. Desembargador Cláudio Armando Couce de Menezes, com

honorários devidos pelo Reclamante para o percentual de 5% do a participação do Exmo. Desembargador José Carlos Rizk, do

valor da causa, bem como para determinar que a verba honorária Exmo. Desembargador Mario Ribeiro Cantarino Neto, e presente o

devida deva ficar, nos termos do §3º do art. 98 do CPC, sob Procurador do Trabalho, Dr. Levi Scatolin, por unanimidade,

condição suspensiva de exigibilidade e somente poderá ser conhecer do recurso ordinário interposto pelo Reclamante; e, no

executada se, nos 5 (cinco) anos subsequentes ao trânsito em mérito, dar parcial provimento para reduzir os honorários devidos

julgado da decisão que a certificou, o credor demonstrar que deixou pelo Reclamante para o percentual de 5% do valor da causa, bem

de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a como para determinar que a verba honorária devida deva ficar, nos

concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tal termos do §3º do art. 98 do CPC, sob condição suspensiva de

obrigação do beneficiário. exigibilidade e somente poderá ser executada se, nos 5 (cinco)

anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que a

certificou, o credor demonstrar que deixou de existir a situação de

insuficiência de recursos que justificou a concessão de gratuidade,

extinguindo-se, passado esse prazo, tal obrigação do beneficiário.

Mantém-se o valor das custas; isento o Reclamante, ante a

concessão do benefício da justiça gratuita pela Origem.

3. ACÓRDÃO

DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK

Relator

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Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Acórdão
Processo Nº ROT-0000162-17.2019.5.17.0006
Relator JOSE CARLOS RIZK EMENTA
RECORRENTE ANSELMO REINHOLZ
ADVOGADO ROQUE FELIX NICCHIO(OAB:
16487/ES)
ADVOGADO FLAVIO DE ASSIS NICCHIO(OAB:
16179/ES)
RECORRIDO PROSEGUR BRASIL S/A -
TRANSPORTADORA DE VAL E
SEGURANCA
ADVOGADO EDUARDO CHALFIN(OAB: 53588/RJ)
ADVOGADO PRISCILA MATHIAS DE MORAIS
FICHTNER(OAB: 169760/SP)

Intimado(s)/Citado(s):
RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE. LIMBO JURÍDICO-
- PROSEGUR BRASIL S/A - TRANSPORTADORA DE VAL E
SEGURANCA PREVIDENCIÁRIO. NÃO CARACTERIZAÇÃO. Considerando que

o próprio Autor apresentou atestado médico ao retornar ao labor, e

que, apesar do encaminhamento pela empresa, não houve pedido

de prorrogação ou de concessão de novo benefício junto à


PODER JUDICIÁRIO
autarquia previdenciária, não se verifica, no caso ora em análise, a
JUSTIÇA DO TRABALHO
necessária manifestação do INSS quanto à capacidade obreira,

necessária para configurar o chamado limbo jurídico-previdenciário.

PROCESSO nº 0000162-17.2019.5.17.0006 (ROT)

RECORRENTE: ANSELMO REINHOLZ.

RECORRIDO: PROSEGUR BRASIL S/A - TRANSPORTADORA

DE VAL E SEGURANCA.

ORIGEM: 6º VARA DO TRABALHO DE VITÓRIA 1. RELATÓRIO

RELATOR: DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK

COMPETÊNCIA: 1ª TURMA

Trata-se de recurso ordinário interposto pelo Reclamante em face

da r. sentença de Id. fcc7106, complementada pela decisão de

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 652
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

embargos declaratórios de Id. e16d530, que declarou a prescrição

de eventuais créditos anteriores a 21/02/2014; e julgou totalmente Conhece-se do recurso ordinário interposto pelo Reclamante,

improcedentes os pedidos formulados na inicial, condenando o porquanto preenchidos os pressupostos legais de admissibilidade.

Autor no pagamento de honorários advocatícios no percentual de

10% sobre o valor atribuído à causa, com observância do disposto Registre-se que a presente ação foi ajuizada em 21/02/2019, sob a

no §4º do art. 791-A, da CLT. égide, portanto, da Lei 13.467/17 (Lei da Reforma Trabalhista).

Irresignado, em suas razões recursais, o Autor pugna pela reforma Ressalte-se, ainda, que a Origem pronunciou a prescrição de

da sentença no tocante ao limbo jurídico previdenciário, danos eventuais créditos anteriores a 21/02/2014, não havendo recurso

morais e honorários advocatícios. quanto ao aspecto.

Contrarrazões pela Reclamada ao Id. 751dd07.

É o relatório.

2. FUNDAMENTAÇÃO

2.1. CONHECIMENTO

2.2. MÉRITO

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retorno ao trabalho em 22/05/2017, sendo considerado apto para

trabalhar.

Asseverou que não houve recusa em receber o Reclamante, tendo

o obreiro apresentado, em 26/05/2017, um atestado médico de 15

(quinze) dias acompanhado de laudo médico informando que não

dispunha de condições de exercer suas funções.

Narrou que o obreiro solicitou novo pedido de benefício

previdenciário, o qual foi reconhecido até o dia 29/06/2017.

Disse que, em 11/10/2017, o Reclamante realizou novamente ASO

de retorno ao trabalho, foi considerado apto para o labor, mas, em

2.2.1. LIMBO JURÍDICO-PREVIDENCIÁRIO. NÃO 25/10/2017, apresentou outro atestado de 15 (quinze) dias com

CARACTERIZAÇÃO. laudo médico.

Ressaltou que, entre os meses de junho a outubro do ano de 2017,

o Autor sequer compareceu ao trabalho e que, em 14/11/2017,

encaminhou o obreiro para avaliação de perícia no INSS, tendo sido

deferido benefício previdenciário até 30/05/2018.

Alegou que, antes mesmo de fazer novo ASO, o Reclamante

apresentou mais um atestado de 15 (quinze) dias, de 29/06/2018 a

Na petição inicial, o Reclamante relatou que foi admitido pela 13/07/2018, acompanhado de laudo médico.

Reclamada em 12/04/2008, para exercer a função de vigilante

patrimonial, tendo ficado afastado do labor, em gozo de benefício Esclareceu que referido atestado foi apresentado ao médico do

previdenciário, de 01/11/2009 a 30/04/2017. trabalho no dia 02/07/2018, data em que realizou o ASO de retorno

ao trabalho, pelo que foi considerado inapto para o labor e

Encontra-se, portanto, com o contrato de trabalho ativo. novamente encaminhado para avaliação do INSS.

Noticiou que, em 30/04/2017, teve seu benefício negado pelo INSS, Declarou que, desde então, o Reclamante não apresentou nenhum

embora ainda se encontrasse incapacitado para o labor, ao passo novo comunicado de decisão do INSS, mantendo-se inerte, embora

que a empresa também negou seu retorno ao trabalho, pois tinha a Ré tenha enviado telegramas a sua procura.

conhecimento das enfermidades que o acometiam.

O d. Juízo a quo, na r. sentença, julgou improcedente o pedido,

Ressaltou que, ainda que não esteja apto a laborar na função valendo-se dos seguintes fundamentos:

anteriormente exercida, devido a suas condições de saúde, deveria

a Ré tê-lo remanejado para um local ou função compatível com seu Cumpre salientar que a petição inicial e réplica não guardam muita

estado de saúde. clareza, na medida em que postula reintegração ao passo que

reconhece que ainda pertence o autor aos quadros da ré. Ainda, a

Sob tais fundamentos, requereu a condenação da Ré a reintegrá-lo inicial omitiu fatos demonstrados pela reclamada em sua defesa,

na empresa, bem como a pagar os salários vencidos e vincendos todos devidamente documentados.

desde a alta pelo INSS em 30/04/2017, sob pena de aplicação de

multa diária de no mínimo R$ 500,00 (quinhentos reais). À análise dos fatos:

Em contestação, a Reclamada aduziu que o Autor realizou ASO de Nota-se, inicialmente, que o reclamante não faz pedido no sentido

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Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

de que a reclamada proceda a sua readaptação. partes que houve dispensa do obreiro, pelo que se conclui que não

houve rompimento do vínculo empregatício.

O próprio reclamante reconhece a sua inaptidão para o labor

quando da alta previdenciária. E, ainda, assim, não ajuizou ação Cinge-se o exame neste tópico, portanto, ao pleito de pagamento

competente para questionar a decisão daquela autarquia dos salários vencidos e vincendos.

previdenciária.

Para o deslinde da questão, é necessário traçar-se o histórico de

Ora, à época, que a mesma estava inapta se tanto a autora quanto afastamentos do Autor, conforme declarações e documentos que

a ré entendiam para o trabalho, competia a autora ter ingressado constam dos autos.

com medidas contra a autarquia previdenciária, que não reconhecia

tal inaptidão, de modo a continuar a receber proventos para sua Conforme admitido por ambas as partes, o Reclamante ficou

subsistência. Não há que se falar, aqui, em limbo jurídico, posto que afastado de suas funções, em gozo de Auxílio Doença Comum,

, claramente, deveria o autor ter questionado sua situação perante a código 31, no período de 2009 a 30/04/2017.

autarquia previdenciária.

Após apresentar-se à empresa, a Reclamada realizou ASO de

Na medida em que a própria reclamante reconhece que o ato retorno ao trabalho em 22/05/2017, considerando o Reclamante

praticado pelo empregador foi lícito, já que a lei trabalhista não apto para o trabalho (Id. 63c20d9).

permite que o mesmo exija trabalho de quem está doente, e

condiciona a readaptação a especificações decorrentes da Quatro dias depois, contudo, em 26/05/2017, o Autor apresentou

habilitação realizada pelo INSS (Leis 8.212 e 8.213/1991). Assim, é atestado médico de 15 (quinze) dias (Id. 63c20d9), acompanhado

evidente que o pedido foi dirigido contra a pessoa errada. Não pode de laudo médico indicando o afastamento de suas funções.

tal ônus ser atribuído ao reclamada.

O Reclamante apresentou novo pedido de Auxílio-Doença em

Dessa forma, improcedem todos os pedidos veiculados na inicial. 12/06/2017, o qual foi concedido até 29/06/2017 (comunicado de

decisão de Id. 63c20d9).

Irresignado, recorre o Reclamante, alegando que sempre procurou

a Reclamada para que esta o ajudasse financeiramente ou lhe A Ré alega que, apesar do benefício ter terminado em 29/06/2017,

concedesse uma função compatível com seu estado de saúde, o Autor compareceu à empresa apenas em 11/10/2017, quando foi

sendo que sempre foi induzido a ingressar com recursos realizado ASO de retorno, que o considerou apto para o labor. Em

administrativos em face do INSS. réplica, o Autor não nega tais afirmativas, limitando-se a reiterar a

tese deduzida na inicial de que ficou afastado apenas até

Ressaltou, ainda, que a Ré tinha total conhecimento das negativas 30/04/2017, o que, de plano, já restou impugnado pela prova

do INSS em prorrogar o benefício concedido. documental juntada aos autos.

Por fim, alegou que o fato de não ter ajuizado ação própria contra o Apesar do ASO de retorno ter considerado o Reclamante apto, 14

INSS, objetivando a reforma da decisão administrativa não é capaz dias depois, em 25/10/2017, ele apresentou novo atestado médico

de isentar a Ré do pagamento dos pleitos reivindicados. de 15 dias (Id. 63c20d9 - Pág. 8), acompanhado de laudo médico.

Analisa-se. Por tal motivo, em 14/11/2017, a empresa encaminhou o obreiro ao

INSS, informando que ele retornou às suas atividades em

Inicialmente, afasta-se o pedido de reintegração ao emprego, tendo 11/10/2017 e voltou a se afastar pela mesma doença a partir de

em vista que restou incontroverso que o pacto laboral continua 25/10/2017 (ID. 63c20d9 - Pág. 10).

ativo.

Nesta mesma data, conforme comunicado de decisão ao ID.

Com efeito, embora o Reclamante não tenha prestado serviços 63c20d9 - Pág. 11, o Autor apresentou novo pedido de Auxílio-

após a alta previdenciária, sequer foi alegado por qualquer das Doença, o qual foi concedido até 30/05/2018.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 655
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

após o que não há notícias de que o Reclamante tenha requerido

Após o término do benefício, ainda antes de realizar o ASO de novo exame médico-pericial.

retorno, o Autor apresentou, em 29/06/2018, mais um atestado de

15 dias (ID. 63c20d9 - Pág. 13), novamente acompanhado de laudo O médico da empresa, a seu turno, acolhendo o laudo médico

médico. apresentado pelo próprio Autor dois dias antes, declarou a inaptidão

do obreiro para o trabalho, tendo a empregadora cumprido com sua

Em seguida, em 02/07/2018, o Reclamante realizou ASO de retorno obrigação de encaminhar o Reclamante à autarquia previdenciária.

(ID. ID. 63c20d9 - Pág. 14), tendo sido considerado pelo médico do

trabalho inapto para o labor. Nesse mesmo dia, a empresa Ré Ante o exposto, considerando que o próprio Autor apresentou

encaminhou o Reclamante ao INSS, declarando que após o atestado médico ao retornar ao labor, e que, apesar do

afastamento do trabalho ocorrido em 12/06/2017, o obreiro não encaminhamento pela empresa, não houve pedido de prorrogação

retornou ao trabalho até aquela data. ou de concessão de novo benefício junto à autarquia previdenciária,

não se verifica, no caso ora em análise, a necessária manifestação

Em 15/02/2019, a empresa enviou telegrama ao Autor, solicitando o do INSS quanto à capacidade obreira, necessária para configurar o

seu comparecimento à empresa para entregar o comunicado de chamado limbo jurídico-previdenciário.

Decisão do INSS com relação ao seu afastamento.

Deve ser mantida, portanto, a r. sentença, que indeferiu citada

Seis dias depois, em 21/02/2019, o Reclamante ajuizou a presente pretensão, bem como todos os pedidos dela decorrentes (tutela

Reclamação Trabalhista. antecipada e danos morais).

É esta, portanto, a situação fática demonstrada nos autos. Nega-se provimento.

O limbo jurídico-previdenciário ocorre quando há divergência entre a

perícia médica realizada pelo INSS e o ASO de retorno realizado

por médico do trabalho da empregadora, ficando o trabalhador sem

receber os salários e o benefício previdenciário.

Não é, contudo, o que se verifica na hipótese, uma vez que, embora

o Reclamante, de fato, tenha ficado sem receber benefício

previdenciário e salário, tal fato não pode ser imputado à empresa

ré. 2.2.2. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS DE SUCUMBÊNCIA

Como bem salientou a Origem, o próprio autor confessou estar

inapto para o trabalho após a alta previdenciária, tanto assim que

apresentou atestado médico, acompanhado de laudo, antes mesmo

de se submeter ao ASO de retorno.

Em que pese sua incapacidade, o obreiro não cuidou de solicitar a

prorrogação do benefício junto ao INSS, tampouco de apresentar

novo pedido de concessão de auxílio-doença, de tal modo que, ante O d. Juízo a quo, na r. sentença, julgou totalmente improcedentes

a ausência de decisão da citada autarquia, sequer há falar em os pedidos formulados na inicial e condenou o Reclamante no

divergência entre o órgão previdenciário e o médico da reclamada. pagamento de honorários advocatícios no percentual de 10% sobre

o valor atribuído à causa, devendo ser observado o disposto no §4º

Com efeito, a última comunicação de decisão do INSS juntada aos do art. 791-A, da CLT.

autos revela que o pedido de Auxílio-Doença, apresentado em

14/11/2017, foi acolhido e o benefício concedido até 30/05/2018, Em razões recursais, o Reclamante pugna, em caso de manutenção

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 656
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

do julgado, pela redução do valor arbitrado para 5% do valor da valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico

causa, bem como pela suspensão da exigibilidade de pagá-los. obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado

da causa.

Analisa-se.

§ 1o Os honorários são devidos também nas ações contra a

Na Justiça do Trabalho, prevalecia o entendimento consubstanciado Fazenda Pública e nas ações em que a parte estiver assistida ou

nas Súmulas n.º 219 e 329 do E. TST segundo o qual, em se substituída pelo sindicato de sua categoria.

tratando de conflito decorrente da relação de emprego, os

honorários advocatícios eram devidos apenas quando preenchidos § 2o Ao fixar os honorários, o juízo observará:

os requisitos contidos no art. 14 da Lei n. 5.584/1970.

I - o grau de zelo do profissional;

Com o advento da Lei 13.467, de 13 de julho de 2017, contudo, foi

acrescentado à CLT o art. 791-A, que autorizou a condenação na II - o lugar de prestação do serviço;

verba honorária em razão da mera sucumbência.

III - a natureza e a importância da causa;

Além disso, o novel dispositivo previu o pagamento de honorários

de sucumbência recíproca, de forma que, vencido o Reclamante, IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o

ainda que relativamente a um único pedido, também deverá ele seu serviço.

responder pela verba honorária da parte contrária.

§ 3o Na hipótese de procedência parcial, o juízo arbitrará honorários

Em que pese a intensa celeuma jurídica que se instaurou acerca da de sucumbência recíproca, vedada a compensação entre os

aplicabilidade do novo regramento, este Relator adotou o honorários.

entendimento de que os dispositivos da Reforma Trabalhista que

versam sobre honorários advocatícios apenas incidem nas [...]

demandas ajuizadas após a vigência da Lei 13.467/17, que ocorreu

em 11/11/2017. Assim, considerando que o Autor restou totalmente sucumbente nos

pedidos formulados na inicial, mantém-se a condenação ao

O C. TST posicionou-se no mesmo sentido na recém editada pagamento de honorários advocatícios de sucumbência.

Instrução Normativa n. 41, que, em seu art. 6º assim dispõe:

Relativamente ao valor, levando-se em conta os parâmetros fixados

Art. 6º Na Justiça do Trabalho, a condenação em honorários no art. 791-A, §2º, supratranscritos, entende-se razoável e

advocatícios sucumbenciais, prevista no art. 791-A, e parágrafos, da proporcional reduzir os honorários advocatícios devidos pelo Autor

CLT, será aplicável apenas às ações propostas após 11 de para o percentual de 5% do valor da causa.

novembro de 2017 (Lei nº 13.467/2017). Nas ações propostas

anteriormente, subsistem as diretrizes do art. 14 da Lei 5.584/1970 Por outro lado, a Origem deferiu ao obreiro o benefício da justiça

e das Súmulas nº 219 e 329 do TST. gratuita, e, nesse caso, pela redação do novel § 4º do art. 791-B, as

obrigações decorrentes da sucumbência ficariam sob condição

A presente demanda foi ajuizada em 21/02/2019, logo, após a suspensiva ou seus valores seriam compensadas com eventuais

vigência da Reforma Trabalhista. créditos obtidos em juízo:

Destarte, são devidos, na espécie, os honorários advocatícios, nos § 4° Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha

termos da nova legislação, in verbis: obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de

suportar a despesa, as obrigações decorrentes de sua sucumbência

Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente

devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% poderão ser executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito

(cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o em julgado da decisão que as certificou, o credor demonstrar que

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 657
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que extinguindo-se, passado esse prazo, tal obrigação do beneficiário.

justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse

prazo, tais obrigações do beneficiário. Diante do exposto, dá-se parcial provimento para reduzir os

honorários devidos pelo Reclamante para o percentual de 5% do

Ocorre que este Relator entende ser inaplicável o dispositivo em valor da causa, bem como para determinar que a verba honorária

questão no que tange à possibilidade de compensação da verba devida deva ficar, nos termos do §3º do art. 98 do CPC, sob

honorária com o crédito do trabalhador beneficiário da justiça condição suspensiva de exigibilidade e somente poderá ser

gratuita, tendo em vista que tal norma viola as garantias executada se, nos 5 (cinco) anos subsequentes ao trânsito em

constitucionais de amplo acesso à Justiça, de assistência jurídica julgado da decisão que a certificou, o credor demonstrar que deixou

integral e gratuita e de proteção do salário. de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a

concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tal

Com efeito, não se pode olvidar que o crédito trabalhista tem obrigação do beneficiário.

natureza alimentar e o trabalhador, ao despender sua força de

trabalho em proveito do empregador, não busca senão o seu

próprio sustento e da sua família. Dessa forma, não é compatível

com os direitos constitucionalmente tutelados a compensação das

obrigações decorrentes da sucumbência com os créditos do

trabalhador em estado de miserabilidade econômica.

Nesse mesmo sentido é o Enunciado n.o 3, da Comissão 7,

aprovado na 2ª Jornada de Direito Material e Processual do

Trabalho, realizada pela ANAMATRA (Associação Nacional dos

Magistrados da Justiça do Trabalho), entre 9 e 10 de outubro de

2017, in verbis:

HONORÁRIOS E ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA

3. ACÓRDÃO

É inconstitucional a previsão de utilização dos créditos trabalhistas

reconhecidos em juízo para o pagamento de despesas do

beneficiário da justiça gratuita com honorários advocatícios ou

periais (artigos 791-A, §4º, e 790-B, §4º, da CLT, com a redação

dada pela Lei nº 13.467/2017), por ferir os direitos fundamentais à

assistência judiciária gratuita e integral, prestada pelo Estado, e à

proteção do salário (artigos 5º. LXXIV, e 7º, X, da Constituição

Federal).

Destarte, aplica-se ao caso o disposto no §3º do art. 98 do

CPC/2015 em detrimento do §4º do art. 790-B da CLT, porquanto

mais benéfico ao trabalhador.

Portanto, a verba honorária devida pelo Autor deverá ficar, nos

termos do §3º do art. 98 do CPC/2015, sob condição suspensiva de

exigibilidade e somente poderá ser executada se, nos 5 (cinco)

anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que a

certificou, o credor demonstrar que deixou de existir a situação de

insuficiência de recursos que justificou a concessão de gratuidade, Acordam os Magistrados da 1ª Turma do Tribunal Regional do

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 658
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Trabalho da 17ª Região, na Sessão Ordinária realizada no dia 03 de

dezembro de 2019, às 13 horas e 30 minutos, sob a presidência do

Exmo. Desembargador Cláudio Armando Couce de Menezes, com

a participação do Exmo. Desembargador José Carlos Rizk, do Acórdão


Processo Nº RORSum-0000122-38.2019.5.17.0005
Exmo. Desembargador Mario Ribeiro Cantarino Neto, e presente o Relator JOSE CARLOS RIZK
Procurador do Trabalho, Dr. Levi Scatolin, por unanimidade, RECORRENTE KEILA SILVERIANO DE CERQUEIRA
ADVOGADO THIAGO MARTINS RABELO(OAB:
conhecer do recurso ordinário interposto pelo Reclamante; e, no 154211/MG)
mérito, dar parcial provimento para reduzir os honorários devidos ADVOGADO ALESSANDRA CRISTINA DIAS(OAB:
144802/MG)
pelo Reclamante para o percentual de 5% do valor da causa, bem ADVOGADO DANIELLE CRISTINA VIEIRA DE
SOUZA DIAS(OAB: 116893/MG)
como para determinar que a verba honorária devida deva ficar, nos
ADVOGADO MARCOS ROBERTO DIAS(OAB:
termos do §3º do art. 98 do CPC, sob condição suspensiva de 87946/MG)
RECORRENTE VIA VAREJO S/A
exigibilidade e somente poderá ser executada se, nos 5 (cinco)
ADVOGADO DECIO FLAVIO GONCALVES
anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que a TORRES FREIRE(OAB: 12082/ES)
RECORRIDO VIA VAREJO S/A
certificou, o credor demonstrar que deixou de existir a situação de
ADVOGADO DECIO FLAVIO GONCALVES
insuficiência de recursos que justificou a concessão de gratuidade, TORRES FREIRE(OAB: 12082/ES)
RECORRIDO KEILA SILVERIANO DE CERQUEIRA
extinguindo-se, passado esse prazo, tal obrigação do beneficiário.
ADVOGADO ALESSANDRA CRISTINA DIAS(OAB:
Mantém-se o valor das custas; isento o Reclamante, ante a 144802/MG)
ADVOGADO DANIELLE CRISTINA VIEIRA DE
concessão do benefício da justiça gratuita pela Origem. SOUZA DIAS(OAB: 116893/MG)
ADVOGADO MARCOS ROBERTO DIAS(OAB:
87946/MG)
ADVOGADO THIAGO MARTINS RABELO(OAB:
154211/MG)
TESTEMUNHA OSWALDO RAIMUNDO DE ARAUJO
TESTEMUNHA ANDERSON PEREIRA BOLONHA

Intimado(s)/Citado(s):
- KEILA SILVERIANO DE CERQUEIRA

PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA DO TRABALHO

DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK

Relator

PROCESSO nº 0000122-38.2019.5.17.0005 (RORSum)

RECORRENTES: VIA VAREJO S/A; KEILA SILVERIANO DE

CERQUEIRA

RECORRIDOS: KEILA SILVERIANO DE CERQUEIRA; VIA

VAREJO S/A

ORIGEM: 5ª VARA DO TRABALHO DE VITÓRIA/ES

RELATOR: DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 659
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

COMPETÊNCIA: 1ª TURMA

Ao ID. a263f1d apresenta a Autora contrarrazões ao apelo Patronal,

pugnando, preliminarmente, seja reconhecida a deserção.

Sucessivamente, pede seja-lhe negado provimento.

Por sua vez, em seu recurso ordinário insurge-se a Laborista quanto

às diferenças de comissões decorrentes de vendas não

faturadas/canceladas e/ou objeto de troca, diferenças de comissões

decorrentes de vendas de serviços, diferenças de comissões em

razão das vendas parceladas, prêmio estímulo, horas extras,

intervalo intrajornada, não incidência da súmula 340, do TST, PLR e

honorários advocatícios sucumbenciais.

A Reclamada junta contrarrazões ao ID. 04a89c6, requerendo a

manutenção da r. sentença, nos pontos atacados.

Este Relator, verificando que a apólice do seguro garantia judicial foi

contratada no limite definido pelo TST e vigente a partir de 1º de

agosto de 2019 para os depósitos recursais (R$ 9.828,51), não

1. RELATÓRIO tendo sido acrescida dos 30% exigidos pelo CPC, determinou a

intimação da Reclamada para complementação do seguro garantia

ou o recolhimento do valor atinente ao depósito recursal, sob pena

de deserção do apelo interposto.

Intimada, a Reclamada juntou complementação de apólice ao ID.

3d3efc4.

Registre-se que a presente demanda foi ajuizada em 13/02/2019,

Trata-se de recursos ordinários sumaríssimos interpostos pela sob a égide, portanto, da Lei 13.467/2017 - Reforma Trabalhista.

Reclamada (ID. bf88c02) e pela Reclamante (ID. 79fc077), em face

da sentença prolatada ao ID. 6c28016, na qual a Origem, rejeitando É o relatório.

as preliminares de impugnação ao valor da causa e inépcia da

inicial, no mérito, julgou parcialmente procedentes os pedidos

formulados na exordial para condenar a Ré no pagamento de

reflexos dos prêmios e diferenças de comissões, e para condenar

ambas as partes no pagamento de honorários advocatícios

sucumbenciais recíprocos.

Irresignada, em suas razões recursais, a Reclamada argui,

inicialmente, a prescrição quinquenal. No mérito, pretende a reforma

da r. decisão no tocante às diferenças de comissões e justiça

gratuita concedida à Reclamante.

2. FUNDAMENTAÇÃO

Junta comprovante de recolhimento das custas processuais ao ID.

fde110c e de depósito recursal ao ID. 7b4fd91, na forma de seguro

garantia judicial.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 660
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

A uma, uma vez que estabelece o prazo de 30 dias para efetuar o

pagamento devido (o que destoa, em muito, do prazo de 48 horas

arbitrado pelo art. 880, da CLT).

A duas, pois a apólice fixa, expressamente, seu prazo de vigência,

qual seja, 23/07/2024, donde se infere se tratar de uma garantia

meramente provisória, não atendendo, dessa forma, o escopo do

art. 899, § 1º, da CLT.

A três, porquanto há uma considerável burocracia imposta para a

percepção do valor segurado já que a execução do contrato de

2.1. CONHECIMENTO seguro é condicionada ao cumprimento de exigências estabelecidas

pela própria seguradora, retirando-se do Juízo a autonomia para

definir o momento da liberação do numerário em prol do

Reclamante/Exequente.

Examina-se.

A Reforma Trabalhista sanou a controvérsia outrora existente

acerca da aceitabilidade ou não do seguro garantia em substituição

ao depósito recursal. Quanto ao tema, merecem destaque dois

dispositivos da CLT, a seguir transcritos:

Art. 899. § 4o. O depósito recursal será feito em conta vinculada ao

juízo e corrigido com os mesmos índices da poupança. (Redação

dada pela Lei nº 13.467, de 2017)

§ 11. O depósito recursal poderá ser substituído por fiança bancária

2.1.1. PRELIMINAR DE NÃO CONHECIMENTO. DESERÇÃO. ou seguro garantia judicial. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)

REALIZAÇÃO DO DEPÓSITO RECURSAL EM

DESCONFORMIDADE COM AS REGRAS CELETISTAS. Com efeito, quanto aos recursos interpostos a partir de 11/11/2017,

SUSCITADA PELA RECLAMANTE EM CONTRARRAZÕES AO inquestionável a possibilidade de o Réu valer-se do seguro garantia

APELO PATRONAL judicial ao interpor seu recurso, devendo a apólice, contudo, estar

adequadamente redigida, com prazo de vigência razoável e

consignando como índice de correção o da poupança ou outro

superior.

Ademais, frise-se que, considerando que a finalidade precípua do

depósito recursal é garantir a execução, entende-se pela

aplicabilidade do art. 835, §2º, do CPC, segundo o qual "Para fins

de substituição da penhora, equiparam-se a dinheiro a fiança

Em contrarrazões ao apelo Patronal suscita a Reclamante bancária e o seguro garantia judicial, desde que em valor não

preliminar de deserção, sob o argumento de que o seguro garantia inferior ao do débito constante da inicial, acrescido de trinta por

realizado pela Reclamada revela-se inadequado para figurar como cento".

substituto do depósito recursal.

Pois bem.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 661
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

complementação do seguro garantia ou o recolhimento do valor

Na espécie, verifica-se que a apólice do seguro garantia judicial foi atinente ao depósito recursal, sob pena de deserção do apelo

contratada no limite definido pelo TST e vigente a partir de 1º de interposto.

agosto de 2019 para os depósitos recursais (R$ 9.828,51), não

tendo sido acrescida dos 30% exigidos pelo CPC. Intimada, a Reclamada juntou complementação de apólice ao ID.

3d3efc4. Destarte, merece ser conhecido seu apelo.

Nada obstante, este Relator entende ser imprescindível a intimação

do Recorrente para complementar a garantia recursal em caso de Conhece-se dos recursos ordinários sumaríssimos interpostos pela

insuficiência, esteja ela consubstanciada na forma de depósito ou Reclamada e pela Reclamante, porquanto presentes os

de seguro, uma vez que não é razoável tratar com rigor distinto pressupostos legais de admissibilidade recursal.

institutos que a lei previu com a mesma finalidade e em patamar de

igualdade. Registre-se que a presente demanda foi ajuizada em 13/02/2019,

sob a égide, portanto, da Lei 13.467/2017 - Reforma Trabalhista.

Nesse sentido, estabelece a OJ n. 140 da SBDI-1 do TST que "Em

caso de recolhimento insuficiente das custas processuais ou do Ressalte-se, ainda, que não houve pronúncia da prescrição pela

depósito recursal, somente haverá deserção do recurso se, Origem, havendo recurso quanto ao tema.

concedido o prazo de 5 (cinco) dias previsto no § 2º do art. 1.007 do

CPC de 2015, o recorrente não complementar e comprovar o valor

devido".

Por conseguinte, deve-se conceder à Reclamada prazo para

regularizar o preparo, em observância ao princípio de natureza

processual/constitucional que veda decisões-surpresa (art. 10 do

CPC c/c o art. 5º, LV, da CF), mormente considerando, repise-se,

que o §11 do art. 899 da CLT expressamente autoriza a

possibilidade de substituição do depósito recursal pelo seguro

garantia judicial.

2.2. SUSPENSÃO DO PROCESSO. DECLARAÇÃO DE

Ademais, não é razoável equiparar a situação daquele que deixou INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 791-A, DA CLT. QUESTÃO

de realizar o preparo com a situação daquele o realizou ainda que AFETADA AO TRIBUNAL PLENO

não tenha revestido-se de todas as formalidades exigidas.

Tal entendimento prioriza o saneamento dos vícios e o

aproveitamento dos atos processuais e coaduna-se com os

princípios da boa-fé objetiva e da instrumentalidade das formas.

Por outro lado, em relação aos demais requisitos, considerados

"burocráticos" pela Reclamante, observa-se que lei não vincula sua

força normativa à observância de normas infralegais específicas, Em sede recursal, pretende a Autora seja reconhecida a

tampouco define diretamente os elementos que considera inconstitucionalidade incidental do art. 791-A, §4º, da CLT e seja

indispensáveis à validade do instituto em questão, e, tendo sido excluída sua condenação no pagamento de honorários advocatícios

fixado na apólice um prazo razoável de vigência (23/07/2024), sucumbenciais.

entende-se pela boa-fé da Recorrente.

Pois bem.

Ante todo o exposto, este Relator, por meio do despacho de ID.

7043ed6, determinou a intimação da Reclamada para Esta 1ª Turma, na sessão ordinária realizada no dia 29/10/2019,

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 662
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

resolveu, por unanimidade, conhecer dos recursos ordinários

sumaríssimos interpostos pela Reclamada e pela Reclamante e,

diante da cláusula de reserva de plenário, suspender o presente

feito até a conclusão do julgamento do Incidente de Arguição de

Inconstitucionalidade autuado sob nº 0000453-35.2019.5.17.0000,

que trata acerca da constitucionalidade do art. 791-A, §4º, da CLT.

Na sessão ordinária realizada no dia 23/10/2019, o Pleno deste Consta da inicial que a Reclamante foi admitida pela Reclamada em

Regional julgou o Incidente de Arguição de Inconstitucionalidade nº 17/07/2014, na função de vendedora, tendo sido dispensada sem

0000453-35.2019.5.17.0000, declarando a inconstitucionalidade justa causa em 02/11/2018, quando percebia remuneração média

parcial do §4º, do art. 791-A, da CLT, conforme se depreende da no valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais).

ementa ora transcrita:

Em razões de recurso ordinário sumaríssimo, pugna a Reclamada,

"ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. HONORÁRIOS em prejudicial ao mérito, seja reconhecida a prescrição quinquenal.

ADVOCATÍCIOS. ARTIGO 791-A, § 4º, DA CLT. Declara-se a

inconstitucionalidade parcial do § 4º, do artigo 791-A, da CLT Examina-se.

somente quanto ao trecho: "desde que não tenha obtido em juízo,

ainda que outro processo, créditos capazes de suportar a despesa", A presente ação foi ajuizada em 13/02/2019.

no sentido de que não se possa atingir os créditos deferidos ao

beneficiário da justiça gratuita, ainda que em outro processo, mas Assim, por força do artigo 7º, inciso XXIX, da Carta Magna e do art.

tão somente que a verba honorária fique sob condição suspensiva 11, inciso I, da CLT, conclui-se que as parcelas trabalhistas

de exigibilidade, podendo ser executada, se nos 2 (anos) anteriores a 13/02/2014 estariam fulminadas pela prescrição

subseqüentes ao trânsito em julgado da decisão que a certificou, o quinquenal.

credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência

de recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo- Todavia, tendo sido a Obreira admitida somente em 17/07/2014 não

se, passado esse prazo, tal obrigação do beneficiário". há falar em prescrição.

Assim, considerando o julgamento da matéria pelo Pleno deste Rejeita-se.

Tribunal, os autos retornaram à 1ª Turma para prosseguimento do

julgamento dos recursos ordinários interpostos pelas partes.

Ante o exposto, nos termos do acórdão proferido no bojo do

Incidente de Arguição de Inconstitucionalidade nº 0000453-

35.2019.5.17.0000, declara-se a inconstitucionalidade parcial do

§4º, do art. 791-A, da CLT.

2.3. PRESCRIÇÃO QUINQUENAL

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No entanto, sustentou que jamais lhe foram apresentados quaisquer

2.4. MÉRITO DO RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA documentos demonstrando quais comissões não teriam sido

adimplidas ou mesmo quais vendas do respectivo período não

teriam sido faturadas, trocadas ou canceladas pelos clientes.

Pretendeu, em razão do narrado, a condenação da Reclamada no

pagamento de diferenças de comissões, tanto na venda de

mercadorias quanto na de serviços, mês a mês, considerando-se

todo o pacto laboral, com base no valor médio mensal de 30%

(trinta por cento) das comissões recebidas, devidamente acrescidas

do RSR e já enriquecidas deste seus reflexos em aviso prévio, 13º

salário, férias + 1/3 e de tudo em FGTS e multa de 40%.

Defendeu-se a Ré sob o argumento de que ao longo de todo o

contrato de trabalho, a Reclamante poderia ter esclarecido

eventuais dúvidas acerca dos valores pagos, por meio do Sistema

2.4.1. DIFERENÇAS DE COMISSÕES. VENDAS NÃO PCOM e, ainda, por meio de chamado para área técnica, ou por

FATURADAS chamado via portal (denominado CRM WEB), ou, presencialmente,

com os seus gestores, Gerentes das filiais nas quais trabalhou; de

modo que existiam diversas formas da parte Autora esclarecer os

valores que lhe eram pagos.

A Origem deferiu em parte a pretensão Obreira, adotando as

seguintes razões de decidir:

O contrato de trabalho da Autora apresenta como forma de

Consta da inicial que a Reclamante foi admitida pela Reclamada em remuneração a base de comissões "sobre as vendas efetuadas".

17/07/2014, na função de vendedora, tendo sido dispensada sem

justa causa em 02/11/2018, quando percebia remuneração média Prevê o art. 466 da CLT que "o pagamento de comissões e

no valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais). percentagens só é exigível depois de ultimada a transação a que se

referem", sendo o entendimento dessa magistrada em consonância

Registre-se que a presente demanda foi ajuizada em 13/02/2019, com a jurisprudência do C. TST de que o fim da transação se dá

sob a égide, portanto, da Lei 13.467/2017 - Reforma Trabalhista. com o fechamento do negócio, e não com o cumprimento das

obrigações dele decorrentes, ou seja, pagamento da obrigação

Ressalte-se, ainda, que não houve pronúncia da prescrição pela resultante do negócio ajustado com o cliente. Nesse sentido o PN nº

Origem, havendo recurso quanto ao tema. 97 da SDC do C. TST, que assim dispõe: "Proibição de estorno de

comissões (positivo) Ressalvada a hipótese prevista no art. 7º da

Na peça de entrada alegou a Autora que durante todo o contrato de Lei nº3.207/57, fica vedado às empresas o desconto ou estorno das

trabalho, ao conferir o valor recebido a título de comissões, apurava comissões do empregado, incidentes sobre mercadorias devolvidas

mensalmente diferenças a menor no importe médio de 30% (trinta pelo cliente, após a efetivação de venda".

por cento).

Assim, eventuais cancelamentos e trocas pelo cliente implicam nos

Explicou que quando alertou a Ré sobre a questão, foi informada riscos do negocio a que esta adstrito exclusivamente o empregador,

que "deveria se tratar de vendas de mercadorias e serviços não não sendo possível o estorno de tais comissões.

faturadas no período, ou mesmo objeto de cancelamento ou troca".

Pelo exposto, condeno a reclamada ao pagamento de diferenças de

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comissões pelo estorno indevido de vendas, observados os valores

constantes dos relatórios carreados aos autos, a prescrição e os Ressalvada a hipótese prevista no art. 7º da Lei nº 3207/1957, fica

respectivos reflexos em 13º salários, férias + 1/3, aviso prévio e vedado às empresas o desconto ou estorno das comissões do

FGTS + 40%. empregado, incidentes sobre mercadorias devolvidas pelo cliente,

após a efetivação de venda.

Indefiro as repercussões do repouso semanal remunerado nas

demais parcelas trabalhistas, pois constituem bis in idem o cômputo Ora, o art. 466, da CLT é claro ao estabelecer que "o pagamento

de reflexos sobre reflexos. das comissões é exigível depois de ultimada a transação", sendo

que o C. TST tem reiteradamente interpretado tal dispositivo no

Em sede recursal insiste a Reclamada que a Reclamante sempre sentido de que a ultimação da transação ocorre na ocasião do

recebeu, corretamente, mês a mês, todas as suas comissões sobre fechamento do negócio e não no momento do cumprimento das

suas vendas concretizadas, não havendo que se falar em obrigações.

pendência de comissões por supostas vendas não faturadas.

Destarte, o estorno de comissões em caso de cancelamento

Quanto ao cancelamento da compra, alega que, tendo o cliente transfere, ao empregado, os riscos empresariais, em franca afronta

exercido seu direito de cancelamento, o produto retorna para o aos artigos 2º, 444 e 462, todos da CLT.

estoque da loja para ser novamente comercializado e a empresa é

obrigada a restituir ao cliente o valor pago, não se beneficiando de Citem-se, nesse sentido, os seguintes arestos do C. TST:

nenhuma forma.

ESTORNOS DE COMISSÕES. CANCELAMENTO DA VENDA OU

Diante de tal fato, sustenta que manter a comissão do vendedor INADIMPLÊNCIA DO COMPRADOR. IMPOSSIBILIDADE. A

mesmo diante do cancelamento da venda configuraria fraude por discussão dos autos refere-se a estorno de comissões sobre

parte da empresa, principalmente no que tange às obrigações contratos formalizados pela autora, em virtude do inadimplemento

tributárias e fiscais, uma vez que os lucros e despesas não teriam ou do cancelamento pelos clientes. Prevê o artigo 466 da CLT que "

seus valores compatíveis para fim de declaração do imposto de o pagamento de comissões e percentagens só é exigível depois da

renda. ultimada a transação a que se referem ". Esta Corte, reiteradamente

interpretando o referido dispositivo, tem adotado o entendimento de

No que tange à troca, alega ocorria de maneira eventual. que o fim da transação se dá com o fechamento do negócio, e não

com o cumprimento, pelos clientes, das obrigações dele

Em atenção ao princípio da eventualidade, pede a redução do provenientes, ou seja, com o pagamento da obrigação decorrente

percentual deferido. do negócio ajustado. Nesse sentido, também, é o Precedente

Normativo nº 97 da SDC desta Corte: " Proibição de estorno de

Examina-se. comissões (positivo) Ressalvada a hipótese prevista no art. 7º da

Lei nº 3.207/57, fica vedado às empresas o desconto ou estorno

É incontroverso que a Reclamada realizava o estorno das das comissões do empregado, incidentes sobre mercadorias

comissões recebidas pelo vendedor em caso de cancelamento da devolvidas pelo cliente, após a efetivação de venda ". Assim, não

venda pelo cliente. são autorizados estornos de comissões pelo cancelamento da

venda ou pela inadimplência do comprador. Agravo desprovido. (Ag

Ocorre que, em que pese sustentar a Ré a legalidade de tal prática, -AIRR-1516-62.2017.5.12.0014, 2ª Turma, Relator Ministro José

não é este o entendimento que tem prevalecido nos tribunais Roberto Freire Pimenta, DEJT 23/08/2019).

pátrios.

"RECURSO ORDINÁRIO. AÇÃO ANULATÓRIA DE CLÁUSULA DE

Com efeito, dispõe o Precedente Normativo nº 97 da SDC, do C. CONVENÇÃO COLETIVA PROPOSTA PELO MINISTÉRIO

TST: PÚBLICO DO TRABALHO. PROCESSO ANTERIOR À LEI

13.467/2017 . ESTORNO DE COMISSÕES DECORRENTE DO

Nº 97 PROIBIÇÃO DE ESTORNO DE COMISSÕES (positivo) MERO INADIMPLEMENTO OU CANCELAMENTO DO CONTRATO

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DE COMPRA E VENDA. PRINCÍPIO DA ALTERIDADE.

PRECEDENTE NORMATIVO 97 DA SDC. A jurisprudência desta

Corte, consubstanciada no Precedente Normativo 97 da SDC, não

admite norma coletiva que imponha desconto ou estorno das

comissões do empregado, incidentes sobre mercadorias devolvidas

pelo cliente, após a efetivação de venda. Nesse sentido, o art. 466,

caput , da CLT, dispõe que o pagamento das comissões somente é

exigível depois de ultimada a transação. Esta Corte Superior, ao

interpretar o referido dispositivo celetista, consolidou entendimento

no sentido que a expressão " ultimada a transação " diz respeito ao 2.4.2. JUSTIÇA GRATUITA CONCEDIDA À RECLAMANTE

momento em que o negócio é efetivado e não àquele em que há o

cumprimento das obrigações decorrentes desse negócio jurídico .

Considera-se, desse modo, ultimada a transação quando aceita

pelo comprador nos termos em que lhe foi proposta, sendo,

portanto, irrelevante ulterior inadimplemento contratual ou

desistência do negócio . Tal entendimento está em harmonia com o

princípio justrabalhista da alteridade, que coloca os riscos

concernentes aos negócios efetuados em nome do empregador ,

sob ônus deste (art. 2º, caput , CLT). Recurso ordinário desprovido" Consta da inicial que a Reclamante foi admitida pela Reclamada em

(RO-147-23.2016.5.08.0000, Seção Especializada em Dissídios 17/07/2014, na função de vendedora, tendo sido dispensada sem

Coletivos, Relator Ministro Mauricio Godinho Delgado, DEJT justa causa em 02/11/2018, quando percebia remuneração média

19/12/2018). no valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais).

B) RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELA RECLAMADA. 1. Registre-se que a presente demanda foi ajuizada em 13/02/2019,

COMISSÕES. DIFERENÇAS. VENDAS CANCELADAS. ESTORNO sob a égide, portanto, da Lei 13.467/2017 - Reforma Trabalhista.

INDEVIDO. NÃO CONHECIMENTO. I. A Corte Regional decidiu ser

indevida a devolução dos valores pagos a título de comissões, em Ressalte-se, ainda, que não houve pronúncia da prescrição pela

razão do inadimplemento dos clientes, por entender que os riscos Origem, havendo recurso quanto ao tema.

da atividade empresarial não podem ser transferidos ao empregado.

II. Não se divisa violação do art. 466, caput e § 1º, da CLT. Esta A Autora requereu, na peça preambular, a concessão dos

Corte Superior firmou jurisprudência no sentido de que as benefícios da justiça gratuita.

comissões são devidas a partir do momento em que ultimada a

transação de compra e venda, sendo irrelevante o cancelamento ou A Origem deferiu a pretensão, entendendo que a Reclamante

estorno da venda pelo cliente. Isso porque o risco da atividade percebia proventos em valor inferior ao teto legal, existindo

econômica deve ser suportado pelo empregador, e não pelo presunção legal da necessidade na forma do disposto na Lei

empregado. III. Recurso de revista de que não se conhece. (ARR- 5.584/70 em seu artigo 14 § 1°, bem como artigo 790, § 3º da

1110-85.2011.5.04.0010, 4ª Turma, Relator Ministro Alexandre Luiz Consolidação das Leis do Trabalho.

Ramos, DEJT 07/12/2018).

Em razões de recurso ordinário insurge-se a Reclamada sob o

Melhor sorte não merece o pedido eventual de redução do argumento de que a Obreira não comprovou que preenche os

percentual arbitrado pela Origem, uma vez que a r. sentença não requisitos, mormente porquanto, após a Reforma Trabalhista, a

deferiu a pretensão em forma de percentual, mas sim determinou declaração de hipossuficiência não possui mais a presunção de

sejam "observados os valores constantes dos relatórios carreados veracidade juris tantum.

aos autos".

Examina-se.

Nega-se provimento.

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Ab initio, registre-se que este Relator entende que, em se tratando a do processo.

justiça gratuita de instituto bifronte, as inovações da Lei n.

13.467/2017 quanto ao tema (novos requisitos para concessão dos O dispositivo em questão traz duas regras distintas.

benefícios da justiça gratuita ao trabalhador) não deverão ser

aplicadas aos processos já em curso. Consoante o §3º, no caso de o Reclamante manter vínculo

empregatício vigente com a Reclamada ou com empresa diversa e

Isso porque é imprescindível que parte tenha ciência das perceber salário igual ou inferior a 40% (quarenta por cento) do

consequências jurídicas do ajuizamento do processo ou da defesa limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência

apresentada, com a possibilidade de previsibilidade para avaliação Social, é absoluta a presunção de hipossuficiência econômica,

das condutas processuais a serem adotadas. fazendo jus, consequentemente, ao benefício da Justiça Gratuita.

Salienta WAMBIER, ao tratar do princípio do devido processo legal: Lado outro, quando o Autor estiver desempregado ou na hipótese

"Isso quer dizer que toda e qualquer consequência processual que de perceber salário superior a 40% (quarenta por cento) do limite

as partes possam sofrer, tanto na esfera da liberdade pessoal máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social, a

quanto no âmbito de seu patrimônio, deve necessariamente comprovação da insuficiência de recursos, a teor do §4º do

decorrer de decisão prolatada num processo que tenha tramitado de dispositivo acima transcrito, poderá ser feita por simples declaração.

conformidade com antecedente previsão legal. O devido processo

legal significa o processo cujo procedimento e cujas consequências Com efeito, nos termos dos artigos 1º da Lei 7.115/1983 e 99, §3º

tenham sido previstas na lei". do CPC/2015, a declaração destinada a fazer prova de pobreza,

quando firmada pelo próprio interessado ou por procurador

Entendimento em sentido diverso não seria razoável e implicaria bastante, e sob as penas da Lei, presume-se verdadeira.

afronta ao disposto no art. 10, CPC/15, com a configuração de

decisão surpresa e violação aos princípios da segurança jurídica e Nesse sentido é também a Súmula 463, I, do C. TST:

do devido processo legal.

Súmula nº 463 do TST

Destarte, a legislação a ser aplicada na espécie deverá ser aquela

vigente quando do ajuizamento da ação e da apresentação da ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. COMPROVAÇÃO

defesa, pois sua alteração poderia influenciar na conduta (conversão da Orientação Jurisprudencial nº 304 da SBDI-1, com

processual das partes ou na avaliação dos riscos da demanda. alterações decorrentes do CPC de 2015) - Res. 219/2017, DEJT

divulgado em 28, 29 e 30.06.2017 - republicada - DEJT divulgado

A presente demanda foi ajuizada em 13/02/2019, sob a égide da Lei em 12, 13 e 14.07.2017

13.467/2017 - Reforma Trabalhista, motivo pelo qual se aplicam, in

casu, as alterações legislativas trazidas com a Reforma Trabalhista. I - A partir de 26.06.2017, para a concessão da assistência judiciária

gratuita à pessoa natural, basta a declaração de hipossuficiência

Nesse contexto, determinam os §§3º e 4º, do art. 790 da CLT, com econômica firmada pela parte ou por seu advogado, desde que

redação dada pela Lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017: munido de procuração com poderes específicos para esse fim (art.

105 do CPC de 2015);

§ 3o É facultado aos juízes, órgãos julgadores e presidentes dos

tribunais do trabalho de qualquer instância conceder, a Compulsando os autos, verifica-se que, a Autora, embora não

requerimento ou de ofício, o benefício da justiça gratuita, inclusive esteja assistida pelo seu Sindicato de classe, cuidou de fazer

quanto a traslados e instrumentos, àqueles que perceberem salário constar expressamente, na petição inaugural e na declaração de ID.

igual ou inferior a 40% (quarenta por cento) do limite máximo dos 6aedb27, sua hipossuficiência, afirmando, sob as penas da Lei,

benefícios do Regime Geral de Previdência Social. encontrar-se em situação econômica que não lhe permite demandar

sem prejuízo do próprio sustento e do sustento de sua família.

§ 4o O benefício da justiça gratuita será concedido à parte que

comprovar insuficiência de recursos para o pagamento das custas Acrescente-se que o art. 99, §2º do CPC afirma que o juiz somente

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poderá indeferir o pedido se houver nos autos elementos que declaração da parte postulante de não poder arcar com as custas

evidenciem a falta dos pressupostos legais para a concessão da processuais judiciais sem que tenha prejuízo do seu sustento ou da

gratuidade. sua família. Nesses termos, a simples afirmação da parte de estar

impossibilitada de arcar com as despesas do processo sem que lhe

Ademais, a assistência do requerente por advogado particular não advenham prejuízos econômicos em razão desse ônus garante-lhe

impede a concessão da benesse (artigo 99, § 4º, do NCPC). o direito à isenção do recolhimento das custas, somente reputando-

se inverídica essa declaração em caso de efetiva comprovação

Saliente-se, ainda, que o benefício da gratuidade constitui direito contrária mediante alegação da parte adversa. Na hipótese, não se

fundamental, de aplicação imediata, previsto no artigo 5º, inciso constata, no acórdão regional, a existência de prova contundente

LXXIV, da CRFB/1988 a todos os brasileiros e estrangeiros contrária à declaração de hipossuficiência econômica do autor,

residentes no Brasil que comprovarem a insuficiência de recursos. tampouco a alegação da parte contrária de que essa condição não

seja condizente com a realidade. Com efeito, a decisão regional foi

Por fim, citem-se recentes arestos do C. TST versando sobre o proferida mediante análise de elementos fáticos contidos nos autos,

tema, in verbis: em que se declinaram os valores pecuniários percebidos pelo

reclamante até o ajuizamento desta reclamação trabalhista. Tem-se,

3. BENEFÍCIOS DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. no entanto, que a situação econômica experimentada pelo autor

REQUISITOS. NÃO CONHECIMENTO. Ao tratar dos requisitos não pode ser auferida mediante mera análise do montante por ele

para a concessão dos benefícios da justiça gratuita, o artigo 4º da recebido, eis que tal condição pode estar substancialmente

Lei nº 1.060/50 dispõe que basta que a parte firme declaração de alterada. Nos termos da lei, a confirmação acerca da inveracidade

pobreza, não havendo, sequer, exigência de prova da situação de da declaração econômica há que ser efetivamente comprovada,

miserabilidade. Esse, aliás, também é o entendimento pacífico assertiva que não se pode simplesmente presumir em razão de

desta Corte Superior, consubstanciado na Súmula nº 463, I . No situações econômicas anteriormente vivenciadas pelo litigante

caso , presente nos autos a declaração de pobreza, considera-se judicial. Agravo de instrumento desprovido (Ag-AIRR-1001764-

preenchido o requisito legal. Frise-se, ainda, que o benefício da 04.2016.5.02.0441, 2ª Turma, Relator Ministro José Roberto Freire

justiça gratuita não se confunde com o direito à percepção de Pimenta, DEJT 23/05/2019).Ante o exposto, concede-se à

honorários assistenciais, estes, sim, condicionados à representação Reclamante o benefício da justiça gratuita.

da reclamante por advogado credenciado junto à entidade sindical,

além de restar atendido o requisito da insuficiência econômica, nos Deve ser mantida, portanto, a decisão a quo, que concedeu à

termos Súmula nº 219, I. Recurso de revista de que não se Reclamante os benefícios da justiça gratuita.

conhece" (RR-1116-94.2011.5.09.0029, 4ª Turma, Relator Ministro

Guilherme Augusto Caputo Bastos, DEJT 30/05/2019). Nega-se provimento.

BENEFÍCIO DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA.

DECLARAÇÃO DE HIPOSSUFICIÊNCIA ECONÔMICA.

IMPOSSIBILIDADE DE SE AFASTAR A VERACIDADE DE TAL

DECLARAÇÃO PELA MERA CONSIDERAÇÃO DOS VALORES

SALARIAIS PERCEBIDOS PELO EMPREGADO. A Lei nº 1.060/50

dispõe, no § 1º do seu artigo 4º, sobre a garantia do benefício da

Justiça gratuita que é assegurada a todos aqueles que litigam

judicialmente e que não podem arcar com as despesas do

recolhimento das custas processuais, impondo, como condição a

esse deferimento, que assim se declararem mediante simples

afirmação na petição inicial acerca da sua situação econômica, 2.5. MÉRITO DO RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMANTE

presumindo-se a veracidade dessa declaração. O artigo 790, § 3º,

da CLT, da mesma forma, dispõe, como uma das condições em que

deve ser deferido o benefício da Justiça gratuita, sobre a simples

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Pretendeu, em razão do narrado, a condenação da Reclamada no

pagamento de diferenças de comissões, tanto na venda de

mercadorias quanto na de serviços, mês a mês, considerando-se

todo o pacto laboral, com base no valor médio mensal de 30%

(trinta por cento) das comissões recebidas, devidamente acrescidas

do RSR e já enriquecidas deste seus reflexos em aviso prévio, 13º

salário, férias + 1/3 e de tudo em FGTS e multa de 40%.

Defendeu-se a Ré sob o argumento de que ao longo de todo o

contrato de trabalho, a Reclamante poderia ter esclarecido

eventuais dúvidas acerca dos valores pagos, por meio do Sistema

2.5.1. DIFERENÇAS DE COMISSÕES. VENDAS NÃO PCOM e, ainda, por meio de chamado para área técnica, ou por

FATURADAS, CANCELADAS E/OU OBJETO DE TROCA chamado via portal (denominado CRM WEB), ou, presencialmente,

com os seus gestores, Gerentes das filiais nas quais trabalhou; de

modo que existiam diversas formas da parte Autora esclarecer os

valores que lhe eram pagos.

A Origem deferiu em parte a pretensão Obreira, adotando as

seguintes razões de decidir:

O contrato de trabalho da Autora apresenta como forma de

Consta da inicial que a Reclamante foi admitida pela Reclamada em remuneração a base de comissões "sobre as vendas efetuadas".

17/07/2014, na função de vendedora, tendo sido dispensada sem

justa causa em 02/11/2018, quando percebia remuneração média Prevê o art. 466 da CLT que "o pagamento de comissões e

no valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais). percentagens só é exigível depois de ultimada a transação a que se

referem", sendo o entendimento dessa magistrada em consonância

Registre-se que a presente demanda foi ajuizada em 13/02/2019, com a jurisprudência do C. TST de que o fim da transação se dá

sob a égide, portanto, da Lei 13.467/2017 - Reforma Trabalhista. com o fechamento do negócio, e não com o cumprimento das

obrigações dele decorrentes, ou seja, pagamento da obrigação

Ressalte-se, ainda, que não houve pronúncia da prescrição pela resultante do negócio ajustado com o cliente. Nesse sentido o PN nº

Origem, havendo recurso quanto ao tema. 97 da SDC do C. TST, que assim dispõe: "Proibição de estorno de

comissões (positivo) Ressalvada a hipótese prevista no art. 7º da

Na peça de entrada alegou a Autora que durante todo o contrato de Lei nº3.207/57, fica vedado às empresas o desconto ou estorno das

trabalho, ao conferir o valor recebido a título de comissões, apurava comissões do empregado, incidentes sobre mercadorias devolvidas

mensalmente diferenças a menor no importe médio de 30% (trinta pelo cliente, após a efetivação de venda".

por cento).

Assim, eventuais cancelamentos e trocas pelo cliente implicam nos

Explicou que quando alertou a Ré sobre a questão, foi informada riscos do negocio a que esta adstrito exclusivamente o empregador,

que "deveria se tratar de vendas de mercadorias e serviços não não sendo possível o estorno de tais comissões.

faturadas no período, ou mesmo objeto de cancelamento ou troca".

Pelo exposto, condeno a reclamada ao pagamento de diferenças de

No entanto, sustentou que jamais lhe foram apresentados quaisquer comissões pelo estorno indevido de vendas, observados os valores

documentos demonstrando quais comissões não teriam sido constantes dos relatórios carreados aos autos, a prescrição e os

adimplidas ou mesmo quais vendas do respectivo período não respectivos reflexos em 13º salários, férias + 1/3, aviso prévio e

teriam sido faturadas, trocadas ou canceladas pelos clientes. FGTS + 40%.

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Indefiro as repercussões do repouso semanal remunerado nas

demais parcelas trabalhistas, pois constituem bis in idem o cômputo

de reflexos sobre reflexos.

2.5.2. DIFERENÇAS DE COMISSÕES. VENDAS DE SERVIÇOS

Em razões de recurso ordinário pretende a Autora a reforma da r.

sentença apenas para determinar que as diferenças deferidas

sejam calculadas com base no pedido exordial (30% das comissões

recebidas mensalmente) e não conforme os relatórios colacionados

aos autos (como entendeu a Origem).

Isso porque, os relatórios, consoante argumenta, não demonstram

efetivamente a realidade, eis que além de carecerem de

informações concretas/detalhadas e oficiais, não retratam as Consta da inicial que a Reclamante foi admitida pela Reclamada em

vendas praticadas, bem como não apontam as informações 17/07/2014, na função de vendedora, tendo sido dispensada sem

relativas aos motivos das ocorrências de cancelamento, trocas justa causa em 02/11/2018, quando percebia remuneração média

efetuadas e período de faturamento. no valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais).

Examina-se. Registre-se que a presente demanda foi ajuizada em 13/02/2019,

sob a égide, portanto, da Lei 13.467/2017 - Reforma Trabalhista.

Conforme fundamentação do item 2.3.1. supra, foi mantida a

condenação da Reclamada no pagamento de diferenças pelas Ressalte-se, ainda, que não houve pronúncia da prescrição pela

comissões estornadas em razão do cancelamento da compra. Origem, havendo recurso quanto ao tema.

Resta determinar, portanto, a base de cálculo a ser utilizada.

Na petição inaugural explicou a Autora que em que pese tenha a

A Reclamada cuidou de juntar os documentos intitulados "Extrato de Reclamada contratado o pagamento de comissão de 7,5% sobre o

vendas" (ID. c32d5f3), "Relatório Garantias" (ID. 28a56f2) e valor da venda de seguros e outros serviços, quanto às rubricas

"Relatório Serviços" (ID. 28a56f2), os quais apontam o valor total "seguro vida protegida e premiada com assistência odontológica"

das comissões recebidas, bem como os eventuais estornos. (plano odontológico) e "seguro vida protegida e premiada" (VPP),

não quitou as comissões de forma correta.

Alegando a infidelidade de tais documentos, competia à Obreira, a

teor dos artigos 818 da CLT e 373 do NCPC, comprovar a suposta Detalhou a situação:

invalidade, ônus do qual, contudo, não se desincumbiu.

Conforme se pode inferir dos documentos anexos, o "seguro vida

Não havendo, portanto, indícios no sentido de que os registros de protegida e premiada com assistência odontológica" (plano

comissões acostados pela Ré não são fidedignos, deve prevalecer odontológico) era vendido por R$ 238,80, gerando comissão de R$

a r. sentença, que determinou que o cálculo das diferenças das 17,91, contudo quitava a Reclamada a importância de R$ 2,98, já

comissões indevidamente estornadas leve em consideração tais que lançava preço de venda do serviço de R$ 19,90, deixando de

documentos. adimplir, conforme previamente contratado, com a importância de

R$ 14,93.

Nega-se provimento.

Enquanto o "seguro vida protegida e premiada" era vendido por R$

79,90, gerando comissão de R$ 5,99, era adimplida pela

Reclamada a importância de R$ 3,99, deixando de quitar, conforme

previamente contratado, o valor de R$ 2,00.

Da mesma forma, pela venda de "seguro proteção financeira",

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deveria auferir a Reclamante 7,5% a título de comissões sobre o comprovam o correto pagamento da parcela.

valor de venda do serviço de R$ 35,90, todavia era quitada em

média 50% da comissão devida neste particular, fazendo jus a Com efeito, como bem destacou a Origem:

Reclamante a diferença.

Dos relatórios de ID. d3f5f4d consta que o seguro proteção

Eram comercializados, mensalmente, pela Reclamante em média financeira, vida protegida e todos os demais seguros

30 "seguro vida protegida e premiada com assistência comercializados pela reclamada e cuja venda foi finalizada pela

odontológica", assim como, 30 "seguro de vida protegida e autora foram corretamente aplicados o percentual de comissão de

premiada" e 30 "seguro proteção financeira". 7.5% e a venda computada com o valor correto em contracheques,

por mera amostragem a competência de julho/2017 do

O d. Juízo a quo indeferiu a pretensão Obreira, adotando as contracheque de ID. e71e1b4 - Pág. 19 cujas vendas de seguros

seguintes razões de decidir: encontram-se nos ID. d3f5f4d - Pág. 6, ID. d3f5f4d - Pág. 19 e 20,

24, excluído a ID. d3f5f4d - Pág. 26 comissão por plano que detém

Dos relatórios de ID. d3f5f4d consta que o seguro proteção rubrica própria paga em contracheque.

financeira, vida protegida e todos os demais seguros

comercializados pela reclamada e cuja venda foi finalizada pela Sustentando a infidelidade de tais documentos, competia à Obreira,

autora foram corretamente aplicados o percentual de comissão de a teor dos artigos 818 da CLT e 373 do NCPC, comprovar a suposta

7.5% e a venda computada com o valor correto em contracheques, invalidade, ônus do qual, contudo, não se desincumbiu.

por mera amostragem a competência de julho/2017 do

contracheque de ID. e71e1b4 - Pág. 19 cujas vendas de seguros Não havendo, portanto, indícios no sentido de que os registros de

encontram-se nos ID. d3f5f4d - Pág. 6, ID. d3f5f4d - Pág. 19 e 20, comissões acostados pela Ré não são fidedignos, deve prevalecer

24, excluído a ID. d3f5f4d - Pág. 26 comissão por plano que detém a r. sentença, que negou provimento ao pedido de diferenças de

rubrica própria paga em contracheque. comissões em virtude da venda de serviços.

Apresentados os documentos, caberia a autora comprovar, de Nega-se provimento.

forma específica, as diferenças que entendia devidas, por serem

fato constitutivo do direito alegado, mas de tal ônus não se

desincumbiu, uma vez que não comprovou o pagamento irregular.

Assim , o pedido de diferenças de comissões decorrentes de

utilização improcede de base de cálculo indevida quanto aos

produtos: "seguro vida protegida e premiada com assistência

odontológica" (plano odontológico) e " seguro vida protegida e

premiada" (VPP)

2.5.3. DIFERENÇAS DE COMISSÕES. VENDAS PARCELADAS

Recorre a Autora sob o argumento de que, diante da ausência de

apresentação, pela Ré, da documentação comprobatória das

vendas do serviços, devem ser consideradas verdadeiras as

alegações contidas na peça de ingresso, sobretudo em razão do

princípio da disponibilidade da prova ou aptidão para a prova.

Examina-se.

Ao contrário do que alega a Autora, a Reclamada apresentou Consta da inicial que a Reclamante foi admitida pela Reclamada em

relatório das comissões auferidas a título de venda de serviços (ID. 17/07/2014, na função de vendedora, tendo sido dispensada sem

d3f5f4d), as quais, em cotejo com a remuneração recebida, justa causa em 02/11/2018, quando percebia remuneração média

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no valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais).

Ademais, a opção pela forma de venda (se à vista ou à prazo)

Registre-se que a presente demanda foi ajuizada em 13/02/2019, constitui-se como estratégia da empresa para angariar mais clientes

sob a égide, portanto, da Lei 13.467/2017 - Reforma Trabalhista. e aumentar seu faturamento, de sorte que o pagamento "parcelado"

do produto vendido não pode influir na base de cálculo das

Ressalte-se, ainda, que não houve pronúncia da prescrição pela comissões a serem recebidas.

Origem, havendo recurso quanto ao tema.

Cite-se, nesse sentido, a recente decisão do C. TST no RR-3888-

Relatou a Obreira na exordial que nas vendas de produtos e 36.2016.5.10.0802 (acórdão publicado em 01/03/2019), no qual a

serviços por meio de parcelamento sempre recebeu comissões no ora Reclamada é parte:

importe de 1% sobre produtos e 7,5% sobre serviços, calculadas

sobre o valor de venda inferior àquele que de fato o produto ou DIFERENÇAS DE COMISSÕES. PAGAMENTO À VISTA E

serviço era comercializado. PAGAMENTO A PRAZO. O artigo 2º, caput, da Lei nº 3.207/57, que

regulamenta as atividades dos empregados vendedores, assim

É que, embora a venda fosse feita com o valor acrescido de juros e dispõe: "O empregado vendedor terá direito à comissão avençada

demais encargos do financiamento, a comissão era calculada sobre as vendas que realizar. No caso de lhe ter sido reservada

apenas sobre o valor da venda a vista. expressamente, com exclusividade, uma zona de trabalho, terá

esse direito sobre as vendas ali realizadas diretamente pela

Dessa forma, concluiu que o pagamento das comissões adimplidas empresa ou por um preposto desta". Como se nota, a lei não faz

nesta modalidade de venda, que representava em média 80% do distinção entre o preço à vista e o preço a prazo para o fim de

total de suas comissões mensais, tanto de produtos quanto de incidência de comissões sobre vendas, tampouco considera

serviços, ocorria de forma irregular. relevante ter havido contrato de financiamento, ou não, entre o

consumidor e a empresa nas vendas a prazo. Portanto, somente se

Pugnou pela diferença de comissões diferenças de comissões assim expressamente acordado entre empregado e empregador é

equivalente a 72% (média do reajuste nas mercadorias que poderia o pagamento das comissões das vendas a prazo ser

comercializadas a prazo) sobre 80% da remuneração auferida efetuado com base no valor à vista do produto vendido. No caso, no

mensalmente (media da quantidade de vendas a prazo no mês), entanto, não há registro de acordo entre as partes, e é

devidamente acrescidas de seus reflexos em aviso prévio, 13º incontroverso que a reclamada não computava, no cálculo das

salário, férias + 1/3 e de tudo em FGTS e multa de 40%. comissões pagas ao reclamante, o valor acrescido dos juros

decorrentes de financiamento ao consumidor em vendas efetuadas

O d. Juízo de Primeiro Grau, não verificando ilegalidade no critério a prazo. Salienta-se, ainda, que a aquisição de produtos a prazo

estabelecido pela Ré, indeferiu a pretensão Obreira. decorre de opção da própria empresa como forma de incrementar

seu faturamento, não podendo o empregado suportar prejuízo em

Em recuso ordinário insiste a Reclamante na pretensão exordial. razão dessa prática, com a artificial redução da verdadeira base de

cálculo de suas comissões, pois estaria indevidamente suportando

Examina-se. os riscos do empreendimento em afronta ao disposto no artigo 2º da

CLT. Nesse contexto, prevalece o entendimento de que incidem

Entende-se que os encargos relativos ao parcelamento (incluso os comissões também sobre o valor do financiamento nas vendas

juros) integram o preço final da mercadoria, e, em consequência, a feitas a prazo, sendo, portanto, devidas ao reclamante as

comissão a ser paga ao vendedor deve incidir sobre eles. respectivas diferenças (precedentes). Recurso de revista conhecido

e provido.

Com efeito, o art. 2º da Lei 3.207/1957 (que regulamenta a profissão

de vendedor) não faz distinção entre o pagamento do preço à vista Por outro lado, não merece prevalecer o percentual indicado na

ou a prazo para fins de incidência das comissões, tampouco faz exordial para a apuração das diferenças, a saber, "72% (média do

restrição no tocante à dedução de juros e multas nos casos de reajuste nas mercadorias comercializadas a prazo) sobre 80% da

vendas a prazo. remuneração auferida mensalmente (média da quantidade de

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vendas a prazo no mês)", uma vez que manifestamente exagerados percentuais de acordo com a meta alcançada no respectivo mês.

e devidamente impugnados pela Ré.

Explicou que alcançando 105% da meta estipulada, receberia a

Nesse contexto, entende-se que as diferenças devem ser apuradas título de prêmio o importe de 0,1% sobre o total das vendas de

conforme os relatórios acostados aos autos, que, de acordo com a produtos no mês, e respectivamente, alcançando 115% da meta,

explicação Patronal na contestação, indicam expressamente as receberia 0,2%, alcançando 130% da meta, receberia 0,3% e, por

vendas a vista (rubrica "VV"), devendo ser consideradas a prazo as fim, alcançando 140% da meta, receberia 0,4%, considerando-se

demais. sempre a totalidade das vendas de produtos em cada mês.

Ante o exposto, dá-se parcial provimento para condenar a Todavia, alegou que a Reclamada não quitava corretamente os

Reclamada no pagamento de diferenças de comissões em razão valores devidos a título de comissões sobre a venda de produtos, já

das vendas a prazo, a serem calculadas em conformidade com o que excluía do valor total das vendas efetuadas pela Reclamante no

extrato de vendas de ID. c32d5f3, com reflexos sobre aviso prévio, mês, os valores dos encargos decorrentes das vendas a prazo,

13º salário, férias + 1/3, FGTS e multa de 40%. assim como aquelas vendas não faturadas no período.

Pretendeu o pagamento de diferenças.

A Origem indeferiu a pretensão, entendendo que, não existindo

direito ao valor dos acrescidos sobre as vendas a prazo, como

corolário logico não há falar em diferenças de valor da parcela

prêmio estimulo.

Em sede recursal, insiste a Obreira na pretensão.

2.5.4. PRÊMIO ESTÍMULO

Examina-se.

Conforme fundamentação do item 2.4.3. supra, entende-se pela

existência de diferenças de comissões em razão das vendas

realizadas a prazo.

Nesse passo, são devidas, outrossim, as diferenças a título de

prêmio estímulo calculado a menor (sem considerar o preço total

Consta da inicial que a Reclamante foi admitida pela Reclamada em das vendas realizadas a prazo).

17/07/2014, na função de vendedora, tendo sido dispensada sem

justa causa em 02/11/2018, quando percebia remuneração média Ante o exposto, dá-se provimento para condenar a Reclamada no

no valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais). pagamento de diferenças a título de prêmio estímulo, a serem

calculadas sobre as vendas a prazo apontadas no extrato de

Registre-se que a presente demanda foi ajuizada em 13/02/2019, vendas de ID. c32d5f3, com reflexos sobre aviso prévio, 13º salário,

sob a égide, portanto, da Lei 13.467/2017 - Reforma Trabalhista. férias + 1/3, FGTS e multa de 40%.

Ressalte-se, ainda, que não houve pronúncia da prescrição pela

Origem, havendo recurso quanto ao tema.

Na peça de ingresso informou a Autora que foi pactuado entre as

partes o pagamento de prêmio intitulado "prêmio estímulo",

incidente sobre a venda de produtos, podendo variar em

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Destaca-se, que nas ocasiões de Black Friday, que ocorriam no

2.5.5. HORAS EXTRAS mês de novembro por 3 dias, laborava de 06:30 às 22:30, mantendo

30 minutos de intervalo.

Laborava em média em 4 feriados no ano, cumprindo nas ocasiões

jornada de 08:00 às 17:00, sem intervalo.

Afirmou que as horas prestadas jamais foram devidamente quitadas

ou compensadas.

Consta da inicial que a Reclamante foi admitida pela Reclamada em Frisou que o controle de ponto não reflete a real jornada praticada,

17/07/2014, na função de vendedora, tendo sido dispensada sem tendo em vista que os funcionários eram orientados a registrar

justa causa em 02/11/2018, quando percebia remuneração média apenas o horário contratual, ainda que laborassem em

no valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais). sobrejornada.

Registre-se que a presente demanda foi ajuizada em 13/02/2019, Pretendeu a condenação da Ré no pagamento das horas extras,

sob a égide, portanto, da Lei 13.467/2017 - Reforma Trabalhista. consideradas aquelas excedentes a 8ª diária e 44ª semanal,

acrescidas dos adicionais de 50%, conforme as CCTs da categoria,

Ressalte-se, ainda, que não houve pronúncia da prescrição pela bem como sua incidência em RSR e já enriquecidas destes,

Origem, havendo recurso quanto ao tema. reflexos em aviso prévio, 13º salário, férias + 1/3 e de tudo em

FGTS e multa de 40% sobre o saldo fundiário, observando-se todo

A Obreira apontou a seguinte jornada de labor na peça de entrada: o contrato de trabalho.

(...) durante todo o contrato laborava revezando os horários, A Origem entendeu pela validade do sistema de Banco de Horas

podendo ser de segunda a sexta-feira de 08:30 às 18:30 ou de adotado pela Ré, bem como pela fidedignidade dos controles de

09:30 às 19:30 e em todos os sábados de 07:00/07:30 às 17:30, ponto acostados, e, por isso, entendeu inexistente o direito a horas

gozando sempre de intervalo intrajornada de 30 minutos. extras.

Ademais, durante todo o seu contrato de trabalho, nas datas abaixo Em razões recursais insiste a Reclamante que os controles

mencionadas, tinha sua jornada de trabalho elastecida. acostados não refletem a realidade vivenciada, conforme restou

comprovado inclusive pela prova oral.

Na semana que antecedia as datas comemorativas como dia dos

pais, das mães, das crianças, dos namorados, bem como nas duas Examina-se.

semanas que antecediam o natal, laborava de 07:00 às 21:00, em

todas as ocasiões com 30 minutos de intervalo intrajornada, o que Nos termos do art. 818 da CLT, o ônus da prova incumbe ao Autor

ocorria também nos dois domingos próximos a todas aludidas quanto ao fato constitutivo de seu direito, e ao Réu, quanto a fato

datas. impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do Autor.

Nos saldões que ocorriam em média de 6 vezes ao ano, levada a Especificamente em relação às horas extras, a jurisprudência tem

efeito suas atribuições de 07:00 às 21:00, sempre com intervalo de dado um tratamento diferenciado ao tema, especialmente em razão

30 minutos. da dificuldade que os empregados encontram em comprovar

eventuais horas extraordinárias prestadas. Neste sentido é o

Já nos inventários, que ocorriam com uma frequência de 12 vezes verbete sumular nº 338 do E. TST:

por ano, se ativava de 07:00/07:30 às 17:00, com 30 minutos de

intervalo intrajornada. JORNADA DE TRABALHO. REGISTRO. ÔNUS DA PROVA

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(incorporadas as Orientações Jurisprudenciais nºs 234 e 306 da venda; que o PRECON não marca nada; que o ponto biométrico

SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005 ficou mais de 01 ano quebrado e o PRECON não registrou a

jornada correta; que o ponto trava no intrajornada; que mesmo com

I - É ônus do empregador que conta com mais de 10 (dez) ponto travado consegue realizar atividades usando outra matricula

empregados o registro da jornada de trabalhona forma do art. 74, § ou acompanhando o cliente; que a empresa autorizar usar matricula

2º, da CLT. A não-apresentação injustificada dos controles de de outro empregado; que quando estava no 1º turno também não

freqüência gera presunção relativa de veracidade da jornada de registrava a saída corretamente; que e muito difícil marcar o ponto

trabalho, a qual pode ser elidida por prova em contrário. (ex-Súmula corretamente.

nº 338 - alterada pela Res. 121/2003, DJ 21.11.2003)

Informou a preposta da Ré que:

II - A presunção de veracidade da jornada de trabalho, ainda que

prevista em instrumento normativo, pode ser elidida por prova em (...) que nos dias de ponto livre o controle também e realizado por

contrário. (ex-OJ nº 234 da SBDI-1 - inserida em 20.06.2001) meio de ponto biométrico, que se não estiver funcionando e

realizado por meio da matricula, senha e digital no PROWEB; que

III - Os cartões de ponto que demonstram horários de entrada e não e feito por meio de tela cartão de ponto externo; que a

saída uniformes são inválidos como meio de prova, invertendo-se o PROWEB e um sistema interno; que o registro e feito pelo próprio

ônus da prova, relativo às horas extras, que passa a ser do empregado; que todo o ponto aparece no espelho de ponto; que

empregador, prevalecendo a jornada da inicial se dele não se não e um ponto paralelo, e o mesmo ponto; que se ocorrer

desincumbir. (ex-OJ nº 306 da SBDI-1- DJ 11.08.2003) divergência do empregado e o empregado passa a inconsistência e

após abertura de chamado e verificado se ocorreu erro; que se

No caso ora em comento, a Reclamada cuidou de juntar os cartões houver correção aparece a justificativa da alteração; que nesses

de ponto, os quais, no entanto, foram impugnados pela Reclamante casos e passado o número do chamado ao empregado; que todo o

sob o argumento de que não retratavam a real jornada de trabalho. ponto do empregado pode ser verificado e o empregado que faz a

confirmação; que o banco de horas o empregado e orientado a

Com vistas a esclarecer a questão, em audiência realizada aos manter próximo do zero para não ficar negativo demais ou positivo,

21/05/2019 (ID. 668aa56), foram colhidos os depoimentos pessoais mas e uma orientação; que o sistema trava após as 7:20 horas e

das partes, bem como inquiridas 2 (duas) testemunhas, uma a nos intervalos inter e intrajornadas; que a liberação do ponto livre e

convite da Autora e outra a convite da Ré. feita pelo regional em datas comemorativas; que há escalas das

8:30 a 17:00/20 que abre a loja e o turno das 10:40 as 19 horas;

Relatou a Autora que: que para o cliente a loja abre das 9 horas as 19 horas; que o

empregado que abre a loja inicia as 8:30 horas; que chegam e

trabalhava das 8:30 as 18:30 ou das 9:30 as 19:30 horas; quetinha batem o ponto e após inicial a verificação de atividades; que ID

que entrar mais cedo para limpeza, reuniões, que esse mais cedo 32d1ddd pag 8 período de 12/07/2016 a 15/07/2016 que são dias

poderia ser 30 minutos ou 1 hora, dependia do assunto; que esse de treinamento; ID. 07824ea - Pág. 1 são dias de treinamento (...)

período não esta registrado no cartão de ponto; que só batia o

ponto na hora de efetuar a venda, na hora do trabalho; que a media Disse a testemunha Obreira que:

era de 30 minutos; que o horário de saída era 19 horas, mas

sempre saia mais tarde; que batia o cartão as 19:30 horas; que trabalhou para a reclamada por 8 anos na loja de Campo Grande;

saiam em media esse horário; que almoço eram 30 minutos; que no que trabalhou com a reclamante; que era vendedor; que fazia o

ponto ficava registrado 01 hora; que os dias laborados estão mesmo horário da reclamante a tarde; que as vezes coincidia por

registrados; ID dad1406 que mostram entradas antes das 8:30 haver troca de turno; mas que o horário do depoente era mais a

horas, que algumas vezes marcou o ponto antes; que quando o tarde; que no turno da manhã chega 8:30 ate as 18:30 horas; mas

regional estava na loja marcava o ponto antes no horário certo; que chegava um pouco mais cedo e só batia o ponto após pegar o

o ponto e biométrico, mas vive com defeito; que tem mais defeito do primeiro cliente; que no primeiro turno batia o ponto entre

que funciona; que quando o ponto biométrico estava com defeito 8:30/9/9:30 horas; que ao termino o primeiro horário até dava, mas

marcava pelo PRECON que e um ponto livre, só libera para fazer a no segundo horário tinha outros afazeres mesmo com o ponto

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batido e a porta fechada; que fazia 30 minutos de intervalo; que que entrasse; que fazia 01 hora de intervalo; que a reclamante

raramente fazia 01 horas; que acredita que a reclamante trabalhava também usufruía; que a senha pessoal e intransferível; que o

mais pela manhã; que esse horário era de segunda a sexta e ao registro de saída era correto; que o da reclamante não pode saber

sábado ate as 17:30 horas; domingos e feriados das 8:30 horas ate porque trabalhava no caixa; que não pode bater o ponto e continuar

17:30 horas; mas não tem certeza; que não havia folga trabalhando porque o ponto da encerrado; que o ponto trava com

compensatória; que as horas extras não eram compensadas; que 7:20 horas de labor, que pode fazer 2 prorrogações de 30 minutos;

em datas comemorativas havia horário especial, saldao e inventario que para a prorrogação deve pedir autorização do gerente ou

havia outro horário; que em saldao das 8:30 ate as 20:30/21:30, responsável imediato que entra no sistema e faz a prorrogação; que

inventario das horas; que saldao ocorria bastante de 20/30 por na época em que trabalhou com a reclamante era possível

anos, inventario 01 vez ao mês; que no natal chegava mais cedo e acompanhar o registro de ponto diário; que faz 02 anos que até pelo

saia mais tarde; que registrava entrada e saída, mas não as horas celular pode acessar o ponto; (...) que nos dias de ponto livre e

extras; que os horários eram modificados conforme interesse da realizada a marcação da entrada, almoço e saída; que mesmo o

empresa, dando horas extras ou não; que tinha horário de chegar, ponto sendo livre tem que fazer marcação; que não e possível

mas só registrava o ponto quando pegava o primeiro cliente; que no acessar o sistema sem marcar o início da jornada; que para o

2º horário a loja fechava a 19 horas batia o ponto e permanecia cliente abertura e fechamento e de 9 horas as 19 horas; que se ficar

dentro da loja ate o ultimo cliente; que após bater o ponto algum cliente estendem o horário; que pode atender o cliente no

permanecia de 30 min a 1 horas; que o pessoal da manhã também intervalo, mas não tem como acessar o sistema; que o vendedor

se estivesse com cliente no financeiro; que os dias trabalhados chega, bate o ponto e organiza o setor antes da loja abrir; que se o

estão registrados; que o ponto trava na hora do almoço e após as ponto estiver estragado o registro e feito pelo sistema P2, PA ou

19 horas; que poderiam realizar outras atividades; que havia dias de SECON; que essa marcação e feita na tela "cartão de ponto

ponto livre; que não tinha que bater o ponto; que o ponto flutuava a (inaudível)", que o vendedor faz a marcação e aos a supervisora

mercê da empresa; que a empresa batia o ponto automático; que lança no sistema; que essa marcação aparece no sistema de ponto;

não se recorda de ponto estragado; que era o ADM que fazia os que não aparece que foi alterado por um sistema externo; que se o

registros, que eles marcavam e o empregado so assinava; que empregado discordar do ponto sinaliza para o ADM e abre um

deveria aceitar o que era determinado; que se não assinasse não chamado para a correção do ponto; que não há orientação para que

recebia holerite ou pagamento; que pelo espelho de ponto não e o banco de horas fique negativo ou zerado; que não e o gerente

possível verificar quem registrou o empregado ou ADM; que havia quem determina se haverá ponto livre; que o gerente não tem

problemas no banco de horas; (...) que 3 vezes na semana acesso a esse sistema; que pode acontecer da reclamante chagar

registrava o ponto de entrada corretamente; que a saída era mais cedo ou sair mais tarde; que o caixa não tem acesso ao

registrada corretamente 3/4 vezes ao mês; que o segundo horário relatório de vendas; que isso e pessoal do vendedor.

sempre estava com cliente; que no primeiro turno era a mesma

proporção; que o ponto e biométrico; que com o ponto travado não No que tange ao horário de entrada, alega Autora (corroborada por

e possível realizar a senha na própria nota do colaborador; que sua testemunha) que chegava mais cedo ao trabalho para "limpeza,

utilizavam a senha de outro vendedor; que era proibido mas faziam; reuniões", não sendo este período, contudo, registrado nos cartões

que os gerentes sabiam (...) de ponto. A Reclamada nega as assertivas Obreiras e sua

testemunha afirma que, de fato, chegava mais cedo, mas batia

Afirmou a testemunha Patronal que: corretamente o ponto.

trabalha para a reclamada há 03 anos; que trabalhou com a Os controles acostados indicam, em várias oportunidades, início do

reclamante na Casas Bahia Campo Grande; que trabalhou com a labor em horários anteriores ao contratual, o que fortalece o

reclamante em ambos os turnos porque há variação; que não depoimento da testemunha Patronal no sentido de que, em que

observava o horário que a reclamante chegava; que chegava as pese chegar mais cedo (antes da loja abrir), o ponto era

8:30, batia o ponto e saia as 17 horas; que entrava 8:30 horas para imediatamente registrado.

a loja abrir 9 horas; que se tivesse contagem chegava antes, mas

não sabe ao certo quanto aos mês; que inventário era mensal; que Conclui-se, pois, que os horários de entrada eram corretamente

entrava as 7 horas e saia as 15 horas; que batia o ponto na hora registrados pela Autora.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 676
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

prova hábil a demonstrar que tal ocorria com intuito de burla ao

Aliás, pelas máximas da experiência, é comum, nos sistema. Não e demais registrar que o só acesso ao sistema de

estabelecimentos de venda a varejo, que os empregados cheguem controle de ponto e inviável reconhecer sua fraude ou invalidade,

ao local um pouco antes do horário de abertura da loja ao público, o uma vez que cabe ao empregador fazer lançamentos de faltas,

que não é vedado pelo ordenamento, desde que haja o correto atestado médicos, treinamentos, licenças, afastamentos

registro da jornada laboral, com o respectivo pagamento de previdenciários e abonos, o que por razões lógicas, não e realizado

eventuais horas extras - como ocorre, in casu. pelo próprio empregado.

Quanto aos horários de saída, a própria Reclamante confessou que Registro que os documentos apresentados no ID. e0636d8 não

"batia o cartão as 19:30 horas; que saiam em média esse horário", fazem a pretendida prova requerida pela autora, a uma por tratar-se

pelo que se reputam corretas tais marcações. de empregado diversos, em filiam da Região de Minas Gerais, não

se referindo a documentos de venda da autora, bem como datam

No tocante aos supostos intervalos interjornadas descumpridos, não dos aos anos de 2012/2013.

há, conforme os registros de ponto acostados, marcações em

prejuízo das onze horas de descanso entre as jornadas, pelo que A autora não comprovou a jornada descrita na petição inicial, pois a

nada a prover, no particular. testemunha trazida pela reclamada confirmou a veracidade dos

horários consignados nos cartões de ponto e a testemunha trazida

A Laborista aponta, ainda, incorreções no sistema de Banco de pela autora referiu textualmente que nos cartões de ponto não havia

Horas, bem como no pagamento e/ou compensação das horas a marcação das horas extras, o que não é consentâneo com o que

extras prestadas, sem, no entanto, apresentar sequer demonstrativo referiu a autora em depoimento de que as vezes marcava o horário

de diferenças, ônus que lhe incumbia. antes e que marcava a saída as 17:30 e ia embora e o que se

vislumbra da análise dos controles colacionados os quais registram

As duas tabelas acostadas ao ID. de7b1c3 não comprovam a o trabalho em sobrejornada com marcações variáveis e o

existência de diferenças, pois não levam em consideração o pagamento de horas extras nos contracheques.

abatimento pelo sistema do Banco de Horas. As correspondências

eletrônicas e demais documentos de ID. 4972f1a e seguintes Ante todo o exposto, não merece reparos a r. sentença, que

referem-se a outras filiais, não podendo ser consideradas provas indeferiu o pagamento de horas extras a título de sobrejornada.

em relação à presente demanda.

Nega-se provimento.

Lado outro, o fato de a preposta confirmar que há orientação da

empresa no sentido de que o Banco de Horas se mantenha próximo

de "zero" não prova qualquer adulteração, tendo em vista que, para

tal, basta que a empresa, por exemplo, conceda descontos

compensatórios de horários (o que, conforme espelham os

controles, ocorria regularmente, com diversas saídas em horário

anterior ao contratual e o respectivo "débito em banco de horas").

O que se observa, pois, é que, embora impugne a veracidade dos

controles de ponto acostados, não cuidou a Obreira de comprovar

nem a falsidade dos registros nem a jornada indicada na peça de

ingresso. 2.5.6. INTERVALO INTRAJORNADA

Como bem destacou a Origem:

De modo geral, apesar das declarações da testemunha indicada

pelo autor que os controles poderiam ser retificados, não se verifica

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 677
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Saliente-se que nos dias em que houve fruição a menor o próprio

sistema apontou a existência de diferenças, incluindo-as como

Consta da inicial que a Reclamante foi admitida pela Reclamada em crédito no Banco de Horas (por exemplo, dia 21/11/2016, 07824ea -

17/07/2014, na função de vendedora, tendo sido dispensada sem Pág. 7).

justa causa em 02/11/2018, quando percebia remuneração média

no valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais). Irretocável, portanto, a r. sentença, também no aspecto.

Registre-se que a presente demanda foi ajuizada em 13/02/2019, Nega-se provimento.

sob a égide, portanto, da Lei 13.467/2017 - Reforma Trabalhista.

Ressalte-se, ainda, que não houve pronúncia da prescrição pela

Origem, havendo recurso quanto ao tema.

Pretendeu a Autora na petição vestibular a condenação da Ré no

pagamento de horas extras a título de supressão do intervalo

intrajornada, por supostamente ter fruído apenas de 30 minutos

diários.

2.5.7. PLR

A Origem entendeu pela validade do sistema de Banco de Horas

adotado pela Ré, bem como pela fidedignidade dos controles de

ponto acostados, e, por isso, entendeu inexistente o direito a horas

extras.

Em razões recursais, insiste a Obreira no pedido exordial.

Examina-se.

Consta da inicial que a Reclamante foi admitida pela Reclamada em

Os intervalos intrajornada definem-se, em apertada síntese, como o 17/07/2014, na função de vendedora, tendo sido dispensada sem

período, dentro da jornada de trabalho do empregado, destinado justa causa em 02/11/2018, quando percebia remuneração média

precipuamente a seu repouso e alimentação. no valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais).

Nesse contexto, o art. 71, capute §1º, da CLT prevê que, em Registre-se que a presente demanda foi ajuizada em 13/02/2019,

qualquer trabalho contínuo cuja duração exceda 06 (seis) horas, é sob a égide, portanto, da Lei 13.467/2017 - Reforma Trabalhista.

obrigatória a concessão de um intervalo mínimo de 01 (uma) hora

para repouso e alimentação. Caso a duração da jornada ultrapasse Ressalte-se, ainda, que não houve pronúncia da prescrição pela

04 (quatro) horas, porém não exceda 06 (seis) horas, o intervalo Origem, havendo recurso quanto ao tema.

mínimo será de 15 (quinze) minutos.

A Autora, na petição de entrada, explicou que a Reclamada durante

Além disso, estabelece o mesmo dispositivo, em seu §4º, que o todo o contrato de trabalho, pagou de forma habitual a parcela

desrespeito ao intervalo mínimo implica no pagamento das denominada PLR, correspondente a 100% do valor do 13º salário.

chamadas "horas extras fictas".

Contudo, sustentou que quando da rescisão contratual não houve

Na espécie, tendo sido validado o controle de jornada acostado, quitação do valor devido a título de PLR proporcional relativa ao ano

conforme fundamentação do item 2.4.5. supra, entende-se pelo de 2018, a razão de 12/12.

efetivo gozo do intervalo legal, consoante as marcações no sistema.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 678
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

O d. Juízo a quo indeferiu a pretensão Obreira, nos seguintes

termos: 2.5.8. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS

Analisando os autos verifico que a autora não trouxe aos autos ACT

ou CCT que determine o pagamento da PLR 2018, fundamentando

seu pedido no documento de ID. 45cdefc ACT/PLR 2011 firmado

entre a Re e o Sindicato dos Empregados do Comercio de Belo

Horizonte e Região Metropolitana.

Primeiramente verifico que o citado acordo, seja pela analise

temporal, seja espacial, não se aplica a autora, uma vez que Consta da inicial que a Reclamante foi admitida pela Reclamada em

dispensada no ano de 2018, referindo-se o documento a apuração 17/07/2014, na função de vendedora, tendo sido dispensada sem

do exercício 2011, como firmado por Sindicato que não representa a justa causa em 02/11/2018, quando percebia remuneração média

base territorial da autora. no valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais).

A alegação da reclamante de que há "direito adquirido" a parcela Registre-se que a presente demanda foi ajuizada em 13/02/2019,

não encontra respaldo legal ou convencional. sob a égide, portanto, da Lei 13.467/2017 - Reforma Trabalhista.

Em recurso ordinário alega a Reclamante que, por ser condição Ressalte-se, ainda, que não houve pronúncia da prescrição pela

mais benéfica a parcela incorpora-se no contrato empregatício. Origem, havendo recurso quanto ao tema.

Invoca, ainda, a Súmula 451, do TST. Quantos aos honorários advocatícios a r. sentença assim

determinou:

Examina-se.

considerando a sucumbência reciproca das partes, e considerando

De fato, conforme a Súmula 451, do TST, na rescisão antecipada é o grau de zelo, o lugar da prestação, a natureza e a importância da

devido o pagamento da PLR proporcional. causa, o trabalho realizado e o tempo exigido, arbitro os honorários

advocatícios de 10% a favor da Autora e 10% em favor da

Ocorre que, in casu, a Obreira absteve-se de acostar a norma reclamada, apurado sobre o valor do credito liquido da reclamante.

coletiva que regulamenta o benefício em questão relativa ao ano de

2018, tendo, aliás, limitado-se a acostar um Acordo referente ao ano Em sede recursal, pretende a Autora seja reconhecida a

de 2011 e com a base territorial de Belo Horizonte/MG. inconstitucionalidade incidental do art. 791-A, §4º, da CLT e seja

excluída sua condenação no pagamento de honorários advocatícios

Destarte, não tendo a Autora se desincumbido do seu ônus sucumbenciais.

probatório, não há como prover sua pretensão, devendo ser

mantida a r. sentença, no particular. Requer, ainda, a majoração do percentual da verba honorária

imputada à Reclamada.

Nega-se provimento.

Esta 1ª Turma, na sessão ordinária realizada no dia 29/10/2019,

resolveu, por unanimidade, conhecer dos recursos ordinários

sumaríssimos interpostos pela Reclamada e pela Reclamante e,

diante da cláusula de reserva de plenário, suspender o presente

feito até a conclusão do julgamento do Incidente de Arguição de

Inconstitucionalidade autuado sob nº 0000453-35.2019.5.17.0000,

que trata acerca da constitucionalidade do art. 791-A, §4º, da CLT.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 679
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Na sessão ordinária realizada no dia 23/10/2019, o Pleno deste Destarte, são devidos, na espécie, os honorários advocatícios, nos

Regional julgou o Incidente de Arguição de Inconstitucionalidade nº termos da nova legislação, in verbis:

0000453-35.2019.5.17.0000, declarando a inconstitucionalidade

parcial do §4º, do art. 791-A, da CLT. Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão

devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5%

Assim, considerando o julgamento da matéria pelo Pleno deste (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o

Tribunal, os autos retornaram à 1ª Turma para prosseguimento do valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico

julgamento dos recursos ordinários interpostos. obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado

da causa.

Examina-se.

Tendo sido mantida a parcial procedência dos pedidos, a verba é

Na Justiça do Trabalho, prevalecia o entendimento consubstanciado devida, ainda, de forma recíproca.

nas Súmulas n.º 219 e 329 do E. TST segundo o qual, em se

tratando de conflito decorrente da relação de emprego, os Noutro giro, quanto ao valor, devem ser observados os parâmetros

honorários advocatícios eram devidos apenas quando preenchidos fixados no §2º do art. 791-A, in verbis:

os requisitos contidos no art. 14 da Lei n. 5.584/1970.

§ 2o Ao fixar os honorários, o juízo observará:

Com o advento da Lei 13.467, de 13 de julho de 2017, contudo, foi

acrescentado à CLT o art. 791-A, que autorizou a condenação na I - o grau de zelo do profissional;

verba honorária em razão da mera sucumbência.

II - o lugar de prestação do serviço;

Além disso, o novel dispositivo previu o pagamento de honorários

de sucumbência recíproca, de forma que, vencido o Reclamante, III - a natureza e a importância da causa;

ainda que relativamente a um único pedido, também deverá ele

responder pela verba honorária da parte contrária. IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o

seu serviço.

Em que pese a intensa celeuma jurídica que se instaurou acerca da

aplicabilidade do novo regramento, este Relator adotou o Quanto aos honorários devidos pela empresa, entende-se suficiente

entendimento de que os dispositivos da Reforma Trabalhista que e proporcional o percentual de 15% (quinze por cento) sobre o valor

versam sobre honorários advocatícios apenas incidem nas da condenação, adotado como praxe nessa especializada.

demandas ajuizadas após a vigência da Lei 13.467/17, que ocorreu

em 11/11/2017. No tocante aos honorários devidos pela Obreira, contudo, reputa-se

razoável a redução da verba no percentual para o patamar de 5%

O C. TST posicionou-se no mesmo sentido na recém editada (cinco por cento) sobre os pedidos julgados totalmente

Instrução Normativa n. 41, que, em seu art. 6º assim dispõe: improcedentes.

Art. 6º Na Justiça do Trabalho, a condenação em honorários É que, embora os honorários advocatícios sirvam para remunerar o

advocatícios sucumbenciais, prevista no art. 791-A, e parágrafos, da trabalho desempenhado pelos patronos, que, in casu, cumpriram

CLT, será aplicável apenas às ações propostas após 11 de seu papel com louvor, não se pode perder de vista que o seu

novembro de 2017 (Lei nº 13.467/2017). Nas ações propostas pagamento é efetuado pelas partes e a Reclamante é

anteriormente, subsistem as diretrizes do art. 14 da Lei 5.584/1970 hipossuficiente em relação à empresa.

e das Súmulas nº 219 e 329 do TST.

Nesse contexto, vale frisar que o princípio isonomia consiste em

A presente demanda foi ajuizada em 13/02/2019, logo, sob a égide tratar os iguais igualmente e os desiguais desigualmente. É dizer, a

da Reforma Trabalhista. igualdade formal deve ceder lugar à igualdade real ou substancial,

sob pena de se afastar do artigo 5º, caput, da CRFB/88.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 680
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

aprovado na 2ª Jornada de Direito Material e Processual do

Por outro lado, a Origem deferiu ao obreiro o benefício da justiça Trabalho, realizada pela ANAMATRA (Associação Nacional dos

gratuita, e, nesse caso, pela redação do novel § 4º do art. 791-A, as Magistrados da Justiça do Trabalho), entre 9 e 10 de outubro de

obrigações decorrentes da sucumbência ficariam sob condição 2017, in verbis:

suspensiva ou seus valores seriam compensadas com eventuais

créditos obtidos em juízo: HONORÁRIOS E ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA

§ 4° Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha É inconstitucional a previsão de utilização dos créditos trabalhistas

obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de reconhecidos em juízo para o pagamento de despesas do

suportar a despesa, as obrigações decorrentes de sua sucumbência beneficiário da justiça gratuita com honorários advocatícios ou

ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente periais (artigos 791-A, §4º, e 790-B, §4º, da CLT, com a redação

poderão ser executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito dada pela Lei nº 13.467/2017), por ferir os direitos fundamentais à

em julgado da decisão que as certificou, o credor demonstrar que assistência judiciária gratuita e integral, prestada pelo Estado, e à

deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que proteção do salário (artigos 5º. LXXIV, e 7º, X, da Constituição

justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse Federal).

prazo, tais obrigações do beneficiário.

Portanto, nos termos da decisão proferida pelo Pleno deste

Ocorre que o Pleno deste Regional, em recente decisão prolatada Regional, a verba honorária devida pelo Autor deverá ficar sob

nos autos da Arguição de Inconstitucionalidade nº 0000453- condição suspensiva de exigibilidade e somente poderá ser

35.2019.5.17.0000, declarou a inconstitucionalidade parcial do §4º, executada se, nos 2 (dois) anos subsequentes ao trânsito em

do art. 791-A, da CLT, conforme se depreende da ementa ora julgado da decisão que a certificou, o credor demonstrar que deixou

transcrita: de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a

concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tal

"ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. HONORÁRIOS obrigação do beneficiário.

ADVOCATÍCIOS. ARTIGO 791-A, § 4º, DA CLT. Declara-se a

inconstitucionalidade parcial do § 4º, do artigo 791-A, da CLT Dá-se parcial provimento para, mantendo a condenação de ambas

somente quanto ao trecho: "desde que não tenha obtido em juízo, as partes no pagamento de honorários advocatícios sucumbenciais,

ainda que outro processo, créditos capazes de suportar a despesa", majorar o percentual arbitrado para pagamento da Reclamada, em

no sentido de que não se possa atingir os créditos deferidos ao favor do patrono da Reclamante para 15% (quinze por cento) sobre

beneficiário da justiça gratuita, ainda que em outro processo, mas o valor da condenação; reduzir o percentual arbitrado para o

tão somente que a verba honorária fique sob condição suspensiva pagamento, pela Autora, da verba honorária em favor do patrono da

de exigibilidade, podendo ser executada, se nos 2 (anos) Ré para o patamar de 5% (cinco por cento) sobre os pedidos

subseqüentes ao trânsito em julgado da decisão que a certificou, o julgados totalmente improcedentes; e para determinar que a verba

credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência honorária devida pelo Reclamante deverá ficar sob condição

de recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo- suspensiva de exigibilidade e somente poderá ser executada se,

se, passado esse prazo, tal obrigação do beneficiário". nos 2 (dois) anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão

que a certificou, o credor demonstrar que deixou de existir a

Com efeito, não se pode olvidar que o crédito trabalhista tem situação de insuficiência de recursos que justificou a concessão de

natureza alimentar e o trabalhador, ao despender sua força de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tal obrigação do

trabalho em proveito do empregador, não busca senão o seu beneficiário.

próprio sustento e da sua família. Dessa forma, não é compatível

com os direitos constitucionalmente tutelados a compensação das

obrigações decorrentes da sucumbência com os créditos do

trabalhador em estado de miserabilidade econômica.

Nesse mesmo sentido é o Enunciado n.º 3, da Comissão 7,

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 681
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

aviso prévio, 13º salário, férias + 1/3, FGTS e multa de 40%; e para,

mantendo a condenação de ambas as partes no pagamento de

honorários advocatícios sucumbenciais, majorar o percentual

arbitrado para pagamento da Reclamada, em favor do patrono da

Reclamante para 15% (quinze por cento) sobre o valor da

condenação; reduzir o percentual arbitrado para o pagamento, pela

Autora, da verba honorária em favor do patrono da Ré para o

patamar de 5% (cinco por cento) sobre os pedidos julgados

totalmente improcedentes; e para determinar que a verba honorária

devida pelo Reclamante deverá ficar sob condição suspensiva de

3. ACÓRDÃO exigibilidade e somente poderá ser executada se, nos 2 (dois) anos

subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que a certificou, o

credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência

de recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-

se, passado esse prazo, tal obrigação do beneficiário. Custas, pela

Reclamada, no importe de R$ 400,00 (quatrocentos reais),

calculadas sobre o valor da condenação, ora majorado para R$

20.000,00 (vinte mil reais). O Ministério Público manifestou-se pelo

não conhecimento do recurso da reclamada, por deserto; pelo

conhecimento do apelo da reclamante e pelo seu provimento

parcial.

Acordam os Magistrados da 1ª Turma do Tribunal Regional do

Trabalho da 17ª Região, na Sessão Ordinária realizada no dia 03 de

dezembro de 2019, às 13 horas e 30 minutos, sob a presidência do

Exmo. Desembargador Cláudio Armando Couce de Menezes, com

a participação do Exmo. Desembargador José Carlos Rizk, do

Exmo. Desembargador Mario Ribeiro Cantarino Neto, e presente o DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK

Procurador do Trabalho, Dr. Levi Scatolin, por unanimidade,

conhecer dos recursos ordinários sumaríssimos interpostos pela Relator

Reclamada e pela Reclamante e, no mérito do apelo Patronal negar

-lhe provimento e, no mérito do apelo Obreiro, dar-lhe parcial

provimento para condenar a Reclamada: no pagamento de

diferenças de comissões em razão das vendas a prazo, a serem

calculadas em conformidade com o extrato de vendas de ID.

c32d5f3, com reflexos sobre aviso prévio, 13º salário, férias + 1/3,

FGTS e multa de 40%; no pagamento de diferenças a título de

prêmio estímulo, a serem calculadas sobre as vendas a prazo

apontadas no extrato de vendas de ID. c32d5f3, com reflexos sobre

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 682
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

COMPETÊNCIA: 1ª TURMA

Acórdão
Processo Nº RORSum-0000122-38.2019.5.17.0005
Relator JOSE CARLOS RIZK
RECORRENTE KEILA SILVERIANO DE CERQUEIRA
ADVOGADO THIAGO MARTINS RABELO(OAB:
154211/MG)
ADVOGADO ALESSANDRA CRISTINA DIAS(OAB:
144802/MG)
ADVOGADO DANIELLE CRISTINA VIEIRA DE
SOUZA DIAS(OAB: 116893/MG)
ADVOGADO MARCOS ROBERTO DIAS(OAB:
87946/MG)
RECORRENTE VIA VAREJO S/A
ADVOGADO DECIO FLAVIO GONCALVES
TORRES FREIRE(OAB: 12082/ES)
RECORRIDO VIA VAREJO S/A
ADVOGADO DECIO FLAVIO GONCALVES
TORRES FREIRE(OAB: 12082/ES)
RECORRIDO KEILA SILVERIANO DE CERQUEIRA
ADVOGADO ALESSANDRA CRISTINA DIAS(OAB:
144802/MG)
ADVOGADO DANIELLE CRISTINA VIEIRA DE
SOUZA DIAS(OAB: 116893/MG)
ADVOGADO MARCOS ROBERTO DIAS(OAB:
87946/MG)
ADVOGADO THIAGO MARTINS RABELO(OAB: 1. RELATÓRIO
154211/MG)
TESTEMUNHA OSWALDO RAIMUNDO DE ARAUJO
TESTEMUNHA ANDERSON PEREIRA BOLONHA

Intimado(s)/Citado(s):
- VIA VAREJO S/A

PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA DO TRABALHO Trata-se de recursos ordinários sumaríssimos interpostos pela

Reclamada (ID. bf88c02) e pela Reclamante (ID. 79fc077), em face

da sentença prolatada ao ID. 6c28016, na qual a Origem, rejeitando

as preliminares de impugnação ao valor da causa e inépcia da

inicial, no mérito, julgou parcialmente procedentes os pedidos

formulados na exordial para condenar a Ré no pagamento de

reflexos dos prêmios e diferenças de comissões, e para condenar


PROCESSO nº 0000122-38.2019.5.17.0005 (RORSum)
ambas as partes no pagamento de honorários advocatícios

sucumbenciais recíprocos.
RECORRENTES: VIA VAREJO S/A; KEILA SILVERIANO DE

CERQUEIRA
Irresignada, em suas razões recursais, a Reclamada argui,

inicialmente, a prescrição quinquenal. No mérito, pretende a reforma


RECORRIDOS: KEILA SILVERIANO DE CERQUEIRA; VIA
da r. decisão no tocante às diferenças de comissões e justiça
VAREJO S/A
gratuita concedida à Reclamante.

ORIGEM: 5ª VARA DO TRABALHO DE VITÓRIA/ES


Junta comprovante de recolhimento das custas processuais ao ID.

fde110c e de depósito recursal ao ID. 7b4fd91, na forma de seguro


RELATOR: DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 683
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

garantia judicial.

Ao ID. a263f1d apresenta a Autora contrarrazões ao apelo Patronal,

pugnando, preliminarmente, seja reconhecida a deserção.

Sucessivamente, pede seja-lhe negado provimento.

Por sua vez, em seu recurso ordinário insurge-se a Laborista quanto

às diferenças de comissões decorrentes de vendas não

faturadas/canceladas e/ou objeto de troca, diferenças de comissões

decorrentes de vendas de serviços, diferenças de comissões em

razão das vendas parceladas, prêmio estímulo, horas extras,

intervalo intrajornada, não incidência da súmula 340, do TST, PLR e

honorários advocatícios sucumbenciais. 2.1. CONHECIMENTO

A Reclamada junta contrarrazões ao ID. 04a89c6, requerendo a

manutenção da r. sentença, nos pontos atacados.

Este Relator, verificando que a apólice do seguro garantia judicial foi

contratada no limite definido pelo TST e vigente a partir de 1º de

agosto de 2019 para os depósitos recursais (R$ 9.828,51), não

tendo sido acrescida dos 30% exigidos pelo CPC, determinou a

intimação da Reclamada para complementação do seguro garantia

ou o recolhimento do valor atinente ao depósito recursal, sob pena

de deserção do apelo interposto.

Intimada, a Reclamada juntou complementação de apólice ao ID.

3d3efc4.

Registre-se que a presente demanda foi ajuizada em 13/02/2019,

sob a égide, portanto, da Lei 13.467/2017 - Reforma Trabalhista. 2.1.1. PRELIMINAR DE NÃO CONHECIMENTO. DESERÇÃO.

REALIZAÇÃO DO DEPÓSITO RECURSAL EM

É o relatório. DESCONFORMIDADE COM AS REGRAS CELETISTAS.

SUSCITADA PELA RECLAMANTE EM CONTRARRAZÕES AO

APELO PATRONAL

Em contrarrazões ao apelo Patronal suscita a Reclamante

2. FUNDAMENTAÇÃO preliminar de deserção, sob o argumento de que o seguro garantia

realizado pela Reclamada revela-se inadequado para figurar como

substituto do depósito recursal.

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Pois bem.

A uma, uma vez que estabelece o prazo de 30 dias para efetuar o

pagamento devido (o que destoa, em muito, do prazo de 48 horas Na espécie, verifica-se que a apólice do seguro garantia judicial foi

arbitrado pelo art. 880, da CLT). contratada no limite definido pelo TST e vigente a partir de 1º de

agosto de 2019 para os depósitos recursais (R$ 9.828,51), não

A duas, pois a apólice fixa, expressamente, seu prazo de vigência, tendo sido acrescida dos 30% exigidos pelo CPC.

qual seja, 23/07/2024, donde se infere se tratar de uma garantia

meramente provisória, não atendendo, dessa forma, o escopo do Nada obstante, este Relator entende ser imprescindível a intimação

art. 899, § 1º, da CLT. do Recorrente para complementar a garantia recursal em caso de

insuficiência, esteja ela consubstanciada na forma de depósito ou

A três, porquanto há uma considerável burocracia imposta para a de seguro, uma vez que não é razoável tratar com rigor distinto

percepção do valor segurado já que a execução do contrato de institutos que a lei previu com a mesma finalidade e em patamar de

seguro é condicionada ao cumprimento de exigências estabelecidas igualdade.

pela própria seguradora, retirando-se do Juízo a autonomia para

definir o momento da liberação do numerário em prol do Nesse sentido, estabelece a OJ n. 140 da SBDI-1 do TST que "Em

Reclamante/Exequente. caso de recolhimento insuficiente das custas processuais ou do

depósito recursal, somente haverá deserção do recurso se,

Examina-se. concedido o prazo de 5 (cinco) dias previsto no § 2º do art. 1.007 do

CPC de 2015, o recorrente não complementar e comprovar o valor

A Reforma Trabalhista sanou a controvérsia outrora existente devido".

acerca da aceitabilidade ou não do seguro garantia em substituição

ao depósito recursal. Quanto ao tema, merecem destaque dois Por conseguinte, deve-se conceder à Reclamada prazo para

dispositivos da CLT, a seguir transcritos: regularizar o preparo, em observância ao princípio de natureza

processual/constitucional que veda decisões-surpresa (art. 10 do

Art. 899. § 4o. O depósito recursal será feito em conta vinculada ao CPC c/c o art. 5º, LV, da CF), mormente considerando, repise-se,

juízo e corrigido com os mesmos índices da poupança. (Redação que o §11 do art. 899 da CLT expressamente autoriza a

dada pela Lei nº 13.467, de 2017) possibilidade de substituição do depósito recursal pelo seguro

garantia judicial.

§ 11. O depósito recursal poderá ser substituído por fiança bancária

ou seguro garantia judicial. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) Ademais, não é razoável equiparar a situação daquele que deixou

de realizar o preparo com a situação daquele o realizou ainda que

Com efeito, quanto aos recursos interpostos a partir de 11/11/2017, não tenha revestido-se de todas as formalidades exigidas.

inquestionável a possibilidade de o Réu valer-se do seguro garantia

judicial ao interpor seu recurso, devendo a apólice, contudo, estar Tal entendimento prioriza o saneamento dos vícios e o

adequadamente redigida, com prazo de vigência razoável e aproveitamento dos atos processuais e coaduna-se com os

consignando como índice de correção o da poupança ou outro princípios da boa-fé objetiva e da instrumentalidade das formas.

superior.

Por outro lado, em relação aos demais requisitos, considerados

Ademais, frise-se que, considerando que a finalidade precípua do "burocráticos" pela Reclamante, observa-se que lei não vincula sua

depósito recursal é garantir a execução, entende-se pela força normativa à observância de normas infralegais específicas,

aplicabilidade do art. 835, §2º, do CPC, segundo o qual "Para fins tampouco define diretamente os elementos que considera

de substituição da penhora, equiparam-se a dinheiro a fiança indispensáveis à validade do instituto em questão, e, tendo sido

bancária e o seguro garantia judicial, desde que em valor não fixado na apólice um prazo razoável de vigência (23/07/2024),

inferior ao do débito constante da inicial, acrescido de trinta por entende-se pela boa-fé da Recorrente.

cento".

Ante todo o exposto, este Relator, por meio do despacho de ID.

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7043ed6, determinou a intimação da Reclamada para Esta 1ª Turma, na sessão ordinária realizada no dia 29/10/2019,

complementação do seguro garantia ou o recolhimento do valor resolveu, por unanimidade, conhecer dos recursos ordinários

atinente ao depósito recursal, sob pena de deserção do apelo sumaríssimos interpostos pela Reclamada e pela Reclamante e,

interposto. diante da cláusula de reserva de plenário, suspender o presente

feito até a conclusão do julgamento do Incidente de Arguição de

Intimada, a Reclamada juntou complementação de apólice ao ID. Inconstitucionalidade autuado sob nº 0000453-35.2019.5.17.0000,

3d3efc4. Destarte, merece ser conhecido seu apelo. que trata acerca da constitucionalidade do art. 791-A, §4º, da CLT.

Conhece-se dos recursos ordinários sumaríssimos interpostos pela Na sessão ordinária realizada no dia 23/10/2019, o Pleno deste

Reclamada e pela Reclamante, porquanto presentes os Regional julgou o Incidente de Arguição de Inconstitucionalidade nº

pressupostos legais de admissibilidade recursal. 0000453-35.2019.5.17.0000, declarando a inconstitucionalidade

parcial do §4º, do art. 791-A, da CLT, conforme se depreende da

Registre-se que a presente demanda foi ajuizada em 13/02/2019, ementa ora transcrita:

sob a égide, portanto, da Lei 13.467/2017 - Reforma Trabalhista.

"ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. HONORÁRIOS

Ressalte-se, ainda, que não houve pronúncia da prescrição pela ADVOCATÍCIOS. ARTIGO 791-A, § 4º, DA CLT. Declara-se a

Origem, havendo recurso quanto ao tema. inconstitucionalidade parcial do § 4º, do artigo 791-A, da CLT

somente quanto ao trecho: "desde que não tenha obtido em juízo,

ainda que outro processo, créditos capazes de suportar a despesa",

no sentido de que não se possa atingir os créditos deferidos ao

beneficiário da justiça gratuita, ainda que em outro processo, mas

tão somente que a verba honorária fique sob condição suspensiva

de exigibilidade, podendo ser executada, se nos 2 (anos)

subseqüentes ao trânsito em julgado da decisão que a certificou, o

credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência

de recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-

se, passado esse prazo, tal obrigação do beneficiário".

2.2. SUSPENSÃO DO PROCESSO. DECLARAÇÃO DE Assim, considerando o julgamento da matéria pelo Pleno deste

INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 791-A, DA CLT. QUESTÃO Tribunal, os autos retornaram à 1ª Turma para prosseguimento do

AFETADA AO TRIBUNAL PLENO julgamento dos recursos ordinários interpostos pelas partes.

Ante o exposto, nos termos do acórdão proferido no bojo do

Incidente de Arguição de Inconstitucionalidade nº 0000453-

35.2019.5.17.0000, declara-se a inconstitucionalidade parcial do

§4º, do art. 791-A, da CLT.

Em sede recursal, pretende a Autora seja reconhecida a

inconstitucionalidade incidental do art. 791-A, §4º, da CLT e seja

excluída sua condenação no pagamento de honorários advocatícios

sucumbenciais.

Pois bem.

2.3. PRESCRIÇÃO QUINQUENAL

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2.4. MÉRITO DO RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA

Consta da inicial que a Reclamante foi admitida pela Reclamada em

17/07/2014, na função de vendedora, tendo sido dispensada sem

justa causa em 02/11/2018, quando percebia remuneração média

no valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais).

Em razões de recurso ordinário sumaríssimo, pugna a Reclamada,

em prejudicial ao mérito, seja reconhecida a prescrição quinquenal.

Examina-se.

2.4.1. DIFERENÇAS DE COMISSÕES. VENDAS NÃO

A presente ação foi ajuizada em 13/02/2019. FATURADAS

Assim, por força do artigo 7º, inciso XXIX, da Carta Magna e do art.

11, inciso I, da CLT, conclui-se que as parcelas trabalhistas

anteriores a 13/02/2014 estariam fulminadas pela prescrição

quinquenal.

Todavia, tendo sido a Obreira admitida somente em 17/07/2014 não

há falar em prescrição.

Consta da inicial que a Reclamante foi admitida pela Reclamada em

Rejeita-se. 17/07/2014, na função de vendedora, tendo sido dispensada sem

justa causa em 02/11/2018, quando percebia remuneração média

no valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais).

Registre-se que a presente demanda foi ajuizada em 13/02/2019,

sob a égide, portanto, da Lei 13.467/2017 - Reforma Trabalhista.

Ressalte-se, ainda, que não houve pronúncia da prescrição pela

Origem, havendo recurso quanto ao tema.

Na peça de entrada alegou a Autora que durante todo o contrato de

trabalho, ao conferir o valor recebido a título de comissões, apurava

mensalmente diferenças a menor no importe médio de 30% (trinta

por cento).

Explicou que quando alertou a Ré sobre a questão, foi informada

que "deveria se tratar de vendas de mercadorias e serviços não

faturadas no período, ou mesmo objeto de cancelamento ou troca".

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Pelo exposto, condeno a reclamada ao pagamento de diferenças de

No entanto, sustentou que jamais lhe foram apresentados quaisquer comissões pelo estorno indevido de vendas, observados os valores

documentos demonstrando quais comissões não teriam sido constantes dos relatórios carreados aos autos, a prescrição e os

adimplidas ou mesmo quais vendas do respectivo período não respectivos reflexos em 13º salários, férias + 1/3, aviso prévio e

teriam sido faturadas, trocadas ou canceladas pelos clientes. FGTS + 40%.

Pretendeu, em razão do narrado, a condenação da Reclamada no Indefiro as repercussões do repouso semanal remunerado nas

pagamento de diferenças de comissões, tanto na venda de demais parcelas trabalhistas, pois constituem bis in idem o cômputo

mercadorias quanto na de serviços, mês a mês, considerando-se de reflexos sobre reflexos.

todo o pacto laboral, com base no valor médio mensal de 30%

(trinta por cento) das comissões recebidas, devidamente acrescidas Em sede recursal insiste a Reclamada que a Reclamante sempre

do RSR e já enriquecidas deste seus reflexos em aviso prévio, 13º recebeu, corretamente, mês a mês, todas as suas comissões sobre

salário, férias + 1/3 e de tudo em FGTS e multa de 40%. suas vendas concretizadas, não havendo que se falar em

pendência de comissões por supostas vendas não faturadas.

Defendeu-se a Ré sob o argumento de que ao longo de todo o

contrato de trabalho, a Reclamante poderia ter esclarecido Quanto ao cancelamento da compra, alega que, tendo o cliente

eventuais dúvidas acerca dos valores pagos, por meio do Sistema exercido seu direito de cancelamento, o produto retorna para o

PCOM e, ainda, por meio de chamado para área técnica, ou por estoque da loja para ser novamente comercializado e a empresa é

chamado via portal (denominado CRM WEB), ou, presencialmente, obrigada a restituir ao cliente o valor pago, não se beneficiando de

com os seus gestores, Gerentes das filiais nas quais trabalhou; de nenhuma forma.

modo que existiam diversas formas da parte Autora esclarecer os

valores que lhe eram pagos. Diante de tal fato, sustenta que manter a comissão do vendedor

mesmo diante do cancelamento da venda configuraria fraude por

A Origem deferiu em parte a pretensão Obreira, adotando as parte da empresa, principalmente no que tange às obrigações

seguintes razões de decidir: tributárias e fiscais, uma vez que os lucros e despesas não teriam

seus valores compatíveis para fim de declaração do imposto de

O contrato de trabalho da Autora apresenta como forma de renda.

remuneração a base de comissões "sobre as vendas efetuadas".

No que tange à troca, alega ocorria de maneira eventual.

Prevê o art. 466 da CLT que "o pagamento de comissões e

percentagens só é exigível depois de ultimada a transação a que se Em atenção ao princípio da eventualidade, pede a redução do

referem", sendo o entendimento dessa magistrada em consonância percentual deferido.

com a jurisprudência do C. TST de que o fim da transação se dá

com o fechamento do negócio, e não com o cumprimento das Examina-se.

obrigações dele decorrentes, ou seja, pagamento da obrigação

resultante do negócio ajustado com o cliente. Nesse sentido o PN nº É incontroverso que a Reclamada realizava o estorno das

97 da SDC do C. TST, que assim dispõe: "Proibição de estorno de comissões recebidas pelo vendedor em caso de cancelamento da

comissões (positivo) Ressalvada a hipótese prevista no art. 7º da venda pelo cliente.

Lei nº3.207/57, fica vedado às empresas o desconto ou estorno das

comissões do empregado, incidentes sobre mercadorias devolvidas Ocorre que, em que pese sustentar a Ré a legalidade de tal prática,

pelo cliente, após a efetivação de venda". não é este o entendimento que tem prevalecido nos tribunais

pátrios.

Assim, eventuais cancelamentos e trocas pelo cliente implicam nos

riscos do negocio a que esta adstrito exclusivamente o empregador, Com efeito, dispõe o Precedente Normativo nº 97 da SDC, do C.

não sendo possível o estorno de tais comissões. TST:

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Nº 97 PROIBIÇÃO DE ESTORNO DE COMISSÕES (positivo) MERO INADIMPLEMENTO OU CANCELAMENTO DO CONTRATO

DE COMPRA E VENDA. PRINCÍPIO DA ALTERIDADE.

Ressalvada a hipótese prevista no art. 7º da Lei nº 3207/1957, fica PRECEDENTE NORMATIVO 97 DA SDC. A jurisprudência desta

vedado às empresas o desconto ou estorno das comissões do Corte, consubstanciada no Precedente Normativo 97 da SDC, não

empregado, incidentes sobre mercadorias devolvidas pelo cliente, admite norma coletiva que imponha desconto ou estorno das

após a efetivação de venda. comissões do empregado, incidentes sobre mercadorias devolvidas

pelo cliente, após a efetivação de venda. Nesse sentido, o art. 466,

Ora, o art. 466, da CLT é claro ao estabelecer que "o pagamento caput , da CLT, dispõe que o pagamento das comissões somente é

das comissões é exigível depois de ultimada a transação", sendo exigível depois de ultimada a transação. Esta Corte Superior, ao

que o C. TST tem reiteradamente interpretado tal dispositivo no interpretar o referido dispositivo celetista, consolidou entendimento

sentido de que a ultimação da transação ocorre na ocasião do no sentido que a expressão " ultimada a transação " diz respeito ao

fechamento do negócio e não no momento do cumprimento das momento em que o negócio é efetivado e não àquele em que há o

obrigações. cumprimento das obrigações decorrentes desse negócio jurídico .

Considera-se, desse modo, ultimada a transação quando aceita

Destarte, o estorno de comissões em caso de cancelamento pelo comprador nos termos em que lhe foi proposta, sendo,

transfere, ao empregado, os riscos empresariais, em franca afronta portanto, irrelevante ulterior inadimplemento contratual ou

aos artigos 2º, 444 e 462, todos da CLT. desistência do negócio . Tal entendimento está em harmonia com o

princípio justrabalhista da alteridade, que coloca os riscos

Citem-se, nesse sentido, os seguintes arestos do C. TST: concernentes aos negócios efetuados em nome do empregador ,

sob ônus deste (art. 2º, caput , CLT). Recurso ordinário desprovido"

ESTORNOS DE COMISSÕES. CANCELAMENTO DA VENDA OU (RO-147-23.2016.5.08.0000, Seção Especializada em Dissídios

INADIMPLÊNCIA DO COMPRADOR. IMPOSSIBILIDADE. A Coletivos, Relator Ministro Mauricio Godinho Delgado, DEJT

discussão dos autos refere-se a estorno de comissões sobre 19/12/2018).

contratos formalizados pela autora, em virtude do inadimplemento

ou do cancelamento pelos clientes. Prevê o artigo 466 da CLT que " B) RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELA RECLAMADA. 1.

o pagamento de comissões e percentagens só é exigível depois da COMISSÕES. DIFERENÇAS. VENDAS CANCELADAS. ESTORNO

ultimada a transação a que se referem ". Esta Corte, reiteradamente INDEVIDO. NÃO CONHECIMENTO. I. A Corte Regional decidiu ser

interpretando o referido dispositivo, tem adotado o entendimento de indevida a devolução dos valores pagos a título de comissões, em

que o fim da transação se dá com o fechamento do negócio, e não razão do inadimplemento dos clientes, por entender que os riscos

com o cumprimento, pelos clientes, das obrigações dele da atividade empresarial não podem ser transferidos ao empregado.

provenientes, ou seja, com o pagamento da obrigação decorrente II. Não se divisa violação do art. 466, caput e § 1º, da CLT. Esta

do negócio ajustado. Nesse sentido, também, é o Precedente Corte Superior firmou jurisprudência no sentido de que as

Normativo nº 97 da SDC desta Corte: " Proibição de estorno de comissões são devidas a partir do momento em que ultimada a

comissões (positivo) Ressalvada a hipótese prevista no art. 7º da transação de compra e venda, sendo irrelevante o cancelamento ou

Lei nº 3.207/57, fica vedado às empresas o desconto ou estorno estorno da venda pelo cliente. Isso porque o risco da atividade

das comissões do empregado, incidentes sobre mercadorias econômica deve ser suportado pelo empregador, e não pelo

devolvidas pelo cliente, após a efetivação de venda ". Assim, não empregado. III. Recurso de revista de que não se conhece. (ARR-

são autorizados estornos de comissões pelo cancelamento da 1110-85.2011.5.04.0010, 4ª Turma, Relator Ministro Alexandre Luiz

venda ou pela inadimplência do comprador. Agravo desprovido. (Ag Ramos, DEJT 07/12/2018).

-AIRR-1516-62.2017.5.12.0014, 2ª Turma, Relator Ministro José

Roberto Freire Pimenta, DEJT 23/08/2019). Melhor sorte não merece o pedido eventual de redução do

percentual arbitrado pela Origem, uma vez que a r. sentença não

"RECURSO ORDINÁRIO. AÇÃO ANULATÓRIA DE CLÁUSULA DE deferiu a pretensão em forma de percentual, mas sim determinou

CONVENÇÃO COLETIVA PROPOSTA PELO MINISTÉRIO sejam "observados os valores constantes dos relatórios carreados

PÚBLICO DO TRABALHO. PROCESSO ANTERIOR À LEI aos autos".

13.467/2017 . ESTORNO DE COMISSÕES DECORRENTE DO

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Nega-se provimento.

Ab initio, registre-se que este Relator entende que, em se tratando a

justiça gratuita de instituto bifronte, as inovações da Lei n.

13.467/2017 quanto ao tema (novos requisitos para concessão dos

benefícios da justiça gratuita ao trabalhador) não deverão ser

aplicadas aos processos já em curso.

Isso porque é imprescindível que parte tenha ciência das

consequências jurídicas do ajuizamento do processo ou da defesa

apresentada, com a possibilidade de previsibilidade para avaliação

2.4.2. JUSTIÇA GRATUITA CONCEDIDA À RECLAMANTE das condutas processuais a serem adotadas.

Salienta WAMBIER, ao tratar do princípio do devido processo legal:

"Isso quer dizer que toda e qualquer consequência processual que

as partes possam sofrer, tanto na esfera da liberdade pessoal

quanto no âmbito de seu patrimônio, deve necessariamente

decorrer de decisão prolatada num processo que tenha tramitado de

conformidade com antecedente previsão legal. O devido processo

legal significa o processo cujo procedimento e cujas consequências

Consta da inicial que a Reclamante foi admitida pela Reclamada em tenham sido previstas na lei".

17/07/2014, na função de vendedora, tendo sido dispensada sem

justa causa em 02/11/2018, quando percebia remuneração média Entendimento em sentido diverso não seria razoável e implicaria

no valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais). afronta ao disposto no art. 10, CPC/15, com a configuração de

decisão surpresa e violação aos princípios da segurança jurídica e

Registre-se que a presente demanda foi ajuizada em 13/02/2019, do devido processo legal.

sob a égide, portanto, da Lei 13.467/2017 - Reforma Trabalhista.

Destarte, a legislação a ser aplicada na espécie deverá ser aquela

Ressalte-se, ainda, que não houve pronúncia da prescrição pela vigente quando do ajuizamento da ação e da apresentação da

Origem, havendo recurso quanto ao tema. defesa, pois sua alteração poderia influenciar na conduta

processual das partes ou na avaliação dos riscos da demanda.

A Autora requereu, na peça preambular, a concessão dos

benefícios da justiça gratuita. A presente demanda foi ajuizada em 13/02/2019, sob a égide da Lei

13.467/2017 - Reforma Trabalhista, motivo pelo qual se aplicam, in

A Origem deferiu a pretensão, entendendo que a Reclamante casu, as alterações legislativas trazidas com a Reforma Trabalhista.

percebia proventos em valor inferior ao teto legal, existindo

presunção legal da necessidade na forma do disposto na Lei Nesse contexto, determinam os §§3º e 4º, do art. 790 da CLT, com

5.584/70 em seu artigo 14 § 1°, bem como artigo 790, § 3º da redação dada pela Lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017:

Consolidação das Leis do Trabalho.

§ 3o É facultado aos juízes, órgãos julgadores e presidentes dos

Em razões de recurso ordinário insurge-se a Reclamada sob o tribunais do trabalho de qualquer instância conceder, a

argumento de que a Obreira não comprovou que preenche os requerimento ou de ofício, o benefício da justiça gratuita, inclusive

requisitos, mormente porquanto, após a Reforma Trabalhista, a quanto a traslados e instrumentos, àqueles que perceberem salário

declaração de hipossuficiência não possui mais a presunção de igual ou inferior a 40% (quarenta por cento) do limite máximo dos

veracidade juris tantum. benefícios do Regime Geral de Previdência Social.

Examina-se. § 4o O benefício da justiça gratuita será concedido à parte que

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comprovar insuficiência de recursos para o pagamento das custas Acrescente-se que o art. 99, §2º do CPC afirma que o juiz somente

do processo. poderá indeferir o pedido se houver nos autos elementos que

evidenciem a falta dos pressupostos legais para a concessão da

O dispositivo em questão traz duas regras distintas. gratuidade.

Consoante o §3º, no caso de o Reclamante manter vínculo Ademais, a assistência do requerente por advogado particular não

empregatício vigente com a Reclamada ou com empresa diversa e impede a concessão da benesse (artigo 99, § 4º, do NCPC).

perceber salário igual ou inferior a 40% (quarenta por cento) do

limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Saliente-se, ainda, que o benefício da gratuidade constitui direito

Social, é absoluta a presunção de hipossuficiência econômica, fundamental, de aplicação imediata, previsto no artigo 5º, inciso

fazendo jus, consequentemente, ao benefício da Justiça Gratuita. LXXIV, da CRFB/1988 a todos os brasileiros e estrangeiros

residentes no Brasil que comprovarem a insuficiência de recursos.

Lado outro, quando o Autor estiver desempregado ou na hipótese

de perceber salário superior a 40% (quarenta por cento) do limite Por fim, citem-se recentes arestos do C. TST versando sobre o

máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social, a tema, in verbis:

comprovação da insuficiência de recursos, a teor do §4º do

dispositivo acima transcrito, poderá ser feita por simples declaração. 3. BENEFÍCIOS DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA.

REQUISITOS. NÃO CONHECIMENTO. Ao tratar dos requisitos

Com efeito, nos termos dos artigos 1º da Lei 7.115/1983 e 99, §3º para a concessão dos benefícios da justiça gratuita, o artigo 4º da

do CPC/2015, a declaração destinada a fazer prova de pobreza, Lei nº 1.060/50 dispõe que basta que a parte firme declaração de

quando firmada pelo próprio interessado ou por procurador pobreza, não havendo, sequer, exigência de prova da situação de

bastante, e sob as penas da Lei, presume-se verdadeira. miserabilidade. Esse, aliás, também é o entendimento pacífico

desta Corte Superior, consubstanciado na Súmula nº 463, I . No

Nesse sentido é também a Súmula 463, I, do C. TST: caso , presente nos autos a declaração de pobreza, considera-se

preenchido o requisito legal. Frise-se, ainda, que o benefício da

Súmula nº 463 do TST justiça gratuita não se confunde com o direito à percepção de

honorários assistenciais, estes, sim, condicionados à representação

ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. COMPROVAÇÃO da reclamante por advogado credenciado junto à entidade sindical,

(conversão da Orientação Jurisprudencial nº 304 da SBDI-1, com além de restar atendido o requisito da insuficiência econômica, nos

alterações decorrentes do CPC de 2015) - Res. 219/2017, DEJT termos Súmula nº 219, I. Recurso de revista de que não se

divulgado em 28, 29 e 30.06.2017 - republicada - DEJT divulgado conhece" (RR-1116-94.2011.5.09.0029, 4ª Turma, Relator Ministro

em 12, 13 e 14.07.2017 Guilherme Augusto Caputo Bastos, DEJT 30/05/2019).

I - A partir de 26.06.2017, para a concessão da assistência judiciária BENEFÍCIO DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA.

gratuita à pessoa natural, basta a declaração de hipossuficiência DECLARAÇÃO DE HIPOSSUFICIÊNCIA ECONÔMICA.

econômica firmada pela parte ou por seu advogado, desde que IMPOSSIBILIDADE DE SE AFASTAR A VERACIDADE DE TAL

munido de procuração com poderes específicos para esse fim (art. DECLARAÇÃO PELA MERA CONSIDERAÇÃO DOS VALORES

105 do CPC de 2015); SALARIAIS PERCEBIDOS PELO EMPREGADO. A Lei nº 1.060/50

dispõe, no § 1º do seu artigo 4º, sobre a garantia do benefício da

Compulsando os autos, verifica-se que, a Autora, embora não Justiça gratuita que é assegurada a todos aqueles que litigam

esteja assistida pelo seu Sindicato de classe, cuidou de fazer judicialmente e que não podem arcar com as despesas do

constar expressamente, na petição inaugural e na declaração de ID. recolhimento das custas processuais, impondo, como condição a

6aedb27, sua hipossuficiência, afirmando, sob as penas da Lei, esse deferimento, que assim se declararem mediante simples

encontrar-se em situação econômica que não lhe permite demandar afirmação na petição inicial acerca da sua situação econômica,

sem prejuízo do próprio sustento e do sustento de sua família. presumindo-se a veracidade dessa declaração. O artigo 790, § 3º,

da CLT, da mesma forma, dispõe, como uma das condições em que

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deve ser deferido o benefício da Justiça gratuita, sobre a simples

declaração da parte postulante de não poder arcar com as custas

processuais judiciais sem que tenha prejuízo do seu sustento ou da

sua família. Nesses termos, a simples afirmação da parte de estar

impossibilitada de arcar com as despesas do processo sem que lhe

advenham prejuízos econômicos em razão desse ônus garante-lhe

o direito à isenção do recolhimento das custas, somente reputando-

se inverídica essa declaração em caso de efetiva comprovação

contrária mediante alegação da parte adversa. Na hipótese, não se

constata, no acórdão regional, a existência de prova contundente

contrária à declaração de hipossuficiência econômica do autor,

tampouco a alegação da parte contrária de que essa condição não

seja condizente com a realidade. Com efeito, a decisão regional foi 2.5.1. DIFERENÇAS DE COMISSÕES. VENDAS NÃO

proferida mediante análise de elementos fáticos contidos nos autos, FATURADAS, CANCELADAS E/OU OBJETO DE TROCA

em que se declinaram os valores pecuniários percebidos pelo

reclamante até o ajuizamento desta reclamação trabalhista. Tem-se,

no entanto, que a situação econômica experimentada pelo autor

não pode ser auferida mediante mera análise do montante por ele

recebido, eis que tal condição pode estar substancialmente

alterada. Nos termos da lei, a confirmação acerca da inveracidade

da declaração econômica há que ser efetivamente comprovada,

assertiva que não se pode simplesmente presumir em razão de

situações econômicas anteriormente vivenciadas pelo litigante Consta da inicial que a Reclamante foi admitida pela Reclamada em

judicial. Agravo de instrumento desprovido (Ag-AIRR-1001764- 17/07/2014, na função de vendedora, tendo sido dispensada sem

04.2016.5.02.0441, 2ª Turma, Relator Ministro José Roberto Freire justa causa em 02/11/2018, quando percebia remuneração média

Pimenta, DEJT 23/05/2019).Ante o exposto, concede-se à no valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais).

Reclamante o benefício da justiça gratuita.

Registre-se que a presente demanda foi ajuizada em 13/02/2019,

Deve ser mantida, portanto, a decisão a quo, que concedeu à sob a égide, portanto, da Lei 13.467/2017 - Reforma Trabalhista.

Reclamante os benefícios da justiça gratuita.

Ressalte-se, ainda, que não houve pronúncia da prescrição pela

Nega-se provimento. Origem, havendo recurso quanto ao tema.

Na peça de entrada alegou a Autora que durante todo o contrato de

trabalho, ao conferir o valor recebido a título de comissões, apurava

mensalmente diferenças a menor no importe médio de 30% (trinta

por cento).

Explicou que quando alertou a Ré sobre a questão, foi informada

que "deveria se tratar de vendas de mercadorias e serviços não

faturadas no período, ou mesmo objeto de cancelamento ou troca".

No entanto, sustentou que jamais lhe foram apresentados quaisquer

2.5. MÉRITO DO RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMANTE documentos demonstrando quais comissões não teriam sido

adimplidas ou mesmo quais vendas do respectivo período não

teriam sido faturadas, trocadas ou canceladas pelos clientes.

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Pretendeu, em razão do narrado, a condenação da Reclamada no Indefiro as repercussões do repouso semanal remunerado nas

pagamento de diferenças de comissões, tanto na venda de demais parcelas trabalhistas, pois constituem bis in idem o cômputo

mercadorias quanto na de serviços, mês a mês, considerando-se de reflexos sobre reflexos.

todo o pacto laboral, com base no valor médio mensal de 30%

(trinta por cento) das comissões recebidas, devidamente acrescidas Em razões de recurso ordinário pretende a Autora a reforma da r.

do RSR e já enriquecidas deste seus reflexos em aviso prévio, 13º sentença apenas para determinar que as diferenças deferidas

salário, férias + 1/3 e de tudo em FGTS e multa de 40%. sejam calculadas com base no pedido exordial (30% das comissões

recebidas mensalmente) e não conforme os relatórios colacionados

Defendeu-se a Ré sob o argumento de que ao longo de todo o aos autos (como entendeu a Origem).

contrato de trabalho, a Reclamante poderia ter esclarecido

eventuais dúvidas acerca dos valores pagos, por meio do Sistema Isso porque, os relatórios, consoante argumenta, não demonstram

PCOM e, ainda, por meio de chamado para área técnica, ou por efetivamente a realidade, eis que além de carecerem de

chamado via portal (denominado CRM WEB), ou, presencialmente, informações concretas/detalhadas e oficiais, não retratam as

com os seus gestores, Gerentes das filiais nas quais trabalhou; de vendas praticadas, bem como não apontam as informações

modo que existiam diversas formas da parte Autora esclarecer os relativas aos motivos das ocorrências de cancelamento, trocas

valores que lhe eram pagos. efetuadas e período de faturamento.

A Origem deferiu em parte a pretensão Obreira, adotando as Examina-se.

seguintes razões de decidir:

Conforme fundamentação do item 2.3.1. supra, foi mantida a

O contrato de trabalho da Autora apresenta como forma de condenação da Reclamada no pagamento de diferenças pelas

remuneração a base de comissões "sobre as vendas efetuadas". comissões estornadas em razão do cancelamento da compra.

Resta determinar, portanto, a base de cálculo a ser utilizada.

Prevê o art. 466 da CLT que "o pagamento de comissões e

percentagens só é exigível depois de ultimada a transação a que se A Reclamada cuidou de juntar os documentos intitulados "Extrato de

referem", sendo o entendimento dessa magistrada em consonância vendas" (ID. c32d5f3), "Relatório Garantias" (ID. 28a56f2) e

com a jurisprudência do C. TST de que o fim da transação se dá "Relatório Serviços" (ID. 28a56f2), os quais apontam o valor total

com o fechamento do negócio, e não com o cumprimento das das comissões recebidas, bem como os eventuais estornos.

obrigações dele decorrentes, ou seja, pagamento da obrigação

resultante do negócio ajustado com o cliente. Nesse sentido o PN nº Alegando a infidelidade de tais documentos, competia à Obreira, a

97 da SDC do C. TST, que assim dispõe: "Proibição de estorno de teor dos artigos 818 da CLT e 373 do NCPC, comprovar a suposta

comissões (positivo) Ressalvada a hipótese prevista no art. 7º da invalidade, ônus do qual, contudo, não se desincumbiu.

Lei nº3.207/57, fica vedado às empresas o desconto ou estorno das

comissões do empregado, incidentes sobre mercadorias devolvidas Não havendo, portanto, indícios no sentido de que os registros de

pelo cliente, após a efetivação de venda". comissões acostados pela Ré não são fidedignos, deve prevalecer

a r. sentença, que determinou que o cálculo das diferenças das

Assim, eventuais cancelamentos e trocas pelo cliente implicam nos comissões indevidamente estornadas leve em consideração tais

riscos do negocio a que esta adstrito exclusivamente o empregador, documentos.

não sendo possível o estorno de tais comissões.

Nega-se provimento.

Pelo exposto, condeno a reclamada ao pagamento de diferenças de

comissões pelo estorno indevido de vendas, observados os valores

constantes dos relatórios carreados aos autos, a prescrição e os

respectivos reflexos em 13º salários, férias + 1/3, aviso prévio e

FGTS + 40%.

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Da mesma forma, pela venda de "seguro proteção financeira",

deveria auferir a Reclamante 7,5% a título de comissões sobre o

valor de venda do serviço de R$ 35,90, todavia era quitada em

média 50% da comissão devida neste particular, fazendo jus a

2.5.2. DIFERENÇAS DE COMISSÕES. VENDAS DE SERVIÇOS Reclamante a diferença.

Eram comercializados, mensalmente, pela Reclamante em média

30 "seguro vida protegida e premiada com assistência

odontológica", assim como, 30 "seguro de vida protegida e

premiada" e 30 "seguro proteção financeira".

O d. Juízo a quo indeferiu a pretensão Obreira, adotando as

seguintes razões de decidir:

Consta da inicial que a Reclamante foi admitida pela Reclamada em

17/07/2014, na função de vendedora, tendo sido dispensada sem Dos relatórios de ID. d3f5f4d consta que o seguro proteção

justa causa em 02/11/2018, quando percebia remuneração média financeira, vida protegida e todos os demais seguros

no valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais). comercializados pela reclamada e cuja venda foi finalizada pela

autora foram corretamente aplicados o percentual de comissão de

Registre-se que a presente demanda foi ajuizada em 13/02/2019, 7.5% e a venda computada com o valor correto em contracheques,

sob a égide, portanto, da Lei 13.467/2017 - Reforma Trabalhista. por mera amostragem a competência de julho/2017 do

contracheque de ID. e71e1b4 - Pág. 19 cujas vendas de seguros

Ressalte-se, ainda, que não houve pronúncia da prescrição pela encontram-se nos ID. d3f5f4d - Pág. 6, ID. d3f5f4d - Pág. 19 e 20,

Origem, havendo recurso quanto ao tema. 24, excluído a ID. d3f5f4d - Pág. 26 comissão por plano que detém

rubrica própria paga em contracheque.

Na petição inaugural explicou a Autora que em que pese tenha a

Reclamada contratado o pagamento de comissão de 7,5% sobre o Apresentados os documentos, caberia a autora comprovar, de

valor da venda de seguros e outros serviços, quanto às rubricas forma específica, as diferenças que entendia devidas, por serem

"seguro vida protegida e premiada com assistência odontológica" fato constitutivo do direito alegado, mas de tal ônus não se

(plano odontológico) e "seguro vida protegida e premiada" (VPP), desincumbiu, uma vez que não comprovou o pagamento irregular.

não quitou as comissões de forma correta.

Assim , o pedido de diferenças de comissões decorrentes de

Detalhou a situação: utilização improcede de base de cálculo indevida quanto aos

produtos: "seguro vida protegida e premiada com assistência

Conforme se pode inferir dos documentos anexos, o "seguro vida odontológica" (plano odontológico) e " seguro vida protegida e

protegida e premiada com assistência odontológica" (plano premiada" (VPP)

odontológico) era vendido por R$ 238,80, gerando comissão de R$

17,91, contudo quitava a Reclamada a importância de R$ 2,98, já Recorre a Autora sob o argumento de que, diante da ausência de

que lançava preço de venda do serviço de R$ 19,90, deixando de apresentação, pela Ré, da documentação comprobatória das

adimplir, conforme previamente contratado, com a importância de vendas do serviços, devem ser consideradas verdadeiras as

R$ 14,93. alegações contidas na peça de ingresso, sobretudo em razão do

princípio da disponibilidade da prova ou aptidão para a prova.

Enquanto o "seguro vida protegida e premiada" era vendido por R$

79,90, gerando comissão de R$ 5,99, era adimplida pela Examina-se.

Reclamada a importância de R$ 3,99, deixando de quitar, conforme

previamente contratado, o valor de R$ 2,00. Ao contrário do que alega a Autora, a Reclamada apresentou

relatório das comissões auferidas a título de venda de serviços (ID.

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d3f5f4d), as quais, em cotejo com a remuneração recebida, justa causa em 02/11/2018, quando percebia remuneração média

comprovam o correto pagamento da parcela. no valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais).

Com efeito, como bem destacou a Origem: Registre-se que a presente demanda foi ajuizada em 13/02/2019,

sob a égide, portanto, da Lei 13.467/2017 - Reforma Trabalhista.

Dos relatórios de ID. d3f5f4d consta que o seguro proteção

financeira, vida protegida e todos os demais seguros Ressalte-se, ainda, que não houve pronúncia da prescrição pela

comercializados pela reclamada e cuja venda foi finalizada pela Origem, havendo recurso quanto ao tema.

autora foram corretamente aplicados o percentual de comissão de

7.5% e a venda computada com o valor correto em contracheques, Relatou a Obreira na exordial que nas vendas de produtos e

por mera amostragem a competência de julho/2017 do serviços por meio de parcelamento sempre recebeu comissões no

contracheque de ID. e71e1b4 - Pág. 19 cujas vendas de seguros importe de 1% sobre produtos e 7,5% sobre serviços, calculadas

encontram-se nos ID. d3f5f4d - Pág. 6, ID. d3f5f4d - Pág. 19 e 20, sobre o valor de venda inferior àquele que de fato o produto ou

24, excluído a ID. d3f5f4d - Pág. 26 comissão por plano que detém serviço era comercializado.

rubrica própria paga em contracheque.

É que, embora a venda fosse feita com o valor acrescido de juros e

Sustentando a infidelidade de tais documentos, competia à Obreira, demais encargos do financiamento, a comissão era calculada

a teor dos artigos 818 da CLT e 373 do NCPC, comprovar a suposta apenas sobre o valor da venda a vista.

invalidade, ônus do qual, contudo, não se desincumbiu.

Dessa forma, concluiu que o pagamento das comissões adimplidas

Não havendo, portanto, indícios no sentido de que os registros de nesta modalidade de venda, que representava em média 80% do

comissões acostados pela Ré não são fidedignos, deve prevalecer total de suas comissões mensais, tanto de produtos quanto de

a r. sentença, que negou provimento ao pedido de diferenças de serviços, ocorria de forma irregular.

comissões em virtude da venda de serviços.

Pugnou pela diferença de comissões diferenças de comissões

Nega-se provimento. equivalente a 72% (média do reajuste nas mercadorias

comercializadas a prazo) sobre 80% da remuneração auferida

mensalmente (media da quantidade de vendas a prazo no mês),

devidamente acrescidas de seus reflexos em aviso prévio, 13º

salário, férias + 1/3 e de tudo em FGTS e multa de 40%.

O d. Juízo de Primeiro Grau, não verificando ilegalidade no critério

estabelecido pela Ré, indeferiu a pretensão Obreira.

Em recuso ordinário insiste a Reclamante na pretensão exordial.

2.5.3. DIFERENÇAS DE COMISSÕES. VENDAS PARCELADAS

Examina-se.

Entende-se que os encargos relativos ao parcelamento (incluso os

juros) integram o preço final da mercadoria, e, em consequência, a

comissão a ser paga ao vendedor deve incidir sobre eles.

Com efeito, o art. 2º da Lei 3.207/1957 (que regulamenta a profissão

de vendedor) não faz distinção entre o pagamento do preço à vista

Consta da inicial que a Reclamante foi admitida pela Reclamada em ou a prazo para fins de incidência das comissões, tampouco faz

17/07/2014, na função de vendedora, tendo sido dispensada sem restrição no tocante à dedução de juros e multas nos casos de

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vendas a prazo. remuneração auferida mensalmente (média da quantidade de

vendas a prazo no mês)", uma vez que manifestamente exagerados

Ademais, a opção pela forma de venda (se à vista ou à prazo) e devidamente impugnados pela Ré.

constitui-se como estratégia da empresa para angariar mais clientes

e aumentar seu faturamento, de sorte que o pagamento "parcelado" Nesse contexto, entende-se que as diferenças devem ser apuradas

do produto vendido não pode influir na base de cálculo das conforme os relatórios acostados aos autos, que, de acordo com a

comissões a serem recebidas. explicação Patronal na contestação, indicam expressamente as

vendas a vista (rubrica "VV"), devendo ser consideradas a prazo as

Cite-se, nesse sentido, a recente decisão do C. TST no RR-3888- demais.

36.2016.5.10.0802 (acórdão publicado em 01/03/2019), no qual a

ora Reclamada é parte: Ante o exposto, dá-se parcial provimento para condenar a

Reclamada no pagamento de diferenças de comissões em razão

DIFERENÇAS DE COMISSÕES. PAGAMENTO À VISTA E das vendas a prazo, a serem calculadas em conformidade com o

PAGAMENTO A PRAZO. O artigo 2º, caput, da Lei nº 3.207/57, que extrato de vendas de ID. c32d5f3, com reflexos sobre aviso prévio,

regulamenta as atividades dos empregados vendedores, assim 13º salário, férias + 1/3, FGTS e multa de 40%.

dispõe: "O empregado vendedor terá direito à comissão avençada

sobre as vendas que realizar. No caso de lhe ter sido reservada

expressamente, com exclusividade, uma zona de trabalho, terá

esse direito sobre as vendas ali realizadas diretamente pela

empresa ou por um preposto desta". Como se nota, a lei não faz

distinção entre o preço à vista e o preço a prazo para o fim de

incidência de comissões sobre vendas, tampouco considera

relevante ter havido contrato de financiamento, ou não, entre o

consumidor e a empresa nas vendas a prazo. Portanto, somente se

assim expressamente acordado entre empregado e empregador é 2.5.4. PRÊMIO ESTÍMULO

que poderia o pagamento das comissões das vendas a prazo ser

efetuado com base no valor à vista do produto vendido. No caso, no

entanto, não há registro de acordo entre as partes, e é

incontroverso que a reclamada não computava, no cálculo das

comissões pagas ao reclamante, o valor acrescido dos juros

decorrentes de financiamento ao consumidor em vendas efetuadas

a prazo. Salienta-se, ainda, que a aquisição de produtos a prazo

decorre de opção da própria empresa como forma de incrementar

seu faturamento, não podendo o empregado suportar prejuízo em Consta da inicial que a Reclamante foi admitida pela Reclamada em

razão dessa prática, com a artificial redução da verdadeira base de 17/07/2014, na função de vendedora, tendo sido dispensada sem

cálculo de suas comissões, pois estaria indevidamente suportando justa causa em 02/11/2018, quando percebia remuneração média

os riscos do empreendimento em afronta ao disposto no artigo 2º da no valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais).

CLT. Nesse contexto, prevalece o entendimento de que incidem

comissões também sobre o valor do financiamento nas vendas Registre-se que a presente demanda foi ajuizada em 13/02/2019,

feitas a prazo, sendo, portanto, devidas ao reclamante as sob a égide, portanto, da Lei 13.467/2017 - Reforma Trabalhista.

respectivas diferenças (precedentes). Recurso de revista conhecido

e provido. Ressalte-se, ainda, que não houve pronúncia da prescrição pela

Origem, havendo recurso quanto ao tema.

Por outro lado, não merece prevalecer o percentual indicado na

exordial para a apuração das diferenças, a saber, "72% (média do Na peça de ingresso informou a Autora que foi pactuado entre as

reajuste nas mercadorias comercializadas a prazo) sobre 80% da partes o pagamento de prêmio intitulado "prêmio estímulo",

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incidente sobre a venda de produtos, podendo variar em

percentuais de acordo com a meta alcançada no respectivo mês.

Explicou que alcançando 105% da meta estipulada, receberia a 2.5.5. HORAS EXTRAS

título de prêmio o importe de 0,1% sobre o total das vendas de

produtos no mês, e respectivamente, alcançando 115% da meta,

receberia 0,2%, alcançando 130% da meta, receberia 0,3% e, por

fim, alcançando 140% da meta, receberia 0,4%, considerando-se

sempre a totalidade das vendas de produtos em cada mês.

Todavia, alegou que a Reclamada não quitava corretamente os

valores devidos a título de comissões sobre a venda de produtos, já

que excluía do valor total das vendas efetuadas pela Reclamante no Consta da inicial que a Reclamante foi admitida pela Reclamada em

mês, os valores dos encargos decorrentes das vendas a prazo, 17/07/2014, na função de vendedora, tendo sido dispensada sem

assim como aquelas vendas não faturadas no período. justa causa em 02/11/2018, quando percebia remuneração média

no valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais).

Pretendeu o pagamento de diferenças.

Registre-se que a presente demanda foi ajuizada em 13/02/2019,

A Origem indeferiu a pretensão, entendendo que, não existindo sob a égide, portanto, da Lei 13.467/2017 - Reforma Trabalhista.

direito ao valor dos acrescidos sobre as vendas a prazo, como

corolário logico não há falar em diferenças de valor da parcela Ressalte-se, ainda, que não houve pronúncia da prescrição pela

prêmio estimulo. Origem, havendo recurso quanto ao tema.

Em sede recursal, insiste a Obreira na pretensão. A Obreira apontou a seguinte jornada de labor na peça de entrada:

Examina-se. (...) durante todo o contrato laborava revezando os horários,

podendo ser de segunda a sexta-feira de 08:30 às 18:30 ou de

Conforme fundamentação do item 2.4.3. supra, entende-se pela 09:30 às 19:30 e em todos os sábados de 07:00/07:30 às 17:30,

existência de diferenças de comissões em razão das vendas gozando sempre de intervalo intrajornada de 30 minutos.

realizadas a prazo.

Ademais, durante todo o seu contrato de trabalho, nas datas abaixo

Nesse passo, são devidas, outrossim, as diferenças a título de mencionadas, tinha sua jornada de trabalho elastecida.

prêmio estímulo calculado a menor (sem considerar o preço total

das vendas realizadas a prazo). Na semana que antecedia as datas comemorativas como dia dos

pais, das mães, das crianças, dos namorados, bem como nas duas

Ante o exposto, dá-se provimento para condenar a Reclamada no semanas que antecediam o natal, laborava de 07:00 às 21:00, em

pagamento de diferenças a título de prêmio estímulo, a serem todas as ocasiões com 30 minutos de intervalo intrajornada, o que

calculadas sobre as vendas a prazo apontadas no extrato de ocorria também nos dois domingos próximos a todas aludidas

vendas de ID. c32d5f3, com reflexos sobre aviso prévio, 13º salário, datas.

férias + 1/3, FGTS e multa de 40%.

Nos saldões que ocorriam em média de 6 vezes ao ano, levada a

efeito suas atribuições de 07:00 às 21:00, sempre com intervalo de

30 minutos.

Já nos inventários, que ocorriam com uma frequência de 12 vezes

por ano, se ativava de 07:00/07:30 às 17:00, com 30 minutos de

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intervalo intrajornada. JORNADA DE TRABALHO. REGISTRO. ÔNUS DA PROVA

(incorporadas as Orientações Jurisprudenciais nºs 234 e 306 da

Destaca-se, que nas ocasiões de Black Friday, que ocorriam no SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005

mês de novembro por 3 dias, laborava de 06:30 às 22:30, mantendo

30 minutos de intervalo. I - É ônus do empregador que conta com mais de 10 (dez)

empregados o registro da jornada de trabalhona forma do art. 74, §

Laborava em média em 4 feriados no ano, cumprindo nas ocasiões 2º, da CLT. A não-apresentação injustificada dos controles de

jornada de 08:00 às 17:00, sem intervalo. freqüência gera presunção relativa de veracidade da jornada de

trabalho, a qual pode ser elidida por prova em contrário. (ex-Súmula

Afirmou que as horas prestadas jamais foram devidamente quitadas nº 338 - alterada pela Res. 121/2003, DJ 21.11.2003)

ou compensadas.

II - A presunção de veracidade da jornada de trabalho, ainda que

Frisou que o controle de ponto não reflete a real jornada praticada, prevista em instrumento normativo, pode ser elidida por prova em

tendo em vista que os funcionários eram orientados a registrar contrário. (ex-OJ nº 234 da SBDI-1 - inserida em 20.06.2001)

apenas o horário contratual, ainda que laborassem em

sobrejornada. III - Os cartões de ponto que demonstram horários de entrada e

saída uniformes são inválidos como meio de prova, invertendo-se o

Pretendeu a condenação da Ré no pagamento das horas extras, ônus da prova, relativo às horas extras, que passa a ser do

consideradas aquelas excedentes a 8ª diária e 44ª semanal, empregador, prevalecendo a jornada da inicial se dele não se

acrescidas dos adicionais de 50%, conforme as CCTs da categoria, desincumbir. (ex-OJ nº 306 da SBDI-1- DJ 11.08.2003)

bem como sua incidência em RSR e já enriquecidas destes,

reflexos em aviso prévio, 13º salário, férias + 1/3 e de tudo em No caso ora em comento, a Reclamada cuidou de juntar os cartões

FGTS e multa de 40% sobre o saldo fundiário, observando-se todo de ponto, os quais, no entanto, foram impugnados pela Reclamante

o contrato de trabalho. sob o argumento de que não retratavam a real jornada de trabalho.

A Origem entendeu pela validade do sistema de Banco de Horas Com vistas a esclarecer a questão, em audiência realizada aos

adotado pela Ré, bem como pela fidedignidade dos controles de 21/05/2019 (ID. 668aa56), foram colhidos os depoimentos pessoais

ponto acostados, e, por isso, entendeu inexistente o direito a horas das partes, bem como inquiridas 2 (duas) testemunhas, uma a

extras. convite da Autora e outra a convite da Ré.

Em razões recursais insiste a Reclamante que os controles Relatou a Autora que:

acostados não refletem a realidade vivenciada, conforme restou

comprovado inclusive pela prova oral. trabalhava das 8:30 as 18:30 ou das 9:30 as 19:30 horas; quetinha

que entrar mais cedo para limpeza, reuniões, que esse mais cedo

Examina-se. poderia ser 30 minutos ou 1 hora, dependia do assunto; que esse

período não esta registrado no cartão de ponto; que só batia o

Nos termos do art. 818 da CLT, o ônus da prova incumbe ao Autor ponto na hora de efetuar a venda, na hora do trabalho; que a media

quanto ao fato constitutivo de seu direito, e ao Réu, quanto a fato era de 30 minutos; que o horário de saída era 19 horas, mas

impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do Autor. sempre saia mais tarde; que batia o cartão as 19:30 horas; que

saiam em media esse horário; que almoço eram 30 minutos; que no

Especificamente em relação às horas extras, a jurisprudência tem ponto ficava registrado 01 hora; que os dias laborados estão

dado um tratamento diferenciado ao tema, especialmente em razão registrados; ID dad1406 que mostram entradas antes das 8:30

da dificuldade que os empregados encontram em comprovar horas, que algumas vezes marcou o ponto antes; que quando o

eventuais horas extraordinárias prestadas. Neste sentido é o regional estava na loja marcava o ponto antes no horário certo; que

verbete sumular nº 338 do E. TST: o ponto e biométrico, mas vive com defeito; que tem mais defeito do

que funciona; que quando o ponto biométrico estava com defeito

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marcava pelo PRECON que e um ponto livre, só libera para fazer a no segundo horário tinha outros afazeres mesmo com o ponto

venda; que o PRECON não marca nada; que o ponto biométrico batido e a porta fechada; que fazia 30 minutos de intervalo; que

ficou mais de 01 ano quebrado e o PRECON não registrou a raramente fazia 01 horas; que acredita que a reclamante trabalhava

jornada correta; que o ponto trava no intrajornada; que mesmo com mais pela manhã; que esse horário era de segunda a sexta e ao

ponto travado consegue realizar atividades usando outra matricula sábado ate as 17:30 horas; domingos e feriados das 8:30 horas ate

ou acompanhando o cliente; que a empresa autorizar usar matricula 17:30 horas; mas não tem certeza; que não havia folga

de outro empregado; que quando estava no 1º turno também não compensatória; que as horas extras não eram compensadas; que

registrava a saída corretamente; que e muito difícil marcar o ponto em datas comemorativas havia horário especial, saldao e inventario

corretamente. havia outro horário; que em saldao das 8:30 ate as 20:30/21:30,

inventario das horas; que saldao ocorria bastante de 20/30 por

Informou a preposta da Ré que: anos, inventario 01 vez ao mês; que no natal chegava mais cedo e

saia mais tarde; que registrava entrada e saída, mas não as horas

(...) que nos dias de ponto livre o controle também e realizado por extras; que os horários eram modificados conforme interesse da

meio de ponto biométrico, que se não estiver funcionando e empresa, dando horas extras ou não; que tinha horário de chegar,

realizado por meio da matricula, senha e digital no PROWEB; que mas só registrava o ponto quando pegava o primeiro cliente; que no

não e feito por meio de tela cartão de ponto externo; que a 2º horário a loja fechava a 19 horas batia o ponto e permanecia

PROWEB e um sistema interno; que o registro e feito pelo próprio dentro da loja ate o ultimo cliente; que após bater o ponto

empregado; que todo o ponto aparece no espelho de ponto; que permanecia de 30 min a 1 horas; que o pessoal da manhã também

não e um ponto paralelo, e o mesmo ponto; que se ocorrer se estivesse com cliente no financeiro; que os dias trabalhados

divergência do empregado e o empregado passa a inconsistência e estão registrados; que o ponto trava na hora do almoço e após as

após abertura de chamado e verificado se ocorreu erro; que se 19 horas; que poderiam realizar outras atividades; que havia dias de

houver correção aparece a justificativa da alteração; que nesses ponto livre; que não tinha que bater o ponto; que o ponto flutuava a

casos e passado o número do chamado ao empregado; que todo o mercê da empresa; que a empresa batia o ponto automático; que

ponto do empregado pode ser verificado e o empregado que faz a não se recorda de ponto estragado; que era o ADM que fazia os

confirmação; que o banco de horas o empregado e orientado a registros, que eles marcavam e o empregado so assinava; que

manter próximo do zero para não ficar negativo demais ou positivo, deveria aceitar o que era determinado; que se não assinasse não

mas e uma orientação; que o sistema trava após as 7:20 horas e recebia holerite ou pagamento; que pelo espelho de ponto não e

nos intervalos inter e intrajornadas; que a liberação do ponto livre e possível verificar quem registrou o empregado ou ADM; que havia

feita pelo regional em datas comemorativas; que há escalas das problemas no banco de horas; (...) que 3 vezes na semana

8:30 a 17:00/20 que abre a loja e o turno das 10:40 as 19 horas; registrava o ponto de entrada corretamente; que a saída era

que para o cliente a loja abre das 9 horas as 19 horas; que o registrada corretamente 3/4 vezes ao mês; que o segundo horário

empregado que abre a loja inicia as 8:30 horas; que chegam e sempre estava com cliente; que no primeiro turno era a mesma

batem o ponto e após inicial a verificação de atividades; que ID proporção; que o ponto e biométrico; que com o ponto travado não

32d1ddd pag 8 período de 12/07/2016 a 15/07/2016 que são dias e possível realizar a senha na própria nota do colaborador; que

de treinamento; ID. 07824ea - Pág. 1 são dias de treinamento (...) utilizavam a senha de outro vendedor; que era proibido mas faziam;

que os gerentes sabiam (...)

Disse a testemunha Obreira que:

Afirmou a testemunha Patronal que:

trabalhou para a reclamada por 8 anos na loja de Campo Grande;

que trabalhou com a reclamante; que era vendedor; que fazia o trabalha para a reclamada há 03 anos; que trabalhou com a

mesmo horário da reclamante a tarde; que as vezes coincidia por reclamante na Casas Bahia Campo Grande; que trabalhou com a

haver troca de turno; mas que o horário do depoente era mais a reclamante em ambos os turnos porque há variação; que não

tarde; que no turno da manhã chega 8:30 ate as 18:30 horas; mas observava o horário que a reclamante chegava; que chegava as

chegava um pouco mais cedo e só batia o ponto após pegar o 8:30, batia o ponto e saia as 17 horas; que entrava 8:30 horas para

primeiro cliente; que no primeiro turno batia o ponto entre a loja abrir 9 horas; que se tivesse contagem chegava antes, mas

8:30/9/9:30 horas; que ao termino o primeiro horário até dava, mas não sabe ao certo quanto aos mês; que inventário era mensal; que

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 699
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entrava as 7 horas e saia as 15 horas; que batia o ponto na hora registrados pela Autora.

que entrasse; que fazia 01 hora de intervalo; que a reclamante

também usufruía; que a senha pessoal e intransferível; que o Aliás, pelas máximas da experiência, é comum, nos

registro de saída era correto; que o da reclamante não pode saber estabelecimentos de venda a varejo, que os empregados cheguem

porque trabalhava no caixa; que não pode bater o ponto e continuar ao local um pouco antes do horário de abertura da loja ao público, o

trabalhando porque o ponto da encerrado; que o ponto trava com que não é vedado pelo ordenamento, desde que haja o correto

7:20 horas de labor, que pode fazer 2 prorrogações de 30 minutos; registro da jornada laboral, com o respectivo pagamento de

que para a prorrogação deve pedir autorização do gerente ou eventuais horas extras - como ocorre, in casu.

responsável imediato que entra no sistema e faz a prorrogação; que

na época em que trabalhou com a reclamante era possível Quanto aos horários de saída, a própria Reclamante confessou que

acompanhar o registro de ponto diário; que faz 02 anos que até pelo "batia o cartão as 19:30 horas; que saiam em média esse horário",

celular pode acessar o ponto; (...) que nos dias de ponto livre e pelo que se reputam corretas tais marcações.

realizada a marcação da entrada, almoço e saída; que mesmo o

ponto sendo livre tem que fazer marcação; que não e possível No tocante aos supostos intervalos interjornadas descumpridos, não

acessar o sistema sem marcar o início da jornada; que para o há, conforme os registros de ponto acostados, marcações em

cliente abertura e fechamento e de 9 horas as 19 horas; que se ficar prejuízo das onze horas de descanso entre as jornadas, pelo que

algum cliente estendem o horário; que pode atender o cliente no nada a prover, no particular.

intervalo, mas não tem como acessar o sistema; que o vendedor

chega, bate o ponto e organiza o setor antes da loja abrir; que se o A Laborista aponta, ainda, incorreções no sistema de Banco de

ponto estiver estragado o registro e feito pelo sistema P2, PA ou Horas, bem como no pagamento e/ou compensação das horas

SECON; que essa marcação e feita na tela "cartão de ponto extras prestadas, sem, no entanto, apresentar sequer demonstrativo

(inaudível)", que o vendedor faz a marcação e aos a supervisora de diferenças, ônus que lhe incumbia.

lança no sistema; que essa marcação aparece no sistema de ponto;

que não aparece que foi alterado por um sistema externo; que se o As duas tabelas acostadas ao ID. de7b1c3 não comprovam a

empregado discordar do ponto sinaliza para o ADM e abre um existência de diferenças, pois não levam em consideração o

chamado para a correção do ponto; que não há orientação para que abatimento pelo sistema do Banco de Horas. As correspondências

o banco de horas fique negativo ou zerado; que não e o gerente eletrônicas e demais documentos de ID. 4972f1a e seguintes

quem determina se haverá ponto livre; que o gerente não tem referem-se a outras filiais, não podendo ser consideradas provas

acesso a esse sistema; que pode acontecer da reclamante chagar em relação à presente demanda.

mais cedo ou sair mais tarde; que o caixa não tem acesso ao

relatório de vendas; que isso e pessoal do vendedor. Lado outro, o fato de a preposta confirmar que há orientação da

empresa no sentido de que o Banco de Horas se mantenha próximo

No que tange ao horário de entrada, alega Autora (corroborada por de "zero" não prova qualquer adulteração, tendo em vista que, para

sua testemunha) que chegava mais cedo ao trabalho para "limpeza, tal, basta que a empresa, por exemplo, conceda descontos

reuniões", não sendo este período, contudo, registrado nos cartões compensatórios de horários (o que, conforme espelham os

de ponto. A Reclamada nega as assertivas Obreiras e sua controles, ocorria regularmente, com diversas saídas em horário

testemunha afirma que, de fato, chegava mais cedo, mas batia anterior ao contratual e o respectivo "débito em banco de horas").

corretamente o ponto.

O que se observa, pois, é que, embora impugne a veracidade dos

Os controles acostados indicam, em várias oportunidades, início do controles de ponto acostados, não cuidou a Obreira de comprovar

labor em horários anteriores ao contratual, o que fortalece o nem a falsidade dos registros nem a jornada indicada na peça de

depoimento da testemunha Patronal no sentido de que, em que ingresso.

pese chegar mais cedo (antes da loja abrir), o ponto era

imediatamente registrado. Como bem destacou a Origem:

Conclui-se, pois, que os horários de entrada eram corretamente De modo geral, apesar das declarações da testemunha indicada

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 700
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pelo autor que os controles poderiam ser retificados, não se verifica

prova hábil a demonstrar que tal ocorria com intuito de burla ao

sistema. Não e demais registrar que o só acesso ao sistema de

controle de ponto e inviável reconhecer sua fraude ou invalidade,

uma vez que cabe ao empregador fazer lançamentos de faltas, Consta da inicial que a Reclamante foi admitida pela Reclamada em

atestado médicos, treinamentos, licenças, afastamentos 17/07/2014, na função de vendedora, tendo sido dispensada sem

previdenciários e abonos, o que por razões lógicas, não e realizado justa causa em 02/11/2018, quando percebia remuneração média

pelo próprio empregado. no valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais).

Registro que os documentos apresentados no ID. e0636d8 não Registre-se que a presente demanda foi ajuizada em 13/02/2019,

fazem a pretendida prova requerida pela autora, a uma por tratar-se sob a égide, portanto, da Lei 13.467/2017 - Reforma Trabalhista.

de empregado diversos, em filiam da Região de Minas Gerais, não

se referindo a documentos de venda da autora, bem como datam Ressalte-se, ainda, que não houve pronúncia da prescrição pela

dos aos anos de 2012/2013. Origem, havendo recurso quanto ao tema.

A autora não comprovou a jornada descrita na petição inicial, pois a Pretendeu a Autora na petição vestibular a condenação da Ré no

testemunha trazida pela reclamada confirmou a veracidade dos pagamento de horas extras a título de supressão do intervalo

horários consignados nos cartões de ponto e a testemunha trazida intrajornada, por supostamente ter fruído apenas de 30 minutos

pela autora referiu textualmente que nos cartões de ponto não havia diários.

a marcação das horas extras, o que não é consentâneo com o que

referiu a autora em depoimento de que as vezes marcava o horário A Origem entendeu pela validade do sistema de Banco de Horas

antes e que marcava a saída as 17:30 e ia embora e o que se adotado pela Ré, bem como pela fidedignidade dos controles de

vislumbra da análise dos controles colacionados os quais registram ponto acostados, e, por isso, entendeu inexistente o direito a horas

o trabalho em sobrejornada com marcações variáveis e o extras.

pagamento de horas extras nos contracheques.

Em razões recursais, insiste a Obreira no pedido exordial.

Ante todo o exposto, não merece reparos a r. sentença, que

indeferiu o pagamento de horas extras a título de sobrejornada. Examina-se.

Nega-se provimento. Os intervalos intrajornada definem-se, em apertada síntese, como o

período, dentro da jornada de trabalho do empregado, destinado

precipuamente a seu repouso e alimentação.

Nesse contexto, o art. 71, capute §1º, da CLT prevê que, em

qualquer trabalho contínuo cuja duração exceda 06 (seis) horas, é

obrigatória a concessão de um intervalo mínimo de 01 (uma) hora

para repouso e alimentação. Caso a duração da jornada ultrapasse

04 (quatro) horas, porém não exceda 06 (seis) horas, o intervalo

mínimo será de 15 (quinze) minutos.

Além disso, estabelece o mesmo dispositivo, em seu §4º, que o

2.5.6. INTERVALO INTRAJORNADA desrespeito ao intervalo mínimo implica no pagamento das

chamadas "horas extras fictas".

Na espécie, tendo sido validado o controle de jornada acostado,

conforme fundamentação do item 2.4.5. supra, entende-se pelo

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 701
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

efetivo gozo do intervalo legal, consoante as marcações no sistema.

O d. Juízo a quo indeferiu a pretensão Obreira, nos seguintes

Saliente-se que nos dias em que houve fruição a menor o próprio termos:

sistema apontou a existência de diferenças, incluindo-as como

crédito no Banco de Horas (por exemplo, dia 21/11/2016, 07824ea - Analisando os autos verifico que a autora não trouxe aos autos ACT

Pág. 7). ou CCT que determine o pagamento da PLR 2018, fundamentando

seu pedido no documento de ID. 45cdefc ACT/PLR 2011 firmado

Irretocável, portanto, a r. sentença, também no aspecto. entre a Re e o Sindicato dos Empregados do Comercio de Belo

Horizonte e Região Metropolitana.

Nega-se provimento.

Primeiramente verifico que o citado acordo, seja pela analise

temporal, seja espacial, não se aplica a autora, uma vez que

dispensada no ano de 2018, referindo-se o documento a apuração

do exercício 2011, como firmado por Sindicato que não representa a

base territorial da autora.

A alegação da reclamante de que há "direito adquirido" a parcela

não encontra respaldo legal ou convencional.

2.5.7. PLR Em recurso ordinário alega a Reclamante que, por ser condição

mais benéfica a parcela incorpora-se no contrato empregatício.

Invoca, ainda, a Súmula 451, do TST.

Examina-se.

De fato, conforme a Súmula 451, do TST, na rescisão antecipada é

devido o pagamento da PLR proporcional.

Consta da inicial que a Reclamante foi admitida pela Reclamada em

17/07/2014, na função de vendedora, tendo sido dispensada sem Ocorre que, in casu, a Obreira absteve-se de acostar a norma

justa causa em 02/11/2018, quando percebia remuneração média coletiva que regulamenta o benefício em questão relativa ao ano de

no valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais). 2018, tendo, aliás, limitado-se a acostar um Acordo referente ao ano

de 2011 e com a base territorial de Belo Horizonte/MG.

Registre-se que a presente demanda foi ajuizada em 13/02/2019,

sob a égide, portanto, da Lei 13.467/2017 - Reforma Trabalhista. Destarte, não tendo a Autora se desincumbido do seu ônus

probatório, não há como prover sua pretensão, devendo ser

Ressalte-se, ainda, que não houve pronúncia da prescrição pela mantida a r. sentença, no particular.

Origem, havendo recurso quanto ao tema.

Nega-se provimento.

A Autora, na petição de entrada, explicou que a Reclamada durante

todo o contrato de trabalho, pagou de forma habitual a parcela

denominada PLR, correspondente a 100% do valor do 13º salário.

Contudo, sustentou que quando da rescisão contratual não houve

quitação do valor devido a título de PLR proporcional relativa ao ano

de 2018, a razão de 12/12.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 702
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Na sessão ordinária realizada no dia 23/10/2019, o Pleno deste

2.5.8. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS Regional julgou o Incidente de Arguição de Inconstitucionalidade nº

0000453-35.2019.5.17.0000, declarando a inconstitucionalidade

parcial do §4º, do art. 791-A, da CLT.

Assim, considerando o julgamento da matéria pelo Pleno deste

Tribunal, os autos retornaram à 1ª Turma para prosseguimento do

julgamento dos recursos ordinários interpostos.

Examina-se.

Consta da inicial que a Reclamante foi admitida pela Reclamada em

17/07/2014, na função de vendedora, tendo sido dispensada sem Na Justiça do Trabalho, prevalecia o entendimento consubstanciado

justa causa em 02/11/2018, quando percebia remuneração média nas Súmulas n.º 219 e 329 do E. TST segundo o qual, em se

no valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais). tratando de conflito decorrente da relação de emprego, os

honorários advocatícios eram devidos apenas quando preenchidos

Registre-se que a presente demanda foi ajuizada em 13/02/2019, os requisitos contidos no art. 14 da Lei n. 5.584/1970.

sob a égide, portanto, da Lei 13.467/2017 - Reforma Trabalhista.

Com o advento da Lei 13.467, de 13 de julho de 2017, contudo, foi

Ressalte-se, ainda, que não houve pronúncia da prescrição pela acrescentado à CLT o art. 791-A, que autorizou a condenação na

Origem, havendo recurso quanto ao tema. verba honorária em razão da mera sucumbência.

Quantos aos honorários advocatícios a r. sentença assim Além disso, o novel dispositivo previu o pagamento de honorários

determinou: de sucumbência recíproca, de forma que, vencido o Reclamante,

ainda que relativamente a um único pedido, também deverá ele

considerando a sucumbência reciproca das partes, e considerando responder pela verba honorária da parte contrária.

o grau de zelo, o lugar da prestação, a natureza e a importância da

causa, o trabalho realizado e o tempo exigido, arbitro os honorários Em que pese a intensa celeuma jurídica que se instaurou acerca da

advocatícios de 10% a favor da Autora e 10% em favor da aplicabilidade do novo regramento, este Relator adotou o

reclamada, apurado sobre o valor do credito liquido da reclamante. entendimento de que os dispositivos da Reforma Trabalhista que

versam sobre honorários advocatícios apenas incidem nas

Em sede recursal, pretende a Autora seja reconhecida a demandas ajuizadas após a vigência da Lei 13.467/17, que ocorreu

inconstitucionalidade incidental do art. 791-A, §4º, da CLT e seja em 11/11/2017.

excluída sua condenação no pagamento de honorários advocatícios

sucumbenciais. O C. TST posicionou-se no mesmo sentido na recém editada

Instrução Normativa n. 41, que, em seu art. 6º assim dispõe:

Requer, ainda, a majoração do percentual da verba honorária

imputada à Reclamada. Art. 6º Na Justiça do Trabalho, a condenação em honorários

advocatícios sucumbenciais, prevista no art. 791-A, e parágrafos, da

Esta 1ª Turma, na sessão ordinária realizada no dia 29/10/2019, CLT, será aplicável apenas às ações propostas após 11 de

resolveu, por unanimidade, conhecer dos recursos ordinários novembro de 2017 (Lei nº 13.467/2017). Nas ações propostas

sumaríssimos interpostos pela Reclamada e pela Reclamante e, anteriormente, subsistem as diretrizes do art. 14 da Lei 5.584/1970

diante da cláusula de reserva de plenário, suspender o presente e das Súmulas nº 219 e 329 do TST.

feito até a conclusão do julgamento do Incidente de Arguição de

Inconstitucionalidade autuado sob nº 0000453-35.2019.5.17.0000, A presente demanda foi ajuizada em 13/02/2019, logo, sob a égide

que trata acerca da constitucionalidade do art. 791-A, §4º, da CLT. da Reforma Trabalhista.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 703
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

sob pena de se afastar do artigo 5º, caput, da CRFB/88.

Destarte, são devidos, na espécie, os honorários advocatícios, nos

termos da nova legislação, in verbis: Por outro lado, a Origem deferiu ao obreiro o benefício da justiça

gratuita, e, nesse caso, pela redação do novel § 4º do art. 791-A, as

Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão obrigações decorrentes da sucumbência ficariam sob condição

devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% suspensiva ou seus valores seriam compensadas com eventuais

(cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o créditos obtidos em juízo:

valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico

obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado § 4° Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha

da causa. obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de

suportar a despesa, as obrigações decorrentes de sua sucumbência

Tendo sido mantida a parcial procedência dos pedidos, a verba é ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente

devida, ainda, de forma recíproca. poderão ser executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito

em julgado da decisão que as certificou, o credor demonstrar que

Noutro giro, quanto ao valor, devem ser observados os parâmetros deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que

fixados no §2º do art. 791-A, in verbis: justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse

prazo, tais obrigações do beneficiário.

§ 2o Ao fixar os honorários, o juízo observará:

Ocorre que o Pleno deste Regional, em recente decisão prolatada

I - o grau de zelo do profissional; nos autos da Arguição de Inconstitucionalidade nº 0000453-

35.2019.5.17.0000, declarou a inconstitucionalidade parcial do §4º,

II - o lugar de prestação do serviço; do art. 791-A, da CLT, conforme se depreende da ementa ora

transcrita:

III - a natureza e a importância da causa;

"ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. HONORÁRIOS

IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o ADVOCATÍCIOS. ARTIGO 791-A, § 4º, DA CLT. Declara-se a

seu serviço. inconstitucionalidade parcial do § 4º, do artigo 791-A, da CLT

somente quanto ao trecho: "desde que não tenha obtido em juízo,

Quanto aos honorários devidos pela empresa, entende-se suficiente ainda que outro processo, créditos capazes de suportar a despesa",

e proporcional o percentual de 15% (quinze por cento) sobre o valor no sentido de que não se possa atingir os créditos deferidos ao

da condenação, adotado como praxe nessa especializada. beneficiário da justiça gratuita, ainda que em outro processo, mas

tão somente que a verba honorária fique sob condição suspensiva

No tocante aos honorários devidos pela Obreira, contudo, reputa-se de exigibilidade, podendo ser executada, se nos 2 (anos)

razoável a redução da verba no percentual para o patamar de 5% subseqüentes ao trânsito em julgado da decisão que a certificou, o

(cinco por cento) sobre os pedidos julgados totalmente credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência

improcedentes. de recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-

se, passado esse prazo, tal obrigação do beneficiário".

É que, embora os honorários advocatícios sirvam para remunerar o

trabalho desempenhado pelos patronos, que, in casu, cumpriram Com efeito, não se pode olvidar que o crédito trabalhista tem

seu papel com louvor, não se pode perder de vista que o seu natureza alimentar e o trabalhador, ao despender sua força de

pagamento é efetuado pelas partes e a Reclamante é trabalho em proveito do empregador, não busca senão o seu

hipossuficiente em relação à empresa. próprio sustento e da sua família. Dessa forma, não é compatível

com os direitos constitucionalmente tutelados a compensação das

Nesse contexto, vale frisar que o princípio isonomia consiste em obrigações decorrentes da sucumbência com os créditos do

tratar os iguais igualmente e os desiguais desigualmente. É dizer, a trabalhador em estado de miserabilidade econômica.

igualdade formal deve ceder lugar à igualdade real ou substancial,

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 704
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Nesse mesmo sentido é o Enunciado n.º 3, da Comissão 7,

aprovado na 2ª Jornada de Direito Material e Processual do

Trabalho, realizada pela ANAMATRA (Associação Nacional dos

Magistrados da Justiça do Trabalho), entre 9 e 10 de outubro de

2017, in verbis:

HONORÁRIOS E ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA

É inconstitucional a previsão de utilização dos créditos trabalhistas

reconhecidos em juízo para o pagamento de despesas do

beneficiário da justiça gratuita com honorários advocatícios ou

periais (artigos 791-A, §4º, e 790-B, §4º, da CLT, com a redação 3. ACÓRDÃO

dada pela Lei nº 13.467/2017), por ferir os direitos fundamentais à

assistência judiciária gratuita e integral, prestada pelo Estado, e à

proteção do salário (artigos 5º. LXXIV, e 7º, X, da Constituição

Federal).

Portanto, nos termos da decisão proferida pelo Pleno deste

Regional, a verba honorária devida pelo Autor deverá ficar sob

condição suspensiva de exigibilidade e somente poderá ser

executada se, nos 2 (dois) anos subsequentes ao trânsito em

julgado da decisão que a certificou, o credor demonstrar que deixou

de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a

concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tal

obrigação do beneficiário.

Dá-se parcial provimento para, mantendo a condenação de ambas

as partes no pagamento de honorários advocatícios sucumbenciais,

majorar o percentual arbitrado para pagamento da Reclamada, em

favor do patrono da Reclamante para 15% (quinze por cento) sobre

o valor da condenação; reduzir o percentual arbitrado para o Acordam os Magistrados da 1ª Turma do Tribunal Regional do

pagamento, pela Autora, da verba honorária em favor do patrono da Trabalho da 17ª Região, na Sessão Ordinária realizada no dia 03 de

Ré para o patamar de 5% (cinco por cento) sobre os pedidos dezembro de 2019, às 13 horas e 30 minutos, sob a presidência do

julgados totalmente improcedentes; e para determinar que a verba Exmo. Desembargador Cláudio Armando Couce de Menezes, com

honorária devida pelo Reclamante deverá ficar sob condição a participação do Exmo. Desembargador José Carlos Rizk, do

suspensiva de exigibilidade e somente poderá ser executada se, Exmo. Desembargador Mario Ribeiro Cantarino Neto, e presente o

nos 2 (dois) anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão Procurador do Trabalho, Dr. Levi Scatolin, por unanimidade,

que a certificou, o credor demonstrar que deixou de existir a conhecer dos recursos ordinários sumaríssimos interpostos pela

situação de insuficiência de recursos que justificou a concessão de Reclamada e pela Reclamante e, no mérito do apelo Patronal negar

gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tal obrigação do -lhe provimento e, no mérito do apelo Obreiro, dar-lhe parcial

beneficiário. provimento para condenar a Reclamada: no pagamento de

diferenças de comissões em razão das vendas a prazo, a serem

calculadas em conformidade com o extrato de vendas de ID.

c32d5f3, com reflexos sobre aviso prévio, 13º salário, férias + 1/3,

FGTS e multa de 40%; no pagamento de diferenças a título de

prêmio estímulo, a serem calculadas sobre as vendas a prazo

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 705
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

apontadas no extrato de vendas de ID. c32d5f3, com reflexos sobre

aviso prévio, 13º salário, férias + 1/3, FGTS e multa de 40%; e para,

mantendo a condenação de ambas as partes no pagamento de

honorários advocatícios sucumbenciais, majorar o percentual

arbitrado para pagamento da Reclamada, em favor do patrono da

Reclamante para 15% (quinze por cento) sobre o valor da Acórdão


Processo Nº ROT-0000356-66.2018.5.17.0001
condenação; reduzir o percentual arbitrado para o pagamento, pela Relator JOSE CARLOS RIZK
Autora, da verba honorária em favor do patrono da Ré para o RECORRENTE ALESSANDRA VENTURIN AYRES
ADVOGADO RODRIGO JORGE DE BRITO
patamar de 5% (cinco por cento) sobre os pedidos julgados ANTUNES(OAB: 15628/ES)
totalmente improcedentes; e para determinar que a verba honorária RECORRIDO DACASA FINANCEIRA S/A -
SOCIEDADE DE CREDITO
devida pelo Reclamante deverá ficar sob condição suspensiva de FINANCIAME
ADVOGADO STEFANY VIGUINI FERREIRA(OAB:
exigibilidade e somente poderá ser executada se, nos 2 (dois) anos 25856/ES)
subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que a certificou, o ADVOGADO FLAVIA QUINTEIRA MARTINS(OAB:
8973/ES)
credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência RECORRIDO DADALTO ADMINISTRACAO E
PARTICIPACOES S/A
de recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-
ADVOGADO STEFANY VIGUINI FERREIRA(OAB:
se, passado esse prazo, tal obrigação do beneficiário. Custas, pela 25856/ES)
ADVOGADO FLAVIA QUINTEIRA MARTINS(OAB:
Reclamada, no importe de R$ 400,00 (quatrocentos reais), 8973/ES)
calculadas sobre o valor da condenação, ora majorado para R$ RECORRIDO PROMOV SISTEMA DE VENDAS E
SERVICOS LTDA
20.000,00 (vinte mil reais). O Ministério Público manifestou-se pelo ADVOGADO STEFANY VIGUINI FERREIRA(OAB:
25856/ES)
não conhecimento do recurso da reclamada, por deserto; pelo
ADVOGADO FLAVIA QUINTEIRA MARTINS(OAB:
conhecimento do apelo da reclamante e pelo seu provimento 8973/ES)
TERCEIRO ROBERVANDERSON ALVES
parcial. INTERESSADO
TERCEIRO CINTIA MARIA COUTINHO
INTERESSADO

Intimado(s)/Citado(s):
- ALESSANDRA VENTURIN AYRES

PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA DO TRABALHO

DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK


PROCESSO nº 0000356-66.2018.5.17.0001 (ROT)

Relator
RECORRENTES: ALESSANDRA VENTURIN AYRES; DACASA

FINANCEIRA S/A - SOCIEDADE DE CREDITO FINANCIAME;

DADALTO ADMINISTRACAO E PARTICIPACOES S/A; PROMOV

SISTEMA DE VENDAS E SERVICOS LTDA.

RECORRIDOS: ALESSANDRA VENTURIN AYRES; DACASA

FINANCEIRA S/A - SOCIEDADE DE CREDITO FINANCIAME;

DADALTO ADMINISTRACAO E PARTICIPACOES S/A; PROMOV

SISTEMA DE VENDAS E SERVICOS LTDA.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 706
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

ORIGEM: 1ª VARA DO TRABALHO DE VITÓRIA

RELATOR: DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK

COMPETÊNCIA: 1ª TURMA

1. RELATÓRIO

EMENTA Trata-se de recursos ordinários interpostos pela Reclamante e pelas

Reclamadas em face da r. sentença de Id. a51baff, complementada

pela decisão de embargos declaratórios de Id. 5fa562c, que

declarou prescritas as pretensões originadas antes de 27/04/2013 e

julgou parcialmente procedentes os pedidos formulados na inicial

para reconhecer o vínculo direto com o 1ª Réu no período de

18/03/2004 a 05/06/2018 e o enquadramento da Autora como

financiária; condenar as Rés no pagamento dos benefícios

convencionais da categoria, diferenças salariais com base nos

RECURSO ORDINÁRIO DAS RECLAMADAS. índices de reajustes previstos nas normas coletivas, anuênios,

ENQUADRAMENTO. FINANCIÁRIO. O enquadramento sindical décima terceira cesta alimentação e PLR. Por fim, condenou a

dos empregados é determinado pela atividade preponderante do Reclamante a pagar multa por litigância de má-fé de 5% sobre o

empregador, nos termos do art. 511, §º2, da CLT. Portanto, em se valor da causa, com fulcro no art. 793-C da CLT; deferiu à Autora os

tratando de empregador que exerce atividade preponderante no benefícios da justiça gratuita e condenou as partes no pagamento

ramo das financeiras, integrando a categoria econômica das de honorários advocatícios recíprocos no percentual de 12%.

empresas de crédito, financiamento e investimento, aplicam-se aos

seus empregados os instrumentos coletivos da categoria dos Em razões recursais, a Reclamante requer, preliminarmente, a

financiários. declaração de inconstitucionalidade do art. 790-B, caput e §4º, bem

como do art. 791-A, §4º, ambos da CLT; no mérito, pugna pela

reforma da sentença no tocante à nulidade da dispensa, danos

morais, devolução dos honorários periciais, período delimitado,

RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMANTE. ÍNDICE DE horas extraordinárias, intervalo intrajornada, intervalo do art. 384 da

ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. IPCA-E. Considerando as decisões CLT, verbas alimentares, devolução dos descontos indevidos, multa

proferidas tanto pelo STF como também pelo C. TST, este Relator por litigância de má-fé; honorários advocatícios sucumbenciais e

entende que os débitos trabalhistas em geral devem ser atualizados aplicação do IPCA-E como índice de correção monetária.

pela TR até 24/03/2015 e pelo IPCA-E a partir de 25/03/2015.

Por sua vez, as Reclamadas, em suas razões de recurso, pleiteiam

a modificação do decisioquanto aos honorários periciais,

terceirização ilícita e benefícios da norma coletiva.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 707
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Comprovado recolhimento das custas processuais (Id. 60d373f),

bem como do depósito recursal (Id. edaa610).

2.1. CONHECIMENTO

Contrarrazões pelas Reclamadas ao Id. 84446fc.

Contrarrazões pelas Rés ao Id. 16cbf43.

Esta 1ª Turma, na sessão ordinária realizada no dia 29/10/2019,

resolveu, por unanimidade, suspender o julgamento do presente

processo em virtude do Incidente de Inconstitucionalidade do §4º do

art. 791-A, da CLT, suscitado no processo 0000398-

09.2018.5.17.0101, que deverá ser julgado pelo Tribunal Pleno. Conhece-se dos recursos ordinários interpostos pela Reclamante e

pelas Reclamadas, porquanto preenchidos os pressupostos legais

Na sessão ordinária realizada no dia 23/10/2019, o Pleno deste de admissibilidade.

Regional julgou o Incidente de Arguição de Inconstitucionalidade nº

0000453-35.2019.5.17.0000, declarando a inconstitucionalidade Registre-se que a presente ação foi ajuizada em 27/04/2018, após a

parcial do §4º, do art. 791-A, da CLT. entrada em vigor da Lei 13.467/17 (Lei da Reforma Trabalhista) e

que a Origem declarou a prescrição das parcelas anteriores a

Assim, considerando o julgamento da matéria pelo Pleno deste 27/04/2013, não havendo recurso quanto ao aspecto.

Tribunal, os autos retornaram à 1ª Turma para prosseguimento do

julgamento dos recursos ordinários interpostos pela Reclamante e

pelas Reclamadas.

É o relatório.

2.2. INCONSTITUCIONALIDADE DO ARTIGO 791-A, § 4º, DA

CLT

2. FUNDAMENTAÇÃO

A Origem, na r. sentença, julgou parcialmente procedentes os

pedidos formulados na inicial e condenou as partes no pagamento

de honorários advocatícios recíprocos no percentual de 12%.

Em razões recursais, a Reclamante requer, preliminarmente, seja

declarada a inconstitucionalidade do art. 790-B, capute §4º, bem

como do art. 791-A, §4º, ambos da CLT.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 708
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Pois bem. Em virtude da prejudicialidade das matérias, inverte-se a ordem e

aprecia-se em primeiro lugar o mérito do recurso ordinário

De início, cumpre registrar que a Reclamante não tem interesse interposto pelas Reclamadas.

quanto à declaração de inconstitucionalidade do art. 790-B, da CLT,

uma vez que não foi realizada perícia nos autos, inexistindo,

consequentemente, condenação em honorários periciais.

Verifica-se, assim, que o apelo Obreiro abarca apenas a discussão

acerca da inconstitucionalidade do art. art. 791-A, §4º, da CLT.

Esta 1ª Turma, na sessão ordinária realizada no dia 29/10/2019,

resolveu, por unanimidade, suspender o julgamento do presente

processo em virtude do Incidente de Inconstitucionalidade do §4º do

art. 791-A, da CLT, suscitado no processo 0000398-

09.2018.5.17.0101, que deverá ser julgado pelo Tribunal Pleno.

Na sessão ordinária realizada no dia 23/10/2019, o Pleno deste

Regional julgou o Incidente de Arguição de Inconstitucionalidade nº

0000453-35.2019.5.17.0000, declarando a inconstitucionalidade

parcial do §4º, do art. 791-A, da CLT, conforme se depreende da

ementa ora transcrita:

"ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. HONORÁRIOS

ADVOCATÍCIOS. ARTIGO 791-A, § 4º, DA CLT. Declara-se a

inconstitucionalidade parcial do § 4º, do artigo 791-A, da CLT

somente quanto ao trecho: "desde que não tenha obtido em juízo,

ainda que outro processo, créditos capazes de suportar a despesa",

no sentido de que não se possa atingir os créditos deferidos ao

beneficiário da justiça gratuita, ainda que em outro processo, mas

tão somente que a verba honorária fique sob condição suspensiva

de exigibilidade, podendo ser executada, se nos 2 (anos)

subseqüentes ao trânsito em julgado da decisão que a certificou, o

credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência 2.2. MÉRITO DO RECURSO ORDINÁRIO INTERPOSTO PELAS

de recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo- RECLAMADAS

se, passado esse prazo, tal obrigação do beneficiário".

Assim, considerando o julgamento da matéria pelo Pleno deste

Tribunal, os autos retornaram à 1ª Turma para prosseguimento do

julgamento dos recursos ordinários interpostos pela Reclamante e

pelas Reclamadas.

Ante o exposto, nos termos do acórdão proferido no bojo do

Incidente de Arguição de Inconstitucionalidade nº 0000453-

35.2019.5.17.0000, declara-se a inconstitucionalidade parcial do

§4º, do art. 791-A, da CLT.

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Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

2.2.1. DEVOLUÇÃO DOS HONORÁRIOS PERICIAIS

ADIANTADOS. PERÍCIA NÃO REALIZADA.

2.2.2. ENQUADRAMENTO SINDICAL. FINANCIÁRIOS.

Na audiência realizada em 20/08/2018, a Origem determinou a

realização de perícia técnica para verificação da alegada

incapacidade laborativa da Autora no momento da rescisão Na inicial, a Reclamante relatou que foi admitida pela 1ª Reclamada

contratual. Na ocasião, prontificou-se a Reclamante a realizar a (Dacasa Financeira S.A. - Sociedade de Crédito, Financiamento e

antecipação de honorários no importe de R$ 400,00. Investimentos) em 18/03/2004, para exercer inicialmente a função

de "analista/Especialista de Crédito", tendo sido imotivadamente

Ante a recusa de 3 (três) peritos médicos nomeados, o d. Juízo a dispensada em 05/06/2018, quando percebia remuneração de R$

quodesignou nova audiência, ocasião em que a Reclamada se 3.785,00(três mil, setecentos e oitenta e cinco reais).

comprometeu a antecipar o valor de R$ 600,00, a titulo de

honorários periciais. Sustentou que, embora tenha prestado serviços exclusivos e

ininterruptos à 1ª Ré durante todo o contrato de trabalho, teve sua

No entanto, em razão dos reiterados pedidos de adiamento da CTPS formalmente registrada pelas empresas do mesmo grupo

perícia pela Autora, a Origem tornou prejudicada a realização da econômico da seguinte forma: de 18/03/2004 a 31/10/2008 pela 3ª

prova técnica. Ré (Promov Sistema de Vendas e Serviços Ltda.); de 01/11/2008 a

02/04/2017 pela 2ª Reclamada (Dadalto Administração e

Em suas razões recursais, requerem as Reclamadas a devolução Participações Ltda.); de 03/04/2017 a 05/06/2018 pela 1ª

dos valores de honorários periciais adiantados, sob pena de Demandada.

enriquecimento ilícito.

Assim, sob o fundamento de que sempre prestou serviços em favor

Analisa-se. da 1ª Reclamada, que atua desempenhando atividades típicas de

Financeira, requereu seu enquadramento como "financiária", com a

O d. Juízo a quo determinou que, por ocasião da entrega do laudo, consequente aplicação da norma coletiva correspondente.

a Secretaria liberasse os honorários prévios em favor do perito.

Em contestação conjunta de ID. 2f8e1c4, as Reclamadas alegaram

Considerando que a perícia não foi realizada, diante da ausência da que a Reclamante, durante o período imprescrito, laborou em duas

Reclamante e reiterados pedidos de adiamento, deve ser autorizada situações distintas, inicialmente vinculada à Promov, exercendo

a devolução do valor à Reclamada, conforme requerido. atividade meio da tomadora e, posteriormente, a partir de

03/04/2017, à própria Dacasa, sendo então enquadrada como

Dá-se provimento para determinar a devolução do valor adiantado financiária.

pelas Reclamadas a título de honorários periciais.

Argumentaram que, do período imprescrito até 03/04/2017, a Autora

ocupava a função de coordenadora de crédito, atuando na gestão

de sua equipe de analistas, que, por sua vez, executavam o

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 710
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processo de checagem do cadastro e das referências pessoais do Porém, o comando supramencionado não afeta o presente

cliente via atendimento por contatos telefônicos e consulta a bancos processo, uma vez que seu objeto não é sobre terceirização de mão

de dados externos. de obra, tampouco houve referência, na sentença objurgada, acerca

da aplicação da Súmula nº 331 do Tribunal Superior do Trabalho.

Afirmaram que, por tal motivo, a Reclamante foi registrada pela

Promov, empresa prestadora de serviços, notoriamente pertencente Explica-se.

à categoria diferenciada representada pelo Sindicato dos

Trabalhadores em Telecomunicações - SINTTEL-ES. Conforme inteligência dos artigos 511 e 581, § 2º, da CLT, o

enquadramento sindical dos trabalhadores é ditado pela atividade

A Origem, reconhecendo a fraude na contratação da Autora por preponderante da empresa para a qual o obreiro presta labor.

empresa terceirizada do mesmo grupo econômico, reconheceu o

vínculo direto com a 1ª Reclamada no período de 18/03/2004 a No caso dos autos, a Reclamante foi inicialmente registrada pela 3ª

05/06/2018 e o enquadramento da Reclamante como financiária, Reclamada, no período entre 18/03/2004 a 31/10/2008, pela 2ª

nos termos da Súmula nº 33 deste Regional, com o consequente Demanda, de 01/11/2008 a 02/04/2017 e finalmente pela 1ª Ré, de

deferimento dos benefícios da categoria. 03/04/2017 a 05/06/2018.

Irresignadas, recorrem as Reclamadas, alegando que o acordo Ocorre que, conforme admitido pelas próprias Rés em contestação

extrajudicial acostado aos autos não reconhece o enquadramento conjunta, durante todos os pactos laborais, a Autora prestou

da Reclamante como funcionária, mas apenas a quitação do objeto serviços em favor da 1ª Reclamada (Dacasa Financeira S.A. -

da ação civil pública. Sociedade de Crédito, Financiamento e Investimentos), empresa do

mesmo grupo econômico das demais, cujo objeto social consiste

Além disso, ressaltam que, mesmo que se considere contratação "na prática de todas as operações permitidas nas disposições legais

direta pela 1ª Reclamada, a Autora não deveria ser enquadrada regulamentares às entidades da espécie" (Id. 5ee15dd).

como financiária, tendo em vista que estão presentes os requisitos

da categoria profissional diferenciada dos telefônicos. Aliás, como o próprio nome já indica, é de conhecimento notório que

a primeira reclamada - DACASA - funciona no mercado como uma

Por fim, aduzem que não há qualquer ilicitude na terceirização empresa prestadora de crédito e financiamento ao público.

perpetrada por empresas do mesmo grupo econômico, inexistindo,

portanto, impedimento legal ou jurisprudencial para que uma Para sustentar tal afirmação, verifica-se no sítio eletrônico da citada

empresa preste serviços a outra. empresa (http://www.dacasa.com.br Acesso em: 23/09/2019) que a

mesma é especializada em empréstimo pessoal, empréstimo

Analisa-se. consignado, crédito ao consumidor e ainda disponibiliza para seus

clientes um cartão de crédito com bandeira própria.

Inicialmente, cumpre salientar que o Supremo Tribunal Federal, no

julgamento conjunto da ADPF 324 e RE 958252, por maioria, firmou Notório, portanto, que a Dacasa Financeira, empresa para a qual a

a tese de que é lícita a terceirização ou qualquer outra forma de Reclamante efetivamente prestava seus serviços, é

divisão do trabalho entre pessoas jurídicas distintas, estabelecimento pertencente ao ramo financeiro, tendo como

independentemente do objeto social das empresas envolvidas, não principal objetivo social a concessão de crédito para pessoas físicas

se configurando relação de emprego entre a contratante e o ou jurídicas, inclusive administrando seu próprio cartão de crédito, e

empregado da contratada e mantida a responsabilidade subsidiária cobrando juros nas transações efetuadas.

da empresa contratante.

Tendo em vista que restou demonstrado que a autora prestava

De igual forma, estabeleceu que essa diretriz não afeta serviços voltados unicamente à primeira reclamada - DACASA, são

automaticamente os processos e relação aos quais tenha havido as atividades desta que se apresentam como definitivas para o

coisa julgada. deslinde da causa, sendo, pois, patente a condição de financiária

pleiteada pela autora.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 711
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crédito, financiamento e investimento. Portanto, a Reclamante

Insta frisar, nesta oportunidade, que o E. TST consolidou seu integra a categoria profissional correlata (artigo 511, § 2º da CLT),

entendimento, no verbete sumular n. 55, que "as empresas de qual seja a dos trabalhadores em instituições financeiras.

crédito, financiamento ou investimento, também denominadas

financeiras, equiparam-se aos estabelecimentos bancários para No aspecto, importante registrar que, embora a Autora não tenha

efeitos do art. 224 da CLT". comparecido à audiência em que deveria depor, os efeitos da

confissão aplicada não alteram a conclusão ora esposada, uma vez

Esclarece-se, por oportuno, que não deve lograr êxito a tese no que baseada na prova pré-constituída dos autos.

sentido de que deve ser aplicada, in casu, as Súmulas n. 117 e 331,

inciso III do TST sob o argumento de que a Reclamante fazia parte Reconhecida a condição de financiária da autora, devem ser a ela

da categoria dos comerciários ou telefônicos, ou mesmo aplicadas as normas coletivas próprias da respectiva categoria,

terceirizada. Isso porque as atividades realizadas pela autora sendo devidos os benefícios convencionados.

possuíam ligação direta à atividade fim da financeira, conforme se

extrai da própria peça defensiva, in verbis: Vale registrar, nesta oportunidade, que a questão em tela é objeto

de Ação Civil Pública, ajuizada pelo Ministério Público do Trabalho,

"No período imprescrito, a Reclamante ocupou a função de tombada sob o n. 0003200-32.2008.5.17.0003.

COORDENADORA DE CRÉDITO, atuando na gestão de sua

equipe de analistas, que por sua vez executam o processo de A sentença foi favorável ao Órgão Ministerial, no sentido de declarar

checagem do cadastro e das referências pessoais do cliente, dentre a ilegalidade da conduta da empresa Dacasa Financeira S.A. em

eles clientes de lojistas diversos (tais como PALLADIUM, efetivar a contratação de empregados por meio de outra empresa

ELETROCITY, DANÚBIO, ALVOMAC, BOROTO CALÇADOS, do grupo econômico.

ITAPUÃ CALÇADOS, etc.), via atendimento por contatos telefônicos

e consulta a bancos de dados externos, informando acerca da O referido decisumcondenou a empresa a proceder ao registro

liberação do crédito pretendido dentro da alçada de aprovação competente de todos os trabalhadores que lhe prestam serviços e a

previamente definida, verificando a eventual restrição em órgãos de cumprir as normas previstas no artigo 224 da CLT, nos termos da

proteção mediante a utilização dos sistemas disponíveis, Súmula n. 55 do TST, com relação a todos os seus empregados.

observando as regras de atendimento ao cliente preconizadas pela

Norma Regulamentadora 17 do Ministério do Trabalho e Emprego. A empresa interpôs recurso ordinário, que restou desprovido. Após,

apresentou recurso de revista que teve seu seguimento denegado

Assim, a Reclamante era responsável por fazer o acompanhamento por deserto, e interpôs agravo de instrumento, tendo o TST negado

da qualidade de atendimento dos analistas, identificando formas de provimento a esse recurso.

garantir melhoras no trabalho executado pela sua equipe,

planejando estratégias, definindo diretrizes do trabalho, aplicando Portanto, repise-se, não se trata de mera terceirização, mas fraude

punições e conduzindo a observância das normas da empresa de registro de empregados. O debate nos presentes autos não está

pelos colaboradores". relacionado com a intermediação de mão de obra por empresa

interposta, mas sim na fraude na formalização da mão de obra

Além disso, não há provas nos autos que confirmem uma prestação utilizada pelas empresas que formam o grupo econômico.

de serviços da obreira que seja desvinculada das atividades

financeiras, ainda que não seja ela a responsável por qualquer Aqui não se está a dizer que a autora faria jus aos efeitos da coisa

aprovação final de créditos. julgada formal da ação retromencionada. O que se demonstra é que

a dinâmica de absorção da mão de obra levada a efeito permanece.

Assim, tratando-se de empresa que exerce sua atividade

preponderante no ramo das financeiras (concessão de crédito para Se o grupo econômico pretende se utilizar de mão de obra dentre

pessoas físicas ou jurídicas, administração de cartão de crédito e as empresas do próprio grupo, somente pode fazê-lo sem

cobrança de juros nas transações efetuadas), a 1ª Reclamada desrespeitar os direitos da categoria profissional.

efetivamente integra a categoria econômica das empresas de

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 712
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Não custa relembrar que são nulos de pleno direito os atos

praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a

aplicação dos preceitos Consolidados, bem como que a alteração

na estrutura jurídica da empresa não pode afetar os direitos

adquiridos pelos seus empregados (artigos 9º e 10 da CLT).

2.3.1. NULIDADE DA DISPENSA. INAPTIDÃO NO MOMENTO DA

Nesse passo, a utilização da Promov com o efeito de registro de RESCISÃO

empregados a fim de utilizá-los pela Dacasa Financeira significa

fraudar o enquadramento profissional de fato e, com isso, sonegar

os direitos previstos nas convenções coletivas dos financiários,

plenamente aplicáveis àqueles trabalhadores, gerando para o grupo

inequívoco enriquecimento sem causa e em detrimento dos

legítimos direitos da categoria.

Portanto, tem-se por consubstanciada fraude na formalização da

mão de obra utilizada pelas empresas que formam o grupo Na petição inicial, a Reclamante relatou que foi admitida pela 1ª

econômico, demonstrando a continuidade da prática antijurídica que Reclamada (Dacasa Financeira S.A. - Sociedade de Crédito,

se pretendeu obstar por meio da ação civil pública 0003200- Financiamento e Investimentos) em 18/03/2004, para exercer

32.2008.5.17.0003. inicialmente a função de "analista/Especialista de Crédito", tendo

sido imotivadamente dispensada em 07/03/2018, quando percebia

Por todo exposto, tem-se que a Origem agiu com propriedade ao remuneração de R$ 3.785,00(três mil, setecentos e oitenta e cinco

reconhecer a condição de financiária da autora, pelo que a sentença reais).

deve ser mantida e, por corolário lógico, a manutenção dos

benefícios contidos nos instrumentos coletivos dos financiários. Afirmou que foi dispensada enquanto estava acometida por doença

grave, Neuromielite Óptica (Doença de Devic), CID G36.0, estando,

Nega-se provimento. portanto, inapta para o trabalho.

Informou que referida enfermidade foi diagnosticada em 31/10/2015

e que desde então está sob constante tratamento e observação

médica, conforme comprovam os documentos juntados com a

inicial.

Ressaltou que não poderia ter sido considerada apta no momento

da demissão, pelo que deveria ter sido encaminhada ao INSS com

a consequente suspensão do seu contrato de trabalho.

2.3. MÉRITO DO RECURSO ORDINÁRIO INTERPOSTO PELA

RECLAMANTE Sob tais fundamentos, requereu "a nulidade do ato demissional nos

termos do art. 9° da CLT, por dispensa discriminatória de

trabalhadora doente e inapta, nos termos da Súmula n° 443 do TST,

declarando-se o direito à reintegração de emprego".

Em defesa conjunta, as Reclamadas aduziram que não restou

demonstrada a incapacidade da Reclamante para o trabalho no

momento da dispensa.

Alegaram, ainda, que não há qualquer comprovação de que a

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 713
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doença portada pela Autora seja qualificada como grave e que incapacidade laborativa da Autora por ocasião da rescisão

suscite estigma ou preconceito, requisitos cumulativos estipulados contratual.

pela Súmula nº 443 do TST.

Entretanto, designada a perícia, a Reclamante postulou reiterados

A Origem, na r. sentença, julgou improcedente o pedido, adotando adiamentos, sob o fundamento de que seu marido sofreu acidente

osseguintes fundamentos: em viagem fora do país, lesionando seriamente a perna esquerda,

sem a possibilidade de embarcar em voo internacional, de forma

A autora, sem justificativa comprovada, deu azo à não realização da que ela, como única acompanhante, tampouco poderia retornar ao

prova técnica determinada para verificação da sua incapacidade Brasil.

laborativa por ocasião da rescisão.

Ocorre que, embora a Autora tenha demonstrado, por meio de

Assim, não comprovada tal situação, rejeita-se o pleito de declarações do Hospital, que seu esposo de fato sofreu acidente no

reconhecimento de nulidade da dispensa e consequente dia 04/11/2018, não há comprovação de que ele estava

reintegração. impossibilitado de realizar viagem internacional, devendo

permanecer em Portugal.

Rejeita-se também, por consequência, ao pleito de indenização por

danos morais. Além disso, conforme requerimento de novo adiamento ao Id.

1084ede, o emailenviado pelo marido da Autora ao escritório de

Em razões recursais, a Reclamante pugna pela reforma da advocatícia aponta justificativa diversa para o pedido, dessa vez

sentença, sob o fundamento de que, além das ausências às uma suposta crise da doença da trabalhadora, cuja única prova nos

perícias designadas terem sido devidamente justificadas, a causa autos é uma "declaração de presença" em Hospital,

do pedido já se encontrava sobejamente comprovada pelos desacompanhada de qualquer laudo médico.

documentos médicos que instruem a exordial.

Diante desse quadro, agiu corretamente a Origem ao não acatar

Analisa-se. novo pedido de adiamento de audiência ou perícia, tornando

prejudicada a realização da prova técnica.

Compulsando os autos, verifica-se que o pedido Autoral de

reintegração ao emprego pode ser amparado em duas causas de Por outro lado, observa-se que, embora os documentos juntados

pedir: nulidade da dispensa em razão da inaptidão física da com a inicial comprovem que a Reclamante possua quadro

Reclamante na época da rescisão do contrato de trabalho e recorrente de mielite longitudinalmente extensa e episódio prévio de

dispensa discriminatória. neurite óptica compatíveis com Neuromielite Óptica (NMO), com

sintomas iniciados em agosto de 2015 (Id. ac3932d), não há nos

No que tange ao pedido de reintegração fundado na alegação de autos comprovação de que, no momento da dispensa, a

que a Reclamante estava inapta no momento da dispensa, este trabalhadora estava inapta para o trabalho.

Relator mantém o entendimento de que, independentemente da

existência de nexo de causalidade entre a doença ou a lesão No aspecto, é importante frisar que ser portador de doença não

apresentada pelo obreiro com sua atividade profissional, em razão implica, necessariamente, estar inapto ao labor, tendo em vista que

da função social que a empresa possui, não é permitido ao nem toda doença é incapacitante.

empregador dispensar o empregado que esteja inapto ao trabalho.

Assim, embora a Reclamante de fato tenha sido diagnosticada,

Desse modo, faz-se necessário analisar se a Reclamante, na data desde 2015, com possível Neuromielite Óptica (NMO), os

da dispensa, estava apta para trabalhar, ou se foi acometida por elementos constantes dos autos não logram comprovar que no

alguma doença antes ou após a rescisão do contrato de emprego. momento da dispensa a obreira encontrava-se inapta ao labor.

Na audiência realizada em 20/08/2018, a Origem determinou a Com a inicial, a Autora juntou apenas receituários, exames e alguns

realização de perícia técnica para verificação da alegada laudos médicos indicando a enfermidade que a acometeu,

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 714
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

inexistindo qualquer documento que demonstre que, no dia o ato, o empregado tem direito à reintegração no emprego.

07/03/2018, data da comunicação da dispensa, a obreira estivesse

inapta. No presente caso, não se enquadrando a moléstia da Obreira

dentre as patologias que, no entendimento do TST (conforme

Ressalte-se que tampouco consta dos autos atestado médico Súmula 443, supratranscrita), autorizam a presunção de

declarando a necessidade de afastamento da obreira nos dias que discriminação, cumpria à Reclamante comprovar que a despedida

antecederam a dispensa. Apenas em 23/08/2018, ou seja, 15 dias efetivamente derivou do fato de ela supostamente estar doente,

depois da dispensa, como alegado pela própria Reclamante e ônus do qual, contudo, não se desincumbiu.

comprovado pelo documento de Id. cb49858 houve novo surto da

doença. Com efeito, conforme alegado pela própria Autora, a Reclamada

tinha conhecimento do seu quadro de saúde desde o diagnóstico da

Por tudo isso, inafastável a conclusão de que a Obreira não logrou doença em meados de 2015, sendo que a dispensa ocorreu apenas

êxito em comprovar qualquer inaptidão no momento da dispensa, em março de 2018, o que enfraquece a tese de despedida

não merecendo acolhida seu pedido de reintegração, com base discriminatória.

nessa causa de pedir.

Não há quaisquer provas de que a empregadora tenha atuado com

Já em relação à dispensa discriminatória, faz-se necessário tecer o objetivo retaliação ou de segregar a Obreira do convívio com os

algumas considerações preliminares. demais empregados ou, ainda, de se esquivar do cumprimento de

suas obrigações contratuais.

No ordenamento jurídico pátrio, a possibilidade de dispensa não

motivada do empregado é contemplada como um exercício O conjunto probatório acostado aos autos inclusive aponta para

unilateral da vontade do empregador, apresentando-se como um sentido oposto, já que diante de sua enfermidade e tratamento

direito potestativo deste. médico, a empresa estendeu o plano de saúde por 11 (onze) meses

depois da dispensa.

Todavia, o exercício desse direito potestativo não é irrestrito,

porquanto sofre limitações, especialmente tendo em vista os Ante o exposto, patente o entendimento no sentido de que a

princípios basilares do Estado Democrático de Direito, que tem Reclamante não se desincumbiu a contento de seu ônus da prova

como fundamentos a dignidade da pessoa humana e o valor social (artigo 818, da CLT, e 373, do CPC/2015), também no aspecto.

do trabalho (art. 1º, inciso III e IV, da CF).

Não há falar, pois, em nulidade da despedida por nenhum dos dois

A Constituição Federal veda, ainda, toda e qualquer forma de fundamentos, permanecendo incólume a r. sentença.

discriminação, em seu artigo 3º, inciso IV, além de estabelecer, em

seu art. 7º, inciso I, a proteção da relação de emprego contra a Nega-se provimento.

despedida arbitrária.

Aliás, a Lei nº 9.029, de 13 de abril de 1995, proíbe a adoção de

qualquer prática discriminatória e limitativa para efeito de acesso à

relação de trabalho, ou de sua manutenção.

Acerca do tema, o C. TST sumulou o seguinte entendimento:

Súmula nº 443: DISPENSA DISCRIMINATÓRIA. PRESUNÇÃO.

EMPREGADO PORTADOR DE DOENÇA GRAVE. ESTIGMA OU 2.3.2. DANOS MORAIS

PRECONCEITO. DIREITO À REINTEGRAÇÃO Presumese

discriminatória a despedida de empregado portador do vírus HIV ou

de outra doença grave que suscite estigma ou preconceito. Inválido

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Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Nega-se provimento.

Na peça vestibular, a Reclamante relatou que foi admitida pela 1ª

Reclamada (Dacasa Financeira S.A. - Sociedade de Crédito,

Financiamento e Investimentos) em 18/03/2004, para exercer

inicialmente a função de "analista/Especialista de Crédito", tendo

sido imotivadamente dispensada em 05/06/2018, quando percebia

remuneração de R$ 3.785,00(três mil, setecentos e oitenta e cinco

reais). 2.3.3. DEVOLUÇÃO DOS HONORÁRIOS PERICIAIS

Afirmou que foi dispensada enquanto estava acometida por doença

grave, Neuromielite Óptica (Doença de Devic), CID G36.0, estando,

portanto, inapta para o trabalho.

Aduziu que a Reclamada praticou ato ilícito ao impedir sua

recolocação no mercado de trabalho, diante de sua inaptidão,

fazendo com que se sentisse descartável depois de quatorze anos

de contrato. Na audiência realizada em 20/08/2018, a Origem determinou a

realização de perícia técnica para verificação da alegada

Assim, sob o fundamento de que a Ré feriu bens extrapatrimoniais incapacidade laborativa da Autora no momento da rescisão

como a honra e a dignidade da pessoa humana, requereu uma contratual. Na ocasião, prontificou-se a Reclamante a realizar a

indenização por danos morais, no importe de 5 vezes o seu último antecipação de honorários no importe de R$ 400,00.

salário.

Ante a recusa de 3 (três) peritos médicos nomeados, o d. Juízo a

As Reclamadas, em contestação, alegaram que não existiu quodesignou nova audiência, ocasião em que a Reclamada se

qualquer ofensa à moral da Reclamante. comprometeu a antecipar o valor de R$ 600,00, a titulo de

honorários periciais.

O magistrado de primeiro grau, na r. sentença, julgou improcedente

o pedido, sob o fundamento de que a Reclamante não comprovou No entanto, em razão dos reiterados pedidos de adiamento da

estar incapacitada para o trabalho por ocasião da rescisão. perícia pela Autora, a Origem tornou prejudicada a realização da

prova técnica.

Recorre a Reclamante, reiterando a alegação de que foi vítima de

demissão discriminatória. Assim, em suas razões recursais, a Reclamante postula a

restituição do valor depositado a título de honorários prévios

Analisa-se. periciais.

Conforme fundamentação exposta no item 2.3.1. supra, foi mantida Analisa-se.

a r. sentença, que reconheceu a legalidade da dispensa efetuada,

por ausência de incapacidade laboral no momento do rompimento O d. Juízo a quo determinou que, por ocasião da entrega do laudo,

do contrato e de dispensa discriminatória. a Secretaria liberasse os honorários prévios em favor do perito.

Assim sendo, por conseguinte, devem ser julgado improcedente o Considerando que a perícia não foi realizada, diante da ausência da

pedido consectário de danos morais. Reclamante e reiterados pedidos de adiamento, deve ser autorizada

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a devolução do valor à Autora, conforme requerido. período de 18/03/2004 a 05/06/2018 e o enquadramento da Autora

como financiária. Como consequência, condenou as Reclamadas

Dá-se provimento para determinar a devolução do valor adiantado no pagamento dos benefícios convencionais da categoria,

pela Reclamante a título de honorários periciais. restringindo ao período de 27/04/2013 (prescrição) até 02/04/2017,

sob o fundamento de que a partir de 03/04/2017 houve a efetiva

contratação da Reclamante pelo 1ª Reclamado, quando então teria

passado a receber tais benefícios.

Em razões recursais, a Autora pugna pela reforma da sentença,

alegando que nem todos os direitos foram quitados após

02/04/2017.

Analisa-se.

2.3.4. LIMITAÇÃO DOS DIREITOS NORMATIVOS

De início, cumpre esclarecer que a sentença já reconheceu a

unicidade contratual e o vínculo direto com a 1ª Reclamada no

período pleiteado na inicial, ou seja, de 18/03/2004 a 05/06/2018.

Apenas a condenação no pagamento dos benefícios da categoria

foi restrita a data em que a Reclamante teve a CTPS anotada pela

própria 1ª Demandada, quando teria passado a receber os

benefícios previstos nas normas coletivas da categoria dos

financiários.

Na peça de ingresso, a Reclamante relatou que foi admitida pela 1ª

Reclamada (Dacasa Financeira S.A. - Sociedade de Crédito, Nesses termos, considerando que desde a inicial a Reclamante

Financiamento e Investimentos) em 18/03/2004, para exercer alega que não percebeu corretamente os benefícios previstos na

inicialmente a função de "analista/Especialista de Crédito", tendo Norma Coletiva durante todo o contrato de trabalho, inclusive, no

sido imotivadamente dispensada em 05/06/2018, quando percebia período em que teve a CTPS anotada pela 1ª Reclamada, não há

remuneração de R$ 3.785,00(três mil, setecentos e oitenta e cinco falar em limitação da condenação.

reais).

Contudo, deve ser autorizada a dedução dos valores pagos a

Sustentou que, embora tenha prestado serviços exclusivos e idêntico título, sob pena de enriquecimento ilícito.

ininterruptos à 1ª Ré durante todo o contrato de trabalho, teve sua

CTPS formalmente registrada pelas empresas do mesmo grupo Assim, dá-se provimento para afastar a limitação da condenação

econômico da seguinte forma: de 18/03/2004 a 31/10/2008 pela 3ª até 02/04/2017, autorizando-se a dedução dos valores pagos a

Ré (Promov Sistema de Vendas e Serviços Ltda.); de 01/11/2008 a idêntico título, sob pena de enriquecimento ilícito.

02/04/2017 pela 2ª Reclamada (Dadalto Administração e

Participações Ltda.); de 03/04/2017 a 05/06/2018 pela 1ª

Demandada.

Assim, sob o fundamento de que sempre prestou serviços em favor

da 1ª Reclamada, que atua desempenhando atividades típicas de

Financeira, requereu seu enquadramento como "financiaria", com a

consequente condenação no pagamento dos benefícios previstos

na norma coletiva.

2.3.5. HORAS EXTRAORDINÁRIAS

A Origem reconheceu o vínculo direto com o 1º Reclamado no

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de confiança), e por isso, estava isenta do registro de frequência,

nos termos do inciso II, do art. 62 da CLT.

Quanto ao pedido substitutivo, afirmaram que a trabalhadora

recebia um plus salarial que excedia 100% o salário dos seus

subordinados, além da parcela variável que integra a remuneração.

Na peça de ingresso, a Reclamante relatou que foi admitida pela 1ª Por fim, pela eventualidade, aduziram que a obreira se enquadra na

Reclamada (Dacasa Financeira S.A. - Sociedade de Crédito, exceção prevista no §2º do art. 224 da CLT.

Financiamento e Investimentos) em 18/03/2004, para exercer

inicialmente a função de "analista/Especialista de Crédito", tendo O d. Juízo a quo, na r. sentença, julgou improcedente o pedido,

sido imotivadamente dispensada em 05/06/2018, quando percebia adotando os seguintes fundamentos:

remuneração de R$ 3.785,00(três mil, setecentos e oitenta e cinco

reais). A autora não desconstituiu o exercício de função de confiança e sua

conseqüente exceção ao controle de jornada, nos termos do art. 62

Sustentou que, embora tenha prestado serviços exclusivos e da CLT.

ininterruptos à 1ª Ré durante todo o contrato de trabalho, teve sua

CTPS formalmente registrada pelas empresas do mesmo grupo Ainda que agora submetida ao regime de jornada do art. 224 da

econômico da seguinte forma: de 18/03/2004 a 31/10/2008 pela 3ª CLT, a qualidade de ocupante de cargo de confiança, inclusive com

Ré (Promov Sistema de Vendas e Serviços Ltda.); de 01/11/2008 a percepção de comissões superiores ao terço do salário do cargo

02/04/2017 pela 2ª Reclamada (Dadalto Administração e efetivo, conforme fichas financeiras, permanece.

Participações Ltda.); de 03/04/2017 a 05/06/2018 pela 1ª

Demandada. Portanto, estando a reclamante excepcionada pelo art. 224, par. 2º,

da CLT, não há falar em jornada de 6 horas diárias.

Noticiou que foi contratada para uma jornada de 44 (quarenta e

quatro) horas semanais, de segunda-feira a sábado, sendo que a No mais, não há prova da alegada jornada superior a 8 horas

categoria dos financiários, na qual deve ser enquadrada, detém diárias.

uma jornada de 30 horas semanais.

Rejeitam-se os pleitos de horas extras e intervalos.

Afirmou que trabalhava de segunda à sexta-feira, das 08h30 às

19h30, com 20 minutos de intervalo intrajornada e até às 20h nos Irresignada, recorre a Reclamante, alegando que a Reclamada não

dias de pico, última semana de cada mês para o fechamento das se desincumbiu de seu ônus probatório no sentido de demonstrar

metas, e aos sábados das 08h às 14h20, sem intervalo para efetivos poderes de mando ou gestão capazes de lhe enquadrar na

descanso e alimentação. exceção do §2º do art. 224 da CLT.

Assim, requereu a condenação das Reclamadas no pagamento Analisa-se.

como extras das horas trabalhadas acima das 05h45 e,

sucessivamente, a partir da 6ª diária ou 8ª diária. Conforme exposto no tópico 2.2.1. deste voto, foi mantido o

entendimento da Origem no sentido de reconhecer a condição de

No caso de enquadramento no §2º, art. 224 da CLT, postulou o financiária da Reclamante. Portanto, devem ser aplicadas as

recebimento da Gratificação de Função prevista na Cláusula 4.1.2. disposições do art. 224, da CLT, conforme preceitua a Súmula nº 55

da CCT. do E. TST e a Súmula nº 33 deste E. Regional, in verbis:

As Reclamadas, em sede de contestação, alegaram que, durante Súmula nº 55 do TST

todo o período imprescrito, a Reclamante ocupou a função de

coordenadora, tipicamente estabelecida como de liderança (cargo FINANCEIRAS (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003

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obreira, de fato, exercia função de confiança na forma do art. 224,

As empresas de crédito, financiamento ou investimento, também §2º, da CLT.

denominadas financeiras, equiparam-se aos estabelecimentos

bancários para os efeitos do art. 224 da CLT. Nesses termos, faz jus a Autora à jornada de 8 (oito) horas por dia,

devendo ser remunerada pelas horas excedentes.

Súmula nº 33 do TRT da 17ª Região

Não obstante, como bem pontuou a Origem, a Autora não logrou

"ENQUADRAMENTO COMO FINANCIÁRIO DE EMPREGADO DE comprovar o labor extraordinário de forma a refutar a presunção de

ADMINISTRADORA DE CARTÃO DE CRÉDITO OU AGENTE veracidade quanto a não realização de horas extras, em razão da

FINANCEIRO. confissão.

Os empregados de agentes financeiros e administradoras de cartão Por fim, tampouco merece ser acolhido o pedido sucessivo de

de crédito, salvo os pertencentes a categoria diferenciada, são pagamento da Gratificação de Função de 55% prevista na Cláusula

financiários (Súmula 283 do STJ), beneficiando-se, portanto, das 4.1.2. da CCT, uma vez que a remuneração da Autora já

normas coletivas da categoria e da jornada reduzida do art. 224 da contemplava referida parcela.

CLT."

Ora, conforme se depreende de sua ficha financeira, a Autora

O caput do art. 224, da CLT, estabelece que a duração normal do recebia no ano de 2013 salário no valor de 3.030,00 (três mil e trinta

trabalho dos empregados em bancos, casas bancárias e Caixa reais) e no final do contrato, a partir de 2017, a quantia de R$

Econômica Federal será de seis horas contínuas nos dias úteis, 3.785,00. A par disso, o funcionário Marcelo Rodrigues de Castro

com exceção dos sábados, perfazendo um total de trinta horas de Jr., como seu subordinado direto, na função de Analista de Crédito,

trabalho por semana. percebia em 2013 o salário de R$ 1.175,00 e, em 2017 R$

2.421,00, pelo que se conclui que a remuneração da Reclamante

Todavia, o § 2º do mesmo dispositivo prevê uma exceção a essa incluía plus salarial superior ao estabelecido na norma coletiva.

regra, ao dispor que a jornada de trabalho disposta em seu caput

não se aplica aos que exercem funções de direção, gerência, Ante o exposto, nada a modificar na r. sentença.

fiscalização, chefia e equivalentes, ou que desempenhem outros

cargos de confiança, desde que o valor da gratificação não seja Nega-se provimento.

inferior a um terço do salário do cargo efetivo.

Portanto, para que o empregado afaste-se do regramento geral da

jornada de trabalho bancário (caput do art. 224 da CLT), faz-se

necessário, primeiro, que ele receba gratificação não inferior a um

terço do salário do cargo efetivo, e, segundo, que ele exerça

funções de confiança (gerência, direção, fiscalização, chefia ou

equivalentes).

In casu, conforme ficha financeira juntada aos autos (Id. 83d6646), 2.3.6. INTERVALO INTRAJORNADA

a Autora foi promovida, em 01/10/2009, para a função de

"encarregado de crédito III" (posteriormente denominada

"Coordenador de crédito"), ocasião em que recebeu um plus salarial

superior a 1/3 do cargo anteriormente exercido.

Além disso, considerando a aplicação da confissão ficta à

Reclamante, ante sua ausência na audiência em que deveria depor,

deve ser considerada como verdadeira a alegação da Ré de que a

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Na exordial, a Reclamante relatou que foi admitida pela 1ª

Reclamada (Dacasa Financeira S.A. - Sociedade de Crédito, Nos dizeres do i. Ministro Maurício Godinho Delgado:

Financiamento e Investimentos) em 18/03/2004, para exercer

inicialmente a função de "analista/Especialista de Crédito", tendo Os intervalos intrajornadas definem-se como lapsos temporais

sido imotivadamente dispensada em 05/06/2018, quando percebia regulares, remunerados ou não, situados no interior da duração

remuneração de R$ 3.785,00 (três mil, setecentos e oitenta e cinco diária de trabalho, em que o empregado pode sustar a prestação de

reais). serviços e sua disponibilidade perante o empregador (Delgado,

Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 16ª Ed. São Paulo:

Sustentou que, embora tenha prestado serviços exclusivos e LTr, 2017)

ininterruptos à 1ª Ré durante todo o contrato de trabalho, teve sua

CTPS formalmente registrada pelas empresas do mesmo grupo A obrigatoriedade de concessão dos intervalos decorre da própria

econômico da seguinte forma: de 18/03/2004 a 31/10/2008 pela 3ª lei (art. 71 da CLT), e, em se tratando de tema atinente à saúde,

Ré (Promov Sistema de Vendas e Serviços Ltda.); de 01/11/2008 a higiene e segurança do trabalhador, encontra respaldo e proteção

02/04/2017 pela 2ª Reclamada (Dadalto Administração e constitucional (art. 7º, XXII, CRFB/88), sendo as normas acerca do

Participações Ltda.); de 03/04/2017 a 05/06/2018 pela 1ª assunto de ordem pública, caráter imperativo e indisponibilidade

Demandada. absoluta.

Afirmou que, de segunda à sexta-feira, gozava de apenas 20 (vinte) Prestam-se, como se deduz de sua própria definição, a oportunizar

minutos de intervalo e aos sábados não havia qualquer descanso. ao empregado, no transcurso de sua jornada de trabalho, um

momento de recuperação de suas energias físicas e mentais,

Logo, requereu a condenação das Rés no pagamento de 01 (uma) descanso e alimentação.

hora, com adicional de 50%, de segunda à sexta-feira e 15 minutos

aos sábados com reflexos legais. Nesse contexto, o art. 71, caput e §1º, da CLT prevê que, em

qualquer trabalho contínuo cuja duração exceda 06 (seis) horas, é

Em contestação, as Reclamadas alegaram que a empregada obrigatória a concessão de um intervalo mínimo de 01 (uma) hora

detinha total autonomia para fruição integral de seu intervalo para para repouso e alimentação. Caso a duração da jornada ultrapasse

refeições. 04 (quatro) horas, porém não exceda 06 (seis) horas, o intervalo

mínimo será de 15 (quinze) minutos.

A Origem, na r. sentença, julgou improcedente o pedido, por

entender que a Reclamante exercia função de confiança. Considerando a jornada da Reclamante, era devido intervalo

intrajornada mínimo de 01 (uma) hora.

Inconformada, recorre a Reclamante, reiterando os termos da

inicial. Pois bem.

Analisa-se. Na hipótese, a Reclamante não compareceu à audiência em que

deveria depor, razão pela qual a Origem aplicou-lhe a pena de

Ab initio, registre-se que não é o caso de aplicar as mudanças confissão quanto à matéria fática.

introduzidas pela Lei 13.467/2017 (a chamada "Reforma

Trabalhista"), eis que as regras de direito material da novel Assim, presume-se verdadeira a alegação patronal de que a

legislação incidem tão somente sobre os contratos firmados após a trabalhadora gozava integralmente do intervalo para descanso e

vigência da Lei em questão, a saber, 11 de novembro de 2017, o refeição.

que não é o caso.

Ressalte-se que, embora referida presunção seja meramente

Os intervalos intrajornada conceituam-se, em apertada síntese, relativa, podendo ser elidida por prova em contrário, não há nos

como o período, dentro da jornada de trabalho do empregado, autos qualquer prova capaz de infirmar as informações ventiladas

destinado precipuamente a seu repouso e alimentação. na defesa.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 720
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Reclamante laborava em sobrejornada, conforme tópico 2.3.5. deste

Assim, nada a modificar na r. sentença. voto.

Nega-se provimento. Assim, inexistindo labor extraordinário, não há falar em concessão

do intervalo prévio de 15 (quinze) minutos e, consequentemente,

em pagamento do período como hora extra.

Nega-se provimento.

2.3.7. INTERVALO DO ART. 384 DA CLT. TRABALHO DA

MULHER

2.3.8. DO AUXÍLIO REFEIÇÃO E AJUDA ALIMENTAÇÃO

Pugnou a Reclamante pela reforma da sentença e a consequente

condenação da reclamada ao pagamento do intervalo de 15

(quinze) minutos previsto no art. 384 da CLT.

Na inicial, a Reclamante requereu a condenação das Reclamadas

Com razão. no pagamento das verbas "Auxílio Refeição" e "Ajuda Alimentação",

nos termos das Convenções Coletivas de Trabalho dos financiários.

Ab initio, registre-se que não é o caso de aplicar as mudanças

introduzidas pela Lei 13.467/2017 (a chamada "Reforma A Origem, na r. sentença, indeferiu o pedido sob os seguintes

Trabalhista"), eis que as regras de direito material da novel fundamentos:

legislação incidem tão somente sobre os contratos de trabalho

firmados após a vigência da Lei em questão, a saber, 11 de O reclamado comprovou sua adesão ao PAT desde 2008.

novembro de 2017.

Assim, nos termos das normas coletivas, são indevidos o auxílio

O art. 384 da CLT, inserido no Capítulo III, que trata da Proteção do refeição e a ajuda alimentação.

Trabalho da Mulher dispunha que "em caso de prorrogação do

horário normal, será obrigatório um descanso de 15 (quinze) No entanto, condena-se ao pagamento da décima terceira cesta

minutos no mínimo, antes do início do período extraordinário do alimentação nos moldes das convenções coletivas.

trabalho."

Em razões recursais, a Reclamante pugna pela reforma da

Em que pese este Relator entender pela constitucionalidade do sentença, alegando que a adesão ao PAT não afasta o pagamento

dispositivo em referência, uma vez que a concessão de condições da verba pactuada em CCT.

especiais à mulher não fere o princípio da igualdade previsto no art.

5º, da Constituição, na hipótese, não restou demonstrado que a Analisa-se.

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Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

(cento e oitenta) dias.

Conforme exposto no tópico 2.2.1. deste voto, foi mantido o

entendimento da Origem no sentido de reconhecer a condição de PARÁGRAFO 5º - A verba acima referida será reajustada em

financiária da reclamante, não havendo falar em enquadramento em conformidade com a Lei em vigor ou legislação posterior que venha

categoria diferenciada, porquanto as atividades por ela realizadas a ser promulgada durante a vigência da presente Convenção.

possuíam ligação direta à atividade fim da financeira.

Cláusula 4.4.2. - AJUDA ALIMENTAÇÃO

Assim, devem ser aplicadas à Autora as normas coletivas própria da

categoria dos trabalhadores em instituições financeiras. Será concedido "Auxílio Alimentação", cumulativamente com o

"Auxílio Refeição", a todos os empregados no valor de R$ 377,94

Relativamente aos benefícios alimentícios, as cláusulas 4.4.1. e (trezentos e setenta e sete reais e noventa e quatro centavos), sem

4.4.1. da CCT 2013/2014, cuja redação, com as devidas descontos, por mês de trabalho, possuindo caráter indenizatório e

atualizações de valores, foi repetida nas convenções posteriores, não integrando o salário para quaisquer efeitos legais, inclusive nos

assim dispõem: períodos de gozo de férias e até o 15º (décimo quinto) dia nos

afastamentos por doença e acidente de trabalho. Será devido,

Cláusula 4.4.1. - AUXÍLIO REFEIÇÃO também nos casos de afastamento por maternidade.

Será concedido "Auxílio Refeição", a todos os empregados no valor PARÁGRAFO 1º - Este auxílio será concedido nos casos de licença

de R$ 23,96 (vinte e três reais e noventa e seis centavos), sem do dirigente Sindical.

descontos, por dia de trabalho, possuindo caráter indenizatório e

não integrando o salário para quaisquer efeitos legais e será PARÁGRAFO 2º - Fica facultado ao empregador substituir essa

concedido sempre à razão de 22 (vinte e dois) dias fixos por mês, importância por "tickets" de alimentação, nos termos do PAT -

inclusive nos períodos de gozo de férias e até o 15º (décimo quinto) Programa de Alimentação do Trabalhador, nos termos da Lei nº.

dia nos afastamentos por doença e acidente de trabalho. Não será 6.321/76, decretos regulamentadores e Portaria GM/MTb n° 1.156,

devido nos casos de afastamento por maternidade. de 17.09.93.

PARÁGRAFO 1º - Este auxílio será concedido nos casos de licença PARÁGRAFO 3º - O empregado afastado por doença profissional

do dirigente Sindical. ou acidente do trabalho faz jus à Ajuda Alimentação por um prazo

de até 150 (cento e cinqüenta) dias, com efeito retroativo a partir de

PARÁGRAFO 2º - Fica facultado ao empregador substituir essa 1º de junho de 2013, e, aos afastados após essa data, a concessão

importância por "tickets" de refeição e/ou alimentação, nos termos tem início no 1º dia de afastamento do trabalho, também limitado ao

do PAT - Programa de Alimentação do Trabalhador, nos termos da prazo de 150 (cento e cinqüenta) dias.

Lei nº. 6.321/76, decretos regulamentadores e Portaria GM/MTb nº

1.156, de 17.09.93. - D.O.U. 20/09/93. PARÁGRAFO 4º - A verba acima referida será reajustada em

conformidade com a Lei em vigor ou legislação posterior que venha

PARÁGRAFO 3º - Os empregados que se utilizam de restaurantes a ser promulgada durante a vigência da presente Convenção.

das empresas ou por estas subsidiadas, desfrutando, assim, de

vantagens análogas ou superiores, não farão jus a indenização Depreende-se das cláusulas ora transcritas que o pagamento de

aludida, não podendo da mesma forma ser cobrado qualquer valor ambos os benefícios pode ser substituído por "tickets" de

do empregado. Durante o período de férias dos empregados que se alimentação, nos termos do PAT. Na hipótese, embora as

utilizam do restaurante da empresa, será concedido ticket, conforme Reclamadas tenham comprovado a adesão ao referido programa,

disposto no "caput" da presente cláusula. não restou demonstrado que o pagamento ocorria na forma da

norma coletiva aplicada à categoria.

PARÁGRAFO 4º - O empregado poderá optar, por escrito e com a

antecedência mínima de 30 (trinta) dias, por tíquete alimentação, Considerando o reconhecimento da condição de financiária da

sendo possível mudar a opção somente após o transcurso de 180 Autora, não se reputa razoável que fique alijada dos benefícios

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previstos nos instrumentos coletivos de sua categoria, devendo ser prevê a possibilidade do desconto referente à coparticipação do

autorizada apenas a dedução dos valores pagos a idêntico título. empregado no plano de assistência médica.

Assim, dá-se provimento para condenar as Reclamadas no Por fim, salientaram que a obreira optou expressamente por um

pagamento das verbas "Auxílio Refeição" e "Ajuda Alimentação", na plano de assistência médica diferenciada, o que possibilitaria o

forma das convenções coletivas da categoria dos financiários, desconto relativo à diferença.

autorizando-se a dedução das parcelas pagas a idêntico título.

O d. Juízo a quo julgou improcedente o pedido, valendo-se dos

seguintes fundamentos:

Quanto aos descontos relacionados à alimentação, estão dentro

dos regramentos legais previstos para o PAT.

A previsão da norma coletiva de não cobrança de qualquer valor

não alude à hipótese do programa, mas sim, às hipóteses de

fornecimento de alimentação pelas empresas ou subsidiadas, que

2.3.9. DEVOLUÇÃO DOS DESCONTOS INDEVIDOS concedem vantagens análogas ou superiores.

Quanto ao desconto de assistência médica, as normas coletivas

desautorizam o desconto somente na hipótese de plano padrão.

Com efeito, o reclamado fornecia a autora plano de saúde

diferenciado.

Rejeitam-se os reembolsos pretendidos

Na peça vestibular, a Reclamante relatou que foi admitida pela 1ª Em razões recursais, a Reclamante pugna pela reforma da

Reclamada (Dacasa Financeira S.A. - Sociedade de Crédito, sentença, ao argumento de que a adesão ao PAT não afasta o

Financiamento e Investimentos) em 18/03/2004, para exercer pagamento da verba pactuada, bem como de que a Reclamada não

inicialmente a função de "analista/Especialista de Crédito", tendo comprovou a suposta adesão ao plano diferenciado.

sido imotivadamente dispensada em 05/06/2018, quando percebia

remuneração de R$ 3.785,00(três mil, setecentos e oitenta e cinco Analisa-se.

reais).

Conforme exposto no tópico 2.2.1. deste voto, foi mantido o

Narrou que a CCT da categoria determina que os pagamentos do entendimento da Origem no sentido de reconhecer a condição de

"auxílio refeição", "ajuda alimentação" e "assistência médica" sejam financiária da reclamante, não havendo falar em enquadramento em

efetuados sem o respectivo desconto. categoria diferenciada, porquanto as atividades por ela realizadas

possuíam ligação direta à atividade fim da financeira.

Relatou, contudo, que tais valores foram descontados

indevidamente, pelo que requereu a devolução de tais parcelas. Assim, devem ser aplicadas à Autora as normas coletivas própria da

categoria dos trabalhadores em instituições financeiras.

Em contestação conjunta, as Rés asseveraram, em relação ao

benefício alimentar, que, diante de sua filiação ao PAT, o desconto No tocante ao pagamento de benefícios a título de alimentação, a

é permitido, desde que limitado a 20% (vinte por cento) do custo da CCT dos financiários (item 4.4) veda a realização de descontos no

refeição. salário dos empregados, de forma que a Reclamante faz jus à

devolução dos valores descontados.

Argumentaram, ainda, que a norma coletiva aplicável à Autora

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No que se refere à assistência médica, a CCT da categoria dos

financiários estabelece no parágrafo único da cláusula 4.6.2, que o Em razões recursais, a Reclamante pugna pela exclusão da multa

plano médico hospitalar seria fornecido pelo empregador, sem em questão, alegando que todos os adiamentos foram devidamente

nenhum custo, devendo, contudo, o empregado arcar com a justificados documentalmente.

diferença se optar por plano de qualidade superior.

Sucessivamente, requer seja a multa reduzida ao percentual

Porquanto não há qualquer comprovação nos autos de que o plano mínimo de 1%, bem como seja declarada a condição suspensiva de

fornecido era superior ao previsto nos instrumentos coletivos, é sua exigibilidade, face ao deferimento da justiça gratuita.

devido o reembolso dos valores descontados a este título.

Analisa-se.

Assim, dá-se provimento para condenar as Reclamadas no

reembolso dos valores indevidamente descontados a título de Acerca da litigância de má-fé, já se entendia que as suas hipóteses

auxílio-alimentação e assistência médica. deviam restar indiscutivelmente evidenciadas, para haver

condenação da parte no pagamento da multa ou de indenização por

dano processual.

Antes prevista apenas no CPC, especificamente no artigo 80 que

era aplicado subsidiariamente ao processo do trabalho, agora conta

com previsão expressa na CLT, artigo 793-A e seguintes,

introduzido pela Lei 13.467/2017 (reforma trabalhista).

In casu, na audiência realizada em 20/08/2018, a Origem

2.3.10. LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ determinou a realização de perícia técnica para verificação da

alegada incapacidade laborativa da Autora por ocasião da rescisão

contratual.

Entretanto, designada a perícia, a Reclamante postulou reiterados

adiamentos, sob o fundamento de que seu marido sofreu acidente

em viagem fora do país, lesionando seriamente a perna esquerda,

sem a possibilidade de embarcar em voo internacional, de forma

que ela, como única acompanhante, tampouco poderia retornar ao

O magistrado de primeiro grau, na r. sentença, condenou a Brasil.

Reclamante a pagar ao Reclamada multa de 5% sobre o valor da

causa (R$ 285.208,31), no importe de R$ 14.260,42, nos seguintes Ocorre que, embora a Autora tenha demonstrado, por meio de

termos: declarações do Hospital, que seu esposo de fato sofreu acidente no

dia 04/11/2018, não há comprovação de que ele estava

Como já devidamente delineado em audiência, a reclamante não impossibilitado de realizar viagem internacional, devendo

agiu corretamente perante o juízo, promovendo atos judiciais e permanecer em Portugal.

adiamentos baseados em inverdades.

Além disso, conforme requerimento de novo adiamento ao Id.

Assim, agiu de modo temerário, gerando evidentes transtornos ao 1084ede, o emailenviado pelo marido da Autora ao escritório de

processo, terceiros e aos réus. advocatícia aponta justificativa diversa para o pedido, dessa vez

uma suposta crise da doença da trabalhadora, cuja única prova nos

Por isso, com fulcro no art. 793-C da CLT, condeno a reclamante a autos é uma "declaração de presença" em Hospital,

pagar ao reclamado e multa de 5% sobre o valor da causa, desacompanhada de qualquer laudo médico.

calculada no importe de R$ 14.260,42.

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Não obstante, embora a Reclamante, de fato, não tenha justificado

corretamente os reiterados pedidos de adiamento, não se verifica, Diante da procedência parcial dos pedidos da autora, condena-se

de forma indiscutível, que a obreira tenha mentido ou agido esta a pagar honorários de sucumbência ao advogado dos

dolosamente para adiar a realização da perícia. reclamados, nos mesmos percentuais concedidos acima, calculados

sobre a parte improcedente da reclamação (R$ 215.332,00),

Assim, considerando que este Relator perfilha o entendimento de consoante par. 3º do mesmo artigo, ora totalizados em R$

que só há litigância de má-fé quando patentemente evidenciadas as 25.839,84.

hipóteses legais, porquanto se presume que os litigantes estejam

sempre de boa-fé, deve ser reformada a r. sentença para excluir a Tais honorários poderão ser pagos com o crédito que possui a

multa por litigância de má-fé no valor de R$ 14.260,42. autora, cuja importância, assim que obtida em execução, ficará

retida à disposição do patrono da reclamada.

Dá-se provimento para excluir a condenação da Autora em multa

por litigância de má-fé. Irresignada, em suas razões recursais, a Reclamante requer,

preliminarmente, seja declarada a inconstitucionalidade do art. 791-

A, §4º com a consequente exclusão da condenação da verba

honorária. Em caso de manutenção da sucumbência, postula seja

declarada a isenção do pagamento ou a suspensão de sua

exigibilidade, ante o benefício da justiça gratuita.

Ao final, requer seja reduzida a condenação ao valor mínimo legal

de 5%.

2.3.11. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS DE SUCUMBÊNCIA Esta 1ª Turma, na sessão ordinária realizada no dia 29/10/2019,

resolveu, por unanimidade, suspender o julgamento do presente

processo em virtude do Incidente de Inconstitucionalidade do §4º do

art. 791-A, da CLT, suscitado no processo 0000398-

09.2018.5.17.0101, que deverá ser julgado pelo Tribunal Pleno.

Na sessão ordinária realizada no dia 23/10/2019, o Pleno deste

Regional julgou o Incidente de Arguição de Inconstitucionalidade nº

0000453-35.2019.5.17.0000, declarando a inconstitucionalidade

A Origem, na r. sentença, julgou parcialmente procedentes os parcial do §4º, do art. 791-A, da CLT.

pedidos formulados na inicial e condenou as partes no pagamento

de honorários advocatícios recíprocos no percentual de 12%, nos Assim, considerando o julgamento da matéria pelo Pleno deste

seguintes termos: Tribunal, os autos retornaram à 1ª Turma para prosseguimento do

julgamento dos recursos ordinários interpostos pela Reclamante e

Estando a autora desempregada, concedem-se a ela os benefícios pelas Reclamadas.

da justiça gratuita.

Analisa-se.

Nos termos do art. 791-A da CLT, introduzido pela Lei 13.467/2017

(reforma trabalhista), concede-se ao advogado autoral honorários Na Justiça do Trabalho, prevalecia o entendimento consubstanciado

advocatícios. nas Súmulas n.º 219 e 329 do E. TST segundo o qual, em se

tratando de conflito decorrente da relação de emprego, os

Considerando os critérios estabelecidos pelo inciso I do par. 2º do honorários advocatícios eram devidos apenas quando preenchidos

referido artigo, fixo tais honorários no percentual de 12% sobre o os requisitos contidos no art. 14 da Lei n. 5.584/1970.

valor da condenação.

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Com o advento da Lei 13.467, de 13 de julho de 2017, contudo, foi de sucumbência recíproca, vedada a compensação entre os

acrescentado à CLT o art. 791-A, que autorizou a condenação na honorários.

verba honorária em razão da mera sucumbência.

[...]

Além disso, o novel dispositivo previu o pagamento de honorários

de sucumbência recíproca, de forma que, vencido o Reclamante, Assim, considerando que a Autora restou totalmente sucumbente

ainda que relativamente a um único pedido, também deverá ele em alguns pedidos, mantém-se a condenação ao pagamento de

responder pela verba honorária da parte contrária. honorários advocatícios de sucumbência.

Em que pese a intensa celeuma jurídica que se instaurou acerca da Relativamente ao valor dos honorários, devem ser levados em

aplicabilidade do novo regramento, este Relator adotou o conta os parâmetros estabelecidos no art. 791-A, §2º, quais sejam:

entendimento de que os dispositivos da Reforma Trabalhista que

versam sobre honorários advocatícios apenas incidem nas § 2o Ao fixar os honorários, o juízo observará:

demandas ajuizadas após a vigência da Lei 13.467/17, que ocorreu

em 11/11/2017. I - o grau de zelo do profissional;

O C. TST posicionou-se no mesmo sentido na recém editada II - o lugar de prestação do serviço;

Instrução Normativa n. 41, que, em seu art. 6º assim dispõe:

III - a natureza e a importância da causa;

Art. 6º Na Justiça do Trabalho, a condenação em honorários

advocatícios sucumbenciais, prevista no art. 791-A, e parágrafos, da IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o

CLT, será aplicável apenas às ações propostas após 11 de seu serviço.

novembro de 2017 (Lei nº 13.467/2017). Nas ações propostas

anteriormente, subsistem as diretrizes do art. 14 da Lei 5.584/1970 Com alicerce nos critérios supratanscritos, e levando-se em

e das Súmulas nº 219 e 329 do TST. consideração o equilíbrio econômico entre as partes, entende-se

razoável e proporcional reduzir os honorários devidos pela

A presente demanda foi ajuizada em 27/04/2018, logo, sob a égide Reclamante para o percentual de 5% dos pedidos julgados

da Reforma Trabalhista. improcedentes.

Destarte, são devidos, na espécie, os honorários advocatícios Por outro lado, a Origem deferiu à obreira o benefício da justiça

recíprocos, nos termos da nova legislação, in verbis: gratuita, e, nesse caso, pela redação do novel § 4º do art. 791-B, as

obrigações decorrentes da sucumbência ficariam sob condição

Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão suspensiva ou seus valores seriam compensadas com eventuais

devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% créditos obtidos em juízo:

(cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o

valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico § 4° Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha

obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de

da causa. suportar a despesa, as obrigações decorrentes de sua sucumbência

ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente

§ 1o Os honorários são devidos também nas ações contra a poderão ser executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito

Fazenda Pública e nas ações em que a parte estiver assistida ou em julgado da decisão que as certificou, o credor demonstrar que

substituída pelo sindicato de sua categoria. deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que

justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse

[...] prazo, tais obrigações do beneficiário.

§ 3o Na hipótese de procedência parcial, o juízo arbitrará honorários Ocorre que o Pleno deste Regional, em recente decisão prolatada

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nos autos da Arguição de Inconstitucionalidade nº 0000453- condição suspensiva de exigibilidade e somente poderá ser

35.2019.5.17.0000, declarou a inconstitucionalidade parcial do §4º, executada se, nos 2 (dois) anos subsequentes ao trânsito em

do art. 791-A, da CLT, conforme se depreende da ementa ora julgado da decisão que a certificou, o credor demonstrar que deixou

transcrita: de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a

concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tal

"ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. HONORÁRIOS obrigação do beneficiário.

ADVOCATÍCIOS. ARTIGO 791-A, § 4º, DA CLT. Declara-se a

inconstitucionalidade parcial do § 4º, do artigo 791-A, da CLT Diante do exposto, dá-se parcial provimento para reduzir os

somente quanto ao trecho: "desde que não tenha obtido em juízo, honorários devidos pela Reclamante para o percentual de 5% dos

ainda que outro processo, créditos capazes de suportar a despesa", pedidos julgados improcedentes, bem como para determinar que a

no sentido de que não se possa atingir os créditos deferidos ao verba honorária devida deva ficar sob condição suspensiva de

beneficiário da justiça gratuita, ainda que em outro processo, mas exigibilidade e somente poderá ser executada se, nos 2 (dois) anos

tão somente que a verba honorária fique sob condição suspensiva subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que a certificou, o

de exigibilidade, podendo ser executada, se nos 2 (anos) credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência

subseqüentes ao trânsito em julgado da decisão que a certificou, o de recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-

credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência se, passado esse prazo, tal obrigação do beneficiário.

de recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-

se, passado esse prazo, tal obrigação do beneficiário".

Com efeito, não se pode olvidar que o crédito trabalhista tem

natureza alimentar e o trabalhador, ao despender sua força de

trabalho em proveito do empregador, não busca senão o seu

próprio sustento e da sua família. Dessa forma, não é compatível

com os direitos constitucionalmente tutelados a compensação das

obrigações decorrentes da sucumbência com os créditos do

trabalhador em estado de miserabilidade econômica. 2.3.12. ÍNDICE DE ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. IPCA-E

Nesse mesmo sentido é o Enunciado n.o 3, da Comissão 7,

aprovado na 2ª Jornada de Direito Material e Processual do

Trabalho, realizada pela ANAMATRA (Associação Nacional dos

Magistrados da Justiça do Trabalho), entre 9 e 10 de outubro de

2017, in verbis:

HONORÁRIOS E ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA

Relativamente à correção monetária, o D. Juízo a quoassim

É inconstitucional a previsão de utilização dos créditos trabalhistas estabeleceu:

reconhecidos em juízo para o pagamento de despesas do

beneficiário da justiça gratuita com honorários advocatícios ou Para a correção dos valores apurados devem-se respeitar os

periais (artigos 791-A, §4º, e 790-B, §4º, da CLT, com a redação índices adotados pelo TST, bem como a época própria de

dada pela Lei nº 13.467/2017), por ferir os direitos fundamentais à exigibilidade das parcelas, qual seja, o mês subsequente ao

assistência judiciária gratuita e integral, prestada pelo Estado, e à trabalhado (Súmula 381 do C. TST), uma vez que a pretensão

proteção do salário (artigos 5º. LXXIV, e 7º, X, da Constituição surge exatamente no primeiro dia do mês seguinte ao trabalhado.

Federal).

Em razões recursais, a Reclamante pugna pela aplicação do IPCA-

Portanto, nos termos da decisão proferida pelo Pleno deste e como índice de correção monetária.

Regional, a verba honorária devida pela Autora deverá ficar sob

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Analisa-se.

ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DO §7º DO ARTIGO

De início, frisa-se que, embora a Lei n. 13.467/2017 tenha inserido o 879 DA CLT. APLICAÇÃO DA TAXA REFERENCIAL (TR) COMO

§ 7º ao art. 879 da CLT, segundo o qual a atualização dos créditos FATOR DE ATUALIZAÇÃO DOS CRÉDITOS TRABALHISTAS

decorrentes de condenação judicial será feita pela TR, referido DECORRENTES DE CONDENAÇÃO JUDICIAL. No julgamento

preceito faz remissão expressa à Lei n. 8.177/1991. Vejamos: ArgInc - 479-60.2011.5.04.0231, o Tribunal Superior do Trabalho,

acompanhando o entendimento do c. Supremo Tribunal Federal no

A atualização dos créditos decorrentes de condenação judicial será julgamento da ADI nº. 4357 e do RE 870.947/SE, declarou

feita pela Taxa Referencial (TR), divulgada pelo Banco Central do inconstitucional a atualização dos valores pela Taxa Referencial

Brasil, conforme a Lei no 8.177, de 1o de março de 1991. (sem (TR), índice previsto no artigo 39 da Lei 8.177/1991. Por se tratar de

grifos no original) mera renovação do texto do artigo 39 da Lei nº. 8.177/1991 - cuja

inconstitucionalidade fora declarada não sob o aspecto formal, mas

Desse modo, percebe-se que a força normativa do § 7º do art. 879 sob a ótica material, impõe-se que o §7º do artigo 897 da CLT,

da CLT está subordinada à eficácia do art. 39 da Lei n. 8.177/1991, trazido pela Lei nº. 13.467/17, seja expungido do ordenamento

por expressa disposição legal. jurídico, não se coadunando materialmente com o texto da

Constituição da República, a qual assegura o direito fundamental de

Inclusive, nesse sentido, é o entendimento da 8ª Turma do TST: propriedade e a plena efetividade das decisões judiciais.

AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. Logo, a discussão acerca da aplicação da TR ou do IPCA-E como

EXECUÇÃO. CORREÇÃO MONETÁRIA DOS CRÉDITOS índice de atualização dos créditos judiciais trabalhistas continua

TRABALHISTAS. ÍNDICE APLICÁVEL.Consoante entendimento girando em torno da constitucionalidade do art. 39 da Lei n.

adotado pela 8ª Turma, com base na decisão do Tribunal Pleno 8.177/1991 e seus desdobramentos junto ao STF e ao TST.

desta Corte Superior (TST-ArgInc - 479-60.2011.5.04.0231 e ED-

ArgInc - 479-60.2011.5.04.0231), na correção dos créditos Pois bem. Esclarecidas as razões da inaplicabilidade do § 7º do art.

trabalhistas, aplica-se a TR até 24/3/2015 e o IPCA a partir de 879 da CLT, passa-se à análise dos desdobramentos jurídicos do

25/3/2015. Esta Turma considera, ainda, entendimento a que me art. 39 da Lei n. 8.177/1991.

submeto por disciplina judiciária, que o art. 879, § 7º, da CLT perdeu

a sua eficácia normativa, em face da declaração de No julgamento conjunto das ADI´s 4357, 4372, 4400 e 4425 o

inconstitucionalidade parcial do art. 39 da Lei nº 8.177/91, na Supremo Tribunal Federal declarou que o regime de compensação

medida em que o dispositivo da legislação esparsa conferia de precatórios introduzido pela Emenda Constitucional 62/2009 é

conteúdo à norma da CLT, tendo em vista a adoção de fórmula inconstitucional.

remissiva pelo legislador. Agravo de instrumento conhecido e não

provido. (TST-AIRR-20869-47.2016.5.04.0014, 8ª Turma, Relatora: Em seguida, o Excelso Tribunal modulou os efeitos da decisão da

Ministra Dora Maria da Costa, Data da Publicação: 29/03/2019) - ADI 4357 conforme transcrição parcial a seguir:

sem grifos no original

Concluindo o julgamento, o Tribunal, por maioria e nos termos do

Com efeito, simplesmente, referido dispositivo é inaplicável em voto, ora reajustado, do Ministro Luiz Fux (Relator), resolveu a

razão do esvaziamento da sua força normativa, decorrente de questão de ordem nos seguintes termos: 1) - modular os efeitos

expressa disposição legal, uma vez que está subordinado à eficácia para que se dê sobrevida ao regime especial de pagamento de

do art. 39 da Lei n. 8.177/1991. precatórios, instituído pela Emenda Constitucional nº 62/2009, por 5

(cinco) exercícios financeiros a contar de primeiro de janeiro de

Ademais, importante ressaltar que, no dia 10/10/2019, o Pleno 2016; 2) - conferir eficácia prospectiva à declaração de

deste Regional declarou a inconstitucionalidade do referido inconstitucionalidade dos seguintes aspectos da ação direta de

dispositivo (§7º do art. 879 da CLT), nos autos do Processo n. inconstitucionalidade, fixando como marco inicial a data de

0000552-39.2018.5.17.0000, de arguição de inconstitucionalidade. conclusão do julgamento da presente questão de ordem

Vejamos: (25.03.2015) e mantendo-se válidos os precatórios expedidos ou

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pagos até esta data, a saber: 2.1.) fica mantida a aplicação do Precedentes Normativos para emissão de parecer acerca da

índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança Orientação Jurisprudencial nº 300 da SbDI-1. Ressalvaram o

(TR), nos termos da Emenda Constitucional nº 62/2009, até entendimento os Exmos. Ministros Guilherme Augusto Caputo

25.03.2015, data após a qual (i) os créditos em precatórios deverão Bastos, Alexandre de Souza Agra Belmonte e Maria Helena

ser corrigidos pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial Mallmann. (PROCESSO Nº TST-ArgInc-479-60.2011.5.04.0231).

(IPCA-E) e (ii) os precatórios tributários deverão observar os

mesmos critérios pelos quais a Fazenda Pública corrige seus Todavia, em 14/10/2015, o Ministro Dias Toffoli, nos autos da

créditos tributários; e 2.2.) ficam resguardados os precatórios Reclamação 22012, ajuizada pela Federação Nacional dos Bancos

expedidos, no âmbito da administração pública federal, com base (Fenaban), proferiu decisão liminar suspendendo os efeitos da

nos arts. 27 das Leis nº 12.919/13 e Lei nº 13.080/15, que fixam o decisão proferida pelo TST, que havia afastado o uso da TRD e

IPCA-E como índice de correção monetária. determinado a adoção do índice IPCA-E por meio da "tabela única",

entendendo que a decisão do TST extrapolou o entendimento fixado

Poucos meses depois, em virtude da decisão do STF, o TST pelo STF no julgamento das ADI's 4357 e 4425.

acolheu incidente de inconstitucionalidade suscitado por sua 7ª

Turma e definiu o Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial Frise-se que, após a liminar conferida pelo STF, o próprio TST

(IPCA-E) como fator de atualização a ser utilizado na tabela de retomou o entendimento no sentido de fixar a TRD como índice de

atualização monetária na Justiça do Trabalho, senão vejamos: atualização dos créditos trabalhistas, e, no âmbito deste Regional, o

Pleno, em sessão de 17/08/2016, no julgamento do Agravo

ACORDAM os Ministros do Tribunal Superior do Trabalho, em sua Regimental dos autos nº 0250200-06.1992.5.17.0003, manifestou-

composição plenária, I) por unanimidade: a) acolher o incidente de se nos seguintes termos: "até o julgamento da Reclamação nº

inconstitucionalidade suscitado pela eg. 7ª Turma e, em 22.012/RS, prevalece a Taxa Referencial Diária - TRD como índice

consequência, declarar a inconstitucionalidade por arrastamento da de correção monetária dos débitos trabalhistas, conforme o art. 39

expressão "equivalentes à TRD", contida no caput do artigo 39 da da Lei 8.177/1991, em face do entendimento adotado pelo Supremo

Lei n° 8.177/91; b) adotar a técnica de interpretação conforme a Tribunal Federal na liminar proferida na referida Reclamação".

Constituição para o texto remanescente do dispositivo impugnado, a

preservar o direito à atualização monetária dos créditos trabalhistas; Ocorre que em 05/12/2017 a Segunda Turma do STF julgou, em

c) definir a variação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo análise meritória, improcedente a Reclamação (RCL) 22012,

Especial (IPCA-E) como fator de atualização a ser utilizado na ajuizada pela Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) contra a

tabela de atualização monetária dos débitos trabalhistas na Justiça decisão do TST que havia determinado a adoção IPCA-E no lugar

do Trabalho; II) por maioria, atribuir efeitos modulatórios à decisão, da TRD para a atualização de débitos trabalhistas, prevalecendo o

que deverão prevalecer a partir de 30 de junho de 2009, observada, entendimento de que tal posicionamento não configura desrespeito

porém, a preservação das situações jurídicas consolidadas ao julgamento das Ações Diretas de Inconstitucionalidade 4357 e

resultantes dos pagamentos efetuados nos processos judiciais, em 4425, que analisaram a emenda constitucional sobre precatórios.

andamento ou extintos, em virtude dos quais foi adimplida e extinta

a obrigação, ainda que parcialmente, sobretudo em decorrência da A decisão de improcedência da Reclamação 22012 foi publicada no

proteção ao ato jurídico perfeito (artigos 5º, XXXVI, da Constituição DJE nº 288, divulgado em 13/12/2017, data em que foi também

e 6º da Lei de Introdução ao Direito Brasileiro - LIDB), vencida a julgado, pela 5ª Turma do C. TST, o AIRR 25823-

Excelentíssima Senhora Ministra Dora Maria da Costa, que aplicava 78.2015.5.24.0091, encampando o atual posicionamento do Excelso

a modulação dos efeitos da decisão a contar de 26 de março de Tribunal.

2015; III) por unanimidade, determinar: a) o retorno dos autos à 7ª

Turma desta Corte para prosseguir no julgamento do recurso de Com efeito, a aplicação da TR já não se mostrava suficiente para

revista, observado o quanto ora decidido; b) a expedição de ofício recompor a real perda do poder aquisitivo de nossa moeda, de

ao Exmo. Ministro Presidente do Conselho Superior da Justiça do forma que a correção dos débitos trabalhistas levando-se em conta

Trabalho a fim de que determine a retificação da tabela de tal parâmetro causava prejuízos aos trabalhadores.

atualização monetária da Justiça do Trabalho (tabela única); c) o

encaminhamento do acórdão à Comissão de Jurisprudência e de Como bem destacou o Min. Douglas Alencar Rodrigues, em trecho

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do julgamento do supracitado AIRR, "impõe-se a adoção do IPCA-E

para a atualização dos créditos trabalhistas, não apenas sob a Quanto ao mencionado Ofício, adota-se o entendimento da Exma.

perspectiva da efetiva recomposição do patrimônio dos credores Desembargadora Daniele Corrêa Santa Catarina, em Acórdão

trabalhistas, mas como medida de estímulo efetivo ao cumprimento proferido nos autos do processo nº 0124000-62.2008.5.17.0012,

dos direitos sociais por parte de devedores recalcitrantes, que se julgado pela 3ª Turma deste Regional na sessão do dia 09/07/2018,

valem da Justiça do Trabalho, lamentavelmente, para postergar in verbis:

indefinidamente suas obrigações".

Data máxima vênia o entendimento explicitado no referido ofício,

Ante o exposto, este Relator, na linha das recentes decisões do tenho que, com o julgamento do mérito da Reclamação

Excelso STF e do Colendo TST, modificou o seu posicionamento, Constitucional 22.012 pela c. 2ª Turma do STF, a liminar prolatada

passando a entender pela aplicabilidade, na atualização monetária pelo Excelentíssimo Ministro Relator Dias Tofolli, no sentido de

dos débitos trabalhistas, do Índice de Preços ao Consumidor Amplo suspender a decisão prolatada nos autos da ArgInc - 479-

Especial (IPCA-E). 60.2011.5.04.0231, perdeu o seu efeito, razão pela qual, ainda que

esteja pendente de julgamento embargos de declaração (visto que

Assinale-se que o Tribunal Pleno do TST, em sessão de 20 de já foi negado provimento em 14.6.2018 pelo Plenário Virtual da

março de 2017, apreciando os embargos de declaração opostos em Corte, a agravo regimental interposto), deve prevalecer o decidido

face do acórdão proferido na ArgInc - 479-60.2011.5.04.0231, na mencionada Arguição de Inconstitucionalidade.

decidiu pela modulação da decisão original, atribuindo efeito

modificativo ao julgado, para determinar que a aplicação do IPCA-E, Cabe assinalar que o Pleno do TRT da 17ª Região, na sessão de

como índice de correção dos débitos trabalhistas, produza efeito julgamento do dia 11/07/2018, ao examinar o agravo regimental

somente a partir de 25 de março de 2015, data coincidente com interposto no processo n. 0157600-06.1991.5.17.0001, por maioria,

aquela adotada pelo STF no acórdão prolatado na ADI 4.357: adotou o entendimento de que o Ofício Circular CSJT.GP.SG nº

15/2018 deveria ser observado como uma recomendação e que

[...] acolher parcialmente os embargos de declaração opostos pelo deveria ser aplicado o IPCA-E a partir de março de 2015.

Município de Gravataí e pelo SINDIENERGIA para, dando efeito

modificativo ao julgado, aplicar a modulação dos efeitos da decisão Por fim, vale ressaltar que embora o STF, em decisão do dia

a contar de 25/03/15, que coincide com a data que o Supremo 03/10/2019, no julgamento dos Embargos de Declaração no

Tribunal Federal reconheceu na decisão proferida na Ação Recurso Extraordinário n. 870.947, tenha decidido que também é

Declaratória de Inconstitucionalidade nº 4.357. [...] III) por aplicável o IPCA-E quanto ao período de 2009 a 2015, referida

unanimidade, em cumprimento à decisão liminar proferida pelo decisão se restringe à Fazenda Pública, uma vez que seu objeto é a

Supremo Tribunal Federal, na Reclamação nº 22.012, excluir do atualização monetária dos precatórios. Logo, não se aplica a

acordão originário a determinação de reedição da Tabela Única de referida decisão ao presente caso, uma vez que o devedor é

cálculo de débitos trabalhistas, a fim de que fosse adotado o índice particular, ou seja, in casu, não há falar no regime especial

questionado (IPCA-E) estabelecido pelo art. 100 da CF..

Dessa forma, considerando as decisões proferidas tanto pelo STF Portanto, considerando as decisões proferidas tanto pelo STF como

como também pelo C. TST, este Relator entende que os débitos também pelo TST, os débitos trabalhistas em geral devem ser

trabalhistas em geral devem ser atualizados pela TR até 24/03/2015 atualizados pela TR/FACDT até 24/03/2015 e pelo IPCA-E a partir

e pelo IPCA-E a partir de 25/03/2015. de 25/03/2015, para que seja resguardada a segurança jurídica.

Cumpre salientar o teor do Ofício Circular CSJT.GP.SG nº 15/2018, Ante todo o exposto, dá-se parcial provimento para determinar que

expedido em 11/06/2018, que determina a suspensão da aplicação os débitos trabalhistas devam ser atualizados pela TR até

do IPCA-E até o trânsito em julgado da decisão da Reclamação 24/03/2015 e pelo IPCA-E a partir de 25/03/2015.

Constitucional nº 22.012 ajuizada pela Federação Nacional dos

Bancos em face da decisão do TST na Reclamação Trabalhista nº

0000479-60.2011.5.04.0231.

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devolução do valor adiantado pelas Reclamadas a título de

honorários periciais; e dar parcial provimento ao apelo obreiro para

determinar a devolução do valor adiantado pela Reclamante a título

de honorários periciais; para afastar a limitação da condenação até

02/04/2017, autorizando-se a dedução dos valores pagos a idêntico

título, sob pena de enriquecimento ilícito; para condenar as

Reclamadas no pagamento das verbas "Auxílio Refeição" e "Ajuda

Alimentação", na forma das convenções coletivas da categoria dos

financiários, autorizando-se a dedução das parcelas pagas a

idêntico título; para condenar as Reclamadas no reembolso dos

valores indevidamente descontados a título de auxílio-alimentação e

3. ACÓRDÃO assistência médica; para excluir a condenação da Autora em multa

por litigância de má-fé; para reduzir os honorários devidos pela

Reclamante para o percentual de 5% dos pedidos julgados

improcedentes, bem como para determinar que a verba honorária

devida deva ficar sob condição suspensiva de exigibilidade e

somente poderá ser executada se, nos 2 (dois) anos subsequentes

ao trânsito em julgado da decisão que a certificou, o credor

demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de

recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se,

passado esse prazo, tal obrigação do beneficiário; para determinar

que os débitos trabalhistas devam ser atualizados pela TR até

24/03/2015 e pelo IPCA-E a partir de 25/03/2015. Vencido, no

recurso da reclamada, no tocante ao enquadramento; no recurso do

reclamante, quanto à limitação da condenação; quanto ao auxílio

alimentação e no tocante à devolução dos descontos, o Exmo.

Desembargador Mário Ribeiro Cantarino Neto.

Custas, pelas Reclamadas, no importe de R$ 300,00 (trezentos

reais), calculadas sobre R$ 15.000,00 (quinze mil reais), valor para

Acordam os Magistrados da 1ª Turma do Tribunal Regional do o qual se majora a condenação.

Trabalho da 17ª Região, na Sessão Ordinária realizada no dia 03 de

dezembro de 2019, às 13 horas e 30 minutos, sob a Presidência do

Exmo. Desembargador Cláudio Armando Couce de Menezes, com

a participação do Exmo. Desembargador Mário Ribeiro Cantarino

Neto e do Exmo. Desembargador José Carlos Rizk, e presente o

Procurador Regional do Trabalho, Dr. Levi Scatolin; por

unanimidade, conhecer dos recursos ordinários interpostos pela

Reclamante e pelas Reclamadas; acolher a preliminar suscitada

pela Autora para, nos termos do acórdão proferido no bojo do

Incidente de Arguição de Inconstitucionalidade nº 0000453-

35.2019.5.17.0000, declarar a inconstitucionalidade parcial do §4º,

do art. 791-A, da CLT; em virtude da prejudicialidade das matérias,

inverter a ordem e apreciar em primeiro lugar o mérito do recurso

ordinário interposto pelas Reclamadas; e, no mérito, por maioria, DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK

dar parcial provimento ao apelo patronal para determinar a

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Relator

PROCESSO nº 0000356-66.2018.5.17.0001 (ROT)

RECORRENTES: ALESSANDRA VENTURIN AYRES; DACASA

FINANCEIRA S/A - SOCIEDADE DE CREDITO FINANCIAME;

DADALTO ADMINISTRACAO E PARTICIPACOES S/A; PROMOV

SISTEMA DE VENDAS E SERVICOS LTDA.

RECORRIDOS: ALESSANDRA VENTURIN AYRES; DACASA

FINANCEIRA S/A - SOCIEDADE DE CREDITO FINANCIAME;

DADALTO ADMINISTRACAO E PARTICIPACOES S/A; PROMOV

SISTEMA DE VENDAS E SERVICOS LTDA.

ORIGEM: 1ª VARA DO TRABALHO DE VITÓRIA

RELATOR: DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK


Acórdão
Processo Nº ROT-0000356-66.2018.5.17.0001
Relator JOSE CARLOS RIZK COMPETÊNCIA: 1ª TURMA
RECORRENTE ALESSANDRA VENTURIN AYRES
ADVOGADO RODRIGO JORGE DE BRITO
ANTUNES(OAB: 15628/ES)
RECORRIDO DACASA FINANCEIRA S/A -
SOCIEDADE DE CREDITO
FINANCIAME
ADVOGADO STEFANY VIGUINI FERREIRA(OAB:
25856/ES)
ADVOGADO FLAVIA QUINTEIRA MARTINS(OAB:
8973/ES)
RECORRIDO DADALTO ADMINISTRACAO E
PARTICIPACOES S/A
ADVOGADO STEFANY VIGUINI FERREIRA(OAB:
25856/ES)
ADVOGADO FLAVIA QUINTEIRA MARTINS(OAB:
8973/ES)
RECORRIDO PROMOV SISTEMA DE VENDAS E
SERVICOS LTDA
ADVOGADO STEFANY VIGUINI FERREIRA(OAB: EMENTA
25856/ES)
ADVOGADO FLAVIA QUINTEIRA MARTINS(OAB:
8973/ES)
TERCEIRO ROBERVANDERSON ALVES
INTERESSADO
TERCEIRO CINTIA MARIA COUTINHO
INTERESSADO

Intimado(s)/Citado(s):
- DACASA FINANCEIRA S/A - SOCIEDADE DE CREDITO
FINANCIAME

RECURSO ORDINÁRIO DAS RECLAMADAS.

ENQUADRAMENTO. FINANCIÁRIO. O enquadramento sindical


PODER JUDICIÁRIO
dos empregados é determinado pela atividade preponderante do
JUSTIÇA DO TRABALHO
empregador, nos termos do art. 511, §º2, da CLT. Portanto, em se

tratando de empregador que exerce atividade preponderante no

ramo das financeiras, integrando a categoria econômica das

empresas de crédito, financiamento e investimento, aplicam-se aos

seus empregados os instrumentos coletivos da categoria dos

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Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

financiários. declaração de inconstitucionalidade do art. 790-B, caput e §4º, bem

como do art. 791-A, §4º, ambos da CLT; no mérito, pugna pela

reforma da sentença no tocante à nulidade da dispensa, danos

morais, devolução dos honorários periciais, período delimitado,

RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMANTE. ÍNDICE DE horas extraordinárias, intervalo intrajornada, intervalo do art. 384 da

ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. IPCA-E. Considerando as decisões CLT, verbas alimentares, devolução dos descontos indevidos, multa

proferidas tanto pelo STF como também pelo C. TST, este Relator por litigância de má-fé; honorários advocatícios sucumbenciais e

entende que os débitos trabalhistas em geral devem ser atualizados aplicação do IPCA-E como índice de correção monetária.

pela TR até 24/03/2015 e pelo IPCA-E a partir de 25/03/2015.

Por sua vez, as Reclamadas, em suas razões de recurso, pleiteiam

a modificação do decisioquanto aos honorários periciais,

terceirização ilícita e benefícios da norma coletiva.

Comprovado recolhimento das custas processuais (Id. 60d373f),

bem como do depósito recursal (Id. edaa610).

Contrarrazões pelas Reclamadas ao Id. 84446fc.

Contrarrazões pelas Rés ao Id. 16cbf43.

1. RELATÓRIO Esta 1ª Turma, na sessão ordinária realizada no dia 29/10/2019,

resolveu, por unanimidade, suspender o julgamento do presente

processo em virtude do Incidente de Inconstitucionalidade do §4º do

art. 791-A, da CLT, suscitado no processo 0000398-

09.2018.5.17.0101, que deverá ser julgado pelo Tribunal Pleno.

Na sessão ordinária realizada no dia 23/10/2019, o Pleno deste

Regional julgou o Incidente de Arguição de Inconstitucionalidade nº

0000453-35.2019.5.17.0000, declarando a inconstitucionalidade

Trata-se de recursos ordinários interpostos pela Reclamante e pelas parcial do §4º, do art. 791-A, da CLT.

Reclamadas em face da r. sentença de Id. a51baff, complementada

pela decisão de embargos declaratórios de Id. 5fa562c, que Assim, considerando o julgamento da matéria pelo Pleno deste

declarou prescritas as pretensões originadas antes de 27/04/2013 e Tribunal, os autos retornaram à 1ª Turma para prosseguimento do

julgou parcialmente procedentes os pedidos formulados na inicial julgamento dos recursos ordinários interpostos pela Reclamante e

para reconhecer o vínculo direto com o 1ª Réu no período de pelas Reclamadas.

18/03/2004 a 05/06/2018 e o enquadramento da Autora como

financiária; condenar as Rés no pagamento dos benefícios É o relatório.

convencionais da categoria, diferenças salariais com base nos

índices de reajustes previstos nas normas coletivas, anuênios,

décima terceira cesta alimentação e PLR. Por fim, condenou a

Reclamante a pagar multa por litigância de má-fé de 5% sobre o

valor da causa, com fulcro no art. 793-C da CLT; deferiu à Autora os

benefícios da justiça gratuita e condenou as partes no pagamento

de honorários advocatícios recíprocos no percentual de 12%.

Em razões recursais, a Reclamante requer, preliminarmente, a

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2. FUNDAMENTAÇÃO

A Origem, na r. sentença, julgou parcialmente procedentes os

pedidos formulados na inicial e condenou as partes no pagamento

de honorários advocatícios recíprocos no percentual de 12%.

Em razões recursais, a Reclamante requer, preliminarmente, seja

declarada a inconstitucionalidade do art. 790-B, capute §4º, bem

como do art. 791-A, §4º, ambos da CLT.

Pois bem.

2.1. CONHECIMENTO De início, cumpre registrar que a Reclamante não tem interesse

quanto à declaração de inconstitucionalidade do art. 790-B, da CLT,

uma vez que não foi realizada perícia nos autos, inexistindo,

consequentemente, condenação em honorários periciais.

Verifica-se, assim, que o apelo Obreiro abarca apenas a discussão

acerca da inconstitucionalidade do art. art. 791-A, §4º, da CLT.

Esta 1ª Turma, na sessão ordinária realizada no dia 29/10/2019,

Conhece-se dos recursos ordinários interpostos pela Reclamante e resolveu, por unanimidade, suspender o julgamento do presente

pelas Reclamadas, porquanto preenchidos os pressupostos legais processo em virtude do Incidente de Inconstitucionalidade do §4º do

de admissibilidade. art. 791-A, da CLT, suscitado no processo 0000398-

09.2018.5.17.0101, que deverá ser julgado pelo Tribunal Pleno.

Registre-se que a presente ação foi ajuizada em 27/04/2018, após a

entrada em vigor da Lei 13.467/17 (Lei da Reforma Trabalhista) e Na sessão ordinária realizada no dia 23/10/2019, o Pleno deste

que a Origem declarou a prescrição das parcelas anteriores a Regional julgou o Incidente de Arguição de Inconstitucionalidade nº

27/04/2013, não havendo recurso quanto ao aspecto. 0000453-35.2019.5.17.0000, declarando a inconstitucionalidade

parcial do §4º, do art. 791-A, da CLT, conforme se depreende da

ementa ora transcrita:

"ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. HONORÁRIOS

ADVOCATÍCIOS. ARTIGO 791-A, § 4º, DA CLT. Declara-se a

inconstitucionalidade parcial do § 4º, do artigo 791-A, da CLT

somente quanto ao trecho: "desde que não tenha obtido em juízo,

ainda que outro processo, créditos capazes de suportar a despesa",

no sentido de que não se possa atingir os créditos deferidos ao

2.2. INCONSTITUCIONALIDADE DO ARTIGO 791-A, § 4º, DA beneficiário da justiça gratuita, ainda que em outro processo, mas

CLT tão somente que a verba honorária fique sob condição suspensiva

de exigibilidade, podendo ser executada, se nos 2 (anos)

subseqüentes ao trânsito em julgado da decisão que a certificou, o

credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência

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de recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo- RECLAMADAS

se, passado esse prazo, tal obrigação do beneficiário".

Assim, considerando o julgamento da matéria pelo Pleno deste

Tribunal, os autos retornaram à 1ª Turma para prosseguimento do

julgamento dos recursos ordinários interpostos pela Reclamante e

pelas Reclamadas.

Ante o exposto, nos termos do acórdão proferido no bojo do

Incidente de Arguição de Inconstitucionalidade nº 0000453-

35.2019.5.17.0000, declara-se a inconstitucionalidade parcial do

§4º, do art. 791-A, da CLT.

Em virtude da prejudicialidade das matérias, inverte-se a ordem e

aprecia-se em primeiro lugar o mérito do recurso ordinário

interposto pelas Reclamadas. 2.2.1. DEVOLUÇÃO DOS HONORÁRIOS PERICIAIS

ADIANTADOS. PERÍCIA NÃO REALIZADA.

Na audiência realizada em 20/08/2018, a Origem determinou a

realização de perícia técnica para verificação da alegada

incapacidade laborativa da Autora no momento da rescisão

contratual. Na ocasião, prontificou-se a Reclamante a realizar a

antecipação de honorários no importe de R$ 400,00.

Ante a recusa de 3 (três) peritos médicos nomeados, o d. Juízo a

quodesignou nova audiência, ocasião em que a Reclamada se

comprometeu a antecipar o valor de R$ 600,00, a titulo de

honorários periciais.

No entanto, em razão dos reiterados pedidos de adiamento da

perícia pela Autora, a Origem tornou prejudicada a realização da

prova técnica.

Em suas razões recursais, requerem as Reclamadas a devolução

dos valores de honorários periciais adiantados, sob pena de

enriquecimento ilícito.

Analisa-se.

2.2. MÉRITO DO RECURSO ORDINÁRIO INTERPOSTO PELAS

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O d. Juízo a quo determinou que, por ocasião da entrega do laudo, consequente aplicação da norma coletiva correspondente.

a Secretaria liberasse os honorários prévios em favor do perito.

Em contestação conjunta de ID. 2f8e1c4, as Reclamadas alegaram

Considerando que a perícia não foi realizada, diante da ausência da que a Reclamante, durante o período imprescrito, laborou em duas

Reclamante e reiterados pedidos de adiamento, deve ser autorizada situações distintas, inicialmente vinculada à Promov, exercendo

a devolução do valor à Reclamada, conforme requerido. atividade meio da tomadora e, posteriormente, a partir de

03/04/2017, à própria Dacasa, sendo então enquadrada como

Dá-se provimento para determinar a devolução do valor adiantado financiária.

pelas Reclamadas a título de honorários periciais.

Argumentaram que, do período imprescrito até 03/04/2017, a Autora

ocupava a função de coordenadora de crédito, atuando na gestão

de sua equipe de analistas, que, por sua vez, executavam o

processo de checagem do cadastro e das referências pessoais do

cliente via atendimento por contatos telefônicos e consulta a bancos

de dados externos.

Afirmaram que, por tal motivo, a Reclamante foi registrada pela

Promov, empresa prestadora de serviços, notoriamente pertencente

2.2.2. ENQUADRAMENTO SINDICAL. FINANCIÁRIOS. à categoria diferenciada representada pelo Sindicato dos

Trabalhadores em Telecomunicações - SINTTEL-ES.

A Origem, reconhecendo a fraude na contratação da Autora por

empresa terceirizada do mesmo grupo econômico, reconheceu o

vínculo direto com a 1ª Reclamada no período de 18/03/2004 a

05/06/2018 e o enquadramento da Reclamante como financiária,

nos termos da Súmula nº 33 deste Regional, com o consequente

deferimento dos benefícios da categoria.

Na inicial, a Reclamante relatou que foi admitida pela 1ª Reclamada

(Dacasa Financeira S.A. - Sociedade de Crédito, Financiamento e Irresignadas, recorrem as Reclamadas, alegando que o acordo

Investimentos) em 18/03/2004, para exercer inicialmente a função extrajudicial acostado aos autos não reconhece o enquadramento

de "analista/Especialista de Crédito", tendo sido imotivadamente da Reclamante como funcionária, mas apenas a quitação do objeto

dispensada em 05/06/2018, quando percebia remuneração de R$ da ação civil pública.

3.785,00(três mil, setecentos e oitenta e cinco reais).

Além disso, ressaltam que, mesmo que se considere contratação

Sustentou que, embora tenha prestado serviços exclusivos e direta pela 1ª Reclamada, a Autora não deveria ser enquadrada

ininterruptos à 1ª Ré durante todo o contrato de trabalho, teve sua como financiária, tendo em vista que estão presentes os requisitos

CTPS formalmente registrada pelas empresas do mesmo grupo da categoria profissional diferenciada dos telefônicos.

econômico da seguinte forma: de 18/03/2004 a 31/10/2008 pela 3ª

Ré (Promov Sistema de Vendas e Serviços Ltda.); de 01/11/2008 a Por fim, aduzem que não há qualquer ilicitude na terceirização

02/04/2017 pela 2ª Reclamada (Dadalto Administração e perpetrada por empresas do mesmo grupo econômico, inexistindo,

Participações Ltda.); de 03/04/2017 a 05/06/2018 pela 1ª portanto, impedimento legal ou jurisprudencial para que uma

Demandada. empresa preste serviços a outra.

Assim, sob o fundamento de que sempre prestou serviços em favor Analisa-se.

da 1ª Reclamada, que atua desempenhando atividades típicas de

Financeira, requereu seu enquadramento como "financiária", com a Inicialmente, cumpre salientar que o Supremo Tribunal Federal, no

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 736
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julgamento conjunto da ADPF 324 e RE 958252, por maioria, firmou Notório, portanto, que a Dacasa Financeira, empresa para a qual a

a tese de que é lícita a terceirização ou qualquer outra forma de Reclamante efetivamente prestava seus serviços, é

divisão do trabalho entre pessoas jurídicas distintas, estabelecimento pertencente ao ramo financeiro, tendo como

independentemente do objeto social das empresas envolvidas, não principal objetivo social a concessão de crédito para pessoas físicas

se configurando relação de emprego entre a contratante e o ou jurídicas, inclusive administrando seu próprio cartão de crédito, e

empregado da contratada e mantida a responsabilidade subsidiária cobrando juros nas transações efetuadas.

da empresa contratante.

Tendo em vista que restou demonstrado que a autora prestava

De igual forma, estabeleceu que essa diretriz não afeta serviços voltados unicamente à primeira reclamada - DACASA, são

automaticamente os processos e relação aos quais tenha havido as atividades desta que se apresentam como definitivas para o

coisa julgada. deslinde da causa, sendo, pois, patente a condição de financiária

pleiteada pela autora.

Porém, o comando supramencionado não afeta o presente

processo, uma vez que seu objeto não é sobre terceirização de mão Insta frisar, nesta oportunidade, que o E. TST consolidou seu

de obra, tampouco houve referência, na sentença objurgada, acerca entendimento, no verbete sumular n. 55, que "as empresas de

da aplicação da Súmula nº 331 do Tribunal Superior do Trabalho. crédito, financiamento ou investimento, também denominadas

financeiras, equiparam-se aos estabelecimentos bancários para

Explica-se. efeitos do art. 224 da CLT".

Conforme inteligência dos artigos 511 e 581, § 2º, da CLT, o Esclarece-se, por oportuno, que não deve lograr êxito a tese no

enquadramento sindical dos trabalhadores é ditado pela atividade sentido de que deve ser aplicada, in casu, as Súmulas n. 117 e 331,

preponderante da empresa para a qual o obreiro presta labor. inciso III do TST sob o argumento de que a Reclamante fazia parte

da categoria dos comerciários ou telefônicos, ou mesmo

No caso dos autos, a Reclamante foi inicialmente registrada pela 3ª terceirizada. Isso porque as atividades realizadas pela autora

Reclamada, no período entre 18/03/2004 a 31/10/2008, pela 2ª possuíam ligação direta à atividade fim da financeira, conforme se

Demanda, de 01/11/2008 a 02/04/2017 e finalmente pela 1ª Ré, de extrai da própria peça defensiva, in verbis:

03/04/2017 a 05/06/2018.

"No período imprescrito, a Reclamante ocupou a função de

Ocorre que, conforme admitido pelas próprias Rés em contestação COORDENADORA DE CRÉDITO, atuando na gestão de sua

conjunta, durante todos os pactos laborais, a Autora prestou equipe de analistas, que por sua vez executam o processo de

serviços em favor da 1ª Reclamada (Dacasa Financeira S.A. - checagem do cadastro e das referências pessoais do cliente, dentre

Sociedade de Crédito, Financiamento e Investimentos), empresa do eles clientes de lojistas diversos (tais como PALLADIUM,

mesmo grupo econômico das demais, cujo objeto social consiste ELETROCITY, DANÚBIO, ALVOMAC, BOROTO CALÇADOS,

"na prática de todas as operações permitidas nas disposições legais ITAPUÃ CALÇADOS, etc.), via atendimento por contatos telefônicos

regulamentares às entidades da espécie" (Id. 5ee15dd). e consulta a bancos de dados externos, informando acerca da

liberação do crédito pretendido dentro da alçada de aprovação

Aliás, como o próprio nome já indica, é de conhecimento notório que previamente definida, verificando a eventual restrição em órgãos de

a primeira reclamada - DACASA - funciona no mercado como uma proteção mediante a utilização dos sistemas disponíveis,

empresa prestadora de crédito e financiamento ao público. observando as regras de atendimento ao cliente preconizadas pela

Norma Regulamentadora 17 do Ministério do Trabalho e Emprego.

Para sustentar tal afirmação, verifica-se no sítio eletrônico da citada

empresa (http://www.dacasa.com.br Acesso em: 23/09/2019) que a Assim, a Reclamante era responsável por fazer o acompanhamento

mesma é especializada em empréstimo pessoal, empréstimo da qualidade de atendimento dos analistas, identificando formas de

consignado, crédito ao consumidor e ainda disponibiliza para seus garantir melhoras no trabalho executado pela sua equipe,

clientes um cartão de crédito com bandeira própria. planejando estratégias, definindo diretrizes do trabalho, aplicando

punições e conduzindo a observância das normas da empresa

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 737
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pelos colaboradores". relacionado com a intermediação de mão de obra por empresa

interposta, mas sim na fraude na formalização da mão de obra

Além disso, não há provas nos autos que confirmem uma prestação utilizada pelas empresas que formam o grupo econômico.

de serviços da obreira que seja desvinculada das atividades

financeiras, ainda que não seja ela a responsável por qualquer Aqui não se está a dizer que a autora faria jus aos efeitos da coisa

aprovação final de créditos. julgada formal da ação retromencionada. O que se demonstra é que

a dinâmica de absorção da mão de obra levada a efeito permanece.

Assim, tratando-se de empresa que exerce sua atividade

preponderante no ramo das financeiras (concessão de crédito para Se o grupo econômico pretende se utilizar de mão de obra dentre

pessoas físicas ou jurídicas, administração de cartão de crédito e as empresas do próprio grupo, somente pode fazê-lo sem

cobrança de juros nas transações efetuadas), a 1ª Reclamada desrespeitar os direitos da categoria profissional.

efetivamente integra a categoria econômica das empresas de

crédito, financiamento e investimento. Portanto, a Reclamante Não custa relembrar que são nulos de pleno direito os atos

integra a categoria profissional correlata (artigo 511, § 2º da CLT), praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a

qual seja a dos trabalhadores em instituições financeiras. aplicação dos preceitos Consolidados, bem como que a alteração

na estrutura jurídica da empresa não pode afetar os direitos

No aspecto, importante registrar que, embora a Autora não tenha adquiridos pelos seus empregados (artigos 9º e 10 da CLT).

comparecido à audiência em que deveria depor, os efeitos da

confissão aplicada não alteram a conclusão ora esposada, uma vez Nesse passo, a utilização da Promov com o efeito de registro de

que baseada na prova pré-constituída dos autos. empregados a fim de utilizá-los pela Dacasa Financeira significa

fraudar o enquadramento profissional de fato e, com isso, sonegar

Reconhecida a condição de financiária da autora, devem ser a ela os direitos previstos nas convenções coletivas dos financiários,

aplicadas as normas coletivas próprias da respectiva categoria, plenamente aplicáveis àqueles trabalhadores, gerando para o grupo

sendo devidos os benefícios convencionados. inequívoco enriquecimento sem causa e em detrimento dos

legítimos direitos da categoria.

Vale registrar, nesta oportunidade, que a questão em tela é objeto

de Ação Civil Pública, ajuizada pelo Ministério Público do Trabalho, Portanto, tem-se por consubstanciada fraude na formalização da

tombada sob o n. 0003200-32.2008.5.17.0003. mão de obra utilizada pelas empresas que formam o grupo

econômico, demonstrando a continuidade da prática antijurídica que

A sentença foi favorável ao Órgão Ministerial, no sentido de declarar se pretendeu obstar por meio da ação civil pública 0003200-

a ilegalidade da conduta da empresa Dacasa Financeira S.A. em 32.2008.5.17.0003.

efetivar a contratação de empregados por meio de outra empresa

do grupo econômico. Por todo exposto, tem-se que a Origem agiu com propriedade ao

reconhecer a condição de financiária da autora, pelo que a sentença

O referido decisumcondenou a empresa a proceder ao registro deve ser mantida e, por corolário lógico, a manutenção dos

competente de todos os trabalhadores que lhe prestam serviços e a benefícios contidos nos instrumentos coletivos dos financiários.

cumprir as normas previstas no artigo 224 da CLT, nos termos da

Súmula n. 55 do TST, com relação a todos os seus empregados. Nega-se provimento.

A empresa interpôs recurso ordinário, que restou desprovido. Após,

apresentou recurso de revista que teve seu seguimento denegado

por deserto, e interpôs agravo de instrumento, tendo o TST negado

provimento a esse recurso.

Portanto, repise-se, não se trata de mera terceirização, mas fraude

de registro de empregados. O debate nos presentes autos não está

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 738
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a consequente suspensão do seu contrato de trabalho.

2.3. MÉRITO DO RECURSO ORDINÁRIO INTERPOSTO PELA

RECLAMANTE Sob tais fundamentos, requereu "a nulidade do ato demissional nos

termos do art. 9° da CLT, por dispensa discriminatória de

trabalhadora doente e inapta, nos termos da Súmula n° 443 do TST,

declarando-se o direito à reintegração de emprego".

Em defesa conjunta, as Reclamadas aduziram que não restou

demonstrada a incapacidade da Reclamante para o trabalho no

momento da dispensa.

Alegaram, ainda, que não há qualquer comprovação de que a

doença portada pela Autora seja qualificada como grave e que

suscite estigma ou preconceito, requisitos cumulativos estipulados

pela Súmula nº 443 do TST.

A Origem, na r. sentença, julgou improcedente o pedido, adotando

2.3.1. NULIDADE DA DISPENSA. INAPTIDÃO NO MOMENTO DA osseguintes fundamentos:

RESCISÃO

A autora, sem justificativa comprovada, deu azo à não realização da

prova técnica determinada para verificação da sua incapacidade

laborativa por ocasião da rescisão.

Assim, não comprovada tal situação, rejeita-se o pleito de

reconhecimento de nulidade da dispensa e consequente

reintegração.

Na petição inicial, a Reclamante relatou que foi admitida pela 1ª Rejeita-se também, por consequência, ao pleito de indenização por

Reclamada (Dacasa Financeira S.A. - Sociedade de Crédito, danos morais.

Financiamento e Investimentos) em 18/03/2004, para exercer

inicialmente a função de "analista/Especialista de Crédito", tendo Em razões recursais, a Reclamante pugna pela reforma da

sido imotivadamente dispensada em 07/03/2018, quando percebia sentença, sob o fundamento de que, além das ausências às

remuneração de R$ 3.785,00(três mil, setecentos e oitenta e cinco perícias designadas terem sido devidamente justificadas, a causa

reais). do pedido já se encontrava sobejamente comprovada pelos

documentos médicos que instruem a exordial.

Afirmou que foi dispensada enquanto estava acometida por doença

grave, Neuromielite Óptica (Doença de Devic), CID G36.0, estando, Analisa-se.

portanto, inapta para o trabalho.

Compulsando os autos, verifica-se que o pedido Autoral de

Informou que referida enfermidade foi diagnosticada em 31/10/2015 reintegração ao emprego pode ser amparado em duas causas de

e que desde então está sob constante tratamento e observação pedir: nulidade da dispensa em razão da inaptidão física da

médica, conforme comprovam os documentos juntados com a Reclamante na época da rescisão do contrato de trabalho e

inicial. dispensa discriminatória.

Ressaltou que não poderia ter sido considerada apta no momento No que tange ao pedido de reintegração fundado na alegação de

da demissão, pelo que deveria ter sido encaminhada ao INSS com que a Reclamante estava inapta no momento da dispensa, este

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Relator mantém o entendimento de que, independentemente da

existência de nexo de causalidade entre a doença ou a lesão No aspecto, é importante frisar que ser portador de doença não

apresentada pelo obreiro com sua atividade profissional, em razão implica, necessariamente, estar inapto ao labor, tendo em vista que

da função social que a empresa possui, não é permitido ao nem toda doença é incapacitante.

empregador dispensar o empregado que esteja inapto ao trabalho.

Assim, embora a Reclamante de fato tenha sido diagnosticada,

Desse modo, faz-se necessário analisar se a Reclamante, na data desde 2015, com possível Neuromielite Óptica (NMO), os

da dispensa, estava apta para trabalhar, ou se foi acometida por elementos constantes dos autos não logram comprovar que no

alguma doença antes ou após a rescisão do contrato de emprego. momento da dispensa a obreira encontrava-se inapta ao labor.

Na audiência realizada em 20/08/2018, a Origem determinou a Com a inicial, a Autora juntou apenas receituários, exames e alguns

realização de perícia técnica para verificação da alegada laudos médicos indicando a enfermidade que a acometeu,

incapacidade laborativa da Autora por ocasião da rescisão inexistindo qualquer documento que demonstre que, no dia

contratual. 07/03/2018, data da comunicação da dispensa, a obreira estivesse

inapta.

Entretanto, designada a perícia, a Reclamante postulou reiterados

adiamentos, sob o fundamento de que seu marido sofreu acidente Ressalte-se que tampouco consta dos autos atestado médico

em viagem fora do país, lesionando seriamente a perna esquerda, declarando a necessidade de afastamento da obreira nos dias que

sem a possibilidade de embarcar em voo internacional, de forma antecederam a dispensa. Apenas em 23/08/2018, ou seja, 15 dias

que ela, como única acompanhante, tampouco poderia retornar ao depois da dispensa, como alegado pela própria Reclamante e

Brasil. comprovado pelo documento de Id. cb49858 houve novo surto da

doença.

Ocorre que, embora a Autora tenha demonstrado, por meio de

declarações do Hospital, que seu esposo de fato sofreu acidente no Por tudo isso, inafastável a conclusão de que a Obreira não logrou

dia 04/11/2018, não há comprovação de que ele estava êxito em comprovar qualquer inaptidão no momento da dispensa,

impossibilitado de realizar viagem internacional, devendo não merecendo acolhida seu pedido de reintegração, com base

permanecer em Portugal. nessa causa de pedir.

Além disso, conforme requerimento de novo adiamento ao Id. Já em relação à dispensa discriminatória, faz-se necessário tecer

1084ede, o emailenviado pelo marido da Autora ao escritório de algumas considerações preliminares.

advocatícia aponta justificativa diversa para o pedido, dessa vez

uma suposta crise da doença da trabalhadora, cuja única prova nos No ordenamento jurídico pátrio, a possibilidade de dispensa não

autos é uma "declaração de presença" em Hospital, motivada do empregado é contemplada como um exercício

desacompanhada de qualquer laudo médico. unilateral da vontade do empregador, apresentando-se como um

direito potestativo deste.

Diante desse quadro, agiu corretamente a Origem ao não acatar

novo pedido de adiamento de audiência ou perícia, tornando Todavia, o exercício desse direito potestativo não é irrestrito,

prejudicada a realização da prova técnica. porquanto sofre limitações, especialmente tendo em vista os

princípios basilares do Estado Democrático de Direito, que tem

Por outro lado, observa-se que, embora os documentos juntados como fundamentos a dignidade da pessoa humana e o valor social

com a inicial comprovem que a Reclamante possua quadro do trabalho (art. 1º, inciso III e IV, da CF).

recorrente de mielite longitudinalmente extensa e episódio prévio de

neurite óptica compatíveis com Neuromielite Óptica (NMO), com A Constituição Federal veda, ainda, toda e qualquer forma de

sintomas iniciados em agosto de 2015 (Id. ac3932d), não há nos discriminação, em seu artigo 3º, inciso IV, além de estabelecer, em

autos comprovação de que, no momento da dispensa, a seu art. 7º, inciso I, a proteção da relação de emprego contra a

trabalhadora estava inapta para o trabalho. despedida arbitrária.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 740
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Aliás, a Lei nº 9.029, de 13 de abril de 1995, proíbe a adoção de

qualquer prática discriminatória e limitativa para efeito de acesso à

relação de trabalho, ou de sua manutenção.

Acerca do tema, o C. TST sumulou o seguinte entendimento:

Súmula nº 443: DISPENSA DISCRIMINATÓRIA. PRESUNÇÃO.

EMPREGADO PORTADOR DE DOENÇA GRAVE. ESTIGMA OU 2.3.2. DANOS MORAIS

PRECONCEITO. DIREITO À REINTEGRAÇÃO Presumese

discriminatória a despedida de empregado portador do vírus HIV ou

de outra doença grave que suscite estigma ou preconceito. Inválido

o ato, o empregado tem direito à reintegração no emprego.

No presente caso, não se enquadrando a moléstia da Obreira

dentre as patologias que, no entendimento do TST (conforme

Súmula 443, supratranscrita), autorizam a presunção de

discriminação, cumpria à Reclamante comprovar que a despedida Na peça vestibular, a Reclamante relatou que foi admitida pela 1ª

efetivamente derivou do fato de ela supostamente estar doente, Reclamada (Dacasa Financeira S.A. - Sociedade de Crédito,

ônus do qual, contudo, não se desincumbiu. Financiamento e Investimentos) em 18/03/2004, para exercer

inicialmente a função de "analista/Especialista de Crédito", tendo

Com efeito, conforme alegado pela própria Autora, a Reclamada sido imotivadamente dispensada em 05/06/2018, quando percebia

tinha conhecimento do seu quadro de saúde desde o diagnóstico da remuneração de R$ 3.785,00(três mil, setecentos e oitenta e cinco

doença em meados de 2015, sendo que a dispensa ocorreu apenas reais).

em março de 2018, o que enfraquece a tese de despedida

discriminatória. Afirmou que foi dispensada enquanto estava acometida por doença

grave, Neuromielite Óptica (Doença de Devic), CID G36.0, estando,

Não há quaisquer provas de que a empregadora tenha atuado com portanto, inapta para o trabalho.

o objetivo retaliação ou de segregar a Obreira do convívio com os

demais empregados ou, ainda, de se esquivar do cumprimento de Aduziu que a Reclamada praticou ato ilícito ao impedir sua

suas obrigações contratuais. recolocação no mercado de trabalho, diante de sua inaptidão,

fazendo com que se sentisse descartável depois de quatorze anos

O conjunto probatório acostado aos autos inclusive aponta para de contrato.

sentido oposto, já que diante de sua enfermidade e tratamento

médico, a empresa estendeu o plano de saúde por 11 (onze) meses Assim, sob o fundamento de que a Ré feriu bens extrapatrimoniais

depois da dispensa. como a honra e a dignidade da pessoa humana, requereu uma

indenização por danos morais, no importe de 5 vezes o seu último

Ante o exposto, patente o entendimento no sentido de que a salário.

Reclamante não se desincumbiu a contento de seu ônus da prova

(artigo 818, da CLT, e 373, do CPC/2015), também no aspecto. As Reclamadas, em contestação, alegaram que não existiu

qualquer ofensa à moral da Reclamante.

Não há falar, pois, em nulidade da despedida por nenhum dos dois

fundamentos, permanecendo incólume a r. sentença. O magistrado de primeiro grau, na r. sentença, julgou improcedente

o pedido, sob o fundamento de que a Reclamante não comprovou

Nega-se provimento. estar incapacitada para o trabalho por ocasião da rescisão.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 741
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Recorre a Reclamante, reiterando a alegação de que foi vítima de

demissão discriminatória. Assim, em suas razões recursais, a Reclamante postula a

restituição do valor depositado a título de honorários prévios

Analisa-se. periciais.

Conforme fundamentação exposta no item 2.3.1. supra, foi mantida Analisa-se.

a r. sentença, que reconheceu a legalidade da dispensa efetuada,

por ausência de incapacidade laboral no momento do rompimento O d. Juízo a quo determinou que, por ocasião da entrega do laudo,

do contrato e de dispensa discriminatória. a Secretaria liberasse os honorários prévios em favor do perito.

Assim sendo, por conseguinte, devem ser julgado improcedente o Considerando que a perícia não foi realizada, diante da ausência da

pedido consectário de danos morais. Reclamante e reiterados pedidos de adiamento, deve ser autorizada

a devolução do valor à Autora, conforme requerido.

Nega-se provimento.

Dá-se provimento para determinar a devolução do valor adiantado

pela Reclamante a título de honorários periciais.

2.3.3. DEVOLUÇÃO DOS HONORÁRIOS PERICIAIS

2.3.4. LIMITAÇÃO DOS DIREITOS NORMATIVOS

Na audiência realizada em 20/08/2018, a Origem determinou a

realização de perícia técnica para verificação da alegada

incapacidade laborativa da Autora no momento da rescisão Na peça de ingresso, a Reclamante relatou que foi admitida pela 1ª

contratual. Na ocasião, prontificou-se a Reclamante a realizar a Reclamada (Dacasa Financeira S.A. - Sociedade de Crédito,

antecipação de honorários no importe de R$ 400,00. Financiamento e Investimentos) em 18/03/2004, para exercer

inicialmente a função de "analista/Especialista de Crédito", tendo

Ante a recusa de 3 (três) peritos médicos nomeados, o d. Juízo a sido imotivadamente dispensada em 05/06/2018, quando percebia

quodesignou nova audiência, ocasião em que a Reclamada se remuneração de R$ 3.785,00(três mil, setecentos e oitenta e cinco

comprometeu a antecipar o valor de R$ 600,00, a titulo de reais).

honorários periciais.

Sustentou que, embora tenha prestado serviços exclusivos e

No entanto, em razão dos reiterados pedidos de adiamento da ininterruptos à 1ª Ré durante todo o contrato de trabalho, teve sua

perícia pela Autora, a Origem tornou prejudicada a realização da CTPS formalmente registrada pelas empresas do mesmo grupo

prova técnica. econômico da seguinte forma: de 18/03/2004 a 31/10/2008 pela 3ª

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 742
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Ré (Promov Sistema de Vendas e Serviços Ltda.); de 01/11/2008 a idêntico título, sob pena de enriquecimento ilícito.

02/04/2017 pela 2ª Reclamada (Dadalto Administração e

Participações Ltda.); de 03/04/2017 a 05/06/2018 pela 1ª

Demandada.

Assim, sob o fundamento de que sempre prestou serviços em favor

da 1ª Reclamada, que atua desempenhando atividades típicas de

Financeira, requereu seu enquadramento como "financiaria", com a

consequente condenação no pagamento dos benefícios previstos

na norma coletiva.

2.3.5. HORAS EXTRAORDINÁRIAS

A Origem reconheceu o vínculo direto com o 1º Reclamado no

período de 18/03/2004 a 05/06/2018 e o enquadramento da Autora

como financiária. Como consequência, condenou as Reclamadas

no pagamento dos benefícios convencionais da categoria,

restringindo ao período de 27/04/2013 (prescrição) até 02/04/2017,

sob o fundamento de que a partir de 03/04/2017 houve a efetiva

contratação da Reclamante pelo 1ª Reclamado, quando então teria

passado a receber tais benefícios.

Na peça de ingresso, a Reclamante relatou que foi admitida pela 1ª

Em razões recursais, a Autora pugna pela reforma da sentença, Reclamada (Dacasa Financeira S.A. - Sociedade de Crédito,

alegando que nem todos os direitos foram quitados após Financiamento e Investimentos) em 18/03/2004, para exercer

02/04/2017. inicialmente a função de "analista/Especialista de Crédito", tendo

sido imotivadamente dispensada em 05/06/2018, quando percebia

Analisa-se. remuneração de R$ 3.785,00(três mil, setecentos e oitenta e cinco

reais).

De início, cumpre esclarecer que a sentença já reconheceu a

unicidade contratual e o vínculo direto com a 1ª Reclamada no Sustentou que, embora tenha prestado serviços exclusivos e

período pleiteado na inicial, ou seja, de 18/03/2004 a 05/06/2018. ininterruptos à 1ª Ré durante todo o contrato de trabalho, teve sua

Apenas a condenação no pagamento dos benefícios da categoria CTPS formalmente registrada pelas empresas do mesmo grupo

foi restrita a data em que a Reclamante teve a CTPS anotada pela econômico da seguinte forma: de 18/03/2004 a 31/10/2008 pela 3ª

própria 1ª Demandada, quando teria passado a receber os Ré (Promov Sistema de Vendas e Serviços Ltda.); de 01/11/2008 a

benefícios previstos nas normas coletivas da categoria dos 02/04/2017 pela 2ª Reclamada (Dadalto Administração e

financiários. Participações Ltda.); de 03/04/2017 a 05/06/2018 pela 1ª

Demandada.

Nesses termos, considerando que desde a inicial a Reclamante

alega que não percebeu corretamente os benefícios previstos na Noticiou que foi contratada para uma jornada de 44 (quarenta e

Norma Coletiva durante todo o contrato de trabalho, inclusive, no quatro) horas semanais, de segunda-feira a sábado, sendo que a

período em que teve a CTPS anotada pela 1ª Reclamada, não há categoria dos financiários, na qual deve ser enquadrada, detém

falar em limitação da condenação. uma jornada de 30 horas semanais.

Contudo, deve ser autorizada a dedução dos valores pagos a Afirmou que trabalhava de segunda à sexta-feira, das 08h30 às

idêntico título, sob pena de enriquecimento ilícito. 19h30, com 20 minutos de intervalo intrajornada e até às 20h nos

dias de pico, última semana de cada mês para o fechamento das

Assim, dá-se provimento para afastar a limitação da condenação metas, e aos sábados das 08h às 14h20, sem intervalo para

até 02/04/2017, autorizando-se a dedução dos valores pagos a descanso e alimentação.

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Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Assim, requereu a condenação das Reclamadas no pagamento Analisa-se.

como extras das horas trabalhadas acima das 05h45 e,

sucessivamente, a partir da 6ª diária ou 8ª diária. Conforme exposto no tópico 2.2.1. deste voto, foi mantido o

entendimento da Origem no sentido de reconhecer a condição de

No caso de enquadramento no §2º, art. 224 da CLT, postulou o financiária da Reclamante. Portanto, devem ser aplicadas as

recebimento da Gratificação de Função prevista na Cláusula 4.1.2. disposições do art. 224, da CLT, conforme preceitua a Súmula nº 55

da CCT. do E. TST e a Súmula nº 33 deste E. Regional, in verbis:

As Reclamadas, em sede de contestação, alegaram que, durante Súmula nº 55 do TST

todo o período imprescrito, a Reclamante ocupou a função de

coordenadora, tipicamente estabelecida como de liderança (cargo FINANCEIRAS (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003

de confiança), e por isso, estava isenta do registro de frequência,

nos termos do inciso II, do art. 62 da CLT. As empresas de crédito, financiamento ou investimento, também

denominadas financeiras, equiparam-se aos estabelecimentos

Quanto ao pedido substitutivo, afirmaram que a trabalhadora bancários para os efeitos do art. 224 da CLT.

recebia um plus salarial que excedia 100% o salário dos seus

subordinados, além da parcela variável que integra a remuneração. Súmula nº 33 do TRT da 17ª Região

Por fim, pela eventualidade, aduziram que a obreira se enquadra na "ENQUADRAMENTO COMO FINANCIÁRIO DE EMPREGADO DE

exceção prevista no §2º do art. 224 da CLT. ADMINISTRADORA DE CARTÃO DE CRÉDITO OU AGENTE

FINANCEIRO.

O d. Juízo a quo, na r. sentença, julgou improcedente o pedido,

adotando os seguintes fundamentos: Os empregados de agentes financeiros e administradoras de cartão

de crédito, salvo os pertencentes a categoria diferenciada, são

A autora não desconstituiu o exercício de função de confiança e sua financiários (Súmula 283 do STJ), beneficiando-se, portanto, das

conseqüente exceção ao controle de jornada, nos termos do art. 62 normas coletivas da categoria e da jornada reduzida do art. 224 da

da CLT. CLT."

Ainda que agora submetida ao regime de jornada do art. 224 da O caput do art. 224, da CLT, estabelece que a duração normal do

CLT, a qualidade de ocupante de cargo de confiança, inclusive com trabalho dos empregados em bancos, casas bancárias e Caixa

percepção de comissões superiores ao terço do salário do cargo Econômica Federal será de seis horas contínuas nos dias úteis,

efetivo, conforme fichas financeiras, permanece. com exceção dos sábados, perfazendo um total de trinta horas de

trabalho por semana.

Portanto, estando a reclamante excepcionada pelo art. 224, par. 2º,

da CLT, não há falar em jornada de 6 horas diárias. Todavia, o § 2º do mesmo dispositivo prevê uma exceção a essa

regra, ao dispor que a jornada de trabalho disposta em seu caput

No mais, não há prova da alegada jornada superior a 8 horas não se aplica aos que exercem funções de direção, gerência,

diárias. fiscalização, chefia e equivalentes, ou que desempenhem outros

cargos de confiança, desde que o valor da gratificação não seja

Rejeitam-se os pleitos de horas extras e intervalos. inferior a um terço do salário do cargo efetivo.

Irresignada, recorre a Reclamante, alegando que a Reclamada não Portanto, para que o empregado afaste-se do regramento geral da

se desincumbiu de seu ônus probatório no sentido de demonstrar jornada de trabalho bancário (caput do art. 224 da CLT), faz-se

efetivos poderes de mando ou gestão capazes de lhe enquadrar na necessário, primeiro, que ele receba gratificação não inferior a um

exceção do §2º do art. 224 da CLT. terço do salário do cargo efetivo, e, segundo, que ele exerça

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 744
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funções de confiança (gerência, direção, fiscalização, chefia ou

equivalentes).

In casu, conforme ficha financeira juntada aos autos (Id. 83d6646), 2.3.6. INTERVALO INTRAJORNADA

a Autora foi promovida, em 01/10/2009, para a função de

"encarregado de crédito III" (posteriormente denominada

"Coordenador de crédito"), ocasião em que recebeu um plus salarial

superior a 1/3 do cargo anteriormente exercido.

Além disso, considerando a aplicação da confissão ficta à

Reclamante, ante sua ausência na audiência em que deveria depor,

deve ser considerada como verdadeira a alegação da Ré de que a

obreira, de fato, exercia função de confiança na forma do art. 224, Na exordial, a Reclamante relatou que foi admitida pela 1ª

§2º, da CLT. Reclamada (Dacasa Financeira S.A. - Sociedade de Crédito,

Financiamento e Investimentos) em 18/03/2004, para exercer

Nesses termos, faz jus a Autora à jornada de 8 (oito) horas por dia, inicialmente a função de "analista/Especialista de Crédito", tendo

devendo ser remunerada pelas horas excedentes. sido imotivadamente dispensada em 05/06/2018, quando percebia

remuneração de R$ 3.785,00 (três mil, setecentos e oitenta e cinco

Não obstante, como bem pontuou a Origem, a Autora não logrou reais).

comprovar o labor extraordinário de forma a refutar a presunção de

veracidade quanto a não realização de horas extras, em razão da Sustentou que, embora tenha prestado serviços exclusivos e

confissão. ininterruptos à 1ª Ré durante todo o contrato de trabalho, teve sua

CTPS formalmente registrada pelas empresas do mesmo grupo

Por fim, tampouco merece ser acolhido o pedido sucessivo de econômico da seguinte forma: de 18/03/2004 a 31/10/2008 pela 3ª

pagamento da Gratificação de Função de 55% prevista na Cláusula Ré (Promov Sistema de Vendas e Serviços Ltda.); de 01/11/2008 a

4.1.2. da CCT, uma vez que a remuneração da Autora já 02/04/2017 pela 2ª Reclamada (Dadalto Administração e

contemplava referida parcela. Participações Ltda.); de 03/04/2017 a 05/06/2018 pela 1ª

Demandada.

Ora, conforme se depreende de sua ficha financeira, a Autora

recebia no ano de 2013 salário no valor de 3.030,00 (três mil e trinta Afirmou que, de segunda à sexta-feira, gozava de apenas 20 (vinte)

reais) e no final do contrato, a partir de 2017, a quantia de R$ minutos de intervalo e aos sábados não havia qualquer descanso.

3.785,00. A par disso, o funcionário Marcelo Rodrigues de Castro

Jr., como seu subordinado direto, na função de Analista de Crédito, Logo, requereu a condenação das Rés no pagamento de 01 (uma)

percebia em 2013 o salário de R$ 1.175,00 e, em 2017 R$ hora, com adicional de 50%, de segunda à sexta-feira e 15 minutos

2.421,00, pelo que se conclui que a remuneração da Reclamante aos sábados com reflexos legais.

incluía plus salarial superior ao estabelecido na norma coletiva.

Em contestação, as Reclamadas alegaram que a empregada

Ante o exposto, nada a modificar na r. sentença. detinha total autonomia para fruição integral de seu intervalo para

refeições.

Nega-se provimento.

A Origem, na r. sentença, julgou improcedente o pedido, por

entender que a Reclamante exercia função de confiança.

Inconformada, recorre a Reclamante, reiterando os termos da

inicial.

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Analisa-se. Na hipótese, a Reclamante não compareceu à audiência em que

deveria depor, razão pela qual a Origem aplicou-lhe a pena de

Ab initio, registre-se que não é o caso de aplicar as mudanças confissão quanto à matéria fática.

introduzidas pela Lei 13.467/2017 (a chamada "Reforma

Trabalhista"), eis que as regras de direito material da novel Assim, presume-se verdadeira a alegação patronal de que a

legislação incidem tão somente sobre os contratos firmados após a trabalhadora gozava integralmente do intervalo para descanso e

vigência da Lei em questão, a saber, 11 de novembro de 2017, o refeição.

que não é o caso.

Ressalte-se que, embora referida presunção seja meramente

Os intervalos intrajornada conceituam-se, em apertada síntese, relativa, podendo ser elidida por prova em contrário, não há nos

como o período, dentro da jornada de trabalho do empregado, autos qualquer prova capaz de infirmar as informações ventiladas

destinado precipuamente a seu repouso e alimentação. na defesa.

Nos dizeres do i. Ministro Maurício Godinho Delgado: Assim, nada a modificar na r. sentença.

Os intervalos intrajornadas definem-se como lapsos temporais Nega-se provimento.

regulares, remunerados ou não, situados no interior da duração

diária de trabalho, em que o empregado pode sustar a prestação de

serviços e sua disponibilidade perante o empregador (Delgado,

Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 16ª Ed. São Paulo:

LTr, 2017)

A obrigatoriedade de concessão dos intervalos decorre da própria

lei (art. 71 da CLT), e, em se tratando de tema atinente à saúde,

higiene e segurança do trabalhador, encontra respaldo e proteção

constitucional (art. 7º, XXII, CRFB/88), sendo as normas acerca do 2.3.7. INTERVALO DO ART. 384 DA CLT. TRABALHO DA

assunto de ordem pública, caráter imperativo e indisponibilidade MULHER

absoluta.

Prestam-se, como se deduz de sua própria definição, a oportunizar

ao empregado, no transcurso de sua jornada de trabalho, um

momento de recuperação de suas energias físicas e mentais,

descanso e alimentação.

Nesse contexto, o art. 71, caput e §1º, da CLT prevê que, em

qualquer trabalho contínuo cuja duração exceda 06 (seis) horas, é Pugnou a Reclamante pela reforma da sentença e a consequente

obrigatória a concessão de um intervalo mínimo de 01 (uma) hora condenação da reclamada ao pagamento do intervalo de 15

para repouso e alimentação. Caso a duração da jornada ultrapasse (quinze) minutos previsto no art. 384 da CLT.

04 (quatro) horas, porém não exceda 06 (seis) horas, o intervalo

mínimo será de 15 (quinze) minutos. Com razão.

Considerando a jornada da Reclamante, era devido intervalo Ab initio, registre-se que não é o caso de aplicar as mudanças

intrajornada mínimo de 01 (uma) hora. introduzidas pela Lei 13.467/2017 (a chamada "Reforma

Trabalhista"), eis que as regras de direito material da novel

Pois bem. legislação incidem tão somente sobre os contratos de trabalho

firmados após a vigência da Lei em questão, a saber, 11 de

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novembro de 2017.

Assim, nos termos das normas coletivas, são indevidos o auxílio

O art. 384 da CLT, inserido no Capítulo III, que trata da Proteção do refeição e a ajuda alimentação.

Trabalho da Mulher dispunha que "em caso de prorrogação do

horário normal, será obrigatório um descanso de 15 (quinze) No entanto, condena-se ao pagamento da décima terceira cesta

minutos no mínimo, antes do início do período extraordinário do alimentação nos moldes das convenções coletivas.

trabalho."

Em razões recursais, a Reclamante pugna pela reforma da

Em que pese este Relator entender pela constitucionalidade do sentença, alegando que a adesão ao PAT não afasta o pagamento

dispositivo em referência, uma vez que a concessão de condições da verba pactuada em CCT.

especiais à mulher não fere o princípio da igualdade previsto no art.

5º, da Constituição, na hipótese, não restou demonstrado que a Analisa-se.

Reclamante laborava em sobrejornada, conforme tópico 2.3.5. deste

voto. Conforme exposto no tópico 2.2.1. deste voto, foi mantido o

entendimento da Origem no sentido de reconhecer a condição de

Assim, inexistindo labor extraordinário, não há falar em concessão financiária da reclamante, não havendo falar em enquadramento em

do intervalo prévio de 15 (quinze) minutos e, consequentemente, categoria diferenciada, porquanto as atividades por ela realizadas

em pagamento do período como hora extra. possuíam ligação direta à atividade fim da financeira.

Nega-se provimento. Assim, devem ser aplicadas à Autora as normas coletivas própria da

categoria dos trabalhadores em instituições financeiras.

Relativamente aos benefícios alimentícios, as cláusulas 4.4.1. e

4.4.1. da CCT 2013/2014, cuja redação, com as devidas

atualizações de valores, foi repetida nas convenções posteriores,

assim dispõem:

Cláusula 4.4.1. - AUXÍLIO REFEIÇÃO

2.3.8. DO AUXÍLIO REFEIÇÃO E AJUDA ALIMENTAÇÃO Será concedido "Auxílio Refeição", a todos os empregados no valor

de R$ 23,96 (vinte e três reais e noventa e seis centavos), sem

descontos, por dia de trabalho, possuindo caráter indenizatório e

não integrando o salário para quaisquer efeitos legais e será

concedido sempre à razão de 22 (vinte e dois) dias fixos por mês,

inclusive nos períodos de gozo de férias e até o 15º (décimo quinto)

dia nos afastamentos por doença e acidente de trabalho. Não será

devido nos casos de afastamento por maternidade.

Na inicial, a Reclamante requereu a condenação das Reclamadas PARÁGRAFO 1º - Este auxílio será concedido nos casos de licença

no pagamento das verbas "Auxílio Refeição" e "Ajuda Alimentação", do dirigente Sindical.

nos termos das Convenções Coletivas de Trabalho dos financiários.

PARÁGRAFO 2º - Fica facultado ao empregador substituir essa

A Origem, na r. sentença, indeferiu o pedido sob os seguintes importância por "tickets" de refeição e/ou alimentação, nos termos

fundamentos: do PAT - Programa de Alimentação do Trabalhador, nos termos da

Lei nº. 6.321/76, decretos regulamentadores e Portaria GM/MTb nº

O reclamado comprovou sua adesão ao PAT desde 2008. 1.156, de 17.09.93. - D.O.U. 20/09/93.

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conformidade com a Lei em vigor ou legislação posterior que venha

PARÁGRAFO 3º - Os empregados que se utilizam de restaurantes a ser promulgada durante a vigência da presente Convenção.

das empresas ou por estas subsidiadas, desfrutando, assim, de

vantagens análogas ou superiores, não farão jus a indenização Depreende-se das cláusulas ora transcritas que o pagamento de

aludida, não podendo da mesma forma ser cobrado qualquer valor ambos os benefícios pode ser substituído por "tickets" de

do empregado. Durante o período de férias dos empregados que se alimentação, nos termos do PAT. Na hipótese, embora as

utilizam do restaurante da empresa, será concedido ticket, conforme Reclamadas tenham comprovado a adesão ao referido programa,

disposto no "caput" da presente cláusula. não restou demonstrado que o pagamento ocorria na forma da

norma coletiva aplicada à categoria.

PARÁGRAFO 4º - O empregado poderá optar, por escrito e com a

antecedência mínima de 30 (trinta) dias, por tíquete alimentação, Considerando o reconhecimento da condição de financiária da

sendo possível mudar a opção somente após o transcurso de 180 Autora, não se reputa razoável que fique alijada dos benefícios

(cento e oitenta) dias. previstos nos instrumentos coletivos de sua categoria, devendo ser

autorizada apenas a dedução dos valores pagos a idêntico título.

PARÁGRAFO 5º - A verba acima referida será reajustada em

conformidade com a Lei em vigor ou legislação posterior que venha Assim, dá-se provimento para condenar as Reclamadas no

a ser promulgada durante a vigência da presente Convenção. pagamento das verbas "Auxílio Refeição" e "Ajuda Alimentação", na

forma das convenções coletivas da categoria dos financiários,

Cláusula 4.4.2. - AJUDA ALIMENTAÇÃO autorizando-se a dedução das parcelas pagas a idêntico título.

Será concedido "Auxílio Alimentação", cumulativamente com o

"Auxílio Refeição", a todos os empregados no valor de R$ 377,94

(trezentos e setenta e sete reais e noventa e quatro centavos), sem

descontos, por mês de trabalho, possuindo caráter indenizatório e

não integrando o salário para quaisquer efeitos legais, inclusive nos

períodos de gozo de férias e até o 15º (décimo quinto) dia nos

afastamentos por doença e acidente de trabalho. Será devido,

também nos casos de afastamento por maternidade.

2.3.9. DEVOLUÇÃO DOS DESCONTOS INDEVIDOS

PARÁGRAFO 1º - Este auxílio será concedido nos casos de licença

do dirigente Sindical.

PARÁGRAFO 2º - Fica facultado ao empregador substituir essa

importância por "tickets" de alimentação, nos termos do PAT -

Programa de Alimentação do Trabalhador, nos termos da Lei nº.

6.321/76, decretos regulamentadores e Portaria GM/MTb n° 1.156,

de 17.09.93.

Na peça vestibular, a Reclamante relatou que foi admitida pela 1ª

PARÁGRAFO 3º - O empregado afastado por doença profissional Reclamada (Dacasa Financeira S.A. - Sociedade de Crédito,

ou acidente do trabalho faz jus à Ajuda Alimentação por um prazo Financiamento e Investimentos) em 18/03/2004, para exercer

de até 150 (cento e cinqüenta) dias, com efeito retroativo a partir de inicialmente a função de "analista/Especialista de Crédito", tendo

1º de junho de 2013, e, aos afastados após essa data, a concessão sido imotivadamente dispensada em 05/06/2018, quando percebia

tem início no 1º dia de afastamento do trabalho, também limitado ao remuneração de R$ 3.785,00(três mil, setecentos e oitenta e cinco

prazo de 150 (cento e cinqüenta) dias. reais).

PARÁGRAFO 4º - A verba acima referida será reajustada em Narrou que a CCT da categoria determina que os pagamentos do

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"auxílio refeição", "ajuda alimentação" e "assistência médica" sejam financiária da reclamante, não havendo falar em enquadramento em

efetuados sem o respectivo desconto. categoria diferenciada, porquanto as atividades por ela realizadas

possuíam ligação direta à atividade fim da financeira.

Relatou, contudo, que tais valores foram descontados

indevidamente, pelo que requereu a devolução de tais parcelas. Assim, devem ser aplicadas à Autora as normas coletivas própria da

categoria dos trabalhadores em instituições financeiras.

Em contestação conjunta, as Rés asseveraram, em relação ao

benefício alimentar, que, diante de sua filiação ao PAT, o desconto No tocante ao pagamento de benefícios a título de alimentação, a

é permitido, desde que limitado a 20% (vinte por cento) do custo da CCT dos financiários (item 4.4) veda a realização de descontos no

refeição. salário dos empregados, de forma que a Reclamante faz jus à

devolução dos valores descontados.

Argumentaram, ainda, que a norma coletiva aplicável à Autora

prevê a possibilidade do desconto referente à coparticipação do No que se refere à assistência médica, a CCT da categoria dos

empregado no plano de assistência médica. financiários estabelece no parágrafo único da cláusula 4.6.2, que o

plano médico hospitalar seria fornecido pelo empregador, sem

Por fim, salientaram que a obreira optou expressamente por um nenhum custo, devendo, contudo, o empregado arcar com a

plano de assistência médica diferenciada, o que possibilitaria o diferença se optar por plano de qualidade superior.

desconto relativo à diferença.

Porquanto não há qualquer comprovação nos autos de que o plano

O d. Juízo a quo julgou improcedente o pedido, valendo-se dos fornecido era superior ao previsto nos instrumentos coletivos, é

seguintes fundamentos: devido o reembolso dos valores descontados a este título.

Quanto aos descontos relacionados à alimentação, estão dentro Assim, dá-se provimento para condenar as Reclamadas no

dos regramentos legais previstos para o PAT. reembolso dos valores indevidamente descontados a título de

auxílio-alimentação e assistência médica.

A previsão da norma coletiva de não cobrança de qualquer valor

não alude à hipótese do programa, mas sim, às hipóteses de

fornecimento de alimentação pelas empresas ou subsidiadas, que

concedem vantagens análogas ou superiores.

Quanto ao desconto de assistência médica, as normas coletivas

desautorizam o desconto somente na hipótese de plano padrão.

Com efeito, o reclamado fornecia a autora plano de saúde

diferenciado.

2.3.10. LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ

Rejeitam-se os reembolsos pretendidos

Em razões recursais, a Reclamante pugna pela reforma da

sentença, ao argumento de que a adesão ao PAT não afasta o

pagamento da verba pactuada, bem como de que a Reclamada não

comprovou a suposta adesão ao plano diferenciado.

Analisa-se.

O magistrado de primeiro grau, na r. sentença, condenou a

Conforme exposto no tópico 2.2.1. deste voto, foi mantido o Reclamante a pagar ao Reclamada multa de 5% sobre o valor da

entendimento da Origem no sentido de reconhecer a condição de causa (R$ 285.208,31), no importe de R$ 14.260,42, nos seguintes

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termos: declarações do Hospital, que seu esposo de fato sofreu acidente no

dia 04/11/2018, não há comprovação de que ele estava

Como já devidamente delineado em audiência, a reclamante não impossibilitado de realizar viagem internacional, devendo

agiu corretamente perante o juízo, promovendo atos judiciais e permanecer em Portugal.

adiamentos baseados em inverdades.

Além disso, conforme requerimento de novo adiamento ao Id.

Assim, agiu de modo temerário, gerando evidentes transtornos ao 1084ede, o emailenviado pelo marido da Autora ao escritório de

processo, terceiros e aos réus. advocatícia aponta justificativa diversa para o pedido, dessa vez

uma suposta crise da doença da trabalhadora, cuja única prova nos

Por isso, com fulcro no art. 793-C da CLT, condeno a reclamante a autos é uma "declaração de presença" em Hospital,

pagar ao reclamado e multa de 5% sobre o valor da causa, desacompanhada de qualquer laudo médico.

calculada no importe de R$ 14.260,42.

Não obstante, embora a Reclamante, de fato, não tenha justificado

Em razões recursais, a Reclamante pugna pela exclusão da multa corretamente os reiterados pedidos de adiamento, não se verifica,

em questão, alegando que todos os adiamentos foram devidamente de forma indiscutível, que a obreira tenha mentido ou agido

justificados documentalmente. dolosamente para adiar a realização da perícia.

Sucessivamente, requer seja a multa reduzida ao percentual Assim, considerando que este Relator perfilha o entendimento de

mínimo de 1%, bem como seja declarada a condição suspensiva de que só há litigância de má-fé quando patentemente evidenciadas as

sua exigibilidade, face ao deferimento da justiça gratuita. hipóteses legais, porquanto se presume que os litigantes estejam

sempre de boa-fé, deve ser reformada a r. sentença para excluir a

Analisa-se. multa por litigância de má-fé no valor de R$ 14.260,42.

Acerca da litigância de má-fé, já se entendia que as suas hipóteses Dá-se provimento para excluir a condenação da Autora em multa

deviam restar indiscutivelmente evidenciadas, para haver por litigância de má-fé.

condenação da parte no pagamento da multa ou de indenização por

dano processual.

Antes prevista apenas no CPC, especificamente no artigo 80 que

era aplicado subsidiariamente ao processo do trabalho, agora conta

com previsão expressa na CLT, artigo 793-A e seguintes,

introduzido pela Lei 13.467/2017 (reforma trabalhista).

In casu, na audiência realizada em 20/08/2018, a Origem

determinou a realização de perícia técnica para verificação da 2.3.11. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS DE SUCUMBÊNCIA

alegada incapacidade laborativa da Autora por ocasião da rescisão

contratual.

Entretanto, designada a perícia, a Reclamante postulou reiterados

adiamentos, sob o fundamento de que seu marido sofreu acidente

em viagem fora do país, lesionando seriamente a perna esquerda,

sem a possibilidade de embarcar em voo internacional, de forma

que ela, como única acompanhante, tampouco poderia retornar ao

Brasil. A Origem, na r. sentença, julgou parcialmente procedentes os

pedidos formulados na inicial e condenou as partes no pagamento

Ocorre que, embora a Autora tenha demonstrado, por meio de de honorários advocatícios recíprocos no percentual de 12%, nos

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seguintes termos: Tribunal, os autos retornaram à 1ª Turma para prosseguimento do

julgamento dos recursos ordinários interpostos pela Reclamante e

Estando a autora desempregada, concedem-se a ela os benefícios pelas Reclamadas.

da justiça gratuita.

Analisa-se.

Nos termos do art. 791-A da CLT, introduzido pela Lei 13.467/2017

(reforma trabalhista), concede-se ao advogado autoral honorários Na Justiça do Trabalho, prevalecia o entendimento consubstanciado

advocatícios. nas Súmulas n.º 219 e 329 do E. TST segundo o qual, em se

tratando de conflito decorrente da relação de emprego, os

Considerando os critérios estabelecidos pelo inciso I do par. 2º do honorários advocatícios eram devidos apenas quando preenchidos

referido artigo, fixo tais honorários no percentual de 12% sobre o os requisitos contidos no art. 14 da Lei n. 5.584/1970.

valor da condenação.

Com o advento da Lei 13.467, de 13 de julho de 2017, contudo, foi

Diante da procedência parcial dos pedidos da autora, condena-se acrescentado à CLT o art. 791-A, que autorizou a condenação na

esta a pagar honorários de sucumbência ao advogado dos verba honorária em razão da mera sucumbência.

reclamados, nos mesmos percentuais concedidos acima, calculados

sobre a parte improcedente da reclamação (R$ 215.332,00), Além disso, o novel dispositivo previu o pagamento de honorários

consoante par. 3º do mesmo artigo, ora totalizados em R$ de sucumbência recíproca, de forma que, vencido o Reclamante,

25.839,84. ainda que relativamente a um único pedido, também deverá ele

responder pela verba honorária da parte contrária.

Tais honorários poderão ser pagos com o crédito que possui a

autora, cuja importância, assim que obtida em execução, ficará Em que pese a intensa celeuma jurídica que se instaurou acerca da

retida à disposição do patrono da reclamada. aplicabilidade do novo regramento, este Relator adotou o

entendimento de que os dispositivos da Reforma Trabalhista que

Irresignada, em suas razões recursais, a Reclamante requer, versam sobre honorários advocatícios apenas incidem nas

preliminarmente, seja declarada a inconstitucionalidade do art. 791- demandas ajuizadas após a vigência da Lei 13.467/17, que ocorreu

A, §4º com a consequente exclusão da condenação da verba em 11/11/2017.

honorária. Em caso de manutenção da sucumbência, postula seja

declarada a isenção do pagamento ou a suspensão de sua O C. TST posicionou-se no mesmo sentido na recém editada

exigibilidade, ante o benefício da justiça gratuita. Instrução Normativa n. 41, que, em seu art. 6º assim dispõe:

Ao final, requer seja reduzida a condenação ao valor mínimo legal Art. 6º Na Justiça do Trabalho, a condenação em honorários

de 5%. advocatícios sucumbenciais, prevista no art. 791-A, e parágrafos, da

CLT, será aplicável apenas às ações propostas após 11 de

Esta 1ª Turma, na sessão ordinária realizada no dia 29/10/2019, novembro de 2017 (Lei nº 13.467/2017). Nas ações propostas

resolveu, por unanimidade, suspender o julgamento do presente anteriormente, subsistem as diretrizes do art. 14 da Lei 5.584/1970

processo em virtude do Incidente de Inconstitucionalidade do §4º do e das Súmulas nº 219 e 329 do TST.

art. 791-A, da CLT, suscitado no processo 0000398-

09.2018.5.17.0101, que deverá ser julgado pelo Tribunal Pleno. A presente demanda foi ajuizada em 27/04/2018, logo, sob a égide

da Reforma Trabalhista.

Na sessão ordinária realizada no dia 23/10/2019, o Pleno deste

Regional julgou o Incidente de Arguição de Inconstitucionalidade nº Destarte, são devidos, na espécie, os honorários advocatícios

0000453-35.2019.5.17.0000, declarando a inconstitucionalidade recíprocos, nos termos da nova legislação, in verbis:

parcial do §4º, do art. 791-A, da CLT.

Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão

Assim, considerando o julgamento da matéria pelo Pleno deste devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5%

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(cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o

valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico § 4° Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha

obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de

da causa. suportar a despesa, as obrigações decorrentes de sua sucumbência

ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente

§ 1o Os honorários são devidos também nas ações contra a poderão ser executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito

Fazenda Pública e nas ações em que a parte estiver assistida ou em julgado da decisão que as certificou, o credor demonstrar que

substituída pelo sindicato de sua categoria. deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que

justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse

[...] prazo, tais obrigações do beneficiário.

§ 3o Na hipótese de procedência parcial, o juízo arbitrará honorários Ocorre que o Pleno deste Regional, em recente decisão prolatada

de sucumbência recíproca, vedada a compensação entre os nos autos da Arguição de Inconstitucionalidade nº 0000453-

honorários. 35.2019.5.17.0000, declarou a inconstitucionalidade parcial do §4º,

do art. 791-A, da CLT, conforme se depreende da ementa ora

[...] transcrita:

Assim, considerando que a Autora restou totalmente sucumbente "ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. HONORÁRIOS

em alguns pedidos, mantém-se a condenação ao pagamento de ADVOCATÍCIOS. ARTIGO 791-A, § 4º, DA CLT. Declara-se a

honorários advocatícios de sucumbência. inconstitucionalidade parcial do § 4º, do artigo 791-A, da CLT

somente quanto ao trecho: "desde que não tenha obtido em juízo,

Relativamente ao valor dos honorários, devem ser levados em ainda que outro processo, créditos capazes de suportar a despesa",

conta os parâmetros estabelecidos no art. 791-A, §2º, quais sejam: no sentido de que não se possa atingir os créditos deferidos ao

beneficiário da justiça gratuita, ainda que em outro processo, mas

§ 2o Ao fixar os honorários, o juízo observará: tão somente que a verba honorária fique sob condição suspensiva

de exigibilidade, podendo ser executada, se nos 2 (anos)

I - o grau de zelo do profissional; subseqüentes ao trânsito em julgado da decisão que a certificou, o

credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência

II - o lugar de prestação do serviço; de recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-

se, passado esse prazo, tal obrigação do beneficiário".

III - a natureza e a importância da causa;

Com efeito, não se pode olvidar que o crédito trabalhista tem

IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o natureza alimentar e o trabalhador, ao despender sua força de

seu serviço. trabalho em proveito do empregador, não busca senão o seu

próprio sustento e da sua família. Dessa forma, não é compatível

Com alicerce nos critérios supratanscritos, e levando-se em com os direitos constitucionalmente tutelados a compensação das

consideração o equilíbrio econômico entre as partes, entende-se obrigações decorrentes da sucumbência com os créditos do

razoável e proporcional reduzir os honorários devidos pela trabalhador em estado de miserabilidade econômica.

Reclamante para o percentual de 5% dos pedidos julgados

improcedentes. Nesse mesmo sentido é o Enunciado n.o 3, da Comissão 7,

aprovado na 2ª Jornada de Direito Material e Processual do

Por outro lado, a Origem deferiu à obreira o benefício da justiça Trabalho, realizada pela ANAMATRA (Associação Nacional dos

gratuita, e, nesse caso, pela redação do novel § 4º do art. 791-B, as Magistrados da Justiça do Trabalho), entre 9 e 10 de outubro de

obrigações decorrentes da sucumbência ficariam sob condição 2017, in verbis:

suspensiva ou seus valores seriam compensadas com eventuais

créditos obtidos em juízo: HONORÁRIOS E ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA

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Relativamente à correção monetária, o D. Juízo a quoassim

É inconstitucional a previsão de utilização dos créditos trabalhistas estabeleceu:

reconhecidos em juízo para o pagamento de despesas do

beneficiário da justiça gratuita com honorários advocatícios ou Para a correção dos valores apurados devem-se respeitar os

periais (artigos 791-A, §4º, e 790-B, §4º, da CLT, com a redação índices adotados pelo TST, bem como a época própria de

dada pela Lei nº 13.467/2017), por ferir os direitos fundamentais à exigibilidade das parcelas, qual seja, o mês subsequente ao

assistência judiciária gratuita e integral, prestada pelo Estado, e à trabalhado (Súmula 381 do C. TST), uma vez que a pretensão

proteção do salário (artigos 5º. LXXIV, e 7º, X, da Constituição surge exatamente no primeiro dia do mês seguinte ao trabalhado.

Federal).

Em razões recursais, a Reclamante pugna pela aplicação do IPCA-

Portanto, nos termos da decisão proferida pelo Pleno deste e como índice de correção monetária.

Regional, a verba honorária devida pela Autora deverá ficar sob

condição suspensiva de exigibilidade e somente poderá ser Analisa-se.

executada se, nos 2 (dois) anos subsequentes ao trânsito em

julgado da decisão que a certificou, o credor demonstrar que deixou De início, frisa-se que, embora a Lei n. 13.467/2017 tenha inserido o

de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a § 7º ao art. 879 da CLT, segundo o qual a atualização dos créditos

concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tal decorrentes de condenação judicial será feita pela TR, referido

obrigação do beneficiário. preceito faz remissão expressa à Lei n. 8.177/1991. Vejamos:

Diante do exposto, dá-se parcial provimento para reduzir os A atualização dos créditos decorrentes de condenação judicial será

honorários devidos pela Reclamante para o percentual de 5% dos feita pela Taxa Referencial (TR), divulgada pelo Banco Central do

pedidos julgados improcedentes, bem como para determinar que a Brasil, conforme a Lei no 8.177, de 1o de março de 1991. (sem

verba honorária devida deva ficar sob condição suspensiva de grifos no original)

exigibilidade e somente poderá ser executada se, nos 2 (dois) anos

subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que a certificou, o Desse modo, percebe-se que a força normativa do § 7º do art. 879

credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência da CLT está subordinada à eficácia do art. 39 da Lei n. 8.177/1991,

de recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo- por expressa disposição legal.

se, passado esse prazo, tal obrigação do beneficiário.

Inclusive, nesse sentido, é o entendimento da 8ª Turma do TST:

AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA.

EXECUÇÃO. CORREÇÃO MONETÁRIA DOS CRÉDITOS

TRABALHISTAS. ÍNDICE APLICÁVEL.Consoante entendimento

adotado pela 8ª Turma, com base na decisão do Tribunal Pleno

desta Corte Superior (TST-ArgInc - 479-60.2011.5.04.0231 e ED-

ArgInc - 479-60.2011.5.04.0231), na correção dos créditos

trabalhistas, aplica-se a TR até 24/3/2015 e o IPCA a partir de

2.3.12. ÍNDICE DE ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. IPCA-E 25/3/2015. Esta Turma considera, ainda, entendimento a que me

submeto por disciplina judiciária, que o art. 879, § 7º, da CLT perdeu

a sua eficácia normativa, em face da declaração de

inconstitucionalidade parcial do art. 39 da Lei nº 8.177/91, na

medida em que o dispositivo da legislação esparsa conferia

conteúdo à norma da CLT, tendo em vista a adoção de fórmula

remissiva pelo legislador. Agravo de instrumento conhecido e não

provido. (TST-AIRR-20869-47.2016.5.04.0014, 8ª Turma, Relatora:

Ministra Dora Maria da Costa, Data da Publicação: 29/03/2019) -

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sem grifos no original

Concluindo o julgamento, o Tribunal, por maioria e nos termos do

Com efeito, simplesmente, referido dispositivo é inaplicável em voto, ora reajustado, do Ministro Luiz Fux (Relator), resolveu a

razão do esvaziamento da sua força normativa, decorrente de questão de ordem nos seguintes termos: 1) - modular os efeitos

expressa disposição legal, uma vez que está subordinado à eficácia para que se dê sobrevida ao regime especial de pagamento de

do art. 39 da Lei n. 8.177/1991. precatórios, instituído pela Emenda Constitucional nº 62/2009, por 5

(cinco) exercícios financeiros a contar de primeiro de janeiro de

Ademais, importante ressaltar que, no dia 10/10/2019, o Pleno 2016; 2) - conferir eficácia prospectiva à declaração de

deste Regional declarou a inconstitucionalidade do referido inconstitucionalidade dos seguintes aspectos da ação direta de

dispositivo (§7º do art. 879 da CLT), nos autos do Processo n. inconstitucionalidade, fixando como marco inicial a data de

0000552-39.2018.5.17.0000, de arguição de inconstitucionalidade. conclusão do julgamento da presente questão de ordem

Vejamos: (25.03.2015) e mantendo-se válidos os precatórios expedidos ou

pagos até esta data, a saber: 2.1.) fica mantida a aplicação do

ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DO §7º DO ARTIGO índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança

879 DA CLT. APLICAÇÃO DA TAXA REFERENCIAL (TR) COMO (TR), nos termos da Emenda Constitucional nº 62/2009, até

FATOR DE ATUALIZAÇÃO DOS CRÉDITOS TRABALHISTAS 25.03.2015, data após a qual (i) os créditos em precatórios deverão

DECORRENTES DE CONDENAÇÃO JUDICIAL. No julgamento ser corrigidos pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial

ArgInc - 479-60.2011.5.04.0231, o Tribunal Superior do Trabalho, (IPCA-E) e (ii) os precatórios tributários deverão observar os

acompanhando o entendimento do c. Supremo Tribunal Federal no mesmos critérios pelos quais a Fazenda Pública corrige seus

julgamento da ADI nº. 4357 e do RE 870.947/SE, declarou créditos tributários; e 2.2.) ficam resguardados os precatórios

inconstitucional a atualização dos valores pela Taxa Referencial expedidos, no âmbito da administração pública federal, com base

(TR), índice previsto no artigo 39 da Lei 8.177/1991. Por se tratar de nos arts. 27 das Leis nº 12.919/13 e Lei nº 13.080/15, que fixam o

mera renovação do texto do artigo 39 da Lei nº. 8.177/1991 - cuja IPCA-E como índice de correção monetária.

inconstitucionalidade fora declarada não sob o aspecto formal, mas

sob a ótica material, impõe-se que o §7º do artigo 897 da CLT, Poucos meses depois, em virtude da decisão do STF, o TST

trazido pela Lei nº. 13.467/17, seja expungido do ordenamento acolheu incidente de inconstitucionalidade suscitado por sua 7ª

jurídico, não se coadunando materialmente com o texto da Turma e definiu o Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial

Constituição da República, a qual assegura o direito fundamental de (IPCA-E) como fator de atualização a ser utilizado na tabela de

propriedade e a plena efetividade das decisões judiciais. atualização monetária na Justiça do Trabalho, senão vejamos:

Logo, a discussão acerca da aplicação da TR ou do IPCA-E como ACORDAM os Ministros do Tribunal Superior do Trabalho, em sua

índice de atualização dos créditos judiciais trabalhistas continua composição plenária, I) por unanimidade: a) acolher o incidente de

girando em torno da constitucionalidade do art. 39 da Lei n. inconstitucionalidade suscitado pela eg. 7ª Turma e, em

8.177/1991 e seus desdobramentos junto ao STF e ao TST. consequência, declarar a inconstitucionalidade por arrastamento da

expressão "equivalentes à TRD", contida no caput do artigo 39 da

Pois bem. Esclarecidas as razões da inaplicabilidade do § 7º do art. Lei n° 8.177/91; b) adotar a técnica de interpretação conforme a

879 da CLT, passa-se à análise dos desdobramentos jurídicos do Constituição para o texto remanescente do dispositivo impugnado, a

art. 39 da Lei n. 8.177/1991. preservar o direito à atualização monetária dos créditos trabalhistas;

c) definir a variação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo

No julgamento conjunto das ADI´s 4357, 4372, 4400 e 4425 o Especial (IPCA-E) como fator de atualização a ser utilizado na

Supremo Tribunal Federal declarou que o regime de compensação tabela de atualização monetária dos débitos trabalhistas na Justiça

de precatórios introduzido pela Emenda Constitucional 62/2009 é do Trabalho; II) por maioria, atribuir efeitos modulatórios à decisão,

inconstitucional. que deverão prevalecer a partir de 30 de junho de 2009, observada,

porém, a preservação das situações jurídicas consolidadas

Em seguida, o Excelso Tribunal modulou os efeitos da decisão da resultantes dos pagamentos efetuados nos processos judiciais, em

ADI 4357 conforme transcrição parcial a seguir: andamento ou extintos, em virtude dos quais foi adimplida e extinta

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a obrigação, ainda que parcialmente, sobretudo em decorrência da A decisão de improcedência da Reclamação 22012 foi publicada no

proteção ao ato jurídico perfeito (artigos 5º, XXXVI, da Constituição DJE nº 288, divulgado em 13/12/2017, data em que foi também

e 6º da Lei de Introdução ao Direito Brasileiro - LIDB), vencida a julgado, pela 5ª Turma do C. TST, o AIRR 25823-

Excelentíssima Senhora Ministra Dora Maria da Costa, que aplicava 78.2015.5.24.0091, encampando o atual posicionamento do Excelso

a modulação dos efeitos da decisão a contar de 26 de março de Tribunal.

2015; III) por unanimidade, determinar: a) o retorno dos autos à 7ª

Turma desta Corte para prosseguir no julgamento do recurso de Com efeito, a aplicação da TR já não se mostrava suficiente para

revista, observado o quanto ora decidido; b) a expedição de ofício recompor a real perda do poder aquisitivo de nossa moeda, de

ao Exmo. Ministro Presidente do Conselho Superior da Justiça do forma que a correção dos débitos trabalhistas levando-se em conta

Trabalho a fim de que determine a retificação da tabela de tal parâmetro causava prejuízos aos trabalhadores.

atualização monetária da Justiça do Trabalho (tabela única); c) o

encaminhamento do acórdão à Comissão de Jurisprudência e de Como bem destacou o Min. Douglas Alencar Rodrigues, em trecho

Precedentes Normativos para emissão de parecer acerca da do julgamento do supracitado AIRR, "impõe-se a adoção do IPCA-E

Orientação Jurisprudencial nº 300 da SbDI-1. Ressalvaram o para a atualização dos créditos trabalhistas, não apenas sob a

entendimento os Exmos. Ministros Guilherme Augusto Caputo perspectiva da efetiva recomposição do patrimônio dos credores

Bastos, Alexandre de Souza Agra Belmonte e Maria Helena trabalhistas, mas como medida de estímulo efetivo ao cumprimento

Mallmann. (PROCESSO Nº TST-ArgInc-479-60.2011.5.04.0231). dos direitos sociais por parte de devedores recalcitrantes, que se

valem da Justiça do Trabalho, lamentavelmente, para postergar

Todavia, em 14/10/2015, o Ministro Dias Toffoli, nos autos da indefinidamente suas obrigações".

Reclamação 22012, ajuizada pela Federação Nacional dos Bancos

(Fenaban), proferiu decisão liminar suspendendo os efeitos da Ante o exposto, este Relator, na linha das recentes decisões do

decisão proferida pelo TST, que havia afastado o uso da TRD e Excelso STF e do Colendo TST, modificou o seu posicionamento,

determinado a adoção do índice IPCA-E por meio da "tabela única", passando a entender pela aplicabilidade, na atualização monetária

entendendo que a decisão do TST extrapolou o entendimento fixado dos débitos trabalhistas, do Índice de Preços ao Consumidor Amplo

pelo STF no julgamento das ADI's 4357 e 4425. Especial (IPCA-E).

Frise-se que, após a liminar conferida pelo STF, o próprio TST Assinale-se que o Tribunal Pleno do TST, em sessão de 20 de

retomou o entendimento no sentido de fixar a TRD como índice de março de 2017, apreciando os embargos de declaração opostos em

atualização dos créditos trabalhistas, e, no âmbito deste Regional, o face do acórdão proferido na ArgInc - 479-60.2011.5.04.0231,

Pleno, em sessão de 17/08/2016, no julgamento do Agravo decidiu pela modulação da decisão original, atribuindo efeito

Regimental dos autos nº 0250200-06.1992.5.17.0003, manifestou- modificativo ao julgado, para determinar que a aplicação do IPCA-E,

se nos seguintes termos: "até o julgamento da Reclamação nº como índice de correção dos débitos trabalhistas, produza efeito

22.012/RS, prevalece a Taxa Referencial Diária - TRD como índice somente a partir de 25 de março de 2015, data coincidente com

de correção monetária dos débitos trabalhistas, conforme o art. 39 aquela adotada pelo STF no acórdão prolatado na ADI 4.357:

da Lei 8.177/1991, em face do entendimento adotado pelo Supremo

Tribunal Federal na liminar proferida na referida Reclamação". [...] acolher parcialmente os embargos de declaração opostos pelo

Município de Gravataí e pelo SINDIENERGIA para, dando efeito

Ocorre que em 05/12/2017 a Segunda Turma do STF julgou, em modificativo ao julgado, aplicar a modulação dos efeitos da decisão

análise meritória, improcedente a Reclamação (RCL) 22012, a contar de 25/03/15, que coincide com a data que o Supremo

ajuizada pela Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) contra a Tribunal Federal reconheceu na decisão proferida na Ação

decisão do TST que havia determinado a adoção IPCA-E no lugar Declaratória de Inconstitucionalidade nº 4.357. [...] III) por

da TRD para a atualização de débitos trabalhistas, prevalecendo o unanimidade, em cumprimento à decisão liminar proferida pelo

entendimento de que tal posicionamento não configura desrespeito Supremo Tribunal Federal, na Reclamação nº 22.012, excluir do

ao julgamento das Ações Diretas de Inconstitucionalidade 4357 e acordão originário a determinação de reedição da Tabela Única de

4425, que analisaram a emenda constitucional sobre precatórios. cálculo de débitos trabalhistas, a fim de que fosse adotado o índice

questionado (IPCA-E)

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 755
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Dessa forma, considerando as decisões proferidas tanto pelo STF Portanto, considerando as decisões proferidas tanto pelo STF como

como também pelo C. TST, este Relator entende que os débitos também pelo TST, os débitos trabalhistas em geral devem ser

trabalhistas em geral devem ser atualizados pela TR até 24/03/2015 atualizados pela TR/FACDT até 24/03/2015 e pelo IPCA-E a partir

e pelo IPCA-E a partir de 25/03/2015. de 25/03/2015, para que seja resguardada a segurança jurídica.

Cumpre salientar o teor do Ofício Circular CSJT.GP.SG nº 15/2018, Ante todo o exposto, dá-se parcial provimento para determinar que

expedido em 11/06/2018, que determina a suspensão da aplicação os débitos trabalhistas devam ser atualizados pela TR até

do IPCA-E até o trânsito em julgado da decisão da Reclamação 24/03/2015 e pelo IPCA-E a partir de 25/03/2015.

Constitucional nº 22.012 ajuizada pela Federação Nacional dos

Bancos em face da decisão do TST na Reclamação Trabalhista nº

0000479-60.2011.5.04.0231.

Quanto ao mencionado Ofício, adota-se o entendimento da Exma.

Desembargadora Daniele Corrêa Santa Catarina, em Acórdão

proferido nos autos do processo nº 0124000-62.2008.5.17.0012,

julgado pela 3ª Turma deste Regional na sessão do dia 09/07/2018,

in verbis:

Data máxima vênia o entendimento explicitado no referido ofício,

tenho que, com o julgamento do mérito da Reclamação

Constitucional 22.012 pela c. 2ª Turma do STF, a liminar prolatada

pelo Excelentíssimo Ministro Relator Dias Tofolli, no sentido de

suspender a decisão prolatada nos autos da ArgInc - 479- 3. ACÓRDÃO

60.2011.5.04.0231, perdeu o seu efeito, razão pela qual, ainda que

esteja pendente de julgamento embargos de declaração (visto que

já foi negado provimento em 14.6.2018 pelo Plenário Virtual da

Corte, a agravo regimental interposto), deve prevalecer o decidido

na mencionada Arguição de Inconstitucionalidade.

Cabe assinalar que o Pleno do TRT da 17ª Região, na sessão de

julgamento do dia 11/07/2018, ao examinar o agravo regimental

interposto no processo n. 0157600-06.1991.5.17.0001, por maioria,

adotou o entendimento de que o Ofício Circular CSJT.GP.SG nº

15/2018 deveria ser observado como uma recomendação e que

deveria ser aplicado o IPCA-E a partir de março de 2015.

Por fim, vale ressaltar que embora o STF, em decisão do dia

03/10/2019, no julgamento dos Embargos de Declaração no

Recurso Extraordinário n. 870.947, tenha decidido que também é

aplicável o IPCA-E quanto ao período de 2009 a 2015, referida

decisão se restringe à Fazenda Pública, uma vez que seu objeto é a

atualização monetária dos precatórios. Logo, não se aplica a Acordam os Magistrados da 1ª Turma do Tribunal Regional do

referida decisão ao presente caso, uma vez que o devedor é Trabalho da 17ª Região, na Sessão Ordinária realizada no dia 03 de

particular, ou seja, in casu, não há falar no regime especial dezembro de 2019, às 13 horas e 30 minutos, sob a Presidência do

estabelecido pelo art. 100 da CF.. Exmo. Desembargador Cláudio Armando Couce de Menezes, com

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 756
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

a participação do Exmo. Desembargador Mário Ribeiro Cantarino

Neto e do Exmo. Desembargador José Carlos Rizk, e presente o

Procurador Regional do Trabalho, Dr. Levi Scatolin; por

unanimidade, conhecer dos recursos ordinários interpostos pela

Reclamante e pelas Reclamadas; acolher a preliminar suscitada

pela Autora para, nos termos do acórdão proferido no bojo do

Incidente de Arguição de Inconstitucionalidade nº 0000453-

35.2019.5.17.0000, declarar a inconstitucionalidade parcial do §4º,

do art. 791-A, da CLT; em virtude da prejudicialidade das matérias,

inverter a ordem e apreciar em primeiro lugar o mérito do recurso

ordinário interposto pelas Reclamadas; e, no mérito, por maioria, DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK

dar parcial provimento ao apelo patronal para determinar a

devolução do valor adiantado pelas Reclamadas a título de Relator

honorários periciais; e dar parcial provimento ao apelo obreiro para

determinar a devolução do valor adiantado pela Reclamante a título

de honorários periciais; para afastar a limitação da condenação até

02/04/2017, autorizando-se a dedução dos valores pagos a idêntico

título, sob pena de enriquecimento ilícito; para condenar as

Reclamadas no pagamento das verbas "Auxílio Refeição" e "Ajuda

Alimentação", na forma das convenções coletivas da categoria dos

financiários, autorizando-se a dedução das parcelas pagas a

idêntico título; para condenar as Reclamadas no reembolso dos

valores indevidamente descontados a título de auxílio-alimentação e

assistência médica; para excluir a condenação da Autora em multa

por litigância de má-fé; para reduzir os honorários devidos pela

Reclamante para o percentual de 5% dos pedidos julgados

improcedentes, bem como para determinar que a verba honorária

devida deva ficar sob condição suspensiva de exigibilidade e

somente poderá ser executada se, nos 2 (dois) anos subsequentes Acórdão
Processo Nº ROT-0000356-66.2018.5.17.0001
ao trânsito em julgado da decisão que a certificou, o credor Relator JOSE CARLOS RIZK
demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de RECORRENTE ALESSANDRA VENTURIN AYRES
ADVOGADO RODRIGO JORGE DE BRITO
recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se, ANTUNES(OAB: 15628/ES)
passado esse prazo, tal obrigação do beneficiário; para determinar RECORRIDO DACASA FINANCEIRA S/A -
SOCIEDADE DE CREDITO
que os débitos trabalhistas devam ser atualizados pela TR até FINANCIAME
ADVOGADO STEFANY VIGUINI FERREIRA(OAB:
24/03/2015 e pelo IPCA-E a partir de 25/03/2015. Vencido, no 25856/ES)
recurso da reclamada, no tocante ao enquadramento; no recurso do ADVOGADO FLAVIA QUINTEIRA MARTINS(OAB:
8973/ES)
reclamante, quanto à limitação da condenação; quanto ao auxílio RECORRIDO DADALTO ADMINISTRACAO E
PARTICIPACOES S/A
alimentação e no tocante à devolução dos descontos, o Exmo.
ADVOGADO STEFANY VIGUINI FERREIRA(OAB:
Desembargador Mário Ribeiro Cantarino Neto. 25856/ES)
ADVOGADO FLAVIA QUINTEIRA MARTINS(OAB:
8973/ES)
Custas, pelas Reclamadas, no importe de R$ 300,00 (trezentos RECORRIDO PROMOV SISTEMA DE VENDAS E
SERVICOS LTDA
reais), calculadas sobre R$ 15.000,00 (quinze mil reais), valor para ADVOGADO STEFANY VIGUINI FERREIRA(OAB:
25856/ES)
o qual se majora a condenação.
ADVOGADO FLAVIA QUINTEIRA MARTINS(OAB:
8973/ES)
TERCEIRO ROBERVANDERSON ALVES
INTERESSADO

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 757
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

TERCEIRO CINTIA MARIA COUTINHO


INTERESSADO

Intimado(s)/Citado(s):
- DADALTO ADMINISTRACAO E PARTICIPACOES S/A

RECURSO ORDINÁRIO DAS RECLAMADAS.

ENQUADRAMENTO. FINANCIÁRIO. O enquadramento sindical


PODER JUDICIÁRIO
dos empregados é determinado pela atividade preponderante do
JUSTIÇA DO TRABALHO
empregador, nos termos do art. 511, §º2, da CLT. Portanto, em se

tratando de empregador que exerce atividade preponderante no

ramo das financeiras, integrando a categoria econômica das

empresas de crédito, financiamento e investimento, aplicam-se aos

seus empregados os instrumentos coletivos da categoria dos

financiários.

PROCESSO nº 0000356-66.2018.5.17.0001 (ROT)

RECORRENTES: ALESSANDRA VENTURIN AYRES; DACASA

FINANCEIRA S/A - SOCIEDADE DE CREDITO FINANCIAME; RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMANTE. ÍNDICE DE

DADALTO ADMINISTRACAO E PARTICIPACOES S/A; PROMOV ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. IPCA-E. Considerando as decisões

SISTEMA DE VENDAS E SERVICOS LTDA. proferidas tanto pelo STF como também pelo C. TST, este Relator

entende que os débitos trabalhistas em geral devem ser atualizados

RECORRIDOS: ALESSANDRA VENTURIN AYRES; DACASA pela TR até 24/03/2015 e pelo IPCA-E a partir de 25/03/2015.

FINANCEIRA S/A - SOCIEDADE DE CREDITO FINANCIAME;

DADALTO ADMINISTRACAO E PARTICIPACOES S/A; PROMOV

SISTEMA DE VENDAS E SERVICOS LTDA.

ORIGEM: 1ª VARA DO TRABALHO DE VITÓRIA

RELATOR: DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK

COMPETÊNCIA: 1ª TURMA

1. RELATÓRIO

EMENTA Trata-se de recursos ordinários interpostos pela Reclamante e pelas

Reclamadas em face da r. sentença de Id. a51baff, complementada

pela decisão de embargos declaratórios de Id. 5fa562c, que

declarou prescritas as pretensões originadas antes de 27/04/2013 e

julgou parcialmente procedentes os pedidos formulados na inicial

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 758
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

para reconhecer o vínculo direto com o 1ª Réu no período de pelas Reclamadas.

18/03/2004 a 05/06/2018 e o enquadramento da Autora como

financiária; condenar as Rés no pagamento dos benefícios É o relatório.

convencionais da categoria, diferenças salariais com base nos

índices de reajustes previstos nas normas coletivas, anuênios,

décima terceira cesta alimentação e PLR. Por fim, condenou a

Reclamante a pagar multa por litigância de má-fé de 5% sobre o

valor da causa, com fulcro no art. 793-C da CLT; deferiu à Autora os

benefícios da justiça gratuita e condenou as partes no pagamento

de honorários advocatícios recíprocos no percentual de 12%.

Em razões recursais, a Reclamante requer, preliminarmente, a

declaração de inconstitucionalidade do art. 790-B, caput e §4º, bem 2. FUNDAMENTAÇÃO

como do art. 791-A, §4º, ambos da CLT; no mérito, pugna pela

reforma da sentença no tocante à nulidade da dispensa, danos

morais, devolução dos honorários periciais, período delimitado,

horas extraordinárias, intervalo intrajornada, intervalo do art. 384 da

CLT, verbas alimentares, devolução dos descontos indevidos, multa

por litigância de má-fé; honorários advocatícios sucumbenciais e

aplicação do IPCA-E como índice de correção monetária.

Por sua vez, as Reclamadas, em suas razões de recurso, pleiteiam

a modificação do decisioquanto aos honorários periciais,

terceirização ilícita e benefícios da norma coletiva.

Comprovado recolhimento das custas processuais (Id. 60d373f),

bem como do depósito recursal (Id. edaa610).

2.1. CONHECIMENTO

Contrarrazões pelas Reclamadas ao Id. 84446fc.

Contrarrazões pelas Rés ao Id. 16cbf43.

Esta 1ª Turma, na sessão ordinária realizada no dia 29/10/2019,

resolveu, por unanimidade, suspender o julgamento do presente

processo em virtude do Incidente de Inconstitucionalidade do §4º do

art. 791-A, da CLT, suscitado no processo 0000398-

09.2018.5.17.0101, que deverá ser julgado pelo Tribunal Pleno. Conhece-se dos recursos ordinários interpostos pela Reclamante e

pelas Reclamadas, porquanto preenchidos os pressupostos legais

Na sessão ordinária realizada no dia 23/10/2019, o Pleno deste de admissibilidade.

Regional julgou o Incidente de Arguição de Inconstitucionalidade nº

0000453-35.2019.5.17.0000, declarando a inconstitucionalidade Registre-se que a presente ação foi ajuizada em 27/04/2018, após a

parcial do §4º, do art. 791-A, da CLT. entrada em vigor da Lei 13.467/17 (Lei da Reforma Trabalhista) e

que a Origem declarou a prescrição das parcelas anteriores a

Assim, considerando o julgamento da matéria pelo Pleno deste 27/04/2013, não havendo recurso quanto ao aspecto.

Tribunal, os autos retornaram à 1ª Turma para prosseguimento do

julgamento dos recursos ordinários interpostos pela Reclamante e

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Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

"ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. HONORÁRIOS

ADVOCATÍCIOS. ARTIGO 791-A, § 4º, DA CLT. Declara-se a

inconstitucionalidade parcial do § 4º, do artigo 791-A, da CLT

somente quanto ao trecho: "desde que não tenha obtido em juízo,

ainda que outro processo, créditos capazes de suportar a despesa",

no sentido de que não se possa atingir os créditos deferidos ao

2.2. INCONSTITUCIONALIDADE DO ARTIGO 791-A, § 4º, DA beneficiário da justiça gratuita, ainda que em outro processo, mas

CLT tão somente que a verba honorária fique sob condição suspensiva

de exigibilidade, podendo ser executada, se nos 2 (anos)

subseqüentes ao trânsito em julgado da decisão que a certificou, o

credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência

de recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-

se, passado esse prazo, tal obrigação do beneficiário".

Assim, considerando o julgamento da matéria pelo Pleno deste

Tribunal, os autos retornaram à 1ª Turma para prosseguimento do

A Origem, na r. sentença, julgou parcialmente procedentes os julgamento dos recursos ordinários interpostos pela Reclamante e

pedidos formulados na inicial e condenou as partes no pagamento pelas Reclamadas.

de honorários advocatícios recíprocos no percentual de 12%.

Ante o exposto, nos termos do acórdão proferido no bojo do

Em razões recursais, a Reclamante requer, preliminarmente, seja Incidente de Arguição de Inconstitucionalidade nº 0000453-

declarada a inconstitucionalidade do art. 790-B, capute §4º, bem 35.2019.5.17.0000, declara-se a inconstitucionalidade parcial do

como do art. 791-A, §4º, ambos da CLT. §4º, do art. 791-A, da CLT.

Pois bem. Em virtude da prejudicialidade das matérias, inverte-se a ordem e

aprecia-se em primeiro lugar o mérito do recurso ordinário

De início, cumpre registrar que a Reclamante não tem interesse interposto pelas Reclamadas.

quanto à declaração de inconstitucionalidade do art. 790-B, da CLT,

uma vez que não foi realizada perícia nos autos, inexistindo,

consequentemente, condenação em honorários periciais.

Verifica-se, assim, que o apelo Obreiro abarca apenas a discussão

acerca da inconstitucionalidade do art. art. 791-A, §4º, da CLT.

Esta 1ª Turma, na sessão ordinária realizada no dia 29/10/2019,

resolveu, por unanimidade, suspender o julgamento do presente

processo em virtude do Incidente de Inconstitucionalidade do §4º do

art. 791-A, da CLT, suscitado no processo 0000398-

09.2018.5.17.0101, que deverá ser julgado pelo Tribunal Pleno.

Na sessão ordinária realizada no dia 23/10/2019, o Pleno deste

Regional julgou o Incidente de Arguição de Inconstitucionalidade nº

0000453-35.2019.5.17.0000, declarando a inconstitucionalidade

parcial do §4º, do art. 791-A, da CLT, conforme se depreende da

ementa ora transcrita:

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Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

honorários periciais.

No entanto, em razão dos reiterados pedidos de adiamento da

perícia pela Autora, a Origem tornou prejudicada a realização da

prova técnica.

Em suas razões recursais, requerem as Reclamadas a devolução

dos valores de honorários periciais adiantados, sob pena de

enriquecimento ilícito.

Analisa-se.

2.2. MÉRITO DO RECURSO ORDINÁRIO INTERPOSTO PELAS

RECLAMADAS O d. Juízo a quo determinou que, por ocasião da entrega do laudo,

a Secretaria liberasse os honorários prévios em favor do perito.

Considerando que a perícia não foi realizada, diante da ausência da

Reclamante e reiterados pedidos de adiamento, deve ser autorizada

a devolução do valor à Reclamada, conforme requerido.

Dá-se provimento para determinar a devolução do valor adiantado

pelas Reclamadas a título de honorários periciais.

2.2.1. DEVOLUÇÃO DOS HONORÁRIOS PERICIAIS

ADIANTADOS. PERÍCIA NÃO REALIZADA.

2.2.2. ENQUADRAMENTO SINDICAL. FINANCIÁRIOS.

Na audiência realizada em 20/08/2018, a Origem determinou a

realização de perícia técnica para verificação da alegada

incapacidade laborativa da Autora no momento da rescisão Na inicial, a Reclamante relatou que foi admitida pela 1ª Reclamada

contratual. Na ocasião, prontificou-se a Reclamante a realizar a (Dacasa Financeira S.A. - Sociedade de Crédito, Financiamento e

antecipação de honorários no importe de R$ 400,00. Investimentos) em 18/03/2004, para exercer inicialmente a função

de "analista/Especialista de Crédito", tendo sido imotivadamente

Ante a recusa de 3 (três) peritos médicos nomeados, o d. Juízo a dispensada em 05/06/2018, quando percebia remuneração de R$

quodesignou nova audiência, ocasião em que a Reclamada se 3.785,00(três mil, setecentos e oitenta e cinco reais).

comprometeu a antecipar o valor de R$ 600,00, a titulo de

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Sustentou que, embora tenha prestado serviços exclusivos e direta pela 1ª Reclamada, a Autora não deveria ser enquadrada

ininterruptos à 1ª Ré durante todo o contrato de trabalho, teve sua como financiária, tendo em vista que estão presentes os requisitos

CTPS formalmente registrada pelas empresas do mesmo grupo da categoria profissional diferenciada dos telefônicos.

econômico da seguinte forma: de 18/03/2004 a 31/10/2008 pela 3ª

Ré (Promov Sistema de Vendas e Serviços Ltda.); de 01/11/2008 a Por fim, aduzem que não há qualquer ilicitude na terceirização

02/04/2017 pela 2ª Reclamada (Dadalto Administração e perpetrada por empresas do mesmo grupo econômico, inexistindo,

Participações Ltda.); de 03/04/2017 a 05/06/2018 pela 1ª portanto, impedimento legal ou jurisprudencial para que uma

Demandada. empresa preste serviços a outra.

Assim, sob o fundamento de que sempre prestou serviços em favor Analisa-se.

da 1ª Reclamada, que atua desempenhando atividades típicas de

Financeira, requereu seu enquadramento como "financiária", com a Inicialmente, cumpre salientar que o Supremo Tribunal Federal, no

consequente aplicação da norma coletiva correspondente. julgamento conjunto da ADPF 324 e RE 958252, por maioria, firmou

a tese de que é lícita a terceirização ou qualquer outra forma de

Em contestação conjunta de ID. 2f8e1c4, as Reclamadas alegaram divisão do trabalho entre pessoas jurídicas distintas,

que a Reclamante, durante o período imprescrito, laborou em duas independentemente do objeto social das empresas envolvidas, não

situações distintas, inicialmente vinculada à Promov, exercendo se configurando relação de emprego entre a contratante e o

atividade meio da tomadora e, posteriormente, a partir de empregado da contratada e mantida a responsabilidade subsidiária

03/04/2017, à própria Dacasa, sendo então enquadrada como da empresa contratante.

financiária.

De igual forma, estabeleceu que essa diretriz não afeta

Argumentaram que, do período imprescrito até 03/04/2017, a Autora automaticamente os processos e relação aos quais tenha havido

ocupava a função de coordenadora de crédito, atuando na gestão coisa julgada.

de sua equipe de analistas, que, por sua vez, executavam o

processo de checagem do cadastro e das referências pessoais do Porém, o comando supramencionado não afeta o presente

cliente via atendimento por contatos telefônicos e consulta a bancos processo, uma vez que seu objeto não é sobre terceirização de mão

de dados externos. de obra, tampouco houve referência, na sentença objurgada, acerca

da aplicação da Súmula nº 331 do Tribunal Superior do Trabalho.

Afirmaram que, por tal motivo, a Reclamante foi registrada pela

Promov, empresa prestadora de serviços, notoriamente pertencente Explica-se.

à categoria diferenciada representada pelo Sindicato dos

Trabalhadores em Telecomunicações - SINTTEL-ES. Conforme inteligência dos artigos 511 e 581, § 2º, da CLT, o

enquadramento sindical dos trabalhadores é ditado pela atividade

A Origem, reconhecendo a fraude na contratação da Autora por preponderante da empresa para a qual o obreiro presta labor.

empresa terceirizada do mesmo grupo econômico, reconheceu o

vínculo direto com a 1ª Reclamada no período de 18/03/2004 a No caso dos autos, a Reclamante foi inicialmente registrada pela 3ª

05/06/2018 e o enquadramento da Reclamante como financiária, Reclamada, no período entre 18/03/2004 a 31/10/2008, pela 2ª

nos termos da Súmula nº 33 deste Regional, com o consequente Demanda, de 01/11/2008 a 02/04/2017 e finalmente pela 1ª Ré, de

deferimento dos benefícios da categoria. 03/04/2017 a 05/06/2018.

Irresignadas, recorrem as Reclamadas, alegando que o acordo Ocorre que, conforme admitido pelas próprias Rés em contestação

extrajudicial acostado aos autos não reconhece o enquadramento conjunta, durante todos os pactos laborais, a Autora prestou

da Reclamante como funcionária, mas apenas a quitação do objeto serviços em favor da 1ª Reclamada (Dacasa Financeira S.A. -

da ação civil pública. Sociedade de Crédito, Financiamento e Investimentos), empresa do

mesmo grupo econômico das demais, cujo objeto social consiste

Além disso, ressaltam que, mesmo que se considere contratação "na prática de todas as operações permitidas nas disposições legais

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 762
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

regulamentares às entidades da espécie" (Id. 5ee15dd). e consulta a bancos de dados externos, informando acerca da

liberação do crédito pretendido dentro da alçada de aprovação

Aliás, como o próprio nome já indica, é de conhecimento notório que previamente definida, verificando a eventual restrição em órgãos de

a primeira reclamada - DACASA - funciona no mercado como uma proteção mediante a utilização dos sistemas disponíveis,

empresa prestadora de crédito e financiamento ao público. observando as regras de atendimento ao cliente preconizadas pela

Norma Regulamentadora 17 do Ministério do Trabalho e Emprego.

Para sustentar tal afirmação, verifica-se no sítio eletrônico da citada

empresa (http://www.dacasa.com.br Acesso em: 23/09/2019) que a Assim, a Reclamante era responsável por fazer o acompanhamento

mesma é especializada em empréstimo pessoal, empréstimo da qualidade de atendimento dos analistas, identificando formas de

consignado, crédito ao consumidor e ainda disponibiliza para seus garantir melhoras no trabalho executado pela sua equipe,

clientes um cartão de crédito com bandeira própria. planejando estratégias, definindo diretrizes do trabalho, aplicando

punições e conduzindo a observância das normas da empresa

Notório, portanto, que a Dacasa Financeira, empresa para a qual a pelos colaboradores".

Reclamante efetivamente prestava seus serviços, é

estabelecimento pertencente ao ramo financeiro, tendo como Além disso, não há provas nos autos que confirmem uma prestação

principal objetivo social a concessão de crédito para pessoas físicas de serviços da obreira que seja desvinculada das atividades

ou jurídicas, inclusive administrando seu próprio cartão de crédito, e financeiras, ainda que não seja ela a responsável por qualquer

cobrando juros nas transações efetuadas. aprovação final de créditos.

Tendo em vista que restou demonstrado que a autora prestava Assim, tratando-se de empresa que exerce sua atividade

serviços voltados unicamente à primeira reclamada - DACASA, são preponderante no ramo das financeiras (concessão de crédito para

as atividades desta que se apresentam como definitivas para o pessoas físicas ou jurídicas, administração de cartão de crédito e

deslinde da causa, sendo, pois, patente a condição de financiária cobrança de juros nas transações efetuadas), a 1ª Reclamada

pleiteada pela autora. efetivamente integra a categoria econômica das empresas de

crédito, financiamento e investimento. Portanto, a Reclamante

Insta frisar, nesta oportunidade, que o E. TST consolidou seu integra a categoria profissional correlata (artigo 511, § 2º da CLT),

entendimento, no verbete sumular n. 55, que "as empresas de qual seja a dos trabalhadores em instituições financeiras.

crédito, financiamento ou investimento, também denominadas

financeiras, equiparam-se aos estabelecimentos bancários para No aspecto, importante registrar que, embora a Autora não tenha

efeitos do art. 224 da CLT". comparecido à audiência em que deveria depor, os efeitos da

confissão aplicada não alteram a conclusão ora esposada, uma vez

Esclarece-se, por oportuno, que não deve lograr êxito a tese no que baseada na prova pré-constituída dos autos.

sentido de que deve ser aplicada, in casu, as Súmulas n. 117 e 331,

inciso III do TST sob o argumento de que a Reclamante fazia parte Reconhecida a condição de financiária da autora, devem ser a ela

da categoria dos comerciários ou telefônicos, ou mesmo aplicadas as normas coletivas próprias da respectiva categoria,

terceirizada. Isso porque as atividades realizadas pela autora sendo devidos os benefícios convencionados.

possuíam ligação direta à atividade fim da financeira, conforme se

extrai da própria peça defensiva, in verbis: Vale registrar, nesta oportunidade, que a questão em tela é objeto

de Ação Civil Pública, ajuizada pelo Ministério Público do Trabalho,

"No período imprescrito, a Reclamante ocupou a função de tombada sob o n. 0003200-32.2008.5.17.0003.

COORDENADORA DE CRÉDITO, atuando na gestão de sua

equipe de analistas, que por sua vez executam o processo de A sentença foi favorável ao Órgão Ministerial, no sentido de declarar

checagem do cadastro e das referências pessoais do cliente, dentre a ilegalidade da conduta da empresa Dacasa Financeira S.A. em

eles clientes de lojistas diversos (tais como PALLADIUM, efetivar a contratação de empregados por meio de outra empresa

ELETROCITY, DANÚBIO, ALVOMAC, BOROTO CALÇADOS, do grupo econômico.

ITAPUÃ CALÇADOS, etc.), via atendimento por contatos telefônicos

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 763
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

O referido decisumcondenou a empresa a proceder ao registro deve ser mantida e, por corolário lógico, a manutenção dos

competente de todos os trabalhadores que lhe prestam serviços e a benefícios contidos nos instrumentos coletivos dos financiários.

cumprir as normas previstas no artigo 224 da CLT, nos termos da

Súmula n. 55 do TST, com relação a todos os seus empregados. Nega-se provimento.

A empresa interpôs recurso ordinário, que restou desprovido. Após,

apresentou recurso de revista que teve seu seguimento denegado

por deserto, e interpôs agravo de instrumento, tendo o TST negado

provimento a esse recurso.

Portanto, repise-se, não se trata de mera terceirização, mas fraude

de registro de empregados. O debate nos presentes autos não está

relacionado com a intermediação de mão de obra por empresa

interposta, mas sim na fraude na formalização da mão de obra 2.3. MÉRITO DO RECURSO ORDINÁRIO INTERPOSTO PELA

utilizada pelas empresas que formam o grupo econômico. RECLAMANTE

Aqui não se está a dizer que a autora faria jus aos efeitos da coisa

julgada formal da ação retromencionada. O que se demonstra é que

a dinâmica de absorção da mão de obra levada a efeito permanece.

Se o grupo econômico pretende se utilizar de mão de obra dentre

as empresas do próprio grupo, somente pode fazê-lo sem

desrespeitar os direitos da categoria profissional.

Não custa relembrar que são nulos de pleno direito os atos

praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a

aplicação dos preceitos Consolidados, bem como que a alteração

na estrutura jurídica da empresa não pode afetar os direitos

adquiridos pelos seus empregados (artigos 9º e 10 da CLT).

2.3.1. NULIDADE DA DISPENSA. INAPTIDÃO NO MOMENTO DA

Nesse passo, a utilização da Promov com o efeito de registro de RESCISÃO

empregados a fim de utilizá-los pela Dacasa Financeira significa

fraudar o enquadramento profissional de fato e, com isso, sonegar

os direitos previstos nas convenções coletivas dos financiários,

plenamente aplicáveis àqueles trabalhadores, gerando para o grupo

inequívoco enriquecimento sem causa e em detrimento dos

legítimos direitos da categoria.

Portanto, tem-se por consubstanciada fraude na formalização da

mão de obra utilizada pelas empresas que formam o grupo Na petição inicial, a Reclamante relatou que foi admitida pela 1ª

econômico, demonstrando a continuidade da prática antijurídica que Reclamada (Dacasa Financeira S.A. - Sociedade de Crédito,

se pretendeu obstar por meio da ação civil pública 0003200- Financiamento e Investimentos) em 18/03/2004, para exercer

32.2008.5.17.0003. inicialmente a função de "analista/Especialista de Crédito", tendo

sido imotivadamente dispensada em 07/03/2018, quando percebia

Por todo exposto, tem-se que a Origem agiu com propriedade ao remuneração de R$ 3.785,00(três mil, setecentos e oitenta e cinco

reconhecer a condição de financiária da autora, pelo que a sentença reais).

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 764
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

documentos médicos que instruem a exordial.

Afirmou que foi dispensada enquanto estava acometida por doença

grave, Neuromielite Óptica (Doença de Devic), CID G36.0, estando, Analisa-se.

portanto, inapta para o trabalho.

Compulsando os autos, verifica-se que o pedido Autoral de

Informou que referida enfermidade foi diagnosticada em 31/10/2015 reintegração ao emprego pode ser amparado em duas causas de

e que desde então está sob constante tratamento e observação pedir: nulidade da dispensa em razão da inaptidão física da

médica, conforme comprovam os documentos juntados com a Reclamante na época da rescisão do contrato de trabalho e

inicial. dispensa discriminatória.

Ressaltou que não poderia ter sido considerada apta no momento No que tange ao pedido de reintegração fundado na alegação de

da demissão, pelo que deveria ter sido encaminhada ao INSS com que a Reclamante estava inapta no momento da dispensa, este

a consequente suspensão do seu contrato de trabalho. Relator mantém o entendimento de que, independentemente da

existência de nexo de causalidade entre a doença ou a lesão

Sob tais fundamentos, requereu "a nulidade do ato demissional nos apresentada pelo obreiro com sua atividade profissional, em razão

termos do art. 9° da CLT, por dispensa discriminatória de da função social que a empresa possui, não é permitido ao

trabalhadora doente e inapta, nos termos da Súmula n° 443 do TST, empregador dispensar o empregado que esteja inapto ao trabalho.

declarando-se o direito à reintegração de emprego".

Desse modo, faz-se necessário analisar se a Reclamante, na data

Em defesa conjunta, as Reclamadas aduziram que não restou da dispensa, estava apta para trabalhar, ou se foi acometida por

demonstrada a incapacidade da Reclamante para o trabalho no alguma doença antes ou após a rescisão do contrato de emprego.

momento da dispensa.

Na audiência realizada em 20/08/2018, a Origem determinou a

Alegaram, ainda, que não há qualquer comprovação de que a realização de perícia técnica para verificação da alegada

doença portada pela Autora seja qualificada como grave e que incapacidade laborativa da Autora por ocasião da rescisão

suscite estigma ou preconceito, requisitos cumulativos estipulados contratual.

pela Súmula nº 443 do TST.

Entretanto, designada a perícia, a Reclamante postulou reiterados

A Origem, na r. sentença, julgou improcedente o pedido, adotando adiamentos, sob o fundamento de que seu marido sofreu acidente

osseguintes fundamentos: em viagem fora do país, lesionando seriamente a perna esquerda,

sem a possibilidade de embarcar em voo internacional, de forma

A autora, sem justificativa comprovada, deu azo à não realização da que ela, como única acompanhante, tampouco poderia retornar ao

prova técnica determinada para verificação da sua incapacidade Brasil.

laborativa por ocasião da rescisão.

Ocorre que, embora a Autora tenha demonstrado, por meio de

Assim, não comprovada tal situação, rejeita-se o pleito de declarações do Hospital, que seu esposo de fato sofreu acidente no

reconhecimento de nulidade da dispensa e consequente dia 04/11/2018, não há comprovação de que ele estava

reintegração. impossibilitado de realizar viagem internacional, devendo

permanecer em Portugal.

Rejeita-se também, por consequência, ao pleito de indenização por

danos morais. Além disso, conforme requerimento de novo adiamento ao Id.

1084ede, o emailenviado pelo marido da Autora ao escritório de

Em razões recursais, a Reclamante pugna pela reforma da advocatícia aponta justificativa diversa para o pedido, dessa vez

sentença, sob o fundamento de que, além das ausências às uma suposta crise da doença da trabalhadora, cuja única prova nos

perícias designadas terem sido devidamente justificadas, a causa autos é uma "declaração de presença" em Hospital,

do pedido já se encontrava sobejamente comprovada pelos desacompanhada de qualquer laudo médico.

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direito potestativo deste.

Diante desse quadro, agiu corretamente a Origem ao não acatar

novo pedido de adiamento de audiência ou perícia, tornando Todavia, o exercício desse direito potestativo não é irrestrito,

prejudicada a realização da prova técnica. porquanto sofre limitações, especialmente tendo em vista os

princípios basilares do Estado Democrático de Direito, que tem

Por outro lado, observa-se que, embora os documentos juntados como fundamentos a dignidade da pessoa humana e o valor social

com a inicial comprovem que a Reclamante possua quadro do trabalho (art. 1º, inciso III e IV, da CF).

recorrente de mielite longitudinalmente extensa e episódio prévio de

neurite óptica compatíveis com Neuromielite Óptica (NMO), com A Constituição Federal veda, ainda, toda e qualquer forma de

sintomas iniciados em agosto de 2015 (Id. ac3932d), não há nos discriminação, em seu artigo 3º, inciso IV, além de estabelecer, em

autos comprovação de que, no momento da dispensa, a seu art. 7º, inciso I, a proteção da relação de emprego contra a

trabalhadora estava inapta para o trabalho. despedida arbitrária.

No aspecto, é importante frisar que ser portador de doença não Aliás, a Lei nº 9.029, de 13 de abril de 1995, proíbe a adoção de

implica, necessariamente, estar inapto ao labor, tendo em vista que qualquer prática discriminatória e limitativa para efeito de acesso à

nem toda doença é incapacitante. relação de trabalho, ou de sua manutenção.

Assim, embora a Reclamante de fato tenha sido diagnosticada, Acerca do tema, o C. TST sumulou o seguinte entendimento:

desde 2015, com possível Neuromielite Óptica (NMO), os

elementos constantes dos autos não logram comprovar que no Súmula nº 443: DISPENSA DISCRIMINATÓRIA. PRESUNÇÃO.

momento da dispensa a obreira encontrava-se inapta ao labor. EMPREGADO PORTADOR DE DOENÇA GRAVE. ESTIGMA OU

PRECONCEITO. DIREITO À REINTEGRAÇÃO Presumese

Com a inicial, a Autora juntou apenas receituários, exames e alguns discriminatória a despedida de empregado portador do vírus HIV ou

laudos médicos indicando a enfermidade que a acometeu, de outra doença grave que suscite estigma ou preconceito. Inválido

inexistindo qualquer documento que demonstre que, no dia o ato, o empregado tem direito à reintegração no emprego.

07/03/2018, data da comunicação da dispensa, a obreira estivesse

inapta. No presente caso, não se enquadrando a moléstia da Obreira

dentre as patologias que, no entendimento do TST (conforme

Ressalte-se que tampouco consta dos autos atestado médico Súmula 443, supratranscrita), autorizam a presunção de

declarando a necessidade de afastamento da obreira nos dias que discriminação, cumpria à Reclamante comprovar que a despedida

antecederam a dispensa. Apenas em 23/08/2018, ou seja, 15 dias efetivamente derivou do fato de ela supostamente estar doente,

depois da dispensa, como alegado pela própria Reclamante e ônus do qual, contudo, não se desincumbiu.

comprovado pelo documento de Id. cb49858 houve novo surto da

doença. Com efeito, conforme alegado pela própria Autora, a Reclamada

tinha conhecimento do seu quadro de saúde desde o diagnóstico da

Por tudo isso, inafastável a conclusão de que a Obreira não logrou doença em meados de 2015, sendo que a dispensa ocorreu apenas

êxito em comprovar qualquer inaptidão no momento da dispensa, em março de 2018, o que enfraquece a tese de despedida

não merecendo acolhida seu pedido de reintegração, com base discriminatória.

nessa causa de pedir.

Não há quaisquer provas de que a empregadora tenha atuado com

Já em relação à dispensa discriminatória, faz-se necessário tecer o objetivo retaliação ou de segregar a Obreira do convívio com os

algumas considerações preliminares. demais empregados ou, ainda, de se esquivar do cumprimento de

suas obrigações contratuais.

No ordenamento jurídico pátrio, a possibilidade de dispensa não

motivada do empregado é contemplada como um exercício O conjunto probatório acostado aos autos inclusive aponta para

unilateral da vontade do empregador, apresentando-se como um sentido oposto, já que diante de sua enfermidade e tratamento

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médico, a empresa estendeu o plano de saúde por 11 (onze) meses Assim, sob o fundamento de que a Ré feriu bens extrapatrimoniais

depois da dispensa. como a honra e a dignidade da pessoa humana, requereu uma

indenização por danos morais, no importe de 5 vezes o seu último

Ante o exposto, patente o entendimento no sentido de que a salário.

Reclamante não se desincumbiu a contento de seu ônus da prova

(artigo 818, da CLT, e 373, do CPC/2015), também no aspecto. As Reclamadas, em contestação, alegaram que não existiu

qualquer ofensa à moral da Reclamante.

Não há falar, pois, em nulidade da despedida por nenhum dos dois

fundamentos, permanecendo incólume a r. sentença. O magistrado de primeiro grau, na r. sentença, julgou improcedente

o pedido, sob o fundamento de que a Reclamante não comprovou

Nega-se provimento. estar incapacitada para o trabalho por ocasião da rescisão.

Recorre a Reclamante, reiterando a alegação de que foi vítima de

demissão discriminatória.

Analisa-se.

Conforme fundamentação exposta no item 2.3.1. supra, foi mantida

a r. sentença, que reconheceu a legalidade da dispensa efetuada,

por ausência de incapacidade laboral no momento do rompimento

2.3.2. DANOS MORAIS do contrato e de dispensa discriminatória.

Assim sendo, por conseguinte, devem ser julgado improcedente o

pedido consectário de danos morais.

Nega-se provimento.

Na peça vestibular, a Reclamante relatou que foi admitida pela 1ª

Reclamada (Dacasa Financeira S.A. - Sociedade de Crédito,

Financiamento e Investimentos) em 18/03/2004, para exercer

inicialmente a função de "analista/Especialista de Crédito", tendo

sido imotivadamente dispensada em 05/06/2018, quando percebia

remuneração de R$ 3.785,00(três mil, setecentos e oitenta e cinco

reais). 2.3.3. DEVOLUÇÃO DOS HONORÁRIOS PERICIAIS

Afirmou que foi dispensada enquanto estava acometida por doença

grave, Neuromielite Óptica (Doença de Devic), CID G36.0, estando,

portanto, inapta para o trabalho.

Aduziu que a Reclamada praticou ato ilícito ao impedir sua

recolocação no mercado de trabalho, diante de sua inaptidão,

fazendo com que se sentisse descartável depois de quatorze anos

de contrato. Na audiência realizada em 20/08/2018, a Origem determinou a

realização de perícia técnica para verificação da alegada

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incapacidade laborativa da Autora no momento da rescisão Na peça de ingresso, a Reclamante relatou que foi admitida pela 1ª

contratual. Na ocasião, prontificou-se a Reclamante a realizar a Reclamada (Dacasa Financeira S.A. - Sociedade de Crédito,

antecipação de honorários no importe de R$ 400,00. Financiamento e Investimentos) em 18/03/2004, para exercer

inicialmente a função de "analista/Especialista de Crédito", tendo

Ante a recusa de 3 (três) peritos médicos nomeados, o d. Juízo a sido imotivadamente dispensada em 05/06/2018, quando percebia

quodesignou nova audiência, ocasião em que a Reclamada se remuneração de R$ 3.785,00(três mil, setecentos e oitenta e cinco

comprometeu a antecipar o valor de R$ 600,00, a titulo de reais).

honorários periciais.

Sustentou que, embora tenha prestado serviços exclusivos e

No entanto, em razão dos reiterados pedidos de adiamento da ininterruptos à 1ª Ré durante todo o contrato de trabalho, teve sua

perícia pela Autora, a Origem tornou prejudicada a realização da CTPS formalmente registrada pelas empresas do mesmo grupo

prova técnica. econômico da seguinte forma: de 18/03/2004 a 31/10/2008 pela 3ª

Ré (Promov Sistema de Vendas e Serviços Ltda.); de 01/11/2008 a

Assim, em suas razões recursais, a Reclamante postula a 02/04/2017 pela 2ª Reclamada (Dadalto Administração e

restituição do valor depositado a título de honorários prévios Participações Ltda.); de 03/04/2017 a 05/06/2018 pela 1ª

periciais. Demandada.

Analisa-se. Assim, sob o fundamento de que sempre prestou serviços em favor

da 1ª Reclamada, que atua desempenhando atividades típicas de

O d. Juízo a quo determinou que, por ocasião da entrega do laudo, Financeira, requereu seu enquadramento como "financiaria", com a

a Secretaria liberasse os honorários prévios em favor do perito. consequente condenação no pagamento dos benefícios previstos

na norma coletiva.

Considerando que a perícia não foi realizada, diante da ausência da

Reclamante e reiterados pedidos de adiamento, deve ser autorizada A Origem reconheceu o vínculo direto com o 1º Reclamado no

a devolução do valor à Autora, conforme requerido. período de 18/03/2004 a 05/06/2018 e o enquadramento da Autora

como financiária. Como consequência, condenou as Reclamadas

Dá-se provimento para determinar a devolução do valor adiantado no pagamento dos benefícios convencionais da categoria,

pela Reclamante a título de honorários periciais. restringindo ao período de 27/04/2013 (prescrição) até 02/04/2017,

sob o fundamento de que a partir de 03/04/2017 houve a efetiva

contratação da Reclamante pelo 1ª Reclamado, quando então teria

passado a receber tais benefícios.

Em razões recursais, a Autora pugna pela reforma da sentença,

alegando que nem todos os direitos foram quitados após

02/04/2017.

Analisa-se.

2.3.4. LIMITAÇÃO DOS DIREITOS NORMATIVOS

De início, cumpre esclarecer que a sentença já reconheceu a

unicidade contratual e o vínculo direto com a 1ª Reclamada no

período pleiteado na inicial, ou seja, de 18/03/2004 a 05/06/2018.

Apenas a condenação no pagamento dos benefícios da categoria

foi restrita a data em que a Reclamante teve a CTPS anotada pela

própria 1ª Demandada, quando teria passado a receber os

benefícios previstos nas normas coletivas da categoria dos

financiários.

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Demandada.

Nesses termos, considerando que desde a inicial a Reclamante

alega que não percebeu corretamente os benefícios previstos na Noticiou que foi contratada para uma jornada de 44 (quarenta e

Norma Coletiva durante todo o contrato de trabalho, inclusive, no quatro) horas semanais, de segunda-feira a sábado, sendo que a

período em que teve a CTPS anotada pela 1ª Reclamada, não há categoria dos financiários, na qual deve ser enquadrada, detém

falar em limitação da condenação. uma jornada de 30 horas semanais.

Contudo, deve ser autorizada a dedução dos valores pagos a Afirmou que trabalhava de segunda à sexta-feira, das 08h30 às

idêntico título, sob pena de enriquecimento ilícito. 19h30, com 20 minutos de intervalo intrajornada e até às 20h nos

dias de pico, última semana de cada mês para o fechamento das

Assim, dá-se provimento para afastar a limitação da condenação metas, e aos sábados das 08h às 14h20, sem intervalo para

até 02/04/2017, autorizando-se a dedução dos valores pagos a descanso e alimentação.

idêntico título, sob pena de enriquecimento ilícito.

Assim, requereu a condenação das Reclamadas no pagamento

como extras das horas trabalhadas acima das 05h45 e,

sucessivamente, a partir da 6ª diária ou 8ª diária.

No caso de enquadramento no §2º, art. 224 da CLT, postulou o

recebimento da Gratificação de Função prevista na Cláusula 4.1.2.

da CCT.

As Reclamadas, em sede de contestação, alegaram que, durante

2.3.5. HORAS EXTRAORDINÁRIAS todo o período imprescrito, a Reclamante ocupou a função de

coordenadora, tipicamente estabelecida como de liderança (cargo

de confiança), e por isso, estava isenta do registro de frequência,

nos termos do inciso II, do art. 62 da CLT.

Quanto ao pedido substitutivo, afirmaram que a trabalhadora

recebia um plus salarial que excedia 100% o salário dos seus

subordinados, além da parcela variável que integra a remuneração.

Na peça de ingresso, a Reclamante relatou que foi admitida pela 1ª Por fim, pela eventualidade, aduziram que a obreira se enquadra na

Reclamada (Dacasa Financeira S.A. - Sociedade de Crédito, exceção prevista no §2º do art. 224 da CLT.

Financiamento e Investimentos) em 18/03/2004, para exercer

inicialmente a função de "analista/Especialista de Crédito", tendo O d. Juízo a quo, na r. sentença, julgou improcedente o pedido,

sido imotivadamente dispensada em 05/06/2018, quando percebia adotando os seguintes fundamentos:

remuneração de R$ 3.785,00(três mil, setecentos e oitenta e cinco

reais). A autora não desconstituiu o exercício de função de confiança e sua

conseqüente exceção ao controle de jornada, nos termos do art. 62

Sustentou que, embora tenha prestado serviços exclusivos e da CLT.

ininterruptos à 1ª Ré durante todo o contrato de trabalho, teve sua

CTPS formalmente registrada pelas empresas do mesmo grupo Ainda que agora submetida ao regime de jornada do art. 224 da

econômico da seguinte forma: de 18/03/2004 a 31/10/2008 pela 3ª CLT, a qualidade de ocupante de cargo de confiança, inclusive com

Ré (Promov Sistema de Vendas e Serviços Ltda.); de 01/11/2008 a percepção de comissões superiores ao terço do salário do cargo

02/04/2017 pela 2ª Reclamada (Dadalto Administração e efetivo, conforme fichas financeiras, permanece.

Participações Ltda.); de 03/04/2017 a 05/06/2018 pela 1ª

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Portanto, estando a reclamante excepcionada pelo art. 224, par. 2º,

da CLT, não há falar em jornada de 6 horas diárias. Todavia, o § 2º do mesmo dispositivo prevê uma exceção a essa

regra, ao dispor que a jornada de trabalho disposta em seu caput

No mais, não há prova da alegada jornada superior a 8 horas não se aplica aos que exercem funções de direção, gerência,

diárias. fiscalização, chefia e equivalentes, ou que desempenhem outros

cargos de confiança, desde que o valor da gratificação não seja

Rejeitam-se os pleitos de horas extras e intervalos. inferior a um terço do salário do cargo efetivo.

Irresignada, recorre a Reclamante, alegando que a Reclamada não Portanto, para que o empregado afaste-se do regramento geral da

se desincumbiu de seu ônus probatório no sentido de demonstrar jornada de trabalho bancário (caput do art. 224 da CLT), faz-se

efetivos poderes de mando ou gestão capazes de lhe enquadrar na necessário, primeiro, que ele receba gratificação não inferior a um

exceção do §2º do art. 224 da CLT. terço do salário do cargo efetivo, e, segundo, que ele exerça

funções de confiança (gerência, direção, fiscalização, chefia ou

Analisa-se. equivalentes).

Conforme exposto no tópico 2.2.1. deste voto, foi mantido o In casu, conforme ficha financeira juntada aos autos (Id. 83d6646),

entendimento da Origem no sentido de reconhecer a condição de a Autora foi promovida, em 01/10/2009, para a função de

financiária da Reclamante. Portanto, devem ser aplicadas as "encarregado de crédito III" (posteriormente denominada

disposições do art. 224, da CLT, conforme preceitua a Súmula nº 55 "Coordenador de crédito"), ocasião em que recebeu um plus salarial

do E. TST e a Súmula nº 33 deste E. Regional, in verbis: superior a 1/3 do cargo anteriormente exercido.

Súmula nº 55 do TST Além disso, considerando a aplicação da confissão ficta à

Reclamante, ante sua ausência na audiência em que deveria depor,

FINANCEIRAS (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 deve ser considerada como verdadeira a alegação da Ré de que a

obreira, de fato, exercia função de confiança na forma do art. 224,

As empresas de crédito, financiamento ou investimento, também §2º, da CLT.

denominadas financeiras, equiparam-se aos estabelecimentos

bancários para os efeitos do art. 224 da CLT. Nesses termos, faz jus a Autora à jornada de 8 (oito) horas por dia,

devendo ser remunerada pelas horas excedentes.

Súmula nº 33 do TRT da 17ª Região

Não obstante, como bem pontuou a Origem, a Autora não logrou

"ENQUADRAMENTO COMO FINANCIÁRIO DE EMPREGADO DE comprovar o labor extraordinário de forma a refutar a presunção de

ADMINISTRADORA DE CARTÃO DE CRÉDITO OU AGENTE veracidade quanto a não realização de horas extras, em razão da

FINANCEIRO. confissão.

Os empregados de agentes financeiros e administradoras de cartão Por fim, tampouco merece ser acolhido o pedido sucessivo de

de crédito, salvo os pertencentes a categoria diferenciada, são pagamento da Gratificação de Função de 55% prevista na Cláusula

financiários (Súmula 283 do STJ), beneficiando-se, portanto, das 4.1.2. da CCT, uma vez que a remuneração da Autora já

normas coletivas da categoria e da jornada reduzida do art. 224 da contemplava referida parcela.

CLT."

Ora, conforme se depreende de sua ficha financeira, a Autora

O caput do art. 224, da CLT, estabelece que a duração normal do recebia no ano de 2013 salário no valor de 3.030,00 (três mil e trinta

trabalho dos empregados em bancos, casas bancárias e Caixa reais) e no final do contrato, a partir de 2017, a quantia de R$

Econômica Federal será de seis horas contínuas nos dias úteis, 3.785,00. A par disso, o funcionário Marcelo Rodrigues de Castro

com exceção dos sábados, perfazendo um total de trinta horas de Jr., como seu subordinado direto, na função de Analista de Crédito,

trabalho por semana. percebia em 2013 o salário de R$ 1.175,00 e, em 2017 R$

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2.421,00, pelo que se conclui que a remuneração da Reclamante aos sábados com reflexos legais.

incluía plus salarial superior ao estabelecido na norma coletiva.

Em contestação, as Reclamadas alegaram que a empregada

Ante o exposto, nada a modificar na r. sentença. detinha total autonomia para fruição integral de seu intervalo para

refeições.

Nega-se provimento.

A Origem, na r. sentença, julgou improcedente o pedido, por

entender que a Reclamante exercia função de confiança.

Inconformada, recorre a Reclamante, reiterando os termos da

inicial.

Analisa-se.

Ab initio, registre-se que não é o caso de aplicar as mudanças

2.3.6. INTERVALO INTRAJORNADA introduzidas pela Lei 13.467/2017 (a chamada "Reforma

Trabalhista"), eis que as regras de direito material da novel

legislação incidem tão somente sobre os contratos firmados após a

vigência da Lei em questão, a saber, 11 de novembro de 2017, o

que não é o caso.

Os intervalos intrajornada conceituam-se, em apertada síntese,

como o período, dentro da jornada de trabalho do empregado,

destinado precipuamente a seu repouso e alimentação.

Na exordial, a Reclamante relatou que foi admitida pela 1ª

Reclamada (Dacasa Financeira S.A. - Sociedade de Crédito, Nos dizeres do i. Ministro Maurício Godinho Delgado:

Financiamento e Investimentos) em 18/03/2004, para exercer

inicialmente a função de "analista/Especialista de Crédito", tendo Os intervalos intrajornadas definem-se como lapsos temporais

sido imotivadamente dispensada em 05/06/2018, quando percebia regulares, remunerados ou não, situados no interior da duração

remuneração de R$ 3.785,00 (três mil, setecentos e oitenta e cinco diária de trabalho, em que o empregado pode sustar a prestação de

reais). serviços e sua disponibilidade perante o empregador (Delgado,

Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 16ª Ed. São Paulo:

Sustentou que, embora tenha prestado serviços exclusivos e LTr, 2017)

ininterruptos à 1ª Ré durante todo o contrato de trabalho, teve sua

CTPS formalmente registrada pelas empresas do mesmo grupo A obrigatoriedade de concessão dos intervalos decorre da própria

econômico da seguinte forma: de 18/03/2004 a 31/10/2008 pela 3ª lei (art. 71 da CLT), e, em se tratando de tema atinente à saúde,

Ré (Promov Sistema de Vendas e Serviços Ltda.); de 01/11/2008 a higiene e segurança do trabalhador, encontra respaldo e proteção

02/04/2017 pela 2ª Reclamada (Dadalto Administração e constitucional (art. 7º, XXII, CRFB/88), sendo as normas acerca do

Participações Ltda.); de 03/04/2017 a 05/06/2018 pela 1ª assunto de ordem pública, caráter imperativo e indisponibilidade

Demandada. absoluta.

Afirmou que, de segunda à sexta-feira, gozava de apenas 20 (vinte) Prestam-se, como se deduz de sua própria definição, a oportunizar

minutos de intervalo e aos sábados não havia qualquer descanso. ao empregado, no transcurso de sua jornada de trabalho, um

momento de recuperação de suas energias físicas e mentais,

Logo, requereu a condenação das Rés no pagamento de 01 (uma) descanso e alimentação.

hora, com adicional de 50%, de segunda à sexta-feira e 15 minutos

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Nesse contexto, o art. 71, caput e §1º, da CLT prevê que, em

qualquer trabalho contínuo cuja duração exceda 06 (seis) horas, é Pugnou a Reclamante pela reforma da sentença e a consequente

obrigatória a concessão de um intervalo mínimo de 01 (uma) hora condenação da reclamada ao pagamento do intervalo de 15

para repouso e alimentação. Caso a duração da jornada ultrapasse (quinze) minutos previsto no art. 384 da CLT.

04 (quatro) horas, porém não exceda 06 (seis) horas, o intervalo

mínimo será de 15 (quinze) minutos. Com razão.

Considerando a jornada da Reclamante, era devido intervalo Ab initio, registre-se que não é o caso de aplicar as mudanças

intrajornada mínimo de 01 (uma) hora. introduzidas pela Lei 13.467/2017 (a chamada "Reforma

Trabalhista"), eis que as regras de direito material da novel

Pois bem. legislação incidem tão somente sobre os contratos de trabalho

firmados após a vigência da Lei em questão, a saber, 11 de

Na hipótese, a Reclamante não compareceu à audiência em que novembro de 2017.

deveria depor, razão pela qual a Origem aplicou-lhe a pena de

confissão quanto à matéria fática. O art. 384 da CLT, inserido no Capítulo III, que trata da Proteção do

Trabalho da Mulher dispunha que "em caso de prorrogação do

Assim, presume-se verdadeira a alegação patronal de que a horário normal, será obrigatório um descanso de 15 (quinze)

trabalhadora gozava integralmente do intervalo para descanso e minutos no mínimo, antes do início do período extraordinário do

refeição. trabalho."

Ressalte-se que, embora referida presunção seja meramente Em que pese este Relator entender pela constitucionalidade do

relativa, podendo ser elidida por prova em contrário, não há nos dispositivo em referência, uma vez que a concessão de condições

autos qualquer prova capaz de infirmar as informações ventiladas especiais à mulher não fere o princípio da igualdade previsto no art.

na defesa. 5º, da Constituição, na hipótese, não restou demonstrado que a

Reclamante laborava em sobrejornada, conforme tópico 2.3.5. deste

Assim, nada a modificar na r. sentença. voto.

Nega-se provimento. Assim, inexistindo labor extraordinário, não há falar em concessão

do intervalo prévio de 15 (quinze) minutos e, consequentemente,

em pagamento do período como hora extra.

Nega-se provimento.

2.3.7. INTERVALO DO ART. 384 DA CLT. TRABALHO DA

MULHER

2.3.8. DO AUXÍLIO REFEIÇÃO E AJUDA ALIMENTAÇÃO

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inclusive nos períodos de gozo de férias e até o 15º (décimo quinto)

dia nos afastamentos por doença e acidente de trabalho. Não será

devido nos casos de afastamento por maternidade.

Na inicial, a Reclamante requereu a condenação das Reclamadas PARÁGRAFO 1º - Este auxílio será concedido nos casos de licença

no pagamento das verbas "Auxílio Refeição" e "Ajuda Alimentação", do dirigente Sindical.

nos termos das Convenções Coletivas de Trabalho dos financiários.

PARÁGRAFO 2º - Fica facultado ao empregador substituir essa

A Origem, na r. sentença, indeferiu o pedido sob os seguintes importância por "tickets" de refeição e/ou alimentação, nos termos

fundamentos: do PAT - Programa de Alimentação do Trabalhador, nos termos da

Lei nº. 6.321/76, decretos regulamentadores e Portaria GM/MTb nº

O reclamado comprovou sua adesão ao PAT desde 2008. 1.156, de 17.09.93. - D.O.U. 20/09/93.

Assim, nos termos das normas coletivas, são indevidos o auxílio PARÁGRAFO 3º - Os empregados que se utilizam de restaurantes

refeição e a ajuda alimentação. das empresas ou por estas subsidiadas, desfrutando, assim, de

vantagens análogas ou superiores, não farão jus a indenização

No entanto, condena-se ao pagamento da décima terceira cesta aludida, não podendo da mesma forma ser cobrado qualquer valor

alimentação nos moldes das convenções coletivas. do empregado. Durante o período de férias dos empregados que se

utilizam do restaurante da empresa, será concedido ticket, conforme

Em razões recursais, a Reclamante pugna pela reforma da disposto no "caput" da presente cláusula.

sentença, alegando que a adesão ao PAT não afasta o pagamento

da verba pactuada em CCT. PARÁGRAFO 4º - O empregado poderá optar, por escrito e com a

antecedência mínima de 30 (trinta) dias, por tíquete alimentação,

Analisa-se. sendo possível mudar a opção somente após o transcurso de 180

(cento e oitenta) dias.

Conforme exposto no tópico 2.2.1. deste voto, foi mantido o

entendimento da Origem no sentido de reconhecer a condição de PARÁGRAFO 5º - A verba acima referida será reajustada em

financiária da reclamante, não havendo falar em enquadramento em conformidade com a Lei em vigor ou legislação posterior que venha

categoria diferenciada, porquanto as atividades por ela realizadas a ser promulgada durante a vigência da presente Convenção.

possuíam ligação direta à atividade fim da financeira.

Cláusula 4.4.2. - AJUDA ALIMENTAÇÃO

Assim, devem ser aplicadas à Autora as normas coletivas própria da

categoria dos trabalhadores em instituições financeiras. Será concedido "Auxílio Alimentação", cumulativamente com o

"Auxílio Refeição", a todos os empregados no valor de R$ 377,94

Relativamente aos benefícios alimentícios, as cláusulas 4.4.1. e (trezentos e setenta e sete reais e noventa e quatro centavos), sem

4.4.1. da CCT 2013/2014, cuja redação, com as devidas descontos, por mês de trabalho, possuindo caráter indenizatório e

atualizações de valores, foi repetida nas convenções posteriores, não integrando o salário para quaisquer efeitos legais, inclusive nos

assim dispõem: períodos de gozo de férias e até o 15º (décimo quinto) dia nos

afastamentos por doença e acidente de trabalho. Será devido,

Cláusula 4.4.1. - AUXÍLIO REFEIÇÃO também nos casos de afastamento por maternidade.

Será concedido "Auxílio Refeição", a todos os empregados no valor PARÁGRAFO 1º - Este auxílio será concedido nos casos de licença

de R$ 23,96 (vinte e três reais e noventa e seis centavos), sem do dirigente Sindical.

descontos, por dia de trabalho, possuindo caráter indenizatório e

não integrando o salário para quaisquer efeitos legais e será PARÁGRAFO 2º - Fica facultado ao empregador substituir essa

concedido sempre à razão de 22 (vinte e dois) dias fixos por mês, importância por "tickets" de alimentação, nos termos do PAT -

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 773
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Programa de Alimentação do Trabalhador, nos termos da Lei nº.

6.321/76, decretos regulamentadores e Portaria GM/MTb n° 1.156,

de 17.09.93.

Na peça vestibular, a Reclamante relatou que foi admitida pela 1ª

PARÁGRAFO 3º - O empregado afastado por doença profissional Reclamada (Dacasa Financeira S.A. - Sociedade de Crédito,

ou acidente do trabalho faz jus à Ajuda Alimentação por um prazo Financiamento e Investimentos) em 18/03/2004, para exercer

de até 150 (cento e cinqüenta) dias, com efeito retroativo a partir de inicialmente a função de "analista/Especialista de Crédito", tendo

1º de junho de 2013, e, aos afastados após essa data, a concessão sido imotivadamente dispensada em 05/06/2018, quando percebia

tem início no 1º dia de afastamento do trabalho, também limitado ao remuneração de R$ 3.785,00(três mil, setecentos e oitenta e cinco

prazo de 150 (cento e cinqüenta) dias. reais).

PARÁGRAFO 4º - A verba acima referida será reajustada em Narrou que a CCT da categoria determina que os pagamentos do

conformidade com a Lei em vigor ou legislação posterior que venha "auxílio refeição", "ajuda alimentação" e "assistência médica" sejam

a ser promulgada durante a vigência da presente Convenção. efetuados sem o respectivo desconto.

Depreende-se das cláusulas ora transcritas que o pagamento de Relatou, contudo, que tais valores foram descontados

ambos os benefícios pode ser substituído por "tickets" de indevidamente, pelo que requereu a devolução de tais parcelas.

alimentação, nos termos do PAT. Na hipótese, embora as

Reclamadas tenham comprovado a adesão ao referido programa, Em contestação conjunta, as Rés asseveraram, em relação ao

não restou demonstrado que o pagamento ocorria na forma da benefício alimentar, que, diante de sua filiação ao PAT, o desconto

norma coletiva aplicada à categoria. é permitido, desde que limitado a 20% (vinte por cento) do custo da

refeição.

Considerando o reconhecimento da condição de financiária da

Autora, não se reputa razoável que fique alijada dos benefícios Argumentaram, ainda, que a norma coletiva aplicável à Autora

previstos nos instrumentos coletivos de sua categoria, devendo ser prevê a possibilidade do desconto referente à coparticipação do

autorizada apenas a dedução dos valores pagos a idêntico título. empregado no plano de assistência médica.

Assim, dá-se provimento para condenar as Reclamadas no Por fim, salientaram que a obreira optou expressamente por um

pagamento das verbas "Auxílio Refeição" e "Ajuda Alimentação", na plano de assistência médica diferenciada, o que possibilitaria o

forma das convenções coletivas da categoria dos financiários, desconto relativo à diferença.

autorizando-se a dedução das parcelas pagas a idêntico título.

O d. Juízo a quo julgou improcedente o pedido, valendo-se dos

seguintes fundamentos:

Quanto aos descontos relacionados à alimentação, estão dentro

dos regramentos legais previstos para o PAT.

A previsão da norma coletiva de não cobrança de qualquer valor

não alude à hipótese do programa, mas sim, às hipóteses de

fornecimento de alimentação pelas empresas ou subsidiadas, que

2.3.9. DEVOLUÇÃO DOS DESCONTOS INDEVIDOS concedem vantagens análogas ou superiores.

Quanto ao desconto de assistência médica, as normas coletivas

desautorizam o desconto somente na hipótese de plano padrão.

Com efeito, o reclamado fornecia a autora plano de saúde

diferenciado.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 774
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

2.3.10. LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ

Rejeitam-se os reembolsos pretendidos

Em razões recursais, a Reclamante pugna pela reforma da

sentença, ao argumento de que a adesão ao PAT não afasta o

pagamento da verba pactuada, bem como de que a Reclamada não

comprovou a suposta adesão ao plano diferenciado.

Analisa-se.

O magistrado de primeiro grau, na r. sentença, condenou a

Conforme exposto no tópico 2.2.1. deste voto, foi mantido o Reclamante a pagar ao Reclamada multa de 5% sobre o valor da

entendimento da Origem no sentido de reconhecer a condição de causa (R$ 285.208,31), no importe de R$ 14.260,42, nos seguintes

financiária da reclamante, não havendo falar em enquadramento em termos:

categoria diferenciada, porquanto as atividades por ela realizadas

possuíam ligação direta à atividade fim da financeira. Como já devidamente delineado em audiência, a reclamante não

agiu corretamente perante o juízo, promovendo atos judiciais e

Assim, devem ser aplicadas à Autora as normas coletivas própria da adiamentos baseados em inverdades.

categoria dos trabalhadores em instituições financeiras.

Assim, agiu de modo temerário, gerando evidentes transtornos ao

No tocante ao pagamento de benefícios a título de alimentação, a processo, terceiros e aos réus.

CCT dos financiários (item 4.4) veda a realização de descontos no

salário dos empregados, de forma que a Reclamante faz jus à Por isso, com fulcro no art. 793-C da CLT, condeno a reclamante a

devolução dos valores descontados. pagar ao reclamado e multa de 5% sobre o valor da causa,

calculada no importe de R$ 14.260,42.

No que se refere à assistência médica, a CCT da categoria dos

financiários estabelece no parágrafo único da cláusula 4.6.2, que o Em razões recursais, a Reclamante pugna pela exclusão da multa

plano médico hospitalar seria fornecido pelo empregador, sem em questão, alegando que todos os adiamentos foram devidamente

nenhum custo, devendo, contudo, o empregado arcar com a justificados documentalmente.

diferença se optar por plano de qualidade superior.

Sucessivamente, requer seja a multa reduzida ao percentual

Porquanto não há qualquer comprovação nos autos de que o plano mínimo de 1%, bem como seja declarada a condição suspensiva de

fornecido era superior ao previsto nos instrumentos coletivos, é sua exigibilidade, face ao deferimento da justiça gratuita.

devido o reembolso dos valores descontados a este título.

Analisa-se.

Assim, dá-se provimento para condenar as Reclamadas no

reembolso dos valores indevidamente descontados a título de Acerca da litigância de má-fé, já se entendia que as suas hipóteses

auxílio-alimentação e assistência médica. deviam restar indiscutivelmente evidenciadas, para haver

condenação da parte no pagamento da multa ou de indenização por

dano processual.

Antes prevista apenas no CPC, especificamente no artigo 80 que

era aplicado subsidiariamente ao processo do trabalho, agora conta

com previsão expressa na CLT, artigo 793-A e seguintes,

introduzido pela Lei 13.467/2017 (reforma trabalhista).

In casu, na audiência realizada em 20/08/2018, a Origem

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 775
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

determinou a realização de perícia técnica para verificação da 2.3.11. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS DE SUCUMBÊNCIA

alegada incapacidade laborativa da Autora por ocasião da rescisão

contratual.

Entretanto, designada a perícia, a Reclamante postulou reiterados

adiamentos, sob o fundamento de que seu marido sofreu acidente

em viagem fora do país, lesionando seriamente a perna esquerda,

sem a possibilidade de embarcar em voo internacional, de forma

que ela, como única acompanhante, tampouco poderia retornar ao

Brasil. A Origem, na r. sentença, julgou parcialmente procedentes os

pedidos formulados na inicial e condenou as partes no pagamento

Ocorre que, embora a Autora tenha demonstrado, por meio de de honorários advocatícios recíprocos no percentual de 12%, nos

declarações do Hospital, que seu esposo de fato sofreu acidente no seguintes termos:

dia 04/11/2018, não há comprovação de que ele estava

impossibilitado de realizar viagem internacional, devendo Estando a autora desempregada, concedem-se a ela os benefícios

permanecer em Portugal. da justiça gratuita.

Além disso, conforme requerimento de novo adiamento ao Id. Nos termos do art. 791-A da CLT, introduzido pela Lei 13.467/2017

1084ede, o emailenviado pelo marido da Autora ao escritório de (reforma trabalhista), concede-se ao advogado autoral honorários

advocatícia aponta justificativa diversa para o pedido, dessa vez advocatícios.

uma suposta crise da doença da trabalhadora, cuja única prova nos

autos é uma "declaração de presença" em Hospital, Considerando os critérios estabelecidos pelo inciso I do par. 2º do

desacompanhada de qualquer laudo médico. referido artigo, fixo tais honorários no percentual de 12% sobre o

valor da condenação.

Não obstante, embora a Reclamante, de fato, não tenha justificado

corretamente os reiterados pedidos de adiamento, não se verifica, Diante da procedência parcial dos pedidos da autora, condena-se

de forma indiscutível, que a obreira tenha mentido ou agido esta a pagar honorários de sucumbência ao advogado dos

dolosamente para adiar a realização da perícia. reclamados, nos mesmos percentuais concedidos acima, calculados

sobre a parte improcedente da reclamação (R$ 215.332,00),

Assim, considerando que este Relator perfilha o entendimento de consoante par. 3º do mesmo artigo, ora totalizados em R$

que só há litigância de má-fé quando patentemente evidenciadas as 25.839,84.

hipóteses legais, porquanto se presume que os litigantes estejam

sempre de boa-fé, deve ser reformada a r. sentença para excluir a Tais honorários poderão ser pagos com o crédito que possui a

multa por litigância de má-fé no valor de R$ 14.260,42. autora, cuja importância, assim que obtida em execução, ficará

retida à disposição do patrono da reclamada.

Dá-se provimento para excluir a condenação da Autora em multa

por litigância de má-fé. Irresignada, em suas razões recursais, a Reclamante requer,

preliminarmente, seja declarada a inconstitucionalidade do art. 791-

A, §4º com a consequente exclusão da condenação da verba

honorária. Em caso de manutenção da sucumbência, postula seja

declarada a isenção do pagamento ou a suspensão de sua

exigibilidade, ante o benefício da justiça gratuita.

Ao final, requer seja reduzida a condenação ao valor mínimo legal

de 5%.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 776
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Esta 1ª Turma, na sessão ordinária realizada no dia 29/10/2019, novembro de 2017 (Lei nº 13.467/2017). Nas ações propostas

resolveu, por unanimidade, suspender o julgamento do presente anteriormente, subsistem as diretrizes do art. 14 da Lei 5.584/1970

processo em virtude do Incidente de Inconstitucionalidade do §4º do e das Súmulas nº 219 e 329 do TST.

art. 791-A, da CLT, suscitado no processo 0000398-

09.2018.5.17.0101, que deverá ser julgado pelo Tribunal Pleno. A presente demanda foi ajuizada em 27/04/2018, logo, sob a égide

da Reforma Trabalhista.

Na sessão ordinária realizada no dia 23/10/2019, o Pleno deste

Regional julgou o Incidente de Arguição de Inconstitucionalidade nº Destarte, são devidos, na espécie, os honorários advocatícios

0000453-35.2019.5.17.0000, declarando a inconstitucionalidade recíprocos, nos termos da nova legislação, in verbis:

parcial do §4º, do art. 791-A, da CLT.

Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão

Assim, considerando o julgamento da matéria pelo Pleno deste devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5%

Tribunal, os autos retornaram à 1ª Turma para prosseguimento do (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o

julgamento dos recursos ordinários interpostos pela Reclamante e valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico

pelas Reclamadas. obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado

da causa.

Analisa-se.

§ 1o Os honorários são devidos também nas ações contra a

Na Justiça do Trabalho, prevalecia o entendimento consubstanciado Fazenda Pública e nas ações em que a parte estiver assistida ou

nas Súmulas n.º 219 e 329 do E. TST segundo o qual, em se substituída pelo sindicato de sua categoria.

tratando de conflito decorrente da relação de emprego, os

honorários advocatícios eram devidos apenas quando preenchidos [...]

os requisitos contidos no art. 14 da Lei n. 5.584/1970.

§ 3o Na hipótese de procedência parcial, o juízo arbitrará honorários

Com o advento da Lei 13.467, de 13 de julho de 2017, contudo, foi de sucumbência recíproca, vedada a compensação entre os

acrescentado à CLT o art. 791-A, que autorizou a condenação na honorários.

verba honorária em razão da mera sucumbência.

[...]

Além disso, o novel dispositivo previu o pagamento de honorários

de sucumbência recíproca, de forma que, vencido o Reclamante, Assim, considerando que a Autora restou totalmente sucumbente

ainda que relativamente a um único pedido, também deverá ele em alguns pedidos, mantém-se a condenação ao pagamento de

responder pela verba honorária da parte contrária. honorários advocatícios de sucumbência.

Em que pese a intensa celeuma jurídica que se instaurou acerca da Relativamente ao valor dos honorários, devem ser levados em

aplicabilidade do novo regramento, este Relator adotou o conta os parâmetros estabelecidos no art. 791-A, §2º, quais sejam:

entendimento de que os dispositivos da Reforma Trabalhista que

versam sobre honorários advocatícios apenas incidem nas § 2o Ao fixar os honorários, o juízo observará:

demandas ajuizadas após a vigência da Lei 13.467/17, que ocorreu

em 11/11/2017. I - o grau de zelo do profissional;

O C. TST posicionou-se no mesmo sentido na recém editada II - o lugar de prestação do serviço;

Instrução Normativa n. 41, que, em seu art. 6º assim dispõe:

III - a natureza e a importância da causa;

Art. 6º Na Justiça do Trabalho, a condenação em honorários

advocatícios sucumbenciais, prevista no art. 791-A, e parágrafos, da IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o

CLT, será aplicável apenas às ações propostas após 11 de seu serviço.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 777
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

próprio sustento e da sua família. Dessa forma, não é compatível

Com alicerce nos critérios supratanscritos, e levando-se em com os direitos constitucionalmente tutelados a compensação das

consideração o equilíbrio econômico entre as partes, entende-se obrigações decorrentes da sucumbência com os créditos do

razoável e proporcional reduzir os honorários devidos pela trabalhador em estado de miserabilidade econômica.

Reclamante para o percentual de 5% dos pedidos julgados

improcedentes. Nesse mesmo sentido é o Enunciado n.o 3, da Comissão 7,

aprovado na 2ª Jornada de Direito Material e Processual do

Por outro lado, a Origem deferiu à obreira o benefício da justiça Trabalho, realizada pela ANAMATRA (Associação Nacional dos

gratuita, e, nesse caso, pela redação do novel § 4º do art. 791-B, as Magistrados da Justiça do Trabalho), entre 9 e 10 de outubro de

obrigações decorrentes da sucumbência ficariam sob condição 2017, in verbis:

suspensiva ou seus valores seriam compensadas com eventuais

créditos obtidos em juízo: HONORÁRIOS E ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA

§ 4° Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha É inconstitucional a previsão de utilização dos créditos trabalhistas

obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de reconhecidos em juízo para o pagamento de despesas do

suportar a despesa, as obrigações decorrentes de sua sucumbência beneficiário da justiça gratuita com honorários advocatícios ou

ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente periais (artigos 791-A, §4º, e 790-B, §4º, da CLT, com a redação

poderão ser executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito dada pela Lei nº 13.467/2017), por ferir os direitos fundamentais à

em julgado da decisão que as certificou, o credor demonstrar que assistência judiciária gratuita e integral, prestada pelo Estado, e à

deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que proteção do salário (artigos 5º. LXXIV, e 7º, X, da Constituição

justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse Federal).

prazo, tais obrigações do beneficiário.

Portanto, nos termos da decisão proferida pelo Pleno deste

Ocorre que o Pleno deste Regional, em recente decisão prolatada Regional, a verba honorária devida pela Autora deverá ficar sob

nos autos da Arguição de Inconstitucionalidade nº 0000453- condição suspensiva de exigibilidade e somente poderá ser

35.2019.5.17.0000, declarou a inconstitucionalidade parcial do §4º, executada se, nos 2 (dois) anos subsequentes ao trânsito em

do art. 791-A, da CLT, conforme se depreende da ementa ora julgado da decisão que a certificou, o credor demonstrar que deixou

transcrita: de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a

concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tal

"ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. HONORÁRIOS obrigação do beneficiário.

ADVOCATÍCIOS. ARTIGO 791-A, § 4º, DA CLT. Declara-se a

inconstitucionalidade parcial do § 4º, do artigo 791-A, da CLT Diante do exposto, dá-se parcial provimento para reduzir os

somente quanto ao trecho: "desde que não tenha obtido em juízo, honorários devidos pela Reclamante para o percentual de 5% dos

ainda que outro processo, créditos capazes de suportar a despesa", pedidos julgados improcedentes, bem como para determinar que a

no sentido de que não se possa atingir os créditos deferidos ao verba honorária devida deva ficar sob condição suspensiva de

beneficiário da justiça gratuita, ainda que em outro processo, mas exigibilidade e somente poderá ser executada se, nos 2 (dois) anos

tão somente que a verba honorária fique sob condição suspensiva subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que a certificou, o

de exigibilidade, podendo ser executada, se nos 2 (anos) credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência

subseqüentes ao trânsito em julgado da decisão que a certificou, o de recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-

credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência se, passado esse prazo, tal obrigação do beneficiário.

de recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-

se, passado esse prazo, tal obrigação do beneficiário".

Com efeito, não se pode olvidar que o crédito trabalhista tem

natureza alimentar e o trabalhador, ao despender sua força de

trabalho em proveito do empregador, não busca senão o seu

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 778
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

desta Corte Superior (TST-ArgInc - 479-60.2011.5.04.0231 e ED-

ArgInc - 479-60.2011.5.04.0231), na correção dos créditos

trabalhistas, aplica-se a TR até 24/3/2015 e o IPCA a partir de

2.3.12. ÍNDICE DE ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. IPCA-E 25/3/2015. Esta Turma considera, ainda, entendimento a que me

submeto por disciplina judiciária, que o art. 879, § 7º, da CLT perdeu

a sua eficácia normativa, em face da declaração de

inconstitucionalidade parcial do art. 39 da Lei nº 8.177/91, na

medida em que o dispositivo da legislação esparsa conferia

conteúdo à norma da CLT, tendo em vista a adoção de fórmula

remissiva pelo legislador. Agravo de instrumento conhecido e não

provido. (TST-AIRR-20869-47.2016.5.04.0014, 8ª Turma, Relatora:

Ministra Dora Maria da Costa, Data da Publicação: 29/03/2019) -

Relativamente à correção monetária, o D. Juízo a quoassim sem grifos no original

estabeleceu:

Com efeito, simplesmente, referido dispositivo é inaplicável em

Para a correção dos valores apurados devem-se respeitar os razão do esvaziamento da sua força normativa, decorrente de

índices adotados pelo TST, bem como a época própria de expressa disposição legal, uma vez que está subordinado à eficácia

exigibilidade das parcelas, qual seja, o mês subsequente ao do art. 39 da Lei n. 8.177/1991.

trabalhado (Súmula 381 do C. TST), uma vez que a pretensão

surge exatamente no primeiro dia do mês seguinte ao trabalhado. Ademais, importante ressaltar que, no dia 10/10/2019, o Pleno

deste Regional declarou a inconstitucionalidade do referido

Em razões recursais, a Reclamante pugna pela aplicação do IPCA- dispositivo (§7º do art. 879 da CLT), nos autos do Processo n.

e como índice de correção monetária. 0000552-39.2018.5.17.0000, de arguição de inconstitucionalidade.

Vejamos:

Analisa-se.

ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DO §7º DO ARTIGO

De início, frisa-se que, embora a Lei n. 13.467/2017 tenha inserido o 879 DA CLT. APLICAÇÃO DA TAXA REFERENCIAL (TR) COMO

§ 7º ao art. 879 da CLT, segundo o qual a atualização dos créditos FATOR DE ATUALIZAÇÃO DOS CRÉDITOS TRABALHISTAS

decorrentes de condenação judicial será feita pela TR, referido DECORRENTES DE CONDENAÇÃO JUDICIAL. No julgamento

preceito faz remissão expressa à Lei n. 8.177/1991. Vejamos: ArgInc - 479-60.2011.5.04.0231, o Tribunal Superior do Trabalho,

acompanhando o entendimento do c. Supremo Tribunal Federal no

A atualização dos créditos decorrentes de condenação judicial será julgamento da ADI nº. 4357 e do RE 870.947/SE, declarou

feita pela Taxa Referencial (TR), divulgada pelo Banco Central do inconstitucional a atualização dos valores pela Taxa Referencial

Brasil, conforme a Lei no 8.177, de 1o de março de 1991. (sem (TR), índice previsto no artigo 39 da Lei 8.177/1991. Por se tratar de

grifos no original) mera renovação do texto do artigo 39 da Lei nº. 8.177/1991 - cuja

inconstitucionalidade fora declarada não sob o aspecto formal, mas

Desse modo, percebe-se que a força normativa do § 7º do art. 879 sob a ótica material, impõe-se que o §7º do artigo 897 da CLT,

da CLT está subordinada à eficácia do art. 39 da Lei n. 8.177/1991, trazido pela Lei nº. 13.467/17, seja expungido do ordenamento

por expressa disposição legal. jurídico, não se coadunando materialmente com o texto da

Constituição da República, a qual assegura o direito fundamental de

Inclusive, nesse sentido, é o entendimento da 8ª Turma do TST: propriedade e a plena efetividade das decisões judiciais.

AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. Logo, a discussão acerca da aplicação da TR ou do IPCA-E como

EXECUÇÃO. CORREÇÃO MONETÁRIA DOS CRÉDITOS índice de atualização dos créditos judiciais trabalhistas continua

TRABALHISTAS. ÍNDICE APLICÁVEL.Consoante entendimento girando em torno da constitucionalidade do art. 39 da Lei n.

adotado pela 8ª Turma, com base na decisão do Tribunal Pleno 8.177/1991 e seus desdobramentos junto ao STF e ao TST.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 779
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

expressão "equivalentes à TRD", contida no caput do artigo 39 da

Pois bem. Esclarecidas as razões da inaplicabilidade do § 7º do art. Lei n° 8.177/91; b) adotar a técnica de interpretação conforme a

879 da CLT, passa-se à análise dos desdobramentos jurídicos do Constituição para o texto remanescente do dispositivo impugnado, a

art. 39 da Lei n. 8.177/1991. preservar o direito à atualização monetária dos créditos trabalhistas;

c) definir a variação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo

No julgamento conjunto das ADI´s 4357, 4372, 4400 e 4425 o Especial (IPCA-E) como fator de atualização a ser utilizado na

Supremo Tribunal Federal declarou que o regime de compensação tabela de atualização monetária dos débitos trabalhistas na Justiça

de precatórios introduzido pela Emenda Constitucional 62/2009 é do Trabalho; II) por maioria, atribuir efeitos modulatórios à decisão,

inconstitucional. que deverão prevalecer a partir de 30 de junho de 2009, observada,

porém, a preservação das situações jurídicas consolidadas

Em seguida, o Excelso Tribunal modulou os efeitos da decisão da resultantes dos pagamentos efetuados nos processos judiciais, em

ADI 4357 conforme transcrição parcial a seguir: andamento ou extintos, em virtude dos quais foi adimplida e extinta

a obrigação, ainda que parcialmente, sobretudo em decorrência da

Concluindo o julgamento, o Tribunal, por maioria e nos termos do proteção ao ato jurídico perfeito (artigos 5º, XXXVI, da Constituição

voto, ora reajustado, do Ministro Luiz Fux (Relator), resolveu a e 6º da Lei de Introdução ao Direito Brasileiro - LIDB), vencida a

questão de ordem nos seguintes termos: 1) - modular os efeitos Excelentíssima Senhora Ministra Dora Maria da Costa, que aplicava

para que se dê sobrevida ao regime especial de pagamento de a modulação dos efeitos da decisão a contar de 26 de março de

precatórios, instituído pela Emenda Constitucional nº 62/2009, por 5 2015; III) por unanimidade, determinar: a) o retorno dos autos à 7ª

(cinco) exercícios financeiros a contar de primeiro de janeiro de Turma desta Corte para prosseguir no julgamento do recurso de

2016; 2) - conferir eficácia prospectiva à declaração de revista, observado o quanto ora decidido; b) a expedição de ofício

inconstitucionalidade dos seguintes aspectos da ação direta de ao Exmo. Ministro Presidente do Conselho Superior da Justiça do

inconstitucionalidade, fixando como marco inicial a data de Trabalho a fim de que determine a retificação da tabela de

conclusão do julgamento da presente questão de ordem atualização monetária da Justiça do Trabalho (tabela única); c) o

(25.03.2015) e mantendo-se válidos os precatórios expedidos ou encaminhamento do acórdão à Comissão de Jurisprudência e de

pagos até esta data, a saber: 2.1.) fica mantida a aplicação do Precedentes Normativos para emissão de parecer acerca da

índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança Orientação Jurisprudencial nº 300 da SbDI-1. Ressalvaram o

(TR), nos termos da Emenda Constitucional nº 62/2009, até entendimento os Exmos. Ministros Guilherme Augusto Caputo

25.03.2015, data após a qual (i) os créditos em precatórios deverão Bastos, Alexandre de Souza Agra Belmonte e Maria Helena

ser corrigidos pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial Mallmann. (PROCESSO Nº TST-ArgInc-479-60.2011.5.04.0231).

(IPCA-E) e (ii) os precatórios tributários deverão observar os

mesmos critérios pelos quais a Fazenda Pública corrige seus Todavia, em 14/10/2015, o Ministro Dias Toffoli, nos autos da

créditos tributários; e 2.2.) ficam resguardados os precatórios Reclamação 22012, ajuizada pela Federação Nacional dos Bancos

expedidos, no âmbito da administração pública federal, com base (Fenaban), proferiu decisão liminar suspendendo os efeitos da

nos arts. 27 das Leis nº 12.919/13 e Lei nº 13.080/15, que fixam o decisão proferida pelo TST, que havia afastado o uso da TRD e

IPCA-E como índice de correção monetária. determinado a adoção do índice IPCA-E por meio da "tabela única",

entendendo que a decisão do TST extrapolou o entendimento fixado

Poucos meses depois, em virtude da decisão do STF, o TST pelo STF no julgamento das ADI's 4357 e 4425.

acolheu incidente de inconstitucionalidade suscitado por sua 7ª

Turma e definiu o Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial Frise-se que, após a liminar conferida pelo STF, o próprio TST

(IPCA-E) como fator de atualização a ser utilizado na tabela de retomou o entendimento no sentido de fixar a TRD como índice de

atualização monetária na Justiça do Trabalho, senão vejamos: atualização dos créditos trabalhistas, e, no âmbito deste Regional, o

Pleno, em sessão de 17/08/2016, no julgamento do Agravo

ACORDAM os Ministros do Tribunal Superior do Trabalho, em sua Regimental dos autos nº 0250200-06.1992.5.17.0003, manifestou-

composição plenária, I) por unanimidade: a) acolher o incidente de se nos seguintes termos: "até o julgamento da Reclamação nº

inconstitucionalidade suscitado pela eg. 7ª Turma e, em 22.012/RS, prevalece a Taxa Referencial Diária - TRD como índice

consequência, declarar a inconstitucionalidade por arrastamento da de correção monetária dos débitos trabalhistas, conforme o art. 39

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da Lei 8.177/1991, em face do entendimento adotado pelo Supremo

Tribunal Federal na liminar proferida na referida Reclamação". [...] acolher parcialmente os embargos de declaração opostos pelo

Município de Gravataí e pelo SINDIENERGIA para, dando efeito

Ocorre que em 05/12/2017 a Segunda Turma do STF julgou, em modificativo ao julgado, aplicar a modulação dos efeitos da decisão

análise meritória, improcedente a Reclamação (RCL) 22012, a contar de 25/03/15, que coincide com a data que o Supremo

ajuizada pela Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) contra a Tribunal Federal reconheceu na decisão proferida na Ação

decisão do TST que havia determinado a adoção IPCA-E no lugar Declaratória de Inconstitucionalidade nº 4.357. [...] III) por

da TRD para a atualização de débitos trabalhistas, prevalecendo o unanimidade, em cumprimento à decisão liminar proferida pelo

entendimento de que tal posicionamento não configura desrespeito Supremo Tribunal Federal, na Reclamação nº 22.012, excluir do

ao julgamento das Ações Diretas de Inconstitucionalidade 4357 e acordão originário a determinação de reedição da Tabela Única de

4425, que analisaram a emenda constitucional sobre precatórios. cálculo de débitos trabalhistas, a fim de que fosse adotado o índice

questionado (IPCA-E)

A decisão de improcedência da Reclamação 22012 foi publicada no

DJE nº 288, divulgado em 13/12/2017, data em que foi também Dessa forma, considerando as decisões proferidas tanto pelo STF

julgado, pela 5ª Turma do C. TST, o AIRR 25823- como também pelo C. TST, este Relator entende que os débitos

78.2015.5.24.0091, encampando o atual posicionamento do Excelso trabalhistas em geral devem ser atualizados pela TR até 24/03/2015

Tribunal. e pelo IPCA-E a partir de 25/03/2015.

Com efeito, a aplicação da TR já não se mostrava suficiente para Cumpre salientar o teor do Ofício Circular CSJT.GP.SG nº 15/2018,

recompor a real perda do poder aquisitivo de nossa moeda, de expedido em 11/06/2018, que determina a suspensão da aplicação

forma que a correção dos débitos trabalhistas levando-se em conta do IPCA-E até o trânsito em julgado da decisão da Reclamação

tal parâmetro causava prejuízos aos trabalhadores. Constitucional nº 22.012 ajuizada pela Federação Nacional dos

Bancos em face da decisão do TST na Reclamação Trabalhista nº

Como bem destacou o Min. Douglas Alencar Rodrigues, em trecho 0000479-60.2011.5.04.0231.

do julgamento do supracitado AIRR, "impõe-se a adoção do IPCA-E

para a atualização dos créditos trabalhistas, não apenas sob a Quanto ao mencionado Ofício, adota-se o entendimento da Exma.

perspectiva da efetiva recomposição do patrimônio dos credores Desembargadora Daniele Corrêa Santa Catarina, em Acórdão

trabalhistas, mas como medida de estímulo efetivo ao cumprimento proferido nos autos do processo nº 0124000-62.2008.5.17.0012,

dos direitos sociais por parte de devedores recalcitrantes, que se julgado pela 3ª Turma deste Regional na sessão do dia 09/07/2018,

valem da Justiça do Trabalho, lamentavelmente, para postergar in verbis:

indefinidamente suas obrigações".

Data máxima vênia o entendimento explicitado no referido ofício,

Ante o exposto, este Relator, na linha das recentes decisões do tenho que, com o julgamento do mérito da Reclamação

Excelso STF e do Colendo TST, modificou o seu posicionamento, Constitucional 22.012 pela c. 2ª Turma do STF, a liminar prolatada

passando a entender pela aplicabilidade, na atualização monetária pelo Excelentíssimo Ministro Relator Dias Tofolli, no sentido de

dos débitos trabalhistas, do Índice de Preços ao Consumidor Amplo suspender a decisão prolatada nos autos da ArgInc - 479-

Especial (IPCA-E). 60.2011.5.04.0231, perdeu o seu efeito, razão pela qual, ainda que

esteja pendente de julgamento embargos de declaração (visto que

Assinale-se que o Tribunal Pleno do TST, em sessão de 20 de já foi negado provimento em 14.6.2018 pelo Plenário Virtual da

março de 2017, apreciando os embargos de declaração opostos em Corte, a agravo regimental interposto), deve prevalecer o decidido

face do acórdão proferido na ArgInc - 479-60.2011.5.04.0231, na mencionada Arguição de Inconstitucionalidade.

decidiu pela modulação da decisão original, atribuindo efeito

modificativo ao julgado, para determinar que a aplicação do IPCA-E, Cabe assinalar que o Pleno do TRT da 17ª Região, na sessão de

como índice de correção dos débitos trabalhistas, produza efeito julgamento do dia 11/07/2018, ao examinar o agravo regimental

somente a partir de 25 de março de 2015, data coincidente com interposto no processo n. 0157600-06.1991.5.17.0001, por maioria,

aquela adotada pelo STF no acórdão prolatado na ADI 4.357: adotou o entendimento de que o Ofício Circular CSJT.GP.SG nº

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15/2018 deveria ser observado como uma recomendação e que

deveria ser aplicado o IPCA-E a partir de março de 2015.

Por fim, vale ressaltar que embora o STF, em decisão do dia

03/10/2019, no julgamento dos Embargos de Declaração no

Recurso Extraordinário n. 870.947, tenha decidido que também é

aplicável o IPCA-E quanto ao período de 2009 a 2015, referida

decisão se restringe à Fazenda Pública, uma vez que seu objeto é a

atualização monetária dos precatórios. Logo, não se aplica a Acordam os Magistrados da 1ª Turma do Tribunal Regional do

referida decisão ao presente caso, uma vez que o devedor é Trabalho da 17ª Região, na Sessão Ordinária realizada no dia 03 de

particular, ou seja, in casu, não há falar no regime especial dezembro de 2019, às 13 horas e 30 minutos, sob a Presidência do

estabelecido pelo art. 100 da CF.. Exmo. Desembargador Cláudio Armando Couce de Menezes, com

a participação do Exmo. Desembargador Mário Ribeiro Cantarino

Portanto, considerando as decisões proferidas tanto pelo STF como Neto e do Exmo. Desembargador José Carlos Rizk, e presente o

também pelo TST, os débitos trabalhistas em geral devem ser Procurador Regional do Trabalho, Dr. Levi Scatolin; por

atualizados pela TR/FACDT até 24/03/2015 e pelo IPCA-E a partir unanimidade, conhecer dos recursos ordinários interpostos pela

de 25/03/2015, para que seja resguardada a segurança jurídica. Reclamante e pelas Reclamadas; acolher a preliminar suscitada

pela Autora para, nos termos do acórdão proferido no bojo do

Ante todo o exposto, dá-se parcial provimento para determinar que Incidente de Arguição de Inconstitucionalidade nº 0000453-

os débitos trabalhistas devam ser atualizados pela TR até 35.2019.5.17.0000, declarar a inconstitucionalidade parcial do §4º,

24/03/2015 e pelo IPCA-E a partir de 25/03/2015. do art. 791-A, da CLT; em virtude da prejudicialidade das matérias,

inverter a ordem e apreciar em primeiro lugar o mérito do recurso

ordinário interposto pelas Reclamadas; e, no mérito, por maioria,

dar parcial provimento ao apelo patronal para determinar a

devolução do valor adiantado pelas Reclamadas a título de

honorários periciais; e dar parcial provimento ao apelo obreiro para

determinar a devolução do valor adiantado pela Reclamante a título

de honorários periciais; para afastar a limitação da condenação até

02/04/2017, autorizando-se a dedução dos valores pagos a idêntico

título, sob pena de enriquecimento ilícito; para condenar as

Reclamadas no pagamento das verbas "Auxílio Refeição" e "Ajuda

Alimentação", na forma das convenções coletivas da categoria dos

financiários, autorizando-se a dedução das parcelas pagas a

idêntico título; para condenar as Reclamadas no reembolso dos

valores indevidamente descontados a título de auxílio-alimentação e

3. ACÓRDÃO assistência médica; para excluir a condenação da Autora em multa

por litigância de má-fé; para reduzir os honorários devidos pela

Reclamante para o percentual de 5% dos pedidos julgados

improcedentes, bem como para determinar que a verba honorária

devida deva ficar sob condição suspensiva de exigibilidade e

somente poderá ser executada se, nos 2 (dois) anos subsequentes

ao trânsito em julgado da decisão que a certificou, o credor

demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de

recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se,

passado esse prazo, tal obrigação do beneficiário; para determinar

que os débitos trabalhistas devam ser atualizados pela TR até

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ADVOGADO STEFANY VIGUINI FERREIRA(OAB:


24/03/2015 e pelo IPCA-E a partir de 25/03/2015. Vencido, no 25856/ES)
ADVOGADO FLAVIA QUINTEIRA MARTINS(OAB:
recurso da reclamada, no tocante ao enquadramento; no recurso do 8973/ES)
reclamante, quanto à limitação da condenação; quanto ao auxílio RECORRIDO DADALTO ADMINISTRACAO E
PARTICIPACOES S/A
alimentação e no tocante à devolução dos descontos, o Exmo. ADVOGADO STEFANY VIGUINI FERREIRA(OAB:
25856/ES)
Desembargador Mário Ribeiro Cantarino Neto.
ADVOGADO FLAVIA QUINTEIRA MARTINS(OAB:
8973/ES)
RECORRIDO PROMOV SISTEMA DE VENDAS E
Custas, pelas Reclamadas, no importe de R$ 300,00 (trezentos SERVICOS LTDA
reais), calculadas sobre R$ 15.000,00 (quinze mil reais), valor para ADVOGADO STEFANY VIGUINI FERREIRA(OAB:
25856/ES)
o qual se majora a condenação. ADVOGADO FLAVIA QUINTEIRA MARTINS(OAB:
8973/ES)
TERCEIRO ROBERVANDERSON ALVES
INTERESSADO
TERCEIRO CINTIA MARIA COUTINHO
INTERESSADO

Intimado(s)/Citado(s):
- PROMOV SISTEMA DE VENDAS E SERVICOS LTDA

PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA DO TRABALHO

DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK

Relator
PROCESSO nº 0000356-66.2018.5.17.0001 (ROT)

RECORRENTES: ALESSANDRA VENTURIN AYRES; DACASA

FINANCEIRA S/A - SOCIEDADE DE CREDITO FINANCIAME;

DADALTO ADMINISTRACAO E PARTICIPACOES S/A; PROMOV

SISTEMA DE VENDAS E SERVICOS LTDA.

RECORRIDOS: ALESSANDRA VENTURIN AYRES; DACASA

FINANCEIRA S/A - SOCIEDADE DE CREDITO FINANCIAME;

DADALTO ADMINISTRACAO E PARTICIPACOES S/A; PROMOV

SISTEMA DE VENDAS E SERVICOS LTDA.

ORIGEM: 1ª VARA DO TRABALHO DE VITÓRIA

RELATOR: DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK

Acórdão
Processo Nº ROT-0000356-66.2018.5.17.0001 COMPETÊNCIA: 1ª TURMA
Relator JOSE CARLOS RIZK
RECORRENTE ALESSANDRA VENTURIN AYRES
ADVOGADO RODRIGO JORGE DE BRITO
ANTUNES(OAB: 15628/ES)
RECORRIDO DACASA FINANCEIRA S/A -
SOCIEDADE DE CREDITO
FINANCIAME

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EMENTA Trata-se de recursos ordinários interpostos pela Reclamante e pelas

Reclamadas em face da r. sentença de Id. a51baff, complementada

pela decisão de embargos declaratórios de Id. 5fa562c, que

declarou prescritas as pretensões originadas antes de 27/04/2013 e

julgou parcialmente procedentes os pedidos formulados na inicial

para reconhecer o vínculo direto com o 1ª Réu no período de

18/03/2004 a 05/06/2018 e o enquadramento da Autora como

financiária; condenar as Rés no pagamento dos benefícios

convencionais da categoria, diferenças salariais com base nos

RECURSO ORDINÁRIO DAS RECLAMADAS. índices de reajustes previstos nas normas coletivas, anuênios,

ENQUADRAMENTO. FINANCIÁRIO. O enquadramento sindical décima terceira cesta alimentação e PLR. Por fim, condenou a

dos empregados é determinado pela atividade preponderante do Reclamante a pagar multa por litigância de má-fé de 5% sobre o

empregador, nos termos do art. 511, §º2, da CLT. Portanto, em se valor da causa, com fulcro no art. 793-C da CLT; deferiu à Autora os

tratando de empregador que exerce atividade preponderante no benefícios da justiça gratuita e condenou as partes no pagamento

ramo das financeiras, integrando a categoria econômica das de honorários advocatícios recíprocos no percentual de 12%.

empresas de crédito, financiamento e investimento, aplicam-se aos

seus empregados os instrumentos coletivos da categoria dos Em razões recursais, a Reclamante requer, preliminarmente, a

financiários. declaração de inconstitucionalidade do art. 790-B, caput e §4º, bem

como do art. 791-A, §4º, ambos da CLT; no mérito, pugna pela

reforma da sentença no tocante à nulidade da dispensa, danos

morais, devolução dos honorários periciais, período delimitado,

RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMANTE. ÍNDICE DE horas extraordinárias, intervalo intrajornada, intervalo do art. 384 da

ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. IPCA-E. Considerando as decisões CLT, verbas alimentares, devolução dos descontos indevidos, multa

proferidas tanto pelo STF como também pelo C. TST, este Relator por litigância de má-fé; honorários advocatícios sucumbenciais e

entende que os débitos trabalhistas em geral devem ser atualizados aplicação do IPCA-E como índice de correção monetária.

pela TR até 24/03/2015 e pelo IPCA-E a partir de 25/03/2015.

Por sua vez, as Reclamadas, em suas razões de recurso, pleiteiam

a modificação do decisioquanto aos honorários periciais,

terceirização ilícita e benefícios da norma coletiva.

Comprovado recolhimento das custas processuais (Id. 60d373f),

bem como do depósito recursal (Id. edaa610).

Contrarrazões pelas Reclamadas ao Id. 84446fc.

Contrarrazões pelas Rés ao Id. 16cbf43.

1. RELATÓRIO Esta 1ª Turma, na sessão ordinária realizada no dia 29/10/2019,

resolveu, por unanimidade, suspender o julgamento do presente

processo em virtude do Incidente de Inconstitucionalidade do §4º do

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 784
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art. 791-A, da CLT, suscitado no processo 0000398-

09.2018.5.17.0101, que deverá ser julgado pelo Tribunal Pleno. Conhece-se dos recursos ordinários interpostos pela Reclamante e

pelas Reclamadas, porquanto preenchidos os pressupostos legais

Na sessão ordinária realizada no dia 23/10/2019, o Pleno deste de admissibilidade.

Regional julgou o Incidente de Arguição de Inconstitucionalidade nº

0000453-35.2019.5.17.0000, declarando a inconstitucionalidade Registre-se que a presente ação foi ajuizada em 27/04/2018, após a

parcial do §4º, do art. 791-A, da CLT. entrada em vigor da Lei 13.467/17 (Lei da Reforma Trabalhista) e

que a Origem declarou a prescrição das parcelas anteriores a

Assim, considerando o julgamento da matéria pelo Pleno deste 27/04/2013, não havendo recurso quanto ao aspecto.

Tribunal, os autos retornaram à 1ª Turma para prosseguimento do

julgamento dos recursos ordinários interpostos pela Reclamante e

pelas Reclamadas.

É o relatório.

2.2. INCONSTITUCIONALIDADE DO ARTIGO 791-A, § 4º, DA

CLT

2. FUNDAMENTAÇÃO

A Origem, na r. sentença, julgou parcialmente procedentes os

pedidos formulados na inicial e condenou as partes no pagamento

de honorários advocatícios recíprocos no percentual de 12%.

Em razões recursais, a Reclamante requer, preliminarmente, seja

declarada a inconstitucionalidade do art. 790-B, capute §4º, bem

como do art. 791-A, §4º, ambos da CLT.

Pois bem.

2.1. CONHECIMENTO De início, cumpre registrar que a Reclamante não tem interesse

quanto à declaração de inconstitucionalidade do art. 790-B, da CLT,

uma vez que não foi realizada perícia nos autos, inexistindo,

consequentemente, condenação em honorários periciais.

Verifica-se, assim, que o apelo Obreiro abarca apenas a discussão

acerca da inconstitucionalidade do art. art. 791-A, §4º, da CLT.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 785
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Esta 1ª Turma, na sessão ordinária realizada no dia 29/10/2019,

resolveu, por unanimidade, suspender o julgamento do presente

processo em virtude do Incidente de Inconstitucionalidade do §4º do

art. 791-A, da CLT, suscitado no processo 0000398-

09.2018.5.17.0101, que deverá ser julgado pelo Tribunal Pleno.

Na sessão ordinária realizada no dia 23/10/2019, o Pleno deste

Regional julgou o Incidente de Arguição de Inconstitucionalidade nº

0000453-35.2019.5.17.0000, declarando a inconstitucionalidade

parcial do §4º, do art. 791-A, da CLT, conforme se depreende da

ementa ora transcrita:

"ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. HONORÁRIOS

ADVOCATÍCIOS. ARTIGO 791-A, § 4º, DA CLT. Declara-se a

inconstitucionalidade parcial do § 4º, do artigo 791-A, da CLT

somente quanto ao trecho: "desde que não tenha obtido em juízo,

ainda que outro processo, créditos capazes de suportar a despesa",

no sentido de que não se possa atingir os créditos deferidos ao

beneficiário da justiça gratuita, ainda que em outro processo, mas

tão somente que a verba honorária fique sob condição suspensiva

de exigibilidade, podendo ser executada, se nos 2 (anos)

subseqüentes ao trânsito em julgado da decisão que a certificou, o

credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência 2.2. MÉRITO DO RECURSO ORDINÁRIO INTERPOSTO PELAS

de recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo- RECLAMADAS

se, passado esse prazo, tal obrigação do beneficiário".

Assim, considerando o julgamento da matéria pelo Pleno deste

Tribunal, os autos retornaram à 1ª Turma para prosseguimento do

julgamento dos recursos ordinários interpostos pela Reclamante e

pelas Reclamadas.

Ante o exposto, nos termos do acórdão proferido no bojo do

Incidente de Arguição de Inconstitucionalidade nº 0000453-

35.2019.5.17.0000, declara-se a inconstitucionalidade parcial do

§4º, do art. 791-A, da CLT.

Em virtude da prejudicialidade das matérias, inverte-se a ordem e

aprecia-se em primeiro lugar o mérito do recurso ordinário

interposto pelas Reclamadas. 2.2.1. DEVOLUÇÃO DOS HONORÁRIOS PERICIAIS

ADIANTADOS. PERÍCIA NÃO REALIZADA.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 786
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Na audiência realizada em 20/08/2018, a Origem determinou a

realização de perícia técnica para verificação da alegada

incapacidade laborativa da Autora no momento da rescisão Na inicial, a Reclamante relatou que foi admitida pela 1ª Reclamada

contratual. Na ocasião, prontificou-se a Reclamante a realizar a (Dacasa Financeira S.A. - Sociedade de Crédito, Financiamento e

antecipação de honorários no importe de R$ 400,00. Investimentos) em 18/03/2004, para exercer inicialmente a função

de "analista/Especialista de Crédito", tendo sido imotivadamente

Ante a recusa de 3 (três) peritos médicos nomeados, o d. Juízo a dispensada em 05/06/2018, quando percebia remuneração de R$

quodesignou nova audiência, ocasião em que a Reclamada se 3.785,00(três mil, setecentos e oitenta e cinco reais).

comprometeu a antecipar o valor de R$ 600,00, a titulo de

honorários periciais. Sustentou que, embora tenha prestado serviços exclusivos e

ininterruptos à 1ª Ré durante todo o contrato de trabalho, teve sua

No entanto, em razão dos reiterados pedidos de adiamento da CTPS formalmente registrada pelas empresas do mesmo grupo

perícia pela Autora, a Origem tornou prejudicada a realização da econômico da seguinte forma: de 18/03/2004 a 31/10/2008 pela 3ª

prova técnica. Ré (Promov Sistema de Vendas e Serviços Ltda.); de 01/11/2008 a

02/04/2017 pela 2ª Reclamada (Dadalto Administração e

Em suas razões recursais, requerem as Reclamadas a devolução Participações Ltda.); de 03/04/2017 a 05/06/2018 pela 1ª

dos valores de honorários periciais adiantados, sob pena de Demandada.

enriquecimento ilícito.

Assim, sob o fundamento de que sempre prestou serviços em favor

Analisa-se. da 1ª Reclamada, que atua desempenhando atividades típicas de

Financeira, requereu seu enquadramento como "financiária", com a

O d. Juízo a quo determinou que, por ocasião da entrega do laudo, consequente aplicação da norma coletiva correspondente.

a Secretaria liberasse os honorários prévios em favor do perito.

Em contestação conjunta de ID. 2f8e1c4, as Reclamadas alegaram

Considerando que a perícia não foi realizada, diante da ausência da que a Reclamante, durante o período imprescrito, laborou em duas

Reclamante e reiterados pedidos de adiamento, deve ser autorizada situações distintas, inicialmente vinculada à Promov, exercendo

a devolução do valor à Reclamada, conforme requerido. atividade meio da tomadora e, posteriormente, a partir de

03/04/2017, à própria Dacasa, sendo então enquadrada como

Dá-se provimento para determinar a devolução do valor adiantado financiária.

pelas Reclamadas a título de honorários periciais.

Argumentaram que, do período imprescrito até 03/04/2017, a Autora

ocupava a função de coordenadora de crédito, atuando na gestão

de sua equipe de analistas, que, por sua vez, executavam o

processo de checagem do cadastro e das referências pessoais do

cliente via atendimento por contatos telefônicos e consulta a bancos

de dados externos.

Afirmaram que, por tal motivo, a Reclamante foi registrada pela

Promov, empresa prestadora de serviços, notoriamente pertencente

2.2.2. ENQUADRAMENTO SINDICAL. FINANCIÁRIOS. à categoria diferenciada representada pelo Sindicato dos

Trabalhadores em Telecomunicações - SINTTEL-ES.

A Origem, reconhecendo a fraude na contratação da Autora por

empresa terceirizada do mesmo grupo econômico, reconheceu o

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 787
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

vínculo direto com a 1ª Reclamada no período de 18/03/2004 a No caso dos autos, a Reclamante foi inicialmente registrada pela 3ª

05/06/2018 e o enquadramento da Reclamante como financiária, Reclamada, no período entre 18/03/2004 a 31/10/2008, pela 2ª

nos termos da Súmula nº 33 deste Regional, com o consequente Demanda, de 01/11/2008 a 02/04/2017 e finalmente pela 1ª Ré, de

deferimento dos benefícios da categoria. 03/04/2017 a 05/06/2018.

Irresignadas, recorrem as Reclamadas, alegando que o acordo Ocorre que, conforme admitido pelas próprias Rés em contestação

extrajudicial acostado aos autos não reconhece o enquadramento conjunta, durante todos os pactos laborais, a Autora prestou

da Reclamante como funcionária, mas apenas a quitação do objeto serviços em favor da 1ª Reclamada (Dacasa Financeira S.A. -

da ação civil pública. Sociedade de Crédito, Financiamento e Investimentos), empresa do

mesmo grupo econômico das demais, cujo objeto social consiste

Além disso, ressaltam que, mesmo que se considere contratação "na prática de todas as operações permitidas nas disposições legais

direta pela 1ª Reclamada, a Autora não deveria ser enquadrada regulamentares às entidades da espécie" (Id. 5ee15dd).

como financiária, tendo em vista que estão presentes os requisitos

da categoria profissional diferenciada dos telefônicos. Aliás, como o próprio nome já indica, é de conhecimento notório que

a primeira reclamada - DACASA - funciona no mercado como uma

Por fim, aduzem que não há qualquer ilicitude na terceirização empresa prestadora de crédito e financiamento ao público.

perpetrada por empresas do mesmo grupo econômico, inexistindo,

portanto, impedimento legal ou jurisprudencial para que uma Para sustentar tal afirmação, verifica-se no sítio eletrônico da citada

empresa preste serviços a outra. empresa (http://www.dacasa.com.br Acesso em: 23/09/2019) que a

mesma é especializada em empréstimo pessoal, empréstimo

Analisa-se. consignado, crédito ao consumidor e ainda disponibiliza para seus

clientes um cartão de crédito com bandeira própria.

Inicialmente, cumpre salientar que o Supremo Tribunal Federal, no

julgamento conjunto da ADPF 324 e RE 958252, por maioria, firmou Notório, portanto, que a Dacasa Financeira, empresa para a qual a

a tese de que é lícita a terceirização ou qualquer outra forma de Reclamante efetivamente prestava seus serviços, é

divisão do trabalho entre pessoas jurídicas distintas, estabelecimento pertencente ao ramo financeiro, tendo como

independentemente do objeto social das empresas envolvidas, não principal objetivo social a concessão de crédito para pessoas físicas

se configurando relação de emprego entre a contratante e o ou jurídicas, inclusive administrando seu próprio cartão de crédito, e

empregado da contratada e mantida a responsabilidade subsidiária cobrando juros nas transações efetuadas.

da empresa contratante.

Tendo em vista que restou demonstrado que a autora prestava

De igual forma, estabeleceu que essa diretriz não afeta serviços voltados unicamente à primeira reclamada - DACASA, são

automaticamente os processos e relação aos quais tenha havido as atividades desta que se apresentam como definitivas para o

coisa julgada. deslinde da causa, sendo, pois, patente a condição de financiária

pleiteada pela autora.

Porém, o comando supramencionado não afeta o presente

processo, uma vez que seu objeto não é sobre terceirização de mão Insta frisar, nesta oportunidade, que o E. TST consolidou seu

de obra, tampouco houve referência, na sentença objurgada, acerca entendimento, no verbete sumular n. 55, que "as empresas de

da aplicação da Súmula nº 331 do Tribunal Superior do Trabalho. crédito, financiamento ou investimento, também denominadas

financeiras, equiparam-se aos estabelecimentos bancários para

Explica-se. efeitos do art. 224 da CLT".

Conforme inteligência dos artigos 511 e 581, § 2º, da CLT, o Esclarece-se, por oportuno, que não deve lograr êxito a tese no

enquadramento sindical dos trabalhadores é ditado pela atividade sentido de que deve ser aplicada, in casu, as Súmulas n. 117 e 331,

preponderante da empresa para a qual o obreiro presta labor. inciso III do TST sob o argumento de que a Reclamante fazia parte

da categoria dos comerciários ou telefônicos, ou mesmo

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terceirizada. Isso porque as atividades realizadas pela autora sendo devidos os benefícios convencionados.

possuíam ligação direta à atividade fim da financeira, conforme se

extrai da própria peça defensiva, in verbis: Vale registrar, nesta oportunidade, que a questão em tela é objeto

de Ação Civil Pública, ajuizada pelo Ministério Público do Trabalho,

"No período imprescrito, a Reclamante ocupou a função de tombada sob o n. 0003200-32.2008.5.17.0003.

COORDENADORA DE CRÉDITO, atuando na gestão de sua

equipe de analistas, que por sua vez executam o processo de A sentença foi favorável ao Órgão Ministerial, no sentido de declarar

checagem do cadastro e das referências pessoais do cliente, dentre a ilegalidade da conduta da empresa Dacasa Financeira S.A. em

eles clientes de lojistas diversos (tais como PALLADIUM, efetivar a contratação de empregados por meio de outra empresa

ELETROCITY, DANÚBIO, ALVOMAC, BOROTO CALÇADOS, do grupo econômico.

ITAPUÃ CALÇADOS, etc.), via atendimento por contatos telefônicos

e consulta a bancos de dados externos, informando acerca da O referido decisumcondenou a empresa a proceder ao registro

liberação do crédito pretendido dentro da alçada de aprovação competente de todos os trabalhadores que lhe prestam serviços e a

previamente definida, verificando a eventual restrição em órgãos de cumprir as normas previstas no artigo 224 da CLT, nos termos da

proteção mediante a utilização dos sistemas disponíveis, Súmula n. 55 do TST, com relação a todos os seus empregados.

observando as regras de atendimento ao cliente preconizadas pela

Norma Regulamentadora 17 do Ministério do Trabalho e Emprego. A empresa interpôs recurso ordinário, que restou desprovido. Após,

apresentou recurso de revista que teve seu seguimento denegado

Assim, a Reclamante era responsável por fazer o acompanhamento por deserto, e interpôs agravo de instrumento, tendo o TST negado

da qualidade de atendimento dos analistas, identificando formas de provimento a esse recurso.

garantir melhoras no trabalho executado pela sua equipe,

planejando estratégias, definindo diretrizes do trabalho, aplicando Portanto, repise-se, não se trata de mera terceirização, mas fraude

punições e conduzindo a observância das normas da empresa de registro de empregados. O debate nos presentes autos não está

pelos colaboradores". relacionado com a intermediação de mão de obra por empresa

interposta, mas sim na fraude na formalização da mão de obra

Além disso, não há provas nos autos que confirmem uma prestação utilizada pelas empresas que formam o grupo econômico.

de serviços da obreira que seja desvinculada das atividades

financeiras, ainda que não seja ela a responsável por qualquer Aqui não se está a dizer que a autora faria jus aos efeitos da coisa

aprovação final de créditos. julgada formal da ação retromencionada. O que se demonstra é que

a dinâmica de absorção da mão de obra levada a efeito permanece.

Assim, tratando-se de empresa que exerce sua atividade

preponderante no ramo das financeiras (concessão de crédito para Se o grupo econômico pretende se utilizar de mão de obra dentre

pessoas físicas ou jurídicas, administração de cartão de crédito e as empresas do próprio grupo, somente pode fazê-lo sem

cobrança de juros nas transações efetuadas), a 1ª Reclamada desrespeitar os direitos da categoria profissional.

efetivamente integra a categoria econômica das empresas de

crédito, financiamento e investimento. Portanto, a Reclamante Não custa relembrar que são nulos de pleno direito os atos

integra a categoria profissional correlata (artigo 511, § 2º da CLT), praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a

qual seja a dos trabalhadores em instituições financeiras. aplicação dos preceitos Consolidados, bem como que a alteração

na estrutura jurídica da empresa não pode afetar os direitos

No aspecto, importante registrar que, embora a Autora não tenha adquiridos pelos seus empregados (artigos 9º e 10 da CLT).

comparecido à audiência em que deveria depor, os efeitos da

confissão aplicada não alteram a conclusão ora esposada, uma vez Nesse passo, a utilização da Promov com o efeito de registro de

que baseada na prova pré-constituída dos autos. empregados a fim de utilizá-los pela Dacasa Financeira significa

fraudar o enquadramento profissional de fato e, com isso, sonegar

Reconhecida a condição de financiária da autora, devem ser a ela os direitos previstos nas convenções coletivas dos financiários,

aplicadas as normas coletivas próprias da respectiva categoria, plenamente aplicáveis àqueles trabalhadores, gerando para o grupo

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inequívoco enriquecimento sem causa e em detrimento dos

legítimos direitos da categoria.

Portanto, tem-se por consubstanciada fraude na formalização da

mão de obra utilizada pelas empresas que formam o grupo Na petição inicial, a Reclamante relatou que foi admitida pela 1ª

econômico, demonstrando a continuidade da prática antijurídica que Reclamada (Dacasa Financeira S.A. - Sociedade de Crédito,

se pretendeu obstar por meio da ação civil pública 0003200- Financiamento e Investimentos) em 18/03/2004, para exercer

32.2008.5.17.0003. inicialmente a função de "analista/Especialista de Crédito", tendo

sido imotivadamente dispensada em 07/03/2018, quando percebia

Por todo exposto, tem-se que a Origem agiu com propriedade ao remuneração de R$ 3.785,00(três mil, setecentos e oitenta e cinco

reconhecer a condição de financiária da autora, pelo que a sentença reais).

deve ser mantida e, por corolário lógico, a manutenção dos

benefícios contidos nos instrumentos coletivos dos financiários. Afirmou que foi dispensada enquanto estava acometida por doença

grave, Neuromielite Óptica (Doença de Devic), CID G36.0, estando,

Nega-se provimento. portanto, inapta para o trabalho.

Informou que referida enfermidade foi diagnosticada em 31/10/2015

e que desde então está sob constante tratamento e observação

médica, conforme comprovam os documentos juntados com a

inicial.

Ressaltou que não poderia ter sido considerada apta no momento

da demissão, pelo que deveria ter sido encaminhada ao INSS com

a consequente suspensão do seu contrato de trabalho.

2.3. MÉRITO DO RECURSO ORDINÁRIO INTERPOSTO PELA

RECLAMANTE Sob tais fundamentos, requereu "a nulidade do ato demissional nos

termos do art. 9° da CLT, por dispensa discriminatória de

trabalhadora doente e inapta, nos termos da Súmula n° 443 do TST,

declarando-se o direito à reintegração de emprego".

Em defesa conjunta, as Reclamadas aduziram que não restou

demonstrada a incapacidade da Reclamante para o trabalho no

momento da dispensa.

Alegaram, ainda, que não há qualquer comprovação de que a

doença portada pela Autora seja qualificada como grave e que

suscite estigma ou preconceito, requisitos cumulativos estipulados

pela Súmula nº 443 do TST.

A Origem, na r. sentença, julgou improcedente o pedido, adotando

2.3.1. NULIDADE DA DISPENSA. INAPTIDÃO NO MOMENTO DA osseguintes fundamentos:

RESCISÃO

A autora, sem justificativa comprovada, deu azo à não realização da

prova técnica determinada para verificação da sua incapacidade

laborativa por ocasião da rescisão.

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Assim, não comprovada tal situação, rejeita-se o pleito de declarações do Hospital, que seu esposo de fato sofreu acidente no

reconhecimento de nulidade da dispensa e consequente dia 04/11/2018, não há comprovação de que ele estava

reintegração. impossibilitado de realizar viagem internacional, devendo

permanecer em Portugal.

Rejeita-se também, por consequência, ao pleito de indenização por

danos morais. Além disso, conforme requerimento de novo adiamento ao Id.

1084ede, o emailenviado pelo marido da Autora ao escritório de

Em razões recursais, a Reclamante pugna pela reforma da advocatícia aponta justificativa diversa para o pedido, dessa vez

sentença, sob o fundamento de que, além das ausências às uma suposta crise da doença da trabalhadora, cuja única prova nos

perícias designadas terem sido devidamente justificadas, a causa autos é uma "declaração de presença" em Hospital,

do pedido já se encontrava sobejamente comprovada pelos desacompanhada de qualquer laudo médico.

documentos médicos que instruem a exordial.

Diante desse quadro, agiu corretamente a Origem ao não acatar

Analisa-se. novo pedido de adiamento de audiência ou perícia, tornando

prejudicada a realização da prova técnica.

Compulsando os autos, verifica-se que o pedido Autoral de

reintegração ao emprego pode ser amparado em duas causas de Por outro lado, observa-se que, embora os documentos juntados

pedir: nulidade da dispensa em razão da inaptidão física da com a inicial comprovem que a Reclamante possua quadro

Reclamante na época da rescisão do contrato de trabalho e recorrente de mielite longitudinalmente extensa e episódio prévio de

dispensa discriminatória. neurite óptica compatíveis com Neuromielite Óptica (NMO), com

sintomas iniciados em agosto de 2015 (Id. ac3932d), não há nos

No que tange ao pedido de reintegração fundado na alegação de autos comprovação de que, no momento da dispensa, a

que a Reclamante estava inapta no momento da dispensa, este trabalhadora estava inapta para o trabalho.

Relator mantém o entendimento de que, independentemente da

existência de nexo de causalidade entre a doença ou a lesão No aspecto, é importante frisar que ser portador de doença não

apresentada pelo obreiro com sua atividade profissional, em razão implica, necessariamente, estar inapto ao labor, tendo em vista que

da função social que a empresa possui, não é permitido ao nem toda doença é incapacitante.

empregador dispensar o empregado que esteja inapto ao trabalho.

Assim, embora a Reclamante de fato tenha sido diagnosticada,

Desse modo, faz-se necessário analisar se a Reclamante, na data desde 2015, com possível Neuromielite Óptica (NMO), os

da dispensa, estava apta para trabalhar, ou se foi acometida por elementos constantes dos autos não logram comprovar que no

alguma doença antes ou após a rescisão do contrato de emprego. momento da dispensa a obreira encontrava-se inapta ao labor.

Na audiência realizada em 20/08/2018, a Origem determinou a Com a inicial, a Autora juntou apenas receituários, exames e alguns

realização de perícia técnica para verificação da alegada laudos médicos indicando a enfermidade que a acometeu,

incapacidade laborativa da Autora por ocasião da rescisão inexistindo qualquer documento que demonstre que, no dia

contratual. 07/03/2018, data da comunicação da dispensa, a obreira estivesse

inapta.

Entretanto, designada a perícia, a Reclamante postulou reiterados

adiamentos, sob o fundamento de que seu marido sofreu acidente Ressalte-se que tampouco consta dos autos atestado médico

em viagem fora do país, lesionando seriamente a perna esquerda, declarando a necessidade de afastamento da obreira nos dias que

sem a possibilidade de embarcar em voo internacional, de forma antecederam a dispensa. Apenas em 23/08/2018, ou seja, 15 dias

que ela, como única acompanhante, tampouco poderia retornar ao depois da dispensa, como alegado pela própria Reclamante e

Brasil. comprovado pelo documento de Id. cb49858 houve novo surto da

doença.

Ocorre que, embora a Autora tenha demonstrado, por meio de

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Por tudo isso, inafastável a conclusão de que a Obreira não logrou doença em meados de 2015, sendo que a dispensa ocorreu apenas

êxito em comprovar qualquer inaptidão no momento da dispensa, em março de 2018, o que enfraquece a tese de despedida

não merecendo acolhida seu pedido de reintegração, com base discriminatória.

nessa causa de pedir.

Não há quaisquer provas de que a empregadora tenha atuado com

Já em relação à dispensa discriminatória, faz-se necessário tecer o objetivo retaliação ou de segregar a Obreira do convívio com os

algumas considerações preliminares. demais empregados ou, ainda, de se esquivar do cumprimento de

suas obrigações contratuais.

No ordenamento jurídico pátrio, a possibilidade de dispensa não

motivada do empregado é contemplada como um exercício O conjunto probatório acostado aos autos inclusive aponta para

unilateral da vontade do empregador, apresentando-se como um sentido oposto, já que diante de sua enfermidade e tratamento

direito potestativo deste. médico, a empresa estendeu o plano de saúde por 11 (onze) meses

depois da dispensa.

Todavia, o exercício desse direito potestativo não é irrestrito,

porquanto sofre limitações, especialmente tendo em vista os Ante o exposto, patente o entendimento no sentido de que a

princípios basilares do Estado Democrático de Direito, que tem Reclamante não se desincumbiu a contento de seu ônus da prova

como fundamentos a dignidade da pessoa humana e o valor social (artigo 818, da CLT, e 373, do CPC/2015), também no aspecto.

do trabalho (art. 1º, inciso III e IV, da CF).

Não há falar, pois, em nulidade da despedida por nenhum dos dois

A Constituição Federal veda, ainda, toda e qualquer forma de fundamentos, permanecendo incólume a r. sentença.

discriminação, em seu artigo 3º, inciso IV, além de estabelecer, em

seu art. 7º, inciso I, a proteção da relação de emprego contra a Nega-se provimento.

despedida arbitrária.

Aliás, a Lei nº 9.029, de 13 de abril de 1995, proíbe a adoção de

qualquer prática discriminatória e limitativa para efeito de acesso à

relação de trabalho, ou de sua manutenção.

Acerca do tema, o C. TST sumulou o seguinte entendimento:

Súmula nº 443: DISPENSA DISCRIMINATÓRIA. PRESUNÇÃO.

EMPREGADO PORTADOR DE DOENÇA GRAVE. ESTIGMA OU 2.3.2. DANOS MORAIS

PRECONCEITO. DIREITO À REINTEGRAÇÃO Presumese

discriminatória a despedida de empregado portador do vírus HIV ou

de outra doença grave que suscite estigma ou preconceito. Inválido

o ato, o empregado tem direito à reintegração no emprego.

No presente caso, não se enquadrando a moléstia da Obreira

dentre as patologias que, no entendimento do TST (conforme

Súmula 443, supratranscrita), autorizam a presunção de

discriminação, cumpria à Reclamante comprovar que a despedida Na peça vestibular, a Reclamante relatou que foi admitida pela 1ª

efetivamente derivou do fato de ela supostamente estar doente, Reclamada (Dacasa Financeira S.A. - Sociedade de Crédito,

ônus do qual, contudo, não se desincumbiu. Financiamento e Investimentos) em 18/03/2004, para exercer

inicialmente a função de "analista/Especialista de Crédito", tendo

Com efeito, conforme alegado pela própria Autora, a Reclamada sido imotivadamente dispensada em 05/06/2018, quando percebia

tinha conhecimento do seu quadro de saúde desde o diagnóstico da remuneração de R$ 3.785,00(três mil, setecentos e oitenta e cinco

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reais). 2.3.3. DEVOLUÇÃO DOS HONORÁRIOS PERICIAIS

Afirmou que foi dispensada enquanto estava acometida por doença

grave, Neuromielite Óptica (Doença de Devic), CID G36.0, estando,

portanto, inapta para o trabalho.

Aduziu que a Reclamada praticou ato ilícito ao impedir sua

recolocação no mercado de trabalho, diante de sua inaptidão,

fazendo com que se sentisse descartável depois de quatorze anos

de contrato. Na audiência realizada em 20/08/2018, a Origem determinou a

realização de perícia técnica para verificação da alegada

Assim, sob o fundamento de que a Ré feriu bens extrapatrimoniais incapacidade laborativa da Autora no momento da rescisão

como a honra e a dignidade da pessoa humana, requereu uma contratual. Na ocasião, prontificou-se a Reclamante a realizar a

indenização por danos morais, no importe de 5 vezes o seu último antecipação de honorários no importe de R$ 400,00.

salário.

Ante a recusa de 3 (três) peritos médicos nomeados, o d. Juízo a

As Reclamadas, em contestação, alegaram que não existiu quodesignou nova audiência, ocasião em que a Reclamada se

qualquer ofensa à moral da Reclamante. comprometeu a antecipar o valor de R$ 600,00, a titulo de

honorários periciais.

O magistrado de primeiro grau, na r. sentença, julgou improcedente

o pedido, sob o fundamento de que a Reclamante não comprovou No entanto, em razão dos reiterados pedidos de adiamento da

estar incapacitada para o trabalho por ocasião da rescisão. perícia pela Autora, a Origem tornou prejudicada a realização da

prova técnica.

Recorre a Reclamante, reiterando a alegação de que foi vítima de

demissão discriminatória. Assim, em suas razões recursais, a Reclamante postula a

restituição do valor depositado a título de honorários prévios

Analisa-se. periciais.

Conforme fundamentação exposta no item 2.3.1. supra, foi mantida Analisa-se.

a r. sentença, que reconheceu a legalidade da dispensa efetuada,

por ausência de incapacidade laboral no momento do rompimento O d. Juízo a quo determinou que, por ocasião da entrega do laudo,

do contrato e de dispensa discriminatória. a Secretaria liberasse os honorários prévios em favor do perito.

Assim sendo, por conseguinte, devem ser julgado improcedente o Considerando que a perícia não foi realizada, diante da ausência da

pedido consectário de danos morais. Reclamante e reiterados pedidos de adiamento, deve ser autorizada

a devolução do valor à Autora, conforme requerido.

Nega-se provimento.

Dá-se provimento para determinar a devolução do valor adiantado

pela Reclamante a título de honorários periciais.

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Analisa-se.

2.3.4. LIMITAÇÃO DOS DIREITOS NORMATIVOS

De início, cumpre esclarecer que a sentença já reconheceu a

unicidade contratual e o vínculo direto com a 1ª Reclamada no

período pleiteado na inicial, ou seja, de 18/03/2004 a 05/06/2018.

Apenas a condenação no pagamento dos benefícios da categoria

foi restrita a data em que a Reclamante teve a CTPS anotada pela

própria 1ª Demandada, quando teria passado a receber os

benefícios previstos nas normas coletivas da categoria dos

financiários.

Na peça de ingresso, a Reclamante relatou que foi admitida pela 1ª

Reclamada (Dacasa Financeira S.A. - Sociedade de Crédito, Nesses termos, considerando que desde a inicial a Reclamante

Financiamento e Investimentos) em 18/03/2004, para exercer alega que não percebeu corretamente os benefícios previstos na

inicialmente a função de "analista/Especialista de Crédito", tendo Norma Coletiva durante todo o contrato de trabalho, inclusive, no

sido imotivadamente dispensada em 05/06/2018, quando percebia período em que teve a CTPS anotada pela 1ª Reclamada, não há

remuneração de R$ 3.785,00(três mil, setecentos e oitenta e cinco falar em limitação da condenação.

reais).

Contudo, deve ser autorizada a dedução dos valores pagos a

Sustentou que, embora tenha prestado serviços exclusivos e idêntico título, sob pena de enriquecimento ilícito.

ininterruptos à 1ª Ré durante todo o contrato de trabalho, teve sua

CTPS formalmente registrada pelas empresas do mesmo grupo Assim, dá-se provimento para afastar a limitação da condenação

econômico da seguinte forma: de 18/03/2004 a 31/10/2008 pela 3ª até 02/04/2017, autorizando-se a dedução dos valores pagos a

Ré (Promov Sistema de Vendas e Serviços Ltda.); de 01/11/2008 a idêntico título, sob pena de enriquecimento ilícito.

02/04/2017 pela 2ª Reclamada (Dadalto Administração e

Participações Ltda.); de 03/04/2017 a 05/06/2018 pela 1ª

Demandada.

Assim, sob o fundamento de que sempre prestou serviços em favor

da 1ª Reclamada, que atua desempenhando atividades típicas de

Financeira, requereu seu enquadramento como "financiaria", com a

consequente condenação no pagamento dos benefícios previstos

na norma coletiva.

2.3.5. HORAS EXTRAORDINÁRIAS

A Origem reconheceu o vínculo direto com o 1º Reclamado no

período de 18/03/2004 a 05/06/2018 e o enquadramento da Autora

como financiária. Como consequência, condenou as Reclamadas

no pagamento dos benefícios convencionais da categoria,

restringindo ao período de 27/04/2013 (prescrição) até 02/04/2017,

sob o fundamento de que a partir de 03/04/2017 houve a efetiva

contratação da Reclamante pelo 1ª Reclamado, quando então teria

passado a receber tais benefícios.

Na peça de ingresso, a Reclamante relatou que foi admitida pela 1ª

Em razões recursais, a Autora pugna pela reforma da sentença, Reclamada (Dacasa Financeira S.A. - Sociedade de Crédito,

alegando que nem todos os direitos foram quitados após Financiamento e Investimentos) em 18/03/2004, para exercer

02/04/2017. inicialmente a função de "analista/Especialista de Crédito", tendo

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sido imotivadamente dispensada em 05/06/2018, quando percebia adotando os seguintes fundamentos:

remuneração de R$ 3.785,00(três mil, setecentos e oitenta e cinco

reais). A autora não desconstituiu o exercício de função de confiança e sua

conseqüente exceção ao controle de jornada, nos termos do art. 62

Sustentou que, embora tenha prestado serviços exclusivos e da CLT.

ininterruptos à 1ª Ré durante todo o contrato de trabalho, teve sua

CTPS formalmente registrada pelas empresas do mesmo grupo Ainda que agora submetida ao regime de jornada do art. 224 da

econômico da seguinte forma: de 18/03/2004 a 31/10/2008 pela 3ª CLT, a qualidade de ocupante de cargo de confiança, inclusive com

Ré (Promov Sistema de Vendas e Serviços Ltda.); de 01/11/2008 a percepção de comissões superiores ao terço do salário do cargo

02/04/2017 pela 2ª Reclamada (Dadalto Administração e efetivo, conforme fichas financeiras, permanece.

Participações Ltda.); de 03/04/2017 a 05/06/2018 pela 1ª

Demandada. Portanto, estando a reclamante excepcionada pelo art. 224, par. 2º,

da CLT, não há falar em jornada de 6 horas diárias.

Noticiou que foi contratada para uma jornada de 44 (quarenta e

quatro) horas semanais, de segunda-feira a sábado, sendo que a No mais, não há prova da alegada jornada superior a 8 horas

categoria dos financiários, na qual deve ser enquadrada, detém diárias.

uma jornada de 30 horas semanais.

Rejeitam-se os pleitos de horas extras e intervalos.

Afirmou que trabalhava de segunda à sexta-feira, das 08h30 às

19h30, com 20 minutos de intervalo intrajornada e até às 20h nos Irresignada, recorre a Reclamante, alegando que a Reclamada não

dias de pico, última semana de cada mês para o fechamento das se desincumbiu de seu ônus probatório no sentido de demonstrar

metas, e aos sábados das 08h às 14h20, sem intervalo para efetivos poderes de mando ou gestão capazes de lhe enquadrar na

descanso e alimentação. exceção do §2º do art. 224 da CLT.

Assim, requereu a condenação das Reclamadas no pagamento Analisa-se.

como extras das horas trabalhadas acima das 05h45 e,

sucessivamente, a partir da 6ª diária ou 8ª diária. Conforme exposto no tópico 2.2.1. deste voto, foi mantido o

entendimento da Origem no sentido de reconhecer a condição de

No caso de enquadramento no §2º, art. 224 da CLT, postulou o financiária da Reclamante. Portanto, devem ser aplicadas as

recebimento da Gratificação de Função prevista na Cláusula 4.1.2. disposições do art. 224, da CLT, conforme preceitua a Súmula nº 55

da CCT. do E. TST e a Súmula nº 33 deste E. Regional, in verbis:

As Reclamadas, em sede de contestação, alegaram que, durante Súmula nº 55 do TST

todo o período imprescrito, a Reclamante ocupou a função de

coordenadora, tipicamente estabelecida como de liderança (cargo FINANCEIRAS (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003

de confiança), e por isso, estava isenta do registro de frequência,

nos termos do inciso II, do art. 62 da CLT. As empresas de crédito, financiamento ou investimento, também

denominadas financeiras, equiparam-se aos estabelecimentos

Quanto ao pedido substitutivo, afirmaram que a trabalhadora bancários para os efeitos do art. 224 da CLT.

recebia um plus salarial que excedia 100% o salário dos seus

subordinados, além da parcela variável que integra a remuneração. Súmula nº 33 do TRT da 17ª Região

Por fim, pela eventualidade, aduziram que a obreira se enquadra na "ENQUADRAMENTO COMO FINANCIÁRIO DE EMPREGADO DE

exceção prevista no §2º do art. 224 da CLT. ADMINISTRADORA DE CARTÃO DE CRÉDITO OU AGENTE

FINANCEIRO.

O d. Juízo a quo, na r. sentença, julgou improcedente o pedido,

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 795
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Os empregados de agentes financeiros e administradoras de cartão Por fim, tampouco merece ser acolhido o pedido sucessivo de

de crédito, salvo os pertencentes a categoria diferenciada, são pagamento da Gratificação de Função de 55% prevista na Cláusula

financiários (Súmula 283 do STJ), beneficiando-se, portanto, das 4.1.2. da CCT, uma vez que a remuneração da Autora já

normas coletivas da categoria e da jornada reduzida do art. 224 da contemplava referida parcela.

CLT."

Ora, conforme se depreende de sua ficha financeira, a Autora

O caput do art. 224, da CLT, estabelece que a duração normal do recebia no ano de 2013 salário no valor de 3.030,00 (três mil e trinta

trabalho dos empregados em bancos, casas bancárias e Caixa reais) e no final do contrato, a partir de 2017, a quantia de R$

Econômica Federal será de seis horas contínuas nos dias úteis, 3.785,00. A par disso, o funcionário Marcelo Rodrigues de Castro

com exceção dos sábados, perfazendo um total de trinta horas de Jr., como seu subordinado direto, na função de Analista de Crédito,

trabalho por semana. percebia em 2013 o salário de R$ 1.175,00 e, em 2017 R$

2.421,00, pelo que se conclui que a remuneração da Reclamante

Todavia, o § 2º do mesmo dispositivo prevê uma exceção a essa incluía plus salarial superior ao estabelecido na norma coletiva.

regra, ao dispor que a jornada de trabalho disposta em seu caput

não se aplica aos que exercem funções de direção, gerência, Ante o exposto, nada a modificar na r. sentença.

fiscalização, chefia e equivalentes, ou que desempenhem outros

cargos de confiança, desde que o valor da gratificação não seja Nega-se provimento.

inferior a um terço do salário do cargo efetivo.

Portanto, para que o empregado afaste-se do regramento geral da

jornada de trabalho bancário (caput do art. 224 da CLT), faz-se

necessário, primeiro, que ele receba gratificação não inferior a um

terço do salário do cargo efetivo, e, segundo, que ele exerça

funções de confiança (gerência, direção, fiscalização, chefia ou

equivalentes).

In casu, conforme ficha financeira juntada aos autos (Id. 83d6646), 2.3.6. INTERVALO INTRAJORNADA

a Autora foi promovida, em 01/10/2009, para a função de

"encarregado de crédito III" (posteriormente denominada

"Coordenador de crédito"), ocasião em que recebeu um plus salarial

superior a 1/3 do cargo anteriormente exercido.

Além disso, considerando a aplicação da confissão ficta à

Reclamante, ante sua ausência na audiência em que deveria depor,

deve ser considerada como verdadeira a alegação da Ré de que a

obreira, de fato, exercia função de confiança na forma do art. 224, Na exordial, a Reclamante relatou que foi admitida pela 1ª

§2º, da CLT. Reclamada (Dacasa Financeira S.A. - Sociedade de Crédito,

Financiamento e Investimentos) em 18/03/2004, para exercer

Nesses termos, faz jus a Autora à jornada de 8 (oito) horas por dia, inicialmente a função de "analista/Especialista de Crédito", tendo

devendo ser remunerada pelas horas excedentes. sido imotivadamente dispensada em 05/06/2018, quando percebia

remuneração de R$ 3.785,00 (três mil, setecentos e oitenta e cinco

Não obstante, como bem pontuou a Origem, a Autora não logrou reais).

comprovar o labor extraordinário de forma a refutar a presunção de

veracidade quanto a não realização de horas extras, em razão da Sustentou que, embora tenha prestado serviços exclusivos e

confissão. ininterruptos à 1ª Ré durante todo o contrato de trabalho, teve sua

CTPS formalmente registrada pelas empresas do mesmo grupo

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 796
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econômico da seguinte forma: de 18/03/2004 a 31/10/2008 pela 3ª lei (art. 71 da CLT), e, em se tratando de tema atinente à saúde,

Ré (Promov Sistema de Vendas e Serviços Ltda.); de 01/11/2008 a higiene e segurança do trabalhador, encontra respaldo e proteção

02/04/2017 pela 2ª Reclamada (Dadalto Administração e constitucional (art. 7º, XXII, CRFB/88), sendo as normas acerca do

Participações Ltda.); de 03/04/2017 a 05/06/2018 pela 1ª assunto de ordem pública, caráter imperativo e indisponibilidade

Demandada. absoluta.

Afirmou que, de segunda à sexta-feira, gozava de apenas 20 (vinte) Prestam-se, como se deduz de sua própria definição, a oportunizar

minutos de intervalo e aos sábados não havia qualquer descanso. ao empregado, no transcurso de sua jornada de trabalho, um

momento de recuperação de suas energias físicas e mentais,

Logo, requereu a condenação das Rés no pagamento de 01 (uma) descanso e alimentação.

hora, com adicional de 50%, de segunda à sexta-feira e 15 minutos

aos sábados com reflexos legais. Nesse contexto, o art. 71, caput e §1º, da CLT prevê que, em

qualquer trabalho contínuo cuja duração exceda 06 (seis) horas, é

Em contestação, as Reclamadas alegaram que a empregada obrigatória a concessão de um intervalo mínimo de 01 (uma) hora

detinha total autonomia para fruição integral de seu intervalo para para repouso e alimentação. Caso a duração da jornada ultrapasse

refeições. 04 (quatro) horas, porém não exceda 06 (seis) horas, o intervalo

mínimo será de 15 (quinze) minutos.

A Origem, na r. sentença, julgou improcedente o pedido, por

entender que a Reclamante exercia função de confiança. Considerando a jornada da Reclamante, era devido intervalo

intrajornada mínimo de 01 (uma) hora.

Inconformada, recorre a Reclamante, reiterando os termos da

inicial. Pois bem.

Analisa-se. Na hipótese, a Reclamante não compareceu à audiência em que

deveria depor, razão pela qual a Origem aplicou-lhe a pena de

Ab initio, registre-se que não é o caso de aplicar as mudanças confissão quanto à matéria fática.

introduzidas pela Lei 13.467/2017 (a chamada "Reforma

Trabalhista"), eis que as regras de direito material da novel Assim, presume-se verdadeira a alegação patronal de que a

legislação incidem tão somente sobre os contratos firmados após a trabalhadora gozava integralmente do intervalo para descanso e

vigência da Lei em questão, a saber, 11 de novembro de 2017, o refeição.

que não é o caso.

Ressalte-se que, embora referida presunção seja meramente

Os intervalos intrajornada conceituam-se, em apertada síntese, relativa, podendo ser elidida por prova em contrário, não há nos

como o período, dentro da jornada de trabalho do empregado, autos qualquer prova capaz de infirmar as informações ventiladas

destinado precipuamente a seu repouso e alimentação. na defesa.

Nos dizeres do i. Ministro Maurício Godinho Delgado: Assim, nada a modificar na r. sentença.

Os intervalos intrajornadas definem-se como lapsos temporais Nega-se provimento.

regulares, remunerados ou não, situados no interior da duração

diária de trabalho, em que o empregado pode sustar a prestação de

serviços e sua disponibilidade perante o empregador (Delgado,

Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 16ª Ed. São Paulo:

LTr, 2017)

A obrigatoriedade de concessão dos intervalos decorre da própria

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 797
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2.3.7. INTERVALO DO ART. 384 DA CLT. TRABALHO DA

MULHER

2.3.8. DO AUXÍLIO REFEIÇÃO E AJUDA ALIMENTAÇÃO

Pugnou a Reclamante pela reforma da sentença e a consequente

condenação da reclamada ao pagamento do intervalo de 15

(quinze) minutos previsto no art. 384 da CLT.

Na inicial, a Reclamante requereu a condenação das Reclamadas

Com razão. no pagamento das verbas "Auxílio Refeição" e "Ajuda Alimentação",

nos termos das Convenções Coletivas de Trabalho dos financiários.

Ab initio, registre-se que não é o caso de aplicar as mudanças

introduzidas pela Lei 13.467/2017 (a chamada "Reforma A Origem, na r. sentença, indeferiu o pedido sob os seguintes

Trabalhista"), eis que as regras de direito material da novel fundamentos:

legislação incidem tão somente sobre os contratos de trabalho

firmados após a vigência da Lei em questão, a saber, 11 de O reclamado comprovou sua adesão ao PAT desde 2008.

novembro de 2017.

Assim, nos termos das normas coletivas, são indevidos o auxílio

O art. 384 da CLT, inserido no Capítulo III, que trata da Proteção do refeição e a ajuda alimentação.

Trabalho da Mulher dispunha que "em caso de prorrogação do

horário normal, será obrigatório um descanso de 15 (quinze) No entanto, condena-se ao pagamento da décima terceira cesta

minutos no mínimo, antes do início do período extraordinário do alimentação nos moldes das convenções coletivas.

trabalho."

Em razões recursais, a Reclamante pugna pela reforma da

Em que pese este Relator entender pela constitucionalidade do sentença, alegando que a adesão ao PAT não afasta o pagamento

dispositivo em referência, uma vez que a concessão de condições da verba pactuada em CCT.

especiais à mulher não fere o princípio da igualdade previsto no art.

5º, da Constituição, na hipótese, não restou demonstrado que a Analisa-se.

Reclamante laborava em sobrejornada, conforme tópico 2.3.5. deste

voto. Conforme exposto no tópico 2.2.1. deste voto, foi mantido o

entendimento da Origem no sentido de reconhecer a condição de

Assim, inexistindo labor extraordinário, não há falar em concessão financiária da reclamante, não havendo falar em enquadramento em

do intervalo prévio de 15 (quinze) minutos e, consequentemente, categoria diferenciada, porquanto as atividades por ela realizadas

em pagamento do período como hora extra. possuíam ligação direta à atividade fim da financeira.

Nega-se provimento. Assim, devem ser aplicadas à Autora as normas coletivas própria da

categoria dos trabalhadores em instituições financeiras.

Relativamente aos benefícios alimentícios, as cláusulas 4.4.1. e

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 798
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4.4.1. da CCT 2013/2014, cuja redação, com as devidas descontos, por mês de trabalho, possuindo caráter indenizatório e

atualizações de valores, foi repetida nas convenções posteriores, não integrando o salário para quaisquer efeitos legais, inclusive nos

assim dispõem: períodos de gozo de férias e até o 15º (décimo quinto) dia nos

afastamentos por doença e acidente de trabalho. Será devido,

Cláusula 4.4.1. - AUXÍLIO REFEIÇÃO também nos casos de afastamento por maternidade.

Será concedido "Auxílio Refeição", a todos os empregados no valor PARÁGRAFO 1º - Este auxílio será concedido nos casos de licença

de R$ 23,96 (vinte e três reais e noventa e seis centavos), sem do dirigente Sindical.

descontos, por dia de trabalho, possuindo caráter indenizatório e

não integrando o salário para quaisquer efeitos legais e será PARÁGRAFO 2º - Fica facultado ao empregador substituir essa

concedido sempre à razão de 22 (vinte e dois) dias fixos por mês, importância por "tickets" de alimentação, nos termos do PAT -

inclusive nos períodos de gozo de férias e até o 15º (décimo quinto) Programa de Alimentação do Trabalhador, nos termos da Lei nº.

dia nos afastamentos por doença e acidente de trabalho. Não será 6.321/76, decretos regulamentadores e Portaria GM/MTb n° 1.156,

devido nos casos de afastamento por maternidade. de 17.09.93.

PARÁGRAFO 1º - Este auxílio será concedido nos casos de licença PARÁGRAFO 3º - O empregado afastado por doença profissional

do dirigente Sindical. ou acidente do trabalho faz jus à Ajuda Alimentação por um prazo

de até 150 (cento e cinqüenta) dias, com efeito retroativo a partir de

PARÁGRAFO 2º - Fica facultado ao empregador substituir essa 1º de junho de 2013, e, aos afastados após essa data, a concessão

importância por "tickets" de refeição e/ou alimentação, nos termos tem início no 1º dia de afastamento do trabalho, também limitado ao

do PAT - Programa de Alimentação do Trabalhador, nos termos da prazo de 150 (cento e cinqüenta) dias.

Lei nº. 6.321/76, decretos regulamentadores e Portaria GM/MTb nº

1.156, de 17.09.93. - D.O.U. 20/09/93. PARÁGRAFO 4º - A verba acima referida será reajustada em

conformidade com a Lei em vigor ou legislação posterior que venha

PARÁGRAFO 3º - Os empregados que se utilizam de restaurantes a ser promulgada durante a vigência da presente Convenção.

das empresas ou por estas subsidiadas, desfrutando, assim, de

vantagens análogas ou superiores, não farão jus a indenização Depreende-se das cláusulas ora transcritas que o pagamento de

aludida, não podendo da mesma forma ser cobrado qualquer valor ambos os benefícios pode ser substituído por "tickets" de

do empregado. Durante o período de férias dos empregados que se alimentação, nos termos do PAT. Na hipótese, embora as

utilizam do restaurante da empresa, será concedido ticket, conforme Reclamadas tenham comprovado a adesão ao referido programa,

disposto no "caput" da presente cláusula. não restou demonstrado que o pagamento ocorria na forma da

norma coletiva aplicada à categoria.

PARÁGRAFO 4º - O empregado poderá optar, por escrito e com a

antecedência mínima de 30 (trinta) dias, por tíquete alimentação, Considerando o reconhecimento da condição de financiária da

sendo possível mudar a opção somente após o transcurso de 180 Autora, não se reputa razoável que fique alijada dos benefícios

(cento e oitenta) dias. previstos nos instrumentos coletivos de sua categoria, devendo ser

autorizada apenas a dedução dos valores pagos a idêntico título.

PARÁGRAFO 5º - A verba acima referida será reajustada em

conformidade com a Lei em vigor ou legislação posterior que venha Assim, dá-se provimento para condenar as Reclamadas no

a ser promulgada durante a vigência da presente Convenção. pagamento das verbas "Auxílio Refeição" e "Ajuda Alimentação", na

forma das convenções coletivas da categoria dos financiários,

Cláusula 4.4.2. - AJUDA ALIMENTAÇÃO autorizando-se a dedução das parcelas pagas a idêntico título.

Será concedido "Auxílio Alimentação", cumulativamente com o

"Auxílio Refeição", a todos os empregados no valor de R$ 377,94

(trezentos e setenta e sete reais e noventa e quatro centavos), sem

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 799
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dos regramentos legais previstos para o PAT.

A previsão da norma coletiva de não cobrança de qualquer valor

não alude à hipótese do programa, mas sim, às hipóteses de

fornecimento de alimentação pelas empresas ou subsidiadas, que

2.3.9. DEVOLUÇÃO DOS DESCONTOS INDEVIDOS concedem vantagens análogas ou superiores.

Quanto ao desconto de assistência médica, as normas coletivas

desautorizam o desconto somente na hipótese de plano padrão.

Com efeito, o reclamado fornecia a autora plano de saúde

diferenciado.

Rejeitam-se os reembolsos pretendidos

Na peça vestibular, a Reclamante relatou que foi admitida pela 1ª Em razões recursais, a Reclamante pugna pela reforma da

Reclamada (Dacasa Financeira S.A. - Sociedade de Crédito, sentença, ao argumento de que a adesão ao PAT não afasta o

Financiamento e Investimentos) em 18/03/2004, para exercer pagamento da verba pactuada, bem como de que a Reclamada não

inicialmente a função de "analista/Especialista de Crédito", tendo comprovou a suposta adesão ao plano diferenciado.

sido imotivadamente dispensada em 05/06/2018, quando percebia

remuneração de R$ 3.785,00(três mil, setecentos e oitenta e cinco Analisa-se.

reais).

Conforme exposto no tópico 2.2.1. deste voto, foi mantido o

Narrou que a CCT da categoria determina que os pagamentos do entendimento da Origem no sentido de reconhecer a condição de

"auxílio refeição", "ajuda alimentação" e "assistência médica" sejam financiária da reclamante, não havendo falar em enquadramento em

efetuados sem o respectivo desconto. categoria diferenciada, porquanto as atividades por ela realizadas

possuíam ligação direta à atividade fim da financeira.

Relatou, contudo, que tais valores foram descontados

indevidamente, pelo que requereu a devolução de tais parcelas. Assim, devem ser aplicadas à Autora as normas coletivas própria da

categoria dos trabalhadores em instituições financeiras.

Em contestação conjunta, as Rés asseveraram, em relação ao

benefício alimentar, que, diante de sua filiação ao PAT, o desconto No tocante ao pagamento de benefícios a título de alimentação, a

é permitido, desde que limitado a 20% (vinte por cento) do custo da CCT dos financiários (item 4.4) veda a realização de descontos no

refeição. salário dos empregados, de forma que a Reclamante faz jus à

devolução dos valores descontados.

Argumentaram, ainda, que a norma coletiva aplicável à Autora

prevê a possibilidade do desconto referente à coparticipação do No que se refere à assistência médica, a CCT da categoria dos

empregado no plano de assistência médica. financiários estabelece no parágrafo único da cláusula 4.6.2, que o

plano médico hospitalar seria fornecido pelo empregador, sem

Por fim, salientaram que a obreira optou expressamente por um nenhum custo, devendo, contudo, o empregado arcar com a

plano de assistência médica diferenciada, o que possibilitaria o diferença se optar por plano de qualidade superior.

desconto relativo à diferença.

Porquanto não há qualquer comprovação nos autos de que o plano

O d. Juízo a quo julgou improcedente o pedido, valendo-se dos fornecido era superior ao previsto nos instrumentos coletivos, é

seguintes fundamentos: devido o reembolso dos valores descontados a este título.

Quanto aos descontos relacionados à alimentação, estão dentro Assim, dá-se provimento para condenar as Reclamadas no

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 800
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

reembolso dos valores indevidamente descontados a título de Acerca da litigância de má-fé, já se entendia que as suas hipóteses

auxílio-alimentação e assistência médica. deviam restar indiscutivelmente evidenciadas, para haver

condenação da parte no pagamento da multa ou de indenização por

dano processual.

Antes prevista apenas no CPC, especificamente no artigo 80 que

era aplicado subsidiariamente ao processo do trabalho, agora conta

com previsão expressa na CLT, artigo 793-A e seguintes,

introduzido pela Lei 13.467/2017 (reforma trabalhista).

In casu, na audiência realizada em 20/08/2018, a Origem

2.3.10. LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ determinou a realização de perícia técnica para verificação da

alegada incapacidade laborativa da Autora por ocasião da rescisão

contratual.

Entretanto, designada a perícia, a Reclamante postulou reiterados

adiamentos, sob o fundamento de que seu marido sofreu acidente

em viagem fora do país, lesionando seriamente a perna esquerda,

sem a possibilidade de embarcar em voo internacional, de forma

que ela, como única acompanhante, tampouco poderia retornar ao

O magistrado de primeiro grau, na r. sentença, condenou a Brasil.

Reclamante a pagar ao Reclamada multa de 5% sobre o valor da

causa (R$ 285.208,31), no importe de R$ 14.260,42, nos seguintes Ocorre que, embora a Autora tenha demonstrado, por meio de

termos: declarações do Hospital, que seu esposo de fato sofreu acidente no

dia 04/11/2018, não há comprovação de que ele estava

Como já devidamente delineado em audiência, a reclamante não impossibilitado de realizar viagem internacional, devendo

agiu corretamente perante o juízo, promovendo atos judiciais e permanecer em Portugal.

adiamentos baseados em inverdades.

Além disso, conforme requerimento de novo adiamento ao Id.

Assim, agiu de modo temerário, gerando evidentes transtornos ao 1084ede, o emailenviado pelo marido da Autora ao escritório de

processo, terceiros e aos réus. advocatícia aponta justificativa diversa para o pedido, dessa vez

uma suposta crise da doença da trabalhadora, cuja única prova nos

Por isso, com fulcro no art. 793-C da CLT, condeno a reclamante a autos é uma "declaração de presença" em Hospital,

pagar ao reclamado e multa de 5% sobre o valor da causa, desacompanhada de qualquer laudo médico.

calculada no importe de R$ 14.260,42.

Não obstante, embora a Reclamante, de fato, não tenha justificado

Em razões recursais, a Reclamante pugna pela exclusão da multa corretamente os reiterados pedidos de adiamento, não se verifica,

em questão, alegando que todos os adiamentos foram devidamente de forma indiscutível, que a obreira tenha mentido ou agido

justificados documentalmente. dolosamente para adiar a realização da perícia.

Sucessivamente, requer seja a multa reduzida ao percentual Assim, considerando que este Relator perfilha o entendimento de

mínimo de 1%, bem como seja declarada a condição suspensiva de que só há litigância de má-fé quando patentemente evidenciadas as

sua exigibilidade, face ao deferimento da justiça gratuita. hipóteses legais, porquanto se presume que os litigantes estejam

sempre de boa-fé, deve ser reformada a r. sentença para excluir a

Analisa-se. multa por litigância de má-fé no valor de R$ 14.260,42.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 801
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Dá-se provimento para excluir a condenação da Autora em multa

por litigância de má-fé. Irresignada, em suas razões recursais, a Reclamante requer,

preliminarmente, seja declarada a inconstitucionalidade do art. 791-

A, §4º com a consequente exclusão da condenação da verba

honorária. Em caso de manutenção da sucumbência, postula seja

declarada a isenção do pagamento ou a suspensão de sua

exigibilidade, ante o benefício da justiça gratuita.

Ao final, requer seja reduzida a condenação ao valor mínimo legal

de 5%.

2.3.11. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS DE SUCUMBÊNCIA Esta 1ª Turma, na sessão ordinária realizada no dia 29/10/2019,

resolveu, por unanimidade, suspender o julgamento do presente

processo em virtude do Incidente de Inconstitucionalidade do §4º do

art. 791-A, da CLT, suscitado no processo 0000398-

09.2018.5.17.0101, que deverá ser julgado pelo Tribunal Pleno.

Na sessão ordinária realizada no dia 23/10/2019, o Pleno deste

Regional julgou o Incidente de Arguição de Inconstitucionalidade nº

0000453-35.2019.5.17.0000, declarando a inconstitucionalidade

A Origem, na r. sentença, julgou parcialmente procedentes os parcial do §4º, do art. 791-A, da CLT.

pedidos formulados na inicial e condenou as partes no pagamento

de honorários advocatícios recíprocos no percentual de 12%, nos Assim, considerando o julgamento da matéria pelo Pleno deste

seguintes termos: Tribunal, os autos retornaram à 1ª Turma para prosseguimento do

julgamento dos recursos ordinários interpostos pela Reclamante e

Estando a autora desempregada, concedem-se a ela os benefícios pelas Reclamadas.

da justiça gratuita.

Analisa-se.

Nos termos do art. 791-A da CLT, introduzido pela Lei 13.467/2017

(reforma trabalhista), concede-se ao advogado autoral honorários Na Justiça do Trabalho, prevalecia o entendimento consubstanciado

advocatícios. nas Súmulas n.º 219 e 329 do E. TST segundo o qual, em se

tratando de conflito decorrente da relação de emprego, os

Considerando os critérios estabelecidos pelo inciso I do par. 2º do honorários advocatícios eram devidos apenas quando preenchidos

referido artigo, fixo tais honorários no percentual de 12% sobre o os requisitos contidos no art. 14 da Lei n. 5.584/1970.

valor da condenação.

Com o advento da Lei 13.467, de 13 de julho de 2017, contudo, foi

Diante da procedência parcial dos pedidos da autora, condena-se acrescentado à CLT o art. 791-A, que autorizou a condenação na

esta a pagar honorários de sucumbência ao advogado dos verba honorária em razão da mera sucumbência.

reclamados, nos mesmos percentuais concedidos acima, calculados

sobre a parte improcedente da reclamação (R$ 215.332,00), Além disso, o novel dispositivo previu o pagamento de honorários

consoante par. 3º do mesmo artigo, ora totalizados em R$ de sucumbência recíproca, de forma que, vencido o Reclamante,

25.839,84. ainda que relativamente a um único pedido, também deverá ele

responder pela verba honorária da parte contrária.

Tais honorários poderão ser pagos com o crédito que possui a

autora, cuja importância, assim que obtida em execução, ficará Em que pese a intensa celeuma jurídica que se instaurou acerca da

retida à disposição do patrono da reclamada. aplicabilidade do novo regramento, este Relator adotou o

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 802
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

entendimento de que os dispositivos da Reforma Trabalhista que

versam sobre honorários advocatícios apenas incidem nas § 2o Ao fixar os honorários, o juízo observará:

demandas ajuizadas após a vigência da Lei 13.467/17, que ocorreu

em 11/11/2017. I - o grau de zelo do profissional;

O C. TST posicionou-se no mesmo sentido na recém editada II - o lugar de prestação do serviço;

Instrução Normativa n. 41, que, em seu art. 6º assim dispõe:

III - a natureza e a importância da causa;

Art. 6º Na Justiça do Trabalho, a condenação em honorários

advocatícios sucumbenciais, prevista no art. 791-A, e parágrafos, da IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o

CLT, será aplicável apenas às ações propostas após 11 de seu serviço.

novembro de 2017 (Lei nº 13.467/2017). Nas ações propostas

anteriormente, subsistem as diretrizes do art. 14 da Lei 5.584/1970 Com alicerce nos critérios supratanscritos, e levando-se em

e das Súmulas nº 219 e 329 do TST. consideração o equilíbrio econômico entre as partes, entende-se

razoável e proporcional reduzir os honorários devidos pela

A presente demanda foi ajuizada em 27/04/2018, logo, sob a égide Reclamante para o percentual de 5% dos pedidos julgados

da Reforma Trabalhista. improcedentes.

Destarte, são devidos, na espécie, os honorários advocatícios Por outro lado, a Origem deferiu à obreira o benefício da justiça

recíprocos, nos termos da nova legislação, in verbis: gratuita, e, nesse caso, pela redação do novel § 4º do art. 791-B, as

obrigações decorrentes da sucumbência ficariam sob condição

Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão suspensiva ou seus valores seriam compensadas com eventuais

devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% créditos obtidos em juízo:

(cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o

valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico § 4° Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha

obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de

da causa. suportar a despesa, as obrigações decorrentes de sua sucumbência

ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente

§ 1o Os honorários são devidos também nas ações contra a poderão ser executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito

Fazenda Pública e nas ações em que a parte estiver assistida ou em julgado da decisão que as certificou, o credor demonstrar que

substituída pelo sindicato de sua categoria. deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que

justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse

[...] prazo, tais obrigações do beneficiário.

§ 3o Na hipótese de procedência parcial, o juízo arbitrará honorários Ocorre que o Pleno deste Regional, em recente decisão prolatada

de sucumbência recíproca, vedada a compensação entre os nos autos da Arguição de Inconstitucionalidade nº 0000453-

honorários. 35.2019.5.17.0000, declarou a inconstitucionalidade parcial do §4º,

do art. 791-A, da CLT, conforme se depreende da ementa ora

[...] transcrita:

Assim, considerando que a Autora restou totalmente sucumbente "ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. HONORÁRIOS

em alguns pedidos, mantém-se a condenação ao pagamento de ADVOCATÍCIOS. ARTIGO 791-A, § 4º, DA CLT. Declara-se a

honorários advocatícios de sucumbência. inconstitucionalidade parcial do § 4º, do artigo 791-A, da CLT

somente quanto ao trecho: "desde que não tenha obtido em juízo,

Relativamente ao valor dos honorários, devem ser levados em ainda que outro processo, créditos capazes de suportar a despesa",

conta os parâmetros estabelecidos no art. 791-A, §2º, quais sejam: no sentido de que não se possa atingir os créditos deferidos ao

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beneficiário da justiça gratuita, ainda que em outro processo, mas exigibilidade e somente poderá ser executada se, nos 2 (dois) anos

tão somente que a verba honorária fique sob condição suspensiva subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que a certificou, o

de exigibilidade, podendo ser executada, se nos 2 (anos) credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência

subseqüentes ao trânsito em julgado da decisão que a certificou, o de recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-

credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência se, passado esse prazo, tal obrigação do beneficiário.

de recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-

se, passado esse prazo, tal obrigação do beneficiário".

Com efeito, não se pode olvidar que o crédito trabalhista tem

natureza alimentar e o trabalhador, ao despender sua força de

trabalho em proveito do empregador, não busca senão o seu

próprio sustento e da sua família. Dessa forma, não é compatível

com os direitos constitucionalmente tutelados a compensação das

obrigações decorrentes da sucumbência com os créditos do

trabalhador em estado de miserabilidade econômica. 2.3.12. ÍNDICE DE ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. IPCA-E

Nesse mesmo sentido é o Enunciado n.o 3, da Comissão 7,

aprovado na 2ª Jornada de Direito Material e Processual do

Trabalho, realizada pela ANAMATRA (Associação Nacional dos

Magistrados da Justiça do Trabalho), entre 9 e 10 de outubro de

2017, in verbis:

HONORÁRIOS E ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA

Relativamente à correção monetária, o D. Juízo a quoassim

É inconstitucional a previsão de utilização dos créditos trabalhistas estabeleceu:

reconhecidos em juízo para o pagamento de despesas do

beneficiário da justiça gratuita com honorários advocatícios ou Para a correção dos valores apurados devem-se respeitar os

periais (artigos 791-A, §4º, e 790-B, §4º, da CLT, com a redação índices adotados pelo TST, bem como a época própria de

dada pela Lei nº 13.467/2017), por ferir os direitos fundamentais à exigibilidade das parcelas, qual seja, o mês subsequente ao

assistência judiciária gratuita e integral, prestada pelo Estado, e à trabalhado (Súmula 381 do C. TST), uma vez que a pretensão

proteção do salário (artigos 5º. LXXIV, e 7º, X, da Constituição surge exatamente no primeiro dia do mês seguinte ao trabalhado.

Federal).

Em razões recursais, a Reclamante pugna pela aplicação do IPCA-

Portanto, nos termos da decisão proferida pelo Pleno deste e como índice de correção monetária.

Regional, a verba honorária devida pela Autora deverá ficar sob

condição suspensiva de exigibilidade e somente poderá ser Analisa-se.

executada se, nos 2 (dois) anos subsequentes ao trânsito em

julgado da decisão que a certificou, o credor demonstrar que deixou De início, frisa-se que, embora a Lei n. 13.467/2017 tenha inserido o

de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a § 7º ao art. 879 da CLT, segundo o qual a atualização dos créditos

concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tal decorrentes de condenação judicial será feita pela TR, referido

obrigação do beneficiário. preceito faz remissão expressa à Lei n. 8.177/1991. Vejamos:

Diante do exposto, dá-se parcial provimento para reduzir os A atualização dos créditos decorrentes de condenação judicial será

honorários devidos pela Reclamante para o percentual de 5% dos feita pela Taxa Referencial (TR), divulgada pelo Banco Central do

pedidos julgados improcedentes, bem como para determinar que a Brasil, conforme a Lei no 8.177, de 1o de março de 1991. (sem

verba honorária devida deva ficar sob condição suspensiva de grifos no original)

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inconstitucionalidade fora declarada não sob o aspecto formal, mas

Desse modo, percebe-se que a força normativa do § 7º do art. 879 sob a ótica material, impõe-se que o §7º do artigo 897 da CLT,

da CLT está subordinada à eficácia do art. 39 da Lei n. 8.177/1991, trazido pela Lei nº. 13.467/17, seja expungido do ordenamento

por expressa disposição legal. jurídico, não se coadunando materialmente com o texto da

Constituição da República, a qual assegura o direito fundamental de

Inclusive, nesse sentido, é o entendimento da 8ª Turma do TST: propriedade e a plena efetividade das decisões judiciais.

AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. Logo, a discussão acerca da aplicação da TR ou do IPCA-E como

EXECUÇÃO. CORREÇÃO MONETÁRIA DOS CRÉDITOS índice de atualização dos créditos judiciais trabalhistas continua

TRABALHISTAS. ÍNDICE APLICÁVEL.Consoante entendimento girando em torno da constitucionalidade do art. 39 da Lei n.

adotado pela 8ª Turma, com base na decisão do Tribunal Pleno 8.177/1991 e seus desdobramentos junto ao STF e ao TST.

desta Corte Superior (TST-ArgInc - 479-60.2011.5.04.0231 e ED-

ArgInc - 479-60.2011.5.04.0231), na correção dos créditos Pois bem. Esclarecidas as razões da inaplicabilidade do § 7º do art.

trabalhistas, aplica-se a TR até 24/3/2015 e o IPCA a partir de 879 da CLT, passa-se à análise dos desdobramentos jurídicos do

25/3/2015. Esta Turma considera, ainda, entendimento a que me art. 39 da Lei n. 8.177/1991.

submeto por disciplina judiciária, que o art. 879, § 7º, da CLT perdeu

a sua eficácia normativa, em face da declaração de No julgamento conjunto das ADI´s 4357, 4372, 4400 e 4425 o

inconstitucionalidade parcial do art. 39 da Lei nº 8.177/91, na Supremo Tribunal Federal declarou que o regime de compensação

medida em que o dispositivo da legislação esparsa conferia de precatórios introduzido pela Emenda Constitucional 62/2009 é

conteúdo à norma da CLT, tendo em vista a adoção de fórmula inconstitucional.

remissiva pelo legislador. Agravo de instrumento conhecido e não

provido. (TST-AIRR-20869-47.2016.5.04.0014, 8ª Turma, Relatora: Em seguida, o Excelso Tribunal modulou os efeitos da decisão da

Ministra Dora Maria da Costa, Data da Publicação: 29/03/2019) - ADI 4357 conforme transcrição parcial a seguir:

sem grifos no original

Concluindo o julgamento, o Tribunal, por maioria e nos termos do

Com efeito, simplesmente, referido dispositivo é inaplicável em voto, ora reajustado, do Ministro Luiz Fux (Relator), resolveu a

razão do esvaziamento da sua força normativa, decorrente de questão de ordem nos seguintes termos: 1) - modular os efeitos

expressa disposição legal, uma vez que está subordinado à eficácia para que se dê sobrevida ao regime especial de pagamento de

do art. 39 da Lei n. 8.177/1991. precatórios, instituído pela Emenda Constitucional nº 62/2009, por 5

(cinco) exercícios financeiros a contar de primeiro de janeiro de

Ademais, importante ressaltar que, no dia 10/10/2019, o Pleno 2016; 2) - conferir eficácia prospectiva à declaração de

deste Regional declarou a inconstitucionalidade do referido inconstitucionalidade dos seguintes aspectos da ação direta de

dispositivo (§7º do art. 879 da CLT), nos autos do Processo n. inconstitucionalidade, fixando como marco inicial a data de

0000552-39.2018.5.17.0000, de arguição de inconstitucionalidade. conclusão do julgamento da presente questão de ordem

Vejamos: (25.03.2015) e mantendo-se válidos os precatórios expedidos ou

pagos até esta data, a saber: 2.1.) fica mantida a aplicação do

ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DO §7º DO ARTIGO índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança

879 DA CLT. APLICAÇÃO DA TAXA REFERENCIAL (TR) COMO (TR), nos termos da Emenda Constitucional nº 62/2009, até

FATOR DE ATUALIZAÇÃO DOS CRÉDITOS TRABALHISTAS 25.03.2015, data após a qual (i) os créditos em precatórios deverão

DECORRENTES DE CONDENAÇÃO JUDICIAL. No julgamento ser corrigidos pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial

ArgInc - 479-60.2011.5.04.0231, o Tribunal Superior do Trabalho, (IPCA-E) e (ii) os precatórios tributários deverão observar os

acompanhando o entendimento do c. Supremo Tribunal Federal no mesmos critérios pelos quais a Fazenda Pública corrige seus

julgamento da ADI nº. 4357 e do RE 870.947/SE, declarou créditos tributários; e 2.2.) ficam resguardados os precatórios

inconstitucional a atualização dos valores pela Taxa Referencial expedidos, no âmbito da administração pública federal, com base

(TR), índice previsto no artigo 39 da Lei 8.177/1991. Por se tratar de nos arts. 27 das Leis nº 12.919/13 e Lei nº 13.080/15, que fixam o

mera renovação do texto do artigo 39 da Lei nº. 8.177/1991 - cuja IPCA-E como índice de correção monetária.

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entendendo que a decisão do TST extrapolou o entendimento fixado

Poucos meses depois, em virtude da decisão do STF, o TST pelo STF no julgamento das ADI's 4357 e 4425.

acolheu incidente de inconstitucionalidade suscitado por sua 7ª

Turma e definiu o Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial Frise-se que, após a liminar conferida pelo STF, o próprio TST

(IPCA-E) como fator de atualização a ser utilizado na tabela de retomou o entendimento no sentido de fixar a TRD como índice de

atualização monetária na Justiça do Trabalho, senão vejamos: atualização dos créditos trabalhistas, e, no âmbito deste Regional, o

Pleno, em sessão de 17/08/2016, no julgamento do Agravo

ACORDAM os Ministros do Tribunal Superior do Trabalho, em sua Regimental dos autos nº 0250200-06.1992.5.17.0003, manifestou-

composição plenária, I) por unanimidade: a) acolher o incidente de se nos seguintes termos: "até o julgamento da Reclamação nº

inconstitucionalidade suscitado pela eg. 7ª Turma e, em 22.012/RS, prevalece a Taxa Referencial Diária - TRD como índice

consequência, declarar a inconstitucionalidade por arrastamento da de correção monetária dos débitos trabalhistas, conforme o art. 39

expressão "equivalentes à TRD", contida no caput do artigo 39 da da Lei 8.177/1991, em face do entendimento adotado pelo Supremo

Lei n° 8.177/91; b) adotar a técnica de interpretação conforme a Tribunal Federal na liminar proferida na referida Reclamação".

Constituição para o texto remanescente do dispositivo impugnado, a

preservar o direito à atualização monetária dos créditos trabalhistas; Ocorre que em 05/12/2017 a Segunda Turma do STF julgou, em

c) definir a variação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo análise meritória, improcedente a Reclamação (RCL) 22012,

Especial (IPCA-E) como fator de atualização a ser utilizado na ajuizada pela Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) contra a

tabela de atualização monetária dos débitos trabalhistas na Justiça decisão do TST que havia determinado a adoção IPCA-E no lugar

do Trabalho; II) por maioria, atribuir efeitos modulatórios à decisão, da TRD para a atualização de débitos trabalhistas, prevalecendo o

que deverão prevalecer a partir de 30 de junho de 2009, observada, entendimento de que tal posicionamento não configura desrespeito

porém, a preservação das situações jurídicas consolidadas ao julgamento das Ações Diretas de Inconstitucionalidade 4357 e

resultantes dos pagamentos efetuados nos processos judiciais, em 4425, que analisaram a emenda constitucional sobre precatórios.

andamento ou extintos, em virtude dos quais foi adimplida e extinta

a obrigação, ainda que parcialmente, sobretudo em decorrência da A decisão de improcedência da Reclamação 22012 foi publicada no

proteção ao ato jurídico perfeito (artigos 5º, XXXVI, da Constituição DJE nº 288, divulgado em 13/12/2017, data em que foi também

e 6º da Lei de Introdução ao Direito Brasileiro - LIDB), vencida a julgado, pela 5ª Turma do C. TST, o AIRR 25823-

Excelentíssima Senhora Ministra Dora Maria da Costa, que aplicava 78.2015.5.24.0091, encampando o atual posicionamento do Excelso

a modulação dos efeitos da decisão a contar de 26 de março de Tribunal.

2015; III) por unanimidade, determinar: a) o retorno dos autos à 7ª

Turma desta Corte para prosseguir no julgamento do recurso de Com efeito, a aplicação da TR já não se mostrava suficiente para

revista, observado o quanto ora decidido; b) a expedição de ofício recompor a real perda do poder aquisitivo de nossa moeda, de

ao Exmo. Ministro Presidente do Conselho Superior da Justiça do forma que a correção dos débitos trabalhistas levando-se em conta

Trabalho a fim de que determine a retificação da tabela de tal parâmetro causava prejuízos aos trabalhadores.

atualização monetária da Justiça do Trabalho (tabela única); c) o

encaminhamento do acórdão à Comissão de Jurisprudência e de Como bem destacou o Min. Douglas Alencar Rodrigues, em trecho

Precedentes Normativos para emissão de parecer acerca da do julgamento do supracitado AIRR, "impõe-se a adoção do IPCA-E

Orientação Jurisprudencial nº 300 da SbDI-1. Ressalvaram o para a atualização dos créditos trabalhistas, não apenas sob a

entendimento os Exmos. Ministros Guilherme Augusto Caputo perspectiva da efetiva recomposição do patrimônio dos credores

Bastos, Alexandre de Souza Agra Belmonte e Maria Helena trabalhistas, mas como medida de estímulo efetivo ao cumprimento

Mallmann. (PROCESSO Nº TST-ArgInc-479-60.2011.5.04.0231). dos direitos sociais por parte de devedores recalcitrantes, que se

valem da Justiça do Trabalho, lamentavelmente, para postergar

Todavia, em 14/10/2015, o Ministro Dias Toffoli, nos autos da indefinidamente suas obrigações".

Reclamação 22012, ajuizada pela Federação Nacional dos Bancos

(Fenaban), proferiu decisão liminar suspendendo os efeitos da Ante o exposto, este Relator, na linha das recentes decisões do

decisão proferida pelo TST, que havia afastado o uso da TRD e Excelso STF e do Colendo TST, modificou o seu posicionamento,

determinado a adoção do índice IPCA-E por meio da "tabela única", passando a entender pela aplicabilidade, na atualização monetária

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 806
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

dos débitos trabalhistas, do Índice de Preços ao Consumidor Amplo suspender a decisão prolatada nos autos da ArgInc - 479-

Especial (IPCA-E). 60.2011.5.04.0231, perdeu o seu efeito, razão pela qual, ainda que

esteja pendente de julgamento embargos de declaração (visto que

Assinale-se que o Tribunal Pleno do TST, em sessão de 20 de já foi negado provimento em 14.6.2018 pelo Plenário Virtual da

março de 2017, apreciando os embargos de declaração opostos em Corte, a agravo regimental interposto), deve prevalecer o decidido

face do acórdão proferido na ArgInc - 479-60.2011.5.04.0231, na mencionada Arguição de Inconstitucionalidade.

decidiu pela modulação da decisão original, atribuindo efeito

modificativo ao julgado, para determinar que a aplicação do IPCA-E, Cabe assinalar que o Pleno do TRT da 17ª Região, na sessão de

como índice de correção dos débitos trabalhistas, produza efeito julgamento do dia 11/07/2018, ao examinar o agravo regimental

somente a partir de 25 de março de 2015, data coincidente com interposto no processo n. 0157600-06.1991.5.17.0001, por maioria,

aquela adotada pelo STF no acórdão prolatado na ADI 4.357: adotou o entendimento de que o Ofício Circular CSJT.GP.SG nº

15/2018 deveria ser observado como uma recomendação e que

[...] acolher parcialmente os embargos de declaração opostos pelo deveria ser aplicado o IPCA-E a partir de março de 2015.

Município de Gravataí e pelo SINDIENERGIA para, dando efeito

modificativo ao julgado, aplicar a modulação dos efeitos da decisão Por fim, vale ressaltar que embora o STF, em decisão do dia

a contar de 25/03/15, que coincide com a data que o Supremo 03/10/2019, no julgamento dos Embargos de Declaração no

Tribunal Federal reconheceu na decisão proferida na Ação Recurso Extraordinário n. 870.947, tenha decidido que também é

Declaratória de Inconstitucionalidade nº 4.357. [...] III) por aplicável o IPCA-E quanto ao período de 2009 a 2015, referida

unanimidade, em cumprimento à decisão liminar proferida pelo decisão se restringe à Fazenda Pública, uma vez que seu objeto é a

Supremo Tribunal Federal, na Reclamação nº 22.012, excluir do atualização monetária dos precatórios. Logo, não se aplica a

acordão originário a determinação de reedição da Tabela Única de referida decisão ao presente caso, uma vez que o devedor é

cálculo de débitos trabalhistas, a fim de que fosse adotado o índice particular, ou seja, in casu, não há falar no regime especial

questionado (IPCA-E) estabelecido pelo art. 100 da CF..

Dessa forma, considerando as decisões proferidas tanto pelo STF Portanto, considerando as decisões proferidas tanto pelo STF como

como também pelo C. TST, este Relator entende que os débitos também pelo TST, os débitos trabalhistas em geral devem ser

trabalhistas em geral devem ser atualizados pela TR até 24/03/2015 atualizados pela TR/FACDT até 24/03/2015 e pelo IPCA-E a partir

e pelo IPCA-E a partir de 25/03/2015. de 25/03/2015, para que seja resguardada a segurança jurídica.

Cumpre salientar o teor do Ofício Circular CSJT.GP.SG nº 15/2018, Ante todo o exposto, dá-se parcial provimento para determinar que

expedido em 11/06/2018, que determina a suspensão da aplicação os débitos trabalhistas devam ser atualizados pela TR até

do IPCA-E até o trânsito em julgado da decisão da Reclamação 24/03/2015 e pelo IPCA-E a partir de 25/03/2015.

Constitucional nº 22.012 ajuizada pela Federação Nacional dos

Bancos em face da decisão do TST na Reclamação Trabalhista nº

0000479-60.2011.5.04.0231.

Quanto ao mencionado Ofício, adota-se o entendimento da Exma.

Desembargadora Daniele Corrêa Santa Catarina, em Acórdão

proferido nos autos do processo nº 0124000-62.2008.5.17.0012,

julgado pela 3ª Turma deste Regional na sessão do dia 09/07/2018,

in verbis:

Data máxima vênia o entendimento explicitado no referido ofício,

tenho que, com o julgamento do mérito da Reclamação

Constitucional 22.012 pela c. 2ª Turma do STF, a liminar prolatada

pelo Excelentíssimo Ministro Relator Dias Tofolli, no sentido de

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 807
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

3. ACÓRDÃO assistência médica; para excluir a condenação da Autora em multa

por litigância de má-fé; para reduzir os honorários devidos pela

Reclamante para o percentual de 5% dos pedidos julgados

improcedentes, bem como para determinar que a verba honorária

devida deva ficar sob condição suspensiva de exigibilidade e

somente poderá ser executada se, nos 2 (dois) anos subsequentes

ao trânsito em julgado da decisão que a certificou, o credor

demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de

recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se,

passado esse prazo, tal obrigação do beneficiário; para determinar

que os débitos trabalhistas devam ser atualizados pela TR até

24/03/2015 e pelo IPCA-E a partir de 25/03/2015. Vencido, no

recurso da reclamada, no tocante ao enquadramento; no recurso do

reclamante, quanto à limitação da condenação; quanto ao auxílio

alimentação e no tocante à devolução dos descontos, o Exmo.

Desembargador Mário Ribeiro Cantarino Neto.

Custas, pelas Reclamadas, no importe de R$ 300,00 (trezentos

reais), calculadas sobre R$ 15.000,00 (quinze mil reais), valor para

Acordam os Magistrados da 1ª Turma do Tribunal Regional do o qual se majora a condenação.

Trabalho da 17ª Região, na Sessão Ordinária realizada no dia 03 de

dezembro de 2019, às 13 horas e 30 minutos, sob a Presidência do

Exmo. Desembargador Cláudio Armando Couce de Menezes, com

a participação do Exmo. Desembargador Mário Ribeiro Cantarino

Neto e do Exmo. Desembargador José Carlos Rizk, e presente o

Procurador Regional do Trabalho, Dr. Levi Scatolin; por

unanimidade, conhecer dos recursos ordinários interpostos pela

Reclamante e pelas Reclamadas; acolher a preliminar suscitada

pela Autora para, nos termos do acórdão proferido no bojo do

Incidente de Arguição de Inconstitucionalidade nº 0000453-

35.2019.5.17.0000, declarar a inconstitucionalidade parcial do §4º,

do art. 791-A, da CLT; em virtude da prejudicialidade das matérias,

inverter a ordem e apreciar em primeiro lugar o mérito do recurso

ordinário interposto pelas Reclamadas; e, no mérito, por maioria, DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK

dar parcial provimento ao apelo patronal para determinar a

devolução do valor adiantado pelas Reclamadas a título de Relator

honorários periciais; e dar parcial provimento ao apelo obreiro para

determinar a devolução do valor adiantado pela Reclamante a título

de honorários periciais; para afastar a limitação da condenação até

02/04/2017, autorizando-se a dedução dos valores pagos a idêntico

título, sob pena de enriquecimento ilícito; para condenar as

Reclamadas no pagamento das verbas "Auxílio Refeição" e "Ajuda

Alimentação", na forma das convenções coletivas da categoria dos

financiários, autorizando-se a dedução das parcelas pagas a

idêntico título; para condenar as Reclamadas no reembolso dos

valores indevidamente descontados a título de auxílio-alimentação e

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 808
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

ORIGEM: 1ª VARA DO TRABALHO DE VITÓRIA

RELATOR: DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK

Acórdão COMPETÊNCIA: 1ª TURMA


Processo Nº ROT-0000356-66.2018.5.17.0001
Relator JOSE CARLOS RIZK
RECORRENTE ALESSANDRA VENTURIN AYRES
ADVOGADO RODRIGO JORGE DE BRITO
ANTUNES(OAB: 15628/ES)
RECORRIDO DACASA FINANCEIRA S/A -
SOCIEDADE DE CREDITO
FINANCIAME
ADVOGADO STEFANY VIGUINI FERREIRA(OAB:
25856/ES)
ADVOGADO FLAVIA QUINTEIRA MARTINS(OAB:
8973/ES)
RECORRIDO DADALTO ADMINISTRACAO E
PARTICIPACOES S/A
ADVOGADO STEFANY VIGUINI FERREIRA(OAB:
25856/ES)
ADVOGADO FLAVIA QUINTEIRA MARTINS(OAB:
8973/ES)
RECORRIDO PROMOV SISTEMA DE VENDAS E EMENTA
SERVICOS LTDA
ADVOGADO STEFANY VIGUINI FERREIRA(OAB:
25856/ES)
ADVOGADO FLAVIA QUINTEIRA MARTINS(OAB:
8973/ES)
TERCEIRO ROBERVANDERSON ALVES
INTERESSADO
TERCEIRO CINTIA MARIA COUTINHO
INTERESSADO

Intimado(s)/Citado(s):
- ROBERVANDERSON ALVES

RECURSO ORDINÁRIO DAS RECLAMADAS.

ENQUADRAMENTO. FINANCIÁRIO. O enquadramento sindical

PODER JUDICIÁRIO dos empregados é determinado pela atividade preponderante do

JUSTIÇA DO TRABALHO empregador, nos termos do art. 511, §º2, da CLT. Portanto, em se

tratando de empregador que exerce atividade preponderante no

ramo das financeiras, integrando a categoria econômica das

empresas de crédito, financiamento e investimento, aplicam-se aos

seus empregados os instrumentos coletivos da categoria dos

financiários.

PROCESSO nº 0000356-66.2018.5.17.0001 (ROT)

RECORRENTES: ALESSANDRA VENTURIN AYRES; DACASA


RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMANTE. ÍNDICE DE
FINANCEIRA S/A - SOCIEDADE DE CREDITO FINANCIAME;
ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. IPCA-E. Considerando as decisões
DADALTO ADMINISTRACAO E PARTICIPACOES S/A; PROMOV
proferidas tanto pelo STF como também pelo C. TST, este Relator
SISTEMA DE VENDAS E SERVICOS LTDA.
entende que os débitos trabalhistas em geral devem ser atualizados

pela TR até 24/03/2015 e pelo IPCA-E a partir de 25/03/2015.


RECORRIDOS: ALESSANDRA VENTURIN AYRES; DACASA

FINANCEIRA S/A - SOCIEDADE DE CREDITO FINANCIAME;

DADALTO ADMINISTRACAO E PARTICIPACOES S/A; PROMOV

SISTEMA DE VENDAS E SERVICOS LTDA.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 809
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Comprovado recolhimento das custas processuais (Id. 60d373f),

bem como do depósito recursal (Id. edaa610).

Contrarrazões pelas Reclamadas ao Id. 84446fc.

Contrarrazões pelas Rés ao Id. 16cbf43.

1. RELATÓRIO Esta 1ª Turma, na sessão ordinária realizada no dia 29/10/2019,

resolveu, por unanimidade, suspender o julgamento do presente

processo em virtude do Incidente de Inconstitucionalidade do §4º do

art. 791-A, da CLT, suscitado no processo 0000398-

09.2018.5.17.0101, que deverá ser julgado pelo Tribunal Pleno.

Na sessão ordinária realizada no dia 23/10/2019, o Pleno deste

Regional julgou o Incidente de Arguição de Inconstitucionalidade nº

0000453-35.2019.5.17.0000, declarando a inconstitucionalidade

Trata-se de recursos ordinários interpostos pela Reclamante e pelas parcial do §4º, do art. 791-A, da CLT.

Reclamadas em face da r. sentença de Id. a51baff, complementada

pela decisão de embargos declaratórios de Id. 5fa562c, que Assim, considerando o julgamento da matéria pelo Pleno deste

declarou prescritas as pretensões originadas antes de 27/04/2013 e Tribunal, os autos retornaram à 1ª Turma para prosseguimento do

julgou parcialmente procedentes os pedidos formulados na inicial julgamento dos recursos ordinários interpostos pela Reclamante e

para reconhecer o vínculo direto com o 1ª Réu no período de pelas Reclamadas.

18/03/2004 a 05/06/2018 e o enquadramento da Autora como

financiária; condenar as Rés no pagamento dos benefícios É o relatório.

convencionais da categoria, diferenças salariais com base nos

índices de reajustes previstos nas normas coletivas, anuênios,

décima terceira cesta alimentação e PLR. Por fim, condenou a

Reclamante a pagar multa por litigância de má-fé de 5% sobre o

valor da causa, com fulcro no art. 793-C da CLT; deferiu à Autora os

benefícios da justiça gratuita e condenou as partes no pagamento

de honorários advocatícios recíprocos no percentual de 12%.

Em razões recursais, a Reclamante requer, preliminarmente, a

declaração de inconstitucionalidade do art. 790-B, caput e §4º, bem 2. FUNDAMENTAÇÃO

como do art. 791-A, §4º, ambos da CLT; no mérito, pugna pela

reforma da sentença no tocante à nulidade da dispensa, danos

morais, devolução dos honorários periciais, período delimitado,

horas extraordinárias, intervalo intrajornada, intervalo do art. 384 da

CLT, verbas alimentares, devolução dos descontos indevidos, multa

por litigância de má-fé; honorários advocatícios sucumbenciais e

aplicação do IPCA-E como índice de correção monetária.

Por sua vez, as Reclamadas, em suas razões de recurso, pleiteiam

a modificação do decisioquanto aos honorários periciais,

terceirização ilícita e benefícios da norma coletiva.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 810
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Pois bem.

2.1. CONHECIMENTO De início, cumpre registrar que a Reclamante não tem interesse

quanto à declaração de inconstitucionalidade do art. 790-B, da CLT,

uma vez que não foi realizada perícia nos autos, inexistindo,

consequentemente, condenação em honorários periciais.

Verifica-se, assim, que o apelo Obreiro abarca apenas a discussão

acerca da inconstitucionalidade do art. art. 791-A, §4º, da CLT.

Esta 1ª Turma, na sessão ordinária realizada no dia 29/10/2019,

Conhece-se dos recursos ordinários interpostos pela Reclamante e resolveu, por unanimidade, suspender o julgamento do presente

pelas Reclamadas, porquanto preenchidos os pressupostos legais processo em virtude do Incidente de Inconstitucionalidade do §4º do

de admissibilidade. art. 791-A, da CLT, suscitado no processo 0000398-

09.2018.5.17.0101, que deverá ser julgado pelo Tribunal Pleno.

Registre-se que a presente ação foi ajuizada em 27/04/2018, após a

entrada em vigor da Lei 13.467/17 (Lei da Reforma Trabalhista) e Na sessão ordinária realizada no dia 23/10/2019, o Pleno deste

que a Origem declarou a prescrição das parcelas anteriores a Regional julgou o Incidente de Arguição de Inconstitucionalidade nº

27/04/2013, não havendo recurso quanto ao aspecto. 0000453-35.2019.5.17.0000, declarando a inconstitucionalidade

parcial do §4º, do art. 791-A, da CLT, conforme se depreende da

ementa ora transcrita:

"ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. HONORÁRIOS

ADVOCATÍCIOS. ARTIGO 791-A, § 4º, DA CLT. Declara-se a

inconstitucionalidade parcial do § 4º, do artigo 791-A, da CLT

somente quanto ao trecho: "desde que não tenha obtido em juízo,

ainda que outro processo, créditos capazes de suportar a despesa",

no sentido de que não se possa atingir os créditos deferidos ao

2.2. INCONSTITUCIONALIDADE DO ARTIGO 791-A, § 4º, DA beneficiário da justiça gratuita, ainda que em outro processo, mas

CLT tão somente que a verba honorária fique sob condição suspensiva

de exigibilidade, podendo ser executada, se nos 2 (anos)

subseqüentes ao trânsito em julgado da decisão que a certificou, o

credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência

de recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-

se, passado esse prazo, tal obrigação do beneficiário".

Assim, considerando o julgamento da matéria pelo Pleno deste

Tribunal, os autos retornaram à 1ª Turma para prosseguimento do

A Origem, na r. sentença, julgou parcialmente procedentes os julgamento dos recursos ordinários interpostos pela Reclamante e

pedidos formulados na inicial e condenou as partes no pagamento pelas Reclamadas.

de honorários advocatícios recíprocos no percentual de 12%.

Ante o exposto, nos termos do acórdão proferido no bojo do

Em razões recursais, a Reclamante requer, preliminarmente, seja Incidente de Arguição de Inconstitucionalidade nº 0000453-

declarada a inconstitucionalidade do art. 790-B, capute §4º, bem 35.2019.5.17.0000, declara-se a inconstitucionalidade parcial do

como do art. 791-A, §4º, ambos da CLT. §4º, do art. 791-A, da CLT.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 811
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Em virtude da prejudicialidade das matérias, inverte-se a ordem e

aprecia-se em primeiro lugar o mérito do recurso ordinário

interposto pelas Reclamadas. 2.2.1. DEVOLUÇÃO DOS HONORÁRIOS PERICIAIS

ADIANTADOS. PERÍCIA NÃO REALIZADA.

Na audiência realizada em 20/08/2018, a Origem determinou a

realização de perícia técnica para verificação da alegada

incapacidade laborativa da Autora no momento da rescisão

contratual. Na ocasião, prontificou-se a Reclamante a realizar a

antecipação de honorários no importe de R$ 400,00.

Ante a recusa de 3 (três) peritos médicos nomeados, o d. Juízo a

quodesignou nova audiência, ocasião em que a Reclamada se

comprometeu a antecipar o valor de R$ 600,00, a titulo de

honorários periciais.

No entanto, em razão dos reiterados pedidos de adiamento da

perícia pela Autora, a Origem tornou prejudicada a realização da

prova técnica.

Em suas razões recursais, requerem as Reclamadas a devolução

dos valores de honorários periciais adiantados, sob pena de

enriquecimento ilícito.

Analisa-se.

2.2. MÉRITO DO RECURSO ORDINÁRIO INTERPOSTO PELAS

RECLAMADAS O d. Juízo a quo determinou que, por ocasião da entrega do laudo,

a Secretaria liberasse os honorários prévios em favor do perito.

Considerando que a perícia não foi realizada, diante da ausência da

Reclamante e reiterados pedidos de adiamento, deve ser autorizada

a devolução do valor à Reclamada, conforme requerido.

Dá-se provimento para determinar a devolução do valor adiantado

pelas Reclamadas a título de honorários periciais.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 812
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

processo de checagem do cadastro e das referências pessoais do

cliente via atendimento por contatos telefônicos e consulta a bancos

de dados externos.

Afirmaram que, por tal motivo, a Reclamante foi registrada pela

Promov, empresa prestadora de serviços, notoriamente pertencente

2.2.2. ENQUADRAMENTO SINDICAL. FINANCIÁRIOS. à categoria diferenciada representada pelo Sindicato dos

Trabalhadores em Telecomunicações - SINTTEL-ES.

A Origem, reconhecendo a fraude na contratação da Autora por

empresa terceirizada do mesmo grupo econômico, reconheceu o

vínculo direto com a 1ª Reclamada no período de 18/03/2004 a

05/06/2018 e o enquadramento da Reclamante como financiária,

nos termos da Súmula nº 33 deste Regional, com o consequente

deferimento dos benefícios da categoria.

Na inicial, a Reclamante relatou que foi admitida pela 1ª Reclamada

(Dacasa Financeira S.A. - Sociedade de Crédito, Financiamento e Irresignadas, recorrem as Reclamadas, alegando que o acordo

Investimentos) em 18/03/2004, para exercer inicialmente a função extrajudicial acostado aos autos não reconhece o enquadramento

de "analista/Especialista de Crédito", tendo sido imotivadamente da Reclamante como funcionária, mas apenas a quitação do objeto

dispensada em 05/06/2018, quando percebia remuneração de R$ da ação civil pública.

3.785,00(três mil, setecentos e oitenta e cinco reais).

Além disso, ressaltam que, mesmo que se considere contratação

Sustentou que, embora tenha prestado serviços exclusivos e direta pela 1ª Reclamada, a Autora não deveria ser enquadrada

ininterruptos à 1ª Ré durante todo o contrato de trabalho, teve sua como financiária, tendo em vista que estão presentes os requisitos

CTPS formalmente registrada pelas empresas do mesmo grupo da categoria profissional diferenciada dos telefônicos.

econômico da seguinte forma: de 18/03/2004 a 31/10/2008 pela 3ª

Ré (Promov Sistema de Vendas e Serviços Ltda.); de 01/11/2008 a Por fim, aduzem que não há qualquer ilicitude na terceirização

02/04/2017 pela 2ª Reclamada (Dadalto Administração e perpetrada por empresas do mesmo grupo econômico, inexistindo,

Participações Ltda.); de 03/04/2017 a 05/06/2018 pela 1ª portanto, impedimento legal ou jurisprudencial para que uma

Demandada. empresa preste serviços a outra.

Assim, sob o fundamento de que sempre prestou serviços em favor Analisa-se.

da 1ª Reclamada, que atua desempenhando atividades típicas de

Financeira, requereu seu enquadramento como "financiária", com a Inicialmente, cumpre salientar que o Supremo Tribunal Federal, no

consequente aplicação da norma coletiva correspondente. julgamento conjunto da ADPF 324 e RE 958252, por maioria, firmou

a tese de que é lícita a terceirização ou qualquer outra forma de

Em contestação conjunta de ID. 2f8e1c4, as Reclamadas alegaram divisão do trabalho entre pessoas jurídicas distintas,

que a Reclamante, durante o período imprescrito, laborou em duas independentemente do objeto social das empresas envolvidas, não

situações distintas, inicialmente vinculada à Promov, exercendo se configurando relação de emprego entre a contratante e o

atividade meio da tomadora e, posteriormente, a partir de empregado da contratada e mantida a responsabilidade subsidiária

03/04/2017, à própria Dacasa, sendo então enquadrada como da empresa contratante.

financiária.

De igual forma, estabeleceu que essa diretriz não afeta

Argumentaram que, do período imprescrito até 03/04/2017, a Autora automaticamente os processos e relação aos quais tenha havido

ocupava a função de coordenadora de crédito, atuando na gestão coisa julgada.

de sua equipe de analistas, que, por sua vez, executavam o

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Porém, o comando supramencionado não afeta o presente

processo, uma vez que seu objeto não é sobre terceirização de mão Insta frisar, nesta oportunidade, que o E. TST consolidou seu

de obra, tampouco houve referência, na sentença objurgada, acerca entendimento, no verbete sumular n. 55, que "as empresas de

da aplicação da Súmula nº 331 do Tribunal Superior do Trabalho. crédito, financiamento ou investimento, também denominadas

financeiras, equiparam-se aos estabelecimentos bancários para

Explica-se. efeitos do art. 224 da CLT".

Conforme inteligência dos artigos 511 e 581, § 2º, da CLT, o Esclarece-se, por oportuno, que não deve lograr êxito a tese no

enquadramento sindical dos trabalhadores é ditado pela atividade sentido de que deve ser aplicada, in casu, as Súmulas n. 117 e 331,

preponderante da empresa para a qual o obreiro presta labor. inciso III do TST sob o argumento de que a Reclamante fazia parte

da categoria dos comerciários ou telefônicos, ou mesmo

No caso dos autos, a Reclamante foi inicialmente registrada pela 3ª terceirizada. Isso porque as atividades realizadas pela autora

Reclamada, no período entre 18/03/2004 a 31/10/2008, pela 2ª possuíam ligação direta à atividade fim da financeira, conforme se

Demanda, de 01/11/2008 a 02/04/2017 e finalmente pela 1ª Ré, de extrai da própria peça defensiva, in verbis:

03/04/2017 a 05/06/2018.

"No período imprescrito, a Reclamante ocupou a função de

Ocorre que, conforme admitido pelas próprias Rés em contestação COORDENADORA DE CRÉDITO, atuando na gestão de sua

conjunta, durante todos os pactos laborais, a Autora prestou equipe de analistas, que por sua vez executam o processo de

serviços em favor da 1ª Reclamada (Dacasa Financeira S.A. - checagem do cadastro e das referências pessoais do cliente, dentre

Sociedade de Crédito, Financiamento e Investimentos), empresa do eles clientes de lojistas diversos (tais como PALLADIUM,

mesmo grupo econômico das demais, cujo objeto social consiste ELETROCITY, DANÚBIO, ALVOMAC, BOROTO CALÇADOS,

"na prática de todas as operações permitidas nas disposições legais ITAPUÃ CALÇADOS, etc.), via atendimento por contatos telefônicos

regulamentares às entidades da espécie" (Id. 5ee15dd). e consulta a bancos de dados externos, informando acerca da

liberação do crédito pretendido dentro da alçada de aprovação

Aliás, como o próprio nome já indica, é de conhecimento notório que previamente definida, verificando a eventual restrição em órgãos de

a primeira reclamada - DACASA - funciona no mercado como uma proteção mediante a utilização dos sistemas disponíveis,

empresa prestadora de crédito e financiamento ao público. observando as regras de atendimento ao cliente preconizadas pela

Norma Regulamentadora 17 do Ministério do Trabalho e Emprego.

Para sustentar tal afirmação, verifica-se no sítio eletrônico da citada

empresa (http://www.dacasa.com.br Acesso em: 23/09/2019) que a Assim, a Reclamante era responsável por fazer o acompanhamento

mesma é especializada em empréstimo pessoal, empréstimo da qualidade de atendimento dos analistas, identificando formas de

consignado, crédito ao consumidor e ainda disponibiliza para seus garantir melhoras no trabalho executado pela sua equipe,

clientes um cartão de crédito com bandeira própria. planejando estratégias, definindo diretrizes do trabalho, aplicando

punições e conduzindo a observância das normas da empresa

Notório, portanto, que a Dacasa Financeira, empresa para a qual a pelos colaboradores".

Reclamante efetivamente prestava seus serviços, é

estabelecimento pertencente ao ramo financeiro, tendo como Além disso, não há provas nos autos que confirmem uma prestação

principal objetivo social a concessão de crédito para pessoas físicas de serviços da obreira que seja desvinculada das atividades

ou jurídicas, inclusive administrando seu próprio cartão de crédito, e financeiras, ainda que não seja ela a responsável por qualquer

cobrando juros nas transações efetuadas. aprovação final de créditos.

Tendo em vista que restou demonstrado que a autora prestava Assim, tratando-se de empresa que exerce sua atividade

serviços voltados unicamente à primeira reclamada - DACASA, são preponderante no ramo das financeiras (concessão de crédito para

as atividades desta que se apresentam como definitivas para o pessoas físicas ou jurídicas, administração de cartão de crédito e

deslinde da causa, sendo, pois, patente a condição de financiária cobrança de juros nas transações efetuadas), a 1ª Reclamada

pleiteada pela autora. efetivamente integra a categoria econômica das empresas de

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crédito, financiamento e investimento. Portanto, a Reclamante Não custa relembrar que são nulos de pleno direito os atos

integra a categoria profissional correlata (artigo 511, § 2º da CLT), praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a

qual seja a dos trabalhadores em instituições financeiras. aplicação dos preceitos Consolidados, bem como que a alteração

na estrutura jurídica da empresa não pode afetar os direitos

No aspecto, importante registrar que, embora a Autora não tenha adquiridos pelos seus empregados (artigos 9º e 10 da CLT).

comparecido à audiência em que deveria depor, os efeitos da

confissão aplicada não alteram a conclusão ora esposada, uma vez Nesse passo, a utilização da Promov com o efeito de registro de

que baseada na prova pré-constituída dos autos. empregados a fim de utilizá-los pela Dacasa Financeira significa

fraudar o enquadramento profissional de fato e, com isso, sonegar

Reconhecida a condição de financiária da autora, devem ser a ela os direitos previstos nas convenções coletivas dos financiários,

aplicadas as normas coletivas próprias da respectiva categoria, plenamente aplicáveis àqueles trabalhadores, gerando para o grupo

sendo devidos os benefícios convencionados. inequívoco enriquecimento sem causa e em detrimento dos

legítimos direitos da categoria.

Vale registrar, nesta oportunidade, que a questão em tela é objeto

de Ação Civil Pública, ajuizada pelo Ministério Público do Trabalho, Portanto, tem-se por consubstanciada fraude na formalização da

tombada sob o n. 0003200-32.2008.5.17.0003. mão de obra utilizada pelas empresas que formam o grupo

econômico, demonstrando a continuidade da prática antijurídica que

A sentença foi favorável ao Órgão Ministerial, no sentido de declarar se pretendeu obstar por meio da ação civil pública 0003200-

a ilegalidade da conduta da empresa Dacasa Financeira S.A. em 32.2008.5.17.0003.

efetivar a contratação de empregados por meio de outra empresa

do grupo econômico. Por todo exposto, tem-se que a Origem agiu com propriedade ao

reconhecer a condição de financiária da autora, pelo que a sentença

O referido decisumcondenou a empresa a proceder ao registro deve ser mantida e, por corolário lógico, a manutenção dos

competente de todos os trabalhadores que lhe prestam serviços e a benefícios contidos nos instrumentos coletivos dos financiários.

cumprir as normas previstas no artigo 224 da CLT, nos termos da

Súmula n. 55 do TST, com relação a todos os seus empregados. Nega-se provimento.

A empresa interpôs recurso ordinário, que restou desprovido. Após,

apresentou recurso de revista que teve seu seguimento denegado

por deserto, e interpôs agravo de instrumento, tendo o TST negado

provimento a esse recurso.

Portanto, repise-se, não se trata de mera terceirização, mas fraude

de registro de empregados. O debate nos presentes autos não está

relacionado com a intermediação de mão de obra por empresa

interposta, mas sim na fraude na formalização da mão de obra 2.3. MÉRITO DO RECURSO ORDINÁRIO INTERPOSTO PELA

utilizada pelas empresas que formam o grupo econômico. RECLAMANTE

Aqui não se está a dizer que a autora faria jus aos efeitos da coisa

julgada formal da ação retromencionada. O que se demonstra é que

a dinâmica de absorção da mão de obra levada a efeito permanece.

Se o grupo econômico pretende se utilizar de mão de obra dentre

as empresas do próprio grupo, somente pode fazê-lo sem

desrespeitar os direitos da categoria profissional.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 815
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doença portada pela Autora seja qualificada como grave e que

suscite estigma ou preconceito, requisitos cumulativos estipulados

pela Súmula nº 443 do TST.

A Origem, na r. sentença, julgou improcedente o pedido, adotando

2.3.1. NULIDADE DA DISPENSA. INAPTIDÃO NO MOMENTO DA osseguintes fundamentos:

RESCISÃO

A autora, sem justificativa comprovada, deu azo à não realização da

prova técnica determinada para verificação da sua incapacidade

laborativa por ocasião da rescisão.

Assim, não comprovada tal situação, rejeita-se o pleito de

reconhecimento de nulidade da dispensa e consequente

reintegração.

Na petição inicial, a Reclamante relatou que foi admitida pela 1ª Rejeita-se também, por consequência, ao pleito de indenização por

Reclamada (Dacasa Financeira S.A. - Sociedade de Crédito, danos morais.

Financiamento e Investimentos) em 18/03/2004, para exercer

inicialmente a função de "analista/Especialista de Crédito", tendo Em razões recursais, a Reclamante pugna pela reforma da

sido imotivadamente dispensada em 07/03/2018, quando percebia sentença, sob o fundamento de que, além das ausências às

remuneração de R$ 3.785,00(três mil, setecentos e oitenta e cinco perícias designadas terem sido devidamente justificadas, a causa

reais). do pedido já se encontrava sobejamente comprovada pelos

documentos médicos que instruem a exordial.

Afirmou que foi dispensada enquanto estava acometida por doença

grave, Neuromielite Óptica (Doença de Devic), CID G36.0, estando, Analisa-se.

portanto, inapta para o trabalho.

Compulsando os autos, verifica-se que o pedido Autoral de

Informou que referida enfermidade foi diagnosticada em 31/10/2015 reintegração ao emprego pode ser amparado em duas causas de

e que desde então está sob constante tratamento e observação pedir: nulidade da dispensa em razão da inaptidão física da

médica, conforme comprovam os documentos juntados com a Reclamante na época da rescisão do contrato de trabalho e

inicial. dispensa discriminatória.

Ressaltou que não poderia ter sido considerada apta no momento No que tange ao pedido de reintegração fundado na alegação de

da demissão, pelo que deveria ter sido encaminhada ao INSS com que a Reclamante estava inapta no momento da dispensa, este

a consequente suspensão do seu contrato de trabalho. Relator mantém o entendimento de que, independentemente da

existência de nexo de causalidade entre a doença ou a lesão

Sob tais fundamentos, requereu "a nulidade do ato demissional nos apresentada pelo obreiro com sua atividade profissional, em razão

termos do art. 9° da CLT, por dispensa discriminatória de da função social que a empresa possui, não é permitido ao

trabalhadora doente e inapta, nos termos da Súmula n° 443 do TST, empregador dispensar o empregado que esteja inapto ao trabalho.

declarando-se o direito à reintegração de emprego".

Desse modo, faz-se necessário analisar se a Reclamante, na data

Em defesa conjunta, as Reclamadas aduziram que não restou da dispensa, estava apta para trabalhar, ou se foi acometida por

demonstrada a incapacidade da Reclamante para o trabalho no alguma doença antes ou após a rescisão do contrato de emprego.

momento da dispensa.

Na audiência realizada em 20/08/2018, a Origem determinou a

Alegaram, ainda, que não há qualquer comprovação de que a realização de perícia técnica para verificação da alegada

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incapacidade laborativa da Autora por ocasião da rescisão inexistindo qualquer documento que demonstre que, no dia

contratual. 07/03/2018, data da comunicação da dispensa, a obreira estivesse

inapta.

Entretanto, designada a perícia, a Reclamante postulou reiterados

adiamentos, sob o fundamento de que seu marido sofreu acidente Ressalte-se que tampouco consta dos autos atestado médico

em viagem fora do país, lesionando seriamente a perna esquerda, declarando a necessidade de afastamento da obreira nos dias que

sem a possibilidade de embarcar em voo internacional, de forma antecederam a dispensa. Apenas em 23/08/2018, ou seja, 15 dias

que ela, como única acompanhante, tampouco poderia retornar ao depois da dispensa, como alegado pela própria Reclamante e

Brasil. comprovado pelo documento de Id. cb49858 houve novo surto da

doença.

Ocorre que, embora a Autora tenha demonstrado, por meio de

declarações do Hospital, que seu esposo de fato sofreu acidente no Por tudo isso, inafastável a conclusão de que a Obreira não logrou

dia 04/11/2018, não há comprovação de que ele estava êxito em comprovar qualquer inaptidão no momento da dispensa,

impossibilitado de realizar viagem internacional, devendo não merecendo acolhida seu pedido de reintegração, com base

permanecer em Portugal. nessa causa de pedir.

Além disso, conforme requerimento de novo adiamento ao Id. Já em relação à dispensa discriminatória, faz-se necessário tecer

1084ede, o emailenviado pelo marido da Autora ao escritório de algumas considerações preliminares.

advocatícia aponta justificativa diversa para o pedido, dessa vez

uma suposta crise da doença da trabalhadora, cuja única prova nos No ordenamento jurídico pátrio, a possibilidade de dispensa não

autos é uma "declaração de presença" em Hospital, motivada do empregado é contemplada como um exercício

desacompanhada de qualquer laudo médico. unilateral da vontade do empregador, apresentando-se como um

direito potestativo deste.

Diante desse quadro, agiu corretamente a Origem ao não acatar

novo pedido de adiamento de audiência ou perícia, tornando Todavia, o exercício desse direito potestativo não é irrestrito,

prejudicada a realização da prova técnica. porquanto sofre limitações, especialmente tendo em vista os

princípios basilares do Estado Democrático de Direito, que tem

Por outro lado, observa-se que, embora os documentos juntados como fundamentos a dignidade da pessoa humana e o valor social

com a inicial comprovem que a Reclamante possua quadro do trabalho (art. 1º, inciso III e IV, da CF).

recorrente de mielite longitudinalmente extensa e episódio prévio de

neurite óptica compatíveis com Neuromielite Óptica (NMO), com A Constituição Federal veda, ainda, toda e qualquer forma de

sintomas iniciados em agosto de 2015 (Id. ac3932d), não há nos discriminação, em seu artigo 3º, inciso IV, além de estabelecer, em

autos comprovação de que, no momento da dispensa, a seu art. 7º, inciso I, a proteção da relação de emprego contra a

trabalhadora estava inapta para o trabalho. despedida arbitrária.

No aspecto, é importante frisar que ser portador de doença não Aliás, a Lei nº 9.029, de 13 de abril de 1995, proíbe a adoção de

implica, necessariamente, estar inapto ao labor, tendo em vista que qualquer prática discriminatória e limitativa para efeito de acesso à

nem toda doença é incapacitante. relação de trabalho, ou de sua manutenção.

Assim, embora a Reclamante de fato tenha sido diagnosticada, Acerca do tema, o C. TST sumulou o seguinte entendimento:

desde 2015, com possível Neuromielite Óptica (NMO), os

elementos constantes dos autos não logram comprovar que no Súmula nº 443: DISPENSA DISCRIMINATÓRIA. PRESUNÇÃO.

momento da dispensa a obreira encontrava-se inapta ao labor. EMPREGADO PORTADOR DE DOENÇA GRAVE. ESTIGMA OU

PRECONCEITO. DIREITO À REINTEGRAÇÃO Presumese

Com a inicial, a Autora juntou apenas receituários, exames e alguns discriminatória a despedida de empregado portador do vírus HIV ou

laudos médicos indicando a enfermidade que a acometeu, de outra doença grave que suscite estigma ou preconceito. Inválido

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o ato, o empregado tem direito à reintegração no emprego.

No presente caso, não se enquadrando a moléstia da Obreira

dentre as patologias que, no entendimento do TST (conforme

Súmula 443, supratranscrita), autorizam a presunção de

discriminação, cumpria à Reclamante comprovar que a despedida Na peça vestibular, a Reclamante relatou que foi admitida pela 1ª

efetivamente derivou do fato de ela supostamente estar doente, Reclamada (Dacasa Financeira S.A. - Sociedade de Crédito,

ônus do qual, contudo, não se desincumbiu. Financiamento e Investimentos) em 18/03/2004, para exercer

inicialmente a função de "analista/Especialista de Crédito", tendo

Com efeito, conforme alegado pela própria Autora, a Reclamada sido imotivadamente dispensada em 05/06/2018, quando percebia

tinha conhecimento do seu quadro de saúde desde o diagnóstico da remuneração de R$ 3.785,00(três mil, setecentos e oitenta e cinco

doença em meados de 2015, sendo que a dispensa ocorreu apenas reais).

em março de 2018, o que enfraquece a tese de despedida

discriminatória. Afirmou que foi dispensada enquanto estava acometida por doença

grave, Neuromielite Óptica (Doença de Devic), CID G36.0, estando,

Não há quaisquer provas de que a empregadora tenha atuado com portanto, inapta para o trabalho.

o objetivo retaliação ou de segregar a Obreira do convívio com os

demais empregados ou, ainda, de se esquivar do cumprimento de Aduziu que a Reclamada praticou ato ilícito ao impedir sua

suas obrigações contratuais. recolocação no mercado de trabalho, diante de sua inaptidão,

fazendo com que se sentisse descartável depois de quatorze anos

O conjunto probatório acostado aos autos inclusive aponta para de contrato.

sentido oposto, já que diante de sua enfermidade e tratamento

médico, a empresa estendeu o plano de saúde por 11 (onze) meses Assim, sob o fundamento de que a Ré feriu bens extrapatrimoniais

depois da dispensa. como a honra e a dignidade da pessoa humana, requereu uma

indenização por danos morais, no importe de 5 vezes o seu último

Ante o exposto, patente o entendimento no sentido de que a salário.

Reclamante não se desincumbiu a contento de seu ônus da prova

(artigo 818, da CLT, e 373, do CPC/2015), também no aspecto. As Reclamadas, em contestação, alegaram que não existiu

qualquer ofensa à moral da Reclamante.

Não há falar, pois, em nulidade da despedida por nenhum dos dois

fundamentos, permanecendo incólume a r. sentença. O magistrado de primeiro grau, na r. sentença, julgou improcedente

o pedido, sob o fundamento de que a Reclamante não comprovou

Nega-se provimento. estar incapacitada para o trabalho por ocasião da rescisão.

Recorre a Reclamante, reiterando a alegação de que foi vítima de

demissão discriminatória.

Analisa-se.

Conforme fundamentação exposta no item 2.3.1. supra, foi mantida

a r. sentença, que reconheceu a legalidade da dispensa efetuada,

por ausência de incapacidade laboral no momento do rompimento

2.3.2. DANOS MORAIS do contrato e de dispensa discriminatória.

Assim sendo, por conseguinte, devem ser julgado improcedente o

pedido consectário de danos morais.

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a devolução do valor à Autora, conforme requerido.

Nega-se provimento.

Dá-se provimento para determinar a devolução do valor adiantado

pela Reclamante a título de honorários periciais.

2.3.3. DEVOLUÇÃO DOS HONORÁRIOS PERICIAIS

2.3.4. LIMITAÇÃO DOS DIREITOS NORMATIVOS

Na audiência realizada em 20/08/2018, a Origem determinou a

realização de perícia técnica para verificação da alegada

incapacidade laborativa da Autora no momento da rescisão Na peça de ingresso, a Reclamante relatou que foi admitida pela 1ª

contratual. Na ocasião, prontificou-se a Reclamante a realizar a Reclamada (Dacasa Financeira S.A. - Sociedade de Crédito,

antecipação de honorários no importe de R$ 400,00. Financiamento e Investimentos) em 18/03/2004, para exercer

inicialmente a função de "analista/Especialista de Crédito", tendo

Ante a recusa de 3 (três) peritos médicos nomeados, o d. Juízo a sido imotivadamente dispensada em 05/06/2018, quando percebia

quodesignou nova audiência, ocasião em que a Reclamada se remuneração de R$ 3.785,00(três mil, setecentos e oitenta e cinco

comprometeu a antecipar o valor de R$ 600,00, a titulo de reais).

honorários periciais.

Sustentou que, embora tenha prestado serviços exclusivos e

No entanto, em razão dos reiterados pedidos de adiamento da ininterruptos à 1ª Ré durante todo o contrato de trabalho, teve sua

perícia pela Autora, a Origem tornou prejudicada a realização da CTPS formalmente registrada pelas empresas do mesmo grupo

prova técnica. econômico da seguinte forma: de 18/03/2004 a 31/10/2008 pela 3ª

Ré (Promov Sistema de Vendas e Serviços Ltda.); de 01/11/2008 a

Assim, em suas razões recursais, a Reclamante postula a 02/04/2017 pela 2ª Reclamada (Dadalto Administração e

restituição do valor depositado a título de honorários prévios Participações Ltda.); de 03/04/2017 a 05/06/2018 pela 1ª

periciais. Demandada.

Analisa-se. Assim, sob o fundamento de que sempre prestou serviços em favor

da 1ª Reclamada, que atua desempenhando atividades típicas de

O d. Juízo a quo determinou que, por ocasião da entrega do laudo, Financeira, requereu seu enquadramento como "financiaria", com a

a Secretaria liberasse os honorários prévios em favor do perito. consequente condenação no pagamento dos benefícios previstos

na norma coletiva.

Considerando que a perícia não foi realizada, diante da ausência da

Reclamante e reiterados pedidos de adiamento, deve ser autorizada A Origem reconheceu o vínculo direto com o 1º Reclamado no

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período de 18/03/2004 a 05/06/2018 e o enquadramento da Autora

como financiária. Como consequência, condenou as Reclamadas

no pagamento dos benefícios convencionais da categoria,

restringindo ao período de 27/04/2013 (prescrição) até 02/04/2017,

sob o fundamento de que a partir de 03/04/2017 houve a efetiva

contratação da Reclamante pelo 1ª Reclamado, quando então teria

passado a receber tais benefícios.

Na peça de ingresso, a Reclamante relatou que foi admitida pela 1ª

Em razões recursais, a Autora pugna pela reforma da sentença, Reclamada (Dacasa Financeira S.A. - Sociedade de Crédito,

alegando que nem todos os direitos foram quitados após Financiamento e Investimentos) em 18/03/2004, para exercer

02/04/2017. inicialmente a função de "analista/Especialista de Crédito", tendo

sido imotivadamente dispensada em 05/06/2018, quando percebia

Analisa-se. remuneração de R$ 3.785,00(três mil, setecentos e oitenta e cinco

reais).

De início, cumpre esclarecer que a sentença já reconheceu a

unicidade contratual e o vínculo direto com a 1ª Reclamada no Sustentou que, embora tenha prestado serviços exclusivos e

período pleiteado na inicial, ou seja, de 18/03/2004 a 05/06/2018. ininterruptos à 1ª Ré durante todo o contrato de trabalho, teve sua

Apenas a condenação no pagamento dos benefícios da categoria CTPS formalmente registrada pelas empresas do mesmo grupo

foi restrita a data em que a Reclamante teve a CTPS anotada pela econômico da seguinte forma: de 18/03/2004 a 31/10/2008 pela 3ª

própria 1ª Demandada, quando teria passado a receber os Ré (Promov Sistema de Vendas e Serviços Ltda.); de 01/11/2008 a

benefícios previstos nas normas coletivas da categoria dos 02/04/2017 pela 2ª Reclamada (Dadalto Administração e

financiários. Participações Ltda.); de 03/04/2017 a 05/06/2018 pela 1ª

Demandada.

Nesses termos, considerando que desde a inicial a Reclamante

alega que não percebeu corretamente os benefícios previstos na Noticiou que foi contratada para uma jornada de 44 (quarenta e

Norma Coletiva durante todo o contrato de trabalho, inclusive, no quatro) horas semanais, de segunda-feira a sábado, sendo que a

período em que teve a CTPS anotada pela 1ª Reclamada, não há categoria dos financiários, na qual deve ser enquadrada, detém

falar em limitação da condenação. uma jornada de 30 horas semanais.

Contudo, deve ser autorizada a dedução dos valores pagos a Afirmou que trabalhava de segunda à sexta-feira, das 08h30 às

idêntico título, sob pena de enriquecimento ilícito. 19h30, com 20 minutos de intervalo intrajornada e até às 20h nos

dias de pico, última semana de cada mês para o fechamento das

Assim, dá-se provimento para afastar a limitação da condenação metas, e aos sábados das 08h às 14h20, sem intervalo para

até 02/04/2017, autorizando-se a dedução dos valores pagos a descanso e alimentação.

idêntico título, sob pena de enriquecimento ilícito.

Assim, requereu a condenação das Reclamadas no pagamento

como extras das horas trabalhadas acima das 05h45 e,

sucessivamente, a partir da 6ª diária ou 8ª diária.

No caso de enquadramento no §2º, art. 224 da CLT, postulou o

recebimento da Gratificação de Função prevista na Cláusula 4.1.2.

da CCT.

As Reclamadas, em sede de contestação, alegaram que, durante

2.3.5. HORAS EXTRAORDINÁRIAS todo o período imprescrito, a Reclamante ocupou a função de

coordenadora, tipicamente estabelecida como de liderança (cargo

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de confiança), e por isso, estava isenta do registro de frequência,

nos termos do inciso II, do art. 62 da CLT. As empresas de crédito, financiamento ou investimento, também

denominadas financeiras, equiparam-se aos estabelecimentos

Quanto ao pedido substitutivo, afirmaram que a trabalhadora bancários para os efeitos do art. 224 da CLT.

recebia um plus salarial que excedia 100% o salário dos seus

subordinados, além da parcela variável que integra a remuneração. Súmula nº 33 do TRT da 17ª Região

Por fim, pela eventualidade, aduziram que a obreira se enquadra na "ENQUADRAMENTO COMO FINANCIÁRIO DE EMPREGADO DE

exceção prevista no §2º do art. 224 da CLT. ADMINISTRADORA DE CARTÃO DE CRÉDITO OU AGENTE

FINANCEIRO.

O d. Juízo a quo, na r. sentença, julgou improcedente o pedido,

adotando os seguintes fundamentos: Os empregados de agentes financeiros e administradoras de cartão

de crédito, salvo os pertencentes a categoria diferenciada, são

A autora não desconstituiu o exercício de função de confiança e sua financiários (Súmula 283 do STJ), beneficiando-se, portanto, das

conseqüente exceção ao controle de jornada, nos termos do art. 62 normas coletivas da categoria e da jornada reduzida do art. 224 da

da CLT. CLT."

Ainda que agora submetida ao regime de jornada do art. 224 da O caput do art. 224, da CLT, estabelece que a duração normal do

CLT, a qualidade de ocupante de cargo de confiança, inclusive com trabalho dos empregados em bancos, casas bancárias e Caixa

percepção de comissões superiores ao terço do salário do cargo Econômica Federal será de seis horas contínuas nos dias úteis,

efetivo, conforme fichas financeiras, permanece. com exceção dos sábados, perfazendo um total de trinta horas de

trabalho por semana.

Portanto, estando a reclamante excepcionada pelo art. 224, par. 2º,

da CLT, não há falar em jornada de 6 horas diárias. Todavia, o § 2º do mesmo dispositivo prevê uma exceção a essa

regra, ao dispor que a jornada de trabalho disposta em seu caput

No mais, não há prova da alegada jornada superior a 8 horas não se aplica aos que exercem funções de direção, gerência,

diárias. fiscalização, chefia e equivalentes, ou que desempenhem outros

cargos de confiança, desde que o valor da gratificação não seja

Rejeitam-se os pleitos de horas extras e intervalos. inferior a um terço do salário do cargo efetivo.

Irresignada, recorre a Reclamante, alegando que a Reclamada não Portanto, para que o empregado afaste-se do regramento geral da

se desincumbiu de seu ônus probatório no sentido de demonstrar jornada de trabalho bancário (caput do art. 224 da CLT), faz-se

efetivos poderes de mando ou gestão capazes de lhe enquadrar na necessário, primeiro, que ele receba gratificação não inferior a um

exceção do §2º do art. 224 da CLT. terço do salário do cargo efetivo, e, segundo, que ele exerça

funções de confiança (gerência, direção, fiscalização, chefia ou

Analisa-se. equivalentes).

Conforme exposto no tópico 2.2.1. deste voto, foi mantido o In casu, conforme ficha financeira juntada aos autos (Id. 83d6646),

entendimento da Origem no sentido de reconhecer a condição de a Autora foi promovida, em 01/10/2009, para a função de

financiária da Reclamante. Portanto, devem ser aplicadas as "encarregado de crédito III" (posteriormente denominada

disposições do art. 224, da CLT, conforme preceitua a Súmula nº 55 "Coordenador de crédito"), ocasião em que recebeu um plus salarial

do E. TST e a Súmula nº 33 deste E. Regional, in verbis: superior a 1/3 do cargo anteriormente exercido.

Súmula nº 55 do TST Além disso, considerando a aplicação da confissão ficta à

Reclamante, ante sua ausência na audiência em que deveria depor,

FINANCEIRAS (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 deve ser considerada como verdadeira a alegação da Ré de que a

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obreira, de fato, exercia função de confiança na forma do art. 224, Na exordial, a Reclamante relatou que foi admitida pela 1ª

§2º, da CLT. Reclamada (Dacasa Financeira S.A. - Sociedade de Crédito,

Financiamento e Investimentos) em 18/03/2004, para exercer

Nesses termos, faz jus a Autora à jornada de 8 (oito) horas por dia, inicialmente a função de "analista/Especialista de Crédito", tendo

devendo ser remunerada pelas horas excedentes. sido imotivadamente dispensada em 05/06/2018, quando percebia

remuneração de R$ 3.785,00 (três mil, setecentos e oitenta e cinco

Não obstante, como bem pontuou a Origem, a Autora não logrou reais).

comprovar o labor extraordinário de forma a refutar a presunção de

veracidade quanto a não realização de horas extras, em razão da Sustentou que, embora tenha prestado serviços exclusivos e

confissão. ininterruptos à 1ª Ré durante todo o contrato de trabalho, teve sua

CTPS formalmente registrada pelas empresas do mesmo grupo

Por fim, tampouco merece ser acolhido o pedido sucessivo de econômico da seguinte forma: de 18/03/2004 a 31/10/2008 pela 3ª

pagamento da Gratificação de Função de 55% prevista na Cláusula Ré (Promov Sistema de Vendas e Serviços Ltda.); de 01/11/2008 a

4.1.2. da CCT, uma vez que a remuneração da Autora já 02/04/2017 pela 2ª Reclamada (Dadalto Administração e

contemplava referida parcela. Participações Ltda.); de 03/04/2017 a 05/06/2018 pela 1ª

Demandada.

Ora, conforme se depreende de sua ficha financeira, a Autora

recebia no ano de 2013 salário no valor de 3.030,00 (três mil e trinta Afirmou que, de segunda à sexta-feira, gozava de apenas 20 (vinte)

reais) e no final do contrato, a partir de 2017, a quantia de R$ minutos de intervalo e aos sábados não havia qualquer descanso.

3.785,00. A par disso, o funcionário Marcelo Rodrigues de Castro

Jr., como seu subordinado direto, na função de Analista de Crédito, Logo, requereu a condenação das Rés no pagamento de 01 (uma)

percebia em 2013 o salário de R$ 1.175,00 e, em 2017 R$ hora, com adicional de 50%, de segunda à sexta-feira e 15 minutos

2.421,00, pelo que se conclui que a remuneração da Reclamante aos sábados com reflexos legais.

incluía plus salarial superior ao estabelecido na norma coletiva.

Em contestação, as Reclamadas alegaram que a empregada

Ante o exposto, nada a modificar na r. sentença. detinha total autonomia para fruição integral de seu intervalo para

refeições.

Nega-se provimento.

A Origem, na r. sentença, julgou improcedente o pedido, por

entender que a Reclamante exercia função de confiança.

Inconformada, recorre a Reclamante, reiterando os termos da

inicial.

Analisa-se.

Ab initio, registre-se que não é o caso de aplicar as mudanças

2.3.6. INTERVALO INTRAJORNADA introduzidas pela Lei 13.467/2017 (a chamada "Reforma

Trabalhista"), eis que as regras de direito material da novel

legislação incidem tão somente sobre os contratos firmados após a

vigência da Lei em questão, a saber, 11 de novembro de 2017, o

que não é o caso.

Os intervalos intrajornada conceituam-se, em apertada síntese,

como o período, dentro da jornada de trabalho do empregado,

destinado precipuamente a seu repouso e alimentação.

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Nos dizeres do i. Ministro Maurício Godinho Delgado: Assim, nada a modificar na r. sentença.

Os intervalos intrajornadas definem-se como lapsos temporais Nega-se provimento.

regulares, remunerados ou não, situados no interior da duração

diária de trabalho, em que o empregado pode sustar a prestação de

serviços e sua disponibilidade perante o empregador (Delgado,

Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 16ª Ed. São Paulo:

LTr, 2017)

A obrigatoriedade de concessão dos intervalos decorre da própria

lei (art. 71 da CLT), e, em se tratando de tema atinente à saúde,

higiene e segurança do trabalhador, encontra respaldo e proteção

constitucional (art. 7º, XXII, CRFB/88), sendo as normas acerca do 2.3.7. INTERVALO DO ART. 384 DA CLT. TRABALHO DA

assunto de ordem pública, caráter imperativo e indisponibilidade MULHER

absoluta.

Prestam-se, como se deduz de sua própria definição, a oportunizar

ao empregado, no transcurso de sua jornada de trabalho, um

momento de recuperação de suas energias físicas e mentais,

descanso e alimentação.

Nesse contexto, o art. 71, caput e §1º, da CLT prevê que, em

qualquer trabalho contínuo cuja duração exceda 06 (seis) horas, é Pugnou a Reclamante pela reforma da sentença e a consequente

obrigatória a concessão de um intervalo mínimo de 01 (uma) hora condenação da reclamada ao pagamento do intervalo de 15

para repouso e alimentação. Caso a duração da jornada ultrapasse (quinze) minutos previsto no art. 384 da CLT.

04 (quatro) horas, porém não exceda 06 (seis) horas, o intervalo

mínimo será de 15 (quinze) minutos. Com razão.

Considerando a jornada da Reclamante, era devido intervalo Ab initio, registre-se que não é o caso de aplicar as mudanças

intrajornada mínimo de 01 (uma) hora. introduzidas pela Lei 13.467/2017 (a chamada "Reforma

Trabalhista"), eis que as regras de direito material da novel

Pois bem. legislação incidem tão somente sobre os contratos de trabalho

firmados após a vigência da Lei em questão, a saber, 11 de

Na hipótese, a Reclamante não compareceu à audiência em que novembro de 2017.

deveria depor, razão pela qual a Origem aplicou-lhe a pena de

confissão quanto à matéria fática. O art. 384 da CLT, inserido no Capítulo III, que trata da Proteção do

Trabalho da Mulher dispunha que "em caso de prorrogação do

Assim, presume-se verdadeira a alegação patronal de que a horário normal, será obrigatório um descanso de 15 (quinze)

trabalhadora gozava integralmente do intervalo para descanso e minutos no mínimo, antes do início do período extraordinário do

refeição. trabalho."

Ressalte-se que, embora referida presunção seja meramente Em que pese este Relator entender pela constitucionalidade do

relativa, podendo ser elidida por prova em contrário, não há nos dispositivo em referência, uma vez que a concessão de condições

autos qualquer prova capaz de infirmar as informações ventiladas especiais à mulher não fere o princípio da igualdade previsto no art.

na defesa. 5º, da Constituição, na hipótese, não restou demonstrado que a

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 823
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Reclamante laborava em sobrejornada, conforme tópico 2.3.5. deste

voto. Conforme exposto no tópico 2.2.1. deste voto, foi mantido o

entendimento da Origem no sentido de reconhecer a condição de

Assim, inexistindo labor extraordinário, não há falar em concessão financiária da reclamante, não havendo falar em enquadramento em

do intervalo prévio de 15 (quinze) minutos e, consequentemente, categoria diferenciada, porquanto as atividades por ela realizadas

em pagamento do período como hora extra. possuíam ligação direta à atividade fim da financeira.

Nega-se provimento. Assim, devem ser aplicadas à Autora as normas coletivas própria da

categoria dos trabalhadores em instituições financeiras.

Relativamente aos benefícios alimentícios, as cláusulas 4.4.1. e

4.4.1. da CCT 2013/2014, cuja redação, com as devidas

atualizações de valores, foi repetida nas convenções posteriores,

assim dispõem:

Cláusula 4.4.1. - AUXÍLIO REFEIÇÃO

2.3.8. DO AUXÍLIO REFEIÇÃO E AJUDA ALIMENTAÇÃO Será concedido "Auxílio Refeição", a todos os empregados no valor

de R$ 23,96 (vinte e três reais e noventa e seis centavos), sem

descontos, por dia de trabalho, possuindo caráter indenizatório e

não integrando o salário para quaisquer efeitos legais e será

concedido sempre à razão de 22 (vinte e dois) dias fixos por mês,

inclusive nos períodos de gozo de férias e até o 15º (décimo quinto)

dia nos afastamentos por doença e acidente de trabalho. Não será

devido nos casos de afastamento por maternidade.

Na inicial, a Reclamante requereu a condenação das Reclamadas PARÁGRAFO 1º - Este auxílio será concedido nos casos de licença

no pagamento das verbas "Auxílio Refeição" e "Ajuda Alimentação", do dirigente Sindical.

nos termos das Convenções Coletivas de Trabalho dos financiários.

PARÁGRAFO 2º - Fica facultado ao empregador substituir essa

A Origem, na r. sentença, indeferiu o pedido sob os seguintes importância por "tickets" de refeição e/ou alimentação, nos termos

fundamentos: do PAT - Programa de Alimentação do Trabalhador, nos termos da

Lei nº. 6.321/76, decretos regulamentadores e Portaria GM/MTb nº

O reclamado comprovou sua adesão ao PAT desde 2008. 1.156, de 17.09.93. - D.O.U. 20/09/93.

Assim, nos termos das normas coletivas, são indevidos o auxílio PARÁGRAFO 3º - Os empregados que se utilizam de restaurantes

refeição e a ajuda alimentação. das empresas ou por estas subsidiadas, desfrutando, assim, de

vantagens análogas ou superiores, não farão jus a indenização

No entanto, condena-se ao pagamento da décima terceira cesta aludida, não podendo da mesma forma ser cobrado qualquer valor

alimentação nos moldes das convenções coletivas. do empregado. Durante o período de férias dos empregados que se

utilizam do restaurante da empresa, será concedido ticket, conforme

Em razões recursais, a Reclamante pugna pela reforma da disposto no "caput" da presente cláusula.

sentença, alegando que a adesão ao PAT não afasta o pagamento

da verba pactuada em CCT. PARÁGRAFO 4º - O empregado poderá optar, por escrito e com a

antecedência mínima de 30 (trinta) dias, por tíquete alimentação,

Analisa-se. sendo possível mudar a opção somente após o transcurso de 180

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 824
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(cento e oitenta) dias. previstos nos instrumentos coletivos de sua categoria, devendo ser

autorizada apenas a dedução dos valores pagos a idêntico título.

PARÁGRAFO 5º - A verba acima referida será reajustada em

conformidade com a Lei em vigor ou legislação posterior que venha Assim, dá-se provimento para condenar as Reclamadas no

a ser promulgada durante a vigência da presente Convenção. pagamento das verbas "Auxílio Refeição" e "Ajuda Alimentação", na

forma das convenções coletivas da categoria dos financiários,

Cláusula 4.4.2. - AJUDA ALIMENTAÇÃO autorizando-se a dedução das parcelas pagas a idêntico título.

Será concedido "Auxílio Alimentação", cumulativamente com o

"Auxílio Refeição", a todos os empregados no valor de R$ 377,94

(trezentos e setenta e sete reais e noventa e quatro centavos), sem

descontos, por mês de trabalho, possuindo caráter indenizatório e

não integrando o salário para quaisquer efeitos legais, inclusive nos

períodos de gozo de férias e até o 15º (décimo quinto) dia nos

afastamentos por doença e acidente de trabalho. Será devido,

também nos casos de afastamento por maternidade.

2.3.9. DEVOLUÇÃO DOS DESCONTOS INDEVIDOS

PARÁGRAFO 1º - Este auxílio será concedido nos casos de licença

do dirigente Sindical.

PARÁGRAFO 2º - Fica facultado ao empregador substituir essa

importância por "tickets" de alimentação, nos termos do PAT -

Programa de Alimentação do Trabalhador, nos termos da Lei nº.

6.321/76, decretos regulamentadores e Portaria GM/MTb n° 1.156,

de 17.09.93.

Na peça vestibular, a Reclamante relatou que foi admitida pela 1ª

PARÁGRAFO 3º - O empregado afastado por doença profissional Reclamada (Dacasa Financeira S.A. - Sociedade de Crédito,

ou acidente do trabalho faz jus à Ajuda Alimentação por um prazo Financiamento e Investimentos) em 18/03/2004, para exercer

de até 150 (cento e cinqüenta) dias, com efeito retroativo a partir de inicialmente a função de "analista/Especialista de Crédito", tendo

1º de junho de 2013, e, aos afastados após essa data, a concessão sido imotivadamente dispensada em 05/06/2018, quando percebia

tem início no 1º dia de afastamento do trabalho, também limitado ao remuneração de R$ 3.785,00(três mil, setecentos e oitenta e cinco

prazo de 150 (cento e cinqüenta) dias. reais).

PARÁGRAFO 4º - A verba acima referida será reajustada em Narrou que a CCT da categoria determina que os pagamentos do

conformidade com a Lei em vigor ou legislação posterior que venha "auxílio refeição", "ajuda alimentação" e "assistência médica" sejam

a ser promulgada durante a vigência da presente Convenção. efetuados sem o respectivo desconto.

Depreende-se das cláusulas ora transcritas que o pagamento de Relatou, contudo, que tais valores foram descontados

ambos os benefícios pode ser substituído por "tickets" de indevidamente, pelo que requereu a devolução de tais parcelas.

alimentação, nos termos do PAT. Na hipótese, embora as

Reclamadas tenham comprovado a adesão ao referido programa, Em contestação conjunta, as Rés asseveraram, em relação ao

não restou demonstrado que o pagamento ocorria na forma da benefício alimentar, que, diante de sua filiação ao PAT, o desconto

norma coletiva aplicada à categoria. é permitido, desde que limitado a 20% (vinte por cento) do custo da

refeição.

Considerando o reconhecimento da condição de financiária da

Autora, não se reputa razoável que fique alijada dos benefícios Argumentaram, ainda, que a norma coletiva aplicável à Autora

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 825
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prevê a possibilidade do desconto referente à coparticipação do No que se refere à assistência médica, a CCT da categoria dos

empregado no plano de assistência médica. financiários estabelece no parágrafo único da cláusula 4.6.2, que o

plano médico hospitalar seria fornecido pelo empregador, sem

Por fim, salientaram que a obreira optou expressamente por um nenhum custo, devendo, contudo, o empregado arcar com a

plano de assistência médica diferenciada, o que possibilitaria o diferença se optar por plano de qualidade superior.

desconto relativo à diferença.

Porquanto não há qualquer comprovação nos autos de que o plano

O d. Juízo a quo julgou improcedente o pedido, valendo-se dos fornecido era superior ao previsto nos instrumentos coletivos, é

seguintes fundamentos: devido o reembolso dos valores descontados a este título.

Quanto aos descontos relacionados à alimentação, estão dentro Assim, dá-se provimento para condenar as Reclamadas no

dos regramentos legais previstos para o PAT. reembolso dos valores indevidamente descontados a título de

auxílio-alimentação e assistência médica.

A previsão da norma coletiva de não cobrança de qualquer valor

não alude à hipótese do programa, mas sim, às hipóteses de

fornecimento de alimentação pelas empresas ou subsidiadas, que

concedem vantagens análogas ou superiores.

Quanto ao desconto de assistência médica, as normas coletivas

desautorizam o desconto somente na hipótese de plano padrão.

Com efeito, o reclamado fornecia a autora plano de saúde

diferenciado.

2.3.10. LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ

Rejeitam-se os reembolsos pretendidos

Em razões recursais, a Reclamante pugna pela reforma da

sentença, ao argumento de que a adesão ao PAT não afasta o

pagamento da verba pactuada, bem como de que a Reclamada não

comprovou a suposta adesão ao plano diferenciado.

Analisa-se.

O magistrado de primeiro grau, na r. sentença, condenou a

Conforme exposto no tópico 2.2.1. deste voto, foi mantido o Reclamante a pagar ao Reclamada multa de 5% sobre o valor da

entendimento da Origem no sentido de reconhecer a condição de causa (R$ 285.208,31), no importe de R$ 14.260,42, nos seguintes

financiária da reclamante, não havendo falar em enquadramento em termos:

categoria diferenciada, porquanto as atividades por ela realizadas

possuíam ligação direta à atividade fim da financeira. Como já devidamente delineado em audiência, a reclamante não

agiu corretamente perante o juízo, promovendo atos judiciais e

Assim, devem ser aplicadas à Autora as normas coletivas própria da adiamentos baseados em inverdades.

categoria dos trabalhadores em instituições financeiras.

Assim, agiu de modo temerário, gerando evidentes transtornos ao

No tocante ao pagamento de benefícios a título de alimentação, a processo, terceiros e aos réus.

CCT dos financiários (item 4.4) veda a realização de descontos no

salário dos empregados, de forma que a Reclamante faz jus à Por isso, com fulcro no art. 793-C da CLT, condeno a reclamante a

devolução dos valores descontados. pagar ao reclamado e multa de 5% sobre o valor da causa,

calculada no importe de R$ 14.260,42.

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Não obstante, embora a Reclamante, de fato, não tenha justificado

Em razões recursais, a Reclamante pugna pela exclusão da multa corretamente os reiterados pedidos de adiamento, não se verifica,

em questão, alegando que todos os adiamentos foram devidamente de forma indiscutível, que a obreira tenha mentido ou agido

justificados documentalmente. dolosamente para adiar a realização da perícia.

Sucessivamente, requer seja a multa reduzida ao percentual Assim, considerando que este Relator perfilha o entendimento de

mínimo de 1%, bem como seja declarada a condição suspensiva de que só há litigância de má-fé quando patentemente evidenciadas as

sua exigibilidade, face ao deferimento da justiça gratuita. hipóteses legais, porquanto se presume que os litigantes estejam

sempre de boa-fé, deve ser reformada a r. sentença para excluir a

Analisa-se. multa por litigância de má-fé no valor de R$ 14.260,42.

Acerca da litigância de má-fé, já se entendia que as suas hipóteses Dá-se provimento para excluir a condenação da Autora em multa

deviam restar indiscutivelmente evidenciadas, para haver por litigância de má-fé.

condenação da parte no pagamento da multa ou de indenização por

dano processual.

Antes prevista apenas no CPC, especificamente no artigo 80 que

era aplicado subsidiariamente ao processo do trabalho, agora conta

com previsão expressa na CLT, artigo 793-A e seguintes,

introduzido pela Lei 13.467/2017 (reforma trabalhista).

In casu, na audiência realizada em 20/08/2018, a Origem

determinou a realização de perícia técnica para verificação da 2.3.11. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS DE SUCUMBÊNCIA

alegada incapacidade laborativa da Autora por ocasião da rescisão

contratual.

Entretanto, designada a perícia, a Reclamante postulou reiterados

adiamentos, sob o fundamento de que seu marido sofreu acidente

em viagem fora do país, lesionando seriamente a perna esquerda,

sem a possibilidade de embarcar em voo internacional, de forma

que ela, como única acompanhante, tampouco poderia retornar ao

Brasil. A Origem, na r. sentença, julgou parcialmente procedentes os

pedidos formulados na inicial e condenou as partes no pagamento

Ocorre que, embora a Autora tenha demonstrado, por meio de de honorários advocatícios recíprocos no percentual de 12%, nos

declarações do Hospital, que seu esposo de fato sofreu acidente no seguintes termos:

dia 04/11/2018, não há comprovação de que ele estava

impossibilitado de realizar viagem internacional, devendo Estando a autora desempregada, concedem-se a ela os benefícios

permanecer em Portugal. da justiça gratuita.

Além disso, conforme requerimento de novo adiamento ao Id. Nos termos do art. 791-A da CLT, introduzido pela Lei 13.467/2017

1084ede, o emailenviado pelo marido da Autora ao escritório de (reforma trabalhista), concede-se ao advogado autoral honorários

advocatícia aponta justificativa diversa para o pedido, dessa vez advocatícios.

uma suposta crise da doença da trabalhadora, cuja única prova nos

autos é uma "declaração de presença" em Hospital, Considerando os critérios estabelecidos pelo inciso I do par. 2º do

desacompanhada de qualquer laudo médico. referido artigo, fixo tais honorários no percentual de 12% sobre o

valor da condenação.

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Com o advento da Lei 13.467, de 13 de julho de 2017, contudo, foi

Diante da procedência parcial dos pedidos da autora, condena-se acrescentado à CLT o art. 791-A, que autorizou a condenação na

esta a pagar honorários de sucumbência ao advogado dos verba honorária em razão da mera sucumbência.

reclamados, nos mesmos percentuais concedidos acima, calculados

sobre a parte improcedente da reclamação (R$ 215.332,00), Além disso, o novel dispositivo previu o pagamento de honorários

consoante par. 3º do mesmo artigo, ora totalizados em R$ de sucumbência recíproca, de forma que, vencido o Reclamante,

25.839,84. ainda que relativamente a um único pedido, também deverá ele

responder pela verba honorária da parte contrária.

Tais honorários poderão ser pagos com o crédito que possui a

autora, cuja importância, assim que obtida em execução, ficará Em que pese a intensa celeuma jurídica que se instaurou acerca da

retida à disposição do patrono da reclamada. aplicabilidade do novo regramento, este Relator adotou o

entendimento de que os dispositivos da Reforma Trabalhista que

Irresignada, em suas razões recursais, a Reclamante requer, versam sobre honorários advocatícios apenas incidem nas

preliminarmente, seja declarada a inconstitucionalidade do art. 791- demandas ajuizadas após a vigência da Lei 13.467/17, que ocorreu

A, §4º com a consequente exclusão da condenação da verba em 11/11/2017.

honorária. Em caso de manutenção da sucumbência, postula seja

declarada a isenção do pagamento ou a suspensão de sua O C. TST posicionou-se no mesmo sentido na recém editada

exigibilidade, ante o benefício da justiça gratuita. Instrução Normativa n. 41, que, em seu art. 6º assim dispõe:

Ao final, requer seja reduzida a condenação ao valor mínimo legal Art. 6º Na Justiça do Trabalho, a condenação em honorários

de 5%. advocatícios sucumbenciais, prevista no art. 791-A, e parágrafos, da

CLT, será aplicável apenas às ações propostas após 11 de

Esta 1ª Turma, na sessão ordinária realizada no dia 29/10/2019, novembro de 2017 (Lei nº 13.467/2017). Nas ações propostas

resolveu, por unanimidade, suspender o julgamento do presente anteriormente, subsistem as diretrizes do art. 14 da Lei 5.584/1970

processo em virtude do Incidente de Inconstitucionalidade do §4º do e das Súmulas nº 219 e 329 do TST.

art. 791-A, da CLT, suscitado no processo 0000398-

09.2018.5.17.0101, que deverá ser julgado pelo Tribunal Pleno. A presente demanda foi ajuizada em 27/04/2018, logo, sob a égide

da Reforma Trabalhista.

Na sessão ordinária realizada no dia 23/10/2019, o Pleno deste

Regional julgou o Incidente de Arguição de Inconstitucionalidade nº Destarte, são devidos, na espécie, os honorários advocatícios

0000453-35.2019.5.17.0000, declarando a inconstitucionalidade recíprocos, nos termos da nova legislação, in verbis:

parcial do §4º, do art. 791-A, da CLT.

Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão

Assim, considerando o julgamento da matéria pelo Pleno deste devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5%

Tribunal, os autos retornaram à 1ª Turma para prosseguimento do (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o

julgamento dos recursos ordinários interpostos pela Reclamante e valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico

pelas Reclamadas. obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado

da causa.

Analisa-se.

§ 1o Os honorários são devidos também nas ações contra a

Na Justiça do Trabalho, prevalecia o entendimento consubstanciado Fazenda Pública e nas ações em que a parte estiver assistida ou

nas Súmulas n.º 219 e 329 do E. TST segundo o qual, em se substituída pelo sindicato de sua categoria.

tratando de conflito decorrente da relação de emprego, os

honorários advocatícios eram devidos apenas quando preenchidos [...]

os requisitos contidos no art. 14 da Lei n. 5.584/1970.

§ 3o Na hipótese de procedência parcial, o juízo arbitrará honorários

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 828
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de sucumbência recíproca, vedada a compensação entre os nos autos da Arguição de Inconstitucionalidade nº 0000453-

honorários. 35.2019.5.17.0000, declarou a inconstitucionalidade parcial do §4º,

do art. 791-A, da CLT, conforme se depreende da ementa ora

[...] transcrita:

Assim, considerando que a Autora restou totalmente sucumbente "ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. HONORÁRIOS

em alguns pedidos, mantém-se a condenação ao pagamento de ADVOCATÍCIOS. ARTIGO 791-A, § 4º, DA CLT. Declara-se a

honorários advocatícios de sucumbência. inconstitucionalidade parcial do § 4º, do artigo 791-A, da CLT

somente quanto ao trecho: "desde que não tenha obtido em juízo,

Relativamente ao valor dos honorários, devem ser levados em ainda que outro processo, créditos capazes de suportar a despesa",

conta os parâmetros estabelecidos no art. 791-A, §2º, quais sejam: no sentido de que não se possa atingir os créditos deferidos ao

beneficiário da justiça gratuita, ainda que em outro processo, mas

§ 2o Ao fixar os honorários, o juízo observará: tão somente que a verba honorária fique sob condição suspensiva

de exigibilidade, podendo ser executada, se nos 2 (anos)

I - o grau de zelo do profissional; subseqüentes ao trânsito em julgado da decisão que a certificou, o

credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência

II - o lugar de prestação do serviço; de recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-

se, passado esse prazo, tal obrigação do beneficiário".

III - a natureza e a importância da causa;

Com efeito, não se pode olvidar que o crédito trabalhista tem

IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o natureza alimentar e o trabalhador, ao despender sua força de

seu serviço. trabalho em proveito do empregador, não busca senão o seu

próprio sustento e da sua família. Dessa forma, não é compatível

Com alicerce nos critérios supratanscritos, e levando-se em com os direitos constitucionalmente tutelados a compensação das

consideração o equilíbrio econômico entre as partes, entende-se obrigações decorrentes da sucumbência com os créditos do

razoável e proporcional reduzir os honorários devidos pela trabalhador em estado de miserabilidade econômica.

Reclamante para o percentual de 5% dos pedidos julgados

improcedentes. Nesse mesmo sentido é o Enunciado n.o 3, da Comissão 7,

aprovado na 2ª Jornada de Direito Material e Processual do

Por outro lado, a Origem deferiu à obreira o benefício da justiça Trabalho, realizada pela ANAMATRA (Associação Nacional dos

gratuita, e, nesse caso, pela redação do novel § 4º do art. 791-B, as Magistrados da Justiça do Trabalho), entre 9 e 10 de outubro de

obrigações decorrentes da sucumbência ficariam sob condição 2017, in verbis:

suspensiva ou seus valores seriam compensadas com eventuais

créditos obtidos em juízo: HONORÁRIOS E ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA

§ 4° Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha É inconstitucional a previsão de utilização dos créditos trabalhistas

obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de reconhecidos em juízo para o pagamento de despesas do

suportar a despesa, as obrigações decorrentes de sua sucumbência beneficiário da justiça gratuita com honorários advocatícios ou

ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente periais (artigos 791-A, §4º, e 790-B, §4º, da CLT, com a redação

poderão ser executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito dada pela Lei nº 13.467/2017), por ferir os direitos fundamentais à

em julgado da decisão que as certificou, o credor demonstrar que assistência judiciária gratuita e integral, prestada pelo Estado, e à

deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que proteção do salário (artigos 5º. LXXIV, e 7º, X, da Constituição

justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse Federal).

prazo, tais obrigações do beneficiário.

Portanto, nos termos da decisão proferida pelo Pleno deste

Ocorre que o Pleno deste Regional, em recente decisão prolatada Regional, a verba honorária devida pela Autora deverá ficar sob

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 829
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condição suspensiva de exigibilidade e somente poderá ser Analisa-se.

executada se, nos 2 (dois) anos subsequentes ao trânsito em

julgado da decisão que a certificou, o credor demonstrar que deixou De início, frisa-se que, embora a Lei n. 13.467/2017 tenha inserido o

de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a § 7º ao art. 879 da CLT, segundo o qual a atualização dos créditos

concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tal decorrentes de condenação judicial será feita pela TR, referido

obrigação do beneficiário. preceito faz remissão expressa à Lei n. 8.177/1991. Vejamos:

Diante do exposto, dá-se parcial provimento para reduzir os A atualização dos créditos decorrentes de condenação judicial será

honorários devidos pela Reclamante para o percentual de 5% dos feita pela Taxa Referencial (TR), divulgada pelo Banco Central do

pedidos julgados improcedentes, bem como para determinar que a Brasil, conforme a Lei no 8.177, de 1o de março de 1991. (sem

verba honorária devida deva ficar sob condição suspensiva de grifos no original)

exigibilidade e somente poderá ser executada se, nos 2 (dois) anos

subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que a certificou, o Desse modo, percebe-se que a força normativa do § 7º do art. 879

credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência da CLT está subordinada à eficácia do art. 39 da Lei n. 8.177/1991,

de recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo- por expressa disposição legal.

se, passado esse prazo, tal obrigação do beneficiário.

Inclusive, nesse sentido, é o entendimento da 8ª Turma do TST:

AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA.

EXECUÇÃO. CORREÇÃO MONETÁRIA DOS CRÉDITOS

TRABALHISTAS. ÍNDICE APLICÁVEL.Consoante entendimento

adotado pela 8ª Turma, com base na decisão do Tribunal Pleno

desta Corte Superior (TST-ArgInc - 479-60.2011.5.04.0231 e ED-

ArgInc - 479-60.2011.5.04.0231), na correção dos créditos

trabalhistas, aplica-se a TR até 24/3/2015 e o IPCA a partir de

2.3.12. ÍNDICE DE ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. IPCA-E 25/3/2015. Esta Turma considera, ainda, entendimento a que me

submeto por disciplina judiciária, que o art. 879, § 7º, da CLT perdeu

a sua eficácia normativa, em face da declaração de

inconstitucionalidade parcial do art. 39 da Lei nº 8.177/91, na

medida em que o dispositivo da legislação esparsa conferia

conteúdo à norma da CLT, tendo em vista a adoção de fórmula

remissiva pelo legislador. Agravo de instrumento conhecido e não

provido. (TST-AIRR-20869-47.2016.5.04.0014, 8ª Turma, Relatora:

Ministra Dora Maria da Costa, Data da Publicação: 29/03/2019) -

Relativamente à correção monetária, o D. Juízo a quoassim sem grifos no original

estabeleceu:

Com efeito, simplesmente, referido dispositivo é inaplicável em

Para a correção dos valores apurados devem-se respeitar os razão do esvaziamento da sua força normativa, decorrente de

índices adotados pelo TST, bem como a época própria de expressa disposição legal, uma vez que está subordinado à eficácia

exigibilidade das parcelas, qual seja, o mês subsequente ao do art. 39 da Lei n. 8.177/1991.

trabalhado (Súmula 381 do C. TST), uma vez que a pretensão

surge exatamente no primeiro dia do mês seguinte ao trabalhado. Ademais, importante ressaltar que, no dia 10/10/2019, o Pleno

deste Regional declarou a inconstitucionalidade do referido

Em razões recursais, a Reclamante pugna pela aplicação do IPCA- dispositivo (§7º do art. 879 da CLT), nos autos do Processo n.

e como índice de correção monetária. 0000552-39.2018.5.17.0000, de arguição de inconstitucionalidade.

Vejamos:

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 830
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pagos até esta data, a saber: 2.1.) fica mantida a aplicação do

ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DO §7º DO ARTIGO índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança

879 DA CLT. APLICAÇÃO DA TAXA REFERENCIAL (TR) COMO (TR), nos termos da Emenda Constitucional nº 62/2009, até

FATOR DE ATUALIZAÇÃO DOS CRÉDITOS TRABALHISTAS 25.03.2015, data após a qual (i) os créditos em precatórios deverão

DECORRENTES DE CONDENAÇÃO JUDICIAL. No julgamento ser corrigidos pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial

ArgInc - 479-60.2011.5.04.0231, o Tribunal Superior do Trabalho, (IPCA-E) e (ii) os precatórios tributários deverão observar os

acompanhando o entendimento do c. Supremo Tribunal Federal no mesmos critérios pelos quais a Fazenda Pública corrige seus

julgamento da ADI nº. 4357 e do RE 870.947/SE, declarou créditos tributários; e 2.2.) ficam resguardados os precatórios

inconstitucional a atualização dos valores pela Taxa Referencial expedidos, no âmbito da administração pública federal, com base

(TR), índice previsto no artigo 39 da Lei 8.177/1991. Por se tratar de nos arts. 27 das Leis nº 12.919/13 e Lei nº 13.080/15, que fixam o

mera renovação do texto do artigo 39 da Lei nº. 8.177/1991 - cuja IPCA-E como índice de correção monetária.

inconstitucionalidade fora declarada não sob o aspecto formal, mas

sob a ótica material, impõe-se que o §7º do artigo 897 da CLT, Poucos meses depois, em virtude da decisão do STF, o TST

trazido pela Lei nº. 13.467/17, seja expungido do ordenamento acolheu incidente de inconstitucionalidade suscitado por sua 7ª

jurídico, não se coadunando materialmente com o texto da Turma e definiu o Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial

Constituição da República, a qual assegura o direito fundamental de (IPCA-E) como fator de atualização a ser utilizado na tabela de

propriedade e a plena efetividade das decisões judiciais. atualização monetária na Justiça do Trabalho, senão vejamos:

Logo, a discussão acerca da aplicação da TR ou do IPCA-E como ACORDAM os Ministros do Tribunal Superior do Trabalho, em sua

índice de atualização dos créditos judiciais trabalhistas continua composição plenária, I) por unanimidade: a) acolher o incidente de

girando em torno da constitucionalidade do art. 39 da Lei n. inconstitucionalidade suscitado pela eg. 7ª Turma e, em

8.177/1991 e seus desdobramentos junto ao STF e ao TST. consequência, declarar a inconstitucionalidade por arrastamento da

expressão "equivalentes à TRD", contida no caput do artigo 39 da

Pois bem. Esclarecidas as razões da inaplicabilidade do § 7º do art. Lei n° 8.177/91; b) adotar a técnica de interpretação conforme a

879 da CLT, passa-se à análise dos desdobramentos jurídicos do Constituição para o texto remanescente do dispositivo impugnado, a

art. 39 da Lei n. 8.177/1991. preservar o direito à atualização monetária dos créditos trabalhistas;

c) definir a variação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo

No julgamento conjunto das ADI´s 4357, 4372, 4400 e 4425 o Especial (IPCA-E) como fator de atualização a ser utilizado na

Supremo Tribunal Federal declarou que o regime de compensação tabela de atualização monetária dos débitos trabalhistas na Justiça

de precatórios introduzido pela Emenda Constitucional 62/2009 é do Trabalho; II) por maioria, atribuir efeitos modulatórios à decisão,

inconstitucional. que deverão prevalecer a partir de 30 de junho de 2009, observada,

porém, a preservação das situações jurídicas consolidadas

Em seguida, o Excelso Tribunal modulou os efeitos da decisão da resultantes dos pagamentos efetuados nos processos judiciais, em

ADI 4357 conforme transcrição parcial a seguir: andamento ou extintos, em virtude dos quais foi adimplida e extinta

a obrigação, ainda que parcialmente, sobretudo em decorrência da

Concluindo o julgamento, o Tribunal, por maioria e nos termos do proteção ao ato jurídico perfeito (artigos 5º, XXXVI, da Constituição

voto, ora reajustado, do Ministro Luiz Fux (Relator), resolveu a e 6º da Lei de Introdução ao Direito Brasileiro - LIDB), vencida a

questão de ordem nos seguintes termos: 1) - modular os efeitos Excelentíssima Senhora Ministra Dora Maria da Costa, que aplicava

para que se dê sobrevida ao regime especial de pagamento de a modulação dos efeitos da decisão a contar de 26 de março de

precatórios, instituído pela Emenda Constitucional nº 62/2009, por 5 2015; III) por unanimidade, determinar: a) o retorno dos autos à 7ª

(cinco) exercícios financeiros a contar de primeiro de janeiro de Turma desta Corte para prosseguir no julgamento do recurso de

2016; 2) - conferir eficácia prospectiva à declaração de revista, observado o quanto ora decidido; b) a expedição de ofício

inconstitucionalidade dos seguintes aspectos da ação direta de ao Exmo. Ministro Presidente do Conselho Superior da Justiça do

inconstitucionalidade, fixando como marco inicial a data de Trabalho a fim de que determine a retificação da tabela de

conclusão do julgamento da presente questão de ordem atualização monetária da Justiça do Trabalho (tabela única); c) o

(25.03.2015) e mantendo-se válidos os precatórios expedidos ou encaminhamento do acórdão à Comissão de Jurisprudência e de

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 831
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Precedentes Normativos para emissão de parecer acerca da do julgamento do supracitado AIRR, "impõe-se a adoção do IPCA-E

Orientação Jurisprudencial nº 300 da SbDI-1. Ressalvaram o para a atualização dos créditos trabalhistas, não apenas sob a

entendimento os Exmos. Ministros Guilherme Augusto Caputo perspectiva da efetiva recomposição do patrimônio dos credores

Bastos, Alexandre de Souza Agra Belmonte e Maria Helena trabalhistas, mas como medida de estímulo efetivo ao cumprimento

Mallmann. (PROCESSO Nº TST-ArgInc-479-60.2011.5.04.0231). dos direitos sociais por parte de devedores recalcitrantes, que se

valem da Justiça do Trabalho, lamentavelmente, para postergar

Todavia, em 14/10/2015, o Ministro Dias Toffoli, nos autos da indefinidamente suas obrigações".

Reclamação 22012, ajuizada pela Federação Nacional dos Bancos

(Fenaban), proferiu decisão liminar suspendendo os efeitos da Ante o exposto, este Relator, na linha das recentes decisões do

decisão proferida pelo TST, que havia afastado o uso da TRD e Excelso STF e do Colendo TST, modificou o seu posicionamento,

determinado a adoção do índice IPCA-E por meio da "tabela única", passando a entender pela aplicabilidade, na atualização monetária

entendendo que a decisão do TST extrapolou o entendimento fixado dos débitos trabalhistas, do Índice de Preços ao Consumidor Amplo

pelo STF no julgamento das ADI's 4357 e 4425. Especial (IPCA-E).

Frise-se que, após a liminar conferida pelo STF, o próprio TST Assinale-se que o Tribunal Pleno do TST, em sessão de 20 de

retomou o entendimento no sentido de fixar a TRD como índice de março de 2017, apreciando os embargos de declaração opostos em

atualização dos créditos trabalhistas, e, no âmbito deste Regional, o face do acórdão proferido na ArgInc - 479-60.2011.5.04.0231,

Pleno, em sessão de 17/08/2016, no julgamento do Agravo decidiu pela modulação da decisão original, atribuindo efeito

Regimental dos autos nº 0250200-06.1992.5.17.0003, manifestou- modificativo ao julgado, para determinar que a aplicação do IPCA-E,

se nos seguintes termos: "até o julgamento da Reclamação nº como índice de correção dos débitos trabalhistas, produza efeito

22.012/RS, prevalece a Taxa Referencial Diária - TRD como índice somente a partir de 25 de março de 2015, data coincidente com

de correção monetária dos débitos trabalhistas, conforme o art. 39 aquela adotada pelo STF no acórdão prolatado na ADI 4.357:

da Lei 8.177/1991, em face do entendimento adotado pelo Supremo

Tribunal Federal na liminar proferida na referida Reclamação". [...] acolher parcialmente os embargos de declaração opostos pelo

Município de Gravataí e pelo SINDIENERGIA para, dando efeito

Ocorre que em 05/12/2017 a Segunda Turma do STF julgou, em modificativo ao julgado, aplicar a modulação dos efeitos da decisão

análise meritória, improcedente a Reclamação (RCL) 22012, a contar de 25/03/15, que coincide com a data que o Supremo

ajuizada pela Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) contra a Tribunal Federal reconheceu na decisão proferida na Ação

decisão do TST que havia determinado a adoção IPCA-E no lugar Declaratória de Inconstitucionalidade nº 4.357. [...] III) por

da TRD para a atualização de débitos trabalhistas, prevalecendo o unanimidade, em cumprimento à decisão liminar proferida pelo

entendimento de que tal posicionamento não configura desrespeito Supremo Tribunal Federal, na Reclamação nº 22.012, excluir do

ao julgamento das Ações Diretas de Inconstitucionalidade 4357 e acordão originário a determinação de reedição da Tabela Única de

4425, que analisaram a emenda constitucional sobre precatórios. cálculo de débitos trabalhistas, a fim de que fosse adotado o índice

questionado (IPCA-E)

A decisão de improcedência da Reclamação 22012 foi publicada no

DJE nº 288, divulgado em 13/12/2017, data em que foi também Dessa forma, considerando as decisões proferidas tanto pelo STF

julgado, pela 5ª Turma do C. TST, o AIRR 25823- como também pelo C. TST, este Relator entende que os débitos

78.2015.5.24.0091, encampando o atual posicionamento do Excelso trabalhistas em geral devem ser atualizados pela TR até 24/03/2015

Tribunal. e pelo IPCA-E a partir de 25/03/2015.

Com efeito, a aplicação da TR já não se mostrava suficiente para Cumpre salientar o teor do Ofício Circular CSJT.GP.SG nº 15/2018,

recompor a real perda do poder aquisitivo de nossa moeda, de expedido em 11/06/2018, que determina a suspensão da aplicação

forma que a correção dos débitos trabalhistas levando-se em conta do IPCA-E até o trânsito em julgado da decisão da Reclamação

tal parâmetro causava prejuízos aos trabalhadores. Constitucional nº 22.012 ajuizada pela Federação Nacional dos

Bancos em face da decisão do TST na Reclamação Trabalhista nº

Como bem destacou o Min. Douglas Alencar Rodrigues, em trecho 0000479-60.2011.5.04.0231.

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Quanto ao mencionado Ofício, adota-se o entendimento da Exma.

Desembargadora Daniele Corrêa Santa Catarina, em Acórdão

proferido nos autos do processo nº 0124000-62.2008.5.17.0012,

julgado pela 3ª Turma deste Regional na sessão do dia 09/07/2018,

in verbis:

Data máxima vênia o entendimento explicitado no referido ofício,

tenho que, com o julgamento do mérito da Reclamação

Constitucional 22.012 pela c. 2ª Turma do STF, a liminar prolatada

pelo Excelentíssimo Ministro Relator Dias Tofolli, no sentido de

suspender a decisão prolatada nos autos da ArgInc - 479- 3. ACÓRDÃO

60.2011.5.04.0231, perdeu o seu efeito, razão pela qual, ainda que

esteja pendente de julgamento embargos de declaração (visto que

já foi negado provimento em 14.6.2018 pelo Plenário Virtual da

Corte, a agravo regimental interposto), deve prevalecer o decidido

na mencionada Arguição de Inconstitucionalidade.

Cabe assinalar que o Pleno do TRT da 17ª Região, na sessão de

julgamento do dia 11/07/2018, ao examinar o agravo regimental

interposto no processo n. 0157600-06.1991.5.17.0001, por maioria,

adotou o entendimento de que o Ofício Circular CSJT.GP.SG nº

15/2018 deveria ser observado como uma recomendação e que

deveria ser aplicado o IPCA-E a partir de março de 2015.

Por fim, vale ressaltar que embora o STF, em decisão do dia

03/10/2019, no julgamento dos Embargos de Declaração no

Recurso Extraordinário n. 870.947, tenha decidido que também é

aplicável o IPCA-E quanto ao período de 2009 a 2015, referida

decisão se restringe à Fazenda Pública, uma vez que seu objeto é a

atualização monetária dos precatórios. Logo, não se aplica a Acordam os Magistrados da 1ª Turma do Tribunal Regional do

referida decisão ao presente caso, uma vez que o devedor é Trabalho da 17ª Região, na Sessão Ordinária realizada no dia 03 de

particular, ou seja, in casu, não há falar no regime especial dezembro de 2019, às 13 horas e 30 minutos, sob a Presidência do

estabelecido pelo art. 100 da CF.. Exmo. Desembargador Cláudio Armando Couce de Menezes, com

a participação do Exmo. Desembargador Mário Ribeiro Cantarino

Portanto, considerando as decisões proferidas tanto pelo STF como Neto e do Exmo. Desembargador José Carlos Rizk, e presente o

também pelo TST, os débitos trabalhistas em geral devem ser Procurador Regional do Trabalho, Dr. Levi Scatolin; por

atualizados pela TR/FACDT até 24/03/2015 e pelo IPCA-E a partir unanimidade, conhecer dos recursos ordinários interpostos pela

de 25/03/2015, para que seja resguardada a segurança jurídica. Reclamante e pelas Reclamadas; acolher a preliminar suscitada

pela Autora para, nos termos do acórdão proferido no bojo do

Ante todo o exposto, dá-se parcial provimento para determinar que Incidente de Arguição de Inconstitucionalidade nº 0000453-

os débitos trabalhistas devam ser atualizados pela TR até 35.2019.5.17.0000, declarar a inconstitucionalidade parcial do §4º,

24/03/2015 e pelo IPCA-E a partir de 25/03/2015. do art. 791-A, da CLT; em virtude da prejudicialidade das matérias,

inverter a ordem e apreciar em primeiro lugar o mérito do recurso

ordinário interposto pelas Reclamadas; e, no mérito, por maioria,

dar parcial provimento ao apelo patronal para determinar a

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devolução do valor adiantado pelas Reclamadas a título de Relator

honorários periciais; e dar parcial provimento ao apelo obreiro para

determinar a devolução do valor adiantado pela Reclamante a título

de honorários periciais; para afastar a limitação da condenação até

02/04/2017, autorizando-se a dedução dos valores pagos a idêntico

título, sob pena de enriquecimento ilícito; para condenar as

Reclamadas no pagamento das verbas "Auxílio Refeição" e "Ajuda

Alimentação", na forma das convenções coletivas da categoria dos

financiários, autorizando-se a dedução das parcelas pagas a

idêntico título; para condenar as Reclamadas no reembolso dos

valores indevidamente descontados a título de auxílio-alimentação e

assistência médica; para excluir a condenação da Autora em multa

por litigância de má-fé; para reduzir os honorários devidos pela

Reclamante para o percentual de 5% dos pedidos julgados

improcedentes, bem como para determinar que a verba honorária

devida deva ficar sob condição suspensiva de exigibilidade e

somente poderá ser executada se, nos 2 (dois) anos subsequentes Acórdão
Processo Nº ROT-0000356-66.2018.5.17.0001
ao trânsito em julgado da decisão que a certificou, o credor Relator JOSE CARLOS RIZK
demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de RECORRENTE ALESSANDRA VENTURIN AYRES
ADVOGADO RODRIGO JORGE DE BRITO
recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se, ANTUNES(OAB: 15628/ES)
passado esse prazo, tal obrigação do beneficiário; para determinar RECORRIDO DACASA FINANCEIRA S/A -
SOCIEDADE DE CREDITO
que os débitos trabalhistas devam ser atualizados pela TR até FINANCIAME
ADVOGADO STEFANY VIGUINI FERREIRA(OAB:
24/03/2015 e pelo IPCA-E a partir de 25/03/2015. Vencido, no 25856/ES)
recurso da reclamada, no tocante ao enquadramento; no recurso do ADVOGADO FLAVIA QUINTEIRA MARTINS(OAB:
8973/ES)
reclamante, quanto à limitação da condenação; quanto ao auxílio RECORRIDO DADALTO ADMINISTRACAO E
PARTICIPACOES S/A
alimentação e no tocante à devolução dos descontos, o Exmo.
ADVOGADO STEFANY VIGUINI FERREIRA(OAB:
Desembargador Mário Ribeiro Cantarino Neto. 25856/ES)
ADVOGADO FLAVIA QUINTEIRA MARTINS(OAB:
8973/ES)
Custas, pelas Reclamadas, no importe de R$ 300,00 (trezentos RECORRIDO PROMOV SISTEMA DE VENDAS E
SERVICOS LTDA
reais), calculadas sobre R$ 15.000,00 (quinze mil reais), valor para ADVOGADO STEFANY VIGUINI FERREIRA(OAB:
25856/ES)
o qual se majora a condenação.
ADVOGADO FLAVIA QUINTEIRA MARTINS(OAB:
8973/ES)
TERCEIRO ROBERVANDERSON ALVES
INTERESSADO
TERCEIRO CINTIA MARIA COUTINHO
INTERESSADO

Intimado(s)/Citado(s):
- CINTIA MARIA COUTINHO

PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA DO TRABALHO

DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK

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PROCESSO nº 0000356-66.2018.5.17.0001 (ROT)

RECORRENTES: ALESSANDRA VENTURIN AYRES; DACASA

FINANCEIRA S/A - SOCIEDADE DE CREDITO FINANCIAME; RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMANTE. ÍNDICE DE

DADALTO ADMINISTRACAO E PARTICIPACOES S/A; PROMOV ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. IPCA-E. Considerando as decisões

SISTEMA DE VENDAS E SERVICOS LTDA. proferidas tanto pelo STF como também pelo C. TST, este Relator

entende que os débitos trabalhistas em geral devem ser atualizados

RECORRIDOS: ALESSANDRA VENTURIN AYRES; DACASA pela TR até 24/03/2015 e pelo IPCA-E a partir de 25/03/2015.

FINANCEIRA S/A - SOCIEDADE DE CREDITO FINANCIAME;

DADALTO ADMINISTRACAO E PARTICIPACOES S/A; PROMOV

SISTEMA DE VENDAS E SERVICOS LTDA.

ORIGEM: 1ª VARA DO TRABALHO DE VITÓRIA

RELATOR: DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK

COMPETÊNCIA: 1ª TURMA

1. RELATÓRIO

EMENTA Trata-se de recursos ordinários interpostos pela Reclamante e pelas

Reclamadas em face da r. sentença de Id. a51baff, complementada

pela decisão de embargos declaratórios de Id. 5fa562c, que

declarou prescritas as pretensões originadas antes de 27/04/2013 e

julgou parcialmente procedentes os pedidos formulados na inicial

para reconhecer o vínculo direto com o 1ª Réu no período de

18/03/2004 a 05/06/2018 e o enquadramento da Autora como

financiária; condenar as Rés no pagamento dos benefícios

convencionais da categoria, diferenças salariais com base nos

RECURSO ORDINÁRIO DAS RECLAMADAS. índices de reajustes previstos nas normas coletivas, anuênios,

ENQUADRAMENTO. FINANCIÁRIO. O enquadramento sindical décima terceira cesta alimentação e PLR. Por fim, condenou a

dos empregados é determinado pela atividade preponderante do Reclamante a pagar multa por litigância de má-fé de 5% sobre o

empregador, nos termos do art. 511, §º2, da CLT. Portanto, em se valor da causa, com fulcro no art. 793-C da CLT; deferiu à Autora os

tratando de empregador que exerce atividade preponderante no benefícios da justiça gratuita e condenou as partes no pagamento

ramo das financeiras, integrando a categoria econômica das de honorários advocatícios recíprocos no percentual de 12%.

empresas de crédito, financiamento e investimento, aplicam-se aos

seus empregados os instrumentos coletivos da categoria dos Em razões recursais, a Reclamante requer, preliminarmente, a

financiários. declaração de inconstitucionalidade do art. 790-B, caput e §4º, bem

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como do art. 791-A, §4º, ambos da CLT; no mérito, pugna pela

reforma da sentença no tocante à nulidade da dispensa, danos

morais, devolução dos honorários periciais, período delimitado,

horas extraordinárias, intervalo intrajornada, intervalo do art. 384 da

CLT, verbas alimentares, devolução dos descontos indevidos, multa

por litigância de má-fé; honorários advocatícios sucumbenciais e

aplicação do IPCA-E como índice de correção monetária.

Por sua vez, as Reclamadas, em suas razões de recurso, pleiteiam

a modificação do decisioquanto aos honorários periciais,

terceirização ilícita e benefícios da norma coletiva.

Comprovado recolhimento das custas processuais (Id. 60d373f),

bem como do depósito recursal (Id. edaa610).

2.1. CONHECIMENTO

Contrarrazões pelas Reclamadas ao Id. 84446fc.

Contrarrazões pelas Rés ao Id. 16cbf43.

Esta 1ª Turma, na sessão ordinária realizada no dia 29/10/2019,

resolveu, por unanimidade, suspender o julgamento do presente

processo em virtude do Incidente de Inconstitucionalidade do §4º do

art. 791-A, da CLT, suscitado no processo 0000398-

09.2018.5.17.0101, que deverá ser julgado pelo Tribunal Pleno. Conhece-se dos recursos ordinários interpostos pela Reclamante e

pelas Reclamadas, porquanto preenchidos os pressupostos legais

Na sessão ordinária realizada no dia 23/10/2019, o Pleno deste de admissibilidade.

Regional julgou o Incidente de Arguição de Inconstitucionalidade nº

0000453-35.2019.5.17.0000, declarando a inconstitucionalidade Registre-se que a presente ação foi ajuizada em 27/04/2018, após a

parcial do §4º, do art. 791-A, da CLT. entrada em vigor da Lei 13.467/17 (Lei da Reforma Trabalhista) e

que a Origem declarou a prescrição das parcelas anteriores a

Assim, considerando o julgamento da matéria pelo Pleno deste 27/04/2013, não havendo recurso quanto ao aspecto.

Tribunal, os autos retornaram à 1ª Turma para prosseguimento do

julgamento dos recursos ordinários interpostos pela Reclamante e

pelas Reclamadas.

É o relatório.

2.2. INCONSTITUCIONALIDADE DO ARTIGO 791-A, § 4º, DA

CLT

2. FUNDAMENTAÇÃO

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se, passado esse prazo, tal obrigação do beneficiário".

Assim, considerando o julgamento da matéria pelo Pleno deste

Tribunal, os autos retornaram à 1ª Turma para prosseguimento do

A Origem, na r. sentença, julgou parcialmente procedentes os julgamento dos recursos ordinários interpostos pela Reclamante e

pedidos formulados na inicial e condenou as partes no pagamento pelas Reclamadas.

de honorários advocatícios recíprocos no percentual de 12%.

Ante o exposto, nos termos do acórdão proferido no bojo do

Em razões recursais, a Reclamante requer, preliminarmente, seja Incidente de Arguição de Inconstitucionalidade nº 0000453-

declarada a inconstitucionalidade do art. 790-B, capute §4º, bem 35.2019.5.17.0000, declara-se a inconstitucionalidade parcial do

como do art. 791-A, §4º, ambos da CLT. §4º, do art. 791-A, da CLT.

Pois bem. Em virtude da prejudicialidade das matérias, inverte-se a ordem e

aprecia-se em primeiro lugar o mérito do recurso ordinário

De início, cumpre registrar que a Reclamante não tem interesse interposto pelas Reclamadas.

quanto à declaração de inconstitucionalidade do art. 790-B, da CLT,

uma vez que não foi realizada perícia nos autos, inexistindo,

consequentemente, condenação em honorários periciais.

Verifica-se, assim, que o apelo Obreiro abarca apenas a discussão

acerca da inconstitucionalidade do art. art. 791-A, §4º, da CLT.

Esta 1ª Turma, na sessão ordinária realizada no dia 29/10/2019,

resolveu, por unanimidade, suspender o julgamento do presente

processo em virtude do Incidente de Inconstitucionalidade do §4º do

art. 791-A, da CLT, suscitado no processo 0000398-

09.2018.5.17.0101, que deverá ser julgado pelo Tribunal Pleno.

Na sessão ordinária realizada no dia 23/10/2019, o Pleno deste

Regional julgou o Incidente de Arguição de Inconstitucionalidade nº

0000453-35.2019.5.17.0000, declarando a inconstitucionalidade

parcial do §4º, do art. 791-A, da CLT, conforme se depreende da

ementa ora transcrita:

"ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. HONORÁRIOS

ADVOCATÍCIOS. ARTIGO 791-A, § 4º, DA CLT. Declara-se a

inconstitucionalidade parcial do § 4º, do artigo 791-A, da CLT

somente quanto ao trecho: "desde que não tenha obtido em juízo,

ainda que outro processo, créditos capazes de suportar a despesa",

no sentido de que não se possa atingir os créditos deferidos ao

beneficiário da justiça gratuita, ainda que em outro processo, mas

tão somente que a verba honorária fique sob condição suspensiva

de exigibilidade, podendo ser executada, se nos 2 (anos)

subseqüentes ao trânsito em julgado da decisão que a certificou, o

credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência 2.2. MÉRITO DO RECURSO ORDINÁRIO INTERPOSTO PELAS

de recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo- RECLAMADAS

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a Secretaria liberasse os honorários prévios em favor do perito.

Considerando que a perícia não foi realizada, diante da ausência da

Reclamante e reiterados pedidos de adiamento, deve ser autorizada

a devolução do valor à Reclamada, conforme requerido.

Dá-se provimento para determinar a devolução do valor adiantado

pelas Reclamadas a título de honorários periciais.

2.2.1. DEVOLUÇÃO DOS HONORÁRIOS PERICIAIS

ADIANTADOS. PERÍCIA NÃO REALIZADA.

2.2.2. ENQUADRAMENTO SINDICAL. FINANCIÁRIOS.

Na audiência realizada em 20/08/2018, a Origem determinou a

realização de perícia técnica para verificação da alegada

incapacidade laborativa da Autora no momento da rescisão Na inicial, a Reclamante relatou que foi admitida pela 1ª Reclamada

contratual. Na ocasião, prontificou-se a Reclamante a realizar a (Dacasa Financeira S.A. - Sociedade de Crédito, Financiamento e

antecipação de honorários no importe de R$ 400,00. Investimentos) em 18/03/2004, para exercer inicialmente a função

de "analista/Especialista de Crédito", tendo sido imotivadamente

Ante a recusa de 3 (três) peritos médicos nomeados, o d. Juízo a dispensada em 05/06/2018, quando percebia remuneração de R$

quodesignou nova audiência, ocasião em que a Reclamada se 3.785,00(três mil, setecentos e oitenta e cinco reais).

comprometeu a antecipar o valor de R$ 600,00, a titulo de

honorários periciais. Sustentou que, embora tenha prestado serviços exclusivos e

ininterruptos à 1ª Ré durante todo o contrato de trabalho, teve sua

No entanto, em razão dos reiterados pedidos de adiamento da CTPS formalmente registrada pelas empresas do mesmo grupo

perícia pela Autora, a Origem tornou prejudicada a realização da econômico da seguinte forma: de 18/03/2004 a 31/10/2008 pela 3ª

prova técnica. Ré (Promov Sistema de Vendas e Serviços Ltda.); de 01/11/2008 a

02/04/2017 pela 2ª Reclamada (Dadalto Administração e

Em suas razões recursais, requerem as Reclamadas a devolução Participações Ltda.); de 03/04/2017 a 05/06/2018 pela 1ª

dos valores de honorários periciais adiantados, sob pena de Demandada.

enriquecimento ilícito.

Assim, sob o fundamento de que sempre prestou serviços em favor

Analisa-se. da 1ª Reclamada, que atua desempenhando atividades típicas de

Financeira, requereu seu enquadramento como "financiária", com a

O d. Juízo a quo determinou que, por ocasião da entrega do laudo, consequente aplicação da norma coletiva correspondente.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 838
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a tese de que é lícita a terceirização ou qualquer outra forma de

Em contestação conjunta de ID. 2f8e1c4, as Reclamadas alegaram divisão do trabalho entre pessoas jurídicas distintas,

que a Reclamante, durante o período imprescrito, laborou em duas independentemente do objeto social das empresas envolvidas, não

situações distintas, inicialmente vinculada à Promov, exercendo se configurando relação de emprego entre a contratante e o

atividade meio da tomadora e, posteriormente, a partir de empregado da contratada e mantida a responsabilidade subsidiária

03/04/2017, à própria Dacasa, sendo então enquadrada como da empresa contratante.

financiária.

De igual forma, estabeleceu que essa diretriz não afeta

Argumentaram que, do período imprescrito até 03/04/2017, a Autora automaticamente os processos e relação aos quais tenha havido

ocupava a função de coordenadora de crédito, atuando na gestão coisa julgada.

de sua equipe de analistas, que, por sua vez, executavam o

processo de checagem do cadastro e das referências pessoais do Porém, o comando supramencionado não afeta o presente

cliente via atendimento por contatos telefônicos e consulta a bancos processo, uma vez que seu objeto não é sobre terceirização de mão

de dados externos. de obra, tampouco houve referência, na sentença objurgada, acerca

da aplicação da Súmula nº 331 do Tribunal Superior do Trabalho.

Afirmaram que, por tal motivo, a Reclamante foi registrada pela

Promov, empresa prestadora de serviços, notoriamente pertencente Explica-se.

à categoria diferenciada representada pelo Sindicato dos

Trabalhadores em Telecomunicações - SINTTEL-ES. Conforme inteligência dos artigos 511 e 581, § 2º, da CLT, o

enquadramento sindical dos trabalhadores é ditado pela atividade

A Origem, reconhecendo a fraude na contratação da Autora por preponderante da empresa para a qual o obreiro presta labor.

empresa terceirizada do mesmo grupo econômico, reconheceu o

vínculo direto com a 1ª Reclamada no período de 18/03/2004 a No caso dos autos, a Reclamante foi inicialmente registrada pela 3ª

05/06/2018 e o enquadramento da Reclamante como financiária, Reclamada, no período entre 18/03/2004 a 31/10/2008, pela 2ª

nos termos da Súmula nº 33 deste Regional, com o consequente Demanda, de 01/11/2008 a 02/04/2017 e finalmente pela 1ª Ré, de

deferimento dos benefícios da categoria. 03/04/2017 a 05/06/2018.

Irresignadas, recorrem as Reclamadas, alegando que o acordo Ocorre que, conforme admitido pelas próprias Rés em contestação

extrajudicial acostado aos autos não reconhece o enquadramento conjunta, durante todos os pactos laborais, a Autora prestou

da Reclamante como funcionária, mas apenas a quitação do objeto serviços em favor da 1ª Reclamada (Dacasa Financeira S.A. -

da ação civil pública. Sociedade de Crédito, Financiamento e Investimentos), empresa do

mesmo grupo econômico das demais, cujo objeto social consiste

Além disso, ressaltam que, mesmo que se considere contratação "na prática de todas as operações permitidas nas disposições legais

direta pela 1ª Reclamada, a Autora não deveria ser enquadrada regulamentares às entidades da espécie" (Id. 5ee15dd).

como financiária, tendo em vista que estão presentes os requisitos

da categoria profissional diferenciada dos telefônicos. Aliás, como o próprio nome já indica, é de conhecimento notório que

a primeira reclamada - DACASA - funciona no mercado como uma

Por fim, aduzem que não há qualquer ilicitude na terceirização empresa prestadora de crédito e financiamento ao público.

perpetrada por empresas do mesmo grupo econômico, inexistindo,

portanto, impedimento legal ou jurisprudencial para que uma Para sustentar tal afirmação, verifica-se no sítio eletrônico da citada

empresa preste serviços a outra. empresa (http://www.dacasa.com.br Acesso em: 23/09/2019) que a

mesma é especializada em empréstimo pessoal, empréstimo

Analisa-se. consignado, crédito ao consumidor e ainda disponibiliza para seus

clientes um cartão de crédito com bandeira própria.

Inicialmente, cumpre salientar que o Supremo Tribunal Federal, no

julgamento conjunto da ADPF 324 e RE 958252, por maioria, firmou Notório, portanto, que a Dacasa Financeira, empresa para a qual a

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Reclamante efetivamente prestava seus serviços, é

estabelecimento pertencente ao ramo financeiro, tendo como Além disso, não há provas nos autos que confirmem uma prestação

principal objetivo social a concessão de crédito para pessoas físicas de serviços da obreira que seja desvinculada das atividades

ou jurídicas, inclusive administrando seu próprio cartão de crédito, e financeiras, ainda que não seja ela a responsável por qualquer

cobrando juros nas transações efetuadas. aprovação final de créditos.

Tendo em vista que restou demonstrado que a autora prestava Assim, tratando-se de empresa que exerce sua atividade

serviços voltados unicamente à primeira reclamada - DACASA, são preponderante no ramo das financeiras (concessão de crédito para

as atividades desta que se apresentam como definitivas para o pessoas físicas ou jurídicas, administração de cartão de crédito e

deslinde da causa, sendo, pois, patente a condição de financiária cobrança de juros nas transações efetuadas), a 1ª Reclamada

pleiteada pela autora. efetivamente integra a categoria econômica das empresas de

crédito, financiamento e investimento. Portanto, a Reclamante

Insta frisar, nesta oportunidade, que o E. TST consolidou seu integra a categoria profissional correlata (artigo 511, § 2º da CLT),

entendimento, no verbete sumular n. 55, que "as empresas de qual seja a dos trabalhadores em instituições financeiras.

crédito, financiamento ou investimento, também denominadas

financeiras, equiparam-se aos estabelecimentos bancários para No aspecto, importante registrar que, embora a Autora não tenha

efeitos do art. 224 da CLT". comparecido à audiência em que deveria depor, os efeitos da

confissão aplicada não alteram a conclusão ora esposada, uma vez

Esclarece-se, por oportuno, que não deve lograr êxito a tese no que baseada na prova pré-constituída dos autos.

sentido de que deve ser aplicada, in casu, as Súmulas n. 117 e 331,

inciso III do TST sob o argumento de que a Reclamante fazia parte Reconhecida a condição de financiária da autora, devem ser a ela

da categoria dos comerciários ou telefônicos, ou mesmo aplicadas as normas coletivas próprias da respectiva categoria,

terceirizada. Isso porque as atividades realizadas pela autora sendo devidos os benefícios convencionados.

possuíam ligação direta à atividade fim da financeira, conforme se

extrai da própria peça defensiva, in verbis: Vale registrar, nesta oportunidade, que a questão em tela é objeto

de Ação Civil Pública, ajuizada pelo Ministério Público do Trabalho,

"No período imprescrito, a Reclamante ocupou a função de tombada sob o n. 0003200-32.2008.5.17.0003.

COORDENADORA DE CRÉDITO, atuando na gestão de sua

equipe de analistas, que por sua vez executam o processo de A sentença foi favorável ao Órgão Ministerial, no sentido de declarar

checagem do cadastro e das referências pessoais do cliente, dentre a ilegalidade da conduta da empresa Dacasa Financeira S.A. em

eles clientes de lojistas diversos (tais como PALLADIUM, efetivar a contratação de empregados por meio de outra empresa

ELETROCITY, DANÚBIO, ALVOMAC, BOROTO CALÇADOS, do grupo econômico.

ITAPUÃ CALÇADOS, etc.), via atendimento por contatos telefônicos

e consulta a bancos de dados externos, informando acerca da O referido decisumcondenou a empresa a proceder ao registro

liberação do crédito pretendido dentro da alçada de aprovação competente de todos os trabalhadores que lhe prestam serviços e a

previamente definida, verificando a eventual restrição em órgãos de cumprir as normas previstas no artigo 224 da CLT, nos termos da

proteção mediante a utilização dos sistemas disponíveis, Súmula n. 55 do TST, com relação a todos os seus empregados.

observando as regras de atendimento ao cliente preconizadas pela

Norma Regulamentadora 17 do Ministério do Trabalho e Emprego. A empresa interpôs recurso ordinário, que restou desprovido. Após,

apresentou recurso de revista que teve seu seguimento denegado

Assim, a Reclamante era responsável por fazer o acompanhamento por deserto, e interpôs agravo de instrumento, tendo o TST negado

da qualidade de atendimento dos analistas, identificando formas de provimento a esse recurso.

garantir melhoras no trabalho executado pela sua equipe,

planejando estratégias, definindo diretrizes do trabalho, aplicando Portanto, repise-se, não se trata de mera terceirização, mas fraude

punições e conduzindo a observância das normas da empresa de registro de empregados. O debate nos presentes autos não está

pelos colaboradores". relacionado com a intermediação de mão de obra por empresa

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interposta, mas sim na fraude na formalização da mão de obra 2.3. MÉRITO DO RECURSO ORDINÁRIO INTERPOSTO PELA

utilizada pelas empresas que formam o grupo econômico. RECLAMANTE

Aqui não se está a dizer que a autora faria jus aos efeitos da coisa

julgada formal da ação retromencionada. O que se demonstra é que

a dinâmica de absorção da mão de obra levada a efeito permanece.

Se o grupo econômico pretende se utilizar de mão de obra dentre

as empresas do próprio grupo, somente pode fazê-lo sem

desrespeitar os direitos da categoria profissional.

Não custa relembrar que são nulos de pleno direito os atos

praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a

aplicação dos preceitos Consolidados, bem como que a alteração

na estrutura jurídica da empresa não pode afetar os direitos

adquiridos pelos seus empregados (artigos 9º e 10 da CLT).

2.3.1. NULIDADE DA DISPENSA. INAPTIDÃO NO MOMENTO DA

Nesse passo, a utilização da Promov com o efeito de registro de RESCISÃO

empregados a fim de utilizá-los pela Dacasa Financeira significa

fraudar o enquadramento profissional de fato e, com isso, sonegar

os direitos previstos nas convenções coletivas dos financiários,

plenamente aplicáveis àqueles trabalhadores, gerando para o grupo

inequívoco enriquecimento sem causa e em detrimento dos

legítimos direitos da categoria.

Portanto, tem-se por consubstanciada fraude na formalização da

mão de obra utilizada pelas empresas que formam o grupo Na petição inicial, a Reclamante relatou que foi admitida pela 1ª

econômico, demonstrando a continuidade da prática antijurídica que Reclamada (Dacasa Financeira S.A. - Sociedade de Crédito,

se pretendeu obstar por meio da ação civil pública 0003200- Financiamento e Investimentos) em 18/03/2004, para exercer

32.2008.5.17.0003. inicialmente a função de "analista/Especialista de Crédito", tendo

sido imotivadamente dispensada em 07/03/2018, quando percebia

Por todo exposto, tem-se que a Origem agiu com propriedade ao remuneração de R$ 3.785,00(três mil, setecentos e oitenta e cinco

reconhecer a condição de financiária da autora, pelo que a sentença reais).

deve ser mantida e, por corolário lógico, a manutenção dos

benefícios contidos nos instrumentos coletivos dos financiários. Afirmou que foi dispensada enquanto estava acometida por doença

grave, Neuromielite Óptica (Doença de Devic), CID G36.0, estando,

Nega-se provimento. portanto, inapta para o trabalho.

Informou que referida enfermidade foi diagnosticada em 31/10/2015

e que desde então está sob constante tratamento e observação

médica, conforme comprovam os documentos juntados com a

inicial.

Ressaltou que não poderia ter sido considerada apta no momento

da demissão, pelo que deveria ter sido encaminhada ao INSS com

a consequente suspensão do seu contrato de trabalho.

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existência de nexo de causalidade entre a doença ou a lesão

Sob tais fundamentos, requereu "a nulidade do ato demissional nos apresentada pelo obreiro com sua atividade profissional, em razão

termos do art. 9° da CLT, por dispensa discriminatória de da função social que a empresa possui, não é permitido ao

trabalhadora doente e inapta, nos termos da Súmula n° 443 do TST, empregador dispensar o empregado que esteja inapto ao trabalho.

declarando-se o direito à reintegração de emprego".

Desse modo, faz-se necessário analisar se a Reclamante, na data

Em defesa conjunta, as Reclamadas aduziram que não restou da dispensa, estava apta para trabalhar, ou se foi acometida por

demonstrada a incapacidade da Reclamante para o trabalho no alguma doença antes ou após a rescisão do contrato de emprego.

momento da dispensa.

Na audiência realizada em 20/08/2018, a Origem determinou a

Alegaram, ainda, que não há qualquer comprovação de que a realização de perícia técnica para verificação da alegada

doença portada pela Autora seja qualificada como grave e que incapacidade laborativa da Autora por ocasião da rescisão

suscite estigma ou preconceito, requisitos cumulativos estipulados contratual.

pela Súmula nº 443 do TST.

Entretanto, designada a perícia, a Reclamante postulou reiterados

A Origem, na r. sentença, julgou improcedente o pedido, adotando adiamentos, sob o fundamento de que seu marido sofreu acidente

osseguintes fundamentos: em viagem fora do país, lesionando seriamente a perna esquerda,

sem a possibilidade de embarcar em voo internacional, de forma

A autora, sem justificativa comprovada, deu azo à não realização da que ela, como única acompanhante, tampouco poderia retornar ao

prova técnica determinada para verificação da sua incapacidade Brasil.

laborativa por ocasião da rescisão.

Ocorre que, embora a Autora tenha demonstrado, por meio de

Assim, não comprovada tal situação, rejeita-se o pleito de declarações do Hospital, que seu esposo de fato sofreu acidente no

reconhecimento de nulidade da dispensa e consequente dia 04/11/2018, não há comprovação de que ele estava

reintegração. impossibilitado de realizar viagem internacional, devendo

permanecer em Portugal.

Rejeita-se também, por consequência, ao pleito de indenização por

danos morais. Além disso, conforme requerimento de novo adiamento ao Id.

1084ede, o emailenviado pelo marido da Autora ao escritório de

Em razões recursais, a Reclamante pugna pela reforma da advocatícia aponta justificativa diversa para o pedido, dessa vez

sentença, sob o fundamento de que, além das ausências às uma suposta crise da doença da trabalhadora, cuja única prova nos

perícias designadas terem sido devidamente justificadas, a causa autos é uma "declaração de presença" em Hospital,

do pedido já se encontrava sobejamente comprovada pelos desacompanhada de qualquer laudo médico.

documentos médicos que instruem a exordial.

Diante desse quadro, agiu corretamente a Origem ao não acatar

Analisa-se. novo pedido de adiamento de audiência ou perícia, tornando

prejudicada a realização da prova técnica.

Compulsando os autos, verifica-se que o pedido Autoral de

reintegração ao emprego pode ser amparado em duas causas de Por outro lado, observa-se que, embora os documentos juntados

pedir: nulidade da dispensa em razão da inaptidão física da com a inicial comprovem que a Reclamante possua quadro

Reclamante na época da rescisão do contrato de trabalho e recorrente de mielite longitudinalmente extensa e episódio prévio de

dispensa discriminatória. neurite óptica compatíveis com Neuromielite Óptica (NMO), com

sintomas iniciados em agosto de 2015 (Id. ac3932d), não há nos

No que tange ao pedido de reintegração fundado na alegação de autos comprovação de que, no momento da dispensa, a

que a Reclamante estava inapta no momento da dispensa, este trabalhadora estava inapta para o trabalho.

Relator mantém o entendimento de que, independentemente da

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No aspecto, é importante frisar que ser portador de doença não Aliás, a Lei nº 9.029, de 13 de abril de 1995, proíbe a adoção de

implica, necessariamente, estar inapto ao labor, tendo em vista que qualquer prática discriminatória e limitativa para efeito de acesso à

nem toda doença é incapacitante. relação de trabalho, ou de sua manutenção.

Assim, embora a Reclamante de fato tenha sido diagnosticada, Acerca do tema, o C. TST sumulou o seguinte entendimento:

desde 2015, com possível Neuromielite Óptica (NMO), os

elementos constantes dos autos não logram comprovar que no Súmula nº 443: DISPENSA DISCRIMINATÓRIA. PRESUNÇÃO.

momento da dispensa a obreira encontrava-se inapta ao labor. EMPREGADO PORTADOR DE DOENÇA GRAVE. ESTIGMA OU

PRECONCEITO. DIREITO À REINTEGRAÇÃO Presumese

Com a inicial, a Autora juntou apenas receituários, exames e alguns discriminatória a despedida de empregado portador do vírus HIV ou

laudos médicos indicando a enfermidade que a acometeu, de outra doença grave que suscite estigma ou preconceito. Inválido

inexistindo qualquer documento que demonstre que, no dia o ato, o empregado tem direito à reintegração no emprego.

07/03/2018, data da comunicação da dispensa, a obreira estivesse

inapta. No presente caso, não se enquadrando a moléstia da Obreira

dentre as patologias que, no entendimento do TST (conforme

Ressalte-se que tampouco consta dos autos atestado médico Súmula 443, supratranscrita), autorizam a presunção de

declarando a necessidade de afastamento da obreira nos dias que discriminação, cumpria à Reclamante comprovar que a despedida

antecederam a dispensa. Apenas em 23/08/2018, ou seja, 15 dias efetivamente derivou do fato de ela supostamente estar doente,

depois da dispensa, como alegado pela própria Reclamante e ônus do qual, contudo, não se desincumbiu.

comprovado pelo documento de Id. cb49858 houve novo surto da

doença. Com efeito, conforme alegado pela própria Autora, a Reclamada

tinha conhecimento do seu quadro de saúde desde o diagnóstico da

Por tudo isso, inafastável a conclusão de que a Obreira não logrou doença em meados de 2015, sendo que a dispensa ocorreu apenas

êxito em comprovar qualquer inaptidão no momento da dispensa, em março de 2018, o que enfraquece a tese de despedida

não merecendo acolhida seu pedido de reintegração, com base discriminatória.

nessa causa de pedir.

Não há quaisquer provas de que a empregadora tenha atuado com

Já em relação à dispensa discriminatória, faz-se necessário tecer o objetivo retaliação ou de segregar a Obreira do convívio com os

algumas considerações preliminares. demais empregados ou, ainda, de se esquivar do cumprimento de

suas obrigações contratuais.

No ordenamento jurídico pátrio, a possibilidade de dispensa não

motivada do empregado é contemplada como um exercício O conjunto probatório acostado aos autos inclusive aponta para

unilateral da vontade do empregador, apresentando-se como um sentido oposto, já que diante de sua enfermidade e tratamento

direito potestativo deste. médico, a empresa estendeu o plano de saúde por 11 (onze) meses

depois da dispensa.

Todavia, o exercício desse direito potestativo não é irrestrito,

porquanto sofre limitações, especialmente tendo em vista os Ante o exposto, patente o entendimento no sentido de que a

princípios basilares do Estado Democrático de Direito, que tem Reclamante não se desincumbiu a contento de seu ônus da prova

como fundamentos a dignidade da pessoa humana e o valor social (artigo 818, da CLT, e 373, do CPC/2015), também no aspecto.

do trabalho (art. 1º, inciso III e IV, da CF).

Não há falar, pois, em nulidade da despedida por nenhum dos dois

A Constituição Federal veda, ainda, toda e qualquer forma de fundamentos, permanecendo incólume a r. sentença.

discriminação, em seu artigo 3º, inciso IV, além de estabelecer, em

seu art. 7º, inciso I, a proteção da relação de emprego contra a Nega-se provimento.

despedida arbitrária.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 843
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demissão discriminatória.

Analisa-se.

Conforme fundamentação exposta no item 2.3.1. supra, foi mantida

a r. sentença, que reconheceu a legalidade da dispensa efetuada,

por ausência de incapacidade laboral no momento do rompimento

2.3.2. DANOS MORAIS do contrato e de dispensa discriminatória.

Assim sendo, por conseguinte, devem ser julgado improcedente o

pedido consectário de danos morais.

Nega-se provimento.

Na peça vestibular, a Reclamante relatou que foi admitida pela 1ª

Reclamada (Dacasa Financeira S.A. - Sociedade de Crédito,

Financiamento e Investimentos) em 18/03/2004, para exercer

inicialmente a função de "analista/Especialista de Crédito", tendo

sido imotivadamente dispensada em 05/06/2018, quando percebia

remuneração de R$ 3.785,00(três mil, setecentos e oitenta e cinco

reais). 2.3.3. DEVOLUÇÃO DOS HONORÁRIOS PERICIAIS

Afirmou que foi dispensada enquanto estava acometida por doença

grave, Neuromielite Óptica (Doença de Devic), CID G36.0, estando,

portanto, inapta para o trabalho.

Aduziu que a Reclamada praticou ato ilícito ao impedir sua

recolocação no mercado de trabalho, diante de sua inaptidão,

fazendo com que se sentisse descartável depois de quatorze anos

de contrato. Na audiência realizada em 20/08/2018, a Origem determinou a

realização de perícia técnica para verificação da alegada

Assim, sob o fundamento de que a Ré feriu bens extrapatrimoniais incapacidade laborativa da Autora no momento da rescisão

como a honra e a dignidade da pessoa humana, requereu uma contratual. Na ocasião, prontificou-se a Reclamante a realizar a

indenização por danos morais, no importe de 5 vezes o seu último antecipação de honorários no importe de R$ 400,00.

salário.

Ante a recusa de 3 (três) peritos médicos nomeados, o d. Juízo a

As Reclamadas, em contestação, alegaram que não existiu quodesignou nova audiência, ocasião em que a Reclamada se

qualquer ofensa à moral da Reclamante. comprometeu a antecipar o valor de R$ 600,00, a titulo de

honorários periciais.

O magistrado de primeiro grau, na r. sentença, julgou improcedente

o pedido, sob o fundamento de que a Reclamante não comprovou No entanto, em razão dos reiterados pedidos de adiamento da

estar incapacitada para o trabalho por ocasião da rescisão. perícia pela Autora, a Origem tornou prejudicada a realização da

prova técnica.

Recorre a Reclamante, reiterando a alegação de que foi vítima de

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 844
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Assim, em suas razões recursais, a Reclamante postula a 02/04/2017 pela 2ª Reclamada (Dadalto Administração e

restituição do valor depositado a título de honorários prévios Participações Ltda.); de 03/04/2017 a 05/06/2018 pela 1ª

periciais. Demandada.

Analisa-se. Assim, sob o fundamento de que sempre prestou serviços em favor

da 1ª Reclamada, que atua desempenhando atividades típicas de

O d. Juízo a quo determinou que, por ocasião da entrega do laudo, Financeira, requereu seu enquadramento como "financiaria", com a

a Secretaria liberasse os honorários prévios em favor do perito. consequente condenação no pagamento dos benefícios previstos

na norma coletiva.

Considerando que a perícia não foi realizada, diante da ausência da

Reclamante e reiterados pedidos de adiamento, deve ser autorizada A Origem reconheceu o vínculo direto com o 1º Reclamado no

a devolução do valor à Autora, conforme requerido. período de 18/03/2004 a 05/06/2018 e o enquadramento da Autora

como financiária. Como consequência, condenou as Reclamadas

Dá-se provimento para determinar a devolução do valor adiantado no pagamento dos benefícios convencionais da categoria,

pela Reclamante a título de honorários periciais. restringindo ao período de 27/04/2013 (prescrição) até 02/04/2017,

sob o fundamento de que a partir de 03/04/2017 houve a efetiva

contratação da Reclamante pelo 1ª Reclamado, quando então teria

passado a receber tais benefícios.

Em razões recursais, a Autora pugna pela reforma da sentença,

alegando que nem todos os direitos foram quitados após

02/04/2017.

Analisa-se.

2.3.4. LIMITAÇÃO DOS DIREITOS NORMATIVOS

De início, cumpre esclarecer que a sentença já reconheceu a

unicidade contratual e o vínculo direto com a 1ª Reclamada no

período pleiteado na inicial, ou seja, de 18/03/2004 a 05/06/2018.

Apenas a condenação no pagamento dos benefícios da categoria

foi restrita a data em que a Reclamante teve a CTPS anotada pela

própria 1ª Demandada, quando teria passado a receber os

benefícios previstos nas normas coletivas da categoria dos

financiários.

Na peça de ingresso, a Reclamante relatou que foi admitida pela 1ª

Reclamada (Dacasa Financeira S.A. - Sociedade de Crédito, Nesses termos, considerando que desde a inicial a Reclamante

Financiamento e Investimentos) em 18/03/2004, para exercer alega que não percebeu corretamente os benefícios previstos na

inicialmente a função de "analista/Especialista de Crédito", tendo Norma Coletiva durante todo o contrato de trabalho, inclusive, no

sido imotivadamente dispensada em 05/06/2018, quando percebia período em que teve a CTPS anotada pela 1ª Reclamada, não há

remuneração de R$ 3.785,00(três mil, setecentos e oitenta e cinco falar em limitação da condenação.

reais).

Contudo, deve ser autorizada a dedução dos valores pagos a

Sustentou que, embora tenha prestado serviços exclusivos e idêntico título, sob pena de enriquecimento ilícito.

ininterruptos à 1ª Ré durante todo o contrato de trabalho, teve sua

CTPS formalmente registrada pelas empresas do mesmo grupo Assim, dá-se provimento para afastar a limitação da condenação

econômico da seguinte forma: de 18/03/2004 a 31/10/2008 pela 3ª até 02/04/2017, autorizando-se a dedução dos valores pagos a

Ré (Promov Sistema de Vendas e Serviços Ltda.); de 01/11/2008 a idêntico título, sob pena de enriquecimento ilícito.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 845
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Assim, requereu a condenação das Reclamadas no pagamento

como extras das horas trabalhadas acima das 05h45 e,

sucessivamente, a partir da 6ª diária ou 8ª diária.

No caso de enquadramento no §2º, art. 224 da CLT, postulou o

recebimento da Gratificação de Função prevista na Cláusula 4.1.2.

da CCT.

As Reclamadas, em sede de contestação, alegaram que, durante

2.3.5. HORAS EXTRAORDINÁRIAS todo o período imprescrito, a Reclamante ocupou a função de

coordenadora, tipicamente estabelecida como de liderança (cargo

de confiança), e por isso, estava isenta do registro de frequência,

nos termos do inciso II, do art. 62 da CLT.

Quanto ao pedido substitutivo, afirmaram que a trabalhadora

recebia um plus salarial que excedia 100% o salário dos seus

subordinados, além da parcela variável que integra a remuneração.

Na peça de ingresso, a Reclamante relatou que foi admitida pela 1ª Por fim, pela eventualidade, aduziram que a obreira se enquadra na

Reclamada (Dacasa Financeira S.A. - Sociedade de Crédito, exceção prevista no §2º do art. 224 da CLT.

Financiamento e Investimentos) em 18/03/2004, para exercer

inicialmente a função de "analista/Especialista de Crédito", tendo O d. Juízo a quo, na r. sentença, julgou improcedente o pedido,

sido imotivadamente dispensada em 05/06/2018, quando percebia adotando os seguintes fundamentos:

remuneração de R$ 3.785,00(três mil, setecentos e oitenta e cinco

reais). A autora não desconstituiu o exercício de função de confiança e sua

conseqüente exceção ao controle de jornada, nos termos do art. 62

Sustentou que, embora tenha prestado serviços exclusivos e da CLT.

ininterruptos à 1ª Ré durante todo o contrato de trabalho, teve sua

CTPS formalmente registrada pelas empresas do mesmo grupo Ainda que agora submetida ao regime de jornada do art. 224 da

econômico da seguinte forma: de 18/03/2004 a 31/10/2008 pela 3ª CLT, a qualidade de ocupante de cargo de confiança, inclusive com

Ré (Promov Sistema de Vendas e Serviços Ltda.); de 01/11/2008 a percepção de comissões superiores ao terço do salário do cargo

02/04/2017 pela 2ª Reclamada (Dadalto Administração e efetivo, conforme fichas financeiras, permanece.

Participações Ltda.); de 03/04/2017 a 05/06/2018 pela 1ª

Demandada. Portanto, estando a reclamante excepcionada pelo art. 224, par. 2º,

da CLT, não há falar em jornada de 6 horas diárias.

Noticiou que foi contratada para uma jornada de 44 (quarenta e

quatro) horas semanais, de segunda-feira a sábado, sendo que a No mais, não há prova da alegada jornada superior a 8 horas

categoria dos financiários, na qual deve ser enquadrada, detém diárias.

uma jornada de 30 horas semanais.

Rejeitam-se os pleitos de horas extras e intervalos.

Afirmou que trabalhava de segunda à sexta-feira, das 08h30 às

19h30, com 20 minutos de intervalo intrajornada e até às 20h nos Irresignada, recorre a Reclamante, alegando que a Reclamada não

dias de pico, última semana de cada mês para o fechamento das se desincumbiu de seu ônus probatório no sentido de demonstrar

metas, e aos sábados das 08h às 14h20, sem intervalo para efetivos poderes de mando ou gestão capazes de lhe enquadrar na

descanso e alimentação. exceção do §2º do art. 224 da CLT.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 846
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Analisa-se. equivalentes).

Conforme exposto no tópico 2.2.1. deste voto, foi mantido o In casu, conforme ficha financeira juntada aos autos (Id. 83d6646),

entendimento da Origem no sentido de reconhecer a condição de a Autora foi promovida, em 01/10/2009, para a função de

financiária da Reclamante. Portanto, devem ser aplicadas as "encarregado de crédito III" (posteriormente denominada

disposições do art. 224, da CLT, conforme preceitua a Súmula nº 55 "Coordenador de crédito"), ocasião em que recebeu um plus salarial

do E. TST e a Súmula nº 33 deste E. Regional, in verbis: superior a 1/3 do cargo anteriormente exercido.

Súmula nº 55 do TST Além disso, considerando a aplicação da confissão ficta à

Reclamante, ante sua ausência na audiência em que deveria depor,

FINANCEIRAS (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 deve ser considerada como verdadeira a alegação da Ré de que a

obreira, de fato, exercia função de confiança na forma do art. 224,

As empresas de crédito, financiamento ou investimento, também §2º, da CLT.

denominadas financeiras, equiparam-se aos estabelecimentos

bancários para os efeitos do art. 224 da CLT. Nesses termos, faz jus a Autora à jornada de 8 (oito) horas por dia,

devendo ser remunerada pelas horas excedentes.

Súmula nº 33 do TRT da 17ª Região

Não obstante, como bem pontuou a Origem, a Autora não logrou

"ENQUADRAMENTO COMO FINANCIÁRIO DE EMPREGADO DE comprovar o labor extraordinário de forma a refutar a presunção de

ADMINISTRADORA DE CARTÃO DE CRÉDITO OU AGENTE veracidade quanto a não realização de horas extras, em razão da

FINANCEIRO. confissão.

Os empregados de agentes financeiros e administradoras de cartão Por fim, tampouco merece ser acolhido o pedido sucessivo de

de crédito, salvo os pertencentes a categoria diferenciada, são pagamento da Gratificação de Função de 55% prevista na Cláusula

financiários (Súmula 283 do STJ), beneficiando-se, portanto, das 4.1.2. da CCT, uma vez que a remuneração da Autora já

normas coletivas da categoria e da jornada reduzida do art. 224 da contemplava referida parcela.

CLT."

Ora, conforme se depreende de sua ficha financeira, a Autora

O caput do art. 224, da CLT, estabelece que a duração normal do recebia no ano de 2013 salário no valor de 3.030,00 (três mil e trinta

trabalho dos empregados em bancos, casas bancárias e Caixa reais) e no final do contrato, a partir de 2017, a quantia de R$

Econômica Federal será de seis horas contínuas nos dias úteis, 3.785,00. A par disso, o funcionário Marcelo Rodrigues de Castro

com exceção dos sábados, perfazendo um total de trinta horas de Jr., como seu subordinado direto, na função de Analista de Crédito,

trabalho por semana. percebia em 2013 o salário de R$ 1.175,00 e, em 2017 R$

2.421,00, pelo que se conclui que a remuneração da Reclamante

Todavia, o § 2º do mesmo dispositivo prevê uma exceção a essa incluía plus salarial superior ao estabelecido na norma coletiva.

regra, ao dispor que a jornada de trabalho disposta em seu caput

não se aplica aos que exercem funções de direção, gerência, Ante o exposto, nada a modificar na r. sentença.

fiscalização, chefia e equivalentes, ou que desempenhem outros

cargos de confiança, desde que o valor da gratificação não seja Nega-se provimento.

inferior a um terço do salário do cargo efetivo.

Portanto, para que o empregado afaste-se do regramento geral da

jornada de trabalho bancário (caput do art. 224 da CLT), faz-se

necessário, primeiro, que ele receba gratificação não inferior a um

terço do salário do cargo efetivo, e, segundo, que ele exerça

funções de confiança (gerência, direção, fiscalização, chefia ou

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 847
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Ab initio, registre-se que não é o caso de aplicar as mudanças

2.3.6. INTERVALO INTRAJORNADA introduzidas pela Lei 13.467/2017 (a chamada "Reforma

Trabalhista"), eis que as regras de direito material da novel

legislação incidem tão somente sobre os contratos firmados após a

vigência da Lei em questão, a saber, 11 de novembro de 2017, o

que não é o caso.

Os intervalos intrajornada conceituam-se, em apertada síntese,

como o período, dentro da jornada de trabalho do empregado,

destinado precipuamente a seu repouso e alimentação.

Na exordial, a Reclamante relatou que foi admitida pela 1ª

Reclamada (Dacasa Financeira S.A. - Sociedade de Crédito, Nos dizeres do i. Ministro Maurício Godinho Delgado:

Financiamento e Investimentos) em 18/03/2004, para exercer

inicialmente a função de "analista/Especialista de Crédito", tendo Os intervalos intrajornadas definem-se como lapsos temporais

sido imotivadamente dispensada em 05/06/2018, quando percebia regulares, remunerados ou não, situados no interior da duração

remuneração de R$ 3.785,00 (três mil, setecentos e oitenta e cinco diária de trabalho, em que o empregado pode sustar a prestação de

reais). serviços e sua disponibilidade perante o empregador (Delgado,

Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 16ª Ed. São Paulo:

Sustentou que, embora tenha prestado serviços exclusivos e LTr, 2017)

ininterruptos à 1ª Ré durante todo o contrato de trabalho, teve sua

CTPS formalmente registrada pelas empresas do mesmo grupo A obrigatoriedade de concessão dos intervalos decorre da própria

econômico da seguinte forma: de 18/03/2004 a 31/10/2008 pela 3ª lei (art. 71 da CLT), e, em se tratando de tema atinente à saúde,

Ré (Promov Sistema de Vendas e Serviços Ltda.); de 01/11/2008 a higiene e segurança do trabalhador, encontra respaldo e proteção

02/04/2017 pela 2ª Reclamada (Dadalto Administração e constitucional (art. 7º, XXII, CRFB/88), sendo as normas acerca do

Participações Ltda.); de 03/04/2017 a 05/06/2018 pela 1ª assunto de ordem pública, caráter imperativo e indisponibilidade

Demandada. absoluta.

Afirmou que, de segunda à sexta-feira, gozava de apenas 20 (vinte) Prestam-se, como se deduz de sua própria definição, a oportunizar

minutos de intervalo e aos sábados não havia qualquer descanso. ao empregado, no transcurso de sua jornada de trabalho, um

momento de recuperação de suas energias físicas e mentais,

Logo, requereu a condenação das Rés no pagamento de 01 (uma) descanso e alimentação.

hora, com adicional de 50%, de segunda à sexta-feira e 15 minutos

aos sábados com reflexos legais. Nesse contexto, o art. 71, caput e §1º, da CLT prevê que, em

qualquer trabalho contínuo cuja duração exceda 06 (seis) horas, é

Em contestação, as Reclamadas alegaram que a empregada obrigatória a concessão de um intervalo mínimo de 01 (uma) hora

detinha total autonomia para fruição integral de seu intervalo para para repouso e alimentação. Caso a duração da jornada ultrapasse

refeições. 04 (quatro) horas, porém não exceda 06 (seis) horas, o intervalo

mínimo será de 15 (quinze) minutos.

A Origem, na r. sentença, julgou improcedente o pedido, por

entender que a Reclamante exercia função de confiança. Considerando a jornada da Reclamante, era devido intervalo

intrajornada mínimo de 01 (uma) hora.

Inconformada, recorre a Reclamante, reiterando os termos da

inicial. Pois bem.

Analisa-se. Na hipótese, a Reclamante não compareceu à audiência em que

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deveria depor, razão pela qual a Origem aplicou-lhe a pena de

confissão quanto à matéria fática. O art. 384 da CLT, inserido no Capítulo III, que trata da Proteção do

Trabalho da Mulher dispunha que "em caso de prorrogação do

Assim, presume-se verdadeira a alegação patronal de que a horário normal, será obrigatório um descanso de 15 (quinze)

trabalhadora gozava integralmente do intervalo para descanso e minutos no mínimo, antes do início do período extraordinário do

refeição. trabalho."

Ressalte-se que, embora referida presunção seja meramente Em que pese este Relator entender pela constitucionalidade do

relativa, podendo ser elidida por prova em contrário, não há nos dispositivo em referência, uma vez que a concessão de condições

autos qualquer prova capaz de infirmar as informações ventiladas especiais à mulher não fere o princípio da igualdade previsto no art.

na defesa. 5º, da Constituição, na hipótese, não restou demonstrado que a

Reclamante laborava em sobrejornada, conforme tópico 2.3.5. deste

Assim, nada a modificar na r. sentença. voto.

Nega-se provimento. Assim, inexistindo labor extraordinário, não há falar em concessão

do intervalo prévio de 15 (quinze) minutos e, consequentemente,

em pagamento do período como hora extra.

Nega-se provimento.

2.3.7. INTERVALO DO ART. 384 DA CLT. TRABALHO DA

MULHER

2.3.8. DO AUXÍLIO REFEIÇÃO E AJUDA ALIMENTAÇÃO

Pugnou a Reclamante pela reforma da sentença e a consequente

condenação da reclamada ao pagamento do intervalo de 15

(quinze) minutos previsto no art. 384 da CLT.

Na inicial, a Reclamante requereu a condenação das Reclamadas

Com razão. no pagamento das verbas "Auxílio Refeição" e "Ajuda Alimentação",

nos termos das Convenções Coletivas de Trabalho dos financiários.

Ab initio, registre-se que não é o caso de aplicar as mudanças

introduzidas pela Lei 13.467/2017 (a chamada "Reforma A Origem, na r. sentença, indeferiu o pedido sob os seguintes

Trabalhista"), eis que as regras de direito material da novel fundamentos:

legislação incidem tão somente sobre os contratos de trabalho

firmados após a vigência da Lei em questão, a saber, 11 de O reclamado comprovou sua adesão ao PAT desde 2008.

novembro de 2017.

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Assim, nos termos das normas coletivas, são indevidos o auxílio PARÁGRAFO 3º - Os empregados que se utilizam de restaurantes

refeição e a ajuda alimentação. das empresas ou por estas subsidiadas, desfrutando, assim, de

vantagens análogas ou superiores, não farão jus a indenização

No entanto, condena-se ao pagamento da décima terceira cesta aludida, não podendo da mesma forma ser cobrado qualquer valor

alimentação nos moldes das convenções coletivas. do empregado. Durante o período de férias dos empregados que se

utilizam do restaurante da empresa, será concedido ticket, conforme

Em razões recursais, a Reclamante pugna pela reforma da disposto no "caput" da presente cláusula.

sentença, alegando que a adesão ao PAT não afasta o pagamento

da verba pactuada em CCT. PARÁGRAFO 4º - O empregado poderá optar, por escrito e com a

antecedência mínima de 30 (trinta) dias, por tíquete alimentação,

Analisa-se. sendo possível mudar a opção somente após o transcurso de 180

(cento e oitenta) dias.

Conforme exposto no tópico 2.2.1. deste voto, foi mantido o

entendimento da Origem no sentido de reconhecer a condição de PARÁGRAFO 5º - A verba acima referida será reajustada em

financiária da reclamante, não havendo falar em enquadramento em conformidade com a Lei em vigor ou legislação posterior que venha

categoria diferenciada, porquanto as atividades por ela realizadas a ser promulgada durante a vigência da presente Convenção.

possuíam ligação direta à atividade fim da financeira.

Cláusula 4.4.2. - AJUDA ALIMENTAÇÃO

Assim, devem ser aplicadas à Autora as normas coletivas própria da

categoria dos trabalhadores em instituições financeiras. Será concedido "Auxílio Alimentação", cumulativamente com o

"Auxílio Refeição", a todos os empregados no valor de R$ 377,94

Relativamente aos benefícios alimentícios, as cláusulas 4.4.1. e (trezentos e setenta e sete reais e noventa e quatro centavos), sem

4.4.1. da CCT 2013/2014, cuja redação, com as devidas descontos, por mês de trabalho, possuindo caráter indenizatório e

atualizações de valores, foi repetida nas convenções posteriores, não integrando o salário para quaisquer efeitos legais, inclusive nos

assim dispõem: períodos de gozo de férias e até o 15º (décimo quinto) dia nos

afastamentos por doença e acidente de trabalho. Será devido,

Cláusula 4.4.1. - AUXÍLIO REFEIÇÃO também nos casos de afastamento por maternidade.

Será concedido "Auxílio Refeição", a todos os empregados no valor PARÁGRAFO 1º - Este auxílio será concedido nos casos de licença

de R$ 23,96 (vinte e três reais e noventa e seis centavos), sem do dirigente Sindical.

descontos, por dia de trabalho, possuindo caráter indenizatório e

não integrando o salário para quaisquer efeitos legais e será PARÁGRAFO 2º - Fica facultado ao empregador substituir essa

concedido sempre à razão de 22 (vinte e dois) dias fixos por mês, importância por "tickets" de alimentação, nos termos do PAT -

inclusive nos períodos de gozo de férias e até o 15º (décimo quinto) Programa de Alimentação do Trabalhador, nos termos da Lei nº.

dia nos afastamentos por doença e acidente de trabalho. Não será 6.321/76, decretos regulamentadores e Portaria GM/MTb n° 1.156,

devido nos casos de afastamento por maternidade. de 17.09.93.

PARÁGRAFO 1º - Este auxílio será concedido nos casos de licença PARÁGRAFO 3º - O empregado afastado por doença profissional

do dirigente Sindical. ou acidente do trabalho faz jus à Ajuda Alimentação por um prazo

de até 150 (cento e cinqüenta) dias, com efeito retroativo a partir de

PARÁGRAFO 2º - Fica facultado ao empregador substituir essa 1º de junho de 2013, e, aos afastados após essa data, a concessão

importância por "tickets" de refeição e/ou alimentação, nos termos tem início no 1º dia de afastamento do trabalho, também limitado ao

do PAT - Programa de Alimentação do Trabalhador, nos termos da prazo de 150 (cento e cinqüenta) dias.

Lei nº. 6.321/76, decretos regulamentadores e Portaria GM/MTb nº

1.156, de 17.09.93. - D.O.U. 20/09/93. PARÁGRAFO 4º - A verba acima referida será reajustada em

conformidade com a Lei em vigor ou legislação posterior que venha

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a ser promulgada durante a vigência da presente Convenção. efetuados sem o respectivo desconto.

Depreende-se das cláusulas ora transcritas que o pagamento de Relatou, contudo, que tais valores foram descontados

ambos os benefícios pode ser substituído por "tickets" de indevidamente, pelo que requereu a devolução de tais parcelas.

alimentação, nos termos do PAT. Na hipótese, embora as

Reclamadas tenham comprovado a adesão ao referido programa, Em contestação conjunta, as Rés asseveraram, em relação ao

não restou demonstrado que o pagamento ocorria na forma da benefício alimentar, que, diante de sua filiação ao PAT, o desconto

norma coletiva aplicada à categoria. é permitido, desde que limitado a 20% (vinte por cento) do custo da

refeição.

Considerando o reconhecimento da condição de financiária da

Autora, não se reputa razoável que fique alijada dos benefícios Argumentaram, ainda, que a norma coletiva aplicável à Autora

previstos nos instrumentos coletivos de sua categoria, devendo ser prevê a possibilidade do desconto referente à coparticipação do

autorizada apenas a dedução dos valores pagos a idêntico título. empregado no plano de assistência médica.

Assim, dá-se provimento para condenar as Reclamadas no Por fim, salientaram que a obreira optou expressamente por um

pagamento das verbas "Auxílio Refeição" e "Ajuda Alimentação", na plano de assistência médica diferenciada, o que possibilitaria o

forma das convenções coletivas da categoria dos financiários, desconto relativo à diferença.

autorizando-se a dedução das parcelas pagas a idêntico título.

O d. Juízo a quo julgou improcedente o pedido, valendo-se dos

seguintes fundamentos:

Quanto aos descontos relacionados à alimentação, estão dentro

dos regramentos legais previstos para o PAT.

A previsão da norma coletiva de não cobrança de qualquer valor

não alude à hipótese do programa, mas sim, às hipóteses de

fornecimento de alimentação pelas empresas ou subsidiadas, que

2.3.9. DEVOLUÇÃO DOS DESCONTOS INDEVIDOS concedem vantagens análogas ou superiores.

Quanto ao desconto de assistência médica, as normas coletivas

desautorizam o desconto somente na hipótese de plano padrão.

Com efeito, o reclamado fornecia a autora plano de saúde

diferenciado.

Rejeitam-se os reembolsos pretendidos

Na peça vestibular, a Reclamante relatou que foi admitida pela 1ª Em razões recursais, a Reclamante pugna pela reforma da

Reclamada (Dacasa Financeira S.A. - Sociedade de Crédito, sentença, ao argumento de que a adesão ao PAT não afasta o

Financiamento e Investimentos) em 18/03/2004, para exercer pagamento da verba pactuada, bem como de que a Reclamada não

inicialmente a função de "analista/Especialista de Crédito", tendo comprovou a suposta adesão ao plano diferenciado.

sido imotivadamente dispensada em 05/06/2018, quando percebia

remuneração de R$ 3.785,00(três mil, setecentos e oitenta e cinco Analisa-se.

reais).

Conforme exposto no tópico 2.2.1. deste voto, foi mantido o

Narrou que a CCT da categoria determina que os pagamentos do entendimento da Origem no sentido de reconhecer a condição de

"auxílio refeição", "ajuda alimentação" e "assistência médica" sejam financiária da reclamante, não havendo falar em enquadramento em

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categoria diferenciada, porquanto as atividades por ela realizadas

possuíam ligação direta à atividade fim da financeira. Como já devidamente delineado em audiência, a reclamante não

agiu corretamente perante o juízo, promovendo atos judiciais e

Assim, devem ser aplicadas à Autora as normas coletivas própria da adiamentos baseados em inverdades.

categoria dos trabalhadores em instituições financeiras.

Assim, agiu de modo temerário, gerando evidentes transtornos ao

No tocante ao pagamento de benefícios a título de alimentação, a processo, terceiros e aos réus.

CCT dos financiários (item 4.4) veda a realização de descontos no

salário dos empregados, de forma que a Reclamante faz jus à Por isso, com fulcro no art. 793-C da CLT, condeno a reclamante a

devolução dos valores descontados. pagar ao reclamado e multa de 5% sobre o valor da causa,

calculada no importe de R$ 14.260,42.

No que se refere à assistência médica, a CCT da categoria dos

financiários estabelece no parágrafo único da cláusula 4.6.2, que o Em razões recursais, a Reclamante pugna pela exclusão da multa

plano médico hospitalar seria fornecido pelo empregador, sem em questão, alegando que todos os adiamentos foram devidamente

nenhum custo, devendo, contudo, o empregado arcar com a justificados documentalmente.

diferença se optar por plano de qualidade superior.

Sucessivamente, requer seja a multa reduzida ao percentual

Porquanto não há qualquer comprovação nos autos de que o plano mínimo de 1%, bem como seja declarada a condição suspensiva de

fornecido era superior ao previsto nos instrumentos coletivos, é sua exigibilidade, face ao deferimento da justiça gratuita.

devido o reembolso dos valores descontados a este título.

Analisa-se.

Assim, dá-se provimento para condenar as Reclamadas no

reembolso dos valores indevidamente descontados a título de Acerca da litigância de má-fé, já se entendia que as suas hipóteses

auxílio-alimentação e assistência médica. deviam restar indiscutivelmente evidenciadas, para haver

condenação da parte no pagamento da multa ou de indenização por

dano processual.

Antes prevista apenas no CPC, especificamente no artigo 80 que

era aplicado subsidiariamente ao processo do trabalho, agora conta

com previsão expressa na CLT, artigo 793-A e seguintes,

introduzido pela Lei 13.467/2017 (reforma trabalhista).

In casu, na audiência realizada em 20/08/2018, a Origem

2.3.10. LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ determinou a realização de perícia técnica para verificação da

alegada incapacidade laborativa da Autora por ocasião da rescisão

contratual.

Entretanto, designada a perícia, a Reclamante postulou reiterados

adiamentos, sob o fundamento de que seu marido sofreu acidente

em viagem fora do país, lesionando seriamente a perna esquerda,

sem a possibilidade de embarcar em voo internacional, de forma

que ela, como única acompanhante, tampouco poderia retornar ao

O magistrado de primeiro grau, na r. sentença, condenou a Brasil.

Reclamante a pagar ao Reclamada multa de 5% sobre o valor da

causa (R$ 285.208,31), no importe de R$ 14.260,42, nos seguintes Ocorre que, embora a Autora tenha demonstrado, por meio de

termos: declarações do Hospital, que seu esposo de fato sofreu acidente no

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dia 04/11/2018, não há comprovação de que ele estava

impossibilitado de realizar viagem internacional, devendo Estando a autora desempregada, concedem-se a ela os benefícios

permanecer em Portugal. da justiça gratuita.

Além disso, conforme requerimento de novo adiamento ao Id. Nos termos do art. 791-A da CLT, introduzido pela Lei 13.467/2017

1084ede, o emailenviado pelo marido da Autora ao escritório de (reforma trabalhista), concede-se ao advogado autoral honorários

advocatícia aponta justificativa diversa para o pedido, dessa vez advocatícios.

uma suposta crise da doença da trabalhadora, cuja única prova nos

autos é uma "declaração de presença" em Hospital, Considerando os critérios estabelecidos pelo inciso I do par. 2º do

desacompanhada de qualquer laudo médico. referido artigo, fixo tais honorários no percentual de 12% sobre o

valor da condenação.

Não obstante, embora a Reclamante, de fato, não tenha justificado

corretamente os reiterados pedidos de adiamento, não se verifica, Diante da procedência parcial dos pedidos da autora, condena-se

de forma indiscutível, que a obreira tenha mentido ou agido esta a pagar honorários de sucumbência ao advogado dos

dolosamente para adiar a realização da perícia. reclamados, nos mesmos percentuais concedidos acima, calculados

sobre a parte improcedente da reclamação (R$ 215.332,00),

Assim, considerando que este Relator perfilha o entendimento de consoante par. 3º do mesmo artigo, ora totalizados em R$

que só há litigância de má-fé quando patentemente evidenciadas as 25.839,84.

hipóteses legais, porquanto se presume que os litigantes estejam

sempre de boa-fé, deve ser reformada a r. sentença para excluir a Tais honorários poderão ser pagos com o crédito que possui a

multa por litigância de má-fé no valor de R$ 14.260,42. autora, cuja importância, assim que obtida em execução, ficará

retida à disposição do patrono da reclamada.

Dá-se provimento para excluir a condenação da Autora em multa

por litigância de má-fé. Irresignada, em suas razões recursais, a Reclamante requer,

preliminarmente, seja declarada a inconstitucionalidade do art. 791-

A, §4º com a consequente exclusão da condenação da verba

honorária. Em caso de manutenção da sucumbência, postula seja

declarada a isenção do pagamento ou a suspensão de sua

exigibilidade, ante o benefício da justiça gratuita.

Ao final, requer seja reduzida a condenação ao valor mínimo legal

de 5%.

2.3.11. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS DE SUCUMBÊNCIA Esta 1ª Turma, na sessão ordinária realizada no dia 29/10/2019,

resolveu, por unanimidade, suspender o julgamento do presente

processo em virtude do Incidente de Inconstitucionalidade do §4º do

art. 791-A, da CLT, suscitado no processo 0000398-

09.2018.5.17.0101, que deverá ser julgado pelo Tribunal Pleno.

Na sessão ordinária realizada no dia 23/10/2019, o Pleno deste

Regional julgou o Incidente de Arguição de Inconstitucionalidade nº

0000453-35.2019.5.17.0000, declarando a inconstitucionalidade

A Origem, na r. sentença, julgou parcialmente procedentes os parcial do §4º, do art. 791-A, da CLT.

pedidos formulados na inicial e condenou as partes no pagamento

de honorários advocatícios recíprocos no percentual de 12%, nos Assim, considerando o julgamento da matéria pelo Pleno deste

seguintes termos: Tribunal, os autos retornaram à 1ª Turma para prosseguimento do

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julgamento dos recursos ordinários interpostos pela Reclamante e valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico

pelas Reclamadas. obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado

da causa.

Analisa-se.

§ 1o Os honorários são devidos também nas ações contra a

Na Justiça do Trabalho, prevalecia o entendimento consubstanciado Fazenda Pública e nas ações em que a parte estiver assistida ou

nas Súmulas n.º 219 e 329 do E. TST segundo o qual, em se substituída pelo sindicato de sua categoria.

tratando de conflito decorrente da relação de emprego, os

honorários advocatícios eram devidos apenas quando preenchidos [...]

os requisitos contidos no art. 14 da Lei n. 5.584/1970.

§ 3o Na hipótese de procedência parcial, o juízo arbitrará honorários

Com o advento da Lei 13.467, de 13 de julho de 2017, contudo, foi de sucumbência recíproca, vedada a compensação entre os

acrescentado à CLT o art. 791-A, que autorizou a condenação na honorários.

verba honorária em razão da mera sucumbência.

[...]

Além disso, o novel dispositivo previu o pagamento de honorários

de sucumbência recíproca, de forma que, vencido o Reclamante, Assim, considerando que a Autora restou totalmente sucumbente

ainda que relativamente a um único pedido, também deverá ele em alguns pedidos, mantém-se a condenação ao pagamento de

responder pela verba honorária da parte contrária. honorários advocatícios de sucumbência.

Em que pese a intensa celeuma jurídica que se instaurou acerca da Relativamente ao valor dos honorários, devem ser levados em

aplicabilidade do novo regramento, este Relator adotou o conta os parâmetros estabelecidos no art. 791-A, §2º, quais sejam:

entendimento de que os dispositivos da Reforma Trabalhista que

versam sobre honorários advocatícios apenas incidem nas § 2o Ao fixar os honorários, o juízo observará:

demandas ajuizadas após a vigência da Lei 13.467/17, que ocorreu

em 11/11/2017. I - o grau de zelo do profissional;

O C. TST posicionou-se no mesmo sentido na recém editada II - o lugar de prestação do serviço;

Instrução Normativa n. 41, que, em seu art. 6º assim dispõe:

III - a natureza e a importância da causa;

Art. 6º Na Justiça do Trabalho, a condenação em honorários

advocatícios sucumbenciais, prevista no art. 791-A, e parágrafos, da IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o

CLT, será aplicável apenas às ações propostas após 11 de seu serviço.

novembro de 2017 (Lei nº 13.467/2017). Nas ações propostas

anteriormente, subsistem as diretrizes do art. 14 da Lei 5.584/1970 Com alicerce nos critérios supratanscritos, e levando-se em

e das Súmulas nº 219 e 329 do TST. consideração o equilíbrio econômico entre as partes, entende-se

razoável e proporcional reduzir os honorários devidos pela

A presente demanda foi ajuizada em 27/04/2018, logo, sob a égide Reclamante para o percentual de 5% dos pedidos julgados

da Reforma Trabalhista. improcedentes.

Destarte, são devidos, na espécie, os honorários advocatícios Por outro lado, a Origem deferiu à obreira o benefício da justiça

recíprocos, nos termos da nova legislação, in verbis: gratuita, e, nesse caso, pela redação do novel § 4º do art. 791-B, as

obrigações decorrentes da sucumbência ficariam sob condição

Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão suspensiva ou seus valores seriam compensadas com eventuais

devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% créditos obtidos em juízo:

(cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o

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§ 4° Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha É inconstitucional a previsão de utilização dos créditos trabalhistas

obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de reconhecidos em juízo para o pagamento de despesas do

suportar a despesa, as obrigações decorrentes de sua sucumbência beneficiário da justiça gratuita com honorários advocatícios ou

ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente periais (artigos 791-A, §4º, e 790-B, §4º, da CLT, com a redação

poderão ser executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito dada pela Lei nº 13.467/2017), por ferir os direitos fundamentais à

em julgado da decisão que as certificou, o credor demonstrar que assistência judiciária gratuita e integral, prestada pelo Estado, e à

deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que proteção do salário (artigos 5º. LXXIV, e 7º, X, da Constituição

justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse Federal).

prazo, tais obrigações do beneficiário.

Portanto, nos termos da decisão proferida pelo Pleno deste

Ocorre que o Pleno deste Regional, em recente decisão prolatada Regional, a verba honorária devida pela Autora deverá ficar sob

nos autos da Arguição de Inconstitucionalidade nº 0000453- condição suspensiva de exigibilidade e somente poderá ser

35.2019.5.17.0000, declarou a inconstitucionalidade parcial do §4º, executada se, nos 2 (dois) anos subsequentes ao trânsito em

do art. 791-A, da CLT, conforme se depreende da ementa ora julgado da decisão que a certificou, o credor demonstrar que deixou

transcrita: de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a

concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tal

"ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. HONORÁRIOS obrigação do beneficiário.

ADVOCATÍCIOS. ARTIGO 791-A, § 4º, DA CLT. Declara-se a

inconstitucionalidade parcial do § 4º, do artigo 791-A, da CLT Diante do exposto, dá-se parcial provimento para reduzir os

somente quanto ao trecho: "desde que não tenha obtido em juízo, honorários devidos pela Reclamante para o percentual de 5% dos

ainda que outro processo, créditos capazes de suportar a despesa", pedidos julgados improcedentes, bem como para determinar que a

no sentido de que não se possa atingir os créditos deferidos ao verba honorária devida deva ficar sob condição suspensiva de

beneficiário da justiça gratuita, ainda que em outro processo, mas exigibilidade e somente poderá ser executada se, nos 2 (dois) anos

tão somente que a verba honorária fique sob condição suspensiva subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que a certificou, o

de exigibilidade, podendo ser executada, se nos 2 (anos) credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência

subseqüentes ao trânsito em julgado da decisão que a certificou, o de recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-

credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência se, passado esse prazo, tal obrigação do beneficiário.

de recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-

se, passado esse prazo, tal obrigação do beneficiário".

Com efeito, não se pode olvidar que o crédito trabalhista tem

natureza alimentar e o trabalhador, ao despender sua força de

trabalho em proveito do empregador, não busca senão o seu

próprio sustento e da sua família. Dessa forma, não é compatível

com os direitos constitucionalmente tutelados a compensação das

obrigações decorrentes da sucumbência com os créditos do

trabalhador em estado de miserabilidade econômica. 2.3.12. ÍNDICE DE ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. IPCA-E

Nesse mesmo sentido é o Enunciado n.o 3, da Comissão 7,

aprovado na 2ª Jornada de Direito Material e Processual do

Trabalho, realizada pela ANAMATRA (Associação Nacional dos

Magistrados da Justiça do Trabalho), entre 9 e 10 de outubro de

2017, in verbis:

HONORÁRIOS E ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA

Relativamente à correção monetária, o D. Juízo a quoassim

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estabeleceu:

Com efeito, simplesmente, referido dispositivo é inaplicável em

Para a correção dos valores apurados devem-se respeitar os razão do esvaziamento da sua força normativa, decorrente de

índices adotados pelo TST, bem como a época própria de expressa disposição legal, uma vez que está subordinado à eficácia

exigibilidade das parcelas, qual seja, o mês subsequente ao do art. 39 da Lei n. 8.177/1991.

trabalhado (Súmula 381 do C. TST), uma vez que a pretensão

surge exatamente no primeiro dia do mês seguinte ao trabalhado. Ademais, importante ressaltar que, no dia 10/10/2019, o Pleno

deste Regional declarou a inconstitucionalidade do referido

Em razões recursais, a Reclamante pugna pela aplicação do IPCA- dispositivo (§7º do art. 879 da CLT), nos autos do Processo n.

e como índice de correção monetária. 0000552-39.2018.5.17.0000, de arguição de inconstitucionalidade.

Vejamos:

Analisa-se.

ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DO §7º DO ARTIGO

De início, frisa-se que, embora a Lei n. 13.467/2017 tenha inserido o 879 DA CLT. APLICAÇÃO DA TAXA REFERENCIAL (TR) COMO

§ 7º ao art. 879 da CLT, segundo o qual a atualização dos créditos FATOR DE ATUALIZAÇÃO DOS CRÉDITOS TRABALHISTAS

decorrentes de condenação judicial será feita pela TR, referido DECORRENTES DE CONDENAÇÃO JUDICIAL. No julgamento

preceito faz remissão expressa à Lei n. 8.177/1991. Vejamos: ArgInc - 479-60.2011.5.04.0231, o Tribunal Superior do Trabalho,

acompanhando o entendimento do c. Supremo Tribunal Federal no

A atualização dos créditos decorrentes de condenação judicial será julgamento da ADI nº. 4357 e do RE 870.947/SE, declarou

feita pela Taxa Referencial (TR), divulgada pelo Banco Central do inconstitucional a atualização dos valores pela Taxa Referencial

Brasil, conforme a Lei no 8.177, de 1o de março de 1991. (sem (TR), índice previsto no artigo 39 da Lei 8.177/1991. Por se tratar de

grifos no original) mera renovação do texto do artigo 39 da Lei nº. 8.177/1991 - cuja

inconstitucionalidade fora declarada não sob o aspecto formal, mas

Desse modo, percebe-se que a força normativa do § 7º do art. 879 sob a ótica material, impõe-se que o §7º do artigo 897 da CLT,

da CLT está subordinada à eficácia do art. 39 da Lei n. 8.177/1991, trazido pela Lei nº. 13.467/17, seja expungido do ordenamento

por expressa disposição legal. jurídico, não se coadunando materialmente com o texto da

Constituição da República, a qual assegura o direito fundamental de

Inclusive, nesse sentido, é o entendimento da 8ª Turma do TST: propriedade e a plena efetividade das decisões judiciais.

AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. Logo, a discussão acerca da aplicação da TR ou do IPCA-E como

EXECUÇÃO. CORREÇÃO MONETÁRIA DOS CRÉDITOS índice de atualização dos créditos judiciais trabalhistas continua

TRABALHISTAS. ÍNDICE APLICÁVEL.Consoante entendimento girando em torno da constitucionalidade do art. 39 da Lei n.

adotado pela 8ª Turma, com base na decisão do Tribunal Pleno 8.177/1991 e seus desdobramentos junto ao STF e ao TST.

desta Corte Superior (TST-ArgInc - 479-60.2011.5.04.0231 e ED-

ArgInc - 479-60.2011.5.04.0231), na correção dos créditos Pois bem. Esclarecidas as razões da inaplicabilidade do § 7º do art.

trabalhistas, aplica-se a TR até 24/3/2015 e o IPCA a partir de 879 da CLT, passa-se à análise dos desdobramentos jurídicos do

25/3/2015. Esta Turma considera, ainda, entendimento a que me art. 39 da Lei n. 8.177/1991.

submeto por disciplina judiciária, que o art. 879, § 7º, da CLT perdeu

a sua eficácia normativa, em face da declaração de No julgamento conjunto das ADI´s 4357, 4372, 4400 e 4425 o

inconstitucionalidade parcial do art. 39 da Lei nº 8.177/91, na Supremo Tribunal Federal declarou que o regime de compensação

medida em que o dispositivo da legislação esparsa conferia de precatórios introduzido pela Emenda Constitucional 62/2009 é

conteúdo à norma da CLT, tendo em vista a adoção de fórmula inconstitucional.

remissiva pelo legislador. Agravo de instrumento conhecido e não

provido. (TST-AIRR-20869-47.2016.5.04.0014, 8ª Turma, Relatora: Em seguida, o Excelso Tribunal modulou os efeitos da decisão da

Ministra Dora Maria da Costa, Data da Publicação: 29/03/2019) - ADI 4357 conforme transcrição parcial a seguir:

sem grifos no original

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Concluindo o julgamento, o Tribunal, por maioria e nos termos do proteção ao ato jurídico perfeito (artigos 5º, XXXVI, da Constituição

voto, ora reajustado, do Ministro Luiz Fux (Relator), resolveu a e 6º da Lei de Introdução ao Direito Brasileiro - LIDB), vencida a

questão de ordem nos seguintes termos: 1) - modular os efeitos Excelentíssima Senhora Ministra Dora Maria da Costa, que aplicava

para que se dê sobrevida ao regime especial de pagamento de a modulação dos efeitos da decisão a contar de 26 de março de

precatórios, instituído pela Emenda Constitucional nº 62/2009, por 5 2015; III) por unanimidade, determinar: a) o retorno dos autos à 7ª

(cinco) exercícios financeiros a contar de primeiro de janeiro de Turma desta Corte para prosseguir no julgamento do recurso de

2016; 2) - conferir eficácia prospectiva à declaração de revista, observado o quanto ora decidido; b) a expedição de ofício

inconstitucionalidade dos seguintes aspectos da ação direta de ao Exmo. Ministro Presidente do Conselho Superior da Justiça do

inconstitucionalidade, fixando como marco inicial a data de Trabalho a fim de que determine a retificação da tabela de

conclusão do julgamento da presente questão de ordem atualização monetária da Justiça do Trabalho (tabela única); c) o

(25.03.2015) e mantendo-se válidos os precatórios expedidos ou encaminhamento do acórdão à Comissão de Jurisprudência e de

pagos até esta data, a saber: 2.1.) fica mantida a aplicação do Precedentes Normativos para emissão de parecer acerca da

índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança Orientação Jurisprudencial nº 300 da SbDI-1. Ressalvaram o

(TR), nos termos da Emenda Constitucional nº 62/2009, até entendimento os Exmos. Ministros Guilherme Augusto Caputo

25.03.2015, data após a qual (i) os créditos em precatórios deverão Bastos, Alexandre de Souza Agra Belmonte e Maria Helena

ser corrigidos pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial Mallmann. (PROCESSO Nº TST-ArgInc-479-60.2011.5.04.0231).

(IPCA-E) e (ii) os precatórios tributários deverão observar os

mesmos critérios pelos quais a Fazenda Pública corrige seus Todavia, em 14/10/2015, o Ministro Dias Toffoli, nos autos da

créditos tributários; e 2.2.) ficam resguardados os precatórios Reclamação 22012, ajuizada pela Federação Nacional dos Bancos

expedidos, no âmbito da administração pública federal, com base (Fenaban), proferiu decisão liminar suspendendo os efeitos da

nos arts. 27 das Leis nº 12.919/13 e Lei nº 13.080/15, que fixam o decisão proferida pelo TST, que havia afastado o uso da TRD e

IPCA-E como índice de correção monetária. determinado a adoção do índice IPCA-E por meio da "tabela única",

entendendo que a decisão do TST extrapolou o entendimento fixado

Poucos meses depois, em virtude da decisão do STF, o TST pelo STF no julgamento das ADI's 4357 e 4425.

acolheu incidente de inconstitucionalidade suscitado por sua 7ª

Turma e definiu o Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial Frise-se que, após a liminar conferida pelo STF, o próprio TST

(IPCA-E) como fator de atualização a ser utilizado na tabela de retomou o entendimento no sentido de fixar a TRD como índice de

atualização monetária na Justiça do Trabalho, senão vejamos: atualização dos créditos trabalhistas, e, no âmbito deste Regional, o

Pleno, em sessão de 17/08/2016, no julgamento do Agravo

ACORDAM os Ministros do Tribunal Superior do Trabalho, em sua Regimental dos autos nº 0250200-06.1992.5.17.0003, manifestou-

composição plenária, I) por unanimidade: a) acolher o incidente de se nos seguintes termos: "até o julgamento da Reclamação nº

inconstitucionalidade suscitado pela eg. 7ª Turma e, em 22.012/RS, prevalece a Taxa Referencial Diária - TRD como índice

consequência, declarar a inconstitucionalidade por arrastamento da de correção monetária dos débitos trabalhistas, conforme o art. 39

expressão "equivalentes à TRD", contida no caput do artigo 39 da da Lei 8.177/1991, em face do entendimento adotado pelo Supremo

Lei n° 8.177/91; b) adotar a técnica de interpretação conforme a Tribunal Federal na liminar proferida na referida Reclamação".

Constituição para o texto remanescente do dispositivo impugnado, a

preservar o direito à atualização monetária dos créditos trabalhistas; Ocorre que em 05/12/2017 a Segunda Turma do STF julgou, em

c) definir a variação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo análise meritória, improcedente a Reclamação (RCL) 22012,

Especial (IPCA-E) como fator de atualização a ser utilizado na ajuizada pela Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) contra a

tabela de atualização monetária dos débitos trabalhistas na Justiça decisão do TST que havia determinado a adoção IPCA-E no lugar

do Trabalho; II) por maioria, atribuir efeitos modulatórios à decisão, da TRD para a atualização de débitos trabalhistas, prevalecendo o

que deverão prevalecer a partir de 30 de junho de 2009, observada, entendimento de que tal posicionamento não configura desrespeito

porém, a preservação das situações jurídicas consolidadas ao julgamento das Ações Diretas de Inconstitucionalidade 4357 e

resultantes dos pagamentos efetuados nos processos judiciais, em 4425, que analisaram a emenda constitucional sobre precatórios.

andamento ou extintos, em virtude dos quais foi adimplida e extinta

a obrigação, ainda que parcialmente, sobretudo em decorrência da A decisão de improcedência da Reclamação 22012 foi publicada no

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 857
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DJE nº 288, divulgado em 13/12/2017, data em que foi também Dessa forma, considerando as decisões proferidas tanto pelo STF

julgado, pela 5ª Turma do C. TST, o AIRR 25823- como também pelo C. TST, este Relator entende que os débitos

78.2015.5.24.0091, encampando o atual posicionamento do Excelso trabalhistas em geral devem ser atualizados pela TR até 24/03/2015

Tribunal. e pelo IPCA-E a partir de 25/03/2015.

Com efeito, a aplicação da TR já não se mostrava suficiente para Cumpre salientar o teor do Ofício Circular CSJT.GP.SG nº 15/2018,

recompor a real perda do poder aquisitivo de nossa moeda, de expedido em 11/06/2018, que determina a suspensão da aplicação

forma que a correção dos débitos trabalhistas levando-se em conta do IPCA-E até o trânsito em julgado da decisão da Reclamação

tal parâmetro causava prejuízos aos trabalhadores. Constitucional nº 22.012 ajuizada pela Federação Nacional dos

Bancos em face da decisão do TST na Reclamação Trabalhista nº

Como bem destacou o Min. Douglas Alencar Rodrigues, em trecho 0000479-60.2011.5.04.0231.

do julgamento do supracitado AIRR, "impõe-se a adoção do IPCA-E

para a atualização dos créditos trabalhistas, não apenas sob a Quanto ao mencionado Ofício, adota-se o entendimento da Exma.

perspectiva da efetiva recomposição do patrimônio dos credores Desembargadora Daniele Corrêa Santa Catarina, em Acórdão

trabalhistas, mas como medida de estímulo efetivo ao cumprimento proferido nos autos do processo nº 0124000-62.2008.5.17.0012,

dos direitos sociais por parte de devedores recalcitrantes, que se julgado pela 3ª Turma deste Regional na sessão do dia 09/07/2018,

valem da Justiça do Trabalho, lamentavelmente, para postergar in verbis:

indefinidamente suas obrigações".

Data máxima vênia o entendimento explicitado no referido ofício,

Ante o exposto, este Relator, na linha das recentes decisões do tenho que, com o julgamento do mérito da Reclamação

Excelso STF e do Colendo TST, modificou o seu posicionamento, Constitucional 22.012 pela c. 2ª Turma do STF, a liminar prolatada

passando a entender pela aplicabilidade, na atualização monetária pelo Excelentíssimo Ministro Relator Dias Tofolli, no sentido de

dos débitos trabalhistas, do Índice de Preços ao Consumidor Amplo suspender a decisão prolatada nos autos da ArgInc - 479-

Especial (IPCA-E). 60.2011.5.04.0231, perdeu o seu efeito, razão pela qual, ainda que

esteja pendente de julgamento embargos de declaração (visto que

Assinale-se que o Tribunal Pleno do TST, em sessão de 20 de já foi negado provimento em 14.6.2018 pelo Plenário Virtual da

março de 2017, apreciando os embargos de declaração opostos em Corte, a agravo regimental interposto), deve prevalecer o decidido

face do acórdão proferido na ArgInc - 479-60.2011.5.04.0231, na mencionada Arguição de Inconstitucionalidade.

decidiu pela modulação da decisão original, atribuindo efeito

modificativo ao julgado, para determinar que a aplicação do IPCA-E, Cabe assinalar que o Pleno do TRT da 17ª Região, na sessão de

como índice de correção dos débitos trabalhistas, produza efeito julgamento do dia 11/07/2018, ao examinar o agravo regimental

somente a partir de 25 de março de 2015, data coincidente com interposto no processo n. 0157600-06.1991.5.17.0001, por maioria,

aquela adotada pelo STF no acórdão prolatado na ADI 4.357: adotou o entendimento de que o Ofício Circular CSJT.GP.SG nº

15/2018 deveria ser observado como uma recomendação e que

[...] acolher parcialmente os embargos de declaração opostos pelo deveria ser aplicado o IPCA-E a partir de março de 2015.

Município de Gravataí e pelo SINDIENERGIA para, dando efeito

modificativo ao julgado, aplicar a modulação dos efeitos da decisão Por fim, vale ressaltar que embora o STF, em decisão do dia

a contar de 25/03/15, que coincide com a data que o Supremo 03/10/2019, no julgamento dos Embargos de Declaração no

Tribunal Federal reconheceu na decisão proferida na Ação Recurso Extraordinário n. 870.947, tenha decidido que também é

Declaratória de Inconstitucionalidade nº 4.357. [...] III) por aplicável o IPCA-E quanto ao período de 2009 a 2015, referida

unanimidade, em cumprimento à decisão liminar proferida pelo decisão se restringe à Fazenda Pública, uma vez que seu objeto é a

Supremo Tribunal Federal, na Reclamação nº 22.012, excluir do atualização monetária dos precatórios. Logo, não se aplica a

acordão originário a determinação de reedição da Tabela Única de referida decisão ao presente caso, uma vez que o devedor é

cálculo de débitos trabalhistas, a fim de que fosse adotado o índice particular, ou seja, in casu, não há falar no regime especial

questionado (IPCA-E) estabelecido pelo art. 100 da CF..

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 858
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Portanto, considerando as decisões proferidas tanto pelo STF como Neto e do Exmo. Desembargador José Carlos Rizk, e presente o

também pelo TST, os débitos trabalhistas em geral devem ser Procurador Regional do Trabalho, Dr. Levi Scatolin; por

atualizados pela TR/FACDT até 24/03/2015 e pelo IPCA-E a partir unanimidade, conhecer dos recursos ordinários interpostos pela

de 25/03/2015, para que seja resguardada a segurança jurídica. Reclamante e pelas Reclamadas; acolher a preliminar suscitada

pela Autora para, nos termos do acórdão proferido no bojo do

Ante todo o exposto, dá-se parcial provimento para determinar que Incidente de Arguição de Inconstitucionalidade nº 0000453-

os débitos trabalhistas devam ser atualizados pela TR até 35.2019.5.17.0000, declarar a inconstitucionalidade parcial do §4º,

24/03/2015 e pelo IPCA-E a partir de 25/03/2015. do art. 791-A, da CLT; em virtude da prejudicialidade das matérias,

inverter a ordem e apreciar em primeiro lugar o mérito do recurso

ordinário interposto pelas Reclamadas; e, no mérito, por maioria,

dar parcial provimento ao apelo patronal para determinar a

devolução do valor adiantado pelas Reclamadas a título de

honorários periciais; e dar parcial provimento ao apelo obreiro para

determinar a devolução do valor adiantado pela Reclamante a título

de honorários periciais; para afastar a limitação da condenação até

02/04/2017, autorizando-se a dedução dos valores pagos a idêntico

título, sob pena de enriquecimento ilícito; para condenar as

Reclamadas no pagamento das verbas "Auxílio Refeição" e "Ajuda

Alimentação", na forma das convenções coletivas da categoria dos

financiários, autorizando-se a dedução das parcelas pagas a

idêntico título; para condenar as Reclamadas no reembolso dos

valores indevidamente descontados a título de auxílio-alimentação e

3. ACÓRDÃO assistência médica; para excluir a condenação da Autora em multa

por litigância de má-fé; para reduzir os honorários devidos pela

Reclamante para o percentual de 5% dos pedidos julgados

improcedentes, bem como para determinar que a verba honorária

devida deva ficar sob condição suspensiva de exigibilidade e

somente poderá ser executada se, nos 2 (dois) anos subsequentes

ao trânsito em julgado da decisão que a certificou, o credor

demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de

recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se,

passado esse prazo, tal obrigação do beneficiário; para determinar

que os débitos trabalhistas devam ser atualizados pela TR até

24/03/2015 e pelo IPCA-E a partir de 25/03/2015. Vencido, no

recurso da reclamada, no tocante ao enquadramento; no recurso do

reclamante, quanto à limitação da condenação; quanto ao auxílio

alimentação e no tocante à devolução dos descontos, o Exmo.

Desembargador Mário Ribeiro Cantarino Neto.

Custas, pelas Reclamadas, no importe de R$ 300,00 (trezentos

reais), calculadas sobre R$ 15.000,00 (quinze mil reais), valor para

Acordam os Magistrados da 1ª Turma do Tribunal Regional do o qual se majora a condenação.

Trabalho da 17ª Região, na Sessão Ordinária realizada no dia 03 de

dezembro de 2019, às 13 horas e 30 minutos, sob a Presidência do

Exmo. Desembargador Cláudio Armando Couce de Menezes, com

a participação do Exmo. Desembargador Mário Ribeiro Cantarino

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 859
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

PROCESSO nº 0000363-15.2019.5.17.0004 (ROT)

RECORRENTE: RUBIANA REIS DO NASCIMENTO VITORIA

RECORRIDOS: GEOTRON - IMPORTACAO E EXPORTACAO

LTDA; GSM INDÚSTRIA E COMÉRCIO IMPORTAÇÃO E

EXPORTAÇÃO LTDA

DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK ORIGEM: 4ª VARA DO TRABALHO DE VITÓRIA/ES

Relator RELATOR: DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK

COMPETÊNCIA: 1ª TURMA

Acórdão EMENTA
Processo Nº ROT-0000363-15.2019.5.17.0004
Relator JOSE CARLOS RIZK
RECORRENTE RUBIANA REIS DO NASCIMENTO
VITORIA
ADVOGADO LUCIENE DE OLIVEIRA(OAB:
6081/ES)
RECORRIDO GEOTRON - IMPORTACAO E
EXPORTACAO LTDA
ADVOGADO ESTEVAO RODRIGUES DO
NASCIMENTO(OAB: 23445/ES)
ADVOGADO LEONARDO VIVACQUA
AGUIRRE(OAB: 12977/ES)

Intimado(s)/Citado(s): RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. EXISTÊNCIA DE GRUPO


- RUBIANA REIS DO NASCIMENTO VITORIA ECONÔMICO. Extrai-se da prova documental e dos depoimentos

tomados nos autos que que 1ª ré (GSM) e a 2ª ré (GEOTRON)

possuíam sócios com vínculo familiar, funcionavam no mesmo

PODER JUDICIÁRIO endereço, compartilham o mesmo objeto social, as decisões eram

JUSTIÇA DO TRABALHO compartilhadas através do Sr. Geraldo; havia ajuda financeira

reciproca para pagamento de alugueis , além de uso compartilhado

dos equipamentos e maquinários, existindo comunhão de interesses

econômicos. Restando demonstrada a existência de grupo

econômico entre os dois réus, é devida a condenação solidária do

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 860
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

segundo reclamado no pagamento das verbas reconhecidas à

autora.

2. FUNDAMENTAÇÃO

1. RELATÓRIO

Ab initio, registra-se que a ação foi ajuizada em 16/04/2019,

portanto após a vigência da Lei nº 13.467/2017, denominada

reforma trabalhista. Ademais, a Origem não declarou a prescrição,

não havendo recurso quanto à matéria. 2.1. CONHECIMENTO

Trata-se de recurso ordinário interposto pela reclamante em face da

sentença, complementada pela decisão de embargos de

declaração, na qual a Origem rejeitou as preliminares de inépcia,

ilegitimidade e suspensão do processo, condenando-a no

pagamento de diferenças de do FGTS, verbas rescisórias, multa do

art. 477 da CLT. Não foi concedido à autora os benefícios da

Assistência Judiciária Gratuita.

Conhece-se do recurso ordinário interposto pela reclamante,

Irresignada, a reclamante pretende a reforma da sentença no porquanto preenchidos os pressupostos legais de admissibilidade

tocante à assistência gratuita, estabilidade gravídica, verbas recursal.

resilitórias, multa do art. 467 da CLT, dano moral, grupo econômico

e honorários advocatícios. Registra-se que a presente demanda foi ajuizada em 16/04/2019

(após, portanto, à vigência da Lei nº 13.467/2017 - Reforma

A 2ª reclamada (GEOTRON)apresenta contrarrazões, pugnando Trabalhista). Ainda, constata-se que a Origem não declarou a

pelo desprovimento do apelo obreiro. prescrição, não havendo recurso quanto à matéria.

A 1ª ré (GSM) deixou transcorrer in albiso prazo para responder ao

recurso.

É o relatório.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 861
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Registra-se que a presente demanda foi ajuizada em 16/04/2019

(após, portanto, à vigência da Lei nº 13.467/2017 - Reforma

Trabalhista). Ainda, constata-se que a Origem não declarou a

prescrição, não havendo recurso quanto à matéria.

A reclamante narra na inicial que foi admitida pela 1ª reclamada

(GSM) em 15/05/2017, na função de analista administrativo

financeiro, sendo dispensada sem justa causa em 18/02/2019,

quando recebia o salário mensal no valor de R$ 2.719,20 (dois mil e

setecentos e dezenove reais e vinte centavos).

Informou a autora que foi dispensada quando se encontrava

grávida, e, portanto, protegida pela estabilidade provisória prevista

em norma coletiva de 6 meses após o parto ocorrido em

11/09/2018(Cláusula 8ª).

Pugnou pela declaração da ilegalidade da rescisão do contrato de

trabalho, bem como pela a condenação do réu na "indenização do

período de sua estabilidade referente a dois meses, com o

pagamento do salário correspondente, 13º salário, férias e FGTS

deste período".

2.2. MÉRITO Em contestação, a 1ª ré (GSM) afirmou que a dispensa ocorreu

após o período de estabilidade previsto no art. art. 10, inc. II, alínea

"b" do ADCT.

A Origem julgou improcedente o pedido ao entender que a

reclamante foi dispensada após o período de estabilidade

provisória, como se infere abaixo:

"Pleiteou a autora o pagamento indenizado do restante de sua

estabilidade provisória no emprego, dizendo que o parto de seu filho

ocorreu dia 11.09.2018 e que deveria gozar de seis meses de

estabilidade no emprego, de modo que somente poderia ser

dispensada em março de 2019, porquanto a autora é detentora de

estabilidade provisória nos termos do art. 10, II, "b" do ADCT.

2.2.1. ESTABILIDADE GRAVÍDICA. NORMA COLETIVA. A reclamada defendeu-se, alegando que em verdade, a autora foi

dispensada após o término de sua estabilidade, uma vez que ao

teor do art. 10, II, do ADCT da CRFB/1988, é vedada a b dispensa

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 862
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

arbitrária ou sem justa causa da empregada gestante, desde a Emerge da Cláusula 8ª da CCT 2018/2020 acostada ao Id. d5857e7

confirmação da gravidez até 05 meses após o parto. - Pág. 2/3:

Com efeito, se o parto do filho da autora ocorreu em 11.09.2018, o "Terá garantia de permanência no emprego durante a vigência da

término do período estabilitário deu-se em 11.02.2019, sendo certo presente Convenção Coletiva de Trabalho a empregada gestante,

que o TRCT de fl. 86 informa que a dispensa se deu em desde a confirmação da gravidez até 6 (seis) meses após o parto".

18.02.2019, portanto, após o término do período estabilitário.

Salta a vista que a norma coletiva prevê norma mais favorável à

Portanto, improcede o pedido de pagamento de indenização dos trabalhadora gestante que o previsto no art. 10, inciso II, alínea "b",

salários correspondente a estabilidade provisória da obreira". do ADCT, notadamente porque aquela elastece o prazo de garantia

provisória da empregada grávida para 6 meses após o parto.

Em decisão de embargos de declaração a Origem esclareceu:

Portanto, em face da criatividade jurídica da negociação coletiva,

"A embargante alega neste recurso que a CONVENÇÃO COLETIVA deve-se observar os parâmetros fixados na Cláusula 8ª da CCT

garante-lhe a permanência no emprego até 06 (seis) meses após o 2018/2020, para fins de verificação do período de estabilidade

parto, em sua cláusula oitava, fato este não impugnado na defesa gestante.

das Reclamadas, o que causa espécie.

No caso dos autos, tem-se que a autora alega que estava gestante

A pretensão da embargante é de revolver o conjunto probatório e que o parto ocorreu em 11/09/2018. No entanto, não trouxe aos

constante dos autos, bem como revolver os fundamentos contidos autos a certidão de nascimento do(a) filho(a) para comprovar o dia

na decisão embargada, não podendo fazê-lo em sede de embargos efetivo do termo inicial para a contagem do lapso temporal de 6

de declaração". meses previsto em norma coletiva.

Recorre a autora, ao fundamento de que a decisão não observou a Assim, a autora não comprovou nos autos o seu direito constitutivo,

estabilidade gestante prevista em norma coletiva (Cláusula 8ª). a fim de fazer jus à estabilidade gestante da norma coletiva, nos

moldes do art. 818, I da CLT.

Analisa-se.

Registre-se que sem a comprovação da data do parto não é

Por meio do Decreto Legislativo nº 20, de 30 de abril de 1954 o possível estabelecer a data final do período estabilitário, nos moldes

Brasil aprovou a Convenção nº 103 da OIT que estabeleceu a pretendidos pela reclamante.

proibição da dispensa da empregada durante o período de licença-

maternidade. De certo que, não tendo a autora comprovado a data do parto, resta

impossível verificar se a dispensa ocorreu dentro do período de

Seguindo esta premissa, a estabilidade provisória da gestante está garantia de emprego.

prevista no art. 10, inciso II, alínea "b", do ADCT, segundo o qual

"até que seja promulgada a lei complementar a que se refere o art. Logo, não tendo a autora comprovado o fato constitutivo de seu

7º, I, da Constituição, fica vedada a dispensa arbitrária ou sem justa direito, resta indevida a indenização substitutiva, bem como as

causa da empregada gestante, desde a confirmação da gravidez diferenças de verbas resilitórias.

até cinco meses após o parto".

Por fundamento diverso, a sentença deve ser mantida.

No caso em comento, registra-se que a obreira não fundamente seu

pedido de estabilidade gestante nos moldes definidos peloart. 10, Nega-se provimento.

inciso II, alínea "b", do ADCT, mas sim decorrente de vantagem

conferida por meio de norma coletiva, especificamente a Cláusula

8ª da CCT 2018/2020.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 863
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

argumento da autora de que não há autenticação bancária, uma vez

que se trata de transferência bancária realizada por meio do serviço

de internet banking, havendo a autenticação da operação realizada.

Portanto, atinente ao pagamento das verbas rescisórias

2.2.2. VERBAS RSCISÓRIAS discriminadas no TRCT de fl. 86, resta o pagamento da quantia de

R$ 4.534,48.

Devido o pagamento das férias em dobro acrescidas de 1/3

relativamente ao período aquisitivo 15/03/2017 a 14/03/2018, eis

que a obreira gozou tal período de férias, salientando, ainda, o

Juízo que as alegadas férias foram gozadas de 10.01.2019 a

08.02.2019, tendo sido o seu pagamento incluído no TRCT de fl. 81,

pagos, portanto, a destempo. Total: R$ 3.616,53.

Registra-se que a presente demanda foi ajuizada em 16/04/2019

(após, portanto, à vigência da Lei nº 13.467/2017 - Reforma Ocorre que tal valor já se encontra inserido no montante deferido a

Trabalhista). Ainda, constata-se que a Origem não declarou a título de pagamento do TRCT de fl.81, de sorte que seu valor não

prescrição, não havendo recurso quanto à matéria. será computado no montante total devido a autora.

A reclamante narra na inicial que foi admitida pela 1ª reclamada Considerando que as guias do Depósito do FGTS não foram

(GSM) em 15/05/2017, na função de analista administrativo comprovadas nos autos, referente aos meses de abril/2017 até sua

financeiro, sendo dispensada sem justa causa em 18/02/2019, dispensa, defiro o pagamento das parcelas, acrescida da

quando recebia o salário mensal no valor de R$ 2.719,20 (dois mil e indenização de 40% do FGTS, sendo o montante total devido a tal

setecentos e dezenove reais e vinte centavos). título de R$ 5.439,28 + R$ 2.175,71 = R$ 7.614,99.

A autora informou que "no dia 15/03/2019 a Reclamada pagou a Devida a multa do art. 477, §8º CLT, no total de R$ 2.719,20, uma

mesma o saldo do salário de maternidade relativamente a 12/2018 vez que as verbas rescisórias não foram pagas no prazo legal,

no importe de R$578,00 bem como, a segunda parcela do rejeitando o Juízo os argumentos da reclamada acerca do

13ºsalario/2018 de R$974,00 novecentos e setenta e quatro reais) entendimento da não aplicação da mencionada multa em razão da

no dia 18/03/209 juntamente com as férias e que estes pagamentos equiparação da situação com a massa falida, eis que os institutos

ocorreram após contato com a Sra. Fernanda, atual gestora da falência e recuperação judicial não se confundem".

Reclamada que ficou compadecida com a situação de penúria da

Reclamante".

Pugnou pelo pagamento das verbas rescisórias não quitadas, além Recorre a autora sob a alegação de que a reclamada confessou,

da entrega do TRCT e guias para saque do FGTS e habilitação em contestação, que seria devido à autora o valor de "R$7.791,48 e

seguro desemprego. NÃO o valor 'encontrado' pela Magistrada de R$4.534,48 como

restante das verbas resilitórias em total prejuízo á autora".

Em contestação, a 1ª ré (GSM) relata que efetuou o pagamento

parcial das verbas rescisórias, diante de crise econômica. Pois bem.

A Origem julgou parcialmente procedente o pedido so o seguinte In casu, este Relator entende que a reclamada comprovou nos

fundamento: autos que efetuou o pagamento parcial das verbas rescisórias da

reclamante, consoante se verifica no documento de ID 315c77a.

"Com efeito, os documentos dos autos apenas comprovam o

pagamento da quantia de R$ 4.231,00 (fl.81), não se sustentando o Ademais, a própria autora, na inicial, admiteque ""no dia 15/03/2019

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 864
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

a Reclamada pagou a mesma o saldo do salário de maternidade a pagar ao trabalhador, à data do comparecimento à Justiça do

relativamente a 12/2018 no importe de R$578,00 bem como, a Trabalho, a parte incontroversa dessas verbas, sob pena de pagá-

segunda parcela do 13ºsalario/2018 de R$974,00 novecentos e las acrescidas de cinquenta por cento. (sem grifos no original)

setenta e quatro reais) no dia 18/03/209 juntamente com as férias".

Com efeito, tendo a reclamada controvertido o pagamento das

Registre-se que, ao contrário do que sustenta em seu recurso, a verbas rescisórias, tendo acostado comprovante de pagamento ao

reclamada não admite que ainda deve a autora o valor de Id. 315c77a, a multa não se mostra devida.

R$7.791,48, notadamente porque esclarece na contestação que

"Atente-se ao fato de que não há verbas Incontroversas", conforme Logo, a sentença deve ser mantida.

Id.34b4049 - Pág. 15". A contestação deve ser lida em seu conjunto,

diante do princípio da boa-fé objetiva. Nega-se provimento.

Desse modo, conclui-se que a reclamada comprovou o pagamento

parcial das parcelas constantes do TRCT, de forma que a dedução

resta devida, nos moldes definido pela Origem.

Nega-se provimento.

2.2.4. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS

2.2.3. MULTA DO ART. 467 DA CLT. BASE DE CÁLCULO

Registra-se que a presente demanda foi ajuizada em 16/04/2019

(após, portanto, à vigência da Lei nº 13.467/2017 - Reforma

Trabalhista). Ainda, constata-se que a Origem não declarou a

prescrição, não havendo recurso quanto à matéria.

A reclamante narra na inicial que foi admitida pela 1ª reclamada

O Juízo de Origem indeferiu o pedido da multa do art. 467 da CLT. (GSM) em 15/05/2017, na função de analista administrativo

financeiro, sendo dispensada sem justa causa em 18/02/2019,

A autora requer a condenação da ré no pagamento da referida quando recebia o salário mensal no valor de R$ 2.719,20 (dois mil e

multa. setecentos e dezenove reais e vinte centavos).

Analisa-se. Sustentou que as verbas rescisórias não foram quitadas. Por isso,

pleiteou o pagamento desta, bem como a aplicação da multa do art.

Assim dispõe o art. 467 da CLT: 467 e art. 477 da CLT.

Em caso de rescisão de contrato de trabalho, havendo controvérsia Por isso, pugnou pelo deferimento do dano moral.

sobre o montante das verbas rescisórias, o empregador é obrigado

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Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

A Origem condenou a reclamada no pagamento das verbas rescisórias em sua integralidade, ou mesmo o atraso no pagamento

rescisórias e da multa do art. 477 da CLT, porém julgou por período razoável, é suficiente para causar ao seu destinatário

improcedente o pedido de dano moral. angústia e aflição, traduzindo-se, em última análise, privação de

fonte básica de sobrevivência, portanto, atentatório à dignidade

Recorre a autora pugnando a indenização por danos morais. humana.

Pois bem. Ademais, sem o recolhimento do FGTS a autora não poderia se

valer de uma de suas faculdades para o saque dos valores

A reparabilidade do dano moral, após o advento da Constituição de depositados a este título, acaso viesse a cumpri os requisitos do art.

1988, tornou-se inegável, estando expressamente prevista em seu 20 da Lei 8.036/90, tolhendo-lhe mais uma garantia de natureza

artigo 5º, incisos V e X, como garantia do indivíduo. social.

Todos os indivíduos são dotados de uma esfera de cunho pessoal e Nesse sentido é o entendimento deste E. TRT, conforme súmula 45,

abstrato que constitui a face moral e subjetiva dos seres humanos. in verbis:

Por consubstanciar importante parcela da totalidade humana,

referida esfera merece a proteção da ordem jurídica contra SÚMULA Nº 45 DO TRT DA 17ª REGIÃO

atentados que provoquem sua deterioração.

"INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. ATRASO SALARIAL. DANO

Nesse sentido, serve de fundamento para o pedido de indenização PRESUMIDO.O atraso salarial, contumaz ou expressivo, ofende a

por danos morais a angústia, aflição e amargura experimentada de dignidade do trabalhador, que depende de seu salário para

maneira particular pelo ser humano, cingindo-se, portanto, ao satisfazer suas necessidades básicas e as de seus dependentes,

âmbito subjetivo de cada pessoa, com violação dos direitos da configurando dano in re ipsa, em razão de seu caráter alimentar e

personalidade. essencial (art. 7º, X, CF). Tal circunstância configura dano moral

indenizável, não havendo a necessidade de prova dos prejuízos

Este Relator partilhava do entendimento de que o fato de não ter advindos do ato ilícito praticado pelo empregador, porque

sido cumprido o prazo para o pagamento das verbas rescisórias ou presumidos".

salariais não caracterizava, por si só, dano moral.

No caso dos autos, a reclamada foi condenada ao pagamento das

No entanto, este posicionamento foi revisto. verbas rescisórias, depósito de FGTS faltantes e art. 477 da CLT.

Ora, é razoável concluir que o descumprimento da avença, com o Portanto, reconhecida a mora no pagamento das verbas rescisórias

manifesto pagamento a menor ou em atraso das verbas de direito, e do FGTS, constituindo essas de natureza alimentar, reputa-se

além de consubstanciar ato atentatório às normas trabalhistas, configurado o dano in re ipsana esfera extrapatrimonial da autora.

causa gravame de per sicapaz de gerar a angústia e sofrimento ao

trabalhador, que depende daquele rendimento para proporcionar a Diante do exposto, a reclamada deve ser condenada no pagamento

manutenção da própria subsistência e de sua família com de indenização por danos morais.

dignidade.

Dá-se provimento para condenar a ré no pagamento de indenização

O próprio salário, por sua natureza, tem por essência a por danos morais.

habitualidade e continuidade, sendo certo que o seu recebimento,

após o dispêndio da força de trabalho e do tempo de vida destinado

para a realização de determinada tarefa, é uma consequência

natural, esperada e essencialmente humana, porquanto se trata de

condição de sobrevivência.

Por esse motivo, o não pagamento do salário ou das verbas

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2.2.5. VALOR DA INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS

2.2.6. GRUPO ECONÔMICO

Na audiência de Id. cf971b4, a reclamante emendou a inicial e

requereu a condenação da ré no pagamento de indenização por

danos morais em valor de R$ 10.845,00 (dez mil, oitocentos e

quarenta e cinco reais).

Conforme tópico anterior, foi dado provimento ao apelo obreiro para

condenar a ré no pagamento da indenização por danos morais Registra-se que a presente demanda foi ajuizada em 16/04/2019

decorrentes da mora das verbas rescisórias e diferenças no (após, portanto, à vigência da Lei nº 13.467/2017 - Reforma

recolhimento do FGTS. Trabalhista). Ainda, constata-se que a Origem não declarou a

prescrição, não havendo recurso quanto à matéria.

Passa-se, portanto, à sua quantificação.

A reclamante narra na inicial que foi admitida pela 1ª reclamada

O valor da indenização por danos morais não segue montantes (GSM) em 15/05/2017, na função de analista administrativo

tabelados, devendo o intérprete apreciar e quantificar caso a caso, financeiro, sendo dispensada sem justa causa em 18/02/2019,

segundo sua livre convicção fundamentada, levando em conta quando recebia o salário mensal no valor de R$ 2.719,20 (dois mil e

alguns aspectos importantes tais como a gravidade da lesão ou da setecentos e dezenove reais e vinte centavos).

dor sofrida e suas consequências, além da capacidade econômica

das partes. Afirmou que as reclamadas atuam no mesmo endereço, possuem

sócios em comum e atuam de forma simultânea/conjunta, já que se

No caso em tela, conforme narrado alhures, a reclamada foi trata de grupo familiar, de forma que resta caracterizada a

condenada a pagar verbas rescisórias e diferenças de FGTS, que comunhão de interesses.

detém natureza alimentar.

Por isso, pleiteou a condenação solidária das reclamadas.

O contrato social da 1ª reclamada demonstra o capital social de R$

10.524.000,00 (dez milhões, quinhentos e vinte e quatro mil reais) - A 2ª ré (GEOTRON), em contestação, alega que "jamais esteve sob

Id. d8cabb2 - Pág. 6. direção, controle ou administração da 1ª Reclamada, uma vez que

sempre atuou de forma autônoma e independente" e que "JAMAIS

Dessa forma, considerando-se a situação da vítima, a gravidade do HOUVE qualquer comunhão de interesses ou atuação em conjunto

dano e, o caráter punitivo-pedagógico da reparação, entende-se entre as empresas", em que pese a existência de relação familiar.

razoável a fixação da indenização por danos morais em R$2.000,00

(dois mil reais). O Juízo de Primeiro Grau julgou improcedente o pedido de

condenação solidária pelos seguintes fundamentos:

Dá-se provimento parcial ao apelo para arbitrar a indenização por

danos morais no montante de R$2.000,00 (dois mil reais). "Em depoimento pessoal a reclamante confessou que era analista

financeiro; que montava remessa de pagamento, analisava relatório

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financeiro, entrava em contato para negociar título, remessa logrou êxito em fazê-lo.

pagamento a funcionários; que a segunda reclamada não utilizava

do serviço da reclamante; que quando a primeira ré não tinha ativos Assim sendo, indefiro o pleito da condenação solidária das

para comprar insumos, a reclamante entrava em contato com a reclamadas, improcedendo o pedido de declaração de formação de

segunda ré e recebia os boletos em seu email; que o RH foi grupo econômico".

informado de que sua gravidez era de risco, havia atestados; que os

pagamentos foram todos feitos. A reclamante recorre alegando que resta claro a comunhão de

interesses das reclamadas.

Em depoimento pessoal, a 2ª reclamada confessou que era o

próprio depoente quem dava ordens na ré e participação em feiras; Pois bem.

que não sabe quem decidia a participação da primeira ré em feiras;

que a primeira ré participou apenas de uma feira, compartilharam os Em relação ao instituto do grupo econômico, o art. 2º, § 2º, da CLT,

estandes, não compartilham maquinas, materiais; que quem pagava na redação anterior à inserida pela Lei nº 13.467/2017, estabelecia

os alugueis das salas da 1ª ré em razão dos passivos existentes. que:

A testemunha Juliano comprovou que ambas as reclamadas "§ 2º - Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada

produzem rochas ornamentais; que as empresas tem ativos uma delas, personalidade jurídica própria, estiverem sob a direção,

distintos, operações cada uma no seu CNPJ; que quem fava as controle ou administração de outra, constituindo grupo industrial,

ordens na GSM era Geraldo e este tinha forte palavra dentro da 2ª comercial ou de qualquer outra atividade econômica, serão, para os

reclamada; que quem decide a participação em feiras da 2ª efeitos da relação de emprego, solidariamente responsáveis a

reclamada era o Geraldo; que havia operações financeiras que empresa principal e cada uma das subordinadas".

eram realizadas entre as duas empresas, a 1ª reclamada estava em

dificuldades financeiras e usava a 2ª reclamada para pagar Com a nova redação conferida pela Lei 13.467/17, foram mantidos

despesas por meio dos créditos que tinha; que existe uma pratica os contornos gerais do grupo econômico tradicionalmente previsto

de que os vizinhos se ajudam; que já presenciou a 2ª ré emprestar na CLT, tendo sido positivada, no § 2º, de forma expressa, a

escavadeira para a 1ª reclamada; que o Geraldo não figurava no formação do grupo econômico horizontal (ou por coordenação),

contrato social, mas sempre dizia que a empresa era dele, da irmã constituído quando as empresas dele integrantes agem sob

dele e do Gustavo; que o Guilherme era filho dele, mas era coordenação, mantendo cada qual sua autonomia, o que, ressalta-

funcionário da 1ª reclamada; que o Guilherme era sócio da 2ª se, já era admitido pela jurisprudência pátria.

reclamada, juntamente com a irmã do Geraldo; que era empregado

da 1ª reclamada; que o escritório da 1ª reclamada era na Av. Norte- A teoria horizontal, outrora prevista na Lei nº 5.889/1973,

Sul, compartilhavam mesmo prédio que a 2ª reclamada e terceira regulamentadora do trabalho rural, já era aplicada, por analogia,

empresa; que não sabe se havia compartilhamento de empregados também em relação ao empregado urbano, inclusive por este

entre 1ª e 2ª reclamadas; que a 1ª reclamada tinha contratos Relator.

próprios, que não se confundiam com os contratos da 2ª reclamada;

que as decisões eram tomadas em grupo. A Reforma Trabalhista também acrescentou ao art. 2º da CLT, o

§3º, que elenca os requisitos legais para a configuração do grupo

Não fosse só isto, os documentos de fls. 37-47 e 130-175 não econômico, quais sejam, a demonstração da existência de

comprovam a tese autoral no sentido de que compartilham as rés os interesses integrados, a efetiva comunhão dos interesses e a

mesmos sócios. atuação conjunta, estabelecendo, ainda, que não caracteriza grupo

econômico a mera identidade de sócios.

Ora, a simples existência de relação de parentesco entre o

proprietário da 1ª reclamada e os sócios da 2ª reclamada não faz O depoimento da testemunha da autoracomprova a existência de

com que reste caracterizado grupo econômico ou comunhão de interesses integrados, a efetiva comunhão dos interesses e a

interesses das empresas. Tais requisitos devem ser cabalmente atuação conjunta, ao afirmar que: as reclamadas produzem rochas

comprovados, na forma do art. 2º, § 3º da CLT, o que a autora não ornamentais; que quem fava as ordens na GSM era Geraldo e este

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tinha forte palavra dentro da 2ª reclamada; que quem decide a

participação em feiras da 2ª reclamada era o Geraldo; que havia Desta forma, as rés devem responder solidariamente pelos créditos

operações financeiras que eram realizadas entre as duas empresas, derivados da relação de trabalho com a autora, por constituírem um

a 1ª reclamada estava em dificuldades financeiras e usava a 2ª grupo econômico horizontal, na forma do art. 2º, §2º e §3º da CLT.

reclamada para pagar despesas por meio dos créditos que tinha;

que existe uma pratica de que os vizinhos se ajudam; que já Dá-se provimento para condenar as reclamadas, solidariamente, ao

presenciou a 2ª ré emprestar escavadeira para a 1ª reclamada; que pagamento dos créditos derivados da relação de trabalho com a

o Geraldo não figurava no contrato social, mas sempre dizia que a autora.

empresa era dele, da irmã dele e do Gustavo; que o Guilherme era

filho dele, mas era funcionário da 1ª reclamada; que o Guilherme

era sócio da 2ª reclamada, juntamente com a irmã do Geraldo; que

era empregado da 1ª reclamada; que o escritório da 1ª reclamada

era na Av. Norte-Sul, compartilhavam mesmo prédio que a 2ª

reclamada e terceira empresa; e que as decisões eram tomadas em

grupo.

Conforme o contrato social consolidado no Id. c0340da, a 2ª ré

(GEOTRON)tem por objeto social a importação e exportação e 2.2.7. JUSTIÇA GRATUITA

comércio atacadista de bloco de mármores e granitos, sendo os

sócios Gustavo Lourenço Marques e Caroline Santana Machado.

Conforme o contrato social consolidado no Id. d8cabb2, a 1ª ré

(GSM)tem por objeto social a extração e o comércio varejista e

atacadista de mármores e granitos, sendo sócios Geraldo Santana

Machado e Bruno Santana Machado.

As rés admitem que há relação de parentesco entre os sócios das Registra-se que a presente demanda foi ajuizada em 16/04/2019

rés. (após, portanto, à vigência da Lei nº 13.467/2017 - Reforma

Trabalhista). Ainda, constata-se que a Origem não declarou a

Ademais, o preposto e sócio da 2ª ré(GEOTRON) admite que prescrição, não havendo recurso quanto à matéria.

compartilhou o mesmo espaço físico em feira que participou com a

1ª reclamada (GSM) e que a 2ª ré (GEOTRON) pagava o valor do Em razões recursais a reclamante pugnou pela reforma da decisão

aluguel de sala comercial localizada no 6º andar do Ed. Green uma vez que não tem condições de arcar com os custos

Tower em benefício da 1ª ré (GSM), sendo que as duas empresas processuais, sem prejuízo do seu próprio sustento e de sua família.

funcionavam no mesmo local.

Analisa-se.

O que se extrai da prova documental e dos depoimentos tomados é

que 1ª ré (GSM) e a 2ª ré (GEOTRON) possuíam sócios com De início, registre-se que se aplica ao presente caso as disposições

vínculo familiar, funcionavam no mesmo endereço, compartilham o constantes da Lei da Reforma Trabalhista (Lei nº 13.467/2017)

mesmo objeto social, as decisões eram compartilhadas através do quanto aos novos requisitos para concessão dos benefícios da

Sr. Geraldo; havia ajuda financeira reciproca para pagamento de justiça gratuita, visto que esta reclamatória foi ajuizada em

alugueis , além de uso compartilhado dos equipamentos e 16/04/2019, depois, portanto, da vigência daquela lei.

maquinários.

Este Relator entende que o benefício da gratuidade da justiça

Assim, entende-se que está caracterizado o grupo econômico entre constitui direito fundamental, de aplicação imediata, previsto no art.

os dois reclamados. 5º, inciso LXXIV, da Carta Magna, a todos os brasileiros e

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estrangeiros residentes no Brasil que comprovarem a insuficiência

de recursos. Dá-se provimento para conceder à reclamante o benefício da

assistência judiciária gratuita.

Acerca do tema, assim dispõem os §§3º e 4º, do art. 790 da CLT,

com redação dada pela Lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017, in

verbis:

"§ 3º É facultado aos juízes, órgãos julgadores e presidentes dos

tribunais do trabalho de qualquer instância conceder, a

requerimento ou de ofício, o benefício da justiça gratuita, inclusive

quanto a traslados e instrumentos, àqueles que perceberem salário

igual ou inferior a 40% (quarenta por cento) do limite máximo dos

benefícios do Regime Geral de Previdência Social. 2.2.8. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.

§ 4º O benefício da justiça gratuita será concedido à parte que

comprovar insuficiência de recursos para o pagamento das custas

do processo."

Assim, no caso de o reclamante manter vínculo empregatício

vigente, com a reclamada ou com empresa diversa, e perceber

salário igual ou inferior a 40% do limite máximo dos benefícios do

Regime Geral de Previdência Social, é absoluta a presunção de Registra-se que a presente demanda foi ajuizada em 16/04/2019

hipossuficiência econômica, fazendo jus ao benefício da Justiça (após, portanto, à vigência da Lei nº 13.467/2017 - Reforma

Gratuita. Trabalhista). Ainda, constata-se que a Origem não declarou a

prescrição, não havendo recurso quanto à matéria.

Lado outro, quando o autor estiver desempregado ou na hipótese

de perceber salário superior a 40% (quarenta por cento) do limite A sentença condenou a autora no pagamento de honorários de

máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social, sucumbência recíprocos no importe de 10% (dez por cento) sobre o

entende este Relator que a comprovação da insuficiência de valor da condenação sob o montante final apurado em liquidação.

recursos, a teor do §4º do dispositivo acima transcrito, poderá ser

feita por simples declaração. A reclamante pretende a redução do percentual dos honorários de

sucumbência, bem como o não pagamento diante da concessão da

In casu, a reclamante firmou procuração conferindo poderes ao gratuidade de justiça.

advogado para firmar declaração de pobreza (Id. 81f59f6).

Analisa-se.

Com efeito, nos termos dos artigos 1º da Lei 7.115/1983 e 99, §3º

do CPC/2015, a declaração destinada a fazer prova de pobreza, Na Justiça do Trabalho, prevalecia o entendimento consubstanciado

quando firmada pelo próprio interessado ou por procurador nas Súmulas n.º 219 e 329 do E. TST segundo o qual, em se

bastante, e sob as penas da Lei, presume-se verdadeira. tratando de conflito decorrente da relação de emprego, os

honorários advocatícios eram devidos apenas quando preenchidos

Acrescente-se que o art. 99, §2º do CPC afirma que o juiz somente os requisitos contidos no art. 14 da Lei n. 5.584/1970.

poderá indeferir o pedido se houver nos autos elementos que

evidenciem a falta dos pressupostos legais para a concessão de Com o advento da Lei 13.467, de 13 de julho de 2017, contudo, foi

gratuidade, de tal sorte que, não havendo, no caso em análise, acrescentado à CLT o art. 791-A, que autorizou a condenação na

qualquer documento que contrarie a declaração firmada, faz jus à verba honorária em razão da mera sucumbência.

autora ao benefício da Justiça Gratuita.

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Além disso, o novel dispositivo previu o pagamento de honorários

de sucumbência recíproca, de forma que, vencido o reclamante, IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o

ainda que relativamente a um único pedido, também deverá ele seu serviço.

responder pela verba honorária da parte contrária.

§ 3º Na hipótese de procedência parcial, o juízo arbitrará honorários

Em que pese a intensa celeuma jurídica que se instaurou acerca da de sucumbência recíproca, vedada a compensação entre os

aplicabilidade do novo regramento, este Relator adotou o honorários.

entendimento de que os dispositivos da Reforma Trabalhista que

versam sobre honorários advocatícios apenas incidem nas [...]

demandas ajuizadas após a vigência da Lei 13.467/17, que ocorreu

em 11/11/2017. Assim, considerando que a Autora restou parcialmente sucumbente

nos pedidos formulados na inicial, mantém-se a condenação ao

O C. TST posicionou-se no mesmo sentido na recém editada pagamento de honorários advocatícios de sucumbência.

Instrução Normativa n. 41, que, em seu art. 6º assim dispõe:

Relativamente ao valor dos honorários, devem ser levados em

Art. 6º Na Justiça do Trabalho, a condenação em honorários conta os parâmetros estabelecidos no art. 791-A, §2º, quais sejam:

advocatícios sucumbenciais, prevista no art. 791-A, e parágrafos, da

CLT, será aplicável apenas às ações propostas após 11 de § 2o Ao fixar os honorários, o juízo observará:

novembro de 2017 (Lei nº 13.467/2017). Nas ações propostas

anteriormente, subsistem as diretrizes do art. 14 da Lei 5.584/1970 I - o grau de zelo do profissional;

e das Súmulas nº 219 e 329 do TST.

II - o lugar de prestação do serviço;

A presente demanda foi ajuizada em 16/04/2019, logo, após a

vigência da Reforma Trabalhista. III - a natureza e a importância da causa;

Destarte, são devidos, na espécie, os honorários advocatícios IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o

requeridos, nos termos da nova legislação, in verbis: seu serviço.

Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão Com alicerce nos critérios supratanscritos, e levando-se em

devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% consideração o equilíbrio econômico entre as partes, entende-se

(cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o razoável e proporcional reduzir os honorários devidos pela

valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico Reclamante para o percentual de 5% dos pedidos julgados

obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado improcedentes.

da causa.

Noutro giro, a reclamante é beneficiária da justiça gratuita, conforme

§ 1º Os honorários são devidos também nas ações contra a concessão do benefício no tópico 2.2.7, e nesse caso, pela redação

Fazenda Pública e nas ações em que a parte estiver assistida ou do § 4º, as obrigações decorrentes da sucumbência ficarão sob

substituída pelo sindicato de sua categoria. condição suspensiva ou seus valores serão compensadas com

eventuais créditos obtidos em juízo

§ 2º Ao fixar os honorários, o juízo observará:

§ 4° Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha

I - o grau de zelo do profissional; obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de

suportar a despesa, as obrigações decorrentes de sua sucumbência

II - o lugar de prestação do serviço; ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente

poderão ser executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito

III - a natureza e a importância da causa; em julgado da decisão que as certificou, o credor demonstrar que

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deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que proteção do salário (artigos 5º. LXXIV, e 7º, X, da Constituição

justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse Federal).

prazo, tais obrigações do beneficiário.

Portanto, nos termos da decisão proferida pelo Pleno deste

Ocorre que o Pleno deste Regional, em recente decisão prolatada Regional, a verba honorária devida pela Autora deverá ficar sob

nos autos da Arguição de Inconstitucionalidade nº 0000453- condição suspensiva de exigibilidade e somente poderá ser

35.2019.5.17.0000, declarou a inconstitucionalidade parcial do §4º, executada se, nos 2 (dois) anos subsequentes ao trânsito em

do art. 791-A, da CLT, conforme se depreende da ementa ora julgado da decisão que a certificou, o credor demonstrar que deixou

transcrita: de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a

concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tal

"ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. HONORÁRIOS obrigação do beneficiário.

ADVOCATÍCIOS. ARTIGO 791-A, § 4º, DA CLT. Declara-se a

inconstitucionalidade parcial do § 4º, do artigo 791-A, da CLT Diante do exposto, dá-se parcial provimento para reduzir os

somente quanto ao trecho: "desde que não tenha obtido em juízo, honorários devidos pela Reclamante para o percentual de 5% dos

ainda que outro processo, créditos capazes de suportar a despesa", pedidos julgados improcedentes, bem como para determinar que a

no sentido de que não se possa atingir os créditos deferidos ao verba honorária devida deva ficar sob condição suspensiva de

beneficiário da justiça gratuita, ainda que em outro processo, mas exigibilidade e somente poderá ser executada se, nos 2 (dois) anos

tão somente que a verba honorária fique sob condição suspensiva subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que a certificou, o

de exigibilidade, podendo ser executada, se nos 2 (anos) credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência

subseqüentes ao trânsito em julgado da decisão que a certificou, o de recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-

credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência se, passado esse prazo, tal obrigação do beneficiário.

de recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-

se, passado esse prazo, tal obrigação do beneficiário".

Com efeito, não se pode olvidar que o crédito trabalhista tem

natureza alimentar e o trabalhador, ao despender sua força de

trabalho em proveito do empregador, não busca senão o seu

próprio sustento e da sua família. Dessa forma, não é compatível

com os direitos constitucionalmente tutelados a compensação das

obrigações decorrentes da sucumbência com os créditos do

trabalhador em estado de miserabilidade econômica.

Nesse mesmo sentido é o Enunciado n.º 3, da Comissão 7,

aprovado na 2ª Jornada de Direito Material e Processual do

Trabalho, realizada pela ANAMATRA (Associação Nacional dos

Magistrados da Justiça do Trabalho), entre 9 e 10 de outubro de 3. ACÓRDÃO

2017, in verbis:

HONORÁRIOS E ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA

É inconstitucional a previsão de utilização dos créditos trabalhistas

reconhecidos em juízo para o pagamento de despesas do

beneficiário da justiça gratuita com honorários advocatícios ou

periais (artigos 791-A, §4º, e 790-B, §4º, da CLT, com a redação

dada pela Lei nº 13.467/2017), por ferir os direitos fundamentais à

assistência judiciária gratuita e integral, prestada pelo Estado, e à

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 872
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK

Relator

Acordam os Magistrados da 1ª Turma do Tribunal Regional do

Trabalho da 17ª Região, na Sessão Ordinária realizada no dia 03 de

dezembro de 2019, às 13 horas e 30 minutos, sob a Presidência do

Exmo. Desembargador Cláudio Armando Couce de Menezes, com

a participação do Exmo. Desembargador Mário Ribeiro Cantarino

Neto e do Exmo. Desembargador José Carlos Rizk, e presente o

Procurador Regional do Trabalho, Dr. Levi Scatolin; por

unanimidade, conhecer do recurso ordinário interposto pela

reclamante; e, no mérito, por maioria, dar-lhe parcial provimento

para condenar as reclamadas, solidariamente, ao pagamento de

indenização por danos morais no montante de R$2.000,00 (dois mil

reais); para conceder à reclamante o benefício da assistência

judiciária gratuita; e para reduzir os honorários devidos pela Acórdão


Processo Nº ROT-0000363-15.2019.5.17.0004
Reclamante para o percentual de 5% dos pedidos julgados Relator JOSE CARLOS RIZK
improcedentes, bem como para determinar que a verba honorária RECORRENTE RUBIANA REIS DO NASCIMENTO
VITORIA
devida deva ficar sob condição suspensiva de exigibilidade e ADVOGADO LUCIENE DE OLIVEIRA(OAB:
6081/ES)
somente poderá ser executada se, nos 2 (dois) anos subsequentes
RECORRIDO GEOTRON - IMPORTACAO E
ao trânsito em julgado da decisão que a certificou, o credor EXPORTACAO LTDA
ADVOGADO ESTEVAO RODRIGUES DO
demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de NASCIMENTO(OAB: 23445/ES)
recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se, ADVOGADO LEONARDO VIVACQUA
AGUIRRE(OAB: 12977/ES)
passado esse prazo, tal obrigação do beneficiário. Majorado o valor

das custas para R$200,00 (duzentos reais), calculado sobre o valor Intimado(s)/Citado(s):
- GEOTRON - IMPORTACAO E EXPORTACAO LTDA
da condenação também majorado para R$10.000,00 (dez mil reais),

pelas reclamadas. Vencidos, no tópico "Grupo Econômico", o Exmo.

Desembargador Mário Ribeiro Cantarino Neto; no tocante ao "Valor

da indenização por Danos Morais", o Exmo. Desembargador PODER JUDICIÁRIO


Cláudio Armando Couce de Menezes. Sustentação oral do Dr. JUSTIÇA DO TRABALHO
Estevão Rodrigues do Nascimento, advogado da reclamada e do

Dr. Raynner Oliveira de Souza, advogado do reclamante.

PROCESSO nº 0000363-15.2019.5.17.0004 (ROT)

RECORRENTE: RUBIANA REIS DO NASCIMENTO VITORIA

RECORRIDOS: GEOTRON - IMPORTACAO E EXPORTACAO

LTDA; GSM INDÚSTRIA E COMÉRCIO IMPORTAÇÃO E

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 873
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

EXPORTAÇÃO LTDA

ORIGEM: 4ª VARA DO TRABALHO DE VITÓRIA/ES

RELATOR: DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK 1. RELATÓRIO

COMPETÊNCIA: 1ª TURMA

Ab initio, registra-se que a ação foi ajuizada em 16/04/2019,

portanto após a vigência da Lei nº 13.467/2017, denominada

reforma trabalhista. Ademais, a Origem não declarou a prescrição,

não havendo recurso quanto à matéria.

Trata-se de recurso ordinário interposto pela reclamante em face da

sentença, complementada pela decisão de embargos de

EMENTA declaração, na qual a Origem rejeitou as preliminares de inépcia,

ilegitimidade e suspensão do processo, condenando-a no

pagamento de diferenças de do FGTS, verbas rescisórias, multa do

art. 477 da CLT. Não foi concedido à autora os benefícios da

Assistência Judiciária Gratuita.

Irresignada, a reclamante pretende a reforma da sentença no

tocante à assistência gratuita, estabilidade gravídica, verbas

resilitórias, multa do art. 467 da CLT, dano moral, grupo econômico

RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. EXISTÊNCIA DE GRUPO e honorários advocatícios.

ECONÔMICO. Extrai-se da prova documental e dos depoimentos

tomados nos autos que que 1ª ré (GSM) e a 2ª ré (GEOTRON) A 2ª reclamada (GEOTRON)apresenta contrarrazões, pugnando

possuíam sócios com vínculo familiar, funcionavam no mesmo pelo desprovimento do apelo obreiro.

endereço, compartilham o mesmo objeto social, as decisões eram

compartilhadas através do Sr. Geraldo; havia ajuda financeira A 1ª ré (GSM) deixou transcorrer in albiso prazo para responder ao

reciproca para pagamento de alugueis , além de uso compartilhado recurso.

dos equipamentos e maquinários, existindo comunhão de interesses

econômicos. Restando demonstrada a existência de grupo É o relatório.

econômico entre os dois réus, é devida a condenação solidária do

segundo reclamado no pagamento das verbas reconhecidas à

autora.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 874
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

2. FUNDAMENTAÇÃO

2.1. CONHECIMENTO

2.2. MÉRITO

Conhece-se do recurso ordinário interposto pela reclamante,

porquanto preenchidos os pressupostos legais de admissibilidade

recursal.

Registra-se que a presente demanda foi ajuizada em 16/04/2019

(após, portanto, à vigência da Lei nº 13.467/2017 - Reforma

Trabalhista). Ainda, constata-se que a Origem não declarou a

prescrição, não havendo recurso quanto à matéria.

2.2.1. ESTABILIDADE GRAVÍDICA. NORMA COLETIVA.

Registra-se que a presente demanda foi ajuizada em 16/04/2019

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 875
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

(após, portanto, à vigência da Lei nº 13.467/2017 - Reforma

Trabalhista). Ainda, constata-se que a Origem não declarou a Portanto, improcede o pedido de pagamento de indenização dos

prescrição, não havendo recurso quanto à matéria. salários correspondente a estabilidade provisória da obreira".

A reclamante narra na inicial que foi admitida pela 1ª reclamada Em decisão de embargos de declaração a Origem esclareceu:

(GSM) em 15/05/2017, na função de analista administrativo

financeiro, sendo dispensada sem justa causa em 18/02/2019, "A embargante alega neste recurso que a CONVENÇÃO COLETIVA

quando recebia o salário mensal no valor de R$ 2.719,20 (dois mil e garante-lhe a permanência no emprego até 06 (seis) meses após o

setecentos e dezenove reais e vinte centavos). parto, em sua cláusula oitava, fato este não impugnado na defesa

das Reclamadas, o que causa espécie.

Informou a autora que foi dispensada quando se encontrava

grávida, e, portanto, protegida pela estabilidade provisória prevista A pretensão da embargante é de revolver o conjunto probatório

em norma coletiva de 6 meses após o parto ocorrido em constante dos autos, bem como revolver os fundamentos contidos

11/09/2018(Cláusula 8ª). na decisão embargada, não podendo fazê-lo em sede de embargos

de declaração".

Pugnou pela declaração da ilegalidade da rescisão do contrato de

trabalho, bem como pela a condenação do réu na "indenização do Recorre a autora, ao fundamento de que a decisão não observou a

período de sua estabilidade referente a dois meses, com o estabilidade gestante prevista em norma coletiva (Cláusula 8ª).

pagamento do salário correspondente, 13º salário, férias e FGTS

deste período". Analisa-se.

Em contestação, a 1ª ré (GSM) afirmou que a dispensa ocorreu Por meio do Decreto Legislativo nº 20, de 30 de abril de 1954 o

após o período de estabilidade previsto no art. art. 10, inc. II, alínea Brasil aprovou a Convenção nº 103 da OIT que estabeleceu a

"b" do ADCT. proibição da dispensa da empregada durante o período de licença-

maternidade.

A Origem julgou improcedente o pedido ao entender que a

reclamante foi dispensada após o período de estabilidade Seguindo esta premissa, a estabilidade provisória da gestante está

provisória, como se infere abaixo: prevista no art. 10, inciso II, alínea "b", do ADCT, segundo o qual

"até que seja promulgada a lei complementar a que se refere o art.

"Pleiteou a autora o pagamento indenizado do restante de sua 7º, I, da Constituição, fica vedada a dispensa arbitrária ou sem justa

estabilidade provisória no emprego, dizendo que o parto de seu filho causa da empregada gestante, desde a confirmação da gravidez

ocorreu dia 11.09.2018 e que deveria gozar de seis meses de até cinco meses após o parto".

estabilidade no emprego, de modo que somente poderia ser

dispensada em março de 2019, porquanto a autora é detentora de No caso em comento, registra-se que a obreira não fundamente seu

estabilidade provisória nos termos do art. 10, II, "b" do ADCT. pedido de estabilidade gestante nos moldes definidos peloart. 10,

inciso II, alínea "b", do ADCT, mas sim decorrente de vantagem

A reclamada defendeu-se, alegando que em verdade, a autora foi conferida por meio de norma coletiva, especificamente a Cláusula

dispensada após o término de sua estabilidade, uma vez que ao 8ª da CCT 2018/2020.

teor do art. 10, II, do ADCT da CRFB/1988, é vedada a b dispensa

arbitrária ou sem justa causa da empregada gestante, desde a Emerge da Cláusula 8ª da CCT 2018/2020 acostada ao Id. d5857e7

confirmação da gravidez até 05 meses após o parto. - Pág. 2/3:

Com efeito, se o parto do filho da autora ocorreu em 11.09.2018, o "Terá garantia de permanência no emprego durante a vigência da

término do período estabilitário deu-se em 11.02.2019, sendo certo presente Convenção Coletiva de Trabalho a empregada gestante,

que o TRCT de fl. 86 informa que a dispensa se deu em desde a confirmação da gravidez até 6 (seis) meses após o parto".

18.02.2019, portanto, após o término do período estabilitário.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 876
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Salta a vista que a norma coletiva prevê norma mais favorável à

trabalhadora gestante que o previsto no art. 10, inciso II, alínea "b",

do ADCT, notadamente porque aquela elastece o prazo de garantia

provisória da empregada grávida para 6 meses após o parto.

Portanto, em face da criatividade jurídica da negociação coletiva,

deve-se observar os parâmetros fixados na Cláusula 8ª da CCT

2018/2020, para fins de verificação do período de estabilidade Registra-se que a presente demanda foi ajuizada em 16/04/2019

gestante. (após, portanto, à vigência da Lei nº 13.467/2017 - Reforma

Trabalhista). Ainda, constata-se que a Origem não declarou a

No caso dos autos, tem-se que a autora alega que estava gestante prescrição, não havendo recurso quanto à matéria.

e que o parto ocorreu em 11/09/2018. No entanto, não trouxe aos

autos a certidão de nascimento do(a) filho(a) para comprovar o dia A reclamante narra na inicial que foi admitida pela 1ª reclamada

efetivo do termo inicial para a contagem do lapso temporal de 6 (GSM) em 15/05/2017, na função de analista administrativo

meses previsto em norma coletiva. financeiro, sendo dispensada sem justa causa em 18/02/2019,

quando recebia o salário mensal no valor de R$ 2.719,20 (dois mil e

Assim, a autora não comprovou nos autos o seu direito constitutivo, setecentos e dezenove reais e vinte centavos).

a fim de fazer jus à estabilidade gestante da norma coletiva, nos

moldes do art. 818, I da CLT. A autora informou que "no dia 15/03/2019 a Reclamada pagou a

mesma o saldo do salário de maternidade relativamente a 12/2018

Registre-se que sem a comprovação da data do parto não é no importe de R$578,00 bem como, a segunda parcela do

possível estabelecer a data final do período estabilitário, nos moldes 13ºsalario/2018 de R$974,00 novecentos e setenta e quatro reais)

pretendidos pela reclamante. no dia 18/03/209 juntamente com as férias e que estes pagamentos

ocorreram após contato com a Sra. Fernanda, atual gestora da

De certo que, não tendo a autora comprovado a data do parto, resta Reclamada que ficou compadecida com a situação de penúria da

impossível verificar se a dispensa ocorreu dentro do período de Reclamante".

garantia de emprego.

Pugnou pelo pagamento das verbas rescisórias não quitadas, além

Logo, não tendo a autora comprovado o fato constitutivo de seu da entrega do TRCT e guias para saque do FGTS e habilitação

direito, resta indevida a indenização substitutiva, bem como as seguro desemprego.

diferenças de verbas resilitórias.

Em contestação, a 1ª ré (GSM) relata que efetuou o pagamento

Por fundamento diverso, a sentença deve ser mantida. parcial das verbas rescisórias, diante de crise econômica.

Nega-se provimento. A Origem julgou parcialmente procedente o pedido so o seguinte

fundamento:

"Com efeito, os documentos dos autos apenas comprovam o

pagamento da quantia de R$ 4.231,00 (fl.81), não se sustentando o

argumento da autora de que não há autenticação bancária, uma vez

que se trata de transferência bancária realizada por meio do serviço

de internet banking, havendo a autenticação da operação realizada.

Portanto, atinente ao pagamento das verbas rescisórias

2.2.2. VERBAS RSCISÓRIAS discriminadas no TRCT de fl. 86, resta o pagamento da quantia de

R$ 4.534,48.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 877
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

R$7.791,48, notadamente porque esclarece na contestação que

Devido o pagamento das férias em dobro acrescidas de 1/3 "Atente-se ao fato de que não há verbas Incontroversas", conforme

relativamente ao período aquisitivo 15/03/2017 a 14/03/2018, eis Id.34b4049 - Pág. 15". A contestação deve ser lida em seu conjunto,

que a obreira gozou tal período de férias, salientando, ainda, o diante do princípio da boa-fé objetiva.

Juízo que as alegadas férias foram gozadas de 10.01.2019 a

08.02.2019, tendo sido o seu pagamento incluído no TRCT de fl. 81, Desse modo, conclui-se que a reclamada comprovou o pagamento

pagos, portanto, a destempo. Total: R$ 3.616,53. parcial das parcelas constantes do TRCT, de forma que a dedução

resta devida, nos moldes definido pela Origem.

Ocorre que tal valor já se encontra inserido no montante deferido a

título de pagamento do TRCT de fl.81, de sorte que seu valor não Nega-se provimento.

será computado no montante total devido a autora.

Considerando que as guias do Depósito do FGTS não foram

comprovadas nos autos, referente aos meses de abril/2017 até sua

dispensa, defiro o pagamento das parcelas, acrescida da

indenização de 40% do FGTS, sendo o montante total devido a tal

título de R$ 5.439,28 + R$ 2.175,71 = R$ 7.614,99.

Devida a multa do art. 477, §8º CLT, no total de R$ 2.719,20, uma

vez que as verbas rescisórias não foram pagas no prazo legal, 2.2.3. MULTA DO ART. 467 DA CLT. BASE DE CÁLCULO

rejeitando o Juízo os argumentos da reclamada acerca do

entendimento da não aplicação da mencionada multa em razão da

equiparação da situação com a massa falida, eis que os institutos

falência e recuperação judicial não se confundem".

Recorre a autora sob a alegação de que a reclamada confessou,

em contestação, que seria devido à autora o valor de "R$7.791,48 e O Juízo de Origem indeferiu o pedido da multa do art. 467 da CLT.

NÃO o valor 'encontrado' pela Magistrada de R$4.534,48 como

restante das verbas resilitórias em total prejuízo á autora". A autora requer a condenação da ré no pagamento da referida

multa.

Pois bem.

Analisa-se.

In casu, este Relator entende que a reclamada comprovou nos

autos que efetuou o pagamento parcial das verbas rescisórias da Assim dispõe o art. 467 da CLT:

reclamante, consoante se verifica no documento de ID 315c77a.

Em caso de rescisão de contrato de trabalho, havendo controvérsia

Ademais, a própria autora, na inicial, admiteque ""no dia 15/03/2019 sobre o montante das verbas rescisórias, o empregador é obrigado

a Reclamada pagou a mesma o saldo do salário de maternidade a pagar ao trabalhador, à data do comparecimento à Justiça do

relativamente a 12/2018 no importe de R$578,00 bem como, a Trabalho, a parte incontroversa dessas verbas, sob pena de pagá-

segunda parcela do 13ºsalario/2018 de R$974,00 novecentos e las acrescidas de cinquenta por cento. (sem grifos no original)

setenta e quatro reais) no dia 18/03/209 juntamente com as férias".

Com efeito, tendo a reclamada controvertido o pagamento das

Registre-se que, ao contrário do que sustenta em seu recurso, a verbas rescisórias, tendo acostado comprovante de pagamento ao

reclamada não admite que ainda deve a autora o valor de Id. 315c77a, a multa não se mostra devida.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 878
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Logo, a sentença deve ser mantida. A reparabilidade do dano moral, após o advento da Constituição de

1988, tornou-se inegável, estando expressamente prevista em seu

Nega-se provimento. artigo 5º, incisos V e X, como garantia do indivíduo.

Todos os indivíduos são dotados de uma esfera de cunho pessoal e

abstrato que constitui a face moral e subjetiva dos seres humanos.

Por consubstanciar importante parcela da totalidade humana,

referida esfera merece a proteção da ordem jurídica contra

atentados que provoquem sua deterioração.

Nesse sentido, serve de fundamento para o pedido de indenização

por danos morais a angústia, aflição e amargura experimentada de

2.2.4. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS maneira particular pelo ser humano, cingindo-se, portanto, ao

âmbito subjetivo de cada pessoa, com violação dos direitos da

personalidade.

Este Relator partilhava do entendimento de que o fato de não ter

sido cumprido o prazo para o pagamento das verbas rescisórias ou

salariais não caracterizava, por si só, dano moral.

No entanto, este posicionamento foi revisto.

Registra-se que a presente demanda foi ajuizada em 16/04/2019

(após, portanto, à vigência da Lei nº 13.467/2017 - Reforma Ora, é razoável concluir que o descumprimento da avença, com o

Trabalhista). Ainda, constata-se que a Origem não declarou a manifesto pagamento a menor ou em atraso das verbas de direito,

prescrição, não havendo recurso quanto à matéria. além de consubstanciar ato atentatório às normas trabalhistas,

causa gravame de per sicapaz de gerar a angústia e sofrimento ao

A reclamante narra na inicial que foi admitida pela 1ª reclamada trabalhador, que depende daquele rendimento para proporcionar a

(GSM) em 15/05/2017, na função de analista administrativo manutenção da própria subsistência e de sua família com

financeiro, sendo dispensada sem justa causa em 18/02/2019, dignidade.

quando recebia o salário mensal no valor de R$ 2.719,20 (dois mil e

setecentos e dezenove reais e vinte centavos). O próprio salário, por sua natureza, tem por essência a

habitualidade e continuidade, sendo certo que o seu recebimento,

Sustentou que as verbas rescisórias não foram quitadas. Por isso, após o dispêndio da força de trabalho e do tempo de vida destinado

pleiteou o pagamento desta, bem como a aplicação da multa do art. para a realização de determinada tarefa, é uma consequência

467 e art. 477 da CLT. natural, esperada e essencialmente humana, porquanto se trata de

condição de sobrevivência.

Por isso, pugnou pelo deferimento do dano moral.

Por esse motivo, o não pagamento do salário ou das verbas

A Origem condenou a reclamada no pagamento das verbas rescisórias em sua integralidade, ou mesmo o atraso no pagamento

rescisórias e da multa do art. 477 da CLT, porém julgou por período razoável, é suficiente para causar ao seu destinatário

improcedente o pedido de dano moral. angústia e aflição, traduzindo-se, em última análise, privação de

fonte básica de sobrevivência, portanto, atentatório à dignidade

Recorre a autora pugnando a indenização por danos morais. humana.

Pois bem. Ademais, sem o recolhimento do FGTS a autora não poderia se

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valer de uma de suas faculdades para o saque dos valores

depositados a este título, acaso viesse a cumpri os requisitos do art.

20 da Lei 8.036/90, tolhendo-lhe mais uma garantia de natureza

social.

Na audiência de Id. cf971b4, a reclamante emendou a inicial e

Nesse sentido é o entendimento deste E. TRT, conforme súmula 45, requereu a condenação da ré no pagamento de indenização por

in verbis: danos morais em valor de R$ 10.845,00 (dez mil, oitocentos e

quarenta e cinco reais).

SÚMULA Nº 45 DO TRT DA 17ª REGIÃO

Conforme tópico anterior, foi dado provimento ao apelo obreiro para

"INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. ATRASO SALARIAL. DANO condenar a ré no pagamento da indenização por danos morais

PRESUMIDO.O atraso salarial, contumaz ou expressivo, ofende a decorrentes da mora das verbas rescisórias e diferenças no

dignidade do trabalhador, que depende de seu salário para recolhimento do FGTS.

satisfazer suas necessidades básicas e as de seus dependentes,

configurando dano in re ipsa, em razão de seu caráter alimentar e Passa-se, portanto, à sua quantificação.

essencial (art. 7º, X, CF). Tal circunstância configura dano moral

indenizável, não havendo a necessidade de prova dos prejuízos O valor da indenização por danos morais não segue montantes

advindos do ato ilícito praticado pelo empregador, porque tabelados, devendo o intérprete apreciar e quantificar caso a caso,

presumidos". segundo sua livre convicção fundamentada, levando em conta

alguns aspectos importantes tais como a gravidade da lesão ou da

No caso dos autos, a reclamada foi condenada ao pagamento das dor sofrida e suas consequências, além da capacidade econômica

verbas rescisórias, depósito de FGTS faltantes e art. 477 da CLT. das partes.

Portanto, reconhecida a mora no pagamento das verbas rescisórias No caso em tela, conforme narrado alhures, a reclamada foi

e do FGTS, constituindo essas de natureza alimentar, reputa-se condenada a pagar verbas rescisórias e diferenças de FGTS, que

configurado o dano in re ipsana esfera extrapatrimonial da autora. detém natureza alimentar.

Diante do exposto, a reclamada deve ser condenada no pagamento O contrato social da 1ª reclamada demonstra o capital social de R$

de indenização por danos morais. 10.524.000,00 (dez milhões, quinhentos e vinte e quatro mil reais) -

Id. d8cabb2 - Pág. 6.

Dá-se provimento para condenar a ré no pagamento de indenização

por danos morais. Dessa forma, considerando-se a situação da vítima, a gravidade do

dano e, o caráter punitivo-pedagógico da reparação, entende-se

razoável a fixação da indenização por danos morais em R$2.000,00

(dois mil reais).

Dá-se provimento parcial ao apelo para arbitrar a indenização por

danos morais no montante de R$2.000,00 (dois mil reais).

2.2.5. VALOR DA INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS

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2.2.6. GRUPO ECONÔMICO Em depoimento pessoal, a 2ª reclamada confessou que era o

próprio depoente quem dava ordens na ré e participação em feiras;

que não sabe quem decidia a participação da primeira ré em feiras;

que a primeira ré participou apenas de uma feira, compartilharam os

estandes, não compartilham maquinas, materiais; que quem pagava

os alugueis das salas da 1ª ré em razão dos passivos existentes.

A testemunha Juliano comprovou que ambas as reclamadas

produzem rochas ornamentais; que as empresas tem ativos

Registra-se que a presente demanda foi ajuizada em 16/04/2019 distintos, operações cada uma no seu CNPJ; que quem fava as

(após, portanto, à vigência da Lei nº 13.467/2017 - Reforma ordens na GSM era Geraldo e este tinha forte palavra dentro da 2ª

Trabalhista). Ainda, constata-se que a Origem não declarou a reclamada; que quem decide a participação em feiras da 2ª

prescrição, não havendo recurso quanto à matéria. reclamada era o Geraldo; que havia operações financeiras que

eram realizadas entre as duas empresas, a 1ª reclamada estava em

A reclamante narra na inicial que foi admitida pela 1ª reclamada dificuldades financeiras e usava a 2ª reclamada para pagar

(GSM) em 15/05/2017, na função de analista administrativo despesas por meio dos créditos que tinha; que existe uma pratica

financeiro, sendo dispensada sem justa causa em 18/02/2019, de que os vizinhos se ajudam; que já presenciou a 2ª ré emprestar

quando recebia o salário mensal no valor de R$ 2.719,20 (dois mil e escavadeira para a 1ª reclamada; que o Geraldo não figurava no

setecentos e dezenove reais e vinte centavos). contrato social, mas sempre dizia que a empresa era dele, da irmã

dele e do Gustavo; que o Guilherme era filho dele, mas era

Afirmou que as reclamadas atuam no mesmo endereço, possuem funcionário da 1ª reclamada; que o Guilherme era sócio da 2ª

sócios em comum e atuam de forma simultânea/conjunta, já que se reclamada, juntamente com a irmã do Geraldo; que era empregado

trata de grupo familiar, de forma que resta caracterizada a da 1ª reclamada; que o escritório da 1ª reclamada era na Av. Norte-

comunhão de interesses. Sul, compartilhavam mesmo prédio que a 2ª reclamada e terceira

empresa; que não sabe se havia compartilhamento de empregados

Por isso, pleiteou a condenação solidária das reclamadas. entre 1ª e 2ª reclamadas; que a 1ª reclamada tinha contratos

próprios, que não se confundiam com os contratos da 2ª reclamada;

A 2ª ré (GEOTRON), em contestação, alega que "jamais esteve sob que as decisões eram tomadas em grupo.

direção, controle ou administração da 1ª Reclamada, uma vez que

sempre atuou de forma autônoma e independente" e que "JAMAIS Não fosse só isto, os documentos de fls. 37-47 e 130-175 não

HOUVE qualquer comunhão de interesses ou atuação em conjunto comprovam a tese autoral no sentido de que compartilham as rés os

entre as empresas", em que pese a existência de relação familiar. mesmos sócios.

O Juízo de Primeiro Grau julgou improcedente o pedido de Ora, a simples existência de relação de parentesco entre o

condenação solidária pelos seguintes fundamentos: proprietário da 1ª reclamada e os sócios da 2ª reclamada não faz

com que reste caracterizado grupo econômico ou comunhão de

"Em depoimento pessoal a reclamante confessou que era analista interesses das empresas. Tais requisitos devem ser cabalmente

financeiro; que montava remessa de pagamento, analisava relatório comprovados, na forma do art. 2º, § 3º da CLT, o que a autora não

financeiro, entrava em contato para negociar título, remessa logrou êxito em fazê-lo.

pagamento a funcionários; que a segunda reclamada não utilizava

do serviço da reclamante; que quando a primeira ré não tinha ativos Assim sendo, indefiro o pleito da condenação solidária das

para comprar insumos, a reclamante entrava em contato com a reclamadas, improcedendo o pedido de declaração de formação de

segunda ré e recebia os boletos em seu email; que o RH foi grupo econômico".

informado de que sua gravidez era de risco, havia atestados; que os

pagamentos foram todos feitos. A reclamante recorre alegando que resta claro a comunhão de

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interesses das reclamadas. o Geraldo não figurava no contrato social, mas sempre dizia que a

empresa era dele, da irmã dele e do Gustavo; que o Guilherme era

Pois bem. filho dele, mas era funcionário da 1ª reclamada; que o Guilherme

era sócio da 2ª reclamada, juntamente com a irmã do Geraldo; que

Em relação ao instituto do grupo econômico, o art. 2º, § 2º, da CLT, era empregado da 1ª reclamada; que o escritório da 1ª reclamada

na redação anterior à inserida pela Lei nº 13.467/2017, estabelecia era na Av. Norte-Sul, compartilhavam mesmo prédio que a 2ª

que: reclamada e terceira empresa; e que as decisões eram tomadas em

grupo.

"§ 2º - Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada

uma delas, personalidade jurídica própria, estiverem sob a direção, Conforme o contrato social consolidado no Id. c0340da, a 2ª ré

controle ou administração de outra, constituindo grupo industrial, (GEOTRON)tem por objeto social a importação e exportação e

comercial ou de qualquer outra atividade econômica, serão, para os comércio atacadista de bloco de mármores e granitos, sendo os

efeitos da relação de emprego, solidariamente responsáveis a sócios Gustavo Lourenço Marques e Caroline Santana Machado.

empresa principal e cada uma das subordinadas".

Conforme o contrato social consolidado no Id. d8cabb2, a 1ª ré

Com a nova redação conferida pela Lei 13.467/17, foram mantidos (GSM)tem por objeto social a extração e o comércio varejista e

os contornos gerais do grupo econômico tradicionalmente previsto atacadista de mármores e granitos, sendo sócios Geraldo Santana

na CLT, tendo sido positivada, no § 2º, de forma expressa, a Machado e Bruno Santana Machado.

formação do grupo econômico horizontal (ou por coordenação),

constituído quando as empresas dele integrantes agem sob As rés admitem que há relação de parentesco entre os sócios das

coordenação, mantendo cada qual sua autonomia, o que, ressalta- rés.

se, já era admitido pela jurisprudência pátria.

Ademais, o preposto e sócio da 2ª ré(GEOTRON) admite que

A teoria horizontal, outrora prevista na Lei nº 5.889/1973, compartilhou o mesmo espaço físico em feira que participou com a

regulamentadora do trabalho rural, já era aplicada, por analogia, 1ª reclamada (GSM) e que a 2ª ré (GEOTRON) pagava o valor do

também em relação ao empregado urbano, inclusive por este aluguel de sala comercial localizada no 6º andar do Ed. Green

Relator. Tower em benefício da 1ª ré (GSM), sendo que as duas empresas

funcionavam no mesmo local.

A Reforma Trabalhista também acrescentou ao art. 2º da CLT, o

§3º, que elenca os requisitos legais para a configuração do grupo O que se extrai da prova documental e dos depoimentos tomados é

econômico, quais sejam, a demonstração da existência de que 1ª ré (GSM) e a 2ª ré (GEOTRON) possuíam sócios com

interesses integrados, a efetiva comunhão dos interesses e a vínculo familiar, funcionavam no mesmo endereço, compartilham o

atuação conjunta, estabelecendo, ainda, que não caracteriza grupo mesmo objeto social, as decisões eram compartilhadas através do

econômico a mera identidade de sócios. Sr. Geraldo; havia ajuda financeira reciproca para pagamento de

alugueis , além de uso compartilhado dos equipamentos e

O depoimento da testemunha da autoracomprova a existência de maquinários.

interesses integrados, a efetiva comunhão dos interesses e a

atuação conjunta, ao afirmar que: as reclamadas produzem rochas Assim, entende-se que está caracterizado o grupo econômico entre

ornamentais; que quem fava as ordens na GSM era Geraldo e este os dois reclamados.

tinha forte palavra dentro da 2ª reclamada; que quem decide a

participação em feiras da 2ª reclamada era o Geraldo; que havia Desta forma, as rés devem responder solidariamente pelos créditos

operações financeiras que eram realizadas entre as duas empresas, derivados da relação de trabalho com a autora, por constituírem um

a 1ª reclamada estava em dificuldades financeiras e usava a 2ª grupo econômico horizontal, na forma do art. 2º, §2º e §3º da CLT.

reclamada para pagar despesas por meio dos créditos que tinha;

que existe uma pratica de que os vizinhos se ajudam; que já Dá-se provimento para condenar as reclamadas, solidariamente, ao

presenciou a 2ª ré emprestar escavadeira para a 1ª reclamada; que pagamento dos créditos derivados da relação de trabalho com a

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autora. "§ 3º É facultado aos juízes, órgãos julgadores e presidentes dos

tribunais do trabalho de qualquer instância conceder, a

requerimento ou de ofício, o benefício da justiça gratuita, inclusive

quanto a traslados e instrumentos, àqueles que perceberem salário

igual ou inferior a 40% (quarenta por cento) do limite máximo dos

benefícios do Regime Geral de Previdência Social.

§ 4º O benefício da justiça gratuita será concedido à parte que

comprovar insuficiência de recursos para o pagamento das custas

do processo."

2.2.7. JUSTIÇA GRATUITA

Assim, no caso de o reclamante manter vínculo empregatício

vigente, com a reclamada ou com empresa diversa, e perceber

salário igual ou inferior a 40% do limite máximo dos benefícios do

Regime Geral de Previdência Social, é absoluta a presunção de

hipossuficiência econômica, fazendo jus ao benefício da Justiça

Gratuita.

Lado outro, quando o autor estiver desempregado ou na hipótese

Registra-se que a presente demanda foi ajuizada em 16/04/2019 de perceber salário superior a 40% (quarenta por cento) do limite

(após, portanto, à vigência da Lei nº 13.467/2017 - Reforma máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social,

Trabalhista). Ainda, constata-se que a Origem não declarou a entende este Relator que a comprovação da insuficiência de

prescrição, não havendo recurso quanto à matéria. recursos, a teor do §4º do dispositivo acima transcrito, poderá ser

feita por simples declaração.

Em razões recursais a reclamante pugnou pela reforma da decisão

uma vez que não tem condições de arcar com os custos In casu, a reclamante firmou procuração conferindo poderes ao

processuais, sem prejuízo do seu próprio sustento e de sua família. advogado para firmar declaração de pobreza (Id. 81f59f6).

Analisa-se. Com efeito, nos termos dos artigos 1º da Lei 7.115/1983 e 99, §3º

do CPC/2015, a declaração destinada a fazer prova de pobreza,

De início, registre-se que se aplica ao presente caso as disposições quando firmada pelo próprio interessado ou por procurador

constantes da Lei da Reforma Trabalhista (Lei nº 13.467/2017) bastante, e sob as penas da Lei, presume-se verdadeira.

quanto aos novos requisitos para concessão dos benefícios da

justiça gratuita, visto que esta reclamatória foi ajuizada em Acrescente-se que o art. 99, §2º do CPC afirma que o juiz somente

16/04/2019, depois, portanto, da vigência daquela lei. poderá indeferir o pedido se houver nos autos elementos que

evidenciem a falta dos pressupostos legais para a concessão de

Este Relator entende que o benefício da gratuidade da justiça gratuidade, de tal sorte que, não havendo, no caso em análise,

constitui direito fundamental, de aplicação imediata, previsto no art. qualquer documento que contrarie a declaração firmada, faz jus à

5º, inciso LXXIV, da Carta Magna, a todos os brasileiros e autora ao benefício da Justiça Gratuita.

estrangeiros residentes no Brasil que comprovarem a insuficiência

de recursos. Dá-se provimento para conceder à reclamante o benefício da

assistência judiciária gratuita.

Acerca do tema, assim dispõem os §§3º e 4º, do art. 790 da CLT,

com redação dada pela Lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017, in

verbis:

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entendimento de que os dispositivos da Reforma Trabalhista que

versam sobre honorários advocatícios apenas incidem nas

demandas ajuizadas após a vigência da Lei 13.467/17, que ocorreu

em 11/11/2017.

2.2.8. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. O C. TST posicionou-se no mesmo sentido na recém editada

Instrução Normativa n. 41, que, em seu art. 6º assim dispõe:

Art. 6º Na Justiça do Trabalho, a condenação em honorários

advocatícios sucumbenciais, prevista no art. 791-A, e parágrafos, da

CLT, será aplicável apenas às ações propostas após 11 de

novembro de 2017 (Lei nº 13.467/2017). Nas ações propostas

anteriormente, subsistem as diretrizes do art. 14 da Lei 5.584/1970

e das Súmulas nº 219 e 329 do TST.

Registra-se que a presente demanda foi ajuizada em 16/04/2019

(após, portanto, à vigência da Lei nº 13.467/2017 - Reforma A presente demanda foi ajuizada em 16/04/2019, logo, após a

Trabalhista). Ainda, constata-se que a Origem não declarou a vigência da Reforma Trabalhista.

prescrição, não havendo recurso quanto à matéria.

Destarte, são devidos, na espécie, os honorários advocatícios

A sentença condenou a autora no pagamento de honorários de requeridos, nos termos da nova legislação, in verbis:

sucumbência recíprocos no importe de 10% (dez por cento) sobre o

valor da condenação sob o montante final apurado em liquidação. Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão

devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5%

A reclamante pretende a redução do percentual dos honorários de (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o

sucumbência, bem como o não pagamento diante da concessão da valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico

gratuidade de justiça. obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado

da causa.

Analisa-se.

§ 1º Os honorários são devidos também nas ações contra a

Na Justiça do Trabalho, prevalecia o entendimento consubstanciado Fazenda Pública e nas ações em que a parte estiver assistida ou

nas Súmulas n.º 219 e 329 do E. TST segundo o qual, em se substituída pelo sindicato de sua categoria.

tratando de conflito decorrente da relação de emprego, os

honorários advocatícios eram devidos apenas quando preenchidos § 2º Ao fixar os honorários, o juízo observará:

os requisitos contidos no art. 14 da Lei n. 5.584/1970.

I - o grau de zelo do profissional;

Com o advento da Lei 13.467, de 13 de julho de 2017, contudo, foi

acrescentado à CLT o art. 791-A, que autorizou a condenação na II - o lugar de prestação do serviço;

verba honorária em razão da mera sucumbência.

III - a natureza e a importância da causa;

Além disso, o novel dispositivo previu o pagamento de honorários

de sucumbência recíproca, de forma que, vencido o reclamante, IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o

ainda que relativamente a um único pedido, também deverá ele seu serviço.

responder pela verba honorária da parte contrária.

§ 3º Na hipótese de procedência parcial, o juízo arbitrará honorários

Em que pese a intensa celeuma jurídica que se instaurou acerca da de sucumbência recíproca, vedada a compensação entre os

aplicabilidade do novo regramento, este Relator adotou o honorários.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 884
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do art. 791-A, da CLT, conforme se depreende da ementa ora

[...] transcrita:

Assim, considerando que a Autora restou parcialmente sucumbente "ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. HONORÁRIOS

nos pedidos formulados na inicial, mantém-se a condenação ao ADVOCATÍCIOS. ARTIGO 791-A, § 4º, DA CLT. Declara-se a

pagamento de honorários advocatícios de sucumbência. inconstitucionalidade parcial do § 4º, do artigo 791-A, da CLT

somente quanto ao trecho: "desde que não tenha obtido em juízo,

Relativamente ao valor dos honorários, devem ser levados em ainda que outro processo, créditos capazes de suportar a despesa",

conta os parâmetros estabelecidos no art. 791-A, §2º, quais sejam: no sentido de que não se possa atingir os créditos deferidos ao

beneficiário da justiça gratuita, ainda que em outro processo, mas

§ 2o Ao fixar os honorários, o juízo observará: tão somente que a verba honorária fique sob condição suspensiva

de exigibilidade, podendo ser executada, se nos 2 (anos)

I - o grau de zelo do profissional; subseqüentes ao trânsito em julgado da decisão que a certificou, o

credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência

II - o lugar de prestação do serviço; de recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-

se, passado esse prazo, tal obrigação do beneficiário".

III - a natureza e a importância da causa;

Com efeito, não se pode olvidar que o crédito trabalhista tem

IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o natureza alimentar e o trabalhador, ao despender sua força de

seu serviço. trabalho em proveito do empregador, não busca senão o seu

próprio sustento e da sua família. Dessa forma, não é compatível

Com alicerce nos critérios supratanscritos, e levando-se em com os direitos constitucionalmente tutelados a compensação das

consideração o equilíbrio econômico entre as partes, entende-se obrigações decorrentes da sucumbência com os créditos do

razoável e proporcional reduzir os honorários devidos pela trabalhador em estado de miserabilidade econômica.

Reclamante para o percentual de 5% dos pedidos julgados

improcedentes. Nesse mesmo sentido é o Enunciado n.º 3, da Comissão 7,

aprovado na 2ª Jornada de Direito Material e Processual do

Noutro giro, a reclamante é beneficiária da justiça gratuita, conforme Trabalho, realizada pela ANAMATRA (Associação Nacional dos

concessão do benefício no tópico 2.2.7, e nesse caso, pela redação Magistrados da Justiça do Trabalho), entre 9 e 10 de outubro de

do § 4º, as obrigações decorrentes da sucumbência ficarão sob 2017, in verbis:

condição suspensiva ou seus valores serão compensadas com

eventuais créditos obtidos em juízo HONORÁRIOS E ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA

§ 4° Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha É inconstitucional a previsão de utilização dos créditos trabalhistas

obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de reconhecidos em juízo para o pagamento de despesas do

suportar a despesa, as obrigações decorrentes de sua sucumbência beneficiário da justiça gratuita com honorários advocatícios ou

ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente periais (artigos 791-A, §4º, e 790-B, §4º, da CLT, com a redação

poderão ser executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito dada pela Lei nº 13.467/2017), por ferir os direitos fundamentais à

em julgado da decisão que as certificou, o credor demonstrar que assistência judiciária gratuita e integral, prestada pelo Estado, e à

deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que proteção do salário (artigos 5º. LXXIV, e 7º, X, da Constituição

justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse Federal).

prazo, tais obrigações do beneficiário.

Portanto, nos termos da decisão proferida pelo Pleno deste

Ocorre que o Pleno deste Regional, em recente decisão prolatada Regional, a verba honorária devida pela Autora deverá ficar sob

nos autos da Arguição de Inconstitucionalidade nº 0000453- condição suspensiva de exigibilidade e somente poderá ser

35.2019.5.17.0000, declarou a inconstitucionalidade parcial do §4º, executada se, nos 2 (dois) anos subsequentes ao trânsito em

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 885
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

julgado da decisão que a certificou, o credor demonstrar que deixou

de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a Acordam os Magistrados da 1ª Turma do Tribunal Regional do

concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tal Trabalho da 17ª Região, na Sessão Ordinária realizada no dia 03 de

obrigação do beneficiário. dezembro de 2019, às 13 horas e 30 minutos, sob a Presidência do

Exmo. Desembargador Cláudio Armando Couce de Menezes, com

Diante do exposto, dá-se parcial provimento para reduzir os a participação do Exmo. Desembargador Mário Ribeiro Cantarino

honorários devidos pela Reclamante para o percentual de 5% dos Neto e do Exmo. Desembargador José Carlos Rizk, e presente o

pedidos julgados improcedentes, bem como para determinar que a Procurador Regional do Trabalho, Dr. Levi Scatolin; por

verba honorária devida deva ficar sob condição suspensiva de unanimidade, conhecer do recurso ordinário interposto pela

exigibilidade e somente poderá ser executada se, nos 2 (dois) anos reclamante; e, no mérito, por maioria, dar-lhe parcial provimento

subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que a certificou, o para condenar as reclamadas, solidariamente, ao pagamento de

credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência indenização por danos morais no montante de R$2.000,00 (dois mil

de recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo- reais); para conceder à reclamante o benefício da assistência

se, passado esse prazo, tal obrigação do beneficiário. judiciária gratuita; e para reduzir os honorários devidos pela

Reclamante para o percentual de 5% dos pedidos julgados

improcedentes, bem como para determinar que a verba honorária

devida deva ficar sob condição suspensiva de exigibilidade e

somente poderá ser executada se, nos 2 (dois) anos subsequentes

ao trânsito em julgado da decisão que a certificou, o credor

demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de

recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se,

passado esse prazo, tal obrigação do beneficiário. Majorado o valor

das custas para R$200,00 (duzentos reais), calculado sobre o valor

da condenação também majorado para R$10.000,00 (dez mil reais),

pelas reclamadas. Vencidos, no tópico "Grupo Econômico", o Exmo.

Desembargador Mário Ribeiro Cantarino Neto; no tocante ao "Valor

da indenização por Danos Morais", o Exmo. Desembargador

Cláudio Armando Couce de Menezes. Sustentação oral do Dr.

3. ACÓRDÃO Estevão Rodrigues do Nascimento, advogado da reclamada e do

Dr. Raynner Oliveira de Souza, advogado do reclamante.

DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK

Relator

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EMENTA

Acórdão
Processo Nº ROT-0000297-51.2018.5.17.0010
Relator JOSE CARLOS RIZK
RECORRENTE MINISTÉRIO PÚBLICO DO
TRABALHO
RECORRIDO MEGALOG LOGISTICA E
TRANSPORTES LTDA
ADVOGADO SOLANGE ALVES COELHO(OAB:
147650/MG)
ADVOGADO GERALDO ROBERTO GOMES(OAB:
75191/MG) RECURSO ORDINÁRIO DO AUTOR. AÇÃO CIVIL PÚBLICA.

INCONSTITUCIONALIDADE INCIDENTAL. ART. 235-C, CAPUT E


Intimado(s)/Citado(s):
§3º DA CLT. Por mostrarem-se desarrazoadas e desproporcionais,
- MEGALOG LOGISTICA E TRANSPORTES LTDA
impondo a socialização de riscos extremamente altos (adoecimento,

acidentes, aposentadorias), sem qualquer contrapartida, as medidas

preconizadas pelos dispositivos em questão revelam-se


PODER JUDICIÁRIO inconstitucionais, por ofensa aos arts. 6º e 217; art. 7º, XII e XXIII;
JUSTIÇA DO TRABALHO art. 194; art. 144, §10, todos da CRFB. Dá-se provimento para

declarar a inconstitucionalidade incidental parcial do art. 235-C,

caput (quanto à autorização de elastecimento da jornada de

trabalho por até 4 horas diárias) e total do art. 235-C, §3º, da CLT e

submeter a matéria ao Pleno desta E. Corte.

PROCESSO nº 0000297-51.2018.5.17.0010 (ROT)

RECORRENTE: MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO

RECORRIDO: MEGALOG LOGISTICA E TRANSPORTES LTDA

ORIGEM: 10ª VARA DO TRABALHO DE VITÓRIA/ES

1. RELATÓRIO
RELATOR: DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK

COMPETÊNCIA: 1ª TURMA

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Trata-se de recurso ordinário interposto pelo Autor, Ministério

Público do Trabalho (ID. bfb3be3), em face da sentença prolatada

ao ID. 31e51b0, na qual a Origem julgou procedentes em parte os

pedidos formulados na peça de ingresso para condenar a

Reclamada na obrigação de fazer consistente na observância do

limite máximo de horas extras permitido por lei (4 horas), bem como

dos intervalos intrajornada e interjornada mínimos e do intervalo de 2.1. CONHECIMENTO

30 minutos após 5h30min de direção ininterrupta, e, ainda, na

obrigação de pagar danos morais coletivos no importe de R$

30.000,00 (trinta mil reais).

Irresignado, em suas razões recursais, pugna o órgão Ministerial

pela reforma da r. decisão no que tange ao reconhecimento da

inconstitucionalidade incidental do art. 235-C, caput e §3º, da CLT,

valor das astreintese valor dos danos morais coletivos.

Ao ID. f722819 acosta a Reclamada contrarrazões, pedindo seja

negado provimento ao apelo Ministerial. Conhece-se do recurso ordinário interposto pelo Autor, porquanto

presentes os pressupostos legais de admissibilidade recursal.

Desnecessária a remessa dos autos ao Ministério Público do

Trabalho, tendo em vista que se trata de parte Autora. Registre-se que a presente demanda foi ajuizada em 11/04/2018,

sob a égide, portanto, da Lei 13.467/2017 - Reforma Trabalhista.

Registre-se que a presente demanda foi ajuizada em 11/04/2018,

sob a égide, portanto, da Lei 13.467/2017 - Reforma Trabalhista. Ressalte-se, ainda, que não houve pronúncia da prescrição pela

Origem, não havendo tampouco recurso quanto ao tema.

É o relatório.

2. FUNDAMENTAÇÃO

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Trata-se de ação civil pública ajuizada pelo Ministério Público do

Trabalho, em razão do alegado descumprimento, por parte da

Reclamada, de normas atinentes à jornada laboral e intervalos

legais de seus empregados, requerendo a condenação da empresa

no cumprimento de obrigação de fazer/não fazer e no pagamento

de indenização por danos morais coletivos.

Registre-se que a presente demanda foi ajuizada em 11/04/2018,

sob a égide, portanto, da Lei 13.467/2017 - Reforma Trabalhista.

Ressalte-se, ainda, que não houve pronúncia da prescrição pela

Origem, não havendo tampouco recurso quanto ao tema.

Na peça de ingresso pretendeu o Autor o reconhecimento da

inconstitucionalidade incidental do art. 235-C, caput e §3º, da CLT,

sob o argumento de que tal dispositivo, inserido no texto celetista

com a Lei 13.103/15, afronta o princípio da proibição do retrocesso

2.2. MÉRITO social, cristalizado no caput do art. 7º, da CRFB/88.

Explicou que a "Lei dos Caminhoneiros" (13.103/15), ao contrário de

sua antecessora, a "Lei dos Descansos" (12.619/12), afrouxou as

regras limitadoras do tempo de trabalho e, portanto, piorou a

condição social e aumentou os riscos a que já estão sujeitos os

profissionais de transportes terrestres.

Acrescentou que as disposições da nova lei que incrementam os

riscos inerentes ao trabalho são claramente inconstitucionais.

Destacou que a lei em referência vulnera os seguintes direitos

constitucionais: o direito ao repouso semanal remunerado,

preferencialmente aos domingos; a remuneração do serviço

extraordinário superior, no mínimo, em cinquenta por cento à do

normal (incisos XV e XVI do art. 7º); o direito à saúde do trabalhador

(artigo 6º e artigo 196); o direito ao lazer, garantido pelos arts. 6º e

2.2.1. INCONSTITUCIONALIDADE INCIDENTAL. ART. 235-C, 217, § 3º; e o direito à segurança viária, na forma do § 10, do art.

CAPUT E §3º DA CLT 144, "exercida para a preservação da ordem pública e da

incolumidade das pessoas e do seu patrimônio (...)".

Invocou, ainda, o Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos,

Sociais e Culturais (Decreto nº 591/92), a Convenção

Interamericana de Direitos Humanos/Pacto de San José da Costa

Rica (Decreto nº 678/92), a Convenção 155 da OIT e o Protocolo de

San Salvador (Decreto nº 3.321/99).

Sublinhou que tanto o STF quanto o TST reconhecem a incidência

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do princípio da vedação do retrocesso social na seara laboral.

O que se nota é que a norma em questão reduziu diversos direitos

Em contestação, alegou a Reclamada que o pedido sequer merece da categoria previstos pela legislação anterior (Lei 12.169/12), em

apreciação, por estar pendente a análise do tema na ADI 5322 e por especial regras atinentes à jornada de trabalho e repousos.

se tratar de competência exclusiva do Excelso STF.

Especificamente no tocante aos dispositivos ora questionados é

A Origem entendeu constitucionais os dispositivos impugnados pelo nítida a supressão de direitos por meio da Lei 13.103/15, senão

Parquet, adotando as seguintes razões: vejamos:

A partir de tais disposições legais, então, impõe-se concluir que, de Art. 235-C. A jornada diária de trabalho do motorista profissional

15/05/12 a 15/04/15, esteve permitido o trabalho por até 2 horas será a estabelecida na Constituição Federal ou mediante

extras diárias e era imposto o gozo de 11h ininterruptas de intervalo instrumentos de acordos ou convenção coletiva de trabalho.

inter-jornada e, a partir de 16/04/15, a autorização legal passou a (Incluída pela Lei nº 12.619, de 2012) (Vigência)

ser de 4 horas extras diárias e passou a ser possível o

fracionamento do intervalo inter-jornada, com um período mínimo de Art. 235-C. A jornada diária de trabalho do motorista profissional

8h. será de 8 (oito) horas, admitindo-se a sua prorrogação por até 2

(duas) horas extraordinárias ou, mediante previsão em convenção

É certo que essas alterações legislativas reduziram direito dos ou acordo coletivo, por até 4 (quatro) horas extraordinárias.

trabalhadores, mas não vislumbro ferimento do art. 7º da CF, na (Redação dada pela Lei nº 13.103, de 2015)

medida em que a previsão da parte final de tal dispositivo caput não

tem o alcance de proibir alterações normativas que diminuam direito (...)

do trabalhador, mas apenas estabelece que, além dos direitos

previstos em lei, é possível que se estabeleçam direitos em outros § 3o Será assegurado ao motorista profissional intervalo mínimo de

instrumentos. 1 (uma) hora para refeição, além de intervalo de repouso diário de

11 (onze) horas a cada 24 (vinte e quatro) horas e descanso

Do mesmo modo, não vislumbro razão para se reconhecer semanal de 35 (trinta e cinco) horas. (Incluída pela Lei nº 12.619, de

ferimento ao princípio de proteção a vida, da dignidade da pessoa 2012) (Vigência)

humana, do direito a saúde do trabalhador e do incentivo ao lazer,

na medida em que, ainda que as alterações legislativas não vão de § 3o Dentro do período de 24 (vinte e quatro) horas, são

encontro à melhoria das condições de trabalho, não são alterações asseguradas 11 (onze) horas de descanso, sendo facultados o seu

extremas o suficiente para justificar a medida pretendida pelo fracionamento e a coincidência com os períodos de parada

parquet. obrigatória na condução do veículo estabelecida pela Lei no 9.503,

de 23 de setembro de 1997 - Código de Trânsito Brasileiro,

Do mesmo modo, ainda, a parte reclamante não traz disposições garantidos o mínimo de 8 (oito) horas ininterruptas no primeiro

específicas do citado pacto internacional de direitos econômicos, período e o gozo do remanescente dentro das 16 (dezesseis) horas

sociais e culturais, da convenção interamericana de direitos seguintes ao fim do primeiro período. (Redação dada pela Lei nº

humanos, do protocolo de San Salvador ou da convenção 155 da 13.103, de 2015)

OIT a ponto de implicar no afastamento das previsões normativas.

Verifica-se, portanto, de plano, a violação do princípio da vedação

Recorre o Autor, insistindo na tese exordial. do retrocesso social, que pode ser extraído do art. 7º, caput, c/c art.

114, §2º, ambos da CRFB/88, os quais estatuem uma cláusula de

Examina-se. abertura dos direitos trabalhistas que explicita que aquilo que está

na Constituição representa apenas o piso, sem prejuízo que outras

A nova lei dos motoristas (Lei 13.103/15) estabeleceu profundas normas venham a aprimorar ainda mais esse patamar.

alterações no regramento celetista acerca da profissão, trazendo

mudanças, outrossim, no Código de Trânsito Brasileiro. Também a normativa internacional versa sobre o tema, sendo que o

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 890
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

art. 26 do Pacto San Jose da Costa Rica e o art. 2º do PIDESC, corresponde ao mínimo existencial, ou seja, ao conjunto de bens

trazem expressa a positivação da implementação progressiva dos materiais e imateriais sem o qual não é possível viver com

direitos sociais (princípio apontado como a outra face da proibição d i g n i d a d e

do retrocesso): (http://edicaodigital.folha.uol.com.br/index.html#/edition/75469?page

=2§ion=1, acesso em 13/11/2019, 15h02min).

Artigo 26. Desenvolvimento progressivo

Destarte, a supressão de direitos sociais garantidos por medidas

Os Estados Partes comprometem-se a adotar providências, tanto no legislativas somente é permitida caso haja alguma compensação,

âmbito interno como mediante cooperação internacional, ou, em um regime de ponderação, se for justificada pela

especialmente econômica e técnica, a fim de conseguir prevalência, no caso concreto, de outro direito fundamental.

progressivamente a plena efetividade dos direitos que decorrem das

normas econômicas, sociais e sobre educação, ciência e cultura, Na espécie, contudo, não é o que se observa. Com efeito, a

constantes da Carta da Organização dos Estados Americanos, autorização para o elastecimento da jornada de trabalho por até

reformada pelo Protocolo de Buenos Aires, na medida dos recursos quatro horas diárias (prevista no caput do art. 235-C) e a

disponíveis, por via legislativa ou por outros meios apropriados. possibilidade de fracionamento do intervalo interjornada e de

compensação com a parada obrigatória do CTB (disposta no §3º do

ARTIGO 2º mesmo artigo) não se encontram fundamentadas em qualquer outro

direito social e a normativa celetista não apresenta nenhuma

1. Cada Estado Parte do presente Pacto compromete-se a adotar contrapartida para o obreiro.

medidas, tanto por esforço próprio como pela assistência e

cooperação internacionais, principalmente nos planos econômico e Em relação ao caput do art. 235-C verifica-se a frontal ofensa ao

técnico, até o máximo de seus recursos disponíveis, que visem a artigo 7º, XIII, que garante a duração do trabalho normal não

assegurar, progressivamente, por todos os meios apropriados, o superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais,

pleno exercício dos direitos reconhecidos no presente Pacto, ressalvando a negociação coletiva apenas para fins de

incluindo, em particular, a adoção de medidas legislativas. compensação de horários e redução da jornada, e não para a sua

extrapolação habitual.

Ademais, o próprio STF admite a incidência do princípio no

ordenamento pátrio, a exemplo dos julgamentos da ADI nº Com efeito, a norma celetista autoriza uma jornada "normal" de dez

1.946/DF, ADI nº 2.065-0/DF, ADI nº 3.104/DF, ADI nº 3.105-8/DF, ou até doze horas diárias (perfazendo até sessenta e oito horas

ADI nº 3.128-7/DF e o MS nº 24.875-1/DF. semanais), em patente burla aos limites constitucionais.

Nessa linha, explica Canotilho que os direitos sociais são uma Ainda que se permitisse, no entanto, a prorrogação habitual da

conquista civilizatória que retrata a evolução de estágios sociais, de jornada - a contraditória realização de horas extraordinárias de

forma que quando se reconhecem novos direitos sociais é como se forma "ordinária" - é impossível seu elastecimento, por meio de

não fosse mais possível retroceder, "voltar atrás". mera Convenção Coletiva ou Acordo Coletivo, para além do limite

legal de duas horas extras diárias.

No mesmo sentido, o Min. Ricardo Lewandowski, em artigo

publicado na página eletrônica do STF e do jornal a Folha de São Ora, a negociação coletiva trabalhista configura-se como importante

Paulo: "o núcleo essencial dos direitos já realizado e efetivado instrumento para garantir melhorias nas condições empregatícias e

através de medidas legislativas [...] deve considerar-se sociais dos trabalhadores, tendo sido, por isso, fortemente

constitucionalmente garantido", sendo inconstitucional a sua incentivada pela Constituição da República de 1988 (a exemplo das

supressão, "sem a criação de outros esquemas alternativos ou previsões contidas no art. 7º, incisos VI, XIII e XXVI).

compensatórios". O princípio da proibição do retrocesso, portanto,

impede que, a pretexto de superar dificuldades econômicas, o Todavia, em que pese nossa Carta Magna ter estimulado e

Estado possa, sem uma contrapartida adequada, revogar ou anular conferido plena eficácia aos instrumentos normativos frutos dessa

o núcleo essencial dos direitos conquistados pelo povo. É que ele negociação, tais acordos são limitados pelas normas de ordem

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 891
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

pública. culminando na elevação do risco de acidentes de trânsito ou, ainda,

na maior possibilidade de consumo de drogas estimulantes, em

É que, ao passo que promove a utilização deste veículo, a especial aquelas que possuem como efeito a agitação e a inibição

Constituição Cidadã restringe o alcance da autonomia da vontade, do sono (a exemplo da anfetamina e cocaína).

limitando as matérias suscetíveis de transação e traçando um

direcionamento da pactuação no sentido de efetivar seus princípios A imposição dessa jornada excessiva aos motoristas ignora os

e garantias fundamentais. limites biológicos do trabalhador, causando a -deterioração de suas

condições físicas e psíquicas, com violação ao direito à saúde,

Não devem, pois, ser reconhecidas transações que abram mão de integridade física (podendo atingir inclusive o direito à vida), bem

normas de higidez e regras de ordem pública voltadas para como a dignidade da pessoa humana e o valor social do trabalho.

proteção da saúde e segurança do obreiro, tendo em vista que a

Constituição da República de 1988, ao permitir a flexibilização de Afronta, ainda, a segurança viária, que é valor constitucional (art.

alguns direitos trabalhistas, objetivou resguardar os fundamentos 144, §10, CRFB/88).

por ela garantidos.

Ofende, outrossim, o direito social ao lazer (art. 6º e art. 217, §3º, da

Nos dizeres do i. Min. Maurício Godinho Delgado: Carta Magna), impedindo muitas vezes o trabalhador da

convivência familiar e social.

(...) não prevalece a negociação se concernente a direitos

revestidos de indisponibilidade absoluta (e não indisponibilidade Relembre-se, por oportuno, que a função social da empresa emerge

relativa). Tais parcelas são aquelas imantadas por uma tutela de em nosso ordenamento jurídico como verdadeiro vetor para o

interesse público, por constituírem um patamar civilizatório mínimo direcionamento da atividade econômica, que deve pautar-se por

que a sociedade democrática não concebe ver reduzido em princípios fundamentais como igualdade, dignidade e solidariedade,

qualquer segmento econômico-profissional, sob pena de se e ser exercida de forma a proporcionar benefícios para todos os

afrontarem a própria dignidade da pessoa humana e a valorização envolvidos diretamente com a atividade e, ainda, para a

mínima deferível ao trabalho (arts. 1º, III, e 170, caput, CF/88). coletividade.

Expressam, ilustrativamente essas parcelas de indisponibilidade

absoluta a anotação de CTPS, o pagamento do salário mínimo, as O compromisso social da empresa em relação a seus trabalhadores

normas de saúde e segurança do trabalho. (Delgado, Maurício é ainda mais acentuado, tendo em vista sua atuação como

Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 16ª Ed. São Paulo: LTr, instrumento de política social, que proporciona trabalho e renda aos

2017) empregados, garantindo-se sua subsistência. Cabe à empregadora,

dessa maneira, salvaguardar a saúde de seus trabalhadores.

Nesse sentido é, inclusive, a Reforma Trabalhista, que previu,

expressamente, a prevalência da negociação coletiva sobre a lei em Conclui-se que, por qualquer ângulo que se examine, o art. 235-C,

relação ao pacto que versa sobre a jornada de trabalho, desde que caput, da CLT, mostra-se inconstitucional quanto à autorização de

observados os limites constitucionais (art. 611-A, da CLT). prorrogação da jornada para além de duas horas extras diárias, por

violar os arts. 6º e 217, §7º, XIII; art. 194; art. 144, §10, todos da

Ademais, a própria CLT (art. 61) é clara ao autorizar a prestação de CRFB/88, além de dispositivos internacionais, como o art. 7º, d, do

horas extras para além da segunda diária somente em caso de Pacto de San Jose da Costa Rica.

necessidade imperiosa (para fazer face a motivo de força maior,

atender à realização ou conclusão de serviços inadiáveis ou cuja Já no que tange ao §3º do art. 235-C, da CLT, observa-se que a

inexecução possa acarretar prejuízo manifesto), e não de forma nova redação dada pela Lei 13.103/15 previu a possibilidade de

corriqueira/habitual, como o fez o dispositivo ora questionado. fracionamento do intervalo interjornada de onze horas para o

motorista empregado, desde que respeitado o período mínimo

Lado outro, é cediço que os motoristas profissionais submetem-se a ininterrupto de oito horas, e autorizou que o descanso em questão

extensas jornadas de labor em busca de melhor remuneração, o coincida com as paradas obrigatórias previstas no artigo 67-C do

que os expõe a carência de sono, fadiga e baixo nível de alerta, CTB, também em patente violação à Constituição da República.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 892
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

sociedade, desenvolvendo trabalho em situação de isolamento.

Com efeito, a norma que reduz intervalos colide frontalmente com o

direito constitucional de redução dos riscos inerentes ao trabalho Assim, a possibilidade de fracionamento do intervalo interjornada e

por meio de normas de saúde, higiene e segurança, preconizado de sua coincidência com o intervalo do CTB não permitem a plena

pelo art. 7º, XXII, da CRFB/88. recomposição física e psíquica dos empregados motoristas, o que,

além de expor os trabalhadores a agravos em sua saúde, coloca em

Além disso, no mesmo sentido do dispositivo acima analisado risco a sociedade como um todo, por acarretar um aumento no

(caput do art. 235-C, da CLT), as previsões do §3º retrocedem as número de acidentes de trânsito.

condições de saúde e segurança da categoria, anteriormente

garantidas pela Lei 12.619/12, e violam a segurança viária (art. 144, Mostra-se, assim, completamente desarrazoada e desproporcional

§10, da CRFB/88), além dos (também já citados) direito à saúde e a medida preconizada pelo dispositivo em questão, que impõe a

integridade física, dignidade da pessoa humana, direito ao lazer e socialização de riscos extremamente altos (adoecimento, acidentes,

valor social do trabalho. aposentadorias), sem qualquer contrapartida, pelo que também o

§3º revela-se inconstitucional por ofensa aos já invocados arts. 6º e

Há, também, ofensa à isonomia, posto que aos empregados em 217; art. 7º, XXIII; art. 194; art. 144, §10, todos da CRFB.

geral é garantido, como regra, o intervalo interjornada de onze

horas consecutivas, não havendo qualquer particularidade na No presente caso, portanto, deve ser declarada a

atividade dos motoristas que justifique a redução de tal descanso. inconstitucionalidade incidental parcial do art. 235-C, caput (quanto

à autorização de elastecimento da jornada de trabalho por até 4

Ao contrário, o intervalo mostra-se ainda mais essencial, uma vez horas diárias) e total do §3º, da CLT e submetida a matéria ao Pleno

que o labor dos motoristas, por si só, é extremamente desgastante, desta E. Corte, nos termos do art. 97 da Constituição Federal e art.

exigindo concentração e atenção constantes e expondo-os a riscos 159 do Regimento Interno deste E. Regional.

físicos como vibração e ruídos.

Dá-se provimento para declarar a inconstitucionalidade incidental

Conforme alerta o Dr. Dirceu Rodrigues Alves Júnior, Diretor de parcial do art. 235-C, caput (quanto à autorização de elastecimento

Comunicação e do Departamento de Medicina de Tráfego da jornada de trabalho por até 4 horas diárias) e total do art. 235-C,

Ocupacional da ABRAMET (https://www.abramet.com.br): §3º, da CLT e submeter a matéria ao Pleno desta E. Corte.

A vibração de corpo inteiro [é] capaz de levá-lo ao final da jornada à

exaustão física. A alimentação de rua, o estresse físico, psicológico

e social, o medo de ter um acidente, de causar dano a terceiros e

ao patrimônio, de ser assaltado, sequestrado e até morto.

Não se pode permitir que um trabalhador submetido à agressão

física, caracterizada pela vibração e o ruído já citados, às variações

térmicas e climáticas, ao risco químico em decorrência de

exposição a gases, vapores, poeiras, fuligem além dos produtos

químicos que possa estar transportando, não tenha limite restrito a

tal exposição. Ainda o risco biológico pelo fato de estar submetido a

doenças endêmicas, infectocontagiosas, doenças tropicais, nas

diversas regiões por onde transita. Além das condições de higiene

precária na boleia e do próprio corpo e também quando transporta

cargas orgânicas. O risco ergonômico pelo trabalho repetitivo que

executa e dependendo das condições de manutenção de veículo,

submetendo-o a maior esforço. Ainda o risco de acidentes, de

problemas com cargas perigosas, com o isolamento da família e da

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 893
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

3. ACÓRDÃO DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK

Relator

Acórdão
Processo Nº ROT-0000368-34.2019.5.17.0005
Relator JOSE CARLOS RIZK
RECORRENTE LILIAN MODOLO
ADVOGADO WESLEY PEREIRA FRAGA(OAB:
Acordam os Magistrados da 1ª Turma do Tribunal Regional do 6206/ES)
Trabalho da 17ª Região, na Sessão Ordinária realizada no dia 03 de ADVOGADO ANA PAULA COLNAGO FRAGA(OAB:
19174/ES)
dezembro de 2019, às 13 horas e 30 minutos, sob a Presidência do ADVOGADO LEANDRO COLNAGO FRAGA(OAB:
21245/ES)
Exmo. Desembargador Cláudio Armando Couce de Menezes, com
RECORRIDO BANCO BRADESCO
a participação do Exmo. Desembargador Mário Ribeiro Cantarino FINANCIAMENTOS S.A.
ADVOGADO ANDERSON LUIS GAZOLA
Neto e do Exmo. Desembargador José Carlos Rizk, e presente o ELLER(OAB: 7016/ES)
Procurador Regional do Trabalho, Dr. Levi Scatolin; por ADVOGADO RAFAEL ALVES ROSELLI(OAB:
14025/ES)
unanimidade, conhecer do recurso ordinário interposto pelo

Ministério Público do Trabalho; no mérito, por maioria, dar Intimado(s)/Citado(s):


- LILIAN MODOLO
provimento para declarar a inconstitucionalidade incidental parcial

do art. 235-C, caput (quanto à autorização de elastecimento da

jornada de trabalho por até 4 horas diárias) e total do art. 235-C,

§3º, da CLT e submeter a matéria ao Pleno desta E. Corte. Vencido PODER JUDICIÁRIO
o Exmo. Desembargador Mário Ribeiro Cantarino Neto. JUSTIÇA DO TRABALHO

PROCESSO nº 0000368-34.2019.5.17.0005 (ROT)

RECORRENTE: LILIAN MODOLO

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 894
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

RECORRIDO: BANCO BRADESCO FINANCIAMENTOS S.A. 1. RELATÓRIO

ORIGEM: 5ª VARA DO TRABALHO DE VITÓRIA

RELATOR: DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK

COMPETÊNCIA: 1ª TURMA

Trata-se de execução individual de título executivo oriundo da ação

coletiva n. 0047000-16.2008.5.17.0005, que condenou o reclamado

a alterar a jornada de trabalho dos empregados e pagar horas

extras após a 6ª diária. Ademais, a sentença exarada naquela ação

acolheu "as prescrições bienal e quinquenal, arguidas pela Ré, no

tocante às pretensões atinentes aos contratos individuais de

trabalho cuja exigibilidade tenha sido fulminada pelos lapsos

temporais fixados no art. 7º, XXIX, da Constituição Federal" (fl. 67

dos autos).

Na presente ação de liquidação individual, a Origem declarou a

prescrição bienal da pretensão da autora, com fundamento no lapso

temporal decorrido entre a data de sua dispensa e o ajuizamento da

EMENTA ação coletiva.

Em suas razões recursais (ID 9d2e7d7), a autora pleiteia o

deferimento da assistência judiciária gratuita, bem como o

afastamento da prescrição declarada pela Origem e o

reconhecimento do seu enquadramento à sentença coletiva.

RECURSO ORDINÁRIO DA AUTORA. ASSISTÊNCIA Em contrarrazões (ID af89082), o reclamado requer a manutenção

JUDICIÁRIA GRATUITA. O benefício da gratuidade da justiça da sentença recorrida.

independe da assistência sindical e constitui direito fundamental, de

aplicação imediata, previsto no art. 5º, inciso LXXIV, da Carta É o relatório.

Magna, a todos os brasileiros e estrangeiros residentes no Brasil

que comprovarem a insuficiência de recursos.

2. FUNDAMENTAÇÃO

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 895
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

A autora não se encontra assistido por seu Sindicato de Classe,

mas apresentou declaração de hipossuficiência econômica (ID

fb33e80).

Entende-se que, exigir da autora, in casu, o recolhimento do valor

das custas processuais para levar a discussão das matérias

ventiladas no seu apelo ao Segundo Grau, sob pena de não

conhecimento de seu recurso, significa literalmente obstar-lhe o

acesso ao duplo grau de jurisdição e à possibilidade de reforma da

decisão, em clara afronta ao art. 5º, inciso LV, da Constituição

Federal.

2.1. CONHECIMENTO Logo, a fim de prevenir violação ao art. 5º, inciso LIV (direito ao

devido processo legal) e inciso LV (ampla defesa com todos os

recursos a ela inerentes) da Constituição Federal/1988, isenta-se a

autora das custas processuais, afastando-se qualquer possibilidade

de deserção do apelo.

Conhece-se do recurso interposto pela autora, porquanto atendidos

os pressupostos de admissibilidade recursal.

2.1.1. ISENÇÃO DE CUSTAS

A Origem indeferiu a justiça gratuita à reclamante, sob o

fundamento de que ela não se enquadra no limite estabelecido pelo

§3° do art. 790 da CLT.

A obreira, na inicial (ID 22d682d), pleiteou os benefícios da

assistência judiciária gratuita, renovando seu pedido em razões

recursais, bem como a isenção das custas processuais.

Pois bem.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 896
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Este Relator entende que o benefício da gratuidade da justiça

constitui direito fundamental, de aplicação imediata, previsto no art.

5º, inciso LXXIV, da Carta Magna, a todos os brasileiros e

estrangeiros residentes no Brasil que comprovarem a insuficiência

2.2. MÉRITO de recursos.

Acerca do tema, assim dispõem os §§3º e 4º, do art. 790 da CLT,

com redação dada pela Lei n. 13.467, de 13 de julho de 2017, in

verbis:

§ 3º É facultado aos juízes, órgãos julgadores e presidentes dos

tribunais do trabalho de qualquer instância conceder, a

requerimento ou de ofício, o benefício da justiça gratuita, inclusive

quanto a traslados e instrumentos, àqueles que perceberem salário

igual ou inferior a 40% (quarenta por cento) do limite máximo dos

benefícios do Regime Geral de Previdência Social.

§ 4º O benefício da justiça gratuita será concedido à parte que

comprovar insuficiência de recursos para o pagamento das custas

2.2.1. ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA do processo.

Assim, no caso de o reclamante manter vínculo empregatício

vigente, com a reclamada ou com empresa diversa, e perceber

salário igual ou inferior a 40% do limite máximo dos benefícios do

Regime Geral de Previdência Social, é absoluta a presunção de

hipossuficiência econômica, fazendo jus ao benefício da justiça

gratuita.

A Origem indeferiu a justiça gratuita à reclamante, sob o Lado outro, quando o autor estiver desempregado ou na hipótese

fundamento de que ela não se enquadra no limite estabelecido pelo de perceber salário superior a 40% (quarenta por cento) do limite

§3° do art. 790 da CLT. máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social,

entende este Relator que a comprovação da insuficiência de

A obreira, na inicial (ID 22d682d), pleiteou os benefícios da recursos, a teor do §4º do dispositivo acima transcrito, poderá ser

assistência judiciária gratuita, renovando seu pedido em razões feita por simples declaração.

recursais.

No caso sob exame, a reclamante declara não ter condições de

Analisa-se. pagar as custas e despesas processuais sem prejuízo de seu

sustento e de sua família. Além disso, não há nos autos informação

De início, registra-se que a presente ação foi ajuizada em de que esteja atualmente empregada e, conforme se infere do

17/04/2019, na vigência da reforma trabalhista. documento de fl. 158, ao final do contrato de trabalho com o

reclamado, percebia cerca de R$ 1.150,00 de salário mensal.

A reclamante não se encontra assistida por seu Sindicato de Classe

nesta ação de liquidação individual, mas declarou não ter condições Com efeito, nos termos dos arts. 1º da Lei n. 7.115/1983 e 99, §3º,

de arcar com os ônus do processo sem o comprometimento de seu do CPC/2015, a declaração destinada a fazer prova de pobreza,

sustento e de sua família (ID fb33e80). quando firmada pelo próprio interessado ou por procurador

bastante, e sob as penas da Lei, presume-se verdadeira.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 897
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Constituição Federal" (fl. 67 dos autos).

Acrescenta-se que o art. 99, §2º, do CPC, afirma que o juiz somente

poderá indeferir o pedido se houver nos autos elementos que Ora, considerando a referida decisão; que, consoante documentos

evidenciem a falta dos pressupostos legais para a concessão de de fls. 9 e 160, a autora desligou-se da empresa em 14/07/2005; e

gratuidade, de tal sorte que, não havendo, no caso em análise, que, conforme documento de fl. 15, a ação coletiva em comento foi

qualquer documento que contrarie a declaração firmada, faz jus a ajuizada em 06/05/2008; indubitável que a pretensão da autora está

autora ao benefício da assistência judiciária gratuita. prescrita, na forma do art. 7º, XXIX, da CF.

Assim, dá-se provimento para conceder à autora a assistência Ou seja, a pretensão da autora foi alcançada pela prescrição bienal,

judiciária gratuita. uma vez que decorreram mais de 2 anos entre seu desligamento da

empresa e o ajuizamento da ação coletiva.

Ademais, não há falar em renúncia tácita, uma vez que o

reclamado, tanto naqueles autos de ação coletiva quanto nestes (lá

de forma genérica, neste de forma individualizada), requereu o

pronunciamento da prescrição quando lhe coube falar nos autos.

Portanto, constatada a prescrição bienal, inquestionável que a

autora não se enquadra na exata medida dos termos da sentença

2.2.2. PRESCRIÇÃO BIENAL. ART. 7ª, XXIX, DA CF coletiva, não podendo se beneficiar daquela decisão.

Nega-se provimento.

Na presente ação de liquidação individual, a Origem declarou a

prescrição bienal da pretensão da autora, com fundamento no lapso

temporal decorrido entre a data de sua dispensa e o ajuizamento da

ação coletiva.

Em minuta de agravo, a autora pleiteia o afastamento da prescrição

declarada pela Origem e o reconhecimento do seu enquadramento

à sentença coletiva.

Analisa-se.

3. ACÓRDÃO

A própria sentença coletiva exarada nos autos do processo n.

0047000-16.2008.5.17.0005 ressalvou "as prescrições bienal e

quinquenal, arguidas pela Ré, no tocante às pretensões atinentes

aos contratos individuais de trabalho cuja exigibilidade tenha sido

fulminada pelos lapsos temporais fixados no art. 7º, XXIX, da

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 898
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Acórdão
Processo Nº ROT-0000368-34.2019.5.17.0005
Relator JOSE CARLOS RIZK
RECORRENTE LILIAN MODOLO
ADVOGADO WESLEY PEREIRA FRAGA(OAB:
Acordam os Magistrados da 1ª Turma do Tribunal Regional do 6206/ES)
Trabalho da 17ª Região, na Sessão Ordinária realizada no dia 03 de ADVOGADO ANA PAULA COLNAGO FRAGA(OAB:
19174/ES)
dezembro de 2019, às 13 horas e 30 minutos, sob a Presidência do ADVOGADO LEANDRO COLNAGO FRAGA(OAB:
21245/ES)
Exmo. Desembargador Cláudio Armando Couce de Menezes, com
RECORRIDO BANCO BRADESCO
a participação do Exmo. Desembargador José Carlos Rizk, do FINANCIAMENTOS S.A.
ADVOGADO ANDERSON LUIS GAZOLA
Exmo. Desembargador Mário Ribeiro Cantarino Neto, e presente o ELLER(OAB: 7016/ES)
Procurador Regional do Trabalho, Dr. Levi Scatolin, por ADVOGADO RAFAEL ALVES ROSELLI(OAB:
14025/ES)
unanimidade, isentar a autora das custas processuais, conhecer do

recurso ordinário por ela interposto e, no mérito, dar provimento Intimado(s)/Citado(s):


- BANCO BRADESCO FINANCIAMENTOS S.A.
parcial ao apelo para conceder-lhe a assistência judiciária gratuita.

Presença do Dr. Anderson Luís Gazola Eller, advogado do

reclamado.

PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA DO TRABALHO

PROCESSO nº 0000368-34.2019.5.17.0005 (ROT)

RECORRENTE: LILIAN MODOLO

RECORRIDO: BANCO BRADESCO FINANCIAMENTOS S.A.

ORIGEM: 5ª VARA DO TRABALHO DE VITÓRIA

DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK


RELATOR: DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK

Relator
COMPETÊNCIA: 1ª TURMA

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 899
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

coletiva n. 0047000-16.2008.5.17.0005, que condenou o reclamado

a alterar a jornada de trabalho dos empregados e pagar horas

extras após a 6ª diária. Ademais, a sentença exarada naquela ação

acolheu "as prescrições bienal e quinquenal, arguidas pela Ré, no

tocante às pretensões atinentes aos contratos individuais de

trabalho cuja exigibilidade tenha sido fulminada pelos lapsos

temporais fixados no art. 7º, XXIX, da Constituição Federal" (fl. 67

dos autos).

Na presente ação de liquidação individual, a Origem declarou a

prescrição bienal da pretensão da autora, com fundamento no lapso

temporal decorrido entre a data de sua dispensa e o ajuizamento da

EMENTA ação coletiva.

Em suas razões recursais (ID 9d2e7d7), a autora pleiteia o

deferimento da assistência judiciária gratuita, bem como o

afastamento da prescrição declarada pela Origem e o

reconhecimento do seu enquadramento à sentença coletiva.

RECURSO ORDINÁRIO DA AUTORA. ASSISTÊNCIA Em contrarrazões (ID af89082), o reclamado requer a manutenção

JUDICIÁRIA GRATUITA. O benefício da gratuidade da justiça da sentença recorrida.

independe da assistência sindical e constitui direito fundamental, de

aplicação imediata, previsto no art. 5º, inciso LXXIV, da Carta É o relatório.

Magna, a todos os brasileiros e estrangeiros residentes no Brasil

que comprovarem a insuficiência de recursos.

2. FUNDAMENTAÇÃO

1. RELATÓRIO

Trata-se de execução individual de título executivo oriundo da ação

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 900
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

decisão, em clara afronta ao art. 5º, inciso LV, da Constituição

Federal.

2.1. CONHECIMENTO Logo, a fim de prevenir violação ao art. 5º, inciso LIV (direito ao

devido processo legal) e inciso LV (ampla defesa com todos os

recursos a ela inerentes) da Constituição Federal/1988, isenta-se a

autora das custas processuais, afastando-se qualquer possibilidade

de deserção do apelo.

Conhece-se do recurso interposto pela autora, porquanto atendidos

os pressupostos de admissibilidade recursal.

2.1.1. ISENÇÃO DE CUSTAS

A Origem indeferiu a justiça gratuita à reclamante, sob o

fundamento de que ela não se enquadra no limite estabelecido pelo

§3° do art. 790 da CLT.

A obreira, na inicial (ID 22d682d), pleiteou os benefícios da

assistência judiciária gratuita, renovando seu pedido em razões

recursais, bem como a isenção das custas processuais.

Pois bem.

A autora não se encontra assistido por seu Sindicato de Classe,

mas apresentou declaração de hipossuficiência econômica (ID

fb33e80).

2.2. MÉRITO

Entende-se que, exigir da autora, in casu, o recolhimento do valor

das custas processuais para levar a discussão das matérias

ventiladas no seu apelo ao Segundo Grau, sob pena de não

conhecimento de seu recurso, significa literalmente obstar-lhe o

acesso ao duplo grau de jurisdição e à possibilidade de reforma da

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 901
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

§ 3º É facultado aos juízes, órgãos julgadores e presidentes dos

tribunais do trabalho de qualquer instância conceder, a

requerimento ou de ofício, o benefício da justiça gratuita, inclusive

quanto a traslados e instrumentos, àqueles que perceberem salário

igual ou inferior a 40% (quarenta por cento) do limite máximo dos

benefícios do Regime Geral de Previdência Social.

§ 4º O benefício da justiça gratuita será concedido à parte que

comprovar insuficiência de recursos para o pagamento das custas

2.2.1. ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA do processo.

Assim, no caso de o reclamante manter vínculo empregatício

vigente, com a reclamada ou com empresa diversa, e perceber

salário igual ou inferior a 40% do limite máximo dos benefícios do

Regime Geral de Previdência Social, é absoluta a presunção de

hipossuficiência econômica, fazendo jus ao benefício da justiça

gratuita.

A Origem indeferiu a justiça gratuita à reclamante, sob o Lado outro, quando o autor estiver desempregado ou na hipótese

fundamento de que ela não se enquadra no limite estabelecido pelo de perceber salário superior a 40% (quarenta por cento) do limite

§3° do art. 790 da CLT. máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social,

entende este Relator que a comprovação da insuficiência de

A obreira, na inicial (ID 22d682d), pleiteou os benefícios da recursos, a teor do §4º do dispositivo acima transcrito, poderá ser

assistência judiciária gratuita, renovando seu pedido em razões feita por simples declaração.

recursais.

No caso sob exame, a reclamante declara não ter condições de

Analisa-se. pagar as custas e despesas processuais sem prejuízo de seu

sustento e de sua família. Além disso, não há nos autos informação

De início, registra-se que a presente ação foi ajuizada em de que esteja atualmente empregada e, conforme se infere do

17/04/2019, na vigência da reforma trabalhista. documento de fl. 158, ao final do contrato de trabalho com o

reclamado, percebia cerca de R$ 1.150,00 de salário mensal.

A reclamante não se encontra assistida por seu Sindicato de Classe

nesta ação de liquidação individual, mas declarou não ter condições Com efeito, nos termos dos arts. 1º da Lei n. 7.115/1983 e 99, §3º,

de arcar com os ônus do processo sem o comprometimento de seu do CPC/2015, a declaração destinada a fazer prova de pobreza,

sustento e de sua família (ID fb33e80). quando firmada pelo próprio interessado ou por procurador

bastante, e sob as penas da Lei, presume-se verdadeira.

Este Relator entende que o benefício da gratuidade da justiça

constitui direito fundamental, de aplicação imediata, previsto no art. Acrescenta-se que o art. 99, §2º, do CPC, afirma que o juiz somente

5º, inciso LXXIV, da Carta Magna, a todos os brasileiros e poderá indeferir o pedido se houver nos autos elementos que

estrangeiros residentes no Brasil que comprovarem a insuficiência evidenciem a falta dos pressupostos legais para a concessão de

de recursos. gratuidade, de tal sorte que, não havendo, no caso em análise,

qualquer documento que contrarie a declaração firmada, faz jus a

Acerca do tema, assim dispõem os §§3º e 4º, do art. 790 da CLT, autora ao benefício da assistência judiciária gratuita.

com redação dada pela Lei n. 13.467, de 13 de julho de 2017, in

verbis: Assim, dá-se provimento para conceder à autora a assistência

judiciária gratuita.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 902
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

empresa e o ajuizamento da ação coletiva.

Ademais, não há falar em renúncia tácita, uma vez que o

reclamado, tanto naqueles autos de ação coletiva quanto nestes (lá

de forma genérica, neste de forma individualizada), requereu o

pronunciamento da prescrição quando lhe coube falar nos autos.

Portanto, constatada a prescrição bienal, inquestionável que a

autora não se enquadra na exata medida dos termos da sentença

2.2.2. PRESCRIÇÃO BIENAL. ART. 7ª, XXIX, DA CF coletiva, não podendo se beneficiar daquela decisão.

Nega-se provimento.

Na presente ação de liquidação individual, a Origem declarou a

prescrição bienal da pretensão da autora, com fundamento no lapso

temporal decorrido entre a data de sua dispensa e o ajuizamento da

ação coletiva.

Em minuta de agravo, a autora pleiteia o afastamento da prescrição

declarada pela Origem e o reconhecimento do seu enquadramento

à sentença coletiva.

Analisa-se.

3. ACÓRDÃO

A própria sentença coletiva exarada nos autos do processo n.

0047000-16.2008.5.17.0005 ressalvou "as prescrições bienal e

quinquenal, arguidas pela Ré, no tocante às pretensões atinentes

aos contratos individuais de trabalho cuja exigibilidade tenha sido

fulminada pelos lapsos temporais fixados no art. 7º, XXIX, da

Constituição Federal" (fl. 67 dos autos).

Ora, considerando a referida decisão; que, consoante documentos

de fls. 9 e 160, a autora desligou-se da empresa em 14/07/2005; e

que, conforme documento de fl. 15, a ação coletiva em comento foi

ajuizada em 06/05/2008; indubitável que a pretensão da autora está

prescrita, na forma do art. 7º, XXIX, da CF.

Ou seja, a pretensão da autora foi alcançada pela prescrição bienal,

uma vez que decorreram mais de 2 anos entre seu desligamento da

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 903
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Acórdão
Processo Nº RORSum-0000375-96.2019.5.17.0014
Relator JOSE CARLOS RIZK
RECORRENTE LIDERANCA LIMPEZA E
CONSERVACAO LTDA
Acordam os Magistrados da 1ª Turma do Tribunal Regional do ADVOGADO ROSILENE GONCALVES
MONTEIRO(OAB: 15512/SC)
Trabalho da 17ª Região, na Sessão Ordinária realizada no dia 03 de
RECORRENTE HELENA DA SILVA
dezembro de 2019, às 13 horas e 30 minutos, sob a Presidência do ADVOGADO GERLIS PRATA SURLO(OAB:
17647/ES)
Exmo. Desembargador Cláudio Armando Couce de Menezes, com
ADVOGADO ODILIO GONCALVES DIAS
a participação do Exmo. Desembargador José Carlos Rizk, do NETO(OAB: 19519/ES)
ADVOGADO POLIANA FIRME DE OLIVEIRA(OAB:
Exmo. Desembargador Mário Ribeiro Cantarino Neto, e presente o 16886/ES)
Procurador Regional do Trabalho, Dr. Levi Scatolin, por RECORRIDO HELENA DA SILVA
ADVOGADO POLIANA FIRME DE OLIVEIRA(OAB:
unanimidade, isentar a autora das custas processuais, conhecer do 16886/ES)
recurso ordinário por ela interposto e, no mérito, dar provimento ADVOGADO ODILIO GONCALVES DIAS
NETO(OAB: 19519/ES)
parcial ao apelo para conceder-lhe a assistência judiciária gratuita. ADVOGADO GERLIS PRATA SURLO(OAB:
17647/ES)
Presença do Dr. Anderson Luís Gazola Eller, advogado do
RECORRIDO LIDERANCA LIMPEZA E
reclamado. CONSERVACAO LTDA
ADVOGADO ROSILENE GONCALVES
MONTEIRO(OAB: 15512/SC)

Intimado(s)/Citado(s):
- LIDERANCA LIMPEZA E CONSERVACAO LTDA

PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA DO TRABALHO

PROCESSO nº 0000375-96.2019.5.17.0014 (RORSum)

DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK


RECORRENTES: HELENA DA SILVA; LIDERANÇA LIMPEZA E

CONSERVAÇÃO LTDA
Relator

RECORRIDOS: LIDERANÇA LIMPEZA E CONSERVAÇÃO LTDA;

HELENA DA SILVA

ORIGEM: 14ª VARA DO TRABALHO DE VITÓRIA

RELATOR: DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK

COMPETÊNCIA: 1ª TURMA

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 904
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

1. RELATÓRIO

EMENTA

Esta ação de execução individual foi proposta em 19/04/2019, após

a entrada em vigor da reforma trabalhista.

Helena da Silva ajuizou a presente execução individual de sentença

coletiva em face de Liderança Limpeza e Conservação Ltda,

alegando que é uma dos trabalhadores beneficiados pela sentença

coletiva proferida no processo nº 0001596-59.2015.5.17.0013,

movido pelo Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Asseio,

RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMANTE. HONORÁRIOS Conservação, Limpeza Pública e Serviços Similares no Estado do

ADVOCATÍCIOS. Os honorários advocatícios fixados na sentença ES - SINDILIMPE/ES contra a empresa reclamada e o Município de

coletiva se referem à fase de conhecimento, não se confundindo Vitória, que condenou os réus no pagamento de adicional de

com os honorários advocatícios devidos ao advogado em razão do insalubridade em grau máximo.

trabalho realizado na execução individual da sentença coletiva.

Portanto, o fato de ter sido quitado o valor dos honorários A sentença no Id. c236b6c julgou procedentes os pedidos,

advocatícios nos autos da ação coletiva não obsta que na execução condenando o executado no pagamento do adicional de

da sentença coletiva sejam fixados honorários advocatícios para insalubridade em grau máximo e honorários advocatícios fixados na

remunerar o trabalho do advogado no processo de execução. ação coletiva.

RECURSO ORDINÁRIO DA PRIMEIRA RECLAMADA A autora interpôs o recurso ordinário de ID 1f088b2, pleiteando a

(LIDERANCA LIMPEZA E CONSERVACAO LTDA). SENTENÇA condenação dos honorários advocatícios na presente ação.

COLETIVA. EXECUÇÃO INDIVIDUAL. ADICIONAL DE

INSALUBRIDADE. AUXILIAR DE SERVIÇOS GERAIS. A autora A primeira executada (Liderança Limpeza e Conservação Ltda)

exercia a função de auxiliar de serviços gerais e efetuava a limpeza interpôs o recurso ordinário no Id 7a7136f, requerendo seja

de banheiro em escola situada em Vitória, enquadrando-se entre os reformada a sentença para excluir o adicional de insalubridade.

empregados beneficiados pela sentença proferida em ação coletiva Sucessivamente, impugnou os cálculos de liquidação.

proposta pelo sindicato da categoria profissional, que condenou o

reclamado no pagamento de adicional de insalubridade em grau Custas ao Id. b68459e e depósito judicial ao Id. b68459e.

máximo.

A autora apresentou contrarrazões, requerendo o desprovimento do

apelo patronal.

Contrarrazões da primeira executada (Liderança), pugnando pela

manutenção da sentença nos pontos recorridos pela autora.

É o relatório.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 905
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Trata-se de execução individual de sentença coletiva proferida no

processo nº 0001596-59.2015.5.17.0013, movido pelo

SINDILIMPE/ES em face de Liderança Limpeza e Conservação

Ltda e do Município de Vitória, que condenou os réus no pagamento

de adicional de insalubridade em grau máximo.

2. FUNDAMENTAÇÃO

A presente execução individual foi proposta em face da empresa

Liderança Limpeza e Conservação Ltda e do Município de Vitória.

A sentença no Id. c236b6c julgou procedentes os pedidos, tendo a

reclamante interposto o recurso ordinário no Id. 1f088b2 e a

empresa executada no ID 7a7136f.

Como se trata de ação de execução individual de sentença coletiva,

a sentença que julgou procedentes os pedidos deve ser impugnada

por via de agravo de petição e não de recurso ordinário.

Considerando o princípio da fungibilidade, o recurso ordinário da

autora e o recurso ordinário da primeira reclamada (Liderança

Limpeza e Conservação Ltda) deve ser recebido como agravo de

2.1. CONHECIMENTO petição, com a retificação da autuação do presente processo.

2.1.2. CONHECIMENTO DO AGRAVO DE PETIÇÃO DA

EXEQUENTE

2.1.1. EXECUÇÃO INDIVIDUAL DE SENTENÇA COLETIVA.

RECURSO CABÍVEL. PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE. AGRAVO

DE PETIÇÃO

Estando preenchidos os pressupostos de admissibilidade, conhece-

se do agravo de petição da autora.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 906
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

2.1.3. CONHECIMENTO PARCIAL DO AGRAVO DE PETIÇÃO DA 2.2.1 DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

PRIMEIRA EXECUTADA (LIDERANÇA)

Em razões recursais, requer a reclamante a condenação dos

Estando preenchidos os pressupostos de admissibilidade, conhece- horários advocatícios em 15% sobre o valor da condenação.

se do agravo de petição da autora.

Examina-se.

Tendo sido proposta esta ação de execução individual de sentença

coletiva após a entrada em vigor da Lei nº 13.467/2017, entende-se

que deve ser aplicada a nova legislação no tocante aos honorários

advocatícios.

Ora, a lei trabalhista não prevê a fixação de honorários advocatícios

sucumbenciais para a fase de execução.

Inclusive, frisa-se que, não há falar na aplicação do § 1º do art. 85

do CPC. A uma, conforme o art. 889 da CLT, ao processo de

execução trabalhista aplica-se supletivamnete a lei de execução

fiscal (não o CPC). A duas, a recente reforma trabalhista podendo

inserir tal previsão no art. 791-A da CLT, não o fez, devendo essa

omissão, portanto, ser interpretada como silêncio eloquente acerca

da matéria.

Ocorre que a liquidação individual de sentença coletiva possui

2.2. MÉRITO DO AGRAVO DE PETIÇÃO DA AUTORA natureza híbrida, pois, além de liquidar, individualiza o débito,

enquadrando-o na exata medida dos termos da sentença coletiva.

Logo, in casu, cabível a fixação de honorários sucumbenciais.

Nesse sentido, é o que estabelece a Súmula n. 345 do STJ,

segundo a qual "São devidos honorários advocatícios pela Fazenda

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 907
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Pública nas execuções individuais de sentença proferida em ações sobre o valor atualizado da causa".

coletivas, ainda que não embargadas".

Assim, são devidos honorários advocatícios de sucumbência sobre

Frisa-se, inclusive, que, em que pesem as alterações trazidas pelo o valor que resultar da liquidação da sentença e do proveito

Novo Código de Processo Civil, o entendimento do STJ mantém-se econômico obtido.

inalterado quanto à matéria, conforme se infere do Tema Repetitivo

n. 973/2018, cuja tese firmada, aplicável ao direito processual civil e Ressalte-se que também na execução individual de sentença

do trabalho, é a seguinte: coletiva são devidos os honorários advocatícios de sucumbência.

O art. 85, § 7º, do CPC/2015 não afasta a aplicação do Frise-se que se trata de ação de execução individual de sentença

entendimento consolidado na Súmula 345 do STJ, de modo que são proferida em ação coletiva, na qual a empresa foi sucumbente.

devidos honorários advocatícios nos procedimentos individuais de Ademais, os pedidos formulados pela exequente nesta execução

cumprimento de sentença decorrente de ação coletiva, ainda que individual foram julgados procedentes. Logo, em face da

não impugnados e promovidos em litisconsórcio. sucumbência do réu são devidos os honorários advocatícios em

favor da parte autora.

No caso, a Origem condenou a reclamada no pagamento dos

honorários de sucumbência fixados na ação coletiva nº 0001596- Assinale-se que os honorários advocatícios fixados na sentença

59.2015.5.17.0013, que assim fixou: coletiva se referem à fase de conhecimento, não se confundindo

com os honorários advocatícios devidos ao advogado em razão do

"Entendo que o sindicato, como substituto ou assistente, faz jus a trabalho realizado na execução individual da sentença coletiva.

honorários advocatícios, pois em ambos os casos não se pode dar Portanto, o fato de ter sido quitado o valor dos honorários

interpretação restritiva ao art. 14 da Lei 5584/70. Defiro, portanto, 15 advocatícios nos autos da ação coletiva não obsta que na execução

% (quinze por cento) como honorários advocatícios ao sindicato". da sentença coletiva sejam fixados honorários advocatícios para

remunerar o trabalho do advogado no processo de execução.

O Acórdão proferido pela 1ª Turma deste Regional, por

unanimidade, manteve a sentença quanto à condenação em Finalmente, considerando que se trata de execução individual, a

honorários advocatícios nos seguintes moldes: complexidade da causa, o trabalho realizado pelos advogados da

exequente, o tempo exigido e o local de prestação do serviço,

"Nos termos das Súmulas 329 e 219 do TST são devidos os entende-se que é razoável a fixação do percentual de honorários

honorários advocatícios nas causas em que o ente sindical figure advocatícios em 15%.

como substituto processual.

Ante o exposto, dá-se provimento para condenar a reclamada no

Sendo este o caso, correto o deferimento dos honorários. pagamento da verba honorária em 15% sobre o valor da

condenação.

Nego provimento".

A presente demanda se trata de ação de liquidação de sentença

coletiva ajuizada por Helena da Silva, assistida pelo sindicato

obreiro.

Com efeito, o art. 791-A da CLT, acrescentado pela Lei nº

13.467/2017, prevê que "ao advogado, ainda que atue em causa

própria, serão devidos honorários de sucumbência, fixados entre o

mínimo de 5% (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por 2.3. MÉRITO DO AGRAVO DE PETIÇÃO DA PRIMEIRA

cento) sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, do RECLAMADA (LIDERANÇA)

proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo,

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 908
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Assim, julgou procedente o pleito, condenando a reclamada ao

pagamento de adicional de insalubridade em grau máximo e

reflexos, pelo período de 01/01/2015 a 31/10/2015, bem como ao

pagamento da multa prevista na cláusula 55ª, § 4º da CCT,

acolhendo os cálculos da planilha de Id b5ee2ed.

A executada (Liderança) agrava de petição aduzindo que devem ser

respeitadas as cláusulas convencionais, pois autora não foi

enquadrada como banheirista no período de janeiro a outubro de

2015, acrescentando que a autora não comprovou, de acordo com a

convenção coletiva, que realizava especificamente a higienização

de banheiros públicos da escola, pois apenas trouxe uma

testemunha, o que é muito frágil para que se chegue à conclusão

2.3.1. SENTENÇA COLETIVA. EXECUÇÃO INDIVIDUAL. inequívoca de que autora se enquadrava como banheirista.

CONDENAÇÃO NO PAGAMENTO DE ADICIONAL DE

INSALUBRIDADE EM GRAU MÁXIMO Pois bem.

A sentença coletiva condenou o reclamado no pagamento do

adicional de insalubridade em grau máximo aos empregados do réu

que realizavam a limpeza de banheiro público das escolas

municipais de Vitória.

Frise-se que a sentença proferida na ação coletiva deixou expresso

que os substituídos, nas execuções individuais, deveriam tão

Esta ação de execução individual foi proposta em 19/04/2019, após somente comprovar que realizavam a limpeza de banheiros

a entrada em vigor da reforma trabalhista. públicos das escolas municipais de Vitória.

A exequente ajuizou esta ação de execução individual de sentença Ademais, conforme o acórdão proferido na ação coletiva, a E. 1ª

coletiva em face de Liderança Limpeza e Conservação Ltda, Turma deste Regional considerou que para os substituídos terem

alegando que é uma dos trabalhadores beneficiados pela sentença direito ao adicional de insalubridade, eles deveriam exercer a

coletiva proferida no processo nº 0001596-59.2015.5.17.0013, função de auxiliar de serviços gerais e realizar limpeza em

movido pelo Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Asseio, banheiros público de uso coletivo ou de grande circulação igual ou

Conservação, Limpeza Pública e Serviços Similares no Estado do superior a 40 pessoas, tendo concluído que os banheiros de escola

ES - SINDILIMPE/ES contra a empresa reclamada e o Município de são de uso coletivo, mesmo que usado apenas por alunos e

Vitória, que condenou os réus no pagamento de adicional de funcionários da escola, sendo que por esses banheiros passam

insalubridade em grau máximo. mais de quarenta pessoas.

A presente execução individual é movida em face de Liderança Portanto, cabe à autora comprovar que exercia a função de auxiliar

Limpeza e Conservação Ltda e do Município de Vitória. de serviços gerais e que realizava a limpeza em banheiro de escola

para ser enquadrada entre os trabalhadores beneficiados pela

O Juízo de Primeiro Grau entendeu que a prova testemunhal sentença proferida na ação coletiva nº 0001596-59.2015.5.17.0013.

produzida nos autos é suficiente para atestar que a reclamante é

uma das trabalhadoras abrangidas pela sentença coletiva A reclamante era auxiliar de serviços gerais e trabalhou para o

condenatória ao ressarcimento de adicional de insalubridade e reclamado no período abrangido pela condenação, conforme o

reflexos. documento no Id. ab3b158 - Pág. 3.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 909
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Afere-se dos demonstrativos de pagamento no Id. aee7fa7 que a

reclamante trabalhou no período abrangido pela condenação na

escola CEMEI Marlene Orlande Simonet, sem ter recebido o Esta ação de execução individual foi proposta em 19/04/2019, após

adicional de insalubridade. a entrada em vigor da reforma trabalhista.

Ademais, a testemunha trazida pela reclamante, ouvida em O Juízo de Primeiro Grau condenou a reclamada no pagamento de

audiência afirmou que a reclamante trabalhava na limpeza de todos adicional de insalubridade à autora, mais reflexos, como apurado

os banheiros na escola CMEI Marlene Orlande Simonet até outubro nos cálculos de liquidação.

de 2015, a partir desta data passou a ter uma banheirista para

cumprir esta função. Também destacou que havia quase 400 A executada agrava de petição requerendo impugnando os cálculos

alunos, 08 banheiros de adulto e 04 banheiros de criança. de liquidação quanto aos reflexos do adicional de insalubridade no

terço de férias e no 13º salário.

Logo, a autora demonstrou que exercia a função de auxiliar de

serviços gerais e efetuava a limpeza de banheiro público em escola Sem razão a agravante.

situada em Vitória, enquadrando-se, assim, entre os empregados

beneficiados pela sentença coletiva. É certo que o adicional de insalubridade compõe o complexo

remuneratório do trabalhador, de forma que deve ser integrado para

Ressalte-se que a sentença coletiva não limitou a condenação aos todos os efeitos legais, conforme entendimento consagrado do

empregados que realizavam apenas a limpeza de banheiro público, Tribunal Superior do Trabalho:

não podendo ser acolhida a pretensão do reclamado de, em sede

de execução, alterar o comando contido na sentença coletiva para "Súmula 139- ADICIONAL DE INSALUBRIDADE (incorporada a

excluir o adicional de insalubridade sob o fundamento de que a Orientação Jurisprudencial nº 102 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ

autora não realizava a limpeza específica de banheiros. 20, 22 e 25.04.2005

Dessa forma, como a reclamante é uma das trabalhadoras Enquanto percebido, o adicional de insalubridade integra a

beneficiadas pelo título coletivo exequendo, é devido o adicional de remuneração para todos os efeitos legais. (ex-OJ nº 102 da SBDI-1

insalubridade à autora, mais reflexos, conforme a sentença - inserida em 01.10.1997)".

agravada.

A par disso, tem-se que a sentença determinou o pagamento do

Nega-se provimento. adicional de insalubridade, além de reflexos em 13º salário e férias

+ 1/3 do período de 01/01/2015 a 31/10/2015, além do FGTS +

40%.

Assim, em escorreita análise aos cálculos de liquidação verifica-se

que o perito apurou os reflexos do adicional de insalubridade nas

férias no valor de R$ 492,60 (quatrocentos e noventa e dois reais e

sessenta centavos) e no 13º salário de R$ 272,44 (duzentos e

setenta e dois reais e quarenta e quatro centavos), o que demonstra

que os valores correspondem a proporcionalidade do período

2.3.2. IMPUGNAÇÃO AOS CÁLCULOS DE LIQUIDAÇÃO condenatório (01/01/2015 a 31/10/2015).

Portanto, os cálculos de liquidação estão em conformidade com o

comando da sentença.

Nega-se provimento.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 910
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

honorária em 15% sobre o valor da condenação e, no mérito do

recurso do executado, negar-lhe provimento. Majora-se o valor da

condenação para R$ 8.510,00 (oito mil quinhentos e dez reais), com

custas de R$ 170,20 (cento e setenta reais e vinte centavos), pela

executada.

3. ACÓRDÃO

DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK

Relator

Acordam os Magistrados da 1ª Turma do Tribunal Regional do

Trabalho da 17ª Região, na Sessão Ordinária realizada no dia 03 de

dezembro de 2019, às 13 horas e 30 minutos, sob a presidência do Acórdão


Processo Nº RORSum-0000375-96.2019.5.17.0014
Exmo. Desembargador Cláudio Armando Couce de Menezes, com Relator JOSE CARLOS RIZK
a participação do Exmo. Desembargador José Carlos Rizk, do RECORRENTE LIDERANCA LIMPEZA E
CONSERVACAO LTDA
Exmo. Desembargador Mario Ribeiro Cantarino Neto, e presente o ADVOGADO ROSILENE GONCALVES
MONTEIRO(OAB: 15512/SC)
Procurador do Trabalho, Dr. Levi Scatolin, por unanimidade,
RECORRENTE HELENA DA SILVA
considerando o princípio da fungibilidade, o recurso ordinário da ADVOGADO GERLIS PRATA SURLO(OAB:
17647/ES)
autora e o recurso ordinário da primeira reclamada (Liderança
ADVOGADO ODILIO GONCALVES DIAS
Limpeza e Conservação Ltda) devem ser recebidos como agravo de NETO(OAB: 19519/ES)
ADVOGADO POLIANA FIRME DE OLIVEIRA(OAB:
petição, com a retificação da autuação do presente processo; 16886/ES)
conhecer do agravo de petição da autora e da Reclamada RECORRIDO HELENA DA SILVA
ADVOGADO POLIANA FIRME DE OLIVEIRA(OAB:
(Liderança), e no mérito do recurso da exequente, dar-lhe 16886/ES)
provimento para condenar a reclamada no pagamento da verba

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 911
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

ADVOGADO ODILIO GONCALVES DIAS


NETO(OAB: 19519/ES)
ADVOGADO GERLIS PRATA SURLO(OAB:
17647/ES)
RECORRIDO LIDERANCA LIMPEZA E
CONSERVACAO LTDA
ADVOGADO ROSILENE GONCALVES
MONTEIRO(OAB: 15512/SC)

Intimado(s)/Citado(s):
- HELENA DA SILVA

RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMANTE. HONORÁRIOS

ADVOCATÍCIOS. Os honorários advocatícios fixados na sentença


PODER JUDICIÁRIO
coletiva se referem à fase de conhecimento, não se confundindo
JUSTIÇA DO TRABALHO
com os honorários advocatícios devidos ao advogado em razão do

trabalho realizado na execução individual da sentença coletiva.

Portanto, o fato de ter sido quitado o valor dos honorários

advocatícios nos autos da ação coletiva não obsta que na execução

da sentença coletiva sejam fixados honorários advocatícios para

remunerar o trabalho do advogado no processo de execução.


PROCESSO nº 0000375-96.2019.5.17.0014 (RORSum)

RECURSO ORDINÁRIO DA PRIMEIRA RECLAMADA


RECORRENTES: HELENA DA SILVA; LIDERANÇA LIMPEZA E (LIDERANCA LIMPEZA E CONSERVACAO LTDA). SENTENÇA
CONSERVAÇÃO LTDA COLETIVA. EXECUÇÃO INDIVIDUAL. ADICIONAL DE

INSALUBRIDADE. AUXILIAR DE SERVIÇOS GERAIS. A autora


RECORRIDOS: LIDERANÇA LIMPEZA E CONSERVAÇÃO LTDA; exercia a função de auxiliar de serviços gerais e efetuava a limpeza
HELENA DA SILVA de banheiro em escola situada em Vitória, enquadrando-se entre os

empregados beneficiados pela sentença proferida em ação coletiva


ORIGEM: 14ª VARA DO TRABALHO DE VITÓRIA proposta pelo sindicato da categoria profissional, que condenou o

reclamado no pagamento de adicional de insalubridade em grau


RELATOR: DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK máximo.

COMPETÊNCIA: 1ª TURMA

1. RELATÓRIO

EMENTA

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 912
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Esta ação de execução individual foi proposta em 19/04/2019, após

a entrada em vigor da reforma trabalhista.

Helena da Silva ajuizou a presente execução individual de sentença

coletiva em face de Liderança Limpeza e Conservação Ltda,

alegando que é uma dos trabalhadores beneficiados pela sentença

coletiva proferida no processo nº 0001596-59.2015.5.17.0013,

movido pelo Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Asseio,

Conservação, Limpeza Pública e Serviços Similares no Estado do

ES - SINDILIMPE/ES contra a empresa reclamada e o Município de

Vitória, que condenou os réus no pagamento de adicional de

insalubridade em grau máximo.

A sentença no Id. c236b6c julgou procedentes os pedidos, 2.1. CONHECIMENTO

condenando o executado no pagamento do adicional de

insalubridade em grau máximo e honorários advocatícios fixados na

ação coletiva.

A autora interpôs o recurso ordinário de ID 1f088b2, pleiteando a

condenação dos honorários advocatícios na presente ação.

A primeira executada (Liderança Limpeza e Conservação Ltda)

interpôs o recurso ordinário no Id 7a7136f, requerendo seja

reformada a sentença para excluir o adicional de insalubridade.

Sucessivamente, impugnou os cálculos de liquidação.

Custas ao Id. b68459e e depósito judicial ao Id. b68459e.

A autora apresentou contrarrazões, requerendo o desprovimento do 2.1.1. EXECUÇÃO INDIVIDUAL DE SENTENÇA COLETIVA.

apelo patronal. RECURSO CABÍVEL. PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE. AGRAVO

DE PETIÇÃO

Contrarrazões da primeira executada (Liderança), pugnando pela

manutenção da sentença nos pontos recorridos pela autora.

É o relatório.

Trata-se de execução individual de sentença coletiva proferida no

processo nº 0001596-59.2015.5.17.0013, movido pelo

SINDILIMPE/ES em face de Liderança Limpeza e Conservação

Ltda e do Município de Vitória, que condenou os réus no pagamento

de adicional de insalubridade em grau máximo.

2. FUNDAMENTAÇÃO

A presente execução individual foi proposta em face da empresa

Código para aferir autenticidade deste caderno: 144362


2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 913
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Liderança Limpeza e Conservação Ltda e do Município de Vitória.

A sentença no Id. c236b6c julgou procedentes os pedidos, tendo a

reclamante interposto o recurso ordinário no Id. 1f088b2 e a

empresa executada no ID 7a7136f.

Como se trata de ação de execução individual de sentença coletiva,

a sentença que julgou procedentes os pedidos deve ser impugnada

por via de agravo de petição e não de recurso ordinário. Estando preenchidos os pressupostos de admissibilidade, conhece-

se do agravo de petição da autora.

Considerando o princípio da fungibilidade, o recurso ordinário da

autora e o recurso ordinário da primeira reclamada (Liderança

Limpeza e Conservação Ltda) deve ser recebido como agravo de

petição, com a retificação da autuação do presente processo.

2.1.2. CONHECIMENTO DO AGRAVO DE PETIÇÃO DA

EXEQUENTE

2.2. MÉRITO DO AGRAVO DE PETIÇÃO DA AUTORA

Estando preenchidos os pressupostos de admissibilidade, conhece-

se do agravo de petição da autora.

2.1.3. CONHECIMENTO PARCIAL DO AGRAVO DE PETIÇÃO DA 2.2.1 DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

PRIMEIRA EXECUTADA (LIDERANÇA)

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 914
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

devidos honorários advocatícios nos procedimentos individuais de

cumprimento de sentença decorrente de ação coletiva, ainda que

não impugnados e promovidos em litisconsórcio.

No caso, a Origem condenou a reclamada no pagamento dos

honorários de sucumbência fixados na ação coletiva nº 0001596-

59.2015.5.17.0013, que assim fixou:

Em razões recursais, requer a reclamante a condenação dos

horários advocatícios em 15% sobre o valor da condenação. "Entendo que o sindicato, como substituto ou assistente, faz jus a

honorários advocatícios, pois em ambos os casos não se pode dar

Examina-se. interpretação restritiva ao art. 14 da Lei 5584/70. Defiro, portanto, 15

% (quinze por cento) como honorários advocatícios ao sindicato".

Tendo sido proposta esta ação de execução individual de sentença

coletiva após a entrada em vigor da Lei nº 13.467/2017, entende-se O Acórdão proferido pela 1ª Turma deste Regional, por

que deve ser aplicada a nova legislação no tocante aos honorários unanimidade, manteve a sentença quanto à condenação em

advocatícios. honorários advocatícios nos seguintes moldes:

Ora, a lei trabalhista não prevê a fixação de honorários advocatícios "Nos termos das Súmulas 329 e 219 do TST são devidos os

sucumbenciais para a fase de execução. honorários advocatícios nas causas em que o ente sindical figure

como substituto processual.

Inclusive, frisa-se que, não há falar na aplicação do § 1º do art. 85

do CPC. A uma, conforme o art. 889 da CLT, ao processo de Sendo este o caso, correto o deferimento dos honorários.

execução trabalhista aplica-se supletivamnete a lei de execução

fiscal (não o CPC). A duas, a recente reforma trabalhista podendo Nego provimento".

inserir tal previsão no art. 791-A da CLT, não o fez, devendo essa

omissão, portanto, ser interpretada como silêncio eloquente acerca A presente demanda se trata de ação de liquidação de sentença

da matéria. coletiva ajuizada por Helena da Silva, assistida pelo sindicato

obreiro.

Ocorre que a liquidação individual de sentença coletiva possui

natureza híbrida, pois, além de liquidar, individualiza o débito, Com efeito, o art. 791-A da CLT, acrescentado pela Lei nº

enquadrando-o na exata medida dos termos da sentença coletiva. 13.467/2017, prevê que "ao advogado, ainda que atue em causa

Logo, in casu, cabível a fixação de honorários sucumbenciais. própria, serão devidos honorários de sucumbência, fixados entre o

mínimo de 5% (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por

Nesse sentido, é o que estabelece a Súmula n. 345 do STJ, cento) sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, do

segundo a qual "São devidos honorários advocatícios pela Fazenda proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo,

Pública nas execuções individuais de sentença proferida em ações sobre o valor atualizado da causa".

coletivas, ainda que não embargadas".

Assim, são devidos honorários advocatícios de sucumbência sobre

Frisa-se, inclusive, que, em que pesem as alterações trazidas pelo o valor que resultar da liquidação da sentença e do proveito

Novo Código de Processo Civil, o entendimento do STJ mantém-se econômico obtido.

inalterado quanto à matéria, conforme se infere do Tema Repetitivo

n. 973/2018, cuja tese firmada, aplicável ao direito processual civil e Ressalte-se que também na execução individual de sentença

do trabalho, é a seguinte: coletiva são devidos os honorários advocatícios de sucumbência.

O art. 85, § 7º, do CPC/2015 não afasta a aplicação do Frise-se que se trata de ação de execução individual de sentença

entendimento consolidado na Súmula 345 do STJ, de modo que são proferida em ação coletiva, na qual a empresa foi sucumbente.

Código para aferir autenticidade deste caderno: 144362


2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 915
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Ademais, os pedidos formulados pela exequente nesta execução

individual foram julgados procedentes. Logo, em face da

sucumbência do réu são devidos os honorários advocatícios em 2.3.1. SENTENÇA COLETIVA. EXECUÇÃO INDIVIDUAL.

favor da parte autora. CONDENAÇÃO NO PAGAMENTO DE ADICIONAL DE

INSALUBRIDADE EM GRAU MÁXIMO

Assinale-se que os honorários advocatícios fixados na sentença

coletiva se referem à fase de conhecimento, não se confundindo

com os honorários advocatícios devidos ao advogado em razão do

trabalho realizado na execução individual da sentença coletiva.

Portanto, o fato de ter sido quitado o valor dos honorários

advocatícios nos autos da ação coletiva não obsta que na execução

da sentença coletiva sejam fixados honorários advocatícios para

remunerar o trabalho do advogado no processo de execução.

Esta ação de execução individual foi proposta em 19/04/2019, após

Finalmente, considerando que se trata de execução individual, a a entrada em vigor da reforma trabalhista.

complexidade da causa, o trabalho realizado pelos advogados da

exequente, o tempo exigido e o local de prestação do serviço, A exequente ajuizou esta ação de execução individual de sentença

entende-se que é razoável a fixação do percentual de honorários coletiva em face de Liderança Limpeza e Conservação Ltda,

advocatícios em 15%. alegando que é uma dos trabalhadores beneficiados pela sentença

coletiva proferida no processo nº 0001596-59.2015.5.17.0013,

Ante o exposto, dá-se provimento para condenar a reclamada no movido pelo Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Asseio,

pagamento da verba honorária em 15% sobre o valor da Conservação, Limpeza Pública e Serviços Similares no Estado do

condenação. ES - SINDILIMPE/ES contra a empresa reclamada e o Município de

Vitória, que condenou os réus no pagamento de adicional de

insalubridade em grau máximo.

A presente execução individual é movida em face de Liderança

Limpeza e Conservação Ltda e do Município de Vitória.

O Juízo de Primeiro Grau entendeu que a prova testemunhal

produzida nos autos é suficiente para atestar que a reclamante é

uma das trabalhadoras abrangidas pela sentença coletiva

2.3. MÉRITO DO AGRAVO DE PETIÇÃO DA PRIMEIRA condenatória ao ressarcimento de adicional de insalubridade e

RECLAMADA (LIDERANÇA) reflexos.

Assim, julgou procedente o pleito, condenando a reclamada ao

pagamento de adicional de insalubridade em grau máximo e

reflexos, pelo período de 01/01/2015 a 31/10/2015, bem como ao

pagamento da multa prevista na cláusula 55ª, § 4º da CCT,

acolhendo os cálculos da planilha de Id b5ee2ed.

A executada (Liderança) agrava de petição aduzindo que devem ser

respeitadas as cláusulas convencionais, pois autora não foi

enquadrada como banheirista no período de janeiro a outubro de

2015, acrescentando que a autora não comprovou, de acordo com a

convenção coletiva, que realizava especificamente a higienização

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 916
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

de banheiros públicos da escola, pois apenas trouxe uma

testemunha, o que é muito frágil para que se chegue à conclusão Logo, a autora demonstrou que exercia a função de auxiliar de

inequívoca de que autora se enquadrava como banheirista. serviços gerais e efetuava a limpeza de banheiro público em escola

situada em Vitória, enquadrando-se, assim, entre os empregados

Pois bem. beneficiados pela sentença coletiva.

A sentença coletiva condenou o reclamado no pagamento do Ressalte-se que a sentença coletiva não limitou a condenação aos

adicional de insalubridade em grau máximo aos empregados do réu empregados que realizavam apenas a limpeza de banheiro público,

que realizavam a limpeza de banheiro público das escolas não podendo ser acolhida a pretensão do reclamado de, em sede

municipais de Vitória. de execução, alterar o comando contido na sentença coletiva para

excluir o adicional de insalubridade sob o fundamento de que a

Frise-se que a sentença proferida na ação coletiva deixou expresso autora não realizava a limpeza específica de banheiros.

que os substituídos, nas execuções individuais, deveriam tão

somente comprovar que realizavam a limpeza de banheiros Dessa forma, como a reclamante é uma das trabalhadoras

públicos das escolas municipais de Vitória. beneficiadas pelo título coletivo exequendo, é devido o adicional de

insalubridade à autora, mais reflexos, conforme a sentença

Ademais, conforme o acórdão proferido na ação coletiva, a E. 1ª agravada.

Turma deste Regional considerou que para os substituídos terem

direito ao adicional de insalubridade, eles deveriam exercer a Nega-se provimento.

função de auxiliar de serviços gerais e realizar limpeza em

banheiros público de uso coletivo ou de grande circulação igual ou

superior a 40 pessoas, tendo concluído que os banheiros de escola

são de uso coletivo, mesmo que usado apenas por alunos e

funcionários da escola, sendo que por esses banheiros passam

mais de quarenta pessoas.

Portanto, cabe à autora comprovar que exercia a função de auxiliar

de serviços gerais e que realizava a limpeza em banheiro de escola

para ser enquadrada entre os trabalhadores beneficiados pela 2.3.2. IMPUGNAÇÃO AOS CÁLCULOS DE LIQUIDAÇÃO

sentença proferida na ação coletiva nº 0001596-59.2015.5.17.0013.

A reclamante era auxiliar de serviços gerais e trabalhou para o

reclamado no período abrangido pela condenação, conforme o

documento no Id. ab3b158 - Pág. 3.

Afere-se dos demonstrativos de pagamento no Id. aee7fa7 que a

reclamante trabalhou no período abrangido pela condenação na

escola CEMEI Marlene Orlande Simonet, sem ter recebido o Esta ação de execução individual foi proposta em 19/04/2019, após

adicional de insalubridade. a entrada em vigor da reforma trabalhista.

Ademais, a testemunha trazida pela reclamante, ouvida em O Juízo de Primeiro Grau condenou a reclamada no pagamento de

audiência afirmou que a reclamante trabalhava na limpeza de todos adicional de insalubridade à autora, mais reflexos, como apurado

os banheiros na escola CMEI Marlene Orlande Simonet até outubro nos cálculos de liquidação.

de 2015, a partir desta data passou a ter uma banheirista para

cumprir esta função. Também destacou que havia quase 400 A executada agrava de petição requerendo impugnando os cálculos

alunos, 08 banheiros de adulto e 04 banheiros de criança. de liquidação quanto aos reflexos do adicional de insalubridade no

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 917
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terço de férias e no 13º salário.

Sem razão a agravante. 3. ACÓRDÃO

É certo que o adicional de insalubridade compõe o complexo

remuneratório do trabalhador, de forma que deve ser integrado para

todos os efeitos legais, conforme entendimento consagrado do

Tribunal Superior do Trabalho:

"Súmula 139- ADICIONAL DE INSALUBRIDADE (incorporada a

Orientação Jurisprudencial nº 102 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ

20, 22 e 25.04.2005

Enquanto percebido, o adicional de insalubridade integra a

remuneração para todos os efeitos legais. (ex-OJ nº 102 da SBDI-1

- inserida em 01.10.1997)".

A par disso, tem-se que a sentença determinou o pagamento do

adicional de insalubridade, além de reflexos em 13º salário e férias

+ 1/3 do período de 01/01/2015 a 31/10/2015, além do FGTS +

40%.

Acordam os Magistrados da 1ª Turma do Tribunal Regional do

Assim, em escorreita análise aos cálculos de liquidação verifica-se Trabalho da 17ª Região, na Sessão Ordinária realizada no dia 03 de

que o perito apurou os reflexos do adicional de insalubridade nas dezembro de 2019, às 13 horas e 30 minutos, sob a presidência do

férias no valor de R$ 492,60 (quatrocentos e noventa e dois reais e Exmo. Desembargador Cláudio Armando Couce de Menezes, com

sessenta centavos) e no 13º salário de R$ 272,44 (duzentos e a participação do Exmo. Desembargador José Carlos Rizk, do

setenta e dois reais e quarenta e quatro centavos), o que demonstra Exmo. Desembargador Mario Ribeiro Cantarino Neto, e presente o

que os valores correspondem a proporcionalidade do período Procurador do Trabalho, Dr. Levi Scatolin, por unanimidade,

condenatório (01/01/2015 a 31/10/2015). considerando o princípio da fungibilidade, o recurso ordinário da

autora e o recurso ordinário da primeira reclamada (Liderança

Portanto, os cálculos de liquidação estão em conformidade com o Limpeza e Conservação Ltda) devem ser recebidos como agravo de

comando da sentença. petição, com a retificação da autuação do presente processo;

conhecer do agravo de petição da autora e da Reclamada

Nega-se provimento. (Liderança), e no mérito do recurso da exequente, dar-lhe

provimento para condenar a reclamada no pagamento da verba

honorária em 15% sobre o valor da condenação e, no mérito do

recurso do executado, negar-lhe provimento. Majora-se o valor da

condenação para R$ 8.510,00 (oito mil quinhentos e dez reais), com

custas de R$ 170,20 (cento e setenta reais e vinte centavos), pela

executada.

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Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Intimado(s)/Citado(s):
- B. T. U. L.

Tomar ciência do(a) Intimação de ID b950d3b


Acórdão
Processo Nº ROT-0000416-81.2019.5.17.0008
Relator JOSE CARLOS RIZK
RECORRENTE CAIXA ECONOMICA FEDERAL
ADVOGADO LUIZ JOSE MONTENEGRO
COUTO(OAB: 18164/ES)
DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK ADVOGADO MARCOS NOGUEIRA
BARCELLOS(OAB: 112403/RJ)
RECORRENTE JOSE LUIZ RODRIGUES DE SOUZA
Relator ADVOGADO JESSICA SANTOS DE
MACEDO(OAB: 26081/ES)
ADVOGADO ARTHUR DE SOUZA MOREIRA(OAB:
18277/ES)
ADVOGADO RODOLFO FERNANDES DO
CARMO(OAB: 13069/ES)
ADVOGADO ELISANGELA LEITE MELO(OAB:
7782/ES)
ADVOGADO RUDSON ATAYDES FREITAS(OAB:
8035/ES)
ADVOGADO ANDRE LUIZ MOREIRA(OAB:
7851/ES)
RECORRIDO JOSE LUIZ RODRIGUES DE SOUZA
ADVOGADO JESSICA SANTOS DE
MACEDO(OAB: 26081/ES)
ADVOGADO ARTHUR DE SOUZA MOREIRA(OAB:
18277/ES)
ADVOGADO RODOLFO FERNANDES DO
CARMO(OAB: 13069/ES)
ADVOGADO ELISANGELA LEITE MELO(OAB:
7782/ES)
ADVOGADO RUDSON ATAYDES FREITAS(OAB:
Acórdão 8035/ES)
Processo Nº ROT-0000410-32.2018.5.17.0001 ADVOGADO ANDRE LUIZ MOREIRA(OAB:
Relator JOSE CARLOS RIZK 7851/ES)
RECORRENTE L. D. J. S. RECORRIDO CAIXA ECONOMICA FEDERAL
ADVOGADO EDIMARIO ARAUJO DA CUNHA(OAB: ADVOGADO LUIZ JOSE MONTENEGRO
17761/ES) COUTO(OAB: 18164/ES)
RECORRIDO B. T. U. L. ADVOGADO MARCOS NOGUEIRA
BARCELLOS(OAB: 112403/RJ)
ADVOGADO ALEXANDRE DE ALMEIDA
CARDOSO(OAB: 30340/ES)
ADVOGADO SANDRO RONALDO RIZZATO(OAB: Intimado(s)/Citado(s):
10250/ES) - JOSE LUIZ RODRIGUES DE SOUZA
TESTEMUNHA P. C. D. S.
TESTEMUNHA E. E. S.

Intimado(s)/Citado(s):
- L. D. J. S. PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA DO TRABALHO

Tomar ciência do(a) Intimação de ID 285cbb9


Acórdão
Processo Nº ROT-0000410-32.2018.5.17.0001
Relator JOSE CARLOS RIZK
RECORRENTE L. D. J. S.
ADVOGADO EDIMARIO ARAUJO DA CUNHA(OAB:
17761/ES)
RECORRIDO B. T. U. L.
PROCESSO nº 0000416-81.2019.5.17.0008 (ROT)
ADVOGADO ALEXANDRE DE ALMEIDA
CARDOSO(OAB: 30340/ES)
ADVOGADO SANDRO RONALDO RIZZATO(OAB:
10250/ES) AGRAVANTE: JOSE LUIZ RODRIGUES DE SOUZA; CAIXA
TESTEMUNHA P. C. D. S. ECONOMICA FEDERAL
TESTEMUNHA E. E. S.

AGRAVADO: JOSE LUIZ RODRIGUES DE SOUZA; CAIXA

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ECONOMICA FEDERAL constantes nos contracheques juntados com a inicial. Correta a

sentença em homologar os cálculos apresentados pelo autor.

ORIGEM: 8ª VARA DO TRABALHO DE VITÓRIA-ES

RELATOR: DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK

COMPETÊNCIA: 1ª TURMA

1. RELATÓRIO

EMENTA

Trata-se de execução individual de título executivo oriundo da ação

coletiva 0044000-66.2012.5.17.0002, cujo trânsito em julgado

ocorreu em 10/03/2015.

A presente execução foi ajuizada em 26/04/2019, portanto em

momento posterior à reforma trabalhista decorrente da Lei nº

13.467/17, cuja vigência iniciou em 11/11/2017.

AGRAVO DE PETIÇÃO DO EXEQUENTE. ATUALIZAÇÃO

MONETÁRIA. IPCA-E. Considerando as decisões proferidas tanto A execução é definitiva.

pelo STF como também pelo TST, os débitos trabalhistas em geral

devem ser atualizados pela TR até 24/03/2015 e pelo IPCA-E a Trata-se de recursos interpostos pelas partes em face da r.

partir de 25/03/2015, para que seja resguardada a segurança sentença que homologou os cálculos apresentados pelo autor.

jurídica.

Razões recursais do exequente, pugnando pela reforma da

sentença no ao benefício da justiça gratuita e índice de correção

monetária.

AGRAVO DE PETIÇÃO DA EXECUTADA. QUANTITATIVO DE

HORAS EXTRAS. Além de não demonstrado pela executada onde Minuta de agravo da executada, manifestando irresignação em

houve a aludida inconsistência de cálculo, houve a estrita relação ao quantitativo de horas extras, índice de atualização

observância da coisa julgada, que determinou a aplicação do divisor monetária e juros de mora.

200 para o cálculo do salário hora do empregado sujeito a 40

(quarenta) horas semanais e o de 150 para o empregado sujeito a 6 Contrarrazões do exequente, pugnando pelo desprovimento do

(seis) horas diárias e 36 (trinta e seis) semanais, além dos reflexos agravo da Reclamada.

deferidos, bem como a utilização, pelo exequente, dos valores

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Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

É o relatório.

2. FUNDAMENTAÇÃO

2.1.1.1 PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE. AGRAVO DE PETIÇÃO

2.1. CONHECIMENTO Trata-se de ação em que a reclamante busca a execução individual

de sentença coletiva proferida no processo 0044000-

66.2012.5.17.0002, cujo trânsito em julgado ocorreu em 10/03/2015.

As sentenças proferidas em execução individual de sentença

coletiva devem ser impugnadas por meio de agravo de petição.

Portanto, em decorrência do princípio da fungibilidade, recebo o

recurso ordinário da exequente como agravo de petição.

Conhece-se do agravo de petição do exequente, porquanto

preenchidos os pressupostos de admissibilidade.

2.1.1. CONHECIMENTO DO RECURSO ORDINÁRIO DA

RECLAMANTE

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2.2. MÉRITO

2.1.2. CONHECIMENTO DO AGRAVO DE PETIÇÃO DA

RECLAMADA

Trata-se de execução individual de título executivo oriundo da ação

coletiva 0044000-66.2012.5.17.0002, cujo trânsito em julgado

ocorreu em 10/03/2015.

A presente execução foi ajuizada em 26/04/2019, portanto em 2.2.1. MÉRITO DO AGRAVO DE PETIÇÃO DO EXEQUENTE

momento posterior à reforma trabalhista decorrente da Lei nº

13.467/17, cuja vigência iniciou em 11/11/2017.

A execução é definitiva.

Conhece-se do agravo de petição da executada, porquanto

preenchidos os pressupostos de admissibilidade.

2.2.1.1. BENEFÍCIO DA JUSTIÇA GRATUITA

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Lado outro, quando o reclamante estiver desempregado ou na

hipótese de perceber salário superior a 40% (quarenta por cento) do

Trata-se de execução individual de título executivo oriundo da ação limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência

coletiva 0044000-66.2012.5.17.0002, cujo trânsito em julgado Social, a comprovação da insuficiência de recursos, a teor do §4º do

ocorreu em 10/03/2015. dispositivo acima transcrito, poderá ser feita por simples declaração.

A presente execução foi ajuizada em 26/04/2019, portanto em Saliente-se, por fim, que o benefício da gratuidade da justiça

momento posterior à reforma trabalhista decorrente da Lei nº constitui direito fundamental, de aplicação imediata, previsto no art.

13.467/17, cuja vigência iniciou em 11/11/2017. 5º, inciso LXXIV, da Carta Magna, a todos os brasileiros e

estrangeiros residentes no Brasil que comprovarem a insuficiência

A execução é definitiva. de recursos.

A Origem indeferiu o benefício da justiça gratuita ao exequente, Com efeito, nos termos dos artigos 1º da Lei 7.115/1983 e 99, §3º

tendo em vista que o salário recebido não seria inferior a 40% do do CPC/2015, a declaração destinada a fazer prova de pobreza,

limite máximo dos benefícios do RGPS. quando firmada pelo próprio interessado ou por procurador

bastante, e sob as penas da Lei, presume-se verdadeira.

Em minuta de agravo o exequente renovou sua pretensão,

afirmando não ter condições de demandar sem prejuízo do próprio Porém, no caso dos autos, não há declaração de hipossuficiência

sustento e de sua família, fazendo jus ao benefício na forma do art. prestada sob as penas da lei.

99, §3º do Código de Processo Civil.

Nega-se provimento.

Pois bem.

O Exequente foi admitido em 08/08/2005, no cargo de Técnico

Bancário Novo, exercendo a função de Caixa, com o contrato ainda

em vigor.

Seu salário líquido, conforme contracheque de julho/2015, foi no

importe de R$3.292,03 (três mil, duzentos e noventa e dois reais e

três centavos). Conforme informativo de alteração salarial à fl. 83, o

salário padrão do autor, em 01/01/2018, foi no valor de R$3.966,00

(três mil, novecentos e sessenta e seis reais).

2.2.1.2. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. IPCA-E

Portanto, sob todos os ângulos, a contraprestação do autor supera

o limite fixado pelo art. 790, §3º da CLT.

Porém, entende este Relator que o art. 790 da CLT traz duas regras

distintas.

Consoante o §3º, no caso de o reclamante manter vínculo

empregatício vigente com a reclamada ou com empresa diversa e

perceber salário igual ou inferior a 40% (quarenta por cento) do

limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência

Social, é absoluta a presunção de hipossuficiência econômica, Trata-se de execução individual de título executivo oriundo da ação

fazendo jus, consequentemente, ao benefício da Justiça Gratuita. coletiva 0044000-66.2012.5.17.0002, cujo trânsito em julgado

ocorreu em 10/03/2015.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 923
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Com efeito, simplesmente, referido dispositivo é inaplicável em

A presente execução foi ajuizada em 26/04/2019, portanto em razão do esvaziamento da sua força normativa, decorrente de

momento posterior à reforma trabalhista decorrente da Lei nº expressa disposição legal, uma vez que está subordinado à eficácia

13.467/17, cuja vigência iniciou em 11/11/2017. do art. 39 da Lei n. 8.177/1991.

A execução é definitiva. Ademais, importante ressaltar que, no dia 10/10/2019, o Pleno

deste Regional declarou a inconstitucionalidade do referido

Em razões recursais o Exequente postulou a utilização do IPCA-E, dispositivo (§7º do art. 879 da CLT), nos autos do Processo n.

no tocante à atualização monetária. 0000552-39.2018.5.17.0000, de arguição de inconstitucionalidade.

Vejamos:

Examina-se.

ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DO §7º DO ARTIGO

De início, frisa-se que, embora a Lei n. 13.467/2017 tenha inserido o 879 DA CLT. APLICAÇÃO DA TAXA REFERENCIAL (TR) COMO

§ 7º ao art. 879 da CLT, segundo o qual a atualização dos créditos FATOR DE ATUALIZAÇÃO DOS CRÉDITOS TRABALHISTAS

decorrentes de condenação judicial será feita pela TR, referido DECORRENTES DE CONDENAÇÃO JUDICIAL. No julgamento

preceito faz remissão expressa à Lei n. 8.177/1991. Vejamos: ArgInc - 479-60.2011.5.04.0231, o Tribunal Superior do Trabalho,

acompanhando o entendimento do c. Supremo Tribunal Federal no

A atualização dos créditos decorrentes de condenação judicial será julgamento da ADI nº. 4357 e do RE 870.947/SE, declarou

feita pela Taxa Referencial (TR), divulgada pelo Banco Central do inconstitucional a atualização dos valores pela Taxa Referencial

Brasil, conforme a Lei no 8.177, de 1o de março de 1991. (sem (TR), índice previsto no artigo 39 da Lei 8.177/1991. Por se tratar de

grifos no original) mera renovação do texto do artigo 39 da Lei nº. 8.177/1991 - cuja

inconstitucionalidade fora declarada não sob o aspecto formal, mas

Desse modo, percebe-se que a força normativa do § 7º do art. 879 sob a ótica material, impõe-se que o §7º do artigo 897 da CLT,

da CLT está subordinada à eficácia do art. 39 da Lei n. 8.177/1991, trazido pela Lei nº. 13.467/17, seja expungido do ordenamento

por expressa disposição legal. jurídico, não se coadunando materialmente com o texto da

Constituição da República, a qual assegura o direito fundamental de

Inclusive, nesse sentido, é o entendimento da 8ª Turma do TST: propriedade e a plena efetividade das decisões judiciais.

AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. Logo, a discussão acerca da aplicação da TR ou do IPCA-E como

EXECUÇÃO. CORREÇÃO MONETÁRIA DOS CRÉDITOS índice de atualização dos créditos judiciais trabalhistas continua

TRABALHISTAS. ÍNDICE APLICÁVEL. Consoante entendimento girando em torno da constitucionalidade do art. 39 da Lei n.

adotado pela 8ª Turma, com base na decisão do Tribunal Pleno 8.177/1991 e seus desdobramentos junto ao STF e ao TST.

desta Corte Superior (TST-ArgInc - 479-60.2011.5.04.0231 e ED-

ArgInc - 479-60.2011.5.04.0231), na correção dos créditos Pois bem. Esclarecidas as razões da inaplicabilidade do § 7º do art.

trabalhistas, aplica-se a TR até 24/3/2015 e o IPCA a partir de 879 da CLT, passa-se à análise dos desdobramentos jurídicos do

25/3/2015. Esta Turma considera, ainda, entendimento a que me art. 39 da Lei n. 8.177/1991.

submeto por disciplina judiciária, que o art. 879, § 7º, da CLT perdeu

a sua eficácia normativa, em face da declaração de No julgamento conjunto das ADIs 4357, 4372, 4400 e 4425, o

inconstitucionalidade parcial do art. 39 da Lei nº 8.177/91, na Supremo Tribunal Federal declarou que o regime de compensação

medida em que o dispositivo da legislação esparsa conferia de precatórios introduzido pela Emenda Constitucional 62/2009 é

conteúdo à norma da CLT, tendo em vista a adoção de fórmula inconstitucional.

remissiva pelo legislador. Agravo de instrumento conhecido e não

provido. (TST-AIRR-20869-47.2016.5.04.0014, 8ª Turma, Relatora: Em seguida, o Excelso Tribunal modulou os efeitos da decisão da

Ministra Dora Maria da Costa, Data da Publicação: 29/03/2019) - ADI 4357, conforme transcrição parcial a seguir:

sem grifos no original

Concluindo o julgamento, o Tribunal, por maioria e nos termos do

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 924
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voto, ora reajustado, do Ministro Luiz Fux (Relator), resolveu a e 6º da Lei de Introdução ao Direito Brasileiro - LIDB), vencida a

questão de ordem nos seguintes termos: 1) - modular os efeitos Excelentíssima Senhora Ministra Dora Maria da Costa, que aplicava

para que se dê sobrevida ao regime especial de pagamento de a modulação dos efeitos da decisão a contar de 26 de março de

precatórios, instituído pela Emenda Constitucional nº 62/2009, por 5 2015; III) por unanimidade, determinar: a) o retorno dos autos à 7ª

(cinco) exercícios financeiros a contar de primeiro de janeiro de Turma desta Corte para prosseguir no julgamento do recurso de

2016; 2) - conferir eficácia prospectiva à declaração de revista, observado o quanto ora decidido; b) a expedição de ofício

inconstitucionalidade dos seguintes aspectos da ação direta de ao Exmo. Ministro Presidente do Conselho Superior da Justiça do

inconstitucionalidade, fixando como marco inicial a data de Trabalho a fim de que determine a retificação da tabela de

conclusão do julgamento da presente questão de ordem atualização monetária da Justiça do Trabalho (tabela única); c) o

(25.03.2015) e mantendo-se válidos os precatórios expedidos ou encaminhamento do acórdão à Comissão de Jurisprudência e de

pagos até esta data, a saber: 2.1.) fica mantida a aplicação do Precedentes Normativos para emissão de parecer acerca da

índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança Orientação Jurisprudencial nº 300 da SbDI-1. Ressalvaram o

(TR), nos termos da Emenda Constitucional nº 62/2009, até entendimento os Exmos. Ministros Guilherme Augusto Caputo

25.03.2015, data após a qual (i) os créditos em precatórios deverão Bastos, Alexandre de Souza Agra Belmonte e Maria Helena

ser corrigidos pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial Mallmann. (PROCESSO Nº TST-ArgInc-479-60.2011.5.04.0231.)

(IPCA-E) e (ii) os precatórios tributários deverão observar os

mesmos critérios pelos quais a Fazenda Pública corrige seus Todavia, em 14/10/2015, o Ministro Dias Toffoli, nos autos da

créditos tributários; e 2.2.) ficam resguardados os precatórios Reclamação n. 22012, ajuizada pela Federação Nacional dos

expedidos, no âmbito da administração pública federal, com base Bancos (Fenaban), proferiu decisão liminar suspendendo os efeitos

nos arts. 27 das Leis nº 12.919/13 e Lei nº 13.080/15, que fixam o da decisão proferida pelo TST, que havia afastado o uso da TRD e

IPCA-E como índice de correção monetária. determinado a adoção do índice IPCA-E através da "tabela única",

entendendo que a decisão do TST extrapolou o entendimento fixado

Poucos meses depois, em razão da decisão do STF, o TST acolheu pelo STF no julgamento das Ações Diretas de Inconstitucionalidade

incidente de inconstitucionalidade suscitado pela sua 7ª Turma e - ADIs 4357 e 4425.

definiu o Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E)

como fator de atualização a ser utilizado na tabela de atualização Ocorre que, em 05/12/2017, a Segunda Turma do STF julgou, em

monetária na Justiça do Trabalho, senão vejamos: análise meritória, improcedente a Reclamação 22012, ajuizada pela

Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) contra a decisão do

ACORDAM os Ministros do Tribunal Superior do Trabalho, em sua TST que havia determinado a adoção IPCA-E no lugar da TRD para

composição plenária, I) por unanimidade: a) acolher o incidente de a atualização de débitos trabalhistas, prevalecendo o entendimento

inconstitucionalidade suscitado pela eg. 7ª Turma e, em de que tal posicionamento não configura desrespeito ao julgamento

consequência, declarar a inconstitucionalidade por arrastamento da das Ações Diretas de Inconstitucionalidade 4357 e 4425, que

expressão "equivalentes à TRD", contida no caput do artigo 39 da analisaram a emenda constitucional sobre precatórios.

Lei n° 8.177/91; b) adotar a técnica de interpretação conforme a

Constituição para o texto remanescente do dispositivo impugnado, a A decisão de improcedência da Reclamação 22012 foi publicada no

preservar o direito à atualização monetária dos créditos trabalhistas; DJE n. 288, divulgado em 13/12/2017, data em que foi também

c) definir a variação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo julgado, pela 5ª Turma do TST, o AIRR 25823-78.2015.5.24.0091,

Especial (IPCA-E) como fator de atualização a ser utilizado na encampando o atual posicionamento do Excelso Tribunal.

tabela de atualização monetária dos débitos trabalhistas na Justiça

do Trabalho; II) por maioria, atribuir efeitos modulatórios à decisão, Com efeito, a aplicação da TR já não se mostrava suficiente para

que deverão prevalecer a partir de 30 de junho de 2009, observada, recompor a real perda do poder aquisitivo de nossa moeda, de

porém, a preservação das situações jurídicas consolidadas forma que a correção dos débitos trabalhistas levando-se em conta

resultantes dos pagamentos efetuados nos processos judiciais, em tal parâmetro causava prejuízos aos trabalhadores.

andamento ou extintos, em virtude dos quais foi adimplida e extinta

a obrigação, ainda que parcialmente, sobretudo em decorrência da Bem destacou o Min. Douglas Alencar Rodrigues, em trecho do

proteção ao ato jurídico perfeito (artigos 5º, XXXVI, da Constituição julgamento do supracitado AIRR, que:

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 925
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Portanto, considerando as decisões proferidas tanto pelo STF como

impõe-se a adoção do IPCA-E para a atualização dos créditos também pelo TST, os débitos trabalhistas em geral devem ser

trabalhistas, não apenas sob a perspectiva da efetiva recomposição atualizados pela TR/FACDT até 24/03/2015 e pelo IPCA-E a partir

do patrimônio dos credores trabalhistas, mas como medida de de 25/03/2015, para que seja resguardada a segurança jurídica.

estímulo efetivo ao cumprimento dos direitos sociais por parte de

devedores recalcitrantes, que se valem da Justiça do Trabalho, Dá-se parcial provimento ao apelo para estabelecer que os débitos

lamentavelmente, para postergar indefinidamente suas obrigações. trabalhistas em geral devem ser atualizados pela TR/FACDT até

24/03/2015 e pelo IPCA-E a partir de 25/03/2015.

Ante o exposto, este Relator, na linha das recentes decisões do

excelso STF e do colendo TST, modifica seu posicionamento,

passando a entender pela aplicabilidade, na atualização monetária

dos débitos trabalhistas, do Índice de Preços ao Consumidor Amplo

Especial - IPCA-E.

Assinala-se que o Tribunal Pleno do TST, em sessão de 20 de

março de 2017, apreciando os embargos de declaração opostos em

face do acórdão proferido na ArgInc - 479-60.2011.5.04.0231,

decidiu pela modulação da decisão original, atribuindo efeito

modificativo ao julgado, para determinar que a aplicação do IPCA-E,

como índice de correção dos débitos trabalhistas, produza efeito

somente a partir de 25 de março de 2015, data coincidente com

aquela adotada pelo Supremo Tribunal Federal no acórdão 2.2.2. MÉRITO DO AGRAVO DE PETIÇÃO DA EXECUTADA

prolatado na ADI 4.357:

II)[...] acolher parcialmente os embargos de declaração opostos pelo

Município de Gravataí e pelo SINDIENERGIA para, dando efeito

modificativo ao julgado, aplicar a modulação dos efeitos da decisão

a contar de 25/03/15, que coincide com a data que o Supremo

Tribunal Federal reconheceu na decisão proferida na Ação

Declaratória de Inconstitucionalidade nº 4.357. [...] III) por

unanimidade, em cumprimento à decisão liminar proferida pelo

Supremo Tribunal Federal, na Reclamação nº 22.012, excluir do

acordão originário a determinação de reedição da Tabela Única de

cálculo de débitos trabalhistas, a fim de que fosse adotado o índice

questionado (IPCA-E).

Por fim, vale ressaltar que embora o STF, em decisão do dia

03/10/2019, no julgamento dos Embargos de Declaração no

Recurso Extraordinário n. 870.947, tenha decidido que também é 2.2.2.1. QUANTITATIVO DE HORAS EXTRAS

aplicável o IPCA-E quanto ao período de 2009 a 2015, referida

decisão se restringe à Fazenda Pública, uma vez que seu objeto é a

atualização monetária dos precatórios. Logo, não se aplica a

referida decisão ao presente caso, uma vez que o devedor é

particular, ou seja, in casu, não há falar no regime especial

estabelecido pelo art. 100 da CF.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 926
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Trata-se de execução individual de título executivo oriundo da ação

coletiva 0044000-66.2012.5.17.0002, cujo trânsito em julgado 2.2.2.2. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA

ocorreu em 10/03/2015.

A presente execução foi ajuizada em 26/04/2019, portanto em

momento posterior à reforma trabalhista decorrente da Lei nº

13.467/17, cuja vigência iniciou em 11/11/2017.

A execução é definitiva.

Em minuta de agravo a executada sustentou que o quantitativo de

horas extras apresentado pelo autor foi elaborado a partir de valores

que não condizem com a real quantidade de horas extras recebidas. Trata-se de execução individual de título executivo oriundo da ação

coletiva 0044000-66.2012.5.17.0002, cujo trânsito em julgado

Pugnou pelo acolhimento dos valores por ela apontados. ocorreu em 10/03/2015.

Sem razão. A presente execução foi ajuizada em 26/04/2019, portanto em

momento posterior à reforma trabalhista decorrente da Lei nº

Conforme se extrai dos autos, o exequente na confecção das 13.467/17, cuja vigência iniciou em 11/11/2017.

planilhas de id. a39af10 se utilizou exatamente dos valores

constantes nos contracheques juntados com a inicial. A execução é definitiva.

Portanto, não prospera a alegação de apresentação de quantitativo Em minuta de agravo, a executada postulou a aplicação da Taxa

equivocado. Sequer foi demonstrado pela agravante onde houve a Referencial no tocante à atualização monetária.

aludida inconsistência de cálculo.

Sem razão.

Paralelamente, cumpre salientar a estrita observância da coisa

julgada, que determinou a aplicação do divisor 200 para o cálculo Tendo em vista que a presente matéria já foi objeto de análise no

do salário hora do empregado sujeito a 40 (quarenta) horas tópico 2.2.1.2. do agravo de petição do exequente, faz-se remissão

semanais e o de 150 para o empregado sujeito a 6 (seis) horas aos fundamentos ali expendidos.

diárias e 36 (trinta e seis) semanais, além dos reflexos deferidos.

Nega-se provimento.

Correta, portanto, a Origem em homologar os cálculos

apresentados pelo autor, porquanto adequados à coisa julgada.

Nega-se provimento.

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Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

2.2.2.3. JUROS DE MORA. SUSPENSÃO

Trata-se de execução individual de título executivo oriundo da ação

coletiva 0044000-66.2012.5.17.0002, cujo trânsito em julgado

ocorreu em 10/03/2015. 3. ACÓRDÃO

A presente execução foi ajuizada em 26/04/2019, portanto em

momento posterior à reforma trabalhista decorrente da Lei nº

13.467/17, cuja vigência iniciou em 11/11/2017.

A execução é definitiva.

Em minuta de agravo de petição o reclamado postula que os juros

de mora sejam calculados a partir da data da citação do réu nesta

ação de execução individual.

Sem razão a agravante.

Em se tratando de execução de sentença proferida em ação

coletiva, os juros de mora são devidos a partir da data do

ajuizamento da ação coletiva.

Ademais, como salientado pelo Juízo de Primeiro Grau, não existe

previsão legal que ampare a pretensão do réu de suspender os Acordam os Magistrados da 1ª Turma do Tribunal Regional do

juros de mora após o trânsito em julgado da sentença exequenda. Trabalho da 17ª Região, na Sessão Ordinária realizada no dia 03 de

dezembro de 2019, às 13 horas e 30 minutos, sob a Presidência do

Além disso, os trabalhadores beneficiados pela sentença coletiva Exmo. Desembargador Cláudio Armando Couce de Menezes, com

dispõem da faculdade de ajuizar a execução individual dentro do a participação do Exmo. Desembargador José Carlos Rizk, do

prazo prescricional e, assim, o fato de o exequente ter ajuizado esta Exmo. Desembargador Mário Ribeiro Cantarino Neto, e presente o

ação de liquidação alguns meses após o trânsito em julgado da Procurador Regional do Trabalho, Dr. Levi Scatolin, por

decisão coletiva não pode ser considerada como inércia do unanimidade, em decorrência do princípio da fungibilidade, receber

exequente. o recurso ordinário do exequente como agravo de petição; conhecer

do agravo de petição do exequente; conhecer do agravo de petição

Nega-se provimento. da executada; no mérito, dar parcial provimento ao agravo de

petição do exequente para estabelecer que os débitos trabalhistas

em geral devem ser atualizados pela TR/FACDT até 24/03/2015 e

pelo IPCA-E a partir de 25/03/2015; e negar provimento ao agravo

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RECORRIDO JOSE LUIZ RODRIGUES DE SOUZA


de petição da executada. Mantido o valor da condenação. ADVOGADO JESSICA SANTOS DE
MACEDO(OAB: 26081/ES)
ADVOGADO ARTHUR DE SOUZA MOREIRA(OAB:
18277/ES)
ADVOGADO RODOLFO FERNANDES DO
CARMO(OAB: 13069/ES)
ADVOGADO ELISANGELA LEITE MELO(OAB:
7782/ES)
ADVOGADO RUDSON ATAYDES FREITAS(OAB:
8035/ES)
ADVOGADO ANDRE LUIZ MOREIRA(OAB:
7851/ES)
RECORRIDO CAIXA ECONOMICA FEDERAL
ADVOGADO LUIZ JOSE MONTENEGRO
COUTO(OAB: 18164/ES)
ADVOGADO MARCOS NOGUEIRA
BARCELLOS(OAB: 112403/RJ)

Intimado(s)/Citado(s):
- CAIXA ECONOMICA FEDERAL

DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA DO TRABALHO

Relator

PROCESSO nº 0000416-81.2019.5.17.0008 (ROT)

AGRAVANTE: JOSE LUIZ RODRIGUES DE SOUZA; CAIXA

ECONOMICA FEDERAL

AGRAVADO: JOSE LUIZ RODRIGUES DE SOUZA; CAIXA

ECONOMICA FEDERAL

ORIGEM: 8ª VARA DO TRABALHO DE VITÓRIA-ES


Acórdão
Processo Nº ROT-0000416-81.2019.5.17.0008
Relator JOSE CARLOS RIZK RELATOR: DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK
RECORRENTE CAIXA ECONOMICA FEDERAL
ADVOGADO LUIZ JOSE MONTENEGRO
COUTO(OAB: 18164/ES) COMPETÊNCIA: 1ª TURMA
ADVOGADO MARCOS NOGUEIRA
BARCELLOS(OAB: 112403/RJ)
RECORRENTE JOSE LUIZ RODRIGUES DE SOUZA
ADVOGADO JESSICA SANTOS DE
MACEDO(OAB: 26081/ES)
ADVOGADO ARTHUR DE SOUZA MOREIRA(OAB:
18277/ES)
ADVOGADO RODOLFO FERNANDES DO
CARMO(OAB: 13069/ES)
ADVOGADO ELISANGELA LEITE MELO(OAB:
7782/ES)
ADVOGADO RUDSON ATAYDES FREITAS(OAB:
8035/ES)
ADVOGADO ANDRE LUIZ MOREIRA(OAB:
7851/ES)

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EMENTA

Trata-se de execução individual de título executivo oriundo da ação

coletiva 0044000-66.2012.5.17.0002, cujo trânsito em julgado

ocorreu em 10/03/2015.

A presente execução foi ajuizada em 26/04/2019, portanto em

momento posterior à reforma trabalhista decorrente da Lei nº

13.467/17, cuja vigência iniciou em 11/11/2017.

AGRAVO DE PETIÇÃO DO EXEQUENTE. ATUALIZAÇÃO

MONETÁRIA. IPCA-E. Considerando as decisões proferidas tanto A execução é definitiva.

pelo STF como também pelo TST, os débitos trabalhistas em geral

devem ser atualizados pela TR até 24/03/2015 e pelo IPCA-E a Trata-se de recursos interpostos pelas partes em face da r.

partir de 25/03/2015, para que seja resguardada a segurança sentença que homologou os cálculos apresentados pelo autor.

jurídica.

Razões recursais do exequente, pugnando pela reforma da

sentença no ao benefício da justiça gratuita e índice de correção

monetária.

AGRAVO DE PETIÇÃO DA EXECUTADA. QUANTITATIVO DE

HORAS EXTRAS. Além de não demonstrado pela executada onde Minuta de agravo da executada, manifestando irresignação em

houve a aludida inconsistência de cálculo, houve a estrita relação ao quantitativo de horas extras, índice de atualização

observância da coisa julgada, que determinou a aplicação do divisor monetária e juros de mora.

200 para o cálculo do salário hora do empregado sujeito a 40

(quarenta) horas semanais e o de 150 para o empregado sujeito a 6 Contrarrazões do exequente, pugnando pelo desprovimento do

(seis) horas diárias e 36 (trinta e seis) semanais, além dos reflexos agravo da Reclamada.

deferidos, bem como a utilização, pelo exequente, dos valores

constantes nos contracheques juntados com a inicial. Correta a É o relatório.

sentença em homologar os cálculos apresentados pelo autor.

2. FUNDAMENTAÇÃO

1. RELATÓRIO

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2.1. CONHECIMENTO Trata-se de ação em que a reclamante busca a execução individual

de sentença coletiva proferida no processo 0044000-

66.2012.5.17.0002, cujo trânsito em julgado ocorreu em 10/03/2015.

As sentenças proferidas em execução individual de sentença

coletiva devem ser impugnadas por meio de agravo de petição.

Portanto, em decorrência do princípio da fungibilidade, recebo o

recurso ordinário da exequente como agravo de petição.

Conhece-se do agravo de petição do exequente, porquanto

preenchidos os pressupostos de admissibilidade.

2.1.1. CONHECIMENTO DO RECURSO ORDINÁRIO DA

RECLAMANTE

2.1.2. CONHECIMENTO DO AGRAVO DE PETIÇÃO DA

RECLAMADA

2.1.1.1 PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE. AGRAVO DE PETIÇÃO Trata-se de execução individual de título executivo oriundo da ação

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coletiva 0044000-66.2012.5.17.0002, cujo trânsito em julgado

ocorreu em 10/03/2015.

A presente execução foi ajuizada em 26/04/2019, portanto em 2.2.1. MÉRITO DO AGRAVO DE PETIÇÃO DO EXEQUENTE

momento posterior à reforma trabalhista decorrente da Lei nº

13.467/17, cuja vigência iniciou em 11/11/2017.

A execução é definitiva.

Conhece-se do agravo de petição da executada, porquanto

preenchidos os pressupostos de admissibilidade.

2.2.1.1. BENEFÍCIO DA JUSTIÇA GRATUITA

Trata-se de execução individual de título executivo oriundo da ação

2.2. MÉRITO coletiva 0044000-66.2012.5.17.0002, cujo trânsito em julgado

ocorreu em 10/03/2015.

A presente execução foi ajuizada em 26/04/2019, portanto em

momento posterior à reforma trabalhista decorrente da Lei nº

13.467/17, cuja vigência iniciou em 11/11/2017.

A execução é definitiva.

A Origem indeferiu o benefício da justiça gratuita ao exequente,

tendo em vista que o salário recebido não seria inferior a 40% do

limite máximo dos benefícios do RGPS.

Em minuta de agravo o exequente renovou sua pretensão,

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 932
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

afirmando não ter condições de demandar sem prejuízo do próprio Porém, no caso dos autos, não há declaração de hipossuficiência

sustento e de sua família, fazendo jus ao benefício na forma do art. prestada sob as penas da lei.

99, §3º do Código de Processo Civil.

Nega-se provimento.

Pois bem.

O Exequente foi admitido em 08/08/2005, no cargo de Técnico

Bancário Novo, exercendo a função de Caixa, com o contrato ainda

em vigor.

Seu salário líquido, conforme contracheque de julho/2015, foi no

importe de R$3.292,03 (três mil, duzentos e noventa e dois reais e

três centavos). Conforme informativo de alteração salarial à fl. 83, o

salário padrão do autor, em 01/01/2018, foi no valor de R$3.966,00

(três mil, novecentos e sessenta e seis reais).

2.2.1.2. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. IPCA-E

Portanto, sob todos os ângulos, a contraprestação do autor supera

o limite fixado pelo art. 790, §3º da CLT.

Porém, entende este Relator que o art. 790 da CLT traz duas regras

distintas.

Consoante o §3º, no caso de o reclamante manter vínculo

empregatício vigente com a reclamada ou com empresa diversa e

perceber salário igual ou inferior a 40% (quarenta por cento) do

limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência

Social, é absoluta a presunção de hipossuficiência econômica, Trata-se de execução individual de título executivo oriundo da ação

fazendo jus, consequentemente, ao benefício da Justiça Gratuita. coletiva 0044000-66.2012.5.17.0002, cujo trânsito em julgado

ocorreu em 10/03/2015.

Lado outro, quando o reclamante estiver desempregado ou na

hipótese de perceber salário superior a 40% (quarenta por cento) do A presente execução foi ajuizada em 26/04/2019, portanto em

limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência momento posterior à reforma trabalhista decorrente da Lei nº

Social, a comprovação da insuficiência de recursos, a teor do §4º do 13.467/17, cuja vigência iniciou em 11/11/2017.

dispositivo acima transcrito, poderá ser feita por simples declaração.

A execução é definitiva.

Saliente-se, por fim, que o benefício da gratuidade da justiça

constitui direito fundamental, de aplicação imediata, previsto no art. Em razões recursais o Exequente postulou a utilização do IPCA-E,

5º, inciso LXXIV, da Carta Magna, a todos os brasileiros e no tocante à atualização monetária.

estrangeiros residentes no Brasil que comprovarem a insuficiência

de recursos. Examina-se.

Com efeito, nos termos dos artigos 1º da Lei 7.115/1983 e 99, §3º De início, frisa-se que, embora a Lei n. 13.467/2017 tenha inserido o

do CPC/2015, a declaração destinada a fazer prova de pobreza, § 7º ao art. 879 da CLT, segundo o qual a atualização dos créditos

quando firmada pelo próprio interessado ou por procurador decorrentes de condenação judicial será feita pela TR, referido

bastante, e sob as penas da Lei, presume-se verdadeira. preceito faz remissão expressa à Lei n. 8.177/1991. Vejamos:

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 933
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

A atualização dos créditos decorrentes de condenação judicial será julgamento da ADI nº. 4357 e do RE 870.947/SE, declarou

feita pela Taxa Referencial (TR), divulgada pelo Banco Central do inconstitucional a atualização dos valores pela Taxa Referencial

Brasil, conforme a Lei no 8.177, de 1o de março de 1991. (sem (TR), índice previsto no artigo 39 da Lei 8.177/1991. Por se tratar de

grifos no original) mera renovação do texto do artigo 39 da Lei nº. 8.177/1991 - cuja

inconstitucionalidade fora declarada não sob o aspecto formal, mas

Desse modo, percebe-se que a força normativa do § 7º do art. 879 sob a ótica material, impõe-se que o §7º do artigo 897 da CLT,

da CLT está subordinada à eficácia do art. 39 da Lei n. 8.177/1991, trazido pela Lei nº. 13.467/17, seja expungido do ordenamento

por expressa disposição legal. jurídico, não se coadunando materialmente com o texto da

Constituição da República, a qual assegura o direito fundamental de

Inclusive, nesse sentido, é o entendimento da 8ª Turma do TST: propriedade e a plena efetividade das decisões judiciais.

AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. Logo, a discussão acerca da aplicação da TR ou do IPCA-E como

EXECUÇÃO. CORREÇÃO MONETÁRIA DOS CRÉDITOS índice de atualização dos créditos judiciais trabalhistas continua

TRABALHISTAS. ÍNDICE APLICÁVEL. Consoante entendimento girando em torno da constitucionalidade do art. 39 da Lei n.

adotado pela 8ª Turma, com base na decisão do Tribunal Pleno 8.177/1991 e seus desdobramentos junto ao STF e ao TST.

desta Corte Superior (TST-ArgInc - 479-60.2011.5.04.0231 e ED-

ArgInc - 479-60.2011.5.04.0231), na correção dos créditos Pois bem. Esclarecidas as razões da inaplicabilidade do § 7º do art.

trabalhistas, aplica-se a TR até 24/3/2015 e o IPCA a partir de 879 da CLT, passa-se à análise dos desdobramentos jurídicos do

25/3/2015. Esta Turma considera, ainda, entendimento a que me art. 39 da Lei n. 8.177/1991.

submeto por disciplina judiciária, que o art. 879, § 7º, da CLT perdeu

a sua eficácia normativa, em face da declaração de No julgamento conjunto das ADIs 4357, 4372, 4400 e 4425, o

inconstitucionalidade parcial do art. 39 da Lei nº 8.177/91, na Supremo Tribunal Federal declarou que o regime de compensação

medida em que o dispositivo da legislação esparsa conferia de precatórios introduzido pela Emenda Constitucional 62/2009 é

conteúdo à norma da CLT, tendo em vista a adoção de fórmula inconstitucional.

remissiva pelo legislador. Agravo de instrumento conhecido e não

provido. (TST-AIRR-20869-47.2016.5.04.0014, 8ª Turma, Relatora: Em seguida, o Excelso Tribunal modulou os efeitos da decisão da

Ministra Dora Maria da Costa, Data da Publicação: 29/03/2019) - ADI 4357, conforme transcrição parcial a seguir:

sem grifos no original

Concluindo o julgamento, o Tribunal, por maioria e nos termos do

Com efeito, simplesmente, referido dispositivo é inaplicável em voto, ora reajustado, do Ministro Luiz Fux (Relator), resolveu a

razão do esvaziamento da sua força normativa, decorrente de questão de ordem nos seguintes termos: 1) - modular os efeitos

expressa disposição legal, uma vez que está subordinado à eficácia para que se dê sobrevida ao regime especial de pagamento de

do art. 39 da Lei n. 8.177/1991. precatórios, instituído pela Emenda Constitucional nº 62/2009, por 5

(cinco) exercícios financeiros a contar de primeiro de janeiro de

Ademais, importante ressaltar que, no dia 10/10/2019, o Pleno 2016; 2) - conferir eficácia prospectiva à declaração de

deste Regional declarou a inconstitucionalidade do referido inconstitucionalidade dos seguintes aspectos da ação direta de

dispositivo (§7º do art. 879 da CLT), nos autos do Processo n. inconstitucionalidade, fixando como marco inicial a data de

0000552-39.2018.5.17.0000, de arguição de inconstitucionalidade. conclusão do julgamento da presente questão de ordem

Vejamos: (25.03.2015) e mantendo-se válidos os precatórios expedidos ou

pagos até esta data, a saber: 2.1.) fica mantida a aplicação do

ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DO §7º DO ARTIGO índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança

879 DA CLT. APLICAÇÃO DA TAXA REFERENCIAL (TR) COMO (TR), nos termos da Emenda Constitucional nº 62/2009, até

FATOR DE ATUALIZAÇÃO DOS CRÉDITOS TRABALHISTAS 25.03.2015, data após a qual (i) os créditos em precatórios deverão

DECORRENTES DE CONDENAÇÃO JUDICIAL. No julgamento ser corrigidos pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial

ArgInc - 479-60.2011.5.04.0231, o Tribunal Superior do Trabalho, (IPCA-E) e (ii) os precatórios tributários deverão observar os

acompanhando o entendimento do c. Supremo Tribunal Federal no mesmos critérios pelos quais a Fazenda Pública corrige seus

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créditos tributários; e 2.2.) ficam resguardados os precatórios Reclamação n. 22012, ajuizada pela Federação Nacional dos

expedidos, no âmbito da administração pública federal, com base Bancos (Fenaban), proferiu decisão liminar suspendendo os efeitos

nos arts. 27 das Leis nº 12.919/13 e Lei nº 13.080/15, que fixam o da decisão proferida pelo TST, que havia afastado o uso da TRD e

IPCA-E como índice de correção monetária. determinado a adoção do índice IPCA-E através da "tabela única",

entendendo que a decisão do TST extrapolou o entendimento fixado

Poucos meses depois, em razão da decisão do STF, o TST acolheu pelo STF no julgamento das Ações Diretas de Inconstitucionalidade

incidente de inconstitucionalidade suscitado pela sua 7ª Turma e - ADIs 4357 e 4425.

definiu o Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E)

como fator de atualização a ser utilizado na tabela de atualização Ocorre que, em 05/12/2017, a Segunda Turma do STF julgou, em

monetária na Justiça do Trabalho, senão vejamos: análise meritória, improcedente a Reclamação 22012, ajuizada pela

Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) contra a decisão do

ACORDAM os Ministros do Tribunal Superior do Trabalho, em sua TST que havia determinado a adoção IPCA-E no lugar da TRD para

composição plenária, I) por unanimidade: a) acolher o incidente de a atualização de débitos trabalhistas, prevalecendo o entendimento

inconstitucionalidade suscitado pela eg. 7ª Turma e, em de que tal posicionamento não configura desrespeito ao julgamento

consequência, declarar a inconstitucionalidade por arrastamento da das Ações Diretas de Inconstitucionalidade 4357 e 4425, que

expressão "equivalentes à TRD", contida no caput do artigo 39 da analisaram a emenda constitucional sobre precatórios.

Lei n° 8.177/91; b) adotar a técnica de interpretação conforme a

Constituição para o texto remanescente do dispositivo impugnado, a A decisão de improcedência da Reclamação 22012 foi publicada no

preservar o direito à atualização monetária dos créditos trabalhistas; DJE n. 288, divulgado em 13/12/2017, data em que foi também

c) definir a variação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo julgado, pela 5ª Turma do TST, o AIRR 25823-78.2015.5.24.0091,

Especial (IPCA-E) como fator de atualização a ser utilizado na encampando o atual posicionamento do Excelso Tribunal.

tabela de atualização monetária dos débitos trabalhistas na Justiça

do Trabalho; II) por maioria, atribuir efeitos modulatórios à decisão, Com efeito, a aplicação da TR já não se mostrava suficiente para

que deverão prevalecer a partir de 30 de junho de 2009, observada, recompor a real perda do poder aquisitivo de nossa moeda, de

porém, a preservação das situações jurídicas consolidadas forma que a correção dos débitos trabalhistas levando-se em conta

resultantes dos pagamentos efetuados nos processos judiciais, em tal parâmetro causava prejuízos aos trabalhadores.

andamento ou extintos, em virtude dos quais foi adimplida e extinta

a obrigação, ainda que parcialmente, sobretudo em decorrência da Bem destacou o Min. Douglas Alencar Rodrigues, em trecho do

proteção ao ato jurídico perfeito (artigos 5º, XXXVI, da Constituição julgamento do supracitado AIRR, que:

e 6º da Lei de Introdução ao Direito Brasileiro - LIDB), vencida a

Excelentíssima Senhora Ministra Dora Maria da Costa, que aplicava impõe-se a adoção do IPCA-E para a atualização dos créditos

a modulação dos efeitos da decisão a contar de 26 de março de trabalhistas, não apenas sob a perspectiva da efetiva recomposição

2015; III) por unanimidade, determinar: a) o retorno dos autos à 7ª do patrimônio dos credores trabalhistas, mas como medida de

Turma desta Corte para prosseguir no julgamento do recurso de estímulo efetivo ao cumprimento dos direitos sociais por parte de

revista, observado o quanto ora decidido; b) a expedição de ofício devedores recalcitrantes, que se valem da Justiça do Trabalho,

ao Exmo. Ministro Presidente do Conselho Superior da Justiça do lamentavelmente, para postergar indefinidamente suas obrigações.

Trabalho a fim de que determine a retificação da tabela de

atualização monetária da Justiça do Trabalho (tabela única); c) o Ante o exposto, este Relator, na linha das recentes decisões do

encaminhamento do acórdão à Comissão de Jurisprudência e de excelso STF e do colendo TST, modifica seu posicionamento,

Precedentes Normativos para emissão de parecer acerca da passando a entender pela aplicabilidade, na atualização monetária

Orientação Jurisprudencial nº 300 da SbDI-1. Ressalvaram o dos débitos trabalhistas, do Índice de Preços ao Consumidor Amplo

entendimento os Exmos. Ministros Guilherme Augusto Caputo Especial - IPCA-E.

Bastos, Alexandre de Souza Agra Belmonte e Maria Helena

Mallmann. (PROCESSO Nº TST-ArgInc-479-60.2011.5.04.0231.) Assinala-se que o Tribunal Pleno do TST, em sessão de 20 de

março de 2017, apreciando os embargos de declaração opostos em

Todavia, em 14/10/2015, o Ministro Dias Toffoli, nos autos da face do acórdão proferido na ArgInc - 479-60.2011.5.04.0231,

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decidiu pela modulação da decisão original, atribuindo efeito

modificativo ao julgado, para determinar que a aplicação do IPCA-E,

como índice de correção dos débitos trabalhistas, produza efeito

somente a partir de 25 de março de 2015, data coincidente com

aquela adotada pelo Supremo Tribunal Federal no acórdão 2.2.2. MÉRITO DO AGRAVO DE PETIÇÃO DA EXECUTADA

prolatado na ADI 4.357:

II)[...] acolher parcialmente os embargos de declaração opostos pelo

Município de Gravataí e pelo SINDIENERGIA para, dando efeito

modificativo ao julgado, aplicar a modulação dos efeitos da decisão

a contar de 25/03/15, que coincide com a data que o Supremo

Tribunal Federal reconheceu na decisão proferida na Ação

Declaratória de Inconstitucionalidade nº 4.357. [...] III) por

unanimidade, em cumprimento à decisão liminar proferida pelo

Supremo Tribunal Federal, na Reclamação nº 22.012, excluir do

acordão originário a determinação de reedição da Tabela Única de

cálculo de débitos trabalhistas, a fim de que fosse adotado o índice

questionado (IPCA-E).

Por fim, vale ressaltar que embora o STF, em decisão do dia

03/10/2019, no julgamento dos Embargos de Declaração no

Recurso Extraordinário n. 870.947, tenha decidido que também é 2.2.2.1. QUANTITATIVO DE HORAS EXTRAS

aplicável o IPCA-E quanto ao período de 2009 a 2015, referida

decisão se restringe à Fazenda Pública, uma vez que seu objeto é a

atualização monetária dos precatórios. Logo, não se aplica a

referida decisão ao presente caso, uma vez que o devedor é

particular, ou seja, in casu, não há falar no regime especial

estabelecido pelo art. 100 da CF.

Portanto, considerando as decisões proferidas tanto pelo STF como

também pelo TST, os débitos trabalhistas em geral devem ser

atualizados pela TR/FACDT até 24/03/2015 e pelo IPCA-E a partir

de 25/03/2015, para que seja resguardada a segurança jurídica. Trata-se de execução individual de título executivo oriundo da ação

coletiva 0044000-66.2012.5.17.0002, cujo trânsito em julgado

Dá-se parcial provimento ao apelo para estabelecer que os débitos ocorreu em 10/03/2015.

trabalhistas em geral devem ser atualizados pela TR/FACDT até

24/03/2015 e pelo IPCA-E a partir de 25/03/2015. A presente execução foi ajuizada em 26/04/2019, portanto em

momento posterior à reforma trabalhista decorrente da Lei nº

13.467/17, cuja vigência iniciou em 11/11/2017.

A execução é definitiva.

Em minuta de agravo a executada sustentou que o quantitativo de

horas extras apresentado pelo autor foi elaborado a partir de valores

que não condizem com a real quantidade de horas extras recebidas.

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Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Pugnou pelo acolhimento dos valores por ela apontados. ocorreu em 10/03/2015.

Sem razão. A presente execução foi ajuizada em 26/04/2019, portanto em

momento posterior à reforma trabalhista decorrente da Lei nº

Conforme se extrai dos autos, o exequente na confecção das 13.467/17, cuja vigência iniciou em 11/11/2017.

planilhas de id. a39af10 se utilizou exatamente dos valores

constantes nos contracheques juntados com a inicial. A execução é definitiva.

Portanto, não prospera a alegação de apresentação de quantitativo Em minuta de agravo, a executada postulou a aplicação da Taxa

equivocado. Sequer foi demonstrado pela agravante onde houve a Referencial no tocante à atualização monetária.

aludida inconsistência de cálculo.

Sem razão.

Paralelamente, cumpre salientar a estrita observância da coisa

julgada, que determinou a aplicação do divisor 200 para o cálculo Tendo em vista que a presente matéria já foi objeto de análise no

do salário hora do empregado sujeito a 40 (quarenta) horas tópico 2.2.1.2. do agravo de petição do exequente, faz-se remissão

semanais e o de 150 para o empregado sujeito a 6 (seis) horas aos fundamentos ali expendidos.

diárias e 36 (trinta e seis) semanais, além dos reflexos deferidos.

Nega-se provimento.

Correta, portanto, a Origem em homologar os cálculos

apresentados pelo autor, porquanto adequados à coisa julgada.

Nega-se provimento.

2.2.2.3. JUROS DE MORA. SUSPENSÃO

2.2.2.2. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA

Trata-se de execução individual de título executivo oriundo da ação

coletiva 0044000-66.2012.5.17.0002, cujo trânsito em julgado

ocorreu em 10/03/2015.

Trata-se de execução individual de título executivo oriundo da ação A presente execução foi ajuizada em 26/04/2019, portanto em

coletiva 0044000-66.2012.5.17.0002, cujo trânsito em julgado momento posterior à reforma trabalhista decorrente da Lei nº

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Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

13.467/17, cuja vigência iniciou em 11/11/2017.

A execução é definitiva.

Em minuta de agravo de petição o reclamado postula que os juros

de mora sejam calculados a partir da data da citação do réu nesta

ação de execução individual.

Sem razão a agravante.

Em se tratando de execução de sentença proferida em ação

coletiva, os juros de mora são devidos a partir da data do

ajuizamento da ação coletiva.

Ademais, como salientado pelo Juízo de Primeiro Grau, não existe

previsão legal que ampare a pretensão do réu de suspender os Acordam os Magistrados da 1ª Turma do Tribunal Regional do

juros de mora após o trânsito em julgado da sentença exequenda. Trabalho da 17ª Região, na Sessão Ordinária realizada no dia 03 de

dezembro de 2019, às 13 horas e 30 minutos, sob a Presidência do

Além disso, os trabalhadores beneficiados pela sentença coletiva Exmo. Desembargador Cláudio Armando Couce de Menezes, com

dispõem da faculdade de ajuizar a execução individual dentro do a participação do Exmo. Desembargador José Carlos Rizk, do

prazo prescricional e, assim, o fato de o exequente ter ajuizado esta Exmo. Desembargador Mário Ribeiro Cantarino Neto, e presente o

ação de liquidação alguns meses após o trânsito em julgado da Procurador Regional do Trabalho, Dr. Levi Scatolin, por

decisão coletiva não pode ser considerada como inércia do unanimidade, em decorrência do princípio da fungibilidade, receber

exequente. o recurso ordinário do exequente como agravo de petição; conhecer

do agravo de petição do exequente; conhecer do agravo de petição

Nega-se provimento. da executada; no mérito, dar parcial provimento ao agravo de

petição do exequente para estabelecer que os débitos trabalhistas

em geral devem ser atualizados pela TR/FACDT até 24/03/2015 e

pelo IPCA-E a partir de 25/03/2015; e negar provimento ao agravo

de petição da executada. Mantido o valor da condenação.

3. ACÓRDÃO

DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK

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Relator RELATOR: DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK

COMPETÊNCIA: 1ª TURMA

Acórdão
Processo Nº ROT-0000376-55.2017.5.17.0013
Relator JOSE CARLOS RIZK
RECORRENTE ARNOBIO PRATES DOS SANTOS EMENTA
ADVOGADO FERNANDO COELHO MADEIRA DE
FREITAS(OAB: 200-B/ES)
RECORRENTE VITAL ENGENHARIA AMBIENTAL S/A
ADVOGADO STEPHAN EDUARD
SCHNEEBELI(OAB: 4097/ES)
RECORRIDO ARNOBIO PRATES DOS SANTOS
ADVOGADO FERNANDO COELHO MADEIRA DE
FREITAS(OAB: 200-B/ES)
RECORRIDO VITAL ENGENHARIA AMBIENTAL S/A
ADVOGADO STEPHAN EDUARD
SCHNEEBELI(OAB: 4097/ES)

Intimado(s)/Citado(s):
RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA. NULIDADE DA
- ARNOBIO PRATES DOS SANTOS
DISPENSA. DOENÇA OCUPACIONAL. Por comprovados os fatos

constitutivos da pretensão autoral, qual seja, que o autor é portador

de doença ocupacional e que se encontra parcial e


PODER JUDICIÁRIO permanentemente incapacitado para as atividades laborais, correta
JUSTIÇA DO TRABALHO a sentença em reconhecer a nulidade da dispensa levada a efeito.

PROCESSO nº 0000376-55.2017.5.17.0013 (ROT)

RECORRENTES: VITAL ENGENHARIA AMBIENTAL S/A;

ARNOBIO PRATES DOS SANTOS


1. RELATÓRIO

RECORRIDO: VITAL ENGENHARIA AMBIENTAL S/A; ARNOBIO

PRATES DOS SANTOS

ORIGEM: 13ª VARA DO TRABALHO DE VITÓRIA-ES - ES

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2. FUNDAMENTAÇÃO

A presente Reclamação foi ajuizada em 27/03/2017, portanto em

momento anterior à reforma trabalhista decorrente da Lei nº

13.467/17, cuja vigência iniciou em 11/11/2017.

A Origem não pronunciou a prescrição. Não houve recurso acerca

da matéria.

Trata-se de recurso ordinário interposto pela Reclamada e de

recurso ordinário, na forma adesiva, interposto pelo Reclamante, em

face da r. sentença, complementada pela decisão de embargos de

declaração, que rejeitou a preliminar de inépcia da inicial e, no

mérito, julgou parcialmente procedentes os pedidos formulados na

inicial, reconhecendo a nulidade da dispensa, danos materiais,

danos morais. Deferiu ao autor o benefício da justiça gratuita.

2.1. CONHECIMENTO

Razões recursais da Reclamada, suscitando preliminar de nulidade

da sentença por cerceio de defesa; nulidade da sentença por

julgamento extra petita; e, no mérito, pugnou pela reforma da

sentença quanto à nulidade da dispensa, danos materiais, dano

moral, redução do valor arbitrado a título de indenização por dano

moral, benefício da justiça gratuita, honorários advocatícios e índice

de atualização monetária.

Custas fl. 398. Depósito recursal à fl. 399.

Contrarrazões do Reclamante, pugnando pelo desprovimento do

apelo patronal.

Razões recursais do Reclamante, renovando o pleito de

reintegração. 2.1.1. CONHECIMENTO DO RECURSO ORDINÁRIO DA

RECLAMADA

Contrarrazões da Reclamada, suscitando preliminar de não

conhecimento do apelo por inovação recursal e, no mérito, pelo

desprovimento.

É o relatório.

A presente Reclamação foi ajuizada em 27/03/2017, portanto em

momento anterior à reforma trabalhista decorrente da Lei nº

13.467/17, cuja vigência iniciou em 11/11/2017.

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A Origem não pronunciou a prescrição. Não houve recurso acerca

A Origem não pronunciou a prescrição. Não houve recurso acerca da matéria.

da matéria.

Em contrarrazões a Reclamada sustentou que houve inovação

Conhece-se do recurso ordinário da Reclamada, porquanto recursal, uma vez que os argumentos levantados em razões

preenchidos os pressupostos de admissibilidade. recursais não foram objeto da defesa, não havendo apreciação na

instância originária.

Com razão.

De fato, em grau de recurso, não é permitido à parte inovar o pedido

ou a causa de pedir, o que violaria o direito da outra parte de

discutir amplamente os fundamentos, fáticos e jurídicos, e o pedido

postos em litígio.

2.1.2. CONHECIMENTO DO RECURSO ADESIVO DO De igual forma, os argumentos de contraposição ao direito pleiteado

RECLAMANTE devem guardar congruência com o que foi levando em contestação,

já que também é vedado inovar matéria de defesa.

No caso dos autos, o Reclamante relatou que é portador de doença

de natureza ocupacional, tendo sido dispensado sem justa causa

quanto incapacitado para o labor, pugnando, dentre outros pedidos,

"Seja declarado o acidente de trabalho, com o reconhecimento do

nexo de causalidade, e a NULIDADE de sua demissão e,

consequentemente, determinada sua reintegração, condenação da

reclamada no pagamento de sua remuneração, parcelas vencidas e

vincendas até sua efetiva reintegração, (...)".

A r. sentença, com base no conjunto probatório, reconheceu a

nulidade da dispensa, com fulcro no art. 118 da Lei 8.213/91.

Embora em um primeiro momento tenha deferido a reintegração,

2.1.2.1. PRELIMINAR DE NÃO CONHECIMENTO POR em sede de julgamento dos embargos de declaração, diante do

INOVAÇÃO RECURSAL, SUSCITADA PELA RECLAMADA EM decurso do prazo, converteu o período de estabilidade em

CONTRARRAZÕES indenização.

Em razões recursais o Reclamante reiterou o pedido de

reintegração, aduzindo que deveria ter sido observado também o

disposto no art. 93 da Lei 8.213/91.

Com efeito houve inovação recursal. Em momento algum o autor

apontou como causa de pedir o não preenchimento, pela

Reclamada, do percentual de contratação de pessoas reabilitadas

A presente Reclamação foi ajuizada em 27/03/2017, portanto em ou pessoas com deficiência habilitadas.

momento anterior à reforma trabalhista decorrente da Lei nº

13.467/17, cuja vigência iniciou em 11/11/2017. Tal condição seria indispensável para o estabelecimento do

contraditório e ampla defesa de forma substancial, principalmente

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por se tratar de matéria de prova. A invocação dessa nova causa de O autor afirmou que em junho de 2016, após cumprir com sua

pedir importou evidente condição-surpresa à parte contraria. equipe os seus afazeres e terminar a rota mais cedo do que o

normal, foram deslocados para ajudar outra equipe a terminar de

Assim sendo, em estrita observância do art. 5º, LV da Constituição coletar. Que ao reiniciar suas atividades de coleta, o reclamante ao

da República e art. 7º do Código de Processo Civil, deve ser abaixar para pegar um saco de resíduos sentiu um estalo na coluna,

acolhida a preliminar de não conhecimento do recurso adesivo do mas, que apesar das dores, foi medicado e continuou trabalhando,

Reclamante, por inovação recursal. até que não conseguiu mais e procurou um médico que lhe afastou

duas vezes por 7 dias.

Acolhe-se a preliminar de não conhecimento do recurso adesivo do

autor por inovação recursal, suscitada pela Reclamada em Relatou que continuou trabalhando por duas semanas após o

contrarrazões. primeiro atestado e, ao retornar do segundo afastamento, foi

arbitrariamente desligado da Reclamada, enquanto se encontrava

incapacitado para o labor.

Pugnou, dentre outros pedidos, o reconhecimento do acidente de

trabalho, do nexo de causalidade, e a nulidade de sua demissão e,

consequentemente, determinada sua reintegração, a condenação

da reclamada no pagamento de sua remuneração, parcelas

vencidas e vincendas até sua efetiva reintegração.

Em contestação a Reclamada aduziu, em síntese, que o autor não é

portador de qualquer patologia desencadeada por suposto acidente

2.2. PRELIMINAR DE NULIDADE DA SENTENÇA POR CERCEIO de trabalho; impugnou a alegação de que o autor seja portador de

DE DEFESA, SUSCITADA PELA RECLAMADA EM RAZÕES alguma doença; que as alterações da coluna elencadas na

RECURSAIS Ressonância Magnética são de caráter crônico-degenerativo

completamente compatível com a idade do Reclamante e sem nexo

com o labor; que as atividades do autor não exigiam sobrecarga;

que o autor nunca ficou em gozo de auxílio doença acidentário; e

que o autor foi declarado apto em seu exame demissional.

A Origem, com base na prova pericial judicial produzida nos autos,

reconheceu a nulidade da dispensa, adotando os seguintes

fundamentos:

A presente Reclamação foi ajuizada em 27/03/2017, portanto em

momento anterior à reforma trabalhista decorrente da Lei nº (...)

13.467/17, cuja vigência iniciou em 11/11/2017.

Inicialmente, convém registrar que não houve emissão de CAT,

A Origem não pronunciou a prescrição. Não houve recurso acerca tampouco afastamento para a percepção de auxílio doença

da matéria. acidentário. Também não há, nos autos, qualquer prova de que o

autor, de fato, tenha recebido auxílio doença na espécie 31, por dois

Consta na inicial que o autor foi admitido em 03/03/2015, na função meses, após a resilição contratual.

de coletor de resíduos, sendo dispensado sem justa causa em

08/09/2016. Conforme termo de rescisão (fl. 11), sua última No entanto, realizada a diligência pericial, o Médico Perito concluiu

remuneração foi no importe de R$2.042,51 (dois mil e quarenta e que "o reclamante apresentou durante o seu contrato de trabalho na

dois reais e cinquenta e um centavos). requerida quadro de lombalgia com limitação funcional, decorrente

de discopatia L4-L5 com protusão discal e L5-S1 com abaulamento

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e compressão radicular, que tem como causa ou agravamento os a dedução outrora deferida.

esforços que realizava em seu trabalho. Portanto no meu

entendimento há nexo causal para doença ocupacional." Em razões recursais a Reclamada sustentou que o laudo pericial

judicial produzido nos autos seria inconclusivo e, por decorrência, a

E, em resposta a quesitos, disse que há incapacidade permanente nulidade da sentença uma vez que baseada na prova pericial.

para atividades com esforço físico sob pena de agravamento das

lesões. Sem razão.

Assim, vale ressaltar que, a teor do disposto no item II do enunciado De plano não há falar em cerceio de defesa.

da Súmula 378 do C.TST, a constatação, após a despedida, de

doença profissional que guarde causalidade com a execução do Conforme ata de audiência à fl. 210, foi deferida a prova pericial

contrato de emprego ressalva a exigência de afastamento superior judicial médica para apuração do alegado acidente do trabalho.

a 15 dias, com a consequente percepção de auxílio doença

acidentário, para fins de concessão de estabilidade provisória. Entregue o laudo pericial, as partes tiveram ampla oportunidade de

se manifestar. A Reclamada inclusive apresentou quesitos

Desse modo, comprovado o nexo de causalidade entre o trabalho complementares, respondidos por meio do id. f797ae3.

desempenhado pelo autor e a doença que o acometeu, fica esta

equiparada a acidente de trabalho, que lhe assegura o direito à Veja-se que na ata de audiência à fl. 257, as partes declararam não

garantia provisória prevista no artigo 118 da Lei 8.213/1991, cujo terem outras provas a produzir. Apenas em razões finais a

marco inicial passa a ser a data da dispensa do autor. Reclamada pretendeu fosse declarada a nulidade da perícia.

Em decorrência, condeno a reclamada à imediata reintegração do Portanto, não pode a Reclamada, somente porque o resultado do

reclamante, a partir da ciência da presente sentença, pena de multa laudo pericial não foi do seu agrado, pretender a declaração de

diária de R$1.000,00, limitada a 30 dias e reversível ao reclamante, nulidade. Ressalta-se que o laudo pericial judicial foi confeccionado

sem prejuízo de eventual omissão implicar o dever de pagamento por perito médico, portanto por agente competente, válido e

de salários e verbas decorrentes, até a efetiva reintegração. plenamente eficaz.

Fica a ré, outrossim, condenada aos salários vencidos, desde a O simples fato de ter sido constatado, pelo laudo pericial judicial, o

dispensa, até a data da reintegração, além dos valores devidos a agravamento da doença pelo labor não vicia o ato, e muito menos a

título de férias acrescidas de 1/3, 13º salário e depósitos do FGTS. tutela jurisdicional prestada.

Autorizo, desde já, a dedução dos valores pagos a título de resilição Por fim, a circunstância de o julgador, diante dos elementos

contratual. presentes nos autos, decidir contrariamente aos interesses da parte,

não se traduz automaticamente em vício da tutela jurisdicional por

Em sede de embargos, converteu a reintegração em indenização: cerceio de defesa.

Quanto à estabilidade, de fato, tem razão a reclamada, razão pela Quanto às insurgências acerca do teor do laudo produzido, tal se

qual converto a ordem de reintegração em indenização substitutiva, trata de matéria de mérito, devendo sua análise ocorrer no

a partir da data da dispensa, observado o lapso temporal de 12 momento oportuno.

meses.

Rejeita-se a preliminar de nulidade da sentença por cerceio do

Vale observar que a nulidade da dispensa declarada decorreu da direito de defesa, suscitada pelo Reclamante em razões recursais.

não observância da estabilidade da Lei 8.213/1991.

Deverá, outrossim, pagar a complementação das verbas rescisórias

decorrentes por força da nova data de resilição contratual, obstada

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Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Em outras palavras, a forma de pagamento da indenização por

danos materiais não constitui prerrogativa a parte; ao contrário,

insere-se no âmbito de discricionariedade do julgador, o qual, na

ponderação de valores no exame do caso concreto, pode dar

2.3. PRELIMINAR DE NULIDADE DA SENTENÇA POR solução que lhe parecer mais adequada e justa para ambas as

JULGAMENTO EXTRA PETITA, SUSCITADA PELA partes.

RECLAMADA EM RAZÕES RECURSAIS

E a Subseção I Especializada em Dissídios Individuais do Tribunal

Superior do Trabalho possui precedentes nesse sentido, dentre

eles:

RECURSO DE EMBARGOS. INDENIZAÇÃO POR DANO

MATERIAL. PENSÃO. PEDIDO DE PAGAMENTO EM PARCELA

ÚNICA. PARÁGRAFO ÚNICO DO ART. 950 DO CÓDIGO CIVIL.

PAGAMENTO ÚNICO OU EM PARCELAS MENSAIS.

A presente Reclamação foi ajuizada em 27/03/2017, portanto em DISCRICIONARIEDADE DO JUIZ. Quanto ao pedido de pagamento

momento anterior à reforma trabalhista decorrente da Lei nº de pensão, nos termos do artigo 950 do Código Civil, tem o Juiz

13.467/17, cuja vigência iniciou em 11/11/2017. margem razoável de discricionariedade para, analisando as

circunstâncias dos autos, escolher o critério de maior equidade

A Origem não pronunciou a prescrição. Não houve recurso acerca entre as partes, seja decidindo pelo pagamento em parcela única,

da matéria. seja em parcelas mensais, ainda que tenha pedido expresso para

pagamento em uma única vez, nos termos do parágrafo único do

Em razões recursais, a Reclamada sustentou que a Origem, ao referido dispositivo. A norma inscrita no parágrafo único do art. 950

estipular o pagamento em parcela única da pensão vitalícia, fixada a do CC deve ser apreciada levando em consideração o princípio que

título de danos materiais em razão da perda da capacidade laboral norteia a fixação de capital, que é gerar a subsistência da parte

do autor, incidiu em julgamento extra petita, uma vez que não foi lesada, sem que se verifique que a mera exigência de que o

formulado tal pedido na inicial. prejudicado pode exigir a indenização de uma só vez importe em

dever legal imposto ao julgador, sem levar em consideração os

Sem razão. demais princípios que regem a prestação jurisdicional, em especial

aquele inscrito no art. 131 do CPC. Precedentes da c. SDI.

Com efeito, na inicial, o autor não pleiteou o pagamento de Embargos conhecidos e desprovidos. Processo: RR - 19600-

indenização em parcela única, ou seja, quando formulou a 96.2005.5.17.0013. Órgão Judicante: Subseção I Especializada em

pretensão de recebimento de pensão decorrente da incapacidade, Dissídios Individuais; Relator: Ministro Aloysio Corrêa da Veiga;

não requereu o pagamento de uma única vez. Publ. 10/06/2011

No entanto, tal circunstância não se traduz em julgamento extra Rejeita-se a preliminar de nulidade da sentença por julgamento

petita, não constituindo elemento de invalidação do provimento extra petita, suscitada pela Reclamada em razões recursais.

jurisdicional.

Isso porque muito embora o parágrafo único do art. 950 do Código

Civil preceitue que o prejudicado poderá, se preferir, exigir que a

indenização arbitrada seja paga de uma só vez, tal não afasta a

possibilidade de o julgador assim determinar caso verifique reunidas

condições para tanto, dentre elas a ausência de prejuízo para a

continuidade do empreendimento.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 944
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

2.4. MÉRITO Consta na inicial que o autor foi admitido em 03/03/2015, na função

de coletor de resíduos, sendo dispensado sem justa causa em

08/09/2016. Conforme termo de rescisão (fl. 11), sua última

remuneração foi no importe de R$2.042,51 (dois mil e quarenta e

dois reais e cinquenta e um centavos).

O autor afirmou que em junho de 2016, após cumprir com sua

equipe os seus afazeres e terminar a rota mais cedo do que o

normal, foram deslocados para ajudar outra equipe a terminar de

coletar. Que ao reiniciar suas atividades de coleta, o reclamante ao

abaixar para pegar um saco de resíduos sentiu um estalo na coluna,

mas, que apesar das dores, foi medicado e continuou trabalhando,

até que não conseguiu mais e procurou um médico que lhe afastou

duas vezes por 7 dias.

2.4.1. MÉRITO DO RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA Relatou que continuou trabalhando por duas semanas após o

primeiro atestado e, ao retornar do segundo afastamento, foi

arbitrariamente desligado da Reclamada, enquanto se encontrava

incapacitado para o labor.

Pugnou, dentre outros pedidos, o reconhecimento do acidente de

trabalho, do nexo de causalidade, e a nulidade de sua demissão e,

consequentemente, determinada sua reintegração, a condenação

da reclamada no pagamento de sua remuneração, parcelas

vencidas e vincendas até sua efetiva reintegração.

Em contestação a Reclamada aduziu, em síntese, que o autor não é

portador de qualquer patologia desencadeada por suposto acidente

de trabalho; impugnou a alegação de que o autor seja portador de

alguma doença; que as alterações da coluna elencadas na

2.4.1.1. NULIDADE DA DISPENSA. DOENÇA OCUPACIONAL Ressonância Magnética são de caráter crônico-degenerativo

completamente compatível com a idade do Reclamante e sem nexo

com o labor; que as atividades do autor não exigiam sobrecarga;

que o autor nunca ficou em gozo de auxílio doença acidentário; e

que o autor foi declarado apto em seu exame demissional.

A Origem, com base na prova pericial judicial produzida nos autos,

reconheceu a nulidade da dispensa, adotando os seguintes

fundamentos:

A presente Reclamação foi ajuizada em 27/03/2017, portanto em

momento anterior à reforma trabalhista decorrente da Lei nº (...)

13.467/17, cuja vigência iniciou em 11/11/2017.

Inicialmente, convém registrar que não houve emissão de CAT,

A Origem não pronunciou a prescrição. Não houve recurso acerca tampouco afastamento para a percepção de auxílio doença

da matéria. acidentário. Também não há, nos autos, qualquer prova de que o

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 945
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

autor, de fato, tenha recebido auxílio doença na espécie 31, por dois meses.

meses, após a resilição contratual.

Vale observar que a nulidade da dispensa declarada decorreu da

No entanto, realizada a diligência pericial, o Médico Perito concluiu não observância da estabilidade da Lei 8.213/1991.

que "o reclamante apresentou durante o seu contrato de trabalho na

requerida quadro de lombalgia com limitação funcional, decorrente Deverá, outrossim, pagar a complementação das verbas rescisórias

de discopatia L4-L5 com protusão discal e L5-S1 com abaulamento decorrentes por força da nova data de resilição contratual, obstada

e compressão radicular, que tem como causa ou agravamento os a dedução outrora deferida.

esforços que realizava em seu trabalho. Portanto no meu

entendimento há nexo causal para doença ocupacional." Em razões recursais a Reclamada alegou que o laudo pericial

judicial foi contraditório, não apresentou respostas satisfatórias e

E, em resposta a quesitos, disse que há incapacidade permanente esclarecedoras, não fez investigação completa acerca do estado de

para atividades com esforço físico sob pena de agravamento das saúde do autor, não conclui pela causalidade ou concausalidade,

lesões. que inexiste doença ocupacional e incapacidade laboral, que as

atividades do autor não exigiam sobrecarga, que o autor confessou

Assim, vale ressaltar que, a teor do disposto no item II do enunciado ir à academia e jogar futebol, que o autor nunca se afastou em gozo

da Súmula 378 do C.TST, a constatação, após a despedida, de de benefício previdenciário no curso da relação de emprego; que o

doença profissional que guarde causalidade com a execução do autor se encontra em perfeito estado físico.

contrato de emprego ressalva a exigência de afastamento superior

a 15 dias, com a consequente percepção de auxílio doença Sem razão.

acidentário, para fins de concessão de estabilidade provisória.

O laudo pericial judicial produzido nos autos concluiu que o autor é

Desse modo, comprovado o nexo de causalidade entre o trabalho portador de lombalgia com limitação funcional, decorrente de

desempenhado pelo autor e a doença que o acometeu, fica esta discopatia L4-L5 com protusão discal e L5-S1 com abaulamento e

equiparada a acidente de trabalho, que lhe assegura o direito à compressão radicular.

garantia provisória prevista no artigo 118 da Lei 8.213/1991, cujo

marco inicial passa a ser a data da dispensa do autor. De igual forma asseverou que a doença supramencionada possui

causa ou agravamento os esforços realizados durante a atividade

Em decorrência, condeno a reclamada à imediata reintegração do laboral.

reclamante, a partir da ciência da presente sentença, pena de multa

diária de R$1.000,00, limitada a 30 dias e reversível ao reclamante, E foi expresso em registrar que "no meu entendimento há nexo

sem prejuízo de eventual omissão implicar o dever de pagamento causal para doença ocupacional"(fl. 234).

de salários e verbas decorrentes, até a efetiva reintegração.

Portanto, cristalino o reconhecimento do nexo causal entre as

Fica a ré, outrossim, condenada aos salários vencidos, desde a atividades exercidas e a doença que o autor é portador.

dispensa, até a data da reintegração, além dos valores devidos a

título de férias acrescidas de 1/3, 13º salário e depósitos do FGTS. Ademais, a conclusão do i. expert, diferentemente do que buscou

fazer crer a Reclamada, não houve emissão de "opinião própria e

Autorizo, desde já, a dedução dos valores pagos a título de resilição sem embasamento médico", expressão esta utilizada em razoes

contratual. recursais, uma vez que a própria ressonância magnética da coluna

lombar à fl. 17, juntamente com demais exames constantes nos

Em sede de embargos, converteu a reintegração em indenização: autos, corroboram suas assertivas, conforme oportunamente

salientado às fls. 232-233.

Quanto à estabilidade, de fato, tem razão a reclamada, razão pela

qual converto a ordem de reintegração em indenização substitutiva, Ademais, como se não bastasse ser notória a sobrecarga na região

a partir da data da dispensa, observado o lapso temporal de 12 lombar daqueles que exercem a função de coletor de resíduos, o

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 946
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

próprio documento denominado "ordem de serviço em segurança e obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa".

medicina do trabalho", à fl. 196, menciona que "ao levantar peso,

flexionar as pernas ou colocar uma a frente da outra, ao abaixar-se, Extraem-se, portanto, desses dispositivos, os requisitos para a

nunca o caça com as pernas esticadas". configuração da responsabilidade civil subjetiva do empregador por

dano decorrente de acidente do trabalho, a saber: comprovação da

Frise-se que o laudo pericial judicial produzido nos autos atestou existência do evento, do dano, do nexo de causalidade, bem como

que a incapacidade existente é parcial e permanente em função da do elemento subjetivo, qual seja, a culpa do empregador.

restrição a esforço físico (fl. 235), o que é mais amplo do que

simplesmente levantar peso, não havendo dúvida que as tarefas Dessa forma, diante da equiparação da doença ocupacional ao

realizadas pelo autor, conforme descritivo supramencionado, acidente do trabalho e por comprovados os fatos constitutivos da

exigiam esforço físico, tratando-se de labor eminentemente braçal. pretensão autoral, qual seja, que o autor é portador de doença

ocupacional e que se encontra parcial e permanentemente

Portanto, a simples irresignação da Reclamada quanto aos termos incapacitado para as atividades laborais, correta a sentença em

do laudo pericial judicial não é capaz de induzir à conclusão de reconhecer a nulidade da dispensa levada a efeito, bem como o

contradição, obscuridade ou incoerência. dever do empregador em responder civilmente pelos danos sofridos

pelo trabalhador.

E não há qualquer elemento nos autos capaz de desconstituir a

conclusão contida no laudo pericial judicial produzido nos autos. Nega-se provimento.

A Reclamada aduziu que o exame demissional considerou o autor

apto e confirmou a realização de atividades físicas (academia e

futebol) (fl. 50). Porém, do exame demissional à fl. 92, não há

qualquer registro de que o autor frequenta academia ou relato de

jogar futebol como asseverado em defesa, e muito menos subsídio

a fim de demonstrar que tal circunstância fosse capaz de invalidar a

conclusão pericial.

Dessa forma, reputa-se incólume a prova pericial produzida, apta a 2.4.1.2. DANOS MATERIAIS. PENSIONAMENTO VITALÍCIO

gerar todos os seus efeitos.

Oportuno mencionar que no Brasil, o regramento geral da

responsabilidade civil é traçado pela combinação dos arts. 186 e

927, ambos do Código Civil, que assim dispõem:

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência

ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que

exclusivamente moral, comete ato ilícito. A presente Reclamação foi ajuizada em 27/03/2017, portanto em

momento anterior à reforma trabalhista decorrente da Lei nº

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a 13.467/17, cuja vigência iniciou em 11/11/2017.

outrem, fica obrigado a repará-lo.

A Origem não pronunciou a prescrição. Não houve recurso acerca

Na seara trabalhista, a Constituição da República cuidou de prever da matéria.

expressamente, em seu art. 7º, XXVIII, o dever de indenizar, por

parte do empregador, nos casos de acidente do trabalho, dispondo Consta na inicial que o autor foi admitido em 03/03/2015, na função

ser direito dos trabalhadores "seguro contra acidentes de trabalho, a de coletor de resíduos, sendo dispensado sem justa causa em

cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está 08/09/2016. Conforme termo de rescisão (fl. 11), sua última

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 947
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remuneração foi no importe de R$2.042,51 (dois mil e quarenta e

dois reais e cinquenta e um centavos). O art. 950, do CC/2002, preceitua que:

O autor afirmou que em junho de 2016, após cumprir com sua Art. 950. Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não

equipe os seus afazeres e terminar a rota mais cedo do que o possa exercer o seu ofício ou profissão, ou se lhe diminua o valor

normal, foram deslocados para ajudar outra equipe a terminar de do trabalho, a indenização, além das despesas do tratamento e

coletar. Que ao reiniciar suas atividades de coleta, o reclamante ao lucros cessantes até ao fim da convalescença, incluirá uma pensão

abaixar para pegar um saco de resíduos sentiu um estalo na coluna, correspondente à importância do trabalho, para que se inabilitou, ou

mas, que apesar das dores, foi medicado e continuou trabalhando, da depreciação que ele sofreu.

até que não conseguiu mais e procurou um médico que lhe afastou

duas vezes por 7 dias. Assim, a pensão é devida quando há constatação de incapacidade

ou redução da capacidade para o trabalho, com o ressarcimento

Relatou que continuou trabalhando por duas semanas após o dos danos correspondente à importância do trabalho para o qual o

primeiro atestado e, ao retornar do segundo afastamento, foi acidentado se inabilitou ou da depreciação que sofreu.

arbitrariamente desligado da Reclamada, enquanto se encontrava

incapacitado para o labor. Consta na inicial que o autor foi admitido A Lei busca, portanto, proteger o trabalhador ofendido, uma vez que

em 03/03/2015, na função de coletor de resíduos, sendo a diminuição da capacidade laborativa implica, em grande parte dos

dispensado sem justa causa em 08/09/2016. Conforme termo de casos, em maior dificuldade de inserção no mercado de trabalho,

rescisão (fl. 11), sua última remuneração foi no importe de provocando perda de oportunidades, ausência de promoções e

R$2.042,51 (dois mil e quarenta e dois reais e cinquenta e um estagnação profissional.

centavos).

Além disso, o princípio da restituição integral, que norteia o sistema

Pugnou pela condenação da Reclamada no pagamento de pensão da responsabilidade civil, impõe que na fixação da indenização

decorrente da redução da capacidade para o desempenho de sua sejam considerados todos os prejuízos experimentados, posto que,

profissão ou de sua atividade normal. diante da impossibilidade de retorno ao status quo ante, a

indenização deve servir como compensação financeira.

A Origem julgou procedente o pedido, adotando os seguintes

fundamentos: Conforme tópico anterior, comprovados os fatos constitutivos da

pretensão autoral, qual seja, que o autor é portador de doença

Quanto ao pensionamento vitalício, demonstrada a incapacidade ocupacional e que se encontra parcial e permanentemente

permanente para atividades que demandem esforço físico, fica a ré incapacitado para as suas atividades laborais.

condenada ao pagamento de pensionamento vitalício

correspondente a 50% da última remuneração percebida pelo autor, No entanto entende-se que deve ser reduzido o patamar fixado em

considerando-se a expectativa de vida de 75 anos do brasileiro e o sentença, a fim de arbitrar em 40% sobre a última remuneração

fato de que, à data da dispensa, o reclamante estava com 36 anos. percebida pelo autor. Muito embora a incapacidade seja parcial,

A indenização em comento deverá ser quitada em parcela única, possui caráter permanente, inviabilizando o exercício de tarefas que

considerando-se, assim, 460 meses. exijam esforço físico, de modo que o percentual ora fixado se revela

mais razoável com o grau da perda.

Em razões recursais a Reclamada sustentou a inexistência de ato

ilícito e nexo entre o labor e a doença; que não foram apontados Portanto, tendo em vista que a doença ocupacional do autor

parâmetros para o pensionamento; que não seriam devidas as importou em limitação para as atividades que exigiam esforço físico,

parcelas vencidas, porquanto não houve labor; que não há prova da tem-se reduzida de sobremaneira o campo de trabalho do autor,

incapacidade; que o pensionamento deve ser limitado a 65 anos; e motivo pelo qual a fixação de pensão em sobre seu salário longe

o seu parcelamento. estaria de acarretar manifesta abusividade.

Pois bem. E a fixação em 75 anos corresponde à expectativa de vida, coerente

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 948
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por se tratar de pensão vitalícia. Quanto às parcelas vencidas, deve

a Reclamada observar que a sentença considerou como termo a

quoa data da dispensa (até porque antes dela o autor estava

recebendo salários).

2.4.1.3. DANOS MORAIS

Por outro lado, entende-se que não há falar em pagamento da

indenização de uma só vez.

Considerando que a indenização por danos materiais no caso de

incapacidade permanente tem o propósito de assegurar à vítima o

padrão de renda até então mantido (status quo ante), e, tendo em

vista que o salário (no caso, 40% da última remuneração) do

empregado deve ser pago a cada mês, este Relator entende que a

aludida indenização deve ser pago mensalmente, sob a forma de A presente Reclamação foi ajuizada em 27/03/2017, portanto em

pensionamento, e não em parcela única, resguardando a parcela momento anterior à reforma trabalhista decorrente da Lei nº

correspondente ao 13º salário, com os reajustes da categoria, já 13.467/17, cuja vigência iniciou em 11/11/2017.

que se trata de natureza alimentar.

A Origem não pronunciou a prescrição. Não houve recurso acerca

Porém, por se tratar de pensão vitalícia, oportuna a constituição de da matéria.

capital para garantir o cumprimento da obrigação. Dessa forma a

Reclamada deverá indicar bens a fim de que sejam gravados por Consta na inicial que o autor foi admitido em 03/03/2015, na função

cláusula de inalienabilidade e impenhorabilidade, tudo na forma do de coletor de resíduos, sendo dispensado sem justa causa em

art. 533, §1º do Código de Processo Civil: 08/09/2016. Conforme termo de rescisão (fl. 11), sua última

remuneração foi no importe de R$2.042,51 (dois mil e quarenta e

Art. 533. Quando a indenização por ato ilícito incluir prestação de dois reais e cinquenta e um centavos).

alimentos, caberá ao executado, a requerimento do exequente,

constituir capital cuja renda assegure o pagamento do valor mensal O autor afirmou que em junho de 2016, após cumprir com sua

da pensão. equipe os seus afazeres e terminar a rota mais cedo do que o

normal, foram deslocados para ajudar outra equipe a terminar de

§ 1º O capital a que se refere o caput, representado por imóveis ou coletar. Que ao reiniciar suas atividades de coleta, o reclamante ao

por direitos reais sobre imóveis suscetíveis de alienação, títulos da abaixar para pegar um saco de resíduos sentiu um estalo na coluna,

dívida pública ou aplicações financeiras em banco oficial, será mas, que apesar das dores, foi medicado e continuou trabalhando,

inalienável e impenhorável enquanto durar a obrigação do até que não conseguiu mais e procurou um médico que lhe afastou

executado, além de constituir-se em patrimônio de afetação. duas vezes por 7 dias.

Dá-se parcial provimento para reduzir o pensionamento em 40% Relatou que continuou trabalhando por duas semanas após o

(quarenta por cento) da última remuneração, fixar o pagamento do primeiro atestado e, ao retornar do segundo afastamento, foi

pensionamento vitalício mês a mês, observando-se os reajustes da arbitrariamente desligado da Reclamada, enquanto se encontrava

categoria bem como a parcela referente ao 13º salário e determinar incapacitado para o labor. Consta na inicial que o autor foi admitido

a constituição de capital na forma do art. 533, §1º do Código de em 03/03/2015, na função de coletor de resíduos, sendo

Processo Civil. dispensado sem justa causa em 08/09/2016. Conforme termo de

rescisão (fl. 11), sua última remuneração foi no importe de

R$2.042,51 (dois mil e quarenta e dois reais e cinquenta e um

centavos).

Pugnou pela condenação da Reclamada no pagamento de

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indenização por danos morais. remuneração recebida, R$ 5,13/hora,, conforme registro na inicial,

sem olvidar que o valor da condenação não deve ser nem tão

A Origem julgou procedente o pedido, adotando os seguintes grande que se converta em fonte de enriquecimento, nem tão

fundamentos: pequeno que se torne inexpressivo para o réu, considero, justo e

razoável o pagamento de indenização no importe de R$ 5.000,00.

(...)

Em razões recursais a Reclamada sustentou não estarem presentes

Conforme conclusão alcançada no item supra, o reclamante, de os pressupostos ensejadores do dever de indenizar.

fato, padece de doença que guarda nexo de causalidade com as

atividades desempenhadas na reclamada. Sem razão.

Diante disso, o fato de a ré ter ou não incorrido em culpa não A reparabilidade do dano moral, após o advento da Constituição de

constitui óbice à reparação por danos morais, afinal, conforme 1988, tornou-se inegável, estando expressamente prevista em seu

dispõe a Constituição Federal, no seu art. 5º, inciso X, "são artigo 5º, incisos V e X, como garantia do indivíduo.

invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das

pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou Diante da fundamentação expendida em tópico anterior, foi

moral decorrente de sua violação". reconhecido o nexo causal entre o labor e a doença ocupacional

incapacitante que o autor é portador.

E, sob esse prisma, o direito a um ambiente de trabalho sadio é

garantia constitucional, verificada em inúmeros dispositivos, tais Frise-se que o autor se encontra parcial e permanentemente

como o art. 1º, III, que determina que a dignidade da pessoa incapacitado para o labor.

humana é um dos fundamentos da República Federativa do Brasil;

o art. 5º, que assegura a inviolabilidade do direito à vida, que Inconteste, portanto, que tal fato é capaz de abalar a autoestima e a

engloba a saúde; o art. 7º, XXII, que garante o direito à redução dos paz interior do trabalhador, a ensejar a condenação da ré ao

riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene pagamento de indenização por danos morais.

e segurança; o art. 170, que preceitua a valorização do trabalho

humano, observado o princípio da defesa do meio ambiente; o art. Ademais, o dano, no caso dos autos, é in re ipsa. Desnecessária a

193, que prescreve que a ordem social tem como base o primado prova do dano diante de tais circunstâncias.

do trabalho e como objetivos o bem estar e a justiça social; o art.

196, que dispõe que a saúde é direito de todos e dever do Estado. Portanto, presentes os elementos configuradores da

responsabilidade civil do empregador, correta a sentença em

À vista disso, conforme leciona João Lima Teixeira Filho "o dano condenar a Reclamada no pagamento de indenização por danos

moral é o sofrimento humano provocado por ato ilícito de terceiro morais.

que molesta bens imateriais ou mágoa valores íntimos da pessoa,

os quais constituem o sustentáculo sobre o qual sua personalidade Nega-se provimento.

é moldada e sua postura nas relações em sociedade é erigida".

Outrossim, Rudolf Ihering deixou-nos lição no sentido de que "a

pessoa tanto pode ser lesada no que tem, como no que é".

Portanto, é devida, ao autor, indenização por danos morais

decorrentes da doença que acomete o autor.

Nesse diapasão, no que se refere ao quantum indenizatório, leva-se

em conta a natureza e extensão dos danos sofridos pelo autor, o 2.4.1.4. DANOS MORAIS. QUANTUM INDENIZATÓRIO.

período de afastamento do trabalho (apenas 14 dias), bem como a REDUÇÃO

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2.4.1.5. BENEFÍCIO DA JUSTIÇA GRATUITA

A presente Reclamação foi ajuizada em 27/03/2017, portanto em

momento anterior à reforma trabalhista decorrente da Lei nº

13.467/17, cuja vigência iniciou em 11/11/2017.

A Origem não pronunciou a prescrição. Não houve recurso acerca

da matéria.

Conforme sentença, a indenização por danos morais foi fixada no

importe de R$5.000,00 (cinco mil reais). A presente Reclamação foi ajuizada em 27/03/2017, portanto em

momento anterior à reforma trabalhista decorrente da Lei nº

Em razões recursais a Reclamada pugnou pela sua redução, sem 13.467/17, cuja vigência iniciou em 11/11/2017.

contudo apontar o valor que entende devido.

A Origem não pronunciou a prescrição. Não houve recurso acerca

Sem razão. da matéria.

Para fins de fixação do valor da indenização por danos morais, deve Em recurso ordinário, pretende a Reclamada seja afastada a

-se levar em consideração vários aspectos, tais como a capacidade gratuidade de justiça concedida, sob o argumento de que o Autor

do réu, a gravidade do dano segundo a média das expectativas não se enquadra nos requisitos legais.

normais do homem; a intensidade do dolo ou o grau de culpa.

Sem razão.

Por fim, o caráter punitivo-pedagógico da indenização, de modo a

inibir condutas semelhantes. Ab initio, registre-se que este Relator entende que, em se tratando a

justiça gratuita de instituto bifronte, as inovações da Lei n.

Cumpre salientar que, conforme contrato social, o capital social da 13.467/2017 quanto ao tema (novos requisitos para concessão dos

empresa é de R$245.506.171,08 (duzentos e quarenta e cinco benefícios da justiça gratuita ao trabalhador) não deverão ser

milhões, quinhentos e seis mil, cento e setenta e um reais e Ito aplicadas aos processos já em curso.

centavos) (fl. 98), de modo que o valor da indenização, além de não

importar em enriquecimento sem causa, longe estaria de obstar a Isso porque é imprescindível que parte tenha ciência das

continuidade da atividade mercantil. consequências jurídicas do ajuizamento do processo ou da defesa

apresentada, com a possibilidade de previsibilidade para avaliação

Dessa forma, considerando a gravidade do dano sofrido e a das condutas processuais a serem adotadas.

ausência de elementos aptos a indicar eventual abusividade na

fixação do valor da indenização, o desprovimento do apelo se Salienta WAMBIER, ao tratar do princípio do devido processo legal:

impõe. "Isso quer dizer que toda e qualquer consequência processual que

as partes possam sofrer, tanto na esfera da liberdade pessoal

Nega-se provimento. quanto no âmbito de seu patrimônio, deve necessariamente

decorrer de decisão prolatada num processo que tenha tramitado de

conformidade com antecedente previsão legal. O devido processo

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legal significa o processo cujo procedimento e cujas consequências NCPC).

tenham sido previstas na lei".

E mais, o artigo 99, § 2º, do NCPC, é expresso ao estabelecer que:

Entendimento em sentido diverso não seria razoável e implicaria "(...) o juiz somente poderá indeferir o pedido se houver nos autos

afronta ao disposto no art. 10, CPC/15, com a configuração de elementos que evidenciem a falta dos pressupostos legais para a

decisão surpresa e violação aos princípios da segurança jurídica e concessão de gratuidade".

do devido processo legal.

Saliente-se, ainda, que o benefício da gratuidade constitui direito

Destarte, a legislação a ser aplicada na espécie deverá ser aquela fundamental, de aplicação imediata, previsto no artigo 5º, inciso

vigente quando do ajuizamento da ação e da apresentação da LXXIV, da CRFB/1988 a todos os brasileiros e estrangeiros

defesa, pois sua alteração poderia influenciar na conduta residentes no Brasil que comprovarem a insuficiência de recursos.

processual das partes ou na avaliação dos riscos da demanda.

Por fim, citem-se recentes arestos do C. TST versando sobre o

Pois bem. tema, in verbis:

Compulsando os autos, verifica-se que, embora o Autor não esteja 3. BENEFÍCIOS DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA.

assistido pelo seu Sindicato de classe, cuidou de fazer constar REQUISITOS. NÃO CONHECIMENTO. Ao tratar dos requisitos

expressamente, na petição inaugural e na declaração de ID. para a concessão dos benefícios da justiça gratuita, o artigo 4º da

dc5e272, sua hipossuficiência, afirmando, sob as penas da Lei, Lei nº 1.060/50 dispõe que basta que a parte firme declaração de

encontrar-se em situação econômica que não lhe permite demandar pobreza, não havendo, sequer, exigência de prova da situação de

sem prejuízo do próprio sustento e do sustento de sua família. miserabilidade. Esse, aliás, também é o entendimento pacífico

desta Corte Superior, consubstanciado na Súmula nº 463, I . No

Deve, portanto, ser presumida sua precariedade econômica, nos caso , presente nos autos a declaração de pobreza, considera-se

termos do art. 99, §3º, do Novo Código de Processo Civil, in verbis: preenchido o requisito legal. Frise-se, ainda, que o benefício da

justiça gratuita não se confunde com o direito à percepção de

§ 3º Presume-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida honorários assistenciais, estes, sim, condicionados à representação

exclusivamente por pessoa natural. da reclamante por advogado credenciado junto à entidade sindical,

além de restar atendido o requisito da insuficiência econômica, nos

Nesse sentido é também a Súmula 463, I, do C. TST: termos Súmula nº 219, I. Recurso de revista de que não se

conhece" (RR-1116-94.2011.5.09.0029, 4ª Turma, Relator Ministro

Súmula nº 463 do TST Guilherme Augusto Caputo Bastos, DEJT 30/05/2019).

ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. COMPROVAÇÃO BENEFÍCIO DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA.

(conversão da Orientação Jurisprudencial nº 304 da SBDI-1, com DECLARAÇÃO DE HIPOSSUFICIÊNCIA ECONÔMICA.

alterações decorrentes do CPC de 2015) - Res. 219/2017, DEJT IMPOSSIBILIDADE DE SE AFASTAR A VERACIDADE DE TAL

divulgado em 28, 29 e 30.06.2017 - republicada - DEJT divulgado DECLARAÇÃO PELA MERA CONSIDERAÇÃO DOS VALORES

em 12, 13 e 14.07.2017 SALARIAIS PERCEBIDOS PELO EMPREGADO. A Lei nº 1.060/50

dispõe, no § 1º do seu artigo 4º, sobre a garantia do benefício da

I - A partir de 26.06.2017, para a concessão da assistência judiciária Justiça gratuita que é assegurada a todos aqueles que litigam

gratuita à pessoa natural, basta a declaração de hipossuficiência judicialmente e que não podem arcar com as despesas do

econômica firmada pela parte ou por seu advogado, desde que recolhimento das custas processuais, impondo, como condição a

munido de procuração com poderes específicos para esse fim (art. esse deferimento, que assim se declararem mediante simples

105 do CPC de 2015); afirmação na petição inicial acerca da sua situação econômica,

presumindo-se a veracidade dessa declaração. O artigo 790, § 3º,

Registre-se, ainda, que a assistência do requerente por advogado da CLT, da mesma forma, dispõe, como uma das condições em que

particular não impede a concessão da benesse (artigo 99, § 4º, do deve ser deferido o benefício da Justiça gratuita, sobre a simples

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declaração da parte postulante de não poder arcar com as custas A presente Reclamação foi ajuizada em 27/03/2017, portanto em

processuais judiciais sem que tenha prejuízo do seu sustento ou da momento anterior à reforma trabalhista decorrente da Lei nº

sua família. Nesses termos, a simples afirmação da parte de estar 13.467/17, cuja vigência iniciou em 11/11/2017.

impossibilitada de arcar com as despesas do processo sem que lhe

advenham prejuízos econômicos em razão desse ônus garante-lhe A Origem não pronunciou a prescrição. Não houve recurso acerca

o direito à isenção do recolhimento das custas, somente reputando- da matéria.

se inverídica essa declaração em caso de efetiva comprovação

contrária mediante alegação da parte adversa. Na hipótese, não se Pugnou a Reclamada pela condenação do autor no pagamento de

constata, no acórdão regional, a existência de prova contundente honorários advocatícios, sustentando a aplicação imediata do art.

contrária à declaração de hipossuficiência econômica do autor, 791-A da CLT, incluído pela Lei n. 13.467/2017.

tampouco a alegação da parte contrária de que essa condição não

seja condizente com a realidade. Com efeito, a decisão regional foi Sem razão.

proferida mediante análise de elementos fáticos contidos nos autos,

em que se declinaram os valores pecuniários percebidos pelo O art. 791-A da CLT, incluído pela Lei n. 13.467/2017, determina

reclamante até o ajuizamento desta reclamação trabalhista. Tem-se, que serão devidos honorários da sucumbência, inclusive se o

no entanto, que a situação econômica experimentada pelo autor vencido for beneficiário da justiça gratuita.

não pode ser auferida mediante mera análise do montante por ele

recebido, eis que tal condição pode estar substancialmente Contudo, embora o art. 6º da mencionada lei (n. 13.467/17)

alterada. Nos termos da lei, a confirmação acerca da inveracidade estabeleça que seus dispositivos entram em vigor "após decorridos

da declaração econômica há que ser efetivamente comprovada, cento e vinte dias de sua publicação oficial", ou seja, em

assertiva que não se pode simplesmente presumir em razão de 11/11/2017, este Relator entende que, tratando-se os honorários

situações econômicas anteriormente vivenciadas pelo litigante advocatícios sucumbenciais de instituto bifronte, o marco temporal a

judicial. Agravo de instrumento desprovido (Ag-AIRR-1001764- indicar a legislação aplicável em cada caso deve ser o ajuizamento

04.2016.5.02.0441, 2ª Turma, Relator Ministro José Roberto Freire da ação (no caso, 31/03/2017) e não o da prolação da sentença,

Pimenta, DEJT 23/05/2019).Ante o exposto, concede-se à sob pena deconfiguração de decisão surpresa e violação aos

Reclamante o benefício da justiça gratuita. princípios da segurança jurídica e do devido processo legal.

Nega-se provimento. Aliás, nesse sentido, é o que estabelece o art. 6º da Instrução

Normativa n. 41 do TST, que dispõe sobre a aplicação das normas

processuais da CLT alteradas pela Lei n. 13.467/2017, in verbis:

Na Justiça do Trabalho, a condenação em honorários advocatícios

sucumbenciais, prevista no art. 791-A, e parágrafos, da CLT, será

aplicável apenas às ações propostas após 11 de novembro de 2017

(Lei nº 13.467/2017). Nas ações propostas anteriormente,

subsistem as diretrizes do art. 14 da Lei nº 5.584/1970 e das

Súmulas nºs 219 e 329 do TST. (sem grifos no original)

2.4.1.6. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

Pois bem.

Os Reclamante declarou a hipossuficiência econômica, no entanto,

não está assistido por sindicato profissional.

Portanto, verifica-se que não estão presentes, no caso concreto,

todos os pressupostos contidos na Lei n. 5.584/70 e na Súmula n.

219 do TST, aplicáveis ao caso em comento.

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Por fim, frisa-se que não há que se falar em ofensa ao art. 133 da 2.4.1.7. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. ÍNDICE

CF. A uma, o regramento nada diz sobre honorários advocatícios. A

duas, trata-se de norma de eficácia contida, ou seja, em que pese

preconizar que o advogado é indispensável à administração da

justiça, sua atuação é disciplinada pelo Estatuto da OAB e demais

diplomas legais que tratam da matéria, inclusive a CLT. Aliás, a Lei

n. 8.906/94, o CPC e a Lei n. 5.584/70 possuem a mesma

hierarquia (lei ordinária), logo, quanto aos honorários advocatícios

da sucumbência, deve-se observar o princípio da especialidade,

aplicando-se esta última aos honorários sucumbenciais referentes A presente Reclamação foi ajuizada em 27/03/2017, portanto em

ao processo de natureza trabalhista e cuja ação tenha sido ajuizada momento anterior à reforma trabalhista decorrente da Lei nº

antes da vigência da Lei n. 13.467/2017. 13.467/17, cuja vigência iniciou em 11/11/2017.

Inclusive, a Súmula n. 18 deste Tribunal, editada sob a égide da A Origem não pronunciou a prescrição. Não houve recurso acerca

legislação anterior à reforma trabalhista, aplicável ao caso em da matéria.

análise, preconiza o seguinte:

Em razões recursais a Reclamada pugnou pela aplicação da Taxa

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. ESSENCIALIDADE DA Referencial quanto à atualização monetária.

ATUAÇÃO DO ADVOGADO EM QUALQUER PROCESSO.

ARTIGO 133 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. OBSERVÂNCIA DOS Sem razão.

REQUISITOS CONTIDOS NA LEI 5.584/70. SÚMULAS N° 219 E

329 DO E. TST. De início, frisa-se que, embora a Lei n. 13.467/2017 tenha inserido o

§ 7º ao art. 879 da CLT, segundo o qual a atualização dos créditos

Em que pese o artigo 133 da CF/88 dispor ser o advogado decorrentes de condenação judicial será feita pela TR, referido

essencial à administração da Justiça, em seara trabalhista, os preceito faz remissão expressa à Lei n. 8.177/1991. Vejamos:

honorários advocatícios não decorrem apenas da sucumbência.

Dependem do atendimento, pelo trabalhador, dos requisitos da Lei A atualização dos créditos decorrentes de condenação judicial será

5.584/70, quais sejam, estar assistido por Sindicato e perceber feita pela Taxa Referencial (TR), divulgada pelo Banco Central do

salário inferior ao dobro do mínimo legal ou encontrar-se em Brasil, conforme a Lei no 8.177, de 1o de março de 1991. (sem

situação econômica que não lhe permita demandar sem prejuízo do grifos no original)

sustento próprio ou da família. A verba honorária também é devida

nas ações em que o Sindicato atua na condição de substituto Desse modo, percebe-se que a força normativa do § 7º do art. 879

processual, nas lides que não decorram da relação de emprego e da CLT está subordinada à eficácia do art. 39 da Lei n. 8.177/1991,

no caso de Ação Rescisória. Inteligência das Súmulas n°s 219 e por expressa disposição legal.

329 do E. TST.

Inclusive, nesse sentido, é o entendimento da 8ª Turma do TST:

Nega-se provimento.

AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA.

EXECUÇÃO. CORREÇÃO MONETÁRIA DOS CRÉDITOS

TRABALHISTAS. ÍNDICE APLICÁVEL. Consoante entendimento

adotado pela 8ª Turma, com base na decisão do Tribunal Pleno

desta Corte Superior (TST-ArgInc - 479-60.2011.5.04.0231 e ED-

ArgInc - 479-60.2011.5.04.0231), na correção dos créditos

trabalhistas, aplica-se a TR até 24/3/2015 e o IPCA a partir de

25/3/2015. Esta Turma considera, ainda, entendimento a que me

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submeto por disciplina judiciária, que o art. 879, § 7º, da CLT perdeu

a sua eficácia normativa, em face da declaração de No julgamento conjunto das ADIs 4357, 4372, 4400 e 4425, o

inconstitucionalidade parcial do art. 39 da Lei nº 8.177/91, na Supremo Tribunal Federal declarou que o regime de compensação

medida em que o dispositivo da legislação esparsa conferia de precatórios introduzido pela Emenda Constitucional 62/2009 é

conteúdo à norma da CLT, tendo em vista a adoção de fórmula inconstitucional.

remissiva pelo legislador. Agravo de instrumento conhecido e não

provido. (TST-AIRR-20869-47.2016.5.04.0014, 8ª Turma, Relatora: Em seguida, o Excelso Tribunal modulou os efeitos da decisão da

Ministra Dora Maria da Costa, Data da Publicação: 29/03/2019) - ADI 4357, conforme transcrição parcial a seguir:

sem grifos no original

Concluindo o julgamento, o Tribunal, por maioria e nos termos do

Com efeito, simplesmente, referido dispositivo é inaplicável em voto, ora reajustado, do Ministro Luiz Fux (Relator), resolveu a

razão do esvaziamento da sua força normativa, decorrente de questão de ordem nos seguintes termos: 1) - modular os efeitos

expressa disposição legal, uma vez que está subordinado à eficácia para que se dê sobrevida ao regime especial de pagamento de

do art. 39 da Lei n. 8.177/1991. precatórios, instituído pela Emenda Constitucional nº 62/2009, por 5

(cinco) exercícios financeiros a contar de primeiro de janeiro de

Ademais, importante ressaltar que, no dia 10/10/2019, o Pleno 2016; 2) - conferir eficácia prospectiva à declaração de

deste Regional declarou a inconstitucionalidade do referido inconstitucionalidade dos seguintes aspectos da ação direta de

dispositivo (§7º do art. 879 da CLT), nos autos do Processo n. inconstitucionalidade, fixando como marco inicial a data de

0000552-39.2018.5.17.0000, de arguição de inconstitucionalidade. conclusão do julgamento da presente questão de ordem

Vejamos: (25.03.2015) e mantendo-se válidos os precatórios expedidos ou

pagos até esta data, a saber: 2.1.) fica mantida a aplicação do

ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DO §7º DO ARTIGO índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança

879 DA CLT. APLICAÇÃO DA TAXA REFERENCIAL (TR) COMO (TR), nos termos da Emenda Constitucional nº 62/2009, até

FATOR DE ATUALIZAÇÃO DOS CRÉDITOS TRABALHISTAS 25.03.2015, data após a qual (i) os créditos em precatórios deverão

DECORRENTES DE CONDENAÇÃO JUDICIAL. No julgamento ser corrigidos pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial

ArgInc - 479-60.2011.5.04.0231, o Tribunal Superior do Trabalho, (IPCA-E) e (ii) os precatórios tributários deverão observar os

acompanhando o entendimento do c. Supremo Tribunal Federal no mesmos critérios pelos quais a Fazenda Pública corrige seus

julgamento da ADI nº. 4357 e do RE 870.947/SE, declarou créditos tributários; e 2.2.) ficam resguardados os precatórios

inconstitucional a atualização dos valores pela Taxa Referencial expedidos, no âmbito da administração pública federal, com base

(TR), índice previsto no artigo 39 da Lei 8.177/1991. Por se tratar de nos arts. 27 das Leis nº 12.919/13 e Lei nº 13.080/15, que fixam o

mera renovação do texto do artigo 39 da Lei nº. 8.177/1991 - cuja IPCA-E como índice de correção monetária.

inconstitucionalidade fora declarada não sob o aspecto formal, mas

sob a ótica material, impõe-se que o §7º do artigo 897 da CLT, Poucos meses depois, em razão da decisão do STF, o TST acolheu

trazido pela Lei nº. 13.467/17, seja expungido do ordenamento incidente de inconstitucionalidade suscitado pela sua 7ª Turma e

jurídico, não se coadunando materialmente com o texto da definiu o Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E)

Constituição da República, a qual assegura o direito fundamental de como fator de atualização a ser utilizado na tabela de atualização

propriedade e a plena efetividade das decisões judiciais. monetária na Justiça do Trabalho, senão vejamos:

Logo, a discussão acerca da aplicação da TR ou do IPCA-E como ACORDAM os Ministros do Tribunal Superior do Trabalho, em sua

índice de atualização dos créditos judiciais trabalhistas continua composição plenária, I) por unanimidade: a) acolher o incidente de

girando em torno da constitucionalidade do art. 39 da Lei n. inconstitucionalidade suscitado pela eg. 7ª Turma e, em

8.177/1991 e seus desdobramentos junto ao STF e ao TST. consequência, declarar a inconstitucionalidade por arrastamento da

expressão "equivalentes à TRD", contida no caput do artigo 39 da

Pois bem. Esclarecidas as razões da inaplicabilidade do § 7º do art. Lei n° 8.177/91; b) adotar a técnica de interpretação conforme a

879 da CLT, passa-se à análise dos desdobramentos jurídicos do Constituição para o texto remanescente do dispositivo impugnado, a

art. 39 da Lei n. 8.177/1991. preservar o direito à atualização monetária dos créditos trabalhistas;

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c) definir a variação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo julgado, pela 5ª Turma do TST, o AIRR 25823-78.2015.5.24.0091,

Especial (IPCA-E) como fator de atualização a ser utilizado na encampando o atual posicionamento do Excelso Tribunal.

tabela de atualização monetária dos débitos trabalhistas na Justiça

do Trabalho; II) por maioria, atribuir efeitos modulatórios à decisão, Com efeito, a aplicação da TR já não se mostrava suficiente para

que deverão prevalecer a partir de 30 de junho de 2009, observada, recompor a real perda do poder aquisitivo de nossa moeda, de

porém, a preservação das situações jurídicas consolidadas forma que a correção dos débitos trabalhistas levando-se em conta

resultantes dos pagamentos efetuados nos processos judiciais, em tal parâmetro causava prejuízos aos trabalhadores.

andamento ou extintos, em virtude dos quais foi adimplida e extinta

a obrigação, ainda que parcialmente, sobretudo em decorrência da Bem destacou o Min. Douglas Alencar Rodrigues, em trecho do

proteção ao ato jurídico perfeito (artigos 5º, XXXVI, da Constituição julgamento do supracitado AIRR, que:

e 6º da Lei de Introdução ao Direito Brasileiro - LIDB), vencida a

Excelentíssima Senhora Ministra Dora Maria da Costa, que aplicava impõe-se a adoção do IPCA-E para a atualização dos créditos

a modulação dos efeitos da decisão a contar de 26 de março de trabalhistas, não apenas sob a perspectiva da efetiva recomposição

2015; III) por unanimidade, determinar: a) o retorno dos autos à 7ª do patrimônio dos credores trabalhistas, mas como medida de

Turma desta Corte para prosseguir no julgamento do recurso de estímulo efetivo ao cumprimento dos direitos sociais por parte de

revista, observado o quanto ora decidido; b) a expedição de ofício devedores recalcitrantes, que se valem da Justiça do Trabalho,

ao Exmo. Ministro Presidente do Conselho Superior da Justiça do lamentavelmente, para postergar indefinidamente suas obrigações.

Trabalho a fim de que determine a retificação da tabela de

atualização monetária da Justiça do Trabalho (tabela única); c) o Ante o exposto, este Relator, na linha das recentes decisões do

encaminhamento do acórdão à Comissão de Jurisprudência e de excelso STF e do colendo TST, modifica seu posicionamento,

Precedentes Normativos para emissão de parecer acerca da passando a entender pela aplicabilidade, na atualização monetária

Orientação Jurisprudencial nº 300 da SbDI-1. Ressalvaram o dos débitos trabalhistas, do Índice de Preços ao Consumidor Amplo

entendimento os Exmos. Ministros Guilherme Augusto Caputo Especial - IPCA-E.

Bastos, Alexandre de Souza Agra Belmonte e Maria Helena

Mallmann. (PROCESSO Nº TST-ArgInc-479-60.2011.5.04.0231.) Assinala-se que o Tribunal Pleno do TST, em sessão de 20 de

março de 2017, apreciando os embargos de declaração opostos em

Todavia, em 14/10/2015, o Ministro Dias Toffoli, nos autos da face do acórdão proferido na ArgInc - 479-60.2011.5.04.0231,

Reclamação n. 22012, ajuizada pela Federação Nacional dos decidiu pela modulação da decisão original, atribuindo efeito

Bancos (Fenaban), proferiu decisão liminar suspendendo os efeitos modificativo ao julgado, para determinar que a aplicação do IPCA-E,

da decisão proferida pelo TST, que havia afastado o uso da TRD e como índice de correção dos débitos trabalhistas, produza efeito

determinado a adoção do índice IPCA-E através da "tabela única", somente a partir de 25 de março de 2015, data coincidente com

entendendo que a decisão do TST extrapolou o entendimento fixado aquela adotada pelo Supremo Tribunal Federal no acórdão

pelo STF no julgamento das Ações Diretas de Inconstitucionalidade prolatado na ADI 4.357:

- ADIs 4357 e 4425.

II)[...] acolher parcialmente os embargos de declaração opostos pelo

Ocorre que, em 05/12/2017, a Segunda Turma do STF julgou, em Município de Gravataí e pelo SINDIENERGIA para, dando efeito

análise meritória, improcedente a Reclamação 22012, ajuizada pela modificativo ao julgado, aplicar a modulação dos efeitos da decisão

Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) contra a decisão do a contar de 25/03/15, que coincide com a data que o Supremo

TST que havia determinado a adoção IPCA-E no lugar da TRD para Tribunal Federal reconheceu na decisão proferida na Ação

a atualização de débitos trabalhistas, prevalecendo o entendimento Declaratória de Inconstitucionalidade nº 4.357. [...] III) por

de que tal posicionamento não configura desrespeito ao julgamento unanimidade, em cumprimento à decisão liminar proferida pelo

das Ações Diretas de Inconstitucionalidade 4357 e 4425, que Supremo Tribunal Federal, na Reclamação nº 22.012, excluir do

analisaram a emenda constitucional sobre precatórios. acordão originário a determinação de reedição da Tabela Única de

cálculo de débitos trabalhistas, a fim de que fosse adotado o índice

A decisão de improcedência da Reclamação 22012 foi publicada no questionado (IPCA-E).

DJE n. 288, divulgado em 13/12/2017, data em que foi também

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Por fim, vale ressaltar que embora o STF, em decisão do dia

03/10/2019, no julgamento dos Embargos de Declaração no

Recurso Extraordinário n. 870.947, tenha decidido que também é

aplicável o IPCA-E quanto ao período de 2009 a 2015, referida Acordam os Magistrados da 1ª Turma do Tribunal Regional do

decisão se restringe à Fazenda Pública, uma vez que seu objeto é a Trabalho da 17ª Região, na Sessão Ordinária realizada no dia 03 de

atualização monetária dos precatórios. Logo, não se aplica a dezembro de 2019, às 13 horas e 30 minutos, sob a presidência do

referida decisão ao presente caso, uma vez que o devedor é Exmo. Desembargador Cláudio Armando Couce de Menezes, com

particular, ou seja, in casu, não há falar no regime especial a participação do Exmo. Desembargador José Carlos Rizk, do

estabelecido pelo art. 100 da CF. Exmo. Desembargador Mario Ribeiro Cantarino Neto, e presente o

Procurador do Trabalho, Dr. Levi Scatolin, por unanimidade,

Portanto, considerando as decisões proferidas tanto pelo STF como conhecer do recurso ordinário da Reclamada; acolher a preliminar

também pelo TST, os débitos trabalhistas em geral devem ser de não conhecimento do recurso adesivo do autor por inovação

atualizados pela TR/FACDT até 24/03/2015 e pelo IPCA-E a partir recursal, suscitada pela Reclamada em contrarrazões; rejeitar a

de 25/03/2015, para que seja resguardada a segurança jurídica. preliminar de nulidade da sentença por cerceio do direito de defesa,

suscitada pelo Reclamante em razões recursais; rejeitar a preliminar

Nega-se provimento. de nulidade da sentença por julgamento extra petita, suscitada pela

Reclamada em razões recursais, e no mérito, dar parcial provimento

para reduzir o pensionamento em 40% (quarenta por cento) da

última remuneração, fixar o pagamento do pensionamento vitalício

mês a mês, observando-se os reajustes da categoria bem como a

parcela referente ao 13º salário e determinar a constituição de

capital na forma do art. 533, §1º do Código de Processo Civil.

3. ACÓRDÃO

DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK

Relator

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 957
Data da Disponibilização: Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Acórdão
Processo Nº ROT-0000376-55.2017.5.17.0013
Relator JOSE CARLOS RIZK
RECORRENTE ARNOBIO PRATES DOS SANTOS EMENTA
ADVOGADO FERNANDO COELHO MADEIRA DE
FREITAS(OAB: 200-B/ES)
RECORRENTE VITAL ENGENHARIA AMBIENTAL S/A
ADVOGADO STEPHAN EDUARD
SCHNEEBELI(OAB: 4097/ES)
RECORRIDO ARNOBIO PRATES DOS SANTOS
ADVOGADO FERNANDO COELHO MADEIRA DE
FREITAS(OAB: 200-B/ES)
RECORRIDO VITAL ENGENHARIA AMBIENTAL S/A
ADVOGADO STEPHAN EDUARD
SCHNEEBELI(OAB: 4097/ES)

Intimado(s)/Citado(s):
RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA. NULIDADE DA
- VITAL ENGENHARIA AMBIENTAL S/A
DISPENSA. DOENÇA OCUPACIONAL. Por comprovados os fatos

constitutivos da pretensão autoral, qual seja, que o autor é portador

de doença ocupacional e que se encontra parcial e


PODER JUDICIÁRIO permanentemente incapacitado para as atividades laborais, correta
JUSTIÇA DO TRABALHO a sentença em reconhecer a nulidade da dispensa levada a efeito.

PROCESSO nº 0000376-55.2017.5.17.0013 (ROT)

RECORRENTES: VITAL ENGENHARIA AMBIENTAL S/A;

ARNOBIO PRATES DOS SANTOS


1. RELATÓRIO

RECORRIDO: VITAL ENGENHARIA AMBIENTAL S/A; ARNOBIO

PRATES DOS SANTOS

ORIGEM: 13ª VARA DO TRABALHO DE VITÓRIA-ES - ES

RELATOR: DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS RIZK

COMPETÊNCIA: 1ª TURMA
A presente Reclamação foi ajuizada em 27/03/2017, portanto em

momento anterior à reforma trabalhista decorrente da Lei nº

13.467/17, cuja vigência iniciou em 11/11/2017.

A Origem não pronunciou a prescrição. Não houve recurso acerca

da matéria.

Trata-se de recurso ordinário interposto pela Reclamada e de

recurso ordinário, na forma adesiva, interposto pelo Reclamante, em

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face da r. sentença, complementada pela decisão de embargos de

declaração, que rejeitou a preliminar de inépcia da inicial e, no

mérito, julgou parcialmente procedentes os pedidos formulados na

inicial, reconhecendo a nulidade da dispensa, danos materiais,

danos morais. Deferiu ao autor o benefício da justiça gratuita.

2.1. CONHECIMENTO

Razões recursais da Reclamada, suscitando preliminar de nulidade

da sentença por cerceio de defesa; nulidade da sentença por

julgamento extra petita; e, no mérito, pugnou pela reforma da

sentença quanto à nulidade da dispensa, danos materiais, dano

moral, redução do valor arbitrado a título de indenização por dano

moral, benefício da justiça gratuita, honorários advocatícios e índice

de atualização monetária.

Custas fl. 398. Depósito recursal à fl. 399.

Contrarrazões do Reclamante, pugnando pelo desprovimento do

apelo patronal.

Razões recursais do Reclamante, renovando o pleito de

reintegração. 2.1.1. CONHECIMENTO DO RECURSO ORDINÁRIO DA

RECLAMADA

Contrarrazões da Reclamada, suscitando preliminar de não

conhecimento do apelo por inovação recursal e, no mérito, pelo

desprovimento.

É o relatório.

A presente Reclamação foi ajuizada em 27/03/2017, portanto em

momento anterior à reforma trabalhista decorrente da Lei nº

13.467/17, cuja vigência iniciou em 11/11/2017.

A Origem não pronunciou a prescrição. Não houve recurso acerca

da matéria.

2. FUNDAMENTAÇÃO

Conhece-se do recurso ordinário da Reclamada, porquanto

preenchidos os pressupostos de admissibilidade.

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postos em litígio.

2.1.2. CONHECIMENTO DO RECURSO ADESIVO DO De igual forma, os argumentos de contraposição ao direito pleiteado

RECLAMANTE devem guardar congruência com o que foi levando em contestação,

já que também é vedado inovar matéria de defesa.

No caso dos autos, o Reclamante relatou que é portador de doença

de natureza ocupacional, tendo sido dispensado sem justa causa

quanto incapacitado para o labor, pugnando, dentre outros pedidos,

"Seja declarado o acidente de trabalho, com o reconhecimento do

nexo de causalidade, e a NULIDADE de sua demissão e,

consequentemente, determinada sua reintegração, condenação da

reclamada no pagamento de sua remuneração, parcelas vencidas e

vincendas até sua efetiva reintegração, (...)".

A r. sentença, com base no conjunto probatório, reconheceu a

nulidade da dispensa, com fulcro no art. 118 da Lei 8.213/91.

Embora em um primeiro momento tenha deferido a reintegração,

2.1.2.1. PRELIMINAR DE NÃO CONHECIMENTO POR em sede de julgamento dos embargos de declaração, diante do

INOVAÇÃO RECURSAL, SUSCITADA PELA RECLAMADA EM decurso do prazo, converteu o período de estabilidade em

CONTRARRAZÕES indenização.

Em razões recursais o Reclamante reiterou o pedido de

reintegração, aduzindo que deveria ter sido observado também o

disposto no art. 93 da Lei 8.213/91.

Com efeito houve inovação recursal. Em momento algum o autor

apontou como causa de pedir o não preenchimento, pela

Reclamada, do percentual de contratação de pessoas reabilitadas

A presente Reclamação foi ajuizada em 27/03/2017, portanto em ou pessoas com deficiência habilitadas.

momento anterior à reforma trabalhista decorrente da Lei nº

13.467/17, cuja vigência iniciou em 11/11/2017. Tal condição seria indispensável para o estabelecimento do

contraditório e ampla defesa de forma substancial, principalmente

A Origem não pronunciou a prescrição. Não houve recurso acerca por se tratar de matéria de prova. A invocação dessa nova causa de

da matéria. pedir importou evidente condição-surpresa à parte contraria.

Em contrarrazões a Reclamada sustentou que houve inovação Assim sendo, em estrita observância do art. 5º, LV da Constituição

recursal, uma vez que os argumentos levantados em razões da República e art. 7º do Código de Processo Civil, deve ser

recursais não foram objeto da defesa, não havendo apreciação na acolhida a preliminar de não conhecimento do recurso adesivo do

instância originária. Reclamante, por inovação recursal.

Com razão. Acolhe-se a preliminar de não conhecimento do recurso adesivo do

autor por inovação recursal, suscitada pela Reclamada em

De fato, em grau de recurso, não é permitido à parte inovar o pedido contrarrazões.

ou a causa de pedir, o que violaria o direito da outra parte de

discutir amplamente os fundamentos, fáticos e jurídicos, e o pedido

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Pugnou, dentre outros pedidos, o reconhecimento do acidente de

trabalho, do nexo de causalidade, e a nulidade de sua demissão e,

consequentemente, determinada sua reintegração, a condenação

da reclamada no pagamento de sua remuneração, parcelas

vencidas e vincendas até sua efetiva reintegração.

Em contestação a Reclamada aduziu, em síntese, que o autor não é

portador de qualquer patologia desencadeada por suposto acidente

2.2. PRELIMINAR DE NULIDADE DA SENTENÇA POR CERCEIO de trabalho; impugnou a alegação de que o autor seja portador de

DE DEFESA, SUSCITADA PELA RECLAMADA EM RAZÕES alguma doença; que as alterações da coluna elencadas na

RECURSAIS Ressonância Magnética são de caráter crônico-degenerativo

completamente compatível com a idade do Reclamante e sem nexo

com o labor; que as atividades do autor não exigiam sobrecarga;

que o autor nunca ficou em gozo de auxílio doença acidentário; e

que o autor foi declarado apto em seu exame demissional.

A Origem, com base na prova pericial judicial produzida nos autos,

reconheceu a nulidade da dispensa, adotando os seguintes

fundamentos:

A presente Reclamação foi ajuizada em 27/03/2017, portanto em

momento anterior à reforma trabalhista decorrente da Lei nº (...)

13.467/17, cuja vigência iniciou em 11/11/2017.

Inicialmente, convém registrar que não houve emissão de CAT,

A Origem não pronunciou a prescrição. Não houve recurso acerca tampouco afastamento para a percepção de auxílio doença

da matéria. acidentário. Também não há, nos autos, qualquer prova de que o

autor, de fato, tenha recebido auxílio doença na espécie 31, por dois

Consta na inicial que o autor foi admitido em 03/03/2015, na função meses, após a resilição contratual.

de coletor de resíduos, sendo dispensado sem justa causa em

08/09/2016. Conforme termo de rescisão (fl. 11), sua última No entanto, realizada a diligência pericial, o Médico Perito concluiu

remuneração foi no importe de R$2.042,51 (dois mil e quarenta e que "o reclamante apresentou durante o seu contrato de trabalho na

dois reais e cinquenta e um centavos). requerida quadro de lombalgia com limitação funcional, decorrente

de discopatia L4-L5 com protusão discal e L5-S1 com abaulamento

O autor afirmou que em junho de 2016, após cumprir com sua e compressão radicular, que tem como causa ou agravamento os

equipe os seus afazeres e terminar a rota mais cedo do que o esforços que realizava em seu trabalho. Portanto no meu

normal, foram deslocados para ajudar outra equipe a terminar de entendimento há nexo causal para doença ocupacional."

coletar. Que ao reiniciar suas atividades de coleta, o reclamante ao

abaixar para pegar um saco de resíduos sentiu um estalo na coluna, E, em resposta a quesitos, disse que há incapacidade permanente

mas, que apesar das dores, foi medicado e continuou trabalhando, para atividades com esforço físico sob pena de agravamento das

até que não conseguiu mais e procurou um médico que lhe afastou lesões.

duas vezes por 7 dias.

Assim, vale ressaltar que, a teor do disposto no item II do enunciado

Relatou que continuou trabalhando por duas semanas após o da Súmula 378 do C.TST, a constatação, após a despedida, de

primeiro atestado e, ao retornar do segundo afastamento, foi doença profissional que guarde causalidade com a execução do

arbitrariamente desligado da Reclamada, enquanto se encontrava contrato de emprego ressalva a exigência de afastamento superior

incapacitado para o labor. a 15 dias, com a consequente percepção de auxílio doença

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acidentário, para fins de concessão de estabilidade provisória. Entregue o laudo pericial, as partes tiveram ampla oportunidade de

se manifestar. A Reclamada inclusive apresentou quesitos

Desse modo, comprovado o nexo de causalidade entre o trabalho complementares, respondidos por meio do id. f797ae3.

desempenhado pelo autor e a doença que o acometeu, fica esta

equiparada a acidente de trabalho, que lhe assegura o direito à Veja-se que na ata de audiência à fl. 257, as partes declararam não

garantia provisória prevista no artigo 118 da Lei 8.213/1991, cujo terem outras provas a produzir. Apenas em razões finais a

marco inicial passa a ser a data da dispensa do autor. Reclamada pretendeu fosse declarada a nulidade da perícia.

Em decorrência, condeno a reclamada à imediata reintegração do Portanto, não pode a Reclamada, somente porque o resultado do

reclamante, a partir da ciência da presente sentença, pena de multa laudo pericial não foi do seu agrado, pretender a declaração de

diária de R$1.000,00, limitada a 30 dias e reversível ao reclamante, nulidade. Ressalta-se que o laudo pericial judicial foi confeccionado

sem prejuízo de eventual omissão implicar o dever de pagamento por perito médico, portanto por agente competente, válido e

de salários e verbas decorrentes, até a efetiva reintegração. plenamente eficaz.

Fica a ré, outrossim, condenada aos salários vencidos, desde a O simples fato de ter sido constatado, pelo laudo pericial judicial, o

dispensa, até a data da reintegração, além dos valores devidos a agravamento da doença pelo labor não vicia o ato, e muito menos a

título de férias acrescidas de 1/3, 13º salário e depósitos do FGTS. tutela jurisdicional prestada.

Autorizo, desde já, a dedução dos valores pagos a título de resilição Por fim, a circunstância de o julgador, diante dos elementos

contratual. presentes nos autos, decidir contrariamente aos interesses da parte,

não se traduz automaticamente em vício da tutela jurisdicional por

Em sede de embargos, converteu a reintegração em indenização: cerceio de defesa.

Quanto à estabilidade, de fato, tem razão a reclamada, razão pela Quanto às insurgências acerca do teor do laudo produzido, tal se

qual converto a ordem de reintegração em indenização substitutiva, trata de matéria de mérito, devendo sua análise ocorrer no

a partir da data da dispensa, observado o lapso temporal de 12 momento oportuno.

meses.

Rejeita-se a preliminar de nulidade da sentença por cerceio do

Vale observar que a nulidade da dispensa declarada decorreu da direito de defesa, suscitada pelo Reclamante em razões recursais.

não observância da estabilidade da Lei 8.213/1991.

Deverá, outrossim, pagar a complementação das verbas rescisórias

decorrentes por força da nova data de resilição contratual, obstada

a dedução outrora deferida.

Em razões recursais a Reclamada sustentou que o laudo pericial

judicial produzido nos autos seria inconclusivo e, por decorrência, a

nulidade da sentença uma vez que baseada na prova pericial.

2.3. PRELIMINAR DE NULIDADE DA SENTENÇA POR

Sem razão. JULGAMENTO EXTRA PETITA, SUSCITADA PELA

RECLAMADA EM RAZÕES RECURSAIS

De plano não há falar em cerceio de defesa.

Conforme ata de audiência à fl. 210, foi deferida a prova pericial

judicial médica para apuração do alegado acidente do trabalho.

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MATERIAL. PENSÃO. PEDIDO DE PAGAMENTO EM PARCELA

ÚNICA. PARÁGRAFO ÚNICO DO ART. 950 DO CÓDIGO CIVIL.

PAGAMENTO ÚNICO OU EM PARCELAS MENSAIS.

A presente Reclamação foi ajuizada em 27/03/2017, portanto em DISCRICIONARIEDADE DO JUIZ. Quanto ao pedido de pagamento

momento anterior à reforma trabalhista decorrente da Lei nº de pensão, nos termos do artigo 950 do Código Civil, tem o Juiz

13.467/17, cuja vigência iniciou em 11/11/2017. margem razoável de discricionariedade para, analisando as

circunstâncias dos autos, escolher o critério de maior equidade

A Origem não pronunciou a prescrição. Não houve recurso acerca entre as partes, seja decidindo pelo pagamento em parcela única,

da matéria. seja em parcelas mensais, ainda que tenha pedido expresso para

pagamento em uma única vez, nos termos do parágrafo único do

Em razões recursais, a Reclamada sustentou que a Origem, ao referido dispositivo. A norma inscrita no parágrafo único do art. 950

estipular o pagamento em parcela única da pensão vitalícia, fixada a do CC deve ser apreciada levando em consideração o princípio que

título de danos materiais em razão da perda da capacidade laboral norteia a fixação de capital, que é gerar a subsistência da parte

do autor, incidiu em julgamento extra petita, uma vez que não foi lesada, sem que se verifique que a mera exigência de que o

formulado tal pedido na inicial. prejudicado pode exigir a indenização de uma só vez importe em

dever legal imposto ao julgador, sem levar em consideração os

Sem razão. demais princípios que regem a prestação jurisdicional, em especial

aquele inscrito no art. 131 do CPC. Precedentes da c. SDI.

Com efeito, na inicial, o autor não pleiteou o pagamento de Embargos conhecidos e desprovidos. Processo: RR - 19600-

indenização em parcela única, ou seja, quando formulou a 96.2005.5.17.0013. Órgão Judicante: Subseção I Especializada em

pretensão de recebimento de pensão decorrente da incapacidade, Dissídios Individuais; Relator: Ministro Aloysio Corrêa da Veiga;

não requereu o pagamento de uma única vez. Publ. 10/06/2011

No entanto, tal circunstância não se traduz em julgamento extra Rejeita-se a preliminar de nulidade da sentença por julgamento

petita, não constituindo elemento de invalidação do provimento extra petita, suscitada pela Reclamada em razões recursais.

jurisdicional.

Isso porque muito embora o parágrafo único do art. 950 do Código

Civil preceitue que o prejudicado poderá, se preferir, exigir que a

indenização arbitrada seja paga de uma só vez, tal não afasta a

possibilidade de o julgador assim determinar caso verifique reunidas

condições para tanto, dentre elas a ausência de prejuízo para a

continuidade do empreendimento.

Em outras palavras, a forma de pagamento da indenização por 2.4. MÉRITO

danos materiais não constitui prerrogativa a parte; ao contrário,

insere-se no âmbito de discricionariedade do julgador, o qual, na

ponderação de valores no exame do caso concreto, pode dar

solução que lhe parecer mais adequada e justa para ambas as

partes.

E a Subseção I Especializada em Dissídios Individuais do Tribunal

Superior do Trabalho possui precedentes nesse sentido, dentre

eles:

RECURSO DE EMBARGOS. INDENIZAÇÃO POR DANO

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até que não conseguiu mais e procurou um médico que lhe afastou

duas vezes por 7 dias.

2.4.1. MÉRITO DO RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA Relatou que continuou trabalhando por duas semanas após o

primeiro atestado e, ao retornar do segundo afastamento, foi

arbitrariamente desligado da Reclamada, enquanto se encontrava

incapacitado para o labor.

Pugnou, dentre outros pedidos, o reconhecimento do acidente de

trabalho, do nexo de causalidade, e a nulidade de sua demissão e,

consequentemente, determinada sua reintegração, a condenação

da reclamada no pagamento de sua remuneração, parcelas

vencidas e vincendas até sua efetiva reintegração.

Em contestação a Reclamada aduziu, em síntese, que o autor não é

portador de qualquer patologia desencadeada por suposto acidente

de trabalho; impugnou a alegação de que o autor seja portador de

alguma doença; que as alterações da coluna elencadas na

2.4.1.1. NULIDADE DA DISPENSA. DOENÇA OCUPACIONAL Ressonância Magnética são de caráter crônico-degenerativo

completamente compatível com a idade do Reclamante e sem nexo

com o labor; que as atividades do autor não exigiam sobrecarga;

que o autor nunca ficou em gozo de auxílio doença acidentário; e

que o autor foi declarado apto em seu exame demissional.

A Origem, com base na prova pericial judicial produzida nos autos,

reconheceu a nulidade da dispensa, adotando os seguintes

fundamentos:

A presente Reclamação foi ajuizada em 27/03/2017, portanto em

momento anterior à reforma trabalhista decorrente da Lei nº (...)

13.467/17, cuja vigência iniciou em 11/11/2017.

Inicialmente, convém registrar que não houve emissão de CAT,

A Origem não pronunciou a prescrição. Não houve recurso acerca tampouco afastamento para a percepção de auxílio doença

da matéria. acidentário. Também não há, nos autos, qualquer prova de que o

autor, de fato, tenha recebido auxílio doença na espécie 31, por dois

Consta na inicial que o autor foi admitido em 03/03/2015, na função meses, após a resilição contratual.

de coletor de resíduos, sendo dispensado sem justa causa em

08/09/2016. Conforme termo de rescisão (fl. 11), sua última No entanto, realizada a diligência pericial, o Médico Perito concluiu

remuneração foi no importe de R$2.042,51 (dois mil e quarenta e que "o reclamante apresentou durante o seu contrato de trabalho na

dois reais e cinquenta e um centavos). requerida quadro de lombalgia com limitação funcional, decorrente

de discopatia L4-L5 com protusão discal e L5-S1 com abaulamento

O autor afirmou que em junho de 2016, após cumprir com sua e compressão radicular, que tem como causa ou agravamento os

equipe os seus afazeres e terminar a rota mais cedo do que o esforços que realizava em seu trabalho. Portanto no meu

normal, foram deslocados para ajudar outra equipe a terminar de entendimento há nexo causal para doença ocupacional."

coletar. Que ao reiniciar suas atividades de coleta, o reclamante ao

abaixar para pegar um saco de resíduos sentiu um estalo na coluna, E, em resposta a quesitos, disse que há incapacidade permanente

mas, que apesar das dores, foi medicado e continuou trabalhando, para atividades com esforço físico sob pena de agravamento das

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lesões. que inexiste doença ocupacional e incapacidade laboral, que as

atividades do autor não exigiam sobrecarga, que o autor confessou

Assim, vale ressaltar que, a teor do disposto no item II do enunciado ir à academia e jogar futebol, que o autor nunca se afastou em gozo

da Súmula 378 do C.TST, a constatação, após a despedida, de de benefício previdenciário no curso da relação de emprego; que o

doença profissional que guarde causalidade com a execução do autor se encontra em perfeito estado físico.

contrato de emprego ressalva a exigência de afastamento superior

a 15 dias, com a consequente percepção de auxílio doença Sem razão.

acidentário, para fins de concessão de estabilidade provisória.

O laudo pericial judicial produzido nos autos concluiu que o autor é

Desse modo, comprovado o nexo de causalidade entre o trabalho portador de lombalgia com limitação funcional, decorrente de

desempenhado pelo autor e a doença que o acometeu, fica esta discopatia L4-L5 com protusão discal e L5-S1 com abaulamento e

equiparada a acidente de trabalho, que lhe assegura o direito à compressão radicular.

garantia provisória prevista no artigo 118 da Lei 8.213/1991, cujo

marco inicial passa a ser a data da dispensa do autor. De igual forma asseverou que a doença supramencionada possui

causa ou agravamento os esforços realizados durante a atividade

Em decorrência, condeno a reclamada à imediata reintegração do laboral.

reclamante, a partir da ciência da presente sentença, pena de multa

diária de R$1.000,00, limitada a 30 dias e reversível ao reclamante, E foi expresso em registrar que "no meu entendimento há nexo

sem prejuízo de eventual omissão implicar o dever de pagamento causal para doença ocupacional"(fl. 234).

de salários e verbas decorrentes, até a efetiva reintegração.

Portanto, cristalino o reconhecimento do nexo causal entre as

Fica a ré, outrossim, condenada aos salários vencidos, desde a atividades exercidas e a doença que o autor é portador.

dispensa, até a data da reintegração, além dos valores devidos a

título de férias acrescidas de 1/3, 13º salário e depósitos do FGTS. Ademais, a conclusão do i. expert, diferentemente do que buscou

fazer crer a Reclamada, não houve emissão de "opinião própria e

Autorizo, desde já, a dedução dos valores pagos a título de resilição sem embasamento médico", expressão esta utilizada em razoes

contratual. recursais, uma vez que a própria ressonância magnética da coluna

lombar à fl. 17, juntamente com demais exames constantes nos

Em sede de embargos, converteu a reintegração em indenização: autos, corroboram suas assertivas, conforme oportunamente

salientado às fls. 232-233.

Quanto à estabilidade, de fato, tem razão a reclamada, razão pela

qual converto a ordem de reintegração em indenização substitutiva, Ademais, como se não bastasse ser notória a sobrecarga na região

a partir da data da dispensa, observado o lapso temporal de 12 lombar daqueles que exercem a função de coletor de resíduos, o

meses. próprio documento denominado "ordem de serviço em segurança e

medicina do trabalho", à fl. 196, menciona que "ao levantar peso,

Vale observar que a nulidade da dispensa declarada decorreu da flexionar as pernas ou colocar uma a frente da outra, ao abaixar-se,

não observância da estabilidade da Lei 8.213/1991. nunca o caça com as pernas esticadas".

Deverá, outrossim, pagar a complementação das verbas rescisórias Frise-se que o laudo pericial judicial produzido nos autos atestou

decorrentes por força da nova data de resilição contratual, obstada que a incapacidade existente é parcial e permanente em função da

a dedução outrora deferida. restrição a esforço físico (fl. 235), o que é mais amplo do que

simplesmente levantar peso, não havendo dúvida que as tarefas

Em razões recursais a Reclamada alegou que o laudo pericial realizadas pelo autor, conforme descritivo supramencionado,

judicial foi contraditório, não apresentou respostas satisfatórias e exigiam esforço físico, tratando-se de labor eminentemente braçal.

esclarecedoras, não fez investigação completa acerca do estado de

saúde do autor, não conclui pela causalidade ou concausalidade, Portanto, a simples irresignação da Reclamada quanto aos termos

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 965
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do laudo pericial judicial não é capaz de induzir à conclusão de reconhecer a nulidade da dispensa levada a efeito, bem como o

contradição, obscuridade ou incoerência. dever do empregador em responder civilmente pelos danos sofridos

pelo trabalhador.

E não há qualquer elemento nos autos capaz de desconstituir a

conclusão contida no laudo pericial judicial produzido nos autos. Nega-se provimento.

A Reclamada aduziu que o exame demissional considerou o autor

apto e confirmou a realização de atividades físicas (academia e

futebol) (fl. 50). Porém, do exame demissional à fl. 92, não há

qualquer registro de que o autor frequenta academia ou relato de

jogar futebol como asseverado em defesa, e muito menos subsídio

a fim de demonstrar que tal circunstância fosse capaz de invalidar a

conclusão pericial.

Dessa forma, reputa-se incólume a prova pericial produzida, apta a 2.4.1.2. DANOS MATERIAIS. PENSIONAMENTO VITALÍCIO

gerar todos os seus efeitos.

Oportuno mencionar que no Brasil, o regramento geral da

responsabilidade civil é traçado pela combinação dos arts. 186 e

927, ambos do Código Civil, que assim dispõem:

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência

ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que

exclusivamente moral, comete ato ilícito. A presente Reclamação foi ajuizada em 27/03/2017, portanto em

momento anterior à reforma trabalhista decorrente da Lei nº

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a 13.467/17, cuja vigência iniciou em 11/11/2017.

outrem, fica obrigado a repará-lo.

A Origem não pronunciou a prescrição. Não houve recurso acerca

Na seara trabalhista, a Constituição da República cuidou de prever da matéria.

expressamente, em seu art. 7º, XXVIII, o dever de indenizar, por

parte do empregador, nos casos de acidente do trabalho, dispondo Consta na inicial que o autor foi admitido em 03/03/2015, na função

ser direito dos trabalhadores "seguro contra acidentes de trabalho, a de coletor de resíduos, sendo dispensado sem justa causa em

cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está 08/09/2016. Conforme termo de rescisão (fl. 11), sua última

obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa". remuneração foi no importe de R$2.042,51 (dois mil e quarenta e

dois reais e cinquenta e um centavos).

Extraem-se, portanto, desses dispositivos, os requisitos para a

configuração da responsabilidade civil subjetiva do empregador por O autor afirmou que em junho de 2016, após cumprir com sua

dano decorrente de acidente do trabalho, a saber: comprovação da equipe os seus afazeres e terminar a rota mais cedo do que o

existência do evento, do dano, do nexo de causalidade, bem como normal, foram deslocados para ajudar outra equipe a terminar de

do elemento subjetivo, qual seja, a culpa do empregador. coletar. Que ao reiniciar suas atividades de coleta, o reclamante ao

abaixar para pegar um saco de resíduos sentiu um estalo na coluna,

Dessa forma, diante da equiparação da doença ocupacional ao mas, que apesar das dores, foi medicado e continuou trabalhando,

acidente do trabalho e por comprovados os fatos constitutivos da até que não conseguiu mais e procurou um médico que lhe afastou

pretensão autoral, qual seja, que o autor é portador de doença duas vezes por 7 dias.

ocupacional e que se encontra parcial e permanentemente

incapacitado para as atividades laborais, correta a sentença em Relatou que continuou trabalhando por duas semanas após o

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primeiro atestado e, ao retornar do segundo afastamento, foi acidentado se inabilitou ou da depreciação que sofreu.

arbitrariamente desligado da Reclamada, enquanto se encontrava

incapacitado para o labor. Consta na inicial que o autor foi admitido A Lei busca, portanto, proteger o trabalhador ofendido, uma vez que

em 03/03/2015, na função de coletor de resíduos, sendo a diminuição da capacidade laborativa implica, em grande parte dos

dispensado sem justa causa em 08/09/2016. Conforme termo de casos, em maior dificuldade de inserção no mercado de trabalho,

rescisão (fl. 11), sua última remuneração foi no importe de provocando perda de oportunidades, ausência de promoções e

R$2.042,51 (dois mil e quarenta e dois reais e cinquenta e um estagnação profissional.

centavos).

Além disso, o princípio da restituição integral, que norteia o sistema

Pugnou pela condenação da Reclamada no pagamento de pensão da responsabilidade civil, impõe que na fixação da indenização

decorrente da redução da capacidade para o desempenho de sua sejam considerados todos os prejuízos experimentados, posto que,

profissão ou de sua atividade normal. diante da impossibilidade de retorno ao status quo ante, a

indenização deve servir como compensação financeira.

A Origem julgou procedente o pedido, adotando os seguintes

fundamentos: Conforme tópico anterior, comprovados os fatos constitutivos da

pretensão autoral, qual seja, que o autor é portador de doença

Quanto ao pensionamento vitalício, demonstrada a incapacidade ocupacional e que se encontra parcial e permanentemente

permanente para atividades que demandem esforço físico, fica a ré incapacitado para as suas atividades laborais.

condenada ao pagamento de pensionamento vitalício

correspondente a 50% da última remuneração percebida pelo autor, No entanto entende-se que deve ser reduzido o patamar fixado em

considerando-se a expectativa de vida de 75 anos do brasileiro e o sentença, a fim de arbitrar em 40% sobre a última remuneração

fato de que, à data da dispensa, o reclamante estava com 36 anos. percebida pelo autor. Muito embora a incapacidade seja parcial,

A indenização em comento deverá ser quitada em parcela única, possui caráter permanente, inviabilizando o exercício de tarefas que

considerando-se, assim, 460 meses. exijam esforço físico, de modo que o percentual ora fixado se revela

mais razoável com o grau da perda.

Em razões recursais a Reclamada sustentou a inexistência de ato

ilícito e nexo entre o labor e a doença; que não foram apontados Portanto, tendo em vista que a doença ocupacional do autor

parâmetros para o pensionamento; que não seriam devidas as importou em limitação para as atividades que exigiam esforço físico,

parcelas vencidas, porquanto não houve labor; que não há prova da tem-se reduzida de sobremaneira o campo de trabalho do autor,

incapacidade; que o pensionamento deve ser limitado a 65 anos; e motivo pelo qual a fixação de pensão em sobre seu salário longe

o seu parcelamento. estaria de acarretar manifesta abusividade.

Pois bem. E a fixação em 75 anos corresponde à expectativa de vida, coerente

por se tratar de pensão vitalícia. Quanto às parcelas vencidas, deve

O art. 950, do CC/2002, preceitua que: a Reclamada observar que a sentença considerou como termo a

quoa data da dispensa (até porque antes dela o autor estava

Art. 950. Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não recebendo salários).

possa exercer o seu ofício ou profissão, ou se lhe diminua o valor

do trabalho, a indenização, além das despesas do tratamento e Por outro lado, entende-se que não há falar em pagamento da

lucros cessantes até ao fim da convalescença, incluirá uma pensão indenização de uma só vez.

correspondente à importância do trabalho, para que se inabilitou, ou

da depreciação que ele sofreu. Considerando que a indenização por danos materiais no caso de

incapacidade permanente tem o propósito de assegurar à vítima o

Assim, a pensão é devida quando há constatação de incapacidade padrão de renda até então mantido (status quo ante), e, tendo em

ou redução da capacidade para o trabalho, com o ressarcimento vista que o salário (no caso, 40% da última remuneração) do

dos danos correspondente à importância do trabalho para o qual o empregado deve ser pago a cada mês, este Relator entende que a

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aludida indenização deve ser pago mensalmente, sob a forma de A presente Reclamação foi ajuizada em 27/03/2017, portanto em

pensionamento, e não em parcela única, resguardando a parcela momento anterior à reforma trabalhista decorrente da Lei nº

correspondente ao 13º salário, com os reajustes da categoria, já 13.467/17, cuja vigência iniciou em 11/11/2017.

que se trata de natureza alimentar.

A Origem não pronunciou a prescrição. Não houve recurso acerca

Porém, por se tratar de pensão vitalícia, oportuna a constituição de da matéria.

capital para garantir o cumprimento da obrigação. Dessa forma a

Reclamada deverá indicar bens a fim de que sejam gravados por Consta na inicial que o autor foi admitido em 03/03/2015, na função

cláusula de inalienabilidade e impenhorabilidade, tudo na forma do de coletor de resíduos, sendo dispensado sem justa causa em

art. 533, §1º do Código de Processo Civil: 08/09/2016. Conforme termo de rescisão (fl. 11), sua última

remuneração foi no importe de R$2.042,51 (dois mil e quarenta e

Art. 533. Quando a indenização por ato ilícito incluir prestação de dois reais e cinquenta e um centavos).

alimentos, caberá ao executado, a requerimento do exequente,

constituir capital cuja renda assegure o pagamento do valor mensal O autor afirmou que em junho de 2016, após cumprir com sua

da pensão. equipe os seus afazeres e terminar a rota mais cedo do que o

normal, foram deslocados para ajudar outra equipe a terminar de

§ 1º O capital a que se refere o caput, representado por imóveis ou coletar. Que ao reiniciar suas atividades de coleta, o reclamante ao

por direitos reais sobre imóveis suscetíveis de alienação, títulos da abaixar para pegar um saco de resíduos sentiu um estalo na coluna,

dívida pública ou aplicações financeiras em banco oficial, será mas, que apesar das dores, foi medicado e continuou trabalhando,

inalienável e impenhorável enquanto durar a obrigação do até que não conseguiu mais e procurou um médico que lhe afastou

executado, além de constituir-se em patrimônio de afetação. duas vezes por 7 dias.

Dá-se parcial provimento para reduzir o pensionamento em 40% Relatou que continuou trabalhando por duas semanas após o

(quarenta por cento) da última remuneração, fixar o pagamento do primeiro atestado e, ao retornar do segundo afastamento, foi

pensionamento vitalício mês a mês, observando-se os reajustes da arbitrariamente desligado da Reclamada, enquanto se encontrava

categoria bem como a parcela referente ao 13º salário e determinar incapacitado para o labor. Consta na inicial que o autor foi admitido

a constituição de capital na forma do art. 533, §1º do Código de em 03/03/2015, na função de coletor de resíduos, sendo

Processo Civil. dispensado sem justa causa em 08/09/2016. Conforme termo de

rescisão (fl. 11), sua última remuneração foi no importe de

R$2.042,51 (dois mil e quarenta e dois reais e cinquenta e um

centavos).

Pugnou pela condenação da Reclamada no pagamento de

indenização por danos morais.

A Origem julgou procedente o pedido, adotando os seguintes

fundamentos:

2.4.1.3. DANOS MORAIS

(...)

Conforme conclusão alcançada no item supra, o reclamante, de

fato, padece de doença que guarda nexo de causalidade com as

atividades desempenhadas na reclamada.

Diante disso, o fato de a ré ter ou não incorrido em culpa não

constitui óbice à reparação por danos morais, afinal, conforme

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 968
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dispõe a Constituição Federal, no seu art. 5º, inciso X, "são artigo 5º, incisos V e X, como garantia do indivíduo.

invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das

pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou Diante da fundamentação expendida em tópico anterior, foi

moral decorrente de sua violação". reconhecido o nexo causal entre o labor e a doença ocupacional

incapacitante que o autor é portador.

E, sob esse prisma, o direito a um ambiente de trabalho sadio é

garantia constitucional, verificada em inúmeros dispositivos, tais Frise-se que o autor se encontra parcial e permanentemente

como o art. 1º, III, que determina que a dignidade da pessoa incapacitado para o labor.

humana é um dos fundamentos da República Federativa do Brasil;

o art. 5º, que assegura a inviolabilidade do direito à vida, que Inconteste, portanto, que tal fato é capaz de abalar a autoestima e a

engloba a saúde; o art. 7º, XXII, que garante o direito à redução dos paz interior do trabalhador, a ensejar a condenação da ré ao

riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene pagamento de indenização por danos morais.

e segurança; o art. 170, que preceitua a valorização do trabalho

humano, observado o princípio da defesa do meio ambiente; o art. Ademais, o dano, no caso dos autos, é in re ipsa. Desnecessária a

193, que prescreve que a ordem social tem como base o primado prova do dano diante de tais circunstâncias.

do trabalho e como objetivos o bem estar e a justiça social; o art.

196, que dispõe que a saúde é direito de todos e dever do Estado. Portanto, presentes os elementos configuradores da

responsabilidade civil do empregador, correta a sentença em

À vista disso, conforme leciona João Lima Teixeira Filho "o dano condenar a Reclamada no pagamento de indenização por danos

moral é o sofrimento humano provocado por ato ilícito de terceiro morais.

que molesta bens imateriais ou mágoa valores íntimos da pessoa,

os quais constituem o sustentáculo sobre o qual sua personalidade Nega-se provimento.

é moldada e sua postura nas relações em sociedade é erigida".

Outrossim, Rudolf Ihering deixou-nos lição no sentido de que "a

pessoa tanto pode ser lesada no que tem, como no que é".

Portanto, é devida, ao autor, indenização por danos morais

decorrentes da doença que acomete o autor.

Nesse diapasão, no que se refere ao quantum indenizatório, leva-se

em conta a natureza e extensão dos danos sofridos pelo autor, o 2.4.1.4. DANOS MORAIS. QUANTUM INDENIZATÓRIO.

período de afastamento do trabalho (apenas 14 dias), bem como a REDUÇÃO

remuneração recebida, R$ 5,13/hora,, conforme registro na inicial,

sem olvidar que o valor da condenação não deve ser nem tão

grande que se converta em fonte de enriquecimento, nem tão

pequeno que se torne inexpressivo para o réu, considero, justo e

razoável o pagamento de indenização no importe de R$ 5.000,00.

Em razões recursais a Reclamada sustentou não estarem presentes

os pressupostos ensejadores do dever de indenizar.

A presente Reclamação foi ajuizada em 27/03/2017, portanto em

Sem razão. momento anterior à reforma trabalhista decorrente da Lei nº

13.467/17, cuja vigência iniciou em 11/11/2017.

A reparabilidade do dano moral, após o advento da Constituição de

1988, tornou-se inegável, estando expressamente prevista em seu A Origem não pronunciou a prescrição. Não houve recurso acerca

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da matéria.

Conforme sentença, a indenização por danos morais foi fixada no

importe de R$5.000,00 (cinco mil reais). A presente Reclamação foi ajuizada em 27/03/2017, portanto em

momento anterior à reforma trabalhista decorrente da Lei nº

Em razões recursais a Reclamada pugnou pela sua redução, sem 13.467/17, cuja vigência iniciou em 11/11/2017.

contudo apontar o valor que entende devido.

A Origem não pronunciou a prescrição. Não houve recurso acerca

Sem razão. da matéria.

Para fins de fixação do valor da indenização por danos morais, deve Em recurso ordinário, pretende a Reclamada seja afastada a

-se levar em consideração vários aspectos, tais como a capacidade gratuidade de justiça concedida, sob o argumento de que o Autor

do réu, a gravidade do dano segundo a média das expectativas não se enquadra nos requisitos legais.

normais do homem; a intensidade do dolo ou o grau de culpa.

Sem razão.

Por fim, o caráter punitivo-pedagógico da indenização, de modo a

inibir condutas semelhantes. Ab initio, registre-se que este Relator entende que, em se tratando a

justiça gratuita de instituto bifronte, as inovações da Lei n.

Cumpre salientar que, conforme contrato social, o capital social da 13.467/2017 quanto ao tema (novos requisitos para concessão dos

empresa é de R$245.506.171,08 (duzentos e quarenta e cinco benefícios da justiça gratuita ao trabalhador) não deverão ser

milhões, quinhentos e seis mil, cento e setenta e um reais e Ito aplicadas aos processos já em curso.

centavos) (fl. 98), de modo que o valor da indenização, além de não

importar em enriquecimento sem causa, longe estaria de obstar a Isso porque é imprescindível que parte tenha ciência das

continuidade da atividade mercantil. consequências jurídicas do ajuizamento do processo ou da defesa

apresentada, com a possibilidade de previsibilidade para avaliação

Dessa forma, considerando a gravidade do dano sofrido e a das condutas processuais a serem adotadas.

ausência de elementos aptos a indicar eventual abusividade na

fixação do valor da indenização, o desprovimento do apelo se Salienta WAMBIER, ao tratar do princípio do devido processo legal:

impõe. "Isso quer dizer que toda e qualquer consequência processual que

as partes possam sofrer, tanto na esfera da liberdade pessoal

Nega-se provimento. quanto no âmbito de seu patrimônio, deve necessariamente

decorrer de decisão prolatada num processo que tenha tramitado de

conformidade com antecedente previsão legal. O devido processo

legal significa o processo cujo procedimento e cujas consequências

tenham sido previstas na lei".

Entendimento em sentido diverso não seria razoável e implicaria

afronta ao disposto no art. 10, CPC/15, com a configuração de

decisão surpresa e violação aos princípios da segurança jurídica e

do devido processo legal.

2.4.1.5. BENEFÍCIO DA JUSTIÇA GRATUITA

Destarte, a legislação a ser aplicada na espécie deverá ser aquela

vigente quando do ajuizamento da ação e da apresentação da

defesa, pois sua alteração poderia influenciar na conduta

processual das partes ou na avaliação dos riscos da demanda.

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Pois bem. tema, in verbis:

Compulsando os autos, verifica-se que, embora o Autor não esteja 3. BENEFÍCIOS DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA.

assistido pelo seu Sindicato de classe, cuidou de fazer constar REQUISITOS. NÃO CONHECIMENTO. Ao tratar dos requisitos

expressamente, na petição inaugural e na declaração de ID. para a concessão dos benefícios da justiça gratuita, o artigo 4º da

dc5e272, sua hipossuficiência, afirmando, sob as penas da Lei, Lei nº 1.060/50 dispõe que basta que a parte firme declaração de

encontrar-se em situação econômica que não lhe permite demandar pobreza, não havendo, sequer, exigência de prova da situação de

sem prejuízo do próprio sustento e do sustento de sua família. miserabilidade. Esse, aliás, também é o entendimento pacífico

desta Corte Superior, consubstanciado na Súmula nº 463, I . No

Deve, portanto, ser presumida sua precariedade econômica, nos caso , presente nos autos a declaração de pobreza, considera-se

termos do art. 99, §3º, do Novo Código de Processo Civil, in verbis: preenchido o requisito legal. Frise-se, ainda, que o benefício da

justiça gratuita não se confunde com o direito à percepção de

§ 3º Presume-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida honorários assistenciais, estes, sim, condicionados à representação

exclusivamente por pessoa natural. da reclamante por advogado credenciado junto à entidade sindical,

além de restar atendido o requisito da insuficiência econômica, nos

Nesse sentido é também a Súmula 463, I, do C. TST: termos Súmula nº 219, I. Recurso de revista de que não se

conhece" (RR-1116-94.2011.5.09.0029, 4ª Turma, Relator Ministro

Súmula nº 463 do TST Guilherme Augusto Caputo Bastos, DEJT 30/05/2019).

ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. COMPROVAÇÃO BENEFÍCIO DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA.

(conversão da Orientação Jurisprudencial nº 304 da SBDI-1, com DECLARAÇÃO DE HIPOSSUFICIÊNCIA ECONÔMICA.

alterações decorrentes do CPC de 2015) - Res. 219/2017, DEJT IMPOSSIBILIDADE DE SE AFASTAR A VERACIDADE DE TAL

divulgado em 28, 29 e 30.06.2017 - republicada - DEJT divulgado DECLARAÇÃO PELA MERA CONSIDERAÇÃO DOS VALORES

em 12, 13 e 14.07.2017 SALARIAIS PERCEBIDOS PELO EMPREGADO. A Lei nº 1.060/50

dispõe, no § 1º do seu artigo 4º, sobre a garantia do benefício da

I - A partir de 26.06.2017, para a concessão da assistência judiciária Justiça gratuita que é assegurada a todos aqueles que litigam

gratuita à pessoa natural, basta a declaração de hipossuficiência judicialmente e que não podem arcar com as despesas do

econômica firmada pela parte ou por seu advogado, desde que recolhimento das custas processuais, impondo, como condição a

munido de procuração com poderes específicos para esse fim (art. esse deferimento, que assim se declararem mediante simples

105 do CPC de 2015); afirmação na petição inicial acerca da sua situação econômica,

presumindo-se a veracidade dessa declaração. O artigo 790, § 3º,

Registre-se, ainda, que a assistência do requerente por advogado da CLT, da mesma forma, dispõe, como uma das condições em que

particular não impede a concessão da benesse (artigo 99, § 4º, do deve ser deferido o benefício da Justiça gratuita, sobre a simples

NCPC). declaração da parte postulante de não poder arcar com as custas

processuais judiciais sem que tenha prejuízo do seu sustento ou da

E mais, o artigo 99, § 2º, do NCPC, é expresso ao estabelecer que: sua família. Nesses termos, a simples afirmação da parte de estar

"(...) o juiz somente poderá indeferir o pedido se houver nos autos impossibilitada de arcar com as despesas do processo sem que lhe

elementos que evidenciem a falta dos pressupostos legais para a advenham prejuízos econômicos em razão desse ônus garante-lhe

concessão de gratuidade". o direito à isenção do recolhimento das custas, somente reputando-

se inverídica essa declaração em caso de efetiva comprovação

Saliente-se, ainda, que o benefício da gratuidade constitui direito contrária mediante alegação da parte adversa. Na hipótese, não se

fundamental, de aplicação imediata, previsto no artigo 5º, inciso constata, no acórdão regional, a existência de prova contundente

LXXIV, da CRFB/1988 a todos os brasileiros e estrangeiros contrária à declaração de hipossuficiência econômica do autor,

residentes no Brasil que comprovarem a insuficiência de recursos. tampouco a alegação da parte contrária de que essa condição não

seja condizente com a realidade. Com efeito, a decisão regional foi

Por fim, citem-se recentes arestos do C. TST versando sobre o proferida mediante análise de elementos fáticos contidos nos autos,

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em que se declinaram os valores pecuniários percebidos pelo O art. 791-A da CLT, incluído pela Lei n. 13.467/2017, determina

reclamante até o ajuizamento desta reclamação trabalhista. Tem-se, que serão devidos honorários da sucumbência, inclusive se o

no entanto, que a situação econômica experimentada pelo autor vencido for beneficiário da justiça gratuita.

não pode ser auferida mediante mera análise do montante por ele

recebido, eis que tal condição pode estar substancialmente Contudo, embora o art. 6º da mencionada lei (n. 13.467/17)

alterada. Nos termos da lei, a confirmação acerca da inveracidade estabeleça que seus dispositivos entram em vigor "após decorridos

da declaração econômica há que ser efetivamente comprovada, cento e vinte dias de sua publicação oficial", ou seja, em

assertiva que não se pode simplesmente presumir em razão de 11/11/2017, este Relator entende que, tratando-se os honorários

situações econômicas anteriormente vivenciadas pelo litigante advocatícios sucumbenciais de instituto bifronte, o marco temporal a

judicial. Agravo de instrumento desprovido (Ag-AIRR-1001764- indicar a legislação aplicável em cada caso deve ser o ajuizamento

04.2016.5.02.0441, 2ª Turma, Relator Ministro José Roberto Freire da ação (no caso, 31/03/2017) e não o da prolação da sentença,

Pimenta, DEJT 23/05/2019).Ante o exposto, concede-se à sob pena deconfiguração de decisão surpresa e violação aos

Reclamante o benefício da justiça gratuita. princípios da segurança jurídica e do devido processo legal.

Nega-se provimento. Aliás, nesse sentido, é o que estabelece o art. 6º da Instrução

Normativa n. 41 do TST, que dispõe sobre a aplicação das normas

processuais da CLT alteradas pela Lei n. 13.467/2017, in verbis:

Na Justiça do Trabalho, a condenação em honorários advocatícios

sucumbenciais, prevista no art. 791-A, e parágrafos, da CLT, será

aplicável apenas às ações propostas após 11 de novembro de 2017

(Lei nº 13.467/2017). Nas ações propostas anteriormente,

subsistem as diretrizes do art. 14 da Lei nº 5.584/1970 e das

Súmulas nºs 219 e 329 do TST. (sem grifos no original)

2.4.1.6. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

Pois bem.

Os Reclamante declarou a hipossuficiência econômica, no entanto,

não está assistido por sindicato profissional.

Portanto, verifica-se que não estão presentes, no caso concreto,

todos os pressupostos contidos na Lei n. 5.584/70 e na Súmula n.

219 do TST, aplicáveis ao caso em comento.

A presente Reclamação foi ajuizada em 27/03/2017, portanto em

momento anterior à reforma trabalhista decorrente da Lei nº Por fim, frisa-se que não há que se falar em ofensa ao art. 133 da

13.467/17, cuja vigência iniciou em 11/11/2017. CF. A uma, o regramento nada diz sobre honorários advocatícios. A

duas, trata-se de norma de eficácia contida, ou seja, em que pese

A Origem não pronunciou a prescrição. Não houve recurso acerca preconizar que o advogado é indispensável à administração da

da matéria. justiça, sua atuação é disciplinada pelo Estatuto da OAB e demais

diplomas legais que tratam da matéria, inclusive a CLT. Aliás, a Lei

Pugnou a Reclamada pela condenação do autor no pagamento de n. 8.906/94, o CPC e a Lei n. 5.584/70 possuem a mesma

honorários advocatícios, sustentando a aplicação imediata do art. hierarquia (lei ordinária), logo, quanto aos honorários advocatícios

791-A da CLT, incluído pela Lei n. 13.467/2017. da sucumbência, deve-se observar o princípio da especialidade,

aplicando-se esta última aos honorários sucumbenciais referentes

Sem razão. ao processo de natureza trabalhista e cuja ação tenha sido ajuizada

antes da vigência da Lei n. 13.467/2017.

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2869/2019 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 972
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Inclusive, a Súmula n. 18 deste Tribunal, editada sob a égide da A Origem não pronunciou a prescrição. Não houve recurso acerca

legislação anterior à reforma trabalhista, aplicável ao caso em da matéria.

análise, preconiza o seguinte:

Em razões recursais a Reclamada pugnou pela aplicação da Taxa

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. ESSENCIALIDADE DA Referencial quanto à atualização monetária.

ATUAÇÃO DO ADVOGADO EM QUALQUER PROCESSO.

ARTIGO 133 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. OBSERVÂNCIA DOS Sem razão.

REQUISITOS CONTIDOS NA LEI 5.584/70. SÚMULAS N° 219 E

329 DO E. TST. De início, frisa-se que, embora a Lei n. 13.467/2017 tenha inserido o

§ 7º ao art. 879 da CLT, segundo o qual a atualização dos créditos

Em que pese o artigo 133 da CF/88 dispor ser o advogado decorrentes de condenação judicial será feita pela TR, referido

essencial à administração da Justiça, em seara trabalhista, os preceito faz remissão expressa à Lei n. 8.177/1991. Vejamos:

honorários advocatícios não decorrem apenas da sucumbência.

Dependem do atendimento, pelo trabalhador, dos requisitos da Lei A atualização dos créditos decorrentes de condenação judicial será

5.584/70, quais sejam, estar assistido por Sindicato e perceber feita pela Taxa Referencial (TR), divulgada pelo Banco Central do

salário inferior ao dobro do mínimo legal ou encontrar-se em Brasil, conforme a Lei no 8.177, de 1o de março de 1991. (sem

situação econômica que não lhe permita demandar sem prejuízo do grifos no original)

sustento próprio ou da família. A verba honorária também é devida

nas ações em que o Sindicato atua na condição de substituto Desse modo, percebe-se que a força normativa do § 7º do art. 879

processual, nas lides que não dec

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