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COMUNIDADE E INDIVIDUALIDADE
À medida que o Espírito Santo continua chamando o povo de Deus a pôr em prática
as diversas facetas de comunidade implícitas em ser o corpo de Cristo, um mesmo
obstáculo é encontrado vez após vez. É o temor sincero (e potencialmente válido) de que a
comunidade possa destruir a individualidade – que a ênfase sobre a dimensão coletiva da
vida cristã venha minar a dimensão pessoal, fazendo com que o crente individual seja
incapaz de permanecer firme sozinho com Deus.
Não posso negar que alguns exemplos de comunidade tiveram esse resultado infeliz,
mas quero negar que isso deva ou tenha de acontecer. Vou afirmar também um princípio
que creio ser bíblico e de enorme importância: O objetivo de genuína comunidade é produzir
genuína individualidade, e o objetivo de genuína individualidade é produzir genuína
comunidade.
Antes de examinarmos a evidência para essa proposição, devo esclarecer que não
estou defendendo aqui nenhuma forma particular de comunidade, tal como viver todos
juntos numa mesma casa. Já que Jesus e seus apóstolos tinham seu dinheiro em comum
(Jo 13.29; 12.6), tenho de reconhecer que é uma opção válida para nós hoje. Entretanto,
devo reconhecer também as outras opções de comunidade quanto ao sistema econômico,
refletidas na Bíblia.
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Por Don W. Moore
Isso deve ser suficiente para dar uma idéia da diversidade de sistemas econômicos
existentes entre os cristãos do primeiro século. Vida em comunidade não é opcional se
quisermos ser obedientes à Palavra de Deus, mas a forma de comunidade é opcional. Que o
Senhor nos conceda a graça de avaliar sabiamente o número crescente de estilos
alternativos de vida comunitária que estão surgindo entre o seu povo hoje, e a graça de
nutrir preferências sem possuir preconceitos.
A ESSÊNCIA DE COMUNIDADE
Por exemplo, devemos estar dispostos a sacrificar certos aspectos da nossa liberdade
em Cristo a fim de não nos tornarmos pedras de tropeço a irmãos com consciência mais
fraca (1 Co 8). E devemos ser o “guarda do nosso irmão”, restaurando com ternura aqueles
que forem encontrados em qualquer falha (Gl 6.1). Devemos “admoestar os insubmissos,
consolar os desanimados, amparar os fracos, e ser longânimos para com todos” (1 Ts 5.14).
Devemos “exortar-nos mutuamente cada dia, durante o tempo que se chama Hoje, a fim de
que nenhum de nós seja endurecido pelo engano do pecado” (Hb 3.13).
O fato da maioria de nós resistir com tanto empenho a aplicação deste princípio
fundamental à esfera econômica da comunidade deve nos mostrar dolorosamente onde
realmente está o nosso tesouro (Mt 6.21). Quando Paulo exortou a comunidade de crentes
em Corinto – aqueles que gozavam os frutos de empreendimentos privados – a ofertar
generosamente para ajudar seus irmãos necessitados em Jerusalém, ele disse: “Porque não
é para que os outros tenham alívio, e vós, sobrecarga; mas para que haja igualdade,
suprindo a vossa abundância no presente a falta daqueles, de modo que a abundância
daqueles venha a suprir a vossa falta, e assim haja igualdade” (2 Co 8.13,14).
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Foi a comunidade dos crentes em Antioquia que enviou Paulo nas suas viagens
missionárias, recomendando-o à graça de Deus e sustentando-o espiritualmente (At 13.1-3;
15.40), e foi para esta comunidade que ele voltava cada vez, ministrando então à
comunidade da mesma forma que ela lhe havia ministrado (At 14.26-28; 18.22,23). Embora
sendo um firme individualista (Gl 1.10; 2.5,6,11), contudo evidencia-se claramente que Paulo
considerava esse sustento espiritual de importância vital para manter sua ousadia no
Senhor. Seu sustento espiritual incluía o apoio em oração de várias outras comunidades de
crentes, além da sua comunidade base (Rm 15.30-32; 2 Co 1.8-11: Ef 6.18-20).
Essa comunidade de crentes se tinha feito tão benquista ao coração de Paulo que
este ansiava profundamente estar com eles novamente (1.7,8). Embora encarcerado em
Roma quando escreveu esta carta, e esperando possivelmente a morte (desejando inclusive
partir para estar com Cristo), a suprema preocupação de Paulo era em favor dos filipenses
(1.19-25). De fato, através de toda a carta, esse robusto individualista revela seu desejo
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Finalmente, Paulo expressa sua profunda gratidão pelas ofertas recebidas dos
filipenses através dos anos, enfatizando ao mesmo tempo que, como um indivíduo
fortalecido pelo Senhor, ele tem aprendido a ficar contente em todas as circunstâncias, seja
em pobreza ou em abundância (4.10-18). Ele conclui com mais uma reciprocidade. Os
filipenses permitiram que Deus os usasse para suprir as necessidades de Paulo; agora o
Deus de Paulo há de suprir todas as necessidades dos filipenses (4.19).
Um dos problemas enfrentados pelo exército americano durante os primeiros dias dos
Estados Unidos era a natureza radicalmente independente dos soldados coloniais. Muitos se
dispunham a lutar, contanto que pudessem fazê-lo a seu próprio modo, sem que ninguém
lhes desse ordens para obedecer. Visto que esse espírito teimoso não permite verdadeira
cooperação, foi preciso forjar e temperá-lo antes que quaisquer formações eficientes de
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combate pudessem ser produzidas a partir daqueles tenazes pioneiros independentes. Essa
mesma atitude doentia de independência foi transportada para dentro da igreja atual, criando
problemas idênticos para o exército de Deus.
A comunidade que não produzir genuína individualidade vai destruir-se no fim sob o
peso esmagador dos seus dependentes incapazes, tal como sucedeu com o Império
Romano. Semelhantemente, a individualidade que não produzir genuína comunidade vai
destruir-se no fim diante da investida da rebeldia gerada por si mesma, tal como sucede
sempre que a anarquia tem dominado.
Pela graça de Deus, vamos nos apropriar da interdependência saudável que é a única
coisa capaz de nos libertar tanto da doença de dependência, quanto da doença de
independência. É esta a essência da comunidade que o Espírito Santo está procurando
incorporar no corpo de Cristo hoje.
Esta mensagem foi traduzida do original em inglês, intitulado “Community and Individuality”,
publicado por “Fellowship of Believers”.
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