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Faculdades Integradas Alcântara Machado

Curso Superior de Comunicação Social

Arthur Augusto Tome e Silva


Felipe Seikan Kohatsu
Israel Dias de Oliveira
Maria Gabriela
Natani Santana
Paloma Thais Nunes Canipa

TELEJORNAL

São Paulo
2010
Arthur Augusto Tome e Silva
Felipe Seikan Kohatsu
Israel Dias de Oliveira
Maria Gabriela
Natani Santana
Paloma Thais Nunes Canipa

TELEJORNAL

Texto para apresentação do seminário sobre


Telejornal. Requisito de complemento avaliativo
do primeiro semestre no curso de graduação em
Comunicação Social das Fiam
Faculdades Integradas Alcântara Machado

Orientadora: Beatriz Regina Pires Zaragoza

São Paulo
2010
RESUMO

Este trabalho foi elaborado com os preceitos do livro Quem? Quando?


Como? Onde? O quê? Por quê? de Edgar de Oliveira Barros, editora Imprensa da
Fé, 2002, onde dirigimos o foco para o Telejornal no Brasil. Começamos com os
fatos históricos do telejornal, resumidamente abordamos a maneira como ele é feito,
indo aos índices de visibilidade das emissoras e suas grades jornalísticas de
amplitude nacional. O Jornal nacional é tema de exemplo neste trabalho com sua
história e depoimentos de seu editor chefe, William Bonner. E, finalmente
concluímos com uma pergunta intrigante e ao mesmo tempo relevante; qual o futuro
do telejornal?

Palavras-chave: Telejornalismo. Televisão.


SUMÁRIO

RESUMO.....................................................................................................................3

SUMÁRIO....................................................................................................................4

INTRODUÇÃO ............................................................................................................5

01. História do Telejornal.............................................................................................6

02. Telejornal nacional das 04 maiores emissoras brasileiras ....................................7

03. Como é Feito?.......................................................................................................8

04. Aspectos textuais do telejornal e suas influências ................................................9

05. Abrangência da TV Globo e o Jornal Nacional....................................................11

06. Uma breve história do Jornal nacional ................................................................13

07. O Futuro de telejornal..........................................................................................15

CONCLUSÃO............................................................................................................17

REFERÊNCIAS.........................................................................................................18

GLOSSÁRIO .............................................................................................................20

ANEXO A - "De Bonner Para Homer" de Laurindo Lalo Leal Filho*..........................22

ANEXO B – “Resposta sobre caso Homer” de William Bonner.................................25


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INTRODUÇÃO

Neste trabalho você encontrará as origens históricas do telejornal no


Brasil, incluindo conceitos de criação e rotina de repórteres e comunicadores.
Buscamos entender as diferenças entre a mídia impressa e a televisiva.
O conceito de abrangência e visibilidade das emissoras, assim como o
espaço cedido ao telejornal em sua grade diária foi demonstrado através de dias da
semana, horários e numero de pesquisa.
Como não poderia deixar de ser, a grande campeã de audiência é a Rede
Globo. Com quase 70% de preferência e 97% de abrangência no território nacional,
foi o que nos levou a dedicar mais tempo de pesquisa à Globo, mais precisamente
ao Jornal Nacional.
Não se espante quando estiver lendo “O texto do Bonner”, pois, quem foi
que disse que tudo que vemos na TV é a pura verdade?
6

01. História do Telejornal

Imagens do Dia foi o primeiro telejornal brasileiro. Nasceu com a TV Tupi


de Assis Chateaubriand (Diários Associados) na primavera de 1950, exatamente no
dia 19 de setembro. Durou um ano. Tinha um formato simples: o locutor Rui
Resende produzia e redigia as notícias. Algumas notas tinham imagens feitas em
filme preto e branco, sem som.
Mas o primeiro jornal de sucesso da televisão brasileira foi o Repórter
Esso, também da Tupi. Ficou no ar de 17 de Junho de 1953 até 1970, com sua
inolvidável vinheta de abertura (“Aqui fala o seu Repórter Esso, testemunha ocular
da História”), apresentado por dois destacados locutores de rádio: Kalil Filho e,
depois, Gontijo Teodoro.
Entretanto, no final da década de 1960, as inovações tecnológicas
importadas dos EUA, entraram no telejornalismo brasileiro e o Jornal Nacional, da
Rede Globo de Televisão, criado por Armando Nogueira, estreou em 1º de Setembro
de 1969, tornando-se líder de audiência e referência da imprensa nacional. Foi o
primeiro a apresentar reportagens em cores, o primeiro a apresentar reportagens
internacionais via satélite no instante em que os fatos ocorriam. O estilo de
linguagem, a narrativa, a figura do repórter, em semelhança aos telejornais
americanos da época.
Em 1977 a Globo São Paulo colocou no ar um jornal de serviço: Bom Dia
São Paulo, que até hoje vai ao ar de segunda a sexta, às 7h da manhã. Também
incorporou novas tecnologias: foi o primeiro a usar a UPJ (Unidade Portátil de
Jornalismo) com repórteres entrando ao vivo de vários pontos da cidade,
transmitindo informações de serviço como tempo, trânsito, movimentação da cidade,
aeroporto etc. São características que permanecem até hoje. O sucesso deu origem
ao Bom Dia Brasil, em 1983, que vai ao ar logo após o “Bom Dia” de cada praça,
com o noticiário político gerado em Brasília.
A história do telejornalismo brasileiro destaca, também, o TJ Brasil,
lançado em 04 de Setembro de 1988, no Sistema Brasileiro de Televisão-SBT (de
Silvio Santos). Também se inspirou no formato americano ao inovar com a
emblemática figura do âncora Boris Casoy, que saiu do jornal impresso e logo se
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acertou com a TV, conquistando seu espaço e seu público. Em meados de 1997
Casoy foi para a TV Record.
Também em 1997 a televisão brasileira ganhou outro jornal importante, o
Jornal da Band, igualmente influenciado pelos costumes americanos, apresentado
por Paulo Henrique Amorim, com um estilo forte e opinativo, com informações
exclusivas e ao vivo.

02. Telejornal nacional das 04 maiores emissoras brasileiras

Rede Globo – Hoje com quatro telejornais nacionais, são eles: Bom Dia
Brasil, é exibido de segunda a sexta-feira pontualmente às 07h15, Jornal da Globo,
é um telejornal noturno sem horário fixo de transmissão e exibido de segunda a
sexta-feira, Jornal Hoje, vai ao ar de segunda a sábado, das 13h15 às 13h45 e o
Jornal Nacional que é exibido de segunda a sábado, das 20h15 às 20h55 (que será
abordado ao longo do trabalho).
SBT (Sistema Brasileiro de Televisão) - Atualmente, possui três telejornais
nacionais, sendo eles: Jornal do Sbt - Manhã, que vai ao ar de segunda a sexta, das
04h00 ás 06h00, o Sbt Brasil, exibido das 19h15 ás 20h00, de segunda a sábado, e
por fim, a segunda edição do Jornal do Sbt, que não tem horário fixo para ser
apresentado, geralmente, depois do horário nobre da emissora, e vai ao ar de
segunda a sexta.
Rede Record - São dois telejornais para todo o Brasil: O Fala Brasil, que
vai ao ar de segunda a sexta, no período matutino, sem horário fixo, e o Jornal da
Record, que é transmitido de segunda a sexta, das 19h45 ás 20h30, e aos sábados,
das 22h00 ás 22h30.
Rede Bandeirantes - Possui quatro telejornais nacionais: Primeiro Jornal,
das 07h00 ás 07h30, de segunda a sexta, o Brasil Urgente, também de segunda a
sexta, das 16h40 ás 18h40 ( para SP, o telejornal prossegue até as 19h20.), o Jornal
da Band, que vai ao ar de segunda a sábado, das 19h20 ás 20h25, e para encerrar,
o Jornal da Noite, é transmitido de segunda a sexta, das 0h15 ás 01h00.
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03. Como é Feito?

Em termos práticos, podemos dizer que o telejornal começa com uma


pauta, onde é definido o tema para a reportagem. A utilização de recursos
audiovisuais, hoje, é palavra de ordem.
Acontece, às vezes, a falta de imagens para uma determinada notícia.
Então é preciso recorrer à arte, que fornecerá mapas, selos, desenhos, gráficos,
quadros parados, legendas, fotos, animação, simulação, reconstituição. Quando a
transmissão é por telefone, coloca-se uma foto do repórter sobre o mapa com a
localização dele e a legenda com crédito e origem.
Os editores de TV pedem texto simples e coloquial, mas não vulgar e
muito menos literário.
Depois que se define a pauta e os roteiros de apresentação de todas as
matérias do telejornal, é feito o espelho do telejornal.
Antes de terminar um bloco e passar para outro é necessário chamar a
principal matéria que vem a seguir. Trata-se de uma escalada.
Mais à frente abortaremos outros aspectos que se refere aos bastidores
do telejornal de forma mais rotineira. (veja o “Texto do Bonner”).
Dos itens citados neste breve relato de como é feito um Telejornal, vamos
destacar a pauta, que, pelo que percebemos merece o destaque.
A pauta tem na televisão uma importância maior que em outros veículos
por suas características. A atenção exigida aos detalhes necessários para a
elaboração de uma reportagem na TV aumenta a importância do planejamento.
O pauteiro é aquele que na imensidão dos acontecimentos na sociedade
capta o que pode ser transformado em reportagem. Esse trabalho vai além da
seleção dos assuntos do dia. O pauteiro deve planejar reportagens exclusivas, fugir
do conceito enraizado ao longo do tempo de que o veículo eletrônico quando não
está cobrindo o factual se limita a repercutir os jornais. É preciso criar.
O pauteiro pensa o assunto por inteiro e indica os caminhos que devem
ser percorridos para que a reportagem prenda a atenção do telespectador, atinja o
público-alvo da emissora. Ele apóia decisivamente a construção da reportagem
sugerindo perguntas e caminhos para o repórter. Este tem liberdade de interpretar a
9

pauta, mudá-la no meio do caminho ou simplesmente comunicar que ela é


inexequível por motivos que devem ser explicados à chefia.

04. Aspectos textuais do telejornal e suas influências

As notícias de jornal e as de televisão são semelhantes ao utilizarem os


mesmos temas e fórmulas de ação dramática, porém, ao compararmos a mesma
notícia informada por um jornal impresso com a noticiada na televisão, as diferenças
notadas vão desde a estrutura ideológica do meio até o aspecto de como o texto é
levado ao público.
Na estrutura ideológica, ressalta-se principalmente a quantidade de
conteúdo que os dois são capazes de cobrir. Enquanto o impresso pode publicar
muito mais “estórias”, e muito mais textos do que a maior parte dos leitores pretende
ler, os seus assuntos ficam a mercê do leitor, que escolherá o que lerá de acordo
com seus interesses e disponibilidades. Já no noticiário televisivo, as notícias têm
que ser selecionadas e organizadas de modo a serem vistas integralmente pelo
espectador. Em resumo, enquanto o conteúdo do jornal é um agregado numeroso e
diverso, no telejornal os elementos formam tipicamente um todo unificado. O
resultado disso é que a televisão é capaz de ser muito mais pungente e incisiva em
um único ponto de vista de algum acontecimento.
Sabemos que não se faz TV sem imagem, mas a palavra tem lugar
privilegiado, pois texto e imagem devem ser complementares e não excludentes.
Dessa forma, na parte textual, uma diferença básica entre o texto do jornal impresso
e o texto do telejornal é que, pela própria característica da instantaneidade da
televisão, o telespectador deve “pegar a informação de uma vez”. Se isso não
acontece, o objetivo de transmitir a informação é fracassado. Por esse motivo, ao se
escrever uma lauda (ou script) de telejornal, há requisitos essenciais para uma prosa
jornalístico-informativa: clareza, concisão, simplicidade, exatidão, precisão,
naturalidade, ritmo e brevidade.
Coloquialismo, clareza e precisão servem como o ponto inicial para
jornalistas e para os editores dos principais telejornais. Em seu texto, Alfredo Vizeu
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nos dá um exemplo prático dessa necessidade; ao ser questionado sobre se a


matéria que estava sendo editada seria atraente e acessível ao público, Odejaime
de Hollanda, que foi um dos editores executivos do Jornal Nacional, da Rede Globo,
respondia aos outros editores com outra questão: “Minha mãe vai entender?”.
A partir disso, podemos entrar em outro aspecto determinante na hora de
decidir o que é noticiável ou não: a preocupação com o telespectador, com a
audiência. Enquanto no jornal impresso preocupa-se em ter uma gama de notícias
extensa, variada e, por vezes, aprofundadas para atingir públicos mais críticos, no
telejornalismo a palavra de ordem é simplificação. Para a maioria das pessoas, os
telejornais são a primeira informação que elas recebem do mundo que as cerca:
como está a política econômica do governo, o desempenho do Congresso Nacional,
o cotidiano do homem comum e das celebridades, entre outras coisas.
Tendo a noção da força da televisão, os editores enxergam que a notícia
é um “produto” à venda e, dessa forma, surge a necessidade de angariar o maior
número possível de “consumidores”. Nessa ânsia pela audiência, os telespectadores
são subjugados por parte dos principais meios de comunicação e, como
consequência, caso utilizem um único meio (i.e.,um telejornal) como fonte de
informação, poderão ter visões parciais e, algumas vezes, poucas notícias que os
interessem de fato.
Como no neste trabalho nosso estudo de caso é o Jornal Nacional, da
Rede Globo de Televisão, tomaremos como modelos, o texto do professor Laurindo
Lalo Leal Filho e a réplica a esse texto feito pelo jornalista, apresentador e editor-
chefe do Jornal Nacional, William Bonner (anexos A e B, respectivamente).
Após realizar uma visita para conhecer o funcionamento do Jornal
Nacional e algumas instalações da Rede Globo, Laurindo relata em seu texto como
funciona o dia-a-dia dos jornalistas que preparam o principal telejornal da televisão
brasileira. Antes mesmo de discutirem a pauta, Bonner, ao conversar com os
visitantes, oferece de forma descompromissada um vislumbre de qual é a concepção
que possui dos telespectadores que o assistem diariamente: ele os compara ao rude
personagem Homer Simpson do desenho norte-americano Os Simpsons. O
personagem é conhecido popularmente por ser um estereótipo cômico da classe
trabalhadora estadunidense: preguiçoso e ignorante, mas dedicado à família.
Ainda durante a visita, Bonner menciona uma pesquisa realizada pela
Rede Globo que constatou que o perfil do telespectador médio do Jornal Nacional
11

possui dificuldade para compreender notícias complexas e pouca familiaridade com


siglas. Se o editor-chefe julgar determinada reportagem como de difícil
compreensão, ela é descartada. Continuando o relato, o professor ainda analisa o
processo de escolha de reportagens e ao citar um exemplo, ressalta a
tendenciosidade das escolhas. “A defesa da matéria (escolhida) é em cima do medo,
sentimento que se espalha pelo País e rende preciosos pontos de audiência.”
(FILHO, 2005)
Um dia após a publicação do texto de Laurival, Bonner (2005) veio a
público explicar-se através de uma nota. Segundo ele, a simplificação dos textos do
Jornal Nacional visa atender a todos os níveis sociais, e não transformar o didatismo
utilizado em aborrecimento para o público mais exigente. Sobre a utilização da
alcunha de Homer para os telespectadores, o apresentador diz que sua visão do
personagem difere da do professor; para ele, Homer é trabalhador e chefe de família,
por isso não concorda com a visão de Laurival, que considera preconceituosa e
negativa.
Não queremos entrar no mérito de qual parte está certa ou errada,
queremos apenas, através de exemplos reais, ilustrar como no jornalismo televisivo
há inúmeras variáveis a serem consideradas e o texto é, sem dúvida, uma das mais
importantes.
Sabemos que o sucesso ou o fracasso de alguns produtos jornalísticos
não se deve apenas à tecnologia empregada, mas também à qualidade do conteúdo.
Um bom texto e/ou aquele que tem apelo popular está fadado a ser bem sucedido.

05. Abrangência da TV Globo e o Jornal Nacional

Para falarmos mais sobre o telejornal, tomamos como exemplo o jornal


com maior abrangência, sendo o Jornal Nacional da Rede Globo. Abaixo podemos
visualizar alguns dados recentes de pesquisa encomendada pelo governo federal:
A Rede Globo é a emissora preferida da maioria dos brasileiros, segundo
pesquisa da empresa Meta Pesquisa de Opinião, encomendada pela Secretaria de
Comunicação da Presidência da República (Secom).
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De acordo com o levantamento, a Globo tem a preferência de 69,8% dos


entrevistados ouvidos pelos pesquisadores. A Rede Record, segunda colocada,
obteve 13%. Em seguida, aparecem SBT (4,7%) e Bandeirantes (2,9%).
Os números fazem parte da pesquisa que a Secom decidiu fazer para
identificar hábitos de informação da população brasileira e, com base nesses dados,
orientar as estratégias de comunicação do governo. A pesquisa foi publicada no site
da Secom no dia 8 de junho.
Foram ouvidos, em março, moradores de 12 mil domicílios em 539
municípios de todos os estados, entre homens e mulheres com mais de 16 anos de
diferentes faixas de renda e escolaridade.

Fig. 01. JN, telejornal de maior visibilidade

A televisão é o meio de comunicação de maior abrangência. Segundo o


levantamento, ela é assistida por 96,6% da população brasileira. Os canais de
televisão aberta são assistidos por 83,5% dos entrevistados. Outros 10,4% assistem,
além da TV aberta, canais de TV por assinatura. No total, os canais abertos são
assistidos por 93,9% dos entrevistados. Somente 2,7% afirmaram que assistem
apenas canais de TV por assinatura.
Segundo a pesquisa, os telejornais são considerados a programação
televisiva mais relevante para 64,6% dos entrevistados. A segunda programação
considerada mais importante são as novelas (16,4%). Os programas esportivos
aparecem em terceiro lugar, com 7,2% da preferência.
O levantamento mostra o Jornal Nacional como o telejornal mais assistido
nos lares brasileiros, com 56,4% da preferência. A confiança na Rede Globo foi
13

apontada por 27,8% dos entrevistados como o principal motivo que faz do JN um
líder de audiência.
O segundo colocado na preferência foi o Jornal da Record, com 7,4%. Em
terceiro e quarto lugares, aparecem outros dois jornais da Rede Globo: o Jornal Hoje
(2,8%) e o Jornal da Globo (2,7%).
Comunicadores: A dupla de apresentadores do Jornal Nacional, da Rede
Globo, lidera entre os comunicadores considerados mais confiáveis, segundo o
levantamento.
De acordo com o levantamento, William Bonner tem 33,7% da confiança
dos entrevistados e Fátima Bernardes, 18,1%. Em terceiro lugar está Boris Casoy,
com 4% das indicações. Em seguida, aparecem Alexandre Garcia (2,4%), Arnaldo
Jabor (2%), Jô Soares (1,8%), Joelmir Betting (1,1%), Ricardo Boechat (0,9%) e
Miriam Leitão (0,6%).
Segundo o relatório divulgado pela Secom, Bonner também foi destacado
como comunicador que auxilia na decisão de opinião ou mudanças de ideia (12%).
Nesse caso, 85,2% responderam negativamente à questão e não indicaram um
comunicador.

06. Uma breve história do Jornal nacional

Em ordem cronológica, destacaremos alguns dos principais fatos que


marcaram a história do mais antigo telejornal brasileiro.
1969 - Nasce o Jornal Nacional, gerado no Rio de Janeiro e transmitido
para todas as emissoras da rede, não demorou a se tornar o jornal número um do
Brasil.
1977 - Utilizaram uma tecnologia inovadora das transmissões ao vivo,
Glória Maria foi a primeira repórter a entrar ao vivo no ar.
1978 - São substituídos os filmes de 16 mm por ENG (eletronic news
gathering), assim as edições dos VT’s passam a ser mais rápidas.
1991 - Pela primeira vez uma guerra é transmitida ao vivo pela televisão,
a guerra do golfo.
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1994 - É a primeira vez em que uma copa do mundo é ancorada ao vivo


do país sede, os Estados Unidos, nesse mesmo ano o Jornal Nacional completa 25
anos.
1998 - A banca do Jornal Nacional passa a ser a que conhecemos até
hoje com Fatima Bernardes e William Bonner.
2000 - O Jornal Nacional sai do estúdio, agora é apresentado de dentro
da redação, levando à casa dos telespectadores a redação do jornal.
2001 - O jornal recebe o premio EMMY, pela cobertura dos atentados de
11 de setembro, e também recebe o premio Esso de jornalismo pelo trabalho “Feira
de drogas”.
2002 - é ano de copa do mundo mais uma vez, e Fátima Bernardes
apresenta o jornal da Koreia e do Japão, ode a copa está ocorrendo, e na cobertura
das eleições deste ano, o Jornal Nacional promove pela primeira vez uma rodada
de entrevistas ao vivo no cenário, com os quatro principais candidatos a presidência.
2006 - mais uma copa do mundo com transmissão com Fátima Bernardes
apresentando do país sede, é o ano que o Brasil chega ao espaço e no dia 10 de
abril, o Jornal Nacional abre um link direto do espaço para falar com o astronauta
Marcos Pontes.
2007 - com a vinda do Papa Bento XVI ao Brasil em maio, O Jornal
Nacional é apresentado dos locais onde o Pontífice esteve. Em julho ocorre uma
tragédia em Congonhas com um Airbus da TAM, onde William Bonner fez a
cobertura ao vivo direto do local do acidente. Nesse mesmo ano ocorre o Pan do
Brasil, no Rio de Janeiro, o jornal é apresentado de alguns locais de competição, e
desde o começo do ano reportagens de esporte e inclusão social são apresentadas.
2008 - O Jornal Nacional cobre o seqüestro de Eloá Pimentel pelo Ex
namorado, que terminou em tragédia. No final do ano William Bonner vai a
Washington DC fazer a cobertura da lendária eleição de Barack Obamma o primeiro
presidente negro na história dos Estados Unidos, enchentes provocam destruição de
Santa Catarina, Bonner sai da bancada novamente para em um vôo de helicóptero
mostrar a destruição causada pelas chuvas. Nesse mesmo ano o Jornal Nacional é
indicado novamente para o premio EMMY.
2009 - O JN completou 40 anos. Para celebrar a data, repórteres foram
entrevistados por Fátima Bernardes e William Bonner na bancada do JN, numa
homenagem a todos aqueles que ajudam a fazer o telejornal diariamente. A aviação
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mundial teve uma tragédia histórica: o voo Air-France 447 desapareceu na rota entre
Rio e Paris, com 227 pessoas a bordo. Uma nova gripe assolou o mundo e o Brasil
chegou a ter a quinta maior taxa de mortalidade pela gripe H1N1. O mundo chora a
perda do rei do Pop Michael Jackson que morreu após uma parada cardíaca. E mais
uma vez o Jornal Nacional cobriu esses fatos com clareza, mostrando aos brasileiros
um jornalismo sério.

07. O Futuro de telejornal

O futuro do telejornalismo não pode ser descoberto. Talvez, ninguém


saiba como serão os telejornais daqui alguns anos.
Ficção científica? Cenário de filme futurista? Pode ser. Mas alguns
pesquisadores como o Prof. John Pavlik em importantes centros de pesquisa de
jornalismo como o Media Center da Universidade de Columbia e da Universidade
Rutgers de Nova Jersey nos Estados Unidos já estão de olho nas incríveis
possibilidades da realidade virtual para o jornalismo.
Eles desenvolvem diversos projetos como o ‘situated documentaries’ e as
câmeras de vídeo de 360 graus que procuram introduzir os conceitos e a tecnologia
de realidade virtual.
O objetivo é modificar a percepção dos fatos pelos jornalistas e a
recepção da notícia pelos telespectadores. Eles desenvolvem a tecnologia que será
utilizada pelo jornalismo de um futuro que não só apresenta diversas versões dos
fatos, mas que possibilita vivenciá-los em diversas formas de realidade.
Escolas de jornalismo também deveriam ser centros de pesquisa. Não
deveriam se restringir a formatar estudantes, cultuar o passado, criticar o presente e
ignorar ou temer o futuro. Indicar ao mercado as opções para novos produtos,
tecnologias ou linguagens comunicacionais também deveriam ser função da
universidade. A TV brasileira não investe em experimentação laboratorial e pesquisa
para criar seu próprio futuro. É sempre mais fácil ir a Miami assistir à programação
das TVs americanas, voltar com idéias ‘brilhantes’ ou simplesmente pagar fortunas
aos criadores de ‘jogos’ de shows de realidade.
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No Brasil, os nossos telejornais tradicionalmente preferem repetir as


fórmulas bem e mal sucedidas das TVs americanas. Até mesmo os cenários,
formatos, linguagens e títulos são simplesmente ‘copiados’ dos americanos. O Good
morning América da rede ABC, por exemplo, se tornou o nosso... Bom dia Brasil. É
idêntico aos programas de notícia matinais produzidos na América. Deve ser mera
coincidência! Pelo jeito, é mais fácil, cômodo e seguro copiar os modelos importados
do que criar uma programação alternativa. De qualquer maneira, no mundo matrix
da TV brasileira, o grande público não percebe nada ou não se importa mais. Afinal
a programação pode ser ainda pior e ainda mais clonada na outra realidade de uma
TV concorrente.
As experiências sobre o futuro dos telejornais nos EUA não se limitam a
especular sobre questões éticas ou sobre formatos. Essas pesquisas também
tendem a criar novas tecnologias na forma de softwares e produtos ainda mais
específicos para a prática do jornalismo. Através da história, a introdução de novas
tecnologias muda nosso próprio conceito de realidade, jornalismo, notícia, narrativa,
mediação e, principalmente, a nossa própria noção de público. Nesse futuro, o
telespectador passaria a ter acesso e vivenciar as informações e impressões que até
hoje seriam privilégio dos nossos enviados especiais. A simulação da realidade
pelas palavras e imagens produzidas pelos jornalistas ultrapassa seus limites e se
torna uma nova realidade. A TV ao vivo modificou a nossa forma de ‘ver’ o mundo. A
‘realidade virtual’ nos nossos futuros telejornais modificaria a nossa forma de ‘viver’
esse mesmo mundo.
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CONCLUSÃO

Quando assistimos um telejornal, dificilmente paramos para pensar em


como ele foi feito e porque ele é dessa forma, mas ao longo da produção deste
trabalho, tivemos a chance de conhecer melhor os precursores do telejornalismo, o
que há por trás das câmeras, a importância do texto somado com a imagem, a
onipresença da televisão como meio de comunicação e a hegemonia do Jornal
Nacional.
Além disso, tentamos especular o que poderemos esperar do
telejornalismo no futuro, mas descobrimos que essa é uma tarefa árdua. Com a
convergência das mídias e a democratização da tecnologia em parte da população,
é difícil até mesmo saber o que o público, seja o leitor ou o telespectador, esperará
dos meios de comunicação.
Comunicar (-se) e informar (-se) sempre serão características essenciais
para os seres humanos. Se com toda tecnologia já disponível, a televisão ainda é
um dos principais meios de levar informações, acreditamos que o papel dos
telejornais demorará algum tempo para se tornar obsoleto.
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REFERÊNCIAS

BARBEIRO, Heródoto; LIMA, Paulo Rodolfo. Manual de telejornalismo. Rio de


Janeiro: Campus, 2002.

CAMPOS, Pedro Celso. Introdução ao Jornalismo. Bauru: 2003. Disponível em:


<http://webmail.faac.unesp.br/~pcampos/Introducao%20ao%20Telejornalismo.htm>
Acesso em: 24 ago. 2010.

PATERNOSTRO, Vera Íris. O Texto na TV: Manual de Telejornalismo. 7ª edição. Rio


de Janeiro: Campus, 1999.

BONNER, William. Leia nota sobre caso Homer. São Paulo: 2005. Disponível em:
<http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u55781.shtml> Acesso em 26
ago.2010.

BRASIL, Antônio. TV Matrix e o futuro dos telejornais. 2003. Disponível em:


<http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos/asp27052003994.htm> Acesso
em 02 de set. 2010.

FILHO, Laurindo Lalo Leal. De Bonner Para Homer. São Paulo: 2005. Disponível
em: <http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=358asp010>
Acesso em 26 ago. 2010.

G1. Confira a história do JN: Em 1º de setembro de 1969 foi ao ar a primeira edição


do Jornal Nacional. 2010. Disponível em: <http://g1.globo.com/jornal-
nacional/noticia/2010/04/confira-historia-do-jn.html> Acesso em 02 de set. 2010.

G1. Rede Globo é a emissora preferida, aponta pesquisa encomendada pelo


governo federal: Levantamento indica que Globo tem preferência de 69,8% dos
entrevistados. Pesquisa entrevistou moradores de 12 mil domicílios em 539 cidades.
Brasília: 2010. Disponível em: <http://g1.globo.com/brasil/noticia/2010/06/rede-globo-
19

e-emissora-preferida-aponta-pesquisa-encomendada-pelo-governo-federal.html>
Acesso em 26 ago. 2010.

VARGAS, Heidy. Manual de Redação para Telejornalismo da Faculdade Metodista


de São Paulo. São Paulo. Disponível em:
<http://jornal.metodista.br/tele/manual/glossario.htm> Acesso em 30 ago. 2010.

VIZEU, Alfredo. Decidindo o que é notícia: os bastidores do telejornalismo.


Pernambuco. Disponível em: <http://www.bocc.uff.br/pag/vizeu-alfredo-decidindo-
noticia-tese.pdf> Acesso em: 24 ago. 2010.

VIZEU, Alfredo. Telejornalismo, audiência e ética.Pernambuco: 2002. Disponível em:


<http://www.bocc.uff.br/pag/vizeu-alfredo-telejornalismo-audiencia-etica.pdf> Acesso
em: 20 ago. 2010.
20

GLOSSÁRIO

Ao vivo: Transmissão de um fato. A notícia na hora em que ela acontece. A


transmissão pode ser feita dentro do estúdio ou no local do acontecimento.
Arte: Ilustração visual computadorizada, utilizada para facilitar a compreensão do
telespectador. Costuma-se usar em matérias que têm gráficos, tabelas e/ou números.
Áudio: O som da reportagem.
Áudio ambiente: Som gravado na hora e no local em que a reportagem é feita. O
som ambiente, além de ilustrar a matéria, pode conter informações importantes.
Bloco: Um telejornal é dividido em partes que chamamos de blocos.
Deadline: Termo usado para definir o prazo final de qualquer procedimento.
Decupagem: É quando o editor marca a minutagem das melhores cenas e sonoras
feitas pela equipe de reportagem na rua.
Diretor de TV: Profissional que comanda toda a operação técnica enquanto o
telejornal está no ar.
Edição: Montagem de uma matéria unindo áudio e vídeo.
Entrevista: Diálogo entre o repórter e o personagem fonte da informação.
Escalada: São as manchetes do telejornal, sempre no início de cada edição. Serve
para aprender a atenção do telespectador no início do jornal e informar quais serão
as principais notícias daquela edição.
Espelho: É o cronograma de como o telejornal irá se desenrolar. Prevê a entrada de
matérias, notas, blocos, chamadas e encerramento do telejornal.
GC: termo técnico que indica os créditos de uma matéria na lauda
Lauda: Papel com marcações especiais, em que o jornalista escreve os textos.
Lead: Invariavelmente está na abertura da matéria ou a cabeça da matéria lida pelo
apresentador.
Link: Termo técnico que indica entrada ao vivo do repórter, do local onde acontece a
notícia.
Locutor ou apresentador: Profissional que faz a apresentação das notícias no
telejornal.
Manchete: Frase de impacto com informação forte.
Matéria: O mesmo que reportagem. É o que é publicado no veículo de comunicação.
Notícia: Acontecimento relevante para o público do telejornal ou qualquer veículo de
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comunicação.
Plano: Angulação da câmera. Pode ser plano geral, médio, americano, primeiro
plano ou primeiríssimo plano.
Retranca: Identificação da matéria. É o nome que a reportagem tem. É usado
apenas internamente e destaca apenas duas palavras do VT (Ex:
INFLAÇÃO/COMÉRCIO)
Videotape ou VT: Equipamento eletrônico que grava o sinal de áudio e vídeo
gerado por uma câmera.
Vinheta: É o que marca a abertura ou intervalo do telejornal. Alguns eventos
importantes também merecem vinheta.
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ANEXO A - "De Bonner Para Homer" de Laurindo Lalo Leal Filho*

Perplexidade no ar. Um grupo de professores da USP está reunido em


torno da mesa onde o apresentador de tevê William Bonner realiza a reunião de
pauta matutina do Jornal Nacional, na quarta-feira, 23 de novembro.
Alguns custam a acreditar no que vêem e ouvem. A escolha dos principais
assuntos a serem transmitidos para milhões de pessoas em todo o Brasil, dali a
algumas horas, é feita superficialmente, quase sem discussão.
Os professores estão lá a convite da Rede Globo para conhecer um
pouco do funcionamento do Jornal Nacional e algumas das instalações da empresa
no Rio de Janeiro. São nove, de diferentes faculdades e foram convidados por terem
dado palestras num curso de telejornalismo promovido pela emissora juntamente
com a Escola de Comunicações e Artes da USP. Chegaram ao Rio no meio da
manhã e do Santos Dumont uma van os levou ao Jardim Botânico.
A conversa com o apresentador, que é também editor-chefe do jornal,
começa um pouco antes da reunião de pauta, ainda de pé numa ante-sala bem
suprida de doces, salgados, sucos e café. E sua primeira informação viria a se tornar
referência para todas as conversas seguintes. Depois de um simpático ‘bom-dia’,
Bonner informa sobre uma pesquisa realizada pela Globo que identificou o perfil do
telespectador médio do Jornal Nacional. Constatou-se que ele tem muita dificuldade
para entender notícias complexas e pouca familiaridade com siglas como BNDES,
por exemplo. Na redação, foi apelidado de Homer Simpson. Trata-se do simpático
mas obtuso personagem dos Simpsons, uma das séries estadunidenses de maior
sucesso na televisão em todo o mundo. Pai da família Simpson, Homer adora ficar
no sofá, comendo rosquinhas e bebendo cerveja. É preguiçoso e tem o raciocínio
lento.
A explicação inicial seria mais do que necessária. Daí para a frente o
nome mais citado pelo editor-chefe do Jornal Nacional é o do senhor Simpson. ‘Essa
o Homer não vai entender’, diz Bonner, com convicção, antes de rifar uma
reportagem que, segundo ele, o telespectador brasileiro médio não compreenderia.
Mal-estar entre alguns professores. Dada a linha condutora dos trabalhos
- atender ao Homer -, passa-se à reunião para discutir a pauta do dia. Na cabeceira,
o editor-chefe; nas laterais, alguns jornalistas responsáveis por determinadas
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editorias e pela produção do jornal; e na tela instalada numa das paredes, imagens
das redações de Nova York, Brasília, São Paulo e Belo Horizonte, com os seus
representantes. Outras cidades também suprem o JN de notícias (Pequim, Porto
Alegre, Roma), mas elas não entram nessa conversa eletrônica. E, num círculo
maior, ainda ao redor da mesa, os professores convidados. É a teleconferência
diária, acompanhada de perto pelos visitantes.
Todos recebem, por escrito, uma breve descrição dos temas oferecidos
pelas ‘praças’ (cidades onde se produzem reportagens para o jornal) que são
analisados pelo editor-chefe. Esse resumo é transmitido logo cedo para o Rio e
depois, na reunião, cada editor tenta explicar e defender as ofertas, mas eles não
vão muito além do que está no papel. Ninguém contraria o chefe.
A primeira reportagem oferecida pela ‘praça’ de Nova York trata da venda
de óleo para calefação a baixo custo feita por uma empresa de petróleo da
Venezuela para famílias pobres do estado de Massachusetts. O resumo da ‘oferta’
jornalística informa que a empresa venezuelana, ‘que tem 14 mil postos de gasolina
nos Estados Unidos, separou 45 milhões de litros de combustível’ para serem
‘vendidos em parcerias com ONGs locais a preços 40% mais baixos do que os
praticados no mercado americano’. Uma notícia de impacto social e político.
O editor-chefe do Jornal Nacional apenas pergunta se os jornalistas têm a
posição do governo dos Estados Unidos antes de, rapidamente, dizer que considera
a notícia imprópria para o jornal. E segue em frente.
Na seqüência, entre uma imitação do presidente Lula e da fala de um
argentino, passa a defender com grande empolgação uma matéria oferecida pela
‘praça’ de Belo Horizonte. Em Contagem, um juiz estava determinando a soltura de
presos por falta de condições carcerárias. A argumentação do editor-chefe é sobre o
perigo de criminosos voltarem às ruas. ‘Esse juiz é um louco’, chega a dizer,
indignado. Nenhuma palavra sobre os motivos que levaram o magistrado a tomar
essa medida e, muito menos, sobre a situação dos presídios no Brasil. A defesa da
matéria é em cima do medo, sentimento que se espalha pelo País e rende preciosos
pontos de audiência.
Sobre a greve dos peritos do INSS, que completava um mês - matéria
oferecida por São Paulo -, o comentário gira em torno dos prejuízos causados ao
órgão. ‘Quantos segurados já poderiam ter voltado ao trabalho e, sem perícia,
continuam onerando o INSS’, ouve-se. E sobre os grevistas? Nada.
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De Brasília é oferecida uma reportagem sobre ‘a importância do superávit


fiscal para reduzir a dívida pública’. Um dos visitantes, o professor Gilson Schwartz,
observou como a argumentação da proponente obedecia aos cânones econômicos
ortodoxos e ressaltou a falta de visões alternativas no noticiário global.
Encerrada a reunião segue-se um tour pelas áreas técnica e jornalística,
com a inevitável parada em torno da bancada onde o editor-chefe senta-se
diariamente ao lado da esposa para falar ao Brasil. A visita inclui a passagem diante
da tela do computador em que os índices de audiência chegam em tempo real. Líder
eterna, a Globo pela manhã é assediada pelo Chaves mexicano, transmitido pelo
SBT. Pelo menos é o que dizem os números do Ibope.
E no almoço, antes da sobremesa, chega o espelho do Jornal Nacional
daquela noite (no jargão, espelho é a previsão das reportagens a serem transmitidas,
relacionadas pela ordem de entrada e com a respectiva duração). Nenhuma grande
novidade. A matéria dos presos libertados pelo juiz de Contagem abriria o jornal. E o
óleo barato do Chávez venezuelano foi para o limbo.
Diante de saborosas tortas e antes de seguirem para o Projac - o centro
de produções de novelas, seriados e programas de auditório da Globo em
Jacarepaguá - os professores continuam ouvindo inúmeras referências ao Homer. A
mesa é comprida e em torno dela notam-se alguns olhares constrangidos.

* Sociólogo e jornalista, professor da Escola de Comunicações e Artes da USP


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ANEXO B – “Resposta sobre caso Homer” de William Bonner

No dia 23 de novembro, recebemos, no JN, a visita de professores


universitários. Eles assistiram a uma reunião matinal, em que se esboça uma
previsão da edição daquele dia. E me ouviram fazer algumas considerações sobre
nosso trabalho.
Em palestras que ministro a estudantes que nos visitam todas as
semanas, faço o mesmo.
Nestas ocasiões, sempre abordo, por exemplo, a necessidade de sermos
rigorosamente claros no que escrevemos para o público. Brasileiros de todos os
níveis sociais, dos mais diferentes graus de escolaridade. E o didatismo que
buscamos para o público de menor escolaridade não deve aborrecer os que
estudaram mais. Neste desafio, como exemplo do que seria o público médio nessa
gama imensa, às vezes cito o personagem Lineu, de 'A Grande Família'. Às vezes,
Homer, de 'Os Simpsons'. Nos dois casos, refiro-me a pais de família, trabalhadores,
protetores, conservadores, sem curso superior, que assistem à TV depois da jornada
de trabalho. No fim do dia, cansados, querem se informar sobre os fatos mais
relevantes do dia de maneira clara e objetiva. Este é o Homer de que falo.
Mas o Professor Laurindo tem uma visão diferente de Homer. Em vez do
trabalhador (numa usina nuclear), o acadêmico o vê como um preguiçoso. Em vez
do chefe de família, o Professor Laurindo o vê como um comedor de biscoitos. Esta
imagem não é a que tenho, não é a disponível, num texto bem-humorado, no site
oficial da série 'Os Simpsons', que faz graça do personagem, mas registra que
Homer é 'um marido devotado e que, apesar de poucas fraquezas, ama a sua
família e é capaz de tudo para provar isso, mesmo que isso signifique se fazer
passar por tolo'.
Não sei para quantos professores e estudantes citei Homer, ou Lineu,
como exemplo. Mas jamais tive informação de que alguém guardasse imagem tão
preconceituosa, tão negativa do personagem do desenho.
Como profissional, como defensor da nossa imensa responsabilidade
social, sinto-me profundamente envergonhado de me ver na obrigação de explicar
isso. Como trabalhador, pai de família protetor, meio Lineu, meio Homer, reconheço
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humildemente meu fracasso no desafio de ser claro e objetivo para todos os meus
interlocutores daquela manhã

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