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Joinville
2019
VINICIUS MAZETTO LEANDRO
Joinville
2019
VINICIUS MAZETTO LEANDRO
Banca Examinadora:
________________________
Dr. Marcos Alves Rabelo
Orientador
Presidente
________________________
Dr. Andrea Piga Carboni
Membro
Universidade Federal de Santa Catarina
________________________
Dr. Thiago Antônio Fiorentin
Membro
Universidade Federal de Santa Catarina
A meus pais, Robson e Arlete.
AGRADECIMENTOS
The industry of road implements demands from its manufacturers robust products and great
reliability. This is justified by the low quality of Brazilian highway, and by the safety of being
able to deliver a shipment without any problems. The design of semitrailers chassis requires
the compliance of standards, which limit its dimensions and loads to be transported. This
work aims to present a study by computer simulation of a semitrailer chassis, designed by the
company Joinville Implementos Rodoviários, evaluating its structural behavior. The main
objective is to present stress in the chassis through its working conditions and to present some
structural characteristics used to analyze the product, such as flexural rigidity, torsional
stiffness and modal analysis. Therefore, a methodology for the use of finite elements is
presented, detailing the procedure of treatment of the geometry, selection of simplifying
hypothesis and creation of mesh. So, when the boundary conditions are applied, the best
results can be obtained. The program used for CAD modeling is SolidWorks® and the one
used for simulation is ANSYS®, both chosen for its wide use in university and industry. The
results show that the chassis has a satisfactory behavior, taking into account its working
conditions.
l2 Comprimento de Pescoço
γ Ângulo de Pescoço
r2 Raio do Pescoço
r3 Raio do Pescoço
Kf Rigidez Flexional
P Carregamento
∆𝐷 Deslocamento
𝐾∅ Rigidez Torcional
T Torque
∅ Deslocamento Angular
𝜎′ Tensão de Von Mises
𝜎𝑥 Tensão no Plano x
𝜎𝑦 Tensão no Plano y
𝜏𝑥𝑦 Tensão de Cisalhamento no plano xy
𝜎1 Tensão Principal
𝜎2 Tensão Principal
𝜎3 Tensão Principal
𝑆𝑦 Tensão de Escoamento
FS Fator de Segurança
𝜔 Frequência Natural
k Rigidez
m Massa
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 14
1.1 OBJETIVOS ....................................................................................................................... 16
1.1.1 Objetivo Geral ............................................................................................................... 16
1.1.2 Objetivos Específicos ..................................................................................................... 16
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...................................................................................... 17
2.1. CONTRAN ........................................................................................................................ 17
2.2 NBR 1726:2003 .................................................................................................................. 19
2.3 SEMIRREBOQUES ........................................................................................................... 21
2.3.1 Definição e Conceitos..................................................................................................... 21
2.3.2 Chassi .............................................................................................................................. 25
2.3.3 Cargas ............................................................................................................................. 30
2.4 FALHAS ............................................................................................................................. 31
2.4.1 Teoria da energia de distorção de von Mises-Hencky ................................................ 32
2.5 SOLICITAÇÃO VIBRATÓRIA ........................................................................................ 34
2.6 ELEMENTOS FINITOS .................................................................................................... 35
3 METODOLOGIA................................................................................................................ 40
4 MODELO NUMÉRICO ..................................................................................................... 42
4.1 GEOMETRIA..................................................................................................................... 42
4.2 TRATAMENTO DA GEOMETRIA ................................................................................. 47
4.3 DISCRETIZAÇÃO ............................................................................................................ 54
4.4 MATERIAL ....................................................................................................................... 59
4.5 CONDIÇÕES DE CONTORNO ........................................................................................ 60
4.5.1 Condição de contorno 1: Carregamento Estático ....................................................... 60
4.5.2 Condição de contorno 2: Rigidez Flexional ................................................................. 64
4.5.3 Condição de Contorno 3: Rigidez Torcional ............................................................... 64
4.5.4 Condição de Contorno 4: Análise Modal .................................................................... 65
5 RESULTADOS .................................................................................................................... 66
5.1 CONDIÇÃO DE CONTORNO 1: CARREGAMENTO ESTÁTICO ............................... 66
5.2 CONDIÇÃO DE CONTORNO 2: RIGIDEZ FLEXIONAL ............................................. 70
5.3 CONDIÇÃO DE CONTORNO 3: RIGIDEZ TORCIONAL ............................................ 72
5.4. CONDIÇÃO DE CONTORNO 4: ANÁLISE MODAL................................................... 73
6 CONCLUSÕES.................................................................................................................... 78
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 82
14
1 INTRODUÇÃO
as permitidas pela legislação. Boaretto (2012), comenta que o aumento de 20% de carga por
eixo reduz a vida útil do pavimento em até 80%, além de afetar a estrutura do chassi do
semirreboque.
Segundo Peres (2006), até poucos anos atrás empresas fabricantes de implementos
rodoviários não se preocupavam tanto com a metodologia para desenvolver estruturalmente
seus produtos, pois fatores como peso não eram prioridade nos projetos destes veículos. O
desenvolvimento dos mesmos sempre foi baseado na experiência e em dados empíricos dos
fabricantes, adquiridos por meio de problemas estruturais ocorridos ao longo dos anos e em
teste experimentais. Desta forma, o comportamento acurado das estruturas não era conhecido
e assim apresentavam superdimensionamento e peso elevado.
Com a competitividade do mercado e o avanço do desenvolvimento de projetos e de
processos de manufatura, os fabricantes necessitaram rever seus métodos de projeto. Passou-
se a utilizar ferramentas computacionais e instrumentações para melhorar a precisão e
acurácia de seus projetos. Além de exigir redução de peso, os consumidores passaram a exigir
maior qualidade, confiabilidade e durabilidade deste tipo de produto.
Uma metodologia para simulação e análise estrutural dos veículos de transporte de
carga se faz necessária, devendo auxiliar o desenvolvimento desses veículos para diminuir o
peso dos produtos, aumentando a rentabilidade e a competitividade dos fabricantes.
Define-se semirreboques como sendo implementos rodoviários para o transporte de
carga independente, sem meio próprio de tração e que possui dois ou mais eixos. Sua tração
deve ser feita por um caminhão trator, também chamado de cavalo mecânico, o qual possui de
um a três eixos trativos. O Semirreboque é acoplado ao caminhão trator por meio de uma
quinta roda e pino rei. A estrutura do chassi possui um formato comum, apesar de apresentar
algumas variações geométricas e de montagem entre os fabricantes. No geral, possui
longarinas, travessas e pino rei posicionado na frente do chassi.
Apesar do projeto de semirreboques ser desenvolvido para cada tipo de caminhão
trator em função de fatores como entre eixo, bitola, altura da quinta roda, número de eixo
trativos e capacidade máxima de tração, nem sempre são usados para o tipo de caminhão para
o qual foram dimensionados. Em meio a competitividade e a falta de tempo, empresas de
transporte de carga, comumente desrespeitam os limites indicados pelos fabricantes dos
semirreboques, fazendo com que não obedeçam às distribuições de carga nos eixos
estipulados pelo CONTRAN.
Frente a esta realidade, este trabalho tem como objetivo analisar estruturalmente por
meio de elementos finitos, os esforços a qual é submetido um chassi de semirreboque.
16
1.1 OBJETIVOS
Este trabalho objetiva utilizar o método de elementos finitos para realizar uma
análise estrutural de um chassi de semirreboque e assim analisar as tensões e esforços ao qual
o mesmo é submetido frente suas condições de contorno.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1. CONTRAN
O item 3.3 é referente ao outro ponto crítico sob a ótica do acoplamento, o raio de giro
frontal do semirreboque. O giro do pino rei na quinta roda descreve a circunferência d, que
tangencia a cabine do caminhão trator. Segundo a norma, o valor máximo de d deve ser 2.040
mm. A região entre o pino rei e a parte frontal do semirreboque é denominada como balanço
dianteiro. Isto pode ser observado na Figura 4.
20
Segundo a norma, os valores adotados para a região do pescoço são: l2 = 750 mm; γ =
4°; r2 = 450 mm e r3 = 2300 mm.
2.3 SEMIRREBOQUES
Um reboque é qualquer tipo de veículo de carga que requer ser puxado por outro
veículo, por não possuir sistema motriz próprio. Por serem projetados para transportes de
carga, são comumente desenvolvidos especificamente para a sua aplicação em questão. Além
disto, são projetados para suportar o máximo de carga permitido pelas legislações e normas de
sua região ou país de trabalho (BENNETT, 2009).
O termo semirreboque refere-se a qualquer reboque que requer ser parcialmente
suportado por outro veículo. Um típico semirreboque possui dois eixos, porem isto varia
muito em função do seu comprimento, distribuição de carga e carga máxima que se deseja
transportar. A Figura 6 apresenta uma combinação de caminhão trator e semirreboque.
Carroceria furgão ou baú: possuem caixa de carga fechada, sendo os mais utilizados
no mercado pela sua versatilidade.
Frigorifico: possui caixa de carga com isolamento térmico, ideal para produtos que
necessitam de temperatura controlada, como alimentos perecíveis.
Graneleiro: desenvolvido para o transporte de cereais a granel, como soja, milho, arroz
e feijão, possui a possibilidade de otimizar o volume carga.
Sider: ganham destaque para a operação logística do Brasil devido as suas lonas
laterais, proporcionando uma maior agilidade para carregamentos pelas laterais e
traseira do semirreboque. Ideal para cargas com foco em volume.
Silo: ideal para o transporte de cimento, cal, cinzas, areia, talco industrial, farinha,
barrilha e outros materiais que utilizam de descarga por pressurização.
Todo e qualquer tipo de semirreboque pode ser projetado para se configurar como
bitrens ou tritrens, tendo como objetivo otimizar o volume e quantidade de transporte de
carga. Alterações estruturais devem ser feitas para o acoplamento sequencial dos posteriores
semirreboques.
2.3.2 Chassi
Costin e Phipps (1966) definem chassi como componente com propósito de conectar o
conjunto de rodas e apoios a estrutura, que é rígido em flexão e torção. Deve ser capaz de
suportar todos os componentes e sistemas acoplados a ele, além de absorver todas as cargas
provenientes do solo sem sofrer grandes e críticas deformações.
Segundo Bennett (2009), as longarinas são responsáveis principalmente por suportar
as cargas verticais, devendo possuir uma alta rigidez flexional por meio de seu momento de
inércia. Já as travessas, desenvolvidas para conectar as longarinas, são responsáveis por
resistir a torção em torno eixo longitudinal do chassi, ou seja, ao momento de rolagem
imposto ao veículo, atribuindo rigidez e aumentando a resistência da estrutura. Possuem
também a função de reduzir a tensão torcional transmitida de uma longarina a outra. As
longarinas irão possibilitar uma flexão elástica a estrutura do semirreboque, sujeitando todas
as suas partes a mesma condição de solicitação, inclusive a caixa de carga.
Ao longo do chassi, as travessas podem possuir diferentes geometrias para atender aos
esforços sujeitos em cada região. Regiões estas como a do pino rei, região central da longarina
e na região da suspensão. Podem ter também diferentes recortes para fixação de componentes
e passagens de linhas de freio e chicotes elétricos.
O pino rei tem a função de garantir o acoplamento do semirreboque ao mecanismo de
travamento da quinta roda no caminhão trator, além de permitir articulação ao conjunto
caminhão trator e semirreboque para curvas e manobras de estacionamento. O pino rei pode
possuir dois possíveis posicionamentos no semirreboque, um para o qual foi projetado e outro
para a posição de “socorro” como é comumente chamado na indústria, para acoplar
caminhões tratores para os quais o chassi não foi projetado. A Figura 18 apresenta as duas
posições citadas.
28
O modo de acoplamento do pino rei com quinta roda permite dois graus de liberdade
ao conjunto, como mostra a Figura 19. O primeiro permite o giro em torno do eixo z (yaw),
onde ocorre o escorregamento da mesa da quinta roda sobre a quinta roda. O segundo permite
o giro no eixo y (pitch), onde o conjunto é girado pelo eixo da quinta roda. (BOARETTO,
2012).
O fechamento irá se dividir em três regiões, o lateral, traseiro e dianteiro, os quais tem
como principal objetivo a sustentação de cargas verticais provenientes do carregamento, além
de contribuir com a rigidez do chassi, interligando as travessas pelas suas extremidades.
Neles, são normalmente apoiados o assoalho da caixa de carga.
Por último, o para-choque possui função de segurança para veículos que colidem com
a região traseira do semirreboque, garantindo que o mesmo não entre embaixo do chassi, o
que pode ser fatal para os passageiros do veículo.
Um chassi, independentemente de sua aplicação, deve possuir características de
rigidez fundamentais para a parte estrutural e comportamento vibratório, limitando possíveis
deformações. Analisar como uma carga afeta as deformações deste tipo de veículo é de
extrema importância, visto que deformações excessivas podem comprometer pontos de
ligação de solda, a vida útil de peças e também o comportamento cinemático das suspensões.
Segundo Genta (2009), a rigidez flexional (Kf) é a razão entre o carregamento
(aplicado a metade da distância entre eixos) e a deflexão no mesmo ponto. Timoshenko
(1940) define rigidez flexional como o produto entre o módulo de elasticidade do material e a
momento de inércia neste mesmo ponto. A equação a seguir define rigidez flexional.
𝑃 (1)
𝐾𝑓 =
∆𝐷
Genta (2009) define rigidez torcional (Kt) como a razão entre o momento de rolagem
(aplicado aos pontos da suspensão ou cubo de roda) e seu consequente deslocamento angular,
neste caso, utilizando o pino rei como ponto de fixação e sistema de referência. A rigidez
torcional de um chassi é relevante para auxiliar a entender como a resistência ao torque de
rolagem entre as regiões de apoio de um chassi interage com o mesmo. A equação a seguir
define rigidez torcional:
𝑇 (2)
𝐾∅ =
∅
Este tipo de chassi é constituído apenas de chapas dobradas, as quais irão influenciar
diretamente nas rigidezes citadas anteriormente pelo seu momento de inércia, o qual relaciona
sua geometria e direção da carga aplicada, onde a altura da chapa irá influenciar muito mais
que a espessura da mesma.
O chassi é um componente dinâmico do veículo, sendo assim deve possuir certa
flexibilidade para movimentações mínimas quando em operação. Sua flexibilidade irá
depender diretamente do momento de inércia de seus componentes. O aumento significativo
destes momentos de inércia pode resultar em um aumento de tensão local, podendo até levar a
falha do chassi. Isto acontece, pois, o aumento do momento de inércia também gera um
aumento significativo na rigidez, ao ponto de interferir em oscilações e vibrações do chassi,
levando a possíveis falhas. (BENNETT, 2009).
2.3.3 Cargas
Deformações em chassis devem ser analisadas não apenas do ponto de vista estático,
mas também dinâmico, considerando vibrações e seus ruídos. Segundo Genta (2009), cargas
externas atuantes no chassi se dividem em duas categorias, instantâneas e de fadiga:
Cargas instantâneas: podem ser descritas quando se chocam com uma imperfeição
na via, calçadas, cargas de frenagem e alto torque repentino. Podem ser
consideradas como cargas estáticas.
Cargas de fadiga: tipicamente cargas que se repetem ao longo da vida de trabalho,
como trafegar em rodovias de baixa qualidade com muita imperfeiçoes ou em ruas
de paralelepípedo por exemplo. Tais cargas são coletadas empiricamente através de
testes e instrumentações, utilizados para calcular com a maior exatidão possível a
vida em fadiga da estrutura.
Pode-se ainda caracterizar cargas atuantes no veículo de forma estática ou dinâmica.
Cargas estáticas se relacionam principalmente com a carga transportada no semirreboque. As
reações ocorrem no contato entre roda e solo, através de elementos elásticos e estruturais da
suspensão. Cargas dinâmicas são principalmente provenientes de esterçamentos, aceleração e
frenagem, os quais causam cargas adicionais nos pontos de reação com o solo, como por
exemplo a mudança da força normal devido a transferência de carga. Da mesma forma para
cargas cíclicas analisadas em fadiga, onde as mesmas são melhores analisadas através de
testes e instrumentações, ou até mesmo por programas de simulação de multicorpos.
31
Quando longarinas e travessas estão sujeitas a uma carga vertical, sua seção superior
sofre compressão e a inferior sofre tração. O contrário ocorre quando chassi sofre um choque
proveniente da via. O centro da viga sofre praticamente nenhuma tensão, local chamado de
linha neutra. Por este motivo, quando há a necessidade de furos e recortes nestes
componentes, os mesmos são posicionados o mais próximo possível da linha neutra da viga.
Para qualquer que seja a modificação a ser feita no chassi, seja um furo, utilização de
reforço, solda, emendas e assim por diante, pode haver como consequência a aparição de
concentrações de tensão no chassi, que pode afetar diretamente a vida útil de trabalho da
estrutura. O efeito específico que o mesmo sofrerá, dependerá de sua localização, frequência e
intensidade da carga atuante no local.
2.4 FALHAS
Algumas possíveis causas de falhas podem ser citadas: tensões provocadas por cargas
de serviço, tensões não previstas, material inadequado, dimensionamento do projeto
inadequado e utilização inadequada do produto.
(3)
𝜎′ = √𝜎 2 𝑥 + 𝜎 2 𝑦 − 𝜎𝑥 𝜎𝑦 + 3𝜏 2 𝑥𝑦
33
𝜎′ = √𝜎 21 + 𝜎 2 2 + 𝜎 2 3 − 𝜎1 𝜎2 − 𝜎2 𝜎3 − 𝜎1 𝜎3 (4)
𝑆𝑦 (5)
= √𝜎 21 + 𝜎 2 2 + 𝜎 2 3 − 𝜎1 𝜎2 − 𝜎2 𝜎3 − 𝜎1 𝜎3
𝐹𝑆
Uma vez que um coeficiente de segurança será sempre aplicado, é de se esperar que o
estado de tensão atuante esteja dentro da elipse de falha, com alguma margem de segurança.
(NORTON, 2013). A Figura 20 apresenta a elipse de distorção para o caso 3D.
(6)
𝑘
𝜔= √
𝑚
fazendo com que seu equacionamento de deslocamento nodal seja descrito por uma equação
quadrática (parabólica).
Aumentar a ordem a se trabalhar no elemento irá gerar uma resposta mais acurada, por
calcular uma maior interpolação de resultados entre nó nos elementos, descrevendo melhor a
fenomenologia de forma localizada. Porém, deve-se ter em mente que ao aumentar a ordem
dos mesmos, a matriz de rigidez do elemento aumenta, da mesma que forma que o número de
graus de liberdade que cada elemento possui, impactando diretamente no tempo e esforço
computacional.
Elementos bidimensionais para aplicações 2D apresentam dois graus de liberdade por
nó, sendo estes os deslocamentos em x e y. A Tabela 1 apresenta os elementos possíveis de se
implementar em uma malha do tipo bidimensional e suas características. A Figura 21 logo em
seguida ilustra os elementos descritos na tabela.
Para aplicações 3D, como por exemplo em estruturas de chapas metálicas, utiliza-se
elementos bidimensionais com seis graus de liberdade por nó, sendo estes deslocamentos em
x, y e z e rotação em x, y e z, chamados de elementos de placa. Segundo Alves (2003),
elementos de placas podem estar sujeitas a cargas perpendiculares a seu plano, apresentando
comportamento de flexão, o que resulta em deslocamentos perpendiculares ao seu plano,
denominado comportamento de placa. Acima de tudo, elementos de placas se aplicam
idealmente para superfícies planas e de espessura constante. Na indústria e em programas,
normalmente refere-se a elementos bidimensionais como sendo de casca, interdependente se a
analise for 2D ou 3D, planos ou com curvatura.
Segundo Alves (2013), subentende-se que para a obtenção de respostas mais acuradas,
basta aumentar o número de elementos que discretizam o domínio original. Porém, sabe-se
que aumentar excessivamente o número de elementos muitas vezes não irá gerar grandes
benefícios, desta forma, no âmbito do MEF rotineiramente se executa testes de convergência
de malha. O mesmo tem como objetivo verificar em que momento se pode considerar o
número de elementos presentes na discretização o suficientemente bom para representar o
problema. Isto pode ser feito comparando respostas com o número de elementos presentes no
modelo, verificando a convergência de resultados para diferentes malhas. Desta forma, evita-
se trabalhar com uma malha com maior custo computacional onde os resultados desta são
extremamente parecidos com a de outra malha que requer um esforço computacional menor.
A Figura 22 apresenta um estudo de caso onde verifica-se o estudo de convergência de
malha. Neste, é possível observar como o refino de malha pode se tornar excessivo em certo
ponto, onde a malha chamada de “40x8” possui o dobro de elementos que a “20x4”, e as
mesmas possuem resultado muito similar.
39
3 METODOLOGIA
4 MODELO NUMÉRICO
4.1 GEOMETRIA
O semirreboque base reta tipo furgão com três eixos em tandem é um veículo utilizado
para o transporte genérico de produtos, capaz de transportar uma grande quantidade de carga,
de acordo com dimensões e distribuições de cargas delimitados para seu uso em rodovias. O
semirreboque em questão a ser analisado pode ser observado na Figura 24 e Figura 25, o
mesmo também pode ser observado sem a caixa de carga na Figura 26 em sua etapa de
manufatura.
A estrutura do chassi é formada apenas por chapas metálicas, este tipo de geometria
possui componentes com comprimento superior à sua referente espessura e largura. Desta
forma, é muito mais viável uma simulação por método de placas, ou seja, elementos planos.
Assumindo este modelo, um menor esforço computacional é exigido sem afetar os resultados,
além de manter uma melhor qualidade de malha por uma melhor simetria de elementos no
modelo global, tornando assim esta metodologia muito mais viável que de elementos sólidos.
Desta forma, para se trabalhar com elementos em placas, deve-se primeiramente fazer
um tratamento da geometria para transformá-la em superfície. Para isto, importa-se o CAD
apresentado anteriormente para um módulo do programa ANSYS®, o SpaceClaim, destinado
para o tratamento de geometrias para posteriormente serem utilizadas na análise numérica.
Nesta etapa, utiliza-se a ferramenta midsurface para preparação da superfície, a qual
gera uma superfície média a partir da geometria dos componentes tridimensionais. A
geometria transformada em superfície pode ser vista na Figura 31.
48
Para superfícies paralelas, como é o caso da mesa da quinta roda e a cinta inferior da
longarina, é onde se deve iniciar a tomada de decisões referente as simplificações do modelo
numérico. Como apresentado na Figura 33 e citado anteriormente, as superfícies possuem
espaçamentos após a geração da superfície média, e deve-se escolher entre: deixá-las
complanares, o que irá gerar uma região de contato entre a superfície da mesa da quinta roda
com a cinta inferior, ou, deixá-las distanciadas e criar conexão por malha, o que irá gerar
contato apenas entre uma aresta da mesa da quinta roda e o plano da cinta inferior.
Ainda nas tomadas de decisões da geometria a ser simulada, sabe-se que a mesa da
quinta roda, é apoiada na quinta roda do cavalo mecânico, gerando uma região de apoio na
mesa, a qual gera uma pressão nesta região. Ou seja, cabe decidir se irá se utilizar esta
geometria simplificada da quinta roda no modelo a fim de apoio localizado, onde a mesma
50
estará em uma condição de paralelismo com a mesa da quinta roda, como o caso da mesa da
quinta roda com a cinta inferior. A Figura 34 apresenta o modelo com a quinta roda, e
apresentação da quinta roda em um cavalo mecânico genérico.
A fim de investigar qual o melhor modelo a se trabalhar, um breve estudo é feito para
analisar as possíveis combinações entre os locais de paralelismo e sobre utilizar ou não a
geometria da quinta roda. Para isto, foram criadas quatro hipóteses numéricas, as quais
possuem as seguintes características:
Hipótese 1: cinta inferior e mesa da quinta roda coplanares, conectadas por relação de
contato de geometrias. Sem a geometria da quinta roda.
Hipótese 2: cinta inferior e mesa da quinta roda distanciadas, conectadas por malha.
Sem a geometria da quinta roda.
Hipótese 3: cinta inferior e mesa da quinta roda distanciadas, conectadas por malha,
com a geometria da quinta roda coplanar com a mesa da quinta roda.
Hipótese 4: cinta inferior e mesa da quinta roda distanciadas, conectadas por malha,
com a geometria da quinta roda distanciada da mesa da quinta roda, conectada por
malha a mesa da quinta roda.
Cada modelo foi avaliado independentemente, com duas condições de contorno: a
primeira (CC1), com carregamento estático da carga e engasgamento da região do pino rei e
dos pontos de suspensão, a segunda (CC2), com carregamento estático da carga,
engasgamento da região do pino rei e aplicação de reação do solo nos pontos de suspensão.
As hipóteses 1 e 3 sofreram erros no processo de discretização da malha, demostrando que
geometrias complanares possuem dificuldade em criação de malha. As hipóteses 2 e 4 foram
51
Porém, como dito anteriormente, tem-se como objetivo simular a estrutura em sua
forma mais elementar, sem a presença de reforços. Desta forma, reforços que iriam na região
do pescoço da longarina e da mesa da quinta roda não estão presentes, os quais aumentam
consideravelmente a inércia nesta região, justificando a diferença de tensões entre as duas
hipóteses. Ou seja, idealmente para se trabalhar com a hipótese 4, os reforços utilizados na
estrutural real deveriam ser aplicados. Assim, utilizar a hipótese 2 para a análise da estrutura
se torna justificável e mais inteligente a fim de se ter uma maior fidelidade nos resultados para
o tipo de simplificação adotada.
A título de pesquisa, engenheiros projetistas e de produto foram entrevistados sobre as
hipóteses citadas aqui anteriormente. Pode-se confirmar que as mesmas são utilizadas na
indústria nas etapas de simulação do chassi, gerando assim uma maior confiabilidade nos
resultados que estão por vir.
Ainda no SpaceClaim, a fim de representar as regiões de apoio e contato da suspensão
apresentadas nas Figura 29 Figura 30, a cinta inferior tem sua superfície dividida nesses
locais, criando estas regiões de contato que serão engastadas no modelo numérico. As regiões
de apoio da suspensão podem ser observadas na Figura 37.
53
4.3 DISCRETIZAÇÃO
Com o modelo geométrico em CAD preparado é feita sua importação para extensão
Mesh do programa ANSYS®. Uma das vantagens de se trabalhar com o modelo em placas
para a criação de malha, é que a espessura dos componentes da estrutura do chassi é
importada do modelo CAD e podem ser alteradas a qualquer momento, possibilitando um
processo iterativo a simulação, podendo assim analisar a influência de diferentes espessuras
de chapas para os componentes. Além de ser possível suprimir a espessura das placas para
tornar o modelo visualmente mais leve, apenas trabalhando com as superfícies médias dos
componentes.
Primeiramente, deve-se associar aos corpos um comportamento de rigidez, onde as
opções possíveis são de corpos rígidos ou flexíveis. Corpos rígidos representam uma
idealização, onde os mesmos não podem se deformar durante a solução do problema,
característica aconselhável para análises de movimento de multicorpos ou quando não há
preocupações com análises de tensões. Como se deseja entender as deformações e tensões
presentes no corpo, todos eles são selecionados como flexíveis.
Após isto, é verificado e confirmado a relação de contato de malha da estrutura,
imposta anteriormente pelas regiões de contato e pelo compartilhamento de topologia das
peças. Desta forma se pode iniciar o processo de discretização da geometria, ou seja, elaborar
a malha do modelo numérico, o qual deve ser configurado para melhor descrever fielmente o
comportamento da estrutura.
Assim, um procedimento de convergência de malha se inicia com o objetivo de
encontrar uma malha onde as tensões sejam constantes e com qualidade boa o suficiente para
que o mesmo não possua erros e apresente resultados equivocados.
Neste processo, um certo número de malhas desse ser desenvolvido e testado,
avaliando a convergência de tensões do modelo e qualidade dos elementos, modificando aos
poucos a ordem dos elementos da malha, o tamanho dos elementos globais, o tipo de
elemento que melhor descreva a fenomenologia do estudo e o tamanho especifico de
elementos em regiões onde haja necessidade de um melhor refino por detalhes geométricos.
A Tabela 4 apresenta as malhas elaboradas, com suas respectivas características e
propriedades.
55
Convergência de Malha
250
208
190
200 173 170
136
Tensão
150
100
50
0
50178 191352 275988 276960 278347
Número de nós
O tipo de elemento quadrilátero de segunda ordem então é escolhido por possuir 8 nós,
com 6 graus de liberdade em cada nó, sendo estes de translação nos eixos x, y e z e as
rotações em relação a estes mesmos eixos. A função de forma interpoladora de segunda
ordem é escolhida por expressar melhor a variação de tensão interna nos elementos, tornando-
se mais acurada para resultados avaliados localmente. Alguns elementos de forma triangular
surgem no modelo pela dificuldade do programa em gerar elementos quadriláteros em certas
regiões da estrutura. Porém, através de uma avaliação de qualidade de malha é possível
verificar a qualidade de malha de todo o chassi, e então analisar se os locais onde os
elementos triangulares foram criados afetam de forma significativa o modelo numérico.
Nesta etapa do estudo da malha, alguns parâmetros podem ser selecionados dentre os
fornecidos pelo programa ANSYS®:
Element Quality: promove uma qualidade métrica que varia de 0 a 1. Baseia-se na
proporção do volume com a soma do quadrado dos comprimentos de arestas para
elementos planos. O valor 1 indica um quadrado perfeito, enquanto 0 indica que o
elemento tem volume zero. Seu resultado indica qual a porcentagem de elementos que
possui valor equivalente a 1. (ANSYS, 2015).
Razão de Aspecto: é uma qualidade métrica relacionada a proporção dos elementos
em ter todos os lados de mesmo comprimento. Elementos com arestas de mesmo
57
A malha final possui então com 88.732 elementos e 276.961 nós, a mesma pode ser
observada na Figura 41.
O teste modal descrito foi executado, confirmando que o modelo numérico não
apresenta problemas, possuindo os seis primeiros modos de vibrar próximos a zero. A Tabela
6 apresenta as seis primeiras frequências naturais obtidas.
4.4 MATERIAL
Nesta etapa é apresentada os dados referentes ao aço utilizado nas chapas metálicas da
estrutura do chassi, o aço ASTM A36.
O aço A36 é mais encontrado no mercado em forma de chapas, variando comumente
entre 2 a 19 mm de espessura. São utilizados principalmente como material estrutural, pela
sua leveza e propriedades físicas. Possui uma ótima soldabilidade, e cabe destacar que sua
propensão a oxidação é alta se não houver um revestimento apropriado, como uma
galvanização.
São aços carbono manganês, com baixa, média e alta resistência mecânica, produzidos
por laminação convencional ou laminação controlada. Os componentes presentes neste tipo de
aço são apresentados na Tabela 7.
60
Para esta análise, considera-se uma carga distribuída sobre o chassi, a qual representa
o carregamento aplicado ao mesmo. Optou-se por idealizar o problema como carga
distribuída, pois para este tipo de semirreboque esta prática é relativamente comum, onde a
61
Quanto as cargas a serem aplicadas ao chassi, optou-se por analisar três diferentes
tipos de situações presentes no dia-a-dia de trabalho de um semirreboque.
A primeira condição é referente a plaqueta presente no produto, onde a empresa
informa o peso máximo suportado pelo semirreboque. Esta carga é calculada com relação ao
eixo presente no semirreboque menos a tara do mesmo. Como neste caso está se trabalhando
com um conjunto de três eixos em tandem, o qual pode transmitir no máximo 25,5 toneladas a
63
via e considerando o semirreboque completo com 7 toneladas, a plaqueta indica uma lotação
máxima de 18,5 toneladas.
A segunda condição é referente a lei da balança e distribuição de carga. Proprietários
de caminhões ou empresas experientes, conhecendo a massa do cavalo mecânico, do
semirreboque e as cargas máximas permitidas por eixo, podem calcular o máximo de carga a
ser transportada sem exceder o limite por eixo imposto pelo CONTRAN, mesmo que isto
ultrapasse o limite indicado na plaqueta do produto. Neste caso, considera-se um cavalo
mecânico 6x2, onde em média, os modelos apresentam 9 toneladas. Desta forma, o primeiro
eixo (rodado simples) do cavalo mecânico é capaz de transportar 6 toneladas, o segundo
conjunto de eixo (dois eixos em tandem duplo rodado) no cavalo mecânico, pode transportar
17 toneladas, e o terceiro conjunto de eixos do semirreboque podendo transportar 25,5
toneladas. Somando o máximo suportado pelos conjuntos de eixos e desconsiderando o peso
do cavalo mecânico e do semirreboque, pode-se então transportar uma carga de 32,5
toneladas. A Figura 45 apresenta um esquema para melhor exemplificar o que foi descrito
anteriormente.
Desta forma, a Tabela 9 apresenta as três condições a serem analisadas e suas respectivas
cargas.
Esta condição de contorno tem como objetivo avaliar a rigidez flexional da estrutura
para as espessuras de chapa padrão utilizadas para a produção do chassi, e também, comparar
como a mudança de espessura de chapa influencia na rigidez flexional. Ao obter esta
propriedade do chassi, é possível verificar o deslocamento do mesmo em função da carga
aplicada em seu carregamento.
Os componentes que serão avaliados para diferentes espessuras de chapas serão as
almas das longarinas e as travessas. A espessura de projeto da alma é de 6,35 mm e das
travessas de 4,25 mm. As diferentes espessuras que serão utilizadas para comparação da
rigidez serão comerciais, variando de 4,25 mm a 12,7 mm.
Esta condição de contorno tem como objetivo verificar a rigidez torcional da estrutura
do chassi, analisando como um torque de rolagem aplicado ao chassi afeta a deformação
angular do mesmo. Este tipo de dado é utilizado como referência de comparação na indústria
de semirreboques.
Neste modelo, a região do pino rei será engastada, e um torque será aplicado nas
regiões da suspensão, simulando, por exemplo, a passagem do caminhão por buracos na via,
ou também quando o mesmo percorre um desnível apenas com um lado dos eixos. O torque
aplicado será função da reação dos conjuntos de rodas três eixos em tandem, divididos
igualmente nas regiões de apoio da suspensão.
65
5 RESULTADOS
Para a análise dos resultados desta seção, optou-se por avaliar as tensões, mais
especificamente as tensões de Von Mises, por se tratar de um material de característica dúctil
e pelo critério possuir maior precisão aos dados de escoamento dúctil do material,
promovendo resultados mais apurados. Todas as condições de carga apresentadas
anteriormente demonstraram picos de tensão quando comparados ao restante da estrutura, tal
tensão está localizada no local de simplificação na região de contato da mesa da quinta roda e
da cinta inferior da longarina, como descrito anteriormente no trabalho. Mesmo tendo este
pico de tensão, que se sabe não ser totalmente fiel neste local da estrutura real, todas estas
tensões se encontram abaixo das tensões de escoamento do material, como apresentado na
Tabela 10.
Tendo conhecimento das regiões com maiores tensões no chassi, inicia-se uma
comparação de tensões entre as diferentes condições de trabalho. A Tabela 11 apresenta as
tensões nas principais regiões de observação no chassi, comparando-as com cada modelo.
68
Como esperado, a análise para sobrecarga se sobressaiu quanto a suas tensões quando
comparada aos outros modelos. Pelas tensões nos modelos, pode-se concluir que os pontos
críticos da estrutura, os quais possuem maiores tensões, são os próximos as regiões de
engastamento, que estão sujeitos a um momento fletor de maior magnitude.
Pode-se também notar pelo fluxo de tensão no pescoço da longarina, como o mesmo é
solicitado estruturalmente. Isto se dá pela variação da inércia ao longo desta região, junto a
variação do momento presente no mesmo.
A maior tensão presente nos modelos está nas regiões de contato entre as longarinas e
as travessas, as regiões de solda. Como o contato entre travessa e longarina é feito apenas por
duas faces, é natural as altas tensões obtidas nestas regiões, além de que, as travessas tendem
a se deformar para baixo, enquanto as longarinas possuem baixa deformação neste sentido. Os
resultados locais de tensões são apresentados nas Figuras a seguir para o caso de sobrecarga.
350 302
300 262
245
250 207 218
200 174
150
100
50
0
4,25 6,35 8 9,53 12,7
Espessura de Chapa (mm)
Comparando este resultado com outros trabalhos, Kurdi (2017) procurou verificar
como diferentes alívios de massa nas almas das longarinas influenciavam na rigidez torcional
do chassi. Em seu estudo, as rigidezes para os diferentes tipos de chassi obtiveram um valor
médio de rigidez de aproximadamente 3300 Nm/grau. Os valores de rigidez deste estudo são
o dobro dos obtidos no presente trabalho, porém, vale destacar que o chassi utilizado por
Kurdi (2017) possui uma massa de 3,4 toneladas, já o analisado aqui, possui uma massa de 2
toneladas.
Em seu estudo, Boaretto (2012) obteve valor de rigidez torcional de 1650 Nm/grau,
assemelhando-se muito mais ao presente trabalho do que o caso citado anteriormente. O
chassi avaliado em seu estudo é referente a um modelo comercial da empresa Librelato
Implementos Rodoviários®.
Para a análise modal de corpo livre, os seis primeiros modos foram apresentados no
processo de validação da malha, onde os mesmos se encontraram todos próximos a zero por
serem de corpo rígido. A Figura 56 apresenta os seis modos de vibrar posteriores do chassi. A
Tabela 12 apresenta os valores de frequência, tipo de cada modo e os deslocamentos presente
nos mesmos.
74
Tabela 13 - Dados referentes a cada modo de vibrar do Chassi em sua condição de trabalho.
Modo de Vibrar Frequência (Hz)
1 2,2
2 3,9
3 4,7
4 7,1
5 7,4
6 7,5
7 7,9
8 8,8
9 8,9
10 10,8
11 11,8
12 12,8
Fonte: Autor (2019).
segunda apresenta uma condição de contorno mais coerente e fácil de ser aplicada a estrutura
do chassi, quando comparada com a primeira análise modal.
Conhecendo os modos de vibrar do chassi, deve-se então estudar e analisar a faixa de
vibração que passa pelo mesmo, de modo a verificar se essas frequências podem ser
prejudiciais ou não para o chassi, por se aproximarem da frequência de ressonância.
Como a faixa de frequências que passa pelo chassi é grande e possui caráter aleatório,
muito provavelmente grande parte das frequências dos modos de vibrar serão atingidas, onde
o ponto crítico da análise se baseia na quantidade de vezes que estas frequências são
atingidas. Ao se atingir um modo de vibrar de uma estrutura, pode-se gerar problemas de
durabilidade na mesma a longo prazo, onde o chassi pode falhar por fadiga. Porém, como a
estrutura possui um fator de segurança alto, este tipo de problema dificilmente ocorre.
Outro fenômeno que pode ocorrer por se passar diversas vezes pelas frequências
naturais, é o de vibração e ruído. As frequências apresentadas aqui são de baixa intensidade,
ou seja, não audíveis. Porém, ao vibrar a estrutura, folgas, soldas de baixa qualidade e
componentes parafusados, podem excitar com uma amplitude maior que o próprio chassi, isto
pode gerar o surgimento de trincas localizadas e até mesmo gerar ruídos com maior
intensidade.
78
6 CONCLUSÕES
O estudo desenvolvido neste trabalho teve como objetivo promover uma metodologia
de análise estrutural eficaz e viável durante a etapa de desenvolvimento e projeto, a fim de
verificar e até mesmo aperfeiçoar resultados na análise de um semirreboque da linha pesada.
Desta forma, a proposta de análise apresenta uma rotina de projeto de engenharia a qual
proporciona um processo iterativo avançado que possibilita obter resultados mais acurados e
adequados para realização de estudos e tomada de decisões críticas de projetos. Utilizando
esta metodologia, tende-se a obter resultados mais detalhados e eficientes, melhorando o
processo de concepção e entendimento da estrutura, possibilitando assim uma maior
confiabilidade e riqueza de informações sobre o produto em questão.
O trabalho visa principalmente avaliar o comportamento estrutural do semirreboque
por método de elementos finitos perante suas condições de trabalho, a fim de compreender
como o mesmo se comporta durante seus carregamentos e indicar possíveis melhorias ao
chassi, levando em consideração normas aplicadas a implementos rodoviários e que atendam
as condições impostas pela malha rodoviária brasileira. Conhecendo como mudanças afetam o
chassi, pode ser possível diminuir sua tara e assim consequentemente permitir o aumento da
carga aplicada a ele.
Percebe-se que o uso de ferramentas computacionais como CAD e CAE são
imprescindíveis no desenvolvimento e análises de produtos, trazendo benefícios
principalmente quanto ao custo e tempo, gerando possibilidade de iterações e mudanças ao
longo do projeto sem prejudicar seu desenvolvimento. No caso da ferramenta CAE, ficou
claro como se trabalhar com a malha computacional mais adequada para a situação gera bons
benefícios na análise e em custo computacional. Utilizar malha computacional em placas
tornou a resolução do problema muito mais rápida e eficiente.
Tendo a geometria comercial do chassi do semirreboque, optou-se por não utilizar
diversos reforços dispostos no mesmo, para então se concluir onde há a real necessidade de
implementação, e se os já presentes na estrutura real se fazem necessários. Primeiramente, foi
necessário adotar simplificações na estrutura do chassi, de modo que detalhes geométricos de
encaixes e fixações de componentes e acessórios que são indiferentes para a estrutura fossem
eliminados. Tais simplificações melhoram o desenvolvimento e dinâmica do projeto,
mantendo apenas os componentes que geram real influencia para o chassi.
79
Rigidez torcional excessivamente grande afeta negativamente o chassi, tanto em sua estrutura
como em sua dinâmica veicular, tornando-a mais frágil e principalmente afetando as regiões
de solda. Pode-se verificar em comparações presentes na literatura que a rigidez obtida na
estrutura se mostrou equivalente a outros modelos presentes no mercado.
A quarta e última análise feita neste trabalho objetiva verificar os modos de vibrar da
estrutura, a fim de ter conhecimento se os mesmos são atingidos ao longo de seus ciclos de
trabalho, constatando se isto pode gerar impactos negativos ao chassi.
Perante os resultados, é possível concluir que a estrutura desenvolvida pela empresa
atende as condições de carregamento imposta a mesma, possuindo confiabilidade
principalmente por estar preparada para uma condição excessivamente grande de sobre carga.
O chassi apresenta um fator de segurança de aproximadamente 2, podendo-se dizer que o
mesmo está bem dimensionado.
Como sugestões para trabalhos futuros, pode-se citar:
Verificar pelo método de elementos finitos como a implementação dos reforços
citados melhoram o comportamento estrutural do chassi.
Verificar regiões críticas de soldagem pelo método de elementos finitos, atribuindo
propriedades de soldagem.
Realizar simulações de vida em fadiga, utilizando dados experimentais de cargas
variantes no tempo coletados em testes.
Realizar extensometria no chassi para validar suas tensões e características de rigidez.
Realizar testes de dinâmica veicular em pistas para verificar como a rigidez torcional
do chassi afeta a estabilidade direcional do mesmo.
Realizar instrumentação de acelerômetros e verificar se as frequências naturais do
semirreboque estão próximas as frequências de excitação externa.
82
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83
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