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INOVA 2017
TALENTOS
RELATOS DE UMA GERAÇÃO DE INOVADORES
APOIO REALIZAÇÃO
INOVA TALENTOS:
RELATOS DE UMA GERAÇÃO DE INOVADORES
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI apoio técnico na organização da publicação :
ROBSON BRAGA DE ANDRADE
Presidente INSTITUTO EUVALDO LODI
NÚCLEO REGIONAL ALAGOAS - IEL/AL
DIRETORIA DE EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA - DIRET
R A FA E L E S M E R A L D O LU CC H E S I R A M ACC I OT T I INSTITUTO EUVALDO LODI
Diretor de Educação e Tecnologia NÚCLEO REGIONAL DISTRITO FEDERAL - IEL/DF
BRASÍLIA
2017
© 2017. IEL – Núcleo Central
Qualquer parte desta obra poderá ser reproduzida, desde que citada a fonte.
IEL/NC
Diretoria de Inovação - DI
FICHA CATALOGRÁFICA
I59g
IEL
Instituto Euvaldo Lodi – IEL
Núcleo Central
SEDE
Setor Bancário Norte
Quadra 1 – Bloco C
Edifício Roberto Simonsen
70040-903 – Brasília – DF
Tel.: (61) 3317-9001
Fax: (61) 3317-9190
http://www.portaldaindustria.com.br/iel/
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Para fazer parte do jogo da globalização, é pre- de uma aposta vencedora. A coletânea engloba
ciso melhorar a competitividade, acabar com 10 textos na versão impressa e 13 na versão di-
entraves burocráticos e eliminar barreiras tecno- gital, escritos por alguns dos profissionais que
lógicas. É necessário, também, adotar medidas passaram pelo programa. Neles, os bolsistas
de flexibilização e adequação às mudanças de descrevem como elaboraram projetos pionei-
comportamento do consumidor, além de acom- ros, solucionaram desafios, criaram produtos e
panhar as inovações e aproveitá-las, produzindo contribuíram, decisivamente, para a melhora da
itens de melhor qualidade por preços menores. competitividade da indústria brasileira.
A partir dessa convicção – em consonância Além de mostrar resultados em diversas áre-
com as iniciativas pioneiras da Mobilização Em- as do conhecimento, num reflexo da versatilida-
presarial pela Inovação (MEI) –, o Instituto Eu- de e do alcance do programa, o INOVA Talentos
valdo Lodi (IEL), em parceria com o Conselho é o testemunho vivo da capacidade dos profissio-
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecno- nais e das empresas de adotarem práticas inova-
lógico (CNPq) e com o apoio do Ministério da doras. As experiências demonstram claramente
Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações que o futuro da indústria brasileira está, mais do
(MCTIC), apresenta o Inova Talentos 2017. O pro- que nunca, na pauta da ciência, da tecnologia e
grama tem sido, desde 2013, uma valiosa ponte da inovação.
entre jovens talentos e empresas inovadoras. Ações de sucesso, como o INOVA Talentos,
Em apenas cinco anos de vigência, seleciona- reforçam não só a importância de se multiplica-
mos 1.340 bolsistas que atuaram ou atuam em rem esforços no fomento à pesquisa e ao desen-
820 projetos, em 713 empresas por todo o Brasil. volvimento, como também a necessidade de se
Foram mais de 150 mil horas de treinamentos, que construírem mais pontes entre academia e in-
propiciaram o conhecimento de novas técnicas e o dústria. Os ganhos certamente virão na forma de
aprimoramento de habilidades cruciais ao profis- um Brasil mais próspero e competitivo.
sional contemporâneo, que precisa saber trabalhar
em equipe, e gerenciar tarefas e pessoas. A série
de artigos aqui publicados evidencia o resultado Boa leitura.
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01
TECNOLOGIA PARA
ACONDICIONAMENTO E
TRANSPORTE DE PRODUTOS
TERMOSSENSÍVEIS
A LINE DA S ILVA S A M PA IO
_
Graduada em Engenharia Química
Mestre em Engenharia Química
Universidade Federal de Alagoas, Maceió - AL
_
Pós Graduanda MBA em Liderança para Inovação
Faculdade da Indústria (IEL), Maceió - AL
linesampaio01@hotmail.com
(82)99925-7364
(82)99150-8496
13
R E SU M O
biental provocado pelo descarte inadequado desses materiais, desenvolvemos uma cai-
caixa ecotérmica, produto com patente requerida, foi produzida com papelão ondulado
e isolante térmico, proveniente de garrafas pet recicladas,. Foram realizados testes em-
sua eficiência térmica. Seu lançamento no mercado ocorreu na feira FCE Pharma, onde o
14 INOVA TALENTOS
01
A BSTR ACT
With the growing increase in the production of solid waste in the world and the environ-
mental impact caused by the inadequate disposal of these materials, we developed a pa-
ckaging solution, a sustainable and innovative thermal box, made from 100% recyclable
and recyclable materials, foldable, used for the transport of fearsome products. We aim to
encourage recycling, reduce environmental impacts, and by being collapsible, reduce logis-
tical and storage costs. The ecothermic box was produced with corrugated cardboard and
thermal insulation from recycled pet bottles, the patent product required. Empirical tests
were performed at Norvinco, laboratory and research institute reference that confirmed
its thermal efficiency. Its market launch was in the FCE Pharma fair, being a highlight in
innovation.
A
produção de resíduos sólidos urba- por Ltda), um dos materiais mais utilizados
nos vem aumentando a cada ano, nos últimos anos, vem trazendo grandes
em decorrência do aumento da pro- problemas, devido ao aumento do consumo
dução industrial e do consumo no mundo. e utilização crescentes.
Estima-se que a produção mundial de resí- Seu emprego mais difundido é como iso-
duos sólidos da população urbana seja em lante térmico – mais comumente como em-
torno de 2 bilhões de toneladas/ano (GIRAR- balagem térmica, disponibilizada aos usuá-
DI, 2017). A quantidade produzida no Brasil rios sob a forma de caixas, que servem para o
em 2015 totalizou 79,9 milhões de toneladas, transporte de produtos que necessitam de ma-
1,7% a mais do que no ano anterior. No mes- nutenção de temperatura e refrigeração, como,
mo período, foi registrado também aumento por exemplo, alimentos e medicamentos.
de 0,8% na produção per capita (ABRELPE, O poliestireno expandido (EPS), popular-
2015), resultado que coloca o Brasil como o mente conhecido como Isopor®, é um pro-
quarto maior gerador mundial de resíduos duto sintético derivado do petróleo, composto
(ABRELPE, 2015). por 98% de ar e 2% de matéria-prima, o polies-
A gestão de resíduos sólidos é, portan- tireno. No Brasil, o consumo do isopor, que
to, um desafio para as sociedades. Estima- representa cerca de 1,5% do total consumido
-se que 3 bilhões de pessoas (quase 50% no mundo pulou de 9 mil toneladas, em 1992,
da população mundial) não contam com a para aproximadamente 40 mil toneladas, nos
destinação final adequada dos resíduos. No últimos anos (FRANCESCHI, 2017).
Brasil, mais da metade das cidades, aproxi- O resíduo de isopor gerado vem trazendo
madamente 60% (3,3 mil municípios), ainda sérios problemas ao meio ambiente, devido
destina o lixo inadequadamente, para lixões ao seu descarte inadequado – normalmente
ou aterros controlados. acaba indo parar no lixo comum (poluindo
Entre os principais “vilões”, que contri- o meio ambiente) ou em aterros (ocupando
buem para a geração do grande volume de muito espaço), que estão saturados e pode-
resíduos, destacam-se as embalagens pre- riam ser destinados a rejeitos. Estima-se que
sentes em praticamente todos os produtos. o isopor (poliestireno expandido) leve cerca
O descarte passou a preocupar empresas e de 150 anos para ser totalmente degradado.
sociedade, diante do excesso de utilização, Com o passar do tempo, os resíduos
dificuldade de reaproveitamento e recicla- de isopor ao chegar no meio ambiente se
gem. Outra questão relevante diz respeito ao quebra, dando origem aos microplásticos,
material utilizado para produção dessas em- que absorvem compostos químicos tóxicos
16 INOVA TALENTOS
01
18 INOVA TALENTOS
01
OBJETIVOS
OBJETIVO GERAL
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
MÉTODO
7 - Desenvolvimento
da marca Caixa Ecotérmica;
20 INOVA TALENTOS
01
22 INOVA TALENTOS
01
ECONOMIA LINEAR
ECONOMIA
CIRCULAR
M
AN
EM
UF
RECURSOS
LAG
AT
URA
RE CI C
24 INOVA TALENTOS
01
Incialmente, idealizou-se um modelo de caixa térmica composto por três partes: caixa de pape-
lão ondulado, isolante térmico e substrato, cuja estrutura era composta por um material isolan-
te (1) preso a um substrato; (2) acoplado a uma caixa dobrável; e (3) estruturado em papelão
ondulado, conforme pode ser observado na figura 6. Seriam produzidas caixas nos tamanhos
de 3, 5, 12 e 24 litros.
revestimento
interno
2
isolante
térmico
FIGURA 6:
Caixa ecotérmica – composição.
Fonte: Autor, 2015.
caixa de
papelão
ondulado
FIGURA 7: FIGURA 8:
Caixa térmica – visão da caixa montada. Caixa térmica, modelo atual – composição.
Fonte: Autor, 2015. Fonte: Autor, 2016.
26 INOVA TALENTOS
01
Após uma análise critíca, o modelo pas- Como solução, as placas de isolantes são
sou por uma revisão. O novo modelo é com- soltas e não existe mais o substrato, o que
posto também por três partes: caixa de pa- tornou simples a montagem e desmonta-
pelão ondulado, isolante térmico em placas gem da caixa em qualquer tamanho. Tam-
segmentadas e revestimento interno, como bém com a utilização do substrato, qual-
observado na figura 8. quer tipo de perfuração poderia acarretar a
Nesse modelo, foram mantidas as princi- perda da caixa térmica, devido à passagem
pais características e preservado o conceito da umidade para a caixa de papelão, dani-
de desmontável e reciclável. A caixa de pape- ficando-a e reduzindo a eficiência térmica.
lão ondulado continuou planificada, sendo Utilizando o revestimento interno, esse risco
transportada desmontada, reduzindo assim é eliminado, pois, caso ocorra algum dano
a cubagem, volume de estoque, além de per- ao revestimento interno — mais resisten-
mitir o transporte de uma maior quantidade, te que o substrato — a umidade fica retida
o que diminui o custo logístico e o impacto no isolante, dificultando assim a passagem
ambiental. Possui fácil montagem e é produ- para a parte de papelão, caso em que o iso-
zida com materiais leves e recicláveis. lante servirá como segunda proteção. Além
A caixa de papelão ondulado, confeccio- disso, sem o substrato, é possível realizar
nada em papelão pardo e branco, poderá ter uma completa higienização da caixa térmi-
tratamento hidrorrepelente tornando-a imper- ca, pois as placas podem ser lavadas e secas
meável, resistente à umidade na capa interna separadamente, impedindo, dessa forma, a
e/ou externa e miolo. Será constituída de peça proliferação de microrganismos.
única, reduzindo a utilização de máquinas no O modelo atual requer ainda uma menor
processo e custos produtivos, além de gerar quantidade de papelão. Existe uma trava na
redução de preço do produto final. caixa, que aumenta a segurança, evitando a
O modelo atual vem com a propos- abertura de forma indesejada. Com a retira-
ta de tornar ainda mais fácil o manuseio e da do substrato, foram eliminadas etapas do
a montagem da caixa. No antigo, existia a processo produtivo, máquinas e quantidade
utilização do substrato, que servia para re- de material, reduzindo custo de processo.
ter a umidade onde as placas de poliuretano Definidas as alterações, foram construí-
seriam fixadas. No entanto, para tamanhos dos protótipos e mockpus nos tamanhos de 5,
maiores (por exemplo, 12, 24 e 48 l) esse ele- 14, 21 e 44 l, conforme observado nas figuras
mento dificultava a montagem e desmonta- 9, 10, 11 e 12. Os tamanhos foram definidos
gem, sendo necessária a utilização de mais após levantamento de mercado, que mostrou
de uma pessoa para fazê-lo. quais os tamanhos mais consumidos.
FIGURA 10:
Mockup caixa
térmica de 14 L.
Fonte: Autor, 2017.
FIGURA 11:
Mockup caixa
térmica de 21 L.
Fonte: Autor, 2017.
28 INOVA TALENTOS
01
FIGURA 12:
Mockup caixa
térmica de 44 L.
Fonte: Autor, 2017.
A caixa térmica, transportada de forma plana, possui uma estrutura dobrável, montada no
ambiente do usuário, reduzindo o volume para transporte e armazenamento. A forma final do
produto, destinada à venda e distribuição, pode ser vista na figura 13, bem como a lâmina com
instrução de montagem e descarte.
FIGURA 13:
Caixa térmica
de 22 L
Fonte: Autor, 2017.
FIGURA 14:
Teste de
desempenho da
caixa térmica em
comparação a de
isopor de 5 L.
30 INOVA TALENTOS
01
FIGURA 15:
Teste de
desempenho da
caixa térmica em
comparação à de
isopor de 14 L.
FIGURA 16:
Teste de
desempenho da
caixa ecotérmica em
comparação à de
EPS de 22 L.
FIGURA 17:
Teste de
desempenho da
caixa térmica em
comparação à de
isopor de 44 L.
32 INOVA TALENTOS
01
5L Papelão: Onda C
Lã de PET: espessura = 15 mm. 1,8 1,9 3,1
Fabricante: 1
5L Papelão: Onda C
4,6 5,9 6,4
Lã de PET: espessura = 20 mm.
Fabricante: 1
34 INOVA TALENTOS
01
MENOR
VOLUME FORNECEDOR QUANTIDADE TEMPO ATÉ 8°C
DATA DO TESTE ICE FOAM CARGA T < 2°C TEMPERATURA LOGGER
DA CAIXA DA CAIXA DE ICE FOAM (HORAS)
REGISTRADA
36 INOVA TALENTOS
01
5 0,268 0,358
14 0,501 0,568
41 0,762 0,899
O coeficiente global de transmissão de calor para as caixas Ecotérmicas foi menor que as de
isopor. Quanto menor o coeficiente global de transmissão, melhor é o isolamento térmico da
caixa, ou seja, a caixa Ecotérmica apresenta um desempenho em isolamento térmico superior
ao das caixas tradicionais de isopor.
38 INOVA TALENTOS
01
40 INOVA TALENTOS
01
42 INOVA TALENTOS
01
44 INOVA TALENTOS
01
julianambicalho@gmail.com
G U I L H E R ME H I DE KI YO S H I ZA NE C O STA
_
Bacharel em Farmácia
UFOP
_
Mestre em Bioquímica e Imunologia
UFMG
guilherme.costa@cdict.com.br
Labtest Diagnóstica,
Av. Paulo Ferreira da Costa, 600,
Vista Alegre, Lagoa Santa, MG.
CEP: 33400-000.
(31) 3689-6900
47
R E SU M O
tologia clínica veterinária. Essa alteração normalmente é causada pela não realização de
jejum pelos animais, o que aumenta a turbidez do soro e pode influenciar nos resultados
dos exames bioquímicos. Por isso, a amostra lipêmica deve ser rejeitada pelo laboratório,
sendo solicitada uma nova amostra. O objetivo do trabalho foi desenvolver e validar um
veu a lipemia das amostras animais, sem influenciar na maioria dos exames bioquímicos,
garantindo resultados confiáveis. Além disso, possui preço acessível e fácil aplicação nos
laboratórios veterinários.
48 INOVA TALENTOS
02
A BSTR ACT
animals that leads to an increasing of the serum sample turbidity, and can provoke
reject lipemic blood samples and request a new sample. This work aimed to develop and
to validate an innovative product able to remove the excess of lipids from canine and
feline serum samples. The final product was capable to reduce the lipemia from animal
serum samples, causing no changes of the biochemical tests, ensuring reliable results. In
A
como diabetes mellitus, obesidade, hipera-
ssim como acontece em humanos,
drenocorticismo, hipotireioidismo, pancrea-
cães e gatos devem realizar jejum
tite aguda e insuficiência renal (XENOULIS;
alimentar antes da coleta de sangue,
STEINER, 2010). Fatores genéticos também
para determinados tipos de exames labora-
podem desencadear dislipidemias em cães
toriais. Esse jejum é de até seis horas em
das raças Schnauzer Miniatura e Pastor de
filhotes e de oito horas em animais adultos
Shetland (MORI et al., 2010).
(KANEKO et al., 2008). O problema é que,
Os exames bioquímicos são normalmen-
diferentemente da medicina humana, a cole-
te realizados pela mensuração da absorbân-
ta de sangue dos animais normalmente não
cia por método espectrofotométrico, que
é programada e ocorre durante a consulta
nada mais é do que a medição da absorção
clínica com o médico veterinário. A não rea-
da luz pelo meio reacional.
lização do jejum pode levar à alteração na
Como o aumento da turbidez influencia na
amostra denominada lipemia, que consiste
maneira como a luz é absorvida, amostras li-
no aumento de lipídeos no sangue (princi-
pêmicas podem apresentar resultados bioquí-
palmente triglicérides), o que faz com que o
micos incorretos, o que compromete o diag-
soro ou plasma se tornem turvos e com as-
nóstico de doenças pelo médico veterinário
pecto leitoso. (Figura 1) (BRAUN et al., 2015;
(BRAUN et al., 2015), razão pela qual as amos-
XENOULIS; STEINER, 2015).
tras com lipemia acentuada não devem ser
utilizadas nas análises bioquímicas, devendo
ser solicitada a recoleta de sangue do animal.
Entretanto, a rejeição da amostra lipêmica
com a necessidade de obtenção de uma nova
amostra pode ser muito complexa na medi-
cina veterinária e, por isso, deve sempre ser
evitada. Muitos animais têm a coleta de san-
gue difícil pelo pequeno porte, estado de saú-
de ou agressividade, algumas vezes sendo
até necessária a utilização de sedação para a
coleta de sangue.
A lipemia é um problema no diagnóstico
veterinário difícil de ser evitado e que pode
comprometer a exatidão dos resultados dos
FIGURA 1 - Lipemia em soros de cães.
Fonte: Xenoulis e Steiner (2010) exames bioquímicos. Até o momento, não está
50 INOVA TALENTOS
02
CONCENTRAÇÃO DE TRIGLICÉRIDES
SORO SORO SORO
CENTRIFUGADO LIPÊMICO DELIPIDADO
(14.000 rpm)
TRIGLICÉRIDES
(mg/dL) 205 516 62
FIGURA 2 - Amostra de soro canina lipêmica (a) e pré-tratada com
o reagente desenvolvido após a etapa de centrifugação (b). Observar TABELA 2 - Concentração de triglicérides do soro centrifugado
o sobrenadante lipídico sólido (seta) (14.000 RPM), lipêmico e pré-tratado com o reagente desenvolvido.
52 INOVA TALENTOS
02
Por outro lado, o reagente não foi aprova- seu aumento no soro pode indicar lesão he-
do nos estudos de validação para utilização pática aguda (STOCKHAM; SCOTT, 2008).
com os reagentes Gama GT Liquiform VET Observa-se que o resultado de AST da
(Ref. 1058) e Creatinina K VET (Ref. 1010), amostra lipêmica é considerado normal. No
pois influenciou nos resultados. entanto, após a remoção da lipemia, verifica-
O produto ficou estável no teste de de- -se que o mesmo animal apresenta AST qua-
gradação acelerada a 37°C por 28 dias, o que se cinco vezes acima do valor de referência.
corresponde a uma estabilidade de 38 me- Esse resultado incorreto poderia levar a uma
ses, se mantido entre 2° a 8 °C. falha no diagnóstico de possível doença he-
pática aguda pelo médico veterinário.
Na tabela 1, verifica-se que a remoção da
lipemia, através da centrifugação a 14.000
DISCUSSÃO (RPM) e através do pré-tratamento com o re-
agente desenvolvido, apresentou resultados
Através dos seus compostos iônicos, o re- de AST muito próximos, atendendo aos re-
agente desenvolvido promoveu a agregação quisitos estabelecidos por Harr et al. (2013)
das lipoproteínas presentes no soro lipêmi- com bias inferior a 5,91%.
co, visualizado após centrifugação, como Por outro lado, o pré-tratamento das
um sobrenadante sólido e de cor clara, como amostras influenciou negativamente nos
demonstrado na figura 1. resultados de Creatinina e da enzima Gama
O soro se tornou límpido e facilmente Glutamiltransferase (GGT), provavelmente
pipetado para utilização nos exames bioquí- pela interação iônica entre os componentes
micos. A tabela 2 demonstra a redução dos do reagente e os analitos em questão.
lipídeos do soro pré-tratado com o reagente O método de centrifugação a 14.000 RPM
desenvolvido, mensurada pela redução da não é aplicável a todos laboratórios de pa-
concentração de triglicérides na amostra, tologia clínica veterinária, pois necessita de
principal lipídeo encontrado em soros lipê- centrífugas específicas, capazes de realizar
micos (XENOULIS; STEINER, 2015). a centrifugação em tal velocidade. Por outro
A lipemia impacta na absorção da luz pela lado, a centrifugação empregada, utilizando
amostra, interferindo nos resultados bioquí- o reagente proposto (3.500 RPM), é similar
micos, como exemplificado na tabela 1. à utilizada rotineiramente nos laboratórios
A enzima AST (Aspartato aminotransfe- veterinários para obtenção do soro a partir
rase), também chamada de TGO (Transami- do sangue, não sendo necessária, portanto,
nase glutâmico-oxalacética) está presente a aquisição de equipamento adicional.
nas células do fígado - cães saudáveis apre- O reagente desenvolvido recebeu o nome
sentam atividade de AST de até 52 U/L - e de DelipVET e futuramente estará disponível
54 INOVA TALENTOS
02
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
lucas.campos@mediphacos.com
(31) 3889-3653
57
R E SU M O
finitos foram utilizados nesta análise, para verificar os pontos de concentração de tensão
foram propostas, analisadas, fabricadas e apresentadas como opção, para abrigar os no-
58 INOVA TALENTOS
03
A BSTR ACT
This paper describes the design phase of haptic structures for intraocular lens platforms,
and precise alignment to the optical axis. A computational model of the mechanical
test predicted in ISO 11979-3 and a computational biomechanical model of the lens in
the capsular bag at the post-surgical time were developed to conduct the analysis of the
mechanical behavior of the proposed platforms. Finite element software was used in this
analysis to verify the stress concentration points and the final deformation state of each
proposed design model. Four variations of platforms were proposed and analyzed through
the proposed methodology, manufactured and presented as option to be used with the
A
cirurgia de catarata é o procedimen- formar as LIOs multifocais tóricas, garante ao
to mais realizado em muitos países paciente a possibilidade de correção do astig-
desenvolvidos, proporcionando me- matismo, ao mesmo tempo em que permite a
lhorias significativas, econômicas e de lon- focalização em duas ou mais distâncias.
go prazo para pacientes de todas as idades. Ao mesmo tempo em que LIOs multifo-
(BUSBEE, B. G., 2002; LUNDSTROM M, cais tóricas possuem recursos ópticos para
2005) Avanços nas técnicas e tecnologias propiciar melhor qualidade de visão para os
empregadas na cirurgia de catarata, nas úl- pacientes, elas demandam maior nível de
timas décadas, levaram a um aumento na precisão e previsibilidade no comportamen-
satisfação do paciente e melhor resultado no to mecânico.
pós-cirúrgico, resultando em mudanças sig- De um lado, para tratar o astigmatismo,
nificativas na frequência com que essas cirur- é necessário garantir um alinhamento preci-
gias são realizadas. (ERIE, J. C., 2014) so entre os eixos de maior e menor curvatura
As lentes intraoculares (LIOs) são utiliza- da lente com aqueles associados à córnea do
das na cirurgia de catarata, em substituição paciente. Para cada procedimento cirúrgi-
ao cristalino opacificado. Além de fisicamente co, esse alinhamento precisa ser calculado
substituírem a lente natural do olho, as LIOs durante a fase de planejamento da cirurgia,
permitem a correção cirúrgica de erros refra- conforme exemplificado na figura 1.
tivos, o que aumenta ainda mais a expectati-
va do paciente em relação aos resultados e,
consequentemente, a demanda pela qualida-
de das lentes. Um dos erros refrativos mais
comuns é a presbiopia, que consiste na perda
da capacidade de acomodação do cristalino,
com consequente dificuldade de visão próxi-
ma. A presbiopia pode ser tratada por meio de
LIOs multifocais, que permitem ao indivíduo
focalizar em duas ou mais distâncias com ni-
tidez. (THOMAS K.; KOCK, D. D. 2005)
Outro erro refrativo bastante comum é o
astigmatismo, com prevalência de 33% na
população com 20 anos ou mais nos EUA FIGURA 1 - Resultado do calculo de
posicionamento de uma lente intraocular tórica
1999-2004 (VITALE, S. et al., 2008).O astig- Fonte: http://miniflextoriccalculator.com Acesso em:10/06/2017
60 INOVA TALENTOS
03
62 INOVA TALENTOS
03
FIGURA 5 FIGURA 6
Detalhe injetor com lente MF-R2 carregada. Cartucho injetor 1.8mm, detalhe para o
Fonte: Os autores círculo da área de carregamento.
Fonte: Os autores
O perímetro do círculo da área de carregamento foi então tomado como dimensão máxima
para largura de uma plataforma, como exemplificado na figura 7.
FIGURA 7
Plataforma MF-R2, relação da largura da
plataforma com a dimensão do injetor.
Fonte: Os autores
64 INOVA TALENTOS
03
FIGURA 10
Simulação da Plataforma MF-5Y, já disponível comercial-
mente, sendo submetida a um ensaio de compressão.
Fonte: Os autores
Na simulação do pós-processamento é
possível encontrar, através da seleção de
pontos na malha, valores pontuais de deslo-
camento, o que permitiu a seleção dos mes-
mos pontos de medição estabelecido na nor- FIGURA 11
Facoemulsificação
ma e a obtenção dos valores de inclinação (em cima),
(tilt), deslocamento axial, além da obtenção, Lente intraocular
implantada
através de outros recursos do software, dos (esquerda).
Fonte: http://www.cataratacu-
valores de força de reação na compressão, ritiba.com.br/lente-intraoc-
ular-cirurgia-de-catarata/
exatamente como prevê a norma. Acesso em:10/07/2017
66 INOVA TALENTOS
03
FIGURA 12
Esquema de construção
do modelo da cápsula.
Fonte: (BURD, 2001)
Raio de curvatura do polo anterior Rap(mm) 6.8 6.5 7.6 Brown (1973)
Raio de curvatura do polo posterior Rpp(mm) 8.1 12.2 8.0 Brown (1973)
Variação da espessura da Cápsula Polinômio de quinta ordem descrito na Tabela 4 Fisher e Petted (1972), Fig.2 e tabela 3
Posição de disposição das zônulasxz (mm) Valores da Eq. 3 Strenk et al. (1999)
Offset do Equador em relação ao núcleo Δ (mm) 0.5853 0.5119 0.6292 Fincham (1937) e Brown (1973)
𝑎 = 0,03 𝑁 𝑚𝑚
𝑎 = 0 para 𝐴 ≥ 35 𝑎𝑛𝑜𝑠
para A< 35 anos e
68 INOVA TALENTOS
03
O modelo utilizado fornece os demais dados apenas para idades específicas de 11, 29 e45
anos. Dessa maneira, os valores calculados para cada idade fornecida são apresentados na
tabela 2:
O polinômio que descreve a curva exterior do cristalino foi definido como referência para
a curva interior da cápsula, assumindo que existe contato em toda a extensão das duas geo-
metrias. A curva é descrita por um polinômio de 5º grau, cuja formulação e coeficientes são
descritos na tabela 3.
COEFICIENTES DO POLINÔMIO QUE DEFINE A LINHA EXTERIOR 𝑦 = 𝑎𝑅5 + 𝑏𝑅4 + 𝑐𝑅3 + 𝑑𝑅2 + 𝑓
a b c d f
Os símbolos y e R são definidos na Figura 13 . Todas as dimensões estão em milímetros. O grande número
de casas decimais foi utilizado de a à d para minimizar o efeito de erros de arredondamento na definição
da geometria.
Polo Polo
anterior Equador posterior
25
47 anos
20 29 anos
ESPESSURA DA CÁPSULA (μm)
22 anos
15
10
5 FIGURA 13
Representação
da espessura capsular.
0 Fonte: (BURD, 2001)
IDADE ac bc cc dc ec fc
22 ANOS (usado no modelo de 11 anos) 0.8352 16.0266 2.9249 -29.7854 -5.8871 18.4139
47 ANOS (utilizado no modelo de 45 anos) -16.2276 7.6695 31.7967 -20.0132 -21.3694 20.8891
70 INOVA TALENTOS
03
Sendo a espessura capsular (µm) = acη5 + bcη4 + ccη3 + dcη2 + ecη + fc.
Para superfície anterior 𝜂 = −𝑠/𝑠𝑎,
O modelo de cápsula foi então construído em software CAD, que permite desenhos tri-
dimensionais e simulações CAE. Primeiramente, foi constituído um esboço, com base nas
curvas anterior e posterior descritas pelo diagrama da figura 12 e pelos dados e equações su-
pracitadas. Em seguida, o esboço foi revolucionado em torno do eixo central da figura, gerando
a geometria tridimensional, que pode ser vista na figura 14.
FIGURA 13
Construção do
modelo da cápsula.
Fonte: Os autores
72 INOVA TALENTOS
03
74 INOVA TALENTOS
03
PROPOSIÇÃO DE
DESIGNS OTIMIZÁVEIS
Foram propostas quatro opções de design
otimizáveis, em dimensões compatíveis
com o estabelecido no levantamento dos
pré-requisitos. Os formatos de hápticas
possuem características mecânicas que
propiciam a maior variação possível em seu
dimensionamento, mantendo a melhor dis-
tribuição de força no contato com o fornix
equatorial capsular.
FIGURA 21 - Plataforma MF-5Y, disponível comercialmente, Além disso, foi desenhada uma angu-
submetida ao modelo de pós-cirúrgico.
Fonte: Os autores lação háptica mais agressiva, que gerasse
maior interação entre a parede capsular pos-
terior e a óptica da lente. Os modelos deve-
Nesse modelo, é possível visualizar não riam abrigar ainda uma óptica de no mínimo
só uma projeção da lente deformada na cáp- 6 mm, levando em consideração a introdu-
sula, mas também a cápsula, deformada em ção de uma borda quadrada. As hápticas
torno da lente. Essa última permite identificar foram projetadas para transmitir o mínimo
se a lente, por exemplo, consegue tocar a par- de deformação possível sobre a lente e pro-
te óptica na cápsula de maneira adequada, de piciar a melhor estabilidade possível à pla-
modo a prevenir a formação de PCO (Opaci- taforma. As propostas ainda se apresentam
ficação posterior de cápsula). em dimensões otimizáveis, via software,
A análise da distribuição da pressão de sendo os formatos mostrados na figura 22.
contato permite conhecer como é a interação
da háptica junto à cápsula e, principalmente,
se a relação estabelecida é simétrica, o que
neutralizaria qualquer tendência ao giro. O
ângulo de contato, por sua vez, pode também
ser avaliado mais fidedignamente do que no
modelo da norma, visto que é levada em con-
ta também a deformação da cápsula.
Da mesma maneira que o modelo anterior,
plataformas conhecidas (ver figura 21) foram
simuladas para verificar seu comportamento
FIGURA 22 - Plataformas sugeridas em dimensões otimizáveis
no modelo, como parâmetro de validação. Fonte: Os autores
76 INOVA TALENTOS
03
MODELO 1
Estruturas
antirrotacionais
PRINCIPAIS RECURSOS
AR-System
_
Foto do modelo fabricado
Marcações de
fácil visualização
Concentrador
de tensão
Borda
quadrada
em 360°
_
Projeção de perfil do modelo fabricado
_
Resultados de simulações de tensões e deformações no modelo pós- cirúrgico
_
Resultados de simulações
de tensões e deformação
no modelo da norma
_
Resultados de simulações
_ de pressão de contato no
Resultados de simulações de distribuições de tensões e ângulo de contato no modelo pós-cirúrgico modelo da norma
Estruturas
antirrotacionais
PRINCIPAIS RECURSOS
AR-System
_
Foto do modelo fabricado
Marcações de
fácil visualização
Con-
centrador
de tensão Borda
quadrada
em 360°
_
Projeção de perfil do modelo fabricado
_
Resultados de simulaçõesde tensões e deformações no modelo pós- cirúrgico
_
Resultados de simulações
de tensões e deformação
no modelo da norma
_
Resultados de simulações
_ de pressão de contato no
Resultados de simulações de distribuições de tensões e ângulo de contato no modelo pós-cirúrgico modelo da norma
78 INOVA TALENTOS
03
MODELO 3
Estruturas
antirrotacionais
PRINCIPAIS RECURSOS
AR-System
_
Foto do modelo fabricado
Marcações de
fácil visualização
Concentrador
de tensão Borda
quadrada
em 360°
_
Projeção de perfil do modelo fabricado
_
Resultados de simulações de tensões e deformações no modelo pós- cirúrgico
_
Resultados de simulações
de tensões e deformação
no modelo da norma
_
Resultados de simulações
_ de pressão de contato no
Resultados de simulações de distribuições de tensões e ângulo de contato no modelo pós-cirúrgico modelo da norma
Estruturas
antirrotacionais
PRINCIPAIS RECURSOS
AR-System
_
Marcações de Foto do modelo fabricado
fácil visualização
Concentrador
de tensão
Cavidade de
amortecimento
_
Projeção de perfil do modelo fabricado
_
Resultados de simulações de tensões e deformações no modelo pós- cirúrgico
_
Resultados de simulações
de tensões e deformação
no modelo da norma
_
Resultados de simulações
_ de pressão de contato no
Resultados de simulações de distribuições de tensões e ângulo de contato no modelo pós-cirúrgico modelo da norma
80 INOVA TALENTOS
03
MODELO 1
MODELO 2
MODELO 3
MODELO 4
MODELO 4 MODELO 4
MODELO 3 MODELO 3
MODELO 2 MODELO 2
MODELO 1 MODELO 1
0 0,2 0,4 0,6 0,8 0 0,02 0,04 0,06
Deslocamento axial [mm] Descentração [mm]
MODELO 4 MODELO 4
MODELO 3 MODELO 3
MODELO 2 MODELO 2
MODELO 1 MODELO 1
0 0,2 0,4 0,6 0,8 0 0,2 0,4 0,6
Força de compressão [mN] Tilt total [o]
MODELO 4
MODELO 3
MODELO 2
MODELO 1
0 0,02 0,04 0,06 0,08
Rotação interna [0]
82 INOVA TALENTOS
03
TESTE DE INJEÇÃO
Os testes de injeção foram executados para verificação da injetabilidade e do comportamento
da plataforma no injetor. As lentes utilizadas no teste foram fabricadas em dioptria média
(22D) sendo verificado se pelo menos uma amostra de cada modelo pôde ser injetada no
injetor especificado (cartucho1.8 mm).
Todos os modelos puderam ser injetados com sucesso, sem quaisquer danos à lente ou
dificuldade no processo de injeção. A sequência do teste de injeção pode ser vista na tabela
8. Um exemplo do procedimento do teste de injeção pode ser visto na figura 29, com o mo-
delo 1 disposto no cartucho do injetor, e na figura 30, com a lente sendo injetada.
FIGURA 29 - Disposição do Modelo 1 no cartucho do injetor. FIGURA 30 - Modelo 1 no processo de Injeção no teste de Injeção.
Fonte: O autor Fonte: O autor
84 INOVA TALENTOS
03
BUSBEE B. G. et. al. Incremental cost-effectiveness of LOTTENBERG, C. O que é retina. Disponível em:
initial cataract surgery. Ophthalmology, v. 109, n. 3, <Lotten Eyes: http://www.lotteneyes.com.br/glos-
p. 606-612, mar. 2002. sario-retina/.>. Acesso em: 20 de janeiro de 2016.
bit.ly/2xiXgav>. Acesso em: 03 de julho de 2017. term study. Br J Ophthalmol, v. 89, n. 8, p. 1017-
1020. Disponível em: <http://bjo.bmj.com/con-
DANTAS, A. M. O cristalino. São Paulo: Cultura tent/89/8/1017.full>. Acesso em: 02 de julho de
Médica, 2012. 536 p. 2017.
ERIE, J. C. Rising cataract surgery rates: demand MARQUES, F. F. Análise das indicações das técnicas
and supply. American Academy of Ophthalmology, v. e das complicações de troca de lente intra-oculares
121, n. 1, p. 2-4, 2014. Disponível em: <http://bit. em pacientes submetidos a cirurgia de catarata.
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GENG, J. P.; TAN, K. B., LIU, G. R. Application of Bem Oftalmo. Disponível em: <http://drerickabra-
finite element analysis in implant dentistry: A review silmassa.site.med.br/index.asp?PageName=anato-
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de 2016.
v. 85, n. 6, p. 585- 598, jun. 2001.
86 INOVA TALENTOS
03
francielly01@yahoo.com.br
(41) 9982-25152
89
R E SU M O
Como a recuperação de ouro das placas de circuito impresso é realizada atualmente ape-
nas em países como Bélgica, Holanda e Alemanha, entre outros, todo o resíduo gerado no
para recuperação de ouro presente na forma metálica das placas de circuito impresso
(PCI’s) que possuem ouro em seu acabamento e são descartadas por falhas no processo
da, técnica menos agressiva ao meio ambiente e ao ser humano, se comparada às que
utilizam produtos tóxicos, como o cianeto – ou mesmo por pirólise, onde o consumo de
energia é muito alto. Foram realizados testes com o objetivo de se chegar à condição óti-
com pureza de 22k. Após a determinação das condições ideais, foi realizado o projeto de
-se de uma proposta inovadora que, no contexto atual do Brasil, é sinônimo de redução de
nesse ramo.
90 INOVA TALENTOS
04
A BSTR ACT
KEYWORDS gold recovery process, printed circuit board disposal, acid leaching.
Currently gold recovery from printed circuit boards is only carried out in countries such as
Belgium, the Netherlands, Germany, among others, and all the waste generated in Brazil
is exported and recovered abroad. This project seeks to develop a process for recovering
gold in the metallic form of printed circuit boards (PCI’s) that have gold in their finish and
are discarded by failures in the production process. The recovery of the gold was made
from an acid leaching process, a technique less aggressive to the environment and the
human being when compared to those that use toxic products such as cyanide or even
pyrolysis where the energy consumption is very high. Tests were carried out in order to
reach the optimum condition of chemical consumption, recovery and purity of the metal,
obtaining gold with a purity of 22k. After the determination of the ideal conditions, the
design of an equipment capable of making this recovery on a larger scale was carried out.
is synonymous with reducing costs and environmental benefits, as well as heating the
O
ritmo de crescimento da fabricação 2005). Os processos eletrometalúrgicos ne-
e consumo de equipamentos eletrô- cessitam de uma etapa anterior – a da hidro-
nicos, combinado à redução da vida metalurgia – pois os metais precisam já estar
útil desses equipamentos, traz a necessida- em solução, na forma metálica e impura. Nes-
de do desenvolvimento de novas técnicas se caso, a eletrometalurgia (eletrorecuperação
para a recuperação do lixo. Atualmente no ou eletrorefino) purificará o metal. A vantagem
Brasil são gerados cerca de 3 ton./mês de é que esse processo possui poucas etapas, e
resíduo, oriundo de placas de circuito im- os metais obtidos contêm elevado teor de pu-
presso (PCI’s) com acabamento em ouro, ex- reza. Além disso, o tempo de vida do eletrólito
portadas, em sua totalidade, para a remoção é longo, evitando muitas regenerações.
dos metais preciosos. Por outro lado, a hidrometalurgia conso-
Embora existam muitas técnicas para a me grande quantidade de energia, sendo ne-
recuperação de ouro, tais como o processa- cessário um pré-tratamento de remoção de
mento mecânico, eletrometalurgia, hidrome- metais da placa para a solução, para só então
talurgia, processos em altas temperaturas ocorrer a eletrólise (MENETTI et al., 1995).
e biológicos (SANT’ANNA, 2011) normal- Por sua vez, a pirometalurgia ocorre em
mente são empregadas técnicas em série altas temperaturas e consiste na incinera-
para uma recuperação mais eficiente, que se ção, fundição em forno arco de plasma ou
complementam umas às outras. (MENETTI alto-forno, pirólise, drossagem, sinterização,
E TENÓRIO, 1995). fusão e reações com fases gasosas em altas
O processamento mecânico, normal- temperaturas (CUI, et al., 2008). Esse é um
mente utilizado como pré-tratamento, tem dos processos mais tradicionais, utilizado
como função reduzir o volume e aumentar pela Umicore como método para recuperar
a superfície de contato, contemplando as metais – em especial metais preciosos (HA-
seguintes etapas: cominuição, classificação GELUKEN, 2008).
e separação. É um processo totalmente fí- A recuperação de metais mediante a uti-
sico, para o qual são necessários processos lização de altas temperaturas possui várias
subsequentes para a recuperação dos metais etapas, e os metais preciosos recuperados
(SANT’ANNA, 2011). possuem alto valor de pureza. Entretanto, o
Ainda que possua a vantagem de possibi- método apresenta muitas limitações, entre
litar a reciclagem de qualquer tipo de resíduo as quais a necessidade de combinação com
eletrônico e metais, não se pode dispensar a outros processos – para impedir adversida-
moagem, utilizada na etapa da cominuição, des que interfiram na pureza final – além da
92 INOVA TALENTOS
04
94 INOVA TALENTOS
04
96 INOVA TALENTOS
04
RESULTADOS
DADOS EXPERIMENTAIS
NOTAS:
Não foi possível pesar o ouro recuperado.
DADOS EXPERIMENTAIS
40 0,237
98 INOVA TALENTOS
04
O processo se inicia com uma esteira, que succionada pela exaustão do módulo 1.
leva as placas para dentro do equipamento. Ao Após o término da reação, a esteira trans-
entrarem no módulo 1, haverá uma bandeja, portadora voltará à posição inicial, restando
avolumada com a solução de 50% de ácido ní- na bandeja a solução de ácido nítrico, que,
trico (53%) e 50% de água. A esteira transpor- nesse momento, irá conter também cobre e
tadora descerá até que as placas entrem em níquel dissolvidos, além de pequenas pelícu-
contato com a solução, iniciando-se a reação. las de ouro.
Os painéis/bordas de painéis ficarão para- Assim que houver a saturação da solução
dos dentro do módulo 1 por aproximadamen- da bandeja, deverá ser aberta a válvula de sa-
te 30min sendo que, no momento da reação, ída do Módulo 1, fazendo com que o líquido
irá formar-se uma fumaça vermelha, que será contendo ouro desça então pela tubulação,
gustavo.lopes@br.bosch.com
gustavosl.mec@gmail.com
(19) 9 96524366
105
R E SU M O
O Brasil se destaca por ser um país majoritariamente composto por veículos bicombus-
tíveis,, com motores adaptados ao uso de gasolina, que trazem efeitos colaterais que vão
muito aquém das possibilidades propiciadas pelo uso do etanol. Este trabalho objetiva
desenvolver uma nova solução, que permita a otimização dos motores a combustão para
o uso de etanol, sem prejudicar seu desempenho original com gasolina. Testes em motor
A BSTR ACT
Brazil stands out as a country with a fleet composed mostly by Flex-Fuel vehicles. The
side effects present in these vehicles are notorious, with engines adapted to the use of
gasoline, but much less than the possibilities afforded by the use of ethanol. This work
aims to develop a new solution that allows combustion engines to be optimized for the use
of ethanol without damaging their original performance with gasoline. Tests in a single
cylinder research engine were conducted to identify the best volumetric compression ratios,
showing the efficiency gains provided by the association with other technologies. The
results showed promising efficiency gains, solidifying the development of the technology to
N
o passado, aquecimento global, ga- originada apenas nos motores de combus-
ses de efeito estufa, eficiência ener- tão não é suficiente, haja vista ser essencial
gética e problemas ambientais eram incluir também a contribuição de emissão
temas discutidos pontualmente por pessoas durante a produção e o transporte de com-
e instituições ligadas ao clima. Entretanto, a bustível, do poço à roda (Well-to-Wheel). Ao
cada dia que passa a preocupação mundial fazê-lo, é possível demonstrar que os moto-
se eleva, à medida que nos conscientizamos res movidos a etanol serão uma alternativa
dos efeitos colaterais que podemos sofrer importante para alcançar os alvos de emis-
no futuro, se não começarmos a agir para são de CO2 em 2030, quando comparados
reduzir os impactos da existência huma- com outras tecnologias do grupo motopro-
na em nosso ecossistema. Nesse contexto pulsor, do ponto de vista econômico [1].
mundial, é de conhecimento de todos que o Quando falamos do uso de etanol e de ve-
uso de combustíveis fósseis é um dos princi- ículos bicombustíveis, o Brasil toma a frente
pais fatores que contribuem para a emissão no cenário mundial desde 2003, com o lan-
de CO2 na atmosfera e que a redução do uso çamento da tecnologia Flex-Fuel [2]. Assim
desses combustíveis é uma das principais como o Brasil, mais de 60 países já tornaram
rotas para amenizar os efeitos nas mudan- obrigatória a adição de biocombustíveis aos
ças climáticas. combustíveis fósseis, melhorando a eficiên-
Em 2015, a 21ª Conferência das Nações cia energética de seus veículos e contribuin-
Unidas sobre Mudança Climática em Paris, do com os anseios ecológicos por menos po-
COP21, aprovou acordo entre 195 países, de- luição atmosférica [3].
finindo estratégias para amenizar os efeitos Nessa busca crescente por melhor eficiên-
das mudanças climáticas, de modo a manter cia energética, o Brasil, em 2012, introduziu
o aquecimento global abaixo dos 2°C. O Bra- um novo regime automotivo, denominado
sil foi um dos países que, em 2016, assumiu INOVAR Auto, que almejava, além de maio-
o compromisso voluntário de reduzir suas res investimentos em pesquisa e desenvol-
emissões de gases de efeito estufa em 43%, vimento, segurança e uma maior produção
até 2030. nacional de componentes, veículos com me-
Para cumprir com esse compromisso, nor consumo de combustível e, consequen-
definiu-se como meta investir no aumento temente, melhor aproveitamento energético.
do consumo de energias renováveis, tornan- Seguindo esta linha, para entregar os
do sua matriz energética menos dependente compromissos assumidos com a COP21 e
OBJETIVOS
MÉTODO EXPERIMENTAL
Os motores com tecnologia Flex Fuel pos-
suem, desde o seu lançamento em 2003, MOTOR MONOCILINDRO
uma taxa de compressão fixa, usualmente DE PESQUISA (SCRE)
determinada pela gasolina ou, às vezes, por Devido à necessidade de estudo dos fenô-
uma taxa intermediária, mais próxima da ide- menos presentes na combustão de forma
al para a gasolina. avançada e com diversas configurações de
Em qualquer um dos casos, a eficiência sistema de injeção e taxas de compressão,
energética do motor é prejudicada, princi- foi escolhido um motor monocilindro de pes-
palmente quando o combustível utilizado é quisa, que permite estabelecer inúmeras con-
o etanol, uma vez que a taxa de compressão figurações, de forma prática e rápida.
mais baixa para a gasolina impede a utiliza- Esse motor também pode ser montado
ção das propriedades antidetonantes do eta- com sua versão para estudos óticos, por meio
Número de cilindros 1
Diâmetro do cilindro 82 mm
Curso 86 mm
Volume deslocado 450 cm3
Sistema de injeção de combustível Injeção direta montada lateralmente
Injeção indireta no pórtico de admissão
Sistema de gerenciamento AVL Engine Timing Unit 427
Rotação de marcha lenta 800 rpm
Rotação nominal 6000 rpm
Rotação máxima, instantânea 6400 rpm
Máxima pressão no cilindro 100 bar (Naturalmente aspirado ou superalimentado)
Máxima pressão de admissão 2,0 bar (3,0 bar pressão absoluta)
Válvulas por cilindro 4 (2 admissão, 2 exaustão)
Limite de pressão da bomba de combustível 200 bar
BMEP RPM
[bar] 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 500 4000 4500 5000
2 20,300 2,900
4 5,000
5 3,600
8 0,100 0,100
63%
60
50
Vehicle speed (mph)
40
30
20
10
0
0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000
Time (s)
12
11
10
9
8
7
BMEP [bar]
6
5
4
3
2
1
0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500 5000 5500 6000 6500 7000
nmot_w [RPM]
FIGURA 3 . Variação de carga e rotação do motor durante teste em veículo do ciclo FTP75 e os pontos escolhidos para os experimentos no SCRE.
11,34%
31,53%
28,31%
15,0:1
TAXA DE COMPRESSÃO [-]
-0,50% 10,26%
0,03% 75,77%
Apesar de utilizada como critério de es- Fuel nacionais podem ser ainda mais otimi-
colha do combustível durante o abasteci- zados para o uso de etanol. A razão entre os
mento – e de ser amplamente divulgada no conteúdos energéticos de cada litro de eta-
mercado brasileiro como de 70% – a rela- nol e gasolina é de 69.3%, aproximadamente
ção de consumo entre os dois combustíveis 70% por conveniência, conforme ilustrado
pode assumir valores favoráveis ao etanol na equação 2 e na tabela 3. Essa relação deu
superiores a 75%, após a otimização das ta- origem ao paradigma dos 70%, regra prática
xas de compressão para cada combustível, que utiliza a paridade de preços para auxiliar
resultado que mostra que os motores Flex- o usuário na escolha do tipo de combustível,
DENSITY LHV
LHV
FUEL
kg/l MJ/kg MJ/L RATIO
420
400
380
360
ISFC [ g/kWh ]
340 Taxa de
320 Compressão
300
11,5
280
260 11
240 15
220
1000 1500 1000 2000 2500 2000 2500 2000 2500 3000 4500 Rotação [RPM]
2 3 4 5 8 WOT Carga do motor [bar]
DI Sistema de Injeção
E22 Combustível
Figura 7 - ISFC [ g/kWh ] com E22 para os 11 pontos e 3 razões volumétricas de compressão.
600
550
ISFC [ g/kWh ]
500 Taxa de
450 Compressão
400 11,5
13
350 15
300
1000 1500 1000 2000 2500 2000 2500 2000 2500 3000 4500 Rotação [RPM]
2 3 4 5 8 WOT Carga do motor [bar]
DI Sistema de Injeção
E100 Combustível
Figura 8 - ISFC [ g/kWh ] com E100 para os 11 pontos e 3 razões volumétricas de compressão.
-0,7
-0,6
-0,5 Recirculação
dos gases
PMEP [bar]
-0,4 de exaustão
-0,3
Clean
-0,2
IEGR
-0,1
0
11,5 13 15 11,5 13 15 11,5 13 15 11,5 13 15 Taxa de Compressão
3 5 3 5 Carga do motor [bar]
E100 E22 Combustível
Figura 9 - Comparação das perdas por bombeamento entre câmara limpa (clean) e suja (iEGR).
40
35
MBF 10-90 [ºCA]
Recirculação
30 dos gases
de exaustão
25 Clean
20 IEGR
15
11,5 13 15 11,5 13 15 11,5 13 15 11,5 13 15 Taxa de Compressão
FIGURA 10 - Comparação da duração da combustão entre câmara limpa (clean) e suja (iEGR).
-45
-40
Avanço de Ignição [0ca APMS]
-35
Recirculação
-30 dos gases
-25 de exaustão
-20
Clean
-15
-10 IEGR
-5
0
11,5 13 15 11,5 13 15 11,5 13 15 11,5 13 15 Taxa de Compressão
FIGURA 11 - Comparação do avanço de ignição entre câmara limpa (clean) e suja (iEGR).
34,5%
31,7% 8,61%
15,0:1
TAXA DE COMPRESSÃO [-]
E 22 E 100
QUANTIDADE DE ETANOL [%]
37,9%
34,0% 11,51%
15,0:1
TAXA DE COMPRESSÃO [-]
INFLUÊNCIA DA OTIMIZAÇÃO
DA ESTRUTURA DE FLUXO
(SWIRL E TUMBLE) EM MOTOR DI Onde,
Nesta etapa, é analisada a influência da al- HR, entalpia dos reagentes;
teração da estrutura de fluxo, em conjunto
𝑚̇ , vazão mássica de combustível [kg/h].
HP, entalpia dos produtos;
com a recirculação dos gases de escapa-
mento sobre a eficiência de conversão e LHVfuel, poder calorífico inferior
consumo de combustível, bem como sobre do combustível [MJ/kg];
o desempenho da combustão, quando se
usa o etanol. A eficiência térmica é calculada pela razão
De forma a compreender os ganhos de entre o trabalho gerado pelo motor, dividida
eficiência de conversão de combustível, pro- pela energia gerada pela queima do combus-
porcionados pela adição de novas tecnolo- tível, conforme mostrado na equação (4).
gias, é importante analisar a influência des-
sas tecnologias sobre a eficiência térmica e a
eficiência de combustão.
(4)
Como indicado na equação (1), a eficiên-
cia de conversão de combustível expressa a
razão entre o trabalho gerado pelo motor e
a energia presente no combustível injetado. Onde,
Em outras palavras, é a potência indicada, Potind, potência indicada;
dividida pela vazão mássica de combustível, HR, entalpia dos reagentes;
multiplicada pelo poder calorífico inferior do HP, entalpia dos produtos.
combustível.
A eficiência de combustão representa a Combinando-se as equações (3) e (4) é
razão entre a energia gerada pela queima do possível expressar a eficiência de conversão
combustível e a energia presente no com- de combustível, em função das eficiências
bustível injetado. A equação (3) mostra que térmica e de combustão.
EFICIÊNCIA TÉRMICA
46
44
Eficiência Térmica [%]
42 Recirculação
dos gases
40
de exaustão
38 Clean
IEGR
36
34
NORMAL NORMAL NORMAL TUMBLE Estrutura de fluxo
11,5 13 15 Taxa de Compressão
DI Sistema de injeção
FIGURA 14 A
Eficiência Térmica.
EFICIÊNCIA DE COMBUSTÃO
86
Eficiência de Combustão [%]
84
82
80 Recirculação
78 dos gases
76 de exaustão
74 Clean
72 IEGR
70
68
NORMAL NORMAL NORMAL TUMBLE Estrutura de fluxo
11,5 13 15 Taxa de Compressão
DI Sistema de injeção
FIGURA 14 B
Eficiência de Combustão.
37
Eficiência de Conversão Combustível [%]
36
35 Recirculação
34 dos gases
de exaustão
33
32 Clean
31 IEGR
30
NORMAL NORMAL NORMAL TUMBLE Estrutura de fluxo
11,5 13 15 Taxa de Compressão
DI Sistema de injeção
FIGURA 14 C
Eficiência de
Conversão de
Combustível.
9,15%
34,5% 36,3%
33,2% 3,72% 5,23%
15,0:1
TAXA DE COMPRESSÃO [-]
TECNOLOGIAS INSERIDAS
FIGURA 14 - Análise de eficiência para sistema DI operando com E100 para diferentes CR. Configuração com câmara limpa
(clean) e câmara suja (iEGR), com estrutura de fluxo normal e otimizada para geração de tumble – 3bar@2500rpm.
34
32 CR11.5:1
30 CR13.0:1
28 CR15.0:1
26 CR15.0:1 I-EGR
24 CR15.0:1 I-EGR TUMBLE
Pressão no Cilindro [bar]
22
20
18
16
14
12
10
8
6
4
2
0
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450
Volume [cm3]
CR11.5:1
100
CR13.0:1
50 CR15.0:1
CR15.0:1 I-EGR
10
Pressão no Cilindro [bar]
0,5
Na figura 14.d podemos avaliar o ganho ção da estrutura de fluxo resulta em um au-
individual proporcionado por cada pacote de mento do pico de pressão e da eficiência de
tecnologias, inserido ao SCRE. Com o pacote combustão, que se traduz em um aumento
completo, no qual uma taxa de compressão da eficiência de conversão de combustível.
otimizada para o etanol é associada à recircu-
lação interna dos gases de exaustão e a uma
melhor estrutura de fluxo, os ganhos de efici-
ência de conversão de combustível chegaram CONCLUSÕES
a 11,8%, para a condição de 3 bar de iMEP e
2500 RPM.Portanto, graças à associação de Ensaios em um motor monocilindro de pes-
novas tecnologias, foi possível melhorar a efi- quisa permitiram o estudo da influência de
ciência térmica do motor com a elevação da várias tecnologias, tais como a taxa de com-
razão volumétrica de compressão, além de au- pressão, sistemas de injeção de combustível
mentar a eficiência de combustão, mediante PFI e DI, recirculação interna de gases resi-
a utilização de estratégias de retenção de gás duais da combustão e otimização da estru-
residual e posterior alteração da estrutura do tura de fluxo sobre a eficiência de conversão
fluxo [15]. e o consumo específico de combustível do
Na figura 15, são apresentadas curvas no motor, utilizando gasolina ou etanol.
diagrama P x V, correspondentes às diferen- Os ensaios com sistema PFI sem iEGR
tes condições de ensaio. Adicionalmente, revelaram que os ganhos em eficiência de
é possível verificar as mesmas condições – conversão de combustível são maiores para
mostradas na forma log-log, para melhor o etanol do que para a gasolina. Isso se deve
detalhamento das regiões de admissão e às propriedades antidetonantes do biocom-
escapamento. bustível e revela que os veículos Flex-Fuel
Podem-se observar as principais pecu- em uso no Brasil utilizam uma CR otimizada
liaridades referentes à operação com dife- para a gasolina e que isso é um compromis-
rentes razões volumétricas de compressão, so limitado, pela ocorrência de detonação,
como o aumento dos picos de pressão, de- quando se utiliza o combustível fóssil.
correntes de CRs mais elevados. Também é O aumento da taxa de compressão de
possível observar o aumento da pressão na 11.5 para 15:1, utilizando E100, resultou em
admissão, quando utilizado o iEGR. ganhos médios de eficiência da ordem de
Esse aumento na pressão de admissão 3,4%, o que indica a possibilidade de ganhos
e ligeira redução da pressão de escapamen- adicionais de eficiência, através da otimiza-
to, ao final do processo de exaustão, fazem ção da CR para cada combustível. Simula-
com que as perdas por bombeamento sejam ções numéricas utilizando taxas de 16:1 com
menores, quando se utiliza iEGR. A otimiza- etanol revelaram ganhos adicionais de efici-
-publicas?p_auth=S9oRfP0R&p_p_id=consulta
mica, por sua vez, sofreu maior influência da publicaexterna_WAR_consultapublicaportle-
ta um desafio tecnológico a ser vencido, na [6] RODRIGUEZ, Henrique; Revista Quatro Rodas,
busca de benefícios para a sociedade e para “Por que a Volkswagen vai trocar o motor 1.4 TSI
o meio ambiente. Esses desafios estimulam pelo 1.5 TSI?”, http://www.quatrorodas.abril.com.
a continuidade das pesquisas e o desenvol- br/noticias/por-que-a-volkswagen- vai-trocar-o-mo-
tor-1-4-tsi-pelo-1-5-tsi/, acessado em Abril de 2017.
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Lisboa, 2008. STEIN, R., “Effect of Ethanol on Part Load Thermal
ABREVIAÇÕES E DEFINIÇÕES
Flex-Fuel Veículos que rodam com gasolina E22, etanol E100 ou qualquer mistura de E22 e E100
RenovaBio Iniciativa do Ministério de Minas e Energia que busca promover o uso de biocombustíveis
AGRADECIMENTOS
Agradecimentos especiais para a FINEP e Ro-
bert Bosch GmbH por financiar este projeto.
aleswit@gmail.com ,
simbios@simbios.com.br
Simbios Biotecnologia
Rua Caí, 541, Vila Princesa Izabel,
Cachoeirinha - RS
CEP 94940-030
(51) 3074-7400
135
R E SU M O
mentos contaminados. Métodos laboratoriais para detecção desse patógeno são nor-
de DNA (como PCR) permitem a identificação rápida de Salmonella e dos sorotipos, mas
em tubos de ensaio. A Simbios Biotecnologia está validando esse método, visando à pro-
A BSTR ACT
Salmonella is a bacterial pathogen classified into several serotypes that cause human
methods to detect these pathogens are usually time consuming, since they require
(with the use of several antisera). DNA detection methods (such as PCR) allow rapid
colorimetric evaluation in test tubes. These methods are being validated for the production
A
s bactérias do gênero Salmonella são sistêmica humana. Entre esses, os sorotipos
importantes agentes de infecções tíficos (Typhi e Paratyphi A) são exclusivos
humanas. Estima-se a ocorrência de do homem, enquanto os sorotipos paratíficos
dezenas de milhões de casos de salmonelose ocorrem também em animais. A patogenicida-
em todo mundo anualmente (WHO, 2013). de das salmonelas paratíficas está diretamen-
Além de estarem presentes no homem, essas te relacionada à capacidade de cada bactéria
bactérias ocorrem em uma grande diversida- colonizar a mucosa do trato intestinal, invadir
de de animais e no ambiente. células hospedeiras, replicar-se no interior
A salmonelose humana é normalmente dessas células e sobreviver à destruição por
transmitida pela alimentação e caracteriza-se componentes fagocitários (Suez et al., 2013).
por diarreia e gastroenterite, sendo que infec- Enfim, apenas um número limitado de so-
ções sistêmicas podem resultar em endocar- rotipos (entre os quais Enteritidis, Heidelberg
dite, artrite, osteomielite, septicemia e óbito e Typhimurium) apresenta essas característi-
(Vidal et al., 2003). Os quadros clínicos mais cas e tem sido isolado nos casos de salmone-
graves acontecem principalmente em crian- lose humana.
ças, idosos e indivíduos com imunodeficiên- Esses sorotipos apresentam uma vasta
cia (CDC, 2014). gama de hospedeiros, incluindo diversos ani-
A Salmonella pertence à família Entero- mais utilizados na produção de alimentos
bacteriaceae e morfologicamente é um bacilo (El-Shawrkway et al., 2017). Portanto, podem
gram negativo, não produtor de esporos. O contaminar alimentos de origem animal (car-
gênero é classificado nas espécies S. enterica nes, ovos, leite, queijos, etc), apresentando
e S. bongori, sendo que a primeira é a principal risco elevado de transmissão pelo consumo,
causadora de infecções humanas (Ferreira & sendo alvos de controle constante em toda ca-
Campos, 2008). deia alimentar (Loureiro et al., 2010).
As cepas da bactéria também são classifi- A determinação da presença de Salmo-
cadas em sorotipos, conforme a composição nella em uma amostra (humana, alimentar ou
de antígenos da superfície do bacilo. Três di- ambiental) é normalmente realizada por mé-
ferentes antígenos (somáticos O, flagelares H todos de crescimento em meios de cultivo e
e capsulares de virulência Vi) são analisados, caracterização do metabolismo bacteriano por
e as diferentes combinações encontradas, até testes bioquímicos.
o momento, demonstraram a existência de O resultado “positivo” para a ocorrência de
mais de 2.600 sorotipos (Issenhuth-Jeanjean Salmonella somente é definido após a obten-
et al., 2014). ção de culturas isoladas (com o uso de meios
Amostra biológica
Semeadura direta Enriquecimento
Geral:
Ágar EMB Água Peptonada
Ágar MacConkey
Seletivo:
Selenito Cistina
Tetrationato
Rappaport Vassiliadis
Isolamento 5 a 10 colônias
em meios de triagem
Caracterização bioquímica
Caracterização sorológica
lerada ainda mais com a adição de primers nas regiões dos dois loops (LF e LB) e com a produção
de um número ainda maior de cópias de DNA em determinado período de tempo (Tomita et al.,
2008). A figura 2 apresenta um esquema de amplificação por LAMP na região-alvo.
FIGURA 2 – Esquema representando as etapas de funcionamento da técnica LAMP, com a identificação das regiões onde os iniciadores devem hibridizar.
ALVO PRIMERS
Heidelberg F3 SH 5’ – TCTAGCATAGTTCCAAAGCA – 3’
(enzima de B3 SH 5’ – GACCAGCATAATCTTTCGTT – 3’
Restrição
hipotética) FIP SH 5’ – CAGCCACTATTGAATGACAAAATGC–CACCCTGTACTCTCAACGA – 3’
Este estudo BIP SH 5’ – GGCGGGCGGATGTTTATGAA–CTAATGCTCTTGAGTTTGCA – 3’
LF SH 5’ – AGCTTAGCAGGCTTTTTGGC – 3
TABELA 2 - Resultados das análises com os sistemas de PCR em tempo real e LAMP.
PROGRAMA RHAE TRAINEE CNPq – IEL 145
IMPLEMENTAÇÃO DO PROCEDIMENTO DE DETECÇÃO DE SALMONELLA POR LAMP
Inicialmente, foi implementado o procedimento de detecção genérica de Salmonella por LAMP,
com o uso de amostra do sorotipo Typhimurium (5/12).
Foram realizadas amplificações utilizando a amostra concentrada e três diluições decimais,
obtidas a partir dessa amostra. Antes da incubação em banho isotérmico, observou-se uma co-
loração alaranjada em todas as amostras dos tubos (figura 3A). Após o tempo de reação, houve
mudança de coloração apenas nos casos positivos (figura 3B).
Todas as amostras foram adicionalmente analisadas por eletroforese em gel de poliacrilami-
da, onde foram observadas bandas de DNA nas amostras positivas, enquanto não houve am-
plificação nos controles negativos (figura 3C). Esses resultados demonstram amplificação em
todos os pontos com amostras de DNA do isolado 5/12 do sorotipo Typhimurium e ausência de
amplificação nos controles negativos.
[A] [C]
M 1 2 3 4 5 6 7 8 M
[B]
FIGURA 3 - Fotografia dos tubos com sistema de reação antes (A) e depois (B) da amplificação por LAMP (P=Positivo; N=Negativo).
Visualização dos produtos de amplificação em gel de poliacrilamida corado com nitrato de prata (C). A ordem dos tubos é a mesma do gel: 1)
Typhimurium 5/12; 2) Typhimurium 5/12 (1/10); 3) Typhimurium 5/12 (1/100); 4) Typhimurium 5/12 (1/1000); 5 a 8) Controles negativos. Nas duas
extremidades do gel, foi utilizado peso molecular (M), como referência da altura das bandas.
Após esse processo, foi realizado experimento com os demais 38 isolados dos 19 diferentes
sorotipos. Novamente observou-se resultado positivo, com mudança de coloração e ocorrên-
cia de bandas no gel, em todos os tubos com presença de amostras de Salmonella (figura 4 e
tabela 2).
[A] [B]
M 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 M
FIGURA 4 - Fotografia dos tubos com sistema de reação antes (A) e depois (B) da amplificação por LAMP (P=Positivo; N=Negativo). Visual-
ização dos produtos de amplificação em gel de poliacrilamida corado com nitrato de prata (C). A ordem dos tubos é a mesma do gel com um iso-
lado de cada sorotipo: 1) Agona; 2) Albany; 3) Braenderup; 4) Enteritidis; 5) Gafsa; 6) Gallinarum; 7)Give; 8) Hadar; 9) Heidelberg; 10) Infantis;
11) Controle negativo; 12) Johannesburg; 13) Livingstone; 14) Mbandaka; 15) Ohio; 16) Oranienburg; 17)Panama; 18)Rissen; 19) Saintpaul; 20)
Typhimurium; 21) Controle negativo. Nas duas extremidades, foi utilizado peso molecular (M), como referência da altura das bandas.
[A] [B]
[C] [D]
M 1 2 3 4 5 6 7 8 M M 1 2 3 4 5 6 7 8 M
FIGURA 5 - . Fotografia dos tubos com sistema de reação depois da amplificação por LAMP de Enteritidis (A) e Heidelberg (B). Visualização dos
produtos de amplificação em gel de poliacrilamida corado com nitrato de prata para o LAMP de Enteritidis (C) e Heidelberg (D). A ordem do gel é
a mesma dos tubos: 1) Amostra concentrada; 2) Diluição 1/10; 3) Diluição 1/100; 4) Diluição 1/1000; 5 a 8) Controles negativos. M=marcador de
peso molecular.
Em seguida, foi realizado experimento com os demais 38 isolados dos 19 diferentes soroti-
pos. Obteve-se resultado positivo, com mudança de coloração e ocorrência de bandas no gel,
apenas nas amostras de DNA de isolados dos sorotipos Enteritidis e Heidelberg nos procedi-
mentos de LAMP para Enteritidis e Heidelberg, respectivamente. Nas demais amostras, não
houve mudança na coloração nos tubos e não foram observadas bandas no gel (tabela 2).
TOTAL 23 10 33
MALORNY, B., PACCASSONI, E., FACH, P., WHO Salmonella (non-typhoidal). Disponível em:
BUNGE, C., MARTIN, A.,HELMUTH, R. Diagnostic http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs139/
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v. 109, p. 1715-23, 2010.
62–69, 2009.
jairolavarda@gmail.com
(41) 99772-9752
155
R E SU M O
Sabe-se que os veículos pesados possuem um sistema pneumático para realizar as fun-
ções básicas. Esse sistema é composto basicamente pelo compressor (que produz o ar),
pelas tubulações e os tanques (que armazenam o ar) e pelos subsistemas que o conso-
garante que o sistema sempre tenha ar disponível. Para isso, o tempo de funcionamento
máximo dos compressores não pode exceder um limite, determinado pelos fabricantes.
Também serão apresentados em detalhe todas as suposições e conceitos usados para mo-
do simulador.
A BSTR ACT
The heavy duty vehicles have a pneumatic system to roll the basic functions. This
system is composed basically by one compressor, pipes and tanks (air storage) and the
consumers, likely service and parking brakes, doors, ramps, suspension and exhausted
gas posttreatment system. Thus, the good working of the compressor is fundamental for
the whole pneumatic system. Thereunto, the maximum working time of the compressor
(set by fabricators) do not be exceed. With this in mind, the aim of this study is to model
mathematically and programming a code of one simulator to predict the duty cycle of
compressors. In the present study are the explanations of the ACDC simulator creation
(Air consumption and Duty Cycle simulator), further to show limitations and associated
uncertainties. All the hypothesis, conception and models of the system are also shown. In
last part of the study are presented some simulator code parts, preliminary studies and the
N
os últimos anos, as megacidades cuito pneumático de ônibus urbanos e rodo-
buscam soluções de mobilidade ur- viários e implementar um código computa-
bana para se tornarem mais eficien- cional para a simulação.
tes, com melhor gasto energético e com redu-
ção de emissões de gases nocivos.
Para isso, muitas montadoras estão inves- MÉTODOS
tindo em veículos híbridos, com propulsão
O simulador computacional foi baseado na
mista (motor à combustão, juntamente com
análise dos dados coletados em rotas reais
motores elétricos) [1]. Essa tendência também
utilizadas por ônibus da Volvo (por exemplo,
ocorre para veículos pesados [2], uma vez que
rotas de Curitiba, Bogotá, etc.). Esses dados
as normas de redução de poluentes também
contêm informações sobre as pressões nos
são aplicadas a eles. Com a mudança dos sis-
tanques de ar principais e secundários dos
temas de propulsão nos ônibus, também é
ônibus, a velocidade do veículo e a rotação
necessário adequar os sistemas acoplados ao
do motor.
motor, como, por exemplo, o compressor.
Todas essas informações, adquiridas nos
A utilização de compressores nos veícu-
testes, foram utilizadas para a compreensão
los pesados faz-se necessária para fornecer ar
do funcionamento do sistema e para a cria-
comprimido para o circuito pneumático, uma
ção do simulador no MATLAB, utilizando ba-
vez que a abertura das portas, a frenagem e
ses matemáticas de engenharia e de progra-
a suspensão funcionam com ar. Contudo, o
mação para a obtenção do simulador.
parâmetro crucial para os compressores é o
A seguir, serão apresentadas as hipóteses
tempo de engajamento (do inglês, duty cycle),
assumidas, os modelos matemáticos e os
o qual não pode nem ser nem muito baixo
parâmetros, utilizados no desenvolvimento
(para mantê-lo quente, visando ao bom fun-
do simulador.
cionamento) nem muito elevado (para dar
tempo de esfriá-lo e de realizar a limpeza do
sistema de secagem do ar) [3]. Dessa forma, HIPÓTESES ASSUMIDAS
saber a carga de ar necessária nos ônibus – e, Algumas hipóteses se fazem necessárias
consequentemente, o tempo de engajamento para o modelamento matemático do siste-
necessário dos compressores, é vital para o ma, uma vez que muitas variáveis não po-
correto funcionamento do sistema, o que ge- dem ser corretamente medidas ou previstas.
rou a demanda pela criação de um simulador, Assim, são adotadas as hipóteses relaciona-
capaz de estimar esse tempo. das a seguir:
4. Todos os subsistemas são tratados como novos, ou seja, não são levados em
consideração desgastes e avarias que ocorrem durante a vida útil
desses equipamentos;
6. As perdas de carga e por atrito são desprezíveis, uma vez que as tubulações são curtas, e
a diferença de pressão entre os tanques é pequena.
MODELAMENTO MATEMÁTICO
O desenvolvimento do simulador baseia-se no modelo de gás ideal, apresentado na equação
1.1, que relaciona diretamente a massa, a pressão e o volume dentro de qualquer tanque ou
câmara da seguinte forma [4]:
(1.1)
Para garantir que os parâmetros obtidos pela equação 1.1 sejam válidos, as variáveis precisam
respeitar as seguintes condições [4]:
Para o ar, esses valores são 𝑃𝑐 = 3,37 Mpa e 𝑇𝑐 = −140°𝐶 [4]. Assim, substituindo os valores do
ar na relação acima, obtêm-se os parâmetros limitantes para a utilização do modelo:
Portanto, o sistema de ar dos ônibus pode ser descrito mediante a utilização do modelo de
gás ideal, uma vez que a pressão e a temperatura encontradas nesta aplicação são suficiente-
mente distantes dos fatores limitantes.
pela câmara do compressor com 𝑉𝑎𝑡𝑚, podemos observar, na equação 1.2, que, conforme o volu-
Partindo da equação. 1.1, reorganizando para massa e considerando o volume de ar admitido
me de ar que sai, 𝑉𝑠𝑦𝑠 será menor, devido à variação da pressão, embora a massa permaneça
a mesma [5].
(1.2)
Essa mesma observação pode ser feita utilizando a lei da conservação da massa, que diz que
a variação da massa em um volume de controle fixo é igual à massa restante, dentro do volume
de controle. De forma matemática [5]:
(1.3)
Nota-se, então, que todas as considerações no sistema devem ser feitas com base na massa
de ar existente no interior dos tanques, câmaras ou cilindros utilizados.
(1.4)
ρ a densidade [kg/m3],
sendo dm/dt o fluxo de massa [kg/s],
v a velocidade [m/s] e
A a área da seção transversal do tubo [m2].
(1.5)
(1.6)
(1.7)
(1.8)
ção para dois passos de tempo ti até ti+1 (sendo ∆𝑡 = 𝑡𝑖+1 − 𝑡𝑖), finalmente obtemos:
equação 1.8 – para que seja implementada no simulador – e substituindo os limites de integra-
(1.9)
(1.10)
Isso ocorre porque o volume da câmara do compressor é fixo, considerando seu ponto morto
inferior. Em outras palavras, se a pressão ambiente aumentar, a massa aumentará, enquanto, se
a temperatura aumentar, a massa diminuirá.
Nota-se, também, que a equação 1.10 só leva em consideração a admissão de massa para 1
ciclo. Contudo, o compressor realiza vários ciclos de admissão por segundo, haja vista que está
pressor (RPScomp) para obter a massa de ar gerada por segundo (𝑚̇) [kg/s], modifica-se a
diretamente acoplado ao motor do ônibus. Assim, utilizando a rotação por segundo do com-
(1.11)
A equação 1.11 é utilizada no código do simulador para estimar a massa de ar admitida pelo
compressor, independentemente do tipo do compressor e do volume da câmara, alterados
quando o compressor é selecionado no simulador.
(1.12)
Quanto maior o ηv, mais ar é entregue ao sistema para o mesmo volume admitido. Para os
compressores utilizados neste estudo, as eficiências volumétricas foram calculadas com base
nas curvas de eficiência, dependentes da rotação do compressor.
ԎԎ calcular quanta energia cinética pode ser removida pelos freios auxiliares;
Para esse cálculo, precisamos considerar primeiro a energia cinética de um veículo em mo-
vimento, dada pela equação [7]:
(1.13)
O sistema de freio tem que reduzir a energia cinética do veículo, convertendo sua velocidade
em energia térmica (aquecendo os discos ou tambores e as pastilhas). Essa variação na ener-
gia cinética é calculada pela variação da velocidade do veículo entre dois instantes de tempo
conhecidos:
(1.13-2)
Assim, a potência de frenagem pode ser calculada com base nessa variação de energia em um
único passo de tempo (∆𝑡):
(1.13)
Dessa forma, primeiro se calcula a potência dos freios auxiliares (𝑃𝑤𝑒𝑛𝑔 e 𝑃𝑤𝑟𝑒𝑡), consideran-
do todas as engrenagens e acoplamento entre eles e as rodas. Para calcular a potência de freio
do motor, tem-se:
(1.14)
Para a frenagem do retardador hidráulico, temos dois conjuntos possíveis: o retardador mon-
tado antes da caixa de velocidades (configuração do ZF) ou o retardador montado após a caixa
de velocidades (configuração de Voith). A equação para a montagem do retardador antes da
caixa de velocidades é apresentada a seguir.
(1.15)
(1.16)
Finalmente, para estimar a quantidade de pressão de ar necessária para frear o ônibus, divi-
dimos a potência total do freio de serviço pelos seguintes parâmetros:
ԎԎ número de eixos (𝑁𝐴);
A resposta obtida é dada em kPa. A potência dissipada pelos freios deve, necessariamente,
“zerar a variação da energia cinética”, ou seja, a equação 1.13 deve ser igual a zero.
Assim, se esse sistema existe no ônibus que está sendo simulado, é necessário contabilizar
o gasto de ar com o EURO6, para que o simulador seja o mais próximo possível do real.
FLUXOGRAMA DO SIMULADOR
A seguir é apresentado um fluxograma do simulador para ilustrar a ideia de funcionamento.
Cada ação ocorre em um passo de tempo da simulação.
+Δt
TODOS OS TANQUES
VERIFICA A ACELERAÇÃO
COMEÇAM CHEIOS
SIM
PARADO? SIM
CONSOME
ABRIU AR DO TANQUE DE
PORTAS? PORTAS/SUSPENSÃO
NÃO
NÃO
NÃO
<0?
+Δt
SIM
AUMENTOU CORRIGE
SIM CARGA? SUSPENSÃO
NÃO
CALCULA
POTÊNCIA FREIO CONSOME
AUXILIAR AR DO
SIM
TANQUE
FREIO DE DE FREIO
ESTACIONAMENTO? ESTACIONA-
MENTO
SIM
POTÊNCIA NÃO
SUFICIENTE?
PRESSÃO NO
<CUT IN? TANQUE
NÃO
PRINCIPAL
NÃO
CALCULA POTÊNCIA SIM
FREIO SERVIÇO
LIGA
COMPRESSOR
CONSUMO DE AR DO
TANQUE FREIO SERVIÇO
TRANSFERE AR
FIM DE 1 CICLO
LÓGICA DO SIMULADOR
Nesta seção, é apresentada a lógica utilizada em todo o simulador programado em MATLAB,
com as entradas necessárias, nas quais são feitas perguntas ao usuário para configurar todas
as seções apresentadas no código. A base do simulador é a pressão de ar no tanque primário,
pois todos os outros tanques estão conectados a ele, e o compressor produz ou para de pro-
duzir ar, baseado na sua pressão.
ENTRADAS DO SIMULADOR
Em primeiro lugar, os dados dos testes de RPM do motor e velocidade precisam ser inseridos
num modelo do Excel, para que o simulador consiga realizar os cálculos com aceleração e des-
locamento do ônibus. Esses dados devem ser de um teste já feito na rota que será simulada.
Depois, o simulador é executado e algumas perguntas são feitas para selecionar a configuração
correta do ônibus.
PERGUNTAS DO SIMULADOR:
Todas as perguntas feitas no início da simulação para configurar os parâmetros do ônibus,
rotas e condições ambientes são apresentadas abaixo.
ԎԎ Local da aplicação: necessário para mostrar opções extras, consideradas obrigatórias nos
testes de balanço de ar, como abrir ou não as portas e / ou aplicar mais de uma vez o
freio de estacionamento.
ԎԎ Temperatura ambiente: necessária para corrigir e avaliar a massa que entra na câmara do
compressor. A pressão ambiente também é necessária, mas é definida automaticamente
com base no local da rota.
ԎԎ Carga de ônibus: para verificar se foi selecionada qualquer rota diferente do balanço de ar
(primeira pergunta). Essa pergunta aparece para configurar a carga do ônibus (peso total
de pessoas): alta, média-alta, média, média-baixa, baixa e vazio.
ԎԎ Motor do ônibus: necessário para selecionar a relação de rotação correta entre motor e
compressor.
ԎԎ Retardador hidráulico ativado: somente se for um teste de balanço de ar, pois o padrão é
sempre ativado.
ԎԎ Compressor: uma lista aparece com os compressores utilizados, como Voith, Wabco e
Knorr (incluindo os movidos a motor elétrico).
RESULTADOS DO SIMULADOR
Quando a simulação é finalizada no console do MATLAB são apresentadas as informações
resultantes da simulação (Figura 2 - Resultado da simulação no console.), com todos os dados
configurados, o tempo de funcionamento do compressor, os valores de massa de ar consu-
mido por cada subsistema e as regenerações feitas (quando o compressor para e acontece a
limpeza do sistema de secagem de ar).
Doors
Parking brake
9% Service brake
Suspension
Leakage
8% Before air dryer
Regenaration
39% 7%
14%
FIGURA 3 -
Resultado gráfico
4% do simulador para
19% o consumo de ar.
DISCUSSÃO
Depois de realizar algumas simulações preliminares, foram observadas variações significativas
na estimativa do ciclo de trabalho dos compressores, quando feitas algumas alterações nas
variáveis de entrada. Assim, torna-se necessário uma análise da influência dos parâmetros que
alteram o ciclo de trabalho dos compressores, além do quanto eles o alteram.
Os resultados são mostrados na Figura 4 (sem valores, por questões de segredo industrial),
em função da diferença entre acoplar e desacoplar o compressor. Tanto os valores limites de
pressão (eixo y) quanto a diferença entre as pressões (eixo x) foram baseadas nos valores reais
vistos nos testes, sendo extrapolado a diferença das pressões para notar a tendência. As pres-
sões de desacoplamento do compressor são mostrados na legenda.
18ºC 101.3 kPa B12M artic closed drum not use Wabco 636
B12M artic closed drum not use 11.7 bar 10.5 bar Wabco 636
É possível notar que o ciclo de trabalho sofre forte influência da pressão ambiente, como
esperado, passando de 40% (com 70 kPa) para 30% (com 100 kPa). Na tabela 3, é mostrada
a pressão atmosférica em função da elevação. Para comparação, alguns dos locais utilizados
pelos ônibus da Volvo: Curitiba (900 m), Bogotá (2600 m) e La Paz (3600 m).
ELEVATION [m] 0 500 700 1500 2000 2500 3000 3500 4000
ATM. PRES. kPa 101.3 95.42 89.73 86.28 79.43 76.38 70.12 66.48 61.68
Assim, as estimativas do ciclo de trabalho ao nível do mar (como os testes de balanço de ar)
resultaram em valores menores do que em cidades com qualquer elevação.
AMB. PRES. BUS TYPE DOORS BRAKE RET. CUT OUT CUT IN COMP.
101.3 kPa B12M artic closed drum not use 11.7 bar 10.5 bar Wabco 636
31,5
31
30,5
30
DUTY CYCLE [%]
29,5
29
28,5
28
27,5
27
-10 0 10 20 30 40 50 60
ԎԎ PROBLEMAS DE ENCARROÇADORES:
O diâmetro e os deslocamentos de portas e cilindros de rampas são o principal
problema, pois cada encarroçador utiliza as medidas que acha conveniente, muitas
ԎԎ VÁLVULAS:
Os problemas aqui começam com o princípio de trabalho das válvulas - molas. Esse tipo
de componente mecânico apresenta variações inerentes a seus parâmetros, causando
mudanças nas pressões de abertura e fechamento, além da existência da histerese das
válvulas. Outro ponto crítico é o envelhecimento da válvula, alterando seus parâmetros
de funcionamento (devido à temperatura de trabalho, água e óleo no ar que passam
por elas, além do desgaste natural do material), o que torna impossível sua inserção no
simulador, sendo uma das causas de problemas inerentes ao sistema do ônibus.
ԎԎ SUSPENSÃO:
Embora a variação da altura da suspensão (quando as pessoas entram e saem do ônibus)
tenha sido implementada, o principal problema são as condições da estrada, causadores
de grandes variações na altura da suspensão, fazendo-a consumir ou não ar. O problema
nesse sistema é justamente prever quantas pessoas entram ou saem do ônibus em cada
ponto de parada, para minimizar as variáveis envolvidas nos processos.
ԎԎ TEMPERATURA:
Com base em alguns dados de teste, foi estimada a temperatura do sistema como uma
porcentagem acima da temperatura ambiente. Esse mesmo método foi usado para
estimar a temperatura do ar que sai do compressor, embora seja mais difícil prever essa
temperatura com boa precisão, pois a distância entre o motor e a tubulação de entrada
de ar do compressor altera essa temperatura.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao longo do presente trabalho, foi possível mostrar as hipóteses assumidas, o embasamento
matemático utilizado e alguns trechos do código do simulador computacional implementado
em MATLAB, para estimar o tempo de funcionamento do compressor e as massas de ar con-
sumidas e produzidas.
Assim como apresentado, o simulador precisa de alguns dados de entrada para realizar a
simulação (como PRM, velocidade dos ônibus e condições ambientes), para que o resultado seja
representativo. Mesmo assim, o simulador consegue representar, de forma robusta, as aplica-
ções reais, quando todos os dados são configurados de forma correta, apresentando pequenas
diferenças em relação aos dados reais (não apresentados por questões de sigilo industrial).
Outras questões em que não há controle são as variações intrínsecas à utilização do sis-
tema, como as formas de condução do motorista, a quantidade de pessoas que entram no
ônibus durante a rota (variando a carga de forma não prevista) e as condições ambientes
fora do esperado (dias mais quentes ou mais frios do que os configurados). Ou seja, muitas
incertezas associadas ao simulador estão diretamente ligadas às incertezas de utilização, pois
- como visto - a simulação é bastante sensível aos parâmetros de entrada, os quais, se não
tomados de forma confiável, não passarão a mesma confiabilidade para o simulador e, conse-
quentemente, para os resultados obtidos.
Mesmo assim, o simulador consegue entregar a ordem de grandeza que será encontrada
nas aplicações reais, tornando mais rápida a resposta para uma possível substituição de mar-
ca de compressor ou de um ônibus como um todo. Dessa forma, essa ferramenta é extrema-
mente poderosa, quando utilizada de forma correta.
TRABALHOS FUTUROS
Em futuros trabalhos, o simulador poderia ser implementado em ambientes mais amigáveis
ao usuário (uma vez que foi feito em MATLAB, usando linguagem de programação sequencial,
sem apresentar interface gráfica do tipo “clique e selecione”) a fim de tornar mais fáceis e
compreensíveis os dados de entrada para a simulação.
Como comentado no trabalho, adquirir os sinais das portas/rampas para saber quando o
ônibus parou em ponto facilitaria amplamente a “inclusão de rotas“, pois o simulador está
preparado para esses dados – e não seria necessário alterá-lo.
titoianda@yahoo.com.br
Porto Alegre, RS
+55 51 98204-5163.
183
R E SU M O
Sistema FIERGS para apoiar a indústria do Estado do Rio Grande do Sul na Sistematiza-
para coleta, análise e transformação de ideias em projetos de inovação. Além disso, devi-
do aos recursos disponibilizados para registro de ideias nas empresas, essa atividade apa-
rece fortemente atrelada à alta administração, sem contar a falta de uma visão integrada
avançado, no que tange aos conceitos da arquitetura de inovação, o que permitiu o acesso
apresenta três cases. O programa Inova Talentos foi crucial nesse processo, permitindo ao
A BSTR ACT
This article presents Idea Management platforms – a tool developed at Sistema FIERGS
to support the industry of the State of Rio Grande do Sul in the Systematization of
Innovation. An initiative based on the need to obtain business tool, to support the
generation of ideas and structured processes for collect, analyzing and transforming
ideas into innovation projects. In addition, It provide the resources to register ideas in
companies. This activity appears strongly tied to top management, not to mention a
lack of an integrated vision of innovation projects in progress. The methodology used for
the development of the tools is the Architecture of Innovation. The results allowed us to
structure support platforms in Excel with indicators and metrics to manage the flow of
the knowledge of the advanced Excel and the concepts of innovation architecture, giving
access to all the employees to the platforms of idea generation according to strategic
of the company. The development of the platforms is an innovation, since it allows the
process of innovation, reducing the risk of investment, and potentiates the management
of innovation projects in the companies served by FIERGS. In 2016, platforms were applied
and in the interior of Rio Grande do Sul. The article presents 3 cases. The Inova Talentos
program was crucial to the idea management process, supporting the systematization of
E
ste artigo apresenta as plataformas de nal da Indústria (CNI), consubstanciada na
gestão de ideias e seus impactos na criação de Núcleos Estaduais de Inovação –,
sistematização da inovação nas em- bem como pela atuação do Ministério de Ci-
presas atendidas pela Federação das Indús- ência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e pela
trias no Estado do Rio Grande do Sul (Siste- Financiadora de Estudos e Pesquisa (Finep)
ma FIERGS em 2016. O Sistema FIERGS é para fomentar a inovação.
uma entidade sem fins lucrativos, que atua no Entretanto, apesar desse relevante supor-
desenvolvimento empresarial do Rio Grande te, várias organizações ainda apresentam
do Sul, mediante a prestação de serviços de enormes dificuldades em estruturar o pro-
aprendizagem da indústria e saúde no traba- cesso de inovação internamente, configurada
lho. As plataformas foram desenvolvidas no intuitivamente apenas por algumas pessoas
âmbito do projeto Cultura de Inovação no dentro das organizações, especialmente na
Sistema FIERGS, cujo objetivo consiste em alta administração.
envolver todos os funcionários do Sistema Os esforços empresariais para inovar são
no compromisso com a inovação. mensurados por diversos indicadores e métri-
A inovação pode ser definida como resul- cas constantes do Manual de Oslo e Manual
tado de atividades empresariais na criação de Frascatti (OCDE, 1997; 2013), assim como
de novos produtos, processos ou serviços indicadores nacionais de países. No Brasil, os
e sua importância é reconhecida como um indicadores nacionais de inovação são defi-
meio para o desenvolvimento e o progresso nidos pelo MCTI e Finep. Estes indicadores.
tecnológico, não somente empresarial, mas além de essenciais para as empresas alcança-
também para o crescimento econômico e rem financiamentos para inovação, reduzem
competitividade de uma nação (SABINO e os riscos de inovar, uma vez que oferecem
MONTANUCCI, 2013). No entanto, nos últi- maior controle sobre o processo.
mos anos, o Brasil tem apresentado uma pro- As técnicas e processos de inovação são
funda deficiência em termos de inovação. Em dinâmicos e evoluem numa velocidade expo-
2016, o país ocupava o 69º lugar no ranking nencial. Nessa perspectiva, várias metodo-
mundial de inovação, a mesma posição que logias são aplicadas para facilitar o proces-
ocupa atualmente (CNI, 2017). Entre as eco- so de inovação nas empresas, tais como
nomias da América Latina e Caribe, o Brasil brainstorming (ARIVANANTHAN, 2015), de-
aparece em sétimo lugar, atrás do Chile (46º), sign thinking (VIANNA et. al. 2012) e golden
Costa Rica (53º), México (58º), Panamá (63º), circle (SINEK, 2012), entre outras.
Colômbia (65º) e Uruguai (67º) (CNI, 2017). As consultorias empresariais e facilitado-
OBJETIVOS
BLOCOS DE SUPORTE
CASE 1
A figura 2 apresenta o painel inicial da plataforma desenvolvida para uma empresa que tinha
a necessidade de implementar plano de ação de inovação até 2019. A partir de análise da ne-
cessidade e processos internos da empresa, foi desenvolvida uma plataforma, que, além de
facilitar a visualização de ações, permitiu identificar responsáveis, equipe participante, custo
da ação e cronograma de aplicação. O Excel foi utilizado por ser uma ferramenta de fácil acesso
para a empresa, além de não exigir custos de treinamento para uso.
Cronograma 2017
Cronograma 2018
EMPRESA Cronograma 2019
Consolidado
Esta página inicial possui hiperlinks que direcionam para as planilhas secundárias, local de
detalhamento das atividades (figura 3).
Na mesma planilha da atividade, aparece logo abaixo tabela, com identificação de cada ati-
vidade e os respectivos campos para acompanhamento e observações (figura 4).
ATIVIDADE 1
ATIVIDADE 2
ATIVIDADE 3
Vale ressaltar que essas planilhas possuem preenchimento automático em vários campos,
principalmente na aba consolidada. Os campos de preenchimento automático são bloqueados,
impedindo erros de digitação e perda de informações. O case 2 apresenta mais um resultado
de solução desenvolvida para gestão do projeto de inovação.
CASE 2
O painel a seguir foi desenvolvido para uma empresa de engenharia mecânica. A empresa tinha
a necessidade de implementar o projeto de inovação internamente e, para tanto, criou um gru-
po de inovação com profissionais de perfis, conhecimentos e áreas diferentes: P&D, marketing,
arquitetos, gestores de projetos e desenvolvedores de produto.
A maior dificuldade era o desenvolvimento de processo de gestão de ideias e de projetos de
inovação. Nesse sentido, foi criada uma plataforma de suporte, com fluxograma de processo
e indicadores básicos, para facilitar a visualização integrada de todos os projetos de inovação
em andamento. A plataforma contém ainda definição de processos, banco de ideias e fichas de
avaliação de projeto (figura 5).
FIGURA 5 -
Plataforma
de suporte
na gestão
de projetos
de inovação
Fonte: o autor
AVALIAÇÃO DE IDEIA
Identificação
Ficha Nº 28
Título
Responsável Área
Data da avaliação Grau Tipo
Status da avaliação da ideia Etapa Avaliação Final
Descrição da necessidade / problema / oportunidade
Descrição da ideia
Critérios de Avaliação
Obrigatórios
1 Alinhamento estratégico 2 Viabilidade técnica
Nota Sim Nota Sim
3 Atende às politicas de Saúde, Segurança e Meio Ambiente 4 Vabilidade econômica
Nota Sim Nota Sim
Avaliação Considerações
6 Vantagem do produto
Benefícios únicos
Baixo Médio Alto Nota
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Atende as necessidades do cliente melhor do que produtos competidores ou existentes
Baixo Médio Alto Nota
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Custo benefício
Baixo Médio Alto Nota
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Avaliação Considerações
7 Atratividade de mercado
Tamanho do mercado
Baixo Médio Alto Nota
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Crescimento do mercado
Baixo Médio Alto Nota
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Situação competitiva
Baixo Médio Alto Nota
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Avaliação Considerações
8 Sinergias (aumentam competências chave)
Sinergias mercadológicas
Baixo Médio Alto Nota
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Sinergias tecnológicas
Baixo Médio Alto Nota
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Sinergias de processos / manufatura
Baixo Médio Alto Nota
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Avaliação Considerações
9 Viabilidade técnica
Gap técnico
Baixo Médio Alto Nota
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Complexidade
Baixo Médio Alto Nota
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Incerteza técnica
Baixo Médio Alto Nota
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Avaliação Considerações
10 Risco sobre o retorno
Lucratividade esperada
Baixo Médio Alto Nota
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Taxa de retorno sobre o investimento
Baixo Médio Alto Nota
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Tempo de payback
Baixo Médio Alto Nota
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Certeza de retorno
Baixo Médio Alto Nota
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Avaliação Considerações
CASE 3
Esta plataforma foi criada para ser aplicada em uma capacitação de inovação incremental. A
metodologia de inovação incremental possui quatro fases de desenvolvimento, e a plataforma
foi criada com o intuito de apoiar a metodologia em todas as fases. Possui um espaço para des-
crição do desafio estratégico, coleta e avaliação de ideias, plano de ação e cronograma de de-
senvolvimento de projeto ou aplicação da ideia em melhoria de produtos ou serviços (figura 7).
Geração
Feedback
de ideias Avaliação de
Registrar ideias
resultados
Critério
DESAFIO Seleção
PRODUTO
Critério Critério
LISTA DE
Seleção Seleção
ORGANIZACIONAL IDEIAS PROCESSO
PRIORIZAÇÃO
AÇÃO 1: Projeto de Inovação Incremental 1
A fase inicial do processo começa com um desafio estratégico (figura 9), que parte de um
problema identificado pela empresa, a partir do qual é gerada uma lista de ideias para criar a
solução.
Além disso, orienta os colaboradores na geração de ideias de acordo com a estratégia de
inovação da empresa. As ideias aprovadas passam por uma seleção e classificação por tipo
de inovação – de produto, processo, organizacional ou de marketing – permitindo visualizar a
atratividade da ideia e priorização, conforme a necessidade da organização.
DESAFIO:
Após a definição do desafio estratégico, as ideias são coletadas e descritas numa lista de
ideias (figura 10).
0 1 3 5
0 1 3 5
1.
REDUÇÃO NULA BAIXA MÉDIA ALTA
DE CUSTO
2. MELHORIA
DA QUALIDADE NULA BAIXA MÉDIA ALTA
DO PRODUTO
3. COMPLEXIDADE
DE IMPLEMENTAÇÃO MUITO ALTA ALTA MÉDIA BAIXA
4. AUMENTO DE
PRODUTIVIDADE NULA PEQUENA MÉDIO ALTA
5. CUSTO DE P&D
PARA REALIZAÇÃO MUITO ALTO ALTO MÉDIO BAIXO
6. TEMPO PARA
REALIZAÇÃO MUITO GRANDE GRANDE MÉDIO BAIXO
7. INVESTIMENTO
DE CAPITAL MUITO GRANDE ALTO MÉDIO BAIXO
SOMA
Previsão Previsão
Cód. da ideia Descrição do Projeto de Inovação Incremental Responsável Recurso estimado ($)
Início Término
Cód. da ideia 0 0 R$ -
Descrição
detalhada
Etapas de execução
Mês 1 Mês 2 Mês 3 Mês 4 Mês 5 Mês 6 Mês 7 Mês 8 Mês 9 Mês 10 Mês 11 Mês 12
do projeto
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
CNI. Confederação Nacional da Indústria. Brasil de Apoio à Gestão da Inovação, NAGI/RS. 2016.
fica estagnado no Índice Global de Inovação. 2017. Porto Alegre, RS.
Disponível em: <http://bit.ly/2xdeSVo>. Acesso
em: 31 jul. 2017. VIANNA, Maurício; VIANNA, Ysmar; ADLER, Isabel
K.; LUCENA, Brenda; BEATRIZ, Russo. Design
JOHNSON, Steven. O guru Steven Johnson conta
Thinking: Inovação em Negócios. – Rio de Janeiro:
de onde vem a inovação. 2014. Revista Exame.
Disponível em: <http://abr.ai/2hKmx6H>. Acesso MJV Press, 2012. 162p.: il.; 24 cm. Disponível em:
em: 28 jul. 2017. <http://bit.ly/2fJiT8T>. Acesso em: 13 jul. 2017.
Anascimento@rd.loreal.com
lucarvalho@rd.loreal.com
jfarias@rd.loreal.com
Ilha do Fundão 00
Via Projetada 1 do PAL 48212, n° 2100
Ilha do Bom Jesus – Cidade Universitária
Rio de Janeiro
(21)9802 74523
207
R E SU M O
válido no processo de inovação e pesquisa. Este estudo tem como objetivo apresentar os
lise descritiva quantitativa (ADQ) como ferramenta para obtenção e análise de dados ob-
A BSTR ACT
Descriptive sensory methods are essential to determine performance and support in the
development of assertive cosmetic products to the market share, as using sensory analysis
as a valid instrument in the process of innovation and research. This study aims to present
the challenges of the formation of a capillary sensory panel using the Quantitative Descrip-
tive Analysis (QDA) as a tool for obtaining and analyzing objective and strategic data that
can describe characteristics and lead in the optimization process of evaluation of hair care
cosmetic products. With the development and validation of a trained panel, we managed to
support the development team in the selection of winning formulas contributing to a more
E
m 2016, o Brasil foi considerado pela produtos com maior valor agregado, aliado à
revista Exame como o terceiro maior participação crescente da mulher brasileira
mercado do mundo para produtos de no mercado de trabalho. Os lançamentos
beleza, além de apresentar uma grande di- constantes de produtos, capazes de atender,
versidade na população em tipos de cabelos, cada vez mais, às necessidades do mercado,
o que torna nosso país uma grande fonte de contribuíram para o crescimento nos últimos
inovações em potencial para o mundo no anos. (ABIHPEC, 2016).
segmento. Faz-se necessário, dessa forma, o desen-
A categoria de higiene e cuidado capilar volvimento do estudo relativos a diferentes
é o foco principal dos fabricantes de cos- metodologias sensoriais para produtos capi-
méticos, por ser um segmento de grande lares, a fim de se encontrarem opções mais
valor econômico. Nos últimos anos, o aces- eficientes para as categorias de produtos tra-
so das classes D e E aos produtos do setor balhadas pela empresa L’Oréal Brasil.
2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
A Ciência Sensorial tem papel funda- de sua aplicação para produtos capilares é
mental na pesquisa e desenvolvimento de muito maior, devido, principalmente, à am-
produtos, integrando estatística, anatomia, pla variedade dos tipos de cabelos, especial-
química, psicologia e outras tecnologias para mente no Brasil.
avaliar e analisar, através de métodos quali- Para posicionamento de fórmulas em ni-
tativos, quantitativos e afetivos, produtos de chos do mercado, testes rápidos e assertivos
forma mais assertiva para o mercado. Se- e metodologias quantitativas são os proces-
gundo Stone e Sidel, essa ciência é descrita sos mais indicados. “O método da Análise
como “uma disciplina científica, usada para Descritiva Quantitativa (ADQ) é a técnica de
evocar, medir, analisar e interpretar reações descrição sensorial mais utilizada na área
para produtos percebidos pela visão, ol- de alimentos, pois permite o levantamento,
fato, tato, paladar e audição.” (STONE; SI- a descrição e a quantificação dos atributos
DEL,1993) sensoriais detectáveis no produto, utilizan-
“Testes sensoriais têm sido conduzidos do julgadores com alto grau de treinamento
em seres humanos, para avaliar característi- e análise estatística dos dados.” (STONE e
cas positivas e negativas de alimentos, água, SIDEL, 2004)
armas, abrigos e tudo que pode ser usado De acordo com Meilgaard et al. (1991),
ou consumido.” “(...) construtores de painéis para análises
Recentemente, pesquisadores têm de- descritivas devem ter habilidade para per-
senvolvido métodos de avaliação sensorial ceber as diferentes características senso-
formalizadas e estruturadas, buscando refi- riais de produtos, sendo também capazes
nar técnicas sensoriais atualmente empre- de sentir a intensidade dessas diferenças.”
gadas no mercado. Esses métodos têm sido Para Bitnes et al. (2007), “também devem
desenvolvidos principalmente por interes- apresentar habilidade de descrever essas
ses econômicos, que estabelecem o valor e características e aplicar conceitos abstratos,
a aceitação de um determinado produto no quando uma característica/atributo precisa
mercado. “O principal uso das técnicas sen- ser dimensionado(a).”
soriais visa ao controle de qualidade, desen- Uma vez que não foram encontrados na,
volvimento e pesquisa de novos produtos.” bibliografia brasileira, protocolos para uso
(MEILGAARD; CIVILLE; CARR, 1991). da análise sensorial aplicada a cosméticos
“A análise sensorial foi inicialmente utili- capilares, este estudo sobre o desenvolvi-
zada na indústria de alimentos, sendo adap- mento e a formação de painel sensorial es-
tada para outros segmentos. Na indústria pecífico para produtos do segmento de hair
cosmética, a análise sensorial foi primor- care propicia um conhecimento mais abran-
dialmente adaptada em produtos para a pele gente sobre a análise sensorial, que tende a
(...)” (ISAAC, 2013). Porém, a complexidade ser útil como material de consulta a estudan-
formação do painel. Percebeu-se, com isso, que os testes que possuíam o tato como sentido
principal, por ser um sentido com um conceito mais abstrato, foram aqueles com maior taxa
de reprovabilidade.
TESTE 2 3 4 5 6 7 8 9 10
APROVAÇÃO 66.9 56.2 44.6 92.6 74.2 80.8 55.8 16.7 65.8
A partir dos resultados, obteve-se uma margem de aproximadamente 30% de aprovação, sendo que apenas
uma parcela das candidatas que obtiveram nota 7 foi classificada, devido à mudança na nota de corte, conforme
exemplificado no gráfico 2.
23,8%
19,7%
18,9%
14,8%
12,3%
4,9%
3,3%
0,8% 0,0% 0,8% 0,8%
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
NOTAS
GRÁFICO 2 - Resultado Final da Pré-Seleção de Painel Sensorial
Fonte: Elaboração própria
O segundo desafio foi encontrar candidatas com o perfil capilar previamente determinado
(Perfil capilar: TIPO I e II – lisos e quimicamente tratados; TIPO III e IV ondulados e cache-
ados) para a formação do painel de autoavaliação, etapa futura após validação do painel de
mechas. Dentro do perfil capilar previamente determinado, observou-se uma grande variedade
de espessura, volume e sensibilização, o que ampliará o alcance das informações sobre a per-
formance dos produtos a serem testados.
TIPO I e II
TIPO III e IV
ATRIBUTOS VALIDADOS
A partir da metodologia empregada, foi sensorial treinado, essa foi considerada uma
possível notar a necessidade de aperfeiçoa- das metodologias mais assertivas para inte-
mento, com o desenvolvimento dos testes grar e sustentar dossiês de projetos e para o
para a formação de um painel sensorial, as- mapeamento mais estratégico dos produtos
segurando que estejam dentro do limite de internos e do mercado.
detecção sensorial dos seres humanos, pois,
como foi constatado, alguns testes podem
apresentar baixa distinção sensível.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O maior desafio para o desenvolvimento
A cada ano, milhares de fórmulas são de-
dessa metodologia se deu a partir da adapta-
senvolvidas pelas equipes de pesquisa da
ção de testes de seleção e treinamento, em
L’Oréal. A geração de equipamentos, testes
que as referências enfatizam fortemente o
e protocolos de procedimentos analíticos
mercado de alimentos.
para preparação dos testes tem alavancado
Ainda que, nos centros de pesquisa da
aprimoramentos na categoria de técnicas de
L’Oréal espalhados pelo mundo, existam pai-
avaliação sensorial desse segmento.
néis treinados para diversas categorias, esse é
Essas novas metodogias são indispensá-
o primeiro painel que tem como foco a avalia-
veis para trazer novos produtos ao mercado,
ção de resultado final, além de ser o primeiro
demonstrando cientificamente sua seguran-
painel de mechas de cabelo, metodologia es-
ça e rigorosa eficácia, o que faz com que a
tudada em recente estudo interno de correla-
formação de um painel sensorial capilar seja
ção de atributos cabeça versus mechas.
considerada uma ferramenta de extrema im-
Perceberam-se vantagens e desvantagens
portância para o monitoramento estratégico
no uso de mechas para avaliação, porém,
de mercado, auxiliando tanto no desenvol-
diante da robustez dos dados de um painel
vimento de produtos mais assertivos, como Inova Talentos, em conjunto com a L’Oréal
no controle de qualidade das fórmulas, em – Pesquisa e Inovação, tendo o CNPQ como
projetos de redução de custo com paridade agência de fomento e o IEL como parceiro,
de performance e mapeamento sensorial de inserindo jovens profissionais capacitados
diferentes nichos. diferentes nichos.Este es- a contribuir, com seu conhecimento, para
tudo foi desenvolvido a partir do Programa empresas de pesquisa e desenvolvimento.
RECOMBINANTE E IMOBILIZADA,
VISANDO À APLICAÇÃO INDUSTRIAL
JU LE A NE LU NA R D I
_
Quatro G Pesquisa & Desenvolvimento Ltda.
Porto Alegre – RS, Brasil.
_
Graduação em Biomedicina
UFCSPA
_
Doutorado em Biologia Celular e Molecular
PUC - RS
GIANDRA VOLPATO
_
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia
do Rio Grande do Sul (IFRS). Porto Alegre – RS, Brasil.
jlunardi@gmail.com
(51) 996724057
223
R E SU M O
to de obter derivados e suplementos alimentares com baixo teor de lactose, utilizados por
tação da lactase para a produção desses produtos. O objetivo deste trabalho foi estudar
A BSTR ACT
obtain its low lactose derivatives and food supplements, used by individuals intolerant
to lactose. Currently, Brazil is dependent on the import of lactase for the production of
these products. The objective of this work was to study strategies to enable the national
A
devido às características tecnológicas mais
tem especial importância para a in- interessantes dos monossacarídeos resul-
dústria de alimentos e farmacêutica, tantes, glicose e galactose, tais como au-
por hidrolisar a lactose (açúcar presente no mento do gosto doce, maior solubilidade e
leite) em glicose e galactose, seus monossa- menor poder de cristalização (4, 5). No Bra-
carídeos constituintes. A enzima é utilizada sil, o setor de leite e derivados tem produção
na preparação de leite e derivados lácteos expressiva, especialmente no Rio Grande do
com baixo teor de lactose e em suplementos Sul, contribuindo para a expansão e diversi-
alimentares, produtos utilizados por indiví- ficação econômica. O estado representa o
duos intolerantes à lactose (1). segundo maior produtor do país, perdendo
Esta enzima está presente nos mamífe- apenas para Minas Gerais (6).
ros durante o período de amamentação. Na Atualmente, a lactase vem ganhando
maioria destes, a atividade da lactase dimi- destaque neste mercado, principalmente no
nui no intestino após este período, podendo desenvolvimento de produtos alimentícios
provocar sintomas de intolerância à lactose com baixo teor de lactose, que tem crescido
(2), como desconforto abdominal. A inten- significativamente em função do aumento
sidade dos sintomas varia, dependendo da de indivíduos que apresentam sintomas a
quantidade de lactose ingerida, aumentan- intolerância à lactose.
do com o passar da idade (3). O uso industrial de enzimas ainda repre-
Mattar e Mazo (2) realizaram um resu- senta um aumento de custo bastante signi-
mo de dados epidemiológicos, relacionando ficativo no processo, que se reflete no valor
a ocorrência dessa enfermidade em adultos, do produto final. Algumas alternativas para
em diferentes regiões. O estudo demonstra diminuir o custo da aplicação industrial de
grande variação da intolerância à lactose enzimas envolvem o aumento da atividade
pelo mundo, podendo variar entre poucos enzimática, que pode ser obtido através da
indivíduos afetados na Suécia (1% a 7%) produção da enzima modificada genetica-
até a grande maioria da população na Ásia – mente (7). As técnicas de engenharia gené-
pode chegar a 100% de indivíduos afetados. tica representam um avanço nas possibilida-
No Brasil, a intolerância varia de 57%, em des de se obter maior quantidade de lactase,
brancos e mulatos, até 100%, em japoneses. com menor custo de produção.
O interesse em utilizar a lactase na in- As bactérias Escherichia coli (E. coli), mo-
dústria de laticínios surgiu inicialmente para dificadas geneticamente, são capazes de
realizar o tratamento prévio do leite empre- produzir a lactase. O crescimento dessas
bactérias pode ser realizado em equipa- Obtêm-se, assim, relações empíricas entre
mentos conhecidos como biorreatores, nos uma ou mais respostas de interesse. Dessa
quais é possível controlar as condições de forma, este estudo permite que se verifique,
processo, de modo a obter quantidades quantifique e otimize a influência das variá-
apreciáveis da enzima. veis estudadas, sendo possível a obtenção
Técnicas para cultivo de E. coli a altas das melhores condições para realização de
densidades celulares têm sido desenvol- determinado processo e/ou para a obtenção
vidas para aumentar a produtividade (8). de um produto com as características dese-
Para tal, os processos são conduzidos fre- jadas (10, 11). Com os resultados obtidos no
quentemente com uma adição controlada planejamento, é possível calcular os efeitos
de nutrientes (batelada-alimentada). Essas principais e de interação das variáveis sobre
técnicas podem diminuir consideravelmen- as respostas.
te o custo da produção dessas proteínas de No Brasil, o número crescente de pesso-
interesse industrial, como a lactase. as diagnosticadas com intolerância à lacto-
Para que as bactérias produzam a enzi- se vem aumentando o consumo de produ-
ma de interesse, é necessária a indução da tos lácteos com baixos teores da substância,
(1)
formado foi lavado com 10 mL de tampão
F = at + b 50 mM Tris-HCl pH 8,0. Novamente, as alí-
quotas foram centrifugadas e o sobrenadan-
onde, F é a taxa de alimentação (mL/min), te, descartado. O pellet formado foi levado à
X é a biomassa, t é o tempo de cultivo após estufa a 90ºC, onde permaneceu até atingir
um peso constante. A diferença encontrada
tantes. C é uma constante da equação, SF
o início da alimentação e a e b são cons-
foi relacionada à medida de densidade ópti-
ca, mediante uma reta de correlação, o que
alimentação, µset é a velocidade específica
é a concentração do substrato no meio de
permitiu determinar a biomassa em gramas
de crescimento desejada, ta é o tempo de de célula por litro.
alimentação, V é o volume do biorreator e
YX/S é a conversão de substrato em células. ANÁLISE DA EXPRESSÃO DA LACTASE
A expressão da enzima foi analisada utili-
zando eletroforese em géis de poliacrilamida
MÉTODOS 12%. Para tal, os centrifugados das amostras
ANALÍTICOS nos cultivos em biorreator foram ressuspen-
Para a análise dos dados obtidos nos dife- sos em 1 mL de tampão 50 mM Tris-HCl pH
rentes experimentos, foram utilizados os 8,0. As amostras foram rompidas por ultras-
métodos analíticos descritos a seguir. Todas som e centrifugadas, e as frações solúveis
essas análises foram realizadas com a uti- foram separadas e congeladas a -20 ºC até
lização do software Statistica 7.0 (Statsoft, o momento das análises. O padrão de peso
Tulsa, UK, USA). molecular Page Ruler (Thermo Scientific) foi
utilizado como marcador nos géis.
(3)
DE PROTEÍNAS TOTAIS
Para a quantificação do total de proteína ex-
pressa pelo micro-organismo, foi empregada
(4)
a técnica de Bradford (12).
DETERMINAÇÃO DA
ATIVIDADE ENZIMÁTICA
(5)
A atividade da enzima lactase foi determi-
nada segundo a metodologia proposta por
Rech (13), com modificações, utilizando
ONPG (o-nitrofenol-β-D-galactopiranoside)
como substrato. Uma unidade de atividade
(6)
enzima requerida para liberar 1 μmol de ONP
enzimática é definida como a quantidade de
(7)
ANÁLISES DE PRODUTIVIDADE
DE BIOMASSA E DE PROTEÍNA
Os cálculos de conversão (rendimento) de
substrato em biomassa, produto em biomas-
sa e substrato em produto foram realizados
utilizando as equações (3-5), respectivamen- onde, YX/S é a conversão de substrato em
te. Para os cálculos relacionados à produtivi- biomassa, YX/P é a conversão de biomassa em
dade de produto realizados neste trabalho, foi produto, YP/S é a conversão de substrato em
proposta uma modificação na equação (6). produto, X é a biomassa, P é o produto e S é
Considerou-se um Tempo morto (tm) o substrato (ex. glicose), sendo X0, S0 e P0 os
de 8 horas, equivalente ao período de lava- valores iniciais para cada uma das variáveis
gem, calibração, esterilização e montagem e Xm e Pm os valores máximos ou finais para
dos biorreatores, conforme representado cada uma das variáveis. PP é a produtividade
na equação (7). O tempo morto foi utiliza- do produto, t é o tempo final do cultivo, tm
do como tentativa de englobar um processo é o tempo morto e tp é o tempo de produção
fermentativo rotineiro no laboratório da em- do produto durante o cultivo (ex. expressão da
presa Quatro G. enzima, após a indução com IPTG).
Cultivo 1
10
* Cultivo 2
1
OD (600 nm)
FERMENTAÇÃO ESTRATÉGIA DE OD
ALIMENTAÇÃO
1 DO-STAT 41,5
2 DO-STAT 48
3 DO-STAT 39,95
4 DO-STAT 35,35
TABELA 2 - Resultados de atividade da lactase obtidos nos cultivos para análise de estratégia de alimentação 1 – 6.
CULTIVO MEIOS DE
ALIMENTAÇÃO
9 Glicose + MgSO4
10 Glicose + MgSO4
É importante lembrar que, nos cultivos foram muito semelhantes, a atividade bio-
anteriores, foi utilizado o meio de alimen- lógica da lactase foi bem mais elevada no
tação mais rico em nutrientes (Glicose + Cultivo 1 (meio de alimentação mais rico
MgSO4 + LB 2x), razão pela qual (ver tabela em nutrientes), como pode ser observado
4) foram incluídos os resultados de ativida- na tabela 4. Apesar da maior riqueza de nu-
de e OD do Cultivo 1, com a finalidade de trientes deste meio (Glicose + MgSO4 + LB
comparar os resultados obtidos com os três 2x) não foi observado acúmulo de glicose
diferentes meios de alimentação utilizados. durante a cultura, o que poderia elevar os
Enquanto os resultados de expressão níveis de acetato (tóxico para o cultivo).
TABELA 4 - Resultados de atividade da lactase obtidos nos cultivos para análise de meio de alimentação 1, 7 – 10.
TABELA 4 - Resultados de atividade da lactase obtidos nos cultivos para análise de meio de alimentação 1, 7 – 10. (continuação)
Apesar de utilizarem o meio mais pobre mentação mais adequado para o cultivo da
em nutrientes (Glicose + MgSO4), os Cultivos enzima é a combinação de Glicose + MgSO4
9 e 10, obtiveram valores de OD600 nm altos + LB (2x).
(tabela 4), mas apresentaram um acúmulo de Iniciamos, então, o planejamento experi-
glicose durante o cultivo, além de valores de mental do projeto, que compreende a etapa
atividade específica muito baixos, em compa- de testes com diferentes tempos de indução
ração com os outros cultivos. e concentrações de IPTG. Os experimentos
Assim, determinamos que o meio de ali- foram realizados conforme a tabela 5.
11 0,19 10 -1 -1
12 0,86 10 1 -1
13 0,19 22 -1 1
14 0,86 22 1 1
15 0,52 16 0 0
16 0,52 16 0 0
17 0,52 16 0 0
18 0,05 16 -1,41 0
19 0,52 24 0 1,41
20 1 16 1,41 0
21 0,52 8 0 -1,41
TABELA 5 - Delineamento composto central rotacional para as variáveis tempo de indução e concentração do agente indutor (IPTG).
CULTIVO OD 600 nm
11 36,05
12 36,50
13 42,10
14 53,80
15 42,05
16 47,10
17 41,30
18 41,80
19 45,95
20 45,70
21 34,15
TABELA 7 - Resultados de atividade da lactase obtidos nos cultivos do planejamento experimental 11 – 21.
16 16 26,90 0 1,55 0 0
18 16 26,90 0 0,95 0 0
TABELA 7 - Continuação
a
Para o cálculo da Pp considerou-se um ―tempo morto‖ (tm) de 8 horas, equivalente ao
período de lavagem, calibração, esterilização e montagem dos biorreatores.
RESULTADOS DAS ATIVIDADES DA LACTASE OBTIDOS NOS DOIS CULTIVOS (22 E 23)
REALIZADOS COM CONCENTRAÇÃO DE IPTG DE 0,1 mM E TEMPO DE INDUÇÃO
DE 12H APÓS O INÍCIO DO CULTIVO.
TABELA 8 - Resultados das atividades da lactase obtidos nos dois cultivos (22 e 23)
realizados com concentração de IPTG de 0,1 mM e tempo de indução de 12h após o início do cultivo.
Foram realizados mais dois cultivos para de ruminante doméstico, parte importante
confirmação dos parâmetros adotados para da nutrição humana, contém 5% de lactose
produção da lactase, o que pode ser observa- (14). A lactose é a fonte de energia mais im-
do na tabela 8, que apresenta os elevados va- portante durante o primeiro ano de vida hu-
lores de atividades para a duplicata realizada, mana, fornecendo quase metade da energia
confirmando nossos resultados . total requerida pelos lactentes (15).
A deficiência de lactase representa a
principal causa de má absorção de lactose.
DISCUSSÃO Concentrações elevadas de lactase estão
normalmente presentes em recém-nasci-
A lactose é o principal carboidrato do leite dos, mas, após o desmame, sua atividade
de mamíferos, incluindo animais criados em diminui na maioria das pessoas de forma
fazendas que produzem leite. Enquanto o genética, conduzindo para a chamada má
leite humano contém 7% de lactose, o leite absorção primária da lactose.
on modified polypropilene membranes. Int. J. Biol. RECH, R, CASSINI, CF, SECCHI, A, AYUB, MAZ,
Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB). marxianus. J. Ind. Microbiol. and Biotech. 23, 91-96.
Conjuntura Mensal Leite e Derivados. Abril 2016. (1999).
249
R E SU M O
e o progresso tecnológico – não somente empresarial – mas também como vetor indis-
FIERGS, que permitisse intervenções nos hábitos dos colaboradores através de mudança
direcionadas à disseminação de novos rituais, símbolos e mitos, que por vezes impediam
A BSTR ACT
as a device for the development and technological progress, not only business but also the
economic growth and competitiveness of a nation. In this sense, the Culture of Innovation
Project sought an ideal model applied to the reality of the FIERGS System, which
allowed interventions in the habits of the employees through change of habits, paradigm
breaks, experimentation of innovation processes and training of people that compose the
institution. A diagnosis was made and allowed to emerge a model adapted to the reality
of the institution, pointing out communication objectives, strategies and technologies for
each public involved, promoting trainings directed to the dissemination of new rituals,
symbols and myths that sometimes prevented a better development for the market that
uma mudança nos padrões de comporta- cas maduras de inovação internas, gerando
mentos internos e assim, consequentemen- um paradoxo de coerência da proposta de
te, melhorar os serviços prestados para a valor do próprio Sistema Indústria.
indústria do estado do Rio Grande do Sul.
Foram considerados alguns valores que
emergiram dessa experiência e que serão OBJETIVOS
trabalhados ao longo da continuidade do
programa, como responsabilidade e autono- Este artigo objetiva descrever a experiência
mia, compromisso com resultado, humani- do Sistema FIERGS na implementação de
zação das relações, integração das “casas” um projeto de Cultura de Inovação. O pro-
(entidades), qualidade de vida no trabalho e jeto buscou promover um movimento de
alinhamento de propósitos. transformação de uma organização reativa
Nesse sentido, o Instituto Euvaldo Lodi às demandas da indústria para uma Fede-
do Rio Grande do Sul – IEL/RS – estruturou ração proponente à indústria, por meio de
e coordenou a aplicação de uma metodolo- uma mudança cultural de dentro para fora.
gia para a disseminação da Cultura de Ino- Compreende-se que a forma de pensar e
vação no Sistema FIERGS, com o apoio da agir dos colaboradores pode ser transforma-
consultoria Symnetics. da através da inserção inicial de novos há-
Um dos princípios de inovação trabalha- bitos e ferramentas, que apoiem a estrutu-
do pelo IEL/RS consiste em enraizar uma ração de processos de inovação, até chegar
cultura de inovação dentro de uma organi- a perspectivas sobre o próprio significado e
zação envolvendo todos os colaboradores, propósito do trabalho de cada um na cons-
estimulados a pensar em inovação em todas trução de uma organização que traga maior
as fases de desenvolvimento de produtos e impacto na mudança de modelo mental da
serviços realizados – o que vem a ser o mote indústria, que passará por grandes mudan-
deste projeto. ças nos próximos anos.
Dessa forma, buscar formas efetivas de
disseminação de novos hábitos e práticas
se torna fundamental para redirecionar uma MÉTODO
cultura para a inovação, compreendendo as
características específicas, que poderão ser A cultura organizacional é composta por
trabalhadas com o intuito de atingir este ob- práticas – que chamamos de rituais – que in-
jetivo. Faz parte da problemática o fato de se cluem os processos organizacionais, os pro-
oferecerem internamente serviços de gestão cedimentos e as políticas internas e externas.
da inovação e desenvolvimento tecnológico, Também é composta por símbolos – como a
sem a contrapartida da existência de práti- arquitetura e a ambiência da organização – e
CICLO DE ENGAJAMENTO
EARLY
ADOPTERS
HYPE SOCIAL
CYCLE ENGAGEMENT
16%
FIGURA 1 - Relação de entre perdas e área ocupada na PCB.
Fonte: Symnetics, 2015.
INTERVIR
COMUNICAR
Através da intervenção, com ações posi-
Todos os públicos foram envolvidos neste ob-
tivas de alto impacto na cultura do Sis-
jetivo, mas com diferentes ênfases. Para a po-
tema, foi possível “aprender fazendo” e
pulação do Sistema, foi importante informar e
vivenciar a prática de ferramentas e méto-
reconhecer ações de impacto positivo do Pro-
dos de inovação.
jeto. Com os early adopters, foi trabalhado o
No que diz respeito à estratégia (Stra-
engajamento através da comunicação, levan-
tegy), houve diferentes conteúdos e estí-
do informações que embasavam a mudança.
mulos trabalhados com cada público, as-
Com os agentes de mudança, foi utilizada a
pectos que incentivaram e promoveram a
comunicação direcionada à celebração, enfa-
inovação, de maneira geral.
tizando os benefícios imediatos do Projeto.
ԎԎ Descondicionamento do olhar
ALTA LIDERANÇA ԎԎ Estímulo à comunicação de múltiplas vias
ԎԎ Cognição
ԎԎ Tendências
ԎԎ Estímulo à troca de saberes e paixões ԎԎ Construção da Visão de Futuro
ԎԎ Acesso a princípios de inovação
ԎԎ Descondicionamento do olhar
AGENTES DE MUDANÇA ԎԎ Estímulo à comunicação de múltiplas vias
GESTORES E MULTIPLICADORES ԎԎ Cognição
ԎԎ Ressignificação de símbolos, rituais e mitos
ԎԎ Estímulo à troca de saberes e paixões ԎԎ Ativação da rede (formal e informal)
ԎԎ Acesso a princípios de inovação
CAFÉ COM O PRESIDENTE Encontro presencial com a liderança do Sistema FIERGS para trocar ideias sobre inovação
IGNITE Desafiar os participantes a gravar vídeos sobre seus hobbies e o que eles
têm a ensinar para dividir com os colegas na plataforma Conecta
DO IT YOURSELF Desafiar os integrantes das capacitações a adotar o espírito do DIY, buscando aplicar
aos exercícios propostos o conceito de fazer tudo você mesmo. Registros na plataforma
Conecta
DISCUSSÃO
Após a definição do Modelo de Desenvolvimento a ser aplicado no Projeto Cultura de Inova-
ção no Sistema FIERGS, iniciaram-se as capacitações das equipes de multiplicadores e cola-
boradores capacitados. As capacitações foram definidas conforme a tabela 4.
CAPACITAÇÕES REALIZADAS
A turma de agentes de mudança foi sele- vação de forma prática e com desafios reais.
cionada por indicação, ao passo que os early Os participantes foram constantemente
adopters tiveram que responder a um desafio, estimulados a multiplicar forma de pensar e
aberto a todo o Sistema FIERGS de modo a agir em sua área/unidade, formas de saírem
garantir a participação na capacitação. com duas atividades práticas para a conti-
O desafio consistiu em apresentar o Proje- nuidade do trabalho: responder a um novo
to para outro colaborador e filmar essa ação, desafio para garantir sua participação do 4º
para, em seguida, enviar aos organizadores Fórum de Inovação IEL (evento de inovação
o vídeo para aprovação, além de responder do Instituto Euvaldo Lodi) e realizar um igni-
a um questionário com o objetivo de nivela- te (método de apresentação criativa e rápida
mento e alocação de perfis em cada turma. em apenas 5 minutos) relatando algum as-
No total, mais de 170 colaboradores fo- sunto de seu conhecimento, que permitisse
ram capacitados, assumindo a referência a possibilidade de compartilhar com os de-
de multiplicadores de inovação no Sistema mais.
FIERGS. Com a capacitação dos grupos, ocorreu o
As turmas utilizaram um Toolkit de fer- surgimento de quatro projetos, que abarca-
ramentas de inovação do Sistema FIERGS, vam pontos estratégicos da sistematização
apresentado durante as capacitações para de uma cultura de inovação no Sistema, con-
apoiar a experimentação do processo de ino- forme a seguir discriminado:
MEDIA LAB
objetivo: empoderar pessoas para realizar trocas de conhecimento, colocando em prática
ações, projetos e materiais que facilitem a comunicação e o dia a dia do Sistema FIERGS, de
forma simples, criativa e a baixo custo.
BANCO DE IDEIAS
objetivo: estruturar um banco de ideias para o Sistema FIERGS, através do qual os colabora-
dores possam contribuir com novos desafios a serem solucionados, ideias para desafios pro-
postos e ideias livres.
IDEIAS Ideação Banco de ideias do Sistema FIERGS onde colaboradores podem contribuir com
desafios a serem solucionados, ideias para desafios propostos ou ideias livres.
MEDIA LEAB Comunicação Sistema de empoderamento de colaboradores para facilitar a comunicação diária
e troca significativa de conhecimento de forma simples, criativa e de baixo custo.
Cada projeto contou com um grupo vo- ao mesmo tempo, pontos que devem ser
luntário e multidisciplinar de colaboradores, melhorados e oportunidades de intervenção.
que ficou responsável por conduzir o assun- Da mesma forma com as capacitações, fun-
to e estruturar os próximos passos desses damentais para se criar um ambiente direcio-
subprojetos estratégicos. As etapas de Cer- nado à experimentação e ao desafio do óbvio.
tificação (reconhecimento e certificação dos A assertividade da comunicação se deu
colaboradores participantes) e Difusão da através de um planejamento bem estrutura-
Cultura na Indústria (transmissão de uma do, oriundo de uma metodologia de direcio-
cultura reforçada por conceitos de inovação namento de objetivos, estratégia e tecnolo-
para à indústria) estão previstas como próxi- gias para diferentes públicos. Uma percepção
mos passos do Projeto. que emergiu dessa aplicação foi a de que não
há resposta pronta para o desenvolvimento
de uma cultura de inovação, que, obviamen-
CONSIDERAÇÕES FINAIS te, pressupõe participação de pessoas.
O Projeto Cultura de Inovação possui a
De forma geral, a cultura de inovação em continuidade associada ao sucesso das pró-
organizações se baseia no comportamen- ximas etapas, quando os grupos deverão
to das pessoas, expresso através de rituais, organizar ações estruturadas para cada pro-
símbolos e mitos que existem no ambiente e jeto estratégico, resultante das capacitações.
estão muitas vezes inconscientemente asso- As atividades relatadas neste artigo com-
ciados às práticas de trabalho diárias. preenderam a primeira campanha do proje-
Pensar, reavaliar sobre novas perspec- to, que também prevê o desenvolvimento de
tivas, contemplar o problema com um viés uma segunda campanha, cujo objetivo prin-
propositivo de resolução e não de proble- cipal será a difusão dos conceitos e a ambi-
matização pode ser uma forma de encarar ência para a inovação.
desafios sob o aspecto da inovação. Nesse segundo momento, será abordada
Porém, a prática deste processo deve ser a abertura ao diálogo, com o objetivo de oxi-
mais bem estruturada, através do forneci- genar os temas abordados nas capacitações,
mento de mecanismos de fácil utilização, trazendo assuntos atuais relacionados à for-
que apoiem um novo olhar sobre proble- ma de pensar e agir.
mas, geralmente associados a ferramentas Também está prevista uma construção
de inovação e formas distintas de comunica- coletiva de conhecimento, através de condi-
ção com cada público atingido. ções para promover a integração dos cola-
O trabalho mostrou a importância de um boradores das entidades, além de um desen-
bom diagnóstico da realidade da empresa, volvimento maior para a liderança, buscando
expondo fragilidades e vícios e mostrando, a formação de “líderes do futuro”.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
abias_costaoliveira@yahoo.com.br
(61) 99662-7454,
267
R E SU M O
Este artigo tem como finalidade apresentar os resultados da gestão da inovação numa
cipantes e, por fim, avaliar a natureza dos resultados apresentados, decorrentes desse
uma proposta para empresas semelhantes ou de outra natureza, uma vez que pode ha-
ver ganho na cultura organizacional, além do ganho tecnológico stricto sensu, pois houve
A BSTR ACT
This article aimed to present the results of the implementation of innovation management
describe the implementation process, describing its stages, imputs, transformations, par-
ticipants and, finally, evaluating the nature of these results presented in this process. In
addition, the description of the process designed for the company under study is a proposal
for similar companies, or even for companies of another nature, since it may have gained
in the organizational culture, in addition to the technological gain stricto sensu, since there
O
para que as empresas realizem sua produção,
termo inovação pode ser compre-
seja de bens ou serviços, seja de inovação.
endido de várias formas, dependen-
A Organização Internacional para a Padro-
do da perspectiva adotada. A maior
nização – ISO – na NBR ISO 9001/2015, defi-
parte dessas definições apresenta uma visão
ne processo como o “conjunto de atividades
restrita e próxima do entendimento de tec-
inter-relacionadas ou interativas, que trans-
nologia de P&D, assim como no que diz res-
formam entradas em saídas”. Ou ainda, para
peito ao desenvolvimento de um novo pro-
Valle (2012, p. 9), pode-se entender como
duto ou à dicotomia de produtos/processos.
“um conjunto de atividades estruturadas e
Para Figueiredo (2012) inovação é mais que
medidas, destinadas a resultar num produto
criatividade, “é a implementação de novos
especifico para determinado cliente ou mer-
produtos, serviços, processos ou arranjos de
cado (...)”.
organização”.
Gerir a inovação é basicamente conce-
Conforme Bessant e Tidd (2009), a teoria
ber, melhorar, reconhecer e compreender as
sobre o processo de inovação foi construí-
rotinas efetivas para geração de inovações,
da, essencialmente, com base em inovações
bem como facilitar seu surgimento dentro da
de cunho tecnológico, particularmente rela-
organização. O O’connor (apud Silva, 2012)
cionadas ao setor industrial. Deve-se então
orienta que a gestão da inovação deve primar
entender a inovação como resultado de um
por um sistema gerencial, que possibilite à
processo, segundo Baregheh, Rowley e Sam-
empresa inovar de forma sistemática, objeti-
brook (2009, apud Silva, 2014), capaz de re-
vando a sobrevivência e o aumento da com-
alizar e transformar ideias em bens, serviços
petitividade. Assim, compreender o processo
ou novos processos, trazendo à organização
de inovação é fundamental para entender fa-
melhorias, capazes de impactar no seu su-
tores que podem facilitar ou inibir o desenvol-
cesso no mercado.
vimento de inovações nas organizações.
Além disso, para Figueiredo (2012), há
O foco do presente estudo está neste pro-
dois conceitos vinculados à tecnologia: a
cesso de inovação: a descrição da implemen-
aprendizagem tecnológica e a capacidade
tação do processo em um caso concreto e,
tecnológica, sendo o primeiro entendido
em decorrência disso, a análise e levantamen-
como “insumo para a construção e acumu-
to dos resultados advindos dessa prática, de
lação de capacidade tecnológica e realização
modo que, ao final, seja possível avaliar se a
de atividades tecnologicamente inovadoras
implementação da gestão da inovação realiza
em nível de empresas.” Quanto à capacida-
de fato resultados significativos a uma em-
de tecnológica, o autor define como sendo o
presa de tecnologia de telecomunicação.
CULTURA: O que a alta gestão diz e faz para criar um ambiente que estimule a inovação?
QUADRO 1 – Principais pontos abordados dentro de cada uma das oito dimensões.
Fonte: Inovar é fazer, 22 casos empresariais de inovação de pequenas, médias e grandes empresas (pag321) 2015 CNI
Como política, definiu-se que inovar é co- xiliar na alocação de recursos para inovação.
locar em prática uma nova ideia, um novo Servirão ainda para comunicar e auxiliar
plano, um novo método para melhorar a per- na tomada de decisão quanto à alocação de
formance de algo que já existe ou possibilite a recursos para projetos de inovação. O perfil
criação de algo novo. de inovação da Wise aborda cinco temáti-
O objetivo é priorizar a criação de novos cas, três das quais três referentes a proces-
produtos, o desenvolvimento de novos ne- so, uma referente a oferta e uma referente a
gócios e a implementação de mudanças im- cliente ou relacionamento.
portantes nas especificações técnicas, com- Para desenvolver as ideias, a empresa
ponentes, materiais, software, nas relações optou pelo funil da inovação, ferramenta uti-
internas e externas da organização, ampliando lizada na gestão do processo inovativo, que
a participação do produto e serviço no merca- parte do princípio de que, a partir da geração,
do nacional e internacional de TI e fazendo da desenvolvimento, teste e experimentações
Wise um lugar estimulador e inovador. de um amplo conjunto de ideias, é possível
Definida a estratégia, estabeleceram-se as encontrar propostas com maior potencial de
várias temáticas a serem abordadas, entendi- se tornarem soluções inovadoras.
das como os direcionamentos principais da O Funil ilustra essa relação. Parte-se de
empresa para geração de ideias. Essas temá- um grande número de ideias, que demandam
ticas servem como indutor e filtro inicial das poucos recursos, e segue-se com a redução
ideias e estão ligadas aos horizontes defini- de projetos ao longo do ciclo e o progressi-
dos na estratégia; dizem respeito a quais as- vo aumento dos recursos aplicados aos que
suntos precisam de ideias, de maneira a au- transpassaram as várias fases do funil.
FASE 1 (7)
Proposição das ideias
GATE 1 (0)
Classificação das ideias
FASE 2 (7)
Elaboração da viabilidade
GATE 2 (0)
Analise da viabilidade
GATE 3 (0)
Aprovação da direção
FASE 3 (5)
Elaboração do plano de Projeto
FASE 4 (2)
Desenvolvimento do piloto
GATE 4 (0)
Aprovação do piloto
FASE 5 (0)
Implementação
GATE 5 (1)
Avaliação da
implementação
gestor de inovação, que reúne e estuda a de que ela foi implementada, conseguimos
viabilidade de cada ideia proposta. “Apesar observar ganhos na empresa, inclusive mol-
da queda da indústria, diante do cenário de dando os bolsistas ao perfil de que precisá-
recessão da economia, com os novos pro- vamos. O convívio com outros empresários
dutos propostos pelos nossos funcionários, e o apoio do Sistema também facilitaram
aumentamos 14% nas vendas. Portanto, a o processo de aprendizagem e desenvolvi-
inovação é vital para empresa. Se não inovar, mento, tanto na troca de informações e solu-
você morre”, completou. 3
ções, como no acesso a editais de fomento.
A recompensa e o reconhecimento se
dão a partir de um programa de premiação,
DISCUSSÃO
que estimula a criação de ideias e a alimen-
Dentre as análises realizadas sobre os pro-
tação do programa.
cessos da Gestão da Inovação, desenhados
Os resultados, observados nos indica-
e implementados pela WISE, foi possível ob-
dores de inovação, podem ser: ampliação
servar como o tema inovação foi incutido na
do portfólio de produtos; aumento da par-
cultura da empresa, provocando uma mu-
ticipação desses novos produtos no fatu-
dança comportamental positiva dos colabo-
ramento da empresa; quantidade maior de
radores. Como demonstram os indicadores
novas ideias; recursos oriundos de projeto
(contexto, processo, temática, resultado e
de fomento, participação da empresa em
conceito), houve o aumento de proposição
premiações; elevação na capacitação.
de ideias, envolvimento dos colaborados
Em setembro de 2013, o programa foi ofi-
ao negócio da empresa, além de adoção de
cialmente lançado e já em 2014 a empresa
parcerias importantes para o desempenho
foi vencedora do Prêmio Nacional de Ino-
da Wise, em especial no que concerne ao
vação da CNI na categoria gestão de inova-
desenvolvimento de soluções oferecidas a
ção, que reconhece empresas brasileiras que
seus clientes.
contribuíram para o aumento da competiti-
Graças a essas colaborações, foi possível
vidade do País, por meio da implementação
desenvolver projetos, agregando conheci-
de projetos inovadores.
mento, recurso dos parceiros e fortalecimen-
to da marca, entre outros. Outra relevância da
PARCERIAS inovação foi estimular o desenvolvimento de
A parceria com o IEL-DF foi essencial para pessoas a partir da inovação, o que fez com
a criação da nossa área de inovação., Des- que a WISE aumentasse a capacitação dos
colaboradores, e, consequentemente, o nível
3 Acessado em 09/07/2017, às 18:56, < https://www.
sistemafibra.org.br/fibra/sala-de-imprensa/noticias/884- intelectual do capital humano da empresa.
industria-do-df-participa-do-6-congresso-brasileiro-de-i-
novacao.html>.
Como empresa participante do programa
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante das descrições e dados apresentados, fica evidenciada a existência de resultados posi-
tivos, que vão ao encontro das propostas teóricas da Gestão da Inovação, cuja implementação
traz como resultados a mudança cultural, contribuições ou novos produtos que integram o
portfólio da empresa, crescimento da participação de novos produtos no faturamento total,
captação de recursos junto às principais agências de fomento e realização da aprendizagem
tecnológica, por meio da capacitação de seus empregados7.
Assim, realizar uma gestão de inovação bem desenhada e bem aplicada, seguindo os parâ-
metros teóricos, pode proporcionar uma mudança profunda para as empresas de tecnologia,
Essas mudanças, não se limitam à parte tecnológica stricto sensu , mas também dizem respeito
à percepção de mudança, necessária a qualquer empresa dos dias atuais, seja ela de tecnologia
ou não.
4 Programa pertencente ao Instituto Euvaldo Lodi (IEL), que tem como objetivo ampliar o número de profissionais qualifica-
dos em atividade de inovação no setor empresarial brasileiro. < http://www.portaldaindustria.com.br/inovatalentos/conheca-
-o-inova/> acessado em 11/07/2017, às 11:33.
5 Conceito adotado por Paulo Figueiredo em: FIGUEIREDO, Paulo N. Gestão da Inovação: conceitos, métricas e experiências
de empresas no Brasil. Rio de Janeiro: LTC, 2012. p. 14.
BAREGHEH, A.; ROWLEY, J.; SAMBROOK, S. SILVA, Débora Oliveira. Modelos para a gestão da
Towards a multidisciplinary definition of inno- inovação: revisão e análise da literatura. Production,
vation. Management Decision, v. 47, n. 8, p. v. 24, n. 2, p. 477-490, Apr./June 2014. Disponí-
1323-1339, 2009. Disponível em <http://dx.doi. vel em <http://www.scielo.br/pdf/prod/v24n2/
org/10.1108/00251740910984578>, acessado em aop_0750-12.pdf>. Acessado em 18/07/2017, às
18/07/2017, às 13:42. BESSANT, J. e TIDD, J. Inova- 13:53.
ção e empreendedorismo. Porto Alegre: Bookman,
2009. SOUZA NETO, Jóse Adeodato de; BAIARDI, Amilcar
& Cavalcanti de Alburquerque, Lyanaldo. Gestão da
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA: inovação tecnológica. Brasília: Editora Paralelo 15,
Inovar é fazer: 22 casos empresariais de inovação de 2006.
miro, pequenas, médias e grandes empresas. Brasília:
CNI: SEBRAE, 2015. VALLE, Rogerio & OLIVEIRA, Saulo Barbará de (co-
ordenadores). Análise e modelagem de processos de
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA: negócios: foco na notação BPMN. São Paulo: Atlas,
Prêmio nacional da inovação: publicação de resulta- 2012.
dos ciclo 2013/2014. Brasília: CNI: SEBRAE, 2014.
mcarneiroalves@gmail.com
281
R E SU M O
Este artigo é um relato de pesquisa promovida pelo Instituto Euvaldo Lodi (IEL) e CNPQ,
por meio do Inova Talentos e do SENAI - MA, empresa parceira. A bolsista foi contratada
A BSTR ACT
This paper is a report about a research promoted by Instituto Euvaldo Lodi (IEL) and
CNPQ, through Inova Talentos program and SENAI MARANHÃO, which was the
partner company; The Designer was hired to assist the production and design of Ecoplaca,
always aiming at reducing the environmental impacts caused by the raw material of the
developing a market focused on producing products that meet all stakeholders desires.
As a result, an Ecoplaca has been able to follow a more industrial development process,
A
construção civil, em toda a sua ca- A adição do polímero veio para agregar valor
deia produtiva, produz impactos estético ao produto – semelhante à pedra de
negativos no meio ambiente, sendo mármore – e que pode atender às tendências
a indústria de Resíduos de Construção e De- do mercado moveleiro.
molição (RCD), um dos maiores poluidores A bolsista Inova Talentos foi contratada
da sociedade (DOS SANTOS, PINTO & CA- para auxiliar no design e na produção da placa
TUNDA, 2015). Apesar dos problemas cau- ecológica, que necessitava ser sustentável, ter
sados, a construção civil atua na dinâmica qualidade e possuir preços competitivos com
econômica de qualquer país, por meio da ge- os concorrentes do mercado moveleiro e de
ração de emprego e renda, proporcionando, construção civil.
assim, melhor qualidade de vida a uma boa O plano de trabalho contemplou as se-
parcela de cidadãos brasileiros. guintes atividades: levantamento dos con-
No Brasil, a RCD busca auxílio dos concei- correntes potenciais e suas estratégias para
tos sustentáveis para promover uma constru- divulgação dos seus produtos no mercado; le-
ção mais limpa e sistemática, que visa aca- vantamento dos perfis dos clientes potenciais
bar com os impactos ambientais e sanitários que utilizarão o produto Ecoplaca; realização
relacionados ao processo. Cabe ressaltar de estudos para identificação dos canais que
que a indústria de Resíduos de Construção deverão ser utilizados para comunicar ao
e Demolição, por envolver elevado número cliente a inovação e o valor agregado ao pro-
de processos e produtos, representa um dos duto; e auxílio na produção do design do pro-
setores econômicos mais significativos do duto Ecoplaca.
país, (responsável por 4% do PIB, em 2009) Como resultados, a Ecoplaca conseguiu
e que vem acumulando sucessivas taxas de acompanhar um processo de Desenvolvimen-
crescimento de 1995 até 2008, com taxa de to mais industrial, ao deixar de lado o modo
crescimento média em torno de 9,7% ao ano artesanal como estava sendo produzida.
(MONTEIRO FILHA, 2010).
Um exemplo de resíduos é o saco de ci-
mento, que possui alta resistência e durabili-
dade e que, se não for descartado de manei- OBJETIVO
ra correta, causa contaminação e poluição.
Assim, para tentar minimizar o problema, O objetivo do projeto era propor a produção
foi pensada a produção de placas ecológicas de placas ecológicas (denominadas Ecopla-
que possuem como elementos-base sacos de cas), por meio da desagregação, fusão e mis-
tura de sacos de cimento com um polímero Em linha com essa postura, a Gestão do
(copos descartáveis), para a criação de divi- Design ajuda nas tomadas de decisões das
sórias, compensados, pisos, paredes, forros, atividades inerentes ao projeto, tanto para
além da produção de tampos, bancadas de produtos e serviços, como para processos,
cozinhas, revestimento de banheiros com ao diagnosticar e propor inserções estratégi-
características estéticas semelhantes a pe- cas do design em todas as áreas, atividades,
dras nobres, como mármore e ao granito. conceitos, cultura, e meio ambiente, entre
A proposta contemplou auxiliar no de- outros aspectos.
sign e na produção, em escala industrial, da O Guia PMBOK - Guide to Project Ma-
Ecoplaca, sempre visando à diminuição dos nagement Body of Knowledge, desenvolvido
impactos ambientais causados pela matéria- pelo Instituto de Gerenciamento de Proje-
-prima da placa ecológica. tos – PMI, em 2013, consolida as boas prá-
ticas na área de Gerenciamento de Projetos,
abordando conhecimentos das etapas de
MÉTODO um gerenciamento de projeto e descreven-
do normas, processos e práticas aplicáveis,
A literatura registra a existência de metodo- na busca de melhorias mediante o uso de
logias, desenvolvidas para que o designer habilidades, ferramentas e técnicas. O Guia,
sistematize o processo de criação e constru- reconhecido globalmente, é considerado um
ção de produtos e serviços. Contudo, as eta- paradigma para o gerenciamento estratégi-
pas propostas por tais métodos são comu- co, podendo ser aplicado para diferentes ti-
mente negligenciadas ou desconsideradas, pos de produção.
ocasionando desvios de objetivos, aumento Este artigo relata a pesquisa promovido
de erros de execução e elevação de riscos pelo Instituto Euvaldo Lodi (IEL) e CNPQ,
econômicos. por meio do Inova Talentos e pelo SENAI-
Kerzner (1994) assinala que, na fase de -MA (empresa parceira), com o objetivo de
projeto, a atenção deve ser dirigida à ocor- fazer: a) levantamento dos concorrentes po-
rência de eventos futuros, cujo exato resul- tenciais e de suas estratégias para divulga-
tado é desconhecido, ressaltando a necessi- ção de seus produtos no mercado; b) levan-
dade de criação de formas para lidar com tamento dos perfis dos clientes potenciais
essa incerteza. Assim, surgem os guias e que utilizarão o produto Ecoplaca; c) realiza-
programas de controle para gestão de pro- ção de estudos para identificação dos canais
jetos, gerando empresas que possuem um que deverão ser utilizados para comunicar
sucesso significativamente alto, sendo 15% ao cliente a inovação e o valor agregado ao
mais bem sucedidas com seus novos produ- produto; e d) auxilio na produção do design
tos (BERGER, 2013). do produto Ecoplaca.
Outra atividade que começou a ser re- do SENAI- Açailândia, que se mostrava um
alizada nesse período foi a pesquisa sobre pouco relutante em atender ao método in-
fornecedores e parceiros em potencial. Fo- dustrial proposto nas reuniões anteriores.
ram encontrados aparistas e recicladores de Em março e abril, houve a continuidade
plásticos nas cidades de São Luís- MA, Açai- no planejamento do processo de produção,
lândia- MA, Imperatriz- MA e Teresina- PI. para que o design do produto e sua identida-
Duas empresas atenderam aos requisitos do de visual atendessem aos requisitos e objeti-
projeto, sendo que uma delas disponibilizou vos do projeto. Houve uma melhor comuni-
25 kg de amostras de PP (Polipropileno) e cação entre a equipe do projeto e a empresa
PS (poliestireno), reciclados e fragmentados participante, proporcionando uma troca de
para testes. ideias mais especializada.
Em dezembro de 2015, foi finalizada a Algumas reuniões semanais sobre o pro-
pesquisa sobre público-alvo, fornecedores e cesso de fabricação resultaram na produção
parceiros em potencial e análise da concor- de mais quatro Ecoplacas, produzidas em
rência. Os testes começaram a ser feitos de moldes de alumínio mais altos e com os
modo mais sistemático, utilizando uma ta- materiais mais fragmentados, diminuindo
bela de referência para documentar as quan- assim, o tempo de produção.
tidades de materiais utilizados, assim como A empresa parceira, Marmogram, parti-
suas características, quando finalizados. cipou ativamente nesses meses, fornecendo
Essa etapa de testes foi importante, pois ideias e ajudando na confecção de um mol-
ajudou a entender as características do ma- de de alumínio fundido, com um sistema
terial quando fossem realizados os testes “macho-fêmea”, para concluir alguns experi-
mecânicos e físico-químicos, pois toda a mentos. Foram produzidas duas Ecoplacas,
produção do corpo de prova deveria respei- ainda com alguns problemas de homogenei-
tar os requisitos do projeto e a identidade dade de material. Também foi produzido um
visual que produto final precisava ter. triturador de copos e papel para auxiliar no
Em janeiro e fevereiro de 2016, as Ecopla- corte dos materiais, pois, na primeira reu-
cas continuaram sendo produzidas de acor- nião com a designer bolsista, fora definida
do com os requisitos, visando atender às a necessidade de que as amostras a serem
necessidades da indústria. Assim, foram en- colhidas deveriam ser apresentadas sob for-
viados mais três corpos de prova para testes ma reduzida.
na unidade SENAI DI-MA. Houve algumas Nos últimos meses, (agosto e setembro
reuniões sobre os métodos de produção, de- de 2016) , além de a placa ser produzida no
finição da identidade visual e especificação Senai Açailândia-MA (Base da equipe do pro-
das atividades que precisariam ser desen- jeto), foi produzida também na unidade Senai
volvidas, com maior urgência pela equipe Distrito Industrial-MA (mas sem lograr êxito).
DIRETORIA DE INOVAÇÃO - DI
GIANNA SAGAZIO
Diretora de Inovação
A D E YA N E O L I V E I R A - I E L / M A
AMANDA MENDONÇA - IEL/RS
CAIO REIS - IEL/NC
CYNTHIA CLEODIDO - IEL/NC
E L I A N A M A R I A D E O L I V E I R A S Á - I E L /A L
ISABELLA SCUDINO - IEL/DF
LARISSA ALMEIDA IEL/NC
LAURA SALDANHA - IEL/NC
LÍVIA SOUZA - IEL/RJ
MARTINA BRUMANO - IEL/SP
PA U L A B O S S O S C H N O R - I E L / N C
PAT R Í C I A A P O L L O N I - I E L / P R
W E L B E R T L U I Z S I LVA - I E L / M G
Equipe Técnica
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Revisão Ortográfica