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What made the modern world hang together: socialisation or stigmatisation?

– Ayse Zarakol
(2014)

312 – Existe hoje uma sociedade internacional, mas não antes do século 19. Mas mesmo agora
os atores nessa sociedade internacional não são bem os agentes racionais e intercambiáveis
abertos à persuasão que presume-se que eles são no modelo etnocêntrico de difusão de
normas. São, na verdade, pessoas e instituições carregando bagagens históricas e emocionais
similares, frutos dos traumas do colonialismo. E isso se manifesta de formas bem particulares.

A sociedade internacional moderna foi construída sobre uma dinâmica de estigmatização.

313 – Várias patologias da estigmatização foram incorporadas nas narrativas nacionais


modernas e identidades estatais. Estigmatização ainda direciona o cumprimento de normas e
a rejeição de normas por parte de Estados não-ocidentais.

Internalização de normas nem sempre leva à socialização.

Teoria normativa tradicional reproduz as hierarquias existentes no sistema internacional,


atribuindo a compliance a elementos supostamente benignos externos. Tanto que a maioria
das normas estudadas são as ‘boas’ normas, o que traduz numa imagem de que a agência não-
ocidental é usada para o ‘mau’ comportamento.

314 – Não é o atributo em si que causa o estigma, mas sim o contexto ou o relacionamento.

Uma pessoa pode escapar do estigma se não estiver ciente dele ou se não compartilha das
mesmas crenças sociais de quem o estigmatiza. Discriminação, exclusão, condescendência, etc.
podem ser coisas ruins por si só, mas não se tornam estigmatização a não ser que o ator que a
está recebendo entenda até certo ponto por que ele está recebendo esse tratamento.
Estigmatização é a internalização de determinado padrão normativo.

316 – A literatura existente sobre normas internacionais presume que se há conformidade


pode ter ou não internalização, mas ela não considera que pode haver internalização na
ausência de conformidade. Com efeito, a internalização é tratada como sinônimo de
socialização, e a socialização com conformidade, e conformidade com progresso.

Pode haver casos em que o individuo estigmatizado vai tentar corresponder corrigindo a
‘causa’ do estigma. Mas mesmo em casos em que tal correção (ou conformidade) ocorre, o
que frequentemente resulta não é a aquisição de um status completamente normal, mas a
transformação do Eu de alguém com uma particular mácula para alguém com o histórico de
haver corrigido determinada mácula.

Tentativas de conformidade não são o mesmo que progresso. A dinâmica de estigma é


modificada, mas essencialmente permanece intacta. Alternativamente, o indivíduo
estigmatizado pode tentar compensar por seu estigma conseguindo domínio sobre outras
áreas.

317 – Dinâmicas de reconhecimento de estigma sublinham a realidade que o sucesso da


socialização seguido por conformidade é apenas uma das possíveis consequências de
internalização de normas.
318 – Habitus – estruturas perceptivas compartilhadas e disposições inerentes que organizam
a forma com a qual os indivíduos veem o mundo e agem nele. Ele não determina um curso de
ação em particular, mas determina em algum grau a percepção do indivíduo das escolhas
disponíveis e aceitáveis porque molda a forma com que veem o mundo.

319 – É um luxo moderno presumir que há elementos em comum o suficiente entre visões de
mundo, o bastante para um habitus compartilhado entre atores internacionais.

320 – Exemplo do rei siamês. Ele não pode entender e estudar astronomia moderna sem
também perceber que seus visitantes europeus estavam caçoando dele. Então para eles e
muitos outros no mundo, a modernização inevitavelmente estava ligada ao sentimento de
vergonha.

321 – Através de seu aprendizado científico ele passou a se ver por olhos europeus. É depois
disso que o julgamento de inferioridade europeu se torna um estigma, primeiro para o rei e
depois para seu país.

A primeira tentativa é ‘passar’, a segunda é se distanciar da categoria daqueles similarmente


estigmatizados. Se formos levar em consideração as narrativas típicas de difusão de normas
internacionais, o que estava acontecendo no Sião em 1868 e no resto do mundo era uma ‘boa’
coisa.

322 – Lá não havia conceito de integridade territorial. O aprendizado de ciência moderna vaio
de mãos dadas com medos crescentes da colonização, dado o que estava acontecendo em
outros lugares, transformando assim a visão de mundo em uma muito mais próxima da dos
Europeus.

333 – Simultaneamente envergonhados de suas práticas locais e dependiam delas para tentar
provar que eram uma ‘nação’ digna de reconhecimento. Quanto mais faziam isso, mais
ficavam vinculados a essa prática.

O trauma de perder territórios e da ameaça do imperialismo ocidental e do estigma se tornam


elementos centrados na psíque nacional, refinando, legitimando e idealizando as práticas
‘nacionais’ subsequentes.

324 – Contestar a hegemonia europeia no século 19 demandava primeiramente a manufatura


de uma cultura nacional que fosse considerada digna de sua integridade territorial.
Demandava depois o argumento de que essa cultura nacional fosse ‘civilizada’. Depois, quando
o Padrão Civilizatório foi formalmente abandonado, o fardo ainda residia nos povos
estigmatizados para que provassem que eram capazes de se comandar, uma nação digna da
‘autodeterminação’.

Práticas locais, especialmente aquelas que não eram semelhantes às práticas ocidentais,
tinham que ser refinadas e idealizadas para construir a nação, mas em assuntos fundamentais
como o Estado, as práticas ocidentais deviam ser emuladas, para demonstrar modernidade e
soberania.
325 – Houve o surgimento de um mito nacional da homogeneidade japonesa após o encontro
do Japão com a ciência ocidental. Os primeiros antropólogos japoneses rejeitavam fortemente
a teoria ‘ocidental’ de uma nação misturada e conquistada, advogando então uma presença
eterna e homogênea na ilha simbolizada pelo Imperador.

326 – Japoneses vieram a aceitar a visão europeia de história que definia a Ásia como o
passado da Europa, desafiando apenas a posição do Japão junto a outras nações asiáticas.
Lealdade ao imperador vista como a única coisa que fazia o Japão superior às nações
europeias.

Aqueles sem estigma acreditam que a pessoa com estigma não é bem humana, justificando
todo o tipo de tratamento desigual com base nisso. É exatamente como os poderes europeus
tratavam países não-ocidentais, principalmente ao longo do século 19 e seu Padrão
Civilizatório, que dividia os povos em civilizados e bárbaros.

Finnemore e Sikkink usam exemplos do século 19 como a difusão da norma do sufrágio


feminino, e até mesmo chama a difusão de normas como uma forma de ‘moral proselytising’
sem nem reconhecer os subtextos de ‘missão civilizatória’. Não fazem menção ao colonialismo.

Não há menção ao sistema de mandato da Liga das Nações, que estava efetivo na época, e
operava de forma muito semelhante ao Padrão Civilizatório.

Ecos das missões civilizatórias paternalistas são ainda muito fáceis de se identificar em
interveções humanitárias e suas justificativas morais como ‘a responsabilidade em proteger’.
Hobson conclui que os construtivistas liberais contribuem para essa missão ao naturalizar
humanitarismo como uma norma benigna em contraste às normas ruins do século 19.

328 – Quanto maior o sucesso em imitar as habilidades ocidentais no domínio material, maior
a necessidade dos nacionalistas em preservar o caráter distinto de sua cultura espiritual. Nos
podemos esperar ver as elites enfatizarem a diferença cultural plural mais, ao invés de menos
fortemente. Há uma notável recusa em responder pelos crimes passados.

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