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Marangon
1. 1 - Introdução
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Geotecnia de Fundações e Obras de Terra Prof. M. Marangon
EXEMPLO DE OBRA DE
IMPLANTAÇÃO DE VIA COM TRECHO
EM SOLO MOLE EM J. FORA – Acesso
Norte (1995-1996)
Vista aérea de uma jazida de solo Vista aérea do trecho em solo sedimentar –
margens do Rio Paraibuna
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Introdução
As sondagens devem ser executadas de acordo com a norma ABNT NBR-6484 e até
profundidades que delimitem a camada compressível e o terreno subjacente de maior resistência,
respeitando os critérios da paralisação estabelecidos na mesma norma.
Além dos perfis individuais dos furos de sondagem, será desenhada a seção geotécnica
longitudinal, com base no perfil topográfico e nos resultados das sondagens executadas ao longo
do eixo do aterro.
. Sondagens
Solo Mole ?
Sondagem
à Trado
Sondagem
à Percussão
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Aterros covencionais
Para garantir a boa qualidade da amostragem, devem ser utilizados diâmetros mínimos de
100 mm para os tubos de revestimento e de 75 mm para os tubos amostradores.
Aterros especiais
Além dos ensaios de palheta in situ (EP), poderão ser executados ensaios de penetração
de cone (CPT) e piezocone (PCPT), dilatômetro Marchetti (DMT) e permeabilidade in situ,
capazes de medir no campo propriedades e parâmetros dos solos moles de interesse para o
desenvolvimento do projeto do aterro. De acordo com as necessidades do projeto, poderão ser
executados apenas alguns ou, excepcionalmente, todos esses ensaios, além de outros não citados
neste manual, desde que justificados.
As fotos abaixo ilustram um exemplo de área que receberá um grande aterro com
finalidade de servir como uma barragem de terra, que servirá para fechar o vale (até então
aberto) com o objetivo de criar um reservatório para armazenamento de líquidos,
permanentemente.
Vista de área da área de fundação (solo mole) que receberá um aterro de barragem
Vista em detalhe do terreno de fundação durante o início dos serviços para a construção do aterro
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Introdução
Ensaios Correntes
Ensaios de caracterização
ENSAIOS NORMA
Limite de liquidez (LL) ABNT NBR-6459
Limite de plasticidade (LP) ABNT NBR-7180
Análise granulométrica ABNT NBR-7181
Densidadede real dos grãos ABNT NBR-6508
Com relação aos ensaios de limites de liquidez e de plasticidade, recomenda-se que sejam
realizados sem a secagem prévia do material, ao contrário do prescrito nas respectivas normas.
Para classificação dos solos, efetuada em função dos resultados dos ensaios de
caracterização, recomenda-se a adoção do Sistema Unificado de Classificação dos solos (USCS).
Os ensaios edométricos (visto no curso de Mecânica dos Solos II) vizam a obtenção de
parametros de compresssibilidade e de adensamento para o cálculo de recalques e de sua
variação com o tempo. Para obtenção de bons resultados nestes ensaios, recomenda-se a
utilização de amostradores de pistão estacionário com diâmetro superior a 100 mm e corpos de
prova com diâmetros menores que o do mostrador, mas nunca inferiores a 50mm .
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A amostra do solo deve ser ensaiada sob a condição de deslocamento lateral nulo em um
anel edométrico, iniciando com uma tensão vertical em torno de 10kPa aplicada à amostra e
mantida constante durante 24 horas, período durante o qual os deslocamentos verticais da
amostra serão registrados em intervalos crescentes .
Coeficiente de adensamento CV .
Parâmetros de compressibilidade
No caso de amostras de boa qualidade de argilas muito moles, o trecho vigem não é
linear. Nesse caso deve-se determinarar o valor CC para o domínio de tensões efetivas
representativo das condições de campo, conforme ilustrado na figura 03, onde V é o acréscimo
de tensão vertical total na profundidade de interesse.
Coeficiente de permiabilidade k
k = C V . mV . a
k = 2,3 a . L log h1
A(t2 - t1) h2
Ensaios Triaxiais UU
O ensaio triaxial não consolidado não drenado, ou simplesmente ensaio triaxial UU,
objetiva definir a resistência não drenada “Su” do solo de fundação, a ser utilizada na análise de
estabilidade.
A figura 05 mostra o esquema da célula triaxial usada nesse ensaio. Recomenda-se o uso
de corpos de prova com diâmetro de 100mm ou 50mm e relação altura /diâmetro variando entre
2,0 e 2,5. O ensaio é realizado em duas fases: na primeira é aplicada uma pressão confinante C
e na segunda, o corpo de prova é cisalhado aumentando-se a tensão desvio ( 1 - 3) e
registrando-se a deformação do corpo de prova, cuja velocidade deve ser de cerca de 0,5mm/min. e
nunca superior a 1,0mm/ min. para as dimensões do corpo de prova aqui recomendadas.
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Quando realizado com tensão confinante nula, o ensaio é de compressão simples e não
requer uso da célula triaxial. Neste caso o corpo de prova fica exposto durante o ensaio e sua
umidade pode variar, podendo resultar em uma resistência maior que a medida em um ensaio
triaxial UU. Por essa razão, que o ensaio UU é considerado melhor que o de compressão simples,
sendo, portanto, o recomendado.
Os resultados dos ensaios triaxiais UU são muito influenciados pelo alongamento do solo.
Em particular os resultados dos módulos de deformação do solo (Eu , por exemplo ) são menos
confiáveis que os ensaios CU. Por outro lado, os resultados de Su do ensaio UU são em geral
dispersos. Por essas razões, recomenda-se a realização de mais de um ensaio UU em cada
profundidade e com ensaios em vários pontos de uma mesma vertical da camada mole para uma
boa definição da variação da resistência com a profundidade.
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Tendo em vista que não é possível o perfeito controle das condições de drenagem durante
o ensaio de cisalhamento direto, recomenda-se que os ensaios sejam do tipo lento. As amostras
do material do aterro devem ser compactadas e em condições de umidade e peso específico
bastante próximas das do campo.
Devem ser realizados no mínimo de três com o objetivo de definir a envoltória em
tensões efetivas (para a obtenção de “c” e “ ”), a ser utilizada na análise de estabilidade da
obra. A velocidade (v) a ser adotada deve ser:
v = lf / 50 . t 50
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1. 4. 1 – Análise de Estabilidade
Tanto nos projetos convencionais quanto nos especiais de aterros sobre argila mole, a
análise de estabilidade deve ser desenvolvida de acordo com o roteiro básico a seguir, em ordem
crescente de detalhamento do projeto:
a) Cálculo da altura máxima admissível do aterro para a resistência média não drenada Su
da fundação;
no caso de aterros com altura superior a 3,0 m, dos ábacos de Pilot e Moreau (1973),
que consideram a resistência do aterro ( at 0; cat = 0) e admitem a resistência Su da
argila mole constante com a profundidade;
no caso de aterros com altura h inferior a 3,0 m, dos ábacos de Pinto (1974), que
desprezam a resistência do aterro mas admitem Su constante com a profundidade;
Se a altura máxima admissível de aterro calculada em (a) for igual ou superior à altura em
projeto, o aterro poderá ser construído em uma etapa, conforme detalhado a seguir. Se for
inferior, o aterro deverá ser construído em etapas ou com bermas.
PROJETOS CONVENCIONIAS
Figura 09 – Aspecto de aterro com 4,0m de altura construído sobre solo mole.
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A análise de estabilidade de um aterro sobre argila mole pode ser realizada em termos de
tensões totais (“ ”.= 0 ) ou em termos de tensões efetivas. A primeira é uma análise simples, que
exige o conhecimento apenas da resistência não drenada Su do solo de fundação - também
designada pelo simbolo “c” (coesão) no caso de argilas moles -, razão pela qual é recomendada
para aterros constituídos em uma etapa. Na segunda, além dos parâmetros efetivos “c” e “ ” do
solo; é preciso conhecer os excessos de poropressões gerados pela construção do aterro, sendo
consequentemente uma análise mais complexa e onerosa, não recomendado para aterros
construídos em uma etapa, podendo porém se justificar no caso de aterros construídos em várias
etapas.
Para a análise em termos de tensões totais o perfil de variação da resistência não drenada
Su com a profundidade deve ser obtido com base nos resultados de ensaios de laboratório
(compressão simples ou, preferencialmente, triaxial UU e de palheta). A experiência brasileira
recente (Ortigão et al, 1987; Ortigão 1988) sugere que os resultados do ensaio de palheta não
devem necessariamente ser corrigidos conforme proposto por Bjerrum (1972). Assim, enfatiza-
se a necessidade de realização de ensaios UU (não consolidado não drenado) e de palheta de
campo para a definição do perfil final de resistência a ser utilizado em projeto.
Uma estimativa inicial da altura crítica HC de um aterro sobre a argila mole pode ser feita
utilizando-se teorias de capacidade de carga. No caso de depósitos profundos, a altura crítica HC
é calculada em relação à largura do aterro por:
HC = 5,14 Su
(1)
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Pilot e Moreau (1973) também desenvolveram vários ábacos, incluindo casos de aterros
com bermas de equilíbrio, que consideram a geometria e a resistência do aterro (c = 0 e 0).
A figura 12 apresenta ábacos para um aterro simples ( =35 ) e três inclinações de talude.
Figura 12 - Äbaco para análise de estabilidade de aterro sobre depósito com resistência
constante com a profundidade.
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Exemplo 1
Considere-se um aterro com altura H=2,8m , largura da base igual a 30m, peso específico
= 18 kN / m3 e talude com inclinação de 1 (V) : 2 (H) , sobre uma camada de argila de 12m de
espessura e SU = 15kPa , conforme ilustrado na figura 13a . Neste caso, tem-se:
FS = 4,60 = 1,64
2,80
N= 15 = 0,30
18 2,8
h / H = 12 / 2,8 = 4,3
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Figura 14 - Ábaco para a análise de estabilidade de aterro sobre depósito profundo com
resistência crescente com a profundidade.
Figura 15 - Ábaco para a análise de estabilidade de aterro sobre depósito raso com
resistência crescente com a profundidade.
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Esses ábacos não consideram a resistência do aterro, mas podem ser úteis no caso de
aterro baixos, situação em que a parcela de resistência proporcionada pelos mesmos será
relativamente pequena em comparação com a parcela devida à massa de argila.
Exemplo 2
Adotando o aterro do exemplo 1, porém considerando a resistência crescente com a
profundidade, definida por Suo = 3kPa e s1 = 2kPa / m, conforme ilustrado na figura 13 b, tem-se
um valor médio de resistência da camada de argila igual a:
Su = 2Suo + s1 x h = 2 3 + 2 12 = 15kPa
2 2
ou seja, igual ao valor constante do exemplo 1. Entretanto, o valor esperado para FS deve ser
inferior ao daquele exemplo, como visto a diante.
s1 d = 2 5,6 = 3,73
Suo 3
s1 h = 2 12 = 8
Suo 3
Utilizando o gráfico da figura 14, visto que s1.h / Suo 1,5 , obtém-se NC = 13 e:
f = NC Suo = 13 3 = 39
= 2,8 18 = 50,4
FS = 39 = 0,77
50,4
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A análise de estabilidade de aterros sobre argila mole para o caso genérico de superfícies
circulares deve ser efetuada pelo método de Bishop simplificado, no qual o fator de segurança FS
é calculado pela seguinte equação, cujas variáveis estão definidas na figura 17:
[ ci li + ( Wi - ui li ) ]
FS = cos i
Wi sen i [ 1 + ( tg i tg i ) ]
F
O fator de segurança adotado na prática deve ser da ordem de 1,5 , pois valores menores
resultarão em deformações prejudiciais ao uso da rodovia. Poderão ser adotados FS de até 1,3
apenas quando as deformações forem toleráveis, devendo tais valores serem justificados.
Exemplo 3
Considere-se um caso típico de aterro de 5m de altura, dotado de uma berna de 2m de
altura e 10m de largura, assente sobre um depósito com nível d’água na superfície do terreno e
contituído de uma camada superficial de areia com 2m de espessura, seguida de duas camadas de
argila, sendo uma muito mole, com 2m de espessura e resistência não drenada constante igual a
5kPa, e a outra mais resistente, com 6m de espessura e resistência não drenada crescente
linearmente com a profundidade (10 a 20kPa ).
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O cálculo por computador seria feito com um número maior de fatias, teria maior
precisão e forneceria para Fs um valor ligeiramente diferente. Deve-se obsevar ainda que o
círculo adotado não é o mais crítico e que seria necessário calcular os para raios menores. Se isto
fosse feito, ter-se-ia encontrado para a posição de centro do círculo, o valor Fs = 1,06.
1. 4. 2 - Análise de Recalques
Figura 19 – Registro de área próximo à UFJF (rua marginal ao córrego de São Pedro –
antes da construção do Germann Village –abaixo na foto) correspondente a bacia de solo
sedimentar (compressível) e do início da implantação da via que apresenta hoje recalque
considerável, junto a ponte que dá acesso ao início do acesso São Pedro (seta).
Recalque total
Si = 2q x b ( 1 - )xI (1)
E
O ábaco de cálculo de tensões verticais de Osterberg (1957) considera o aterro com uma
distribuição trapezoidal igual a seu peso em cada ponto da superfície carregada, ou seja, despreza
a rigidez do aterro, hipótese aceitável em casos práticos, e utiliza o princípio da superposição,
como exemplificado na figura 22. No caso de bermas, é prática corrente (Leroveil et al, 1985)
considerar a profundidade z para a parte superior do aterro acima da berma a partir de seu topo,
conforme apresentado na figura 23.
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Exemplo 4
Considere-se um aterro sobre argila mole com as características geotécnicas e
geométricas indicadas na figura 24, sobrecarga aterro q = al x hal =18 x 4.5= 81kpa e acréscimo
de tensão vertical em cada subcamada = q x I, onde I = 1,0 , pois a base do aterro é grande
em relação à espessura da camada de argila (B/h = 40/B = 5).
O cálculo da variação de recalques com o tempo deve ser feito pela teoria de
Terzaghi, aplicando-se a equação:
Sa (t ) Sa xU (07)
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cv x t
T (08)
H d2
As etapas a serem seguidas para o cálculo da variação de recalques com o tempo são:
Cv k x mv x w
onde: K = coeficiente de permeabilidade in situ;
mv = coeficiente de compressibilidade volumétrica medido no ensaio de
adensamento edométrico (para a tensão efetiva média in situ);
v = peso específico da água
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Segundo Almeida (1996), em seu livro “Aterro sobre Solos Moles”, ao planejar a
construção de um aterro sobre solo mole várias são as alternativas. A primeira delas consiste em
evitar o problema, removendo a camada mole, alternativa esta utilizada quando a camada é de
espessura relativamente pequena, em geral até cerca de 4m. Não sendo esta alternativa viável,
constrói-se o aterro sobre a camada mole. Esta construção pode-se dar em uma única etapa, caso
o fator de segurança quanto a ruptura seja aceitável, ou em várias etapas, caso seja desejável
permitir o contínuo ganho de resistência da camada de argila mole durante cada etapa. O aterro
pode ser construído em seção trapezoidal simples ou com bermas laterais para aumentar o fator
de segurança. Geotêxteis na interface aterro-fundação são também utilizados para aumentar o
fator de segurança contra a ruptura.
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Apresentaremos neste curso algumas das técnicas utilizadas para a aceleração dos
recalques desenvolvidos em camadas de solo mole.
a) Drenos verticais
Quando a espessura do solo argiloso é de tal ordem que o tempo necessário para o
adensamento desejado é incompatível com os prazos da obra, ou quando há necessidade de
acelerar a ocorrência dos recalques, como nos casos de aterro com sobrecarga temporária e de
aterro construído em etapas, podem ser empregados drenos verticais.
A foto mais a esquerda mostra o equipamento (trado mecânico) utilizado para furar a camada
mole. A foto acima mostra vários pontos equidistantes em que foram executados os furos, e a
inferior mostra a área que recebeu os inúmeros furos de drenos.
Durante a construção do aterro são gerados excessos de pressão na água dos poros da
camada argilosa, a qual migra das regiões de alta pressão para as fronteiras drenantes. No caso
de uma camada argilosa com duas faces drenantes, o caminho da drenagem é igual à metade da
espessura da camada. A presença de drenos verticais com espaçamento relativamente pequeno
entre si (da ordem de 1 a 3 m) diminui esse caminho, fazendo com que a dissipação dos excessos
de pressão se dê em um tempo muito menor. Como os tempos de adensamento são proporcionais
ao quadrado do caminho da drenagem, se este for dividido por dois o tempo de adensamento será
quatro vezes menor.
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Figura 32 - Ábacos para a determinação dos diâmetros d e D dos drenos e de suas zonas
de influência
Como pode ser verificado pelo ábaco da figura anterior há uma infinidade de conjuntos
de valores de d e D que satisfazem a solução do problema. A distância entre os drenos só pode
ser fixada se for fornecido o diâmetro dos mesmos, o qual depende do tipo de dreno que se vai
utilizar. Em cálculos preliminares é comum adotar um diâmetro de 30 cm.
Exemplo 9
Considere-se uma camada argilosa com 20 m de espessura, drenada ambos os lados e
com coeficientes de adensamento vertical Cv = 2,0 x 10-8 m2/s e horizontal Ch = 5 x 10-8 m2/s,
para a qual se deseja dimensionar uma rede triangular de drenos com 30 cm de diâmetro, que
permita obter uma portcentagem de adensamento de 80% em três meses.
Pelos ábacos das figuras 30 a 32 podem ser determinados, sucessivamente, com H = 20/2
= 10 m (a camada apresenta drenagem pelas duas faces):
internacionalmente com o uso de drenos verticais e os cálculos dos mesmos são detalhados por
Magnan (1983). Resultados comparativos de cindo diferentes tipos de drenos verticais instalados
em argila mole do Rio de Janeiro são apresentados por Collet (1986) e Almeida et al (1989).
b) Pré-carregamento
Como a altura total de aterro, incluindo a sobrecarga, deve ser compatível com a
resistência do solo de fundação, o emprego dessa solução sofre algumas limitações. Por
exemplo, se o solo de fundação tiver resistência muito baixa, pode ser necessário o uso de
bermas temporárias para garantir a estabilidade do aterro; ou, se a espessura do depósito mole
for superior a 5m, a altura de sobrecarga eficaz será grande (equivalente ou pouco menor que a
espessura do depósito), podendo requerer o emprego de métodos de aceleração de recalque
(drenos verticais). Em ambos os casos, o emprego de sobrecarga ficará onerado.
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Estacas de areia ou de brita podem ser utilizadas como elementos de reforço e drenantes
no interior de camadas compressíveis, conforme demonstrado em inúmeras observações de
campo e em modelos físicos de laboratório. As vantagens das estradas granulares são:
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Em geral, as estacas granulares são utilizadas sob todo o aterro, mas podem ser
empregadas apenas na região sob o talude, quando os objetivos principais forem o aumento da
capacidade de suporte da fundação e a diminuição de deslocamentos laterais. Mesmo nesses
casos (Almeida et al, 1985; Almeida e Parry, 1986) as estacas granulares contribuem para a
diminuição dos recalques e para sua aceleração.
d) Estacas de alívio
Nessa solução, o aterro é inteiramente suportado por estacas e, como o subsolo não é
solicitado, não ocorrem recalques. No Brasil, essa solução tem sido utilizada para fundações de
tanques de petróleo. Em estradas, foi usada na Suécia e na Tailândia, não havendo registros de
seu emprego em estradas brasileiras. É uma solução adequada para superar os problemas de
empuxos laterais de aterros sobre a argila mole junto a encontros de pontes. Um projeto desse
tipo foge à alçada deste curso, uma vez que exige estudos particulares e o emprego de
metodologia de cálculo ainda não sedimentada.
1. 6 – Instrumentação Geotécnica
- Introdução
liberação ao tráfego, devido as características do solo de fundação, ou seja, nos casos especiais
de construção de aterro, devem ser usados equipamentos mais sofisticados, fabricados por
instituições técnicas e que demandam pessoal especialmente treinado para sua instalação e
operação e para a análse dos resultados.
- Programa de Monitoração
Programa de Observação
Observa-se que o custo relativo das fases de leitura e análise é maior que o das
precedentes, representando 70% do custo da instrumentação. É importante ressaltar, porém, que
a experiência demonstra que muitos programas de observação de obras resultam em insucesso,
mais por insuficiência de alocação de recursos em aquisição de dados e análise do que por falha
na quantidade de instrumentos ou em sua instalação.
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Objetivos da Instrumentação
Em se tratando de aterros sobre solos moles, os problemas mais importantes são os que
dizem respeito à estabilidade e as deformações, os quais estão inseridos nas observações
destinadas a detecção de perigo iminente e à obtenção de informações vitais durante a
construção.
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