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Os motivos da felicidade

A felicidade é aquilo que mais desejo. Porque algum dia já a experimentei, ou talvez a viva
agora, sei o que é. Ser completo, conseguir um objectivo, sentir que nada me falta, ter junto de
mim aqueles de quem gosto, ter a certeza do caminho que quero fazer.

Uma das fontes mais preciosas da felicidade é o sentir-me amado. De facto, construí-me como
pessoa porque alguém foi cuidando de mim, acreditou, deu responsabilidade, esteve presente.
Os momentos desta plenitude de ser amado são como rochas de uma montanha firme onde
apoio os meus pés e vejo um horizonte imenso e sem medo. Ficam como lugares de caminho
interior, onde posso voltar, sempre que preciso, e recordar que é possível ser pleno, apesar de
tudo. Há um espaço sagrado dentro de mim que guarda os tesouros que deram sentido a
determinadas opções de vida. Mas as dúvidas surgem, às vezes com a força do vento e da noite
que fazem perder o caminho de regresso à minha montanha, ou ao meu templo interior.

Porque não há receitas infalíveis para ser feliz, posso ao menos ter a certeza que tenho sempre
motivos para agradecer, nem que sejam paisagens longínquas que têm cores de saudade do
tempo em que tudo era perfeito. Porque não agradeço, esqueço e, porque esqueço, perco
qualquer coisa fundamental.

Quais são as pedras (pessoas e acontecimentos) que construíram aquilo que hoje entendo por
felicidade? Agradeço?

O amor que constitui a minha plenitude passa, na maioria das vezes, por pessoas que
marcaram de forma definitiva a minha vida: alguns familiares, um amigo, um professor, um
padre… São como pedras que ajudam a assentar o meu castelo e fazê-lo subir em direcção ao
céu. A minha principal tarefa será ligar estas pedras, com o cimento do agradecimento e do
cuidado. Aquilo que verdadeiramente está nas minhas mãos é a capacidade de não desprezar
os gestos significativos, de fazê-los meus, de ser aquilo que me acontece.

Na leitura positiva da Vida e dos acontecimentos, acabo por ter consciência de mim mesmo e
da minha verdade. De ir percebendo que o meu chão é marcado pela vida e pelo amor. Como o
recebi sem o pedir – porque o amor autêntico é gratuito – posso dá-lo, a mim mesmo e aos
outros, como uma espécie de consequência.

Consigo perceber que o amor é a minha verdade mais profunda, tomando consciência de como
fui sendo amado?

Finalmente, se esta for a minha verdade, será também a minha liberdade. Porque, se um dia
fui amado, também sei que o posso fazer, à minha maneira. Não quero ficar preso no passado
e no que me foi dado, mas sou chamado irresistivelmente a dar sem esperar, ajudar a construir
pessoas felizes e amadas.

O amor faz chegar e faz partir, não prende nem deixa prender, não se assusta com o que é
doloroso e absurdo. Não despreza os acontecimentos comuns, e deseja fazê-los gigantes. É
capaz de acolher cada coisa e transformá-la em oportunidades de caminho a fazer.

Jesus disse um dia esta frase: “A verdade vos fará livres”. Alguns ouviram-na e perceberam.
Outros ouviram e não perceberam. Quem percebe Amor tem um caminho corajoso de regresso
à montanha, para ver o horizonte completo, sem nuvens e sem obstáculos. E desço a
montanha, sim, feliz.
Que oportunidades tenho agora entre mãos para fazer delas o meu caminho de liberdade, para
a felicidade que posso trazer a mim e aos outros?

António Valério, sj

01.06.2008

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