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O documento discute: (1) como a arte popular foi subjugada no passado, mas artistas modernos promoveram a participação do público; (2) como a arte renasceu no século XXI adotando novas formas em um mundo complexo; (3) como a cultura e a arte se misturaram com a globalização e a tecnologia, tornando conceitos como verdade e ficção mais fluidos.
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1 - O PAPEL DAS ARTES E DAS INSTITUIÇÕES CULTURAIS NO MUNDO CONTEMPORÂNEO
O documento discute: (1) como a arte popular foi subjugada no passado, mas artistas modernos promoveram a participação do público; (2) como a arte renasceu no século XXI adotando novas formas em um mundo complexo; (3) como a cultura e a arte se misturaram com a globalização e a tecnologia, tornando conceitos como verdade e ficção mais fluidos.
O documento discute: (1) como a arte popular foi subjugada no passado, mas artistas modernos promoveram a participação do público; (2) como a arte renasceu no século XXI adotando novas formas em um mundo complexo; (3) como a cultura e a arte se misturaram com a globalização e a tecnologia, tornando conceitos como verdade e ficção mais fluidos.
O papel das artes e das instituições culturais no mundo contemporâneo
(...) O pensador brasileiro Paulo Freire, um dos mais reconhecidos no estudo
sobre a cultura como educação, descreveu muito bem em sua obra “A Pedagogia do Oprimido” que a cultura popular ficou por muitos anos subjugada a uma intelectualidade supostamente superior para garantir uma dominação de uma sobre outra. Freire reconhece que não há como humanizar as culturas se não houver a constatação lógica que as racionalidades são complexas e que nenhuma se prioriza sobre outra. Muitos artistas, pelo contrário, vinculavam a participação do público como inerente à realização da obra, o que denota que não compactuavam com a noção de regalia da arte sobre os saberes populares. Hélio Oiticica, nos anos 1960, famoso por suas performances com a indumentária-obra intitulada “Parangolé”, apregoava a “incorporação do corpo na obra e da obra no corpo”, fazendo com que obra de arte e ser humano se fundissem simbioticamente para que um e outro se tornassem uma coisa única com o mesmo valor ético, sem qualquer valor mercadológico. Outra idéia difundida no século XX foi a da morte das artes na cultura globalizada. Era recorrente ouvirmos alguns anunciarem: “A pintura morreu. O teatro morreu. O cinema morreu. A música clássica morreu. A história morreu.” Enfim, o século XX velou todo o sublime da arte que, no meu entender, tinha um propósito: restabelecer um outro papel para a cultura e a arte no século XXI. Sim, o teatro, o cinema, a música, as artes visuais e tudo o que foi construído no século XX poderiam até ter morrido, mas estavam prestes a renascer com novas formas de pensamento em um mundo muito mais complexo. Portanto, durante todo esse processo que impunha um ponto fúnebre ao século XX e à arte, foram muitos os artistas e os analistas culturais que criticaram a interpretação dicotômica banal e equivocada de “cultura antropológica oposta à cultura artística”. A cultura hip hop balizou muito bem o campo da teoria embasada pela prática, pois nos anos 1980, a periferia de São Paulo começou a questionar suas condições urbanas de moradia e representação política. No Brasil, os movimentos sociais suburbanos também se mesclam a um dos ritmos mais autênticos, o samba. Esses gêneros musicais aparentemente tão distintos se uniram em prol de uma transformação social por meio da arte. A globalização no início dos anos 1990, ainda que ela seja uma das responsáveis pelo grande altar erigido para a cultura de massa e o consumismo descartável, também se abriu para o sincretismo, a transnacionalidade e a mobilidade até chegarmos ao século XXI em que essas fronteiras são cada vez mais líquidas e conceitos como comunicação e verdade se confundem, cultura de massa e textos acadêmicos se misturam, tecnologia e memória se tornam dependentes, fazendo com que desapareçam as bruscas definições entre fatos e ficções, arte e vida. Se aprendermos com os gregos que episteme era o saber científico e puro e a doxa um mero juízo pessoal, cada dia mais personalizamos esses juízos para que eles se tornem garantia de sucesso e de autenticidade. Vide a ascendência e o mercado criados no século XXI que fizeram nascer os youtubers, os bloggers, os chamados “influenciadores digitais” ou mesmo um outro termo mais antigo, o de “formadores de opinião”. A opinião, atualmente, talvez valha mais que uma garantia científica, por isso, criar uma ficção e fazer dela um fato é algo rápido e transformar sua vida em uma fantasia paralela é um hábito praticamente diário nas redes sociais. Foi essencial, no entanto, o ganho que o século XXI teve com a portabilidade com a forma em que a câmera móvel, a acessibilidade às informações rápidas e a gravação e reprodução do som estão ao alcance das pessoas – principalmente nessa segunda década de século. O conceito de lazer também foi diluído, tendo sido essencial no pós-Guerra, mas hoje em dia não necessariamente está relacionado com um lugar determinante para usufruí-lo. Ora, não é só num parque se desfruta do tempo livre com alguma qualidade, mas, em um lugar prosaico é possível sacar o celular e visitar alguma obra de algum museu, rever aquele trecho do filme favorito, escutar uma música com certa individualidade. Se digladiar contra a futilidade das redes sociais, portanto, não leva a nada. Elas são somente o suporte para fatos e ficções que abastecem o universo cultural. Se os conteúdos das redes são profundos ou rasos em demasia, esta é uma questão para a cabeça educadora e o uso que se faz do suporte. Se o conteúdo é determinado por alguém, natural que as instituições culturais e os artistas sejam adeptos das facilidades tecnológicas e da realidade aumentada do mundo contemporâneo. De agora em diante, portanto, precisamos acreditar que os centros culturais do futuro próximo podem fornecer uma programação e uma força educativa tão importante online quanto proporciona sob uma estrutura física. Aliás, só desta maneira vamos supor que as idéias vão chegar mais rápido a comunidades e países longínquos e que as culturas irão dialogar com mais eficácia. A autoria dessas idéias, boas ou más, não é o que se questiona. A internet, as mídias de hoje formam uma rede que se sustenta, se retroalimenta e descarta ou esgota o conceito em diferentes instâncias de interpretação. Se não conjeturarmos o futuro da cultura envolto em um sistema com digno acesso, não romperemos barreiras dolorosas e perversas da sociedade como o racismo, o sexismo, a xenofobia, o desprezo para com os refugiados, para citar algumas mazelas que a cultura tem o poder para remediar (...)
Texto de autoria de Danilo Santos de Miranda - Diretor Regional do Sesc São
Paulo (Palais des Nations da ONU – Organização das Nações Unidas, Genebra, Suíça - 21/10/16). Fonte: https://www.sescsp.org.br/pt/sobre-o-sesc/palavras-do- diretor/191_O+PAPEL+DAS+ARTES+E+DAS+INSTITUICOES+CULTURAIS+N O+MUNDO+CONTEMPORAN
Considerando o mundo globalizado e a mudança da percepção do espaço através
do uso de diversas interfaces físicas, o que você acha da “popularização” e divulgação da arte e cultura em meios digitais?