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Alejandro Peña Esclusa foi também fundador e editor da Revista bimestral Fuerza Productiva

esboçou um ideário capaz de fornecer uma alternativa de desenvolvimento capitalista


sustentável capaz de superar o subdesenvolvimento-dependente sem cair na armadilha
materialista hedonista coletivista, o marxista, ou na armadilha materialista hedonista
egocêntrica, o liberalismo. Sua teoria além de ter uma preocupação social embasada pela
doutrina social da Igreja também tem, sobretudo, base na corrente de pensamento econômico
produtivista ou do capitalismo industrial.

No capítulo 5 “O Liberalismo abre passagem para o Marxismo”.

“Existe uma crença generalizada segundo a qual o marxismo e o liberalismo são sistemas
contrários e mutuamente excludentes. Para que um deles exista, é necessário neutralizar os
axiomas básicos do outro. Assim se infere, por exemplo, das declarações do Foro de São Paulo
e do Fórum Social Mundial contra o neoliberalismo. Uma das surpresas que tive ao investigar
como funciona a economia foi descobrir a similitude filosófica que todavia existe entre ambas
as correntes, sobretudo por sua cosmovisão materialista. Tanto o marxismo quanto o
liberalismo negam a transcendência do homem, condenando o indivíduo à sua própria
existência finita. Nem para o marxismo nem para o liberalismo existem verdades universais,
tampouco uma concepção absoluta do bem e do mal; só existem valores relativos que
dependem das circunstâncias e das épocas. Outra descoberta foi constatar que o liberalismo
econômico abre passagem ao marxismo, embora o Papa Leão XIII já tivesse advertido sobre
isso em finais do século XIX.” [PEÑA ESCLUSA, 2006, p.39]

“Segundo o liberalismo, as motivações do homem se assemelham às dos animais; o ser


humano progride unicamente porque busca satisfazer suas aspirações de caráter material,
quer dizer, por razões egoístas. Portanto, há que deixar que as forças espontâneas do
indivíduo – embora sejam estimuladas pelo egoísmo - convertam-se no principal motor da
economia, sem intervenção alguma da moral. Como consequência dessa forma de pensar, os
liberais tentam frear qualquer ingerência do Estado, deixando a economia à deriva e confiando
na ordem espontânea, o que denominam de “mão invisível”. Mas como o interesse individual
nem sempre é o das maiorias, e como não há uma lei moral que o guie, a especulação
financeira e monetária, a abertura indiscriminada à importação, a alta injustificada das taxas
de juros e outras práticas “espontâneas” baseadas só no lucro e na ambição desmedida
acabam por favorecer os interesses dos monopólios internacionais – coincidentemente os
mesmo que propalam o liberalismo -, em detrimento dos mais pobres. A miséria provocada
por esse modelo cria as condições para que o discurso esquerdista, baseado no ódio social e na
luta de classes, encontre acolhida nas massas ressentidas pela injustiça. Desta maneira, o
pêndula se desloca do liberalismo para o marxismo, gerando assim um círculo vicioso.” [PEÑA
ESCLUSA, 2006, p.40]

“A humanidade necessita de um esquema econômico totalmente diferente, que acabe em


definitivo com o círculo vicioso gerado pelo binômio marxismo-liberalismo.” [PEÑA ESCLUSA,
2006, p.42]
A Encíclicas Rerum Novarum (sobre a situação dos operários) foi escrita em 1891 pelo Papa
Leão XIII.

Causas do conflito

“Em todo o caso, estamos persuadidos, e todos concordam nisto, de que é necessário, com
medidas prontas e eficazes, vir em auxílio dos homens das classes inferiores, atendendo a que
eles estão, pela maior parte, numa situação de infortúnio e de miséria imerecida. O século
passado destruiu, sem as substituir por coisa alguma, as corporações antigas, que eram para
eles uma proteção; os princípios e o sentimento religioso desapareceram das leis e das
instituições públicas, e assim, pouco a pouco, os trabalhadores, isolados e sem defesa, têm-se
visto, com o decorrer do tempo, entregues à mercê de senhores desumanos e à cobiça duma
concorrência desenfreada. A usura voraz veio agravar ainda mais o mal. Condenada muitas
vezes pelo julgamento da Igreja, não tem deixado de ser praticada sob outra forma por
homens ávidos de ganância, e de insaciável ambição. A tudo isto deve acrescentar-se o
monopólio do trabalho e dos papéis de crédito, que se tornaram o quinhão dum pequeno
número de ricos e de opulentos, que impõem assim um jugo quase servil à imensa multidão
dos proletários.” (RN,2)

A solução socialista

“Os Socialistas, para curar este mal, instigam nos pobres o ódio invejoso contra os que
possuem, e pretendem que toda a propriedade de bens particulares deve ser suprimida, que
os bens dum indivíduo qualquer devem ser comuns a todos, e que a sua administração deve
voltar para - os Municípios ou para o Estado. Mediante esta transladação das propriedades e
esta igual repartição das riquezas e das comodidades que elas proporcionam entre os
cidadãos, lisonjeiam-se de aplicar um remédio eficaz aos males presentes. Mas semelhante
teoria, longe de ser capaz de pôr termo ao conflito, prejudicaria o operário se fosse posta em
prática. Pelo contrário, é sumamente injusta, por violar os direitos legítimos dos proprietários,
viciar as funções do Estado e tender para a subversão completa do edifício social.” (RN,3)

A propriedade Privada

“De fato, como é fácil compreender, a razão intrínseca do trabalho empreendido por quem
exerce uma arte lucrativa, o fim imediato visado pelo trabalhador, é conquistar um bem que
possuirá como próprio e como pertencendo-lhe; porque, se põe à disposição de outrem as
suas forças e a sua indústria, não é, evidentemente, por outro motivo senão para conseguir
com que possa prover à sua sustentação e às necessidades da vida, e espera do seu trabalho,
não só o direito ao salário, mas ainda um direito estrito e rigoroso para usar dele como
entender. Portanto, se, reduzindo as suas despesas, chegou a fazer algumas economias, e se,
para assegurar a sua conservação, as emprega, por exemplo, num campo, torna-se evidente
que esse campo não é outra coisa senão o salário transformado: o terreno assim adquirido
será propriedade do artista com o mesmo título que a remuneração do seu trabalho. Mas,
quem não vê que é precisamente nisso que consiste o direito da propriedade mobiliária e
imobiliária? Assim, esta conversão da propriedade particular em propriedade coletiva, tão
preconizada pelo socialismo, não teria outro efeito senão tornar a situação dos operários mais
precária, retirando-lhes a livre disposição do seu salário e roubando-lhes, por isso mesmo,
toda a esperança e toda a possibilidade de engrandecerem o seu património e melhorarem a
sua situação.” (RN,4)

O Papa João Paulo II em 1987, dois anos antes da queda do muro de Berlim, apresentou a
encíclica Sollicitudo Rei Socialis (sobre a preocupação social da Igreja) onde reitera o
pensamento de Leão XIII.

“O quadro que acaba de se ser traçado ficaria porém incompleto, se aos «índices económicos e
sociais» do subdesenvolvimento não se juntassem outros índices, igualmente negativos e até
mesmo mais preocupantes, a começar pelos do plano cultural. Tais são: o analfabetismo, a
dificuldade ou impossibilidade de ter acesso aos níveis superiores de instrução, a incapacidade
de participar na construção da própria Comunidade nacional, as diversas formas de exploração
e de opressão — económicas, sociais, políticas e também religiosas — da pessoa humana e
dos seus direitos, as discriminações de todos os tipos, especialmente aquela que é mais odiosa,
a fundada na diferença de raça. Se é para lamentar alguma destas pragas em áreas do Norte
mais desenvolvido, elas são sem dúvida mais frequentes, mais duradouras e mais difíceis de
eliminar nos países em vias de desenvolvimento e menos progredidos.”

“E é forçoso aqui anotar que, no mundo de hoje, entre os outros direitos, é com frequência
sufocado o direito de iniciativa económica. E, no entanto, trata-se de um direito importante,
não só para os indivíduos singularmente, mas de igual modo para o bem comum. A experiência
demonstra-nos que a negação deste direito ou a sua limitação, em nome de uma pretensa
«igualdade» de todos na sociedade, é algo que reduz, se é que não chega mesmo a destruir de
facto, o espírito de iniciativa, isto é, a subjetividade criadora do cidadão. Como resultado
surge, deste jeito, não tanto uma verdadeira igualdade, quanto um «nivelamento para baixo».
Em lugar da iniciativa criadora prevalecem a passividade, a dependência e a submissão ao
aparato burocrático que, como único órgão «disponente» e «decisional» — se não mesmo
«possessor» — da totalidade dos bens e dos meios de produção, faz com que todos fiquem
numa posição de dependência quase absoluta, que é semelhante à tradicional dependência do
operário-proletário do capitalismo. Ora isto gera um sentimento de frustração ou desespero e
predispõe para o desinteresse pela vida nacional, impelindo muitas pessoas para a emigração
e favorecendo em todo o caso uma espécie de emigração «psicológica». Uma situação assim
tem as suas consequências também sob o ponto de vista dos «direitos das nações
singularmente». Com efeito, acontece com frequência que uma nação é privada da sua
subjetividade, ou seja, da «soberania» que lhe compete, no sentido económico e mesmo
político-social e, de certo modo, cultural, porque adstrita a uma comunidade nacional onde
todas estas dimensões da vida estão ligadas entre si.”

No capítulo 9“Como Impulsionar a Criatividade?” Peña Esclusa explicita a diferença entre o


produtivismo ou capitalismo industrial em relação ao capitalismo liberal, plutocracia, e o
coletivismo marxista, o comunismo e o socialismo nas suas variantes.

“O aspecto mais comovedor e emocionante do capitalismo industrial ou produtivismo é a


concepção que tem do ser humano como única e verdadeira fonte de riqueza. Trata-se de uma
visão enaltecedora do homem, completamente diferente do materialismo que caracteriza o
capitalismo liberal e o coletivismo marxista. Segundo a escola produtivista, o trabalho
intelectual do ser humano, mediado em avanços científicos e tecnológicos, produz mudanças
na maneira como o homem se relaciona com a natureza para obter e transformar os recursos
de que necessita. O domínio de novas fontes de energia ou as formas inovadoras de produção
muito mais eficientes multiplicam o trabalho humano. Esta é a verdadeira riqueza econômica
de uma nação, e não o ouro, a prata ou as matérias-primas que possua.
Henry Carey o explicava da seguinte maneira: A riqueza consiste no poder que o ser humano desenvolve
para comandar os serviços, sempre gratuito, das poderosas forças da natureza. Quanto mais a fundo se sujeitarem
as grandes forças naturais ao controle humano, maior é a capacidade de produção e maior a tendência à
acumulação de riqueza que se manifesta na melhoria física, mental, moral e políticas da cidadania. (Carey, 1872,
apud Peña Esclusa, 1999c, p.22)” [PEÑA ESCLUSA, 2006, p.63]

CAREY,Henry. La Unidad de la Ley. Traduzido por Peña Esclusa in “El Milagro Económico de
Henry Carey”. Revista Fuerza Productiva. 1999, Nº 3, p. 22.

“A criatividade não é um dom especial concedido a certos gênios, mas sim característica
essencial de todo ser humano. Assim como a ave foi feita para voar e o peixe para nadar, o
homem foi dotado de inteligência para poder criar. Simplesmente há que se lhe assegurar as
condições para que possa fazê-lo, dentre elas a alimentação, a moradia, a educação, a
liberdade e a estabilidade familiar e emocional, produto do carinho de seus entes queridos. A
criatividade não é fruto de alguma ocorrência ou inspiração rara; é antes o resultado de
décadas de esforço, sacrifício e disciplina. Para realizar uma contribuição às ciências ou às
artes, primeiro é necessário ter estudado a fundo a matéria que se deseja dominar, ter
conhecido em detalhes a obra dos predecessores nesse área em particular, o que exige anos
de dedicação. Uma vez dominando o tema, começa a investigação em si, até que – finalmente
– se produzem os primeiros resultados, que se enriquecem com o passar o tempo.” [PEÑA
ESCLUSA, 2006, p.64]

“Assim como alguns países decidem impulsionar o esporte, subsidiando os desportistas e lhes
oferecendo incentivos, e assim como outras nações promovem o turismo, oferecendo bons
serviços ao visitante, do mesmo modo também uma nação pode impulsionar o
desenvolvimento científico e tecnológico e, inclusive, fazer da criatividade humana um ato
consciente, voluntário e generalizado. Porém, para consegui-lo, há que ter em contas as
seguinte considerações: Primeira, o planejamento educacional do Estado deve estar
estreitamente vinculado às metas que se queira obter no setor de ciência e tecnologia.
Segunda, o investigador científico deve contar com recursos suficientes para poder suprir suas
necessidades básicas e assim se dedicar plenamente à sua atividade. [...] Terceira, a
capacidade criativa do ser humano está estreitamente vinculada à atividade cultural que ele
realiza. Por exemplo, o hedonismo e o materialismo prevalecentes na atualidade não são
compatíveis com o desenvolvimento da criatividade, porque a busca do prazer imediato e do
dinheiro fácil, assim como o alvoroço que isso proporciona, impede o cidadão de se concentrar
por longas horas no trabalho de investigação. [...] Quarta, a sociedade deve incentivar a
investigação, reconhecendo ao cientista o seu valor. Resulta revelador que – sem menosprezar
a importância da sétima arte, nem do esporte – as estrelas de cinema e as do futebol sejam
tão admiradas, enquanto os educadores e os pesquisadores científicos sejam relegados a um
plano inferior. Esse fenômeno não é percebido adequadamente nos países ibero-americanos,
pois as máquinas são geralmente importadas ou, no máximo, montadas nacionalmente”
[PEÑA ESCLUSA, 2006, p.64-65]

Investimento em Ciência e Tecnologia não gera a perda de empregas.


“Em que pese o que comumente se crê, o investimento em ciência e tecnologia não desloca a
mão-de-obra, visto que a fabricação de máquinas abre muito mais frentes de emprego do que
as fecha. Um trator, por exemplo, substitui o trabalho de cem camponeses que utilizem
picareta, pá e rastelo, porém sua construção e montagem abrem fontes de emprego no setor
de fabricação de motores e peças, de instrumentos de controle, bem como na indústria
petroquímica (combustíveis, óleos, mangueiras, correias).” [PEÑA ESCLUSA, 2006, p.65-66]

No capítulo 7 “O capitalismo Industrial ou Produtivista”

A corrente de pensamento produtivista ou do capitalismo industrial tem por base os


economistas Alexander Hamilton (1757-1804), Friederich List (1789-1846) e Henry Carey
(1793-1879).

“Em finais do século XVIII, coincidindo com a Independência dos Estados Unidos (1776), houve
um importante debate entre duas concepções contrapostas do capitalismo: por um lado, a
escola britânica e, por outro, a escola americana. Lembrem-se de que, embora hoje os dois
países compartilhem o mesmo modelo liberal, há duzentos anos declaram guerra justamente
por defenderem esquemas políticos e econômicos contrários. O lado inglês tinha como
principal expoente Adam Smith (1723-1790), com seu livro A riqueza das nações (1776),
enquanto o lado americano tinha como seu guia Alexander Hamilton. Segundo Smith, a
riqueza provém da acumulação de bens materiais, ao passo que, para Hamilton, a principal
fonte de riqueza é o homem mesmo, por sua capacidade de transformar a matéria-prima em
bens úteis, usando seu principal recurso: a criatividade. ” [PEÑA ESCLUSA, 2006, p.47-48]

Alexander Hamilton (1757-1804) é um dos Pais Fundadores dos EUA. Foi um estadista, jurista,
comandante militar, banqueiro e economista. Sendo o fundador do Banco Nacional dos EUA,
do Partido Federalista, da Guarda Costeira dos Estados Unidos e do jornal New York Post.
Como primeiro Secretário do Tesouro nacional apresentou as ideias econômicas das políticas
econômicas do primeiro Presidente dos EUA, George Washington (1732- 1799). Os escritos
políticos de Hamilton são conhecidos pela obra conjunto com John Jay e James Madison, O
Federalista (1864). Mas os seus escritos econômicos são pouquíssimos conhecidos e nem
ensinado em faculdades de Economia entre esses escritos se destacam os escritos sobre
crédito (Janeiro de 1790), sobre banco nacional (dezembro de 1790) e sobre as manufaturas
(dezembro de 1791).

Os Estados Unidos eram um conjunto de Treze Colônias agrarias da América do Norte que
fizeram uma Guerra de Independência (1775-1783) contra a superpotência da época, o Reino
da Grã-Bretanha. E hoje os EUA são a superpotência mundial. Isso dependeu, em grande
parte, da obra de Hamilton. Hamilton apresentou um projeto que serviu para fomentar o
desenvolvimento.

“Hamilton levou a cabo seu plano baseado em três pontos: primeiro, a promoção e a proteção
da indústria nacional; segundo, a emissão de crédito interno para financiar a produção;
terceiro, e o mais importante, o impulso da ciência e da tecnologia. O modelo de Hamilton
serviu para converter um país agrário, produtor de matérias-primas, em um industrializado, o
que foi conseguido em relativo curto prazo.” [PEÑA ESCLUSA, 2006, p.48]
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Os teóricos do poderio cultural, da supremacia ideológico ou do soft power. Não podem deixar
de ter em mente o princípio da “velha” geopolítica de que a assimilação cultural ou ideológica
precede a posterior anexação territorial. O “espaço é vital” e nunca deixou de ser, não existe
poder sem espaço. O imperativo espacial da geopolítica, a ocupação territorial, é um princípio
do poder frequentemente negligenciado por ser arcaico, simples e evidente. A ocupação
territorial é o dado mais explícito de poder e não tem como negar, mas para amenizar o
impacto desse fato geralmente tal ocupação se travesti de missão cultural, auxílio militar com
instalação de bases militares ou tratado econômico. É por intermédio da ocupação econômica
e cultural, aparentemente fluidas e vagas, que vão paulatinamente anexando território. O
expansionismo econômico e cultural também chamado de “neocolonialismo”,
“neoimperialismo” e ainda erroneamente denominado de “hegemonia”. Apesar do problema
terminológico tal expansionismo econômico e cultural das potências do mundo – EUA, Rússia,
China etc – existe. O “imperialismo econômico e cultural” é reversível desde que ele não
conclua o processo de efetiva ocupação territorial. A legitimidade da ocupação territorial é
construída antes nas dimensão culturais e econômicas do que nas dimensão militares e
jurídicas.

O que se chama comumente de “neocolonialismo” ou “neoimperialismo” é o expansionismo


territorial indireto através da cultura e da economia. Antes de ter controle militar e,
sobretudo, jurídico de um território alheio é necessário que tal território se torne perante aos
seus proprietários originais algo estranho. Esse processo de estranhamento daquilo que lhe é
próprio ou propriedade antecede a usurpação. Antes de algo ser usurpado é necessário que
seja antes considerado estranho pelo seu proprietário que não se reconhece mais como o
dono. É assim que opera o processo de alienação. Depois que o seu espaço é cedido
economicamente e culturalmente é questão de tempo para se tornar militarmente e
juridicamente o território de outrem. E depois que um espaço se torna militarmente e
juridicamente um território, toda a tentativa de reconquistar o território perdido é vista como
uma violação do direito internacional e considerado um agressor perante às nações.

REVEL, Jean-François. Como Terminam as democracias (1983). Tradução de João Guilherme


Vargas Neto; Revisão de Regina Laura de Souza Pinto. DIFEL, São Paulo, 1984.

“Os dirigentes soviéticos são os primeiros a se convencerem – nada nos permite supor o
contrário – de que todo poder dividido é um poder ameaçado, tanto interna como
externamente. Por isso é que eles são frequentemente bem-sucedidos, em todos os lugares
em que penetram, na conquista do monopólio do poder e no disfarce deste mediante a ficção
jurídica de um Estado com aparência de soberano. [...] O dinheiro russo enviado a Cuba não é
uma ajuda econômica, é o soldo do mercenário, custo sem dúvida, mas que não exclui, muito
pelo contrário, a exploração: relação colonial à antiga, onde a colônia fornece a bucha para o
canhão, escravos vão trabalhar na União Soviética, e alguma matérias-primas em troca de
dinheiro que concede um nível de vida elevado à medíocre classe dos cônsules,, governadores,
administradores e policiais.” [REVEL, 1984, p.68]
A luta ideológica contra o comunismo.

“A luta ideológica é destinada somente a minar as resistências que se oponham ao


alargamento do perímetro de dominação territorial.” [REVEL, 1984, p.71]

Imperialismo

“Com efeito quanto mais o império é extenso, mais ele é ameaçado, e, consequentemente,
mais ele deve estender-se para deter as novas ameaças. [...]

“Sejamos lógicos: o único meio de conseguir que as fronteiras soviéticas não sejam ameadas,
que elas estejam em plena segurança, é fazer com que não haja absolutamente fronteiras
soviéticas; ou, se se prefere, que o território soviético coincida completamente com o do
planeta. Somente então serão garantidas à humanidade “a paz e a segurança”. [REVEL, 1984,
p.73]

Assim como no Congresso da União Soviética dizia Leonid Brejnev “o triunfo integral do
socialismo no mundo é inelutável” os lacaios do imperialismo neocon Yankee dizem “o triunfo
imperial dos EUA no mundo é inelutável para a democracia Ocidental.”

“As únicas coisas que o impelem a isso são um espírito de sacrifício e de imolação de si
próprio, uma edificante negação de seu desejo de viver, uma santa renúncia à liberdade e à
dignidade, combinados, concordo com um pouquinho de utilitarismo. Porque o interesse dita,
apesar de tudo, esta máxima de bom senso que diz: quando não temos outra escolha, mais
vale lisonjear o senhor do que irritá-lo.” [REVEL, 1984, p.87]

A economia tem poder, as sanções econômicas e monopólios são armas poderosas.

A alt-right brasileira não é crítica dos neocons, mas a continuidade do neoconservadorismo


yankee em moldes periféricos. Eles tratam Donald Trump como Leon Trotsky e por isso
clamam por uma revolução permanente mundial em nome do capitalismo como uma forma de
salvar a democracia e a civilização Ocidente. Lembrando que são os EUA a própria civilização
ocidental e a democracia. A civilização Ocidental não é um patrimônio cultural, o capitalismo
não é um modo de produção e a democracia não é um sistema de governo, eles são antes
características do caráter estadunidense, e quem quiser se tornar democrático, capitalista e
ocidental deve mimetizar tais caraterísticas e se tornar imagem e semelhança dos EUA. O
modus vivendi dos EUA é o único padrão aceitável.

Tal postura política além de implicar uma servidão voluntário e idealismo, ela também implica
um isolacionismo diante das demais nações e um alinhamento automático com os EUA. Onde
tudo que os EUA fizerem será considerado uma ação em defesa do Ocidente.
A guerra ideológica

“A guerra ideológica baseia-se na arte de libertar para sujeitar, ou, mais exatamente,
pretender libertar para sujeitar melhor, pregar a libertação para impor a servidão. Essa
definição convém às ideologias políticas.” [REVEL, 1984, p.171]

Observação: a guerra ideológica é uma disputa através da persuasão da mentira.

“Assim a busca de uma contra-ideologia democrática, destinada a recalcar a ideologia


totalitária, é vã. A contra-ideologia democrática é um mito. A democracia não deve se deixar
encerrar nos termos definidos pelo pensamento totalitário e construir um reflexo antitético
desse pensamento. A ideologia é mentira, a ideologia comunista é mentira total, estendida a
todos os aspectos da realidade . Propor ao pensamento livre que se defenda construindo um
delírio sistematizado de sentido contrário é lhe propor que se suicide para evitar que seja
assassinado. Se é verdade que nada é mais eficaz do que uma miragem para destruir outra
miragem, é também verdade que a civilização democrática não deve e não pode sobreviver
senão opondo à ideologia o pensamento, à mentira o conhecimento da realidade, à
propaganda não uma contra-propaganda, mas a verdade.” [REVEL, 1984, p.173]
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Huntington acreditava que, embora a era das ideologias houvesse terminado, o mundo havia
simplesmente retornado a estado normal caracterizado pelos conflitos culturais. Em sua tese,
argumentava que os conflitos no futuro teriam como eixo principal critérios culturais e
religiosos. Postula, ainda, que o conceito de diferentes civilizações, como nível maior de
identidade cultural, se tornará cada vez mais útil para analisar o potencial de conflitos. No
artigo de 1993 na Foreign Affairs, Huntington descreve sua tese.

“It is my hypothesis that the fundamental source of conflict in this new world will not be
primarily ideological or primarily economic. The great divisions among humankind and the
dominating source of conflict will be cultural. Nation states will remain the most powerful
actors in world affairs, but the principal conflicts of global politics will occur between nations
and groups of different civilizations. The clash of civilizations will dominate global politics. The
fault lines between civilizations will be the battle lines of the future. Conflict between
civilizations will be the latest phase in the evolution of conflict in the modern world.”

https://web.archive.org/web/20070629022856/http://www.foreignaffairs.org/19930601faess
ay5188/samuel-p-huntington/the-clash-of-civilizations.html

“Minha hipótese é de que a fonte fundamental de conflitos neste mundo novo não será
principalmente ideológica ou econômica. As grandes divisões da humanidade e a fonte
dominante de conflitos será cultural. Os Estados-nações continuarão a ser os atores mais
poderosos no cenário mundial, mas os principais conflitos da política global ocorrerão entre
países e grupos de diferentes civilizações. O choque de civilizações dominará a política global.
As linhas falhas entre civilizações serão as frentes de batalha do futuro. O conflito entre
civilizações será a última fase da evolução do conflito no mundo moderno.” [Tradução Livre]

Tal proposta ideológica somente adquire sentido prático na medida em que se compreende o
Brasil como parte, mesmo que qualificada, do mundo ocidental. Partir desse pressuposto
torna-se particularmente sensível num momento histórico em que, sobretudo no mainstream
intelectual anglo-saxão, tornou-se comum assumir a América Latina como parte de uma matriz
cultural diferente (HUNTINGTON, 1996)

No mapeamento feito por Huntington pós-1990, o mundo estaria dividido pelas seguintes
civilizações: Ocidental, Africana, Sínica, Hindu, Islâmica, Japonesa, Latino-americana, Ortodoxa
e outras menores.

Latino-americana. A América Latina, entretanto, evoluiu por um caminho bastante diferente


dos da Europa e da América do Norte. Um produto da civilização europeia, ela também
incorpora, em graus variados, elementos de civilizações indígenas americanas que não se
encontram na América do Norte e na Europa. Ela teve uma cultura corporativista, autoritária,
que existiu em muito menor grau na Europa e não existiu em absoluto na América do Norte. A
Europa e a América do Norte sentiram, ambas, os efeitos da Reforma e combinaram as
culturas católica e protestante. Historicamente, embora isso possa estar mudando, a América
Latina sempre foi católica. A civilização latino-americana incorpora culturas indígenas, que não
existiram na Europa, foram efetivamente eliminadas na América do Norte e que variam de
importância no México, América Central, Peru e Bolívia, de um lado, até a Argentina e o Chile,
de outro. A evolução política e o desenvolvimento econômico latino americanos se
diferenciaram muito dos padrões que prevaleceram nos países do Atlântico Norte. Do ponto
de vista subjetivo, os próprios latino-americanos se encontram divididos no que se refere ã sua
autoidentificação. Alguns dizem: “É, fazemos parte do Ocidente.” Outros afirmam: “Não,
temos nossa própria cultura singular.” E uma vasta literatura de autores latino-americanos e
norte-americanos desenvolve suas diferenças culturais. A América Latina poderia ser
considerada ou uma subcivilização dentro da civilização ocidental ou uma civilização

separada, intimamente afiliada ao Ocidente e dividida quanto a se seu lugar é ou não no


Ocidente. Esta última é a designação mais apropriada e útil para uma análise que se concentre
nas implicações políticas internacionais das civilizações, inclusive as relações entre a América
Latina, de um lado, e a América do Norte e a Europa, do outro. Dessa forma, o Ocidente inclui
a Europa e a América do Norte, e também outros países de colonização europeia como a
Austrália e a Nova Zelândia.” [HUNTINGTON, p.52]

“O termo “o Ocidente” é agora usado universalmente para se referir ao que se costumava


chamar de Cristandade Ocidental. O Ocidente é assim a única civilização identificada por uma
direção da bússola e não pelo nome de um povo, religião ou área geográfica em particular."'
Essa identificação retira a civilização do seu contexto histórico, geográfico e cultural.
Historicamente, a civilização ocidental é a civilização europeia. Na era moderna, a civilização
ocidental é a civilização euro-americana ou do Atlântico Norte. A Europa, a América do Norte e
o Atlântico Norte podem ser localizados num mapa; o Ocidente não. O termo “o Ocidente”
também deu lugar ao conceito de “ocidentalização” e promoveu uma fusão de ocidentalização
e modernização: é mais fácil pensar no Japão “ocidentalizando-se” do que “se euro-
americanizando”. Entretanto, a civilização europeia-americana é universalmente mencionada
como civilização ocidental e esta expressão, apesar de suas sérias deficiências, será utilizada
aqui.” [HUNTINGTON, p.53]

A América Latina, em termos mais apropriados, a Ibero América é parte do Ocidente e não
uma “subcivilização” apartada. E o Brasil, em especial, é geograficamente e culturalmente
vinculado ao Ocidente. Os geopolíticos brasileiros, por exemplo: Marechal Mário Travassos
1891-1973, Marechal Juarez Távora (1898- 1975), General Golbery do Couto e Silva (1911-1987)
e o General Meira Mattos (1913-2007). Demonstraram que não existe um antagonismo entre a
busca do Brasil-potência e a defesa da civilização Ocidental. A nossa geopolítica, em parte
significativa, é uma síntese entre a defesa do Ocidente a partir da realização do destino manifesta
do nosso potencial geográfico e vice-versa. Não há antagonismo entre a luta contra as forças
inimigas do Ocidente e a segurança nacional. É no Brasil que fica os pilares da ponte estratégica
que une a América à massa continental afro-euro-asiática. Isso já basta para demonstra a
importância do Brasil dentro do Ocidente.
“O Ocidente é e continuará a ser por muitos anos a civilização mais poderosa. Contudo, seu
poder em relação ao de outras civilizações está declinando. A medida que o Ocidente tenta
impor seus valores e proteger seus interesses, as sociedades não-ocidentais se defrontam com
uma escolha. Algumas tentam emular o Ocidente e a ele se juntar ou “atrelar-se” a ele. Outras
sociedades confucianas e islâmicas tentam expandir seu próprio poder econômico e militar
para resistir e para “contrabalançar” o Ocidente. Desse modo, um eixo central da política
mundial pós-Guerra Fria é a interação do poder e da cultura ocidentais com o poder e a cultura
de civilizações não-ocidentais.” [HUNTINGTON, p.29]

A teoria elaborada pelo cientista político Samuel P. Huntington e denominada Choque de


Civilizações postula que as identidades culturais e religiosas dos povos serão as principais
fontes de conflito no mundo pós-Guerra Fria. Para Huntington os conflitos de grandes
proporções não ocorrerão entre as classes sociais e sim entre os povos pertencentes a
diferentes entidades culturais e religiosas

“Por exemplo, um enfoque civilizacional sustenta que:

 As forças de integração no mundo são reais e são precisamente o que está gerando
forças contrárias de afirmação cultural e consciência civilizacional.
 O mundo é, em certo sentido, duplo, mas a distinção fundamental se dá entre o
Ocidente, como a civilização até aqui dominante, e todas as demais, as quais,
entretanto, têm pouco ou nada em comum entre si. Em suma, o mundo está dividido
entre um ocidental e muitos não-ocidentais.
 Os Estados-nações são e continuarão a ser os atores mais importantes nos assuntos
mundiais, porém seus interesses, associações e conflitos são cada vez mais moldados
por fatores culturais e civilizacionais.
 O mundo é, de fato, anárquico, pleno de conflitos tribais e de nacionalidade, porém os
conflitos que representam os maiores perigos para a estabilidade são aqueles entre
Estados ou grupos de diferentes civilizações.

Desse modo, um enfoque civilizacional apresenta um mapa relativamente simples, mas não
demasiado simples, para se compreender o que está acontecendo no mundo.” [HUNTINGTON,
p.39]

HUNTINGTON, Samuel. O choque das civilizações e a recomposição da nova ordem mundial.


(1996) Rio de janeiro: Objetiva, 1997.

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