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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIENCIA E TECNOLOGIADO RIO GRANDE DO

NORTE – IFRN
CAMPUS DE EDUCAÇÃO A DISTANCIA – CAMPUS EAD
Diretoria Acadêmica – EaD
Coordenação de Cursos de Graduação e Pós-Graduação –COGPOG
Especialização em Ensino de Língua Portuguesa e Matemática em uma Perspectiva
Transdisciplinar – LPMT
Universidade Aberta do Brasil - UaB

Eliane Galvão Gomes


Email: eliane_galvao_gomes@hotmail.com
Prof. Ms. Silvia Mendonça
Email: silviaregina1803@gmail.com

ENSINO DE MATEMÁTICA, INTERDISCIPLINARIDADE E


TRANSDISCIPLINARIDADE: O LIVRO DIDÁTICO EM QUESTÃO

1 Licenciada em ensino do espanhol pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio
Grande do Norte – IFRN.
Especialista no ensino do espanhol pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN

2 Doutora em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN


Mestre em Educação Matemática pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN
Orientadora do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte – IFRN
RESUMO: O presente artigo pretende expor resultados de uma pesquisa em que foi feita
uma analise do capitulo 1de um livro didático de matemática, observando se a abordagem
dos conteúdos e as atividades propostas se enquadram em uma perspectiva transdisciplinar.
Nesse contexto, verificamos a importância do olhar para essa ferramenta muito utilizada no
ambiente escolar. Utilizamos como base o primeiro capítulo de um dos livros da coleção do
“Projeto Teláris” (DANTE, 2015). A análise foi feita considerando-se a apresentação do
conteúdo; as informações visuais; as atividades e problemas; e as indicações metodológicas.
Objetivamos, ainda, dialogar sobre os conceitos relacionados com a educação
interdisciplinar e transdisciplinar aplicadas ao processo de ensino e aprendizagem de
matemática. Os resultados deste estudo mostraram que, no geral, o capítulo 1 do livro não
trata da realidade do aluno, apesar de que na apresentação o autor em sua fala, diz que
escreveu o livro para o aluno compreender as ideias matemáticas e aplicá-las em seu dia-a-
dia. Percebemos que nas atividades propostas a interdisciplinaridade e a
transdisciplinaridade estão ausentes. Por fim, esperamos que as informações aqui
apresentadas possam ser utilizadas para a melhoria do processo de ensino e aprendizagem,
estimulando o professor à verificação de mais de uma obra, no momento de pensar as etapas
de ensino e apresentar com segurança os conteúdos a seus alunos.
PALAVRAS-CHAVE: Disciplinaridade e Transdisciplinaridade. Livro Didático. Processo
de Ensino de Matemática.

ENSEÑANZA DE MATEMÁTICA, INTERDISCIPLINARIDAD Y


TRANSDISCIPLINARIDAD: EL LIBRO DIDÁCTICO EN CUESTIÓN

RESUMEN: El presente artículo pretende exponer resultados de una investigación en la que


se realizó un análisis del capítulo 1 del libro didáctico de matemáticas, observando si el
abordaje de los contenidos y las actividades propuestas se encuadran en una perspectiva
transdisciplinaria. En este contexto, verificamos la importancia de la mirada al libro
didáctico, herramienta muy utilizada en el ambiente escolar. Utilizamos como base el primer
libro de una colección del "Proyecto Teláris Matemática” (DANTE, 2015)". El análisis se
hizo considerando la presentación del contenido; las informaciones visuales; las actividades
y los problemas; y las indicaciones metodológicas. Objetivamos, aún, dialogar sobre los
conceptos relacionados con la educación interdisciplinar y transdisciplinar aplicadas al
proceso de enseñanza y aprendizaje de matemáticas. Los resultados de este estudio
mostraron que, en general, el capítulo 1 del libro no trata de la realidad del alumno, a pesar
de que en la presentación el autor en su discurso, dice que escribió el libro para el alumno
comprender las ideas matemáticas y aplicarlas en su día a día. Se percibe que en las
actividades propuestas la interdisciplinaridad y la transdisciplinariedad están ausentes. Por
último, esperamos que las informaciones aquí presentadas puedan ser utilizadas para la
mejora del proceso de enseñanza y aprendizaje, estimulando al profesor a la verificación de
más de una obra, en el momento de pensar las etapas de enseñanza y presentar con seguridad
los contenidos a sus alumnos.

PALABRAS CLAVE: Disciplinaridad y Transdisciplinariedad. Libro Didáctico. Proceso de


Enseñanza de Matemáticas.
1. INTRODUÇÃO
No ensino de conceitos matemáticos, muitas vezes, os professores não levam em
consideração o contexto político, social e cultural dos estudantes. Em seu cotidiano, os
alunos descobrem noções matemáticas mediadas por práticas como, por exemplo, de
comprar e vender fazendo cálculos mentais.

Desse modo, percebe-se que existe a necessidade do professor buscar possibilidades


de recursos para a formação do aluno, priorizando a construção de práticas diferenciadas que
permitam sua identificação com as situações criadas e que ele consiga perceber as diversas
aplicabilidades.

De acordo com Morin (2007), “um conhecimento só é pertinente na medida em que


se situe num contexto”. Sob o ponto de vista do autor, percebe-se a necessidade de que na
escolha do livro didático deve ser observado o direcionamento da aprendizagem de
conteúdos significativos e contextualizados, atendendo ao conhecimento prévio dos alunos.

Diante do exposto, temos o livro didático (LD) como o recurso mediador para o
trabalho docente, como facilitador da aprendizagem para os estudantes. O que, muitas vezes,
é o único material didático utilizado em sala de aula pelos professores das escolas de rede
pública, por fatores diversos. Assim, é imprescindível o olhar atento do professor para os
critérios de análise e escolha do LD.

Nessa perspectiva, focalizamos nossa atenção sobre o ensino da Matemática em uma


Perspectiva Transdisciplinar com possibilidade de integração de diferentes disciplinas.
Nesse âmbito, delineamos como objetivo geral de nossa pesquisa, avaliar sucintamente
como o capitulo1 do livro didático de Matemática, ProjetoTeláris: ensino fundamental 2
(DANTE, 2015), estabelece relação com as outras disciplinas apresentadas no curso. Com o
intuito de aprofundamento da análise, buscamos identificar de que forma o livro didático de
matemática contribui para a interdisciplinaridade e transdisciplinaridade em sala de aula. E,
ainda, compreender através de observação do capitulo 01, como os conteúdos são abordados
e se os mesmos apresentam diálogos da matemática com outras disciplinas,

Na introdução deste trabalho apresentamos o problema que guia essa pesquisa.


Tendo em vista essa problemática, iniciamos nossa discussão sobre o livro didático, um dos
principais instrumentos usados pelo professor em sala de aula, analisando suas atribuições
no ensino e aprendizagem da matemática. Objetivamos, no percurso da pesquisa, explicitar
as questões da perspectiva interdisciplinar e transdisciplinar no ensino da matemática. Em
seguida, apresentaremos o objeto de nosso estudo, ou seja, o corpus, o livro didático que
materializa a análise.

Convém ressaltar que a escolha de um livro de matemática como objeto de análise é


justificada por sua importância no contexto das escolas brasileiras, e que por muitas vezes é
o único instrumento a ser usados em sala de aula e que verificamos as situações de ensino
em que os educadores continuam com as limitadas utilizações do livro didático em aulas
tradicionais.

Esse trabalho está dividido nas partes de um artigo, apresentamos um breve conceito
de livro didático para o referido nível de Ensino; as perspectivas para o ensino aprendizagem
no contexto educacional. Dialogamos, também, sobre algumas definições de contexto
interdisciplinar e transdisciplinar; sua importância no processo de um ensino e aprendizagem
de forma global e, faz-se, ainda a análise e discussão dos dados obtidos no campo de estudo.

E foi nesse cenário em que realizamos a pesquisa, a fim de compreender se o


tratamento destinado à transdisciplinaridade está sendo trabalhado no livro didático de
Matemática de forma que deem autonomia ao estudante de ampliar seus conhecimentos “às
várias atividades humanas” (BRASIL, p.10, 2018), como também, a compreender e
valorizar a resolução de problemas e de enfrentar situações complexas, de expor e
compreender ideias, aspectos fundamentais no desenvolvimento do pensamento critico,
científico, inclusive matemático.

Dessa forma, com base nas orientações acima apresentadas, o livro didático de
matemática, deve favorecer ao estudante participação ativa na sua aprendizagem, sendo
crítico em suas conclusões, ou ainda, que ele vivencie ativamente da apreensão dos
conteúdos matemáticos podendo expressar habilidades em criar e resolver problemas.

Esse aspecto foi observado nos Parâmetros Curriculares Nacionais (1988) que
declaram que os conteúdos devem apresentar questões que aproxime de forma crítica da
realidade, “ao invés de tratá-los como dados abstratos a serem aprendidos apenas para
“passar de ano”, oferece aos alunos a oportunidade de se apropriarem deles como
instrumentos para refletir e mudar sua própria vida.”.

Objetivamos ainda, discutir os conceitos relacionados com a educação


transdisciplinar que perpassa as disciplinas e contribui na articulação de conhecimentos
matemáticos na realidade do estudante. Em conformidade com Morin (2007) deve haver
uma auto-organização complexa para articulação de conhecimentos entre diferentes
disciplinas.

Para obtenção de considerações a respeito da obra analisada, recorremos ao PNLD


(2018), para tomar conhecimento dos critérios adotados pela Secretaria de educação básica.
E para alcançarmos nosso objetivo, adotamos alguns procedimentos fundamentais para a
conclusão da presente pesquisa. Após definir o livro didático para essa pesquisa,
investigamos, dentre as seções que compõem a obra, quais delas tratam especificamente de
aspectos interdisciplinar e transdisciplinar. Para tanto, realizamos um levantamento da
proposta apresentada pelo livro, focalizando as seções em que o mesmo trata de temas num
contexto transdisciplinar e nos detemos na observação do primeiro capítulo.

E a partir de leituras realizadas em Nicolescu (1999), Henrique (2005), entre


outros,que apontam a necessidade de discutir possibilidades de tornar a aprendizagem
significativa para o educando,torna-se importante à busca de um ensino em torno de
situações contextualizadas e transdisciplinar.

Sobre o assunto, (Santos & Sommerman, 2009, p. 68), afirmam que, “Somente
poderemos favorecer mudanças no processo de ensino e de aprendizagem, ou seja, no
modo de ensinar, se tivermos uma nova perspectiva do pensar, numa outra postura
epistemológica”.

Esse fato reforça, ainda mais, a necessidade de um ensinar de forma que o aluno
consiga associar seus conhecimentos e fazer relações no âmbito do que é conhecido para
alcançar novas competências.

Dentro dessa perspectiva, compreendemos que a fragmentação do conhecimento limita


a aprendizagem, e as disciplinas escolares, nesse caso a matemática, sempre são
apresentadas com situações muito distantes uma das outras, compartimentadas, isoladas do
contexto escolar, bem como do sociocultural. Para Santos, (2017) o ensino da matemática

[...] se apresenta descontextualizado, inflexível e imutável, sendo produto


de mentes privilegiadas. Nesse cenário, o aluno é, muitas vezes, um mero
expectador e não um sujeito partícipe; e a maior preocupação da maioria
dos professores restringe-se a cumprir o programa. (SANTOS, 2017, p.07)
Nesse sentido, é interessante alicerçarmos em documentos, como o PNLD (Programa
Nacional do Livro Didático) do Ministério da Educação, para conhecer a exposição de
critérios de avaliação com requisitos que devem obrigatoriamente ser cumpridos pelas
coleções de livros didáticos dessa área (matemática) do conhecimento:
[...] propiciar o desenvolvimento, pelo estudante, de competências
cognitivas básicas, como: observação, compreensão, argumentação,
organização, análise, síntese, comunicação de ideias matemáticas,
memorização, entre outras. (BRASIL, p.14, 2018)
Diante do cenário para uma aprendizagem significativa em que leve o aluno
conhecer a integração disciplinar através do livro didático de matemática, traçamos um
panorama, então, dialogando com alguns autores, o qual nos deu embasamento para a
análise realizada dos temas envolvidos nesta pesquisa, compreendemos ser necessário
apresentar os caminhos da pesquisa.

2. METODOLOGIA

Nesse momento, fazemos a apresentação da Metodologia para o devido diálogo


sobre o capítulo do livro de matemática. A partir da necessidade de execução de uma
análise, foi feita uma pesquisa bibliográfica, pois recorremos ao uso de materiais, como
livros, dissertações de mestrado, teses de doutorado, artigos, além de pesquisas em sites
especializados. Realizamos um estudo do tema proposto neste trabalho, tendo como base
os diversos materiais teóricos desse campo de pesquisa.

Diante da abordagem do problema pesquisado, e por se tratar de uma pesquisa


educacional, caracterizamos-me como não experimental (MOREIRA E CALEFFE, 2008),
por descrever e explicar a situação do material didático. Também podemos classificá-la
como documental, por nortear-se em documentos específicos que tratam do ensino de
Matemática no Brasil, como o PNLD (Programa Nacional do Livro Didático) do Ministério
da Educação entre outros.

Por se tratar de observações feitas na análise do livro, baseadas em marcos teóricos


conceituais, a pesquisa foi realizada de forma qualitativa. E que, se tratando de comentário
analítico, com a intenção de conhecimentos científicos sem interesse imediato da aplicação
prática, temos por finalidade prática uma pesquisa básica.

Com esta pesquisa, não temos pretensão realizar um estudo acabado sobre o tema em
destaque, interdisciplinaridade e transdisciplinaridade em um livro de matemática, e sim
contribuir com reflexões sobre a prática pedagógica docente no sentido de dinamizar o
processo de ensino-aprendizagem de forma a torná-los mais significativos para o aluno.
Com esse propósito, iniciamos os conceitos explorados e a referida análise do material.
3. CONCEITO DE MATERIAL DIDÁTICO (MD)

Antes de apresentar como pode acontecer a aprendizagem da matemática no contexto


interdisciplinar/ transdisciplinar em um livro didático é importante compreender o material
didático conceituado por Bandeira (2009, p.15), que é o “conjunto de textos, imagens e de
recursos, ao ser concebido com a finalidade educativa, implica na escolha de um suporte,
impresso ou audiovisual.”

E no tocante ao livro didático, este deve apresentar em seus encaminhamentos as


propostas segundo o Plano Nacional do livro didático (PNLD, 2018, p.12), que estimulem o
estudante ao estabelecimento de pontes em relação a outras disciplinas. De acordo com o
(PNLD, 2018), tais propostas devem favorecer a:
[...] aquisição de saberes socialmente relevantes; • consolidar, ampliar,
aprofundar e integrar os conhecimentos; • propiciar o desenvolvimento de
competências e habilidades do estudante, que contribuam para aumentar
sua autonomia; • contribuir para a formação social e cultural e desenvolver
a capacidade de convivência e de exercício da cidadania (BRASIL, 2018,
p.13).
Com isso, entende-se que o material didático (MD) terá um peso significativo no
processo de aprendizagem que contribuirá na ampliação de horizontes. E a utilização do
livro didático em sala de aula é um recurso mediador para a construção do conhecimento e,
como já abordamos, muitas vezes, é o único material utilizado em sala de aula pelos
professores das escolas de rede pública, por fatores diversos. E se faz necessário um
conhecer prévio de sua aplicabilidade nas diversas abordagens e métodos utilizados para
trabalhar no ensino da matemática no contexto transdisciplinar.

Nessa linha de raciocínio, percebe-se que o aprendiz está em constante interpretação


de seu mundo e que tais descobertas acontecem até mesmo “quando se trata de um
fenômeno matemático”. Dentro dessa perspectiva, D’Ambrosio (1989) afirma que “São as
interpretações dos alunos que constituem o se saber matemática "de fato"“.

Na temática envolvendo o material didático interdisciplinar/transdisciplinar percebe-


se que o mesmo tem significação fundamental para uma aprendizagem expressiva, sua
utilização pelo o aluno deve ser feita com função para o mundo que o rodeia para construção
de sua autonomia.

E no tocante a produção do material didático na perspectiva de ensino


transdisciplinar, este deve apresentar abordagem em que as disciplinas dialoguem entre si,
que pense na amplitude de temas apresentados evitando uma aprendizagem fragmentada e
mecânica. Nesse sentido, foi observado que no livro pesquisado, na seção Radiciação na
página 13, apresenta um pequeno texto de matemática pura sem perspectiva de dialogo entre
outras disciplinas.

É importante notar que, o trabalho transdisciplinar deve conter elementos que vão
além das disciplinas. Nessa perspectiva, Morin (2007, p.58), afirma que “um conhecimento
só é pertinente na medida em que se situe num contexto”. Vejamos um breve panorama
sobre o tema.

4. CONTEXTO INTERDISCIPLINAR E TRASDISCIPLINAR

Interdisciplinaridade e Transdisciplinaridade: o dialogar das disciplinas

Promover o trabalho interdisciplinar na educação destaca a necessidade de um


dialogar entre as disciplinas e a realidade do aluno, trazendo uma melhor compreensão para
o que lhe é ensinado. Trabalhar a interdisciplinaridade é transpor limites entre as disciplinas
e criar conexões entre o que é ensinado e a realidade do estudante. Segundo Fazenda (1998),

A exigência interdisciplinar que a educação indica reveste-se sobretudo de


aspectos pluri disciplinares e transdisciplinares que permitirão novas
formas de cooperação, principalmente o caminho no sentido de uma
policompetência. (FAZENDA, 1976, p. 12).
De acordo com Sommerman (2006) na metade do século XX foram apresentadas
propostas que propunham compensar a falta de diálogo entre os saberes. Inicialmente tais
propostas foram denominadas de multidisciplinares e de pluridisciplinares em seguida de
interdisciplinares e de transdisciplinares. A partir das décadas de 70, 80 e 90, tiverem espaço
no âmbito acadêmico com a criação de institutos ou núcleos de pesquisa interdisciplinares,
em seguida surgiram vários núcleos e centros transdisciplinares voltados para o pensamento
da complexidade.

Sommerman (2002) teoriza a Transdisciplinaridade como sendo:

[...] uma teoria do conhecimento, é uma compreensão de processos, é um


diálogo entre as diferentes áreas do saber e uma aventura do espírito. [...] é
uma nova atitude, é a assimilação de uma cultura, é uma arte, no sentido da
capacidade de articular a multirreferencialidade e a multidimensionalidade
do ser humano e do mundo. [...] Implica, também, em aprendermos a
decodificar as informações provenientes dos diferentes níveis que
compõem o ser humano e como eles repercutem uns nos outros. A
transdisciplinaridade transforma nosso olhar sobre o individual, o cultural e
o social, remetendo para a reflexão respeitosa e aberta sobre as culturas do
presente e do passado, do Ocidente e do Oriente, buscando contribuir para
a sustentabilidade do ser humano e da sociedade. [...] (SOMMERMAN,
2002, p. 09-10)
Para Morin (2003) “[...] o retalhamento das disciplinas torna impossível apreender “o
que é tecido junto”, isto é, o complexo, segundo o sentido original do termo”. No cenário
contemporâneo, a teoria da complexidade apresenta-se como uma base conceitual, para
repensar relações, interconexões e interações. Nesse pensamento Nicolescu (1999) diz que
“A complexidade nutre-se da explosão da pesquisa disciplinar e, por sua vez, a
complexidade determina a aceleração da multiplicação das disciplinas”.

Diante do exposto nos perguntamos: os estudos da Teoria da Complexidade podem


favorecer o desenvolvimento de atividades pedagógicas mais significativas para os alunos da
Educação Básica? Acreditamos que por se tratar da ampliação de possibilidade de interação
entre disciplinas a teoria da complexidade contribuirá para a educação básica, tornando o
aluno conhecedor de formas de lidar com os componentes que constituem um todo (como o
econômico, o político, o sociológico, o psicológico, o afetivo, o mitológico) que para Morim
“são inseparáveis e existe um tecido interdependente, interativo e inter-retroativo entre as
partes e o todo, o todo e as partes”.

Concordamos com o pensamento de Aranha (2006) que diz “[...] a escola precisa
trabalhar com um conhecimento vivo, que tenha sentido para os que nela habitam:
professores e alunos. O processo pedagógico precisa se fundamentar no diálogo. Diálogo
entre as pessoas e entre as disciplinas”. Essa interlocução é fundamental.

Nesse processo de transformação pedagógica, articular as disciplinas, umas às outras,


se faz necessário, pois já não cabe ter o conhecimento “fragmentado e compartimentado”.
Por sua vez, a transdisciplinaridade vem propor abranger o que está entre as disciplinas,
através das disciplinas e além das disciplinas. A transdisciplinaridade não possui um objeto
específico, mas pressupõe o imperativo da unidade do conhecimento, palavras de Nicolescu
(1999) em seu “Manifesto da Transdisciplinaridade”.

5. ANÁLISE DOS DADOS


Nosso objetivo neste momento é apresentar uma análise sucinta do capitulo 1do livro
didático: ProjetoTeláris: matemática: ensino fundamental 2. Obra em 4 v. para alunos do 6»
ao 9a ano.
Nosso foco foi no capitulo1 que apresenta os Números reais: radicais, detendo-nos
em observar se ele atende aos critérios e às características de um material didático que
propõe a interligação de saberes de componentes curriculares diferentes. Inicialmente,
observamos como está organizado o conteúdo do material analisado na atividade da Unidade
III.

Em nossa análise, verificamos que o capítulo 1 da coleção em questão, não apresenta


os objetivos expostos nas primeiras páginas. E, que a partir da página 12, onde lemos
“intitulado instrução”, apresenta um texto que aparentemente poderia trabalhar a
interdisciplinaridade com ciências ou biologia, pois é apresentada uma situação problema
sobre um tanque instalado em um aquário da cidade.

Observamos que na seção Radiciação na página 13, há um convite ao conteúdo, e,


em seguida, encontramos um pequeno texto de matemática pura que não tem informação
interdisciplinar ou transdisciplinar. Pois segundo Sommerman (2006),

O interdisciplinar consiste em tema, objeto ou abordagem que as


disciplinas intencionalmente estabelecem nexo e vínculos entre si para
alcançar um conhecimento mais abrangente, ao mesmo tempo
diversificado e unificado.
Nas páginas seguintes verificamos a apresentação de conteúdo, estritamente da
matemática, não percebemos a ponte da matemática com outras disciplinas. Na página 23,
foi possível verificar a abordagem de Potências com expoente fracionário, até tem uma
imagem que parece conversar com o aluno, porém, mais uma vez, retoma a matemática
pura.

Na sequência, analisamos dois conteúdos aleatórios, verificando a forma de


abordagem, a proposição de exercícios e outros aspectos relevantes. Verificamos que na
página 25, o material propõe atividades com “Questões de vestibulares e Enem”
descontextualizada, pois não foi da forma que apresentaram o conteúdo estudado na
unidade. Percebemos que na página 26 “outros contextos”, apresentam a sugestão na prática
de atividades com situações problemas e que, se o aluno não foi apresentado a esse tipo de
atividade, poderá apresentar muita dificuldade em responder às questões.

Já na seção “Revisão acumulativa” página 28, os conteúdos vêm com uma


abordagem sem contextualização, de forma mecânica, não apresenta exemplos do cotidiano,
podendo contribuir para a desmotivação do aprendiz para novas descobertas e o interesse
pelo conteúdo. Em nenhum momento geram-se situações em que o aluno deva ser criativo,
ou que o aluno seja estimulado a solucionar um problema pela curiosidade criada pela
situação.

Nas questões de busca de informações, percebemos que são simplificadas, ou seja,


são questões isoladas, postas em um só local, sem dialogar com os outros conteúdos. Tais
situações não encontram apoio na Transdisciplinaridade como elemento integrador das
disciplinas, que sinalizam os limites para um constante dialogar da teoria e prática.

Conclusão

A partir das reflexões aqui apresentadas, foi possível perceber a importância de um


novo olhar ao escolher uma obra didática com o intento de verificar a aplicabilidade de um
livro didático de matemática no contexto transdisciplinar. Identificamos o livro, em seguida,
analisamos a abordagem introdutória dos conteúdos, conceitual e também os exercícios
propostos que estavam distribuídos no capítulo 1.

Com essa análise, foi possível verificar que o livro didático: ProjetoTeláris:
matemática, não contempla a relação transdisciplinar entre os conteúdos abordados,
fragmentando o processo de ensino e aprendizagem dos alunos.

É importante ainda destacar, que o livro didático possui suas características que
variam conforme a disciplina, já que cada uma tem suas especificidades, contudo, um
critério fundamental deve pesar no momento da escolha, a proposta do trabalho
transdisciplinar, Pois, a conexão entre as disciplinas e o cotidiano vivido pelos alunos
fortalece a compreensão significativa do que lhe é ensinado.

Por fim, esperamos que as informações aqui apresentadas possam ser utilizadas
para a melhoria do processo de ensino e aprendizagem. Sendo assim, faz-se necessário que o
professor, a fim de ampliar seus conhecimentos, verifique mais de uma obra, no momento de
pensar as etapas de ensino e apresentar com segurança os conteúdos a seus alunos.

As reflexões aqui apresentadas foram com o intuito de conscientizar o leitor para a


compreensão da transdisciplinaridade e sua importância, destacando a necessidade e
possibilidade de trabalhar a Matemática dialogando com diferentes disciplinas. Afirmamos
que essa discussão precisa estar presente no livro didático, pois a transdisciplinaridade
modifica nosso olhar no processo de ensino e de aprendizagem. Sendo assim, na medida em
que o aprendiz faz a inter-relação de conteúdos e disciplinas, ele poderá construir pontes
entre a teoria e a prática, buscando encurtar os caminhos para a resolução de problemas.

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ANEXOS – Páginas do capítulo analisado

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