Вы находитесь на странице: 1из 2

CONCEITOS OPERACIONAIS EM ANÁLISE DO DISCURSO

(Apontamentos para uso exclusivo em sala de aula)1

A noção de discurso

O discurso tem existência na exterioridade da linguagem, no social, é marcado socio-historico-ideologicamente.


Interpretar o discurso é encontrar a inscrição do histórico, do social na linguagem. Temos, então, que os textos
materializam os discursos e os discursos materializam a História. O discurso é um acontecimento na ordem da
linguagem e da história, é a enunciação enunciada, materialização de diversas estratégias sociais de representação e
interpretação do mundo em enunciados concretos cuja existência é social. Com o estudo do discurso ultrapassamos
os limites da língua, buscamos compreender como o sentido acontece e como nossa relação com o mundo é
atravessada pelas práticas de discurso.

Formação discursiva

O conceito de Formação Discursiva (FD) refere-se ao que se pode dizer somente em determinada época e espaço
social, ao que tem lugar e realização a partir de condições de produção específicas, historicamente definidas; trata-
se da possibilidade de explicar como cada enunciado tem o seu lugar e sua regra de aparição e como as estratégias
que o engendram derivam de um mesmo jogo de relações. A formação discursiva é um certo efeito de conjunto,
uma delimitação nas séries de enunciados possíveis em um dado domínio discursivo, é aquilo que evidencia como
um enunciado tem espaço e lugar em uma época específica. Na análise de um determinado discurso, é em sua
formação que podemos determinar o que pode e deve ser dito numa conjuntura dada, sendo a formação discursiva
uma delimitação feita pelo analista na busca por descrever as correlações, as tensões, repetições e transformações
evidenciadas no funcionamento dos enunciados que fazem parte do domínio discursivo objeto de análise.
Acrescenta-se que as palavras e os enunciados sincréticos de mensagens verbais e não verbais, tudo isso, só faz
sentido se contextualizados numa dada formação discursiva, como efeito produzido a partir de três instâncias: a
linguagem, a subjetividade e a história.

Memória e interdiscurso

Todo dizer possui uma memória, pois funciona atravessado por já ditos, pressupostos, modos de expressão, usos
linguísticos e vocabulário regular, ou ainda, coisas ditas antes sobre o mesmo tema ou temas paralelos, coisas ditas
de outras formas ou sob o efeito da paráfrase. Tudo que se pratica pela linguagem é expressão de uma memória
coletiva e de certos quadros de referência que constroem nossa cultura. Diante disso, a análise dos enunciados
busca descrever as materialidades da memória no modo como os quadros de referência que fazem sentido no
presente se inscrevem na materialidade discursiva. Em análise do discurso, a relação da linguagem com a memória
é estudada por meio das relações interdiscursivas, pois todo discurso dialoga com outro, pois a linguagem e a
produção dos sentidos é sempre na contradição, na tensão. Nestes termos, a memória é atualizada pelo
interdiscurso, isto é, pela presença de diferentes discursos numa dada manifestação discursiva, discursos oriundos
de diferentes momentos da história e de diferentes lugares sociais, entrelaçados no interior de uma FD. A
observação do interdiscurso nos permite remeter o dizer a toda uma filiação de dizeres, a uma memória e identificá-
lo em sua historicidade e compreender a contextualização na produção dos sentidos, evidenciando os diferentes
efeitos de verdade materializados na linguagem.

O sujeito discurso

Na teoria do discurso, a análise não perde de vista a dimensão da subjetividade no funcionamento dos dizeres, o
lugar do sujeito na produção e na circulação dos sentidos. Em análise do discurso, o sujeito é uma prerrogativa da
linguagem, em duplo sentido, já que não existe linguagem sem sujeito e pelo fato de que o sujeito é atravessado
pela linguagem (com seus efeitos de sentido, pelo equívoco e pelo impossível da língua) e pela memória do dizer,
constituindo-se como sujeito pela linguagem. Nestes termos, o sujeito é tomado como uma posição-sujeito, como
aquele que está na e pela linguagem. Isso significa que ao tomarmos a palavra produzimos sentido dos lugares

1
Notas de leitura elaboradas em parceria pelos professores pesquisadores do GEDUERN – Grupo de Estudos do Discurso da
Universidade do Estado do Rio Grande do Norte.
sociais que nos constitui enquanto sujeitos. A subjetividade é um efeito da linguagem e na linguagem, o que reforça
a ideia de que a enunciação que é um acontecimento de linguagem e de subjetividade (envolve um Eu e um Tu,
num tempo e espaço determinados) só pode ser compreendida no interior de uma formação discursiva, pois os
sentidos são produzidos dos lugares socais que o enunciador ocupa quando toma a palavra e quando produz
sentidos, atravessado pela história e ao mesmo tempo tendo a liberdade de transformar a memória discursiva. Na
concepção de Pêcheux, o sujeito é afetado pela ideologia e pelo inconsciente, sendo este ultimo o lugar onde atua a
ideologia, criando no sujeito a ilusão referencial. Tal ilusão é responsável por nos fazer acreditar que somos donos
da linguagem e que estamos na origem dos sentidos, ilusão que trabalha com a transparência da linguagem e dos
sentidos. Isso porque a ideologia trabalha no sentido de mascarar seu efeito sobre os sentidos. Por isso como não
temos acesso direto à zona do inconsciente, não percebemos essa atuação da ideologia. Numa vertente foucaultiana,
esse sujeito é pensado como constituído nas relações de poder. Assim, Foucault nos apresenta dois processos dessa
constituição: a) pela objetivação, o sujeito é produzido na ordem do estabelecido como verdade, como a norma, e
esta é sempre uma verdade no sentido de servir ao exercício do poder. O poder é assim responsável pela fabricação
de uma verdade sobre o sujeito; b) pelo processo de subjetivação, o sujeito se constitui produzindo uma identidade
ou uma enunciabilidade que lhe é própria, tornando-se sujeito pela linguagem resistindo às verdades que lhe são
construídas pela objetivação. Aqui a resistência é o que determina a produção de uma verdade que constitui uma
estética da existência, ou seja, o sujeito desenvolve técnicas para ser sujeito de si.

A relação entre a análise do discurso, a semiologia e a história

Já nos primeiros estágios de desenvolvimento de uma análise do discurso francesa, a reflexão sobre a linguagem
sempre considerou o linguístico na sua relação com o exterior linguístico, o fora texto, ou seja, a relação das
práticas discursivas com as não discursivas. A análise parte da relação do interdiscurso, algo da ordem da memória,
da história, social e culturalmente demarcado, com o intradiscurso que é o plano da expressão, a materialidade do
dizer, a textualidade. Em análise do discurso, o interdiscurso representa o eixo vertical no qual teríamos todos os
dizeres já ditos - e esquecidos - em uma estratificação de enunciados que em seu conjunto, representa a memória do
dizível (aquilo que está a disposição do falante numa cultura). No eixo horizontal - o intradiscurso - ou eixo da
formulação teríamos aquilo que estaríamos dizendo num momento dado, em condições determinadas
historicamente. Assim, na análise da produção de sentidos, consideramos que todo dizer se encontra na confluência
de dois eixos: o da memória que se manifesta pelo interdiscurso (constituição) e o da atualidade (formulação).
Atualmente, a relação entre a história e o presente da enunciação, representada também na relação do interdiscurso
com o intradiscurso tem sido trabalhada a partir de uma análise que parte da existência semiológica do enunciado,
partindo da ideia de que as práticas de discurso hoje se estruturam por meio de mensagens verbais e não verbais,
perspectiva que nos leva a incorporar à dimensão do intradiscurso o sincretismo da linguagem verbal com outras
semioses próprias à linguagem imagética, pictórica, fotográfica e áudio visual.

Вам также может понравиться