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17/11/2010
Foucault para funcionar dentro da ADTO. A noção de perspectiva de O MENINO
MALTRAPILHO E SEU
Foucault pode ser enganadora, dadas as mudanças de ênfase dentro do CÃOZINHO DE LUXO
zezebarcelos
seu trabalho. Em seu trabalho arqueológico inicial, o foco era nos tipos de R$18,00
discursos como regra para a constituição nas áreas de conhecimento. Em
ALGO SEM GESSO
seus últimos estudos genealógicos, a ênfase mudou para as relações entre Fabio Daflon, Alberto
Daflon, filho
conhecimento e poder. E nos últimos anos de Foucault, a preocupação era R$23,00
com a ética, ou “como o individuo deve constituir-se ele próprio como um
sujeito de suas próprias ações” Embora o discurso permaneça uma Fantasias
Kate Weiss
preocupação ao longo de toda obra seu status mudou, e assim mudou R$15,00
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acordo com as regras de uma formação discursiva específica. Por objetos,
Foucault entende objetos de conhecimento, as entidades em que as
disciplinas particulares ou as ciências reconhecem dentro de seus campos
de interesse e que elas tomam como alvos de investigação. São exemplos:
a constituição da loucura como um objeto no discurso da psicopatologia, a
constituição de nação e raça, ou liberdade e empresa, no discurso
contemporâneo da mídia e da política, ou de letramento no discurso
educacional. Foucault sugere que a unidade de um discurso é baseada não
tanto na permanência e na singularidade de um objeto quanto no espaço
no qual, vários objetos emergem e são continuamente transformados.
A visão de discurso como constitutiva, contribuindo para a produção, a
transformação e a reprodução dos objetos têm uma relação ativa com a
realidade, pois esta visão referencial do relacionamento entre a linguagem
e a realidade é pressuposta pela lingüística e pelas abordagens da análise
de discurso baseada na lingüística.
O espaço é uma dada formação discursiva em termos de relação; uma
relação entre instituições, processos sociais e econômicos, padrões de
comportamento, sistemas de normas, técnicas, tipos de classificação,
modos de caracterização especifica; uma relação que constitui as regras de
formação para os objetos.
Foucault sugere que uma formação discursiva constitui objetos de forma
altamente limitada, na qual as restrições sobre o que ocorre dentro de uma
formação discursiva são uma função das relações interdiscursivas entre as
formações discursivas e das relações entre as práticas discursivas e não-
discursivas que compõem tal formação discursiva. A ênfase nas relações
interdiscursivas tem importantes implicações para a análise do discurso, já
que se poe no centro da agenda a investigação sobre a estruturação ou
articulação das formações discursivas na relação umas com as outras, o
que Fairclough denomina “ ordens de discurso institucionais e societárias –
que é a totalidade de práticas discursivas dentro de uma instituição ou
sociedade e o relacionamento entre elas.”
A visão de que a articulação de ordens de discurso é decisiva para a
constituição de qualquer formação discursiva, deve ser o foco central na
análise de discurso. (Pêcheux).
A tese de Foucault com respeito à modalidade enunciativa é a de que o
sujeito social que produz um enunciado não é uma entidade que existe fora
e independentemente do discurso. É uma função do próprio enunciado,
Istoé, os enunciados posicionam os sujeitos - aqueles que o produz, mas
também para aqueles que são dirigidos – não consiste em analisar a
relação entre o autor e o que ele diz, mas em determinar que posição pode
e deve ser ocupada por qualquer indivíduo para que ele seja o sujeito dela.
A relação de sujeito e enunciado é elaborada a por meio da modalidade
enunciativa, que são tipos de atividades discursivas como a descrição,
formação de hipóteses, formulação de regulações, ensino, e assim por
diante. Cada uma das quais tem associadas suas próprias posições de
sujeito. Exemplo: o ensino como atividade discursiva posiciona o professor
ou o aluno. Como no caso de objetos, as regras de formação para as
modalidades enunciativas de uma forma discursiva particular são
constituídas por um complexo grupo de relações.
A modalidade enunciativa é especifica e aberta à mudança histórica,
atenção às condições sociais sob as quais tais articulações são
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transformadas e os mecanismos de sua transformação são uma parte da
pesquisa sobre a mudança discursiva em relação à mudança social.
O trabalho de Foucault é uma grande contribuição para o descentra mento
do sujeito social nas recentes teorias sociais para a visão do sujeito
constituído, reproduzido e transformado na prática social por meio dela, e
para a visão do sujeito fragmentado.
No presente contexto, Foucault atribui um papel fundamental para o
discurso na constituição dos sujeitos sociais . Por implicação , as questões
de subjetividade, identidade social e domínio do eu devem ser do maior
interesse nas teorias de discurso e linguagem, e na análise discursiva e
lingüística . As disciplinas acadêmicas têm mantido o tipo de visão pré-
social do sujeito social, o que tem sido rejeitado em recentes debates sobre
subjetividade. Nessa visão, as pessoas entram na prática e na interação
social com identidade sociais que são pré-formadas, as quais afetam sua
prática, mas não são afetadas por ela. Em termos de linguagem, é
admitido que a identidade social da pessoa afetará a forma como ela usa a
linguagem, afetando ou moldando a identidade social. A subjetividade e a
identidade social são questões secundárias nos estudos de linguagem, não
indo além de teoria de expressão e significado expressivo: a identidade de
um falante é expressa nas formas lingüísticas e nos significados que ele
escolhe.
Fairclough adota a posição de Foucault de localizar a questão dos efeitos da
prática discursiva sobre a identidade social no centro da ADTO, teórica e
metodologicamente falando. Essa visão tem conseqüências significativas
para a reivindicação de a análise de discurso ser um método principal na
pesquisa social. Ele afirma que a insistência de Foucault sobre o sujeito
como um efeito das formações discursivas é pesadamente estruturalista,
que excluiu a agência social ativa de qualquer sentido significativo.
Para Foucault conceitos é a bateria de categorias , elementos e tipos que
uma disciplina usa como aparato para tratar seus campos de
interesse.Exemplo: sujeito, predicado, substantivo, verbo e a palavra como
conceito de gramática), mas como no caso de objetos e modalidades
enunciativas, o quadro é de configurações mutáveis de conceitos em
transformação. Ele propõe abordara formação discursiva por meio de uma
descrição de como é organizado o “campo de enunciados” a ela associado,
dentro do qual seus conceitos surgiram e circulam. Essa estratégia dá
origem a uma rica explicação dos diferentes tipos de relação que podem
existir nos textos e entre eles, útil no desenvolvimento de perspectivas
intertextuais e interdiscursivas na ADTO, pois tem recebido pouca atenção
na lingüística ou na análise de discurso orientada linguisticamente.
Foucault refere-se a várias estruturas retóricas, de acordo com as quais
grupos de enunciados podem ser combinados por meio que dependem da
formação discursiva. Tais relações intratextuais têm sido investigadas na
lingüística do texto. Outras relações são interdiscursivas, referentes à
relação entre diferentes formações discursivas ou diferentes textos. As
relações discursivas podem ser diferentes conforme pertençam a campos
de presença, concomitância ou memória. O campo de presença é todos os
enunciados formulados noutro lugar e aceitos no discurso, reconhecido
como verdadeiros, envolvendo uma descrição exata, um raciocínio bem
fundamentado, ou uma pressuposição necessária, como também os que
são criticados, discutidos e julgados; rejeitados ou excluídos,
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explicitamente ou implicitamente. Um campo de concomitância consiste em
enunciados originados em diferentes formações discursivas e está ligado à
questão das relações entre as formas discursivas. Um campo de memória
consiste de enunciados que não são aceitos ou discutidos por meio dos
quais relações de filiação, gênese, transformação, continuidade e
descontinuidade histórica podem ser estabelecidas.
Foucault resume “não pode existir enunciado que de uma forma ou de
outra não realize novamente outros enunciados”. Tem reminiscência nos
escritos sobre gênero e dialogismo de Bakhtin (1981 1986), os quais
Kristeva introduziu com o conceito de intertextualidade.
Segundo Fairclough, Foucault fornece a base para uma investigação
sistemática das relações nos textos e nos tipos de discurso e entre eles. A
interdiscursividade envolve as relações entre outras formações discursivas
que constituem as regras de formação de uma dada formação discursiva.
Fairclough explica que ao discutir as relações dos campos de enunciados,
Foucault faz comentários valiosos sobre a noção de contexto, e sobre o
contexto situacional de um enunciado (situação social na qual ele ocorre) e
seu contexto verbal (sua posição em relação a outros enunciados que o
precedem e o seguem) determinam a forma que ele toma e o modo pelo
qual é interpretado. O fato de que a fala de um participante apareça
imediatamente depois de uma pergunta de outro pode constituir uma pista
para tomar a fala como resposta à pergunta num interrogatório mais do
que numa conversação casual. Não se pode, portanto apelar ao contexto
para explicar o que é dito ou escrito ou como é interpretado, como muitos
lingüistas fazem na sociolingüística e na pragmática: é preciso voltar atrás
para a formação discursiva nas ordens de discurso para explicar a relação
contexto-texto-significado.
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A moderna tecnologia da disciplina é engrenada para produzir e adaptação
às demandas das formas modernas de produção econômica. Tecnologia
para lidar com as massas isola e focaliza cada indivíduo e todos e os
sujeitam aos mesmos procedimentos normalizadores. O poder disciplinar
produz o indivíduo moderno. Surge o exame para extrair e constituir
conhecimento. Foucault define três propriedades distintas do exame:
• O exame transformou a economia da visibilidade no exercício do poder –
poder feudal (visível) indivíduo ( sujeitos ao poder) poder disciplinar
moderno ( cujo lugar era invisível,mas seus sujeitos destacados).
• O exame introduz a individualidade no campo de documentação –
registro de pessoas: indivíduo como objeto descritível, analisável e
manipulação de registros para a generalizações sobre as populações,
médias,normas , etc.
• O exame faz de cada indivíduo um caso: objeto para o ramo de
conhecimento e um suporte para o ramo do poder.
Assim o exame é tido como a técnica da objetivação das pessoas, logo a
confissão é a técnica de sua subjetivação. A compulsão em mergulhar em
si mesmo e falar. Para Foucault a confissão expõe a pessoa ao domínio do
poder. Um ritual discursivo: sujeito da fala, sujeito do enunciado e a
relação de poder entre os envolvidos. O exame e a confissão foram
combinados no interrogatório, no questionário exato e na hipnose. A
entrevista e o aconselhamento – gêneros de objetivação e subjetivação – e
os modos de discursos manipularam as pessoas como objetos, por um
lado, e os modos de discursos que exploram e dão voz ao eu parecem ser
dois focos da ordem de discurso moderno.
Fairclough discorre sobre as fraquezas do trabalho de Foucault que tem a
ver com as concepções de poder e resistência e com questões de luta e
mudança. Insiste que o poder acarreta resistência, mas a resistência é
contida pelo poder e não apresenta ameaça. O discurso reverso da
homossexualidade – os discursos da psiquiatria e da jurisprudência no
século XIX resultaram em que a homossexualidade começasse a falar e que
fora desqualificada na medicina. Esse tipo de discurso que não vai além de
sua formação discursiva. Talvez essa prática discursiva, nunca fora
frutífera.
A ADTO reforçará a análise social para assegurar a atenção a exemplos
concretos de prática e a formas textuais e a processos de interpretação
associados a ela.
Ione Z
17/11/2010
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