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Bioquímica e

Microbiologia Básica

Patrizia Mello Coelho

Técnico em Zootecnia

Centro de Educação Aberta e a Distância (CEAD)


Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais - Campus Rio Pomba
Av. Dr. José Sebastião Da Paixão s/nº - Bairro Lindo Vale
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Bioquímica e
Microbiologia Básica
Patrizia Mello Coelho

Rio Pomba-MG
2013
Apresentação e-Tec Brasil

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o Ministério da Educação, por meio das Secretarias de Educação a
Distancia (SEED) e de Educação Profissional e Tecnológica (SETEC), as
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A educação a distância no nosso país, de dimensões continentais e


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de ensino e para a periferia das grandes cidades, incentivando os jovens
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Junho de 2013

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Atividades de aprendizagem: apresenta atividades


em diferentes níveis de aprendizagem para que o
estudante possa realizá-las e conferir o seu domínio do
tema estudado.
Sumário

UNIDADE -1 Bioquímica ....................................................................................8


CAPÍTULO I: Classificação dos nutrientes ........................................................ 9
CAPÍTULO II: Proteínas...................................................................................... 10
2.1 Aminoácidos .................................................................................................................... 10
2.2 Ligações Peptídicas......................................................................................................... 11
2.3 Níveis de organização estrutural das proteínas................................................................ 12
2.4 Algumas funções importantes das proteínas.................................................................... 13
2.5 Enzimas........................................................................................................................... 14
CAPÍTULO III: Lipídios .......................................................................................19
3.1 Características gerais ...................................................................................................... 19
3.2 Ácidos Graxos.................................................................................................................. 19
3.3 Triglicerídeos ................................................................................................................... 22
3.4 Cerídeos .......................................................................................................................... 23
3.5 Esterídeos....................................................................................................................... .23
CAPÍTULO IV: Carboidratos .............................................................................. 25
4.1 Características gerais ...................................................................................................... 25
4.2 Classificação.................................................................................................................... 25
UNIDADE -2 Bioenergética ..............................................................................31
CAPÍTULO V: Importância ................................................................................. 32
5.1 Introdução........................................................................................................................ 32
5.2 Transformações da matéria e energia.............................................................................. 32
5.3 Metabolismo .................................................................................................................... 33
5.4 A geração de ATP:........................................................................................................... 34
5.5 Relação entre Fotossíntese e Respiração........................................................................ 36
CAPÍTULO VI : Fotossíntese ............................................................................. 37
6.1 Introdução........................................................................................................................ 37
6.2 Importância da fotossíntese ............................................................................................. 38
6.3 Onde ocorre a fotossíntese?............................................................................................ 38
6.4 Etapas da Fotossíntese ................................................................................................... 40
CAPÍTULO VII: Respiração Celular Aeróbica .................................................. 47
7.1 Introdução........................................................................................................................ 47

6
7.2 Etapas da respiração celular aeróbia ............................................................................... 48
7.3 Contabilidade energética da respiração aeróbica............................................................. 52
CAPÍTULO VIII: Fermentação ............................................................................ 54
8.1 Introdução........................................................................................................................ 54
8.2 Fermentação Alcoólica..................................................................................................... 55
CAPÍTULO IX: Introdução ...................................................................................59
9.1 O que é um microorganismo? .......................................................................................... 59
9.2 A inter-relação dos microorganismos com o homem e os animais ................................... 60
Capítulo X: Classificação dos microorganismos............................................ 62
10.1 Principais grupos de microorganismos........................................................................... 62
10.2 Célula Procariótica e Célula Eucariótica......................................................................... 64
Capítulo XI Bactérias........................................................................................ 66
11.1 Características gerais das bactérias .............................................................................. 66
11.2 Morfologia bacteriana..................................................................................................... 66
11.3 Paredes Celulares ......................................................................................................... 67
Capítulo XII: Crescimento Microbiano ............................................................. 77
12.1 Introdução...................................................................................................................... 77
12.2 Curva de crescimento microbiano.................................................................................. 77
12.3 Fatores Físicos .............................................................................................................. 78
12.4 Fator Químico - Oxigênio ............................................................................................... 80
12.5 Bactérias Ruminais ....................................................................................................... 81
Capítulo XIII – Fungos........................................................................................ 82
13.1 Introdução...................................................................................................................... 82
13.2 Como os fungos obtem alimento?.................................................................................. 86
Capítulo XIV – Vírus ........................................................................................... 88
14.1 Características dos vírus................................................................................................ 88
14. 2 Virion ............................................................................................................................ 88
14.3. Classificação de acordo com a forma ........................................................................... 89
14.4. Classificação de acordo com o virion ............................................................................ 89
Influenza A H1N1: A nova Gripe (Gripe suina) ................................................ 91
Referências Bibliográficas ................................................................................ 94

7
UNIDADE 1: BIOQUÍMICA

As biomoléculas são necessárias à nossa alimentação, uma vez que a falta de


uma delas na nossa dieta acarreta dificuldade em uma série de processos biológicos.

Nesta Unidade vamos estudar a composição química das biomoléculas orgânicas,


bem como sua importância no corpo.

8
CAPÍTULO I: Classificação dos nutrientes

São chamados de nutrientes, todos os compostos presentes nos alimentos ou de


forma livre que são utilizados para nutrição das células do organismo animal e podem ser
classificados de acordo com o esquema a seguir:

A) COMPOSTOS ORGÂNICOS – aqueles que contém necessariamente carbonos


e hidrogênios e às vezes oxigênio, enxofre, fósforo ou outros elementos.
1. Carboidratos

 Solúveis

a)Monossacarídeos
b)Dissacarídeos
c) Polissacarídeos

 Insolúveis

a) FDN – Fibra detergente neutro (celulose, hemicelulose, lignina)


b) FDA – Fibra detergente ácido (celulose, lignina)
2. Lipídeos

 Simples
a) Ácidos graxos
b) Gorduras neutras (triglicerídeos)
c) Ceras
 Compostos
 Esterídeos

3. Proteínas (Compostos Nitrogenados)


B) COMPOSTOS INORGÂNICOS
1. Macrominerais: cálcio, cloro, magnésio, fósforo, potássio, sódio e enxofre.
2. Microminerais: cobre, cobalto, iodo, ferro, zinco, manganês, selênio e flúor.

3. Água (H2O)
C) VITAMINAS
a) Lipossolúveis: vitaminas A, D, E, K.
b) Hidrossolúveis: vitaminas Complexo B, C.

9
CAPÍTULO II: Proteínas

São polipeptídeos resultantes da união de dezenas ou centenas de aminoácidos.

O que distingue uma proteína da outra é o número de aminoácidos, o tipo de


aminoácidos e a seqüência na qual eles estão ligados.

2.1 Aminoácidos
Os aminoácidos formam a estrutura das proteínas e são essenciais para ocorpo
humano.
Todos os aminoácidos possuem um átomo de carbono central, ao qual se ligam um
grupo carboxila (COOH), que confere caráter ácido, um grupo amina (NH2), que tem
caráter básico, um átomo de hidrogênio e um radical (R), variável de um aminoácido para
outro. (Figura 1)

Figura 1

Cada aminoácido difere um do outro pela sua extremidade RADICAL.

Daremos exemplos de quatro aminoácidos que estão com seus radicais circulados
na Figura 2 abaixo:

Figura 2

10
Plantas e animais necessitam de diferentes tipos de aminoácidos para seu
crescimento, desenvolvimento e sobrevivência. As plantas são capazes de fabricar em
suas células e tecidos todos os tipos de aminoácidos de que necessitam.
Os animais, por sua vez, conseguem fabricar no corpo apenas alguns tipos de
aminoácidos.
Assim, nos animais, os aminoácidos podem ser classificados em:
 Naturais: aqueles que o organismo animal consegue fabricar em seu próprio
corpo.
 Essenciais: aqueles que o animal não consegue sintetizar em seu próprio
corpo e que, portanto, devem ser obtidos por meio da alimentação.
Classificar um aminoácido como natural ou essencial depende da espécie de
animal, uma vez que um mesmo tipo de aminoácido pode ser natural para uma espécie e
essencial para outra.
A figura 3,ao lado, mostra os
aminoácidos essenciais na dieta alimentar
para um indivíduo adulto da espécie
humana.
Alimentos ricos em proteínas são
importantes fontes de aminoácidos para o
organismo. EX: carnes, ovos, leite e
derivados, leguminosas, como a soja, o
feijão, a ervilha e outros.
Ao serem ingeridas, as proteínas
são digeridas, isto é, são “quebradas”, até
serem convertidas em aminoácidos, que
serão, então, absorvidos e distribuídos pela corrente sanguínea para as células dos
diversos tecidos do nosso corpo. No interior das células, esses aminoácidos serão
utilizados na síntese de novas moléculas proteicas, podendo ainda, no caso do fígado, ser
utilizados na fabricação de outros aminoácidos por meio das reações de transaminação.

2.2 Ligações Peptídicas

Os aminoácidos podem ligar-se uns aos outros formando compostos mais


complexos. Nesses compostos, os aminoácidos se mantêm unidos uns aos outros por
meio de uma ligação química denominada ligação peptídica.
11
A ligação peptídica (Figura 4) se faz entre o carbono do grupo ácido carboxila de
um dos aminoácidos com o nitrogênio do grupo amina do outro aminoácido. Para que se
forme uma ligação desse tipo, o grupo carboxila de um dos aminoácidos perde o seu
grupamento hidroxila (OH), enquanto o grupo amina do outro aminoácido perde um de
seus hirogênios (H). A hidroxila e o hidrogênio liberados reagem entre si formando água
(H2O).

Figura 4 – Ligação entre o aminoácido R1 e o aminoácido R2. Note que houve a liberação de uma
molécula de água durante a formação do dipeptídeo (contém R1 ligado a R2).

2.3 Níveis de organização estrutural das proteínas (Figura 5)

 Estrutura primária: é a sequencia linear de seus aminoácidos determinada


geneticamente.
 Estrutura secundária: forma de hélice
 Estrutura terciária: aspecto globular ou fibrosa
 Estrutura quaternária: união de duas ou mais cadeias de proteínas.
As estruturas secundária, terciária e quaternária determinam a forma da proteína. E a
forma da proteína determina sua função.

Primário Secundário Terciário Quaternário

Figura 5

12
Proteínas fibrosas: são formadas apenas por uma cadeia polipeptídica,não
apresentam estrutura quaternária, e possuem função estrutural e de resistência, como,
por exemplo, a queratina do cabelo e o colágeno do tecido conjuntivo, actina, miosina etc.
Proteínas globulares: representam a maioria das enzimas, elas se caracterizam
pela junção de duas ou, geralmente, mais cadeias polipeptídicas. São proteínas de
grande peso molecular e de funções variadas, com estrutura compacta e mais ou menos
esférica. É o caso da hemoglobina do sangue, responsável por carregar o oxigênio até os
órgãos, imunoglobulinas (anticorpos), etc.
Altas temperaturas, alterações bruscas do pH e altas concentrações de certos
compostos químicos, como a uréia, podem modificar a forma da proteína, levando à perda
de sua função. Essa modificação da forma da proteína é denominada desnaturação
(Figura 6)

Figura 6 – (A): A proteína sofre desnaturação em alta concentração de uréia. A sua forma original
pode voltar se retirar o fator causador da desnaturação.

2.4 Algumas funções importantes das proteínas


 Estrutural: queratina, melanina
 Enzimática
 Hormonal: insulina
 Transportadora: hemoglobina
 Defesa: Imunoglobulinas (anticorpos)
 Contração muscular: actina e miosina

Algumas destas funções estão exemplificadas na figura 7 abaixo:

13
Figura 7 – Alguns tipos de proteínas com funções específicas no corpo humano.

2.5 Enzimas

Teoria de colisão: Para as reações ocorrerem, átomos, íons ou moléculas devem


colidir. A teoria de colisãoexplica como reações químicas ocorrem e como certos fatores
afetam a taxa dessas reações. A base da teoria de colisão é que todos os átomos, íons e
moléculas estão em movimento constante e que, portanto, colidem constantemente uns
com os outros. A energia transferida pelas partículas na colisão pode romper suas
estruturas eletrônicas o suficiente para quebrar as ligações químicas ou formar novas
ligações.

Diversos fatores determinam se uma colisão irá causar uma reação química: a
velocidade das partículas colidindo, sua energia e suas configurações químicas
específicas. Até certo ponto, quando mais velozes as partículas estiverem, maior é a
probabilidade de que sua colisão provoque uma reação. A energia de colisão requerida
para uma reação química é sua energia de ativação, que é a quantidade de energia
necessária para romper a estabilidade da configuração eletrônica de qualquer molécula
específica para que os elétrons possam ser reorganizados. Contudo, mesmo que as
partículas de colisão tenham energia mínima necessária para a reação, nenhuma reação
ocorrerá a menos que as partículas estejam corretamente orientadas uma em relação à
outra.
14
A taxa de reação – a frequência das colisões contendo energia suficiente para que
a reação aconteça irá depender do número de moléculas reagentes que estejam no nível
da energia de ativação ou acima dela. Uma maneira de aumentar a taxa de reação de
uma substância é elevar sua temperatura. Ao fazer as moléculas se moverem mais
rapidamente, o calor aumenta tanto a frequência das colisões quanto o número de
moléculas que atingem o nível da energia de ativação. O número de colisões também
aumenta quando a pressão é aumentada ou quando os reagentes estão mais
concentrados (pois a distância entre as moléculas é, dessa forma, reduzida). Nos
sistemas vivos, as enzimas aumentam a taxa de reação sem elevar a temperatura.

2.5.1 Enzimas e reações químicas

As substâncias que podem acelerar uma reação química sem que ela seja alterada
são chamadas de catalisadores. Nas células vivas, as enzimas servem de catalisadores
biológicos. Cada enzima atua em uma substância específica, chamada de substrato da
enzima, e cada uma catalisa apenas uma reação. O complexo enzima-substratoformado
pela ligação temporária da enzima com os reagentes permite que as colisões sejam mais
eficientes e diminui a energia de ativação necessária para que haja uma reação. A
capacidade da enzima de acelerar uma reação sem a necessidade de elevar a
temperatura é crucial para os sistemas vivos, por que um aumento demasiado da
temperatura poderia destruir as proteínas celulares.

2.5.2 Nomenclatura

O nome da enzima é feito acrescentando-se o sufixo –ase ao radical do substrato.

No quadro abaixo, observa-se alguns exemplos de enzimas com seus substratos.

Substrato Enzima

Maltose Maltase

Lactose Lactase

Amido Amilase

Lipídios Lipase

Proteínas Protease

15
Muitas enzimas são derivadas de vitaminas, e duas das mais importantes para o
metabolismo celular são a nicotinamida adenina dinucleotídeo (NAD+) e a
nicotinamida adenina dinucleotídeo fosfato (NADP+). Ambos os compostos contém
derivados da vitamina B niacina (ácido nicotínico), e funcionam como carreadores de
elétrons. Enquanto a NAD+ está basicamente envolvida em reações catabólicas
(produzem energia), a NADP+ está basicamente envolvida em reações anabólicas
(requerem energia). A coenzima flavina adenina dinucleotídeo (FAD), contêm um derivado
da vitamina B riboflavina e também é uma carreadora de elétrons.
Outra importante coenzima, a coenzima A (CoA), contém um derivado da vitamina
A. Essa coenzima possui um importante papel na síntese e na degradação das gorduras
em uma série de reações de oxidação chamada de ciclo de Krebs.

2.5.3 Mecanismo de ação

O mecanismo de ação das enzimas sobre os seus respectivos substratos


frequentemente é comparado ao modelo da chave-fechadura, ou seja, assim como cada
chave se encaixa numa fechadura específica, cada enzima permite o “encaixe”de um
substrato específico. (Figura 8)

Propriedades:

 Especificidade: as enzimas são específicas para cada tipo de substrato. São


considerados “substratos” as substâncias sobre as quais agem as enzimas.
 Reversíveis: as enzimas podem ocorrer nos dois

sentidos.

16
Os substratos encaixam-se no centro ativo da enzima
formando um complexo enzima-substrato e depois
os substratos reagem e formam o produto que se desprende da enzima. Esta se torna
disponível para catalisar nova reação

Figura 8 – Complexo enzima-substrato.

2.5.4 Fatores que influenciam na velocidade da reação catalisada por enzima:

 Influência da temperatura:

Cada enzima só funciona dentro de uma determinada faixa de temperatura e, dentro


dessa faixa de atuação, existe uma temperatura “ótima” na qual a atividade catalisadora
da enzima é máxima.

Em temperaturas elevadas, a enzima sofre desnaturação, perdendo sua capacidade


de atuar como catalisadora. A enzima desnaturada tem sua forma alterada, e com isso, o
sítio ativo modifica-se, não permitindo mais a formação do complexo enzima-
substrato.(Figura 9)

Figura 9 - A temperatura ótima para a atividade enzimática no gráfico acima é 36,5oC.


Acima deste limite de temperatura, começa a haver desnaturação enzimática.

 Influência do pH:

As enzimas também sofrem influência do pH do meio em que está ocorrendo a


reação. Cada enzima só funciona dentro de uma determinada faixa de pH e, dentro dessa
faixa de atuação, existe um pH no qual a sua atividade é máxima: é o chamado pH
“ótimo” da enzima. (Figura 10)

17
Figura 10 – Cada enzima atua em pH específico. No gráfico acima, o pH ótimo é, em torno, de 7,5. É
considerado pH neutro.

 Influência da concentração do substrato:

Desde que a quantidade de enzimas no meio se mantenha constante, sua ação é


proporcional à concentração do substrato. Assim, quanto maior a concentração do
substrato, mais rapidamente se dará a reação, até que se atinja um ponto de
saturação, a partir do qual, ainda que aumente a concentração do substrato, a
velocidade da reação não mais aumentará. Nesse ponto de saturação, a velocidade
da reação enzimática atinge um valor máximo. (Figura 11)

Figura 11

18
CAPÍTULO II: Lipídios

3.1 Características gerais

Ao contrário da maioria dos compostos orgânicos, os lipídios são insolúveis em


água e, por isso, são considerados compostos apolares.

Por outro lado, são solúveis em solventes orgânicos, como álcool, éter, clorofórmio,
etc.

Os lipídios têm função diversa no organismo, entre elas podemos citar o de reserva
energética, formação das membranas celulares, vitaminas, hormônios etc. Na natureza,
os lipídios também estão distribuídos em grande escala e podem ser extraídos de animais
e plantas para diversos fins, como produtos alimentícios – óleos de cozinha, margarina,
manteiga, maionese – e outros produtos – sabões, resinas, cosméticos, lubrificantes.
Podem ser subdivididos em:

 lipídios simples: compostos resultantes da associação de ácidos graxos com


álcool, formando um éster.Ex: glicerídeos e ceras.
 Lipídeos complexos: contêm outros grupos na molécula, além de ácidos
graxos e alcoóis. Por exemplo: fosfatídios (fosfolipídios), cerebrósidos
(glicolipídios), sulfolipídios (enxofre).

 Lipídeos derivados: são as substâncias obtidas na sua maioria por hidrólise


dos lipídios simples e compostos.

3.2 Ácidos Graxos


Os ácidos graxos são ácidos carboxílicos constituídos por um radical carboxila e
uma cadeia de hidrocarbonetos formada por um número variável de carbonos (Figura 12).
Em mais de 90% dos ácidos graxos do sangue, eles se apresentam na forma esterificada
formando triglicerídeos, ésteres de colesterol e fosfolipídios.

19
Figura 12
Os casos mais predominantes de ácidos graxos encontrados em plantas e animais
superiores são de cadeias carbônicas contendo entre 16 e 18 carbonos. Um número
menor ou superior a esse não é comum. A maior parte dos ácidos graxos apresenta
número par de carbonos, pois na sua síntese eles são formados com associação de
unidade de dois carbonos.

3.2.1 Ácidos Graxos Saturados (Figura 13)

Os ácidos graxos saturados (sem duplas ligações na cadeia de carbono) são


sólidos à temperatura ambiente e encontrados em produtos de origem animal, como leite
integral, manteiga, creme de leite, chantilly, queijos gordurosos (provolone, parmesão,
mussarela), banha, bacon, sebo, toucinho, gordura das carnes, pele das aves. A exceção
é feita para a gordura do coco, que é rica em ácidos graxos saturados, apesar de ser um
alimento de origem vegetal.
O consumo de alimentos contendo ácidos graxos saturados, além da quantidade
recomendada, é prejudicial, uma vez que contribui para o aumento das taxas de colesterol
no sangue.

3.2.2 Ácidos Graxos Insaturados (Figura 13)

Os glicerídeos insaturados são líquidos e constituem os óleos (de soja, de


amendoim, de milho, de fígado de bacalhau, etc.).

Os óleos e as gorduras, muito utilizados em nossa alimentação, são importantes


porque atuam como material de reserva energética e são a segunda fonte de energia para
o organismo.

Os óleos são armazenados em muitas sementes, frutos e fígado de alguns


animais.

20
As gorduras são reservas energéticas, principalmente dos animais. Em muitos
animais, inclusive o homem, existem células especializadas em armazenar gordura e são
encontradas na hiporderme da pele. As gorduras aí armazenadas, além de constituírem
uma importante reserva energética, exercem outras funções, como proteção mecânica
para os órgãos internos, especialmente os ossos, uma vez que funcionam como
amortecedores dos impactos ou choques mecânicos. Outra função é a de isolante
térmico. Por serem maus condutores de calor, os lipídios impedem a perda excessiva de
calor através da pele e, assim, ajudam na manutenção da temperatura corporal.

É bom lembrar, entretanto, que o excesso de triglicérides (gordura) na corrente


sanguínea é prejudicial ao organismo, uma vez que aumenta o risco de ocorrência de
doenças cardiovasculares. Quando em altas taxas no sangue, os triglicérides depositam-
se sobre as paredes das artérias que, então, tornam-se mais estreitas, dificultando a
passagem do sangue, podendo causar hipertensão (aumento da pressão arterial) e
aumentar a probabilidade de ocorrência de doenças cardiovasculares como o infarto do
miocárdio.

Figura 13 – A: ácido graxo saturado contendo apenas ligações simples (ligação saturada) entre os
átomos de carbono. B: ácido graxo insaturado contendo ligações simples (ligação saturada) e ligações
duplas (ligação insaturada) entre os átomos de carbono.

3.2.3 Ácidos Graxos Essenciais

Ácidos graxos essenciais são poliinsaturados não sintetizados pelas células do


organismo animal, portanto, devem ser adquiridos através da alimentação.
21
Existem dois ácidos graxos essenciais, são eles: ômega-3 (ácido linolênico) e
ômega-6 (ácido linoleico). O ácido graxo ômega-3 é encontrado principalmente nos peixes
e óleos vegetais. Por outro lado, as melhores fontes alimentares de ácido graxo ômega-6
e 3 são os óleos vegetais (girassol, milho, soja, algodão, linhaça, canola).

3.3 Triglicerídeos

Resultam da associação de 3ácidos graxos com o álcool glicerol (Figura 14).

Ex: óleos e gorduras

Figura 14 – Formação de triacilglicerol (triglicerídeo) a partir da união de uma molécula de glicerol e


três moléculas de ácido graxo.

Os triglicerídeos são os lipídios responsáveis por armazenar energia nos seres


vivos, não estão presentes em membranas, mas são encontrados em células adiposas.
As gorduras são um eficiente meio de armazenamento de energia porque são menos
oxidadas do que carboidratos e proteínas,fornecendo uma quantidade muito maior de
energia que as demais moléculas biológicas. Além disso, elas são insolúveis em água e
por esse motivo não precisam se dissolver em água para serem armazenadas nas
células,onde são armazenadas na forma anidra. Carboidratos e proteínas ao serem
armazenados ocupam um peso de quase o dobro da sua molécula.
Um ser humano comum pode sobreviver três meses sem alimento, com um
percentual de 21 a 26 % de gordura no corpo, essa gordura pode ceder energia ao corpo
por todo esse tempo, e só depois é que as proteínas serão oxidadas para obtenção de

22
energia, lembrando que os carboidratos são gastos como energia imediata. Dessa forma,
são os primeiros a serem degradados para obtenção de energia.

3.4 Cerídeos

São lipídeos simples que resultam da associação de ácidos graxos com álcool
chamado cetilico.

Ex: ceras de origem animal e vegetal. Papel importante na impermeabilização de


superfícies sujeitas a desidratação.

3.5 Esterídeos

Os Esterídeos são os lipídios que contem colesterol(Figura 15) na sua composição.

Figura 15 – Molécula de colesterol contendo quatro anéis fechados de ligações de carbono.

O colesterol entra na constituição da membrana celular das células animais e


também é usado como matéria-prima para a produção de vários derivados, como os
hormônios sexuais (testosterona, estrógeno e progesterona), sais biliares e os corticóides.

O colesterol é uma substância útil ao organismo, sendo, inclusive, produzido pelo


nosso fígado.Dependendo do tipo de triglicerídeo no sangue que origina o colesterol, será
formado um tipo de colesterol, o bom ou o mal.
Quando necessário, deve-se obter colesterol a partir da dieta de origem animal.
No sangue, o colesterol é divido em bom e mau em função da maneira como ele é
carregado no sangue. O bom colesterol, ou HDL (High DensityLipoprotein), é carregado
por uma lipoproteína de alta densidade que é facilmente carregada na corrente
23
sanguínea. O LDL (LowDensityLipoprotein), ou mau colesterol, é carregado por uma
lipoproteína de baixa densidade e pode encontrar problemas no seu transporte na
corrente sanguínea, podendo se depositar no interior dos vasos, causando arteriosclerose
e outras doenças cardiovasculares.(Figura 16)

Figura 16 – As lipoproteínas são formadas pela união de lipídeos e proteínas. Elas


se ligam à molécula de colesterol com o intuito de transportá-lo no sangue.

24
CAPÍTULO IV: Carboidratos

4.1 Características gerais

Todos os carboidratos podem ser definidos pela fórmula empírica:


Cn(H2O)n
Observe que nessa fórmula existe um carbono para uma molécula de água, daí
porque o nome carboidratos ou hidratos de carbono, uma vez que
apresentam um átomo de carbono hidratado, entretanto, existem algumas exceções para
essa fórmula.
Os carboidratos também chamados de sacarídeos, glicídios, oses ou açúcares, são
definidos quimicamente como: polihidroxi-aldeidos (aldoses)oupoluhidroxi-cetona
(cetoses) e seus derivados, podendo produzir cetonas ealdeídos por hidrólise.

4.2 Classificação

Quanto ao número de subunidades glicosídicas, podemos classificar os


carboidratoscomo: monossacarídeos, os mais simples de menor peso molecular,são as
unidades formadoras de carboidratos maiores; oligossacarídeos,contêm entre duas a
dez moléculas de monossacarídeos; e polissacarídeos,os maiores carboidratos com
uma condensação muito grande de moléculasde monossacarídeos.

4.2.1 Monossacarídeos

Os monossacarídeos são carboidratos simples, de formula molecular (CH2O)n,


onde n é no mínimo 3 e no máximo 8.

São os verdadeiros açucares, solúveis em água e, de modo geral, de sabor


adocicado. Os de menor número de átomos de carbono são as trioses (contêm três
átomos de carbono).

Os biologicamente mais conhecidos são os formados por cinco átomos de


carbonos (chamados de pentoses) e os formados por seis átomos de carbono (hexoses).

Na tabela 01, abaixo, você encontra as hexoses e pentoses (fórmula molecular)


mais conhecidas, seus papéis biológicos e as fontes de obtenção.
25
Tabela 1PENTOSE
Ribose Desoxirribose
Papel Biológico Papel Biológico
Matéria-prima para a fabricação do Matéria-prima para a fabricação do
ácido nucléico RNA. ácido nucléico DNA.

Fórmula molecular: Fórmula molecular:

HEXOSE - Fórmula molecular: C6H12O6

Glicose Frutose Galactose


Principal fornecedor Também fornece energia Papel energético.
de energia para o para a célula.
Encontrada no leite,
trabalho celular.
Encontrada principalmente como componente do
Encontrada no em frutos doces e também dissacarídeo lactose.
sangue, no mel e nos no esperma humano.
tecidos dos vegetais.

26
4.2.2 Oligossacarídeos: nem tão simples, nem tão complexos

Oligossacarídeos são açucares, formados pela união de dois a seis


monossacarídeos, geralmente hexoses. O prefixo oligo deriva do grego e quer dizer
pouco. Os oligossacarídeos mais importantes são os dissacarídeos.

Dissacarídeos (Figura 17) são açúcaresformados pela união de duas unidades de


monossacarídeos. Ocorre a perda de uma molécula de água durante a formação de um
composto originado a partir de dois outros.São solúveis em água e possuem sabor
adocicado.

Figura 17 - No sentido 1 ocorre a união de dois monossacarídeos formando um


dissacarídeo com perda de uma molécula de água. No sentido 2 ocorre, o contrário, é
adicionado uma molécula de água para quebrar um dissacarídeo em duas moléculas de
monossacarídeos.

Os dissacarídeos são classificados em Sacarose – Lactose – Maltose (Figura 18 )

Papel
Dissacarídeo Constituição Fontes
biológico
cana-de-açucar, beterraba e
Sacarose glicose-frutose energético
rapadura
Lactose glicose-galactose energético Leite
Maltose glicose - glicose energético malte

27
Figura 18 – Constituição dos dissacarídeos. O papel biológico de cada um e fontes
de alimentos ricos nestes dissacarídeos.

Veja o caso do dissacarídeo sacarose, que é o açúcar mais utilizado para o


preparo de doces, sorvetes, para adoçar refrigerantes não dietéticos e o “cafezinho”. Sua
fórmula molecular é C12H22O11. Esse açúcar é resultado da união de uma frutose e uma
glicose. Como foi visto na tabela anterior, tanto a glicose como a frutose possuem a
fórmula molecular C6H12O6. Como ocorre a liberação de uma molécula de água para a
formação de sacarose, a sua fórmula molecular possui dois hidrogênios e um oxigênio a
menos.

4.2.3 Polissacarídeos: os mais complexos

Como o nome sugere (poli é um termo derivado do grego e quer dizer muitos), os
polissacarídeos são compostos macromoleculares (moléculas gigantes), formadas pela
união de muitos (centenas) monossacarídeos. Os três polissacarídeos mais conhecidos
dos seres vivos são amido, glicogênio e celulose.

Os três polissacarídeos diferenciam-se pela posição com que ocorre as ligações


glicosídicas, bem como sua estrutura.

Figura 19 – Amido: formado pela união de várias moléculas de glicose com


ligações glicosídicas do tipo -(14), formando uma estrutura linear.

28
Figura 20 – Celulose: formada pela união de várias moléculas de glicose com
ligações glicosídicas do tipo -(14), formando uma estrutura linear

GLICOGÊNIO

Figura 21 – Glicogênio: formado pela união de várias moléculas de glicose com


ligações glicosídicas do tipo -(14), porém com estrutura ramificada.

Ao contrário da glicose, os polissacarídeos dela derivados não possuem sabor


doce, nem são solúveis em água. Principais funções e tipos alimentares como fonte:

AMIDO

 É um polissacarídeo de reserva energética dos vegetais.


 As batatas, arroz e a mandioca estão repletos de amido, armazenado pelo vegetal
e consumido em épocas desfavoráveis pela planta. O homem soube aproveitar
essas características e passou a cultivar os vegetais produtores de amido. Os pães
e bolos que comemos são feitos com farinha de trigo, rica em amido.

 Lembrem-se que para o amido ser aproveitado pelo nosso organismo, é preciso
digeri-lo, o que ocorre primeiramente na boca e depois no intestino, com adição de
água e a participação de catalisadores orgânicos, isto é, substâncias que
favorecem ou aceleram as reações químicas.
29
GLICOGÊNIO

 É um polissacarídeo de reserva energética dos animais; portanto, equivalente ao


amido dos vegetais.
 No nosso organismo, a síntese de glicogênio ocorre no fígado, a partir de
moléculas de glicose. Logo, fígado de boi e fígado de galinha são alimentos ricos
em glicogênio.

CELULOSE

 É o polissacarídeo de papel estrutural, isto é, participa da parede das células


vegetais.

 Poucos seres vivos conseguem digeri-lo, entre eles alguns microrganismos que
habitam o tubo digestivo de certos insetos (cupins) e o dos ruminantes (bois,
cabras, ovelhas, veados etc.).

30
UNIDADE 2 - BIOENERGÉTICA

Nesta unidade vamos estudar a importância de cada biomolécula nas reações


químicas, em especial, na degradação (metabolismo) destas biomoléculas e consequente
produção de compostos fosfatados de alta energia.

31
CAPÍTULO V: Importância

5.1 Introdução

A vida depende essencialmente da nossa capacidade de realizar tarefas, tais como


pensar, falar, ouvir, movimentar, entre outras. Estas atividades em termos bioenergéticos
são traduzidas na execução de trabalho de diferentes tipos (trabalho osmótico, trabalho
de síntese, trabalho mecânico, etc). Portanto, estaremos vivos, enquanto tivermos energia
para realizarmos todos os trabalhos relacionados com a manutenção da vida da célula,
dos órgãos, tecidos, sistemas e do corpo.

Todas estas atividades essencialmente dependem do fornecimento adequado de


energia, e o sistema biológico deve constantemente ajustar a produção ao gasto
energético para não comprometer a sua capacidade de realizar trabalho. O tipo de
energia processado pelo sistema biológico é variável, e inclui a mecânica, elétrica,
osmótica, sonora, etc.

No caso do uso da energia para atividade física (corporal) do animal, a energia


relacionada com o movimento é de natureza química, armazenada nas ligações químicas
entre os átomos que formam as moléculas orgânicas constituintes dos diversos alimentos
(carboidratos, lipídios e proteínas).

Esta energia deve ser processada e eficientemente transferida para os órgãos


solicitados na execução de uma determinada atividade física.

A bioenergética trata exatamente dos princípios que fundamentam a realização dos


processos ou reações químicas (catabolismo e anabolismo) responsáveis pela
transferência de energia dos locais de produção para os locais de consumo nos sistemas
biológicos.

5.2 Transformações da matéria e energia

Quando uma substância química se transforma em outra, dizemos que ocorre uma
reação química. Durante algumas transformações químicas, pode ocorrer a liberação de
32
energia. Quando uma vela queima, por exemplo, a energia química da parafina é
transformada em energia luminosa e calor.

No corpo dos seres vivos, a todo momento ocorrem transformações químicas,


como a digestão dos alimentos no tubo digestório.

Portanto, com o alimento, conseguimos matéria (moléculas orgânicas) para a


construção do corpo, para o crescimento e para a reposição de células perdidas pelo
organismo. Mas o alimento, além da matéria, fornece energia química necessária para os
movimentos.

Esta energia química dos alimentos precisa ser transformada em energia de


trabalho chamada ATP (Adenosina trifosfato) que será utilizada pelas células quando esta
for realizar algum trabalho.

5.3 Metabolismo

O funcionamento do organismo depende de uma série de reações bioquímicas que


ocorrem em nível celular. Todas essas reações, em conjunto, são conhecidas como
reações metabólicas.

Em linhas gerais, o metabolismo pode ser dividido em duas classes de reações


químicas, com objetivos e resultados opostos – o anabolismo e o catabolismo

5.3.1 Anabolismo

As reações reguladas por enzimas que requerem energia estão envolvidas


principalmente no anabolismo (reação anabólica ou biossintética - construção de
moléculas orgânicas complexas a partir de moléculas mais simples). Os processos
anabólicos muitas vezes envolvem reações de síntese por desidratação (reações que
liberam água) e são endergônicos (consomem mais energia do que produzem).

Ex.: formação de proteínas a partir de aminoácidos ou a formação de


polissacarídeos a partir de açúcares simples – reação anabólica. Outro exemplo é a
produção de glicose durante a fotossíntese.

Engloba as transformações de síntese, construção, ou redução.

5.3.2 Catabolismo

33
Nas células vivas, as reações químicas reguladas por enzimas que liberam energia
geralmente são aquelas envolvidas no catabolismo (reação catabólica ou degradativa -
quebra de compostos orgânicos complexos em compostos mais simples). As reações
catabólicas em geral, são reações hidrolíticas (reações que utilizam água e nas quais as
ligações químicas são quebradas) e são exergônicas (produzem mais energia do que
consomem). Ex.: quebra do açúcar em dióxido de carbono e água – reação catabólica.

Engloba as transformações de análise, decomposição ou oxidação.

5.3.3 O papel do ATP no acoplamento das reações anabólicas e catabólicas

As reações catabólicas fornecem os blocos construtivos para as reações


anabólicas e a energia necessária para dirigi-las. Esse acoplamento de reações que
requerem energia e liberam energia é possível pela molécula de trifosfato de adenosina
(ATP). O ATP armazena a energia derivada das reações catabólicas e a libera
posteriormente para dirigir as reações anabólicas ou realizar outros trabalhos celulares.

As reações anabólicas são acopladas à quebra do ATP, e as reações catabólicas


são acopladas à síntese do ATP. A composição química de uma célula viva está
mudando constantemente, enquanto algumas moléculas são quebradas, outras são
sintetizadas. Esse fluxo balanceado de compostos químicos e de energia mantém a vida
de uma célula.

Somente parte da energia liberada no catabolismo está disponível para as funções


celulares, pois parte da energia é perdida no ambiente como calor.

5.4 A geração de ATP:

Grande parte da energia liberada durante reações de oxidação-redução é


armazenada dentro da célula pela formação de ATP. Especificamente, um grupo fosfato é
adicionado ao ADP com uma entrada de energia para formar ATP. A adição de fosfato a
um composto químico é chamada de fosforilação.

A ligação do ADP com o fosfato é reversível. Então, toda vez que é necessário energia
para a realização de qualquer trabalho na célula, ocorre a conversão de algumas
moléculas de ATP em ADP + Pi e a energia liberada é utilizada pela célula. A recarga dos
ADP ocorre toda vez que há liberação de energia na desmontagem da glicose, o que
ocorre na respiração aeróbia ou na fermentação (Figura 22).

34
Assim, cada vez que o terceiro fosfato se desliga do conjunto, ocorre a liberação de
energia que o mantinha unido ao ATP. É esta energia que é utilizada quando andamos,
falamos, pensamos ou realizamos qualquer trabalho celular.

Figura 22 – Formação do ATP a partir da adição de fosfato inorgânico na molécula


de ADP.

O ATP (Figura 23) é um composto derivado de nucleotídeo em que a adenina é a


base e o açúcar é a ribose. O conjunto adenina mais ribose é chamado de adenosina. A
união de adenosina com três radicais fosfato leva ao composto adenosina trifosfato, ATP.
As ligações que mantêm o segundo e o terceiro radicais fosfato presos no ATP são
altamente energéticas (liberam cerca de 7 Kcal/mol de substância).

Figura 23 – Composição do ATP.

35
5.5 - Relação entre Fotossíntese e Respiração

Para a manutenção da vida, um constante fornecimento de energia é requerida.


Uma diferença fundamental entre plantas e animais é a forma como é obtida a energia
para a manutenção da vida.

Plantas verdes absorvem energia em forma de luz a partir do sol, convertendo-a


em energia química no processo chamado Fotossíntese.

Os animais obtêm, nos alimentos, os compostos orgânicos que fornecem a energia


química utilizada na respiração aeróbica.

Assim dizemos que as plantas, de maneira geral, são autotróficas, ou seja se auto-
alimentam, enquanto que os animais são heterotróficos.

A Fotossíntese está muito ligada a Respiração, ou seja pode-se dizer que a


fotossíntese e a respiração são espelho uma da outra, e, de maneira geral, há um balanço
entre estes dois processos na biosfera (= soma de organismos na Terra).

CO2+ H2O + energia → (CH2O) + O2 Fotossíntese

(CH2O) + O2 → CO2+ H2O + energia Respiração

Tanto a fotossíntese quanto a respiração geram energia química utilizável (na


forma de ATP). A respiração aeróbica envolve:

 a oxidação de moléculas orgânicas em CO2,


 redução do O2 em H2O e
 dissipação de energia em forma de calor.

A fotossíntese envolve dois processos ligados:

- a oxidação de H2O em O2 mediada pela luz e produção de ATP – fase Foto

- a redução do CO2 em moléculas orgânicas, onde o ATP é utilizado – faseSíntese

Oxidação
é a remoção ou perda de elétrons ou átomos de hidrogênio (próton + elétron) ou adição
de oxigênio.
Redução
é a adição ou ganho de elétrons ou átomos de hidrogênio ou remoção de oxigênio. O
agente redutor ao doar elétron se oxida, enquanto que o agente oxidante ao receber
elétron se reduz.

36
CAPÍTULO VI: Fotossíntese

6.1 Introdução

O termo fotossíntese significa, literalmente, “síntese usando a luz”.

A fotossíntese é realizada pelos seres clorofilados, representados por


plantas, algumas espécies de bactérias e cianobactérias.

A fotossíntese consiste na fabricação de substância orgânica a partir de


substâncias inorgânicas, utilizando a luz como fonte de energia para a realização da
reação.

A substância orgânica sintetizada é a glicose, um importante alimento orgânico


fornecedor de energia. Assim, os seres fotossintetizadores são capazes de fabricar esse
tipo de alimento em seu próprio corpo, a partir de substâncias inorgânicas obtidas do meio
ambiente. Trata-se, portanto, de um mecanismo de nutrição autótrofa.

A fórmula geral da produção de glicose pela fotossíntese é:

6 CO2 + 12 H2O C6H12O6 + 6 O2 + H2O

Essa equação mostra que, na presença de luz e clorofila, o gás carbônico e


a água são convertidos em uma molécula orgânica – neste exemplo, a glicose - havendo
liberação de oxigênio.

O CO2, um dos reagentes do processo, normalmente é obtido do meio ambiente.


As plantas terrestres o absorvem da atmosfera, enquanto plantas aquáticas submersas o
obtém do meio aquoso (CO2 dissolvido na água).

A água (H2O), outro reagente do processo, é também obtida do meio ambiente. As


plantas terrestres geralmente a absorvem do solo por meio de suas raízes, enquanto as
plantas aquáticas a retiram do próprio meio aquoso em que se encontram.

Um dos produtos da reação de fotossíntese das plantas é o oxigênio (O2). Esse


oxigênio, indispensável à sobrevivência dos seres aeróbios, normalmente é liberado no

37
meio ambiente e, por isso, se diz que a fotossíntese desempenha um papel importante na
“purificação” do meio ambiente, retirando deste o CO2 e liberando o O2.

Em certas situações, entretanto, a planta não chega a liberar o O2 para o meio


ambiente, utilizando-o para fazer a respiração aeróbia.

A fabricação da glicose (C6H12O6) é o principal objetivo da reação, uma vez que a


planta utiliza essa substância como alimento. A planta a usa na sua respiração celular e
também como matéria prima para a fabricação de outros compostos orgânicos de que
necessita. Em certas situações, a planta produz mais glicose do que consome. Nesse
caso, o excesso da produção é armazenado sob a forma de amido que, quando houver
necessidade, será também utilizado.

6.2 Importância da fotossíntese

Os seres fotossintetizantes são fundamentais para a manutenção da vida em nosso


planeta, pois produzem o alimento que será transferido aos demais seres vivos através
das cadeias alimentares e produzem oxigênio, gás mantido na atmosfera em
concentrações adequadas graças principalmente a atividade fotossintética.

6.3 Onde ocorre a fotossíntese?


O mesofilo (Figura 24) é o tecido mais ativo em termos de fotossíntese. As células
desse tecido foliar contêm muitos cloroplastos. É um tipo de plastídio que, nas plantas, é
encontrado principalmente nos caules e folhas.

Figura 24 – Mesofilo com células contendo cloroplastos.


38
6.3.1 Cloroplasto

São organelas circundadas por uma dupla membrana e que possuem um sistema
de membranas internas conhecido como tilacóide (Figura 25). Assim, os cloroplastos
possuem três compartimentos distintos: o espaço intermembranar, o estroma (matriz) e o
lúmem dos tilacóides.

Os tilacóides podem aparecer empilhados ou não. As regiões empilhadas são


chamadas de lamelas do grana, enquanto as regiões não empilhadas são chamadas de
lamelas do estroma.

Figura 25 – Componentes do cloroplasto: membranas, lamelas e estroma

Nestes sistemas de membranas é que se encontram os pigmentos e é onde


ocorrem as reações fotoquímicas. As reações bioquímicas associadas à fixação de CO2,
ocorrem na região aquosa que circunda os tilacóides, conhecida como estroma.

Nos cloroplastos, a luz é absorvida pelas moléculas de clorofila (a; b) e a energia é


colhida por duas diferentes unidades funcionais, conhecidas como fotossistemas.

Outra característica do cloroplasto é a existência de grânulos de amido, gotículas


de lipídio, DNA, RNA e ribossomos, próprios da organela. Assim, algumas proteínas dos
cloroplastos são produtos da transcrição e tradução que ocorrem no próprio cloroplasto,
enquanto outras são codificadas pelo DNA nuclear, sintetizadas nos ribossomos
citosólicos e transportados para os cloroplastos.

39
6.4 Etapas da Fotossíntese

A fotossíntese ocorre em duas grandes etapas, que envolvem várias reações


químicas: a primeira é a fase clara (também chamada de fotoquímica) e a segunda é
a fase escura (também conhecida como fase química).

6.4.1.Reações Fotoquímicas

É a primeira etapa da reação e só se realiza em presença de luz. Os eventos


principais da fase clara são:

 a absorção da energia da luz pela clorofila;


 fotólise da água com liberação de 02 e liberação de íons H+;
 a redução de uma aceptor de elétrons chamado NADP, que passa a NADPH2;
 a formação de ATP através das fotofosforilações cíclica e acíclica.

a)Absorção de Luz pela clorofila

A estrutura atômica de determinadas substâncias é tal que as tornam capazes de


absorver a luz. Quando a luz incide em um átomo capaz de absorvê-la, alguns elétrons
são ativados e elevados a um nível energético superior. O átomo entra em um "estado
ativado", rico em energia e muito instável. Quando os elétrons excitados voltam aos seus
orbitais normais, o átomo volta ao seu estado-base. Esse retorno é acompanhado pela
liberação de energia, como calor ou como luz. A luz emitida dessa forma é chamada
fluorescência.

Nos cloroplastos, as moléculas de clorofila possuem essa característica.


Entretanto, o seu elétron excitado não devolve a energia captada através da
fluorescência, mas a transfere para outras substâncias. Há, portanto, transformação da
energia luminosa captada em energia química.

A clorofila absorve luz nos comprimentos de onda referentes ao vermelho e ao


azul e reflete a luz nos comprimentos de onda referente ao verde. Como a luz refletida é a
que atinge os nossos olhos, essa é a cor que vemos, ao olharmos para uma folha.

b) Os Complexos de Absorção de Luz e os Fotossistemas

Todos os pigmentos ativos na fotossíntese são encontrados nos cloroplastos. Nas


plantas superiores são encontrados as clorofilas (a e b), os carotenos e as xantofilas. As
clorofilas a e b são os principais pigmentos relacionados com a fotossíntese.

40
A maioria dos pigmentos serve como uma antena, coletando a luz e transferindo a
energia para o centro de reação, chamado Fotossistema (Figura 26), onde a reação
fotoquímica ocorre. Isto é necessário porque uma molécula de clorofila absorve poucos
fótons por segundo. O sistema de antena, portanto, é importante, pois torna o processo
ativo a maior parte do tempo (dia).

A luz é absorvida nos centros de reação de duas unidades conhecidas como


fotossistemas:

 Fotossistema I (P700): absorve preferencialmente a luz de comprimento de onda


maior que 680 nm, precisamente em 700 nm.
 Fotossistema II (P680): absorve a luz preferencialmente em 680 nm.

Estes dois fotossistemas trabalham simultaneamente e em série.

O fotossistema II e o seu centro de reação estão localizados predominantemente


nas lamelas dos grana (regiões empilhadas).

Já o fotossistema I e o seu seu centro de reação e, também, o sistema de síntese


de ATP, são encontrados quase que exclusivamente nas lamelas do estroma (regiões não
empilhadas).

Figura 26 – Absorção da energia luminosa (fótons) pelo Fotossistema.

41
c) Fotólise da água (Reação de Hill)

Consiste na decomposição (“quebra”) das moléculas de água, utilizadas como


reagentes, sob a ação da luz, conforme mostra a equação representada a seguir na
Figura 27:

Figura 27 –Fotólise da molécula de água na presença da energia solar.

Os íons hidrogênio (2H+) provenientes dessa decomposição serão utilizados na


formação do composto NADPH2. O NADP é um aceptor e transportador de hidrogênios.

Na fotossíntese, as moléculas de NADP recebem os hidrogênios liberados durante


as reações da fase clara, levando-os para participar das reações da fase escura, nas
quais serão liberados e utilizados na síntese da glicose.

Cada molécula de água que sofre fotólise libera 2H+, permitindo a formação de
uma molécula de NADPH2. Como são doze moléculas de água (12 H2O) utilizadas na
reação, a fotólise de todas elas libera 24 H+, permitindo, assim, a formação de 12
NADPH2.

O oxigênio (1/2 O2) normalmente será liberado no meio. A fotólise de apenas uma
1/2
molécula da água libera O2. Como são 12 moléculas de água (12 H2O) utilizadas na
reação, a fotólise de todas elas libera 6 O2. Portanto, o oxigênio liberado pela reação da
fotossíntese realizada pelas algas e plantas provém da água.

 FOTOFOSFORILAÇÃO – é um processo de formação de ATP que usa energia


primariamente originária da luz para unir o ADP a um Pi (fosfato inorgânico). Pode
ser cíclica ou acíclica.

d) Fotofosforilação Cíclica (Figura 28) – é realizada com a participação apenas da


clorofila “a” ( P700) e tem como objetivo a síntese de ATP.
42
Figura 28– Fotofosforilação Cíclica

Elétrons da clorofila “a” (ChI) absorvem luz, tornam-se mais energéticos e saem da
molécula clorofiliana. Podemos dizer que a clorofila “a”, ao absorver luz, se torna oxidada,
isto é, perde elétrons. Ao saírem da clorofila “a”, os elétrons com excesso de energia são
captados por aceptores da cadeia redox: Fd → PQ → Cyt → PC. Ao passarem de um
aceptor para outro, os elétrons liberam a energia que têm em excesso e retornam para a
mesma molécula de clorofila da qual saíram.

A energia em excesso, liberada por esses elétrons, é utilizada para fazer a


fotofosforilação, isto é, ligarADP + Pi, produzindo, assim, o ATP.

O ATP produzido durante esta fotofosforilação será utilizado na 2ª etapa da


fotossíntese ( fase escura).

e) Fotofosforilação Acíclica (Figura 29) – envolve a participação de dois tipos de


clorofila: “a” (fotossistema I) e “b” (fotossistema II) e também, a participação do NADP.
Esta etapa tem como objetivo a síntese de ATP e a síntese do NADPH2.

43
Figura 29 – Fotofosforilação Acíclica

Na fotofosforilação acíclica, elétrons das clorofilas “a” (P700) e “b” (P680)


absorvem luz e se tornem excitados. Ao saírem das moléculas das clorofilas, esses
elétrons seguem os seguintes caminhos:

 Os elétrons que saem da clorofila “a” são captados pela ferridoxina (Fd) que, em
seguida, que os entrega ao NADP. Ao receber esses elétrons, o NADP passa à
condição de NADP+ reduzido. Em seguida, o NADP+ se junta ao H+ proveniente da
fotólise da água, formando com eles o NADPH2. Nesses hidrogênios estão os
elétrons que saíram da clorofila “a”. O NADPH2 irá liberar esses hidrogênios, nas
reações da fase escura da fotossíntese (ciclo das pentoses), para a formação da
glicose.
 Os elétrons que saem da clorofila “b” são captados por uma cadeia de citocromos.
Ao passarem de um citocromo para outro, esses elétrons liberam gradativamente o
excesso de energia que possuem. Essa energia será utilizada para promover a
fosforilação do ADP em ATP. Ao saírem da cadeia de citocromo, esses elétrons
que saíram da clorofila “b” penetram na molécula de clorofila “a”, estabilizando-a.
Observe que os elétrons que entram na clorofila “a”, ao término deste processo,
não os mesmos que dela saíram. Lembre-se de que os elétrons que saíram da
clorofila “a” agora estão nos hidrogênios do NADPH2. Para estabilizar a clorofila
“b”, essa molécula recebe os elétrons provenientes da fotólise da água. Veja que

44
os elétrons que penetram na clorofila “b” também não são os mesmos que dela
saíram no princípio do processo.

6.4.2 Reações Químicas

É a segunda etapa da reação de fotossíntese. Independe da luz para ocorrer,


porém depende da ocorrência da primeira etapa. A seguir, estão indicados os
principais fenômenos que correm durante essa etapa (Figura 30):

 Utilização do NADPH2 da fase clara;


 Utilização do ATP produzido na fase clara;
 Fixação de CO2;
 Formação de PGA;
 Formação de H2O;
 Formação de PGAL;
 Ciclo das pentoses;
 Produção de glicose (C6H12O6).

Os 6CO2 reagem com 6 moléculas de RDP (ribulose), uma pentose existente no


interior das células vegetais. Essa reação produz 12 moléculas de PGA ( ácido
fosfoglicérico) e 6 H2O. Como PGA possui 3 carbonos, o ciclo de Calvin é também
chamado de ciclo C3 e as plantas que o possuem são chamadas de plantas C3.

Num segundo momento, as 12 moléculas de PGA recebem hidrogênio (H2) das 12


moléculas de NADPH2 provenientes da fase clara. Cada molécula de PGA transforma-se
em PGAL (aldeído fosfoglicérico). Essa reação utiliza energia vinda da degradação do
ATP. Assim, formam-se 12 moléculas de PGAL. Destas, 2 se unirão para formar a glicose
(C6H12O6) e as outras 10 reagirão umas com as outras, reconstituindo as 6 moléculas da
pentose ribulose.

As pentoses que foram utilizadas no início da fase escura são, portanto,


reconstituídas ao final do processo, é o chamado ciclo das pentoses ou ciclo de Calvin.

45
Figura 30 – Fase escura da Fotossíntese mostrando ciclo de Calvin.

6.4.3 Resumo das fases da Fotossíntese

No esquema abaixo (Figura 31), a fase clara usa luz e água (H2O) e produz
oxigênio (O2), ATP e NADPH2. A fase escura usa gás carbônico (CO2), ATP e NADPH2,
produzindo água e glicose (C6H12O6).

Figura 31 – Relação entre a fase clara e escura.

As plantas utilizam esta glicose para produzir outras moléculas orgânicas


importantes: lipídios e proteínas.

46
CAPÍTULO VI: Respiração Celular Aeróbica

7.1 Introdução

Processo de obtenção de energia a partir de compostos orgânicos como os


carboidratos (preferencialmente a glicose). Na carência de carboidratos, as células
passam a utilizar lipídios e, na falta destes, chegam a usar proteínas.

Este processo consiste em uma série de reações químicas que visam a


degradação (“quebra”) de moléculas orgânicas no interior da célula, com o objetivo de
liberar a energia nelas contida – reação exergônica. Parte dessa energia irradia-se para o
meio sob a forma de calor e parte é utilizada na síntese de moléculas de ATP, nas quais
fica armazenada até ser utilizada numa atividade.

Assim, o objetivo da respiração celular é a síntese de ATP.

O O2 participa como um dos reagentes dessas reações que visam à obtenção de


energia.

Equação da respiração celular aeróbia:

A glicose, utilizada como reagente, pode ser obtida através da alimentação, no


caso dos animais, ou então, é produzida dentro da célula durante a fotossíntese em
plantas.

O oxigênio (O2), que também é um reagente, normalmente é proveniente do meio


ambiente.

O gás carbônico ou dióxido de carbono (CO2) é um dos produtos finais da reação


que é eliminado para o meio ambiente através do processo de expiração.

A água, outro produto da reação, pode ser utilizada no próprio metabolismo celular,
como também pode ser eliminada através de diferentes processos (ex: transpiração).

47
7.2 Etapas da respiração celular aeróbia (Figura 32)

 Glicólise – ocorre no hialoplasma da célula


 Ciclo de Krebs – ocorre na matriz da mitocôndria
 Cadeia Respiratória – ocorre na crista da mitocôndria

Figura 32 – Etapas da Respiração Aeróbia

7.2.1 Glicólise

Ocorre no interior das células e consiste numa sequência de reações que têm a
finalidade de “quebrar” ou decompor a molécula de glicose ( que possui 6 carbonos) em
duas moléculas menores ( cada uma com 3 carbonos) chamadas ácido pirúvico. Nesta
etapa forma-se 2 moléculas de ATP e 2 moléculas de NADH2 (Figura 33).

48
Figura 33 - Glicólise

7.2.2 Ciclo do ácido cítrico ou Ciclo de Krebs

As moléculas de ácido pirúvico resultantes da degradação da glicose penetram no


interior das mitocôndrias, onde ocorrerá a respiração propriamente dita.

Cada ácido pirúvico reage com uma molécula da substância conhecida


como coenzima A, originando três tipos de produtos: acetil-coenzima A, gás carbônico e
hidrogênios.

O CO2 é liberado e os hidrogênios são capturados por uma molécula de NADH2,


que irá participar, como veremos mais tarde, da cadeia respiratória.

Em seguida, cada molécula de acetil-CoA reage com uma molécula de ácido


oxalacético, resultando em citrato (ácido cítrico) e coenzima A, conforme mostra a
equação abaixo:

1acetil-CoA + 1 ácido oxalacético 1 ácido cítrico + 1 CoA


(2 carbonos) (4 carbonos) (6 carbonos)

Analisando a participação da coenzima A na reação acima, vemos que ela


reaparece intacta no final. Tudo se passa, portanto, como se a CoA tivesse contribuído
para anexar um grupo acetil (2C) ao ácido oxalacético (4C), sintetizando o ácido cítrico
(6C).

Cada ácido cítrico passará, em seguida, por uma via metabólica cíclica,
denominada ciclo do ácido cítrico ou ciclo de Krebs (Figura 34), durante o qual é
degradado sucessivamente em compostos com 5 carbonos (5C) e 4 carbonos (4C), até
reconstituir o ácido oxalacético.

49
Figura 34 – Ciclo de Krebs

Durante estas degradações ocorre:

 liberação de 2 moléculas de CO2 (descarboxilação) que, serão lançadas ao meio


ambiente pela expiração;
 liberação de energia que permitirá diretamente a formação de ATP;
 liberação de 4H2 (desidrogenação).

Dos hidrogênios liberados no ciclo de Krebs, 3H2 reagem com três substâncias
aceptoras de hidrogênio chamadas NAD e forma 3 NADH2 e o outro H2 liga-se à molécula
de FAD, formando 1 FADH2. Os 3 NADH2 e 1 FADH2 serão conduzidos até a cadeia
respiratória, onde fornecerão energia para a síntese de ATP.

7.2.3 Cadeia Respiratória ou Liberação de energia

O destino dos hidrogênios liberados na glicólise e no ciclo de Krebs é um ponto


crucial no processo de obtenção de energia na respiração aeróbica.
Como vimos, foram liberados quatro hidrogênios durante a glicólise, que foram
capturados por duas moléculas de NADH2. Na reação de cada ácido pirúvico com a
coenzima A formam-se mais duas moléculas de NADH2. No ciclo de Krebs, dos oito
hidrogênios liberados, seis se combinam com três moléculas de NAD, formando três

50
moléculas de NADH2, e dois se combinam com um outro aceptor, o FAD, formando uma
molécula de FADH2.

As reações da cadeia respiratória têm início a partir de um NADH2 ou de um


FADH2.

Cada NADH2 que passa pela cadeia respiratória proporciona liberação de energia
para a síntese de 3 ATP, enquanto cada FADH2, vindo do ciclo de Krebs, ao passar pela
cadeia respiratória, proporciona a síntese de 2 ATP (Figura 35).

Figura 35 – Cadeia respiratória

Vimos também que, durante as reações da cadeia respiratória, ocorre a formação


de íons hidrogênio (2H+). É bom lembrar que o grau de acidez de um meio depende da
quantidade de íons H+ livres nesse meio. Como a liberação desses íons é feita de forma
contínua durante as reações da cadeia respiratória, era de se esperar que o meio
intracelular se tornasse cada vez mais ácido, o que fatalmente levaria à morte da célula. É
exatamente para evitar essa situação que existe um aceptor ou receptor dos íons
hidrogênio no final do processo. O papel desse receptor final é o de neutralizar os íons H+,
evitando assim, a acidificação excessiva do meio interno da célula. Na respiração aeróbia,
o receptor final desses íons hidrogênio é o oxigênio que, combinando-se com eles, forma
água.

Antes de reagirem como o O2, porém, os hidrogênios, percorrem uma longa e


complexa trajetória, na qual se combinam sucessivamente com diversas substâncias
aceptoras intermediárias. Ao final dessa trajetória, os hidrogênios se encontram seus
parceiros definitivos, os átomos de oxigênio do O2.

51
Esse conjunto de substâncias transportadoras de hidrogênio constitui a cadeia
respiratória.

Se os hidrogênios liberados na degradação das moléculas orgânicas se


combinassem direta e imediatamente com o O2, haveria desprendidamente de enorme
quantidade de energia em forma de calor, impossível de ser utilizada. Para contornar esse
problema, as células utilizam um mecanismo bioquímico que permite a liberação gradual
de energia. Tudo se passa como os hidrogênios descessem uma escada, perdendo
energia a cada degrau. Liberada em pequenas quantidades, a energia pode ser, então,
utilizada na síntese de moléculas de ATP.

7.3 Contabilidade energética da respiração aeróbica

Na glicólise há um rendimento direto de duas moléculas de ATP por moléculas de


glicose degradada. Formam-se, também, duas moléculas de NADH2 que, na cadeia
respiratória, fornecem energia para a síntese de seis moléculas de ATP.

Durante o ciclo de Krebs, as duas moléculas de Acetil-CoA levam a produção direta


de duas moléculas de ATP. Formam-se, também, também, seis moléculas de
NADH2 e duas moléculas de FADH2 que, na cadeia respiratória, fornecem energia para a
síntese de dezoito moléculas de ATP (para o NAD) e quatro moléculas de ATP (para o
FAD).

A contabilidade energética completa da respiração aeróbica é, portanto:


2 + 6 + 6 + 2 + 18 + 4 = 38 ATP.
O resumo de todas as etapas resulta na seguinte equação geral:
1 C6H12O6 + 6 O2 + 38 ADP + 38 P 6 CO2 + 6 H2O + 38 ATP
3.4 A importância metabólica do ciclo de Krebs : Via de degradação de
nutrientes

Para realizar a respiração aeróbica, a glicose é o “combustível” preferido pela


célula, mas não é o único. Na falta de glicose, a célula lança mão dos lipídios e, até, caso
haja necessidade, das proteínas. Isso é possível porque a substância acetilCo-A, formada
na respiração aeróbica, também pode ser produzida a partir de outros compostos
orgânicos, como ácidos graxos, glicerol e aminoácidos (Figura 36).

Portanto, tanto os carboidratos, como os lipídios e as proteínas podem originar a


acetilCo-A, através de diferentes vias metabólicas. A acetilCo-A, independente de onde

52
provém, entrará no ciclo de Krebs para ser “desmontada” em CO2 e H2O, e a energia
produzida é usada na síntese de ATP.

Porém o ciclo de Krebs não participa apenas do metabolismo energético: à medida


que as diversas substâncias do ciclo vão se formando, parte delas pode ser “desviada”,
indo servir de matéria-prima para a síntese de substâncias orgânicas (anabolismo).Por
exemplo, uma parte das substâncias usadas pelas células para produzir aminoácidos,
nucleotídeos e gorduras provém do ciclo de Krebs.

Figura 36 - Via de degradação de nutrientes

53
CAPÍTULO VIII: Fermentação

8.1 Introdução

A fermentação é um processo de liberação de energia que ocorre sem a


participação do oxigênio(processo anaeróbio).

A fermentação compreende um conjunto de reações enzimaticamente controladas,


através das quais uma molécula orgânica é degradada em compostos mais simples,
liberando energia. A glicose é uma das substâncias mais empregadas pelos
microorganismos como ponto de partida na fermentação.

É importante perceber que as reações químicas da fermentação são equivalentes


às da glicólise. A desmontagem da glicose é parcial, são produzidos resíduos de
tamanho molecular maior que os produzidos na respiração e o rendimento em ATP é
pequeno.

Hoje sabemos que os processos fermentativos resultam da atividade


de microorganismos, como as leveduras e certas bactérias.

Diferentes organismos podem provocar a fermentação de diferentes substâncias. O


gosto rançoso da manteiga, por exemplo, se deve a formação de ácido butírico causado
pelas bactérias que fermentam gorduras. Já as leveduras fermentam a glicose e as
bactérias que azedam o leite fermentam a lactose.

Glicólise

Na glicólise (Figura 37), cada molécula de glicose é desdobrada em duas


moléculas de piruvato (ácido pirúvico), com liberação de hidrogênio e energia, por meio
de várias reações químicas.

O hidrogênio combina-se com moléculas transportadores de hidrogênio (NAD),


formando NADH + H+, ou seja NADH2.

54
Figura 37 - Glicólise

Conforme a natureza química dos produtos orgânicos formados ao final das


reações, a fermentação pode ser classificada em diferentes tipos: alcoólica, láctica,
acética, butírica e outras (Figura 38).

Figura 38 – Diferentes tipos de fermentação

Vejamos os dois tipos mais conhecidos de fermentação: alcoólica e láctica.

8.2 Fermentação Alcoólica

Na fermentação alcoólica (Figura 39), leveduras e algumas bactérias fermentam


açucares em duas moléculas de ácido pirúvico que são convertidas em álcool etílico
(também chamado de etanol), com a liberação de duas moléculas de CO2 e a formação
de duas moléculas de ATP.

55
Esse tipo de fermentação é realizado por diversos microorganismos, destacando-
se os chamados “fungos de cerveja”, da espécie Saccharomycescerevisiae. O homem
utiliza os dois produtos dessa fermentação: o álcool etílico empregado há milênios na
fabricação de bebidas alcoólicas (vinhos, cervejas, cachaças etc.), e o gás
carbônico importante na fabricação do pão, um dos mais tradicionais alimentos da
humanidade. Mais recentemente tem-se utilizado esses fungos para a produção industrial
de álcool combustível.

Figura 39 – Fermentação Alcoólica

Os fungos que fermentam também são capazes de respirar aerobicamente, no caso de


haver oxigênio no meio de vida. Com isso, a glicose por eles utilizada é mais
profundamente transformada e o saldo em energia é maior, 38 ATP, do que os 2 ATP
obtidos na fermentação.

8.3 Fermentação Láctica

Os lactobacilos (bactérias presentes no leite) executam fermentação lática, em que


o produto final é o ácido lático. Para isso, eles utilizam como ponto de partida, a lactose, o
açúcar do leite, que é desdobrado, por ação enzimática que ocorre fora das células
bacterianas, em glicose e galactose. A seguir, os monossacarídeos entram nas células,
onde ocorre a fermentação.
56
Cada molécula do ácido pirúvico é convertido em ácido lático, que também contém
três átomos de carbono (Figura 40).

O sabor azedo do leite fermentado se deve ao ácido lático formado e eliminado


pelos lactobacilos. O abaixamento do pH causado pelo ácido lático provoca a
coagulação das proteínas do leite e a formação do coalho, usado na fabricação de
iogurtes e queijos.

Figura 40 – Fermentação Lática

Fermentação láctica no homem!

Você já deve ter ouvido que é comum a produção de ácido


lático nos músculos de uma pessoa, em ocasiões que há
esforço muscular exagerado. A quantidade de oxigênio que
as células musculares recebem para a respiração aeróbia é
insuficiente para a liberação da energia necessária para a
atividade muscular intensa.
Nessas condições, ao mesmo tempo em que as células
musculares continuam respirando, elas começam a
fermentar uma parte da glicose, na tentativa de liberar
energia extra.
O ácido láctico acumula-se no interior da fibra muscular produzindo dores, cansaço e
cãibras.Depois, uma parte desse ácido é conduzida pela corrente sanguínea ao fígado
onde é convertido em ácido pirúvico.

57
UNIDADE 3 – MICROBIOLOGIA
CAPÍTULO IX: Introdução a Microbiologia
A Microbiologia é classicamente definida como a área da ciência que dedica-se ao
estudo de organismos, e suas atividades, que somente podem ser visualizados ao
microscópio. Com base neste conceito, a microbiologia aborda um vasto e diverso grupo
de organismos unicelulares de dimensões reduzidas, que podem ser encontrados como
células isoladas ou agrupados em diferentes arranjos.
Assim, a microbiologia envolve o estudo de organismos procarióticos (bactérias,
archaeas), eucarióticos (algas, protozoários, fungos) e também seres acelulares (vírus).
Tendemos a associar estes pequenos organismos somente a doenças graves
(Aids), a infecções desagradáveis (enterites), ou a fatos inconvenientes como a
deterioração dos alimentos. Contudo, a maioria dos microorganismos contribui de modo
essencial na manutenção e no equilíbrio dos organismos vivos (Quadro 01).
Quadro 01 – Importância dos microorganismos para o homem, animais e para o
planeta.
Grupo Importância
Bactérias - Produtores de medicamentos e vacinas
- Controle biológico e biorremediação
- Produtores de alimentos: iogurte, fixaçãode
nitrogênio
- Produtores de ácidos e vitaminas
- Auxílio na digestão dos alimentos
- Aplicações comerciais (jeans)
- Bioterrorismo
Algas e microorganismos marinhos - Fotossintetizantes
- Base da cadeia alimentar nos oceanos,
rios e lagos
Vírus - Controle biológico
- Engenharia genética (vetores de
terapiagenética)
Fungos - Produtores de alimentos: queijos,
bebidasalcoólicas, manteiga, picles, molho de
soja
- Produtores de antibióticos e antifúngicos
- Maiores decompositores do planeta
- Controle biológico

58
Apesar de uma minoria dos microorganismos ser patogênica, o conhecimento
prático a respeito dos micróbios é necessário, principalmente para os profissionais da
medicina e das ciências relacionadas à saúde.
Atualmente sabemos que os microorganismos são encontrados em quase todos os
lugares. Há pouco tempo atrás, antes da invenção do microscópio, os micróbios eram
desconhecidos pelos homens. Milhares de pessoas morreram devido a epidemias
devastadoras, cujas causas não eram conhecidas. Famílias inteiras pereceram, pois as
vacinas e os antibióticos não estavam disponíveis para combater as infecções.
Enfim, os microorganismos são diminutos, abundantes, adaptáveis e necessários
para a existência de outras formas de vida, desempenhando um papel fundamental na
formação e na manutenção do planeta como o conhecemos.

9.1 O que é um microorganismo?

Tradicionalmente, os micróbios são descritos como organismos de vida livre muito


pequenos (menos de 100 micrômetros [μm]), sendo visíveis somente sob o microscópio,
embora alguns micróbios possam ser suficientemente grandes para serem vistos a olho
nu (ver quadro de conversão – Quadro 02).
Quadro 02 – Escala de unidades métricas e suas dimensões.

UNIDADE MÉTRICA DIMENSÃO SÍMBOLO

Micrômetro milésima parte do μm


milímetro
Nanômetro milésima parte do nm
micrômetro
Angstrom décima parte do nanômetro Å

As menores bactérias têm apenas 0,2 μm de comprimento, mas bactérias gigantes


e protozoários podem ter mais de 1 mm de comprimento.
Os micróbios são procariotos (células desprovidas de um núcleo verdadeiro) ou
eucariotos (células com um núcleo verdadeiro).
Os micróbios eucariotas, exceto as algas e os fungos, são coletivamente chamados
de protista (seres unicelulares, microscópicos, com células eucarióticas, portanto com
núcleo verdadeiro, semelhante às células dos animais e das plantas. Ex.: protozoários e
algas formadoras do plâncton marinho).
Os protistas podem ainda ter adaptações de forma e estrutura de acordo com o seu
modo de vida: parasita, ou de vidalivre. Exemplo de alguns protozoários parasitas:
- Leishmaniabraziliensis– causa a leishmaniose tegumentar.
59
- Trypanosoma cruzi– causa a doença de Chagas.
- Giardialamblia– causa a giardíase (intestinal).
- Trichomonasvaginalis– causa a tricomoníase (no aparelho genital).

9.2 A inter-relação dos microorganismos com o homem e os animais

Praticamente nenhum organismo vive isolado, isso afeta os fenômenos biológicos


ligados a evolução, ecologia e ao bem estar dos indivíduos e das espécies.

A simbiose é uma associação fechada de dois organismos diferentes vivendo


juntos, na qual pelo menos um é dependente do outro. Na relação simbiótica denominada
comensalismo, um dos organismos se beneficia, enquanto o outro não é afetado de forma
alguma. Já no mutualismo, ocorrem benefícios para ambos os organismos simbiontes.

Os mamíferos, por exemplo, não produzem enzimas que digerem a celulose. Em


vez disso, os ruminantes abrigam micróbios que degradam a celulose em uma grande
câmara de fermentação chamada de rúmen.

O animal proporciona um hábitat adequado para o crescimento dos


microorganismos, sendo que os mesmos retribuem transformando a celulose em ácidos
graxos voláteis (ácido acético, propiônico e butírico), que são usados pelo animal como
uma importante fonte de energia. Além disso, quando o conteúdo do rúmen é conduzido
para as próximas câmaras de digestão (omaso e abomaso), as bactérias são degradadas
pelas enzimas digestivas, fazendo com que os ruminantes utilizem de forma efetiva seu
alimento e seus simbiontes, transformando substratos brutos em produtos aliosos como
carne e leite. Nos herbívoros não ruminantes, a degradação da celulose ocorre
principalmente no ceco e os microorganismos são carreados junto com as fezes para o
meio ambiente. Como a reciclagem não se torna tão eficiente como no caso dos
ruminantes, alguns animais (coelhos e ratos) são coprofágicos, isto é, alimentam-se de
suas próprias fezes ricas em nutrientes.

As interações de microorganismos e seus hospedeiros podem variar do mutualismo


benéfico para formas deletérias de parasitismo. Ratos infectados pelo protozoário
Toxoplasma gondii perdem o medo de gatos. Isso pode fazer pouco sentido ao rato, mas
faz muito sentido ao parasita. O entendimento do motivo pelo qual isso ocorre requer o
conhecimento do ciclo biológico do parasito. Os hospedeiros definitivos são os gatos, ao
passo que os ratos, outros roedores e as pessoas são hospedeiros acidentais. O contágio
de ratos pelo T. gongii poderia ser um beco sem saída para o parasito, uma vez que o
mesmo necessita desenvolver-se no intestino do gato. Contudo, quando um rato infectado

60
é ingerido por um gato, os parasitos reproduzem-se no intestino do felino e são, ao final,
lançados junto com as fezes ao meio ambiente para o início de um novo ciclo infeccioso.

Outro comportamento interessante é observado em certas formigas (e outros


insetos) que vivem no chão de florestas. Essas formigas ao serem infectadas por
determinados fungos invasores apresentam o comportamento alterado, após certo
período. Elas adquirem o ímpeto de subir nos talos das vegetações e das árvores, e ao
atingirem certa altura, elas se fixam a planta com suas mandíbulas e permanecem
empoleiradas no alto até o final de suas vidas e ainda depois disso. Em seguida os fungos
crescem e desenvolvem-se nos corpos dos insetos, permitindo que os esporos possam
ser dispersos a partir do alto, possibilitando a dispersão a grandes distâncias.

A predação microbiana tem sido difícil de ser estudada em laboratório, pois 99%
dos microorganismos não foram cultivados. Existe cerca de um milhão de bactérias por
mililitro de água do mar, número este menor que o esperado levando em conta a
disponibilidade de nutrientes disponível para os micróbios marinhos. Por que isso ocorre?
Isso ocorre pelo fato de que os microorganismos são controlados pelos seus predadores.
Os principais predadores das bactérias são os protistas (ciliados e dinoflagelados),
eucariotos unicelulares que vagam pelos oceanos. Existem ainda os vírus bacterianos ou
fagos, que vivem às custas de bactérias marinhas.

Vivemos do nascimento até a morte em um mundo cheio de micróbios, e todos


temos uma variedade de microorganismos dentro do nosso corpo. Esses
microorganismos constituem a nossa microbiota ou flora normal (Quadro 03). A flora
normal geralmente não nos faz mal algum, sendo benéfica em grande parte do tempo.
Por exemplo, por competição, a microbiota normal previne o crescimento de
microorganismos patogênicos em seus hospedeiros, outras produzem substâncias úteis
como vitamina K e algumas vitaminas do complexo B. Infelizmente, sobre certas
circunstâncias, a microbiota normal pode nos fazer adoecer ou infectar pessoas ou
animais com os quais entramos em contato.
Quadro 03 – Microbiota normal da cavidade oral de eqüinos, coletadas da
regiãoperiodontal e terço médio da língua.

AGENTE GRUPO
Staphylococcus spp. Gram-positivo
Stretococcus spp. Gram-positivo
Moraxella spp. Gram-positivo
Nocardia spp. Gram-positivo
Bacillus spp. Gram-negativo

61
CAPÍTULO X: Classificação dos microorganismos

10.1 Principais grupos de microorganismos

Bactérias: são organismos relativamente simples e de uma única célula


(unicelulares). Como o material genético não é envolto por uma membrana nuclear, as
bactérias são chamadas de procariotos, palavra grega que significa pré-núcleo. Os
procariotos incluem bactérias e arquibactérias. As células bacterianas podem se
apresentar de diferentes formas. Os bacilos (forma de bastão), os cocos (esféricos
eovóides) e os espirilos (na forma de saca-rolha ou espiralado) estão entre as formas
mais comuns, mas algumas bactérias apresentam forma de estrela ou mesmo quadradas.
As bactérias podem formar pares, cadeias, grupos ou outros agrupamentos; tais
formações são geralmente características de um gênero ou uma espécie.
As bactérias são envolvidas por uma parede celular que é praticamente composta
por um complexo de carboidrato e proteína chamado de peptideoglicano.
As bactérias geralmente se reproduzem por divisão em duas células iguais,
chamada de fissão binária.
Para a sua nutrição, a maioria das bactérias usa compostos orgânicos encontrados
na natureza, derivados de organismos vivos ou mortos. Algumas bactérias podem fabricar
seu próprio alimento por fotossíntese, e algumas obtêm seu alimento a partir
decompostos inorgânicos.
Muitas bactérias podem se deslocar (nadar) usando apêndices de movimento
chamados de flagelos.
Archaea: como as bactérias, as arquibactérias são células procarióticas,
porém,quando possuem paredes celulares, estas não são compostas por
peptídeoglicanos.
As arquibactérias são frequentemente encontradas em ambientes extremos, são
divididas em três grupos principais. As metanogênicasque produzem metano como
resultado da respiração. As halofílicas extremas (halo = sal; filo = amigo) vivem em
ambientes muito salinos, como o “Great Salt Lake”. As termofílicas extremas (termo =
calor) vivem em águas sulfurosas e quentes, como nas fontes termais.
As arquibactérias não são conhecidas como causadoras de doenças no homem.

62
Fungos: são organismos eucariotos (possuem um núcleo definido), que contém o
material genético (DNA) envolto por um envelope especial chamado de membrana
nuclear. Os fungos podem ser unicelulares ou multicelulares. Os cogumelos são os
maiores fungos multicelulares, parecem com plantas, mas não realizam fotossíntese. Os
fungos verdadeiros apresentam a parede celular composta, principalmente, por uma
substância chamada de quitina.
As formas unicelulares dos fungos, as leveduras, são microorganismos ovais
maiores que as bactérias. Os fungos mais típicos são os bolores(fungos filamentosos),
que formam massas visíveis chamados de micélios, compostas de longos filamentos
(hifas) que se ramificam e se entrelaçam (como observado no pão mofado).
Os fungos podem se reproduzir sexuada e assexuadamente.
Obtêm a alimentação por meio da absorção de soluções de matéria orgânica
presentes no ambiente,como o solo, a água, um animal ou uma planta hospedeira.

Protozoários: são micróbios unicelulares eucarióticos que se movimentam por


meio de pseudópodes (falsos pés), flagelos, ou cílios. Apresentam uma variedade
deformas, e vivem como entidades de vida livre ou parasitária.
Podem se reproduzir deforma sexuada ou assexuada.

Vírus: são muito diferentes dos outros grupos microbianos já mencionados. Os


vírus são tão pequenos que a maioria só pode ser vista com o auxílio de um microscópio
eletrônico. São acelulares, isto é, não são células. A partícula viral é muito simples
estruturalmente, contendo um núcleo formado somente por um tipo de ácido
nucléico,DNA ou RNA. Esse núcleo é circundado por um envoltório protéico, que em
alguns casos, encontra-se revestido por uma membrana lipídica adicional, chamada de
envelope.
Os vírus não são auto-suficientes, isto é, só podem se reproduzir usando as
estruturas celulares de outros organismos. Dessa forma, os vírus são considerados vivos
quando estão multiplicando dentro das células hospedeiras que infectam. Nesse sentido,
os vírus são parasitas de outras formas de vida. Por outro lado, os vírus não são
considerados como seres vivos porque, fora dos organismos hospedeiros, ficam inertes.

63
10.2 Célula Procariótica e Célula Eucariótica

Apesar de sua complexidade e variedade, todas as células vivas podem ser


classificadas em dois grupos, as procarióticas e as eucarióticas, com base em certas
características funcionais e estruturais.Procariotos e eucariotos são quimicamente
similares, no sentido de que ambos contêm ácidos nucléicos, proteínas, lipídeos e
carboidratos. Utilizam-se dos mesmos tipos de reações químicas para metabolizar o
alimento, formar proteínas e armazenar energia.
A distinção entre procariotos e eucariotos encontra-se no Quadro 04 abaixo:

Quadro 04 – Principais características que diferenciam as células procarióticas das


eucarióticas.

Célula Procariótica – Figura 41 Célula Eucariótica – Figura 42


1 – Seu DNA não está envolvido por 1 – Seu DNA é encontrado no núcleo
uma membrana, não possui nucléolo das células, que é separado do
e geralmente possui um único citoplasma por uma membrana
cromossomo de arranjo circular. nuclear, possui nucléolo,apresenta
múltiplos cromossomos lineares.
2 – Seu DNA não está associado com 2 – Seu DNA é consistentemente
histonas (proteínas cromossômicas associado às proteínas
especiais encontradas em cromossômicas histonas.
eucariotos),outras proteínas estão
associadas ao DNA.
3 – Poucas ou sem organelas, não 3 – Possuem diversas organelas
são revestidas por membranas. revestidas por membranas, incluindo
mitocôndrias,retículo endoplasmático,
complexo de Golgi, lisossomos e
algumas vezes cloroplastos.
4 – Suas paredes celulares quase 4 – Suas paredes celulares, quando
sempre contêm o polissacarídeo presentes, são quimicamente
complexo peptídeoglicano. simples(inclui celulose e quitina).
5 – Normalmente sofrem divisão por 5 – A divisão celular geralmente
fissão binária, Durante esse processo, envolve
o DNA é duplicado e a célula divide- mitose, na qual os cromossomos são
se em duas. A fissão binária envolve duplicados e um conjunto idêntico é
menos estruturas e processos que a distribuído para cada um dos dois
divisão das células eucarióticas. núcleos.A divisão do citoplasma e de
outras organelas segue-se a esse
processo, de modo que haverá
produção de duas células idênticas.
6 – Tamanho da célula: 0,2 a 2,0 μm 6 – Tamanho da célula: 10 a 100 μm
de diâmetro. de diâmetro.
7 - Unicelular 7 – Pluricelular com diferenciação e
divisão em tecidos.

64
Figura 41 – Célula Procariótica

Figura 42 – Célula Eucariótica

65
CAPÍTULO XI: Bactérias

11.1 Características gerais das bactérias

 São seres unicelulares, aparentemente simples, sem carioteca, ou seja, sem


membrana delimitante do núcleo. Ha um único compartimento, o citoplasma.
 O material hereditário, uma longa molécula de DNA, está enovelada na região,
aproximadamente central, sem qualquer separação do resto do conteúdo
citoplasmático.
 Suas paredes celulares, quase sempre, contém o polissacarídeo complexo
peptideoglicano.
 Usualmente se dividem por fissão binária. Durante este processo, o DNA é
duplicado e a célula se divide em duas células-filhas.

11.2 Morfologia bacteriana

A divisão morfológica bacteriana é baseada na constituição da parede celular.


Issonos permite agrupar as bactérias em três grupos (Figura 43):
- Cocos: células esféricas, que podem estar isoladas ou agrupadas. Caracterizam-
secomo diplococos, fileiras ou cadeias de cocos (estreptococos), tétrades, cubos
oucachos (estafilococos).
- Bacilos: células cilíndricas, que podem estar isoladas ou agrupadas.
Caracterizam-se como diplobacilos, correntes, paliçadas ou cocobacilos.
- Espiraladas: células onduladas ou helicoidais que podem ter uma ou maisespirais.
Quando têm o corpo rígido e são como vírgulas, são chamadas vibriões; quandotêm a
forma de saca-rolhas são chamadas de espirilos; e quando têm forma espiralada,mas de
corpo flexível, são chamadas de espiroquetas.

66
Figura 43 – Formas das bactérias

11.3 Paredes Celulares

A parede celular de uma célula bacteriana é uma estrutura complexa, semirrígida,


responsável pela forma da célula. Quase todos os procariotos possuem parede celular. A
principal função da parede celular é prevenir a ruptura das células bacterianas quando a
pressão da água dentro da célula é maior que fora dela. Ajuda a manter a forma da célula
bacteriana e serve como ponto de ancoragem para flagelos. Clinicamente, a parede
celular é importante, pois contribui para a capacidade de algumas espécies causarem
doenças e por ser o local de ação de alguns antibióticos. Além disso, a composição
química de parede celular é usada para diferenciar os principais tipos de bactérias.
A parede celular bacteriana é composta de uma rede macromolecular denominada
peptideoglicana(também chamada de mureína).

11.3.1 Tipos de parede celular (Figura 44)

Figura 44 – Tipos de parede celular

67
Parede celular de bactérias gram-positivas: consiste em muitas camadas de
peptideoglicana, formando uma estrutura rígida e espessa. Além disso, as paredes
celulares das bactérias gram-positivas contêm ácidos teicoicosquefunciona como um
antígeno da parede, tornando possível identificar bactérias gram-positivas.

Parede celular de bactérias gram-negativas: consistem em uma ou poucas


camadas de peptideoglicana e uma membrana externa. A peptideoglicana está ligada a
lipoproteínas na membrana externa e está no periplasma, um fluido semelhante a um gel,
entre a membrana externa e a membrana plasmática. O periplasma contém uma alta
concentração de enzimas de degradação e proteínas de transporte.
A membrana externa da célula gram-negativa consiste em lipopolissacarídeos
(LPS). Possui várias funções especializadas, fornece uma barreira contra alguns
antibióticos (penicilina), enzimas digestivas (sais biliares) e alguns corantes.
Entretanto a membrana externa não fornece uma barreira para todas as
substâncias no ambiente, pois os nutrientes devem atravessá-la para garantir o
metabolismo celular. Parte da permeabilidade da membrana externa é devida a proteínas
na membrana denominadas porinas, que formam canais.
O lipopolissacarídeo (LPS)da membrana externa é uma molécula grande e
complexa que contém lipídeos e carboidratos e funciona como um antígeno, sendo útil
para diferenciar espécies de bactérias gram-negativas.

11.3.2 Estruturas Externas da Parede celular

Muitas células são capazes de se mover. Algumas bactérias têm ainda outros
componentes externos que são importantes para a sobrevivência em determinadas
condições presentes.
Entre as possíveis estruturas externas encontradas na parede extracelular dos
procariotos estão o glicocálice, os flagelos, as fimbrias e pili (Figura 45).

68
Figura 45 – Estruturas externas à parede celular

A. Glicocálice

Glicocálice é o termo geral usado para as substâncias que envolvem ascélulas. O


glicocálice bacteriano é um polímero viscoso gelatinoso que está situadoexternamente à
parede celular, sendo composto de polissacarídeo, polipeptídeo, ou porambos. Sua
composição química varia amplamente entre as espécies. Em grande parte éproduzido
dentro da célula, e secretado para a superfície celular.
Se a substânciaencontra-se organizada e firmemente aderida na parede celular, o
glicocálice édenominado de cápsula. Em certas espécies, as cápsulas são importantes
para acontribuição na virulência bacteriana, pois frequentemente protegem as
bactériaspatogênicas da fagocitose pelas células do hospedeiro.
O glicocálice é um componente muito importante dos biofilmes. Oglicocálice pode
auxiliar as células em um biofilme a se fixarem ao seu ambiente-alvo e umas às outras.
Por meio da fixação asbactérias podem crescer em diversas superfícies, como pedras em
rios, raízes de plantas,dentes humanos e animais, implantes médicos, canos de água e
até em outras bactérias (Figura 46).

69
cápsula

Streptococcussp(cárie)

Figura 46 – Colônia da bactéria Streptococcusspque utiliza da cápsula de seu biofilme


para se aderir ao esmalte dentário e provocar o aparecimento da cárie.

B. Flagelos

Flagelo significa chicote – longo apêndice filamentoso que serve para locomocão.

De acordo com a Figura 47, existem quatro tipos de arranjos de flagelos:


 monotríquio,
 anfitríquio,
 lofotríquio e
 peritríquio.

Monotriquio (um único flagelo polar).

Anfitriquio (um único flagelo em cada extremidade da célula).

Lofotriquio (dois ou mais flagelos em cada extremidade da célula).

Peritriquio (flagelos distribuídos por toda célula).

Figura 47 – Tipos de flagelos


C. Fímbrias e Pili

70
Muitas bactérias gram-negativas contêm apêndicesmais curtos, retos e finos que
os flagelos. São usados mais para a fixação e transferência de DNA que para mobilidade.
Essas estruturas são formadas por uma proteína denominada de pilina.
As fímbrias (Figura 48) podem ocorrer nos pólos da célula
bacteriana, ou podem estar homogeneamente distribuídas em
toda a superfície da célula. Podem variar de algumas
unidades a muitas centenas por célula. São envolvidas na
formação dos biofilmes, promovendo uma tendência a se
aderir às superfícies e umas às outras.

Figura 48 – Bactéria com suas fímbrias de locomoção.


Os pili(Figura 49) são geralmente mais longos que as
fímbrias e ocorrem de um a dois por célula. Os piliestão
envolvidos na mobilidade celular e na transferência de DNA,
em um processo chamado de conjugação. O
compartilhamento de DNA pode adicionar uma nova função
à célula receptora, como a resistência a um antibiótico.
Figura 49 – Bactéria com seus pili fazendo conjugação com outra bactéria.

11.3.3 Estruturas Internas à Parede celular

A. Membrana Citoplasmática

Localiza-se imediatamente abaixo da parede celular. A membrana citoplasmática é


o local onde ocorre a atividade enzimática e o transporte de moléculas para dentro e para
fora da célula. É muito mais seletiva a passagem de substâncias externas que a parede
celular.

 Composição química (Figura 50):

 Dupla camada de fosfolipídeos


 Proteínas: periféricas e integrais

71
Figura 50 – A membrana plasmática tem um arranjo de “mosaico fluido”: dupla
camada de fosfolipídeos, aonde as cabeças dos fosfolipídeos ficam voltadas para os
meios externo e interno da célula e as caudas ficam voltadas uma para a outra. As
proteínas podem ser fixas como as integrais ou móveis como as periféricas.

 Funções da membrana:

 Ancoragem de proteínas à sítio de muitas proteínas envolvidas no transporte, na


bioenergética e na quimiotaxia
 Barreira de permeabilidade que impede o extravasamento e atua como porta de
entrada e saída de nutriente

B. O movimento de materiais através das membranas

Os materiais se movem através das membranas plasmáticas de ambas as células


procarióticas e eucarióticas por dois tipos de processos: passivo e ativo (Figura 51).

Figura 51 – Transporte Passivo e transporte Ativo


72
B.1 Transportes Passivos

Este tipo de transporte ocorre sem gasto de energia e sempre a favor do gradiente
de concentração.
Tipos: Difusão simples, Difusão facilitadae Osmose.

B.1.1 Difusão Simples


A difusão simplesé a rede de movimento das moléculas e dos íons de uma área de
alta concentração para uma área de baixa concentração. O movimento continua até que
as moléculas ou íons estejam distribuídos uniformemente (Figura 52).

Figura 52 - Passagem da substância do meio de alta concentração para o meio de


baixa concentração.
B.1.2 Difusão Facilitada
Na difusão facilitadaas proteínas integrais de membrana funcionam como canaisou
carregadores que facilitam o movimento de íons ou grandes moléculas através
damembrana plasmática (Figura 53).
Estas proteínas integrais são denominadas proteínastransportadoras ou
permeases. Nos eucariotos as proteínas transportadoras sãoespecíficas e transportam
somente moléculas específicas, geralmente de grande tamanho,como açucares simples
(frutose, glicose) e vitaminas.
Em alguns casos, as moléculas que as bactérias necessitam são muito grandes
paraserem transportadas para a célula por estes métodos. Porém, a maioria das
bactériasproduz enzimas extracelulares que podem degradar as moléculas grandes em
moléculasmais simples (proteínas em aminoácidos, polissacarídeos em açucares simples)
e assimmovê-las para o interior da célula com o auxílio de transportadores.

73
Figura 53 – Passagem do soluto do meio externo que está com alta concentração
do soluto para o interior da célula que está com baixa concentração do soluto. Para
isto acontecer é necessário a ajuda de proteínas carregadoras da membran.

B.1.3 Osmose

Osmose é a passagem da água pela membrana plasmática, através da


bicamadalipídica por difusão simples ou através das proteínas integrais de membrana
chamadas deaquaporinas. A célula bacteriana pode estar sujeita a qualquer um dos três
tipos de soluções osmóticas: hipotônica, isotônica ou hipertônica (Figura 54).

A solução hipotônica fora da célula é um meio cuja concentração de solutos é


inferior ao interior da célula. Ocorre uma tendência de uma maior entrada de água ao
interior da célula para a manutenção do equilíbrio osmótico. A maioria das bactérias vive
em soluções hipotônicas, e a parede celular resiste à osmose e protege a célula da lise.

Uma solução isotônica é um meio no qual a concentração dos solutos


extracelulares se iguala com aquela encontrada dentro da célula. A água entra e sai na
célula na mesma velocidade (sem alteração líquida), o conteúdo celular está em equilíbrio
com a solução do exterior extracelular.

Alguns antibióticos (como as penicilinas) danificam as paredes celulares


bacterianas, induzindo a lise celular. Isto ocorre porque o citoplasma bacteriano
normalmente contém uma concentração tão alta de solutos que, quando a parede é
enfraquecida, ocorre uma entrada adicional de água ao interior na célula bacteriana por
osmose. A parede celular danificada não consegue impedir o inchamento da célula e ela
se rompe (lise osmótica).

74
Solução hipertônica é um meio que contém maior concentração de solutos que de
dentro da célula. A maioria das células colocadas em meio hipertônico murcha e entra em
colapso ou plasmólise, pois a água sai da célula por osmose.

Tenha sempre em mente que os termos hipotônica, isotônica e


hipertônicadescrevem a concentração das soluções fora da célula, relativa à
concentração dentro da célula.

Figura 54–A: solução hipotônica; B: solução isotônica; C: solução hipertônica.

B.2 Transporte Ativo

Os processos ativos ocorrem quando a célula bacteriana encontra-se em um ambiente


com baixa concentração de nutrientes, fazendo com que a célula bacteriana tenha que
utilizar processos ativos para acumular as substâncias necessárias.

O movimento de uma substância por transporte ativo geralmente ocorre de fora para
dentro, mesmo que a concentração seja muito maior no interior da célula. Ao realizar o
transporte ativo, a célula utiliza energia na forma de Trifosfato de Adenosina (ATP) para
mover as substâncias através da membrana plasmáticas (Figura 55). Entre as
substâncias ativamente transportadas estão os íons (Na, K, H, Ca e Cl), os aminoácidos e
os açúcares simples. Embora essas substâncias também possam ser movidas para
dentro da célula por processos passivos, sua movimentação por processos ativos pode ir
contra o gradiente de concentração, permitindo a célula acumular o material que
necessita.

75
Figura 55 – Transporte ativo de Na+ e K+.

76
CAPÍTULO XII: Crescimento Microbiano

12.1 Introdução

No reino animal, as células existem em um ambiente constante e quase ótimo;elas


estão banhadas em uma solução isotônica que é mantida em pH e temperatura
adequados. Diferentemente, os micróbios estão em contato íntimo com um ambiente que
pode mudar de repente e tornar-se ameaçador; portanto, não devemos ficar surpresos
como fato de que a maioria dos microorganismos desenvolveu um conjunto de
mecanismos para enfrentar estresses e mudanças ambientais.
Quando abordamos o tema crescimento microbiano, estamos nos referindo ao
número de células, não ao tamanho delas.
Os fatores necessários para o crescimento microbiano podem ser divididos em
duas categorias principais: físicos e químicos. Os fatores físicos incluem temperatura e
pH. Os fatores químicos são vários, mas abordaremos o oxigênio.

12.2 Curva de crescimento microbiano

O crescimento dos microrganismos descreve uma curva caracterizada por quatro


fases: latencia (lag), exponencial (log), estacionária e morte ou autolítica (Figura 56).

Figura 56 – Fases da Curva de Crescimento Microbiano.


77
 FASE LAG – Fase de adaptação – pouca ou ausência de divisão celular. Mais
ou menos 1h em estado de latência, com intensa atividade metabólica;
Quando os microrganismos encontram as condições ideais para a sua
multiplicação, dá-se o fim da fase de latência e inicia-se a fase logaritmica (log),também
conhecida como fase exponencial, por se tratar de um crescimento em progressao
geometrica. Uma célula bacteriana se divide e da origem a duas outras e assim
sucessivamente (2n).
Se desejarmos produzir alimentos a partir de microrganismos, devemos então
oferecer todas as condições ideais para que estes passem o menor tempo possível na
fase de latência (lag), entrando imediatamente na fase logarítmica (log). Ao contrario, se
desejarmos conservar o alimento, devemos evitar a multiplicação, dando condições
desfavoráveis a multiplicação.
 FASE LOG – É caracterizada pelo crescimento acelerado e a predominância
de células jovens que apresentam seu máximo potencial metabólico. Com o aumento
populacional poderá haver esgotamento de nutrientes e/ou alta concentração de
metabólitos tóxicos que limitará a multiplicação, pondo fim a fase de crescimento
exponencial, ou seja, a fase logaritmica.
 FASE ESTACIONÁRIA - É caracterizada por células velhas, mais resistentes
a condições adversas, podendo em alguns casos se esporular. Nessa fase, o número de
células viáveis e igual ao número de células inviáveis.
 FASE EM DECLÍNIO -Com o aumento da adversidade do meio, essas
células morrem em ritmo acelerado (fase de declínio, destruição ou morte), dando fim ao
ciclo microbiano.

12.3 Fatores Físicos

12.3.1 Temperatura

A maioria dos microorganismos cresce bem nas temperaturas ideais para os seres
humanos e animais. Contudo, certas bactérias são capazes de crescer em extremos de
temperatura que certamente impediriam a sobrevivência de quase todos os organismos
eucarióticos.
Cada espécie bacteriana cresce a uma temperatura ótima específica. A
temperatura ótima de crescimento é a temperatura na qual a espécie cresce melhor.
78
Os microorganismos são classificados em três grupos principais (Figura 57), com
base em sua faixa preferida de temperatura: os psicrófilos, que crescem em baixas
temperaturas, os mesófilos, que crescem em temperaturas moderadas; e os termófilos,
que crescem em altas temperaturas.

Figura 57 – Classificação dos microorganismos de acordo com a temperatura.

A refrigeração é o método mais comum de preservação dos alimentos e tem como


base o princípio de que as velocidades de reprodução microbiana decrescem nas baixas
temperaturas, podendo ficar totalmente dormentes em temperaturas próximas do
congelamento. A temperatura dentro de um refrigerador bem ajustado retardará muito o
crescimento da maioria dos organismos deteriorantes, impedindo o crescimento da maior
parte das bactérias patogênicas.

12.3.2 pH

Os organismos devem manter um equilíbrio constante entre ácidos e bases para


permanecer saudável. Se uma concentração particular de ácido ou base é muito alta ou
muito baixa, as enzimas mudam de forma e não promovem de maneira eficiente as
reações químicas dentro da célula.
A maioria das bactérias cresce melhor em uma faixa estreita de pH perto da
neutralidade, entre 6,5 e 7,5. Poucas bactérias crescem em um pH ácido abaixo de 4.
Essa é a razão pelas quais muitos alimentos como o chucrute, picles e muitos queijos são
protegidos da deterioração pelos ácidos produzidos pela fermentação bacteriana.

79
No entanto, algumas bactérias chamadas de acidófilas, são resistentes a acidez.
Ex.Helicobacterssp., bactéria responsável por gastrite aguda, úlceras (gástricas e
duodenais),dor abdominal e até câncer no homem e animais.

12.4 Fator Químico - Oxigênio

Estamos acostumados a pensar no oxigênio (O2) como um elemento necessário


para a vida, mas, em algumas circunstâncias, esse elemento pode ser considerado um
gás tóxico.
Houve pouco oxigênio na atmosfera durante a maior parte da história da
terra,sendo bem possível que a vida não tivesse surgido se houvesse oxigênio. Contudo,
muitas formas comuns de vida têm sistemas metabólicos que requerem oxigênio para a
respiração aeróbica.
Os microorganismos que utilizam o oxigênio molecular (aeróbicos) produzem mais
energia a partir dos nutrientes que os microorganismos que não utilizam o
oxigênio(anaeróbicos).

12.4.1 Classificação

 Os microorganismos capazes de utilizar o oxigênio molecular para produzir


energia, por isso, necessitam desta molécula para sua sobrevivência são chamados
aeróbicos obrigatórios.
 Os aeróbicos obrigatórios têm uma desvantagem já que o oxigênio é pouco solúvel
na água, fazendo com que muitas bactérias desenvolvam ou mantenham a capacidade de
continuar a crescer na ausência de oxigênio. Tais microorganismos são chamados de
anaeróbicos facultativos. Ex.: Escherichia coli
Em suma, os anaeróbicos facultativos podem utilizar o oxigênio quando ele está
presente, mas são capazes de continuar a crescer utilizando a fermentação ou respiração
anaeróbica quando o oxigênio não está disponível. Contudo a sua eficácia em produzir
energia é reduzida na ausência do oxigênio.
 Os anaeróbicos obrigatórios são bactérias incapazes de utilizar o oxigênio
molecular para as reações produtoras de energia. De fato, sendo prejudicial para muitos
deles. Ex.: Gênero Clostridium que provocam doenças como o tétano e o botulismo e os
gêneros de bactérias ruminais.

80
 Os anaeróbicos aerotolerantes não podem utilizar o oxigênio para
crescimento,mas o toleram relativamente bem. Ex.: Lactobacilos utilizados na produção
de alimentos ácidos fermentados, como queijos e picles.
 Poucas bactérias são microaerófilas, as quais requerem oxigênio, mas só
crescem em concentrações de oxigênio inferiores a do ar. Em um tubo teste de meio
nutritivo sólido, essas bactérias crescem apenas no fundo, onde somente pequenas
quantidades de oxigênio difundiram-se no meio.

12.5 Bactérias Ruminais

Os principais microorganismos encontrados no rúmen e que são responsáveis em


grande parte pela fermentação são as bactérias.
A maioria é composta por bactérias anaeróbias obrigatórias, podendo ser
encontradas algumas anaeróbicas facultativas.
Estas bactérias são classificadas de acordo com o substrato que elas degradam.
Exs:
Bactérias Degradação - Substrato Dieta
Celulolíticas Celulose Forrageiras
(enzima celulase) Celobiose
Hemicelulolíticas Hemicelulose Forrageiras
Pectinas
Amilolíticas Amido Ração rica em grãos
(enzima amilase) como milho e sorgo
Utilizadoras de Açucares Glicose, maltose, Cana-de-açúcar,
simples sacarose melaço, milho
Proteolíticas Proteínas Farelo de soja, alfafa,
farelo de algodão, farelo
de amendoim
Lipolíticas Triglicerídeos e outros Caroço de algodão, grão
(enzima lipase) lipídeos de soja, megalac
(gordura protegida)

81
CAPÍTULO XIII: Fungos

13.1 Introdução

Você já ouviu falar em mofos ou bolores?

Eles são formados pelos fungos que, em certas condições, crescem em paredes,
na roupas, nos sapatos, no pão, nas frutas, nas verduras.

Você sabe o que são micoses?

São as doenças também causadas por fungos. As frieiras dos dedos dos pés e a
monilíase ou "sapinho" são exemplo de micoses que ocorrem em seres humanos. Mas
eles também causam doenças em outros animais e nas plantas, por exemplo, incluindo
espécies cultivadas.E quanto aos champignons, que são cogumelos comestíveis muito
apreciados em certos pratos? Você já os experimentou?

Os fungos apresentam as seguintes características:

 Eles têm vida livre ou não, e são encontrados nos mais variados ambientes,
sobretudo em lugares úmidos e ricos em matéria orgânica.
 Os fungos são seres vivos sem clorofila, e podem ser unicelulares como as
leveduras ou pluricelulares, como o cogumelo.
 A parede celular de suas células apresentam açúcar quitina que torna a parede
mais rígida.

Os fungos pluricelulares geralmente apresentam hifas - filamentos que se entrelaçam


formando uma rede denominada micélio.

As hifas, que formam a maioria dos fungos pluricelulares, crescem e vivem escondidas
sob o solo, sob a casca do tronco de árvore ou sob a matéria orgânica, isto é, restos de
seres vivos.

82
No cogumelo-de-chapéu, o micélio apresenta em seu "chapéu" muitas hifas férteis,
produtoras de esporos - unidades relacionadas com a reprodução desses fungos.

13.2 Como os fungos obtem alimento?

Os fungos não possuem clorofila, são heterótrofos, portanto não são capazes de
produzir o seu próprio alimento. Eles podem ser decompositores, parasitas ou viver
associados a outros seres, conforme você verá a seguir.

Decompositores

Os fungos, ao se alimentares, retiram dos restos de plantas e animais a matéria


orgânica que é aproveitada pelo seu organismo. Ao fazer isso, eles decompõem, ou seja,
apodrecem a matéria orgânica. Um tomate apodrecido, por exemplo, vai ficando "oco" a
medida que a sua matéria vai sendo decomposta pelos fungos.

83
Parasitas

Os fungos parasitas vivem à custa de outros seres vivos, provocam doenças em


plantas e animais. Nas plantas, algumas das doenças mais conhecidas são a "ferrugem"
do café, do feijão e do trigo o "carvão" da cana-de-açúcar; e a "murcha" do algodão.

Os fungos são capazes de penetrar na camada de celulose que protege as plantas.


Alguns destroem a substância responsável pelo enrijecimento do tronco e do caule das
plantas.

Micoses - As doenças provocadas por fungos são conhecidas como micoses.


Entre as que podem acometer o ser humano, podemos citar o "sapinho", comum na boca
de bebês, e as frieiras nos pés. Há micoses que atacam órgãos internos, por exemplo, os
pulmões, e podem provocar a morte do indivíduo.
Os fungos podem infectar a nossa pele e multiplicar-se causando as micoses. Para
ocorrer essa multiplicação, são necessárias condições que favoreçam a ação dos fungos:
a umidade e o calor, comuns nas virilhas, entre os dedos (principalmente os dos pés) e no
couro cabeludo; dessas regiões os fungos podem espalhar-se por outras áreas do corpo.

Como evitar as micoses

 Lavar-se com água e sabão, pois a higiene á a melhor maneira de prevenção.


 Evitar calor e umidade em áreas de dobra de pele: enxugá-las bem após o banho;
não ficar muito tempo com roupas de banho úmidas (maiô e calção, por exemplo).
 Usar roupas leves e claras durante o verão.
 Evitar o uso contínuo de tênis, calçados de borracha ou sapatos apertados.

84
 Usar meias claras, limpas e bem secas.
 Manter as unhas curtas e limpas.

Os fungos e o meio ambiente


Assim como as bactérias, os fungos desempenham o papel de decompositores na
natureza. Como já vimos, os decompositores são fundamentais na manutenção do
equilíbrio natural dos ecossistemas: eles decompõem os cadáveres e os resíduos de
seres vivos (como fezes e urina), absorvendo somente uma parte para a sua nutrição.
O restante dos sais minerais resultantes da decomposição fica no ambiente.

Desse modo, os decompositores colaboram na reciclagem de materiais no solo e


na água e exercem um papel essencial nas cadeias e teias alimentares.

Associação de algas e fungos


Alguns fungos vivem associados à algas ou à cianobactérias. Essa associação,
o mutualismo, é vantajosa para ambos e recebe o nome de líquen.

Liquen na rocha

Importância econômica dos fungos

Cerca de duzentos tipos de cogumelos são usados na alimentação humana.


Algumas espécies são largamente cultivadas, como é o caso do
basidiomiceto Agaricuscampestris; ascomicetos como aMorchellaesculenta, depois de
secos, constituem finíssima iguaria.

Produção de pão

As leveduras são fungos microscópicos, utilizados desde a Antiguidade na


preparação de alimentos e bebidas fermentadas. O levedo Saccharomycescerevisiae,
85
empregado na fabricação de pão e de bebidas alcoólicas fermenta açúcares para obter
energia, liberando gás carbônico e álcool etílico. Na produção do pão é o gás carbônico
que interessa; as bolhas microscópicas desse gás, eliminadas pelo levedo na massa,
contribuem para tornar o pão leve e macio.

Produção de bebidas alcoólicas

A produção dos diferentes tipos de bebida alcoólica varia de acordo com o


substrato fermentado, com o tipo de levedura utilizada e com as diferentes técnicas de
fabricação. Por exemplo, a fermentação da cevada produz cerveja, enquanto a
fermentação da uva produz vinho. Depois da fermentação, certas bebidas passam por
processos de destilação, o que aumenta sua concentração em álcool. Exemplos de
bebidas destiladas são a aguardente, ou pinga, obtida a partir de fermentado de cana-de-
açúcar, o uísque, obtido de fermentados de cereais como a cevada e o centeio, e o
saquê, obtido a partir de fermentados de arroz.

Produção de queijos

Certos fungos são empregados na produção de queijos, sendo responsáveis por


seu sabor característico. Os fungos Penicilliumroqueforti e Penicilliumcamemberti, por
exemplo, são utilizados na fabricação de queijos tipos roquefort e camembert
respectivamente.

Penicilliumroqueforti (visto em microscópio eletrônico, colorido artificialmente)

86
Queijo Roqueforti

Fungos e produção de substâncias de uso farmacêutico

Foi do ascomiceto Penicilliumchrysogenum que se extraiu originalmente


a penicilina, um dos primeiros antibióticos a ser empregado com sucesso no combate a
infecções causadas por bactérias.

Certos fungos produzem toxinas poderosas, que vêm sendo objeto da pesquisa
farmacêutica. Muitos fungos produzem substâncias denominadas ciclopeptídios,
capazes de inibir a síntese de RNA mensageiro nas células animais. Basta a ingestão de
um único corpo de frutificação (cogumelo) do basidiomiceto Amanita phalloides, por
exemplo, para causar a morte de uma pessoa.

Um fungo muito estudado do ponto de vista farmacêutico foi o


ascomiceto Clavicepspurpurea, popularmente conhecido como ergotina. Foi dele que se
extraiu originalmente o ácido lisérgico, ou LSD, substância alucinógena que ficou famosa
na década de 1970.A ergotina cresce sobre grãos de cereal, principalmente centeio e
trigo. Cereais contaminados por ergotina causaram, no passado, intoxicações em massa,
com muitas mortes. Desde o século XVI as parteiras já conheciam uma propriedade
farmacêutica da ergotina: se ingerida em pequenas quantidades, acelerava as contrações
uterinas durante o parto.

87
CAPÍTULO XIV: Virus

Os vírus não são considerados organismos vivos porque só sobrevivem dentro


dascélulas hospedeiras. Diferem dos demais seres vivos pela ausência de organização
celular, por não possuírem metabolismo próprio e por necessitarem de uma célula
hospedeira. No entanto, quando penetram em uma célulahospedeira, o acido nucleico
viral torna-se ativo ocorrendo a multiplicação.

14.1 Características dos vírus


 Possuem um único tipo de ácido nucleico, DNA ou RNA.
 Possuem uma cobertura proteica, envolvendo o ácido nucleico.
 Multiplicam-se dentro de células vivas, usando a maquinaria de síntese das células.
 Parasitas obrigatórios apresentando incapacidade de crescer e se dividir
autonomamente.
 Replicação somente a partir de seu próprio material genético.

14. 2 Virion

Um virion é uma particula viral completa, composta por um meio ácido


nucleico,envolto por uma cobertura proteica que protege do meio ambiente e serve como
veiculo na transmissão de um hospedeiro para o outro. Os vírus são classificados de
acordo com as diferenças na estrutura desses envoltórios.
O acido nucleico dos vírus é envolvido por uma cobertura proteica chamada de
capsídeo. O capsídeo é formado por subunidades proteicas chamadas de capsômeros.
Em alguns vírus, o capsídeo é coberto por um envelopeque, consiste de uma
combinação de lipídios, proteínas e carboidratos. Os vírus cujos capsídeos não estão
cobertos por um envelope são conhecidos como vírus não-envelopados.

88
Exemplos de vírus

14.3. Classificação de acordo com a forma

 vírus poliédrico (cúbico): herpes, poliomielite


 vírus tubulares (helicoidal): vírus da gripe; caxumba
 vírus complexos: bacteriófago

14.4. Classificação de acordo com o virion


 vírus não envelopado: adenovírus, poliomielite
 vírus envelopado: herpes, gripe, HIV

Bacteriófagos

Os bacteriófagos podem ser vírus de DNA ou de RNA que infectam somente organismos
procariotos. São formados apenas pelo nucleocapsídeo, não existindo formas
envelopadas. Os mais estudados são os que infectam a bactéria intestinal Escherichia
coli, conhecida como fagos T. Estes são constituídos por uma cápsula protéica bastante
complexa, que apresenta uma região denominada cabeça, com formato poligonal,
envolvendo uma molécula de DNA, e uma região denominada cauda, com formato
cilíndrico, contendo, em sua extremidade livre, fibras protéicas.

89
A reprodução ou replicação dos bacteriófagos, assim como os demais vírus, ocorre
somente no interior de uma célula hospedeira.

Existem basicamente dois tipos de ciclos reprodutivos: o ciclo lítico e o ciclo


lisogênico. Esses dois ciclos iniciam com o fago T aderindo à superfície da célula
bacteriana através das fibras protéicas da cauda. Esta contrai-se, impelindo a parte
central, tubular, para dentro da célula, à semelhança, de uma microsseringa. O DNA do
vírus é, então, injetado fora da célula a cápsula protéica vazia. A partir desse momento,
começa a diferenciação entre ciclo lítico e ciclo lisogênico.

No ciclo lítico, o vírus invade a bactéria, onde as funções normais desta são
interrompidas na presença de ácido nucléico do vírus (DNA ou RNA). Esse, ao mesmo
tempo em que é replicado, comanda a síntese das proteínas que comporão o capsídeo.
Os capsídeos organizam-se e envolvem as moléculas de ácido nucléico. São produzidos,
então novos vírus. Ocorre a lise, ou seja, a célula infectada rompe-se e os novos
bacteriófagos são liberados. Sintomas causados por um vírus que se reproduz através
desta maneira, em um organismo multicelular aparecem imediatamente. Nesse ciclo, os
vírus utilizam o equipamento bioquímico(Ribossomo)da célula para fabricar sua proteína
(Capsídeo).

90
No ciclo lisogênico, o vírus invade a bactéria ou a célula hospedeira, onde o DNA
viral incorpora-se ao DNA da célula infectada. Isto é, o DNA viral torna-se parte do DNA
da célula infectada. Uma vez infectada, a célula continua suas operações normais, como
reprodução e ciclo celular. Durante o processo de divisão celular, o material genético da
célula, juntamente com o material genético do vírus que foi incorporado, sofrem
duplicação e em seguida são divididos equitativamente entre as células-filhas. Assim,
uma vez infectada, uma célula começará a transmitir o vírus sempre que passar por
mitose e todas as células estarão infectadas também. Sintomas causados por um vírus
que se reproduz através desta maneira, em um organismo multicelular podem demorar a
aparecer. Doenças causadas por vírus lisogênico tendem a ser incuráveis. Alguns
exemplos incluem a AIDS e herpes.

Sob determinadas condições, naturais e artificiais (tais como radiações ultravioleta,


raios X ou certos agentes químicas), uma bactéria lisogênica pode transformar-se em
não-lisogênica e iniciar o ciclo lítico.

Influenza A H1N1: A nova Gripe (Gripe suina)

Desde abril de 2009 os noticiários têm dado ênfase a uma nova gripe que,
segundo a Organização Mundial de Saúde, foi considerada uma pandemia, isto é, uma
doença que afeta um grande número de pessoas ocorrendo, praticamente, em todo o
mundo. Trata-se da gripe “A”, outrora denominada de gripe suína, uma vez que seu
causador, o vírus H1N1, fora isolado pela primeira vez num porco, em 1930. Com as
seguidas modificações em seu material genético, as chamadas mutações, o vírus
tornou-se capaz de vencer a barreira interespecífica e, agora, infecta também seres
humanos. Veja o quadro a seguir.

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O índice de mortalidade da doença oscila entre 0,2 e 0,4% dos casos, o que está
muito próximo da gripe clássica. Uma característica forte da gripe A é rápida instalação do
vírus nos pulmões, o que ocasiona complicações respiratórias que merecem atenção
especial, devido à severa insuficiência respiratória. Também podem ocorrer lesões graves
nos músculos, o que pode afetar os rins e o coração, com risco de morte. Como os
sintomas da gripe A se confundem com as de uma gripe comum, a procura por
atendimento médico deve ser imediata, assim que os sintomas gripais ocorrem e a
pessoa tem (ou teve) contato com pessoas que foram infectadas com o
vírus influenza A ou, ainda, que moram em locais com registro de casos da nova gripe.
Não é recomendado que a pessoa com sintomas passe 48 horas sem procurar
atendimento médico. O alerta deve ser levado ainda mais a sério, caso a pessoa esteja
inclusa em grupo de risco, que são:

* Idosos à Pessoas com mais de 65 anos apresentam maior vulnerabilidade de saúde em


decorrência da idade.

* Crianças com menos de dois anos de idade;


* Gestantes;
* Obesos à as pessoas obesas, frequentemente, apresentam dificuldades respiratórias;
* Pessoas doentes do coração, dos pulmões, dos rins, com hipertensão ou diabetes;
* Pessoas com imunidade reduzida como, por exemplo, quem faz quimioterapia ou
realizou algum transplante;
* Portadores de anemia falciforme.

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Referências Bibliográficas

Bibliografia Básica:

1. ALTERTHUM, Flavio; TRABULSI, Luiz Rachid. Microbiologia. 3. ed. São Paulo:


Atheneu, 2002.

2. ANDRIGUETTO, J. M; et al. Nutrição animal: as bases e os fundamentos da nutrição


animal. São Paulo: Nobel, 2002. v. 1.

3. BERG, J. M.; TYMOCZKO, John L; STRYER, Lubert. Bioquímica. 6. ed. Rio de


Janeiro: Guanabara Koogan, 2008.

Bibliografia Complementar:

1. BERTECHINI, A. G. Nutrição de monogástricos. Lavras: UFLA, 2006.

2. FONSECA, Adriana Rodrigues. Microbiologia médica. 3. ed. Rio de Janeiro:


Elsevier, 2005.

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