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As opiniões variam conforme o autor. cuidadosos estudos controlados para nos for-
Sem entrar nas controvérsias, podemos dizer necer respostas a estas questões. Nossas
que, em resumo, alguns indicam liberação de decisões são baseadas mais na experiência
todos os nervos a qualquer momento, na maio- clínica, em nossas impressões e em alguns
ria dos pacientes, e outros referem ser rara a ne- estudos retrospectivos. Com a finalidade de
cessidade de se intervir sobre um nervo, uma avaliar objetivamente e monitorar a função
vez que a melhora do quadro pode ser obtida nervosa, realizou-se um seminário em Karigiri
por tratamento clínico. Como de costume, a (India) em 1981 (PEARSON), do qual resultou
verdade deve estar em algum ponto entre estes um protocolo que achamos muito útil para
dois extremos. qualquer pessoa que deseja aventurar-se neste
Em nossa opinião, há lugar para a cirurgia terreno.
em determinados casos e locais. Desde que Pessoalmente, não temos a menor
sabemos que um dos fatores importantes na dúvida de que a cirurgia é de grande valor em
produção de neuropatia é a compressão intra e determinadas situações. Baseados em nossa
extraneural, a finalidade da cirurgia deve ser a experiência, adotamos as seguintes regras gerais
de reduzir ou eliminar a compressão. O edema para indicar cirurgia:
e a compressão intraneural respondem bem ao
tratamento com corticóide. Entretanto, se existe a) Abcesso de nervo: quando presente ou
a presença de um granuloma, as bainhas peri e existindo forte suspeita de sua presença, a
epineurais se encontram fibro-sadas e o drenagem cirúrgica está indicada(Fig. 12.1). A
episódio de edema agudo se torna sub-agudo bainha do nervo deve ser aberta longitu-
ou crônico. Nestes casos, podemos pensar dinalmente sobre o abcesso. Abre-se em
seriamente na liberação cirúrgica da bainha do seguida o epineuro, liberando-o ligeiramente
nervo, para diminuir a pressão intraneural em dos fascículos se possível. O material caseoso
algum grau. deve ser curetado ou raspado cuidadosamente.
Num nervo espessado, localizado numa Algumas vezes, haverá extrusão de um ou mais
zona anatômica com ligamentos externos ou fascículos, necróticos. Não devemos tentar
protuberâncias ósseas que limitem sua limpar completamente toda a cavidade sob o
expansão, e portanto causam compressão, fica risco de danificar fascículos íntegros. Se houver
mais clara a necessidade de uma liberação muita quantidade de cáseo e este for líquido,
cirúrgica. devemos deixar um dreno. Algumas vezes, será
Muitas das perguntas se referem a formada uma fistula que eventualmente fechará.
quando operar e até onde podemos ir durante a Caso não feche, podemos abrir e
cirurgia. Neste particular, ainda necessitamos
108 Tratamento cirúrgico da neurite hansênica
proceder a outra limpeza. Esta conduta é aguda recrudesce, freqüentemente com dor, mas
preferível a ser muito agressivo durante o des- não necessariamente. Novamente o mo-
brid amento inicial, causando mais dano ao nitoramento da função neural é fundamental,
nervo que já se encontra muito comprometido. mais do que o sintoma de dor. Devemos
Caso apresente-se abcesso de nervo lembrar que um nervo destruído raramente dói!
cutâneo sensitivo, podemos excisar toda a area Se tais episódios se seguem freqüente e
patológica uma vez que, geralmente, já existe persistente-mente, a descompressão cirúrgica
total perda de função deste nervo. poderá algumas vezes quebrar este ciclo. Como
na situação anterior, o uso de corticóide em
altas doses no período peri-operatório é muito
importante.
recobre o canal ulnar entre o epicôndilo medial com dois pontos de náilon 6/0 à fáscia da
e a epitróclea. Este é um dos passos origem dos flexores.
fundamentais nesta técnica, pois este ligamento A pele é suturada com pontos separados
é o principal responsável pela síndrome de de náilon 5/0 e aplica-se uma imobilização
compressão do nervo em questão. gessada envolvendo o braço, antebraço e mão,
A neurólise epineural deve ser feita com com o cotovelo em extensão de 110°, punho
auxílio de lupa cirúrgica, praticando-se uma neutro e metacarpofalangeanas em flexão de
incisão longitudinal na face anterior do nervo, 90°.
no trajeto de maior comprometimento. A imobilização é mantida por três
Para a execução da transposição anterior semanas, ao fim das quais se retiram os pontos e
subcutânea do nervo, devemos liberá-lo de seu inicia-se a fisioterapia para recuperar
leito em comprimento suficiente para que progressivamente a mobilidade articular.
deste ligamento, incluindo suas fibras mais Após hemostasia atenta, suturamos a pele
distais e sempre sob visão direta. com pontos separados de náilon 5/0. Aplica-se
Uma vez exposto o nervo mediano, uma imobilização gessada com o tornozelo
podemos realizar neurólise epineural no neutro e o pé em ligeira inversão.
segmento mais acometido, isto 6, onde o Após três semanas, retiramos a imobi-
epineuro se encontra opaco e espessado. lização e iniciamos a fisioterapia para recuperação
Recomendamos o uso de lupa cirúrgica e mate- das amplitudes articulares.
rial delicado para este momento da cirurgia.
A pele é suturada com náilon 5/0 e aplica- Descompressão do nervo fibular comum
se uma imobilização gessada com punho em junto ao colo da fibula
ligeira flexão, envolvendo o antebraço e mão.
A imobilização é retirada ao fim de três A anestesia é semelhante a descrita
semanas e inicia-se a fisioterapia para recu- anteriormente e a incisão sugerida está na Fig
peração da mobilidade articular. (12.8). Após incisar a pele e os planos profundos,
atingimos imediatamente o nervo fibular comum.
Descompressão do nervo tibial posterior O processo de descompressão compreende a
neurólise epineural, com os cuidados descritos
Pode-se utilizaranestesia local infiltrativa anteriormente, na extensão de maior
com lidocaína a 1% ou, preferencialmente, comprometimento do nervo. E muito importante
anestesia raquidiana. 0 uso de torniquete é a liberação da arcada fibrosa de origem dos
opcional neste último caso. músculos peroneiro longo e curto, por onde o
Incisa-se a pele de acordo com o nervo fibular comum passa em direção distal na
desenho (Fig. 12.7) e procede-se à incisão dos perna, antes de aprofundar.
planos mais profundos até atingir as fibras do A incisão é suturada com pontos separados
ligamento do tarso. Este deve ser totalmente de náilon 5/0.
incisado, atingindo-se o plano do feixe A imobilização gessada que se segue deve
vásculo- nervoso. incluir a metade da coxa e toda a perna e pé, com
Procede-se então a cuidadosa dissecção tornozelo em neutro e joelho em ligeira flexão. A
do nervo tibial, tendo-se em conta suas relações imobilização também pode ser retirada ao fim de
com a artéria tibial e o extenso plexo venoso três semanas, iniciando- se a fisioterapia para
existente nesta regido. A dissecção deve recuperação da mobilidade articular.
progredir proximalmente acima do maléolo
medial e distalmente até a divisão do nervo em Pós-operatório
seus ramos plantar medial e plantar lateral.
Um ponto importante de des- Os cuidados no pós-operatório em
compressão é o da entrada deste ramo por qualquer caso de descompressão compreende
baixo da origem do músculo abdutor do hálux, repouso do membro elevado, uso de analgésicos
onde existe uma arcada fibrosa que deve ser e, particularmente, o uso de prednisona em
incisada parcialmente, até a perfeita liberação
dos dois ramos.
114 Cirurgia Reparadora e Reabilitação em Hanseníase
doses de 1mg/kg durante três semanas, reti- do nervo ulnar, uma fixação angu lida do
rando-se progressivamente 5 mg por semana nervo na porção anterior do antebraço pode
após este período inicial. causar dor e alterações funcionais, que podem
O seguimento destes casos inclui o exame até requerer uma reintervenção para desfazer
de força motora e mapeamento sensitivo este ângulo prejudicial. Isto pode ser evitado
periódico, geralmente mensal nos primeiros seis se, durante a cirurgia, o cirurgião tiver o
meses, passando após a semestral e poste- cuidado de posicionar adequadamente o nervo
riormente anual. ulnar transposto, num trajeto harmônico e sem
angulações.
Complicações A mais grave complicação da descom-
pressão neural é a perda total de funcionalidade
Entre as complicações, salientamos a do nervo por lesão dos fascículos. Isto pode
formação de hematoma no pós-operatório ocorrer no caso de neurólise intempestiva, com
imediato. Este pode ser evitado por uma uso de material inadequado e, principalmente,
meticulosa hemostasia durante a cirurgia e, mais sem o uso de lupa cirúrgica. Devemos lembrar
raramente, pelo uso de drenos nos casos em que que o processo inflamatório tende a alterar
o cirurgião, durante o ato operatório, julgue substancialmente a anatomia fascicular do
necessário. nervo, e toda a cautela deve ser tomada ao se
Particularmente no caso da transposição proceder à descompressão epineural. O
cirurgião menos avisado poderá estar lesando
talvez os poucos fascículos funcionantes em um
nervo já severamente comprometido. Portanto,
se o quadro cirúrgico de um nervo se apresentar
extremamente alterado e com intensa fibrose,
muitas vezes é mais benéfico ao paciente
proceder-se apenas à liberação dos ligamentos
constritores (o ligamento do tarso ou o de
Osborne, por exemplo) do que tentar uma
epineurolise que poderá trazer resultados
desastrosos.
Por último, lembramos que o stress
cirúrgico poderá desencadear um quadro
reacional nestes pacientes, daí a necessidade de
se utilizar rotineiramente corticóides no pós-
operatório e, principalmente, acompanhar
clinicamente este paciente no pós-operatório
imediato.
Fig.12.8 Incisão para abordagem do nervo fibular comum.
Tratamento cirúrgico da neurite hansênica 115
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