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Interação em Psicologia, 2009, 13(1), p.

131-145 131

“Habilidades” e “Competências” a Desenvolver na Capacitação de Psicólogos:


Uma Contribuição da Análise do Comportamento para o
Exame das Diretrizes Curriculares

Glauce Carolina Vieira dos Santos


Universidade de São Paulo
Nádia Kienen
Juliane Viecili
Universidade do Sul de Santa Catarina
Silvio Paulo Botomé
Olga Mitsue Kubo
Universidade Federal de Santa Catarina

RESUMO
Em qualquer profissão a qualidade da intervenção dos profissionais está relacionada com as
aprendizagens desenvolvidas no processo de sua capacitação profissional. No caso da Psicologia, as
Diretrizes Curriculares Nacionais constituem orientações para o planejamento da capacitação de
psicólogos no país. Examinar as proposições presentes nesse documento parece ser um ponto
de partida para a identificação dos limites e das possibilidades da capacitação de futuros psicólogos.
Os conceitos de “competência” e “habilidade” foram examinados à luz do conhecimento existente
sobre a noção de “comportamento”. Ambos são termos que, tanto na literatura quanto nas Diretrizes
Curriculares, são polissêmicos e pouco precisos. Além disso, as próprias proposições que orientam as
aprendizagens a serem desenvolvidas são explicitadas por meio de expressões comumente genéricas e
imprecisas. Os conceitos de comportamento e de decomposição de comportamentos complexos, bem
como as relações entre conhecimento, comportamento, necessidades sociais, possibilidades de
atuação, objetivos de ensino, competências e habilidades necessitam estar suficientemente
esclarecidos. Somente assim, gestores de cursos, professores e demais envolvidos no processo de
ensino de graduação poderão planejar e administrar condições de ensino que possibilitem o
desenvolvimento das “competências” constituintes da profissão de psicólogo.
Rcncxtcu/ejcxg: diretrizes curriculares; ensino superior; comportamentos profissionais do psicólogo;
conhecimento e capacitação em psicologia; competências do psicólogo.

ABSTRACT
“Abilities” and “Competences” to be Developed in the Psychologists’ Training:
a Contribution of the Behavior Analysis for Curriculum Guidelines Exam
In any profession, the quality of the professionals’ intervention is related to the learning developed in
the process of his/her professional training. In Psychology, the National Curriculum Guidelines
comprise a set of rules to determine the psychologists’ training in the country. Examining the present
propositions of this document seems to be a starting point for the identification of the limits and
possibilities of the future psychologists’ training. The “competence” and “ability” concepts were
examined in the light of the existing knowledge about the concept of “behavior”. These terms, both in
the literature and in the Curriculum Guidelines, may have several different connotations or be
imprecise. Besides, these propositions that guide the learning development are commonly explained
through generic and vague expressions. The concepts of behavior and decomposition of complex
behaviors, as well as the relationship among knowledge, behavior, social needs, possibilities of
performance, teaching objectives, competences and abilities need further clarification. This is the only
way that courses coordinators, teachers and others who are involved in the education process will be
able to plan and coordinate the learning processes that will develop the necessary competencies in
Psychology.
Mg{yqtfu: curricular guidelines; higher education; the psychologist’s professional behaviors;
knowledge and training in psychology; the psychologist’s competences.
132 Glauce Carolina Vieira dos Santos; Nádia Kienen; Juliane Viecili; Silvio Paulo Botomé & Olga Mitsue Kubo

Desde a implantação da Lei de Diretrizes e Bases “nova”. O conhecimento científico, a conceituação


(LDB) para a Educação (Ministério da Educação, atualmente disponível e a tecnologia já existente ainda
1996), diferentes autores examinam possibilidades de não parecem estar suficientemente presentes para
alterações na capacitação de nível superior em diver- orientar o desenvolvimento do ensino nessa direção.
sos campos de atuação profissional. Uma das exigên- Ao indicar o “ensino de competências”, há muito a
cias imposta na LDB foi instituir Diretrizes Curricula- considerar para efetivamente ir além do “ensino de
res para todos os cursos de graduação, de acordo com conteúdos”.
as concepções de ensino e de educação defendidas
pelo Ministério da Educação. Entre as características “Competência” e “habilidade”: implicações de
presentes nas Diretrizes Curriculares, a utilização dos diferentes usos dos dois conceitos em contextos
conceitos de “competência” e “habilidade” como refe- variados
rência a determinados aspectos da capacitação profis-
Historicamente, a palavra “competência” é utiliza-
sional do psicólogo ganhou destaque. Orientadas por
da em diferentes contextos e como referência a diver-
esses dois conceitos deveriam ser realizadas alterações
sos fenômenos. De acordo com Isambert-Jamati
nos cursos de graduação em Psicologia, adequando a
(1997), o termo “competência” e outros relacionados a
capacitação dos futuros profissionais às necessidades
da sociedade. Entretanto, para que essa capacitação ele (competir, competente etc.) constituíam, na Idade
ocorra efetivamente, os termos “competência” e “ha- Média, parte do vocabulário jurídico. Cabia aos juris-
bilidade”, bem como os fenômenos aos quais eles se tas de determinada instância atribuir competência (no
referem, necessitam ser esclarecidos e definidos com sentido de “responsabilidade”, “atribuição” ou “pa-
maior precisão ou até mesmo substituídos por outros pel”) a um tribunal para execução de certos atos. A
mais precisos como delimitação das condutas profis- palavra “competência”, entretanto, passou a ser utili-
sionais a serem desenvolvidas nesses cursos. zada em outros contextos, desde empresas, direta-
mente relacionadas com o trabalho de executivos
A proposta das Diretrizes Curriculares que possi-
(Isambert-Jamati, 1997), até escolas, referindo-se ao
bilitaria ir além do “ensino de conteúdos” (ou infor-
trabalho de produção de aprendizagens (Perrenoud,
mações) não é nova. Desde o início da década de
1999) e em referência a diferentes fenômenos.
1960, Freire (1975, 1976) já questionava o conceito de
ensino como algo que se reduzia a informações sobre “Competência” e os termos relativos a ela ficaram
o conhecimento existente ou como algo que se depo- progressivamente polissêmicos (Isamberti-Jamati, 1997;
sitava nos alunos (concepção bancária, nas palavras Perrenoud, 1999; Pucci, 2000; Ropé, 1997; Ropé &
daquele autor). Quase cinco décadas depois, ainda Tanguy, 1997; Stroobants, 1997; Tanguy, 1997a).
permanece uma forte influência das concepções ques- Essa polissemia, por sua vez, produziu ambiguidade
tionadas por Paulo Freire. Em 2007, por exemplo, desses termos em relação à descrição dos fenômenos
Sayão (2007) relembrava que não se “ensina o conhe- aos quais eles se referem ou podem referir. Isamberti-
cimento” (como produto), ensina-se a “lidar com o Jamati (1997), ao examinar artigos publicados sobre
conhecimento” e, portanto, é necessário ensinar a competência em uma revista francesa, nos períodos de
conhecer e a transformar conhecimento em ação. Em 1972 a 1975 e de 1990 a 1993, descobriu que, mesmo
contraste com o que era uma intuição e uma técnica de com um intervalo de aproximadamente 20 anos entre
alfabetização de adultos para Paulo Freire, existe, os dois períodos de publicação examinados, a palavra
decorridos quase 50 anos, uma enorme quantidade de “competência” era utilizada com muitos termos equi-
conhecimento científico e tecnologia dele derivada a valentes e em diferentes contextos.
respeito desse processo de transformação do conheci- Eventos, fenômenos ou objetos podem ser defini-
mento em capacidade de atuação. dos de distintas maneiras, considerando desde aspec-
As Diretrizes Curriculares para os cursos de Psi- tos topográficos até funcionais. Também podem ser
cologia são, de certa forma, uma contribuição para definidos com ênfase em parte de suas características,
orientar o trabalho de ensino superior nesse campo de nucleares ou periféricas, ou exclusivamente por ape-
atuação profissional, mas ainda com visibilidade par- nas uma das partes dessas características. Definir de
cial a respeito do que exatamente é necessário ser uma ou outra maneira depende dos objetivos e do que
mudado e o que precisa ser feito. Os conceitos e a será definido (Copi, 1978). No caso da palavra “com-
terminologia usados nesse documento ainda misturam petência”, há ênfase na sua utilização como critério
concepções antigas com uma proposição de direção avaliativo e também como referência à capacidade de

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realizar determinadas tarefas de maneira eficaz. Por zar os fenômenos em relação aos quais o termo “com-
exemplo, para Moscovici (1981), Llobera e cols. petência” é utilizado.
(1995), Pierce (1995), Isamberti-Jamarti (1997), Essas diferentes definições que caracterizam a po-
Perrenoud (1999, 2000), Pucci (2000), Francisco lissemia da palavra “competência” são condição para
(2003) e Klüsener (2004), “competência” não está nas a existência de confusões entre esse termo e outros
ações nem nas características das pessoas e sim na relacionados a ele. Por exemplo, quanto à palavra
qualidade daquilo que é realizado. Quanto mais eficaz “habilidade”, há confusão na literatura quando “com-
é uma ação, mais competentes as pessoas são ou mais petência” é utilizada como sinônimo de ações. Klüsener
“competência” elas têm. Nesse tipo de definição, a (2004) define “habilidade” como conjuntos de com-
principal característica ressaltada é a avaliação da portamentos discretos e observáveis e “competência”
qualidade (ou da eficácia) do desempenho de um indi- como o grau de eficiência desses comportamentos.
víduo e essa avaliação é dependente da percepção de Essa definição de “habilidade”, entretanto, é seme-
outros ou de convenções de algum tipo sobre as lhante às definições examinadas por Stroobants (1997)
características desse desempenho. O destaque está nos e Tanguy (1997a), para “competência” como referên-
efeitos das ações de alguém sobre determinado con- cia a atividades realizadas por alguém. Isso significa
texto ou situação, mais do que nas características de que ora “habilidade” e “competência” podem ser utili-
forma dessas ações. zadas como sinônimos referentes a um mesmo fenô-
Em outras definições, entretanto, a ênfase está nas meno, ora como conceitos distintos, dificultando, as-
características mais relacionadas com a topografia do sim, uma delimitação clara e exata sobre a que cada
desempenho do indivíduo. Mais especificamente, o um desses dois conceitos faz referência.
aspecto principal se refere às ações desse indivíduo e Confusões entre “habilidade” e “competência”
é por meio da identificação dessas ações que as “com- também são encontradas em Pucci (2000). Esse autor,
petências” são identificadas. Para Tanguy (1997b), ao examinar “competências” relacionadas com a efi-
embora haja diferentes definições para “competência”, cácia do trabalho gerencial, afirma que as competên-
em grande parte das vezes a identificação dessas cias são analisadas sob a forma de conhecimentos e
“competências” é restrita a uma classificação e descri- habilidades. Pucci (2000) complementa essa afirma-
ção de atividades. De maneira semelhante, Stroobants ção argumentando que “(...) o conhecimento forma a
(1997), ao examinar características de competências compreensão. As habilidades apropriadas aplicam a
exigidas para determinados postos de trabalho em compreensão. A eficácia gerencial é produto de am-
organizações, argumenta que a utilização de critérios bos.” (p. 79). Nessas afirmações de Pucci (2000) há
pouca clareza do que seja “competências”, “habilida-
imprecisos para delimitar essas competências resulta
des”, “conhecimentos” e “compreensão” e sobre como
em uma listagem restrita de tarefas a serem realizadas
poderiam, juntos, constituir um produto.
em determinados cargos ou postos de trabalho. Ge-
ralmente elas são precedidas da expressão “cabe a Na Psicologia e, mais especificamente na literatura
‘alguém’ fazer (ou realizar)...”. Nesses casos, a pala- sobre “treinamento em habilidades sociais (THS)”, as
vra “competência” é usada no sentido de “o que cabe características da definição de “competência” e de
a alguém fazer no âmbito de um cargo, papel, posto “habilidade” são parcialmente semelhantes àquelas
ou equivalente”, delimitando a responsabilidade, encontradas sobre a noção de “competência” presente
inclusive legal, do que alguém deve realizar como na literatura relacionada com Educação e Trabalho.
parte de suas obrigações. “Competência” e “habilidade” são utilizadas em refe-
rência às características do desempenho e das relações
Além de definições relacionadas a características sociais entre indivíduos. A polissemia desses termos é
topográficas e funcionais dos eventos agrupados sob a destacada por diferentes autores como Caballo (1996),
denominação “competência”, outras definições são Bolsoni-Silva, Del Prette e Del Prette (2000), Bolsoni-
expressões ambíguas e vagas. É o caso, por exemplo, Silva (2002) e Del Prette e Del Prette (2001a, 2002b),
de Gallart e Jacinto (1997), que argumentam que a ora enfatizando aspectos topográficos do desempenho
palavra “competência”, utilizada no contexto do tra- de uma pessoa, ora aspectos funcionais. Esses autores
balho, é definida como “(...) situada na metade do também ressaltam a utilização desses dois conceitos
caminho entre os saberes e as habilidades concentra- como sinônimos e a necessidade de esclarecimento de
das: a competência é inseparável da ação, mas exige, cada um deles.
por sua vez, conhecimento” (p. 84). A utilização de Na literatura sobre THS, “habilidades” são defini-
analogias e metáforas dificulta identificar e caracteri- das como comportamentos ou conjunto de comporta-
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mentos que caracterizam determinado desempenho do Como são termos historicamente vagos e polissêmicos
indivíduo. As “habilidades sociais” são definidas de é provável que a substituição por outros mais precisos
acordo com os comportamentos ou conjunto de com- torne também as orientações para capacitação de psi-
portamentos que caracterizam o desempenho social cólogos no país mais precisas. Avaliar a necessidade
desse indivíduo. Já “competência” e, mais especifica- de substituí-los ou pelo menos delimitá-los com preci-
mente “competência social”, está relacionada com o são é mais do que um exercício de retórica ou precio-
caráter avaliativo desse desempenho social, de acordo sismo de linguagem. Significa explicitar com maior
com critérios de (1) consecução dos objetivos da precisão os fenômenos referentes a eles e descobrir
interação; (2) manutenção ou melhora de autoestima; conceitos mais efetivos nesse processo de orientação
(3) manutenção ou melhora da qualidade da relação e da capacitação profissional.
(4) equilíbrio entre ganhos e perdas entre os integran- A noção de comportamento operante como refe-
tes da relação (Bolsoni-Silva, Del Prette & Del Prette, rencial para a explicitação do que será ensinado para
2000; Bolsoni-Silva, 2002; Caballo, 1996; Del Prette capacitação de psicólogos no país.
& Del Prette, 2001a, 2001b, 2002a, 2002b, 2005;
Uma das possibilidades de substituição das pala-
Falcone, 2000, 2001). Essas definições de “competên-
vras “competência” e “habilidade” nas Diretrizes Cur-
cia” e “habilidade” presentes na literatura sobre THS
riculares é a utilização do termo “comportamento”
são semelhantes àquelas presentes na literatura sobre a
como orientação mais precisa sobre aquilo que será
“noção de competência” em Educação e Trabalho (por
desenvolvido nos cursos de graduação em Psicologia.
exemplo, Francisco, 2003; Isamberti-Jamarti, 1997;
No entanto, para que esse conceito possa ser orienta-
Klüsener, 2004; Llobera & cols., 1995; Moscovici,
dor para estabelecer o que constitui a capacitação dos
1981; Perrenoud, 1999, 2000; Pierce, 1995; Pucci,
futuros psicólogos, ele necessita ser claramente defi-
2000). Entretanto, alguma distinção entre um e outro
nido, já que é um conceito comumente muito mal
conceito parece mais clara na literatura sobre THS,
compreendido. A noção de comportamento tem sido
principalmente com a explicitação de critérios orien-
aperfeiçoada desde o final do século XIX e início do
tadores da avaliação do desempenho social de um
século XX. De acordo com contribuições produzidas
indivíduo. É possível destacar, então, que “habilida-
na Análise Experimental do Comportamento, “com-
de” é definida como comportamento ou conjunto de
portamento” é definido, basicamente, como relação ou
comportamentos (já aprendidos?) e “competência”
conjunto de relações entre o que o indivíduo faz, o
refere-se ao grau de eficiência e eficácia desses com-
ambiente no qual ele realiza esse fazer e o ambiente
portamentos, explicitado de acordo com critérios pré-
que é produzido a partir desse fazer (Botomé, 2001;
via e socialmente delimitados.
Catania, 1999; Keller & Schoenfeld, 1968; Skinner,
Nessas contribuições sobre “habilidade” e “com- 1965, 1969; Todorov, 1989). Na Figura 1 estão apre-
petência” produzidas em diferentes épocas e em rela- sentadas, de maneira geral, sete relações possíveis
ção a diferentes fenômenos estão alguns aspectos ori- entre a ação do sujeito, o ambiente no qual essa ação é
entadores para examinar a própria utilização desses realizada e o ambiente produzido por essa ação (reti-
termos nas Diretrizes Curriculares. Um deles é refe- rada de Botomé, 2001):
rente ao próprio questionamento dessa utilização.

Componentes SITUAÇÃO AÇÃO CONSEQUÊNCIA


(O que acontece antes ou junto (Aquilo que um (O que acontece depois da
Tipos de Relação à ação de um organismo) organismo faz) ação de um organismo)
1
2
3
4
5
6
7
Figura 1. Diferentes tipos de relação básica entre os três componentes de um comportamento (retirado de Botomé, 2001).

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Na primeira linha da Figura 1 estão explicitados os entre os três componentes. Os graus de variação de
três componentes de qualquer comportamento: situa- cada uma dessas relações e as combinações entre elas
ção (estímulos ou classes de estímulos antecedentes), é o que dá ao comportamento características dinâmi-
ação (resposta ou classes de respostas) e consequência cas. Isso porque elas podem ser modificadas em fun-
(estímulos ou classes de estímulos consequentes). Nas ção de alterações nos seus componentes, resultantes
linhas indicadas com os números de 1 a 7, estão as de processos de aprendizagem durante o desenvolvi-
relações possíveis entre esses componentes. mento do organismo. Por outro lado as relações têm
Na linha 1, a situação facilita (até favorecer ou in- certa estabilidade – ficam mais ou menos fortes – à
duzir) ou dificulta (até impedir) a ação, ou seja, o medida que o organismo atua em seu contexto de
estímulo antecedente é condição para eliciação de vida.
uma resposta ou classe de respostas. Na linha 2, a No caso das Diretrizes Curriculares as ações des-
relação destacada é de que a ação produz, é concomi- vinculadas de um exame do contexto nos quais elas
tante ou é seguida por eventos ou resultados no ambi- ocorrem são insuficientes como explicitação daquilo
ente. Isso significa que uma resposta (ou classe) pro- que deverá ser ensinado nesses cursos. O aluno, futuro
duz certos eventos ou é meramente acompanhada de psicólogo, necessita ser capacitado não só para exer-
alguns eventos ambientais. Na linha 3 o destaque é cer determinadas atividades ou ações, mas principal-
para a relação na qual a produção de determinados mente para interagir de determinada maneira com os
eventos no ambiente pela ação do indivíduo é sinali- fenômenos que constituem objeto de intervenção da
zada por algum aspecto (componente) da situação (ou Psicologia. Por exemplo, mais do que aprender a apli-
dos estímulos ou das classes de estímulos anteceden- car indiscriminadamente técnicas e instrumentos de
tes à ação). Na relação explicitada na linha 4 é desta- avaliação de fenômenos psicológicos é necessário que
cada a influência de características das consequências o aluno aprenda a identificar em quais situações há
sobre a probabilidade de ocorrência futura da ação (ou necessidade de aplicação desses instrumentos, adequar
mais especificamente de ações similares ou ações da esses instrumentos e técnicas às características da
mesma classe ou categoria). A depender dessas ca- clientela atendida, avaliar necessidades de aperfeiço-
racterísticas, ações semelhantes serão mais ou menos amento e aperfeiçoar esses instrumentos e técnicas
prováveis de serem emitidas. Na linha 5 é explicitada etc. Por isso a delimitação clara da noção de compor-
a relação na qual características da situação sinalizam tamento como relação entre a ação do sujeito e o am-
a consequência que será obtida caso uma determinada biente antecedente e consequente a essa ação é critério
ação seja realizada. Ou seja, na presença de determi- fundamental para delimitar o que será desenvolvido
nada(s) característica(s) da situação, se a ação for na capacitação profissional em Psicologia.
emitida será consequenciada. Na linha 6 é a conse- As palavras “competência” e “habilidade”, por sua
quência, produzida ou decorrida, da ação realizada vez, podem ser utilizadas nas Diretrizes Curriculares
que faz com que aspectos ou características da situa- como referências a graus ou valores relacionados com
ção na qual essa ação ocorre adquiram propriedades a “perfeição” dos comportamentos que caracterizam e
de sinalização (uma relação também com graus diver- definem a intervenção do psicólogo. Esse destaque
sos de variação) para obtenção de consequências se- para os dois conceitos como alguns dos valores ou
melhantes, caso determinada ação (ou ações) seja graus de “perfeição” de comportamentos é feito por
realizada novamente. O destaque nesse caso é para os Kubo e Botomé (2001) e Botomé e Kubo (2002,
graus de variação dessas propriedades de sinalização. 2003) e está representado na Figura 2.
Quanto mais a situação atual mantiver características A noção de “grade curricular”, em referência ao
semelhantes à situação na qual a ação produziu deter- “ensino por conteúdos”, está caracterizada por tipos
minadas consequências, maior a probabilidade de de informações, assuntos ou temas e é composta por
ocorrência da ação, mesmo quando ela não é conse- uma distribuição dos diferentes tipos (ou categorias)
quenciada. Na linha 7 é apresentado o conjunto dessas desses “assuntos”, “temas” ou “conteúdos” em relação
relações (linhas 1 a 6 da figura). ao tempo (duas dimensões na organização de uma
O conjunto dessas diferentes relações apresentadas grade curricular: tempo e temas). Ou seja, os cursos
na Figura 1 constitui, mais detalhadamente, a noção de graduação são organizados de acordo com o tempo
de comportamento produzida na Análise Experimental disponível para capacitação e as informações (assun-
do Comportamento. Mais do que a ação de um orga- tos) que serão tratadas (apresentadas aos aprendizes)
nismo, “comportamento” é definido por essas relações ao longo desse período. Botomé e Kubo (2002) desta-
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cam a necessidade de incluir mais uma dimensão na de aprimoramento ou “perfeição”, desde o grau de
definição do que ensinar aos futuros profissionais: a “aptidão” (que já é mais do que apenas “dominar
capacidade de atuar ou os comportamentos que al- informação”) até o grau de “perícia” (o que corres-
guém é capaz de apresentar perante as situações com ponde ao que é usualmente considerado como capaci-
que se defronta. “Capacidade de atuar” é uma referên- dade do “gzrgtv”, do “perito”, ao realizar um desem-
cia aos comportamentos aprendidos que caracterizam, penho que até constitui em modelo de um determina-
delimitam ou definem determinada profissão. Esses do grau de perfeição de uma classe de comportamen-
comportamentos podem ocorrer em diferentes graus tos).

Figura 2. Três dimensões consideradas para organizar o que ensinar aos alunos no âmbito de um curso, a partir do que é
denominado “grade curricular” e incluindo uma representação da transformação do conhecimento (“conteúdos”, assuntos,
temas...) em capacidade de atuar (ou comportamentos aprendidos). Reproduzido de Botomé e Kubo (2002, p. 89).

Com esse exame as palavras “competência” e “ha- por sua vez, diferentes graus de perfeição ou qualida-
bilidade” indicam, mais precisamente, graus de “per- de dos comportamentos ensinados.
feição” dos comportamentos e delimitam até que Definições encontradas para os conceitos de “com-
ponto cada comportamento precisa ser aprendido no petência” e “habilidade” nas Diretrizes Curriculares e
âmbito de um curso qualquer. Em relação à literatura implicações desses usos na capacitação de psicólogos.
existente e examinada sobre esses dois conceitos, Dentre os artigos que compõem as Diretrizes Cur-
“competência” já é definida como grau de eficiência e riculares, podem ser destacados os artigos 4°, 8° e 9°,
eficácia de determinados comportamentos. Entretanto nos quais há referência direta às “competências” e
ocorre uma mudança na definição de “habilidade” que “habilidades” que necessitam ser desenvolvidas na
passa a ser utilizada não mais como pré-requisito já “formação” (capacitação) em Psicologia (para lidar
aprendido ou existente no repertório de alguém (como com fenômenos e processos psicológicos). Cada um
“dom”, “qualidade” ou “característica”), mas como deles é composto por um enunciado geral e por outros
mais um grau de perfeição ou qualidade de qualquer referentes mais especificamente às competências ou
comportamento. Não é o conhecimento que é ensina- conjuntos de competências e habilidades a serem en-
do e sim a interação entre ação (ou classes de respos- sinadas nos cursos de graduação em Psicologia.
tas) e aspectos do mundo (classes de estímulos ante- No enunciado introdutório do Artigo 4°, por
cedentes e consequentes a essas ações), dentre os exemplo, é descrito que o futuro profissional deve ser
quais o conhecimento, provavelmente, é integrante ou “dotado” dos conhecimentos requeridos para exercer
é aquilo que ajuda a perceber esses aspectos ou ações. as competências e habilidades gerais, listadas nos
As características do processo de ensino delimitarão, itens que compõem o restante do artigo: “Art. 4°. A

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formação em Psicologia tem por objetivos gerais dotar que está sendo indicado neste texto, o que torna possí-
o profissional dos conhecimentos requeridos para o vel considerar critérios variados para avaliar esses
exercício das seguintes competências e habilidades “graus de qualidade”.
gerais: ...” (Ministério da Educação, 2004, p. 1). A confusão está em não ser possível formular com
As funções do conhecimento nos processos de en- clareza e precisão o que constituirá tais graus de qua-
sinar e aprender, que constituem a capacitação de lidade na atuação profissional. Pode até ser possível
psicólogos no país, são mantidas de acordo com as tomar um grau de qualidade da atuação como nome de
concepções de “senso-comum”, como se alguém ti- cada tipo de atuação, como acontece quando alguém
vesse o conhecimento como “doação” (dado, dote) ou considera a marca de um produto como sendo o pró-
como algo que a pessoa tem e não algo que orienta prio produto. Mesmo havendo entendimento sobre
sua maneira de interagir com suas circunstâncias de aquilo de que se está falando, permanece o equívoco e
vida. As contribuições sobre o conhecimento (infor- a distorção do sentido das palavras. Como alguém que
mação) como insumo a ser transformado em capaci- fala “gilete” para referir-se a “lâmina de barbear”, é
dade de atuar (Botomé & Kubo, 2002; Kubo & possível usar o termo “competência” para referir-se a
Botomé, 2001, 2003) não parecem ser consideradas qualquer atuação (ou comportamento) que deva ser
nesse artigo. Ao contrário, há ênfase no chamado en- realizada com certo grau de perfeição (até para ser
sino de “conteúdos” sobre fenômenos e processos aceito como “atuação profissional”). Isso, porém, não
psicológicos e as “competências e habilidades” são parece ser útil, especialmente no caso da formulação
secundárias, aparecendo de forma semelhante a nomes de um documento orientador, diretivo ou normatiza-
de grandes conjuntos de informações. O verbo “dotar” dor e que deverá ser usado como referência por todos
é vago e ambíguo. É mais uma metáfora do que uma os que trabalham com o ensino de graduação. A im-
caracterização do processo que realiza um professor precisão conceitual, nesse caso, pode ser um sério
em relação ao conhecimento quando ensina algo a problema.
alguém. Isso torna a própria sentença da qual faz parte Botomé e Kubo (2001) examinaram o Artigo 4°
pouco precisa, possibilitando interpretações múltiplas, das Diretrizes Curriculares, propondo alterações signi-
tendendo a manter as tradicionais concepções relacio- ficativas e uma nova redação. Na proposta alternativa
nadas a ensino de “conteúdos”. às Diretrizes, os autores indicam oito âmbitos de atua-
Além dos problemas relacionados às funções do ção relacionados à intervenção do profissional sobre
conhecimento no processo de capacitação profissional fenômenos e processos psicológicos: (1) atenuar so-
(de ensino e de aprendizagem) de psicólogos, há tam- frimento psicológico, (2) compensar danos psicológi-
bém pouca precisão quanto às noções de “competên- cos, (3) reabilitar pessoas para realizar processos e
cia” e “habilidade”, presentes no Artigo 4°. A manu- fenômenos psicológicos importantes para suas vidas,
tenção da ênfase em ensino de “conteúdos” (conheci- (4) corrigir, reparar ou remediar danos ou problemas
mentos) é um indicativo disso. As competências e psicológicos, (5) prevenir problemas de natureza psi-
habilidades parecem ser definidas como algo paralelo cológica e suas decorrências, (6) manter fenômenos
às ações ou aos conjuntos de ações realizadas em dife- ou processos psicológicos de qualidade, (7) aperfeiçoar
rentes situações profissionais nas quais o futuro psi- processos ou fenômenos psicológicos já existentes e
cólogo irá utilizar o conhecimento aprendido durante (8) produzir ou promover fenômenos ou processos
o curso de graduação. psicológicos novos de qualidade para a vida das pes-
O Artigo 4° é um conjunto de descrições de apren- soas. Com isso os autores ampliam os âmbitos de
dizagens a serem desenvolvidas na capacitação para o atuação do Psicólogo para muito mais do que “pre-
trabalho com Psicologia, considerando o conheci- venção, promoção, proteção e reabilitação da saúde
mento já existente sobre como expressar o que o aluno psicológica”, que aparecem ao longo do Artigo 4° no
deverá aprender. E isso faz com que o termo “com- documento das Diretrizes.
portamento” seja mais adequado para caracterizar o Os autores também propõem uma redação mais
que deverá ser garantido na capacitação de psicólogos efetivamente expressa em “competências” ou em “ti-
e não “competências” e “habilidades”. Tal diferença pos ou classes de comportamentos” que os profissio-
pode ser útil porque as palavras “competências” e nais deveriam estar aptos a realizar, ao final do curso
“habilidades”, mais precisamente, referem-se a graus de graduação, na intervenção sobre processos e fenô-
de qualidade (ou perfeição) da apresentação de qual- menos psicológicos. As dimensões incluídas como
quer comportamento, pelo menos com o entendimento orientação para compor esse artigo das Diretrizes Cur-
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riculares são: (1) Capacitação técnica: utilizar com trodutório desse artigo, “As eqorgvípekcu reportam-se
correção e precisão o instrumental de trabalho do psi- a desempenhos e atuações requeridas do formado em
cólogo e o conhecimento existente relacionado ao Psicologia” que “devem garantir ao profissional um
exercício da profissão; (2) Capacitação histórica: ava- domínio básico de conhecimentos psicológicos e a
liar e integrar as múltiplas contribuições do conheci- capacidade de utilizá-los em diferentes contextos”
mento produzido em diferentes contextos e épocas a (Ministério da Educação, 2004, p. 2). É possível inter-
respeito de fenômenos e processos psicológicos; (3) pretar, a partir disso, que as “competências” descritas
Capacitação antropológica: relacionar-se com dife- no artigo são desempenhos e atuações que devem
rentes culturas e avaliar suas interações com fenôme- garantir ao futuro psicólogo as capacidades de domi-
nos e processos psicológicos; (4) Capacitação filosófi- nar conhecimentos produzidos na área da Psicologia e
ca: raciocinar e falar com correção e precisão a res- utilizá-los em diferentes contextos de intervenção
peito do conhecimento sobre fenômenos e processos profissional.
psicológicos; (5) Capacitação científica: aprender a “Competência” nesse caso parece ser sinônimo de
aprender com o exercício profissional e aprender a parte daquilo que compõe o comportamento, pois
produzir conhecimento científico em diferentes condi- “desempenho” e “atuação” são referências a ações que
ções e modalidades sobre os processos e fenômenos o futuro profissional deverá ser capaz de (estar apto a)
psicológicos, inclusive a respeito da intervenção pro- apresentar em certo grau de qualidade. Essa constata-
fissional sobre eles; (6) Capacitação pedagógica e de ção é ainda mais precisa com o complemento “dife-
liderança: educar e liderar pessoas para lidarem com rentes contextos”, pois por meio dele é possível res-
fenômenos e processos psicológicos; (7) Capacitação saltar que as situações sobre as quais os futuros pro-
social: relacionar-se com outras pessoas em diferentes fissionais irão intervir são aspectos distintos das
contextos de forma a otimizar a qualidade dessas “competências”. Esses contextos referem-se aos
interações, inclusive no âmbito das interações profis- “meios” (aspectos da sociedade, do ambiente) com os
sionais e interprofissionais; (8) Capacitação política: quais o profissional irá se defrontar, com os quais terá
equilibrar as relações de poder na sociedade, nas que lidar e em relação aos quais o profissional preci-
organizações, grupos ou interações pessoais em qual- sará realizar determinadas atuações e produzir deter-
quer circunstância da atividade humana; (9) Capacita- minados resultados, até como definição de sua atuação
ção de empreendedor: empreender novas formas e profissional.
procedimentos de atuação com cuidados apropriados à
natureza de cada tipo de intervenção; (10) Capacita- Art. 8°. As eqorgvípekcu"reportam-se a desempenhos e
ção ética: avaliar continuamente a produção de bene- atuações requeridas do formado em Psicologia, e devem
fícios e o controle da produção de possíveis prejuízos, garantir ao profissional um domínio básico de conheci-
abusos ou sofrimento de qualquer tipo para outras mentos psicológicos e a capacidade de utilizá-los em di-
pessoas, inclusive profissionais com quem trabalhar; ferentes contextos que demandam a investigação, análi-
(11) Capacitação religiosa: lidar com o absoluto, o se, avaliação, prevenção e atuação em processos psico-
significado da vida e o sagrado na vida das pessoas lógicos e psicossociais, e na promoção da qualidade de
vida. (Ministério da Educação, 2004, p. 2)
com quem interagir como profissional; (12) Capacita-
ção estética: avaliar a satisfação e o prazer que produz
É vago o significado do termo “reportam-se” para
com seu trabalho profissional e suas interações relacio- dizer o que significa a palavra “competência”. A frase
nadas a ele. O que os autores mostram relaciona-se
induz o entendimento de que há uma espécie de “defi-
com um conceito de “competência” diferente do que
nição” do que significa o termo “competência”. Nesse
aquele que aparece no âmbito do documento oficial caso, a partir do uso da palavra “competência” como
das Diretrizes Curriculares e, com o detalhamento que
sinônimo de “desempenho do futuro profissional”, é
apresentam, tornam mais claro o que pode ou deve
possível afirmar que a noção de comportamento é
abranger a capacitação profissional de um psicólogo mais adequada do que a noção de competência como
que necessitará ser garantida pelos cursos de gradua-
referência ao que será desenvolvido, de maneira se-
ção em Psicologia.
melhante ao que ocorre no Artigo 4°. Além de ser
Outro artigo do texto das Diretrizes Curriculares utilizada como sinônimo de ação no Artigo 8°, a pala-
no qual há referência direta às “competências” que vra “competência” é utilizada de maneira mais apro-
devem ser ensinadas na capacitação profissional em priada quando há referência a algum grau de perfeição
Psicologia é o Artigo 8°. Conforme o enunciado in- com que ocorre determinado comportamento.

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“Habilidades” e “competências” a desenvolver na capacitação de psicólogos 139

Nas construções frasais que compõem o Artigo 8º tar, a partir disso, que as habilidades descritas no arti-
das Diretrizes há verbos sem que seja possível distin- go são aspectos componentes das competências que
guir sua posição no sistema de “competências” que caracterizam a intervenção profissional em Psicologia.
constitui a delimitação do campo (e do exercício) “Habilidade”, no Artigo 9°, parece ser um sinônimo
profissional. Isso pode acarretar muita confusão e de algo intermediário à aprendizagem de uma “com-
dificuldade de “direção” para o ensino da Psicologia petência” qualquer. Ou, mais especificamente, com-
no país, considerando a quantidade de pessoas que portamentos e ações intermediários (pré-requisitos)
irão trabalhar continuamente para capacitar novas que delimitam ou constituem uma competência mais
gerações a realizar um trabalho que necessita ser o geral ou mais “final” na constituição ou realização de
mais clara e precisamente delimitado para orientar o uma intervenção profissional, esta também uma com-
que precisa ser feito. E sem transformar “diretrizes” petência. Os fenômenos aos quais esse conceito se
em uma “camisa de força” como já se fez outras vezes refere necessitam ser esclarecidos para tornar o pró-
com a definição de currículo obrigatório para tal tipo prio Artigo 9° uma orientação mais precisa no plane-
de curso. jamento da capacitação dos futuros psicólogos do
A expressão utilizada no Artigo 8° ainda define país: “Art. 9º. As competências, básicas, devem se
que “competências (...) devem garantir ao profissional apoiar nas jcdknkfcfgu" de: ...” (Ministério da Educa-
um domínio básico de conhecimentos psicológicos e a ção, 2004, p. 3)
capacidade de utilizá-los em diferentes contextos Chamar de “competências intermediárias” outras
que...” (Ministério da Educação, 2004, p. 2). A ex- “competências” mais gerais ou mais terminais em um
pressão parece indicar que as confusões existentes – e processo constituído por uma sequência de realizações
também já avaliadas – na literatura foram mantidas no não parece ajudar como “orientação” para o ensino e
artigo. As competências não “garantem o domínio dos capacitação de profissionais da Psicologia. Indicar
conhecimentos”, elas constituem um tipo de “domínio “competências intermediárias” pode ser apenas enfati-
do conhecimento”. É uma maneira específica de zar meios e técnicas e não “classes de competências”
entender o papel do conhecimento: uma espécie de que podem ser realizadas até de diferentes maneiras
“insumo”, algo que aumenta a visibilidade sobre os sem deixar de ser “competentes”. Isso acarreta vários
fenômenos e processos que ocorrem ou podem ocorrer problemas fortemente controversos num campo de
e auxilia a definir o que alguém precisa estar apto a atuação profissional que conta com grande multiplici-
fazer para lidar bem (“competentemente”) com qual- dade de contribuições vindas de diferentes autores e
quer um desses fenômenos ou processos. O conheci- que, como área de conhecimento científico e campo
mento é parte da matéria-prima para derivar as atua- profissional, ainda é muito jovem. Botomé (1978,
ções que vão constituir a capacidade de trabalho (de 1981) e D’Agostini (2005) examinaram problemas
intervenção sobre tais fenômenos ou processos) do semelhantes na formulação de objetivos de ensino (as
profissional. O ensino é o trabalho, realizado por pro- “competências” que professores pretendem que os
fessores e alunos, para transformar o conhecimento alunos aprendam em seus cursos) de cursos de Psico-
existente em capacidade de atuar (comportamentos já logia, evidenciando vários equívocos conceituais a
aprendidos) perante tais fenômenos ou processos. respeito da delimitação de “o que os alunos precisam
Nesse sentido, entender que a “competência deve aprender em cada unidade de ensino” de cursos de
garantir o conhecimento” parece ser uma inversão no Psicologia no Brasil.
sentido mais apropriado ao que as Diretrizes orientam: A expressão “ensino de competências e de habili-
o conhecimento deve ser a base para delimitar as dades” envolve conceitos que se referem mais a graus
“competências” (as condutas competentes) que deve- de perfeição (eficácia, qualidade) de um comporta-
riam constituir a capacidade de atuar dos profissionais mento do que um objeto específico. Por isso é mais
que passarem pelo processo de ensino que constitui o propriamente um adjetivo do que um substantivo, à
Curso de Graduação. medida que qualifica um desempenho. E é essa distin-
Também relacionado ao exame das noções de ção que torna importante considerar o que abrange o
“competência” e “habilidade” presentes nas Diretrizes termo “comportamento”. Além da consideração de
Curriculares, no Artigo 9° estão descritas algumas que comportamento é mais do que a atividade do or-
“habilidades” a serem desenvolvidas nos cursos de ganismo, referindo-se mais à relação que um sujeito
graduação em Psicologia. De acordo com o enunciado estabelece com os ambientes antecedentes e conse-
introdutório do artigo, “habilidades” constituem uma quentes à atividade, há também necessidade de verifi-
base sobre as quais as “competências” (já descritas no car qual o grau de abrangência de cada “unidade de
Artigo 8°) devem estar apoiadas. É possível interpre- comportamento” (cada verbo e complemento) ou de

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“competência” em relação a outras unidades de com- objetivos de ensino intermediários nos cursos de gra-
portamento. Em alguns casos, uma unidade de com- duação em Psicologia.
portamento abrange outras unidades, em outros, é No contexto das Diretrizes Curriculares, objetivos
abrangida por outras, dependendo do grau de comple- de ensino são denominados de “competências” e ob-
xidade do processo ao qual a expressão dessa unidade jetivos de ensino intermediários são nomeados “habi-
de comportamento se refere. lidades”, sem distinguir, inclusive, se tais “objetivos
Em relação a esses graus de abrangência há um intermediários” ou “habilidades” não são apenas eta-
procedimento conhecido como “análise de tarefas” pas em que o aluno vai “aprender um comportamento”
que já explicitou a possibilidade de ser construído um necessário como pré-requisito para a aprendizagem de
“sistema de comportamentos” organizando as subdivi- outro. Por exemplo, “ler textos” pode ser considerado
sões de um comportamento complexo ou mais abran- um “comportamento intermediário” a outros (ou uma
gente em vários subconjuntos de comportamentos “competência intermediária” para ser possível apren-
mais específicos que os compõem (Azevedo, 1976; der outras). Não parece haver vantagem em manter o
Mechner, 1974). Tal procedimento (subdivisão de nome “habilidade” necessária para algo que é pré-
classes complexas de comportamentos em classes requisito para “avaliar artigos de pesquisa científica”.
menos abrangentes ou mais simples) difere do que é “Ler textos” também pode ser uma mera atividade em
chamado de “análise de objetivos de ensino” (Mager, que os alunos vão aprender outro comportamento por
2001) ou de “operacionalização de objetivos educacio- meio da leitura de textos, por exemplo, “distinguir um
nais” (Centro de Estudos de Pessoal, 1976). Sobre a conceito de outro”. Nesse caso ele não está aprendendo
decomposição de objetivos de ensino, Botomé (1981) a “ler”, mas lendo para aprender a fazer outra coisa.
argumenta que além da caracterização comportamen- “Ler textos”, nesse caso, é algo intermediário como
tal (ou da “competência”) na explicitação de um obje- pré-requisito e, ao mesmo tempo, pode ser apenas
tivo de ensino, é necessária a identificação de “objeti- uma atividade por meio da qual o aluno vai aprender
vos intermediários” (ou de comportamentos mais sim- algum comportamento (ou “competência”); por exem-
ples, ou menos abrangentes, que compõem tal objeti- plo, “identificar as características de um bom artigo de
vo), relacionadas com o objetivo de ensino mais pesquisa”.
amplo. Será “por meio da aprendizagem desses obje- Essas confusões podem ser estabelecidas pela pró-
tivos intermediários” que ocorrerá a aprendizagem do pria especificação no enunciado introdutório do Arti-
objetivo composto por eles. go 9°, no qual há a afirmação de que as “competên-
Kienen (2008) e Viecili (2008) examinam a orga- cias” devem ser apoiadas pelas “habilidades” nos itens
nização de classes de comportamentos identificadas que compõem o artigo. As descrições de aprendiza-
nas Diretrizes Curriculares em um sistema comporta- gens que compõem o Artigo 9°, então, são mais ade-
mental em diferentes graus de abrangência (ou de quadamente descritas e definidas como classes de
“comportamentos intermediários”). Kienen (2008) comportamentos ou, na maioria dos casos, classes de
examina o processo de ensinar, que deveria constituir atividades por meio das quais os alunos podem apren-
parte do repertório profissional de um psicólogo, der algum comportamento ou competência. No caso,
como uma maneira de intervir sobre processos psico- “habilidades” sendo um grau elaborado de apresenta-
lógicos por meio de outras pessoas quando tais pro- ção de algum comportamento, isso tudo fica muito
cessos são inacessíveis à intervenção direta do psicó- difícil de distinguir caso a mesma palavra (habilidade)
logo e identifica mais de 700 comportamentos (ou seja utilizada com os demais significados que estão
“competências”) envolvidos na realização desse pro- sendo examinados.
cesso. Viecili (2008) faz um exame equivalente no O sentido em que o termo “habilidade” é usado nas
processo de produzir conhecimento que o psicólogo Diretrizes Curriculares equivale ao de “pré-requisito”.
precisa realizar como capacidade profissional quando Até porque “habilidade”, considerada como o Artigo 9°
se defronta com situações em que é necessário produ- apresenta, corresponde a uma “competência interme-
zir conhecimento e identifica mais de 1.600 compor- diária” ou uma competência menos abrangente envol-
tamentos (ou “competências”) profissionais que preci- vida em outra mais abrangente e que a requer como
sam ser aprendidos para compor essa parte da capaci- aprendizagem intermediária. Nesse sentido, “habilida-
tação profissional. É possível relacionar contribuições de” não deixa de ser uma capacidade de atuar (com-
dos vários autores (são apenas exemplos delas) com as portamentos aprendidos). Porém, a palavra refere-se a
orientações presentes no Artigo 9°, pois nele há des- um grau de perfeição de uma unidade de atuação (um
crição de classes de comportamentos e classes de comportamento qualquer). No caso das diretrizes a
ações intermediárias que irão ou deverão constituir mesma palavra parece apenas indicar que há compor-
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“Habilidades” e “competências” a desenvolver na capacitação de psicólogos 141

tamentos (ou “competências”) que podem ser conside- de) comportamento?”. O professor, ao decidir quais
radas como pré-requisitos para a aprendizagem de comportamentos serão ensinados, necessita fazer essa
outros. Talvez fosse mais adequado denominar as pergunta como “ponto de partida” para a descoberta
expressões indicadas no Artigo 9º também pela pala- de classes de comportamentos intermediárias, envol-
vra “comportamentos”. Mas, nesse caso, como classes vidas na classe mais geral que expressa o objetivo a
menos abrangentes em relação a outras classes de ser atingido em um trabalho de ensino (e de aprendi-
comportamentos de maior abrangência caracterizado- zagem). Diante de cada classe de comportamentos
res da profissão de psicólogo. identificada, o professor pode refazer a pergunta, de
É por tudo isso que Botomé (1981) denomina o acordo com o grau de abrangência com que for ensi-
processo de identificação de comportamentos nar determinado “comportamento”. Na Figura 3 está
intermediários a outros (o que foi apresentado por um exemplo de decomposição de uma classe de com-
Mechner, em 1974) por “decomposição”. Dessa forma portamentos, retirado do trabalho de Botomé (1996b).
diferencia esse processo do de “análise de um com- Na Figura 3 há uma representação parcial (incom-
portamento” que se refere à explicitação dos compo- pleta em vários sentidos) da decomposição do com-
nentes (classes de estímulo antecedentes, classes de portamento de “dirigir um automóvel na cidade”, uti-
respostas e classes de estímulos consequentes) envol- lizada por Botomé (1996b) como ilustração do pro-
vidos em qualquer unidade de comportamento. cesso de decompor objetivos de ensino em objetivos
Botomé (1981, 1996a, 1996b) sugere um procedi- intermediários. O exame do exemplo parcial de de-
mento para identificar os comportamentos constituin- composição de uma classe geral de comportamentos
tes das aprendizagens relacionadas com objetivos de explicitado na Figura 3 possibilita identificar que con-
ensino. A questão norteadora da decomposição dos figurar sistemas comportamentais a partir do trabalho
comportamentos e classes de comportamentos que de decomposição de classes de comportamentos com-
serão aprendidos é “o que o aprendiz precisa estar plexos foi facilitado pelo refinamento dos nove graus
apto a fazer para conseguir realizar esse (cada unidade de abrangência já explicitados por Mechner (1974).

1º GRAU 2º GRAU 3º GRAU

LOCALIZAR ONDE DAR


DAR PARTIDA
PARTIDA AO CARRO

DESTRAVAR LOCALIZAR O FREIO


O CARRO DE MÃO
“ARRANCAR”
COM O CARRO
ACELERAR DISTINGUIR DIFERENTES
LENTAMENTE PRESSÕES DO PÉ

FAZER
MUDANÇAS APERTAR A “EMBREAGEM”
DIRIGIR UM DE MARCHA
AUTOMÓVEL
NA CIDADE TROCAR MARCHAS
FAZER MANOBRAS
CORRETAS

SEGUIR SINAIS DE
TRÂNSITO

Figura 3. Decomposição parcial do comportamento de dirigir um automóvel na cidade em comportamentos intermediários


que o compõem, como exemplo de decomposição de classes de comportamentos (objetivos de ensino) a serem aprendi-
dos. Os graus indicados referem-se a graus de abrangência das expressões que explicitam diferentes classes de compor-
tamentos (exemplo retirado de Botomé, 1996b).

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142 Glauce Carolina Vieira dos Santos; Nádia Kienen; Juliane Viecili; Silvio Paulo Botomé & Olga Mitsue Kubo

A expressão “dirigir um automóvel na cidade” é É importante destacar que o processo de decompo-


referente ao objetivo geral ou terminal (mais abran- sição de classes de comportamentos abrangentes tam-
gente e complexo) a ser conseguido ao final do pro- bém não se confunde com a especificação dos elos de
cesso de ensinar. No primeiro, ou grau de decomposi- uma cadeia comportamental. São dois processos
ção, estão descritas classes de comportamentos que muito diferentes que, eventualmente, podem coincidir,
constituem o “dirigir um automóvel na cidade”. As mas não são um mesmo ou único processo. Decompo-
classes de comportamentos apresentadas no segundo sição de comportamentos abrangentes em comporta-
grau são referentes à decomposição parcial da classe mentos de menor abrangência, análise de uma unidade
“arrancar com o carro”, do primeiro grau de decomposi- comportamental de qualquer abrangência e especifi-
ção. No terceiro grau estão três classes de comporta- cação dos elos de uma cadeia comportamental são três
mentos, sendo que cada uma delas é constituinte de processos muito diferentes. Haverá problemas se tais
cada uma das três primeiras classes de comportamen- diferenças forem ignoradas ou negligenciadas no tra-
tos descritas no segundo grau de decomposição. Além balho com o comportamento, seja individual ou de
disso, há também mais duas classes de comporta- grupos de pessoas.
mentos constituintes da quarta classe de comporta- O exemplo da Figura 3 é útil para delimitar mais
mento, descrita também no 2° grau de decomposição. precisamente a orientação contida no Artigo 9° acerca
Botomé (1996b), Kienen (2008) e Viecili (2008) das “habilidades” a serem desenvolvidas como parte
consideram 12 graus possíveis para esse processo de da capacitação de psicólogos no país. Nas Diretrizes
“decomposição de classes abrangentes de comporta- Curriculares, “competências” podem ser consideradas
mentos” em “classes menos abrangentes”, constituin- como equivalentes às descrições daquilo que os alu-
do um “sistema comportamental”. Classes gerais de nos (futuros psicólogos) precisam aprender. E o que
comportamentos que se referem a ocupações gerais eles precisam aprender (a realizar) constitui os objeti-
como “Cuidar de crianças”, abrangem classes de com- vos gerais ou terminais da capacitação que ocorre nos
portamentos menos gerais que se referem a ocupações cursos de graduação em Psicologia e “habilidades”
específicas dentro dessa ocupação geral, como “cuidar são consideradas como referentes às descrições da-
de crianças doentes” (e pode haver muitas outras ocupa- quilo que precisa ser aprendido como objetivos inter-
ções específicas ainda dentro dessa mesma ocupação mediários para a consecução da aprendizagem das
geral). Nessa classe de comportamentos (ocupação “competências”. A descoberta e explicitação desses
específica) pode haver muitas tarefas (por exemplo, objetivos intermediários dependem de um trabalho de
alimentar crianças) a serem realizadas e cada uma delas “decomposição” do objetivo geral ou terminal.
também é uma classe de comportamentos menos abran- Uma decorrência dessa interpretação para “com-
gente do que a que constitui a ocupação específica. petências” e “habilidades” descritas nas Diretrizes
Cada tarefa ainda é constituída por múltiplas opera- Curriculares refere-se às próprias características nor-
ções (cada uma delas constituindo uma classe de com- mativas do documento. Como decidir as aprendiza-
portamentos) como, por exemplo, escolher os ali- gens que necessitam constar no documento, referentes
mentos apropriados para a criança. E, cada operação aos objetivos intermediários para compor a capacita-
vai envolver comportamentos (ou “competências” na ção profissional em Psicologia? Como orientação
linguagem das diretrizes curriculares) relacionados a nacional para o planejamento dessa capacitação, as
cada um dos instrumentos ou equipamentos utilizados Diretrizes Curriculares necessitam ser suficientemente
para realizar cada operação e cada um desses últimos precisas e também abrangentes na proposição daquilo
vai poder ser desdobrado em comportamentos outros que irá compor esses cursos. No Artigo 9°, especifi-
que se relacionam com as características de procedi- camente, as descrições de aprendizagens necessitam
mentos, com as situações ou ocasiões (por exemplo, ser ao mesmo tempo amplas, de maneira a serem ori-
identificar quando fazer algo...), com as decorrências entações para o planejamento de todos os cursos do
de fazer ou deixar de fazer etc. O que importa é a país, e, especificamente referentes a competências
existência de muitos graus de abrangência para falar intermediárias, a serem desenvolvidas como parte da
de comportamentos (ou de competências como um capacitação de profissionais de nível superior. Encon-
grau de abrangência de cada um desses comporta- trar expressões amplas e precisas ao mesmo tempo, de
mentos). Isso difere dos graus de perfeição da apresen- forma a delimitar com clareza o que constitui necessi-
tação de qualquer comportamento em qualquer desses dade para a formação de psicólogos para o país, é o
graus de abrangência a que eles fazem referência. desafio maior a ser enfrentado por um documento

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“Habilidades” e “competências” a desenvolver na capacitação de psicólogos 143

normativo dessa ordem. Seu estudo constante e seu Bolsoni-Silva, A. T., Del Prette, A., & Del Prette, Z. A. P. (2000).
Relacionamento pais-filhos: Um programa de desenvolvimento
aperfeiçoamento decorrente é uma exigência natural interpessoal em grupo. Rukeqnqikc"Gueqnct"g"Gfwecekqpcn."5(3),
até pelo porte da dificuldade que representa construí- 203-215.
lo com tais características, aparentemente paradoxais. Botomé, S. P. (1978). Q"rtqdngoc"fqu"hcnuqu"qdlgvkxqu"fg"gpukpq.
“Conhecimento”, “aptidões”, “competências”, “habi- Manuscrito não-publicado, Universidade Federal de São Carlos.
lidades”, “perícia”, “transformação do conhecimento Botomé, S. P. (1981). Qdlgvkxqu" eqorqtvcogpvcku" pq" gpukpq<" C
em condutas profissionais” (ver Figura 2) são concei- eqpvtkdwkèçq"fc"cpânkug"gzrgtkogpvcn"fq"eqorqtvcogpvq. Tese
tos diretamente relacionados com o processo de capa- de doutorado não-publicada, Universidade de São Paulo.
citação que ocorre nos cursos de graduação em Psi- Botomé, S. P. (1996a). Wo" rtqegfkogpvq" rctc" gpeqpvtct" qu
cologia. Mais do que apenas palavras ou termos, tais eqorqtvcogpvqu" swg" eqpuvkvwgo" cu" crtgpfk|cigpu" gpxqnxkfcu
go" wo" qdlgvkxq" fg" gpukpq. Manuscrito não-publicado,
conceitos referem-se a fenômenos, processos ou a Universidade Federal de São Carlos.
graus de qualidade de algum desses fenômenos ou Botomé, S. P. (1996b). Tgrgtvôtkq"fg"gpvtcfc"fqu"crtgpfk|gu"rctc
processos e constituem objeto de trabalho de qualquer wo" rtqitcoc" fg" gpukpq. Manuscrito não-publicado, Univer-
gestor de cursos de nível superior. Nomear cada um sidade Federal de São Carlos.
deles de maneira apropriada e precisa é uma condição Botomé, S. P. (2001). A noção de comportamento. Em H. P. M.
fundamental para um documento normativo como é o Feltes & U. Zilles (Orgs.), Hknquqhkc<" Fkânqiq" fg" jqtk|qpvgu
caso das Diretrizes Curriculares. A clareza desses (pp. 687-708). Caxias do Sul: EDUCS; Porto Alegre:
EDIPUCRS.
conceitos é uma condição fundamental para a eficiên-
cia e eficácia na organização da capacitação desenvol- Botomé, S. P., & Kubo, O. M. (2001) Rtqlgvq" fg" okpwvc
cnvgtpcvkxc"rctc"cu"›Fktgvtk|gu"Ewttkewnctgu"rctc"qu"Ewtuqu"fg
vida nesses cursos. No caso das Diretrizes Curricula- Rukeqnqikcfi. Manuscrito não-publicado, Universidade Federal
res Nacionais para os Cursos de Graduação em Psi- de Santa Catarina, Florianópolis.
cologia, e mais especificamente no caso do Artigo 4° Botomé, S. P., & Kubo, O. M. (2002). Responsabilidade social
do documento, essa clareza é importante. Entretanto, dos programas de pós-graduação e formação de novos
nem esses conceitos e nem as descrições de aprendi- cientistas e professores de nível superior. Kpvgtcèçq" go
zagens que compõem o artigo estão explicitados com Rukeqnqikc."8(1), 81-110.
clareza e precisão suficientes. Há ambiguidade na Botomé, S. P., & Kubo, O. M. (2003). A transformação do
utilização dos termos “conhecimento”, “competência” conhecimento em comportamentos profissionais na formação
do psicólogo: As possibilidades nas diretrizes curriculares. Em
e “habilidade”, o que dificulta identificar as relações M. Z. S. Brandão, F. C. S. Conte, F. S. Brandão, Y. K.
estabelecidas ou possíveis entre eles, bem como dis- Ingberman, C. B. Moura, V. M. Silva & S. M. Oliani (Orgs.),
tinguir os fenômenos a que eles se referem. Por exem- Uqdtg" eqorqtvcogpvq" g" eqipkèçq<" Xqn0" 330" C" jkuvôtkc" g" q
plo, “comportamento” parece ser um termo mais ade- cxcpèqu."c"ugngèçq"rqt"eqpugs°ípekcu"go"cèçq (pp. 483-496).
Santo André, SP: ESETec.
quado para nomear aquilo que está descrito no artigo
como sendo “competência”, além de ser necessário Caballo, V. E. (1996). O treinamento em habilidades sociais. Em
V. E. Caballo (Org.), Ocpwcn" fg" vêepkecu" fg" vgtcrkc" g
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“Habilidades” e “competências” a desenvolver na capacitação de psicólogos 145

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Sobre os autores:
Glauce Carolina Vieira dos Santos: Doutoranda em Psicologia Experimental pelo Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo.
Bolsista de Doutorado CNPq.
Nádia Kienen: Professora titular e Coordenadora de Pesquisa do curso de Graduação em Psicologia da Universidade do Sul de Santa
Catarina, Florianópolis/SC. Coordenadora do Comitê de Ética em Pesquisa.
Juliane Viecili: Professora titular e Coordenadora de Estágios Básicos do curso de Graduação em Psicologia da Universidade do Sul de
Santa Catarina, Florianópolis/SC.
Silvio Paulo Botomé: Professor titular da Universidade Federal de Santa Catarina. Professor do Programa de Pós-Graduação em Psico-
logia, linha de pesquisa sobre Análise do Comportamento e Processos Organizacionais e de Trabalho, Universidade Federal de Santa
Catarina, Florianópolis/SC. Bolsista de produtividade em pesquisa do CNPq – nível 2.
Olga Mitsue Kubo: Professora associada da Universidade Federal de Santa Catarina. Professora do Programa de Pós-Graduação em
Psicologia, linha de pesquisa sobre Análise do Comportamento e Processos Organizacionais e de Trabalho, Universidade Federal de
Santa Catarina, Florianópolis/SC.
Endereço para correspondência: Rua José Antonio Coelho, 505 – apto. 12 - Vila Mariana - 04011-061 São Paulo/SP - Endereço ele-
trônico: glauce.carol@gmail.com.

Interação em Psicologia, Curitiba, jan./jun. 2009, 13(1), p. 131-145

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