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COLÉGIO PEDRO II – CPII

Campus centro

Pós-graduação em Educação das Relações Étnico-Raciais no Ensino Básico


(EREREBÁ)

RESENHA DO TEXTO A CONCEPÇÃO IORUBÁ DA PERSONALIDADE HUMANA

Vívian Caroline da Silva Pereira

Vivianpereira84@gmail.com

Disciplina: Pensamento Decolonial e Cosmogonias africanas


Profº: Arthur José Baptista

RESUMO

Este texto é um trabalho de Wande Abimbola apresentado no colóquio Internacional


para A Noção de Pessoa na África Negra, em Paris no ano de 1971. No primeiro
momento o autor apresenta a visão e a estrutura da cosmologia iorubá. É mostrado a
e discutido a hierarquia do cosmo iorubá e a relação entre os elementos do mundo
físico (ayé) e o metafísico (òrun). No segundo momento, o texto passa a tratar da
concepção da personalidade humana para os iorubás. O autor faz uma discussão
sobre o aspecto físico (ara) e, mais detalhadamente, sobre os elementos do aspecto
espiritual (èmí, orí e esè).

SOBRE O AUTOR

O autor, Wande Abimbọla, é um acadêmico nigeriano, professor de língua iorubá


e literatura. Já foi vice-chanceler da Universidade de Ifé, e também atuou como o líder
da maioria no Senado da República Federal da Nigéria. É Bàbálawo porta voz de Ifá
e da cultura iorubá no mundo. Tem diversos livros publicados sobre Ifá e a cultura
iorubá. Suas literaturas são de grande importância para estudos do culto
tradicional iorubá.

VISÃO GERAL DA OBRA

O texto é dividido em dois momentos, o primeiro tratando da cosmologia iorubá, e


o segundo da concepção da personalidade humana. De acordo com o autor, não se
pode entender a concepção iorubá da personalidade humana sem antes conhecer a
visão e estrutura da cosmologia iorubá. São abordados alguns aspectos da mitologia
iorubá, a relação entre òrun (céu) e ayé (terra) e apresentada a hierarquia de
autoridade estabelecida a partir da relação entre esses dois planos de existência. No
segundo momento, o texto trata especificamente da concepção da personalidade
humana para os iorubás. Se discute sobre os elementos constituintes da
personalidade humana: o físico, chamado de ara, e o espiritual, composto por èmí
(alma), orí (cabeça) e esè (pernas). Cada um desses elementos são discutidos
detalhadamente no texto, tudo dentro de uma visão física e espiritual.

A VISÃO E ESTRUTURA DA COSMOLOGIA IORUBÁ

Os iorubás entendem que o mundo é dividido em elementos físicos, humano e


espiritual. Os elementos físicos estão divididos em dois planos existenciais: o òrun
(céu), plano metafísico, e o ayé (terra), plano físico. O ayé é onde habitam os
humanos, no òrun vivem os orixás, ancestrais e Olódùmarè (O Deus Todo-Poderoso).

Os orixás tem como função proteger os humanos contra as forças do mal (ajogun)
e são os intermediários entre seres humanos e Olódùmarè. Os ancestrais (òkun-òrun)
são adultos que viveram uma vida justa e honesta, e após a morte são como orixás
para sua família ou linhagem, são como intercessores entre homem e orixás.
Possuem uma relação mais íntima com os seres humanos. A morte, para os iorubás
é a passagem da existência humana do plano físico (ayé) para o metafísico (òrun).
Esses dois planos estão interligados espiritualmente. Assim, no òrun, tem a seguinte
hierarquia: Olódùmarè (o Deus maior), os orixás (intermediários entre humanos e
Olódùmarè) e ancestrais (intermediários entre humanos e orixás).

No ayé o poder supremo é do oba (rei). O rei maior possui autoridade divina e
descende de Odùduwà, grande ancestral mítico. Os reis são assessorados por uma
sociedade corporativa de chefes de cidades e vila (baàlè) e estes pelos chefes de
famílias e linhagens (baálé). Os baálé tem suas decisões pautadas pelos conselhos
dos anciões (àgbà). Mulheres, crianças e jovens não possuem nenhuma autoridade e
se morrem sem se tornarem àgbà, não podem ser cultuados como ancestrais.

Como não há separação espiritual entre òrun e ayé, os iorubás tem a seguinte
estrutura hierárquica: Olódùmarè (Deus Todo-Poderoso), orixás (divindades), òkun-
òrun (ancestrais), obá (rei), baàlè (chefes de cidades e vila), baálé (chefes de famílias),
àgbà (anciões), òdó (adultos) e omodé (jovens e crianças).

A CONCEPÇÃO IORUBÁ DA PERSONALIDADE HUMANA


A personalidade humana, para os iorubás, é dividida em elemento físico (ara) e
espiritual (èmí, orí e esè). Na mitologia iorubá, o ara seria moldado com barro por
Òrìsàńlá, o deus da criação, encarregado também, a mando de Olódùmarè, de moldar
a beleza e a feiura, a perfeição e a deficiência. Em sociedade iorubá tradicional, os
deficientes são reconhecidos como parentes do deus da criação (eni-òrisà). São
banidos da linhagem familiar e entregues, ao nascer, ao sacerdote de Òrìsàńlá e são
usados como serviçais religiosos e domésticos.
Na hierarquia social iorubana, os deficientes não têm as mesmas oportunidades
que pessoas sem deficiência e na morte não são cultuados como ancestrais, já que
não são enterrados na linhagem familiar. Eles não exercem funções de autoridade,
apenas religiosas.
A personalidade humana é composta por três elementos, èmí, orí e o esè. O èmí
(alma) é de criação de Olódùmarè, é uma fração da sua respiração que faz a
existência humana de um indivíduo. Èmí também é coração, o elemento mais
importante do corpo físico.
Orí é a cabeça interna ou orí-destino, moldada por Ajàlá (oleiro que faz cabeças).
Depois que Òrìsàńlá modela o corpo, incluindo orí-cabeça, Olódùmarè fornece o èmí
e também a força vital, Ajàlá dá o orí-destino. Ajàlá molda mais orí-destino ruins do
que bons porque é uma divindade descuidada e irresponsável. O indivíduo tem livre-
arbítrio para escolher seu orí-destino na casa de Ajàlá. Assim, há mais chances de
um indivíduos escolher cabeças ruins do que boas. Depois de escolhido o orí , o
indivíduo que já é um ser humano completo pode ir do òrun para o ayé.
Deste modo, o destino é de responsabilidade do indivíduo, não há interferência de
Olódùmarè ou Ajàlá. A escolha de um bom orí asseguram que as aspirações
individuais permitirão uma vida de sucesso, se no ayé o indivíduo buscar caminhos e
trabalhar duro para realizar o seu destino. Daí, a importância de se consultar Ifá
(sistema divinatório) para saber os desejos do orí. A escolha de um mal orí leva a
uma vida de falências.
Orí-cabeça (òké-ìpòrì ou ìpìn) é como um orixá pra os iorubás e tem um culto
próprio. É um deus pessoal que cuida dos interesses particulares. Os orixás cuidam
dos interesses do clã ou família, e só atendem pedidos aprovados pelo Orí da pessoa.
Orí é o intermediário entre cada indivíduo e o orixá do clã.
Para realizar o que está designado em seu orí é necessário o esè. É uma parte de
extrema importância para a personalidade humana, nos sentidos físico e espiritual. É
símbolo de poder e atividade. Sem esè nada é realizado.
Assim o ara é moldado por Òrìsàńlá, que também molda a beleza e a feiura
(deficiência). A deficiência é limitante dentro da hierarquia social. Èmí é dado por
Olódùmarè, é o sopro da vida. E o orí (destino) é moldado por Ajàlá e escolhido pelo
próprio indivíduo. Dependendo do orí escolhido, a vida do indivíduo pode ser próspera
ou fracassada, porém o sucesso só será alcançado pelo trabalho, pela atividade, esè.
Sem ele o orí não se torna realidade na terra. O destino na terra dependerá do orí
escolhido. A realização do destino e dependerá do esforço empregado. No caso de
pessoas deficientes há uma limitação devido ao ara defeituoso.

CONCLUSÃO
A cosmologia iorubá rompe com os binarismos ocidentais na medida em que
compreende que o mundo é constituído de três elementos (físicos, humanos e
espirituais), sendo o físico desdobrado em dois: ayé (terra) e òrun (céu). O ayé,
domínio da existência humana), o òrun (lugar de Olódùmarè, domínio dos orixás e dos
ancestrais). Diferentemente da visão ocidental, onde céu e terra são mundos
diferentes. O céu é alcançado somente após a morte. Para os iorubás, a existência
ocorre concomitantemente no òrun e no ayé, não há separação entre o visível e o
invisível. Ambos estão em um mesmo plano. Isto é, as duas partes formam uma
totalidade. Por isso a hierarquia social iorubá se estende ao plano metafísico.
Dentro da visão iorubá, os elementos da personalidade humana são
predestinados. A função que cada pessoa desempenhará na terra dependerá do orí
que foi selecionado no òrun. Dentro da hierarquia social, o nível que cada indivíduo
alcançará dependerá do orí que ele mesmo escolheu, ou seja, a grandeza ou o
fracasso são escolhidos pelo próprio indivíduo no òrun. Assim, cada indivíduo é
responsável pelo seu destino, já que não há interferência de Olódùmarè ou de
nenhuma outra divindade na escolha do orí. Diferente da visão cristã, que atribui a
Deus a responsabilidade sobre os destinos humanos.
Sobre a estrutura do texto, é importante ressaltar que nas notas de rodapé há
comentários do tradutor, trazendo a pronúncia correta das palavras iorubás também
esclarece algumas metáforas que aparecem no texto e o deixa mais didático. O uso
de alguns poemas ao longo do texto ajudam na compreensão de determinados
conceitos. A linguagem utilizada pelo autor é clara e deixa a leitura fluída e torna o
texto atrativo, permitindo que um público não especializado ou sem proximidade com
o assunto abordado aprecie o trabalho

REFERÊNCIAS

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