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Universidade Federal Fluminense


Instituto de Ciências Humanas e Filosofia
Departamento de Sociologia

A Agenda 21: Contexto, Princípios e


Desafios
Prof. Napoleão Miranda

1. Introdução.

A Agenda 21 é o principal documento emanado da Conferência Mundial sobre


Meio Ambiente e Desenvolvimento (ECO-92), realizada na Cidade do Rio de Janeiro em
1992, sob os auspícios da Organização das Nações Unidas. Como seu nome indica, é uma
agenda para o Século XXI, e busca promover ações tanto para o poder público como para a
sociedade civil de forma a se estimular a integração entre o desenvolvimento econômico, a
justiça social e a proteção ao meio ambiente. Toda a estratégia para se alcançar este
objetivo se estrutura em torno ao conceito de desenvolvimento sustentável.
Embora este conceito seja apropriado e/ou utilizado de formas muito diferentes, de
acordo com os interesses dos diversos atores sociais envolvidos na incorporação deste novo
paradigma às políticas públicas, adotadas para viabilizar um mundo em que prevaleça a
sustentabilidade em suas variadas manifestações1, parece haver já um consenso amplamente
aceito em termos internacionais acerca da imperiosidade de se reorientar as forças motrizes
do processo de desenvolvimento em nível mundial, de forma a não comprometer a
utilização dos recursos naturais do planeta em uma escala que coloque em risco a vida das
diferentes espécies que o habitam. A necessidade desta mudança mostra-se cada dia mais
evidente, comparada a um estilo de vida que tem se revelado particularmente insustentável,

11
A respeito das dificuldades e dos conflitos envolvidos na implementação de ações
calcadas no conceito de desenvolvimento sustentável, consultar: Becker, Berta - "A
Geografia Política do Desenvolvimento Sustentável", Ed. UFRJ, Rio de
Janeiro,1997.
2

em especial para os segmentos sociais e os países menos favorecidos pelo padrão de


produção e consumo vigente em escala global.
No contexto deste processo de mudança, um outro consenso vem sendo criado
referido à centralidade dos diferentes instrumentos de participação social na reorientação do
desenvolvimento. Na continuação do presente texto, pretendemos explorar exatamente o
significado e os dilemas enfrentados por este mecanismo, concebido como um dos
principais fatores de mudança social no sentido de se promover o desenvolvimento
sustentável para o maior número possível de membros da sociedade.

2. Agenda 21 Global. O que é?

Além de ser o principal documento da Rio-92, a Agenda 21 é um roteiro para os


países signatários desenharem estratégias de sustentabilidade. Isto significa que ela busca
orientar a formulação de propostas de transição de um modelo de desenvolvimento
insustentável para outro - sustentável.
Mas, o que é desenvolvimento sustentável?
A definição corrente mais conhecida afirma que "é aquele que harmoniza o
imperativo do crescimento econômico, com a promoção da eqüidade social e a preservação
do patrimônio natural, garantindo assim que as necessidades das atuais gerações sejam
atendidas sem comprometer o atendimento das necessidades das futuras gerações”
2
(Relatório Brundtland - Nosso Futuro Comum, 1997) Neste sentido, ele implica em
“crescer sem destruir”, de maneira a integrar as suas três dimensões: desenvolvimento
econômico, justiça social e preservação do meio ambiente.
Por sua vez, este conceito se apoia na noção de sustentabilidade, originária da
biologia (particularmente a ecologia), e que pode ser entendida como o “equilíbrio
dinâmico entre a população e a base de recursos naturais, a partir da interação e da
interdependência de todos os fatores - bióticos e abióticos - em um determinado
ecossistema”. Com o tempo, no entanto, esta noção ultrapassou seus limites originais para
22
Uma definição alternativa, interessante por apontar para uma mudança de
perspectiva no comportamento dos agentes sociais, é aquela oferecida por Juha Sipita,
Diretor do Conselho Metropolitano de Helsinque (Finlandia): "desenvolvimento
sustentável significa usarmos nossa ilimitada capacidade de pensar em vez de nossos
limitados recursos naturais". Citado por Kranz, Patrícia."Pequeno Guia da Agenda 21
Local", Hipo-campo Editorial, Rio de Janeiro, 1999.
3

incorporar outras dimensões consideradas importantes para assegurar ou viabilizar o


desenvolvimento sustentável. Dessa forma, temos a “sustentabilidade ampliada” definida
como o "equilíbrio dinâmico entre a população e a base de recursos sócioambientais de que
ela dispõe em um determinado espaço biogeográfico". A sustentabilidade ampliada passa,
assim, a abarcar um conjunto bem mais amplo de processos relacionados entre si,
conformando um conjunto de condições necessárias para se promover o desenvolvimento
sustentável. São elas:

a) Sustentabilidade ecológica - base física do processo de crescimento e tem como


objetivo a conservação e o uso racional do estoque de recursos naturais
incorporados às atividades produtivas.

b) Sustentabilidade ambiental - relacionada à capacidade de suporte dos


ecossistemas associados de absorver ou se recuperar das agressões derivadas da
ação humana (ação antrópica), implicando um equilíbrio entre as taxas de emissão
e/ou produção de resíduos e as taxas de absorção e/ou regeneração da base natural
de recursos.

c) Sustentabilidade demográfica - revela os limites da capacidade de suporte de


determinado território e de sua base de recursos e implica cotejar os cenários ou as
tendências de crescimento econômico com as taxas demográficas, sua composição
etária e os contingentes de população economicamente ativa esperados.

d) Sustentabilidade cultural - necessidade de manter a diversidade de culturas,


valores e práticas existentes no planeta, no país e/ou numa região e que integram
ao longo do tempo as identidades dos povos.

e) Sustentabilidade social - objetiva promover a melhoria da qualidade de vida e a


reduzir os níveis de exclusão social por meio de políticas de justiça redistributiva.

f) Sustentabilidade política - relacionada à construção da cidadania plena dos


indivíduos por meio do fortalecimento dos mecanismos democráticos de
formulação e de implementação das políticas públicas em escala global, diz
respeito ainda ao governo e à governabilidade nas escalas local, nacional e global.

g) Sustentabilidade institucional - necessidade de criar e fortalecer engenharias


4

institucionais e/ou instituições cujo desenho e aparato já levem em conta critérios


de sustentabilidade.

A utilização da noção de sustentabilidade ampliada implica, portanto, reconhecer


que a questão ambiental é indissociável da questão social e que há interações permanentes
entre os níveis natural e social dos fenômenos.

3. Estrutura da Agenda 21.

A Agenda 21 Global está estruturada em quatro seções:

a) Dimensões sociais e econômicas - Seção onde são discutidas, entre outras, as


políticas internacionais que podem ajudar a viabilizar o desenvolvimento sustentável nos
países em desenvolvimento; as estratégias de combate à pobreza e à miséria; a necessidade
de introduzir mudanças nos padrões de produção e consumo; as inter-relações entre
sustentabilidade e dinâmica demográfica; e as propostas para a melhoria da saúde pública e
da qualidade de vida dos assentamentos humanos;
b) Conservação e gestão dos recursos para o desenvolvimento - Diz respeito ao
manejo dos recursos naturais (incluindo solos, água, mares e energia) e de resíduos e
substâncias tóxicas de forma a assegurar o desenvolvimento sustentável;
c) Fortalecimento do papel dos principais grupos sociais - Aborda as ações
necessárias para promover a participação, nos processos decisórios, de alguns dos
segmentos sociais mais relevantes. São debatidas medidas destinadas a garantir a
participação dos jovens, dos povos indígenas, das ONGs, dos trabalhadores e sindicatos,
dos representantes da comunidade científica e tecnológica, dos agricultores e dos
empresários (comércio e indústria);
d) Meios de implementação - Discorre sobre mecanismos financeiros e
instrumentos jurídicos nacionais e internacionais existentes e a serem criados, com vistas à
implementação de programas e projetos orientados para a sustentabilidade.
5

Como se percebe pela breve descrição acima, a Agenda 21 é bastante completa no


que se refere aos temas por ela abordados, assim como aos instrumentos necessários para
efetivar o conjunto de propostas nela contido.
Entretanto, um destaque especial deve ser dado ao tema da participação social dos
principais grupos da sociedade ("stakeholders") e aos grupos em desvantagem social no seu
processo de implementação.

4. A Agenda 21 e a participação dos Atores Sociais.

A Agenda 21 dedica cerca de 9 capítulos, de um total de 40, à caracterização dos


principais grupos sociais a serem levados em conta no processo de participação social
necessário à sua implementação. Esta proporção indica claramente a importância que é
concedida à presença dos atores sociais na construção da Agenda 21 Local. Devido a seu
caráter de um documento global, os atores sociais listados refletem a situação mais
característica da maioria das sociedades do mundo; isto significa que em cada localidade,
deverão ser relacionados os atores mais relevantes para a resolução dos problemas locais.
Cabe, entretanto, um olhar sobre os atores relevantes que são elencados no documento,
mesmo porque representam alguns dos grupos mais importantes das sociedades
contemporâneas.
O primeiro destes grupos é o das mulheres. Sua importância na vida das sociedades,
se sempre foi central, ainda que freqüentemente não reconhecida, vem se tornando
progressivamente um dos principais fatores do desenvolvimento sustentável. Apesar das
dificuldades que ainda enfrenta em muitas sociedades, a mulher ocupa hoje um lugar cada
dia mais relevante no mercado de trabalho, na vida política, na vida cultural, nas lutas da
sociedade civil pelos direitos humanos para os mais variados segmentos sociais, e na luta
pela preservação do meio ambiente; por outro lado, a força numérica das mulheres faz delas
um grupo particularmente significativo para a construção da Agenda 21. Neste sentido, elas
são consideradas como um dos principais parceiros das transformações sociais, políticas e
culturais necessárias para a configuração de um novo padrão de desenvolvimento social,
mais justo em termos sociais e econômicos e mais equilibrado ecologicamente, marcado
pela sustentabilidade.
6

O segundo grupo de atores a ser incorporado como parceiros do desenvolvimento


sustentável são os jovens. Sua participação no conjunto da população, embora variável,
representa, em geral, algo entre 30 a 40% do total, o que faz dos jovens um segmento
absolutamente central para os propósitos da Agenda 21. Por esta razão, e pelo fato de que
representam a continuidade futura da sociedade, é importante incorporá-los na luta por um
meio ambiente saudável, por melhores padrões de vida, educação e oportunidades de
emprego, de forma a garantir o seu pleno desenvolvimento como seres humanos e como
sujeitos ativos da sua própria história.
O terceiro grupo, cuja importância participativa tende a ser bastante localizada,
refere-se aos povos indígenas, cuja contribuição à proteção do meio ambiente pode ser
bastante significativa em função da sua relação histórica direta com a natureza.
As organizações não-governamentais - ONGs -, são também um dos grupos mais
importantes em qualquer processo de participação social. Ao longo dos últimos 30- 40
anos, mais particularmente a partir da década de 1970, as ONGs passaram a ocupar um
espaço fundamental no papel que a sociedade civil tem hoje como contraparte do Estado na
condução da vida pública. Como atuam em uma grande variedade de áreas de relevo para a
vida social e dispõem de uma importante capacidade de articulação social, elas são um dos
principais parceiros do desenvolvimento sustentável a serem considerados no processo de
mobilização para a implementação da Agenda 21 Local.
Outro ator fundamental neste processo são as autoridades locais. Na verdade, a
construção da Agenda 21 tem chances praticamente nulas de ocorrer se, por exemplo, a
nível local, a Prefeitura e seus diversos órgãos não forem sensibilizados e mobilizados para
participar deste processo. As autoridades locais detêm recursos políticos, institucionais,
financeiros e legais, além de grande capacidade de mobilização que são absolutamente
necessários para o êxito da Agenda 21, como se afirma no seu próprio texto: "elas
supervisionam o planejamento, mantêm infra-estrutura, estabelecem regulamentações
ambientais, ajudam na implementação de políticas nacionais e são fundamentais para a
mobilização do público no apoio ao desenvolvimento sustentável"3.
Os demais atores relevantes representam segmentos sociais com uma trajetória mais
tradicional de mobilização e participação na vida pública, razão pela qual seu envolvimento

3
Ibid., ibidem.
7

é importante para possibilitar as diversas mudanças necessárias para o desenvolvimento


sustentável. Neste grupo encontram-se os trabalhadores e os diversos sindicatos
trabalhistas, os empresários dos diversos setores econômicos e seus representantes, os
membros da comunidade científica e tecnológica, e os agricultores. Cada um destes
segmentos tem uma contribuição específica a dar para o êxito deste processo -
conhecimentos científicos e/ou práticos, capacidade administrativa e financeira, etc. - os
quais podem fazer a diferença entre a realização ou não dos objetivos da Agenda 21.
Este conjunto de atores constitui um referencial mínimo tanto para a mobilização
social, quanto para a construção de parcerias voltadas para a implementação de políticas
públicas orientadas a dar sustentação ao processo de desenvolvimento sustentável.
Entretanto, ele, seguramente, está longe de esgotar as possibilidades de participação local.
Dessa forma, segmentos como as entidades religiosas, as associações de moradores, clubes
sociais e entidades filantrópicas, para citar somente alguns exemplos, são também outros
tantos atores a serem mobilizados para a construção da Agenda 21. É preciso, portanto,
proceder, por assim dizer, ao "reconhecimento do terreno social" em cada localidade, de
maneira a mapear os atores presentes em cada contexto e poder assim determinar os atores
que deverão ser contatados, sensibilizados e mobilizados para a formalização das parcerias
necessárias à resolução dos problemas detectados em cada localidade.

5. O Contexto Político da Agenda 21: Democracia, Cidadania e Globalização.

"Pense globalmente, atue localmente"

O lema acima expressa com rara felicidade os fundamentos mais amplos da Agenda
21. O próprio contexto em que ela surge já evidencia algumas das questões mais
importantes desta última década do século.
A "Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento",
realizada na Cidade do Rio de Janeiro em 1992, reuniu, de um lado, Chefes de Estado de
cerca de 170 países, e, de outro, representantes de organizações não-governamentais, em
um processo que procurou reafirmar princípios democráticos e de respeito à cidadania na
formulação de uma nova perspectiva para se lidar com os problemas do meio ambiente
8

gerados por uma lógica de desenvolvimento econômico predatória. A Agenda 21 é a ex-


pressão material deste esforço por uma mudança de perspectiva e, ao mesmo tempo, de um
esforço por envolver cada vez mais os diversos atores e segmentos sociais na condução
deste processo de mudança.
Este novo enfoque trabalha com alguns princípios balizadores, que são
fundamentais para se compreender a importância que a mobilização social e a participação
da comunidade adquirem no contexto da Agenda 21. Destacaremos, aqui, três destes
princípios.
O primeiro deles refere-se à centralidade que a democracia assume como condição
para o êxito da implementação da Agenda 21. Com efeito, ela pressupõe que os diversos
atores sociais tenham a possibilidade de participar efetivamente do processo de
identificação dos problemas e de formulação das políticas públicas pertinentes à sua
resolução. Para isso, é fundamental a existência de condições institucionais que viabilizem
esta participação, sem exclusão a priori de nenhum segmento social. Portanto, é preciso
que o ambiente social, político e institucional em que estes atores se encontram para
exercer sua participação tenha um caráter democrático, que reconheça e respeite a
legitimidade de suas intervenções, interesses e perspectivas particulares. Neste sentido,
acompanhando transformações recentes e profundas na lógica de estruturação da esfera
pública em grande parte das sociedades contemporâneas, a noção de democracia também
sofreu algumas mudanças importantes; uma das mais significativas foi que a concepção
tradicional de democracia, de cunho essencialmente representativo - isto é, voltada para a
criação das condições para garantir a legitimidade dos representantes eleitos através dos
partidos políticos e das decisões que tomam nos diversos níveis em nome dos seus eleitores
-, evoluiu para uma concepção de democracia participativa , na qual a participação direta
dos diferentes atores sociais em decisões que afetam a vida dos grupos e das comunidades,
por fora das instituições representativas tradicionais mas não necessariamente contra elas, é
a principal característica.
Neste contexto, as decisões não são mais tomadas exclusivamente pelos
representantes formalmente eleitos e, portanto, com legitimidade institucional para fazê-lo,
mas também são compartilhadas com um conjunto cada vez mais diversificado de entidades
e organizações da sociedade civil, as quais têm um tipo de representatividade diferenciada
9

em relação àquela que caracteriza a formalidade democrática. Nesta nova perspectiva, a


esfera da ação social representada pela sociedade civil, base da democracia participativa,
assume um lugar cada vez mais relevante na dinâmica da esfera pública e na construção,
gestão, implementação e avaliação dos diversos temas da agenda pública.
O segundo princípio, diretamente relacionado ao anterior, é o da centralidade do
exercício permanente da cidadania como fator essencial para os propósitos da Agenda 21.
Ou seja, é fundamental que os diferentes atores sociais, em especial aqueles organizados,
encontrem condições propícias para sua atuação com vistas à resolução de problemas e à
vocalização de seus interesses particulares. Neste sentido, embora muito importante, não
basta que estes atores tenham, entre outros, o direito formal de se organizar, de expressar
livremente suas opiniões e interesses, de participar das decisões, se, por exemplo, os
diversos órgãos públicos não disponibilizam informações adequadas para estimular e
permitir a participação, ou se, mesmo participando, suas contribuições não são levadas em
conta, seus interesses não são contemplados, e se suas perspectivas não são consideradas na
formulação final das políticas públicas implementadas pelo Estado. Portanto, é preciso ter
claro que a cidadania não se exerce no vazio, ou abstratamente; é fundamental que existam
condições adequadas para que ela se dê e para que produza os frutos esperados pelos
diferentes segmentos sociais.
Outro princípio central é o da importância do plano local para a condução dos
processos de implantação da Agenda 21 e de participação social. A globalização
econômica é hoje um fato incontestável e parece ter vindo para ficar. No entanto, a
integração que ela promove, se produz alguns benefícios inegáveis, traz também o risco de
descaracterizar a cultura dos povos, afetando a sua auto-identidade, a sua auto-estima, e a
sua criatividade no plano da cultura, fundamental para a constituição de uma nação. Neste
contexto, a Agenda 21, embora seja um plano de ação a escala global, põe uma ênfase
especial no fato de que é efetivamente no nível local onde se sentem os efeitos das
inumeráveis decisões econômicas, políticas e sociais que incidem sobre a vida da
sociedade, afetando a sua qualidade de vida, o meio ambiente, e a distribuição dos
benefícios do desenvolvimento entre os distintos grupos sociais. Frente a isso, as
comunidades são particularmente estimuladas a desenvolver planos de ação no marco da
Agenda 21 que tenham seu enraizamento na própria localidade, como forma de melhor
10

enfrentar e resolver os problemas que se apresentam concretamente para cada uma delas.
Ainda que ações que possam congregar outros atores sociais possam e devam ser levadas a
cabo tanto a nível estadual quanto a nível federal, é no nível local que estes problemas
podem ser efetivamente superados. Por esta razão, a mobilização social no contexto da
Agenda 21 tem o plano local como seu ponto de partida e seu principal referencial.
Para finalizar, importa destacar que é preciso:
- "considerar a participação como um valor democrático;
- considerar a abrangência desta participação como valor e sinal
democrático; e,
- considerar a participação de todos como uma necessidades para
o desenvolvimento social"4

6. Quais os conceitos-chave da Agenda 21 Global?

O texto da Agenda 21 contém, neste sentido, os seguintes conceitos-chave, os quais


representam os fundamentos do desenvolvimento sustentável:

- Cooperação e parceria

Os princípios de cooperação e parceria apresentam-se como conceitos fundamentais


no processo de implementação da Agenda 21. A cooperação entre países, entre os
diferentes níveis de governo, nacional e local, e entre os vários segmentos da sociedade é
enfatizada, fortemente, em todo o documento da Agenda 21;

- Educação e desenvolvimento individual

A Agenda 21 destaca, nas áreas de programa que acompanham os capítulos


temáticos, a capacitação individual, além de ressaltar a necessidade de ampliar o horizonte
cultural e o leque de oportunidades para os jovens. Há, em todo o texto, forte apelo para

4
José Bernardo Toro A. e Nisia Maria Duarte Werneck. "Mobilização Social",
Ministério do Meio Ambi-
ente e Amazônia Legal, Brasília, 1997, pg. 17.
11

que governos e organizações da sociedade promovam programas educacionais cujo


objetivo seja propiciar a conscientização dos indivíduos sobre a importância de se pensar
nos problemas comuns a toda a Humanidade, buscando, ao mesmo tempo, incentivar o
engajamento de ações concretas nas comunidades;

- Eqüidade e fortalecimento dos grupos socialmente vulneráveis

Essa premissa, que permeia quase todos os capítulos da Agenda 21, reforça valores
e práticas participativas, dando consistência à experiência democrática dos países. Todos os
grupos, vulneráveis sob os aspectos social e político, ou em desvantagem relativa, como
crianças, jovens, idosos, deficientes, mulheres, populações tradicionais e indígenas, devem
ser incluídos e fortalecidos nos diferentes processos de implementação da Agenda 21
Nacional, Estadual e Local. Esses processos requerem não apenas a igualdade de direitos e
participação, mas também a contribuição de cada grupo com seus valores, conhecimentos e
sensibilidade;

- Planejamento

O desenvolvimento sustentável só será alcançado mediante estratégia de


planejamento integrado, que estabeleça prioridades e metas realistas. Portanto, esse
conceito demanda o aprimoramento, a longo prazo, de uma estrutura que permita controlar
e incentivar a efetiva implementação dos compromissos originários do processo de
elaboração da Agenda 21.

- Desenvolvimento da capacidade institucional

A Agenda 21 ressalta a importância de fortalecer os mecanismos institucionais por


meio do treinamento de recursos humanos (capacity building). Trata-se, em outras palavras,
de desenvolver competências e todo o potencial disponível em instituições governamentais
e não-governamentais, nos planos internacional, nacional, estadual e local, para o
gerenciamento das mudanças e das muitas atividades que serão solicitadas.
12

- Informação
A Agenda 21 chama a atenção para a necessidade de tornar disponíveis bases de
dados e informações que possam subsidiar a tomada de decisão, o cálculo e o
monitoramento dos impactos das atividades humanas no meio ambiente. A reunião de
dados dispersos e setorialmente produzidos é fundamental para possibilitar a avaliação das
informações geradas, sobretudo nos países em desenvolvimento.

7. Dilemas da Participação Social.

O primeiro deles é o sentimento de apatia e desinteresse encontrado entre as


pessoas, as quais tendem, com freqüência, a “naturalizar” os problemas que enfrentam e as
situações sociais em que se encontram. Se esquecem, neste sentido, de que podem e devem
atuar como sujeitos históricos ativos e responsáveis pela dinâmica socioambiental. Neste
caso, é necessário fazer um trabalho de esclarecimento junto aos segmentos da população
que podem se tornar parceiros potenciais na construção da Agenda 21 Local para que
superem esta paralisia social e passem a ser cidadãos no sentido mais pleno da palavra.
Outro obstáculo remete à ausência de recursos financeiros e de outro tipo para levar
adiante as atividades necessárias à mobilização social. A superação deste tipo de
dificuldade exige algum grau de criatividade, quando não é possível conseguir junto às
autoridades locais os recursos necessários. Assim, às vezes é preciso buscar meios de
financiamento junto aos empresários locais, junto às entidades da sociedade civil local
(quando se trata de recursos humanos e de conhecimentos especializados), e junto à própria
comunidade. Entretanto, uma vez formalizada a instância responsável pela condução da
Agenda 21 Local, um dos principais instrumentos geradores de recursos é a inclusão de
uma dotação específica para este fim no orçamento municipal, garantindo, na medida do
possível, a independência financeira do movimento.
A falta de compromisso real dos atores com a seqüência dos trabalhos da Agenda
21 Local, também pode comprometer o seu bom andamento. Neste sentido, é necessário
detectar com precisão a real capacidade de comprometimento dos atores com os trabalhos
13

de forma a não exigir mais do que é razoável esperar de cada um deles. No entanto, uma
vez formalmente comprometidos, é preciso encontrar os mecanismos para manter ativo o
engajamento destes atores no processo, o que, evidentemente, depende das suas
características particulares e do contexto local.
Por último, cabe mencionar dificuldades relacionadas ao próprio caráter
participativo que se pretende imprimir à mobilização social. É evidente que quanto mais
atores diversificados forem convocados a participar de um processo, maiores serão os
riscos de que suas perspectivas e interesses particulares venham a entrar em conflito com as
dos demais participantes. Por esta razão, embora a mobilização de um conjunto de atores
distintos possa potencializar as possibilidades de realização dos objetivos traçados ao longo
do processo, é preciso ter claro o risco envolvido nesta abertura à pluralidade social, sem,
com isso, optar por um fechamento das instâncias criadas à diversidade destes atores. A
democracia exige o exercício permanente da capacidade de articular interesses e
perspectivas diversos, apesar das dificuldades que isso normalmente representa.
Entretanto, para aqueles que buscam o caminho da participação e da mobilização
sociais, estes obstáculos podem se tornar, na verdade, outros tantos estímulos ao seu
compromisso com o bem-estar desta e das futuras gerações, e como um possível remédio
para as indigestões socioambientais causadas pelo atual padrão de desenvolvimento
econômico e de utilização dos recursos naturais.

8. Bibliografia.

MARTINS, JOSÉ PEDRO SOARES, A década desperdiçada – O Brasil, a Agenda 21 e a


Rio +10. Ed.Komedi. 2002

BRASIL. Lei Nº 2.892, Que institui o Sistema Nacional de Unidades de


conservação. Brasília,1999.

COMISSÃO MUNDIAL SOBRE O MEIO AMBIENTE E O DESENVOLVIMENTO,


Nosso Futuro Comum. 2.ed. Rio de janeiro: Ed Fundação Getúlio Vargas,1991.

COMISSÃO PARA AGENDA 21, 21 Perguntas e respostas para você saber mais
sobre a Agenda 21 Local. Brasília, 19996.
14

CONFERENCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE MEIO AMBIENTE E


DESENVOLVIMENTO, Rio de Janeiro, 3 a 14 jun. 1992. Agenda 21. 3.ed. Brasilia:
Senado Federal, 2000.

MACIEL, T. (Org.), O ambiente inteiro. Rio de Janeiro, Editora da UFRJ,


1992.

GRUPO DE DEFESA ECOLÓGICA, O que é Agenda 21? Rio de Janeiro. Disponível


em http://www.grude.com. Acesso em: 15 ago 2000.

IBAM /DUMA, PCRJ/ SMAC, Guia das Unidades de conservação Ambiental do Rio
de Janeiro. Rio de Janeiro, 1998.

INTERNATIONAL COUNCIL FOR LOCAL ENVIRONMENT INITIATIVES (ICLEI),


Local Agenda 21 Planning Guide. An introduction to Sustainable Development
Planning. Montreal: ICLEI,

KRANZ, P, Pequeno Guia da Agenda 21 Local. Rio de Janeiro: Ed. Hipocampo, 1999.

SACHS, I, Caminhos para o desenvolvimento sustentável: idéias sustentáveis.


Rio de Janeiro: Ed. Garamond, 2000.

9. Sites de Consulta

http://www.agenda21.org.br/ - Site de informações acerca da Agenda 21

http://www.rio.rj.gov.br/smac/agenda21.htm - Princípios e conceitos, Agenda 21 Local,


Fórum da Agenda 21 – Prefeitura do Rio de janeiro

http://www.vitaecivilis.org.br/ag21.htm# - Agenda 21 Global, Local e Brasileira

http://www.agenda21local.hpg.ig.com.br/ - Agenda 21 Local, Conferências estaduais e


Fóruns

http://www.mct.gov.br/clima/comunic_old/agend21.htm - Comissão de Políticas de


Desenvolvimento Sustentável e da Agenda 21 Brasileira

http://www.abcdaecologia.hpg.ig.com.br/politicaAgenda21.htm - Iniciativas e Agenda


Oficial

http://www.energiaemeioambiente.org.br/riomaisdez/agenda21.asp - Questões energéticas,


desenvolvimento sustentável e Agenda 21

http://www.feam.br/ag21menu.htm - Conceitos e aplicações


15

http://www2.ibps.com.br/ - Instituto Brasileiro de Produção Sustentável e Direito


Ambiental. Agenda 21.

http://www.mma.gov.br/port/se/agen21/capa/ - Agenda 21 Brasileira

http://www.geocities.com/agenda21rj/ - Agenda 21 Governo do Estado do Rio de Janeiro.

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