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A Gestalt
A PERCEPÇÃO
1
R Arnheim Arte e percepção visual: uma psicologia da visão criadora. p.44-7.
Os fenômenos deste tipo
encontram sua explicação
naquilo que os psicólogos da
Gestalt descrevei como a lei
básica da percepção visual:
“qualquer padrão de estímulo
tende a ser visto de tal modo
que a estrutura resultante é tão
simples quanto as condições
dadas permitem”.
A BOA-FORMA
A Gestalt encontra nesses fenômenos da percepção as condições
para a compreensão do comportamento humano. A maneira como
percebemos um determinado estímulo irá desencadear nosso
comportamento. [pg. 61]
Muitas vezes, os nossos comportamentos guardam relação estreita
com os estímulos físicos, e outras, eles são completamente diferentes do
esperado porque “entendemos” o ambiente de uma maneira diferente da
sua realidade. Quantas vezes já nos aconteceu de cumprimentarmos a
distância uma pessoa conhecida e, ao chegarmos mais perto,
depararmos com um atônito desconhecido. Um “erro” de percepção nos
levou ao comportamento de cumprimentar o desconhecido. Ora, ocorre
que, no momento em que confundimos a pessoa, estávamos “de fato”
cumprimentando nosso amigo. Esta pequena confusão demonstra que a
nossa percepção do estímulo (a pessoa desconhecida) naquelas
condições ambientais dadas é mediatizada pela forma como
interpretamos o conteúdo percebido.
Se nos elementos
percebidos não há equilíbrio,
simetria, estabilidade e
simplicidade, não alcançaremos
a boa-forma.
O elemento que
objetivamos compreender deve ser apresentado em aspectos básicos,
que permitam a sua decodificação, ou seja, a percepção da boa-forma.
O exemplo da figura 5 ilustra a noção de boa-forma. Geralmente
percebemos o segmento de reta a maior que o segmento de reta b, mas,
na realidade, isso é uma ilusão de ótica, já que ambos são idênticos.
A maneira como se distribuem os elementos que compõem as
duas figuras não apresenta equilíbrio, simetria, estabilidade e
simplicidade suficientes para
garantir a boa-forma, isto é, para
superar a ilusão de ótica.
A tendência da nossa
percepção em buscar a boa-
forma permitirá a relação figura-
fundo. Quanto mais clara estiver
a forma (boa-forma), mais clara
será a separação entre a figura e
o fundo. Quando isso não ocorre,
O que temos aqui? Uma taça ou dois perfis? A figura
ambígua não oferece uma clara distinção figura- torna-se difícil distinguir o que é
fundo.
figura e o que é fundo, como é o caso da figura 6. Nessa figura ambígua,
fundo e figura substituem-se, dependendo da percepção de quem os
olha. Faça o teste: é possível ver a taça e os perfis ao mesmo tempo?
[pg. 62]
MEIO GEOGRÁFICO
E MEIO COMPORTAMENTAL
INSIGHT
A Psicologia da Gestalt, diferentemente do associacionismo
(capítulo 2), vê a aprendizagem como a relação entre o todo e a parte,
onde o todo tem papel fundamental na compreensão do objeto
percebido, enquanto as teorias de S-R (Associacionismo, Behaviorismo)
acreditam que aprendemos estabelecendo relações — dos objetos mais
simples para os mais complexos.
Exemplificando, é possível a
uma criança de 3 anos, que não
sabe ler, distinguir a logomarca de
A conhecida logomarca da Coca-Cola é destacada
do fundo pela criança, que identifica a figura como um refrigerante e nomeá-lo
se soubesse ler a palavra.
corretamente. Ela separou a
palavra na sua totalidade, distinguindo a figura (palavra) e o fundo (figura
7). No caso, a criança não aprendeu [pg. 64] a ler a palavra juntando as
letras, como nos ensinaram, mas dando significação ao todo.
Nem sempre as situações vividas por nós apresentam-se de forma
tão clara que permita sua percepção imediata. Essas situações dificultam
o processo de aprendizagem, porque não permitem uma clara definição
da figura-fundo, impedindo a relação parte/todo.
Acontece, às vezes, de estarmos olhando para uma figura que não
tem sentido para nós e, de repente, sem que tenhamos feito nenhum
esforço especial para isso, a relação figura-fundo elucida-se.
A esse fenômeno a Gestalt dá o nome de insight. O termo designa
uma compreensão imediata, enquanto uma espécie de “entendimento
interno”.