Вы находитесь на странице: 1из 11

See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.

net/publication/299355751

Discinese escapular: revisão sobre implicações clínicas, aspectos biomecânicos,


avaliação e reabilitação. (Scapular dyskinesis: a review of clinical implications,
biomechanical asp...

Article · January 2016

CITATIONS READS
0 12,210

3 authors, including:

André Bley Paulo Marchetti


Universidade Nove de Julho California State University, Northridge
28 PUBLICATIONS   127 CITATIONS    155 PUBLICATIONS   431 CITATIONS   

SEE PROFILE SEE PROFILE

Some of the authors of this publication are also working on these related projects:

MAsters degree View project

AVALIAÇÃO INDIRETA DA FORÇA DOS MÚSCULOS DO CORE EM INICIANTES DE ACADEMIA (Evaluation of core muscles strength in beginners of the resistance training)_2015
View project

All content following this page was uploaded by Paulo Marchetti on 22 March 2016.

The user has requested enhancement of the downloaded file.


ARTIGO DE REVISÃO

DISCINESE ESCAPULAR: REVISÃO SOBRE IMPLICAÇÕES CLÍNICAS,


ASPECTOS BIOMECÂNICOS, AVALIAÇÃO E REABILITAÇÃO
ISSN: 2178-7514
Vol. 8| Nº. 2 | Ano 2016 Scapular dyskinesis: a review of clinical implications, biomechanical aspects,
assessment and rehabilitation

Andre Serra Bley1,2, Paulo Roberto Garcia Lucarelli3, Paulo Henrique Marchetti 4,5

RESUMO
A discinese escapular é caracterizada pelo movimento desequilibrado da escápula durante os movimentos
do membro superior, sendo então apontada como um dos fatores predisponentes às lesões no complexo
articular do ombro. A presença ou ausência da discinese escapular deve ser determinada durante
um exame clínico constituído por inspeção estática e dinâmica da posição escapular e baseada nesta
avaliação, a reabilitação inclui exercícios de alongamento e fortalecimento da musculatura escapular. O
objetivo deste estudo foi realizar uma revisão sobre as principais características abordadas na literatura
sobre a discinese escapular. Foram selecionados os artigos de maior relevância para o objetivo do
estudo, entre os anos de 1999 e 2015. A avaliação estática e dinâmica da escápula, apesar de ser baseada
num exame qualitativo, é um meio eficiente de identificar as principais alterações biomecânicas da
escápula e dessa forma, capaz de auxiliar no estabelecimento dos objetivos de tratamento para esta
condição.

Palavras-chaves: articulação do ombro, síndrome do pinçamento subacromial, reabilitação.

ABSTRACT

The scapular dyskinesis is characterized by unbalanced movement of the scapula during movements
of the upper limbs, and can be identified as one of the main factors to predispose shoulder injuries.
The presence of scapular dyskinesis may be determined during a clinical examination by using static
and dynamic inspection and, based on this evaluation, the rehabilitation process includes stretching and
strengthening exercises for the scapular muscles. The aim of this study was to conduct a brief review
of the main features discussed in the literature on the scapular dyskinesis. We selected articles between
1999 and 2015. The static and dynamic scapular evaluation, even though a qualitative assessment, is an
efficient way to identify the main biomechanical changes in the scapula and, an efficient way to assist
in the establishment of the treatment goals for this condition.

Keywords: shoulder joint, shoulder impingement syndrome, rehabilitation.

Autor de correspondência 1) Programa de doutorado em Ciências da Reabilitação, UNINOVE, São Paulo, SP, Brasil.
Paulo H. Marchetti 2) Curso de Fisioterapia da Universidade Cidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil.
Universidade Metodista de Piracicaba. Rod. do 3) Pós-Graduação Stricto Sensu em Ciências da Reabilitação, UNINOVE, São Paulo, SP, Brasil.
Açúcar Km 156, Bloco 7, Sala 41, Taquaral.
13400-911 - Piracicaba, SP – Brasil 4) Grupo de Pesquisa em Performance Humana, Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em
Ciências do Movimento Humano, UNIMEP, Piracicaba, SP, Brasil.
E-mail: pmarchetti@unimep.br 5) Instituto de Ortopedia e Traumatologia, Faculdade de Medicina, USP, São Paulo, Brasil.
Discinese escapular: revisão sobre implicações clínicas, aspectos biomecânicos, avaliação e reabilitação

1 INTRODUÇÃO discinese escapular, do latim dyskinesis (‘dys’ –

alteração e ‘kinesis’ – movimento), termo que se

A escápula exerce funções essenciais refere ao movimento desequilibrado da escápula.

para o bom desempenho biomecânico dos A discinese escapular tem sido comumente

membros superiores. Seu movimento adequado associada a diversas doenças no complexo

é necessário para o correto funcionamento da articular do ombro, principalmente a síndrome do

articulação glenoumeral, principalmente durante a impacto (4-6). Pacientes com síndrome do impacto

elevação (abdução e flexão) do complexo articular geralmente apresentam diminuição da inclinação

do ombro acima de 90°(1). posterior, rotação superior e rotação externa da

O movimento da escápula ocorre em escápula (4), contribuindo para a compressão das

torno dos 3 eixos de rotação. No plano frontal, estruturas no espaço subacromial (7-10).

ocorre rotação da escápula para cima e para baixo A falta de apropriado controle

(de acordo com a orientação da fossa glenóide neuromuscular da escápula tem sido relacionada

para cima e para baixo, respectivamente), no como uma das principais causas da discinese

plano transverso, rotação interna e externa (fossa escapular . Sendo assim, o conhecimento
(8,11-13)

glenóide orientada para anterior e para posterior, biomecânico rigoroso desta condição é

respectivamente) e, no plano sagital, inclinação fundamental ao profissional de reabilitação,

anterior e posterior (quando o acrômio desloca-se pois poderá ajudar no processo de avaliação e

anterior ou posteriormente, respectivamente)(2,3). intervenção, com maior eficiência de resultados

O equilíbrio cinemático da escápula nestes sempre que a discinese escapular estiver associada

três planos permite que o úmero se desloque com a patologia em curso.

com eficiência, por atuar como uma plataforma Dessa forma, o objetivo deste estudo

estável para a ativação dos músculos proximais, foi realizar uma breve revisão da literatura

consequentemente, melhorando a coaptação da científica sobre as implicações clínicas,

articulação glenoumeral(3). biomecânica, avaliação e princípios de tratamento

Kibler e Sciascia (1)


denominaram as fisioterapêutico da discinese escapular.

alterações do movimento da escápula como

Revista CPAQV – Centro de Pesquisas Avançadas em Qualidade de Vida | Vol.8| Nº. 2 | Ano 2016| p. 2
Discinese escapular: revisão sobre implicações clínicas, aspectos biomecânicos, avaliação e reabilitação

2. METODOLOGIA ou lordose cervical), lesões nervosas, disfunções


Foi realizada uma busca de artigos nas proprioceptivas, fraturas da clavícula ou lesões
bases de dados eletrônicas; Pubmed, Medline, acromioclaviculares. Contudo, as causas mais
Lilacs e Scielo, entre 1999 a 2015, nos idiomas comuns são resultado da alteração na ativação
português e inglês. Os resumos dos trabalhos e coordenação dos músculos estabilizadores da
encontrados foram analisados e selecionados escápula, assim como da falta de flexibilidade,
aqueles de maior relevância para o objetivo do fraqueza ou contratura dos músculos e/ou
estudo. Os descritores adotados para busca nas ligamentos no complexo articular do ombro (16,17).
bases de dados, em língua portuguesa, foram: Dessa forma, o termo “discinese escapular”
escápula, ombro, ritmo escapuloumeral, discinese é melhor empregado quando a biomecânica alterada
escapular, discinesia escapular, biomecânica do da escápula no repouso ou durante o movimento é
ombro, síndrome do impacto e reabilitação. Os resultado da disfunção, contratura ou fraqueza de
descritores em língua inglesa foram: scapula, seus estabilizadores (18-21).
shoulder, scapulohumeral rhythm, impingement, 3.1. Implicações Clínicas: Quando a escápula
scapular dyskinesis e rehabilitation. não desempenha o seu papel de estabilização,
a função do complexo articular do ombro
3. REVISÃO DA LITERATURA é ineficiente, predispondo o indivíduo a
A escápula é um elo importante para a desenvolver lesões, tais como às instabilidades,
função adequada do complexo articular do ombro. capsulite adesiva e síndrome do impacto (10,22).
As alterações biomecânicas de seu movimento Segundo Kibler e McMullen , 68% dos
(23)

são conhecidas como discinese escapular (1)


. Os pacientes com síndrome do impacto, 94%
termos “escápula alada” e “discinesia escapular” com lesão labral e 100% dos que apresentam
(dyskinesia scapular) já foram empregados para instabilidade glenoumeral possuem discinese
tal situação, entretanto, o primeiro é causado escapular. Porém, ainda há dúvidas se a discinese
pela lesão do nervo torácico longo, deixando escapular representa um fenômeno primário ou
mais proeminente a borda medial da escápula e secundário nas lesões do complexo articular do
o segundo, se refere a uma perda de controle dos ombro. Por esse motivo o interesse em estudos
movimentos voluntários da escápula, situação vista sobre o movimento escapulotorácico vem
em lesões neurológicas centrais (1,14). crescendo consideravelmente (15,24-27).
Segundo Burkhart, Morgan e Kibler (2,15)
3.2. Aspectos Biomecânicos: Durante a
citam que a discinese escapular pode ser causada elevação do membro superior, a escápula deve
por vários fatores, dentre as quais podemos citar rodar para cima e externamente, além de inclinar
a má postura corporal (excessiva cifose torácica posteriormente.

Revista CPAQV – Centro de Pesquisas Avançadas em Qualidade de Vida | Vol.8| Nº. 2 | Ano 2016| p. 3
Discinese escapular: revisão sobre implicações clínicas, aspectos biomecânicos, avaliação e reabilitação

Os músculos serrátil anterior e trapézio o encurtamento do peitoral menor diminui a

são essenciais para esse movimento ocorrer, inclinação posterior e aumenta a rotação interna

contribuindo para o posicionamento adequado da da escápula durante a elevação. Estes movimentos

escápula durante as atividades de elevação (11,12,21,28,29). são acreditados por contribuir potencialmente ao

O músculo serrátil anterior é considerado impacto clínico, reduzindo a quantidade de espaço

um dos principais músculos de fixação da escápula subacromial.

na caixa torácica durante a elevação do membro A inclinação posterior da escápula é

superior (11, 19). Seu enfraquecimento contribui para importante para manter o acrômio afastado da

o déficit na rotação para cima e na rotação externa cabeça umeral durante a elevação do úmero, sendo

da escápula, movimentos necessários para uma boa que a falta desta inclinação posterior têm sido

cinemática de elevação do membro superior. Além atribuída ao encurtamento do peitoral menor (1,4).

disso, o músculo trapézio em sua porção média e 3.3. Avaliação: O processo de avaliação

inferior apresentam grande importância ao garantir da discinese é um desafio, pois trata-se de um

uma boa rotação da escápula para cima (13,19,21,30,31). processo mais qualitativo que quantitativo.

Diferentes estudos (5,12,19)


apontam para Embora o termo empregado indique uma

alterações na atividade eletromiográfica (serrátil alteração, não é possível se identificar os tipos de

anterior, trapézio fibras superiores e inferiores) posições ou padrões de movimentos escapulares

e na cinemática (tronco, escápula e úmero), e consequentes implicações clínicas.

durante a elevação do membro superior no plano Isso dificulta a comunicação entre

escapular, em pacientes com sinais de síndrome examinadores e aumenta a dificuldade em

do impacto. Além disso, a diminuição da rotação caracterizar o envolvimento escapular nas patologias

para cima, aumento da inclinação anterior, e o do complexo articular do ombro (1, 3, 9, 33). Além disso,

aumento da rotação medial da escápula tedem a a massa muscular local esconde as saliências ósseas

ser mais evidentes sob as condições de carga (peso na superfície da pele (3).

nas mãos), situações que favorecem a diminuição No entanto, a presença ou ausência da

do espaço subacromial. discinese escapular deve ser determinada durante um

Borstad e Ludewig (32)


acrescentam que exame clínico constituído por inspeção da posição

Revista CPAQV – Centro de Pesquisas Avançadas em Qualidade de Vida | Vol.8| Nº. 2 | Ano 2016| p. 4
Discinese escapular: revisão sobre implicações clínicas, aspectos biomecânicos, avaliação e reabilitação

escapular durante o repouso e do comportamento recursos de alto custo que se tornam inviáveis na prática

da escápula durante a elevação do membro clínica.

superior. Manobras corretivas da escápula durante O teste de discinese escapular tem sido utilizado,

a avaliação também pode ajudar no diagnóstico e de maneira mais simples, para classificar o indivíduos

na caracterização do envolvimento da discinese nas com (“sim”) ou sem (“não”) discinese escapular. A

lesões do complexo articular do ombro (1, 3, 33, 34). presença da discinese é caracterizada pela evidente

Diversas técnicas vêm sendo desenvolvidas para alteração da estabilidade multiplanar da escápula durante

analisar a discinese escapular objetivamente. a elevação do membro (36,37).

Kibler et al., (35)


classificaram a discinese em Matsuki et al., (38)
referem que existem diferenças

quatro padrões; tipo I, apenas o ângulo inferior na cinemática entre a escápula dominante e não

da escápula encontra-se proeminente e, durante o dominante, as quais devem ser levadas em consideração

movimento, o acrômio inclina-se anteriormente durante a avaliação. A escápula dominante apresenta

e o ângulo inferior inclina-se posteriormente; ~10° rotacionada para baixo no repouso e ~4° para

tipo II, há proeminência da borda medial da cima durante a elevação do membro superior quando

escápula no repouso e inclinação posterior da comparada a escápula não dominante.

borda medial durante o movimento; tipo III, a Uma vez que a avaliação é feita e o

borda superior da escápula permanece elevada diagnóstico completo e confiável de todos os fatores

no repouso e a escápula pode estar deslocada que possam causar ou contribuir para os problemas

anteriormente; durante o movimento não é escapulares são estabelecidos, a reabilitação

observada à inclinação posterior da borda medial escapular deve ser abordada. Na maioria dos casos

da escápula e tipo IV, uma posição assimétrica o tratamento é conservador e inclui fisioterapia para

entre as escápulas. fortalecimento da musculatura escapular (39).

Outros métodos são utilizados para avaliar a 3.4. Proposta Geral de Reabilitação: Caso a

discinese escapular, McClure et al., (26) verificaram escápula apresente alterações no padrão de sua

que a medição do movimento escapular normal movimentação, o tratamento da discinese escapular

pode auxiliar na identificação de movimento deve começar com a otimização da estabilidade

anormal. Porém a avaliação envolvia métodos e dinâmica.

Revista CPAQV – Centro de Pesquisas Avançadas em Qualidade de Vida | Vol.8| Nº. 2 | Ano 2016| p. 5
Discinese escapular: revisão sobre implicações clínicas, aspectos biomecânicos, avaliação e reabilitação

Esta reabilitação deve incluir o sincronismo de forma que a flexão de ombro é induzida. Depois,
forças entre os músculos escapulotorácicos e o paciente deve voltar à posição inicial e estender
escapuloumerais com base em protocolos de o ombro concentrando-se em aproximar as
reabilitação que devem enfatizar os depressores escápulas para trabalhar os musculos rombóides
da cabeça umeral, estabilizadores da escápula e de e trapézio inferior;
músculos que atuam primariamente no complexo 3. Exercício ball-stabilization: pode ser iniciado
articular do ombro (3-6, 17,30). precocemente e progredir em todo curso do
Inicialmente, os exercícios devem tratamento. O paciente deve ficar em pé ao
integrar a estabilização escapular, para isso, são lado de uma parede com membro acometido
necessárias técnicas a fim de manter a escápula estendido e a mão sobre uma bola, o mesmo deve
na posição correta, que evita o impacto e mantém evitar que a bola se mova. O fisioterapeuta aplica
as relações comprimento-tensão dos músculos. perturbações em diversas direções, com intuito de
Cada progressão dos exercícios deve começar fortalecer vários estabilizadores da escápula. Este
com alongamento, para uma postura correta, exercício pode ser intensificado aumentando as
seguido de exercícios de fortalecimento dos perturbações e a massa da bola.
músculos escapulares (5,17,40). 4. O exercício de Facilitação Neuromuscular
Para a estabilização escapular são Proprioceptiva (FNP) (flexão de ombro, abdução
propostos muitos exercícios que ativam os e rotação externa): imita a direcionaliade
músculos que controlam e movem a escápula. funcional e auxilia no condicionamento dos três
Voight e Thomson (40)
propõem exercícios que planos. Este exercício pode ser feito ativamente
podem ser utilizados para restaurar o movimento sem carga ou utilizando halteres e faixas elásticas;
e estabilidade escapular, facilitar o ritmo escápulo- 5. Exercícios de socos alternados: auxilia no
umeral e diminuir a probabilidade de síndrome fortalecimento do músculo serratil anterior, bem
do impacto do complexo articular do ombro: como os músculos do manguito rotador. Pode-
1. Exercício scapular-clock: o paciente em pé, se iniciar o exerício na postura estática utilizando
coloca a mão do lado lesionado em uma bola halteres leves e evoluir para socos alternados com
sobre uma superfície, então move a bola no pisada a frente utilizando elásticos;
sentido horário, três, seis e nove horas, facilitando 6. Exercícios pliométricos utilizando bolas com
a elevação, retração, depressão, e protração da diferentes cargas: fornecem boa progressão para
escápula respectivamente; melhorar a estabilidade escapular. O paciente
2. Exercício towel slide: o paciente em pé, fica deve jogar a bola que está acima da cabeça
ao lado de uma superfície com a mão sobre uma em diferentes direções para ativar diferentes
toalha. O paciente deve flexionar a coluna de tal músculos.

Revista CPAQV – Centro de Pesquisas Avançadas em Qualidade de Vida | Vol.8| Nº. 2 | Ano 2016| p. 6
Discinese escapular: revisão sobre implicações clínicas, aspectos biomecânicos, avaliação e reabilitação

Diversos outros exercícios tem sido utili- músculos do manguito rotador, para, então, es-
zados para a restauração da estabilidade escapu- tabilizar dinamicamente o complexo articular do
lar, muitas vezes com o intuito de recrutar mel- ombro e melhorar o recrutamento dos músculos
hor os músculos serrátil anterior, trapázio médio escapulares durante as atividades funcionais diári-
e inferior, em detrimento a uma menor ativação as (3,5,6,17,30,43).
do trapézio superior. Para o músculo serrátil an- Dessa forma, Johnson et al., (44) citam que
terior os exercícios dynamic hug (protração em é importante realizar um trabalho proprioceptivo,
ortostatismo contra resistência elástica), serratus nas instabilidades do complexo articular do om-
punch (protração em decúbito dorsal) e push-up bro, para melhorar o controle neuromuscular em
plus (protração em cadeia cinética fechada), para o posições “de risco”, como a abdução e rotação
trapézio médio, abdução horizontal em decúbito externa máxima. Estes exercícios podem envolver
ventral mantendo a rotação externa e abdução descarga de peso, como os exercícios de push up
horizontal em decúbito lateral e para o trapézio e movimentos em diagonais como na Facilitação
inferior, abdução horizontal em decúbito ventral Neuromuscular Proprioceptiva, contribuindo
mantendo a rotação externa em 90o e 120°, ab- para um melhor controle escapular, melhor ati-
dução horizontal em decúbito ventral associada a vação dos músculos do manguito rotador, dimin-
rotação externa, extensão de ombro em decúbito uindo assim as chances de desenvolver lesões.
ventral e rotação lateral bilateral em ortostatismo 4. CONCLUSÕES
.
(6, 12, 21, 28, 30)
A discinese escapular está relacionada
Reinold, Escamilla e Wilk (6) sugerem que os pro- comumente com o aumento da probabilidade de
tocolos de reabilitação devem ser iniciados com impacto subacromial, devido à diminuição do es-
baixas cargas e maior número de repetições, uma paço causada pela falta de movimentação da es-
vez que, os músculos estabilizadores do complexo cápula durante a elevação do membro superior.
articular do ombro tendem a não aumentar sua O método de avaliação dinâmica da escápula é
ativação com o aumento das cargas (41). qualitativo, porém ainda é um meio rápido e tem
O alongamento de peitoral menor e de sido demonstrado ser eficiente no diagnóstico da
cápsula posterior tem sido recomendado devido discinese escapular. Os desequilíbrios musculares
à influência que estas estruturas têm sobre o posi- são mais comumente associados a tal condição,
cionamento estático e dinâmico da escápula (5,28,42). sendo que o músculo serrátil anterior perece ser
Os exercícios de elevação no plano da o mais importante na participação da estabilidade
escápula e na posição “lata cheia” (mantendo da escápula, o qual deve ser abordado durante a
rotação externa umeral) devem ser estimulados, reabilitação das doenças do complexo articular
assim como um treinamento adequado para os do ombro.

Revista CPAQV – Centro de Pesquisas Avançadas em Qualidade de Vida | Vol.8| Nº. 2 | Ano 2016| p. 7
Discinese escapular: revisão sobre implicações clínicas, aspectos biomecânicos, avaliação e reabilitação

Mais estudos devem ser realizados a fim de se for glenohumeral and scapulothoracic musculature. J
Orthop Sports Phys Ther. 2009;39(2):105-17.
comprovar a relação da discinese escapular com
7. Seitz AL, McClure PW, Finucane S, Boardman
as lesões que afetam o complexo articular do ND, 3rd, Michener LA. Mechanisms of rotator cuff
ombro e quais os exercícios são capazes de gerar tendinopathy: intrinsic, extrinsic, or both? Clin Biomech
(Bristol, Avon). 2011;26(1):1-12.
resultados mais rápidos e eficientes. É importante 8. Timmons MK, Thigpen CA, Seitz AL, Karduna AR,
ressaltar que os exercícios descritos devem ser Arnold BL, Michener LA. Scapular kinematics and
subacromial-impingement syndrome: a meta-analysis. J
evitados como um protocolo. A investigação Sport Rehabil. 2012;21(4):354-70.
sobre carga, intensidade, duração e frequencia 9. Yoshizaki K, Hamada J, Tamai K, Sahara R, Fujiwara
T, Fujimoto T. Analysis of the scapulohumeral rhythm
das sessões de intervenção devem ser melhor
and electromyography of the shoulder muscles during
investigadas. O ideal é experimentar os exercícios elevation and lowering: comparison of dominant
de diferentes formas para adequá-los a cada and nondominant shoulders. J Shoulder Elbow Surg.
2009;18(5):756-63.
paciente, pois suas particularidades devem ser 10. Michener LA, McClure PW, Karduna AR.
consideradas e os objetivos de reabilitação devem Anatomical and biomechanical mechanisms of
subacromial impingement syndrome. Clin Biomech
ser traçados a partir de uma criteriosa avaliação (Bristol, Avon). 2003;18(5):369-79.
da dinâmica escapular. A individualização do 11. Andersen CH, Zebis MK, Saervoll C, Sundstrup
E, Jakobsen MD, Sjogaard G, et al. Scapular muscle
tratamento é o meio mais eficiente na busca pela
activity from selected strengthening exercises
obtenção dos melhores resultados. performed at low and high intensities. J Strength Cond
Res. 2012;26(9):2408-16.
5. REFERÊNCIAS 12. Ekstrom RA, Donatelli RA, Soderberg GL.
Surface electromyographic analysis of exercises for
1. Kibler WB, Sciascia A. Current concepts: scapular the trapezius and serratus anterior muscles. J Orthop
dyskinesis. Br J Sports Med. 2010;44(5):300-5. Sports Phys Ther. 2003;33(5):247-58.
2. Burkhart SS, Morgan CD, Kibler WB. The disabled 13. Ekstrom RA, Bifulco KM, Lopau CJ, Andersen
throwing shoulder: spectrum of pathology Part CF, Gough JR. Comparing the function of the upper
I: pathoanatomy and biomechanics. Arthroscopy. and lower parts of the serratus anterior muscle using
2003;19(4):404-20. surface electromyography. J Orthop Sports Phys Ther.
3. Kibler WB, Ludewig PM, McClure P, Uhl TL, 2004;34(5):235-43.
Sciascia A. Scapular Summit 2009: introduction. July 14. Mastrella Ade S, Freitas-Junior R, Paulinelli RR,
16, 2009, Lexington, Kentucky. J Orthop Sports Phys Soares LR. Incidence and risk factors for winged
Ther. 2009;39(11):A1-a13. scapula after surgical treatment for breast cancer. J Clin
4. Ludewig PM, Cook TM. Alterations in shoulder Nurs. 2014;23(17-18):2525-31.
kinematics and associated muscle activity in people 15. Burkhart SS, Morgan CD, Kibler WB. The disabled
with symptoms of shoulder impingement. Phys Ther. throwing shoulder: spectrum of pathology Part III:
2000;80(3):276-91. The SICK scapula, scapular dyskinesis, the kinetic
5. Ludewig PM, Reynolds JF. The association of chain, and rehabilitation. Arthroscopy. 2003;19(6):641-
scapular kinematics and glenohumeral joint pathologies. 61.
J Orthop Sports Phys Ther. 2009;39(2):90-104. 16. Kibler WB, Sciascia A, Wilkes T. Scapular dyskinesis
6. Reinold MM, Escamilla RF, Wilk KE. Current concepts and its relation to shoulder injury. J Am Acad Orthop
in the scientific and clinical rationale behind exercises Surg. 2012;20(6):364-72.

Revista CPAQV – Centro de Pesquisas Avançadas em Qualidade de Vida | Vol.8| Nº. 2 | Ano 2016| p. 8
Discinese escapular: revisão sobre implicações clínicas, aspectos biomecânicos, avaliação e reabilitação

17. Kibler WB, Ludewig PM, McClure PW, Michener LA, Bak Z, Van Damme E, et al. Shoulder muscle activation
K, Sciascia AD. Clinical implications of scapular dyskinesis levels during four closed kinetic chain exercises with
in shoulder injury: the 2013 consensus statement from the and without Redcord slings. J Strength Cond Res.
‘Scapular Summit’. Br J Sports Med. 2013;47(14):877-85. 2014;28(6):1626-35.
18. Ellenbecker TS, Cools A. Rehabilitation of shoulder 30. Escamilla RF, Yamashiro K, Paulos L, Andrews
impingement syndrome and rotator cuff injuries: an JR. Shoulder muscle activity and function in common
evidence-based review. Br J Sports Med. 2010;44(5):319-27. shoulder rehabilitation exercises. Sports Med.
19. Bdaiwi AH, Mackenzie TA, Herrington L, Horsley I, Cools 2009;39(8):663-85.
AM. Acromiohumeral Distance During Neuromuscular 31. Lopes AD, Timmons MK, Grover M, Ciconelli RM,
Electrical Stimulation of the Lower Trapezius and Serratus Michener LA. Visual scapular dyskinesis: kinematics and
Anterior Muscles in Healthy Participants. J Athl Train. muscle activity alterations in patients with subacromial
2015;50(7):713-8. impingement syndrome. Arch Phys Med Rehabil.
20. Cools AM, Witvrouw EE, Declercq GA, Danneels LA, 2015;96(2):298-306.
Cambier DC. Scapular muscle recruitment patterns: trapezius 32. Borstad JD, Ludewig PM. The effect of long
muscle latency with and without impingement symptoms. versus short pectoralis minor resting length on scapular
Am J Sports Med. 2003;31(4):542-9. kinematics in healthy individuals. J Orthop Sports Phys
21. Cools AM, Dewitte V, Lanszweert F, Notebaert D, Ther. 2005;35(4):227-38.
Roets A, Soetens B, et al. Rehabilitation of scapular muscle 33. Seitz AL, McClure PW, Lynch SS, Ketchum JM,
balance: which exercises to prescribe? Am J Sports Med. Michener LA. Effects of scapular dyskinesis and scapular
2007;35(10):1744-51. assistance test on subacromial space during static arm
22. Amasay T, Karduna AR. Scapular kinematics in elevation. J Shoulder Elbow Surg. 2012;21(5):631-40.
constrained and functional upper extremity movements. J 34. Kibler WB, Sciascia A, Dome D. Evaluation of
Orthop Sports Phys Ther. 2009;39(8):618-27. apparent and absolute supraspinatus strength in patients
23. Kibler WB, McMullen J. Scapular dyskinesis and its relation with shoulder injury using the scapular retraction test.
to shoulder pain. J Am Acad Orthop Surg. 2003;11(2):142-51. Am J Sports Med. 2006;34(10):1643-7.
24. Lukasiewicz AC, McClure P, Michener L, Pratt N, 35. Kibler WB, Uhl TL, Maddux JW, Brooks PV, Zeller
Sennett B. Comparison of 3-dimensional scapular position B, McMullen J. Qualitative clinical evaluation of scapular
and orientation between subjects with and without shoulder dysfunction: a reliability study. J Shoulder Elbow Surg.
impingement. J Orthop Sports Phys Ther. 1999;29(10):574- 2002;11(6):550-6.
83; discussion 84-6. 36. McClure P, Tate AR, Kareha S, Irwin D, Zlupko E. A
25. Matsuki K, Matsuki KO, Yamaguchi S, Ochiai N, Sasho clinical method for identifying scapular dyskinesis, part
T, Sugaya H, et al. Dynamic in vivo glenohumeral kinematics 1: reliability. J Athl Train. 2009;44(2):160-4.
during scapular plane abduction in healthy shoulders. J 37. Tate AR, McClure P, Kareha S, Irwin D, Barbe MF. A
Orthop Sports Phys Ther. 2012;42(2):96-104. clinical method for identifying scapular dyskinesis, part
26. McClure PW, Bialker J, Neff N, Williams G, Karduna A. 2: validity. J Athl Train. 2009;44(2):165-73.
Shoulder function and 3-dimensional kinematics in people 38. Matsuki K, Matsuki KO, Mu S, Yamaguchi S,
with shoulder impingement syndrome before and after a Ochiai N, Sasho T, et al. In vivo 3-dimensional analysis
6-week exercise program. Phys Ther. 2004;84(9):832-48. of scapular kinematics: comparison of dominant
27. Roren A, Lefevre-Colau MM, Poiraudeau S, Fayad and nondominant shoulders. J Shoulder Elbow Surg.
F, Pasqui V, Roby-Brami A. A new description of 2011;20(4):659-65.
scapulothoracic motion during arm movements in healthy 39. Kuhne M, Boniquit N, Ghodadra N, Romeo AA,
subjects. Man Ther. 2014. Provencher MT. The snapping scapula: diagnosis and
28. Castelein B, Cagnie B, Parlevliet T, Cools A. Serratus treatment. Arthroscopy. 2009;25(11):1298-311.
anterior or pectoralis minor: Which muscle has the upper 40. Voight ML, Thomson BC. The role of the scapula
hand during protraction exercises? Man Ther. 2015. in the rehabilitation of shoulder injuries. J Athl Train.
29. De Mey K, Danneels L, Cagnie B, Borms D, T’Jonck 2000;35(3):364-72.

Revista CPAQV – Centro de Pesquisas Avançadas em Qualidade de Vida | Vol.8| Nº. 2 | Ano 2016| p. 9
Discinese escapular: revisão sobre implicações clínicas, aspectos biomecânicos, avaliação e reabilitação

41. Alpert SW, Pink MM, Jobe FW, McMahon PJ,


Mathiyakom W. Electromyographic analysis of
deltoid and rotator cuff function under varying loads
and speeds. J Shoulder Elbow Surg. 2000;9(1):47-58.
42. McClure P, Balaicuis J, Heiland D, Broersma ME,
Thorndike CK, Wood A. A randomized controlled
comparison of stretching procedures for posterior
shoulder tightness. J Orthop Sports Phys Ther.
2007;37(3):108-14.
43. Timmons MK, Ericksen JJ, Yesilyaprak SS,
Michener LA. Empty can exercise provokes more pain
and has undesirable biomechanics compared with the
full can exercise. J Shoulder Elbow Surg. 2015.

Revista CPAQV – Centro de Pesquisas Avançadas em Qualidade de Vida | Vol.8| Nº. 2 | Ano 2016| p. 10

View publication stats

Вам также может понравиться