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SÉRIE AUTOMOTIVA

SISTEMAS DE
TRANSMISSÃO
MECÂNICA
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI

Robson Braga de Andrade


Presidente

DIRETORIA DE EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA

Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti


Diretor de Educação e Tecnologia

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL – SENAI

Conselho Nacional

Robson Braga de Andrade


Presidente

SENAI – Departamento Nacional

Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti


Diretor-Geral

Gustavo Leal Sales Filho


Diretor de Operações
SÉRIE AUTOMOTIVA

SISTEMAS DE
TRANSMISSÃO
MECÂNICA
© 2012. SENAI – Departamento Nacional

© 2012. SENAI – Departamento Regional de Santa Catarina

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Esta publicação foi elaborada pela equipe do Núcleo de Educação a Distância do SENAI de
Santa Catarina, com a coordenação do SENAI Departamento Nacional, para ser utilizada por
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SENAI Departamento Nacional


Unidade de Educação Profissional e Tecnológica – UNIEP

SENAI Departamento Regional de Santa Catarina


Núcleo de Educação – NED

FICHA CATALOGRÁFICA
_________________________________________________________________________
S491s
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional.
Sistemas de transmissão mecânica / Serviço Nacional de
Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional, Serviço Nacional de
Aprendizagem Industrial. Departamento Regional de Santa Catarina.
Brasília : SENAI/DN, 2012.
237 p. : il. (Série Automotiva).

ISBN

1. Automóveis – Mecânica. 2. Automóveis – Dispositivos de


transmissão. 3. Automóveis – Manutenção e reparos. 4. Segurança
do trabalho. I. Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial.
Departamento Regional de Santa Catarina. II. Título. III. Série.

CDU: 629.331
_____________________________________________________________________________

SENAI Sede

Serviço Nacional de Setor Bancário Norte • Quadra 1 • Bloco C • Edifício Roberto


Aprendizagem Industrial Simonsen • 70040-903 • Brasília – DF • Tel.: (0xx61) 3317-
Departamento Nacional 9001 Fax: (0xx61) 3317-9190 • http://www.senai.br
Lista de Ilustrações
Figura 1 - Esforço direto...................................................................................................................................................21
Figura 2 - Utilizando redução . ......................................................................................................................................22
Figura 3 - História da transmissão................................................................................................................................23
Figura 4 - Triciclo de Dion-Bouton................................................................................................................................24
Figura 5 - Sistema de transmissão................................................................................................................................25
Figura 6 - Movimentos de rotação...............................................................................................................................25
Figura 7 - Analogia com o sistema de transmissão................................................................................................26
Figura 8 - Componentes do sistema de transmissão............................................................................................27
Figura 9 - Eixo articulado.................................................................................................................................................28
Figura 10 - Caixa de marcha...........................................................................................................................................28
Figura 11 - Transmissão final..........................................................................................................................................29
Figura 12 - Transmissão transversal.............................................................................................................................30
Figura 13 - Transmissão longitudinal..........................................................................................................................30
Figura 14 - Transmissão compacta...............................................................................................................................31
Figura 15 - Transmissão direta.......................................................................................................................................32
Figura 16 - Transmissão da rotação para as rodas..................................................................................................33
Figura 17 - Transmissão dianteira.................................................................................................................................33
Figura 18 - Transmissão traseira....................................................................................................................................34
Figura 19 - Embreagem....................................................................................................................................................35
Figura 20 - Eixos da caixa de mudanças.....................................................................................................................35
Figura 21 - Engrenagens do diferencial transmissão compacta.......................................................................36
Figura 22 - Engrenagens do diferencial transmissão convencional.................................................................37
Figura 23 - Veículo em linha reta..................................................................................................................................37
Figura 24 - Veículo em curva..........................................................................................................................................38
Figura 25 - Conjunto satélite..........................................................................................................................................39
Figura 26 - Conjunto satélite trabalhando................................................................................................................40
Figura 27 - Sistema de bloqueio...................................................................................................................................42
Figura 28 - Conjunto de discos metálicos..................................................................................................................44
Figura 29 - Funcionamento do diferencial................................................................................................................45
Figura 30 - Sistema de engrenagens...........................................................................................................................46
Figura 31 - Relação de redução.....................................................................................................................................47
Figura 32 - 1ª marcha........................................................................................................................................................48
Figura 33 - 2ª marcha........................................................................................................................................................49
Figura 34 - Caixa de câmbio...........................................................................................................................................50
Figura 35 - Conjuntos sincronizadores.......................................................................................................................52
Figura 36 - Eixos da caixa de câmbio...........................................................................................................................53
Figura 37 - Eixo primário..................................................................................................................................................54
Figura 38 - Eixo primário e seus componentes........................................................................................................54
Figura 39 - Eixo secundário.............................................................................................................................................55
Figura 40 - Componentes do eixo secundário.........................................................................................................55
Figura 41 - Engrenagem de marcha à ré....................................................................................................................56
Figura 42 - Eixo intermediário........................................................................................................................................56
Figura 43 - Componentes do eixo intermediário....................................................................................................57
Figura 44 - Hastes e garfos..............................................................................................................................................58
Figura 45 - Elementos do conjunto sincronizador.................................................................................................58
Figura 46 - Anel sincronizado.........................................................................................................................................59
Figura 47 - Rolete de retenção de marcha................................................................................................................60
Figura 48 - Engrenagem de dentes helicoidais.......................................................................................................60
Figura 49 - Engrenagem de dentes retos...................................................................................................................61
Figura 50 - Rolamento cônico........................................................................................................................................61
Figura 51 - Rolamento de esferas.................................................................................................................................61
Figura 52 - Rolamento de roletes.................................................................................................................................62
Figura 53 - Retentor...........................................................................................................................................................62
Figura 54 - Mecanismo de troca de marcha.............................................................................................................63
Figura 55 - Componentes da embreagem................................................................................................................66
Figura 56 - Disco de embreagem..................................................................................................................................66
Figura 57 - Platô de embreagem..................................................................................................................................67
Figura 58 - Disco embreado...........................................................................................................................................68
Figura 59 - Disco debreado.............................................................................................................................................68
Figura 60 - Acionamento hidráulico............................................................................................................................70
Figura 61 - Acionamento por cabo..............................................................................................................................71
Figura 62 - Semieixos........................................................................................................................................................72
Figura 63 - Amortecedor de vibrações.......................................................................................................................72
Figura 64 - Junta homocinética.....................................................................................................................................73
Figura 65 - Junta homocinética fixa e deslizante....................................................................................................73
Figura 66 - Assentamento de rolamento...................................................................................................................78
Figura 67 - Profundidade do alojamento...................................................................................................................78
Figura 68 - Profundidade do Flange............................................................................................................................78
Figura 69 - Pré-aperto do rolamento..........................................................................................................................79
Figura 70 - Motor e transmissão em posição transversal.....................................................................................88
Figura 71 - Caixa de transferência................................................................................................................................89
Figura 72 - Caixa de transferência por engrenagem.............................................................................................91
Figura 73 - Caixas de transferência com acionamento por corrente...............................................................95
Figura 74 - Alicate universal......................................................................................................................................... 117
Figura 75 - Alicate de pressão..................................................................................................................................... 117
Figura 76 - Arco de serra............................................................................................................................................... 118
Figura 77 - Chave estrela............................................................................................................................................... 118
Figura 78 - Chave fixa..................................................................................................................................................... 119
Figura 79 - Chave combinada..................................................................................................................................... 119
Figura 80 - Chave de fenda.......................................................................................................................................... 120
Figura 81 - Chave Philips............................................................................................................................................... 121
Figura 82 - Tipos de chave Torx®................................................................................................................................ 121
Figura 83 - Chave Allen.................................................................................................................................................. 123
Figura 84 - Chave inglesa.............................................................................................................................................. 123
Figura 85 - Chave de catraca....................................................................................................................................... 124
Figura 86 - Tipos de martelo........................................................................................................................................ 125
Figura 87 - Punção.......................................................................................................................................................... 125
Figura 88 - Talhadeira..................................................................................................................................................... 126
Figura 89 - Ferramenta para remover o filtro de óleo........................................................................................ 127
Figura 90 - Instalador de retentor de caixa de câmbio...................................................................................... 132
Figura 91 - Extrator externo de rolamento ou engrenagem........................................................................... 133
Figura 92 - Extrator interno de rolamento ou engrenagem............................................................................ 133
Figura 93 - Guia para garfos de marcha.................................................................................................................. 134
Figura 94 - Óculos de proteção.................................................................................................................................. 172
Figura 95 - Protetor auricular...................................................................................................................................... 172
Figura 96 - Macaco mecânico de câmbio............................................................................................................... 180
Figura 97 - Macaco hidráulico de câmbio tipo jacaré........................................................................................ 180
Figura 98 - Macaco hidráulico de câmbio com haste telescópica................................................................. 181
Figura 99 - Suporte para motor.................................................................................................................................. 182
Figura 100 - Ferramenta oxidada............................................................................................................................... 182
Figura 101 - Separação de material.......................................................................................................................... 193
Figura 102 - Vassoura reciclada.................................................................................................................................. 194
Figura 103 - CONAMA.................................................................................................................................................... 198
Figura 104 - ABNT............................................................................................................................................................ 199
Figura 105 - Lubrificante para caixa de câmbio................................................................................................... 199
Figura 106 - Partes do paquímetro........................................................................................................................... 204
Figura 107 - Leitura de paquímetro 0,05mm........................................................................................................ 205
Figura 108 - Partes do micrômetro........................................................................................................................... 206
Figura 109 - Leitura de um micrômetro centesimal............................................................................................ 206
Figura 110 - Componentes do relógio comparador........................................................................................... 207
Figura 111 - Leitura do relógio comparador.......................................................................................................... 207
Figura 112 - Torquímetro.............................................................................................................................................. 208
Figura 113 - Cálibre de lâminas.................................................................................................................................. 209
Figura 114 - Limando..................................................................................................................................................... 216
Figura 115 - Arco de serra............................................................................................................................................. 217
Figura 116 - Dobra de chapa....................................................................................................................................... 217
Figura 117 - Tipos de lima............................................................................................................................................ 218
Figura 118 - Macho......................................................................................................................................................... 218
Figura 119 - Cossinete................................................................................................................................................... 219
Figura 120 - Óculos......................................................................................................................................................... 220
Figura 121 - Caixa de câmbio . ................................................................................................................................... 225
Figura 122 - Vazamento de óleo................................................................................................................................ 226
Figura 123 - Caixa de câmbio em corte................................................................................................................... 227
Figura 124 - Eixo da transmissão com as engrenagens e conjunto sincronizador.................................. 229
Quadro 1 - Matriz curricular...........................................................................................................................................18
Quadro 2 -  Checklist de avaliação do sistema..........................................................................................................77
Quadro 3 - Códigos da chave Torx®.......................................................................................................................... 122
Quadro 4 - Normas para coleta ................................................................................................................................. 192

Tabela 1 - Conversão Nm para Kgf ........................................................................................................................... 209


Sumário
1 Introdução.........................................................................................................................................................................17

2 Sistema de Transmissão Mecânica...........................................................................................................................21


2.1 História da transmissão: uma breve abordagem..............................................................................23
2.2 Sistema de transmissão mecânica: definição.....................................................................................24
2.3 Tipos de transmissão mecânica..............................................................................................................27
2.3.1 Transmissão convencional......................................................................................................28
2.3.2 Transmissão compacta.............................................................................................................31
2.3.3 Transmissão compacta transversal......................................................................................31
2.3.4 Transmissão compacta longitudinal...................................................................................32
2.3.5 Funcionamento elementar.....................................................................................................34
2.4 Diferencial.......................................................................................................................................................36
2.4.1 Característica...............................................................................................................................37
2.4.2 Componentes do diferencial.................................................................................................38
2.4.3 Princípio de funcionamento do diferencial......................................................................39
2.4.4 Limitação de um diferencial...................................................................................................41
2.5 Sistemas de blocantes................................................................................................................................41
2.5.1 Características.............................................................................................................................41
2.5.2 Tipos de bloqueio......................................................................................................................42
2.6 Caixa de câmbio............................................................................................................................................45
2.6.1 Características.............................................................................................................................45
2.6.2 Tipos de caixa de câmbio........................................................................................................49
2.6.3 Componentes da caixa de câmbio......................................................................................52
2.6.4 Princípio de funcionamento de uma caixa de câmbio ...............................................64
2.7 Embreagens e sistemas de acionamento............................................................................................65
2.7.1 Característica...............................................................................................................................65
2.7.2 Componentes do sistema de embreagem.......................................................................65
2.7.3 Mecanismo de acionamento de embreagem.................................................................69
2.8 Semieixo..........................................................................................................................................................71
2.9 Junta homocinética . ..................................................................................................................................73
2.10 Checklist de avaliação do sistema........................................................................................................74
2.11 Técnicas de medição e ajuste dos componentes da transmissão............................................77
2.11.1 Verificando o ajuste do diferencial....................................................................................77
2.11.2 Regulagem da profundidade da coroa e pinhão de um sistema
transmissão convencional.................................................................................................................79
2.11.3 Regulagem da folga entre dentes da coroa e pinhão . .............................................80
2.11.4 Ajustagem da folga da embreagem.................................................................................81
2.11.5 Ajustagem do mecanismo de engate das marchas....................................................81
2.12 Tipos de manutenção...............................................................................................................................81
2.12.1 Manutenção preventiva........................................................................................................81
2.12.2 Manutenção corretiva ..........................................................................................................82
3 Caixa de Transferência...................................................................................................................................................87
3.1 Caixa de transferência: definição............................................................................................................88
3.2 Tipos de caixa de transferência...............................................................................................................89
3.2.1 Caixa de transferência por engrenagem...........................................................................90
3.2.2 Caixa de transferência por corrente....................................................................................95

4 Manual do Proprietário.................................................................................................................................................99
4.1 Características técnicas do veículo..................................................................................................... 100
4.2 Plano de manutenção (manutenção preventiva).......................................................................... 101
4.3 Desgaste dos componentes.................................................................................................................. 102

5 Mecânica de Reparação e Normas........................................................................................................................ 105


5.1 Normas aplicadas aos sistemas de transmissão mecânica........................................................ 106
5.2 Características técnicas do veículo e procedimentos.................................................................. 106
5.2.1 Procedimentos de inspeção................................................................................................ 107
5.2.2 Procedimentos de remoção e desmontagem.............................................................. 108
5.2.3 Procedimentos de manutenção........................................................................................ 109
5.2.4 Procedimentos de montagem........................................................................................... 110
5.2.5 Procedimentos de teste........................................................................................................ 110
5.3 Parâmetros de avaliação dos componentes.................................................................................... 111
5.4 Procedimentos de limpeza de componentes................................................................................. 112

6 Ferramentas Manuais Universais........................................................................................................................... 115


6.1 Definição..................................................................................................................................................... 116
6.2 Tipos de ferramentas................................................................................................................................ 116
6.2.1 Ferramentas universais......................................................................................................... 116
6.2.2 Ferramentas especiais........................................................................................................... 126

7 Ferramentas Especiais para Transmissão Mecânica........................................................................................ 131


7.1 Tipos, características, uso e aplicação................................................................................................ 132
7.2 Conservação................................................................................................................................................ 135
7.3 Segurança da utilização.......................................................................................................................... 135

8 Testes e Verificações em Transmissão Mecânica.............................................................................................. 139


8.1 Tipos de testes............................................................................................................................................ 140
8.1.1 Testes de diagnóstico............................................................................................................ 140
8.1.2 Testes de funcionamento..................................................................................................... 140
8.2 Procedimentos de teste ......................................................................................................................... 141
8.3 Análise comparativa de resultados com o manual do fabricante........................................... 142

9 Componentes do Sistema de Transmissão Mecânica..................................................................................... 147


9.1 Características construtivas e funcionamento dos componentes ligados ao sistema.... 148
9.2 Vida útil x utilização . ............................................................................................................................... 148
9.3  Checklist de substituição de componentes..................................................................................... 150
9.4 Procura de informação em literatura técnica.................................................................................. 151
9.5 Ferramentas de informática e sistemas de gerenciamento....................................................... 152
9.6 Catálogo de peças..................................................................................................................................... 153
9.7 Tempo padrão de mão de obra (tpmo)............................................................................................. 154
9.8 Orçamento de peças e mão de obra.................................................................................................. 155

10 Anomalias Previsíveis do Sistema de Transmissão Mecânica.................................................................... 159


10.1 Tipos e características............................................................................................................................ 160
10.2 Causas e consequências aplicadas no sistema de transmissão mecânica......................... 161

11 Segurança do Trabalho........................................................................................................................................... 165


11.1 Fundamentos de segurança............................................................................................................... 166
11.2 Normas técnicas de segurança.......................................................................................................... 166
11.3 Riscos de inspeção e operação.......................................................................................................... 167
11.3.1 Riscos na operação de reparação................................................................................... 168
11.3.2 Riscos na inspeção............................................................................................................... 168
11.3.3 Riscos na operação de remoção de componentes.................................................. 169
11.3.4 Riscos na substituição de componentes...................................................................... 169
11.3.5 Riscos na montagem de componentes........................................................................ 170
11.3.6 Riscos na realização da geometria................................................................................. 171
11.4 Epis: tipos, características, aplicação, limpeza e conservação................................................ 172

12 Manipulação de Componentes............................................................................................................................ 177


12.1 Procedimentos e normas técnicas.................................................................................................... 178
12.2 Dispositivos e equipamentos de apoio.......................................................................................... 179
12.2.1 Tipos.......................................................................................................................................... 179
12.2.2 Características........................................................................................................................ 180
12.2.3 Aplicação ................................................................................................................................ 181
12.2.4 Conservação........................................................................................................................... 182

13 Armazenagem de Componentes........................................................................................................................ 187


13.1 Procedimentos e normas de armazenagem................................................................................. 188
13.2 Armazenagem de resíduos químicos.............................................................................................. 188
13.3 Armazenagem de resíduos sólidos.................................................................................................. 192
13.4 Segregação e destinação de componentes.................................................................................. 193

14 Normas e Legislação Ambiental.......................................................................................................................... 197


14.1 Órgãos de regulamentação e controle........................................................................................... 198
14.2 Tratamento de resíduos aplicados ao sistema de transmissão.............................................. 199

15 Metrologia Aplicada nos Sistemas de Transmissão...................................................................................... 203


15.1 Instrumentos de medição.................................................................................................................... 204
15.1.1 Paquímetro............................................................................................................................. 204
15.1.2 Micrômetro............................................................................................................................. 205
15.1.3 Relógio comparador............................................................................................................ 207
15.1.4 Torquímetro............................................................................................................................ 208
15.1.5 Especímetro............................................................................................................................ 209
15.2 Unidades de medida e conversão.................................................................................................... 210

16 Técnicas de Ajustagem............................................................................................................................................ 215


16.1 Normas e procedimentos.................................................................................................................... 216
16.2 Ferramentas e equipamentos de ajustagem............................................................................... 217
16.3 Riscos na operação de ajustagem.................................................................................................... 219

17 Testes e Verificação de uma Transmissão Mecânica..................................................................................... 223


17.1 Generalidades.......................................................................................................................................... 224
17.2 Exame preliminar.................................................................................................................................... 224
17.3 Tipos de verificação................................................................................................................................ 224
17.3.1 Verificação do nível e do estado do óleo lubrificante............................................. 224
17.3.2 Verificação da impermeabilidade e localização de vazamentos......................... 225
17.3.3 Verificação do funcionamento e da regulagem das hastes de
trambulador........................................................................................................................................ 226
17.4 Testes na oficina e estrada................................................................................................................... 227
17.4.1 Teste na oficina...................................................................................................................... 227
17.4.2 Teste na estrada..................................................................................................................... 229

Referências......................................................................................................................................................................... 233

Minicurrículo do Autor.................................................................................................................................................. 235

Índice................................................................................................................................................................................... 237
Introdução

Prezado aluno! Seja bem-vindo à Unidade Curricular Sistema de Transmissão Mecânica do


curso Mecânico de Manutenção em Transmissão Manual.
Aqui você aprenderá sobre os princípios de funcionamento dos sistemas de transmissão
mecânica. Sendo assim, inicialmente, você conhecerá os componentes e características dos
sistemas, seu funcionamento elementar, técnicas de ajustagem e verificação. Verá, também,
os tipos de transmissão mecânica, as ferramentas utilizadas, a manipulação e armazenagem de
componentes e, ainda, algumas dicas de diagnóstico. Por fim, serão apresentadas as normas e
legislação ambientais e interpretação de manuais.
Esta unidade curricular pertence ao módulo específico que é comum a dois cursos da área
de automotiva oferecidos pelo SENAI. São eles:
a) Mecânico de Manutenção em Transmissão Automática.
b) Mecânico de Manutenção em Transmissão Manual.
O quadro a seguir apresenta os módulos básico, introdutório e específico dos cursos rela-
cionados acima e a distribuição de sua carga horária:
SISTEMAS DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
18

Módulos Básico, Introdutório e Específico de Cursos de Automotiva

UNIDADES CARGA CARGA HORÁRIA


MÓDULOS DENOMINAÇÃO
CURRICULARES HORÁRIA DO MÓDULO
• Organização do
30h
Ambiente de Trabalho
Básico Básico 60h
• Fundamentos da
30h
Tecnologia Automotiva

Introdutório de • Sistemas Mecânicos


Introdutório 80h 80h
Mecânica Automotivos

Eletricidade • Sistemas de Transmissão


Específico 60h 180h
Automotiva Mecânica

Quadro 1 - Matriz curricular


Fonte: SENAI/DN

Agora, você é convidado a trilhar os caminhos do conhecimento. Faça deste


processo um momento de construção de novos saberes, onde teoria e prática
devem estar alinhadas para o seu desenvolvimento profissional. Bons estudos!
1 INTRODUÇÃO
19

Anotações:
Sistema de Transmissão Mecânica

Você já percebeu a importância que tem a transmissão nos veículos? Pense em um veículo
sem transmissão, onde as rodas sejam adaptadas diretamente ao motor por um sistema de ei-
xos. Você faz ideia do que aconteceria nesse caso? Será que este veículo teria condições de subir
uma ladeira ou, até mesmo, transportar uma carga superior ao seu próprio peso? Agora analise
este outro exemplo: imagine subir um bloco qualquer que pesasse 200kg, puxados por uma
corda fixa em uma única roldana, que é acionada por uma manivela? Conforme figura a seguir.

Diego Fernandes (2012)

Figura 1 - Esforço direto

Seria muito pesado e seu esforço seria enorme, não é? Mas e se você utilizasse um sistema
de redução com três engrenagens com tamanhos diferentes: uma pequena ligada ao eixo da
roldana, outra três vezes maior, engrenada a essa engrenagem e uma terceira do tamanho da
primeira ligada à manivela, como indicado na seguinte figura?
SISTEMAS DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
22

1 ROLDANA

Disco girante com uma


ranhura ou sulco na
periferia, por onde passa
um cabo, corda ou corrente,
usado geralmente para
levantar pesos.

2 TRANSMISSÃO

Ação ou efeito de
transmitir, comunicação do

Diego Fernandes (2012)


movimento de um órgão
mecânico para outro, por
meio de engrenagens. No
veículo esta transmissão
ocorre quando a
caixa de transmissão
recebe a rotação do Figura 2 - Utilizando redução
motor do veículo e
transmite essa rotação
às rodas, promovendo o
deslocamento do veículo. Qual seria o seu esforço ao levantar o mesmo bloco? Será que o tempo gasto
(DICIONÁRIO MICHAELIS também seria o mesmo? Certamente o esforço seria bem menor, pois toda força
UOL, 2012).
ficaria distribuída entre a segunda engrenagem e a primeira, pois quando você
conseguir realizar uma volta completa da engrenagem maior a engrenagem de
menor diâmetro, que está ligada ao eixo da roldana1, já efetuou três voltas.
Viu que interessante? Então, desta forma, podemos perceber que a caixa já
subiu o triplo da distância anterior. Saiba que é basicamente isso o que faz uma
caixa de câmbio. Em outras palavras, ela diminui o esforço do motor em contra-
partida da velocidade às rodas e vice versa.
Portanto, nesse capítulo você irá conhecer e entender um pouco mais sobre
transmissão2 mecânica e suas aplicações. E partindo destes conhecimentos, ao
final dos estudos, você terá subsídios para:
a) compreender o sistema de transmissão mecânica;
b) identificar os tipos de transmissão mecânica;
c) reconhecer as características e o funcionamento do diferencial;
d) identificar os sistemas blocantes e suas características;
e) correlacionar o funcionamento dos sistemas de transmissão mecânica com
suas respectivas anomalias;
f) interpretar e/ou realizar a inspeção visual dos componentes dos sistemas de
transmissão mecânica com eficiência;
g) identificar o tipo de manutenção a ser realizada de acordo com a anomalia
apresentada.
2 SISTEMA DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
23

Inicie com dedicação e atenção, fazendo do seu estudo uma oportunidade de


refletir sobre suas práticas diárias. A seguir, explore todas as informações disponí-
veis sobre transmissão mecânica.

2.1 HISTÓRIA DA TRANSMISSÃO: UMA BREVE ABORDAGEM

Vamos começar pelo início? Bem, prepare-se para voltar aos séculos antes de
Cristo, pois saiba que a tecnologia automotiva teve sua origem juntamente à in-
venção da roda.

Comstock ([20--?])

Figura 3 - História da transmissão

O primeiro registro de um invento que foi precursor da tecnologia automotiva


ocorreu aproximadamente 4000 a.C., quando o homem inventou a roda. Mais
tarde, esse invento se uniria a uma plataforma de tração animal, a carroça, que
foi utilizada pelo homem como meio de transporte por milhares de anos. Com o
passar do tempo, foram desenvolvidos vários outros tipos de transporte, até che-
gar ao primeiro veículo com motor de combustão interna.
Inicialmente o motor foi criado por Étiènne Leonir, por volta de 1860 e, mais
tarde, foi aperfeiçoado por Nikolaus August Otto. É claro que estes eram veículos
que desenvolviam velocidades máximas de 20km/h, devido à sua locomoção ser
muito limitada. Foi então que, em 1898, Louis Renault, um jovem de 21 anos re-
cém-saído do exército, colocou na rua a sua Voiturette A, um carro que construiu
artesanalmente na garagem da casa de seus pais, usando como base um triciclo
de Dion-Bouton.
SISTEMAS DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
24

3 SISTEMA

Agrupamento de partes
coordenadas, dependentes
umas das outras, por isso
a definição (sistema de
transmissão).

wikipedia ([20--?])
Figura 4 - Triciclo de Dion-Bouton

Louis decidiu que iria subir com seu carro a Rua Lepic, em Montmartre, a mais
íngreme de Paris. Alguns amigos até duvidaram, porém, o jovem era um gênio
em mecânica e, para realizar tal proeza, desenvolveu uma transmissão direta, a
primeira caixa de transmissão da história do automóvel. Foi um feito na época e
o resultado desse acontecimento deu início a uma nova era do automobilismo.
O assunto não para por aqui! A seguir, você conhecerá mais sobre a definição
do sistema de transmissão mecânica.

2.2 SISTEMA DE TRANSMISSÃO MECÂNICA: DEFINIÇÃO

O sistema3 de transmissão é um conjunto fundamental em um veículo; por-


tanto, é importante que você conheça um pouco mais sobre ele, assim como,
suas características e funcionamento. Também é necessário saber como efetuar
uma correta manutenção no sistema de transmissão mecânica, além de orientar
as pessoas sobre a correta utilização, com objetivo de melhorar o seu desempe-
nho e prolongar sua vida útil.
Você sabe o que é um sistema de transmissão mecânica? Siga em frente e co-
nheça mais sobre este assunto.
Pode-se definir um sistema de transmissão como sendo, basicamente, um
conjunto composto por dispositivos mecânicos que se interligam a fim de reali-
zar movimento.
2 SISTEMA DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
25

Mas que dispositivos mecânicos seriam estes? Por que eles se interligam e de
que elementos o sistema é formado? Observe a figura a seguir e tente encontrar
as respostas para essas questões.

Diego Fernandes (2012)


Figura 5 - Sistema de transmissão
Fonte: Adaptada da apostila de transmissão Fiat (2012)

Perceba, então, que o sistema é constituído basicamente por: engrenagens,


eixos, semieixos, rolamentos, juntas articuladas, eixos articulados, diferencial e
por uma embreagem. Esses componentes são responsáveis por transmitir a força
desenvolvida no motor às rodas motrizes, por meio de movimentos de rotação,
conforme é mostrado na seguinte figura.
Diego Fernandes (2012)

Figura 6 - Movimentos de rotação


Fonte: Adaptada da apostila de transmissão Fiat (2012)
SISTEMAS DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
26

4 TORQUE Mas como isso acontece, e o que é cada componente acima citado? Acompa-
nhe, a seguir, as respostas para essas questões sobre os elementos que compõem
Aquilo que produz ou
tende a produzir rotação ou o sistema de transmissão.
torção; no veículo estamos
falando da força do veículo, Pode-se dizer que esses elementos estão ligados entre si, uma vez que, sem
da capacidade que ele tem
de puxar uma determinada essa ligação, não haveria comunicação entre a rotação produzida pelo motor e
carga. (DICIONÁRIO as rodas motrizes. Fazendo uma analogia utilizando a ligação de água de uma
MICHAELIS UOL, 2012).
residência, por exemplo: para que a água armazenada em uma caixa (fonte) che-
gue até a torneira é preciso estar unida por uma tubulação, não é mesmo? Veja a
figura a seguir.

Diego Fernandes (2012)


Figura 7 - Analogia com o sistema de transmissão

Analisando, então, o sistema de transmissão no veículo, conforme a figura


a seguir, pode-se dizer que o motor seria a fonte (caixa d’água), a embreagem
funcionaria como um registro permitindo (ou não) o fluxo de água (energia do
motor), a caixa de câmbio seria como um dispositivo regulador de vazão (aumen-
tando ou diminuindo a rotação de saída), os eixos articulados e semieixos seriam
como a tubulação por onde a água iria passar (rotação ou energia do motor) e a
roda motriz, que neste caso é quem recebe toda energia dissipada pelo motor,
seria a torneira. Viu como é simples?
Assim como a água, o sistema de transmissão precisa estar interligado para
que o movimento do motor chegue até as rodas, pois se houver a interrupção em
qualquer um desses componentes, o sistema de transmissão tem seu funciona-
mento interrompido.
2 SISTEMA DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
27

Diego Fernandes (2012)


Figura 8 - Componentes do sistema de transmissão
Fonte: Adaptada da apostila de transmissão Fiat (2012)

O que é transmissão?
Ao falar em transmissão, logo remete-se que algo está sendo transmitido e
associa-se a transmissão ao meio de comunicação. Porém, aqui está relaciona-
do à transmissão de força, ou seja, transformar potência em força, multiplicar o
torque4 do motor dando potência ao veículo (velocidade) em terrenos planos e
torque (força) em subidas, uma vez que os motores, por mais potentes que se-
jam, não seriam suficientes para serem acoplados diretamente às rodas. Então,
perceba que de nada adianta ter um motor super potente e equipado com o que
há de mais moderno em tecnologia se essa tecnologia não chegar até as rodas. É
desta forma que a transmissão desempenha um papel muito importante quando
acoplada ao motor de um veículo.

Que para cada motor e para cada veículo a caixa de


VOCÊ transmissão deve ser dimensionada de modo a atender
as reais necessidades de utilização, não sendo intercam-
SABIA? biáveis de um veículo para outro, a não ser que o veícu-
lo seja da mesma marca e modelo?

Aqui você encerra mais uma etapa de estudos. Preparado para seguir adiante?
O assunto será tipos de transmissão mecânica. Vamos lá!

2.3 TIPOS DE TRANSMISSÃO MECÂNICA

Atualmente existem vários tipos de transmissão, desde as mais elementares às


mais modernas. Os tipos mais comuns são: sistema de transmissão convencional
e compacta. Conheça agora cada uma delas.
SISTEMAS DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
28

2.3.1 TRANSMISSÃO CONVENCIONAL

As transmissões convencionais são assim chamadas devido à separação dos


órgãos que compõem o sistema, ou seja, a separação do diferencial e a caixa de
mudanças, sendo necessário um eixo para fazer a ligação entre os dois compo-
nentes, conforme a figura a seguir. Esse sistema é chamado de tração 4x2.

Diego Fernandes (2012)


Figura 9 - Eixo articulado
Fonte: Adaptada da apostila de transmissão Fiat (2012)

Funcionamento: Neste sistema, ilustrado na figura a seguir, a embreagem e a


caixa de mudança formam um único conjunto solidário ao motor do veículo e são
controladas diretamente pelo motorista por meio de comandos que conjugam o
acionamento dos dois componentes, ou seja, o pedal de acionamento da embre-
agem e a alavanca de comando das marchas.
Diego Fernandes (2012)

Figura 10 - Caixa de marcha


Fonte: Tudo sobre seu automóvel (2012)
2 SISTEMA DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
29

Quando o motor está em funcionamento, a rotação é transmitida para a caixa


de mudança por meio da embreagem. A embreagem, que está ligada à caixa de
mudança, também passará a girar na mesma rotação do motor. Como você pôde
perceber, o sistema de transmissão ainda não está completo, pois é necessário
fazer a ligação entre a caixa e as rodas motoras. Para isso, é preciso o auxílio de
outros componentes que são: um eixo articulado, um diferencial e dois semieixos.
Conforme você pode conferir na figura a seguir.

Diego Fernandes (2012)

Figura 11 - Transmissão final


Fonte: Adaptada da apostila de transmissão Fiat (2012)

O eixo articulado é responsável por transmitir a rotação proveniente da caixa


de mudança ao diferencial. Este, por sua vez, estará ligado às rodas motrizes por
semieixos. Neste momento, o eixo articulado gira no mesmo sentido que está
trabalhando o motor e não seria possível fazer o veículo se mover. Para isso, é
necessário inverter o sentido de rotação em 90° (noventa graus), de modo que as
rodas possam girar e movimentar o veículo.
É possível, ainda, encontrar as transmissões com tração 4x4, que podem apre-
sentar a versão 4x4 integral ou 4x4 com bloqueio opcional. Também podem ser
dispostas nos veículos de maneira transversal ou longitudinal, sendo que ambas
necessitam de uma caixa de transferência. Como você pode conferir nas figuras
a seguir.
SISTEMAS DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
30

Diego Fernandes (2012)


1. Caixa de marcha compacta
2. Diferencial dianteiro
3. Caixa de transferência
4. Eixo articulado ou cardam
5. Diferencial traseiro
6. Semieixo dianteiro
7. Semieixo traseiro
Figura 12 - Transmissão transversal
Fonte: Adaptada da apostila de transmissão Fiat (2012)

Diego Fernandes (2012)

1. Caixa de marcha
2. Eixo articulado ou cardam
3. Diferencial traseiro
4. Diferencial dianteiro
5. Eixo articulado curto
6. Caixa de transferência
7. Eixo traseiro
8. Semieixo dianteiro
Figura 13 - Transmissão longitudinal
Fonte: Adaptada da apostila de transmissão Fiat (2012)
2 SISTEMA DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
31

Que o termo tração 4x2 e 4x4 indica quantas e quais ro-


VOCÊ das têm capacidade de tração? Por exemplo: 4x2, o nú-
SABIA? mero da esquerda (4) indica quantas rodas o veículo pos-
sui e o número da direita (2) quantas podem tracionar.

2.3.2 TRANSMISSÃO COMPACTA

Este sistema é assim chamado porque agrega todos os elementos do sistema


de transmissão em um único conjunto. Mas que elementos seriam estes? Seriam:
o conjunto de embreagem, o diferencial, a caixa de mudança e os semieixos. Dis-
pensando a utilização de um eixo articulado, pois como você pôde perceber ago-
ra, o diferencial faz parte da caixa de mudança, ou seja, estão montados em uma
única carcaça.
Os sistemas de transmissão compactos são encontrados nos veículos dispos-
tos de maneira transversal e também longitudinal e, convencionalmente, são
montados na dianteira.
Saiba que, em alguns veículos, ele pode ser montado na parte traseira, pois
o sistema de transmissão compacto acompanha o motor do veículo. Então, se
o motor está montado na traseira, a transmissão também deve estar na traseira
(como, por exemplo, na Kombi).

2.3.3 TRANSMISSÃO COMPACTA TRANSVERSAL

Neste sistema de transmissão, as rodas motoras estão na dianteira do veículo


e a transferência de rotação é direta. Conforme você pode visualizar nas figuras
a seguir.
Diego Fernandes (2012)

Figura 14 - Transmissão compacta


Fonte: Adaptada da apostila de transmissão Fiat (2012)
SISTEMAS DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
32

Diego Fernandes (2012)


Figura 15 - Transmissão direta
Fonte: Adaptada da apostila de transmissão Fiat (2012)

Isso ocorre porque os semieixos e os eixos da caixa de mudança são montados


em paralelo, acompanhando o sentido de giro do motor. Sendo assim, a rotação
do motor é transmitida às rodas de maneira direta, sem precisar sofrer qualquer
alteração.

2.3.4 TRANSMISSÃO COMPACTA LONGITUDINAL

Já neste sistema de transmissão, as rodas motoras não giram no mesmo senti-


do da caixa de mudança e do motor. Para que ambos girem no mesmo sentido, é
necessário efetuar uma inversão de giro de 90° (noventa graus), de modo a trans-
mitir rotação às rodas, conforme a figura a seguir. Está curioso para saber como
essa inversão de giro acontece? Então acompanhe a explicação.
O motor gira sempre no mesmo sentido, independente do tipo de transmis-
são, transmitindo esse movimento à caixa de marcha. Como os semieixos não
estão mais paralelos ao eixo da caixa, este forma agora um ângulo de 90° com o
eixo da caixa, sendo necessário efetuar essa inversão. A coroa, que está solidária
ao diferencial, deve formar um ângulo de 90° com o pinhão, peça que está alinha-
da e diretamente ligada ao eixo secundário e, desta forma, possui o mesmo mo-
vimento do motor. Formado esse ângulo, os semieixos passam a acompanhar a
rotação do diferencial. Com isso, temos então o conjunto motopropulsor (motor
e câmbio) girando em um sentido, e as rodas motrizes girando em outro.
2 SISTEMA DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
33

Diego Fernandes (2012)


Figura 16 - Transmissão da rotação para as rodas
Fonte: Adaptada da apostila de transmissão Fiat (2012)

Estes sistemas de transmissão são convencionalmente montados na parte


dianteira dos veículos, conforme a seguinte figura.
Diego Fernandes (2012)

Figura 17 - Transmissão dianteira


Fonte: Adaptada da apostila de transmissão Fiat (2012)

Mas estes também podem ser montados na parte traseira de alguns veículos,
como indica essa outra figura.
SISTEMAS DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
34

Diego Fernandes (2012)


Figura 18 - Transmissão traseira
Fonte: Adaptada da apostila de transmissão Fiat (2012)

Que nos veículos as rodas motrizes podem estar na


VOCÊ dianteira ou na traseira? Quando está na dianteira, di-
zemos que é tração dianteira. E na traseira, você sabe
SABIA? como se chama? Bem, quando a roda motriz está na tra-
seira é chamada de propulsão.

2.3.5 FUNCIONAMENTO ELEMENTAR

Você faz ideia de como o sistema de transmissão funciona? É muito simples!


Quando o motorista dá partida no motor, ele inicia o movimento de rotação gi-
rando a uma determinada velocidade, que é medida em RPM (rotações por minu-
to). Neste momento, todo conjunto está girando na mesma velocidade, ou seja,
motor e caixa de mudança. Note que, ao acionar o acelerador, a rotação aumenta
e, da mesma forma, a caixa de mudança também tende a aumentar.
Como pode isso ocorrer? Existe um componente do sistema de transmissão
que faz essa ligação entre o motor e a caixa de mudança, que é o conjunto de em-
breagem. O disco de embreagem está ligado ao eixo piloto por estrias, conforme
você pode verificar na figura a seguir. Deste modo, toda rotação do motor será
transmitida ao eixo piloto. Surge, então, uma questão: o eixo piloto sempre vai ter
a mesma velocidade do motor? Sim, sempre.
2 SISTEMA DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
35

Diego Fernandes (2012)


Figura 19 - Embreagem
Fonte: Adaptado da apostila motores Otto SENAI (2003)

Você já viu que o sistema de embreagem é quem transmite a rotação do mo-


tor à caixa de mudança, certo? Então, como é que a caixa de mudança transmite
essa rotação às rodas?
A caixa de mudança é composta por um grupo de engrenagens que perma-
nentemente estão em contato umas com as outras e são montadas em dois ou
mais eixos, como você pode ver na seguinte figura.
Diego Fernandes (2012)

Figura 20 - Eixos da caixa de mudanças


Fonte: Adaptada da apostila de transmissão Fiat (2012)
SISTEMAS DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
36

O eixo primário possui as engrenagens condutoras, cuja função é transmitir a


rotação proveniente do motor ao eixo secundário, onde estão montadas as en-
grenagens conduzidas. O eixo secundário está ligado ao diferencial, que está liga-
do às rodas. Desta forma, a rotação do motor é transmitida até as rodas.
Mas como o veículo pode ficar parado se o câmbio gira na mesma velocidade
do motor? O veículo não deveria se movimentar? É aí que está o segredo da cai-
xa de velocidade, pois se não houver nenhuma marcha engrenada, o eixo piloto
gira, mas o eixo secundário fica parado. Portanto, o veículo não se movimentará.
Então como o veículo irá se movimentar? A princípio, deve-se engrenar uma
marcha, procedendo-se da seguinte forma: primeiro, deve-se acionar a embre-
agem e selecionar uma marcha por meio da alavanca de comando. Quando a
marcha for engrenada, os eixos primário e secundário irão girar juntos, assim que
a embreagem for liberada. Como visto anteriormente, o eixo secundário é o eixo
de saída, então, ao soltar a embreagem é dado início ao movimento do veículo.
Agora que você já conheceu um pouco sobre os tipos de transmissão mecâni-
ca, que tal conferir a importância do diferencial para esse sistema? Vamos lá!

2.4 DIFERENCIAL

O diferencial é constituído, basicamente, por uma combinação de quatro en-


grenagens, sendo que duas engrenagens são denominadas satélites e as outras
duas, planetárias. Entretanto, em alguns diferenciais, é possível encontrar mais de
duas engrenagens satélites. Veja, agora, com mais detalhes, as engrenagens que
compõem o diferencial de transmissão compacta e de transmissão convencional.
Diego Fernandes (2012)

Figura 21 - Engrenagens do diferencial transmissão compacta


Fonte: Adaptado apostila apresentação Fluence Renault (2012)
2 SISTEMA DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
37

Diego Fernandes (2012)


Figura 22 - Engrenagens do diferencial transmissão convencional
Fonte: Adaptado da apostila de apresentação Fluence Renault (2012)

Acompanhe, a seguir, algumas características do diferencial.

2.4.1 CARACTERÍSTICA

Pode-se caracterizar o diferencial como sendo o componente responsável por


dividir a torção entre as semiárvores, de modo a permitir que essas semiárvores
girem com velocidades diferentes. Mas, como isso pode acontecer? Se o veículo
estiver em movimento e as rodas possuírem velocidades diferentes, não irá com-
prometer a dirigibilidade?
Quando o veículo se movimenta em linha reta, as rodas percorrem a mesma
distância. Sendo assim, o número de giros entre as rodas no mesmo eixo é igual,
conforme mostra a seguinte figura.
Diego Fernandes (2012)

Figura 23 - Veículo em linha reta


Fonte: Adaptada da apostila de transmissão Fiat (2012)
SISTEMAS DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
38

5 JUNTA TRIPOIDE OU Porém, ao efetuar uma curva, o ângulo de esterçamento entre as rodas torna-
TRIZETA
-se diferente. Portanto, as rodas não fazem o mesmo percurso. Confira, a seguir,
É uma junta tripla de como isso acontece.
articulação esférica.
A roda que está do lado interno da curva percorre uma distância menor, isso
ocorre devido ao fato de que a circunferência a ser percorrida pela roda é me-
nor. Já a roda que está pelo lado externo acaba tendo que percorrer uma distân-
cia maior, o que obrigaria automaticamente esta roda a girar a uma velocidade
maior. É neste momento que o diferencial começa a desempenhar sua função.
Visando corrigir essa diferença de velocidade, o diferencial faz a compensação
por meio das satélites e das planetárias, compensando esta diferença e distribuin-
do a carga necessária para cada roda.

Diego Fernandes (2012)


Figura 24 - Veículo em curva
Fonte: Adaptada da apostila de transmissão Fiat (2012)

2.4.2 COMPONENTES DO DIFERENCIAL

Agora você irá conhecer mais detalhadamente os componentes do diferencial.


Caixa do diferencial: A caixa satélite nada mais é que uma carcaça construída
em aço onde todo conjunto que forma o diferencial é montado, sendo que na
parte externa é fixada a coroa e, em seu interior, ficam as satélites e as planetárias.
Coroa: É uma roda dentada construída em aço, peça fundamental do sistema
de transmissão, que está permanentemente ligada ao pinhão. Ela transmite para
caixa do diferencial toda rotação que estiver saindo da caixa de marcha por estar
parafusada na caixa do diferencial.
Satélite: Engrenagem dentada com formato cônico e construída em aço, está
presente no interior da caixa do diferencial. A satélite é a peça chave do diferen-
cial, pois ela é responsável pela variação da rotação entre as rodas motrizes do
veículo, quando este está efetuando uma curva.
2 SISTEMA DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
39

Planetária: Peça que apresenta um formato cilíndrico, onde uma das extre-
midades constitui os dentes da engrenagem e está em contato com as engrena-
gens satélites e a sua outra extremidade pode ser composta por estrias ou um
alojamento de junta tripoide (ou trizeta)5, onde se fixa o semieixo da roda motriz.
Eixo das satélites: Peça cilíndrica em aço maciço que desempenha papel de
eixo, onde as satélites efetuam o movimento de translação.

2.4.3 PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO DO DIFERENCIAL

Você já viu as características e o conceito de diferencial e também já conheceu


cada uma das peças que o compõem. Então, agora você irá conhecer como o di-
ferencial funciona, e como é feita essa divisão de torção entre as rodas motrizes.
Quando o pinhão está girando, ele faz girar também a coroa. Pelo fato da co-
roa estar parafusada na caixa do diferencial, toda caixa passa a girar também; des-
ta forma, as planetárias transmitem essa rotação às rodas motrizes, isso porque
as engrenagens satélites estão alojadas no eixo que se encontra fixo à caixa do
diferencial, como você pode verificar na figura a seguir. Neste momento, as duas
planetárias giram na mesma velocidade. Portanto, perceba que sempre que a sa-
télite estiver parada, ou seja, não efetuar movimento de translação, as planetárias
estarão girando na mesma velocidade.
Diego Fernandes (2012)

Figura 25 - Conjunto satélite


SISTEMAS DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
40

Por outro lado, quando uma das planetárias começa a pressionar as engrena-
gens satélites, então as satélites dão início ao movimento de translação, girando
em torno de seu próprio eixo, como é ilustrado pela figura a seguir. Quando esse
fenômeno começa a acontecer, as planetárias começam a ter rotações diferentes,
pois as satélites tendem a distribuir mais velocidade onde a carga aplicada pela
planetária for menor.

Diego Fernandes (2012)

Figura 26 - Conjunto satélite trabalhando

Então, para não restar nenhuma dúvida quanto ao funcionamento do diferen-


cial, acompanhe o seguinte exemplo.
Supomos que um veículo esteja trafegando em linha reta a uma velocidade de
100km/h. Nesta situação, ambas as rodas estão a 100km/h. Então, o motorista se
depara com uma curva para esquerda e continua na mesma velocidade, ou seja,
não tira o pé do acelerador. Para verificar a ação do diferencial nesta situação,
foram instalados, em cada roda, dispositivos que marcam a velocidade.
Foi possível perceber, então, que a roda que estava na parte interna da curva
teve sua velocidade reduzida para 90km/h e a roda que estava do lado externo da
curva passou a desenvolver a velocidade de 110km/h.
Como explicar esse fato? Analisamos de outra forma: como a velocidade per-
manece constante, a caixa do diferencial tem que girar 100% proporcional à velo-
cidade, desta forma as rodas também teriam o equivalente a 100% da velocidade
2 SISTEMA DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
41

se o veículo permanecesse em linha reta. Em hipótese alguma se pode baixar do


valor total, então note que se uma roda do lado interno perde velocidade 90%, a
roda externa ganha os 10% passando a ter então 110%.

2.4.4 LIMITAÇÃO DE UM DIFERENCIAL

Analisando o exemplo anterior, você viu que uma roda pode chegar a desen-
volver 200% da velocidade, e a outra 0%. Esta situação é um ponto crítico, pois
em uma situação onde uma roda está parada e a outra está girando, significa que
o veículo está parado. Por exemplo: ao entrar em um atoleiro, uma das rodas em-
perra e a outra fica livre, ou uma das rodas perde o contato com o solo.
Aqui você pôde conferir as características, componentes e também limitações
do diferencial. A seguir, conheça os sistemas de blocantes e a relação com o dife-
rencial.

2.5 SISTEMAS DE BLOCANTES

2.5.1 CARACTERÍSTICAS

Como você acompanhou anteriormente, o diferencial possui limitações quan-


to à sua utilização, e um dos fatores indesejáveis é a patinação de uma das rodas
quando essa perde aderência ao solo - seja por flutuação ou piso escorregadio.
Foi pensando em corrigir essa deficiência do diferencial que foi desenvolvido o
sistema de blocantes.
O sistema de bloqueio de diferencial consiste em impedir a atuação das saté-
lites, evitando a divisão de torção entre as rodas motrizes. Desta forma, as duas
rodas ficam com a mesma proporção de torque em qualquer que seja a situação,
ou seja, se uma roda flutuar (perder o contato com o solo ou perder aderência em
piso escorregadio), a outra roda, que estará em contato com o solo, não perderá
seu torque e manterá o veículo em movimento.

Que no mercado nacional já existem veículos de pas-


seio com o sistema de transmissão compacta e tração
VOCÊ dianteira, equipados com um sistema de bloqueio de
SABIA? diferencial eletrônico, o qual pode ser acionado eletro-
nicamente pelo motorista, para auxiliar nas condições
desfavoráveis de condução?
SISTEMAS DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
42

2.5.2 TIPOS DE BLOQUEIO

Saiba que existem dois tipos de bloqueio, são eles:


a) eixo bloqueado;
b) autoblocante.
Agora veja cada um desses sistemas de bloqueio em mais detalhes.

EIXO BLOQUEADO

Esse sistema é extremamente agressivo, o que torna a dirigibilidade um pouco


desconfortável, já que apresenta uma ótima tração nas rodas motrizes, mas em
contrapartida, nenhuma compensação em curvas. Sua utilização é recomendada
para veículos que trafegam em terrenos com baixo nível de aderência, onde a
velocidade não deve ser elevada, pois as rodas tendem a sofrer arrasto em curvas.
O sistema consiste em bloquear uma das engrenagens satélites, sendo esta
acoplada à carcaça do diferencial. Dessa forma, se uma roda perder completa-
mente a aderência (patinar ou flutuar), todo torque será transferido à roda que
apresentar aderência, garantindo a movimentação do veículo. Quanto ao seu
acionamento, pode ser mecânico ou pneumático. Veja, a seguir, um exemplo de
sistema de bloqueio com dispositivo pneumático.
Diego Fernandes (2012)

Figura 27 - Sistema de bloqueio


Fonte: Adapatado de Filippin (2012)

VOCÊ Que este sistema de bloqueio costuma ser mais utiliza-


do em veículos de carga e utilitários pesados, não sendo
SABIA? muito comum em veículos leves de passeio?
2 SISTEMA DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
43

Princípio de funcionamento: O funcionamento consiste em bloquear uma


das planetárias. Mas, como isso acontece? Bem, o bloqueio pneumático é basea-
do na compressão por ar comprimido, quando o motorista solicita o bloqueio, a
pressão de ar armazenada em um reservatório empurra uma luva dentada contra
a planetária a ser bloqueada. Essa planetária a ser bloqueada já é mecanicamente
modificada e possui entalhes para acoplamento da luva de bloqueio. Desta for-
ma, a planetária torna-se solidária ao diferencial. O bloqueio da planetária pode
ser liberado a qualquer momento pelo motorista, basta acionar o comando de
desbloqueio, e um conjunto de molas empurra a luva de bloqueio para a posição
original, liberando, assim, a planetária.

Para o acionamento deste sistema de bloqueio de eixo é


FIQUE imprescindível que o veículo esteja parado, pois a tentati-
ALERTA va de bloqueio com o veículo em movimento pode ocasio-
nar quebra no mecanismo de bloqueio.

AUTOBLOCANTE

O sistema Autoblocante, ou também chamado de sistema de diferencial com


deslizamento controlado, é constituído por um conjunto de disco metálico imer-
so em óleo, que desempenha a função de embreagem e consiste em diminuir
a função diferencial quando a diferença de rotação entre as rodas motrizes for
muito superior à rotação necessária para se efetuar uma curva. Dessa forma, o
diferencial entende que a roda está patinando e começa a diminuir a rotação da
mesma. Este sistema de bloqueio parcial possui uma boa tração, pois distribui de
maneira uniforme a rotação entre eixos e proporciona uma boa compensação em
curvas, já que o sistema de bloqueio é parcial.

Para conhecer este sistema de bloqueio de diferencial das


SAIBA transmissões compactas, consulte o site:<http://www.
MAIS webmotors.com.br/wmpublicador/Tecnologia_Conteudo.
vxlpub?hnid=39599>.
SISTEMAS DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
44

Diego Fernandes (2012)


Figura 28 - Conjunto de discos metálicos
Fonte: Adapatado de Filippin (2012)

VOCÊ Que este sistema autoblocante é muito utilizado em


pick-ups de tração opcional 4x4 ou, até mesmo, nas pick-
SABIA? -ups 4x2 que possuem um elevado torque no motor?

Princípio de funcionamento: O princípio de funcionamento do autoblocante


é basicamente por atrito gerado pelo conjunto de disco metálico. Enquanto esti-
ver sob ação do óleo lubrificante, não oferecerá nenhuma resistência ao sistema.
Porém, quando a velocidade de rotação de uma das planetárias aumenta dema-
siadamente, caracterizando uma perda de tração da roda motriz “patinação”, o
óleo que mantém as placas separadas começa a ser expulso e o atrito entre as
placas começa a aumentar, até o momento em que o semieixo é bloqueado à
carcaça do diferencial. Quando ocorre esse bloqueio, o torque transmitido à roda
que está patinando aumenta, aumentando também o torque da roda que está
em terreno firme.
2 SISTEMA DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
45

Diego Fernandes (2012)


Figura 29 - Funcionamento do diferencial
Fonte: Adaptado de Oficina e Cia (2012)

SAIBA MAIS: Para conhecer mais detalhes deste sistema


VOCÊ de bloqueio de diferencial das transmissões compactas,
SABIA? consulte o site: <http://bestcars.uol.com.br/ct/difer.
htm>.

Você conheceu aqui os sistemas de blocantes. A seguir, confira as característi-


cas da caixa de câmbio.

2.6 CAIXA DE CÂMBIO

2.6.1 CARACTERÍSTICAS

Saiba que um veículo quando se desloca está exposto a diversas situações de


atrito: o ar, seu próprio peso, a carga que está transportando, o atrito entre os
pneus e o solo, e muitas outras resistências. E para vencer estes obstáculos, o mo-
tor do veículo precisa variar constantemente o seu torque.
Por isso, a caixa de câmbio tem um papel fundamental no sistema de trans-
missão, que é justamente fazer essa variação constante de torque e transferi-lo
às rodas motrizes. Então, pode-se dizer que a caixa de câmbio basicamente fun-
ciona como um multiplicador ou desmultiplicador de rotação. Esta condição só
ocorre pelo fato da caixa de câmbio possuir um sistema de engrenagens capaz
de provocar alterações na rotação fornecida pelo motor. Assim, é possível ter um
veículo desenvolvendo alta velocidade com baixo giro do motor, ou vice versa,
sendo capaz de desenvolver baixa velocidade com alto giro do motor.
SISTEMAS DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
46

Figura 30 - Sistema de engrenagens


Fonte: Adaptada da apostila de transmissão Fiat (2012)

Você deve estar se perguntando como isso pode acontecer, como pode um
veículo desenvolver velocidades altas com baixo giro do motor ou vice versa. Veja
na sequência!
A caixa de câmbio possui diversas engrenagens, cada uma com diâmetro es-
pecífico e número de dentes diferentes, estando ligadas umas às outras. Essa dife-
rença de tamanho entre as engrenagens chama-se relação de marcha. Mas o que
é relação de marcha? É o resultado da divisão entre a engrenagem movida pela
engrenagem motora.
Mas o que é engrenagem motora e engrenagem movida? A engrenagem mo-
tora é aquela que recebe a rotação proveniente do motor, neste caso, ela sempre
vai possuir a rotação do motor. Exemplo: se o motor estiver a 1000RPM a engre-
nagem motora deve estar também a 1000RPM.
Já a engrenagem movida tem a função de modificar a rotação proveniente
da engrenagem motora. Como as duas engrenagens estão em contato, ela terá a
velocidade de saída menor. O par de engrenagens que possuir o número superior
de dentes da engrenagem movida (em relação ao número de dentes da engrena-
gem motora) terá sua velocidade de saída maior, isso se o número de dentes da
engrenagem motora for superior ao número de dentes da movida.Por exemplo:
para 1ª marcha existe uma única motora e uma única movida. Isso serve para cada
marcha e quantas marchas a caixa de câmbio possuir. Para entender melhor, veja
a seguinte figura.
2 SISTEMA DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
47

Diego Fernandes (2012)


Figura 31 - Relação de redução

Então, para determinar a relação de cada marcha, basta dividir o número de


dentes da engrenagem movida, pelo número de dentes da engrenagem motora
que formam um conjunto de marcha.
Para determinar a relação de marcha e a relação de transmissão, confira os
cálculos necessários.

30
Rm = =3 terá uma relação de 3:1
10
movida
Rm =
motora
26
Rs = =2 terá uma relação de 2:1
13

Para obter a relação final ou relação de transmissão basta multiplicar a Rm


pela Rs.

Rt = Rm x Rs Rt = 3 x 2 = 6

Neste caso, haverá uma relação de transmissão de 6:1.


Diego Fernandes (2012)
SISTEMAS DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
48

Agora confira o que significam os termos 3:1, 2:1, 6:1 e sucessivamente. O pri-
meiro número, que é o resultado da divisão ou da multiplicação, representa o
número de voltas realizadas pelo motor (rotação do motor); o segundo número,
que sempre será 1 (um), representa o número de volta realizado pala roda motriz.
Então, uma relação de transmissão do tipo 6:1 significa que o eixo do motor, neste
caso o eixo piloto da caixa, precisa realizar 06 (seis) voltas completas para que a
roda possa efetuar uma volta completa.

Que para cada marcha existe um par de engrenagens


VOCÊ específico, ou seja, existe uma engrenagem no eixo pri-
mário e outra no eixo secundário, não sendo intercam-
SABIA? biáveis de uma marcha para outra, pois isso provocaria
alteração na relação de marcha?

Vejas alguns exemplos dessa relação.


A primeira marcha é caracterizada por desenvolver baixas velocidades, porém
apresenta um elevado torque, isso graças à sua relação de marcha ser tão curta,
devido à grande diferença entre o número de dentes entre as engrenagens mo-
tora e movida.

Diego Fernandes (2012)

Figura 32 - 1ª marcha
Fonte: Adaptada da apostila de transmissão Fiat (2012)

Na segunda marcha já é possível perceber que o tamanho da engrenagem


motora aumentou e o da engrenagem movida diminuiu. Este fato segue aconte-
cendo para todas as marchas seguintes 3ª, 4º, 5ª, etc.
2 SISTEMA DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
49

Diego Fernandes (2012)


Figura 33 - 2ª marcha
Fonte: Adaptada da apostila de transmissão Fiat (2012)

Para finalizar, vamos verificar a influência das relações de marcha no desempe-


nho do veículo. Você já deve ter ouvido falar em relação de marcha mais curta e
mais longa. Portanto, entenda, a seguir, o que esses termos significam.
Fala-se que um veículo possui uma relação de marcha curta, quando o mesmo
apresenta um torque elevado e desenvolve baixa velocidade, o que seria primor-
dial para um veículo subir uma ladeira muito íngreme; e que o mesmo tem rela-
ção de marcha longa quando é capaz de desenvolver altas velocidades. Mas vale
lembrar que a relação da caixa de câmbio deve atender às duas necessidades sem
comprometer o desempenho do veículo.
Então, quanto maior for o valor do resultado da divisão (7:1, 8:1), mais curta
será a relação da marcha. E se esse resultado apresentado for menor, a relação
será mais longa.

2.6.2 TIPOS DE CAIXA DE CÂMBIO

As caixas de câmbio podem ser tanto compactas como convencionais, poden-


do ser classificadas quanto ao engrenamento por deslocamento, engrenamento
constante, engrenamento constante sincronizado e as caixas diretas e indiretas.

COMPACTA

São as caixas de câmbio onde todo o conjunto - caixa de mudança, eixo de


transmissão e diferencial - está montado em uma única carcaça.
SISTEMAS DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
50

CONVENCIONAL

São as caixas onde o eixo de transmissão e o diferencial não fazem parte da


mesma carcaça da caixa de mudança.

CAIXA DE TRANSMISSÃO POR ENGRENAMENTO POR DESLOCAMENTO

Consiste em uma caixa de câmbio do tipo convencional, onde há o eixo piloto


e o eixo de saída alinhado, separados somente por um rolamento do tipo cônico,
e um segundo eixo paralelo ao eixo principal, conforme você pode verificar na fi-
gura a seguir. O engrenamento das marchas baseia-se no deslocamento axial das
engrenagens. Nesse tipo de deslocamento, a engrenagem desliza sobre o próprio
eixo, então, para mudar o par de engrenagens que está transmitindo o torque às
rodas, desloca-se a engrenagem. E como o engrenamento acontece direto entre
as engrenagens (e só pode ser movida uma de cada vez), é necessário que seus
dentes sejam retos.

Figura 34 - Caixa de câmbio


Fonte: Adaptada da apostila de transmissão Fiat (2012)

CAIXA DE TRANSMISSÃO POR ENGRENAMENTO CONSTANTE

Este tipo de caixa já apresenta engrenagens helicoidais, nas quais o engrena-


mento não pode mais ser direto entre as engrenagens. Agora as engrenagens já
formam o par cinemático, ou seja, já estão sempre engrenadas, desta forma, não
podem mais apresentar movimento axial. Porém, apenas uma das engrenagens
do par cinemático deve estar completamente solidária ao eixo, já a outra engre-
nagem fica livre. Sendo assim, quem efetua o engrenamento é um mecanismo
que desliza axialmente sobre o eixo, bloqueando a engrenagem que estava livre.
2 SISTEMA DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
51

Saiba que este sistema possui um inconveniente, que é a


FIQUE dificuldade de operação, pois por não apresentar mecanis-
mo de sincronização entre as engrenagens, obriga o mo-
ALERTA torista a efetuar o chamado ‘dois tempos’ para sincronizar
a velocidade de rotação entre as engrenagens.

CAIXA DE TRANSMISSÃO POR ENGRENAMENTO CONSTANTE


SINCRONIZADO

A sua constituição e princípio de funcionamento são semelhantes as do siste-


ma de engrenamento constante e podem ser encontrados nas caixas compactas
e nas caixas convencionais. Devido à dificuldade quanto ao engrenamento das
marchas foi desenvolvido um mecanismo que sincroniza a velocidade de rotação
entre as engrenagens, tornando mais suave e fácil o engrenamento das marchas.
Esse mecanismo passou a ser chamado de conjunto sincronizador.

CAIXAS DE TRANSMISSÃO DIRETA E INDIRETA

A principal característica que diferencia essas duas caixas de câmbio é a pre-


sença de um eixo intermediário. As caixas indiretas possuem apenas um eixo pri-
mário e um secundário; em algumas caixas podem existir dois eixos secundários,
é o caso do câmbio PK6 utilizado pelo Renault Master. Já as caixas diretas pos-
suem um eixo intermediário.
Então a caixa direta é caracterizada por possuir três eixos: um eixo primário,
ligado direto ao motor por meio da embreagem; um eixo secundário alinhado ao
eixo primário; e um eixo intermediário paralelo aos dois eixos. A primeira relação
de transmissão é constituída diretamente pela ligação da engrenagem do eixo
primário e a engrenagem do eixo intermediário, as demais relações são compos-
tas pela combinação das engrenagens do eixo secundário e pelas engrenagens
do eixo intermediário. O que a leva ser chamada de caixa direta é a presença de
uma marcha com relação unitária (1:1), onde existe um acoplamento direto entre
o eixo primário e secundário.
Já nas caixas indiretas existe um eixo primário contendo as engrenagens con-
dutoras e o eixo secundário contendo as engrenagens responsáveis por formar os
pares cinemáticos do câmbio, ou seja, as diferentes relações de marchas.
SISTEMAS DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
52

2.6.3 COMPONENTES DA CAIXA DE CÂMBIO

Uma caixa de câmbio é basicamente composta por eixos cilíndricos com es-
trias, que são os eixos primários, secundários e intermediários, rolamentos de
apoio retos ou cônicos, garfos de mudança de relação, reténs de marcha, reten-
tores de vedação, engrenagens, conjunto sincronizador, defletores de óleo, anel
sincronizado, alavanca de mudança e uma carcaça. Agora, conheça cada um des-
ses componentes e o que eles representam em uma caixa de câmbio.

EIXOS DA CAIXA

Os eixos da caixa são peças cilíndricas, fabricadas em aço, onde são montadas
as engrenagens que compõem a caixa, os conjuntos sincronizadores e os rola-
mentos. Agora veja cada um desses eixos.

Diego Fernandes (2012)

Figura 35 - Conjuntos sincronizadores


Fonte: Adaptado de Fiat (2012)
2 SISTEMA DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
53

Diego Fernandes (2012)


Figura 36 - Eixos da caixa de câmbio
Fonte: Adaptado de SENAI (2012)

É importante lembrar que os eixos das caixas compactas


FIQUE são bem diferentes dos eixos existentes nas caixas conven-
ALERTA cionais. Nos eixos das caixas convencionais o eixo primário
é montado em alinhamento com o eixo secundário.

EIXO PRIMÁRIO DE UMA CAIXA CONVENCIONAL

Anteriormente, você estudou que o eixo primário é responsável por transmitir


a rotação do motor à caixa de câmbio. Veja, a seguir, como isso ocorre.
Uma das extremidades do eixo primário é constituída de estrias que estão aco-
pladas ao disco de embreagem, que recebe a rotação do motor e transmite às
demais engrenagens.
O eixo primário da caixa convencional possui apenas uma engrenagem que
está constantemente engrenada com a engrenagem do eixo intermediário. Con-
fira, em detalhes, na figura a seguir, o eixo primário e seus componentes.
SISTEMAS DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
54

Diego Fernandes (2012)


Figura 37 - Eixo primário
Fonte: Adaptado de SENAI (2012)

Diego Fernandes (2012)


Figura 38 - Eixo primário e seus componentes
Fonte: Adaptado de SENAI (2012)

EIXO SECUNDÁRIO DE UMA CAIXA CONVENCIONAL

O eixo secundário, também conhecido como eixo de saída, é responsável por


transferir a rotação proveniente do eixo primário ao eixo motriz do veículo por
meio de suas engrenagens, e acopla-se às engrenagens do eixo intermediário que
estão ligadas à engrenagem fixa do eixo primário. O eixo secundário está ligado
ao eixo primário por uma luva de acoplamento que, quando acoplada, transmite
o torque do eixo primário direto ao eixo motriz sem utilizar as engrenagens do
eixo intermediário, a qual é chamada de marcha direta. Veja, nas figuras a seguir,
o eixo secundário e seus componentes.
2 SISTEMA DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
55

Figura 39 - Eixo secundário


Fonte: Adaptado de SENAI (2012)

SENAI (1984)

Figura 40 - Componentes do eixo secundário


Fonte: Adaptado de SENAI (2012)

CONJUNTO DA MARCHA À RÉ DE UMA CAIXA CONVENCIONAL

O conjunto de marcha à ré tem a finalidade de inverter o sentido de giro do


eixo secundário em relação ao sentido de rotação das marchas à frente, isso acon-
tece por que entre as engrenagens do eixo secundário e eixo intermediário existe
uma terceira engrenagem, que é a intermediária de ré.
SISTEMAS DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
56

SENAI (1984)
Figura 41 - Engrenagem de marcha à ré
Fonte: Adaptado de SENAI (2012)

EIXO INTERMEDIÁRIO DE UMA CAIXA CONVENCIONAL

É bastante conhecido nas oficinas como “trem de engrenagem” ou “bolo de


engrenagem”, tem a função de acoplar-se ao eixo primário para transmitir o tor-
que ao eixo secundário por meio de uma combinação de engrenagem. Conforme
você pode verificar, nas figuras a seguir.

Figura 42 - Eixo intermediário


Fonte: Adaptado de SENAI (2012)
2 SISTEMA DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
57

Diego Fernandes (2012)


Figura 43 - Componentes do eixo intermediário
Fonte: Adaptado de SENAI (2012)

EIXO PRIMÁRIO DE UMA CAIXA COMPACTA

Os eixos primários das caixas compactas diferem-se um pouco dos convencio-


nais, pois não são alinhados ao eixo secundário e, sim, montados paralelamente
ao eixo secundário, e também não possuem o eixo intermediário. Mas o princípio
é o mesmo: receber a rotação do motor e transmitir ao eixo secundário. Diferente
da convencional, o conjunto sincronizador está presente nos dois eixos e a engre-
nagem da ré está entre o eixo primário e secundário.

EIXO SECUNDÁRIO DE UMA CAIXA COMPACTA

O eixo secundário da caixa compacta tem a mesma finalidade do eixo secun-


dário da caixa convencional, que é transmitir a rotação modificada da caixa ao
eixo motriz. O que o torna diferente é a presença do pinhão, já que está em cons-
tante contato com o diferencial.

HASTES E GARFOS

A haste tem o formato cilíndrico, é construída em aço e apresenta ranhuras


onde atuam os reténs de marcha.
Os garfos são construídos de ferro fundido, sendo que suas extremidades, que
apresentam contato com as luvas, são construídas por um material antiatrito (po-
liamida, cobre e/ou alumínio), ambos estão ligados ao mecanismo de seleção e
engate das marchas e sua função é deslocar a luva para efetuar o engrenamento
da marcha. Na figura a seguir, você pode visualizar a haste e os garfos.
SISTEMAS DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
58

6 ABRASIVO

Refere-se àquilo que causa


abrasão ou desgaste por
raspagem. Também está
relacionado a qualquer
substância dura capaz de
desgastar e polir outros
corpos, mediante atrito.

Diego Fernandes (2012)


Figura 44 - Hastes e garfos
Fonte: Adaptada da apostila de transmissão Fiat (2012)

CONJUNTO SINCRONIZADOR

Trata-se de um dispositivo cuja finalidade é igualar a velocidade de rotação


entre as engrenagens, com objetivo de facilitar a troca de marchas, tornando-a
mais suave e silenciosa. O conjunto sincronizador é constituído pelos seguintes
elementos: anel sincronizado, luva, cubo, retém e anel elástico. Veja, na sequên-
cia, mais detalhes sobre cada elemento.
Diego Fernandes (2012)

Figura 45 - Elementos do conjunto sincronizador


Fonte: Adaptada da apostila de transmissão Fiat (2012)
2 SISTEMA DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
59

Seu funcionamento acontece da seguinte forma: o cubo (1) está fixo ao eixo
por estrias, tornando-o solidário a este eixo, sendo assim, apresenta a mesma ro-
tação do eixo. O cubo está também bloqueado por um anel elástico ou anel trava
(2), impedindo seu movimento axial. A luva (3), sob ação do garfo, quando é soli-
citada pelo motorista para efetuar uma troca de marcha, desliza sobre o cubo por
meio das estrias existentes nas duas peças, o que faz ambas girarem na mesma
velocidade. Quando a luva sai da posição de neutro e se desloca em direção à
marcha solicitada, ela pressiona o retém (4) contra o anel sincronizado (5), que
acaba sendo pressionado contra a parte cônica da engrenagem louca (6). Por atri-
to, o anel sincronizado arrasta a engrenagem louca, que passa agora a girar na
mesma velocidade do conjunto sincronizador. Desta forma, os dentes da luva do
conjunto sincronizador alinham-se aos dentes da engrenagem, possibilitando o
engrenamento suave da marcha, sem apresentar ruído.

Cada conjunto sincronizador é responsável por efetuar o


SAIBA engrenamento de duas marchas, ou seja, 1ª e 2ª, 3ª e 4ª, 5ª
MAIS e a marcha à ré. A maioria das caixas não possui mecanismo
sincronizador.

ANEL SINCRONIZADO

A finalidade do anel sincronizado é facilitar as trocas de marchas. Ele é cons-


tituído por um material não-abrasivo6, geralmente o bronze, pois sua ação é in-
teiramente por atrito entre duas peças metálicas em movimento. Desta forma, o
anel sincronizado equaliza a rotação entre o conjunto sincronizador e a engrena-
gem louca.
Diego Fernandes (2012)

Figura 46 - Anel sincronizado


SISTEMAS DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
60

RETÉM DE MARCHA

O retém de marcha é constituído por uma mola e uma esfera, sendo um con-
junto monobloco, onde a mola e a esfera fazem parte de uma única peça - por
uma mola e por um rolete ou por uma mola em formato de anel elástico e uma
chaveta. Todos são constituídos em aço, sua função é manter a luva na posição
neutra e auxiliar a luva durante as trocas de marcha, pressionando o anel sincro-
nizado. Veja, na figura a seguir, um exemplo de rolete de retenção de marcha.

Diego Fernandes (2012)


Figura 47 - Rolete de retenção de marcha
Fonte: Adaptada da apostila de transmissão Fiat (2012)

ENGRENAGENS

Saiba que as engrenagens são peças em aço de alta dureza e formato cilíndri-
co, com dentes helicoidais uniformes e espaçamento regular, com exceção da
marcha à ré que, na maioria das caixas, utiliza dentes retos. São montadas em ei-
xos estriados que se combinam entre si com a finalidade de transmitir movimen-
to rotativo entre duas ou mais partes ligadas ao seu conjunto. Possuindo várias
combinações diferentes, as engrenagens, quando formam um par cinemático,
possibilitam variar a velocidade e a força transmitida às rodas. Veja, a seguir, en-
grenagens de dentes helicoidais e retos.
Static ([20--?])

Figura 48 - Engrenagem de dentes helicoidais


2 SISTEMA DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
61

Static ([20--?])
Figura 49 - Engrenagem de dentes retos

Para um veículo andar para trás (marcha à ré) é neces-


VOCÊ sária a utilização de uma terceira engrenagem montada
SABIA? entre o eixo primário e o eixo secundário. Desta forma, a
rotação de saída da caixa é invertida.

ROLAMENTOS DE APOIO

Os rolamentos de apoio servem para suportar as cargas exercidas pelos eixos


da caixa e facilitar o movimento de rotação dos eixos, diminuindo o atrito entre
o eixo e a carcaça da caixa. Esses rolamentos podem ser de roletes cilíndricos,
de agulhas, esféricos e cônicos, dependendo da sua utilização e do fabricante da
caixa. Confira, nas figuras a seguir, alguns exemplos.
e-completo ([20--?])

Figura 50 - Rolamento cônico


Static ([20--?])

Figura 51 - Rolamento de esferas


SISTEMAS DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
62

CRB Importadora de Rolamentos LTDA ([20--?])


Figura 52 - Rolamento de roletes

RETENTORES

Os retentores são peças responsáveis por garantir a vedação em qualquer que


seja a situação de funcionamento, podendo ser de diversos tipos e materiais, de
acordo com a sua utilização. Existem retentores de Borracha Nitrílica, Borracha
Poliacrílica, Borracha Silicone, Borracha Viton e PTFE (Politetra fluoretileno), sen-
do que cada retentor possui um fim específico de utilização, tendo em vista o
produto químico que pode manter contato.
Diego Fernandes (2012)

Figura 53 - Retentor
Fonte: Adaptado de Tecnichs (2012)

Caso você tenha interesse em conhecer um pouco mais so-


bre retentores, consulte os sites:
SAIBA <http://www.dnavedacoes.com.br/vedacoes-retentores.asp>;
MAIS
<http://www.joinville.ifsc.edu.br/~antoniobrito/.../reteto-
res%20SCANIA.pdf>.
2 SISTEMA DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
63

MECANISMO EXTERNO DE TROCA DE MARCHA

O mecanismo externo é constituído por: alavanca de comando, cabos ou va-


rões e o trambulador. Veja, a seguir, mais detalhes deste mecanismo.

Diego Fernandes (2012)


Figura 54 - Mecanismo de troca de marcha
Fonte: Adaptada da apostila de transmissão Fiat (2012)

A alavanca está situada no interior do veículo e está ligada diretamente a ca-


bos, os quais são responsáveis por efetuar a seleção e o engate das marchas.
O trambulador é um mecanismo constituído por duas alavancas, uma é res-
ponsável por efetuar a seleção e a outra por efetuar o engate da marcha. Veja,
agora, o que acontece quando o motorista resolve trocar de marcha: no momen-
to que o motorista direciona a alavanca em direção à marcha desejada, o tram-
bulador posiciona a alavanca interna da caixa para o garfo referente à marcha
solicitada. Vale lembrar que, um garfo efetua a mudança de duas marchas, então
se o motorista direcionou a alavanca para o lado da 1ª marcha, ele pode engre-
nar tanto a 1ª quanto a 2ª. Esse conceito serve para todas as demais marchas do
veículo.
Então, conforme a ação imposta pelo motorista, o trambulador tem uma rea-
ção: primeiro o trambulador irá direcionar o sentido de deslocamento do garfo,
em seguida, ele efetuará o movimento de deslizamento da luva, realizando o aco-
plamento da marcha solicitada.
SISTEMAS DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
64

CARCAÇA

A carcaça pode ser do tipo monobloco ou dividida em partes. Sua construção


pode ser de ferro fundido ou de liga de alumínio. Ela funciona como cárter para
armazenamento de óleo, garantindo, assim, a refrigeração e a lubrificação das
engrenagens, eixos e rolamentos; além da função de cárter servir como mancal
de apoio para os eixos e rolamentos.

DEFLETORES DE ÓLEO

Os defletores de óleo são paredes e ressaltos localizados na parte interna da


carcaça da transmissão. Esses defletores têm como função impedir o desloca-
mento excessivo do óleo durante o funcionamento, ou em curvas acentuadas, a
fim de evitar a falta de lubrificação dos componentes internos nestes momentos.

2.6.4 PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO DE UMA CAIXA DE CÂMBIO

Agora que você já conhece as características, os tipos existentes e os compo-


nentes que formam uma caixa de câmbio, veja como uma caixa de câmbio fun-
ciona, e como é efetuada a mudança de marcha.
Inicialmente, se o veículo está em repouso (ponto morto) e a embreagem não
está acionada, isso significa que não possui marcha engrenada. Mas como o mo-
tor está em funcionamento, a caixa também possui rotação.
Isso acontece porque todas as engrenagens estão, de certa forma, interligadas
para que todo grupo de engrenagem gire sem causar nenhum inconveniente. Al-
gumas engrenagens ficam soltas sobre os seus respectivos eixos, a esse processo
aplica-se o termo “engrenagem louca”, anteriormente mencionado. Isto se deve
ao fato de ela ficar girando sobre o eixo sem causar efeito algum.
Se todas as engrenagens estão girando, como é possível engrenar uma mar-
cha sem causar trancos ao motor e ao câmbio?
Bem, para efetuar o engrenamento da marcha é preciso reduzir a velocidade
entre as engrenagens que forem solicitadas. O conjunto de engrenagens deve
girar na mesma velocidade para permitir o engrenamento. Então, para igualar
a velocidade dos eixos, é preciso eliminar o acoplamento do motor com a caixa
de câmbio; para isso, é necessário acionar o mecanismo de embreagem. Assim, é
possível efetuar o engrenamento de uma marcha qualquer ou efetuar a mudança
de marcha, caso já possua alguma marcha engrenada.
2 SISTEMA DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
65

Visto que a caixa funciona como desmultiplicador (redução), cada marcha soli-
citada impõe às rodas uma determinada rotação e velocidade. Veja um exemplo:
se tivermos uma marcha curta, que é o caso da 1ª marcha, cuja relação é bem re-
duzida, como 7:1, isso significa que o motor precisa efetuar sete voltas, enquanto
a roda efetua uma única volta. Assim, utiliza-se o máximo de torque do motor e
desenvolve-se baixa velocidade, por isso que um veículo é capaz de subir uma la-
deira íngreme. Entretanto, se a marcha engrenada for uma 5ª, por exemplo, onde
a relação é de 0,9:1, antes do motor realizar uma volta completa, a roda já realizou
uma volta. Conclusão: quanto maior o torque (força), menor a velocidade.
Aqui você pôde conferir características, tipos, componentes e o funcionamen-
to da caixa de câmbio. A seguir, o convite é para conhecer a embreagem e os
sistemas de acionamento.

2.7 EMBREAGENS E SISTEMAS DE ACIONAMENTO

2.7.1 CARACTERÍSTICA

Como você viu, a embreagem está instalada entre o motor e a caixa de câm-
bio, sendo a porta de comunicação entre o motor e a caixa que, consequente-
mente, faz funcionar todo sistema de transmissão. Por isso, é imprescindível man-
ter o bom estado de conservação do sistema de embreagem, para evitar danos
ao sistema de transmissão. Você agora irá conhecer um pouco sobre o sistema de
embreagem, seu funcionamento, os seus componentes e os tipos mais comuns.
Vamos lá!

2.7.2 COMPONENTES DO SISTEMA DE EMBREAGEM

Um sistema de embreagem é constituído basicamente por:


a) disco de embreagem;
b) platô de embreagem;
c) garfo de acionamento;
d) rolamento.
Na figura a seguir, você vê em detalhes os componentes da embreagem.
SISTEMAS DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
66

7 FERRO-GUSA

Gusa é uma liga de ferro


e carbono, obtida em
altos fornos pela reação
de minério de ferro com
o carvão e o calcário.
É também usado na
obtenção de outras ligas de
ferro e aço.

Diego Fernandes (2012)


Figura 55 - Componentes da embreagem
Fonte: Adaptado de Oficina e Cia (2012)

Confira, agora, as especificidades de cada componente da embreagem.


a) Disco de embreagem: Trata-se de um disco de aço, revestido em suas duas
faces por um material especial, ao qual é atribuído o nome de guarnição de
atrito, onde uma das faces é acoplada ao volante de motor e a outra, ao platô.
As ranhuras localizadas na parte central do disco servem para fazer a conexão
com a árvore primária, já as palhetas metálicas têm como função suavizar o
acoplamento do disco. As molas aspirais objetivam absorver vibrações duran-
te arrancadas e trocas de marcha, e a superfície da guarnição de atrito deve
oferecer um alto coeficiente de atrito. Veja, em detalhes, esse componente.
Diego Fernandes (2012)

Figura 56 - Disco de embreagem


Fonte: Adaptado de Dreamstime (2012)
2 SISTEMA DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
67

Que o uso inadequado da embreagem gera um aqueci-


VOCÊ mento no disco e que esse aquecimento pode deterio-
rar a guarnição de atrito? Nesse caso, a guarnição tem
SABIA? sua espessura diminuída e deve ser substituída se ultra-
passar a medida imposta pelo fabricante.

b) Platô de embreagem: É uma peça fabricada com ferro-gusa7 e chapa de


aço, cuja finalidade é manter o disco de embreagem em contato com o vo-
lante do motor, por ação de uma mola. Ele é constituído pelos seguintes
elementos, verifique.

Diego Fernandes (2012)

Figura 57 - Platô de embreagem


Fonte: Adaptada da apostila de transmissão Fiat (2012)

Princípio de funcionamento: O platô de embreagem possui como finalidade


transmitir a rotação do motor ao conjunto de transmissão de forma suave e pro-
gressiva e, ainda, permitir a troca de marchas sem que o grupo de engrenagens
sofra trancos, suavizando a ação do motorista. Essa ação de ligação ocorre por
atrito entre o disco de embreagem, o volante do motor e o platô de embreagem.
Enquanto o pedal de embreagem não for acionado, a mola membrana do platô
exerce pressão contra o disco, comprimindo-o contra o volante do motor. Desta
forma, a rotação do motor estará sendo transmitida à caixa de câmbio. Veja como
fica o disco embreado.
SISTEMAS DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
68

Diego Fernandes (2012)


Figura 58 - Disco embreado
Fonte: Adaptada da apostila de transmissão Fiat (2012)

No entanto, se o pedal de embreagem for acionado pelo motorista, a mola


membrana do platô é comprimida, aliviando a pressão exercida sobre o disco de
embreagem. Neste momento, o conjunto disco, platô e volante do motor são se-
parados e a caixa de câmbio para de girar. Nesse caso, o disco é debreado, con-
forme seguinte figura.
Diego Fernandes (2012)

Figura 59 - Disco debreado


Fonte: Adaptada da apostila de transmissão Fiat (2012)
2 SISTEMA DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
69

c) Garfo de acionamento: O garfo de acionamento tem como função o ato de


pressionar o rolamento de embreagem contra a mola membrana do platô,
permitindo o acionamento da embreagem.
d) Rolamento de embreagem: O rolamento de embreagem é fixado no garfo
de acionamento e tem como função a redução do atrito entre o garfo de
acionamento e a mola membrana do platô. Quando pressionamos o pedal
de embreagem, o garfo é empurrado contra a mola membrana do platô.
Nesse momento, entra em ação o rolamento, pois se o mesmo não existisse,
o garfo entraria em contato direto com a mola membrana, gerando atrito
excessivo, ruído e desgaste prematuro, tanto da mola membrana quanto do
garfo de acionamento.

2.7.3 MECANISMO DE ACIONAMENTO DE EMBREAGEM

O acionamento da embreagem pode ser hidráulico ou por cabo. Confira, a se-


guir, mais detalhes sobre esses dois tipos de acionamento.

ACIONAMENTO HIDRÁULICO

As embreagens que utilizam o acionamento hidráulico requerem um menor


esforço por parte do motorista, já que utilizam fluido para deslocar o garfo de
embreagem e comprimir a mola membrana do platô. Conforme você pode acom-
panhar, na seguinte figura.
SISTEMAS DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
70

Diego Fernandes (2012)

Figura 60 - Acionamento hidráulico


Fonte: Adaptada da apostila de transmissão Fiat (2012)

Assim como no freio, a embreagem é auxiliada por um cilindro com um êmbo-


lo, que atua sobre o fluido quando o pedal é pressionado, desacoplando o disco
de embreagem do volante do motor. Este sistema de embreagem é composto
por uma bomba de óleo, um cilindro operador e um reservatório - que deverá
ser sempre verificado quanto ao nível do fluido e à necessidade de sangria do
sistema hidráulico.

FIQUE Saiba que bolhas de ar no sistema de acionamento da


embreagem reduzem a eficiência e aumentam a carga de
ALERTA acionamento.
2 SISTEMA DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
71

ACIONAMENTO MECÂNICO POR CABOS

No sistema hidráulico, quando o pedal era pressionado, se comprimia o fluido


para deslocar o garfo de embreagem. Agora, com os sistemas de cabo, quando o
pedal é pressionado, o cabo é puxado para deslocar o garfo e esta ação requer um
pouco mais de esforço do motorista. Veja como se dá o acionamento mecânico
por cabo.

Figura 61 - Acionamento por cabo

Outro inconveniente encontrado no sistema de cabo é que a vibração do mo-


tor pode ser transmitida para a carroceria. Para que isso não ocorra, os cabos são
providos dos chamados dampers, que são elementos de borracha que absorvem
as vibrações.

2.8 SEMIEIXO

O semieixo trata-se de uma barra de aço com formato cilíndrico, onde as extre-
midades estão sujeitas a acoplamentos. Basicamente, um semieixo é composto
dos seguintes elementos.
SISTEMAS DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
72

8 ESTERÇAMENTO

Ato de girar o volante de


direção a fim de direcionar
as rodas do veículo para
ambos os lados.

Diego Fernandes (2012)


Figura 62 - Semieixos
Fonte: Adaptada da apostila de transmissão Fiat (2012)

Como visto anteriormente, o semieixo é responsável por transmitir a força


motriz às rodas do veículo, uma de suas extremidades está ligada a planetária
e a outra, ao cubo da roda. Alguns eixos possuem uma massa amortecedora de
vibrações, quando a distância entre a roda e caixa for longa. Veja como é este
amortecedor de vibração.
Diego Fernandes (2012)

Figura 63 - Amortecedor de vibrações


Fonte: Adaptada da apostila de transmissão Fiat (2012)

A massa amortecedora tem a finalidade de balancear o


FIQUE semieixo. Portanto, quando for retirada para manutenção,
ALERTA deve ser reposicionada respeitando as medidas estabeleci-
das pelo fabricante.
2 SISTEMA DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
73

2.9 JUNTA HOMOCINÉTICA

Primeiro saiba de onde surgiu o termo homocinética: a partícula homo é deri-


vada de homogêneo, que significa ‘igual’, e cinética vem da mecânica que estuda
os movimentos. Juntando os termos, fica “velocidade igual”. Veja agora o que são
as juntas homocinéticas.
As juntas homocinéticas funcionam como um braço articulador, cuja finalida-
de é compensar as oscilações sofridas pela suspensão devido às irregularidades
apresentadas pelas estradas, além de possibilitar o esterçamento8 das rodas du-
rante as mudanças de direção. Construídas para suportar a aceleração e a desace-
leração do veículo quando o mesmo estiver em movimento, é composta por um
anel interno, sino, esferas e gaiolas. As juntas são utilizadas entre dois eixos, de
modo a permitir que ambos girem juntos e com velocidade igual, independente
do ângulo que formarem. Quem permite esse trabalho em ângulo são as esferas
presentes dentro do sino. Diego Fernandes (2012)

Figura 64 - Junta homocinética


Fonte: Adaptada da apostila de transmissão Fiat (2012)

Saiba que as juntas homocinéticas podem ser do tipo fixas ou deslizantes. As


fixas ficam próximas às rodas e as deslizantes, próximas à caixa de câmbio. Con-
fira mais detalhes das juntas fixas e deslizantes, na figura a seguir.
Diego Fernandes (2012)

Figura 65 - Junta homocinética fixa e deslizante


Fonte: Adaptada da apostila de transmissão Fiat (2012)
SISTEMAS DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
74

As juntas homocinéticas fixas apresentam um único movimento, que é o mo-


vimento angular, com a finalidade de corrigir as variações angulares impostas
pela suspensão do veículo.
Já as juntas deslizantes, ou as juntas tripoides, são responsáveis por compensar
a mudança de ângulo e as variações axiais provenientes das mudanças angulares.
Agora que você já conheceu um pouco sobre os principais componentes da
transmissão mecânica, veja, a seguir, alguns importantes itens de conservação e
manutenção desse sistema.
Portanto, para um correto funcionamento da transmissão mecânica, os se-
guintes itens devem ser observados:
a) regulagem periódica da folga do pedal de embreagem;
b) evitar efetuar arrancadas bruscas, com o veículo;
c) manter sempre os coxins da caixa de mudança e do motor sem avarias, em
bom estado de conservação;
d) verificar e efetuar a correção periódica dos níveis de óleo da caixa de mu-
danças, do diferencial e do fluido da embreagem, caso possua embreagem
hidráulica;
e) verificar e efetuar a correção das folgas existentes nos eixos de transmissão;
f) verificar e corrigir a folga dos liames e trambuladores da caixa de mudança;
g) verificar e corrigir o alinhamento dos eixos do sistema de transmissão;
h) verificar e corrigir os vazamentos de óleo da caixa de mudança e do dife-
rencial;
i) verificar o estado físico das coifas de proteção das juntas homocinéticas.
Na sequência, você irá conhecer um pouco sobre checklist de avaliação do sis-
tema.

2.10  CHECKLIST DE AVALIAÇÃO DO SISTEMA

Você sabe identificar o que é um checklist de avaliação do sistema? Neste item,


você vai conhecer sobre a importância do checklist, de modo a detectar com faci-
lidade os defeitos, identificar as possíveis causas e indicar uma solução. Para tal,
verifique o quadro a seguir com alguns exemplos.
2 SISTEMA DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
75

DEFEITOS POSSÍVEIS CAUSAS SOLUÇÃO


Nível de óleo abaixo do normal.
Componentes internos desgas- Completar o nível de óleo.
tados ou danificados. Substituir componentes dani-
Ruído nas marchas à frente Folga demasiada no conjunto ficados.
coroa e pinhão. Ajustar a folga do conjunto.
Eixos de transmissão desalinha- Alinhar os eixos.
dos.

Engrenagem desgastada ou
danificada. Substituir engrenagem.
Ruído na marcha à ré
Folga no conjunto coroa e Ajustar folga do conjunto.
pinhão.

Embreagem danificada.
Folga excessiva na caixa de
Substituir embreagem.
mudança e no diferencial.
Reparar a folga do conjunto.
Trancos Coxins do câmbio ou motor
Substituir o coxim danificado.
danificado.
Substituir peças danificadas.
Cruzetas ou juntas
homocinéticas danificadas.

Embreagem danificada.
Liames ou trambulador da Substituir engrenagens.
Marchas difíceis de engrenar ou alavanca de marchas danificado Substituir ou regular os liames
desengrenando ou desregulado. ou trambulador.
Folga do pedal de embreagem Regular a folga do pedal.
fora da especificada.

Disco de embreagem empe-


nado.
Guarnição de atrito trincada. Substituir o kit de embreagem.
Embreagem trepidando
Platô danificado. Substituir o coxim quebrado.
Coxim da caixa de mudança ou
do motor quebrado.
Colar de embreagem danifi-
Substituir colar de embreagem.
cado.
Chiado na embreagem Substituir bucha e verificar o
Bucha do eixo primário desgas-
estado do eixo.
tada.
SISTEMAS DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
76

DEFEITOS POSSÍVEIS CAUSAS SOLUÇÃO

Molas do platô demasiadamen-


te fracas.
Estrias do disco de embreagem
Substituir kit de embreagem.
empenadas.
Regular embreagem.
Guarnições de atrito desgasta-
Embreagem patinando Substituir o disco de embrea-
das.
gem e reparar o vazamento de
Embreagem enforcada (sem
óleo.
folga no curso do pedal).
Contaminação do disco de
embreagem com óleo.
Parafuso da junta homocinética
Barulho no eixo de transmissão
folgado. Reapertar o parafuso.
quando o veículo arranca ou
Folgas na própria junta Substituir a junta homocinética.
desloca-se em linha reta.
homocinética.
Coifas de proteção rasgadas ou
Vazamento de lubrificante nas Substituir a coifa.
perfuradas.
juntas Reapertar ou substituir a bra-
Braçadeiras das coifas frouxas
homocinéticas. çadeira.
ou quebradas.
Porca da ponta do eixo de saída Reapertar a porca.
Barulho no eixo de transmissão frouxa. Substituir o eixo.
quando o veículo faz curva Estrias do eixo danificadas. Substituir a junta
Junta homocinética danificada. Homocinética.
Alavanca frouxa.
Mola da alavanca solta ou sem Apertar alavanca.
A alavanca de comando das compressão. Substituir a alavanca ou mola da
marchas vibra e faz barulho. Liames desgastados. alavanca.
Buchas do trambulador com Substituir liames ou buchas.
folga.
Embreagem com defeito ou
desregulada. Substituir ou regular embrea-
As marchas arranham quando
Falta de lubrificação das engre- gem.
trocadas com o veículo em
nagens. Repor o nível de óleo.
movimento.
Anéis sincronizados desgasta- Substituir anéis sincronizados.
dos.
2 SISTEMA DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
77

DEFEITOS POSSÍVEIS CAUSAS SOLUÇÃO

Engrenagens desgastadas.
Coxim da caixa de mudança Substituir as engrenagens.
danificado. Substituir os coxins.
As marchas escapam. Conjunto sincronizador desgas- Substituir o conjunto sincroni-
tado. zador.
Reténs de marcha sem pressão Substituir os reténs.
na mola.

Ruído (ronco) na caixa de Caixa de mudança sem óleo. Repor o óleo da caixa.
mudanças. Rolamentos danificados. Substituir o rolamento.

Quadro 2 -  Checklist de avaliação do sistema

Percebeu como o checklist funciona como uma importante ferramenta de tra-


balho? A seguir, você terá a oportunidade de conhecer as técnicas de medição e
avaliação dos componentes da transmissão mecânica. Explore essa oportunidade
de aprendizagem e veja quantas descobertas serão possíveis!

2.11 TÉCNICAS DE MEDIÇÃO E AJUSTE DOS COMPONENTES DA


TRANSMISSÃO

2.11.1 VERIFICANDO O AJUSTE DO DIFERENCIAL

Sempre que for desmontar um diferencial, é muito importante levar em consi-


deração a espessura do anel de pré-carga do rolamento.
Como calcular a espessura do anel de pré-carga do rolamento?
O primeiro passo é aplicar sobre a capa externa do rolamento uma carga espe-
cífica, fornecida pelo fabricante, lembrando-se de sempre girar o diferencial du-
rante a operação, pois o mesmo não pode trancar ou apresentar trancos quando
é girado.
Ferramentas para efetuar a operação: uma prensa hidráulica, uma ferra-
menta de uso específico para apoiar a capa do rolamento.
SISTEMAS DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
78

Diego Fernandes (2012)


Figura 66 - Assentamento de rolamento
Fonte: Adaptado de SENAI (1993)

Após efetuar este procedimento, você deve efetuar as seguintes medições:


medir a profundidade “P” do alojamento do rolamento, repetir três vezes esta
medida em três pontos diferentes, somá-las e dividir pelo número de medidas
que efetuou.

Figura 67 - Profundidade do alojamento Diego Fernandes (2012)


Fonte: Adaptado de SENAI (1993)

Então, você deve medir a profundidade “H” do flange de vedação do rolamen-


to e repetir o procedimento anterior.
Mateus Mendes (2012)

Figura 68 - Profundidade do Flange


Fonte: Adaptado de SENAI (1993)
2 SISTEMA DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
79

Para determinar a medida da espessura “S” do novo calço, usa-se a seguinte


fórmula: S = P – H + 0,12. Lembrando que o valor de 0,12 já é um valor fixo e for-
necido pelo fabricante, que é o valor do pré-aperto do rolamento do diferencial.
Ferramentas utilizadas na operação: relógio comparador e uma base para
apoiar o relógio.

Mateus Mendes (2012)

Figura 69 - Pré-aperto do rolamento


Fonte: Adaptado de SENAI (1993)

No exemplo citado anteriormente, foi utilizada uma caixa


FIQUE de marcha compacta modelo Fiat. Esse tipo de procedi-
ALERTA mento pode mudar de acordo com o fabricante ou, até
mesmo, de acordo com o modelo da caixa de marcha.

2.11.2 REGULAGEM DA PROFUNDIDADE DA COROA E PINHÃO DE UM


SISTEMA TRANSMISSÃO CONVENCIONAL

Para determinar a profundidade do pinhão é preciso conhecer:


a) a constante ideal de montagem, que deve ser fornecida pelo fabricante;
b) a espessura do rolamento;
c) o número gravado na carcaça do eixo.
SISTEMAS DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
80

Procedimento: você deve somar a constante ideal de montagem com o valor


da espessura do rolamento. Verifique o valor do número gravado na carcaça do
eixo e acrescente a esse valor o equivalente a 4” (quatro polegadas). Posterior-
mente, você deve subtrair o resultado das duas somas resultando, então, no valor
da subtração, que será o valor do novo calço.

2.11.3 REGULAGEM DA FOLGA ENTRE DENTES DA COROA E PINHÃO

Esta folga é estabelecida por meio de calços colocados entre as capas de rola-
mento laterais da caixa satélite (caixa do diferencial) e a carcaça. Veja como pro-
ceder:
a) primeiramente, o conjunto já deve estar montado na carcaça (diferencial,
coroa, pinhão e rolamentos). Após esta montagem, você deve deslocar o
conjunto todo para o lado esquerdo;
b) instalar a capa do mancal do lado, apertando os parafusos com a pressão
dos dedos;
c) deslocar o conjunto até eliminar a folga entre a coroa e pinhão, com o auxí-
lio de uma chave de fenda;
d) medir a folga existente entre a capa do rolamento do lado esquerdo e a
carcaça. Montar, nesta região, um calço com o valor da folga encontrada;
e) instalar a capa do rolamento do lado esquerdo e apertar os parafusos com
a pressão dos dedos;
f) remover a capa do mancal do lado direito, e medir a folga entre a capa do
rolamento e a carcaça;
g) sobre a folga encontrada, você deve acrescentar um valor correspondente
ao valor de pré-carga fornecido pelo fabricante.
Logo que determinar os calços que serão utilizados, você deve instalar o con-
junto e medir a folga entre os dentes da coroa e pinhão, que deverá estar dentro
do especificado pelo fabricante.
Para finalizar o procedimento, você deve verificar o contato entre os dentes da
coroa e pinhão, utilizando um marcador que pode ser: batom, giz ou, até mesmo,
graxa.
2 SISTEMA DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
81

2.11.4 AJUSTAGEM DA FOLGA DA EMBREAGEM

A regulagem da folga da embreagem é aplicada somente ao sistema que uti-


liza acionamento mecânico por cabo, e consiste em: apertar a porca que mantém
o cabo preso ao garfo da embreagem ou regular a altura do pedal da embreagem
pelo mecanismo de catraca localizado no interior do veículo (junto ao pedal de
embreagem).

2.11.5 AJUSTAGEM DO MECANISMO DE ENGATE DAS MARCHAS

A regulagem consiste em reposicionar os varões da alavanca de comando.


Portanto, primeiro, você deve posicionar o câmbio em neutro, ou seja, não deve
possuir marcha engrenada. Após, é preciso afrouxar o parafuso do trambulador
e reposicionar a alavanca utilizando um gabarito fornecido pelo fabricante. Esse
tipo de regulagem é válido para sistemas que utilizam cabos ou, ainda, varões de
acionamento.
Você pôde conferir, nesta etapa, algumas técnicas de medição e ajuste de de-
terminados componentes da transmissão mecânica. A seguir, conheça os tipos de
manutenção aplicadas a este tipo de sistema. Vamos lá!

2.12 TIPOS DE MANUTENÇÃO

Existem dois tipos de manutenção: a preventiva e a corretiva. Veja, a seguir,


mais detalhes sobre cada uma delas.

2.12.1 MANUTENÇÃO PREVENTIVA

A manutenção preventiva é aquela na qual se faz, periodicamente, uma veri-


ficação no sistema de transmissão, respeitando os prazos e períodos estipulados
pelo fabricante, em que se deve:
a) verificar os níveis de óleo da caixa de mudanças, do diferencial e do fluido da
embreagem, caso possua embreagem hidráulica;
b) verificar as folgas existentes nos eixos de transmissão (semieixo, cardam);
c) verificar a folga dos liames e trambuladores da caixa de mudança;
d) verificar o alinhamento dos eixos do sistema de transmissão;
e) verificar a presença de vazamentos de óleo da caixa de mudança e do dife-
rencial;
SISTEMAS DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
82

f) verificar o estado físico das coifas e braçadeiras de proteção das juntas ho-
mocinéticas;
g) verificar o estado de lubrificação das juntas de articulação;
h) conferir o torque da porca da ponta de eixo;
i) verificar o aperto dos parafusos de fixação das juntas articuladas;
j) verificar a presença de vazamento de lubrificantes nas juntas homocinéticas.

2.12.2 MANUTENÇÃO CORRETIVA

A manutenção corretiva, também chamada de revisão periódica, é a manuten-


ção onde existe a necessidade de substituição de peças, seja por um prazo estipu-
lado pelo fabricante ou a fim de corrigir algum tipo de anomalia. Veja alguns itens
a serem analisados para um correto funcionamento da transmissão:
a) regular periodicamente a folga do pedal de embreagem;
b) verificar e efetuar a correção periódica dos níveis de óleo da caixa de mu-
danças, do diferencial e do fluido da embreagem, caso possua embreagem
hidráulica;
c) verificar e efetuar a correção das folgas existentes nos eixos de transmissão;
d) verificar e corrigir a folga dos liames e trambuladores da caixa de mudança;
e) verificar e corrigir o alinhamento dos eixos do sistema de transmissão;
f) verificar e corrigir os vazamentos de óleo da caixa de mudança e do diferen-
cial;
g) verificar o estado físico das coifas de proteção das juntas homocinéticas;
h) lubrificar as juntas de articulações do eixo de transmissão (trizetas dos car-
dans);
i) substituição dos fluidos lubrificantes, bem como: óleo de caixa e diferencial
e fluido da embreagem;
j) verificar a folga do conjunto coroa e pinhão do diferencial.
Confira, agora, um exemplo de como as revisões são extremamente importan-
tes, e podem evitar problemas e grandes prejuízos.
2 SISTEMA DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
83

CASOS E RELATOS

Ficando na estrada
Sr. João Frederico, um comerciante dono de uma rede de panificadoras,
possui uma frota de pick-ups, que utiliza diariamente para abastecer seus
diversos postos de pães.
O Sr. João era muito cuidadoso com seus carros, efetuava revisões pe-
riódicas na oficina mecânica “Cia Car”. Até que designou esta função a
um funcionário que, analisando o relatório dos gastos com as revisões,
alegou que isso tudo era besteira, pois ele possuía um carro e nunca ha-
via feito revisão alguma. O Sr. João, no início, mostrou-se inflexível, mas
acabou cedendo e cometeu um erro fatal. Há mais de 20 anos na praça, a
panificadora DOCE SABOR sempre honrou seus compromissos.
Entretanto, um dia de verão, alta temporada, um de seus funcionários
carregou a pick-up pela manhã com bolos, tortas, pães, enfim, diversos
produtos fresquinhos e saiu para abastecer um dos postos, que ficava
na praia. No meio da viagem, quando subia uma ladeira íngreme, o mo-
torista ouviu um forte barulho e o veículo parou no meio da subida. O
motorista tentou identificar o que tinha havido, mas não percebeu nada
de errado. Então, ligou para o seu João, que imediatamente repassou à
oficina onde fazia as revisões – a Cia Car - e relatou que um de seus car-
ros estava parado na estrada. Segundo o motorista, o motor funcionava,
engatava todas as marchas, só que o carro não andava. Mas ele também
comentou que ouviu um barulho. Então disse: – “Olha Seu João, pelo que
o senhor está relatando, pode ter quebrado a junta homocinética ou o
semieixo. Neste caso, será preciso trazer o seu carro até a oficina.”
Você percebeu o problema? Por causa de uma suposta economia nos
gastos com a revisão dos veículos, Seu João acabou tendo um prejuízo
muito maior, pois teve que pagar um guincho, deixou seus clientes na
mão e teve que disponibilizar outro carro para entregar seus produtos.

Aqui você conclui este capítulo, foram vários conhecimentos importantes es-
tudados, não é mesmo? Mas saiba que ainda tem muita coisa interessante aguar-
dando por você. Vamos lá!
SISTEMAS DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
84

RECAPITULANDO

Neste capítulo, você viu que o sistema de transmissão funciona como


multiplicador e desmutiplicador de força, e que existem sistemas dife-
rentes que variam de acordo com a construção e utilização do veículo,
desde a montagem no chassi até os componentes do sistema.
Você também pôde verificar a importância de cada componente e como
estes devem interagir de forma harmônica, a fim de manter um corre-
to funcionamento. Além disto, você conheceu as características de cada
componente, seu funcionamento e a importância que cada um tem para
o sistema de transmissão. Por fim, viu como é fundamental efetuar revi-
sões periódicas para evitar futuros problemas.
2 SISTEMA DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
85

Anotações:
Caixa de Transferência

Você já parou para pensar como seus movimentos ao dirigir um veículo fazem com que todo
o carro se movimente? Ou ainda, como uma simples ação faz com que as rodas recebam tração
ou mensagem sobre a marcha que está sendo usada? Isso acontece porque existe ligação entre
todas as partes mecânicas do veículo. Portanto, ao realizar um comando como a mudança de
marcha, por exemplo, você está fazendo com que o câmbio e a embreagem se comuniquem
com o eixo, enviando o sinal para as rodas. Então, pode-se concluir que o sistema de transmis-
são mecânica tem grande importância nos veículos.
Sendo assim, neste capítulo você estudará sobre o componente do sistema de transmissão
que faz a ligação entre a rotação de saída da caixa de câmbio com as rodas dianteiras e as ro-
das traseiras dos veículos com tração nas quatro rodas. Você irá verificar, então, como é feita a
ligação entre a rotação de saída do câmbio em veículo com tração dianteira e motor montado
transversalmente na parte dianteira. Partindo destes conhecimentos, ao final do capítulo, você
terá subsídios para:
a) compreender os tipos de sistemas de tração 4x4 AWD e 4WD;
b) identificar as posições de motores e câmbio para tipos de trações diferenciadas;
c) utilizar este tipo de sistema de tração em condições diferenciadas;
d) aplicar os procedimentos de testes e tipos de manutenção.
Perceba que as oportunidades de aprendizagem serão muitas. Por isso, dedique-se ao estu-
do lembrando que motivação e comprometimento são fundamentais para sua aprendizagem.
SISTEMAS DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
88

3.1 CAIXA DE TRANSFERÊNCIA: DEFINIÇÃO

Você sabe identificar o que é uma caixa de transferência?


Define-se como caixa de transferência o dispositivo que divide a força entre os
eixos dianteiro e traseiro em um carro com tração nas quatro rodas.

Diego Fernandes (2012)


Figura 70 - Motor e transmissão em posição transversal
Fonte: Adaptado de Oficina e Cia (2012)

Observando a figura anterior, percebe-se que esta ligação é simples. O eixo


de saída da caixa de câmbio está ligado diretamente ao diferencial do veículo,
fazendo parte de sua carcaça. Não é necessário nenhum componente de ligação
porque existe uma saída de rotação e um eixo para atender.
Já nos veículos com tração nas quatro rodas não é possível que a ligação seja
feita diretamente. Existe somente um eixo com saída de rotação vindo da caixa
de câmbio. Nesse caso, é necessário que se divida esta rotação em dois eixos: um
para as rodas dianteiras e um para as rodas traseiras.
Esta é a principal função da caixa de transferência, dividir a rotação que sai da
caixa de câmbio em duas, para que possa atender a dianteira e a traseira do veícu-
lo, fazendo, assim, com que seja possível ter tração nas quatro rodas.
3 CAIXA DE TRANSFERÊNCIA
89

O termo 4x4 indica veículos em que se pode selecionar


VOCÊ tração em duas rodas ou quatro rodas. Já os termos
SABIA? AWD, 4WD e tração integral são atribuídos a veículos em
que sempre há tração nas quatro rodas.

Diego Fernandes (2012)

Figura 71 - Caixa de transferência


Fonte: Adaptado de Terra e mania (2012)

Como você pôde observar na figura anterior, a caixa de transferência fica ins-
talada na saída da caixa de câmbio, recebendo sua rotação e dividindo-a entre o
diferencial dianteiro e o traseiro.
Confira, a seguir, os tipos de caixa de transferência e qual o mais usado atual-
mente.

3.2 TIPOS DE CAIXA DE TRANSFERÊNCIA

A maioria dos veículos com tração nas quatro rodas possui motor instalado
longitudinalmente na parte dianteira. A tração nas quatro rodas pode ser: per-
manente (quando o veículo tem sempre tração nas quatro rodas) ou temporária
(quando o veículo tem tração em duas rodas, geralmente traseiras, e quando as-
sim for desejado, tem tração nas quatro rodas).
Você sabe qual o fator que determina se um veículo tem tração nas quatro
rodas permanente ou temporária?
SISTEMAS DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
90

1 ENGRENAGEM O fator determinante é o tipo de caixa de transferência desenvolvida para o


veículo. No caso do veículo possuir tração permanente é necessário que, além
É um componente com
vários dentes, que se dos diferenciais dianteiros e traseiros (responsáveis por compensar as diferenças
encaixa em outra peça de rotação das rodas do mesmo eixo), tenha também um diferencial central para
de mesmo formato, com
a intenção de transmitir compensar as diferenças de rotação entre o eixo dianteiro e o traseiro.
a rotação, ou a força do
motor. Os veículos com tração temporária não possuem este recurso, fazendo com
que a tração nas quatro rodas seja somente acionada quando em terrenos com
pouca aderência, caso contrário, a dirigibilidade do veículo ficaria comprometida
e a vida útil da caixa de transferência seria curta.

Em veículos com tração temporária nas quatro rodas deve-


-se tomar cuidado com os pneus. Caso o fabricante do
FIQUE veículo indique pneus com a mesma medida em ambos os
ALERTA eixos, deve-se seguir esta recomendação. Do contrário, a
diferença de rotação entre o eixo dianteiro e o traseiro po-
derá danificar os componentes da caixa de transferência.

Quando o veículo possui tração temporária, quem seleciona tração em duas


ou quatro rodas é a caixa de transferência, mediante um comando do motoris-
ta. Este comando pode ser mecânico (por meio de uma alavanca), elétrico (por
meio de um motor) ou pneumático (por meio de um pistão).
Em alguns veículos, a caixa de transferência possui a função de marcha redu-
zida: que é uma engrenagem1 que permite uma relação de transmissão de muita
força e pouca velocidade, possibilitando que o veículo consiga vencer atoleiros
ou situações de carga elevadas.

3.2.1 CAIXA DE TRANSFERÊNCIA POR ENGRENAGEM

As caixas de transferência mais antigas, que funcionam à base de engrena-


gens, possuem muitos componentes, o que ocasiona grande atrito e exige mais
potência do veículo. Isto faz com que sejam pouco utilizadas atualmente.
3 CAIXA DE TRANSFERÊNCIA
91

Diego Fernandes (2012)


Figura 72 - Caixa de transferência por engrenagem
Fonte: Adaptado de ttmax (2012)

FIQUE A marcha reduzida só deve ser utilizada em baixas velo-


cidades. Se for utilizada em velocidades mais elevadas, a
ALERTA caixa de transferência corre grande risco de quebrar.

As caixas de transferência por engrenagem são compostas por:


a) Carcaça: que dá a forma externa e abriga todos os componentes da caixa
de transferência.
b) Árvore de entrada: é o eixo que recebe a rotação que vem da caixa de câm-
bio. Possui uma engrenagem fixa para efetuar a transferência de rotação.
No caso de veículos com tração 4x4 temporária, a engrenagem não é fixa à
árvore.
c) Árvore de saída: é o eixo que transmite saída de rotação para os eixos
dianteiro e traseiro. Possui uma engrenagem para receber a rotação do eixo
intermediário. Em veículos com tração reduzida, possui duas engrenagens
livres, uma para marcha normal e outra para marcha reduzida.
d) Árvore intermediária: é o eixo que transmite a rotação da árvore de entra-
da para a árvore de saída. Possui uma engrenagem fixa a ela para receber a
rotação da árvore de entrada e transmitir para a árvore de saída. Quando o
veículo possui tração reduzida, ele conta com duas engrenagens fixas, uma
para marcha normal e outra para marcha reduzida.
e) Rolamentos ou buchas: responsáveis por eliminar o atrito entre as árvores
e a carcaça.
f) Engrenagem da árvore de entrada: instalada na árvore de entrada, trans-
mite a rotação para a engrenagem de entrada da árvore intermediária.
SISTEMAS DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
92

g) Engrenagem da árvore intermediária: instalada na árvore intermediária,


é quem recebe a rotação da árvore primária e transmite para a árvore secun-
dária.
h) Engrenagem de baixa rotação da árvore intermediária (somente ve-
ículos com marcha reduzida): instalada na árvore intermediária, é quem
transmite a rotação para a engrenagem de baixa rotação da árvore de saída
quando a marcha reduzida está engatada.
i) Engrenagem da árvore de saída: instalada na árvore de saída, é quem rece-
be a rotação da árvore intermediária.
j) Engrenagem de baixa rotação da árvore de saída (somente veículos
com marcha reduzida): instalada na árvore de saída, é quem recebe a rota-
ção da engrenagem de baixa rotação da árvore secundária quando a marcha
reduzida está engatada.
k) Sistema de engate da tração nas quatro rodas (somente para veículos
com tração nas quatro rodas temporárias): é composto por uma luva, um
cubo e um garfo de engate. Funciona do mesmo modo que uma caixa de
câmbio: quando a luva se desloca, acopla a engrenagem à árvore de entrada
(tração 4x4) ou desacopla a engrenagem à árvore de entrada (tração 4x2).
l) Sistema de seleção da tração reduzida (somente instalada em veículos
com marcha reduzida): funciona do mesmo modo que uma caixa de câm-
bio: quando a luva se desloca, acopla a engrenagem normal à árvore de sa-
ída (marcha normal) ou acopla a engrenagem de baixa rotação à árvore de
saída (marcha reduzida).
A transferência de rotação na caixa de transferência por engrenagens em veí-
culos com tração permanente nas quatro rodas ocorre da seguinte forma:
a) a rotação que sai da caixa de câmbio entra na caixa de transferência pela
árvore de entrada;
b) a árvore de entrada transmite a rotação para árvore intermediária por meio
da engrenagem fixa a ela;
c) a árvore intermediária recebe a rotação que vem da árvore de entrada pela
engrenagem fixa a ela e, pela mesma engrenagem, transmite-a para a árvore
de saída;
d) a árvore de saída recebe a rotação da árvore intermediária pela engrena-
gem fixa a ela;
e) a rotação então sai tanto para o eixo dianteiro pela extremidade dianteira
da árvore secundária como também sai para o eixo traseiro pela sua extre-
midade traseira.
3 CAIXA DE TRANSFERÊNCIA
93

Nos veículos com tração temporária nas quatro rodas o funcionamento é da


seguinte maneira:
a) a rotação que sai da caixa de câmbio entra na caixa de transferência pela
árvore de entrada;
b) se estiver selecionada a tração nas quatro rodas, a engrenagem vai estar fixa
à árvore intermediária e a transferência de rotação passa ao terceiro passo.
Caso a tração nas quatro rodas não estiver selecionada, a engrenagem vai
estar livre, não havendo transferência de rotação;
c) a árvore intermediária recebe a rotação que vem da árvore de entrada pela
engrenagem fixa a ela e, pela mesma engrenagem, transmite-a para a árvore
de saída;
d) a árvore de saída recebe a rotação da árvore intermediária pela engrena-
gem fixa a ela;
e) a rotação então sai para o eixo dianteiro pela extremidade dianteira da árvo-
re secundária e sai para o eixo traseiro pela sua extremidade traseira.
No caso do veículo ter tração permanente nas quatro rodas e marcha redu-
zida, funcionará desta forma:
a) a rotação que sai da caixa de câmbio entra na caixa de transferência pela
árvore de entrada;
b) a árvore de entrada transmite a rotação para árvore intermediária por meio
da engrenagem fixa a ela;
c) a árvore intermediária recebe a rotação que vem da árvore de entrada pela
engrenagem normal fixa a ela e, se a marcha normal estiver selecionada,
transmite-a para a árvore de saída pela mesma engrenagem. Caso a marcha
reduzida esteja selecionada, a rotação vai ser transmitida pela engrenagem
de baixa velocidade;
d) se a marcha normal estiver selecionada, a engrenagem normal vai estar fixa
à árvore de saída e irá receber a rotação da árvore intermediária (a engrena-
gem de baixa velocidade vai estar livre). Se a marcha reduzida estiver sele-
cionada, a engrenagem de baixa velocidade vai estar fixa à árvore de saída
e irá receber a rotação da árvore intermediária (a engrenagem normal vai
estar livre);
e) a rotação, então, sai para o eixo dianteiro pela extremidade dianteira da
árvore secundária e sai para o eixo traseiro pela sua extremidade traseira.
SISTEMAS DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
94

Quando o veículo possuir tração temporária nas quatro rodas e marcha re-
duzida, o procedimento é o seguinte:
a) a rotação que sai da caixa de câmbio entra na caixa de transferência pela
árvore de entrada;
b) se estiver selecionada a tração nas quatro rodas, a engrenagem vai estar fixa
à árvore intermediária e a transferência de rotação passa ao terceiro passo.
Caso a tração nas quatro rodas não estiver selecionada, a engrenagem vai
estar livre não havendo transferência de rotação;
c) a árvore intermediária recebe a rotação que vem da árvore de entrada pela
engrenagem normal fixa a ela e, se a marcha normal estiver selecionada,
transmite-a para a árvore de saída pela mesma engrenagem. Caso a marcha
reduzida esteja selecionada, a rotação vai ser transmitida pela engrenagem
de baixa velocidade;
d) se a marcha normal estiver selecionada, a engrenagem normal vai estar fixa
à árvore de saída e irá receber a rotação da árvore intermediária (a engre-
nagem de baixa velocidade vai estar livre). Caso a marcha reduzida estiver
selecionada, a engrenagem de baixa velocidade vai estar fixa à árvore de
saída e irá receber a rotação da árvore intermediária (a engrenagem normal
vai estar livre);
e) a rotação, então, sai para o eixo dianteiro pela extremidade dianteira da
árvore secundária e sai para o eixo traseiro pela sua extremidade traseira.

Que alguns veículos com tração nas quatro rodas pos-


VOCÊ suem o diferencial traseiro com acionamento viscoso?
Nestes casos, a rotação que entra no diferencial traseiro
SABIA? só vai ser transmitida para as rodas traseiras caso as ro-
das dianteiras comecem a patinar.

Saiba que isto é possível graças a duas bombas hidráulicas instaladas no dife-
rencial traseiro: uma na entrada do diferencial e uma na sua saída. Em condições
de tração normal, as rodas dianteiras e traseiras possuem a mesma velocidade,
fazendo com que as bombas de entrada e de saída possuam a mesma pressão.
Caso as rodas dianteiras patinem, a pressão da bomba de entrada vai ser superior
à de saída, pressionando um conjunto de embreagens de fricção que acopla a
transferência de tração as rodas.
3 CAIXA DE TRANSFERÊNCIA
95

3.2.2 CAIXA DE TRANSFERÊNCIA POR CORRENTE

As caixas de transferência mais usadas atualmente são com acionamento por


corrente. Elas possuem menos componentes internos, o que faz com que tenham
menos atrito, e exijam menos potência do motor e menor manutenção.

Diego Fernandes (2012)


Figura 73 - Caixas de transferência com acionamento por corrente
Fonte: Adaptado de HowStuffWorks (2012)

A caixa de transferência por corrente é composta por:


a) Carcaça: é quem dá a forma externa e abriga todos os componentes da
caixa de transferência.
b) Árvore de saída do eixo dianteiro: recebe a rotação da árvore de saída do
eixo traseiro e a encaminha para o eixo traseiro. Possui uma engrenagem fixa
a ela para receber a rotação.
c) Árvore de saída eixo traseiro: recebe a rotação de entrada, envia para a
árvore de saída do eixo dianteiro e faz a saída de rotação para as rodas trasei-
ras. Possui uma engrenagem para enviar a rotação à árvore de saída do eixo
dianteiro. Quando o veículo tem tração nas quatro rodas temporária, a sua
engrenagem fica livre e só é conectada quando a tração nas quatro rodas é
selecionada. Se o veículo possuir marcha reduzida, um sistema de redução
por engrenagem planetária fica instalado no início da árvore para alterar a
relação de rotação.
d) Engrenagem da árvore de saída traseira: envia a rotação para engrena-
gem da árvore de saída dianteira. Nos veículos com tração nas quatro rodas
permanente fica fixa ao eixo, e nos com tração nas quatro rodas temporária,
fica livre, sendo fixada quando a tração nas quatro rodas for acionada.
e) Engrenagem da árvore de saída dianteira: recebe a rotação da árvore de
saída traseira e a envia para as rodas dianteiras.
SISTEMAS DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
96

f) Corrente: faz a ligação entre a engrenagem de saída do eixo traseiro e a


engrenagem de saída do eixo dianteiro.
g) Sistema de acoplamento da tração nas quatro rodas (veículos com tra-
ção nas quatro rodas temporária): composto por um garfo, uma luva e um
cubo, acopla (4x4) ou desacopla (4x2) a engrenagem à árvore de saída do
eixo traseiro.
h) Sistema de redução por engrenagem planetária (veículos com marcha
reduzida): a árvore de saída do eixo traseiro é dividida em duas partes, pró-
ximo à entrada de rotação. De um dos seus lados há uma coroa fixa e no ou-
tro lado, uma engrenagem planetária fixada. Um conjunto de engrenagens
satélite é instalado entre a planetária e a coroa, fazendo a ligação entre elas,
multiplicando a força e diminuindo a rotação (marcha reduzida). Na marcha
normal, uma luva acopla a planetária à coroa, desativando a redução.
Veja, agora, um interessante exemplo, que serve para refletir sobre sua futura
prática profissional.

CASOS E RELATOS

A caixa de transferência
Na oficina do Sr. Jair, chamada ‘Consertos e Reparos Ltda.’, foi reparado o
diferencial traseiro de um Jeep Gran Cherokee Limited 2001. Após o repa-
ro, a caixa de transferência do veículo começou a quebrar seguidamente.
Na terceira vez que o problema aconteceu, o técnico que efetuava o re-
paro, Osvaldinho, parou e começou a analisar o problema. Ele identificou
que o problema apareceu após o reparo do diferencial traseiro.
Efetuando um diagnóstico mais criterioso, Osvaldinho descobriu que a
coroa do diferencial que foi instalada no veículo estava errada, conten-
do mais dentes do que devia. Isto fazia com que a caixa de transferência
tivesse uma sobrecarga, devido à diferença de rotação e, por fim, que-
brasse. Osvaldinho procedeu com os reparos necessários, o que deixou o
proprietário do Jeep muito satisfeito.
Com este exemplo, perceba que a caixa de transferência não é um siste-
ma independente da transmissão, ao contrário, ela faz parte do sistema,
podendo ser danificada caso exista um problema em outro componente
ou danificar outro componente. Por esse motivo, sempre que você for
realizar um diagnóstico, procure visualizar todo o sistema.
3 CAIXA DE TRANSFERÊNCIA
97

A caixa de transferência por corrente trabalha da seguinte maneira, acompa-


nhe.
a) A rotação entra na caixa de transferência pela árvore de saída do eixo trasei-
ro e é transferida para as rodas traseiras. No caso dos veículos com marcha
reduzida, na marcha normal a engrenagem planetária e a coroa estarão co-
nectadas e não haverá redução de rotação que sai para as rodas. Na marcha
reduzida, a coroa e a planetária vão estar livres e a rotação vai ser transferida
pelas engrenagens satélites, havendo redução de rotação e multiplicação de
força que sai para as rodas.
b) Nos veículos com tração nas quatro rodas permanente, a engrenagem da
árvore de saída do eixo traseiro vai ser fixa na árvore, transmitindo a rotação
para a árvore de saída do eixo dianteiro por meio da corrente. Quando o ve-
ículo possuir tração nas quatro rodas temporária, a transmissão de rotação
para a árvore de saída dianteira só vai ocorrer se a engrenagem da árvore de
saída do eixo traseiro estiver acoplada (4x4 selecionado). Se a engrenagem
da árvore de saída do eixo traseiro não estiver acoplada, não haverá trans-
missão de rotação para a árvore de saída do eixo dianteiro (4x2 selecionado).
c) Quando o veículo possuir tração nas quatro rodas permanente ou temporá-
ria com o 4x4 selecionado, a rotação vai entrar pela engrenagem da árvore
de saída do eixo dianteiro por meio da corrente e será transferida, então,
para o eixo dianteiro.
As caixas de transferência não exigem muita manutenção, apenas a troca de
óleo, de acordo com as especificações do fabricante. Se as orientações de uso fo-
rem respeitadas, sua vida útil será longa, necessitando de manutenção somente
por desgaste natural.

RECAPITULANDO

Neste capítulo, você conheceu a função e as características da caixa de


transferência. Verificou que ela tem como principal função receber a ro-
tação de saída do câmbio e transferi-la para o eixo traseiro. Em veícu-
los com tração nas quatro rodas temporária é ela quem determina se a
tração será em duas ou quatro rodas. Já quando o veículo tiver marcha
reduzida é a caixa de transferência que acopla a redução de rotação ou
mantém a rotação de entrada.
Por fim, você pôde ver também que as caixas de transferência podem ser
de dois tipos: por engrenagem (muitos componentes e atrito elevado) ou
por corrente (mais simples e eficaz).
Manual do Proprietário

Ao comprar qualquer produto eletrônico ou mecânico, muitas vezes você já deve ter se de-
parado com a seguinte situação: não saber como proceder na instalação de algum componen-
te ou, até mesmo, durante o funcionamento do equipamento.
Contudo, qualquer equipamento ou utensílio que você compre, geralmente possui o manu-
al de instruções, não é mesmo? Este manual contém diversas informações referentes à opera-
ção, cuidados e manutenção. Perceba que o mesmo ocorre com os veículos, que disponibilizam
informações a partir de um manual, chamado manual do proprietário. Esse manual traz infor-
mações de instalação de peças, reparação de defeitos e funcionamento.
Portanto, neste capítulo, você aprenderá alguns detalhes sobre o manual do proprietário do
veículo, o qual também pode e deve ser utilizado por você, reparador automotivo, uma vez que
ele contém algumas informações importantes e relevantes quanto à manutenção do veículo.
Sendo assim, partindo desses conhecimentos, ao final do capítulo, você terá subsídios para:
a) ler e interpretar os manuais de funcionamento dos sistemas do veículo;
b) reconhecer as características dos veículos;
c) identificar as características de desgastes dos componentes dos sistemas de transmissão.
A seguir, conheça e explore mais sobre o manual do proprietário, faça desse estudo um pro-
cesso dinâmico de construção de conhecimentos.
SISTEMAS DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
100

1 PESO TOTAL 4.1 CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS DO VEÍCULO


É o peso máximo que o Perceba que a pasta de manuais do veículo possui vários manuais, como: o
veículo suporta, sendo a
combinação do seu peso manual do condutor, que fornece dicas de pilotagem e legislação; o manual de
vazio, mais a carga que ele
suporta, com isso tem-se o manutenção, o qual indica as manutenções periódicas que devem ser feitas no
peso bruto total. veículo, bem como as condições para preservação da garantia. E por fim, o manu-
al de instruções, o qual indica as características técnicas do veículo.
Estas características são importantes ao condutor e ao reparador, porque for-
necem informações como a pressão dos pneus, que, uma vez mal calibrados,
forçam a tração, podendo ocasionar um desgaste prematuro do sistema e dos
próprios pneus. Além disso, o manual informa sobre os cuidados com a caixa de
câmbio, para que, novamente, seja preservado o sistema de transmissão mecâ-
nica.
Lembre-se de que este manual traz estas características, entre outras, para
que, mesmo sendo o veículo reparado fora de uma concessionária, o sistema de
transmissão possa ser reparado com responsabilidade, pois este é um item indis-
pensável ao condutor.

FIQUE Leia sempre os manuais dos veículos, pois eles contêm


informações importantes dos fabricantes sobre seu uso
ALERTA correto.

As informações das características técnicas podem ser muito úteis para diag-
nosticar as possíveis causas dos problemas, se bem interpretadas. Por exemplo:
um veículo Citroën Xsara Picasso que o proprietário usa para trabalhar e também
para passear com a família e, certo dia, ocorre um problema na caixa de câmbio.
O proprietário leva o automóvel na oficina e ao relatar o problema, o técnico es-
panta-se pelo veículo ter danificado a caixa de câmbio tão cedo. No entanto, ana-
lisando o manual do veículo, é possível verificar que o peso total admissível pelo
veículo é de 2150 Kilos, mas a família do proprietário é de porte grande. Este fator
é de extrema importância, pois significa mais malas, além de outras coisas que a
família leva para a viagem. Conversando com o cliente, foi possível perceber que
os terrenos em que eles andam, nos fins de semana, são muito acidentados, por
isso, combinando o excesso de peso com condições extremas de tráfego, ocorreu
a danificação da caixa de câmbio, por causa da sobrecarga no sistema.
4 MANUAL DO PROPRIETÁRIO
101

4.2 PLANO DE MANUTENÇÃO (MANUTENÇÃO PREVENTIVA)

Como já mencionado anteriormente, o manual do proprietário é composto


por diferentes manuais, e um deles é o manual de manutenção, que traz a indi-
cação dos períodos de manutenção do veículo. Nestas indicações, está a revisão
das homocinéticas, que devem ser feitas conforme a recomendação de cada fa-
bricante. Obviamente estes valores podem mudar, de acordo com o projeto e a
utilização do veículo.
Consta também o período de troca do óleo da caixa de câmbio, sendo que, se
não obedecido este prazo, corre-se o risco de danificar todo o sistema de trans-
missão do veículo, gerando assim, um elevado custo ao proprietário, pois mesmo
que o veículo esteja na garantia, a não realização das manutenções periódicas
elimina a garantia do veículo.
Estas manutenções periódicas não servem apenas ao sistema de transmissão,
mas a todos os componentes. É comum pensar que um sistema não afeta outro,
mas saiba que uma vez que o motor estiver avariado, o condutor precisará com-
pensar na caixa de câmbio, e isto acaba forçando o sistema de transmissão.
Quando for necessário realizar uma reparação em um sistema de transmissão,
aproveite para verificar se as revisões foram feitas corretamente, caso contrário,
ofereça uma revisão completa ao cliente. Se sua oficina não realiza este tipo de
serviço, então verifique a última troca de óleo da caixa de câmbio e inclua no re-
paro, para que o serviço seja de qualidade, mas deixe isto claro ao cliente, para ele
não pensar que está sendo enganado.

Que a maioria dos motoristas e proprietários não realiza


VOCÊ manutenções periódicas conforme recomendação do
SABIA? fabricante e, em função disso, ocorrem inúmeros aci-
dentes por falha mecânica?

Aqui você verificou a importância de realizar a manutenção preventiva. A se-


guir, conheça alguns fatores que podem ser possíveis responsáveis pelo desgaste
dos componentes.
SISTEMAS DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
102

2 DESGASTE PREMATURO 4.3 DESGASTE DOS COMPONENTES


É quando um componente Perceba que a interpretação dos manuais é de fundamental importância, pois
tem sua vida útil
reduzida, ou seja, acaba tem como propósito manter a vida útil dos componentes do sistema de transmis-
apresentando defeito antes
do tempo. são e outros, visto que tanto a falta de manutenção como a operação inadequada
dos automóveis causa desgastes prematuros nos componentes.
Quando isto ocorre, alguns proprietários têm por costume dizer que o fabri-
cante não desenvolveu um veículo bom, sendo que, na verdade, não se dá conta
que está operando o veículo de forma inadequada.
Por exemplo, se uma pessoa mora em um local de difícil acesso, com estrada
de cascalho e muitos buracos, não é aconselhado trafegar com um carro popular
nesse tipo de local, pois este tipo de carro foi projetado apenas para rodar dentro
da cidade, em superfície com asfalto.
O mesmo ocorre quando se compra um carro popular e, em seguida, o pro-
prietário resolve fazer uma viagem longa. Este tipo de veículo não foi projetado
para viajar, com isso, sofrerá desgastes prematuros, que muitas vezes são imper-
ceptíveis, como a vida útil do motor ou da transmissão.

Você pode encontrar dicas de condução econômica nos sites


SAIBA do DETRAN ou do DENATRAN de sua região. Ou ainda, você
MAIS pode procurar uma unidade do Sest/Senat (Serviço Nacional
do Transporte) em sua região.

Existem casos também em que o motorista possui vícios de pilotagem que


afetam diretamente os sistemas do veículo, como ficar com a mão apoiada na ala-
vanca de marchas, o que provoca e aumenta a folga do trambulador da caixa de
câmbio. Ou quando ele mantém o pé em contato com a embreagem ou o freio,
forçando-os a um desgaste prematuro2.
Por essas e outras razões, você deve ter a preocupação de analisar cada deta-
lhe de funcionamento e condução, de modo que seu diagnóstico seja preciso e
verdadeiro, ou seja, além de estar correto, que a causa do defeito seja identificada
com clareza.
Veja, a seguir, um exemplo de utilização do manual do proprietário, no dia a
dia da oficina.
4 MANUAL DO PROPRIETÁRIO
103

CASOS E RELATOS

O Correto Uso do Manual


O professor Antunes comprou um veículo usado, mas como não possui
conhecimento técnico sobre a parte mecânica do veículo, ele não saberia
afirmar se o veículo já havia passado por manutenções ou se teve gran-
des problemas. Sendo assim, como não tinha um histórico do estado ge-
ral do veículo, o professor levou-o à oficina mecânica do Seu Pedro.
Para realizar a avaliação sobre o estado do carro, Seu Pedro pediu a um me-
cânico da oficina para que ele analisasse o veículo. Durante a análise, o pro-
fessor Antunes notou que o mecânico conferiu o manual de manutenção,
comparando as manutenções realizadas com o estado geral do veículo.
Após análise, ele indicou, então, que fossem trocados apenas o óleo da
direção hidráulica e o fluido de freio.
O professor Antunes pôde constatar que o manual de manutenção é
uma peça chave para manter o seu automóvel em dia e, sendo um antigo
cliente da oficina, ficou contente que, graças ao manual de manutenção,
foi possível saber o que já havia sido feito; com isso, o custo de sua ma-
nutenção ficou menor.

Aqui você termina mais essa etapa. O que achou até agora do que foi apresen-
tado? Esperamos que tenha sido construtivo.

RECAPITULANDO

Neste capítulo, você aprendeu a identificar características nos manuais


do proprietário, bem como as manutenções preventivas e sua importân-
cia, principalmente para o sistema de transmissão.
Viu também as consequências da não realização das manutenções periódi-
cas, além de reconhecer que a condução de um veículo requer experiência
e atenção, para que, assim, a vida útil dos componentes seja preservada.
A seguir, você irá conferir aspectos relacionados à mecânica de reparação
e normas de segurança. Vamos lá!
Mecânica de Reparação e Normas

Durante o reparo realizado no sistema de transmissão mecânica, você deve lembrar que é
preciso ter dados técnicos, ou seja, informações que não estão contidas nos manuais do pro-
prietário. Sendo assim, para realizar reparos específicos, obter informações sobre desgaste de
peças ou o aperto correto de parafusos, você precisa ter acesso às normas de qualidade técnica.
Além disso, você pode contar com a ajuda dos manuais de reparação dos veículos, que trazem
as informações necessárias para que você possa dar continuidade ao seu trabalho, sem perder
a qualidade. Portanto, neste capítulo você aprenderá alguns procedimentos relacionados aos
reparos do sistema de transmissão mecânica.
Partindo destes conhecimentos, ao final do capítulo, você terá adquirido subsídios para:
a) identificar características técnicas dos veículos;
b) realizar o checklist;
c) realizar procedimento de remoção, desmontagem, análise e instalação dos sistemas de
transmissão mecânica;
d) aplicar as normas de segurança;
e) aplicar os procedimentos, ferramentas e produtos de limpeza.
Inicie com atenção e comprometimento e explore todas as informações técnicas disponí-
veis, pois as oportunidades de aprendizagem serão muitas.
SISTEMAS DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
106

5.1 NORMAS APLICADAS AOS SISTEMAS DE TRANSMISSÃO MECÂNICA

Para que o reparo do sistema de transmissão mecânica seja executado da for-


ma correta, é necessário seguir as normas de qualidade técnica, desenvolvidas
pelos fabricantes. Essas normas vêm discriminadas nos manuais de reparação dos
veículos. No caso do sistema de transmissão, as normas aplicam-se diretamente
ao reparo do sistema.
As normas de reparo estabelecem o aperto específico dos parafusos de fixa-
ção, além dos valores admissíveis de desgaste dos componentes, bem como a
pré-carga dos rolamentos da árvore intermediária. É determinado, ainda, o valor
de folga entre dentes do diferencial.
No caso das juntas homocinética, é determinado o tipo de lubrificante a ser
utilizado. E no caso de lubrificante, esta regra aplica-se à caixa de câmbio tam-
bém, que deve receber o óleo lubrificante recomendado pelo fabricante.

FIQUE Estas e outras normas técnicas estão descritas nos ma-


nuais de reparação, por isso, sempre que for executar um
ALERTA reparo, utilize as informações dos manuais.

Confira, agora, algumas características técnicas dos veículos que são de fun-
damental importância tanto para você, como reparador, como para o condutor
do veículo.

5.2 CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS DO VEÍCULO E PROCEDIMENTOS

Você sabe por que o conhecimento destas características técnicas é importan-


te para o seu trabalho?
Estas características são importantes para o reparador, e também para o con-
dutor, porque tratam a respeito de informações como a pressão dos pneus, uma
vez que mal calibrados forçam a tração, o que pode ocasionar um desgaste pre-
maturo do sistema e também dos pneus.
Informa também sobre os cuidados com a caixa de câmbio, para que se pre-
serve o sistema de transmissão mecânica. Este manual traz essas características
para garantir que, mesmo se o veículo for reparado fora de uma concessionária, o
sistema de transmissão possa ser reparado com responsabilidade, uma vez que o
mesmo é um item indispensável ao condutor.
A seguir, conheça alguns procedimentos e suas especificações.
5 MECÂNICA DE REPARAÇÃO E NORMAS
107

5.2.1 PROCEDIMENTOS DE INSPEÇÃO

Para qualquer veículo que entrar em uma oficina e tiver como reclamação ‘pro-
blemas no sistema de transmissão’, será necessária a elaboração de uma análise
de falha. Esta análise, em muitos casos, está descrita nos manuais de reparação,
especificando o procedimento a ser tomado para realizar uma inspeção visual.
Entretanto, não confunda este procedimento com um checklist, pois estamos
falando em analisar conforme a reclamação de falha. Por este motivo, você deve
coletar o máximo de dados possíveis do cliente, os quais sejam relevantes ao fato
ocorrido e causador da falha.
Estes procedimentos visam indicar ao reparador a melhor forma de produzir
um diagnóstico, uma vez que o fabricante elabora testes de funcionamento e cria
procedimentos de reparação, antes mesmo de lançar um veículo ao mercado au-
tomotivo.
Ao realizar um procedimento de inspeção visual no sistema, você deve saber
qual a reclamação e ter uma ideia da provável causa do defeito. É com base nesta
informação que você deve focar sua análise, assim, quando estiver realizando a
inspeção visual, já estará procurando um causador do defeito e adotando um po-
sicionamento crítico sobre o assunto.
Getty Images ([20--?])

Esta inspeção visual deve ser realizada desde o momento que você receber o
veículo, até a desmontagem que antecede a reparação. Como por exemplo, se você
precisar desmontar uma caixa de câmbio, durante este processo, deverá realizar ins-
peções visuais em cada componente removido, preocupando-se em descobrir se
suas condições estão boas, ou ainda, se o componente necessitará ser substituído.
SISTEMAS DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
108

1 RETENTOR
Que a maioria dos reparadores não observa as peças
É um componente VOCÊ durante a desmontagem? Com isso, algumas peças não
responsável por garantir SABIA? são substituídas e a vida útil da peça reparada diminui
a vedação da caixa de consideravelmente.
câmbio.

Agora que você já sabe como se dá o procedimento de inspeção, conheça, a


seguir, os procedimentos de remoção e desmontagem. Vamos lá!

5.2.2 PROCEDIMENTOS DE REMOÇÃO E DESMONTAGEM

Para remover a caixa de câmbio, você deverá:


a) remover inicialmente a bateria do veículo, lembre-se de anotar as estações/
programadas do rádio do automóvel. Após este registro, é possível remover
a bateria, retirando primeiro o cabo massa (negativo);
b) fixar a alavanca de marchas, para que ela não fique totalmente solta no pai-
nel. Para isso, você deve deixá-la no ponto neutro da caixa de mudanças. Em
alguns veículos, é necessária a utilização de uma ferramenta de fixação. Na
maioria dos automóveis é preciso proceder com a remoção dos periféricos,
como: tubulações de admissão de ar, caixa do filtro de ar, suporte de bateria,
suporte de radiador, entre outros componentes. Deste modo, você deverá
identificar quais periféricos podem atrapalhar no processo de remoção e
extraí-los do veículo;
c) remover o cilindro de pressão da embreagem, deslocando, antes, o tubo e
sua conexão;
d) remover o cabo massa existente na caixa de câmbio;
e) remover as juntas homocinéticas, para isso, às vezes é necessário desmontar
a suspensão dianteira;
f) remover, então, os parafusos de fixação da caixa de câmbio, verificando sem-
pre se a caixa de câmbio está bem apoiada, para evitar sua queda. Em segui-
da, remova a caixa de marchas com o auxílio de um suporte com rodas.
Para realizar o processo de desmontagem, é necessário:
a) colocar a caixa de câmbio em um suporte apropriado para a desmontagem.
Este suporte normalmente é específico ao modelo de caixa de câmbio de
cada veículo. O primeiro passo é remover o mecanismo seletor de marchas,
o qual também é chamado de trambulador;
b) remover os retentores1 da caixa, utilizando o extrator de retentor;
c) desmontar o pinhão de acionamento do velocímetro;
5 MECÂNICA DE REPARAÇÃO E NORMAS
109

d) soltar os parafusos da carcaça da caixa de mudanças, separando, assim, suas


seções, ou seja, separando as duas carcaças;
e) remover o conjunto do diferencial e, em seguida, o disco magnético;
f) desmontar as hastes e os garfos de engate das marchas;
g) soltar o suporte da engrenagem falsa da marcha à ré e, em seguida, remover
a engrenagem falsa;
h) remover o eixo primário e secundário da caixa de mudanças, mantendo os
dois juntos, para facilitar sua remoção. Para realizar sua desmontagem, você
deve ir soltando as travas das engrenagens e removendo-as separadamente.
Você deve retirar, ainda, os rolamentos das engrenagens e seus conjuntos
de sincronismo;
i) desmontar os rolamentos da caixa de mudanças e suas capas, utilizando as
ferramentas apropriadas.
Após conferir os procedimentos de remoção e desmontagem, veja, a seguir,
como se dão os procedimentos de manutenção.

5.2.3 PROCEDIMENTOS DE MANUTENÇÃO

Lembre-se de que ao analisar o conjunto de sincronismo, é importante verifi-


car as condições e se existe a necessidade de substituir os anéis sincronizadores
ou os cones sincronizadores.
Já para trocar as luvas seletoras, você deve ter cuidado para que os pinos de
arraste, conhecidos também como travas sincronizadoras, não se soltem, causan-
do a perda das esferas.
Ao substituir um rolamento, sempre utilize ferramentas adequadas, e o apoio
para instalação deve ser feito na capa interna, para que os roletes não sofram im-
pactos, os quais podem resultar na danificação dos rolamentos.
Quando as engrenagens motoras são instaladas sob interferência, sua substi-
tuição requer o aquecimento dos componentes, por este motivo, você deve to-
mar cuidado para que o aquecimento não seja excessivo, o que pode prejudicar a
resistência do material da peça.
A substituição de alguns rolamentos, ou ainda engrenagens, requer sua ins-
talação, ou ainda remoção, por meio da imposição de pressão com uma prensa
hidráulica.
Após realizar os procedimentos de manutenção, é preciso montar novamente
os componentes, não é mesmo? Veja, a seguir, alguns detalhes desses procedi-
mentos de montagem.
SISTEMAS DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
110

5.2.4 PROCEDIMENTOS DE MONTAGEM

Para realizar a montagem dos componentes do sistema de transmissão, você


deverá proceder ao contrário da desmontagem, ou seja, o que foi removido pri-
meiro será o último componente a ser instalado.
Alguns componentes necessitam de ajustes no momento da montagem,
como é o caso dos eixos primário e secundário, e ainda, o diferencial, os quais
possuem um ajuste de pré-carga nos rolamentos.
Ao montar os rolamentos, o ideal é que sejam montados lubrificados com óleo
específico para a transmissão. Alguns fabricantes recomendam montá-los sem
lubrificação, mas se você não tiver esta informação, monte-os lubrificados.
Ao apertar os parafusos de fixação, aplique o aperto específico destes parafu-
sos. Para isso, utilize o torquímetro compatível com o aperto recomendado.
Para determinar a pré-carga do rolamento da árvore primária, você deve ins-
talar o relógio comparador em sua extremidade, após ter girado e assentado o
rolamento do eixo primário. Anote o resultado, por exemplo: 0,25mm, o calço de
medição é de 01mm, some mais 0,10mm de pré-carga, o que resultará em um
calço de espessura de 1,35mm.
No caso do eixo secundário, você deve realizar o mesmo procedimento do
eixo primário e, assim, determinar o calço de ajuste de pré-carga do rolamento.

FIQUE Durante o processo de montagem, você deve ficar atento


aos padrões de qualidade dos fabricantes, para que a qua-
ALERTA lidade do serviço seja preservada.

Agora que você já procedeu com a montagem dos componentes, é hora de


testar se os reparos foram eficazes. Portanto, veja a seguir, alguns dos procedi-
mentos de teste que podem ser aplicados.

5.2.5 PROCEDIMENTOS DE TESTE

Após a realização dos reparos, é necessário realizar testes para verificar o per-
feito funcionamento do sistema reparado. Mas mesmo antes de reparar, ou ainda,
durante a reparação, você deve proceder alguns testes de avaliação dos compo-
nentes, analisando seu estado geral de funcionamento.
5 MECÂNICA DE REPARAÇÃO E NORMAS
111

Os rolamentos devem ser analisados para comprovar o estado dos roletes, as-
sim como o estado das capas de rodagem destes roletes. É necessário verificar
a folga de funcionamento do conjunto sincronizador, utilizando um calibre de
folgas, sendo os valores de tolerância determinados pelo fabricante.
Ao montar o diferencial, você deve testar e ajustar a folga entre os dentes do
pinhão e da coroa.
Foram vistos aqui, brevemente, alguns procedimentos de teste. Confira, a se-
guir, os parâmetros de avaliação dos componentes.

5.3 PARÂMETROS DE AVALIAÇÃO DOS COMPONENTES

Note que todo e qualquer reparo realizado no sistema de transmissão deve


ser executado conforme os padrões de qualidade do fabricante do veículo. Sendo
assim, toda e qualquer peça a ser substituída deve ser testada conforme os parâ-
metros dos fabricantes, discriminados nos manuais de reparação.
Nestes parâmetros são descritos os processos e, ainda, os valores de ajustes
do sistema de transmissão. Partindo daí, são descritos os parâmetros de avaliação
dos componentes, uma vez que cada fabricante projeta e determina os procedi-
mentos de reparo.
Para determinar a substituição de um componente, você deve observar as in-
dicações de avaliação dos manuais. Estas indicações relatarão quais os parâme-
tros que você deve adotar, para identificar a necessidade de substituição de um
componente.

SAIBA Para você conhecer mais sobre alguns procedimentos e nor-


mas do sistema de transmissão, acesse o site: <http://www.
MAIS oficinabrasil.com.br/>.

Na sequência, conheça alguns procedimentos e produtos utilizados na limpe-


za dos componentes do sistema de transmissão.
SISTEMAS DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
112

5.4 PROCEDIMENTOS DE LIMPEZA DE COMPONENTES

Realizar a limpeza dos componentes é, de fato, muito simples, mas requer al-
guns cuidados, de modo a não danificá-los.
Tomando como base que você precisará remover, desmontar e montar o siste-
ma de transmissão, confira, a seguir, alguns procedimentos aplicáveis a esse tipo
de serviço.
Primeiramente, você deve lavar os componentes ainda instalados no veículo,
para que você se suje o menos possível durante a remoção. Durante este proces-
so, você deverá utilizar somente água com pressão.
Após a remoção do sistema, limpe as peças separadamente, sendo que a caixa
de mudanças - como estará sem as juntas homocinéticas e, portanto, sem as coi-
fas de proteção - você deverá limpar com água sob pressão, apenas. Nas demais
peças, sendo todas de metal, você pode utilizar algum tipo de solvente de óleo ou
graxa que você tenha em mãos.

SAIBA Para explorar mais informações sobre procedimentos e nor-


mas do sistema de transmissão, acesse o site: <http://www.
MAIS omecanico.com.br/>.

Quando as peças a serem limpas forem de borracha, o solvente utilizado não


poderá ser à base de petróleo, pois poderá ocasionar uma reação química que
danificará as borrachas.
Quando a sujeira estiver incrustada, você pode utilizar uma escova de aço, es-
cova de plástico ou pincel, para esfregar e remover. Para sujeira em maior concen-
tração, você pode utilizar, ainda, um solvente apropriado, que deve ser biodegra-
dável ou autorizado pelos órgãos ambientais de sua região.
Confira no Casos e relatos a seguir, um exemplo de procedimento correto na
desmontagem e montagem do sistema de transmissão mecânica.
5 MECÂNICA DE REPARAÇÃO E NORMAS
113

CASOS E RELATOS

Desmontagem e montagem do sistema de transmissão


Juliano é um rapaz que conhece o ambiente de trabalho dos mecânicos
desde criança. Isso por que seu pai é dono de uma oficina muito conheci-
da na cidade de Porto Velho, em Rondônia. Com o tempo, Juliano apren-
deu a ajudar seu pai em alguns serviços e, assim, começou a trabalhar na
oficina. Juliano realizava diversos serviços nos sistemas de transmissão.
Certa vez, precisou desmontar uma caixa de marchas para verificar a cau-
sa de um defeito apresentado pelo dono do veículo, o qual dizia que, no
momento de engatar a 3ª marcha, ele notava que a caixa arranhava. Para
realizar o reparo, Juliano utilizou o manual do fabricante, para seguir os
procedimentos corretos de desmontagem.
Durante esta desmontagem, ele já realizava uma inspeção em cada peça
removida; com isso, podia ir criando uma linha de inspeção. Desta forma,
ao terminar a desmontagem, Juliano testou os conjuntos de sincronismo
e constatou que seria necessário substituir o conjunto da 3ª marcha, para
que assim, o problema pudesse ser sanado.
Por fim, Juliano substituiu as peças necessárias e procedeu à montagem
da caixa de câmbio, que voltou a funcionar perfeitamente.

Você cumpriu mais uma etapa. Siga em frente e explore todo o conteúdo de
ferramentas manuais universais.

RECAPITULANDO

Neste capítulo, você estudou sobre os procedimentos de remoção dos


componentes do sistema de transmissão, bem como os procedimentos
e cuidados relacionados com a desmontagem e montagem de alguns
componentes deste sistema.
Lembre-se de que muitos tipos de caixa de câmbio terão procedimentos
diferentes destes, mas o importante é que você utilize o que aprendeu
para aplicar em qualquer tipo de sistema de transmissão mecânica.
Ferramentas Manuais Universais

Ao realizar determinadas atividades são necessários utensílios que auxiliem no processo.


O cozinheiro, por exemplo, precisa de facas para cortar alimentos, colheres para mexer as
panelas e as próprias panelas para cozinhar. Fazendo uma comparação, os utensílios que aju-
dam o mecânico a realizar o seu trabalho seriam, portanto, as ferramentas.
Saiba que as ferramentas são muito importantes, pois ajudam o profissional a selecionar
e segurar peças, apertar e soltar parafusos, entre muitas outras tarefas. Por isso, este capítu-
lo abordará as ferramentas manuais universais, seus tipos, características, uso e conservação.
Além disso, também tratará sobre a segurança na utilização destas ferramentas. Partindo des-
tes conhecimentos, ao final do capítulo, você terá subsídios para:
a) reconhecer os tipos de ferramentas manuais de uso universal;
b) utilizar a ferramenta certa para cada operação.
Agora o convite é para que você explore todas as informações disponíveis sobre as ferra-
mentas manuais universais, pois serão muito úteis em sua prática profissional.
SISTEMAS DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
116

6.1 DEFINIÇÃO

Você já deve ter visto, utilizado e até manuseado diversas ferramentas. Então
responda: o que é uma ferramenta?
A palavra ferramenta vem do latim ferramenta, e é utilizada para descrever
qualquer utensílio, item, material e, até mesmo, métodos para a realização de
tarefas. Dessa forma, o termo ficou imensamente abrangente, pois podem ser
incluídas nesse conceito: colheres, lápis, caminhões, telefones, computadores, e
milhares de outras coisas.
Como este é um curso de mecânica, serão abordadas as ferramentas que você,
enquanto profissional, irá utilizar. Dentre elas, pode-se mencionar a existência de
dois grupos. Veja, a seguir, mais detalhes sobre esses dois grupos de ferramentas.

6.2 TIPOS DE FERRAMENTAS

Pode-se dividir as ferramentas em dois grupos: as de uso geral ou universais,


e as específicas ou especiais. Confira, agora, as características e exemplos desses
grupos de ferramentas.

6.2.1 FERRAMENTAS UNIVERSAIS

As ferramentas de uso geral são utilizadas para as mais diversas tarefas de ma-
nutenção em dispositivos mecânicos montados com porcas, parafusos, fendas,
rebites, abraçadeiras e os mais variados componentes da metal-mecânica.
Conheça, na sequência, alguns exemplos mais comuns destas ferramentas.

ALICATE UNIVERSAL

Não se sabe exatamente quando surgiu o alicate nem o nome do seu inventor,
mas ele foi criado para manusear peças quentes nas oficinas dos ferreiros. Com
o passar do tempo, foram inventados alicates para outras finalidades, como por
exemplo, o alicate de corte. Já o alicate universal, possui como funções: segurar
peças, dobrar peças metálicas pequenas e cortar fios e arames.
Cabe ressaltar que o alicate não é um martelo e não serve para ser utilizado
como tal. Apesar de possuir o cabo plástico, não deve ser utilizado para lidar com
eletricidade. Os alicates utilizados para trabalhar com energia elétrica possuem
um isolamento adequado que suporta uma alta tensão e são ferramentas diferen-
tes do alicate convencional. Veja, a seguir, um alicate universal.
6 FERRAMENTAS MANUAIS UNIVERSAIS
117

Figura 74 - Alicate universal

ALICATE DE PRESSÃO

O alicate de pressão é semelhante ao universal, mas apresenta a vantagem de


permanecer com a peça presa mesmo após o operador tê-lo largado. Por meio de
um simples mecanismo, o alicate de pressão une as duas pontas e só as “larga”
após ser desativado.
Soldadores costumam utilizar este tipo de alicate para unir duas peças me-
tálicas a serem soldadas - depois de unidas pela solda, o alicate é solto. Depen-
dendo de sua utilização, o alicate de pressão pode ter o bico reto, curvo, em “U”
ou mesmo liso, para trabalhar com tubulação de ar-condicionado. Sua principal
característica é poder pressionar a peça sem aplicação de força do seu operador.
 Michigan Industrial Tools ([20--?])

Figura 75 - Alicate de pressão

ARCO DE SERRA

O arco de serra é uma ferramenta metálica utilizada para fixar uma serra que
pode ser substituída. Sua função é cortar madeira, metal e plástico de forma efi-
ciente. Existem duas regras básicas para se utilizar um arco de serra: sempre po-
sicione os dentes da serra para frente, no sentido de onde deverá ser realizado o
corte, e nunca coloque seus dedos na trajetória da serra. Prestando atenção a es-
SISTEMAS DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
118

tes detalhes, você realizará o mínimo de esforço e estará preservando sua saúde.
Confira, na figura a seguir, um exemplo de arco de serra.

Ikedaono ([20--?])
Figura 76 - Arco de serra

CHAVE ESTRELA

A chave estrela foi desenvolvida para trabalhar com parafusos e porcas sexta-
vadas e hexagonais. Possui um ângulo de inclinação acentuado, o que lhe permi-
te adentrar em concavidades. Seu desenho permite uma boa aderência e acopla-
mento à cabeça do parafuso, evitando assim, que escape durante seu manuseio.

Jonnesway ([20--?])

Figura 77 - Chave estrela


6 FERRAMENTAS MANUAIS UNIVERSAIS
119

CHAVE FIXA

A chave fixa, ou chave de boca como é conhecida, é o símbolo do mecânico. É


uma ferramenta extremamente simples e de enorme utilidade. Sua “boca” é de-
senvolvida para trabalhar com parafusos e porcas hexagonais dos mais diversos
tamanhos.

iStockphoto ([20--?])
Figura 78 - Chave fixa

CHAVE COMBINADA

A chave combinada consiste na união de uma chave estrela com uma chave
fixa. Assim, a capacidade de atuar em diferentes posições é aumentada e com
um jogo de ferramentas pode-se obter os benefícios das duas chaves. A figura a
seguir traz um exemplo de chave combinada. Confira!
George Doyle ([20--?])

Figura 79 - Chave combinada


SISTEMAS DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
120

CHAVE DE FENDA

A chave de fenda foi inventada logo após o parafuso. Com ela, é possível trans-
mitir com eficácia os movimentos giratórios feitos pelo seu operador ao parafu-
so. Depois da aplicação de força, a rosca impressa no parafuso encarrega-se de
deslocá-lo e travá-lo.

VOCÊ Algumas chaves de fenda possuem uma ponta magnéti-


ca utilizada para facilitar o acoplamento com parafusos
SABIA? que estejam em locais de difícil acesso.

Stockbyte ([20--?])

Figura 80 - Chave de fenda

CHAVE PHILIPS

A chave Philips é uma evolução da chave de fenda. Observou-se que a chave


de fenda escapava demasiadamente e então foi desenvolvida uma chave com a
superfície de contato aumentada, o que possibilitou melhor aproveitamento do
torque e menos acidentes.
Assim como as chaves de fenda, algumas chaves Philips possuem a ponta
imantada, para acoplar melhor com parafusos em locais de difícil acesso e guiá-
-los em algumas situações. Confira um exemplo de chave Philips, na figura se-
guinte.
6 FERRAMENTAS MANUAIS UNIVERSAIS
121

iStockphoto ([20--?])
Figura 81 - Chave Philips

CHAVE TORX®

A chave Torx® é uma evolução da chave Philips, pois permite o acoplamento


entre ferramenta e parafuso com uma grande área de contato e, além disso, ofe-
rece uma grande resistência à pressão, permitindo que torques (força de aperto)
mais elevados sejam aplicados.
Este tipo de chave é amplamente utilizado na indústria automotiva, pois per-
mite grande confiabilidade na aplicação de torque. Parafusos Torx podem ser en-
contrados, até mesmo, em motores de automóveis, onde a precisão do torque
segue padrões rigorosos. Veja, na figura a seguir, alguns tipos de chave Torx®.
Wikipedia ([20--?])

Figura 82 - Tipos de chave Torx®

O tamanho da chave Torx® é expresso pela letra “T” seguida de um número.


Para cada código há um valor correspondente em milímetro.
SISTEMAS DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
122

CÓDIGO VALOR EM MILÍMETRO


T01 0.81mm
T02 0.93mm
T03 1.10mm
T04 1.28mm
T05 1.42mm
T06 1.70mm
T07 1.99mm
T08 2.31mm
T09 2.50mm
T10 2.74mm
T15 3.27mm
T20 3.86mm
T25 4.43mm
T27 4.99mm
T30 5.52mm
T40 6.65mm
T45 7.82mm
T50 8.83mm
T55 11.22mm
T60 13.25mm
T70 15.51mm
T80 17.54mm
T90 19.92mm
T100 22.13mm
Quadro 3 - Códigos da chave Torx®

CHAVE ALLEN

A chave Allen é uma variação da chave de fenda, no entanto, apresenta um


formato sextavado. É como uma barra de ferro sextavada que serve para encaixar
em uma cabeça de parafuso, também sextavada. Sua aplicação é muito comum
em componentes de suspensão automotiva, pois seu formato permite uma boa
aplicação de força.
6 FERRAMENTAS MANUAIS UNIVERSAIS
123

iStockphoto ([20--?])
Figura 83 - Chave Allen

CHAVE INGLESA

A chave inglesa recebeu este nome, pois foi produzida para trabalhar com por-
cas e encanamentos dimensionados de acordo com o sistema de medidas inglês,
que você conhecerá mais detalhes nos próximos capítulos.
Esta ferramenta é uma variação da famosa chave de boca, com a vantagem de
ser ajustada para a medida desejada. Desta forma, o profissional não precisa ter
um jogo inteiro de chaves, pois apenas uma ferramenta pode atender diversas
necessidades.
Como desvantagens, pode-se mencionar que é uma ferramenta mais robusta
que a chave fixa convencional, então seu uso torna-se mais difícil em locais que
dispõem de pouco espaço. Além disso, perde-se um pouco da firmeza em com-
paração com a oferecida pela chave de boca, mas sua versatilidade a torna útil
em diversas situações, especialmente quando se está lidando com tubulações e
encanamentos.
iStockphoto ([20--?])

Figura 84 - Chave inglesa


SISTEMAS DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
124

CHAVE DE CATRACA

Para apertar um parafuso é necessário posicionar a ferramenta, girá-la, soltá-la,


reposicioná-la, girar novamente e depois repetir este processo até que o parafuso
esteja devidamente apertado. Pensando em facilitar este processo, foi desenvol-
vida a chave de catraca.
Você já viu como uma catraca funciona? Pense em uma catraca de ônibus, por
exemplo, o passageiro passa por ela, mas quando tenta retornar é impedido, pois
um dispositivo mecânico permite o giro da roleta em apenas um sentido.

Pois a catraca reversível deve ser utilizada para ganhar


FIQUE velocidade, contudo no momento de aplicar o torque no
parafuso ou porca é interessante utilizar um cabo de força,
ALERTA ou mesmo um torquímetro, pois a aplicação de força ex-
cessiva provocará o desgaste dos dentes da catraca.

Uma chave de catraca funciona como uma roleta de ônibus, só gira em um


sentido, escolhido pelo seu operador. Com isso, o processo para apertar um pa-
rafuso tornou-se mais rápido, podendo encaixar a ferramenta e girá-la nos dois
sentidos, sem a necessidade de reposicioná-la. Veja um exemplo deste tipo de
chave catraca na figura a seguir.
Caio Barros (2010)

Figura 85 - Chave de catraca

MARTELO

O martelo é uma ferramenta de grande utilidade nos mais variados setores.


Antigamente, era utilizado para produzir peças metálicas e, até mesmo, para
combater inimigos em guerras. Atualmente, o martelo tem funções simbólicas e
produtivas.
6 FERRAMENTAS MANUAIS UNIVERSAIS
125

Esta ferramenta é capaz de amplificar a força aplicada pelo seu operador e


convertê-la em um impacto capaz de manipular a forma de outros materiais.
A indústria automotiva utiliza diversos tipos de martelo, para fazer ajustes na
lataria, remover peças travadas, afrouxar travas e travar determinados componen-
tes. Existe um tipo especial de martelo, chamado de macete ou martelo de bor-
racha, que é também utilizado para realizar manutenção em peças mais frágeis,
como as caixas de câmbio. Confira, na figura seguinte, alguns tipos de martelo.

Figura 86 - Tipos de martelo

PUNÇÃO E TALHADEIRA

O punção é uma barra metálica resistente a pancadas. Possui uma ponta fina,
para encaixar em determinados componentes onde é necessária a aplicação de
força, como por exemplo, para remover um semieixo de homocinética do cubo
de rodas. Para isso, é necessário aplicar força, mas se for utilizado apenas um mar-
telo, o eixo será danificado, portanto, nesse caso, utilizando um punção o profis-
sional realizará a manutenção sem ter problemas.

Figura 87 - Punção
SISTEMAS DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
126

Que o teor de carbono é responsável pela dureza de um


VOCÊ metal? Saiba que ferramentas utilizadas para aplicação
de pancada, como os punções, costumam possuir um
SABIA? alto índice de carbono, tornando-se mais resistentes
que outros materiais.

A talhadeira é semelhante ao punção, no entanto, sua superfície de contato


com a peça não é fina, e sim, larga como uma espátula. Sua utilização inclui traba-
lhos com transmissão, suspensão, entre outras diversas situações.

Grupo Bismark ([20--?])


Figura 88 - Talhadeira

SAIBA Para conhecer mais detalhes sobre ferramentas de uso geral,


acesse: <http://pt.scribd.com/doc/3970554/Ferramentas-
MAIS -pdf>.

6.2.2 FERRAMENTAS ESPECIAIS

Você viu, até agora, algumas ferramentas de uso geral, ou universais. Mas o
que seria uma ferramenta especial? As ferramentas universais atendem neces-
sidades comuns à grande maioria dos mecanismos existentes, enquanto que as
ferramentas especiais são desenvolvidas em função da necessidade específica de
um determinado produto.
Um automóvel utiliza diversas ferramentas universais e também algumas es-
pecíficas. Isso pode ser observado, por exemplo, ao realizar uma troca de óleo,
pois o bujão do cárter é removido com uma ferramenta universal. No entanto,
o filtro de óleo é retirado utilizando uma cinta, que é uma ferramenta especial.
A cinta para remoção do filtro de óleo foi feita especialmente para este tipo de
trabalho.
6 FERRAMENTAS MANUAIS UNIVERSAIS
127

Eurotec ([20--?])
Figura 89 - Ferramenta para remover o filtro de óleo

Saiba que nos motores automotivos é comum a utilização de ferramentas


especiais. Quando se tem uma ferramenta de uso exclusivo em determinado
componente do motor, significa que se trata de uma ferramenta específica. Por
exemplo: o automóvel X necessita de uma determinada ferramenta para conferir
o sincronismo de sua correia dentada. Agora acompanhe o Casos e relatos.

CASOS E RELATOS

Josias e as ferramentas
Josias, um jovem empresário de Manaus que tem formação na área de
mecânica automotiva, conseguiu, depois de algum tempo de trabalho
e dedicação, montar uma oficina. Apesar de possuir recursos financeiros
limitados para investir em maquinário, Josias não queria que seu jogo de
ferramentas ficasse incompleto.
Para reduzir a quantidade de ferramentas que seriam compradas logo no
início do funcionamento da oficina, Josias optou por um jogo de chaves
combinadas, pois assim não seria necessário comprar um jogo inteiro de
chaves fixas e outro de chaves estrela.
Mas Josias queria trabalhar com caixas de câmbio, pois sua especialidade
é o sistema de transmissão mecânico. Porém, para trabalhar com essa
especialidade, seria necessário que ele investisse em um jogo completo
de ferramentas. Por isso, ele precisou investir em um jogo de ferramentas
específicas que, apesar de caro, permite que ele possa trabalhar em con-
formidade com o que as montadoras pedem. Por sorte, Josias havia feito
um planejamento de gastos e tinha uma reserva econômica para realizar
mais esse investimento.
SISTEMAS DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
128

Como resultado, Josias percebeu que este planejamento o ajudou a reali-


zar as tarefas necessárias e a estar preparado para eventuais gastos. Além
disso, percebeu que, às vezes, é melhor gastar um pouco mais inicialmen-
te e ter à disposição ferramentas próprias para o trabalho, pois são elas
que irão auxiliar a alcançar o resultado desejado, garantindo a satisfação
e a fidelização do cliente.

Viu quanta coisa interessante foi apresentada neste capítulo? No próximo,


você conhecerá algumas ferramentas especiais para transmissão mecânica.

RECAPITULANDO

Neste capítulo, você pôde conhecer alguns itens referentes às ferramen-


tas manuais universais, como seus tipos, características uso e conserva-
ção. E também sobre as ferramentas especiais em geral, sua função e
aplicação.
Além disso, pôde verificar a questão da importância de se utilizar a ferra-
menta certa para cada tipo de manutenção e a segurança na utilização
destas ferramentas.
6 FERRAMENTAS MANUAIS UNIVERSAIS
129

Anotações:
Ferramentas Especiais para
Transmissão Mecânica

Você já sabe que as ferramentas são utilizadas pelos mecânicos para ajudá-los a realizar re-
paros de forma mais rápida e segura. Mas vale lembrar que existem algumas peças específicas
nas quais não é possível utilizar as ferramentas universais. Então, qual seria a melhor forma de
retirar ou reparar essas peças? Para essas peças, existem as ferramentas especiais, que facilitam
a vida do mecânico, fazendo com que você não perca tempo de trabalho tentando adaptar as
ferramentas universais ou procurando a melhor forma de trabalho.
Sendo assim, conhecendo bem as ferramentas especiais e suas aplicações, você será capaz
de realizar seus reparos com maior qualidade e em menor tempo. Portanto, este capítulo apre-
sentará as ferramentas especiais, usadas na reparação do sistema de transmissão mecânica, as
quais permitem a remoção ou instalação de determinados componentes, bem como seus ajus-
tes e reparações. Partindo destes conhecimentos, ao final do capítulo, você terá subsídios para:
a) reconhecer os tipos de ferramentas especiais para transmissão mecânica;
b) diferenciar o uso de ferramentas universais daquelas de uso específico de transmissão
mecânica;
c) utilizar a ferramenta certa para o trabalho em cada componente diferenciado.
Ficou curioso para saber mais sobre as ferramentas especiais? Então, siga com os estudos e
aprofunde seus conhecimentos acerca desse assunto.
SISTEMAS DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
132

1 POLIA 7.1 TIPOS, CARACTERÍSTICAS, USO E APLICAÇÃO


É um componente de corpo Cada fabricante determina as manutenções periódicas dos sistemas de trans-
redondo, no qual se encaixa
uma correia, com o objetivo missão, além dos procedimentos a serem tomados para realizar uma manutenção
de transmitir uma rotação
ou força. preventiva ou corretiva. Saiba também que estes fabricantes criam e determinam
algumas ferramentas especiais. Sendo assim, a maioria dos veículos possui fer-
ramentas específicas, ou seja, ferramentas que só podem ser utilizadas em um
determinado veículo.
Mesmo existindo diversas ferramentas específicas, é possível que você apren-
da o princípio delas e suas aplicações. Portanto, conhecendo o princípio de apli-
cação das ferramentas, facilmente você entenderá a aplicação de uma ferramenta
específica, quando for necessário utilizá-la.

As ferramentas especiais são determinadas pelo fabrican-


FIQUE te do sistema de transmissão, por este motivo, você deve
ALERTA utilizar as ferramentas corretas, conforme indicação no
manual de reparação.

Confira agora, mais detalhes sobre as ferramentas especiais mais utilizadas.

Mandril de instalação de retentor


O mandril de instalação de retentor é um componente metálico com o forma-
to específico do retentor. Para instalar um retentor, você precisa utilizar o mandril
do tamanho apropriado ao retentor. Este mandril possui, em uma das pontas, o
diâmetro do retentor e, na outra, uma extremidade para impacto a ser proferido
com o martelo (ou marreta), ou ainda, pressionado com uma prensa hidráulica.
Raven Ferramentas ([20--?])

Figura 90 - Instalador de retentor de caixa de câmbio


7 FERRAMENTAS ESPECIAIS PARA TRANSMISSÃO MECÂNICA
133

Extrator externo de rolamento


O extrator externo de rolamento é um dispositivo capaz de remover os rola-
mentos da caixa de câmbio, com o objetivo de possibilitar sua substituição, quan-
do necessário. Possui duas ou três garras que se encaixam ao lado dos rolamentos
e, no seu centro, um parafuso que aperta em cima do eixo, puxando o rolamento
para fora. Esta ferramenta também serve para remover engrenagens da caixa de
câmbio e polias1 do motor.

Zamper ([20--?])

Figura 91 - Extrator externo de rolamento ou engrenagem

Extrator interno de rolamento


O extrator interno de rolamento possui o mesmo objetivo. Sua diferença está
na aplicação, pois serve para remover rolamentos internos. Ele possui cinco ou
sete garras, as quais se prendem à lateral do rolamento e, com o auxílio de um
parafuso, é possível extrair o componente. É utilizado também, em alguns casos,
para remover engrenagens de marcha.
Gurgel Ferramentas ([20--?])

Figura 92 - Extrator interno de rolamento ou engrenagem


SISTEMAS DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
134

Guia para os garfos de marcha


Existe também um guia para os garfos de marcha, que é especifico para um
determinado tipo de caixa de câmbio. Veja, na figura a seguir, os detalhes do guia
para os garfos de marcha.

Figura 93 - Guia para garfos de marcha

Existem também suportes para as caixas de câmbio, que facilitam o serviço por
permitir uma posição de trabalho mais adequada.
No caso das embreagens, existem guias para você montar o disco da embre-
agem corretamente, permitindo que o disco fique alinhado, possibilitando o seu
perfeito funcionamento.
Como já foi dito, existem diversos outros tipos de ferramentas especiais e es-
pecíficas, as quais você conhecerá no dia a dia de uma oficina. Seria muito com-
plicado falar de todas, devido ao grande número de caixas de câmbio existentes.

Que as ferramentas representam apenas 20% do custo


VOCÊ da oficina? Sendo assim, perceba que é possível com-
prar as ferramentas especiais para executar um serviço
SABIA? de qualidade. Lembre-se de que a aquisição de ferra-
mentas é um investimento.
7 FERRAMENTAS ESPECIAIS PARA TRANSMISSÃO MECÂNICA
135

7.2 CONSERVAÇÃO

Todas as ferramentas devem ser utilizadas conforme as recomendações dos


fabricantes, para que sua vida útil seja preservada, possibilitando a sua utilização
por mais tempo.
As ferramentas especiais, em geral, são pouco utilizadas e, por este motivo, é
necessário guardá-las bem lubrificadas e também utilizá-las de forma adequada,
para que não sejam danificadas.

Sempre que você for utilizar uma ferramenta especial,


FIQUE certifique-se de que a ferramenta esteja muito bem encai-
ALERTA xada, para evitar que suas áreas de contato sejam danifi-
cadas.

Após a utilização das ferramentas, você sempre deve limpá-las e acondicioná-


-las em um local organizado, que seja seco, arejado e livre de umidade.

7.3 SEGURANÇA DA UTILIZAÇÃO

Ao utilizar uma ferramenta especial, você deve ter o cuidado de encaixá-la per-
feitamente à peça, evitando, assim, que ocorra um acidente de trabalho, levando
a ferimentos graves.

SAIBA Para conhecer mais detalhes sobre as ferramentas, e seus


procedimentos visite o site: <http://www.omecanico.com.
MAIS br/>.

É importante lembrar que durante a utilização das ferramentas especiais, você


deve utilizar óculos de proteção, para evitar que projeções metálicas prejudi-
quem sua visão. Ao golpear uma ferramenta especial, você deve utilizar o prote-
tor auricular, para evitar que o barulho afete sua audição.
Durante a reparação de uma caixa de câmbio, bem como do sistema de trans-
missão, você deve utilizar os EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) necessá-
rios, além de sempre observar quais as possíveis falhas de processo, que podem
vir a causar um acidente de trabalho.
SISTEMAS DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
136

Confira agora, no Casos e relatos, um exemplo de utilização das ferramentas


especiais na prática de uma mecânica.

CASOS E RELATOS

Ferramentas para todos os casos


Rodrigo começou a trabalhar em uma oficina mecânica muito conhecida
na região de Macaé, no estado do Rio de Janeiro. Essa oficina é bastante
conhecida na região por ter especialistas em sistema de transmissão me-
cânica. Logo em seu primeiro dia de trabalho, Rodrigo recebeu a caixa de
câmbio do veículo de um cliente habitual da oficina.
Para analisar o defeito contido na caixa de câmbio, Rodrigo contou com
o auxílio do manual de instruções. Além disso, ele separou as ferramentas
especiais que precisaria e começou, então, o trabalho.
Durante o processo, Rodrigo percebeu que algumas ferramentas po-
diam ser utilizadas em mais de um componente, ou ainda, em mais de
um veículo. E também percebeu que algumas ferramentas só podiam ser
utilizadas para um determinado tipo de serviço, e para um determinado
veículo.
Mas Rodrigo não se preocupou em decorar a aplicação de cada ferramen-
ta, pois sabendo o funcionamento da caixa de câmbio e desmontando-
-a com calma, é possível identificar qual ferramenta precisa ser utilizada.
Por isso, ele desmontou a caixa de câmbio com cuidado e depois veio a
montá-la com qualidade.

E então, gostou do assunto abordado até aqui? No próximo capítulo, você é


convidado a explorar todas as informações disponíveis sobre testes e verificação
em transmissão mecânica. Vamos lá!
7 FERRAMENTAS ESPECIAIS PARA TRANSMISSÃO MECÂNICA
137

RECAPITULANDO

Neste capítulo, você conheceu alguns tipos de ferramentas especiais e


pôde perceber que cada caixa de câmbio possui ferramentas específicas.
Partindo desses conhecimentos, você poderá identificar as ferramentas
especiais de uma caixa de câmbio.
Saiba que, ao longo dos estudos, você conhecerá mais sobre ferramentas
especiais.
Desta forma, fique tranquilo quanto ao seu aprendizado, pois o impor-
tante é que você continue buscando sempre mais conhecimento, espe-
cialmente sobre o sistema de transmissão.
Testes e Verificações em
Transmissão Mecânica

Você já conheceu os diferentes tipos de sistemas de transmissão, seu funcionamento e com-


ponentes. Contudo, depois de realizar os reparos, é importante que você saiba que o sistema
está em perfeito funcionamento.
Mas e como ter certeza que o reparo realmente funcionou?
Para isso, existem testes que podem ser realizados. Os testes de funcionamento darão a ga-
rantia de que seu serviço foi realizado com sucesso. Além disso, você pode realizar testes para
identificar o defeito apresentado no sistema de transmissão mecânica. Portanto, neste capítulo,
você aprenderá sobre a eficácia e a realização destes testes. Partindo destes conhecimentos, ao
final deste capítulo, você terá subsídios para:
a) realizar um teste de diagnóstico e um teste de funcionamento;
b) respeitar os procedimentos e ferramentas corretas para transmissão mecânica;
c) reconhecer o seu funcionamento de acordo com o manual do fabricante.
Sinta-se convidado para conhecer mais sobre testes e verificações em transmissão mecâni-
ca. Dedique-se ao estudo, lembrando que motivação e comprometimento são fundamentais
para uma aprendizagem significativa.
SISTEMAS DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
140

1 ESTERÇAR 8.1 TIPOS DE TESTES


Mover (o volante de De modo geral, existem dois tipos de teste: os testes de diagnóstico, que são
automóvel) à direita e à
esquerda. executados com o objetivo de verificar o defeito e descobrir a causa do mesmo; e
os testes de funcionamento, que são executados após a reparação, para verificar
o funcionamento do sistema, e assim, comprovar que o serviço foi realizado de
acordo com as especificações do fabricante.
2 TRIZETA

É o componente
responsável por fazer a
articulação do eixo da
homocinética com a caixa
de câmbio.

3 SUPERAQUECIMENTO

É o que ocorre quando


um determinado
componente se aquece
demais, perdendo suas
propriedades.

8.1.1 TESTES DE DIAGNÓSTICO

Os testes de diagnóstico são realizados, geralmente, pelo técnico que irá pro-
ceder com a reparação. Estes testes permitem identificar os defeitos. Para isso,
você deve coletar as informações do cliente, que relata o defeito que percebeu.
Conforme o relato do cliente, você irá determinar sua linha de raciocínio, o que
irá direcionar sua atenção a um determinado caminho, para assim, chegar a um
diagnóstico final.

8.1.2 TESTES DE FUNCIONAMENTO

Os testes de funcionamento permitem verificar o funcionamento do sistema,


pois assim, é possível saber se está tudo correto, principalmente depois de reali-
zar uma reparação.
8 TESTES E VERIFICAÇÕES EM TRANSMISSÃO MECÂNICA
141

FIQUE Os testes devem ser realizados com a supervisão de um


profissional capacitado, e obedecendo as normas de segu-
ALERTA rança no trânsito.

8.2 PROCEDIMENTOS DE TESTE

Para que você entenda melhor esses testes e verificações, você vai conhecer
alguns procedimentos a serem executados, para realizar testes de diagnóstico e
funcionamento.
Quando um cliente reclama que seu veículo está sem força e você desconfia
que o problema possa ser embreagem, você deve executar um teste de rodagem,
pois assim, você irá observar o funcionamento do sistema. Você pode, dentro do
pátio da empresa ou em local apropriado, engatar a quarta ou quinta marcha,
acelerar levemente o veículo e soltar suavemente o pedal da embreagem. O mo-
tor deverá morrer, mas se ele permanecer funcionando, significa que o disco de
embreagem está patinando.
Quando o cliente reclama de estalos ao esterçar1 e acelerar o veículo, você
pode testar, executando a situação como o cliente relatou. Se ao esterçar total-
mente e acelerar o veículo, o mesmo apresentar os estalos, é provável que as tri-
zetas2 das homocinéticas estejam danificadas.
Se o cliente relata que uma determinada marcha está arranhando ou, ainda,
não engata, você deve executar um teste de rodagem e analisar o sintoma do
defeito. Não será possível dar o diagnóstico final, pois, neste caso, é necessário
desmontar a caixa de câmbio para analisar as peças com defeito, mas a análise
prévia do defeito possibilita criar uma linha de análise.
Ao receber a reclamação de um ruído intenso, principalmente em uma deter-
minada velocidade, você deverá executar um teste de rodagem para analisar o
ruído, que pode ser do diferencial, ou ainda, de um rolamento defeituoso.
Depois de reparar uma caixa de câmbio, ou um diferencial, você deve engatar
todas as marchas para verificar se o engate funciona corretamente e depois de
instalado no veículo, executar um teste de rodagem para verificar se tudo funcio-
na perfeitamente.
Durante a execução do reparo de uma caixa de câmbio, você deve analisar os ro-
lamentos e verificar a coloração dos roletes, que devem ser lisos e espelhados, pois
se estiverem escurecidos, indica que sofreram superaquecimento3, e se estiverem
riscados, podem ter sofrido com falta de lubrificação. De qualquer forma, você deve
verificar se a lubrificação funciona corretamente, e substituir os rolamentos. O ideal
é que sejam trocados todos os rolamentos, já que a caixa de câmbio está aberta.
SISTEMAS DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
142

Ao reparar o diferencial, você deve verificar, com o auxílio do relógio compara-


dor, a folga entre os dentes da coroa e o pinhão, que, se estiver acima do permiti-
do, deve ser ajustada, caso contrário, o diferencial não funcionará corretamente.

VOCÊ Que a maioria dos testes são indicados pelos fabrican-


tes? E que eles ainda dão dicas de como identificar uma
SABIA? falha?

Você viu aqui alguns procedimentos realizados em testes de diagnóstico e


funcionamento. A seguir, conheça a importância de realizar uma análise compa-
rativa de resultados dos testes com o manual do fabricante. Vamos lá!

8.3 ANÁLISE COMPARATIVA DE RESULTADOS COM O MANUAL DO


FABRICANTE

Todo teste realizado no sistema de transmissão deve ser comparado com os


parâmetros do manual de reparação. Para isso, você deve executar os testes da
forma correta, de acordo com o que indica o manual e depois, verificar se os valo-
res encontrados condizem com o indicado no manual.
É importante que os resultados encontrados fiquem dentro da tolerância es-
tabelecida pelo fabricante. Isto garante o perfeito funcionamento do sistema, e
ainda preserva sua vida útil.
Todo fabricante determina os valores de ajustes e ainda dá uma tolerância
para que os ajustes tenham como se adaptar. O correto é que, ao executar um
reparo, você deixe na medida mínima, ou seja, com a menor folga possível. Isto
faz com que a vida útil dos componentes seja prolongada, mas é importante que
o assentamento, mais conhecido como amaciamento, do sistema seja realizado
com cautela, caso contrário, o efeito será negativo.
É muito importante que você confie no manual de instruções e utilize as infor-
mações nele contidas para realizar o ajuste de forma correta.
Todo e qualquer serviço realizado em um veículo deve seguir os padrões de
qualidade do fabricante, preservando, assim, a vida útil dos componentes e, ain-
da, garantindo seu funcionamento conforme projetado.
8 TESTES E VERIFICAÇÕES EM TRANSMISSÃO MECÂNICA
143

Conheça mais informações sobre testes de rodagem e de


SAIBA funcionamento no seguinte endereço: <http://www.oficina-
MAIS brasil.com.br/index.php/component/search/?searchword=te
ste+de+rodagem&ordering=&searchphrase=all>.

Você agora é convidado a conferir o Casos e relatos, que traz um interessante


exemplo de aplicação do teste de verificação.

CASOS E RELATOS

José e o teste de rodagem


José trabalha em uma oficina mecânica na periferia de Brasília e realiza
todos os tipos de reparos nos sistemas mecânicos. Certo dia, um cliente
muito especial chegou à oficina trazendo um veículo para que José pu-
desse diagnosticar o problema e, para isso, o dono do veículo relatou o
que estava acontecendo. O mecânico analisou o veículo de acordo com a
descrição do dono e verificou que o problema estava na caixa de câmbio.
Primeiramente, José realizou um teste de rodagem, por meio do qual foi
possível constatar o defeito de que o cliente reclamava. Em seguida, ao
desmontar a caixa de câmbio, José realizou testes de verificação nas pe-
ças e indicou quais componentes precisavam ser substituídos.
Após a reparação da caixa de câmbio, segundo os padrões de qualidade
do fabricante, José fez um novo teste de rodagem e comprovou que o
serviço ficou muito bem realizado. Assim, feliz com a realização de um
trabalho de qualidade no qual ele foi muito cuidadoso, José percebeu
que o cliente saiu mais uma vez satisfeito com o atendimento recebido e
com o reparo em seu veículo efetuado de forma correta.

Aqui você conclui mais um capítulo. Mas lembre-se de que ainda têm muitos
assuntos interessantes que serão tratados! Continue atento!
SISTEMAS DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
144

RECAPITULANDO

Neste capítulo, você aprendeu a realizar testes de verificação, para identi-


ficar os defeitos no sistema de transmissão mecânica, conforme a descri-
ção passada pelo cliente. Pôde também verificar a qualidade do serviço,
por meio da observação dos parâmetros estabelecidos pelos fabricantes.
Partindo destes conhecimentos, você está capacitado a realizar testes,
para então, verificar se o sistema funciona perfeitamente ou se um deter-
minado componente necessita ser substituído.
8 TESTES E VERIFICAÇÕES EM TRANSMISSÃO MECÂNICA
145

Anotações:
Componentes do Sistema
de Transmissão Mecânica

Você já conheceu, anteriormente, os componentes do sistema de transmissão mecânica,


contudo, ainda é necessário verificar como se dá o funcionamento desse sistema e como rea-
lizar os procedimentos técnicos de inspeção. Afinal, a inspeção é feita de acordo com normas
técnicas, para que as diversas oficinas da área possam trabalhar da mesma forma, garantindo a
qualidade no funcionamento e no serviço.
É importante também que você saiba qual a vida útil dos componentes, bem como realizar a
substituição desses. Portanto, este capítulo abordará algumas características e procedimentos
relacionados aos componentes agregados ao sistema de transmissão mecânica.
Partindo destes conhecimentos, ao final dos estudos deste capítulo, você terá subsídios
para:
a) identificar características e procedimentos de inspeção de acordo com os manuais técni-
cos dos fabricantes;
b) identificar a vida útil dos componentes em relação à sua utilização;
c) utilizar checklist para a troca de componente de acordo com informação de literatura téc-
nica;
d) realizar orçamento com tipos adequados de peças e tempo padrão de mão de obra.
Para iniciar os estudos nesse capítulo, conheça, na sequência, as características construtivas
e como se dá o funcionamento dos componentes ligados ao sistema de transmissão mecânica.
SISTEMAS DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
148

1 IMPERÍCIA 9.1 CARACTERÍSTICAS CONSTRUTIVAS E FUNCIONAMENTO DOS


Nesse caso é o manuseio
COMPONENTES LIGADOS AO SISTEMA
errado do sistema, ou seja,
a utilização inadequada do O sistema de transmissão não conta somente com seus componentes princi-
sistema de transmissão.
pais, uma vez que precisa de periféricos, chamados de agregados, para permitir
sua instalação e funcionamento.
O cubo de roda é um dos agregados ao sistema de transmissão, sendo que
está fixo à ponta das juntas homocinéticas, transmitindo, assim, o torque para as
rodas. Para fixar este cubo de roda, existe o sistema de suspensão e, em muitos ca-
sos, é necessária sua remoção para realizar a reparação das juntas homocinéticas.

FIQUE A suspensão deve ser desmontada somente quando for


necessário, pois em alguns veículos, não é preciso sua des-
ALERTA montagem completa.

É comum a existência de um suporte de sustentação da caixa de câmbio, que


tem por função auxiliar na fixação da caixa e do motor. Normalmente, é constru-
ído em alumínio com borracha, para suavizar a vibração da caixa e as oscilações
do veículo.
O pedal de embreagem, assim como seu cabo ou suas tubulações hidráulicas,
é um tipo de agregado fundamental para o funcionamento do conjunto de em-
breagem, e posterior funcionamento do sistema de transmissão.
Confira, agora, a relação existente entre vida útil dos componentes e forma de
utilização. Vamos lá!

9.2 VIDA ÚTIL X UTILIZAÇÃO

Por diversas vezes, foi enfatizada a importância de preservar a vida útil dos
componentes, caso contrário, ocorre um desgaste prematuro dos componentes.
Mas perceba que a vida útil de qualquer componente não depende somente
do processo de instalação, ou ainda de fabricação, uma vez que a maior causa da
redução da vida útil é a imperícia1.
É comum uma pessoa comprar um carro popular, pensando, logicamente, na
economia de combustível. E como a maioria dos compradores de carros popula-
res, utiliza o veículo para viajar, passear com a família e, alguns, até em viagens
mais longas - muitas vezes por estradas em péssimas condições. O que a maioria
destes compradores não sabe é que, o carro popular não foi projetado para rece-
ber tanto esforço, ainda mais um esforço contínuo.
9 COMPONENTES DO SISTEMA DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
149

A ideia do carro popular é que você tenha a opção de ter um carro com baixo
consumo de combustível e baixo valor de manutenção. E ainda, que seja utilizado
dentro da cidade, ou para deslocamentos curtos e médios. Assim, essas viagens
longas tornam-se prejudiciais aos carros populares, uma vez que eles não estão
aptos a suportarem trajetos muito extensos. Quando estes veículos são projeta-
dos, os engenheiros pensam em sua utilização, e com base nessa ideia de utiliza-
ção, projetam as peças.
Isso quer dizer, então, que o simples fato de utilizar o veículo popular, por
exemplo, para longas viagens, ocasiona a redução da vida útil do veículo? Não
necessariamente, pois a redução da vida útil dos componentes é uma soma de
fatores.
Durante o projeto do veículo, também é calculado que ele irá rodar em um
asfalto liso, plano e bem feito, o que infelizmente não é realidade em nosso país.
As más condições da estrada, a aplicação inadequada do veículo e, ainda, a má
operação do veículo por parte do condutor, geram também a redução na vida útil
dos componentes. Note que, quando se afirma que a má operação contribui para
o desgaste das peças, isto quer dizer que os condutores, muitas vezes, possuem
vícios de pilotagem, acumulados durante anos como motoristas.

Que muitos vícios de operação decorrem de mitos gera-


VOCÊ dos em certas épocas? Como exemplo, algumas pessoas
SABIA? têm o costume de dar uma acelerada antes de desligar
o carro.

Esta ação é totalmente desnecessária e ainda prejudica o motor, pois este pre-
cisa parar num tranco forte, quando o correto é deixar o motor na lenta por um
minuto ou mais, e depois desligá-lo.
O mesmo ocorre com o sistema de transmissão, uma vez que o correto é não
forçar as marchas, portanto deve-se evitar realizar suas trocas de maneira muito
rápida. Outro costume ruim ao sistema de transmissão é acelerar e depois soltar o
acelerador de forma brusca, o que aumenta a folga no sistema, bem como dirigir
e fazer curvas em alta velocidade, o que acaba forçando o sistema de transmissão
e suspensão, prejudicando ambos os sistemas, além dos pneus.

Lembre-se de que a utilização inadequada do sistema de


FIQUE direção, bem como a sua falta de manutenção, podem
causar acidentes. Isto ocorre por que o sistema passa a
ALERTA não funcionar corretamente, o que faz com que o motoris-
ta perca o controle do veículo.
SISTEMAS DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
150

Como você pôde conferir, a utilização correta do sistema contribui - e muito


- para conservar a vida útil dos componentes. Veja, a seguir, a importância do
checklist de substituição de componentes.

9.3  CHECKLIST DE SUBSTITUIÇÃO DE COMPONENTES

Você já sabe que é necessário elaborar um checklist do sistema, sempre ao


repará-lo, para evitar futuros problemas com o sistema. Saiba também que o mes-
mo ocorre com as peças, que, ao serem removidas, devem ser analisadas criterio-
samente, com o objetivo de identificar componentes danificados ou componen-
tes que possam vir a dar defeito.
Antes de substituir as peças, elas devem ser limpas e, posteriormente, anali-
sadas. Esta análise deve ocorrer em um local bem iluminado, onde seja possível
realizar um checklist de qualidade.
Ao realizar o checklist de substituição de peças, registre todas as peças que
devem ser substituídas e o motivo da substituição, uma vez que se houverem
questionamentos sobre seu parâmetro de avaliação, você poderá explicar o mo-
tivo pelo qual a peça em questão deverá ser substituída.
De forma geral, um checklist de substituição de peças é descrito como uma
análise, crítica e criteriosa, das condições aparentes dos componentes, suas ca-
racterísticas e seu funcionamento. Porque se você analisar somente a peça, e não
colocar em questão sua função e funcionamento, pode acreditar que a peça está
em boas condições, quando na verdade, comparando o estado da peça em rela-
ção ao seu funcionamento, é necessário substituí-la.

FIQUE Toda e qualquer peça do sistema de transmissão deve ser


analisada antes de ser substituída, contudo, é fundamen-
ALERTA tal que você dê foco ao problema apresentado.

Caso você tenha dúvidas ou queira pesquisar a respeito da manutenção de


determinado automóvel, é indicada a busca na literatura técnica, conforme você
vai conhecer no próximo item.
9 COMPONENTES DO SISTEMA DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
151

9.4 PROCURA DE INFORMAÇÃO EM LITERATURA TÉCNICA

Geralmente quem trabalha em uma concessionária de veículos, tem mais fa-


cilidade de acesso aos manuais de manutenção e sistemas, pois cada fabricante
confecciona um, ou mais manuais de reparação para cada automóvel, onde cons-
tam informações técnicas muito importantes para a realização de um reparo. A
maioria destas informações não está presente no manual do proprietário, pois a
montadora do automóvel tenta fidelizar o cliente, fazendo com que ele leve seu
veículo para realizar reparos na concessionária.
Por isso, as montadoras não disponibilizam estes manuais de reparação livre-
mente ao público. Então, se você precisa de informações mais técnicas, fica difícil
conseguir trabalhando fora de uma concessionária.

Jupiterimages ([20--?])

Estes manuais de reparação descrevem cada detalhe técnico do veículo, suas


características e informações, como em alguns casos, em que descrevem passo a
passo os procedimentos para a reparação de um motor. E no caso do sistema de
direção, relatam os procedimentos de reparação, indicando o processo de des-
montagem, item por item e, em seguida, a montagem.
Note que nem todos descrevem os procedimentos de reparação passo a pas-
so, mas a maioria descreve procedimentos específicos, como sangria do sistema,
troca de óleo hidráulico, entre outras reparações. Nos dias atuais, dificilmente
uma caixa de direção será reparada dentro de uma oficina, para isso existem em-
presas especializadas em reparação de caixas de mudanças. O que não impede
você de conhecer o funcionamento e saber o processo de reparação.
SISTEMAS DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
152

2  SOFTWARE Em geral os manuais são facilmente interpretados, pois utilizam linguagem


simples e, ainda, trazem ilustrações para detalhar e facilitar a compreensão das
É um programa de
computador, ou seja, informações.
todos os programas de
computador são chamados Esses manuais e informações também são disponibilizados por meio dos sis-
de softwares.
temas eletrônicos. Explore mais sobre esse assunto e sobre sistemas de gerencia-
mento, a seguir, no próximo item.

3 CHASSI

O chassi é a estrutura do
9.5 FERRAMENTAS DE INFORMÁTICA E SISTEMAS DE GERENCIAMENTO
veículo, e nesta estrutura
existe uma numeração, que As montadoras disponibilizam aos seus concessionários literaturas técnicas,
é única para cada veículo.
apostilas, livros e manuais de reparação, entre outros. Contudo, todo este ma-
terial requer espaço e substituição para atualização, de tempos em tempos. Por
isso, as montadoras criaram um sistema eletrônico de literatura técnica, sendo
que cada uma possui seu próprio software2.
Sendo assim, se você tiver a oportunidade de trabalhar em uma concessioná-
ria, sempre que for realizar algum tipo de reparo no sistema de direção, poderá
coletar informações e dados técnicos nestes programas, o que facilitará sua fun-
ção de reparador automotivo.

Existem, ainda, diversos programas paralelos, desen-


VOCÊ volvidos por empresas especializadas no ramo, as quais
SABIA? fornecem softwares com dados preciosos ao dia a dia de
uma oficina.

Estes programas podem ser comprados e atualizados anualmente, bem como


é possível comprar sistemas de gerenciamento de oficina, os quais lhe permitem
controlar o estoque e a movimentação financeira, abrir uma ordem de serviço,
fechar uma nota fiscal, entre outras funções.
Uma boa noticia é que com o crescimento do investimento na linha automoti-
va, estes programas estão cada vez mais baratos, possibilitando que mesmo uma
oficina pequena adquira um sistema de gerenciamento.
Existem também os softwares específicos aos componentes do sistema de
transmissão, onde você pode saber os valores de ajustes, ou ainda, a especifica-
ção das peças.
Outro importante recurso que trata sobre especificações de peças é o catálogo
de peças. Saiba mais sobre esse catálogo, na sequência.
9 COMPONENTES DO SISTEMA DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
153

9.6 CATÁLOGO DE PEÇAS

Os catálogos de peças são ferramentas muito úteis às oficinas de reparação,


pois fornecem o código das peças e trazem informações sobre sua instalação, por
meio de uma vista explodida dos componentes, permitindo ao reparador verifi-
car se está faltando alguma peça no sistema, ou ainda, qual a posição de monta-
gem de uma determinada peça. Estes catálogos são fornecidos pelos fabricantes
do veículo ou dos componentes.
Os catálogos costumam ser mais utilizados pelos profissionais que trabalham
no setor de compras de peças, principalmente quando se trata de alguns tipos
de catálogos que não trazem ilustrações, pois nesse caso, é necessário o conheci-
mento dos códigos das peças.
Esses catálogos geralmente são de fácil interpretação, indicando as peças con-
forme o fabricante do veículo, o modelo do veículo, o ano de fabricação e, em
alguns casos, conforme o número do chassi3.
Car Key Codes ([20--?])

Com relação ao número de chassi, lembre-se de que, para comprar uma peça,
é importante que você tenha em mãos esta numeração, pois como dito anterior-
mente, muitos catálogos fornecem as peças conforme o chassi do veículo. Este
número é necessário, principalmente, se você pretende comprar as peças em
uma rede autorizada do fabricante, ou ainda, em uma concessionária.
Mas você deve ficar atento, em muitos casos, as peças mudam pequenos de-
talhes em relação ao ano ou ao número do chassi e, sem estas informações, você
pode acabar comprando e instalando a peça errada, prejudicando o seu serviço e
o sistema de transmissão.
SISTEMAS DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
154

4 COMISSÃO

É o pagamento de uma SAIBA Para saber mais informações sobre os catálogos de peças,
porcentagem ao mecânico, MAIS realize uma pesquisa no site: <www.oficinabrasil.com.br>.
conforme o que ele
consegue faturar de mão
de obra, ou seja, conforme
o que ele produz de mão
de obra. O assunto a seguir será ‘tempo padrão de mão de obra’. Vamos lá, pois esse
assunto é muito importante para sua prática profissional.

9.7 TEMPO PADRÃO DE MÃO DE OBRA (TPMO)

Normalmente, as oficinas de reparação possuem um valor cobrado por hora


de trabalho dos mecânicos. Imagine se você levasse três horas para trocar um
cabo de embreagem. Supondo que o valor cobrado por hora seja de R$ 60,00,
o cliente pagaria pelo serviço R$ 180,00 de mão de obra. É claro que este valor é
muito caro para uma simples troca de cabo de embreagem.
Por este motivo, foi criado o Tempo Padrão de mão de Obra, chamado de
TPMO. Este TPMO determina o tempo a ser cobrado do cliente, isto não quer dizer
que o mecânico deve executar o serviço no tempo exato estabelecido. No caso
do cabo de embreagem, que foi usado como exemplo anteriormente, o tempo
padrão é 0,60. Mas o que isto quer dizer?
Este valor é referente ao sistema centesimal de uma hora, ou seja, 01 hora re-
presenta 100, e esta hora é divida, então, por 100. No caso, 0,60 deve ser multi-
plicado pelo valor da hora para obter o valor, assim, 0,60 x R$ 60,00 = R$ 36,00.
Agora você já sabe como descobrir o valor a ser cobrado, conforme a tabela de
tempo padrão.
Mas e como saber quanto tempo este valor representa? Basta multiplicar o
tempo por 60 minutos. Por exemplo, se a tabela diz que o serviço é de 0,75, então
multiplica-se por 60.
Desta forma, a tabela de tempo padrão determina o valor a ser cobrado com
base no tempo estimado para a realização do serviço. Este tempo estimado en-
globa o tempo que o mecânico levará para eliminar o defeito, desde o início do
reparo, até seu término. Só não é incluído o tempo da elaboração do diagnóstico,
que é cobrado pelo tempo corrido, pois não se sabe o tempo que o mecânico
levará para achar o defeito.
Mas e se você fizer o serviço mais rápido que o determinado?
Não há problema algum, na verdade é mérito seu, pois isto quer dizer que você
está mais eficiente que o esperado. Em algumas oficinas, os mecânicos ganham
comissão4 por mão de obra trabalhada, sendo assim, quando eles trabalham mais
9 COMPONENTES DO SISTEMA DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
155

rápido que o determinado, podem pegar outro serviço, o que aumentará o fatu-
ramento da mão de obra e, consequentemente, o salário no fim do mês.
Não foi incluída uma destas tabelas aqui, pelo fato de haverem variações de
tabela conforme o fabricante do veículo, uma vez que alguns veículos são mais
fáceis e, consequentemente, mais rápidos de serem reparados que outros.

O descumprimento dos padrões estabelecidos pelos fabri-


cantes pode ser considerado como superfaturamento de
FIQUE mão de obra.
ALERTA
Assim, se for necessário fazer algum reajuste, explique de-
talhadamente ao cliente.

Você já conheceu de que forma é calculado o tempo padrão de mão de obra,


agora conheça como realizar um orçamento de peças e também de mão de obra.

9.8 ORÇAMENTO DE PEÇAS E MÃO DE OBRA

Quando um cliente traz seu veículo com defeito, dificilmente ele aceitará que
você execute o serviço de reparação e depois apenas passe o valor a ele. Normal-
mente, o que ocorre é o cliente pedir um orçamento do serviço a ser executado.
Mas como elaborar este orçamento? A primeira preocupação que você deve
ter é analisar corretamente o serviço, pois uma vez que o valor é passado, é muito
constrangedor aumentar o valor, devido a uma peça que não havia sido identifi-
cada.
Sendo assim, primeiro registre as observações do cliente e, com base nisto,
você iniciará seu diagnóstico.
Quando se trata de um defeito simples, como trocar cabo de embreagem, nor-
malmente não se cobra o tempo do diagnóstico, e sim, o tempo padrão de mão
de obra e as peças necessárias.
No caso de um defeito mais complicado, que requer a desmontagem do siste-
ma, você deve primeiramente deixar claro ao cliente que, ao elaborar o orçamen-
to, no caso de ele recusar a realização do serviço, você cobrará o tempo que foi
necessário para elaborar o orçamento. Isto deve ser feito com o intuito de evitar
que um cliente faça o diagnóstico com você, e a reparação em outro lugar.
No caso da reparação da caixa de câmbio, é impossível emitir um orçamento
sem abrir a caixa para verificar o estado das peças, mas se ainda assim, o cliente
insistir por um orçamento “fechado”, você deve listar todas as peças que podem
SISTEMAS DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
156

apresentar defeito, com isso, obviamente o valor ficará muito elevado. Sendo as-
sim, você deve explicar ao cliente que este valor poderá reduzir durante a repara-
ção da caixa de mudanças.
Portanto, elabore o orçamento com a máxima atenção possível, para que o
valor combinado seja o valor cobrado. Em alguns casos, podem ocorrer falhas de
orçamento devido à desatenção do mecânico, com isso, deve ser negociado com
o cliente o reajuste, o que, em alguns casos, acaba sendo absorvido pela oficina.
Por este motivo, lembre-se sempre de revisar o orçamento antes de passar para
o cliente.
Confira agora, no Casos e relatos, um exemplo prático de elaboração do orça-
mento de acordo com o tempo padrão de mão de obra. Vamos lá!

CASOS E RELATOS

Orçamento e tempo padrão de mão de obra


Certo dia, Yuri, um advogado que costuma viajar bastante para atender
clientes na região vizinha à sua cidade, Porto Alegre, estava dirigindo seu
veículo pela cidade de São Leopoldo quando percebeu que a 3ª marcha
não engatava. Encaminhou o carro até uma oficina mecânica da região,
oficina essa que foi indicada a ele por um colega de trabalho. O chefe da
oficina, Jaime, elaborou um orçamento descrevendo que seria necessário
substituir a engrenagem e o conjunto sincronizador da 3ª marcha.
No orçamento, Jaime descreveu as peças que seriam substituídas e, ain-
da, o tempo necessário para o reparo. Quando Yuri viu que levaria oito
horas para executar o serviço, ficou preocupado, pois morava longe e
tinha uma reunião no dia seguinte; deste modo, não chegaria a tempo
para sua reunião.
O consultor que o atendeu explicou que a mão de obra é determinada
conforme uma tabela padrão, descrita pelo fabricante do veículo, mas
que tinha em sua oficina um mecânico que trabalhava muito rápido, por-
que tinha muita experiência com este tipo de serviço.
Explicou, ainda, que ele poderia realizar o serviço em menos tempo, e
que o valor seria o mesmo devido ao padrão de mão de obra estabele-
cido pelo fabricante. Após a autorização de Yuri, o mecânico iniciou o
reparo e em seis horas o veículo estava pronto, deixando o cliente muito
contente e satisfeito.
9 COMPONENTES DO SISTEMA DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
157

Percebeu como é importante esclarecer bem ao cliente de que forma funciona


o orçamento dos serviços prestados? Aqui você finaliza mais um capítulo, mas
continue atento aos próximos assuntos.

RECAPITULANDO

Neste capítulo, você aprendeu alguns detalhes mais técnicos sobre os


componentes do sistema de transmissão, bem como de que maneira
executar um orçamento e identificar os valores de mão de obra a serem
cobrados.
Note que estes conhecimentos são importantes para que você possa
atender bem os clientes, demonstrando qualidade e honestidade nos
serviços realizados. Continue seus estudos e boa sorte!
Anomalias Previsíveis do Sistema
de Transmissão Mecânica

10

Ao andar em um veículo, dirigindo ou como passageiro, muitas pessoas podem perceber


quando o veículo faz barulhos ou possui comportamento considerado anormal. Mas nem todos
sabem dizer exatamente qual é o problema que está ocorrendo e sua localização no veículo.
Contudo, um mecânico saberá identificar uma anomalia em um veículo de diversas formas
diferentes: ele poderá ouvir o barulho e, com sua experiência identificar o problema; ele poderá
pesquisar possíveis causas relacionadas ao problema. Para isso, é importante que ele conheça
as anomalias que podem ocorrer no veículo e, nesse caso, no sistema de transmissão mecânica,
para que realize um diagnóstico correto e, assim, um reparo de qualidade.
Portanto, neste capítulo, você aprenderá sobre determinadas anomalias que podem ocor-
rer no sistema de transmissão, das quais algumas podem ser previstas e, ainda, prevenidas ou
prolongadas.
Existem diversos tipos de anomalias, ou defeitos, que podem ser previstos, por este motivo,
é importante que você conheça alguns exemplos de anomalias previsíveis ao sistema de trans-
missão.
Sendo assim, ao final dos estudos deste capítulo, você terá subsídios para:
a) identificar os tipos de anomalias que podem ocorrer nos sistemas de transmissão mecâ-
nica;
b) reconhecer a causa e a consequência dos defeitos nos sistemas de transmissão mecânica.
Conheça, a seguir, mais detalhes sobre as anomalias nos sistema de transmissão mecânica,
lembrando de retomar os conceitos e leituras já abordados, sempre que sentir necessidade.
SISTEMAS DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
160

1 ANOMALIA 10.1 TIPOS E CARACTERÍSTICAS


É um defeito existente em Algumas anomalias1, pode-se dizer que são comuns nos veículos, sendo assim,
um componente. Todo e
qualquer defeito é uma sabe-se que irão ocorrer, como o desgaste do disco de embreagem, por exemplo.
anomalia, bem como o
funcionamento inadequado Este tipo de anomalia é relacionado ao tempo de uso do veículo e às suas condi-
de um componente. ções de uso.
Você deve lembrar que nenhuma peça dura para sempre, mas algumas pos-
suem a vida útil maior do que outras. No caso dos sistemas de transmissão mecâ-
2 CONDIZ nica, os desgastes naturais são poucos, neste caso, a maior causa de desgaste é a
aplicação e utilização do sistema.
Condizer significa estar
relacionado. Por exemplo,
se o serviço não condiz com
No caso das juntas homocinéticas, é previsível que ocorra um desgaste nas
o especificado, quer dizer trizetas e conexões, e ainda, um ressecamento das coifas de proteção. O fato é que
que não está como o que
foi determinado. não há como saber quando irá ocorrer, pois diversos fatores influenciam, como o
terreno em que o veículo anda, o modo de condução do motorista, o processo de
fabricação, os cuidados com a manutenção. E estes fatores se somam, por isso, é
difícil determinar uma única causa para uma anomalia.
No caso das caixas de mudanças e diferencial, ocorre a mesma coisa, uma
vez que todos os fatores relacionados anteriormente, aplicam-se às caixas de
marchas. Estas, por sua vez, sofrem maior impacto com estas intervenções exter-
nas em seu funcionamento, reduzindo, assim, sua vida útil. Isto porque a caixa de
marchas é que recebe a força do motor, trabalhando com maior esforço.
Existem os chamados itens de desgaste, que são componentes que possuem
um desgaste natural conforme sua utilização, como por exemplo, o disco de em-
breagem, que é gasto conforme é utilizado. Estes itens têm seu desgaste relacio-
nado diretamente à utilização, por este motivo, é impossível dizer quanto tempo
dura este tipo de componente.

Que a maioria dos defeitos do sistema de transmissão é


VOCÊ devido à má operação? Isto ocorre porque os proprie-
SABIA? tários utilizam seus veículos da mesma forma, em qual-
quer tipo de terreno, o que prejudica os componentes.

E ainda existem anomalias decorrentes de falhas de processo, seja de fabri-


cação ou montagem. Este tipo de anomalia ocorre quando um componente é fa-
bricado com pouca qualidade, ou o serviço realizado não condiz2 com os padrões
de qualidade do fabricante.
Quando se realiza um serviço sem ter a preocupação com a qualidade, a vida
útil dos componentes será reduzida, com isso, o componente reparado terá uma
durabilidade menor, fazendo com que o cliente fique descontente.
10 ANOMALIAS PREVISÍVEIS DO SISTEMA DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
161

Muitos defeitos são ocasionados por causa de outros com-


FIQUE ponentes e, se não forem reparados, podem prejudicar a
qualidade do serviço, por isso, procure descobrir a causa
ALERTA do defeito e indicar a troca de todos os componentes ne-
cessários.

10.2 CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS APLICADAS NO SISTEMA DE


TRANSMISSÃO MECÂNICA

Existem diversas causas para a ocorrência de um defeito, como você já apren-


deu. Estas causas podem ser naturais, quando um componente chega ao final da
sua vida útil, ou a anomalia pode ter como causa fatores externos, como clima,
corpos estranhos, entre outros.
As causas naturais mais comuns de ocorrerem são difíceis de identificar. O que
geralmente ocorre, é identificar que houve desgaste de um componente, mas di-
ficilmente será dita a causa do desgaste. É claro que conforme o tempo de vida e
utilização do componente pode-se dizer se ele está no fim de sua vida útil ou não.
Quando o proprietário do veículo o utiliza em terrenos acidentados, provoca
uma redução na sua vida útil, uma vez que o sistema não suporta os trancos ge-
rados pelas imperfeições na pista. Mesmo que o veículo seja um utilitário, ou uma
picape, o sistema de transmissão sofre impactos, e mesmo com um sistema mais
robusto, estes impactos afetam seus componentes, reduzindo sua vida útil. Neste
caso, é correto dizer que o desgaste prematuro é devido à aplicação do veículo.
iStockphoto ([20--?])
SISTEMAS DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
162

Algumas anomalias ocorrem por que fatores externos a provocaram, como


por exemplo, se uma pedra rasga a coifa de proteção da homocinética, fazendo
com que a graxa escorra para fora, prejudicando a lubrificação da trizeta, isto faz
com que ocorra um desgaste prematuro, ocasionado por fatores externos.

SAIBA SAIBA MAIS Para saber mais sobre algumas causas de ano-
malias, lendo as notícias e matérias do jornal oficina Brasil,
MAIS basta acessar o site: <http://www.oficinabrasil.com.br/>.

Acompanhe agora, no Casos e relatos, um exemplo de fator externo que pode


afetar o sistema de transmissão.

CASOS E RELATOS

Trafegando com segurança em pista acidentada


Antônio é dono de uma oficina especializada em sistema de transmissão
mecânica situada na região da cidade de Maringá, no estado do Paraná.
Certo dia, Antônio recebeu o Sr. Pereira, cliente da oficina há mais de 10
anos. O cliente reclamava de um defeito no sistema de transmissão. Ao ser
analisado pelo técnico, foi constatado que o defeito fora ocasionado por
fatores externos, como estradas irregulares ou com defeitos no asfalto.
Quando Antônio relatou isto ao cliente, o mesmo explicou que precisou
rodar por uma estrada muito acidentada, com cascalho e pedras. Com
isso, Antônio pôde constatar que era essa a causa do defeito e que isso
poderia ter afetado o sistema de transmissão. O mecânico realizou os
testes adequados e, depois de confirmar o defeito, Antônio conseguiu
realizar o reparo necessário.
Com isso, após perceber que a causa do defeito no veículo foi o fato de
trafegar em estrada acidentada, o Sr. Pereira entendeu a importância de
conduzir o veículo corretamente, e com cautela, quando a pista não está
em boas condições.
10 ANOMALIAS PREVISÍVEIS DO SISTEMA DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
163

Aqui você encerra mais uma etapa, o que achou dos conteúdos até aqui apre-
sentados? Saiba que são conhecimentos imprescindíveis para sua atuação profis-
sional.

RECAPITULANDO

Neste capítulo, você conheceu algumas anomalias do sistema de trans-


missão, como identificá-las e a importância de conhecer a causa de um
defeito.
Com estes conhecimentos das causas e consequências de defeitos na
transmissão, você estará cada vez mais capacitado a realizar reparos no
sistema de transmissão, atendendo aos padrões de qualidade dos fabri-
cantes e sempre objetivando a longevidade do sistema.
Segurança do Trabalho

11

Ao longo desse curso foi bastante enfatizada a qualidade do trabalho, mas não se pode es-
quecer a segurança dos mecânicos e de todos aqueles envolvidos no processo de reparo de um
veículo. Isso porque qualquer incidente, ou ainda, peças soltas podem provocar danos superfi-
ciais ou à saúde do trabalhador. Então você pode pensar: qual é a melhor forma de me proteger
e garantir que eu não sofra nenhum tipo de dano? Para garantir seu bem-estar, você deve usar
todos os equipamentos de proteção disponibilizados aos mecânicos, além de conhecer e res-
peitar os fundamentos e normas de segurança. Então, neste capítulo, você aprenderá sobre a
segurança no trabalho, e verá os riscos que você pode correr em algumas operações realizadas
durante um serviço. Para evitar acidentes, leia com muita atenção este capítulo.
A segurança no trabalho, sem dúvida alguma, é o que garante que você exerça sua profissão
com saúde plena. O setor de reparação automotiva é um setor com muitos perigos, e se você
não tomar os devidos cuidados, facilmente sofrerá um acidente de trabalho.
Ao final dos estudos deste capítulo, você terá subsídios para:
a) reconhecer os fundamentos da segurança no trabalho;
b) prevenir os acidentes que podem ocorrer durante a substituição e montagem dos com-
ponentes;
c) utilizar o EPI adequado para a situação do trabalho;
d) evitar acidentes de trabalho durante a geometria da direção.
Inicie com entusiasmo, pois tem muita coisa interessante para você aprender ao longo deste
conteúdo!
SISTEMAS DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
166

1 EMPREGADOR 11.1 FUNDAMENTOS DE SEGURANÇA


É a empresa em que você Você viu que, por diversas vezes, foi falado em trabalhar de forma adequada,
trabalha, ou seja, é quem
lhe dá emprego. em manter a postura e ter cuidados, para não sofrer um acidente de trabalho,
ou ainda, desenvolver uma doença decorrente da atividade exercida. Como por
exemplo, uma pessoa que passa o dia digitando textos no computador, ela pode
vir a desenvolver uma tendinite por causa do esforço repetitivo, por isso os exercí-
cios laborais, equipamentos e acessórios adaptados para minimizar a ocorrência
desse tipo de problema são muito importantes. Dessa mesma forma, em conces-
sionárias com um número expressivo de trabalhadores existe um setor chamado
geralmente de CIPA, que trata de questões referentes à segurança do trabalho,
preocupando-se com esses riscos que os trabalhadores correm. Assim, criam pla-
nos de prevenção de acidentes e, ainda, realizam estudos, para identificar as pro-
váveis causas de acidente das atividades desenvolvidas.

Na sequência, conheça a importante função das normas técnicas de segurança.

11.2 NORMAS TÉCNICAS DE SEGURANÇA

As Normas Regulamentadoras (NRs) foram criadas para que exista um padrão,


quando se trata de saúde e segurança do trabalho, existindo uma norma para
cada tipo de situação ou condição do trabalho. Por exemplo, a norma NR 21 es-
tabelece as condições para trabalho em céu aberto, discriminando os deveres do
trabalhador e da empresa, indicando quais os equipamentos de proteção e a que
condições o trabalhador pode ser submetido e, ainda, seus ressarcimentos.
11 SEGURANÇA NO TRABALHO
167

Existem diversas leis que regulamentam as práticas de segurança do traba-


lho, e se o empregador1 não estiver atento, pode sofrer penalidades, caso um
empregado sofra um acidente de trabalho por negligência ocasionada pela falta
de disponibilizar qualquer equipamento de segurança de uso obrigatório, não
proceder com as devidas sinalizações em locais de perigo ao trabalhador, entre
outras causas.

FIQUE O não cumprimento das normas de segurança no trabalho


pode afetar a saúde do trabalhador e, ainda, gerar uma pe-
ALERTA nalidade elevada à empresa.

Você viu aqui, que a segurança do trabalho deve ser proporcionada pela em-
presa, em determinados quesitos indicados e regulamentados pelas NRs. Mas
também é dever do trabalhador agir de acordo com as normas, procedendo com
atitude segura, respeitando as orientações indicadas para o desenvolvimento das
suas atividades como, por exemplo, o uso de equipamentos de proteção indivi-
dual.
Dentro deste contexto, veja, a seguir, mais detalhes sobre os riscos proceden-
tes da inspeção e operação de reparação do sistema de transmissão mecânica.

11.3 RISCOS DE INSPEÇÃO E OPERAÇÃO

Conheça, agora, alguns importantes cuidados que você deve ter ao realizar
determinadas atividades.
SISTEMAS DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
168

2 MACETADA 11.3.1 RISCOS NA OPERAÇÃO DE REPARAÇÃO


Macetar é acertar, ou seja, Ao reparar um componente, muitas vezes você precisará substituir peças, e
golpear algo, por isso
você deve cuidar para não esta substituição requer a utilização de ferramentas, as quais devem estar em
macetar alguma parte de
seu corpo. boas condições.
Ao utilizar um martelo, seja para instalar ou ajustar um componente, tome cui-
dado para que ele não escape de sua mão. Cuide, ainda, para que não escape da
peça ou ferramenta a ser macetada2, pois pode acabar golpeando partes do seu
3 ESPANADA
corpo.
Quando dizemos que algo
está espanado, queremos Quando utilizar uma chave de fenda para instalar algum componente, tam-
dizer que não está com
sua forma original, o que
bém tome cuidado para esta não escapar, pois pode ocorrer de perfurar alguma
possibilita que a ferramenta parte do seu corpo.
escape.
É comum, durante uma reparação, existir a necessidade de trocar uma deter-
minada junta de vedação. Para isso, você precisa raspar a junta velha do compo-
nente. Esta ação exige a utilização de uma ferramenta afiada, para poder raspar.
Você deve tomar cuidado ao raspar uma peça com este tipo de ferramenta, pois
ela pode trancar na junta velha, com isso, você aplicará mais força e é neste mo-
mento que está o perigo, já que no excesso de força, pode ser que a ferramenta
escape e corte alguma parte do seu corpo.

11.3.2 RISCOS NA INSPEÇÃO

Ao inspecionar as peças, com o objetivo de realizar uma avaliação, você pre-


cisará pegá-las e, ainda, virá-las, para poder analisar cada parte do componente.
O fato é que muitas peças possuem um peso considerável, o qual, se for proje-
tado em direção ao seu corpo, ou seja, se estas chegarem a cair, isto poderá cau-
sar um acidente de trabalho. Por este motivo, você deve tomar cuidado e garantir
que a peça esteja limpa, para evitar que escorregue. E se esta for muito pesada, é
preciso buscar um apoio firme.
Ao inspecionar embaixo do veículo, utilize óculos de proteção, já que sujeiras
podem cair do automóvel. Cuide da sua postura ao analisar os componentes, uma
vez que é muito comum ver mecânicos curvados diante da bancada de trabalho,
para realizar uma análise melhor, e isto acaba forçando sua coluna, ocasionando
uma doença do trabalho.
11 SEGURANÇA NO TRABALHO
169

11.3.3 RISCOS NA OPERAÇÃO DE REMOÇÃO DE COMPONENTES

Ao remover um componente do sistema de transmissão, você deve ter o cui-


dado de encaixar a ferramenta corretamente, caso contrário, ela pode escapar, e
você sofrer um grave acidente.
Na operação de remoção, você deve primeiro analisar os riscos que você pode
correr. Como o óleo do câmbio que pode escorrer no chão, e você escorregar.
Um parafuso com a cabeça espanada3 pode ocasionar um acidente, já que a
ferramenta pode escapar do parafuso. O óleo lubrificante pode espirrar em seu
rosto, bem como sujeiras de baixo do veículo podem cair sobre seus olhos, por
isso, o uso dos óculos de proteção é fundamental.

Jupiterimages ([20--?])

11.3.4 RISCOS NA SUBSTITUIÇÃO DE COMPONENTES

Ao substituir um componente, é comum a necessidade de ajustes, o que nor-


malmente é realizado com ferramentas mais finas, que, se não utilizadas com cui-
dado, podem acabar provocando acidentes.
Ao manusear o componente, tome cuidado para que ele não caia no seu pé,
ou em cima de qualquer parte do seu corpo. Use sempre roupas fechadas, para
evitar possíveis acidentes de trabalho e calçado adequado.
Ao substituir um componente da caixa de câmbio, você também lidará com o
óleo, por isso, cuide para que não derrame no chão, o que possibilita escorrega-
mentos, ou ainda, que espirre em seus olhos, então sempre use óculos de prote-
ção para esta atividade.
SISTEMAS DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
170

Quando for necessário substituir qualquer componente que trabalhe com a


presença do óleo lubrificante, lembre-se de primeiro escorrer o óleo. Ainda assim,
haverá um pouco de óleo nas engrenagens da caixa, o que sujará suas mãos e
ferramentas, por este motivo, tome cuidado para que a ferramenta ou suas mãos
não escorreguem, procurando secar bem o óleo da região de trabalho.
Sempre que for necessário utilizar um sacador, de rolamento ou qualquer ou-
tro, cuide com sua ação, pois devido à pressão aplicada, ele solta o componente
em uma ação muito rápida, que pode ferir quem está próximo.

VOCÊ Que o uso correto de EPIs diminui em 92% o risco de


acidentes de trabalho? Então não perca tempo e come-
SABIA? ce a utilizar os equipamentos de proteção!

11.3.5 RISCOS NA MONTAGEM DE COMPONENTES

No momento da montagem dos componentes do sistema de transmissão,


você deve observar se o local de trabalho apresenta condições de realizar o servi-
ço. Observe se a bancada de trabalho está em uma altura boa, se existe boa ven-
tilação do ambiente, se as peças estão limpas, e se as ferramentas e instrumentos
estão em boas condições de uso.
Ao montar, tome cuidado ao apertar os parafusos, para evitar que uma ferra-
menta escape e cause um acidente. Se um determinado parafuso estiver com sua
cabeça danificada, poderá fazer com que a ferramenta escape.
Se for necessário utilizar um estilete para abrir uma embalagem, tome cuidado
para não se cortar.
E durante a montagem, se for necessário pressionar alguma peça com as
mãos, tome cuidado para não machucá-las. Para isso, observe a peça antes de
pressionar.
Ao aplicar o aperto exato das peças, faça-o em uma postura adequada, para
evitar atrofias musculares, ou ainda, que você perca o equilíbrio.
11 SEGURANÇA NO TRABALHO
171

11.3.6 RISCOS NA REALIZAÇÃO DA GEOMETRIA

Ao realizar a verificação e ajuste da geometria, você precisará instalar os verifi-


cadores de roda, o que deve ser feito com as mãos, pressionando contra o pneu,
sendo assim, existe o risco de sua mão escorregar e você machucar alguma parte
de seu corpo.
Tome cuidado ao colocar o veículo na rampa de alinhamento, para que ele
não caia, causando um acidente.

Ingelauto Ferramentas ([20--?])

Ao afrouxar as barras axiais, ou seus terminais para realizar os ajustes neces-


sários, cuide para que a ferramenta não escape, o que pode causar sérios danos.
E também, reforçando o que já foi indicado anteriormente, ao ficar embaixo do
veículo, utilize óculos de proteção, para evitar que sujeiras caiam em seus olhos.
Perceba que estes cuidados são muito importantes para a realização do traba-
lho com qualidade e para que você esteja seguro no momento dessas operações.
Você pôde verificar que os equipamentos de proteção são essenciais para poten-
cializar sua segurança, portanto, a seguir, conheça mais detalhes sobre eles.
SISTEMAS DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
172

11.4 EPIS: TIPOS, CARACTERÍSTICAS, APLICAÇÃO, LIMPEZA E


CONSERVAÇÃO

Para que você, como mecânico de reparação, esteja protegido de acidentes


que possam ocorrer durante a execução de um serviço, como já mencionado an-
teriormente, existem os equipamentos de proteção individual. Quer saber quais
são os principais equipamentos para a sua atividade? Veja, a seguir.
Os principais EPIs são: luva de pano para proteger as mãos durante o trabalho;
luva de vaqueta, para quando é preciso carregar algo um pouco mais pesado;
óculos de proteção, que deve ser utilizado o tempo todo em que estiver dentro
da oficina, para que seus olhos fiquem protegidos; protetor auricular, que deve
ser usado sempre que houver ruídos ou barulhos muito altos no ambiente de tra-
balho; jaleco e calça comprida, que protegem, pois têm determinada resistência;
bem como o uso de sapatos fechados e apropriados para a oficina, que evitam
escorregamentos e acidentes com os pés.

Comstock ([20--?])

Figura 94 - Óculos de proteção


Joe Belanger ([20--?])

Figura 95 - Protetor auricular


11 SEGURANÇA NO TRABALHO
173

SAIBA Para conhecer mais detalhes sobre os EPIs, acesse o site:


MAIS <http://www.epis.com.br/>.

Todos os EPIs devem ser guardados limpos, para evitar contaminações por
bactérias, principalmente o protetor auricular, o qual é colocado dentro do ouvi-
do. Se este equipamento estiver sujo, poderá causar doenças que podem preju-
dicar sua audição.
Os óculos de proteção devem sempre estar limpos, caso contrário, prejudicam
a visibilidade e, assim, ao invés de protegerem, poderão causar um acidente de
trabalho.
Veja, a seguir, um exemplo verídico da importância de se utilizar equipamen-
tos de proteção adequados.

CASOS E RELATOS

Por que devemos utilizar o equipamento adequado em todos os


momentos*
Júlio trabalhava em uma retífica de motores muito conceituada na região
de Cuiabá, no estado de Mato Grosso. Para Júlio, era um orgulho trabalhar
naquela equipe. Contudo, ele não costumava utilizar os equipamentos de
proteção individuais e coletivos, mesmo com a cobrança de seus superio-
res e com o fato de a oficina possuir todos os sinais e placas de aviso.
Certo dia, Júlio atendeu um cliente que trouxe um veículo com problema
no cabeçote do motor. Quando estava retificando um cabeçote, saltou
um lasca de metal em seu olho esquerdo. Após o incidente, ele foi levado
ao hospital com urgência, mas todo o serviço prestado pelos médicos
não adiantou e Júlio perdeu a visão do olho esquerdo para sempre.
Depois disso, Júlio aprendeu que é muito importante e indispensável
usar os equipamentos de proteção, mesmo para pequenos reparos, pois
acidentes sempre podem acontecer e, uma das formas de se prevenir, é o
utilizando os equipamentos adequados.

*Esta história surgiu de um fato verídico e este profissional até hoje continua trabalhando, mas com

limitações, devido à sua redução de visão.


SISTEMAS DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
174

Nesse capítulo, você explorou assuntos de muita importância para a seguran-


ça no ambiente de trabalho. A seguir, o assunto será a manipulação de compo-
nentes. Vamos lá!

RECAPITULANDO

Neste capítulo, você aprendeu os riscos nas operações, as quais você exe-
cutará no dia a dia da oficina. Aprendeu como evitar os acidentes de tra-
balho e a importância do uso de EPIs.
Sendo assim, se você trabalha em uma oficina, uma interessante iniciati-
va é promover uma conscientização, explicando aos seus colegas de tra-
balho a importância da utilização dos EPIs e o conhecimento das normas
de segurança.
E lembre-se de que sua saúde é o seu maior bem, então cuide dela com
muito respeito.
11 SEGURANÇA NO TRABALHO
175

Anotações:
Manipulação de Componentes

12

Quando vamos ao médico para realizar exames de rotina, podemos perceber que o profis-
sional conta com equipamentos para medir nossa pressão e escutar as batidas de nosso cora-
ção, tudo isso para ajudá-lo a ter certeza de seu diagnóstico. Assim como o médico conta com
equipamentos para avaliar seus pacientes, você, como mecânico, também conta com equipa-
mentos que o ajudam a diagnosticar o defeito no veículo que chega à sua oficina.
Portanto, neste capítulo, você irá conhecer os equipamentos de apoio, seu uso e manuseio,
além dos procedimentos de uso e conservação de ferramentas. Você também vai aprender a
respeito dos procedimentos e normas técnicas da manipulação de componentes.
Sendo assim, ao final deste capítulo, você terá adquirido diversos conhecimentos, que ser-
virão de base para:
a) aplicar procedimentos de descarte de materiais de forma correta;
b) conhecer tipos de equipamentos para apoio de transmissão;
c) aplicar procedimentos com equipamentos certos para suportar o peso de diversos tipos
de câmbios;
d) aplicar os procedimentos de limpeza e conservação de ferramentas e equipamentos.
Agora você já está pronto para iniciar o estudo. Lembre-se de que autonomia e atenção
serão essenciais durante o percurso de aprendizagem.
SISTEMAS DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
178

12.1 PROCEDIMENTOS E NORMAS TÉCNICAS

Saiba que todas as atividades consideradas nocivas ao meio ambiente devem


ser realizadas seguindo as normas técnicas. No caso da transmissão automotiva,
existem três tipos básicos de materiais que necessitam de atenção:
a) plástico ou amianto das juntas;
b) metal da carcaça e das engrenagens;
c) óleo lubrificante.
Veja, a seguir, mais detalhes do que deve ser feito com o óleo lubrificante,
considerando o que o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) exige.

Resumo da Resolução nº 9, CONAMA.

É proibido o descarte de óleo lubrificante, usado ou con-


taminado, no solo, águas superficiais, subterrâneas, no
mar territorial e em sistemas de esgoto.

É proibida também a evacuação de água residual ou


qualquer outra forma de eliminação que provoque con-
taminação atmosférica.

O óleo usado ou contaminado, regenerável, deverá ser


coletado e encaminhado para rerrefino ou outro meio
de reciclagem autorizado pela autoridade ambiental
competente.

Deverão ser adotadas medidas que evitem a contamina-


ção do óleo usado, por produtos químicos, solventes e
outras substâncias.

O óleo lubrificante usado deverá ser armazenado de for-


ma segura, em recipientes adequados e resistentes a va-
zamentos, e em local de fácil acesso para a coleta.

Todo óleo lubrificante usado ou contaminado deverá


ser recolhido por receptadores ou diretamente pelos co-
letores, devidamente credenciados pelo Departamento
Nacional de Combustíveis.
12 MANIPULAÇÃO DE COMPONENTES
179

No caso do recolhimento por receptadores, é necessário


verificar se os mesmos estão efetivamente realizando a
entrega aos coletores credenciados na forma da lei.

Empresas que consomem mais de 700 litros de lubrifi-


cante por ano devem manter registros de compra, uso
e alienação do óleo usado, para fins de fiscalização, pelo
período de dois anos. (CASTRO, 2008).

SAIBA Sobre o CONAMA e suas resoluções, acessando o site:


MAIS <http://www.mma.gov.br/conama/>.

Com relação aos demais materiais, plásticos e metais, estes devem ser descar-
tados separadamente. Todo o metal deve ser vendido para empresas que façam
o recolhimento e o destinem para a reutilização em novos materiais.
Conheça, agora, os dispositivos e equipamentos de apoio.

12.2 DISPOSITIVOS E EQUIPAMENTOS DE APOIO

Uma caixa de câmbio é um componente bastante pesado e costuma estar


preso a vários acessórios. Para removê-la de um automóvel, é preciso ter alguns
equipamentos específicos. Veja, a seguir.

12.2.1 TIPOS

Normalmente, os equipamentos utilizados para fazer a remoção e apoio de


uma caixa de câmbio são dos tipos: mecânico e hidráulico.
O emprego da tecnologia hidráulica favorece os trabalhos que necessitam de
força, uma vez que estes sistemas são capazes de multiplicar a força aplicada,
erguendo uma grande quantidade de peso.
Os componentes mecânicos costumam ser utilizados para realizar o contato e
apoio com as peças, normalmente sustentados por uma haste hidráulica.
SISTEMAS DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
180

12.2.2 CARACTERÍSTICAS

O macaco mecânico de câmbio apresenta uma base elevada e um fuso com


rosca acionado por uma manivela. O princípio de funcionamento deste equipa-
mento é o mesmo do macaco convencional, que é um item obrigatório do veícu-
lo, no entanto, sua base é elevada para alcançar a caixa de câmbio do automóvel
quando o mesmo estiver suspenso no elevador. Veja, a seguir, como é este dis-
positivo.

Figura 96 - Macaco mecânico de câmbio

Existe também a versão hidráulica do macaco de câmbio, que possui o mesmo


objetivo do mecânico, mas suporta pesos maiores e é mais fácil de ser operado,
uma vez que a força aplicada nele será multiplicada. Os macacos hidráulicos de
câmbio podem ser do tipo jacaré, para apoiar componentes com o veículo no
chão; ou com haste, para apoiar componentes com o veículo suspenso no eleva-
dor. Agora, veja os dois modelos de macaco de câmbio hidráulico.

Figura 97 - Macaco hidráulico de câmbio tipo jacaré


12 MANIPULAÇÃO DE COMPONENTES
181

LJ Pneumáticos ([20--?])

Figura 98 - Macaco hidráulico de câmbio com haste telescópica

12.2.3 APLICAÇÃO

O macaco do tipo jacaré costuma ser utilizado para realizar manutenções em


que o veículo fique no chão, como uma substituição de algum suporte da caixa
de câmbio, por exemplo.

FIQUE Jamais se exponha a riscos desnecessários. Quando sus-


pender um veículo com um macaco jacaré não entre em-
ALERTA baixo dele sem antes apoiá-lo sobre cavaletes de apoio.

Sempre que o veículo estiver suspenso, será necessário utilizar um macaco


com haste para poder alcançar e baixar o componente com segurança.
A caixa de câmbio é ligada ao motor do veículo e quando esta é removida, o
motor perde grande parte de seu apoio. Para compensar esta diferença, é neces-
sário utilizar algo para apoiar o motor, nesse caso, utiliza-se o suporte para mo-
tor. Trata-se de uma barra metálica apoiada na carroceria do veículo, a qual passa
por cima do motor, e uma corrente ou haste metálica que prende o motor a ela,
evitando que o mesmo fique solto e ocorra um acidente.
SISTEMAS DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
182

LJ Pneumáticos ([20--?])
Figura 99 - Suporte para motor

12.2.4 CONSERVAÇÃO

Para manter estes equipamentos sempre em bom estado é fundamental cui-


dar de sua limpeza e armazenamento. Sabe-se que ao deixar o metal exposto às
intempéries climáticas, ele oxidará e, em pouco tempo, estará deteriorado. Desta
forma, é preciso acondicionar estes materiais metálicos longe de umidade e das
ações do clima.

Medioimages/Photodisc ([20--?])

Figura 100 - Ferramenta oxidada

É importante manter sempre lubrificadas com graxa ou óleo lubrificante as


engrenagens e fusos com rosca, para que seu funcionamento seja sempre suave
e sua vida útil seja prolongada.
12 MANIPULAÇÃO DE COMPONENTES
183

Que o vazamento de óleo hidráulico sob pressão pode


VOCÊ causar ferimentos e queimaduras graves e, até mesmo,
SABIA? matar uma pessoa? Por isso, tome todos os cuidados
necessários ao lidar com este tipo de componente.

No caso dos equipamentos hidráulicos é preciso ter um cuidado adicional,


qualquer vazamento deve ser encarado como um problema sério, pois pode
comprometer o serviço e a segurança do profissional. Lembre-se de que vaza-
mentos precisam ser reparados com urgência.
Você agora está convidado a conhecer mais um exemplo de como proceder
com segurança na operação com equipamento de apoio.

CASOS E RELATOS

A correta maneira de trabalhar com equipamentos de proteção


Juarez é proprietário de um determinado veículo e é também um apai-
xonado por carros. Por causa dessa paixão e curiosidade sobre o mundo
automotivo e as novidades na área, ele costuma ler diversos manuais e
revistas que trazem matérias sobre veículos automotivos. Certo dia, seu
automóvel começou a apresentar um barulho estranho.
Após conversar com seu amigo mecânico, Juarez percebeu que havia
um suporte da caixa de câmbio que precisava ser trocado. Felizmente,
o acesso a esse componente era fácil e, utilizando um macaco jacaré, a
manutenção poderia ser feita sem um elevador automotivo.
Como Juarez é uma pessoa prevenida, após suspender o automóvel, o
apoiou sobre cavaletes metálicos para que nenhum acidente aconteces-
se. Além disso, ele colocou óculos de proteção para que nenhuma sujeira
caísse nos seus olhos. O resultado foi um procedimento de manutenção
bem feito e sem oferecer riscos.

Viu como o uso correto dos equipamentos de apoio e EPIs são fundamentais
para o dia a dia na oficina? Aqui você finaliza mais um capítulo, mas saiba que
ainda tem muitos assuntos interessantes aguardando por você.
SISTEMAS DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
184

RECAPITULANDO

Neste capítulo, você verificou como devem ser tratados os componentes


do sistema de transmissão e quais os equipamentos essenciais para se
trabalhar com eles.
Pôde verificar ainda, que observar atentamente as condições dos equipa-
mentos garante a segurança de quem os utiliza e, também, a qualidade
dos serviços prestados.
Portanto, lembre-se de que seguir as normas técnicas é extremamente
recomendado, pois o planeta necessita de ações sustentáveis.
12 MANIPULAÇÃO DE COMPONENTES
185

Anotações:
Armazenagem de Componentes

13

Na rotina de uma oficina, você, como mecânico, trabalha com diversas peças que precisam
de cuidado, pois muitas possuem óleo e outras substâncias que podem ser nocivas à pele e
outras áreas sensíveis. Portanto, além de usar os equipamentos de proteção, é fundamental
que você conheça bem os produtos e equipamentos que utiliza em sua rotina e saiba como
armazenar cada um deles.
Saiba que o armazenamento correto dos produtos implica em evitar que incidentes aconte-
çam, ou ainda, que um produto entre em contato com outro, fazendo com que eles se tornem
impróprios para uso.
Sendo assim, neste capítulo você verá que, ao lidar com a caixa de câmbio é necessário ter
um cuidado especial com o armazenamento de todos os materiais. Por se tratar de diversas
partes mecânicas, é preciso tomar algumas precauções. Em especial com as engrenagens, que
costumam ter posições específicas de montagem. O óleo lubrificante também necessita de cui-
dados específicos, que você também conhecerá, a seguir. Portanto, ao final deste capítulo, você
terá adquirido diversos conhecimentos que servirão de base para você saber realizar o:
a) armazenamento de diversos tipos de resíduos;
b) descarte adequado dos resíduos citados.
Ficou curioso para saber mais sobre armazenagem de componentes? Então para iniciar este
capítulo de estudos, reúna comprometimento e energia e siga em frente!
SISTEMAS DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
188

13.1 PROCEDIMENTOS E NORMAS DE ARMAZENAGEM

Ao desmontar uma caixa de câmbio, você irá se deparar com dois eixos reple-
tos de engrenagens, travas e anéis, que estão montados na única forma em que
o conjunto funcionará bem.
Ao fazer a desmontagem dos componentes, é interessante organizá-los de
acordo com a sequência de desmontagem. Existem chavetas (travas mecânicas)
que precisam ser montadas na posição correta. Para que isto ocorra, é preciso
observar todas as marcações, tanto nos eixos como nas engrenagens.

FIQUE Antes de desmontar uma caixa de câmbio, drene o óleo


ALERTA dela e destine-o ao descarte.

Ao lidar com um componente complexo, como uma caixa de câmbio, é funda-


mental que você siga as instruções constantes no manual de reparação.

13.2 ARMAZENAGEM DE RESÍDUOS QUÍMICOS

Todo material químico precisa ser descartado de maneira a causar o menor


impacto ambiental possível. Veja o quadro a seguir, que foi desenvolvido pela
Universidade Federal do Paraná ([20--?]), que aborda o correto destino para cada
tipo de resíduo.

O QUE FAZER
TIPO DE RESÍDUOS
EXEMPLO (SOMENTE PESSOAL
QUÍMICOS
HABILITADO) (2002)
Recolher os resíduos de cada
Mercúrio de termômetros, sais
Resíduo com cádmio, tálio e metal em separado. Se possível,
ou soluções com cádmio, tálio
mercúrio precipitar como sais insolúveis e
ou mercúrio.
guardar como sólido seco.
Solventes de HPLC, solventes
Recolher em separado para
Resíduo de solventes recicláveis de extração Sohxlet, solventes
futura recuperação.
rotaevaporados, formol.
Recolher os resíduos de cada
Resíduos de metais preciosos Sais ou soluções contendo pra-
metal em separado para futura
ou recicláveis ta, ósmio, ouro, platina, rutênio.
recuperação.
13 ARMAZENAGEM DE COMPONENTES
189

O QUE FAZER
TIPO DE RESÍDUOS
EXEMPLO (SOMENTE PESSOAL
QUÍMICOS
HABILITADO) (2002)
Cabeça e cauda de destilação,
solvente de limpeza, solventes
Resíduos de solventes para Neutralizar a acidez (se houver)
contaminados de difícil puri-
descarte e descartar em bombona.
ficação, misturas azeotrópicas
não–reutilizáveis.
1) Sólidos ou pastas - Misturar
com o mesmo volume de água.
Ajustar o pH entre 7 e 9.
Soluções de ácido clorídrico, sul- 2) Soluções concentradas -
fúrico, fosfórico, nítrico, acético, Diluir até que se obtenha uma
Resíduos ácidos
perclórico, ácidos sólidos (como solução com, pelo menos, 50%
oxálico e cítrico). de água em volume. Ajustar o
pH entre 7 e 9.
3) Soluções diluídas - Ajustar o
pH entre 7 e 9.
1) Sólidos ou pastas - Misturar
com o mesmo volume de água.
Ajustar o pH entre 7 e 9.
2) Soluções concentradas -
Aminas, soluções de hidróxidos,
Diluir até que se obtenha uma
soda cáustica, solução alcoolato,
Resíduos básicos solução com, pelo menos, 50%
amônia.
de água em volume. Ajustar o
pH entre 7 e 9.
3) Soluções diluídas - Ajustar o
pH entre 7 e 9.
1) Sólidos ou pastas - Misturar
com o mesmo volume de água.
Neutralizar com sulfito de sódio
Soluções ou sais de dicromato, e depois ajustar o pH entre 7 e 9.
permanganato, hipoclorito, 2) Soluções aquosas concentra-
iodato, persulfato, bismuto das - Diluir até que se obtenha
Resíduos fortemente oxidantes (III). Solução de bromo, iodo, uma solução com, pelo menos,
peróxido de hidrogênio. Sólidos: 50% de água em volume. Neu-
bismutato de sódio, dióxido de tralizar com sulfito de sódio e
chumbo, ácido crômico. depois ajustar o pH entre 7 e 9.
3) Soluções aquosas diluídas -
Neutralizar com sulfito de sódio
e depois ajustar o pH entre 7 e 9.
SISTEMAS DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
190

O QUE FAZER
TIPO DE RESÍDUOS
EXEMPLO (SOMENTE PESSOAL
QUÍMICOS
HABILITADO) (2002)
1) Sólidos ou pastas - Misturar
com o mesmo volume de água.
Neutralizar com peróxido de hi-
drogênio a 30% e depois ajustar
o pH entre 7 e 9.
2) Soluções concentradas -
Hidrazina, soluções ou sais de Diluir até que se obtenha uma
Resíduos fortemente redutores sulfito, iodeto, tiosulfato, oxala- solução com, pelo menos, 50%
(exceto metais e ligas) to, ferro (II), estanho (II), fósforo de água em volume. Neutralizar
vermelho. com peróxido de hidrogênio a
30% e depois ajustar o pH entre
7 e 9.
3) Soluções aquosas diluídas
- Neutralizar com peróxido de
hidrogênio a 30% e depois
ajustar o pH entre 7 e 9.
Soluções contendo cromo(III),
Soluções aquosas contendo
chumbo(II), níquel (II), cobre Ajustar o pH entre 7 e 9, prefe-
sais ou complexos de metais
(II), cobalto(II), bismuto(III), rencialmente com carbonato de
pesados que não se enquadram
manganês(II), cádmio(II), sódio sólido.
nas classes anteriores
índio(III).
Lavar com água, secar e guardar
Resíduos sólidos contendo
Ferro, estanho, bronze, latão, como sólido seco. A água de
metais ou ligas (exceto hidroli-
zinco, solda, papel alumínio. lavagem deve ser tratada de
sáveis)
acordo com sua classe.
Sódio, potássio, cloretos de acila,
pentóxido de fósforo, hidreto de
Resíduos com substâncias Reagir cuidadosamente com
sódio, pentacloreto de fósforo,
hidrolisáveis água. Ajustar o pH entre 7 e 9.
anidridos de ácidos, cloreto de
alumínio anidro, alquil alumínio.
13 ARMAZENAGEM DE COMPONENTES
191

O QUE FAZER
TIPO DE RESÍDUOS
EXEMPLO (SOMENTE PESSOAL
QUÍMICOS
HABILITADO) (2002)
1) Sólidos ou pastas - Misturar
com o mesmo volume de água.
Adicionar 1 grama de NaOH por
100ml de solução. Adicionar
água sanitária.
2) Soluções concentradas -
Diluir até que se obtenha uma
Soluções e sólidos com sais de solução com, pelo menos, 50%
Resíduos com cianeto
cianeto. de água em volume. Adicionar
1 grama de NaOH por 100ml
de solução. Adicionar água
sanitária.
3) Soluções aquosas diluídas
- Adicionar 1 grama de NaOH
por 100ml de solução. Adicionar
água sanitária.
Pólvora, fósforo branco, peróxi- Pesquisar procedimentos
Resíduos explosivos, pirofóricos
do de benzoíla, hidro peróxido de inertização específicos. A
ou que reagem violentamente
de terc-butila, ácido peracético, solução resultante deve ter o pH
com oxigênio do ar.
ácido pícrico, trietilalumínio. ajustado entre 7 e 9.
Pesquisar procedimentos
Resíduos que sofrem polimeri- de inertização específicos. A
Acrilonitrila, ácido acrílico.
zação violenta solução resultante deve ter o pH
ajustado entre 7 e 9.
Pesquisar procedimentos
Brometo de etídio, nitrosaminas, de inertização específicos. A
Outros resíduos perigosos
aflatoxinas, PCBs, PCDDs, PCDFs. solução resultante deve ter o pH
ajustado entre 7 e 9.
Lavar, secar e guardar como
Agulhas, lâminas, pregos, para-
Perfuro-cortantes sólido seco em frasco plástico
fusos, facas, bisturis.
de parede grossa.
Lavar o interior do frasco com
etanol e depois com água.
Frascos de hidrocarbonetos, Recolher as lavagens como
Frascos de solventes vazios organoclorados, aminas, álcoois, resíduo de solvente. Os frascos
cetonas. limpos podem ser reutilizados
ou descartados no lixo que não
é lixo reciclável.
SISTEMAS DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
192

O QUE FAZER
TIPO DE RESÍDUOS
EXEMPLO (SOMENTE PESSOAL
QUÍMICOS
HABILITADO) (2002)
Frascos de reativos, frascos
de soluções que sofreram Neutralizar o resíduo impreg-
Materiais de vidro ou plástico depósitos de sólidos, vidraria de nado no material conforme sua
contaminados com resíduos laboratório quebrada, filmes de classe. Descartar no resíduo de
químicos PVC (tipo magipack), placas de vidro e plástico de laboratório
microscópio, materiais plásticos ou no resíduo sólido seco.
de laboratório.
Papel de filtro usado, filtros de
Filtros contaminados com Descartar no resíduo sólido
gás, filtros de líquidos, filtros de
resíduos químicos seco.
poeira de laboratório.
Cloreto de sódio, cloreto de
Descartar no resíduo sólido
Sólidos inertes cálcio, sulfato de cálcio, fluoreto
seco.
de sódio, alumina, sílica gel.
Papel alumínio usado para Tratar como resíduo de metais
Papel alumínio contaminado
pesagem. e ligas.
Soluções com cloretos, nitratos,
acetatos, sulfatos de sódio,
Soluções aquosas de substân-
potássio, cálcio, magnésio. So- Descartar na pia.
cias inertes
luções de carboidratos. Extratos
vegetais.

Quadro 4 - Normas para coleta


Fonte: Universidade Federal do Paraná ([20--?])

Você pôde conferir alguns exemplos e formas de armazenagem de resíduos


químicos. Veja, a seguir, como se dá a armazenagem dos resíduos sólidos.

13.3 ARMAZENAGEM DE RESÍDUOS SÓLIDOS

Com relação a este tipo de material, que resulta das atividades produtivas hu-
manas, foi desenvolvido um conceito chamado de 3Rs. Este consiste em reduzir
a quantidade de material gerado, reutilizar tudo o que for possível e reciclar ao
máximo os materiais, dando novas finalidades antes que estes sejam descartados.
13 ARMAZENAGEM DE COMPONENTES
193

Para aprofundar seus conhecimentos sobre reciclagem e 3Rs,


acesse os links:
<http://www.suapesquisa.com/reciclagem/>;
SAIBA
MAIS <http://www.infoescola.com/desenvolvimento-sustentavel/
reduzir-reutilizar-e-reciclar/>;
<http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.
html?aula=3884>.

Mesmo aplicando o conceito de 3Rs, existe a produção de resíduos sólidos e


estes devem ser acondicionados de forma a não prejudicar o solo e, especialmen-
te, os rios. Todo o metal proveniente das caixas de câmbio pode e deve ser vendi-
do para ser novamente fundido e transformado em outro tipo de material. Cabe
ressaltar que os materiais devem ser separados de acordo com sua composição.
Solaris (2011)

Figura 101 - Separação de material

Que os resíduos que podem ser reciclados podem ser


VOCÊ vendidos e aumentar a receita da empresa? Com isso, o
SABIA? custo da oficina reduz e você pode investir mais em sua
empresa.

Conheceu como proceder com a armazenagem? Na sequência, o assunto será


segregação e destinação dos componentes.

13.4 SEGREGAÇÃO E DESTINAÇÃO DE COMPONENTES

Todos os materiais separados devem ser descartados. O metal, por exemplo,


pode ser novamente fundido e utilizado. No entanto, quando este processo é
feito, o metal perde parte de sua qualidade, tornando-se um metal de segunda
linha. Ele continua sendo utilizável, mas para outro tipo de atividade.
SISTEMAS DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
194

O plástico deve ser utilizado na composição de materiais reciclados. Um exem-


plo de como isso ocorre é quando são fabricadas vassouras com cerdas plásticas,
oriundas de materiais reaproveitados. O vidro é um material 100% reciclável, po-
dendo ser reaproveitado diversas vezes.

Planeta em Perigo (2012)


Figura 102 - Vassoura reciclada

Saiba que todo o processo produtivo deve ser estudado para verificar onde
pode ser feita uma redução no material a ser utilizado. O desperdício deve ser
reduzido ao máximo e depois de ter um material pronto, que deixou de ser útil,
deve-se pensar em como aproveitá-lo para realizar outra função. Depois de tudo,
quando não houver mais utilidade para o mesmo, este deve ser então reciclado,
ou seja, transformado em outra coisa.
Os resultados de se trabalhar com ações sustentáveis é uma significativa redu-
ção na utilização e desperdício de recursos e, consequentemente, uma diminui-
ção na emissão de poluentes e na geração de lixo.
Confira agora, o Casos e relatos, que aborda uma questão essencial nos dias
atuais: a reutilização de materiais.
13 ARMAZENAGEM DE COMPONENTES
195

CASOS E RELATOS

Reutilização de materiais
Vanessa é consultora técnica de uma grande concessionária na região do
ABC Paulista e costuma trabalhar utilizando o conceito de 3R, que apren-
deu ao fazer um curso técnico em manutenção automotiva.
Enquanto atende seus clientes e imprime as ordens de serviço, ela pro-
cura utilizar o mínimo de folhas possíveis e imprimir somente a quanti-
dade necessária, procurando economizar papel e, assim, contribuir com
a preservação do meio ambiente, evitando o desperdício. Se, em algum
momento Vanessa comete um engano e imprime um número errado de
folhas, ela ainda procura seguir as orientações de economia de recursos
naturais e utilizar o verso da folha para fazer anotações e utilizar como
rascunho.
Graças às ações de Vanessa, a empresa evita desperdiçar materiais e o
escritório dela está sempre impecável, apenas com o material realmente
útil.

Aqui você finaliza mais uma etapa. Explore todas as informações disponíveis.
Lembre-se: dedicação e comprometimento são essenciais para o processo de
aprendizagem. Vamos em frente!

RECAPITULANDO

Neste capítulo, você pôde ver que as empresas, assim como também
muitas pessoas, em seu dia a dia, utilizam o conceito dos 3Rs (reduzir,
reutilizar e reciclar). E como é importante praticar essas ações na sua prá-
tica profissional!
Normas e Legislação Ambiental

14

Anteriormente, foi tratado sobre o padrão de serviço, para que as oficinas trabalhem sempre
da mesma forma. Imagine você levando seu carro para ser reparado em uma oficina e, algum
tempo depois, tendo que levar em outra oficina para verificar a necessidade de novos reparos.
Se cada oficina fizer suas próprias regras, o mecânico da segunda oficina não saberá com se-
gurança qual serviço foi realizado da primeira vez. Por isso, a importância de haver normas de
padronização e também regras ambientais.
As normas e regras ambientais, se seguidas, garantirão a padronização dos serviços e a saú-
de ambiental. Por isso é tão importante que você conheça os órgãos que estabelecem e regu-
lam para que essas normas sejam cumpridas.
Portanto, ao final deste capítulo, você terá subsídios para:
a) reconhecer os órgãos competentes responsáveis pelas normatizações;
b) reconhecer o tratamento de resíduos aplicados ao sistema de transmissão.
Perceba que as oportunidades de aprendizagem serão muitas, sendo assim, inicie com de-
dicação e atenção e aproveite ao máximo essa oportunidade.
SISTEMAS DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
198

14.1 ÓRGÃOS DE REGULAMENTAÇÃO E CONTROLE

Todas as atividades que oferecem risco ao meio ambiente são normatizadas,


ou seja, tem seus procedimentos regulamentados por um órgão competente. A
seguir, conheça as normatizações e os órgãos responsáveis.

VOCÊ Que já existem leis que obrigam os fabricantes a reco-


SABIA? lher e refinar novamente o óleo lubrificante usado?

O CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) é um órgão consultivo do


Sistema Nacional do Meio Ambiente, que foi instituído pela Lei 6.938/81. Este ór-
gão possui diversas propostas que são analisadas e discutidas entre membros da
esfera municipal, estadual e nacional. Depois de desenvolvidas as propostas de
leis e regulamentos, estas são encaminhadas às autoridades competentes para
sua validação.
Consórcio PCJ ([20--?])

Figura 103 - CONAMA

Sobre a resolução 357 do CONAMA, que trata do cuidado


SAIBA com os recursos hídricos, acessando o seguinte endereço
MAIS eletrônico: <www.crq4.org.br/downloads/resolucao357.
pdf>.

Outro importante órgão é a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas),


que é responsável por normatizar as atividades que necessitem da aplicação das
normas técnicas para zelar pela qualidade dos serviços e da segurança dos envol-
vidos nos processos de fabricação, utilização e descarte de materiais.
14 NORMAS E LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
199

Figura 104 - ABNT

Mas você sabe a razão da existência das normas da ABNT? De modo geral, elas
servem para que as oficinas tenham um padrão de serviço, de modo que as mes-
mas trabalhem seguindo um mesmo modelo. Esse padrão é baseado em normas
vigentes de atendimento, com o objetivo de estabelecer uma uniformidade.
Confira, a seguir, como ocorre o tratamento de resíduos aplicados ao sistema
de transmissão.

14.2 TRATAMENTO DE RESÍDUOS APLICADOS AO SISTEMA DE


TRANSMISSÃO

O sistema de transmissão é composto por peças metálicas e óleo lubrificante.


Com relação ao tratamento do óleo lubrificante, é preciso seguir as leis e resolu-
ções vigentes. Considerando a resolução número 9 do CONAMA, como já men-
cionado, que trata especificamente do descarte de óleo lubrificante.

FIQUE As normas técnicas, bem como a legislação, devem ser


cumpridas, para que tanto o técnico como o estabeleci-
ALERTA mento possam garantir a qualidade do serviço prestado.
Hemera ([20--?])

Figura 105 - Lubrificante para caixa de câmbio


SISTEMAS DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
200

Com relação ao material metálico, é preciso encaminhá-lo para as siderúrgicas


para que o derretam e o transformem em outros materiais.

CASOS E RELATOS

Descarte incorreto de materiais


Marcelo é um mecânico automotivo que começou a trabalhar um uma
oficina mecânica próxima à sua casa, em Vitória, no Espírito Santo. Na ofi-
cina, Marcelo sempre teve o hábito de fazer a limpeza dos carburadores
e componentes mecânicos em uma pia comum. Em consequência disso,
os resíduos de óleo estavam sendo lançados no esgoto.
Certo dia, ocorreu uma enchente em sua localidade e a água contami-
nada se espalhou por todas as casas da rua, manchando e poluindo tudo
com óleo.
Assim que a situação voltou ao normal, Marcelo teve sua oficina fecha-
da por uma determinação legal. Depois, Marcelo começou a comprar e
assinar revistas para se manter sempre bem informado, além de buscar
informações com órgãos reguladores para evitar que ocorressem erros
de procedimento em seu local de trabalho.

Perceba que, conforme foi exemplificado no Casos e relatos, o profissional


precisa sempre levar em conta o impacto ambiental de suas atividades e realizar
ações para minimiza

RECAPITULANDO

Você pôde verificar, neste capítulo, que existem leis e normas técnicas
que precisam ser respeitadas para que as atividades de manutenção pos-
sam ser realizadas.
Portanto, você viu que o descumprimento de normas e leis pode ocasio-
nar diversos problemas ao infrator, como por exemplo, receber multas e,
até mesmo, ter seu estabelecimento fechado.
14 NORMAS E LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
201

Anotações:
Metrologia Aplicada nos
Sistemas de Transmissão

15

Ao trabalhar com ferramentas, montando ou desmontando equipamentos, você estará au-


tomaticamente trabalhando com números e medidas para que os parafusos que compõem as
peças não sofram alterações. Isso porque cada componente tem sua medida adequada para
que o sistema funcione perfeitamente. Por isso é tão importante você ter conhecimento sobre
metrologia.
A metrologia é o estudo das medidas. Ao lidar com uma caixa de câmbio é preciso realizar
apertos de parafusos e rolamentos e, durante este procedimento, é fundamental medir a força
aplicada. Além desta situação, é preciso, em um segundo momento, fazer a medida dos com-
ponentes mecânicos para determinar seu estado.
Sendo assim, para realizar os procedimentos de inspeção e manutenção nos componentes
mecânicos, será necessário conhecer os instrumentos de medição. Portanto, ao final deste ca-
pítulo, você terá adquirido subsídios para:
a) identificar tipos de instrumentos de medição;
b) interpretar as informações mostradas em cada instrumento de medição;
c) diferenciar e converter escalas de medições.
Esses conhecimentos serão fundamentais para sua atuação profissional. Então, siga em fren-
te e conheça mais sobre metrologia.
SISTEMAS DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
204

15.1 INSTRUMENTOS DE MEDIÇÃO

Para trabalhar com uma caixa de câmbio é preciso saber utilizar os seguintes
equipamentos: micrômetro, relógio comparador, paquímetro, torquímetro e es-
pecímetro ou calibre de lâminas.
Acompanhe, a seguir, mais detalhes sobre cada um destes equipamentos.

FIQUE Os instrumentos de medição devem ser aferidos a cada


seis meses, em um laboratório de metrologia, para testar
ALERTA sua precisão.

15.1.1 PAQUÍMETRO

Observe, na figura a seguir, quais são as partes do paquímetro.

Diego Fernandes (2012)

Figura 106 - Partes do paquímetro


Fonte: Apostila de metrologia para mecânica automotiva, SENAI (2006)
15 METROLOGIA APLICADA NOS SISTEMAS DE TRANSMISSÃO
205

Lembre-se de que antes de realizar uma medição, é preciso verificar as con-


dições do paquímetro e certificar-se de que o zero esteja realmente coincidindo
com sua marcação. Além disso, lembre-se de selecionar o paquímetro com reso-
lução adequada àquilo que se está medindo. Relembre do capítulo em que foram
estudados os instrumentos de medição. Veja, a seguir, um exemplo de leitura de
paquímetro.

Diego Fernandes (2012)

Figura 107 - Leitura de paquímetro 0,05mm

15.1.2 MICRÔMETRO

O micrômetro é um instrumento de medição direta, amplamente utilizado na


manutenção de motores e caixas de câmbio, onde a precisão é indispensável. Seu
princípio de funcionamento está baseado na ideia do parafuso. Em um micrôme-
tro temos uma porca fixa e um parafuso móvel, que avança ou retorna de acordo
com o sentido em que é girado.
SISTEMAS DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
206

Diego Fernandes (2012)


Figura 108 - Partes do micrômetro

A leitura de um micrômetro deve ser feita conforme a figura a seguir.

Diego Fernandes (2012)

Figura 109 - Leitura de um micrômetro centesimal


15 METROLOGIA APLICADA NOS SISTEMAS DE TRANSMISSÃO
207

15.1.3 RELÓGIO COMPARADOR

O relógio comparador é um instrumento diferente dos considerados até ago-


ra, neste capítulo. Ele é um instrumento de medição indireta e tem esse nome por
que precisa ter uma medida de referência para comparar com sua leitura.

Diego Fernandes (2012)

Figura 110 - Componentes do relógio comparador

A leitura de um relógio comparador deve ser feita conforme a figura a seguir.


Diego Fernandes (2012)

Figura 111 - Leitura do relógio comparador


SISTEMAS DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
208

Repare que, na figura anterior, o ponteiro pequeno partiu do 5 e não do zero,


o que indica que ele recebeu uma pré-carga de 5mm (ou 5 voltas). Estes 5mm não
importam na medida, pois o que se quer saber é o deslocamento.
O ponteiro pequeno deslocou-se do 5 em direção ao 4, olhando apenas este
deslocamento não se consegue dizer com precisão qual a leitura, portanto é pre-
ciso levar em conta o ponteiro grande. Sabe-se que 1 volta completa corresponde
a 1mm, no entanto, o ponteiro grande não completou uma volta, logo, a medida
é menor que 1mm.
Se contar as marcações que o ponteiro percorreu, você verá que foram 98, o
que corresponde a 98 centésimos de milímetro, ou seja, 0,98mm e o deslocamen-
to anti-horário do ponteiro indica que esta leitura é negativa.

SAIBA Sobre relógios comparadores, acessando o link: <http://


www.labmetro.ufsc.br/Disciplinas/EMC5236/Relogio_com-
MAIS parador.pdf>.

Vale lembrar que o ponteiro pequeno serve para marcar o número de voltas,
ou o número de milímetros que o ponteiro grande já percorreu.

15.1.4 TORQUÍMETRO

O torquímetro é um instrumento para apertar, e não para afrouxar parafusos.


Deve ser utilizado em conjunto com um jogo de soquetes e, eventualmente, com
um indicador angular. Nem todo o torque é expresso em força, às vezes os manu-
ais solicitam um torque em um ângulo específico, por exemplo: 90º, neste caso
utiliza-se o medidor de ângulo junto do torquímetro.
Fabio Distretti ([20--?])

Figura 112 - Torquímetro


15 METROLOGIA APLICADA NOS SISTEMAS DE TRANSMISSÃO
209

Este acessório é um disco metálico com marcação de 0º a 360º, e há uma seta


indicando o quanto o torquímetro girou. Além disso, possui uma ponta com imã,
própria para fixá-lo a alguma peça metálica, evitando que se mova indevidamente.
Ao utilizar o torquímetro, deve-se observar, em seu mostrador, o quanto de
força foi aplicada e parar quando atingir o torque especificado pelo manual téc-
nico de reparação.
Além da força aplicada é preciso atentar-se para um detalhe, a sequência de
aperto. Muitos equipamentos possuem uma sequência correta para apertar os pa-
rafusos e, se esta não for seguida, o componente estará sujeito a empenamento.
Visto que os torquímetros possuem sua escala principal em newton metro
(Nm) e, no Brasil, os mecânicos estão acostumados a trabalhar com quilograma
força (Kgf), é preciso que você saiba converter estes valores. Veja a seguinte tabela:

Tabela 1 - Conversão Nm para Kgf

INICIAL CONVERSÃO RESULTADO


Kgf x 9.80665 = Nm
Nm : 9.80665 = Kgf

15.1.5 ESPECÍMETRO

O especímetro ou calibre de lâminas é um equipamento composto por várias


lâminas com diferentes espessuras. O teste realizado com o especímetro é extre-
mamente simples, pois se trata apenas de verificar se “passa” ou “não passa”.
Trocamostudo ([20--?])

Figura 113 - Cálibre de lâminas


SISTEMAS DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
210

Para tirar as medidas é preciso colocar as lâminas entre a folga a ser medida e
verificar se ela passa ou não. Sendo que cada lâmina possui uma medida diferen-
te, então se a lâmina entrar, ela indicará o tamanho da folga; se não entrar, a folga
é menor que a lâmina.
Confira agora, o Casos e relatos que trata sobre a importância de uma correta
montagem.

CASOS E RELATOS

A importância da correta montagem do rolamento


Carlos, um senhor extremamente cuidadoso com seu automóvel, come-
çou a ouvir um barulho peculiar que lhe parecia vir do motor do veículo.
Achou estranho, pois havia recentemente feito a troca de um rolamento
da caixa de câmbio.
Imediatamente, Carlos levou seu automóvel ao mecânico mais próximo.
Ao chegar à oficina foi muito bem recebido, e o técnico diagnosticou que
o rolamento, apesar de ser novo, estava danificado. Carlos estranhou e
comentou que havia trocado esta peça. O técnico explicou que a maior
parte dos problemas com rolamentos ocorre durante sua montagem,
pois é preciso dosar a força aplicada sobre ele. Em seguida, fez a substi-
tuição com o procedimento correto e o problema foi resolvido.
Sempre que algum componente necessitar de aperto, deve-se respeitar
o torque constante no manual técnico de reparação. Para dosar a força
aplicada é preciso utilizar um torquímetro.

Agora que você já conheceu as especificações dos equipamentos, veja as uni-


dades de medida.

15.2 UNIDADES DE MEDIDA E CONVERSÃO

Ao lidar com metrologia é preciso compreender as diferentes unidades de me-


dida como: o milímetro e a polegada.
15 METROLOGIA APLICADA NOS SISTEMAS DE TRANSMISSÃO
211

Que a polegada é uma medida baseada no polegar hu-


VOCÊ mano? Como não existiam unidades de medida defini-
das, o corpo humano era utilizado para realizar diversas
SABIA? medições. Até hoje a polegada é utilizada e correspon-
de a 25,4mm.

O sistema internacional é baseado no metro; e o sistema inglês, na polegada.


A polegada equivale a 25,4 milímetros. Existem duas formas de visualizar a pole-
gada: milesimal ou fracionária.
Para converter um valor em milímetro para polegada milesimal é preciso divi-
di-lo por 25,4. Veja o exemplo:

50,8mm → 50,8 / 25,4 = 2” (duas polegadas)

Neste caso, foi convertido um valor em milímetros para um valor em polegada


milesimal. Agora será feita a conversão de um valor em milímetros para polegada
fracionária, confira.

12,7mm → 12,7 / 25,4 → 0,5 x 128 → 64 → 64 32 16 8 4 2 1”


= = = = = =
128 64 32 16 8 4 2
12,7 mm → ½” (meia polegada)

Nesta outra situação foi feita a conversão de um valor em milímetro para po-
legada fracionária. Primeiro, dividiu-se o valor por 25,4, depois, multiplicou-se o
resultado por 128 e, então, obteve-se o valor do dividendo. Após, foi colocado
este valor em uma fração sobre 128. E agora não será feita a divisão, e sim, a sim-
plificação, se assim for possível.
Converter um valor em polegada para um valor em milímetro é relativamente
simples. Veja, a seguir, a conversão da polegada fracionária, pois é a mais comple-
xa das duas:

3/8” → realize a divisão 3/8 → 0,375 (valor milesimal) → 0,375 x 25,4 = 9,525mm
SISTEMAS DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
212

Percebeu o que foi feito? Realizada a operação de divisão, obteve-se o valor


milesimal, depois disso, multiplicou-se o resultado por 25,4 e foi encontrado o
valor correspondente em milímetro. Você pôde aprender com este exercício, que
para converter polegada fracionária em milesimal é só realizar a divisão.
Agora veja como converter um valor em polegada milesimal para o sistema
internacional:

0,725” → 0,725 x 25,4 = 18,415mm

Para fazer esta operação, apenas multiplique o valor milesimal por 25,4.
Aqui você encerra mais esta etapa. Lembre-se de que esses conteúdos são
muito relevantes para potencializar a qualidade de seu trabalho.

RECAPITULANDO

Como você pôde verificar, existem diferentes unidades de medida e dife-


rentes instrumentos para realizar as medições.
Nos equipamentos mecânicos, como a caixa de câmbio, você pôde per-
ceber como é comum ter que fazer a medida dos componentes e dos
torques aplicados para poder assegurar-se de que tudo está montado
corretamente. O desgaste mecânico pode ser tão pequeno que acaba
passando despercebido pelos olhos humanos, mas os equipamentos de
precisão são capazes de detectá-lo.
Por fim, você pôde compreender que, ao realizar uma inspeção minu-
ciosa com os equipamentos de precisão, utilizando o manual técnico de
reparação como guia, fica fácil fazer um diagnóstico de falha mecânica.
15 METROLOGIA APLICADA NOS SISTEMAS DE TRANSMISSÃO
213

Anotações:
Técnicas de Ajustagem

16

Muitas vezes, ao nos depararmos com um problema inesperado, é comum pensarmos que
isso causará mudanças em nosso cronograma ou atraso no trabalho. Imagine que você estipu-
lou um prazo para entregar o veículo de um cliente e você percebe que uma das peças repara-
das ainda possui pontas irregulares, ou ainda, um parafuso não está fixado corretamente, por
possuir rebarbas. Nesse caso, se você tem experiência ou estudou as técnicas de ajustagem
mecânica, você saberá que a correção do defeito pode ser simples.
A ajustagem mecânica é todo procedimento de modelagem e acabamento feito manual-
mente em peças mecânicas. Portanto, neste capítulo, você verá que existem diversos procedi-
mentos que são realizados em uma determinada peça para que ela fique dentro dos padrões
necessários para seu bom funcionamento. Muitas vezes é preciso serrar, dobrar e, até mesmo,
desbastar algum material para que o funcionamento do mecanismo seja possível.
Com base nesses conhecimentos, ao final deste capítulo, você terá subsídios para:
a) realizar ajustes detalhados em diversas peças de câmbio;
b) identificar as características das ferramentas para realizar estes tipos de ajustes;
c) utilizar todos os equipamentos de proteção para este tipo de operação.
Preparado para conhecer mais detalhes sobre as técnicas de ajustagem? Inicie conhecendo
as normas e procedimentos.
SISTEMAS DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
216

16.1 NORMAS E PROCEDIMENTOS

Para obter os melhores resultados durante os procedimentos de ajustagem


é preciso seguir alguns procedimentos específicos. No caso das limas, é preciso
fazer a aplicação de força de forma distribuída.
Ao se posicionar para limar uma peça, você deve colocar maior pressão na par-
te frontal da lima e lembrar-se sempre de que ela irá desbastar o material apenas
no sentido de ida, e não de volta.

Diego Fernandes (2012)


Figura 114 - Limando

O tipo da lima deve ser escolhido de acordo com o material a ser limado e com
a espessura a ser desbastada. Respeitando sempre a velocidade correta de 60 gol-
pes por minuto. Com relação ao cabo da lima, este deve ser encaixado com uma só
pancada, ficando a lima unida ao cabo e este sendo empurrado contra uma mesa.

Sobre a ajustagem e o controle dimensional aplica-


SAIBA do a esta atividade, acessando o link: <http://wiki.
MAIS ifsc.edu.br/mediawiki/images/e/e7/METROLOGIA_E_
AJUSTAGEM_%28Paqu%C3%ADmetro%29.pdf>.

O arco de serra é outra ferramenta muito utilizada para o corte de peças me-
tálicas. Sempre que for utilizado, precisa ter a serra posicionada com os dentes
para frente, pois esta ferramenta só corta no sentido de ida. A tensão aplicada na
serra deve ser suficiente para que ela possa apresentar uma folga com cerca de 2
milímetros.
16 TÉCNICAS DE AJUSTAGEM
217

Carbografite ([20--?])
Figura 115 - Arco de serra

Para dobrar uma chapa é preciso utilizar uma morsa e um martelo que não da-
nifique o material, além disso, a morsa deve ter sua mandíbula revestida por uma
chapa de metal fino e macio, para não danificar o material. Em caso de chapas
mais grossas, é preciso utilizar uma prensa hidráulica.

Diego Fernandes (2012)

Figura 116 - Dobra de chapa


Fonte: Adaptado de Ebah (2012)

Confira, na sequência, as ferramentas e equipamentos de ajustagem. Vamos lá!

16.2 FERRAMENTAS E EQUIPAMENTOS DE AJUSTAGEM

Dentre as ferramentas de ajustagem mecânica existem as limas, que são ferra-


mentas raspadoras de desbaste. Saiba que as limas podem ter o picado simples
ou cruzado e apresentar diferentes aplicações, de acordo com o ângulo de incli-
nação das lâminas.
Existem limas bastardas, com maior capacidade de desbastar material, capa-
zes de trabalhar em superfícies onde seja necessário remover mais que meio mi-
límetro. As limas de segundo corte são recomendadas para desbastar entre 0,5 e
0,2mm e a lima murça é utilizada para acabamento fino em superfícies onde seja
necessário remover menos que 2mm.
SISTEMAS DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
218

Wikipedia ([20--?])
Figura 117 - Tipos de lima

VOCÊ Que após a utilização da lima é imprescindível que você


realize a limpeza com a utilização de uma escova de aço,
SABIA? para eliminar resíduos de limalha de ferro?

O arco de serra é uma ferramenta típica de um processo de ajustagem. Apre-


senta uma haste em forma de arco e é utilizado para posicionar a serra, que deve
ficar com os dentes voltados para a parte da frente.
Além de limar e serrar, às vezes é preciso furar e aplicar uma rosca para que um
parafuso seja fixado na peça. Para isso, deve ser utilizada uma furadeira, preferen-
cialmente de bancada, e depois um macho para imprimir a rosca na peça.
IPABRAC ([20--?])

Figura 118 - Macho


16 TÉCNICAS DE AJUSTAGEM
219

O macho é normalmente utilizado em conjunto com uma ferramenta chama-


da de vira macho, que é capaz de girá-lo dentro de um furo para, literalmente,
cavar o material e imprimir uma rosca onde antes havia apenas um furo.

Para que o macho possa imprimir a rosca no material, o


FIQUE furo deve ser menor que o diâmetro do parafuso, pois a
ALERTA rosca do parafuso irá acoplar no local onde o macho dei-
xou um filete de rosca.

Para imprimir roscas externas é utilizado o cossinete, também conhecido


como fêmea. Esta peça metálica é capaz de imprimir filetes de rosca na parte ex-
terna de um eixo.

Caio Barros (2010)

Figura 119 - Cossinete

Veja, agora, os riscos de operação nos procedimentos de ajustagem.

16.3 RISCOS NA OPERAÇÃO DE AJUSTAGEM

Como os procedimentos de ajustagem são realizados de forma manual, o


profissional fica exposto ao risco de se machucar trabalhando. Para minimizar o
impacto dos acidentes é preciso estar atento aos equipamentos de proteção indi-
vidual recomendados para cada situação.
Na grande maioria das etapas do processo de ajustagem, um profissional pre-
cisará vestir-se com um jaleco, utilizar luva, óculos de proteção e sapato fechado
sem cadarço.
SISTEMAS DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
220

Hemera ([20--?])
Figura 120 - Óculos

Lembre-se de que para cada atividade existe a necessidade de se avaliar os


riscos e selecionar os EPIs adequados.

CASOS E RELATOS

O mecânico Maicon e suas habilidades técnicas


Maicon, um mecânico automotivo que trabalha na cidade de Petrópolis,
recebeu o veículo de um cliente para realizar uma análise. Ao concluir o
estudo inicial, Maicon percebeu que o veículo apresentava um problema:
a ponta do eixo de uma junta homocinética estava demasiadamente dila-
tada, impedindo que a porca de fixação se encaixasse.
Para resolver o problema, Maicon providenciou uma lima para gastar a
ponta do eixo. Após alguns golpes de lima, o material excedente foi des-
gastado e a porca finalmente encaixou-se.

Perceba que quem trabalha em uma oficina precisa estar pronto para ter suas
habilidades técnicas testadas diariamente. Graças ao conhecimento de ajusta-
gem, o personagem do Casos e relatos resolveu o problema.
16 TÉCNICAS DE AJUSTAGEM
221

RECAPITULANDO

Você pôde ver, neste capítulo, algumas ferramentas e procedimentos de


ajustagem mecânica. Como se trata de uma atividade manual, ela deve
ser realizada por um profissional que conhece as ferramentas e as técni-
cas, para que o resultado pretendido seja alcançado.
Portanto, você verificou que, ao lidar com peças, especialmente quando
se está retirando material delas, não se pode cometer enganos nas me-
didas, pois se em algum local ela for desgastada demais, ficará obsoleta.
Testes e Verificação de uma
Transmissão Mecânica

17

Quando você se depara com diversos tipos de problema é comum parar para analisar a situ-
ação antes de tomar qualquer decisão, certo? Nesse caso, um mecânico pode utilizar a mesma
lógica ao receber os veículos de seus clientes na oficina. No decorrer do curso, você pôde perce-
ber que, muitas vezes, foi enfatizada a qualidade de serviço. Então, para que você possa fazer o
serviço correto, existem alguns testes que podem ser utilizados para examinar previamente os
componentes do sistema de transmissão mecânica, bem como o nível de óleo e os lubrificantes
usados.
Portanto, é importante que você saiba que uma transmissão mecânica pode apresentar di-
versos tipos de problemas, e estes podem ser diagnosticados por meio de testes e verificações
no sistema. Sendo assim, neste capítulo você vai estudar os testes e a verificação de uma trans-
missão mecânica. Com esse conhecimento, você terá a capacidade de:
a) verificar o nível e o estado do óleo lubrificante;
b) verificar a impermeabilidade e a localização de vazamentos;
c) verificar o funcionamento da regulagem das hastes de trambulador;
d) realizar um teste de funcionamento ou ensaio na própria oficina;
e) realizar um teste de rodagem com o veículo.
Viu que interessante será este momento de aprendizagem? E ainda tem muita coisa interes-
sante para você aprender ao longo deste conteúdo. Continue atento.
SISTEMAS DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
224

17.1 GENERALIDADES

Embora as caixas de câmbio apresentem diferenças na sua construção, sua


finalidade é sempre a mesma: transmitir e alterar o torque e rotação provenientes
do motor para as rodas do veículo.

SAIBA Sobre o sistema de transmissão, acessando o link: <http://


www.regsul.com.br/cariboost_files/TRANSMISS_C3_83O.
MAIS pdf>.

Lembre-se de que uma caixa de câmbio que esteja em bom funcionamento


cumprirá com sua finalidade, sem apresentar dificuldades na seleção das mar-
chas, nem ruídos estranhos.

17.2 EXAME PRELIMINAR

Dirigir o veículo e fazer testes de acoplamento com todas as marchas é fun-


damental para começar um diagnóstico. Ao dirigir o veículo, o mecânico poderá
identificar se o problema está dentro da caixa de câmbio ou nos seus suportes.
Os suportes do motor e da caixa de câmbio costumam ser feitos de borracha e,
eventualmente, podem romper-se fazendo com que os acoplamentos e acelera-
ções tornem-se movimentos bruscos que podem ser percebidos pelo motorista.

17.3 TIPOS DE VERIFICAÇÃO

Conheça, a seguir, alguns tipos de verificação que podem ser aplicadas.

17.3.1 VERIFICAÇÃO DO NÍVEL E DO ESTADO DO ÓLEO LUBRIFICANTE

Assim como o sangue revela aos médicos o estado de saúde, o óleo lubrifican-
te revela ao mecânico o estado de uma caixa de câmbio.
O óleo da transmissão deve ser trocado esporadicamente, dependendo do ve-
ículo, troca-se após 90.000Km. A coloração do óleo usado tende a ser ligeiramen-
te diferente do óleo novo, pois ele sofreu aquecimento e trabalhou por um longo
período, acumulando partículas das engrenagens.
17 TESTES E VERIFICAÇÃO DE UMA TRANSMISSÃO MECÂNICA
225

Figura 121 - Caixa de câmbio

Caso o óleo lubrificante velho apresente limalha de ferro e pequenos pedaços


de metal, é sinal de que as engrenagens estão sofrendo um desgaste acelerado.

VOCÊ Que o óleo utilizado na transmissão é diferente do óleo


do motor? Este produto costuma ser mais viscoso e den-
SABIA? so, para suportar o acoplamento das engrenagens.

É importante fazer a troca do óleo quando recomendado, para evitar o acúmu-


lo de impurezas no sistema e a perda da eficiência, pois com o tempo o lubrifican-
te perde seus aditivos.

17.3.2 VERIFICAÇÃO DA IMPERMEABILIDADE E LOCALIZAÇÃO DE


VAZAMENTOS

Os vazamentos em uma caixa de câmbio são um problema sério, que agride o


meio ambiente, oferece risco a outros motoristas e faz com que as engrenagens
trabalhem secas, forçando o atrito entre as partes metálicas.
Como a caixa de câmbio fica na parte inferior do veículo, é comum que ela
fique respingada de lama, suja de areia, piche e, até mesmo, poeira do asfalto.
Nestas condições fica difícil detectar com precisão o local do vazamento de óleo.
SISTEMAS DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
226

Para descobrir com exatidão o vazamento, recomenda-se fazer uma limpeza


na caixa de transmissão e, depois disso, observar até que o vazamento apareça.

Diego Fernandes (2012)


Figura 122 - Vazamento de óleo

17.3.3 VERIFICAÇÃO DO FUNCIONAMENTO E DA REGULAGEM DAS


HASTES DE TRAMBULADOR

Sempre que você seleciona uma marcha, acionando a alavanca de câmbio,


este movimento é conduzido até as engrenagens da caixa de câmbio por alguns
braços metálicos, chamados de trambuladores.
Se um trambulador for montado errado, o acoplamento não será possível. Em
algumas situações ele pode estar frouxo, o que gera uma dificuldade para acoplar
as marchas.

TESTE DE FUNCIONAMENTO

Para verificar o funcionamento dos trambuladores é preciso engatar todas as


marchas e prestar atenção a qualquer irregularidade nos engates.

FIQUE Pois um trambulador frouxo pode bater no asfalto e ser


impulsionado contra o fundo do veículo, ocasionando um
ALERTA acidente. Sempre verifique seu aperto.

Com relação às engrenagens e seus anéis sincronizadores, é necessário re-


alizar o acoplamento das marchas com o veículo em movimento, e verificar se
ocorre o engrenamento de forma suave ou com um nítido barulho de dentes de
engrenagens raspando.
A seguir, conheça os tipos de testes realizados na oficina e na estrada.
17 TESTES E VERIFICAÇÃO DE UMA TRANSMISSÃO MECÂNICA
227

17.4 TESTES NA OFICINA E ESTRADA

Veja agora, mais detalhadamente, sobre cada um destes tipos de testes.

17.4.1 TESTE NA OFICINA

Na oficina, com o veículo no elevador, é possível diagnosticar, por meio do


ruído, as condições dos rolamentos da caixa de câmbio. Além disso, é possível
limpar a caixa de transmissão em busca de vazamentos.

Que Barato ([20--?])

Figura 123 - Caixa de câmbio em corte

Caso seja necessário abrir a caixa de câmbio, isso deve ser feito em uma banca-
da, utilizando as ferramentas específicas recomendadas pelo fabricante.
Dentre os problemas mais comuns, podem ser citados: vazamentos, desgaste
de engrenagem e desgaste do conjunto sincronizador.

Que o conjunto sincronizador tem a função de equalizar


a rotação de duas engrenagens que irão acoplar? Se
VOCÊ este componente estiver desgastado demais, ao engatar
SABIA? a marcha você perceberá um som de duas engrenagens
raspando. Vale lembrar que a marcha à ré não possui
sincronizador.

PREPARAÇÃO DO ENSAIO

Para prestar um serviço de manutenção em caixas de câmbio é preciso dispor


das ferramentas e sacadores especiais para o modelo a ser utilizado, bancada de
serviço e também meios de tirar e colocar a caixa de câmbio no veículo.
SISTEMAS DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
228

É possível remover uma caixa de câmbio de um veículo utilizando um elevador


automotivo e um macaco apropriado, no entanto, este procedimento é extrema-
mente demorado e prejudicial ao mecânico.
O ideal é que a oficina possua os equipamentos necessários para fazer os testes.

DESENVOLVIMENTO DO TESTE

Na oficina, o teste deve ser feito rigorosamente, conforme o recomendado no


manual técnico de reparação. Todas as medidas devem ser tiradas e comparadas,
para determinar qual engrenagem ou conjunto sincronizado deve ser substituí-
do.
Grande parte da inspeção do sistema de câmbio pode ser feita visualmente,
onde o mecânico pode detectar algum trambulador solto ou mesmo algum va-
zamento.

DESCRIÇÃO DO ENSAIO

O ensaio com o câmbio na oficina consiste na comparação das medidas com o


especificado pelo fabricante, além disso, é importante lembrar de que a inspeção
visual das engrenagens é uma etapa importante no processo.
Quando uma engrenagem apresenta um desgaste acentuado, isso indica que
ali está ocorrendo, por algum motivo, o contato metal com metal. Este problema
deve ser sanado utilizando o óleo certo na quantidade indicada e realizando a
correta montagem do sistema.
É preciso analisar se todas as marchas estão engatando corretamente. Caso
não estejam, é necessário verificar todos os componentes: anéis, travas, sincroni-
zador, trambulador e, até mesmo, os garfos, que ficam na parte interna da caixa
de câmbio.

ANÁLISE DOS RESULTADOS

Qualquer irregularidade irá imediatamente indicar a localização do defeito.


Por exemplo: se a quarta marcha estiver com problemas para engatar, deve-se
observar o estado de seu trambulador, do garfo e também das engrenagens.
Ao detectar alguma anomalia no sistema, o técnico deve voltar sua atenção
para a causa da mesma, sempre respeitando as particularidades de cada modelo.
17 TESTES E VERIFICAÇÃO DE UMA TRANSMISSÃO MECÂNICA
229

PASSOS A SEGUIR

Sempre devemos buscar a causa dos problemas. Normalmente, os procedi-


mentos a serem seguidos são:
a) detectar qual o problema apresentado e em quais condições ele ocorre;
b) com base no problema e nos dados do manual técnico, seguir uma sequên-
cia lógica para resolver o problema com o mínimo de esforço e tempo;
c) eliminar as possibilidades de ser um problema externo, antes de remover e
desmontar a caixa de câmbio;

Info Motor (2009)

Figura 124 - Eixo da transmissão com as engrenagens e conjunto sincronizador


Fonte: Adaptado de Infomotor (2012)

d) depois de desmontar a caixa de câmbio, é preciso manter as peças em or-


dem para serem devidamente montadas;
e) substituir peças fora da conformidade;
f) remontar o sistema, fazendo a troca do óleo, das juntas e dos retentores de
vedação;
g) recolocar a caixa de câmbio no veículo.

17.4.2 TESTE NA ESTRADA

Sem dúvida, o teste na estrada irá comprovar se o serviço foi realizado com
sucesso ou não. Ao dirigir o veículo e utilizar a caixa de câmbio, você, como pro-
fissional, poderá diagnosticar rapidamente a localização do problema.
SISTEMAS DE TRANSMISSÃO MECÂNICA
230

PASSOS A SEGUIR

Ao testar um veículo na estrada, deve-se utilizar todos os regimes de rotação e


todas as marchas. Os passos são:
a) simular as condições de uso normal do veículo;
b) testar o veículo em condições de uso extremo (engarrafamentos e subidas);
c) realizar o acoplamento de todas as marchas, observando atentamente qual-
quer irregularidade;
d) com a marcha engatada, balançar a alavanca para a esquerda e direita, se
ela estiver folgada, isso indica folga de trambulador;
e) certificar-se dos sintomas e tomar ações corretivas;
f) após- realizar o serviço, testar o veículo na estrada e, só depois disso, entre-
gá-lo ao proprietário.
Agora você está convidado a verificar a importância dos reparos para o funcio-
namento correto do veículo por meio de um exemplo do Casos e relatos. Confira!

CASOS E RELATOS

A importância do reparo para o bom funcionamento do veículo


Wilson, um senhor de 52 anos, é um apreciador de carros antigos. Ele
gosta muito de ir a encontros e feiras onde proprietários desses veículos
encontram-se para trocar informações e mostrar seus carros. Wilson pos-
sui um automóvel clássico e, além de participar de encontros, ele costu-
ma circular pela cidade, com seu veículo, aos finais de semana.
Certa vez, Wilson reparou que, ao engatar a segunda marcha, ouvia-se
um forte barulho que parecia ser de metal atritando. Logo procurou a
ajuda de seu mecânico, que conhecia bem o veículo. O mecânico, Giova-
ni, recomendou ao amigo e cliente que fosse removida a caixa de câmbio
e substituído o anel sincronizador.
Depois de algum tempo de serviço, o veículo do Sr. Wilson voltou a enga-
tar as marchas suavemente, como nos tempos em que era zero km.

Aqui você conclui os estudos desta unidade curricular, esperamos que os co-
nhecimentos construídos tenham sido significativos.
17 TESTES E VERIFICAÇÃO DE UMA TRANSMISSÃO MECÂNICA
231

RECAPITULANDO

Neste capítulo, você viu que a inspeção em um sistema de transmissão


não é algo complicado, por se tratar de um dispositivo puramente mecâ-
nico, suas falhas são visíveis e tangíveis.
Pôde verificar que os procedimentos aplicados devem ser sempre pau-
tados nos manuais técnicos e você precisa desempenhar suas atividades
utilizando as ferramentas corretas.
Pôde conhecer também, a importância de assegurar-se da resolução do
problema do veículo e de que ele está em boas condições, sem oferecer
risco de acidentes, antes de entregá-lo ao proprietário.
REFERÊNCIAS
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residuos-industriais>. Acesso em: 27 fev. 2012.
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Resolução nº 357, de 17 de março de 2005. Disponível em: <http://www.crq4.org.br/downloads/
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CASTRO, R. M. Critério de Projeto para Engrenagens Helicoidais Aplicadas em Transmissões
Mecânicas Veiculares. Disponível em: <http://www.automotiva-poliusp.org.br/mest/banc/pdf/
castro_ricardo.pdf > Acesso em: 27 fev. 2012.
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CUNHA JR., Nelson Boechat. Cartilha de Gerenciamento para Resíduos Sólidos para a
Construção Civil. SINDUSCON-MG. Belo Horizonte: [s.n.], 2005. 38 p.
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Acesso em: 27 fev. 2012.
SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL – SENAI. Mecânica de Automóveis, Sistema
de Transmissão mecânica. Coleção básica SENAI. [S.l.]: Senai, 1984.
______. Metrologia Mecânica. [S.l.]: Senai, 2006. 163 p.
SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL - SENAI/ES. Instrumentação, Ferramentas e
Materiais para Instalação da Instrumentação. Espírito Santo: Senai/ES, 1999. 59 p.
______. Metrologia – Instrumentação. Espírito Santo: Senai/ES, 1999. 89 p.
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA - UNESP. Manual para Gerenciamento de Resíduos
Perigosos. Disponível em: <http://www.unesp.br/pgr/manuais/residuos.pdf>. Acesso em: 27 fev.
2012.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA - UFSC. Relógios Comparadores. Labmetro.
Disponível em: <http://www.labmetro.ufsc.br/Disciplinas/EMC5236/Relogio_comparador.pdf>.
Acesso em: 29 fev. 2012.
ZANELATTO, Regina Célia. Diagnóstico de Resíduos: UFPR. 2009. Disponível em: <http://people.
ufpr.br/~dga.pcu/DIAGNOSTICO%20RESIDUOS%20UFPR.pdf>. Acesso em: 27 fev. 2012.
MINICURRÍCULO DO AUTOR
Allesse Carvalho Rodrigues é graduando em administração pela Universidade Federal de Santa Catarina,
técnico em Manutenção Automotiva, formado pelo SENAI, e atua como instrutor em cursos técnicos e de
qualificação profissional na área da mecânica automotiva e náutica. Possui cursos e certificações de qualifi-
cação profissional nas áreas automotiva, náutica e gestão, além de ser formado no curso técnico em Transa-
ções Imobiliárias pelo CEBREP.

Claudinei Aducio Pereira, graduação em andamento do curso de Engenharia Civil pela Universidade do Sul
de Santa Catarina – UNISUL e formado, em 1999, pela Escola Técnica Federal de Santa Catarina. Atuou por
10 anos na área de manutenção automotiva em concessionárias, onde recebeu capacitação para atuar nas
mais diversas áreas relacionadas à automobilística. Atualmente, é instrutor no SENAI, unidade de Palhoça,
nos cursos técnicos e de qualificação profissional. Atua também como instrutor da rede de concessionárias
RENAULT, em parceria com o SENAI.

Marcelo Bellini Ferrai é técnico na área Automotiva pelo SENAI de São Paulo/SP, gerente de pós-venda na
concessionária SATORU-Honda e professor do SENA/SC - Palhoça na área automotiva. Possui cursos e certifi-
cações de qualificação profissional nas áreas automotiva, além de ser formado no curso técnico em Proces-
samento de Dados.

Roberto Fernando Dusik finalizou seus estudos de mecânica a diesel, fez especialização em motores diesel
e estudou mecânica industrial no SENAI Canoas-RS, em 2007. Posteriormente, estudou diversos assuntos
dentro da área da mecânica automotiva, tornando-se especialista em diagnóstico de anomalias em motores
a diesel. Em 2009, concluiu o curso técnico em Automobilística. Atualmente, ministra aulas de mecânica
e eletricidade automotiva no SENAI São José/Palhoça, atuando na educação de jovens e adultos, desde o
ensino de qualificação profissional até o ensino técnico. Também está cursando a graduação em logística na
Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL).
ÍNDICE

A
ABNT 7 198, 199
Ajustagem 11 14, 17, 81, 215, 216, 217, 218, 219, 220, 221
Alavanca de marcha 75, 102, 108
Análise 12, 103, 105, 107, 141, 142, 150, 168, 220, 228
Anel sincronizador 6, 52, 58, 59, 60, 230
Anel trava 59
Arco de serra 6, 7, 117, 118, 216, 217, 218
Autoblocante 42, 43, 44
Axial 50, 59

B
Blocantes 11, 22, 41, 45

C
Cabos 6, 22, 63, 69, 71, 81, 108, 116, 124, 148, 154, 155, 216
Caixa de mudança, 28, 29, 31, 32, 34, 35, 49, 50, 74, 75, 77, 81, 82
Caixa de transferência, 6, 12, 29, 30, 87, 88, 89, 90, 91, 92, 93, 94, 95, 96, 97
Calibre de lâminas, 204, 209
Câmbio 5, 7, 11, 22, 26, 32, 36, 45, 46, 49, 50, 51, 52, 53, 64, 65, 67, 68, 73, 75, 81, 87, 88, 89, 91, 92,
93, 94, 97, 100, 101, 102, 106, 107, 108, 113, 125, 127, 132, 133, 134, 135, 136, 137, 140, 141, 143,
148, 155, 169, 179, 180, 181, 183, 187, 188, 193, 199, 203, 204, 205, 210, 212, 215, 224, 225, 226,
227, 228, 229, 230, 233
Carcaça 31, 38, 42, 44, 49, 50, 52, 61, 64, 79, 80, 88, 91, 95, 109, 178
Cardam 30, 81
Chaveta 60
Checklist 8, 11, 12, 74, 77, 105, 107, 147, 150
Coifa de proteção 162
Componentes 5, 6, 7, 11, 12, 13, 17, 22, 25, 26, 27, 28, 29, 34, 37, 38, 41, 52, 53, 54, 55, 57, 64, 65,
66, 74, 75, 77, 81, 84, 87, 88, 90, 91, 95, 96, 97, 99, 101, 102, 103, 106, 107, 108, 109, 110, 111, 112,
113, 116, 122, 125, 127, 131, 132, 133, 136, 139, 140, 142, 143, 144, 147, 148, 149, 150, 152, 153,
157, 160, 161, 165, 168, 169, 170, 174, 177, 179, 180, 181, 183, 184, 187, 188, 193, 200, 203, 207,
209, 210, 212, 223, 227, 228
Coroa 11, 32, 38, 39, 75, 79, 80, 82, 96, 97, 111, 142
Cossinete 7, 219
Cubo 58, 59, 72, 92, 96, 125, 148
D
Diagnóstico 12, 17, 96, 102, 107, 139, 140, 141, 142, 154, 155, 159, 177, 212, 224, 234, 235
Diferencial 5, 11, 22, 25, 28, 29, 30, 31, 32, 36, 37, 38, 39, 40, 41, 42, 43, 44, 45, 49, 50, 51, 57, 74,
75, 77, 79, 80, 81, 82, 88, 89, 90, 94, 96, 106, 109, 110, 111, 141, 142, 160
Disco de embreagem 6, 34, 53, 65, 66, 67, 68, 70, 75, 76, 141, 160

E
Eixo das satélites 39
Eixo de transmissão 49, 50, 76, 82
Eixo intermediário 6, 51, 53, 54, 55, 56, 57, 91
Eixo piloto 34, 36, 48, 50
Eixo primário 5, 36, 48, 51, 53, 54, 56, 57, 61, 75, 109, 110
Eixos 5, 6, 7, 21, 22, 25, 26, 28, 29, 30, 31, 32, 34, 35, 36, 37, 39, 40, 42, 43, 48, 49, 50, 51, 52, 53, 54,
55, 56, 57, 59, 60, 61, 64, 72, 73, 74, 75, 76, 79, 80, 81, 82, 87, 88, 90, 91, 92, 93, 94, 95, 96, 97, 109,
110, 125, 133, 140, 188, 219, 220, 229
Eixo secundário 5, 32, 36, 48, 51, 53, 54, 55, 56, 57, 61, 110
Embreagem, 5, 6, 11, 25, 26, 28, 29, 31, 34, 35, 36, 43, 51, 53, 64, 65, 66, 67, 68, 69, 70, 71, 74, 75,
76, 81, 82, 87, 102, 108, 134, 141, 148, 154, 155, 160
Engrenagens 5, 7, 21, 22, 25, 35, 36, 37, 39, 40, 42, 45, 46, 48, 50, 51, 52, 53, 54, 55, 58, 60, 64, 67,
75, 76, 77, 90, 91, 92, 96, 97, 109, 133, 170, 178, 182, 187, 188, 224, 225, 226, 227, 228, 229, 233
Engrenamento 49, 50, 51, 57, 59, 64, 226
EPI 13, 135, 165, 170, 172, 173, 174, 183, 220
Esferas 6, 60, 61, 73, 109, 198
Esterçamento 38, 72, 73
Estrias 34, 39, 52, 53, 59, 76

F
Ferramentas 7, 12, 13, 14, 17, 77, 79, 105, 108, 109, 113, 115, 116, 117, 119, 121, 123, 124, 125,
126, 127, 128, 131, 132, 133, 134, 135, 136, 137, 139, 152, 153, 168, 169, 170, 171, 177, 182, 203,
215, 216, 217, 218, 219, 221, 227, 231, 234

G
Garfo de acionamento 65, 69
Garfos 6, 7, 52, 57, 58, 59, 63, 65, 69, 71, 81, 92, 96, 109, 134, 228

H
Haste 7, 57, 179, 180, 181, 218
Helicoidais 6, 50, 60, 233
I
Inspeção 12, 13, 22, 107, 108, 113, 147, 167, 168, 203, 212, 228, 231
Integral 29, 89

J
Junta homocinética 6, 11, 73, 76, 83, 220, 239
Junta tripoide 38, 39, 239
Juntas articuladas 25, 82, 239
Juntas deslizantes 74
Juntas fixas 73

L
Lima 7, 216, 217, 218, 220, 239, 242
Limpeza 12, 13, 105, 111, 112, 172, 177, 182, 189, 200, 218, 226, 239
Longitudinal 5, 11, 29, 30, 31, 32, 239
Lubrificante 7, 14, 44, 76, 106, 169, 170, 178, 179, 182, 187, 198, 199, 223, 224, 225, 239
Luva 43, 54, 57, 58, 59, 60, 63, 92, 96, 172, 219, 239

M
Macho 7, 218, 219, 239
Manual de reparação 132, 142, 188
Manual do proprietário 12, 99, 101, 102, 151
Manutenção 11, 12, 17, 22, 24, 72, 74, 81, 82, 87, 95, 97, 99, 100, 101, 102, 103, 109, 116, 125, 128,
132, 149, 150, 151, 160, 183, 195, 200, 203, 205, 227, 235, 239
Mão de obra 13, 147, 154, 155, 156, 157, 239
Marcha 5, 6, 7, 28, 30, 32, 36, 38, 46, 47, 48, 49, 51, 52, 54, 55, 56, 57, 59, 60, 61, 63, 64, 65, 66, 75,
77, 79, 81, 87, 90, 91, 92, 93, 94, 95, 96, 97, 109, 113, 133, 134, 141, 156, 226, 227, 228, 230, 237,
239
Mecânica, 11, 12, 13, 14, 17, 18, 21, 22, 23, 24, 27, 36, 73, 74, 77, 81, 83, 87, 100, 101, 103, 105,
106, 112, 113, 116, 127, 128, 131, 136, 139, 143, 144, 147, 156, 159, 160, 161, 162, 167, 200, 204,
212, 215, 217, 221, 223, 233, 234, 235, 239
Metrologia 13, 203, 204, 210, 216, 234, 239
Micrômetro 7, 13, 204, 205, 206
Mola membrana 67, 68, 69
Motopropulsor 32
Motora 6, 7, 21, 22, 23, 25, 26, 27, 28, 29, 31, 32, 34, 35, 36, 44, 45, 46, 47, 48, 51, 53, 57, 64, 65, 66,
67, 68, 70, 71, 74, 75, 83, 87, 88, 89, 90, 95, 101, 102, 127, 133, 141, 148, 149, 151, 160, 173, 181,
182, 210, 224, 225, 229, 239
N
Normas 8, 12, 13, 14, 17, 103, 105, 106, 111, 112, 141, 147, 165, 166, 167, 174, 177, 178, 184, 188,
192, 197, 198, 199, 200, 215, 216

O
Óleo 7, 14, 43, 44, 52, 64, 70, 74, 75, 76, 77, 81, 82, 97, 101, 103, 106, 110, 112, 126, 127, 151, 169,
170, 178, 179, 182, 183, 187, 188, 198, 199, 200, 223, 224, 225, 226, 228, 229, 239
Orçamento 13, 147, 155, 156, 157, 239

P
Paquímetro 7, 13, 204, 205
Pinhão 11, 32, 38, 39, 57, 75, 79, 80, 82, 108, 111, 142, 239
Planetárias 36, 38, 39, 40, 43, 44, 72, 95, 96, 97
Platô de embreagem 6, 65, 67
Polia 132, 239
Ponto morto, 64
Procedimentos 12, 13, 14, 78, 79, 80, 87, 94, 105, 106, 107, 108, 109, 110, 111, 112, 113, 132, 135,
139, 141, 142, 147, 151, 177, 178, 183, 188, 191, 198, 200, 203, 210, 215, 216, 219, 221, 228, 229,
231, 239
Propulsão 34, 239

R
Redução 5, 21, 22, 47, 65, 69, 95, 96, 97, 148, 149, 161, 173, 194, 239
Relógio comparador 7, 13, 79, 110, 142, 204, 207
Retém 58, 59, 60
Retentor 6, 7, 62, 108, 132, 240
Rodas 5, 21, 22, 23, 25, 26, 27, 29, 31, 32, 33, 34, 35, 36, 37, 38, 39, 40, 41, 42, 43, 44, 45, 48, 50, 60,
65, 72, 73, 87, 88, 89, 90, 92, 93, 94, 95, 96, 97, 108, 125, 148, 171, 224, 240
Rodas motrizes 25, 26, 29, 32, 34, 38, 39, 41, 42, 43, 45, 240
Rolamento 6, 7, 50, 61, 62, 65, 69, 77, 78, 79, 80, 109, 110, 133, 141, 170, 210, 240
Rotação 5, 22, 25, 26, 29, 31, 32, 33, 34, 35, 36, 38, 39, 43, 44, 45, 46, 48, 51, 53, 54, 55, 57, 58, 59,
61, 64, 65, 67, 87, 88, 89, 90, 91, 92, 93, 94, 95, 96, 97, 132, 224, 227, 230, 240
RPM 34, 46

S
Satélites 5, 36, 38, 39, 40, 41, 42, 80, 96, 97, 238
Semiárvores 37
Semieixos 6, 11, 25, 26, 29, 30, 31, 32, 39, 44, 71, 72, 81, 83, 125, 240
Sincronizado 6, 49, 51, 52, 58, 59, 60, 228
Superaquecimento 140, 141, 240
T
Torque 26, 27, 41, 42, 44, 45, 48, 49, 50, 54, 56, 65, 82, 120, 121, 124, 148, 208, 209, 210, 224
Torquímetro 7, 13, 110, 124, 204, 208, 209, 210
TPMO 13, 154
Tração 23, 28, 29, 31, 34, 41, 42, 43, 44, 87, 88, 89, 90, 91, 92, 93, 94, 95, 96, 97, 100, 106
Trambulador 14, 63, 75, 76, 81, 102, 108, 223, 226, 228, 230
Transmissão 5, 6, 7, 11, 12, 13, 14, 17, 18, 21, 22, 23, 24, 25, 26, 27, 28, 29, 30, 31, 32, 33, 34, 35, 36,
37, 38, 41, 45, 46, 47, 48, 49, 50, 51, 58, 60, 63, 64, 65, 67, 68, 70, 72, 73, 74, 75, 76, 77, 79, 81, 82,
84, 87, 88, 90, 96, 97, 99, 100, 101, 102, 103, 105, 106, 107, 110, 111, 112, 113, 126, 127, 128, 131,
132, 135, 136, 137, 139, 142, 144, 147, 148, 149, 150, 152, 153, 157, 159, 160, 161, 162, 163, 167,
169, 170, 177, 178, 184, 197, 199, 203, 223, 224, 225, 226, 227, 229, 231, 233, 234, 238
Transversal 5, 6, 11, 29, 30, 31, 88
Trizeta 38, 39, 140, 162

V
Varões 63, 81
Vida útil 12, 24, 90, 97, 102, 103, 108, 135, 142, 147, 148, 149, 150, 160, 161, 182
Volante 66, 67, 68, 70, 72, 140
SENAI - DN
UNIDADE DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA – UNIEP

Rolando Vargas Vallejos


Gerente Executivo

Felipe Esteves Morgado


Gerente Executivo Adjunto

Diana Neri
Coordenação Geral do Desenvolvimento dos Livros

SENAI - DEPARTAMENTO REGIONAL DE SANTA CATARINA

Selma Kovalski
Coordenação do Desenvolvimento dos Livros no Departamento Regional

Beth Schirmer
Coordenação do Núcleo de Desenvolvimento

Maristela Lourdes Alves


Coordenação do Projeto

Gisele Umbelino
Coordenação de Desenvolvimento de Recursos Didáticos

Allesse Carvalho Rodrigues


Claudinei Aducio Pereira
Marcelo Bellini Ferrari
Roberto Fernando Dusik
Elaboração

Denise de Mesquita Corrêa


Colaboração

Mateus Mendes
Revisão Técnica

Michele Antunes Corrêa


Design Educacional
Diego Fernandes
Paulo Cordeiro
Ilustrações, Tratamento de Imagens

Carlos Filip Lehmkuhl Loccioni


Diagramação

Juliana Vieira de Lima


Revisão e Fechamento de Arquivos

Luciana Effting Takiuchi


CRB-14/937
Ficha Catalográfica

DNA Tecnologia Ltda.


Sidiane Kayser dos Santos Schwinzer
Revisão Ortográfica e Gramatical

DNA Tecnologia Ltda.


Sidiane Kayser dos Santos Schwinzer
Normalização

i-Comunicação
Projeto Gráfico

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